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LINGUAGEM E IDENTIDADE CULTURAL UMA ANÁLISE SOCIOLINGUÍSTICA

Jacques Douglas Silva1

RESUMO: Este artigo, visa, inicialmente, apresentar os principais aspectos desencadeados no processo
comunicativo e suas implicações socioculturais. Os pressupostos sociolinguísticos são correlacionados ao ensino
de forma a facilitar o entendimento da relação entre os sujeitos e a linguagem. A pesquisa desenvolvida para a
elaboração deste artigo, de natureza bibliográfica, consistiu em leitura de textos de autores pesquisadores da
Sociolinguística. Neste trabalho, apresenta-se os resultados do estudo feito a partir da fundamentação teórica.
Nesse sentido, apresenta-se uma síntese, nela estão descritos os principais pressupostos teóricos que
fundamentaram os princípios basilares da Sociolinguística. Destaque para a obra de William Labov, um dos mais
importantes pesquisadores dos estudos sociolinguísticos e grande colaborador da Sociolinguística, responsável por
grandes avanços na linguagem. Apresentamos uma síntese relacionada à variação linguística, designando os tipos
e contribuindo com uma reflexão acerca da abordagem, para tanto, buscou-se, fundamentar-se em estudos da área
da Sociolinguística Variacionista. O trabalho também apresenta, de forma sucinta, uma análise do corpus, Discurso
e Gramática; a língua falada e escrita na cidade do Natal, organizado pela professora Maria Angélica Furtado da
Cunha, no qual, foram observados depoimentos, através dos quais, podemos ter uma noção da heterogeneidade da
nossa língua, dentre outros aspectos que caracterizam a linguagem.

Palavras-chave: Sociolinguística; Labov; Linguística; língua; estudo.

ABSTRACT: This article aims initially to present the main aspects triggered in the communicative process and
its sociocultural implications. The sociolinguistic assumptions are correlated to teaching in order to facilitate the
understanding of the relationship between subjects and language. The research developed for the elaboration of
this article, of a bibliographical nature, consisted of reading texts of authors authors of Sociolinguistics. In this
paper, we present the results of the study based on the theoretical basis. In this sense, a synthesis is presented,
which describes the main theoretical assumptions that underlie the basic principles of Sociolinguistics. The work
of William Labov, one of the most important researchers of sociolinguistic studies and a great contributor to
Sociolinguistics, is responsible for great advances in language. We present a synthesis related to the linguistic
variation, designating the types and contributing with a reflection about the approach, for that, it was sought, based
on studies in the area of Variationist Sociolinguistics. The paper also presents, briefly, an analysis of the corpus,
Discourse and Grammar; the language spoken and written in the city of Natal, organized by Professor Maria
Angélica Furtado da Cunha, in which, statements were observed, through which we can have a notion of the
heterogeneity of our language, among other aspects that characterize language.

Key-Words: Sociolinguística; Labov; Linguístics; language; study.

¹ Graduando no curso de letras Língua Portuguesa e suas respectivas Literaturas na UERN.


1 INTRODUÇÃO

O presente artigo é fruto dos estudos em Sociolinguística e apresenta uma síntese


