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Secretaria de Cultura do

Estado do Ceará - SECULT-CE

Analista de Cultura

Língua Portuguesa
1 Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. ................................................................................1
2 Reconhecimento de tipos e gêneros textuais. .............................................................................................................2
3 Domínio da ortografia oficial. ..................................................................................................................................... 10
4 Domínio dos mecanismos de coesão textual. 4.1 Emprego de elementos de referenciação, substituição e
repetição, de conectores e de outros elementos de sequenciação textual. 4.2 Emprego de tempos e modos
verbais. ............................................................................................................................................................................... 14
5 Domínio da estrutura morfossintática do período. 5.1 Emprego das classes de palavras. 5.2 Relações de
coordenação entre orações e entre termos da oração. 5.3 Relações de subordinação entre orações e entre
termos da oração. ............................................................................................................................................................. 21
5.4 Emprego dos sinais de pontuação. ......................................................................................................................... 51
5.5 Concordância verbal e nominal. .............................................................................................................................. 52
5.6 Regência verbal e nominal. ...................................................................................................................................... 55
5.7 Emprego do sinal indicativo de crase. .................................................................................................................... 58
5.8 Colocação dos pronomes átonos. ............................................................................................................................ 61
6 Reescrita de frases e parágrafos do texto. 6.1 Significação das palavras. 6.2 Substituição de palavras ou de
trechos de texto. 6.3 Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto. 6.4 Reescrita de textos de
diferentes gêneros e níveis de formalidade. ................................................................................................................ 61

Fundamentos de Administração Pública


1. Lei Federal nº 13.019/14 (Estabelece o regime jurídico das parcerias entre a administração pública e as
organizações da sociedade civil), alterada pela Lei Federal nº 13.204/15. ..............................................................1
2. Lei Estadual Complementar Nº 119/2012, alterada pela Lei Complementar Nº 178/2018. ......................... 16
3. Licitações e Contratos (Lei Federal nº 8.666/93 e suas alterações). .................................................................. 24
4. Improbidade Administrativa (Lei Federal nº 8429/92). ...................................................................................... 68
5. Decreto Estadual Nº 31.198, de 30 de abril de 2013 (Institui o Código de Ética e Conduta da Administração
Pública Estadual, e dá outras providências). ............................................................................................................... 73
6. Lei Estadual nº 9.826, de 14 de maio de 1974 (Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado do Ceará) e
suas alterações. ................................................................................................................................................................. 76
7. Administração direta e indireta. ................................................................................................................................ 96
8. Disciplina constitucional dos agentes públicos. ...................................................................................................105
9. Poderes administrativos (hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia). Uso e abuso do poder. ....113
10. Responsabilidade civil do Estado no direito brasileiro (responsabilidade por ato comissivo do Estado;
Responsabilidade por omissão do Estado). ...............................................................................................................119

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Políticas Culturais
1. Conceitos e dimensões da cultura .................................................................................................................................1
2. Políticas culturais no Brasil e no Ceará ........................................................................................................................1
3. Direitos culturais ........................................................................................................................................................... 11
4. Sistema Nacional de Cultura (SNC) e Plano Nacional de Cultura (PNC) ............................................................. 11
5. Sistema Estadual de Cultura e Plano Estadual de Cultura ..................................................................................... 27
6. Gestão e produção cultural .......................................................................................................................................... 32
7. Cultura e desenvolvimento.......................................................................................................................................... 36
8. Planejamento, gestão e avaliação de projetos e programas culturais ................................................................. 37
9. Expressões artísticas e culturais contemporâneas ................................................................................................. 44
10. Principais mecanismos de financiamento cultural no Brasil e no Ceará .......................................................... 51

Conhecimentos Específicos
1. Políticas culturais no Brasil e no Ceará. 2. Gestão e produção cultural. 3. Sistema Nacional de Cultura. 4.
Sistema Estadual de Cultura. 5. Financiamento Cultural no Brasil e no Ceará. 6. Cultura e desenvolvimento. ..1
7. Transversalidade da cultura ..........................................................................................................................................1
8. Planejamento estratégico de projetos e programas culturais .................................................................................2
9. Marketing e mercado cultural........................................................................................................................................2
10. Expressões culturais contemporâneas. 11. Avaliação de projetos de programas culturais. 12. Direitos
culturais. ................................................................................................................................................................................4
13. Institucionalidade da cultura .......................................................................................................................................4
14. Políticas inclusivas em cultura ....................................................................................................................................7
15. Criação, gestão e planejamento de projetos e produtos artísticos culturais.......................................................9
16. Planilha de orçamentos, ferramenta de sistemas e gestão de projetos e convênios .........................................9
17. Planos de cultura (estadual e nacional) .................................................................................................................. 13
18. Elaboração, acompanhamento e prestação de contas de projetos culturais, convênios, contratos e termos
de parceria .......................................................................................................................................................................... 14
19. Gestão compartilhada e processos sociais participativos ................................................................................... 22
20. Noções sobre história política, econômica e social do Brasil .............................................................................. 23
21. Noções sobre história e institucionalização do patrimônio cultural no Brasil e no mundo.......................... 53

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LÍNGUA PORTUGUESA

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APOSTILAS OPÇÃO
Não saber interpretar corretamente um texto pode gerar
inúmeros problemas, afetando não só o desenvolvimento
profissional, mas também o desenvolvimento pessoal. O mundo
moderno cobra de nós inúmeras competências, uma delas é a
proficiência na língua, e isso não se refere apenas a uma boa
comunicação verbal, mas também à capacidade de entender
aquilo que está sendo lido. O analfabetismo funcional está
1 Compreensão e interpretação relacionado com a dificuldade de decifrar as entrelinhas do
de textos de gêneros variados. código, pois a leitura mecânica é bem diferente da leitura
interpretativa, aquela que fazemos ao estabelecer analogias e
criar inferências. Para que você não sofra mais com a análise de
textos, elaboramos algumas dicas para você seguir e tirar suas
Compreensão e interpretação de textos
dúvidas.
Uma interpretação de texto competente depende de
A leitura é o meio mais importante para chegarmos ao
inúmeros fatores, mas nem por isso deixaremos de contemplar
conhecimento, portanto, precisamos aprender a ler e não
alguns que se fazem essenciais para esse exercício. Muitas vezes,
apenas “passar os olhos sobre algum texto”. Ler, na verdade,
apressados, descuidamo-nos das minúcias presentes em um
é dar sentido à vida e ao mundo, é dominar a riqueza de
texto, achamos que apenas uma leitura já se faz suficiente, o que
qualquer texto, seja literário, informativo, persuasivo, narrativo,
não é verdade. Interpretar demanda paciência e, por isso, sempre
possibilidades que se misturam e as tornam infinitas. É preciso,
releia, pois uma segunda leitura pode apresentar aspectos
para uma boa leitura, exercitar-se na arte de pensar, de captar
surpreendentes que não foram observados anteriormente.
ideias, de investigar as palavras… Para isso, devemos entender,
Para auxiliar na busca de sentidos do texto, você pode também
primeiro, algumas definições importantes:
retirar dele os tópicos frasais presentes em cada parágrafo,
isso certamente auxiliará na apreensão do conteúdo exposto.
Texto
Lembre-se de que os parágrafos não estão organizados, pelo
O texto (do latim textum: tecido) é uma unidade básica de
menos em um bom texto, de maneira aleatória, se estão no lugar
organização e transmissão de ideias, conceitos e informações de
que estão, é porque ali se fazem necessários, estabelecendo
modo geral. Em sentido amplo, uma escultura, um quadro, um
uma relação hierárquica do pensamento defendido, retomando
símbolo, um sinal de trânsito, uma foto, um filme, uma novela de
ideias supracitadas ou apresentando novos conceitos.
televisão também são formas textuais.
Para finalizar, concentre-se nas ideias que de fato foram
explicitadas pelo autor: os textos argumentativos não costumam
Interlocutor
conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente
É a pessoa a quem o texto se dirige.
contidas nas entrelinhas. Devemos nos ater às ideias do autor,
isso não quer dizer que você precise ficar preso na superfície
Texto-modelo
do texto, mas é fundamental que não criemos, à revelia do
“Não é preciso muito para sentir ciúme. Bastam três – você,
autor, suposições vagas e inespecíficas. Quem lê com cuidado
uma pessoa amada e uma intrusa. Por isso todo mundo sente.
certamente incorre menos no risco de tornar-se um analfabeto
Se sua amiga disser que não, está mentindo ou se enganando.
funcional e ler com atenção é um exercício que deve ser
Quem agüenta ver o namorado conversando todo animado com
praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de nós
outra menina sem sentir uma pontinha de não-sei-o-quê? (…)
leitores proficientes e sagazes. Agora que você já conhece nossas
É normal você querer o máximo de atenção do seu namorado,
dicas, desejamos a você uma boa leitura e bons estudos!
das suas amigas, dos seus pais. Eles são a parte mais importante
Fonte: http://portugues.uol.com.br/redacao/dicas-para-uma-boa-
da sua vida.”
interpretacao-texto.html
(Revista Capricho)
Modelo de Perguntas
Questões
1) Considerando o texto-modelo, é possível identificar quem
é o seu interlocutor preferencial?
O uso da bicicleta no Brasil
Um leitor jovem.
A utilização da bicicleta como meio de locomoção no Brasil
2) Quais são as informações (explícitas ou não) que permitem
ainda conta com poucos adeptos, em comparação com países
a você identificar o interlocutor preferencial do texto?
como Holanda e Inglaterra, por exemplo, nos quais a bicicleta
Do contexto podemos extrair indícios do interlocutor
é um dos principais veículos nas ruas. Apesar disso, cada vez
preferencial do texto: uma jovem adolescente, que pode ser
mais pessoas começam a acreditar que a bicicleta é, numa
acometida pelo ciúme. Observa-se ainda , que a revista Capricho
comparação entre todos os meios de transporte, um dos que
tem como público-alvo preferencial: meninas adolescentes.
oferecem mais vantagens.
A linguagem informal típica dos adolescentes.
A bicicleta já pode ser comparada a carros, motocicletas
e a outros veículos que, por lei, devem andar na via e jamais
09 DICAS PARA MELHORAR A INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
na calçada. Bicicletas, triciclos e outras variações são todos
01) Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do
considerados veículos, com direito de circulação pelas ruas e
assunto;
prioridade sobre os automotores.
02) Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a
Alguns dos motivos pelos quais as pessoas aderem à bicicleta
leitura;
no dia a dia são: a valorização da sustentabilidade, pois as bikes
03) Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo
não emitem gases nocivos ao ambiente, não consomem petróleo
menos duas vezes;
e produzem muito menos sucata de metais, plásticos e borracha;
04) Inferir;
a diminuição dos congestionamentos por excesso de veículos
05) Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
motorizados, que atingem principalmente as grandes cidades; o
06) Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do
favorecimento da saúde, pois pedalar é um exercício físico muito
autor;
bom; e a economia no combustível, na manutenção, no seguro e,
07) Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor
claro, nos impostos.
compreensão;
No Brasil, está sendo implantado o sistema de
08) Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada
compartilhamento de bicicletas. Em Porto Alegre, por exemplo,
questão;
o BikePOA é um projeto de sustentabilidade da Prefeitura, em
09) O autor defende ideias e você deve percebê-las;
parceria com o sistema de Bicicletas SAMBA, com quase um
Fonte: http://portuguesemfoco.com/09-dicas-para-melhorar-a-
ano de operação. Depois de Rio de Janeiro, São Paulo, Santos,
interpretacao-de-textos-em-provas/
Sorocaba e outras cidades espalhadas pelo país aderirem a

Língua Portuguesa 1
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APOSTILAS OPÇÃO
esse sistema, mais duas capitais já estão com o projeto pronto Considerando a relação entre o título e a imagem, é correto
em 2013: Recife e Goiânia. A ideia do compartilhamento é concluir que um dos temas diretamente explorados no cartum é
semelhante em todas as cidades. Em Porto Alegre, os usuários (A) o aumento da circulação de ciclistas nas vias públicas.
devem fazer um cadastro pelo site. O valor do passe mensal é (B) a má qualidade da pavimentação em algumas ruas.
R$ 10 e o do passe diário, R$ 5, podendo-se utilizar o sistema (C) a arbitrariedade na definição dos valores das multas.
durante todo o dia, das 6h às 22h, nas duas modalidades. Em (D) o número excessivo de automóveis nas ruas.
todas as cidades que já aderiram ao projeto, as bicicletas estão (E) o uso de novas tecnologias no transporte público.
espalhadas em pontos estratégicos.
A cultura do uso da bicicleta como meio de locomoção Respostas
não está consolidada em nossa sociedade. Muitos ainda não 1. (B) / 2. (A) / 3. (D)
sabem que a bicicleta já é considerada um meio de transporte,
ou desconhecem as leis que abrangem a bike. Na confusão de 2 Reconhecimento de tipos e
um trânsito caótico numa cidade grande, carros, motocicletas,
ônibus e, agora, bicicletas, misturam-se, causando, muitas vezes, gêneros textuais.
discussões e acidentes que poderiam ser evitados.
Ainda são comuns os acidentes que atingem ciclistas. A
verdade é que, quando expostos nas vias públicas, eles estão Tipos Textuais
totalmente vulneráveis em cima de suas bicicletas. Por isso
é tão importante usar capacete e outros itens de segurança. A Para escrever um texto, necessitamos de técnicas que
maior parte dos motoristas de carros, ônibus, motocicletas e implicam no domínio de capacidades linguísticas. Temos dois
caminhões desconhece as leis que abrangem os direitos dos momentos: o de formular pensamentos (o que se quer dizer)
ciclistas. Mas muitos ciclistas também ignoram seus direitos e o de expressá-los por escrito (o escrever propriamente dito).
e deveres. Alguém que resolve integrar a bike ao seu estilo de Fazer um texto, seja ele de que tipo for, não significa apenas
vida e usá-la como meio de locomoção precisa compreender escrever de forma correta, mas sim, organizar ideias sobre
que deverá gastar com alguns apetrechos necessários para determinado assunto.
poder trafegar. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, E para expressarmos por escrito, existem alguns modelos de
as bicicletas devem, obrigatoriamente, ser equipadas com expressão escrita: Descrição – Narração – Dissertação.
campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos
pedais, além de espelho retrovisor do lado esquerdo. Descrição
(Bárbara Moreira, http://www.eusoufamecos.net. Adaptado)
Expõe características dos seres ou das coisas, apresenta uma
01. De acordo com o texto, o uso da bicicleta como meio de visão;
locomoção nas metrópoles brasileiras É um tipo de texto figurativo;
(A) decresce em comparação com Holanda e Inglaterra
devido à falta de regulamentação. Retrato de pessoas, ambientes, objetos;
(B) vem se intensificando paulatinamente e tem sido Predomínio de atributos;
incentivado em várias cidades.
(C) tornou-se, rapidamente, um hábito cultivado pela Uso de verbos de ligação;
maioria dos moradores. Frequente emprego de metáforas, comparações e outras
(D) é uma alternativa dispendiosa em comparação com os figuras de linguagem;
demais meios de transporte.
(E) tem sido rejeitado por consistir em uma atividade Tem como resultado a imagem física ou psicológica.
arriscada e pouco salutar.
Narração
02. A partir da leitura, é correto concluir que um dos Expõe um fato, relaciona mudanças de situação, aponta
objetivos centrais do texto é antes, durante e depois dos acontecimentos (geralmente);
(A) informar o leitor sobre alguns direitos e deveres do
ciclista. É um tipo de texto sequencial;
(B) convencer o leitor de que circular em uma bicicleta é Relato de fatos;
mais seguro do que dirigir um carro.
(C) mostrar que não há legislação acerca do uso da bicicleta Presença de narrador, personagens, enredo, cenário, tempo;
no Brasil. Apresentação de um conflito;
(D) explicar de que maneira o uso da bicicleta como meio de
locomoção se consolidou no Brasil. Uso de verbos de ação;
(E) defender que, quando circular na calçada, o ciclista deve Geralmente, é mesclada de descrições;
dar prioridade ao pedestre.
O diálogo direto é frequente.
03. Considere o cartum de Evandro Alves.
Afogado no Trânsito Dissertação
Expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa;
É um tipo de texto argumentativo.
Defesa de um argumento:
a) apresentação de uma tese que será defendida,
b) desenvolvimento ou argumentação,
c) fechamento;
Predomínio da linguagem objetiva;
Prevalece a denotação.

Carta
Esse é um tipo de texto que se caracteriza por envolver um
(http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br) remetente e um destinatário;

Língua Portuguesa 2
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APOSTILAS OPÇÃO
- As personagens podem ser caracterizadas física e
É normalmente escrita em primeira pessoa, e sempre visa um
psicologicamente, ou pelas ações;
tipo de leitor;
- A descrição pode ser considerada um dos elementos
É necessário que se utilize uma linguagem adequada com constitutivos da dissertação e da argumentação;
o tipo de destinatário e que durante a carta não se perca a - é impossível separar narração de descrição;
visão daquele para quem o texto está sendo escrito. - O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes, mas sim a
capacidade de observação que deve revelar aquele que a realiza;
Descrição - Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. Exemplo:
“(...) Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia mais velha pelo
É a representação com palavras de um objeto, lugar, situação desenvolvimento das proporções. Grande, carnuda, sanguínea
ou coisa, onde procuramos mostrar os traços mais particulares e fogosa, era um desses exemplares excessivos do sexo que
ou individuais do que se descreve. É qualquer elemento que seja parecem conformados expressamente para esposas da multidão
apreendido pelos sentidos e transformado, com palavras, em (...)” (Raul Pompéia – O Ateneu);
imagens. - Como na descrição o que se reproduz é simultâneo, não
Sempre que se expõe com detalhes um objeto, uma pessoa existe relação de anterioridade e posterioridade entre seus
ou uma paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição. Não enunciados;
é necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do - Devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível, que
observador varia de acordo com seu grau de percepção. Dessa se usem então as formas nominais, o presente e o pretério
forma, o que será importante ser analisado para um, não será imperfeito do indicativo, dando-se sempre preferência aos
para outro. verbos que indiquem estado ou fenômeno.
A vivência de quem descreve também influencia na hora de - Todavia deve predominar o emprego das comparações, dos
transmitir a impressão alcançada sobre determinado objeto, adjetivos e dos advérbios, que conferem colorido ao texto.
pessoa, animal, cena, ambiente, emoção vivida ou sentimento.
A característica fundamental de um texto descritivo é essa
Exemplos: inexistência de progressão temporal. Pode-se apresentar, numa
(I) “De longe via a aleia onde a tarde era clara e redonda. Mas descrição, até mesmo ação ou movimento, desde que eles sejam
a penumbra dos ramos cobria o atalho. sempre simultâneos, não indicando progressão de uma situação
Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores, anterior para outra posterior. Tanto é que uma das marcas
pequenas surpresas entre os cipós. Todo o jardim triturado linguísticas da descrição é o predomínio de verbos no presente
pelos instantes já mais apressados da tarde. De onde vinha o ou no pretérito imperfeito do indicativo: o primeiro expressa
meio sonho pelo qual estava rodeada? Como por um zunido de concomitância em relação ao momento da fala; o segundo, em
abelhas e aves. Tudo era estranho, suave demais, grande demais.” relação a um marco temporal pretérito instalado no texto.
(extraído de “Amor”, Laços de Família, Clarice Lispector) Para transformar uma descrição numa narração, bastaria
introduzir um enunciado que indicasse a passagem de um
(II) Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, estado anterior para um posterior. No caso do texto II inicial,
aplicado, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas em para transformá-lo em narração, bastaria dizer: Reunia a isso
reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta grande medo do pai. Mais tarde, Iibertou-se desse medo...
minutos; vencia com o tempo o que não podia fazer logo com o
cérebro. Reunia a isso grande medo ao pai. Era uma criança fina, Características Linguísticas:
pálida, cara doente; raramente estava alegre. Entrava na escola O enunciado narrativo, por ter a representação de
depois do pai e retiravase antes. O mestre era mais severo com um acontecimento, fazer-transformador, é marcado pela
ele do que conosco. temporalidade, na relação situação inicial e situação final,
enquanto que o enunciado descritivo, não tendo transformação,
(Machado de Assis. “Conto de escola”. Contos. 3ed. São é atemporal.
Paulo, Ática, 1974, págs. 3132.) Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintático-
semânticas encontradas no texto que vão facilitar a compreensão:
Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do professor da - Predominância de verbos de estado, situação ou indicadores
escola que o escritor frequentava. de propriedades, atitudes, qualidades, usados principalmente
Deve-se notar: no presente e no imperfeito do indicativo (ser, estar, haver,
- que todas as frases expõem ocorrências simultâneas (ao situar-se, existir, ficar).
mesmo tempo que gastava duas horas para reter aquilo que os - Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que é
outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo tinha descrito;
grande medo ao pai); - Emprego de figuras (metáforas, metonímias, comparações,
- por isso, não existe uma ocorrência que possa ser sinestesias).
considerada cronologicamente anterior a outra do ponto de - Uso de advérbios de localização espacial.
vista do relato (no nível dos acontecimentos, entrar na escola é
cronologicamente anterior a retirar-se dela; no nível do relato, Recursos:
porém, a ordem dessas duas ocorrências é indiferente: o que o - Usar impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas.
escritor quer é explicitar uma característica do menino, e não Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre do
traçar a cronologia de suas ações); sol.
- ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-se), todas - Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exatas,
elas estão no pretérito imperfeito, que indica concomitância em concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam um céu
relação a um marco temporal instalado no texto (no caso, o ano sereno, uma pureza de cristal.
de 1840, em que o escritor frequentava a escola da Rua da Costa) - As sensações de movimento e cor embelezam o poder da
e, portanto, não denota nenhuma transformação de estado; natureza e a figura do homem. Ex: Era um verde transparente
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não que deslumbrava e enlouquecia qualquer um.
correríamos o risco de alterar nenhuma relação cronológica - A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez do
poderíamos mesmo colocar o últímo período em primeiro lugar texto. Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O pessoal,
e ler o texto do fim para o começo: O mestre era mais severo com muito crente.
ele do que conosco. Entrava na escola depois do pai e retirava-se
antes... A descrição pode ser apresentada sob duas formas:
Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passagem
Características: são apresentadas como realmente são, concretamente. Ex: “Sua
- Ao fazer a descrição enumeramos características, altura é 1,85m. Seu peso, 70 kg. Aparência atlética, ombros largos,
comparações e inúmeros elementos sensoriais; pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos negros e lisos”.

Língua Portuguesa 3
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APOSTILAS OPÇÃO
Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento. Exemplo: - Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua
“ A casa velha era enorme, toda em largura, com porta central utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto
que se alcançava por três degraus de pedra e quatro janelas de como um todo.
guilhotina para cada lado. Era feita de pau-a-pique barreado,
dentro de uma estrutura de cantos e apoios de madeira-de-lei. Descrição de objetos constituídos por várias partes:
Telhado de quatro águas. Pintada de roxo-claro. Devia ser mais - Introdução: observações de caráter geral referentes à
velha que Juiz de Fora, provavelmente sede de alguma fazenda procedência ou localização do objeto descrito.
que tivesse ficado, capricho da sorte, na linha de passagem da - Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentários das
variante do Caminho Novo que veio a ser a Rua Principal, depois partes que compõem o objeto, associados à explicação de como
a Rua Direita – sobre a qual ela se punha um pouco de esguelha as partes se agrupam para formar o todo.
e fugindo ligeiramente do alinhamento (...).” (Pedro Nava – Baú - Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um todo
de Ossos) (externamente) formato, dimensões, material, peso, textura, cor
e brilho.
Descrição Subjetiva: quando há maior participação da - Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua
emoção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a paisagem são utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto em
transfigurados pela emoção de quem escreve, podendo opinar sua totalidade.
ou expressar seus sentimentos. Ex: “Nas ocasiões de aparato é
que se podia tomar pulso ao homem. Não só as condecorações Descrição de ambientes:
gritavam-lhe no peito como uma couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! - Introdução: comentário de caráter geral.
Aristarco todo era um anúncio; os gestos, calmos, soberanos, - Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura global do
calmos, eram de um rei...” (“O Ateneu”, Raul Pompéia) ambiente: paredes, janelas, portas, chão, teto, luminosidade e
“(...) Quando conheceu Joca Ramiro, então achou outra aroma (se houver).
esperança maior: para ele, Joca Ramiro era único homem, par- - Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a objetos
de-frança, capaz de tomar conta deste sertão nosso, mandando lá existentes: móveis, eletrodomésticos, quadros, esculturas ou
por lei, de sobregoverno.” quaisquer outros objetos.
(Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas) - Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira no
ambiente.
Os efeitos de sentido criados pela disposição dos elementos
descritivos: Descrição de paisagens:
Como se disse anteriormente, do ponto de vista da progressão - Introdução: comentário sobre sua localização ou qualquer
temporal, a ordem dos enunciados na descrição é indiferente, outra referência de caráter geral.
uma vez que eles indicam propriedades ou características que - Desenvolvimento: observação do plano de fundo
ocorrem simultaneamente. No entanto, ela não é indiferente do (explicação do que se vê ao longe).
ponto de vista dos efeitos de sentido: descrever de cima para - Desenvolvimento: observação dos elementos mais
baixo ou viceversa, do detalhe para o todo ou do todo para o próximos do observador explicação detalhada dos elementos
detalhe cria efeitos de sentido distintos. que compõem a paisagem, de acordo com determinada ordem.
Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Próprio”, de - Conclusão: comentários de caráter geral, concluindo acerca
Bocage: da impressão que a paisagem causa em quem a contempla.

Magro, de olhos azuis, carão moreno, Descrição de pessoas (I):


bem servido de pés, meão de altura, - Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer
triste de facha, o mesmo de figura, aspecto de caráter geral.
nariz alto no meio, e não pequeno. - Desenvolvimento: características físicas (altura, peso, cor
da pele, idade, cabelos, olhos, nariz, boca, voz, roupas).
Incapaz de assistir num só terreno, - Desenvolvimento: características psicológicas
mais propenso ao furor do que à ternura; (personalidade, temperamento, caráter, preferências,
bebendo em níveas mãos por taça escura inclinações, postura, objetivos).
de zelos infernais letal veneno. - Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter
geral.
Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão,1968, pág. 497.
Descrição de pessoas (II):
O poeta descreve-se das características físicas para as - Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer
características morais. Se fizesse o inverso, o sentido não seria aspecto de caráter geral.
o mesmo, pois as características físicas perderiam qualquer - Desenvolvimento: análise das características físicas,
relevo. associadas às características psicológicas (1ª parte).
O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a - Desenvolvimento: análise das características físicas,
visualizar uma cena. É como traçar com palavras o retrato de associadas às características psicológicas (2ª parte).
um objeto, lugar, pessoa etc., apontando suas características - Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter
exteriores, facilmente identificáveis (descrição objetiva), ou geral.
suas características psicológicas e até emocionais (descrição
subjetiva). A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. É uma
Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de adjetivos, estrutura pictórica, em que os aspectos sensoriais predominam.
também denominado adjetivação. Para facilitar o aprendizado Porque toda técnica descritiva implica contemplação e
desta técnica, sugere-se que o concursando, após escrever seu apreensão de algo objetivo ou subjetivo, o redator, ao descrever,
texto, sublinhe todos os substantivos, acrescentando antes ou precisa possuir certo grau de sensibilidade. Assim como o pintor
depois deste um adjetivo ou uma locução adjetiva. capta o mundo exterior ou interior em suas telas, o autor de uma
descrição focaliza cenas ou imagens, conforme o permita sua
Descrição de objetos constituídos de uma só parte: sensibilidade.
- Introdução: observações de caráter geral referentes à
procedência ou localização do objeto descrito. Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser não-
- Desenvolvimento: detalhes (lª parte) formato (comparação literária ou literária. Na descrição não-literária, há maior
com figuras geométricas e com objetos semelhantes); dimensões preocupação com a exatidão dos detalhes e a precisão vocabular.
(largura, comprimento, altura, diâmetro etc.) Por ser objetiva, há predominância da denotação.
- Desenvolvimento: detalhes (2ª parte) material, peso, cor/
brilho, textura.

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APOSTILAS OPÇÃO
Textos descritivos não-literários: A descrição técnica é Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta a
um tipo de descrição objetiva: ela recria o objeto usando uma história.
linguagem científica, precisa. Esse tipo de texto é usado para
descrever aparelhos, o seu funcionamento, as peças que os Elementos Estruturais (I):
compõem, para descrever experiências, processos, etc. - Enredo: desenrolar dos acontecimentos.
Exemplo: - Personagens: são seres que se movimentam, se relacionam
Folheto de propaganda de carro e dão lugar à trama que se estabelece na ação. Revelam-se por
Conforto interno - É impossível falar de conforto sem incluir
meio de características físicas ou psicológicas. Os personagens
o espaço interno. Os seus interiores são amplos, acomodando
podem ser lineares (previsíveis), complexos, tipos sociais
tranquilamente passageiros e bagagens. O Passat e o Passat
(trabalhador, estudante, burguês etc.) ou tipos humanos (o
Variant possuem direção hidráulica e ar condicionado de
medroso, o tímido, o avarento etc.), heróis ou antiheróis,
elevada capacidade, proporcionando a climatização perfeita do
protagonistas ou antagonistas.
ambiente.
- Narrador: é quem conta a história.
Porta-malas - O compartimento de bagagens possui
- Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico.
capacidade de 465 litros, que pode ser ampliada para até 1500
- Tempo: época em que se passa a ação. Cronológico: o
litros, com o encosto do banco traseiro rebaixado.
tempo convencional (horas, dias, meses); Psicológico: o tempo
Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em
interior, subjetivo.
plástico reciclável e posicionado entre as rodas traseiras, para
evitar a deformação em caso de colisão.
Elementos Estruturais (II):
Textos descritivos literários: Na descrição literária Personagens Quem? Protagonista/Antagonista
predomina o aspecto subjetivo, com ênfase no conjunto de Acontecimento O quê? Fato
associações conotativas que podem ser exploradas a partir de Tempo Quando? Época em que ocorreu o fato
descrições de pessoas; cenários, paisagens, espaço; ambientes; Espaço Onde? Lugar onde ocorreu o fato
situações e coisas. Vale lembrar que textos descritivos também Modo Como? De que forma ocorreu o fato
podem ocorrer tanto em prosa como em verso. Causa Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato
Resultado - previsível ou imprevisível.
Narração Final - Fechado ou Aberto.

A Narração é um tipo de texto que relata uma história real, Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se
fictícia ou mescla dados reais e imaginários. O texto narrativo de tal forma, que não é possível compreendê-los isoladamente,
apresenta personagens que atuam em um tempo e em um como simples exemplos de uma narração. Há uma relação
espaço, organizados por uma narração feita por um narrador. de implicação mútua entre eles, para garantir coerência e
É uma série de fatos situados em um espaço e no tempo, verossimilhança à história narrada.
tendo mudança de um estado para outro, segundo relações Quanto aos elementos da narrativa, esses não estão,
de sequencialidade e causalidade, e não simultâneos como na obrigatoriamente sempre presentes no discurso, exceto as
descrição. Expressa as relações entre os indivíduos, os conflitos e personagens ou o fato a ser narrado.
as ligações afetivas entre esses indivíduos e o mundo, utilizando
situações que contêm essa vivência. Existem três tipos de foco narrativo:
Todas as vezes que uma história é contada (é narrada),
o narrador acaba sempre contando onde, quando, como e - Narrador-personagem: é aquele que conta a história na
com quem ocorreu o episódio. É por isso que numa narração qual é participante. Nesse caso ele é narrador e personagem ao
predomina a ação: o texto narrativo é um conjunto de ações; mesmo tempo, a história é contada em 1ª pessoa.
assim sendo, a maioria dos verbos que compõem esse tipo de - Narrador-observador: é aquele que conta a história como
texto são os verbos de ação. O conjunto de ações que compõem alguém que observa tudo que acontece e transmite ao leitor, a
o texto narrativo, ou seja, a história que é contada nesse tipo de história é contada em 3ª pessoa.
texto recebe o nome de enredo. - Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o enredo
As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas e as personagens, revelando seus pensamentos e sentimentos
personagens, que são justamente as pessoas envolvidas íntimos. Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas vezes, aparece
no episódio que está sendo contado. As personagens são misturada com pensamentos dos personagens (discurso
identificadas (nomeadas) no texto narrativo pelos substantivos indireto livre).
próprios.
Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mesmo sem Estrutura:
querer) ele acaba contando “onde” (em que lugar)  as ações do - Apresentação: é a parte do texto em que são apresentados
enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre alguns personagens e expostas algumas circunstâncias da
uma ação ou ações  é chamado de espaço, representado no texto história, como o momento e o lugar onde a ação se desenvolverá.
pelos advérbios de lugar. - Complicação: é a parte do texto em que se inicia
Além de contar onde, o narrador também pode esclarecer propriamente a ação. Encadeados, os episódios se sucedem,
“quando” ocorreram as ações da história. Esse elemento da conduzindo ao clímax.
narrativa é o tempo, representado no texto narrativo através - Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu
dos tempos verbais, mas principalmente pelos advérbios de momento crítico, tornando o desfecho inevitável.
tempo. É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele - Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas ações
que indica ao leitor “como” o fato narrado aconteceu. dos personagens.
A história contada, por isso, passa por uma introdução
(parte inicial da história, também chamada de prólogo), pelo Tipos de Personagens:
desenvolvimento do enredo (é a história propriamente dita, Os personagens têm muita importância na construção de um
o meio, o “miolo” da narrativa, também chamada de trama) texto narrativo, são elementos vitais. Podem ser principais ou
e termina com a conclusão da história (é o final ou epílogo). secundários, conforme o papel que desempenham no enredo,
Aquele que conta a história é o narrador,  que pode ser pessoal podem ser apresentados direta ou indiretamente.
(narra em 1ª pessoa: Eu) ou impessoal (narra em 3ª pessoa:
Ele). A apresentação direta acontece quando o personagem
Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos aparece de forma clara no texto, retratando suas características
de ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e pelos físicas e/ou psicológicas, já a apresentação indireta se dá quando
substantivos que nomeiam as personagens, que são os agentes os personagens aparecem aos poucos e o leitor vai construindo
do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações expressas a sua imagem com o desenrolar do enredo, ou seja, a partir de
pelos verbos, formando uma rede: a própria história contada. suas ações, do que ela vai fazendo e do modo como vai fazendo.

Língua Portuguesa 5
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APOSTILAS OPÇÃO
- Em 1ª pessoa: sua vez é anterior ao de o menino leválo para a sala, que por seu
Personagem Principal: há um “eu” participante que conta a turno é anterior ao de o porquinhoda-índia voltar ao fogão).
história e é o protagonista.
Observador: é como se dissesse: É verdade, pode acreditar, Essa relação de anterioridade e posterioridade é sempre
eu estava lá e vi. pertinente num texto narrativo, mesmo que a sequência linear
da temporalidade apareça alterada. Assim, por exemplo, no
- Em 3ª pessoa: romance machadiano Memórias póstumas de Brás Cubas,
quando o narrador começa contando sua morte para em
Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira pessoa. seguida relatar sua vida, a sequência temporal foi modificada.
Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história como No entanto, o leitor reconstitui, ao longo da leitura, as relações
sendo vista por uma câmara ou filmadora. Exemplo: de anterioridade e de posterioridade.
Resumindo: na narração, as três características explicadas
Tipos de Discurso: acima (transformação de situações, figuratividade e relações
Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamente de anterioridade e posterioridade entre os episódios relatados)
para o personagem, sem a sua interferência. devem estar presentes conjuntamente. Um texto que tenha só
Discurso Indireto: o narrador conta o que o personagem uma ou duas dessas características não é uma narração.
diz, sem lhe passar diretamente a palavra.
Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fusão entre a fala do Esquema que pode facilitar a elaboração de seu texto
personagem e a fala do narrador. É um recurso relativamente narrativo:
recente. Surgiu com romancistas inovadores do século XX. - Introdução: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o que
aconteceu, quando e onde.
Sequência Narrativa: - Desenvolvimento: causa do fato e apresentação dos
personagens.
Uma narrativa não tem uma única mudança, mas várias: - Desenvolvimento: detalhes do fato.
uma coordenase a outra, uma implica a outra, uma subordinase - Conclusão: consequências do fato.
a outra.
A narrativa típica tem quatro mudanças de situação: Caracterização Formal:
- uma em que uma personagem passa a ter um querer ou um Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspecto
dever (um desejo ou uma necessidade de fazer algo); narrativo apresenta, até certo ponto, alguma subjetividade,
- uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma porquanto a criação e o colorido do contexto estão em função
competência para fazer algo); da individualidade e do estilo do narrador. Dependendo do
- uma em que a personagem executa aquilo que queria ou enfoque do redator, a narração terá diversas abordagens. Assim
devia fazer (é a mudança principal da narrativa); é de grande importância saber se o relato é feito em primeira
- uma em que se constata que uma transformação se deu e pessoa ou terceira pessoa. No primeiro caso, há a participação
em que se podem atribuir prêmios ou castigos às personagens do narrador; segundo, há uma inferência do último através da
(geralmente os prêmios são para os bons, e os castigos, para os onipresença e onisciência.
maus). Quanto à temporalidade, não há rigor na ordenação dos
acontecimentos: esses podem oscilar no tempo, transgredindo
Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se o aspecto linear e constituindo o que se denomina “flashback”.
pressupõem logicamente. Com efeito, quando se constata a O narrador que usa essa técnica (característica comum no
realização de uma mudança é porque ela se verificou, e ela cinema moderno) demonstra maior criatividade e originalidade,
efetuase porque quem a realiza pode, sabe, quer ou deve fazêla. podendo observar as ações ziguezagueando no tempo e no
Tomemos, por exemplo, o ato de comprar um apartamento: espaço.
quando se assina a escritura, realizase o ato de compra; para
isso, é necessário poder (ter dinheiro) e querer ou dever Exemplo - Personagens
comprar (respectivamente, querer deixar de pagar aluguel ou
ter necessidade de mudar, por ter sido despejado, por exemplo). “Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr.
Algumas mudanças são necessárias para que outras se Amâncio não viu a mulher chegar.
deem. Assim, para apanhar uma fruta, é necessário apanhar um Não quer que se carpa o quintal, moço?
bambu ou outro instrumento para derrubála. Para ter um carro, Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face
é preciso antes conseguir o dinheiro. escalavrada. Mas os olhos... (sempre guardam alguma coisa do
passado, os olhos).”
Narrativa e Narração (Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre: Mercado
Aberto, p. 5O)
Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narratividade
é um componente narrativo que pode existir em textos que Exemplo - Espaço
não são narrações. A narrativa é a transformação de situações.
Por exemplo, quando se diz “Depois da abolição, incentivouse Considerarei longamente meu pequeno deserto, a redondeza
a imigração de europeus”, temos um texto dissertativo, que, escura e uniforme dos seixos. Seria o leito seco de algum rio. Não
no entanto, apresenta um componente narrativo, pois contém havia, em todo o caso, como negarlhe a insipidez.”
uma mudança de situação: do não incentivo ao incentivo da
imigração européia. (Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann. Porto
Se a narrativa está presente em quase todos os tipos de texto, Alegre: Movimento, 1981, p. 51)
o que é narração? Exemplo - Tempo
A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três características:
- é um conjunto de transformações de situação (o texto de “Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembrase: a
Manuel Bandeira – “Porquinho-da-índia”, como vimos, preenche mulher lhe pediu que a chamasse cedo.”
essa condição);
- é um texto figurativo, isto é, opera com personagens e fatos (Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados. p.4)
concretos (o texto “Porquinho-daíndia» preenche também esse
requisito); Tipologia da Narrativa Ficcional:
- as mudanças relatadas estão organizadas de maneira tal - Romance
que, entre elas, existe sempre uma relação de anterioridade e - Conto
posterioridade (no texto “Porquinhodaíndia» o fato de ganhar - Crônica
o animal é anterior ao de ele estar debaixo do fogão, que por - Fábula

Língua Portuguesa 6
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APOSTILAS OPÇÃO
- Lenda se sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não entre pelo cano!
- Parábola Faça parte desse time de vencedores desde a escolha desse
- Anedota momento!
- Poema Épico - Contestação: contestar uma ideia ou uma situação. Ex: “É
importante que o cidadão saiba que portar arma de fogo não é a
Tipologia da Narrativa NãoFiccional: solução no combate à insegurança.”
- Memorialismo - Características: caracterização de espaços ou aspectos.
- Notícias - Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex:
- Relatos “Em 1982, eram 15,8 milhões os domicílios brasileiros com
- História da Civilização televisores. Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque de
aparelhos receptores instalados do mundo). Ao todo, existem
Apresentação da Narrativa: no país 257 emissoras (aquelas capazes de gerar programas) e
- visual: texto escrito; legendas + desenhos (história em 2.624 repetidoras (que apenas retransmitem sinais recebidos).
quadrinhos) e desenhos. (...)”
- auditiva: narrativas radiofonizadas; fitas gravadas e discos. - Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato.
- audiovisual: cinema; teatro e narrativas televisionadas. - Citação: opinião de alguém de destaque sobre o assunto do
texto. Ex: “A principal característica do déspota encontra-se no
Dissertação fato de ser ele o autor único e exclusivo das normas e das regras
que definem a vida familiar, isto é, o espaço privado. Seu poder,
A dissertação é uma exposição, discussão ou interpretação escreve Aristóteles, é arbitrário, pois decorre exclusivamente de
de uma determinada ideia. É, sobretudo, analisar algum tema. sua vontade, de seu prazer e de suas necessidades.”
Pressupõe um exame crítico do assunto, lógica, raciocínio, - Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos que
clareza, coerência, objetividade na exposição, um planejamento compõem o texto.
de trabalho e uma habilidade de expressão. - Interrogação: questionamento. Ex: “Volta e meia se faz a
É em função da capacidade crítica que se questionam pergunta de praxe: afinal de contas, todo esse entusiasmo pelo
pontos da realidade social, histórica e psicológica do mundo futebol não é uma prova de alienação?”
e dos semelhantes. Vemos também, que a dissertação no seu - Suspense: alguma informação que faça aumentar a
significado diz respeito a um tipo de texto em que a exposição curiosidade do leitor.
de uma ideia, através de argumentos, é feita com a finalidade - Comparação: social e geográfica.
de desenvolver um conteúdo científico, doutrinário ou artístico. - Enumeração: enumerar as informações. Ex: “Ação à
Observe-se que: distância, velocidade, comunicação, linha de montagem, triunfo
- o texto é temático, pois analisa e interpreta a realidade das massas, Holocausto: através das metáforas e das realidades
com conceitos abstratos e genéricos (não se fala de um homem que marcaram esses 100 últimos anos, aparece a verdadeira
particular e do que faz para chegar a ser primeiroministro, mas doença do século...”
do homem em geral e de todos os métodos para atingir o poder); - Narração: narrar um fato.
- existe mudança de situação no texto (por exemplo, a
mudança de atitude dos que clamam contra a corrupção da corte Desenvolvimento: é a argumentação da ideia inicial,
no momento em que se tornam primeirosministros); de forma organizada e progressiva. É a parte maior e mais
- a progressão temporal dos enunciados não tem importância, importante do texto. Podem ser desenvolvidos de várias formas:
pois o que importa é a relação de implicação (clamar contra a - Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova com
corrupção da corte implica ser corrupto depois da nomeação este tipo de abordagem.
para primeiroministro). - Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar a ideia
principal ao máximo, esclarecendo o conceito ou a definição.
Características: - Comparação: estabelecer analogias, confrontar situações
- ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é distintas.
temático; - Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta pontos
- como o texto narrativo, ele mostra mudanças de situação; favoráveis e desfavoráveis.
- ao contrário do texto narrativo, nele as relações de - Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato ou
anterioridade e de posterioridade dos enunciados não têm maior descrever uma cena.
importância o que importa são suas relações lógicas: analogia, - Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados estatísticos.
pertinência, causalidade, coexistência, correspondência, - Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para
implicação, etc. prováveis resultados.
- a estética e a gramática são comuns a todos os tipos de - Interrogação: Toda sucessão de interrogações deve
redação. Já a estrutura, o conteúdo e a estilística possuem apresentar questionamento e reflexão.
características próprias a cada tipo de texto. - Refutação: questiona-se praticamente tudo: conceitos,
  valores, juízos.
São partes da dissertação: Introdução / Desenvolvimento - Causa e Consequência: estruturar o texto através dos
/ Conclusão. porquês de uma determinada situação.
- Oposição: abordar um assunto de forma dialética.
Introdução: em que se apresenta o assunto; se apresenta a - Exemplificação: dar exemplos.
ideia principal, sem, no entanto, antecipar seu desenvolvimento.
Tipos: Conclusão: é uma avaliação final do assunto, um fechamento
- Divisão: quando há dois ou mais termos a serem discutidos. integrado de tudo que se argumentou. Para ela convergem todas
Ex: “Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que as ideias anteriormente desenvolvidas.
olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro...” - Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese.
- Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona a um - Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um
fato presente. Ex: “A crise econômica que teve início no começo pensamento ou faz uma proposta, incentivando a reflexão de
dos anos 80, com os conhecidos altos índices de inflação que quem lê.
a década colecionou, agravou vários dos históricos problemas 1º Parágrafo – Introdução
sociais do país. Entre eles, a violência, principalmente a urbana,
cuja escalada tem sido facilmente identificada pela população A. Tema: Desemprego no Brasil.
brasileira.” Contextualização: decorrência de um processo histórico
- Proposição: o autor explicita seus objetivos. problemático.
- Convite: proposta ao leitor para que participe de alguma
coisa apresentada no texto. Ex: Você quer estar “na sua”? Quer

Língua Portuguesa 7
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APOSTILAS OPÇÃO
2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento Enumeração: Caracteriza-se pela exposição de uma série de
B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que coisas, uma a uma. Presta-se bem à indicação de características,
remetem a uma análise do tema em questão. funções, processos, situações, sempre oferecendo o complemento
C. Argumento 2: Considerações a respeito de outro dado da necessário à afirmação estabelecida na frase nuclear. Pode-se
realidade. enumerar, seguindo-se os critérios de importância, preferência,
D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade de classificação ou aleatoriamente.
quem propõe soluções. Exemplo:
E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição.
1- O adolescente moderno está se tornando obeso por várias
7º Parágrafo: Conclusão causas: alimentação inadequada, falta de exercícios sistemáticos
F. Uma possível solução é apresentada. e demasiada permanência diante de computadores e aparelhos
G. O texto conclui que desigualdade não se casa com de Televisão.
modernidade.
2- Devido à expansão das igrejas evangélicas, é grande o
É bom lembrarmos que é praticamente impossível opinar número de emissoras que dedicam parte da sua programação à
sobre o que não se conhece. A leitura de bons textos é um dos veiculação de programas religiosos de crenças variadas.
recursos que permite uma segurança maior no momento de
dissertar sobre algum assunto. Debater e pesquisar são atitudes 3-
que favorecem o senso crítico, essencial no desenvolvimento de - A Santa Missa em seu lar.
um texto dissertativo. - Terço Bizantino.
- Despertar da Fé.
Ainda temos: - Palavra de Vida.
Tema: compreende o assunto proposto para discussão, o - Igreja da Graça no Lar.
assunto que vai ser abordado.
Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo 4-
discutido. - Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o governo
Argumentação: é um conjunto de procedimentos brasileiro diante de tantos desmatamentos, desequilíbrios
linguísticos com os quais a pessoa que escreve sustenta suas sociológicos e poluição.
opiniões, de forma a torná-las aceitáveis pelo leitor. É fornecer - Existem várias razões que levam um homem a enveredar
argumentos, ou seja, razões a favor ou contra uma determinada pelos caminhos do crime.
tese. - A gravidez na adolescência é um problema seríssimo,
porque pode trazer muitas consequências indesejáveis.
Estes assuntos serão vistos com mais afinco posteriormente. - O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua
sobrevivência no mundo atual e vários são os tipos de lazer.
Alguns pontos essenciais desse tipo de texto são: - O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas em
- toda dissertação é uma demonstração, daí a necessidade de várias categorias.
pleno domínio do assunto e habilidade de argumentação;
- em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao tema; Comparação: A frase nuclear pode-se desenvolver através
- a coerência é tida como regra de ouro da dissertação; da comparação, que confronta ideias, fatos, fenômenos e
- impõem-se sempre o raciocínio lógico; apresenta-lhes a semelhança ou dessemelhança.
- a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer Exemplo:
ambiguidade pode ser um ponto vulnerável na demonstração
do que se quer expor. Deve ser clara, precisa, natural, original, “A juventude é uma infatigável aspiração de felicidade; a
nobre, correta gramaticalmente. O discurso deve ser impessoal velhice, pelo contrário, é dominada por um vago e persistente
(evitar-se o uso da primeira pessoa). sentimento de dor, porque já estamos nos convencendo de que a
felicidade é uma ilusão, que só o sofrimento é real”.
O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apresentar: (Arthur Schopenhauer)
uma frase contendo a ideia principal (frase nuclear) e uma ou
mais frases que explicitem tal ideia. Causa e Consequência: A frase nuclear, muitas vezes,
Exemplo: “A televisão mostra uma realidade idealizada encontra no seu desenvolvimento um segmento causal (fato
(ideia central) porque oculta os problemas sociais realmente motivador) e, em outras situações, um segmento indicando
graves. (ideia secundária)”. consequências (fatos decorrentes).
Vejamos:
Ideia central: A poluição atmosférica deve ser combatida Tempo e Espaço: Muitos parágrafos dissertativos marcam
urgentemente. temporal e espacialmente a evolução de ideias, processos.

Desenvolvimento: A poluição atmosférica deve ser Explicitação: Num parágrafo dissertativo pode-se
combatida urgentemente, pois a alta concentração de elementos conceituar, exemplificar e aclarar as ideias para torná-las mais
tóxicos põe em risco a vida de milhares de pessoas, sobretudo compreensíveis.
daquelas que sofrem de problemas respiratórios: Exemplo: “Artéria é um vaso que leva sangue proveniente do
coração para irrigar os tecidos. Exceto no cordão umbilical e na
- A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem levado ligação entre os pulmões e o coração, todas as artérias contém
muita gente ao vício. sangue vermelho-vivo, recém-oxigenado. Na artéria pulmonar,
- A televisão é um dos mais eficazes meios de comunicação porém, corre sangue venoso, mais escuro e desoxigenado, que o
criados pelo homem. coração remete para os pulmões para receber oxigênio e liberar
- A violência tem aumentado assustadoramente nas cidades gás carbônico”.
e hoje parece claro que esse problema não pode ser resolvido Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação, deve
apenas pela polícia. delimitar-se o tema que será desenvolvido e que poderá ser
- O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise enfocado sob diversos aspectos. Se, por exemplo, o tema é a
atualmente. questão indígena, ela poderá ser desenvolvida a partir das
- O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a seguintes ideias:
sociedade brasileira. - A violência contra os povos indígenas é uma constante na
história do Brasil.
O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras: - O surgimento de várias entidades de defesa das populações
indígenas.

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APOSTILAS OPÇÃO
- A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio Tipo textual – este é a forma como o texto se apresenta,
brasileiro. podendo ser classificado como narrativo, argumentativo,
- A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena. dissertativo, descritivo, informativo ou injuntivo. Cada uma
Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver, deve dessas classificações varia de acordo como o texto se apresenta
fazer a estruturação do texto. e com a finalidade para o qual foi escrito.

A estrutura do texto dissertativo constitui-se de: Tipos de Gêneros Textuais

Introdução: deve conter a ideia principal a ser desenvolvida Cada texto possuiu uma linguagem e estrutura; note que
(geralmente um ou dois parágrafos). É a abertura do texto, por existem inúmeros gêneros textuais dentro das categorias
isso é fundamental. Deve ser clara e chamar a atenção para dois tipológicas de texto. Em outras palavras, gênero textual são
itens básicos: os objetivos do texto e o plano do desenvolvimento. estruturas textuais peculiares que surgem dos tipos de textos:
Contém a proposição do tema, seus limites, ângulo de análise e a narrativo, descritivo, dissertativo-argumentativo, expositivo e
hipótese ou a tese a ser defendida. injuntivo.
Desenvolvimento: exposição de elementos que vão
fundamentar a ideia principal que pode vir especificada
através da argumentação, de pormenores, da ilustração, da
causa e da consequência, das definições, dos dados estatísticos,
da ordenação cronológica, da interrogação e da citação. No
desenvolvimento são usados tantos parágrafos quantos
forem necessários para a completa exposição da ideia. E esses
parágrafos podem ser estruturados das cinco maneiras expostas
acima.
Conclusão: é a retomada da ideia principal, que agora deve
aparecer de forma muito mais convincente, uma vez que já
foi fundamentada durante o desenvolvimento da dissertação
(um parágrafo). Deve, pois, conter de forma sintética, o Texto Narrativo
objetivo proposto na instrução, a confirmação da hipótese Os textos narrativos apresentam ações de personagens no
ou da tese, acrescida da argumentação básica empregada no tempo e no espaço. Sua estrutura é dividida em: apresentação,
desenvolvimento. desenvolvimento, clímax e desfecho. Alguns exemplos de
Gêneros Textuais gêneros textuais narrativos:
Romance
Os gêneros textuais são classificações de textos de acordo Novela
com o objetivo e o contexto em que são empregados. Dessa Crônica
maneira, os gêneros textuais são definidos pelas características Contos de Fada
dos diversos tipos de textos, os quais apresentam características Fábula
comuns em relação à linguagem e ao conteúdo. Lendas

Texto Descritivo
Os textos descritivos se ocupam de relatar e expor
determinada pessoa, objeto, lugar, acontecimento. Dessa
forma, são textos repletos de adjetivos os quais descrevem ou
apresentam imagens a partir das percepções sensoriais do
locutor (emissor). São exemplos de gêneros textuais descritivos:
Diário
Relatos (viagens, históricos, etc.)
Biografia e autobiografia
Notícia
Currículo
Lista de compras
Cardápio
Anúncios de classificados
Lembre-se que existem muitos gêneros textuais, os quais
promovem uma interação entre os interlocutores (emissor e Texto Dissertativo-Argumentativo
receptor) de determinado discurso, seja uma resenha crítica Os textos dissertativos são aqueles encarregados de expor
jornalística, publicidade, receita de bolo, menu do restaurante, um tema ou assunto por meio de argumentações; são marcados
bilhete ou lista de supermercado; porém, faz-se necessário pela defesa de um ponto de vista, ao mesmo tempo que tenta
considerar seu contexto, função e finalidade. persuadir o leitor. Sua estrutura textual é dividida em três
O gênero textual pode conter mais de um tipo textual, ou partes: tese (apresentação), antítese (desenvolvimento), nova
seja, uma receita de bolo, apresenta a lista de ingredientes tese (conclusão). Exemplos de gêneros textuais dissertativos:
necessários (texto descritivo) e o modo de preparo (texto Editorial Jornalístico
injuntivo). Carta de opinião
Resenha
Distinguindo Artigo
É essencial saber distinguir o que é gênero textual, gênero Ensaio
literário e tipo textual. Cada uma dessas classificações é Monografia, dissertação de mestrado e tese de doutorado
referente aos textos, porém é preciso ter atenção, cada uma Veja também: Texto Dissertativo.
possui um significado totalmente diferente da outra. Veja uma
breve descrição do que é um gênero literário e um tipo textual: Texto Expositivo
Os textos expositivos possuem a função de expor determinada
Gênero Literário – nestes os textos abordados são apenas os ideia, por meio de recursos como: definição, conceituação,
literários, diferente do gênero textual, que abrange todo tipo de informação, descrição e comparação. Assim, alguns exemplos de
texto. O gênero literário é classificado de acordo com a sua forma, gêneros textuais expositivos:
podendo ser do gênero líricos, dramático, épico, narrativo e etc. Seminários
Palestras

Língua Portuguesa 9
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APOSTILAS OPÇÃO
Conferências b) influenciar o comportamento do leitor, por meio de apelos
Entrevistas que visam à adesão ao consumo.
Trabalhos acadêmicos c) defender a importância do conhecimento de informática
Enciclopédia pela população de baixo poder aquisitivo.
Verbetes de dicionários d) facilitar o uso de equipamentos de informática pelas
classes sociais economicamente desfavorecidas.
Texto Injuntivo e) questionar o fato de o homem ser mais inteligente que a
O texto injuntivo, também chamado de texto instrucional, é máquina, mesmo a mais moderna.
aquele que indica uma ordem, de modo que o locutor (emissor)
objetiva orientar e persuadir o interlocutor (receptor); por isso, 02. Partindo do pressuposto de que um texto estrutura-se
apresentam, na maioria dos casos, verbos no imperativo. Alguns a partir de características gerais de um determinado gênero,
exemplos de gêneros textuais injuntivos: identifique os gêneros descritos a seguir:
Propaganda I. Tem como principal característica transmitir a opinião de
Receita culinária pessoas de destaque sobre algum assunto de interesse. Algumas
Bula de remédio revistas têm uma seção dedicada a esse gênero;
Manual de instruções II. Caracteriza-se por apresentar um trabalho voltado
Regulamento para o estudo da linguagem, fazendo-o de maneira particular,
Textos prescritivos refletindo o momento, a vida dos homens através de figuras que
possibilitam a criação de imagens;
Exemplos de gêneros textuais III. Gênero que apresenta uma narrativa informal ligada à
Diário – é escrito em linguagem informal, sempre consta vida cotidiana. Apresenta certa dose de lirismo e sua principal
a data e não há um destinatário específico, geralmente, é característica é a brevidade;
para a própria pessoa que está escrevendo, é um relato dos IV. Linguagem linear e curta, envolve poucas personagens,
acontecimentos do dia. O objetivo desse tipo de texto é guardar que geralmente se movimentam em torno de uma única ação,
as lembranças e em alguns momentos desabafar. Veja um dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações
exemplo: encaminham-se diretamente para um desfecho;
“Domingo, 14 de junho de 1942 V. Esse gênero é predominantemente utilizado em manuais
Vou começar a partir do momento em que ganhei você, de eletrodomésticos, jogos eletrônicos, receitas, rótulos de
quando o vi na mesa, no meio dos meus outros presentes de produtos, entre outros.
aniversário. (Eu estava junto quando você foi comprado, e com São, respectivamente:
isso eu não contava.) a) texto instrucional, crônica, carta, entrevista e carta
Na sexta-feira, 12 de junho, acordei às seis horas, o que argumentativa.
não é de espantar; afinal, era meu aniversário. Mas não me b) carta, bula de remédio, narração, prosa, crônica.
deixam levantar a essa hora; por isso, tive de controlar minha c) entrevista, poesia, crônica, conto, texto instrucional.
curiosidade até quinze para as sete. Quando não dava mais para d) entrevista, poesia, conto, crônica, texto instrucional.
esperar, fui até a sala de jantar, onde Moortje (a gata) me deu as e) texto instrucional, crônica, entrevista, carta e carta
boas-vindas, esfregando-se em minhas pernas.” argumentativa.
Trecho retirado do livro “Diário de Anne Frank”. Respostas
01 (B) \02. (C)
Carta – esta, dependendo do destinatário pode ser informal,
quando é destinada a algum amigo ou pessoa com quem se tem
intimidade. E formal quando destinada a alguém mais culto 3 Domínio da ortografia oficial.
ou que não se tenha intimidade. Dependendo do objetivo da
carta a mesma terá diferentes estilos de escrita, podendo ser
dissertativa, narrativa ou descritiva. As cartas se iniciam com Ortografia
a data, em seguida vem a saudação, o corpo da carta e para
finalizar a despedida. A ortografia se caracteriza por estabelecer padrões para a
forma escrita das palavras. Essa escrita está relacionada tanto
Propaganda – este gênero geralmente aparece na forma a critérios etimológicos (ligados à origem das palavras) quanto
oral, diferente da maioria dos outros gêneros. Suas principais fonológicos (ligados aos fonemas representados). É importante
características são a linguagem argumentativa e expositiva, compreender que a ortografia é fruto de uma convenção. A
pois a intenção da propaganda é fazer com que o destinatário forma de grafar as palavras é produto de acordos ortográficos
se interesse pelo produto da propaganda. O texto pode conter que envolvem os diversos países em que a língua portuguesa é
algum tipo de descrição e sempre é claro e objetivo. oficial. A melhor maneira de treinar a ortografia é ler, escrever e
consultar o dicionário sempre que houver dúvida.
Notícia – este é um dos tipos de texto que é mais fácil de
identificar. Sua linguagem é narrativa e descritiva e o objetivo O Alfabeto
desse texto é informar algo que aconteceu. O alfabeto da língua portuguesa é formado por 26 letras. Cada
Fontes: http://www.todamateria.com.br/generos-textuais/ letra apresenta uma forma minúscula e outra maiúscula. Veja:
http://www.estudopratico.com.br/generos-textuais/
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/genero-textual. a A (á) b B (bê)
htm c C (cê) d D (dê)
Questões e E (é) f F (efe)
g G (gê ou guê) h H (agá)
01. MOSTRE QUE SUA MEMÓRIA É MELHOR DO QUE A DE i I (i) j J (jota)
COMPUTADOR E GUARDE ESTA CONDIÇÃO: 12X SEM JUROS. k K (cá) l L (ele)
m M (eme) n N (ene)
Revista Época. N° 424, 03 jul. 2006. o O (ó) p P (pê)
q Q (quê) r R (erre)
Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como s S (esse) t T (tê)
práticas de linguagem, assumindo funções específicas, formais u U (u) v V (vê)
e de conteúdo. Considerando o contexto em que circula o texto w W (dáblio) x X (xis)
publicitário, seu objetivo básico é y Y (ípsilon) z Z (zê)
a) definir regras de comportamento social pautadas no
combate ao consumismo exagerado.

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APOSTILAS OPÇÃO
Observação: emprega-se também o ç, que representa o Exemplos:
fonema /s/ diante das letras: a, o, e u em determinadas palavras. arranjar: arranjo, arranje, arranjem
despejar: despejo, despeje, despejem
Emprego das letras K, W e Y gorjear: gorjeie, gorjeiam, gorjeando
Utilizam-se nos seguintes casos: enferrujar: enferruje, enferrujem
a) Em antropônimos originários de outras línguas e seus viajar: viajo, viaje, viajem
derivados.
Exemplos: Kant, kantismo; Darwin, darwinismo; Taylor, 2) Nas palavras de origem tupi, africana, árabe ou exótica
taylorista. Exemplos: biju, jiboia, canjica, pajé, jerico, manjericão, Moji

b) Em topônimos originários de outras línguas e seus 3) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam j
derivados. Exemplos:
Exemplos: Kuwait, kuwaitiano. laranja- laranjeira loja- lojista lisonja -
lisonjeador nojo- nojeira
c) Em siglas, símbolos, e mesmo em palavras adotadas como cereja- cerejeira varejo- varejista rijo- enrijecer
unidades de medida de curso internacional. jeito- ajeitar
Exemplos: K (Potássio), W (West), kg (quilograma), km
(quilômetro), Watt. 4) Nos seguintes vocábulos:
berinjela, cafajeste, jeca, jegue, majestade, jeito, jejum, laje,
Emprego de X e Ch traje, pegajento
Emprega-se o X:
1) Após um ditongo. Emprego das Letras S e Z
Exemplos: caixa, frouxo, peixe Emprega-se o S:
Exceção: recauchutar e seus derivados 1) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam s no
radical
2) Após a sílaba inicial “en”.
Exemplos: enxame, enxada, enxaqueca Exemplos:
Exceção: palavras iniciadas por “ch” que recebem o prefixo análise- analisar catálise- catalisador
“en-” casa- casinha, casebre liso- alisar
Exemplos: encharcar (de charco), enchiqueirar (de chiqueiro),
encher e seus derivados (enchente, enchimento, preencher...) 2) Nos sufixos -ês e -esa, ao indicarem nacionalidade, título
ou origem
3) Após a sílaba inicial “me-”. Exemplos:
Exemplos: mexer, mexerica, mexicano, mexilhão burguês- burguesa inglês- inglesa
Exceção: mecha chinês- chinesa milanês- milanesa

4) Em vocábulos de origem indígena ou africana e nas palavras 3) Nos sufixos formadores de adjetivos -ense, -oso e -osa
inglesas aportuguesadas. Exemplos:
Exemplos: abacaxi, xavante, orixá, xará, xerife, xampu catarinense gostoso- gostosa amoroso- amorosa
palmeirense gasoso- gasosa teimoso- teimosa
5) Nas seguintes palavras:
bexiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, puxar, 4) Nos sufixos gregos -ese, -isa, -osa
rixa, oxalá, praxe, roxo, vexame, xadrez, xarope, xaxim, xícara, xale, Exemplos:
xingar, etc. catequese, diocese, poetisa, profetisa, sacerdotisa, glicose,
metamorfose, virose
Emprega-se o dígrafo Ch:
1) Nos seguintes vocábulos: 5) Após ditongos
bochecha, bucha, cachimbo, chalé, charque, chimarrão, Exemplos:
chuchu, chute, cochilo, debochar, fachada, fantoche, ficha, flecha, coisa, pouso, lousa, náusea
mochila, pechincha, salsicha, tchau, etc.
6) Nas formas dos verbos pôr e querer, bem como em seus
Para representar o fonema /j/ na forma escrita, a grafia derivados
considerada correta é aquela que ocorre de acordo com a origem Exemplos:
da palavra. Veja os exemplos: pus, pôs, pusemos, puseram, pusera, pusesse, puséssemos
gesso: Origina-se do grego gypsos quis, quisemos, quiseram, quiser, quisera, quiséssemos
jipe: Origina-se do inglês jeep. repus, repusera, repusesse, repuséssemos

Emprega-se o G: 7) Nos seguintes nomes próprios personativos:


1) Nos substantivos terminados em -agem, -igem, -ugem Baltasar, Heloísa, Inês, Isabel, Luís, Luísa, Resende, Sousa,
Exemplos: barragem, miragem, viagem, origem, ferrugem Teresa, Teresinha, Tomás
Exceção: pajem
8) Nos seguintes vocábulos:
2) Nas palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio abuso, asilo, através, aviso, besouro, brasa, cortesia,
Exemplos: estágio, privilégio, prestígio, relógio, refúgio decisão,despesa, empresa, freguesia, fusível, maisena, mesada,
paisagem, paraíso, pêsames, presépio, presídio, querosene,
3) Nas palavras derivadas de outras que se grafam com g raposa, surpresa, tesoura, usura, vaso, vigésimo, visita, etc.
Exemplos: engessar (de gesso), massagista (de massagem),
vertiginoso (de vertigem) Emprega-se o Z:
1) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam z no
4) Nos seguintes vocábulos: radical
algema, auge, bege, estrangeiro, geada, gengiva, gibi, gilete, Exemplos:
hegemonia, herege, megera, monge, rabugento, vagem. deslize- deslizar razão- razoável vazio- esvaziar
raiz- enraizar cruz-cruzeiro
Emprega-se o J:
1) Nas formas dos verbos terminados em -jar ou -jear 2) Nos sufixos -ez, -eza, ao formarem substantivos abstratos a

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APOSTILAS OPÇÃO
partir de adjetivos “mitir”, “ceder” e “cutir”
Exemplos: Exemplos:
inválido- invalidez limpo-limpeza macio- maciez agredir- agressão demitir- demissão ceder- cessão
rígido- rigidez discutir- discussão
frio- frieza nobre- nobreza pobre-pobreza surdo- progredir- progressão t r a n s m i t i r - t r a n s m i s s ã o
surdez exceder- excesso repercutir- repercussão

3) Nos sufixos -izar, ao formar verbos e -ização, ao formar Emprega-se o Xc e o Xs:


substantivos
Exemplos: Em dígrafos que soam como Ss
civilizar- civilização hospitalizar- hospitalização Exemplos:
colonizar- colonização realizar- realização exceção, excêntrico, excedente, excepcional, exsudar

4) Nos derivados em -zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita Observações sobre o uso da letra X
Exemplos: 1) O X pode representar os seguintes fonemas:
cafezal, cafezeiro, cafezinho, arvorezinha, cãozito, avezita /ch/ - xarope, vexame

5) Nos seguintes vocábulos: /cs/ - axila, nexo


azar, azeite, azedo, amizade, buzina, bazar, catequizar, chafariz,
cicatriz, coalizão, cuscuz, proeza, vizinho, xadrez, verniz, etc. /z/ - exame, exílio

6) Nos vocábulos homófonos, estabelecendo distinção no /ss/ - máximo, próximo


contraste entre o S e o Z
Exemplos: /s/ - texto, extenso
cozer (cozinhar) e coser (costurar)
prezar( ter em consideração) e presar (prender) 2) Não soa nos grupos internos -xce- e -xci-
traz (forma do verbo trazer) e trás (parte posterior) Exemplos: excelente, excitar

Observação: em muitas palavras, a letra X soa como Z. Veja os Emprego das letras E e I
exemplos: Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/ e /i /
exame exato exausto exemplo existir exótico pode não ser nítida. Observe:
inexorável

Emprego de S, Ç, X e dos Dígrafos Sc, Sç, Ss, Xc, Xs Emprega-se o E:


Existem diversas formas para a representação do fonema /S/. 1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -oar, -uar
Observe: Exemplos:
magoar - magoe, magoes
Emprega-se o S: continuar- continue, continues
Nos substantivos derivados de verbos terminados em
“andir”,”ender”, “verter” e “pelir” 2) Em palavras formadas com o prefixo ante- (antes, anterior)
Exemplos: Exemplos: antebraço, antecipar
expandir- expansão pretender- pretensão verter-
versão expelir- expulsão 3) Nos seguintes vocábulos:
estender- extensão suspender- suspensão cadeado, confete, disenteria, empecilho, irrequieto, mexerico,
converter - conversão repelir- repulsão orquídea, etc.

Emprega-se Ç: Emprega-se o I :
Nos substantivos derivados dos verbos “ter” e “torcer” 1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -air, -oer, -uir
Exemplos: Exemplos:
ater- atenção torcer- torção cair- cai
deter- detenção distorcer-distorção doer- dói
manter- manutenção contorcer- contorção influir- influi
2) Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra)
Emprega-se o X: Exemplos:
Em alguns casos, a letra X soa como Ss Anticristo, antitetânico
Exemplos: 3) Nos seguintes vocábulos:
auxílio, expectativa, experto, extroversão, sexta, sintaxe, texto, aborígine, artimanha, chefiar, digladiar, penicilina, privilégio,
trouxe etc.

Emprega-se Sc: Emprego das letras O e U


Nos termos eruditos Emprega-se o O/U:
Exemplos: A oposição o/u é responsável pela diferença de significado de
acréscimo, ascensorista, consciência, descender, discente, algumas palavras. Veja os exemplos:
fascículo, fascínio, imprescindível, miscigenação, miscível, comprimento (extensão) e cumprimento (saudação,
plebiscito, rescisão, seiscentos, transcender, etc. realização)
soar (emitir som) e suar (transpirar)
Emprega-se Sç:
Na conjugação de alguns verbos Grafam-se com a letra O: bolacha, bússola, costume,
Exemplos: moleque.
nascer- nasço, nasça
crescer- cresço, cresça Grafam-se com a letra U: camundongo, jabuti, Manuel, tábua
descer- desço, desça
Emprego da letra H
Emprega-se Ss: Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor fonético.
Nos substantivos derivados de verbos terminados em “gredir”, Conservou-se apenas como símbolo, por força da etimologia e

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APOSTILAS OPÇÃO
da tradição escrita. A palavra hoje, por exemplo, grafa-se desta g) Nos nomes que designam altos conceitos religiosos,
forma devido a sua origem na forma latina hodie. políticos ou nacionalistas.
Exemplos:
Emprega-se o H: Igreja (Católica, Apostólica, Romana), Estado, Nação, Pátria,
1) Inicial, quando etimológico União, etc.
Exemplos: hábito, hesitar, homologar, Horácio
Observação: esses nomes escrevem-se com inicial minúscula
2) Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh, nh quando são empregados em sentido geral ou indeterminado.
Exemplos: flecha, telha, companhia Exemplo:
Todos amam sua pátria.
3) Final e inicial, em certas interjeições
Exemplos: ah!, ih!, eh!, oh!, hem?, hum!, etc. Emprego FACULTATIVO de letra maiúscula:
a) Nos nomes de logradouros públicos, templos e edifícios.
4) Em compostos unidos por hífen, no início do segundo Exemplos:
elemento, se etimológico Rua da Liberdade ou rua da Liberdade
Exemplos: anti-higiênico, pré-histórico, super-homem, etc. Igreja do Rosário ou igreja do Rosário
Edifício Azevedo ou edifício Azevedo
Observações:
1) No substantivo Bahia, o “h” sobrevive por tradição. Note que 2) Utiliza-se inicial minúscula:
nos substantivos derivados como baiano, baianada ou baianinha a) Em todos os vocábulos da língua, nos usos correntes.
ele não é utilizado. Exemplos:
carro, flor, boneca, menino, porta, etc.
2) Os vocábulos erva, Espanha e inverno não possuem a
letra “h” na sua composição. No entanto, seus derivados eruditos b) Nos nomes de meses, estações do ano e dias da semana.
sempre são grafados com h. Veja: Exemplos:
herbívoro, hispânico, hibernal. janeiro, julho, dezembro, etc.
segunda, sexta, domingo, etc.
Emprego das Iniciais Maiúsculas e Minúsculas primavera, verão, outono, inverno
1) Utiliza-se inicial maiúscula:
a) No começo de um período, verso ou citação direta. c) Nos pontos cardeais.
Exemplos: Exemplos:
Disse o Padre Antonio Vieira: “Estar com Cristo em qualquer Percorri o país de norte a sul e de leste a oeste.
lugar, ainda que seja no inferno, é estar no Paraíso.” Estes são os pontos colaterais: nordeste, noroeste, sudeste,
sudoeste.
“Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança, Observação: quando empregados em sua forma absoluta, os
Estandarte que à luz do sol encerra pontos cardeais são grafados com letra maiúscula.
As promessas divinas da Esperança…” Exemplos:
(Castro Alves) Nordeste (região do Brasil)
Ocidente (europeu)
Observações: Oriente (asiático)
- No início dos versos que não abrem período, é facultativo o
uso da letra maiúscula. Lembre-se:
Depois de dois-pontos, não se tratando de citação direta, usa-
Por Exemplo: se letra minúscula.
“Aqui, sim, no meu cantinho,
vendo rir-me o candeeiro, Exemplo:
gozo o bem de estar sozinho “Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro,
e esquecer o mundo inteiro.” incenso, mirra.” (Manuel Bandeira)

- Depois de dois pontos, não se tratando de citação direta, usa- Emprego FACULTATIVO de letra minúscula:
se letra minúscula. a) Nos vocábulos que compõem uma citação bibliográfica.
Por Exemplo: Exemplos:
“Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, Crime e Castigo ou Crime e castigo
incenso, mirra.” (Manuel Bandeira) Grande Sertão: Veredas ou Grande sertão: veredas
Em Busca do Tempo Perdido ou Em busca do tempo perdido
b) Nos antropônimos, reais ou fictícios.
Exemplos: b) Nas formas de tratamento e reverência, bem como em
Pedro Silva, Cinderela, D. Quixote. nomes sagrados e que designam crenças religiosas.
Exemplos:
c) Nos topônimos, reais ou fictícios. Governador Mário Covas ou governador Mário Covas
Exemplos: Papa João Paulo II ou papa João Paulo II
Rio de Janeiro, Rússia, Macondo. Excelentíssimo Senhor Reitor ou excelentíssimo senhor reitor
Santa Maria ou santa Maria.
d) Nos nomes mitológicos.
Exemplos: c) Nos nomes que designam domínios de saber, cursos e
Dionísio, Netuno. disciplinas.
Exemplos:
e) Nos nomes de festas e festividades. Português ou português
Exemplos: Línguas e Literaturas Modernas ou línguas e literaturas
Natal, Páscoa, Ramadã. modernas
História do Brasil ou história do Brasil
f) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais. Arquitetura ou arquitetura
Exemplos: Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/
ONU, Sr., V. Ex.ª. fono24.php

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APOSTILAS OPÇÃO
Emprego do Porquê para a totalidade do corpo. Os resultados podem levar a novas
terapias para reabilitar músculos contundidos ou mesmo para
Orações .......................... e restaurar a perda muscular que ocorre com o
Interrogativas Exemplo: avanço da idade.
(Ciência Hoje, março de 2012)
(pode ser Por que devemos nos
substituído por: preocupar com o meio As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e
Por por qual motivo, ambiente? respectivamente, com:
Que por qual razão) (A) porque … trás … previnir
Exemplo: (B) porque … traz … previnir
Equivalendo (C) porquê … tras … previnir
a “pelo qual” Os motivos por que não (D) por que … traz … prevenir
respondeu são desconhecidos. (E) por quê … tráz … prevenir

Exemplos: 02. Assinale a opção que completa corretamente as lacunas


da frase abaixo: Não sei o _____ ela está com os olhos vermelhos,
Você ainda tem coragem de talvez seja _____ chorou.
Final de
Por perguntar por quê? (A) porquê / porque;
frases e seguidos
Quê (B) por que / porque;
de pontuação
Você não vai? Por quê? (C) porque / por que;
(D) porquê / por quê;
Não sei por quê! (E) por que / por quê.
Exemplos: 03.
Conjunção
A situação agravou-se
que indica
porque ninguém reclamou.
explicação ou
causa
Ninguém mais o espera,
Porque porque ele sempre se atrasa.
Conjunção de
Exemplos:
Finalidade –
equivale a “para
Não julgues porque não te
que”, “a fim de
julguem. Considerando a ortografia e a acentuação da norma-
que”.
padrão da língua portuguesa, as lacunas estão, correta e
Função de respectivamente, preenchidas por:
Exemplos:
substantivo (A) mal ... por que ... intuíto
– vem (B) mau ... por que ... intuito
Não é fácil encontrar o
acompanhado (C) mau ... porque ... intuíto
Porquê porquê de toda confusão.
de artigo ou (D) mal ... porque ... intuito
pronome (E) mal ... por quê ... intuito
Dê-me um porquê de sua
saída.
Respostas
01. D/02. B/03. D
1. Por que (pergunta)
2. Porque (resposta)
3. Por quê (fim de frase: motivo) 4 Domínio dos mecanismos de
4. O Porquê (substantivo) coesão textual. 4.1 Emprego de
elementos de referenciação,
Emprego de outras palavras
substituição e repetição,
Senão: equivale a “caso contrário”, “a não ser”: Não fazia coisa de conectores e de outros
nenhuma senão criticar. elementos de sequenciação
Se não: equivale a “se por acaso não”, em orações adverbiais textual. 4.2 Emprego de tempos e
condicionais: Se não houver homens honestos, o país não sairá modos verbais.
desta situação crítica.

Tampouco: advérbio, equivale a “também não”: Não Mecanismos de coesão textual


compareceu, tampouco apresentou qualquer justificativa.
Tão pouco: advérbio de intensidade: Encontramo-nos tão Coesão é a conexão, ligação, harmonia entre os elementos de
pouco esta semana. um texto, como descreve Marina Cabral. Percebemos tal definição
quando lemos um texto e verificamos que as palavras, as frases
Trás ou Atrás = indicam lugar, são advérbios. e os parágrafos estão entrelaçados, um dando continuidade ao
Traz - do verbo trazer. outro.
Os elementos de coesão determinam a transição de ideias
Vultoso: volumoso: Fizemos um trabalho vultoso aqui. entre as frases e os parágrafos.
Vultuoso: atacado de congestão no rosto: Sua face está
vultuosa e deformada. Observe a coesão presente no texto a seguir:
“Os sem-terra fizeram um protesto em Brasília contra a
Questões política agrária do país, porque consideram injusta a atual
distribuição de terras. Porém o ministro da Agricultura
01. Que mexer o esqueleto é bom para a saúde já virou considerou a manifestação um ato de rebeldia, uma vez que o
até sabedoria popular. Agora, estudo levanta hipóteses sobre projeto de Reforma Agrária pretende assentar milhares de sem-
........................ praticar atividade física..........................benefícios terra.”

Língua Portuguesa 14
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APOSTILAS OPÇÃO
JORDÃO, R., BELLEZI C. Linguagens. São Paulo: Escala Educacional, Assim, a coesão confere textualidade aos enunciados
2007, p. 566 agrupados em conjuntos.
As palavras destacadas têm o papel de ligar as partes do Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/redacao/coesao.htm
texto, podemos dizer que elas são responsáveis pela coesão do
texto. Questões
Há vários recursos que respondem pela coesão do texto, os 01.
principais são: Texto 1 – Bem tratada, faz bem

- Palavras de transição: são palavras responsáveis pela Sérgio Magalhães, O Globo


coesão do texto, estabelecem a interrelação entre os enunciados
(orações, frases, parágrafos), são preposições, conjunções, O arquiteto Jaime Lerner cunhou esta frase premonitória: “O
alguns advérbios e locuções adverbiais. carro é o cigarro do futuro.” Quem poderia imaginar a reversão
cultural que se deu no consumo do tabaco?
Veja algumas palavras e expressões de transição e seus Talvez o automóvel não seja descartável tão facilmente. Este
respectivos sentidos: jornal, em uma série de reportagens, nestes dias, mostrou o
- inicialmente (começo, introdução) privilégio que os governos dão ao uso do carro e o desprezo ao
- primeiramente (começo, introdução) transporte coletivo. Surpreendentemente, houve entrevistado
- primeiramente (começo, introdução) que opinou favoravelmente, valorizando Los Angeles – um caso
- antes de tudo (começo, introdução) típico de cidade rodoviária e dispersa.
- desde já (começo, introdução) Ainda nestes dias, a ONU reafirmou o compromisso desta
- além disso (continuação) geração com o futuro da humanidade e contra o aquecimento
- do mesmo modo (continuação) global – para o qual a emissão de CO2 do rodoviarismo é agente
- acresce que (continuação) básico. (A USP acaba de divulgar estudo advertindo que a
- ainda por cima (continuação) poluição em São Paulo mata o dobro do que o trânsito.)
- bem como (continuação) O transporte também esteve no centro dos protestos de
- outrossim (continuação) junho de 2013. Lembremos: ele está interrelacionado com a
- enfim (conclusão) moradia, o emprego, o lazer. Como se vê, não faltam razões para
- dessa forma (conclusão) o debate do tema.
- em suma (conclusão)
- nesse sentido (conclusão) “Como se vê, não faltam razões para o debate do tema.”
- portanto (conclusão)
- afinal (conclusão) Substituindo o termo destacado por uma oração
- logo após (tempo) desenvolvida, a forma correta e adequada seria:
- ocasionalmente (tempo) (A) para que se debatesse o tema;
- posteriormente (tempo) (B) para se debater o tema;
- atualmente (tempo) (C) para que se debata o tema;
- enquanto isso (tempo) (D) para debater-se o tema;
- imediatamente (tempo) (E) para que o tema fosse debatido.
- não raro (tempo)
- concomitantemente (tempo) 02. “A USP acaba de divulgar estudo advertindo que a
- igualmente (semelhança, conformidade) poluição em São Paulo mata o dobro do que o trânsito”.
- segundo (semelhança, conformidade) A oração em forma desenvolvida que substitui correta e
- conforme (semelhança, conformidade) adequadamente o gerúndio “advertindo” é:
- quer dizer (exemplificação, esclarecimento) (A) com a advertência de;
- rigorosamente falando (exemplificação, esclarecimento). (B) quando adverte;
Ex.: A prática de atividade física é essencial ao nosso (C) em que adverte;
cotidiano. Assim sendo, quem a pratica possui uma melhor (D) no qual advertia;
qualidade de vida. (E) para advertir.

- Coesão por referência: existem palavras que têm a função 03. Texto III - Corrida contra o ebola
de fazer referência, são elas:
- pronomes pessoais: eu, tu, ele, me, te, os... Já faz seis meses que o atual surto de ebola na África
- pronomes possessivos: meu, teu, seu, nosso... Ocidental despertou a atenção da comunidade internacional,
- pronomes demonstrativos: este, esse, aquele... mas nada sugere que as medidas até agora adotadas para refrear
- pronomes indefinidos: algum, nenhum, todo... o avanço da doença tenham sido eficazes.
- pronomes relativos: que, o qual, onde... Ao contrário, quase metade das cerca de 4.000 contaminações
- advérbios de lugar: aqui, aí, lá... registradas neste ano ocorreram nas últimas três semanas,
e as mais de 2.000 mortes atestam a força da enfermidade. A
Ex.: Marcela obteve uma ótima colocação no concurso. Tal escalada levou o diretor do CDC (Centro de Controle e Prevenção
resultado demonstra que ela se esforçou bastante para alcançar de Doenças) dos EUA, Tom Frieden, a afirmar que a epidemia
o objetivo que tanto almejava. está fora de controle.
O vírus encontrou ambiente propício para se propagar.
- Coesão por substituição: substituição de um nome (pessoa, De um lado, as condições sanitárias e econômicas dos países
objeto, lugar etc.), verbos, períodos ou trechos do texto por uma afetados são as piores possíveis. De outro, a Organização
palavra ou expressão que tenha sentido próximo, evitando a Mundial da Saúde foi incapaz de mobilizar com celeridade
repetição no corpo do texto. um contingente expressivo de profissionais para atuar nessas
localidades afetadas.
Ex.: Porto Alegre pode ser substituída por “a capital gaúcha”; Verdade que uma parcela das debilidades da OMS se explica
Castro Alves pode ser substituído por “O Poeta dos Escravos”; por problemas financeiros. Só 20% dos recursos da entidade
João Paulo II: Sua Santidade; vêm de contribuições compulsórias dos países-membros – o
Vênus: A Deusa da Beleza. restante é formado por doações voluntárias.
A crise econômica mundial se fez sentir também nessa área,
Ex.: Castro Alves é autor de uma vastíssima obra literária. e a organização perdeu quase US$ 1 bilhão de seu orçamento
Não é por acaso que o “Poeta dos Escravos” é considerado o mais bianual, hoje de quase US$ 4 bilhões. Para comparação, o CDC
importante da geração a qual representou. dos EUA contou, somente no ano de 2013, com cerca de US$ 6

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APOSTILAS OPÇÃO
bilhões. falamos (indica a 1ª pessoa do plural.)
Os cortes obrigaram a OMS a fazer escolhas difíceis. A agência falavam (indica a 3ª pessoa do plural.)
passou a dar mais ênfase à luta contra enfermidades globais
crônicas, como doenças coronárias e diabetes. O departamento Observação:  o verbo pôr, assim como seus derivados
de respostas a epidemias e pandemias foi dissolvido e integrado (compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois a
a outros. Muitos profissionais experimentados deixaram seus forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver
cargos. desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas formas do
Pesa contra o órgão da ONU, de todo modo, a demora para verbo: põe, pões, põem, etc.
reconhecer a gravidade da situação. Seus esforços iniciais foram
limitados e mal liderados. Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
O surto agora atingiu proporções tais que já não é mais Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura dos
possível enfrentá-lo de Genebra, cidade suíça sede da OMS. verbos com o conceito de acentuação tônica, percebemos com
Tornou-se crucial estabelecer um comando central na África facilidade que nas formas rizotônicas, o acento tônico cai no
Ocidental, com representantes dos países afetados. radical do verbo: opino, aprendam,  nutro, por exemplo. Nas
Espera-se também maior comprometimento das potências formas arrizotônicas, o acento tônico não cai no radical, mas sim
mundiais, sobretudo Estados Unidos, Inglaterra e França, na terminação verbal: opinei, aprenderão, nutriríamos.
que possuem antigos laços com Libéria, Serra Leoa e Guiné,
respectivamente. Classificação dos Verbos
A comunidade internacional tem diante de si um desafio
enorme, mas é ainda maior a necessidade de agir com rapidez. Classificam-se em:
Nessa batalha global contra o ebola, todo tempo perdido conta a) Regulares:  são aqueles que possuem as desinências
a favor da doença. normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca alterações
no radical.
(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/
opiniao/2014/09/1512104-editorial-corrida-contra-o-ebola.shtml: Por exemplo: canto     cantei      cantarei     cantava      cantasse
Acesso em: 08/09/2014) b) Irregulares:  são aqueles cuja flexão provoca alterações
no radical ou nas desinências.
Assinale a opção em que se indica, INCORRETAMENTE, o Por exemplo: faço     fiz      farei     fizesse
referente do termo em destaque. c) Defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação
(A) “quase US$ 1 bilhão de seu orçamento bianual” (5º§) – completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais e pessoais.
organização
(B) “A agência passou a dar mais ênfase” (6º§) – OMS - Impessoais: são os verbos que não têm sujeito.
(C) “Pesa contra o órgão da ONU”(7º§) – OMS Normalmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
(D) “Seus esforços iniciais foram limitados” (7º§) – gravidade principais verbos impessoais são:
da situação a) haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se
(E) “A comunidade tem diante de si” (10º§) – comunidade ou fazer (em orações temporais).
internacional Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
Respostas Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
01. (C)/02. (C)/03. (D) Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz)
Verbo
b) fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Verbo  é a classe de palavras que se flexiona em pessoa, Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros Era primavera quando a conheci.
processos: ação (correr); estado (ficar); fenômeno (chover); Estava frio naquele dia.
ocorrência (nascer); desejo (querer).
O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os seus c) Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza
possíveis significados. Observe que palavras como corrida, são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer,
chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de alguns escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci mal-
verbos mencionados acima; não apresentam, porém, todas as humorado”, usa-se o verbo  “amanhecer”  em sentido figurado.
possibilidades de flexão que esses verbos possuem. Qualquer verbo impessoal, empregado em sentido figurado,
deixa de ser impessoal para ser pessoal.
Estrutura das Formas Verbais Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
apresentar os seguintes elementos: Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
a)  Radical:  é a parte invariável, que expressa o significado
essencial do verbo. Por exemplo: d) São impessoais, ainda:
fal-ei; fal-ava; fal-am. (radical fal-) 1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo.
Ex.: Já passa das seis.
b) Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica a 2. os verbos  bastar  e  chegar, seguidos da preposição  de,
conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r indicando suficiência. Ex.: 
São três as conjugações: Basta de tolices. Chega de blasfêmias.
1ª - Vogal Temática - A - (falar) 3. os verbos  estar  e  ficar  em orações tais como  Está bem,
2ª - Vogal Temática - E - (vender) Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal,  sem referência
3ª - Vogal Temática - I - (partir) a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda, nesse caso,
classificar o sujeito como  hipotético, tornando-se, tais verbos,
c) Desinência modo-temporal: é o elemento que designa o então, pessoais.
tempo e o modo do verbo. 4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de “ser
Por exemplo: possível”. Por exemplo:
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.) Não deu para chegar mais cedo.
falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.) Dá para me arrumar uns trocados?

d)  Desinência número-pessoal:  é o elemento que designa - Unipessoais:  são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se
a pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular ou apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
plural). A fruta amadureceu.

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APOSTILAS OPÇÃO
As frutas amadureceram. f) Auxiliares
Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos São aqueles que entram na formação dos tempos
pessoais na linguagem figurada: compostos e das locuções verbais. O verbo principal, quando
Teu irmão amadureceu bastante. acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas
Entre os unipessoais estão os verbos que significam vozes de nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
animais; eis alguns:                         
bramar: tigre   Vou                       espantar           as          moscas.
bramir: crocodilo (verbo auxiliar)       (verbo principal no infinitivo)
cacarejar: galinha
coaxar: sapo Está                    chegando            a         hora     do    debate.
cricrilar: grilo (verbo auxiliar)      (verbo principal no gerúndio)                 
                   
Os principais verbos unipessoais são: Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e
1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, haver.
ser (preciso, necessário, etc.).
Cumpre  trabalharmos bastante. (Sujeito:  trabalharmos Conjugação dos Verbos Auxiliares
bastante.)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.) SER - Modo Indicativo
É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)
2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da Presente: eu sou, tu és, ele é, nós somos, vós sois, eles são.
conjunção que. Pretérito Imperfeito: eu era, tu eras, ele era, nós éramos,
Faz  dez anos que deixei de fumar. (Sujeito:  que deixei de vós éreis, eles eram.
fumar.) Pretérito Perfeito Simples: eu fui, tu foste, ele foi, nós
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláudia. fomos, vós fostes, eles foram.
(Sujeito: que não vejo Cláudia) Pretérito Perfeito Composto: tenho sido.
Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.
- Pessoais:  não apresentam algumas flexões por motivos Mais-que-perfeito simples: eu fora, tu foras, ele fora, nós
morfológicos ou eufônicos. Por exemplo: fôramos, vós fôreis, eles foram.
verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tinha sido.
indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que Futuro do Pretérito simples: eu seria, tu serias, ele seria,
provavelmente causaria problemas de interpretação em certos nós seríamos, vós seríeis, eles seriam.
contextos. Futuro do Pretérito Composto: terei sido.
verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do Futuro do Presente: eu serei, tu serás, ele será, nós seremos,
indicativo computo, computas, computa - formas de sonoridade vós sereis, eles serão.
considerada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas Futuro do Pretérito Composto: Teria sido.
razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de formas
verbais repudiadas por alguns gramáticos: exemplo disso é
o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento e a SER - Modo Subjuntivo
popularização da informática, tem sido conjugado em todos os
tempos, modos e pessoas. Presente: que eu seja, que tu sejas, que ele seja, que nós
sejamos, que vós sejais, que eles sejam.
d) Abundantes:  são aqueles que possuem mais de uma Pretérito Imperfeito: se eu fosse, se tu fosses, se ele fosse,
forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma se nós fôssemos, se vós fôsseis, se eles fossem.
ocorrer no particípio, em que, além das formas regulares Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse sido.
terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas Futuro Simples: quando eu for, quando tu fores, quando ele
curtas (particípio irregular). Observe: for, quando nós formos, quando vós fordes, quando eles forem.
Futuro Composto: tiver sido.
Infinitivo Particípio regular Particípio irregular
SER - Modo Imperativo

Anexar Anexado Anexo Imperativo Afirmativo: sê tu, seja ele, sejamos nós, sede
vós, sejam eles.
Dispersar Dispersado Disperso
Imperativo Negativo: não sejas tu, não seja ele, não sejamos
Eleger Elegido Eleito nós, não sejais vós, não sejam eles.
Infinitivo Pessoal: por ser eu, por seres tu, por ser ele, por
Envolver Envolvido Envolto
sermos nós, por serdes vós, por serem eles.
Imprimir Imprimido Impresso
SER - Formas Nominais
Matar Matado Morto
Morrer Morrido Morto Formas Nominais
Infinitivo: ser
Pegar Pegado Pego
Gerúndio: sendo
Soltar Soltado Solto Particípio: sido

e) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical Infinitivo Pessoal : ser eu, seres tu, ser ele, sermos
em sua conjugação. nós, serdes vós, serem eles.

Por exemplo:  ESTAR - Modo Indicativo


Ir Pôr Ser Saber
Presente: eu estou, tu estás, ele está, nós estamos, vós estais,
vou ponho sou sei eles estão.
vais pus és sabes Pretérito Imperfeito: eu estava, tu estavas, ele estava, nós
ides pôs fui soube estávamos, vós estáveis, eles estavam.
fui punha foste saiba Pretérito Perfeito Simples: eu estive, tu estiveste, ele
foste seja esteve, nós estivemos, vós estivestes, eles estiveram.
Pretérito Perfeito Composto: tenho estado.
Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu estivera, tu

Língua Portuguesa 17
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APOSTILAS OPÇÃO
estiveras, ele estivera, nós estivéramos, vós estivéreis, eles Futuro Composto: tiver havido.
estiveram.
Pretérito Mais-que-perfeito Composto: tinha estado Modo Imperativo
Futuro do Presente Simples: eu estarei, tu estarás, ele Imperativo Afirmativo: haja ele, hajamos nós, havei vós,
estará, nós estaremos, vós estareis, eles estarão. hajam eles.
Futuro do Presente Composto: terei estado. Imperativo Negativo: não hajas tu, não haja ele, não
Futuro do Pretérito Simples: eu estaria, tu estarias, ele hajamos nós, não hajais vós, não hajam eles.
estaria, nós estaríamos, vós estaríeis, eles estariam. Infinitivo Pessoal: por haver eu, por haveres tu, por haver
Futuro do Pretérito Composto: teria estado. ele, por havermos nós, por haverdes vós, por haverem eles.

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo HAVER - Formas Nominais

Presente: que eu esteja, que tu estejas, que ele esteja, que Infinitivo Impessoal: haver, haveres, haver, havermos,
nós estejamos, que vós estejais, que eles estejam. haverdes, haverem.
Pretérito Imperfeito: se eu estivesse, se tu estivesses, se Infinitivo Pessoal: haver
ele estivesse, se nós estivéssemos, se vós estivésseis, se eles Gerúndio: havendo
estivessem. Particípio: havido
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse estado
Futuro Simples: quando eu estiver, quando tu estiveres, TER - Modo Indicativo
quando ele estiver, quando nós estivermos, quando vós
estiverdes, quando eles estiverem. Presente: eu tenho, tu tens, ele tem, nós temos, vós tendes,
Futuro Composto: Tiver estado. eles têm.
Pretérito Imperfeito: eu tinha, tu tinhas, ele tinha, nós
Imperativo Afirmativo: está tu, esteja ele, estejamos nós, tínhamos, vós tínheis, eles tinham.
estai vós, estejam eles. Pretérito Perfeito Simples: eu tive, tu tiveste, ele teve, nós
Imperativo Negativo: não estejas tu, não esteja ele, não tivemos, vós tivestes, eles tiveram.
estejamos nós, não estejais vós, não estejam eles. Pretérito Perfeito Composto: tenho tido.
Infinitivo Pessoal: por estar eu, por estares tu, por estar ele, Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu tivera, tu tiveras,
por estarmos nós, por estardes vós, por estarem eles. ele tivera, nós tivéramos, vós tivéreis, eles tiveram.
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tinha tido.
Formas Nominais Futuro do Presente Simples: eu terei, tu terás, ele terá, nós
Infinitivo: estar teremos, vós tereis, eles terão.
Gerúndio: estando Futuro do Presente: terei tido.
Particípio: estado Futuro do Pretérito Simples: eu teria, tu terias, ele teria,
nós teríamos, vós teríeis, eles teriam.
ESTAR - Formas Nominais Futuro do Pretérito composto: teria tido.

Infinitivo Impessoal: estar TER - Modo Subjuntivo e Imperativo


Infinitivo Pessoal: estar, estares, estar, estarmos, estardes,
estarem. Modo Subjuntivo
Gerúndio: estando Presente: que eu tenha, que tu tenhas, que ele tenha, que
Particípio: estado nós tenhamos, que vós tenhais, que eles tenham.
Pretérito Imperfeito: se eu tivesse, se tu tivesses, se ele
HAVER - Modo Indicativo tivesse, se nós tivéssemos, se vós tivésseis, se eles tivessem.
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse tido.
Presente: eu hei, tu hás, ele há, nós havemos, vós haveis, eles Futuro: quando eu tiver, quando tu tiveres, quando ele tiver,
hão. quando nós tivermos, quando vós tiverdes, quando eles tiverem.
Pretérito Imperfeito: eu havia, tu havias, ele havia, nós Futuro Composto: tiver tido.
havíamos, vós havíeis, eles haviam.
Pretérito Perfeito Simples: eu houve, tu houveste, ele Modo Imperativo
houve, nós houvemos, vós houvestes, eles houveram. Imperativo Afirmativo: tem tu, tenha ele, tenhamos nós,
Pretérito Perfeito Composto: tenho havido. tende vós, tenham eles.
Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu houvera, tu Imperativo Negativo: não tenhas tu, não tenha ele, não
houveras, ele houvera, nós houvéramos, vós houvéreis, eles tenhamos nós, não tenhais vós, não tenham eles.
houveram. Infinitivo Pessoal: por ter eu, por teres tu, por ter ele, por
Pretérito Mais-que-Prefeito Composto: tinha havido. termos nós, por terdes vós, por terem eles.
Futuro do Presente Simples: eu haverei, tu haverás, ele
haverá, nós haveremos, vós havereis, eles haverão. g) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com
Futuro do Presente Composto: terei havido. os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mesma
Futuro do Pretérito Simples: eu haveria, tu haverias, ele pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais
haveria, nós haveríamos, vós haveríeis, eles haveriam. acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no próprio
Futuro do Pretérito Composto: teria havido. sentido do verbo (reflexivos essenciais). Veja:
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os
HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abster-se,
ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos
Modo Subjuntivo verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já está implícita
Presente: que eu haja, que tu hajas, que ele haja, que nós no radical do verbo. Por exemplo:
hajamos, que vós hajais, que eles hajam. Arrependi-me de ter estado lá.
Pretérito Imperfeito: se eu houvesse, se tu houvesses, se A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem
ele houvesse, se nós houvéssemos, se vós houvésseis, se eles um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mesma,
houvessem. pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse havido. pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante do
Futuro Simples: quando eu houver, quando tu houveres, verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-
quando ele houver, quando nós houvermos, quando vós se que o pronome apenas serve de reforço da ideia reflexiva
houverdes, quando eles houverem. expressa pelo radical do próprio verbo.  

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APOSTILAS OPÇÃO
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e advérbio)
respectivos pronomes):  Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função adjetivo)
Eu me arrependo  Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso;
Tu te arrependes  na forma composta, uma ação concluída. Por exemplo:
Ele se arrepende  Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro.
Nós nos arrependemos  Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.
Vós vos arrependeis 
Eles se arrependem - d) Particípio:  quando não é empregado na formação dos
tempos compostos, o particípio indica geralmente o resultado
 - 2. Acidentais:  são aqueles verbos transitivos diretos em que de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e
a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto representado por grau. Por exemplo:
pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito Terminados os exames, os candidatos saíram.
faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em geral, os verbos Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma
transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser relação temporal, assume verdadeiramente a função de adjetivo
conjugados com os pronomes mencionados, formando o que se (adjetivo verbal). Por exemplo:
chama voz reflexiva. Por exemplo: Maria se penteava. Ela foi a aluna escolhida para representar a escola.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode
ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo:  Maria Tempos Verbais
penteou-me.
  Tomando-se como referência o momento em que se fala,
Observações: a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos.
1- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes Veja:
oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática. 1. Tempos do Indicativo
2- Há verbos que também são acompanhados de pronomes
oblíquos átonos, mas que não são essencialmente pronominais, - Presente  - Expressa um fato atual. Por exemplo:
são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, Eu estudo neste colégio.
apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito, - Pretérito Imperfeito  - Expressa um fato ocorrido num
exercem funções sintáticas. momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
Por exemplo: terminado. Por exemplo: Ele  estudava  as lições quando foi
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me (objeto interrompido.
direto) - 1ª pessoa do singular - Pretérito Perfeito (simples)  -  Expressa um fato ocorrido
num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado.
Modos Verbais Por exemplo: Ele estudou as lições ontem à noite.
- Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato que teve
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo início no passado e que pode se prolongar até o momento atual.
verbo na expressão de um fato. Em Português, existem três Por exemplo: Tenho estudado muito para os exames.
modos:  - Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade. Por exemplo: antes de outro fato já terminado. Por exemplo: Ele já  tinha
Eu sempre estudo. estudado  as lições quando os amigos chegaram. (forma
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade. Por composta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram.
exemplo: Talvez eu estude amanhã. (forma simples)
Imperativo  - indica uma ordem, um pedido. Por - Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que deve
exemplo: Estuda agora, menino. ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual.
Por exemplo:  Ele estudará as lições amanhã.
Formas Nominais - Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato que deve
ocorrer posteriormente a um momento atual, mas já terminado
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas antes de outro fato futuro. Por exemplo: Antes de bater o sinal,
que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo, os alunos já terão terminado o teste.
advérbio), sendo por isso denominadas  formas nominais. - Futuro do Pretérito (simples) - Enuncia um fato que pode
Observe:  ocorrer posteriormente a um determinado fato passado. Por
- a) Infinitivo Impessoal:  exprime a significação do verbo exemplo: Se eu tivesse dinheiro, viajaria nas férias.
de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de - Futuro do Pretérito (composto)  -  Enuncia um fato que
substantivo. Por exemplo: Viver é lutar. (= vida é luta) poderia ter ocorrido posteriormente a um determinado fato
É indispensável combater a corrupção. (= combate à) passado. Por exemplo:  Se eu tivesse ganho esse dinheiro, teria
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente viajado nas férias.
(forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo:
É preciso ler este livro. Era preciso ter lido este livro. 2. Tempos do Subjuntivo

b) Infinitivo Pessoal:  é o infinitivo relacionado às três - Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento
pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não atual. Por exemplo: É conveniente que estudes para o exame.
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; - Pretérito Imperfeito  -  Expressa um fato passado, mas
nas demais, flexiona- -se da seguinte maneira: posterior a outro já ocorrido. Por exemplo: Eu esperava que
ele vencesse o jogo.
2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu)
1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.:termos (nós) Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas construções
2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.:terdes (vós) em que se expressa a ideia de condição ou desejo. Por exemplo:
3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.:terem (eles) Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.
- Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato totalmente
Por exemplo: terminado num momento passado. Por exemplo: Embora tenha
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação. estudado bastante, não passou no teste.
- Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que pode
- c) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou ocorrer num momento futuro em relação ao atual. Por exemplo:
advérbio. Por exemplo:  Quando ele vier à loja, levará as encomendas.
Saindo  de casa, encontrei alguns amigos. (função de Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que

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APOSTILAS OPÇÃO
indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à loja, Presente do Subjuntivo
levará as encomendas.
- Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato posterior Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a
ao momento atual mas já terminado antes de outro fato desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
futuro. Por exemplo:  Quando ele  tiver saído do hospital, nós o indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou
visitaremos. pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).

Presente do Indicativo 1ª conj./2ª conj./3ª conju./Des.Temp./Des.temp./Des. pess


1ª conj. 2ª/3ª conj.
1ª conjugação/2ª conjugação/3ª conjugação / Desinência CANTAR VENDER PARTIR
pessoal cantE vendA partA E A Ø
CANTAR VENDER PARTIR cantES vendAS partAS E A S
cantO vendO partO O cantE vendA partA E A Ø
cantaS vendeS parteS S cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
canta vende parte - cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS cantEM vendAM partAM E A M
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Pretérito Perfeito do Indicativo Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a


desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
1ª conjugação/2ª conjugação/3ª conjugação/Desinência obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse
pessoal tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número
CANTAR VENDER PARTIR e pessoa correspondente.
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE 1ª conj. 2ª conj. 3ª conj. Des. temporal Desin. pessoal
cantoU vendeU partiU U 1ª /2ª e 3ª conj.
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS CANTAR VENDER PARTIR
cantaSTES vendeSTES partISTES STES cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaRAM vendeRAM partiRAM AM cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
Pretérito mais-que-perfeito cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíssemos SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
1ª conj. / 2ª conj. / 3ª conj. /Desin. Temp. /Desin. Pess. cantaSSE vendeSSEM partiSSEM SSE M
1ª/2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR - - Futuro do Subjuntivo
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M correspondente.

Pretérito Imperfeito do Indicativo 1ª conj. / 2ª conj. / 3ª conj. / Des. temp. /Desin. pess.
1ª /2ª e 3ª conj.
1ª conjugação / 2ª conjugação / 3ª conjugação CANTAR VENDER PARTIR
CANTAR VENDER PARTIR cantaR vendeR partiR Ø
cantAVA vendIA partIA cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantAVAS vendIAS partAS cantaR vendeR partiR R Ø
CantAVA vendIA partIA cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS cantaREM vendeREM PartiREM R EM
cantAVAM vendIAM partIAM
Imperativo
Futuro do Presente do Indicativo
Imperativo Afirmativo
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente
cantar ei vender ei partir ei do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa do
cantar ás vender ás partir ás plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm,
cantar á vender á partir á sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja: 
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis Pres. do Indicativo Imperativo Afirm. Pres. do Subjuntivo
cantar ão vender ão partir ão Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Futuro do Pretérito do Indicativo Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
CANTAR VENDER PARTIR Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS Imperativo Negativo
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS negação às formas do presente do subjuntivo.
cantarIAM venderIAM partirIAM

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APOSTILAS OPÇÃO
Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo Classificação dos Artigos
Que eu cante ---
Que tu cantes Não cantes tu Artigos Definidos: determinam os substantivos de maneira
Que ele cante Não cante você precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal.
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós Artigos Indefinidos:  determinam os substantivos
Que eles cantem Não cantem eles de maneira vaga:  um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu
matei um animal.
Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa Combinação dos Artigos
(singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido É muito presente a combinação dos artigos definidos e
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se indefinidos com preposições. Este quadro apresenta a forma
fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês. assumida por essas combinações:
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu),
sede (vós). Preposições Artigos
- o, os
Infinitivo Impessoal
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação a ao, aos
CANTAR VENDER PARTIR de do, dos

Infinitivo Pessoal em no, nos


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação por (per) pelo, pelos
CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir a, as um, uns uma, umas
cantarES venderES partirES à, às - -
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS da, das dum, duns duma, dumas
cantarDES venderDES partirDES na, nas num, nuns numa, numas
cantarEM venderEM partirEM
Questões pela, pelas - -

01. Considere o trecho a seguir. É comum que objetos - As formas à e às indicam a fusão da preposição  a com o
___ esquecidos em locais públicos. Mas muitos transtornos artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhecida
poderiam ser evitados se as pessoas ______ a atenção voltada por crase.
para seus pertences, conservando-os junto ao corpo. Assinale a
alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas Constatemos as circunstâncias em que os artigos se
do texto. manifestam:
(A) sejam … mantesse
(B) sejam … mantivessem - Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do numeral
(C) sejam … mantém “ambos”:
(D) seja … mantivessem Ambos os garotos decidiram participar das olimpíadas.
(E) seja … mantêm
- Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso do
02. Na frase –… os níveis de pessoas sem emprego estão artigo, outros não:
apresentando quedas sucessivas de 2005 para cá. –, a locução São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia...
verbal em destaque expressa ação
(A) concluída. - Quando indicado no singular, o artigo definido pode indicar
(B) atemporal. toda uma espécie:
(C) contínua. O trabalho dignifica o homem.
(D) hipotética.
(E) futura. - No caso de nomes próprios personativos, denotando a ideia
Respostas de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso do artigo:
1-B / 2-C O Pedro é o xodó da família.

- No caso de os nomes próprios personativos estarem no


5 Domínio da estrutura plural, são determinados pelo uso do artigo:
morfossintática do período. Os Maias, os Incas, Os Astecas...
5.1 Emprego das classes de
palavras. 5.2 Relações de - Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) para
coordenação entre orações conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (o artigo), o
pronome assume a noção de qualquer.
e entre termos da oração. 5.3 Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
Relações de subordinação Toda classe possui alunos interessados e desinteressados.
entre orações e entre termos da (qualquer classe)
oração.
- Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é facultativo:
Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo.
Emprego das classes de palavras - A utilização do artigo indefinido pode indicar uma ideia de
aproximação numérica:
Artigo O máximo que ele deve ter é uns vinte anos.

Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo, indica - O artigo também é usado para substantivar palavras
se ele está sendo empregado de maneira definida ou indefinida. oriundas de outras classes gramaticais:
Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o gênero e o Não sei o porquê de tudo isso.
número dos substantivos.

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APOSTILAS OPÇÃO
- Nunca deve ser usado artigo depois do pronome relativo núcleo do predicativo do sujeito ou do objeto ou como núcleo
cujo (e flexões). do vocativo. Também encontramos substantivos como núcleos
Este é o homem cujo amigo desapareceu. de adjuntos adnominais e de adjuntos adverbiais - quando essas
Este é o autor cuja obra conheço. funções são desempenhadas por grupos de palavras. 

- Não se deve usar artigo antes das palavras casa (no sentido Classificação dos Substantivos
de lar, moradia) e terra (no sentido de chão firme), a menos que
venham especificadas. 1-  Substantivos Comuns e Próprios
Eles estavam em casa. Observe a definição:
Eles estavam na casa dos amigos.
Os marinheiros permaneceram em terra. s.f. 1: Povoação maior que vila, com muitas casas e edifícios,
Os marinheiros permanecem na terra dos anões. dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a sede de município
é cidade). 2. O centro de uma cidade (em oposição aos bairros).
- Não se emprega artigo antes dos pronomes de tratamento,
com exceção de senhor(a), senhorita e dona. Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas e
Vossa excelência resolverá os problemas de Sua Senhoria. edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada  cidade.
Isso significa que a palavra cidade é um substantivo comum.
- Não se une com preposição o artigo que faz parte do nome Substantivo Comum é aquele que designa os seres de uma
de revistas, jornais, obras literárias. mesma espécie de forma genérica.
Li a notícia em O Estado de S. Paulo. cidade, menino, homem, mulher, país, cachorro.

Morfossintaxe Estamos voando para Barcelona.


Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas relações
com o substantivo. Assim, nas orações da língua portuguesa, O substantivo Barcelona designa apenas um ser da espécie
o artigo exerce a função de adjunto adnominal do substantivo cidade. Esse substantivo é  próprio. Substantivo Próprio:  é
a que se refere. Tal função independe da função exercida pelo aquele que designa os seres de uma mesma espécie de forma
substantivo: particular.
A existência é uma poesia. Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
Uma existência é a poesia.
2 - Substantivos Concretos e Abstratos
Questões
LÂMPADA MALA
01. Determine o caso em que o artigo tem valor qualificativo:
A) Estes são os candidatos que lhe falei. Os substantivos lâmpada e mala  designam seres com
B) Procure-o, ele é o médico! Ninguém o supera. existência própria, que são independentes de outros seres. São
C) Certeza e exatidão, estas qualidades não as tenho. assim, substantivos concretos.
D) Os problemas que o afligem não me deixam descuidado. Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que existe,
E) Muito é a procura; pouca é a oferta. independentemente de outros seres.

02. Em qual dos casos o artigo denota familiaridade?


A) O Amazonas é um rio imenso. Obs.: os substantivos concretos designam seres do mundo
B) D. Manuel, o Venturoso, era bastante esperto. real e do mundo imaginário.
C) O Antônio comunicou-se com o João.
D) O professor João Ribeiro está doente. Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, Brasília,
E) Os Lusíadas são um poema épico etc.
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantasma, etc.
03.Assinale a alternativa em que o uso do artigo está  
substantivando uma palavra. Observe agora:
A) A liberdade vai marcar a poesia social de Castro Alves.
B) Leitor perspicaz é aquele que consegue ler as entrelinhas. Beleza exposta
C) A navalha ia e vinha no couro esticado. Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual.
D) Haroldo ficou encantado com o andar de bailado de Joana.
E) Bárbara dirigia os olhos para a lua encantada. O substantivo beleza designa uma qualidade.
Substantivo Abstrato:  é aquele que designa seres que
Respostas dependem de outros para se manifestar ou existir.
1-B / 2-C / 3-D Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser
observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa ou coisa
Substantivo que seja bela. A beleza depende de outro ser para se manifestar.
Portanto, a palavra beleza é um substantivo abstrato.
Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Substantivo é Os substantivos abstratos designam estados, qualidades,
a classe gramatical de palavras variáveis, as quais denominam ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser abstraídos,
os seres. Além de objetos, pessoas e fenômenos, os substantivos e sem os quais não podem existir.
também nomeiam: vida (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade
-lugares: Alemanha, Porto Alegre... (sentimento).  
-sentimentos: raiva, amor...
-estados: alegria, tristeza... 3 - Substantivos Coletivos
-qualidades: honestidade, sinceridade... Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra
-ações: corrida, pescaria... abelha, mais outra abelha.
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
Morfossintaxe do substantivo Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em geral
exerce funções diretamente relacionadas com o verbo: atua Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi necessário
como núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, mais outra
direto ou indireto) e do agente da passiva. Pode ainda funcionar abelha...
como núcleo do complemento nominal ou do aposto, como No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural.

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APOSTILAS OPÇÃO
No terceiro caso, empregou-se um substantivo no singular - Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas.
(enxame) para designar um conjunto de seres da mesma espécie a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo,
(abelhas). o indivíduo.
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
- Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pessoas por
Substantivo Coletivo:  é o substantivo comum que, mesmo meio do artigo.
estando no singular, designa um conjunto de seres da mesma o colega e a colega, o doente e a doente, o artista e a artista.
espécie. Saiba que:
Formação dos Substantivos - Substantivos de origem grega terminados em ema ou oma,
Substantivos Simples e Compostos são masculinos.
o axioma, o fonema, o poema, o sistema, o sintoma, o teorema.
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra. - Existem certos substantivos que, variando de gênero,
variam em seu significado.
O substantivo chuva é formado por um único elemento ou o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora) o
radical. É um substantivo simples. capital (dinheiro) e a capital (cidade)
Substantivo Simples:  é aquele formado por um único
elemento. Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja agora: a) Regra geral: troca-se a terminação -o por -a.
O substantivo guarda-chuva é formado por dois elementos aluno - aluna
(guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou mais b) Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao
elementos. masculino.
Outros exemplos: beija-flor, passatempo. freguês - freguesa
 
Substantivos Primitivos e Derivados c) Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de três
Meu limão meu limoeiro, formas:
meu pé de jacarandá... - troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de - troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
nenhum outro dentro de língua portuguesa. - troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de nenhuma
outra palavra da própria língua portuguesa. Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão - sultana
O substantivo limoeiro é derivado, pois se originou a partir
da palavra limão. d) Substantivos terminados em -or:
Substantivo Derivado:  é aquele que se origina de outra - acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
palavra. - troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz

Flexão dos substantivos e) Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:


O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável cônsul - consulesa abade - abadessa poeta - poetisa
quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por exemplo, duque - duquesa conde - condessa profeta - profetisa
pode sofrer variações para indicar:
Plural: meninos f) Substantivos que formam o feminino trocando o -e final
Feminino: menina por -a:
Aumentativo: meninão elefante - elefanta
Diminutivo: menininho
g) Substantivos que têm radicais diferentes no masculino e
Flexão de Gênero no feminino:
Gênero  é a propriedade que as palavras têm de indicar bode – cabra boi - vaca
sexo real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa,
há dois gêneros:  masculino  e  feminino. Pertencem ao h) Substantivos que formam o feminino de maneira especial,
gênero masculino os substantivos que podem vir precedidos dos isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
artigos o, os, um, uns. Veja estes títulos de filmes: czar – czarina réu - ré
O velho e o mar
Um Natal inesquecível Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes
Os reis da praia
  - Epicenos:
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que podem Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas: Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso ocorre
A história sem fim porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma para indicar
Uma cidade sem passado o masculino e o feminino.
As tartarugas ninjas Alguns nomes de animais apresentam uma só forma para
designar os dois sexos. Esses substantivos são chamados de
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes epicenos. No caso dos epicenos, quando houver a necessidade
de especificar o sexo, utilizam-se palavras macho e fêmea.
Substantivos Biformes (= duas formas):  ao indicar nomes A cobra macho picou o marinheiro.
de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está relacionado A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
ao sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, uma para o
masculino e outra para o feminino. Observe: gato – gata, homem Sobrecomuns:
– mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita
Entregue as crianças à natureza.
Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam uma A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo masculino,
única forma, que serve tanto para o masculino quanto para o quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem o artigo nem
feminino. Classificam-se em: um possível adjetivo permitem identificar o sexo dos seres a que
- Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos. se refere a palavra. Veja:
a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré A criança chorona chamava-se João.
fêmea. A criança chorona chamava-se Maria.

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APOSTILAS OPÇÃO
Outros substantivos sobrecomuns: o estratagema
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa o dilema
criatura. o teorema
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O o apotegma
cônjuge de Marcela faleceu o trema
o eczema
Comuns de Dois Gêneros: o edema
o magma
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma vez
que a palavra motorista é um substantivo uniforme. O restante Gênero dos Nomes de Cidades:
da notícia informa-nos de que se trata de um homem.
A distinção de gênero pode ser feita através da análise do Com raras exceções, nomes de cidades são femininos.
artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substantivo. A histórica Ouro Preto.
o colega - a colega A dinâmica São Paulo.
um jovem - uma jovem A acolhedora Porto Alegre.
artista famoso - artista famosa Uma Londres imensa e triste.

- A palavra personagem é usada indistintamente nos dois Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
gêneros.
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada Gênero e Significação:
preferência pelo masculino:
O menino descobriu nas nuvens os personagens dos contos de Muitos substantivos têm uma significação no masculino e
carochinha. outra no feminino.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino: Observe:
O problema está nas mulheres de mais idade, que não aceitam
a personagem. o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
Não cheguei assim, nem era minha intenção, a criar uma movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à frente
personagem. de um bloco carnavalesco, manejando um bastão)
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou
fotográfico Ana Belmonte. proibição de trânsito)

Observe o gênero dos substantivos seguintes: o cabeça (chefe)


a cabeça (parte do corpo)
Masculinos
o tapa o cisma (separação religiosa, dissidência)
o eclipse a cisma (ato de cismar, desconfiança)
o lança-perfume
o dó (pena) o cinza (a cor cinzenta)
o sanduíche a cinza (resíduos de combustão)
o clarinete
o champanha o capital (dinheiro)
o sósia a capital (cidade)
o maracajá
o clã o coma (perda dos sentidos)
o hosana a coma (cabeleira)
o herpes
o pijama o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro)
a coral (cobra venenosa)
Femininos
a dinamite o crisma (óleo sagrado, usado na administração da crisma e
a áspide de outros sacramentos)
a derme a crisma (sacramento da confirmação)
a hélice
a alcíone o cura (pároco)
a filoxera a cura (ato de curar)
a clâmide
a omoplata o estepe (pneu sobressalente)
a cataplasma a estepe (vasta planície de vegetação)
a pane
a mascote o guia (pessoa que guia outras)
a gênese a guia (documento, pena grande das asas das aves)
a entorse
a libido o grama (unidade de peso)
a grama (relva)
- São geralmente masculinos os substantivos de origem
grega terminados em -ma: o caixa (funcionário da caixa)
o grama (peso) a caixa (recipiente, setor de pagamentos)
o quilograma
o plasma o lente (professor)
o apostema a lente (vidro de aumento)
o diagrama
o epigrama o moral (ânimo)
o telefonema a moral (honestidade, bons costumes, ética)

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APOSTILAS OPÇÃO
o nascente (lado onde nasce o Sol) palavra invariável + palavra variável = alto-falante e alto-
a nascente (a fonte) falantes
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos
Flexão de Número do Substantivo
c) Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
Em português, há dois números gramaticais: o singular, que formados de:
indica um ser ou um grupo de seres, e substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-
o plural, que indica mais de um ser ou grupo de seres. A colônia e águas-de-colônia
característica do plural é o “s” final. substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-
vapor e cavalos-vapor
Plural dos Substantivos Simples substantivo + substantivo que funciona como determinante
do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do termo
a) Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e “n” anterior.
fazem o plural pelo acréscimo de “s”. palavra-chave - palavras-chave
pai – pais ímã - ímãs hífen - hifens (sem acento, no bomba-relógio - bombas-relógio
plural). notícia-bomba - notícias-bomba
Exceção: cânon - cânones. homem-rã - homens-rã

b) Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em d) Permanecem invariáveis, quando formados de:
“ns”. verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
homem - homens. verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-rolhas

c) Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural e) Casos Especiais


pelo acréscimo de “es”. o louva-a-deus e os louva-a-deus
revólver – revólveres raiz - raízes o bem-te-vi e os bem-te-vis
Atenção: O plural de caráter é caracteres. o bem-me-quer e os bem-me-queres
d) Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se o joão-ninguém e os joões-ninguém.
no plural, trocando o “l” por “is”.
quintal - quintais caracol – caracóis hotel - hotéis Plural das Palavras Substantivadas
Exceções: mal e males, cônsul e cônsules.
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras classes
e) Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de duas gramaticais usadas como substantivo, apresentam, no plural, as
maneiras: flexões próprias dos substantivos.
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis Pese bem os prós e os contras.
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. O aluno errou na prova dos noves.
Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
maneiras: répteis ou reptis (pouco usada). Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou “z” não
variam no plural.
f) Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de duas Nas provas mensais consegui muitos seis e alguns dez.
maneiras:
- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o acréscimo Plural dos Diminutivos
de “es”: ás – ases / retrós - retroses
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariáveis: Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final e
o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. acrescenta-se o sufixo diminutivo.
pãe(s) + zinhos = pãezinhos
g) Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural de três animai(s) + zinhos = animaizinhos
maneiras. botõe(s) + zinhos = botõezinhos
- substituindo o -ão por -ões: ação - ações chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
- substituindo o -ão por -ães: cão - cães farói(s) + zinhos = faroizinhos
- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos tren(s) + zinhos = trenzinhos
h) Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o colhere(s) + zinhas = colherezinhas
látex - os látex. flore(s) + zinhas = florezinhas
mão(s) + zinhas = mãozinhas
Plural dos Substantivos Compostos papéi(s) + zinhos = papeizinhos
A formação do plural dos substantivos compostos depende nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
da forma como são grafados, do tipo de palavras que formam funi(s) + zinhos = funizinhos
o composto e da relação que estabelecem entre si. Aqueles que pé(s) + zitos = pezitos
são grafados sem hífen comportam-se como os substantivos
simples: Plural dos Nomes Próprios Personativos
aguardente e aguardentes girassol e girassóis
pontapé e pontapés malmequer e malmequeres Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sempre
que a terminação preste-se à flexão.
O plural dos substantivos compostos cujos elementos são Os Napoleões também são derrotados.
ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e discussões. As Raquéis e Esteres.
Algumas orientações são dadas a seguir:
Plural dos Substantivos Estrangeiros
a) Flexionam-se os dois elementos, quando formados de:
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores Substantivos ainda não aportuguesados devem ser escritos
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos como na língua original, acrescentando -se “s” (exceto quando
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens terminam em “s” ou “z”).
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras os shows os shorts os jazz
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acordo com
b) Flexiona-se somente o segundo elemento, quando as regras de nossa língua:
formados de: os clubes os chopes
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas os jipes os esportes

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APOSTILAS OPÇÃO
as toaletes os bibelôs ocorre com o plural de
os garçons os réquiens (A) reco-reco.
(B) guarda-costa.
Observe o exemplo: (C) guarda-noturno.
Este jogador faz gols toda vez que joga. (D) célula-tronco.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. (E) sem-vergonha.

Plural com Mudança de Timbre 02. Assinale a alternativa cujas palavras se apresentam
flexionadas de acordo com a norma-padrão.
Certos substantivos formam o plural com mudança de (A) Os tabeliãos devem preparar o documento.
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato fonético (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
chamado metafonia (plural metafônico). (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.
(D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos.
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos!
Singular Plural Singular Plural
corpo (ô) corpos (ó) osso (ô) ossos (ó) Respostas
esforço esforços ovo ovos 1-D / 2-D
fogo fogos poço poços
forno fornos porto portos Adjetivo
fosso fossos posto postos
imposto impostos rogo rogos Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou
olho olhos tijolo tijolos característica do ser e se relaciona com o substantivo.
Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, percebemos
que, além de expressar uma qualidade, ela pode ser colocada ao
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos,
lado de um substantivo: homem bondoso, moça bondosa, pessoa
esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
bondosa.
Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
Já com a palavra bondade, embora expresse uma qualidade,
molho (ó) = feixe (molho de lenha).
não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: homem bondade,
moça bondade, pessoa bondade. 
Particularidades sobre o Número dos Substantivos
Bondade, portanto, não é adjetivo, mas substantivo.
a) Há substantivos que só se usam no singular:
Morfossintaxe do Adjetivo:
o sul, o norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro
de uma oração) relativas aos substantivos, atuando como adjunto
b) Outros só no plural:
adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).
as núpcias, os víveres, os pêsames, as espadas/os paus
(naipes de baralho), as fezes.
Adjetivo Pátrio
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe
c) Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do singular:
alguns deles:
bem (virtude) e bens (riquezas)
Estados e cidades brasileiros:
honra (probidade, bom nome) e honras (homenagem,
títulos)
Alagoas alagoano
d) Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas com
Amapá amapaense
sentido de plural:
Aqui morreu muito negro. Aracaju aracajuano ou aracajuense
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
Amazonas amazonense ou baré
improvisadas.
Belo Horizonte belo-horizontino
Flexão de Grau do Substantivo
Brasília brasiliense
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as
variações de tamanho dos seres. Classifica-se em: Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense
- Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado
normal. Por exemplo: casa
Adjetivo Pátrio Composto 
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho do ser. Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro
Classifica-se em: elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjetivo que Observe alguns exemplos:
indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de África afro- / Por exemplo: Cultura afro-americana
aumento. Por exemplo: casarão.
Alemanha germano- ou teuto- / Por exemplo:
- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho do ser. Competições teuto-inglesas
Pode ser: América américo- / Por exemplo: Companhia
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo que américo-africana
indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de Bélgica belgo- / Por exemplo: Acampamentos belgo-
diminuição. Por exemplo: casinha. franceses
China sino- / Por exemplo: Acordos sino-japoneses
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf12.php
Espanha hispano- / Por exemplo: Mercado hispano-
Questões português
Europa euro- / Por exemplo: Negociações euro-
01. A flexão de número do termo “preços-sombra” também americanas

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APOSTILAS OPÇÃO
como é um substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro
França franco- ou galo- / Por exemplo: Reuniões
ficará invariável. Por exemplo:
franco-italianas
Grécia greco- / Por exemplo: Filmes greco-romanos Camisas rosa-claro.
Ternos rosa-claro.
Inglaterra anglo- / Por exemplo: Letras anglo-
Olhos verde-claros.
portuguesas
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Itália ítalo- / Por exemplo: Sociedade ítalo- Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
portuguesa
Observe
Japão nipo- / Por exemplo: Associações nipo-
- Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer adjetivo
brasileiras
composto iniciado por cor-de-... são sempre invariáveis.
Portugal luso- / Por exemplo: Acordos luso-brasileiros - O adjetivo composto pele-vermelha têm os dois elementos
flexionados.
Flexão dos adjetivos
Grau do Adjetivo
O adjetivo varia em gênero, número e grau.
Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a
Gênero dos Adjetivos intensidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo:
o comparativo e o superlativo.
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem
(masculino e feminino). De forma semelhante aos substantivos, Comparativo
classificam-se em: 
Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e Nesse grau, comparam-se a mesma característica
outra para o feminino. atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais características
atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de igualdade,
Por exemplo: ativo e ativa, mau e má, judeu e judia. de superioridade ou de inferioridade. Observe os exemplos
abaixo:
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino
somente o último elemento. 1) Sou tão alto como você.  = Comparativo de Igualdade
Por exemplo: o moço norte-americano, a moça norte- No comparativo de igualdade, o segundo termo da
americana.  comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou quão.

Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como 2) Sou  mais alto  (do) que  você.  = Comparativo de
para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher feliz. Superioridade Analítico
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no No comparativo de superioridade analítico, entre os dois
feminino. Por exemplo: conflito político-social e desavença substantivos comparados, um tem qualidade superior. A forma é
político-social. analítica porque pedimos auxílio a “mais...do que” ou “mais...que”.

Número dos Adjetivos 3) O Sol é  maior (do) que  a Terra.  = Comparativo de


Superioridade Sintético
Plural dos adjetivos simples
Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acordo com Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de
as regras estabelecidas para a flexão numérica dos substantivos superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim.
simples.
Por exemplo: São eles:
mau e maus bom-melhor
feliz e felizes pequeno-menor
ruim e ruins mau-pior
boa e boas alto-superior
grande-maior
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função baixo-inferior
de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que estiver
qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, Observe que: 
ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra  cinza  é a) As formas menor e pior são comparativos de superioridade,
originalmente um substantivo; porém, se estiver qualificando pois equivalem a mais pequeno e mais mau, respectivamente.
um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará, então, invariável. b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
Logo: camisas cinza, ternos cinza. (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações feitas
Veja outros exemplos: entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se usar
as formas analíticas mais bom, mais mau, mais grande e mais
Motos vinho (mas: motos verdes) pequeno.
Paredes musgo (mas: paredes brancas). Por exemplo: Pedro é maior do que Paulo - Comparação de
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos). dois elementos.
Pedro é  mais grande  que pequeno -  comparação de duas
Adjetivo Composto qualidades de um mesmo elemento.

É aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente, 4) Sou  menos alto  (do) que  você.  = Comparativo de
esses elementos são ligados por hífen. Apenas o último elemento Inferioridade
concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam Sou menos passivo (do) que tolerante.
na forma masculina, singular. Caso um dos elementos que
formam o adjetivo composto seja um substantivo adjetivado, Superlativo
todo o adjetivo composto ficará invariável. Por exemplo:  a
palavra rosa é originalmente um substantivo, porém, se estiver O superlativo expressa qualidades num grau muito
qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Caso se elevado ou em grau máximo. O grau superlativo pode ser
ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo composto; absoluto ou relativo e apresenta as seguintes modalidades:

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APOSTILAS OPÇÃO
Superlativo Absoluto:  ocorre quando a qualidade de um inclinação ao comportamento violento:
ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apresenta-se 1) Crianças que apanharam, foram vítimas de abusos,
nas formas: humilhadas ou desprezadas nos primeiros anos de vida.
Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de palavras 2) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes
que dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo: O transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e não
secretário é muito inteligente. lhes impuseram limites de disciplina.
Sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo de 3) Associação com grupos de jovens portadores de
sufixos. comportamento antissocial.
Por exemplo: Na periferia das cidades brasileiras vivem milhões de crianças
O secretário é inteligentíssimo. que se enquadram nessas três condições de risco. Associados à
falta de acesso aos recursos materiais, à desigualdade social,
Observe alguns superlativos sintéticos:  esses fatores de risco criam o caldo de cultura que alimenta a
violência crescente nas cidades.
Na falta de outra alternativa, damos à criminalidade a
benéfico beneficentíssimo resposta do aprisionamento. Porém, seu efeito é passageiro: o
bom boníssimo ou ótimo criminoso fica impedido de delinquir apenas enquanto estiver
preso.
comum comuníssimo Ao sair, estará mais pobre, terá rompido laços familiares
cruel crudelíssimo e sociais e dificilmente encontrará quem lhe dê emprego. Ao
mesmo tempo, na prisão, terá criado novas amizades e conexões
difícil dificílimo mais sólidas com o mundo do crime.
doce dulcíssimo Construir cadeias custa caro; administrá-las, mais ainda.
Obrigados a optar por uma repressão policial mais ativa,
fácil facílimo aumentaremos o número de prisioneiros. As cadeias continuarão
fiel fidelíssimo superlotadas.
Seria mais sensato investir em educação, para prevenir a
Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de um ser criminalidade e tratar os que ingressaram nela.
é intensificada em relação a um conjunto de seres. Essa relação Na verdade, não existe solução mágica a curto prazo.
pode ser: Precisamos de uma divisão de renda menos brutal, motivar os
De Superioridade: Clara é a mais bela da sala. policiais a executar sua função com dignidade, criar leis que
De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala. acabem com a impunidade dos criminosos bem-sucedidos e
construir cadeias novas para substituir as velhas.
Note bem: Enquanto não aprendermos a educar e oferecer medidas
1)  O superlativo absoluto analítico é expresso por meio preventivas para que os pais evitem ter filhos que não serão
dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, etc., capazes de criar, cabe a nós a responsabilidade de integrá-los
antepostos ao adjetivo. na sociedade por meio da educação formal de bom nível, das
2)  O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob duas práticas esportivas e da oportunidade de desenvolvimento
formas : uma erudita, de origem latina, outra popular, de origem artístico.
vernácula. A forma erudita é constituída pelo radical do adjetivo
latino +  um dos sufixos -íssimo, -imo ou érrimo. Por exemplo: (Drauzio Varella. In Folha de S.Paulo, 9 mar.2002. Adaptado)
fidelíssimo, facílimo, paupérrimo.
A forma popular é constituída do radical do adjetivo Em – características epidêmicas –, o adjetivo epidêmicas
português + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. corresponde a – características de epidemias.
3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, precariíssimo, Assinale a alternativa em que, da mesma forma, o adjetivo
necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, as formas em destaque corresponde, corretamente, à expressão indicada.
seríssimo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o desagradável A) água fluvial – água da chuva.
hiato i-í. B) produção aurífera – produção de ouro.
Questões C) vida rupestre – vida do campo.
D) notícias brasileiras – notícias de Brasília.
01. Leia o texto a seguir. E) costela bovina – costela de porco.

Violência epidêmica 02.Não se pluraliza os adjetivos compostos abaixo, exceto:


A) azul-celeste
A violência urbana é uma enfermidade contagiosa. Embora B) azul-pavão
possa acometer indivíduos vulneráveis em todas as classes C) surda-muda
sociais, é nos bairros pobres que ela adquire características D) branco-gelo
epidêmicas. Respostas
A prevalência varia de um país para outro e entre as cidades 1-B / 2-C
de um mesmo país, mas, como regra, começa nos grandes
centros urbanos e se dissemina pelo interior. Pronome
As estratégias que as sociedades adotam para combater a
violência variam muito e a prevenção das causas evoluiu muito Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou a ele
pouco no decorrer do século 20, ao contrário dos avanços se refere, ou ainda, que acompanha o nome qualificando-o de
ocorridos no campo das infecções, câncer, diabetes e outras alguma forma.
enfermidades. A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos!
A agressividade impulsiva é consequência de perturbações [substituição do nome]
nos mecanismos biológicos de controle emocional. Tendências
agressivas surgem em indivíduos com dificuldades adaptativas A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita!
que os tornam despreparados para lidar com as frustrações de [referência ao nome]
seus desejos.
A violência é uma doença. Os mais vulneráveis são os que Essa moça morava nos meus sonhos!
tiveram a personalidade formada num ambiente desfavorável ao [qualificação do nome]
desenvolvimento psicológico pleno. Grande parte dos pronomes não possuem significados
A revisão de estudos científicos permite identificar três fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro de
fatores principais na formação das personalidades com maior um contexto, o qual nos permite recuperar a referência exata

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APOSTILAS OPÇÃO
daquilo que está sendo colocado por meio dos pronomes no Fizemos boa viagem. (Nós)
ato da comunicação. Com exceção dos pronomes interrogativos
e indefinidos, os demais pronomes têm por função principal Pronome Oblíquo
apontar para as pessoas do discurso ou a elas se relacionar,
indicando-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sentença,
dessa característica, os pronomes apresentam uma forma exerce a função de complemento verbal (objeto direto ou 
específica para cada pessoa do discurso. indireto) ou complemento nominal.

Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)


[minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala] Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante
do pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? diversa que eles desempenham na oração: pronome reto marca
[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se fala] o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o complemento da
oração.
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem se fala] a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos.

Em termos morfológicos, os pronomes são palavras Pronome Oblíquo Átono


variáveis  em gênero (masculino ou feminino) e em número
(singular ou plural). Assim, espera-se que a referência através São chamados átonos os pronomes oblíquos que não são
do pronome seja coerente em termos de gênero e número precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica  fraca.
(fenômeno da concordância) com o seu objeto, mesmo quando Ele me deu um presente.
este se apresenta ausente no enunciado.
O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim configurado:
Fala-se de Roberta. Ele  quer participar do desfile - 1ª pessoa do singular (eu): me
da nossa escola neste ano. - 2ª pessoa do singular (tu): te
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância - 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
adequada] - 1ª pessoa do plural (nós): nos
[neste: pronome que determina “ano” = concordância - 2ª pessoa do plural (vós): vos
adequada] - 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concordância
inadequada] Observações:
O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se
Existem seis tipos de pronomes:  pessoais, possessivos, apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união entre o
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por acompanhar
diretamente uma preposição, o pronome “lhe” exerce sempre a
Pronomes Pessoais função de objeto indireto na oração.

São aqueles que substituem os substantivos, indicando Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve diretos como objetos indiretos.
assume os pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”, “vós”, Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como
“você” ou “vocês” para designar a quem se dirige e “ele”, “ela”, objetos diretos.
“eles” ou “elas” para fazer referência à pessoa ou às pessoas de
quem fala. Saiba que:
Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combinar-se
que exercem nas orações, podendo ser do caso reto ou do caso com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas como mo,
oblíquo. mos, ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no-lo, no-los, no-
la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Observe o uso dessas formas
Pronome Reto nos exemplos que seguem:
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sentença,
exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito.
Nós lhe ofertamos flores. - Trouxeste o pacote? - Não contaram a novidade a
vocês?
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gênero - Sim, entreguei-to ainda há - Não, no-la contaram.
(apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a principal pouco.
flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o
quadro dos pronomes retos é assim configurado: No português do Brasil, essas combinações não são usadas;
- 1ª pessoa do singular: eu até mesmo na língua literária atual, seu emprego é muito raro. 
- 2ª pessoa do singular: tu
- 3ª pessoa do singular: ele, ela Atenção:
- 1ª pessoa do plural: nós Os pronomes o, os, a, as assumem formas especiais depois
- 2ª pessoa do plural: vós de certas terminações verbais. Quando o verbo termina em -z,
- 3ª pessoa do plural: eles, elas -s ou -r, o pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo
tempo que a terminação verbal é suprimida.
Atenção: esses pronomes não costumam ser usados como Por exemplo: fiz + o = fi-lo
complementos verbais na língua-padrão. Frases como “Vi fazei + o = fazei-os
ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até aqui”, dizer + a = dizê-la
comuns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas na língua
formal escrita ou falada. Na língua formal, devem ser usados os Quando o verbo termina em som nasal, o pronome assume
pronomes oblíquos correspondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a as formas no, nos, na, nas. Por exemplo:
na praça”, “Trouxeram-me até aqui”. viram + o: viram-no
Obs.: frequentemente observamos a  omissão  do pronome repõe + os = repõe-nos
reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias formas retém + a: retém-na
verbais marcam, através de suas desinências, as pessoas do tem + as = tem-nas
verbo indicadas pelo pronome reto.

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APOSTILAS OPÇÃO
Pronome Oblíquo Tônico Lavamo-nos no rio.

Os pronomes oblíquos tônicos são sempre - 2ª pessoa do plural (vós): vos.


precedidos por preposições, em geral as preposições a, para, de Vós vos beneficiastes com a esta conquista.
e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função
de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica forte. - 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.
O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim Eles se conheceram.
configurado: Elas deram a si um dia de folga.
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo A Segunda Pessoa Indireta
- 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se quando
- 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco utilizamos pronomes que, apesar de indicarem nosso
- 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco interlocutor ( portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas terceira pessoa. É o caso dos chamados pronomes de tratamento,
que podem ser observados no quadro seguinte:
Observe que as únicas formas próprias do pronome tônico
são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As demais Pronomes de Tratamento
repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.
- As preposições essenciais introduzem sempre pronomes Vossa Alteza V. A. príncipes, duques
pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto. Nos Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais
contextos interlocutivos que exigem o uso da língua formal, os Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos
pronomes costumam ser usados desta forma: Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e
Não há mais nada entre mim e ti. oficiais-generais
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores de
Não há nenhuma acusação contra mim. universidades
Não vá sem mim. Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
Atenção: Vossa Santidade V. S. Papa
Há construções em que a preposição, apesar de surgir Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento
anteposta a um pronome, serve para introduzir uma oração cujo cerimonioso
verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode ter sujeito Vossa Onipotência V. O. Deus
expresso; se esse sujeito for um pronome, deverá ser do caso
reto. Também são pronomes de tratamento o senhor, a
senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento
Não vá sem eu mandar. familiar. Você e vocês são largamente empregados no português
do Brasil; em algumas regiões, a forma  tu  é de uso frequente;
- A combinação da preposição  “com” e alguns pronomes em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito à
originou as formas especiais comigo, contigo, consigo, linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.
conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos
frequentemente exercem a função de  adjunto adverbial de Observações:
companhia. a) Vossa Excelência X Sua Excelência:  os pronomes de
Ele carregava o documento consigo. tratamento que possuem “Vossa (s)”  são empregados em
relação à pessoa com quem falamos.
- As formas “conosco” e “convosco” são substituídas por “com Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este
nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são reforçados encontro.
por palavras como outros, mesmos, próprios, todos, ambos ou Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
algum numeral. Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o
Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.
Você terá de viajar com nós todos.
Estávamos com vós outros quando chegaram as más notícias. - Os pronomes de tratamento representam uma forma
Ele disse que iria com nós três. indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao
tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo,
Pronome Reflexivo estamos nos endereçando à excelência que esse deputado
supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem
como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da oração. b)  3ª pessoa:  embora os pronomes de tratamento dirijam-
Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação expressa pelo se à  2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3ª
verbo. pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os
O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado: pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar
na 3ª pessoa.
- 1ª pessoa do singular (eu): me, mim. Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas,
Eu não me vanglorio disso. para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi. c) Uniformidade de Tratamento:  quando escrevemos ou
nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do
- 2ª pessoa do singular (tu): te, ti. texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Assim,
Assim tu te prejudicas. por exemplo, se começamos a chamar alguém de “você”, não
Conhece a ti mesmo. poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo
na terceira pessoa.
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo. Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus
Guilherme já se preparou. cabelos. (errado)
Ela deu a si um presente. Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus
Antônio conversou consigo mesmo. cabelos. (correto)
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus
- 1ª pessoa do plural (nós): nos. cabelos. (correto)

Língua Portuguesa 30
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APOSTILAS OPÇÃO
Pronomes Possessivos Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar
informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da universidade
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical destinatária).
(possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa Reafirmamos a disposição  desta  universidade em participar
possuída). no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade que
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular) envia a mensagem).

Observe o quadro: No tempo:


Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se refere
Número Pessoa Pronome ao ano presente.
singular primeira meu(s), minha(s) Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se refere a
um passado próximo.
singular segunda teu(s), tua(s) Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele está se
singular terceira seu(s), sua(s) referindo a um passado distante.
 
plural primeira nosso(s), nossa(s) - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
plural segunda vosso(s), vossa(s) invariáveis, observe:
plural terceira seu(s), sua(s) Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aquela(s).
Invariáveis: isto, isso, aquilo.
Note que: A forma do possessivo depende da pessoa
gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam com - Também aparecem como pronomes demonstrativos:
o objeto possuído. - o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e puderem
Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele momento ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
difícil. Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela que
Observações: te indiquei.)
- mesmo(s), mesma(s):
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar da Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
alteração fonética da palavra senhor. - próprio(s), própria(s):
- Muito obrigado, seu José. Os próprios alunos resolveram o problema.
2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam posse. - semelhante(s):
Podem ter outros empregos, como: Não compre semelhante livro.
a) indicar afetividade. - tal, tais:
- Não faça isso, minha filha. Tal era a solução para o problema.
b) indicar cálculo aproximado.
Ele já deve ter seus 40 anos. Note que:
c) atribuir valor indefinido ao substantivo.
Marisa tem lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela. a)  Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em
construções redundantes, com finalidade expressiva, para
3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o salientar algum termo anterior. Por exemplo:
pronome possessivo fica na 3ª pessoa. Manuela, essa é que dera em cheio casando com o José Afonso.
Vossa Excelência trouxe sua mensagem? Desfrutar das belezas brasileiras, isso é que é sorte!
b)  O pronome demonstrativo neutro  ou  pode representar
4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo um termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso em que
concorda com o mais próximo. aparece, geralmente, como objeto direto, predicativo ou aposto.
Trouxe-me seus livros e anotações. O casamento seria um desastre. Todos o pressentiam.
c)  Para evitar a repetição de um verbo anteriormente
5- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblíquos expresso, é comum empregar-se, em tais casos, o verbo fazer,
átonos assumem valor de possessivo. chamado, então, verbo vicário (= que substitui, que faz as vezes
Vou seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos.) de).
Ninguém teve coragem de falar antes que ela o fizesse.
Pronomes Demonstrativos d)  Em frases como a seguinte,  este  se refere à pessoa
mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em primeiro
Os pronomes demonstrativos são utilizados para explicitar a lugar.
posição de uma certa palavra em relação a outras ou ao contexto. O referido deputado e o Dr. Alcides eram amigos íntimos;
Essa relação pode ocorrer em termos de espaço, no tempo ou aquele casado, solteiro este. [ou então: este solteiro, aquele casado]
discurso. e) O pronome demonstrativo tal pode ter conotação irônica.
A menina foi a tal que ameaçou o professor?
No espaço: f) Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com
Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o carro pronome demonstrativo:  àquele, àquela, deste, desta, disso,
está perto da pessoa que fala. nisso, no, etc.
Compro esse carro (aí). O pronome  esse  indica que o carro Não acreditei no que estava vendo. (no = naquilo)
está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da pessoa que
fala. Pronomes Indefinidos
Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que o carro
está afastado da pessoa que fala e daquela com quem falo. São palavras que se referem à terceira pessoa do discurso,
  dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quantidade
Atenção:  em situações de fala direta (tanto ao vivo quanto indeterminada.
por meio de correspondência, que é uma modalidade escrita de Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-
fala), são particularmente importantes o este e o esse - o primeiro plantadas.
localiza os seres em relação ao emissor; o segundo, em relação Não é difícil perceber que  “alguém”  indica uma pessoa
ao destinatário. Trocá-los pode causar ambiguidade. de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser humano

Língua Portuguesa 31
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APOSTILAS OPÇÃO
que seguramente existe, mas cuja identidade é desconhecida ou O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e
não se quer revelar.  introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra “sistema”
é antecedente do pronome relativo que.
Classificam-se em: O antecedente do pronome relativo pode ser o pronome
- Pronomes Indefinidos Substantivos:  assumem o lugar demonstrativo o, a, os, as.
do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. São Não sei o que você está querendo dizer.
eles:  algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, ninguém, Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
outrem, quem, tudo. expresso.
Algo o incomoda? Quem casa, quer casa.
Quem avisa amigo é.
Observe:
- Pronomes Indefinidos Adjetivos:  qualificam um ser Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os quais,
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, quantas.
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
Cada povo tem seus costumes.
Certas pessoas exercem várias profissões. Note que:
a)  O pronome  “que”  é o relativo de mais largo emprego,
Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser substituído
pronomes indefinidos adjetivos: por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), um substantivo.
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns,
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais)
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)
Menos palavras e mais ações.
Alguns se contentam pouco. b)  O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
pronomes relativos: por isso, são utilizados didaticamente para
Os pronomes indefinidos podem ser divididos verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem ter
em variáveis e invariáveis. Observe: várias classificações) são pronomes relativos. Todos eles são
usados com referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, tanto, ou depois de determinadas preposições:
outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca, vária,
tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, nenhuns, Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o
todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos, algumas, qual me deixou encantado. (O uso de “que”, neste caso, geraria
nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quantas. ambiguidade.)
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, algo,
cada. Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
dúvidas? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.)
São  locuções pronominais indefinidas: cada qual, cada um,
qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que), seja quem for, c) O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se
seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= certo), tal e qual, tal ou refere a uma oração.
qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
Cada um escolheu o vinho desejado. Não chegou a ser padre, mas deixou de ser poeta, que era a
sua vocação natural.
Indefinidos Sistemáticos
d) O pronome “cujo” não concorda com o seu antecedente,
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos, mas com o consequente. Equivale a do qual, da qual, dos quais,
percebemos que existem alguns grupos que criam oposição das quais.
de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm sentido
afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm sentido negativo; Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas.
todo/tudo,  que indicam uma totalidade afirmativa, e  nenhum/ (antecedente) (consequente)
nada, que indicam uma totalidade negativa; alguém/ninguém,
que se referem à pessoa, e  algo/nada, que se referem à coisa; e) “Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente
certo, que particulariza, e qualquer, que generaliza. um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:
Essas oposições de sentido são muito importantes na
construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas Emprestei tantos quantos foram necessários.
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumentos (antecedente)
expostos. Observe nas frases seguintes a força que os pronomes
indefinidos destacados imprimem às afirmações de que fazem Ele fez tudo quanto havia falado.
parte: (antecedente)
Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
prático. f)  O pronome  “quem” se refere a pessoas e vem sempre
Certas  pessoas conseguem perceber sutilezas: não são precedido de preposição.
pessoas quaisquer.
É um professor a quem muito devemos.
Pronomes Relativos (preposição)

São aqueles que representam nomes já mencionados g)  “Onde”, como pronome relativo, sempre possui
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem as antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar.
orações subordinadas adjetivas. A casa onde morava foi assaltada.
O racismo é um sistema  que  afirma a superioridade de um h) Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em
grupo racial sobre outros. que.
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros = Sinto saudades da época em que (quando) morávamos no
oração subordinada adjetiva). exterior.

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APOSTILAS OPÇÃO
i) Podem ser utilizadas como pronomes relativos as palavras: 02. Um estudo feito pela Universidade de Michigan constatou
- como (= pelo qual) que o que mais se faz no Facebook, depois de interagir com
Não me parece correto o modo como você agiu semana amigos, é olhar os perfis de pessoas que acabamos de conhecer.
passada. Se você gostar do perfil, adicionará aquela pessoa, e estará
- quando (= em que) formado um vínculo. No final, todo mundo vira amigo de todo
mundo. Mas, não é bem assim. As redes sociais têm o poder de
Bons eram os tempos quando podíamos jogar videogame. transformar os chamados elos latentes (pessoas que frequentam
j)  Os pronomes relativos permitem reunir duas orações o mesmo ambiente social, mas não são suas amigas) em elos
numa só frase. fracos – uma forma superficial de amizade. Pois é, por mais
O futebol é um esporte. que existam exceções _______qualquer regra, todos os estudos
O povo gosta muito deste esporte. mostram que amizades geradas com a ajuda da Internet são
O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. mais fracas, sim, do que aquelas que nascem e se desenvolvem
fora dela.
k)  Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode Isso não é inteiramente ruim. Os seus amigos do peito
ocorrer a elipse do relativo “que”. geralmente são parecidos com você: pertencem ao mesmo
mundo e gostam das mesmas coisas. Os elos fracos, não. Eles
A sala estava cheia de gente que conversava, (que) ria, transitam por grupos diferentes do seu e, por isso, podem lhe
(que) fumava. apresentar novas pessoas e ampliar seus horizontes – gerando
uma renovação de ideias que faz bem a todos os relacionamentos,
Pronomes Interrogativos inclusive às amizades antigas. O problema é que a maioria das
São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas redes na Internet é simétrica: se você quiser ter acesso às
ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos, referem- informações de uma pessoa ou mesmo falar reservadamente com
se à 3ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes ela, é obrigado a pedir a amizade dela. Como é meio grosseiro
interrogativos: que, quem, qual (e variações), quanto (e variações). dizer “não” ________ alguém que você conhece, todo mundo acaba
Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço. adicionando todo mundo. E isso vai levando ________ banalização
do conceito de amizade.
Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas É verdade. Mas, com a chegada de sítios como o Twitter, ficou
preferes. diferente. Esse tipo de sítio é uma rede social completamente
Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quantos assimétrica. E isso faz com que as redes de “seguidores” e
passageiros desembarcaram. “seguidos” de alguém possam se comunicar de maneira muito
mais fluida. Ao estudar a sua própria rede no Twitter, o sociólogo
Sobre os pronomes: Nicholas Christakis, da Universidade de Harvard, percebeu
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de que seus amigos tinham começado a se comunicar entre si
sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo quando independentemente da mediação dele. Pessoas cujo único ponto
desempenha função de complemento. Vamos entender, em comum era o próprio Christakis acabaram ficando amigas.
No Twitter, eu posso me interessar pelo que você tem a dizer e
primeiramente, como o pronome pessoal surge na frase e que começar a te seguir. Nós não nos conhecemos.
função exerce. Observe as orações: Mas você saberá quando eu o retuitar ou mencionar seu
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. nome no sítio, e poderá falar comigo. Meus seguidores também
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia ajudá- podem se interessar pelos seus tuítes e começar a seguir você.
lo. Em suma, nós continuaremos não nos conhecendo, mas as
pessoas que estão ________ nossa volta podem virar amigas entre
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” si.
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso reto. Adaptado de: COSTA, C. C.. Disponível em:
<http://super.abril.com.br/cotidiano/como-internet-
Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe” exercendo
estamudando-amizade-619645.shtml>.
função de complemento, e, consequentemente, é do caso oblíquo.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso, Considere as seguintes afirmações sobre a relação que se
o pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para a estabelece entre algumas palavras do texto e os elementos a que
segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia se referem.
ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe). I. No segmento que nascem, a palavra que se refere a
Importante: Em observação à segunda oração, o emprego do amizades.
pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do verbo intransitivo II. O segmento elos fracos retoma o segmento uma forma
“ajudar” porque o pronome oblíquo pode estar antes, depois ou superficial de amizade.
entre locução verbal, caso o verbo principal (no caso “ajudar”) III. Na frase Nós não nos conhecemos, o pronome Nós refere-
se aos pronomes eu e você.
estiver no infinitivo ou gerúndio.
Eu desejo lhe perguntar algo. Quais estão corretas?
Eu estou perguntando-lhe algo. (A) Apenas I.
(B) Apenas II.
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos: (C) Apenas III.
os primeiros não são precedidos de preposição, diferentemente (D) Apenas I e II.
dos segundos que são sempre precedidos de preposição. (E) I, II e III.
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu Respostas
estava fazendo. 01. A\02. E
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que
eu estava fazendo. Advérbio
Questões O  advérbio, assim como muitas outras palavras existentes
na Língua Portuguesa, advém de outras línguas. Assim sendo,
01. Observe as sentenças abaixo.
I. Esta é a professora de cuja aula todos os alunos gostam. tal qual o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a ideia de proximidade,
II. Aquela é a garota com cuja atitude discordei - tornamo- contiguidade.
nos inimigas desde aquele episódio.
III. A criança cuja a família não compareceu ficou inconsolável. Essa proximidade faz referência ao processo verbal, no
sentido de caracterizá-lo, ou seja, indicando as circunstâncias
O pronome ‘cuja’ foi empregado de acordo com a norma em que esse processo se desenvolve. 
culta da língua portuguesa em: O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no sentido de
(A) apenas uma das sentenças caracterizar os processos expressos por ele. Contudo, ele não
(B) apenas duas das sentenças. é modificador exclusivo desta classe (verbos), pois também
(C) nenhuma das sentenças.
(D) todas as sentenças. modifica o  adjetivo e até outro advérbio. Seguem alguns
exemplos:

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APOSTILAS OPÇÃO
Para quem se diz  distantemente alheio  a esse assunto, Superlativo:  aumenta a intensidade. Exemplos: longe
você está até bem informado. - longíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente -
inconstitucionalissimamente, etc;
Temos o advérbio “distantemente” que modifica o adjetivo
Diminutivo: diminui a intensidade.
alheio, representando uma qualidade, característica.
Exemplos: perto - pertinho, pouco - pouquinho, devagar -
devagarinho, 
O artista canta muito mal.
Questões
Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifica outro
advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos pudemos
01. Leia os quadrinhos para responder a questão.
verificar que se tratava de somente uma palavra funcionando
como advérbio. No entanto, ele pode estar demarcado por
mais de uma palavra, que mesmo assim não deixará de ocupar
tal função. Temos aí o que chamamos de  locução adverbial,
representada por algumas expressões, tais como: às vezes, sem
dúvida, frente a frente, de modo algum, entre outras.

Mediante tais postulados, afirma-se que, dependendo das


circunstâncias expressas pelos advérbios, eles se classificam em
distintas categorias, uma vez expressas por:    
de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pressas, às
claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse
jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado
a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior parte dos que terminam
em -mente: calmamente, tristemente, propositadamente,
pacientemente, amorosamente, docemente, escandalosamente,
bondosamente, generosamente
de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em
excesso, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto, quão,
tanto, que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo, de
muito, por completo.
de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora,
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes,
doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim,
afinal, breve, constantemente, entrementes, imediatamente,
primeiramente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes,
à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em quando, de
quando em quando, a qualquer momento, de tempos em tempos,
em breve, hoje em dia (Leila Lauar Sarmento e Douglas Tufano. Português. Volume
de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás, Único)
além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo, aonde,
longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro, afora, No primeiro e segundo quadrinhos, estão em destaque dois
alhures, nenhures, aquém, embaixo, externamente, a distância, advérbios: AÍ e ainda.
à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, Considerando que advérbio é a palavra que modifica
ao lado, em volta um verbo, um outro advérbio ou um adjetivo, expressando
de negação  : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de a circunstância em que determinado fato ocorre, assinale
forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum a alternativa que classifica, correta e respectivamente, as
de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, circunstâncias expressas por eles.
provavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe A) Lugar e negação.
de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto, B) Lugar e tempo.
efetivamente, certo, decididamente, realmente, deveras, C) Modo e afirmação.
indubitavelmente D) Tempo e tempo.
de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, somente, E) Intensidade e dúvida.
simplesmente, só, unicamente
de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, também 02. Leia o texto a seguir.
de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente
de designação: Eis Impunidade é motor de nova onda de agressões
de interrogação: onde?(lugar), como?(modo),
quando?(tempo), por quê?(causa), quanto?(preço e intensidade), Repetidos episódios de violência têm sido noticiados nas
para quê?(finalidade) últimas semanas. Dois que chamam a atenção, pela banalidade
com que foram cometidos, estão gerando ainda uma série de
Locução adverbial  repercussões.
É reunião de duas ou mais palavras com valor de advérbio. Em Natal, um garoto de 19 anos quebrou o braço da
Exemplo: estudante de direito R.D., 19, em plena balada, porque ela teria
Carlos saiu às pressas. (indicando modo) recusado um beijo. O suposto agressor já responde a uma ação
Maria saiu à tarde. (indicando tempo) penal, por agressão, movida por sua ex-mulher.
No mesmo final de semana, dois amigos que saíam de uma
Há locuções adverbiais que possuem advérbios boate em São Paulo também foram atacados por dois jovens
correspondentes. que estavam na mesma balada, e um dos agredidos teve a perna
Exemplo: fraturada. Esses dois jovens teriam tentado se aproximar, sem
Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu apressadamente. sucesso, de duas garotas que eram amigas dos rapazes que
saíam da boate. Um dos suspeitos do ataque alega que tudo não
Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de modo são passou de um engano e que o rapaz teria fraturado a perna ao
flexionados, sendo que os demais são todos invariáveis. A única cair no chão.
flexão propriamente dita que existe na categoria dos advérbios Curiosamente, também é possível achar um blog que diz
é a de grau: que R.D., em Natal, foi quem atacou o jovem e que seu braço se
quebrou ao cair no chão.

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APOSTILAS OPÇÃO
Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimentos parágrafo)
felizmente comprovam os acontecimentos, e testemunhas vão Os advérbios em destaque nos trechos expressam, correta e
ajudar a polícia na investigação. respectivamente, circunstâncias de
O fato é que é difícil acreditar que tanta gente ande se A) afirmação e de intensidade.
quebrando por aí ao cair no chão, não é mesmo? As agressões B) modo e de tempo.
devem ser rigorosamente apuradas e, se houver culpados, que C) modo e de lugar.
eles sejam julgados e condenados. D) lugar e de tempo.
A impunidade é um dos motores da onda de violência que E) intensidade e de negação.
temos visto. O machismo e o preconceito são outros. O perfil
impulsivo de alguns jovens (amplificado pela bebida e por Respostas
outras substâncias) completa o mecanismo que gera agressões. 1-B / 2-C / 3-B
Sem interferir nesses elementos, a situação não vai mudar.
Maior rigor da justiça, educação para a convivência com o outro, Preposição
aumento da tolerância à própria frustração e melhor controle
sobre os impulsos (é normal levar um “não”, gente!) são alguns Preposição  é uma palavra invariável que serve para ligar
dos caminhos. termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normalmente
(Jairo Bouer, Folha de S.Paulo, 24.10.2011. Adaptado) há uma subordinação do segundo termo em relação ao
primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura
Assinale a alternativa cuja expressão em destaque apresenta da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores
circunstância adverbial de modo. semânticos indispensáveis para a compreensão do texto.
A) Repetidos episódios de violência (...) estão gerando ainda
uma série de repercussões. Tipos de Preposição
B) ...quebrou o braço da estudante de direito R. D., 19, em
plena balada… 1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente
C) Esses dois jovens teriam tentado se aproximar, sem como preposições.
sucesso, de duas amigas… A, ante, perante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre,
D) Um dos suspeitos do ataque alega que tudo não passou para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
de um engano...
E) O fato é que é difícil acreditar que tanta gente ande se 2.  Preposições acidentais: palavras de outras  classes
quebrando por aí… gramaticais que podem atuar como preposições.
Como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão,
03. Leia o texto a seguir. visto.

Cultura matemática 3.  Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo


Hélio Schwartsman como uma preposição, sendo que a última palavra é uma delas.
Abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de
SÃO PAULO – Saiu mais um estudo mostrando que o ensino acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de,
de matemática no Brasil não anda bem. A pergunta é: podemos graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por
viver sem dominar o básico da matemática? Durante muito trás de.
tempo, a resposta foi sim. Aqueles que não simpatizavam muito
com Pitágoras podiam simplesmente escolher carreiras nas A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto pode
quais os números não encontravam muito espaço, como direito, unir-se a outras palavras e assim estabelecer concordância em
jornalismo, as humanidades e até a medicina de antigamente. gênero ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela
Como observa Steven Pinker, ainda hoje, nos meios
universitários, é considerado aceitável que um intelectual se Vale ressaltar que essa concordância não é característica da
vanglorie de ter passado raspando em física e de ignorar o beabá preposição, mas das palavras às quais ela se une.
da estatística. Mas ai de quem admitir nunca ter lido Joyce ou
dizer que não gosta de Mozart. Sobre ele recairão olhares tão Esse processo de junção de uma preposição com outra
recriminadores quanto sobre o sujeito que assoa o nariz na palavra pode se dar a partir de dois processos:
manga da camisa.
Joyce e Mozart são ótimos, mas eles, como quase toda a 1. Combinação: A preposição não sofre alteração.
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida preposição a + artigos definidos o, os
prática. Já a cultura científica, que muitos ainda tratam com uma a + o = ao
ponta de desprezo, torna-se cada vez mais fundamental, mesmo preposição a + advérbio onde
para quem não pretende ser engenheiro ou seguir carreiras a + onde = aonde
técnicas.
Como sobreviver à era do crédito farto sem saber calcular as 2. Contração: Quando a preposição sofre alteração.
armadilhas que uma taxa de juros pode esconder? Hoje, é difícil
até posicionar-se de forma racional sobre políticas públicas sem Preposição + Artigos
assimilar toda a numeralha que idealmente as informa. De + o(s) = do(s)
Conhecimentos rudimentares de estatística são pré-requisito De + a(s) = da(s)
para compreender as novas pesquisas que trazem informações De + um = dum
relevantes para nossa saúde e bem-estar. De + uns = duns
A matemática está no centro de algumas das mais intrigantes De + uma = duma
especulações cosmológicas da atualidade. Se as equações da De + umas = dumas
mecânica quântica indicam que existem universos paralelos, Em + o(s) = no(s)
isso basta para que acreditemos neles? Ou, no rastro de Eugene Em + a(s) = na(s)
Wigner, podemos nos perguntar por que a matemática é tão Em + um = num
eficaz para exprimir as leis da física. Em + uma = numa
Releia os trechos apresentados a seguir. Em + uns = nuns
- Aqueles que não simpatizavam muito com Pitágoras Em + umas = numas
podiam simplesmente escolher carreiras nas quais os números A + à(s) = à(s)
não encontravam muito espaço... (1.º parágrafo) Por + o = pelo(s)
- Já a cultura científica, que muitos ainda tratam com uma Por + a = pela(s)
ponta de desprezo, torna-se cada vez mais fundamental...(3.º

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APOSTILAS OPÇÃO
Preposição + Pronomes Questões
De + ele(s) = dele(s)
De + ela(s) = dela(s) 01. Leia o texto a seguir.
De + este(s) = deste(s)
De + esta(s) = desta(s) “Xadrez que liberta”: estratégia, concentração e reeducação
De + esse(s) = desse(s)
De + essa(s) = dessa(s) João Carlos de Souza Luiz cumpre pena há três anos e dois
De + aquele(s) = daquele(s) meses por assalto. Fransley Lapavani Silva está há sete anos
De + aquela(s) = daquela(s) preso por homicídio. Os dois têm 30 anos. Além dos muros,
De + isto = disto grades, cadeados e detectores de metal, eles têm outros pontos
De + isso = disso em comum: tabuleiros e peças de xadrez.
De + aquilo = daquilo O jogo, que eles aprenderam na cadeia, além de uma válvula
De + aqui = daqui de escape para as horas de tédio, tornou-se uma metáfora para o
De + aí = daí que pretendem fazer quando estiverem em liberdade.
De + ali = dali “Quando você vai jogar uma partida de xadrez, tem que pensar
De + outro = doutro(s) duas, três vezes antes. Se você movimenta uma peça errada,
De + outra = doutra(s) pode perder uma peça de muito valor ou tomar um xeque-mate,
Em + este(s) = neste(s) instantaneamente. Se eu for para a rua e movimentar a peça
Em + esta(s) = nesta(s) errada, eu posso perder uma peça muito importante na minha
Em + esse(s) = nesse(s) vida, como eu perdi três anos na cadeia. Mas, na rua, o problema
Em + aquele(s) = naquele(s) maior é tomar o xeque-mate”, afirma João Carlos.
Em + aquela(s) = naquela(s) O xadrez faz parte da rotina de cerca de dois mil internos
Em + isto = nisto em 22 unidades prisionais do Espírito Santo. É o projeto “Xadrez
Em + isso = nisso que liberta”. Duas vezes por semana, os presos podem praticar
Em + aquilo = naquilo a atividade sob a orientação de servidores da Secretaria de
A + aquele(s) = àquele(s) Estado da Justiça (Sejus). Na próxima sexta-feira, será realizado
A + aquela(s) = àquela(s) o primeiro torneio fora dos presídios desde que o projeto foi
A + aquilo = àquilo implantado. Vinte e oito internos de 14 unidades participam da
disputa, inclusive João Carlos e Fransley, que diz que a vitória
Dicas sobre preposição não é o mais importante.
“Só de chegar até aqui já estou muito feliz, porque eu não
1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome pessoal esperava. A vitória não é tudo. Eu espero alcançar outras coisas
oblíquo e artigo. Como distingui-los? devido ao xadrez, como ser olhado com outros olhos, como
estou sendo olhado de forma diferente aqui no presídio devido
- Caso o “a” seja um artigo, virá precedendo a um substantivo. ao bom comportamento”.
Ele servirá para determiná-lo como um substantivo singular Segundo a coordenadora do projeto, Francyany Cândido
e feminino. Venturin, o “Xadrez que liberta” tem provocado boas mudanças
A dona da casa não quis nos atender. no comportamento dos presos. “Tem surtido um efeito positivo
Como posso fazer a Joana concordar comigo? por eles se tornarem uma referência positiva dentro da unidade,
já que cumprem melhor as regras, respeitam o próximo e
- Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois pensam melhor nas suas ações, refletem antes de tomar uma
termos e estabelece relação de subordinação entre eles. atitude”.
Cheguei a sua casa ontem pela manhã. Embora a Sejus não monitore os egressos que ganham a
Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para procurar liberdade, para saber se mantêm o hábito do xadrez, João Carlos
um tratamento adequado. já faz planos. “Eu incentivo não só os colegas, mas também
minha família. Sou casado e tenho três filhos. Já passei para a
- Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o lugar e/ minha família: xadrez, quando eu sair para a rua, todo mundo
ou a função de um substantivo. vai ter que aprender porque vai rolar até o torneio familiar”.
Temos Maria como parte da família. / A temos como parte “Medidas de promoção de educação e que possibilitem que o
da família egresso saia melhor do que entrou são muito importantes. Nós
Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. / não temos pena de morte ou prisão perpétua no Brasil. O preso
Creio que a conhecemos melhor que ninguém. tem data para entrar e data para sair, então ele tem que sair
sem retornar para o crime”, analisa o presidente do Conselho
2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio das Estadual de Direitos Humanos, Bruno Alves de Souza Toledo.
preposições: (Disponível em: www.inapbrasil.com.br/en/noticias/xadrez-que-
Destino = Irei para casa. liberta-estrategia-concentracao-e-reeducacao/6/noticias. Adaptado)
Modo = Chegou em casa aos gritos.
Lugar = Vou ficar em casa; No trecho –... xadrez, quando eu sair para a rua, todo mundo
Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência. vai ter que aprender porque vai rolar até o torneio familiar.– o
Tempo = A prova vai começar em dois minutos. termo em destaque expressa relação de
Causa = Ela faleceu de derrame cerebral. A) espaço, como em – Nosso diretor foi até Brasília para falar
Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o do projeto “Xadrez que liberta”.
tratamento. B) inclusão, como em – O xadrez mudou até o nosso modo
de falar.
Instrumento = Escreveu a lápis. C) finalidade, como em – Precisamos treinar até junho para
Posse = Não posso doar as roupas da mamãe. termos mais chances de vencer o torneio de xadrez.
Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom. D) movimento, como em – Só de chegar até aqui já estou
Companhia = Estarei com ele amanhã. muito feliz, porque eu não esperava.
Matéria = Farei um cartão de papel reciclado. E) tempo, como em – Até o ano que vem, pretendo conseguir
Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco. a revisão da minha pena.
Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume. 02. Considere o trecho a seguir.
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso. O metrô paulistano, ________quem a banda recebe apoio,
Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista. garante o espaço para ensaios e os equipamentos; e a estabilidade
no emprego, vantagem________ que muitos trabalhadores sonham,

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APOSTILAS OPÇÃO
é o que leva os integrantes do grupo a permanecerem na Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (antes
instituição. do verbo), porquanto.

