Sei sulla pagina 1di 6

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA

DE BARREIRAS/BA

Autos processuais n. 0009228-06.2009.8.05.0022

DELANEI OLIVEIRA DA SILVA, já devidamente qualificado nos autos do processo em


epígrafe, vêm, respeitosamente, perante este Juízo, por intermédio da DEFENSORIA PÚBLICA DO

ESTADO DA BAHIA, presentada pela defensora pública subscritora, apresentar, com fulcro nos arts.
5º, LIV e LV, da Constituição da República (CR) e 403, § 3º, do Código de Processo Penal (CPP),

apresentar ALEGAÇÕES FINAIS em MEMORIAIS, conforme fatos e fundamentos que passa e


expor.

1. SÍNTESE DOS FATOS

Consta na denúncia que, em 03 de novembro de 2009 o denunciado

teria sido supostamente flagrado após ter subtraído para si uma quantia de R$ 25,00 (vinte e
cinco reais).

Após a fase inquisitorial o denunciado não foi encontrado, e assim


permanece até os dias atuais.

1
Instrução concentrada em audiência realizada em 08 de abril de 2010,

vide fls. 90-94.


Findado o curso da instrução processual e apresentadas as alegações

finais ministeriais, foi a DEFENSORIA PÚBLICA intimada para apresentar alegações finais em favor
do réu.

2. PRELIMINARMENTE:

a) DO AFASTAMENTO DA QUALIFICADORA DE ARMA BRANCA

Foi imputado ao réu o crime tipificado no art. 157, § 2º, I, do Código


Penal. À época em que o fato ocorreu e que a denúncia foi oferecida, 2009, o inciso I tinha

redação diferente da atual. Bastava que o suposto autor tivesse consigo qualquer tipo de arma
para que incidisse a qualificadora do referido inciso. Hoje, tal redação foi alterada,

especificando o tipo de arma que a qualificadora irá incidir, qual seja, a arma de fogo.

Essas alterações do Código Penal foram feitas pela Lei 13.654/18,

especialmente nos crimes de furto (artigo 155) e de roubo (artigo 157).

Como dito, o art. 157 (roubo) sofreu alterações em seu § 2º, com a
revogação do inciso I, que aumentava a pena "se a violência ou ameaça é exercida com
emprego de arma", desconsiderando como causa de aumento o emprego de arma branca

como forma de violência para a subtração da coisa. Senão vejamos:

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,


mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la,
por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
[...]
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
I – (revogado);

2
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de
fogo; (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)

Como se vê, com essa alteração, tal qualificadora não mais incide no caso

em tela.

Além disso, é cediço que o Processo Penal brasileiro é regido por alguns

princípios, dentre eles o tempus regit actum. Tal princípio consagra a regra da aplicabilidade da
norma de direito material vigente à época da ocorrência do fato/conduta gerador. Todavia, o

referido postulado é mitigado pelo princípio da retroatividade da lei penal benéfica, por força

do preceito constitucional estampado no art. 5º, XL, da Carta Política de 1988, ao dispor que “a
lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”.

Portanto, a majorante do inciso I, do § 2º, do art. 157 do CP, não mais


pode ser utilizada nesse caso, devendo ser afastado em uma possível sentença condenatória.

b) DA PRESCRIÇÃO VIRTUAL OU EM PERSPECTIVA

Inicialmente, cabe aqui trazer a lume a possibilidade do reconhecimento

da prescrição virtual ou em perspectiva.

Não é porque a lei não prevê expressamente a figura da prescrição

antecipada que a mesma não possa ser alcançada por meio de uma interpretação sistemática
ou finalista. Atento aos fundamentos do processo, é de se notar que, nas hipóteses de

prescrição virtual, há falta de interesse de agir para o prosseguimento da ação penal.

Consoante o pensamento do mestre Liebman, interesse de agir é o


interesse do autor de obter o provimento pedido, ou seja, existe quando há para o autor
utilidade e necessidade de conseguir o recebimento de seu pedido, para obter, por esse meio,
a satisfação do interesse (material) que ficou insatisfeito pela atitude de outra pessoa.
3
Dito isto, tem-se que o Estado só deve desempenhar sua atividade

jurisdicional até o final quando o provimento pedido seja adequado para atingir o escopo de
atuação da vontade de lei no caso concreto.