fundamentada nos pressupostos teóricos desse ramo da Linguística que estuda o
comportamento linguístico das sociedades e as relações sociais, culturais e econômicas,
consideradas determinantes para o estudo da língua.
O nosso objetivo é apresentar, de forma sucinta, os principais pressupostos, da
Sociolinguística, elaborados pelos mais importantes teóricos que contribuíram enormemente
para os avanços alcançados na linguagem até então. Além disso, abordaremos sucintamente
alguns aspectos relevantes sobre variação linguística diretamente ligados à Sociolinguística
Variacionista.
Considerando-se que o Brasil é um país plural em sua dimensão sociocultural,
apresenta-se neste trabalho, algumas amostras analisadas a partir de um corpus que tratam de
aspectos relativos a linguagem, em suas características mais peculiares. Este trabalho reforça o
pensamento de estudiosos, pesquisadores que compreendem que a nossa língua não é estanque,
está em constante transformação, assim como a sociedade.
O artigo está organizado da seguinte forma:
Na primeira parte iniciamos a fundamentação teórica conceituando a Sociolinguística,
definindo seu objeto de estudo, os precursores da Sociolinguística, os principais teóricos e
colaboradores, as propostas e ideias inovadoras e transformadoras que provocaram grandes
avanços na linguagem e as implicações dessas inovações na sociedade.
Na segunda parte apresentamos os grandes nomes da Sociolinguística, suas pesquisas e
grandes contribuições para os estudos da língua, com destaque para William Labov um dos
mais importantes e influentes nos estudos linguísticos.
Na terceira parte abordamos as variações linguísticas, designando os tipos e as
implicações destas na linguagem.
Por fim, apresentamos a análise do corpus, apresentando as amostras de forma sucinta
e clara.
2 A SOCIOLINGUÍSTICA

A Sociolinguística estuda os fatores da língua expressando outros fatores sociais como,


o plano econômico, a posição social que ocupa uma pessoa, o gênero, o nível educativo, os
valores, o status, a profissão e etc. É o estudo descritivo do efeito de qualquer e todos os aspectos
da sociedade.
Como a língua apresenta variações concretas, a sociolinguística analisa também o plano
da comunicação humana através do ambiente que está inserido. Deste modo, deve-se
compreender que a língua não é um fator abstrato e influencia de forma direta em diversas áreas
da vida de uma pessoa. Sendo a língua intrinsecamente ligada à sociedade e suas constantes
transformações, a sociolinguística apreende os aspectos linguísticos e suas conotações e
repercussões na sociedade corroborando assim, a importância da língua enquanto fator
essencial para o entendimento da complexidade da comunicação humana.
William Bright foi um dos principais teóricos da Sociolinguística. Um dos precursores,
ele logo identificou que não seria fácil conceituar a Sociolinguística em toda a sua abrangência.
Percebendo isso, ele logo tratou de listar as dimensões da Sociolinguística, como afirma Calvet
(2002):
William Bright, (...). Ele nota, já de princípio, que a sociolinguística “não é fácil de
definir com precisão.” Seus estudos, ele acrescenta, dizem respeito às relações entre
linguagem e sociedade, mas essa definição é vaga, e ele não esclarece que “uma” das
maiores tarefas da sociolinguística é mostrar que a variação ou a diversidade não é
livre, mas que é correlata ás diferenças sociais sistemáticas. (...) Ele se propõe então
a elaborar uma lista das “dimensões” da sociolinguística, afirmando que em cada
interseção de duas ou mais dessas dimensões se encontra um objeto de estudo para a
sociolinguística. (CALVET,2002,P.29)

Como pudemos perceber em Calvet (2002) , Bright foi um dos pioneiros a aprofundar-
se na Sociolinguística, a perceber sua abrangência e sua importância para os avanços nos
estudos da linguagem. Seus estudos foram fundamentais para compreendermos as abordagens
fundamentadas na Sociolinguística.
Um dos principais colaboradores da sociolinguística, William Bright, encarregou-se da
publicação das atas da reunião que aconteceu de 11 a 13 de maio, em Los Angeles, para uma
conferência sobre a sociolinguística, com 25 pesquisadores, dentre eles, Labov, que colaborou
com o trabalho hipercorreção como fator de variação.
De acordo com o trabalho intitulado Variação e Mudança Linguística (SALOMÃO,
2011), o termo “sociolinguística” surgiu no ano de 1939 no artigo Sociolinguistics in India
(HODSON, 1939). Contudo, esse trabalho não pretende se aprofundar nas origens da
sociolinguística, mas apresentar uma síntese dos principais pressupostos aplicados por esse
ramo da linguística e seus principais estudiosos.
Em suma, a Sociolinguística se ocupa de questões como: variação e mudança
linguística, bilinguismo, contato linguístico, línguas minoritárias, política e planejamento
linguístico, entre outras. Assim como William Bright, outro grande pesquisador que colaborou
enormemente com os estudos na área da sociolinguística foi William Labov.
Labov debruçou-se infatigavelmente nos estudos voltados para a relação entre língua e
sociedade, seu objetivo era sistematizar as variações existentes na língua falada através de
pesquisas que considerassem os fatores extralinguísticos. Tais fatores são: classe social, idade,
sexo, escolaridade, entre outros, no intuito de que pudessem demonstrar uma interdependência
entre o arcabouço linguístico dos falantes e o meio social em que vivem.
Em uma entrevista concedida ao Brasil no ano de 2007, o próprio Labov discorre acerca
de suas primeiras pesquisas e estudos em linguística:
“Quando eu comecei na Linguística, eu tinha em mente uma mudança para um campo
mais científico, baseado na maneira como as pessoas usavam a linguagem na vida
cotidiana. Quando eu comecei a entrevistar pessoas e gravar suas falas, descobri que
a fala cotidiana envolvia muita variação linguística, algo com que a teoria padrão não
estava preparada para lidar. As ferramentas para estudar a variação e a mudança
sincrônica surgiram dessa situação. Mais tarde, o estudo da variação linguística
forneceu respostas claras para muitos dos problemas que não eram resolvidos por uma
visão discreta da estrutura linguística.” (LABOV;2OO7)