As preposições que preenchem o trecho, correta, Conjunções subordinativas


respectivamente e de acordo com a norma-padrão, são: - CAUSAIS
A) a ...com Principais conjunções causais: porque, visto que, já que, uma
B) de ...com vez que, como (= porque).
C) de ...a Ele não fez o trabalho porque não tem livro.
D) com ...a
E) para ...de - COMPARATIVAS
Respostas Principais conjunções comparativas: que, do que, tão...como,
1-B / 2-B mais...do que, menos...do que.
Ela fala mais que um papagaio.
Conjunção
- CONCESSIVAS
Conjunção  é a palavra invariável que liga duas orações ou Principais conjunções concessivas: embora, ainda que,
dois termos semelhantes de uma mesma oração. Por exemplo: mesmo que, apesar de, se bem que.
Indicam uma concessão, admitem uma contradição, um fato
A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”.
amiguinhas.
Deste exemplo podem ser retiradas três informações: Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de estar
cansada)
1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu as Apesar de ter chovido fui ao cinema.
amiguinhas
- CONFORMATIVAS
Cada informação está estruturada em torno de um verbo: Principais conjunções conformativas: como, segundo,
segurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três orações: conforme, consoante
1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e  mostrou Cada um colhe conforme semeia.
3ª oração: quando viu as amiguinhas. Expressam uma ideia de acordo, concordância, conformidade.
A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e a
terceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”. As - CONSECUTIVAS
palavras “e” e “quando” ligam, portanto, orações. Expressam uma ideia de consequência.
Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”, “tanto”,
Observe: Gosto de natação e de futebol. “tão”, “tamanho”).
Nessa frase as expressões de natação, de futebol são partes Falou tanto que ficou rouco.
ou termos de uma mesma oração. Logo, a palavra  “e” está
ligando termos de uma mesma oração. - FINAIS
Expressam ideia de finalidade, objetivo.
Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações Todos trabalham para que possam sobreviver.
ou dois termos semelhantes de uma mesma oração. Principais conjunções finais: para que, a fim de que, porque
(=para que),
Morfossintaxe da Conjunção
- PROPORCIONAIS
As conjunções, a exemplo das preposições, não exercem Principais conjunções proporcionais: à medida que, quanto
propriamente uma função sintática: são conectivos. mais, ao passo que, à proporção que.
À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha.
Classificação - Conjunções Coordenativas- Conjunções
Subordinativas - TEMPORAIS
Principais conjunções temporais: quando, enquanto, logo
Conjunções coordenativas que.
Dividem-se em: Quando eu sair, vou passar na locadora.

- ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma. Importante:


Ex. Gosto de cantar e de dançar.
Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas também, Diferença entre orações causais e explicativas
não só...como também.
Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais (OSA)
- ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de oposição, e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos deparamos
de compensação. com a dúvida de como distinguir uma oração causal de uma
Ex. Estudei, mas não entendi nada. explicativa. Veja os exemplos:
Principais conjunções adversativas: mas, porém, contudo,
todavia, no entanto, entretanto. 1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser
atropelado”:
- ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância. a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificativa ou
Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho. uma explicação do fato expresso na oração anterior.
Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora, quer... b) As orações são coordenadas e, por isso, independentes
quer, já...já. uma da outra. Neste caso, há uma pausa entre as orações que
vêm marcadas por vírgula.
- CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às orações. Ex. Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado.
Estudei muito, por isso mereço passar. b) Outra dica é, quando a oração que antecede a OC (Oração
Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois Coordenada) vier com verbo no modo imperativo, ela será
(depois do verbo), portanto, por conseguinte, assim. explicativa.
Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo imperativo)
- EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex. É
melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá fora. 2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra cidade

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APOSTILAS OPÇÃO
porque não havia cemitério no local.” Droga! Preste atenção quando eu estou falando!
a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordinada No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo. Toda sua
(parte destacada) mostra a causa da ação expressa pelo raiva se traduz numa palavra: Droga!
verbo da oração principal. Outra forma de reconhecê-
la é colocá-la no início do período, introduzida pela Ele poderia ter dito: - Estou com muita raiva de você! Mas usou
conjunção como - o que não ocorre com a CS Explicativa. simplesmente uma palavra. Ele empregou a interjeição Droga!
Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar os mortos As sentenças da língua costumam se organizar de forma
em outra cidade. lógica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e os distribui
b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente em posições adequadas a cada um deles. As interjeições, por
dependentes uma da outra. outro lado, são uma espécie de “palavra-frase”, ou seja, há uma
ideia expressa por uma palavra (ou um conjunto de palavras -
Questões locução interjetiva) que poderia ser colocada em termos de uma
sentença.
01. Leia o texto a seguir. Veja os exemplos:
A música alcançou uma onipresença avassaladora em nosso Bravo! Bis!
mundo: milhões de horas de sua história estão disponíveis em bravo  e  bis: interjeição / sentença (sugestão): «Foi muito
disco; rios de melodia digital correm na internet; aparelhos bom! Repitam!»
de mp3 com 40 mil canções podem ser colocados no bolso. No Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé...
entanto, a música não é mais algo que fazemos nós mesmos, ou ai: interjeição / sentença (sugestão): “Isso está doendo!” ou
até que observamos outras pessoas fazerem diante de nós. “Estou com dor!”
Ela se tornou um meio radicalmente virtual, uma arte sem
rosto. Quando caminhamos pela cidade num dia comum, nossos A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em que
ouvidos registram música em quase todos os momentos − pedaços não há uma ideia organizada de maneira lógica, como são as
de hip-hop vazando dos fones de ouvido de adolescentes no metrô, sentenças da língua, mas sim a manifestação de um suspiro,
o sinal do celular de um advogado tocando a “Ode à alegria”, de um estado da alma decorrente de uma situação particular, um
Beethoven −, mas quase nada disso será resultado imediato de momento ou um contexto específico. Exemplos:
um trabalho físico de mãos ou vozes humanas, como se dava no Ah, como eu queria voltar a ser criança!
passado. ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
Desde que Edison inventou o cilindro fonográfico, em1877, Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
existe gente que avalia o que a gravação fez em favor e desfavor hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição
da arte da música. Inevitavelmente, a conversa descambou para
os extremos retóricos. No campo oposto ao dos que diziam que a O significado das interjeições está vinculado à maneira
tecnologia acabaria com a música estão os utópicos, que alegam como elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que dita
que a tecnologia não aprisionou a música, mas libertou-a, levando o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto de
a arte da elite às massas. Antes de Edison, diziam os utópicos, enunciação. Exemplos:
as sinfonias de Beethoven só podiam ser ouvidas em salas de Psiu!
concerto selecionadas. Agora, as gravações levam a mensagem contexto:  alguém pronunciando essa expressão na rua;
de Beethoven aos confins do planeta, convocando a multidão significado da interjeição (sugestão):  “Estou te chamando! Ei,
saudada na “Ode à alegria”: “Abracem-se, milhões!”. Glenn Gould, espere!”
depois de afastar-se das apresentações ao vivo em 1964, previu Psiu!
que dentro de um século o concerto público desapareceria no éter contexto:  alguém pronunciando essa expressão em um
eletrônico, com grande efeito benéfico sobre a cultura musical. hospital; significado da interjeição (sugestão):  “Por favor, faça
(Adaptado de Alex Ross. Escuta só. Tradução Pedro Maia silêncio!”
Soares. São Paulo, Cia. das Letras, 2010, p. 76-77) Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
puxa: interjeição; tom da fala: euforia
No entanto, a música não é mais algo que fazemos nós mesmos, Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
ou até que observamos outras pessoas fazerem diante de nós. puxa: interjeição; tom da fala: decepção

Considerando-se o contexto, é INCORRETO afirmar que o As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
elemento grifado pode ser substituído por: a)  Sintetizar uma frase  exclamativa, exprimindo alegria,
A) Porém. tristeza, dor, etc.
B) Contudo. Você faz o que no Brasil?
C) Todavia. Eu? Eu negocio com madeiras.
D) Entretanto. Ah, deve ser muito interessante.
E) Conquanto. b) Sintetizar uma frase apelativa
Cuidado! Saia da minha frente.
02. Observando as ocorrências da palavra “como” em – As interjeições podem ser formadas por:
Como fomos programados para ver o mundo como um lugar a) simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô.
ameaçador… – é correto afirmar que se trata de conjunção b) palavras: Oba!, Olá!, Claro!
(A) comparativa nas duas ocorrências. c) grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!, Ora
(B) conformativa nas duas ocorrências. bolas!
(C) comparativa na primeira ocorrência. A ideia expressa pela interjeição depende muitas vezes
(D) causal na segunda ocorrência. da entonação com que é pronunciada; por isso, pode ocorrer que
(E) causal na primeira ocorrência. uma interjeição tenha mais de um sentido. Por exemplo:
Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contrariedade)
Respostas Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria)
1-E / 2-E
Classificação das Interjeições
Interjeição
Comumente, as interjeições expressam sentido de:
- Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!,
Interjeição  é a palavra invariável que exprime emoções,
Atenção!, Olha!, Alerta!
sensações, estados de espírito, ou que procura agir sobre o
- Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô!
interlocutor, levando-o a adotar certo comportamento sem que,
- Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva!
para isso, seja necessário fazer uso de estruturas linguísticas
- Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah!
mais elaboradas. Observe o exemplo:

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APOSTILAS OPÇÃO
- Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Eia!, “Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!» (Olavo Bilac) 
Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca! Oh! a jornada negra!» (Olavo Bilac)
- Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!, Boa!
- Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã! 6) Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas
de palavras de outras classes, podem aparecer flexionadas no
- Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!, Safa!, diminutivo ou no superlativo.
Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora! Calminha! Adeusinho! Obrigadinho!
- Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá! Interjeições, leitura e produção de textos
- Desculpa: Perdão!
- Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!, Oh!, Usadas com muita frequência na língua falada informal,
Eh! quando empregadas na língua escrita, as interjeições costumam
- Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!, Epa!, conferir-lhe certo tom inconfundível de coloquialidade. Além
Ora! disso, elas podem muitas vezes indicar traços pessoais do falante
- Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!, Quê!, - como a escassez de vocabulário, o temperamento agressivo ou
Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?, Cruz!, Putz! dócil, até mesmo a origem geográfica. É nos textos narrativos -
- Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!, Raios!, particularmente nos diálogos - que comumente se faz uso
Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora! das interjeições com o objetivo de caracterizar personagens
- Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade! e, também, graças à sua natureza sintética, agilizar as falas.
- Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!, Natureza sintética e conteúdo mais emocional do que
Adeus!, Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-me, racional fazem das interjeições presença constante nos textos
Deus! publicitários.
- Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio! Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
- Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh! morf89.php
Numeral
Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto é,
não sofrem variação em gênero, número e grau como os nomes,
Numeral é a palavra que indica os seres em termos
nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz como os
numéricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa
verbos. No entanto, em uso específico, algumas interjeições
em determinada sequência.
sofrem variação em grau. Deve-se ter claro, neste caso, que
Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco.
não se trata de um processo natural dessa classe de palavra,
[quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”]
mas tão só uma variação que a linguagem afetiva permite.
Eu quero café duplo, e você?
Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
[duplo: numeral = atributo numérico de “café”]
Locução Interjetiva A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor!
[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequência de
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma “fila”]
expressão com sentido de interjeição. Por exemplo
Ora bolas! Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que
Quem me dera! os números indicam em relação aos seres. Assim, quando a
Virgem Maria! expressão é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se trata
Meu Deus! de numerais, mas sim de algarismos.
Ai de mim! Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
Valha-me Deus! ideia expressa pelos números, existem mais algumas palavras
Graças a Deus! consideradas numerais porque denotam quantidade, proporção
Alto lá! ou ordenação. São alguns exemplos: década, dúzia, par,
Muito bem! ambos(as), novena.

Observações: Classificação dos Numerais

1) As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. Por Cardinais: indicam contagem, medida. É o número básico:
exemplo: um, dois, cem mil, etc.
Ué! = Eu não esperava por essa! Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada:
Perdão! = Peço-lhe que me desculpe. primeiro, segundo, centésimo, etc.
Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão
2) Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o seu dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.
tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes gramaticais Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos
podem aparecer como interjeições. seres, indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada:
Viva! Basta! (Verbos) dobro, triplo, quíntuplo, etc.
Fora! Francamente! (Advérbios)
Leitura dos Numerais
3) A interjeição pode ser considerada uma “palavra-frase”
porque sozinha pode constituir uma mensagem. Separando os números em centenas, de trás para frente,
Socorro! obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no
Ajudem-me!  início, também de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos
Silêncio! usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela conjunção “e”.
Fique quieto! 1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e vinte
e seis.
4) Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imitativas, 45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.
que exprimem ruídos e vozes.
Pum! Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Flexão dos numerais
Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc.
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma,
5) Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com a sua dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzentas em
homônima  “oh!”, que exprime admiração, alegria, tristeza, etc. diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas, etc.
Faz-se uma pausa depois do” oh!” exclamativo e não a fazemos Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número:
depois do “ó” vocativo. milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais são invariáveis.

Língua Portuguesa 39
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APOSTILAS OPÇÃO
Os numerais ordinais variam em gênero e número: trinta trigésimo - trinta avos
primeiro segundo milésimo quarenta quadragésimo - quarenta avos
primeira segunda milésima cinquenta quinquagésimo - cinquenta avos
primeiros segundos milésimos sessenta sexagésimo - sessenta avos
primeiras segundas milésimas setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam noventa nonagésimo - noventa avos
em funções substantivas: cem centésimo cêntuplo centésimo
Fizeram o dobro do esforço e conseguiram o triplo de produção. duzentos ducentésimo - ducentésimo
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais trezentos trecentésimo - trecentésimo
flexionam-se em gênero e número: quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
Teve de tomar doses triplas do medicamento. quinhentos quingentésimo - quingentésimo
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas terças setecentos septingentésimo - septingentésimo
partes oitocentos octingentésimo - octingentésimo
Os numerais coletivos flexionam-se em número. Veja: uma novecentos nongentésimo
dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros. ou noningentésimo - nongentésimo
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos mil milésimo - milésimo
numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sentido. milhão milionésimo - milionésimo
É o que ocorre em frases como: bilhão bilionésimo - bilionésimo
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda Questões
divisão de futebol)
01.Na frase “Nessa carteira só há duas notas de cinco reais”
Emprego dos Numerais temos exemplos de numerais:
A) ordinais;
*Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em B) cardinais;
que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo e a C) fracionários;
partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois do D) romanos;
substantivo: E) Nenhuma das alternativas.
Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze) 02.Aponte a alternativa em que os numerais estão bem
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis) empregados.
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte) A) Ao papa Paulo Seis sucedeu João Paulo Primeiro.
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte) B) Após o parágrafo nono virá o parágrafo décimo.
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três) C) Depois do capítulo sexto, li o capitulo décimo primeiro.
D) Antes do artigo dez vem o artigo nono.
*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal E) O artigo vigésimo segundo foi revogado.
até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez) 03. Os ordinais referentes aos números 80, 300, 700 e 90
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um) são, respectivamente
A) octagésimo, trecentésimo, septingentésirno,
*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um nongentésimo
e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são largamente B) octogésimo, trecentésimo, septingentésimo, nonagésimo
empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez C) octingentésimo, tricentésimo, septuagésimo, nonagésimo
referência. D) octogésimo, tricentésimo, septuagésimo, nongentésimo
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância
da solidariedade. Ambos agora participam das atividades Respostas
comunitárias de seu bairro. 1-B / 2-D / 3-B

Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. Análise Sintática


Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.
A Análise Sintática examina a estrutura do período, divide
Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários e classifica as orações que o constituem e reconhece a função
um primeiro - - sintática dos termos de cada oração.
dois segundo dobro, duplo meio Daremos uma ideia do que seja frase, oração, período, termo,
três terceiro triplo, tríplice terço função sintática e núcleo de um termo da oração.
quatro quarto quádruplo quarto As palavras, tanto na expressão escrita como na oral, são
cinco quinto quíntuplo quinto reunidas e ordenadas em frases. Pela frase é que se alcança
seis sexto sêxtuplo sexto o objetivo do discurso, ou seja, da atividade linguística: a
sete sétimo sétuplo sétimo comunicação com o ouvinte ou o leitor.
oito oitavo óctuplo oitavo Frase, Oração e Período são fatores constituintes de
nove nono nônuplo nono qualquer texto escrito em prosa, pois o mesmo compõe-se de
dez décimo décuplo décimo uma sequência lógica de ideias, todas organizadas e dispostas
onze décimo primeiro - onze avos em parágrafos minuciosamente construídos.
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos Frase: é todo enunciado capaz de transmitir, a quem nos
catorze décimo quarto - catorze avos ouve ou lê, tudo o que pensamos, queremos ou sentimos. Pode
quinze décimo quinto - quinze avos revestir as mais variadas formas, desde a simples palavra até
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos o período mais complexo, elaborado segundo os padrões
dezessete décimo sétimo - dezessete avos sintáticos do idioma. São exemplos de frases:
dezoito décimo oitavo - dezoito avos Socorro!
dezenove décimo nono - dezenove avos Muito obrigado!
vinte vigésimo - vinte avos Que horror!

Língua Portuguesa 40
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APOSTILAS OPÇÃO
Sentinela, alerta! A entoação é um elemento muito importante da frase falada,
Cada um por si e Deus por todos. pois nos dá uma ampla possibilidade de expressão. Dependendo
Grande nau, grande tormenta. de como é dita, uma frase simples como «É ela.» pode indicar
Por que agridem a natureza? constatação, dúvida, surpresa, indignação, decepção, etc.
“Tudo seco em redor.” (Graciliano Ramos) A mesma frase pode assumir sentidos diferentes, conforme o
“Boa tarde, mãe Margarida!” (Graciliano Ramos) tom com que a proferimos. Observe:
“Fumaça nas chaminés, o céu tranquilo, limpo o terreiro.” Olavo esteve aqui.
(Adonias Filho) Olavo esteve aqui?
“As luzes da cidade estavam amortecidas.” (Érico Veríssimo) Olavo esteve aqui?!
“Tropas do exército regular do Sul, ajustadas pelos Olavo esteve aqui!
seus aliados brancos de além mar, tinham sido levadas em
helicópteros para o lugar onde se presumia estivesse o inimigo, Questões
mas este se havia sumido por completo.” (Érico Veríssimo)
01. Marque apenas as frases nominais:
As frases são proferidas com entoação e pausas especiais, (A) Que voz estranha!
indicadas na escrita pelos sinais de pontuação. Muitas frases, (B) A lanterna produzia boa claridade.
principalmente as que se desviam do esquema sujeito + (C) As risadas não eram normais.
predicado, só podem ser entendidas dentro do contexto (= (D) Luisinho, não!
o escrito em que figuram) e na situação (= o ambiente, as
circunstâncias) em que o falante se encontra. Chamam-se frases 02. Classifique as frases em declarativa, interrogativa,
nominais as que se apresentam sem o verbo. Exemplo: Tudo exclamativa, optativa ou imperativa.
parado e morto. (A) Você está bem?
Quanto ao sentido, as frases podem ser: (B) Não olhe; não olhe, Luisinho!
(C) Que alívio!
Declarativas: aquela através da qual se enuncia algo, (D) Tomara que Luisinho não fique impressionado!
de forma afirmativa ou negativa. Encerram a declaração ou (E) Você se machucou?
enunciação de um juízo acerca de alguém ou de alguma coisa: (F) A luz jorrou na caverna.
Paulo parece inteligente. (afirmativa) (G) Agora suma, seu monstro!
Nunca te esquecerei. (negativa) (H) O túnel ficava cada vez mais escuro.
Neli não quis montar o cavalo velho, de pêlo ruço. (negativa)
Respostas
Interrogativas: aquela da qual se pergunta algo, direta 01. “a” e “d”
(com ponto de interrogação) ou indiretamente (sem ponto de
interrogação). São uma pergunta, uma interrogação: 02. a) interrogativa; b) imperativa; c) exclamativa; d)
Por que chegaste tão tarde? optativa; e) interrogativa; f) declarativa; g) imperativa; h)
Gostaria de saber que horas são. declarativa
“Por que faço eu sempre o que não queria” (Fernando Pessoa) Oração

Imperativas: aquela através da qual expressamos uma Oração: é todo enunciado linguístico dotado de sentido,
ordem, pedido ou súplica, de forma afirmativa ou negativa. porém há, necessariamente, a presença do verbo. A oração
Contêm uma ordem, proibição, exortação ou pedido: encerra uma frase (ou segmento de frase), várias frases ou um
“Cale-se! Respeite este templo.” (afirmativa) período, completando um pensamento e concluindo o enunciado
Não cometa imprudências. (negativa) através de ponto final, interrogação, exclamação e, em alguns
“Não me leves para o mar.” (negativa) casos, através de reticências.
Em toda oração há um verbo ou locução verbal (às vezes
Exclamativas: aquela através da qual externamos uma elípticos). Não têm estrutura sintática, portanto não são orações,
admiração. Traduzem admiração, surpresa, arrependimento, não podem ser analisadas sintaticamente frases como:
etc.:
Como eles são audaciosos! Socorro!
Não voltaram mais! Com licença!
Que rapaz impertinente!
Optativas: É aquela através da qual se exprime um desejo: Muito riso, pouco siso.
Bons ventos o levem!
Oxalá não sejam vãos tantos sacrifícios! Na oração as palavras estão relacionadas entre si, como
“E queira Deus que te não enganes, menino!” (Carlos de Laet) partes de um conjunto harmônico: elas formam os termos
ou as unidades sintáticas da oração. Cada termo da oração
Imprecativas: Encerram uma imprecação (praga, maldição): desempenha uma função sintática. Geralmente apresentam dois
“Esta luz me falte, se eu minto, senhor!” (Camilo Castelo grupos de palavras: um grupo sobre o qual se declara alguma
Branco) coisa (o sujeito), e um grupo que apresenta uma declaração (o
“Não encontres amor nas mulheres!” (Gonçalves Dias) predicado), e, excepcionalmente, só o predicado. Exemplo:
“Maldito seja quem arme ciladas no seu caminho!”
(Domingos Carvalho da Silva) A menina banhou-se na cachoeira.
A menina – sujeito
Como se vê dos exemplos citados, os diversos tipos de frase banhou-se na cachoeira – predicado
podem encerrar uma afirmação ou uma negação. No primeiro Choveu durante a noite. (a oração toda predicado)
caso, a frase é afirmativa, no segundo, negativa. O que caracteriza
e distingue esses diferentes tipos de frase é a entoação, ora O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em
ascendente ora descendente. número e pessoa. É normalmente o «ser de quem se declara
Muitas vezes, as frases assumem sentidos que só podem ser algo», «o tema do que se vai comunicar».
integralmente captados se atentarmos para o contexto em que O predicado é a parte da oração que contém “a informação
são empregadas. É o caso, por exemplo, das situações em que se nova para o ouvinte”. Normalmente, ele se refere ao sujeito,
explora a ironia. Pense, por exemplo, na frase “Que educação!”, constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito.
usada quando se vê alguém invadindo, com seu carro, a faixa de
pedestres. Nesse caso, ela expressa exatamente o contrário do Observe: O amor é eterno. O tema, o ser de quem se declara
que aparentemente diz. algo, o sujeito, é “O amor”. A declaração referente a “o amor”, ou

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APOSTILAS OPÇÃO
seja, o predicado, é «é eterno». nome se refere a objetos das primeira e segunda pessoas, o
sujeito é representado por um pronome pessoal do caso reto (eu,
Já na frase: Os rapazes jogam futebol. O sujeito é “Os rapazes”, tu, ele, etc.). Se o sujeito se refere a um objeto da terceira pessoa,
que identificamos por ser o termo que concorda em número e sua representação pode ser feita através de um substantivo, de
pessoa com o verbo “jogam”. O predicado é “jogam futebol”. um pronome substantivo ou de qualquer conjunto de palavras,
cujo núcleo funcione, na sentença, como um substantivo.
Núcleo de um termo é a palavra principal (geralmente um Exemplos:
substantivo, pronome ou verbo), que encerra a essência de Eu acompanho você até o guichê.
sua significação. Nos exemplos seguintes, as palavras amigo e eu: sujeito = pronome pessoal de primeira pessoa
revestiu são o núcleo do sujeito e do predicado, respectivamente: Vocês disseram alguma coisa?
“O amigo retardatário do presidente prepara-se para vocês: sujeito = pronome pessoal de segunda pessoa
desembarcar.” (Aníbal Machado) Marcos tem um fã-clube no seu bairro.
A avezinha revestiu o interior do ninho com macias plumas. Marcos: sujeito = substantivo próprio
Ninguém entra na sala agora.
Os termos da oração da língua portuguesa são classificados ninguém: sujeito = pronome substantivo
em três grandes níveis: O andar deve ser uma atividade diária.
- Termos Essenciais da Oração: Sujeito e Predicado. o andar: sujeito = núcleo: verbo substantivado nessa oração

- Termos Integrantes da Oração: Complemento Nominal e Além dessas formas, o sujeito também pode se constituir
Complementos Verbais (Objeto Direto, Objeto indireto e Agente de uma oração inteira. Nesse caso, a oração recebe o nome de
da Passiva). oração substantiva subjetiva:

- Termos Acessórios da Oração: Adjunto Adnominal, É difícil optar por esse ou aquele doce...
Adjunto Adverbial, Aposto e Vocativo. É difícil: oração principal
optar por esse ou aquele doce: oração substantiva subjetiva
Termos Essenciais da Oração: São dois os termos essenciais
(ou fundamentais) da oração: sujeito e predicado. Exemplos: O sujeito é constituído por um substantivo ou pronome, ou
por uma palavra ou expressão substantivada. Exemplos:
Sujeito Predicado O sino era grande.
Pobreza não é vileza. Ela tem uma educação fina.
Vossa Excelência agiu com imparcialidade.
Os sertanistas capturavam os índios. Isto não me agrada.
Um vento áspero sacudia as árvores.
O núcleo (isto é, a palavra base) do sujeito é, pois, um
Sujeito: é equivocado dizer que o sujeito é aquele que pratica substantivo ou pronome. Em torno do núcleo podem aparecer
uma ação ou é aquele (ou aquilo) do qual se diz alguma coisa. Ao palavras secundárias (artigos, adjetivos, locuções adjetivas, etc.).
fazer tal afirmação estamos considerando o aspecto semântico Exemplo: “Todos os ligeiros rumores da mata tinham uma
do sujeito (agente de uma ação) ou o seu aspecto estilístico voz para a selvagem filha do sertão.” (José de Alencar)
(o tópico da sentença). Já que o sujeito é depreendido de uma
análise sintática, vamos restringir a definição apenas ao seu O sujeito pode ser:
papel sintático na sentença: aquele que estabelece concordância
com o núcleo do predicado. Quando se trata de predicado verbal, Simples: quando tem um só núcleo: As rosas têm espinhos;
o núcleo é sempre um verbo; sendo um predicado nominal, o “Um bando de galinhas-d’angola atravessa a rua em fila indiana.”
núcleo é sempre um nome. Então têm por características básicas: Composto: quando tem mais de um núcleo: “O burro e o
- estabelecer concordância com o núcleo do predicado; cavalo nadavam ao lado da canoa.”
- apresentar-se como elemento determinante em relação ao Expresso: quando está explícito, enunciado: Eu viajarei
predicado; amanhã.
- constituir-se de um substantivo, ou pronome substantivo Oculto (ou elíptico): quando está implícito, isto é, quando
ou, ainda, qualquer palavra substantivada. não está expresso, mas se deduz do contexto: Viajarei amanhã.
(sujeito: eu, que se deduz da desinência do verbo); “Um soldado
Exemplo: saltou para a calçada e aproximou-se.” (o sujeito, soldado, está
expresso na primeira oração e elíptico na segunda: e (ele)
A padaria está fechada hoje. aproximou-se.); Crianças, guardem os brinquedos. (sujeito:
está fechada hoje: predicado nominal vocês)
fechada: nome adjetivo = núcleo do predicado Agente: se faz a ação expressa pelo verbo da voz ativa: O Nilo
a padaria: sujeito fertiliza o Egito.
padaria: núcleo do sujeito - nome feminino singular Paciente: quando sofre ou recebe os efeitos da ação expressa
pelo verbo passivo: O criminoso é atormentado pelo remorso;
No interior de uma sentença, o sujeito é o termo determinante, Muitos sertanistas foram mortos pelos índios; Construíram-se
ao passo que o predicado é o termo determinado. Essa posição açudes. (= Açudes foram construídos.)
de determinante do sujeito em relação ao predicado adquire Agente e Paciente: quando o sujeito realiza a ação expressa
sentido com o fato de ser possível, na língua portuguesa, uma por um verbo reflexivo e ele mesmo sofre ou recebe os efeitos
sentença sem sujeito, mas nunca uma sentença sem predicado. dessa ação: O operário feriu-se durante o trabalho; Regina
Exemplo: trancou-se no quarto.
Indeterminado: quando não se indica o agente da ação
As formigas invadiram minha casa. verbal: Atropelaram uma senhora na esquina. (Quem atropelou
as formigas: sujeito = termo determinante a senhora? Não se diz, não se sabe quem a atropelou.); Come-se
invadiram minha casa: predicado = termo determinado bem naquele restaurante.
Há formigas na minha casa.
há formigas na minha casa: predicado = termo determinado Observações:
sujeito: inexistente - Não confundir sujeito indeterminado com sujeito oculto.
- Sujeito formado por pronome indefinido não é
O sujeito sempre se manifesta em termos de sintagma indeterminado, mas expresso: Alguém me ensinará o caminho.
nominal, isto é, seu núcleo é sempre um nome. Quando esse Ninguém lhe telefonou.

Língua Portuguesa 42
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APOSTILAS OPÇÃO
- Assinala-se a indeterminação do sujeito usando-se o Minha empregada é desastrada.
verbo na 3ª pessoa do plural, sem referência a qualquer agente predicado: é desastrada
já expresso nas orações anteriores: Na rua olhavam-no com núcleo do predicado: desastrada = atributo do sujeito
admiração; “Bateram palmas no portãozinho da frente.”; “De tipo de predicado: nominal
qualquer modo, foi uma judiação matarem a moça.”
- Assinala-se a indeterminação do sujeito com um verbo O núcleo do predicado nominal chama-se predicativo
ativo na 3ª pessoa do singular, acompanhado do pronome se. O do sujeito, porque atribui ao sujeito uma qualidade ou
pronome se, neste caso, é índice de indeterminação do sujeito. característica. Os verbos de ligação (ser, estar, parecer, etc.)
Pode ser omitido junto de infinitivos. funcionam como um elo entre o sujeito e o predicado.
Aqui vive-se bem.
Devagar se vai ao longe. A empreiteira demoliu nosso antigo prédio.
Quando se é jovem, a memória é mais vivaz. predicado: demoliu nosso antigo prédio
Trata-se de fenômenos que nem a ciência sabe explicar. núcleo do predicado: demoliu = nova informação sobre o
sujeito
- Assinala-se a indeterminação do sujeito deixando-se o tipo de predicado: verbal
verbo no infinitivo impessoal: Era penoso carregar aqueles
fardos enormes; É triste assistir a estas cenas repulsivas. Os manifestantes desciam a rua desesperados.
predicado: desciam a rua desesperados
Normalmente, o sujeito antecede o predicado; todavia, a núcleos do predicado: desciam = nova informação sobre o
posposição do sujeito ao verbo é fato corriqueiro em nossa sujeito; desesperados = atributo do sujeito
língua. tipo de predicado: verbo-nominal
Exemplos:
É fácil este problema! Nos predicados verbais e verbo-nominais o verbo é
Vão-se os anéis, fiquem os dedos. responsável também por definir os tipos de elementos que
“Breve desapareceram os dois guerreiros entre as árvores.” aparecerão no segmento. Em alguns casos o verbo sozinho basta
(José de Alencar) para compor o predicado (verbo intransitivo). Em outros casos
é necessário um complemento que, juntamente com o verbo,
Sem Sujeito: constituem a enunciação pura e absoluta de um constituem a nova informação sobre o sujeito. De qualquer
fato, através do predicado; o conteúdo verbal não é atribuído a forma, esses complementos do verbo não interferem na tipologia
nenhum ser. São construídas com os verbos impessoais, na 3ª do predicado.
pessoa do singular: Havia ratos no porão; Choveu durante o jogo. Entretanto, é muito comum a elipse (ou omissão) do verbo,
Observação: São verbos impessoais: Haver (nos sentidos quando este puder ser facilmente subentendido, em geral por
de existir, acontecer, realizar-se, decorrer), Fazer, passar, ser estar expresso ou implícito na oração anterior. Exemplos:
e estar, com referência ao tempo e Chover, ventar, nevar, gear,
relampejar, amanhecer, anoitecer e outros que exprimem “A fraqueza de Pilatos é enorme, a ferocidade dos algozes
fenômenos meteorológicos. inexcedível.” (Machado de Assis) (Está subentendido o verbo é
depois de algozes)
Predicado: assim como o sujeito, o predicado é um “Mas o sal está no Norte, o peixe, no Sul” (Paulo Moreira da
segmento extraído da estrutura interna das orações ou das Silva) (Subentende-se o verbo está depois de peixe)
frases, sendo, por isso, fruto de uma análise sintática. Nesse “A cidade parecia mais alegre; o povo, mais contente.” (Povina
sentido, o predicado é sintaticamente o segmento linguístico Cavalcante) (isto é: o povo parecia mais contente)
que estabelece concordância com outro termo essencial
da oração, o sujeito, sendo este o termo determinante (ou Chama-se predicação verbal o modo pelo qual o verbo
subordinado) e o predicado o termo determinado (ou principal). forma o predicado.
Não se trata, portanto, de definir o predicado como “aquilo Há verbos que, por natureza, tem sentido completo,
que se diz do sujeito” como fazem certas gramáticas da língua podendo, por si mesmos, constituir o predicado: são os verbos
portuguesa, mas sim estabelecer a importância do fenômeno de predicação completa denominados intransitivos. Exemplo:
da concordância entre esses dois termos essenciais da oração.
Então têm por características básicas: apresentar-se como As flores murcharam.
elemento determinado em relação ao sujeito; apontar um Os animais correm.
atributo ou acrescentar nova informação ao sujeito. As folhas caem.

Exemplo: Outros verbos há, pelo contrário, que para integrarem


Carolina conhece os índios da Amazônia. o predicado necessitam de outros termos: são os verbos de
sujeito: Carolina = termo determinante predicação incompleta, denominados transitivos. Exemplos:
predicado: conhece os índios da Amazônia = termo
determinado João puxou a rede.
“Não invejo os ricos, nem aspiro à riqueza.” (Oto Lara
Nesses exemplos podemos observar que a concordância é Resende)
estabelecida entre algumas poucas palavras dos dois termos “Não simpatizava com as pessoas investidas no poder.”
essenciais. No primeiro exemplo, entre “Carolina” e “conhece”; (Camilo Castelo Branco)
no segundo exemplo, entre “nós” e “fazemos”. Isso se dá porque
a concordância é centrada nas palavras que são núcleos, isto Observe que, sem os seus complementos, os verbos puxou,
é, que são responsáveis pela principal informação naquele invejo, aspiro, etc., não transmitiriam informações completas:
segmento. No predicado o núcleo pode ser de dois tipos: um puxou o quê? Não invejo a quem? Não aspiro a quê?
nome, quase sempre um atributo que se refere ao sujeito da Os verbos de predicação completa denominam-se
oração, ou um verbo (ou locução verbal). No primeiro caso, intransitivos e os de predicação incompleta, transitivos. Os
temos um predicado nominal (seu núcleo significativo é um verbos transitivos subdividem-se em: transitivos diretos,
nome, substantivo, adjetivo, pronome, ligado ao sujeito por transitivos indiretos e transitivos diretos e indiretos
um verbo de ligação) e no segundo um predicado verbal (seu (bitransitivos).
núcleo é um verbo, seguido, ou não, de complemento(s) ou Além dos verbos transitivos e intransitivos, quem encerram
termos acessórios). Quando, num mesmo segmento o nome e o uma noção definida, um conteúdo significativo, existem os de
verbo são de igual importância, ambos constituem o núcleo do ligação, verbos que entram na formação do predicado nominal,
predicado e resultam no tipo de predicado verbo-nominal (tem relacionando o predicativo com o sujeito.
dois núcleos significativos: um verbo e um nome). Exemplos:

Língua Portuguesa 43
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APOSTILAS OPÇÃO
Quanto à predicação classificam-se, pois os verbos em: preposição: aludir a ele, anuir a ele, assistir a ela, atentar nele,
Intransitivos: são os que não precisam de complemento, depender dele, investir contra ele, não ligar para ele, etc.
pois têm sentido completo. Em princípio, verbos transitivos indiretos não comportam
“Três contos bastavam, insistiu ele.” (Machado de Assis) a forma passiva. Excetuam-se pagar, perdoar, obedecer, e
“Os guerreiros Tabajaras dormem.” (José de Alencar) pouco mais, usados também como transitivos diretos: João
“A pobreza e a preguiça andam sempre em companhia.” paga (perdoa, obedece) o médico. O médico é pago (perdoado,
(Marquês de Maricá) obedecido) por João. Há verbos transitivos indiretos, como
atirar, investir, contentar-se, etc., que admitem mais de uma
Observações: Os verbos intransitivos podem vir preposição, sem mudança de sentido. Outros mudam de sentido
acompanhados de um adjunto adverbial e mesmo de um com a troca da preposição, como nestes exemplos: Trate de sua
predicativo (qualidade, características): Fui cedo; Passeamos vida. (tratar=cuidar). É desagradável tratar com gente grosseira.
pela cidade; Cheguei atrasado; Entrei em casa aborrecido. (tratar=lidar). Verbos como aspirar, assistir, dispor, servir, etc.,
As orações formadas com verbos intransitivos não podem variam de significação conforme sejam usados como transitivos
“transitar” (= passar) para a voz passiva. Verbos intransitivos diretos ou indiretos.
passam, ocasionalmente, a transitivos quando construídos com
o objeto direto ou indireto. Transitivos Diretos e Indiretos: são os que se usam com
- “Inutilmente a minha alma o chora!” (Cabral do Nascimento) dois objetos: um direto, outro indireto, concomitantemente.
- “Depois me deitei e dormi um sono pesado.” (Luís Jardim) Exemplos:
- “Morrerás morte vil da mão de um forte.” (Gonçalves Dias) No inverno, Dona Cléia dava roupas aos pobres.
- “Inútil tentativa de viajar o passado, penetrar no mundo A empresa fornece comida aos trabalhadores.
que já morreu...” (Ciro dos Anjos) Oferecemos flores à noiva.
Alguns verbos essencialmente intransitivos: anoitecer, Ceda o lugar aos mais velhos.
crescer, brilhar, ir, agir, sair, nascer, latir, rir, tremer, brincar,
chegar, vir, mentir, suar, adoecer, etc. De Ligação: Os que ligam ao sujeito uma palavra ou
expressão chamada predicativo. Esses verbos, entram na
Transitivos Diretos: são os que pedem um objeto direto, isto formação do predicado nominal. Exemplos:
é, um complemento sem preposição. Pertencem a esse grupo: A Terra é móvel.
julgar, chamar, nomear, eleger, proclamar, designar, considerar, A água está fria.
declarar, adotar, ter, fazer, etc. Exemplos: O moço anda (=está) triste.
Comprei um terreno e construí a casa. A Lua parecia um disco.
“Trabalho honesto produz riqueza honrada.” (Marquês de
Maricá) Observações: Os verbos de ligação não servem apenas de
“Então, solenemente Maria acendia a lâmpada de sábado.” anexo, mas exprimem ainda os diversos aspectos sob os quais
(Guedes de Amorim) se considera a qualidade atribuída ao sujeito. O verbo ser, por
exemplo, traduz aspecto permanente e o verbo estar, aspecto
Dentre os verbos transitivos diretos merecem destaque os transitório: Ele é doente. (aspecto permanente); Ele está doente.
que formam o predicado verbo nominal e se constrói com o (aspecto transitório). Muito desses verbos passam à categoria
complemento acompanhado de predicativo. Exemplos: dos intransitivos em frases como: Era =existia) uma vez uma
Consideramos o caso extraordinário. princesa.; Eu não estava em casa.; Fiquei à sombra.; Anda com
Inês trazia as mãos sempre limpas. dificuldades.; Parece que vai chover.
O povo chamava-os de anarquistas.
Julgo Marcelo incapaz disso. Os verbos, relativamente à predicação, não têm classificação
fixa, imutável. Conforme a regência e o sentido que apresentam
Observações: Os verbos transitivos diretos, em geral, podem na frase, podem pertencer ora a um grupo, ora a outro. Exemplos:
ser usados também na voz passiva; Outra característica desses O homem anda. (intransitivo)
verbos é a de poderem receber como objeto direto, os pronomes O homem anda triste. (de ligação)
o, a, os, as: convido-o, encontro-os, incomodo-a, conheço-as; Os
verbos transitivos diretos podem ser construídos acidentalmente O cego não vê. (intransitivo)
com preposição, a qual lhes acrescenta novo matiz semântico: O cego não vê o obstáculo. (transitivo direto)
arrancar da espada; puxar da faca; pegar de uma ferramenta;
tomar do lápis; cumprir com o dever; Alguns verbos transitivos Não dei com a chave do enigma. (transitivo indireto)
diretos: abençoar, achar, colher, avisar, abraçar, comprar, Os pais dão conselhos aos filhos. (transitivo direto e indireto)
castigar, contrariar, convidar, desculpar, dizer, estimar, elogiar,
entristecer, encontrar, ferir, imitar, levar, perseguir, prejudicar, Predicativo: Há o predicativo do sujeito e o predicativo do
receber, saldar, socorrer, ter, unir, ver, etc. objeto.

Transitivos Indiretos: são os que reclamam um Predicativo do Sujeito: é o termo que exprime um atributo,
complemento regido de preposição, chamado objeto indireto. um estado ou modo de ser do sujeito, ao qual se prende por um
Exemplos: verbo de ligação, no predicado nominal. Exemplos:
“Ninguém perdoa ao quarentão que se apaixona por uma A bandeira é o símbolo da Pátria.
adolescente.” (Ciro dos Anjos) A mesa era de mármore.
“Populares assistiam à cena aparentemente apáticos e
neutros.” (Érico Veríssimo) Além desse tipo de predicativo, outro existe que entra na
“Lúcio não atinava com essa mudança instantânea.” (José constituição do predicado verbo-nominal. Exemplos:
Américo) O trem chegou atrasado. (=O trem chegou e estava
“Do que eu mais gostava era do tempo do retiro espiritual.” atrasado.)
(José Geraldo Vieira) O menino abriu a porta ansioso.
Todos partiram alegres.
Observações: Entre os verbos transitivos indiretos importa
distinguir os que se constroem com os pronomes objetivos lhe, Observações: O predicativo subjetivo às vezes está
lhes. Em geral são verbos que exigem a preposição a: agradar-lhe, preposicionado; Pode o predicativo preceder o sujeito e até
agradeço-lhe, apraz-lhe, bate-lhe, desagrada-lhe, desobedecem- mesmo ao verbo: São horríveis essas coisas!; Que linda
lhe, etc. Entre os verbos transitivos indiretos importa distinguir estava Amélia!; Completamente feliz ninguém é.; Raros são os
os que não admitem para objeto indireto as formas oblíquas verdadeiros líderes.; Quem são esses homens?; Lentos e tristes,
lhe, lhes, construindo-se com os pronomes retos precedidos de os retirantes iam passando.; Novo ainda, eu não entendia certas

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coisas.; Onde está a criança que fui? mais a ele do que aos outros filhos.”; “Pareceu-me que Roberto
Predicativo do Objeto: é o termo que se refere ao objeto de hostilizava antes a mim do que à ideia.”; “Ricardina lastimava o
um verbo transitivo. Exemplos: seu amigo como a si própria.”; “Amava-a tanto como a nós”.
O juiz declarou o réu inocente. - Quando o objeto é o pronome relativo quem: “Pedro
O povo elegeu-o deputado. Severiano tinha um filho a quem idolatrava.”; “Abraçou a todos;
deu um beijo em Adelaide, a quem felicitou pelo desenvolvimento
Observações: O predicativo objetivo, como vemos dos das suas graças.”; “Agora sabia que podia manobrar com ele, com
exemplos acima, às vezes vem regido de preposição. Esta, em aquele homem a quem na realidade também temia, como todos
certos casos, é facultativa; O predicativo objetivo geralmente ali”.
se refere ao objeto direto. Excepcionalmente, pode referir-se - Quando precisamos assegurar a clareza da frase, evitando
ao objeto indireto do verbo chamar. Chamavam-lhe poeta; que o objeto direto seja tomado como sujeito, impedindo
Podemos antepor o predicativo a seu objeto: O advogado construções ambíguas: Convence, enfim, ao pai o filho amado.;
considerava indiscutíveis os direitos da herdeira.; Julgo “Vence o mal ao remédio.”; “Tratava-me sem cerimônia, como a
inoportuna essa viagem.; “E até embriagado o vi muitas um irmão.”; A qual delas iria homenagear o cavaleiro?
vezes.”; “Tinha estendida a seus pés uma planta rústica da - Em expressões de reciprocidade, para garantir a clareza e a
cidade.”; “Sentia ainda muito abertos os ferimentos que aquele eufonia da frase: “Os tigres despedaçam-se uns aos outros.”; “As
choque com o mundo me causara.” companheiras convidavam-se umas às outras.”; “Era o abraço de
duas criaturas que só tinham uma à outra”.
Termos Integrantes da Oração - Com nomes próprios ou comuns, referentes a pessoas,
Chamam-se termos integrantes da oração os que completam principalmente na expressão dos sentimentos ou por amor da
a significação transitiva dos verbos e nomes. Integram (inteiram, eufonia da frase: Judas traiu a Cristo.; Amemos a Deus sobre
completam) o sentido da oração, sendo por isso indispensável à todas as coisas. “Provavelmente, enganavam é a Pedro.”; “O
compreensão do enunciado. São os seguintes: estrangeiro foi quem ofendeu a Tupã”.
- Complemento Verbais (Objeto Direto e Objeto Indireto); - Em construções enfáticas, nas quais antecipamos o objeto
- Complemento Nominal; direto para dar-lhe realce: A você é que não enganam!; Ao
- Agente da Passiva. médico, confessor e letrado nunca enganes.; “A este confrade
conheço desde os seus mais tenros anos”.
Objeto Direto: é o complemento dos verbos de predicação - Sendo objeto direto o numeral ambos(as): “O aguaceiro
incompleta, não regido, normalmente, de preposição. Exemplos: caiu, molhou a ambos.”; “Se eu previsse que os matava a
As plantas purificaram o ar. ambos...”.
“Nunca mais ele arpoara um peixe-boi.” (Ferreira Castro) - Com certos pronomes indefinidos, sobretudo referentes a
Procurei o livro, mas não o encontrei. pessoas: Se todos são teus irmãos, por que amas a uns e odeias a
Ninguém me visitou. outros?; Aumente a sua felicidade, tornando felizes também aos
outros.; A quantos a vida ilude!.
O objeto direto tem as seguintes características: - Em certas construções enfáticas, como puxar (ou arrancar)
- Completa a significação dos verbos transitivos diretos; da espada, pegar da pena, cumprir com o dever, atirar com os
- Normalmente, não vem regido de preposição; livros sobre a mesa, etc.: “Arrancam das espadas de aço fino...”;
- Traduz o ser sobre o qual recai a ação expressa por um “Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou
verbo ativo: Caim matou Abel. da linha, enfiou a linha na agulha e entrou a coser.”; “Imagina-se
- Torna-se sujeito da oração na voz passiva: Abel foi morto a consternação de Itaguaí, quando soube do caso.”
por Caim.
Observações: Nos quatro primeiros casos estudados a
O objeto direto pode ser constituído: preposição é de rigor, nos cinco outros, facultativa; A substituição
- Por um substantivo ou expressão substantivada: O lavrador do objeto direto preposicionado pelo pronome oblíquo átono,
cultiva a terra.; Unimos o útil ao agradável. quando possível, se faz com as formas o(s), a(s) e não lhe,
- Pelos pronomes oblíquos o, a, os, as, me, te, se, nos, vos: lhes: amar a Deus (amá-lo); convencer ao amigo (convencê-
Espero-o na estação.; Estimo-os muito.; Sílvia olhou-se ao lo); O objeto direto preposicionado, é obvio, só ocorre com
espelho.; Não me convidas?; Ela nos chama.; Avisamo-lo a verbo transitivo direto; Podem resumir-se em três as razões
tempo.; Procuram-na em toda parte.; Meu Deus, eu vos amo.; ou finalidades do emprego do objeto direto preposicionado:
“Marchei resolutamente para a maluca e intimei-a a ficar a clareza da frase; a harmonia da frase; a ênfase ou a força da
quieta.”; “Vós haveis de crescer, perder-vos-ei de vista.” expressão.
- Por qualquer pronome substantivo: Não vi ninguém na
loja.; A árvore que plantei floresceu. (que: objeto direto de Objeto Direto Pleonástico: Quando queremos dar destaque
plantei); Onde foi que você achou isso? Quando vira as folhas do ou ênfase à ideia contida no objeto direto, colocamo-lo no
livro, ela o faz com cuidado.; “Que teria o homem percebido nos início da frase e depois o repetimos ou reforçamos por meio do
meus escritos?” pronome oblíquo. A esse objeto repetido sob forma pronominal
chama-se pleonástico, enfático ou redundante. Exemplos:
Frequentemente transitivam-se verbos intransitivos, dando- O dinheiro, Jaime o trazia escondido nas mangas da camisa.
se-lhes por objeto direto uma palavra cognata ou da mesma O bem, muitos o louvam, mas poucos o seguem.
esfera semântica: “Seus cavalos, ela os montava em pelo.” (Jorge Amado)
“Viveu José Joaquim Alves vida tranquila e patriarcal.”
(Vivaldo Coaraci) Objeto Indireto: É o complemento verbal regido de
“Pela primeira vez chorou o choro da tristeza.” (Aníbal preposição necessária e sem valor circunstancial. Representa,
Machado) ordinariamente, o ser a que se destina ou se refere à ação verbal:
“Nenhum de nós pelejou a batalha de Salamina.” (Machado “Nunca desobedeci a meu pai”. O objeto indireto completa a
de Assis) significação dos verbos:
Em tais construções é de rigor que o objeto venha
acompanhado de um adjunto. - Transitivos Indiretos: Assisti ao jogo; Assistimos à missa e
à festa; Aludiu ao fato; Aspiro a uma vida calma.
Objeto Direto Preposicionado: Há casos em que o objeto - Transitivos Diretos e Indiretos (na voz ativa ou passiva):
direto, isto é, o complemento de verbos transitivos diretos, vem Dou graças a Deus; Ceda o lugar aos mais velhos; Dedicou sua
precedido de preposição, geralmente a preposição a. Isto ocorre vida aos doentes e aos pobres; Disse-lhe a verdade. (Disse a
principalmente: verdade ao moço.)
- Quando o objeto direto é um pronome pessoal tônico:
Deste modo, prejudicas a ti e a ela.; “Mas dona Carolina amava O objeto indireto pode ainda acompanhar verbos de outras

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categorias, os quais, no caso, são considerados acidentalmente A multidão aclamava a rainha. (voz ativa)
transitivos indiretos: A bom entendedor meia palavra basta; Ele será acompanhado por ti. (voz passiva)
Sobram-lhe qualidades e recursos. (lhe=a ele); Isto não lhe
convém; A proposta pareceu-lhe aceitável. Observações:
Frase de forma passiva analítica sem complemento agente
Observações: Há verbos que podem construir-se com dois expresso, ao passar para a ativa, terá sujeito indeterminado
objetos indiretos, regidos de preposições diferentes: Rogue a e o verbo na 3ª pessoa do plural: Ele foi expulso da cidade.
Deus por nós.; Ela queixou-se de mim a seu pai.; Pedirei para (Expulsaram-no da cidade.); As florestas são devastadas.
ti a meu senhor um rico presente; Não confundir o objeto direto (Devastam as florestas.); Na passiva pronominal não se declara
com o complemento nominal nem com o adjunto adverbial; Em o agente: Nas ruas assobiavam-se as canções dele pelos
frases como “Para mim tudo eram alegrias”, “Para ele nada é pedestres. (errado); Nas ruas eram assobiadas as canções dele
impossível”, os pronomes em destaque podem ser considerados pelos pedestres. (certo); Assobiavam-se as canções dele nas
adjuntos adverbiais. ruas. (certo)

O objeto indireto é sempre regido de preposição, expressa Termos Acessórios da Oração


ou implícita. A preposição está implícita nos pronomes objetivos
indiretos (átonos) me, te, se, lhe, nos, vos, lhes. Exemplos: Termos acessórios são os que desempenham na oração
Obedece-me. (=Obedece a mim.); Isto te pertence. (=Isto uma função secundária, qual seja a de caracterizar um ser,
pertence a ti.); Rogo-lhe que fique. (=Rogo a você...); Peço- determinar os substantivos, exprimir alguma circunstância. São
vos isto. (=Peço isto a vós.). Nos demais casos a preposição é três os termos acessórios da oração: adjunto adnominal, adjunto
expressa, como característica do objeto indireto: Recorro a adverbial e aposto.
Deus.; Dê isto a (ou para) ele.; Contenta-se com pouco.; Ele Adjunto adnominal: É o termo que caracteriza ou determina
só pensa em si.; Esperei por ti.; Falou contra nós.; Conto com os substantivos. Exemplo: Meu irmão veste roupas vistosas.
você.; Não preciso disto.; O filme a que assisti agradou ao (Meu determina o substantivo irmão: é um adjunto adnominal
público.; Assisti ao desenrolar da luta.; A coisa de que mais – vistosas caracteriza o substantivo roupas: é também adjunto
gosto é pescar.; A pessoa a quem me refiro você a conhece.; Os adnominal).
obstáculos contra os quais luto são muitos.; As pessoas com O adjunto adnominal pode ser expresso: Pelos adjetivos:
quem conto são poucas. água fresca, terras férteis, animal feroz; Pelos artigos: o
mundo, as ruas, um rapaz; Pelos pronomes adjetivos: nosso tio,
Como atestam os exemplos acima, o objeto indireto é este lugar, pouco sal, muitas rãs, país cuja história conheço,
representado pelos substantivos (ou expressões substantivas) que rua?; Pelos numerais: dois pés, quinto ano, capítulo sexto;
ou pelos pronomes. As preposições que o ligam ao verbo são: a, Pelas locuções ou expressões adjetivas que exprimem qualidade,
com, contra, de, em, para e por. posse, origem, fim ou outra especificação:
- presente de rei (=régio): qualidade
Objeto Indireto Pleonástico: à semelhança do objeto direto, - livro do mestre, as mãos dele: posse, pertença
o objeto indireto pode vir repetido ou reforçado, por ênfase. - água da fonte, filho de fazendeiros: origem
Exemplos: “A mim o que me deu foi pena.”; “Que me importa - fio de aço, casa de madeira: matéria
a mim o destino de uma mulher tísica...? “E, aos brigões, - casa de ensino, aulas de inglês: fim, especialidade
incapazes de se moverem, basta-lhes xingarem-se a distância.”
Observações: Não confundir o adjunto adnominal formado
Complemento Nominal: é o termo complementar reclamado por locução adjetiva com complemento nominal. Este representa
pela significação transitiva, incompleta, de certos substantivos, o alvo da ação expressa por um nome transitivo: a eleição do
adjetivos e advérbios. Vem sempre regido de preposição. presidente, aviso de perigo, declaração de guerra, empréstimo
Exemplos: A defesa da pátria; Assistência às aulas; “O ódio ao de dinheiro, plantio de árvores, colheita de trigo, destruidor
mal é amor do bem, e a ira contra o mal, entusiasmo divino.”; de matas, descoberta de petróleo, amor ao próximo, etc. O
“Ah, não fosse ele surdo à minha voz!” adjunto adnominal formado por locução adjetiva representa
o agente da ação, ou a origem, pertença, qualidade de alguém
Observações: O complemento nominal representa o ou de alguma coisa: o discurso do presidente, aviso de amigo,
recebedor, o paciente, o alvo da declaração expressa por um declaração do ministro, empréstimo do banco, a casa do
nome: amor a Deus, a condenação da violência, o medo de fazendeiro, folhas de árvores, farinha de trigo, beleza das
assaltos, a remessa de cartas, útil ao homem, compositor matas, cheiro de petróleo, amor de mãe.
de músicas, etc. É regido pelas mesmas preposições usadas
no objeto indireto. Difere deste apenas porque, em vez de Adjunto adverbial: É o termo que exprime uma circunstância
complementar verbos, complementa nomes (substantivos, (de tempo, lugar, modo, etc.) ou, em outras palavras, que modifica
adjetivos) e alguns advérbios em –mente. Os nomes que o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio. Exemplo: “Meninas
requerem complemento nominal correspondem, geralmente, a numa tarde brincavam de roda na praça”. O adjunto adverbial
verbos de mesmo radical: amor ao próximo, amar o próximo; é expresso: Pelos advérbios: Cheguei cedo.; Ande devagar.;
perdão das injúrias, perdoar as injúrias; obediente aos pais, Maria é mais alta.; Não durma ao volante.; Moramos aqui.;
obedecer aos pais; regresso à pátria, regressar à pátria; etc. Ele fala bem, fala corretamente.; Volte bem depressa.; Talvez
esteja enganado.; Pelas locuções ou expressões adverbiais: Às
Agente da Passiva: é o complemento de um verbo na voz vezes viajava de trem.; Compreendo sem esforço.; Saí com meu
passiva. Representa o ser que pratica a ação expressa pelo verbo pai.; Júlio reside em Niterói.; Errei por distração.; Escureceu
passivo. Vem regido comumente pela preposição por, e menos de repente.
frequentemente pela preposição de: Alfredo é estimado pelos
colegas; A cidade estava cercada pelo exército romano; “Era Observações: Pode ocorrer a elipse da preposição antes
conhecida de todo mundo a fama de suas riquezas.” de adjuntos adverbiais de tempo e modo: Aquela noite, não
dormi. (=Naquela noite...); Domingo que vem não sairei. (=No
O agente da passiva pode ser expresso pelos substantivos ou domingo...); Ouvidos atentos, aproximei-me da porta. (=De
pelos pronomes: ouvidos atentos...); Os adjuntos adverbiais classificam-se de
As flores são umedecidas pelo orvalho. acordo com as circunstâncias que exprimem: adjunto adverbial
A carta foi cuidadosamente corrigida por mim. de lugar, modo, tempo, intensidade, causa, companhia, meio,
assunto, negação, etc. É importante saber distinguir adjunto
O agente da passiva corresponde ao sujeito da oração na voz adverbial de adjunto adnominal, de objeto indireto e de
ativa: complemento nominal: sair do mar (ad.adv.); água do mar (adj.
A rainha era chamada pela multidão. (voz passiva) adn.); gosta do mar (obj.indir.); ter medo do mar (compl.nom.).

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APOSTILAS OPÇÃO
Aposto: É uma palavra ou expressão que explica ou esclarece, “Ó Dr. Nogueira, mande-me cá o Padilha, amanhã!”
desenvolve ou resume outro termo da oração. Exemplos: (Graciliano Ramos)
D. Pedro II, imperador do Brasil, foi um monarca sábio. “Esconde-te, ó sol de maio, ó alegria do mundo!” (Camilo
“Nicanor, ascensorista, expôs-me seu caso de consciência.” Castelo Branco)
(Carlos Drummond de Andrade) O vocativo é um tempo à parte. Não pertence à estrutura da
oração, por isso não se anexa ao sujeito nem ao predicado.
O núcleo do aposto é um substantivo ou um pronome
substantivo: Questões
Foram os dois, ele e ela.
Só não tenho um retrato: o de minha irmã. 01. O termo em destaque é adjunto adverbial de intensidade
em:
O aposto não pode ser formado por adjetivos. Nas frases (A) pode aprender e assimilar MUITA coisa
seguintes, por exemplo, não há aposto, mas predicativo do (B) enfrentamos MUITAS novidades
sujeito: (C) precisa de um parceiro com MUITO caráter
Audaciosos, os dois surfistas atiraram-se às ondas. (D) não gostam de mulheres MUITO inteligentes
As borboletas, leves e graciosas, esvoaçavam num balé de (E) assumimos MUITO conflito e confusão
cores.
02. Assinale a alternativa correta: “para todos os males, há
Os apostos, em geral, destacam-se por pausas, indicadas, na dois remédios: o tempo e o silêncio”, os termos grifados são
escrita, por vírgulas, dois pontos ou travessões. Não havendo respectivamente:
pausa, não haverá vírgula, como nestes exemplos: (A) sujeito – objeto direto;
Minha irmã Beatriz; o escritor João Ribeiro; o romance Tóia; (B) sujeito – aposto;
o rio Amazonas; a Rua Osvaldo Cruz; o Colégio Tiradentes, etc. (C) objeto direto – aposto;
“Onde estariam os descendentes de Amaro vaqueiro?” (D) objeto direto – objeto direto;
(Graciliano Ramos) (E) objeto direto – complemento nominal.

O aposto pode preceder o termo a que se refere, o qual, às Respostas


vezes, está elíptico. Exemplos: 01. D\02. C
Rapaz impulsivo, Mário não se conteve.
Mensageira da ideia, a palavra é a mais bela expressão da Período
alma humana.
Período: Toda frase com uma ou mais orações constitui um
O aposto, às vezes, refere-se a toda uma oração. Exemplos: período, que se encerra com ponto de exclamação, ponto de
Nuvens escuras borravam os espaços silenciosos, sinal de interrogação ou com reticências.
tempestade iminente. O período é simples quando só traz uma oração, chamada
O espaço é incomensurável, fato que me deixa atônito. absoluta; o período é composto quando traz mais de uma
oração. Exemplo: Pegou fogo no prédio. (Período simples, oração
Um aposto pode referir-se a outro aposto: absoluta.); Quero que você aprenda. (Período composto.)
“Serafim Gonçalves casou-se com Lígia Tavares, filha do
velho coronel Tavares, senhor de engenho.” (Ledo Ivo) Existe uma maneira prática de saber quantas orações há
num período: é contar os verbos ou locuções verbais. Num
O aposto pode vir precedido das expressões explicativas isto período haverá tantas orações quantos forem os verbos ou as
é, a saber, ou da preposição acidental como: locuções verbais nele existentes. Exemplos:
Pegou fogo no prédio. (um verbo, uma oração)
Dois países sul-americanos, isto é, a Bolívia e o Paraguai, Quero que você aprenda. (dois verbos, duas orações)
não são banhados pelo mar. Está pegando fogo no prédio. (uma locução verbal, uma
Este escritor, como romancista, nunca foi superado. oração)
Deves estudar para poderes vencer na vida. (duas locuções
O aposto que se refere a objeto indireto, complemento verbais, duas orações)
nominal ou adjunto adverbial vem precedido de preposição:
Há três tipos de período composto: por coordenação, por
O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado. subordinação e por coordenação e subordinação ao mesmo
“Acho que adoeci disso, de beleza, da intensidade das tempo (também chamada de misto).
coisas.” (Raquel Jardim)
De cobras, morcegos, bichos, de tudo ela tinha medo. Período Composto por Coordenação – Orações
Coordenadas
Vocativo: (do latim vocare = chamar) é o termo (nome, título,
apelido) usado para chamar ou interpelar a pessoa, o animal ou Considere, por exemplo, este período composto:
a coisa personificada a que nos dirigimos: Passeamos pela praia, / brincamos, / recordamos os tempos
de infância.
“Elesbão? Ó Elesbão! Venha ajudar-nos, por favor!” (Maria 1ª oração: Passeamos pela praia
de Lourdes Teixeira) 2ª oração: brincamos
“A ordem, meus amigos, é a base do governo.” (Machado de 3ª oração: recordamos os tempos de infância
Assis) As três orações que compõem esse período têm sentido
“Correi, correi, ó lágrimas saudosas!” (Fagundes Varela) próprio e não mantêm entre si nenhuma dependência sintática:
elas são independentes. Há entre elas, é claro, uma relação de
Observação: Profere-se o vocativo com entoação exclamativa. sentido, mas, como já dissemos, uma não depende da outra
Na escrita é separado por vírgula(s). No exemplo inicial, os sintaticamente.
pontos interrogativo e exclamativo indicam um chamado alto e As orações independentes de um período são chamadas
prolongado. O vocativo se refere sempre à 2ª pessoa do discurso, de orações coordenadas (OC), e o período formado só de
que pode ser uma pessoa, um animal, uma coisa real ou entidade orações coordenadas é chamado de período composto por
abstrata personificada. Podemos antepor-lhe uma interjeição de coordenação.
apelo (ó, olá, eh!): As orações coordenadas são classificadas em assindéticas e
sindéticas.
“Tem compaixão de nós , ó Cristo!” (Alexandre Herculano)

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APOSTILAS OPÇÃO
- As orações coordenadas são assindéticas (OCA) quando “Em aviação, tudo precisa ser bem feito ou custará preço
não vêm introduzidas por conjunção. Exemplo: muito caro.” (Renato Inácio da Silva)
Os torcedores gritaram, / sofreram, / vibraram. “A louca ora o acariciava, ora o rasgava freneticamente.”
OCA OCA OCA (Luís Jardim)

“Inclinei-me, apanhei o embrulho e segui.” (Machado de - Orações coordenadas sindéticas explicativas: que,
Assis) porque, pois, porquanto.
“A noite avança, há uma paz profunda na casa deserta.” Vamos andar depressa / que estamos atrasados.
(Antônio Olavo Pereira) OCA OCS Explicativa
“O ferro mata apenas; o ouro infama, avilta, desonra.” Observe que a 2ª oração é introduzida por uma conjunção
(Coelho Neto) que expressa ideia de explicação, de justificativa em relação
à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa
- As orações coordenadas são sindéticas (OCS) quando vêm explicativa.
introduzidas por conjunção coordenativa. Exemplo:
O homem saiu do carro / e entrou na casa. Leve-lhe uma lembrança, que ela aniversaria amanhã.
OCA OCS “A mim ninguém engana, que não nasci ontem.” (Érico
Veríssimo)
As orações coordenadas sindéticas são classificadas de
acordo com o sentido expresso pelas conjunções coordenativas Questões
que as introduzem. Pode ser:
01. Relacione as orações coordenadas por meio de
- Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não só... conjunções:
mas também, não só... mas ainda. (A) Ouviu-se o som da bateria. Os primeiros foliões surgiram.
Saí da escola / e fui à lanchonete. (B) Não durma sem cobertor. A noite está fria.
OCA OCS Aditiva (C) Quero desculpar-me. Não consigo encontrá-los.
  
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção 02. Em: “... ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar
que expressa idéia de acréscimo ou adição com referência à das ondas...” a partícula como expressa uma ideia de:
oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa aditiva. (A) causa
(B) explicação
A doença vem a cavalo e volta a pé. (C) conclusão
As pessoas não se mexiam nem falavam. (D) proporção
“Não só findaram as queixas contra o alienista, mas até (E) comparação
nenhum ressentimento ficou dos atos que ele praticara.” Respostas
(Machado de Assis)
- Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas, 01.
porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto. Ouviu-se o som da bateria e os primeiros foliões surgiram.
Não durma sem cobertor, pois a noite está fria.
Estudei bastante / mas não passei no teste. Quero desculpar-me, mas consigo encontrá-los.
OCA OCS Adversativa  
02. E
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
que expressa idéia de oposição à oração anterior, ou seja, por Período Composto por Subordinação
uma conjunção coordenativa adversativa.
Observe os termos destacados em cada uma destas orações:
A espada vence, mas não convence. Vi uma cena triste. (adjunto adnominal)
“É dura a vida, mas aceitam-na.” (Cecília Meireles) Todos querem sua participação. (objeto direto)
Não pude sair por causa da chuva. (adjunto adverbial de
- Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto, causa)
por isso, pois, logo.
Veja, agora, como podemos transformar esses termos em
Ele me ajudou muito, / portanto merece minha gratidão. orações com a mesma função sintática:
OCA OCS Conclusiva Vi uma cena / que me entristeceu. (oração subordinada
com função de adjunto adnominal)
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção Todos querem / que você participe. (oração subordinada
que expressa ideia de conclusão de um fato enunciado na oração com função de objeto direto)
anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa conclusiva. Não pude sair / porque estava chovendo. (oração
subordinada com função de adjunto adverbial de causa)
Vives mentindo; logo, não mereces fé.
Ele é teu pai: respeita-lhe, pois, a vontade. Em todos esses períodos, a segunda oração exerce uma
certa função sintática em relação à primeira, sendo, portanto,
- Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou,ou... ou, subordinada a ela. Quando um período é constituído de pelo
ora... ora, seja... seja, quer... quer. menos um conjunto de duas orações em que uma delas (a
subordinada) depende sintaticamente da outra (principal), ele
Seja mais educado / ou retire-se da reunião! é classificado como período composto por subordinação. As
OCA OCS Alternativa orações subordinadas são classificadas de acordo com a função
que exercem: adverbiais, substantivas e adjetivas.
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma
conjunção que estabelece uma relação de alternância ou escolha Orações Subordinadas Adverbiais
com referência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção
coordenativa alternativa. As orações subordinadas adverbiais (OSA) são aquelas
que exercem a função de adjunto adverbial da oração principal
Venha agora ou perderá a vez. (OP). São classificadas de acordo com a conjunção subordinativa
“Jacinta não vinha à sala, ou retirava-se logo.” (Machado de que as introduz:
Assis)

Língua Portuguesa 48
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APOSTILAS OPÇÃO
- Causais: Expressam a causa do fato enunciado na oração - Consecutivas: Expressam a consequência do que foi
principal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que, enunciado na oração principal. Conjunções: porque, que, como (=
visto que. porque), pois que, visto que.
Não fui à escola / porque fiquei doente. A chuva foi tão forte / que inundou a cidade.
OP OSA Causal OP OSA Consecutiva

O tambor soa porque é oco. Fazia tanto frio que meus dedos estavam endurecidos.
Como não me atendessem, repreendi-os severamente. “A fumaça era tanta que eu mal podia abrir os olhos.” (José
Como ele estava armado, ninguém ousou reagir. J. Veiga)
“Faltou à reunião, visto que esteve doente.” (Arlindo de De tal sorte a cidade crescera que não a reconhecia mais.
Sousa) As notícias de casa eram boas, de maneira que pude
prolongar minha viagem.
- Condicionais: Expressam hipóteses ou condição para a
ocorrência do que foi enunciado na principal. Conjunções: se, - Comparativas: Expressam ideia de comparação com
contanto que, a menos que, a não ser que, desde que. referência à oração principal. Conjunções: como, assim como,
Irei à sua casa / se não chover. tal como, (tão)... como, tanto como, tal qual, que (combinado com
OP OSA Condicional menos ou mais).
Ela é bonita / como a mãe.
Deus só nos perdoará se perdoarmos aos nossos OP OSA Comparativa
ofensores.
Se o conhecesses, não o condenarias. A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o ferro.”
“Que diria o pai se soubesse disso?” (Carlos Drummond de (Marquês de Maricá)
Andrade) Ela o atraía irresistivelmente, como o imã atrai o ferro.
A cápsula do satélite será recuperada, caso a experiência Os retirantes deixaram a cidade tão pobres como vieram.
tenha êxito. Como a flor se abre ao Sol, assim minha alma se abriu à luz
- Concessivas: Expressam ideia ou fato contrário ao da daquele olhar.
oração principal, sem, no entanto, impedir sua realização.
Conjunções: embora, ainda que, apesar de, se bem que, por mais Obs.: As orações comparativas nem sempre apresentam
que, mesmo que. claramente o verbo, como no exemplo acima, em que está
Ela saiu à noite / embora estivesse doente. subentendido o verbo ser (como a mãe é).
OP OSA Concessiva - Proporcionais: Expressam uma ideia que se relaciona
Admirava-o muito, embora (ou conquanto ou posto que proporcionalmente ao que foi enunciado na principal.
ou se bem que) não o conhecesse pessoalmente. Conjunções: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto
Embora não possuísse informações seguras, ainda assim mais, quanto menos.
arriscou uma opinião. Quanto mais reclamava / menos atenção recebia.
Cumpriremos nosso dever, ainda que (ou mesmo quando OSA Proporcional OP
ou ainda quando ou mesmo que) todos nos critiquem.
Por mais que gritasse, não me ouviram. À medida que se vive, mais se aprende.
À proporção que avançávamos, as casas iam rareando.
- Conformativas: Expressam a conformidade de um fato O valor do salário, ao passo que os preços sobem, vai
com outro. Conjunções: conforme, como (=conforme), segundo. diminuindo.
O trabalho foi feito / conforme havíamos planejado.
OP OSA Conformativa Orações Subordinadas Substantivas

O homem age conforme pensa. As orações subordinadas substantivas (OSS) são aquelas
Relatei os fatos como (ou conforme) os ouvi. que, num período, exercem funções sintáticas próprias de
Como diz o povo, tristezas não pagam dívidas. substantivos, geralmente são introduzidas pelas conjunções
O jornal, como sabemos, é um grande veículo de informação. integrantes que e se. Elas podem ser:

- Temporais: Acrescentam uma circunstância de tempo ao - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: É
que foi expresso na oração principal. Conjunções: quando, assim aquela que exerce a função de objeto direto do verbo da oração
que, logo que, enquanto, sempre que, depois que, mal (=assim que). principal. Observe: O grupo quer a sua ajuda. (objeto direto)
Ele saiu da sala / assim que eu cheguei. O grupo quer / que você ajude.
OP OSA Temporal OP OSS Objetiva Direta

Formiga, quando quer se perder, cria asas. O mestre exigia que todos estivessem presentes. (= O
“Lá pelas sete da noite, quando escurecia, as casas se mestre exigia a presença de todos.)
esvaziam.” (Carlos Povina Cavalcânti) Mariana esperou que o marido voltasse.
“Quando os tiranos caem, os povos se levantam.” (Marquês Ninguém pode dizer: Desta água não beberei.
de Maricá) O fiscal verificou se tudo estava em ordem.
Enquanto foi rico, todos o procuravam.
- Finais: Expressam a finalidade ou o objetivo do que foi - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: É
enunciado na oração principal. Conjunções: para que, a fim de aquela que exerce a função de objeto indireto do verbo da oração
que, porque (=para que), que. principal. Observe: Necessito de sua ajuda. (objeto indireto)
Abri a porta do salão / para que todos pudessem entrar. Necessito / de que você me ajude.
OP OSA Final OP OSS Objetiva Indireta

“O futuro se nos oculta para que nós o imaginemos.” Não me oponho a que você viaje. (= Não me oponho à sua
(Marquês de Maricá) viagem.)
Aproximei-me dele a fim de que me ouvisse melhor. Aconselha-o a que trabalhe mais.
“Fiz-lhe sinal que se calasse.” (Machado de Assis) (que = Daremos o prêmio a quem o merecer.
para que) Lembre-se de que a vida é breve.
“Instara muito comigo não deixasse de frequentar as
recepções da mulher.” (Machado de Assis) (não deixasse = - Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: É aquela
para que não deixasse) que exerce a função de sujeito do verbo da oração principal.

Língua Portuguesa 49
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APOSTILAS OPÇÃO
Observe: É importante sua colaboração. (sujeito) As orações subordinadas Adjetivas (OSA) exercem
É importante / que você colabore. a função de adjunto adnominal de algum termo da oração
OP OSS Subjetiva principal. Observe como podemos transformar um adjunto
adnominal em oração subordinada adjetiva:
A oração subjetiva geralmente vem: Desejamos uma paz duradoura. (adjunto adnominal)
- depois de um verbo de ligação + predicativo, em construções Desejamos uma paz / que dure. (oração subordinada
do tipo é bom, é útil, é certo, é conveniente, etc. Ex.: É certo que adjetiva)
ele voltará amanhã.
- depois de expressões na voz passiva, como sabe-se, conta- As orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas
se, diz-se, etc. Ex.: Sabe-se que ele saiu da cidade. por um pronome relativo (que , qual, cujo, quem, etc.) e podem
- depois de verbos como convir, cumprir, constar, urgir, ser classificadas em:
ocorrer, quando empregados na 3ª pessoa do singular e seguidos
das conjunções que ou se. Ex.: Convém que todos participem - Subordinadas Adjetivas Restritivas: São restritivas
da reunião. quando restringem ou especificam o sentido da palavra a que se
referem. Exemplo:
É necessário que você colabore. (= Sua colaboração é O público aplaudiu o cantor / que ganhou o 1º lugar.
necessária.) OP OSA Restritiva
Parece que a situação melhorou.
Aconteceu que não o encontrei em casa. Nesse exemplo, a oração que ganhou o 1º lugar especifica
Importa que saibas isso bem. o sentido do substantivo cantor, indicando que o público não
aplaudiu qualquer cantor mas sim aquele que ganhou o 1º lugar.
- Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal:
É aquela que exerce a função de complemento nominal de um Pedra que rola não cria limo.
termo da oração principal. Observe: Estou convencido de sua Os animais que se alimentam de carne chamam-se
inocência. (complemento nominal) carnívoros.
Estou convencido / de que ele é inocente. Rubem Braga é um dos cronistas que mais belas páginas
OP OSS Completiva Nominal escreveram.
“Há saudades que a gente nunca esquece.” (Olegário
Sou favorável a que o prendam. (= Sou favorável à prisão Mariano)
dele.) - Subordinadas Adjetivas Explicativas: São explicativas
Estava ansioso por que voltasses. quando apenas acrescentam uma qualidade à palavra a que se
Sê grato a quem te ensina. referem, esclarecendo um pouco mais seu sentido, mas sem
“Fabiano tinha a certeza de que não se acabaria tão cedo.” restringi-lo ou especificá-lo. Exemplo:
(Graciliano Ramos) O escritor Jorge Amado, / que mora na Bahia, / lançou um
novo livro.
- Oração Subordinada Substantiva Predicativa: É aquela OP OSA Explicativa OP
que exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal,
vindo sempre depois do verbo ser. Observe: O importante é sua Deus, que é nosso pai, nos salvará.
felicidade. (predicativo) Valério, que nasceu rico, acabou na miséria.
O importante é / que você seja feliz. Ele tem amor às plantas, que cultiva com carinho.
OP OSS Predicativa Alguém, que passe por ali à noite, poderá ser assaltado.

Seu receio era que chovesse. (Seu receio era a chuva.) Orações Reduzidas
Minha esperança era que ele desistisse. Observe que as orações subordinadas eram sempre
Meu maior desejo agora é que me deixem em paz. introduzidas por uma conjunção ou pronome relativo e
Não sou quem você pensa. apresentavam o verbo numa forma do indicativo ou do
subjuntivo. Além desse tipo de orações subordinadas há outras
- Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela que se apresentam com o verbo numa das formas nominais
que exerce a função de aposto de um termo da oração principal. (infinitivo, gerúndio e particípio). Exemplos:
Observe: Ele tinha um sonho: a união de todos em benefício
do país. (aposto) - Ao entrar nas escola, encontrei o professor de inglês.
Ele tinha um sonho / que todos se unissem em benefício do (infinitivo)
país. - Precisando de ajuda, telefone-me. (gerúndio)
OP OSS Apositiva - Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário.
(particípio)
Só desejo uma coisa: que vivam felizes. (Só desejo uma
coisa: a sua felicidade) As orações subordinadas que apresentam o verbo numa das
Só lhe peço isto: honre o nosso nome. formas nominais são chamadas de reduzidas.
“Talvez o que eu houvesse sentido fosse o presságio disto: de Para classificar a oração que está sob a forma reduzida,
que virias a morrer...” (Osmã Lins) devemos procurar desenvolvê-la do seguinte modo: colocamos
“Mas diga-me uma cousa, essa proposta traz algum motivo a conjunção ou o pronome relativo adequado ao sentido e
oculto?” (Machado de Assis) passamos o verbo para uma forma do indicativo ou subjuntivo,
As orações apositivas vêm geralmente antecedidas de dois- conforme o caso. A oração reduzida terá a mesma classificação
pontos. Podem vir, também, entre vírgulas, intercaladas à oração da oração desenvolvida.
principal. Exemplo: Seu desejo, que o filho recuperasse a Ao entrar na escola, encontrei o professor de inglês.
saúde, tornou-se realidade. Quando entrei na escola, / encontrei o professor de inglês.
OSA Temporal
Observação: Além das conjunções integrantes que e se, Ao entrar na escola: oração subordinada adverbial temporal,
as orações substantivas podem ser introduzidas por outros reduzida de infinitivo.
conectivos, tais como quando, como, quanto, etc. Exemplos:
Não sei quando ele chegou. Precisando de ajuda, telefone-me.
Diga-me como resolver esse problema. Se precisar de ajuda, / telefone-me.
OSA Condicional
Orações Subordinadas Adjetivas Precisando de ajuda: oração subordinada adverbial
condicional, reduzida de gerúndio.

Língua Portuguesa 50
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APOSTILAS OPÇÃO
Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário. (B) para seu encaixotamento.
Assim que acabou o treino, / os jogadores foram para o (C) para que se encaixassem.
vestiário. (D) para que se encaixem.
OSA Temporal (E) para que se encaixariam.
Acabado o treino: oração subordinada adverbial temporal,
reduzida de particípio. Respostas
01. B\02. A\03. D
Observações:
- Há orações reduzidas que permitem mais de um tipo de 5.4 Emprego dos sinais de
desenvolvimento. Há casos também de orações reduzidas
fixas, isto é, orações reduzidas que não são passíveis de
pontuação.
desenvolvimento. Exemplo: Tenho vontade de visitar essa
cidade.
- O infinitivo, o gerúndio e o particípio não constituem Emprego dos sinais de pontuação
orações reduzidas quando fazem parte de uma locução verbal.
Exemplos: Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem
Preciso terminar este exercício. para compor a coesão e a coerência textual além de ressaltar
Ele está jantando na sala. especificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos as principais
Essa casa foi construída por meu pai. funções dos sinais de pontuação conhecidos pelo uso da língua
- Uma oração coordenada também pode vir sob a forma portuguesa.
reduzida. Exemplo:
O homem fechou a porta, saindo depressa de casa. Ponto
O homem fechou a porta e saiu depressa de casa. (oração 1- Indica o término do discurso ou de parte dele.
coordenada sindética aditiva) - Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em que
Saindo depressa de casa: oração coordenada reduzida de se encontra.
gerúndio. - Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite.
Qual é a diferença entre as orações coordenadas explicativas
e as orações subordinadas causais, já que ambas podem ser - Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava.
iniciadas por que e porque? Às vezes não é fácil estabelecer a
diferença entre explicativas e causais, mas como o próprio nome 2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr.
indica, as causais sempre trazem a causa de algo que se revela na
oração principal, que traz o efeito. Ponto e Vírgula ( ; )
Note-se também que há pausa (vírgula, na escrita) entre 1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
a oração explicativa e a precedente e que esta é, muitas vezes, importância.
imperativa, o que não acontece com a oração adverbial causal. -  “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo pão
Essa noção de causa e efeito não existe no período composto por a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; os de
coordenação. Exemplo: Rosa chorou porque levou uma surra. nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
Está claro que a oração iniciada pela conjunção é causal, visto
que a surra foi sem dúvida a causa do choro, que é efeito. 2- Separa partes de frases que já estão separadas por
Rosa chorou, porque seus olhos estão vermelhos. O vírgulas.
período agora é composto por coordenação, pois a oração - Alguns quiseram verão, praia e calor; outros montanhas, frio
iniciada pela conjunção traz a explicação daquilo que se revelou e cobertor.
na coordena anterior. Não existe aí relação de causa e efeito: o
fato de os olhos de Elisa estarem vermelhos não é causa de ela 3- Separa itens de uma enumeração, exposição de motivos,
ter chorado. decreto de lei, etc.
- Ir ao supermercado;
Ela fala / como falaria / se entendesse do assunto. - Pegar as crianças na escola;
OP OSA Comparativa OSA Condicional - Caminhada na praia;
- Reunião com amigos.
Questões
Dois pontos
01. Na frase: “Maria do Carmo tinha a certeza de que estava 1- Antes de uma citação
para ser mãe”, a oração destacada é: - Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:
(A) subordinada substantiva objetiva indireta
(B) subordinada substantiva completiva nominal 2- Antes de um aposto
(C) subordinada substantiva predicativa - Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à tarde
(D) coordenada sindética conclusiva e calor à noite.
(E) coordenada sindética explicativa
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento
02. “Na ‘Partida Monção’, não há uma atitude inventada. - Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo a
Há reconstituição de uma cena como ela devia ter sido na rotina de sempre.
realidade.” A oração sublinhada é:
(A) adverbial conformativa 4- Em frases de estilo direto
(B) adjetiva  Maria perguntou:
(C) adverbial consecutiva - Por que você não toma uma decisão?
(D) adverbial proporcional
(E) adverbial causal Ponto de Exclamação
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, susto,
03.“Esses produtos podem ser encontrados nos súplica, etc.
supermercados com rótulos como ‘sênior’ e com características - Sim! Claro que eu quero me casar com você!
adaptadas às dificuldades para mastigar e para engolir dos
mais velhos, e preparados para se encaixar em seus hábitos de 2- Depois de interjeições ou vocativos
consumo”. O segmento “para se encaixar” pode ter sua forma - Ai! Que susto!
verbal reduzida adequadamente desenvolvida em - João! Há quanto tempo!
(A) para se encaixarem.

Língua Portuguesa 51
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APOSTILAS OPÇÃO
Ponto de Interrogação língua portuguesa.
Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres. (A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora,
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo) experimentasse, a sensação de violar uma intimidade, procurou
Reticências a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse
1- Indica que palavras foram suprimidas. ajudar a revelar quem era a sua dona.
- Comprei lápis, canetas, cadernos... (B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, embora
experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, procurou
2- Indica interrupção violenta da frase. a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse
“- Não... quero dizer... é verdad... Ah!” ajudar a revelar quem era a sua dona.
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora
3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou
- Este mal... pega doutor? a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse
ajudar a revelar quem era a sua dona.
4- Indica que o sentido vai além do que foi dito (D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, embora
- Deixa, depois, o coração falar... experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou
a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse
Vírgula ajudar a revelar quem era a sua dona.
Não se usa vírgula (E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora,
*separando termos que, do ponto de vista sintático, ligam-se experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou
diretamente entre si: a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse
ajudar a revelar quem era a sua dona.
a) entre sujeito e predicado.
Todos os alunos da sala    foram advertidos.  02. Assinale a opção em que está corretamente indicada a
Sujeito                            predicado ordem dos sinais de pontuação que devem preencher as lacunas
da frase abaixo:
b) entre o verbo e seus objetos. “Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas devem
O trabalho custou            sacrifício             aos realizadores.  ser consideradas ____ uma é a contribuição teórica que o trabalho
             V.T.D.I.              O.D.                      O.I. oferece ___ a outra é o valor prático que possa ter.
A) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula
c) entre nome e complemento nominal; entre nome e adjunto B) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula;
adnominal. C) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
A surpreendente reação do governo contra os sonegadores D) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
despertou reações entre os empresários. E) ponto e vírgula, vírgula, vírgula.
adj. adnominal nome adj. adn. complemento nominal
03. Os sinais de pontuação estão empregados corretamente
Usa-se a vírgula: em:
A) Duas explicações, do treinamento para consultores
- Para marcar intercalação: iniciantes receberam destaque, o conceito de PPD e a construção
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abundância, de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar das metas de
vem caindo de preço. vendas associadas aos dois temas.
b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão B) Duas explicações do treinamento para consultores
produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos. iniciantes receberam destaque: o conceito de PPD e a construção
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias de tabelas Price; mas, por outro lado, faltou falar das metas de
não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem abrir vendas associadas aos dois temas.
mão dos lucros altos. C) Duas explicações do treinamento para consultores
iniciantes receberam destaque; o conceito de PPD e a construção
- Para marcar inversão: de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das metas de
a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração): vendas associadas aos dois temas.
Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fechadas. D) Duas explicações do treinamento para consultores
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos iniciantes, receberam destaque: o conceito de PPD e a construção
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma. de tabelas Price, mas, por outro lado, faltou falar das metas de
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio vendas associadas aos dois temas.
de 1982. E) Duas explicações, do treinamento para consultores
iniciantes, receberam destaque; o conceito de PPD e a construção
- Para separar entre si elementos coordenados (dispostos de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das metas, de
em enumeração): vendas associadas aos dois temas.
Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais. Resposta
1-C 2-C 3-B
- Para marcar elipse (omissão) do verbo:
Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco. 5.5 Concordância verbal e
nominal.
- Para isolar:

- o aposto: Concordância Verbal


São Paulo, considerada a metrópole brasileira, possui um
trânsito caótico. Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos
referindo à relação de dependência estabelecida entre um termo
- o vocativo: e outro mediante um contexto oracional. Desta feita, os agentes
Ora, Thiago, não diga bobagem. principais desse processo são representados pelo sujeito, que no
caso funciona como subordinante; e o verbo, o qual desempenha
Questões a função de subordinado. 
Dessa forma, temos que a concordância verbal caracteriza-
01. Assinale a alternativa em que a pontuação está se pela adaptação do verbo, tendo em vista os quesitos “número
corretamente empregada, de acordo com a norma-padrão da e pessoa” em relação ao sujeito. Exemplificando, temos: O aluno

Língua Portuguesa 52
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APOSTILAS OPÇÃO
chegou 10) No caso de o sujeito aparecer representado por
Temos que o verbo apresenta-se na terceira pessoa do expressões que indicam porcentagens, o verbo concordará com o
singular, pois faz referência a um sujeito, assim também expresso numeral ou com o substantivo a que se refere essa porcentagem:   
(ele).  Como poderíamos também dizer: os alunos chegaram 50% dos funcionários aprovaram a decisão da diretoria. / 50%
atrasados. do eleitorado apoiou a decisão.
Temos aí o que podemos chamar de princípio básico. Observações:
Contudo, a intenção a que se presta o artigo em evidência é - Caso o verbo aparecer anteposto à expressão de
eleger as principais ocorrências voltadas para os casos de sujeito porcentagem, esse deverá concordar com o numeral: Aprovaram
simples e para os de sujeito composto. Dessa forma, vejamos:  a decisão da diretoria 50% dos funcionários.     
- Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no singular:
Casos referentes a sujeito simples 1% dos funcionários não aprovou a decisão da diretoria.  
- Em casos em que o numeral estiver acompanhado de
1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com o determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os
núcleo em número e pessoa: O aluno chegou atrasado.  50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria. 

2) Nos casos referentes a sujeito representado por 11) Nos casos em que o sujeito estiver representado por
substantivo coletivo, o verbo permanece na terceira pessoa do pronomes de tratamento, o verbo deverá ser empregado na terceira
singular:  A multidão, apavorada, saiu aos gritos. pessoa do singular ou do plural:  Vossas Majestades gostaram das
Observação: homenagens. Vossa Majestade agradeceu o convite.  
- No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto adnominal
no plural, o verbo permanecerá no singular ou poderá ir para o 12) Casos relativos a sujeito representado por substantivo
plural: Uma multidão de pessoas saiu aos gritos. próprio no plural se encontram relacionados a alguns aspectos
Uma multidão de pessoas saíram aos gritos. que os determinam:
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do verbo ser,
3) Quando o sujeito é representado por expressões partitivas, este permanece no singular, contanto que o predicativo também
representadas por “a maioria de, a maior parte de, a metade de, esteja no singular:  Memórias póstumas de Brás Cubas  é  uma
uma porção de, entre outras”, o verbo tanto pode concordar criação de Machado de Assis.   
com o núcleo dessas expressões quanto com o substantivo - Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo também
que a segue: A  maioria  dos alunos  resolveu  ficar.   A maioria permanece no plural: Os  Estados Unidos  são  uma potência
dos alunos resolveram ficar. mundial.
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que ele nem
4) No caso de o sujeito ser representado por expressões aparece, o verbo permanece no singular:  Estados Unidos é uma
aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o verbo potência mundial. 
concorda com o substantivo determinado por elas: Cerca de
vinte candidatos se inscreveram no concurso de piadas. Casos referentes a sujeito composto

5) Em casos em que o sujeito é representado pela expressão 1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas
“mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais de gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estando
um candidato se inscreveu no concurso de piadas.   relacionado a dois pressupostos básicos:
Observação: - Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as
- No caso da referida expressão aparecer repetida ou demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio.
associada a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo, - Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá
necessariamente, deverá permanecer no plural: Mais de um flexionar na 2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos.
aluno, mais de um professor contribuíram na campanha de Tu e ele são primos.
doação de alimentos. 
Mais de um formando se abraçaram durante as solenidades 2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer anteposto
de formatura.  ao verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus dois
filhos compareceram ao evento.  
6) Quando o sujeito for composto da expressão “um dos
que”, o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi  um dos 3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao verbo, este
que atuaram na Copa América. poderá concordar com o núcleo mais próximo ou permanecer
no plural: Compareceram  ao evento  o pai e seus dois filhos.
7) Em casos relativos à concordância com locuções Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos.
pronominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário nos 4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com
atermos a duas questões básicas: mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular:
- No caso de o primeiro pronome estar expresso no plural, Meu esposo e grande companheiro merece toda a felicidade do
o verbo poderá com ele concordar, como poderá também mundo.
concordar com o pronome pessoal: Alguns de nós o receberemos.
/ Alguns de nós o receberão. 5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinônimas
- Quando o primeiro pronome da locução estiver expresso ou ordenado por elementos em gradação, o verbo poderá
no singular, o verbo permanecerá, também, no singular:  Algum permanecer no singular ou ir para o plural: Minha vitória,
de nós o receberá.   minha conquista, minha premiação são frutos de meu esforço.
/ Minha vitória, minha conquista, minha premiação é fruto de
8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo pronome meu esforço.
“quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do singular
ou poderá concordar com o antecedente desse pronome:    Questões
Fomos nós  quem  contou  toda a verdade para ela. / Fomos
nós quem contamos toda a verdade para ela. 01. A concordância realizou-se adequadamente em qual
alternativa?
9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela palavra (A) Os Estados Unidos é considerado, hoje, a maior potência
“que”, o verbo deverá concordar com o termo que antecede essa econômica do planeta, mas há quem aposte que a China, em
palavra: Nesta empresa somos nós que tomamos as decisões. / breve, o ultrapassará.
Em casa sou eu que decido tudo.    (B) Em razão das fortes chuvas haverão muitos candidatos
que chegarão atrasados, tenho certeza disso.

Língua Portuguesa 53
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APOSTILAS OPÇÃO
(C) Naquela barraca vendem-se tapiocas fresquinhas, pode Concordância Nominal
comê-las sem receio!
(D) A multidão gritaram quando a cantora apareceu na Concordância nominal é que o ajuste que fazemos aos
janela do hotel! demais termos da oração para que concordem em gênero e
número com o substantivo. Teremos que alterar, portanto, o
02. “Se os cachorros correm livremente, por que eu não artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso, temos
posso fazer isso também?”, pergunta Bob Dylan em “New também o verbo, que se flexionará à sua maneira.
Morning”. Bob Dylan verbaliza um anseio sentido por todos
nós, humanos supersocializados: o anseio de nos livrarmos Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome
de todos os constrangimentos artificiais decorrentes do fato concordam em gênero e número com o substantivo.
de vivermos em uma sociedade civilizada em que às vezes nos - A pequena criança é uma gracinha.
sentimos presos a uma correia. Um conjunto cultural de regras - O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
tácitas e inibições está sempre governando as nossas interações
cotidianas com os outros. Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à regra
Uma das razões pelas quais os cachorros nos atraem é o fato geral mostrada acima.
de eles serem tão desinibidos e livres. Parece que eles jogam
com as suas próprias regras, com a sua própria lógica interna. a) Um adjetivo após vários substantivos
Eles vivem em um universo paralelo e diferente do nosso - um 1 - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural
universo que lhes concede liberdade de espírito e paixão pela ou concorda com o substantivo mais próximo.
vida enormemente atraentes para nós. Um cachorro latindo ao - Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
vento ou uivando durante a noite faz agitar-se dentro de nós - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
alguma coisa que também quer se expressar.
Os cachorros são uma constante fonte de diversão para 2 - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o
nós porque não prestam atenção as nossas convenções sociais. plural masculino ou concorda com o substantivo mais próximo.
Metem o nariz onde não são convidados, pulam para cima - Ela tem pai e mãe louros.
do sofá, devoram alegremente a comida que cai da mesa. Os - Ela tem pai e mãe loura.
cachorros raramente se refreiam quando querem fazer alguma
coisa. Eles não compartilham conosco as nossas inibições. Suas 3 - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente
emoções estão ã flor da pele e eles as manifestam sempre que para o plural.
as sentem. - O homem e o menino estavam perdidos.
(Adaptado de Matt Weistein e Luke Barber. Cão que - O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.
late não morde. Trad. de Cristina Cupertino. S.Paulo: Francis,
2005. p 250) b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos
1 - Adjetivo anteposto normalmente concorda com o mais
A frase em que se respeitam as normas de concordância próximo.
verbal é: Comi delicioso almoço e sobremesa.
(A) Deve haver muitas razões pelas quais os cachorros nos Provei deliciosa fruta e suco.
atraem. 2 - Adjetivo anteposto funcionando como predicativo:
(B) Várias razões haveriam pelas quais os cachorros nos concorda com o mais próximo ou vai para o plural.
atraem. Estavam feridos o pai e os filhos.
(C) Caberiam notar as muitas razões pelas quais os cachorros Estava ferido o pai e os filhos.
nos atraem.
(D) Há de ser diversas as razões pelas quais os cachorros nos c) Um substantivo e mais de um adjetivo
atraem. 1- antecede todos os adjetivos com um artigo.
(E) Existe mesmo muitas razões pelas quais os cachorros Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
nos atraem. 2- coloca o substantivo no plural.
Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola.
03. Uma pergunta
d) Pronomes de tratamento
Frequentemente cabe aos detentores de cargos de 1 - sempre concordam com a 3ª pessoa.
responsabilidade tomar decisões difíceis, de graves Vossa Santidade esteve no Brasil.
consequências. Haveria algum critério básico, essencial, para
amparar tais escolhas? Antonio Gramsci, notável pensador e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
e político italiano, propôs que se pergunte, antes de tomar a 1 - Concordam com o substantivo a que se referem.
decisão: - Quem sofrerá? As cartas estão anexas.
Para um humanista, a dor humana é sempre prioridade a se A bebida está inclusa.
considerar. Precisamos de nomes próprios.
(Salvador Nicola, inédito) Obrigado, disse o rapaz.

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se no f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
singular para preencher adequadamente a lacuna da frase: 1 - Após essas expressões o substantivo fica sempre no
(A) A nenhuma de nossas escolhas ...... (poder) deixar de singular e o adjetivo no plural.
corresponder nossos valores éticos mais rigorosos. Renato advogou um e outro caso fáceis.
(B) Não se ...... (poupar) os que governam de refletir sobre o Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.
peso de suas mais graves decisões.
(C) Aos governantes mais responsáveis não ...... (ocorrer) g) É bom, é necessário, é proibido
tomar decisões sem medir suas consequências. 1- Essas expressões não variam se o sujeito não vier
(D) A toda decisão tomada precipitadamente ...... (costumar) precedido de artigo ou outro determinante.
sobrevir consequências imprevistas e injustas. Canja é bom. / A canja é boa.
(E) Diante de uma escolha, ...... (ganhar) prioridade, É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
recomenda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada
humana. é proibida.
Respostas
01. C\02. A\03. C h) Muito, pouco, caro
1- Como adjetivos: seguem a regra geral.

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APOSTILAS OPÇÃO
Comi muitas frutas durante a viagem. 03. A concordância nominal está INCORRETA em:
Pouco arroz é suficiente para mim. (A) A mídia julgou desnecessária a campanha e o
Os sapatos estavam caros. envolvimento da empresa.
2- Como advérbios: são invariáveis. (B) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa
Comi muito durante a viagem. desnecessária.
Pouco lutei, por isso perdi a batalha. (C) A mídia julgou desnecessário o envolvimento da empresa
Comprei caro os sapatos. e a campanha.
(D) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa
i) Mesmo, bastante desnecessárias.
1- Como advérbios: invariáveis Respostas
Preciso mesmo da sua ajuda. 01. D\02. D\03. B
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego.

2- Como pronomes: seguem a regra geral. 5.6 Regência verbal e nominal.


Seus argumentos foram bastantes para me convencer.
Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.

j) Menos, alerta Regência Verbal e Nominal


1- Em todas as ocasiões são invariáveis.
Preciso de menos comida para perder peso. Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que
Estamos alerta para com suas chamadas. ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus complementos.
Ocupa-se em estabelecer relações entre as palavras, criando
k) Tal Qual frases não ambíguas, que expressem efetivamente o sentido
1- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o desejado, que sejam corretas e claras.
consequente.
As garotas são vaidosas tais qual a tia. Regência Verbal
Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.
Termo Regente:  VERBO
l) Possível
1- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor” A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre
ou “pior”, acompanha o artigo que precede as expressões. os verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e
A mais possível das alternativas é a que você expôs. objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais).
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa. O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa
As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de
cidade. conhecermos as diversas significações que um verbo pode
assumir com a simples mudança ou retirada de uma preposição. 
m) Meio Observe:
1- Como advérbio: invariável. A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, contentar.
Estou meio (um pouco) insegura. A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar agrado ou
2- Como numeral: segue a regra geral. prazer”, satisfazer.
Comi meia (metade) laranja pela manhã.
Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
n) Só “agradar a alguém”.
1- apenas, somente (advérbio): invariável.
Só consegui comprar uma passagem. Saiba que:
2- sozinho (adjetivo): variável. O conhecimento do uso adequado das preposições é um
Estiveram sós durante horas. dos aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e
também nominal). As preposições são capazes de modificar
Questões completamente o sentido do que se está sendo dito. Veja os
exemplos:
01. Indique o uso INCORRETO da concordância verbal ou Cheguei ao metrô.
nominal: Cheguei no metrô.
(A) Será descontada em folha sua contribuição sindical.
(B) Na última reunião, ficou acordado que se realizariam No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo
encontros semanais com os diversos interessados no assunto. caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração “Cheguei
(C) Alguma solução é necessária, e logo! no metrô”, popularmente usada a fim de indicar o lugar a que se
(D) Embora tenha ficado demonstrado cabalmente a vai, possui, no padrão culto da língua, sentido diferente. Aliás, é
ocorrência de simulação na transferência do imóvel, o pedido muito comum existirem divergências entre a regência coloquial,
não pode prosperar. cotidiana de alguns verbos, e a regência culta.
(E) A liberdade comercial da colônia, somada ao fato de D.
João VI ter também elevado sua colônia americana à condição de Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de
Reino Unido a Portugal e Algarves, possibilitou ao Brasil obter acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, não é
certa autonomia econômica. um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes
formas em frases distintas.
02. Aponte a alternativa em que NÃO ocorre silepse (de
gênero, número ou pessoa): Verbos Intransitivos
(A) “A gente é feito daquele tipo de talento capaz de fazer a Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
diferença.” importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
(B) Todos sabemos que a solução não é fácil. aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
(C) Essa gente trabalhadora merecia mais, pois acordam às a) Chegar, Ir
cinco horas para chegar ao trabalho às oito da manhã. Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais
(D) Todos os brasileiros sabem que esse problema vem de de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
longe... indicar destino ou direção são: a, para.
(E) Senhor diretor, espero que Vossa Senhoria seja mais Fui ao teatro.
compreensivo.       Adjunto Adverbial de Lugar

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APOSTILAS OPÇÃO
Ricardo foi para a Espanha. Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
                  Adjunto Adverbial de Lugar Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados
b) Comparecer de um objeto direto e um indireto. Merecem destaque, nesse
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido grupo:
por em ou a.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último Agradecer, Perdoar e Pagar
jogo. São verbos que apresentam objeto direto
relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a pessoas.
Verbos Transitivos Diretos Veja os exemplos:
Os verbos transitivos diretos são complementados por Agradeço    aos ouvintes         a audiência.
objetos diretos. Isso significa que  não  exigem preposição  para                    Objeto Indireto      Objeto Direto
o estabelecimento da relação de regência. Ao empregar esses Cristo ensina que é preciso perdoar     o pecado        ao pecador.
verbos, devemos lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os,                                                                  Obj. Direto       Objeto Indireto
as atuam como objetos diretos. Esses pronomes podem assumir Paguei      o débito        ao cobrador.
as formas lo, los, la, las (após formas verbais terminadas em -r,                Objeto Direto      Objeto Indireto
-s ou -z) ou no, na, nos, nas (após formas verbais terminadas em
sons nasais), enquanto  lhe e lhes são, quando complementos - O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com
verbais, objetos indiretos. particular cuidado. Observe:
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abandonar, Agradeci o presente. / Agradeci-o.
abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar, Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
condenar, conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, estimar, Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger, respeitar, Paguei minhas contas. / Paguei-as.
socorrer, suportar, ver, visitar. Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como o
verbo amar: Informar
Amo aquele rapaz. / Amo-o. - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
Amo aquela moça. / Amo-a. indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
Amam aquele rapaz. / Amam-no. Informe os novos preços aos clientes.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
preços)
Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos para
indicar posse (caso em que atuam como adjuntos adnominais). - Na utilização de pronomes como complementos,  veja as
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto) construções:
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira) Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor) Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre
eles)
Verbos Transitivos Indiretos Obs.: a mesma regência do verbo  informar é usada  para os
Os verbos transitivos indiretos são complementados por seguintes:  avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem uma
preposição  para o estabelecimento da relação de regência. Comparar
Os pronomes pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
podem atuar como objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para preposições  “a”  ou  “com” para introduzir o complemento
substituir pessoas. Não se utilizam os pronomes o, os, a, as como indireto.
complementos de verbos transitivos indiretos. Com os objetos Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança.
indiretos que não representam pessoas, usam-se pronomes
oblíquos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos Pedir
pronomes átonos lhe, lhes.  Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma
de oração subordinada substantiva) e indireto de pessoa.
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: Pedi-lhe                 favores.
a) Consistir - Tem complemento introduzido pela Objeto Indireto    Objeto Direto
preposição “em”.                                      
A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para Pedi-lhe                     que mantivesse em silêncio.
todos. Objeto Indireto           Oração Subordinada Substantiva
b) Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complementos                                                            Objetiva Direta
introduzidos pela preposição “a”.
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. Saiba que:
Eles desobedeceram às leis do trânsito. 1) A construção  “pedir para”,  muito comum na linguagem
c) Responder - Tem complemento introduzido pela cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No
preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a entanto, é considerada correta quando a palavra licença estiver
quem” ou “ao que” se responde. subentendida.
Respondi ao meu patrão. Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
Respondemos às perguntas. Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz uma
Respondeu-lhe à altura. oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo (para
Obs.:  o verbo  responder, apesar de transitivo indireto ir entregar-lhe os catálogos em casa).
quando exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva 2) A construção  “dizer para”,  também muito usada
analítica. Veja: popularmente, é igualmente considerada incorreta.
O questionário foi respondido corretamente.
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente. Preferir
d) Simpatizar e  Antipatizar - Possuem seus complementos Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto
introduzidos pela preposição “com”. indireto introduzido pela preposição “a”. Por Exemplo:
Antipatizo com aquela apresentadora. Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Simpatizo com os que condenam os políticos que governam Prefiro trem a ônibus.
para uma minoria privilegiada. Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
termos intensificadores, tais como:  muito, antes, mil vezes, um

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APOSTILAS OPÇÃO
milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existente CUSTAR
no próprio verbo (pre). 1) Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor
ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial.
Mudança de Transitividade versus Mudança de Frutas e verduras não deveriam custar muito.
Significado
2) No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade, transitivo indireto.
apresentam mudança de significado. O conhecimento das Muito custa          viver tão longe da família.
diferentes regências desses verbos é um recurso linguístico             Verbo   Oração Subordinada Substantiva Subjetiva 
muito importante, pois além de permitir a correta interpretação        Intransitivo                       Reduzida de Infinitivo
de passagens escritas, oferece possibilidades expressivas a
quem fala ou escreve. Dentre os principais, estão: Custa-me (a mim)  crer que tomou realmente aquela atitude.
        Objeto                 Oração Subordinada Substantiva Subjetiva 
AGRADAR         Indireto                                     Reduzida de Infinitivo
1) Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos,
acariciar. Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por pessoa.
quando o revê. Observe o exemplo abaixo:
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Cláudia Custei para entender o problema. 
não perde oportunidade de agradá-lo. Forma correta: Custou-me entender o problema.

2) Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado IMPLICAR


a, satisfazer, ser agradável a.  Rege complemento introduzido 1) Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
pela preposição “a”.
O cantor não agradou aos presentes. a) dar a entender, fazer supor, pressupor
O cantor não lhes agradou. Suas atitudes implicavam um firme propósito.

ASPIRAR b)  Ter como consequência, trazer como consequência,


1) Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar acarretar, provocar
(o ar), inalar. Liberdade de escolha implica amadurecimento político de um
Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) povo.

2)  Aspirar  é transitivo indireto no sentido de  desejar, ter 2) Como transitivo direto e indireto, significa comprometer,
como ambição. envolver
Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspirávamos a Implicaram aquele jornalista em questões econômicas.
elas)
Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa, Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
mas coisa, não se usam as formas pronominais átonas “lhe” indireto e rege com preposição “com”.
e “lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela (s)”.  Veja o Implicava com quem não trabalhasse arduamente.
exemplo:
Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela) PROCEDER
1)  Proceder  é intransitivo no sentido de  ser decisivo,
ASSISTIR ter cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se,
1)  Assistir  é transitivo direto no sentido de  ajudar, prestar agir.  Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado de
assistência a, auxiliar. Por Exemplo: adjunto adverbial de modo.
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. As afirmações da testemunha procediam, não havia como
As empresas de saúde negam-se a assisti-los. refutá-las.
Você procede muito mal.
2) Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar,
estar presente, caber, pertencer. 2) Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição”
de”) e  fazer, executar  (rege complemento introduzido pela
Exemplos: preposição “a”) é transitivo indireto.
Assistimos ao documentário. O avião procede de Maceió.
Não assisti às últimas sessões. Procedeu-se aos exames.
Essa lei assiste ao inquilino. O delegado procederá ao inquérito.
Obs.: no sentido de  morar, residir,  o verbo  “assistir”  é
intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar QUERER
introduzido pela preposição “em”. 1)  Querer  é transitivo direto no sentido de  desejar, ter
Assistimos numa conturbada cidade. vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
CHAMAR Queremos um país melhor.
1)  Chamar  é transitivo direto no sentido de  convocar, 2)  Querer  é transitivo indireto no sentido de  ter afeição,
solicitar a atenção ou a presença de. estimar, amar.
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá-la. Quero muito aos meus amigos.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. Ele quer bem à linda menina.
Despede-se o filho que muito lhe quer.
2)  Chamar  no sentido de  denominar, apelidar  pode
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo VISAR
preposicionado ou não. 1)  Como transitivo direto, apresenta os sentidos de  mirar,
fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
A torcida chamou o jogador mercenário. O homem visou o alvo.
A torcida chamou ao jogador mercenário. O gerente não quis visar o cheque.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
A torcida chamou ao jogador de mercenário. 2)  No sentido de  ter em vista, ter como meta, ter como
objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”.

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APOSTILAS OPÇÃO
O ensino deve sempre visar ao progresso social. Nocivo a
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar Afável com, para com
público. Equivalente a
Questões Paralelo a
Agradável a
01. Todas as alternativas estão corretas quanto ao emprego Escasso de
correto da regência do verbo, EXCETO: Parco em, de
(A) Faço entrega em domicílio. Alheio a, de
(B) Eles assistem o espetáculo. Essencial a, para
(C) João gosta de frutas. Passível de
(D) Ana reside em São Paulo. Análogo a
(E) Pedro aspira ao cargo de chefe. Fácil de
Preferível a
02. Assinale a opção em que o verbo Ansioso de, para, por
chamar é empregado com o mesmo sentido que Fanático por
apresenta em __ “No dia em que o chamaram de Ubirajara, Prejudicial a
Quaresma ficou reservado, taciturno e mudo”: Apto a, para
(A) pelos seus feitos, chamaram-lhe o salvador da pátria; Favorável a
(B) bateram à porta, chamando Rodrigo; Prestes a
(C) naquele momento difícil, chamou por Deus e pelo Diabo; Ávido de
(D) o chefe chamou-os para um diálogo franco; Generoso com
(E) mandou chamar o médico com urgência. Propício a
Benéfico a
03. A regência verbal está correta na alternativa: Grato a, por
(A) Ela quer namorar com o meu irmão. Próximo a
(B) Perdi a hora da entrevista porque fui à pé. Capaz de, para
(C) Não pude fazer a prova do concurso porque era de menor. Hábil em
(D) É preferível ir a pé a ir de carro. Relacionado com
Compatível com
Respostas Habituado a
01. B\02. A\03. D Relativo a
Contemporâneo a, de
Regência Nominal Idêntico a
   
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, Advérbios
adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa Longe de Perto de
relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo
da regência nominal, é preciso levar em conta que vários nomes Obs.: os advérbios terminados em  -mente tendem a seguir
apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
derivam. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses casos, paralelamente a; relativa a; relativamente a.
conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
Verbo  obedecer  e os nomes correspondentes: todos regem
complementos introduzidos pela preposição «a”.Veja: Questões

Obedecer a algo/ a alguém. 01. Assinale a alternativa em que a preposição “a” não deva


Obediente a algo/ a alguém. ser empregada, de acordo com a regência nominal.
(A) A confiança é necessária ____ qualquer relacionamento.
Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados (B) Os pais de Pâmela estão alheios ____ qualquer decisão.
da preposição ou preposições que os regem. Observe-os (C) Sirlene tem horror ____ aves.
atentamente e procure, sempre que possível, associar esses (D) O diretor está ávido ____ melhores metas.
nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece. (E) É inegável que a tecnologia ficou acessível ____ toda
população.
Substantivos
Admiração a, por 02. Quanto a amigos, prefiro João.....Paulo,.....quem sinto......
Devoção a, para, com, por simpatia.
Medo a, de (A) a, por, menos
Aversão a, para, por (B) do que, por, menos
Doutor em (C) a, para, menos
Obediência a (D) do que, com, menos
Atentado a, contra (E) do que, para, menos
Dúvida acerca de, em, sobre
Ojeriza a, por Respostas
Bacharel em 01. D\02. A
Horror a
Proeminência sobre 5.7 Emprego do sinal indicativo
Capacidade de, para de crase.
Impaciência com
Respeito a, com, para com, por
Emprego do sinal indicativo de crase
Adjetivos
Acessível a A palavra crase é de origem grega e significa «fusão»,
Diferente de «mistura». Na língua portuguesa, é o nome que se dá à «junção»
Necessário a de duas vogais idênticas. É de grande importância a crase da
Acostumado a, com preposição “a” com o artigo feminino “a” (s), com o “a” inicial dos
Entendido em pronomes aquele(s), aquela (s), aquilo e com o “a” do relativo a

Língua Portuguesa 58
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qual (as quais). Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho.
indicar a crase. O uso apropriado do acento grave depende da O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro.
compreensão da fusão das duas vogais. É fundamental também,
para o entendimento da crase, dominar a regência dos verbos 3-) na indicação de horas:
e nomes que exigem a preposição  “a”. Aprender a usar a Acordei às sete horas da manhã.
crase, portanto, consiste em aprender a verificar a ocorrência Elas chegaram às dez horas.
simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome.  Foram dormir à meia-noite.

Observe: 4-) em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de


Vou a + a igreja. que participam palavras femininas. Por exemplo:
Vou à igreja.
à tarde às ocultas às pressas à medida que
No exemplo acima, temos a ocorrência da à noite às claras às escondidas à força
preposição  “a”,  exigida pelo verbo  ir (ir a algum lugar) e a
ocorrência do artigo “a” que está determinando o substantivo à vontade à beça à larga à escuta
feminino igreja. Quando ocorre esse encontro das duas vogais e às avessas à revelia à exceção de à imitação de
elas se unem, a união delas é indicada pelo acento grave. Observe
os outros exemplos: à esquerda às turras às vezes à chave
à direita à procura à deriva à toa
Conheço a aluna.
Refiro-me à aluna. à proporção
à luz à sombra de à frente de
No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer que
algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não pode à
ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto semelhança às ordens à beira de
(referir-se a algo ou a alguém) e exige a preposição  “a”. de
Portanto, a crase é possível, desde que o termo seguinte seja
feminino e admita o artigo feminino “a” ou um dos pronomes já Crase diante de Nomes de Lugar
especificados.
Veja os principais casos em que a crase NÃO ocorre: Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do
artigo “a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que
1-) diante de substantivos masculinos: diante deles haverá crase, desde que o termo regente exija a
Andamos a cavalo. preposição “a”. Para saber se um nome de lugar admite ou não
Fomos a pé. a anteposição do artigo feminino “a”, deve-se substituir o termo
regente por um verbo que peça a preposição  “de”  ou  “em”. A
2-) diante de  verbos no infinitivo: ocorrência da contração  “da”  ou  “na”  prova que esse nome de
A criança começou a falar. lugar aceita o artigo e, por isso, haverá crase.
Ela não tem nada a dizer. Por exemplo:
Vou  à  França. (Vim  da [de+a] França. Estou  na [em+a]
Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos França.)
exemplos acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase. Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
3-) diante da maioria dos pronomes e das expressões de Vou  a  Porto Alegre. (Vim  de Porto Alegre. Estou em Porto
tratamento, com exceção das formas senhora, senhorita e dona: Alegre.) 
Diga a ela que não estarei em casa amanhã.
Entreguei a todos os documentos necessários. - Minha dica: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou A
Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem. volto DE, crase PRA QUÊ?”
Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes Vou à praia. = Volto da praia.
podem ser identificados pelo método: troque a palavra feminina
por uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao, - ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado,
ocorrerá crase. Por exemplo: ocorrerá crase. Veja:
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. =
Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo indivíduo.) mesmo que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao senhor.) Irei à Salvador de Jorge Amado.
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio
Cláudio para sair mais cedo.) Crase diante dos Pronomes Demonstrativos Aquele (s),
Aquela (s), Aquilo
4-) diante de numerais cardinais:
Chegou a duzentos o número de feridos Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo
Daqui a uma semana começa o campeonato. regente exigir a preposição “a”. Por exemplo:

Casos em que a crase SEMPRE ocorre: Refiro-me a + aquele atentado.


Preposição Pronome
1-) diante de palavras femininas:
Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega. Refiro-me àquele atentado.
Sempre vamos à praia no verão.
Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores. O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo
Sou grata à população. indireto referir (referir-se a algo ou alguém) e exige preposição,
Fumar é prejudicial à saúde. portanto, ocorre a crase. Observe este outro exemplo:
Este aparelho é posterior à invenção do telefone.
Aluguei aquela casa.
2-) diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de”
(mesmo que a expressão moda de fique subentendida): O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não exige
O jogador fez um gol à (moda de) Pelé.  preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso.
Usava sapatos à (moda de) Luís XV. Veja outros exemplos:

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Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho. Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo
Quero agradecer àqueles que me socorreram. feminino diante de nomes próprios femininos, então podemos
Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai. escrever as frases abaixo das seguintes formas:
Não obedecerei àquele sujeito.
Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a
Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais Roberto.
Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao
A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e as Roberto.
quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses pronomes
exigir a preposição  «a»,  haverá crase. É possível detectar a 2-) diante de pronome possessivo feminino:
ocorrência da crase nesses casos utilizando a substituição do Observação: é facultativo o uso da crase diante de
termo regido feminino por um termo regido masculino.  pronomes possessivos femininos porque é facultativo o uso do
Por exemplo: artigo. Observe:
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade. Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está
O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade esperando por você.
A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a crase. esperando por você.
Veja outros exemplos:
São normas às quais todos os alunos devem obedecer. Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de
Esta foi a conclusão à qual ele chegou. pronomes possessivos femininos, então podemos escrever as
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam frases abaixo das seguintes formas:
responder nenhuma das questões.
A sessão à qual assisti estava vazia. Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.
Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.
Crase com o Pronome Demonstrativo “a”
3-) depois da preposição até:
A ocorrência da crase com o pronome Fui até a praia. ou Fui até à praia.
demonstrativo “a” também pode ser detectada através da Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à porta.
substituição do termo regente feminino por um termo regido A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou
masculino.  A palestra vai até às cinco horas da tarde.
Veja:
Minha revolta é ligada à do meu país. Questões
Meu luto é ligado ao do meu país.
As orações são semelhantes às de antes. 01. No Brasil, as discussões sobre drogas parecem limitar-
Os exemplos são semelhantes aos de antes. se ______aspectos jurídicos ou policiais. É como se suas únicas
Suas perguntas são superiores às dele. consequências estivessem em legalismos, tecnicalidades
Seus argumentos são superiores aos dele. e estatísticas criminais. Raro ler ____respeito envolvendo
Sua blusa é idêntica à de minha colega. questões de saúde pública como programas de esclarecimento
Seu casaco é idêntico ao de minha colega. e prevenção, de tratamento para dependentes e de reintegração
desses____ vida. Quantos de nós sabemos o nome de um médico
A Palavra Distância ou clínica ____quem tentar encaminhar um drogado da nossa
própria família?
Se a palavra  distância  estiver especificada, determinada, a (Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Paulo,
crase deve ocorrer. 17.09.2012. Adaptado)
Por exemplo:
Sua casa fica  à  distância de 100 Km daqui. (A palavra está As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e
determinada) respectivamente, com:
Todos devem ficar  à  distância de 50 metros do palco. (A (A) aos … à … a … a
palavra está especificada.) (B) aos … a … à … a
(C) a … a … à … à
Se a palavra  distância  não estiver especificada, a (D) à … à … à … à
crase não pode ocorrer.  (E) a … a … a … a
Por exemplo:
Os militares ficaram a distância. 02. Leia o texto a seguir.
Gostava de fotografar a distância. Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu
Ensinou a distância. ______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do
Dizem que aquele médico cura a distância. procedimento de Camilo. Vimos que ______ cartomante restituiu-
Reconheci o menino a distância. lhe ______ confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o
que fez.
Observação: por motivo de clareza, para evitar ambiguidade, (Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. Rio de
pode-se usar a crase. Janeiro: Globo, 1997, p. 6)
Veja:
Gostava de fotografar à distância. Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na
Ensinou à distância. ordem dada:
Dizem que aquele médico cura à distância. A) à – a – a
B) a – a – à
Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA C) à – a – à
D) à – à – a
1-) diante de nomes próprios femininos: E) a – à – à
Observação: é facultativo o uso da crase diante de nomes
próprios femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe: 03 “Nesta oportunidade, volto ___ referir-me ___ problemas já
Paula é muito bonita. Laura é minha amiga. expostos ___ V. Sª ___ alguns dias”.
A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga. a) à - àqueles - a - há 
b) a - àqueles - a - há 
c) a - aqueles - à - a 

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d) à - àqueles - a - a  - O verbo estiver no gerúndio:
e) a - aqueles - à - há Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de
Respostas despreocupada.
1-B / 2-A / 3-B Despediu-se, beijando-me a face.

5.8 Colocação dos pronomes - Houver vírgula ou pausa antes do verbo:


Se passar no vestibular em outra cidade, mudo-me no
átonos. mesmo instante.
Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas.
Mesóclise
Colocação dos Pronomes Oblíquos
Átonos A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado no
futuro do presente ou no futuro do pretérito:
De acordo com as autoras Rose Jordão e Clenir Bellezi, a A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela se
colocação pronominal é a posição que os pronomes pessoais realizará)
oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que se Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma
referem. proposta a você)
Fontes:
São pronomes oblíquos átonos: me, te, se, o, os, a, as, lhe, http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf42.php
lhes, nos e vos. http://www.brasilescola.com/gramatica/colocacao-pronominal.
O pronome oblíquo átono pode assumir três posições na htm
oração em relação ao verbo:
Questões
1. próclise: pronome antes do verbo
2. ênclise: pronome depois do verbo 01. Considerada a norma culta escrita, há correta substituição
3. mesóclise: pronome no meio do verbo de estrutura nominal por pronome em:
(A) Agradeço antecipadamente sua Resposta // Agradeço-
Próclise lhes antecipadamente.
(B) do verbo fabricar se extraiu o substantivo fábrica. // do
A próclise é aplicada antes do verbo quando temos: verbo fabricar se extraiu-lhe.
- Palavras com sentido negativo: (C) não faltam lexicógrafos // não faltam-os.
Nada me faz querer sair dessa cama. (D) Gostaria de conhecer suas considerações // Gostaria de
Não se trata de nenhuma novidade. conhecê-las.
(E) incluindo a palavra ‘aguardo’ // incluindo ela.
- Advérbios:
Nesta casa se fala alemão. 02. Caso fosse necessário substituir o termo destacado em
Naquele dia me falaram que a professora não veio. “Basta apresentar um documento” por um pronome, de acordo
com a norma-padrão, a nova redação deveria ser
- Pronomes relativos: (A) Basta apresenta-lo.
A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje. (B) Basta apresentar-lhe.
Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram. (C) Basta apresenta-lhe.
(D) Basta apresentá-la.
- Pronomes indefinidos: (E) Basta apresentá-lo.
Quem me disse isso?
Todos se comoveram durante o discurso de despedida. Respostas
01. D/02. E
- Pronomes demonstrativos:
Isso me deixa muito feliz! 6 Reescrita de frases e parágrafos
Aquilo me incentivou a mudar de atitude! do texto. 6.1 Significação das
- Preposição seguida de gerúndio: palavras. 6.2 Substituição de
Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais palavras ou de trechos de texto.
indicado à pesquisa escolar. 6.3 Reorganização da estrutura
de orações e de períodos do
- Conjunção subordinativa: texto. 6.4 Reescrita de textos de
Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram.
diferentes gêneros e níveis de
Ênclise formalidade.

A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta não


aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos átonos. A Reescritura de Frases
ênclise vai acontecer quando:
Antes de discorrermos acerca de um assunto tão importante,
- O verbo estiver no imperativo afirmativo: convidamos você, caro (a) usuário (a), a se enlevar mediante as
Amem-se uns aos outros. palavras do grandioso mestre de nossas letras, João Cabral de
Sigam-me e não terão derrotas. Melo Neto, que, por meio de uma metalinguagem, cumpre bem
seu trabalho de lidar com as palavras e deixar claro para nós,
- O verbo iniciar a oração: leitores, quão grandioso e magnífico é o exercício da escrita.
Diga-lhe que está tudo bem. Voltemo-nos a elas, portanto:
Chamaram-me para ser sócio.
Catar feijão
- O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da preposição
“a”: 1.
Naquele instante os dois passaram a odiar-se. Catar feijão se limita com escrever:
Passaram a cumprimentar-se mutuamente. joga-se os grãos na água do alguidar

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e as palavras na folha de papel; claro, analisemos o parágrafo que segue, revelando ser um bom
e depois, joga-se fora o que boiar. exemplo da ocorrência em questão:
Certo, toda palavra boiará no papel, A leitura, esse importante instrumento – o qual o torna
água congelada, por chumbo seu verbo: mais culto, mais apto a expressar seus pensamentos –, pois
pois para catar esse feijão, soprar nele, amplia significativamente seu vocabulário, contribui para o
e jogar fora o leve e oco, palha e eco. aperfeiçoamento da escrita.
Tudo aquilo que se afirma acerca da eficácia da leitura, ainda
2. que relevante, tornou extensa e cansativa a ideia abordada.
Ora, nesse catar feijão entra um risco: Dessa forma, retificando a oração, poderíamos obter como
o de que entre os grãos pesados entre essencial somente estes dizeres, os quais seguem expressos:
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente. A leitura contribui para o aperfeiçoamento da escrita.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo: Mediante os pressupostos aqui elencados, acreditamos ter
obstrui a leitura fluviante, flutual, contribuído de forma significativa para que você aprimore ainda
açula a atenção, isca-a como o risco. mais suas habilidades no que tange à construção textual. E que,
por meio da reescrita de suas ideias, possa ser hábil em jogar
Poema intitulado “Catar feijão”, parte constituinte do livro fora o leve o oco, assim mesmo como ressalta nosso grande
“Educação pela pedra”, publicado em 1965. mestre, e reelabore seu discurso pautando-se na concretude das
palavras, tornando-as claras, precisas, objetivas.
A comparação ora estabelecida parece casar perfeitamente
diante daquele momento em que as ideias são elencadas. No Fonte: http://portugues.uol.com.br/redacao/reescrita-
entanto, é preciso ser hábil para escolher palavra por palavra, textual.html
de modo a fazer com que o discurso (as orações, os períodos, os
parágrafos) torne-se claro e preciso, atendendo às expectativas ATITUDES NÃO RECOMENDADAS
de nosso interlocutor. Dessa forma, como aqueles grãos que
boiam fora, desnecessários por sinal, algumas palavras também EXPRESSÕES USO RECOMENDADO
parecem não se encaixar, pois por um motivo ou outro acabam CONDENÁVEIS
escapando aos nossos olhos. A nível de / Ao nível Em nível, No nível
O porquê de escaparem? É simples, haja vista que nesse
momento essa habilidade antes mencionada entra em ação e, em Face a / Frente a Ante, Diante, Em face de, Em
meio a esse ínterim, conhecimentos de toda ordem parecem se vista de, Perante
relacionar, sejam eles de ordem ortográfica, semântica, sintática Onde (Quando não Em que, Na qual, Nas quais, No
e, sobretudo, aqueles indispensáveis a todo bom redator: o exprime lugar) qual, Nos quais
conhecimento de mundo.
Dada essa manifestação, é impossível não abordar um Sob um ponto de vista De um ponto de vista
procedimento, tão útil quanto necessário: a reescrita textual. Sob um prisma Por (ou através de) um prisma
Acredite que, por meio dele, você, enquanto emissor, encontrará
os grãos pesados entre um grão qualquer, pedra ou indigesto, um Em função de Em virtude de, Por causa de,
grão imastigável, de quebrar dente. Vale dizer, contudo, que essa Em consequência de, Por, Em
reescrita não deve se dar somente no âmbito de corrigir aqueles razão de
possíveis erros... digamos assim... gramaticais. Importantes eles?
Sim, sem dúvida alguma, mas não são tudo. Cumpre afirmar que Expressões não recomendadas
a reescrita deve ir além, haja vista que nos permite reconhecer - a partir de (a não ser com valor temporal).
aquelas “falhas” que certamente seriam reconhecidas por Opção: com base em, tomando-se por base, valendo-se
outra pessoa, sobretudo em se tratando do “teor”, da “essência” de...
discursiva.
Tendo em vista que a coesão representa um dos principais - através de (para exprimir “meio” ou instrumento).
aspectos na produção textual, muitas vezes, mediante a leitura Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio de,
daquilo que escrevemos, constatamos que os parágrafos não se segundo...
encontram assim tão harmoniosamente ligados como deveriam. - devido a.
Às vezes, uma conjunção ali, um advérbio acolá e um pronome Opção: em razão de, em virtude de, graças a, por causa
adiante não se encontram bem distribuídos. Outras vezes, de.
percebemos uma quebra de simetria (revelada pela falta de
paralelismo), em que uma ideia poderia ter sido expressa de - dito.
outra forma. Opção: citado, mencionado.
Assim, de modo a constatar como esse aspecto assimétrico
se manifesta na prática, analise o seguinte enunciado: - enquanto.
A leitura é importante, necessária, útil e traz benefícios a Opção: ao passo que.
todo emissor que deseja aprimorar ainda mais a competência
discursiva. - inclusive (a não ser quando significa incluindo-se).
Inferimos que com o uso de “traz benefícios” houve uma Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também.
quebra de simetria dos adjetivos explicitados (importante,
necessária, útil...). Não que isso seja considerado uma falha de - no sentido de, com vistas a.
grande extensão, mas a ideia ficaria mais clara se outro adjetivo Opção: a fim de, para, com a finalidade de, tendo em vista.
tivesse sido utilizado, justamente para acompanhar o raciocínio
antes firmado, ou seja: - pois (no início da oração).
A leitura é importante, necessária, útil e benéfica a todo Opção: já que, porque, uma vez que, visto que.
emissor que deseja aprimorar ainda mais a competência
discursiva. - principalmente.
Outro aspecto, não menos importante, materializa-se pela Opção: especialmente, sobretudo, em especial, em
“abundância” de orações intercaladas, as quais corroboram particular.
para a extensão da ideia, fazendo com que o interlocutor perca
o “fio da meada” e passe a não entender mais o que se afirma Expressões que demandam atenção
no início da oração. Dessa forma, para que fique um pouco mais - acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se

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APOSTILAS OPÇÃO
- aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser e estar, Não utilize provérbios ou ditos populares. Eles empobrecem
aceito a redação e fazem parecer que o autor não tem criatividade ao
- acendido, aceso (formas similares) – idem lançar mão de formas já gastas pelo uso frequente.
- à custa de – e não às custas de
- à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo que, - “Todos os deputados são corruptos”.
conforme Evite pensamentos radicais. É recomendável não generali-
- na medida em que – tendo em vista que, uma vez que zar e evitar, assim, posições extremistas.
- a meu ver – e não ao meu ver
- a ponto de – e não ao ponto de - “Bem, acho que - você sabe - não é fácil dizer essas coisas.
- a posteriori, a priori – não tem valor temporal Olhe, acho que ele não vai concordar com a decisão que você to-
- em termos de – modismo; evitar mou, quero dizer, os fatos levam você a isso, mas você sabe - todos
- enquanto que – o que é redundância sabem - ele pensa diferente. É bom a gente pensar como vai fazer
- entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a para, enfim, para ele entender a decisão”.
- implicar em – a regência é direta (sem em) O ato de escrever é diferente do ato de falar. O texto escrito
- ir de encontro a – chocar-se com não deve apresentar marcas de oralidade.
- ir ao encontro de – concordar com
- se não, senão – quando se pode substituir por caso não, - “Mal cheiro”, “mau-humorado”.
separado; quando não se pode, junto Mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom
- todo mundo – todos cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau hu-
- todo o mundo – o mundo inteiro mor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar.
- não pagamento = hífen somente quando o segundo termo
for substantivo - “Fazem” cinco anos.
- este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a tempo Fazer, quando exprime tempo, é impessoal: Faz cinco anos. /
presente; a futuro próximo; ao anunciar e a que se está tratando) Fazia dois séculos. / Fez 15 dias.
- esse e isso – referência longe do falante e perto do ouvinte
(tempo futuro, desejo de distância; tempo passado próximo do - “Houveram” muitos acidentes.
presente, ou distante ao já mencionado e a ênfase). Haver, como existir, também é invariável: Houve muitos
acidentes. / Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos
Erros Comuns iguais.

- “Hoje ao receber alguns presentes no qual completo vinte - Para “mim” fazer.
anos tenho muitas novidades para contar”. Mim não faz, porque não pode ser sujeito. Assim: Para eu fa-
Uso inadequado do pronome relativo. Ele provoca falta de zer, para eu dizer, para eu trazer.
coesão, pois não consegue perceber a que antecedente ele se re-
fere, portanto nada conecta e produz relação absurda. - Entre “eu” e você.
Depois de preposição, usa-se mim ou ti: Entre mim e você. /
- “Ainda brincava de boneca quando conheci Davi, piloto de Entre eles e ti.
cart, moreno, 20 anos, com olhos cor de mel. “Tudo começou na-
quele baile de quinze anos”, “... é aos dezoito anos que se começa - “Há” dez anos “atrás”.
a procurar o caminho do amanhã e encontrar as perspectiva que Há e atrás indicam passado na frase. Use apenas há dez anos
nos acompanham para sempre na estrada da vida”. ou dez anos atrás.
Você pode ter conhecimento do vocabulário e das regras
gramaticais e, assim, construir um texto sem erros. Entretanto, - “Entrar dentro”.
se você reproduz sem nenhuma crítica ou reflexão expressões Problema de redundância. O certo seria: entrar em.
gastas, vulgarizadas pelo uso contínuo. A boa qualidade do texto Veja outras redundâncias: Sair fora ou para fora, elo de liga-
fica comprometida. ção, monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grátis, viúva do
falecido.
- Tema: Para você, as experiências genéticas de clonagem
põem em xeque todos os conceitos humanos sobre Deus e a - Vai assistir “o” jogo hoje.
vida? “Bem a clonagem não é tudo, mas na vida tudo tem o seu Assistir como presenciar exige a: Vai assistir ao jogo, à missa,
valor e os homens a todo momento necessitam de descobrir todos à sessão.
os mistérios da vida que nos cerca a todo instante”. Outros verbos com a: A medida não agradou (desagradou)
É de extrema importância seguir o que foi proposto no tema. à população. / Eles obedeceram (desobedeceram) aos avisos. /
Antes de começar o texto leia atentamente todos os elementos Aspirava ao cargo de diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu à
que o examinador apresentou. Esquematize as ideias e perceba carta. / Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes.
se não há falta de correspondência entre o tema proposto e o
texto criado. - Preferia ir “do que” ficar.
Prefere-se sempre uma coisa a outra: Preferia ir a ficar. É
- “Uma biópsia do tumor retirado do fígado do meu primo (...) preferível segue a mesma norma: É preferível lutar a morrer
mostrou que ele não era maligno”. sem glória.
Esta frase está ambígua. Não se sabe se o pronome ele refere-
-se ao fígado ou ao primo. Para se evitar a ambiguidade, deve-se - Não há regra sem “excessão”.
observar se a relação entre cada palavra do texto está correta. O certo é exceção.
Veja outras grafias erradas e, entre parênteses, a forma
- “Ele me tratava como uma criança, mas eu era apenas uma correta: “paralizar” (paralisar), “beneficiente” (beneficente),
criança”. “xuxu” (chuchu), “previlégio” (privilégio), “vultuoso” (vultoso),
Problema com o uso do conectivo “mas”. O conectivo mas indi- “cincoenta” (cinquenta), “zuar” (zoar), “frustado” (frustrado),
ca uma circunstância de oposição, de ideia contrária a. Portanto, “calcáreo” (calcário), “advinhar” (adivinhar), “benvindo” (bem-
a relação adversativa introduzida pelo “mas” no fragmento aci- -vindo), “ascenção” (ascensão), “pixar” (pichar), “impecilho”
ma produz uma ideia absurda. (empecilho), “envólucro” (invólucro).

- “Entretanto, como já diziam os sábios: depois da tempestade - Comprei “ele” para você.
sempre vem a bonança. Após longo suplício, meu coração apazi- Eu, tu, ele, nós, vós e eles não podem ser objeto direto. As-
guava as tormentas e a sensatez me mostrava que só estaríamos sim: Comprei-o para você. Também: Deixe-os sair, mandou-nos
separadas carnalmente”. entrar, viu-a, mandou-me.

Língua Portuguesa 63
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APOSTILAS OPÇÃO
- “Aluga-se” casas. - Tinha “chego” atrasado.
O verbo concorda com o sujeito: Alugam-se casas. / Fazem- “Chego” não existe. O certo: Tinha chegado atrasado.
-se consertos. / É assim que se evitam acidentes. / Compram-se
terrenos. / Procuram-se empregados. - Queria namorar “com” o colega.
- Chegou “em” São Paulo. O com não existe: Queria namorar o colega.
Verbos de movimento exigem a, e não em: Chegou a São Pau-
lo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os filhos ao circo. - O processo deu entrada “junto ao” STF.
Processo dá entrada no STF
- Todos somos “cidadões”.
O plural de cidadão é cidadãos. Veja outros: caracteres (de - As pessoas “esperavam-o”.
caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres. Quando o verbo termina em m, ão ou õe, os pronomes o, a, os
e as tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas esperavam-no.
- A última “seção” de cinema. / Dão-nos, convidam-na, põe-nos, impõem-nos.
Seção significa divisão, repartição, e sessão equivale a tempo
de uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes, se- - Vocês “fariam-lhe” um favor?
ção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas, ses- Não se usa pronome átono (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) de-
são do Congresso. pois de futuro do presente, futuro do pretérito (antigo condicio-
nal) ou particípio. Assim: Vocês lhe fariam (ou far-lhe-iam) um
- Vendeu “uma” grama de ouro. favor? / Ele se imporá pelos conhecimentos (e nunca “imporá-
Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro, vitami- -se”). / Os amigos nos darão (e não “darão-nos”) um presente. /
na C de dois gramas. Tendo-me formado (e nunca tendo “formado-me”).

- “Porisso”. - Chegou “a” duas horas e partirá daqui “há” cinco minutos.
Duas palavras, por isso, como de repente e a partir de Há indica passado e equivale a faz, enquanto a exprime dis-
tância ou tempo futuro (não pode ser substituído por faz): Che-
- Não viu “qualquer” risco. gou há (faz) duas horas e partirá daqui a (tempo futuro) cinco
Deve-se usar “nenhum”, e não “qualquer. minutos. / O atirador estava a (distância) pouco menos de 12
Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum reparo. / metros. / Ele partiu há (faz) pouco menos de dez dias.
Nunca promoveu nenhuma confusão.
- Estávamos “em” quatro à mesa.
- A feira “inicia” amanhã. O “em” não existe: Estávamos quatro à mesa. / Éramos seis.
Alguma coisa se inicia, se inaugura: A feira inicia-se (inaugu- / Ficamos cinco na sala.
ra-se) amanhã.
- Sentou “na” mesa para comer.
- O peixe tem muito “espinho”. Sentar-se (ou sentar) em é sentar-se em cima de. Veja o cer-
Peixe tem espinha. to: Sentou-se à mesa para comer. / Sentou ao piano, à máquina,
Veja outras confusões desse tipo: O “fuzil” (fusível) queimou. ao computador.
/ Casa “germinada” (geminada), “ciclo” (círculo) vicioso, “cabe-
çário” (cabeçalho). - Ficou contente “por causa que” ninguém se feriu.
A locução não existe. Use porque: Ficou contente porque nin-
- Não sabiam «aonde» ele estava. guém se feriu.
O certo: Não sabiam onde ele estava.
Aonde se usa com verbos de movimento, apenas: Não sei - O time empatou “em” 2 a 2.
aonde ele quer chegar. / Aonde vamos? A preposição é “por”: O time empatou por 2 a 2. Repare que
ele ganha por e perde por. Da mesma forma: empate por.
- “Obrigado”, disse a moça.
Obrigado concorda com a pessoa: “Obrigada”, disse a moça. / - Não queria que “receiassem” a sua companhia.
Obrigado pela atenção. / Muito obrigados por tudo. O i não existe: Não queria que receassem a sua companhia.
- Ela era “meia” louca. Da mesma forma: passeemos, enfearam, ceaste, receeis (só exis-
Meio, advérbio, não varia: meio louca, meio esperta, meio te i quando o acento cai no e que precede a terminação ear: re-
amiga. ceiem, passeias, enfeiam).

- “Fica” você comigo. - Eles “tem” razão.


Fica é imperativo do pronome tu. Para a 3.ª pessoa, o certo No plural, têm é com acento. Tem é a forma do singular. O
é fique: Fique você comigo. / Venha pra Caixa você também. / mesmo ocorre com vem e vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm;
Chegue aqui. ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem.

- A questão não tem nada «haver» com você. - Acordos “políticos-partidários”. Nos adjetivos compostos,
A questão, na verdade, não tem nada a ver ou nada que ver. só o último elemento varia: acordos político-partidários. Ou-
Da mesma forma: Tem tudo a ver com você. tros exemplos: Bandeiras verde-amarelas, medidas econômico-
-financeiras, partidos social-democratas.
- Vou “emprestar” dele.
Emprestar é ceder, e não tomar por empréstimo: Vou pegar - Andou por “todo” país.
o livro emprestado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao meu Todo o (ou a) é que significa inteiro: Andou por todo o país
irmão. (pelo país inteiro). / Toda a tripulação (a tripulação inteira) foi
Repare nesta concordância: Pediu emprestadas duas malas. demitida.
Sem o, todo quer dizer cada, qualquer: Todo homem (cada
- Ele foi um dos que “chegou” antes. homem) é mortal. / Toda nação (qualquer nação) tem inimigos.
Um dos que faz a concordância no plural: Ele foi um dos que
chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi um). / Era um - “Todos” amigos o elogiavam.
dos que sempre vibravam com a vitória. No plural, todos exige os: Todos os amigos o elogiavam. / Era
difícil apontar todas as contradições do texto.
- “Cerca de 18” pessoas o saudaram. Cerca de indica arredon-
damento e não pode aparecer com números exatos: Cerca de 20 - Ela “mesmo” arrumou a sala.
pessoas o saudaram. “Mesmo” é variável: Ela mesma (própria) arrumou a sala. /

Língua Portuguesa 64
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APOSTILAS OPÇÃO
As vítimas mesmas recorreram à polícia. A expressão é “haja vista” e não varia: Haja vista seu empe-
nho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista suas críticas.
- Chamei-o e “o mesmo” não atendeu.
Não se pode empregar o mesmo no lugar de pronome ou - A moça “que ele gosta”.
substantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcionários pú- Quem gosta, gosta de, o certo é: A moça de que ele gosta
blicos reuniram-se hoje: amanhã o país conhecerá a decisão dos
servidores (e não “dos mesmos”). - É hora “dele” chegar.
Não se deve fazer a contração da preposição com artigo ou
- Vou sair “essa” noite. pronome, nos casos seguidos de infinitivo: É hora de ele chegar.
É este que designa o tempo no qual se está o objeto próximo: / Apesar de o amigo tê-lo convidado. / Depois de esses fatos te-
Esta noite, esta semana (a semana em que se está), este dia, este rem ocorrido.
jornal (o jornal que estou lendo), este século (o século 20).
- A festa começa às 8 “hrs.”.
- A temperatura chegou a 0 “graus”. Zero indica singular sem- As abreviaturas do sistema métrico decimal não têm plural
pre: Zero grau, zero-quilômetro, zero hora. nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e não “kms.”), 5 m, 10 kg.

- Comeu frango “ao invés de” peixe. - “Dado” os índices das pesquisas...
Em vez de indica substituição: Comeu frango em vez de pei- A concordância é normal: Dados os índices das pesquisas... /
xe. Dado o resultado... / Dadas as suas ideias...
Ao invés de significa apenas ao contrário: Ao invés de entrar,
saiu. - Ficou “sobre” a mira do assaltante.
Sob é que significa debaixo de: Ficou sob a mira do assaltan-
- Se eu “ver” você por aí... te. / Escondeu-se sob a cama.
O certo é: Se eu vir, revir, previr. Da mesma forma: Se eu vier Sobre equivale a em cima de ou a respeito de: Estava sobre
(de vir); se eu tiver (de ter); se ele puser (de pôr); se ele fizer (de o telhado. / Falou sobre a inflação. E lembre-se: O animal ou o
fazer); se nós dissermos (de dizer). piano têm cauda e o doce, calda. Da mesma forma, alguém traz
alguma coisa e alguém vai para trás.
- Evite que a bomba “expluda”. Explodir só tem as pessoas em
que depois do “d” vêm “e” e “i”: Explode, explodiram, etc. Portan- - “Ao meu ver”. Não existe artigo nessas expressões: A meu
to, não escreva nem fale “exploda” ou “expluda”, ver, a seu ver, a nosso ver.

- Disse o que “quiz”. Norma Culta e Língua-Padrão


Não existe z, mas apenas s, nas pessoas de querer e pôr: Quis,
quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs, pus, pusesse, puseram, De acordo com M. T. Piacentini, mesmo que não se mencione
puséssemos. terminologia específica, é evidente que se lida no dia-a-dia com
níveis diferentes de fala e escrita. É também verdade que as
- O homem “possue” muitos bens. pessoas querem “falar e escrever melhor”, querem dominar a
O certo: O homem possui muitos bens. Verbos em uir só têm língua dita culta, a correta, a ideal, não importa o nome que se
a terminação ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar é que admi- lhe dê.
tem ue: Continue, recue, atue, atenue. O padrão de língua ideal a que as pessoas querem chegar é
aquele convencionalmente utilizado nas instâncias públicas de
- A tese “onde”. uso da linguagem, como livros, revistas, documentos, jornais,
Onde só pode ser usado para lugar: A casa onde ele mora. / textos científicos e publicações oficiais; em suma, é a que circula
Veja o jardim onde as crianças brincam. Nos demais casos, use nos meios de comunicação, no âmbito oficial, nas esferas de
em que: A tese em que ele defende essa ideia. / O livro em que... pesquisa e trabalhos acadêmicos.
/ A faixa em que ele canta... / Na entrevista em que...
- Já “foi comunicado” da decisão. Não obstante, os linguistas entendem haver uma língua
Uma decisão é comunicada, mas ninguém “é comunicado” circulante que é correta mas diferente da língua ideal e
de alguma coisa. Assim: Já foi informado (cientificado, avisado) imaginária, fixada nas fórmulas e sistematizações da gramática.
da decisão. Outra forma errada: A diretoria “comunicou” os em- Eles fazem, pois, uma distinção entre o real e o ideal: a língua
pregados da decisão. Opções corretas: A diretoria comunicou a concreta com todas suas variedades de um lado, e de outro um
decisão aos empregados. / A decisão foi comunicada aos empre- padrão ou modelo abstrato do que é “bom” e “correto”, o que
gados. conformaria, no seu entender, uma língua artificial, situada num
nível hipotético.
- A modelo “pousou” o dia todo. Para os cientistas da língua, portanto, fica claro que há
Modelo posa (de pose). Quem pousa é ave, avião, viajante, dois estratos diferenciados: um praticamente intangível,
etc. representado nas normas preconizadas pela gramática
tradicional, que comporta as irregularidades e excrescências da
- Espero que “viagem” hoje. língua, e outro concreto, o utilizado pelos falantes cultos, qual
Viagem, com g, é o substantivo: Minha viagem. A forma ver- seja, a “linguagem concretamente empregada pelos cidadãos
bal é viajem (de viajar). que pertencem aos segmentos mais favorecidos da nossa
Evite também “comprimentar” alguém: de cumprimento população”, segundo Marcos Bagno.
(saudação), só pode resultar cumprimentar. Comprimento é ex- Convém esclarecer que para a ciência sociolinguística
tensão. Igualmente: Comprido (extenso) e cumprido (concreti- somente a pessoa que tiver formação universitária completa
zado). será caracterizada como falante culto(urbano).
Sendo assim, como são presumivelmente cultos os sujeitos
- O pai “sequer” foi avisado. que produzem os jornais, a documentação oficial, os trabalhos
Sequer deve ser usado com negativa: O pai nem sequer foi científicos, só pode ser culta a sua linguagem, mesmo que a
avisado. / Partiu sem sequer nos avisar. língua que tais pessoas falam e os textos que produzem nem
sempre se coadunem com as regras rígidas impostas pela
- O fato passou “desapercebido”. gramática normativa, divulgada na escola e em outras instâncias
Na verdade, o fato passou despercebido, não foi notado. De- (de repressão linguística) como o vestibular.
sapercebido significa desprevenido. Isso é o que pensam os linguistas. E o povo – saberá ele fazer
a distinção entre as duas modalidades e os dois termos que as
- “Haja visto” seu empenho... descrevem?

Língua Portuguesa 65
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APOSTILAS OPÇÃO
Para os linguistas, a língua-padrão se estriba nas normas Norma. No primeiro caso, ela é entendida como um fator de
e convenções agregadas num corpo chamado de gramática coesão social. No segundo, corresponde concretamente aos
tradicional e que tem a veleidade de servir de modelo de usos e aspirações da classe social de prestígio. Num sentido
correção para toda e qualquer forma de expressão linguística. amplo, a norma corresponde à necessidade que um grupo
Querer que todos falem e escrevam da mesma forma e de social experimenta de defender seu veículo de comunicação das
acordo com padrões gramaticais rígidos é esquecer-se que não alterações que poderiam advir no momento do seu aprendizado.
pode haver homogeneidade quando o mundo real apresenta Num sentido restrito, a Norma corresponde aos usos e atitudes
uma heterogeneidade de comportamentos linguísticos, todos de determinado seguimento da sociedade, precisamente aquele
igualmente corretos (não se pode associar “correto” somente a que desfruta de prestígio dentro da Nação, em virtude de razões
culto). políticas, econômicas e culturais. Segundo Lucchesi considera-
Em suma: há uma realidade heterogênea que, por abrigar se que a realidade linguística brasileira deve ser entendida como
diferenças de uso que refletem a dinâmica social, exclui a um contínuo de normas, dentro do quadro de bipolarização do
possibilidade de imposição ou adoção como única de uma Português do Brasil.
língua-modelo baseada na gramática tradicional, a qual, por sua A existência da civilização dá-se com o surgimento da
vez, está ancorada nos grandes escritores da língua, sobretudo escrita. Suas regras são pautadas a partir da Norma Culta. Sendo
os clássicos , sendo pois conservadora. E justamente por se valer esta importante nos documentos formais que exigem a correta
de escritores é que as prescrições gramaticais se impõem mais expressão do Português para que não haja mal entendido algum.
na escrita do que na fala. Ela nada mais é do que a modalidade linguística escolhida pela
“ A cultura escrita, associada ao poder social , desencadeou elite de uma sociedade como modelo de comunicação escrita e
também, ao longo da história, um processo fortemente unificador verbal.
(que vai alcançar basicamente as atividades verbais escritas), A Norma Culta é uma expressão empregada pelos linguistas
que visou e visa uma relativa estabilização linguística, buscando brasileiros para designar o conjunto de variantes linguísticas
neutralizar a variação e controlar a mudança. Ao resultado desse efetivamente faladas, na vida cotidiana pelos falantes cultos,
processo, a esta norma estabilizada, costumamos dar o nome de sendo assim classificando os cidadãos nascidos e criados em
norma-padrão ou língua-padrão” (Faraco, Carlos Alberto). zonas urbanas e com grau de instrução superior completo.
Aryon Rodrigues entra na discussão: “Frequentemente o “Fundamentam-se as regras da Gramática Normativa nas obras
padrão ideal é uma regra de comportamento para a qual tendem dos grandes escritores, em cuja linguagem a classe ilustrada põe
os membros da sociedade, mas que nem todos cumprem, ou não o seu ideal de perfeição, porque nela é que se espelha o que o uso
cumprem integralmente”. Mais adiante, ao se referir à escola, ele idiomático e consagrou”. (ROCHA LIMA).
professa que nem mesmo os professores de Língua Portuguesa Dentre as características que são pertinentes à Norma Culta
escapam a esse destino: “Comumente, entretanto, o mesmo podemos citar que é: a variante de maior prestígio social na
professor que ensina essa gramática não consegue observá-la comunidade, sendo realizada com certa uniformidade pelos
em sua própria fala nem mesmo na comunicação dentro de seu membros do grupo social de padrão cultural mais elevado;
grupo profissional ”. cumpre o papel de impedir a fragmentação dialetal; ensinada
Vamos ilustrar os argumentos acima expostos. Não há pela escola; usada na escrita em gêneros discursivos em que há
brasileiro – nem mesmo professores de português – que não fale maior formalidade aproximando-a dos padrões da prescrição da
assim: gramática tradicional; a mais empregada na literatura e também
– Me conta como foi o fim de semana… pelas pessoas cultas em diferentes situações de formalidade;
– Te enganaram, com certeza! indicada precisamente nas marcas de gênero, número e pessoa;
– Me explica uma coisa: você largou o emprego ou foi usada em todas as pessoas verbais, com exceção, talvez, da 2ª
mandado embora? do plural, sendo utilizada principalmente na linguagem dos
sermões; empregada em todos os modos verbais em relação
Ou mesmo assim: verbal de tempos e modos; possuindo uma enorme riqueza
– Tive que levar os gatos, pois encontrei eles bem de construção sintática, além de uma maior utilização da
machucados. voz passiva; grande o emprego de preposições nas regências
– Conheço ela há muito tempo – é ótima menina. aproveitando a organização gramatical cuidada da frase.
– Acho que já lhe conheço, rapaz. De modo geral, um falante culto, em situação comunicativa
formal, buscará seguir as regras da norma explícita de sua
Então, se os falantes cultos, aquelas pessoas que têm acesso língua e ainda procurará seguir, no que diz respeito ao léxico,
às regras padronizadas, incutidas no processo de escolarização, um repertório que, se não for erudito, também não será vulgar.
se exprimem desse modo, essa é a norma culta. Já as formas Isso configura o que se entende por norma culta. A Norma
propugnadas pela gramática tradicional e que provavelmente só Padrão está vinculada a uma língua modelo. Segue prescrições
se encontrariam na escrita (conta-me como foi /enganaram-te / representadas na gramática, mas é marcada pela língua
explica-me uma coisa / pois os encontrei / conheço-a há tempos produzida em certo momento da história e em uma determinada
/ acho que já o conheço) configuram a norma-padrão ou língua- sociedade. Como a língua está em constante mudança, diferentes
padrão. formas de linguagem que hoje não são consideradas pela Norma
Se para os cientistas da língua, portanto, existe uma Padrão, com o tempo podem vir a se legitimar.
polarização entre a norma-padrão (também denominada Dentro da Norma Padrão define-se um modelo de língua
“norma canônica” por alguns linguistas) e o conjunto das idealizada prescrito pelas gramáticas normativas, como sendo
variedades existentes no Brasil, aí incluída a norma culta, no uma receita que nenhum usuário da língua emprega na fala e
senso comum não se faz distinção entre padrão e culta. Para os raramente utiliza na escrita. Sendo também uma referência
leigos, a população em geral, toda forma elevada de linguagem, para os falantes da Norma Culta, mas não passam de um ideal
que se aproxime dos padrões de prestígio social, configura a a ser alcançado, pois é um padrão extremamente enriquecido
norma culta. de língua. Assim, as gramáticas tradicionais descrevem a Norma
Padrão, não refletindo o uso que se faz realmente do Português
Norma culta, norma padrão e norma popular no Brasil.
Marcos Bagno propõe, como alternativa, uma triangulação:
A Norma é um uso linguístico concreto e corresponde ao onde a Norma Popular teria menos prestígio opondo-se à Norma
dialeto social praticado pela classe de prestígio, representando Culta mais prestigiada, e a Norma Padrão se eleva sobre as duas
a atitude que o falante assume em face da norma objetiva. A anteriores servindo como um ideal imaginário e inatingível.
normatização não existe por razões apenas linguísticas, mas A Norma Padrão subdivide-se em: Formal e Coloquial. A
também culturais, econômicas, sociais, ou seja, a Norma na Padrão Formal é o modelo culto utilizado na escrita, que segue
língua origina-se de fatores que envolvem diferenças de classes, rigidamente as regras gramaticais.
poder, acesso a educação escrita, e não da qualidade da forma Essa linguagem é mais elaborada, tanto porque o falante
da língua. Há um conceito amplo e um conceito estreito de tem mais tempo para se pronunciar de forma refletida como

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APOSTILAS OPÇÃO
porque é supervalorizada na nossa cultura. É a história do vale o - Semicírculo e hemiciclo.
que está escrito. Já a Padrão Coloquial é a versão oral da língua - Contraveneno e antídoto.
culta e, por ser mais livre e espontânea, tem um pouco mais de - Moral e ética.
liberdade e está menos presa à rigidez das regras gramaticais. - Colóquio e diálogo.
Entretanto, a margem de afastamento dessas regras é estreita e, - Transformação e metamorfose.
embora exista, a permissividade com relação às transgressões é - Oposição e antítese.
pequena. O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se sinonímia,
Assim, na linguagem coloquial, admitem-se sem grandes palavra que também designa o emprego de sinônimos.
traumas, construções como: ainda não vi ele; me passe o
arroz e não te falei que você iria conseguir?. Inadmissíveis na Antônimos: são palavras de significação oposta. Exemplos:
língua escrita. O falante culto, de modo geral, tem consciência - Ordem e anarquia.
dessa distinção e ao mesmo tempo em que usa naturalmente - Soberba e humildade.
as construções acima na comunicação oral, evita-as na escrita. - Louvar e censurar.
Contudo, como se disse, não são muitos os desvios admitidos - Mal e bem.
e muitas formas peculiares da Norma Popular são condenadas
mesmo na linguagem oral. A Norma Popular é aquela linguagem A antonímia pode originar-se de um prefixo de sentido
que não é formal, ou seja, não segue padrões rígidos, é a oposto ou negativo. Exemplos: Bendizer/maldizer, simpático/
linguagem popular, falada no cotidiano. antipático, progredir/regredir, concórdia/discórdia, explícito/
O nível popular está associado à simplicidade da utilização implícito, ativo/inativo, esperar/desesperar, comunista/
linguística em termos lexicais, fonéticos, sintáticos e semânticos. anticomunista, simétrico/assimétrico, pré-nupcial/pós-nupcial.
Esta decorrerá da espontaneidade própria do discurso oral e da
natural economia linguística. É utilizado em contextos informais. Homônimos: são palavras que têm a mesma pronúncia, e às
Dentre as características da Norma Popular podemos vezes a mesma grafia, mas significação diferente. Exemplos:
destacar: economia nas marcas de gênero, número e pessoa; - São (sadio), são (forma do verbo ser) e são (santo).
redução das pessoas gramaticais do verbo; mistura da 2ª com - Aço (substantivo) e asso (verbo).
a 3ª pessoa do singular; uso intenso da expressão a gente em Só o contexto é que determina a significação dos homônimos.
lugar de eu e nós; redução dos tempos da conjugação verbal e de A homonímia pode ser causa de ambiguidade, por isso é
certas pessoas, como a perda quase total do futuro do presente considerada uma deficiência dos idiomas.
e do pretérito-mais-que-perfeito no indicativo; do presente do O que chama a atenção nos homônimos é o seu aspecto
subjuntivo; do infinitivo pessoal; falta de correlação verbal entre fônico (som) e o gráfico (grafia). Daí serem divididos em:
os tempos; redução do processo subordinativo em benefício da
frase simples e da coordenação; maior emprego da voz ativa Homógrafos Heterofônicos: iguais na escrita e diferentes
em lugar da passiva; predomínio das regências verbais diretas; no timbre ou na intensidade das vogais.
simplificação gramatical da frase; emprego dos pronomes - Rego (substantivo) e rego (verbo).
pessoais retos como objetos. - Colher (verbo) e colher (substantivo).
Na visão de Preti, os falantes cultos “até em situação de - Jogo (substantivo) e jogo (verbo).
gravação consciente revelaram uma linguagem que, em geral, - Apoio (verbo) e apoio (substantivo).
também pertence a falantes comuns”. Sendo mais espontânea e - Para (verbo parar) e para (preposição).
criativa, a Norma Popular se afigura mais expressiva e dinâmica. - Providência (substantivo) e providencia (verbo).
Temos, assim, alguns exemplos: estou preocupado (Norma - Às (substantivo), às (contração) e as (artigo).
Culta); to preocupado (Norma Popular); to grilado (gíria, limite - Pelo (substantivo), pelo (verbo) e pelo (contração de
da Norma Popular). per+o).
Não basta conhecer apenas uma modalidade de língua; urge
conhecer a língua popular, captando-lhe a espontaneidade, Homófonos Heterográficos: iguais na pronúncia e
expressividade e enorme criatividade para viver, necessitando diferentes na escrita.
conhecer a língua culta para conviver. - Acender (atear, pôr fogo) e ascender (subir).
Fonte:https://centraldefavoritos.wordpress. - Concertar (harmonizar) e consertar (reparar, emendar).
com/2011/07/22/norma-padrao-e-nao-padrao/(Adaptado) - Concerto (harmonia, sessão musical) e conserto (ato de
consertar).
Significação das palavras - Cegar (tornar cego) e segar (cortar, ceifar).
- Apreçar (determinar o preço, avaliar) e apressar (acelerar).
Na língua portuguesa, uma PALAVRA (do latim parabola, que - Cela (pequeno quarto), sela (arreio) e sela (verbo selar).
por sua vez deriva do grego parabolé) pode ser definida como - Censo (recenseamento) e senso (juízo).
sendo um conjunto de letras ou sons de uma língua, juntamente - Cerrar (fechar) e serrar (cortar).
com a ideia associada a este conjunto. - Paço (palácio) e passo (andar).
- Hera (trepadeira) e era (época), era (verbo).
Sinônimos: são palavras de sentido igual ou aproximado. - Caça (ato de caçar), cassa (tecido) e cassa (verbo cassar =
Exemplo: anular).
- Alfabeto, abecedário. - Cessão (ato de ceder), seção (divisão, repartição) e sessão
- Brado, grito, clamor. (tempo de uma reunião ou espetáculo).
- Extinguir, apagar, abolir, suprimir.
- Justo, certo, exato, reto, íntegro, imparcial. Homófonos Homográficos: iguais na escrita e na pronúncia.
Na maioria das vezes não é indiferente usar um sinônimo - Caminhada (substantivo), caminhada (verbo).
pelo outro. Embora irmanados pelo sentido comum, os - Cedo (verbo), cedo (advérbio).
sinônimos diferenciam-se, entretanto, uns dos outros, por - Somem (verbo somar), somem (verbo sumir).
matizes de significação e certas propriedades que o escritor não - Livre (adjetivo), livre (verbo livrar).
pode desconhecer. Com efeito, estes têm sentido mais amplo, - Pomos (substantivo), pomos (verbo pôr).
aqueles, mais restrito (animal e quadrúpede); uns são próprios - Alude (avalancha), alude (verbo aludir).
da fala corrente, desataviada, vulgar, outros, ao invés, pertencem
à esfera da linguagem culta, literária, científica ou poética Parônimos: são palavras parecidas na escrita e na
(orador e tribuno, oculista e oftalmologista, cinzento e cinéreo). pronúncia: Coro e couro, cesta e sesta, eminente e iminente,
A contribuição Greco-latina é responsável pela existência, tetânico e titânico, atoar e atuar, degradar e degredar, cético e
em nossa língua, de numerosos pares de sinônimos. Exemplos: séptico, prescrever e proscrever, descrição e discrição, infligir
- Adversário e antagonista. (aplicar) e infringir (transgredir), osso e ouço, sede (vontade
- Translúcido e diáfano. de beber) e cede (verbo ceder), comprimento e cumprimento,

Língua Portuguesa 67
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APOSTILAS OPÇÃO
deferir (conceder, dar deferimento) e diferir (ser diferente, quiser das informações que conseguir. A aclamada transparência
divergir, adiar), ratificar (confirmar) e retificar (tornar reto, da coisa pública carrega consigo o risco de fim da privacidade
corrigir), vultoso (volumoso, muito grande: soma vultosa) e e a superexposição de nossas pequenas ou grandes fraquezas
vultuoso (congestionado: rosto vultuoso). morais ao julgamento da comunidade de que escolhemos
participar.
Polissemia: Uma palavra pode ter mais de uma significação. Não faz sentido falar de dia e noite das redes sociais, apenas
A esse fato linguístico dá-se o nome de polissemia. Exemplos: em número de atualizações nas páginas e na capacidade dos
- Mangueira: tubo de borracha ou plástico para regar as usuários de distinguir essas variações como relevantes no
plantas ou apagar incêndios; árvore frutífera; grande curral de conjunto virtualmente infinito das possibilidades das redes. Para
gado. achar o fio de Ariadne no labirinto das redes sociais, os usuários
- Pena: pluma, peça de metal para escrever; punição; dó. precisam ter a habilidade de identificar e estimar parâmetros,
- Velar: cobrir com véu, ocultar, vigiar, cuidar, relativo ao véu aprender a extrair informações relevantes de um conjunto finito
do palato. de observações e reconhecer a organização geral da rede de que
Podemos citar ainda, como exemplos de palavras participam.
polissêmicas, o verbo dar e os substantivos linha e ponto, que O fluxo de informação que percorre as artérias das redes
têm dezenas de acepções. sociais é um poderoso fármaco viciante. Um dos neologismos
recentes vinculados à dependência cada vez maior dos jovens
Sentido Próprio e Figurado das Palavras a esses dispositivos é a “nomobofobia” (ou “pavor de ficar sem
Pela própria definição acima destacada podemos perceber conexão no telefone celular”), descrito como a ansiedade e o
que a palavra é composta por duas partes, uma delas relacionada sentimento de pânico experimentados por um número crescente
a sua forma escrita e os seus sons (denominada significante) e a de pessoas quando acaba a bateria do dispositivo móvel ou
outra relacionada ao que ela (palavra) expressa, ao conceito que quando ficam sem conexão com a Internet. Essa informação,
ela traz (denominada significado). como toda nova droga, ao embotar a razão e abrir os poros da
Em relação ao seu SIGNIFICADO as palavras subdividem-se sensibilidade, pode tanto ser um remédio quanto um veneno
assim: para o espírito.
- Sentido Próprio - é o sentido literal, ou seja, o sentido comum (Vinicius Romanini, Tudo azul no universo das redes.
que costumamos dar a uma palavra. Revista USP, no 92. Adaptado)
- Sentido Figurado -  é o sentido  “simbólico”,  “figurado”, que
podemos dar a uma palavra. As expressões destacadas nos trechos –  meter o bedelho
Vamos analisar a palavra  cobra utilizada em diferentes / estimar  parâmetros / embotar a razão – têm sinônimos
contextos: adequados respectivamente em:
1. A cobra picou o menino. (cobra = tipo de réptil peçonhento) a) procurar / gostar de / ilustrar
2. A sogra dele é uma cobra. (cobra = pessoa desagradável, que b) imiscuir-se / avaliar / enfraquecer
adota condutas pouco apreciáveis) c) interferir / propor / embrutecer
3. O cara é cobra em Física! (cobra = pessoa que conhece muito d) intrometer-se / prezar / esclarecer
sobre alguma coisa, “expert”) e) contrapor-se / consolidar / iluminar
No item 1 aplica-se o termo cobra em seu sentido comum
(ou literal); nos itens 2 e 3 o termo cobra é aplicado em sentido 02. A entrada dos prisioneiros foi comovedora (...) Os
figurado. combatentes contemplavam-nos entristecidos. Surpreendiam-
Podemos então concluir que um mesmo significante (parte se; comoviam-se. O arraial, in extremis, punhalhes adiante,
concreta) pode ter vários significados (conceitos). naquele armistício transitório, uma legião desarmada,
mutilada faminta e claudicante, num assalto mais duro que o
Fonte: das trincheiras em fogo. Custava-lhes admitir que toda aquela
http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/oficial-de-justica-tjm- gente inútil e frágil saísse tão numerosa ainda dos casebres
sp/lingua-portuguesa-sentido-proprio-e-figurado-das-palavras.html bombardeados durante três meses. Contemplando-lhes os
rostos baços, os arcabouços esmirrados e sujos, cujos molambos
Denotação e Conotação em tiras não encobriam lanhos, escaras e escalavros – a vitória
- Denotação: verifica-se quando utilizamos a palavra com o tão longamente apetecida decaía de súbito. Repugnava aquele
seu significado primitivo e original, com o sentido do dicionário; triunfo. Envergonhava. Era, com efeito, contraproducente
usada de modo automatizado; linguagem comum. Veja este compensação a tão luxuosos gastos de combates, de reveses e de
exemplo: milhares de vidas, o apresamento daquela caqueirada humana –
Cortaram as asas da ave para que não voasse mais. do mesmo passo angulhenta e sinistra, entre trágica e imunda,
passando-lhes pelos olhos, num longo enxurro de carcaças e
Aqui a palavra em destaque é utilizada em seu sentido molambos...
próprio, comum, usual, literal. Nem um rosto viril, nem um braço capaz de suspender
- DICA - Procure associar Denotação com Dicionário: trata- uma arma, nem um peito resfolegante de campeador domado:
se de definição literal, quando o termo é utilizado em seu sentido mulheres, sem-número de mulheres, velhas espectrais,
dicionarístico. moças envelhecidas, velhas e moças indistintas na mesma
- Conotação: verifica-se quando utilizamos a palavra com o fealdade, escaveiradas e sujas, filhos escanchados nos quadris
seu significado secundário, com o sentido amplo (ou simbólico); desnalgados, filhos encarapitados às costas, filhos suspensos
usada de modo criativo, figurado, numa linguagem rica e aos peitos murchos, filhos arrastados pelos braços, passando;
expressiva. Veja este exemplo: crianças, sem-número de crianças; velhos, sem-número de
Seria aconselhável cortar as asas deste menino, antes que velhos; raros homens, enfermos opilados, faces túmidas e
seja tarde mais. mortas, de cera, bustos dobrados, andar cambaleante.
Já neste caso o termo (asas) é empregado de forma figurada,
fazendo alusão à ideia de restrição e/ou controle de ações; (CUNHA, Euclides da. Os sertões: campanha de Canudos.
disciplina, limitação de conduta e comportamento. Edição Especial. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1980.)