A partir deste entendimento, concluímos que o interesse-utilidade

compreende a ideia de eficácia do provimento pedido, de modo que inexistirá interesse de agir
quando se verificar que o provimento condenatório não poderá ser aplicado.

Ora, qualquer ação que se mostra desnecessária e inútil, porque a visada

sanção jamais será efetivamente aplicada, ou porque este fim não poderá mais ser
materialmente realizado, porque, ao sentenciar e aplicar concretamente a reprimenda, o direito

de punir pulverizar-se-á no tempo, carece de interesse de agir, uma vez que está condenada a
não produzir nada. Logo, deve esta ação ser extinta antecipadamente, por ser carecedora de

condição da ação.

Essa modalidade de prescrição traz para o Estado muitas vantagens,


como a celeridade processual da justiça e economia das atividades jurisdicionais.

O crime de roubo simples, o qual deve ser a real e atual acusação que
pesa sobre o réu está tipificado no art. 157, caput, do Código Penal. Vejamos:

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,


mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la,
por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

A moldura fática já delineada nos autos torna possível formular uma previsão segura

acerca do quantum máximo de pena a ser receitado, em eventual sentença condenatória,


concluindo-se pela ocorrência da prescrição. Além desse contexto, é possível observar que o

4
lapso temporal existente entre o oferecimento e o recebimento da denúncia se aproxima de

uma década.

Pois bem. No caso em apreço, é evidente que em uma eventual sentença seria aplicado
a pena mínima, pelo fato do acusado ser primário e não responder a nenhum outro processo,

assim nessas circunstâncias não há como aplicar maior apenamento, considerados os tipos
penais sugeridos na inicial.

Nesse sentido, a jurisprudência:

1. De nenhum efeito a persecução penal com dispêndio de tempo e


desgaste do prestígio da Justiça Pública, se, considerando-se a pena
em perspectiva, diante das circunstâncias do caso concreto, se antevê
o reconhecimento da prescrição retroativa na eventualidade de
futura condenação. Falta, na hipótese, o interesse teleológico de agir,
a justificar a concessão ex officio de habeas corpus para trancar a
ação penal. (TACRIM/SP - HC - Rel. Sérgio Carvalhosa - RT 669/315).

2. O processo, como instrumento, não tem razão de ser, quando o


único resultado previsível será, inevitavelmente, o reconhecimento da
prescrição da pretensão punitiva. O interesse de agir exige um
resultado útil da ação penal. Se não houver possível aplicação de
sanção, inexistirá justa causa para tanto (ação Penal). Só uma
concepção errônea do processo pode sustentar a indispensabilidade
da ação penal, mesmo sabendo-se que ela levará ao nada jurídico,
ao zero social, e a custa de desperdício de tempo e recursos
materiais do Estado. Desta forma, demonstrado que a pena
projetada, na hipótese de uma condenação, estará prescrita, deve-se
declará-la. A submissão do acusado ao processo decorre do
interesse estatal em proteger o inocente e não intimidá-lo, numa
forma de adiantamento da pena. Recurso improvido.(TJRS – SER
70003684610 – 6ª T. – Rel. Sylvio Batista Neto – J. 21.02.2003).

Assim, entendendo a Defesa que o processo em questão, na hipótese de sentença


condenatória, fatalmente será consumido pela prescrição retroativa, haja vista o lapso temporal,
compreendido entre o oferecimento e o recebimento da denúncia pelo Tribunal de Justiça da

5
Bahia, ultrapassa a prescrição da pena mínima de todos os crimes que o réu é acusado, assim

requer que seja avaliada a possibilidade do reconhecimento da prescrição virtual ou em


perspectiva.

Assim, requer seja avaliada a possibilidade de aplicação da prescrição virtual.

3. PEDIDOS

Pelo exposto, requer:

a) Seja absolvido o réu em razão da prescrição, com base no art. 109, II,
do Código Penal Brasileiro;

b) Subsidiariamente, seja admitida a desclassificação do crime de roubo

qualificado para roubo simples, conforme já explanado no subtópico “b”, do


tópico “2. Preliminarmente:”;.

Pede deferimento.

Barreiras, 20 de março de 2019.

PAULO MALAGUTTI
DEFENSOR PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA.

Potrebbero piacerti anche