Como afirma Labov em seu depoimento ele foi um dos primeiros a se preocupar com
os estudos em variação linguística num momento em que a teoria padrão ainda não se
encontrava preparada para lidar com essas questões.
Labov teve sua primeira pesquisa realizada em 1963, na ilha de Martha’s Vineyard, no
Estado de Massachusetts (EUA). Ele investigou o inglês falado na ilha. O método que ele
utilizou para essa pesquisa era até então inédito, o método teórico-metodológico, esse método
ressalta o relevante papel dos fatores sociais na explicação da variação linguística.
O método teórico-metodológico propõe analisar e interpretar os fenômenos linguísticos
no contexto social por meio de estatísticas. A escolha da Ilha de Martha’s, feita por Labov, foi
intencional. Tratava-se de uma comunidade separada do Continente Norte-Americano e
apresentava uma complexidade social e geográfica. A comunidade desenvolvia uma resistência
linguística, mantinha muitas características antigas e, provavelmente, típicas da Inglaterra do
século XVIII, preservadas mesmo depois de muitas gerações.
William Labov, sem dúvidas, tem muita representatividade para a Sociolinguística e
para os estudos sobre a linguagem. No Brasil, os estudos sociolinguísticos, fundamentados no
pensamento de Labov, tiveram início na década de 1970, como afirma Gorski et all (2010):
No Brasil, as pesquisas na área da Sociolinguística laboviana tiveram início na
Universidade Federal do Rio de janeiro, na década de 70, sob a orientação do professor
Anthony Naro. Desde então, as linhas de pesquisa que se ocupam da descrição de
fenômenos variáveis no português do Brasil (PB) se multiplicaram, espalhando-se
pelas diferentes regiões do país. (GORSKI et all;2010:p.23)