Questões Em qual das alternativas abaixo NÃO há um par de sinônimos?


a) Armistício – destruição
01. McLuhan já alertava que a aldeia global resultante das b) Claudicante – manco
mídias eletrônicas não implica necessariamente harmonia, c) Reveses – infortúnios
implica, sim, que cada participante das novas mídias terá um d) Fealdade – feiura
envolvimento gigantesco na vida dos demais membros, que terá e) Opilados – desnutridos
a chance de meter o bedelho onde bem quiser e fazer o uso que

Língua Portuguesa 68
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03. Atento ao emprego dos Homônimos, analise as palavras
sublinhadas e identifique a alternativa CORRETA: 
a) Ainda vivemos no Brasil a  descriminação  racial. Isso é
crime! 
b) Com a crise política, a renúncia já parecia eminente.
c) Descobertas as manobras fiscais, os políticos irão
agora expiar seus crimes. 
d) Em todos os momentos, para agir corretamente, é preciso
o bom censo. 
e) Prefiro macarronada com molho, mas sem  estrato de
tomate. 

04. Assinale a alternativa em que as palavras podem servir


de exemplos de parônimos:
a) Cavaleiro (Homem a cavalo) – Cavalheiro (Homem gentil).
b) São (sadio) – São (Forma reduzida de Santo).
c) Acento (sinal gráfico) – Assento (superfície onde se senta).
d) Nenhuma das alternativas.

05. Na língua portuguesa, há muitas palavras parecidas,


seja no modo de falar ou no de escrever. A palavra sessão, por
exemplo, assemelha-se às palavras cessão e seção, mas cada
uma apresenta sentido diferente. Esse caso, mesmo som, grafias
diferentes, denomina-se homônimo homófono. Assinale a
alternativa em que todas as palavras se encontram nesse caso.
a) taxa, cesta, assento
b) conserto, pleito, ótico
c) cheque, descrição, manga
d) serrar, ratificar, emergir

Respostas
01. B\02. A\03. C\04. A\05. A

Anotações

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APOSTILAS OPÇÃO

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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APOSTILAS OPÇÃO

II - nos casos de guerra, calamidade pública, grave


perturbação da ordem pública ou ameaça à paz social;
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
III - quando se tratar da realização de programa de proteção
a pessoas ameaçadas ou em situação que possa comprometer a
sua segurança;
IV - (VETADO).
1. Lei Federal nº 13.019/14 V - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
VI - no caso de atividades voltadas ou vinculadas a serviços
(Estabelece o regime jurídico de educação, saúde e assistência social, desde que executadas
das parcerias entre a por organizações da sociedade civil previamente credenciadas
administração pública e as pelo órgão gestor da respectiva política. (Incluído pela Lei nº
13.204, de 2015)
organizações da sociedade Por outro lado, será considerado inexigível o chamamento
civil), alterada pela Lei público na hipótese de inviabilidade de competição entre as
Federal nº 13.204/15. organizações da sociedade civil, nos termos do art. 31 da Lei.

Art. 31. Será considerado inexigível o chamamento público


na hipótese de inviabilidade de competição entre as
LEI Nº 13.019, DE 31 DE JULHO DE 2014. organizações da sociedade civil, em razão da natureza singular
do objeto da parceria ou se as metas somente puderem ser
Esta lei disciplina as relações da Administração Pública atingidas por uma entidade específica, especialmente quando:
com entidades que são qualificadas como organizações da (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
sociedade civil e podem ser estabelecidas mediante termo de I - o objeto da parceria constituir incumbência prevista em
colaboração. acordo, ato ou compromisso internacional, no qual sejam
A diferença entre os instrumentos de parceria ficam por indicadas as instituições que utilizarão os recursos; (Incluído
conta do plano de trabalho a ser apresentado, ou seja, pela Lei nº 13.204, de 2015)
enquanto no termo de colaboração as organizações da II - a parceria decorrer de transferência para organização
sociedade civil são selecionadas para a consecução de da sociedade civil que esteja autorizada em lei na qual seja
interesse público, no fomento, as propostas surgem das identificada expressamente a entidade beneficiária, inclusive
próprias organizações, conforme se observa pela leitura dos quando se tratar da subvenção prevista no inciso I do § 3o do art.
artigos 16 e 17. 12 da Lei no 4.320, de 17 de março de 1964, observado o disposto
As parcerias previstas nesta lei, tanto na modalidade de no art. 26 da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000.
colaboração como na modalidade de fomento, serão realizadas (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
mediante processo de chamamento público, que trata-se de
procedimento destinado a selecionar organização da Quanto à fiscalização desses instrumentos, a lei prevê uma
sociedade civil para firmar parceria por meio de termo de comissão de monitoramento e avaliação pela Administração,
colaboração ou de fomento. que será incumbida como gestor, de acompanhar a execução
das parcerias celebradas, por meio de visitas in loco (art. 58).
O chamamento público está disciplinado nos artigos 23 à As organizações da sociedade civil devem prestar contas da
29 desta lei e entre os pontos fundamentais que merecem regular aplicação dos recursos apresentados no prazo de
destaque, podemos enfatizar: noventa dias a partir do término da vigência da parceria.
- a elaboração de um edital; Quanto ao prazo de duração das parcerias, a lei não prevê
- as exigências de capacidade técnica e operacional que qualquer limite, apenas prevê que o termo de colaboração ou
envolvam a demonstração de experiência prévia para de termo de fomento deverá contemplar a vigência e as
realização de objeto semelhante ao da parceria; hipóteses de prorrogação.
- vedação à fixação de condições impertinentes ou
irrelevantes para a execução do objeto da parceria que Acompanhe na integra a legislação à respeito:
restrinjam ou frustrem o caráter competitivo do procedimento
seletivo; LEI Nº 13.019, DE 31 DE JULHO DE 2014.
- a divulgação em edital deve ser feita de forma ampla, por
meio do sítio oficial do órgão ou entidade na internet; Estabelece o regime jurídico das parcerias entre a
- critério para julgar as propostas definidas em função dos administração pública e as organizações da sociedade civil, em
objetivos existentes no programa e ao valor de referência do regime de mútua cooperação, para a consecução de finalidades
chamamento; de interesse público e recíproco, mediante a execução de
- que seja prevista uma etapa competitiva antes de se atividades ou de projetos previamente estabelecidos em planos
analisar a documentação referente às exigências de de trabalho inseridos em termos de colaboração, em termos de
capacidade técnica e operacional. fomento ou em acordos de cooperação; define diretrizes para a
política de fomento, de colaboração e de cooperação com
O chamamento será inexigível ou dispensável se houver organizações da sociedade civil; e altera as Leis nos 8.429, de 2
previsão em lei, devendo o administrador justificar a ausência de junho de 1992, e 9.790, de 23 de março de 1999. (Redação
da realização do processo seletivo. O artigo 30, desta lei dada pela Lei nº 13.204, de 2015).
considera:
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso
Art. 30. A administração pública poderá dispensar a Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
realização do chamamento público:
I - no caso de urgência decorrente de paralisação ou Art. 1o Esta Lei institui normas gerais para as parcerias
iminência de paralisação de atividades de relevante interesse entre a administração pública e organizações da sociedade civil,
público, pelo prazo de até cento e oitenta dias; (Redação dada em regime de mútua cooperação, para a consecução de
pela Lei nº 13.204, de 2015) finalidades de interesse público e recíproco, mediante a

Fundamentos de Administração Pública 1


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execução de atividades ou de projetos previamente público e recíproco, ainda que delegue essa competência a
estabelecidos em planos de trabalho inseridos em termos de terceiros; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
colaboração, em termos de fomento ou em acordos de VI - gestor: agente público responsável pela gestão de
cooperação. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) parceria celebrada por meio de termo de colaboração ou termo
de fomento, designado por ato publicado em meio oficial de
CAPÍTULO I comunicação, com poderes de controle e fiscalização; (Redação
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
VII - termo de colaboração: instrumento por meio do qual
Art. 2o Para os fins desta Lei, considera-se: são formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração
I - organização da sociedade civil: (Redação dada pela Lei nº pública com organizações da sociedade civil para a consecução
13.204, de 2015) de finalidades de interesse público e recíproco propostas pela
a) entidade privada sem fins lucrativos que não distribua administração pública que envolvam a transferência de
entre os seus sócios ou associados, conselheiros, diretores, recursos financeiros; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de
empregados, doadores ou terceiros eventuais resultados, sobras, 2015)
excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, isenções VIII - termo de fomento: instrumento por meio do qual são
de qualquer natureza, participações ou parcelas do seu formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração
patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e pública com organizações da sociedade civil para a consecução
que os aplique integralmente na consecução do respectivo de finalidades de interesse público e recíproco propostas pelas
objeto social, de forma imediata ou por meio da constituição de organizações da sociedade civil, que envolvam a transferência
fundo patrimonial ou fundo de reserva; (Incluído pela Lei nº de recursos financeiros; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de
13.204, de 2015) 2015)
b) as sociedades cooperativas previstas na Lei no 9.867, de VIII-A - acordo de cooperação: instrumento por meio do qual
10 de novembro de 1999; as integradas por pessoas em situação são formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração
de risco ou vulnerabilidade pessoal ou social; as alcançadas por pública com organizações da sociedade civil para a consecução
programas e ações de combate à pobreza e de geração de de finalidades de interesse público e recíproco que não envolvam
trabalho e renda; as voltadas para fomento, educação e a transferência de recursos financeiros; (Incluído pela Lei nº
capacitação de trabalhadores rurais ou capacitação de agentes 13.204, de 2015)
de assistência técnica e extensão rural; e as capacitadas para IX - conselho de política pública: órgão criado pelo poder
execução de atividades ou de projetos de interesse público e de público para atuar como instância consultiva, na respectiva
cunho social. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) área de atuação, na formulação, implementação,
c) as organizações religiosas que se dediquem a atividades acompanhamento, monitoramento e avaliação de políticas
ou a projetos de interesse público e de cunho social distintas das públicas;
destinadas a fins exclusivamente religiosos; (Incluído pela Lei nº X - comissão de seleção: órgão colegiado destinado a
13.204, de 2015) processar e julgar chamamentos públicos, constituído por ato
II - administração pública: União, Estados, Distrito Federal, publicado em meio oficial de comunicação, assegurada a
Municípios e respectivas autarquias, fundações, empresas participação de pelo menos um servidor ocupante de cargo
públicas e sociedades de economia mista prestadoras de serviço efetivo ou emprego permanente do quadro de pessoal da
público, e suas subsidiárias, alcançadas pelo disposto no § 9 o do administração pública; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de
art. 37 da Constituição Federal; (Redação dada pela Lei nº 2015)
13.204, de 2015) XI - comissão de monitoramento e avaliação: órgão
III - parceria: conjunto de direitos, responsabilidades e colegiado destinado a monitorar e avaliar as parcerias
obrigações decorrentes de relação jurídica estabelecida celebradas com organizações da sociedade civil mediante termo
formalmente entre a administração pública e organizações da de colaboração ou termo de fomento, constituído por ato
sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a publicado em meio oficial de comunicação, assegurada a
consecução de finalidades de interesse público e recíproco, participação de pelo menos um servidor ocupante de cargo
mediante a execução de atividade ou de projeto expressos em efetivo ou emprego permanente do quadro de pessoal da
termos de colaboração, em termos de fomento ou em acordos de administração pública; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de
cooperação; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) 2015)
III-A - atividade: conjunto de operações que se realizam de XII - chamamento público: procedimento destinado a
modo contínuo ou permanente, das quais resulta um produto ou selecionar organização da sociedade civil para firmar parceria
serviço necessário à satisfação de interesses compartilhados por meio de termo de colaboração ou de fomento, no qual se
pela administração pública e pela organização da sociedade garanta a observância dos princípios da isonomia, da
civil; (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da
III-B - projeto: conjunto de operações, limitadas no tempo, publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao
das quais resulta um produto destinado à satisfação de instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes
interesses compartilhados pela administração pública e pela são correlatos;
organização da sociedade civil; (Incluído pela Lei nº 13.204, de XIII - bens remanescentes: os de natureza permanente
2015) adquiridos com recursos financeiros envolvidos na parceria,
IV - dirigente: pessoa que detenha poderes de administração, necessários à consecução do objeto, mas que a ele não se
gestão ou controle da organização da sociedade civil, habilitada incorporam; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
a assinar termo de colaboração, termo de fomento ou acordo de XIV - prestação de contas: procedimento em que se analisa e
cooperação com a administração pública para a consecução de se avalia a execução da parceria, pelo qual seja possível verificar
finalidades de interesse público e recíproco, ainda que delegue o cumprimento do objeto da parceria e o alcance das metas e
essa competência a terceiros; (Redação dada pela Lei nº 13.204, dos resultados previstos, compreendendo duas fases: (Redação
de 2015) dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
V - administrador público: agente público revestido de a) apresentação das contas, de responsabilidade da
competência para assinar termo de colaboração, termo de organização da sociedade civil;
fomento ou acordo de cooperação com organização da b) análise e manifestação conclusiva das contas, de
sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse responsabilidade da administração pública, sem prejuízo da
atuação dos órgãos de controle;

Fundamentos de Administração Pública 2


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XV - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) IV - o direito à informação, à transparência e ao controle
social das ações públicas;
Art. 2o-A. As parcerias disciplinadas nesta Lei respeitarão, V - a integração e a transversalidade dos procedimentos,
em todos os seus aspectos, as normas específicas das políticas mecanismos e instâncias de participação social;
públicas setoriais relativas ao objeto da parceria e as VI - a valorização da diversidade cultural e da educação
respectivas instâncias de pactuação e deliberação. (Incluído para a cidadania ativa;
pela Lei nº 13.204, de 2015) VII - a promoção e a defesa dos direitos humanos;
VIII - a preservação, a conservação e a proteção dos recursos
Art. 3o Não se aplicam as exigências desta Lei: hídricos e do meio ambiente;
I - às transferências de recursos homologadas pelo IX - a valorização dos direitos dos povos indígenas e das
Congresso Nacional ou autorizadas pelo Senado Federal naquilo comunidades tradicionais;
em que as disposições específicas dos tratados, acordos e X - a preservação e a valorização do patrimônio cultural
convenções internacionais conflitarem com esta Lei; (Redação brasileiro, em suas dimensões material e imaterial.
dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) Art. 6o São diretrizes fundamentais do regime jurídico de
III - aos contratos de gestão celebrados com organizações parceria: (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
sociais, desde que cumpridos os requisitos previstos na Lei nº I - a promoção, o fortalecimento institucional, a capacitação
9.637, de 15 de maio de 1998; (Redação dada pela Lei nº 13.204, e o incentivo à organização da sociedade civil para a cooperação
de 2015) com o poder público;
IV - aos convênios e contratos celebrados com entidades II - a priorização do controle de resultados;
filantrópicas e sem fins lucrativos nos termos do § 1o do art. 199 III - o incentivo ao uso de recursos atualizados de tecnologias
da Constituição Federal; (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) de informação e comunicação;
V - aos termos de compromisso cultural referidos no § 1o do IV - o fortalecimento das ações de cooperação institucional
art. 9o da Lei no 13.018, de 22 de julho de 2014; (Incluído pela entre os entes federados nas relações com as organizações da
Lei nº 13.204, de 2015) sociedade civil;
VI - aos termos de parceria celebrados com organizações da V - o estabelecimento de mecanismos que ampliem a gestão
sociedade civil de interesse público, desde que cumpridos os de informação, transparência e publicidade;
requisitos previstos na Lei no 9.790, de 23 de março de 1999; VI - a ação integrada, complementar e descentralizada, de
(Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) recursos e ações, entre os entes da Federação, evitando
VII - às transferências referidas no art. 2o da Lei no 10.845, sobreposição de iniciativas e fragmentação de recursos;
de 5 de março de 2004, e nos arts. 5o e 22 da Lei no 11.947, de 16 VII - a sensibilização, a capacitação, o aprofundamento e o
de junho de 2009; (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) aperfeiçoamento do trabalho de gestores públicos, na
VIII - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) implementação de atividades e projetos de interesse público e
IX - aos pagamentos realizados a título de anuidades, relevância social com organizações da sociedade civil;
contribuições ou taxas associativas em favor de organismos VIII - a adoção de práticas de gestão administrativa
internacionais ou entidades que sejam obrigatoriamente necessárias e suficientes para coibir a obtenção, individual ou
constituídas por: (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) coletiva, de benefícios ou vantagens indevidos; (Redação dada
a) membros de Poder ou do Ministério Público; (Incluída pela Lei nº 13.204, de 2015)
pela Lei nº 13.204, de 2015) IX - a promoção de soluções derivadas da aplicação de
b) dirigentes de órgão ou de entidade da administração conhecimentos, da ciência e tecnologia e da inovação para
pública; (Incluída pela Lei nº 13.204, de 2015) atender necessidades e demandas de maior qualidade de vida da
c) pessoas jurídicas de direito público interno; (Incluída pela população em situação de desigualdade social.
Lei nº 13.204, de 2015)
d) pessoas jurídicas integrantes da administração pública; Seção II
(Incluída pela Lei nº 13.204, de 2015) Da Capacitação de Gestores, Conselheiros e Sociedade
X - às parcerias entre a administração pública e os serviços Civil Organizada
sociais autônomos. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
Art. 7o A União poderá instituir, em coordenação com os
Art. 4o (Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) Estados, o Distrito Federal, os Municípios e organizações da
sociedade civil, programas de capacitação voltados a: (Redação
CAPÍTULO II dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
DA CELEBRAÇÃO DO TERMO DE COLABORAÇÃO OU DE I - administradores públicos, dirigentes e gestores; (Incluído
FOMENTO pela Lei nº 13.204, de 2015)
Seção I II - representantes de organizações da sociedade civil;
Normas Gerais (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
III - membros de conselhos de políticas públicas; (Incluído
Art. 5o O regime jurídico de que trata esta Lei tem como pela Lei nº 13.204, de 2015)
fundamentos a gestão pública democrática, a participação IV - membros de comissões de seleção; (Incluído pela Lei nº
social, o fortalecimento da sociedade civil, a transparência na 13.204, de 2015)
aplicação dos recursos públicos, os princípios da legalidade, da V - membros de comissões de monitoramento e avaliação;
legitimidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
da economicidade, da eficiência e da eficácia, destinando-se a VI - demais agentes públicos e privados envolvidos na
assegurar: (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) celebração e execução das parcerias disciplinadas nesta Lei.
I - o reconhecimento da participação social como direito do (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
cidadão; Parágrafo único. A participação nos programas previstos no
II - a solidariedade, a cooperação e o respeito à diversidade caput não constituirá condição para o exercício de função
para a construção de valores de cidadania e de inclusão social e envolvida na materialização das parcerias disciplinadas nesta
produtiva; Lei. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
III - a promoção do desenvolvimento local, regional e
nacional, inclusivo e sustentável;

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Art. 8o Ao decidir sobre a celebração de parcerias previstas radiodifusão de sons e de sons e imagens, campanhas
nesta Lei, o administrador público: (Redação dada pela Lei nº publicitárias e programações desenvolvidas por organizações
13.204, de 2015) da sociedade civil, no âmbito das parcerias previstas nesta Lei,
I - considerará, obrigatoriamente, a capacidade operacional mediante o emprego de recursos tecnológicos e de linguagem
da administração pública para celebrar a parceria, cumprir as adequados à garantia de acessibilidade por pessoas com
obrigações dela decorrentes e assumir as respectivas deficiência. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
responsabilidades; (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
II - avaliará as propostas de parceria com o rigor técnico Art. 15. Poderá ser criado, no âmbito do Poder Executivo
necessário; (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) federal, o Conselho Nacional de Fomento e Colaboração, de
III - designará gestores habilitados a controlar e fiscalizar a composição paritária entre representantes governamentais e
execução em tempo hábil e de modo eficaz; (Incluído pela Lei nº organizações da sociedade civil, com a finalidade de divulgar
13.204, de 2015) boas práticas e de propor e apoiar políticas e ações voltadas ao
IV - apreciará as prestações de contas na forma e nos prazos fortalecimento das relações de fomento e de colaboração
determinados nesta Lei e na legislação específica. (Incluído pela previstas nesta Lei.
Lei nº 13.204, de 2015) § 1o A composição e o funcionamento do Conselho Nacional
Parágrafo único. A administração pública adotará as de Fomento e Colaboração serão disciplinados em regulamento.
medidas necessárias, tanto na capacitação de pessoal, quanto no § 2o Os demais entes federados também poderão criar
provimento dos recursos materiais e tecnológicos necessários, instância participativa, nos termos deste artigo.
para assegurar a capacidade técnica e operacional de que trata § 3o Os conselhos setoriais de políticas públicas e a
o caput deste artigo. administração pública serão consultados quanto às políticas e
ações voltadas ao fortalecimento das relações de fomento e de
Seção III colaboração propostas pelo Conselho de que trata o caput deste
Da Transparência e do Controle artigo. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)

Art. 9o (Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) Seção V


Dos Termos de Colaboração e de Fomento
Art. 10. A administração pública deverá manter, em seu sítio
oficial na internet, a relação das parcerias celebradas e dos Art. 16. O termo de colaboração deve ser adotado pela
respectivos planos de trabalho, até cento e oitenta dias após o administração pública para consecução de planos de trabalho
respectivo encerramento. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de de sua iniciativa, para celebração de parcerias com
2015) organizações da sociedade civil que envolvam a transferência de
recursos financeiros. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
Art. 11. A organização da sociedade civil deverá divulgar na Parágrafo único. Os conselhos de políticas públicas poderão
internet e em locais visíveis de suas sedes sociais e dos apresentar propostas à administração pública para celebração
estabelecimentos em que exerça suas ações todas as parcerias de termo de colaboração com organizações da sociedade civil.
celebradas com a administração pública. (Redação dada pela
Lei nº 13.204, de 2015) Art. 17. O termo de fomento deve ser adotado pela
Parágrafo único. As informações de que tratam este artigo e administração pública para consecução de planos de trabalho
o art. 10 deverão incluir, no mínimo: propostos por organizações da sociedade civil que envolvam a
I - data de assinatura e identificação do instrumento de transferência de recursos financeiros. (Redação dada pela Lei nº
parceria e do órgão da administração pública responsável; 13.204, de 2015)
II - nome da organização da sociedade civil e seu número de
inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ da Seção VI
Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB; Do Procedimento de Manifestação de Interesse Social
III - descrição do objeto da parceria;
IV - valor total da parceria e valores liberados, quando for o Art. 18. É instituído o Procedimento de Manifestação de
caso; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) Interesse Social como instrumento por meio do qual as
V - situação da prestação de contas da parceria, que deverá organizações da sociedade civil, movimentos sociais e cidadãos
informar a data prevista para a sua apresentação, a data em poderão apresentar propostas ao poder público para que este
que foi apresentada, o prazo para a sua análise e o resultado avalie a possibilidade de realização de um chamamento público
conclusivo. objetivando a celebração de parceria.
VI - quando vinculados à execução do objeto e pagos com
recursos da parceria, o valor total da remuneração da equipe de Art. 19. A proposta a ser encaminhada à administração
trabalho, as funções que seus integrantes desempenham e a pública deverá atender aos seguintes requisitos:
remuneração prevista para o respectivo exercício. (Incluído pela I - identificação do subscritor da proposta;
Lei nº 13.204, de 2015) II - indicação do interesse público envolvido;
III - diagnóstico da realidade que se quer modificar,
Art. 12. A administração pública deverá divulgar pela aprimorar ou desenvolver e, quando possível, indicação da
internet os meios de representação sobre a aplicação irregular viabilidade, dos custos, dos benefícios e dos prazos de execução
dos recursos envolvidos na parceria. (Redação dada pela Lei nº da ação pretendida.
13.204, de 2015)
Art. 20. Preenchidos os requisitos do art. 19, a administração
Seção IV pública deverá tornar pública a proposta em seu sítio eletrônico
Do Fortalecimento da Participação Social e da e, verificada a conveniência e oportunidade para realização do
Divulgação das Ações Procedimento de Manifestação de Interesse Social, o instaurará
para oitiva da sociedade sobre o tema.
Art. 13. (VETADO). Parágrafo único. Os prazos e regras do procedimento de que
trata esta Seção observarão regulamento próprio de cada ente
Art. 14. A administração pública divulgará, na forma de federado, a ser aprovado após a publicação desta Lei.
regulamento, nos meios públicos de comunicação por

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Art. 21. A realização do Procedimento de Manifestação de Art. 24. Exceto nas hipóteses previstas nesta Lei, a
Interesse Social não implicará necessariamente na execução do celebração de termo de colaboração ou de fomento será
chamamento público, que acontecerá de acordo com os precedida de chamamento público voltado a selecionar
interesses da administração. organizações da sociedade civil que tornem mais eficaz a
§ 1o A realização do Procedimento de Manifestação de execução do objeto. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
Interesse Social não dispensa a convocação por meio de § 1o O edital do chamamento público especificará, no
chamamento público para a celebração de parceria. mínimo:
§ 2o A proposição ou a participação no Procedimento de I - a programação orçamentária que autoriza e viabiliza a
Manifestação de Interesse Social não impede a organização da celebração da parceria; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de
sociedade civil de participar no eventual chamamento público 2015)
subsequente. II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
§ 3o É vedado condicionar a realização de chamamento III - o objeto da parceria;
público ou a celebração de parceria à prévia realização de IV - as datas, os prazos, as condições, o local e a forma de
Procedimento de Manifestação de Interesse Social. (Incluído apresentação das propostas;
pela Lei nº 13.204, de 2015) V - as datas e os critérios de seleção e julgamento das
propostas, inclusive no que se refere à metodologia de
Seção VII pontuação e ao peso atribuído a cada um dos critérios
Do Plano de Trabalho estabelecidos, se for o caso; (Redação dada pela Lei nº 13.204,
de 2015).
Art. 22. Deverá constar do plano de trabalho de parcerias VI - o valor previsto para a realização do objeto;
celebradas mediante termo de colaboração ou de fomento: VII - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) 2015).
I - descrição da realidade que será objeto da parceria, a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015).
devendo ser demonstrado o nexo entre essa realidade e as b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015).
atividades ou projetos e metas a serem atingidas; (Redação c) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015).
dada pela Lei nº 13.204, de 2015) VIII - as condições para interposição de recurso
II - descrição de metas a serem atingidas e de atividades ou administrativo; (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
projetos a serem executados; (Redação dada pela Lei nº 13.204, IX - a minuta do instrumento por meio do qual será
de 2015) celebrada a parceria; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de
II-A - previsão de receitas e de despesas a serem realizadas 2015).
na execução das atividades ou dos projetos abrangidos pela X - de acordo com as características do objeto da parceria,
parceria; (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) medidas de acessibilidade para pessoas com deficiência ou
III - forma de execução das atividades ou dos projetos e de mobilidade reduzida e idosos. (Redação dada pela Lei nº 13.204,
cumprimento das metas a eles atreladas; (Redação dada pela de 2015).
Lei nº 13.204, de 2015) § 2o É vedado admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de
IV - definição dos parâmetros a serem utilizados para a convocação, cláusulas ou condições que comprometam,
aferição do cumprimento das metas. (Redação dada pela Lei nº restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo em
13.204, de 2015) decorrência de qualquer circunstância impertinente ou
V - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) irrelevante para o específico objeto da parceria, admitidos:
VI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015).
VII - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) I - a seleção de propostas apresentadas exclusivamente por
VIII - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de concorrentes sediados ou com representação atuante e
2015) reconhecida na unidade da Federação onde será executado o
IX - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) objeto da parceria; (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015).
X - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) II - o estabelecimento de cláusula que delimite o território
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº ou a abrangência da prestação de atividades ou da execução de
13.204, de 2015) projetos, conforme estabelecido nas políticas setoriais. (Incluído
pela Lei nº 13.204, de 2015)
Seção VIII
Do Chamamento Público Art. 25. (Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015).

Art. 23. A administração pública deverá adotar Art. 26. O edital deverá ser amplamente divulgado em
procedimentos claros, objetivos e simplificados que orientem os página do sítio oficial da administração pública na internet, com
interessados e facilitem o acesso direto aos seus órgãos e antecedência mínima de trinta dias. (Redação dada pela Lei nº
instâncias decisórias, independentemente da modalidade de 13.204, de 2015).
parceria prevista nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.204, Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
de 2015). 13.204, de 2015).
Parágrafo único. Sempre que possível, a administração
pública estabelecerá critérios a serem seguidos, especialmente Art. 27. O grau de adequação da proposta aos objetivos
quanto às seguintes características: (Redação dada pela Lei nº específicos do programa ou da ação em que se insere o objeto da
13.204, de 2015) parceria e, quando for o caso, ao valor de referência constante
I - objetos; do chamamento constitui critério obrigatório de julgamento.
II - metas; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
III - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015). § 1o As propostas serão julgadas por uma comissão de
IV - custos; seleção previamente designada, nos termos desta Lei, ou
V - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015). constituída pelo respectivo conselho gestor, se o projeto for
VI - indicadores, quantitativos ou qualitativos, de avaliação financiado com recursos de fundos específicos. (Redação dada
de resultados. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015). pela Lei nº 13.204, de 2015).
§ 2o Será impedida de participar da comissão de seleção
pessoa que, nos últimos cinco anos, tenha mantido relação

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jurídica com, ao menos, uma das entidades participantes do atingidas por uma entidade específica, especialmente quando:
chamamento público. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
2015). I - o objeto da parceria constituir incumbência prevista em
§ 3o Configurado o impedimento previsto no § 2o, deverá ser acordo, ato ou compromisso internacional, no qual sejam
designado membro substituto que possua qualificação indicadas as instituições que utilizarão os recursos; (Incluído
equivalente à do substituído. pela Lei nº 13.204, de 2015)
§ 4o A administração pública homologará e divulgará o II - a parceria decorrer de transferência para organização
resultado do julgamento em página do sítio previsto no art. 26. da sociedade civil que esteja autorizada em lei na qual seja
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015). identificada expressamente a entidade beneficiária, inclusive
§ 5o Será obrigatoriamente justificada a seleção de proposta quando se tratar da subvenção prevista no inciso I do § 3o do art.
que não for a mais adequada ao valor de referência constante 12 da Lei no 4.320, de 17 de março de 1964, observado o disposto
do chamamento público. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015). no art. 26 da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000.
§ 6o A homologação não gera direito para a organização da (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
sociedade civil à celebração da parceria. (Incluído pela Lei nº
13.204, de 2015). Art. 32. Nas hipóteses dos arts. 30 e 31 desta Lei, a ausência
de realização de chamamento público será justificada pelo
Art. 28. Somente depois de encerrada a etapa competitiva e administrador público. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de
ordenadas as propostas, a administração pública procederá à 2015)
verificação dos documentos que comprovem o atendimento pela § 1o Sob pena de nulidade do ato de formalização de parceria
organização da sociedade civil selecionada dos requisitos prevista nesta Lei, o extrato da justificativa previsto no caput
previstos nos arts. 33 e 34. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de deverá ser publicado, na mesma data em que for efetivado, no
2015). sítio oficial da administração pública na internet e,
§ 1o Na hipótese de a organização da sociedade civil eventualmente, a critério do administrador público, também no
selecionada não atender aos requisitos exigidos nos arts. 33 e 34, meio oficial de publicidade da administração pública. (Redação
aquela imediatamente mais bem classificada poderá ser dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
convidada a aceitar a celebração de parceria nos termos da § 2o Admite-se a impugnação à justificativa, apresentada no
proposta por ela apresentada. (Redação dada pela Lei nº 13.204, prazo de cinco dias a contar de sua publicação, cujo teor deve
de 2015). ser analisado pelo administrador público responsável em até
§ 2o Caso a organização da sociedade civil convidada nos cinco dias da data do respectivo protocolo. (Redação dada pela
termos do § 1o aceite celebrar a parceria, proceder-se-á à Lei nº 13.204, de 2015)
verificação dos documentos que comprovem o atendimento aos § 3o Havendo fundamento na impugnação, será revogado o
requisitos previstos nos arts. 33 e 34. (Redação dada pela Lei nº ato que declarou a dispensa ou considerou inexigível o
13.204, de 2015). chamamento público, e será imediatamente iniciado o
§ 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015). procedimento para a realização do chamamento público,
conforme o caso.
Art. 29. Os termos de colaboração ou de fomento que § 4o A dispensa e a inexigibilidade de chamamento público,
envolvam recursos decorrentes de emendas parlamentares às bem como o disposto no art. 29, não afastam a aplicação dos
leis orçamentárias anuais e os acordos de cooperação serão demais dispositivos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.204, de
celebrados sem chamamento público, exceto, em relação aos 2015)
acordos de cooperação, quando o objeto envolver a celebração
de comodato, doação de bens ou outra forma de Seção IX
compartilhamento de recurso patrimonial, hipótese em que o Dos Requisitos para Celebração do Termo de
respectivo chamamento público observará o disposto nesta Lei. Colaboração e do Termo de Fomento
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015).
Art. 33. Para celebrar as parcerias previstas nesta Lei, as
Art. 30. A administração pública poderá dispensar a organizações da sociedade civil deverão ser regidas por normas
realização do chamamento público: de organização interna que prevejam, expressamente: (Redação
I - no caso de urgência decorrente de paralisação ou dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
iminência de paralisação de atividades de relevante interesse I - objetivos voltados à promoção de atividades e finalidades
público, pelo prazo de até cento e oitenta dias; (Redação dada de relevância pública e social;
pela Lei nº 13.204, de 2015) II - (Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015)
II - nos casos de guerra, calamidade pública, grave III - que, em caso de dissolução da entidade, o respectivo
perturbação da ordem pública ou ameaça à paz social; patrimônio líquido seja transferido a outra pessoa jurídica de
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) igual natureza que preencha os requisitos desta Lei e cujo objeto
III - quando se tratar da realização de programa de proteção social seja, preferencialmente, o mesmo da entidade extinta;
a pessoas ameaçadas ou em situação que possa comprometer a (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
sua segurança; IV - escrituração de acordo com os princípios fundamentais
IV - (VETADO). de contabilidade e com as Normas Brasileiras de Contabilidade;
V - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
VI - no caso de atividades voltadas ou vinculadas a serviços a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
de educação, saúde e assistência social, desde que executadas b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
por organizações da sociedade civil previamente credenciadas V - possuir: (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
pelo órgão gestor da respectiva política. (Incluído pela Lei nº a) no mínimo, um, dois ou três anos de existência, com
13.204, de 2015) cadastro ativo, comprovados por meio de documentação
emitida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, com base
Art. 31. Será considerado inexigível o chamamento público no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ, conforme,
na hipótese de inviabilidade de competição entre as respectivamente, a parceria seja celebrada no âmbito dos
organizações da sociedade civil, em razão da natureza singular Municípios, do Distrito Federal ou dos Estados e da União,
do objeto da parceria ou se as metas somente puderem ser admitida a redução desses prazos por ato específico de cada ente

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na hipótese de nenhuma organização atingi-los; (Incluído pela b) da identidade e da reciprocidade de interesse das partes
Lei nº 13.204, de 2015) na realização, em mútua cooperação, da parceria prevista nesta
b) experiência prévia na realização, com efetividade, do Lei;
objeto da parceria ou de natureza semelhante; (Incluído pela Lei c) da viabilidade de sua execução; (Redação dada pela Lei nº
nº 13.204, de 2015) 13.204, de 2015)
c) instalações, condições materiais e capacidade técnica e d) da verificação do cronograma de desembolso; (Redação
operacional para o desenvolvimento das atividades ou projetos dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
previstos na parceria e o cumprimento das metas estabelecidas. e) da descrição de quais serão os meios disponíveis a serem
(Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) utilizados para a fiscalização da execução da parceria, assim
§ 1o Na celebração de acordos de cooperação, somente será como dos procedimentos que deverão ser adotados para
exigido o requisito previsto no inciso I. (Incluído pela Lei nº avaliação da execução física e financeira, no cumprimento das
13.204, de 2015) metas e objetivos;
§ 2o Serão dispensadas do atendimento ao disposto nos f) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
incisos I e III as organizações religiosas. (Incluído pela Lei nº g) da designação do gestor da parceria;
13.204, de 2015) h) da designação da comissão de monitoramento e
§ 3o As sociedades cooperativas deverão atender às avaliação da parceria;
exigências previstas na legislação específica e ao disposto no i) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
inciso IV, estando dispensadas do atendimento aos requisitos VI - emissão de parecer jurídico do órgão de assessoria ou
previstos nos incisos I e III. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) consultoria jurídica da administração pública acerca da
§ 4o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) possibilidade de celebração da parceria. (Redação dada pela Lei
§ 5o Para fins de atendimento do previsto na alínea c do nº 13.204, de 2015)
inciso V, não será necessária a demonstração de capacidade § 1o Não será exigida contrapartida financeira como
instalada prévia. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) requisito para celebração de parceria, facultada a exigência de
contrapartida em bens e serviços cuja expressão monetária será
Art. 34. Para celebração das parcerias previstas nesta Lei, as obrigatoriamente identificada no termo de colaboração ou de
organizações da sociedade civil deverão apresentar: fomento. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) § 2o Caso o parecer técnico ou o parecer jurídico de que
II - certidões de regularidade fiscal, previdenciária, tratam, respectivamente, os incisos V e VI concluam pela
tributária, de contribuições e de dívida ativa, de acordo com a possibilidade de celebração da parceria com ressalvas, deverá o
legislação aplicável de cada ente federado; administrador público sanar os aspectos ressalvados ou,
III - certidão de existência jurídica expedida pelo cartório de mediante ato formal, justificar a preservação desses aspectos ou
registro civil ou cópia do estatuto registrado e de eventuais sua exclusão. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
alterações ou, tratando-se de sociedade cooperativa, certidão § 3o Na hipótese de o gestor da parceria deixar de ser agente
simplificada emitida por junta comercial; (Redação dada pela público ou ser lotado em outro órgão ou entidade, o
Lei nº 13.204, de 2015) administrador público deverá designar novo gestor, assumindo,
IV -(revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) enquanto isso não ocorrer, todas as obrigações do gestor, com
V - cópia da ata de eleição do quadro dirigente atual; as respectivas responsabilidades.
VI - relação nominal atualizada dos dirigentes da entidade, § 4o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
com endereço, número e órgão expedidor da carteira de § 5o Caso a organização da sociedade civil adquira
identidade e número de registro no Cadastro de Pessoas Físicas equipamentos e materiais permanentes com recursos
- CPF da Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB de cada provenientes da celebração da parceria, o bem será gravado
um deles; com cláusula de inalienabilidade, e ela deverá formalizar
VII - comprovação de que a organização da sociedade civil promessa de transferência da propriedade à administração
funciona no endereço por ela declarado; (Redação dada pela Lei pública, na hipótese de sua extinção.
nº 13.204, de 2015) § 6o Será impedida de participar como gestor da parceria ou
VIII - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.204, de como membro da comissão de monitoramento e avaliação
2015) pessoa que, nos últimos 5 (cinco) anos, tenha mantido relação
Parágrafo único. (VETADO): jurídica com, ao menos, 1 (uma) das organizações da sociedade
I - (VETADO); civil partícipes.
II - (VETADO); § 7o Configurado o impedimento do § 6o, deverá ser
III - (VETADO). designado gestor ou membro substituto que possua qualificação
técnica equivalente à do substituído.
Art. 35. A celebração e a formalização do termo de
colaboração e do termo de fomento dependerão da adoção das Art. 35-A. É permitida a atuação em rede, por duas ou mais
seguintes providências pela administração pública: organizações da sociedade civil, mantida a integral
I - realização de chamamento público, ressalvadas as responsabilidade da organização celebrante do termo de
hipóteses previstas nesta Lei; fomento ou de colaboração, desde que a organização da
II - indicação expressa da existência de prévia dotação sociedade civil signatária do termo de fomento ou de
orçamentária para execução da parceria; colaboração possua: (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
III - demonstração de que os objetivos e finalidades I - mais de cinco anos de inscrição no CNPJ; (Incluído pela Lei
institucionais e a capacidade técnica e operacional da nº 13.204, de 2015)
organização da sociedade civil foram avaliados e são II - capacidade técnica e operacional para supervisionar e
compatíveis com o objeto; orientar diretamente a atuação da organização que com ela
IV - aprovação do plano de trabalho, a ser apresentado nos estiver atuando em rede. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
termos desta Lei; Parágrafo único. A organização da sociedade civil que
V - emissão de parecer de órgão técnico da administração assinar o termo de colaboração ou de fomento deverá celebrar
pública, que deverá pronunciar-se, de forma expressa, a termo de atuação em rede para repasse de recursos às não
respeito: celebrantes, ficando obrigada a, no ato da respectiva
a) do mérito da proposta, em conformidade com a formalização: (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
modalidade de parceria adotada;

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APOSTILAS OPÇÃO

I - verificar, nos termos do regulamento, a regularidade qualquer esfera da Federação, em decisão irrecorrível, nos
jurídica e fiscal da organização executante e não celebrante do últimos 8 (oito) anos;
termo de colaboração ou do termo de fomento, devendo b) julgada responsável por falta grave e inabilitada para o
comprovar tal verificação na prestação de contas; (Incluído pela exercício de cargo em comissão ou função de confiança,
Lei nº 13.204, de 2015) enquanto durar a inabilitação;
II - comunicar à administração pública em até sessenta dias c) considerada responsável por ato de improbidade,
a assinatura do termo de atuação em rede. (Incluído pela Lei nº enquanto durarem os prazos estabelecidos nos incisos I, II e III
13.204, de 2015) do art. 12 da Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992.
§ 1o Nas hipóteses deste artigo, é igualmente vedada a
Art. 36. Será obrigatória a estipulação do destino a ser dado transferência de novos recursos no âmbito de parcerias em
aos bens remanescentes da parceria. execução, excetuando-se os casos de serviços essenciais que não
Parágrafo único. Os bens remanescentes adquiridos com podem ser adiados sob pena de prejuízo ao erário ou à
recursos transferidos poderão, a critério do administrador população, desde que precedida de expressa e fundamentada
público, ser doados quando, após a consecução do objeto, não autorização do dirigente máximo do órgão ou entidade da
forem necessários para assegurar a continuidade do objeto administração pública, sob pena de responsabilidade solidária.
pactuado, observado o disposto no respectivo termo e na § 2o Em qualquer das hipóteses previstas no caput, persiste
legislação vigente. o impedimento para celebrar parceria enquanto não houver o
ressarcimento do dano ao erário, pelo qual seja responsável a
Art. 37. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.204, de organização da sociedade civil ou seu dirigente.
2015) § 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
§ 4o Para os fins do disposto na alínea a do inciso IV e no §
Art. 38. O termo de fomento, o termo de colaboração e o 2o, não serão considerados débitos que decorram de atrasos na
acordo de cooperação somente produzirão efeitos jurídicos após liberação de repasses pela administração pública ou que
a publicação dos respectivos extratos no meio oficial de tenham sido objeto de parcelamento, se a organização da
publicidade da administração pública. (Redação dada pela Lei sociedade civil estiver em situação regular no parcelamento.
nº 13.204, de 2015) (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
§ 5o A vedação prevista no inciso III não se aplica à
Seção X celebração de parcerias com entidades que, pela sua própria
Das Vedações natureza, sejam constituídas pelas autoridades referidas
naquele inciso, sendo vedado que a mesma pessoa figure no
Art. 39. Ficará impedida de celebrar qualquer modalidade termo de colaboração, no termo de fomento ou no acordo de
de parceria prevista nesta Lei a organização da sociedade civil cooperação simultaneamente como dirigente e administrador
que: público. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
I - não esteja regularmente constituída ou, se estrangeira, § 6o Não são considerados membros de Poder os integrantes
não esteja autorizada a funcionar no território nacional; de conselhos de direitos e de políticas públicas. (Incluído pela Lei
II - esteja omissa no dever de prestar contas de parceria nº 13.204, de 2015)
anteriormente celebrada;
III - tenha como dirigente membro de Poder ou do Ministério Art. 40. É vedada a celebração de parcerias previstas nesta
Público, ou dirigente de órgão ou entidade da administração Lei que tenham por objeto, envolvam ou incluam, direta ou
pública da mesma esfera governamental na qual será celebrado indiretamente, delegação das funções de regulação, de
o termo de colaboração ou de fomento, estendendo-se a vedação fiscalização, de exercício do poder de polícia ou de outras
aos respectivos cônjuges ou companheiros, bem como parentes atividades exclusivas de Estado. (Redação dada pela Lei nº
em linha reta, colateral ou por afinidade, até o segundo grau; 13.204, de 2015)
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
IV - tenha tido as contas rejeitadas pela administração II - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
pública nos últimos cinco anos, exceto se: (Redação dada pela Parágrafo único. (Revogado): (Redação dada pela Lei nº
Lei nº 13.204, de 2015) 13.204, de 2015)
a) for sanada a irregularidade que motivou a rejeição e I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
quitados os débitos eventualmente imputados; (Incluído pela Lei II - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
nº 13.204, de 2015)
b) for reconsiderada ou revista a decisão pela rejeição; Art. 41. Ressalvado o disposto no art. 3o e no parágrafo único
(Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) do art. 84, serão celebradas nos termos desta Lei as parcerias
c) a apreciação das contas estiver pendente de decisão sobre entre a administração pública e as entidades referidas no inciso
recurso com efeito suspensivo; (Incluído pela Lei nº 13.204, de I do art. 2o. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
2015) Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
V - tenha sido punida com uma das seguintes sanções, pelo 13.204, de 2015)
período que durar a penalidade:
a) suspensão de participação em licitação e impedimento de CAPÍTULO III
contratar com a administração; DA FORMALIZAÇÃO E DA EXECUÇÃO
b) declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com Seção I
a administração pública; Disposições Preliminares
c) a prevista no inciso II do art. 73 desta Lei;
d) a prevista no inciso III do art. 73 desta Lei; Art. 42. As parcerias serão formalizadas mediante a
VI - tenha tido contas de parceria julgadas irregulares ou celebração de termo de colaboração, de termo de fomento ou de
rejeitadas por Tribunal ou Conselho de Contas de qualquer acordo de cooperação, conforme o caso, que terá como cláusulas
esfera da Federação, em decisão irrecorrível, nos últimos 8 (oito) essenciais: (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
anos; I - a descrição do objeto pactuado;
VII - tenha entre seus dirigentes pessoa: II - as obrigações das partes;
a) cujas contas relativas a parcerias tenham sido julgadas III - quando for o caso, o valor total e o cronograma de
irregulares ou rejeitadas por Tribunal ou Conselho de Contas de desembolso; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)

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APOSTILAS OPÇÃO

IV - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) Seção II


V - a contrapartida, quando for o caso, observado o disposto Das Contratações Realizadas pelas Organizações da
no § 1o do art. 35; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) Sociedade Civil
VI - a vigência e as hipóteses de prorrogação;
VII - a obrigação de prestar contas com definição de forma, Art. 43. (Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015)
metodologia e prazos; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de
2015) Art. 44. (Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015)
VIII - a forma de monitoramento e avaliação, com a
indicação dos recursos humanos e tecnológicos que serão Seção III
empregados na atividade ou, se for o caso, a indicação da Das Despesas
participação de apoio técnico nos termos previstos no § 1o do art.
58 desta Lei; Art. 45. As despesas relacionadas à execução da parceria
IX - a obrigatoriedade de restituição de recursos, nos casos serão executadas nos termos dos incisos XIX e XX do art. 42,
previstos nesta Lei; sendo vedado: (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
X - a definição, se for o caso, da titularidade dos bens e I - utilizar recursos para finalidade alheia ao objeto da
direitos remanescentes na data da conclusão ou extinção da parceria; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
parceria e que, em razão de sua execução, tenham sido II - pagar, a qualquer título, servidor ou empregado público
adquiridos, produzidos ou transformados com recursos com recursos vinculados à parceria, salvo nas hipóteses
repassados pela administração pública; (Redação dada pela Lei previstas em lei específica e na lei de diretrizes orçamentárias;
nº 13.204, de 2015) III - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
XI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) IV - (VETADO);
XII - a prerrogativa atribuída à administração pública para V - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
assumir ou transferir a responsabilidade pela execução do VI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
objeto, no caso de paralisação, de modo a evitar sua VII - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
descontinuidade; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) VIII - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de
XIII - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
2015) IX - (revogado): (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
XIV - quando for o caso, a obrigação de a organização da a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
sociedade civil manter e movimentar os recursos em conta b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
bancária específica, observado o disposto no art. 51; (Redação c) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
dada pela Lei nº 13.204, de 2015) d) (revogada). (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
XV - o livre acesso dos agentes da administração pública, do
controle interno e do Tribunal de Contas correspondente aos Art. 46. Poderão ser pagas, entre outras despesas, com
processos, aos documentos e às informações relacionadas a recursos vinculados à parceria: (Redação dada pela Lei nº
termos de colaboração ou a termos de fomento, bem como aos 13.204, de 2015)
locais de execução do respectivo objeto; (Redação dada pela Lei I - remuneração da equipe encarregada da execução do
nº 13.204, de 2015) plano de trabalho, inclusive de pessoal próprio da organização
XVI - a faculdade dos partícipes rescindirem o instrumento, da sociedade civil, durante a vigência da parceria,
a qualquer tempo, com as respectivas condições, sanções e compreendendo as despesas com pagamentos de impostos,
delimitações claras de responsabilidades, além da estipulação contribuições sociais, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço -
de prazo mínimo de antecedência para a publicidade dessa FGTS, férias, décimo terceiro salário, salários proporcionais,
intenção, que não poderá ser inferior a 60 (sessenta) dias; verbas rescisórias e demais encargos sociais e trabalhistas;
XVII - a indicação do foro para dirimir as dúvidas (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
decorrentes da execução da parceria, estabelecendo a a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
obrigatoriedade da prévia tentativa de solução administrativa, b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
com a participação de órgão encarregado de assessoramento c) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
jurídico integrante da estrutura da administração pública; II - diárias referentes a deslocamento, hospedagem e
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) alimentação nos casos em que a execução do objeto da parceria
XVIII - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de assim o exija; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
2015) III - custos indiretos necessários à execução do objeto, seja
XIX - a responsabilidade exclusiva da organização da qual for a proporção em relação ao valor total da parceria;
sociedade civil pelo gerenciamento administrativo e financeiro (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
dos recursos recebidos, inclusive no que diz respeito às despesas IV - aquisição de equipamentos e materiais permanentes
de custeio, de investimento e de pessoal; essenciais à consecução do objeto e serviços de adequação de
XX - a responsabilidade exclusiva da organização da espaço físico, desde que necessários à instalação dos referidos
sociedade civil pelo pagamento dos encargos trabalhistas, equipamentos e materiais.
previdenciários, fiscais e comerciais relacionados à execução do § 1o A inadimplência da administração pública não transfere
objeto previsto no termo de colaboração ou de fomento, não à organização da sociedade civil a responsabilidade pelo
implicando responsabilidade solidária ou subsidiária da pagamento de obrigações vinculadas à parceria com recursos
administração pública a inadimplência da organização da próprios. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
sociedade civil em relação ao referido pagamento, os ônus § 2o A inadimplência da organização da sociedade civil em
incidentes sobre o objeto da parceria ou os danos decorrentes de decorrência de atrasos na liberação de repasses relacionados à
restrição à sua execução. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de parceria não poderá acarretar restrições à liberação de
2015) parcelas subsequentes. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de
Parágrafo único. Constará como anexo do termo de 2015)
colaboração, do termo de fomento ou do acordo de cooperação § 3o O pagamento de remuneração da equipe contratada
o plano de trabalho, que deles será parte integrante e pela organização da sociedade civil com recursos da parceria
indissociável. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) não gera vínculo trabalhista com o poder público. (Redação
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
II - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) § 4o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)

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§ 5o (VETADO). de fomento poderá admitir a realização de pagamentos em


espécie. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
Art. 47. (Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015)
Art. 54. (Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015)
Seção IV
Da Liberação dos Recursos Seção VI
Das Alterações
Art. 48. As parcelas dos recursos transferidos no âmbito da
parceria serão liberadas em estrita conformidade com o Art. 55. A vigência da parceria poderá ser alterada mediante
respectivo cronograma de desembolso, exceto nos casos a seguir, solicitação da organização da sociedade civil, devidamente
nos quais ficarão retidas até o saneamento das impropriedades: formalizada e justificada, a ser apresentada à administração
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) pública em, no mínimo, trinta dias antes do termo inicialmente
I - quando houver evidências de irregularidade na aplicação previsto. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
de parcela anteriormente recebida; (Redação dada pela Lei nº Parágrafo único. A prorrogação de ofício da vigência do
13.204, de 2015) termo de colaboração ou de fomento deve ser feita pela
II - quando constatado desvio de finalidade na aplicação dos administração pública quando ela der causa a atraso na
recursos ou o inadimplemento da organização da sociedade civil liberação de recursos financeiros, limitada ao exato período do
em relação a obrigações estabelecidas no termo de colaboração atraso verificado. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
ou de fomento; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
III - quando a organização da sociedade civil deixar de Art. 56. (Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015)
adotar sem justificativa suficiente as medidas saneadoras
apontadas pela administração pública ou pelos órgãos de Art. 57. O plano de trabalho da parceria poderá ser revisto
controle interno ou externo. Redação dada pela Lei nº 13.204, para alteração de valores ou de metas, mediante termo aditivo
de 2015) ou por apostila ao plano de trabalho original. (Redação dada
pela Lei nº 13.204, de 2015)
Art. 49. Nas parcerias cuja duração exceda um ano, é Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
obrigatória a prestação de contas ao término de cada exercício. 13.204, de 2015)
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) Seção VII
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) Do Monitoramento e Avaliação
III - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
Art. 58. A administração pública promoverá o
Art. 50. A administração pública deverá viabilizar o monitoramento e a avaliação do cumprimento do objeto da
acompanhamento pela internet dos processos de liberação de parceria. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
recursos referentes às parcerias celebradas nos termos desta § 1o Para a implementação do disposto no caput, a
Lei. administração pública poderá valer-se do apoio técnico de
terceiros, delegar competência ou firmar parcerias com órgãos
Seção V ou entidades que se situem próximos ao local de aplicação dos
Da Movimentação e Aplicação Financeira dos Recursos recursos. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
§ 2o Nas parcerias com vigência superior a 1 (um) ano, a
Art. 51. Os recursos recebidos em decorrência da parceria administração pública realizará, sempre que possível, pesquisa
serão depositados em conta corrente específica isenta de tarifa de satisfação com os beneficiários do plano de trabalho e
bancária na instituição financeira pública determinada pela utilizará os resultados como subsídio na avaliação da parceria
administração pública. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de celebrada e do cumprimento dos objetivos pactuados, bem como
2015) na reorientação e no ajuste das metas e atividades definidas.
Parágrafo único. Os rendimentos de ativos financeiros serão § 3o Para a implementação do disposto no § 2o, a
aplicados no objeto da parceria, estando sujeitos às mesmas administração pública poderá valer-se do apoio técnico de
condições de prestação de contas exigidas para os recursos terceiros, delegar competência ou firmar parcerias com órgãos
transferidos. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) ou entidades que se situem próximos ao local de aplicação dos
recursos.
Art. 52. Por ocasião da conclusão, denúncia, rescisão ou
extinção da parceria, os saldos financeiros remanescentes, Art. 59. A administração pública emitirá relatório técnico de
inclusive os provenientes das receitas obtidas das aplicações monitoramento e avaliação de parceria celebrada mediante
financeiras realizadas, serão devolvidos à administração termo de colaboração ou termo de fomento e o submeterá à
pública no prazo improrrogável de trinta dias, sob pena de comissão de monitoramento e avaliação designada, que o
imediata instauração de tomada de contas especial do homologará, independentemente da obrigatoriedade de
responsável, providenciada pela autoridade competente da apresentação da prestação de contas devida pela organização
administração pública. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de da sociedade civil. Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
2015) § 1o O relatório técnico de monitoramento e avaliação da
parceria, sem prejuízo de outros elementos, deverá conter:
Art. 53. Toda a movimentação de recursos no âmbito da (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
parceria será realizada mediante transferência eletrônica I - descrição sumária das atividades e metas estabelecidas;
sujeita à identificação do beneficiário final e à obrigatoriedade II - análise das atividades realizadas, do cumprimento das
de depósito em sua conta bancária. metas e do impacto do benefício social obtido em razão da
§ 1o Os pagamentos deverão ser realizados mediante crédito execução do objeto até o período, com base nos indicadores
na conta bancária de titularidade dos fornecedores e estabelecidos e aprovados no plano de trabalho;
prestadores de serviços. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de III - valores efetivamente transferidos pela administração
2015) pública; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
§ 2o Demonstrada a impossibilidade física de pagamento IV - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
mediante transferência eletrônica, o termo de colaboração ou

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V - análise dos documentos comprobatórios das despesas elaboração constantes do instrumento de parceria e do plano de
apresentados pela organização da sociedade civil na prestação trabalho.
de contas, quando não for comprovado o alcance das metas e § 1o A administração pública fornecerá manuais específicos
resultados estabelecidos no respectivo termo de colaboração ou às organizações da sociedade civil por ocasião da celebração das
de fomento; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) parcerias, tendo como premissas a simplificação e a
VI - análise de eventuais auditorias realizadas pelos racionalização dos procedimentos. (Redação dada pela Lei nº
controles interno e externo, no âmbito da fiscalização 13.204, de 2015)
preventiva, bem como de suas conclusões e das medidas que § 2o Eventuais alterações no conteúdo dos manuais referidos
tomaram em decorrência dessas auditorias. (Redação dada pela no § 1o deste artigo devem ser previamente informadas à
Lei nº 13.204, de 2015) organização da sociedade civil e publicadas em meios oficiais de
§ 2o No caso de parcerias financiadas com recursos de fundos comunicação.
específicos, o monitoramento e a avaliação serão realizados § 3o O regulamento estabelecerá procedimentos
pelos respectivos conselhos gestores, respeitadas as exigências simplificados para prestação de contas. (Redação dada pela Lei
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) nº 13.204, de 2015)

Art. 60. Sem prejuízo da fiscalização pela administração Art. 64. A prestação de contas apresentada pela organização
pública e pelos órgãos de controle, a execução da parceria será da sociedade civil deverá conter elementos que permitam ao
acompanhada e fiscalizada pelos conselhos de políticas públicas gestor da parceria avaliar o andamento ou concluir que o seu
das áreas correspondentes de atuação existentes em cada esfera objeto foi executado conforme pactuado, com a descrição
de governo. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) pormenorizada das atividades realizadas e a comprovação do
Parágrafo único. As parcerias de que trata esta Lei estarão alcance das metas e dos resultados esperados, até o período de
também sujeitas aos mecanismos de controle social previstos na que trata a prestação de contas.
legislação. § 1o Serão glosados valores relacionados a metas e
resultados descumpridos sem justificativa suficiente. (Redação
Seção VIII dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
Das Obrigações do Gestor § 2o Os dados financeiros serão analisados com o intuito de
estabelecer o nexo de causalidade entre a receita e a despesa
Art. 61. São obrigações do gestor: realizada, a sua conformidade e o cumprimento das normas
I - acompanhar e fiscalizar a execução da parceria; pertinentes.
II - informar ao seu superior hierárquico a existência de § 3o A análise da prestação de contas deverá considerar a
fatos que comprometam ou possam comprometer as atividades verdade real e os resultados alcançados.
ou metas da parceria e de indícios de irregularidades na gestão § 4o A prestação de contas da parceria observará regras
dos recursos, bem como as providências adotadas ou que serão específicas de acordo com o montante de recursos públicos
adotadas para sanar os problemas detectados; envolvidos, nos termos das disposições e procedimentos
III – (VETADO); estabelecidos conforme previsto no plano de trabalho e no termo
IV - emitir parecer técnico conclusivo de análise da de colaboração ou de fomento.
prestação de contas final, levando em consideração o conteúdo
do relatório técnico de monitoramento e avaliação de que trata Art. 65. A prestação de contas e todos os atos que dela
o art. 59; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) decorram dar-se-ão em plataforma eletrônica, permitindo a
V - disponibilizar materiais e equipamentos tecnológicos visualização por qualquer interessado. (Redação dada pela Lei
necessários às atividades de monitoramento e avaliação. nº 13.204, de 2015)

Art. 62. Na hipótese de inexecução por culpa exclusiva da Art. 66. A prestação de contas relativa à execução do termo
organização da sociedade civil, a administração pública poderá, de colaboração ou de fomento dar-se-á mediante a análise dos
exclusivamente para assegurar o atendimento de serviços documentos previstos no plano de trabalho, nos termos do inciso
essenciais à população, por ato próprio e independentemente de IX do art. 22, além dos seguintes relatórios:
autorização judicial, a fim de realizar ou manter a execução das I - relatório de execução do objeto, elaborado pela
metas ou atividades pactuadas: (Redação dada pela Lei nº organização da sociedade civil, contendo as atividades ou
13.204, de 2015) projetos desenvolvidos para o cumprimento do objeto e o
I - retomar os bens públicos em poder da organização da comparativo de metas propostas com os resultados alcançados;
sociedade civil parceira, qualquer que tenha sido a modalidade (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
ou título que concedeu direitos de uso de tais bens; II - relatório de execução financeira do termo de
II - assumir a responsabilidade pela execução do restante do colaboração ou do termo de fomento, com a descrição das
objeto previsto no plano de trabalho, no caso de paralisação, de despesas e receitas efetivamente realizadas e sua vinculação
modo a evitar sua descontinuidade, devendo ser considerado na com a execução do objeto, na hipótese de descumprimento de
prestação de contas o que foi executado pela organização da metas e resultados estabelecidos no plano de trabalho. (Redação
sociedade civil até o momento em que a administração assumiu dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
essas responsabilidades. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de Parágrafo único. A administração pública deverá considerar
2015) ainda em sua análise os seguintes relatórios elaborados
Parágrafo único. As situações previstas no caput devem ser internamente, quando houver: (Redação dada pela Lei nº
comunicadas pelo gestor ao administrador público. 13.204, de 2015)
I - relatório de visita técnica in loco eventualmente
CAPÍTULO IV realizada durante a execução da parceria; (Redação dada pela
DA PRESTAÇÃO DE CONTAS Lei nº 13.204, de 2015)
Seção I II - relatório técnico de monitoramento e avaliação,
Normas Gerais homologado pela comissão de monitoramento e avaliação
designada, sobre a conformidade do cumprimento do objeto e os
Art. 63. A prestação de contas deverá ser feita observando- resultados alcançados durante a execução do termo de
se as regras previstas nesta Lei, além de prazos e normas de colaboração ou de fomento.

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Art. 67. O gestor emitirá parecer técnico de análise de Art. 70. Constatada irregularidade ou omissão na prestação
prestação de contas da parceria celebrada. de contas, será concedido prazo para a organização da
§ 1o No caso de prestação de contas única, o gestor emitirá sociedade civil sanar a irregularidade ou cumprir a obrigação.
parecer técnico conclusivo para fins de avaliação do § 1o O prazo referido no caput é limitado a 45 (quarenta e
cumprimento do objeto. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de cinco) dias por notificação, prorrogável, no máximo, por igual
2015) período, dentro do prazo que a administração pública possui
§ 2o Se a duração da parceria exceder um ano, a organização para analisar e decidir sobre a prestação de contas e
da sociedade civil deverá apresentar prestação de contas ao fim comprovação de resultados.
de cada exercício, para fins de monitoramento do cumprimento § 2o Transcorrido o prazo para saneamento da
das metas do objeto. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) irregularidade ou da omissão, não havendo o saneamento, a
§ 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) autoridade administrativa competente, sob pena de
§ 4o Para fins de avaliação quanto à eficácia e efetividade responsabilidade solidária, deve adotar as providências para
das ações em execução ou que já foram realizadas, os pareceres apuração dos fatos, identificação dos responsáveis,
técnicos de que trata este artigo deverão, obrigatoriamente, quantificação do dano e obtenção do ressarcimento, nos termos
mencionar: (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) da legislação vigente.
I - os resultados já alcançados e seus benefícios;
II - os impactos econômicos ou sociais; Art. 71. A administração pública apreciará a prestação final
III - o grau de satisfação do público-alvo; de contas apresentada, no prazo de até cento e cinquenta dias,
IV - a possibilidade de sustentabilidade das ações após a contado da data de seu recebimento ou do cumprimento de
conclusão do objeto pactuado. diligência por ela determinada, prorrogável justificadamente
Art. 68. Os documentos incluídos pela entidade na por igual período. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
plataforma eletrônica prevista no art. 65, desde que possuam § 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
garantia da origem e de seu signatário por certificação digital, § 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
serão considerados originais para os efeitos de prestação de § 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
contas. § 4o O transcurso do prazo definido nos termos do caput sem
Parágrafo único. Durante o prazo de 10 (dez) anos, contado que as contas tenham sido apreciadas: (Redação dada pela Lei
do dia útil subsequente ao da prestação de contas, a entidade nº 13.204, de 2015)
deve manter em seu arquivo os documentos originais que I - não significa impossibilidade de apreciação em data
compõem a prestação de contas. posterior ou vedação a que se adotem medidas saneadoras,
punitivas ou destinadas a ressarcir danos que possam ter sido
Seção II causados aos cofres públicos;
Dos Prazos II - nos casos em que não for constatado dolo da organização
da sociedade civil ou de seus prepostos, sem prejuízo da
Art. 69. A organização da sociedade civil prestará contas da atualização monetária, impede a incidência de juros de mora
boa e regular aplicação dos recursos recebidos no prazo de até sobre débitos eventualmente apurados, no período entre o final
noventa dias a partir do término da vigência da parceria ou no do prazo referido neste parágrafo e a data em que foi ultimada
final de cada exercício, se a duração da parceria exceder um ano. a apreciação pela administração pública. (Redação dada pela
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) Lei nº 13.204, de 2015)
§ 1o O prazo para a prestação final de contas será
estabelecido de acordo com a complexidade do objeto da Art. 72. As prestações de contas serão avaliadas:
parceria. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) I - regulares, quando expressarem, de forma clara e objetiva,
§ 2o O disposto no caput não impede que a administração o cumprimento dos objetivos e metas estabelecidos no plano de
pública promova a instauração de tomada de contas especial trabalho; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
antes do término da parceria, ante evidências de irregularidades II - regulares com ressalva, quando evidenciarem
na execução do objeto. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de impropriedade ou qualquer outra falta de natureza formal que
2015) não resulte em dano ao erário; (Redação dada pela Lei nº
§ 3o Na hipótese do § 2o, o dever de prestar contas surge no 13.204, de 2015)
momento da liberação de recurso envolvido na parceria. III - irregulares, quando comprovada qualquer das seguintes
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) circunstâncias: (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
§ 4o O prazo referido no caput poderá ser prorrogado por a) omissão no dever de prestar contas;
até 30 (trinta) dias, desde que devidamente justificado. b) descumprimento injustificado dos objetivos e metas
§ 5o A manifestação conclusiva sobre a prestação de contas estabelecidos no plano de trabalho; (Redação dada pela Lei nº
pela administração pública observará os prazos previstos nesta 13.204, de 2015)
Lei, devendo concluir, alternativamente, pela: (Redação dada c) dano ao erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ou
pela Lei nº 13.204, de 2015) antieconômico;
I - aprovação da prestação de contas; d) desfalque ou desvio de dinheiro, bens ou valores públicos.
II - aprovação da prestação de contas com ressalvas; ou § 1o O administrador público responde pela decisão sobre a
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) aprovação da prestação de contas ou por omissão em relação à
III - rejeição da prestação de contas e determinação de análise de seu conteúdo, levando em consideração, no primeiro
imediata instauração de tomada de contas especial. (Redação caso, os pareceres técnico, financeiro e jurídico, sendo permitida
dada pela Lei nº 13.204, de 2015) delegação a autoridades diretamente subordinadas, vedada a
§ 6o As impropriedades que deram causa à rejeição da subdelegação. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
prestação de contas serão registradas em plataforma eletrônica § 2o Quando a prestação de contas for avaliada como
de acesso público, devendo ser levadas em consideração por irregular, após exaurida a fase recursal, se mantida a decisão, a
ocasião da assinatura de futuras parcerias com a administração organização da sociedade civil poderá solicitar autorização
pública, conforme definido em regulamento. (Redação dada para que o ressarcimento ao erário seja promovido por meio de
pela Lei nº 13.204, de 2015) ações compensatórias de interesse público, mediante a
apresentação de novo plano de trabalho, conforme o objeto
descrito no termo de colaboração ou de fomento e a área de
atuação da organização, cuja mensuração econômica será feita

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a partir do plano de trabalho original, desde que não tenha XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou
havido dolo ou fraude e não seja o caso de restituição integral jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos
dos recursos. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) transferidos pela administração pública a entidade privada
mediante celebração de parcerias, sem a observância das
CAPÍTULO V formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
DA RESPONSABILIDADE E DAS SANÇÕES XVIII - celebrar parcerias da administração pública com
Seção I entidades privadas sem a observância das formalidades legais
Das Sanções Administrativas à Entidade ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e
Art. 73. Pela execução da parceria em desacordo com o plano análise das prestações de contas de parcerias firmadas pela
de trabalho e com as normas desta Lei e da legislação específica, administração pública com entidades privadas; (Redação dada
a administração pública poderá, garantida a prévia defesa, pela Lei nº 13.204, de 2015)
aplicar à organização da sociedade civil as seguintes sanções: XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) administração pública com entidades privadas sem a estrita
I - advertência; observância das normas pertinentes ou influir de qualquer
II - suspensão temporária da participação em chamamento forma para a sua aplicação irregular. (Redação dada pela Lei nº
público e impedimento de celebrar parceria ou contrato com 13.204, de 2015)
órgãos e entidades da esfera de governo da administração XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela
pública sancionadora, por prazo não superior a dois anos; administração pública com entidades privadas sem a estrita
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) observância das normas pertinentes ou influir de qualquer
III - declaração de inidoneidade para participar de forma para a sua aplicação irregular.” (NR)
chamamento público ou celebrar parceria ou contrato com
órgãos e entidades de todas as esferas de governo, enquanto Art. 78. O art. 11 da Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992, passa
perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que a vigorar acrescido do seguinte inciso VIII:
seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que “Art. 11...........................................................................
aplicou a penalidade, que será concedida sempre que a .............................................................................................
organização da sociedade civil ressarcir a administração VIII - descumprir as normas relativas à celebração,
pública pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da fiscalização e aprovação de contas de parcerias firmadas pela
sanção aplicada com base no inciso II. (Redação dada pela Lei administração pública com entidades privadas.”
nº 13.204, de 2015)
§ 1o As sanções estabelecidas nos incisos II e III são de Art. 78-A. O art. 23 da Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992,
competência exclusiva de Ministro de Estado ou de Secretário passa a vigorar acrescido do seguinte inciso III: (Incluído pela
Estadual, Distrital ou Municipal, conforme o caso, facultada a Lei nº 13.204, de 2015)
defesa do interessado no respectivo processo, no prazo de dez "Art. 23. ......................................................................
dias da abertura de vista, podendo a reabilitação ser requerida ..........................................................................................
após dois anos de aplicação da penalidade. (Redação dada pela III - até cinco anos da data da apresentação à administração
Lei nº 13.204, de 2015) pública da prestação de contas final pelas entidades referidas no
§ 2o Prescreve em cinco anos, contados a partir da data da parágrafo único do art. 1o desta Lei.’ (NR)”
apresentação da prestação de contas, a aplicação de penalidade
decorrente de infração relacionada à execução da parceria. CAPÍTULO VI
(Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) DISPOSIÇÕES FINAIS
§ 3o A prescrição será interrompida com a edição de ato
administrativo voltado à apuração da infração. (Incluído pela Art. 79. (VETADO).
Lei nº 13.204, de 2015)
Art. 80. O processamento das compras e contratações que
Seção II envolvam recursos financeiros provenientes de parceria poderá
Da Responsabilidade pela Execução e pela Emissão de ser efetuado por meio de sistema eletrônico disponibilizado pela
Pareceres Técnicos administração pública às organizações da sociedade civil,
aberto ao público via internet, que permita aos interessados
Art. 74. (VETADO). formular propostas. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
Art. 75. (Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) Parágrafo único. O Sistema de Cadastramento Unificado de
Art. 76. (Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) Fornecedores - SICAF, mantido pela União, fica disponibilizado
aos demais entes federados, para fins do disposto no caput, sem
Seção III prejuízo do uso de seus próprios sistemas. (Incluído pela Lei nº
Dos Atos de Improbidade Administrativa 13.204, de 2015)

Art. 77. O art. 10 da Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992, passa Art. 81. Mediante autorização da União, os Estados, os
a vigorar com as seguintes alterações: Municípios e o Distrito Federal poderão aderir ao Sistema de
“Art. 10........................................................................... Gestão de Convênios e Contratos de Repasse - SICONV para
.............................................................................................. utilizar suas funcionalidades no cumprimento desta Lei.
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de Art. 81-A. Até que seja viabilizada a adaptação do sistema de
processo seletivo para celebração de parcerias com entidades que trata o art. 81 ou de seus correspondentes nas demais
sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente; unidades da federação: (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
.............................................................................................. I - serão utilizadas as rotinas previstas antes da entrada em
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a vigor desta Lei para repasse de recursos a organizações da
incorporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou sociedade civil decorrentes de parcerias celebradas nos termos
jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
pela administração pública a entidades privadas mediante II - os Municípios de até cem mil habitantes serão
celebração de parcerias, sem a observância das formalidades autorizados a efetivar a prestação de contas e os atos dela
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

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decorrentes sem utilização da plataforma eletrônica prevista no V - promoção da segurança alimentar e nutricional;
art. 65. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e
Art. 82. (VETADO). promoção do desenvolvimento sustentável; (Incluído pela Lei nº
13.204, de 2015)
Art. 83. As parcerias existentes no momento da entrada em VII - promoção do voluntariado; (Incluído pela Lei nº 13.204,
vigor desta Lei permanecerão regidas pela legislação vigente ao de 2015)
tempo de sua celebração, sem prejuízo da aplicação subsidiária VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e
desta Lei, naquilo em que for cabível, desde que em benefício do combate à pobreza; (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
alcance do objeto da parceria. IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos
§ 1o As parcerias de que trata o caput poderão ser socioprodutivos e de sistemas alternativos de produção,
prorrogadas de ofício, no caso de atraso na liberação de comércio, emprego e crédito; (Incluído pela Lei nº 13.204, de
recursos por parte da administração pública, por período 2015)
equivalente ao atraso. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos
2015) direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
§ 2o As parcerias firmadas por prazo indeterminado antes (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
da data de entrada em vigor desta Lei, ou prorrogáveis por XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos
período superior ao inicialmente estabelecido, no prazo de até humanos, da democracia e de outros valores universais;
um ano após a data da entrada em vigor desta Lei, serão, (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
alternativamente: (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) XII - organizações religiosas que se dediquem a atividades
I - substituídas pelos instrumentos previstos nos arts. 16 ou de interesse público e de cunho social distintas das destinadas a
17, conforme o caso; (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) fins exclusivamente religiosos; (Incluído pela Lei nº 13.204, de
II - objeto de rescisão unilateral pela administração pública. 2015)
(Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) XIII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias
alternativas, produção e divulgação de informações e
Art. 83-A. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às
atividades mencionadas neste artigo. (Incluído pela Lei nº
Art. 84. Não se aplica às parcerias regidas por esta Lei o 13.204, de 2015)
disposto na Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993. (Redação dada Parágrafo único. É vedada às entidades beneficiadas na
pela Lei nº 13.204, de 2015) forma do art. 84-B a participação em campanhas de interesse
Parágrafo único. São regidos pelo art. 116 da Lei no 8.666, político-partidário ou eleitorais, sob quaisquer meios ou formas.
de 21 de junho de 1993, convênios: (Redação dada pela Lei nº (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
13.204, de 2015)
I - entre entes federados ou pessoas jurídicas a eles Art. 85. O art. 1o da Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999,
vinculadas; (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) passa a vigorar com a seguinte redação:
II - decorrentes da aplicação do disposto no inciso IV do art. “Art. 1o Podem qualificar-se como Organizações da
3o. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de
direito privado sem fins lucrativos que tenham sido constituídas
Art. 84-A. A partir da vigência desta Lei, somente serão e se encontrem em funcionamento regular há, no mínimo, 3
celebrados convênios nas hipóteses do parágrafo único do art. (três) anos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas
84. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) estatutárias atendam aos requisitos instituídos por esta Lei.”
(NR)
Art. 84-B. As organizações da sociedade civil farão jus aos
seguintes benefícios, independentemente de certificação: Art. 85-A. O art. 3o da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999,
(Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) passa a vigorar acrescido do seguinte inciso XIII: (Incluído pela
I - receber doações de empresas, até o limite de 2% (dois por Lei nº 13.204, de 2015)
cento) de sua receita bruta; (Incluído pela Lei nº 13.204, de
2015) "Art. 3o .......................................................................
II - receber bens móveis considerados irrecuperáveis, ..........................................................................................
apreendidos, abandonados ou disponíveis, administrados pela XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a
Secretaria da Receita Federal do Brasil; (Incluído pela Lei nº disponibilização e a implementação de tecnologias voltadas à
13.204, de 2015) mobilidade de pessoas, por qualquer meio de transporte.
III - distribuir ou prometer distribuir prêmios, mediante .................................................................................’ (NR)”
sorteios, vale-brindes, concursos ou operações assemelhadas,
com o intuito de arrecadar recursos adicionais destinados à sua Art. 85-B. O parágrafo único do art. 4o da Lei no 9.790, de 23
manutenção ou custeio. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) de março de 1999, passa a vigorar com a seguinte redação:
(Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
Art. 84-C. Os benefícios previstos no art. 84-B serão
conferidos às organizações da sociedade civil que apresentem ‘Art. 4o ......................................................................
entre seus objetivos sociais pelo menos uma das seguintes Parágrafo único. É permitida a participação de servidores
finalidades: (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) públicos na composição de conselho ou diretoria de
I - promoção da assistência social; (Incluído pela Lei nº Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.’ (NR)”
13.204, de 2015)
II - promoção da cultura, defesa e conservação do Art. 86. A Lei no 9.790, de 23 de março de 1999, passa a
patrimônio histórico e artístico; (Incluído pela Lei nº 13.204, de vigorar acrescida dos seguintes arts. 15-A e 15-B:
2015)
III - promoção da educação; (Incluído pela Lei nº 13.204, de “Art. 15-A. (VETADO).”
2015)
IV - promoção da saúde; (Incluído pela Lei nº 13.204, de “Art. 15-B. A prestação de contas relativa à execução do
2015) Termo de Parceria perante o órgão da entidade estatal parceira

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refere-se à correta aplicação dos recursos públicos recebidos e 02. (TJ/PA - Titular de Serviços de Notas e de Registros
ao adimplemento do objeto do Termo de Parceria, mediante a – Remoção – IESES/2016). A Lei 13.019 de 2014 estabelece o
apresentação dos seguintes documentos: regime jurídico das parcerias entre a administração pública e
I - relatório anual de execução de atividades, contendo as organizações da sociedade civil, em regime de mútua
especificamente relatório sobre a execução do objeto do Termo cooperação, para a consecução de finalidades de interesse
de Parceria, bem como comparativo entre as metas propostas e público e recíproco. Referida lei prevê que o edital do
os resultados alcançados; chamamento público especificará, no mínimo:
II - demonstrativo integral da receita e despesa realizadas (A) O tipo de parceria a ser celebrada; objeto da parceria;
na execução; as datas, os prazos, as condições, o local e a forma de
III - extrato da execução física e financeira; apresentação das propostas; as datas e os critérios objetivos
IV - demonstração de resultados do exercício; de seleção e julgamento das propostas, inclusive no que se
V - balanço patrimonial; refere à metodologia de pontuação e ao peso atribuído a cada
VI - demonstração das origens e das aplicações de recursos; um dos critérios estabelecidos, se for o caso; o valor previsto
VII - demonstração das mutações do patrimônio social; para a realização do objeto; as condições para interposição de
VIII - notas explicativas das demonstrações contábeis, caso recurso administrativo; a minuta do instrumento por meio do
necessário; qual será celebrada a parceria; de acordo com as
IX - parecer e relatório de auditoria, se for o caso.” características do objeto da parceria, medidas de
Art. 87. As exigências de transparência e publicidade acessibilidade para pessoas com deficiência ou mobilidade
previstas em todas as etapas que envolvam a parceria, desde a reduzida e idosos.
fase preparatória até o fim da prestação de contas, naquilo que (B) A programação orçamentária que autoriza e
for necessário, serão excepcionadas quando se tratar de fundamenta a celebração da parceria; o tipo de parceria a ser
programa de proteção a pessoas ameaçadas ou em situação que celebrada; as datas, os prazos, as condições, o local e a forma
possa comprometer a sua segurança, na forma do regulamento. de apresentação das propostas; as datas e os critérios
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) objetivos de seleção e julgamento das propostas, inclusive no
que se refere à metodologia de pontuação e ao peso atribuído
Art. 88. Esta Lei entra em vigor após decorridos quinhentos a cada um dos critérios estabelecidos, se for o caso; as
e quarenta dias de sua publicação oficial, observado o disposto condições para interposição de recurso administrativo; a
nos §§ 1o e 2o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de minuta do instrumento por meio do qual será celebrada a
2015) parceria; de acordo com as características do objeto da
§ 1o Para os Municípios, esta Lei entra em vigor a partir de parceria, medidas de acessibilidade para pessoas com
1o de janeiro de 2017. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) deficiência ou mobilidade reduzida e idosos.
§ 2o Por ato administrativo local, o disposto nesta Lei poderá (C) A programação orçamentária que autoriza e
ser implantado nos Municípios a partir da data decorrente do fundamenta a celebração da parceria; o tipo de parceria a ser
disposto no caput. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) celebrada; objeto da parceria; as datas, os prazos, as condições,
o local e a forma de apresentação das propostas; as datas e os
Questões critérios objetivos de seleção e julgamento das propostas,
inclusive no que se refere à metodologia de pontuação e ao
01. (Fundação Araucária/PR - Advogado – peso atribuído a cada um dos critérios estabelecidos, se for o
FAFIPA/2017). Estabelece a lei federal 13.019/2014 o regime caso; o valor previsto para a realização do objeto; as condições
jurídico das parcerias entre a administração pública e as para interposição de recurso administrativo; a minuta do
organizações da sociedade civil, em regime de mútua instrumento por meio do qual será celebrada a parceria; de
cooperação, para a consecução de finalidades de interesse acordo com as características do objeto da parceria, medidas
público e recíproco, mediante a execução de atividades ou de de acessibilidade para pessoas com deficiência ou mobilidade
projetos previamente estabelecidos em planos de trabalho reduzida e idosos.
inseridos em termos de colaboração, em termos de fomento ou (D) A programação orçamentária que autoriza e viabiliza a
em acordos de cooperação; define diretrizes para a política de celebração da parceria; o tipo de parceria a ser celebrada;
fomento, de colaboração e de cooperação com organizações da objeto da parceria; as datas, os prazos, as condições, o local e a
sociedade civil; e altera as Leis nos 8.429, de 2 de junho de forma de apresentação das propostas; as datas e os critérios
1992, e 9.790, de 23 de março de 1999. Nessa toada, com fulcro de seleção e julgamento das propostas, inclusive no que se
no artigo 2º, para os fins dessa Lei, considera-se administrador refere à metodologia de pontuação e ao peso atribuído a cada
público: um dos critérios estabelecidos, se for o caso; o valor previsto
(A) Agente público revestido de competência para assinar para a realização do objeto; as condições para interposição de
termo de colaboração, termo de fomento ou acordo de recurso administrativo; a minuta do instrumento por meio do
cooperação com organização da sociedade civil para a qual será celebrada a parceria; de acordo com as
consecução de finalidades de interesse público e recíproco, características do objeto da parceria, medidas de
ainda que delegue essa competência a terceiros. acessibilidade para pessoas com deficiência ou mobilidade
(B) Agente público responsável pela gestão de parceria reduzida e idosos.
celebrada por meio de termo de colaboração ou termo de
fomento, designado por ato publicado em meio oficial de 03. (MPE/SC - Promotor de Justiça – Vespertina – MPE-
comunicação, com poderes de controle e fiscalização. SC/2016). De acordo com a Lei n. 13.019/14, que estabelece o
(C) Órgão colegiado destinado a processar e julgar regime jurídico das parcerias entre a administração pública e
chamamentos públicos, constituído por ato publicado em meio as organizações da sociedade civil, em regime de mútua
oficial de comunicação, assegurada a participação de pelo cooperação, para a consecução de finalidades de interesse
menos um servidor ocupante de cargo efetivo ou emprego público e recíproco, é vedada a celebração de parcerias
permanente do quadro de pessoal da administração pública. previstas nesta Lei que tenham por objeto, envolvam ou
(D) Órgão criado pelo poder público para atuar como incluam, direta ou indiretamente, delegação das funções de
instância consultiva, na respectiva área de atuação, na regulação, de fiscalização, de exercício do poder de polícia ou
formulação, implementação, acompanhamento, de outras atividades exclusivas de Estado.
monitoramento e avaliação de políticas públicas.
( ) Certo ( ) Errado

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04. Assinale certo ou errado para a assertiva abaixo: II – as autarquias, as fundações públicas, os fundos e as
O termo de fomento deve ser adotado pela administração empresas estatais dependentes, na forma do art. 2º, inciso III, da
pública para consecução de planos de trabalho propostos por Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000;
organizações da sociedade civil que envolvam a transferência III – as pessoas jurídicas de direito privado e as pessoas
de recursos financeiros. físicas que recebam recursos financeiros mediante convênios e
instrumentos congêneres;
( ) Certo ( ) Errado IV – Organização da Sociedade Civil de que trata a Lei
Federal nº 13.019, de 31 de julho de 2014.
05. Com relação aos prazos, assinale qual das alternativas § 2º Além do estabelecido nesta Lei Complementar, deverão
está correta: ser obedecidas as regras dispostas na Constituição Federal, na
(A) Será impedida de participar da comissão de seleção Lei Complementar Federal nº 101/2000 e na Constituição
pessoa que, nos últimos três anos, tenha mantido relação Estadual, bem como atendidas às condições estabelecidas na Lei
jurídica com, ao menos, uma das entidades participantes do de Diretrizes Orçamentárias vigente à época da celebração.
chamamento público. § 3º As normas estabelecidas nesta Lei se aplicam às
(B) Será impedida de participar da comissão de seleção parcerias previstas na Lei Federal nº 13.019, de 31 de julho de
pessoa que, nos últimos dois anos, tenha mantido relação 2014, naquilo em que não houver conflito.
jurídica com, ao menos, uma das entidades participantes do § 4º As disposições contidas nesta Lei Complementar não se
chamamento público. aplicam:
(C) Será impedida de participar da comissão de seleção I – às transferências obrigatórias decorrentes de
pessoa que, nos últimos cinco anos, tenha mantido relação determinação constitucional e legal, bem como às destinadas ao
jurídica com, ao menos, uma das entidades participantes do Sistema Único de Saúde, para as quais fica dispensada a
chamamento público. celebração de convênios ou quaisquer instrumentos congêneres;
II – aos Contratos de Gestão firmados com Organizações
Respostas Sociais, nos termos da Lei Estadual nº 12.781, de 30 de dezembro
de 1997, e suas alterações;
01. Resposta: A III – aos contratos de rateio firmados com consórcios
02. Resposta: D públicos nos termos da Lei Federal nº 11.107, de 6 de abril de
03. Resposta: certo 2005;
04. Resposta: certo IV – aos contratos de subvenção habitacional firmados com
05. Resposta: C instituições financeiras, nos termos da Lei Estadual nº 15.143,
de 23 de abril de 2012;
V – aos contratos de subvenção econômica e aos termos de
concessão de auxílio à pesquisa firmados com empresas e
2. Lei Estadual pessoas físicas, nos termos da Lei Estadual nº 14.220, de 16 de
Complementar Nº 119/2012, outubro de 2008.
alterada pela Lei
Art. 2º Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se
Complementar Nº 178/2018. como:
I – Convênio: instrumento que disciplina a relação de mútua
cooperação entre órgãos e entidades estaduais e entes,
LEI COMPLEMENTAR N.º 119, DE 28.12.12 entidades públicas, pessoas jurídicas de direito privado e
(Alterada pela Lei Complementar nº 178 de 2018) pessoas físicas, visando à execução de finalidades de interesse
público e recíproco;
Dispõe sobre regras para convênios, instrumentos II – Instrumento Congênere: instrumento que, independente
congêneres, termo de colaboração, termo de fomento e acordo da terminologia estabelecida na legislação, disciplina a relação
de cooperação celebrados em regime de mútua cooperação de mútua cooperação entre os órgãos e entidades estaduais e
pelos órgãos e entidades do poder executivo estadual. entes, entidades públicas, pessoas jurídicas de direito privado e
pessoas físicas, visando à execução de finalidades de interesse
O GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ. público e recíproco;
III – Termo de Colaboração: instrumento por meio do qual
Faço saber que a Assembleia Legislativa decretou e eu são formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração
sanciono a seguinte Lei Complementar: pública com organizações da sociedade civil para a consecução
de finalidades de interesse público e recíproco, propostas pela
administração pública, que envolvam a transferência de
CAPÍTULO I recursos financeiros;
DISPOSIÇÕES GERAIS IV – Termo de Fomento: instrumento por meio do qual são
formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração
Art. 1º Esta Lei Complementar define as regras para pública com organizações da sociedade civil para a consecução
convênios, instrumentos congêneres, termo de colaboração, de finalidades de interesse público e recíproco, propostas pelas
termo de fomento e acordo de cooperação, que envolvam ou não organizações da sociedade civil, que envolvam a transferência
transferência de recursos financeiros, celebrados entre os de recursos financeiros;
órgãos e entidades do Poder Executivo Estadual e entes e V – Acordo de Cooperação: instrumento por meio do qual são
entidades públicas, pessoas jurídicas de direito privado, pessoas formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração
físicas e organização da sociedade civil para consecução de pública com organizações da sociedade civil para a consecução
finalidades de interesse público e recíproco no regime de mútua de finalidades de interesse público e recíproco que não envolvam
cooperação. a transferência de recursos financeiros;
§ 1º Subordinam-se ao regime desta Lei Complementar: VI – Ente: União, Estado, Distrito Federal e Município,
I – os órgãos públicos integrantes da administração direta; compreendidos os órgãos integrantes das respectivas
administrações diretas;

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VII – Entidade Pública: as fundações, os fundos, as membros do Poder Legislativo, além de cargos de Ministros de
autarquias, as empresas estatais dependentes, na forma do Estado e de Secretários dos entes federativos.
inciso III do art. 2º da Lei Complementar nº 101/2000;
VIII – Pessoa Jurídica de Direito Privado: pessoa jurídica de Art. 3º As ações em regime de mútua cooperação executadas
direito privado sem fins lucrativos legalmente constituída, não por meio de convênios, instrumentos congêneres, termo de
albergada pela Lei Federal nº 13.019/2014 e as empresas colaboração, termo de fomento e acordo de cooperação deverão
estatais não dependentes, na forma do inciso III do art. 2º da Lei obedecer às seguintes etapas:
Complementar nº 101/2000; I – divulgação de programas;
IX – Organização da sociedade civil: pessoa jurídica de que II – cadastramento de parceiros;
trata o inciso I do art. 2º da Lei Federal nº 13.019/2014; III – seleção;
X – Parceiro: ente, entidade pública, pessoa jurídica de IV – celebração do instrumento;
direito privado, pessoa física ou organização da sociedade civil V – execução;
interessada em executar ações em regime de mútua cooperação VI – monitoramento;
com órgãos e entidades do Poder Executivo Estadual; VII – prestação de contas.
XI – Concedente: órgão ou entidade do Poder Executivo
Estadual responsável por realizar ações em regime de mútua CAPÍTULO II
cooperação com ente, entidade pública, pessoa jurídica de DA DIVULGAÇÃO DE PROGRAMAS
direito privado, pessoa física ou organização da sociedade civil;
XII – Convenente: parceiro que celebra por meio de convênio, Art. 4º Até 30 (trinta) dias após o início da vigência da Lei
instrumento congênere, termo de colaboração, termo de Orçamentária Anual, os órgãos e entidades estaduais deverão
fomento ou acordo de cooperação à execução de ações em divulgar na rede mundial de computadores, os programas
regime de mútua cooperação com órgãos e entidades do Poder governamentais que deverão ser executados em regime de
Executivo Estadual; mútua cooperação com outros entes, entidades públicas, pessoas
XIII – Interveniente: participante do convênio ou físicas, pessoas jurídicas de direito privado e organizações da
instrumento congênere, que manifesta consentimento ou sociedade civil.
assume obrigações em nome próprio, podendo assumir a Parágrafo único. A divulgação de programas deverá conter
execução do objeto pactuado e realizar os atos e procedimentos os elementos mínimos estabelecidos e ser permanentemente
necessários, inclusive a movimentação de recursos financeiros, atualizada em função da disponibilidade orçamentária, na
desde que tenha sido submetido às mesmas exigências do forma do Regulamento.
convenente;
XIV – Regularidade cadastral: situação de atendimento das CAPÍTULO III
exigências cadastrais, inclusive documentais, pelo parceiro; DO CADASTRO DE PARCEIROS
XV – Programa: instrumento de organização governamental
que articula um conjunto de ações visando ao alcance do Art. 5º Fica instituído o Cadastro Geral de Parceiros, gerido
objetivo nele estabelecido; pelo órgão central de controle interno do Poder Executivo
XVI – Plano de Trabalho: parte integrante do convênio, Estadual, que conterá as informações necessárias à verificação
instrumento congênere, termo de colaboração, termo de da regularidade cadastral.
fomento e acordo de cooperação que contém a descrição
detalhada das metas, etapas ou fases do objeto a ser executado, Art. 6º Aplicam-se as regras de cadastramento estabelecidas
definindo todos os aspectos físicos e financeiros da sua execução; nesta Lei Complementar aos parceiros identificados como:
XVII – Liberação de Recursos: aporte financeiro realizado I – entes ou entidades públicas;
pelo concedente na conta específica do convênio, instrumento II – pessoas jurídicas de direito privado;
congênere, termo de colaboração e termo de fomento, conforme III – pessoas físicas;
cronograma de desembolso do Plano de Trabalho; IV – organizações da sociedade civil.
XVIII – Liquidação da despesa: comprovação, pelo § 1º Compete aos parceiros registrar e manter atualizadas
convenente, da execução do objeto e do direito adquirido pelo as informações cadastrais.
credor, tendo por base títulos e documentos comprobatórios do § 2º O ato de cadastramento regular não estabelece
respectivo crédito; qualquer vantagem ou garantia na celebração de convênios ou
XIX – Pagamento de Despesa: ato praticado pelo convenente instrumentos congêneres, termo de colaboração, termo de
após a liquidação da despesa, que consiste no desembolso do fomento e acordo de cooperação e o consequente repasse de
valor devido ao credor; recursos financeiros por parte do Estado.
XX – Contrapartida: parcela economicamente mensurável
de participação do convenente na consecução do objeto do Art. 7º Regulamento disporá sobre as exigências para fins de
convênio, instrumento congênere, termo de colaboração ou cadastramento e regularidade cadastral, inclusive as
termo de fomento; documentais.
XXI – Adimplência: situação que indica o cumprimento das
obrigações de prestar contas do convenente e do interveniente CAPÍTULO IV
perante o concedente; DA SELEÇÃO
XXII – Inadimplência: situação que indica o não
cumprimento das obrigações de prestar contas do convenente e Art. 8º A seleção de proposta para execução de ação em
do interveniente perante o concedente; regime de mútua cooperação deverá ser realizada pelos órgãos
XXIII – Tomada de Contas Especial: processo instaurado pelo e entidades do Poder Executivo Estadual por meio de
concedente, destinado à apuração dos fatos, quantificação do chamamento público, devendo observar as condições e
dano ao erário e identificação dos responsáveis por sua exigências estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
ocorrência, decorrente da não comprovação da boa e regular
aplicação dos recursos financeiros recebidos para execução de Art. 9º O edital de chamamento público especificará, no
ações em regime de mútua cooperação; mínimo:
XXIV – Agente Político: é o detentor de cargo eletivo, eleito I – órgão ou entidade;
por mandatos transitórios, como os Chefes de Poder Executivo e II – o objeto com indicação da política, do programa ou da
ação correspondente;

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III – justificativa; II – as ações a serem executadas e as metas a serem


IV – público-alvo; atingidas;
V – região de planejamento orçamentário; III – os prazos para a execução das ações e para o
VI – valor de referência para execução do objeto; cumprimento das metas;
VII – classificação orçamentária; IV – o valor total; e
VIII – as condições para interposição de recurso V – projeto básico para execução de obra ou serviço de
administrativo no âmbito do processo de seleção; engenharia, quando pertinente.
IX – as datas e os critérios de seleção e julgamento das
propostas, inclusive no que se refere à metodologia de Art. 15. A Comissão de Seleção do órgão ou a entidade do
pontuação e ao peso atribuído a cada um dos critérios Poder Executivo Estadual divulgará o resultado preliminar do
estabelecidos, se for o caso; processo de seleção no seu sítio eletrônico oficial.
X – a data, o prazo, as condições, o local e a forma de
apresentação das propostas; Art. 16. Os parceiros participantes do processo de seleção
XI – prazo para divulgação de resultados da seleção e poderão apresentar recurso contra o resultado preliminar.
condições para interposição de recursos, no âmbito do processo
de seleção; Art. 17. Após o julgamento dos recursos ou o transcurso do
XII – regra de contrapartida, quando houver; prazo para interposição de recurso, o órgão ou a entidade do
XIII – a minuta do instrumento a ser celebrado; Poder Executivo Estadual deverá homologar e divulgar o
XIV – as medidas de acessibilidade para pessoas com resultado definitivo do processo de seleção no Diário Oficial do
deficiência ou mobilidade reduzida e idosos, de acordo com as Estado.
características do objeto.
§ 1º Os órgãos e entidades do Poder Executivo Estadual Seção III
indicarão a previsão dos créditos orçamentários necessários Da Dispensa e da Inexigibilidade
para garantir as execuções nos orçamentos dos exercícios
seguintes, quando os convênios, instrumentos congêneres, Art. 18. O chamamento público poderá ser dispensado pelos
termos de colaboração e termos de fomento tiverem vigência órgãos ou entidades do Poder Executivo Estadual nas seguintes
plurianual ou forem celebrados em exercício financeiro seguinte situações:
ao da seleção. I – urgência decorrente de paralisação ou iminência de
§ 2º Para seleção das propostas, poderão ser privilegiados paralisação de atividades de relevante interesse público;
critérios de julgamento como inovação e criatividade, conforme II – nos casos de guerra, calamidade pública, grave
previsão no edital. perturbação da ordem pública ou ameaça à paz social;
§ 3º O edital de chamamento público deverá conter dados e III – quando se tratar da realização de programa de
informações sobre a política, o programa ou a ação em que se proteção a pessoas ameaçadas ou em situação que possa
insira o instrumento para orientar a elaboração das metas e comprometer a sua segurança;
indicadores da proposta pelo parceiro. IV – quando o parceiro for ente ou entidade pública,
inclusive as empresas estatais não dependentes, na forma do
Art.10. O edital de chamamento público será amplamente inciso III do art. 2º da Lei Complementar nº 101/2000.
divulgado no sítio eletrônico oficial do órgão ou da entidade
pública estadual, no mínimo por 30 (trinta) dias, antes do início Art. 19. O chamamento público será considerado inexigível
do prazo para apresentação de propostas, devendo seu extrato na hipótese de inviabilidade de competição entre os parceiros,
ser publicado no Diário Oficial do Estado. em razão da natureza singular do objeto do convênio ou
Parágrafo único. O prazo para a apresentação de propostas instrumento congênere ou se as metas somente puderem ser
será de, no mínimo, 15 (quinze) dias. atingidas por um parceiro específico, especialmente quando:
I – o objeto do convênio ou instrumento congênere constituir
Seção I incumbência prevista em acordo, ato ou compromisso
Da Comissão de Seleção internacional, no qual sejam indicados os parceiros que
utilizarão os recursos;
Art. 11. Os órgãos ou entidades do Poder Executivo Estadual II – o convênio ou instrumento congênere decorrer de
designarão, em ato específico, comissão de seleção para transferência para parceiro que esteja autorizada em lei na qual
processar e julgar os chamamentos públicos. seja identificado expressamente o parceiro beneficiário,
inclusive quando se tratar da subvenção prevista no inciso I do
Art. 12. A comissão de seleção será composta por, no mínimo, § 3º do art. 12 da Lei nº. 4.320, de 17 de março de 1964,
3 (três) membros, detentores de capacidade técnica, sendo pelo observado o disposto no art. 26 da Lei Complementar nº. 101, de
menos 1 (um) servidor ocupante de cargo efetivo ou emprego 4 de maio de 2000.
permanente do quadro de pessoal da Administração Pública
Estadual. Art. 20. As hipóteses de dispensa e de inexigibilidade
previstas nos arts. 18 e 19 deverão ser justificadas pelo
Seção II administrador público, exceto no caso de dispensa de que trata
Do Processo de Seleção o inciso IV do art. 18.
§ 1º. Admite-se a impugnação à justificativa ao
Art. 13. O processo de seleção abrangerá a avaliação das enquadramento das hipóteses de dispensa e inexigibilidade.
propostas, a divulgação e a homologação dos resultados. § 2º O gestor dará publicidade, com antecedência de, no
mínimo, 15 (quinze) dias, dos motivos que justificaram as
Art. 14. A avaliação das propostas terá caráter eliminatório hipóteses de dispensa e inexigibilidade e, somente após esse
e classificatório. prazo, não havendo contestação, dará seguimento aos atos
Parágrafo único. A proposta deverá conter, no mínimo, as conforme previsto nos arts. 18 e 19.
seguintes informações:
I – a descrição da realidade objeto e o nexo com a atividade
ou o projeto proposto;

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CAPÍTULO V convênios, instrumentos congêneres, termo de colaboração e


DA CELEBRAÇÃO DO INSTRUMENTO termo de fomento cuja vigência ultrapasse o exercício
financeiro, desde que o objeto respectivo esteja contemplado no
Seção I Plano Plurianual vigente, e condicionada eventual prorrogação
Da Celebração à previsão de produtos e metas correspondentes no Plano
Plurianual subsequente.
Art. 21. A celebração de convênios, instrumentos congêneres,
termo de colaboração, termo de fomento e acordo de Art. 26. É vedada a celebração de convênios, instrumentos
cooperação somente poderá ser efetivada com parceiros cujos congêneres, termo de colaboração e termo de fomento com
planos de trabalho tenham sido aprovados. previsão de liberação de recursos financeiros em parcela única,
com exceção dos instrumentos com vigência de até 60 (sessenta)
Art. 22. O plano de trabalho deverá conter, no mínimo: dias.
I – descrição da realidade que será objeto do instrumento,
devendo ser demonstrado o nexo entre essa realidade e as Art. 27. Ficará impedido de celebrar o parceiro que:
atividades ou projetos e metas a serem atingidas; I – esteja em situação de irregularidade cadastral e
II – a descrição de metas quantitativas e mensuráveis a inadimplência;
serem atingidas; II – tenha, como dirigentes efetivos ou controladores,
III – forma de execução do objeto com a descrição das etapas agentes políticos de Poder ou do Ministério Público, dirigentes
com seus respectivos itens; de órgão ou entidade da Administração Pública de qualquer
IV – parâmetros a serem utilizados para a aferição do esfera governamental, ou respectivo cônjuge ou companheiro,
cumprimento das metas; bem como parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até
V – a previsão de receitas e a estimativa de despesas a serem o terceiro grau do gestor do órgão responsável para celebração
realizadas na execução das ações, incluindo os encargos sociais do convênio ou instrumento congênere;
e trabalhistas e a discriminação dos custos indiretos necessários III – tenha tido as contas rejeitadas pela administração
à execução do objeto, respeitadas as vedações previstas no pública nos últimos 5 (cinco) anos, exceto se:
art.42; a) for sanada a irregularidade que motivou a rejeição e
VI – cronograma de desembolso; quitados os débitos eventualmente imputados;
VII – valor total do Plano de Trabalho; b) for reconsiderada ou revista a decisão pela rejeição;
VIII – valor da contrapartida, quando houver; c) a apreciação das contas estiver pendente de decisão sobre
IX – previsão de início e fim da execução do objeto, bem como recurso com efeito suspensivo;
da conclusão das etapas programadas. IV – tenha sido punido com uma das seguintes sanções, pelo
Parágrafo único. Deverão ser apresentados juntamente com período que durar a penalidade:
o Plano de Trabalho: a) suspensão de participação em licitação e impedimento de
I – comprovação de que a contrapartida financeira, quando contratar com a administração;
houver, está devidamente assegurada; b) declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com
II – projeto executivo, se exigido. a administração pública;
c) suspensão temporária, determinada por órgãos e
Art. 23. Na hipótese da proposta selecionada não atender às entidades do Poder Executivo Estadual, da participação em
exigências dos arts. 22 e 24, aquela imediatamente melhor chamamento público e impedimento de celebrar parceria ou
classificada poderá ser convidada a aceitar a celebração dos contrato com estes, por prazo não superior a 2 (dois) anos;
instrumentos nos termos da proposta por ela apresentada. d) declaração de inidoneidade para participar de
Parágrafo único. Caso o parceiro convidado nos termos do chamamento público ou celebrar parceria ou contrato com
caput aceite celebrar o instrumento, aplicam-se os mesmos órgãos e entidades de todas as esferas de governo, enquanto
procedimentos estabelecidos nos arts. 22 e 24. perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que
seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que
Art.24. Para a celebração de convênios, instrumentos aplicou a penalidade, que será concedida sempre que o
congêneres, termo de colaboração, termo de fomento e acordo convenente ressarcir a administração pública pelos prejuízos
de cooperação será exigida a regularidade cadastral e a resultantes e apósdecorrido o prazo da sanção aplicada com
adimplência do convenente e do interveniente, quando este base na alínea “c”;
assumir a execução do objeto. V – tenha tido contas de parceria julgadas irregulares ou
rejeitadas por Tribunal ou Conselho de Contas de qualquer
Art.25. Os convênios, instrumentos congêneres, termo de esfera da Federação, em decisão irrecorrível, nos últimos 8 (oito)
colaboração e termo de fomento celebrados pelos órgãos e anos;
entidades estaduais, inclusive termos aditivos de valor, terão VI – tenha entre seus dirigentes ou responsável legal pessoa:
como vigência o respectivo crédito orçamentário. a) cujas contas relativas ao instrumento tenham sido
§ 1º Excepcionalmente, os convênios, instrumentos julgadas irregulares ou rejeitadas por Tribunal ou Conselho de
congêneres, termo de colaboração e termo de fomento inclusive Contas de qualquer esfera da Federação, em decisão irrecorrível,
termos aditivos de valor, celebrados para execução de ações de nos últimos 8 (oito) anos;
natureza continuada e de metas estabelecidas no Plano b) julgada responsável por falta grave e inabilitada para o
Plurianual, poderão ter vigência superior à estabelecida no exercício de cargo em comissão ou função de confiança,
caput, limitada à vigência do referido Plano. enquanto durar a inabilitação;
§ 2º O cronograma de desembolso do Plano de Trabalho dos c) considerada responsável por ato de improbidade,
convênios, instrumentos congêneres, termo de colaboração e enquanto durarem os prazos estabelecidos nos incisos I, II e III
termo de fomento celebrados deverá respeitar a capacidade de do art. 12 da Lei nº. 8.429, de 2 de junho de 1992.
execução do objeto pelo convenente e a disponibilidade Parágrafo único. A vedação prevista no inciso II deste artigo
orçamentária do concedente. não se aplica aos entes e entidades públicas.
§ 3º Até que editada a lei a que se refere o inciso I do § 9º do
art. 165 da Constituição Federal, versando sobre a organização Art. 28. Para fins de celebração do convênio e instrumentos
do Plano Plurianual, ficam autorizados, no último ano de congêneres com as pessoas jurídicas de direito privado será
vigência do referido Plano, o aditamento e a celebração de exigido, no mínimo:

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I – 2 (dois) anos de existência, com cadastro ativo, solicitação fundamentada do convenente ou sua anuência, desde
comprovados por meio de documentação emitida pela que não haja alteração de seu objeto.
Secretaria da Receita Federal do Brasil, com base no Cadastro § 1º A alteração, de que trata o caput, será formalizada por
Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ, admitida a redução desse meio de apostilamento ou termo aditivo, durante a vigência do
prazo por ato específico de cada órgão ou entidade do Poder instrumento, assegurada a publicidade prevista nesta Lei.
Executivo Estadual, na hipótese de nenhuma entidade atingi-lo; § 2º Para a celebração de aditivos de valor será exigida a
II – experiência prévia na realização, com efetividade, do regularidade cadastral e a adimplência do convenente e do
objeto do convênio e instrumento congênere ou de natureza interveniente, quando este assumir a execução do objeto.
semelhante e instalações, condições materiais e capacidade
técnica e operacional para o desenvolvimento das atividades ou Art. 36. O convênio, instrumento congênere, termo de
projetos previstos no convênio ou instrumento congênere e o colaboração, termo de fomento deverá ser alterado por
cumprimento das metas estabelecidas. apostilamento, independentemente de anuência do convenente,
nas hipóteses de:
Art. 29. As pessoas jurídicas de direito privado e as I – prorrogação de ofício, quando o órgão ou a entidade do
organizações da sociedade civil cujos planos de trabalho tenham Poder Executivo Estadual tiver dado causa ao atraso na
sido aprovados serão submetidas à vistoria de funcionamento liberação de recursos financeiros, ficando a prorrogação da
para comprovação do seu regular funcionamento nos termos do vigência limitada ao exato período do atraso verificado;
Regulamento. II – alteração da classificação orçamentária;
III – alteração do gestor e do fiscal do instrumento.
Seção II Parágrafo único. Configura o atraso de que trata o inciso I
Da Publicidade do caput a liberação parcial de valores previstos no cronograma
de desembolso.
Art. 30. É obrigatória a publicidade pelo órgão concedente,
da íntegra dos convênios e instrumentos congêneres, termo de CAPÍTULO VI
colaboração, termo de fomento e acordo de cooperação DA EXECUÇÃO
celebrados, inclusive termos aditivos, mediante divulgação nas
ferramentas de transparência previstas na Lei Complementar Art. 37. A liberação de recursos para a conta específica do
Federal nº 131, de 27 de maio de 2009 e na Lei Estadual nº convênio, instrumento congênere, termo de colaboração e termo
14.306, de 2 de março de 2009. de fomento deverá obedecer ao cronograma de desembolso do
Parágrafo único. A publicidade, de que trata o caput, Plano de Trabalho e estar condicionada ao atendimento pelo
incluirá informações referentes à execução orçamentária e convenente e pelo interveniente, quando este assumir a
financeira dos instrumentos celebrados. execução do objeto, dos seguintes requisitos:
I – regularidade cadastral;
Art. 31. A publicidade de que trata o art. 30 antecederá II – situação de adimplência;
obrigatoriamente a publicação resumida dos instrumentos na III – comprovação de depósito da contrapartida, quando for
imprensa oficial. o caso.
Parágrafo único. Para convênio e instrumentos congêneres
a publicidade prevista no caput conferirá integral eficácia aos Art. 38. Os recursos financeiros serão mantidos em conta
instrumentos celebrados para fins de início da liberação de bancária específica do convênio, instrumento congênere, termo
recursos financeiros pelo concedente e da execução pelo de colaboração e termo de fomento em instituição financeira
convenente. pública, cuja movimentação se dará mediante Ordem Bancária
de Transferência, para pagamento de despesas previstas no
Art. 32. O atendimento ao disposto no parágrafo único do Plano de Trabalho, para ressarcimento de valores ou para
art. 160, da Constituição Estadual, e no § 2º do art. 116, da Lei aplicação no mercado financeiro.
nº 8.666, de 21 de junho de 1993, dar-se-á mediante o envio, em § 1º O pagamento de despesas previstas no Plano de
meio eletrônico, pelo órgão central de controle interno, das Trabalho dar-se-á nos termos do disposto no art. 41.
informações previstas no art. 30. § 2º O ressarcimento de valores de que trata o caput
compreende:
Art. 33. Os convenentes deverão disponibilizar ao cidadão, I – a devolução de valores decorrentes de glosas efetuadas
na rede mundial de computadores e em sua sede, informações no âmbito do monitoramento ou da prestação de contas;
referentes à parcela dos recursos financeiros recebidos e à sua II – devolução de saldos remanescentes, a título de
destinação, sem prejuízo das prestações de contas a que estejam restituição.
legalmente obrigados, nos termos da Lei Estadual nº 15.175, de § 3º A aplicação no mercado financeiro dos recursos, de que
28 de junho de 2012. trata o caput, somente poderá ocorrer em caderneta de
poupança ou em fundos de aplicação lastreados em títulos
Art. 34. O Poder Executivo poderá exigir, a qualquer tempo e públicos.
a seu exclusivo critério, que todos os atos das licitações e das
respectivas dispensas ou contratações por inexigibilidade sejam Art. 39. Para contratação e aquisição de bens e serviços
publicadas no Diário Oficial do Estado e na ferramenta estadual necessários à execução do convênio ou instrumento congênere,
de transparência exigida pela Lei Complementar nº 131, de 27 os entes e entidades públicas deverão observar as disposições da
de maio de 2009. Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993 e a Lei Federal nº
13.303, de 30 de junho de 2016, conforme o caso, bem como as
Seção III demais normas federais e estaduais vigentes.
Das Alterações Parágrafo único. Os entes e entidades públicas deverão
realizar a contratação e aquisição de bens e serviços comuns,
Art. 35. O órgão ou a entidade do Poder Executivo Estadual utilizando, preferencialmente a modalidade pregão, nos termos
poderá autorizar ou propor a alteração do convênio, da Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, prioritariamente, na
instrumento congênere, termo de colaboração, termo de sua forma eletrônica.
fomento e acordo de cooperação, após, respectivamente,

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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 40. As pessoas jurídicas de direito privado e as pessoas Parágrafo único. O descumprimento do estabelecido no
físicas deverão realizar a contratação e aquisição de bens e caput ensejará a proibição de celebração de novos convênios e
serviços na forma do Regulamento. instrumentos congêneres pelo concedente.

Art. 41. O pagamento das despesas previstas no Plano de Art. 45. O monitoramento compreenderá as atividades de
Trabalho deve ser realizado durante a vigência do instrumento acompanhamento e fiscalização, nos quais o servidor designado
e está condicionado à liquidação da despesa pelo convenente, como gestor do instrumento será responsável pelas informações
mediante comprovação da execução do objeto, nos termos do prestadas acerca da celebração, incluindo expedição de
Regulamento. relatórios circunstanciados de vistoria, termos de recebimento
§ 1º É vedado o pagamento de despesas referentes a ações de objeto, total e parcial, e atestado de cumprimento de metas,
executadas antes ou após a vigência do convênio ou instrumento nos termos do Regulamento.
congênere.
§ 2º Excepcionalmente, o pagamento poderá ser efetuado Seção I
após a vigência do instrumento, desde que a execução tenha se Do Acompanhamento
dado durante a vigência do instrumento, observados o limite do
saldo remanescente e o prazo estabelecido no inciso I do art. 55. Art. 46. Diante de quaisquer irregularidades na execução do
convênio, instrumento congênere, termo de colaboração, termo
Art. 42. É vedada a utilização de recursos transferidos para de fomento e acordo de cooperação decorrentes do uso
a execução de objeto diverso do pactuado e para pagamento de inadequado dos recursos ou de pendências de ordem técnica, o
despesas com: responsável pelo acompanhamento suspenderá a liberação dos
I – taxa de administração, de gerência ou similar, salvo recursos financeiros e o pagamento de despesas do respectivo
situações específicas previstas em Regulamento; instrumento e notificará o convenente para adoção das medidas
II – remuneração, a qualquer título, a servidor ou saneadoras,fixando-lhe prazo de até 30 (trinta) dias, podendo
empregado público ou seu cônjuge, companheiro ou parente em ser prorrogado por igual período.
linha reta, colateral ou por afinidade, até o segundo grau, § 1º Caso não haja o saneamento da pendência no prazo
ressalvadas as hipóteses previstas em lei específica e na Lei de fixado, o responsável pelo acompanhamento deverá, no prazo
Diretrizes Orçamentárias, por serviços de consultoria, máximo de 60 (sessenta) dias:
assistência técnica, gratificação ou qualquer espécie de I – quantificar e glosar o valor correspondente à pendência;
remuneração adicional; II – notificar o convenente para ressarcimento do valor
III – multas, juros ou correção monetária, referente a glosado no prazo máximo de 15 (quinze) dias, contados do
pagamentos e recolhimentos fora dos prazos, exceto quando recebimento da notificação.
decorrer de atraso na liberação de recursos financeiros, § 2º O não atendimento pelo convenente do disposto no
motivado exclusivamente pelo órgão ou entidade concedente; inciso II do parágrafo anterior ensejará a rescisão do
IV – clubes, associações ou quaisquer entidades congêneres, instrumento, a inadimplência e a instauração de Tomada de
cujos dirigentes ou controladores sejam agentes políticos de Contas Especial.
Poder ou do Ministério Público, dirigentes de órgão ou entidade
da Administração Pública de qualquer esfera governamental, ou Seção II
respectivo cônjuge ou companheiro, bem como parente em linha Da Fiscalização
reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau do gestor do
órgão responsável para celebração do convênio ou instrumento Art. 47. A atividade de fiscalização compreenderá:
congênere; I – visitar o local da execução do objeto;
V – publicidade, salvo as de caráter educativo, informativo II – atestar a execução do objeto;
ou de orientação social, relacionadas com o objeto do convênio III – registrar quaisquer irregularidades detectadas.
ou instrumento congênere, das quais não constem nomes, § 1º Para a realização da atividade de fiscalização será
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de permitida a designação, a contratação de terceiros ou a
autoridades e servidores do concedente, do convenente e do celebração de acordo com outros órgãos para assistir o gestor
interveniente; do instrumento ou subsidiá-lo.
VI – bens e serviços fornecidos pelo convenente, § 2º Nos casos em que a realização do objeto envolver a
interveniente, seus dirigentes ou responsáveis, bem como execução de obra ou serviço de engenharia, o responsável pela
parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro fiscalização deve ser profissional legalmente habilitado.
grau.
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO VII DA RESCISÃO
DO MONITORAMENTO
Art. 48. Os instrumentos de que trata esta Lei poderão ser
Art. 43. O monitoramento da execução dos instrumentos rescindidos, a qualquer tempo, por acordo entre os partícipes,
referidos nesta Lei será realizado pelo órgão ou entidade do unilateralmente pelos órgãos e entidades do Poder Executivo
Poder Executivo Estadual, com vistas a garantir a regularidade Estadual ou em decorrência de determinação judicial.
dos atos praticados e a adequada execução do objeto, sem § 1º A rescisão amigável por acordo entre as partes e a
prejuízo da atuação dos órgãos de controle interno e externo. rescisão determinada pelos órgãos e entidades do Poder
Executivo Estadual por meio de ato unilateral serão
Art. 44. O servidor designado como gestor do instrumento é formalmente motivadas nos autos do processo.
o responsável pelo monitoramento do convênio, instrumento § 2º Nas rescisões unilaterais deverá ser assegurado o
congênere, termo de colaboração, termo de fomento e, quando contraditório e a ampla defesa.
couber, do acordo de cooperação, e será realizado tendo como § 3º A rescisão implica o final da vigência do instrumento,
base o instrumento pactuado, plano de trabalho e o independente do motivo que a originou.
correspondente cronograma de execução do objeto e de
desembolso de recursos financeiros, nos termos do Regulamento.

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APOSTILAS OPÇÃO

CAPÍTULO IX Seção II
DA PRESTAÇÃO DE CONTAS, DA INADIMPLÊNCIA E DA Da Inadimplência Do Convenente
TOMADA DE CONTAS ESPECIAL
Art. 55. Será considerado inadimplente o convenente que:
Seção I I – deixar de devolver os saldos financeiros remanescentes,
Da Prestação de Contas no prazo de 30 (trinta) dias após o término da vigência ou
rescisão;
Art. 49. Os entes, entidades públicas, pessoas jurídicas de II – deixar de apresentar a prestação de contas até 30
direito privado e pessoas físicas que receberem recursos (trinta) dias após o término da vigência;
financeiros, na forma estabelecida nesta Lei, estarão sujeitos a III – tiver a prestação de contas avaliada como irregular;
prestar contas da sua boa e regular aplicação, no prazo de até IV – tiver o instrumento rescindido, nos termos do § 2º do art.
30 (trinta) dias após o encerramento da vigência do convênio ou 46.
instrumento congênere, sob pena de inadimplência e
instauração de Tomada de Contas Especial, na forma do Art. 56. É vedada a celebração de novos convênios e
Regulamento. quaisquer instrumentos congêneres, inclusive aditivos de valor,
com parceiro inadimplentes.
Art. 50. Os saldos financeiros remanescentes, inclusive os
provenientes das receitas obtidas nas aplicações financeiras Art. 57. Constatadas as situações previstas no art. 55,
realizadas, deverão ser devolvidos pelos entes, entidades compete ao órgão ou entidade do Poder Executivo Estadual
públicas, pessoas jurídicas de direito privado, pessoas físicas e registrar a inadimplência do convenente e do interveniente,
organizações da sociedade civil no prazo máximo de 30 (trinta) quando este assumir a execução do objeto, sem prejuízo da
dias após o término da vigência ou rescisão. atuação do órgão central de controle interno, na forma do
§ 1º A devolução, prevista no caput, será realizada Regulamento.
observando-se a proporcionalidade dos recursos financeiros
transferidos e da contrapartida, na forma do Regulamento. Art. 58. A baixa da inadimplência do convenente e do
§ 2º A não observância do disposto no caput implicará a interveniente, quando este assumir a execução do objeto, fica
inadimplência do convenente e do interveniente, quando este condicionada ao saneamento das pendências que lhe deram
assumir a execução do objeto, e a instauração de Tomada de causa.
Contas Especial. Parágrafo único. Independentemente do saneamento da
pendência que lhe deu causa, a inadimplência do convenente e
Art. 51. Cabe ao órgão ou entidade concedente analisar a do interveniente, quando este assumir a execução do objeto, será
prestação de contas, no prazo de até 60 (sessenta) dias, contados baixada após 8 (oito) anos, contados do seu registro, sem
da data de apresentação pelos entes, entidades públicas, pessoas prejuízo do prosseguimento das ações necessárias à
jurídicas de direito privado e pessoas físicas, mediante pareceres recuperação do dano.
técnico e financeiro expedidos pelas áreas competentes.
Parágrafo único. O descumprimento do prazo estabelecido Art. 59. Exceto quando se tratar de gestor reeleito, a
no caput ensejará a proibição de celebração de novos convênios inadimplência de que trata o art. 55 fica suspensa para entes e
e instrumentos congêneres pelo concedente. entidades públicas, independente da instauração ou conclusão
do processo de Tomadas de Contas Especial, nos casos em que a
Art. 52. Concluída a análise da prestação de contas, o gestor nova gestão:
do instrumento deverá emitir parecer conclusivo da prestação I – mantém-se adimplente com todas as exigências relativas
de contas para embasar a decisão do dirigente máximo do órgão ao seu mandato;
ou entidade do Poder Executivo Estadual que avaliará as contas: II – comprove a adoção das medidas administrativas ou
I – regulares, quando expressarem, de forma clara e objetiva, judiciais aplicáveis para apurar as responsabilidades dos seus
o cumprimento dos objetivos e metas estabelecidos no plano de antecessores.
trabalho; § 1º A suspensão da inadimplência em decorrência da
II – regulares com ressalva, quando evidenciarem adoção de medida administrativa de que trata o inciso II do
impropriedade ou qualquer outra falta de natureza formal que caput terá validade pelo prazo improrrogável de 180 (cento e
não resulte em dano ao erário; oitenta) dias contados da instauração da medida.
III – irregulares, quando comprovada qualquer das § 2º O novo gestor comprovará, semestralmente, ao
seguintes circunstâncias: concedente o prosseguimento das medidas judiciais, sob pena de
a) omissão no dever de prestar contas; retorno à situação de inadimplência.
b) descumprimento injustificado dos objetivos e metas
estabelecidos no Plano de Trabalho; Art. 60. O débito apurado por ocasião da análise da
c) dano ao erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ou prestação de contas poderá, excepcionalmente, ser parcelado, a
antieconômico; critério do concedente, conforme Regulamento.
d) desfalque ou desvio de dinheiro, bens ou valores públicos. Parágrafo único. O parcelamento do débito de que trata o
caput suspenderá a inadimplência e a contagem do prazo para
Art. 53. A prestação de contas avaliada como irregular a instauração da Tomada de Contas Especial, nos termos do
ensejará a inadimplência do convenente e do interveniente, Regulamento.
quando este assumir a execução do objeto, e a instauração de
Tomada de Contas Especial. Seção III
Da Tomada De Contas Especial
Art. 54. A prestação de contas e todos os atos que dela
decorram dar-se-ão no sistema corporativo de gestão de Art. 61. Identificada a situação de dano ao erário, o dirigente
parcerias, permitindo a visualização por qualquer interessado. máximo do órgão ou entidade do Poder Executivo Estadual
competente, sob pena de responsabilidade solidária, deverá
adotar providências com vistas à instauração da Tomada de
Contas Especial para apuração dos fatos, identificação dos
responsáveis e quantificação do dano, observado o disposto no

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regramento específico estabelecido pelo Tribunal de Contas do congênere, ou contrato com órgãos e entidades do Poder
Estado e nesta Lei. Executivo Estadual, por prazo não superior a 2 (dois) anos;
Parágrafo único. Previamente à instauração da Tomada de III – declaração de inidoneidade para participar em
Contas Especial, de que trata o caput, deverão ser exauridas as chamamento público ou celebrar convênio, instrumento
medidas administrativas para saneamento das pendências, congênere, ou contratos com órgãos e entidades de todas as
observado o seguinte: esferas de governo, enquanto perdurarem os motivos
I – notificação do convenente para saneamento das determinantes da punição ou até que seja promovida a
pendências no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados do reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a
recebimento da notificação, podendo ser prorrogado por até 30 penalidade, que será concedida sempre que o convenente
(trinta) dias; ressarcir a administração pelos prejuízos resultantes, e após
II – apreciação e decisão pelo concedente quanto ao decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso II deste
saneamento da pendência no prazo máximo de 60 (sessenta) artigo.
dias, contados do recebimento das informações apresentadas § 1º As sanções estabelecidas são de competência exclusiva
pelo convenente; de Secretário de Estado facultada a defesa do interessado no
III – notificação ao convenente para ressarcimento ou respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de
devolução de valores, no caso de não saneamento da pendência, vista, podendo a reabilitação ser requerida após 2 (dois) anos de
no prazo máximo de 15 (quinze) dias da notificação. aplicação da penalidade.

Art. 62. A Tomada de Contas Especial deverá ser instaurada § 2º Prescreve em 5 (cinco) anos, contados a partir da data
no prazo máximo de até 180 (cento e oitenta) dias, contados do da apresentação da prestação de contas, a aplicação de
registro da inadimplência. penalidades decorrentes de infrações relacionadas à execução
§ 1º O prazo de que trata o caput incluirá os prazos previstos dos instrumentos firmados a partir da vigência desta Lei,
no art. 46, quando a Tomada de Contas Especial for motivada ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
pela situação prevista no inciso IV do art. 55. § 3º A prescrição será interrompida com a edição de ato
§ 2º O ato que determinar a instauração da Tomada de administrativo voltado à apuração da infração.
Contas Especial deverá estabelecer prazo para sua conclusão. § 4º As sanções estabelecidas neste artigo não se aplicam aos
§ 3º Caso as pendências que motivaram a Tomada de Contas entes e entidades públicas.
Especial tenham sido sanadas antes da publicação do ato de
instauração, o processo deverá ser arquivado por perda do CAPÍTULO XI
objeto. DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 63. Concluída a instrução pelo órgão concedente, o Art. 69. Caberá ao órgão central de controle interno atuar
processo de Tomada de Contas Especial deverá ser complementarmente no monitoramento do processo instituído
encaminhado: por esta Lei, de modo a exercer ações preventivas visando a
I – à Procuradoria-Geral do Estado, quando comprovado o evitar a ocorrência de dano ao erário.
dano ao erário, observado o prazo máximo de 30 (trinta) dias;
II – ao Tribunal de Contas do Estado, observado o disposto Art. 70. As disposições desta Lei poderão ser excepcionadas
em regramento específico estabelecido pela aquela Corte de naquilo que for necessário para o atendimento das exigências ou
Contas. regras próprias dos órgãos financiadores.

Art. 64. Concluído o julgamento da Tomada de Contas Art. 71. As exigências de regularidade cadastral e de
Especial pelo Tribunal de Contas do Estado e caso o responsável adimplência previstas nesta Lei não se aplicam para
não seja o gestor atual do ente, poderá ser procedida a retirada transferência de recursos financeiros para entes e entidades
da inadimplência do ente. públicas, quando destinados a atender, exclusivamente, às
situações de emergência ou calamidade pública reconhecidas
Art. 65. A instauração de Tomada de Contas Especial poderá pelo Poder Executivo Estadual e à execução de programas e
ser dispensada nas hipóteses previstas em regramento específico ações de educação, saúde e assistência social.
estabelecido pelo Tribunal de Contas do Estado.
Art. 72. Na contagem dos prazos estabelecidos nesta Lei,
Art. 66. Não se aplica à Tomada de Contas Especial de que excluir-se-á o dia de início e incluir-se-á o do vencimento e
trata esta Lei o disposto no inciso III do art. 9º da Lei Estadual considerar-se-ão os dias consecutivos.
nº 12.509, de 6 de dezembro de 1995 e legislação derivada.
Art. 73. A declaração falsa de informações, inclusive
Art. 67. Regulamento disporá sobre a responsabilização dos mediante inserção, modificação ou alteração de dados nos
agentes e os procedimentos de Tomada de Contas Especial dos sistemas de informações, deverá ser punida nos termos dos art.
instrumentos celebrados no âmbito do Poder Executivo 313-A e art. 313-B do Código Penal Brasileiro.
Estadual.
Art. 74. Os agentes designados para o monitoramento da
CAPÍTULO X execução dos convênios, instrumentos congêneres, termo de
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS colaboração, termo de fomento e acordo de cooperação são
responsáveis pelos atos ilícitos que praticarem, respondendo,
Art. 68. Pela execução do instrumento em desacordo com o para todos os efeitos, pelos danos causados a terceiros,
Plano de Trabalho e com as normas desta Lei e da legislação decorrentes de culpa ou dolo.
específica, a administração poderá, garantida a prévia defesa,
aplicar às pessoas jurídicas de direito privado e pessoas físicas Art. 75. Os processos, documentos ou informações referentes
as seguintes sanções: à execução de convênio, instrumento congênere, termo de
I – advertência; colaboração, termo de fomento e acordo de cooperação não
II – suspensão temporária da participação em chamamento poderão ser sonegados pelo convenente aos servidores dos
público e impedimento de celebrar convênio, instrumento órgãos e entidades públicas concedentes e dos órgãos de
controle interno e externo, sob pena de irregularidade cadastral.

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Art. 76. O disposto nesta Lei será objeto de Regulamento pelo Seção V - Das Compras (art. 14 ao 16).
Poder Executivo. Seção VI - Das Alienações (art. 17 ao 19).

Art. 77. Os procedimentos operacionais necessários ao CAPÍTULO II - DA LICITAÇÃO


cumprimento desta Lei serão realizados por meio de sistema Seção I - Das Modalidades, Limites e Dispensa (art. 20 ao 26).
corporativo de gestão de parcerias. Seção II - Da Habilitação (art. 27 ao 33).
Parágrafo único. A Controladoria e Ouvidoria Geral do Seção III -Dos Registros Cadastrais (art. 34 ao 37).
Estado expedirá normas complementares para o efetivo Seção IV - Do Procedimento e Julgamento (art. 38 ao 53).
cumprimento do disposto nesta Lei, até que o sistema de que
trata o caput esteja plenamente adaptado às novas rotinas. Capítulo III - DOS CONTRATOS
(Nova redação dada pela Lei Complementar n.º 178, de Seção I - Disposições Preliminares (Art. 54 a 59)
10.05.18) Seção II - Da Formalização dos Contratos (art. 60 ao 64).
Seção III - Da Alteração dos Contratos (art. 65).
PALÁCIO DA ABOLIÇÃO, DO GOVERNO DO ESTADO DO Seção IV - Da Execução dos Contratos (art. 66 ao 76).
CEARÁ, em Fortaleza, 28 de dezembro de 2012. Seção V - Da Inexecução e da Rescisão dos Contratos (art. 77
ao 80).
Cid Ferreira Gomes
GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ Capítulo IV - DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DA
João Alves de Melo TUTELA JUDICIAL
CONTROLADOR E OUVIDOR GERAL DO ESTADO Seção I - Disposições Gerais (art. 81 ao 85).
Seção II - Das Sanções Administrativas (art. 86 ao 88).
Questões Seção III - Dos Crimes e das Penas (art. 89 ao 99).
Seção IV - Do Processo e do Procedimento Judicial (art. 100
01. Segundo o que dispõe a lei Complementar nº 119 de ao 108).
2012, podemos afirmar:
“As pessoas jurídicas de direito privado e as pessoas físicas Capítulo V - DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS
deverão realizar a contratação e aquisição de bens e serviços (art. 109).
na forma do Regulamento”.
( ) Certo ( ) Errado. Capítulo VI - DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
(art. 110 ao 126).
02. Acerca da fiscalização disciplinada pela lei
complementar 119/2012 julgue os itens a seguir: LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 19931
A atividade de fiscalização compreenderá:
I – visitar o local da execução do objeto; Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,
II – atestar a execução do objeto; institui normas para licitações e contratos da Administração
III – registrar quaisquer irregularidades detectadas. Pública e dá outras providências.

Podemos afirmar que: O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o


(A) todas estão corretas; Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
(B) Somente III está correta;
(C) I e II estão corretas; Capítulo I
(D) Todas estão incorretas. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Seção I
Dos Princípios
Gabarito
Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e
01.Certo/ 02.A. contratos administrativos pertinentes a obras, serviços,
inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no
âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios.
3. Licitações e Contratos Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além
(Lei Federal nº 8.666/93 e dos órgãos da administração direta, os fundos especiais, as
suas alterações). autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as
sociedades de economia mista e demais entidades controladas
direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios.
A lei 8.666/93 regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal e institui normas para Licitações e Art. 2º As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras,
Contratos da Administração Pública sendo organizada da alienações, concessões, permissões e locações da Administração
seguinte forma: Pública, quando contratadas com terceiros, serão
necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as
Capítulo I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS hipóteses previstas nesta Lei.
Seção I - Dos Princípios (art. 1º ao 5ºA) Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se
Seção II - Das Definições (art. 6º) contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da
Seção III - Das Obras e Serviços (art. 7º ao 12). Administração Pública e particulares, em que haja um acordo de
Seção IV - Dos Serviços Técnicos Profissionais Especializados vontades para a formação de vínculo e a estipulação de
(art. 13). obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada.

1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l8666cons.htm Acesso em:


04/07/2018

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eficiência, que se aplicam também à aos contratos


LICITAÇÃO PÚBLICA: administrativos (art. 37, XXI da CF).

Conceito: Destinatário

A licitação possui como objeto a seleção da proposta mais São destinatários da Lei de Licitação a União, Estados,
vantajosa para a Administração Pública. Distrito Federal e Municípios, que formam a administração
A escolha dos que serão contratados pela Administração direta, além de todos os órgãos administrativos dos Poderes
Pública não pode decorrer de critérios pessoais do Legislativo e Judiciário, dos Tribunais de Contas e do
administrador ou de ajustes entre interessados. A escolha dos Ministério Público, além de todas as pessoas federativas,
que serão contratados decorrerá do procedimento conforme o artigo 117 da citada lei. São também alcançadas
denominado licitação, de obrigatoriedade imposta por regra pela disciplina do estatuto as entidades integrantes da
constitucional, à luz do art. 37, inciso XXI: administração indireta.
Entretanto, no que concerne a empresas públicas e
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as sociedades de economia mista que explorem atividades
obras, serviços, compras e alienações serão contratados econômico-empresariais, é preciso conciliar o art. 37, XXI, da
mediante processo de licitação pública que assegure igualdade CF/88 e o art. 1º, parágrafo único, da Lei de Licitações e
de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que contratos administrativos, com o art. 173, § 1º, CF/88. É que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições os referidos entes, embora sejam integrantes da
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá Administração Indireta, podem desempenhar operações
as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis peculiares, de nítido caráter econômico, que estão vinculadas
à garantia do cumprimento das obrigações. aos próprios objetivos da entidade; são atividades-fim dessas
pessoas. Nesse caso, é necessário reconhecer a
A licitação corresponde a procedimento administrativo inaplicabilidade do Estatuto por absoluta impossibilidade
voltado à seleção da proposta mais vantajosa para a jurídica. Para as atividades-meio, contudo, deverá incidir
contratação desejada pela Administração e necessária ao normalmente a Lei n° 8.666/93.
atendimento do interesse público. Trata-se de procedimento Porém, em virtude da necessidade de distinguir tais
vinculado, regido pelo princípio da formalidade e orientado situações, sobretudo porque órgãos públicos ou entes
para a eleição da proposta que melhor atender ao interesse prestadores de serviços públicos não podem receber o mesmo
público. tratamento dispensado a pessoas paraestatais voltadas paras
as atividades econômicas.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: A Emenda Constitucional nº19/98, alterou o art. 173, § 1º,
(...) da CF, passando a admitir que lei venha a regular
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas especificamente a contratação e as licitações relativas às
as modalidades, para as administrações públicas diretas, empresas públicas, sociedades de economia mista suas
autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e subsidiárias que explorem atividade econômica, observados
Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as os princípios gerais da Administração pública.
empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos
do art. 173, § 1°, III. Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do
princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais
A Emenda Constitucional 19/98 trouxe uma importante vantajosa para a administração e a promoção do
informação no que diz respeito à licitação ao mencionar no desenvolvimento nacional sustentável e será processada e
artigo 173, §1º, inciso II: julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao
a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes
permitida quando necessária aos imperativos da segurança são correlatos.
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos § 1º É vedado aos agentes públicos:
em lei. I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação,
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou
pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de
que explorem atividade econômica de produção ou sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou
comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos
sobre: licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou
(...) irrelevante para o específico objeto do contrato, ressalvado o
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas disposto nos §§ 5º a 12 deste artigo e no art. 3º da Lei n o 8.248,
privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, de 23 de outubro de 1991;
comerciais, trabalhistas e tributários. II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza
comercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra,
A licitação teve de ser constitucionalizada pois com o entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se
aumento de legislações estaduais e municipais, a regulação refere a moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo
para licitar teria mecanismos pertencentes a cada estado e até quando envolvidos financiamentos de agências internacionais,
mesmo aos municípios. Portanto, para que a “bagunça” não ressalvado o disposto no parágrafo seguinte e no art. 3 o da Lei
fosse maior, a União passou a ter competência para editar no 8.248, de 23 de outubro de 1991.
essas normas. § 2º Em igualdade de condições, como critério de desempate,
A Constituição Federal de 1988 não se limitou a prever a será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e
competência legislativa da União com relação às normas gerais serviços:
de licitação, buscou dar o conhecimento a todos sobre alguns I - (Revogado pela Lei nº 12.349, de 2010)
princípios licitatórios, como por exemplo: princípio da II - produzidos no País;
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras.

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IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam em § 13. Será divulgada na internet, a cada exercício financeiro,
pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País. a relação de empresas favorecidas em decorrência do disposto
V- produzidos ou prestados por empresas que comprovem nos §§ 5º, 7º, 10, 11 e 12 deste artigo, com indicação do volume
cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para pessoa de recursos destinados a cada uma delas.
com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que § 14. As preferências definidas neste artigo e nas demais
atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação normas de licitação e contratos devem privilegiar o tratamento
§ 3º A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis diferenciado e favorecido às microempresas e empresas de
ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao pequeno porte na forma da lei.
conteúdo das propostas, até a respectiva abertura. § 15. As preferências dispostas neste artigo prevalecem
§ 4º (Vetado). sobre as demais preferências previstas na legislação quando
§ 5º Nos processos de licitação previstos no caput, poderá ser estas forem aplicadas sobre produtos ou serviços estrangeiros.
estabelecido margem de preferência para produtos
manufaturados e para serviços nacionais que atendam a Finalidades
normas técnicas brasileiras. (Vide Lei nº 13.146, de 2015)
I - produtos manufaturados e para serviços nacionais que A realização do procedimento de licitação serve a três
atendam a normas técnicas brasileiras; e (Incluído pela Lei nº finalidades fundamentais, de acordo com o art. 3º da Lei
13.146, de 2015) (Vigência) 8666/93:
II - bens e serviços produzidos ou prestados por empresas a) garantir a observância do princípio constitucional
que comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista em da isonomia: oferecer igualdade de condições aos
lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da interessados em contratar com a Administração Pública, com
Previdência Social e que atendam às regras de acessibilidade a possibilidade de participação na licitação de quaisquer
previstas na legislação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) interessados que preencham as condições previamente
(Vigência) fixadas no instrumento convocatório.
§ 6º A margem de preferência de que trata o § 5º será b) seleção da proposta mais vantajosa: através da
estabelecida com base em estudos revistos periodicamente, em estimulação da competitividade entre os potenciais
prazo não superior a 5 (cinco) anos, que levem em consideração: contratados, com o objetivo de conseguir um negócio que traga
I - geração de emprego e renda; vantagem a Administração Pública.
II - efeito na arrecadação de tributos federais, estaduais e c) promoção do desenvolvimento nacional
municipais sustentável: busca-se o desenvolvimento econômico e social
III - desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no do país, sem prejuízo do meio ambiente.
País;
IV - custo adicional dos produtos e serviços; e Princípios
V - em suas revisões, análise retrospectiva de resultados.
§ 7º Para os produtos manufaturados e serviços nacionais A redação do art. 3.º da Lei n. 8.666/93 termina com a
resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológica expressão “... e dos que lhes são correlatos”. Dessa maneira,
realizados no País, poderá ser estabelecido margem de verifica-se que o rol de princípios previstos nesse artigo não é
preferência adicional àquela prevista no § 5º. exaustivo.
§ 8º As margens de preferência por produto, serviço, grupo
de produtos ou grupo de serviços, a que se referem os §§ 5º e 7º, 1. Princípio da Legalidade, Impessoalidade,
serão definidas pelo Poder Executivo federal, não podendo a Publicidade e Moralidade: O art. 3.º, caput, da Lei 8.666/93
soma delas ultrapassar o montante de 25% (vinte e cinco por faz referência aos princípios da legalidade, impessoalidade e
cento) sobre o preço dos produtos manufaturados e serviços moralidade. O princípio da eficiência não está relacionado. Isso
estrangeiros. porque, quando a Lei n. 8.666 surgiu, em 1993, ainda não
§ 9º As disposições contidas nos §§ 5º e 7º deste artigo não existia o caput do art. 37 da Constituição Federal com sua
se aplicam aos bens e aos serviços cuja capacidade de produção redação atual (“...obedecerá aos princípios de legalidade,
ou prestação no País seja inferior: impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”).
I - à quantidade a ser adquirida ou contratada; ou
II - ao quantitativo fixado com fundamento no § 7º do art. 23 a) Princípio da Legalidade: O administrador está
desta Lei, quando for o caso. obrigado a fazer tão somente o que a lei determina.
§ 10. A margem de preferência a que se refere o § 5º poderá
ser estendida, total ou parcialmente, aos bens e serviços b) Princípio da Impessoalidade: Significa que a
originários dos Estados Partes do Mercado Comum do Sul - Administração Pública não poderá atuar discriminando
Mercosul. pessoas, a Administração Pública deve permanecer numa
§ 11. Os editais de licitação para a contratação de bens, posição de neutralidade em relação às pessoas privadas.
serviços e obras poderão, mediante prévia justificativa da
autoridade competente, exigir que o contratado promova, em c) Princípio da Publicidade: É o dever atribuído à
favor de órgão ou entidade integrante da administração pública Administração, de dar total transparência a todos os atos que
ou daqueles por ela indicados a partir de processo isonômico, praticar, ou seja, como regra geral, nenhum ato administrativo
medidas de compensação comercial, industrial, tecnológica ou pode ser sigiloso.
acesso a condições vantajosas de financiamento,
cumulativamente ou não, na forma estabelecida pelo Poder d) Princípio da Moralidade: A atividade da
Executivo federal. Administração Pública deve obedecer não só à lei, mas
§ 12. Nas contratações destinadas à implantação, também à moral.
manutenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas de tecnologia de
informação e comunicação, considerados estratégicos em ato do 2. Princípio da Isonomia (Igualdade Formal, ou
Poder Executivo federal, a licitação poderá ser restrita a bens e Igualdade): Está previsto no caput do art. 5.º da Constituição
serviços com tecnologia desenvolvida no País e produzidos de Federal. Esse princípio não se limita a máxima: “os iguais
acordo com o processo produtivo básico de que trata a Lei nº devem ser tratados igualmente; os desiguais devem ser tratados
10.176, de 11 de janeiro de 2001. desigualmente, na medida de suas desigualdades”.

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Para o Prof. Celso Antônio Bandeira de Melo, é errado apresentadas de modo sigiloso, sem que se dê acesso público
imaginar que o princípio da isonomia veda todas as aos seus conteúdos.
discriminações. Discriminar (retirando seu sentido
pejorativo) é separar um grupo de pessoas para lhes atribuir Art. 4º Todos quantos participem de licitação promovida
tratamento diferenciado do restante. Nesse sentido, toda a pelos órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º têm direito
norma jurídica discrimina, porque incide sobre algumas público subjetivo à fiel observância do pertinente procedimento
pessoas e sobre outras não. estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidadão acompanhar o
seu desenvolvimento, desde que não interfira de modo a
Exemplos: perturbar ou impedir a realização dos trabalhos.
- Abertura de concurso público para o preenchimento de Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto nesta
vagas no quadro feminino da polícia militar. Qual é o fato lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele praticado em
discriminado pela norma? É o sexo feminino. Qual é a razão qualquer esfera da Administração Pública.
jurídica pela qual a discriminação é feita? A razão jurídica da
discriminação é o fato de que, em determinadas Art. 5º Todos os valores, preços e custos utilizados nas
circunstâncias, algumas atividades policiais são exercidas de licitações terão como expressão monetária a moeda corrente
forma mais adequada por mulheres. Há, portanto, nacional, ressalvado o disposto no art. 42 desta Lei, devendo
correspondência lógica entre o fato discriminado e a razão cada unidade da Administração, no pagamento das obrigações
pela qual a discriminação é feita, tornando a norma compatível relativas ao fornecimento de bens, locações, realização de obras
com o princípio da isonomia. e prestação de serviços, obedecer, para cada fonte diferenciada
- Uma licitação é aberta, exigindo de seus participantes de recursos, a estrita ordem cronológica das datas de suas
uma determinada máquina. Qual é o fato discriminado pela exigibilidades, salvo quando presentes relevantes razões de
norma? É a determinada máquina. Qual é a razão jurídica pela interesse público e mediante prévia justificativa da autoridade
qual a discriminação é feita? Essa pergunta pode ser competente, devidamente publicada.
respondida por meio de outra indagação: A máquina é § 1º Os créditos a que se refere este artigo terão seus valores
indispensável para o exercício do contrato? Se for, a corrigidos por critérios previstos no ato convocatório e que lhes
discriminação é compatível com o princípio da isonomia. preservem o valor.
§ 2º A correção de que trata o parágrafo anterior cujo
3. Princípio da Probidade: Ser probo, nas licitações, é pagamento será feito junto com o principal, correrá à conta das
escolher objetivamente a melhor alternativa para os mesmas dotações orçamentárias que atenderam aos créditos a
interesses públicos, nos termos do edital. que se referem.
§ 3º Observados o disposto no caput, os pagamentos
4. Princípio da Vinculação ao Instrumento decorrentes de despesas cujos valores não ultrapassem o limite
Convocatório: O instrumento convocatório é o ato de que trata o inciso II do art. 24, sem prejuízo do que dispõe seu
administrativo que convoca a licitação, ou seja, é o ato que parágrafo único, deverão ser efetuados no prazo de até 5 (cinco)
chama os interessados a participarem da licitação, fixando os dias úteis, contados da apresentação da fatura.
requisitos da licitação. É chamado, por alguns autores, de “lei
daquela licitação”, ou de “diploma legal que rege aquela Art. 5º-A. As normas de licitações e contratos devem
licitação”. privilegiar o tratamento diferenciado e favorecido às
Geralmente vem sob a forma de edital, contudo, há uma microempresas e empresas de pequeno porte na forma da lei.
exceção: O convite (uma modalidade diferente de licitação). O
processamento de uma licitação deve estar rigorosamente de Questões
acordo com o que está estabelecido no instrumento
convocatório. Os participantes da licitação têm a obrigação de 01. (MDS - Atividades Técnicas de Suporte - Nível III –
respeitar o instrumento convocatório, assim como o órgão CETRO). São princípios básicos de licitação, tratados na Lei nº
público responsável. 8.666/1993, exceto:
(A) Legalidade.
5. Princípio do Julgamento Objetivo: Esse princípio (B) Impessoalidade.
afirma que as licitações não podem ser julgadas por meio de (C) Moralidade.
critérios subjetivos ou discricionários. Os critérios de (D) Publicidade.
julgamento da licitação devem ser objetivos, ou seja, (E) Sigilo.
uniformes para as pessoas em geral. Exemplo: Em uma
licitação foi estabelecido o critério do menor preço. Esse é um 02. (Prefeitura de Cuiabá/MT - Profissional de Nível
critério objetivo, ou seja, é um critério que não varia para Superior – Contador – FGV). De acordo com a Lei nº
ninguém. Todas as pessoas têm condições de avaliar e de 8.666/93, entre os objetivos da licitação estão
decidir. (A) a garantia da observância dos princípios
constitucionais da legalidade e da proporcionalidade.
6. Princípio do procedimento formal: Estabelece que as (B) a seleção da proposta mais vantajosa para a
formalidades prescritas para os atos que integram as licitações administração e a promoção do desenvolvimento nacional
devem ser rigorosamente obedecidas. sustentável.
(C) o desenvolvimento das empresas nacionais e a melhor
7. Princípio da adjudicação compulsória: Esse princípio distribuição de renda.
tem uma denominação inadequada. Ele afirma que, se em uma (D) a promoção do desenvolvimento nacional sustentável
licitação houver a adjudicação, esta deverá ser realizada em e o desenvolvimento das empresas nacionais.
favor do vencedor do procedimento. Essa afirmação não é (E) a garantia da observância do princípio constitucional
absoluta, uma vez que várias licitações terminam sem da igualdade e a geração de empregos.
adjudicação.
03. (IF/BA - Assistente em Administração – FUNRIO).
8. Princípio do sigilo das propostas: É aquele que Dentre os princípios básicos da licitação, aquele em que, uma
estabelece que as propostas de uma licitação devem ser vez estabelecidas as regras do certame, nem licitante, nem
Administração Pública delas podem se afastar é

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(A) subjetividade. obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da


(B) conservadorismo. licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos
(C) vinculação ao instrumento convocatório. técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o
(D) adjudicação compulsória. adequado tratamento do impacto ambiental do
(E) julgamento básico. empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra
e a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo
04. (CRM-PR - Assistente Administrativo – Quadrix). De conter os seguintes elementos:
acordo com a Lei nº 8.666/93, a celebração de contratos com a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a
terceiros na Administração Pública deve ser necessariamente fornecer visão global da obra e identificar todos os seus
precedida de licitação, ressalvadas as hipóteses de dispensa e elementos constitutivos com clareza;
de inexigibilidade de licitação. Alguns princípios básicos b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente
norteiam os procedimentos licitatórios. Aquele que obriga a detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de
Administração a observar nas suas decisões critérios objetivos reformulação ou de variantes durante as fases de elaboração do
previamente estabelecidos, afastando a discricionariedade e o projeto executivo e de realização das obras e montagem;
subjetivismo na condução dos procedimentos da licitação, é o: c) identificação dos tipos de serviços a executar e de
(A) Princípio da Legalidade. materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem como suas
(B) Princípio da Isonomia. especificações que assegurem os melhores resultados para o
(C) Princípio da Impessoalidade. empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo para a sua
(D) Princípio da Probidade Administrativa. execução;
(E) Princípio da Celeridade d) informações que possibilitem o estudo e a dedução de
métodos construtivos, instalações provisórias e condições
Gabarito organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo
para a sua execução;
01. E/ 02. B/ 03. C/ 04. C. e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão
da obra, compreendendo a sua programação, a estratégia de
Seção II suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados
Das Definições necessários em cada caso;
f) orçamento detalhado do custo global da obra,
Art. 6º Para os fins desta Lei, considera-se: fundamentado em quantitativos de serviços e fornecimentos
I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, recuperação propriamente avaliados;
ou ampliação, realizada por execução direta ou indireta; X - Projeto Executivo - o conjunto dos elementos necessários
II - Serviço - toda atividade destinada a obter determinada e suficientes à execução completa da obra, de acordo com as
utilidade de interesse para a Administração, tais como: normas pertinentes da Associação Brasileira de Normas
demolição, conserto, instalação, montagem, operação, Técnicas - ABNT;
conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, XI - Administração Pública - a administração direta e
locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico- indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
profissionais; Municípios, abrangendo inclusive as entidades com
III - Compra - toda aquisição remunerada de bens para personalidade jurídica de direito privado sob controle do poder
fornecimento de uma só vez ou parceladamente; público e das fundações por ele instituídas ou mantidas;
IV - Alienação - toda transferência de domínio de bens a XII - Administração - órgão, entidade ou unidade
terceiros; administrativa pela qual a Administração Pública opera e atua
V - Obras, serviços e compras de grande vulto - aquelas cujo concretamente;
valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) vezes o limite XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de divulgação da
estabelecido na alínea "c" do inciso I do art. 23 desta Lei; Administração Pública, sendo para a União o Diário Oficial da
VI - Seguro-Garantia - o seguro que garante o fiel União, e, para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, o
cumprimento das obrigações assumidas por empresas em que for definido nas respectivas leis;
licitações e contratos; XIV - Contratante - é o órgão ou entidade signatária do
VII - Execução direta - a que é feita pelos órgãos e entidades instrumento contratual;
da Administração, pelos próprios meios; XV - Contratado - a pessoa física ou jurídica signatária de
VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade contrata contrato com a Administração Pública;
com terceiros sob qualquer dos seguintes regimes: XVI - Comissão - comissão, permanente ou especial, criada
a) empreitada por preço global - quando se contrata a pela Administração com a função de receber, examinar e julgar
execução da obra ou do serviço por preço certo e total; todos os documentos e procedimentos relativos às licitações e ao
b) empreitada por preço unitário - quando se contrata a cadastramento de licitantes.
execução da obra ou do serviço por preço certo de unidades XVII - produtos manufaturados nacionais - produtos
determinadas; manufaturados, produzidos no território nacional de acordo
c) (Vetado). com o processo produtivo básico ou com as regras de origem
d) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para pequenos estabelecidas pelo Poder Executivo federal;
trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento de XVIII - serviços nacionais - serviços prestados no País, nas
materiais; condições estabelecidas pelo Poder Executivo federal;
e) empreitada integral - quando se contrata um XIX - sistemas de tecnologia de informação e comunicação
empreendimento em sua integralidade, compreendendo todas estratégicos - bens e serviços de tecnologia da informação e
as etapas das obras, serviços e instalações necessárias, sob comunicação cuja descontinuidade provoque dano significativo
inteira responsabilidade da contratada até a sua entrega ao à administração pública e que envolvam pelo menos um dos
contratante em condições de entrada em operação, atendidos os seguintes requisitos relacionados às informações críticas:
requisitos técnicos e legais para sua utilização em condições de disponibilidade, confiabilidade, segurança e confidencialidade.
segurança estrutural e operacional e com as características XX - produtos para pesquisa e desenvolvimento - bens,
adequadas às finalidades para que foi contratada; insumos, serviços e obras necessários para atividade de pesquisa
IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e científica e tecnológica, desenvolvimento de tecnologia ou
suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a inovação tecnológica, discriminados em projeto de pesquisa

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aprovado pela instituição contratante. (Incluído pela Lei nº personalidade jurídica de direito privado sob controle do
13.243, de 2016). poder público e das fundações por ele instituídas ou mantidas.
l) Administração - É o órgão, entidade ou unidade
Objeto administrativa pela qual a Administração Pública opera e atua
concretamente.
É objeto de licitação: a obra, o serviço, a compra, a m) Imprensa oficial - É o veículo oficial de divulgação da
alienação e a concessão, as quais serão, por fim, contratadas Administração Pública, sendo para a União, o Diário Oficial da
com o terceiro ou particular. União (DOU) e, para os Estados, DF e para os Municípios, o que
As licitações devem ser efetuadas no local onde se situar a for definido nas respectivas leis (DOE, etc.).
repartição interessada, salvo motivo de interesse público, n) Contratante - É o órgão ou entidade signatária do
devidamente justificado, o que não impede a habilitação de instrumento contratual.
interessados residentes ou sediados em outros locais. Para o) Contratado - É a pessoa física ou jurídica signatária de
efeitos legais considera-se, no objeto da licitação, as seguintes contrato com a Administração Pública.
definições, extraídas do art. 6° da Lei 8.666/93: p) Comissão - É a Comissão, permanente ou especial,
criada pela Administração com a função de receber, examinar
a) Obra - É toda construção, reforma, fabricação, e julgar todos os documentos e procedimentos relativos às
recuperação ou ampliação, realizada por execução direta ou licitações e ao cadastramento de licitantes.
indireta.
b) Serviço - É toda atividade destinada a obter Seção III
determinada utilidade de interesse para a Administração, tais Das Obras e Serviços
como: demolição, conserto, instalação, montagem, operação,
conservação, reparação, reparação, adaptação, manutenção, Art. 7º As licitações para a execução de obras e para a
transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos prestação de serviços obedecerão ao disposto neste artigo e, em
técnico-profissionais. particular, à seguinte sequência:
c) Compras - É toda aquisição remunerada de bens para I - projeto básico;
fornecimento de uma só vez ou parceladamente. II - projeto executivo;
d) Alienação - É toda transferência de domínio de bens a III - execução das obras e serviços.
terceiros. § 1º A execução de cada etapa será obrigatoriamente
e) Obras, serviços e compras de grande vulto - São precedida da conclusão e aprovação, pela autoridade
aquelas cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) competente, dos trabalhos relativos às etapas anteriores, à
vezes o limite estabelecido na alínea “c” do inciso I do art. 23 exceção do projeto executivo, o qual poderá ser desenvolvido
da Lei 8.666/93 concomitantemente com a execução das obras e serviços, desde
f) Seguro garantia - é o seguro que garante o fiel que também autorizado pela Administração.
cumprimento das obrigações assumidas por empresas em § 2º As obras e os serviços somente poderão ser licitados
licitações e contratos. quando:
g) Execução direta - a que é feita pelos órgãos e entidades I - houver projeto básico aprovado pela autoridade
da Administração, pelos próprios meios. competente e disponível para exame dos interessados em
h) Execução indireta - a que o órgão ou entidade contrata participar do processo licitatório;
com terceiros sob qualquer dos seguintes regimes: II - existir orçamento detalhado em planilhas que expressem
- Empreitada por Preço Global - quando o contrato a composição de todos os seus custos unitários;
compreende preço certo e total; III - houver previsão de recursos orçamentários que
- Empreitada por Preço Unitário - quando por preço certo assegurem o pagamento das obrigações decorrentes de obras ou
de unidade determinada; serviços a serem executadas no exercício financeiro em curso, de
- Tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para pequenos acordo com o respectivo cronograma;
trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento de IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas metas
materiais; estabelecidas no Plano Plurianual de que trata o art. 165 da
- Empreitada Integral - quando se contrata um Constituição Federal, quando for o caso.
empreendimento em sua integralidade, compreendendo todas § 3º É vedado incluir no objeto da licitação a obtenção de
as etapas das obras, serviços e instalações necessárias, sob recursos financeiros para sua execução, qualquer que seja a sua
inteira responsabilidade da contratada até a sua entrega ao origem, exceto nos casos de empreendimentos executados e
contratante em condições de entrada em operação atendidos explorados sob o regime de concessão, nos termos da legislação
os requisitos técnicos e legais para sua utilização em condições específica.
de segurança estrutural e operacional e com as características § 4º É vedada, ainda, a inclusão, no objeto da licitação, de
adequadas às finalidades para que foi contratada; fornecimento de materiais e serviços sem previsão de
- Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e quantidades ou cujos quantitativos não correspondam às
suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar previsões reais do projeto básico ou executivo.
a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto de § 5º É vedada a realização de licitação cujo objeto inclua
licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos bens e serviços sem similaridade ou de marcas, características e
técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e especificações exclusivas, salvo nos casos em que for
adequado tratamento do impacto ambiental do tecnicamente justificável, ou ainda quando o fornecimento de
empreendimento e que possibilite a avaliação do custo da obra tais materiais e serviços for feito sob o regime de administração
e a definição dos métodos e do prazo de execução. contratada, previsto e discriminado no ato convocatório.
i) Projeto executivo - É o conjunto dos elementos § 6º A infringência do disposto neste artigo implica a
necessários e suficientes à execução completa da obra, de nulidade dos atos ou contratos realizados e a responsabilidade
acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira de de quem lhes tenha dado causa.
Normas Técnicas - ABNT. § 7º Não será ainda computado como valor da obra ou
j) Administração pública - É a constituída pela serviço, para fins de julgamento das propostas de preços, a
administração direta e indireta da União, dos Estados, do DF e atualização monetária das obrigações de pagamento, desde a
dos Municípios, abrangendo inclusive as entidades com data final de cada período de aferição até a do respectivo

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pagamento, que será calculada pelos mesmos critérios III - economia na execução, conservação e operação;
estabelecidos obrigatoriamente no ato convocatório. IV - possibilidade de emprego de mão-de-obra, materiais,
§ 8º Qualquer cidadão poderá requerer à Administração tecnologia e matérias-primas existentes no local para execução,
Pública os quantitativos das obras e preços unitários de conservação e operação;
determinada obra executada. V - facilidade na execução, conservação e operação, sem
§ 9º O disposto neste artigo aplica-se também, no que prejuízo da durabilidade da obra ou do serviço;
couber, aos casos de dispensa e de inexigibilidade de licitação. VI - adoção das normas técnicas, de saúde e de segurança do
trabalho adequadas;
Art. 8º A execução das obras e dos serviços deve programar- VII - impacto ambiental.
se, sempre, em sua totalidade, previstos seus custos atual e final
e considerados os prazos de sua execução. Questões
Parágrafo único. É proibido o retardamento imotivado da
execução de obra ou serviço, ou de suas parcelas, se existente 01. (DPE/SP - Administrador – FCC) Sobre os contratos
previsão orçamentária para sua execução total, salvo de gestão, é correto afirmar:
insuficiência financeira ou comprovado motivo de ordem (A) A elaboração do contrato de gestão deve observar os
técnica, justificados em despacho circunstanciado da princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade,
autoridade a que se refere o art. 26 desta Lei. moralidade, publicidade e economicidade.
(B) Os contratos de gestão foram criados para o controle
Art. 9º Não poderá participar, direta ou indiretamente, da entre órgãos da Administração direta.
licitação ou da execução de obra ou serviço e do fornecimento (C) As Organizações Sociais, quando estabelecem
de bens a eles necessários: contratos de gestão, não são controladas pelas Controladorias
I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física ou Gerais e pelos Tribunais de Contas.
jurídica; (D) As Organizações Sociais não necessitam realizar
II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável pela licitações públicas, ainda que recebam repasses
elaboração do projeto básico ou executivo ou da qual o autor do governamentais.
projeto seja dirigente, gerente, acionista ou detentor de mais de (E) Os contratos de gestão incluem as metas a serem
5% (cinco por cento) do capital com direito a voto ou alcançadas, mas não o cronograma para a sua execução, que
controlador, responsável técnico ou subcontratado; será definido por uma comissão após o momento da
III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade contratante contratualização.
ou responsável pela licitação.
§ 1º É permitida a participação do autor do projeto ou da 02. (TJ/SP- Juiz Substituto – VUNESP) Sobre os Contratos
empresa a que se refere o inciso II deste artigo, na licitação de Administrativos, é correto afirmar:
obra ou serviço, ou na execução, como consultor ou técnico, nas (A) na licitação na modalidade de pregão, regulada pela Lei
funções de fiscalização, supervisão ou gerenciamento, nº 10.520/02, apenas após o encerramento da etapa
exclusivamente a serviço da Administração interessada. competitiva o pregoeiro verificará a documentação do licitante
§ 2º O disposto neste artigo não impede a licitação ou vencedor, quando então deverá verificar sua habilitação
contratação de obra ou serviço que inclua a elaboração de jurídica, fiscal, técnica, econômica e a validade de sua garantia
projeto executivo como encargo do contratado ou pelo preço de proposta.
previamente fixado pela Administração. (B) a contratação integrada compreende a elaboração e o
§ 3º Considera-se participação indireta, para fins do desenvolvimento dos projetos básico e executivo, a execução
disposto neste artigo, a existência de qualquer vínculo de de obras e serviços de engenharia, a montagem, a realização
natureza técnica, comercial, econômica, financeira ou de testes, a pré- -operação e todas as demais operações
trabalhista entre o autor do projeto, pessoa física ou jurídica, e necessárias e suficientes para a entrega final do objeto.
o licitante ou responsável pelos serviços, fornecimentos e obras, (C) ressalvada a hipótese de contratação integrada nos
incluindo-se os fornecimentos de bens e serviços a estes demais regimes de execução é proibida a participação do autor
necessários. do projeto básico como consultor ou técnico, nas funções de
§ 4º O disposto no parágrafo anterior aplica-se aos membros fiscalização, supervisão ou gerenciamento, na licitação de obra
da comissão de licitação. ou serviço ou na sua execução.
(D) a Ata de Registro de preços constitui modalidade de
Art. 10. As obras e serviços poderão ser executados nas licitação para contratações cujo orçamento estimado não
seguintes formas: alcance o valor que obriga a adoção da modalidade
I - execução direta; concorrência.
II - execução indireta, nos seguintes regimes:
a) empreitada por preço global; Gabarito
b) empreitada por preço unitário;
c) (Vetado). 01. A/ 02. B.
d) tarefa;
e) empreitada integral. Seção IV
Parágrafo único. (Vetado). Dos Serviços Técnicos Profissionais Especializados

Art. 11. As obras e serviços destinados aos mesmos fins terão Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços
projetos padronizados por tipos, categorias ou classes, exceto técnicos profissionais especializados os trabalhos relativos a:
quando o projeto-padrão não atender às condições peculiares I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou
do local ou às exigências específicas do empreendimento. executivos;
II - pareceres, perícias e avaliações em geral;
Art. 12. Nos projetos básicos e projetos executivos de obras e III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias
serviços serão considerados principalmente os seguintes financeiras ou tributárias;
requisitos: IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou
I - segurança; serviços;
II - funcionalidade e adequação ao interesse público;

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V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou Vale destacar o Pregão, pois ele possui uma importante
administrativas; peculiaridade em relação ao seu objeto, já que só podem ser
VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; bens e serviços de uso comum, cujos padrões de desempenho
VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico. e qualidade possam ser objetivamente definidos em edital,
VIII - (Vetado). vedando-se a utilização para bens e serviços de engenharia,
§ 1º Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação, os locações imobiliárias e alienações.
contratos para a prestação de serviços técnicos profissionais
especializados deverão, preferencialmente, ser celebrados O sistema de registro de preços é um sistema utilizado para
mediante a realização de concurso, com estipulação prévia de compras, obras ou serviços rotineiros no qual, ao invés de
prêmio ou remuneração. fazer várias licitações, o Poder Público realiza uma
§ 2º Aos serviços técnicos previstos neste artigo aplica-se, no concorrência e a proposta vencedora fica registrada, estando
que couber, o disposto no art. 111 desta Lei. disponível quando houver necessidade de contratação pela
§ 3º A empresa de prestação de serviços técnicos Administração. Atualmente esse sistema, previsto no artigo 15
especializados que apresente relação de integrantes de seu da Lei nº 8.666/93, é regulamentado pelo Decreto
corpo técnico em procedimento licitatório ou como elemento de 7.892/2013, que revogou os Decretos 3.931/2001 e
justificação de dispensa ou inexigibilidade de licitação, ficará 4.342/2002.
obrigada a garantir que os referidos integrantes realizem De acordo com o artigo 15, § 4º da Lei 8.666/93, após a
pessoal e diretamente os serviços objeto do contrato. efetivação do registro de preços, o Poder Público não é
obrigado a contratar com o ofertante registrado, mas ele terá
Compras preferência na contratação em igualdade de condições.
As compras possuem fundamento no princípio da Outrossim, é obrigatória a pesquisa prévia de preços de
publicidade e transparência na Administração Pública, motivo mercado, sempre que um órgão público pretenda contratar o
pelo qual que deve publicar relatório mensal com objeto de registro de preços.2
detalhamento de todas as compras efetuadas. Há algumas condições para a manutenção do sistema de
A exigência feita no artigo 14 da lei 8666 de 1993, se registro de preços, estabelecidos pela Lei nº 8.666/93:
justifica em respeito ao princípio da probidade administrativa, - utilização de concorrência pública, exceto quando couber
em face da necessidade de planejamento financeiro dos pregão;
recursos públicos, visando assegurar sua existência na data do - deve haver sistema de controle e atualização dos preços;
pagamento a credor. - a validade do registro não pode superar um ano;
Importante ressaltar que o não cumprimento dos - os registros devem ser publicados trimestralmente na
requisitos previstos neste artigo, que são verdadeiras imprensa oficial.
condições para validade do procedimento licitatório, acarreta
nulidade de todo procedimento e responsabilização dos O objetivo do registro de preços é facilitar as contratações
agentes envolvidos. futuras, evitando que, a cada vez, seja realizado novo
No setor público, as compras necessitam de um processo procedimento de licitação. O fato de existir e registro de preços
licitatório, em face do tradicional mercado. Determinado setor não obriga a Administração Pública a utilizá-lo em todas as
da administração verifica a necessidade de determinado bem contratações; se preferir, poderá utilizá-la em todas as
e serviço, que deverá se dar por meio de uma requisição, na contratações; se preferir, poderá utilizar outros meios
qual o setor que está requisitando irá pormenorizar o fito a ser previstos na Lei de Licitações, hipótese em que será
atingido, posteriormente este documento será encaminhado assegurado ao beneficiário do registro de preferência em
ao setor responsável pela licitação. igualdade de condições com outros possíveis interessados
Em poucas palavras, a requisição é o que dá início a compra (art. 15, § 4º, da Lei nº 8.666)3
propriamente dita, devendo ser encaminhada até as De acordo com o artigo 2º, inciso I, do regulamento,
autoridades superiores, a fim de aprovar ou não a despesa. Sistema de Registro de Preços – SRP é o “conjunto de
A licitação compreende vários significados, entre eles procedimentos para o registro formal de preços relativos à
podemos destacar a disputa, concorrência, arrematação. prestação de serviços e aquisição de bens, para contratações
Podemos compreende-la como várias ofertas que são futuras”.
transmitidas do particular para a Administração Pública, Cabem ao chamado “órgão gerenciador”, os atos de
visando uma obra ou prestação de serviço. controle e administração do SRP, cujas obrigações estão
Estas ofertas ensejam em um procedimento definidas no artigo 5º do Regulamento.
administrativo formal em que a Administração, por meio de Resumidamente, pode-se dizer que no SRP o procedimento
edital ou convite convoca as empresas interessadas na é o seguinte : o órgão gerenciador divulga sua intenção de
apresentação de propostas para o oferecimento de serviços ou efetuar o registro de preços; os órgãos participantes
bens. manifestam sua concordância, indicando sua estimativa de
A Lei 8.666/93 estabeleceu cinco modalidades de licitação: demanda e cronograma de contratações; o órgão gerenciador
Concorrência; Tomada de Preços; Convite; Concurso; Leilão. Já consolida tais informações; o mesmo órgão gerenciador faz
a Lei 10.520, de 17 de julho de 2002, criou a sexta modalidade pesquisa de mercado para verificação do valor estimado da
de licitação denominada Pregão, para aquisição de bens e licitação; a seguir, realiza o procedimento licita tório, na
serviços comuns. modalidade de concorrência ou pregão; terminada a licitação,
Essas modalidades acima citadas possuem exigências o órgão gerenciador elabora a ata de registro de preços e
específicas de procedimento, formalização e prazos. O que vai convoca os fornecedores classificados para assiná-la, ficando
determinar a modalidade de contratação é o valor do objeto a os mesmos obrigados a firmar o instrumento de contratação.4
ser contratado.
As pequenas compras podem ser realizadas através de O Sistema de Registro de Preços permite a redução de
Concorrência. Por sua vez, as modalidades Concurso, Leilão e custos operacionais e otimização dos processos de
Pregão possuem procedimentos diversos e não se vinculam a contratação de bens e serviços pela Administração Pública.
tabelas de valores.

2MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. Editora Saraiva. 4ª 3 Di PIETRO, Maria Sylvia, Direito Administrativo. Editora Atlas. 2014.
edição. 2014. 4 Di PIETRO, Maria Sylvia, Direito Administrativo. Editora Atlas. 2014.

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Importante ressaltar que qualquer cidadão pode impugnar Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos
preços constantes no Sistema de Registro de Preços. casos de dispensa de licitação previstos no inciso IX do art. 24.
Ademais, os preços registrados devem ser compatíveis
com os praticados no mercado. Questão

Seção V 01. (IF Sudeste/MG - Auditor – FCM/2016). A Lei de


Das Compras Licitações nº 8.666/93 determina que
(A) para a fase de habilitação nas licitações, é facultativa a
Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a adequada exigência de habilitação jurídica aos licitantes.
caracterização de seu objeto e indicação dos recursos (B) a Administração não poderá utilizar a tomada de
orçamentários para seu pagamento, sob pena de nulidade do preços e a concorrência nos casos em que couber convite.
ato e responsabilidade de quem lhe tiver dado causa. (C) é dispensável a licitação para obras e serviços de
engenharia de valor até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil
Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão: reais).
I - atender ao princípio da padronização, que imponha (D) os licitantes poderão impugnar os termos do edital de
compatibilidade de especificações técnicas e de desempenho, licitação até a fase de homologação do certame pela autoridade
observadas, quando for o caso, as condições de manutenção, competente.
assistência técnica e garantia oferecidas; (E) estão sujeitas à nulidade as aquisições feitas sem a
II - ser processadas através de sistema de registro de preços; adequada caracterização de seu objeto e indicação dos
III - submeter-se às condições de aquisição e pagamento recursos orçamentários para seu pagamento.
semelhantes às do setor privado;
IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas necessárias 02. (IBGE - Analista - Recursos Materiais e Logística –
para aproveitar as peculiaridades do mercado, visando FGV/2016). A Lei nº 8.666/93 dispõe que compra é toda
economicidade; aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma só
V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos órgãos vez ou parceladamente. Nesse contexto, o citado diploma legal
e entidades da Administração Pública. estabelece que as compras, sempre que possível, deverão
§ 1º O registro de preços será precedido de ampla pesquisa atender ao princípio da:
de mercado. (A) economicidade, que pode gerar o fracionamento do
§ 2º Os preços registrados serão publicados trimestralmente objeto da licitação, inclusive com a alteração da modalidade de
para orientação da Administração, na imprensa oficial. licitação inicialmente exigida para a execução de todo objeto
§ 3º O sistema de registro de preços será regulamentado por da contratação, que levará em conta o valor de cada licitação
decreto, atendidas as peculiaridades regionais, observadas as isoladamente;
seguintes condições: (B) indivisibilidade, segundo o qual não pode a licitação ser
I - seleção feita mediante concorrência; subdividida em parcelas, ainda que para aproveitar as
II - estipulação prévia do sistema de controle e atualização peculiaridades do mercado, devendo ser firmado um só
dos preços registrados; contrato que tenha por objeto todas as partes, itens e parcelas
III - validade do registro não superior a um ano. da compra;
§ 4º A existência de preços registrados não obriga a (C) padronização, que impõe compatibilidade de
Administração a firmar as contratações que deles poderão especificações técnicas e de desempenho, devendo ser
advir, ficando-lhe facultada a utilização de outros meios, apontadas no instrumento convocatório as características
respeitada a legislação relativa às licitações, sendo assegurado técnicas uniformes do bem a ser adquirido, bem como as
ao beneficiário do registro preferência em igualdade de exigências de manutenção, assistência técnica e garantia;
condições. (D) divisibilidade da licitação, que pode gerar, inclusive, a
§ 5º O sistema de controle originado no quadro geral de dispensa ou inexigibilidade de licitação, de acordo com o valor
preços, quando possível, deverá ser informatizado. de cada contrato considerado isoladamente que será firmado
§ 6º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar preço a partir de cada licitação autônoma;
constante do quadro geral em razão de incompatibilidade desse (E) especificação, segundo o qual todas as partes, itens e
com o preço vigente no mercado. parcelas da compra devem conter especificações técnicas com
§ 7º Nas compras deverão ser observadas, ainda: a indicação da marca exigida, para compatibilizar o melhor
I - a especificação completa do bem a ser adquirido sem preço com a qualidade do produto.
indicação de marca;
II - a definição das unidades e das quantidades a serem 03. (IF-AP - Administrador – FUNIVERSA/2016). As
adquiridas em função do consumo e utilização prováveis, cuja compras na Administração Pública obedecem às normas da
estimativa será obtida, sempre que possível, mediante legislação de licitações. A propósito desse assunto, é correto
adequadas técnicas quantitativas de estimação; afirmar que as compras devem
III - as condições de guarda e armazenamento que não (A) se diferençar das condições de aquisição e pagamento
permitam a deterioração do material. do setor privado.
§ 8º O recebimento de material de valor superior ao limite (B) ser efetuadas preferencialmente à vista,
estabelecido no art. 23 desta Lei, para a modalidade de convite, independentemente das peculiaridades do mercado.
deverá ser confiado a uma comissão de, no mínimo, 3 (C) ser processadas por meio de sistema de registro de
(três) membros. preços, que terá validade por pelo menos dois anos.
(D) ser contratadas com base nos preços registrados.
Art. 16. Será dada publicidade, mensalmente, em órgão de (E) ser efetuadas mediante especificação completa do bem
divulgação oficial ou em quadro de avisos de amplo acesso a ser adquirido, sem indicação de marca.
público, à relação de todas as compras feitas pela Administração
Direta ou Indireta, de maneira a clarificar a identificação do
bem comprado, seu preço unitário, a quantidade adquirida, o
nome do vendedor e o valor total da operação, podendo ser
aglutinadas por itens as compras feitas com dispensa e
inexigibilidade de licitação.

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04. (TCE/CE - Técnico de Controle Externo-Auditoria fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou
de Tecnologia da Informação – FCC/2015). Um cidadão que entidades da administração pública;
avaliava o quadro geral de preços de um edital de licitação g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art.
identificou que esses preços estavam em desconformidade 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante
com os praticados no mercado e pediu a impugnação. Segundo iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração Pública
a Lei no 8.666/1983, em cuja competência legal inclua-se tal atribuição;
(A) cabe somente a um agente da entidade licitadora a h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de
impugnação de licitações. direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis
(B) cabe somente a um agente da Administração pública a de uso comercial de âmbito local com área de até 250 m²
impugnação de licitações. (duzentos e cinquenta metros quadrados) e inseridos no âmbito
(C) um cidadão pode solicitar a impugnação em razão de o de programas de regularização fundiária de interesse social
preço geral está em desacordo com o mercado. desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração
(D) só poderá haver impugnação nas compras para entrega pública;
imediata. i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou
(E) só poderá haver impugnação nas compras com entrega onerosa, de terras públicas rurais da União e do Incra, onde
até trinta dias após a ata da proposta. incidam ocupações até o limite de que trata o § 1o do art. 6o da
Lei no 11.952, de 25 de junho de 2009, para fins de regularização
05. (Prefeitura de Cuiabá – MT - Profissional de Nível fundiária, atendidos os requisitos legais; e (Redação dada Lei
Superior – Contador – FGV/2015). Em relação às compras, 13.465/2017);
de acordo com a Lei nº 8.666/93, assinale a afirmativa II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de
incorreta. licitação, dispensada esta nos seguintes casos:
(A) Os preços registrados deverão ser divulgados a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de
internamente pelo menos uma vez ao ano, para orientação da interesse social, após avaliação de sua oportunidade e
Administração. conveniência socioeconômica, relativamente à escolha de outra
(B) A existência de preços registrados não obriga a forma de alienação;
Administração a firmar as contratações que deles poderão b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou
advir, ficando-lhe facultada a utilização de outros meios, entidades da Administração Pública;
respeitada a legislação. c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa,
(C) Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar preço observada a legislação específica;
em razão de incompatibilidade deste com o preço vigente no d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
mercado. e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos
(D) As compras devem ser realizadas com caracterização ou entidades da Administração Pública, em virtude de suas
adequada de seu objeto e indicação dos recursos finalidades;
orçamentários para seu pagamento. f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou
(E) Deverá ser dada publicidade à relação de todas as entidades da Administração Pública, sem utilização previsível
compras feitas pela Administração, de modo a clarificar a por quem deles dispõe.
identificação do bem comprado, seu preço unitário, a § 1º Os imóveis doados com base na alínea "b" do inciso I
quantidade adquirida, o nome do vendedor e o valor total da deste artigo, cessadas as razões que justificaram a sua doação,
operação. reverterão ao patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada a
sua alienação pelo beneficiário.
Gabarito § 2º A Administração também poderá conceder título de
propriedade ou de direito real de uso de imóveis, dispensada
01. E/ 02. C/ 03. E/ 04. C/ 05. A. licitação, quando o uso destinar-se:
I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública,
Seção VI qualquer que seja a localização do imóvel;
Das Alienações II - a pessoa natural que, nos termos de lei, regulamento ou
ato normativo do órgão competente, haja implementado os
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, requisitos mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica e
subordinada à existência de interesse público devidamente exploração direta sobre área rural, observado o limite de que
justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes trata o § 1º do art. 6º da Lei nº 11.952, de 25 de junho de 2009;
normas: (Redação dada pela Lei 13.465/2017);
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa § 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2o ficam dispensadas de
para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e autorização legislativa, porém submetem-se aos seguintes
fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, condicionamentos:
dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de I - aplicação exclusivamente às áreas em que a detenção por
concorrência, dispensada esta nos seguintes casos: particular seja comprovadamente anterior a 1º de dezembro de
a) dação em pagamento; 2004;
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou II - submissão aos demais requisitos e impedimentos do
entidade da administração pública, de qualquer esfera de regime legal e administrativo da destinação e da regularização
governo, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i; fundiária de terras públicas;
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos III - vedação de concessões para hipóteses de exploração
constantes do inciso X do art. 24 desta Lei; não-contempladas na lei agrária, nas leis de destinação de
d) investidura; terras públicas, ou nas normas legais ou administrativas de
e) venda a outro órgão ou entidade da administração zoneamento ecológico-econômico; e
pública, de qualquer esfera de governo; IV - previsão de rescisão automática da concessão,
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de dispensada notificação, em caso de declaração de utilidade, ou
direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis necessidade pública ou interesse social.
residenciais construídos, destinados ou efetivamente utilizados § 2º-B. A hipótese do inciso II do § 2o deste artigo:
no âmbito de programas habitacionais ou de regularização

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I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não sujeito a ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja
vedação, impedimento ou inconveniente a sua exploração compatível com o praticado no mercado.
mediante atividades agropecuárias;
II – fica limitada a áreas de até quinze módulos fiscais, desde Gabarito
que não exceda mil e quinhentos hectares, vedada a dispensa de
licitação para áreas superiores a esse limite; 01. C.
III - pode ser cumulada com o quantitativo de área
decorrente da figura prevista na alínea g do inciso I do caput Capítulo II
deste artigo, até o limite previsto no inciso II deste parágrafo. Da Licitação
IV – (VETADO) Seção I
§ 3º Entende-se por investidura, para os fins desta lei: Das Modalidades, Limites e Dispensa
I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área
remanescente ou resultante de obra pública, área esta que se Art. 20. As licitações serão efetuadas no local onde se situar
tornar inaproveitável isoladamente, por preço nunca inferior ao a repartição interessada, salvo por motivo de interesse público,
da avaliação e desde que esse não ultrapasse a 50% (cinquenta devidamente justificado.
por cento) do valor constante da alínea "a" do inciso II do art. 23 Parágrafo único. O disposto neste artigo não impedirá a
desta lei; habilitação de interessados residentes ou sediados em outros
II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na falta locais.
destes, ao Poder Público, de imóveis para fins residenciais
construídos em núcleos urbanos anexos a usinas hidrelétricas, Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das
desde que considerados dispensáveis na fase de operação dessas concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos
unidades e não integrem a categoria de bens reversíveis ao final leilões, embora realizados no local da repartição interessada,
da concessão. deverão ser publicados com antecedência, no mínimo, por uma
§ 4º A doação com encargo será licitada e de seu vez:
instrumento constarão, obrigatoriamente os encargos, o prazo I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação
de seu cumprimento e cláusula de reversão, sob pena de feita por órgão ou entidade da Administração Pública Federal e,
nulidade do ato, sendo dispensada a licitação no caso de ainda, quando se tratar de obras financiadas parcial ou
interesse público devidamente justificado; totalmente com recursos federais ou garantidas por instituições
§ 5º Na hipótese do parágrafo anterior, caso o donatário federais;
necessite oferecer o imóvel em garantia de financiamento, a II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal quando
cláusula de reversão e demais obrigações serão garantidas por se tratar, respectivamente, de licitação feita por órgão ou
hipoteca em segundo grau em favor do doador. entidade da Administração Pública Estadual ou Municipal, ou
§ 6º Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou do Distrito Federal;
globalmente, em quantia não superior ao limite previsto no art. III - em jornal diário de grande circulação no Estado e
23, inciso II, alínea "b" desta Lei, a Administração poderá também, se houver, em jornal de circulação no Município ou na
permitir o leilão. região onde será realizada a obra, prestado o serviço, fornecido,
§ 7º (VETADO). alienado ou alugado o bem, podendo ainda a Administração,
conforme o vulto da licitação, utilizar-se de outros meios de
Art. 18. Na concorrência para a venda de bens imóveis, a divulgação para ampliar a área de competição.
fase de habilitação limitar-se-á à comprovação do recolhimento § 1º O aviso publicado conterá a indicação do local em que
de quantia correspondente a 5% (cinco por cento) da avaliação. os interessados poderão ler e obter o texto integral do edital e
todas as informações sobre a licitação.
Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja § 2º O prazo mínimo até o recebimento das propostas ou da
aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação realização do evento será:
em pagamento, poderão ser alienados por ato da autoridade I - quarenta e cinco dias para:
competente, observadas as seguintes regras: a) concurso;
I - avaliação dos bens alienáveis; b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado
II - comprovação da necessidade ou utilidade da alienação; contemplar o regime de empreitada integral ou quando a
III - adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade licitação for do tipo "melhor técnica" ou "técnica e preço";
de concorrência ou leilão. II - trinta dias para:
a) concorrência, nos casos não especificados na alínea "b" do
Questão inciso anterior;
b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo "melhor
01. (ANAC - Técnico Administrativo – ESAF/2016). É técnica" ou "técnica e preço";
dispensável a licitação, exceto: III - quinze dias para a tomada de preços, nos casos não
(A) nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem. especificados na alínea "b" do inciso anterior, ou leilão;
(B) quando a licitação anterior foi deserta e não puder ser IV - cinco dias úteis para convite.
repetida sem prejuízo para a administração pública, mantidas,
neste caso, todas as condições preestabelecidas. Intervalo Mínimo
(C) no caso de alienação aos legítimos possuidores diretos
de bem imóvel para fins residenciais construídos em núcleos É o prazo definido em lei, que deve ser respeitado entre a
urbanos anexos a usinas hidrelétricas, desde que considerados publicação do instrumento convocatório e a data da abertura
dispensáveis na fase de operação dessas unidades e não dos envelopes de documentação e de propostas, ou seja, o
integrem a categoria de bens reversíveis ao final da concessão. intervalo obrigatório a ser observado pelo ente público entre
(D) para a aquisição ou restauração de obras de arte e a publicação do instrumento convocatório e o início do
objetos históricos de autenticidade certificada, desde que certame.
compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade.
(E) na contratação realizada por empresa pública, ou Esse prazo mínimo deve ser observado pelo ente público,
sociedade de economia mista com suas subsidiárias e sob pena de se considerar a licitação fraudulenta. O prazo só
controladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação

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começa a contar a partir da data da última publicação ou da unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado,
data em que for disponibilizado o edital. cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais
Trata-se de prazo, definido em lei, como suficiente e cadastrados na correspondente especialidade que
adequado, de modo que todos os interessados na licitação, manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e
demostrem a documentação necessária e a proposta, dentro quatro) horas da apresentação das propostas.
dos limites estipulados no edital. § 4º Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer
interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou
Contudo, cada modalidade licitatória deve respeitar um artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos
prazo de intervalo mínimo diferente, de acordo com o vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado
instituído no art. 21, §2º, da Lei 8.666/1993. Se o edital sofrer na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta
alguma alteração, modificando as obrigações da licitação ou a e cinco) dias.
formulação das propostas, deverá ser aberto novo prazo de § 5º Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer
intervalo mínimo, de modo que os licitantes deverão se interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a
adequar as novas regras. administração ou de produtos legalmente apreendidos ou
penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art.
Modalidades Prazos 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da
Concorrência 45 dias – concorrência do tipo avaliação.
melhor técnica ou do tipo § 6º Na hipótese do § 3o deste artigo, existindo na praça mais
técnica e preço de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo convite, realizado
30 dias – concorrência do tipo para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a,
menor preço ou maior lance no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem
Tomada de Preços 30 dias – tomada de preços do cadastrados não convidados nas últimas licitações.
tipo melhor técnica ou do tipo § 7º Quando, por limitações do mercado ou manifesto
técnica e preço desinteresse dos convidados, for impossível a obtenção do
15 dias – tomada de preços do número mínimo de licitantes exigidos no § 3o deste artigo, essas
tipo menor preço ou maior circunstâncias deverão ser devidamente justificadas no
lance processo, sob pena de repetição do convite.
Convite 5 dias úteis – § 8º É vedada a criação de outras modalidades de licitação
independentemente do tipo ou a combinação das referidas neste artigo.
de licitação utilizado § 9ºNa hipótese do parágrafo 2o deste artigo, a
Concurso 45 dias administração somente poderá exigir do licitante não
Leilão 15 dias cadastrado os documentos previstos nos arts. 27 a 31, que
Pregão 8 dias úteis comprovem habilitação compatível com o objeto da licitação,
Fonte: Manual de Direito Administrativo, Matheus nos termos do edital.
Carvalho, 2ª edição, 2015, editora Juspodivm.
Modalidades
Quando o prazo for contado em dias úteis, tal caso estará
definido em lei, do contrário, consideram-se os dias corridos, A licitação pode ser processada de diversas maneiras. As
excluindo-se o dia do início e incluindo o dia fatal (final). modalidades de licitação estão dispostas no artigo 22 da Lei n.
Quando o início e o fim do prazo ocorrerem em dias que não 8.666/93, que prescreve cinco modalidades de licitação:
sejam úteis, prorroga-se para o dia útil subsequente.
Concorrência
§ 3º Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior serão Tomada de preços
contados a partir da última publicação do edital resumido ou da Convite
expedição do convite, ou ainda da efetiva disponibilidade do Concurso
edital ou do convite e respectivos anexos, prevalecendo a data Leilão
que ocorrer mais tarde.
§ 4º Qualquer modificação no edital exige divulgação pela Há uma modalidade de licitação que não consta no artigo
mesma forma que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo citado acima, mas foi instituída por Medida Provisória e
inicialmente estabelecido, exceto quando, inquestionavelmente, atualmente é regida pela Lei nº 10.520/2002. É a licitação
a alteração não afetar a formulação das propostas. por “Pregão”.

Art. 22. São modalidades de licitação: 1. Concorrência: A concorrência está prevista no art. 22, §
I - concorrência; 1.º, da Lei n. 8.666/93 e pode ser definida como “modalidade
II - tomada de preços; de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de
III - convite; habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos
IV - concurso; mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de
V - leilão. seu objeto”. A concorrência pública é a modalidade de licitação
§ 1º Concorrência é a modalidade de licitação entre utilizada, via de regra, para maiores contratações, aberta a
quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação quaisquer interessados que preencham os requisitos
preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de estabelecidos no edital.
qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto. É a modalidade mais completa de licitação. Destinada a
§ 2º Tomada de preços é a modalidade de licitação entre contratos de grande expressão econômica, por ser um
interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a procedimento complexo, que exige o preenchimento de vários
todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro requisitos e a apresentação detalhada de documentos.
dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a Ela deve ser exigida, observados dois critérios: valor e
necessária qualificação. natureza do objeto. Por ser de caráter mais amplo, com
§ 3º Convite é a modalidade de licitação entre interessados procedimento rigoroso, a concorrência é obrigatória para as
do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, contratações que contenham valores mais altos.
escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela

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Como os recursos financeiros pela Administração são mais - Convidados: A Administração escolhe no mínimo três
elevados, a concorrência traz maior rigor na formalidade interessados para participar da licitação e envia–lhes uma
exigindo maior divulgação. Desta forma, a modalidade é carta-convite, que é o instrumento convocatório da licitação.
obrigatória para contratações de obras e serviços de - Cadastrados, no ramo do objeto licitado, não convidados:
engenharia acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e meio de todos os cadastrados no ramo do objeto licitado poderão
reais) e para aquisição de bens e serviços, que não os de participar da licitação, desde que, no prazo de até 24h antes da
engenharia, acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta apresentação das propostas, manifestem seu interesse em
mil reais). participar da licitação.

Intervalo mínimo da concorrência Convocação


A convocação, de maneira geral, diz respeito ao convite
O intervalo mínimo varia de acordo com o critério de para que alguém compareça a determinado evento. Via de
escolha do vencedor a ser utilizado, de acordo com o disposto regra, a convocação ocorre de maneira escrita, visando
no instrumento convocatório. informar de modo objetivo e claro, os dados necessários.
Nos casos de concorrência do tipo melhor técnica ou Na licitação, a função da convocação é a de viabilizar, por
técnica e preço e para os contratos de empreitada, o intervalo meio da mais ampla disputa, o maior número possível de
mínimo é de 45 dias entre a publicação do edital e o início do agentes econômicos capacitados, a satisfação do interesse
procedimento. público. A competição visada pela licitação, visa instrumentar
Para os casos de concorrência do tipo menor preço ou a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração.
maior lance, o intervalo mínimo é de 30 dias, entre a A Lei de Licitações e Contratos traz, de forma explícita, o
publicação do edital e início do procedimento. princípio da publicidade como um dos princípios norteadores
da licitação (art. 3º, V, Lei 8.666/93). Aqui, é importante
2. Tomada de Preços: Prevista no art. 22, § 2.º, da Lei n. enfatizar que a publicidade é alcançada não somente pela
8.666/93, pode ser definida como “modalidade de licitação publicação dos atos, mas, sobretudo, pela viabilização do
entre interessados devidamente cadastrados ou que amplo acesso de todos os interessados aos processos e atos
atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento que integram a licitação.
até o terceiro dia anterior à data do recebimento das
propostas, observada a necessária qualificação”. 4. Concurso: O art. 22, § 4.º, da Lei n. 8.666/93 prevê o
É uma modalidade mais simplificada, mais célere e, por concurso, que pode ser definido como “modalidade de licitação
esse motivo, não está voltada a contratos de grande valor entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico,
econômico. Estão do limite do convite e abaixo do limite da científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou
concorrência remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes
Essa modalidade de licitação era direcionada apenas aos de edital publicado na imprensa oficial com antecedência
interessados previamente cadastrados. Atualmente, o § 2.º do mínima de 45 (quarenta e cinco) dias”.
art. 22 da Lei em estudo dispõe, conforme transcrito acima, Essa modalidade de licitação não pode ser confundida com
que também deverão ser recebidas as propostas daqueles que o concurso para provimento de cargo público. O concurso é
atenderem às condições exigidas para cadastramento até o uma modalidade de licitação específica, que tem por objetivo a
terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas. escolha de um trabalho técnico, artístico ou científico.
A tomada de preços, portanto, destina-se a dois grupos de Há quem diga que o concurso é uma modalidade de
pessoas previamente definidos: licitação discricionária, alegando que esses trabalhos,
- Cadastrados: Para que a empresa tenha seu cadastro, normalmente, são singulares e, por este motivo, não haveria
deverá demonstrar sua idoneidade. Uma vez cadastrada, a necessidade de licitação (a Administração faria a licitação se
empresa estará autorizada a participar de todas as tomadas de achasse conveniente). O concurso não é, entretanto, uma
preço. modalidade discricionária, mas sim o objeto da licitação.
- Não cadastrados: Se no prazo legal – três dias antes da
apresentação das propostas – demonstrarem atender aos 5. Leilão: Previsto no art. 22, § 5.º, da Lei n. 8.666/93, pode
requisitos exigidos para o cadastramento, poderão participar ser definido como “modalidade de licitação entre quaisquer
da tomada de preço. interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a
Na tomada de preço, os licitantes têm seus documentos Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou
analisados antes da abertura da licitação e, por este motivo, é penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no
uma modalidade de licitação mais célere, podendo a art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao
Administração conceder um prazo menor para o licitante valor da avaliação”.
apresentar sua proposta. O leilão tem um objetivo próprio, visa a alienação de bens.
Na redação original da lei em estudo, o leilão somente se
3. Convite: O convite está previsto no art. 22, § 3.º, da Lei destina à alienação de bens móveis. A redação original,
n. 8.666/93, e pode ser definido como “modalidade de licitação entretanto, foi modificada pela Lei n. 8.883/94, que passou a
entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, permitir que o leilão se destinasse, em certos casos, à alienação
cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número de bens imóveis.
mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, O art. 19 dispõe que, nos casos de alienação de um bem que
em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o tenha sido adquirido por via de procedimento judicial ou por
estenderá aos demais cadastrados na correspondente dação em pagamento, a alienação pode ser feita por leilão. Nos
especialidade que manifestarem seu interesse com demais casos, somente por concorrência.
antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação
das propostas”. 6. Pregão: Modalidade licitatória regulamentada pela lei
É a modalidade simplificada de licitação e, por isso, é 10.520, de 17 de julho de 2002. É a modalidade de licitação
destinada a contratos de pequeno valor. Além de prazos mais voltada à aquisição de bens e serviços comuns, assim
reduzidos, o convite tem uma convocação restrita. Pela lei, considerados aqueles cujos padrões de desempenho e
somente dois grupos podem participar do convite: qualidade possam ser objetivamente definidos no edital por
meio de especificações do mercado.

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A autoridade competente justificará a necessidade de § 8º No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos
contratação e definirá o objeto do certame, as exigências de valores mencionados no caput deste artigo quando formado por
habilitação, os critérios de aceitação das propostas, as sanções até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando formado por
por inadimplemento e as cláusulas do contrato, inclusive com maior número.
fixação dos prazos para fornecimento. A definição do objeto
deverá ser precisa, suficiente e clara, vedadas especificações Art. 24. É dispensável a licitação:
que, por excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, limitem a I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10%
competição. (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso I do
artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma
Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma
incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta
dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da e concomitantemente;
contratação: II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez
I - para obras e serviços de engenharia: por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso II do artigo
a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais); anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde
b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou
quinhentos mil reais); alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;
c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
quinhentos mil reais); IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública,
II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior: quando caracterizada urgência de atendimento de situação que
a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de
b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou
cinquenta mil reais); particulares, e somente para os bens necessários ao
c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as
cinquenta mil reais). parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo
§ 1º As obras, serviços e compras efetuadas pela máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e
Administração serão divididas em tantas parcelas quantas se ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou
comprovarem técnica e economicamente viáveis, procedendo-se calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;
à licitação com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e
disponíveis no mercado e à ampliação da competitividade sem esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para
perda da economia de escala. a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições
§ 2º Na execução de obras e serviços e nas compras de bens, preestabelecidas;
parceladas nos termos do parágrafo anterior, a cada etapa ou VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico
conjunto de etapas da obra, serviço ou compra, há de para regular preços ou normalizar o abastecimento;
corresponder licitação distinta, preservada a modalidade VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços
pertinente para a execução do objeto em licitação. manifestamente superiores aos praticados no mercado
§ 3º A concorrência é a modalidade de licitação cabível, nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos
qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto na compra ou oficiais competentes, casos em que, observado o parágrafo único
alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19, como do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, será admitida a
nas concessões de direito real de uso e nas licitações adjudicação direta dos bens ou serviços, por valor não superior
internacionais, admitindo-se neste último caso, observados os ao constante do registro de preços, ou dos serviços; (Vide § 3º do
limites deste artigo, a tomada de preços, quando o órgão ou art. 48)
entidade dispuser de cadastro internacional de fornecedores ou VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público
o convite, quando não houver fornecedor do bem ou serviço no interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou
País. entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido
§ 4º Nos casos em que couber convite, a Administração criado para esse fim específico em data anterior à vigência desta
poderá utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, a Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o
concorrência. praticado no mercado;
§ 5º É vedada a utilização da modalidade "convite" ou IX - quando houver possibilidade de comprometimento da
"tomada de preços", conforme o caso, para parcelas de uma segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do
mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional;
mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas (Regulamento)
conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório de seus X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao
valores caracterizar o caso de "tomada de preços" ou atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas
"concorrência", respectivamente, nos termos deste artigo, necessidades de instalação e localização condicionem a sua
exceto para as parcelas de natureza específica que possam ser escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de
executadas por pessoas ou empresas de especialidade diversa mercado, segundo avaliação prévia;
daquela do executor da obra ou serviço. XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou
§ 6º As organizações industriais da Administração Federal fornecimento, em consequência de rescisão contratual, desde
direta, em face de suas peculiaridades, obedecerão aos limites que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e
estabelecidos no inciso I deste artigo também para suas compras aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor,
e serviços em geral, desde que para a aquisição de materiais inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido;
aplicados exclusivamente na manutenção, reparo ou fabricação XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros
de meios operacionais bélicos pertencentes à União. gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização dos
§ 7º Na compra de bens de natureza divisível e desde que não processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente
haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é permitida a com base no preço do dia;
cotação de quantidade inferior à demandada na licitação, com XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida
vistas a ampliação da competitividade, podendo o edital fixar regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do
quantitativo mínimo para preservar a economia de escala. desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à
recuperação social do preso, desde que a contratada detenha

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inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo,
lucrativos; efetuados por associações ou cooperativas formadas
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas
acordo internacional específico aprovado pelo Congresso pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com
Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas,
vantajosas para o Poder Público; ambientais e de saúde pública.
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos
objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta
compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade. complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários de comissão especialmente designada pela autoridade máxima
padronizados de uso da administração, e de edições técnicas do órgão.
oficiais, bem como para prestação de serviços de informática a XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para
pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou atender aos contingentes militares das Forças Singulares
entidades que integrem a Administração Pública, criados para brasileiras empregadas em operações de paz no exterior,
esse fim específico; necessariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem fornecedor ou executante e ratificadas pelo Comandante da
nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de Força.
equipamentos durante o período de garantia técnica, junto ao XXX - na contratação de instituição ou organização, pública
fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de
de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia; serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do
XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na
abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei
tropas e seus meios de deslocamento quando em estada eventual federal.
de curta duração em portos, aeroportos ou localidades XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto
diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação nos arts. 3o, 4o, 5o e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de
operacional ou de adestramento, quando a exiguidade dos 2004, observados os princípios gerais de contratação dela
prazos legais puder comprometer a normalidade e os propósitos constantes.
das operações e desde que seu valor não exceda ao limite XXXII - na contratação em que houver transferência de
previsto na alínea "a" do inciso II do art. 23 desta Lei: tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Saúde - SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de
Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e 1990, conforme elencados em ato da direção nacional do SUS,
administrativo, quando houver necessidade de manter a inclusive por ocasião da aquisição destes produtos durante as
padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos etapas de absorção tecnológica.
meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins
instituída por decreto; lucrativos, para a implementação de cisternas ou outras
XX - na contratação de associação de portadores de tecnologias sociais de acesso à água para consumo humano e
deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada produção de alimentos, para beneficiar as famílias rurais de
idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração Pública, baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de água.
para a prestação de serviços ou fornecimento de mão-de-obra, (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013)
desde que o preço contratado seja compatível com o praticado XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito
no mercado. público interno de insumos estratégicos para a saúde
XXI - para a aquisição ou contratação de produto para produzidos ou distribuídos por fundação que, regimental ou
pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras e estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da
serviços de engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor de que administração pública direta, sua autarquia ou fundação em
trata a alínea “b” do inciso I do caput do art. 23; (Incluído pela projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento
Lei nº 13.243, de 2016) institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação,
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à
energia elétrica e gás natural com concessionário, execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam
permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o
específica; Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII deste
XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou artigo, e que tenha sido criada para esse fim específico em data
sociedade de economia mista com suas subsidiárias e anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja
controladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação compatível com o praticado no mercado. (Incluído pela Lei nº
ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja 13.204, de 2015).
compatível com o praticado no mercado. XXXV - para a construção, a ampliação, a reforma e o
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de aprimoramento de estabelecimentos penais, desde que
serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das configurada situação de grave e iminente risco à segurança
respectivas esferas de governo, para atividades contempladas pública. (Incluído pela Lei nº 13.500, de 2017)
no contrato de gestão. § 1º Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste
XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e
Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a serviços contratados por consórcios públicos, sociedade de
transferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de economia mista, empresa pública e por autarquia ou fundação
uso ou de exploração de criação protegida. qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas.
XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da § 2º O limite temporal de criação do órgão ou entidade que
Federação ou com entidade de sua administração indireta, para integre a administração pública estabelecido no inciso VIII do
a prestação de serviços públicos de forma associada nos termos caput deste artigo não se aplica aos órgãos ou entidades que
do autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio produzem produtos estratégicos para o SUS, no âmbito da Lei no
de cooperação. 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato
XXVII - na contratação da coleta, processamento e da direção nacional do SUS.
comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou

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§ 3º A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do caput, referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e o
quando aplicada a obras e serviços de engenharia, seguirá retardamento previsto no final do parágrafo único do art. 8o
procedimentos especiais instituídos em regulamentação desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três) dias, à
específica. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016). autoridade superior, para ratificação e publicação na imprensa
§ 4º Não se aplica a vedação prevista no inciso I do caput do oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a eficácia
art. 9º à hipótese prevista no inciso XXI do caput. (Incluído pela dos atos.
Lei nº 13.243, de 2016). Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilidade
ou de retardamento, previsto neste artigo, será instruído, no que
Obrigatoriedade couber, com os seguintes elementos:
I - caracterização da situação emergencial, calamitosa ou de
A licitação é um procedimento obrigatório para celebração grave e iminente risco à segurança pública que justifique a
de contrato com a Administração Pública. Esta dispensa, quando for o caso; (Redação dada pela Lei nº 13.500,
obrigatoriedade reside no fato de que não é permitido que o de 2017)
Poder Público contrato livremente qualquer fornecedor para II - razão da escolha do fornecedor ou executante;
prestação de serviços públicos. Contudo existem exceções, que III - justificativa do preço.
veremos abaixo. IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos
quais os bens serão alocados.
Exceções ao dever de licitar
Questões
A nossa legislação prevê duas exceções ao dever de licitar:
01. (UFSBA - Administrador – UFMT/2017). De acordo
Dispensa de licitação: É a situação em que, embora viável com a Lei nº 8.666/1993, a compra ou locação de imóvel
a competição em torno do objeto licitado, a lei faculta a destinado ao atendimento das finalidades precípuas da
realização direta do ato. Os casos de dispensa devem estar Administração, cujas necessidades de instalação e localização
expressamente previstos em lei. condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível
com o valor de mercado, segundo avaliação prévia, é uma das
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade hipóteses de
de competição, em especial: (A) dispensa de licitação.
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros (B) inexigibilidade de licitação.
que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou (C) vedação de licitação.
representante comercial exclusivo, vedada a preferência de (D) obrigatoriedade de licitação.
marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita
através de atestado fornecido pelo órgão de registro do 02. (IF/PE - Administrador – IF-PE/2017). A
comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o Inexigibilidade de Licitação pode ocorrer no seguinte caso:
serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, (A) Na contratação do fornecimento ou suprimento de
ainda, pelas entidades equivalentes; energia elétrica, com concessionário ou permissionário do
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no serviço público de distribuição ou com produtor independente
art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou ou autoprodutor, segundo as normas da legislação específica.
empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade (B) Para a contratação de profissional de qualquer setor
para serviços de publicidade e divulgação; artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo,
III - para contratação de profissional de qualquer setor desde que, consagrado pela crítica especializada ou pela
artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde opinião pública.
que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião (C) Para as compras de materiais de uso pelas Forças
pública. Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e
§ 1º Considera-se de notória especialização o profissional ou administrativo, quando houver necessidade de manter a
empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos
decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de
publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de comissão instituída por Decreto.
outros requisitos relacionados com suas atividades, permita (D) Na contratação de associação de portadores de
inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada
adequado à plena satisfação do objeto do contrato. idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração
§ 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento de mão
dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem de obra, desde que o preço contratado seja compatível com o
solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o praticado no mercado.
fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público (E) Para a aquisição ou restauração de obras de arte e
responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis. objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que
compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade.
Inexigibilidade de licitar: Ocorre quando é inviável a
competição em torno do objeto que a Administração quer 03. (Prefeitura de Andradina/SP - Assistente Jurídico e
adquirir (art. 25 da Lei 8.666/93). Procurador Jurídico – VUNESP/2017). A Administração
Ambas, dispensa e inexigibilidade, são formas de Pública pretende a contratação de serviço técnico de natureza
contratação direta sem licitação, sendo essa a única singular, na área de publicidade e divulgação. Nessa hipótese,
semelhança entre elas, e só podem ser vinculadas por lei tendo em vista o disposto na Lei de Licitações e Contratos (Lei
federal, porque se trata de norma geral. no 8.666/93), essa contratação
Alguns autores mencionam a má técnica do legislador ao (A) dispensa a licitação.
expressar o rol dos casos de dispensa, alegando que algumas (B) deve ser feita por meio de licitação.
dessas hipóteses seriam casos de inexigibilidade. (C) pode ser feita por contratação direta, por
inexigibilidade de licitação.
Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17 e no (D) pode ser feita sem licitação, desde que com empresa de
inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexigibilidade notória especialização.

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(E) pode dispensar a licitação, desde que seja contratado licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com
profissional, pessoa física, de notória especialização. o objeto contratual;
III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal,
04. (MPE/RJ - Técnico do Ministério Público – Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra
Administrativa – FGV/2016). Atendendo à política equivalente, na forma da lei;
institucional de modernização de suas instalações físicas, o IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro obteve a cessão Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando
de imóvel ao lado do fórum em cidade no interior do Estado e situação regular no cumprimento dos encargos sociais
pretende contratar sociedade empresária para construção do instituídos por lei.
prédio que abrigará as Promotorias de Justiça daquela V – prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a
comarca. O valor estimado das obras é de um milhão e Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de certidão
oitocentos mil reais. De acordo com a Lei nº 8.666/93, a negativa, nos termos do Título VII-A da Consolidação das Leis do
contratação deverá ocorrer mediante: Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de
(A) dispensa de licitação, pela destinação da obra; 1943.
(B) inexigibilidade de licitação, pela natureza da obra;
(C) licitação, na modalidade tomada de preços; Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica
(D) licitação, na modalidade concorrência; limitar-se-á a:
(E) licitação, na modalidade convite. I - registro ou inscrição na entidade profissional competente;
II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade
05. (CISMEPAR7PR - Advogado – FAUEL/2016). Aponte, pertinente e compatível em características, quantidades e
abaixo, uma hipótese que NÃO representa caso de prazos com o objeto da licitação, e indicação das instalações e
inexigibilidade de licitação: do aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis
(A) Aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que para a realização do objeto da licitação, bem como da
só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou qualificação de cada um dos membros da equipe técnica que se
representante comercial exclusivo. responsabilizará pelos trabalhos;
(B) Nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem. III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que
(C) Contratação de serviço técnico de restauração de obras recebeu os documentos, e, quando exigido, de que tomou
de arte, com profissionais ou empresas de notória conhecimento de todas as informações e das condições locais
especialização. para o cumprimento das obrigações objeto da licitação;
(D) Contratação de profissional de qualquer setor artístico, IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei
diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que especial, quando for o caso.
consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública. § 1º A comprovação de aptidão referida no inciso II do
"caput" deste artigo, no caso das licitações pertinentes a obras e
Gabarito serviços, será feita por atestados fornecidos por pessoas
01. A/ 02. B/ 03. B/ 04. D/ 05. B jurídicas de direito público ou privado, devidamente registrados
nas entidades profissionais competentes, limitadas as exigências
Seção II a:
Da Habilitação I - capacitação técnico-profissional: comprovação do
licitante de possuir em seu quadro permanente, na data prevista
Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos para entrega da proposta, profissional de nível superior ou
interessados, exclusivamente, documentação relativa a: outro devidamente reconhecido pela entidade competente,
I - habilitação jurídica; detentor de atestado de responsabilidade técnica por execução
II - qualificação técnica; de obra ou serviço de características semelhantes, limitadas
III - qualificação econômico-financeira; estas exclusivamente às parcelas de maior relevância e valor
IV – regularidade fiscal e trabalhista; significativo do objeto da licitação, vedadas as exigências de
V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7o da quantidades mínimas ou prazos máximos;
Constituição Federal. II - (Vetado).
a) (Vetado).
Art. 28. A documentação relativa à habilitação jurídica, b) (Vetado).
conforme o caso, consistirá em: § 2º As parcelas de maior relevância técnica e de valor
I - cédula de identidade; significativo, mencionadas no parágrafo anterior, serão
II - registro comercial, no caso de empresa individual; definidas no instrumento convocatório.
III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, § 3º Será sempre admitida a comprovação de aptidão
devidamente registrado, em se tratando de sociedades através de certidões ou atestados de obras ou serviços similares
comerciais, e, no caso de sociedades por ações, acompanhado de de complexidade tecnológica e operacional equivalente ou
documentos de eleição de seus administradores; superior.
IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades civis, § 4º Nas licitações para fornecimento de bens, a
acompanhada de prova de diretoria em exercício; comprovação de aptidão, quando for o caso, será feita através
V - decreto de autorização, em se tratando de empresa ou de atestados fornecidos por pessoa jurídica de direito público ou
sociedade estrangeira em funcionamento no País, e ato de privado.
registro ou autorização para funcionamento expedido pelo § 5º É vedada a exigência de comprovação de atividade ou
órgão competente, quando a atividade assim o exigir. de aptidão com limitações de tempo ou de época ou ainda em
locais específicos, ou quaisquer outras não previstas nesta Lei,
Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e que inibam a participação na licitação.
trabalhista, conforme o caso, consistirá em: § 6º As exigências mínimas relativas a instalações de
I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas canteiros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico
(CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC); especializado, considerados essenciais para o cumprimento do
II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual objeto da licitação, serão atendidas mediante a apresentação de
ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do relação explícita e da declaração formal da sua disponibilidade,

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sob as penas cabíveis, vedada as exigências de propriedade e de § 6º (Vetado).


localização prévia.
§ 7º (Vetado). Art. 32. Os documentos necessários à habilitação poderão
I - (Vetado). ser apresentados em original, por qualquer processo de cópia
II - (Vetado). autenticada por cartório competente ou por servidor da
§ 8º No caso de obras, serviços e compras de grande vulto, de administração ou publicação em órgão da imprensa oficial.
alta complexidade técnica, poderá a Administração exigir dos § 1º A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 desta Lei
licitantes a metodologia de execução, cuja avaliação, para efeito poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos casos de
de sua aceitação ou não, antecederá sempre à análise dos preços convite, concurso, fornecimento de bens para pronta entrega e
e será efetuada exclusivamente por critérios objetivos. leilão.
§ 9º Entende-se por licitação de alta complexidade técnica § 2º O certificado de registro cadastral a que se refere o § 1o
aquela que envolva alta especialização, como fator de extrema do art. 36 substitui os documentos enumerados nos arts. 28 a 31,
relevância para garantir a execução do objeto a ser contratado, quanto às informações disponibilizadas em sistema
ou que possa comprometer a continuidade da prestação de informatizado de consulta direta indicado no edital, obrigando-
serviços públicos essenciais. se a parte a declarar, sob as penalidades legais, a superveniência
§ 10. Os profissionais indicados pelo licitante para fins de de fato impeditivo da habilitação.
comprovação da capacitação técnico-profissional de que trata o § 3º A documentação referida neste artigo poderá ser
inciso I do § 1o deste artigo deverão participar da obra ou serviço substituída por registro cadastral emitido por órgão ou
objeto da licitação, admitindo-se a substituição por profissionais entidade pública, desde que previsto no edital e o registro tenha
de experiência equivalente ou superior, desde que aprovada pela sido feito em obediência ao disposto nesta Lei.
administração. § 4º As empresas estrangeiras que não funcionem no País,
§ 11. (Vetado). tanto quanto possível, atenderão, nas licitações internacionais,
§ 12. (Vetado). às exigências dos parágrafos anteriores mediante documentos
equivalentes, autenticados pelos respectivos consulados e
Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico- traduzidos por tradutor juramentado, devendo ter
financeira limitar-se-á a: representação legal no Brasil com poderes expressos para
I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último receber citação e responder administrativa ou judicialmente.
exercício social, já exigíveis e apresentados na forma da lei, que § 5º Não se exigirá, para a habilitação de que trata este
comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a sua artigo, prévio recolhimento de taxas ou emolumentos, salvo os
substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo referentes a fornecimento do edital, quando solicitado, com os
ser atualizados por índices oficiais quando encerrado há mais de seus elementos constitutivos, limitados ao valor do custo efetivo
3 (três) meses da data de apresentação da proposta; de reprodução gráfica da documentação fornecida.
II - certidão negativa de falência ou concordata expedida § 6º O disposto no § 4o deste artigo, no § 1o do art. 33 e no
pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execução § 2o do art. 55, não se aplica às licitações internacionais para a
patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física; aquisição de bens e serviços cujo pagamento seja feito com o
III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios previstos produto de financiamento concedido por organismo financeiro
no "caput" e § 1o do art. 56 desta Lei, limitada a 1% (um por internacional de que o Brasil faça parte, ou por agência
cento) do valor estimado do objeto da contratação. estrangeira de cooperação, nem nos casos de contratação com
§ 1º A exigência de índices limitar-se-á à demonstração da empresa estrangeira, para a compra de equipamentos
capacidade financeira do licitante com vistas aos compromissos fabricados e entregues no exterior, desde que para este caso
que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o contrato, tenha havido prévia autorização do Chefe do Poder Executivo,
vedada a exigência de valores mínimos de faturamento anterior, nem nos casos de aquisição de bens e serviços realizada por
índices de rentabilidade ou lucratividade. unidades administrativas com sede no exterior.
§ 2º A Administração, nas compras para entrega futura e na § 7º A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 e este
execução de obras e serviços, poderá estabelecer, no artigo poderá ser dispensada, nos termos de regulamento, no
instrumento convocatório da licitação, a exigência de capital todo ou em parte, para a contratação de produto para pesquisa
mínimo ou de patrimônio líquido mínimo, ou ainda as garantias e desenvolvimento, desde que para pronta entrega ou até o valor
previstas no § 1o do art. 56 desta Lei, como dado objetivo de previsto na alínea “a” do inciso II do caput do art. 23. (Incluído
comprovação da qualificação econômico-financeira dos pela Lei nº 13.243, de 2016).
licitantes e para efeito de garantia ao adimplemento do
contrato a ser ulteriormente celebrado. Art. 33. Quando permitida na licitação a participação de
§ 3º O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que empresas em consórcio, observar-se-ão as seguintes normas:
se refere o parágrafo anterior não poderá exceder a 10% (dez I - comprovação do compromisso público ou particular de
por cento) do valor estimado da contratação, devendo a constituição de consórcio, subscrito pelos consorciados;
comprovação ser feita relativamente à data da apresentação da II - indicação da empresa responsável pelo consórcio que
proposta, na forma da lei, admitida a atualização para esta data deverá atender às condições de liderança, obrigatoriamente
através de índices oficiais. fixadas no edital;
§ 4º Poderá ser exigida, ainda, a relação dos compromissos III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28 a 31
assumidos pelo licitante que importem diminuição da desta Lei por parte de cada consorciado, admitindo-se, para
capacidade operativa ou absorção de disponibilidade efeito de qualificação técnica, o somatório dos quantitativos de
financeira, calculada esta em função do patrimônio líquido cada consorciado, e, para efeito de qualificação econômico-
atualizado e sua capacidade de rotação. financeira, o somatório dos valores de cada consorciado, na
§ 5º A comprovação de boa situação financeira da empresa proporção de sua respectiva participação, podendo a
será feita de forma objetiva, através do cálculo de índices Administração estabelecer, para o consórcio, um acréscimo de
contábeis previstos no edital e devidamente justificados no até 30% (trinta por cento) dos valores exigidos para licitante
processo administrativo da licitação que tenha dado início ao individual, inexigível este acréscimo para os consórcios
certame licitatório, vedada a exigência de índices e valores não compostos, em sua totalidade, por micro e pequenas empresas
usualmente adotados para correta avaliação de situação assim definidas em lei;
financeira suficiente ao cumprimento das obrigações
decorrentes da licitação.

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IV - impedimento de participação de empresa consorciada, Seção IV


na mesma licitação, através de mais de um consórcio ou Do Procedimento e Julgamento
isoladamente;
V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a
praticados em consórcio, tanto na fase de licitação quanto na de abertura de processo administrativo, devidamente autuado,
execução do contrato. protocolado e numerado, contendo a autorização respectiva, a
§ 1º No consórcio de empresas brasileiras e estrangeiras a indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a
liderança caberá, obrigatoriamente, à empresa brasileira, despesa, e ao qual serão juntados oportunamente:
observado o disposto no inciso II deste artigo. I - edital ou convite e respectivos anexos, quando for o caso;
§ 2º O licitante vencedor fica obrigado a promover, antes da II - comprovante das publicações do edital resumido, na
celebração do contrato, a constituição e o registro do consórcio, forma do art. 21 desta Lei, ou da entrega do convite;
nos termos do compromisso referido no inciso I deste artigo. III - ato de designação da comissão de licitação, do leiloeiro
administrativo ou oficial, ou do responsável pelo convite;
Seção III IV - original das propostas e dos documentos que as
Dos Registros Cadastrais instruírem;
V - atas, relatórios e deliberações da Comissão Julgadora;
Art. 34. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a
Administração Pública que realizem frequentemente licitações licitação, dispensa ou inexigibilidade;
manterão registros cadastrais para efeito de habilitação, na VII - atos de adjudicação do objeto da licitação e da sua
forma regulamentar, válidos por, no máximo, um ano. homologação;
(Regulamento) VIII - recursos eventualmente apresentados pelos licitantes
§ 1º O registro cadastral deverá ser amplamente divulgado e respectivas manifestações e decisões;
e deverá estar permanentemente aberto aos interessados, IX - despacho de anulação ou de revogação da licitação,
obrigando-se a unidade por ele responsável a proceder, no quando for o caso, fundamentado circunstanciadamente;
mínimo anualmente, através da imprensa oficial e de jornal X - termo de contrato ou instrumento equivalente, conforme
diário, a chamamento público para a atualização dos registros o caso;
existentes e para o ingresso de novos interessados. XI - outros comprovantes de publicações;
§ 2º É facultado às unidades administrativas utilizarem-se XII - demais documentos relativos à licitação.
de registros cadastrais de outros órgãos ou entidades da Parágrafo único. As minutas de editais de licitação, bem
Administração Pública. como as dos contratos, acordos, convênios ou ajustes devem ser
previamente examinadas e aprovadas por assessoria jurídica da
Art. 35. Ao requerer inscrição no cadastro, ou atualização Administração.
deste, a qualquer tempo, o interessado fornecerá os elementos
necessários à satisfação das exigências do art. 27 desta Lei. Procedimento da licitação

Art. 36. Os inscritos serão classificados por categorias, A licitação, procedimento administrativo que visa
tendo-se em vista sua especialização, subdivididas em grupos, selecionar a proposta mais vantajosa para a contratação com a
segundo a qualificação técnica e econômica avaliada pelos Administração, é um conjunto de atos que pode ser dividido
elementos constantes da documentação relacionada nos arts. 30 em diversas fases.
e 31 desta Lei. Alguns autores entendem que o ato em que se inicia a
§ 1º Aos inscritos será fornecido certificado, renovável licitação é a publicação do instrumento convocatório. O art. 38
sempre que atualizarem o registro. da Lei n. 8.666/93, no seu caput, entretanto, dispõe que o
§ 2º A atuação do licitante no cumprimento de obrigações procedimento da licitação será iniciado com a abertura do
assumidas será anotada no respectivo registro cadastral. processo administrativo (que ocorre antes da publicação do
instrumento convocatório).
Art. 37. A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso ou
cancelado o registro do inscrito que deixar de satisfazer as Os autores dividem a licitação em duas fases: interna e
exigências do art. 27 desta Lei, ou as estabelecidas para externa.
classificação cadastral.
A fase interna tem início com a decisão de realizar o
Questão procedimento licitatório. Reúne todos os atos que, pela lei,
devem anteceder o momento da publicação do instrumento
01. (ANS- Ativ. Tec. de Complexidade – Direito – convocatório.
FUNCAB) Relativamente às normas de concessão de serviços Não há uma definição da sequência dos atos que devem ser
públicos, a caducidade, entendida como: praticados na fase interna, o que fica a critério de cada
(A) extinção natural do contrato pelo término do prazo Administração. Com a publicação do instrumento
pactuado. convocatório, encerra-se a fase interna.
(B) descumprimento das normas contratuais por culpa A fase externa é iniciada com a publicação do instrumento
recíproca entre o concedente e o concessionário. convocatório, que se destina aos interessados em contratar
(C) extinção do contrato decorrente por culpa exclusiva do com a Administração.
contratado. Nessa fase, as etapas do processo são perfeitamente
(D) decorre da extinção do contrato na hipótese de definidas e a sequência deve ser obrigatoriamente observada:
falência. 1. Edital: Reflete a lei interna das licitações e obriga as
(E) retomada do serviço público pelo poder concedente partes envolvidas às suas regras, decorrência do princípio da
por razões de interesse público. vinculação ao edital, que deve ser respeitado tanto pela
Administração quanto pelos participantes.
Gabarito 2. Apresentação da documentação e das propostas: As
propostas são as ofertas feitas pelos licitantes. A lei exige um
01. C. prazo mínimo a ser observado entre o momento da publicação
do instrumento convocatório e o da apresentação das

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propostas. Esse prazo variará de acordo com a modalidade, o b) Controle externo: Como dito acima com a publicação do
tipo e a natureza do contrato (art. 21 da Lei n. 8.666/93). instrumento convocatório, encerra-se a fase interna da
3. Habilitação: Nessa fase, o objetivo da Administração licitação.
Pública é o conhecimento das condições pessoais de cada Ao dar início a fase externa da licitação, abre-se aos
licitante. O órgão competente examinará a documentação interessados, a oportunidade para contratar com a
apresentada, habilitando-a ou não. Administração Pública, e é neste momento que se torna
4. Classificação: É a etapa do procedimento licitatório em possível, a impugnação do instrumento convocatório, que deu
que são apreciadas e julgadas as propostas dos licitantes publicidade ao certame.
habilitados. Nesse momento, serão abertos os envelopes das Desta maneira, para que não ocorra irregularidades, a lei
propostas comerciais. 8666/936, em seu artigo 41, traz duas formas de impugnação
5. Homologação: É o ato administrativo pelo qual a ao edital, seja feita tanto pelo cidadão quanto pelo próprio
autoridade superior manifesta sua concordância com a licitante.
legalidade e conveniência do procedimento licitatório. Ultrapassado os obstáculos, o instrumento convocatório
6. Adjudicação: É o ato administrativo pelo qual se declara será publicado, abrindo-se a fase externa da licitação, onde
como satisfatória a proposta vencedora do procedimento e se será realizada a análise das condições para a habilitação, dos
afirma a intenção de celebrar o contrato com o seu ofertante. interessados e de suas respectivas propostas.
Importante dizer que no procedimento licitatório não se
Invalidação pode passar de uma etapa para outra, enquanto se não houver
Os fundamentos que norteiam a invalidação da licitação exaurido a anterior.
está amparado nos princípios da legalidade e da autotutela.
Como a Administração Pública não pode conviver com atos Minuta trata-se da primeira redação de um documento ou
ilegais deverá na maioria das vezes anular o ato que esteja de qualquer escrito. É uma espécie de esboço do texto.
eivado de vícios. Contudo, se a ilegalidade for praticada ao Como minuta de edital, podemos dar o seguinte exemplo:
longo do procedimento licitatório, ao invés de homologar,
caberá a autoridade competente anular a licitação. Minuta de edital padrão - Serviços comuns5
Especificamente ao momento da invalidação, este ocorrerá A presente Minuta de Edital Padrão foi aprovada pela
em momentos distintos dos explanados acima. Caso a Procuradoria-Geral do Distrito Federal-PGDF, por meio do
Administração Pública reconheça a ilegalidade durante a Parecer n.º 139/2012-Procad/ PGDF e alterada pelos
execução do contrato, mediante a impossibilidade de Pareceres n.º 176/2013, 697/2013, 577/2013, 825/2014 e
convalidação, deverá invalidar o ato ou a fase viciada da 234/2015. Não se trata de certame referente à eventual
licitação, caso o ato viciado seja insanável, levando a rescisão licitação, mas sim de um modelo para a contratação de
contratual, sem prejuízo da indenização do contratado. serviços comuns junto à Secretaria de Estado de Fazenda do
Segundo Adilson Abreu Dallari: Distrito Federal. (Processo n.º 040.000.475/2012)
“A invalidação se propõe como obrigatória, porque, se o
ato não comporta convalidação, inexiste outra forma de a Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma licitação ou
Administração Pública restaurar a legalidade violada. Ora, a para um conjunto de licitações simultâneas ou sucessivas for
restauração do direito é para ela obrigatória por força do superior a 100 (cem) vezes o limite previsto no art. 23, inciso I,
princípio da legalidade. Logo, toda vez que o ato não seja alínea "c" desta Lei, o processo licitatório será iniciado,
convalidável, só lhe resta o dever de invalidar.” obrigatoriamente, com uma audiência pública concedida pela
autoridade responsável com antecedência mínima de 15
Controle (quinze) dias úteis da data prevista para a publicação do edital,
Por ser constituído de caráter público, o procedimento e divulgada, com a antecedência mínima de 10 (dez) dias úteis
licitatório se sujeita a algumas formas de controle. O controle de sua realização, pelos mesmos meios previstos para a
pode se dar por aqueles que atuam, como por aqueles que publicidade da licitação, à qual terão acesso e direito a todas as
manifestem seu interesse em exercer seu direito de informações pertinentes e a se manifestar todos os interessados.
fiscalização legitimado em lei. Parágrafo único. Para os fins deste artigo, consideram-se
As formas de controle licitatório podem ser externo e licitações simultâneas aquelas com objetos similares e com
interno. realização prevista para intervalos não superiores a trinta dias
e licitações sucessivas aquelas em que, também com objetos
a) Controle interno: refere-se aos atos emanados da fase de similares, o edital subsequente tenha uma data anterior a cento
licitação. Compreende a prática de uma série de atos e vinte dias após o término do contrato resultante da licitação
ordenados, com fulcro na lei. Corresponde aos atos antecedente.
preparatórios, anteriores à convocação dos interessados em Quanto ao edital de licitação, este reflete a lei interna das
contratar com a Administração Pública. licitações e obriga as partes envolvidas às suas regras,
Os atos necessários para a licitação devem observar os decorrência do princípio da vinculação ao edital, que deve ser
estritos termos da lei, qualquer ato em desacordo com o respeitado tanto pela Administração quanto pelos
certame legal poderá ser anulado. participantes.
Portanto, na fase interna, tem-se que durante a prática dos
atos necessários e indispensáveis para o desencadeamento da Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem
licitação, os agentes que nela atuam devem observar com em série anual, o nome da repartição interessada e de seu setor,
afinco a lei, que é seu horizonte limitador, quanto ao exercício a modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a
de suas funções. Qualquer ato em desconformidade com o menção de que será regida por esta Lei, o local, dia e hora para
mandamento legal, torna-se passível de nulidade. recebimento da documentação e proposta, bem como para início
Com a publicação do ato convocatório, encerra-se a fase da abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o
interna da licitação, prosseguindo-se à sua fase externa. seguinte:
I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara;

5 http://www.fazenda.df.gov.br/area.cfm?id_area=754

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II - prazo e condições para assinatura do contrato ou III - a minuta do contrato a ser firmado entre a
retirada dos instrumentos, como previsto no art. 64 desta Lei, Administração e o licitante vencedor;
para execução do contrato e para entrega do objeto da licitação; IV - as especificações complementares e as normas de
III - sanções para o caso de inadimplemento; execução pertinentes à licitação.
IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o projeto § 3º Para efeito do disposto nesta Lei, considera-se como
básico; adimplemento da obrigação contratual a prestação do serviço,
V - se há projeto executivo disponível na data da publicação a realização da obra, a entrega do bem ou de parcela destes, bem
do edital de licitação e o local onde possa ser examinado e como qualquer outro evento contratual a cuja ocorrência esteja
adquirido; vinculada a emissão de documento de cobrança.
VI - condições para participação na licitação, em § 4º Nas compras para entrega imediata, assim entendidas
conformidade com os arts. 27 a 31 desta Lei, e forma de aquelas com prazo de entrega até trinta dias da data prevista
apresentação das propostas; para apresentação da proposta, poderão ser dispensadas:
VII - critério para julgamento, com disposições claras e I - o disposto no inciso XI deste artigo;
parâmetros objetivos; II - a atualização financeira a que se refere a alínea "c" do
VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios de inciso XIV deste artigo, correspondente ao período
comunicação à distância em que serão fornecidos elementos, compreendido entre as datas do adimplemento e a prevista para
informações e esclarecimentos relativos à licitação e às o pagamento, desde que não superior a quinze dias.
condições para atendimento das obrigações necessárias ao § 5º A Administração Pública poderá, nos editais de licitação
cumprimento de seu objeto; para a contratação de serviços, exigir da contratada que um
IX - condições equivalentes de pagamento entre empresas percentual mínimo de sua mão de obra seja oriundo ou egresso
brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações internacionais; do sistema prisional, com a finalidade de ressocialização do
X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e global, reeducando, na forma estabelecida em regulamento.
conforme o caso, permitida a fixação de preços máximos e (Incluído pela Lei nº 13.500, de 2017)
vedados a fixação de preços mínimos, critérios estatísticos ou
faixas de variação em relação a preços de referência, ressalvado As regras constantes do edital poderão ser impugnadas
o disposto nos parágrafos 1º e 2º do art. 48; pelos licitantes (no prazo de dois dias) ou por qualquer
XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação cidadão (art. 41, § 1.º) que entender ser o edital
efetiva do custo de produção, admitida a adoção de índices discriminatório ou omisso em pontos essenciais.
específicos ou setoriais, desde a data prevista para apresentação
da proposta, ou do orçamento a que essa proposta se referir, até Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e
a data do adimplemento de cada parcela; condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada.
XII - (Vetado). § 1º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital
XIII - limites para pagamento de instalação e mobilização de licitação por irregularidade na aplicação desta Lei, devendo
para execução de obras ou serviços que serão obrigatoriamente protocolar o pedido até 5 (cinco) dias úteis antes da data fixada
previstos em separado das demais parcelas, etapas ou tarefas; para a abertura dos envelopes de habilitação, devendo a
XIV - condições de pagamento, prevendo: Administração julgar e responder à impugnação em até 3
a) prazo de pagamento não superior a trinta dias, contado (três) dias úteis, sem prejuízo da faculdade prevista no § 1o do
a partir da data final do período de adimplemento de cada art. 113.
parcela; § 2º Decairá do direito de impugnar os termos do edital de
b) cronograma de desembolso máximo por período, em licitação perante a administração o licitante que não o fizer até
conformidade com a disponibilidade de recursos financeiros; o segundo dia útil que anteceder a abertura dos envelopes de
O cronograma de desembolso, também conhecido como habilitação em concorrência, a abertura dos envelopes com as
cronograma físico-financeiro é a exposição das etapas dos propostas em convite, tomada de preços ou concurso, ou a
serviços. Geralmente ocorrem mensalmente, até que se chegue realização de leilão, as falhas ou irregularidades que viciariam
ao prazo total da contratação, mediante a correspondência esse edital, hipótese em que tal comunicação não terá efeito de
desses serviços que também se dão em valor financeiro, até recurso.
que se atinja 100% do valor orçado. § 3º A impugnação feita tempestivamente pelo licitante não
c) critério de atualização financeira dos valores a serem o impedirá de participar do processo licitatório até o trânsito
pagos, desde a data final do período de adimplemento de cada em julgado da decisão a ela pertinente.
parcela até a data do efetivo pagamento; § 4º A inabilitação do licitante importa preclusão do seu
d) compensações financeiras e penalizações, por eventuais direito de participar das fases subsequentes.
atrasos, e descontos, por eventuais antecipações de pagamentos;
e) exigência de seguros, quando for o caso; Art. 42. Nas concorrências de âmbito internacional, o edital
XV - instruções e normas para os recursos previstos nesta deverá ajustar-se às diretrizes da política monetária e do
Lei; comércio exterior e atender às exigências dos órgãos
XVI - condições de recebimento do objeto da licitação; competentes.
XVII - outras indicações específicas ou peculiares da § 1º Quando for permitido ao licitante estrangeiro cotar
licitação. preço em moeda estrangeira, igualmente o poderá fazer o
§ 1º O original do edital deverá ser datado, rubricado em licitante brasileiro.
todas as folhas e assinado pela autoridade que o expedir, § 2º O pagamento feito ao licitante brasileiro eventualmente
permanecendo no processo de licitação, e dele extraindo-se contratado em virtude da licitação de que trata o parágrafo
cópias integrais ou resumidas, para sua divulgação e anterior será efetuado em moeda brasileira, à taxa de câmbio
fornecimento aos interessados. vigente no dia útil imediatamente anterior à data do efetivo
§ 2º Constituem anexos do edital, dele fazendo parte pagamento.
integrante: § 3º As garantias de pagamento ao licitante brasileiro serão
I - o projeto básico e/ou executivo, com todas as suas partes, equivalentes àquelas oferecidas ao licitante estrangeiro.
desenhos, especificações e outros complementos; § 4º Para fins de julgamento da licitação, as propostas
II - orçamento estimado em planilhas de quantitativos e apresentadas por licitantes estrangeiros serão acrescidas dos
preços unitários; gravames consequentes dos mesmos tributos que oneram

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exclusivamente os licitantes brasileiros quanto à operação final os quais não devem contrariar as normas e princípios
de venda. estabelecidos por esta Lei.
§ 5º Para a realização de obras, prestação de serviços ou § 1º É vedada a utilização de qualquer elemento, critério ou
aquisição de bens com recursos provenientes de financiamento fator sigiloso, secreto, subjetivo ou reservado que possa ainda
ou doação oriundos de agência oficial de cooperação que indiretamente elidir o princípio da igualdade entre os
estrangeira ou organismo financeiro multilateral de que o Brasil licitantes.
seja parte, poderão ser admitidas, na respectiva licitação, as § 2º Não se considerará qualquer oferta de vantagem não
condições decorrentes de acordos, protocolos, convenções ou prevista no edital ou no convite, inclusive financiamentos
tratados internacionais aprovados pelo Congresso Nacional, subsidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vantagem
bem como as normas e procedimentos daquelas entidades, baseada nas ofertas dos demais licitantes.
inclusive quanto ao critério de seleção da proposta mais § 3º Não se admitirá proposta que apresente preços global
vantajosa para a administração, o qual poderá contemplar, ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor zero,
além do preço, outros fatores de avaliação, desde que por elas incompatíveis com os preços dos insumos e salários de mercado,
exigidos para a obtenção do financiamento ou da doação, e que acrescidos dos respectivos encargos, ainda que o ato
também não conflitem com o princípio do julgamento objetivo e convocatório da licitação não tenha estabelecido limites
sejam objeto de despacho motivado do órgão executor do mínimos, exceto quando se referirem a materiais e instalações
contrato, despacho esse ratificado pela autoridade de propriedade do próprio licitante, para os quais ele renuncie a
imediatamente superior. parcela ou à totalidade da remuneração.
§ 6º As cotações de todos os licitantes serão para entrega no § 4º O disposto no parágrafo anterior aplica-se também às
mesmo local de destino. propostas que incluam mão-de-obra estrangeira ou
importações de qualquer natureza.
Art. 43. A licitação será processada e julgada com
observância dos seguintes procedimentos: Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo
I - abertura dos envelopes contendo a documentação a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo
relativa à habilitação dos concorrentes, e sua apreciação; em conformidade com os tipos de licitação, os critérios
II - devolução dos envelopes fechados aos concorrentes previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com
inabilitados, contendo as respectivas propostas, desde que não os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a
tenha havido recurso ou após sua denegação; possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de
III - abertura dos envelopes contendo as propostas dos controle.
concorrentes habilitados, desde que transcorrido o prazo sem § 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de
interposição de recurso, ou tenha havido desistência expressa, licitação, exceto na modalidade concurso:
ou após o julgamento dos recursos interpostos; I - a de menor preço - quando o critério de seleção da
IV - verificação da conformidade de cada proposta com os proposta mais vantajosa para a Administração determinar que
requisitos do edital e, conforme o caso, com os preços correntes será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo
no mercado ou fixados por órgão oficial competente, ou ainda com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor
com os constantes do sistema de registro de preços, os quais preço;
deverão ser devidamente registrados na ata de julgamento, II - a de melhor técnica;
promovendo-se a desclassificação das propostas desconformes III - a de técnica e preço.
ou incompatíveis; IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de
V - julgamento e classificação das propostas de acordo com bens ou concessão de direito real de uso.
os critérios de avaliação constantes do edital; § 2º No caso de empate entre duas ou mais propostas, e após
VI - deliberação da autoridade competente quanto à obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei, a classificação
homologação e adjudicação do objeto da licitação. se fará, obrigatoriamente, por sorteio, em ato público, para o
§ 1º A abertura dos envelopes contendo a documentação qual todos os licitantes serão convocados, vedado qualquer
para habilitação e as propostas será realizada sempre em ato outro processo.
público previamente designado, do qual se lavrará ata § 3º No caso da licitação do tipo "menor preço", entre os
circunstanciada, assinada pelos licitantes presentes e pela licitantes considerados qualificados a classificação se dará pela
Comissão. ordem crescente dos preços propostos, prevalecendo, no caso de
§ 2º Todos os documentos e propostas serão rubricados empate, exclusivamente o critério previsto no parágrafo
pelos licitantes presentes e pela Comissão. anterior.
§ 3º É facultada à Comissão ou autoridade superior, em § 4º Para contratação de bens e serviços de informática, a
qualquer fase da licitação, a promoção de diligência destinada administração observará o disposto no art. 3o da Lei no 8.248, de
a esclarecer ou a complementar a instrução do processo, vedada 23 de outubro de 1991, levando em conta os fatores
a inclusão posterior de documento ou informação que deveria especificados em seu parágrafo 2o e adotando obrigatoriamente
constar originariamente da proposta. o tipo de licitação "técnica e preço", permitido o emprego de
§ 4º O disposto neste artigo aplica-se à concorrência e, no outro tipo de licitação nos casos indicados em decreto do Poder
que couber, ao concurso, ao leilão, à tomada de preços e ao Executivo.
convite. § 5º É vedada a utilização de outros tipos de licitação não
§ 5º Ultrapassada a fase de habilitação dos concorrentes previstos neste artigo.
(incisos I e II) e abertas as propostas (inciso III), não cabe § 6º Na hipótese prevista no art. 23, § 7º, serão selecionadas
desclassificá-los por motivo relacionado com a habilitação, tantas propostas quantas necessárias até que se atinja a
salvo em razão de fatos supervenientes ou só conhecidos após o quantidade demandada na licitação.
julgamento.
§ 6º Após a fase de habilitação, não cabe desistência de Tipos de licitação
proposta, salvo por motivo justo decorrente de fato
superveniente e aceito pela Comissão. O rol de tipos de licitação também é taxativo e está
codificado no artigo 45 da Lei 8.666/93:
Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão levará em Menor preço: é o tipo de licitação cujo critério de seleção
consideração os critérios objetivos definidos no edital ou convite, é o da proposta mais vantajosa para a Administração de menor
preço. É feito para compras e serviços de forma geral e para

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contratação e bens e serviços de informática, nas hipóteses I - será feita a avaliação e a valorização das propostas de
indicadas em decreto do Poder Executivo. preços, de acordo com critérios objetivos preestabelecidos no
Melhor técnica: é o tipo de licitação cuja proposta mais instrumento convocatório;
vantajosa para a Administração é escolhida com fulcro em II - a classificação dos proponentes far-se-á de acordo com a
fatores de ordem técnica. Seu uso é exclusivo para serviços de média ponderada das valorizações das propostas técnicas e de
natureza predominantemente intelectual, principalmente na preço, de acordo com os pesos preestabelecidos no instrumento
elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e convocatório.
gerenciamento e de engenharia consultiva em geral, e em § 3º Excepcionalmente, os tipos de licitação previstos neste
particular, para elaboração de estudos técnicos preliminares e artigo poderão ser adotados, por autorização expressa e
projetos básicos e executivos. mediante justificativa circunstanciada da maior autoridade da
Técnica e preço: é o tipo de licitação onde a proposta mais Administração promotora constante do ato convocatório, para
vantajosa para a Administração tem base na maior média fornecimento de bens e execução de obras ou prestação de
ponderada, considerando-se as notas obtidas nas propostas de serviços de grande vulto majoritariamente dependentes de
preço e de técnica. É obrigatório na contratação de bens e tecnologia nitidamente sofisticada e de domínio restrito,
serviços de informática, nas modalidades tomada de preços e atestado por autoridades técnicas de reconhecida qualificação,
concorrência. nos casos em que o objeto pretendido admitir soluções
Maior lance: apropriado para os casos de leilão, que se alternativas e variações de execução, com repercussões
trata de modalidade licitatória, que utiliza sempre para a significativas sobre sua qualidade, produtividade, rendimento e
escolha do vencedor, o maior lance, igual ou superior ao da durabilidade concretamente mensuráveis, e estas puderem ser
avaliação, feito pelo ente público. adotadas à livre escolha dos licitantes, na conformidade dos
Quando se define o critério de escolha do vencedor a ser critérios objetivamente fixados no ato convocatório.
utilizado no procedimento licitatório, o que ficar instituído no § 4º (Vetado).
instrumento convocatório do certame, não servirá para que a
Administração Pública se utilize para selecionar a proposta Art. 47. Nas licitações para a execução de obras e serviços,
mais vantajosa. quando for adotada a modalidade de execução de empreitada
por preço global, a Administração deverá fornecer
Art. 46. Os tipos de licitação "melhor técnica" ou "técnica e obrigatoriamente, junto com o edital, todos os elementos e
preço" serão utilizados exclusivamente para serviços de informações necessários para que os licitantes possam elaborar
natureza predominantemente intelectual, em especial na suas propostas de preços com total e completo conhecimento do
elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e objeto da licitação.
gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em
particular, para a elaboração de estudos técnicos preliminares Art. 48. Serão desclassificadas:
e projetos básicos e executivos, ressalvado o disposto no § 4º do I - as propostas que não atendam às exigências do ato
artigo anterior. convocatório da licitação;
§ 1º Nas licitações do tipo "melhor técnica" será adotado o II - propostas com valor global superior ao limite
seguinte procedimento claramente explicitado no instrumento estabelecido ou com preços manifestamente inexequíveis, assim
convocatório, o qual fixará o preço máximo que a Administração considerados aqueles que não venham a ter demonstrada sua
se propõe a pagar: viabilidade através de documentação que comprove que os
I - serão abertos os envelopes contendo as propostas técnicas custos dos insumos são coerentes com os de mercado e que os
exclusivamente dos licitantes previamente qualificados e feita coeficientes de produtividade são compatíveis com a execução
então a avaliação e classificação destas propostas de acordo do objeto do contrato, condições estas necessariamente
com os critérios pertinentes e adequados ao objeto licitado, especificadas no ato convocatório da licitação.
definidos com clareza e objetividade no instrumento § 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo
convocatório e que considerem a capacitação e a experiência do consideram-se manifestamente inexequíveis, no caso de
proponente, a qualidade técnica da proposta, compreendendo licitações de menor preço para obras e serviços de engenharia,
metodologia, organização, tecnologias e recursos materiais a as propostas cujos valores sejam inferiores a 70% (setenta por
serem utilizados nos trabalhos, e a qualificação das equipes cento) do menor dos seguintes valores:
técnicas a serem mobilizadas para a sua execução; a) média aritmética dos valores das propostas superiores a
II - uma vez classificadas as propostas técnicas, proceder-se- 50% (cinquenta por cento) do valor orçado pela administração,
á à abertura das propostas de preço dos licitantes que tenham ou
atingido a valorização mínima estabelecida no instrumento b) valor orçado pela administração.
convocatório e à negociação das condições propostas, com a § 2º Dos licitantes classificados na forma do parágrafo
proponente melhor classificada, com base nos orçamentos anterior cujo valor global da proposta for inferior a 80%
detalhados apresentados e respectivos preços unitários e tendo (oitenta por cento) do menor valor a que se referem as alíneas
como referência o limite representado pela proposta de menor "a" e "b", será exigida, para a assinatura do contrato, prestação
preço entre os licitantes que obtiveram a valorização mínima; de garantia adicional, dentre as modalidades previstas no § 1º
III - no caso de impasse na negociação anterior, do art. 56, igual a diferença entre o valor resultante do
procedimento idêntico será adotado, sucessivamente, com os parágrafo anterior e o valor da correspondente proposta.
demais proponentes, pela ordem de classificação, até a § 3º Quando todos os licitantes forem inabilitados ou todas
consecução de acordo para a contratação; as propostas forem desclassificadas, a administração poderá
IV - as propostas de preços serão devolvidas intactas aos fixar aos licitantes o prazo de oito dias úteis para a
licitantes que não forem preliminarmente habilitados ou que apresentação de nova documentação ou de outras propostas
não obtiverem a valorização mínima estabelecida para a escoimadas das causas referidas neste artigo, facultada, no caso
proposta técnica. de convite, a redução deste prazo para três dias úteis.
§ 2º Nas licitações do tipo "técnica e preço" será adotado,
adicionalmente ao inciso I do parágrafo anterior, o seguinte Desclassificação das propostas
procedimento claramente explicitado no instrumento
convocatório: Admite-se que o instrumento convocatório contenha um
parâmetro relativo ao valor do objeto. O licitante que

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apresentar uma proposta abaixo do parâmetro mínimo A revogação também está disciplinada no art. 49 da Lei n.
especificado deverá demonstrar como executará o contrato. 8.666/93, que restringiu o campo discricionário da
Caso demonstre, a proposta poderá ser classificada; se não Administração: para uma licitação ser revogada, é necessário
demonstrar, será desclassificada. um fato superveniente, comprovado, pertinente e suficiente
Há certas hipóteses em que a estipulação do valor mínimo para justificá-lo.
é obrigatória, como nos contratos que envolvem serviços de Somente se justifica a revogação quando houver um fato
engenharia. Nesses casos, sempre que a proposta estiver posterior à abertura da licitação e quando o fato for pertinente,
abaixo do percentual que a lei prescreve, o licitante deverá ou seja, quando possuir uma relação lógica com a revogação da
demonstrar como cumprirá o contrato (é um parâmetro legal licitação. Ainda deve ser suficiente, quando a intensidade do
que independe da vontade do administrador). fato justificar a revogação. Deve ser respeitado o direito ao
Se uma proposta trouxer uma vantagem extraordinária contraditório e ampla defesa, e a revogação deverá ser feita
que não esteja explícita no instrumento convocatório, a mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.
Administração deve desconsiderá-la, como se não estivesse Quanto à indenização, no caso, a lei foi omissa, fazendo
escrita, e julgar apenas a parte que está em conformidade com alguns autores entenderem que há o dever de indenizar,
o instrumento convocatório. fundamentado no art. 37, § 6.º, da Constituição Federal de
Se todas as propostas forem inabilitadas ou 1988. A posição intermediária, entretanto, entende que
desclassificadas, verifica-se o que se chama de “licitação somente haveria indenização nos casos de adjudicação em
fracassada”. Nesse caso, a lei faculta à Administração tentar relação ao adjudicatário pelos prejuízos que sofreu, mas não
“salvar” a licitação, permitindo que todos os inabilitados pelos lucros cessantes
apresentem nova documentação ou todos os desclassificados
apresentem nova proposta (o prazo para apresentação de Anulação
documentos ou propostas é de oito dias).
Quando o tipo de licitação for o de melhor técnica, Anular é extinguir um ato ou um conjunto de atos em razão
processa-se de acordo com o regulado pelo art. 46, §1.º, da Lei de sua ilegalidade. Quando se fala, portanto, em anulação de
n. 8.666/93. Deverão ser apresentados dois envelopes. Os da uma licitação, pressupõe-se a ilegalidade da mesma, pois
proposta técnica deverão ser abertos primeiro. Com o anula-se o que é ilegítimo. A licitação poderá ser anulada pela
resultado do julgamento técnico, abrem-se os envelopes da via administrativa ou pela via judiciária.
proposta preço. O administrador deverá comparar o preço A anulação de uma licitação pode ser total (se o vício
apresentado pelo licitante vencedor do julgamento técnico atingir a origem dos atos licitatórios) ou parcial (se o vício
com o menor preço apresentado pelos demais licitantes. Se o atingir parte dos atos licitatórios).
preço do vencedor estiver muito acima, pode-se fazer uma A Anulação pela via administrativa está disciplinada no art.
tentativa de acordo para diminuição do valor; se não houver 49 da Lei 8.666/93. A autoridade competente para a
acordo, poderá ser afastado o primeiro colocado e iniciar-se-á aprovação do procedimento será competente para anular a
uma negociação com o segundo, e assim por diante. licitação. O § 3.º do mesmo art. dispõe, ainda, que, no caso de
Quando o tipo for técnica e preço, em primeiro lugar serão anulação da licitação, ficam assegurados o contraditório e a
abertos os envelopes da proposta técnica. Concluído o ampla defesa. A anulação da licitação deve vir acompanhada
julgamento, abrem-se os envelopes da proposta preço, de um parecer escrito e devidamente fundamentado.
havendo o julgamento deste. Encerrado, combinam-se as Nada impede que, após a assinatura do contrato, seja
propostas conforme o critério determinado no instrumento anulada a licitação e, reflexamente, também o contrato
convocatório. Nesse tipo de licitação, não se faz acordo como firmado com base nela (art. 49, § 2.º, da Lei n. 8.666/93).
no anterior. A anulação da licitação, em regra, não gera o dever de
indenizar (art. 49, § 1.º), salvo na hipótese do parágrafo único
Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do do art. 59 da Lei n. 8.666/93, que disciplina a indenização do
procedimento somente poderá revogar a licitação por razões de contratado se este não tiver dado causa ao vício que anulou o
interesse público decorrente de fato superveniente devidamente contrato (indenização pelos serviços prestados e pelos danos
comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, sofridos). Nos casos em que a anulação da licitação ocorrer
devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de após a assinatura do contrato e o contratado não tiver dado
terceiros, mediante parecer escrito e devidamente causa ao vício, será a Administração, portanto, obrigada a
fundamentado. indenizar.
§ 1º A anulação do procedimento licitatório por motivo de Há uma corrente intermediária que entende que o dever
ilegalidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado o de indenizar existirá se tiver ocorrido a adjudicação somente
disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei. em relação ao adjudicatário, independentemente da
§ 2º A nulidade do procedimento licitatório induz à do assinatura ou não do contrato.
contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59
desta Lei. Art. 50. A Administração não poderá celebrar o contrato
§ 3º No caso de desfazimento do processo licitatório, fica com preterição da ordem de classificação das propostas ou com
assegurado o contraditório e a ampla defesa. terceiros estranhos ao procedimento licitatório, sob pena de
§ 4º O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se aos nulidade.
atos do procedimento de dispensa e de inexigibilidade de
licitação. Art. 51. A habilitação preliminar, a inscrição em registro
cadastral, a sua alteração ou cancelamento, e as propostas
Revogação serão processadas e julgadas por comissão permanente ou
especial de, no mínimo, 3 (três) membros, sendo pelo menos 2
Revogar uma licitação é extingui-la por ser inconveniente (dois) deles servidores qualificados pertencentes aos quadros
ou inoportuna. permanentes dos órgãos da Administração responsáveis pela
Desde o momento em que a licitação foi aberta até o final licitação.
da mesma, pode-se falar em revogação. Após a assinatura do § 1º No caso de convite, a Comissão de licitação,
contrato, entretanto, não poderá haver a revogação da excepcionalmente, nas pequenas unidades administrativas e em
licitação. face da exiguidade de pessoal disponível, poderá ser substituída

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por servidor formalmente designado pela autoridade (B) Os tipos de licitação “melhor técnica” ou “técnica e
competente. preço” serão utilizados preferencialmente para serviços de
§ 2º A Comissão para julgamento dos pedidos de inscrição natureza predominantemente material
em registro cadastral, sua alteração ou cancelamento, será (C) Os tipos de licitação “melhor técnica” ou “técnica e
integrada por profissionais legalmente habilitados no caso de preço” serão utilizados para objetos de qualquer natureza
obras, serviços ou aquisição de equipamentos. (D) Os tipos de licitação “melhor técnica” ou “técnica e
§ 3º Os membros das Comissões de licitação responderão preço” serão utilizados preferencialmente para serviços de
solidariamente por todos os atos praticados pela Comissão, natureza predominantemente artística
salvo se posição individual divergente estiver devidamente (E) Os tipos de licitação “melhor técnica” ou “técnica e
fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em que preço” serão utilizados necessariamente para serviços de
tiver sido tomada a decisão. natureza gerencial
§ 4º A investidura dos membros das Comissões permanentes
não excederá a 1 (um) ano, vedada a recondução da totalidade 03. (ANS - Técnico em Regulação de Saúde
de seus membros para a mesma comissão no período Suplementar – FUNCAB/2016). Sobre o tema de anulação e
subsequente. revogação da licitação, é correto afirmar que:
§ 5º No caso de concurso, o julgamento será feito por uma (A) a autoridade competente para aprovação do
comissão especial integrada por pessoas de reputação ilibada e procedimento poderá anular a licitação por razões de
reconhecido conhecimento da matéria em exame, servidores interesse público.
públicos ou não. (B) a anulação do procedimento licitatório por motivo de
ilegalidade jamais gera a obrigação de indenizar.
Art. 52. O concurso a que se refere o § 4º do art. 22 desta Lei (C) no caso de desfazimento do processo licitatório, fica
deve ser precedido de regulamento próprio, a ser obtido pelos assegurado o contraditório e a ampla defesa.
interessados no local indicado no edital. (D) a declaração de nulidade do contrato administrativo
§ 1º O regulamento deverá indicar: opera efeitos ex nunc.
I - a qualificação exigida dos participantes; (E) a revogação ou anulação do procedimento licitatório,
II - as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho; inaplicável o contraditório e ampla defesa, pois os atos da
III - as condições de realização do concurso e os prêmios a administração gozam de presunção legalidade e legitimidade.
serem concedidos.
§ 2º Em se tratando de projeto, o vencedor deverá autorizar 04. (Câmara Municipal de Itatiba/SP - Auxiliar
a Administração a executá-lo quando julgar conveniente. Administrativo – VUNESP). O processo que equivale à
aprovação do procedimento licitatório é denominado
Art. 53. O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial ou a (A) homologação.
servidor designado pela Administração, procedendo-se na forma (B) adjudicação.
da legislação pertinente. (C) tomada de preços.
§ 1º Todo bem a ser leiloado será previamente avaliado pela (D) classificação.
Administração para fixação do preço mínimo de arrematação. (E) habilitação.
§ 2º Os bens arrematados serão pagos à vista ou no
percentual estabelecido no edital, não inferior a 5% (cinco por Gabarito
cento) e, após a assinatura da respectiva ata lavrada no local do
leilão, imediatamente entregues ao arrematante, o qual se 01. A/ 02. A/ 03. C/ 04. A.
obrigará ao pagamento do restante no prazo estipulado no
edital de convocação, sob pena de perder em favor da DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Administração o valor já recolhido.
§ 3º Nos leilões internacionais, o pagamento da parcela à Os contratos administrativos são aqueles celebrado pela
vista poderá ser feito em até vinte e quatro horas. Administração Pública, com base em normas de direito
§ 4ºO edital de leilão deve ser amplamente divulgado, público, com o propósito de satisfazer as necessidades de
principalmente no município em que se realizará. interesse público. Os contratos administrativos serão formais,
consensuais, comutativos e, em regra, intuitu personae (em
Questões razão da pessoa). As normas gerais sobre contrato de trabalho
são de competência da União, podendo os Estados, Distrito
01. (TRE/PE - Técnico Judiciário – Área Administrativa Federal e Municípios legislarem supletivamente.
– CESPE/2017). O edital de licitação terá de conter, Alguns doutrinadores entendem que não há contrato, pois
obrigatoriamente, se a Administração impõe o regime jurídico administrativo,
(A) indicação das sanções para o caso de inadimplemento. cabe ao particular segui-lo; também há mitigação de vontade,
(B) a descrição técnica detalhada, minuciosa e exauriente deixando de lado a igualdade entre as partes. Para outros, o
do objeto da licitação. contrato administrativo existe, apenas possui características
(C) a indicação de que os critérios para julgamento serão próprias de direito público. Esta última posição prevalece na
informados após a fase de habilitação. doutrina brasileira, que tende a classificar o contrato
(D) condições de pagamento que estabeleçam preferência administrativo como contrato de adesão, pois as cláusulas são
para empresas brasileiras. impostas unilateralmente pela Administração - em alguns
(E) a previsão de irrecorribilidade das decisões da casos, pode ocorrer predominância de direito privado.
comissão de licitação. Para Celso Antônio Bandeira de Mello, mesmo
reconhecendo que a doutrina majoritária aceita a designação
02. (EBSERH - Advogado – IBFC/2017). Tomando por “contrato administrativo”, assim o define “são relações
base as disposições da lei federal nº 8.666, de 21/06/1993, convencionais que por força de lei, de cláusulas contratuais ou
assinale a alternativa correta sobre procedimento e do objeto da relação jurídica situem a Administração em
julgamento posição peculiar em prol da satisfação do bem comum”.
(A) Os tipos de licitação “melhor técnica” ou “técnica e
preço” serão utilizados exclusivamente para serviços de
natureza predominantemente intelectual

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Características: Princípio da autonomia da vontade: é a liberdade de


contratação. A liberdade contratual confere às partes a criação
a) Presença do Poder Público: o Poder Público tem que de um contrato de acordo com as suas necessidades, como
estar presente no contrato. acontece nos contratos atípicos ou nos típicos, que consiste em
usar modelos previstos em lei. A limitação encontrada na
b) Contrato formal: tem várias formalidades previstas vontade contratual limita-se a uma norma de ordem pública,
pela lei; onde encontra-se imposições econômicas a essa vontade.

c) Contrato consensual: o contrato administrativo se Princípio da supremacia da ordem pública:


aperfeiçoa no momento da manifestação de vontade. Isso é primeiramente devemos saber o que significa interesse
diferente do contrato real, que só se aperfeiçoa a partir do público.Por interesse entende-se que corresponde a uma
momento em que há a entrega do bem (exemplo: contrato de porção de coletividade, que destina-se ao interesse de um
empréstimo). grupo social como um todo. É esse interesse que leva ao
princípio do interesse público.
d) Contrato Comutativo: é aquele que tem prestação e
contraprestação equivalentes e preestabelecidas. O contrato Princípio da força obrigatória: entende-se que o
comutativo é diferente do contrato aleatório. O contrato contrato é lei entre as partes, fazendo com que seja válido e
administrativo deve ser comutativo: prestação e eficaz para ser cumprido por ambas as partes, que é o caso do
contraprestação equivalentes e preestabelecidas. pacta sunt servant. É a base do direito contratual, devendo o
ordenamento conferir à parte instrumentos judiciários que
e) Contrato Personalíssimo: leva em consideração as obrigue o contratante a cumprir o contrato ou a indenizar as
qualidades pessoais do contrato. partes. Imagine se não existisse a obrigatoriedade desse
Se o contrato administrativo é personalíssimo, é possível cumprimento, como ficariam as relações ajustadas... Pela
subcontratar? A subcontratação não autorizada pela intangibilidade do contrato, ninguém pode alterar
Administração dá causa à rescisão contratual (artigo 78 da Lei unilateralmente o contrato, nem sequer o juiz. Isso ocorre em
8666). Assim, pela letra da lei, em regra não é possível virtude de terem as partes contratadas de livre e espontânea
subcontratação, salvo se houver autorização expressa da vontade e, submetido a sua vontade à restrição do
Administração a esse respeito. cumprimento contratual.
Para que a administração autorize, a doutrina majoritária
elenca mais 2 (dois) requisitos, a saber: Princípio da boa-fé contratual: para se chegar a
1) a subcontratada deve preencher os mesmos requisitos, perfeição do contrato, é preciso que exista boa- fé das partes
as mesmas condições exigidas na licitação; contratantes, antes, depois e durante o contrato, verificando se
2) a subcontratação deve ser parcial – não é admitida a essa boa fé está sendo descumprida. Para tanto, deve-se
subcontratação total do contrato, pois se for possível a observar as circunstâncias que foi celebrado o contrato, como
subcontratação total estar-se-ia desestimulando as empresas o nível de escolaridade entre os contratantes, o momento
a participarem da concorrência, podendo optar por aguardar histórico e econômico.
o vencedor e assumir o contrato como subcontratada.
Este princípio não está expresso na Constituição, por isso,
f) Contrato de Adesão: uma das partes tem o monopólio compete ao juiz analisar o comportamento dos contratantes.
da situação, ou seja, define as regras. À outra parte só resta a
opção de aderir ou não. Capítulo III
O licitante, quando vem para a licitação, já sabe que o DOS CONTRATOS
contrato é anexo do edital. Ele não poderá discutir as cláusulas Seção I
contratuais. Deverá aceitá-las na forma em que foram Disposições Preliminares
elaboradas. O monopólio da situação está nas mãos da
Administração. Não há debate de cláusula contratual. Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta Lei
regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito
g) Contrato bilateral: trata-se de acordo de vontades que público, aplicando-se-lhes, supletivamente, os princípios da
prevê obrigações e direitos de ambas as partes. teoria geral dos contratos e as disposições de direito privado.
§ 1º Os contratos devem estabelecer com clareza e precisão
Princípios as condições para sua execução, expressas em cláusulas que
definam os direitos, obrigações e responsabilidades das partes,
Para estudarmos sobre os princípios, vamos nos valer do em conformidade com os termos da licitação e da proposta a que
entendimento apontado por Hely Lopes Meirelles, que divide se vinculam.
os princípios dos contratos em 2 ordens, quais sejam: os § 2º Os contratos decorrentes de dispensa ou de
princípios expressos e os reconhecidos. inexigibilidade de licitação devem atender aos termos do ato que
os autorizou e da respectiva proposta.
Os princípios expressos estão elencados no artigo 37 da
Constituição Federal, que são as diretrizes fundamentais da Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que
administração, sendo válida sua conduta se for condizente estabeleçam:
com os princípios estabelecidos, quais sejam: legalidade, I - o objeto e seus elementos característicos;
impessoalidade, moralidade, eficiência e publicidade. II - o regime de execução ou a forma de fornecimento;
III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-
Os princípios reconhecidos, por sua vez, não possuem base e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de
previsão em lei, mas tem a função de orientar as diretrizes da atualização monetária entre a data do adimplemento das
administração pública, com pacífico reconhecimento da obrigações e a do efetivo pagamento;
doutrina e da jurisprudência. São eles: autonomia da vontade, IV - os prazos de início de etapas de execução, de conclusão,
supremacia da ordem pública, força obrigatória e a boa-fé de entrega, de observação e de recebimento definitivo, conforme
contratual. o caso;

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V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da prorrogados se houver interesse da Administração e desde que
classificação funcional programática e da categoria econômica; isso tenha sido previsto no ato convocatório;
VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena II - à prestação de serviços a serem executados de forma
execução, quando exigidas; contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais
VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e
penalidades cabíveis e os valores das multas; condições mais vantajosas para a administração, limitada a
VIII - os casos de rescisão; sessenta meses;
IX - o reconhecimento dos direitos da Administração, em III - (Vetado).
caso de rescisão administrativa prevista no art. 77 desta Lei; IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas
X - as condições de importação, a data e a taxa de câmbio de informática, podendo a duração estender-se pelo prazo de até
para conversão, quando for o caso; 48 (quarenta e oito) meses após o início da vigência do contrato.
XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a V - às hipóteses previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII e XXXI do
dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do licitante art. 24, cujos contratos poderão ter vigência por até 120 (cento
vencedor; e vinte) meses, caso haja interesse da administração.
XII - a legislação aplicável à execução do contrato e § 1º Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão
especialmente aos casos omissos; e de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais
XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a cláusulas do contrato e assegurada a manutenção de seu
execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações equilíbrio econômico-financeiro, desde que ocorra algum dos
por ele assumidas, todas as condições de habilitação e seguintes motivos, devidamente autuados em processo:
qualificação exigidas na licitação. I - alteração do projeto ou especificações, pela
§ 1º (Vetado). Administração;
§ 2º Nos contratos celebrados pela Administração Pública II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível,
com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive aquelas domiciliadas estranho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as
no estrangeiro, deverá constar necessariamente cláusula que condições de execução do contrato;
declare competente o foro da sede da Administração para III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do
dirimir qualquer questão contratual, salvo o disposto no § 6o do ritmo de trabalho por ordem e no interesse da Administração;
art. 32 desta Lei. IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no
§ 3º No ato da liquidação da despesa, os serviços de contrato, nos limites permitidos por esta Lei;
contabilidade comunicarão, aos órgãos incumbidos da V - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de
arrecadação e fiscalização de tributos da União, Estado ou terceiro reconhecido pela Administração em documento
Município, as características e os valores pagos, segundo o contemporâneo à sua ocorrência;
disposto no art. 63 da Lei no 4.320, de 17 de março de 1964. VI - omissão ou atraso de providências a cargo da
Administração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de
Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada caso, que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na
e desde que prevista no instrumento convocatório, poderá ser execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis
exigida prestação de garantia nas contratações de obras, aos responsáveis.
serviços e compras. § 2º Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por
§ 1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes escrito e previamente autorizada pela autoridade competente
modalidades de garantia: para celebrar o contrato.
I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, § 3º É vedado o contrato com prazo de vigência
devendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural, mediante indeterminado.
registro em sistema centralizado de liquidação e de custódia § 4ºEm caráter excepcional, devidamente justificado e
autorizado pelo Banco Central do Brasil e avaliados pelos seus mediante autorização da autoridade superior, o prazo de que
valores econômicos, conforme definido pelo Ministério da trata o inciso II do caput deste artigo poderá ser prorrogado por
Fazenda; até doze meses.
II - seguro-garantia;
III - fiança bancária. Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos
§ 2º A garantia a que se refere o caput deste artigo não instituído por esta Lei confere à Administração, em relação a
excederá a cinco por cento do valor do contrato e terá seu valor eles, a prerrogativa de:
atualizado nas mesmas condições daquele, ressalvado o previsto I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às
no parágrafo 3o deste artigo. finalidades de interesse público, respeitados os direitos do
§ 3º Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto contratado;
envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no
consideráveis, demonstrados através de parecer tecnicamente inciso I do art. 79 desta Lei;
aprovado pela autoridade competente, o limite de garantia III - fiscalizar-lhes a execução;
previsto no parágrafo anterior poderá ser elevado para até dez IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou
por cento do valor do contrato. parcial do ajuste;
§ 4º A garantia prestada pelo contratado será liberada ou V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente
restituída após a execução do contrato e, quando em dinheiro, bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do
atualizada monetariamente. contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração
§ 5º Nos casos de contratos que importem na entrega de administrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como
bens pela Administração, dos quais o contratado ficará na hipótese de rescisão do contrato administrativo.
depositário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o valor § 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos
desses bens. contratos administrativos não poderão ser alteradas sem prévia
concordância do contratado.
Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará § 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas
adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para
exceto quanto aos relativos: que se mantenha o equilíbrio contratual.
I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas
metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser

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Art. 59. A declaração de nulidade do contrato (D) A declaração de nulidade do contrato administrativo
administrativo opera retroativamente impedindo os efeitos não opera efeitos retroativos nem desconstitui os já
jurídicos que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de produzidos.
desconstituir os já produzidos.
Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administração 04. (TJ/RS - Juiz de Direito Substituto – FAURGS/2016).
do dever de indenizar o contratado pelo que este houver Sobre os contratos administrativos, assinale a alternativa
executado até a data em que ela for declarada e por outros correta.
prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe seja (A) A Lei nº 8.666/93 proíbe o contrato por prazo
imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu indeterminado e também diz que toda a prorrogação de prazo
causa. deverá ser justificada por escrito e previamente autorizada
pela autoridade competente para celebrar o contrato.
Questões (B) Os contratos administrativos podem ser rescindidos a
qualquer tempo, discricionariamente, sem a necessidade de
01. (ALERJ - Especialista Legislativo - Engenharia justificar a medida.
Elétrica – FGV/2017). Em relação à duração dos contratos (C) Nenhuma supressão de contrato administrativo pode
administrativos, a Lei nº 8.666/93 dispõe que os contratos: ultrapassar 25% do valor inicial atualizado do contrato, ainda
(A) em geral devem conter cláusula específica com seu que haja o consenso entre as partes.
prazo de duração, que pode ser de no máximo vinte e quatro (D) A aplicação das sanções administrativas, em contrato
meses, permitida uma única prorrogação por período de até administrativo, tendo em vista o princípio da ampla defesa,
mais vinte e quatro meses; somente poderá se dar após a viabilização da defesa no prazo
(B) referentes a projetos, cujos produtos estejam de 15 (quinze) dias.
contemplados nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, (E) O recebimento definitivo da obra pelo Poder Público
podem ser prorrogados se houver interesse da Administração afasta a responsabilidade civil do contratado pela solidez e
e independentemente de que isso tenha sido previsto no ato segurança da mesma.
convocatório;
(C) cujos serviços são executados de forma contínua 05. (TJ/MG - Titular de Serviços de Notas e de Registros
podem ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos – Provimento – CONSULPLAN). Quanto aos contratos
períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais administrativos, é INCORRETO afirmar:
vantajosas para a Administração, limitada a sessenta meses; (A) Os contratos administrativos regulam-se pelas
(D) relativos ao aluguel de equipamentos e à utilização de cláusulas e pelos preceitos de direito público, sendo vedada a
programas de informática podem estender-se pelo prazo de aplicação supletiva dos princípios da teoria geral dos contratos
até doze meses após o final do termo inicial de vigência do e as disposições de direito privado.
contrato, desde que mantido o mesmo valor unitário previsto (B) É cláusula necessária em todo contrato a vinculação ao
no contrato inicial; edital de licitação.
(E) consistentes em serviços de engenharia não admitem, (C) A critério da autoridade competente, em cada caso, e
em qualquer hipótese, prorrogação dos prazos de início de desde que prevista no instrumento convocatório, poderá ser
etapas de execução, de conclusão e de entrega da obra, exigida prestação de garantia nas contratações de obras,
devendo o contratado responder por perdas e danos caso não serviços e compras.
cumpra os prazos contratuais. (D) A publicação resumida do instrumento de contrato ou
de seus aditamentos na imprensa oficial é condição
02. (TJ/RS - Analista Judiciário - (Ciências Jurídicas e indispensável para sua eficácia.
Sociais) – FAURGS/2017). Sobre os contratos
administrativos, assinale a alternativa correta. Gabarito
(A) Em relação à garantia a ser prestada, o contratado
poderá optar por caução em dinheiro ou título da dívida 01. C/ 02. D/ 03. A/ 04. A/ 05. A.
pública, seguro-garantia, fiança bancária ou hipoteca sobre
imóvel. Seção II
(B) A declaração de nulidade do contrato administrativo Da Formalização dos Contratos
opera efeitos ex nunc, ou seja, a partir da data da anulação,
vedado qualquer efeito retroativo. Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão lavrados nas
(C) O contrato verbal com a Administração Pública é viável, repartições interessadas, as quais manterão arquivo
desde que decorrente de procedimento licitatório de convite, cronológico dos seus autógrafos e registro sistemático do seu
tomada de preços ou pregão e preços compatíveis com o valor extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre imóveis, que se
de mercado. formalizam por instrumento lavrado em cartório de notas, de
(D) Em havendo alteração unilateral do contrato, as tudo juntando-se cópia no processo que lhe deu origem.
cláusulas econômico-financeiras deverão ser revistas, para Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato
que se mantenha o equilíbrio contratual. verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras de
(E) O contrato poderá ser alterado unilateralmente pela pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor não
Administração quando conveniente a substituição da garantia superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido no art. 23,
da execução. inciso II, alínea "a" desta Lei, feitas em regime de adiantamento.

03. (TJ-SP - Titular de Serviços de Notas e de Registros Art. 61. Todo contrato deve mencionar os nomes das partes
– Remoção – VUNESP/2016). Sobre os contratos e os de seus representantes, a finalidade, o ato que autorizou a
administrativos, assinale a alternativa correta. sua lavratura, o número do processo da licitação, da dispensa ou
(A) As cláusulas econômico-financeiras e monetárias não da inexigibilidade, a sujeição dos contratantes às normas desta
poderão ser alteradas sem prévia concordância do contratado. Lei e às cláusulas contratuais.
(B) É vedado o contrato verbal com a Administração. Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento de
(C) A Administração pode, por meio de cláusula contratual, contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que é
renunciar à prerrogativa de rescindir unilateralmente o condição indispensável para sua eficácia, será providenciada
contrato. pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte ao de

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sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela (C) Os contratos administrativos, com valor acima de
data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem ônus, R$1.000,00 devem ser publicados na Imprensa Oficial, até o
ressalvado o disposto no art. 26 desta Lei. 10.º dia útil do mês subsequente à assinatura do contrato.
(D) É permitido contrato por prazo indeterminado com a
Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos casos Administração.
de concorrência e de tomada de preços, bem como nas dispensas (E) Mesmo com justificativa, os contratos administrativos
e inexigibilidades cujos preços estejam compreendidos nos não podem ser alterados unilateralmente.
limites destas duas modalidades de licitação, e facultativo nos
demais em que a Administração puder substituí-lo por outros Gabarito
instrumentos hábeis, tais como carta-contrato, nota de 01.B.
empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de
execução de serviço. Seção III
§ 1º A minuta do futuro contrato integrará sempre o edital Da Alteração dos Contratos
ou ato convocatório da licitação.
§ 2º Em "carta contrato", "nota de empenho de despesa", Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser
"autorização de compra", "ordem de execução de serviço" ou alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
outros instrumentos hábeis aplica-se, no que couber, o disposto I - unilateralmente pela Administração:
no art. 55 desta Lei. a) quando houver modificação do projeto ou das
§ 3º Aplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a 61 desta Lei e especificações, para melhor adequação técnica aos seus
demais normas gerais, no que couber: objetivos;
I - aos contratos de seguro, de financiamento, de locação em b) quando necessária a modificação do valor contratual em
que o Poder Público seja locatário, e aos demais cujo conteúdo decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu
seja regido, predominantemente, por norma de direito privado; objeto, nos limites permitidos por esta Lei;
II - aos contratos em que a Administração for parte como II - por acordo das partes:
usuária de serviço público. a) quando conveniente a substituição da garantia de
§ 4º É dispensável o "termo de contrato" e facultada a execução;
substituição prevista neste artigo, a critério da Administração e b) quando necessária a modificação do regime de execução
independentemente de seu valor, nos casos de compra com da obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face
entrega imediata e integral dos bens adquiridos, dos quais não de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos
resultem obrigações futuras, inclusive assistência técnica. contratuais originários;
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento,
Art. 63. É permitido a qualquer licitante o conhecimento dos por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o
termos do contrato e do respectivo processo licitatório e, a valor inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento,
qualquer interessado, a obtenção de cópia autenticada, com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a
mediante o pagamento dos emolumentos devidos. correspondente contraprestação de fornecimento de bens ou
execução de obra ou serviço;
Art. 64. A Administração convocará regularmente o d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram
interessado para assinar o termo de contrato, aceitar ou retirar inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da
o instrumento equivalente, dentro do prazo e condições administração para a justa remuneração da obra, serviço ou
estabelecidos, sob pena de decair o direito à contratação, sem fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio
prejuízo das sanções previstas no art. 81 desta Lei. econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de
§ 1º O prazo de convocação poderá ser prorrogado uma vez, sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de
por igual período, quando solicitado pela parte durante o seu consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da
transcurso e desde que ocorra motivo justificado aceito pela execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso
Administração. fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econômica
§ 2º É facultado à Administração, quando o convocado não extraordinária e extracontratual.
assinar o termo de contrato ou não aceitar ou retirar o § 1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas
instrumento equivalente no prazo e condições estabelecidos, condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se
convocar os licitantes remanescentes, na ordem de classificação, fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco
para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas condições propostas por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso
pelo primeiro classificado, inclusive quanto aos preços particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite
atualizados de conformidade com o ato convocatório, ou de 50% (cinquenta por cento) para os seus acréscimos.
revogar a licitação independentemente da cominação prevista § 2º Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os
no art. 81 desta Lei. limites estabelecidos no parágrafo anterior, salvo:
§ 3º Decorridos 60 (sessenta) dias da data da entrega das I - (VETADO)
propostas, sem convocação para a contratação, ficam os II - as supressões resultantes de acordo celebrado entre os
licitantes liberados dos compromissos assumidos. contratantes.
§ 3º Se no contrato não houverem sido contemplados preços
Questão unitários para obras ou serviços, esses serão fixados mediante
acordo entre as partes, respeitados os limites estabelecidos no
01. (EBSERH - Advogado - INSTITUTO AOC) Sobre os § 1o deste artigo.
contratos administrativos, assinale a alternativa correta. § 4º No caso de supressão de obras, bens ou serviços, se o
(A) Todo e qualquer contrato verbal com a Administração contratado já houver adquirido os materiais e posto no local dos
Pública é nulo. trabalhos, estes deverão ser pagos pela Administração pelos
(B) Todo contrato administrativo deve mencionar os custos de aquisição regularmente comprovados e
nomes das partes e os de seus representantes, a finalidade, o monetariamente corrigidos, podendo caber indenização por
ato que autorizou a sua lavratura, o número do processo da outros danos eventualmente decorrentes da supressão, desde
licitação, da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos que regularmente comprovados.
contratantes às normas da Lei 8.666/93 e às cláusulas § 5º Quaisquer tributos ou encargos legais criados, alterados
contratuais. ou extintos, bem como a superveniência de disposições legais,

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quando ocorridas após a data da apresentação da proposta, de Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e
comprovada repercussão nos preços contratados, implicarão a fiscalizada por um representante da Administração
revisão destes para mais ou para menos, conforme o caso. especialmente designado, permitida a contratação de terceiros
§ 6º Em havendo alteração unilateral do contrato que para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa
aumente os encargos do contratado, a Administração deverá atribuição.
restabelecer, por aditamento, o equilíbrio econômico-financeiro § 1º O representante da Administração anotará em registro
inicial. próprio todas as ocorrências relacionadas com a execução do
§ 7º (VETADO) contrato, determinando o que for necessário à regularização
§ 8º A variação do valor contratual para fazer face ao das faltas ou defeitos observados.
reajuste de preços previsto no próprio contrato, as atualizações, § 2º As decisões e providências que ultrapassarem a
compensações ou penalizações financeiras decorrentes das competência do representante deverão ser solicitadas a seus
condições de pagamento nele previstas, bem como o empenho de superiores em tempo hábil para a adoção das medidas
dotações orçamentárias suplementares até o limite do seu valor convenientes.
corrigido, não caracterizam alteração do mesmo, podendo ser
registrados por simples apostila, dispensando a celebração de Art. 68. O contratado deverá manter preposto, aceito pela
aditamento. Administração, no local da obra ou serviço, para representá-lo
A alínea “a” do inc. I, refere-se à “alteração qualitativa”, ou na execução do contrato.
seja, quando houver a necessidade de alteração do projeto ou
especificações do objeto original para melhor adequação ao Art. 69. O contratado é obrigado a reparar, corrigir,
objetivo pretendido e desde que esteja presente a remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou
“razoabilidade”, “finalidade” e “interesse público”, a em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios,
Administração poderá promover o acréscimo sem que haja defeitos ou incorreções resultantes da execução ou de materiais
limite de valor. empregados.
A alínea “b”, a alteração será “quantitativa” quando a
Administração comprovar a necessidade de quantidade Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causados
superior àquela contratada e deverá obedecer ao disposto nos diretamente à Administração ou a terceiros, decorrentes de sua
§§ 1º e 2º, do mesmo artigo, no tocante aos limites do culpa ou dolo na execução do contrato, não excluindo ou
acréscimo contratual reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o
acompanhamento pelo órgão interessado.
Questão
Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos
01. (PGE-RS - Procurador do Estado – FUNDATEC) Nos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da
contratos administrativos, o fato do príncipe execução do contrato.
(A) enseja reequilíbrio econômico-financeiro do contrato § 1º A inadimplência do contratado, com referência aos
somente quando originário do mesmo ente federativo encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à
contratante. Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento,
(B) enseja indenização ao contratado por meio de nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a
providência adotada ao final do contrato. regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante
(C) enseja reequilíbrio econômico-financeiro do contrato o Registro de Imóveis.
por meio de providência concomitante ou adotada logo em § 2º A Administração Pública responde solidariamente com
seguida a sua ocorrência. o contratado pelos encargos previdenciários resultantes da
(D) não enseja direito à indenização em virtude da execução do contrato, nos termos do art. 31 da Lei nº 8.212, de
validade jurídica da medida adotada. 24 de julho de 1991.
(E) não enseja direito à indenização ou reequilíbrio § 3º (Vetado).
econômico-financeiro do contrato, tendo em vista que não
existe direito adquirido oponível a atos futuros do Poder Art. 72. O contratado, na execução do contrato, sem prejuízo
Público. das responsabilidades contratuais e legais, poderá subcontratar
partes da obra, serviço ou fornecimento, até o limite admitido,
Gabarito em cada caso, pela Administração.

01.C. Art. 73. Executado o contrato, o seu objeto será recebido:


I - em se tratando de obras e serviços:
Seção IV a) provisoriamente, pelo responsável por seu
Da Execução dos Contratos acompanhamento e fiscalização, mediante termo
circunstanciado, assinado pelas partes em até 15 (quinze) dias
Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas da comunicação escrita do contratado;
partes, de acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta b) definitivamente, por servidor ou comissão designada pela
Lei, respondendo cada uma pelas consequências de sua autoridade competente, mediante termo circunstanciado,
inexecução total ou parcial. assinado pelas partes, após o decurso do prazo de observação,
ou vistoria que comprove a adequação do objeto aos termos
Art. 66-A. As empresas enquadradas no inciso V do § 2o e no contratuais, observado o disposto no art. 69 desta Lei;
inciso II do § 5o do art. 3o desta Lei deverão cumprir, durante II - em se tratando de compras ou de locação de
todo o período de execução do contrato, a reserva de cargos equipamentos:
prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação da
da Previdência Social, bem como as regras de acessibilidade conformidade do material com a especificação;
previstas na legislação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) b) definitivamente, após a verificação da qualidade e
Parágrafo único. Cabe à administração fiscalizar o quantidade do material e consequente aceitação.
cumprimento dos requisitos de acessibilidade nos serviços e nos § 1º Nos casos de aquisição de equipamentos de grande
ambientes de trabalho. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) vulto, o recebimento far-se-á mediante termo circunstanciado e,
nos demais, mediante recibo.

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§ 2º O recebimento provisório ou definitivo não exclui a XII - razões de interesse público, de alta relevância e amplo
responsabilidade civil pela solidez e segurança da obra ou do conhecimento, justificadas e determinadas pela máxima
serviço, nem ético-profissional pela perfeita execução do autoridade da esfera administrativa a que está subordinado o
contrato, dentro dos limites estabelecidos pela lei ou pelo contratante e exaradas no processo administrativo a que se
contrato. refere o contrato;
§ 3º O prazo a que se refere a alínea "b" do inciso I deste XIII - a supressão, por parte da Administração, de obras,
artigo não poderá ser superior a 90 (noventa) dias, salvo em serviços ou compras, acarretando modificação do valor inicial
casos excepcionais, devidamente justificados e previstos no do contrato além do limite permitido no § 1o do art. 65 desta Lei;
edital. XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita da
§ 4º Na hipótese de o termo circunstanciado ou a verificação Administração, por prazo superior a 120 (cento e vinte) dias,
a que se refere este artigo não serem, respectivamente, lavrado salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da
ou procedida dentro dos prazos fixados, reputar-se-ão como ordem interna ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões que
realizados, desde que comunicados à Administração nos 15 totalizem o mesmo prazo, independentemente do pagamento
(quinze) dias anteriores à exaustão dos mesmos. obrigatório de indenizações pelas sucessivas e contratualmente
imprevistas desmobilizações e mobilizações e outras previstas,
Art. 74. Poderá ser dispensado o recebimento provisório nos assegurado ao contratado, nesses casos, o direito de optar pela
seguintes casos: suspensão do cumprimento das obrigações assumidas até que
I - gêneros perecíveis e alimentação preparada; seja normalizada a situação;
II - serviços profissionais; XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos
III - obras e serviços de valor até o previsto no art. 23, inciso devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou
II, alínea "a", desta Lei, desde que não se componham de fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados,
aparelhos, equipamentos e instalações sujeitos à verificação de salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da
funcionamento e produtividade. ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito de
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, o recebimento será optar pela suspensão do cumprimento de suas obrigações até
feito mediante recibo. que seja normalizada a situação;
XVI - a não liberação, por parte da Administração, de área,
Art. 75. Salvo disposições em contrário constantes do edital, local ou objeto para execução de obra, serviço ou fornecimento,
do convite ou de ato normativo, os ensaios, testes e demais nos prazos contratuais, bem como das fontes de materiais
provas exigidos por normas técnicas oficiais para a boa naturais especificadas no projeto;
execução do objeto do contrato correm por conta do contratado. XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força maior,
regularmente comprovada, impeditiva da execução do contrato.
Art. 76. A Administração rejeitará, no todo ou em parte, Parágrafo único. Os casos de rescisão contratual serão
obra, serviço ou fornecimento executado em desacordo com o formalmente motivados nos autos do processo, assegurado o
contrato. contraditório e a ampla defesa.
XVIII – descumprimento do disposto no inciso V do art. 27,
Seção V sem prejuízo das sanções penais cabíveis.
Da Inexecução e da Rescisão dos Contratos
Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser:
Art. 77. A inexecução total ou parcial do contrato enseja a I - determinada por ato unilateral e escrito da
sua rescisão, com as consequências contratuais e as previstas em Administração, nos casos enumerados nos incisos I a XII e XVII
lei ou regulamento. do artigo anterior;
II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a termo
Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato: no processo da licitação, desde que haja conveniência para a
I - o não cumprimento de cláusulas contratuais, Administração;
especificações, projetos ou prazos; III - judicial, nos termos da legislação;
II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, IV - (Vetado).
especificações, projetos e prazos; § 1º A rescisão administrativa ou amigável deverá ser
III - a lentidão do seu cumprimento, levando a precedida de autorização escrita e fundamentada da autoridade
Administração a comprovar a impossibilidade da conclusão da competente.
obra, do serviço ou do fornecimento, nos prazos estipulados; § 2º Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos XII a
IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço ou XVII do artigo anterior, sem que haja culpa do contratado, será
fornecimento; este ressarcido dos prejuízos regularmente comprovados que
V - a paralisação da obra, do serviço ou do fornecimento, sem houver sofrido, tendo ainda direito a:
justa causa e prévia comunicação à Administração; I - devolução de garantia;
VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a II - pagamentos devidos pela execução do contrato até a
associação do contratado com outrem, a cessão ou data da rescisão;
transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou III - pagamento do custo da desmobilização.
incorporação, não admitidas no edital e no contrato; § 3º (Vetado).
VII - o desatendimento das determinações regulares da § 4º (Vetado).
autoridade designada para acompanhar e fiscalizar a sua § 5º Ocorrendo impedimento, paralisação ou sustação do
execução, assim como as de seus superiores; contrato, o cronograma de execução será prorrogado
VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua execução, automaticamente por igual tempo.
anotadas na forma do § 1o do art. 67 desta Lei;
IX - a decretação de falência ou a instauração de insolvência Art. 80. A rescisão de que trata o inciso I do artigo anterior
civil; acarreta as seguintes consequências, sem prejuízo das sanções
X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do previstas nesta Lei:
contratado; I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local
XI - a alteração social ou a modificação da finalidade ou da em que se encontrar, por ato próprio da Administração;
estrutura da empresa, que prejudique a execução do contrato; II - ocupação e utilização do local, instalações,
equipamentos, material e pessoal empregados na execução do

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contrato, necessários à sua continuidade, na forma do inciso V A inexecução pode ser parcial ou total; na inexecução
do art. 58 desta Lei; parcial uma das partes, ou a administração pública, por
III - execução da garantia contratual, para ressarcimento da exemplo, não observa um prazo estabelecido em uma cláusula;
Administração, e dos valores das multas e indenizações a ela na inexecução total, o contratado não executa o objeto do
devidos; contrato. Qualquer uma dessas situações pode ensejar
IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato até o responsabilidade para o inadimplente, ocasionando sanções
limite dos prejuízos causados à Administração. contratuais e legais proporcionais à falta cometida por ele;
§ 1º A aplicação das medidas previstas nos incisos I e II deste estas sanções variam desde multas à revisão ou à rescisão do
artigo fica a critério da Administração, que poderá dar contrato.
continuidade à obra ou ao serviço por execução direta ou A inexecução do contrato pode resultar de um ato ou
indireta. omissão do contratado, agindo a parte com negligência,
§ 2º É permitido à Administração, no caso de concordata do imprudência e imperícia, ou seja, uma inadimplência
contratado, manter o contrato, podendo assumir o controle de contratual com culpa do agente contratado. Como podem ter
determinadas atividades de serviços essenciais. ocorrido causas justificadoras, isto é, sem que o contratante
§ 3º Na hipótese do inciso II deste artigo, o ato deverá ser desse causa ao descumprimento das cláusulas contratuais –
precedido de autorização expressa do Ministro de Estado agindo, assim, sem culpa - ele pode se libertar de qualquer
competente, ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme o responsabilidade assumida, pois o comportamento é alheio à
caso. vontade da parte.
§ 4º A rescisão de que trata o inciso IV do artigo anterior
permite à Administração, a seu critério, aplicar a medida Rescisão unilateral
prevista no inciso I deste artigo. Um contrato de obra pública que, consideradas
determinadas circunstâncias, onere demasiadamente o erário
Extinção - razão pela qual eventual rescisão unilateral deva buscar
fundamento em razões de interesse público.
Extinção do contrato é o fim do vínculo obrigacional entre Extinção do contrato administrativo decorrente de ato
contratante e contratado. Pode ser decorrente de: unilateral da Administração Pública, por motivo de
a) conclusão do objeto: nesse caso, o ato administrativo inadimplência do usuário ou de interesse público na cessação
que extingue o contrato é, como visto, o recebimento do contrato.
definitivo; Em qualquer caso, o ato deve ser motivado. Além disso,
b) término do prazo: é a regra nos contratos por tempo deve ser comunicado previamente ao contratado, para que ele
determinado. É possível a prorrogação antes do fim do prazo exerça seu direito ao contraditório e à ampla defesa. A rescisão
previsto no contrato; unilateral pode ser feita nos casos previstos no art. 78 da lei,
c) anulação; que, no magistério de Maria Sylvia Zanella di Pietro, podem ser
d) rescisão: forma excepcional de extinção do contrato, agrupados em três categorias.
pois implica cessação antecipada do vínculo. Pode ser
unilateral, bilateral (amigável ou consensual) e judicial. A A primeira categoria inclui as situações nas quais a
rescisão amigável, que não precisa ser homologada pelo juiz, é rescisão é atribuível a uma conduta do contratado:
possível nos seguintes casos, previstos no art. 78 incisos XIII; I - o não cumprimento de cláusulas contratuais,
XIV; XV e XVI especificações, projetos ou prazos;
II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais,
Da inexecução e da rescisão dos contratos especificações, projetos e prazos;
III - a lentidão do seu cumprimento, levando a
Inexecução do contrato é o descumprimento de suas Administração a comprovar a impossibilidade da conclusão da
cláusulas, total ou parcial. Culposa ou não. Pode ocorrer por obra, do serviço ou do fornecimento, nos prazos estipulados;
ação ou omissão, culposa ou sem culpa, de qualquer das partes, IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço ou
caracterizando o retardamento ou o descumprimento integral fornecimento;
do ajustado. Quaisquer dessas situações podem ensejar V - a paralisação da obra, do serviço ou do fornecimento,
responsabilidades para o inadimplente e até mesmo propiciar sem justa causa e prévia comunicação à Administração;
a rescisão do contrato. VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a
Ocorre também a inexecução quando o contratado associação do contratado com outrem, a cessão ou
descumpre obrigações contratuais ou realiza ato que, de transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou
acordo com regimes jurídicos, não poderia fazê-lo; quando não incorporação, não admitidas no edital e no contrato;
há mais interesse público ou conveniência a mantença do VII - o desatendimento das determinações regulares da
contrato. autoridade designada para acompanhar e fiscalizar a sua
O descumprimento do pactuado pelo contratado leva à execução, assim como as de seus superiores;
imposição de sanções, penalidades e à apuração da VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua execução,
responsabilidade civil. Vale dizer, o descumprimento total ou anotadas na forma do § 1.º do art. 67 desta Lei;
parcial pode ensejar a apuração de responsabilidade civil, (...)
criminal e administrativa do contratado, propiciando, ainda, a XVIII – descumprimento do disposto no inciso V do art.
rescisão do contrato. Já a inexecução sem culpa é a que decorre 277, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.
de atos ou fatos estranhos à conduta da parte, retardando ou
impedindo totalmente a execução do contrato. Nesses casos, A segunda categoria engloba situações que afetam a
seria provinda de força maior, caso fortuito, etc. própria pessoa do contratado:
Força maior e caso fortuito são eventos que, por sua
imprevisibilidade e inevitabilidade, criam para o contrato IX - a decretação de falência ou a instauração de
impossibilidade intransponível de normal execução do insolvência civil;
contrato. No caso de força maior, temos uma greve que X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do
paralise os transportes ou a fabricação de um produto de que contratado;
dependa a execução do contrato. No caso fortuito, é o evento XI - a alteração social ou a modificação da finalidade ou da
da natureza - como, por exemplo, um tufão, inundação. estrutura da empresa, que prejudique a execução do contrato;

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Na terceira categoria, a rescisão é realizada por motivo 1. Rescisão amigável ou por mútuo consentimento
de interesse público: (art. 79, II da Lei 8.666/93): É aquela que se dá por mútuo
consentimento das partes. Deve ser realizada com as mesmas
XII - razões de interesse público, de alta relevância e amplo formalidades exigidas à celebração do contrato
conhecimento, justificadas e determinadas pela máxima 2. Rescisão de pleno direito: É aquela que se dá por fato
autoridade da esfera administrativa a que está subordinado o que propicia o imediato rompimento do vínculo,
contratante e exaradas no processo administrativo a que se independentemente de qualquer formalidade. Exemplo: Morte
refere o contrato; do contratado; falência.
O artigo 79 da Lei 8666/93 não prevê a rescisão de pleno
Finalmente, a quarta categoria inclui situações não direito, pois a considera dentro da rescisão administrativa.
imputáveis aos contratantes: 3. Rescisão judicial (art. 79, III da Lei 8.666/93): É
XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, aquela que se dá por decisão do Poder Judiciário em face da
regularmente comprovada, impeditiva da execução do inadimplência da Administração. O contratado poderá
contrato. cumular o pedido de rescisão mais perdas e danos.
Essa divisão é relevante também em razão da diversidade O fato da Administração (ato de Autoridade Pública
de consequências. Nas rescisões incluídas nas duas primeiras diretamente relacionado com o contrato que retarda ou inibe
categorias, não há pagamento de indenização ao contratado, definitivamente a sua execução) pode levar à rescisão judicial.
uma vez que a extinção do contrato é de sua responsabilidade. 4. Rescisão administrativa (art. 79, I da Lei 8.666/93):
Mais ainda: ele deve ser submetido a sanções administrativas. É aquela que se dá por ato administrativo unilateral da
Nas últimas duas categorias, o contratado recebe indenização Administração em face da inadimplência do contratado ou de
pelos prejuízos sofridos, pois a rescisão não pode ser atribuída razões de interesse público. – Exige-se contraditório, ampla
a ele. defesa e motivação nas duas espécies de rescisão
administrativa.
Motivos da rescisão a) Por interesse público: A rescisão decorre do fato de não
Dispositivo aplicável ser mais conveniente e oportuno aos interesses públicos a
unilateral
manutenção do contrato. - A Administração tem que indenizar
Culpa do contratado Art. 78, I, VIII e XVIII o contratado pelos danos que ele sofreu e os lucros cessantes.
Situações que afetam a b) Por inadimplência do contratado: A rescisão decorre
Art. 78, IX-XI da inadimplência do contratado, que pode ser por culpa (em
pessoa do contratado
sentido amplo) ou sem culpa.
Interesse público Art. 78, XII
- Por inadimplência culposa do contratado: Cabe perdas e
Situações não imputáveis aos danos, e ainda sanções administrativas (art. 87 da Lei
Art. 78, XVII
contratantes 8666/93).
- Por inadimplência sem culpa do contratado: A
A extinção do contrato administrativo, quando fundada na Administração se limitar a rescindir, não havendo assim
conveniência da Administração, não envolve inadimplemento perdas e danos e nem sanção.
da parte contratada, não apresentando a natureza Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos XII a XVII
sancionatória observada nas outras hipóteses. No caso, o do artigo anterior, sem que haja culpa do contratado, será este
particular se encontra cumprindo regularmente os seus ressarcido dos prejuízos regularmente comprovados que
deveres e a Administração não imputa a ele qualquer defeito houver sofrido, tendo ainda direito à devolução do pagamento;
configurador de inadimplemento. O Poder Público promove a pagamentos devidos pela execução do contrato até a data da
rescisão por verificar que, por melhor que seja executado o rescisão, pagamento do custo da desmobilização (art. 79, § 2.º
objeto contratual, as necessidades perseguidas pelo Estado da Lei 8666/93).
não serão satisfeitas, eis que isso somente se dará por meio de Situações que podem gerar inadimplência sem culpa:
uma contratação distinta. Força maior (situação criada pelo homem que impede ou
Em se tratando de decisão fundada em conveniência e dificulta a execução do contrato); Caso fortuito (eventos da
oportunidade, cuida-se de ato que se insere, inevitavelmente, natureza que impedem ou dificultam a execução do contrato);
no âmbito do chamado poder discricionário da Administração. Fato do príncipe (ato de autoridade pública geral que impede
Não se pode olvidar, ainda, que o contratado, em ou dificulta a execução do contrato. Exemplo: Aumento da taxa
decorrência da rescisão unilateral da avença, fará jus, nos de importação de determinado produto).
termos do art. 79, § 2.º, da Lei 8.666/93, à indenização dos
prejuízos que vier a sofrer. Está a Administração obrigada a Questões
indenizá-lo integralmente pelas perdas e danos acarretados.
Deverá ser determinado o montante de gastos e despesas 01. (Prefeitura de Fronteira/ MG - Advogado –
praticados pela outra parte e estimar-se os lucros que apuraria MÁXIMA/2016). Sobre os contratos administrativos analise
na execução. O valor deverá ser ressarcido ao particular. Não as assertivas e assinale a CORRETA:
custa transcrever o dispositivo, em seu teor literal: (A) A paralisação da obra, do serviço ou do fornecimento
com justa causa e prévia comunicação à Administração
“§ 2.º - Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos XII a constitui motivo para rescisão do contrato administrativo.
XVII do artigo anterior, sem que haja culpa do contratado, será (B) Constitui motivo para rescisão do contrato
este ressarcido dos prejuízos regularmente comprovados que administrativo o atraso superior a 60 dias dos pagamentos
houver sofrido, tendo ainda direito a: devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou
I – devolução da garantia; fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados,
II – pagamentos devidos pela execução do contrato até a salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da
data da rescisão; ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito
III – pagamento do custo de desmobilização.” de optar pela suspensão do cumprimento de suas obrigações
até que seja normalizada a situação.
Rescisão (C) A rescisão administrativa ou amigável do contrato
deverá ser precedida de autorização escrita e fundamentada
da autoridade competente.

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(D) Ocorrendo impedimento, paralisação ou sustação do § 2º A pena imposta será acrescida da terça parte, quando
contrato, o cronograma de execução não será prorrogado os autores dos crimes previstos nesta Lei forem ocupantes de
automaticamente. cargo em comissão ou de função de confiança em órgão da
Administração direta, autarquia, empresa pública, sociedade de
02. (MPE/MS - Promotor de Justiça Substituto – economia mista, fundação pública, ou outra entidade
MPE/M) Em relação aos contratos administrativos é incorreto controlada direta ou indiretamente pelo Poder Público.
afirmar:
(A) Em situação de normalidade, se a Administração não Art. 85. As infrações penais previstas nesta Lei pertinem às
pagar a parcela vencida em determinado mês, após trinta dias licitações e aos contratos celebrados pela União, Estados,
da data, está o contratado autorizado a paralisar o serviço Distrito Federal, Municípios, e respectivas autarquias, empresas
objeto do contrato, alegando em seu favor a exceção de públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas, e
contrato não cumprido. quaisquer outras entidades sob seu controle direto ou indireto.
(B) O instituto previsto na legislação sobre contrato
administrativo, referente à formalização da variação do valor Seção II
contratual, decorrente de reajuste de preços previstos no Das Sanções Administrativas
contrato, que não caracteriza sua alteração, denomina-se
“apostila”. Art. 86. O atraso injustificado na execução do contrato
(C) De acordo com a legislação pertinente, há situações em sujeitará o contratado à multa de mora, na forma prevista no
que os contratos administrativos podem ser rescindidos instrumento convocatório ou no contrato.
unilateralmente, mesmo que o contratado esteja cumprido § 1º A multa a que alude este artigo não impede que a
fielmente as suas obrigações. Administração rescinda unilateralmente o contrato e aplique as
(D) Na hipótese de inexecução de contrato administrativo, outras sanções previstas nesta Lei.
a suspensão provisória ou temporária do direito de participar § 2º A multa, aplicada após regular processo administrativo,
de licitação e impedimento de contratar é aplicada se o será descontada da garantia do respectivo contratado.
contratado prejudicar a execução do contrato dolosamente. § 3º Se a multa for de valor superior ao valor da garantia
(E) Em caso de se verificar atraso nos pagamentos devidos prestada, além da perda desta, responderá o contratado pela
pela Administração, somente se este superar o prazo de sua diferença, a qual será descontada dos pagamentos
noventa dias, em situação de normalidade, poderá o eventualmente devidos pela Administração ou ainda, quando for
contratado optar pela suspensão da execução do contrato ou o caso, cobrada judicialmente.
pela sua rescisão.
Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a
Gabarito Administração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao
contratado as seguintes sanções:
01. C/ 02. A. I - advertência;
II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou
Capítulo IV no contrato;
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DA TUTELA JUDICIAL III - suspensão temporária de participação em licitação e
Seção I impedimento de contratar com a Administração, por prazo não
Disposições Gerais superior a 2 (dois) anos;
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
Art. 81. A recusa injustificada do adjudicatário em assinar o com a Administração Pública enquanto perdurarem os motivos
contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente, dentro determinantes da punição ou até que seja promovida a
do prazo estabelecido pela Administração, caracteriza o reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a
descumprimento total da obrigação assumida, sujeitando-o às penalidade, que será concedida sempre que o contratado
penalidades legalmente estabelecidas. ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso
licitantes convocados nos termos do art. 64, § 2º desta Lei, que anterior.
não aceitarem a contratação, nas mesmas condições propostas § 1º Se a multa aplicada for superior ao valor da garantia
pelo primeiro adjudicatário, inclusive quanto ao prazo e preço. prestada, além da perda desta, responderá o contratado pela
sua diferença, que será descontada dos pagamentos
Art. 82. Os agentes administrativos que praticarem atos em eventualmente devidos pela Administração ou cobrada
desacordo com os preceitos desta Lei ou visando a frustrar os judicialmente.
objetivos da licitação sujeitam-se às sanções previstas nesta Lei § 2º As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste artigo
e nos regulamentos próprios, sem prejuízo das poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso II, facultada
responsabilidades civil e criminal que seu ato ensejar. a defesa prévia do interessado, no respectivo processo, no prazo
de 5 (cinco) dias úteis.
Art. 83. Os crimes definidos nesta Lei, ainda que § 3º A sanção estabelecida no inciso IV deste artigo é de
simplesmente tentados, sujeitam os seus autores, quando competência exclusiva do Ministro de Estado, do Secretário
servidores públicos, além das sanções penais, à perda do cargo, Estadual ou Municipal, conforme o caso, facultada a defesa do
emprego, função ou mandato eletivo. interessado no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias da
abertura de vista, podendo a reabilitação ser requerida após 2
Art. 84. Considera-se servidor público, para os fins desta Lei, (dois) anos de sua aplicação. (Vide art 109 inciso III)
aquele que exerce, mesmo que transitoriamente ou sem
remuneração, cargo, função ou emprego público. Art. 88. As sanções previstas nos incisos III e IV do artigo
§ 1º Equipara-se a servidor público, para os fins desta Lei, anterior poderão também ser aplicadas às empresas ou aos
quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, profissionais que, em razão dos contratos regidos por esta Lei:
assim consideradas, além das fundações, empresas públicas e I - tenham sofrido condenação definitiva por praticarem, por
sociedades de economia mista, as demais entidades sob controle, meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento de quaisquer
direto ou indireto, do Poder Público. tributos;

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II - tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar os materiais são aqueles que necessitam de resultado, seja ele
objetivos da licitação; prejuízo para a Administração ou obtenção de vantagem por
III - demonstrem não possuir idoneidade para contratar com parte do agente.
a Administração em virtude de atos ilícitos praticados. Os crimes previstos nessa lei são de ação penal pública
incondicionada, logo, a competência para a sua promoção é do
Sanções Ministério Público, que poderá ser provocado por qualquer
cidadão, bem como por magistrados, membros dos Tribunais
Pela inexecução total ou parcial de um contrato realizado ou Conselhos de Contas, etc.
através de licitação, a Administração poderá, garantida a O sujeito ativo do crime pode ser o agente do Poder
defesa prévia, aplicar ao contratado as seguintes sanções: Público, o licitante, ou ambos, dependendo da figura delituosa.
1) advertência; As penas são de detenção e de multa. A pena privativa de
2) multa, na forma prevista no instrumento convocatório liberdade cominada oscila entre seis meses e seis anos de
ou no contrato; detenção. A pena de multa é de 2 a 5 % do valor do contrato
3) suspensão temporária de participação em licitação e licitado ou celebrado com dispensa ou inexigibilidade de
impedimento de contratar com a Administração, por prazo licitação e reverterá, conforme o caso, à Fazenda Federal,
não superior a 2 (dois) anos; Distrital, Estadual ou Municipal.
4) declaração de inidoneidade para licitar ou contratar Apesar de a licitação ser a via mais desejada para fins de
com a Administração Pública enquanto perdurarem os seleção dos interessados em prestar serviços ou fornecimento
motivos determinantes da punição ou até que seja promovida de bens à Administração Pública, há situações em que a lei
a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a permite ao gestor público, considerando alguns aspectos,
penalidade, que será concedida sempre que o contratado como por exemplo, o valor, o objeto, situações excepcionais ou
ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após ainda as pessoas que pretendem contratar, poderá ser
decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso dispensada a sua realização. Por este motivo, a dispensa e a
anterior (art. 87 da Lei 8.666/93). inexigibilidade só podem ser admitidas em circunstâncias
As sanções previstas seguem um sistema gradual, da mais especialíssimas, lógicas e razoáveis, não podendo nem mesmo
leve (advertência) a mais severa (declaração de inidoneidade). o legislador criar hipóteses arbitrária à vista do comando
É oportuno salientar que as penalidades supracitadas não são constitucional.
vinculadas a fatos determinados, ficando ao Administrador A doutrina entende que o rol descrito nos artigos 17 e 24
Público, com cunho discricionário, estabelecer a punição da Lei de Licitações é taxativo, de modo que não comportaria
dentro de uma proporcionalidade com a conduta infratora, o reconhecimento de discricionariedade ao administrador
lembrando que sempre deverá ser assegurado o contraditório para fazer incluir outras hipóteses não descritas
e a ampla defesa. expressamente na lei.
A conduta descrita neste artigo implica em violação aos
Seção III princípios basilares da Administração Pública, notadamente
Dos Crimes e das Penas os da isonomia, legalidade, moralidade, impessoalidade e
probidade administrativa, que culminam por inviabilizar a
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses competição entre possíveis interessados e, por conseguinte,
previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades prejudicam a seleção de proposta potencialmente mais
pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: vantajosa ao erário, já que inexistentes outras causas de
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa. dispensa ou inexigibilidade de licitação senão aquelas
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo previstas em lei, não cabendo ao administrador criar outras
comprovadamente concorrido para a consumação da situações.
ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, O tipo penal visa proteger “a moralidade administrativa e a
para celebrar contrato com o Poder Público. lisura nas licitações”. No mesmo sentido, caminha Vicente
Greco Filho quando aduz que a norma visa proteger “em geral,
O art. 37 da Constituição Federal prega que a é a moralidade administrativa e, em termos específicos, é a
Administração direta e indireta dos poderes da União, dos estrita excepcionalidade dos casos de inexigibilidade ou
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios devem obedecer dispensa de licitação”. Além da proteção à moralidade
aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, administrativa, indiretamente, a norma penal visa proteger o
publicidade e eficiência. Em seu inciso XXI determina que deve patrimônio público, apesar de a norma não exigir dano ao
haver licitação para os casos que a lei especificar. patrimônio para fins de consumação do crime.
A lei nº 8.666/93 regulamentou o disposto nesse inciso Desta forma, dispensar ou inexigir a licitação fora dos
constitucional. Todo agente que desrespeitar as regras casos previstos em lei, implicará sempre na prática de um ato
impostas nessa legislação estará sujeito a sanções formal desenvolvido pelo administrador que visa, ainda que de
administrativas e penais. forma ilegítima, justificar a contratação sob o argumento de
Neste contexto, vamos estudar o que dispõe a norma sobre que encontra sob uma das hipóteses do art. 24 ou do art. 25 da
os crimes e sanções penais na licitação. Lei nº 8.666/93, consubstanciado no ato formal de dispensa
Importante enfatizar, que iremos utilizar como base ao ou de inexigibilidade de licitação.
estudo a obra “Comentários sobre Licitações e Contratos: O parágrafo único do art. 89 da Lei n. 8.666/93 prevê como
Aspectos administrativos e penais”, do insigne doutrinador crime a conduta consubstanciada no verbo beneficiar-se da
Sandro Luiz Nunes6. dispensa ou inexigibilidade ilegal.
Os artigos 89 a 98 da Lei 8.666/93 enumeram várias Beneficiar-se significa obter proveito, vantagem, com
condutas tipificadas como crimes. Em regra, os crimes conteúdo patrimonial.
descritos nessa lei são próprios, posto que somente podem ser Na mesma pena incorre aquele que, tendo
cometidos pelo servidor público, porém há exceções. Todos comprovadamente concorrido para a consumação da
são cometidos de maneira dolosa e a maioria consuma-se com ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal,
a conduta, tratando-se portanto, de crime formal. Os crimes para celebrar contrato com o Poder Público.

6 NUNES, Sandro Luiz. Licitações e contratos. Florianópolis: Sandro Luiz <http://eventos.fecam.org.br/arquivosbd/paginas/1/0.852552001351529325_c


Nunes, 2012. Disponível em: oleta%A2nea___opinioes_e_comenta%A1rios.pdf>.

Fundamentos de Administração Pública 58


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APOSTILAS OPÇÃO

O sujeito ativo do crime descrito no caput do artigo em meios, instrumentos, artifícios, estratagemas falseados,
comento é o agente público, ainda que exerça transitoriamente desonestos, com o objetivo de enganar alguém, de ludibriar, de
o cargo, função ou emprego público, nos termos do art. 84 da prejudicar, terceiras pessoas, no caso, os demais licitantes ou
Lei nº 8.666/93. A condição de agente público é elementar do o Poder Público, interessada em selecionar a proposta que
tipo penal, e desta forma não deve ser considerado como melhor atende ao interesse público.
circunstância judicial no momento da dosimetria da pena. Há inúmeras formas de se fraudar uma licitação. Inclusive,
O sujeito passivo um dos entes políticos da Federação, o legislador elencou algumas no art. 96 da Lei n. 8.666/93,
englobando os órgãos que compõe a administração direta e quais sejam: elevar arbitrariamente os preços; vender, como
indireta, conforme o agente esteja vinculado funcionalmente. verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada;
Deste modo, podemos considerar sujeitos passivos dos crimes entregar uma mercadoria por outra; alterar a substância,
praticados nas licitações, qualquer dos poderes da União, qualidade ou quantidade da mercadoria fornecida ou
Estados, Distrito Federal, Municípios, seus órgãos da tornando, por qualquer modo, injustamente, mais onerosa a
Administração Direta ou Indireta, incluindo as autarquias, as proposta ou a execução do contrato.
sociedades de economia mista, as empresas públicas, as A fraude pode ser evidenciada quando um dos licitantes,
fundações instituídas ou mantidas pelo poder público, com diretamente ou se utilizando da colaboração de terceiras
personalidade de direito público ou de direito privado. pessoas, confecciona falsamente propostas comerciais de
Importante destacar ainda, que para configurar o crime em empresas que, efetivamente, não participarão do certame, e as
comento, se faz necessária a comprovação do dolo do agente, apresenta no dia e hora determinado no edital como se fossem
qual seja, a vontade livre e consciente de não realizar o devido competidores legítimos. Assim, por exemplo, formalmente
procedimento licitatório nas hipóteses previstas em lei, ou teremos a participação de três licitantes no certame, porém,
deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou apenas um participará efetivamente e com interesse de sagrar-
à inexigibilidade. Sem a comprovação do elemento subjetivo, se vencedor no certame, pois os outros dois serão apenas
não se cogita do crime. Não há modalidade culposa. Com isso, fictícios.
se a hipótese fática ensejar dúvida sobre a necessidade da O sujeito ativo do tipo penal é o licitante que se utiliza de
licitação e, consequentemente, este estado de incerteza atingir qualquer meio idôneo a frustrar ou fraudar o certame
o elemento subjetivo do agente, poderá haver a exclusão do licitatório, podendo haver a participação de servidor público.
dolo, e, portanto, não estará sujeito às sanções do art. 89 da Lei O sujeito passivo é um dos entes políticos da Federação,
n. 8.666/93. englobando os órgãos que compõe a administração direta e
indireta, conforme o agente esteja vinculado funcionalmente.
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação Também poderá ser o licitante prejudicado com o ato
ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do perpetrado pelo agente ativo.
procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para A consumação do delito em comento ocorre no momento
outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da em que a agente pratica a conduta descrita no tipo penal,
licitação: fazendo coincidir a execução com a consumação num
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. momento único. Trata-se de um crime formal.
O crime previsto neste artigo visa punir a fraude à O ilustre doutrinador Vicente Greco Filho leciona que o
competitividade dos processos licitatórios, crime estará consumado “com a realização do procedimento
independentemente do dano ou do prejuízo ao erário. licitatório frustrado ou fraudado em seu caráter competitivo”.
Deste modo, o objeto da norma penal é a proteção ao Neste contexto, em se tratando de fraude ou da prática de
correto desenvolvimento da atividade administrativa, e o ato que frustre a competição, via de regra, a consumação
direito dos concorrentes em participarem de um ocorre no exato instante em que o agente pratica o ato
procedimento licitatório livre de vícios que prejudiquem a fraudulento ou daquele que frustra a lisura do procedimento,
igualdade entre os candidatos a contratarem com a independentemente do término da licitação.
Administração Pública. Importante observar que a configuração do crime, exige a
A ação descrita no tipo penal é frustrar ou fraudar o caráter comprovação do dolo específico do agente, consubstanciado
competitivo do procedimento licitatório. No dizer de Diogenes no fim especial de agir com o intuito de obter, para si ou para
Gasparini, que ao comentar o delito, leciona que: outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da
Frustrar significa enganar, baldar, tornar inútil, no caso, a licitação. Sem a comprovação do elemento subjetivo, não se
competitividade da licitação. É conduta comissiva. Há que cogita do crime de frustrar ou fraudar, mediante ajuste,
haver uma ação. Frustra-se o caráter competitivo da licitação, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter
por exemplo, quando o servidor, em razão do ajuste efetivado competitivo do procedimento licitatório. A vantagem que se
com certo concorrente, prevê, no edital, exigência que poucos procura obter com a adjudicação não necessita ser somente
podem satisfazer, ou fixa no instrumento convocatório prazo econômica, financeira.
legal para a apresentação das propostas de técnica e preço Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse
incompatível com a sua complexidade de elaboração. privado perante a Administração, dando causa à instauração de
A frustração ao caráter competitivo pode decorrer, licitação ou à celebração de contrato, cuja invalidação vier a ser
algumas vezes, da inclusão no edital da licitação, de cláusulas decretada pelo Poder Judiciário:
abusivas que impedem que pessoas físicas ou jurídicas possam Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
ter acesso ao certame. Neste sentido, por exemplo, constata-se
a exigência feita aos licitantes quanto a obrigatoriedade de Para efeitos do presente artigo o verbo núcleo do tipo
apresentação de atestados de capacidade em que o objeto não penal é patrocinar, que quer significar, a conduta de
necessite de comprovação específica, tal como exigir que a promover, defender, favorecer interesse próprio, de natureza
licitante comprove que já tenha fornecido anteriormente bens privada, perante a Administração Pública, ocasionando a
comumente encontrados no mercado, tais como materiais de instauração de licitação ou à celebração de contrato.
escritório (canetas, lápis, papéis etc.). Ao fazer este tipo de O professor Vicente Greco Filho ensina que o objetivo da
exigência, o agente público estaria impedindo que empresas norma é defender “a moralidade administrativa e o dever
novas possam participar do fornecimento de bens de consumo jurídico de o funcionário atuar em favor do interesse público e
à Administração, fugindo ao princípio da razoabilidade. não de interesses privados”. Jesse Torres Pereira Júnior
Outro verbo do núcleo é fraudar a licitação para atingir o acrescenta a defesa do patrimônio público entre o objetivo da
seu caráter competitivo. Fraudar significa utilizar-se de norma penal em comento.

Fundamentos de Administração Pública 59


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APOSTILAS OPÇÃO

A conduta viola a regularidade administrativa exigida pela convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos
sociedade, onde se espera que os interesses defendidos pelos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem
agentes públicos sejam aqueles que reflitam a necessidade cronológica de sua exigibilidade, observado o disposto no art.
coletiva, e não apenas a do próprio agente ou de terceiras 121 desta Lei:
pessoas a este ligadas. Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa.
A advocacia privada para ser considerada ilegal não Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado que,
necessita ser no próprio órgão ou setor onde o agente público tendo comprovadamente concorrido para a consumação da
está lotado, mas deve estar de alguma forma ligada com a ilegalidade, obtém vantagem indevida ou se beneficia,
função por ele exercida, pois a norma visa proteger a injustamente, das modificações ou prorrogações contratuais.
moralidade administrativa, a lisura do procedimento
licitatório, o qual não deve servir de aparato para o exercício O artigo 92 em seu caput apresenta duas formas de crime
de interesses de natureza estranha ao perseguido pela observe que quando a norma afirma prorrogação contratual
Administração Pública. está se referindo a alteração contratual indevida em favor do
O sujeito ativo do delito é o agente público, trata-se de vencedor da licitação, diante disto alega Vicente Grecco Filho:
crime próprio. O tipo não exige que este agente seja o “Procura-se evitar as tão comuns prorrogações ou
responsável pela realização dos atos que compõem o aditamentos contratuais que fazem com que o contrato
procedimento licitatório, assim, não está restrita aos membros original acabe sendo ampliado grande número de vezes. Em
de comissão de licitação, ou ao pregoeiro, ou a qualquer outro parte essas situações são devidas à falta de planejamento da
agente administrativo lotado em algum dos setores por onde o administração, que nem sempre tem condições, ao licitar e
processo tramitará no âmbito interno do órgão licitante. contratar, de dimensionar corretamente, em todos os seus
Qualquer agente público que se valha de qualquer facilidade aspectos, a obra ou serviço, mas também, em muitos casos,
funcional ou pessoal para fazer prevalecer seu interesse tanto o administrador quanto o contratado sabem que o
privado ou de terceiros perante a administração, poderá ser contrato original é inviável, mas celebram-nos contando com
autor do crime previsto no art. 91 da Lei n. 8.666/93. prorrogações, alterações e aditamentos, evidentemente com
Também não se faz necessário que o agente exerça suas burla do procedimento licitatório e sacrifício do interesse
atividades no setor onde ocorreu a defesa do interesse público e da moralidade administrativa”.
combatido pela norma, bastando que o agente possa de forma A lei 8.666/93 prevê os casos de alterações contratuais do
direta ou indireta, beneficiar-se de qualquer jeito na decisão artigo 65, unilateralmente por parte da administração ou por
administrativa de contratar aquilo que a princípio visa acordo das partes; o artigo 57, por sua vez prevê a duração dos
satisfazer o interesse do agente público e não o da contratos, admitida a prorrogação nos casos específicos. A
coletividade. prorrogação também é admitida ser prevista no instrumento
O sujeito ativo deve atuar consciente e livremente com convocatório, nas mesmas condições originais.
vistas a patrocinar o seu interesse, pessoalmente ou se valendo Como bem observa Vicente Grecco Filho: “a falta de
de terceiros, perante a administração pública onde atua ou organização da Administração Pública, que acaba pagando por
tenha influência, com vista a instaurar licitação ou firmar isso, estes contratos só podem ser prorrogados mantendo a
contratação escrita ou verbal com o Poder Público. sua originalidade, o artigo 65 traz em seus incisos I e alíneas e
É o dolo genérico, segunda da doutrina penal. O dolo do Inciso II e alíneas, sendo o inciso I com possibilidade unilateral
agente deve considerar que a sua conduta é ilegal, que afronta pelo interesse da Administração Pública e no segundo por
as normas regulamentares das licitações públicas, normas de acordo das partes sempre em favor de interesse público, o
caráter administrativo-funcional e a norma penal. artigo 57 se refere às possibilidades legais de prorrogação de
O sujeito passivo é qualquer uma das pessoas jurídicas de contrato”.
direito público interno, ou seja, qualquer um dos entes Seguindo a ordem das formas de crime, ainda consta no
políticos da Federação, englobando os órgãos que compõe a caput do artigo em questão do pagamento de fatura com
administração direta e indireta, organizadora da licitação em preferência e burlando a ordem cronológica de pagamentos
que se defende o interesse privado. tem previsão no artigo 5º da lei 8.666/93, frente a estes delitos
O delito em comento poderia considerar-se consumado, Freitas afirma: “O administrador deverá obedecer à ordem de
por si só, quando o agente público no exercício de suas funções exigibilidade não a ordem de apresentação, pois a fatura,
patrocina seus próprios interesses em desprezo aos de toda a quando apresentado, não se torna imediatamente exigível,
sociedade, procurando impor à Administração Pública a sendo, necessário, ainda, que seja verificado, por parte da
contratação de seus produtos ou serviços, pois, com essa Administração Pública, o efetivo cumprimento da obrigação
conduta já ofende os bens que a norma visa proteger, e desta contratual cuja contraprestação financeira está sendo cobrada
forma, já estaria sujeito a uma pronta e eficaz resposta do através da mencionada apresentação. Uma vez atestado tal
aparelho estatal, sobretudo o penal. feito pela Administração, o crédito respectivo tornar-se-á
Contudo, a norma tal como prevista, exige algo a mais. exigível e será este momento que estabelecerá uma ordem
Exige algo estranho ao dolo do agente, pois somente se temporal, que deverá ser respeitada para o pagamento dos
configurará o crime se houver a invalidação da licitação ou do credores.
contrato pelo Poder Judiciário. Constata-se que antes do pagamento há a necessidade do
Assim, para os efeitos deste artigo, a consumação do crime atestado do cumprido pelo agente público competente e
somente ocorrerá a partir do momento em que o Poder somente após isso se torna exigível o pagamento pelo
Judiciário (juízo cível) se manifestar sobre a sua ilegalidade, de adjudicatário, ainda cabe destacar que o artigo 5º da lei faz
maneira definitiva, ou seja, a partir do trânsito em julgado da ressalvas legais, para alterar a ordem cronológica quando
decisão. Deste modo, o crime se verificaria no momento em presente razões relevantes de interesse público e prévia
que o agente praticara a defesa de seu interesse perante a justificativa da autoridade competente, para o doutrinador
Administração Pública, mas somente poderia ser perseguido Bittencourt as razões de interesse público devem ser
em juízo após a invalidação do ato pelo Poder Judiciário. previamente justificadas e publicadas na imprensa oficial, não
devendo ser entendidas como discricionárias nem simplórias,
Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer pois a lei requer que sejam dotados de razões relevantes,
modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em ficando assim condicionada a ordem cronológica a interesses
favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos do bem comum e não de gestores municipais partidaristas.
celebrados com o Poder Público, sem autorização em lei, no ato

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APOSTILAS OPÇÃO

O parágrafo único do artigo 92 faz referência à Entretanto, na segunda modalidade, somente servidor ou
contribuição do agente contratado, para as condutas ilícitas, responsável pelo procedimento é que poderá praticar a
estas que só poderão ser cometidas por agente público no conduta de proporcionar o ensejo de um terceiro devassar a
caput do artigo e no parágrafo único sendo o agente privado o proposta. O terceiro que toma conhecimento da proposta
único a cometer o delito, verifica-se que o agente privado e o comercial apresentada na licitação antes do momento
agente público figuram no papel de sujeito ativo e a adequado previsto no edital não será sujeito ativo deste crime,
Administração Pública como sujeito passivo, pois sofre o dano. mas poderá ser sujeito ativo do crime do art. 90, haja vista que
No caput do referido artigo é aceita a tentativa de crime poderá estar caracterizada a fraude mediante o ajuste ou
visto que o que necessita da conduta delituosa é o resultado, combinação prévia entre este e o servidor público com o
entende-se que um contrato alterado ou um pagamento intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente
indevido é o resultado, mas caso venha a ser feita a alteração da adjudicação do objeto da licitação. Assim, o crime do art. 94
ou tentado pagamento ilícito e a autoridade superior a pode configurar um crime meio para a prática do crime fim,
competente cancele, o vencedor não retire, estará em situação previsto no art. 90 da Lei n. 8.666/93.
de tentativa de forma consumada o crime, pois necessita a Este dispositivo legal contém dois momentos
atuação prévia do agente público, para o resultado, os atos consumativos, distintos e inconfundíveis, um para cada
cometido em todo o artigo 92 e seu parágrafo único só ocorrem modalidade.
com dolo, pois é da vontade do agente infrator, este artigo Na primeira modalidade, devassar não significa
buscou a proteção da moralidade administrativa e o devido simplesmente romper o invólucro onde está contida a
funcionamento da Administração Pública. proposta comercial do licitante, pois somente este fato seria
irrelevante para o direito penal, haja vista que nenhuma
Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de alteração teria ocorrido em relação a finalidade do
qualquer ato de procedimento licitatório: procedimento que é a obtenção da proposta mais vantajosa
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. para a administração. É claro que seria dificultoso provar-se
que com o rompimento do envelope não teria havido a quebra
Este artigo sucinto em seu texto tem como conduta ilícita o do sigilo. Só o caso concreto poderia ser aferido este fato.
impedimento, perturbação e fraude em qualquer ato do Diversamente ocorrerá na segunda modalidade, onde a
procedimento licitatório, de acordo com isso Bittencourt consumação ocorrerá a partir do momento em que o agente
afirma que em qualquer momento da licitação, incriminando público proporciona o ensejo, a oportunidade, quando facilita
as condutas de impedir (obstruir, obstar), perturbar para que o terceiro tome conhecimento da proposta. Note-se
(atrapalhar, tumultuar) ou fraudar (burlar), estas condutas que neste caso, a lei não exige a devassa, ou seja, o
quando cometidas prejudicando o procedimento licitatório conhecimento do conteúdo da proposta, mas conforma-se com
estará cometido o crime. o perigo que a conduta em si do servidor público representa
O que procurou proteger este artigo foi a regularidade do para o rompimento da lisura do procedimento, em especial, no
procedimento licitatório tentando coibir os atos indevidos que tange à proteção competitividade dos licitantes que
descritos, os sujeitos ativos podem ser agentes públicos e justifica todo o certame.
agentes privados, pois qualquer pessoa é passível de cometer Deste modo, pode-se concluir que na primeira parte do
os atos com características de dolo, o crime é de consumação, dispositivo, tem-se um crime material, onde se exige a tomada
pois só havendo o ato ilícito concreto como conduta que de ciência do conteúdo da proposta, não se limitando apenas
resultem em impedimento, perturbação ou fraude do ao rompimento do lacre do envelope, Já, na segunda
procedimento licitatório a qualquer momento haverá o crime, modalidade, trata-se de crime de mera conduta, onde não se
sujeito passivo a Administração pública. exige como resultado o conhecimento do conteúdo da
proposta pelo terceiro, pois o dispositivo exige que o servidor
Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em ou responsável pela licitação ofereça meios, facilidades para
procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de que o terceiro tome conhecimento da proposta comercial do
devassá-lo: licitante.
Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.
Art. 95. Afastar ou procura afastar licitante, por meio de
O núcleo do tipo penal encontra-se descrito nos verbos violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem
“devassar” e “proporcionar”. Há, assim, dois núcleos. de qualquer tipo:
Devassar é utilizado no sentido de tomar conhecimento do Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, além
conteúdo da proposta oferecida pelo licitante. Proporcionar da pena correspondente à violência.
é usado para indicar a ação de permitir, deixar, facilitar que Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém
terceiro tome conhecimento da proposta de licitante. Este ou desiste de licitar, em razão da vantagem oferecida.
terceiro pode ser outro agente público ou licitante, ou
qualquer outra pessoa, mesmo que diretamente não tenha O presente artigo tem por objeto jurídico a proteção do
interesse em participar do certame licitatório. direito de livre participação dos interessados que se dispõem
Podem praticar o crime previsto neste artigo qualquer a atender aos chamados expedidos pelos variados órgãos do
servidor público, especialmente aqueles que são responsáveis Poder Público, e assim, busca-se salvaguardar um dos aspectos
pela condução do procedimento da licitação (pregoeiro, do direito de liberdade previsto no art. 5º, inc. II da
presidente ou qualquer membro da comissão). Constituição Federal de 1988, pois nenhum licitante poderá
Na primeira modalidade da figura típica, tanto o servidor ser coagido a não participar de uma licitação a qual deseja
público como a terceira pessoa podem praticar o crime, pois participar.
ambos podem devassar a proposta apresentada, a depender Toda e qualquer licitação pública que tenha por objeto uma
do caso concreto. Paulo José da Costa Jr leciona no sentido que obra, serviço, compra, alienação e locação no âmbito dos
sujeito ativo "na primeira modalidade é o funcionário público Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
incumbido de guardar as propostas apresentadas, até sua Municípios deve ser processada e julgada em estrita
abertura no ato convocatório”, sendo que “o terceiro, a quem conformidade com os princípios básicos da legalidade, da
se proporciona a devassa, é coautor do crime, mesmo sendo impessoalidade, da moralidade, da igualdade e outros
extraneus (estanho, sem qualquer ligação)". correlatos. Dentre estes se insere o princípio da liberdade de
participação. Ao se proteger a liberdade de participação dos

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licitantes, estar-se-á resguardando também a regular Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação
realização da licitação. Assim, assiste razão ao professor Paulo instaurada para aquisição ou venda de bens ou mercadorias, ou
José da Costa Junior quando leciona no sentido de que o art. 95 contrato dela decorrente:
da Lei n. 8.666/93 tutela “o bom andamento da Administração I - elevando arbitrariamente os preços;
Pública, que tem interesse em que concorrências sejam II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria
realizadas normalmente e com seriedade. falsificada ou deteriorada;
Os meios de que estas condutas poderão ser praticadas III - entregando uma mercadoria por outra;
contra o licitante são o uso de violência física ou moral, que IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da
constitui a grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem mercadoria fornecida;
de qualquer natureza (financeira ou não). V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais
A violência física descrita na norma refere-se àquela onerosa a proposta ou a execução do contrato:
manifestada por qualquer conduta que ofenda a integridade Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
ou saúde corporal do licitante ou qualquer outra pessoa que
possua algum vínculo pessoal (parentesco ou afinidade) ou O artigo em comento ao trazer cinco formas de se fraudar
profissional com este, como um funcionário da empresa uma licitação ou a execução dos contratos, busca em primeiro
licitante, por exemplo. plano, salvaguardar o interesse da Fazenda Pública, o qual
Outra forma prevista é a violência moral identificada busca, em meio a escassez de recursos financeiros e mediante
como sendo a grave ameaça, forma esta em que se busca o planejamento orçamentário, atender as necessidades
impedir a participação do licitante no certame sob o materiais da Administração Pública por meio de compras de
argumento de um mal injusto e grave poderá lhe ocorrer ou a produtos e contração de serviços diversos, ou ainda, por
alguém a ele ligado. intermédio da venda de seus ativos. Neste sentido, podemos
Importante registrar que além da pena prevista destacar o interesse em se proteger o erário da elevação
especialmente para o tipo, qual seja detenção, de 2 (dois) a 4 arbitraria de preços, ou da maior onerosidade da proposta ou
(quatro) anos, estará o licitante sujeito à pena correspondente da execução do contrato.
ao tipo de violência que praticar. Assim, se houver homicídio Interessante que a norma penal menciona expressamente
ou lesão corporal, incidira também nas penas desses crimes. somente o prejuízo à Fazenda Pública, mas não significa que
A terceira forma prevista é a prática do emprego da somente a estes entes as ações fraudulentas se resumem, pois
fraude, como meio tendente a afastar o licitante. A fraude não é só a defesa do patrimônio público que a norma visa
compreende a manipulação do licitante, o qual é ludibriado proteger, ainda que ela não a diga expressamente.
mediante artifício enganoso não admitidos em lei perpetrado O tipo penal contém mais uma espécie de fraude à licitação
por outro licitante, ou a mando deste, que o leve a desistir de ou à execução do contrato.
participar da licitação, e assim, a ir contra os seus interesses. Fraudar implica na prática de atos comissivos, mediante
A quarta forma de prática do crime previsto no art. 95 da artifícios, ardil, expedientes que buscam dissimular a lisura do
Lei n. 8.666/93 é aquela em que um ou mais licitantes procedimento licitatório ou a execução do contrato firmado
oferecem ao licitante que pretende afastar do certame uma que, como já mencionamos, causa prejuízo financeiro ao
vantagem indevida, econômica ou não. Normalmente, pode-se erário, e também, diversos outros, especialmente aos
tratar de vantagem financeira, ou seja, uma determinada destinatários das diversas políticas públicas que se utilizando
quantia para não participar do certame, e assim “não da colaboração de terceiros para suas execuções.
atrapalhar os negócios”, ou o recebimento de um bem, móvel
ou imóvel, a depender do volume de dinheiro que a licitação I. Elevação arbitraria dos preços.
envolverá. Na forma descrita por este inciso, o licitante, sem justa
O sujeito ativo deste delito poderá ser qualquer pessoa, causa, eleva o preço dos seus bens ou mercadorias oferecidas
não só os licitantes, mas também os agentes públicos ao Poder Público, causando, com tal prática, prejuízo ao erário
responsáveis pela condução do procedimento e quaisquer público. O que a norma penal visa coibir é a elevação sem
outra que tenha interesse direto ou indireto no resultado qualquer fundamento legal ou justificador do preço
prático da licitação. apresentado pelo licitante particular, a qual poderá correr no
Não exige a lei nenhum vínculo jurídico ou fático com a momento do oferecimento da proposta na licitação, ou após,
licitação em que se procura afastar o licitante, salvo quanto à mediante o pedido de aditamento contratual com a alteração
conduta descrita no parágrafo único do art. 95 da Lei n. para maior do preço, desprovido que justificativa plausível,
8.666/93, haja vista que somente o licitante que aceita a oferta juridicamente aceitável, ou no dizer da norma, arbitrária.
de vantagem indevida para se abster ou para desistir da
licitação é quem poderá praticar este crime. II. Vender, como verdadeira ou perfeita, mercadoria
O sujeito passivo do tipo penal é o ente político falsificada ou deteriorada.
responsável pela realização da licitação, ou seja, a União, o Neste inciso, o verbo do núcleo do tipo incriminador é
Estado, o Distrito Federal, o Município, a empresa pública, a vender, que significa, em linhas gerais, o ato de transferência
autarquia, a fundação, a sociedade de economia mista e outras de domínio de um objeto corpóreo ou incorpóreo a outrem
entidades controladas, direta ou indiretamente, pelo Poder mediante o estabelecimento de um negócio jurídico onde as
Público. partes estabelecem um determinado preço.
Além desses, o próprio licitante afastado ou aquele a quem No tipo penal sob análise, o ato de vender, como verdadeira
se procurou afastar também poderá ser considerado vítima da ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada, importa em
ação criminosa, principalmente se vier a sofrer da violência, uma forma de falsidade ideológica, assim, quando o vendedor
grave ameaça ou fraude. afirma que está entregando a mercadoria original, proposta
Por fim, ressalta-se que o crime é material, onde se em licitação, mas decide entregar mercadoria falsa ou
consuma com o resultado do afastamento do licitante ou a deteriorada, isto é, danificada ou imprópria para o uso a que se
simples tentativa de afastar o licitante de uma determinada destina, caracteriza-se a infração.
licitação. Na hipótese do crime previsto no parágrafo único do Assim, o ato criminoso corresponde na venda de
art. 95 da Lei n. 8.666/93, ocorrerá a consumação no momento mercadoria falsa, o que significa a entrega de um bem da vida
em que o licitante, diante da oferta de vantagem indevida, (produto, mercadoria) diverso daquele definido em um
decide não mais participar do processo licitatório. negócio jurídico estabelecido com a Administração Pública,

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que não corresponde aos elementos de qualidade exigidos no das garantias da ampla defesa e contraditório, foi penalizado
instrumento contratual. pela Administração Pública ou pelo Poder Judiciário.
Tomando como ponto de partida a ideia de que a
III. Entregar uma mercadoria por outra. Administração Pública ao licitar busca obter a melhor
Fica claro que o inciso anterior trata de produtos falsos ou proposta para satisfazer ao interesse público, urge considerar
deteriorados, entregues como sendo verdadeiros ou em que o objeto que a norma penal pretende resguardar é a
perfeitas condições de usabilidade. Já o presente inciso, traz moralidade, a probidade e defesa de ações que visam conferir
outra modalidade de vício de qualidade na execução dos maior segurança nas contratações desenvolvidas.
contratos firmados com a Administração Pública. Não se trata Secundariamente, a norma visa salvaguardar o erário, pois
de entregar produto falsificado ou deteriorado. Aqui o produto licitações ou contratações onde figurem pessoas inidôneas
é totalmente modificado. Por exemplo: Pretende-se adquirir acarretam investimento de tempo e dinheiro, principalmente
bolas de futebol para uso escolar, mas o fornecedor entrega pela necessidade futura de refazimento de todo o
bolas de vôlei. Ou ainda, busca a Administração Pública procedimento licitatório ou na obrigação do Estado de
adquirir a vacina contra a gripe H1N1, mas o fornecedor indenizar o dano ocasionado como poderia ocorrer, por
entrega vacina contra a gripe comum. exemplo, na contratação de inidôneo para fornecimento de
medicamentos ou para suprimento oxigenoterapia domiciliar,
IV. Alterar substância, qualidade ou quantidade da onde a demora no fornecimento destes materiais pode
mercadoria fornecida. significar a morte dos pacientes que dependem do
De certo modo, a conduta descrita neste inciso está atendimento imediato.
presente no inciso II do art. 96 da Lei n. 8.666/93, mas não se Como visto, podemos considerar que a norma também
limita às hipóteses lá descritas. busca, por vias indiretas, resguardar o interesse dos
Alterar a substância, qualidade ou quantidade de administrados que serão beneficiados com a adoção da política
mercadoria fornecida pode envolver na entrega de mercadoria pública consubstanciada no objeto da licitação.
falsificada ou deteriorada, mas não está limitada a estas Imagine uma licitação para aquisição de uniformes
hipóteses. Logo, é de concluir que a conduta descrita no inciso escolares ou merenda, onde figure a presença de pessoa
IV é mais ampla que a prevista no inciso II. inidônea para o fornecimento. O não cumprimento do contrato
O verbo do núcleo do tipo é alterar, que significa modificar, ou a sua invalidação tardia acarretará em direto prejuízo aos
mudar algo. No caso, a substância, a parte essencial de um alunos, notadamente os mais carentes, os quais não terão a
determinado bem objeto do contrato, ou a sua qualidade que vestimenta adequada para ir à escola ou a alimentação
as faz distinguir de outras da mesma espécie ou ainda, a fundamental para o desenvolvimento das demais atividades
quantidade contratada. O tipo não está prevendo a mera escolares, quando se sabe que muitos dos alunos,
substituição de uma mercadoria por outra, já que esta conduta especialmente no interior desse país, possuem a merenda
está descrita no inciso III, mas sim a alteração da mercadoria servida nas escolas públicas como a principalmente refeição
contratada. do dia. Logo, o tipo penal, serve para resguardar a moralidade
Neste sentido, Paulo José da Costa Jr. leciona que “é claro administrativa, o erário e, em muitos casos, o administrado
que a alteração da substância ou da qualidade haverá de se como real beneficiário das ações praticadas pela
fazer para pior, assim como a quantidade da mercadoria Administração Pública.
fornecida deverá ser menor”. O tipo penal do caput se consubstancia na ação de admitir
à licitação empresa ou profissional declarado inidôneo.
V. Tornar, por qualquer modo, injustamente, mais onerosa a Admitir é o mesmo que permitir, aceitar a participação de
proposta ou a execução do contrato. pessoa natural ou jurídica que esteja impedida de contratar
A licitação busca selecionar uma proposta que melhor com o Poder Público por ter sido reconhecida a sua
atenda ao interesse público, e nem sempre será o menor preço inidoneidade em licitações ou contratações anteriores, onde
que evidenciará o que é melhor para satisfazer as variadas deu causa a dano seja patrimonial ou não.
necessidades atreladas ao dia a dia da Administração Pública. A segunda forma é celebrar o contrato com empresa ou
Deste modo, deve haver um equilíbrio financeiro na hora profissional declarado inidôneo.
de contratar. Majorar os preços sem uma causa justificada, Celebrar é firmar o vínculo contratual. Não necessitar ser
importa em prejuízo financeiro ao erário. Mas não é só. por escrito, apesar de ser esta a forma mais comum. Também
Apresentar preços abaixo do necessário para a execução do não necessita ser mediante a assinatura de contrato formal,
contrato, tornando inexequível o objeto contratado também pois a lei admite que a contratação possa ser feita de diversas
importará em sérios danos à Administração Pública, formas.
principalmente em razão do atraso no fornecimento do bem O tipo penal descrito no parágrafo único do art. 97 da Lei
da vida necessário para a satisfação do interesse público n. 8.666/93 prevê como conduta criminosa a participação, por
evidenciado na contratação realizada. parte do declarado inidôneo, na licitação ou a sua contratação.
O prejuízo financeiro à Administração Pública está contido A penalidade para o particular que mesmo impedido, se
no tipo penal, mediante a maior onerosidade exigida. Se não apresenta como em condições de ser contratado ou que
houver este prejuízo, não restará configurado o crime. Por este efetivamente logra ser contratado, seja ocultando esta
motivo, o professor Vicente Greco Filho leciona que “não tem situação negativa que paira sobre a sua pessoa ou com a
significado se não houver prejuízo para a Administração e se colaboração do agente público envolvido na realização da
não representar fraude à licitação ou ao contrato”. licitação ou da contratação.
O sujeito ativo no tipo penal do caput do art. 97 da Lei n.
Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato com 8.666/93 será o servidor público responsável pela condução
empresa ou profissional declarado inidôneo: da licitação ou pela realização da contratação, assim poderá
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. qualquer membro da comissão de licitação, ou pregoeiro ou a
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que, autoridade superior que, muitas vezes, adjudica o objeto
declarado inidôneo, venha a licitar ou a contratar com a licitado ou homologa os atos praticados pelos agentes
Administração. inferiores. Todos podem ser agentes do tipo penal. Situação
diversa ocorre com o tipo penal do parágrafo único deste
Inidôneo é o licitante ou contratado que, após ser artigo, onde o sujeito ativo será o particular declarado
submetido ao regular procedimento administrativo dotado inidôneo que participa de licitação ou que venha a ser

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contratado pela Administração, sendo que neste último caso, a Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a
contratação não necessita ser precedida de licitação, tal como inscrição de qualquer interessado nos registros cadastrais ou
nos casos em que a escolha do contratado ocorre mediante os promover indevidamente a alteração, suspensão ou
institutos da dispensa ou da inexigibilidade de licitação, cancelamento de registro do inscrito:
previstos nos arts. 17, 24 e 25 da Lei n.8.666/93. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
O sujeito passivo poderá ser a União, o Estado-membro ou
o Município, ou ainda os que compõem a administração Este artigo que prevê crime na lei de licitação verifica
indireta destes entes políticos, tais como autarquias, proteção à oportunidade de se ter o maior número possível de
fundações e sociedades de economia mista. propostas e contratar com a melhor proposta, protege também
Apesar de a admissão à licitação ou a contratação de o Direito subjetivo de particular do certame, esta norma
pessoa ou profissional inidôneo poder, por vias indiretas, envolve o procedimento licitatório, pois o registro é feito no
atingir os interesses dos administrados, não se apresenta momento da concorrência, para aludir melhor, Vicente Grecco
adequado considerar estes como sujeitos passivos do tipo Filho:
penal em comento, pois somente por vias reflexas seus “O Registro cadastral tem por finalidade substituir a
interesses serão atingidos. documentação necessária à habilitação, e, para modalidade de
O ilícito penal se consumará no momento em que o tomada de preços, somente podem apresentar propostas os
servidor ou funcionário responsável pela licitação admite a previamente cadastrados ou que atenderem a todas exigências
participação de pessoa ou profissional declarado inidôneo na do cadastramento até o terceiro dia anterior à data do
licitação ou no momento em que aquele celebra o contrato com recebimento das propostas quanto ao convite, o cadastrado que
esta pessoa. A dificuldade está em se estabelecer em que não foi convidado pode participar se demonstrar interesse até
momento se deve considerar admitido a sua participação ou 24 horas antes da apresentação das propostas. Assim, a
em que momento se considera celebrado o contrato. inscrição no registro cadastral é de interesse público na medida
A primeira conduta importa na admissão à participação na em que facilita aos cadastrados a apresentação de propostas e
licitação, propriamente dita. Sabe-se que a participação do amplia o universo de possíveis concorrentes, que ficam sendo do
licitante tem início com a entrega dos envelopes contendo a conhecimento da Administração”.
documentação de habilitação e de propostas técnicas e de Este cadastro é muito importante para agilizar o
preços, ou mesmo antes, com a impugnação ao edital ou com a procedimento licitatório e também dar oportunidade a quem
apresentação de pedidos de esclarecimentos ao edital. queira concorrer desde que observado o prazo de 24 (vinte e
A segunda hipótese se refere à celebração do contrato com quatro) horas e a devida habilitação legal. Quanto aos sujeitos,
pessoa ou profissional inidôneo. Diferentemente da figura têm-se os sujeitos ativos do crime agentes públicos e agentes
anterior, o momento da formalização do contrato privados, pois, estes são capazes de cometer os atos previstos
administrativo apresenta-se definido em lei, o que facilita o no artigo, já os sujeitos passivos são os Municípios que tiverem
trabalho do intérprete quanto ao momento consumativo do seu Direito e interesse prejudicados, ainda os agentes privados
tipo penal. Diz o art. 60 da Lei n. 8.666/93 que os contratos e que forem prejudicados, o crime como pode ser em dois
seus aditamentos serão lavrados nas repartições interessadas, momentos, o primeiro momento pode ocorrer no cadastro e
as quais manterão arquivo cronológico dos seus autógrafos, acaba acontecendo algum ato ilícito para que não seja perfeito
ressalvados os contratos relativos a direitos reais sobre esse cadastro e no segundo já existe o cadastro e sofre o ato
imóveis que são formalizados por instrumento público lavrado ilícito posteriormente para prejudicar o licitante.
em cartório. Assim, pode-se verificar que o crime descrito no
art. 97 da Lei n. 8.666/93, consistente em celebrar contrato Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 desta
com empresa ou profissional declarado inidôneo somente Lei consiste no pagamento de quantia fixada na sentença e
estará consumado no momento em que for efetivamente calculada em índices percentuais, cuja base corresponderá ao
formalizado o contrato, vale dizer, no momento em que a valor da vantagem efetivamente obtida ou potencialmente
autoridade pública competente registra seu autógrafo no auferível pelo agente.
respectivo instrumento. § 1º Os índices a que se refere este artigo não poderão ser
Outra questão que cabe ressaltar é que o tipo penal não se inferiores a 2% (dois por cento), nem superiores a 5% (cinco por
limita ao contrato formal, escrito e detentor das características cento) do valor do contrato licitado ou celebrado com dispensa
descritas no art. 55 da Lei n. 8.666/93, pois este diploma legal ou inexigibilidade de licitação.
permite em situações excepcionais o contrato verbal para § 2º O produto da arrecadação da multa reverterá, conforme
pequenas compras de pronto pagamento, limitadas a 5% o caso, à Fazenda Federal, Distrital, Estadual ou Municipal.
(cinco por cento) do limite financeiro definido no art. 23, inc.
II, alínea “a” da lei de licitações, bem como permite que a Em todos os artigos é possível identificar semelhanças
Administração possa estabelecer vínculos contratuais como a pena em forma de detenção e a multa. Antes de falar
mediante a substituição do instrumento de contrato por em pena de multa, vale esclarecer o que é pena detenção, esta
outros, tais como nota de empenho de despesa, carta-contrato, é uma pena privativa de liberdade, que deve ser cumprida ou
autorização de compra ou ordem de execução de serviços. no regime semiaberto ou no regime aberto, e ainda, esta não
O tipo penal prevê um requisito objetivo a ser considerado pode ser trocada pela multa, pois, estas surgem juntas na
na tipificação, qual seja, a prévia declaração de inidoneidade norma de forma cumulada. Contudo, cabe observar que pode
do licitante ou contratado. haver a troca da pena privativa de liberdade pela pena
Não haverá crime se o responsável pela licitação, por restritiva de direitos, desde que presentes os requisitos
exemplo, tiver conhecimento de que a pessoa ou o profissional exigidos pela norma penal para tal providência, assim
está respondendo a processo administrativo que possui como apresenta Freitas:
objetivo investigar fato que possa resultar na aplicação da “Não tendo a lei de licitação estabelecido a disciplina para
penalidade de declaração de inidoneidade, e mesmo assim der substituição da pena privativa de liberdade imposta por pena
continuidade à licitação ou à celebração do contrato, pois o restritiva de direitos, aplicar-se a, nos termos do art.12 do CP,
tipo penal exige que a pessoa ou o profissional já tenha sido as regras correspondentes previstas na parte geral do Código
declarado inidôneo. Se a declaração sobrevier após o início da Penal, quais sejam os art. 43 a 48 deste códex”.
licitação, ou após a contratação, não haverá crime. Abstratamente, constata-se que, com exceção de algumas
modalidades típicas do art. 95, todos os crimes licitatórios

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admitem a substituição da pena privativa de liberdade por Gabarito


restritiva de direitos. 01. A /02.B /03.D /04.A / 05.B
O artigo 12 do Código Penal entende que como a lei de
licitação (lei especial) não previu o benefício da substituição Seção IV
de pena, esta é regida pelo Código Penal que é considerada a Do Processo e do Procedimento Judicial
lei geral dos crimes.
Art. 100. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal
Questões pública incondicionada, cabendo ao Ministério Público
promovê-la.
01. (TCU – Auditor Federal de Controle Externo -
Auditoria Governamental - CESPE) Considerando a teoria do Art. 101. Qualquer pessoa poderá provocar, para os efeitos
direito penal, a lei penal em vigor e a Lei de Licitações (Lei n.º desta Lei, a iniciativa do Ministério Público, fornecendo-lhe, por
8.666/1993), julgue os itens subsequentes. escrito, informações sobre o fato e sua autoria, bem como as
Para os fins de aplicação dos dispositivos penais contidos circunstâncias em que se deu a ocorrência.
na Lei de Licitações, equipara-se a servidor público aquele que Parágrafo único. Quando a comunicação for verbal,
exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, mandará a autoridade reduzi-la a termo, assinado pelo
incluídas as sociedades de economia mista. apresentante e por duas testemunhas.