Como percebemos após a iniciativa de Labov em seus estudos sobre a variação


linguística, sendo um dos pioneiros nesse estudo, na década de 1970 iniciaram-se esses estudos
fundamentados nas ideias de Labov, aqui no Brasil. Esses estudos se multiplicaram de tal forma,
que hoje os estudos linguísticos tomaram uma proporção maior, mais relevante e continuam
avançando, democratizando o conhecimento linguístico.
Foram os trabalhos de Labov e de seus contemporâneos, em Washington, DC, que
deram início à sociolinguística. Os pressupostos que fundamentavam esses estudiosos e
pesquisadores eram o relativismo cultural e a constatação de que toda língua natural é
heterogênea.
Esses teóricos também tinham à frente o grande desafio de tentar explicar essa
heterogeneidade inerente e sistemática e, também esclarecer por que crianças de minorias
étnicas tinham desempenho escolar muito inferior ao das crianças dos grupos não minoritários
de maior prestígio.
Outro importante pesquisador que colaborou grandemente com a sociolinguística foi
Basil Bernstein. Especialista inglês em sociologia da educação, foi o primeiro a levar em
consideração, ao mesmo tempo, as produções linguísticas reais e a situação sociológica dos
falantes.
Bernstein, partiu da comparação entre crianças pertencentes á classes sociais diferentes.
Ele constatou, através dos seus estudos, que as crianças de classes operárias apresentavam uma
taxa de fracasso escolar muito maior que as crianças das classes abastadas.
A tese principal de Bernstein é que o aprendizado e a socialização são marcados pelas
famílias em que as crianças são criadas, que a estrutura social determina os comportamentos
linguísticos. Posteriormente, Bernstein seria muito criticado por seus pressupostos e, decerto
respondeu à essas críticas no posfácio a linguagem e classes sociais. Suas teses não tiveram
muito eco na comunidade linguística. É pouco citado e utilizado mas, indiscutivelmente, ele
contribuiu dando uma acelerada na lenta progressão rumo a uma concepção social da língua,
mesmo suas teses tendo sido rejeitadas, ele desempenhou um grande papel na sociolinguística.
A sociolinguística nos permite compreender os diferentes aspectos inerentes à
linguagem. Aspectos sociais, culturais, de origem. É comum percebermos os diferentes modos
de falar em diferentes grupos sociais. Pessoas de origem humilde que nunca tiveram a
oportunidade de estarem em contato com a cultura, a literatura, o teatro, etc, jamais terão a visão
de mundo de um grupo pertinente à elite.
É necessário ter esse enfoque sociolinguístico. Principalmente para aqueles que
pretendem ser professores. O mundo mudou muito. Isso não significa dizer que a escola,
instituição formal de disseminação da língua, acompanhe todas as transformações que ocorrem
em nossa sociedade.
Como somos seres sociais, por natureza, essa compreensão acerca da linguagem se torna
mais viável de assimilar. Hoje não se considera de bom tom afirmar que algo é “certo” ou
“errado”. É mais coerente dizer que algo estar “adequado” ou “inadequado”.
Possivelmente, levará um tempo até que todas as descobertas e estudos da
sociolinguística ganhem consistência na sociedade e seja domínio de professores e estudantes,
que são os principais disseminadores da linguagem no âmbito formal. O povo brasileiro é muito
criativo em diversos aspectos e, também na linguagem. Criamos neologismos e novas gírias
quase que ininterruptamente. Com o advento da Internet e as novas tecnologias, a linguagem
amplia suas expectativas de comunicação.
É um novo mundo que surge, um novo modo de se comunicar, com mais interatividade
e autonomia da palavra. E, claro, com isso surgem as questões linguísticas. É um novo modo
de repensar a linguagem. E assim, a língua vai acompanhando a evolução da humanidade,
mesmo que em passos lentos, as mudanças vão ocorrendo, as transformações na língua assim
como as transformações que ocorrem na sociedade requerem um tempo.
A sociolinguística nos permite compreender as relações da língua com a sociedade em
seus diferentes aspectos: social, econômico, cultural e através dos olhares de seus infatigáveis
teóricos conseguimos apreender pressupostos imprescindíveis para a compreensão da língua
em toda a sua diversidade.
Téoricos como William Labov que colaborou extremamente com os estudos da
Sociolinguística Variacionista. Graças às suas pesquisas podemos compreender as diferentes
formas de falar uma mesma palavra, por exemplo, dentre outros aspectos inerentes á língua e
tão necessários para que compreendamos os processos, pelos quais, passa a linguagem.
3 AS VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS

A variação linguística é objeto de estudo de muitos teóricos renomados. Esses estudos


são extremamente importantes, particularmente, para o Brasil, já que, o nosso país apresenta
uma realidade sociocultural diversificada.
A variação linguística é uma realidade da linguagem humana e, como tal, deve ser
respeitada em suas peculiaridades, características advindas das relações sociais, culturais e
econômicas, determinantes, portanto, no processo llinguístico.
Segundo Edair Maria Gorski et all (2010), os tipos de variação linguística são:

3.1 VARIAÇÃO REGIONAL OU DIATÓPICA

É a variação diatópica, também conhecida por regional ou, ainda, geográfica, a responsável por
podermos identificar, às vezes com bastante precisão, a origem de uma pessoa através do modo
como ela fala. É possível saber quando um falante é gaúcho, mineiro ou de um dos estados do
Nordeste, por exemplo.
A variação regional pode ser estudada colocando-se em oposição diferentes tipos de
unidades espaciais: podemos dizer que existe variação regional entre Brasil e Portugal (dois
países), entre o Nordeste e o Sul do Brasil (duas regiões de um mesmo país), entre Paraná e
Santa Catarina (dois estados de uma mesma região), entre Chapecó e Florianópolis (duas
cidades de um mesmo estado) e mesmo entre falantes do Centro de Florianópolis e falantes do
Ribeirão da Ilha (dois bairros de uma mesma cidade). É comum também que se analise variação
regional entre zonas urbanas e zonas rurais ou do interior.

3.2 VARIAÇÃO SOCIAL OU DIASTRÁTICA

Da mesma forma que a fala pode carregar marcas de diferentes regiões, também pode
refletir diferentes características sociais dos falantes. A essa propriedade dá-se o nome de
variação social. Os principais fatores sociais que condicionam a variação linguística são o grau
de escolaridade, o nível socioeconômico, o sexo/gênero, a faixa etária e mesmo a profissão dos
falantes, conforme exemplificamos a seguir.
GRAU DE ESCOLARIDADE.
Por terem um contato maior com a cultura letrada e com o uso da variedade padrão da
língua, supõe-se que, em geral, falantes altamente escolarizados dificilmente produzirão formas
como nós vai ou a gente vamos, que são típicas de falantes pouco ou não escolarizados. É mais
provável que eles falem nós vamos e a gente vai.

NÍVEL SOCIOECONÔMICO.
É um fator muito estudado, principalmente nos trabalhos de Labov e de seu grupo de
pesquisa sobre o inglês de Nova Iorque. Resultados de seus estudos mostram que o grupo social
menos privilegiado favorece o uso de variantes não-padrão da língua, enquanto os mais
privilegiados optam pela variante padrão. Mas essa constatação, em geral, é correlacionada com
ocupação e estratificação estilística.
O efeito de indicadores sociais sobre o perfil sociolinguístico dos falantes não é nada
simples. Segundo Mollica (2008, p.29), origem social, renda, acesso a bens materiais e
culturais, ocupação, grau de inserção em redes sociais são alguns dos indicadores sociais. No
Brasil, há poucos estudos que levam em consideração esses indicadores.

SEXO/GÊNERO.
Quanto à variação social relacionada a sexo/gênero dos informantes, Paiva (2008, p. 39)
levanta a seguinte questão:
Como explicar os padrões regulares depreendidos em diferentes pesquisas e a natureza
das possíveis diferenças linguísticas entre homens e mulheres?
Alguns estudos mostram que as mulheres são mais conservadoras do que os homens.
Elas, em geral, preferem usar as variantes reconhecidas socialmente; é como se elas fossem
mais receptivas à atuação normatizadora da escola. Esses resultados, segundo Paiva (2008),
requerem cautela, afinal, os papéis feminino e masculino, nas diversas sociedades, estão, a todo
momento, sofrendo transformações.

FAIXA ETÁRIA.
A questão da relação entre variação linguística e idade do falante tem suscitado muitas
reflexões dentre os sociolinguistas no Brasil e no mundo, pois, em geral, entra em jogo a questão
da mudança linguística.
3.3 VARIAÇÃO ESTILÍSTICA OU DIAFÁSICA

Um mesmo falante pode usar diferentes formas linguísticas, dependendo da situação em


que se encontra. Basta pensarmos que a maneira como falamos em casa, com nossa família, não
é a mesma como falamos em nosso emprego, com o chefe. O que está em jogo aí são os
diferentes ‘papéis sociais’ que as pessoas desempenham nas interações que se estabelecem em
diferentes ‘domínios sociais’: na escola, na igreja, no trabalho, em casa, com os amigos etc. Os
papéis sociais que desempenhamos vão se alterando em conformidade com as situações
comunicativas (entre professor e aluno, patrão e empregado, pais e filhos, irmãos etc).