(A) Certo Art. 102. Quando em autos ou documentos de que


(B) Errado conhecerem, os magistrados, os membros dos Tribunais ou
Conselhos de Contas ou os titulares dos órgãos integrantes do
02. (TCU – Auditor Federal de Controle Externo - sistema de controle interno de qualquer dos Poderes verificarem
Auditoria Governamental - CESPE) Considerando a teoria do a existência dos crimes definidos nesta Lei, remeterão ao
direito penal, a lei penal em vigor e a Lei de Licitações (Lei n.º Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao
8.666/1993), julgue os itens subsequentes. oferecimento da denúncia.
Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas
em lei, realizar modalidade de licitação em desacordo com a lei Art. 103. Será admitida ação penal privada subsidiária da
ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa pública, se esta não for ajuizada no prazo legal, aplicando-se, no
ou à inexigibilidade são condutas previstas como crime na Lei que couber, o disposto nos arts. 29 e 30 do Código de Processo
de Licitações. Penal.

(A) Certo Art. 104. Recebida a denúncia e citado o réu, terá este o
(B) Errado prazo de 10 (dez) dias para apresentação de defesa escrita,
contado da data do seu interrogatório, podendo juntar
03. (CREMESP/SP – Advogado – VUNESP) De acordo com documentos, arrolar as testemunhas que tiver, em número não
a Lei nº 8.666/93, na hipótese de sanção penal pelo superior a 5 (cinco), e indicar as demais provas que pretenda
descumprimento de normas dessa lei, o produto da produzir.
arrecadação da multa reverterá:
(A) ao Ministério Público Federal. à Defensoria do Estado Art. 105. Ouvidas as testemunhas da acusação e da defesa e
onde se realizou a licitação. praticadas as diligências instrutórias deferidas ou ordenadas
(B) ao Fundo Nacional de Defesa dos Interesses Difusos e pelo juiz, abrir-se-á, sucessivamente, o prazo de 5 (cinco) dias a
Coletivos. cada parte para alegações finais.
(C) em favor da Procuradoria Geral do Estado onde
tramitou o respectivo processo judicial. Art. 106. Decorrido esse prazo, e conclusos os autos dentro
(D) à Fazenda Federal, Distrital, Estadual ou Municipal, de 24 (vinte e quatro) horas, terá o juiz 10 (dez) dias para
conforme o caso. proferir a sentença.

04. (FUB - Bibliotecário Documentalista - CESPE) Art. 107. Da sentença cabe apelação, interponível no prazo
Acerca do procedimento licitatório e das sanções, julgue os de 5 (cinco) dias.
itens seguintes.
O vencedor de certame licitatório que, se convocado para Art. 108. No processamento e julgamento das infrações
celebrar o contrato, no prazo de validade de sua proposta, não penais definidas nesta Lei, assim como nos recursos e nas
o fizer, está sujeito às sanções administrativas previstas em execuções que lhes digam respeito, aplicar-se-ão,
legislação específica. subsidiariamente, o Código de Processo Penal e a Lei de
Execução Penal.
(A) Certo
(B) Errado Questão

05. (MS - Analista Técnico – Administrativo - CESPE) 01. (IF/PA - Assistente em Administração –
Acerca de licitações e contratos, julgue os itens a seguir. FUNRIO/2016). A Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de
A Lei n.º 8.666/1993 destinou capítulo específico para 1993 e alterações, estabelece que os crimes nela definidos são
tipificar crimes e atribuir sanções penais a determinadas de ação penal pública incondicionada, cabendo promovê-la ao
condutas ilegais de administradores e licitantes, algumas (A) Controle Interno da instituição.
puníveis a título de dolo, outras, a título de culpa. (B) Ministério Público.
(C) Conselho de Contas.
(A) Certo (D) chefe da comissão permanente de licitações.
(B) Errado (E) chefe do Poder Executivo.

Gabarito
01. B.

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Recursos III - pedido de reconsideração, de decisão de Ministro de


Estado, ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso,
O art. 109 da Lei 8.666/1993 prevê recursos na hipótese do § 4o do art. 87 desta Lei, no prazo de 10 (dez) dias
administrativos cabíveis aos atos decorrentes da licitação e do úteis da intimação do ato.
contrato. § 1º A intimação dos atos referidos no inciso I, alíneas "a",
São recursos administrativos cabíveis: recurso (em "b", "c" e "e", deste artigo, excluídos os relativos a advertência e
sentido estrito), representação e pedido de reconsideração. multa de mora, e no inciso III, será feita mediante publicação na
O recurso em sentido estrito deve ser apresentado no imprensa oficial, salvo para os casos previstos nas alíneas "a" e
prazo de cinco dias úteis, a contar da intimação do ato ou da "b", se presentes os prepostos dos licitantes no ato em que foi
lavratura da ata, nos casos previstos neste referido Artigo 109. adotada a decisão, quando poderá ser feita por comunicação
Nos casos em que não cabe recurso, o interessado poderá direta aos interessados e lavrada em ata.
interpor representação, no prazo de cinco dias úteis a contar § 2º O recurso previsto nas alíneas "a" e "b" do inciso I deste
da intimação do ato ou pedido de reconsideração. artigo terá efeito suspensivo, podendo a autoridade competente,
O recurso no âmbito de uma licitação é o meio através do motivadamente e presentes razões de interesse público, atribuir
qual o licitante e/ou o cidadão provoca o reexame dos atos da ao recurso interposto eficácia suspensiva aos demais recursos.
Administração Pública. A Lei 8.666/93 enumera no Capítulo V § 3º Interposto, o recurso será comunicado aos demais
- Dos recursos administrativos, os recursos administrativos licitantes, que poderão impugná-lo no prazo de 5 (cinco) dias
atinentes ao procedimento licitatório, quais sejam, o recurso, úteis.
a representação e pedido de reconsideração. § 4º O recurso será dirigido à autoridade superior, por
Para Alexandre Mazza, todas as decisões adotadas em intermédio da que praticou o ato recorrido, a qual poderá
processos administrativos podem ser objeto de recurso reconsiderar sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, ou,
quanto a Questões de legalidade e de mérito, devendo o nesse mesmo prazo, fazê-lo subir, devidamente informado,
recurso ser dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a devendo, neste caso, a decisão ser proferida dentro do prazo de
qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o 5 (cinco) dias úteis, contado do recebimento do recurso, sob
encaminhará à autoridade superior. pena de responsabilidade.
O recurso administrativo tramitará no máximo por três § 5º Nenhum prazo de recurso, representação ou pedido de
instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa (art. reconsideração se inicia ou corre sem que os autos do processo
57 da Lei n. 9.784/99). estejam com vista franqueada ao interessado.
Os recursos administrativos podem ser interpostos pelos § 6º Em se tratando de licitações efetuadas na modalidade
seguintes legitimados: a) os titulares de direitos e interesses de "carta convite" os prazos estabelecidos nos incisos I e II e no
que forem parte no processo; b) aqueles cujos direitos ou parágrafo 3o deste artigo serão de dois dias úteis.
interesses forem indiretamente afetados pela decisão
recorrida; c) as organizações e associações representativas, no Capítulo VI
tocante a direitos e interesses coletivos; d) os cidadãos ou DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
associações, quanto a direitos ou interesses difusos.
Como regra geral, o prazo para interposição de recurso Art. 110. Na contagem dos prazos estabelecidos nesta Lei,
administrativo é de dez dias, contado a partir da ciência ou excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do vencimento, e
divulgação oficial da decisão recorrida, devendo ser decidido, considerar-se-ão os dias consecutivos, exceto quando for
exceto se a lei não fixar prazo diferente, no prazo máximo de explicitamente disposto em contrário.
trinta dias. Parágrafo único. Só se iniciam e vencem os prazos referidos
Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem neste artigo em dia de expediente no órgão ou na entidade.
efeito suspensivo.
O recurso não será conhecido quando interposto: a) fora Art. 111. A Administração só poderá contratar, pagar,
do prazo; b) perante órgão incompetente; c) por quem não seja premiar ou receber projeto ou serviço técnico especializado
legitimado; d) após exaurida a esfera administrativa. desde que o autor ceda os direitos patrimoniais a ele relativos e
Processos administrativos de que resultem sanções a Administração possa utilizá-lo de acordo com o previsto no
poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, regulamento de concurso ou no ajuste para sua elaboração.
quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes Parágrafo único. Quando o projeto referir-se a obra
suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada (art. imaterial de caráter tecnológico, insuscetível de privilégio, a
65 da Lei n. 9.784/99). cessão dos direitos incluirá o fornecimento de todos os dados,
documentos e elementos de informação pertinentes à tecnologia
Capítulo V de concepção, desenvolvimento, fixação em suporte físico de
DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS qualquer natureza e aplicação da obra.

Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes da Art. 112. Quando o objeto do contrato interessar a mais de
aplicação desta Lei cabem: uma entidade pública, caberá ao órgão contratante, perante a
I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da entidade interessada, responder pela sua boa execução,
intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de: fiscalização e pagamento.
a) habilitação ou inabilitação do licitante; § 1º Os consórcios públicos poderão realizar licitação da
b) julgamento das propostas; qual, nos termos do edital, decorram contratos administrativos
c) anulação ou revogação da licitação; celebrados por órgãos ou entidades dos entes da Federação
d) indeferimento do pedido de inscrição em registro consorciados.
cadastral, sua alteração ou cancelamento; § 2º É facultado à entidade interessada o acompanhamento
e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do art. 79 da licitação e da execução do contrato.
desta Lei;
f) aplicação das penas de advertência, suspensão Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos contratos
temporária ou de multa; e demais instrumentos regidos por esta Lei será feito pelo
II - representação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis da Tribunal de Contas competente, na forma da legislação
intimação da decisão relacionada com o objeto da licitação ou pertinente, ficando os órgãos interessados da Administração
do contrato, de que não caiba recurso hierárquico; responsáveis pela demonstração da legalidade e regularidade

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da despesa e execução, nos termos da Constituição e sem fases programadas, práticas atentatórias aos princípios
prejuízo do sistema de controle interno nela previsto. fundamentais de Administração Pública nas contratações e
§ 1ºQualquer licitante, contratado ou pessoa física ou demais atos praticados na execução do convênio, ou o
jurídica poderá representar ao Tribunal de Contas ou aos órgãos inadimplemento do executor com relação a outras cláusulas
integrantes do sistema de controle interno contra conveniais básicas;
irregularidades na aplicação desta Lei, para os fins do disposto III - quando o executor deixar de adotar as medidas
neste artigo. saneadoras apontadas pelo partícipe repassador dos recursos
§ 2º Os Tribunais de Contas e os órgãos integrantes do ou por integrantes do respectivo sistema de controle interno.
sistema de controle interno poderão solicitar para exame, até o § 4º Os saldos de convênio, enquanto não utilizados, serão
dia útil imediatamente anterior à data de recebimento das obrigatoriamente aplicados em cadernetas de poupança de
propostas, cópia de edital de licitação já publicado, obrigando- instituição financeira oficial se a previsão de seu uso for igual ou
se os órgãos ou entidades da Administração interessada à superior a um mês, ou em fundo de aplicação financeira de curto
adoção de medidas corretivas pertinentes que, em função desse prazo ou operação de mercado aberto lastreada em títulos da
exame, lhes forem determinadas. dívida pública, quando a utilização dos mesmos verificar-se em
prazos menores que um mês.
Art. 114. O sistema instituído nesta Lei não impede a pré- § 5º As receitas financeiras auferidas na forma do parágrafo
qualificação de licitantes nas concorrências, a ser procedida anterior serão obrigatoriamente computadas a crédito do
sempre que o objeto da licitação recomende análise mais detida convênio e aplicadas, exclusivamente, no objeto de sua
da qualificação técnica dos interessados. finalidade, devendo constar de demonstrativo específico que
§ 1º A adoção do procedimento de pré-qualificação será feita integrará as prestações de contas do ajuste.
mediante proposta da autoridade competente, aprovada pela § 6º Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou extinção do
imediatamente superior. convênio, acordo ou ajuste, os saldos financeiros remanescentes,
§ 2º Na pré-qualificação serão observadas as exigências inclusive os provenientes das receitas obtidas das aplicações
desta Lei relativas à concorrência, à convocação dos financeiras realizadas, serão devolvidos à entidade ou órgão
interessados, ao procedimento e à análise da documentação. repassador dos recursos, no prazo improrrogável de 30
(trinta) dias do evento, sob pena da imediata instauração de
Art. 115. Os órgãos da Administração poderão expedir tomada de contas especial do responsável, providenciada pela
normas relativas aos procedimentos operacionais a serem autoridade competente do órgão ou entidade titular dos
observados na execução das licitações, no âmbito de sua recursos.
competência, observadas as disposições desta Lei.
Parágrafo único. As normas a que se refere este artigo, após Art. 117. As obras, serviços, compras e alienações realizados
aprovação da autoridade competente, deverão ser publicadas pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Tribunal
na imprensa oficial. de Contas regem-se pelas normas desta Lei, no que couber, nas
três esferas administrativas.
Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber,
aos convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos Art. 118. Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as
congêneres celebrados por órgãos e entidades da entidades da administração indireta deverão adaptar suas
Administração. normas sobre licitações e contratos ao disposto nesta Lei.
§ 1º A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos órgãos
ou entidades da Administração Pública depende de prévia Art. 119. As sociedades de economia mista, empresas e
aprovação de competente plano de trabalho proposto pela fundações públicas e demais entidades controladas direta ou
organização interessada, o qual deverá conter, no mínimo, as indiretamente pela União e pelas entidades referidas no artigo
seguintes informações: anterior editarão regulamentos próprios devidamente
I - identificação do objeto a ser executado; publicados, ficando sujeitas às disposições desta Lei.
II - metas a serem atingidas; Parágrafo único. Os regulamentos a que se refere este
III - etapas ou fases de execução; artigo, no âmbito da Administração Pública, após aprovados
IV - plano de aplicação dos recursos financeiros; pela autoridade de nível superior a que estiverem vinculados os
V - cronograma de desembolso; respectivos órgãos, sociedades e entidades, deverão ser
VI - previsão de início e fim da execução do objeto, bem assim publicados na imprensa oficial.
da conclusão das etapas ou fases programadas;
VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de engenharia, Art. 120. Os valores fixados por esta Lei poderão ser
comprovação de que os recursos próprios para complementar a anualmente revistos pelo Poder Executivo Federal, que os fará
execução do objeto estão devidamente assegurados, salvo se o publicar no Diário Oficial da União, observando como limite
custo total do empreendimento recair sobre a entidade ou órgão superior a variação geral dos preços do mercado, no período.
descentralizador.
§ 2º Assinado o convênio, a entidade ou órgão repassador Art. 121. O disposto nesta Lei não se aplica às licitações
dará ciência do mesmo à Assembleia Legislativa ou à Câmara instauradas e aos contratos assinados anteriormente à sua
Municipal respectiva. vigência, ressalvado o disposto no art. 57, nos parágrafos 1o, 2o
§ 3º As parcelas do convênio serão liberadas em estrita e 8o do art. 65, no inciso XV do art. 78, bem assim o disposto no
conformidade com o plano de aplicação aprovado, exceto nos "caput" do art. 5o, com relação ao pagamento das obrigações na
casos a seguir, em que as mesmas ficarão retidas até o ordem cronológica, podendo esta ser observada, no prazo de
saneamento das impropriedades ocorrentes: noventa dias contados da vigência desta Lei, separadamente
I - quando não tiver havido comprovação da boa e regular para as obrigações relativas aos contratos regidos por
aplicação da parcela anteriormente recebida, na forma da legislação anterior à Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993.
legislação aplicável, inclusive mediante procedimentos de Parágrafo único. Os contratos relativos a imóveis do
fiscalização local, realizados periodicamente pela entidade ou patrimônio da União continuam a reger-se pelas disposições do
órgão descentralizador dos recursos ou pelo órgão competente Decreto-lei no 9.760, de 5 de setembro de 1946, com suas
do sistema de controle interno da Administração Pública; alterações, e os relativos a operações de crédito interno ou
II - quando verificado desvio de finalidade na aplicação dos externo celebrados pela União ou a concessão de garantia do
recursos, atrasos não justificados no cumprimento das etapas ou

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Tesouro Nacional continuam regidos pela legislação pertinente, Art. 37. A administração pública direta e indireta de
aplicando-se esta Lei, no que couber. qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
Art. 122. Nas concessões de linhas aéreas, observar-se-á impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
procedimento licitatório específico, a ser estabelecido no Código ao seguinte;
Brasileiro de Aeronáutica. [...]
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a
Art. 123. Em suas licitações e contratações administrativas, suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
as repartições sediadas no exterior observarão as indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma
peculiaridades locais e os princípios básicos desta Lei, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
de regulamentação específica.
A lei 8.429/92 pune os atos de improbidade praticados por
Art. 124. Aplicam-se às licitações e aos contratos para qualquer agente público, servidor ou não, contra a
permissão ou concessão de serviços públicos os dispositivos administração. Agente público, para os efeitos desta lei, é todo
desta Lei que não conflitem com a legislação específica sobre o aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
assunto. remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação
Parágrafo único. As exigências contidas nos incisos II a IV ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
do § 2o do art. 7o serão dispensadas nas licitações para concessão cargo, emprego ou função. Contudo, a lei também poderá ser
de serviços com execução prévia de obras em que não foram aplicada, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza
previstos desembolso por parte da Administração Pública ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se
concedente. beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.

Art. 125. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Os atos que constituem improbidade administrativa
podem ser divididos em quatro espécies:
Art. 126. Revogam-se as disposições em contrário, 1. Ato de improbidade administrativa que importa
especialmente os Decretos-leis nos 2.300, de 21 de novembro de enriquecimento ilícito (art. 9º)
1986, 2.348, de 24 de julho de 1987, 2.360, de 16 de setembro de 2) Ato de improbidade administrativa que importa lesão
1987, a Lei no 8.220, de 4 de setembro de 1991, e o art. 83 da Lei ao erário (art. 10)
no 5.194, de 24 de dezembro de 1966. 3) Ato de improbidade administrativa decorrente de
concessão ou aplicação indevida de benefício financeiro ou
Brasília, 21 de junho de 1993, 172o da Independência e tributário (art. 10-A)
105o da República. 4) Ato de improbidade administrativa que atenta contra os
princípios da administração pública (art. 11).
ITAMAR FRANCO
Antes de adentrarmos na LIA (lei de improbidade
administrativa) vamos fazer um mapeamento para facilitar
nos estudos. Os sujeitos (ativos e passivos arts. 1º a 3º), os atos
4. Improbidade de improbidade (arts. 9º, 10, 10A e 11), as penas cabíveis (art.
Administrativa (Lei Federal nº 12), quando estabelece norma sobre o direito de
8429/92). representação (art. 14), quando prevê ilícito penal (art. 19) e
quando estabelece normas sobre prescrição para propositura
de ação judicial (art. 23).

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 19927.


Quando se fala em probidade administrativa deve-se ter
em mente a observância dos princípios éticos, como boa-fé, Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos
lealdade e princípios que configuram uma boa administração. casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo,
A improbidade administrativa é a falta de probidade do emprego ou função na administração pública direta, indireta ou
servidor no exercício de suas funções ou de governantes no fundacional e dá outras providências.
desempenho das atividades próprias de seu cargo. Os atos de
improbidade administrativa importam a suspensão dos O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o
direitos políticos, a perda da função pública, a Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento do Erário
(patrimônio da administração), na forma e gradação previstas CAPÍTULO I
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. Das Disposições Gerais
Com a inclusão do princípio da moralidade administrativa
no texto constitucional houve um reflexo da preocupação com Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer
a ética na Administração Pública, para evitar a corrupção de agente público, servidor ou não, contra a administração direta,
servidores. indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos
A matéria é regulada no plano constitucional pelo art. 37, Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de
§4º, da Constituição Federal, e no plano infraconstitucional empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade
pela Lei Federal Nº 8.429, de 02.06.1992, que dispõe sobre “as para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou
sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da
enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, receita anual, serão punidos na forma desta lei.
emprego ou função na administração pública direta, indireta Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades
ou fundacional.” desta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio
de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal

7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l8429.htm Acesso em:


19/06/2018

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ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos,
criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de
menos de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por
essas entidades;
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, V - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de
ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar
cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo promessa de tal vantagem;
anterior. VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre
àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de
concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades
beneficie sob qualquer forma direta ou indireta. mencionadas no art. 1º desta lei;
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer
são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do
legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato patrimônio ou à renda do agente público;
dos assuntos que lhe são afetos. VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de
consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por
omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público,
integral ressarcimento do dano. durante a atividade;
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao X - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
seu patrimônio. direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência
ou declaração a que esteja obrigado;
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens,
patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das
autoridade administrativa responsável pelo inquérito entidades mencionadas no art. 1° desta lei;
representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou
bens do indiciado. valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput mencionadas no art. 1° desta lei.
deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral
ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial Seção II
resultante do enriquecimento ilícito. Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam
Prejuízo ao Erário
Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio
público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que
desta lei até o limite do valor da herança. causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou
culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
CAPÍTULO II malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das
Dos Atos de Improbidade Administrativa entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
Seção I I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a
Dos Atos de Improbidade Administrativa que incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou
Importam Enriquecimento Ilícito jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa lei;
importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica
vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do
mandato, função, emprego ou atividade nas entidades acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta
mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente: lei, sem a observância das formalidades legais ou
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou regulamentares aplicáveis à espécie;
imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente
indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências,
presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das
ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das
atribuições do agente público; formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de
facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades
imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por
art. 1° por preço superior ao valor de mercado; parte delas, por preço inferior ao de mercado;
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de
facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o bem ou serviço por preço superior ao de mercado;
fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao
valor de mercado;

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VI - realizar operação financeira sem observância das benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o
normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de
ou inidônea; julho de 2003. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a
observância das formalidades legais ou regulamentares Seção III
aplicáveis à espécie; Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá- Contra os Princípios da Administração Pública
lo indevidamente; (Vide Lei nº 13.019, de 2014) Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não atenta contra os princípios da administração pública qualquer
autorizadas em lei ou regulamento; ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e
renda, bem como no que diz respeito à conservação do notadamente:
patrimônio público; I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das ou diverso daquele previsto, na regra de competência;
normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
aplicação irregular; ofício;
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em
enriqueça ilicitamente; razão das atribuições e que deva permanecer em segredo;
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, IV - negar publicidade aos atos oficiais;
veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer V - frustrar a licitude de concurso público;
natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-
entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho lo;
de servidor público, empregados ou terceiros contratados por VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de
essas entidades. terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria,
objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão bem ou serviço.
associada sem observar as formalidades previstas na lei; VIII - descumprir as normas relativas à celebração,
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem fiscalização e aprovação de contas de parcerias firmadas pela
suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as administração pública com entidades privadas. (Redação dada
formalidades previstas na lei. pela Lei nº 13.019, de 2014).
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de
incorporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou acessibilidade previstos na legislação. (Incluído pela Lei nº
jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos 13.146, de 2015).
pela administração pública a entidades privadas mediante X - transferir recurso a entidade privada, em razão da
celebração de parcerias, sem a observância das formalidades prestação de serviços na área de saúde sem a prévia celebração
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei de contrato, convênio ou instrumento congênere, nos termos do
nº 13.019, de 2014). parágrafo único do art. 24 da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou 1990. (Incluído pela Lei nº 13.650, de 2018).
jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos
transferidos pela administração pública a entidade privada CAPÍTULO III
mediante celebração de parcerias, sem a observância das Das Penas
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
(Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014). Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com administrativas previstas na legislação específica, está o
entidades privadas sem a observância das formalidades legais responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
ou regulamentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº cominações, que podem ser aplicadas isolada ou
13.019, de 2014). cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:
XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores
análise das prestações de contas de parcerias firmadas pela acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral
administração pública com entidades privadas; (Incluído pela do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos
Lei nº 13.019, de 2014). direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de
administração pública com entidades privadas sem a estrita contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
observância das normas pertinentes ou influir de qualquer incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda
forma para a sua aplicação irregular. (Incluído pela Lei nº que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
13.019, de 2014). majoritário, pelo prazo de dez anos;
XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano,
administração pública com entidades privadas sem a estrita perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,
observância das normas pertinentes ou influir de qualquer se concorrer esta circunstância, perda da função pública,
forma para a sua aplicação irregular. (Incluído pela Lei nº suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento
13.019, de 2014). de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de
contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
Seção II-A incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda
(Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016) que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes majoritário, pelo prazo de cinco anos;
de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano,
Financeiro ou Tributário se houver, perda da função pública, suspensão dos direitos
políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até
Art. 10-A.Constitui ato de improbidade administrativa cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e
qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter proibição de contratar com o Poder Público ou receber

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benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou representante para acompanhar o procedimento


indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da administrativo.
qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
V - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a
pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) comissão representará ao Ministério Público ou à procuradoria
anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação
financeiro ou tributário concedido. (Incluído pela Lei do sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha
Complementar nº 157, de 2016) enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o público.
juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim como o § 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com o
proveito patrimonial obtido pelo agente. disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil.
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o
CAPÍTULO IV exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações
Da Declaração de Bens financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da
lei e dos tratados internacionais.
Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam
condicionados à apresentação de declaração dos bens e valores Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será
que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica
no serviço de pessoal competente. (Regulamento) interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida
(Regulamento) cautelar.
§ 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, § 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações
semoventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de de que trata o caput
bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, § 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as
quando for o caso, abrangerá os bens e valores patrimoniais do ações necessárias à complementação do ressarcimento do
cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que patrimônio público.
vivam sob a dependência econômica do declarante, excluídos § 3º No caso de a ação principal ter sido proposta pelo
apenas os objetos e utensílios de uso doméstico. Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3o
§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na do art. 6º da Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965.
data em que o agente público deixar o exercício do mandato, § 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como
cargo, emprego ou função. parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço nulidade.
público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente § 5º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo
público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a
prazo determinado, ou que a prestar falsa. mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da § 6º A ação será instruída com documentos ou justificação
declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita que contenham indícios suficientes da existência do ato de
Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a improbidade ou com razões fundamentadas da impossibilidade
Renda e proventos de qualquer natureza, com as necessárias de apresentação de qualquer dessas provas, observada a
atualizações, para suprir a exigência contida no caput e no § 2° legislação vigente, inclusive as disposições inscritas nos arts. 16
deste artigo. a 18 do Código de Processo Civil.
§ 7º Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará
CAPÍTULO V autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer
Do Procedimento Administrativo e do Processo Judicial manifestação por escrito, que poderá ser instruída com
documentos e justificações, dentro do prazo de quinze dias.
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade § 8º Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias,
administrativa competente para que seja instaurada em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da
investigação destinada a apurar a prática de ato de inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação
improbidade. ou da inadequação da via eleita.
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e § 9º Recebida a petição inicial, será o réu citado para
assinada, conterá a qualificação do representante, as apresentar contestação.
informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas § 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo
de que tenha conhecimento. de instrumento.
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, § 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a
em despacho fundamentado, se esta não contiver as inadequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o
formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não processo sem julgamento do mérito.
impede a representação ao Ministério Público, nos termos do § 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas
art. 22 desta lei. nos processos regidos por esta Lei o disposto no art. 221, caput e
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade § 1º, do Código de Processo Penal.
determinará a imediata apuração dos fatos que, em se tratando § 13. Para os efeitos deste artigo, também se considera
de servidores federais, será processada na forma prevista nos pessoa jurídica interessada o ente tributante que figurar no polo
arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em ativo da obrigação tributária de que tratam o § 4º do art. 3º e o
se tratando de servidor militar, de acordo com os respectivos art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003.
regulamentos disciplinares. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016).

Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de
Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da reparação de dano ou decretar a perda dos bens havidos
existência de procedimento administrativo para apurar a ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos bens,
prática de ato de improbidade. conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou ilícito.
Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar

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CAPÍTULO VI Questões
Das Disposições Penais
01. (TRE/SP - Analista Judiciário - Área Administrativa
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de – FCC/2017). Considere a seguinte situação hipotética:
improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário, Beatriz, servidora pública do Tribunal Regional Eleitoral de
quando o autor da denúncia o sabe inocente. São Paulo, está sendo processada pela prática de ato ímprobo
Pena: detenção de seis a dez meses e multa. que importa enriquecimento ilícito. Cumpre salientar que o
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está Ministério Público Federal, na petição inicial da ação de
sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais improbidade, afastou a ocorrência de prejuízo ao erário. Nos
ou à imagem que houver provocado. termos da Lei n° 8.429/1992,
(A) a medida de indisponibilidade de bens não é cabível,
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos tendo em vista a modalidade de ato ímprobo praticado e a
políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença inexistência de prejuízo ao erário.
condenatória. (B) na hipótese de falecimento de Beatriz, seu sucessor
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa estará sujeito às cominações da Lei de Improbidade
competente poderá determinar o afastamento do agente Administrativa, que, excepcionalmente, poderá ultrapassar o
público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo valor da herança.
da remuneração, quando a medida se fizer necessária à (C) a medida de indisponibilidade de bens é cabível, no
instrução processual. entanto, recairá somente sobre o acréscimo patrimonial
resultante do enriquecimento ilícito.
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei (D) Beatriz é parte ilegítima para figurar no polo passivo
independe: da ação de improbidade, por não figurar no rol de agentes
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, públicos sujeitos às sanções da Lei de Improbidade
salvo quanto à pena de ressarcimento; Administrativa.
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de (E) na hipótese de falecimento de Beatriz, seu sucessor não
controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas. responderá por qualquer sanção, tendo em vista a modalidade
de ato ímprobo praticado.
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o
Ministério Público, de ofício, a requerimento de autoridade 02. (PC/GO - Delegado de Polícia Substituto –
administrativa ou mediante representação formulada de acordo CESPE/2017). Em relação à improbidade administrativa,
com o disposto no art. 14, poderá requisitar a instauração de assinale a opção correta.
inquérito policial ou procedimento administrativo. (A) A ação de improbidade administrativa apresenta prazo
de proposição decenal, qualquer que seja a tipicidade do ilícito
CAPÍTULO VII praticado pelo agente público.
Da Prescrição (B) Se servidor público estável for condenado em ação de
improbidade administrativa por uso de maquinário da
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções administração em seu sítio particular, poderá ser-lhe aplicada
previstas nesta lei podem ser propostas: pena de suspensão dos direitos políticos por período de cinco
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de a oito anos.
cargo em comissão ou de função de confiança; (C) O particular que praticar ato que enseje desvio de
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica verbas públicas, sozinho ou em conluio com agente público,
para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço responderá, nos termos da Lei de Improbidade
público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego. Administrativa, desde que tenha obtido alguma vantagem
III - até cinco anos da data da apresentação à administração pessoal.
pública da prestação de contas final pelas entidades referidas no (D) Enriquecimento ilícito configura ato de improbidade
parágrafo único do art. 1o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.019, administrativa se o autor auferir vantagem patrimonial
de 2014) indevida em razão do cargo, mandato, função, emprego ou
atividade, mesmo que de forma culposa.
CAPÍTULO VIII (E) Caso um servidor público federal estável, de forma
Das Disposições Finais deliberada, sem justificativa e reiterada, deixar de praticar ato
de ofício, poderá ser-lhe aplicada multa civil de até cem vezes
Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. o valor da sua remuneração, conforme a gravidade do fato.

Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de 03. (TJM/SP - Escrevente Técnico Judiciário –
1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais disposições VUNESP/2017). É ato de improbidade administrativa que
em contrário. causa prejuízo ao erário:
(A) perceber vantagem econômica para intermediar a
Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Independência e liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza.
104° da República. (B) receber vantagem econômica de qualquer natureza,
direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência
FERNANDO COLLOR ou declaração a que esteja obrigado.
Atenção (C) revelar fato ou circunstância de que tem ciência em
A banca ao questionar as penalidades imposta aos agentes razão das atribuições e que deva permanecer em segredo.
públicos pela LIA (lei de improbidade administrativa) por (D) revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de
vezes incluíam nas alternativas a pena de reclusão ou mesmo terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida
pagamento de multa penal, mas lembrando pessoal que nas política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria,
penalidades disposta na lei de improbidade administrativa (lei bem ou serviço.
8.429/92) não existe RECLUSÃO e nem o PAGAMENTO DE (E) conceder benefício administrativo ou fiscal sem a
MULTA PENAL. observância das formalidades legais ou regulamentares
aplicáveis à espécie.

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04. (MPE/RS - Secretário de Diligências – MPE- III - Dirigentes de Autarquias, inclusive as especiais,
RS/2017). Tocante ao Procedimento Administrativo e ao fundações mantidas pelo Poder Público, empresas públicas e
Processo Judicial previstos na Lei nº 8.429/1992 (Lei de sociedades de economia mista.
Improbidade Administrativa), assinale a alternativa correta.
(A) Somente servidor público que tiver conhecimento DECRETO Nº 31.198, DE 30 DE ABRIL DE 20138
acerca da prática de eventual ato de improbidade
administrativa poderá representar à autoridade Institui o código de ética e conduta da administração
administrativa competente para que seja instaurada pública estadual, e dá outras providências.
investigação.
(B) A rejeição da representação impede o oferecimento de O GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ, no uso da
representação ao Ministério Público a respeito do mesmo fato. atribuição que lhe confere o art. 88, inciso IV, da Constituição
(C) Nas ações de improbidade, havendo condenação do Estadual, CONSIDERANDO o Decreto nº 29.887, de 31 de agosto
demandado à reparação de danos, poderá ser admitido o de 2009, que institui o Sistema de Ética e Transparência do
perdão judicial. Poder Executivo Estadual e dá outras providências, e
(D) Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará CONSIDERANDO a necessidade de regulamentar as regras de
autuá-la e ordenará a citação do réu para o oferecimento de conduta dos agentes públicos civis no âmbito da Administração
contestação. Pública Estadual, DECRETA:
(E) Autuada a inicial, o juiz ordenará a notificação do
requerido, para oferecer manifestação por escrito, no prazo de TÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
15 (quinze) dias. CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS E VALORES FUNDAMENTAIS DA
05. (SEDF - Professor – Direito – Quadrix/2017). Acerca CONDUTA ÉTICA
do Direito Administrativo, julgue o item a seguir.
As normas que descrevem os atos de improbidade Art. 1º Fica instituído o Código de Ética e Conduta da
administrativa são aplicáveis, no que couber, àquele que, Administração Pública Estadual, na forma disposta neste
mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a Decreto, cujas normas aplicam-se aos agentes públicos civis e às
prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob seguintes autoridades da Administração Pública Estadual:
qualquer forma direta ou indireta. I- Secretários de Estado, Secretários Adjuntos, Secretários
Executivos e quaisquer ocupantes de cargos equiparados a esses,
( ) Certo ( ) Errado segundo a legislação vigente;
II- Superintendente da Polícia Civil, Delegado
Gabarito Superintendente Adjunto da Polícia Civil, Perito Geral do Estado,
01. C/ 02. E/ 03. E/ 04. E/ 05. Certo Perito Geral Adjunto do Estado e quaisquer ocupantes de cargos
equiparados a esses, segundo a legislação vigente;
III- Dirigentes de Autarquias, inclusive as especiais,
fundações mantidas pelo Poder Público, empresas públicas e
5. Decreto Estadual Nº sociedades de economia mista.
31.198, de 30 de abril de 2013 Parágrafo Único. Está também sujeito ao Código de Ética e
(Institui o Código de Ética e Conduta da Administração Pública Estadual todo aquele que
exerça atividade, ainda que transitoriamente e sem
Conduta da Administração remuneração, por nomeação, designação, contratação ou
Pública Estadual, e dá outras qualquer outra forma de investidura ou vínculo em órgão ou
providências). entidade da Administração Pública Direta e Indireta do Estado.

Art. 2º A conduta ética dos agentes públicos submetidos a


este Decreto reger-se-á, especialmente, pelos seguintes
Considerando a necessidade de dotar o Governo do Estado princípios:
do Ceará de mecanismos relacionados à gestão ética e de I– boa-fé - agir em conformidade com o direito, com
regulamentar as regras de conduta dos agentes públicos civis, lealdade, ciente de conduta correta;
no âmbito da Administração Pública Estadual, foi instituído o II– honestidade – agir com franqueza, realizando suas
Sistema de Ética e o Código de Ética e Conduta da atividades sem uso de mentiras ou fraudes;
Administração Pública Estadual. III– fidelidade ao interesse público – realizar ações com o
O Sistema de Ética e Transparência do Poder Executivo intuito de promover o bem público, em respeito ao cidadão;
Estadual foi instituído pelo Decreto nº. 29.887/2009 com a IV– impessoalidade – atuar com senso de justiça, sem
finalidade de promover atividades relacionadas à conduta perseguição ou proteção de pessoas, grupos ou setores;
ética no âmbito do Executivo Estadual. V– moralidade – evidenciar perante o público retidão e
O Código de Ética e Conduta da Administração Pública compostura, em respeito aos costumes sociais;
Estadual foi instituído por meio do Decreto nº. 31.198/2013, VI– dignidade e decoro no exercício de suas funções –
aplicando-se aos agentes públicos civis e às seguintes manifestar decência em suas ações, preservando a honra e o
autoridades: direito de todos;
I - Secretários de Estado, Secretários Adjuntos, Secretários VII– lealdade às instituições – defender interesse da
Executivos e quaisquer ocupantes de cargos equiparados a instituição a qual se vincula;
esses, segundo a legislação vigente; VIII– cortesia – manifestar bons tratos a outros;
II – Superintendente da Polícia Civil, Delegado IX– transparência – dar a conhecer a atuação de forma
Superintendente Adjunto da Polícia Civil, Perito Geral do acessível ao cidadão;
Estado, Perito Geral Adjunto do Estado e quaisquer ocupantes X– eficiência – exercer atividades da melhor maneira
de cargos equiparados a esses, segundo a legislação vigente; possível, zelando pelo patrimônio público;

8 http://www.uece.br/csep/index.php/2015-12-03-19-21-08 Acesso em:

04/07/2018 às 12h:00min

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XI– presteza e tempestividade – realizar atividades com a existência de eventual conflito de interesses, bem como
agilidade; comunicar qualquer circunstância ou fato impeditivo de sua
XII– Compromisso – comprometer-se com a missão e com os participação em decisão coletiva ou em órgão e entidade
resultados organizacionais. colegiados.
Art. 10. As propostas de trabalho ou de negócio futuro no
Art. 3º É vedado às pessoas abrangidas por este Código setor privado, bem como qualquer negociação que envolva
auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial ou financeira, conflito de interesses, deverão ser imediatamente informadas
salvo nesse último caso a contraprestação mensal, em razão do pela autoridade pública à Comissão de Ética Pública - CEP,
exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nos independentemente da sua aceitação ou rejeição.
Órgãos e Entidades do Poder Executivo Estadual, devendo
eventuais ocorrências serem apuradas e punidas nos termos da Art. 11. As autoridades regidas por este Código de Ética, ao
legislação disciplinar, se também configurar ilícito assumir cargo, emprego ou função pública, deverão firmar
administrativo. termo de compromisso de que, ao deixar o cargo, nos 6 meses
seguintes, não poderão:
Art. 4º Considera-se conduta ética a reflexão acerca da ação I- atuar em benefício ou em nome de pessoa física ou
humana e de seus valores universais, não se confundindo com as jurídica, inclusive sindicato ou associação de classe, em processo
normas disciplinares impostas pelo ordenamento jurídico. ou negócio do qual tenha participado, em razão do cargo, nos
seis meses anteriores ao término do exercício de função pública;
TÍTULO II II- prestar consultoria a pessoa física ou jurídica, inclusive
DA CONDUTA ÉTICA DAS AUTORIDADES sindicato ou associação de classe, valendo-se de informações
ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL CAPÍTULO I não divulgadas publicamente a respeito de programas ou
DAS NORMAS ÉTICAS FUNDAMENTAIS políticas do Órgão ou da Entidade da Administração Pública
Estadual a que esteve vinculado ou com que tenha tido
Art. 5º As normas fundamentais de conduta ética das relacionamento direto e relevante.
Autoridades da Administração Estadual visam, especialmente,
às seguintes finalidades: Art. 12. A autoridade pública, ou aquele que tenha sido,
I– possibilitar à sociedade aferir a lisura do processo poderá consultar previamente a CEP a respeito de ato específico
decisório governamental; ou situação concreta, nos termos do Art. 7º, Inciso I, do Decreto
II– contribuir para o aperfeiçoamento dos padrões éticos da nº 29.887, de 31 de agosto de 2009, que instituiu o Sistema de
Administração Pública Estadual, a partir do exemplo dado pelas Ética e Transparência do Poder Executivo Estadual.
autoridades de nível hierárquico superior;
III– preservar a imagem e a reputação do administrador CAPÍTULO III
público cuja conduta esteja de acordo com as normas éticas DO RELACIONAMENTO ENTRE AS AUTORIDADES
estabelecidas neste Código; PÚBLICAS
IV– estabelecer regras básicas sobre conflitos de interesses
públicos e privados e limitações às atividades profissionais Art. 13. Eventuais divergências, oriundas do exercício do
posteriores ao exercício de cargo público; cargo, entre as autoridades públicas referidas no Art. 1º, devem
V– reduzir a possibilidade de conflito entre o interesse ser resolvidas na área administrativa, não lhes cabendo
privado e o dever funcional das autoridades públicas da manifestar-se publicamente sobre matéria que não seja afeta a
Administração Pública Estadual; sua área de competência.
VI– criar mecanismo de consulta destinado a possibilitar o
prévio e pronto esclarecimento de dúvidas quanto à conduta Art. 14. É vedado à autoridade pública, referida no Art. 1º,
ética do administrador. opinar publicamente a respeito:
I- da honorabilidade e do desempenho funcional de outra
Art. 6º No exercício de suas funções, as pessoas abrangidas autoridade pública; e
por este código deverão pautar-se pelos padrões da ética, II- do mérito de questão que lhe será submetida, para
sobretudo no que diz respeito à integridade, à moralidade, à decisão individual ou em órgão e entidade colegiados, sem
clareza de posições e ao decoro, com vistas a motivar o respeito prejuízo do disposto no Art. 13.
e a confiança do público em geral.
Parágrafo único. Os padrões éticos de que trata este artigo TÍTULO III
são exigidos no exercício e na relação entre suas atividades DA CONDUTA ÉTICA DOS AGENTES PÚBLICOS CAPÍTULO
públicas e privadas, de modo a prevenir eventuais conflitos de I DOS DIREITOS E GARANTIAS DO AGENTE PÚBLICO
interesses.
Art. 15. Como resultantes da conduta ética que deve imperar
CAPÍTULO II no ambiente de trabalho e em suas relações interpessoais, são
DOS CONFLITOS DE INTERESSES direitos do agente público:
I- liberdade de manifestação, observado o respeito à imagem
Art. 7º Configura conflito de interesse e conduta aética o da instituição e dos demais agentes públicos;
investimento em bens cujo valor ou cotação possa ser afetado II- manifestação sobre fatos que possam prejudicar seu
por decisão ou política governamental a respeito da qual a desempenho ou sua reputação;
autoridade pública tenha informações privilegiadas, em razão III- representação contra atos ilegais ou imorais;
do cargo ou função. IV- sigilo da informação de ordem não funcional;
V- atuação em defesa de interesse ou direito legítimo;
Art. 8º Configura conflito de interesse e conduta aética VI- ter ciência do teor da acusação e vista dos autos, quando
aceitar custeio de despesas por particulares de forma a permitir estiver sendo apurada eventual conduta aética.
configuração de situação que venha influenciar nas decisões
administrativas. Art. 16. Ao autor de representação ou denúncia, que tenha se
identificado quando do seu oferecimento, é assegurado o direito
Art. 9º No relacionamento com outros Órgãos e Entidades da de obter cópia da decisão da Comissão de Ética e, às suas
Administração Pública, a autoridade pública deverá esclarecer expensas, cópia dos autos, resguardados os documentos sob

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sigilo legal, e manter preservada em sigilo a sua identidade formalizar Termo de Ajustamento de Conduta, para os casos não
durante e após a tramitação do processo. previstos no Estatuto dos servidores públicos civis, encaminhar
sugestão de exoneração do cargo em comissão à autoridade
CAPÍTULO II hierarquicamente superior ou rescindir contrato, quando
DOS DEVERES E DAS VEDAÇÕES AO AGENTE PÚBLICO aplicável.
Seção I
Dos Deveres Éticos Fundamentais do Agente Público Art. 20. Os preceitos relacionados neste Código não
substituem os deveres, proibições e sanções constantes dos
Art. 17. São deveres éticos do agente público: Estatutos dos Funcionários Públicos Civis do Estado do Ceará.
I– agir com lealdade e boa-fé;
II– ser justo e honesto no desempenho de suas funções e em Art. 21. As infrações às normas deste Código, quando
suas relações com demais agentes públicos, superiores cometidas por terceirizados, poderão acarretar na substituição
hierárquicos e com os usuários do serviço público; destes pela empresa prestadora de serviços.
III– atender prontamente às questões que lhe forem
encaminhadas; TÍTULO V
IV– aperfeiçoar o processo de comunicação e o contato com DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
o público;
V– praticar a cortesia e a urbanidade nas relações do serviço Art. 22. Os códigos de ética profissional existentes em Órgãos
público e respeitar a capacidade e as limitações individuais dos e Entidades específicos mantêm a vigência no que não conflitem
usuários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito com o presente Decreto.
ou distinção de raça, sexo, orientação sexual, nacionalidade, cor,
idade, religião, preferência política, posição social e quaisquer Art. 23. A Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado do
outras formas de discriminação; Ceará deverá divulgar as normas contidas neste decreto, de
VI– respeitar a hierarquia administrativa; modo a que tenham amplo conhecimento no ambiente de
VII– Não ceder às pressões que visem a obter quaisquer trabalho de todos os Órgãos e Entidades Estaduais.
favores, benesses ou vantagens indevidas;
VIII– comunicar imediatamente a seus superiores todo e Art. 24. Este Decreto entra em vigor na data de sua
qualquer ato ou fato contrário ao interesse público. publicação.

Seção II Art. 25. Revogam-se as disposições em contrário.


Das Vedações ao Agente Público
Questões
Art. 18. É vedado ao Agente Público:
I– utilizar-se de cargo, emprego ou função, de facilidades, 01. O Código de Ética e Conduta da Administração Pública
amizades, posição e influências, para obter qualquer Estadual aplica-se à todo aquele que exerça atividade, ainda
favorecimento, para si ou para outrem em qualquer órgão que transitoriamente e sem remuneração, por nomeação,
público; designação, contratação ou qualquer outra forma de
II– imputar a outrem fato desabonador da moral e da ética investidura ou vínculo em órgão ou entidade da Administração
que sabe não ser verdade; Pública Direta e Indireta do Estado.
III– ser conivente com erro ou infração a este Código de Ética ( ) Certo ( ) Errado
e Conduta da Administração Estadual;
IV– usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o 02. Sobre conduta ética, julgue o item abaixo:
exercício regular de direito por qualquer pessoa; Considera-se conduta ética a reflexão acerca da ação
V– permitir que interesses de ordem pessoal interfiram no humana e de seus valores universais, não se confundindo com
trato com o público ou com colegas; as normas disciplinares impostas pelo ordenamento jurídico.
VI– Faltar com a verdade com qualquer pessoa que necessite ( ) Certo ( ) Errado
do atendimento em serviços públicos;
VII– dar o seu concurso a qualquer instituição que atente 03. As propostas de trabalho ou de negócio futuro no setor
contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa privado, bem como qualquer negociação que envolva conflito
humana; de interesses, deverão ser imediatamente informadas pela
VIII– exercer atividade profissional antiética ou ligar o seu autoridade pública à Comissão de Ética Pública - CEP,
nome a empreendimentos que atentem contra a moral pública. independentemente da sua aceitação ou rejeição.
( ) Certo ( ) Errado
TÍTULO IV
DAS SANÇÕES ÉTICAS 04. É permitido ao Secretário de Estado opinar
publicamente a respeito da honorabilidade e do desempenho
Art. 19. A violação das normas estipuladas neste Código funcional de outra autoridade pública.
acarretará as seguintes sanções éticas, sem prejuízo das demais ( ) Certo ( ) Errado
sanções administrativas, civis e criminais aplicadas pelo poder
competente em procedimento próprio, observado o disposto no 05. As penas para a violação das normas disciplinares
Art. 26 do Decreto Estadual nº 29.887, de 31 de agosto de 2009: fixadas no Código de Ética são de advertência ética e censura
I- advertência ética, aplicável às autoridades e agentes ética.
públicos no exercício do cargo, que deverá ser considerada ( ) Certo ( ) Errado
quando da progressão ou promoção desses, caso o infrator
ocupe cargo em quadro de carreira no serviço público estadual; Gabarito
II- censura ética, aplicável às autoridades e agentes públicos
que já tiverem deixado o cargo. 01.Certo/ 02.Certo/ 03.Certo/ 04.Errado/ 05.Certo.
Parágrafo Único. As sanções éticas previstas neste artigo
serão aplicadas pela Comissão de Ética Pública - CEP e pelas
Comissões Setoriais de Ética Pública - CSEPs, que poderão

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Art. 8º - Os cargos em comissão serão providos, por livre


nomeação da autoridade competente, dentre pessoas que
6. Lei Estadual nº 9.826, de possuam aptidão profissional e reúnam as condições necessárias
14 de maio de 1974 (Estatuto à sua investidura, conforme se dispuser em regulamento.
dos Servidores Públicos Civis § 1º - A escolha dos ocupantes de cargos em comissão poderá
recair, ou não, em funcionário do Estado, na forma do
do Estado do Ceará) e suas regulamento.
alterações. § 2º - No caso de recair a escolha em servidor de entidade da
Administração Indireta, ou em funcionário não subordinado à
autoridade competente para nomear, o ato de nomeação será
precedido da necessária requisição.
LEI Nº 9.826, DE 14 DE MAIO DE 19749 § 3º - A posse em cargo em comissão determina o
concomitante afastamento do funcionário do cargo efetivo de
Dispõe sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do que for titular, ressalvados os casos de comprovada acumulação
Estado. legal.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ, faço saber que a Art. 9º - Os cargos públicos são providos por:
Assembleia Legislativa decretou e eu sanciono e promulgo a I- nomeação;
seguinte Lei: II- promoção;
III- acesso;
TÍTULO I IV- transferência;
Do Regime Jurídico do Funcionário V- reintegração;
CAPÍTULO Único VI- aproveitamento;
Dos Princípios Gerais VII- reversão;
VIII- transposição;
Art. 1º - Regime Jurídico do Funcionário Civil é o conjunto IX- transformação.
de normas e princípios, estabelecidos por este Estatuto e
legislação complementar, reguladores das relações entre o Nota: com relação aos incisos III e IV, essas formas de
Estado e o ocupante de cargo público. provimento de cargo público não existem mais no ordenamento
jurídico brasileiro (Constituição Federal art. 37, inciso II e
Art. 2º - Aplica-se o regime jurídico de que trata esta lei: Constituição Estadual art. 154, inciso II).
I- aos funcionários do Poder Executivo; Há inclusive súmula vinculante sobre o assunto, é a 43: É
II- aos funcionários autárquicos do Estado; inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie
III- aos funcionários administrativos do Poder Legislativo; ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso
IV- aos funcionários administrativos do Tribunal de Contas público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra
do Estado e do Conselho de Contas dos Municípios. a carreira na qual anteriormente investido.

Art. 3º - Funcionário Público Civil é o ocupante de cargo Art. 10 - O ato de provimento deverá indicar a existência de
público, ou o que, extinto ou declarado desnecessário o cargo, é vaga, com os elementos capazes de identificá-la.
posto em disponibilidade.
Art. 11 - O disciplinamento normativo das formas de
Art. 4º - Cargo público é o lugar inserido no Sistema provimento dos cargos públicos referidos nos itens VIII e IX do
Administrativo Civil do Estado, caracterizando-se, cada um, por art. 9º é objeto de legislação específica.
determinado conjunto de atribuições e responsabilidades de
natureza permanente. CAPÍTULO II
Parágrafo único - Exclui-se da regra conceitual deste Do Concurso
artigo o conjunto de empregos que, inserido no Sistema
Administrativo Civil do Estado, se subordina à legislação Art. 12 - Compete a cada Poder e a cada Autarquia ou órgão
trabalhista. auxiliar, autônomo, a iniciativa dos concursos para provimento
dos cargos vagos.
Art. 5º - Para os efeitos deste Estatuto, considera-se Sistema
Administrativo o complexo de órgãos dos Poderes Legislativo e Art. 13 - A realização dos concursos para provimento dos
Executivo e suas entidades autárquicas. cargos da Administração Direta do Poder Executivo competirá
ao Órgão Central do Sistema de Pessoal.
TÍTULO II § 1º - A execução dos concursos para provimento dos cargos
Do Provimento dos Cargos da lotação do Tribunal de Contas do Estado, do Conselho de
CAPÍTULO I Contas dos Municípios e das Autarquias receberá a orientação
Das Disposições Preliminares normativa e supervisão técnica do órgão central referido neste
artigo.
Art. 6º - Os cargos públicos do Estado do Ceará são § 2º - O Órgão Central do Sistema de Pessoal poderá delegar
acessíveis a todos brasileiros, observadas as condições prescritas a realização dos concursos aos órgãos setoriais e seccionais de
em lei e regulamento. pessoal das diversas repartições e entidades, desde que estes
apresentem condições técnicas para efetivação das atividades
Art. 7º - De acordo com a natureza dos cargos, o seu de recrutamento e seleção, permanecendo, sempre, o órgão
provimento pode ser em caráter efetivo ou em comissão. delegante, com a responsabilidade pela perfeita execução da
atividade delegada.

9 https://www.al.ce.gov.br/index.php/publicacoes-
inesp?download=593:estatuto-dos-funcionarios-2017 Acesso em: 04/07/2018 às
12h:33min

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Art. 14 - É fixada em cinquenta (50) anos a idade máxima Art. 18 - Será tornada sem efeito a nomeação quando, por
para inscrição em concurso público destinado a ingresso nas ato ou omissão do nomeado, a posse não se verificar no prazo
categorias funcionais instituídas de acordo com a Lei Estadual para esse fim estabelecido.
nº. 9.634, de 30 de outubro de 1972, ressalvadas as exceções a
seguir indicadas: CAPÍTULO IV
I - para a inscrição em concurso para o Grupo de Tributação Da Posse
e Arrecadação a idade limite é de trinta e cinco (35) anos.
II - e para inscrição em concurso destinado ao ingresso nas Art. 19 - Posse é o fato que completa a investidura em cargo
categorias funcionais do Grupo Segurança Pública, são fixados público.
os seguintes limites máximos de idade: Parágrafo único - Não haverá posse nos casos de
a) de vinte e cinco (25) anos, quando se tratar de ingresso promoção, acesso e reintegração.
em categoria funcional que importe em exigência de curso de
nível médio; e Art. 20 - Só poderá ser empossado em cargo público quem
b) de trinta e cinco (35) anos, quando se tratar de ingresso satisfizer os seguintes requisitos:
nas demais categorias; I- ser brasileiro;
c) independerá dos limites previstos nas alíneas anteriores a II- ter completado 18 anos de idade; (Ver Constituição
inscrição do candidato que já ocupe cargo integrante do Grupo Estadual - art. 155).
Segurança Pública. III- estar no gozo dos direitos políticos;
§1º - Das inscrições para o concurso constarão, IV- estar quite com as obrigações militares e eleitorais;
obrigatoriamente: V - ter boa conduta;
I- o limite de idade dos candidatos, que poderá variar de VI- gozar saúde, comprovada em inspeção médica, na forma
dezoito (18) anos completos até cinquenta (50) anos legal e regulamentar;
incompletos, na forma estabelecida no caput deste artigo; VII- possuir aptidão para o cargo;
II- o grau de instrução exigível, mediante apresentação do VIII- ter-se habilitado previamente em concurso, exceto nos
respectivo certificado; casos de nomeação para cargo em comissão ou outra forma de
III- a quantidade de vagas a serem preenchidas, distribuídas provimento para a qual não se exija o concurso;
por especialização da disciplina, quando referentes a cargo do IX- ter atendido às condições especiais, prescritas em lei ou
Magistério e de atividades de nível superior ou outros de regulamento para determinados cargos ou categorias
denominação genérica; IV - o prazo de validade do concurso, de funcionais.
dois (2) anos, prorrogável a juízo da autoridade que o abriu ou § 1º - A prova das condições a que se refere os itens I e II
o iniciou; deste artigo não será exigida nos casos de transferência,
V- descrição sintética do cargo, incluindo exemplificação de aproveitamento e reversão.
tarefas típicas, horário, condições de trabalho e retribuição; § 2º - Ninguém poderá ser empossado em cargo efetivo sem
VI- tipos e Programa das Provas; declarar, previamente, que não ocupa outro cargo ou exerce
VII- exigências outras, de acordo com as especificações do função ou emprego público da União, dos Estados, dos
cargo. Municípios, do Distrito Federal, dos Territórios, de Autarquias,
§ 2º - Independerá de idade, a inscrição do candidato que empresas públicas e sociedades de economia mista, ou
seja servidor de Órgãos da Administração Estadual Direta ou apresentar comprovante de exoneração ou dispensa do outro
Indireta. cargo que ocupava, ou da função ou emprego que exerce, ou,
§ 3º - Na hipótese do parágrafo anterior, a habilitação no ainda, nos casos de acumulação legal, comprovante de ter sido
concurso somente produzirá efeito se, no momento da posse ou a mesma julgada lícita pelo órgão competente.
exercício no novo cargo ou emprego, o candidato ainda possuir
a qualidade de servidor ativo, vedada a aposentadoria Art. 21 - São competentes para dar posse:
concomitante para elidir a acumulação do cargo. I- o Governador do Estado, às autoridades que lhe são
diretamente subordinadas;
Art. 15 - Encerradas as inscrições, legalmente processadas, II- os Secretários de Estado, aos dirigentes de repartições
para concurso destinado ao provimento de qualquer cargo, não que lhes são diretamente subordinadas;
se abrirão novas inscrições antes da realização do concurso. III- os dirigentes das Secretarias Administrativas, ou
unidades de administração geral equivalente, da Assembleia
Art. 16 - Ressalvado o caso de expressa condição básica para Legislativa, do Tribunal de Contas do Estado, e do Conselho de
provimento de cargo prevista em regulamento, independerá de Contas dos Municípios, aos seus funcionários, se de outra
limite de idade a inscrição, em concurso, de ocupante em cargo maneira não estabelecerem as respectivas leis orgânicas e
público. regimentos internos;
IV- o Diretor-Geral do órgão central do sistema de pessoal,
CAPÍTULO III aos demais funcionários da Administração Direta;
Da Nomeação V- os dirigentes das Autarquias, aos funcionários dessas
entidades.
Art. 17 - A nomeação será feita:
I- em caráter vitalício, nos casos expressamente previstos Art. 22 - No ato da posse será apresentada declaração, pelo
na Constituição; funcionário empossado, dos bens e valores que constituem o seu
II- em caráter efetivo, quando se tratar de nomeação para patrimônio, nos termos da regulamentação própria.
cargo da classe inicial ou singular de determinada categoria
funcional; Art. 23 - Poderá haver posse por procuração, quando se
III- em comissão, quando se tratar de cargo que assim deve tratar de funcionário ausente do País ou do Estado, ou, ainda,
ser provido. em casos especiais, a juízo da autoridade competente.
Parágrafo único - Em caso de impedimento temporário do
titular do cargo em comissão, a autoridade competente Art. 24 - A autoridade de que der posse verificará, sob pena
nomeará o substituto, exonerando-o, findo o período da de responsabilidade:
substituição. I- se foram satisfeitas as condições legais para a posse;

Fundamentos de Administração Pública 77


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II- se do ato de provimento consta a existência de vaga, com supervisionado pelo Chefe Imediato. (Redação dada pela Lei
os elementos capazes de identificá-la; 13.092/2001).
III- em caso de acumulação, se pelo órgão competente foi § 5º - Durante o estágio probatório, os cursos de
declarada lícita. treinamento para formação profissional ou aperfeiçoamento do
servidor, promovidos gratuitamente pela Administração, serão
Art. 25 - A posse ocorrerá no prazo de 30 (trinta) dias da de participação obrigatória e o resultado obtido pelo servidor
publicação do ato de provimento no órgão oficial. será considerado por ocasião da avaliação especial de
Parágrafo único - A requerimento do funcionário ou de seu desempenho, tendo a reprovação caráter eliminatório.
representante legal, a autoridade competente para dar posse (Redação dada pela Lei 13.092/2001).
poderá prorrogar o prazo previsto neste artigo, até o máximo de § 6º - Fica vedada qualquer espécie de afastamento dos
60 (sessenta) dias contados do seu término. servidores em estágio probatório, ressalvados os casos previstos
nos incisos I, II, III, IV, V, VI, VIII, IX, X, XII, XIII, XV, XVI, XVII e XXI
CAPÍTULO V do art. 68 da Lei nº 9.826, de 14 de maio de 1974.” (Redação
Da Fiança dada pela Lei 15.744/2014).
§ 7º - O servidor em estágio probatório não fará jus a
Art. 26 - O funcionário nomeado para cargo cujo ascensão funcional. (Redação dada pela Lei 13.092/2001).
provimento dependa de prestação de fiança não poderá entrar § 8º - As faltas disciplinares cometidas pelo servidor após o
em exercício sem a prévia satisfação dessa exigência. decurso do estágio probatório e antes da conclusão da avaliação
§ 1º - A fiança poderá ser prestada em: especial de desempenho serão apuradas por meio de processo
I - dinheiro; administrativo-disciplinar, precedido de sindicância, esta
II- título da dívida pública da União ou do Estado, ações de quando necessária. (Redação dada pela Lei 13.092/2001).
sociedade de economia mista que o Estado participe como § 9º - São independentes as instâncias administrativas da
acionista, e avaliação especial de desempenho e do processo administrativo-
III- apólice de seguro-fidelidade funcional, emitida por disciplinar, na hipótese do parágrafo anterior, sendo que
instituição oficial ou legalmente autorizada para esse fim. resultando exoneração ou demissão do servidor, em qualquer
§ 2º - O seguro poderá ser feito pela própria repartição em dos procedimentos, restará prejudicado o que estiver ainda em
que terá exercício o funcionário. andamento. (Redação dada pela Lei 13.092/2001).
§ 3º - Não se admitirá o levantamento da fiança antes de § 10. Na hipótese de afastamento do servidor em estágio
tomada de contas do funcionário. probatório para os fins previstos no incisos V, VI, VIII, IX, X, XIII,
§ 4º - O responsável por alcance ou desvio de bens do Estado XV, XVI, XVIII e XIX do art. 68, fica suspenso o estágio probatório
não ficará isento da ação administrativa que couber, ainda que durante o período de afastamento, retornando o cômputo após
o valor da fiança seja superior ao dano verificado ao patrimônio retorno ao exercício efetivo, pelo prazo correspondente ao
público. afastamento. (Redação dada pela Lei 15.744/2014).
§ 11. O servidor em estágio probatório poderá exercer cargo
CAPÍTULO VI de provimento em comissão ou função de direção, chefia ou
Do Estágio Probatório assessoramento no seu órgão ou entidade de origem, com função
ou funções similares ao cargo para o qual foi aprovado em
Art. 27 - Estágio probatório é o triênio de efetivo exercício concurso público, computando-se o tempo para avaliação
no cargo de provimento efetivo, contado do início do exercício essencial de desempenho do estágio probatório.” (Redação dada
funcional, durante o qual é observado o atendimento dos pela Lei 15.819/2015).
requisitos necessários à confirmação do servidor nomeado em § 12. O servidor em estágio probatório poderá ser cedido
virtude de concurso público (Redação dada pela Lei para órgão da Administração Pública direta ou indireta para
13.092/2001). exercer quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções
§ 1º - Como condição para aquisição da estabilidade, é de direção, chefia ou assessoramento no âmbito Federal,
obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão Municipal ou Estadual, com ônus para o destino, restando
instituída para essa finalidade. (Redação dada pela Lei suspenso o computo do estágio probatório, voltando este a ser
13.092/2001). contado a partir do término da cessão e, consequente retorno à
§ 2º - A avaliação especial de desempenho do servidor será origem.” (Redação dada pela Lei 15.927/2015).
realizada: (Redação dada pela Lei 13.092/2001).
a) extraordinariamente, ainda durante o estágio probatório, Art. 28 - O servidor que durante o estágio probatório não
diante da ocorrência de algum fato dela motivador, sem prejuízo satisfizer qualquer dos requisitos previstos no § 3º do artigo
da avaliação ordinária; (Redação dada pela Lei 13.092/2001). anterior, será exonerado, nos casos dos itens I e II, e demitido na
b) ordinariamente, logo após o término do estágio hipótese do item III.
probatório, devendo a comissão ater-se exclusivamente ao Parágrafo único - O ato de exoneração ou de demissão do
desempenho do servidor durante o período do estágio. servidor em razão de reprovação na avaliação especial de
§3º- Além de outros específicos indicados em lei ou desempenho será expedido pela autoridade competente para
regulamento, os requisitos de que trata este artigo são os nomear. (Redação dada pela Lei 13.092/2001).
seguintes: (Redação dada pela Lei 13.092/2001).
I- adaptação do servidor ao trabalho, verificada por meio de Art. 29 – O ato administrativo declaratório da estabilidade
avaliação da capacidade e qualidade no desempenho das do servidor no cargo de provimento efetivo, após cumprimento
atribuições do cargo; (Redação dada pela Lei 13.092/2001). do estágio probatório e aprovação na avaliação especial de
II- equilíbrio emocional e capacidade de integração; desempenho, será expedido pela autoridade competente para
(Redação dada pela Lei 13.092/2001). nomear, retroagindo seus efeitos à data do término do período
III- cumprimento dos deveres e obrigações do servidor do estágio probatório.
público, inclusive com observância da ética profissional.
(Redação dada pela Lei 13.092/2001). Art. 30 - O funcionário estadual que, sendo estável, tomar
§ 4º - O estágio probatório corresponderá a uma posse em outro cargo para cuja confirmação se exige estágio
complementação do concurso público a que se submeteu o probatório, será afastado do exercício das atribuições do cargo
servidor, devendo ser obrigatoriamente acompanhado e que ocupava, com suspensão do vínculo funcional nos termos do
artigo 66, item I, alíneas a, b e c desta lei.

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Parágrafo único - Não se aplica o disposto neste artigo aos de domicílio do cônjuge ou em que funcionar o órgão sede do
casos de acumulação lícita. mandato eletivo, com todos os direitos e vantagens do cargo.

CAPÍTULO VII Art. 38 - A remoção por permuta será processada a pedido


Do Exercício escrito de ambos os interessados e de acordo com as demais
disposições deste Capítulo.
Art. 31 - O início, a interrupção e o reinício do exercício das
atribuições do cargo serão registrados no cadastro individual do CAPÍTULO IX
funcionário. Da Substituição

Art. 32 - Ao dirigente da repartição para onde for designado Art. 39 - Haverá substituição nos casos de impedimento
o funcionário compete dar-lhe exercício. legal ou afastamento de titular de cargo em comissão.

Art. 33 - O exercício funcional terá início no prazo de trinta Art. 40 - A substituição será automática ou dependerá de
dias, contados da data: nomeação.
I - da publicação oficial do ato, no caso de reintegração; § 1º - A substituição automática é estabelecida em lei,
II - da posse, nos demais casos. regulamento, regimento ou manual de serviço, e proceder-se-á
independentemente de lavratura de ato.
Art. 34 - O funcionário terá exercício na repartição onde for § 2º - Quando depender de ato da administração, o
lotado o cargo por ele ocupado, não podendo dela se afastar, substituto será nomeado pelo Governador, Presidente da
salvo nos casos previstos em lei ou regulamento. Assembleia, Presidente do Tribunal de Contas, Presidente do
§ 1º - O afastamento não se prolongará por mais de quatro Conselho de Contas dos Municípios, ou dirigente autárquico,
anos consecutivos, salvo: conforme o caso.
I- quando para exercer as atribuições de cargo ou função de § 3º - A substituição, nos termos dos parágrafos anteriores,
direção ou de Governo dos Estados, da União, Distrito Federal, será gratuita, salvo se exceder de 30 dias, quando então será
Territórios e Municípios e respectivas entidades da remunerada por todo o período.
administração indireta; Art. 41 - Em caso de vacância do cargo em comissão e até
II- quando à disposição da Presidência da República; seu provimento, poderá ser designado, pela autoridade
III- quando para exercer mandato eletivo, estadual, federal imediatamente superior, um funcionário para responder pelo
ou municipal, observado, quanto a este, o disposto na legislação expediente.
especial pertinente; Parágrafo único - Ao responsável pelo expediente se
IV- quando convocado para serviço militar obrigatório; aplicam as disposições do art. 40, § 3º.
V- quando se tratar de funcionário no gozo de licença para
acompanhar o cônjuge. Art. 42 - Pelo tempo da substituição remunerada, o
§ 2º - Preso preventivamente, pronunciado por crime substituto perceberá o vencimento e a gratificação de
comum ou denunciado por crime inafiançável, em processo do representação do cargo, ressalvado o caso de opção, vedada,
qual não haja pronúncia, o funcionário será afastado do porém, a percepção cumulativa de vencimento, gratificações e
exercício, até sentença passada em julgado. vantagens.
§ 3º O funcionário afastado nos termos do parágrafo
anterior terá direito à percepção do benefício do auxílio- CAPÍTULO X
reclusão, nos termos desta Lei. (Redação dada pela Lei Da Progressão e Ascensão Funcionais
Complementar 159/2016). SEÇÃO I
Da Progressão Horizontal
Art. 35 - Para os efeitos deste Estatuto, entende-se por
lotação a quantidade de cargos, por grupo, categoria funcional Art. 43 – Revogado pela Lei nº 12.913/99
e classe, fixada em regulamento como necessária ao
desenvolvimento das atividades das unidades e entidades do Art. 44 - Revogado pela Lei nº 12.913/99
Sistema Administrativo Civil do Estado.
Art. 45 - Revogado pela Lei nº 12.913/99
Art. 36 - Para entrar em exercício, o funcionário é obrigado
a apresentar ao órgão de pessoal os elementos necessários à SEÇÃO II
atualização de seu cadastro individual. Da Ascensão Funcional

CAPÍTULO VIII Art. 46 - Ascensão funcional é a elevação do funcionário de


Da Remoção um cargo para outro de maiores responsabilidades e atribuições
mais complexas, ou que exijam maior tempo de preparação
Art. 37 - Remoção é o deslocamento do funcionário de uma profissional, de nível de vencimento mais elevado, ou de
para outra unidade ou entidade do Sistema Administrativo, atribuições mais compatíveis com as suas aptidões.
processada de ofício ou a pedido do funcionário, atendidos o
interesse público e a conveniência administrativa. Art. 47 - São formas de ascensão funcional:
§ 1º - A remoção respeitará a lotação das unidades ou I - a promoção;
entidades administrativas interessadas e será realizada, no II - o acesso;
âmbito de cada uma, pelos respectivos dirigentes e chefes, III - a transferência.
conforme se dispuser em regulamento.
§ 2º - O funcionário estadual cujo cônjuge, também servidor Art. 48 - A promoção é a elevação do funcionário à classe
público, for designado ex-officio para ter exercício em outro imediatamente superior àquela em que se encontra dentro da
ponto do território estadual ou nacional ou for detentor de mesma série de classes na categoria funcional a que pertencer.
mandato eletivo, tem direito a ser removido ou posto à
disposição da unidade de serviço estadual que houver no lugar

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Art. 49 - Acesso é a ascensão do funcionário de classe final I- o de melhor classificação em prova de habilitação;
da série de classes de uma categoria funcional para a classe II- o de maior tempo de disponibilidade;
inicial da série de classes ou de outra categoria profissional afim. III- o de maior tempo de serviço público;
IV- o de maior prole.
Art. 50 - Transferência é a passagem do funcionário de uma
para outra categoria funcional, dentro do mesmo quadro, ou Art. 59 - Será tornado sem efeito o aproveitamento e
não, e atenderá sempre aos aspectos da vocação profissional. cassada a disponibilidade do funcionário, se este, cientificado,
expressamente, do ato de aproveitamento, não tomar posse no
Art. 51 - As formas de ascensão funcional obedecerão prazo legal, salvo caso de doença comprovada em inspeção
sempre a critério seletivo, mediante provas que sejam capazes médica.
de verificar a qualificação e aptidão necessárias ao desempenho Parágrafo único - Provada em inspeção médica a
das atribuições do novo cargo, conforme se dispuser em incapacidade definitiva, a disponibilidade será convertida em
regulamento. aposentadoria, com a sua consequente decretação.

CAPÍTULO XI SEÇÃO III


Do Reingresso no Sistema Administrativo Estadual Da Reversão
SEÇÃO I
Da Reintegração Art. 60 - Reversão é o reingresso no Sistema Administrativo
do aposentado por invalidez, quando insubsistentes os motivos
Art. 52 - A reintegração, que decorrerá de decisão da aposentadoria.
administrativa ou judicial, é o reingresso do funcionário no
serviço administrativo, com ressarcimento dos vencimentos Art. 61 - A reversão far-se-á de ofício ou a pedido, de
relativos ao cargo. preferência no mesmo cargo ou naquele em que se tenha
Parágrafo único - A decisão administrativa que determinar transformado, ou em cargo de vencimentos e atribuições
a reintegração será proferida em recurso ou em virtude de equivalentes aos do cargo anteriormente ocupado, atendido o
reabilitação funcional determinada em processo de revisão nos requisito da habilitação profissional.
termos deste Estatuto. Parágrafo único - São condições essenciais para que a
reversão se efetive:
Art. 53 - A reintegração será feita no cargo anteriormente a) que o aposentado não haja completado 60 (sessenta) anos
ocupado, o qual será restabelecido caso tenha sido extinto. de idade;
b) que o inativo seja julgado apto em inspeção médica;
Art. 54 - Reintegrado o funcionário, quem lhe houver c) que a Administração considere de interesse do Sistema
ocupado o lugar será reconduzido ao cargo anteriormente Administrativo o reingresso do aposentado na atividade.
ocupado, sem direito a qualquer indenização, ou ficará como d) (Revogado pela LC 159/2016).
excedente da lotação.
Art. 55 - O funcionário reintegrado será submetido a TÍTULO III
inspeção médica e aposentado, se julgado incapaz. Da Extinção e da Suspensão do Vínculo Funcional
CAPÍTULO I
SEÇÃO II Da Vacância dos Cargos
Do Aproveitamento
Art. 62 - A vacância do cargo resultará de:
Art. 56 - Aproveitamento é o retorno ao exercício do cargo I - exoneração;
do funcionário em disponibilidade. II - demissão;
III - ascensão funcional;
Art. 57 - A juízo e no interesse do Sistema Administrativo, os IV - aposentadoria;
funcionários estáveis, ocupantes de cargos extintos ou V - falecimento.
declarados desnecessários, poderão ser compulsoriamente
aproveitados em outros cargos compatíveis com a sua aptidão Art. 63 - Dar-se-á exoneração:
funcional, mantido o vencimento do cargo, ou postos em I - a pedido do funcionário;
disponibilidade nos termos do art. 109, parágrafo único da II - de ofício, nos seguintes casos:
Constituição do Estado. a) quando se tratar de cargo em comissão;
§ 1º - O aproveitamento dependerá de provas de b) quando se tratar de posse em outro cargo ou emprego da
habilitação, de sanidade e capacidade física mediante exames União, do Estado, do Município, do Distrito Federal, dos
de suficiência e inspeção médica. Territórios, de Autarquia, de Empresas Públicas ou de Sociedade
§ 2º - Quando o aproveitamento ocorrer em cargo cujo de Economia Mista, ressalvados os casos de substituição, cargo
vencimento for inferior ao do anteriormente ocupado, o de Governo ou de direção, cargo em comissão e acumulação
funcionário perceberá a diferença a título de vantagem pessoal, legal desde que, no ato de provimento, seja mencionada esta
incorporada ao vencimento para fins de progressão horizontal, circunstância;
disponibilidade e aposentadoria. c) na hipótese do não atendimento do prazo para início de
§ 3º - Não se abrirá concurso público, nem se preencherá exercício, de que trata o artigo 33;
vaga no Sistema Administrativo Estadual sem que se verifique, d) na hipótese do não cumprimento dos requisitos do
previamente, a inexistência de funcionário a aproveitar, estágio, nos termos do art. 27.
possuidor da necessária habilitação.
Art. 64 - A vaga ocorrerá na data:
Art. 58 - Na ocorrência de vagas nos quadros de pessoal do I- da vigência do ato administrativo que lhe der causa;
Estado o aproveitamento terá precedência sobre as demais II- da morte do ocupante do cargo;
formas de provimento, ressalvadas as destinadas à promoção e III- da vigência do ato que criar e conceder dotação para o
acesso. seu provimento ou do que determinar esta última medida, se o
Parágrafo único - Havendo mais de um concorrente à cargo já estiver criado;
mesma vaga, preferência pela ordem:

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IV- da vigência do ato que extinguir cargo e autorizar que V- exercício das atribuições de outro cargo estadual de
sua dotação permita o preenchimento de cargo vago. provimento em comissão, inclusive da Administração Indireta
Parágrafo único - Verificada a vaga serão consideradas do Estado;
abertas, na mesma data, todas as que decorrerem de seu VI - convocação para o Serviço Militar;
preenchimento. VII- júri e outros serviços obrigatórios;
VIII- desempenho de função eletiva federal, estadual ou
CAPÍTULO II municipal, observada quanto a esta, a legislação pertinente;
Da Suspensão do Vínculo Funcional IX- exercício das atribuições de cargo ou função de Governo
ou direção, por nomeação do Governador do Estado;
Art. 65 - O regime jurídico estabelecido neste Estatuto não X- licença por acidente no trabalho, agressão não provocada
se aplicará, temporariamente, ao funcionário estadual: ou doença profissional;
I – (Revogado pela Lei 15.744/2014). XI- licença especial;
II - no caso de opção em caráter temporário, pelo regime a XII- licença à funcionária gestante;
que alude o art. 106 da Constituição Federal ou pelo regime da XIII- licença para tratamento de saúde;
legislação trabalhista; XIV- licença para tratamento de moléstias que
III- no caso de disponibilidade; impossibilitem o funcionário definitivamente para o trabalho,
IV- no caso de autorização para o trato de interesses nos termos em que estabelecer Decreto do Chefe do Poder
particulares. Executivo;
XV- doença, devidamente comprovada, até 36 dias por ano e
Art. 66 - Os casos indicados no artigo anterior implicam em não mais de 3 (três) dias por mês;
suspensão do vínculo funcional, acarretando os seguintes XVI- missão ou estudo noutras partes do território nacional
efeitos: ou no estrangeiro, quando o afastamento houver sido
I - (Revogado pela Lei 15.744/2014). expressamente autorizado pelo Governador do Estado, ou pelos
a) (Revogado pela Lei 15.744/2014). Chefes dos Poderes Legislativo e Judiciário;
b) (Revogado pela Lei 15.744/2014). XVII- decorrente de período de trânsito, de viagem do
c) (Revogado pela Lei 15.744/2014). funcionário que mudar de sede, contado da data do
II - na hipótese do item II do artigo anterior, o funcionário desligamento e até o máximo de 15 dias;
não fará jus à percepção dos vencimentos, computando-se, XVIII- prisão do funcionário, absolvido por sentença
entretanto, o período de suspensão do vínculo para fins de transitada em julgado;
disponibilidade e aposentadoria, obrigando o funcionário a XIX- prisão administrativa, suspensão preventiva, e o
continuar a pagar a sua contribuição de previdência com base período de suspensão, neste último caso, quando o funcionário
nos vencimentos do cargo de cujas atribuições se desvinculou; for reabilitado em processo de revisão;
III – (Revogado pela Lei Complementar 159/2016). XX- (Revogado pela LC 159/2016);
IV - na hipótese de autorização de afastamento para o trato XXI - nascimento de filho, até um dia, para fins de registro
de interesses particulares, o servidor não fará jus à percepção de civil.
vencimentos, tendo porém que recolher mensalmente o § 1º - Para os efeitos deste Estatuto, entende-se por acidente
percentual de 33 % (trinta e três por cento) incidente sobre o de trabalho o evento que cause dano físico ou mental ao
valor de sua última remuneração para fins de contribuição funcionário, por efeito ou ocasião do serviço, inclusive no
previdenciária, que será destinada ao Sistema Único de deslocamento para o trabalho ou deste para o domicílio do
Previdência Social e dos Membros de Poder do Estado do Ceará funcionário.
– SUPSEC. (Redação dada pela Lei 13.578/2005). § 2º - Equipara-se a acidente no trabalho a agressão,
§ 1° - A autorização de afastamento, de que trata o inciso IV quando não provocada, sofrida pelo funcionário no serviço ou
deste artigo, poderá ser concedida sem a obrigatoriedade do em razão dele.
recolhimento mensal da alíquota de 33 % (trinta e três por § 3º - Por doença profissional, para os efeitos deste Estatuto,
cento), não sendo, porém, o referido tempo computado para entende-se aquela peculiar ou inerente ao trabalho exercido,
obtenção de qualquer benefício previdenciário, inclusive comprovada, em qualquer hipótese, a relação de causa e efeito.
aposentadoria. (Redação dada pela Lei 13.578/2005). § 4º - Nos casos previstos nos §§ 1º, 2º e 3º deste artigo, o
§ 2° - Os valores de contribuição, referidos no inciso IV deste laudo resultante da inspeção médica deverá estabelecer,
artigo, serão reajustados nas mesmas proporções da expressamente, a caracterização do acidente no trabalho da
remuneração do servidor no respectivo cargo. (Redação dada doença profissional.
pela Lei 13.578/2005).
Art. 69. Será computado para efeito de disponibilidade e
TÍTULO IV aposentadoria: (Redação dada pela Lei 13.578/2005).
Dos Direitos, Vantagens e Autorizações I – o tempo de contribuição para o Regime Geral de
CAPÍTULO I Previdência Social – RGPS, bem como para os Regimes Próprios
Do Cômputo do Tempo de Serviço de Previdência Social – RPPS;
II – o período de serviço ativo das Forças Armadas;
Art. 67 - Tempo de serviço, para os efeitos deste Estatuto, III – o tempo de aposentadoria, desde que ocorra reversão;
compreende o período de efetivo exercício das atribuições de IV – a licença por motivo de doença em pessoa da família,
cargo ou emprego público. conforme previsto no art. 99 desta Lei, desde que haja
contribuição.
Art. 68 - Será considerado de efetivo exercício o afastamento § 1º. No caso previsto no inciso IV, o afastamento superior a
em virtude de: 6 (seis) meses obedecerá o previsto no inciso IV, do art. 66, desta
I- férias; Lei.
II- casamento, até oito dias; § 2º. Na contagem do tempo, de que trata este artigo, deverá
III- luto, até oito dias, por falecimento de cônjuge ou ser observado o seguinte:
companheiro, parentes, consanguíneos ou afins, até o 2º grau, I – não será admitida a contagem em dobro ou em outras
inclusive madrasta, padrasto e pais adotivos; condições especiais;
IV- luto, até dois dias, por falecimento de tio e cunhado; II – é vedada a contagem de tempo de contribuição, quando
concomitantes;

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III – não será contado, por um sistema, o tempo de sentença judicial ou inquérito administrativo, em que se lhe
contribuição utilizado para a concessão de algum benefício, por tenha sido assegurada ampla defesa.
outro.
§ 3º. O tempo de contribuição, a que alude o inciso I deste Art. 74 - A estabilidade assegura a permanência do
artigo, será computado à vista de certidões passadas com base funcionário no Sistema Administrativo.
em folha de pagamento.
Art. 75 - O funcionário nomeado em virtude de concurso
Art. 70. A apuração do tempo de contribuição será feita em público adquire estabilidade depois de decorridos dois anos de
anos, meses e dias. (Redação dada pela Lei 13.578/2005). efetivo exercício.
§ 1º. O ano corresponderá a 365 (trezentos e sessenta e Parágrafo único - A estabilidade funcional é incompatível
cinco) dias e o mês aos 30 (trinta) dias. com o cargo em comissão.
§ 2º. Para o cálculo de qualquer benefício, depois de apurado
o tempo de contribuição, este será convertido em dias, vedado Art. 76 - O funcionário perderá o cargo vitalício somente em
qualquer forma de arredondamento. virtude de sentença judicial.

Art. 71. É vedado: (Redação dada pela Lei 13.578/2005). CAPÍTULO III
I – o cômputo de tempo fictício para o cálculo de benefício Da Disponibilidade
previdenciário;
II – a concessão de aposentadoria especial, nos termos do Art. 77 - Disponibilidade é o afastamento de exercício de
art. 40, § 4.º da Constituição Federal, até que Lei Complementar funcionário estável em virtude da extinção do cargo, ou da
Federal discipline a matéria; decretação de sua desnecessidade.
III – a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do § 1º - Extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade, o
Sistema Único de Previdência Social dos Servidores Públicos servidor ficará em disponibilidade percebendo remuneração
Civis e Militares, dos Agentes Públicos e dos Membros de Poder proporcional por cada ano de serviço, à razão de: (Redação
do Estado do Ceará – SUPSEC, ressalvadas as decorrentes dos dada pela Lei 13.578/2005).
cargos acumuláveis previstos na Constituição Federal; I - 1/12.775 (um doze mil, setecentos e setenta e cinco avos)
IV – a percepção simultânea de proventos de aposentadoria da remuneração por cada dia trabalhado, se homem; e (Redação
decorrente de regime próprio de servidor titular de cargo dada pela Lei 13.578/2005).
efetivo, com a remuneração de cargo, emprego ou função II - 1/10.950 (hum dez mil, novecentos e cinquenta avos) da
pública, ressalvados os cargos acumuláveis previstos na remuneração por cada dia trabalhado, se mulher. (Redação
Constituição Federal, os eletivos e os cargos em comissão dada pela Lei 13.578/2005).
declarados em Lei de livre nomeação e exoneração. § 2º - A apuração do tempo de serviço será feita em dias,
§ 1º. Não se considera fictício o tempo definido em Lei como sendo o número de dias convertido em anos, considerando-se o
tempo de contribuição para fins de concessão de aposentadoria ano de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias, permitido o
quando tenha havido, por parte do servidor, a prestação de arredondamento para um ano, na conclusão da conversão, o que
serviço ou a correspondente contribuição. exceder a 182 (cento e oitenta e dois) dias.
§ 2º. A vedação prevista no inciso IV, não se aplica aos § 3º - Aplicam-se aos vencimentos da disponibilidade os
membros de Poder e aos inativos, servidores e militares que, até mesmos critérios de atualização, estabelecidos para os
16 de dezembro de 1998, tenham ingressado novamente no funcionários ativos em geral.
serviço público por concurso público de provas ou de provas e
títulos, e pelas demais formas previstas na Constituição Federal, CAPÍTULO IV
sendo-lhes proibida a percepção de mais de uma aposentadoria Das Férias
pelo Sistema Único de Previdência Social dos Servidores Públicos
Civis e Militares, dos Agentes Públicos e dos Membros de Poder Art. 78 - O funcionário gozará trinta dias consecutivos, ou
do Estado do Ceará – SUPSEC, exceto se decorrentes de cargos não, de férias por ano, de acordo com a escala organizada pelo
acumuláveis previstos na Constituição Federal. dirigente da Unidade Administrativa, na forma do regulamento.
§ 3º. O servidor inativo para ser investido em cargo público § 1º - Se a escala não tiver sido organizada, ou houver
efetivo não acumulável com aquele que gerou a aposentadoria alteração do exercício funcional, com a movimentação do
deverá renunciar aos proventos dessa. funcionário, a este caberá requerer, ao superior hierárquico, o
§ 4°. O aposentado pelo Sistema Único de Previdência Social gozo das férias, podendo a autoridade, apenas, fixar a
dos Servidores Públicos Civis e Militares, dos Agentes Públicos e oportunidade do deferimento do pedido, dentro do ano a que se
dos Membros de Poder do Estado do Ceará – SUPSEC, que estiver vincular o direito do servidor.
exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este § 2º - O funcionário não poderá gozar, por ano, mais de dois
regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade, períodos de férias.
ficando sujeito às contribuições, de que trata esta Lei, para fins § 3º - O funcionário terá direito a férias após cada ano de
de custeio da Previdência Social, na qualidade de contribuinte exercício no Sistema Administrativo.
solidário. § 4º - É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao
serviço.
Art. 72 – Observadas as disposições do artigo anterior, o § 5º - (REVOGADO pela Lei nº 12.913/99).
servidor poderá desaverbar, em qualquer época, total ou
parcialmente, seu tempo de contribuição, desde que não tenha Art. 79 - A promoção, o acesso, a transferência e a remoção
sido computado este tempo para a concessão de qualquer não interromperão as férias.
benefício. (Redação dada pela Lei 13.578/2005).
CAPÍTULO V
CAPÍTULO II Das Licenças
Da Estabilidade e da Vitaliciedade SEÇÃO I
Das Disposições Preliminares
Art. 73 - Estabilidade é o direito que adquire o funcionário
efetivo de não ser exonerado ou demitido, senão em virtude de Art. 80 - Será licenciado o funcionário:
I - para tratamento de saúde;

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II - por acidente no trabalho, agressão não provocada e de prorrogação da licença e, no caso de invalidez, a inspeção
doença profissional; ocorrerá a cada 2 (dois) anos. (Redação dada pela Lei
III - por motivo de doença em pessoa da família; 13.578/2005).
IV - quando gestante;
V - para serviço militar obrigatório; Art. 92 - No processamento das licenças para tratamento de
VI - para acompanhar o cônjuge; saúde será observado sigilo no que diz respeito aos laudos
VII - em caráter especial. médicos.

Art. 81 - A licença dependente de inspeção médica terá a Art. 93 - No curso da licença, o funcionário abster-se-á de
duração que for indicada no respectivo laudo. qualquer atividade remunerada, sob pena de interrupção
§ 1º - Findo esse prazo, o paciente será submetido a nova imediata da mesma licença, com perda total dos vencimentos,
inspeção, devendo o laudo concluir pela volta do funcionário ao até que reassuma o exercício.
exercício, pela prorrogação da licença ou, se for o caso, pela
aposentadoria. Art. 94 - O funcionário não poderá recusar a inspeção
§ 2º - Terminada a licença o funcionário reassumirá médica determinada pela autoridade competente, sob pena de
imediatamente o exercício. suspensão do pagamento dos vencimentos, até que seja
Art. 82 - A licença poderá ser determinada ou prorrogada, realizado exame.
de ofício ou a pedido.
Parágrafo único - O pedido de prorrogação deverá ser Art. 95 - Considerado apto em inspeção médica, o
apresentado antes de finda a licença, e, se indeferido, contar-se- funcionário reassumirá o exercício imediatamente, sob pena de
á como licença o período compreendido entre a data do término se apurarem como faltas os dias de ausência.
e a do conhecimento oficial do despacho.
Art. 96 - No curso da licença poderá o funcionário requerer
Art. 83 - A licença gozada dentro de sessenta dias, contados inspeção médica, caso se julgue em condições de reassumir o
da determinação da anterior será considerada como exercício.
prorrogação.
Art. 97 - Serão integrais os vencimentos do funcionário
Art. 84 - O funcionário não poderá permanecer em licença licenciado para tratamento de saúde.
por prazo superior a vinte e quatro meses, salvo nos casos dos Parágrafo único. O pagamento dos vencimentos do servidor
itens II, III, V e VI do art. 80, deste Estatuto. licenciado para tratamento de saúde é mantido por recursos do
respectivo órgão de origem. (Acrescentado pela LC 159/2016).
Art. 85 – (Revogado pela Lei 13.578/2005).
Art. 98 – (Revogado pela Lei n° 13.578/05).
Art. 86 - São competentes para licenciar o funcionário os
dirigentes do Sistema Administrativo Estadual, admitida a SEÇÃO III
delegação, na forma do Regulamento. Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família

Art. 87 - VETADO. Art. 99 – O servidor poderá ser licenciado por motivo de


§ 1º - VETADO. doença na pessoa dos pais, filhos, cônjuge do qual não esteja
§ 2º - VETADO. separado e de companheiro(a), desde que prove ser
§ 3º - VETADO. indispensável a sua assistência pessoal e esta não possa ser
prestada simultaneamente com exercício funcional. (Redação
SEÇÃO II dada pela Lei nº 13.578/05)
Da Licença para Tratamento de Saúde § 1º - Provar-se-á a doença mediante inspeção médica
realizada conforme as exigências contidas neste Estatuto
Art. 88 - A licença para tratamento de saúde precederá a quanto à licença para tratamento de saúde.
inspeção médica, nos termos do Regulamento. § 2º - A necessidade de assistência ao doente, na forma deste
artigo, será comprovada mediante parecer do Serviço de
Art. 89 – O servidor será compulsoriamente licenciado Assistência Social, nos termos do Regulamento.
quando sofrer uma dessas doenças graves, contagiosas ou § 3° - O funcionário licenciado, nos termos desta seção,
incuráveis: tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia perceberá vencimentos integrais até 6 (seis) meses. Após este
malígna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e prazo o servidor obedecerá o disposto no inciso IV, do art. 66
incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkson, desta Lei, até o limite de 4 (quatro) anos, devendo retornar a
espondiloartrose anquilosante, epilepsia vera, nefropatia grave, suas atividades funcionais imediatamente ao fim do período.
estado avançado da doença de Paget (osteite deformante), (Redação dada pela Lei nº 13.578/05)
síndrome da deficiência imunológica adquirida – Aids,
contaminação por radiação, com base em conclusão da SEÇÃO IV
medicina especializada, hepatopatia e outras que forem Da Licença à Gestante
disciplinadas em Lei. (Redação dada pela Lei 13.578/2005).
Art. 100. Fica garantida a possibilidade de prorrogação, por
Art. 90 - Verificada a cura clínica, o funcionário licenciado mais 60 (sessenta) dias, da licença-maternidade, prevista nos
voltará ao exercício, ainda quando deva continuar o tratamento, arts. 7.º, inciso XVIII, e 39, § 3.º, da Constituição Federal,
desde que comprovada por inspeção médica capacidade para a destinada às servidoras públicas estaduais. (Redação dada pela
atividade funcional. Lei 13.881/2007).
§ 1º A prorrogação de que trata este artigo será assegurada
Art. 91 - Expirado o prazo de licença previsto no laudo à servidora estadual mediante requerimento efetivado até o
médico, o funcionário será submetido a nova inspeção, e final do primeiro mês após o parto, e concedida imediatamente
aposentado, se for julgado inválido. após a fruição da licença-maternidade de que trata o art. 7º,
Parágrafo único – Na hipótese prevista neste artigo, o inciso XVIII, da Constituição Federal. (Redação dada pela Lei
tempo necessário para a nova inspeção será considerado como 13.881/2007).

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§ 2° - Durante o período de prorrogação da licença- Art. 109 - VETADO.


maternidade, a servidora estadual terá direito à sua Parágrafo único – VETADO.
remuneração integral. (Redação dada pela LC 159/2016).
§ 3º É vedado, durante a prorrogação da licença- CAPÍTULO VI
maternidade tratada neste artigo, o exercício de qualquer Das Autorizações
atividade remunerada pela servidora beneficiária, e a criança SEÇÃO I
não poderá ser mantida em creche ou organização similar, sob Das Disposições Preliminares
pena da perda do direito do benefício e consequente apuração
da responsabilidade funcional.” (Redação dada pela Lei Art. 110 - Os dirigentes do Sistema Administrativo Estadual
13.881/2007). autorizarão o funcionário a se afastar do exercício funcional de
§ 4º O pagamento dos vencimentos da servidora em acordo com o disposto em Regulamento:
licença-maternidade, inclusive no período de prorrogação, é I - sem prejuízo dos vencimentos quando:
mantido por recursos do respectivo órgão de origem. a) for estudante, para incentivo à sua formação profissional
(Acrescentado pela LC 159/2016). e dentro dos limites estabelecidos neste Estatuto;
b) for estudar em outro ponto do território nacional ou no
SEÇÃO V estrangeiro; (Redação dada pela Lei nº 13.578/05)
Da Licença para Serviço Militar Obrigatório c) por motivo de casamento, até o máximo de 8 (oito) dias;
d) por motivo de luto até 8 (oito) dias, em decorrência de
Art. 101 - O funcionário que for convocado para o serviço falecimento de cônjuge ou companheiro, parentes
militar será licenciado com vencimentos integrais, ressalvado o consanguíneos ou afins, até o 2º grau, inclusive madrasta,
direito de opção pela retribuição financeira do serviço militar. padrasto e pais adotivos;
§1° - Ao servidor desincorporado conceder-se-á prazo não e) por luto, até 2 (dois) dias, por falecimento de tio e
excedente a 30 (trinta) dias para que reassuma o exercício do cunhado;
cargo, sem perda de vencimentos. (Redação dada pela Lei nº f) for realizar missão oficial em outro ponto do território
13.578/05) nacional ou no estrangeiro. (Acrescida pela Lei nº 13.578/05)
§2° - O servidor, de que trata o caput deste artigo, II - sem direito à percepção dos vencimentos, quando se
contribuirá para o Sistema Único de Previdência Social dos tratar de afastamento para trato de interesses particulares;
Servidores Públicos Civis e Militares, dos Agentes Públicos e dos III - com ou sem direito à percepção dos vencimentos,
Membros de Poder do Estado do Ceará – SUPSEC, mesmo que conforme se dispuser em regulamento, quando para o exercício
faça opção pela retribuição financeira do serviço militar. das atribuições de cargo, função ou emprego em entidades e
(Redação dada pela Lei nº 13.578/05) órgãos estranhos ao Sistema Administrativo Estadual.
§1° - Nos casos previstos nas alíneas a e b, o servidor só
Art. 102 - O funcionário, Oficial da Reserva não remunerada poderá solicitar exoneração após o seu retorno, desde que
das Forças Armadas, será licenciado, com vencimentos integrais, trabalhe no mínimo o dobro do tempo em que esteve afastado,
para cumprimento dos estágios previstos pela legislação militar, ou reembolse o montante corrigido monetariamente que o
garantido o direito de opção. Estado desembolsou durante seu afastamento. (Redação dada
pela Lei nº 13.578/05)
SEÇÃO VI § 2° - Os dirigentes do Sistema Administrativo Estadual
Da Licença do Funcionário para Acompanhar o poderão, ainda, autorizar o servidor, ocupante do cargo efetivo
Cônjuge ou em comissão, a integrar ou assessorar comissões, grupos de
trabalho ou programas, com ou sem afastamento do exercício
Art. 103 - O funcionário terá direito a licença sem funcional e sem prejuízo dos vencimentos. (Acrescentado Lei nº
vencimento, para acompanhar o cônjuge, também servidor 13.578/05)
público, quando, de ofício, for mandado servir em outro ponto do
Estado, do Território Nacional, ou no Exterior. SEÇÃO II
§ 1º - A licença dependerá do requerimento devidamente Das Autorizações para Incentivo à Formação
instruído, admitida a renovação, independentemente de Profissional do Funcionário
reassunção do exercício.
§ 2º - Finda a causa da licença, o funcionário retornará ao Art. 111 - Poderá ser autorizado o afastamento, até duas
exercício de suas funções, no prazo de trinta dias, após o qual horas diárias, ao funcionário que frequente curso regular de 1º
sua ausência será considerada abandono de cargo. e 2º graus ou de ensino superior.
§ 3º - Existindo no novo local de residência repartição Parágrafo único - A autorização prevista neste artigo
estadual, o funcionário nela será lotado, enquanto durar a sua poderá dispor que a redução do horário dar-se-á por
permanência ali. prorrogação do início ou antecipação do término do expediente,
diário, conforme considerar mais conveniente ao estudante e
Art. 104 - Nas mesmas condições estabelecidas no artigo aos interesses da repartição.
anterior o funcionário será licenciado quando o outro cônjuge
esteja no exercício de mandato eletivo fora de sua sede Art. 112 - Será autorizado o afastamento do exercício
funcional. funcional nos dias em que o funcionário tiver que prestar exames
para ingresso em curso regular de ensino, ou que, estudante, se
SEÇÃO VII submeter a provas.
Da Licença Especial
Art. 113 - O afastamento para missão ou estudo fora do
Art. 105 – Revogado pela Lei nº 12.913/99 Estado em outro ponto do território nacional ou no estrangeiro
será autorizado nos mesmos atos que designarem o funcionário
Art. 106 - Revogado pela Lei nº 12.913/99 a realizar a missão ou estudo, quando do interesse do Sistema
Administrativo Estadual.
Art. 107 - Revogado pela Lei nº 12.913/99
Art. 114 - As autorizações previstas nesta Seção dependerão
Art. 108 - Revogado pela Lei nº 12.913/99 de comprovação, mediante documento oficial, das condições

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previstas para as mesmas, podendo a autoridade competente I - prestação de alimentos determinada judicialmente;
exigi-la prévia ou posteriormente, conforme julgar conveniente. II - reposição de indenização devida à Fazenda Estadual;
Parágrafo único - Concedida a autorização, na III – auxílios e benefícios instituídos pela Administração
dependência da comprovação posterior, sem que esta tenha sido Pública. (Acrescentado pela Lei nº 13.369/03)
efetuada no prazo estipulado, a autoridade anulará a § 4º - As reposições e indenizações devidas à Fazenda
autorização, sem prejuízo de outras providências que Pública Estadual serão descontadas em parcelas mensais, não
considerar cabíveis. excedentes da décima parte da remuneração do servidor, assim
entendida como o vencimento-base, acrescido das vantagens
SEÇÃO III fixas e de caráter pessoal. (Redação alterada pela Lei nº
Do Afastamento para o Trato de Interesses 13.369/03)
Particulares § 5º - Se o funcionário for exonerado ou demitido, a quantia
por ele devida será inscrita como dívida ativa para os efeitos
Art. 115 – Depois de três anos de efetivo exercício e após legais.
declaração de aquisição de estabilidade no cargo de provimento
efetivo, o servidor poderá obter autorização de afastamento SEÇÃO II
para tratar de interesses particulares, por um período não Do Vencimento
superior a quatro anos e sem percepção de remuneração.
(Redação dada pela Lei nº 13.092/01) Art. 123 - Considera-se vencimento a retribuição
Parágrafo único - O funcionário aguardará em exercício a correspondente ao padrão, nível ou símbolo do cargo a que
autorização do seu afastamento. esteja vinculado o funcionário, em razão do efetivo exercício de
função pública.
Art. 116 - Não será autorizado o afastamento do
funcionário removido antes de ter assumido o exercício. Art. 124 - O funcionário perderá:
I- o vencimento do cargo efetivo, quando nomeado para
Art. 117 - O funcionário poderá, a qualquer tempo, desistir cargo em comissão, salvo o direito de opção e de acumulação
da autorização concedida, reassumindo o exercício das lícita;
atribuições do seu cargo. II- o vencimento do cargo efetivo, quando no exercício de
mandato eletivo, federal ou estadual;
Art. 118 - Quando o interesse do Sistema Administrativo o III- o vencimento do cargo efetivo, quando dele afastado
exigir, a autorização poderá ser cassada, a juízo da autoridade para exercer mandato eletivo municipal remunerado;
competente, devendo, neste caso, o funcionário ser IV- o vencimento do dia, se não comparecer ao serviço, salvo
expressamente notificado para apresentar-se ao serviço no motivo legal ou doença comprovada, de acordo com o disposto
prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período, findo o neste Estatuto;
qual caracterizar-se-á o abandono do cargo. V- um terço do vencimento do dia, se comparecer ao serviço
dentro da hora seguinte à fixação para o início do expediente,
Art. 119 - A autorização para afastamento do exercício para quando se retirar antes de findo o período de trabalho;
o trato de interesses particulares somente poderá ser VI- um terço do vencimento, durante o afastamento por
prorrogada por período necessário para complementar o prazo motivo de prisão administrativa, prisão preventiva, pronúncia
previsto no art. 115 deste Estatuto. por crime comum, denúncia por crime funcional ou condenação
por crime inafiançável em processo no qual não haja pronúncia,
Art. 120. O funcionário somente poderá receber nova tendo direito à diferença, se absolvido;
autorização para o afastamento previsto nesta Seção após VII- dois terços do vencimento durante o período de
decorrido pelo menos um ano do efetivo exercício, contado da afastamento em virtude de condenação por sentença passada
data em que reassumiu, em decorrência do término do prazo em julgado à pena de que não resulte em demissão.
autorizado ou por motivo de desistência ou de cassação da Parágrafo único - O funcionário investido em mandato
autorização concedida. (Redação dada pela Lei 15.744/2014). gratuito de vereador fará jus à percepção dos seus vencimentos
nos dias em que comparecer às sessões da Câmara.
CAPÍTULO VII
Da Retribuição SEÇÃO III
SEÇÃO I Da Ajuda de Custo
Disposições Preliminares
Art. 125 - Será concedida ajuda de custo ao funcionário que
Art. 121 - Todo funcionário, em razão do vínculo que for designado, de ofício, para ter exercício em nova sede, mesmo
mantém com o Sistema Administrativo Estadual, tem direito a fora do Estado.
uma retribuição pecuniária, na forma deste Estatuto. Parágrafo único - A ajuda de custo destina-se à
indenização das despesas de viagem e de nova instalação do
Art. 122 - As formas de retribuição são as seguintes: funcionário.
I- vencimento;
II- ajuda de custo; Art. 126 - A ajuda de custo não excederá de três meses de
III- diária; vencimentos, salvo nos casos de designação do funcionário
IV - revogado pela Lei nº 12.913/99 para:
V - gratificações. a) ter exercício fora do Estado;
§ 1º - O conjunto das retribuições constitui os vencimentos b) serviço fora do Estado.
funcionais. Parágrafo único - A ajuda de custo será arbitrada, dentro
§ 2º - A retribuição do funcionário disponível constitui das respectivas áreas de competência, pelo Governador do
vencimentos para todos os efeitos legais. Estado, Presidente da Assembleia Legislativa, do Tribunal de
§ 3º - A retribuição pecuniária atribuída ao funcionário não Justiça, do Tribunal de Contas, do Conselho de Contas dos
sofrerá descontos além dos previstos expressamente em lei, nem Municípios e das Autarquias.
serão objetos de arresto, sequestro ou penhora, salvo quando se
tratar de:

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Art. 127 - A ajuda de custo para serviço fora do Estado será § 2º - No caso do inciso II, a gratificação será arbitrada
calculada na forma disposta em Regulamento. previamente pelo dirigente do órgão ou entidade da
administração pública de qualquer dos Poderes, através de ato
Art. 128 - O funcionário restituirá a ajuda de custo: que demonstre a proporcionalidade do pagamento, com
I - quando não se transportar para a nova sede no prazo indicação da estimativa dos dias e dos horários que serão
determinado; necessários à consecução dos serviços.
II - quando, antes de terminada a incumbência, regressar, § 3º - A despesa total mensal com o pagamento da
pedir exoneração ou abandonar o serviço. gratificação de que trata este artigo em nenhuma hipótese
§ 1º - A restituição é de exclusiva responsabilidade pessoal e poderá exceder a 1,5% (um e meio por cento) do valor total da
poderá ser feita parceladamente. despesa mensal com pagamento de pessoal, do órgão ou
§ 2º - Não haverá obrigação de restituir, quando o regresso entidade considerado.
do funcionário for determinado de ofício ou por doença § 4º - O descumprimento ao disposto neste artigo acarretará
comprovada, ou quando o mesmo for exonerado a pedido, após responsabilidade para o dirigente do órgão ou entidade e seus
90 (noventa) dias de exercício na nova sede. subordinados envolvidos, que ficarão solidariamente obrigados
a restituir ao tesouro estadual as quantias pagas a maior.
SEÇÃO IV
Das Diárias Art. 134 - A gratificação pela representação de Gabinete
poderá ser concedida a funcionários e a pessoas estranhas ao
Art. 129 - Ao funcionário que se deslocar da sua repartição Sistema Administrativo, sem qualquer vínculo, com exercício nos
em objeto de serviço, conceder-se-á diária a título de gabinetes e órgãos de assessoramento técnico do referido
indenização das despesas de alimentação e hospedagem, na Sistema, na forma do Regulamento.
forma do Regulamento.
Art. 135 - A gratificação pela elaboração ou execução de
Art. 130 - O funcionário que receber diária indevida será trabalho relevante, técnico ou científico, será arbitrada e
obrigado a restituí-la de uma só vez, ficando, ainda, sujeito à atribuída pelos dirigentes do Sistema Administrativo Estadual.
punição disciplinar.
Art. 136 - A gratificação pela execução de trabalho em
SEÇÃO V condições especiais, inclusive com risco de vida ou de saúde, será
Do Auxílio para Diferença de Caixa atribuída pelos dirigentes do Sistema Administrativo Estadual,
observado o disposto em Regulamento.
Art. 131 – Revogado pela Lei 12.913/99
Art. 137 - A gratificação de representação é uma
SEÇÃO VI indenização atribuída aos ocupantes de cargos em comissão e
Das Gratificações outros que a lei determinar, tendo em vista despesas de natureza
social e profissional determinadas pelo exercício funcional.
Art. 132 - Ao funcionário conceder-se-á gratificação em
virtude de: Art. 138 - A gratificação por regime de tempo integral, que
I- prestação de serviços extraordinários; se destina ao incremento das atividades de investigação
II- representação de Gabinete; científica, ou tecnológica, e aumento da produtividade, no
III- exercício funcional em determinados locais; Sistema Administrativo Estadual, será objeto de
IV- execução de trabalho relevante, técnico ou científico; regulamentação específica.
V- serviço ou estudo fora do Estado ou do País; § 1º - No Regulamento de que trata este artigo serão
VI- execução de trabalho em condições especiais, inclusive obedecidas as seguintes diretrizes gerais;
com risco de vida ou saúde; I - proporcionalidade que variará de 60 % (sessenta por
VII- participação em órgão de deliberação coletiva; cento) a 100 % (cem por cento) do valor do nível de vencimento
VIII- participação em comissão examinadora de concurso; ou função, observando-se os seguintes fatores de variação;
IX- exercício de magistério, em regime de tempo a) complexidade da tarefa;
complementar; ou em cursos especiais, legalmente instituídos, b) deslocamentos exigidos para execução das tarefas;
inclusive para treinamento de funcionários; c) a situação no mercado de trabalho;
X- representação; d) as condições de trabalho;
XI- regime de tempo integral; e) as prioridades dos programas, do cargo ou grupo de
XII- de aumento de produtividade; cargos; e
XIII- exercício em órgãos fazendários. f) a especialização exigida do funcionário.
Parágrafo único - As gratificações não definidas nesta lei II - A atribuição da gratificação a ocupantes de cargos ou
serão objeto de regulamento. grupos de cargos será condicionada a procedimentos
administrativos que possibilitem a verificação das prioridades
Art. 133 - A gratificação pela prestação de serviço dos programas, para aumento da produtividade ou incremento
extraordinário é a retribuição de serviço cuja execução exija à investigação científica ou tecnológica, com as justificativas
dedicação além do expediente normal a que estiver sujeito o dos programas e subprogramas, a relação dos servidores
servidor e será paga proporcionalmente: (Redação dada pela indispensáveis à sua execução, o prazo de duração do regime e
Lei nº 12.913/99) a despesa dele decorrente.
I- por hora de trabalho adicional; ou, § 2º - Excepcionalmente e até a aplicação do Plano de
II- por tarefa especial, levando-se em conta estimativa do Classificação de Cargos de que trata a Lei nº 9.634, de 30 de
número de dias e de horas necessários para sua realização. outubro de 1972, o regime de tempo integral poderá ser
§ 1º - O valor da hora de trabalho adicional será 50% atribuído a servidores mensalistas, remanescentes das extintas
(cinquenta por cento) maior que o da hora normal de trabalho, Tabelas Numéricas de Mensalistas, inclusive tendo como base de
apurado através da divisão do valor da remuneração mensal do cálculo o nível de vencimentos do cargo correspondente à
servidor por 30 (trinta) e este resultado pelo número de horas respectiva qualificação profissional.
correspondentes à carga horária ou regime do servidor.

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Art. 139 - A gratificação de produtividade destina-se a TÍTULO V


incentivar o aumento de arrecadação dos tributos estaduais, Da Previdência e da Assistência
devendo ser objeto de Regulamentação. CAPÍTULO I
Das Disposições Preliminares
Art. 140 - A gratificação de exercício, atribuída aos
funcionários fazendários, constantes da Lei nº 9.375, de Art. 150 – O Estado assegurará um sistema de previdência
10.07.70, será objeto de regulamentação própria. público que será mantido com a contribuição de seus servidores,
ativos, inativos, pensionistas e do orçamento do Estado, o qual
CAPÍTULO VIII compreenderá os seguintes benefícios:
Do Direito de Petição I – quanto ao servidor:
a) aposentadoria;
Art. 141 - É assegurado ao funcionário e ao aposentado o b) salário-família do servidor aposentado (Redação dada
direito de requerer, representar, pedir reconsideração e pela LC 159/2016);
recorrer. c) (Revogado pela LC 159/2016);
d) (Revogado pela LC 159/2016);
Art. 142 - A petição será dirigida à autoridade competente II – quanto ao dependente:
para decidir do pedido e encaminhada por intermédio daquela a) pensão por morte;
a quem estiver imediatamente subordinado o requerente se for b) (Revogado pela LC 159/2016);
o caso. § 1º - (REVOGADO pela Lei n° 13.578/05)
§ 2º - (REVOGADO pela Lei n° 13.578/05)
Art. 143 - O direito de pedir reconsideração, que será
exercido perante a autoridade que houver expedido o ato, ou Art. 151 – O Estado assegurará a manutenção de um
proferido a primeira decisão, decairá após 60 (sessenta) dias da sistema de assistência que, dentre outros, preste os seguintes
ciência do ato pelo peticionante, ou de sua publicação quando benefícios e serviços aos servidores e aos seus dependentes:
esta for obrigatória. (Redação dada pela Lei n° 13.578/05)
§ 1º - O requerimento e o pedido de reconsideração de que I– assistência médica;
tratam os artigos anteriores deverão ser despachados no prazo II– assistência hospitalar;
de 5 (cinco) dias e decididos dentro de 30 (trinta) dias III– assistência odontológica;
improrrogáveis. IV– assistência social;
§ 2º - É vedado repetir pedido de reconsideração ou recurso V– auxílio funeral.
perante a mesma autoridade. VI - auxílio-reclusão. (Acrescido pela Lei 159/2016).
§ 1º - A triagem dos casos apresentados para internamento
Art. 144 - Caberá recurso: hospitalar e consequente fiscalização e controle será realizado
I- do indeferimento do pedido de reconsideração; por um Grupo de Trabalho, cuja composição e atribuições será
II- das decisões sobre os recursos sucessivamente determinado pelo Governo do Estado através do Instituto de
interpostos, nos termos do § 1º deste artigo. Previdência do Estado – IPEC, mediante ato próprio. (Redação
§ 1º - O recurso, interposto, perante a autoridade que tiver dada pela Lei n° 13.578/05)
praticado o ato ou proferido a decisão, será dirigido à § 2º - É assegurado assistência médica gratuita ao servidor
autoridade imediatamente superior e, sucessivamente, em acidentado em serviço ou que tenha contraído doença
escala ascendente, às demais autoridades. profissional, através do Estado. (Redação dada pela Lei n°
§ 2º - No encaminhamento do recurso observar-se-á o 13.578/05)
disposto na parte final do art. 142. § 3º Vetado

Art. 145 - O pedido de reconsideração e o recurso não têm CAPÍTULO II


efeito suspensivo, salvo disposição em contrário, e o que for Da Aposentadoria
provido retroagirá, nos efeitos, à data do ato impugnado.
Art. 152. O servidor será aposentado, conforme as regras
Art. 146 - O direito de pleitear na esfera administrativa estabelecidas no art. 40 da Constituição Federal. (Redação dada
prescreverá em 120 (cento e vinte) dias, salvo estipulação em pela Lei n° 13.578/05)
contrário, prevista expressamente em lei ou regulamento. Parágrafo único. A aposentadoria por invalidez será sempre
precedida de licença por período contínuo não inferior a 24
Art. 147 - Os prazos estabelecidos neste Capítulo são fatais (vinte e quatro) meses, salvo quando a junta médica declarar a
e improrrogáveis, e o pedido de reconsideração e o recurso, incapacidade definitiva para o serviço, ou na hipótese prevista
quando cabíveis, interrompem a prescrição. no art. 68, inciso X. (Redação dada pela Lei n° 13.578/05)

Art. 148 - Ao funcionário ou ao seu representante Art. 153. O processo de aposentadoria se inicia: (Redação
legalmente constituído é assegurado, para efeito de recurso ou dada pela LC 92/2011);
pedido de reconsideração, o direito de vista ao processo na I - com o requerimento do interessado, no caso de
repartição competente durante todo o expediente inatividade voluntária (Redação dada pela LC 92/2011);
regulamentar, assegurado o livre manuseio do processo em local II - automaticamente, quando o servidor atinge a idade de
conveniente. Se o representante do funcionário for advogado, 70 (setenta) anos (Redação dada pela LC 92/2011);
aplica-se o disposto na Lei Federal pertinente. III - automaticamente, quando o servidor for considerado
inválido, na data fixada em laudo emitido pela Perícia Médica
Art. 149 - O disposto neste Capítulo se aplica, no que couber, Oficial do Estado ou na ocasião, em que verificadas as demais
aos procedimentos disciplinares. hipóteses do art. 152, parágrafo único, desta Lei. (Redação dada
pela LC 92/2011).

Art. 154 - O funcionário quando aposentado por invalidez


terá provento integral, correspondente aos vencimentos,
incorporáveis do cargo efetivo, se a causa for doença grave,

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incurável ou contagiosa, a que se refere o artigo 89, ou acidente Art. 164 - Será suspenso o pagamento do salário-família ao
no trabalho, ou doença profissional, nos termos do inciso X do funcionário que comprovadamente descurar da subsistência e
artigo 68; o provento será proporcional ao tempo de serviço, nos educação dos seus dependentes.
demais casos. §1º - Mediante autorização judicial a pessoa que estiver
§ 1º - Somente nos casos de invalidez decorrente de acidente mantendo os dependentes do funcionário poderá receber o
no trabalho ou doença profissional, como configurados nos §§ salário-família enquanto durar a situação prevista neste artigo.
1º, 2º, 3º e 4º do artigo 68, será aposentado o ocupante do cargo §2º - O pagamento voltará a ser feito ao funcionário tão logo
de provimento em comissão, hipótese em que o respectivo comprovado o desaparecimento dos motivos determinantes da
provento será integral. suspensão.
§ 2º - O funcionário aposentado em decorrência da invalidez
por acidente em serviço, por moléstia profissional, ou por Art. 165 - Para se habilitar à concessão do salário-família o
doença grave contagiosa ou incurável, especificada em Lei, é funcionário, o disponível, ou o aposentado apresentarão uma
considerado como em efetivo exercício, assegurando-se-lhe declaração de dependentes, indicando o cargo que exercer, ou
todos os direitos e vantagens atribuídas aos ocupantes de cargo no qual estiver aposentado ou em disponibilidade, mencionando
de igual categoria em atividade, ainda que o mencionado cargo em relação a cada dependente:
tenha ou venha a mudar a denominação de nível de classificação I- nome completo, data e local de nascimento, comprovado
ou padrão de vencimento. (Acrescentado pela Lei nº por certidão do registro civil;
10.361/79) II- grau de parentesco ou dependência;
III- no caso de se tratar de maior de 21 anos, se total e
Art. 155 – (Revogado pela Lei 12.913/99). permanentemente incapaz para o trabalho, hipótese em que
informará a causa e a espécie de invalidez;
Art. 156 - O servidor aposentado compulsoriamente por IV- se o dependente vive sob a guarda do declarante.
motivo de idade, ou nos termos do art. 154, terá os seus
proventos proporcionais ao tempo de contribuição. (Redação 165 Para se habilitar à concessão do salário-família o
dada pela Lei n° 13.578/05) funcionário, o disponível, ou o aposentado apresentarão uma
§ 1º - A proporcionalidade dos proventos, com base no declaração de dependentes, indicando o cargo que exercer, ou
tempo de contribuição, é a fração, cujo numerador corresponde no qual estiver aposentado ou em disponibilidade, mencionando
ao total de dias de contribuição e o denominador, o tempo de em relação a cada dependente:
dias necessários à respectiva aposentadoria voluntária com I - nome completo, data e local de nascimento, comprovado
proventos integrais. (Redação dada pela Lei n° 13.578/05) por certidão do registro civil;
§ 2º - A fração de que trata o parágrafo anterior será II - grau de parentesco ou dependência;
aplicada sobre o valor dos proventos calculados conforme a III - no caso de se tratar de maior de 14 (quatorze) anos, se
média aritmética simples das maiores remunerações ou total e permanentemente inválido para o trabalho, hipótese em
subsídios, observando-se, previamente, que o valor encontrado que informará a causa e a espécie de invalidez (Redação dada
não poderá exceder à remuneração do servidor no cargo efetivo pela LC 159/2016).
em que se der a aposentadoria. (Redação dada pela Lei n° IV – (Revogado pela LC 159/2016).
13.578/05)
Art. 166 - A declaração do servidor será prestada a seu chefe
Art. 157 – Os proventos de aposentadoria e as pensões serão imediato que a examinará e, após o seu visto, a encaminhará ao
reajustados na mesma data em que se der o reajuste dos órgão competente para o processamento e atendimento da
benefícios do regime geral de previdência social, ressalvadas as concessão.
aposentadorias concedidas conforme os arts. 6° e 7° da Emenda
Constitucional Estadual n° 56, de 7 de janeiro de 2004. Art. 167 - O salário-família será concedido à vista das
declarações prestadas, mediante simples despacho que será
CAPÍTULO III comunicado ao órgão incumbido da elaboração de folhas de
Do Salário-Família pagamento.
§1º - Será concedido ao declarante ativo ou inativo o prazo
Art. 158 - O salário-família é o auxílio pecuniário especial de 120 (cento e vinte) dias para o esclarecimento de qualquer
concedido pelo Estado ao funcionário ativo e ao aposentado dúvida na declaração, o que poderá ser feito por meio de
como contribuição ao custeio das despesas de manutenção de quaisquer provas admitidas em direito.
seus dependentes. §2º - Não sendo apresentado no prazo o esclarecimento de
que trata o § 1º, a autoridade concedente determinará a
Art. 159 - O salário-família será pago ao servidor, em imediata suspensão do pagamento do salário-família, até que
quotas, na proporção do respectivo número de filhos ou seja satisfeita a exigência.
equiparados, aplicando-se os mesmos parâmetros adotados pelo
Instituto Nacional do Seguro Social, quanto à referida prestação Art. 168 - Verificada, a qualquer tempo, a inexatidão das
assistencial, conforme definido em lei. (Redação dada pela Lei declarações prestadas, será suspensa a concessão do salário-
159/2016). família e determinada a reposição do indevidamente recebido,
mediante o desconto mensal de 10% (dez por cento) da
Art. 160 – (Revogado pela LC 159/2016). remuneração líquida, em folha de pagamento. (Redação dada
pela Lei 13.369/03)
Art. 161 - O salário-família será pago, ainda, nos casos em
que o funcionário deixar de perceber vencimento ou proventos, Art. 169 - O funcionário e o aposentado são obrigados a
sem perda do cargo. comunicar a autoridade concedente, dentro do prazo de quinze
dias, qualquer alteração que se verifique na situação dos
Art. 162 - (Revogado pela LC 159/2016). dependentes, da qual decorra supressão ou redução do salário-
família.
Art. 163 - O salário-família não servirá de base para Parágrafo único - A não observância desta disposição
qualquer contribuição, ainda que para fim de previdência social. acarretará as mesmas providências indicadas no artigo
anterior.

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Art. 170 - O salário-família será devido em relação a cada Art. 176 - A apuração da responsabilidade funcional será
dependente, a partir do mês em que tiver ocorrido o ato ou fato promovida, de ofício, ou mediante representação, pela
que lhe der origem, deixando de ser devido igualmente em autoridade de maior hierarquia no órgão ou na entidade
relação a cada dependente no mês seguinte ao ato ou fato que administrativa em que tiver ocorrido a irregularidade. Se se
determinar a sua supressão. tratar de ilícito administrativo praticado fora do local de
trabalho, a apuração da responsabilidade será promovida pela
Art. 171 - O salário-família será pago juntamente com os autoridade de maior hierarquia no órgão ou na entidade a que
vencimentos ou proventos, pelos órgãos pagadores, pertencer o funcionário a quem se imputar a prática da
independentemente de publicação do ato de concessão. irregularidade.
Parágrafo único - Se se imputar a prática do ilícito a vários
CAPÍTULO IV funcionários lotados em órgãos diversos do Poder Executivo, a
Do Auxílio-Doença competência para determinar a apuração da responsabilidade
caberá ao Governador do Estado.
Art. 172 – (REVOGADO pela Lei 13.578/05).
Art. 177 - A responsabilidade civil decorre de conduta
CAPÍTULO V funcional, comissiva ou omissiva, dolosa ou culposa, que
Do Auxílio-Funeral acarrete prejuízo para o patrimônio do Estado, de suas
entidades ou de terceiros.
Art. 173 - Será concedido auxílio funeral à família do §1º - A indenização de prejuízo causado ao Estado ou às suas
funcionário falecido, correspondente a 01 (um) mês de seus entidades, no que exceder os limites da fiança, quando for o caso,
vencimentos ou proventos, limitado o pagamento à quantia de será liquidada mediante prestações mensais descontadas em
R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais). (Redação dada pela Lei folha de pagamento, não excedentes da décima parte do
12.913/99) vencimento, à falta de outros bens que respondam pelo
Parágrafo único - Quando não houver pessoa da família do ressarcimento.
funcionário no local do falecimento, o auxílio-funeral será pago §2º - Em caso de prejuízo a terceiro, o funcionário
a quem promover o enterro, mediante comprovação das responderá perante o Estado ou suas entidades, através de ação
despesas. regressiva proposta depois de transitar em julgado a decisão
judicial, que houver condenado a Fazenda Pública a indenizar o
CAPÍTULO VI terceiro prejudicado.
DO AUXÍLIO-RECLUSÃO
(Acrescentado pela LC 159/2016) Art. 178 - A responsabilidade penal abrange os crimes e
contravenções imputados, por lei, ao funcionário, nesta
Art. 173-A O auxílio-reclusão é devido pelo órgão de origem qualidade.
aos dependentes do servidor de baixa renda recolhido à prisão e
que, nessa condição, não esteja recebendo remuneração Art. 179 - São independentes as instâncias administrativas
decorrente do seu cargo. (Acrescentado pela LC 159/2016); civil e penal, e cumuláveis as respectivas cominações.
§ 1º Para fins de definição da baixa renda e da qualificação §1º - Sob pena de responsabilidade, o funcionário que
dos dependentes, aplicam-se os mesmos parâmetros adotados exercer atribuições de chefia, tomando conhecimento de um fato
pelo Instituto Nacional do Seguro Social, quanto à referida que possa vir a se configurar, ou se configure como ilícito
prestação assistencial. (Acrescentado pela LC 159/2016); administrativo, é obrigado a representar perante a autoridade
§ 2º O auxílio-reclusão corresponde ao valor da competente, a fim de que esta promova a sua apuração.
remuneração do servidor, observado o limite da baixa renda, §2º - A apuração da responsabilidade funcional será feita
sendo devido pelo período máximo de 12 (doze) meses e, através de sindicância ou de inquérito.
somente, durante o tempo em que estiver recolhido à prisão sob §3º - Se o comportamento funcional irregular configurar, ao
regime fechado ou semiaberto, e enquanto for titular desse mesmo tempo, responsabilidade administrativa, civil e penal, a
cargo. (Acrescentado pela LC 159/2016); autoridade que determinou o procedimento disciplinar adotará
§ 3º O pagamento do auxílio-reclusão deve estar providências para a apuração do ilícito civil ou penal, quando
fundamentado em certidão de efetivo recolhimento à prisão, for o caso, durante ou depois de concluídos a sindicância ou o
sendo obrigatória, para a manutenção do pagamento, a inquérito.
apresentação de declaração de permanência na condição de §4º - Fixada a responsabilidade administrativa do
presidiário. (Acrescentado pela LC 159/2016). funcionário, a autoridade competente aplicará a sanção que
entender cabível, ou a que for tipificada neste Estatuto para
TÍTULO VI determinados ilícitos. Na aplicação da sanção, a autoridade
Do Regime Disciplinar levará em conta os antecedentes do funcionário, as
CAPÍTULO I circunstâncias em que o ilícito ocorreu, a gravidade da infração
Dos Princípios Fundamentais e os danos que dela provierem para o serviço estatal de terceiros.
§5º - A legítima defesa e o estado de necessidade excluem a
Art. 174 - O funcionário público é administrativamente responsabilidade administrativa.
responsável, perante seus superiores hierárquicos, pelos ilícitos §6º - A alienação mental, comprovada através de perícia
que cometer. médica oficial excluirá, também, a responsabilidade
administrativa, comunicando o sindicante ou a Comissão
Art. 175 - Considera-se ilícito administrativo a conduta Permanente de Inquérito à autoridade competente o fato, a fim
comissiva ou omissiva, do funcionário, que importe em violação de que seja providenciada a aposentadoria do funcionário.
de dever geral ou especial, ou de proibição, fixado neste Estatuto §7º - Considera-se legítima defesa o revide moderado e
e em sua legislação complementar, ou que constitua proporcional à agressão ou à iminência de agressão moral ou
comportamento incompatível com o decoro funcional ou social. física, que atinja ou vise a atingir o funcionário, ou seus
Parágrafo único - O ilícito administrativo é punível, superiores hierárquicos ou colegas, ou o patrimônio da
independentemente de acarretar resultado perturbador do instituição administrativa a que servir.
serviço estadual. §8º - Considera-se em estado de necessidade o funcionário
que realiza atividade indispensável ao atendimento de uma

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urgência administrativa, inclusive para fins de preservação do Permanente de Inquérito, conforme o caso, reabrirá os prazos
patrimônio público. de defesa para o novo indiciado.
§9º - O exercício da legítima defesa e de atividades em
virtude do estado de necessidade não serão excludentes de Art. 188 - A inobservância de qualquer dos preceitos deste
responsabilidade administrativa quando houver excesso, Capítulo relativos à forma do procedimento, à competência e ao
imoderação ou desproporcionalidade, culposos ou dolosos, na direito de ampla defesa acarretará a nulidade do procedimento
conduta do funcionário. disciplinar.

Art. 180 - A apuração da responsabilidade do funcionário Art. 189 - Aplica-se o disposto neste Título ao procedimento
processar-se-á mesmo nos casos de alteração funcional, em que for indiciado aposentado ou funcionário em
inclusive a perda do cargo. disponibilidade.

Art. 181 - Extingue-se a responsabilidade administrativa: CAPÍTULO II


I - com a morte do funcionário; Dos Deveres
II- pela prescrição do direito de agir do Estado ou de suas
entidades em matéria disciplinar. Art. 190 - Os deveres do funcionário são gerais, quando
fixados neste Estatuto e legislação complementar, e especiais,
Art. 182 - O direito ao exercício do poder disciplinar quando fixados tendo em vista as peculiaridades das atribuições
prescreve passados cinco anos da data em que o ilícito tiver funcionais.
ocorrido.
Parágrafo único - São imprescritíveis o ilícito de abandono Art. 191 - São deveres gerais do funcionário:
de cargo e a respectiva sanção. I- lealdade e respeito às instituições constitucionais e
administrativas a que servir;
Art. 183 - O inquérito administrativo para apuração da II- observância das normas constitucionais, legais e
responsabilidade do funcionário produzirá, preliminarmente, os regulamentares;
seguintes efeitos: III- obediência às ordens de seus superiores hierárquicos;
I- afastamento do funcionário indiciado de seu cargo ou IV- continência de comportamento, tendo em vista o decoro
função, nos casos de prisão preventiva ou prisão administrativa; funcional e social;
II- sobrestamento do processo de aposentadoria voluntária; V- levar, por escrito, ao conhecimento da autoridade
II- proibição do afastamento do exercício, salvo o caso do superior irregularidades administrativas de que tiver ciência em
item I deste artigo; razão do cargo que ocupa, ou da função que exerça;
III- proibição de concessão de licença, ou o seu VI- assiduidade;
sobrestamento, salvo a concedida por motivo de saúde; VII- pontualidade;
IV- cessação da disposição, com retorno do funcionário ao VIII- urbanidade;
seu órgão de origem. IX- discrição;
X- guardar sigilo sobre a documentação e os assuntos de
Art. 184 - Assegurar-se-á ao funcionário, no procedimento natureza reservada de que tenha conhecimento em razão do
disciplinar, ampla defesa, consistente, sobretudo: cargo que ocupa, ou da função que exerça;
I- no direito de prestar depoimento sobre a imputação que XI- zelar pela economia e conservação do material que lhe
lhe é feita e sobre os fatos que a geraram; for confiado;
II- no direito de apresentar razões preliminares e finais, por XII- atender às notificações para depor ou realizar perícias
escrito, nos termos deste Estatuto; ou vistorias, tendo em vista procedimentos disciplinares;
III- no direito de ser defendido por advogado, de sua XIII- atender, nos prazos de lei ou regulamentares, as
indicação, ou por defensor público, também advogado, requisições para defesa da Fazenda Pública;
designado pela autoridade competente; XIV- atender, nos prazos que lhe forem assinados por lei ou
IV- no direito de arrolar e inquirir, reinquirir e contraditar regulamento, os requerimentos de certidões para defesa de
testemunhas, e requerer acareações; direitos e esclarecimentos de situações;
V- no direito de requerer todas as provas em direito XV- providenciar para que esteja sempre em ordem, no
permitidas, inclusive as de natureza pericial; assentamento individual, sua declaração de família;
VI- no direito de arguir prescrição; XVI- atender, prontamente, e na medida de sua competência,
VII- no direito de levantar suspeições e arguir impedimentos. os pedidos de informação do Poder Legislativo e às requisições
do Poder Judiciário;
Art. 185 - A defesa do funcionário no procedimento XVII- cumprir, na medida de sua competência, as decisões
disciplinar, que é de natureza contraditória, é privativa de judiciais ou facilitar-lhes a execução.
advogado, que a exercitará nos termos deste Estatuto e nos da
legislação federal pertinente (Estatuto da Ordem dos Advogados Art. 192 - O funcionário deixará de cumprir ordem de
do Brasil). autoridade superior quando:
§ 1º - A autoridade competente designará defensor para o I- a autoridade de quem emanar a ordem for incompetente;
funcionário que, pobre na forma da lei, ou revel, não indicar II- não se contiver a ordem na área da competência do órgão
advogado, podendo a indicação recair em advogado do Instituto a que servir o funcionário seu destinatário, ou não se referir a
de Previdência do Estado do Ceará (IPEC). nenhuma das atribuições do servidor;
§2º - O funcionário poderá defender-se, pessoalmente, se III- for a ordem expedida sem a forma exigida por lei;
tiver a qualidade de advogado. IV- não tiver sido a ordem publicada, quando tal
formalidade for essencial à sua validade;
Art. 186 - O funcionário público fica sujeito ao poder V- não tiver a ordem como causa uma necessidade
disciplinar desde a posse ou, se esta não for exigida, desde o seu administrativa ou pública, ou visar a fins não estipulados na
ingresso no exercício funcional. regra de competência da autoridade da qual promanou ou do
funcionário a quem se dirige;
Art. 187 - Se no transcurso do procedimento disciplinar VI - a ordem configurar abuso ou excesso de poder ou de
outro funcionário for indiciado, o sindicante ou a Comissão autoridade.

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§ 1º - Em qualquer dos casos referidos neste artigo, o §1º - Verificada, em inquérito administrativo, acumulação
funcionário representará contra a ordem, fundamentadamente, proibida e provada a boa-fé, o funcionário optará por um dos
à autoridade imediatamente superior a que ordenou. cargos, funções ou empregos, não ficando obrigado a restituir o
§ 2º - Se se tratar de ordem emanada do Presidente da que houver percebido durante o período da acumulação vedada.
Assembleia Legislativa, do Chefe do Poder Executivo, do §2º - Provada a má-fé, o funcionário perderá os cargos,
Presidente do Tribunal de Contas e do Presidente do Conselho de funções ou empregos acumulados ilicitamente devolvendo ao
Contas dos Municípios, o funcionário justificará perante essas Estado o que houver percebido no período da acumulação.
autoridades a escusa da obediência.
Art. 195 - O aposentado compulsoriamente ou por invalidez
CAPÍTULO III não poderá acumular seus proventos com a ocupação de cargo
Das Proibições ou o exercício de função ou emprego público.
Parágrafo único - Não se compreendem na proibição de
Art. 193 - Ao funcionário é proibido: acumular nem estão sujeitos a quaisquer limites:
I - salvo as exceções constitucionais pertinentes, acumular I- a percepção conjunta de pensões civis e militares;
cargos, funções e empregos públicos remunerados, inclusive nas II- a percepção de pensões com vencimento ou salário;
entidades da Administração Indireta (autarquias, empresas III- a percepção de pensões com vencimentos de
públicas e sociedades de economia mista); disponibilidade e proventos de aposentadoria e reforma;
II- referir-se de modo depreciativo às autoridades em IV- a percepção de proventos, quando resultantes de cargos
qualquer ato funcional que praticar, ressalvado o direito de legalmente acumuláveis.
crítica doutrinária aos atos e fatos administrativos, inclusive em
trabalho público e assinado; CAPÍTULO IV
III- retirar, modificar ou substituir qualquer documento Das Sanções Disciplinares e seus Efeitos
oficial, com o fim de constituir direito ou obrigação, ou de
alterar a verdade dos fatos, bem como apresentar documento Art. 196 - As sanções aplicáveis ao funcionário são as
falso com a mesma finalidade; seguintes:
IV- valer-se do exercício funcional para lograr proveito I- repreensão;
ilícito para si, ou para outrem; II- suspensão;
V- promover manifestação de desapreço ou fazer circular ou III- multa;
subscrever lista de donativos, no recinto do trabalho; IV- demissão;
VI- coagir ou aliciar subordinados com objetivos político- V - cassação de disponibilidade;
partidários; VI - cassação de aposentadoria.
VII- participar de diretoria, gerência, administração,
conselho técnico ou administrativo, de empresa ou sociedades Art. 197 - Aplicar-se-á a repreensão, sempre por escrito, ao
mercantis; funcionário que, em caráter primário, a juízo da autoridade
VIII- pleitear, como procurador ou intermediário, junto aos competente, cometer falta leve, não cominável, por este
órgãos e entidades estaduais, salvo quando se tratar de Estatuto, com outro tipo de sanção.
percepção de vencimentos, proventos ou vantagens de parente
consanguíneo ou afim, até o segundo grau civil; Art. 198 - Aplicar-se-á a suspensão, através de ato escrito,
IX- praticar a usura; por prazo não superior a 90 (noventa) dias, nos casos de
X- receber propinas, vantagens ou comissões pela prática de reincidência de falta leve, e nos de ilícito grave, salvo a expressa
atos de oficio; cominação, por lei, de outro tipo de sanção.
XI- revelar fato de natureza sigilosa, de que tenha ciência em Parágrafo único - Por conveniência do serviço, a suspensão
razão do cargo ou função, salvo quando se tratar de depoimento poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cinquenta por
em processo judicial, policial ou administrativo; cento) por dia de vencimento, obrigado, neste caso, o
XII- cometer a outrem, salvo os casos previstos em lei ou ato funcionário a permanecer em exercício.
administrativo, o desempenho de sua atividade funcional;
XIII- entreter-se, nos locais e horas de trabalho, com Art. 199 - A demissão será obrigatoriamente aplicada nos
atividades estranhas às relacionadas com as suas atribuições, seguintes casos:
causando prejuízos a estas; I- crime contra a administração pública;
XIV- deixar de comparecer ao trabalho sem causa II- crime comum praticado em detrimento de dever inerente
justificada; à função pública ou ao cargo público, quando de natureza grave,
XV- ser comerciante; a critério da autoridade competente;
XVI- contratar com o Estado, ou suas entidades, salvo os III- abandono de cargo;
casos de prestação de serviços técnicos ou científicos, inclusive IV- incontinência pública e escandalosa e prática de jogos
os de magistério em caráter eventual; proibidos;
XVII- empregar bens do Estado e de suas entidades em V- insubordinação grave em serviço;
serviço particular; VI- ofensa física ou moral em serviço contra funcionário ou
XVIII- atender pessoas estranhas ao serviço, no local de terceiros;
trabalho, para o trato de assuntos particulares; VII- aplicação irregular dos dinheiros públicos, que resultem
XIX- retirar bens de órgãos ou entidades estaduais, salvo em lesão para o Erário Estadual ou dilapidação do seu
quando autorizado pelo superior hierárquico e desde que para patrimônio;
atender a interesse público. VIII- quebra do dever de sigilo funcional;
Parágrafo único - Excluem-se da proibição do item XVI os IX- corrupção passiva, nos termos da lei penal;
contratos de cláusulas uniformes e os de emprego, em geral, X- falta de atendimento ao requisito do estágio probatório
quando, no último caso, não configurarem acumulação ilícita. estabelecido no art. 27, § 1º, item III;
XI- desídia funcional;
Art. 194 - É ressalvado ao funcionário o direito de acumular XII- descumprimento de dever especial inerente a cargo em
cargo, funções e empregos remunerados, nos casos excepcionais comissão.
da Constituição Federal. § 1° - Considera-se abandono de cargo a deliberada
ausência ao serviço, sem justa causa, por trinta (30) dias

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consecutivos ou 60 (sessenta) dias, interpoladamente, durante indiciado, não venha a influir na apuração de sua
12 (doze) meses. responsabilidade.
§ 2º - Entender-se-á por ausência ao serviço com justa causa § 2º - Suspenso preventivamente, o funcionário terá,
não só a autorizada por lei, regulamento ou outro ato entretanto, direito:
administrativo, como a que assim for considerada após I - a computar o tempo de serviço relativo ao período de
comprovação em inquérito ou justificação administrativa, esta suspensão para todos os efeitos legais;
última requerida ao superior hierárquico pelo funcionário II- a computar o tempo de serviço para todos os fins de lei,
interessado, valendo a justificação, nos termos deste parágrafo, relativo ao período que ultrapassar o prazo da suspensão
apenas para fins disciplinares. preventiva;
III- a perceber os vencimentos relativos ao período de
Art. 200 - Tendo em vista a gravidade do ilícito, a demissão suspensão, se reconhecida a sua inocência no inquérito
poderá ser aplicada com a nota "a bem do serviço público", a administrativo;
qual constará sempre nos casos de demissão referidos nos itens IV- a perceber as gratificações por tempo de serviço já
I e VII do artigo 199. prestado e o salário-família.
Parágrafo único - Salvo reabilitação obtida em processo
disciplinar de revisão, o funcionário demitido com a nota a que Art. 206 - Os Chefes dos Poderes Legislativo, Executivo e
se refere este artigo não poderá reingressar nos quadros Judiciário, os Presidentes do Tribunal de Contas e do Conselho de
funcionais do Estado ou de suas entidades, a qualquer título. Contas dos Municípios, os Secretários de Estado e os dirigentes
das Autarquias poderão ordenar a prisão administrativa do
Art. 201 - Ao ato que cominar sanção, precederá sempre funcionário responsável direto pelos dinheiros e valores
procedimento disciplinar, assegurada ao funcionário indiciado públicos, ou pelos bens que se encontrarem sob a guarda do
ampla defesa, nos termos deste Estatuto, pena de nulidade da Estado ou de suas Autarquias, no caso de alcance ou omissão no
cominação imposta. recolhimento ou na entrega a quem de direito nos prazos e na
Parágrafo único - As sanções referidas nos itens II e VI do forma da lei.
artigo 196 serão cominadas por escrito e fundamentalmente, § 1º - Recolhida aos cofres públicos a importância desviada,
pena de nulidade. a autoridade que ordenou a prisão revogará imediatamente o
ato gerador da custódia.
Art. 202 - São competentes para aplicação das sanções § 2º - A autoridade que ordenar a prisão, que não poderá
disciplinares: ultrapassar a 90 (noventa) dias, comunicará imediatamente o
I - os Chefes dos Poderes Legislativo e Executivo, em fato à autoridade judiciária competente e providenciará a
qualquer caso, e privativamente, nos casos de demissão e abertura e realização urgente do processo de tomada de contas.
cassação de aposentadoria ou disponibilidade, salvo se se tratar
de punição de funcionário autárquico; Art. 207 - A prisão, a que se refere o artigo anterior, será
II - os dirigentes superiores das autarquias, em qualquer cumprida em local especial.
caso, e, privativamente, nos casos de demissão e cassação, da
aposentadoria ou disponibilidade; Art. 208 - Aplica-se à prisão administrativa o disposto no §
III - os Secretários de Estado e demais dirigentes de órgãos 2º do art. 205 deste Estatuto.
subordinados ou auxiliares, em todos os casos, salvo os referidos
nos itens I e II; CAPÍTULO V
IV - os chefes de unidades administrativas em geral, nos Da Sindicância
casos de repreensão, suspensão até 30 (trinta) dias e multa
correspondente. Art. 209 - A sindicância é o procedimento sumário através
do qual o Estado ou suas autarquias reúnem elementos
Art. 203 - Além da pena judicial que couber, serão informativos para determinar a verdade em torno de possíveis
considerados como de suspensão os dias em que o funcionário, irregularidades que possam configurar, ou não, ilícitos
notificado deixar de atender à convocação para prestação de administrativos, aberta pela autoridade de maior hierarquia, no
serviços estatais compulsórios, salvo motivo justificado. órgão em que ocorreu a irregularidade, ressalvadas em
qualquer caso, permitida a delegação de competência:
Art. 204 - Será cassada a aposentadoria ou disponibilidade I- do Governador, em qualquer caso;
se ficar provado, em inquérito administrativo, que o aposentado II- dos Secretários de Estado, dos dirigentes autárquicos e
ou disponível: dos Presidentes da Assembleia Legislativa, Tribunal de Contas e
I - praticou, quando no exercício funcional, ilícito punível do Conselho de Contas dos Municípios, em suas respectivas áreas
com demissão; funcionais.
II- aceitou cargo ou função que, legalmente, não poderia § 1º - Abrir-se-á, também, sindicância para apuração das
ocupar, ou exercer, provada a má-fé; aptidões do funcionário, no estágio probatório, para fins de
III- não assumiu o disponível, no prazo legal, o lugar demissão ou exoneração, quando for o caso, assegurada ao
funcional em que foi aproveitado, salvo motivo de força maior; indiciado ampla defesa, nos termos dos artigos estatutários que
IV- perdeu a nacionalidade brasileira. disciplinam o inquérito administrativo, reduzidos os prazos
Parágrafo único - A cassação da aposentadoria ou neles estabelecidos, à metade.
disponibilidade extingue o vínculo do aposentado ou do § 2º - Aberta a sindicância, suspende-se a fluência do período
disponível com o Estado ou suas entidades autárquicas. do estágio probatório.
§ 3º - A sindicância será realizada por funcionário estável,
Art. 205 - A suspensão preventiva será ordenada pela designado pela autoridade que determinar a sua abertura.
autoridade que determinar a abertura do inquérito § 4º - A sindicância precede o inquérito administrativo,
administrativo, se, no transcurso deste, a entender quando for o caso, sendo-lhe anexada como peça informativa e
indispensável, nos termos do § 1º deste artigo. preliminar.
§ 1º - A suspensão preventiva não ultrapassará o prazo de § 5º - A sindicância será realizada no prazo máximo de 15
90 (noventa) dias e somente será determinada quando o (quinze) dias, prorrogável por igual período, a pedido do
afastamento do funcionário for necessário, para que, como sindicante, e a critério da autoridade que determinou a sua
abertura.

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§ 6º - Havendo ostensividade ou indícios fortes de autoria do comparecendo o citado, ser-lhe-á designado defensor, nos
ilícito administrativo, o sindicante indiciará o funcionário, termos do art. 184, item III e § 1º do art. 185.
abrindo-lhe o prazo de 3 (três) dias para defesa prévia. A seguir,
com o seu relatório, encaminhará o processo de sindicância à Art. 215 - Citado, o indiciado poderá requerer suas provas
autoridade que determinou a sua abertura. no prazo de 5 (cinco) dias, podendo renovar o pedido, no curso
§ 7º - O sindicante poderá ser assessorado por técnicos, de do inquérito, se necessário para demonstração de fatos novos.
preferência pertencentes aos quadros funcionais, devendo todos
os atos da sindicância serem reduzidos a termo por secretário Art. 216 - A falta de notificação do indiciado ou de seu
designado pelo sindicante, dentre os funcionários do órgão a que defensor, para todas as fases do inquérito, determinará a
pertencer. nulidade do procedimento.
§ 8º - Ultimada a sindicância, não apurada a
responsabilidade administrativa, ou o descumprimento dos Art. 217 - Encerrada a fase probatória, o indiciado será
requisitos do estágio probatório, o processo será arquivado, notificado para apresentar, por seu defensor, no prazo de 10
fixada a responsabilidade funcional, a autoridade que (dez) dias, suas razões finais de defesa.
determinou a sindicância encaminhará os respectivos autos
para a Comissão Permanente de Inquérito Administrativo, que Art. 218 - Apresentadas as razões finais de defesa, a
funcionará: Comissão encaminhará os autos do inquérito, com relatório
I- no Poder Executivo, na Governadoria, nas Secretarias de circunstanciado e conclusivo, à autoridade competente para o
Estado, órgãos desconcentrados e nas autarquias; seu julgamento.
II- no Poder Legislativo, na Diretoria Geral;
III- no Tribunal de Contas e no Conselho de Contas dos Art. 219 - Sob pena de nulidade, as reuniões e as diligências
Municípios. realizadas pela Comissão de Inquérito serão consignadas em
atas.
CAPÍTULO VI
Do Inquérito Administrativo Art. 220 - Da decisão de autoridade julgadora cabe recurso
no prazo de 10 (dez) dias, com efeito suspensivo, para a
Art. 210 - O inquérito administrativo é o procedimento autoridade hierárquica imediatamente superior, ou para a que
através do qual os órgãos e as autarquias do Estado apuram a for indicada em regulamento ou regimento.
responsabilidade disciplinar do funcionário. Parágrafo único - Das decisões dos Secretários de Estado e
Parágrafo único - São competentes para instaurar o do Presidente do Conselho de Contas dos Municípios caberá
inquérito: recurso, com efeito suspensivo, no prazo deste artigo, para o
I - o Governador, em qualquer caso; Governador. Das decisões do Presidente da Assembleia
II - os Secretários de Estado, os dirigentes das Autarquias e Legislativa e do Tribunal de Contas caberá recurso, com os
os Presidentes da Assembleia Legislativa, do Tribunal de Contas efeitos deste parágrafo, para o Plenário da Assembleia e do
e do Conselho de Contas dos Municípios, em suas áreas Tribunal, respectivamente.
funcionais, permitida a delegação de competência.
Art. 221 - O inquérito administrativo será concluído no
Art. 211 - O inquérito administrativo será realizado por prazo máximo de 90 (noventa) dias, podendo ser prorrogado
Comissões Permanentes, instituídas por atos do Governador, do por igual período, a pedido da Comissão, ou a requerimento do
Presidente da Assembleia Legislativa, do Presidente do Tribunal indiciado, dirigido à autoridade que determinou o
de Contas, do Presidente do Conselho de Contas dos Municípios, procedimento.
dos dirigentes das Autarquias e dos órgãos desconcentrados,
permitida a delegação de poder, no caso do Governador, ao Art. 222 - Em qualquer fase do inquérito será permitida a
Secretário de Administração. intervenção do indiciado, por si, ou por seu defensor.

Art. 212 - As Comissões Permanentes de Inquérito Art. 223 - Havendo mais de um indiciado e diversidade de
Administrativo compor-se-ão de três membros, todos sanções caberá o julgamento à autoridade competente para
funcionários estáveis do Estado ou de suas autarquias, presidida imposição da sanção mais grave. Neste caso, os prazos
pelo servidor que for designado pela autoridade competente, assinados aos indiciados correrão em comum.
que colocará à disposição das Comissões o pessoal necessário ao
desenvolvimento de seus trabalhos, inclusive os de secretário e Art. 224 - O funcionário só poderá ser exonerado, estando
assessoramento. respondendo a inquérito administrativo, depois de julgado este
com a declaração de sua inocência.
Art. 213 - Instaurado o inquérito administrativo, a
autoridade encaminhará seu ato para a Comissão de Inquérito Art. 225 - Recebidos os autos do inquérito, a autoridade
que for competente, tendo em vista o local da ocorrência da julgadora proferirá sua decisão no prazo improrrogável de 20
irregularidade verificada, ou a vinculação funcional do servidor (vinte) dias.
a quem se pretende imputar a responsabilidade administrativa.
Art. 226 - Declarada a nulidade do inquérito, no todo ou em
Art. 214 - Abertos os trabalhos do inquérito, o Presidente da parte, por falta do cumprimento de formalidade essencial,
Comissão mandará citar o funcionário acusado, para que, como inclusive o reconhecimento de direito de defesa, novo
indiciado, acompanhe, na forma do estabelecido neste Estatuto, procedimento será aberto.
todo o procedimento, requerendo o que for do interesse da
defesa. Art. 227 - No caso do artigo anterior e no de esgotamento
Parágrafo único - A citação será pessoal, mediante do prazo para a conclusão do inquérito, o indiciado, se tiver sido
protocolo, devendo o servidor dele encarregado consignar, por afastado de seu cargo, retornará ao seu exercício funcional.
escrito, a recusa do funcionário em recebê-la. Em caso de não
ser encontrado o funcionário, estando ele em lugar incerto e não
sabido, a citação far-se-á por edital, publicado no Diário Oficial
do Estado, com prazo de 15 (quinze) dias, depois do que, não

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CAPÍTULO VII administrativas, em matéria de interesse da coletividade


Da Revisão funcional.

Art. 228 - A qualquer tempo poderá ser requerida a revisão Art. 238 - O dia 28 de outubro será consagrado ao
do procedimento administrativo de que resultou sanção funcionário público estadual e comemorado, oficialmente, na
disciplinar, quando se aduzam fatos ou circunstâncias que forma do que for disposto em Regulamento.
possam justificar a inocência do requerente, mencionados ou
não no procedimento original. Art. 239 - Ressalvadas as exceções constantes de disposição
Parágrafo único - Tratando-se de funcionário falecido ou expressa em lei, bem como os casos de acumulação lícita, o
desaparecido, a revisão poderá ser requerida pelo cônjuge, funcionário não poderá receber, mensalmente, importância
companheiro, descendente, ascendente colateral consanguíneo total superior a noventa por cento da percebida pelos
até o 2º grau civil. Secretários de Estado. (Redação pela Lei nº 10.416/80)
§ 1º - Ficam excluídas do limite deste artigo:
Art. 229 - Processar-se-á a revisão em apenso ao processo I - a gratificação representação;
original. Parágrafo único - Não constitui fundamento para a II - salário-família;
revisão a simples alegação de injustiça da sanção. III - progressão horizontal;
IV- diárias e ajuda de custo;
Art. 230 - O requerimento devidamente instruído será V- gratificação pela participação em órgão de deliberação
dirigido à autoridade que aplicou a sanção, ou àquela que a tiver coletiva;
confirmado, em grau de recurso. VI- gratificação de exercício;
Parágrafo único - Para processar a revisão, a autoridade VII- gratificação por prestação de serviço extraordinário.
que receber o requerimento nomeará uma comissão composta § 2º - O funcionário não perceberá, a qualquer título,
de três funcionários efetivos, de categoria igual ou superior à do importância mensal superior à recebida pelo Governador do
requerente. Estado, não se computando, entretanto, no cálculo, diárias,
ajudas de custo, gratificação por serviço ou estudo fora do
Art. 231 - Na inicial, o requerente pedirá dia e hora para Estado e a progressão horizontal.
inquirição das testemunhas que arrolar.
Parágrafo único - Será considerada informante a Art. 240 - É vedado pôr o funcionário à disposição de
testemunha que, residindo fora da sede onde funcionar a entidade de direito privado, estranha no Sistema
comissão, prestar depoimento por escrito. Administrativo, salvo em caso de convênio, ou para exercer
função considerada pelo sistema de relevante interesse social.
Art. 232 - Concluído o encargo da comissão, no prazo de 60
(sessenta) dias, prorrogável por trinta (30) dias, nos casos de Art. 241 - São isentos de qualquer tributo ou emolumentos
força maior, será o processo, com o respectivo relatório, os requerimentos, certidões e outros papéis que interessem ao
encaminhado à autoridade competente para o julgamento. funcionário público ou a aposentado, nessas qualidades.
Parágrafo único - O prazo para julgamento será de 20
(vinte) dias, prorrogável por igual período, no caso de serem Art. 242 - Nenhum tributo estadual incidirá sobre os
determinadas novas diligências. vencimentos, proventos ou qualquer vantagem do funcionário
ou do aposentado, nem sobre os atos ou títulos referentes à sua
Art. 233 - Das decisões proferidas em procedimento de vida funcional.
revisão cabe recurso, na forma do art. 220.
Art. 243 - As normas do regime disciplinar previstas neste
TÍTULO VII Estatuto, salvo as de natureza adjetiva, não se aplicam aos casos
Das Disposições Finais pendentes.
CAPÍTULO ÚNICO
Das Disposições Gerais e Transitórias Art. 244 - O afastamento do funcionário ocupante de cargo
de chefia, direção, fiscalização ou arrecadação, para disputar
Art. 234 - O órgão central do sistema de pessoal do Poder mandato eletivo, dar-se-á nos termos da legislação eleitoral
Executivo e os assemelhados do Poder Legislativo e entidades pertinente.
autárquicas fornecerão ao funcionário cartão de identidade, Parágrafo único - Durante o afastamento de que trata este
dele devendo constar o retrato, a impressão digital, a filiação, a artigo o funcionário não perceberá os vencimentos ou
data de nascimento e a qualificação funcional do identificado. vantagens do cargo que momentaneamente detinha ou de que
Parágrafo único - Será recolhido o cartão do funcionário for ocupante efetivo, exceto o salário-família, considerando-se o
que for exonerado, demitido ou aposentado. afastamento como autorização para o trato de interesses
particulares.
Art. 235 - Salvo disposição expressa em contrário, os prazos
previstos neste Estatuto somente correrão nos dias úteis, Art. 245 - Ao ex-combatente da Força do Exército, da
excluindo-se o dia inicial. Expedicionária Brasileira, da Força Aérea Brasileira, da
Marinha de Guerra e da Marinha Mercante do Brasil, que tenha
Art. 236 - Nos dias úteis, só por determinação dos Chefes dos participado efetivamente de operações bélicas na segunda
Poderes Executivo e Legislativo poderão deixar de funcionar os Guerra Mundial, e cuja situação se encontra definida na Lei
órgãos e entidades estaduais. Federal nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, são assegurados os
seguintes direitos:
Art. 237 - É assegurado aos funcionários o direito de se I - estabilidade, se funcionário público;
agruparem em associação de classe, sem caráter sindical ou II - aproveitamento no serviço público, sem a exigência do
político-partidário. disposto no art. 106, § 1º da Constituição do Estado;
Parágrafo único - Essas Associações, que deverão ter III - aposentadoria com proventos integrais aos 25 (vinte e
personalidade jurídica de direito privado, representarão os que cinco) anos de serviço efetivo, se funcionário público da
integrarem o seu quadro social perante as autoridades Administração direta ou autárquica;
IV - benefício do Instituto de Previdência;

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V - promoção após interstício legal, e se houver vaga; especialização profissionais, mantidos por entidades oficiais ou
VI - assistência médica, hospitalar e educacional, se carente particulares, de reconhecida e notória idoneidade.
de recurso. Parágrafo único - O Decreto a que se refere este artigo
poderá dispor sobre a concessão de bolsas de estudo para
Art. 246 - As atuais funções gratificadas passam à categoria funcionários em cursos de extensão universitária e de pós-
de cargos em comissão, convertendo-se automaticamente os graduação.
valores das gratificações em gratificações de representação,
mantida a simbologia vigente até definição regulamentar. Art. 254 – A carga horária de trabalho de trinta (30) horas
semanais, a que estão obrigados os servidores públicos do
Art. 247 - Aplica-se o regime desta lei aos estabilizados nos Sistema Administrativo Estadual, será prestada, em período e
termos do § 2º do Art. 177 da Constituição Federal de 1967, com tempo corrido das segundas às sextas-feiras. (Redação
a redação dada pelo art. 194 da Emenda Constitucional nº 1, de alterada pela Lei nº 10.647/82)
17 de outubro de 1969, desde que sujeitos ao regime do Estatuto Parágrafo único – Os servidores que ocupam cargo de
anterior, quando da aquisição da estabilidade. magistrado, procurador, assessor jurídico, professor, médico,
Parágrafo único - Com a estabilidade, as funções de caráter engenheiro, agrônomo, servidores públicos estatutários e
eventual dos servidores em geral passam a ser de natureza demais atividades assemelhadas, bem como os que exercem
permanente, caracterizando-se como cargo, devendo como tal, cargo em comissão terão seus regimes de trabalho definidos em
serem consideradas, para todos os efeitos. regulamento próprio.

Art. 248 - O funcionário que esteja com o seu vínculo Art. 255 - Continuam em vigor as Leis e Regulamentos que
funcional suspenso, ou no gozo de licença, poderá ser, a qualquer disciplinam os institutos previstos neste Estatuto, desde que com
tempo, citado para se defender em procedimento disciplinar, ou ele não colidam, até que novas normas sejam expedidas.
notificado para nele prestar depoimento, ou realizar ou se
submeter a provas de natureza pericial, salvo manifesta Art. 256 - Os Poderes Legislativo e Executivo, no âmbito de
impossibilidade por motivo de doença, justificada perante o suas respectivas competências, expedirão os atos necessários a
sindicante ou Comissão Permanente de Inquérito. complementação e explicitação deste Estatuto.

Art. 249 - São considerados concursos públicos, gerando Art. 257 - Aplicam-se as disposições deste Estatuto
todos os efeitos que lhe são atinentes, os exames de provas de subsidiariamente, no que couber, ao Magistério Estadual em
habilitação ou seleção realizados para a admissão de todos os graus de ensino, ao pessoal da Policia Civil de carreira
candidatos a funções das extintas TNM e que se revestiram das e aos funcionários administrativos do Poder Judiciário.
características essenciais dos concursos públicos, consideradas,
como tais, a acessibilidade a todos os brasileiros, o caráter Art. 258 - Esta lei entrará em vigor a 1º de janeiro 1974,
competitivo e eliminatório e ampla divulgação. ficando revogadas todas as disposições legais ou
Parágrafo único - A declaração de equivalência será feita regulamentares que, implícita ou explicitamente, colidam com
pelo órgão central do sistema de pessoal, mediante provocação este Estatuto, especialmente a Lei nº 4.196, de 5 de setembro de
do interessado. 1958; a Lei nº 4.658, de 19 de novembro de 1959; a Lei nº 7.999,
de 11 de maio de 1965; a Lei nº 8.384, de 10 de janeiro de 1966;
Art. 250 - Reduzida a capacidade do funcionário para o a Lei nº 9.226, de 27 de novembro de 1968; a Lei nº 9.260, de 12
exercício das atribuições do cargo que ocupa, comprovada de dezembro de 1968, no que diz respeito ao funcionário
através de perícia médica oficial, será ele readaptado, mediante autárquico; a Lei nº 9.381, de 27 de julho de 1970; a Lei nº 9.443,
transferência, em cargo de atribuições compatíveis com o seu de 9 de março de 1971 e a Lei nº 9.496, de 19 julho de 1971.
novo estado psíquico ou somático.
Parágrafo único - A readaptação obedecerá ao disposto Questões
nos arts. 50 e 51 deste Estatuto.
01. (SEJUS/CE - Agente Penitenciário - INSTITUTO
Art. 251 – É permitida a consignação facultativa em folha AOC/2017). Considerando as obrigações e proibições
de pagamento inerente à remuneração, subsídios, proventos. impostas aos servidores públicos do Ceará (Lei Estadual n°
(Redação dada pela Lei 13.369/03) 9.826, de 14 de maio de 1974), assinale a alternativa correta.
§ 1º - A soma das consignações facultativas não excederá de (A) Quando o servidor público tiver ciência, em razão do
40% (quarenta por cento) da remuneração, subsídios e cargo/função que exerça, de irregularidades administrativas,
proventos, deduzidas as consignações obrigatórias. (Redação deve este informar imediatamente a autoridade superior,
dada pela Lei 13.369/03) independente de formalidade.
§ 2º - Serão computados, para efeito do cálculo previsto (B) Não ultrapassando o limite do teto salarial do
neste artigo, o vencimento-base, as vantagens fixas e as de funcionalismo público fixado por lei, pode o funcionário
caráter pessoal. (Redação dada pela Lei 13.369/03) público praticar atos de usura.
§ 3º - Não se aplica o disposto neste artigo aos ocupantes (C) Ao funcionário público, na medida de sua competência,
exclusivamente de cargo de provimento em comissão, bem como cabe cumprir as decisões judiciais recebidas, desde que tal ato
aos contratados por tempo determinado, de que trata o inciso seja autorizado por seu superior imediato, sob pena de
XIV do art. 154 da Constituição do Estado do Ceará. (Redação desobediência hierárquica administrativa.
dada pela Lei 13.369/03) (D) O servidor público deverá deixar de cumprir
determinação de autoridade superior quando não tiver a
Art. 252 - A partir de 1º. de janeiro de 1974, todas as ordem como causa uma necessidade administrativa ou
gratificações adicionais por tempo de serviço percebidas pelos pública, ou visar a fins não estipulados na regra de
funcionários deverão ser convertidas na progressão horizontal competência da autoridade da qual promanou ou do
prevista no Capítulo X, Seção I, do Título II, deste Estatuto. funcionário a quem se dirige.
Art. 253 - O Estado, na forma que dispuser Decreto do
Governador do Estado, poderá assegurar bolsa de estudo ao
funcionário, como incentivo à sua profissionalização, em cursos
não regulares de formação, treinamento, aperfeiçoamento e de

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02. (SEJUS/CE - Agente Penitenciário - INSTITUTO 05. (DPE/CE - Defensor Público de Entrância Inicial –
AOCP/2017). A Lei Estadual do Ceará n° 9.826/74 afirma que FCC). O Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado do
sindicância é o procedimento sumário por meio do qual o Ceará - Lei no 9.826, de 14 de maio de 1974 - em sua redação
Estado ou suas autarquias reúnem elementos informativos vigente, prescreve que
para determinar a verdade em torno de possíveis (A) acesso é a elevação do funcionário à classe
irregularidades que possam configurar, ou não, ilícitos imediatamente superior àquela em que se encontra dentro da
administrativos. A sindicância é aberta pela autoridade de mesma série de classes na categoria funcional a que pertencer.
maior hierarquia no órgão em que ocorreu a irregularidade. (B) em caso de afastamento para o trato de interesses
Considerando o exposto, assinale a alternativa INCORRETA. particulares e caso deseje o cômputo do tempo para fins de
(A) De forma a evitar persecuções políticas, a sindicância aposentadoria, o servidor deverá recolher mensalmente ao
será realizada pelo prazo máximo e improrrogável de 15 regime próprio de previdência dos servidores públicos
(quinze) dias. contribuição no valor de 11% (onze por cento) de sua última
(B) Aberta a sindicância, a fluência do período do estágio remuneração.
probatório será suspensa. (C) a posse em cargo público é ato personalíssimo, não se
(C) A autoridade que designar a abertura da sindicância admitindo a posse por procuração.
deverá indicar o funcionário público estável que a realizará. (D) somente após o término do estágio probatório dar- se-
(D) A sindicância precede o inquérito administrativo, á a avaliação especial de desempenho do servidor público,
quando for o caso, sendo-lhe anexada como peça informativa resultando na sua confirmação ou exoneração.
e preliminar. (E) preso preventivamente, pronunciado por crime
comum ou denunciado por crime inafiançável, em processo em
03. (UECE - Assistente de Administração – que não haja pronúncia, o servidor será afastado do exercício
FUNECE/2017). Considerando o Estatuto dos funcionários de seu cargo até trânsito em julgado da decisão do juízo
Públicos Civis do Estado do Ceará (Lei 9826/74), assinale a criminal.
afirmação verdadeira.
(A) O exercício funcional terá início no prazo de trinta dias, Gabarito
contados da data da publicação oficial do ato, no caso de
reintegração, e da data da posse, nos demais casos. 01.D/ 02.A/ 03.A/ 04.C/ 05.E
(B) O funcionário terá exercício na repartição onde for
lotado o cargo por ele ocupado, não podendo dela se afastar
em nenhuma hipótese.
(C) Para entrar em exercício, é facultada ao funcionário a 7. Administração direta e
apresentação, ao órgão de pessoal, dos elementos necessários
indireta.
à atualização de seu cadastro individual.
(D) O afastamento do funcionário da repartição onde foi
lotado nunca poderá se prolongar por mais de quatro anos
consecutivos.
ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA
04. (TCE/CE - Analista de Controle Externo-Auditoria
Governamental – FCC). Josué é funcionário público,
A Organização Administrativa compõe a parte do Direito
ocupando cargo efetivo no quadro da Secretaria da Fazenda
Administrativo que estuda os órgãos e pessoas jurídicas que a
Estadual. Em razão de sua formação superior na área de
compõem, além da estrutura interna da Administração
ciências contábeis, foi convidado a ocupar a função de diretor
Pública.
financeiro da empresa estatal que atua na exploração de
Em âmbito federal, o assunto vem disposto no Decreto-Lei
rodovias estaduais. Josué, não obstante tenha se interessado
n. 200/67 que “dispõe sobre a organização da Administração
pelo convite, ficou com receio de que seu afastamento
Pública Federal e estabelece diretrizes para a Reforma
desfavorecesse os direitos e vantagens a que faz jus como
Administrativa”.
titular de cargo efetivo. A propósito desse aspecto, a Lei n°
Para que as suas competências constitucionais sejam
9.826/1974 estabelece que
cumpridas, a Administração utiliza-se de duas formas
(A) os direitos e vantagens conferidos aos ocupantes de
distintas: a descentralização e a desconcentração.
cargos públicos efetivos não se transferem aos ocupantes de
A análise desses dois institutos é basilar para analisar a
empregos públicos, posto que estes prescindem de concurso
organização interna da Administração Pública.
público para serem preenchidos.
Administração pública é o conjunto de órgãos, serviços e
(B) o afastamento de funcionário público ocupante de
agentes do Estado que procuram satisfazer as necessidades da
cargo efetivo não impacta no recebimento de nenhum direito
sociedade, tais como educação, cultura, segurança, saúde, etc.
ou vantagem, em razão da irredutibilidade de vencimentos dos
Em outras palavras, administração pública é a gestão dos
servidores públicos.
interesses públicos por meio da prestação de serviços
(C) em se tratando de ocupar outro cargo estadual de
públicos, sendo dividida em administração direta e indireta.
provimento em comissão, o tempo de serviço será computável
para todos os fins em favor do servidor Josué.
Administração pública direta
(D) é vedado o afastamento de servidor público ocupante
de cargo efetivo para ocupar outro cargo na Administração
A Administração Pública Direta é o conjunto de órgãos
pública, tendo em vista que equivaleria a colocar o cargo
públicos vinculados diretamente ao chefe da esfera
original em disponibilidade.
governamental que integram. Não possuem personalidade
(E) apenas o afastamento que dependa de autorização
jurídica própria, patrimônio e autonomia administrativa e
legislativa pode ser computado como tempo de efetivo serviço.
cujas despesas são realizadas diretamente através do
orçamento da referida esfera.
Assim, ela é responsável pela gestão dos serviços públicos
executados pelas pessoas políticas via de um conjunto de
órgãos que estão integrados na sua estrutura.

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APOSTILAS OPÇÃO

Sua competência abarca os diversos órgãos que compõem (B) A criação de subsidiárias pelas empresas públicas e
a entidade pública por eles responsáveis. Exemplos: sociedades de economia mista, bem como sua participação em
Ministérios, Secretarias, Departamentos e outros que, como empresas privadas, depende de autorização legislativa, exceto
característica inerente da Administração Pública Direta, não se já houver previsão para esse fim na própria lei que instituiu
possuem personalidade jurídica, pois não podem contrair a empresa de economia mista matriz, tendo em vista que a lei
direitos e assumir obrigações, haja vista que estes pertencem criadora é a própria medida autorizadora.
a pessoa política (União, Estado, Distrito Federal e (C) A fundação pública não pode ser extinta por ato do
Municípios). Poder Público.
A Administração direta não possui capacidade (D) O chefe do Poder Executivo poderá, por decreto,
postulatória, ou seja, não pode ingressar como autor ou réu em extinguir empresa pública ou sociedade de economia mista.
relação processual. Exemplo: Servidor público estadual lotado (E) A sociedade de economia mista poderá ser estruturada
na Secretaria da Fazenda que pretende interpor ação judicial sob qualquer das formas admitidas em direito.
pugnando o recebimento de alguma vantagem pecuniária. Ele
não irá propor a demanda em face da Secretaria, mas sim em 03. (TJ/RS - Contador – FAURGS/2016). A
desfavor do Estado que é a pessoa política dotada de Administração Direta compreende
personalidade jurídica para estar no outro polo da lide. (A) as autarquias.
(B) as empresas públicas.
Administração pública indireta (C) as sociedades de economia mista.
(D) as fundações públicas.
São integrantes da Administração indireta as fundações, as (E) a presidência da república e os ministérios.
autarquias, as empresas públicas e as sociedades de economia
mista. 04. (Prefeitura de Cláudio/MG - Guarda Municipal –
Essas quatro pessoas são criadas para a prestação de FUNDEP/2016). Assinale a alternativa em que, segundo o
serviços públicos ou para a exploração de atividades direito positivo brasileiro, todas as pessoas indicadas são
econômicas, com o objetivo de aumentar o grau de componentes da Administração Pública Indireta.
especialidade e eficiência da prestação do serviço público. (A) Autarquia, fundação e organização social.
O Poder Público só poderá explorar atividade econômica a (B) Fundação, agência executiva e sociedade de propósitos
título de exceção em duas situações previstas na CF/88, no seu específicos.
art. 173: (C) Organização da sociedade civil de interesse público,
- para fazer frente à uma situação de relevante interesse conselho popular e consórcio público.
coletivo; (D) Autarquia, sociedade de economia mista e empresa
- para fazer frente à uma situação de segurança nacional. pública.
O Poder Público não tem a obrigação de gerar lucro quando
explora atividade econômica. Quando estiver atuando na Gabarito
atividade econômica, entretanto, estará concorrendo em grau
de igualdade com os particulares, estando sob o regime do art. 01.C/ 02.B/ 03.E/ 04.D
170 da CF/88, inclusive quanto à livre concorrência.
Centralização e descentralização
Questões
A execução do serviço público poderá ser por:
01. (Prefeitura de São Paulo/SP - Assistente de Gestão Centralização: Quando a execução do serviço estiver
de Políticas Públicas I – CESPE/2016). No que se refere à sendo feita pela Administração direta do Estado (ex.:
administração pública direta e indireta, assinale a opção Secretarias, Ministérios etc.). Dessa forma, o ente federativo
correta. será tanto o titular do serviço público, como o prestador do
(A) As pessoas administrativas que formam a mesmo, o próprio estado é quem centraliza a atividade.
administração pública indireta são aquelas dotadas de Descentralização: Quando estiver sendo feita por
personalidade jurídica de direito público (como as autarquias terceiros que não se confundem com a Administração direta
e as fundações públicas). do Estado. Esses terceiros poderão estar dentro ou fora da
(B) Na esfera municipal, a administração direta é formada Administração Pública. Se estiverem dentro da Administração
pelos órgãos que compõem a prefeitura e a câmara municipal, Pública, poderão ser autarquias, fundações, empresas públicas
além das fundações e das empresas públicas de âmbito local. e sociedades de economia mista (Administração indireta do
(C) A administração indireta compreende as pessoas Estado). Se estiverem fora da Administração, serão
administrativas que, vinculadas à respectiva administração particulares e poderão ser concessionários, permissionários
direta, desempenham atividades administrativas de forma ou autorizados.
descentralizada. Assim, descentralizar é repassar a execução e a
(D) Tanto a administração direta quanto a indireta são titularidade, ou só a execução de uma pessoa para outra, não
compostas por órgãos e por pessoas jurídicas administrativas, havendo hierarquia. Por exemplo, quando a União transferiu a
com a diferença de que todas as que integram a administração titularidade dos serviços relativos à seguridade social à
indireta estão submetidas a regime de direito privado. autarquia INSS.
(E) O aspecto mais relevante que caracteriza a Na esfera federal, a Administração Direta ou Centralizada
administração indireta é o fato de ela ser, ao mesmo tempo, é composta por órgãos subordinados à Presidência da
titular e executora de serviço público. República e aos Ministérios, como o Departamento da Polícia
Federal, Secretaria do Tesouro Nacional ou a Corregedoria-
02. (CASAN - Advogado - INSTITUTO AOCP/2016). Geral da União.
Quanto à Administração Pública Indireta, assinale a
alternativa correta. Concentração e desconcentração
(A) Somente por lei específica poderá ser criada autarquia,
empresa pública, sociedade de economia mista e fundação, Desconcentração (Criar órgãos): Mera técnica
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas administrativa de distribuição interna de competências
de sua atuação. mediante criação de órgãos públicos. Pressupõe a existência

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APOSTILAS OPÇÃO

de apenas uma pessoa, pois os órgãos não possuem 02. (DER/CE - Procurador Autárquico – UECE-
personalidade jurídica própria. CE/2016). A criação de uma autarquia na estrutura da
Ocorre desconcentração administrativa quando uma Administração Pública consiste no instituto jurídico da
pessoa política ou uma entidade da administração indireta (A) descentralização.
distribui competências no âmbito de sua própria estrutura (B) desconcentração.
afim de tornar mais ágil e eficiente a prestação dos serviços. (C) concentração.
Desconcentração envolve, obrigatoriamente, uma só pessoa (D) centralização.
jurídica.
Porque a desconcentração ocorre no âmbito de uma 03. (Prefeitura de Resende/RJ - Assistente
mesma pessoa jurídica, surge relação de hierarquia, de Administrativo – IBEG/2016). "Ocorre quando a entidade da
subordinação, entre os órgãos dela resultantes. No âmbito das Administração, encarregada de executar um ou mais serviços,
entidades desconcentradas temos controle hierárquico, o qual distribui competências, no âmbito de sua própria estrutura, no
compreende os poderes de comando, fiscalização, revisão, intuito de tornar mais eficiente e ágil a prestação dos serviços”.
punição, solução de conflitos de competência, delegação e O presente conceito refere-se à:
avocação. (A) Descentralização administrativa.
Concentração (extinguir órgãos): Trata-se da técnica (B) Centralização administrativa.
administrativa que promove a extinção de órgãos públicos. (C) Concentração administrativa.
Pessoa jurídica integrante da administração pública extingue (D) Desconcentração administrativa.
órgãos antes existentes em sua estrutura, reunindo em um (E) Nenhuma das alternativas.
número menor de unidade as respectivas competências.
Imagine-se, como exemplo, que a secretaria da fazenda de um Gabarito
município tivesse em sua estrutura superintendências,
delegacias, agências e postos de atendimento, cada um desses 01.B/ 02.A/ 03.D.
órgãos incumbidos de desempenhar específicas competências
da referida secretaria. Caso a administração pública municipal Autarquias
decidisse, em face de restrições orçamentárias, extinguir os
postos de atendimento, atribuindo às agências as As autarquias são pessoas jurídicas de direito público
competências que aqueles exerciam, teria ocorrido criadas para a prestação de serviços públicos, contando com
concentração administrativa. capital exclusivamente público, ou seja, as autarquias são
Diferença entre Descentralização e Desconcentração: regidas integralmente por regras de direito público, podendo,
As duas figuras dizem respeito à forma de prestação do serviço tão-somente, serem prestadoras de serviços e contando com
público. Descentralização, entretanto, significa transferir a capital oriundo da Administração Direta (ex.: INCRA, INSS,
execução de um serviço público para terceiros que não se DNER, Banco Central etc.).
confundem com a Administração Direta, e a desconcentração Características: Temos como principais características
significa transferir a execução de um serviço público de um das autarquias:
órgão para o outro dentro da Administração Direta, - Criação por lei: é exigência que vem desde o Decreto-lei
permanecendo está no centro. nº 6 016/43, repetindo-se no Decreto-lei nº 200/67 e
constando agora do artigo 37, XIX, da Constituição;
Questões - Personalidade jurídica pública: ela é titular de direitos
e obrigações próprios, distintos daqueles pertencentes ao ente
01. (ANAC - Especialista em Regulação de Aviação Civil que a instituiu: sendo pública, submete-se a regime jurídico de
– ESAF/2016). Complete as lacunas em branco com os termos direito público, quanto à criação, extinção, poderes,
descentralização ou desconcentração. prerrogativas, privilégios, sujeições;
Ao final, assinale a opção que contenha a sequência - Capacidade de autoadministração: não tem poder de
correta. criar o próprio direito, mas apenas a capacidade de se auto
administrar a respeito das matérias especificas que lhes foram
1. Em nenhuma forma de _____________ há hierarquia. destinadas pela pessoa pública política que lhes deu vida. A
2. Ocorre a chamada ______________ quando o Estado outorga de patrimônio próprio é necessária, sem a qual a
desempenha algumas de suas atribuições por meio de outras capacidade de autoadministração não existiria.
pessoas e não pela sua administração direta. Pode-se compreender que ela possui dirigentes e
3. Trata-se, a ____________________, de mera técnica patrimônio próprios.
administrativa de distribuição interna de competências. - Especialização dos fins ou atividades: coloca a
4. Porque a ______________ ocorre no âmbito de uma pessoa autarquia entre as formas de descentralização administrativa
jurídica, surge relação de hierarquia, de subordinação, entre os por serviços ou funcional, distinguindo-a da descentralização
órgãos dela resultantes. territorial; o princípio da especialização impede de exercer
(A) descentralização/desconcentração/desconcentração/ atividades diversas daquelas para as quais foram instituídas; e
descentralização - Sujeição a controle ou tutela: é indispensável para que
(B) descentralização/descentralização/desconcentração/ a autarquia não se desvie de seus fins institucionais.
desconcentração - Liberdade Financeira: As autarquias possuem verbas
(C) desconcentração/desconcentração/descentralização/ próprias (surgem como resultado dos serviços que presta) e
descentralização verbas orçamentárias (são aquelas decorrentes do
(D) desconcentração/descentralização/desconcentração/ orçamento). Terão liberdade para manejar as verbas que
descentralização recebem como acharem conveniente, dentro dos limites da lei
(E) desconcentração/descentralização/descentralização/ que as criou.
desconcentração - Liberdade Administrativa: As autarquias têm liberdade
para desenvolver os seus serviços como acharem mais
conveniente (comprar material, contratar pessoal etc.), dentro
dos limites da lei que as criou.

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Classificação: Para Carvalho Filho, pode-se apontar três Necessário se faz destacar que os elementos do ato
fatores que de fato demarcam diferenças entre as autarquias. autárquico que resultam de valoração sobre a conveniência e
São eles: oportunidade da conduta, são excluídos de apreciação judicial,
- o nível federativo: as autarquias podem ser federais, assim como os atos administrativos em geral que trazem o
estaduais, distritais e municipais, conforme instituídas pela regular exercício da função administrativa e são privativos dos
União, Estados, Distrito Federal e pelos Municípios; seus agentes administrativos.
- quanto ao objeto: dentro das atividades típicas do Foro dos litígios judiciais: Os litígios comuns, onde as
Estado, as que estão pré-ordenadas; e autarquias federais figuram como autoras, rés, assistentes ou
- as autarquias podem ter diferentes objetivos: as oponentes, têm suas causas processadas e julgadas na Justiça
autarquias assistenciais são aquelas que visam a dispensar Federal, o mesmo foro apropriado para processar e julgar
auxílio a regiões menos desenvolvidas, ou à categorias sociais mandados de segurança contra agentes autárquicos.
específicas, para o fim de minorar as desigualdades regionais Quanto às autarquias estaduais e municipais, os processos
e sociais, conforme artigo 3º, inciso III, da Constituição (ex.: em que encontramos como partes ou intervenientes terão seu
SUDENE). curso na Justiça Estadual comum, sendo o juízo indicado pelas
Segundo di Pietro, a classificação pode ser de acordo com disposições da lei estadual de divisão e organização
vários critérios: judiciárias.
- tipo de atividade: Econômicas, de crédito e industriais, Nos litígios decorrentes da relação de trabalho, o regime
de previdência e assistência, profissionais ou corporativas; poderá ser estatutário ou trabalhista. Sendo estatutário, o
- capacidade administrativa: geográfica ou territorial e a litígio será de natureza comum, as eventuais demandas
de serviço ou institucional; deverão ser processadas e julgadas nos juízos fazendários.
- estrutura: fundações e corporativas; e Porém, se o litígio decorrer de contrato de trabalho firmado
- âmbito de atuação: federais, estaduais e municipais. entre a autarquia e o servidor, a natureza será de litígio
Quanto ao tipo de atividade elas ainda podem ser trabalhista (sentido estrito), devendo ser resolvido na Justiça
distribuídas em 5 grupos de classificação: do Trabalho, seja a autarquia federal, estadual ou municipal.
- Econômicas: São destinadas para incentivar a produção Responsabilidade civil: Prevê a Constituição que as
e controle de produtos. Como é o exemplo do Instituto do pessoas jurídicas de direito público respondem pelos danos
Açúcar e do Álcool; que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.
- De crédito e industriais: Para gestão de recursos A regra contida no referido dispositivo, consagra a teoria
financeiros, bem como sua distribuição mediante empréstimo. da responsabilidade objetiva do Estado, aquela que independe
Atualmente foram substituídas por empresas públicas, como é da investigação sobre a culpa na conduta do agente.
o caso da Caixa Econômica Federal; Prerrogativas autárquicas: As autarquias possuem
- De previdência e assistência: Para atividades de algumas prerrogativas de direito público, sendo elas:
seguridade social. Como é o caso do INSS e o IPESP; - imunidade tributária: previsto no art. 150, § 2 º, da CF,
- As profissionais ou corporativas: Para fiscalizar as veda a instituição de impostos sobre o patrimônio, a renda e
profissões; os serviços das autarquias, desde que vinculados às suas
- As culturais ou de ensino: Universidades federais. finalidades essenciais ou às que delas decorram. Podemos,
Patrimônio: A questão patrimonial diz respeito à assim, dizer que a imunidade para as autarquias tem natureza
caracterização dos bens em públicos e privados. Em 1916, o condicionada.
sistema jurídico administrativo sofreu várias mudanças com a - impenhorabilidade de seus bens e de suas rendas:
criação desse tipo especial de pessoas jurídicas - as autarquias não pode ser usado o instrumento coercitivo da penhora como
- que, mesmo sem integrar a organização política do Estado, a garantia do credor.
ela está vinculada, ostentando personalidade jurídica de - imprescritibilidade de seus bens: caracterizando-se
direito público. Vários doutrinadores, com intuito de como bens públicos, não podem ser eles adquiridos por
adaptarem-se à norma do Código Civil e mais ainda de terceiros através de usucapião.
proteger os bens das pessoas federativas, qualificaram os bens - prescrição quinquenal: dívidas e direitos em favor de
públicos como aqueles que integram o patrimônio das pessoas terceiros contra autarquias prescrevem em 5 anos.
administrativas de direito público. Dessa forma, pacificou-se o - créditos sujeitos à execução fiscal: os créditos
entendimento de que os bens das autarquias são considerados autárquicos são inscritos como dívida ativa e podem ser
como bens públicos. cobrados pelo processo especial das execuções fiscais.
Pessoal: Com o artigo 39 da Constituição, em sua redação - presunção de legitimidade de seus atos administrativos:
vigente, as pessoas federativas (União, Estados, DF e - principais situações processuais específicas:
Municípios) ficaram com a obrigação de instituir, no âmbito de As autarquias são consideradas como fazenda pública,
sua organização, regime jurídico único para todos os razão pela qual, nos processos em que é parte, tem prazo em
servidores da administração direta, das autarquias e das dobro para recorrer (art. 183 do NCPC). Elas estão sujeitas ao
fundações públicas. Segundo Carvalho Filho, o art. 39 da CF, foi duplo grau de jurisdição. A defesa de autarquia em execução
a maneira que o legislador encontrou de manter planos de por quantia certa, fundada em título judicial, se formaliza em
carreira idênticos para esses setores administrativos, outros apensos ao processo principal e por meio de embargos
acabando com as antigas diferenças que, como é sabido, por do devedor.
anos e anos, provocaram inconformismos e litígios entre os
servidores. Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os
Controle Judicial: As autarquias, por serem dotadas de Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito
personalidade jurídica de direito público, podem praticar atos público gozarão de prazo em dobro para todas as suas
administrativos típicos e atos de direito privado (atípicos), manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da
sendo este último, controlados pelo judiciário, por vias intimação pessoal.
comuns adotadas na legislação processual, tal como ocorre § 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio
com os atos jurídicos normais praticados por particulares. Já eletrônico.
os atos administrativos, possuem algumas características § 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando
especiais, pois eles são controlados pelo judiciário tanto por a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente
vias comuns, quanto pelas especiais, como é o caso do público.
mandado e da ação popular.

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Chamamos a atenção com relação aos prazos: INDEPENDENTE. CATEGORIA ÍMPAR NO ELENCO DAS
PERSONALIDADES JURÍDICAS EXISTENTES NO DIREITO
A redação do Código de Processo Civil de 1973, previa BRASILEIRO. AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA DA ENTIDADE.
prazo em dobro para a Fazenda Pública e o Ministério PRINCÍPIO DA MORALIDADE. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 37, CAPUT,
Público se manifestarem e prazo em quádruplo para DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. NÃO OCORRÊNCIA. 1. A Lei n.
recorrer. 8.906, artigo 79, § 1º, possibilitou aos "servidores" da OAB, cujo
Com o novo Código de Processo de 2015, esse prazo regime outrora era estatutário, a opção pelo regime celetista.
sofreu modificações, de forma que o Ministério Público, à Compensação pela escolha: indenização a ser paga à época da
Fazenda Pública e à Defensoria Pública gozam de prazo em aposentadoria. 2. Não procede a alegação de que a OAB sujeita-
dobro para manifestação nos autos, exceto nos casos em se aos ditames impostos à Administração Pública Direta e
que a lei estabelecer, de maneira expressa, outro prazo Indireta. 3. A OAB não é uma entidade da Administração
específico para esses entes. Indireta da União. A Ordem é um serviço público independente,
Entretanto, esse benefício da contagem do prazo em categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas
dobro, não se aplica ao ente público, Ministério Público ou existentes no direito brasileiro. 4. A OAB não está incluída na
Defensoria Pública, quando a lei estabelecer, de forma categoria na qual se inserem essas que se tem referido como
expressa, prazo próprio para o ente público. (art. 183, §2º, "autarquias especiais" para pretender-se afirmar equivocada
NCPC) independência das hoje chamadas "agências". 5. Por não
consubstanciar uma entidade da Administração Indireta, a OAB
não está sujeita a controle da Administração, nem a qualquer
Contratos; Os contratos celebrados pelas autarquias são das suas partes está vinculada. Essa não-vinculação é formal e
de caráter administrativo e possuem as cláusulas exorbitantes, materialmente necessária. 6. A OAB ocupa-se de atividades
que garantem à administração prerrogativas que o contratado atinentes aos advogados, que exercem função
não tem, assim, dependem de prévia licitação, exceto nos casos constitucionalmente privilegiada, na medida em que são
de dispensa ou inexigibilidade e precisam respeitar os indispensáveis à administração da Justiça [artigo 133 da
trâmites da lei 8.666/1993, além da lei 10.520/2002, que CB/88]. É entidade cuja finalidade é afeita a atribuições,
institui a modalidade licitatória do pregão para os entes interesses e seleção de advogados. Não há ordem de relação ou
públicos. dependência entre a OAB e qualquer órgão público. 7. A Ordem
Isto acontece pelo fato de que por terem qualidade de dos Advogados do Brasil, cujas características são autonomia e
pessoas jurídicas de direito público, as entidades autárquicas independência, não pode ser tida como congênere dos demais
relacionam-se com os particulares com grau de supremacia, órgãos de fiscalização profissional. A OAB não está voltada
gozando de todas as prerrogativas estatais. exclusivamente a finalidades corporativas. Possui finalidade
Autarquia de regime especial: É toda aquela em que a lei institucional. 8. Embora decorra de determinação legal, o
instituidora conferir privilégios específicos e aumentar sua regime estatutário imposto aos empregados da OAB não é
autonomia comparativamente com as autarquias comuns, sem compatível com a entidade, que é autônoma e independente. 9.
infringir os preceitos constitucionais pertinentes a essas Improcede o pedido do requerente no sentido de que se dê
entidades de personalidade pública. O que posiciona a interpretação conforme o artigo 37, inciso II, da Constituição do
autarquia de regime especial são as regalias que a lei criadora Brasil ao caput do artigo 79 da Lei n. 8.906, que determina a
lhe confere para o pleno desempenho de suas finalidades aplicação do regime trabalhista aos servidores da OAB. 10.
específicas. 10 Incabível a exigência de concurso público para admissão dos
Assim, são consideradas autarquias de regime especial o contratados sob o regime trabalhista pela OAB. 11. Princípio da
Banco Central do Brasil, as entidades encarregadas, por lei, dos moralidade. Ética da legalidade e moralidade. Confinamento do
serviços de fiscalização de profissões. Com a política princípio da moralidade ao âmbito da ética da legalidade, que
governamental de transferir para o setor privado a execução não pode ser ultrapassada, sob pena de dissolução do próprio
de serviços públicos, reservando ao Estado a regulamentação, sistema. Desvio de poder ou de finalidade. 12. Julgo
o controle e fiscalização desses serviços, houve a necessidade improcedente o pedido”. (STF - ADI: 3026 DF, Relator: EROS
de criar na administração agências especiais destinadas a esse GRAU, Data de Julgamento: 08/06/2006, Tribunal Pleno, Data
fim. de Publicação: DJ 29-09-2006 PP-00031 EMENT VOL-02249-03
OBS: Havia discussão no mundo jurídico acerca do regime PP-00478)
jurídico da OAB, se seria autarquia de regime especial ou não.
No julgamento da ADIn 3026/DF o STF decidiu que “a OAB não Agências executivas: A qualificação de agências
é uma entidade da Administração Indireta da União. A Ordem executivas se dá por meio de requerimento dos órgãos e das
é um serviço público independente, categoria ímpar no elenco entidades que prestam atividades exclusivas do Estado e se
das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro”. candidatam à qualificação. Aqui estão envolvidas a instituição
Veja a íntegra do julgado: e o Ministério responsável pela sua supervisão.11
Segundo determina a lei nº 9.649, de 27 de maio de 1998,
“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. § 1º DO artigos. 51 e 52 e parágrafos, o Poder Executivo poderá
ARTIGO 79 DA LEI N. 8.906, 2ª PARTE. "SERVIDORES" DA qualificar como Agência Executiva autarquias ou fundações
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. PRECEITO QUE que tenham cumprido os requisitos de possuir plano
POSSIBILITA A OPÇÃO PELO REGIME CELESTISTA. estratégico de reestruturação e de desenvolvimento
COMPENSAÇÃO PELA ESCOLHA DO REGIME JURÍDICO NO institucional em andamento além da celebração de Contrato
MOMENTO DA APOSENTADORIA. INDENIZAÇÃO. IMPOSIÇÃO de Gestão com o respectivo Ministério supervisor.
DOS DITAMES INERENTES À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Os planos devem definir diretrizes, políticas e medidas
DIRETA E INDIRETA. CONCURSO PÚBLICO (ART. 37, II DA voltadas para a racionalização de estruturas e do quadro de
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL). INEXIGÊNCIA DE CONCURSO servidores, a revisão dos processos de trabalho, o
PÚBLICO PARA A ADMISSÃO DOS CONTRATADOS PELA OAB. desenvolvimento dos recursos humanos e o fortalecimento da
AUTARQUIAS ESPECIAIS E AGÊNCIAS. CARÁTER JURÍDICO DA identidade institucional da Agência Executiva.
OAB. ENTIDADE PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO

10 http://www.portaleducacao.com.br/direito/artigos/27676/autarquias- 11 http://www.ambito-
de-regime-especial juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=661

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O Poder Executivo definirá também os critérios e para sua concessão. O que se busca é adequá-las às
procedimentos para a elaboração e o acompanhamento dos necessidades específicas de todos os tipos de deslocamentos.
Contratos de Gestão e dos programas de reestruturação e de Todos os dados relativos a número, valor, classificação
desenvolvimento institucional das Agências. funcional programática e de natureza da despesa,
A qualificação como Agência Executiva deve ser dada por correspondentes à nota de empenho ou de movimentação de
meio de decreto do Presidente da República. créditos devem ser publicados no Diário Oficial da União em
O Poder Executivo também estabelecerá medidas de atendimento ao princípio constitucional da publicidade.
organização administrativa específicas para as Agências Agências Reguladoras: As agências reguladoras foram
Executivas, com o objetivo de assegurar a sua autonomia de criadas pelo Estado com a finalidade de tentar fiscalizar as
gestão, bem como as condições orçamentárias e financeiras atividades das iniciativas privadas. Tratam-se de espécies do
para o cumprimento dos contratos de gestão. gênero autarquias, possuem as mesmas características, exceto
O plano estratégico de reestruturação deve produzir pelo fato de se submeterem a um regime especial. Seu escopo
melhorias na gestão da instituição, com vistas à melhoria dos principal é a regulamentação, controle e fiscalização da
resultados, do atendimento aos seus clientes e usuários e da execução dos serviços públicos transferidos ao setor privado.
utilização dos recursos públicos. São criadas por meio de leis e tem natureza de autarquia
O contrato de gestão estabelecerá os objetivos estratégicos com regime jurídico especial, ou seja, é aquela que a lei
e as metas a serem alcançadas pela instituição em instituidora confere privilégios específicos e maior autonomia
determinado período de tempo, além dos indicadores que em comparação com autarquias comuns, sem de forma alguma
medirão seu desempenho na realização de suas metas infringir preceitos constitucionais.
contratuais, condições de execução, gestão de recursos Uma das principais características das Agências
humanos, de orçamento e de compras e contratos. Reguladoras é a sua relativa autonomia e independência. As
A autonomia concedida estará subordinada à assinatura do agências sujeitam-se ao processo administrativo (Lei
Contrato de Gestão com o Ministério supervisor, no qual serão 9.784/99, na esfera federal, além dos próprios dispositivos das
firmados, de comum acordo, compromissos de resultados. leis especificas).
Organização administrativa das Agências Executivas. Caso ocorra lesão ou ameaça de lesão de direito, a empresa
As Agências Executivas serão objeto de medidas específicas de concessionária poderá ir ao Judiciário. Sua função é regular a
organização administrativa. Os objetivos são, basicamente, prestação de serviços públicos, organizar e fiscalizar esses
aumento de eficiência na utilização dos recursos públicos, serviços a serem prestados por concessionárias ou
melhoria do desempenho e da qualidade dos serviços permissionárias.
prestados, maior autonomia de administração orçamentária,
financeira, operacional e de recursos humanos além de Questões
eliminar fatores restritivos à sua atuação como instituição.
A não existência de certos limites de atuação das Agências 01. (TRE/SP - Analista Judiciário - Área Administrativa
é condicionada à existência prévia de recursos orçamentários – FCC/2017). A Administração pública, quando se organiza de
disponíveis e a necessidade dos serviços para o cumprimento forma descentralizada, contempla a criação de pessoas
dos objetivos e metas do contrato de gestão. jurídicas, com competências próprias, que desempenham
Sem aumentar despesas e o numeral de cargos da entidade, funções originariamente de atribuição da Administração
os Ministros supervisores tem competência para aprovação ou direta. Essas pessoas jurídicas,
readequação das estruturas regimentais ou estatutos das (A) quando constituídas sob a forma de autarquias, podem
Agências Executivas. Esta competência poderá ser delegada ter natureza jurídica de direito público ou privado, podendo
pelo Ministro supervisor ao dirigente máximo da Agência prestar serviços públicos com os mesmos poderes e
Executiva. prerrogativas que a Administração direta.
Os dirigentes máximos das Agências Executivas também (B) podem ter natureza jurídica de direito privado ou
poderão autorizar os afastamentos do País de servidores civis público, mas não estão habilitadas a desempenhar os poderes
das respectivas entidades. típicos da Administração direta.
As Agências Executivas também poderão editar (C) desempenham todos os poderes atribuídos à
regulamentos próprios de avaliação de desempenho dos seus Administração direta, à exceção do poder de polícia, em
servidores. Estes serão previamente aprovados pelo seu qualquer de suas vertentes, privativo da Administração direta,
Ministério supervisor e, provavelmente, pelo substituto por envolver limitação de direitos individuais.
Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado nos (D) quando constituídas sob a forma de autarquias,
governos posteriores à sua extinção. possuem natureza jurídica de direito público, podendo exercer
De acordo com o que se viu a partir da Emenda poder de polícia na forma e limites que lhe tiverem sido
Constitucional nº 19 de 1998, os resultados da avaliação atribuídos pela lei de criação.
poderão ser levados em conta para efeito de progressão (E) terão natureza jurídica de direito privado quando se
funcional dos servidores das Agências Executivas. tratar de empresas estatais, mas seus bens estão sujeitos a
O art 7º do Decreto subordina a execução orçamentária e regime jurídico de direito público, o que também se aplica no
financeira das Agências Executivas aos termos do contrato de que concerne aos poderes da Administração, que
gestão e isenta a mesma dos limites nos seus valores para desempenham integralmente, especialmente poder de polícia.
movimentação, empenho e pagamento. Esta determinação não
se coaduna, entretanto, com o pensamento reinante de 02. (PC/PE - Escrivão de Polícia – CESPE/2016). Com
administração fiscal responsável a partir do que se encontra referência à administração pública direta e indireta, assinale a
positivado pela Lei Complementar 101 de 2000. opção correta.
Algo semelhante é o que se deu também com o art. 8º e (A) Os serviços sociais autônomos, por possuírem
parágrafo que delega competência para os Ministros personalidade jurídica de direito público, são mantidos por
supervisores e dirigentes máximos das Agências para a fixação dotações orçamentárias ou por contribuições parafiscais.
de limites específicos, aplicáveis às Agências Executivas, para (B) A fundação pública não tem capacidade de
a concessão de suprimento de fundos para atender a despesas autoadministração.
de pequeno vulto. (C) Como pessoa jurídica de direito público, a autarquia
As Agências Executivas poderão editar regulamento realiza atividades típicas da administração pública.
próprio de valores de diárias no País e condições especiais

Fundamentos de Administração Pública 101


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APOSTILAS OPÇÃO

(D) A sociedade de economia mista tem personalidade Características:


jurídica de direito público e destina-se à exploração de - Liberdade financeira;
atividade econômica. - Liberdade administrativa;
(E) A empresa pública tem personalidade jurídica de - Dirigentes próprios;
direito privado e controle acionário majoritário da União ou - Patrimônio próprio: Patrimônio personalizado significa
outra entidade da administração indireta. dizer que sobre ele recai normas jurídicas que o tornam sujeito
de direitos e obrigações e que ele está voltado a garantir que
03. (TCE/PR - Auditor – CESPE/2016). Na organização seja atingido a finalidade para qual foi criado.
administrativa do poder público, as autarquias públicas são Não existe hierarquia ou subordinação entre a fundação e
(A) entidades da administração indireta com a Administração direta. O que existe é um controle de
personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios. legalidade, um controle finalístico.
(B) sociedades de economia mista criadas por lei para a As fundações governamentais, sejam de personalidade de
exploração de atividade econômica. direito público, sejam de direito privado, integram a
(C) organizações da sociedade civil constituídas com fins Administração Pública. A lei cria e dá personalidade para as
filantrópicos e sociais. fundações governamentais de direito público. As fundações
(D) órgãos da administração direta e estão vinculadas a governamentais de direito privado são autorizadas por lei e
algum ministério. sua personalidade jurídica se inicia com o registro de seus
(E) organizações sociais sem fins lucrativos com atividades estatutos.
dirigidas ao ensino e à pesquisa científica As fundações são dotadas dos mesmos privilégios que a
Administração direta, tanto na área tributária (ex.: imunidade
04. (EPT – Maricá -Assistente Administrativo –IESAP). prevista no art. 150 da CF/88), quanto na área processual (ex.:
Sobre as autarquias não é correto afirmar: prazo em dobro).
(A) Deve ser criada mediante lei específica. As fundações respondem pelas obrigações contraídas
(B) Executa atividades típicas da administração pública, junto a terceiros. A responsabilidade da Administração é de
que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão caráter subsidiário, independente de sua personalidade.
administrativa e financeira descentralizada. As fundações governamentais têm patrimônio público. Se
(C) É uma entidade com personalidade jurídica de direito extinta, o patrimônio vai para a Administração indireta,
privado, criada por lei. submetendo-se as fundações à ação popular e mandado de
(D) São entes de direito público com personalidade segurança. As particulares, por possuírem patrimônio
jurídica e patrimônios próprios. particular, não se submetem à ação popular e mandado de
segurança, sendo estas fundações fiscalizadas pelo Ministério
05. (ESAF - Analista de Planejamento e Orçamento - Público.
Conhecimentos Gerais – ESAF). São características das
autarquias, exceto: Questões
(A) criação por lei de iniciativa do Chefe do Poder
Executivo. 01. (ANS - Técnico Administrativo – FUNCAB/2016).
(B) personalidade de direito público, submetendo-se a Em relação à organização administrativa, marque a alternativa
regime jurídico administrativo quanto à criação, extinção e correta.
poderes. (A) As entidades paraestatais, como as fundações ou
(C) capacidade de autoadministração, o que implica entidades de apoio, e os serviços sociais autônomos compõem
autonomia referente às suas atividades de administração a estrutura da Administração Pública e se submetem ao regime
ordinária (atividade meio), bem como às suas atividades jurídico administrativo previsto na Constituição da República.
normativas e regulamentares. (B) As autarquias, assim como as fundações públicas,
(D) especialização dos fins ou atividades, sendo-lhes podem assumir a personalidade de direito privado ou público.
vedado exercer atividades diversas daquelas para as quais No entanto, quando criadas com natureza privada, não se
foram instituídas. submetem ao regime próprio das entidades públicas.
(E) sujeição a controle ou tutela, o que não exclui o controle (C) As sociedades de economia mista federais são dotadas
interno. de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio
próprio e capital exclusivo da União, e só podem assumir a
Gabarito forma jurídica de sociedades anônimas.
(D) Os servidores das empresas públicas federais são
01.D/ 02.C/ 03.A/ 04.C/ 05.C. admitidos obrigatoriamente por concurso público para ocupar
cargos públicos sem estabilidade e sujeitos às normas
Fundações públicas estabelecidas na CLT.
(E) As fundações públicas de direito privado somente
Fundação é uma pessoa jurídica composta por um adquirem personalidade jurídica com a inscrição da escritura
patrimônio personalizado, destacado pelo seu instituidor para pública de sua constituição no Registro Civil de Pessoas
atingir uma finalidade específica. As fundações poderão ser Jurídicas, não se lhes aplicando as demais disposições do
tanto de direito público quanto de direito privado. Código Civil concernentes às fundações.
As fundações que integram a Administração indireta,
quando forem dotadas de personalidade de direito público, 02. (JUCEPAR/PR - Administrador – FAU/2016). A
serão regidas integralmente por regras de Direito Público. Administração Pública pode ser exercida por meio de órgãos
Quando forem dotadas de personalidade de direito privado, ou instituições diretas e indiretas, de várias formas e com
serão regidas por regras de direito público e direito privado. conceitos e caracterizações bem definidos. Neste sentido
O patrimônio da fundação pública é destacado pela questiona-se: a que tipo de órgão ou instituição pertence a
Administração direta, que é o instituidor para definir a seguinte caracterização?
finalidade pública. Como exemplo de fundações, temos: IBGE
(Instituto Brasileiro Geográfico Estatístico); Universidade de “(...) o patrimônio, total ou parcialmente público, dotado de
Brasília; Fundação CASA; FUNAI; Fundação Memorial da personalidade jurídica, de direito público ou privado, e
América Latina; Fundação Padre Anchieta (TV Cultura). destinado por lei, ao desempenho de atividades do Estado na

Fundamentos de Administração Pública 102


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APOSTILAS OPÇÃO

ordem social, com capacidade de autoadministração e Quanto à responsabilidade das empresas públicas, temos
mediante controle da Administração Pública, nos limites da que:
lei.”
(A) Autarquia. Empresas públicas Empresas públicas
(B) Sociedade de Economia Mista. exploradoras de prestadoras de serviço
(C) Fundação. atividade econômica público
(D) Agência Reguladora.
(E) Administração Direta. A responsabilidade do
Estado não existe, pois, se
Gabarito essas empresas públicas
contassem com alguém Como o regime não é o da
01.E/ 02.C que respondesse por suas livre concorrência, elas
obrigações, elas estariam respondem pelas suas
Empresas públicas em vantagem sobre as obrigações e a
empresas privadas. Só Administração Direta
Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito respondem na forma do § responde de forma
Privado, criadas para a prestação de serviços públicos ou para 6.º do art. 37 da CF/88 as subsidiária. A
a exploração de atividades econômicas que contam com empresas privadas responsabilidade será
capital exclusivamente público e são constituídas por qualquer prestadoras de serviço objetiva, nos termos do
modalidade empresarial. Se a empresa pública é prestadora de público, logo, se a art. 37, § 6.º, da CF/88.
serviços públicos, por consequência está submetida a regime empresa pública exerce
jurídico público. Se a empresa pública é exploradora de atividade econômica, será
atividade econômica, estará submetida a regime jurídico igual ela a responsável pelos
ao da iniciativa privada. prejuízos causados a
Alguns exemplos de empresas públicas: terceiros (art. 15 do CC);
- BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social): Embora receba o nome de banco, não trabalha como
Submetem-se a regime
tal. A única função do BNDS é financiar projetos de natureza
falimentar, Não se submetem a
social. É uma empresa pública prestadora de serviços públicos.
fundamentando-se no regime falimentar, visto
- EBCT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos): É princípio da livre não estão em regime de
prestadora de serviço público (art. 21, X, da CF/88). concorrência. concorrência.
- Caixa Econômica Federal: Atua no mesmo segmento das
empresas privadas, concorrendo com os outros bancos. É
Vale fazer uma ressalva quanto às empresas públicas
empresa pública exploradora de atividade econômica.
prestadoras de serviço público, muitos doutrinadores
- RadioBrás: Empresa pública responsável pela “Voz do
divergem se eles podem ou não falir. Trouxemos os
Brasil”. É prestadora de serviço público.
As empresas públicas, independentemente da entendimentos apontados por alguns doutrinadores no
sentido que essas empresas não se submetem ao regime
personalidade jurídica, têm as seguintes características:
falimentar. Vejamos:
- Liberdade financeira: Têm verbas próprias, mas também
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro12, “As empresas
são contempladas com verbas orçamentárias;
públicas e sociedades de economia mista não estão sujeitas à
- Liberdade administrativa: Têm liberdade para contratar
falência, conforme está expresso no artigo 2º da Lei nº 11.101 de
e demitir pessoas, devendo seguir as regras da CF/88. Para
9-2- 2005 (Lei de Falências). Essa lei deu tratamento diferente
contratar, deverão abrir concurso público; para demitir,
às empresas concessionárias e às empresas estatais (sociedades
deverá haver motivação.
de economia mista e empresas públicas). Estas últimas foram
Não existe hierarquia ou subordinação entre as empresas
excluídas da abrangência da lei (art. 2º, I) . A diferença de
públicas e a Administração Direta, independentemente de sua
tratamento tem sua razão de ser: é que as empresas estatais
função. Poderá a Administração Direta fazer controle de
fazem parte da Administração Pública indireta, administram
legalidade e finalidade dos atos das empresas públicas, visto
patrimônio público, total ou parcialmente, dependem de
que estas estão vinculadas àquela. Só é possível, portanto,
receitas orçamentárias ou têm receita própria, conforme
controle de legalidade finalístico.
A lei não cria, somente autoriza a criação das empresas definido em lei, e correspondem a forma diversa de
descentralização: enquanto as concessionárias exercem serviço
públicas, ou seja, independentemente das atividades que
público delegado por meio de contrato, as empresas estatais são
desenvolvam, a lei somente autorizará a criação das empresas
criadas por lei e só podem ser extintas também por lei. Sendo
públicas.
criadas por lei, o Estado provê os recursos orçamentários
A empresa pública será prestadora de serviços públicos ou
necessários à execução de suas atividades, além de responder
exploradora de atividade econômica. A CF/88 somente admite
subsidiariamente por suas obrigações.
a empresa pública para exploração de atividade econômica em
Só cabe fazer uma observação: a lei falhou ao dar
duas situações (art. 173 da CF/88):
tratamento igual a todas as empresas estatais, sem distinguir as
- Fazer frente a uma situação de segurança nacional;
que prestam serviço público (com fundamento no artigo 1 75 da
- Fazer frente a uma situação de relevante interesse
Constituição) e as que exercem Administração Indireta
coletivo: A empresa pública deve obedecer aos princípios da
atividade econômica a título de intervenção (com base no artigo
ordem econômica, visto que concorre com a iniciativa privada.
1 73 da Constituição). Estas últimas não podem ter tratamento
Quando o Estado explora, portanto, atividade econômica por
intermédio de uma empresa pública, não poderão ser privilegiado em relação às empresas do setor privado, porque o
referido dispositivo constitucional, no § 1 º, II, determina que
conferidas a ela vantagens e prerrogativas diversas das da
elas se sujeitem ao mesmo regime das empresas privadas,
iniciativa privada (princípio da livre concorrência).
inclusive quanto aos direitos e obrigações.”
Também ensina Celso Antônio Bandeira de Mello:

12 DIREITO ADMINISTRATIVO, 27ª edição, editora ATLAS, 2014.

Fundamentos de Administração Pública 103


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APOSTILAS OPÇÃO

“Quando se tratar de exploradoras de atividade econômica, Subsidiárias são empresas que são controladas ou
então, a falência terá curso absolutamente normal, como se de pertencem a outra empresa. A empresa que controla a
outra entidade mercantil qualquer se tratara. É que a subsidiária é conhecida como empresa mãe (holding).
Constituição, no art. 173, §1º, II, atribui-lhes sujeição "ao regime Uma holding tem a função de controlar a outra empresa e
jurídico próprio das empresas privadas inclusive quanto aos não de controlar seu próprio negócio. Caso a holding detenha
direitos e obrigações civis, comerciais (...).” todo o estoque, a subsidiária que é controladas passa a se
Para Jose dos Santos Carvalho Filho chamar de subsidiária integral.
“De plano, o dispositivo da Lei de Falências não parece Vários são os motivos para a criação das subsidiárias, como
mesmo consentâneo com a ratio inspiradora do art. 173, § 1º, da por exemplo:
Constituição Federal. De fato, se esse último mandamento - constituir nova empresa fora do país de origem, pois a lei
equiparou sociedades de economia mista e empresas públicas de do seu país pode restringir algumas atividades que o
natureza empresarial às demais empresas privadas, aludindo empresário sonha em construir;
expressamente ao direito comercial, dentro do qual se situa - conseguir benefícios fiscais ou outras vantagens legais
obviamente a nova Lei de Falências, parece incongruente que poderia conseguir com a constituição de uma subsidiária
admitir a falência para estas últimas e não admitir para e a posterior exigência de alguns impostos;
aquelas. Seria uma discriminação não autorizada pelo - aplicações financeiras diversificadas.
dispositivo constitucional. Na verdade, ficaram as entidades
paraestatais com evidente vantagem em relação às demais Questão
sociedades empresárias, apesar de ser idêntico o objeto de sua
atividade. Além disso, se o Estado se despiu de sua potestade 01. (Prefeitura de Rio de Janeiro – RJP- Assistente
para atuar no campo econômico, não deveria ser merecedor da Administrativo - Prefeitura do Rio de Janeiro – RJ). De
benesse de estarem as pessoas que criou para esse fim excluídas acordo com o entendimento doutrinário, as empresas públicas
do processo falimentar.” podem ser conceituadas como:
Para Hely Lopes Meirelles, o entendimento é o mesmo: (A) pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da
“A nova Lei de Falências (Lei 11.101, de 9.2.2005, que `regula Administração Indireta, criadas por lei sob a forma de
a recuperação judicial, extrajudicial e a falência do empresário sociedades anônimas para desempenhar funções que,
e da sociedade empresária’) dispõe expressamente, no art. 2º, I, despidas de caráter econômico, sejam próprias e típicas de
que ela não se aplica às empresas públicas e sociedades de estado
economia mista. Não obstante, a situação continuará a mesma. (B) pessoas jurídicas de direito público, integrantes da
Tal dispositivo só incidirá sobre as empresas governamentais Administração Indireta, criadas por autorização legal sob
que prestem serviço público; as que exploram atividade qualquer forma jurídica adequada a sua natureza, para que o
econômica ficam sujeitas às mesmas regras do setor privado, nos governo exerça atividades gerais de caráter econômico ou, em
termos do art. 173, §1º, II, da CF [...].” certas situações, execute a prestação de serviços públicos
Empresas privadas Primeiramente devemos enfatizar (C) pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da
que a empresa privada não depende do poder do Estado para Administração Indireta, criadas por autorização legal sob
sua subsistência, o particular, conhecido como empresário é qualquer forma jurídica adequada a sua natureza, para que o
que terá comando sobre esta. Contudo, vale lembrar que o fato governo exerça atividades gerais de caráter econômico ou, em
de não depender do Estado não desobriga a pessoa jurídica certas situações, execute a prestação de serviços públicos
criadora da empresa a pagar impostos ao Estado. Entretanto, (D) pessoas jurídicas de direito público, integrantes da
o Estado funciona como sócio desta, veja o que a Constituição Administração Indireta, criadas por autorização legal sob a
Federal traz a respeito: forma de sociedades anônimas, cujo controle acionário
pertença ao Poder Público, tendo por objetivo, como regra, a
Art. 37, CF A administração pública direta e indireta de exploração de atividades gerais de caráter econômico e a
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal prestação de serviços públicos
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, Gabarito
ao seguinte
(...) 01.C.
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a
criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso Sociedade de economia mista
anterior, assim como a participação de qualquer delas em
empresa privada; As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de
Direito Privado criadas para a prestação de serviços públicos
ou para a exploração de atividade econômica, contando com
As empresas privadas funcionam em um sistema de
capital misto e constituídas somente sob a forma empresarial
mercado. O empresário possui liberdade para agir, ainda que
de S/A. As sociedades de economia mista são:
se submeta a algumas limitações relacionadas `a natureza do
- Pessoas jurídicas de Direito Privado.
produto, condições de trabalho, entre outros.
- Exploradoras de atividade econômica ou prestadoras de
Nela encontramos a concorrência, pois é formada por
serviços públicos.
particulares, ensejando na perda e ganhos de seus produtos.
- Empresas de capital misto.
Desta forma apresenta vantagens, já que precisa ter um
- Constituídas sob forma empresarial de S/A.
diferencial em relação às demais, oferecendo os melhores
Veja alguns exemplos de sociedade mista:
produtos e um preço mais atrativo para o consumidor.
a. Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil.
Os bens e serviços que produz estão destinados a um
b. Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp,
mercado, a reação do qual é um elemento de risco do
Metrô, CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional
gerenciamento da empresa.
Urbano) e CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços,
Infelizmente, devido ao insucesso de algumas, acaba
empresa responsável pelo gerenciamento da execução de
ocorrendo a falência por não se adequarem ao competitivo
contratos que envolvem obras e serviços públicos no Estado
mercado de trabalho. Para que isso não ocorra com a maioria
de São Paulo).
das nossas empresas privadas, o Estado mantendo-se
indiretamente como sócio.

Fundamentos de Administração Pública 104


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As sociedades de economia mista têm as seguintes Diferença entre Autarquia e Fundações Públicas
características:
- Liberdade financeira; Autarquia Fundação
- Liberdade administrativa; Criação: ocorre por lei Criação: ocorre por
- Dirigentes próprios; ordinária e específica autorização legislativa e lei
- Patrimônio próprio. complementar, o que
Não existe hierarquia ou subordinação entre as sociedades permite definir a área de
de economia mista e a Administração Direta, atuação.
independentemente da função dessas sociedades. No entanto,
Personificação: serviço Personificação:
é possível o controle de legalidade. Se os atos estão dentro dos
público. patrimônio.
limites da lei, as sociedades não estão subordinadas à
Pessoa Jurídica: de direito Pessoa Jurídica: de direito
Administração Direta, mas sim à lei que as autorizou.
público. público ou privado.
As sociedades de economia mista integram a
Administração Indireta e todas as pessoas que a integram Funções: exerce função Funções: exerce funções
precisam de lei para autorizar sua criação, sendo que elas típica do Estado. atípicas do Estado.
serão legalizadas por meio do registro de seus estatutos. Natureza: administrativa Natureza: social
A lei, portanto, não cria, somente autoriza a criação das
sociedades de economia mista, ou seja, independentemente Questões
das atividades que desenvolvam, a lei somente autorizará a
criação das sociedades de economia mista. 01. (TJ/SC - Técnico Judiciário Auxiliar – FGV). São
A Sociedade de economia mista, quando explora atividade pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da
econômica, submete-se ao mesmo regime jurídico das Administração Indireta do Estado, criadas por autorização
empresas privadas, inclusive as comerciais. Logo, a sociedade legal, sob qualquer forma jurídica adequada a sua natureza,
mista que explora atividade econômica submete-se ao regime para que o Governo exerça atividades gerais de caráter
falimentar. Sociedade de economia mista prestadora de serviço econômico ou, em certas situações, execute a prestação de
público não se submete ao regime falimentar, visto que não serviços públicos, as:
está sob regime de livre concorrência. (A) autarquias;
(B) fundações públicas;
Para maior complemento de seus estudos, trouxemos (C) fundações privadas;
as diferenças entre a empresa pública e a sociedade de (D) empresas públicas;
economia mista (E) agências reguladoras.

Empresa Pública Sociedade de Economia 02. (Prefeitura de São Lourenço/MG - Advogado –


Mista FUNDEP/2016). Entre os requisitos legais da alienação de um
Forma jurídica: As Forma Jurídica: As bem imóvel pertencente a uma sociedade de economia mista,
empresas públicas podem sociedades de economia não se inclui:
revestir-se de qualquer mista utilizam-se da forma (A) autorização legislativa.
das formas previstas em de Sociedade Anônima (S/A), (B) motivação.
direito (sociedades civis, sendo regidas, basicamente, (C) licitação.
sociedades comerciais, pela Lei das Sociedades por (D) avaliação prévia.
Ltda, S/A, etc). Ações (Lei n° 6.404/1976).
Composição do capital: o Composição do Capital: o
Gabarito
capital é composto por capital é composto por
integrantes da recursos públicos e privados,
01.D/ 02.A.
Administração Pública, sendo, portanto as ações
portanto é integralmente divididas entre a entidade
público. Dessa forma, não governamental e a iniciativa
se permite a participação privada. 8. Disciplina constitucional
de recursos particulares
na formação de capital
dos agentes públicos.
das empresas públicas.
Foro processual: Será Foro processual: Será
competente para competentes para AGENTES PÚBLICOS
julgamento das empresas julgamento das sociedades
públicas federais, quando de economia federal a Justiça Agente público refere-se àquela pessoa física a qual exerce
estas se encontrarem nas Estadual, não usufrui de uma função pública, seja qual for esta modalidade de função
condições de autoras, rés, privilégios da Justiça (mesário, jurado, funcionário público aprovado em concurso
assistentes ou opoentes, Federal. público, etc.).
exceto as de falência, as de Agente público é toda pessoa física que presta serviços ao
acidente do trabalho e as Estado e às pessoas jurídicas da Administração Indireta.13
sujeitas à Justiça Eleitoral Antes da Constituição atual, ficavam excluídos os que
e à Justiça do Trabalho, à prestavam serviços às pessoas jurídicas de direito privado
Justiça Federal. instituídas pelo Poder Público (fundações, empresas públicas
e sociedades de economia mista). Hoje o artigo 37 exige a
inclusão de todos eles.

13Di Pietro, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, editora ATLAS, São
Paulo, 2014:

Fundamentos de Administração Pública 105


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A denominação “agente público” é tratada como gênero do públicos é composta, segundo Celso Antônio Bandeira de
qual são espécies os agentes políticos, servidores públicos, Mello, por:
agentes militares e particulares em colaboração. a) requisitados de serviço: como mesários e convocados
para o serviço militar (conscritos);
Espécies b) gestores de negócios públicos: são particulares que
assumem espontaneamente uma tarefa pública, em situações
Agentes políticos A primeira espécie dentro do gênero emergenciais, quando o Estado não está presente para
agentes públicos é a dos agentes políticos. Os agentes políticos proteger o interesse público. Exemplo: socorrista de
exercem uma função pública (munus publico) de alta direção parturiente;
do Estado. Ingressam, em regra, por meio de eleições, c) contratados por locação civil de serviços: é o caso, por
desempenhando mandatos fixos ao término dos quais sua exemplo, de jurista famoso contratado para emitir um parecer;
relação com o Estado desaparece automaticamente. A d) concessionários e permissionários: exercem função
vinculação dos agentes políticos com o aparelho pública por delegação estatal;
governamental não é profissional, mas institucional e e) delegados de função ou ofício público: é o caso dos
estatutária. titulares de cartórios.
Os agentes políticos são, definidos por Celso Antônio Importante destacar que os particulares em colaboração
Bandeira de Melo como os titulares dos cargos estruturais à com a Administração, mesmo atuando temporariamente e sem
organização política do País. Exemplos: Presidente da remuneração, podem praticar ato de improbidade
República, Governadores, Prefeitos e respectivos vices, os administrativa (art. 2.º da Lei n. 8.429/92) e, enquanto
auxiliares imediatos dos chefes de Executivo, isto é, Ministros exercerem a função, são considerados funcionários públicos
e Secretários das diversas pastas, bem como os Senadores, para fins penais, respondendo, assim, pelos crimes que
Deputados Federais e Estaduais e os Vereadores. cometerem. A Administração Pública responde pelos danos
Exercem funções e mandatos temporários. Não são causados a terceiros por este agente, voltando-se, depois,
funcionários nem servidores públicos, exceto para fins penais, contra o agente público delegado.
caso cometam crimes contra a Administração Pública. Servidores Públicos São servidores públicos, em sentido
Agentes de Fato Para que um ato administrativo seja amplo, as pessoas físicas que prestam serviços ao Estado e às
praticado é necessário que o agente esteja legitimamente entidades da Administração Indireta, com vínculo
investido no cargo para que possa exercer a competência empregatício e mediante remuneração paga pelos cofres
prevista em lei. Exemplo: “falta de requisito legal para públicos.
investidura, como certificado de sanidade vencido; inexistência Já os servidores públicos em sentido restrito, são aqueles
de formação universitária para função que a exige, idade que possuem uma relação com o regime estatutário, que sejam
inferior ao mínimo legal; o mesmo ocorre quando o servidor está ocupantes de cargos públicos efetivos ou em comissão e se
suspenso do cargo, ou exerce funções depois de vencido o prazo submetam a regime jurídico de direito público.
de sua contratação, ou continua em exercício após a idade-limite Os servidores públicos, por sua vez, são classificados em:
para aposentadoria compulsória”.14 1. Funcionário público: titularizam cargo e, portanto,
Os atos praticados pelo agente de fato presumem-se estão submetidos ao regime estatutário.
válidos, com base na conformidade da lei, visando tutelar a 2. Empregado público: titularizam emprego, sujeitos ao
boa-fé dos administrados. A validade dos atos decorre de regime celetista. Ambos exigem concurso. É o agente público
exame caso a caso, visando assegurar a segurança jurídica e da que tem vínculo contratual, ou seja, sua relação com a
boa-fé da população. Caso os atos praticados por agente Administração Pública decorre de contrato de trabalho.
público não sejam de sua competência, os mesmos serão Possui, então, vínculo de natureza contratual celetista (CLT).
considerados nulos, como no caso do usurpador de função. Assim, o Empregado Público é regido pela CLT e o Servidor
Agentes Militares Os agentes militares formam uma Público é regido por lei específica - no caso do servidor público
categoria à parte entre os agentes políticos na medida em que federal, será regido pela Lei 8.112/90.
as instituições militares são organizadas com base na 3. Contratados em caráter temporário: são servidores
hierarquia e na disciplina. Aqueles que compõem os quadros contratados por um período certo e determinado, por força de
permanentes das forças militares possuem vinculação uma situação de excepcional interesse público. Não são
estatutária, e não contratual, mas o regime jurídico é nomeados em caráter efetivo, que tem como qualidade a
disciplinado por legislação específica diversa da aplicável aos definitividade – art. 37, inc. IX, da Constituição Federal.
servidores civis. O trabalho temporário é regulado pela Lei nº 6.019/74 - é
Assim, os militares abrangem as pessoas físicas que aquele prestado por pessoa física a uma empresa para atender
prestam serviços às Forças Armadas - Marinha, Exército e à necessidade transitória de substituição de seu pessoal
Aeronáutica (art. 142, caput, e § 3.º, da Constituição) - e às regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de
Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares dos serviços. O vínculo empregatício do trabalhador temporário
Estados, Distrito Federal e dos Territórios (art. 42), com não se dá com a empresa tomadora de serviços, mas sim com
vínculo estatutário sujeito a regime jurídico próprio, mediante a empresa de trabalho temporário.
remuneração paga pelos cofres públicos. Essa modalidade de contratação tem como objetivo
Particulares em colaboração Os particulares em atender a serviços extraordinários de serviços (época de
colaboração com a Administração constituem uma classe de Páscoa e Natal), além de atender à necessidade transitória de
agentes públicos, em regra, sem vinculação permanente e substituição de pessoal regular e permanente.
remunerada com o Estado. São agentes públicos, mas não O contrato do trabalhador temporário deve ser feito de
integram a Administração e não perdem a característica de forma escrita, além de constar expressamente a causa que
particulares. Exemplos: jurados, recrutados para o serviço enseja sua contratação.
militar, mesário de eleição. Quanto ao prazo, este não poderá exceder 3 meses, caso
De acordo com Hely Lopes Meirelles, são chamados seja a mesma empresa tomadora e o mesmo empregado, salvo
também de “agentes honoríficos”, exercendo função pública autorização conferida pelo órgão local do Ministério do
sem serem servidores públicos. Essa categoria de agentes Trabalho e Previdência Social. No aludido instrumento deve

14Di Pietro, Maria Sylvia Zanella, “Direito Administrativo” (13ª edição, São Paulo,
Atlas, 2001, p. 221.

Fundamentos de Administração Pública 106


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constar expressamente o prazo que vigerá o contrato, data de VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites
início e término da prestação de serviço. definidos em lei específica;
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos
Os agentes públicos são classificados da seguinte forma: públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os
critérios de sua admissão;
- Agentes políticos: pessoas físicas que exercem IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo
determinada função (legislativa, executiva ou administrativa) determinado para atender a necessidade temporária de
descrita na Constituição Federal. São exemplos: deputado excepcional interesse público;
federal, senador, governador de estado, procurador do X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
trabalho, entre outros. trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados
- Agentes administrativos: são servidores sujeitos a uma por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso,
relação hierárquica com os agentes políticos, isto é, são os assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem
servidores públicos propriamente ditos (ocupam cargo efetivo distinção de índices;
ou em comissão e respeitam o estatuto da respectiva XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos,
instituição na qual trabalham), os empregados públicos funções e empregos públicos da administração direta,
(trabalham em empresas públicas e respeitam a legislação autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes
trabalhista) e os servidores temporários (contratados da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos
temporariamente para suprirem necessidade temporária de detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e
excepcional interesse público). os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,
- Agentes honoríficos: pessoas que desempenham percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens
atividade administrativa em razão de sua honorabilidade pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o
(honra). Exemplos: mesário da eleição ou jurado convocado subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal
para júri de algum crime doloso contra a vida. Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do
- Agentes delegados: pessoas que recebem a incumbência Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal
de executarem, por sua conta e risco, um serviço público ou do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos
uma atividade de interesse público. Podem ser os notários, os Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo
registradores de imóveis, os tradutores públicos, os e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça,
concessionários ou permissionários de serviço público, entre limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento
outros. do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
- Agentes credenciados: pessoas que representam a Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este
Administração Pública em um determinado evento ou limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e
atividade. aos Defensores Públicos;
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do
Normas constitucionais concernentes à administração Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo
pública e aos servidores públicos Poder Executivo;
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer
CF/88 espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de
CAPÍTULO VII pessoal do serviço público;
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor
SEÇÃO I público não serão computados nem acumulados para fins de
DISPOSIÇÕES GERAIS concessão de acréscimos ulteriores;
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e
Art. 37. A administração pública direta e indireta de empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, 153, § 2º, I;
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos
ao seguinte: públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários,
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos observado em qualquer caso o disposto no inciso XI:
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, a) a de dois cargos de professor;
assim como aos estrangeiros, na forma da lei; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de científico;
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou de saúde, com profissões regulamentadas;
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e
para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas,
exoneração; sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público;
anos, prorrogável uma vez, por igual período; XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição,
convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou precedência sobre os demais setores administrativos, na forma
de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos da lei;
concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira; XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar,
a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;
condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a
apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento; criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre anterior, assim como a participação de qualquer delas em
associação sindical; empresa privada;

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XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição,
obras, serviços, compras e alienações serão contratados os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de
mediante processo de licitação pública que assegure igualdade livre nomeação e exoneração.
de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.
as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste
à garantia do cumprimento das obrigações. artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei
do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos
funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a
específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio
atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se
compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos
forma da lei ou convênio. Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, Art. 38. Ao servidor público da administração direta,
informativo ou de orientação social, dela não podendo constar autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo,
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção aplicam-se as seguintes disposições:
pessoal de autoridades ou servidores públicos. I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou
§ 2º - A não observância do disposto nos incisos II e III distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
responsável, nos termos da lei. emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário remuneração;
na administração pública direta e indireta, regulando III - investido no mandato de Vereador, havendo
especialmente: compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do
em geral, asseguradas a manutenção de serviços de cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a
atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e norma do inciso anterior;
interna, da qualidade dos serviços; IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado
informações sobre atos de governo, observado o disposto no art. para todos os efeitos legais, exceto para promoção por
5º, X e XXXIII; merecimento;
III - a disciplina da representação contra o exercício V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de
negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na afastamento, os valores serão determinados como se no
administração pública. exercício estivesse.
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a SEÇÃO II
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma DOS SERVIDORES PÚBLICOS
e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime
prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de jurídico único e planos de carreira para os servidores da
ressarcimento. administração pública direta, das autarquias e das fundações
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito públicas. (Vide ADIN nº 2.135-4)
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, componentes do sistema remuneratório observará:
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade
de dolo ou culpa. dos cargos componentes de cada carreira;
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao II - os requisitos para a investidura;
ocupante de cargo ou emprego da administração direta e III - as peculiaridades dos cargos.
indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas. § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos
órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos
ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus um dos requisitos para a promoção na carreira, facultada, para
administradores e o poder público, que tenha por objeto a isso, a celebração de convênios ou contratos entre os entes
fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, federados.
cabendo à lei dispor sobre: § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o
I - o prazo de duração do contrato; disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII,
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos
direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.
III - a remuneração do pessoal. § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais
às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em
receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação,
ou dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra
custeio em geral. espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de no art. 37, X e XI.
aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
a remuneração de cargo, emprego ou função pública, Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a

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menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, em III - os membros do Ministério Público;
qualquer caso, o disposto no art. 37, XI. IV - os membros das Defensorias Públicas;
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário V - os membros dos Tribunais e dos Conselhos de Contas.
publicarão anualmente os valores do subsídio e da remuneração
dos cargos e empregos públicos. III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no
Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as
provenientes da economia com despesas correntes em cada seguintes condições:
órgão, autarquia e fundação, para aplicação no a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se
desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade, homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de
treinamento e desenvolvimento, modernização, contribuição, se mulher;
reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclusive b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos
sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade. de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em contribuição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20,
carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. de 1998)
§ 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por
Regime de Previdência ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remuneração
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da
autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de pensão.
caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do § 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por
respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos ocasião da sua concessão, serão consideradas as remunerações
pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio utilizadas como base para as contribuições do servidor aos
financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. regimes de previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na
forma da lei.
Para o regime previdenciário ter equilíbrio financeiro, basta § 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados
ter no exercício atual um fluxo de caixa de entrada superior ao para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime
fluxo de caixa de saída, gerado basicamente quando as receitas de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em
previdenciárias superam as despesas com pagamento de leis complementares, os casos de servidores:
benefícios. I - portadores de deficiência;
Já para se ter equilibro atuarial, deve estar assegurado que II - que exerçam atividades de risco;
o plano de custeio gera receitas não só atuais, como também III - cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais
futuras e contínuas por tempo indeterminado, em um montante que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
suficiente para cobrir as respectivas despesas previdenciárias. § 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão
Para se manter o equilíbrio financeiro e atuarial é reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no § 1º, III, "a",
imprescindível que o regime mantenha um fundo previdenciário para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo
que capitalize as sobras de caixa atuais que garantirão o exercício das funções de magistério na educação infantil e no
pagamento de benefícios futuros. ensino fundamental e médio.
A redução só é permitida nos casos em que o tempo de
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de contribuição é exclusivamente no magistério. Ou seja, não é
que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus possível somar o tempo de magistério com o tempo em outra
proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17: atividade e ainda reduzir 5 (cinco) anos. A soma é possível, no
I - por invalidez permanente, sendo os proventos entanto, sem a redução de 5 (cinco) anos.
proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de
acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, § 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
contagiosa ou incurável, na forma da lei; acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao de mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência
tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 previsto neste artigo.
(setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; § 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 88, de 2015) morte, que será igual:
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido,
Com relação a aposentadoria por idade cabe ainda destacar até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
recente alteração no texto Constitucional pela Emenda nº geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de
88/2015, onde os servidores titulares de cargos efetivos da setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aposentado à data do óbito; ou
incluídas suas autarquias e fundações, serão aposentados II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no
compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo
contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência
e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar (art.40, § social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da
1°, II, da CF). parcela excedente a este limite, caso em atividade na data do
A Lei Complementar nº 152/2015 foi instituída para óbito.
regulamentar o novo dispositivo constitucional, vejamos: § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme
Art. 2º Serão aposentados compulsoriamente, com critérios estabelecidos em lei.
proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 75 § 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou
(setenta e cinco) anos de idade: municipal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo
I - os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos de serviço correspondente para efeito de disponibilidade.
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
autarquias e fundações; contagem de tempo de contribuição fictício.
II - os membros do Poder Judiciário;

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§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos III - mediante procedimento de avaliação periódica de
proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla
acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de defesa.
outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
previdência social, e ao montante resultante da adição de estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se
proventos de inatividade com remuneração de cargo estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a
acumulável na forma desta Constituição, cargo em comissão indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em
declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de
eletivo. serviço.
§ 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de previdência § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o
dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração
que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado
de previdência social. aproveitamento em outro cargo.
§ 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão
como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica- instituída para essa finalidade.
se o regime geral de previdência social.
§ 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, Cargo, emprego e função pública
desde que instituam regime de previdência complementar para
os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão A Constituição federal, em vários dispositivos, emprega os
fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem vocábulos cargo, emprego e função para designar realidades
concedidas pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo diversas, porém que existem paralelamente na Administração.
estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência Cumpre, pois, distingui-las.
social de que trata o art. 201. Para bem compreender o sentido dessas expressões, é
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o preciso partir da ideia de que na Administração Pública todas
§ 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder as competências são definidas na lei e distribuídas em três
Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, níveis diversos: pessoas jurídicas (União, Estados e
no que couber, por intermédio de entidades fechadas de Municípios), órgãos (Ministérios, Secretarias e suas
previdência complementar, de natureza pública, que oferecerão subdivisões) e servidores públicos; estes ocupam cargos ou
aos respectivos participantes planos de benefícios somente na empregos ou exercem função.
modalidade de contribuição definida. Cargo público: é o lugar dentro da organização funcional
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o da organização funcional da Administração Direta e de suas
disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver autarquias e fundações públicas que, ocupado por servidor
ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de público, submetidos ao regime estatuário, tem funções
instituição do correspondente regime de previdência específicas e remuneração fixada em lei ou diploma a ela
complementar. equivalente.
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o Para Celso Antônio Bandeira de Melo são as mais simples
cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente e indivisíveis unidades de competência a serem titularizadas
atualizados, na forma da lei. por um agente. São criados por lei, previstos em número certo
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de e com denominação própria.
aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata Com efeito, as várias competências previstas na
este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os Constituição para a União, Estados e Municípios são
benefícios do regime geral de previdência social de que trata o distribuídas entre seus respectivos órgãos, cada qual dispondo
art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os de determinado número de cargos criados por lei, que lhes
servidores titulares de cargos efetivos. confere denominação própria, define suas atribuições e fixa o
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha padrão de vencimento ou remuneração.
completado as exigências para aposentadoria voluntária Criar um cargo é institucionalizá-lo, atribuindo a ele
estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em denominação própria, número certo, funções determinadas,
atividade fará jus a um abono de permanência equivalente ao etc. Somente se cria um cargo por meio de lei, logo cada Poder,
valor da sua contribuição previdenciária até completar as no âmbito de suas competências pode criar um cargo através
exigências para aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II. da lei.
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio A transformação ocorre quando há modificação ou
de previdência social para os servidores titulares de cargos alteração na natureza do cargo de forma que, ao mesmo tempo
efetivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime que o cargo é extinto, outro é criado. Somente se dá por meio
em cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X. de lei e há o aproveitamento de todos os servidores quando o
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá novo cargo tiver o mesmo nível e atribuições compatíveis com
apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de o anterior.
pensão que superem o dobro do limite máximo estabelecido A extinção corresponde ao fim do cargo e também deve
para os benefícios do regime geral de previdência social de que ser efetuada por meio de lei.
trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na O art. 84, VI, “b” da Constituição Federal traz exceção ao
forma da lei, for portador de doença incapacitante. atribuir competência para o Presidente da República para
dispor, mediante decreto, sobre a extinção de funções ou
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os cargos públicos quando vagos.
servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em Empregos públicos: são núcleos de encargos de trabalho
virtude de concurso público. permanentes a serem preenchidos por pessoas contratadas
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: para desempenhá-los, sob relação jurídica trabalhista e
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; somente podem ser criados por lei.
II - mediante processo administrativo em que lhe seja Função pública: é a atividade em si mesma, é a atribuição,
assegurada ampla defesa; as tarefas desenvolvidas pelos servidores. São espécies:

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a) Funções de confiança, exercidas exclusivamente por Ainda que o servidor passe um grande tempo de sua vida
servidores ocupantes de cargo efetivo, e destinadas ás funcional cedido, seu vínculo será sempre com órgão de
atribuições de chefia, direção e assessoramento; origem, de acordo com o Decreto 4.050/2001.
b) Funções exercidas por contratados por tempo Investidura É um ato complexo, exigindo, segundo Hely
determinado para atender a necessidade temporária de Lopes Meirelles, a manifestação de vontade de mais de um
excepcional interesse público, nos termos da lei autorizadora, órgão administrativo – a nomeação é feita pelo Chefe do
que deve advir de cada ente federado. Executivo; a posse e o exercício são dados pelo Chefe da
Acumulação de Cargos, Empregos e Funções Públicas: Repartição.
Em regra, o ordenamento jurídico brasileiro proíbe a O art. 37, inc. I, da Constituição Federal dispõe que os
acumulação remunerada de cargos ou empregos públicos. brasileiros e estrangeiros que preencham os requisitos
Porém, a Constituição Federal prevê um rol taxativo de casos estabelecidos em lei terão acesso aos cargos, aos empregos e
excepcionais em que a acumulação é permitida. às funções públicas.
Importantíssimo destacar que, em qualquer hipótese, a Essa norma é de eficácia contida. Enquanto não há lei
acumulação só será permitida se houver compatibilidade de regulamentando, não é possível sua aplicação. A Constituição
horários e observado o limite máximo de dois cargos. Federal permitiu o amplo acesso aos cargos, aos empregos e às
As hipóteses de acumulação constitucionalmente funções públicas, porém, excepciona-se a relação trazida pelo
autorizadas são: § 3.º do art. 12 da Constituição Federal, que define os cargos
a) a de dois cargos de professor (art. 37, XVI, a); privativos de brasileiros natos:
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
científico (art. 37, XVI, b); § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
de saúde, com profissões regulamentadas (art. 37, XVI, c); II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
d) a de um cargo de vereador com outro cargo, emprego ou III - de Presidente do Senado Federal;
função pública (art. 38, III); IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
e) a de um cargo de magistrado com outro no magistério V - da carreira diplomática;
(art. 95, parágrafo único, I); VI - de oficial das Forças Armadas.
f) a de um cargo de membro do Ministério Público com VII - de Ministro de Estado da Defesa
outro no magistério (art. 128, § 5º, II, d).
Posse: É o ato pelo qual uma pessoa assume, de maneira O art. 37, inc. II, da Constituição Federal estabelece que
efetiva, o exercício das funções para que foi nomeada, para a investidura em cargo ou emprego público é necessário
designada ou eleita. Trata-se da fase em que a pessoa assume a aprovação prévia em concurso público de provas ou de
o exercício das funções para que foi nomeada ou eleita. O ato provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade
da posse determina a concordância e a vontade do sujeito em do cargo ou emprego.
entrar no exercício, além de cumprir a exigência regulamentar. A exigência de concurso é válida apenas para os cargos de
Exercício: É o momento em que o servidor dá início ao provimento efetivo – aqueles preenchidos em caráter
desempenho de suas atribuições de trabalho. A data do efetivo permanente.
exercício é considerada como o marco inicial para a produção Os cargos preenchidos em caráter temporário não
de todos os efeitos jurídicos da vida funcional do servidor precisam ser precedidos de concurso, pois a situação
público e ainda para o início do período do estágio probatório, excepcional e de temporariedade, que fundamenta sua
da contagem do tempo de contribuição para aposentadoria, necessidade, é incompatível com a criação de um concurso
período aquisitivo para a percepção de férias e outras público.
vantagens remuneratórias. Para os cargos em comissão também não se exige concurso
Cessão Funcional de servidores: Trata-se de ato público (art.37, inc. V), desde que as atribuições sejam de
autorizativo para o exercício de cargo em comissão ou função direção, chefia e assessoramento. Esses devem ser
de confiança, ou para atender situações previstas em leis preenchidos nas condições e nos percentuais mínimos
específicas, em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, previstos em lei.
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, sem Para as funções de confiança não se impõe o concurso
alteração da lotação no órgão de origem.15 público, no entanto a mesma norma acima mencionada
O servidor da Administração Pública Federal direta, suas estabelece que tal função será exercida exclusivamente por
autarquias e fundações poderá ser cedido a outro órgão ou servidores ocupantes de cargo efetivo.
entidade dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Durante o prazo do concurso, o aprovado não tem direito
Federal e dos Municípios, abarcando as empresas públicas e adquirido à contratação. Há apenas uma expectativa de direito
sociedades de economia mista, seja para o exercício de cargo em relação a esta.
em comissão ou função de confiança, podendo atender as O art. 37, inc. IV, apenas assegura ao aprovado o direito
situações que tenham previsão em leis específicas (art. 93 da adquirido de não ser preterido por novos concursados.
Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990). Criação, transformação e extinção de Cargos, Funções
Via de regra, a cessão para órgãos ou entidades dos ou Empregos públicos: A criação do cargo nada mais é do que
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios suscitará o a sua institucionalização por meio de denominação própria,
ônus da remuneração ao órgão ou entidade cessionária. Já para tendo função específica, criado por lei, salvo os casos dos
os outros casos, ou seja, para a cessão entre os órgãos ou auxiliares do legislativo, em que a criação ocorrerá através de
entidades da Administração Pública Federal será conservado Resolução, da Câmara ou do Senado, para tanto, deve-se notar
o ônus do cedente. a natureza do cargo de provimento, se por meio de concurso
Para se viabilizar a cessão deve-se notar a disponibilidade ou em comissão, sendo este último de livre escolha.
orçamentária da Administração Pública. Na transformação ocorre uma alteração que restringe a
Em nenhuma hipótese a cessão poderá ser considerada natureza do cargo, havendo assim, a extinção ou criação de um
efetivação do servidor em órgão para o qual está cedido, cargo, de modo automático e simultâneo, no momento em que
independente do tempo em que ele permanece no órgão. um cargo transforma-se em outro.

15 https://jus.com.br/artigos/21640/cessao-e-requisicao-de-servidor-publico-
federal

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APOSTILAS OPÇÃO

A extinção do cargo possuem previsão constitucional c) mediante procedimento de avaliação periódica de


através dos seguintes artigos: desempenho, na forma da lei complementar, assegurada
ampla defesa (art. 41, § 1-, III, da CF);
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do d) em virtude de excesso de despesas com o pessoal ativo
Presidente da República, não exigida esta para o especificado e inativo, desde que as medidas previstas no art. 169, § 3-, da
nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de CF, não surtam os efeitos esperados (art. 169, § 4-, da CF).
competência da União, especialmente sobre: Estabilidade e Estágio Probatório:A estabilidade é a
( ) prerrogativa atribuída ao servidor que preencher os requisitos
X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e estabelecidos na Constituição Federal, que lhe garante a
funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b; permanência no serviço.
O servidor estabilizado, que tiver seu cargo extinto, não
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: estará fora da Administração Pública, porque a Constituição
( ) Federal lhe garante estabilidade no serviço e não no cargo. O
IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, servidor é colocado em disponibilidade remunerada, seguindo
criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e o disposto no art. 41, § 3.º, da Constituição Federal, com
funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da redação dada pela Emenda Constitucional n. 19 – a
respectiva remuneração, observados os parâmetros remuneração é proporcional ao tempo de serviço. Antes da
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; emenda, a remuneração era integral.
O servidor aprovado em concurso público de cargo regido
A extinção do cargo em âmbito do Executivo e dos pela lei 8112/90 e consequentemente nomeado passará por
auxiliares do Legislativo, devem respeitar o que traz o artigo um período de avaliação, terá o novo servidor que comprovar
96, II “b”, CF: no estágio probatório que tem aptidão para exercer as
atividades daquele cargo para o qual foi nomeado em tais
Art. 96. Compete privativamente: fatores:
( ) - Assiduidade;
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e - Disciplina;
aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, - Capacidade de iniciativa;
observado o disposto no art. 169: - Produtividade;
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus - Responsabilidade.
serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem
como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, ATENÇÃO
inclusive dos tribunais inferiores, onde houver;
Atualmente o prazo mencionado de 3 anos (36 meses)
A extinção dos cargos em suas autarquias e fundações de efetivo exercício para o servidor público (de forma
públicas e a extinção dos cargos dos auxiliares do Legislativo geral), adquirir estabilidade é o que está previsto na
se formalizam através de lei. Constituição Federal, que foi alterado após a Emenda nº
A criação, transformação e extinção de Cargos, Funções ou 19/98. Embora, a Lei nº 8.112/90, no artigo 20 cite o
Empregos do poder Executivo, se faz por meio de Lei de prazo de 24 meses para que o servidor adquira
iniciativa do Presidente da República, dos Governadores dos estabilidade devemos considerar que o correto é o texto
Estados e do Distrito Federal e dos Prefeitos Municipais inserido na Constituição Federal. Como não houve uma
compreendendo a administração direta, autárquica e revogação expressa de tais normas elas permanecem nos
fundacional. textos legais, mesmo que na prática não são aplicadas,
pois ferem a CF (existe uma revogação tácita dessas
Efetividade, estabilidade e vitaliciedade normas).
As cortes superiores consideraram os institutos do
Efetividade: Cargos efetivos são aqueles que se revestem estágio probatório e da estabilidade indissociáveis, não
de caráter de permanência, constituindo a maioria absoluta havendo sentido na existência de prazo distinto para os
dos cargos integrantes dos diversos quadros funcionais. Com dois institutos, concluindo que o art. 41 da CF é
efeito, se o cargo não é vitalício ou em comissão, terá que ser imediatamente aplicável, reafirmando que o prazo para
necessariamente efetivo. Embora em menor grau que nos aquisição da estabilidade é de três anos, durante os quais
cargos vitalícios, os cargos efetivos também proporcionam o servidor encontra-se em estágio probatório, mesmo
segurança a seus titulares: a perda do cargo, segundo emana diante da previsão do prazo de dois anos constante do art.
do art. 41, §1º, da CF, só poderá ocorrer, depois que 20 da Lei nº 8.112/90 (MS 12.523-DF, Rei. Min. Felix
adquirirem a estabilidade, se houver sentença judicial ou Fischer, j. em 22-4-09). No mesmo sentido, acórdão do
processo administrativo em que se lhes faculte ampla defesa, STF, n° AI 754802 ED-AgR/DF, rei. Min. Gilmar Mendes, j.
e agora também em virtude de avaliação negativa de 7-6-11.
desempenho, como introduzido pela EC nº 19/1998.16 Assim, a jurisprudência tem aplicado interpretação
Estabilidade: confere ao servidor público a efetiva harmônica ao direito infraconstitucional considerando o
permanência no serviço após TRÊS anos de estágio probatório, prazo comum de 3 (três) anos para a garantia da
após os quais só perderá o cargo se caracterizada uma das estabilidade nos termos constitucionais, repercutindo no
hipóteses previstas no artigo 41, § 1º, ou artigo 169, ambos da período de estágio probatório.
Constituição Federal. "EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL E
Hipóteses: ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE
a) em razão de sentença judicial com trânsito em julgado INSTRUMENTO. SERVIDOR PÚBLICO. ESTABILIDADE E
(art. 41, § 1 -, I, da CF); ESTÁGIO PROBATÓRIO. PRAZO COMUM DE TRÊS ANOS.
b) por meio de processo administrativo em que lhe seja PRECEDENTES. 1. O Supremo Tribunal Federal assentou
assegurada a ampla defesa (art. 41, § 1-, II, da CF); entendimento no sentido de que “a Emenda Constitucional

16FILHO, José dos Santos de Carvalho. Manual de Direito Administrativo. Editora


Atlas. 27ª edição. 2014.

Fundamentos de Administração Pública 112


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19/1998, que alterou o art. 41 da Constituição Federal, 03. (IBGE - Analista - Processos Administrativos e
elevou para três anos o prazo para a aquisição da Disciplinares – FGV/2016). Em matéria de regime jurídico
estabilidade no serviço público e, por interpretação lógica, o dos agentes públicos, especificamente quanto aos cargos em
prazo do estágio probatório” (STA 269, Rel. Min. Gilmar comissão e às funções de confiança, a Constituição da
Mendes). Precedentes. 2. Ausência de argumentos capazes República dispõe que:
de infirmar a decisão agravada. 3. Agravo regimental a que (A) ambos são exercidos por cinquenta por cento de
se nega provimento." servidores de carreira e cinquenta por cento de pessoas não
concursadas com livre nomeação e exoneração;
Requisitos para adquirir estabilidade: (B) ambos são exercidos exclusivamente por servidores de
- estágio probatório de três anos; carreira e destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia
- nomeação em caráter efetivo; e assessoramento;
- aprovação em avaliação especial de desempenho. (C) os cargos em comissão são providos exclusivamente
Vitaliciedade: Cargos vitalícios são aqueles que oferecem por pessoas não concursadas, com livre nomeação e
a maior garantia de permanência a seus ocupantes. Somente exoneração e para atribuições de direção, chefia e
através de processo judicial, como regra, podem os titulares assessoramento;
perder seus cargos (art. 95, I, CF). Desse modo, torna-se (D) as funções de confiança são exercidas exclusivamente
inviável a extinção do vínculo por exclusivo processo por servidores ocupantes de cargo efetivo;
administrativo (salvo no período inicial de dois anos até a (E) os cargos em comissão são providos exclusivamente
aquisição da prerrogativa). A vitaliciedade configura-se como por servidores ocupantes de cargo efetivo.
verdadeira prerrogativa para os titulares dos cargos dessa
natureza e se justifica pela circunstância de que é necessária 04. (PGFN -Procurador da Fazenda Nacional – ESAF).
para tornar independente a atuação desses agentes, sem que Sobre os servidores públicos, assinale a opção incorreta.
sejam sujeitos a pressões eventuais impostas por (A) Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do
determinados grupos de pessoas.17 Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo
Existem três cargos públicos vitalícios no Brasil: Poder Executivo.
- Magistrados (Art. 95, I, CF); (B) O direito de greve será exercido nos termos e nos
- Membros do Ministério Público (Art. 128, § 5º, I, “a”, CF); limites definidos em lei complementar.
- Membros dos Tribunais de Contas (Art. 73, §3º). (C) É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer
espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de
Por se tratar de prerrogativa de sede constitucional, em pessoal do serviço público.
função da qual cabe ao Constituinte aferir a natureza do cargo (D) A administração fazendária e seus servidores fiscais
e da função para atribuí-la, não podem Constituições Estaduais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição,
e Leis Orgânicas municipais, nem mesmo lei de qualquer precedência sobre os demais setores administrativos, na
esfera, criar outros cargos com a garantia da vitaliciedade. forma da lei.
Consequentemente, apenas Emenda à Constituição Federal (E) A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo
poderá fazê-lo.18 determinado para atender a necessidade temporária de
excepcional interesse público.
Questões
05. (Prefeitura de Cuiabá – MT - Agente da Saúde -
01. (TRT - 8ª Região (PA e AP) - Técnico Judiciário - Técnico em Radiologia – FGV). Após aprovação em concurso
Área Administrativa – CESPE/2016). No que diz respeito aos público, o servidor nomeado para o cargo de provimento
agentes públicos, assinale a opção correta efetivo só adquire estabilidade depois do estágio probatório,
(A) Permite-se que os gestores locais do Sistema Único de que corresponde a um período de:
Saúde admitam agentes comunitários de saúde e agentes de (A) 24 meses.
combate às endemias por meio de contratação direta. (B) 30 meses.
(B) Não se permite o acesso de estrangeiros não (C) 36 meses.
naturalizados a cargos, empregos e funções públicas. (D) 42 meses.
(C) O prazo de validade de qualquer concurso público é de (E) 48 meses.
dois anos, prorrogável por igual período.
(D) As funções de confiança somente podem ser exercidas Gabarito
pelos servidores ocupantes de cargo efetivo.
(E) Como os cargos em comissão destinam-se à atribuição 01. D/ 02. A/ 03. D/ 04. B/ 05. C
de confiança, não há previsão de percentual mínimo de
preenchimento desses cargos por servidores efetivos.
9. Poderes administrativos
02. (SUPEL/RO - Engenharia Civil – FUNCAB/2016). Os
agentes públicos cujos cargos são providos por nomeação
(hierárquico, disciplinar,
política, sem concurso público, com atribuições de direção, regulamentar e de polícia).
chefia e assessoramento e que são passíveis de exoneração Uso e abuso do poder.
imotivada são os:
(A) ocupantes de cargo comissionado.
(B) contratados temporários.
(C) empregados públicos. PODERES E DEVERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
(D) agentes honoríficos.
(E) agentes políticos. Todo administrador público recebe em nome do Estado
alguns poderes, conferidos dentro dos limites legais, atributo
necessário para o exercício de sua função e para o
cumprimento das atividades da Administração Pública.

17 Idem 18 Ibidem

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Esses poderes/deveres são ferramentas que auxiliam os Tais decisões são de caráter subjetivo, tendo em vista a
agentes públicos no cumprimento do dever legal sendo então, análise do gestor público da real necessidade em agir, no
um conjunto de diretrizes que nortearam o administrador. entanto, cumpre ressaltar que em toda decisão administrativa
deve ser demonstrada a sua necessidade.
Poderes da Administração Pública b) Proporcionalidade: o ato deve ser proporcional à
situação. Ato proporcional é a determinação de adequação.
O poder administrativo representa uma prerrogativa
especial de direito público outorgada aos agentes do Estado, c) Adequação: proporcionalidade e adequação caminham
no qual o administrador público para exercer suas funções juntas, por isso muitas vezes se confundem. O agente público
necessita ser dotado de alguns poderes. Esses poderes podem somente age nos limites da lei quando suas ações são pautadas
ser definidos como instrumentos que possibilitam à por essas três subcaracterísticas. A ausência de uma ou mais
Administração cumprir com sua finalidade, contudo, devem implica em excesso de poder, que resulta em
ser utilizados dentro das normas e princípios legais que o responsabilização.
regem.
Vale ressaltar que o administrador deve zelar pelo dever No Direito Administrativo vigora o princípio da estrita
de agir, dever de probidade, dever de prestar contas e o dever legalidade, determinando que o agente público só atue nas
de pautar seus serviços com eficiência. Vejamos: formas e nos casos em que a lei permite. Já na maior parte dos
outros ramos do direito, a pessoa pode fazer tudo o que a lei
- Dever de Agir: O administrador público tem o dever de não proíba, mas em Direito Administrativo, o servidor só
agir, ele tem por obrigação exercitar esse poder em benefício poderá fazer o que a lei autoriza. Em suma, agir dentro dos
da comunidade. Esse poder é irrenunciável. limites da lei significa estar de acordo com a necessidade,
proporcionalidade e adequação.
- Dever de Probidade: A Administração poderá invalidar
o ato administrativo praticado com lesão aos bens e interesses Espécies de poderes
públicos. A probidade é elemento essencial na conduta do
agente público necessária à legitimidade do ato Poder Hierárquico: a Administração Pública é
administrativo. O administrador ao desempenhar suas hierarquizada, ou seja, existe um escalonamento de poderes
atividades deve atuar em consonância com os princípios da entre as pessoas e órgãos. É pelo poder hierárquico que, por
moralidade e da honestidade. É um tipo de dever pautado na exemplo, um servidor está obrigado a cumprir ordem
ética e moral. Em contrapartida, a improbidade relaciona-se ao emanada de seu superior desde que não sejam
ato praticado pelo administrador que importa enriquecimento manifestamente ilegais. É também esse poder que autoriza a
ilícito; lesão ao erário; ato decorrente de concessão ou delegação, a avocação, etc.
aplicação indevida de benefício financeiro ou tributário e aos O direito positivo define as atribuições dos órgãos
atos que atenta contra os princípios da administração pública. administrativos, cargos e funções, de forma que haja harmonia
As sanções pelo ato de improbidade administrativa são: e unidade de direção.
a) suspensão dos direitos políticos; Percebam que o poder hierárquico vincula superior e
b) perda da função pública; subordinados dentro do quadro da Administração Pública.
c) indisponibilidade dos bens. Quando a organização administrativa corresponda a
aumento de despesa será de competência do Presidente da
- Dever de Prestar Contas: É dever de todo administrador República e quando acarretar aumento de despesa será
público prestar contas em decorrência da gestão de bens e matéria de lei de iniciativa do Presidente da República.
interesses alheios, nesse caso, de bens e interesses coletivos.
Compete ainda a Administração Pública:
- Dever de Eficiência: Cabe ao agente público realizar suas
atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional. a. editar atos normativos (resoluções, portarias,
instruções), que tenham como objetivo ordenar a atuação dos
Características e Subcaracterísticas dos Poderes órgãos subordinados, pois refere-se a atos normativos que
Administrativos geram efeitos internos e não devem se confundir com os
regulamentos, por serem decorrentes de relação
Características hierarquizada, não se estendendo as pessoas estranhas;
a) obrigatoriedade: o administrador deve exercer os
poderes obrigatoriamente, ou seja, o poder não tem o exercício b. dar ordens aos subordinados, com o dever de
facultativo, não cabe ao administrador exercer juízo de valor obediência, salvo para os manifestamente ilegais;
sobre o exercício ou não do poder;
b) irrenunciabilidade: se o administrador tem o dever de c. controlar a atividade dos órgãos inferiores, com o
exercer o poder, ele não pode renunciá-lo. Destacando que, se objetivo de verificar a legalidade de seus atos e o cumprimento
a Administração Pública deixar de exercê-lo haverá de suas obrigações, permitindo anular os atos ilegais ou
responsabilização por parte do agente público; revogar os inconvenientes, seja ex officio ou por provocação
c) limitação legal: embora seja um poder irrenunciável e dos interessados, através dos recursos hierárquicos.
seu exercício seja obrigatório, o administrador deve agir
dentro dos limites legais, cumprir exatamente com o que a lei d. aplicar sanções em caso de cometimento de infrações
determina, sob pena de ser responsabilizado. disciplinares;

Subcaracterísticas e. avocar atribuições, caso não sejam de competência


a) Necessidade: o administrador deve, antes de agir, exclusiva do órgão subordinado;
verificar se o ato é realmente necessário.
Ex.: 1º Determinada escola não cumpre com as regras de f. delegação de atribuições que não lhe sejam privativas.
acessibilidade. É necessário fechá-la por isso? Cidade X fará
aniversário e a prefeitura realizará festa comemorativa. É Podemos perceber que a relação hierárquica é acessória da
necessário contratar cantor famoso? organização administrativa, é permitida a distribuição de

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competências dentro da organização administrativa, retirando 03. (MPOG - Atividade Técnica – FUNCAB). Delegação e
a relação hierárquica com relação a determinadas atividades. avocação são institutos relacionados ao poder interno e
Exemplo: quando a própria lei atribui urna competência, com permanente da Administração Pública denominada:
exclusividade, a alguns órgãos administrativos, (A) disciplinar.
principalmente os colegiados, excluindo a influência de órgãos (B) restritivo.
superiores. (C) policial.
(D) consultivo.
Segundo Mário Masagão (1968 : 55), a relação hierárquica (E) hierárquico.
caracteriza-se da seguinte maneira :
04. (Câmara Municipal de Caruaru/ PE - Analista
a) é uma relação estabelecida entre órgãos, de forma Legislativo – FGC). A Administração Pública escalona, em
necessária e permanente; plano vertical, seus órgãos e agentes com o objetivo de
b) que os coordena; organizar a função administrativa, por meio do poder
c) que os subordina uns aos outros; (A) disciplinar.
d) e gradua a competência de cada um. (B) de polícia.
(C) regulamentar.
Com base nestas peculiaridades, poder hierárquico pode (D) hierárquico.
ser definido como o vínculo que subordina uns aos outros (E) vinculado.
órgãos do Poder Executivo, ponderando a autoridade de cada
um. Gabarito

Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, em sua obra 01. A/ 02.B/ 03.E/ 04.D
Direito Administrativo, editora: Atlas, São Paulo, 2014.
Poder Disciplinar: para que a Administração possa
“Nos Poderes Judiciário e Legislativo não existe hierarquia organizar-se é necessário que haja a possibilidade de aplicar
no sentido de relação de coordenação e subordinação, no que sanções aos agentes que agem de forma ilegal. A aplicação de
diz respeito às suas funções institucionais. No primeiro, há sanções para o agente que infringiu norma de caráter
uma distribuição de competências entre instâncias, mas uma funcional é exercício do poder disciplinar. Não se trata aqui de
funcionando com independência em relação à outra; o juiz da sanções penais e sim de penalidades administrativas como
instância superior não pode substituir-se ao da instância advertência, suspensão, demissão, entre outras.
inferior, nem dar ordens ou revogar e anular os atos por este Estão sujeitos às penalidades os agente públicos quando
praticados. praticarem infração funcional, que é aquela que se relaciona
Com a aprovação da Reforma do Judiciário pela Emenda com a atividade desenvolvida pelo agente.
Constitucional nº 45/2004, cria-se uma hierarquia parcial Acima vimos que a aplicação de sanção é ato discricionário,
entre o STF e todos os demais órgãos do Poder Judiciário, uma ou seja, cabe ao administrador público verificar qual a sanção
vez que suas decisões sobre matéria constitucional, quando mais oportuna e conveniente para ser aplicada ao caso
aprovadas como súmulas, nos termos do artigo 103-A, concreto. Para tanto ele deve considerar as atenuantes e as
introduzido na Constituição, terão efeito vinculante para agravantes, a natureza e a gravidade da infração, bem como os
todos. O mesmo ocorrerá com as decisões definitivas prejuízos causados e os antecedentes do agente público.
proferidas em ações diretas de inconstitucionalidade e nas É necessário que a decisão de aplicar ou não a sanção seja
ações declaratórias de constitucionalidade de lei ou ato motivada para que se possa controlar sua regularidade.
normativo federal ou estadual (art. 102, § 2º). No Legislativo,
a distribuição de competências entre Câmara e Senado Questões
também se faz de forma que haja absoluta independência
funcional entre uma e outra Casa do Congresso.” 01. (MPE/RN -Técnico do Ministério Público Estadual
– COMPERVE/2017). Os poderes inerentes à Administração
Questões Pública são necessários para que ela sobreponha a vontade da
lei à vontade individual, o interesse público ao privado. Nessa
01. (ANS -Técnico em Regulação de Saúde Suplementar perspectiva,
– FUNCAB/2016). No tocante aos poderes administrativos (A) no exercício do poder disciplinar, são apuradas
pode-se afirmar que a delegação e avocação decorrem do infrações e aplicadas penalidades aos servidores públicos
poder: sempre por meio de procedimento em que sejam asseguradas
(A) hierárquico. a ampla defesa e o contraditório.
(B) discricionário. (B) no exercício do poder normativo, são editados decretos
(C) disciplinar. regulamentares estabelecendo normas ultra legem, inovando
(D) regulamentar. na ordem jurídica para criar direitos e obrigações.
(E) de polícia. (C) o poder de polícia, apesar de possuir o atributo da
coercibilidade, carece do atributo da autoexecutoriedade, de
02. (MJ - Gerente de Projetos em Tecnologia da modo que a Administração Pública deve sempre recorrer ao
Informação – FUNCAB). São poderes cujo exercício tem judiciário para executar suas decisões.
efeitos apenas no âmbito interno da Administração Pública: (D) o poder conferido à Administração Pública é uma
(A) hierárquico e regulamentar. faculdade que a Constituição e a lei colocam à disposição do
(B) hierárquico e disciplinar. administrador, que o exercerá de acordo com sua livre
(C) disciplinar e regulamentar. convicção.
(D) regulamentar e de polícia.
(E) disciplinar e de polícia.

Fundamentos de Administração Pública 115


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02. (PC/PE - Delegado de Polícia – CESPE/2016). Acerca administrativos e, como tal, encontram-se em posição de
dos poderes e deveres da administração pública, assinale a inferioridade diante da lei, sendo-lhes vedado criar obrigações
opção correta. de fazer ou deixar de fazer aos particulares, sem fundamento
(A) A autoexecutoriedade é considerada exemplo de abuso direto na lei. É isso que prega o art. 5º, II, da CF.
de poder: o agente público poderá impor medidas coativas a Sua função específica é estabelecer detalhamentos quanto
terceiros somente se autorizado pelo Poder Judiciário. ao modo de aplicação de dispositivos legais, dando maior
(B) À administração pública cabe o poder disciplinar para concretude, no âmbito interno da Administração Pública, aos
apurar infrações e aplicar penalidades a pessoas sujeitas à comandos gerais e abstratos presentes na legislação.
disciplina administrativa, mesmo que não sejam servidores É comum encontrar na doutrina a afirmação de que
públicos. decretos e regulamentos são atos administrativos gerais e
(C) Poder vinculado é a prerrogativa do poder público para abstratos. A assertiva, no entanto, contém uma simplificação.
escolher aspectos do ato administrativo com base em critérios Normalmente esses dois atributos estão presentes. São
de conveniência e oportunidade; não é um poder autônomo, atos gerais porque se aplicam a um universo indeterminado de
devendo estar associado ao exercício de outro poder. destinatários. O caráter abstrato relaciona-se com a
(D) Faz parte do poder regulamentar estabelecer uma circunstância de incidirem sobre quantidade indeterminada
relação de coordenação e subordinação entre os vários órgãos, de situações concretas, não se esgotando com a primeira
incluindo o poder de delegar e avocar atribuições. aplicação. No entanto, existem casos raros em que os atos
(E) O dever de prestar contas aos tribunais de contas é regulamentares são gerais e concretos, como ocorre com os
específico dos servidores públicos; não é aplicável a dirigente regulamentos revogadores expedidos com a finalidade
de entidade privada que receba recursos públicos por específica de extinguir ato normativo anterior.
convênio. Trata-se, nessa hipótese, de ato geral e concreto porque se
esgota imediatamente após cumprir a tarefa de revogar o
03. (MPOG - Atividade Técnica – FUNCAB) A aplicação regulamento pretérito.
da penalidade de demissão a um servidor público exemplifica
o exercício de um dos poderes da Administração Pública. O A competência regulamentar é privativa dos Chefes do
referido poder denomina-se Executivo e, em princípio, indelegável. Tal privatividade,
(A) de polícia. enunciada no art. 84, caput, da Constituição Federal, é coerente
(B) disciplinar. com a regra prevista no art. 13, I, da Lei nº 9.784/99, segundo
(C) hierárquico. a qual não pode ser objeto de delegação a edição de atos de
(D) regulamentar. caráter normativo. Entretanto, o parágrafo único do art. 84 da
(E) delegatório. Constituição Federal prevê a possibilidade de o Presidente da
República delegar aos Ministros de Estado, ao Procurador-
Gabarito Geral da República ou ao Advogado-Geral da União a
01.A/ 02. B/ 03.B competência para dispor, mediante decreto, sobre:
A- organização e funcionamento da administração federal,
Poder Regulamentar ou Poder Normativo: é o poder que quando não implicar aumento de despesa nem criação ou
tem os chefes do Poder Executivo de criar regulamentos, de extinção de órgãos públicos; e
dar ordens, de editar decretos. São normas internas da B- extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.
Administração. Deve-se considerar as hipóteses do art. 84, parágrafo
único, da CF, como os únicos casos admitidos de delegação de
É o poder conferido aos Chefes do Executivo para editar competência regulamentar.
decretos e regulamentos com a finalidade de oferecer fiel Cabe destacar que as agências reguladoras são legalmente
execução à lei. Temos como exemplo a seguinte disposição dotadas de competência para estabelecer regras disciplinando
constitucional (art. 84, IV, CF/88): os respectivos setores de atuação. É o denominado poder
normativo das agências.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Tal poder normativo tem sua legitimidade condicionada ao
República: cumprimento do princípio da legalidade na medida em que os
[...] atos normativos expedidos pelas agências ocupam posição de
IV – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como inferioridade em relação à lei dentro da estrutura do
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução. ordenamento jurídico.
Além disso, convém frisar que não se trata tecnicamente de
De acordo com Alexandre Mazza19, o poder regulamentar competência regulamentar porque a edição de regulamentos é
decorre do poder hierárquico e consiste na possibilidade de os privativa do Chefe do Poder Executivo (art. 84, IV, da CF). Por
Chefes do Poder Executivo editarem atos administrativos isso, os atos normativos expedidos pelas agências reguladoras
gerais e abstratos, ou gerais e concretos, expedidos para dar nunca podem conter determinações, simultaneamente, gerais
fiel execução à lei. e abstratas, sob pena de violação da privatividade da
O poder regulamentar enquadra-se em uma categoria mais competência regulamentar.
ampla denominada poder normativo, que inclui todas as Portanto, é fundamental não perder de vista dois limites ao
diversas categorias de atos gerais, tais como: regimentos, exercício do poder normativo decorrentes do caráter
instruções, deliberações, resoluções e portarias. infralegal dessa atribuição:
O fundamento constitucional da competência A- os atos normativos não podem contrariar regras fixadas
regulamentar é o art. 84, IV, acima descrito na legislação ou tratar de temas que não foram objeto de lei
Embora frequentemente confundidos, o conceito de anterior;
decreto não é exatamente igual ao de regulamento: aquele B- é vedada a edição, pelas agências, de atos
constitui uma forma de ato administrativo; este representa o administrativos gerais e abstratos.
conteúdo do ato. Decreto é o veículo introdutor do
regulamento. O certo é que decretos e regulamentos são atos

19 MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. Ed. Saraiva. 4ª

edição. 2014.

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Questões 04. (TRT - 8ª Região (PA e AP) - Técnico Judiciário –


CESPE/2016). Assinale a opção correta, a respeito dos
01. (PC/AC - Escrivão de Polícia Civil – IBADE/2017). poderes da administração.
Considerando os Poderes e Deveres da Administração Pública (A) A autoexecutoriedade inclui-se entre os poderes da
e dos administradores públicos, é correta a seguinte administração
afirmação: (B) A existência de níveis de subordinação entre órgãos e
(A) O dever-poder normativo viabiliza que o Chefe do agentes públicos é expressão do poder discricionário
Poder Executivo expeça regulamentos para a fiel execução de (C) Poder disciplinar da administração pública e poder
leis. punitivo do Estado referem-se à repressão de crimes e
(B) O dever-poder de polícia, também denominado de contravenções tipificados nas leis penais.
dever-poder disciplinar ou dever-poder da supremacia da (D) O poder regulamentar refere-se às competências do
administração perante os súditos, é a atividade da chefe do Poder Executivo para editar atos administrativos
administração pública que, limitando ou disciplinando direito, normativos.
interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de (E) O poder de polícia não se inclui entre as atividades
fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à estatais administrativas.
higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes 05. (TRE/RR - Técnico Judiciário – FCC). A edição de atos
de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade normativos de efeitos internos, com o objetivo de ordenar a
pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais atuação dos órgãos subordinados decorre do poder
ou coletivos. (A) disciplinar.
(C) Verificado que um agente público integrante da (B) regulamentar.
estrutura organizacional da Administração Pública praticou (C) hierárquico.
uma infração funcional, o dever-poder de polícia autoriza que (D) de polícia.
seu superior hierárquico aplique as sanções previstas para (E) normativo.
aquele agente.
(D) O dever-poder de polícia pressupõe uma prévia relação Gabarito
entre a Administração Pública e o administrado. Esta é a razão
pela qual este dever-poder possui por fundamento a 01.A/ 02.A/ 03.B/ 04. D/ 05. C.
supremacia especial.
(E) A possibilidade do chefe de um órgão público emitir Poder de Polícia: é o poder conferido à Administração
ordens e punir servidores que desrespeitem o ordenamento para condicionar, restringir, frenar o exercício de direitos e
jurídico não possui arrimo no dever-poder de polícia, mas sim atividades dos particulares em nome dos interesses da
no dever-poder normativo. coletividade. Ex: fiscalização.
Será considerado originário, o Poder de Polícia exercido
02. (Prefeitura de Rio de Janeiro/ RJ - Administrador - pelas pessoas políticas do Estado, como é o caso da União,
Prefeitura do Rio de Janeiro – RJ/2016). Ao editar leis, o Estados e municípios. Por sua vez o poder delegado é aquele
Poder Legislativo nem sempre possibilita que elas sejam exercido pelas pessoas pertencentes a Administração Indireta.
executadas. Cumpre, então, à Administração criar os Estes recebem o poder e o executam.
mecanismos de complementação das leis indispensáveis a sua
efetiva aplicabilidade. Essa atividade é definida pela doutrina O art. 78 do Código Tributário Nacional assim conceitua
como base do exercício do poder: poder de polícia:
(A) regulamentar Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da
(B) hierárquico administração pública que, limitando ou disciplinando direito,
(C) disciplinar interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de
(D) vinculado fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à
higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
03. (PC/PA - Escrivão de Polícia Civil – FUNCAB/2016). mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de
No que se refere aos poderes da Administração Pública, é concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade
correto afirmar que: pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais
(A) praticado o ato por autoridade, no exercício de ou coletivos.
competência delegada, contra a autoridade delegante caberá Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder
mandado de segurança, ou outra medida judicial, por ser de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos
detentora da competência originária. limites da lei aplicável, com observância do processo legal e,
(B) o Poder regulamentar deverá ser exercido nos limites tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária,
legais, sem inovar no ordenamento jurídico, expedindo sem abuso ou desvio de poder.
normas gerais e abstratas, permitindo a fiel execução das leis, O que autoriza o Poder Público a condicionar ou restringir
minudenciando seus termos. o exercício de direitos e a atividade dos particulares é a
(C) o Poder Hierárquico é o escalonamento vertical típico supremacia do interesse público sobre o interesse particular.
da administração direta. Desta forma, a aplicação de uma O poder de polícia se materializa por atos gerais ou atos
penalidade pelo poder executivo da União a uma individuais.
concessionária de serviço público é uma forma de Ato geral é aquele que não tem um destinatário específico
manifestação deste Poder. (Exemplo: Ato que proíbe a venda de bebidas alcoólicas a
(D) tanto a posição da doutrina, quanto da jurisprudência menores – atinge todos os estabelecimentos comerciais).
são pacíficas sobre a possibilidade de edição dos regulamentos Ato individual é aquele que tem um destinatário específico
autônomos, mesmo quando importarem em aumento de (Exemplo: Autuação de um estabelecimento comercial
despesas. específico por qualquer motivo de irregularidade, por
(E) decorre do Poder Hierárquico a punição de um aluno exemplo, segurança).
de uma universidade pública pelo seu reitor, uma vez que este O poder de polícia poderá atuar inclusive sobre o direito
é o chefe da autarquia educacional, sendo competência dele a da livre manifestação do pensamento. Poderá retirar
punição dos alunos faltosos. publicações de livros do mercado ou alguma programação das

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emissoras de rádio e televisão sempre que estes ferirem tomada é adequada de fato para conter o dano. Se o ato de
valores éticos e sociais da pessoa e da família (Exemplo: Livros polícia é realmente razoável e não arbitrário.
que façam apologia à discriminação racial, programas de Portanto, com os limites impostos à discricionariedade, o
televisão que explorem crianças, etc.). que se pretende é vedar qualquer manifestação de
Os meios de atuação da Administração no exercício do arbitrariedade por parte do agente do poder de polícia. A
poder de polícia compreendem os atos normativos que intenção não é extinguir os direitos individuais com as
estabelecem limitações ao exercício de direitos e atividades medidas administrativas referentes ao poder de polícia, dada
individuais e os atos administrativos consubstanciados em a ordem jurídica de Estado Democrático de Direito, pelo que
medidas preventivas e repressivas, dotados de coercibilidade. aplicar-se-ão os princípios da necessidade, proporcionalidade,
A competência surge como limite para o exercício do poder eficácia e razoabilidade. Dever-se-á, portanto, ponderar em
de polícia. Quando o órgão não for competente, o ato não será todo exercício de poder de polícia os princípios
considerado válido. administrativos, especialmente, os princípios da necessidade,
O limite do poder de atuação do poder de polícia não da proporcionalidade e da eficácia.
poderá divorciar-se das leis e fins em que são previstos, ou
seja, deve-se condicionar o exercício de direitos individuais em Extensão
nome da coletividade. Neste pensamento podemos indagar o
seguinte, poder de polícia pode ser exercido por meio de atos Assim ensina Hely Lopes Meirelles:
vinculados ou de atos discricionários, neste caso quando “A extensão do poder de polícia é hoje muito ampla,
houver certa margem de apreciação deixada pela lei. abrangendo desde a proteção à moral e aos bons costumes, a
preservação da saúde pública, a censura de filmes e
Limites20 espetáculos públicos, o controle das publicações, a segurança
das construções e dos transportes, a manutenção da ordem
Mesmo que o ato de polícia seja discricionário, a lei impõe pública em geral, até à segurança nacional em particular. Daí,
alguns limites quanto à competência, à forma, aos fins ou ao encontramos nos Estados modernos, a polícia de costumes, a
objeto. polícia sanitária, a polícia das águas e da atmosfera, a polícia
Quanto à competência e procedimento (forma), observa-se florestal, a polícia rodoviária, a policia de trânsito, a polícia das
as normas legais pertinentes, a lei. construções, a polícia dos meios de comunicação e divulgação,
Já em relação aos fins, o poder de polícia só deve ser a polícia política e social, a polícia da economia popular, e
exercido para atender ao interesse público. A autoridade que outras que atuam sobre as atividades individuais que afetam
fugir a esta regra incidirá em desvio de poder e acarretará a ou possam afetar os superiores interesses da coletividade, a
nulidade do ato com todas as consequências nas esferas civil, que incumbe o Estado velar e proteger. Onde houver interesse
penal e administrativa. O fundamento do poder de polícia é a relevante da comunidade ou da Nação, deve haver,
predominância do interesse público sobre o particular, logo, correlatamente, igual poder de polícia para a proteção desse
torna-se escuso qualquer benefício em detrimento do interesse público. É a regra sem exceção”.
interesse público.
Enquanto que o objeto (meio de ação), deve-se considerar Liberdades públicas e o poder de polícia: estes se
o princípio da proporcionalidade dos meios aos fins. O poder referem aos atributos do poder de polícia, quais sejam:
de polícia não deve ir além do necessário para a satisfação do
interesse público que visa proteger; a sua finalidade é Quanto aos atributos do poder de polícia, é certo que
assegurar o exercício dos direitos individuais, condicionando- busca-se garantir a sua execução e a prioridade do interesse
os ao bem-estar social; só poderá reduzi-los quando em público. São eles: discricionariedade, autoexecutoriedade e
conflito com interesses maiores da coletividade e na medida coercibilidade.
estritamente necessária á consecução dos fins estatais.
Para os executores dos atos de polícia, pode não ser fácil o Discricionariedade: A Administração Pública goza de
estabelecimento das linhas divisórias entre a liberdade para estabelecer, de acordo com sua conveniência e
discricionariedade e a arbitrariedade. Mister se faz que os oportunidade, quais serão os limites impostos ao exercício dos
executores dos atos de polícia tenham treinamento adequado, direitos individuais e as sanções aplicáveis nesses casos.
com bons conhecimentos dos direitos dos cidadãos, para se Também confere a liberdade de fixar as condições para o
aterem aos limites legais do poder de polícia, e não adotarem exercício de determinado direito.
a arbitrariedade. No entanto, a partir do momento em que são fixadas essa
Um freio eficiente para deter a arbitrariedade é o bom limites com sua posteriores sanções, a Administração será
senso nos atos de polícia. Bom senso na verificação dos obrigada a cumpri-las, ficando dessa maneira com seus atos
resultados de cada atitude. Bom senso na aplicação da vinculados.
coercitividade. Deve-se manter a proporcionalidade entre a Por exemplo: fixar o limite de velocidade para transitar nas
infração e o ato coercitivo, para não se extrapolar os limites vias públicas.
estabelecidos. É o caso do emprego da quando desnecessário.
Ou de não empregá-la quando imprescindível. Por isso, faz-se Autoexecutoriedade: Não é necessário que o Poder
mister que o agente do ato policial tenha domínio da Lei. Judiciário intervenha na atuação da Administração Pública. No
Com efeito, nada mais danoso à convivência social do que entanto, essa liberdade não é absoluta, pois compete ao Poder
um agente do policial indo de encontro ao bem comum e às Judiciário o controle desse ato.
limitações da Lei. Porque, além da disfunção pelo mau uso das Somente será permitida a autoexecutoriedade quando esta
prerrogativas, há ainda uma prática contrária ao bem comum, for prevista em lei, além de seu uso para situações
que deve ser justamente oprimida por tal agente. emergenciais, em que será necessária a atuação da
Deve-se, pois, se pensar o ato de polícia a partir da Administração Pública.
necessidade, se é de fato necessária para cessar a ameaça ou Vale lembrar que a administração pública pode executar,
não. Se o ato de polícia é justo e se há uma proporção entre o por seus próprios meios, suas decisões, prescindindo (não
dano a ser evitado e o limite ao direito individual. Se a medida precisa) de autorização judicial.

20 http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8930

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Coercibilidade: Limita-se ao princípio da Gabarito


proporcionalidade, na medida que for necessária será 01.A/ 02.A/ 03.A/ 04. C
permitido o uso da força par cumprimento dos atos. A
coercibilidade é um atributo que torna obrigatório o ato
praticado no exercício do poder de polícia, 10. Responsabilidade civil
independentemente da vontade do administrado.
do Estado no direito brasileiro
Uso e Abuso De Poder (responsabilidade por ato
comissivo do Estado;
Sempre que a Administração extrapolar os limites dos
poderes aqui expostos, estará cometendo uma ilegalidade. A Responsabilidade por omissão
ilegalidade traduz o abuso de poder que, por sua vez, pode ser do Estado).
punido judicialmente.
O abuso de poder pode gerar prejuízos a terceiros, caso em
que a Administração será responsabilizada. Todos os Poderes
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO DIREITO
Públicos estão obrigados a respeitar os princípios e as normas
BRASILEIRO
constitucionais, qualquer lesão ou ameaça, outorga ao lesado
a possibilidade do ingresso ao Poder Judiciário.
Por muito tempo o Estado não foi civilmente responsável
A responsabilidade do Estado se traduz numa obrigação,
por seus atos, estávamos na era do Absolutismo em que o Rei
atribuída ao Poder Público, de compor os danos patrimoniais
era a figura suprema e, por isso, concentrava todo o poder em
causados a terceiros por seus agentes públicos tanto no
suas mãos. A figura do rei era indissociável da figura do Estado
exercício das suas atribuições quanto agindo nessa qualidade.
e, em várias civilizações seu poder supremo era fundamentado
na vontade de Deus, por isso não se cogitava em
Questões
responsabilizá-lo. Essa é a teoria da irresponsabilidade do
Estado.
01. (CFESS - Assistente Técnico Administrativo –
Contudo, o funcionário do rei poderia ser responsabilizado
CONSULPLAN/2017). Quando a Administração Pública aplica
quando o ato lesivo tivesse relação direta com seu
penalidade de cassação da carteira de motorista ao particular
comportamento.
que descumpre as regras de direção de veículos configura-se o
Somente no século XIX passou a se admitir a
exercício do poder
responsabilidade subjetiva do Estado. Esse tipo de
(A) de polícia.
responsabilidade demanda uma análise sobre a intenção do
(B) disciplinar.
agente pois, sem essa não se fala em responsabilidade. Assim,
(C) ordinatório.
por essa teoria, somente se responsabiliza o sujeito que age
(D) regulamentar
com dolo ou culpa.
Dado à ineficiência desse tipo de responsabilização surgiu
02. (IF/BA - Assistente em Administração –
a teoria da responsabilidade objetiva que despreza a culpa,
FUNRIO/2016). O poder de polícia tem atributos específicos
logo, haverá responsabilidade quando houver dano, ilícito e
e peculiares ao seu exercício, sendo eles:
nexo causal.
(A) discricionariedade, autoexecutoriedade e
Nexo causal é o liame subjetivo que une o dano ao ilícito,
coercibilidade.
ou seja, à conduta.
(B) imperatividade, direção e coercibilidade.
Agora lhe pergunto... Você sabe me dizer onde ocorreu
(C) objetividade, imperatividade e autoexecutoriedade.
o primeiro caso de responsabilidade civil do Estado?
(D) exclusividade, coercibilidade e objetividade.
Foi na França, quando um vagão ferroviário atingiu uma
(E) discricionariedade, tempestividade e direção.
garota, sendo que esse caso ficou conhecido como caso
“Blanco”. Esse fato acabou comovendo a sociedade francesa e
03. (Prefeitura de Curitiba/PR - Procurador – UFPR).
o Estado sofreu a responsabilização pelo dano causado.
Sobre o poder de polícia, é correto afirmar:
O estado, nessa época, agia apenas quando houvesse
(A) Um dos fundamentos do poder de polícia é o princípio
previsão legal específica para responsabilidade.
da supremacia do interesse público sobre o particular.
Desde os tempos do Império que a Legislação Brasileira
(B) O poder de polícia é uma das manifestações subjetivas
prevê a reparação dos danos causados a terceiros pelo
da Administração Pública.
Estado, por ação ou omissão dos seus agentes. Problemas de
(C) O princípio da proporcionalidade é um dos limites
omissão, abuso no exercício de função e outros tipos de falhas
impostos ao exercício do poder de polícia, porém a ele (poder
sempre existiram no serviço público, o que é perfeitamente
da polícia) não se aplica o princípio da motivação, por ser uma
plausível dadas as características da Administração Pública,
atividade de cunho discricionário.
tanto do ponto de vista da sua complexidade quanto do seu
(D) São características do poder de polícia a coercibilidade,
gigantismo.
a autoexecutoriedade e a eficácia, esta considerada como a
No Brasil, surgiu a criação do Tribunal de Conflitos, em
relação entre o direito individual e o dano a ser prevenido.
1.873, passando a evoluir à Responsabilidade Subjetiva.
(E) A competência do agente, por se situar no plano da
Quando falamos em responsabilidade extracontratual,
eficácia da medida de polícia, deve ser observada, sob pena de
devemos pensar que será excluída a responsabilidade
ilegalidade da atuação administrativa.
contratual, pois será regida por princípios próprios
As Constituições de 1824 (art. 179) e de 1891 (art. 82), já
04. (Prefeitura de Rio Grande da Serra/ SP -
previam a responsabilização dos funcionários públicos por
Procurador – IMES). São características inerentes ao poder
abusos e omissões no exercício de seus cargos. Mas a
de polícia da Administração Pública:
responsabilidade era do funcionário, vingando até aí, a teoria
(A) legalidade, impessoalidade e facultatividade.
da irresponsabilidade do Estado.
(B) moralidade, coatividade e proporcionalidade.
Durante a vigência das Constituições de 1934 e 1937
(C) autoexecutoriedade, discricionariedade e
passou a vigorar o princípio da responsabilidade solidária,
coercibilidade.
por ele o lesado podia mover ação contra o Estado ou contra o
(D) eficiência, imperatividade e derrogabilidade.
servidor, ou contra ambos, inclusive a execução.

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O Código Civil de 1916, em seu art. 15, já tratava do O contrato gera responsabilidades e as partes contratantes
assunto, a saber: “As pessoas jurídicas de direito público são reconhece essa obrigação a ser cumprida, sob pena de
civilmente responsáveis por atos dos seus representantes que responder juridicamente, seja por responsabilidade civil
nessa qualidade causem danos a terceiros, procedendo de modo subjetiva ou objetiva.
contrário ao direito ou faltando a dever prescrito por lei, salvo o Eis o entendimento de Lissandra de Ávila Lopes:
direito regressivo contra os causadores do dano”. A responsabilidade pré-contratual também chamada de
Entretanto, a figura da responsabilidade direta ou solidária culpa in contrahendo, é a fase que precede a verdadeira
do funcionário desapareceu com o advento da Carta de 1946, celebração do contrato e pode ser dividida de duas maneiras:
que adotou o princípio da responsabilidade objetiva do a discussão pura e simples das premissas do futuro contrato;
Estado, com a possibilidade de ação regressiva contra o momento de profunda negociação que possibilita o início de
servidor no caso de culpa. Note-se que, a partir da Constituição um contrato preliminar, por meio da fixação antecipada das
de 1967 houve um alargamento na responsabilização das bases do contrato final, obrigando apenas os promitentes
pessoas jurídicas de direito público por atos de seus contratantes a outorgarem a escritura definitiva conforme o
servidores. Saiu a palavra interno, passando a alcançar tanto previamente decidido no contrato inicial. No primeiro caso,
as entidades políticas nacionais, como as estrangeiras. tem-se as suposições, os pactos preparatórios; no segundo,
Esse alargamento ampliou-se ainda mais com a existe uma conjuntura contratual definitiva, mesmo que a sua
Constituição de 1988, que estendeu a responsabilidade civil finalidade seja um contrato futuro.
objetiva às pessoas jurídicas de direito privado, prestadoras de
serviços públicos, os não essenciais, por concessão, permissão O Código Civil, contempla em seus artigos 421 e 422:
ou autorização. Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e
nos limites da função social do contrato.
Os tipos de responsabilidade civil Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na
conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de
A responsabilidade civil pode demonstrar-se de diversas probidade e boa-fé.
formas, espécies e tipos e podem ser subjetiva, objetiva, pré-
contratual, contratual, pós-contratual e extracontratual. O dano pré e pós-contratual, decorrem de um dever de
comportamento ligado à figura dos sujeitos do contrato, que é
A. Subjetiva: A responsabilidade subjetiva difere-se da regido pelo princípio da boa –fé.
responsabilidade objetiva com relação à forma, em ambas é D. Contratual e Extracontratual: A responsabilidade
exigido a reparação e indenização do dano causado, contratual decorre da inexecução de um contrato, unilateral ou
diferenciando-se com relação à existência ou não de culpa por bilateral, ou seja, foi quebrado o acordo de vontade entre as
parte do agente que tenha causado dano à vítima. partes, o que acabou causando um ilícito contratual. Esse pacto
Na responsabilidade subjetiva, o dano contra a vítima foi de vontades pode se dar de maneira tácita ou expressa, uma
causado por culpa do agente, já na responsabilidade objetiva, das partes pretende ver sua solicitação atendida e a outra, da
o fundamento está contido na teoria do risco, onde não se deve mesma forma, assume a obrigação de cumpri-la, mesmo que
provar a culpa, para que exista o dever de indenizar. seja de forma verbal.
Para que o agente repare o dano causado é necessário a A responsabilidade extracontratual relaciona-se com a
plena consciência do erro causado, caracterizando, desta prática de um ato ilícito que origine dano a outrem, sem gerar
forma o dolo ou até mesmo a culpa por negligência, vínculo contratual entre as partes, devendo a parte lesada
imprudência e imperícia. Contudo, se o dano não tiver sido comprovar além do dano a culpa e o nexo de causalidade entre
causado por dolo ou culpa do agente, compete à vítima ambos, o que é difícil de se comprovar. Irá se preocupar com a
suportar os prejuízos, como se tivessem sido causados em reparação dos danos patrimoniais.
virtude de caso fortuito ou força maior. Este tipo de responsabilidade caracteriza o estado
B. Objetiva: Na responsabilidade objetiva, o dano ocorre democrático de direito, conferindo liberdade individual em
por uma atividade lícita, que apesar deste caráter gera um face da coletividade, através de leis.
perigo a outrem, ocasionando o dever de ressarcimento, pelo A evolução da responsabilidade extracontratual do estado,
simples fato do implemento do nexo causal. Para tanto, surgiu se divide basicamente em três teorias, ou seja, teoria da
a teoria do risco para preencher as lacunas deixadas pela irresponsabilidade, teoria civilistas e teorias publicistas.
culpabilidade, permitindo que o dano fosse reparado O que ambas tem em comum é que existe a obrigação de
independente de culpa. reparar o prejuízo, ou por violação a um dever legal, ou por
Para Rui Stoco: “a doutrina da responsabilidade civil violação a um dever contratual.
objetiva, em contrapartida aos elementos tradicionais (culpa, O Código Civil distinguiu a responsabilidade contratual e
dano, vínculo de causalidade) determina que a responsabilidade extracontratual através de seus dispositivos legais:
civil assenta-se na equação binária, cujos polos são o dano e a
autoria do evento danoso. Sem considerar a imputabilidade ou Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
investigar a antijuricidade do evento danoso, o que importa, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
para garantir o ressarcimento, é a averiguação de que se outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
sucedeu o episódio e se dele proveio algum prejuízo, [...]
confirmando o autor do fato causador do dano como o Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por
responsável.”21 perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo
C. Pré-contratual: O homem é um ser social e completo e índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
devido a estas características, algumas discordâncias acabam advogado.
conflitando na sociedade, com opiniões, acordos e interesses [...]
opostos. Desta forma, para que um contrato seja firmado é Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora
necessário um etapa preliminar em que as partes acordam der causa, mais juros, atualização dos valores monetários
suas opiniões para chegar a um consenso, onde então será segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e
firmado um negócio jurídico. honorários de advogado.

21 STOCO, Rui. Responsabilidade civil e sua interpretação jurisdicional. 4. ed.


São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.

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[...] 04. (DPU - Técnico em Assuntos Educacionais –


Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar CESPE/2016). A respeito da responsabilidade civil do Estado
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. e das licitações, julgue o item subsequente.
Ao observarem os dispositivos legais supracitados, Castro e Para a configuração da responsabilidade objetiva do
Trad (2010) dizem que os arts. 186 e 927 abordam, de maneira Estado, é necessária a demonstração de culpa ou dolo do
genérica, a responsabilidade extracontratual, e os artigos 389 e agente público.
395, de forma novamente genérica, abordam a responsabilidade ( ) Certo ( ) Errado
contratual.
05. (Prefeitura de Barbacena/MG - Advogado –
Questões FCM/2016). A respeito da responsabilidade civil
extracontratual da Administração Pública, pode-se afirmar
01. (SEJUDH/MT - Psicólogo – IBADE/2017). Acerca da que
responsabilidade civil do Estado, assinale a opção correta. (A) as autarquias estão submetidas ao princípio da
(A) Será objetiva tanto em relação aos usuários do serviço responsabilidade civil subjetiva, conforme previsão da
quanto a terceiros não usuários, Constituição Federal de 1988.
(B) Na ação regressiva, o prazo prescricional será (B) na história das constituições republicanas brasileiras,
quinquenal. jamais foi acolhida a teoria do risco integral no tocante à
(C) Nos casos de morte de detentos, é subjetiva. responsabilidade civil do Estado.
(D) Incabível ação regressiva no caso de dolo e culpa do (C) a teoria francesa da faute du service ou também
agente público. denominada como falta do serviço caracteriza-se como uma
(E) Tratando-se de ato omissivo. é objetiva porque exige hipótese de responsabilidade civil objetiva.
dolo ou culpa. (D) o direito de regresso, em face do agente público
responsável pelo dano resultante em responsabilidade civil do
02. (TER/PI - Analista Judiciário – Administrativa – Estado, dá- se independentemente de existência de culpa ou
CESPE/2016). Acerca da responsabilidade civil do Estado, dolo em sua conduta, uma vez que a responsabilidade do
assinale a opção correta. agente é objetiva.
(A) Se ato danoso for praticado por agente público fora do
período de expediente e do desempenho de suas funções, a Gabarito
responsabilidade do Estado será afastada.
(B) Os danos oriundos de ato jurisdicional ensejam a 01.A/ 02.D/ 03.B/ 04. Errado/ 05.B
responsabilização direta e objetiva do juiz prolator da decisão.
(C) Em razão do princípio da supremacia do interesse Responsabilidade por ação e por omissão do estado
público, são vedados o reconhecimento da responsabilidade e
a reparação de dano extrajudicial pela administração. O dano indenizável pode ser material e/ou moral e ambos
(D) A responsabilidade objetiva de empresa podem ser requeridos na mesma ação, se preencherem os
concessionária de serviço público alcança usuários e não requisitos expostos.
usuários do serviço público. Aquele que é investido de competências estatais tem o
(E) A responsabilidade objetiva do Estado não alcança atos dever objetivo de adotar as providências necessárias e
que produzam danos aos seus próprios agentes, hipótese em adequadas a evitar danos às pessoas e ao patrimônio.
que sua responsabilidade será subjetiva. Quando o Estado infringir esse dever objetivo e,
exercitando suas competências, der oportunidades a
03. (TCE/PR - Conhecimentos Básicos – CESPE/2016). ocorrências do dano, estarão presentes os elementos
Assinale a opção correta, com referência ao tratamento necessários à formulação de um juízo de reprovabilidade
constitucional conferido à responsabilidade civil do Estado. quanto a sua conduta. Não é necessário investigar a existência
(A) A Constituição Federal de 1988 adota como regra a de uma vontade psíquica no sentido da ação ou omissão
teoria do risco administrativo, segundo a qual o Estado deve causadoras do dano.
arcar com o risco inerente às numerosas atividades que A omissão da conduta necessária e adequada consiste na
desempenha, inclusive quando a culpa do dano decorrer de materialização de vontade, defeituosamente desenvolvida.
conduta da própria vítima. Logo, a responsabilidade continua a envolver um elemento
(A) A aplicação da responsabilidade objetiva independe da subjetivo, consiste na formulação defeituosa da vontade de
verificação do elemento culpa, de modo que, demonstrados o agir ou deixar de agir.
prejuízo pelo lesado e a relação de causalidade entre a conduta Não há responsabilidade civil objetiva do Estado, mas há
estatal e a lesão sofrida, o dever de indenizar poderá ser presunção de culpabilidade derivada da existência de um
reconhecido mesmo que decorra de atos lícitos estatais. dever de diligência especial. Tanto é assim que, se a vítima
(C) Diferentemente das pessoas jurídicas de direito tiver concorrido para o evento danoso, o valor de uma
público, as quais respondem objetivamente pelos danos que eventual condenação será minimizado.
seus agentes causarem a terceiros, é subjetiva a Essa distinção não é meramente acadêmica, especialmente
responsabilidade das pessoas jurídicas de direito privado porque a avaliação do elemento subjetivo é indispensável, em
prestadoras de serviço público, em se tratando de danos certas circunstâncias, para a determinação da indenização
causados a terceiros não usuários do serviço. devida.
(D) Por se tratar de atividade exercida em caráter privado, A Constituição Federal de 1988, seguindo uma tradição
por delegação do poder público, o Estado não responde por estabelecida desde a Constituição Federal de 1946,
danos causados a terceiros por notários (tabeliães) e oficiais determinou, em seu art. 37, §6º, a responsabilidade objetiva do
de registro. Estado e responsabilidade subjetiva do funcionário.
(E) Segundo a Constituição Federal de 1988, o indivíduo Em que pese a aplicação da teoria da responsabilidade
que for condenado criminalmente em virtude de sentença que objetiva ser adotada pela Constituição Federal, o Poder
contenha erro judiciário terá direito a reparação cível, desde Judiciário, em determinados julgamentos, utiliza a teoria da
que seja demonstrada a conduta dolosa por parte do juiz da culpa administrativa para responsabilizar o Estado em casos
causa. de omissão. Assim, a omissão na prestação do serviço público
tem levado à aplicação da teoria da culpa do serviço público

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(faute du service). A culpa decorre da omissão do Estado,


quando este deveria ter agido e não agiu. Por exemplo, o Poder
Público não conservou adequadamente as rodovias e ocorreu
um acidente automobilístico com terceiros.
Com relação ao comportamento comissivo ou omissivo do
Estado, importante destacar o que dispõe MAZZA22 sobre o
tema:
Existem situações em que o comportamento comissivo de um
agente público causa prejuízo a particular. São os chamados
danos por ação. Noutros casos, o Estado deixa de agir e, devido
a tal inação, não consegue impedir um resultado lesivo. Nessa
hipótese, fala-se me dano por omissão. Os exemplos envolvem
prejuízos decorrentes de assalto, enchente, bala perdida, queda
de árvore, buraco na via pública e bueiro aberto sem sinalização
causando dano a particular. Tais casos têm em comum a
circunstância de inexistir um ato estatal causador do prejuízo.
(...)
Em linhas gerais, sustenta-se que o estado só pode ser
condenado a ressarcir prejuízos atribuídos à sua omissão
quando a legislação considera obrigatória a prática da conduta
omitida. Assim, a omissão que gera responsabilidade é aquela
violadora de um dever de agir. Em outras palavras, os danos por
omissão são indenizáveis somente quando configura omissão
dolosa ou omissão culposa. Na omissão dolosa, o agente público
encarregado de praticar a conduta decide omitir-se e, por isso,
não evita o prejuízo. Já na omissão culposa, a falta de ação do
agente público não decorre de sua intenção deliberada em
omitir-se, mas deriva da negligência na forma de exercer a
função administrativa. Exemplo: policial militar que adorme em
serviço e, por isso, não consegue evitar furto a banco privado.

Questão

01. (Prefeitura de Natal/RN - Advogado –


IDECAN/2016). Para a doutrina e jurisprudência dominantes,
a Responsabilidade Civil do Estado é subjetiva quando:
(A) Houver dano ambiental.
(B) A sua conduta for omissiva.
(C) A sua conduta for comissiva.
(D) For o caso de danos nucleares.

Gabarito

01.B.

Anotações

22 MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. Ed. Saraiva. 4ª


edição. 2014.

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POLÍTICAS CULTURAIS

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destrutivos da exploração predatória do meio ambiente e dos


valores simbólicos a ele relacionados.
Nos anos 70, por exemplo, o Brasil cresceu a patamares de
10% ao ano, mas concentrou renda, ampliou as desigualdades
sociais e conservou distâncias culturais. A década de 90, por
sua vez, foi marcada pela ampliação desses problemas em
consequência da hegemonia de ideias que privilegiaram o
mercado como meio regulador das dinâmicas de expressão
1. Conceitos e dimensões da simbólica. Hoje, no entanto, a cultura, como lugar de inovação
cultura e expressão da criatividade brasileira, apresenta-se como
parte constitutiva do novo cenário de desenvolvimento
econômico socialmente justo e sustentável.
Cultura: Expressão Simbólica, Cidadania E Economia1 A implementação do Plano Nacional de Cultura apoiará de
Com frequência, a política cultural é pensada com ênfase forma qualitativa o crescimento econômico brasileiro. Para
exclusiva nas artes consolidadas. Considerando-se que a isso, deverá fomentar a sustentabilidade de fluxos de
diversidade cultural é o maior patrimônio da população formação, produção e difusão adequados às singularidades
brasileira, no âmbito do PNC (Plano Nacional de Cultura) constitutivas das distintas linguagens artísticas e múltiplas
busca-se transcender as linguagens artísticas, sem contudo expressões culturais. Inserida em um contexto de valorização
minimizar sua importância. Uma perspectiva ampliada, que da diversidade, a cultura também deve ser vista e aproveitada
articula as diversas dimensões da cultura, ga-nhou corpo e como fonte de oportunidades de geração de ocupações
espaço na estrutura de financiamento público nos últimos produtivas e de renda e, como tal, protegida e promovida pelos
anos e é um dos pilares do Plano Nacional de Cultura. meios ao alcance do Estado.