4 ANÁLISE DO CORPUS

Para fazer uma comparação entre os discursos de fala dos gêneros masculino e feminino,
apresento amostras de dois adultos e duas crianças, dentro desses discursos de fala, apresentar-
se-á uma análise do comportamento linguístico desses informantes.

5 AMOSTRAS

a) Informante Carlos, sexo masculino, 26 anos:

é:: assim é ... eu vou contar um ... um ... um acidente que aconteceu comigo em setenta
e três né... uma coisa que marcou muito ... na minha vida ... é eu tinha seis anos ... aí
nós saímos da ... nós morávamos em Nova Descoberta ... aí nós saímos de casa né ...
a passeio durante o ... pela manhã ...eu ... eu ... meu irmão ... papai ... um motorista ...
num jipe ... e a empregada que ia grávida também né ... a empregada lá de casa ... aí
a gente foi pra Pium né ... aí a gente foi de manhã ... aí ficamo lá o dia todinho né ...
aí o pessoal bebeu e tudo né ... foi na volta ... é:: à tardezinha aí ... a gente ia num ...
num jipe né ... num jipe até velho sem capota sem nada ... de praia ... (CORPUS D e
G Natal)

b)

aí ele veio no ... na ... na ... na ... na ((riso)) aí ele veio pediu ... pediu pra passar ... aí
o motorista também tava muito melado né ... aí passou ... aí na ... na ... na ... aí o
motorista não deixou passar ... aí ele cortou pela direita e trancou a gente e jogou todo
mundo na BR ... aí foi aquele aperreio todo né ... eu ... eu perdi logo os sentidos ... eu
né ... num ... num me lembrei mais de nada né ... só quem ficou desacordado foi a
empregada ... papai ... meu irmão ... e o motorista lá ... ((carro passando)) aí ... foi
sorte ... sorte da gente também porque apesar de ser um
... um horário ... muito movimentado né ... a gente num ... a gente ... não passou né
nen/ nen/
nenhum carro na hora ... porque a gente ... ficou todo mundo estendido na ... na ... na
... lá na BR ...na pista (CORPUS D e G Natal)

Como podemos perceber o informante Carlos apresenta várias interrupções em seu


discurso e também recorre muito ao aí como inicio de uma nova frase e ao na como uma
pequena pausa para raciocinar.

c) Para comparar vejamos agora as informações da informante Diva. 31 anos, sexo


feminino e também com formação universitária:
é ... tem uma que eu vivi quando eu estudava o terceiro ano científico lá no Atheneu
... né ... é:: eu gostava muito do laboratório de química ... eu ... eu ia ajudar os
professores a limpar aquele material todo ... aqueles vidros ... eu achava aquilo
fantástico ... aquele monte de coisa ... né ... então... todos os dias eu ia ... quando
terminavam as aulas eu ajudava o professor a limpar o laboratório ...nesse dia não
houve aula e o professor me chamou pra fazer uma limpeza geral no laboratório
...chegando lá ... ele me fez uma experiência ... ele me mostrou uma coisa bem
interessante que ...pegou um béquer com meio d'água e colocou um pouquinho de
cloreto de sódio pastoso ... então foi aquele fogaréu desfilando ... (CORPUS D e G
Natal)

Percebe-se o uso do né e assim como o informante do sexo masculino a informante


apresenta muitas interrupções em seu discurso, como se pausasse para raciocinar sobre o que
está falando.