Dimensão Simbólica
Adotando uma abordagem antropológica abrangente, o 2. Políticas culturais no
PNC retoma o sentido original da palavra cultura e se propõe a Brasil e no Ceará
“cultivar” as infinitas possibilidades de criação simbólica
expressas em modos de vida, motivações, crenças religiosas,
valores, práticas, rituais e identidades. Para desfazer relações A produção cultural de uma determinada sociedade
assimétricas e tecer uma complexa rede que estimule a engloba um número quase infinito de saberes e fazeres, e seu
diversidade, o PNC prevê a presença do poder público nos estudo exige um esforço permanente de reflexão e de análise.
diferentes ambientes e dimensões em que a cultura brasileira Qual deve ser o papel das políticas públicas no universo da
se manifesta. As políticas culturais devem reconhecer e cultura? O que são políticas públicas culturais? Na última
valorizar esse capital simbólico, por meio do fomento à sua década, foram intensificadas as discussões acerca da
expressão múltipla, gerando qualidade de vida, autoestima e responsabilidade do Estado sobre a produção cultural
laços de identidade entre os brasileiros. nacional e acerca dos princípios que devem reger a elaboração
das políticas culturais, tanto no âmbito da administração
Dimensão Cidadã federal como no dos governos locais. Tais discussões,
Os indicadores de acesso a bens e equipamentos culturais entretanto, não têm sido seguidas por estudos sistemáticos no
no Brasil refletem conhecidas desigualdades e estão entre os que diz respeito ao acompanhamento e análise da atuação
piores do mundo, mesmo se comparados aos de países em política do Estado no campo da cultura2.
desenvolvimento. Apenas uma pequena parcela da população Por política pública cultural estamos considerando um
brasileira tem o hábito da leitura. Poucos frequentam teatros, conjunto ordenado e coerente de preceitos e objetivos que
museus ou cinemas. orientam linhas de ações públicas mais imediatas no campo da
A infraestrutura cultural, os serviços e os recursos públicos cultura. A recuperação da política cultural levada a cabo por
alocados em cultura demonstram ainda uma grande um determinado governo ou em um período da história de um
concentração em regiões, territórios e estratos sociais. país pode ser realizada através do mapeamento das ações do
Populações tradicionais não estão plenamente incorporadas Estado no campo da cultura, ainda que este não as tenha
ao exercício de seus direitos culturais, uma vez que os meios elaborado ou reunido como um todo coerente, como uma
para assegurar a promoção e o resguardo de culturas política determinada. O mapeamento de tais ações deve ter
indígenas e de grupos afro-brasileiros são insuficientes. como foco os âmbitos da produção, da circulação e do consumo
O acesso universal à cultura é uma meta do Plano que se culturais.
traduz por meio do estímulo à criação artística, No caso do Estado brasileiro, podem ser destacados alguns
democratização das condições de produção, oferta de momentos nos quais foi dedicada uma atenção maior à área da
formação, expansão dos meios de difusão, ampliação das cultura. No presente trabalho, foram destacadas ações do
possibilidades de fruição, intensificação das capacidades de primeiro governo Vargas (1930-1945); de parte da gestão do
preservação do patrimônio e estabelecimento da livre Presidente Médici e do governo Geisel (ditadura militar); no
circulação de valores culturais, respeitando-se os direitos governo do Presidente Sarney e no governo Collor. O período
autorais e conexos e os direitos de acesso e levando-se em Vargas é o de estruturação formal da área da cultura e nos
conta os novos meios e modelos de difusão e fruição cultural. governos militares, especialmente o dos presidentes Médici e
Geisel, ocorre um intenso processo de renovação da ação
Dimensão Econômica pública no campo da cultura. Já no caso do governo Collor, o
Para a realização dos objetivos citados até aqui, torna-se movimento é contrário com um saldo da intervenção
imperativa a regulação das “economias da cultura”, de modo a governamental na área cultural absolutamente devastador.
evitar os monopólios comerciais, a exclusão e os impactos A seguir veremos um pequeno inventário das principais
ações do Governo Federal no campo da cultura, nos períodos

1 Plano Nacional de Cultura. Diretrizes Gerais. 2Lia Calabre. Política Cultural no Brasil: um Histórico. Fundação Casa de Rui
http://www2.cultura.gov.br/site/wp- Barbosa. http://www.cult.ufba.br/enecul2005/LiaCalabre.pdf
content/uploads/2008/10/pnc_2_compacto.pdf

Políticas Culturais 1
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anteriormente apontados, onde claramente podem ser elaborado o Plano de Ação Cultural (PAC), apresentado pela
percebidos momentos de descontinuidades no processo de imprensa da época como um projeto de financiamento de
elaboração de políticas públicas na área da cultura. eventos culturais. O plano marcou o início de uma série de
ações do Estado no campo da cultura. Segundo Sérgio Miceli:
A Área Federal de Cultura
A elaboração do que se pode chamar de políticas culturais “O PAC, por sua vez, era não apenas uma abertura de crédito,
governamentais, no Brasil, teve início durante o primeiro financeiro e político, a algumas áreas da produção oficial até
governo Vargas. Foi o tempo da construção de instituições então praticamente desassistidas pelos demais órgãos oficiais,
voltadas para setores onde o Estado ainda não atuava. O maior mas também uma tentativa oficial de degelo em relação aos
exemplo é o do campo da preservação do patrimônio material meios artísticos e intelectuais.”
com a fundação do Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (SPHAN). Tivemos ainda a regulação do O PAC abrangia o setor de patrimônio, as atividades
emprego de parte da produção cinematográfica com a criação artísticas e culturais, prevendo ainda a capacitação de pessoal.
do Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE), ou a Ocorria um processo de fortalecimento do papel Secretaria da
ampliação do mercado editorial com a formação do Instituto Cultura que continuava dentro do Ministério da Educação.
Nacional do Livro (INL). No volume sobre a Cultura Brasileira, Lançado em agosto de 1973, o plano teve como meta a
publicado junto com o Recenseamento Geral do Brasil de 1940, implementação de um ativo calendário de eventos culturais,
o governo registrava também a intenção criar um órgão de com espetáculos nas áreas de música, teatro, circo, folclore e
pesquisa estatística específico para as áreas de educação e cinema. O programa foi iniciado com o deslocamento de
cultura, além de promover várias transformações no Serviço diversos artistas através do país, como por exemplo, grupos do
Nacional de Estatística que, em 1934, se transformou em sul se apresentavam em Recife; artistas catarinenses em
Instituto Nacional de Estatística. A área da cultura estava sob Belém; músicos cariocas em Fortaleza ou amazonenses em
os cuidados do Ministério da Educação e Saúde (MES) e Florianópolis, provocando uma intensa circulação e interação
recebeu uma atenção especial na gestão do Ministro Gustavo cultural nas mais diversas regiões brasileiras.
Capanema (1934-1945). Na gestão do Ministro Ney Braga, durante o governo Geisel
Uma outra área também merecedora de atenção especial (1974-1978), foram criados novos órgãos, entre eles o
do governo Vargas foi a da radiodifusão. A primeira emissora Conselho Nacional de Direito Autoral (CNDA), o Conselho
de rádio brasileira foi ao ar em 1923, mas a legislação Nacional de Cinema, a Campanha de Defesa do Folclore
específica sobre transmissões radiofônicas somente foi Brasileiro, a Fundação Nacional de Arte (FUNARTE) e ocorreu
promulgada em 1932. O decreto lei n° 21.111 regulamentou o ainda a reformulação da Embrafilme, que havia sido criada em
setor de radiodifusão, normatizando, inclusive, questões como 1969. Para Sérgio Miceli deve se destacar o fato de o Ministro
a veiculação de publicidade, formação de técnicos, potência de Ney Braga:
equipamentos, entre outras. Entre 1945 e 1964, o grande
desenvolvimento na área cultural se deu no campo da “... inserir o domínio da cultura entre as metas da política de
iniciativa privada. O Estado não promoveu, nesse período, desenvolvimento social do governo Geisel. Foi a única vez na
ações diretas de grande vulto no campo da cultura. Em 1953, o história republicana que o governo formalizou um conjunto de
Ministério da Educação e Saúde foi desmembrado, surgindo os diretrizes para orientar suas atividades na área da cultura,
Ministérios da Saúde (MS) e o da Educação e Cultura (MEC). prevendo ainda modalidades de colaboração entre os órgãos
Este é o momento do crescimento e da consolidação dos meios federais e de outros ministérios, como por exemplo o Arquivo
de comunicação de massa o rádio e a televisão. Nacional do Ministério da Justiça e o Departamento Cultural do
O fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, permitiu o Ministério das Relações Exteriores, com secretarias estaduais e
retorno da produção de aparelhos de rádio e de equipamentos municipais de cultura, universidades, fundações culturais e
de transmissão. Ainda na década de 1940, o número de instituições privadas.”
emissoras de rádio cresceu na ordem de 100%. Na década de
1950 a televisão chegava ao Brasil. No campo da produção Em julho de 1976, em Salvador, ocorreu o Encontro
artística em geral, surgiam grupos que propunham a utilização Nacional de Cultura reunindo os Conselhos e Secretarias de
de novas linguagens, entre os movimento que se destacaram cultura de todo o país, participava também o conjunto dos
temos o Cinema Novo, a Bossa Nova, o Violão de Rua, o Grupo órgãos da área de cultura governamental tais como a TVE,
Oficina, os trabalhos de Lígia Clarck e Hélio Oiticica, entre FUNARTE, o Arquivo Nacional, o MOBRAL, entre outros -, além
vários outros. do Itamaraty e da UNESCO. O objetivo do Encontro era plantar
Com o golpe militar de 1964, o país passa a viver um as bases para a implementação de uma política integrada de
período de repressão e censura que resultou no cultura entre os diversos níveis de governo. A agenda do
desmantelamento da grande maioria dos projetos culturais em encontro foi organizada em torno de 14 temas, entre eles: a
curso. Durante o governo de Castelo Branco (1964-1967), legislação e a cultura; a defesa do patrimônio cultural, sistema
surgiu nos quadros do governo a discussão sobre a nacional de arquivos, sistema nacional de bibliotecas, sistema
necessidade da elaboração de uma política nacional de cultura, nacional de museus históricos e a integração regional da
mas não se registraram avanços. Em 1966, foi criado o cultura.
Conselho Federal de Cultura, com 24 membros indicados pelo Ainda na gestão do presidente Geisel, podemos observar
Presidente da República, que chegou a apresentar alguns que a questão da produção cultural brasileira tornara-se uma
planos de cultura para o governo, em 1968, 1969 e 1973, mas preocupação mais geral no governo, extrapolando os limites
nenhum deles foi posto em prática. Ainda em 1966, foi criado do MEC. Em 1975, fora do âmbito do MEC, teve início um
o Instituto Nacional de Cinema (INC) que incorporou o projeto que resultou na criação do Centro Nacional de
Instituto Nacional de Cinema Educativo. O novo órgão tinha Referência Cultural (CNRC). Tendo como metas principais o
como objetivo formular e executar a política governamental desenvolvimento econômico, a preservação cultural e a
relativa à produção, importação, distribuição e exibição de criação de uma identidade para os produtos brasileiros, o
filmes, ao desenvolvimento da indústria cinematográfica Ministério da Indústria e do Comércio e o Distrito Federal,
brasileira, ao seu fomento cultural e à sua promoção no assinam um convênio que prevê a formação de um grupo de
exterior. trabalho para estudar alguns aspectos e especificidades da
No governo do Presidente Médici (1969-1974), durante a cultura e do produto cultural brasileiro.
gestão do Ministro Jarbas Passarinho (1969-1973), foi

Políticas Culturais 2
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Em 1976, a partir dos resultados alcançados pelo grupo de Collor extinguiu também o próprio Ministério da Cultura,
trabalho, foi assinado um convênio entre a Secretaria de criando uma Secretaria de Cultura que teve como primeiro
Planejamento, o Ministério das Relações Exteriores, o Secretário Ipojuca Pontes que, em 1991, passou o cargo para
Ministério da Indústria e do Comércio, a Universidade de Sérgio Paulo Rouanet.
Brasília e a Fundação Cultural do Distrito Federal para a Em 1991, o governo Collor promulgou uma nova lei de
efetivação do CNRC. Entre os primeiros programas incentivo à cultura. Através de Lei n° 8.313, de 23 de dezembro
implementados pelo Centro estavam o do mapeamento da de 1991, foi instituído o Programa Nacional de Apoio à Cultura
atividade artesanal, o da história da tecnologia e da ciência no (PRONAC), que ficou conhecida como Lei Rouanet. Em termos
Brasil e alguns levantamentos socioculturais e de de ações dos governos na área da cultura, a década de 1990
documentação. O Centro Nacional de Referência Cultural foi pode ser vista como a das Leis de Incentivo à Cultura.
idealizado e dirigido Aloísio Magalhães. Em 1992, o presidente da República, Itamar Franco,
Em 1979 e 1980, sob a gestão do Ministro Eduardo recriou o Ministério da Cultura e nomeou como Ministro
Portella, ocorreu a transformação do IPHAN de Instituto em Antônio Houaiss. Em 1994, algumas das instituições extintas
Secretaria do Patrimônio Histórico Nacional, a direção do no governo Collor foram recriadas. A nova estrutura do
órgão ficou a cargo de Aloísio Magalhães. Em uma entrevista Ministério mantinha como entidades vinculadas: Fundação
em junho de 1979, Aloísio demonstrava uma preocupação com Casa de Rui Barbosa (FCRB), Fundação Nacional de Arte
a institucionalização do trabalho do CNRC, que ocorria ainda (FUNARTE), Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Fundação
fora do âmbito do MEC, afirmando que seria muito bom a Cultural Palmares (FCP) e Instituto do Patrimônio Histórico e
integração do Centro ao IPHAN. Ainda em 1979, foi criada a Artístico Nacional (IPHAN).
Fundação Nacional Pró-Memória que como um dos seus A Lei Rouanet, foi aperfeiçoada ao longo do governo do
primeiros atos incorporou o CNRC. Presidente Fernando Henrique Cardoso, tendo sido
Frente ao claro fortalecimento do setor cultural, surge promulgadas algumas regulamentações que permitiram uma
dentro da Secretaria de Cultura uma grande discussão entre maior agilidade em sua aplicação. Durante a gestão do
um grupo que apoiava a ideia da criação do Ministério de Ministro Francisco Weffort (1995-2002) o governo federal
Cultura e outro que desejava a ampliação da estrutura da diminuiu o nível dos investimentos públicos na área da
Secretaria dentro do MEC. O segundo grupo temia que a cultura, repassando para a iniciativa privada a
desvinculação do Ministério da Educação resultasse em recuo responsabilidade de decisão sobre os rumos da produção
do processo de crescimento que estava em curso. Para esse cultural.
grupo, era preferível estar em uma Secretaria forte do que em Os recursos oriundos da renúncia fiscal prevista pela Lei
um Ministério fraco. Já os que apoiavam a separação partiam são públicos, são parte do imposto de renda devido pelas
da hipótese de que esta seria a única forma de colocar a cultura empresas ao governo. A Lei permite que o setor privado que
em um lugar de destaque nas ações governamentais. decida individualmente onde esses recursos serão investidos.
Entre 1979 e 1985, ocorreu o fortalecimento e a Fica estabelecido um conjunto de áreas da produção cultural
consolidação de algumas instituições e linhas de atuação do para as quais podem ser apresentadas propostas de trabalhos
governo federal no campo da cultura. Em 1981, na gestão do a serem patrocinadas. Cumpridas as exigências burocráticas,
Ministro Rubem Ludwig, foi criada a Secretaria de Cultura, que os proponentes têm seus projetos aprovados na Lei e ganham
englobava a Secretaria de Assuntos Culturais (SEAC) e a área um certificado.
de patrimônio, ambas sob a direção de Aloísio Magalhães até Com a aprovação, o proponente do projeto sai em busca de
1982. Neste período foi elaborado o plano de Diretrizes para um patrocinador. Nem todos os que conseguem obter o
operacionalização da política cultural no MEC. certificado encontram patrocínio. O que ocorre com mais
Em 1985, o Ministério da Cultura é então criado e, como frequência é a concessão do patrocínio a projetos que tenham
alguns previam, as verbas ficaram majoritariamente com a forte apelo comercial, ou seja, os que permitam que a empresa
educação, compondo um quadro de um futuro pouco patrocinadora os utilize como marketing cultural. O resultado
promissor para a cultura. O estabelecimento do novo desse processo é que passa a caber à iniciativa privada a
Ministério veio acompanhado de uma série de problemas, tais decisão sobre uma grande parcela da produção cultural do
como: perda de autonomia, superposição de poderes, ausência país.
de linhas de atuação política, disputa de cargos, clientelismo, A decisão é privada, mas o dinheiro que financia os
entre outros. O novo Ministério ficou a cargo de José Aparecido projetos é, na verdade, público. Um dos indicadores que
de Oliveira, que logo foi substituído por Aloísio Pimenta. permitem observar a ação do Estado sobre um determinado
Ao longo da década de 1980, foi ocorrendo uma contínua campo é a legislação. O conjunto de leis, decretos, medidas
retração dos investimentos públicos na área cultural. Na provisórias, instruções normativas e portarias referentes à
tentativa de buscar novas fontes de recursos para as área da cultura, aprovados ao longo da gestão do Presidente
atividades culturais, em 2 de julho de 1986, o Presidente Fernando Henrique Cardoso formam o seguinte quadro:
Sarney promulgou a Lei n° 7.505, de incentivo à cultura,
durante a gestão do Ministro Celso Furtado. A Lei Sarney
funcionava a partir do mecanismo de renúncia fiscal. A forma
como a lei foi estruturada foi objeto de inúmeras críticas
durante seu período de vigência e terminou sendo extinta em
1990, no início do governo Collor.
Na gestão do Presidente Fernando Collor de Melo, toda a
estrutura federal no campo da cultura foi radicalmente
alterada. Em abril de 1990, o Presidente promulgou a Lei n°
8.029, que extinguia, de uma só vez, diversos órgãos da
administração federal, em especial da área da cultura
FUNARTE, Pró-Memória, FUNDACEN, FCB, Pró-Leitura e
EMBRAFILME e reformulava outros tantos como o SPHAN.
Todo o processo foi feito de maneira abrupta, interrompendo
vários projetos, desmontando trabalhos que vinham sendo
A partir do quadro apresentado acima podemos verificar
realizados por mais de uma década.
que praticamente um terço da legislação cultural promulgada
durante o governo de Fernando Henrique Cardoso foi

Políticas Culturais 3
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direcionada às questões da lei de incentivo. Por outro lado, o IX. como vetor do desenvolvimento sustentável;
governo não elaborou propostas, planos ou diretrizes de X. democratização das instâncias de formulação das
gestão pública para o campo da cultura. Tal fato nos permite políticas culturais;
afirmar que as leis de incentivo tornaram-se a política cultural XI. responsabilidade dos agentes públicos pela
do Ministério da Cultura na gestão do Presidente Fernando implementação das políticas culturais;
Henrique Cardoso e do Ministro Francisco Weffort. XII. colaboração entre agentes públicos e privados para o
desenvolvimento da economia da cultura;
À guisa de conclusão XIII. participação e controle social na formulação e
No Brasil não temos tradição de realização de estudos de acompanhamento das políticas culturais;
políticas públicas, em especial em áreas como a da cultura. Ao XIV. Estado Laico.
revisitarmos, ainda que superficialmente, as ações do Estado
no âmbito da cultura, nessas últimas quatro décadas, Art.2º São objetivos do Plano Estadual de Cultura:
verificamos uma série de iniciativas na direção da elaboração I. garantir a diversidade étnica, artística e cultural do
de linhas de atuação política, que inúmeras vezes foram Estado, com base n o pluralismo, nas vocações e no potencial
abandonadas e retomadas com pequenas alterações por de cada região;
governos que se seguiram. Esse processo de eterno recomeçar, II. incentivar a participação popular nos processos de
de experiências que poucos rastros deixaram, de ausência de gestão e institucionalidade da cultura do Estado;
registros, de pouca sistematicidade nas ações, gerou alguns III. democratizar o acesso à produção e à fruição da
efeitos perversos, com grandes desperdícios de recursos cultura;
financeiros e humanos. Aqui foi apresentada somente uma IV. fortalecer o Sistema Estadual de Cultura, com a
sintética cronologia com pequenas pistas para questões que participação efetiva dos municípios, objetivando a adesão ao
merecem estudos mais específicos e aprofundados. Sistema Nacional de Cultura;
Em um tempo de constantes inovações tecnológicas que V. reconhecer e valorizar o patrimônio cultural do
facilitam a disponibilização e a democratização das Estado, englobando os bens materiais, imateriais e os naturais;
informações, torna-se tarefa inadiável o resgate das ações do VI. garantir o direito à memória e ao conhecimento do
governo na área da cultural. passado, com vistas ao exercício da cidadania;
Ocorre hoje, em nível mundial, um processo de valorização VII. estimular o diálogo entre os setores públicos,
cada vez maior do papel da cultura nas sociedades em um privados, os agentes e os produtores da cultura, com ênfase no
mundo globalizado. Os processos culturais vêm sendo planejamento e na execução, visando à descentralização e à
considerados importantes sejam como fontes de geração de ampla participação da sociedade civil nas políticas públicas
renda e emprego, sejam como elementos fundamentais da para a cultura;
configuração do campo da diversidade cultural e da identidade VIII. estruturar a organização produtiva da cultura,
nacional. Os diálogos no campo das políticas culturais devem valorizando a promoção da diversidade cultural, da inclusão e
ocorrer nas mais diversas direções, entre os tempos e os o respeito às diferenças, na perspectiva da produção cultural
espaços geográficos, entre as diferentes formas de ver e de como vetor de desenvolvimento;
fazer. IX. garantir políticas públicas com o objetivo de
promover o desenvolvimento sustentável na área cultural, e a
PLANO ESTADUAL DE CULTURA CEARÁ valorização dos agentes e profissionais do campo das artes e
da cultura;
LEI N º 1 6.026, 01 de junho de 2016. X. articular e estimular o fomento de empreendimentos
criativos no Ceará;
INSTITUI O PLANO ESTADUAL DE CULTURA DO CEARÁ. XI. incentivar a formação de profissionais ligados à arte
e à cultura;
O GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ. Faço saber que a XII. garantir a inclusão de manifestações culturais do
Assembleia Estado nos espaços de educação formal e informal, em
Legislativa decretou e eu sanciono a seguinte Lei: consonância com as diretrizes do Plano Estadual de Educação
e a Liberdade de Expressão;
CAPÍTULO I XIII. incentivar a participação popular nos processos de
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES E DOS PRINCÍPIOS reconhecimento do patrimônio cultural cearense;
XIV. garantir o planejamento e a execução de políticas
Art.1º Esta Lei institui o Plano Estadual de Cultura do públicas, visando à consolidação e a descentralização dos
Ceará, ferramenta de planejamento estratégico, de duração equipamentos e das práticas culturais no Estado;
decenal, que define os rumos da política cultural, organiza, XV. estimular o protagonismo na arte e na cultura, a
regula e norteia a execução da política estadual de cultura, partir do fomento a ideias e práticas inovadoras, desde que em
estabelece estratégias e metas, define prazos e recursos consonância com as diretrizes deste Plano.
necessários à sua implementação. Parágrafo único. As manifestações culturais de que trata
Parágrafo único. O Poder Público assume a o inciso XII deverão ser apresentadas sem qualquer imposição
responsabilidade de implantar políticas culturais de Estado, de pensamento, sob pena de ofender o direito à livre expressão
com base nos programas, metas e ações definidos nesta Lei, e à livre convicção.
observados os seguintes princípios, em consonância com o
Plano Nacional de Cultura: Art. 3º O Governo do Estado do Ceará, através da
I. liberdade de expressão, criação e fruição; Secretaria da Cultura - SECULT, exercerá a função de
II. diversidade cultural; coordenação executiva do Plano Estadual de Cultura,
III. respeito aos direitos humanos; conforme esta Lei, ficando responsável pela organização de
IV. direito de todos à arte e à cultura; suas instâncias, termos de adesão, regimentos e demais
V. direito à informação, à comunicação e à crítica especificações necessárias à sua implantação.
cultural; VI. direito à memória e às tradições;
VII. responsabilidade socioambiental; Art. 4º A implementação do Plano Estadual de Cultura será
VIII. valorização da cultura e de seus agentes e feita em regime de cooperação entre o Governo do Estado e os
profissionais, municípios do Estado do Ceará, e em parceria com a União,

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haja vista o Plano Nacional de Cultura, instituído pela Lei nº XIV. valorizar grupos culturais que trabalhem com os
12.343, de 2 de dezembro de 2010. conceitos de criação colaborativa, direitos autorais não
Parágrafo único. A implementação dos programas, restritivos ou direitos livres, novos processos de produção e
projetos e ações instituídos no âmbito do Plano Estadual de distribuição, entre outros, que colaborem com a maior
Cultura poderá ser realizada com a participação de instituições acessibilidade do público a bens e serviços culturais;
públicas ou privadas, mediante a celebração de instrumentos XV. viabilizar meios de comunicação que divulguem,
previstos em lei. ampla e democraticamente, as ações culturais no Estado,
inclusive oferecendo patrocínio financeiro para criação de
CAPÍTULO II meios de expressão e difusão da literatura e das artes;
DAS ATRIBUIÇÕES DO PODER PÚBLICO XVI. estimular e fomentar a comunicação alternativa, livre
e popular, que viabilize um programa continuado de formação
Art. 5º Compete ao Poder Público, nos termos desta Lei: de jovens e adultos, incentivando a criação de veículos de
I. formular políticas públicas e programas que comunicação independentes;
conduzam à efetivação dos objetivos, diretrizes e metas do XVII. criar, reestruturar e manter equipamentos culturais,
Plano Estadual de Cultura; com efetiva política de acessibilidade, com as devidas normas
II. garantir a avaliação e a mensuração do desempenho de segurança e profissionais técnicos qualificados, oferecendo
do Plano Estadual de aos seus visitantes uma variada programação gratuita, a fim de
III. Cultura e assegurar sua efetivação p elos órgãos incentivar a formação de público;
responsáveis; XVIII. garantir a realização de amplo calendário cultural,
IV. fomentar a cultura, de forma ampla, por meio de sua com exposições, cursos, bienais, simpósios, feiras, mostras,
promoção e difusão, da realização de editais e seleções debates, possibilitando formação, circulação, difusão e troca
públicas para o estímulo a projetos e processos culturais, da de experiências entre a comunidade artística e o público em
concessão de apoio financeiro e fiscal aos agentes culturais, da geral;
adoção de subsídios econômicos, da implantação regulada de XIX. coordenar o processo de elaboração de planos
fundos públicos e privados, entre outros incentivos, setoriais para as diferentes áreas artísticas, respeitando seus
V. nos termos da lei; desdobramentos e segmentações, englobando os campos de
VI. proteger e promover a diversidade cultural, a criação manifestação simbólica;
artística e suas manifestações e as expressões culturais, XX. incentivar a adesão de organizações e instituições do
individuais ou coletivas, de todos os grupos étnicos e suas setor privado e entidades da sociedade civil às diretrizes e
derivações sociais, reconhecendo a abrangência da noção de metas do Plano Estadual de Cultura, por meio de ações
cultura em todo o território nacional e garantindo a próprias, parcerias e participação em programas;
multiplicidade de seus valores e formações; XXI. intensificar a difusão da cultura cearense para outros
VII. promover e estimular o acesso à produção e ao Estados, de modo a promover a sua integração com a dos
empreendimento cultural, a circulação e o intercâmbio de demais e o respeito à cultura nordestina, com foco na cultura
bens, serviços e conteúdos culturais e o contato e a fruição do cearense.
público com a arte e a cultura, de forma universal; § 1º O Sistema Estadual de Cultura, criado por lei
VIII. garantir a preservação do patrimônio cultural específica, será o principal mecanismo de articulação do Plano
cearense, resguardando os bens Estadual de Cultura, estabelecendo estratégias de gestão
IX. de natureza material e imaterial, os documentos compartilhada entre os municípios do Estado e a sociedade
históricos, acervos e coleções, formações urbanas e rurais, civil.
línguas e cosmologias indígenas, os sítios arqueológicos pré- § 2º A vinculação dos municípios às diretrizes e metas do
históricos e as obras de arte, tomados individualmente ou em Plano Estadual de Cultura far-se-á por meio de termo de
conjunto, portadores de referência aos valores, identidades, adesão voluntária, na forma de regulamento específico.
ações e memórias dos diferentes grupos formadores da § 3º Os municípios que aderirem ao Plano Estadual de
sociedade cearense; Cultura deverão elaborar os seus planos decenais até 1 (um)
X. articular as políticas públicas de cultura e promover ano após a assinatura do termo de adesão voluntária.
a organização de redes e consórcios para a sua implantação, de § 4º O Poder Executivo Estadual, observados os limites
forma integrada com as políticas públicas de educação, orçamentários e operacionais, poderá oferecer assistência
comunicação, ciência e tecnologia, direitos humanos, técnica e financeira aos municípios que desenvolvam seus
segurança pública, meio ambiente, saúde, turismo, planos municipais de cultura em consonância ao Sistema
planejamento urbano e cidades, desenvolvimento econômico Estadual.
e social, indústria e comércio, relações exteriores, dentre
outras; CAPÍTULO III
XI. dinamizar as políticas de intercâmbio e a difusão da DO FINANCIAMENTO
cultura cearense no exterior, promovendo bens culturais e
criações artísticas cearenses no ambiente internacional e dar Art. 6º Os planos plurianuais, as leis de diretrizes
suporte à presença desses produtos nos mercados de interesse orçamentárias e as leis orçamentárias do Estado disporão
econômico e geopolítico do país; sobre os recursos a serem destinados à execução das ações
XII. organizar instâncias consultivas e de participação da constantes desta Lei.
sociedade para contribuir na formulação das políticas públicas
de cultura, bem como debater suas estratégias de execução; Art. 7º O Fundo Estadual de Cultura será o principal
XIII. estimular os produtos culturais cearenses com o mecanismo de fomento às políticas culturais, no qual serão
objetivo de reduzir desigualdades sociais e regionais, alocados os recursos públicos estaduais e federais destinados
profissionalizando os agentes culturais, formalizando o às ações culturais no Estado, prioritariamente para execução
mercado e qualificando as relações de trabalho na cultura, das diretrizes e metas estabelecidas nesta Lei.
consolidando e ampliando os níveis de emprego e renda, Parágrafo único. A Secretaria da Cultura – SECULT,
fortalecendo redes de colaboração, valorizando lançará, anualmente, pelo menos, 1 (um) processo público de
empreendimentos de economia solidária e controlando seleção, financiado com recursos do Fundo Estadual de
abusos de poder econômico; Cultura, sendo que 50% (cinquenta por cento) dos recursos

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previstos no Edital devem ser destinados obrigatoriamente a II. reconhecer e valorizar a diversidade étnica, artística
projeto advindo dos municípios do interior do Estado. e cultural do Estado, protegendo e promovendo as artes e
expressões culturais, com base no pluralismo, nas vocações e
Art. 8º A Secretaria da Cultura - SECULT, no exercício da no potencial de cada região;
coordenação executiva do Plano Estadual de Cultura, deverá III. universalizar o acesso dos cearenses à arte e à
estimular a diversificação dos mecanismos de financiamento cultura, qualificar ambientes e equipamentos culturais para
para a cultura, de forma a atender os objetivos desta Lei e formação e fruição do público e permitir aos criadores o acesso
elevar o total de recursos destinados ao setor. às condições e meios de produção cultural;
IV. ampliar a participação da cultura no
CAPÍTULO IV desenvolvimento socioeconômico, promover as condições
DOS PLANOS SETORIAIS necessárias para a consolidação da economia da cultura e
induzir estratégias de sustentabilidade nos processos
Art. 9º O Plano Setorial de Cultura é um planejamento culturais.
estratégico específico que deverá orientar a elaboração e
implementação de políticas públicas de cultura para os CAPÍTULO VII
segmentos culturais e as Microrregiões de Cultura e Turismo DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS POLÍTICAS
do Estado. CULTURAIS E DA PARTICIPAÇÃO
Parágrafo único. No processo de elaboração do Plano POPULAR
Setorial de Cultura previsto no caput deste artigo e na
fiscalização de sua implementação, os Poderes Legislativo e Art. 14º O Plano Estadual de Cultura deverá voltar-se para
Executivo garantirão: o fortalecimento da função do Estado na institucionalização
I. promoção de audiências públicas e debates com a das políticas culturais, visando à execução de políticas públicas
participação da população e de associações representativas para a cultura e na organização de instâncias consultivas,
dos vários segmentos da comunidade; construindo mecanismos de participação da sociedade civil e
II. a publicidade quanto aos documentos e informações diálogo com os agentes culturais e criadores, para o
produzidos; planejamento de programas e ações voltadas ao campo
III. o acesso de qualquer interessado aos documentos e cultural, baseados nas metas e ações a seguir:
informações produzidos. § 1º Meta 1 – Fomentar a implementação, até 2018, de
sistemas municipais de cultura em, no mínimo, 80% (oitenta
Art. 10º Os Planos Setoriais serão incorporados às por cento) dos municípios cearenses de forma a integrarem o
políticas públicas para a cultura, no prazo máximo de 36 Sistema Estadual de Cultura, a ser fortalecido p ela
(trinta e seis) meses após a publicação do Plano Estadual de implementação das seguintes ações:
Cultura. I. até 2018, o Poder Executivo Estadual assegurará
para a Cultura do Estado 1,5% (um vírgula cinco por cento) do
CAPÍTULO V orçamento fiscal e da seguridade do Poder Executivo, das
DO SISTEMA DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO Fontes Ordinárias (00), Fundo de Participação Estadual – FPE,
(01) e Fundo Estadual de Combate à Pobreza – FECOP (10),
Art. 11º Compete ao Conselho Estadual de Política Cultural deduzidas as transferências constitucionais;
do Ceará monitorar e avaliar periodicamente o alcance das II. aprovar e implementar a nova Lei do Sistema
diretrizes, eficácia das metas e impactos das ações do Plano Estadual da Cultura – SIEC – objetivando uma adequação aos
Estadual de Cultura, com base em indicadores nacionais, preceitos do Sistema Nacional de Cultura;
regionais, estaduais e locais que quantifiquem a oferta e a III. criar uma assessoria, na Secretaria Estadual da
demanda por bens, serviços e conteúdos; os níveis de trabalho, Cultura, para acompanhar a implantação e implementação dos
renda e acesso da cultura; a institucionalização e gestão Sistemas Municipais de Cultura em todo o Estado, visando
cultural; o desenvolvimento econômico-cultural e a colaborar na elaboração dos elementos constitutivos do
implantação sustentável de equipamentos culturais. Sistema: Conselhos, Planos, Fundos Municipais, entre outros;
Parágrafo único. O processo de monitoramento e IV. regulamentar a Lei nº 15.552 de 1º de março de
avaliação do Plano Estadual de Cultura poderá contar com o 2014, que disciplina o Conselho Estadual de Política Cultural
apoio de especialistas, técnicos e agentes culturais; de do Ceará, readequando-o aos preceitos do Sistema Nacional de
institutos de pesquisa, universidades, instituições culturais, Cultura;
organizações e redes socioculturais, além do apoio de outros V. instalar os fóruns do Conselho Estadual de Política
órgãos colegiados de caráter consultivo, na forma do Cultural e elaborar e implementar os planos setoriais e de
regulamento. linguagens, em um prazo de até 4 (quatro) anos;
VI. realizar reuniões do Conselho Estadual de Política
CAPÍTULO VI Cultural em todo o território cearense.
DAS DIRETRIZES, METAS E AÇÕES § 2º Meta 2 – Realização de Concurso Público para
Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, com elaboração de
Art. 12º O Plano Estadual de Cultura está estruturado em plano de cargos e carreiras e reestruturação do organograma
4 (quatro) diretrizes, 24 (vinte e quatro) metas e 101 (cento do referido órgão, no prazo de até 12 (doze) meses após a
e uma) ações. provação do Plano Estadual de Cultura, através das seguintes
ações:
Art. 13º São Diretrizes do Plano Estadual de Cultura: I. elaborar e implantar plano de cargos e carreiras e
I. fortalecer a função do Estado na institucionalização organizar a composição do quadro técnico e organograma da
das políticas culturais, visando à execução de políticas públicas SECULT, prevendo a criação de estrutura organizacional
para a cultura, e na organização de instâncias consultivas e adequada, contemplando todas as linguagens, setores e
deliberativas, construindo mecanismos de participação da microrregiões de Cultura e Turismo;
sociedade civil e diálogo com os agentes culturais e criadores, II. promover concurso público para ampliação do corpo
para o planejamento de programas e ações voltadas ao campo técnico da SECULT, garantindo a contratação de profissionais
cultural; especializados;

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III. realizar a reestruturação organizacional da III. implementar projeto de preservação do patrimônio


Secretaria da Cultura – SECULT, por meio de lei específica, cultural das áreas rurais do Estado, por meio da pesquisa,
objetivando a qualificação de gestão e da execução das tombamento e registro de propriedades rurais, engenhos,
políticas públicas de cultura no Ceará. casas de farinha, casas de taipa, senzalas, entre outros;
IV. promover iniciativas conjuntas entre a Secretaria da
CAPÍTULO VIII Cultura do Estado, o Ministério Público, e órgãos de proteção
DA DIVERSIDADE ÉTNICA, ARTÍSTICA E CULTURAL do patrimônio histórico e arquitetônico, e do meio ambiente,
instituições de ensino superior e técnico, visando à
Art. 15º O Plano Estadual de Cultura deve voltar-se para a sensibilização e ao esclarecimento sobre a legislação de
valorização da diversidade étnica, artística e cultural do preservação do patrimônio cultural;
Estado e para a proteção e promoção das artes e expressões V. incentivar parcerias entre a Secretaria da Cultura do
culturais, com base no pluralismo, nas vocações e no potencial Estado, o Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico
de cada região, baseadas nas metas e ações a seguir: Nacional, os municípios, o Ministério Público, o terceiro setor
§ 1º – Meta 3 – Mapear, cadastrar e atualizar, até 2017, e a iniciativa privada para a ocupação e salvaguarda de bens
100% (cem por cento) das informações culturais do Estado do públicos em situação de desuso e/ou abandono;
Ceará no Sistema de Informações e Indicadores Culturais da VI. criar programas que viabilizem o financiamento para
Secretaria da Cultura do Estado, através das seguintes ações: a conservação, promoção e preservação do patrimônio
I. reformular e atualizar o Sistema de Informações da material, imaterial, natural, documental e museológico do
Secretaria da Cultura do Estado – SINF, objetivando a Estado;
democratização do acesso às informações culturais do Estado VII. criar um Selo de Responsabilidade Ambiental,
e o futuro alinhamento com o Sistema Nacional de objetivando o reconhecimento, valorização e preservação do
Informações e Indicadores Culturais – SNIIC; patrimônio natural do Estado;
II. criar um programa de aperfeiçoamento das mídias VIII. criar e implementar projetos que promovam a
digitais, facilitando a inscrição, o preenchimento e o preservação do patrimônio natural, valorizando a relação
acompanhamento dos processos protocolados na Secretaria homem-natureza;
da Cultura do Estado; IX. criar programas de financiamento para o restauro e
III. desenvolver ações de divulgação do SINF, a conservação dos bens materiais móveis e imóveis tombados
objetivando novos cadastros; do Estado, tornando-os aptos à ocupação;
IV. mapear o patrimônio cultural e a diversidade das X. revisar o edital de patrimônio da Secretaria da
expressões artísticas realizadas em todo território cearense; Cultura do Estado, ampliando o valor destinado à categoria
V. estabelecer parcerias entre a Secretaria da Cultura “Projetos na área de Educação Patrimonial”;
do Estado e instituições de ensino superior para a realização XI. reelaborar o guia dos bens tombados do Ceará,
da pesquisa sobre os grupos tradicionais, quilombolas e transformando-o em Guia do
indígenas, visando à divulgação através de publicações XII. Patrimônio Cultural do Estado, contemplando todos
impressas, meios digitais, assim como, em seminários, cursos, os tipos de bens: material, imaterial e natural, de todas as
oficinas, palestras, entre outros, em todas as regiões do Estado; regiões do Estado, garantindo sua atualização periódica a cada
VI realizar diagnóstico que identifique os artistas e as 5 (cinco) anos;
cadeias produtivas locais, objetivando a institucionalização de XIII. criar, no âmbito da SECULT, uma instância de gestão
políticas públicas; das políticas de preservação dos sítios arqueológicos,
VII. realizar parcerias com instituições de ensino e garantindo a contratação de pessoal habilitado e a organização
pesquisa para o fomento à produção de conhecimento sobre de um cadastro estadual;
os produtos da cultura que visem ao desenvolvimento XIV. propor a reformulação da Lei Estadual de Registro do
socioeconômico do Estado; Patrimônio Imaterial;
VIII. criar programas que promovam ações culturais, XV. criar mecanismos que garantam a plena execução da
atendimento social e intercâmbio entre as comunidades legislação estadual de preservação do patrimônio cultural;
tradicionais, afrodescendentes e indígenas em todas as regiões XVI. propor revisão na Lei de Proteção ao Patrimônio
do Estado, por meio de parcerias entre as Secretarias da Histórico e Artístico do Ceará, estabelecendo ferramentas para
Cultura, do Desenvolvimento Agrário e do Trabalho e ampla participação popular nos processos decisórios de
Desenvolvimento Social do Estado e os municípios; tombamento;
IX. integrar as ações da Secretaria da Cultura do Estado XVII. realização de ações voltadas para a identificação,
com as Coordenadorias Especiais de Políticas Públicas do proteção e promoção do patrimônio arqueológico, em parceria
gabinete do Governador; com o Iphan, e com a participação da comunidade, com vistas
X. incluir, na estrutura da Secretaria da Cultura do a tornar sítios arqueológicos atrativos turístico-culturais, de
Estado, uma instância de gestão de políticas para a diversidade acordo com a legislação específica;
cultural, com corpo técnico qualificado; XVIII. proceder ao inventário do patrimônio natural e
§ 2º Meta 4 – Criar e implementar um Sistema Estadual de paisagístico, em conjunto com instituições, órgãos públicos e
Patrimônio Cultural, visando atingir pelo menos 50% afins, com vistas à sua promoção e proteção legal através de
(cinquenta por cento) dos municípios cearenses, no primeiro tombamento, atribuição de chancel ,de modo a garantir a
quadriênio (2015 a 2018), avançando para a totalidade destes fruição de sua beleza cênica, bem como sua importância para
até o final da vigência do Plano, através das seguintes ações: a comunidade;
I. criar o Sistema Estadual de Patrimônio, objetivando XIX proceder ao inventário do patrimônio cultural, nas
articulação com todo o Estado e a discussão, formulação e suas vertentes material e imaterial, de comunidades
execução de projetos e programas voltados para a tradicionais em situação de risco ou impactadas pela
preservação, o restauro, o registro e a promoção do implantação de grandes empreendimentos;
patrimônio cultural; XX. elaboração e implantação de política de salvaguarda,
II. criar um projeto para o incentivo à elaboração de leis de forma participativa, voltada para bens culturais de natureza
municipais de registro e tombamento dos patrimônios imaterial;
culturais e criação dos Conselhos Municipais de Patrimônio XXI. criação de programa destinado aos mestres da
Cultural; cultura com vistas a assegurar a transmissão, em seus locais
de trabalho, de tradições, saberes e fazeres para as novas

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gerações, de modo a assegurar a continuidade de que promova rodas de memória e de saberes, aulas-
manifestações culturais de caráter imaterial em cada espetáculos e contação de histórias;
município do Estado; II. reformular a Lei dos Tesouros Vivos, ampliando a
XXII. criação e implantação de sistema de difusão política de Mestres da Cultura, contemplando maior número
permanente de informações sobre o patrimônio cultural de mestres, promovendo a troca de experiências com maior
cearense, através de programação do canal televisivo estatal, periodicidade e construindo uma melhor interação entre os
de Educação para o Patrimônio, bem como por meio de mestres diplomados e a difusão das suas artes e ofícios nas
parcerias com instituições e órgãos públicos interessados no escolas e em espaços informais de educação;
tema; III propor à Universidade Estadual do Ceará a outorga
XXIII. produção e difusão permanente de documentários aos Mestres da Cultura o Título de Notório em Saber em artes
etnográficos sobre o patrimônio cultural cearense pela e cultura populares, objetivando o reconhecimento de seus
televisão estatal, com ênfase na sua vertente imaterial; saberes e ofícios na prática de transmissão de seus
XXIV. criação e implantação de programa de Educação conhecimentos;
para o Patrimônio nas redes de ensino público e privado; IV ampliar o financiamento do encontro de Mestres do
XXV. revisão e reformulação da Lei de Proteção ao Mundo, objetivando maior participação e valorização dos
Patrimônio Histórico e Artístico do Ceará, para que a mesma mestres do Estado; V. promover a circulação do Encontro
se estabeleça em consonância com o conceito de patrimônio Mestres do Mundo.
cultural contido no art. 216 da Constituição Federal de 1988;
XXVI. estimular a produção e valorização dos autores e CAPÍTULO IX
editores radicados no Estado do Ceará, sem prejuízo dos DO ACESSO
demais, e promover a circulação do livro;
XXVII. a atividade editorial e toda sua cadeia produtiva, Art. 16º O Plano Estadual de Cultura deve voltar-se para a
como integrante do processo de desenvolvimento cultural, universalização do acesso à arte e à cultura, à formação e
passam a ser consideradas de importância estratégica, fruição do público e ao acesso dos criadores às condições e
essencial para o desenvolvimento do Estado; meios de produção cultural, através das metas e ações a seguir:
XXVIII. apoiar iniciativas de entidades associativas, § 1º Meta 7 – Aumentar, até 2024, o número de Pontos de
culturais e do Poder Público que tenham por objetivo a Cultura em funcionamento no Ceará, atingindo 600
divulgação do livro e a criação de uma sociedade leitora. (seiscentos) Pontos de Cultura, compartilhados entre o
§ 3º Meta 5 – Constituir, aprovar e implementar, no prazo Governo Federal, o Estado do Ceará e os municípios
de 4 (quatro) anos, 100% (cem por cento) dos Sistemas integrantes do Sistema de Cultura, através das seguintes
Setoriais de Cultura e aprovar seus respectivos Planos ações;
Setoriais, através das seguintes ações: I. ampliar o programa Cultura Viva no Ceará;
I garantir a continuidade do projeto de implantação do II. fomentar e fortalecer as redes do Programa Cultura
Sistema Estadual de Documentação e Arquivos do Estado do Viva, por meio de mecanismos de premiação;
Ceará – SEDARQ, conforme previsto na Lei nº 13.087, de 29 de III. criar e estruturar no organograma da Secretaria da
dezembro de 2000, que prevê a capacitação de pessoal, a Cultura do Ceará – SECULT, uma instância de gestão
preservação, catalogação e higienização dos arquivos, bem responsável pelo programa dos Pontos de Cultura, com vistas
como incentivar a criação de arquivos municipais; à qualificação da gestão compartilhada, acompanhamento,
II desenvolver programas que promovam o fortalecimento monitoramento e fortalecimento da rede dos Pontos de
e/ou a reativação das ações dos Sistemas Estaduais, tais como Cultura no Estado;
teatros, museus, centros culturais, bandas de música, IV. descentralizar o programa Cultura Viva, priorizando
bibliotecas e arquivos, entre outros; as regiões menos atendidas com a ampliação de Pontos de
III. implementar um projeto contínuo de aquisição de Cultura, com ênfase nos municípios que não tenham sidos
livros, revistas, jogos e outros meios de comunicação e atendidos pelo programa; V. ampliar a rede com Pontos de
informação acessíveis, para serem distribuídos nas bibliotecas Cultura temáticos;
do Sistema Estadual de Bibliotecas, de maneira integrada às VI. fortalecer a Rede de Pontos de Cultura por meio de
ações de fomento à leitura e de formação de leitores; ações de formação, residências, intercâmbio e trocas de
IV. criar um programa de fomento à instrumentalização, tecnologias socioculturais e educativas, bem como da
objetivando a aquisição de materiais e equipamentos para promoção de produtos desenvolvidos pelos Pontos de Cultura;
grupos e coletivos artísticos; VII. captar através do Ministério da Cultura, de outros
V. criar um programa de circulação, intercâmbio e órgãos federais e estaduais recursos para a ampliação e
residência integrado às ações de fomento para criação e manutenção da rede de Pontos de Cultura do Ceará;
produção artística no âmbito dos sistemas e planos setoriais; VIII. criar os Pontões de Cultura;
VI. propor a criação de projetos/programas em IX fiscalizar as atuações dos Pontos de Cultura, de forma
cooperação com o Sistema S – SEBRAE, SENAC, SESI, SESC, a garantir a lisura de todo o processo seletivo, de execução e
SENAI – associações, cooperativas e redes de economia de prestação de contas;
solidária, para viabilizar pesquisas e outras iniciativas no X normatizar na esfera estadual o programa Cultura
sentido de valorizar, preservar, divulgar e agregar valor aos Viva no Ceará em consonância com a legislação federal.
produtos artesanais do Estado; § 2º Meta 8 – Ampliar o Projeto Agentes de Leitura,
VII. realizar estudos para o registro e indicação de veiculando-o obrigatoriamente à cada Biblioteca Pública
procedência de produtos artesanais do Estado, em parceria Municipal, para 50% (cinquenta por cento) dos municípios
com instituições de pesquisa. cearenses, até 2025, através das seguintes ações:
§ 4º Meta 6 - Reformular a Lei dos Mestres de Cultura, I. ampliar o número de a gentes de leitura;
aumentando em um terço o número de mestres contemplados, II. ampliar o número de beneficiários, priorizando o
atingindo 80 (oitenta) mestres até 2018, e promovendo atendimento em localidades e famílias de extrema pobreza e
interação, com maior periodicidade, entre os mestres com baixo perfil escolar;
diplomados e as escolas e espaços informais de educação, III. estabelecer parcerias com Prefeituras, Associações
através das seguintes ações: Comunitárias, Organizações Governamentais e Organizações
I. implantar um programa de intercâmbio entre Não Governamentais para o desenvolvimento do projeto;
gerações e artistas tradicionais, em todas as regiões do Estado,

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IV. criar a Rede de Agentes de Leitura e de Famílias I criar um programa e intercâmbio e de residência cultural
Leitoras, integradas ao Sistema Estadual de Bibliotecas que contemple diversas linguagens artísticas, proporcionando
Públicas; formação e troca de experiências entre artistas nacionais e
V. integrar, de forma intersetorial, as ações de Agentes internacionais;
de Leitura com políticas públicas de inclusão social; II. firmar parcerias com instituições culturais públicas
VI. aperfeiçoar indicadores de avaliação, resultados e de e\ou de natureza privada, sem fins lucrativos, de
impactos sociais do projeto. reconhecimento nacional e\ou internacional, com o objetivo
§ 3º Meta 9 – Propiciar, até 2025, formação continuada de intercâmbio e\ou cooperação técnica.
para os professores da rede pública estadual, objetivando § 6º Meta 12 – Garantir o acesso das pessoas com
levar atividades e profissionais na área de Arte-Educação e deficiência a 100% (cem por cento) dos equipamentos
Cultura a 100% (cem por cento) das escolas públicas culturais estaduais, seus acervos e atividades, atendendo aos
estaduais, através das seguintes ações: requisitos legais de acessibilidade, através das seguintes
I. criar, em parceria com a Secretaria da Educação do ações:
Estado, um programa para formação de professores da rede I. adequar o espaço físico dos equipamentos e espaços
pública que contemple as áreas de arte e cultura, com vistas à culturais para pessoas com deficiência, cumprindo a Lei
ampliação de seus repertórios culturais e à inserção da cultura Federal nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000;
no ambiente escolar e nos processos de ensino-aprendizagem; II. realizar atividades culturais em formatos acessíveis
II. incentivar a participação dos professores em ações para pessoas com deficiência;
artísticas e culturais; III. ampliar e atualizar os acervos das bibliotecas
III. estimular a criação de programas permanentes de públicas e demais equipamentos culturais públicos com
visitação de professores e estudantes a equipamentos títulos, em vários suportes, produzidos especialmente para
culturais, tais como bibliotecas, cineclubes, museus, teatros, pessoas com deficiência visual e auditiva.
arquivo, pontos de cultura, entre outros; § 7º Meta 13 – Promover a formação e o apoio à produção
IV. criar, em parceria com a Secretaria da Educação do cultural de artistas com deficiência, estabelecendo critérios
Estado, mecanismos para a inclusão, nos parâmetros e nos editais da Secretaria da Cultura do Estado para tal fim,
diretrizes curriculares, de conteúdos voltados para a através da seguinte ação:
valorização da história, da diversidade étnica e das I. criar um programa de fomento que viabilize a produção
manifestações culturais cearenses; cultural de artistas com deficiência.
V estabelecer parceria om o Ministério da Educação e as § 8º Meta 14 – Ampliar, nos veículos de comunicação
instituições de ensino superior, visando estimular a vinculados ao setor público, a programação voltada à difusão
participação de estudantes e professores em ações culturais; da cultura, priorizando a produção cultural cearense, de forma
VI. criar um programa de estímulo à elaboração e à que, após 5 (cinco) anos, datados da aprovação deste plano,
publicação de material didático e paradidático, tais como essa programação atinja o tempo de 50% (cinquenta por
documentários, filmes, livros, entre outros, sobre História, cento) na grade desses veículos, através da seguinte ação:
Geografia e Patrimônio Cultural, visando à inclusão da I. fomentar a exibição, nos meios de comunicação
produção local no Plano Nacional do Livro Didático – PNLD; vinculados ao setor público, de programas, apresentações
VII. efetivar a aplicação da Lei de Diretrizes e Bases da artísticas e outros conteúdos de cultura, principalmente os que
Educação – LDB – que institui a disciplina de Arte nos representem as manifestações culturais do Ceará.
currículos das escolas de educação básica; § 9º Meta 15 – Promover, até 2022, através de editais de
VIII. propor inserção da literatura popular tradicional bolsas de graduação e pós-graduação da FUNCAP, a garantia
cearense nos currículos escolares; de pesquisas anuais na área de Arte e Cultura.
IX. promover ações e programas que estimulem a § 10º Meta 16 – Criar, no prazo de 5 (cinco) anos, 4
cultura de Direitos Humanos, favorecendo ambientes de (quatro) novos equipamentos e/ou centros culturais, nas
formação e fruição cultural em práticas de educação em microrregiões de Cultura e Turismo ainda não contempladas,
direitos humanos; atingindo o percentual de 50% (cinquenta por cento) dessas
X. estimular os estabelecimentos da rede pública de microrregiões, além da manutenção e ampliação dos
ensino médio a criarem, com o apoio técnico do Conselho equipamentos já existentes, através das seguintes ações:
Regional de Biblioteconomia do Estado do Ceará e demais I. criar equipamentos culturais, geridos pelos
entidades de formação e representação do setor, curso Técnico municípios, em parceria com o Estado, nas Microrregiões de
em Biblioteconomia, nos termos da legislação em vigor. Cultura e Turismo ainda não contempladas;
II. garantir corpo técnico qualificado e programação
§ 4º Meta 10 – Ampliar em 50% (cinquenta por cento) o contínua para os equipamentos culturais geridos pelo Estado;
número de cursos, fóruns, oficinas e seminários, na área de III. valorizar as vocações e atores culturais locais nos
Gestão Cultural e Arte e Cultura, em todo território cearense, espaços geridos pelo Estado;
objetivando a formação artística, a qualificação dos gestores e IV. criar centros regionais de cultura, com espaços que
profissionais da cultura, através das seguintes ações: abriguem múltiplas linguagens e comercialização de produtos
culturais, contemplando as Macrorregiões de Planejamento do
I. criar cursos continuados de formação de Estado;
multiplicadores e facilitadores culturais, de forma periódica e V. promover a revitalização e manutenção da
itinerante, sobre temas e linguagens da área cultural; infraestrutura e a ampliação e qualificação do corpo técnico
II. criar um programa de aperfeiçoamento profissional dos equipamentos culturais já existentes, objetivando a
para os profissionais de arte e cultura, com cursos presenciais produção e fruição da cultura, em parceria com os municípios;
e/ou à distância, na educação formal e/ou informal, em VI. dotar de orçamento anual os equipamentos culturais,
parceria com instituições públicas e privadas. para o desenvolvimento de suas programações culturais,
§ 5º Meta 11 – Ampliar em 100% (cem por cento) até 2018, manutenção da infraestrutura, ampliação e qualificação do
o intercâmbio nacional e internacional de atividades que corpo técnico;
promovam as manifestações culturais cearenses e as trocas de VII. dotar de seguro total contra sinistros os
saberes, contemplando as mais diversas linguagens artísticas, equipamentos culturais tombados assim como suas obras.
através das seguintes ações: § 11º Meta 17 - Ampliar, em pelo menos 5% (cinco por
cento) a cada ano, os recursos nominais destinados aos editais

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públicos da Secretaria da Cultura do Estado, contemplando I. criar um programa de incentivo e fomento ao uso
todas as linguagens, setores e grupos culturais do Estado, sustentável dos bens tombados por meio de ações vinculadas
através das seguintes ações: ao turismo cultural;
I. revisar a política de editais da Secretaria da Cultura do II. estabelecer parcerias com a Secretaria de Turismo do
Estado, garantindo a regionalização, a ampliação de recursos, Estado, municípios, Fóruns Regionais de Cultura e Turismo,
a desburocratização, a transparência e a criação de novas setor privado, redes de economia solidária e associações, na
temáticas que contemplem as demandas regionais e as várias perspectiva de realizar ações que integrem: meio ambiente,
linguagens, estabelecendo um calendário de prazos para turismo comunitário e ecoturismo e cultura, visando à
repasse dos recursos; promoção do turismo local;
II. criar, no edital do audiovisual da Secretaria da III. elaborar roteiros turísticos culturais, contemplando
Cultura do Estado, a categoria “produção de documentários todo o território cearense, incluindo e valorizando as
com ênfase na preservação do patrimônio cultural e na comunidades tradicionais (pesqueiras, quilombolas,
memória e história do Estado”, disponibilizando o material indígenas, dentre outras), através do fortalecimento de redes
produzido nas escolas públicas municipais e estaduais, para de economia solidária e turismo comunitário;
uso como material didático; IV. criar um plano de mídias que divulgue o turismo
III. revisar o edital de patrimônio da Secretaria da cultural do Ceará.
Cultura do Estado, ampliando o valor destinado à categoria § 2º Meta 21 – Estabelecer em 5 (cinco) anos um indicador
“projetos na área de educação patrimonial”; específico que permita avaliar a participação do setor cultural
IV. ampliar recursos e o número de projetos no PIB do Estado do Ceará, através das seguintes ações:
contemplados pelo edital de patrimônio; I. sistematizar dados sobre a participação da economia
V. criar um programa de distribuição do material da cultura no PIB do Estado, para a criação de indicadores do
advindo das contrapartidas dos editais da Secretaria da setor, em parceria com instituições de pesquisa;
Cultura do Estado; II. construir indicadores que informem sobre os
VI. criar programas que ampliem a produção e impactos das ações culturais na economia cearense.
distribuição de livros resultantes de trabalhos acadêmicos § 3º Meta 22 – Incentivar a ampliação do emprego formal
referentes à área cultural; de profissionais através das seguintes ações:
VII. elaborar programa que desenvolva, amplie e I. estabelecer uma tabela de valores, elaborada pelo
divulgue, em todas as regiões do Estado, ações culturais Sistema Estadual da Cultura – SIEC, em parceria com os
realizadas pelos demais segmentos populacionais que sofrem sindicatos, associações e representações de grupos culturais,
preconceitos e opressões em razão de sua nacionalidade, atualizada periodicamente, que referencie produtos, serviços
condição social e local de nascimento, raça, cor, religião, e cachês dos profissionais atuantes no setor cultural;
origem étnica, convicção política ou filosófica, deficiência física II. promover a valorização dos artistas locais,
ou mental, doença, idade, atividade profissional, estado civil, almejando a diminuição da discrepância nos cachês nos
classe social, sexo, orientação sexual, artista rurais, maracatu, eventos promovidos pelo Governo do Estado do Ceará;
bloco de carnaval, entre outros; III. ampliar a formalização do trabalhador do setor
VIII. criar editais específicos para projetos desenvolvidos cultural, através de parceria com a Secretaria de Trabalho e
em comunidades tradicionais, quilombolas e indígenas. Desenvolvimento Social;
§ 12º Meta 18 – Ampliar o número de eventos do IV. promover a valorização do Bibliotecário profissional
Calendário Cultural do Estado, com todas as linguagens e e do Técnico em Biblioteconomia, estimulando os órgãos
setores representados, garantindo sua itinerância pelas públicos estaduais, estabelecimentos de ensino e as
microrregiões de Cultura e Turismo do Estado, através das Prefeituras no comprimento da legislação que regulamenta a
seguintes ações: atividade profissional do setor.
I. organizar feiras itinerantes de Arte e Patrimônio, que § 4º Meta 23 – Elaborar e implementar, em 2 (dois) anos,
promovam a divulgação da produção artística e do patrimônio o plano setorial da economia da cultura, a través das seguintes
cultural de todas as regiões do Estado; ações:
II. criar parcerias com o Ministério da Cultura e com os I. criar um programa de fomento à instrumentalização,
municípios para o fomento e a circulação de grupos, produtos objetivando a aquisição de
e artistas que realizem arranjos criativos, promovendo feiras II. materiais e equipamentos para grupos e coletivos
itinerantes e ampliando centros regionais para a divulgação e artísticos;
comercialização de produtos culturais do Estado; III. propor a criação de programas em cooperação com o
§ 13º Meta 19. – Os municípios do Estado do Ceará com Sistema S – SEBRAE, SENAC, SESI, SESC, SENAI – associações,
sistemas municipais de cultura instituídos terão pontuação cooperativas de artesão e redes de economia solidária, que
adicional na destinação de recursos no apoio aos seus eventos realizem pesquisas e outras iniciativas no sentido de valorizar,
artístico-culturais. preservar, melhor divulgar e agregar valor aos produtos
artesanais do Estado;
CAPÍTULO X IV. estabelecer parcerias com entidades de crédito,
DO DESENVOLVIMENTOS USTENTÁVEL E ECONOMIA visando ao aumento de financiamentos a pequenos
DA CULTURA produtores: artesãos, grupos em processo de
profissionalização, empreendedores individuais, dentre
Art. 17. O Plano Estadual de Cultura deve voltar-se para o outros;
desenvolvimento socioeconômico do Estado na área cultural, V. realizar estudos para o registro e indicação de
a consolidação da economia da cultura e a construção de procedência de produtos artesanais do Estado, em parceria
estratégias de sustentabilidade nos processos culturais, com instituições de pesquisa.
através das seguintes metas e ações: § 5º Meta 24 - Criar, manter e revitalizar projetos e/ou
§ 1º Meta 20 – Elaborar, implementar e inserir na programas contínuos voltados para a área cultural,
economia da cultura das microrregiões do Estado, até 2018, desenvolvidos através de parcerias entre as secretarias do
Roteiros Turísticos Culturais Sustentáveis e Populares, a Estado, através das seguintes ações:
través das seguintes ações: I. criar parcerias com a Secretaria de Desenvolvimento
Agrário e a Secretaria da Educação, com o intuito de incentivar
a oferta de alimentos regionais e provenientes da agricultura

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familiar e de práticas agroecológicas nos espaços de educação Os direitos culturais carecem de maior elaboração teórica,
formal; para distingui-los de direitos civis, políticos, econômicos e
II. fortalecer a intersetorialidade, através do diálogo sociais. Por exemplo, o direito de autodeterminação dos povos,
entre Secretaria da Cultura e as demais secretarias do Estado, expresso no Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, é
almejando uma integração de programas e projetos correlatos, também um direito cultural.
voltados para o setor cultural; A Constituição Brasileira de 1988 garante a todos o pleno
III. firmar parceria com a SECITECE e a Universidade exercício dos direitos culturais (art. 215). Ao definir
Digital para criação da Pinacoteca Virtual, e da Biblioteca patrimônio cultural brasileiro, de forma indireta, aponta como
Virtual do Estado do Ceará; direitos culturais as formas de expressão, os modos de criar,
IV. propor parcerias com a Secretaria do Trabalho e fazer e viver, as criações científicas, artísticas e tecnológicas. O
Desenvolvimento Social – STDS, e Ministério do Trabalho e livre exercício dos cultos religiosos, a livre expressão da
Emprego – MTE, por meio da Relação Anual de Informações atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, e
Sociais, visando maior formalização dos trabalhadores do os direitos do autor também estão expressamente
setor cultural, criando uma campanha de incentivo ao registro assegurados na Constituição, no rol dos direitos e garantias
dos profissionais do setor cultural e promovendo a fundamentais (art. 5º). A educação figura como direito social
contratação de profissionais com carteira assinada; (art, 6º) e também como direito cultural (art. 205 a 214).
V. estabelecer parcerias com entidades de crédito,
visando o aumento de financiamentos a pequenos produtores:
artesãos, grupos em processo de profissionalização, 4. Sistema Nacional de
empreendedores individuais, dentre outros;
VI. criar cursos voltados para a organização e gestão de
Cultura (SNC) e Plano Nacional
empreendimentos culturais individuais e/ou coletivos, em de Cultura (PNC)
parceria com o Sistema S – SEBRAE, SENAC, SESI, SESC, S ENAI
– e o Ministério da Cultura;
VII. promover o desenvolvimento e a articulação de ações Sistema Nacional de Cultura (SNC)
intersetoriais que fortalecem as políticas públicas para a
juventude, contribuindo para o enfrentamento da violência. O Sistema Nacional de Cultura é um processo de gestão e
promoção das políticas públicas de cultura, em regime de
colaboração de forma democrática e participativa entre os três
3. Direitos culturais entes federados (União, estados e municípios) e a sociedade
civil, tendo por objetivo promover o desenvolvimento
humano, social e econômico com pleno exercício dos direitos
culturais4.
Os direitos culturais são parte integrante dos direitos Constitui a estrutura do Sistema Nacional de Cultura, os
humanos. Estão indicados no artigo 27 da Declaração seguintes componentes:
Universal dos Direitos Humanos (1948), e nos artigos 13 e 15
do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Obrigatórios
Culturais (1966). Assim, todas as pessoas devem poder se
exprimir, criar e difundir seus trabalhos no idioma de sua I - órgãos gestores da cultura;
preferência e, em particular, na língua materna; todas as II - conselhos de política cultural;
pessoas têm o direito a uma educação e uma formação de III - conferências de cultura;
qualidade que respeitem plenamente a sua identidade IV - planos de cultura;
cultural; todas as pessoas devem poder participar da vida V - sistemas de financiamento à cultura;
cultural de sua escolha e exercer suas próprias práticas
culturais, desfrutar o progresso científico e suas aplicações, Facultativos
beneficiar-se da proteção dos interesses morais e materiais
decorrentes de toda a produção científica, literária ou artística VI - comissões intergestores;
de que sejam autoras3. VII - sistemas de informações e indicadores culturais;
No âmbito interamericano os direitos culturais estão VIII - programas de formação na área da cultura;
indicados no Protocolo Adicional à Convenção Americana IX - sistemas setoriais de cultura.
sobre Direitos Humanos, conhecido como Protocolo de São
Salvador (1988). O art. 13 assegura o direito à educação, Segue a legislação pertinente ao tema:
orientado para o pleno desenvolvimento da pessoa humana e
do sentido de sua dignidade, visando ao fortalecimento e ao CF/88
respeito pelos direitos humanos, ao pluralismo ideológico, às CAPÍTULO III
liberdades fundamentais, à justiça e à paz. O art. 14 estabelece DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
o direito aos benefícios da cultura, reconhecendo aqueles que SEÇÃO II
decorrem da promoção e desenvolvimento da cooperação e DA CULTURA
das relações internacionais em assuntos científicos, artísticos [...]
e culturais e, na mesma linha, comprometendo-se a propiciar
maior cooperação internacional. Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, organizado em
No processo de implementação mundial dos direitos regime de colaboração, de forma descentralizada e
culturais foi adotada pela UNESCO, em novembro de 2001, a participativa, institui um processo de gestão e promoção
Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural. Ao mesmo conjunta de políticas públicas de cultura, democráticas e
tempo em que afirma os direitos das pessoas pertencentes às permanentes, pactuadas entre os entes da Federação e a
minorias à livre expressão cultural, observa que ninguém pode sociedade, tendo por objetivo promover o desenvolvimento
invocar a diversidade cultural para infringir os direitos humano, social e econômico com pleno exercício dos direitos
humanos nem limitar o seu exercício. culturais.

3 Ela Wiecko Volkmer de Castilho. https://bit.ly/2KNYqS3 4 http://www.cultura.gov.br/sistema-nacional-de-cultura

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§ 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na Monitoramento


política nacional de cultura e nas suas diretrizes, estabelecidas O processo de acompanhamento da execução das 53 metas
no Plano Nacional de Cultura, e rege-se pelos seguintes é realizado constantemente pelo Ministério da Cultura e
princípios: publicado na plataforma virtual (pnc.culturadigital.br), o que
I - diversidade das expressões culturais; possibilita à sociedade acompanhar a situação atualizada de
II - universalização do acesso aos bens e serviços culturais; cada meta e o que está sendo feito para seu alcance. É possível
III - fomento à produção, difusão e circulação de personalizar a forma de consulta das metas e definir quais
conhecimento e bens culturais; metas deseja acompanhar e receber, por email, informações
IV - cooperação entre os entes federados, os agentes públicos sobre as atualizações.
e privados atuantes na área cultural; Na página (pnc.culturadigital.br) também estão
V - integração e interação na execução das políticas, disponíveis informações sobre o histórico do Plano e suas
programas, projetos e ações desenvolvidas; metas, além de trazer as perguntas mais frequentes e uma
VI - complementaridade nos papéis dos agentes culturais; biblioteca onde constam documentos como os Plano Setoriais
VII - transversalidade das políticas culturais; das várias áreas da cultura e os Planos de Cultura de estados e
VIII - autonomia dos entes federados e das instituições da municípios.
sociedade civil;
IX - transparência e compartilhamento das informações; Segue a legislação pertinente ao tema:
X - democratização dos processos decisórios com
participação e controle social; CF/88
XI - descentralização articulada e pactuada da gestão, dos CAPÍTULO III
recursos e das ações; DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos SEÇÃO II
orçamentos públicos para a cultura. DA CULTURA
§ 2º Constitui a estrutura do Sistema Nacional de Cultura, [...]
nas respectivas esferas da Federação:
I - órgãos gestores da cultura; Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos
II - conselhos de política cultural; direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e
III - conferências de cultura; apoiará e incentivará a valorização e a difusão das
IV - comissões intergestores; manifestações culturais.
V - planos de cultura; § 1º - O Estado protegerá as manifestações das culturas
VI - sistemas de financiamento à cultura; populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos
VII - sistemas de informações e indicadores culturais; participantes do processo civilizatório nacional.
VIII - programas de formação na área da cultura; IX - § 2º - A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas
sistemas setoriais de cultura. de alta significação para os diferentes segmentos étnicos
§ 3º Lei federal disporá sobre a regulamentação do Sistema nacionais.
Nacional de Cultura, bem como de sua articulação com os § 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de
demais sistemas nacionais ou políticas setoriais de governo. duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do
§ 4º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios País e à integração das ações do poder público que conduzem à:
organizarão seus respectivos sistemas de cultura em leis I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;
próprias. II produção, promoção e difusão de bens culturais;
III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura
Plano Nacional de Cultura (PNC) em suas múltiplas dimensões;
IV democratização do acesso aos bens de cultura;
O Plano Nacional de Cultura (PNC), instituído pela Lei V valorização da diversidade étnica e regional.
12.343, de 2 de dezembro de 2010, tem por finalidade o
planejamento e implementação de políticas públicas de longo LEI Nº 12.343, DE 2 DE DEZEMBRO DE 2010.
prazo (até 2020) voltadas à proteção e promoção da
diversidade cultural brasileira. Diversidade que se expressa Institui o Plano Nacional de Cultura - PNC, cria o Sistema
em práticas, serviços e bens artísticos e culturais Nacional de Informações e Indicadores Culturais - SNIIC e dá
determinantes para o exercício da cidadania, a expressão outras providências.
simbólica e o desenvolvimento socioeconômico do País5.
Os objetivos do PNC são o fortalecimento institucional e O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
definição de políticas públicas que assegurem o direito Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
constitucional à cultura; a proteção e promoção do patrimônio
e da diversidade étnica, artística e cultural; a ampliação do CAPÍTULO I
acesso à produção e fruição da cultura em todo o território; a DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
inserção da cultura em modelos sustentáveis de
desenvolvimento socioeconômico e o estabelecimento de um Art. 1º Fica aprovado o Plano Nacional de Cultura, em
sistema público e participativo de gestão, acompanhamento e conformidade com o § 3o do art. 215 da Constituição Federal,
avaliação das políticas culturais. constante do Anexo, com duração de 10 (dez) anos e regido
A Lei que criou o PNC prevê metas para a área da cultura a pelos seguintes princípios:
serem atingidas até 2020. As metas do Plano, em número de I - liberdade de expressão, criação e fruição;
53, foram estabelecidas por meio da ampla participação da II - diversidade cultural;
sociedade e gestores públicos. Vale destacar que o sucesso do III - respeito aos direitos humanos;
PNC só ocorrerá com o envolvimento de todos os entes IV- direito de todos à arte e à cultura;
federados, por meio do Sistema Nacional de Cultura. V - direito à informação, à comunicação e à crítica cultural;
VI - direito à memória e às tradições;
VII - responsabilidade socioambiental;

5 http://www.cultura.gov.br/plano-nacional-de-cultura-pnc-

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VIII - valorização da cultura como vetor do VI - garantir a preservação do patrimônio cultural


desenvolvimento sustentável; brasileiro, resguardando os bens de natureza material e
IX - democratização das instâncias de formulação das imaterial, os documentos históricos, acervos e coleções, as
políticas culturais; formações urbanas e rurais, as línguas e cosmologias
X - responsabilidade dos agentes públicos pela indígenas, os sítios arqueológicos pré-históricos e as obras de
implementação das políticas culturais; arte, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
XI - colaboração entre agentes públicos e privados para o referência aos valores, identidades, ações e memórias dos
desenvolvimento da economia da cultura; diferentes grupos formadores da sociedade brasileira;
XII - participação e controle social na formulação e VII - articular as políticas públicas de cultura e promover a
acompanhamento das políticas culturais. organização de redes e consórcios para a sua implantação, de
forma integrada com as políticas públicas de educação,
Art. 2º São objetivos do Plano Nacional de Cultura: comunicação, ciência e tecnologia, direitos humanos, meio
I - reconhecer e valorizar a diversidade cultural, étnica e ambiente, turismo, planejamento urbano e cidades,
regional brasileira; desenvolvimento econômico e social, indústria e comércio,
II - proteger e promover o patrimônio histórico e artístico, relações exteriores, dentre outras;
material e imaterial; VIII - dinamizar as políticas de intercâmbio e a difusão da
III - valorizar e difundir as criações artísticas e os bens cultura brasileira no exterior, promovendo bens culturais e
culturais; criações artísticas brasileiras no ambiente internacional; dar
IV - promover o direito à memória por meio dos museus, suporte à presença desses produtos nos mercados de interesse
arquivos e coleções; econômico e geopolítico do País;
V - universalizar o acesso à arte e à cultura; IX - organizar instâncias consultivas e de participação da
VI - estimular a presença da arte e da cultura no ambiente sociedade para contribuir na formulação e debater estratégias
educacional; de execução das políticas públicas de cultura;
VII - estimular o pensamento crítico e reflexivo em torno X - regular o mercado interno, estimulando os produtos
dos valores simbólicos; culturais brasileiros com o objetivo de reduzir desigualdades
VIII - estimular a sustentabilidade socioambiental; sociais e regionais, profissionalizando os agentes culturais,
IX - desenvolver a economia da cultura, o mercado interno, formalizando o mercado e qualificando as relações de trabalho
o consumo cultural e a exportação de bens, serviços e na cultura, consolidando e ampliando os níveis de emprego e
conteúdos culturais; renda, fortalecendo redes de colaboração, valorizando
X - reconhecer os saberes, conhecimentos e expressões empreendimentos de economia solidária e controlando
tradicionais e os direitos de seus detentores; abusos de poder econômico;
XI - qualificar a gestão na área cultural nos setores público XI - coordenar o processo de elaboração de planos setoriais
e privado; para as diferentes áreas artísticas, respeitando seus
XII - profissionalizar e especializar os agentes e gestores desdobramentos e segmentações, e também para os demais
culturais; campos de manifestação simbólica identificados entre as
XIII - descentralizar a implementação das políticas diversas expressões culturais e que reivindiquem a sua
públicas de cultura; estruturação nacional;
XIV - consolidar processos de consulta e participação da XII - incentivar a adesão de organizações e instituições do
sociedade na formulação das políticas culturais; setor privado e entidades da sociedade civil às diretrizes e
XV - ampliar a presença e o intercâmbio da cultura metas do Plano Nacional de Cultura por meio de ações
brasileira no mundo contemporâneo; próprias, parcerias, participação em programas e integração
XVI - articular e integrar sistemas de gestão cultural. ao Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais -
SNIIC.
CAPÍTULO II § 1º O Sistema Nacional de Cultura - SNC, criado por lei
DAS ATRIBUIÇÕES DO PODER PÚBLICO específica, será o principal articulador federativo do PNC,
estabelecendo mecanismos de gestão compartilhada entre os
Art. 3º Compete ao poder público, nos termos desta Lei: entes federados e a sociedade civil.
I - formular políticas públicas e programas que conduzam § 2º A vinculação dos Estados, Distrito Federal e
à efetivação dos objetivos, diretrizes e metas do Plano; Municípios às diretrizes e metas do Plano Nacional de Cultura
II - garantir a avaliação e a mensuração do desempenho do far-se-á por meio de termo de adesão voluntária, na forma do
Plano Nacional de Cultura e assegurar sua efetivação pelos regulamento.
órgãos responsáveis; § 3º Os entes da Federação que aderirem ao Plano Nacional
III - fomentar a cultura de forma ampla, por meio da de Cultura deverão elaborar os seus planos decenais até 1
promoção e difusão, da realização de editais e seleções (um) ano após a assinatura do termo de adesão voluntária.
públicas para o estímulo a projetos e processos culturais, da § 4º O Poder Executivo federal, observados os limites
concessão de apoio financeiro e fiscal aos agentes culturais, da orçamentários e operacionais, poderá oferecer assistência
adoção de subsídios econômicos, da implantação regulada de técnica e financeira aos entes da federação que aderirem ao
fundos públicos e privados, entre outros incentivos, nos Plano, nos termos de regulamento.
termos da lei; § 5º Poderão colaborar com o Plano Nacional de Cultura,
IV - proteger e promover a diversidade cultural, a criação em caráter voluntário, outros entes, públicos e privados, tais
artística e suas manifestações e as expressões culturais, como empresas, organizações corporativas e sindicais,
individuais ou coletivas, de todos os grupos étnicos e suas organizações da sociedade civil, fundações, pessoas físicas e
derivações sociais, reconhecendo a abrangência da noção de jurídicas que se mobilizem para a garantia dos princípios,
cultura em todo o território nacional e garantindo a objetivos, diretrizes e metas do PNC, estabelecendo termos de
multiplicidade de seus valores e formações; adesão específicos.
V - promover e estimular o acesso à produção e ao § 6º O Ministério da Cultura exercerá a função de
empreendimento cultural; a circulação e o intercâmbio de coordenação executiva do Plano Nacional de Cultura - PNC,
bens, serviços e conteúdos culturais; e o contato e a fruição do conforme esta Lei, ficando responsável pela organização de
público com a arte e a cultura de forma universal; suas instâncias, pelos termos de adesão, pela implantação do
Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais -

Políticas Culturais 13
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SNIIC, pelo estabelecimento de metas, pelos regimentos e III - exercer e facilitar o monitoramento e avaliação das
demais especificações necessárias à sua implantação. políticas públicas de cultura e das políticas culturais em geral,
assegurando ao poder público e à sociedade civil o
CAPÍTULO III acompanhamento do desempenho do PNC.
DO FINANCIAMENTO
Art. 10. O Sistema Nacional de Informações e Indicadores
Art. 4º Os planos plurianuais, as leis de diretrizes Culturais - SNIIC terá as seguintes características:
orçamentárias e as leis orçamentárias da União e dos entes da I - obrigatoriedade da inserção e atualização permanente
federação que aderirem às diretrizes e metas do Plano de dados pela União e pelos Estados, Distrito Federal e
Nacional de Cultura disporão sobre os recursos a serem Municípios que vierem a aderir ao Plano;
destinados à execução das ações constantes do Anexo desta II - caráter declaratório;
Lei. III - processos informatizados de declaração,
armazenamento e extração de dados;
Art. 5º O Fundo Nacional de Cultura, por meio de seus IV - ampla publicidade e transparência para as
fundos setoriais, será o principal mecanismo de fomento às informações declaradas e sistematizadas, preferencialmente
políticas culturais. em meios digitais, atualizados tecnologicamente e disponíveis
na rede mundial de computadores.
Art. 6º A alocação de recursos públicos federais destinados § 1º O declarante será responsável pela inserção de dados
às ações culturais nos Estados, no Distrito Federal e nos no programa de declaração e pela veracidade das informações
Municípios deverá observar as diretrizes e metas inseridas na base de dados.
estabelecidas nesta Lei. § 2º As informações coletadas serão processadas de forma
Parágrafo único. Os recursos federais transferidos aos sistêmica e objetiva e deverão integrar o processo de
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios deverão ser monitoramento e avaliação do PNC.
aplicados prioritariamente por meio de Fundo de Cultura, que § 3º O Ministério da Cultura poderá promover parcerias e
será acompanhado e fiscalizado por Conselho de Cultura, na convênios com instituições especializadas na área de
forma do regulamento. economia da cultura, de pesquisas socioeconômicas e
demográficas para a constituição do Sistema Nacional de
Art. 7º O Ministério da Cultura, na condição de Informações e Indicadores Culturais - SNIIC.
coordenador executivo do Plano Nacional de Cultura, deverá
estimular a diversificação dos mecanismos de financiamento CAPÍTULO V
para a cultura de forma a atender os objetivos desta Lei e DISPOSIÇÕES FINAIS
elevar o total de recursos destinados ao setor para garantir o
seu cumprimento. Art. 11. O Plano Nacional de Cultura será revisto
periodicamente, tendo como objetivo a atualização e o
CAPÍTULO IV aperfeiçoamento de suas diretrizes e metas.
DO SISTEMA DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO Parágrafo único. A primeira revisão do Plano será
realizada após 4 (quatro) anos da promulgação desta Lei,
Art. 8º Compete ao Ministério da Cultura monitorar e assegurada a participação do Conselho Nacional de Política
avaliar periodicamente o alcance das diretrizes e eficácia das Cultural - CNPC e de ampla representação do poder público e
metas do Plano Nacional de Cultura com base em indicadores da sociedade civil, na forma do regulamento.
nacionais, regionais e locais que quantifiquem a oferta e a
demanda por bens, serviços e conteúdos, os níveis de trabalho, Art. 12. O processo de revisão das diretrizes e
renda e acesso da cultura, de institucionalização e gestão estabelecimento de metas para o Plano Nacional de Cultura -
cultural, de desenvolvimento econômico-cultural e de PNC será desenvolvido pelo Comitê Executivo do Plano
implantação sustentável de equipamentos culturais. Nacional de Cultura.
Parágrafo único. O processo de monitoramento e avaliação § 1º O Comitê Executivo será composto por membros
do PNC contará com a participação do Conselho Nacional de indicados pelo Congresso Nacional e pelo Ministério da
Política Cultural, tendo o apoio de especialistas, técnicos e Cultura, tendo a participação de representantes do Conselho
agentes culturais, de institutos de pesquisa, de universidades, Nacional de Política Cultural - CNPC, dos entes que aderirem
de instituições culturais, de organizações e redes ao Plano Nacional de Cultura - PNC e do setor cultural.
socioculturais, além do apoio de outros órgãos colegiados de § 2º As metas de desenvolvimento institucional e cultural
caráter consultivo, na forma do regulamento. para os 10 (dez) anos de vigência do Plano serão fixadas pela
coordenação executiva do Plano Nacional de Cultura - PNC a
Art. 9º Fica criado o Sistema Nacional de Informações e partir de subsídios do Sistema Nacional de Informações e
Indicadores Culturais - SNIIC, com os seguintes objetivos: Indicadores Culturais - SNIIC e serão publicadas em 180 (cento
I - coletar, sistematizar e interpretar dados, fornecer e oitenta) dias a partir da entrada em vigor desta Lei.
metodologias e estabelecer parâmetros à mensuração da
atividade do campo cultural e das necessidades sociais por Art. 13. A União e os entes da federação que aderirem ao
cultura, que permitam a formulação, monitoramento, gestão e Plano deverão dar ampla publicidade e transparência ao seu
avaliação das políticas públicas de cultura e das políticas conteúdo, bem como à realização de suas diretrizes e metas,
culturais em geral, verificando e racionalizando a estimulando a transparência e o controle social em sua
implementação do PNC e sua revisão nos prazos previstos; implementação.
II - disponibilizar estatísticas, indicadores e outras
informações relevantes para a caracterização da demanda e Art. 14. A Conferência Nacional de Cultura e as
oferta de bens culturais, para a construção de modelos de conferências setoriais serão realizadas pelo Poder Executivo
economia e sustentabilidade da cultura, para a adoção de federal, enquanto os entes que aderirem ao PNC ficarão
mecanismos de indução e regulação da atividade econômica responsáveis pela realização de conferências no âmbito de
no campo cultural, dando apoio aos gestores culturais públicos suas competências para o debate de estratégias e o
e privados; estabelecimento da cooperação entre os agentes públicos e a

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sociedade civil para a implementação do Plano Nacional de • FOMENTAR A CULTURA de forma ampla, estimulando a
Cultura - PNC. criação, produção, circulação, promoção, difusão, acesso,
Parágrafo único. Fica sob responsabilidade do Ministério consumo, documentação e memória, também por meio de
da Cultura a realização da Conferência Nacional de Cultura e subsídios à economia da cultura, mecanismos de crédito e
de conferências setoriais, cabendo aos demais entes federados financiamento, investimento por fundos públicos e privados,
a realização de conferências estaduais e municipais para patrocínios e disponibilização de meios e recursos.
debater estratégias e estabelecer a cooperação entre os • PROTEGER E PROMOVER A DIVERSIDADE CULTURAL,
agentes públicos e da sociedade civil para a implantação do reconhecendo a complexidade e abrangência das atividades e
PNC e dos demais planos. valores culturais em todos os territórios, ambientes e
contextos populacionais, buscando dissolver a hierarquização
Art. 15. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. entre alta e baixa cultura, cultura erudita, popular ou de massa,
primitiva e civilizada, e demais discriminações ou
ANEXO preconceitos.
LANO NACIONAL DE CULTURA: DIRETRIZES, • AMPLIAR E PERMITIR O ACESSO compreendendo a
ESTRATÉGIAS E AÇÕES cultura a partir da ótica dos direitos e liberdades do cidadão,
sendo o Estado um instrumento para efetivação desses
CAPÍTULO I direitos e garantia de igualdade de condições, promovendo a
DO ESTADO FORTALECER A FUNÇÃO DO ESTADO NA universalização do acesso aos meios de produção e fruição
INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS POLÍTICAS CULTURAIS cultural, fazendo equilibrar a oferta e a demanda cultural,
INTENSIFICAR O PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS E apoiando a implantação dos equipamentos culturais e
AÇÕES VOLTADAS AO CAMPO CULTURAL CONSOLIDAR A financiando a programação regular destes.
EXECUÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA CULTURA • PRESERVAR O PATRIMÔNIO MATERIAL E IMATERIAL,
resguardando bens, documentos, acervos, artefatos, vestígios
O Plano Nacional de Cultura está voltado ao e sítios, assim como as atividades, técnicas, saberes,
estabelecimento de princípios, objetivos, políticas, diretrizes e linguagens e tradições que não encontram amparo na
metas para gerar condições de atualização, desenvolvimento e sociedade e no mercado, permitindo a todos o cultivo da
preservação das artes e das expressões culturais, inclusive memória comum, da história e dos testemunhos do passado.
aquelas até então desconsideradas pela ação do Estado no • AMPLIAR A COMUNICAÇÃO E POSSIBILITAR A TROCA
País. ENTRE OS DIVERSOS AGENTES CULTURAIS, criando espaços,
dispositivos e condições para iniciativas compartilhadas, o
O Plano reafirma uma concepção ampliada de cultura, intercâmbio e a cooperação, aprofundando o processo de
entendida como fenômeno social e humano de múltiplos integração nacional, absorvendo os recursos tecnológicos,
sentidos. Ela deve ser considerada em toda a sua extensão garantindo as conexões locais com os fluxos culturais
antropológica, social, produtiva, econômica, simbólica e contemporâneos e centros culturais internacionais,
estética. estabelecendo parâmetros para a globalização da cultura.
• DIFUNDIR OS BENS, CONTEÚDOS E VALORES oriundos
O Plano ressalta o papel regulador, indutor e fomentador das criações artísticas e das expressões culturais locais e
do Estado, afirmando sua missão de valorizar, reconhecer, nacionais em todo o território brasileiro e no mundo, assim
promover e preservar a diversidade cultural existente no como promover o intercâmbio e a interação desses com seus
Brasil. equivalentes estrangeiros, observando os marcos da
diversidade cultural para a exportação de bens, conteúdos,
Aos governos e suas instituições cabem a formulação de produtos e serviços culturais.
políticas públicas, diretrizes e critérios, o planejamento, a • ESTRUTURAR E REGULAR A ECONOMIA DA CULTURA,
implementação, o acompanhamento, a avaliação, o construindo modelos sustentáveis, estimulando a economia
monitoramento e a fiscalização das ações, projetos e solidária e formalizando as cadeias produtivas, ampliando o
programas na área cultural, em diálogo com a sociedade civil. mercado de trabalho, o emprego e a geração de renda,
promovendo o equilíbrio regional, a isonomia de competição
O Sistema Nacional de Cultura - SNC, criado por lei entre os agentes, principalmente em campos onde a cultura
específica, e o Sistema Nacional de Informações e Indicadores interage com o mercado, a produção e a distribuição de bens e
Culturais - SNIIC orientarão a instituição de marcos legais e conteúdos culturais internacionalizados.
instâncias de participação social, o desenvolvimento de
processos de avaliação pública, a adoção de mecanismos de São fundamentais para o exercício da função do Estado:
regulação e indução do mercado e da economia da cultura, • o compartilhamento de responsabilidades e a cooperação
assim como a territorialização e a nacionalização das políticas entre os entes federativos;
culturais. • a instituição e atualização de marcos legais;
• a criação de instâncias de participação da sociedade civil;
Compete ao Estado: • a cooperação com os agentes privados e as instituições
• FORMULAR POLÍTICAS PÚBLICAS, identificando as áreas culturais;
estratégicas de nosso desenvolvimento sustentável e de nossa • a relação com instituições universitárias e de pesquisa;
inserção geopolítica no mundo contemporâneo, fazendo • a disponibilização de informações e dados qualificados;
confluir vozes e respeitando os diferentes agentes culturais, • a territorialização e a regionalização das políticas
atores sociais, formações humanas e grupos étnicos. culturais;
• QUALIFICAR A GESTÃO CULTURAL, otimizando a • a atualização dos mecanismos de fomento, incentivo e
alocação dos recursos públicos e buscando a financiamento à atividade cultural;
complementaridade com o investimento privado, garantindo a • a construção de estratégias culturais de
eficácia e a eficiência, bem como o atendimento dos direitos e internacionalização e de integração em blocos geopolíticos e
a cobrança dos deveres, aumentando a racionalização dos mercados globais.
processos e dos sistemas de governabilidade, permitindo
maior profissionalização e melhorando o atendimento das
demandas sociais.

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ESTRATÉGIAS E AÇÕES programas para cada um dos seus focos setoriais de política
1.1 Fortalecer a gestão das políticas públicas para a pública.
cultura, por meio da ampliação das capacidades de 1.1.10 Aprimorar e ampliar os mecanismos de
planejamento e execução de metas, a articulação das esferas comunicação e de colaboração entre os órgãos e instituições
dos poderes públicos, o estabelecimento de redes públicos e organizações sociais e institutos privados, de modo
institucionais das três esferas de governo e a articulação com a sistematizar informações, referências e experiências
instituições e empresas do setor privado e organizações da acumuladas em diferentes setores do governo, iniciativa
sociedade civil. privada e associações civis.
1.1.1 Consolidar a implantação do Sistema Nacional de 1.1.11 Fortalecer as políticas culturais setoriais visando à
Cultura - SNC como instrumento de articulação, gestão, universalização do acesso e garantia ao exercício do direito à
informação, formação, fomento e promoção de políticas cultura.
públicas de cultura com participação e controle da sociedade 1.2 Consolidar a implantação do Sistema Nacional de
civil e envolvendo as três esferas de governo (federal, estadual Informações e Indicadores Culturais - SNIIC como instrumento
e municipal). A implementação do Sistema Nacional de Cultura de acompanhamento, avaliação e aprimoramento da gestão e
- SNC deve promover, nessas esferas, a constituição ou das políticas públicas de cultura.
fortalecimento de órgãos gestores da cultura, conselhos de 1.2.1 Estabelecer padrões de cadastramento, mapeamento
política cultural, conferências de cultura, fóruns, colegiados, e síntese das informações culturais, a fim de orientar a coleta
sistemas setoriais de cultura, comissões intergestoras, pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios de dados
sistemas de financiamento à cultura, planos e orçamentos relacionados à gestão, à formação, à produção e à fruição de
participativos para a cultura, sistemas de informação e obras, atividades e expressões artísticas e culturais.
indicadores culturais e programas de formação na área da 1.2.2 Estabelecer, no âmbito do Sistema Nacional de
cultura. As diretrizes da gestão cultural serão definidas por Informações e Indicadores Culturais - SNIIC, os indicadores de
meio das respectivas Conferências e Conselhos de Política acompanhamento e avaliação deste Plano Nacional.
Cultural, compostos por, no mínimo, 50% (cinquenta por 1.2.3 Disseminar subsídios para formulação,
cento) de membros da sociedade civil, eleitos implementação, gestão e avaliação das políticas culturais.
democraticamente. Os Órgãos Gestores devem apresentar 1.2.4 Implantar uma instituição pública nacional de
periodicamente relatórios de gestão para avaliação nas estudos e pesquisas culturais.
instâncias de controle social do Sistema Nacional de Cultura - 1.3 Estimular a diversificação dos mecanismos de
SNC. financiamento para a cultura e a coordenação entre os
1.1.2 Apoiar iniciativas em torno da constituição de diversos agentes econômicos (governos, instituições e
agendas, frentes e comissões parlamentares dedicadas a temas empresas públicas e privadas, instituições bancárias e de
culturais, tais como a elevação de dotação orçamentária, o crédito) de forma a elevar o total de recursos destinados aos
aprimoramento dos marcos legais, o fortalecimento setores culturais e atender às necessidades e peculiaridades
institucional e o controle social. de suas áreas.
1.1.3 Descentralizar o atendimento do Ministério da 1.3.1 Incentivar a formação de consórcios intermunicipais,
Cultura no território nacional, sistematizar as ações de suas de modo a elevar a eficiência e a eficácia das ações de
instituições vinculadas e fortalecer seus quadros institucionais planejamento e execução de políticas regionais de cultura.
e carreiras, otimizando o emprego de recursos e garantindo o 1.3.2 Elaborar, em parceria com bancos e agências de
exercício de suas competências. crédito, modelos de financiamento para as artes e
1.1.4 Consolidar a implantação do Sistema Nacional de manifestações culturais, que contemplem as particularidades
Cultura - SNC, como instrumento de articulação para a gestão e dinâmicas de suas atividades.
e profissionalização de agentes executores de políticas 1.3.3 Promover o investimento para a pesquisa de
públicas de cultura, envolvendo a União, Estados, Distrito inovação e a produção cultural independente e regional.
Federal, Municípios e sociedade civil. 1.3.4 Realizar acordos com bancos e fundos públicos e
1.1.5 Atribuir a divisão de competências entre órgãos privados de financiamento para oferecimento de linhas de
federais, estaduais e municipais, no âmbito do Sistema crédito especiais para a produção artística e cultural,
Nacional de Cultura - SNC, bem como das instâncias de viabilizando a sua produção e circulação comercial.
formulação, acompanhamento e avaliação da execução de 1.3.5 Estimular o investimento privado de risco em cultura
políticas públicas de cultura. e a criação de fundos de investimento.
1.1.6 Estimular a criação e instalação de secretarias 1.3.6 Estimular nos bancos estatais e de fomento linhas de
municipais e estaduais de cultura em todo o território crédito subsidiado para comunidades detentoras de bens
nacional, garantindo o atendimento das demandas dos culturais, para que possam realizar ações de preservação, de
cidadãos e a proteção dos bens e valores culturais. restauração, de promoção e de salvaguarda do patrimônio
1.1.7 Estimular a constituição ou fortalecimento de órgãos cultural.
gestores, conselhos consultivos, conferências, fóruns, 1.3.7 Criar, em parceria com bancos públicos e bancos de
colegiados e espaços de interlocução setorial, democráticos e fomento, linhas de crédito subsidiado para o financiamento da
transparentes, apoiando a ação dos fundos de fomento, requalificação de imóveis públicos e privados situados em
acompanhando a implementação dos planos e, quando sítios históricos.
possível, criando gestão participativa dos orçamentos para a 1.4 Ampliar e desconcentrar os investimentos em
cultura. produção, difusão e fruição cultural, visando ao equilíbrio
1.1.8 Estabelecer programas de cooperação técnica entre entre as diversas fontes e à redução das disparidades regionais
os entes da Federação para a elaboração de planos e do e desigualdades sociais, com prioridade para os perfis
planejamento das políticas públicas, organizando consórcios e populacionais e identitários historicamente desconsiderados
redes. em termos de apoio, investimento e interesse comercial.
1.1.9 Estabelecer sistemas de integração de equipamentos 1.4.1 Estabelecer critérios transparentes para o
culturais e fomentar suas atividades e planos anuais, financiamento público de atividades que fortaleçam a
desenvolvendo metas qualitativas de aprimoramento e diversidade nacional, o bem-estar social e a integração de
atualização de seus modelos institucionais, de financiamento, esforços pelo desenvolvimento sustentável e socialmente
de gestão e de atendimento ao público e elaborando justo.

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1.4.2 Articular os marcos regulatórios dos mecanismos de copatrocínio e efetivar a parceria do setor público e do setor
fomento e incentivo das esferas federal, estadual e municipal. privado no campo da cultura.
1.4.3 Aprimorar os instrumentos legais de forma a dar 1.6.4 Estimular pessoas físicas a investir em projetos
transparência e garantir o controle social dos processos de culturais por meio dos mecanismos de renúncia fiscal,
seleção e de prestação de contas de projetos incentivados com principalmente em fundos fiduciários que gerem a
recursos públicos. sustentabilidade de longo prazo em instituições e
1.4.4 Ampliar e regulamentar as contrapartidas equipamentos culturais.
socioculturais, de desconcentração regional, de acesso, de 1.6.5 Promover a autonomia das instituições culturais na
apoio à produção independente e de pesquisa para o incentivo definição de suas políticas, regulando e incentivando sua
a projetos com recursos oriundos da renúncia fiscal. independência em relação às empresas patrocinadoras.
1.4.5 Ampliar e aprimorar a divulgação dos programas, 1.7 Sistematizar instrumentos jurídicos e normativos para
ações e editais públicos de apoio à cultura. o aprimoramento dos marcos regulatórios da cultura, com o
1.4.6 Ampliar o uso de editais e comissões de seleção objetivo de fortalecer as leis e regimentos que ordenam o setor
pública com a participação de representantes da sociedade na cultural.
escolha de projetos para destinação de recursos públicos 1.7.1 Fortalecer as comissões de cultura no Poder
provenientes do orçamento e da renúncia fiscal, garantindo Legislativo federal, estadual e municipal, estimulando a
regras transparentes e ampla divulgação. participação de mandatos e bancadas parlamentares no
1.4.7 Incentivar o uso de editais pelas entidades constante aprimoramento e na revisão ocasional das leis,
financiadoras privadas, bem como por organizações não garantindo os interesses públicos e os direitos dos cidadãos.
governamentais e outras instituições que ofereçam recursos 1.7.2 Promover programas de cooperação técnica para
para cultura. atualização e alinhamento das legislações federais, estaduais e
1.4.8 Ampliar as linhas de financiamento e fomento à municipais, aprimorando os marcos jurídicos locais de
produção independente de conteúdos para rádio, televisão, institucionalização da política pública de cultura.
internet e outras mídias, com vistas na democratização dos 1.7.3 Estabelecer instrumentos normativos relacionados
meios de comunicação e na valorização da diversidade ao patrimônio cultural para o desenvolvimento dos marcos
cultural. regulatórios de políticas territoriais urbanas e rurais, de
1.4.9 Incentivar a criação de linhas de financiamento e arqueologia pré-histórica e de história da arte.
fomento para modelos de negócios culturais inovadores. 1.7.4 Garantir a participação efetiva dos órgãos executivos
1.5 Fortalecer o Fundo Nacional de Cultura como e comissões legislativas de cultura nos processos de
mecanismo central de fomento. elaboração, revisão e execução da lei orgânica e dos planos
1.5.1 Estabelecer programas de financiamento conjunto diretores dos Municípios.
entre as três esferas da federação, por meio da reformulação 1.7.5 Contribuir para a definição dos marcos legais e
do Fundo Nacional de Cultura. organizacionais que ordenarão o desenvolvimento
1.5.2 Induzir à criação e à padronização dos fundos tecnológico, a sustentabilidade e a democratização da mídia
estaduais e municipais de cultura, por meio da audiovisual e digital.
regulamentação dos mecanismos de repasse do Fundo 1.7.6 Estimular a participação dos órgãos gestores da
Nacional de Cultura, estimulando contrapartidas política pública de cultura no debate sobre a atualização das
orçamentárias locais para o recurso federal alocado. leis de comunicação social, abrangendo os meios impressos,
1.5.3 Estimular a criação, o aprimoramento do eletrônicos e de internet, bem como os serviços de
gerenciamento técnico dos empenhos e o controle social dos infraestrutura de telecomunicações e redes digitais.
fundos de cultura, priorizando a distribuição de recursos por 1.7.7 Fortalecer e aprimorar os mecanismos regulatórios e
meio de mecanismos de seleção pública e de editais de legislativos de proteção e gestão do patrimônio cultural,
chamamento de projetos. histórico e artístico e dos museus brasileiros.
1.5.4 Estabelecer programas específicos para setores 1.8 Instituir e aprimorar os marcos regulatórios em
culturais, principalmente para artes visuais, música, artes articulação com o Sistema Brasileiro de Defesa da
cênicas, literatura, audiovisual, patrimônio, museus e Concorrência e organizações internacionais dedicadas ao
diversidade cultural, garantindo percentuais equilibrados de tema.
alocação de recursos em cada uma das políticas setoriais. 1.8.1 Revisar a legislação tributária aplicada às indústrias
1.5.5 Estabelecer mecanismos complementares de da cultura, especialmente os segmentos do audiovisual, da
fomento e financiamento tornando o FNC sócio de música e do livro, levando em conta os índices de acesso em
empreendimentos culturais e permitindo a incorporação de todo o território nacional e o advento da convergência digital
receitas advindas do sucesso comercial dos projetos. da mídia, sem prejuízo aos direitos dos criadores.
1.5.6 Ampliar as fontes de recursos do Fundo Nacional de 1.8.2 Instituir instrumentos tributários diferenciados para
Cultura, buscando fontes em extrações das loterias federais, beneficiar a produção, difusão, circulação e comercialização de
doações e outros montantes para além dos oriundos do caixa bens, produtos e serviços culturais.
geral da União. 1.8.3 Criar políticas fiscais capazes de carrear recursos
1.6 Aprimorar o mecanismo de incentivo fiscal, de forma a oriundos do turismo em benefício dos bens e manifestações de
aproveitar seus recursos no sentido da desconcentração arte e cultura locais.
regional, sustentabilidade e alinhamento às políticas públicas. 1.8.4 Criar regras nacionais de tributação adequadas à
1.6.1 Estimular a construção de diretrizes para o incentivo especificidade das atividades artísticas e culturais itinerantes.
fiscal, de modo a permitir uma melhor distribuição dos 1.8.5 Promover o tratamento igualitário no que tange ao
recursos oriundos da renúncia, gerando maior distribuição no controle da saída e entrada de bens culturais no País,
território nacional e entre as diferentes atividades culturais. desburocratizando os seus trâmites e simplificando a
1.6.2 Estabelecer percentuais diferenciados de renúncia legislação para o trânsito e recepção de obras para exposições.
fiscal baseados em critérios objetivos que permitam aferir o Contribuir para o combate ao tráfico ilícito de bens culturais.
nível de comprometimento do projeto com as políticas 1.8.6 Estabelecer o direito de preferência do Estado
públicas de cultura. brasileiro sobre as instituições estrangeiras em ocasiões de
1.6.3 Estimular a contrapartida do setor privado e das venda de obras de arte nacionais de interesse público.
empresas usuárias dos mecanismos de compensação 1.9 Fortalecer a gestão pública dos direitos autorais, por
tributária, de modo a aumentar os montantes de recursos de meio da expansão e modernização dos órgãos competentes e

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da promoção do equilíbrio entre o respeito a esses direitos e a 1.10.1 Construir um sistema de gestão compartilhada e em
ampliação do acesso à cultura. rede para as políticas de cultura intersetoriais de modo a
1.9.1 Criar instituição especificamente voltada à promoção ampliar a participação social no monitoramento, avaliação e
e regulação de direitos autorais e suas atividades de revisão de programas, projetos e ações.
arrecadação e distribuição. 1.10.2 (VETADO)
1.9.2 Revisar a legislação brasileira sobre direitos autorais, 1.10.3 Estabelecer um sistema articulado de ações entre as
com vistas em equilibrar os interesses dos criadores, diversas instâncias de governo e os meios de comunicação
investidores e usuários, estabelecendo relações contratuais públicos, de modo a garantir a transversalidade de efeitos dos
mais justas e critérios mais transparentes de arrecadação e recursos aplicados no fomento à difusão cultural.
distribuição. 1.10.4 Estabelecer a participação contínua dos órgãos
1.9.3 Aprimorar e acompanhar a legislação autoral com culturais nas instâncias intersetoriais e nas ações das
representantes dos diversos agentes envolvidos com o tema, instituições responsáveis pelo desenvolvimento científico e
garantindo a participação da produção artística e cultural tecnológico que definem e implementam as políticas de
independente, por meio de consultas e debates abertos ao inclusão e de distribuição da infraestrutura de serviços de
público. conexão às redes digitais.
1.9.4 Adequar a regulação dos direitos autorais, suas 1.10.5 Articular os órgãos federais, estaduais e municipais
limitações e exceções, ao uso das novas tecnologias de e representantes da sociedade civil e do empresariado na
informação e comunicação. elaboração e implementação da política intersetorial de
1.9.5 Criar marcos legais de proteção e difusão dos cultura e turismo, estabelecendo modelos de financiamento e
conhecimentos e expressões culturais tradicionais e dos gestão compartilhada e em rede.
direitos coletivos das populações detentoras desses 1.10.6 Construir instrumentos integrados de preservação,
conhecimentos e autoras dessas manifestações, garantindo a salvaguarda e gestão do patrimônio em todas as suas vertentes
participação efetiva dessas comunidades nessa ação. e dimensões, incluindo desenvolvimento urbano, turismo,
1.9.6 Descentralizar o registro de obras protegidas por meio ambiente, desenvolvimento econômico e planejamento
direitos autorais, por meio da abertura de representações estratégico, entre outras.
estaduais dos escritórios de registro, e facilitar o registro de 1.10.7 Estabelecer uma agenda compartilhada de
obras nos órgãos competentes. programas, projetos e ações entre os órgãos de cultura e
1.9.7 Regular o funcionamento de uma instância educação municipais, estaduais e federais, com o objetivo de
administrativa especializada na mediação de conflitos e desenvolver diagnósticos e planos conjuntos de trabalho.
arbitragem no campo dos direitos autorais, com destaque para Instituir marcos legais e articular as redes de ensino e acesso
os problemas relacionados à gestão coletiva de direitos. à cultura.
1.9.8 Estimular a criação e o aperfeiçoamento técnico das 1.10.8 Atuar em conjunto com os órgãos de educação no
associações gestoras de direitos autorais e adotar medidas que desenvolvimento de atividades que insiram as artes no ensino
tornem suas gestões mais democráticas e transparentes. regular como instrumento e tema de aprendizado, com a
1.9.9 Promover a defesa de direitos associados ao finalidade de estimular o olhar crítico e a expressão artístico-
patrimônio cultural, em especial os direitos de imagem e de cultural do estudante.
propriedade intelectual coletiva de populações detentoras de 1.10.9 Realizar programas em parceria com os órgãos de
saberes tradicionais, envolvendo-as nessa ação. educação para que as escolas atuem também como centros de
1.9.10 Garantir aos povos e comunidades tradicionais produção e difusão cultural da comunidade.
direitos sobre o uso comercial sustentável de seus 1.10.10 Incentivar pesquisas e elaboração de materiais
conhecimentos e expressões culturais. Estimular sua didáticos e de difusão referentes a conteúdos multiculturais,
participação na elaboração de instrumentos legais que étnicos e de educação patrimonial.
assegurem a repartição equitativa dos benefícios resultantes 1.10.11 Estabelecer uma política voltada ao
desse mercado. desenvolvimento de ações culturais para a infância e
1.9.11 Estabelecer mecanismos de proteção aos adolescência, com financiamento e modelo de gestão
conhecimentos tradicionais e expressões culturais, compartilhado e intersetorial.
reconhecendo a importância desses saberes no valor agregado 1.10.12 Promover políticas, programas e ações voltados às
aos produtos, serviços e expressões da cultura brasileira. mulheres, relações de gênero e LGBT, com fomento e gestão
1.9.12 Incentivar o desenvolvimento de modelos solidários transversais e compartilhados.
de licenciamento de conteúdos culturais, com o objetivo de 1.11 Dinamizar as políticas de intercâmbio e difusão da
ampliar o reconhecimento dos autores de obras intelectuais, cultura brasileira no exterior, em parceria com as embaixadas
assegurar sua propriedade intelectual e expandir o acesso às brasileiras e as representações diplomáticas do País no
manifestações culturais. exterior, a fim de afirmar a presença da arte e da cultura
1.9.13 Incentivar e fomentar o desenvolvimento de brasileiras e seus valores distintivos no cenário global,
produtos e conteúdos culturais intensivos em conhecimento e potencializar os intercâmbios econômicos e técnicos na área e
tecnologia, em especial sob regimes flexíveis de propriedade a exportação de produtos e consolidar as redes de circulação e
intelectual. dos mercados consumidores de bens, conteúdos e serviços
1.9.14 Promover os interesses nacionais relativos à cultura culturais.
nos organismos internacionais de governança sobre o Sistema 1.11.1 Instituir uma agência de cooperação cultural
de Propriedade Intelectual e outros foros internacionais de internacional vinculada ao Ministério da Cultura e desenvolver
negociação sobre o comércio de bens e serviços. estratégias constantes de internacionalização da arte e da
1.9.15 Qualificar os debates sobre revisão e atualização das cultura brasileiras no mundo contemporâneo.
regras internacionais de propriedade intelectual, com vistas 1.11.2 Fomentar projetos e ações de promoção da arte e da
em compensar as condições de desigualdade dos países em diversidade cultural brasileiras em todo o mundo, por meio da
desenvolvimento em relação aos países desenvolvidos. valorização de suas diferentes contribuições, seus potenciais
1.10 Promover uma maior articulação das políticas de inovação e de experimentação diante da cultura global.
públicas de cultura com as de outras áreas, como educação, 1.11.3 Fortalecer a participação brasileira nas redes,
meio ambiente, desenvolvimento social, planejamento urbano fóruns, reuniões de especialistas, encontros bilaterais, acordos
e econômico, turismo, indústria e comércio. multilaterais e em representações nos organismos
internacionais, ligados à cultura, dando amplitude e

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divulgação às suas discussões, afirmando princípios, ESTRATÉGIAS E AÇÕES


conceitos, objetivos e diretrizes estratégicas de nossa política 2.1 Realizar programas de reconhecimento, preservação,
cultural. fomento e difusão do patrimônio e da expressão cultural dos e
1.11.4 Desenvolver políticas públicas para estimular o para os grupos que compõem a sociedade brasileira,
trânsito da arte e das manifestações culturais nas regiões especialmente aqueles sujeitos à discriminação e
fronteiriças brasileiras, ampliando o relacionamento com marginalização: os indígenas, os afro-brasileiros, os
outros países do continente. quilombolas, outros povos e comunidades tradicionais e
1.11.5 Estimular a circulação de bens culturais e valores, moradores de zonas rurais e áreas urbanas periféricas ou
incentivando a construção de equipamentos culturais nas degradadas; aqueles que se encontram ameaçados devido a
áreas de fronteira, com o objetivo de promover a integração processos migratórios, modificações do ecossistema,
dos países limítrofes. transformações na dinâmica social, territorial, econômica,
1.11.6 Articular órgãos e políticas de cultura e relações comunicacional e tecnológica; e aqueles discriminados por
exteriores para constituir e aprofundar programas sobre questões étnicas, etárias, religiosas, de gênero, orientação
temas e experiências culturais com outras nações, sobretudo sexual, deficiência física ou intelectual e pessoas em
no âmbito do Mercosul, da América Latina, da Comunidade dos sofrimento mental.
Países de Língua Portuguesa, dando destaque também ao 2.1.1 Estabelecer abordagens intersetoriais e
intercâmbio com China, Rússia, Índia e África do Sul. transdisciplinares para a execução de políticas dedicadas às
1.11.7 Articular políticas de cultura e intercâmbio para culturas populares, incluindo seus detentores na formulação
aprofundar temas e experiências culturais com os países do de programas, projetos e ações.
continente africano, os países árabes, o continente europeu e 2.1.2 Criar políticas de transmissão dos saberes e fazeres
os demais países que participaram dos fluxos migratórios que das culturas populares e tradicionais, por meio de mecanismos
contribuíram para a formação da população brasileira. como o reconhecimento formal dos mestres populares, leis
1.11.8 Promover planos bilaterais e multilaterais de específicas, bolsas de auxílio, integração com o sistema de
cooperação técnica e financeira, visando à troca de ensino formal, criação de instituições públicas de educação e
experiências, conhecimentos e metodologias para a cultura que valorizem esses saberes e fazeres, criação de
viabilização de programas nacionais. oficinas e escolas itinerantes, estudos e sistematização de
1.11.9 Estabelecer acordos e protocolos internacionais de pedagogias e dinamização e circulação dos seus saberes no
cooperação, fomento e difusão, em especial com países em contexto em que atuam.
desenvolvimento, de modo a ampliar a inserção da produção 2.1.3 Reconhecer a atividade profissional dos mestres de
cultural brasileira no mercado internacional e o intercâmbio ofícios por meio do título de “notório saber”.
de produções e experiências culturais. 2.1.4 Realizar campanhas nacionais, regionais e locais de
1.11.10 Estimular a tradução e a publicação de obras valorização das culturas dos povos e comunidades
literárias brasileiras em diversas mídias no exterior, assim tradicionais, por meio de conteúdos para rádio, internet,
como de obras estrangeiras no País, ampliando o repertório televisão, revistas, exposições museológicas, materiais
cultural e semântico traduzível e as interações entre as línguas didáticos e livros, entre outros.
e valores, principalmente as neolatinas e as indígenas do 2.1.5 Desenvolver e ampliar programas dedicados à
continente americano. capacitação de profissionais para o ensino de história, arte e
cultura africana, afro-brasileira, indígena e de outras
CAPÍTULO II comunidades não hegemônicas, bem como das diversas
DA DIVERSIDADE RECONHECER E VALORIZAR A expressões culturais e linguagens artísticas.
DIVERSIDADE PROTEGER E PROMOVER AS ARTES E 2.1.6 Apoiar o mapeamento, documentação e preservação
EXPRESSÕES CULTURAIS das terras das comunidades quilombolas, indígenas e outras
comunidades tradicionais, com especial atenção para sítios de
A formação sociocultural do Brasil é marcada por valor simbólico e histórico.
encontros étnicos, sincretismos e mestiçagens. É dominante, 2.1.7 Mapear, preservar, restaurar e difundir os acervos
na experiência histórica, a negociação entre suas diversas históricos das culturas afro-brasileira, indígenas e de outros
formações humanas e matrizes culturais no jogo entre povos e comunidades tradicionais, valorizando tanto sua
identidade e alteridade, resultando no reconhecimento tradição oral quanto sua expressão escrita nos seus idiomas e
progressivo dos valores simbólicos presentes em nosso dialetos e na língua portuguesa.
território. Não se pode ignorar, no entanto, as tensões, 2.1.8 Promover o intercâmbio de experiências e ações
dominações e discriminações que permearam e permeiam a coletivas entre diferentes segmentos da população, grupos de
trajetória do País, registradas inclusive nas diferentes identidade e expressões culturais.
interpretações desses fenômenos e nos termos adotados para 2.1.9 Fomentar a difusão nacional e internacional das
expressar as identidades. variações regionais da culinária brasileira, valorizando o modo
de fazer tradicional, os hábitos de alimentação saudável e a
A diversidade cultural no Brasil se atualiza – de maneira produção sustentável de alimentos.
criativa e ininterrupta – por meio da expressão de seus artistas 2.1.10 Fomentar projetos que visem a preservar e a
e de suas múltiplas identidades, a partir da preservação de sua difundir as brincadeiras e brinquedos populares, cantigas de
memória, da reflexão e da crítica. As políticas públicas de roda, contações de histórias, adivinhações e expressões
cultura devem adotar medidas, programas e ações para culturais similares.
reconhecer, valorizar, proteger e promover essa diversidade. 2.1.11 Promover a elaboração de inventários sobre a
diversidade das práticas religiosas, incluindo seus ritos e
Esse planejamento oferece uma oportunidade histórica festas.
para a adequação da legislação e da institucionalidade da 2.1.12 Integrar as políticas públicas de cultura destinadas
cultura brasileira de modo a atender à Convenção da ao segmento LGBT, sobretudo no que diz respeito à
Diversidade Cultural da Unesco, firmando a diversidade no valorização da temática do combate à homofobia, promoção da
centro das políticas de Estado e como elo de articulação entre cidadania e afirmação de direitos.
segmentos populacionais e comunidades nacionais e 2.1.13 Incentivar projetos de moda e vestuário que
internacionais. promovam conceitos estéticos baseados na diversidade e na

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aceitação social dos diferentes tipos físicos e de suas formas de 2.5 Estabelecer um sistema nacional dedicado à
expressão. documentação, preservação, restauração, pesquisa, formação,
2.1.14 Fomentar políticas públicas de cultura voltadas aos aquisição e difusão de acervos de interesse público e promover
direitos das mulheres e sua valorização, contribuindo para a redes de instituições dedicadas à memória e identidade dos
redução das desigualdades de gênero. diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.
2.2 Ampliar o reconhecimento e apropriação social da 2.5.1 Adotar protocolos que promovam o uso dinâmico de
diversidade da produção artística brasileira, por meio de arquivos públicos, conectados em rede, assegurando amplo
políticas de capacitação e profissionalização, pesquisa e acesso da população e disponibilizando conteúdos multimídia.
difusão, apoio à inovação de linguagem, estímulo à produção e 2.5.2 Fomentar a instalação de acervos mínimos em
circulação, formação de acervos e repertórios e promoção do instituições de ensino, pesquisa, equipamentos culturais e
desenvolvimento das atividades econômicas correspondentes. comunitários, que contemple a diversidade e as características
2.2.1 Formular e implementar planos setoriais nacionais da cultura brasileira.
de linguagens artísticas e expressões culturais, que incluam 2.5.3 Garantir controle e segurança de acervos e coleções
objetivos, metas e sistemas de acompanhamento, avaliação e de bens móveis públicos de valor cultural, envolvendo a rede
controle social. de agentes responsáveis, de modo a resguardá-los e garantir-
2.3 Disseminar o conhecimento e ampliar a apropriação lhes acesso.
social do patrimônio cultural brasileiro, por meio de editais de 2.5.4 Estimular, por meio de programas de fomento, a
seleção de pesquisa, premiações, fomento a estudos sobre o implantação e modernização de sistemas de segurança, de
tema e incentivo a publicações voltados a instituições de forma a resguardar acervos de reconhecido valor cultural.
ensino e pesquisa e a pesquisadores autônomos. 2.5.5 Estimular e consolidar a apropriação, pelas redes
2.3.1 Promover ações de educação para o patrimônio, públicas de ensino, do potencial pedagógico dos acervos dos
voltadas para a compreensão e o significado do patrimônio e museus brasileiros, contribuindo para fortalecer o processo de
da memória coletiva, em suas diversas manifestações como ensino-aprendizagem em escolas públicas.
fundamento da cidadania, da identidade e da diversidade 2.5.6 Promover redes de instituições dedicadas à
cultural. documentação, pesquisa, preservação, restauro e difusão da
2.3.2 Inserir o patrimônio cultural na pauta do ensino memória e identidade dos diferentes grupos formadores da
formal, apropriando-se dos bens culturais nos processos de sociedade brasileira.
formação formal cidadã, estimulando novas vivências e 2.5.7 Fomentar e articular, em rede, os museus
práticas educativas. comunitários, ecomuseus, museus de território, museus locais,
2.3.3 Fomentar a apropriação dos instrumentos de casas do patrimônio cultural e outros centros de preservação
pesquisa, documentação e difusão das manifestações culturais e difusão do patrimônio cultural, garantindo o direito de
populares por parte das comunidades que as abrigam, memória aos diferentes grupos e movimentos sociais.
estimulando a autogestão de sua memória. 2.5.8 Estimular a criação de centros integrados da
2.3.4 Desenvolver uma rede de cooperação entre memória (museus, arquivos e bibliotecas) nos Estados e
instituições públicas federais, estaduais e municipais, Municípios brasileiros, com a função de registro, pesquisa,
instituições privadas, meios de comunicação e demais preservação e difusão do conhecimento.
organizações civis para promover o conhecimento sobre o 2.5.9 Fomentar a instalação e a ampliação de acervos
patrimônio cultural, por meio da realização de mapeamentos, públicos direcionados às diversas linguagens artísticas e
inventários e ações de difusão. expressões culturais em instituições de ensino, bibliotecas e
2.3.5 Mapear o patrimônio cultural brasileiro guardado equipamentos culturais.
por instituições privadas e organizações sociais, com o 2.5.10 Atualizar e aprimorar a preservação, a conservação,
objetivo de formação de um banco de registros da memória a restauração, a pesquisa e a difusão dos acervos de fotografia.
operária nacional. Promover o intercâmbio de conservadores e técnicos
2.4 Desenvolver e implementar, em conjunto com as brasileiros e estrangeiros dedicados a esse suporte.
instâncias locais, planos de preservação para as cidades e 2.5.11 Mapear e preservar o patrimônio fonográfico
núcleos urbanos históricos ou de referência cultural, brasileiro com o objetivo de formar um banco nacional de
abordando a cultura e o patrimônio como eixos de registros sonoros e dispô-los em portal eletrônico para difusão
planejamento e desenvolvimento urbano. gratuita, respeitando a legislação autoral e levando em
2.4.1 Incentivar e promover a qualificação da produção do consideração as novas modalidades de licenciamento.
design, da arquitetura e do urbanismo contemporâneos, 2.5.12 Realizar um programa contínuo de digitalização de
melhorando o ambiente material, os aspectos estéticos e as acervos sonoros e de microfilmagem de partituras.
condições de habitabilidade das cidades, respeitando o 2.5.13 Promover e fomentar iniciativas de preservação da
patrimônio preexistente e proporcionando a criação do memória da moda, do vestuário e do design no Brasil,
patrimônio material do futuro. contribuindo para a valorização das práticas artesanais e
2.4.2 Priorizar ações integradas de reabilitação de áreas industriais, rurais e urbanas.
urbanas centrais, aliando preservação do patrimônio cultural 2.5.14 Fortalecer instituições públicas e apoiar instituições
e desenvolvimento urbano com inclusão social, fortalecendo privadas que realizem programas de preservação e difusão de
instâncias locais de planejamento e gestão. acervos audiovisuais.
2.4.3 Fortalecer a política de pesquisa, documentação e 2.6 Mapear, registrar, salvaguardar e difundir as diversas
preservação de sítios arqueológicos, promovendo ações de expressões da diversidade brasileira, sobretudo aquelas
compartilhamento de responsabilidades com a sociedade na correspondentes ao patrimônio imaterial, às paisagens
gestão de sítios arqueológicos e o fomento à sua socialização. tradicionais e aos lugares de importância histórica e simbólica
2.4.4 Promover política para o reconhecimento, pesquisa, para a nação brasileira.
preservação e difusão do patrimônio paleontológico, em 2.6.1 Instituir a paisagem cultural como ferramenta de
conjunto com demais órgãos, instituições e entidades reconhecimento da diversidade cultural brasileira, ampliando
correlacionadas. a noção de patrimônio para o contexto territorial e abarcando
2.4.5 Estimular a compreensão dos museus, centros as manifestações materiais e imateriais das áreas.
culturais e espaços de memória como articuladores do 2.6.2 Realizar ação integrada para a instituição de
ambiente urbano, da história da cidade e de seus instrumentos de preservação, registro, salvaguarda e difusão
estabelecimentos humanos como fenômeno cultural.

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de todas as línguas e falares usados no País, incluindo a Língua 2.7.16 Capacitar educadores e agentes multiplicadores
Brasileira de Sinais - LIBRAS. para a utilização de instrumentos voltados à formação de uma
2.6.3 Realizar programas de promoção e proteção das consciência histórica crítica que incentive a valorização e a
línguas indígenas e de outros povos e comunidades preservação do patrimônio material e imaterial.
tradicionais e estimular a produção e a tradução de
documentos nesses idiomas. CAPÍTULO III
2.6.4 Promover as culinárias, as gastronomias, os DO ACESSO UNIVERSALIZAR O ACESSO DOS
utensílios, as cozinhas e as festas correspondentes como BRASILEIROS À ARTE E À CULTURA QUALIFICAR
patrimônio brasileiro material e imaterial, bem como o AMBIENTES E EQUIPAMENTOS CULTURAIS
registro, a preservação e a difusão de suas práticas. PARA A FORMAÇÃO E FRUIÇÃO DO PÚBLICO
2.7 Fortalecer e preservar a autonomia do campo de PERMITIR AOS CRIADORES O ACESSO ÀS CONDIÇÕES E
reflexão sobre a cultura, assegurando sua articulação MEIOS DE PRODUÇÃO CULTURAL
indispensável com as dinâmicas de produção e fruição
simbólica das expressões culturais e linguagens artísticas. O acesso à arte e à cultura, à memória e ao conhecimento é
2.7.1 Ampliar os programas voltados à realização de um direito constitucional e condição fundamental para o
seminários, à publicação de livros, revistas, jornais e outros exercício pleno da cidadania e para a formação da
impressos culturais, ao uso da mídia eletrônica e da internet, subjetividade e dos valores sociais. É necessário, para tanto,
para a produção e a difusão da crítica artística e cultural, ultrapassar o estado de carência e falta de contato com os bens
privilegiando as iniciativas que contribuam para a simbólicos e conteúdos culturais que as acentuadas
regionalização e a promoção da diversidade. desigualdades socioeconômicas produziram nas cidades
2.7.2 Estabelecer programas contínuos de premiação para brasileiras, nos meios rurais e nos demais territórios em que
pesquisas e publicações editoriais na área de crítica, teoria e vivem as populações.
história da arte, patrimônio cultural e projetos experimentais.
2.7.3 Fomentar, por intermédio de seleção e editais É necessário ampliar o horizonte de contato de nossa
públicos, iniciativas de pesquisa e formação de acervos população com os bens simbólicos e os valores culturais do
documentais e históricos sobre a crítica e reflexão cultural passado e do presente, diversificando as fontes de informação.
realizada no País. Isso requer a qualificação dos ambientes e equipamentos
2.7.4 Fomentar o emprego das tecnologias de informação culturais em patamares contemporâneos, aumento e
e comunicação, como as redes sociais, para a expansão dos diversificação da oferta de programações e exposições,
espaços de discussão na área de crítica e reflexão cultural. atualização das fontes e canais de conexão com os produtos
2.7.5 Estabelecer programas na rede de equipamentos culturais e a ampliação das opções de consumo cultural
culturais voltados a atividades de formação de profissionais doméstico.
para a crítica e a reflexão cultural.
2.7.6 Elaborar, em parceria com os órgãos de educação e Faz-se premente diversificar a ação do Estado, gerando
ciência e tecnologia e pesquisa, uma política de formação de suporte aos produtores das diversas manifestações criativas e
pesquisadores e núcleos de pesquisa sobre as manifestações expressões simbólicas, alargando as possibilidades de
afro-brasileiras, indígenas e de outros povos e comunidades experimentação e criação estética, inovação e resultado. Isso
tradicionais nas instituições de ensino superior. pressupõe novas conexões, formas de cooperação e relação
2.7.7 Articular com as agências científicas e as instituições institucional entre artistas, criadores, mestres, produtores,
de memória e patrimônio cultural o desenvolvimento de linhas gestores culturais, organizações sociais e instituições locais.
de pesquisa sobre as expressões culturais populares.
2.7.8 Fomentar, por meio de editais públicos e parcerias Estado e sociedade devem pactuar esforços para garantir
com órgãos de educação, ciência e tecnologia e pesquisa, as as condições necessárias à realização dos ciclos que
atividades de grupos de estudos acadêmicos, experimentais e constituem os fenômenos culturais, fazendo com que sejam
da sociedade civil que abordem questões relativas à cultura, às disponibilizados para quem os demanda e necessita.
artes e à diversidade cultural.
2.7.9 Incentivar programas de extensão que facilitem o ESTRATÉGIAS E AÇÕES
diálogo entre os centros de estudos, comunidades artísticas e 3.1 Ampliar e diversificar as ações de formação e
movimentos culturais. fidelização de público, a fim de qualificar o contato com e a
2.7.10 Estimular e fomentar a realização de projetos e fruição das artes e das culturas, brasileiras e internacionais e
estudos sobre a diversidade e memória cultural brasileira. aproximar as esferas de recepção pública e social das criações
2.7.11 Promover o mapeamento dos circuitos de arte artísticas e expressões culturais.
digital, assim como de suas fronteiras e das influências mútuas 3.1.1 Promover o financiamento de políticas de formação
com os circuitos tradicionais. de público, para permitir a disponibilização de repertórios, de
2.7.12 Incentivar projetos de pesquisa sobre o impacto acervos, de documentos e de obras de referência, incentivando
sociocultural da programação dos meios de comunicação projetos e ações.
concedidos publicamente. 3.1.2 Criar programas e subsídios para a ampliação de
2.7.13 Incentivar a formação de linhas de pesquisa, oferta e redução de preços estimulando acesso aos produtos,
experimentações estéticas e reflexão sobre o impacto bens e serviços culturais, incorporando novas tecnologias da
socioeconômico e cultural das inovações tecnológicas e da informação e da comunicação nessas estratégias.
economia global sobre as atividades produtivas da cultura e 3.1.3 Estimular as associações de amigos, clubes,
seu valor simbólico. associações, sociedades e outras formas comunitárias que
2.7.14 Realizar iniciativas conjuntas das instituições de potencializem o acesso a bens e serviços em equipamentos
cultura, pesquisa e relações exteriores para a implantação de culturais.
programas de intercâmbio e residência para profissionais da 3.1.4 Identificar e divulgar, por meio de seleções, prêmios
crítica de arte, além de uma política de difusão de crítica e outras formas de incentivo, iniciativas de formação,
brasileira no exterior e de crítica estrangeira no País. desenvolvimento de arte educação e qualificação da fruição
2.7.15 Desenvolver linhas de pesquisa no campo dos cultural.
museus, coleções, memória e patrimônio e na área de 3.1.5 Ampliar o acesso à fruição cultural, por meio de
arquitetura dos museus. programas voltados a crianças, jovens, idosos e pessoas com

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deficiência, articulando iniciativas como a oferta de de informação, de memória literária, da língua e do design
transporte, descontos e ingressos gratuitos, ações educativas gráfico, de formação e educação, de lazer e fruição cultural,
e visitas a equipamentos culturais. expandindo, atualizando e diversificando a rede de bibliotecas
3.1.6 Implantar, em parceria com as empresas públicas e comunitárias e abastecendo-as com os acervos
empregadoras, programas de acesso à cultura para o mínimos recomendados pela Unesco, acrescidos de integração
trabalhador brasileiro, que permitam a expansão do consumo digital e disponibilização de sites de referência.
e o estímulo à formalização do mercado de bens, serviços e 3.1.19 Estimular a criação de centros de referência e
conteúdos culturais. comunitários voltados às culturas populares, ao artesanato, às
3.1.7 Promover a integração entre espaços educacionais, técnicas e aos saberes tradicionais com a finalidade de registro
esportivos, praças e parques de lazer e culturais, com o e transmissão da memória, desenvolvimento de pesquisas e
objetivo de aprimorar as políticas de formação de público, valorização das tradições locais.
especialmente na infância e juventude. 3.1.20 Estabelecer parcerias entre o poder público,
3.1.8 Estimular e fomentar a instalação, a manutenção e a escritórios de arquitetura e design, técnicos e especialistas,
atualização de equipamentos culturais em espaços de livre artistas, críticos e curadores, produtores e empresários para a
acesso, dotando-os de ambientes atrativos e de dispositivos manutenção de equipamentos culturais que abriguem a
técnicos e tecnológicos adequados à produção, difusão, produção contemporânea e reflitam sobre ela, motivando a
preservação e intercâmbio artístico e cultural, especialmente pesquisa contínua de linguagens e interações destas com
em áreas ainda desatendidas e com problemas de sustentação outros campos das expressões culturais brasileiras.
econômica. 3.1.21 Fomentar a implantação, manutenção e qualificação
3.1.9 Garantir que os equipamentos culturais ofereçam dos museus nos Municípios brasileiros, com o intuito de
infraestrutura, arquitetura, design, equipamentos, preservar e difundir o patrimônio cultural, promover a fruição
programação, acervos e atividades culturais qualificados e artística e democratizar o acesso, dando destaque à memória
adequados às expectativas de acesso, de contato e de fruição das comunidades e localidades.
do público, garantindo a especificidade de pessoas com 3.2 Estabelecer redes de equipamentos culturais geridos
necessidades especiais. pelo poder público, pela iniciativa privada, pelas comunidades
3.1.10 Estabelecer e fomentar programas de amparo e ou por artistas e grupos culturais, de forma a propiciar maior
apoio à manutenção e gestão em rede de equipamentos acesso e o compartilhamento de programações, experiências,
culturais, potencializando investimento e garantindo padrões informações e acervos.
de qualidade. 3.2.1 Estimular a formação de redes de equipamentos
3.1.11 Instalar espaços de exibição audiovisual nos centros públicos e privados conforme os perfis culturais e vocações
culturais, educativos e comunitários de todo o País, institucionais, promovendo programações diferenciadas para
especialmente aqueles localizados em áreas de gerações distintas, principalmente as dedicadas às crianças e
vulnerabilidade social ou de baixos índices de acesso à cultura, aos jovens.
disponibilizando aparelhos multimídia e digitais e 3.2.2 Atualizar e ampliar a rede de centros técnicos de
promovendo a expansão dos circuitos de exibição. produção e finalização de produtos culturais, aumentando
3.1.12 Reabilitar os teatros, praças, centros comunitários, suas capacidades de operação e atendimento, promovendo a
bibliotecas, cineclubes e cinemas de bairro, criando programas articulação com redes de distribuição de obras, sejam as
estaduais e municipais de circulação de produtos, circuitos de desenvolvidas em suportes tradicionais, sejam as multimídias,
exibição cinematográfica, eventos culturais e demais audiovisuais, digitais e desenvolvidas por meio de novas
programações. tecnologias.
3.1.13 Mapear espaços ociosos, patrimônio público e 3.3 Organizar em rede a infraestrutura de arquivos,
imóveis da União, criando programas para apoiar e estimular bibliotecas, museus e outros centros de documentação,
o seu uso para a realização de manifestações artísticas e atualizando os conceitos e os modelos de promoção cultural,
culturais, espaços de ateliês, plataformas criativas e núcleos de gestão técnica profissional e atendimento ao público,
produção independente. reciclando a formação e a estrutura institucional, ampliando o
3.1.14 Fomentar unidades móveis com infraestrutura emprego de recursos humanos inovadores, de tecnologias e de
adequada à criação e à apresentação artística, oferta de bens e modelos de sustentabilidade econômica, efetivando a
produtos culturais, atendendo às comunidades de todas as constituição de uma rede nacional que dinamize esses
regiões brasileiras, especialmente de regiões rurais ou equipamentos públicos e privados.
remotas dos centros urbanos. 3.3.1 Instituir programas em parceria com a iniciativa
3.1.15 Estabelecer critérios técnicos para a construção e privada e organizações civis para a ampliação da circulação de
reforma de equipamentos culturais, bibliotecas, praças, assim bens culturais brasileiros e abertura de canais de prospecção
como outros espaços públicos culturais, dando ênfase à e visibilidade para a produção jovem e independente,
criação arquitetônica e ao design, estimulando a criação de disponibilizando-a publicamente por meio da captação e
profissionais brasileiros e estrangeiros de valor internacional. transmissão de conteúdos em rede, dando acesso público
3.1.16 Implantar, ampliar e atualizar espaços multimídia digital aos usuários e consumidores.
em instituições e equipamentos culturais, conectando-os em 3.3.2 Garantir a criação, manutenção e expansão da rede de
rede para ampliar a experimentação, criação, fruição e difusão universidades públicas, desenvolvendo políticas públicas e a
da cultura por meio da tecnologia digital, democratizando as articulação com as pró-reitorias de cultura e extensão, para os
capacidades técnicas de produção, os dispositivos de consumo equipamentos culturais universitários, os laboratórios de
e a recepção das obras e trabalhos, principalmente aqueles criação artística e experimentação tecnológica, os cursos e
desenvolvidos em suportes digitais. carreiras que formam criadores e interagem com o campo
3.1.17 Implementar uma política nacional de digitalização cultural e artístico, principalmente nas universidades públicas
e atualização tecnológica de laboratórios de produção, e centros de formação técnica e profissionalizante.
conservação, restauro e reprodução de obras artísticas, 3.3.3 Desenvolver redes e financiar programas de
documentos e acervos culturais mantidos em museus, incorporação de design, tecnologias construtivas e de
bibliotecas e arquivos, integrando seus bancos de conteúdos e materiais, inovação e sustentabilidade para a qualificação dos
recursos tecnológicos. equipamentos culturais brasileiros, permitindo construir
3.1.18 Garantir a implantação e manutenção de bibliotecas espaços de referência que disponibilizem objetos projetados
em todos os Municípios brasileiros como espaço fundamental por criadores brasileiros históricos. Qualificar em rede as

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livrarias e os cafés presentes nesses equipamentos, ampliando qualidade e distribuição nacional que permitam a
a relação do público com as soluções ergonômicas e técnicas diversificação do mercado interno e a absorção das produções
desenvolvidas no País pelo design. locais.
3.4 Fomentar a produção artística e cultural brasileira, por 3.5.4 Estimular a existência de livrarias e lojas de produtos
meio do apoio à criação, registro, difusão e distribuição de culturais junto aos equipamentos culturais, dando destaque à
obras, ampliando o reconhecimento da diversidade de produção das comunidades e permitindo aos consumidores
expressões provenientes de todas as regiões do País. locais obter produtos nacionais e internacionais de qualidade.
3.4.1 Criar bolsas, programas e editais específicos que 3.5.5 Fomentar e estimular a construção de sítios
diversifiquem as ações de fomento às artes, estimulando sua eletrônicos e dispositivos alternativos de distribuição e
presença nos espaços cotidianos de experiência cultural dos circulação comercial de produtos, permitindo a integração dos
diferentes grupos da população e a promoção de novos diversos contextos e setores a uma circulação nacional e
artistas. internacional.
3.4.2 Fomentar e incentivar modelos de gestão eficientes 3.5.6 Incentivar e fomentar a difusão cultural nas diversas
que promovam o acesso às artes, ao aprimoramento e à mídias e ampliar a recepção pública e o reconhecimento das
pesquisa estética e que permitam o estabelecimento de grupos produções artísticas e culturais não inseridas na indústria
sustentáveis e autônomos de produção. cultural.
3.4.3 Fomentar o desenvolvimento das artes e expressões 3.5.7 Apoiar a implementação e qualificação de portais de
experimentais ou de caráter amador. internet para a difusão nacional e internacional das artes e
3.4.4 Fomentar, por meio de editais adaptados à realidade manifestações culturais brasileiras, inclusive com a
cultural de cada comunidade, a produção de conteúdos para a disponibilização de dados para compartilhamento livre de
difusão nas emissoras públicas de rádio e televisão. informações em redes sociais virtuais.
3.4.5 Promover o uso de tecnologias que facilitem a 3.5.8 Apoiar iniciativas de sistematização de agenda de
produção e a fruição artística e cultural das pessoas com atividades artísticas e culturais em todas as regiões brasileiras
deficiência. de forma a otimizar oportunidades e evitar a proliferação de
3.4.6 Estimular a participação de artistas, produtores e eventos coincidentes e redundantes.
professores em programas educativos de acesso à produção 3.5.9 Estimular a criação de programas nacionais,
cultural. estaduais e municipais de distribuição de conteúdo
3.4.7 Desenvolver uma política de apoio à produção audiovisual para os meios de comunicação e circuitos
cultural universitária, estimulando o intercâmbio de comerciais e alternativos de exibição, cineclubes em escolas,
tecnologias e de conhecimentos e a aproximação entre as centros culturais, bibliotecas públicas e museus, criando
instituições de ensino superior e as comunidades. também uma rede de videolocadoras que absorvam a
3.4.8 Fomentar a formação e a manutenção de grupos e produção audiovisual brasileira.
organizações coletivas de pesquisa, produção e difusão das 3.5.10 Apoiar e fomentar os circuitos culturais
artes e expressões culturais, especialmente em locais universitários e oferecer condições para que os campi e
habitados por comunidades com maior dificuldade de acesso à faculdades promovam a formação de público, a recepção
produção e fruição da cultura. qualificada e a abertura de espaços para a produção
3.4.9 Atualizar e ampliar a rede de centros técnicos independente e inovadora, abrindo espaço para produção
dedicados à pesquisa, produção e distribuição de obras independente e circuitos inovadores.
audiovisuais, digitais e desenvolvidas por meio de novas 3.5.11 Integrar as políticas nacionais, estaduais e
tecnologias. municipais dedicadas a elevar a inserção de conteúdos
3.4.10 Instituir programas de aquisição governamental de regionais, populares e independentes nas redes de televisão,
bens culturais em diversas mídias que contemplem o rádio, internet, cinema e outras mídias.
desenvolvimento das pequenas editoras, produtoras, autores 3.6 Ampliar o acesso dos agentes da cultura aos meios de
e artistas independentes ou consorciados. comunicação, diversificando a programação dos veículos,
3.4.11 Fomentar os processos criativos dos segmentos de potencializando o uso dos canais alternativos e estimulando as
audiovisual, arte digital, jogos eletrônicos, videoarte, redes públicas.
documentários, animações, internet e outros conteúdos para 3.6.1 Apoiar os produtores locais do segmento audiovisual
as novas mídias. e a radiodifusão comunitária no processo de migração da
tecnologia analógica para a digital, criando inclusive linhas de
3.4.12 Promover ações de incremento da sustentabilidade crédito para atualização profissional e compra de
sociocultural nos programas e ações que tiverem impacto nas equipamentos.
comunidades locais. 3.6.2 Estimular a criação de programas e conteúdos para
3.5 Ampliar a circulação da produção artística e cultural, rádio, televisão e internet que visem a formação do público e a
valorizando as expressões locais e intensificando o familiarização com a arte e as referências culturais,
intercâmbio no território nacional, inclusive com as de outros principalmente as brasileiras e as demais presentes no
países, com constante troca de referências e conceitos, território nacional.
promovendo calendários de eventos regulares e de apreciação 3.6.3 Apoiar as políticas públicas de universalização do
crítica e debate público. acesso gratuito de alta velocidade à internet em todos os
3.5.1 Incentivar, divulgar e fomentar a realização de Municípios, juntamente com políticas de estímulo e crédito
calendários e mapas culturais que apresentem para aquisição de equipamentos pessoais.
sistematicamente os locais de realização de eventos culturais, 3.6.4 Fomentar provedores de acesso público que
encontros, feiras, festivais e programas de produção artística e armazenem dados de texto, som, vídeo e imagem, para
cultural. preservar e divulgar a memória da cultura digital brasileira.
3.5.2 Estimular o equilíbrio entre a produção artística e as 3.6.5 Estimular o compartilhamento pelas redes digitais de
expressões culturais locais em eventos e equipamentos conteúdos que possam ser utilizados livremente por escolas,
públicos, valorizando as manifestações e a economia da bibliotecas de acesso público, rádios e televisões públicas e
cultura regional, estimulando sua interação com referências comunitárias, de modo articulado com o processo de
nacionais e internacionais. implementação da televisão digital.
3.5.3 Apoiar a criação de espaços de circulação de produtos 3.6.6 Estimular e apoiar revistas culturais, periódicos e
culturais para o consumo doméstico, criando oferta de publicações independentes, voltadas à crítica e à reflexão em

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torno da arte e da cultura, promovendo circuitos alternativos 4.1.10 Promover o turismo cultural sustentável, aliando
de distribuição, aproveitando os equipamentos culturais como estratégias de preservação patrimonial e ambiental com ações
pontos de acesso, estimulando a gratuidade ou o preço de dinamização econômica e fomento às cadeias produtivas da
acessível desses produtos. cultura.
3.6.7 Criar enciclopédias culturais, bancos de informação e 4.1.11 Promover ações de incremento e qualificação
sistemas de compartilhamento de arquivos culturais e cultural dos produtos turísticos, valorizando a diversidade, o
artísticos para a internet com a disponibilização de conteúdos comércio justo e o desenvolvimento socioeconômico
e referências brasileiras, permitindo a distribuição de sustentável.
imagens, áudios, conteúdos e informações qualificados. 4.2 Contribuir com as ações de formalização do mercado
de trabalho, de modo a valorizar o trabalhador e fortalecer o
CAPÍTULO IV ciclo econômico dos setores culturais.
DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL AMPLIAR A 4.2.1 Realizar, em parceria com os órgãos e poderes
PARTICIPAÇÃO DA CULTURA NO competentes, propostas de adequação da legislação
DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO PROMOVER trabalhista, visando à redução da informalidade do trabalho
AS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA A CONSOLIDAÇÃO DA artístico, dos técnicos, produtores e demais agentes culturais,
ECONOMIA DA CULTURA INDUZIR ESTRATÉGIAS DE estimulando o reconhecimento das profissões e o registro
SUSTENTABILIDADE NOS PROCESSOS CULTURAIS formal desses trabalhadores e ampliando o acesso aos
benefícios sociais e previdenciários.
A cultura faz parte da dinâmica de inovação social, 4.2.2 Difundir, entre os empregadores e contratantes dos
econômica e tecnológica. setores público e privado, informações sobre os direitos e
obrigações legais existentes nas relações formais de trabalho
Da complexidade do campo cultural derivam distintos na cultura.
modelos de produção e circulação de bens, serviços e 4.2.3 Estimular a organização formal dos setores culturais
conteúdos, que devem ser identificados e estimulados, com em sindicatos, associações, federações e outras entidades
vistas na geração de riqueza, trabalho, renda e oportunidades representativas, apoiando a estruturação de planos de
de empreendimento, desenvolvimento local e previdência e de seguro patrimonial para os agentes
responsabilidade social. envolvidos em atividades artísticas e culturais.
4.2.4 Estimular a adesão de artistas, autores, técnicos,
Nessa perspectiva, a cultura é vetor essencial para a produtores e demais trabalhadores da cultura a programas
construção e qualificação de um modelo de desenvolvimento que ofereçam planos de previdência pública e complementar
sustentável. específicos para esse segmento.
4.3 Ampliar o alcance das indústrias e atividades culturais,
ESTRATÉGIAS E AÇÕES por meio da expansão e diversificação de sua capacidade
4.1 Incentivar modelos de desenvolvimento sustentável produtiva e ampla ocupação, estimulando a geração de
que reduzam a desigualdade regional sem prejuízo da trabalho, emprego, renda e o fortalecimento da economia.
diversidade, por meio da exploração comercial de bens, 4.3.1 Mapear, fortalecer e articular as cadeias produtivas
serviços e conteúdos culturais. que formam a economia da cultura.
4.1.1 Realizar programas de desenvolvimento sustentável 4.3.2 Realizar zoneamento cultural-econômico com o
que respeitem as características, necessidades e interesses das objetivo de identificar as vocações culturais locais.
populações locais, garantindo a preservação da diversidade e 4.3.3 Desenvolver programas de estímulo à promoção de
do patrimônio cultural e natural, a difusão da memória negócios nos diversos setores culturais.
sociocultural e o fortalecimento da economia solidária. 4.3.4 Promover programas de exportação de bens, serviços
4.1.2 Identificar e reconhecer contextos de vida de povos e e conteúdos culturais de forma a aumentar a participação
comunidades tradicionais, valorizando a diversidade das cultural na balança comercial brasileira.
formas de sobrevivência e sustentabilidade socioambiental, 4.3.5 Instituir selos e outros dispositivos que facilitem a
especialmente aquelas traduzidas pelas paisagens culturais circulação de produtos e serviços relativos à cultura na
brasileiras. América Latina, Mercosul e Comunidades dos Países de Língua
4.1.3 Oferecer apoio técnico às iniciativas de Portuguesa.
associativismo e cooperativismo e fomentar incubadoras de 4.3.6 Estimular o uso da diversidade como fator de
empreendimentos culturais em parceria com poderes diferenciação e incremento do valor agregado dos bens,
públicos, organizações sociais, instituições de ensino, agências produtos e serviços culturais, promovendo e facilitando a sua
internacionais e iniciativa privada, entre outros. circulação nos mercados nacional e internacional.
4.1.4 Estimular pequenos e médios empreendedores 4.3.7 Incentivar a associação entre produtoras de bens
culturais e a implantação de Arranjos Produtivos Locais para a culturais visando à constituição de carteiras diversificadas de
produção cultural. produtos, à modernização de empresas e à inserção no
4.1.5 Estimular estudos para a adoção de mecanismos de mercado internacional.
compensação ambiental para as atividades culturais. 4.3.8 Fomentar a associação entre produtores
4.1.6 Fomentar a capacitação e o apoio técnico para a independentes e emissoras e a implantação de polos regionais
produção, distribuição, comercialização e utilização de produção e de difusão de documentários e de obras de
sustentáveis de matérias-primas e produtos relacionados às ficção para rádio, televisão, cinema, internet e outras mídias.
atividades artísticas e culturais. 4.4 Avançar na qualificação do trabalhador da cultura,
4.1.7 Identificar e catalogar matérias-primas que servem assegurando condições de trabalho, emprego e renda,
de base para os produtos culturais e criar selo de promovendo a profissionalização do setor, dando atenção a
reconhecimento dos produtos culturais que associem valores áreas de vulnerabilidade social e de precarização urbana e a
sociais, econômicos e ecológicos. segmentos populacionais marginalizados.
4.1.8 Estimular o reaproveitamento e reciclagem de 4.4.1 Desenvolver e gerir programas integrados de
resíduos de origem natural e industrial, dinamizando e formação e capacitação para artistas, autores, técnicos,
promovendo o empreendedorismo e a cultura do ecodesign. gestores, produtores e demais agentes culturais, estimulando
4.1.9 Inserir as atividades culturais itinerantes nos a profissionalização, o empreendedorismo, o uso das
programas públicos de desenvolvimento regional sustentável.

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tecnologias de informação e comunicação e o fortalecimento 4.5.1 Realizar programa de prospecção e disseminação de


da economia da cultura. modelos de negócios para o cenário de convergência digital,
4.4.2 Estabelecer parcerias com bancos estatais e outros com destaque para os segmentos da música, livro, jogos
agentes financeiros, como cooperativas, fundos e organizações eletrônicos, festas eletrônicas, webdesign, animação,
não governamentais, para o desenvolvimento de linhas de audiovisual, fotografia, videoarte e arte digital.
microcrédito e outras formas de financiamento destinadas à 4.5.2 Implementar iniciativas de capacitação e fomento ao
promoção de cursos livres, técnicos e superiores de formação, uso de meios digitais de registro, produção, pós-produção,
pesquisa e atualização profissional. design e difusão cultural.
4.4.3 Estabelecer parcerias com instituições de ensino 4.5.3 Apoiar políticas de inclusão digital e de criação,
técnico e superior, bem como parcerias com associações e desenvolvimento, capacitação e utilização de softwares livres
órgãos representativos setoriais, para a criação e o pelos agentes e instituições ligados à cultura.
aprimoramento contínuo de cursos voltados à formação e 4.5.4 Identificar e fomentar as cadeias de formação e
capacitação de trabalhadores da cultura, gestores técnicos de produção das artes digitais, para desenvolver profissões e
instituições e equipamentos culturais. iniciativas compreendidas nesse campo, bem como as novas
4.4.4 Realizar nas diversas regiões do País seleções relações existentes entre núcleos acadêmicos, indústrias
públicas para especialização e profissionalização das pessoas criativas e instituições culturais.
empregadas no campo artístico e cultural, atendendo 4.6 Incentivar e apoiar a inovação e pesquisa científica e
especialmente os núcleos populacionais marginalizados e tecnológica no campo artístico e cultural, promovendo
organizações sociais. parcerias entre instituições de ensino superior, institutos,
4.4.5 Promover a informação e capacitação de gestores e organismos culturais e empresas para o desenvolvimento e o
trabalhadores da cultura sobre instrumentos de propriedade aprimoramento de materiais, técnicas e processos.
intelectual do setor cultural, a exemplo de marcas coletivas e 4.6.1 Integrar os órgãos de cultura aos processos de
de certificação, indicações geográficas, propriedade coletiva, incentivo à inovação tecnológica, promovendo o
patentes, domínio público e direito autoral. desenvolvimento de técnicas associadas à produção cultural.
4.4.6 Instituir programas e parcerias para atender 4.6.2 Fomentar parcerias para o desenvolvimento,
necessidades técnicas e econômicas dos povos indígenas, absorção e apropriação de materiais e tecnologias de inovação
quilombolas e outros povos e comunidades tradicionais para a cultural.
compreensão e organização de suas relações com a economia 4.6.3 Incentivar as inovações tecnológicas da área cultural
contemporânea global, estimulando a reflexão e a decisão que compreendam e dialoguem com os contextos e problemas
autônoma sobre as opções de manejo e exploração sustentável socioeconômicos locais.
do seu patrimônio, produtos e atividades culturais. 4.7 Aprofundar a inter-relação entre cultura e turismo
4.4.7 Instituir programas para a formação de agentes gerando benefícios e sustentabilidade para ambos os setores.
culturais aptos ao atendimento de crianças, jovens, idosos, 4.7.1 Instituir programas integrados de mapeamento do
pessoas com deficiência e pessoas em sofrimento psíquico. potencial turístico cultural, bem como de promoção,
4.4.8 Promover atividades de capacitação aos agentes e divulgação e marketing de produtos, contextos urbanos,
organizações culturais proponentes ao financiamento estatal destinos e roteiros turísticos culturais.
para a elaboração, proposição e execução de projetos culturais, 4.7.2 Envolver os órgãos, gestores e empresários de
bem como capacitação e suporte jurídico e contábil, a fim de turismo no planejamento e comunicação com equipamentos
facilitar a elaboração de prestação de contas e relatórios de culturais, promovendo espaços de difusão de atividades
atividades. culturais para fins turísticos.
4.4.9 Fomentar programas de aperfeiçoamento técnico de 4.7.3 Qualificar os ambientes turísticos com mobiliário
agentes locais para a formulação e implementação de planos urbano e design de espaços públicos que projetem os
de preservação e difusão do patrimônio cultural, utilizando elementos simbólicos locais de forma competitiva com os
esses bens de forma a geração sustentável de economias locais. padrões internacionais, dando destaque aos potenciais
4.4.10 Estimular, com suporte técnico-metodológico, a criativos dos contextos visitados.
oferta de oficinas de especialização artísticas e culturais, 4.7.4 Fomentar e fortalecer as modalidades de negócios
utilizando inclusive a veiculação de programas de formação praticadas pelas comunidades locais e pelos residentes em
nos sistemas de rádio e televisão públicos. áreas de turismo, fortalecendo os empreendedores
4.4.11 Capacitar educadores, bibliotecários e agentes do tradicionais em sua inserção nas dinâmicas comerciais
setor público e da sociedade civil para a atuação como agentes estabelecidas pelo turismo.
de difusão da leitura, contadores de histórias e mediadores de 4.7.5 Realizar campanhas e desenvolver programas com
leitura em escolas, bibliotecas e museus, entre outros foco na formação, informação e educação do turista para
equipamentos culturais e espaços comunitários. difundir adequadamente a importância do patrimônio cultural
4.4.12 Fomentar atividades de intercâmbio inter-regional, existente, estimulando a comunicação dos valores, o respeito
internacional e residências artísticas de estudantes e e o zelo pelos locais visitados.
profissionais da cultura em instituições nacionais e 4.7.6 Fomentar programas integrados de formação e
estrangeiras do campo da cultura. capacitação sobre arte, arquitetura, patrimônio histórico,
4.4.13 Estimular e promover o desenvolvimento técnico e patrimônio imaterial, antropologia e diversidade cultural para
profissional de arquitetos, designers, gestores e os profissionais que atuam no turismo.
programadores de equipamentos culturais, para sua constante 4.7.7 Inserir os produtores culturais, os criadores e artistas
atualização, de modo a gerar maior atratividade para esses nas estratégias de qualificação e promoção do turismo,
espaços. assegurando a valorização cultural dos locais e ambientes
4.4.14 Estimular e formar agentes para a finalização de turísticos.
produtos culturais, design de embalagens e de apresentação 4.7.8 Desenvolver metodologias de mensuração dos
dos bens, conteúdos e serviços culturais, ampliando sua impactos do turismo na cultura, no contexto dos Municípios
capacidade de circulação e qualificando as informações para o brasileiros e das capitais.
consumo ampliado.
4.5 Promover a apropriação social das tecnologias da
informação e da comunicação para ampliar o acesso à cultura
digital e suas possibilidades de produção, difusão e fruição.

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CAPÍTULO V 5.2 Ampliar a transparência e fortalecer o controle social


DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL ESTIMULAR A sobre os modelos de gestão das políticas culturais e setoriais,
ORGANIZAÇÃO DE INSTÂNCIAS CONSULTIVAS ampliando o diálogo com os segmentos artísticos e culturais.
CONSTRUIR MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃO DA 5.2.1 Disponibilizar informações sobre as leis e
SOCIEDADE CIVIL AMPLIAR O DIÁLOGO COM OS AGENTES regulamentos que regem a atividade cultural no País e a gestão
CULTURAIS E CRIADORES pública das políticas culturais, dando transparência a dados e
indicadores sobre gestão e investimentos públicos.
O desenho e a implementação de políticas públicas de 5.2.2 Promover o monitoramento da eficácia dos modelos
cultura pressupõem a constante relação entre Estado e de gestão das políticas culturais e setoriais por meio do
sociedade de forma abrangente, levando em conta a Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais -
complexidade do campo social e suas vinculações com a SNIIC, com base em indicadores nacionais, regionais e locais
cultura. Além de apresentar aos poderes públicos suas de acesso e consumo, mensurando resultados das políticas
necessidades e demandas, os cidadãos, criadores, produtores públicas de cultura no desenvolvimento econômico, na
e empreendedores culturais devem assumir geração de sustentabilidade, assim como na garantia da
corresponsabilidades na implementação e na avaliação das preservação e promoção do patrimônio e da diversidade
diretrizes e metas, participando de programas, projetos e cultural.
ações que visem ao cumprimento do PNC. 5.2.3 Criar ouvidorias e outros canais de interlocução dos
cidadãos com os órgãos públicos e instituições culturais,
Retoma-se, assim, a ideia da cultura como um direito dos adotando processos de consulta pública e de atendimento
cidadãos e um processo social de conquista de autonomia, ao individual dos cidadãos que buscam apoio.
mesmo tempo em que se ampliam as possibilidades de 5.3 Consolidar as conferências, fóruns e seminários que
participação dos setores culturais na gestão das políticas envolvam a formulação e o debate sobre as políticas culturais,
culturais. Nessa perspectiva, diferentes modalidades de consolidando espaços de consulta, reflexão crítica, avaliação e
consulta, participação e diálogo são necessárias e proposição de conceitos e estratégias.
fundamentais para a construção e aperfeiçoamento das 5.3.1 Realizar a Conferência Nacional de Cultura pelo
políticas públicas. menos a cada 4 (quatro) anos, envolvendo a sociedade civil, os
gestores públicos e privados, as organizações e instituições
Reafirma-se, com isso, a importância de sistemas de culturais e os agentes artísticos e culturais.
compartilhamento social de responsabilidades, de 5.3.2 Estimular a realização de conferências estaduais e
transparência nas deliberações e de aprimoramento das municipais como instrumentos de participação e controle
representações sociais buscando o envolvimento direto da social nas diversas esferas, com articulação com os encontros
sociedade civil e do meio artístico e cultural. Este processo vai nacionais.
se completando na estruturação de redes, na organização 5.3.3 Estimular a realização de conferências setoriais
social dos agentes culturais, na ampliação de mecanismos de abrindo espaço para a participação e controle social dos meios
acesso, no acompanhamento público dos processos de artísticos e culturais.
realização das políticas culturais. Esta forma colaborativa de 5.3.4 Apoiar a realização de fóruns e seminários que
gestão e avaliação também deve ser subsidiada pela debatam e avaliem questões específicas relativas aos setores
publicação de indicadores e informações do Sistema Nacional artísticos e culturais, estimulando a inserção de elementos
de Informações e Indicadores Culturais - SNIIC. críticos nas questões e o desenho de estratégias para a política
cultural do País.
ESTRATÉGIAS E AÇÕES 5.4 Estimular a criação de conselhos paritários,
5.1 Aprimorar mecanismos de participação social no democraticamente constituídos, de modo a fortalecer o
processo de elaboração, implementação, acompanhamento e diálogo entre poder público, iniciativa privada e a sociedade
avaliação das políticas públicas de cultura. civil.
5.1.1 Aperfeiçoar os mecanismos de gestão participativa e 5.4.1 Fortalecer a atuação do Conselho Nacional de Política
democrática, governo eletrônico e a transparência pública, a Cultural, bem como dos conselhos estaduais e municipais,
construção regionalizada das políticas públicas, integrando como instâncias de consulta, monitoramento e debate sobre as
todo o território nacional com o objetivo de reforçar seu políticas públicas de cultura.
alcance e eficácia. 5.4.2 Estimular que os conselhos municipais, estaduais e
5.1.2 Articular os sistemas de comunicação, federais de cultura promovam a participação de jovens e
principalmente, internet, rádio e televisão, ampliando o espaço idosos e representantes dos direitos da criança, das mulheres,
dos veículos públicos e comunitários, com os processos e as das comunidades indígenas e de outros grupos populacionais
instâncias de consulta, participação e diálogo para a sujeitos à discriminação e vulnerabilidade social.
formulação e o acompanhamento das políticas culturais. 5.4.3 Promover a articulação dos conselhos culturais com
5.1.3 Potencializar os equipamentos e espaços culturais, outros da mesma natureza voltados às políticas públicas das
bibliotecas, museus, cinemas, centros culturais e sítios do áreas afins à cultural.
patrimônio cultural como canais de comunicação e diálogo 5.4.4 Aumentar a presença de representantes dos diversos
com os cidadãos e consumidores culturais, ampliando sua setores artísticos e culturais nos conselhos e demais fóruns
participação direta na gestão destes equipamentos. dedicados à discussão e avaliação das políticas públicas de
5.1.4 Instituir instâncias de diálogo, consulta às cultura, setoriais e intersetoriais, assim como de especialistas,
instituições culturais, discussão pública e colaboração técnica pesquisadores e técnicos que qualifiquem a discussão dessas
para adoção de marcos legais para a gestão e o financiamento instâncias consultivas.
das políticas culturais e o apoio aos segmentos culturais e aos 5.5 Promover espaços permanentes de diálogo e fóruns de
grupos, respeitando a diversidade da cultura brasileira. debate sobre a cultura, abertos à população e aos segmentos
5.1.5 Criar mecanismos de participação e representação culturais, nas Casas Legislativas do Congresso Nacional, nas
das comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas na Assembleias Legislativas Estaduais, na Câmara Legislativa do
elaboração, implementação, acompanhamento, avaliação e Distrito Federal e nas Câmaras Municipais.
revisão de políticas de proteção e promoção das próprias
culturas.

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Questões
5. Sistema Estadual de
01. O Plano Nacional de Cultura é regido pelos seguintes Cultura e Plano Estadual de
princípios:
I- responsabilidade socioambiental; Cultura
II- reconhecimento e valorização da diversidade cultural,
étnica e regional brasileira;
III- responsabilidade dos agentes públicos pela Sistema Estadual de Cultura
implementação das políticas culturais;
IV- respeito aos direitos humanos; Por meio da Lei Nº 13.811, de 16 de agosto de 2006, o
Está correto as assertivas: Governo do Estado do Ceará criou o Sistema Estadual de
(A) todas estão corretas. Cultura (SIEC) com a finalidade de integrar o Sistema Nacional
(B) I, II e III estão corretas. de Cultura, que é um complexo de normas que visam regular a
(C) I, II e IV estão corretas. união de esforços nas esferas federal, estadual e municipal
(D) todas estão incorretas. através de ações conjuntas, sendo ainda, tal legislação,
fundamento legal para a celebração de convênios e repasse de
02. A respeito da Lei nº 12.343/10, julgue o item abaixo: recursos entre as diversas esferas de governo e outras
Segundo o Plano Nacional de Cultura caberá ao Poder organizações, para fins de articulação, gestão, informação e
Público promover e estimular o acesso à produção e ao promoção de políticas públicas de cultura6.
empreendimento cultural; a circulação e o intercâmbio de
bens, serviços e conteúdos culturais; e o contato e a fruição do LEI Nº 13.811, DE 16. 08.06 (DO 22.08.06)
público com a arte e a cultura de forma universal.
( ) Certo INSTITUI, NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
( ) Errado ESTADUAL, O SISTEMA ESTADUAL DA CULTURA - SIEC,
INDICA SUAS FONTES DE FINANCIAMENTO, REGULA O
03. Acerca do Plano Nacional de Cultura, analise o item FUNDO ESTADUAL DA CULTURA E DÁ OUTRAS
abaixo e assinale certo ou errado. PROVIDÊNCIAS.
O Sistema Nacional de Cultura - SNC, criado por decreto,
será o principal articulador federativo do PNC, estabelecendo O GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ.
mecanismos de gestão compartilhada entre os entes federados Faço saber que a Assembleia Legislativa decretou e eu
e a sociedade civil. sanciono a seguinte Lei:
( ) Certo
( ) Errado CAPÍTULO I
Da Caracterização do Sistema Estadual da Cultura –
04. Assinale a alternativa correta em relação ao Plano SIEC
Nacional de Cultura.
(A) Os entes da Federação que aderirem ao Plano Nacional Art. 1º Fica instituído, no Estado do Ceará, o Sistema
de Cultura deverão elaborar os seus planos decenais até 2 Estadual da Cultura - SIEC.
(dois) anos após a assinatura do termo de adesão voluntária. Parágrafo único. O SIEC tem como finalidade conjugar
(B) Os Estados, Distrito Federal e Municípios são obrigados esforços, recursos e estratégias dos poderes públicos das
a aderir às diretrizes e metas do Plano Nacional de Cultura. diferentes esferas da federação brasileira, de empresas e
(C) O Ministério da Cultura, na condição de coordenador organizações privadas, de organismos internacionais e da
executivo do Plano Nacional de Cultura, deverá estimular a sociedade em geral para o fomento efetivo, sistemático,
diversificação dos mecanismos de financiamento para a democrático e continuado de atividades culturais, nos termos
cultura de forma a atender os objetivos desta Lei e elevar o desta Lei.
total de recursos destinados ao setor para garantir o seu
cumprimento. Art. 2º São princípios do Sistema Estadual da Cultura -
(D) Não é permitido ao Ministério da Cultura promover SIEC:
parcerias e convênios com instituições especializadas na área I - respeito à diversidade e ao pluralismo cultural;
de economia da cultura, de pesquisas socioeconômicas e II - resguardo à memória coletiva;
demográficas para a constituição do Sistema Nacional de III - promoção da dignidade da pessoa humana;
Informações e Indicadores Culturais - SNIIC. IV - promoção da cidadania cultural;
V - promoção da inclusão social;
05. Uma das diretrizes do Plano Nacional de Cultura é VI - universalidade no acesso aos bens culturais;
apoiar iniciativas em torno da constituição de agendas, frentes VII - autonomia das entidades culturais;
e comissões parlamentares dedicadas a temas culturais, tais VIII - liberdade de criação cultural;
como a elevação de dotação orçamentária, o aprimoramento IX - estímulo à criatividade;
dos marcos legais, o fortalecimento institucional e o controle X - participação da sociedade.
social.
( ) Certo Art. 3º São objetivos do Sistema Estadual da Cultura - SIEC:
( ) Errado I - propiciar a efetivação dos direitos e deveres culturais,
em especial os previstos nas normas de hierarquia
Respostas constitucional;
01. Resposta: C. II - facilitar a toda população residente no Estado o acesso
02. Resposta: Certo. a bens e serviços culturais;
03. Resposta: Errado. III - estimular a produção e a difusão das manifestações
04. Resposta: C. culturais e artísticas;
05. Resposta: Certo.

6 http://www.secult.ce.gov.br/index.php/legislacao/sistema-estadual-de-cultura

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IV - estimular ações com vistas a valorizar artistas, j) entidades privadas, sem fins econômicos, devidamente
gestores, produtores, pesquisadores e outros profissionais das conveniadas.
artes e da cultura;
V - apoiar os criadores e suas obras; Art. 5º Sem prejuízo do disposto em lei específica,
VI - proteger as diferentes expressões culturais; considerando o que dispõem os respectivos atos constitutivos,
VII - proteger os diferentes modos de criar, fazer; compete:
VIII - promover a preservação e o uso sustentável do I - à Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, a
patrimônio cearense em sua dimensão material e imaterial; coordenação geral do Sistema Estadual da Cultura – SIEC, e o
IX - sistematizar e promover a compatibilização e exercício de funções normativas e fiscalizatórias;
interação de normas, procedimentos técnicos e sistemas de II - aos órgãos e entidades vinculados à Secretaria da
gestão relativos à preservação e disseminação do patrimônio Cultura – SECULT, ou com a qual mantenham contrato de
material e imaterial sob a guarda do Estado; gestão, atribuições executivas;
X - desenvolver a consciência e o efetivo respeito aos III - ao Conselho Estadual da Cultura – CEC, e ao Conselho
valores culturais cearenses; Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural do Estado do
XI - integrar a atuação de órgãos e pessoas que promovem Ceará - COEPA, o exercício de funções consultivas e de
a cultura; avaliação das políticas e ações culturais no Estado do Ceará;
XII - implementar políticas públicas que viabilizem a IV - aos órgãos e entidades referidos no inciso II do art. 4.º,
cooperação técnica entre os entes federados na área cultural; desta Lei, o que ficar definido na respectiva avença.
XIII - incentivar a formação de redes e sistemas setoriais
nas diversas áreas do fazer cultural; Art. 6º São critérios para admissão dos órgãos e entidades
XIV - promover a participação democrática na gestão das que facultativamente podem integrar o Sistema Estadual da
políticas e dos investimentos públicos na área cultural; Cultura - SIEC:
XV - promover a transparência dos investimentos na área I - relativamente aos órgãos e entidades estrangeiras ou
cultural; internacionais e os órgãos e entidades da União, a existência
XVI - criar indicadores e parâmetros quantitativos e de tratados internacionais e atos constitutivos,
qualitativos para a descentralização dos bens e serviços respectivamente, respeitada a legislação brasileira; II -
culturais promovidos ou apoiados, direta ou indiretamente, relativamente aos órgãos e entidades municipais de cultura,
com recursos do Estado; atender às seguintes condições:
XVII - subsidiar as políticas, ações e programas a) gastos públicos anuais em atividades culturais em
transversais da cultura nos planos e ações estratégicas dos percentual mínimo do orçamento anual, conforme definição
demais órgãos integrantes da Administração Pública Estadual; do Conselho Estadual da Cultura - CEC;
XVIII - articular e implementar políticas públicas que b) efetiva proteção do patrimônio cultural, segundo
promovam a interação da cultura com as demais áreas sociais, critérios definidos pelo COEPA;
destacando seu papel estratégico no processo de c) estrutura normativa e administrativa mínimas,
desenvolvimento econômico e social; compreendendo:
XIX - desenvolver atividades que fortaleçam e articulem as 1) legislação de proteção do patrimônio cultural;
cadeias produtivas que formam a economia da cultura; 2) legislação de fomento à cultura, compatível com as
XX - promover a difusão e a valorização das expressões legislações Federal e Estadual;
culturais cearenses no exterior, assim como o intercâmbio 3) existência de Secretaria ou órgão específico de gestão
cultural com outros estados e países. da política cultural no âmbito do Município;
Parágrafo único. Adotar-se-ão indicadores de resultados, 4) existência de instituição de órgão colegiado para
como o Índice de Desenvolvimento Humano ou outros índices contribuir na elaboração, fiscalização e redefinição da política
oficiais que venham a ser adotados pela Administração pública de cultura, no qual se pratique a democracia direta ou
Pública, para avaliação dos resultados sociais obtidos através a democracia representativa e, neste caso, a sociedade tenha
da aplicação dos recursos do SIEC. representação pelo menos paritária e as diversas áreas
culturais e artísticas estejam representadas;
Art. 4º São órgãos e entidades que integram o Sistema 5) criação, manutenção e atualização periódica de um
Estadual da Cultura -SIEC: sistema municipal de informações culturais integrado ao
I - compulsoriamente: Sistema de Informações Culturais do Estado do Ceará.
a) a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará - SECULT; III - relativamente às entidades privadas conveniadas,
b) as entidades vinculadas à Secretaria da Cultura do atender simultaneamente às seguintes condições:
Estado do Ceará; a) sede no Estado do Ceará;
c) o Conselho Estadual da Cultura – CEC; b) efetivo funcionamento;
d) o Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio c) plena normalidade, segundo a legislação vigente.
Cultural do Estado do Ceará – COEPA;
e) todos os demais órgãos e programas estaduais que Art. 7º No desempenho de suas competências, os
desempenhem ou venham a desempenhar programas e ações integrantes do Sistema Estadual da Cultura – SIEC, poderão:
de abrangência cultural; I - celebrar avenças para otimização e transferências
e) os sistemas setoriais, existentes ou a serem criados, de recursos;
coordenados pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, e II - compartilhar sistemas de informações;
respectivos órgãos colegiados; III - receber e transferir recursos financeiros entre
f) as pessoas jurídicas beneficiárias de contrato de gestão fundos de fomento à cultura; IV - instituir sistemas setoriais
firmado com o Estado do Ceará, por meio ou com a por atividades culturais específicas;
interveniência da Secretaria Estadual da Cultura; II - V - realizar outras atividades definidas pelo Conselho
facultativamente, mediante avença: Estadual da Cultura.
g) órgãos e entidades estrangeiras ou internacionais,
respeitadas as competências normativas, administrativas e Art. 8º Com o objetivo de integrar o Sistema Estadual da
tributárias da União; Cultura – SIEC, ao Sistema Nacional de Cultura, são fomentadas
h) órgãos e entidades da União; as mesmas áreas culturais, bem adotadas as definições
i) órgãos e entidades municipais de cultura; operacionais deste e da legislação federal de incentivo à

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cultura, as quais deverão constar, com as adaptações que se Seção III


fizerem necessárias, no Regulamento desta Lei: Do Fundo Estadual da Cultura – FEC
I - artes visuais;
II - audiovisual; Art. 12. O Fundo Estadual da Cultura - FEC, criado pelo art.
III - teatro; IV - dança; 233 da Constituição Estadual, passa a ser regido pela presente
V - circo; Lei.
VI - música; Seção IV
VII - arte digital; Dos Incentivos Fiscais em Favor do Fundo Estadual da
VIII - literatura, livro e leitura; Cultura –FEC, e do Mecenato Estadual
IX - patrimônio material e imaterial;
X - artes integradas; Art. 13. Com o objetivo de incentivar as atividades
XI - outras, definidas pelo Conselho Estadual da Cultura. culturais, fica permitido aos contribuintes do Imposto sobre
Parágrafo único. O Sistema Estadual da Cultura – SIEC, Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre a
fomentará programas, projetos e ações culturais e segmentos Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e
específicos definidos no Regulamento desta Lei. Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, depositar recursos
financeiros em favor do Fundo Estadual da Cultura e apoiar
CAPÍTULO II financeiramente projetos culturais encaminhados ao
DO FINANCIAMENTO DO SISTEMA ESTADUAL DA Mecenato Estadual, podendo deduzir o valor em até 2% (dois
CULTURA – SIEC por cento) do ICMS a ser recolhido mensalmente, na forma e
Seção I nos limites estabelecidos nesta Lei e no Regulamento.
Disposições Gerais
Art. 14. São recursos do Fundo Estadual da Cultura - FEC:
Art. 9º No âmbito do Estado do Ceará, as atividades do I - os oriundos de incentivo fiscal, nos termos desta Lei;
Sistema Estadual da Cultura – SIEC, poderão ser custeadas com II - as subvenções, auxílios, contribuições, doações e
recursos das seguintes fontes: legados de qualquer fonte lícita;
I - Tesouro Estadual; III - as transferências decorrentes de convênios, acordos e
II - Fundo Estadual da Cultura – FEC; III - Mecenato congêneres;
Estadual; IV - outras fontes. IV - as devoluções relativas aos mecanismos de fomento
§ 1º O Fundo Estadual da Cultura – FEC, e o Mecenato desta Lei, quaisquer que sejam os motivos; V - as multas
Estadual poderão ser fomentados, dentre outras fontes, com decorrentes desta Lei, quaisquer que sejam os motivos;
recursos oriundos de incentivos fiscais, nos termos desta Lei. VI - o resultado de eventos e promoções realizados com o
§ 2º Compreende-se por outras fontes aquelas que, sendo objetivo de angariar recursos, incluindo loteria específica;
lícitas, diferem das elencadas nos incisos I a III deste artigo. VII - as receitas próprias da Secretaria da Cultura -
SECULT, incluindo as oriundas dos equipamentos culturais;
Art. 10. A avaliação dos projetos submetidos aos auspícios VIII - o rendimento de aplicações financeiras, realizadas
desta Lei observará os seguintes critérios: na forma da Lei; IX - os saldos de exercícios anteriores.
I - qualidade técnica do projeto; § 1º Aos recursos do Fundo Estadual da Cultura - FEC,
II - plano de mídia e divulgação, coerente com o porte do aplicam-se as seguintes disciplinas:
projeto e com o público que se pretende atingir; I - os existentes na data da vigência da presente Lei nele
III - compatibilidade com a política estadual de cultura, permanecerão;
priorizando-se os projetos que: II - os remanescentes de um exercício serão transferidos
a) permitam a formação de multiplicadores através de para o exercício financeiro subsequente. § 2º Os recursos do
oficinas, cursos e workshops; FEC serão recolhidos em conta específica aberta em Banco
b) contemplem um plano de circulação, no caso de evento Oficial.
sediado na capital do Estado, por bairros da periferia § 3º É vedada a aplicação dos recursos do FEC no
fortalezense; em se tratando de eventos realizados em pagamento de: a) despesa com pessoal e encargos sociais;
qualquer outro município estadual, incluírem um plano de b) serviço da dívida;
circulação do evento que atinja municípios da macrorregião c) qualquer outra despesa corrente não vinculada
administrativa em que o município se encontre inserido; diretamente aos investimentos ou ações apoiados.
c) prevejam a circulação do evento na Capital Cultural do
Estado do Ceará ou promoção dos artistas do município capital Art. 15. A Secretaria da Cultura - SECULT, lançará,
cultural, através de sua inclusão na programação do evento. anualmente, pelo menos 01 (um) processo público de seleção,
IV - aspectos relativos ao PIB da cultura – com financiado com recursos do Fundo Estadual da Cultura - FEC,
apresentação de pesquisa para a mensuração e avaliação do sendo que 50% (cinquenta por cento) dos recursos previstos
impacto econômico do projeto; no Edital devem ser destinados a projetos advindos do interior
V - contrapartida dos fundos municipais de cultura. do Estado.

Seção II Art. 16. A Secretaria da Cultura poderá escolher, mediante


Do Orçamento Estadual processo público de seleção, os programas, projetos e ações
culturais a serem financiados conforme o disposto no art. 9.º
Art. 11. Poderão ser financiados com recursos do desta Lei, podendo designar comissões técnicas para este fim.
orçamento estadual, quaisquer que sejam suas fontes, os Parágrafo único. O montante de recursos destinados aos
projetos e atividades culturais submetidos ao orçamento da processos públicos de seleção, a sua respectiva distribuição e
Secretaria da Cultura - SECULT, ao Fundo Estadual da Cultura os ajustes que se fizerem necessários serão definidos em
– FEC, e ao Mecenato Estadual, observado o Regulamento Portaria do Secretário da Cultura, que será publicada no Diário
desta Lei. Oficial do Estado, observado os limites orçamentários da
Secretaria.

Art. 17. O Fundo Estadual da Cultura - FEC, será


administrado por um Comitê Gestor, o qual será presidido pelo

Políticas Culturais 29
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Secretário da Cultura, a quem compete gestão, execução Seção V


orçamentária, financeira e patrimonial, com o apoio Do Mecenato Estadual
administrativo da SECULT, e será composto conforme
disposição em Regulamento. Art. 20. Entende-se por Mecenato Estadual o fomento a
§ 1º Aplica-se, no que couber, à administração financeira atividades culturais por meio da conjugação de recursos do
do FEC, o disposto na Lei Federal n.º 4.320, de 17 de março de poder público estadual com os de particulares, no qual ocorra
1964, no Código de Contabilidade do Estado e as prestações de renúncia fiscal nos termos da presente Lei.
contas devidas ao Tribunal de Contas do Estado.
§ 2º Todos os procedimentos do Comitê Gestor pautar-se- Art. 21. Os valores transferidos por pessoa jurídica, a título
ão pelos princípios constitucionais regentes da Administração de doação, patrocínio ou investimento, em favor de programas
Pública, principalmente os constantes do art. 37 da e projetos culturais enquadrados no art. 8.º desta Lei, poderão
Constituição Federal. ser deduzidos do imposto devido mensalmente, obedecidos os
§ 3º A gestão financeira do Fundo Estadual da Cultura seguintes percentuais: I - 100% (cem por cento), no caso de
compete à Secretária da Fazenda. doação;
II - 80% (oitenta por cento), no caso de patrocínio; III -
Art. 18. O Fundo Estadual da Cultura – FEC, financiará, no 50% (cinqüenta por cento), no caso de investimento.
máximo, 80% (oitenta por cento) do custo total de cada § 1º O limite máximo de deduções de que tratam os incisos
projeto, devendo o proponente oferecer contrapartida que I, II e III deste artigo, é de 2% (dois por cento) do ICMS a
integralize o orçamento respectivo. recolher mensalmente.
§ 1º Excepcionalmente o FEC, por deliberação do Comitê § 2º Para efeito do disposto neste artigo, considera-se:
Gestor, poderá financiar 100% (cem por cento) do custo dos I - doação - a transferência definitiva e irreversível de
projetos culturais. numerário, bens ou serviços em favor de proponente, pessoa
§ 2º A contrapartida a ser obrigatoriamente oferecida pelo física ou jurídica, com ou sem fins econômicos, cujo projeto
proponente, para fins de complementação do custo total dos cultural tenha sido objeto de aprovação pela Comissão
programas, projetos ou ações culturais, deverá ser feita Estadual de Incentivo à Cultura – CEIC, de que trata o art. 25
mediante alocação de recursos financeiros, bens ou serviços desta Lei, vedada a obtenção pelo doador de qualquer proveito
próprios ou de terceiros, ou estar habilitado à obtenção do direto ou indireto, inclusive de imagem em qualquer veículo
respectivo financiamento através de outra fonte devidamente de mídia impressa ou eletrônica, sendo permitida a citação, em
identificada, vedada a utilização do mecanismo de Incentivos agradecimento, do nome do doador;
Fiscais previstos como contrapartida. II - patrocínio - a transferência definitiva e irreversível de
§ 3º Para os proponentes de projetos submetidos aos numerário, bens ou serviços em favor de proponente, pessoa
Editais de incentivo à produção artística e cultural lançados física ou jurídica, com ou sem fins econômicos, cujo projeto
pela Secretaria da Cultura, considera-se a contrapartida a que cultural tenha sido objeto de aprovação pela Comissão
se refere o caput deste artigo, as exigências constantes do Estadual de Incentivo à Cultura - CEIC, sem proveito
Edital respectivo. patrimonial ou pecuniário, direto ou indireto para o
§ 4º A contrapartida será dispensada sempre que os patrocinador, ressalvada a veiculação do seu nome ou marca
recursos tenham sido destinados a apoiar programas, projetos nas peças de publicidade e nos produtos gerados;
e ações culturais desenvolvidos por entidades vinculadas à III - investimento - a transferência definitiva e irreversível
Secretaria da Cultura, ou por aquelas criadas para dar suporte de numerário, bens ou serviços em favor de proponente,
aos equipamentos culturais do Estado. pessoa física ou jurídica, com ou sem fins econômicos, cujo
projeto cultural tenha sido objeto de aprovação pela Comissão
Art. 19. Podem ser financiados pelo Fundo Estadual da Estadual de Incentivo à Cultura - CEIC, com proveito
Cultura – FEC, os projetos culturais apresentados por: pecuniário ou patrimonial para o investidor.
I - município cearense ou entidade de município § 3º Um mesmo projeto cultural pode captar recursos
cearense responsável pelas atividades culturais; junto a mais de um contribuinte, bem como um único
II - entidade civil, sem fins econômicos, com sede, foro contribuinte pode incentivar a mais de um projeto,
e efetiva atuação no Estado do Ceará, registrada há pelo menos respeitados os limites da presente Lei.
1(um) ano, em cujos atos constitutivos conste a previsão de § 4º O contribuinte que incentivar projeto cultural de que
realização de atividades culturais; trata esta Lei, deduzirá do ICMS a recolher o incentivo em
III - entidades públicas do Estado do Ceará, tantas parcelas quanto necessárias, respeitado o limite mensal
responsáveis por atividades culturais; de que trata o art. 13 desta Lei.
IV - entidades civis, sem fins econômicos, criadas para § 5º A Contrapartida de responsabilidade do incentivador
dar suporte a órgãos, entidades ou equipamentos públicos de somente poderá ser efetuada mediante a integralização dos
cultura pertencentes ao Estado do Ceará. recursos restantes e necessários à concretização do projeto
§ 1º Para efeitos da contabilidade do percentual a que se incentivado.
refere o art. 13 desta Lei, considerar-se-ão os períodos de 1º § 6º A doação ou patrocínio não poderá ser efetuada
de janeiro a 31 de dezembro de cada ano. pelo contribuinte à pessoa ou instituição a ele vinculada.
§ 2º Não será admitida a obtenção de incentivos do FEC e § 7º Os programas, projetos e ações culturais apresentados
do Mecenato Estadual, concomitantemente, para um mesmo por órgãos integrantes da Administração Pública Direta,
projeto. somente poderão receber doação ou patrocínio.
§ 3º A deliberação sobre os projetos apresentados ao FEC § 8º O proponente que tiver seu projeto apoiado na
obedecerá aos critérios estabelecidos no Regulamento desta modalidade doação deverá destinar pelo menos 10% (dez por
Lei. cento) do produto resultante de seu projeto em benefício de
§ 4º As pessoas físicas e entidades civis com fins comunidades carentes, escolas públicas, entidades civis sem
econômicos poderão ter seus projetos apoiados com recursos fins econômicos e de caráter sociocultural, devidamente
do FEC, desde que tenham sido contemplados por meio de cadastradas na SECULT para este fim.
processos públicos de seleção, lançados para este fim, e que § 9º No caso de doação de pessoas jurídicas em favor de
observem ainda a contrapartida sociocultural de que trata o programas e projetos culturais o percentual de abatimento
§8º do art. 21 desta Lei. será de 100% (cem por cento) do valor do incentivo,
respeitados os limites desta Lei.

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§ 10. Os valores transferidos por pessoa jurídica, a título § 5º A composição da CEIC, sua competência e
de patrocínio, em favor de programas e projetos culturais funcionamento, serão estabelecidas no Regulamento desta Lei,
terão percentual de abatimento de 80% (oitenta por cento) do obedecidos quanto à sua composição os preceitos do art. 6º,
valor do incentivo, respeitados os limites desta Lei. inciso II, alínea c, ítem 4, desta Lei
§ 11. Os valores transferidos por pessoa jurídica, a título
de investimento, em favor de programas e projetos culturais Art. 26. A lista dos projetos aprovados será levada à
terão percentual de abatimento de 50% (cinquenta por cento) publicação pela Secretaria da Cultura- SECULT, no Diário
do valor do incentivo, respeitados os limites desta Lei. Oficial do Estado.
§ 1º Da decisão denegatória relativa à aprovação de
Art. 22. Podem apresentar projetos culturais ao Mecenato projeto, caberá recurso ao Conselho Estadual da Cultura, no
Estadual: prazo de 15 (quinze) dias, contados da publicação de que trata
I - pessoas físicas que desenvolvam atividades o caput deste artigo.
relativas às áreas artísticas e culturais de que trata o art. 8.º § 2º É facultado ao proponente que tiver projeto cultural
desta Lei; indeferido em virtude de defeito formal, reapresentálo à
II - pessoas jurídicas de direito privado, com ou sem SECULT, devidamente saneado, respeitado o prazo disposto no
fins econômicos, em cujos atos constitutivos figure: a) atuação parágrafo anterior.
nas áreas de que trata o art. 8.º desta Lei; § 3º O Conselho Estadual da Cultura decidirá sobre o
b) sede e foro no Estado do Ceará; recurso de que trata o § 1.º deste artigo, no prazo de 30 (trinta)
c) efetiva constituição e atuação há pelo menos 1 (um) ano dias.
no Estado do Ceará; § 4º Exaurido o prazo para exame dos recursos, o Conselho
Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito privado, Estadual da Cultura encaminhará a lista dos projetos
com fins econômicos, somente podem captar nas modalidades aprovados para posterior homologação e publicação pelo
patrocínio e investimento. Secretário da Cultura no Diário Oficial do Estado.