d) Agora as amostras dos discursos de duas crianças começando pelo sexo masculino.
Wesley, 7 anos:

parar na:: na:: no rio ... no rio lá ... aí ... aí ... aí tinha uma vaca ... aí
tinha ... um ... um ... um monstro ... aí chegou He Man ... brigou ... brigou ...
aí foi na outra ... quando foi na outra ... aí começou outra a brigar ... aí ... aí:: é::
aí:: como é? aí tinha um menino ... aí tinha um:: um negócio assim ... assim ... aí
apertava um botão e fazia ZUMM ((o informante imita o som)) aí ... aí ...
chegou os monte de ... de soldado ... aí brigaram com ele ... ((galo cantando)) aí ele
saiu ... e tinha um monte de soldado no avião ... aí ele saiu no outro avião ... matou
um ... matou outro ... aí chegou (CORPUS D e G Natal)

e) Agora a amostra da informante Talita, sexo feminino, 6 anos.

vou continuar ... aí ... lá ... a gente ... a gente ... foi passear ... na floresta ... aí quando
terminou as... mais prima ... ( ) a gente disse aonde que a ma/ a ma/ a nossa mãe tava
... pra ir conversar ... aí tava lá:: é:: aonde que vendia pirulito ... aí ... pode dizer é:: é::
número é::? foi segunda-feira ... dez de outubro ... deixe eu pensar mais ... é foi um
bocado de coisa ... quando minha prima chegou ... aí juntou as coisa pra ficar mais ...
(CORPUS D e G Natal)
Ao analisar o corpus, particularmente as amostras aqui apresentadas, percebe-se que há
várias pausas nos discursos, e é comum o uso do aí entre adultos e crianças, nos dois gêneros.

Pode se dizer que há um traço cultural comum.


6 CONCLUSÃO

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma melhor compreensão acerca do


tema abordado. A pesquisa, de natureza bibliográfica, foi elaborada através de uma
fundamentação teórica consistente que viabilizou uma síntese com os tópicos mais importantes
sobre o tema proposto. Esse estudo foi de suma importância para que compreendêssemos acerca
do assunto pesquisado e a partir disso pudéssemos refletir criando nossas próprias teorias
buscando aprimorar os nossos conhecimentos e discutir possíveis soluções para as eventuais
questões decorrentes da pesquisa.
Nesse sentido, alcançamos nosso objetivo principal, refletir, discutir e repensar o tema
abordado, de forma a difundir esses estudos visando que o conhecimento seja sempre uma porta
aberta para reflexões necessárias do ponto de vista histórico-social, assim, o conhecimento em
si pode ser compreendido como uma válvula de escape, uma saída para as adversidades
enfrentadas pelo homem.
Buscou-se, nesse estudo, estudar a temática abordada com a maior neutralidade
possível, como deve ser no campo científico, visando os melhores resultados possíveis para as
questões que porventura venham a surgir na pesquisa. Portanto, foi de fundamental importância
desenvolver esse estudo. Trouxe-nos os conhecimentos necessários para que tivéssemos o
respaldo necessário e pudéssemos desenvolver o nosso estudo de forma coerente e prática.
O aprendizado foi grande e como sempre a busca pelo conhecimento nos conduz a
caminhos, por vezes, difíceis, cansativos, mas sem dúvidas alcançamos os nossos objetivos
quando desenvolvemos nosso trabalho com persistência e dedicação, visando um resultado
satisfatório e digno, mas acima de tudo buscando a nossa realização enquanto estudantes e
pesquisadores na busca de melhores perspectivas para a nossa sociedade.
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CALVET, Louis-Jean. Sociolinguística: uma introdução crítica. Tradução/Marcos


Marcionilo. São Paulo: Parábola, 2002.
GORSKI, Maria Edair, et all. Sociolinguística.Florianopólis, 2010.
LABOV, William. Sociolinguística: uma entrevista com William Labov. Revista virtual de
estudos da linguagem. ReVEL. Vol.5,n.9, agosto de 2007. Tradução de Gabriel de Ávila
Othero, ISNN 1678-8931 (www.revel.inf.br)
SALOMÃO, A. N. B. Variação e mudança linguística: panorama e perspectivas da
Sociolinguística Variacionista no Brasil. In: Revista Fórum Linguístico, 2011.

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