Art. 23. Os projetos financiados através do Mecenato Art. 27. O Regulamento da presente Lei definirá as
Estadual serão apoiados segundo critérios de dimensão e condições de natureza formal e material para a aprovação de
valores previstos no Regulamento desta Lei. projetos culturais e para a sua validade.

Subseção Única CAPÍTULO III


Da Tramitação dos Projetos Da Prestação de Contas

Art. 24. A Secretaria da Cultura, ouvido o Conselho Art. 28. Aquele que for financiado pelo Fundo Estadual da
Estadual da Cultura, lançará pelo menos um processo público Cultura ou pelo Mecenato Estadual fica obrigado a prestar
de seleção por ano, abrindo concurso aos projetos culturais contas dos recursos recebidos e do trabalho realizado, nos
que desejem concorrer aos recursos do Mecenato Estadual. termos e prazos definidos no Regulamento desta Lei.
Parágrafo único. Do edital previsto no caput deverá Parágrafo único. A prestação de contas de que trata o
constar: caput ficará sujeita a auditoria do órgão estadual competente.
I - o montante de recursos destinados a incentivar os CAPÍTULO IV
projetos culturais para aquele período, ficando a SECULT Das Sanções
condicionada a aprovar, no máximo, projetos que atinjam os
valores disponíveis; Art. 29. A utilização indevida de benefícios decorrentes
II - os critérios aos quais serão submetidos os projetos desta Lei, por dolo ou culpa, sujeitará os responsáveis às
inscritos, vedada a apreciação subjetiva quanto ao mérito sanções previstas na legislação vigente.
estético ou ideológico dos mesmos;
III - a possibilidade de impugnação, por parte dos Art. 30. São condutas que ensejam sanção administrativa:
interessados, dos critérios e demais normas editalícias. I - agir ou omitir-se, em qualquer fase das tramitações
processuais de que trata a presente Lei, com dolo, culpa,
Art. 25. Os projetos culturais submetidos ao Mecenato simulação ou conluio, de maneira a fraudar seus objetivos;
Estadual obedecerão a padrão e critérios definidos em atos II - alterar o objeto do projeto incentivado;
normativos específicos, e serão apreciados pelo Secretário da III - praticar qualquer discriminação de natureza
Cultura que terá no máximo 30 (trinta) dias, para expedir a política que atente contra a liberdade de expressão, de
autorização de captação dos recursos junto à iniciativa atividade intelectual e artística, de consciência ou crença, no
privada, após apreciação técnica da Comissão Estadual de andamento dos projetos a que se refere esta Lei;
Incentivo à Cultura - CEIC, que por sua vez disporá de no IV - praticar a violação de direitos intelectuais;
máximo 60 (sessenta) dias para aprovar ou não os projetos V - obter redução de ICMS utilizando-se
culturais. fraudulentamente de qualquer benefício desta Lei;
§ 1º O parecer técnico de que trata o caput deste artigo VI - deixar de veicular em todo o material promocional
será submetido ao Secretário da Cultura, com recomendação que envolve o projeto cultural o apoio financeiro prestado pelo
de aprovação total, parcial ou não aprovação do programa, Estado do Ceará, através da Secretaria da Cultura, sob os
projeto ou ação em questão, como subsídio para sua decisão auspícios desta Lei;
final. VII - obstar, por ação ou omissão, o regular andamento dos
§ 2º Da recomendação da CEIC caberá pedido de projetos de que trata esta Lei;
reconsideração dirigido ao Secretário da Cultura, no prazo de VIII - não apresentar ou não ter aprovada a devida
10 (dez) dias contados da comunicação oficial ao proponente. prestação de contas.
§ 3º O pedido de reconsideração previsto no parágrafo § 1º As condutas descritas neste artigo serão apuradas
anterior será apreciado pelo Secretário da Cultura, no prazo de pela Secretaria da Cultura em processo administrativo, no qual
até 60 (sessenta) dias contados da data de sua interposição, serão assegurados o contraditório e a ampla defesa.
após prévio parecer da CEIC. § 2º Aos que forem considerados responsáveis pela prática
§ 4º Da decisão denegatória cabe recurso ao Conselho de qualquer das condutas descritas neste artigo serão
Estadual da Cultura. aplicadas, cumulativamente ou não, as seguintes sanções:

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I - suspensão da liberação de recursos via Fundo Estadual no respectivo município, de lei de incentivos fiscais ou fundo
da Cultura – FEC, ou cancelamento do Certificado Fiscal de específico para a cultura, bem como, de órgão colegiado com
Incentivo à Cultura - CEFIC; atribuição de análise de programas e projetos culturais em que
II - inscrição do proponente no Cadastro de Inadimplentes a sociedade tenha representação ao menos paritária em
do Estado do Ceará – CADINE; relação ao Poder Público e no qual as diversas áreas culturais
III - devolução integral e monetariamente corrigidos, dos e artísticas estejam representadas.
valores indevidamente recebidos ou captados; IV - multa
mínima de 20% (vinte por cento) e máxima de 100% (cem por Art. 36. Os casos de prescrição e decadência serão
cento) do valor de cada projeto cultural apoiado, conforme a definidos no Regulamento da presente Lei.
gravidade da conduta;
V - inabilitação por 5 (cinco) anos para receber qualquer Art. 37. Aos programas, projetos e ações culturais
incentivo do Sistema Estadual da Cultura - SIEC, contados da apreciados pela Secretaria da Cultura –SECULT, sob as regras
data da aplicação da sanção. da Lei n.º 12.464, de 29 de junho de 1995, aplicam-se regras
§ 3º O servidor público estadual responsável pela prática de transição definidas no Regulamento desta Lei.
de conduta descrita neste artigo, incorre, também, nas
penalidades previstas na legislação de regência de sua Art. 39. Fica criado o Sistema de Informações Culturais do
atividade laboral perante o Estado do Ceará. Estado do Ceará, a ser regulamentado por Decreto do Chefe do
Poder Executivo.
CAPÍTULO V
Das Disposições Finais e Transitórias Art. 39. Esta Lei entra em vigor após decorridos 200
(duzentos) dias da sua publicação.
Art. 31. Para qualificar-se aos mecanismos de
financiamento de que trata esta Lei, a pessoa física ou jurídica Art. 40. Fica revogada a Lei n.º 12.464, de 29 de junho de
deve estar registrada no Cadastro de Profissionais e 1995.
Instituições da Cultura da SECULT.
PALÁCIO IRACEMA DO ESTADO, em Fortaleza, 16 de
Art. 32. Na divulgação das atividades financiadas nos agosto de 2006.
termos desta Lei constará obrigatoriamente o apoio do Estado
do Ceará, na forma definida no respectivo Regulamento, Lúcio Gonçalo de Alcântara
respeitado o disposto no § 1.º do art. 37 da Constituição GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ
Federal.
* Candidato(a). O Plano Estadual de Cultura do Ceará está
Art. 33. Os programas, projetos e ações culturais localizado no item 2.
realizados com recursos desta Lei, total ou parcialmente,
deverão prever formas de democratização do acesso aos bens
e serviços resultantes, nos seguintes termos: 6. Gestão e produção
I - a movimentação dos recursos financeiros dar-se-á a cultural
partir de conta bancária específica, conforme definido no
Regulamento;
II - a permissão de acesso público aos bens e serviços De acordo com Chiavenato (1993), a gestão é um fenômeno
decorrentes dos projetos apoiados; III - no caso de universal do mundo moderno. Cada organização requer a
comercialização: tomada de decisões, a coordenação de múltiplas atividades, a
a) respeitarão o direito à meia entrada para estudantes, condução de pessoas, a avaliação do desempenho dirigido a
servidores públicos, idosos com 60 (sessenta) anos ou mais, e objetivos previamente determinados, a obtenção e alocação de
demais pessoas nesse sentido beneficiadas por Lei; diferentes recursos etc. Numerosas atividades administrativas
b) proporcionarão condições de acessibilidade a pessoas desempenhadas por diversos administradores, voltadas para
portadoras de deficiência física, conforme o disposto no art. 46 tipos específicos de áreas e problemas, precisam ser realizadas
do Decreto n.º 3.298, de 20 de dezembro de 1999; em cada organização. O profissional pode ter uma formação de
c) tornarão o preço de comercialização de obras ou de origem, uma especialidade, mas a partir do momento em que
ingressos mais acessíveis a população geral; é colocado como administrador (supervisor, chefe, gerente,
d) distribuirão gratuitamente percentual das obras e diretor etc.), precisa dedicar-se a uma série de
ingressos a beneficiários previamente identificados; responsabilidades que lhe exigirão conhecimentos e posturas
e) observarão contrapartida social a ser definida no completamente novos e diferentes que a sua especialidade não
Regulamento desta Lei. lhe ensinou: daí o caráter eminentemente universal da
administração.7
Art. 34. As despesas para pagamento de pareceres O gestor ou administrador é um profissional com uma
técnicos requeridos para aprovação ou seleção de projetos, formação extremamente ampla e variada. Ele precisa conhecer
emitidos por pessoas físicas ou jurídicas, poderão ser disciplinas diversas como matemática, direito, psicologia,
custeadas com recursos do Fundo Estadual da Cultura - FEC. sociologia, estatística; gerencia pessoas que executam ou
planejam tarefas, que lhe são subordinadas ou estão no mesmo
Art. 35. O Secretário da Cultura poderá delegar as nível ou acima dele; estar atento aos eventos passados e
atividades de aprovação, acompanhamento e avaliação técnica presentes, bem como às previsões futuras, pois seu horizonte
de programas, projetos e ações culturais aos municípios ou deve ser maior por ser o responsável pela direção de outras
entidades da Administração Pública Estadual, mediante pessoas; e lidar com situações dentro da empresa ou fora dela.
instrumento jurídico que defina direitos e deveres mútuos. O gestor é um educador, no sentido de sua orientação
Parágrafo único. A delegação prevista no caput deste modificar comportamentos e atitudes. Ele também é um
artigo, relativamente aos municípios, dependerá da existência,

7 Ferreira, Cleverson Rago. A gestão e o gestor cultural: uma análise de


características. Extraído de: https://www.sescsp.org.br/files/artigo/4d89fc78-
fbcc-4535-89c9-8428acfadb70.pdf

Políticas Culturais 32
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agente cultural, pois pode alterar a cultura organizacional. A atingir um ponto decisório: ou se tornam profissionais ou
gestão não é um fim em si mesma, mas um meio de realizar as continuam amadores.
coisas da melhor forma possível, com o menor custo e maior A instabilidade desse mercado é outra característica
eficiência e eficácia. marcante.
Os gestores são essenciais a qualquer organização O ramo da arte e da cultura sofre não só influência
dinâmica e bem-sucedida. São pessoas que devem planejar, macroeconômi ca, como uma recessão prolongada, mas
dirigir e controlar as operações do negócio. Qualquer que seja também de natureza político-administrativa, visto que os
a empresa, apesar das diferentes atividades envolvidas, órgãos públicos possuem geralmente responsabilidade sobre
possuem pontos comuns: os problemas administrativos, os o setor, que se deve tanto pela administração de espaços para
planos e diretrizes, a avaliação de resultados, a necessidade de apresentações quanto pela criação ou desativação de leis de
coordenar e controlar as operações para o alcance dos incentivo.
objetivos portanto, os aspectos básicos da administração são Segundo Juliano (2010), as organizações culturais são
comuns a qualquer tipo de organização, segundo a Teoria ainda sistemas de organizações mediadoras do fluxo de bens
Neoclássica de Peter F. Drucker. Já Fayol (citado por entre produtores (artistas) e consumidores (públicos), e gerir
Chiavenato, 1993), fundador da Teoria clássica da essas instituições tem sido particularmente desafiante para os
administração, define o ato de administrar como o de prever, gestores culturais. As dificuldades enfrentadas por eles em seu
organizar, comandar, coordenar e controlar. A Teoria clássica trabalho diário devem-se, em grande parte, à natureza única
trata a administração como ciência, dentro do campo das dos bens culturais. Os autores Lampel, Lant e Shamsie,
ciências humanas. também citados por Juliano, consideram bens culturais como
Para muitos autores contemporâneos, o termo “bens não materiais, direcionados a um público de
“administração”, enquanto campo das ciências humanas, tem consumidores para os quais geralmente tem uma função mais
sido usado como sinônimo de “gestão”, entendendo-a como estética ou expressiva do que uma função utilitária”. Por isso a
uma administração mais específica voltada para determinada dificuldade em lidar com um produto que não está alinhado
área (como a financeira, recursos materiais, humanos, com as práticas de consumo tradicionais, e menos ainda com a
tecnologia, comunicação etc.). Assim, a gestão espera que uma produção e gerenciamento desses bens.
determinada organização, seja ela qual for, atinja seus O bem cultural exige uma postura de gestão diferenciada
objetivos, os quais foram criados por meio da gestão de seus na medida em que seu valor não está em si mesmo, no seu
recursos (humanos, físicos, materiais e de equipamentos, valor de uso, mas sim no que significa socialmente, na
financeiros, entre outros). distinção social que possibilita, como explicitou Adorno
(1988). A partir dos símbolos que influenciam a emoção e a
A gestão da cultura percepção, o consumidor do bem cultural busca uma
experiência, produto subjetivo e não utilitário com o qual o
Compreende-se, através da ênfase na estrutura, que a gestor cultural precisa aprender a lidar para intensificar a
organização formal seja uma disposição das partes que a experiência gerada pelo bem cultural (Lampel, Lant e Shamsie,
constituem e o relacionamento entre suas partes. Já a 2009). O poder simbólico é uma importante característica dos
organização informal caracteriza-se nos usos e costumes, nas bens culturais, pois o produto cultural pode ser posto a serviço
tradições, nos ideais e nas normas sociais. As manifestações da da dominação ou da emancipação e, nesse sentido, é um campo
organização informal não precedem da lógica: estão ideológico com repercussões importantes na vida cotidiana.
relacionadas com o senso de valores e os estilos de vida, Por tudo isso, os autores Lawrence e Philips (2009)
aproximando-se, dessa forma, aos valores mais “simbólicos” consideram que a dificuldade de gerenciar as indústrias
dos campos da arte e da cultura. culturais deve-se ao fato de que o foco da gestão não está na
Ainda em Chiavenato (1993), encontramos referências à produção eficiente dos bens, e sim na manutenção de uma
organização informal como um sistema aberto: “uma empresa organização que precisa produzir e vender significados. A
é um sistema criado pelo homem e mantém uma dinâmica gestão de aspectos simbólicos dos produtos representa um
interação com o seu meio ambiente, um conjunto de partes em desafio, pois os bens culturais precisam ser sustentáveis e
constante interação e interdependência, constituindo um todo valorizados pelos consumidores em longo prazo.
sinérgico orientado para determinados propósitos ou fins, e Ainda referindo-se à arte, suas formas representariam a
em permanente relação de interdependência com o ambiente única via de acesso ao mundo interior de sentimentos,
externo (interdependência como capacidade de influenciar o reflexões e valores da vida, além de ser a única maneira de
meio externo e ser influenciado por ele)”. expressá-los e também de comunicá-los aos outros.
As organizações culturais precisam ser sistematicamente Com base no princípio da “arte pela arte”, isto é, da
ajustadas às condições ambientais, sendo a organização de independência do artista em relação a qualquer imposição
natureza sistêmica, isto é, um sistema aberto, com as variáveis exterior (do poder, do dinheiro, da religião etc.), a nova
institucionais apresentando um complexo inter- ideologia estética se construiu na contramão da lógica do
relacionamento entre si e o ambiente, com as variáveis poder profissional. A conformidade à ideia de que o meio
ambientais funcionando como independentes, enquanto as artísti co é (e deve permanecer) um espaço livre e fluido, o
variáveis organizacionais são dependentes do ambiente. Não princípio de que tudo pode ser arte dependendo do ponto de
há nada de absoluto nos princípios da organização. Os vista que o construa como fato estético, a presunção de que a
aspectos universais e normativos devem ser substituídos pelo obra de arte implica exercício de decifração como condição do
critério de ajuste entre organização e ambiente. Dessa forma, desfrute pleno da obra, tudo, enfim, veio consagrar a ideia da
a maioria das organizações culturais, a princípio, nasce da irredutibilidade do artista e da obra de arte a qualquer
lógica “informal”, mas precisa se adaptar rapidamente para a paradigma fixo de valor e sua repulsa a qualquer
sobrevivência, o que por si só já confere à gestão cultural constrangimento externo ao meio artístico (Bourdieu, 1995).
propriamente dita um caráter particular. Muitas vezes Como é possível, portanto, estabelecer uma gestão
observamos a falta de profissionalização do setor, podendo ser eficiente com um quadro instável de trabalho, critérios
explicado informalmente como as instituições começam a se subjetivos de sucesso, e de fontes de recursos e incentivo, que
estruturar. As organizações ligadas à arte e à cultura têm suas não garantem estabilidade financeira às empresas? A
origens na formação de grupos informais, muitas vezes consequência final, no que nos interessa, é que as funções e
amadores, que com o passar do tempo vão se fortalecendo até ocupações de intermediação entre o artista (e a arte) e o
público, ou seja, a gestão cultural e o gestor cultural,

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apresentam características próprias quando comparadas ao Além das atribuições em promover a produção de bens
contexto geral da gestão. culturais e facilitar sua circulação, cuidando para que o acesso
público a esses bens seja garantido, o gestor cultural precisa
O gestor cultural também problematizar e discutir continuamente sobre os
aspectos inerentes à política cultural pública e privada;
São as singularidades da gestão da cultura e dos bens aprimorar os conhecimentos referentes às diversas formas de
culturais que subvertem a lógica de implantação das teorias de manifestações artísticas, atentando-se para as novas
gestão tradicionais na área cultural, e exigem dos gestores tendências. Espera-se também que o gestor cultural tenha
culturais habilidades específicas para lidar com um produto sensibilidade artística e mantenha o diálogo entre o universo
diferenciado. Para usufruírem do apoio tanto da iniciativa artístico-cultural, o poder público, o meio empresarial e a
privada como do setor público, os grupos de produção artística sociedade civil como um todo.
e cultural são obrigados a saírem do amadorismo ao se O gestor cultural constitui-se como parte fundamental da
estruturarem como empresas. Essa exigência acaba refletindo cadeia produtiva da cultura ao desempenhar a função de
no mercado ao fazer o gestor pensar ou olhar a organização organização artística, que se concretiza através do
como uma empresa. Assim, como todo mercado incipiente, acionamento de uma variedade de recursos financeiros,
esse ainda encontra-se em um estágio de regulamentação. materiais, técnicos, tecnológicos, humanos, entre outros, para
O gestor, nesse caso, refere-se àqueles ligados a tornar viável e dar concretude aos produtos e eventos
organizações culturais propriamente ditas e também àqueles decorrentes dos processos de imaginação e invenção
ligados a grupos ou companhias de produção cultural direta. desenvolvidos pelos criadores culturais (Rubim, 2005). O
Nas empresas artísticas, sua figura se confunde com a imagem gestor cultural, ao ocupar o papel de mediador da produção
e a trajetória do próprio grupo. O gestor, a pessoa que cultural, parece contribuir para a potencialização das relações
coordena, que gerencia a organização, além de assumir socioeconômicas, além de influenciar diretamente na
questões administrativas, também lida diretamente com os formação de público e no acesso às artes. Ainda no contexto da
aspectos artísticos. O gestor dessas empresas originalmente é gestão cultural, citamos Durand (2012),“[...] a construção,
um artista que aos poucos foi se tornando um administrador. ainda incipiente, de uma nova identidade: o gestor de cultura.
Essa transição de papéis não ocorre facilmente, pois lidar com Como ocupação emergente, do setor terciário, situada na
questões burocráticas é visto como certo martírio para quem interseção dos campos artístico, político-administrativo (e
está acostumado a criar e a conviver com ambientes criativos gerencial privado), seu entendimento passa por uma análise
diariamente. desses dois espaços, cada qual com sua lógica”.
Esta constatação é importante porque permite entender Em relação ao campo artístico citado por Durand, destaco
parte das dificuldades enfrentadas por esses profissionais e três papéis do gestor cultural merecedores de análise, que são
consequentemente pelas organizações que eles coordenam. diferenciais intrínsecos à sua atuação:
Portanto, historicamente, a formação dessas empresas se dá - a permanente preocupação com a gestão de públicos: o
de maneira informal até atingirem um determinado estágio público propriamente dito (potencial ou presencial) de uma
onde o futuro do grupo e do trabalho é questionado, ou seja, atividade, e o público “interno” ou colaboradores de uma
ou permanecem como amadores, ou passam a ser determinada equipe de um projeto artístico, os parceiros
profissionais (no sentido de viverem financeiramente dessa envolvidos – comunidade, órgãos públicos etc; • a mediação
profissão). Entretanto, apesar dessas dificuldades, seria cultural: o papel de educador do gestor, na produção de
importante que o gestor dessas empresas seja alguém sentidos;
relacionado com a arte e a cultura. Temos observado que - e a curadoria: a opção por uma determinada
dificilmente um gestor do meio administrativo, sem nenhuma programação, a observação de tendências, a necessidade de
formação artística, conseguiria gerir adequadamente uma acesso permanente à informação e criticidade.
organização artística. Contudo, o gestor não pode ser somente
um artista tem de conciliar questões desses dois mundos. Citamos outros estudos que reforçam os papéis do gestor
Transitar entre o artístico e o administrativo requer um cultural:
esforço extra, mas fundamental para a organização e a sua Cunha (2003), com base em Teixeira Coelho, cita o termo
continuidade. A ideia de que o gestor de empresas artísticas “alfabetização cultural como aquela que estimula, facilita o
tem de ser um generalista, com uma visão ampla e com a acesso e se dirige ao aprendizado e domínio de conhecimentos
capacidade de buscar em outros profissionais as qualidades e e de habilidades mínimas nos terrenos das expressões
os conhecimentos que não possui, parece ser clara. artísticas, intelectuais ou corporais [...]” e difusão cultural,
Se naturalmente há momentos delicados no mundo “que têm por referência eventos programados e abertos,
administrativo e que geram grande tensão, em empresas marcados pela [...] presença do público como espectador [...],
artísticas essa dificuldade parece ser mais exacerbada. O que destinados à fixação de um hábito”. Reforça-se, portanto, os
talvez explique essa situação é justamente a falta de papéis de mediação e curadoria do gestor e da gestão cultural,
conhecimentos administrativos consistentes por parte de seus no processo que ele denomina ação cultural.
gestores. O mercado cultural, por sua vez, exige que esses Ainda segundo Teixeira Coelho, referindo-se à ação
profissionais estejam atentos não apenas aos aspectos cultural, “[...] pluralidade das experiências, e da diversidade do
subjetivos da cultura e dos bens simbólicos, mas também às pensar [...] por seu intermédio, possam ser geradas novas
regras de economia, marketing e política. Portanto, os gestores ações individuais e coletivas, que estimulem a autonomia do
culturais tornaram-se um profissional basilar para atender às gosto, a multiplicação das possibilidades do imaginário, das
suas demandas e necessidades específicas dessas empresas. percepções intelectivas, ou os contatos sociais, por exemplo”.
Cabe aos gestores encontrar meios pelos quais as organizações Todos os símbolos que representam os comportamentos e as
operem de forma eficiente e eficaz para responder aos desafios criações culturais fazem parte do universo possível da ação
do ambiente. Evidentemente que, ao serem consideradas as cultural, e como consequência do espectro de atuação do
características singulares das indústrias culturais, seus gestor e da gestão cultural, que têm “[...] sua fonte, seu campo
gestores precisarão acumular, além das habilidades inerentes e seus instrumentos na produção simbólica de um grupo”.
ao processo gerencial, habilidades específicas da área cultural, Em relação à mediação cultural, como afirma Bayardo
uma vez que seu trabalho está relacionado aos bens (2008) sobre a “[...] mediação entre os atores, as disciplinas, as
simbólicos. especificidades e os domínios envolvidos nas diversas fases
dos processos produtivos culturais. Essa mediação torna

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possível a produção, a distribuição, a comercialização e o pensar como regente, e deve, ainda, dialogar com os contextos
consumo dos bens e serviços culturais, articulando os culturais”.
criadores, os produtores, os promotores e as instituições e os Alguns gestores culturais colocam a necessidade de
públicos, conjugando suas diversas lógicas e conhecer e ser sensível ao processo de criação artística, sendo
compatibilizando-as para formar o circuito no qual as obras se essa uma das principais características que poderia diferenciá-
materializam e adquirem sentido na sociedade”. Ainda, los dos demais gestores. Dadas as tendências no mundo do
segundo Bayardo (2008), “[...] processo de mediação da trabalho, é improvável que esses especialistas venham algum
cultura se materializa por meio dos gestores culturais, dia exercer uma profissão como a medicina, a engenharia e o
atuantes no poder público, nas organizações do terceiro setor direito. Eles poderão ter uma identidade própria, um campo de
no âmbito privado”. trabalho mais definido, uma formação escolar mais coerente –
Relacionando os papéis do gestor cultural, a curadoria nos tudo isso desejável e merecido, sem dúvida –, mas sempre
apresenta algumas questões importantes: O que selecionar negociando muito com as mais diversas categorias de
como indispensável em meio a tantas possibilidades acerca de parceiros e concorrentes, dentro e fora das instituições em que
arte e cultura? Como apresentar (“mediar”) este conteúdo? atuam.
Por fim, a formação de público também é uma preocupação Aos gestores culturais cabe saber como navegar no mar de
para o setor. Neste aspecto, afirma Durand (2012) “[...] o tanta diversidade, potencializando-a. Nesse sentido, o trabalho
determinante nas práticas culturais é a introdução à exposição com as equipes, que surgem e se dissolvem ao sabor dos
às práticas culturais, não a possibilidade financeira ou a projetos, é o que há de melhor para fazer a ponte entre gestão
facilidade de acesso a informação por si só[...] daí o papel e arte, recusando burocracias permanentes e buscando
fundamental do gestor cultural”. autonomia criativa.
Compreender a gestão de organizações da área cultural
A formação do gestor cultural representa um desafio, devido às características intrínsecas às
atividades culturais. O mercado cultural exige gestores
Temos observado a dificuldade de reunir em um mesmo preparados para lidar com questões organizacionais e
corpo docente pessoas que conheçam administração, gerenciais muito particulares, para que seja possível
economia da cultura e direitos culturais, e que sejam capazes sobreviver. Segundo Miranda (2003), o mercado cultural “é
de ensinar sobre gestão cultural. É difícil também localizar norteado por critérios próprios, bastante específicos, exigindo
profissionais da prática de gestão em instituições culturais, e resultados avaliáveis em prazo imediato, como volume de
muitos economistas, por exemplo, não conhecem as leis da público, repercussão na mídia e correlação entre investimento
oferta e da procura nas peculiaridades da “indústria criativa”, e lucro”. Portanto, os gestores estão diante de um processo
até porque as estatísticas que a descrevem não existem ou não cotidiano de gestão no qual é preciso cada vez mais
são suficientes. Por último, poucas pessoas conhecem as desenvolver novos modelos de gestão para equilibrar as
políticas públicas e estão a par das correspondências entre características singulares dos bens culturais, do mercado
ação de governo e a cultura do país. (Cunha, 2007 e Juliano, cultural e da gestão das artes.
2010). Este trabalho buscou contribuir para o conhecimento
A formação dos gestores culturais foi sendo construída a desta face pouco conhecida, que é a gestão de organizações de
partir de uma composição de elementos marcados produção artística e cultural, por meio de um maior
inicialmente pelo autodidatismo, que veio responder às entendimento dessas organizações e das necessidades
demandas do processo formativo. Entretanto, a própria requeridas no exercício de suas atividades. Ao buscarmos
complexidade progressiva do mercado cultural passou a exigir analisar os aspectos estruturais da organização profissional da
formação mais sistemática para esses profissionais, levando- gestão cultural, concluímos que esse é um campo ainda em
os a buscar cursos específicos de produção e gestão cultural, pleno processo de constituição, com capacidade de
embora alguns deles sejam pouco formais e, principalmente, intervenção propositiva nas sociedades contemporâneas, mas
escassos no mercado, mesmo entendendo que esse processo que ainda deve ser explorado de forma mais sistemática como
de formação evidenciou vários referenciais coletivizados objeto de estudos e pesquisas.
sobre gestão cultural, possibilitando um campo comum de Ampliam-se as discussões e os estudos sobre a
atuação. Segundo Cunha (2007), “foi possível constatar que diversificação de fontes financiadoras específicas de cultura e,
existem vários perfis na área de gestão cultural que, em grande principalmente, estabelecem-se, de fato, as interfaces da área
parte, estão atuando tanto na área pública e privada quanto no cultural com outras áreas afins, o que a coloca em um patamar
terceiro setor. Essa diversidade de perfis foi resultado da de respeitabilidade na sociedade atual. Para tanto, será preciso
formação diferenciada entre as gerações, quando os gestores que os agentes e as instituições que compõem o campo cultural
foram construindo seus próprios currículos à medida que se conscientizem de que deverão atuar para a sociedade, e não
davam ênfase às áreas de maior interesse ou habilidade para um seleto grupo que tenha acesso à produção cultural e
pessoal, caracterizando um campo multidisciplinar e que artística.
perpassa de forma transversal outras áreas de formação. Ao Os bens simbólicos exigem, em função do seu diferencial
mesmo tempo, encontravam-se diante da existência de um de consumo, tratamento igualmente diferenciado em sua
leque muito amplo de possibilidades de atuação profissional gestão. Articular harmoniosamente as exigências do mercado
no campo artístico-cultural”. cultural, com as singularidades da gestão das artes e dos bens
Um dos aspectos que convém salientar novamente é a culturais, é o desafio dos gestores culturais. Isso exigirá
dificuldade observada pela maioria dos gestores culturais em habilidades para o desenvolvimento de novos modelos
lidar com questões administrativas, como observamos na gerenciais e organizacionais que atendam a essa realidade,
prática. O reconhecimento necessário dessa complexidade é o para que sejam possíveis a sobrevivência comercial das
primeiro passo para buscar conhecimentos e aprendizagens empresas de produção cultural e o atendimento à busca de
que acrescentam e facilitam a atuação dos gestores por um uma “experiência” por parte do consumidor de bens culturais.
melhor desempenho no mercado do qual fazem parte. Em Diante do exposto, a gestão cultural e seu gestor têm papel
suma, ainda segundo Durand (2012), “o gestor precisa ser fundamental na dinâmica do mercado ou da produção artística
generalista, sendo impensável formar alguém em uma só e cultural, com papel diferenciado e particular em relação às
linguagem estética ou teoria cultural. Entre saber dirigir uma outras características ou ocupações e profissões do campo da
orquestra ou tocar um instrumento, o gestor cultural deve administração ou gestão. Ao mesmo tempo em que se apropria
dos conhecimentos da administração ou gestão, suas

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características e seus papéis vão além na gestão de públicos, Garantir a todos os direitos culturais para promover o
no papel de curador e mediador, ao oferecer às pessoas desenvolvimento social inclusivo
possibilidades de atividades, sejam elas quais forem, com É crucial garantir os direitos culturais, o acesso aos bens e
objetivos, sejam eles quais forem. Portanto, a proximidade do serviços culturais, a livre participação na vida cultural e a
gestor cultural e da própria gestão cultural à área da liberdade de expressão artística para forjar sociedades
administração ou gestão, considerando-a como campo das inclusivas e equitativas. Deve-se promover nas políticas e nos
ciências humanas, revela-se mais adequada e ao mesmo tempo marcos jurídicos nacionais e regionais um enfoque baseado
desafiadora, sem desconsiderar a arte como subsídio ou nos direitos culturais e no respeito à diversidade cultural e
substrato de sua ação, consolidando o gestor cultural como um linguística, levando também em consideração as minorias, o
tipo particular e diferenciado de profissional. equilíbrio entre os sexos e as preocupações dos jovens e dos
O desenvolvimento de ações voltadas para a qualificação diferentes povos indígenas. Os valores, os ativos e as práticas
do trabalho cultural, a ampliação do número de publicações culturais, incluindo os das minorias e dos povos tradicionais,
sobre o tema, o aprimoramento de técnicas de pesquisa, a devem ser integrados aos programas de educação e de
formulação de dados econômicos consistentes e específicos comunicação, e devem ser protegidos e devidamente
para o setor e um moderno sistema organizacional poderão reconhecidos. A iniciação à cultura na escola deve ser parte
contribuir para minorar os atuais problemas e dificuldades integrante de uma educação de qualidade e deve desempenhar
que ainda impedem a efetiva consolidação da gestão como um papel importante na promoção de sociedades inclusivas e
profissão preponderante no campo cultural. Ainda citando equitativas. Um especial apoio deve ser dado aos programas
Durand (2012), “que a racionalidade inerente à gestão não culturais que encorajam a criatividade e a expressão artística,
constitui risco para o livre exercício da gestão comprometida que extraem os ensinamentos do passado e que promovem a
com o entusiasmo, a ética e os valores da vida artística e democracia e a liberdade de expressão, além de abordar as
cultural”. questões de gênero, a discriminação e os traumas causados
pela violência.

7. Cultura e Utilizar a cultura para reduzir a pobreza e assegurar


desenvolvimento um desenvolvimento econômico inclusivo
A cultura, como capital de conhecimentos e como recurso,
provê as necessidades dos indivíduos e reduz a pobreza. A
Cultura, patrimônio cultural e o desenvolvimento capacidade da cultura de oferecer possibilidades de emprego
econômico sustentável. e renda deve ser reforçada, com foco especial nas mulheres,
nas meninas, nas minorias e nos jovens. Todo o potencial de
Integrar a cultura em todas as políticas e todos os inovação e de criatividade das indústrias criativas e da
programas de desenvolvimento8 diversidade cultural deve ser mobilizado, especialmente com
O desenvolvimento é configurado pela cultura e pelo a promoção das pequenas e médias empresas, bem como dos
contexto local, que em última instância determinam também ofícios e dos investimentos que são baseados em materiais e
seus resultados. A consideração da cultura deveria, portanto, recursos renováveis, sustentáveis do ponto de vista ambiental,
ser incluída como quarto princípio fundamental da agenda das localmente disponíveis e acessíveis a todos os grupos da
Nações Unidas para o desenvolvimento pós-2015, junto com sociedade, respeitando-se seus direitos de propriedade
os direitos humanos, a igualdade e a sustentabilidade. A intelectual. O desenvolvimento econômico inclusivo deve ser
dimensão cultural deveria ser sistematicamente integrada às realizado também por meio de atividades centradas na
definições do desenvolvimento sustentável e do bem estar, proteção da sustentabilidade do patrimônio, na sua
bem como à concepção, medição e prática concreta das preservação e sua promoção. Uma especial atenção deve ser
políticas e programas de desenvolvimento. Isso vai exigir o dada ao apoio a indústrias do turismo e do lazer responsáveis,
estabelecimento de mecanismos de coordenação institucional sensíveis à cultura e sustentáveis, que contribuem para o
eficazes nos níveis mundial e nacional, a elaboração de marcos desenvolvimento socioeconômico das comunidades,
estatísticos detalhados, com metas e indicadores adequados, a promovendo as trocas interculturais e gerando recursos para
realização de análises baseadas em elementos empíricos, e o a salvaguarda do patrimônio material e imaterial.
fortalecimento das capacidades em todos os níveis.
Apoiar-se na cultura para promover a
Mobilizar a cultura e a compreensão mútua para sustentabilidade ambiental
favorecer a paz e a reconciliação A salvaguarda das zonas urbanas e rurais históricas e dos
No contexto da globalização, e diante dos desafios e conhecimentos e práticas tradicionais a elas associadas reduz
tensões identitárias que ela pode criar, o diálogo intercultural o impacto ambiental das sociedades, promovendo modos de
e o reconhecimento e respeito pela diversidade cultural produção e de consumo ecologicamente mais racionais, e
podem forjar sociedades mais inclusivas, estáveis e resilientes. soluções urbanísticas e arquiteturais viáveis. O acesso aos
Eles devem ser promovidos principalmente por meio de bens e serviços ambientais essenciais deve ser assegurado por
programas educativos, de comunicação e artísticos, bem como meio de uma proteção mais forte e de uma utilização mais
por conselhos nacionais específicos, a fim de promover um sustentável da diversidade biológica e cultural, bem como pela
ambiente propício à tolerância e à compreensão mútua. Nas salvaguarda dos conhecimentos e das competências
zonas que viveram conflitos violentos, deve-se promover a tradicionais, com especial atenção aos dos povos tradicionais,
recuperação do patrimônio cultural e das atividades culturais em sinergia com as outras formas de conhecimentos
para permitir que as comunidades atingidas renovem sua científicos.
identidade, reencontrem o sentimento de dignidade e da
normalidade, desfrutem da linguagem universal da arte, e Fortalecer a resiliência às catástrofes e lutar contra a
comecem a curar as cicatrizes das guerras. Também se deveria mudança climática pela cultura
integrar a consideração dos contextos culturais nas iniciativas A conservação apropriada do meio ambiente histórico,
de resolução de conflitos e nos processos de construção da paz. inclusive as paisagens culturais, e a salvaguarda dos saberes,

8 http://www.unesco.org/new/en/culture/themes/culture-and-
development/hangzhou-congress/

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dos valores e das práticas tradicionais pertinentes, em sinergia Nesse contexto, é preciso levar em conta as necessidades
com os outros conhecimentos científicos, reforçam a específicas dos diferentes subsetores culturais, e oferecer
resiliência das comunidades diante das catástrofes e da possibilidades de desenvolver capacidades, transferir
mudança climática. O sentimento de normalidade, de conhecimentos e encorajar o empreendedorismo,
autoestima, de pertencimento a um lugar e de confiança no especialmente por meio do compartilhamento das melhores
futuro dos indivíduos e das comunidades atingidas por práticas.
catástrofes deve ser restaurado e fortalecido por meio de
programas culturais e pela recuperação de seu patrimônio
cultural e de suas instituições culturais. A consideração da 8. Planejamento, gestão e
cultura deve ser integrada às políticas e planos de redução dos
riscos de catástrofe, de mitigação e de adaptação à mudança avaliação de projetos e
climática em geral. programas culturais
Valorizar, salvaguardar e transmitir a cultura para as
futuras gerações Projeto Cultural – importância e conceituação
O patrimônio é um ativo essencial para nosso bem estar e
para o das futuras gerações, e ele está desaparecendo a um Antes de iniciar uma discussão específica sobre a
ritmo alarmante devido aos efeitos combinados da conceituação de projetos culturais, conforme foi visto em
urbanização, das pressões do desenvolvimento, da disciplinas anteriores, é necessário ampliar o seu escopo para
globalização, dos conflitos e dos fenômenos associados à o campo de atuação da gestão cultural, pois associada a essa
mudança climática. As políticas e os programas nacionais discussão se encontra todo o processo de organização do setor
devem ser reforçados a fim de garantir a proteção e a cultural que, cada vez mais, exige um perfil profissional capaz
promoção desse patrimônio e de seus sistemas herdados de de olhar de forma estratégica e sensível para o seu campo de
valores e de expressões culturais, como parte integrante do atuação. E para refletir sobre esse aspecto, torna-se essencial
patrimônio comum, atribuindo-lhe ao mesmo tempo um papel fazer uma provocação sobre o próprio sentido do termo gestão
central na vida das sociedades. Isso deve ocorrer por meio da cultural, que traz em si a contradição dessa profissão: gerir o
sua plena integração ao setor do desenvolvimento, bem como subjetivo9!
dos programas educativos. Assim, ao associar a capacidade de crescimento e de
profissionalização do setor cultural ao processo de formação
Valer-se da cultura como recurso para realizar um dos seus gestores, torna-se fundamental refletir sobre os
desenvolvimento e uma gestão sustentáveis das zonas referenciais comuns e coletivos, visando compartilhar
urbanas conhecimentos específicos do campo da gestão. Dessa forma,
Uma vida cultural dinâmica e a qualidade dos ambientes para garantir a eficiência na atuação profissional, seja na área
históricos são a chave para tornar as cidades sustentáveis. As de gestão pública, privada ou do terceiro setor, é preciso
administrações locais devem preservar e melhorar esses recorrer a conceitos, instrumentos e ferramentas de trabalho
ambientes em harmonia com seu contexto natural. Nas disponíveis para o desenvolvimento de políticas culturais
cidades, as políticas sensíveis à cultura devem promover o participativas, tais como a formulação de diagnóstico
respeito à diversidade, a transmissão e a continuidade dos situacional, planejamento estratégico, planos de ação e de
valores, e a inclusão, reforçando a representação e a sustentabilidade e, por fim, a elaboração de projetos.
participação dos indivíduos e das comunidades na vida Nessa perspectiva, ao falar de projeto cultural, é preciso
pública, e melhorando a situação dos grupos menos levar em consideração vários aspectos. O primeiro deles é
favorecidos. As infraestruturas culturais, tais como os museus saber diferenciar o conceito positivo de gestão de processos
e outras instalações culturais, devem servir como espaços de culturais e não se basear na lógica exclusiva da gestão a partir
diálogo e de inclusão social, ajudando a reduzir a violência e a de projetos. Portanto, a atuação profissional diferenciada do
favorecer a coesão. A reabilitação, conduzida pela cultura, das gestor de cultura está em dominar ferramentas de trabalho
zonas urbanas, especialmente dos espaços públicos, deve ser que deverão fazer parte do seu cotidiano. Aqui, refere-se ao
promovida a fim de preservar o tecido social, de melhorar os desenvolvimento do planejamento e, consequentemente, ao
rendimentos econômicos e aumentar a competitividade, desenho de projetos que deve ser considerado como produto
impulsionando todo um conjunto de práticas do patrimônio final do processo. De qualquer forma, cada projeto deverá ter
cultural imaterial, bem como de expressões criativas seu próprio planejamento específico de execução,
contemporâneas. As indústrias culturais e criativas devem ser monitoramento e avaliação.
promovidas, assim como a revitalização urbana baseada no Vale ressaltar que o processo de planejamento estratégico
patrimônio e no turismo sustentável, como poderosos significa, resumidamente, o trabalho de preparação e
subsetores econômicos que geram empregos verdes, organização de planos e programas, tendo como premissa
estimulam o desenvolvimento local e encorajam a criatividade. básica o conjunto de métodos e técnicas que visam
racionalizar as ações, a partir de uma missão, das diretrizes e
Apoiar-se na cultura para favorecer modelos de dos objetivos estabelecidos. Em momento algum ele deve
cooperação inovadores e sustentáveis significar o risco de intervenção na liberdade de expressão
O considerável e inexplorado potencial das parcerias individual e de grupos. Planejar significa sintonizar ideias e
público-privadas pode oferecer modelos alternativos e realidades, reconhecer e otimizar recursos humanos, físicos e
sustentáveis de cooperação a serviço da cultura. Para isso será financeiros para tornar mais eficientes as ações propostas. É
necessário desenvolver no nível nacional os marcos jurídicos, preciso reafirmar que planejamento é um momento
fiscais, institucionais, políticos e administrativos adequados, a importante de reflexão.
fim de favorecer mecanismos globais e inovadores de O conceito estabelecido pelas Organizações das Nações
financiamento e de cooperação, tanto no nível nacional quanto Unidas, que define projeto como “um empreendimento
no nível internacional, inclusive as manifestações populares e planejado que consiste num conjunto de atividades inter-
as associações culturais já promovidas pela sociedade civil.

9 Maria Helena Cunha. Projeto Cultural: concepção, elaboração e avaliação.


http://www.cultura.rj.gov.br/curso-gestores-
agentes/textos/projcultconcelaava.pdf

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relacionadas e coordenadas para alcançar objetivos financiamento existentes: editais de empresas públicas,
específicos dentro dos limites de um orçamento e de um privadas e de fundações; uso de leis de incentivo; fundos e
período de tempo dados” (ONU, 1984), reforça as orientações doações, etc. Assim, muitas vezes é necessário adequar textos
básicas para a elaboração de um projeto cultural, quando são e planilhas de projetos aos instrumentos e roteiros específicos
necessárias a composição, com qualidade e eficiência, de um elaborados pelas instituições que administram e/ou possuem
conjunto de ideias bem articuladas entre objetivos, recursos.
justificativa, cronogramas e estratégias, orçamentos e demais Em geral, não basta “copiar e colar” conteúdos de projetos
itens que compõem a estrutura de um projeto. Seu desenho em formulários e planilhas pré-definidos, mas perceber,
depende de sua natureza e finalidade e, sobretudo da ideia de primeiramente, em que medidas tais conteúdos são
que não há uma fórmula ou “receita” pronta! adequados a esses instrumentos e quais ajustes devem ser
feitos.
Planejamento e projeto: contextualização A seguir apresentamos diferentes formatos de
O projeto parte de um contexto social, histórico e cultural apresentação de projetos culturais:
para que possa ser planejado. Deve-se, portanto, conhecer a • Projeto Cultural (matriz) – o seu principal documento, é
realidade na qual se vai intervir, por meio do levantamento de o projeto na íntegra;
dados e pesquisas que possam subsidiar e fortalecer a sua • Projeto de Patrocínio Cultural – é um formato mais
concepção. Avaliar em que contexto ele é desenhado (o que resumido, com uma diagramação adequada (um perfil mais
está acontecendo à nossa volta), avaliar também comercial, para um processo de negociação);
oportunidades e riscos, conhecer quais e como têm sido • Formulário das Leis de Incentivo à Cultura – adequar o
desenvolvidos trabalhos semelhantes. Levar em consideração projeto aos editais específicos;
o público-alvo ou o público beneficiado como o conjunto de • Editais de instituições públicas ou privadas – adequação
pessoas que se pretende atingir positivamente nas ações do do projeto aos formulários;
projeto. • Projetos específicos para instituições financiadoras
Em geral, o projeto atua em situações complexas e nacionais e internacionais (editais).
interligadas com o contexto no qual irá ser realizado e que não
podem ser tratadas como ações isoladas. Cada item do projeto Planejamento específico de projetos culturais
deve estar interligado, isso significa que, na prática, quando Em seguida, serão apresentados alguns itens básico, de
estamos planejando e estruturando um projeto, cada atividade forma esquemática, que devem ser observados para o
deve se remeter ao seu objetivo específico, e, estes, ao objetivo desenvolvimento de um planejamento para a elaboração,
principal, aos resultados e, portanto, refletem nos recursos viabilização, execução e avaliação de projetos culturais:
financeiros necessários para sua viabilização e nos recursos • O primeiro ponto a ser considerado é que cada projeto é
humanos capazes de transformar as ideias em ações culturais um caso único e deve ter um tratamento específico.
e artísticas efetivas. • O projeto é o detalhamento mais preciso de um
Dessa maneira, garante-se que um percurso lógico seja planejamento complexo proposto por grupos, instituições ou
traçado e que as atividades estejam conectadas e mantenham empresas.
coerência no conjunto da proposta. Isso não significa, no • O gestor deve estar atento aos editais (conteúdo e
entanto, que essa percepção seja definitiva sobre nossas ações, prazos) das Leis de Incentivo à Cultura (Estadual e Municipal),
mas deve ser considerada como parâmetro, sobretudo na a Lei Federal está aberta a receber projetos durante todo o ano
quantificação de públicos, nos resultados esperados, no (ideal de janeiro a novembro).
alcance das ações e, inclusive, na percepção da necessidade de • O gestor deve estar atento também a outros editais
parcerias. públicos, não só de leis de incentivo, bem como dos editais de
No planejamento de um projeto deve-se levar em empresas privadas (conteúdo e prazos).
consideração as políticas e diretrizes específicas dos planos e
programas em que estão inseridos. Muitas vezes os projetos Elaboração do Projeto Cultural
são desenhados, desde seu início, a partir dos programas dos • O primeiro passo é estruturar a ideia básica do projeto,
quais fazem parte, pois resultam do processo de um buscando compreendê-lo em um contexto (social, histórico,
planejamento. Por isso, são facilmente percebidos como artístico, entre outros), por meio de levantamento de dados e
integrados às políticas que constituem tal programa. Em pesquisas que possam subsidiar e fortalecer a sua concepção.
outros casos, o projeto foi elaborado para um objetivo • Desenvolvimento da proposta conceitual e artística,
independente (projeto isolado) e pode ser ajustado ou inscrito estruturação da programação e dos recursos humanos
em um determinado programa ou edital, na medida que possui envolvidos, do plano de divulgação, do orçamento, dos
afinidades com suas diretrizes e linhas de atuação. Nos editais, cronogramas, enfim, de todos os itens que compõem o
por exemplo, o conjunto da proposta define critérios, conjunto do projeto cultural.
parâmetros e direcionamento dos projetos a serem aprovados, • Enquadramento do projeto nas Leis de Incentivo à
no entanto, o programa pode não definir os projetos Cultura (se for o caso).
propriamente ditos, mas abrir possibilidades de • Enquadramento em editais: Correios; Petrobras, BNDES,
financiamento a iniciativas adequadas aos seus conceitos e CEF; OI Futuro; Pontos de Cultura, etc.
diretrizes. • Pesquisa e levantamento dos prováveis patrocinadores e
das formas de reciprocidades permitidas pelo projeto
A especificidade de cada projeto (formação de banco de dados).
De forma sucinta, cada projeto deve considerar alguns • Planejamento para a captação de recursos do projeto.
pontos básicos: • Um projeto bem estruturado e um planejamento bem
• Levar em conta o público que pretende beneficiar; feito permitem rapidez na hora de tomar decisões.
• Compreender o contexto social, histórico e cultural no • Realização do projeto – sua execução.
qual está inserido; • Gestão do projeto: acompanhamento e monitoramento
• Possuir um percurso lógico próprio. Compreende-se que da execução, tendo como base o planejamento estruturado
cada projeto é “único” e, portanto, deve ser planejado e anteriormente (orçamentos, cronogramas de atividades,
desenhado de acordo com as características propostas. planilhas, etc.).
E como todo projeto necessita de recursos financeiros para • Pós-produção: finalização e avaliação do projeto,
ser realizado, é preciso considerar as oportunidades de produção de relatórios e prestação de contas.

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Quesitos básicos para a avaliação de projetos culturais Modalidades de atuação não reembolsável. Atualmente,
O projeto cultural deve possuir características que o este apoio é destinado aos projetos das seguintes
diferenciem, visando apresentar aos potenciais modalidades:
financiadores/patrocinadores informações necessárias para • Coprodução internacional para TV
sua avaliação e posterior execução a partir da parceria • Preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro
estabelecida. É importante ressaltar que tanto os editais • Seleção pública de projetos de preservação de acervos
públicos quanto as políticas de investimento privado têm os • Seleção pública de projetos cinematográficos
seus próprios critérios dentro de um processo de seleção. Por Para a área de Preservação do Patrimônio, a instituição
isso, é sempre importante consultar antes os documentos visa:
disponíveis (sites oficiais e leitura de editais). • Associar a preservação do patrimônio cultural e o
No entanto, todos os pontos da estruturação do projeto desenvolvimento local, motivo pelo qual a abrangência dos
devem ser contemplados em um formato original, bem como, projetos pode contemplar o entorno urbano do patrimônio
no caso de editais, justificar a falta de algum item (que não seja público.
obrigatório), pois a análise deve ser integral. Alguns pontos • Priorizar projetos relacionados a programas de
que, em geral, são avaliados pelas políticas de investimento revitalização (urbana, turística, econômica, etc.) que abram
e/ou editais: novas oportunidades às cidades históricas brasileiras e
• Diferencial: em que medida o projeto se distingue de resultem em benefícios efetivos à população.
outros e como pode ser direcionado à empresa/instituição • Restituir aos monumentos sua função social e reintegrá-
financiadora. Um bom momento para demonstrar esse ponto los na vida cotidiana das cidades para que sua revitalização
é no item de apresentação e, de forma resumida e com seja permanente. Por isso, os projetos devem apresentar
destaque, na carta (ou e-mail) de encaminhamento. planos de uso público e de sustentabilidade consistentes, que
• Adequação: pertinência do projeto à empresa/instituição garantam suas atividades e sua manutenção.
patrocinadora, de acordo com suas políticas de investimento e
programas específicos. Destacar esse ponto na carta de Regulamento para o apoio do BNDES a projetos de
encaminhamento. É um desgaste para a imagem do projeto preservação e revitalização do patrimônio cultural
encaminhá-lo a possíveis patrocinadores sem fazer uma brasileiro:
adequação e de uma forma aleatória; é preciso ter afinidade
entre projeto e política de investimento. • Equipe técnica: 1 - Para efeito do Regulamento, o conceito de “patrimônio
análise do histórico da instituição proponente e da equipe cultural brasileiro” compreende o patrimônio histórico,
principal que compõem o projeto. Análise de currículo e artístico, arquitetônico, arqueológico, geológico e
portfólio, identificação de experiências e profissionalismo em paleontológico do País; e o conceito de “monumento”
outras iniciativas. compreende a criação arquitetônica isolada, ou seja, bens
• Custo-benefício: equivalência entre o que se propõe e o imóveis, bens móveis e integrados, ou conjuntos escultóricos,
que se oferece. Pode ser claramente identificado em um plano que dão testemunho de uma civilização ou de um
de comunicação e no plano de cotas e reciprocidades. acontecimento histórico.
• Exequibilidade: viabilidade técnica do projeto,
orçamento adequado às atividades propostas e 2 - O apoio financeiro do BNDES se destina a quatro tipos
compatibilidade de cronograma de ações. de projeto:
• Acessibilidade: o projeto deve demonstrar a sua • Projetos integrados de revitalização de cidades
capacidade de permitir acesso aos portadores de necessidades históricas, centros históricos ou outros perímetros
especiais (auditivas, visuais e/ou físicas). selecionados pelo BNDES, que visem sua dinamização
• Democratização do acesso: o projeto deve apresentar econômica a partir de ações de preservação do patrimônio
quais são as possibilidades de promoção de ações cultural;
democráticas voltadas para a igualdade de oportunidades de • Projetos de preservação de monumentos tombados
acesso e fruição de bens, serviços e produtos. individualmente pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
• Público: é fundamental para o próprio projeto identificar Artístico Nacional (IPHAN);
o seu público-alvo, pois permite uma divulgação direta e mais • Restauro e adaptação de monumentos e outras
eficaz, além de demonstrar conhecimento do seu trabalho e, se edificações destinados primordialmente a abrigar instituições
for o caso, demonstrar proximidade com possíveis de alta relevância cultural ou histórica;
patrocinadores. • Recuperação e melhoria da infraestrutura de sítios
• Flexibilidade: abertura para negociar pontos de interesse considerados como patrimônio arqueológico, geológico ou
que, no entanto, não podem comprometer, definitivamente, os paleontológico nacional tombados pelo Instituto do
objetivos e a qualidade da proposta. É um risco de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e/ou
inviabilização e perda de credibilidade. considerados Patrimônio Mundial pela UNESCO.
• Avaliação: apresentação das formas de aferição de
resultados, a partir de indicadores específicos e 3 - O patrimônio cultural, os monumentos e os sítios acima
monitoramento das atividades previstas, inclusive financeiras. referidos devem, obrigatoriamente: ser de propriedade de
pessoa jurídica de direito público interno ou de direito
Modelo de edital nacional - Regulamento privado, sem fins lucrativos, e destinar-se a atividades que
Este tópico tem por objetivo apresentar o edital de uma permitam a visitação pública, de forma gratuita ou não.
instituição financeira de caráter nacional, o Banco Nacional de
Desenvolvimento – BNDES. Entre as linhas de financiamento 4 - O proponente do projeto deve atender aos seguintes
do BNDES, selecionou-se o edital que se refere à Preservação requisitos:
do Patrimônio Cultural Brasileiro (as informações foram • Ser pessoa jurídica de direito público interno ou de
retiradas de seu site oficial: direito privado, sem fins lucrativos; • Não se encontrar em
http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Area situação de inadimplência junto ao BNDES ou a outros órgãos
s_de_Atuacao/Cultura/). da Administração Federal direta e indireta.
O mais importante aqui é saber analisar o conteúdo de Observação: o BNDES realiza o levantamento cadastral do
editais e identificar a potencialidade, ou não, para o seu proponente e seus administradores, ficando a contratação
projeto.

Políticas Culturais 39
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condicionada ao atendimento das disposições sobre o tema Departamento de Cultura, Entretenimento e Turismo –
constantes do Regulamento Geral de Operações do BNDES. DECULT, que os encaminha à Diretoria Colegiada do BNDES
para a aprovação do apoio financeiro.
5 - O apoio do BNDES será efetivado na forma de contrato
de concessão de colaboração financeira não reembolsável, por 10. A seleção dos projetos deverá considerar os seguintes
instrumento particular, com recursos do Fundo Cultural, nos critérios:
termos previstos no Estatuto Social do BNDES. - A existência de projetos de revitalização em que a
recuperação dos monumentos seja indutora do
6 - A critério do BNDES, os projetos também poderão ser desenvolvimento econômico de seu entorno;
apoiados nos termos definidos no âmbito da Lei Rouanet (Lei - A importância cultural e histórica dos monumentos e
nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991, regulamentada pelo sítios;
Decreto nº 5.761, de 27 de abril de 2006, ou legislação que a - A importância cultural e histórica do conjunto de
substitua). Nesses casos os projetos deverão ser aprovados monumentos, bens, edificações e sítios históricos na área ou
pelo Ministério da Cultura – MinC no âmbito do Programa cidade;
Nacional de Apoio à Cultura–PRONAC, nos termos da Lei - As condições de conservação dos monumentos e sítios;
Rouanet. - A existência de plano de sustentabilidade e
compromissos com a manutenção, que garantam a boa
7 - Poderão ser apoiados todos os itens necessários à condição de conservação e uso dos monumentos e sítios;
execução dos projetos. São financiáveis: - A existência ou previsão de realização de projetos
- Restauração e/ou preservação artística, arquitetônica ou culturais, educativos e/ou sociais de amplo acesso público nas
de infraestrutura; dependências dos monumentos e sítios;
- Intervenções e investimentos em ativos fixos destinados - A aderência e complementaridade com outros projetos
à adaptação ou modernização das instalações para abrigo de apoiados ou ações realizadas pelo BNDES;
atividades culturais, educacionais, turísticas ou de serviços - A atratividade turística do monumento ou a perspectiva
públicos; de desenvolvimento de polo ou circuito turístico.
- Intervenções destinadas à requalificação dos
monumentos, edificações e sítios de que trata o item 2, 11. Os projetos deverão ser apresentados ao BNDES
incluindo, entre outros, melhoria da área de ambiência acompanhados dos seguintes documentos:
externa, enterramento de fiação, regularização de calçamento, - Cópia do formulário completo de inscrição do projeto no
iluminação de destaque, sinalização, paisagismo ou melhoria PRONAC, incluindo orçamento aprovado pelo Ministério da
de acesso, e, ainda, intervenções destinadas à melhoria da Cultura, quando houver;
infraestrutura urbana no entorno próximo aos monumentos e - Cópia do documento de aprovação do Projeto Cultural
sítios apoiados; pelo Ministério da Cultura, no âmbito do Programa Nacional
- Elaboração dos projetos básicos, complementares e de Apoio à Cultura – PRONAC, quando houver;
executivos; - Cópia da comunicação de aprovação do projeto no
- Novas edificações anexas ou associadas aos monumentos PRONAC publicada no D.O.U., quando houver;
e sítios de que trata o item 2, que se destinem à melhoria das - Relatório de captação de recursos, quando for o caso, com
condições de conservação e de guarda de seus acervos; ou indicação dos apoiadores já associados ao projeto e dos
novas edificações que sejam parte dos projetos integrados de valores já captados, com a devida comprovação (extrato
revitalização de cidades históricas, centros históricos ou bancário indicando os depósitos);
perímetros selecionados pelo BNDES de que trata o item 2, - Indicação do valor do apoio solicitado ao BNDES e
desde que destinadas primordialmente a abrigar indicação das etapas de realização às quais este valor está
equipamentos voltados para a dinamização cultural; vinculado;
- Investimentos complementares aos itens descritos acima, - Cronograma de execução com indicação de orçamento
que visem à dinamização e divulgação do patrimônio cultural, por etapa;
tais como: - Apresentação da instituição responsável e da proposta de
a. ações de capacitação e formação de mão-de-obra; sustentabilidade dos monumentos, bens, edificações e sítios
b. ações de educação cultural e patrimonial; após a realização do projeto;
c. produtos ou ações culturais associados aos monumentos - Apresentação do programa de uso para os monumentos
e sítios de que trata o art. 2º, tais como livros, DVDs, e sítios, após a realização do projeto;
documentários, espetáculos, exposições, eventos e - Apresentação, quando houver, da relação dos
recuperação de acervos; monumentos e sítios, com outros programas culturais,
- Despesas incorridas com a coordenação e o educacionais, de inclusão social, de capacitação profissional,
gerenciamento técnico do projeto, até o limite de 10% (dez por turísticos ou de revitalização urbana.
cento) do valor do projeto; - Currículo da instituição proponente e dos profissionais
- Despesas relacionadas à divulgação, até o limite de 10% ou empresas envolvidos na realização do projeto;
(dez por cento) do valor do projeto. - Cópia do Estatuto Social do proponente e suas alterações,
Observação: Não são passíveis de financiamento os custos devidamente registrado;
de agenciamento do projeto e as despesas administrativas não - Cópia da ata de eleição dos representantes legais do
explicitadas acima. proponente, devidamente registrada;
- Cópia do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica;
8. Os projetos deverão ser apresentados de acordo com o - Declaração de responsabilidade pela veracidade das
Roteiro de Informações para Consulta Prévia de Projetos de informações prestadas, assinada pelo representante legal do
Preservação e Revitalização do Patrimônio Cultural Brasileiro proponente.
e encaminhados ao Departamento de Prioridades do BNDES
(BNDES/AP/DEPRI). 12. A assinatura do contrato de colaboração financeira não
reembolsável condiciona-se à apresentação, pelo proponente,
9. Os projetos são apreciados pelo Comitê de Projetos dos documentos exigidos por disposição legal ou
Culturais do BNDES, enquadrados pelo Comitê de regulamentar, assim como os usualmente solicitados em
Enquadramento e Crédito do BNDES, e analisados pelo

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operações análogas, julgados necessários pelo BNDES para Depois da fase de planejamento, como visto na disciplina
efetuar a contratação. de Planejamento Cultural, em que se avalia o contexto, as
oportunidades e riscos, as demandas e estratégias (o quê,
Encaminhamento como, quem e quando), é o momento de organizar as ideias em
As solicitações de apoio financeiro são encaminhadas formato de projeto - ferramenta fundamental para torná-lo
diretamente ao BNDES por meio de Consulta factível.
Prévia, preenchida segundo as orientações do Roteiro de A carta de apresentação (ou de encaminhamento)
informações para consulta prévia de projetos de preservação acompanha o projeto, apresentando o conteúdo de forma
e revitalização do patrimônio cultural brasileiro, e enviada ao: sucinta, sempre pautada pela objetividade. A intenção é situar
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – o leitor que irá receber e analisar o projeto e identificar a sua
BNDES natureza, preparando-o para uma leitura mais detalhada. A
Departamento de Prioridades (DEPRI) Av. República do carta deverá ser dirigida a cada potencial financiador, com a
Chile, 100 - Protocolo - Térreo solicitação especificada.
20031-917 - Rio de Janeiro, RJ
1.1 – Estrutura básica:
Apresentação do contexto
O projeto parte de um diagnóstico que retrata a realidade a) Capa
e que permite identificar, com objetividade e da forma mais Em geral, os projetos possuem uma página de rosto ou
completa possível, o que desejam propor como seu objeto de capa, contendo seu título e o nome de quem assina por sua
trabalho, sejam manifestações artísticas ou identificação de realização. É importante incluir informações que identifiquem
problemas e demandas às quais buscam interferir com ações o projeto de imediato: período de realização, local (cidade,
em determinada localidade. É preciso conhecer o contexto, o país, centro histórico, etc.), data (ano) de realização, entre
público e as demandas (ou necessidades) com as quais se outros dados pertinentes ao projeto.
pretende lidar e propor intervenções.
Portanto, é importante ter clareza sobre o ponto de partida b) Sumário
do qual pretendemos desenvolver uma ação a partir da Descrição dos itens apresentados no projeto e suas
elaboração de projetos culturais. Entre os vários aspectos e respectivas páginas. O sumário facilita a leitura seletiva dos
percepções particulares que são determinantes, podemos assuntos abordados no projeto.
destacar:
• Proteção e promoção à diversidade cultural: ações c) Apresentação
diversificadas para públicos abrangentes, de modo a não se Resumo geral do projeto, buscando mostrar as ações a
tornarem fatores de exclusão social. É fundamental valorizar o serem desenvolvidas, de que forma (método) e em que
tecido humano e o conjunto de experiências que constituem o contexto. A apresentação deve ser clara, concisa, e precisa dar
patrimônio de vida de cada indivíduo. a noção do conjunto. A partir da apresentação, o leitor terá
• Percepção da necessidade de acesso aos bens culturais e ideia do que virá adiante. De forma sucinta e de acordo com o
ampliação das potencialidades criativas. propósito do projeto, é preciso conter as seguintes
• Concepção de sistemas ou cadeias de produção: informações:
compreender toda a dinâmica produtiva referente ao produto • Detalhamento de produto: tiragem, características,
principal resultante da proposta, ter consciência dos conteúdos inseridos, etc.
processos produtivos. • Detalhamento de ações: programação, conteúdos
• Corresponsabilidade: compartilhamento de abordados, forma de organização, etc.
responsabilidade e de ações entre os diversos atores sociais
(organismos governamentais, empresas e organizações da d) Objetivos
sociedade civil). • Pluralidade: considerar que determinadas Os objetivos podem ser organizados de acordo com a
temáticas de ação proposta não devem ser tratadas de maneira natureza, finalidade e forma de organização textual. Eles são a
isolada, e, sim, em transversalidade com outras áreas como afirmação propositiva do que se quer com o projeto e, ao final
cultura, educação, turismo, saúde e meio ambiente. da sua realização, devem ser comprovados.
• Gestão compromissada: profissionalização da relação de O objetivo geral ou principal consiste no objetivo de
patrocínios e da gestão cultural com foco em resultados. caráter mais amplo, para o qual o projeto contribui, mas que
Dessa forma, ao descrever um contexto (dimensão ultrapassa o alcance do projeto.
descritiva, explicativa do diagnóstico), é preciso ter Os objetivos específicos devem ser precisos, mensuráveis,
consciência de que a forma de agir proposta (estratégias e realistas e possíveis de serem atingidos nos “limites” do
métodos) está sintonizada com a realidade na qual o projeto projeto, sendo plenamente alcançados pelo conjunto de ações
será realizado e, para tanto, torna-se essencial identificar, previstas no projeto.
conhecer, valorizar e reforçar o que já foi construído: culturas
locais, programação existente (calendário), formas de e) Justificativa
produção e de superação de problemas sociais, necessidades O que motivou a elaboração do projeto. O que foi percebido
específicas de cada contexto social, político e econômico. como foco de mudança e porquê. Relevância do projeto
cultural para o seu público-alvo e os impactos de sua
Projeto Cultural – elaboração e avaliação realização. Porque as ações previstas devem ser realizadas e
1 . Estrutura geral para a elaboração de projetos culturais os motivos de escolha das formas/métodos propostos.
A estrutura para a elaboração de um projeto cultural deve
conter tópicos (itens) básicos que permitam a sua f) Resultados e indicadores
compreensão geral e façam, ao mesmo tempo, a sua defesa A definição de quais são os resultados da proposta é
como ação necessária a ser realizada em determinado local e fundamental para melhor compreensão das suas finalidades.
por um período de tempo. Essa estrutura (roteiro) é um Tais resultados podem e devem ser apresentados de forma
documento orientador na construção do projeto e a sua qualitativa e quantitativa para uma avaliação posterior mais
dimensão e seu o formato deverão ser adequados a cada precisa e coerente com o todo da proposta. Nesse caso, o mais
proposta, dependendo de sua natureza, finalidade e importante é formular, a priori, os indicadores que irão medir
complexidade. tais resultados.

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g) Público-alvo ou público beneficiado Informar sobre tiragem, formas de distribuição, mailing


A quem o projeto se destina, ou seja, quem será beneficiado específico.
(“atingido” positivamente) pelo projeto. Mídia: sua dimensão deve ser compatível com a
Critérios de focalização do público podem ser, entre complexidade do projeto. Aqui são apresentadas as estratégias
outros: para veiculação do projeto na mídia: impressa (jornais,
• Geográficos ou territoriais; revistas), eletrônica (televisão e rádios), novas mídias, redes
• Socioeconômicos (renda ou situação de vulnerabilidade, sociais e mídias especializadas.
por exemplo);
• Etários (grupo por idade); • Institucionais (indivíduos ou k) Equipe técnica
grupos que pertencem a determinada instituição, por Apresentar as funções e cargos da equipe e os respectivos
exemplo); nomes dos profissionais responsáveis que irão atuar no
• Étnicas e/ou culturais; projeto. Apresentar um pequeno currículo de cada um, que
• Por demandas específicas (grupos culturais ou sociais). justifica a sua participação no projeto e sua responsabilidade.
Quanto mais focado o público, mais fácil se torna a
avaliação dos impactos gerados pelo projeto, bem como o l) Orçamento
serviço de comunicação que pode ser mais dirigido e eficaz. A formatação e a metodologia para montar um orçamento
É importante ressaltar que, em geral, os projetos dirigem- dependerá do modelo e da dimensão do projeto: quanto mais
se a públicos específicos e mensuráveis (às vezes, com certa complexo, maior é o detalhamento orçamentário.
imprecisão no caso, por exemplo, de propostas inéditas), mas, Todas as despesas deverão ser especificadas: recursos
ao mesmo tempo, beneficiam outras pessoas de maneira humanos, materiais/físicos, serviços de terceiros, custos
indireta. administrativos, que variam de acordo com o projeto. É
Torna-se importante prever e indicar quais públicos importante que os custos sejam equivalentes ao de mercado.
indiretos o projeto pode beneficiar, seja como espectador, seja No caso da formatação de um projeto a ser apresentado para
por meio da contratação de mão de obra para sua realização busca de patrocínio, deve-se apresentar o orçamento de forma
ou fomentando uma rede produtiva no local onde será sucinta e é fundamental especificar se o projeto está
realizado. credenciado para utilizar benefícios fiscais, quais são e de que
Essas informações quantitativas e qualitativas devem ser natureza.
comprovadas após a realização do projeto. Os próximos itens são mais específicos de projetos no
formato de apresentação para captação de recursos
h) Estratégias de ação financeiros junto a patrocinadores, apoiadores e parceiros.
É a definição das ações estratégicas que irão proporcionar
a capacidade de viabilização do projeto, avaliando as m) Plano de cotas e reciprocidade
alternativas disponíveis e selecionar a mais adequada. Em geral, quando os projetos possuem altos valores
Algumas questões a se fazer e responder, já previstas no orçamentários e necessitam da participação de vários
próprio desenvolvimento de um planejamento: financiadores, utiliza-se a apresentação de um “plano de cotas”
• O quê? - Quais as ações devem ser previstas e quais são no qual são estabelecidos valores, assinaturas e benefícios
as suas prioridades, inclusive com prazos. “cotizados”, ou seja, quais retornos e contrapartidas o projeto
• Como? - De que forma as ações serão executadas e quais pode oferecer de acordo com o montante investido por cada
são os possíveis parceiros, patrocinadores, fornecedores, etc. parceiro.
• Quem? - Formação de equipe para o projeto, com divisão
e compartilhamento de responsabilidades. n) Cronograma de desembolso
A seleção de alternativas deve levar em conta eficácia, Em forma de quadro, ou não, especificar o valor (ou
eficiência, prazos e riscos. Critérios para definição de percentual) e o período do desembolso financeiro ideal para a
alternativas: realização do projeto. Este quadro é importante para o
• Técnicos planejamento interno das empresas e do projeto. Pode ser
• Financeiros objeto de uma negociação após a definição de patrocínio e não
• Institucionais ser apresentado no corpo inicial do projeto.
• Políticos
• Ambientais o) Anexos
• Sociais (capital social, gênero, mobilização, etc.) Deverá ser incluído como anexo todo o material que
contribua para melhorar a visualização ou que complemente o
I) Cronograma de Atividades projeto, mas não coube na sua formatação final. Podem constar
Apresenta a descrição de todas as etapas a serem nos anexos currículos mais detalhados, clipping de trabalhos
desenvolvidas para o projeto, determinando, em forma de anteriores, modelos de peças gráficas do projeto, entre outros.
quadro, o período necessário de realização das etapas e Observação: nunca se esqueça de assinar o projeto,
atividades (em semanas ou meses, por exemplo). Planejar deixando todos os contatos possíveis.
prazos de acordo com as ações propostas demonstra uma
capacidade organizacional do gestor. 2 – Modelo de um projeto cultural para edital – BNDES
Seguindo o mesmo critério de análise do regulamento de
j) Plano de Comunicação um edital, é importante compreeender o roteiro que leva à
Apresentar a proposta e os instrumentos a serem formulação do projeto, ou seja, após a análise do edital e
utilizados para a promoção e divulgação do projeto cultural, identificação das possibilidade de enquadramento de seu
levando em consideração o equilíbrio entre a solicitação de projeto, seguir o roteiro tendo como base o seu projeto matriz.
patrocínios e apoios e a construção de parcerias e suas APOIO A PROJETOS DE PRESERVAÇÃO E REVITALIZAÇÃO
reciprocidades. Identificar os itens previstos na proposta DO PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO - Roteiro de
como: Informações para Consulta Prévia (site oficial)
Peças gráficas (impressas e virtuais): cartazes, folders, Apresentação:
panfletos, estandartes, sinalização (banners), convites As solicitações de apoio a projetos de preservação e
impressos, flyer eletrônico, catálogos, sites, Facebook, blogs. revitalização do patrimônio cultural brasileiro devem ser
feitas por meio da seguinte documentação:

Políticas Culturais 42
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APOSTILAS OPÇÃO

• Carta do proponente pleiteando o apoio financeiro; ( ) Restauro e adaptação de monumentos e outras


• Consulta Prévia, conforme roteiro disponível; e edificações destinadas primordialmente a abrigar instituições
• Documentos listados no Anexo I do mesmo roteiro. de alta relevância cultural ou histórica;
Toda a documentação deve ser remetida em três vias . ( ) Recuperação e melhoria da infraestrutura de sítios
As informações devem ser apresentadas de forma objetiva considerados como patrimônio arqueológico, geológico ou
e concisa, sendo necessário abordar todos os itens e indicar paleontológico nacional tombados pelo Instituto do
aqueles que não são aplicáveis à solicitação. Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e/ou
Este roteiro foi desenvolvido de forma a permitir que a considerados Patrimônio Mundial pela UNESCO.
Consulta Prévia seja elaborada pelo próprio proponente, ** No caso de projeto integrado de revitalização,
devendo as dúvidas porventura existentes serem esclarecidas selecionado pelo BNDES, assinale a opção abaixo:
junto ao BNDES. ( ) Projeto integrado de revitalização de cidades
históricas, centros históricos ou outros perímetros
1 - O Proponente selecionados pelo BNDES, que visem sua dinamização
1.1 - Razão Social econômica a partir de ações de preservação do patrimônio
1.2 - CNPJ cultural;
1.3 - Endereço da sede
1.4 - Endereço para correspondência 3.1 – Objetivos
• Descrever sumariamente os objetivos do projeto e das
intervenções previstas.
• Justificar a realização do projeto.
1.5 - Contato • Contextualizar o projeto no Plano de Investimentos Geral
O contato deverá ser a pessoa encarregada de dirimir do monumento/sítio/instituição cultural, com indicação de
dúvidas sobre a consulta. Caso não seja funcionário do valores previstos.
proponente, deverá ser apresentado documento autorizando- • Informar metas a serem atingidas e prazo de
o a representálo junto ao BNDES. Informar nome completo, implantação.
cargo, telefone e e-mail. • Informar empregos diretos e indiretos a serem gerados
pelo projeto durante sua execução.
1.6 - Administração • Relatar os impactos esperados sobre a economia local
Indicar nome e cargo dos componentes do(s) órgão(s) de e/ou setor cultural relacionado ao projeto.
administração do proponente, com respectivas datas de início • Registrar a existência de projetos de revitalização da área
e fim de mandato. de entorno em que se situa o monumento/sítio/instituição
Caracterização do Proponente cultural objeto do presente projeto e sua contribuição para a
Breve histórico de suas atividades, destacando apenas os (re) dinamização pretendida.
fatos mais relevantes, seus setores de atuação e os principais • Descrever a relação do projeto com outros projetos em
projetos executados. curso ou programados no município, ou região.
• Mencionar outros aspectos julgados relevantes.
2- O Patrimônio Cultural - Objeto do Projeto e a Cidade Caso o projeto tenha sido sido aprovado pelo MinC, no
2.1 Breve histórico da cidade. âmbito do PRONAC, anexar cópia do formulário completo de
2.2 O atual perfil socioeconômico do município. inscrição do projeto no Programa, do documento de aprovação
2.3 O monumento/sítio/instituição cultural objeto do e da sua publicação no D.O.U.
projeto no contexto histórico e cultural do município.
2.4 Descrição do monumento/sítio/instituição cultural 3.2 - Quadro de USOS e FONTES
objeto do projeto e de suas condições atuais. Observações sobre o Quadro de USOS e FONTES:
Informar também: Informar o valor do projeto frente ao Plano de
Os dados do tombamento, se houver (órgão responsável, Investimentos Total previsto para os próximos anos.
data e número de inscrição no Livro respectivo). Anexar o orçamento detalhado do projeto;
Nome do atual proprietário do Anexar o orçamento aprovado pelo MinC, caso o projeto
monumento/sítio/instituição cultural; tenha sido apreciado pelo Ministério no âmbito do PRONAC.
Qual é a instituição responsável pelo
monumento/sítio/instituição cultural e como é a gestão do 3.3 – Gestão e Plano de Uso do
monumento/sítio/instituição cultural objeto do projeto; Monumento/Sítio/Instituição Cultural após a conclusão do
O orçamento de gestão e custeio do projeto
monumento/sítio/instituição cultural e suas fontes de • Informar o(s) responsável(is) pela gestão do
recursos; monumento/sítio/instituição cultural objeto do projeto após
A política de visitação do monumento/sítio/instituição sua conclusão.
cultural, citando o número de visitantes atual e o previsto após • Informar o uso previsto para o
o projeto; monumento/sítio/instituição cultural após a conclusão do
O atual entorno do monumento/sítio/instituição cultural projeto e a estimativa do público a ser alcançado pelo uso
objeto do projeto; pretendido.
Outros monumentos/sítios/instituições culturais de • Avaliar a atratividade turística do
relevância cultural ou histórica existentes no município ou monumento/sítio/instituição cultural objeto do projeto e a
região. perspectiva de desenvolvimento de polo ou circuito turístico
no qual ele possa se integrar.
3 - O Projeto • Descrever o plano de gestão/sustentabilidade do
Selecionar uma dentre as opções a seguir para qualificar o monumento/sítio/instituição cultural objeto do projeto após
projeto: sua conclusão (ex: no caso de museus, informar se serão
( ) Projeto de preservação de monumentos tombados cobrados ingressos, preço, plano de divulgação, etc.).
individualmente pelo Instituto do Patrimônio Histórico e • Informar o número de empregos diretos e indiretos
Artístico Nacional (IPHAN); gerados pelo uso previsto após a conclusão do projeto.

Políticas Culturais 43
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4 – Informações sobre Impacto Ambiental • Servem para indicar mudanças de percurso, o que pode
• Informar sobre possíveis impactos ambientais significar melhor aproveitamento dos recursos (humanos,
decorrentes da execução do projeto. físicos, etc.), economia e necessidade de readequações.
• Informar se o projeto está localizado em área • Balizam avaliações finais, contribuem na aquisição de
reconhecida como sítio arqueológico, geológico ou dados quantitativos e qualitativos.
paleontológico. • Por mais simples que seja o projeto, é possível realizar o
• Informar se a execução do projeto ou a atividade seu monitoramento e a sua avaliação.
desenvolvida no monumento/sítio/ instituição cultural (ou a • Caso o projeto realize ações periódicas, indica-se a
ser desenvolvida após a conclusão do projeto) requer aplicação de questionários para coleta de dados parciais –
licenciamento ambiental. Em caso afirmativo, anexar cópia das produção de informações.
licenças eventualmente já obtidas (Prévia, de Instalação e de
Operação ou de Funcionamento ou Autorização Ambiental de Relatório de Avaliação
Funcionamento). Ao final do projeto é necessário fazer uma avaliação
consistente. A realização de pesquisas de opinião junto aos
5 - Informações sobre Impacto Social diversos agentes envolvidos no projeto (dos patrocinadores ao
• Informar os impactos sociais positivos e negativos público) traz elementos para a construção e sistematização de
decorrentes da implantação do projeto em sua área de informações que contribuem para uma análise minuciosa dos
abrangência; resultados. Essas informações são valiosas e devem ser
• Informar se há previsão de fluxo migratório, coletadas durante o período de realização do projeto
deslocamento de populações ou desapropriações; (acompanhamento e monitoramento).
• Informar se haverá programas de formação de mão de O relatório final deve conter tópicos que ajudem os
obra ou de qualificação de recursos humanos no local; parceiros a compreenderem as etapas de realização do projeto
• Informar se serão realizados projetos culturais, e o alcance das suas ações, de acordo com o que foi proposto
educativos e/ou sociais de amplo acesso público nas inicialmente. Alguns tópicos são fundamentais de serem
dependências do patrimônio cultural restaurado; mensurados e analisados: impactos gerados/resultados ( de
• Informar se existe plano para maximizar a contratação de acordo com os objetivos propostos e seus indicadores),
serviços e aquisição de equipamentos, materiais e insumos de patrocínio/parceria, público atendido, realização financeira,
fornecedores locais. comunicação, equipe envolvida, geração de empregos e renda,
desdobramentos e continuidade.
6- Informações Adicionais Julgadas Necessárias
ANEXO 1 - DOCUMENTOS A SEREM ANEXADOS À
CONSULTA PRÉVIA 9. Expressões artísticas e
• Ficha Cadastral de Pessoa Jurídica (ANEXO 2, se entidade
privada, ou ANEXO 4, se ente público) do proponente e Fichas
culturais contemporâneas
Cadastrais de Pessoa Física (ANEXO 3, se entidade privada, ou
ANEXO 5, se ente público) dos representantes legais do
proponente (uma para cada pessoa física). ARTE CONTEMPORÂNEA10
• Cópia do Estatuto Social do proponente e suas alterações,
devidamente registrado. É a arte do nosso tempo. Marcada pela quebra de padrões,
• Cópia da ata de eleição da atual administração do pela liberdade total de criar, representar e propor situações e
proponente, devidamente registrada. também pela pesquisa e uso das novas tecnologias (vídeo,
• Cópia do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ. holografia, som, computador, etc.). A arte contemporânea se
• Declaração de responsabilidade pela veracidade das aproxima da vida, nela, tudo pode ser incorporado, o
informações prestadas, assinada pelo representante legal do expectador é provocado e convidado às mais variadas
proponente reflexões sobre a arte e sobre a vida. A arte se integra à própria
• Cópia dos demonstrativos financeiros dos últimos três vida. Beleza, feiura, ironia, política, percepções, sensações,
anos (Balanço e DRE) sucata, lixo, e até o próprio corpo, tudo pode ser material
artístico. Ainda na década de 60 surge a Arte Conceitual, cuja
3 – Projeto Cultural - avaliação arte passa a questionar a própria função da arte. O suporte da
Este item remete-se à disciplina de Planejamento arte passa a ser a ideia, o conceito. Em oposição à arte
estratégico e plano de ação e deve ser complementar ao tema. conceitual, na Arte Formal (principalmente a abstração
Portanto, neste momento, serão destacados apenas os pontos geométrica) os artistas aprofundam as pesquisas dos
mais específicos de avaliação de projetos culturais: elementos visuais iniciadas pelos pintores modernos. A arte é
Avaliar o projeto por meio de monitoramento constante e plural e permite uma multiplicidade nunca antes vista neste
análises é fundamental para: campo. As instalações imperam nas exposições
• Validação das metas/resultados alcançadas; contemporâneas. A arte não precisa mais ser eterna, nem é
• Aferição dos objetivos propostos; feita para perdurar. O efêmero, o momento, a passagem do
• Continuidade do projeto; tempo marcam boa parte das obras contemporâneas.
• Manutenção de parcerias; A pesquisa e o uso de materiais variados e inusitados estão
• Crescimento profissional de todos os envolvidos. presentes nas obras. Na Arte Contemporânea há exploração de
todos os sentidos, não só da visão, mas também o tato, paladar
O que significa o acompanhamento e o monitoramento de e audição, exigindo do público, muitas vezes, uma participação
projetos culturais: ativa para que a obra se realize.
• Permitem verificar se estamos no caminho dos objetivos Mudaram os tempos, mudou a arte e sua função. Não
propostos. esqueçamos que a arte é histórica, e cada vez mais, política e
provocativa; porém sempre original e criativa.

10Colégio Pedro II - Departamento de Desenho e Artes Visuais. Apostila de Artes CONTEMPORÂNEA ORIGENS, PROPOSTAS, CARACTERÍSTICAS E NOVAS
Visuais para a 1ª Série do Ensino Médio. Elaboração: equipes de Artes Visuais / LINGUAGENS.
Unidades Centro e São Cristóvão III; Org. profa. Greice Cohn. ARTE https://jucienebertoldo.files.wordpress.com/2013/01/apostila-de-arte-
contemporc3a2nea.pdf.

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Vejamos alguns conceitos que se transformam na arte da abrange toda e qualquer cadeira no planeta e a cadeira “real” é
contemporaneidade, no que diz respeito: apenas um exemplo individual do seu conceito. A fotografia
representa apenas uma cadeira ou cadeiras de uma só espécie
1- Ao público e simboliza a pintura na História da Arte.
Na Arte contemporânea, o espectador deixa de ser um Desta forma Kosuth critica a representação da realidade na
contemplador passivo do estético, para se tornar um agente arte e coloca a questão do conceito em primeiro plano.
participante, um leitor ativo de mensagens. Muitas vezes a Segundo ele: “Ser um artista hoje significa questionar a
obra só se realiza na sua presença e com a sua participação. natureza da arte”. E esta é, em última instância, a principal
Sensibilizar o espectador é, então, menos importante do ideia da arte conceitual.
que fazê-lo refletir.
NOVAS LINGUAGENS
2- Ao artista Na arte da contemporaneidade, novas linguagens artísticas
Este, além de ser um criador, passa a ser um propositor de são desenvolvidas (instalação, vídeo arte, videoinstalação,
ideias e/ou experiências, um manipulador de signos. assemblage, performance, body-art, arte digital, etc.) de
acordo com a incorporação das novas tecnologias e de novas
3- À originalidade e a autoria formas de pensar. Vejamos mais detalhadamente algumas
A apropriação de objetos do cotidiano questiona o conceito dessas novas linguagens:
de originalidade.
A terceirização de etapas de construção da obra questiona Instalação
o conceito de autoria. É a partir da década de 60 que o termo “instalação”, que até
então significava a montagem (a instalação) de uma exposição,
4- Às relações entre as obras e o tempo passa a nomear essa operação artística em que o espaço, o
Obras efêmeras são criadas, fazendo-nos pensar sobre o entorno, torna-se parte constituinte da obra. A instalação
conceito de obra-prima, que “dura para sempre”. como linguagem artística se popularizou na década de 70,
Obras que se consomem no tempo, como as performances, designando ambientes construídos e ocupados por objetos
permanecem apenas nos registros (fotografias, vídeos, etc.) e diversos, podendo estimular outros sentidos além da visão,
estes tomam o seu lugar como agentes nos espaços como olfato, tato e audição.
expositivos.
A obra pode deixar de ser um objeto autônomo, resultado
de um trabalho terminado, para se tornar um processo em
desenvolvimento, inacabado por sua própria natureza (work
in progress).

Arte Conceitual
A Arte Conceitual é aquela que considera a ideia, o
conceito, como obra. O importante não é o resultado do
processo artístico, mas o processo em si, a ideia que a obra
encerra. Surgiu como vanguarda artística no final da década de A instalação nos traz algumas questões, como:
1960 na Europa e nos Estados Unidos. Esta é a época do Quando se trata de instalações no tempo/espaço definido
movimento hippie, dos protestos contra a guerra do Vietnan e de um museu ou espaço público aberto, podemos nos
das grandes contestações sociais, como o feminismo, o perguntar sobre o que resta de uma obra quando for
homossexualismo e as questões ambientais. A arte buscava desmontada? Ou ainda: é legítimo remontar uma instalação
chocar, protestar, instigando o espectador a refletir sobre o em lugar diverso do proposto inicialmente e que
papel da arte na sociedade e da arte como mercadoria. transformações isto traria para a obra?
A arte deixa de ser primordialmente visual, feita para ser
olhada, e passa a ser considerada como idéia e pensamento, Performance
como objeto. As ideias de Marcel Duchamp foram de uma Assim com a instalação, a performance é um termo que
enorme importância para os artistas conceituais. Ao muda de sentido ao se tornar uma linguagem artística das
questionar a arte através de seus ready-mades Duchamp artes visuais. Os saraus futuristas e os eventos dadaístas e
tornou-se o grande precursor da Arte Conceitual. surrealistas são os precursores do que viria a ser nomeado na
Já que as ideias são o mais importante para a arte década de 70 como performance, incluindo os “hapennings”,
conceitual, não há exigência de que a obra artística seja as “ações” e a “body art”.
construída pelas mãos do artista. Ele pode, muitas vezes, Performance é, então, uma forma de arte que pode
delegar o trabalho físico para outra pessoa que tenha combinar elementos do teatro, da música, da dança e das artes
habilidade técnica. O que importa é a invenção da obra, o visuais. Situa-se no limite entre o teatro e as artes plásticas,
conceito, que é elaborado antes de sua materialização. onde o artista funciona como uma escultura viva,
A arte conceitual utiliza diversas linguagens como a “interpretando” sua mensagem.
fotografia, o vídeo, e a própria linguagem verbal oral ou escrita,
sendo muitas obras conceituais constituídas somente do texto
linguístico. Joseph Kosuth (*Ohio 1945)
Um importante artista da arte conceitual é Joseph Kosuth.
Em sua instalação “Uma e três Cadeiras” ele expõe uma cadeira
comum de madeira. Na parede do lado esquerdo da cadeira,
ele cola uma fotografia dela em tamanho natural e do lado
direito, o verbete do dicionário explicando o que é uma cadeira
(substantivo feminino, assento com costas para uma pessoa,
pode ser de palha, madeira, metal, plástico...).
O que Kosuth quer dizer com essa instalação é que o
conceito é superior ao objeto em si ou sua representação
imagética (a fotografia); já que o significado de uma cadeira

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Se vamos a um museu e vemos as fotos de uma desenvolvimento de linguagens artísticas. Mas a tecnologia
performance realizada há alguns anos por um artista, que não é arte por si só. Para uma tecnologia se tornar arte é
limites há entre obra e registro nesta situação, se este ocupa o preciso que esteja inserida no processo de desenvolvimento
lugar da obra e é a única forma de termos acesso à sua da linguagem de um artista. Alguns sinônimos para esta nova
percepção? Essa “presença ausente” é o que caracteriza tendência são: arte digital, arte eletrônica, arte multimídia,
especialmente as performances, que dependem dos registros arte interativa, que se multiplicam em muitas possibilidades:
para se perpetuarem no tempo, contradizendo assim, sua software art, game art, Web art, internet art, site-specific.
própria estrutura fugaz. Mas a contradição não é um problema
para a arte contemporânea, ela é, ao contrário, bem vinda, pois Objetos Encontrados (Objet trouvé)
é parte da vida. A arte contemporânea suporta a coexistência São objetos cotidianos colados em telas ou utilizados em
de ideias e conceitos díspares, é parte de sua proposta a assemblages ou instalações. A técnica foi inicialmente utilizada
convivência com conceitos contraditórios, não havendo a pelos cubistas, por volta de 1911, que incorporavam papéis
necessidade de se optar por um ou outro para a legitimação de impressos, palhas de encosto de cadeira, etc., em suas
cada um. colagens.
Dois artistas que marcaram presença nas décadas de 60 e O artista brasileiro Artur Bispo do Rosário (*Sergipe 1909
70 no Brasil com propostas artísticas experimentais foram ou 1911, +Rio de Janeiro 1989) colava “objetos encontrados”
Lygia Clark e Hélio Oiticica. numa superfície plana. Seu trabalho tem forte conteúdo
autobiográfico. Por conta de sua doença mental ele foi interno
Vídeo arte da Colônia Juliano Moreira no Rio de Janeiro por mais de 50
Linguagem artística que faz uso das imagens eletrônicas, anos, onde colecionou objetos utilizados no dia a dia do
rompendo com os padrões estéticos estabelecidos pelas hospital psiquiátrico, utilizando-os em suas obras, como por
narrativas da televisão e do cinema. No Brasil, o início da vídeo exemplo, xícaras de alumínio já desgastadas pelo uso, coladas
arte data do princípio da década de 70, em plena ditadura, sobre uma placa de madeira.
quando a ficção estava em alta na TV e a vídeo arte surge como Numa outra assemblage Biso colou vários chinelos usados
uma linguagem de contracultura, desmascarando uma sobre a madeira. Bispo também bordou mantos, que
realidade sufocante. desenhava e escrevia com os fios que desfiava de seu próprio
Como exemplo citamos o ato do artista Paulo Herkenhoff uniforme! Contava histórias de viagens (ele havia sido
de engolir páginas de jornal cujo texto fora adulterado pela marinheiro), desenhava os navios, paisagens e pessoas.
censura vigente. Esta ação simbólica foi captada pela câmera Bispo deixou vasta obra que pode hoje ser vista em seu
em tempo real, sem cortes, em filmagem direta, onde as falhas antigo quarto/atelier na própria Colônia Juliano Moreira e em
são significativamente incorporadas à narrativa. museus no Brasil e no exterior.

Arte eletrônica Arte Ambiental (Land Art)


O acesso dos artistas ao computador lhes deu a A Arte Ambiental é exposta ao ar livre, aproveitando o
oportunidade de explorar as possibilidades dessa tecnologia ambiente externo, das ruas e a natureza. O artista Walter de
como um meio de expressão, criando uma nova linguagem Maria realiza a obra “O Campo de Luz” em 1977. O artista
artística. O acesso dos artistas ao computador lhes deu a colocou 100 para-raios no deserto de Quemados no Novo
oportunidade de explorar as possibilidades dessa tecnologia. México, EUA. A obra acontece nos dias de tempestade. Os
Com o início da internet na década de 90 surge o primeiro site espectadores têm que assinar um termo de responsabilidade,
que apresenta uma linguagem visual artística na web, ele se isentando o artista de culpa, caso sejam eletrocutados.
apropria dos códigos da Html e imagens, propõe a interação Além das instalações, das performances, da vídeo arte e da
com o internauta, onde um link leva a uma outra composição arte eletrônica, outras linguagens e outros termos surgem
imagética, num movimento automático, guiado ao acaso. A para definir novas poéticas, como internet art, holografia,
internet oferece ao artista o acesso a um público mais amplo e xerografia, vídeo instalação, work in progress, site-specific,
menos especializado. etc. Pergunte a sua professora os significados destes termos ou
A utilização diária do computador pela pessoa comum pesquise sobre essas novas linguagens contemporâneas.
trouxe reflexões filosóficas sobre essa nova forma de estar no Os nomes vêm para designar as coisas e os fenômenos,
mundo. O conceito de Tele presença é um exemplo disso. logo, se estes se transformam e se ampliam, os nomes se
Segundo Ronaldo Lemos: transformam e se ampliam também. O importante é
“Duas pessoas, uma em Nova York e outra em Tóquio se percebermos que as diversas técnicas ou as novas tecnologias
falavam pelo Skype. Quando terminaram a conversa nenhum são procedimentos que envolvem a utilização de materiais e
deles desligou. O assunto acabou, mas eles resolveram não recursos, sendo, portanto, meios que podem ser utilizados
desligar. Então, um ouvia o outro abrindo um armário, para o desenvolvimento de linguagens artísticas, mas não o
espirrando do outro lado, teclando... A grande característica da são por si só. Para uma tecnologia se tornar uma linguagem
internet é a nova relação temporal e espacial que se estabelece. artística é preciso que esteja inserida em um processo que
A rede nos traz uma nova concepção de presença não envolve o desenvolvimento de uma linguagem. E este processo
corpórea, que nos dá a possibilidade, ou melhor, o poder de é de responsabilidade do artista. Os artistas estão sempre
controlar o espaço, o tempo e o corpo. atentos aos novos meios e tecnologias que podem ser
A tele presença reflete uma sociedade em rede e o caráter utilizados para que eles desenvolvam novas linguagens
global das novas relações. Alguns trabalhos artísticos em artísticas, são eles que fazem um simples objeto ou um
meios como a internet exploram essa experiência presencial à material qualquer se transformar em uma obra de arte.
distância.”
Seguindo este pensamento a arte dos novos meios seria COMPARANDO A ARTE MODERNA COM A ARTE
uma resposta dos artistas à revolução das tecnologias da CONTEMPORÂNEA
informação e a digitalização dos modelos culturais. A internet Agora vamos olhar comparativamente para os
disponibiliza uma hiperabundância de imagens, sons e textos, movimentos modernos e contemporâneos na arte:
que aliados à dupla função Ctrl C - Ctrl V, abre possibilidades - Se a obra moderna faz de seu objeto principal a
de novas apropriações e combinações. materialidade da cor e da forma, a obra contemporânea faz de
É importante, porém, percebermos que as novas si mesma, um objeto, a arte-objeto.
tecnologias são recursos, que podem ser utilizados para o

Políticas Culturais 46
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- Se a Arte Moderna propõe uma revolução no universo das justificado pela ordenação de seu objeto principal já que o
sensações e da forma, a Arte Contemporânea a propõe no binômio arte e ambiente urbano transmuta-se, pouco a pouco,
campo das ideias, abrangendo esferas não artísticas como a dificultando sua leitura a partir de enquadramentos mais
política, o corpo, a sexualidade, a filosofia, a ética e demais convencionais.
interfaces estabelecidas pela produção cultural de nossos dias. Esse eixo, no qual acontecem as primeiras formas
- Enquanto a Arte Moderna ressalta a autonomia da obra artísticas ligadas ao meio urbano, sugere a criação de um
de arte, separando-a da vida real, a Contemporânea campo gravitacional formado a partir do entrelaçamento dos
contextualiza a obra, aproximando-a da vida e do seu contexto artistas e das instituições oficiais. Numa versão reordenada de
social. sua configuração mais usual, a noção de vizinhança que
- Com a Arte Contemporânea o espectador está partilhavam o museu e o artista apresenta pontos de tensão
definitivamente banido do seu lugar de mero contemplador da que fazem com que o artista se interesse pelo espaço aberto
arte; ele é intimado a participar, a pensar, a penetrar no extramuros. Essa reordenação passa a imprimir novos códigos
universo de criação. estéticos gerados por uma práxis altamente experimental e
- A Arte Contemporânea extrapola os limites anteriores, contestatória para com os dispositivos assumidos pela arte até
criando novas e infinitas linguagens e meios expressivos para o momento.
a arte. A despeito da escassa, recente e bem vinda presença de
- Enquanto a arte moderna nega a arte do passado, a arte museus de arte moderna e contemporânea no país, alguns dos
contemporânea não acredita que o passado seja algo de que é quais fundados nesse mesmo período, é interessante observar
preciso se libertar, ou que tudo tenha que ser completamente a insurgência de uma orientação criativa que já exibia um
diferente. Ao contrário, pretende que o passado esteja cansaço pelos formatos museológicos e estanques do sistema
disponível para qualquer uso que os artistas queiram lhe dar. artístico então vigente.
Podemos concluir, a partir do que vimos acima, que são O panorama artístico de meados dos anos 1940 buscava
bastante complexas as transformações propostas tanto pela reativar o fôlego que há pouco modernizara a criação cultural
modernidade como pela contemporaneidade na arte. Mas é nacional, promovendo a construção de acervos, espaços
importante que percebamos que os movimentos nascem uns expositivos e incentivos que pudessem garantir sua
dos outros, se desenvolvem uns a partir dos outros e de seus atualização constante. A Divisão Moderna do Salão Nacional de
contextos. E, é importante destacar, se revisitam Belas-Artes no Rio de Janeiro ocorre em 1940 viabilizando,
continuamente. Como diz o historiador da arte Giulio Argan, alguns anos mais tarde, a criação de um Salão Nacional. O
“em arte há mudança, sem progresso”. O pensamento de Argan MASP é fundado em 1947 e já em 1948 Rio de Janeiro e São
questiona o conceito de evolução linear associada à ideia de Paulo passam a contar com seus respectivos Museus de Arte
progresso. Ressalta o movimento de ir e vir dos movimentos Moderna. Na década de 1950, São Paulo apresenta a Iª Bienal
artísticos, o aspecto cíclico e consequentemente interligado Internacional (1951) e é criado o Salão Paulista de Arte
entre os diversos momentos da história da arte e seus Moderna (1951) que, mais tarde, seria substituído pelo Salão
movimentos estéticos e filosóficos. Por isso, você vai ver em Paulista de Arte Contemporânea (1969). Em 1963 é aberto o
algumas obras contemporâneas, citações ou reminiscências de Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
obras modernas e acadêmicas, assim como vai ver também, em e seu diretor, Walter Zanini, lança a primeira edição das JACs –
obras modernas, antecipações de aspectos encontrados na Jovem Arte Contemporânea - que se estenderiam pela década
Arte Contemporânea. Mas é fundamental lembrarmos que, de 1970, dando grande contribuição para a atualização das
assim como a arte moderna não pode ser analisada sob o ponto formas do trabalho artístico.
de vista da arte acadêmica, a arte contemporânea não pode ser Galerias como a Rex (SP), revistas como a GAM, Foma, e
pensada, estudada e compreendida da mesma maneira que a projetos de exposição como Opinião 65 (RJ) e Proposta 65 (SP)
arte moderna. fomentam o circuito artístico brasileiro, o que passa a alcançar
Não podemos analisar um tipo de arte a partir de maior representatividade em museus e mostras
parâmetros de outro tipo de arte. Cada movimento artístico internacionais.
deve ser analisado de acordo com o seu contexto e a partir A expansão das experimentações criativas desenvolvida
dele. então no país marcava o processo de transformação pelo qual
Concluindo, lembremos sempre que uma obra de arte não passava a arte e sua relação com o circuito estabelecido,
é um ponto final, que condensa concepções e preceitos, ela indagando sobre sua natureza, significado e função. Com uma
implica em um processo iniciador, ponto de partida para se orientação cada vez mais desmaterializada, a arte passa a
repensar e refletir a arte e a vida. valorizar a ação, o efêmero, a relação fenomenológica entre
objeto e espectador.
PASSAGENS DA ARTE BRASILEIRA PARA O ESPAÇO Assim, como se dialogassem numa linha paralela, os novos
EXTRA-MUROS objetos e propostas artísticas acompanham a construção
Experimentações ambientais de Flávio de Carvalho, Hélio dessas instituições no Brasil apresentando-se, muitas vezes,
Oiticica e Artur Barrio na passagem da modernidade para a por meio de projetos curatoriais (instituídos por elas) ou por
contemporaneidade11 propostas criadas independentemente pelos artistas que
orbitavam seu núcleo principal. Parcela dessa criação ainda
O contexto artístico brasileiro das décadas de 1950, 1960 consegue adequar-se aos elementos museológicos e aos apelos
e 1970 guarda aspectos importantes para a fundação das mercadológicos, enquanto que outra parcela vai se
experimentações artísticas que transcendem as paredes configurando de modo arbitrário aos seus preceitos. Nos dois
fechadas dos museus e galerias de arte. Efetuando a passagem casos chama a atenção o sentido orbital constituído entre
da modernidade para a contemporaneidade, esse período museu e artista.
remete-nos a uma configuração geográfica bastante específica O escopo criativo de Flávio de Carvalho, Hélio Oiticica e
para o modelo dessas ações artísticas no Brasil estabelecidas Artur Barrio dão a dimensão desse anel paralelo criado no
no eixo urbano Rio - São Paulo, com algumas extensões para ínterim museu-artista-meio urbano-sistema de arte. Suas
Belo Horizonte. Essa determinação tempo espacial propostas representam tanto a provocação quanto a
apresentada assume, na pesquisa, um peso de importância,

11FUREGATTI, Sylvia. Passagens Da Arte Brasileira Para O Espaço Extra-Muros. contemporaneidade.https://www.iar.unicamp.br/dap/vanguarda/artigos_pdf/s


Experimentações ambientais de Flávio de Carvalho, Hélio Oiticica e Artur Barrio ylvia_furegatti.pdf.
na passagem da modernidade para a

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capacidade de absorção dessas instituições em posição de Tal qual Flavio de Carvalho, Artur Barrio também cria
constante atualização. Experiências e as enumera. Barrio estabelece em suas
Contudo, o papel desempenhado pelos artistas extrapola a Experiências ações corrosivas sobre os espaços onde expõe.
organização formal da produção e o pensamento museológico A primeira delas, feita no ano de 1987 na Galeria do Centro
daquele momento, pontuando as primeiras experiências Empresarial no Rio de Janeiro, propõe uma ação sobre o
ambientais brasileiras. Suas incursões para o espaço aberto espaço expositivo subvertendo as forças do lugar ocupado e da
urbano, bem como para a quebra das limitações técnicas própria obra de arte. Perfura as paredes com uma chave de
reconhecidas para a arte, permitem-nos visualizar os fenda, prendendo outros materiais a elas, rasga trechos
mecanismos introdutórios dessa vertente artística inteiros, expondo fissuras e sujeira. Repete sua incisão sobre
compromissada com a fenomenologia e a inserção de arte em as paredes da mesma galeria em 1989, em sua Experiência nº
espaço aberto, público e urbano. 2.
Conformados por um manto de marginalidade e Nas duas versões, procura reiterar o princípio de que a
experimentação extremada, esses artistas praticam parede de uma sala expositiva pode ser vista como a própria
performances, produzem ambientes efêmeros ou obra ao invés de seu suporte de apresentação. Em 1991,
permanentes, discutem e escrevem suas propostas artísticas, realiza no Espaço Cultural Sergio Porto (RJ) a Experiência nº5
impulsionados pela necessidade de transformação dos valores e em 1999 a Experiência nº16 na qual acrescenta varais com
aplicados ao objeto de arte. carne de Charque às incisões feitas nas paredes do espaço do
Seu foco escapa dos museus, uma vez que mal cabem nos Torreão, em Porto Alegre.
próprios objetos ou formas pictóricas praticadas por eles. Todas as Experiências se constituem pela passagem nada
É possível compreender esse olhar criativo como que sutil do artista por esses lugares e sua aguda displicência para
dirigido pelo fator da reação. Provocar uma reação significa, com o sistema de valores mercadológicos presumidos para
principalmente nesse momento de aproximação entre arte e tais espaços. Contudo, além das marcas dessa estética anti-
vida, propor uma questão que revele a insuficiência dos convencional, orientada pelo desregramento, pela
códigos vigentes para se compreender o cotidiano. agressividade, ironia e senso escatológico, as Experiências
Essa premissa criativa demanda a diluição das distâncias e indicam também uma ação que, apesar de elaborada no
formalizações que determinam os papéis do público, da interior de salas de exposição, induz à sua desmaterialização.
instituição e do objeto no sistema artístico. Quando torna a parede objeto e não suporte para a arte,
Dentre os demais artistas que compartilhavam o período Barrio modifica as relações de percepção do espectador dentro
histórico experimentado por Carvalho, Oiticica e Barrio, esses desse espaço, revelando outra organização estrutural para
elementos podem ser apontados como os distintivos esses trechos da edificação. A relação que Barrio cria com tais
recorrentes de sua poética. ações acaba por desordenar os limites internos e externos do
A ideia de experiência e de experimentação é uma espaço, consolidando a ideia da passagem como um dos
constante para todos eles. Aplicam o termo diretamente em índices importantes de sua práxis.
seus trabalhos modelados pela noção de fluxo, movimento, Ao lado de suas Experiências, ganham a mesma abordagem
ruptura e provocação. projetos que intitula de Situações. Nelas o artista executa ações
Flávio de Carvalho elabora projetos que batiza de performáticas nos espaços abertos e urbanos, propondo
Experiências. Esses trabalhos envolvem circunstâncias agudos questionamentos para a crítica, a valoração do
públicas, cotidianas e urbanas. Foi assim com a Experiência nº mercado artístico e o cotidiano da liberdade criativa.
2 (1931), quando caminhou pelas ruas de São Paulo na direção A mais famosa Situação ocorre em 1969, desdobrando-se
contrária a uma procissão de Corpus Christi, sendo depois no ano de 1970. Contemplando três partes, a Situação T/T, 1 é
levado pela polícia para evitar um linchamento, ou quando fez admitida como proposta seminal da obra desse artista. Na
o lançamento de seu traje tropical, o New Look, o que reflete a primeira parte, o artista constrói trouxas com cimento,
mobilidade de seus interesses entre paisagem urbana e o borracha, carne e tecidos as quais abandona
vestuário do homem moderno. propositadamente nos jardins do Museu de Arte Moderna do
Essa foi a Experiência nº3, realizada no ano de 1956. No dia Rio de Janeiro (1969). Depois disso, integrando o evento
19 de outubro de 1956, saindo do edifício nº 296 da Rua Barão Do Corpo à Terra, organizado por Frederico Morais,
de Itapetininga, surge Flávio de Carvalho usando seu traje constrói mais 14 trouxas, acrescentando à “fórmula”
tropical: sandálias de couro, meias de bailarina, um saiote, uma diferentes materiais orgânicos como sangue, ossos, barro.
blusa de náilon vermelha, um chapéu de pano transparente. Deposita essas trouxas na manhã do dia 20 de abril de 1970,
Sai do centro velho e caminha até o centro novo, ora fazendo espalhando-as num ribeirão-esgoto que beirava o Parque
algumas paradas para um café ora discursando para a plateia Municipal. Por fim, a terceira parte desse trabalho constituía-
que lota as ruas. se pela distribuição, sobre um banco de pedras, na beira desse
Cercado pela imprensa, preparada para a proposta, e por mesmo ribeirão, de 60 rolos de papel higiênico.
transeuntes, tomados de surpresa, Flávio busca discutir “a Todas as fases, em especial as duas primeiras, são
burrice que nos obriga a agonizar de calor dentro de gravatas, acompanhadas de grande repercussão pública. Não só os
colarinhos, coletes e paletós.” Assimila seu trabalho por meio transeuntes desses locais se assustam com as trouxas
da provocação dos comportamentos cotidianos. Dependente ensanguentadas que surgem nesses lugares como também a
de uma maior interação pública para fazer com que seu polícia posiciona-se em alerta. O cheiro de carne apodrecida e
trabalho aconteça, esse artista traja uma nova proposta de o aspecto do sangue, que manchava a superfície das trouxas,
vestuário que buscava rivalizar o conceito importado usual em acabam por gerar preocupações de ordem ideológica e política
nossa sociedade. Seu novo traje é um misto de sátira e relacionadas àquele momento histórico.
revolução. O final da década de 1960 é tomado pelo tom da ditadura
Como coloca Celso Favaretto, “a eficácia dessas atividades, militar e suas investidas contra a liberdade e os direitos
eventos, obras e experimentos é garantida pela observação e humanos. Nenhum dos públicos estava acostumado ou mesmo
consideração cuidadosa, por parte do artista, quanto à reação fora avisado do projeto. Os textos descritivos e as tomadas
que elas despertam na plateia”. Assim, as Experiências de fotográficas feitas por Barrio para todo o processo da Situação
Flávio de Carvalho são um prenúncio das estratégias artísticas T/T,1 denotam a expressão de insegurança e medo nos rostos
direcionadas para lugares e grupos sociais específicos, hoje das pessoas que assistiam ao resultado daquela ação do
conhecidas pela nomenclatura de Nova Arte Pública. artista.

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Ligia Canongia, dentre outros autores que estudam o questionamentos e de suas investigações acerca da própria
trabalho de Barrio, menciona a atribuição ideológica arte, buscando nada menos que fazer arte. Não se devem
contestatória da ditadura militar, incorporada, logo de início, confundir suas propostas criativas com intenções de fomento
ao trabalho Situação T/T,1. Contudo, a expansão crítica do ou educação artística para o povo. As reações, frases e
trabalho almejava, antes do que o ataque ao regime político depoimentos coletados a partir desse encontro com o público
vigente, o ataque certeiro ao regime político das artes. nutrem o escopo criativo dos próximos trabalhos em sua
Outras Situações seguem-se a essa, organizadas com os contínua busca por uma expansão da criação e fruição estética,
mesmos materiais em decomposição ou de baixo valor sem que o público seja pressuposto como condicionante.
mercadológico. Sacos de lixo, peixes mortos, pedras, pedaços O interstício anunciado se dá, portanto, pela
de pau encontrados ao acaso, papelão, carne, são os despreocupação do artista com a possível seleção de um grupo
dispositivos matéricos que indicam sua incisão nos trajetos específico, preterido em nome de seu interesse pela criação
públicos abertos e cotidianos dos grandes centros urbanos que desvinculada dos padrões oficiais da arte. Isso nos leva a
habitava. Dentre tantos fluxos e elementos em metamorfose, a considerar que o público conforma suas proposições artísticas
única permanência fixa é dada pela presença do artista. atuando da mesma maneira que os demais elementos da
Com isso, eleva-se a condição de efemeridade do trabalho paisagem por ele escolhida, cumprindo assim um papel
artístico a um grau somente praticado com mais ênfase nas codificador do cotidiano ao qual o trabalho se contrapõe.
duas últimas décadas. A inclusão do público tanto quanto a relativa distância de
No projeto Deflagramento de Situações sobre Ruas, suas reações como fontes de determinação para projetos
realizado também no ano de 1970, Barrio distribui 500 sacos futuros demonstram aspectos comuns no horizonte criativo da
plásticos de lixo contendo sangue, pedaços de unhas, restos de década de 1960 e 1970 no Brasil e confirmam, mais
comida, papel higiênico e toda sorte de materiais descartados atualmente, o alto grau de oscilação nas proposições práticas
e cotidianos. Pretendia aqui interferir no cotidiano das e textuais de Barrio.
pessoas, tornando-as atores que também executam o trabalho. Partindo da ideia de que o experimentalismo no Brasil das
O artista relata essa intenção no texto de acompanhamento décadas de 1960 e 1970 significou o afastamento dos códigos
dos registros fotográficos do projeto: e expectativas formais até então salvaguardadas pelos museus
“OBJETIVO: FRAGMENTAÇÃO DO COTIDIANO EM FUNÇÃO e demais agentes do circuito artístico, onde também se inclui a
DO TRANSEUNTE. (...) a tática usada foi a seguinte: avanço a pé resposta e participação pública, pode-se levantar a
por uma rua em meio aos transeuntes carregando um saco circunstância do interesse desses artistas por uma arte de
(como usados para farinha 60 kg) repleto de objetos cunho urbano, extra-muros, tal qual a praticada por Barrio,
deflagradores e, quando chego ao local determinado, despejo- sendo conduzida por elementos de banalização e de liberdade
o em plena via pública, continuando a caminhar; logo após extremada presumíveis, naquele momento histórico, para a
César Carneiro registra a reação dos passantes, etc., (...) numa configuração de um estado de arte que idealizava sua
das intervenções, numa rua da Tijuca, um transeunte se independência. Experimentação e marginalidade são, nessa
interessou vivamente pelos sacos (objetos deflagradores) e medida, índices importantes para a elaboração dessa prática
pediu-me perguntando o que representavam (...) na praça artística no Brasil.
General Osório, uma mulher me ofereceu um sanduíche.” Hélio Oiticica é um dos artistas decisivos para esse
O procedimento de trabalho de Barrio gira todo o tempo direcionamento criativo do período. Em seu trajeto, que se
por entre as convenções do valor atribuído à Arte. inicia com a pintura e as pesquisas do concretismo e
Seus interlocutores mais frequentes são os anônimos neoconcretismo chegando somente mais tarde ao dado
transeuntes e as proximidades com museus tanto quanto os espacializado, não fixa o termo Experiência, mas expande seus
críticos ou as instituições consolidadas. Em várias Situações os sentidos por meio do termo Experimental. Transcrito em seus
espaços da fachada do MAM-RJ são tomados como ponto de cadernos, presente nos seus textos editados, repetido nas
fechamento ou abertura para seus trabalhos. pesquisas mais atuais feitas sobre sua obra o experimental tem
Na escolha dos materiais, na composição visual que importância central em seu processo de criação. Um de seus
elabora, no tempo e formato das ações/intervenções que textos importantes nesse aspecto intitula-se Experimentar o
promove, organiza uma conspiração contra um padrão elitista Experimental e foi escrito em Nova Iorque no ano de 1972.
de arte. Sintetiza sua observação sobre esse procedimento da arte de
A ativação do público, o direcionamento para a rua e vazios vanguarda, admitindo a necessidade de uma atitude
urbanos, o uso de materiais ou espaços desvalorizados reúnem espacializada contra as delimitações da pintura, da escultura
os elementos da estratégia elaborada por ele para fundar as tanto quanto da própria arte, reconhecidas até então.
etapas de um processo radical de dissidência da instituição e Neste texto coloca que a “sentença de morte para a pintura
do cotidiano. começou quando o processo de assumir o experimental
Recusando a ideia tradicional da arte-mercadoria, começou. Conceitos de pintura, escultura, obra (de arte)
organizada a partir da eleição de materiais e linguagens acabada, display, contemplação, linearidade desintegraram-se
considerados efetivos nos trabalhos artísticos, Barrio afasta-se simultaneamente”.
de todos os padrões consignados, mantendo como um de seus Dá assim a dimensão da consciência admitida para o
focos principais o ataque às instituições, à sua fragilidade caminho irreversível de desmaterialização do objeto artístico
perante a atualização dos dispositivos que regulam a arte que se seguiria internacionalmente naquelas décadas em
daquele momento. diante.
Mesmo quando o intento é a busca por uma leitura Nos trabalhos intitulados de Experimentação, Oiticica
organizada de sua produção dentro das vertentes artísticas emprega o termo Experiência sempre acompanhado por
ligadas ao meio urbano, o artista surpreende com um outras terminologias truncadas, entre palavras de projetos ou
posicionamento movediço. Elabora seus trabalhos num conceitos que lhe interessavam. O Parangolé é um desses
interstício entre a Arte Pública Atual e a Arte Urbana, atingindo exemplos. Termo construído a partir da atenção de Oiticica
um público predominantemente em trânsito, cujas para com a criatividade e o poder de invenção popular, fonte
especificidades como grupo ou conhecimento estético ele inesgotável para a constituição híbrida de sua obra, o
apenas pressupõe. parangolé exprimia a ideia da interação entre corpo e
Pretende suscitar-lhes uma experiência estética como ambiente. A dinâmica estabelecida nesse trabalho era
quem almeja desvencilhar-se do fator de banalização expressa principalmente pelas potencialidades entre cor e
decorrente do cotidiano. Torna-os assim espectadores dos

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estrutura que surgem como preocupações estéticas centrais Dessa forma, aproxima-se do inconformismo estético e
em seus trabalhos do período Neoconcreto. ético de Barrio ao também questionar, com esse projeto, a
Os parangolés são considerados por Oiticica como mercantilização do objeto e das imagens no circuito oficial da
expansão espaço-temporal dos bólides, expandidos para uma arte. Oiticica, assim como Barrio, busca um caminho de
nova configuração: são obras “no espaço ambiental; arte desestetização dos objetos que contemplam seus projetos
ambiental que poderia ou não chegar a uma arquitetura artísticos, propondo no seu lugar o valor da vivência e da
característica. experiência. Partindo dessa mesma condição elabora o
Expressavam a multiplicidade possível da experiência: a conceito de Probjeto, Apocalipopótese (1968); e o projeto
experiência da pessoa que veste, para a pessoa que está fora, Éden que determina a chamada Experiência Whitechapeliana
vendo a outra se vestir, ou das que vestem simultaneamente que realiza em Londres (1969), num dos momentos mais
as coisas, são experiências simultâneas, são radicais de seu trajeto criativo experimental.
multiexperiências”. Vários outros projetos se seguem dentre os períodos em
A partir de então, direciona sua atenção para o corpo e o que permanece em Nova Iorque ou na volta ao Brasil. Todos
espaço, criando as proposições de seu programa ambiental guardam em comum questões de deambulação,
para o qual aplica o termo antiarte. Essa combinação, derivada sensorialidade, ludismo e um sentido de provocação crítica a
de seu entendimento do campo de força das cores qualquer tentativa de ordenação ou limitação do espectro
(Neoconcretismo) e da espacialização da obra de arte cabível para o universo da arte.
(Bólides), sugere a valorização da experiência O conteúdo abarcado pela obra desses três importantes
comportamental ao invés da experiência estética. representantes da arte brasileira, Flávio de Carvalho, Artur
Nesse ponto, seu percurso criativo propõe a Barrio e Hélio Oiticica, traz à tona uma práxis artística que
descentralização da arte em favor da vivência experimentada debocha de todos os códigos pré-determinados para o sistema
pelo indivíduo de um modo que não o configura nem como da arte praticada no período.
espectador estático, nem como participativo. Considera a Nesse direcionamento inquisitivo visam, antes de tudo,
partir daqui que essa relação também precisa ser revista. esgarçar e então reordenar os valores admitidos para a
Dessa forma, pulveriza a importância do fazer artístico e dos experiência estética. É na forma de efetivação de suas ideias
códigos que o constroem, abandonando a exclusividade do que acabam encontrando os dados espacial, extra-muros e
objeto ou a atuação do espectador diante dele para eleger a fundamentalmente urbano que passam a conformar seus
experiência e a vivência como os fatores relevantes na trabalhos artísticos.
confluência objeto-obra/ambiente/espectador-participante. Curiosamente, estabelecem essa atividade mantendo uma
Entre os anos de 1960 e 1963 elabora as proposições que relação conflitante com pelo menos dois dos agentes do
intitula de Núcleos e Penetráveis. Ambos buscam continuar sistema artístico: o museu e o público. Ora estabelecem uma
sua investigação das relações existentes entre a estrutura-cor relação de cumplicidade gozando de certa legitimidade gerada
e a ativação do espectador. Contudo, guardam uma pelos elementos típicos de sua estrutura (impressão de
diferenciação importante quanto ao seu alcance e pertença catálogos; registros fotográficos, textuais, aquisição de
territorial. Os Núcleos são apresentados num espaço interno trabalhos; convites curatoriais, etc.), ora permitem-se
que termina por delimitar-se pela própria ação de seu desvencilhar completamente de suas condicionantes para
participante. Interrompido ou estimulado visual e fisicamente, estabelecer novas proposições criativas que têm como pano de
o participante da experiência dos Núcleos se desloca por entre fundo a contraposição estética das expectativas institucionais
um labirinto de placas lisas coloridas, suspensas por fios a e mercadológicas para com o objeto de arte.
partir do teto. Os aspectos tecnológicos mais atualizados ou mais
Os Penetráveis ampliam essa disposição, misturando-se à desenvolvidos presentes nos seus projetos artísticos são pré-
paisagem externa urbana de tal forma que Oiticica passa a existentes às propostas mesmas. Estão localizados nas
demonstrar preocupações próximas ao contexto da arte de site estruturas onde pretendem intervir: na edificação do museu,
specific. no sistema de comunicação, no entorno urbano a ser
Ao inseri-las na paisagem, preocupa se com a possível percorrido dentro do projeto. Os materiais empregados e os
gratuidade de sua localização. Contudo, ao contrário das conceitos criados em sua obra posicionam-se de modo
premissas praticadas internacionalmente nesse tipo de inversamente proporcional. Os materiais tendem a um
projeto, Oiticica busca integrar essa noção de localização à universo bastante artesanal, comprovado pelo uso de
garantia da vivência dos Penetráveis na paisagem urbana. pranchas de madeira, tinta, tecidos, materiais orgânicos,
Parece temer uma espécie de sacralização dessa estrutura que dejetos, etc. enquanto que os conceitos dessas propostas
possa desviar a troca de forças com o meio. Prefere a artísticas são sempre determinados por uma grande
experimentação, que dá sentido à sua realização, ao privilégio complexidade e sofisticação.
puramente estético que, em suas palavras, poderia tornar os Assim, é possível entender o encontro desses dois polos
Penetráveis espécies de esculturas. (material e infraestrutura), estabelecendo-se por meio da
Estendendo ainda mais o campo de ação e reação do escolha da ação e da incisão sobre o já pronto assumido como
Penetrável, Oiticica volatiliza totalmente qualquer chance de estratégia criativa principal. Essa é, portanto, a porta de
representação dos objetos que constituem essas estruturas entrada para as preocupações preliminares que se
dirigindo-se agora para a construção de uma ambientação que desenvolvem no Brasil em torno da conjunção arte e ambiente
chama de suprassensorial, na qual evoca, provocativamente, a urbano.
construção atualizada do imaginário da cultura nacional. O valor da desmaterialização crescente do objeto artístico,
Cria o projeto Tropicália, com o qual integra a mostra Nova importado das correntes estéticas estrangeiras, colabora
Objetividade Brasileira no MAM-RJ em abril de 1967, a partir muito para que essa circunstância seja adotada por aqui. Por
de dois penetráveis: PN2 (1966) e PN3 (1966-67) outro lado, apesar de habitarem centros urbanos importantes
estabelecendo-os como uma proposição tropical, primitiva e no Brasil e de reunirem experiências de estudo ou trabalho no
ambiental a ser conclamada como prática cultural eticamente exterior, os artistas que constroem os primeiros projetos da
brasileira. passagem da modernidade para a contemporaneidade
Tropicália resume as experiências de seu autor no formato artística brasileira traçam um caminho diferenciado de seus
de um ambiente que é uma mistura de diferentes propostas contemporâneos europeus e norte-americanos que, desde
sensoriais. meados dos anos 1960, já empregam sofisticadas tecnologias
para a constituição de seus trabalhos extra-muros.

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Dispondo de relativa simplicidade de equipamentos, na arte moderna. A intenção é aproximar a arte à cultura de
ferramentas ou estrutura de funcionamento em seus ateliês massa.
(quando dispõem desse espaço), esses artistas não
demonstram manter proximidade com aparatos industriais
avançados e tão pouco apontam para um interesse ou
necessidade de acesso à tecnologia de ponta para construir
10. Principais mecanismos
suas propostas fundadas na experimentação. de financiamento cultural no
As preocupações quanto à construção de um pensamento Brasil e no Ceará
e de uma práxis criativa incansavelmente renovável, bem
como a adoção de uma postura ativa e politicamente crítica,
parece reger, com mais propriedade, o ensaio dessa vertente
estética contemporânea no panorama nacional. Principais mecanismos de financiamento cultural no
Brasil
A volta da pintura nos anos 8012
Nos anos 80 há um jogo do pós-moderno acentuando Principal mecanismo de fomento à Cultura do Brasil, a Lei
outros aspectos que dizem respeito a valores subjetivos. A Rouanet, como é conhecida a Lei 8.313/91, instituiu o
pintura, que gira em torno do indivíduo consumista, hedonista Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). O nome
e narcisista, é a encarregada de explorar as sensibilidades Rouanet remete a seu criador, o então secretário Nacional de
remanescentes da sociedade na era da globalização. Ela revela Cultura, o diplomata Sérgio Paulo Rouanet. Para cumprir este
que as vanguardas não esgotaram a criatividade das formas objetivo, a lei estabelece as normativas de como o Governo
tradicionais da arte. Federal deve disponibilizar recursos para a realização de
No primeiro momento do Pós-Moderno, com raras projetos artístico-culturais. A Lei foi concebida originalmente
exceções, os artistas repudiavam as linguagens tradicionais da com três mecanismos: o Fundo Nacional da Cultura (FNC), o
arte (pintura e escultura) por serem corrompidas e Incentivo Fiscal e o Fundo de Investimento Cultural e Artístico
dependentes do mercado de arte. Os antecedentes da crise da (Ficart). Este nunca foi implementado, enquanto o Incentivo
pintura remontam ao Dadaísmo e ao pensamento de Fiscal – também chamado de mecenato – prevaleceu e chega
Duchamp, ambos discriminavam a pintura por ela representar ser confundido com a própria Lei13.
o “bom gosto” da burguesia. Suas ideias de repúdio à pintura
se espalham pela década de 70, na qual a arte é expressa sob FNC
meios anartísticos como o carimbo, postais, vídeo, holografias, O Fundo Nacional da Cultura (FNC) representa o
fax etc. investimento direto do Estado no fomento à Cultura, já que o
O retorno do prazer da pintura nos anos 80 rompe com os apoio a projetos decorre de recursos do orçamento da União
limites de recursos que caracterizava a década anterior. A dentre outras fontes, como 3% do valor bruto arrecado pelas
pintura passa a ser concebida a partir de novos pressupostos: loterias federais e doações. O apoio via FNC tem como objetivo
uso abusivo das cores, grandes formatos, uso de objetos do promover a distribuição regional dos recursos de forma
cotidiano adotados como suporte pictórico da obra, equilibrada e é voltado aos projetos com maior dificuldade de
gestualidade, figurativismo e expressionismo. Jovens pintores captação junto ao mercado. O fomento se dá, mais comumente,
transitam constantemente entre a tradição da história da arte por meio de editais de seleção o que proporciona aderência às
e os fragmentos do mundo atual, realizando uma pintura políticas do Ministério da Cultura (MinC), alcançando maior
híbrida e contínua. equilíbrio regional, social e econômico14.
A globalização como fenômeno da sociedade Justamente por ser composto majoritariamente por
contemporânea e a desterritorialização da produção artística recursos do orçamento federal, o FNC é afetado diretamente
começam a se fortalecer na virada da década de 70 para 80. por qualquer alteração na arrecadação de recursos pela União.
Esta nova fase artística recebeu várias denominações: Nos últimos anos, o FNC sofreu com sucessivas reduções
Transvanguardia na Itália; Neo-Expressionismo na Alemanha, orçamentárias. Em 2014, o Projeto de Lei Orçamentária Anual
Holanda e Bélgica; e Pattern ou Bad-Paiting nos EUA. O (PLOA) previa um crédito de aproximadamente R$ 167
manifesto da Transvanguardia de Achille Bonito Oliva traduz milhões, sendo que, deste montante, foram empenhados
o espírito da retomada da pintura nos anos 80. Reconhece o pouco mais de R$ 138 milhões. Para 2015, o PLOA aprovou um
processo de desterritorialidade da arte (movimento que opera orçamento de cerca R$ 163,7 mi, dos quais, somente R$ 74,4
além das fronteiras) como internacionalização das artes, o mi foram empenhados e R$ 11,3 milhões foram efetivamente
qual pode ampliar os limites do circuito da arte. Oliva quer pagos. Já em 2016, a queda foi ainda maior: o próprio projeto
subverter as regras e valores da vanguarda e cruzar de lei orçamentária previu dotação de R$ 100 milhões.
contradições. Nesse sentido, o artista diante de um leque
aberto de opções, incluindo recortes do passado, pode manter O FNC é constituído dos seguintes recursos (Lei
sua mentalidade nômade, transitória e sem tendências, ou seja, 8313/1991, Art. 5º):
Oliva acredita que os fragmentos espalhados pelo mundo no I – recursos do Tesouro Nacional;
qual vivemos são sinais de uma contínua mutação. II – doações, nos termos da legislação vigente;
Enfim, a pintura renasce da desmaterialização dos anos 70 III – legados;
livre para a criação-citação (pintura híbrida); ironizar ao IV – subvenções e auxílios de entidades de qualquer
inverter significados padronizados; representar imagens natureza, inclusive de organismos internacionais;
desencaixadas; ultrapassar limites da moldura do quadro com V – saldos não utilizados na execução dos projetos a que se
grandes formatos e cores atrativas; escolher entre múltiplos referem o Capítulo IV e o presente capítulo desta lei;
materiais e técnicas; e optar por signos figurativos ou VI – devolução de recursos de projetos previstos no
abstratos. Desde os anos 60 é difícil encontrar categorias ou Capítulo IV e no presente capítulo desta lei, e não iniciados ou
grupos estáveis no campo artístico, mas essa característica se interrompidos, com ou sem justa causa;
intensifica com a vitalidade gestual da pintura, preocupada em VII – um por cento da arrecadação dos Fundos de
libertar-se de ditames, escolas, estilos ou relações consagradas Investimentos Regionais, a que se refere a Lei n° 8.167, de 16

12 LEITE, Luciana de A; et. al. Pintura – A volta da pintura nos anos 80. 13 http://rouanet.cultura.gov.br/
http://www.mac.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/modulo6/pintura.ht 14 http://rouanet.cultura.gov.br/fnc/
ml.

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de janeiro de 1991, obedecida na aplicação a respectiva origem proposta já se dê a partir das determinações legais. Conheça as
geográfica regional; normas antecipadamente.
VIII – Três por cento da arrecadação bruta dos concursos 2º passo: Providenciar os documentos necessários. A lista
de prognósticos e loterias federais e similares cuja realização de documentos pode ser consultada na Instrução Normativa
estiver sujeita a autorização federal, deduzindo-se este valor 01/2017.
do montante destinados aos prêmios;
IX – reembolso das operações de empréstimo realizadas 3º passo: Inscrição da proposta no Sistema de Apoio às Leis
através do fundo, a título de financiamento reembolsável, de Incentivo à Cultura (Salic). A partir daí, a tramitação
observados critérios de remuneração que, no mínimo, lhes ocorrerá integralmente através do sistema.
preserve o valor real;
X – resultado das aplicações em títulos públicos federais, Critérios de Avaliação de Projetos
obedecida a legislação vigente sobre a matéria; No incentivo fiscal, a análise é feita a partir da
XI – conversão da dívida externa com entidades e órgãos determinação da Lei Rouanet que diz, em seu Artigo 22, que os
estrangeiros, unicamente mediante doações, no limite a ser projetos enquadrados neste mecanismo “não poderão ser
fixado pelo Ministro da Economia, Fazenda e Planejamento, objeto de apreciação subjetiva quanto ao seu valor artístico ou
observadas as normas e procedimentos do Banco Central do cultural”. Se um projeto cumpre todas as normas e exigências
Brasil; da Lei, será considerado apto a captar recursos de incentivo
XII – saldos de exercícios anteriores; fiscal. Consulte os pré-requisitos listados na Instrução
XIII recursos de outras fontes. Normativa 01/2017.

Ficart Tramitação da Análise dos Projetos


O Fundo de Investimento Cultural e Artístico (Ficart) é um Antes de o proponente receber a autorização para
fundo de captação no mercado, criado para apoiar projetos captação, os projetos são submetidos à análise técnica de
culturais de alta viabilidade econômica e reputacional. No admissibilidade da proposta cultural. Neste momento,
Ficart, o financiamento do projeto cultural prevê lucro para o verifica-se a conformidade da proposta: se é de fato do campo
investidor15. cultural, se o proponente está qualificado conforme as regras
e se o sistema foi devidamente preenchido, entre outras
Incentivo Fiscal informações e documentos. Nesta fase, o projeto será
O incentivo é um mecanismo em que a União faculta às enquadrado nos artigos 18 ou 26, nos termos da Lei 8.313/91,
pessoas físicas ou jurídicas a opção pela aplicação de parcelas momento em que será dada publicidade da decisão ao
do Imposto sobre a Renda, a título de doações ou patrocínios, proponente.
no apoio direto a projetos culturais aprovados pelo Ministério Após a análise técnica de admissibilidade, a proposta
da Cultura. Ou seja: o Governo Federal oferece uma ferramenta cultural, se aprovada, torna-se projeto e recebe um número de
para que a sociedade possa decidir aplicar parte do dinheiro registro no Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac) e
de seus impostos em ações culturais. Desta maneira, o o proponente recebe a Autorização para Captação de Recursos
incentivo fiscal estimula a participação da iniciativa privada, Incentivados publicada em portaria no Diário Oficial da União
do mercado empresarial e dos cidadãos no aporte de recursos (DOU).
para o campo da cultura, diversificando possibilidades de Após 10% de captação realizada, o projeto segue para a
financiamento, ampliando o volume de recursos destinados ao entidade vinculada correspondente ao segmento cultural do
setor, atribuindo a ele mais potência e mais estratégia seu produto principal. As entidades vinculadas utilizam-se do
econômica16. banco de peritos do MinC, que são profissionais credenciados
por meio de edital público, para emissão de parecer técnico.
Quem pode apresentar projetos Tal parecer deve se manifestar quanto à adequação das fases,
Todo projeto cultural, de qualquer artista, produtor e dos preços e orçamentos do projeto (que podem ter sugestões
agente cultural brasileiro, pode se beneficiar desta Lei e se de ajustes), com recomendação de homologação ou
candidatar à captação de recursos de renúncia fiscal. indeferimento devidamente fundamentada.
Após emissão do parecer técnico, o projeto é encaminhado
A proponência pode ser feita por: para a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC), que
Pessoas físicas com atuação comprovada na área cultural aprecia os projetos considerando o parecer técnico e subsidia
Pessoas jurídicas de natureza cultural com, no mínimo, o MinC em sua decisão final quanto à homologação. Isso ocorre
dois anos de atividade, podendo ser: em reuniões ordinárias mensais, que possibilitam decisões
Pessoas jurídicas públicas da administração indireta colegiadas e têm transmissão em tempo real pelo site e redes
(autarquias, fundações culturais etc.) sociais do ministério. Após a apreciação da CNIC, o projeto
Pessoas jurídicas privadas com ou sem fins lucrativos cultural segue para decisão final no MinC.
(empresas, cooperativas, fundações, ONGs, organizações
culturais etc.) CNIC
A Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC) é um
Apresentação de proposta colegiado de assessoramento formado por representantes dos
O recebimento de propostas culturais no incentivo fiscal setores artísticos, culturais e empresariais, em paridade da
fica continuamente aberto entre 1º de fevereiro e 30 de sociedade civil e do poder público. Os membros da sociedade
novembro de cada ano. civil são oriundos das cinco regiões brasileiras, representando
as áreas das artes cênicas, do audiovisual, da música, das artes
1º passo: Estruturação do projeto cultural: ele deve ter visuais, do patrimônio cultural, de humanidades e do
apresentação, objetivos e justificativa, bem como orçamento, empresariado nacional. A escolha destes integrantes é feita a
etapas de execução, cronograma, plano de divulgação e plano partir de indicações de entidades representativas e habilitadas
de distribuição, que deve garantir a democratização do acesso por meio de edital público, a cada dois anos. Desde 2011, as
aos produtos gerados. A proposta deve seguir o disposto na Lei reuniões da CNIC acontecem também fora de Brasília,
Rouanet e seus normativos. É essencial que a concepção da promovendo, em paralelo, atividades com a comunidade

15 http://rouanet.cultura.gov.br/ficart/ 16 http://rouanet.cultura.gov.br/incentivofiscal/

Políticas Culturais 52
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cultural das localidades visitadas, a exemplo do “Fórum de Quem pode incentivar?


Fomento à Cultura – O Produtor Cultural e a Lei Federal de Empresa contribuinte de ICMS no Ceará e que não gozem
Incentivo à Cultura”, englobando palestras, debates e oficinas de nenhuma dedução legal que ultrapasse os 70% (setenta por
de capacitação. cento) do imposto ou que tenha muita substituição tributária
e que se encontra em situação de regularidade fiscal com a
Enquadramento dos Projetos: Faixas de Renúncia Secretaria da Fazenda Estadual do Ceará e com a Receita
Os projetos culturais podem ser enquadrados no Artigo 18 Federal.
ou no Artigo 26 da Lei Rouanet.
Quando o projeto é enquadrado no artigo 18, o apoiador Modalidades de Incentivo
poderá deduzir 100% do valor investido, desde que respeitado
o limite de 4% do imposto devido para pessoa jurídica e 6%
para pessoa física.
O apoiador de um projeto enquadrado no artigo 26 poderá
deduzir, em seu imposto de renda, o percentual equivalente a
30% (no caso de patrocínio) ou 40% (no caso de doação), para
pessoa jurídica; e 60% (no caso de patrocínio) ou 80% (no
caso de doação), para pessoa física.
A Lei Rouanet define o enquadramento com base em
segmentos culturais. São enquadrados no Artigo 18 os setores
abaixo listados; tudo que não estiver previsto no Artigo 18 se Como funciona o incentivo fiscal?
enquadra no Artigo 26. O Contribuinte, em situação de regularidade fiscal com a
a) artes cênicas; SEFAZ, pode deduzir o ICMS até o limite de 2% (dois por
b) livros de valor artístico, literário ou humanístico; cento)* devido mensalmente e de acordo com o valor
c) música erudita ou instrumental; constante do CEFIC.
d) exposições de artes visuais; - Contribuinte que incentivar projeto cultural deduzirá do
e) doações de acervos para bibliotecas públicas, museus, ICMS a recolher o incentivo em tantas parcelas quanto forem
arquivos públicos e cinematecas, bem como treinamento de necessárias, respeitado o limite mensal de 2% (dois por
pessoal e aquisição de equipamentos para a manutenção cento).
desses acervos; - CEFIC pode ser parcelado em até um ano da data da
f) produção de obras cinematográficas e videofonográficas dedução.
de curta e média metragem e preservação e difusão do acervo - Contribuinte poderá incentivar tantos projetos queira e
audiovisual; escolher os projetos que deseja apoiar.
g) preservação do patrimônio cultural material e imaterial; - Contribuinte que incentivar projeto cultural deduzirá do
h) construção e manutenção de salas de cinema e teatro, ICMS a recolher o incentivo em até 10 (dez) parcelas
que poderão funcionar também como centros culturais
comunitários, em municípios com menos de cem mil Quais projetos podem ser incentivados?
habitantes Os projetos inscritos e aprovados no edital Mecenas do
Ceará, lançado anualmente pela Secretaria da Cultura do
Principais mecanismos de financiamento no Ceará Estado do Ceará. A autorização para captação de recursos
ocorrerá após homologação dos projetos pela Comissão
O Que é o Mecenato Estadual? Estadual de Incentivo à Cultura – CEIC, responsável pela
Fomento a atividades culturais por meio da conjugação de avaliação e decisão sobre os projetos submetidos ao Mecenato
recursos do poder público estadual com os de instituições Estadual.
privadas, no qual ocorra renúncia fiscal nas modalidades A CEIC é vinculada ao Conselho Estadual de Política
doação, patrocínio e investimento17. Cultural do Ceará e é formada por representantes da SECULT
e por representantes indicados pelas associações civis e
entidades escolhidos por meio de editais públicos da SECULT.

Quais os benefícios para o incentivador?


O incentivo ao setor cultural tem impacto principalmente
sobre a imagem institucional da empresa, pois ela poderá
agregar valor a sua marca, reforçar seu papel na localidade
onde atua, desenvolver novas oportunidades de negócio e
reforçar a política de relacionamento da empresa com outras
esferas do governo e, principalmente, com os artistas e grupos
artísticos.
- Dedução fiscal ICMS
- Visibilidade e reforço positivo da imagem da
instituição/empresa junto ao seu público-alvo
- Vinculação da marca a projetos de grande dimensão do
Modelo de documentos (TIC e Declaração): Estado
- Cidadania cultural
- Modelo Declaração de Incentivo - Reconhecimento no Selo de Responsabilidade cultural
- Modelo Termo de Incentivo à Cultura para empresas com maior aporte
- Modelo CEFIC

17 http://rede.cultura.ce.gov.br/incentivaceara/mecenato-incentivo/

Políticas Culturais 53
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FEC (E) as obras, os objetos, os documentos, as edificações e


demais espaços destinados às manifestações artístico-
culturais, desde que tombados pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional.

03. (Fundação Hemocentro de Brasília/DF –


Arquivologia – IADES) Assinale a alternativa que apresenta
um dos fins da produção de documentos de arquivo.
(A) Legal
(B) Cultural
(C) Científico
(D) Artístico
(E) Educativo

O que é o Fundo Estadual da Cultura (FEC)? 04. (TJ/PE – Juiz Substituto – FCC) Nos termos do texto
O Fundo Estadual de Cultura, denominado de FEC, foi constitucional, o Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se
criado pela Lei nº. 12.464/95, e regulamentado pelo Decreto (A) na política nacional de cultura e nas suas diretrizes,
nº. 23.882, de 16 de outubro de 1995, visa fomentar a cultura estabelecidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se, entre
através de projetos de iniciativa de órgãos municipais e outros, pelos princípios da transversalidade das políticas
estaduais de cultura. culturais e da transparência e compartilhamento das
O FEC financia, no máximo, 80% (oitenta por cento) do informações
custo total de cada projeto, devendo o proponente oferecer (B) no Plano Nacional de Cultura e nas suas diretrizes,
contrapartida que integralize o orçamento solicitado, ficando estabelecidas pelos órgãos de cultura que o integram, e rege-
o proponente com a responsabilidade de apresentar se, entre outros, pelos princípios da transversalidade das
contrapartida dos 20% restantes, através de alocação de políticas culturais e da proteção às manifestações das culturas
recursos financeiros ou pela oferta de bens e serviços. populares, indígenas e afrobrasileiras.
O Fundo Estadual de Cultura tem por finalidade “conjugar (C) no Plano Nacional de Cultura e nas suas diretrizes,
esforços, recursos e estratégias dos poderes públicos das estabelecidas na política nacional de cultura, e rege-se, entre
diferentes esferas da federação brasileira, de empresas e outros, pelos princípios da transparência e compartilhamento
organizações privadas, de organismos internacionais e da das informações e da democratização do acesso aos bens e
sociedade em geral para o fomento efetivo sistemático, serviços culturais.
democrático e continuado de atividades culturais, nos termos (D) na política nacional de cultura e nas suas diretrizes,
desta lei” (Art. 1º, Lei 13811/06). estabelecidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se, entre
outros, pelos princípios da ampliação progressiva dos
Quem pode incentivar? recursos contidos nos orçamentos públicos para a cultura e da
Os recursos orçamentários do Fundo Estadual são valorização da diversidade étnica e regional.
oriundos de depósitos efetuados por pessoas jurídicas de (E) no Plano Nacional de Cultura e nas suas diretrizes,
direito privado com ou sem fins lucrativos ou por pessoa física, estabelecidas na política nacional de cultura, e rege-se, entre
através de depósito em conta bancária ou através da dedução outros, pelos princípios da transversalidade das políticas
no limite máximo de 2% do ICMS, no caso de empresas. culturais e da valorização da diversidade étnica e regional

Questões 05. (FCP – Documentação – CETRO) De acordo com o


parágrafo 2º do artigo 216-A da Constituição Federal de 1988,
01. (Prefeitura de Paranaguá/PR - Economista – a estrutura do Sistema Nacional de Cultura, se constitui em
FAFIPA). O Modernismo brasileiro foi um movimento artístico esferas da Federação. Dentre as esferas relacionadas abaixo,
e literário que se iniciou em São Paulo e teve como marco um assinale a que não se inclui nessa estrutura.
grande evento realizado no Teatro Municipal de São Paulo, em (A) Conselhos de política cultural.
1922. Como ficou conhecido esse evento? (B) Sistemas de financiamento à cultura.
(A) Convenção Modernista Brasileira (C) Comissões intergestores.
(B) Semana de Arte Moderna. (D) Órgãos gestores da cultura.
(C) Lançamento da Revista Modernista Klaxon. (E) Cooperativa de entes federados do sistema cultural.
(D) Congresso de Artes Modernas.
Respostas
02. (MPE/TO – Promotor de Justiça – CESPE) Integram
o patrimônio cultural 01.B / 02.D / 03.A / 04.A / 05.E
(A) todas as formas de expressão, modos de criar, fazer e
viver, bem como as criações científicas, artísticas e
tecnológicas, desde que registrados no Ministério da Cultura
e(ou) no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
(B) os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, Anotações
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico
e científico, se reconhecidos e tombados pela UNESCO.
(C) as manifestações identitárias de natureza coletiva da
nação brasileira e suas derivações históricas, antropológicas e
etnográficas, bem como suas estruturas discursivas e sua
semiótica.
(D) os bens de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, referentes à identidade, à
ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira.

Políticas Culturais 54
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que "tratam de processos que estão sendo intensamente


vividos pela sociedade, pelas comunidades, pelas famílias,
pelos alunos e educadores em seu cotidiano. São debatidos em
diferentes espaços sociais, em busca de soluções e de
alternativas, confrontando posicionamentos diversos tanto
em relação a intervenção no âmbito social mais amplo quanto
a atuação pessoal. São questões urgentes que interrogam
sobre a vida humana, sobre a realidade que está sendo
construída e que demandam transformações macrossociais e
1. Políticas culturais no também de atitudes pessoais, exigindo, portanto, ensino e
aprendizagem de conteúdos relativos a essas duas
Brasil e no Ceará. 2. Gestão e dimensões". Estes temas envolvem um aprender sobre a
produção cultural. 3. Sistema realidade, na realidade e da realidade, destinando-se também
Nacional de Cultura. 4. a um intervir na realidade para transformá-la. Outra de suas
características é que abrem espaço para saberes extra-
Sistema Estadual de Cultura. 5. escolares. Na verdade, os temas transversais prestam-se de
Financiamento Cultural no modo muito especial para levar à prática a concepção de
Brasil e no Ceará. 6. Cultura e formação integral da pessoa.
Considera-se a transversalidade como o modo adequado
desenvolvimento. para o tratamento destes temas. Eles não devem constituir
uma disciplina, mas permear toda a prática educativa. Exigem
um trabalho sistemático, contínuo, abrangente e integrado no
Caro(a) estudante, ressaltamos que estes tópicos já decorrer de toda a educação.
foram objetos de estudo Políticas Culturais. Na verdade estes temas sempre estão presentes, pois se
não o estiverem explicitamente estarão implicitamente.
Tomemos como exemplo a ética. Não falar de aspectos éticos,
em muitos casos, é uma omissão que por si só representa uma
7. Transversalidade da postura. Não apenas por palavras, mas por ações, a escola
cultura sempre fornece aos alunos uma formação (quem sabe uma
deformação?) ética. Podemos dizer o mesmo com relação ao
meio ambiente; o próprio tratamento dado ao ambiente
escolar caracteriza a visão das pessoas que ali trabalham e
pode ser parte importante na formação dos alunos sobre essa
A transversalidade e a interdisciplinaridade são modos de questão.
se trabalhar o conhecimento que buscam uma reintegração de Como os temas transversais não constituem uma
aspectos que ficaram isolados uns dos outros pelo tratamento disciplina, seus objetivos e conteúdos devem estar inseridos
disciplinar. Com isso, busca-se conseguir uma visão mais em diferentes momentos de cada uma das disciplinas. Vão
ampla e adequada da realidade, que tantas vezes aparece sendo trabalhados em uma e em outra, de diferentes modos.
fragmentada pelos meios de que dispomos para conhecê-la e Interdisciplinaridade e transversalidade alimentam-se
não porque o seja em si mesma. mutuamente, pois para trabalhar os temas transversais
Vamos exemplificar lançando mão de uma comparação1: adequadamente não se pode ter uma perspectiva disciplinar
Quando a luz branca passa por um prisma, divide-se em rígida. Um modo particularmente eficiente de se elaborar os
diferentes cores (as cores do arco-íris). Ao estudarmos alguma programas de ensino é fazer dos temas transversais um eixo
realidade a fim de conhecê-la muitas vezes torna-se necessário unificador, em torno do qual organizam- se as disciplinas.
fazer um trabalho semelhante. Enfocamos por diferentes Todas se voltam para eles como para um centro, estruturando
ângulos, com a metodologia e os objetivos próprios das os seus próprios conteúdos sob o prisma dos temas
Ciências Naturais, da História, da Geografia... Podemos assim transversais.
aprofundar em diferentes parcelas, fazendo um trabalho de As disciplinas passam, então, a girar sobre esse eixo. De
análise. Esse aprofundamento é rico e muitas vezes necessário, certo modo podemos dizer que temos então um fenômeno
mas é preciso ter consciência de que estamos fazendo um similar ao observado na Física com o disco de Newton: neste,
"recorte" do nosso objeto de estudo. A visão obtida é a mistura das cores recupera a luz branca; no nosso caso, a
necessariamente fragmentada total interação entre as disciplinas faz com que possamos
Com a interdisciplinaridade questiona-se essa recuperar adequadamente a realidade, superando a
segmentação dos diferentes campos de conhecimento. fragmentação e tendo a visão do todo.
Buscam-se, por isso, os possíveis pontos de convergência entre Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino
as várias áreas e a sua abordagem conjunta, propiciando uma Fundamental prevêem seis Temas Transversais a serem
relação epistemológica entre as disciplinas. Com ela trabalhados durante todo o processo de ensino /
aproximamo-nos com mais propriedade dos fenômenos aprendizagem: ética, meio ambiente, saúde, trabalho e
naturais e sociais, que são normalmente complexos e consumo, orientação sexual e pluralidade cultural. Sejam ou
irredutíveis ao conhecimento obtido quando são estudados não trabalhados como um eixo unificador, tal como sugerido
por meio de uma única disciplina. As interconexões que acima, é importante ressaltar que:
acontecem nas disciplinas são causa e efeito da Os Temas Transversais não constituem uma disciplina à
interdisciplinaridade. parte.
Isso já foi colocado, mas convém salientá-lo. Como estamos
Existem temas cujo estudo exige uma abordagem acostumados a trabalhar em uma perspectiva disciplinar, a
particularmente ampla e diversificada. Alguns deles foram tendência muitas vezes será ter essa visão também para os
inseridos nos parâmetros curriculares nacionais, que os Temas Transversais. Entretanto, o próprio destes temas é
denomina Temas Transversais e os caracteriza como temas

1http://smeduquedecaxias.rj.gov.br/nead/Biblioteca/Forma%C3%A7%C3%

A3o%20Continuada/Artigos%20Diversos/garcia-transversalidade-print.pdf

Conhecimentos Específicos 1
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exatamente permear toda a prática educativa.


Usemos novamente um exemplo: se pensarmos que
estamos estudando um bolo, e que cada fatia do bolo 9. Marketing e mercado
corresponde a uma disciplina, o tema transversal irá aparecer
como um ingrediente totalmente diluído na massa, e não como
cultural
uma fatia a mais.
Devem ser trabalhados de modo coordenado e não como
um intruso nas aulas.
O risco de que um tema transversal apareça como um MARKETING E MERCADO CULTURAL
"intruso" é grande. Não sendo algo diretamente pertinente às
disciplinas e principalmente não havendo o hábito do A despeito da atividade do marketing cultural existir no
professor de ocupar-se dele, pode acontecer que seja visto não país há algum tempo e vir se desenvolvendo aceleradamente a
como um enfoque a ser colocado ao longo de toda a cada ano, há uma reduzida produção científica a respeito do
aprendizagem, mas como algo que aparece esporadicamente, tema na bibliografia brasileira de marketing e administração.
interrompendo as demais atividades. O presente artigo visa apresentar um resumo do pensamento
Seguindo no exemplo do bolo, o tema transversal não pode existente, contribuindo para a discussão do tema no meio
ser um caroço que se encontra repentinamente e no qual acadêmico e empresarial do país2.
corremos o risco de quebrar um dente... No máximo, pode Recente artigo publicado na revista EXAME (março de
aparecer como uma uva passa ou uma fruta cristalizada, algo 2005) destacou a atividade em matéria de capa, traçando um
que percebemos ser diferente, mas que harmoniza-se com o panorama abrangente da atividade no mundo e no Brasil,
restante do bolo. Entretanto, quanto mais diluído ele estiver na citando números impressionantes. Segundo a revista, a
massa, melhor. indústria do entretenimento fatura anualmente 1,3 trilhão de
Por exemplo, não faz sentido que um professor de História, dólares, crescendo a uma taxa anual de 6,3% e, apenas nos
ou de Biologia, de repente interrompa o seu assunto para Estados Unidos, os eventos de marketing faturam por ano 200
dizer: agora vamos tratar de ética. Mas, sempre que estiver bilhões de dólares.
fazendo uma análise histórica, o professor terá a preocupação De olho no impacto que a associação entre marcas e
de abordar os aspectos éticos envolvidos; ao dar uma aula eventos ou atividades apreciadas por determinados
sobre problemas ambientais ou sobre biotecnologia, haverá segmentos de público, as grandes empresas têm investido
também um enfoque ético. cada vez mais nessa forma de aproximação com seus
mercados-alvo. Marcas como as motocicletas Harley-Davidson
Não aparecerão "espontaneamente", com facilidade, entendem a eficácia do relacionamento com clientes e
principalmente no começo. patrocinam eventos como shows musicais para seus
O modo e o momento em que serão tratados os temas consumidores desde 1916.
transversais deve ser cuidadosamente programado em
conjunto pelas diversas disciplinas. É preciso lembrar que Marketing e Marketing Cultural
cada um deles tem os seus próprios objetivos educacionais a As estratégias de comunicação existem e são
serem atingidos, ou seja, não se trata apenas de tocar um desenvolvidas há muito tempo, caracterizadas pela forma
determinado tema, mas também de verificar se será utilizada para divulgar uma empresa, produto ou serviço, por
totalmente contemplado ao longo do programa de ensino, muito tempo se restringiram apenas a estratégias publicitárias
podendo-se prever o cumprimento dos objetivos. de difusão de imagem através da ocupação de certos espaços
pré-estabelecidos.
"O que é de todos não é de ninguém." O desenvolvimento do meio publicitário fez com que
Temos essa experiência, infelizmente, com a maior parte surgissem áreas profissionais voltadas para a estrutura
das coisas que são "públicas". Se não se definem encarregados mercadológica, empresarial. A publicidade foi deixando seu
para uma determinada função, porque todos deveriam caráter predominantemente artístico e dando cada vez mais
preocupar-se com aquilo, é muito freqüente que na verdade espaço ao planejamento mercadológico. Desta forma, surgiu e
aquela necessidade fique a descoberto. Por isso, convém se desenvolveu um setor que vem ganhando força em todos os
salientar novamente que é necessário um estudo conjunto, por âmbitos empresariais: o marketing. Atividade esta que ocupa
parte da escola, para definir como cada disciplina irá tratar os um setor específico tanto nas agências publicitárias quanto
temas transversais e verificar se eles estão sendo nas empresas em geral.
suficientemente abordados. Conforme afirma Candido José Mendes de Almeida
Isso não exclui, naturalmente, certa flexibilidade com o “…marketing é a capacidade de mostrar, vender, dar visibilidade
planejamento. Temas que têm tamanha relação com a vida, a uma determinada ideia, produto ou serviço.”
com o cotidiano, certamente aparecem nos momentos mais Richers (1981), por sua vez, afirma que “Detectar
inesperados e o professor deve estar preparado para não oportunidades de mercado (‘nichos’ mercadológicos) ou a
desperdiçar ocasiões que muitas vezes são preciosas. existência de demandas inadequadamente satisfeitas pelas
ofertas existentes, seja da própria empresa e/ou de seus
concorrentes […] e […] preencher esses nichos com o mínimo
de recursos e custos operacionais são as finalidades
8. Planejamento estratégico primordiais do marketing.”
de projetos e programas O sistema capitalista, a globalização e a economia de
culturais mercado fazem do marketing um instrumento de trabalho
importantíssimo para conquistar o consumidor, para quem
tudo é feito, para quem todas as soluções e novos produtos são
criados. O consumidor é o alvo de tudo, suas necessidades
Caro(a) estudante, ressaltamos que estes tópicos já precisam ser atendidas, seu comportamento e forma de
foram objetos de estudo Políticas Culturais. pensar/agir devem ser compreendidos para que os produtos

2 Arendt. I. Israel, J. Ferreira, S. MSC, D. Marketing Cultural: Um negócio em Gestão e Tecnologia – SEGeT’2005.
inserido no mercado e que tem a cultura com produto. II Simpósio de Excelência https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos05/11_Marketing%20cultural.pdf

Conhecimentos Específicos 2
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sejam adequados às suas expectativas e ele sinta necessidade empresa com o produto patrocinado, visando à agregação de
de adquiri-los. valor à marca por essa via. O patrocínio à cultura tem sido
Toda essa evolução fez com que novos espaços passassem muitas vezes um capricho, uma ação motivada por interesses
a ser ocupados pelas empresas que pretendiam difundir sua que não objetivam o benefício da marca, tais como: dedução de
imagem ou produto/serviço. Os espaços comuns da mídia impostos, ajuda a um artista amigo e até mesmo um impulso
impressa e eletrônica não deixaram de ser usados, mas novos individual ou tentativa de imitar a ação de concorrentes. Na
espaços foram ocupados. Mais especificamente nos últimos maioria dos casos, o patrocínio está desvinculado do
anos, vem ganhando força uma estratégia na qual as empresas planejamento e do posicionamento da empresa em relação ao
investem em projetos que demonstrem sua responsabilidade mercado. Decorre uma atitude isolada, frequentemente
social de forma a terem sua imagem atrelada a um conceito de prejudicial ao processo de construção de marca, embora possa
preocupação com a situação dos menos favorecidos apresentar alguma vantagem a curto prazo.”. Esta atitude
economicamente; ou então uma ligação de produtos com um constatada há alguns anos atrás vem se modificando. As
conceito de jovialidade, dinamismo, estabilidade, espírito de empresas têm notado a importância de agregar valor à marca,
equipe, carisma, e qualidades esportivas; e ainda sem falar que as leis de incentivo geram uma cobrança do
investimentos em projetos ecológicos com o objetivo de público tendo em vista que trata-se da gestão de recursos
demonstrar a preocupação da empresa com o meio ambiente. públicos.

Leis de incentivo e Marketing Cultural Marketing Cultural e imagem corporativa


Diante deste novo cenário de envolvimento com o mercado O marketing cultural é um ramo em ascensão. Provém do
e com a comunidade, um setor econômico que passa a marketing empresarial, complementando-o de forma mais
movimentar investimentos por parte das empresas é a expressiva e abrangente, tendo como ferramenta de
produção cultural. A criação das leis de incentivo à cultura foi comunicação atividades artísticas. Isto se deve essencialmente
um estímulo a mais para a aplicação de verbas em projetos a uma reorientação do eixo em torno do qual gira o marketing,
culturais e assim houve o desenvolvimento do marketing que se deslocou nos últimos anos do foco no produto para o
cultural, que segundo Gil Nuno Vaz (Machado Neto, 2002 apud foco no cliente, de acordo com McKenna (1994)
Vaz, 1995) é uma variante contemporânea da milenar É, segundo Roberto Muylaert (1995), o conjunto de
interação entre poder e cultura. Brant (2001, p. 40) recursos de marketing que permite projetar a imagem de uma
complementa que “ainda hoje vivemos influenciados por um empresa ou entidade através de ações culturais, ou de forma
antigo sistema, em que a arte a ser selecionada e executada era mais completa, nas palavras de Manoel Marcondes:
escolhida por e para monarcas. À luz dessa tradição, a
produção cultural pode ser pensada desde o Império Romano, “É a atividade deliberada de viabilização físico-financeira de
como instrumento determinante na relação de poder”. produtos e serviços culturais, comercializados ou franqueados,
Entretanto há uma visão de que “a existência do marketing que venham a atender às demandas de fruição e enriquecimento
cultural no Brasil é uma consequência da pauperização das cultural da sociedade.”
verbas tradicionalmente disponíveis para a cultura, as verbas
públicas, ao longo dos últimos cinquenta anos”. (Mendes de Vem de forma a complementar visto o fato de utilizar-se do
Almeida 1992, p.9) Este discurso denota as dificuldades ramo da cultura para cumprir sua função, ou seja, ser um
enfrentadas pela produção cultural brasileira ao contar instrumento de informação junto ao consumidor (VERAS, s/d)
exclusivamente com as instâncias governamentais para o e através disto captar sua atenção e adesão.
fomento à cultura. Adesão uma vez que o marketing cultural é promovido por
Machado Neto (2002, p.14) esclarece de forma clara como patrocinadores que buscam, através deste e da publicidade
essa responsabilidade governamental é repassada para as que o mesmo proporciona, provocar no consumidor uma
mãos da iniciativa privada através de isenções fiscais e sensação positiva, seja de qualidade, inovação, ou qualquer
marketing cultural: outra característica atrelada ao seu produto, que faça o mesmo
querer aderir a tal marca, ou ainda em maior escala, expandir
“... se o Estado em qualquer de suas instâncias (federal, a um maior número de pessoas a boa imagem da empresa, o
estadual, municipal) ou formas de controle (administração que remeteria ao chamado marketing institucional.
direta, autárquica, mista ou indireta), um dos principais, senão Com a institucionalização de suas marcas, as empresas
o principal responsável pela promoção e difusão culturais, buscam manterse no mercado, conseguindo a
delega à iniciativa empresarial parte dessa atividade através de incessantemente perseguida construção de uma identidade
mecanismos de renúncia fiscal (o que corresponde à uma forma distinta e reconhecível, capaz de produzir uma cultura a ser
de distribuir/priorizar gastos públicos), ou, se esta iniciativa homeopaticamente incorporada pelos consumidores. É
empresarial viabiliza, financeira e/ou material, manifestação notável, portanto, hodiernamente, a importância da
artístico culturais a título de promoção institucional com construção de uma imagem corporativa, e para tal a
recursos próprios, pode-se afirmar que se estará praticando, necessidade de um posicionamento e de características
efetivamente, marketing cultural, uma vez que também se singulares da empresa perante o mercado, ou ainda, à
estará tornando disponível arte e cultura à sociedade, concorrência.
gratuitamente ou não, a exemplo das instituições em que a Para ter êxito no almejado fim acima exposto eis o
produção cultural seja fim”. marketing cultural como próspera opção, visto que:

Tal espécie de marketing é cada vez mais descoberto e “... possibilita à empresa incentivadora de cultura a
utilizado pelas empresas, cabendo mencionar que, construção dessa imagem desejada, que agregará valor aos
historicamente, este é utilizado com maior frequência por produtos e serviços da empresa, garantindo, a longo prazo, o
particulares, mas, atualmente, vem sofrendo, além de um aumento da importância da marca na mente dos consumidores.”
incremento de seu uso por parte dos mesmos, a adesão cada
vez mais intensa também das prefeituras, como pôde-se notar. Concluindo-se, pois, que a imagem corporativa torna-se
A partir de uma pesquisa aplicada pelo Instituto Pensarte um bem de troca entre patrocinador e consumidor, tendo
em 1999 e parte do ano 2000 com 360 empresas sediadas no como meio o marketing cultural, através do produto cultural
eixo Rio-São Paulo, citada em Brant (2001, p.73), foi tirada oferecido por este.
como conclusão a falta de “planejamento e envolvimento da

Conhecimentos Específicos 3
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APOSTILAS OPÇÃO

No que concerne à relação emocional do público alvo, o Tendo em vista todos os pontos abordados, referentes a
grupo artístico, o artista ou o evento, ao qual a organização este próspero e ascendente negócio que é o marketing cultural,
atrela seu nome, seu patrocínio, transmite sensações e e os meios de que este se utiliza para cumprir suas funções no
emoções, que também devem ser os valores da organização, mercado, assim como alguns aspectos que o rodeiam, cabe o
pois o público captará tais informações e as tomará como pensamento de que este é um assunto extremamente
inerentes à empresa. contemporâneo e em voga, que tem muito a ser estudado e
Além disso, tal relação também permeia o diferencial que utilizado, como se observa nas palavras de Fernando Fischer,
é o marketing através da cultura, que é o público receber o após a análise de 30 empresas brasileiras:
contato e, individualmente, interpretá-lo de acordo com suas
próprias vivências e sensações. Eis o que possibilita a atração “O marketing cultural continua crescendo no Brasil, há
do público, nesta era de busca por diferenciação para, assim, multiplicação das leis estaduais e municipais de incentivo de
então, ressaltar-se do todo. Norte a Sul do país em diferentes estilos e formatos, mas que, por
A grande questão deste tipo de marketing é estabelecer um se tratar de um campo de conhecimento e prática recente nas
eixo de identidade entre quem consome determinada marca e empresas brasileiras, ainda não possui uma base teórica
quem gosta de determinada arte, de acordo com as palavras de consolidada nem dispõe de bibliografia que auxilie sua adoção e
Dalila Teles Veras (op. cit.), que acrescenta muito gerenciamento”.
apropriadamente:
“A química do marketing cultural consiste na capacidade
de um projeto cultural em transportar uma informação de um 10. Expressões culturais
universo, que é o público que consome aquele produto
cultural, para outro universo, que é o público consumidor do
contemporâneas. 11.
produto ou do serviço daquela empresa patrocinadora.” Avaliação de projetos de
programas culturais. 12.
Cultura, entretenimento e indústria cultural
A cultura pode ser aqui classificada como produto visto
Direitos culturais.
que, através de eventos artísticos, é o elemento possibilitador
da troca entre empresa e consumidor, seja do ponto de vista
emocional, mercadológico ou publicitário. Caro(a) estudante, ressaltamos que estes tópicos já
Tal questão da cultura como produto está intrinsecamente foram objetos de estudo Políticas Culturais.
relacionado com o teorizado por autores, como Teixeira
Coelho (1980), como indústria cultural. Esta é fruto de uma
sociedade industrializada de organização capitalista, ou seja,
de uma sociedade de consumo, e tem como produto a cultura 13. Institucionalidade da
de massa. cultura
Dentre os aspectos positivos e negativos, o que se faz
mister ressaltar, por hora, é o de a dita indústria cultural não
combater a cultura popular ou a superior, mas apenas
complementar as formas culturais tradicionais. INSTITUCIONALIDADE DA CULTURA
Os conceitos que a explicam nos tornam perceptíveis a
idéia da cultura sendo usada como um produto, o que se Nos anos 1930 acontecem mudanças políticas, econômicas
encaixa perfeitamente com o produto cultural que o marketing e culturais relevantes no Brasil. A chamada “Revolução” de
cultural oferece visando aproximar o consumidor da empresa. 1930 realiza outra transição pelo alto sem grandes rupturas. O
Quanto à questão da cultura de massa, este marketing pode novo regime representa um compromisso entre a emergente
utilizar-se de eventos de grande porte, que alcancem um burguesia industrial, as velhas oligarquias agrárias e outros
grande público, ou algo mais restrito, tendo um público segmentos sociais, inclusive militares. As classes médias e o
focalizado e delimitado, dependendo da dimensão, dos proletariado emergem na cena política como atores mais
interesses e de quais clientes a empresa vise atingir. substantivos que nos anos anteriores. Industrialização;
Empresas ainda voltadas para o produto e com uma visão urbanização; modernismo cultural e construção do Estado
de marketing de massa costumam dar preferência para centralizado são faces do país que se pretende moderno3.
eventos esportivos, nos quais terão grande abrangência de Floresce a segunda geração modernista, com o
público e retorno garantido, comprovado através de aparecimento de importantes artistas e intelectuais que
pesquisas. Essas empresas não costumam patrocinar eventos buscam expressar um Brasil moderno. Nele, duas experiências
culturais, a menos que sejam megashows, ou seja, eventos para simultâneas inauguram as políticas culturais e conformam
grande público, nos quais poderão contar com maior público e uma nova institucionalidade do campo da cultura: a passagem
visibilidade, incluindo free-publicity, ou mídia espontânea. de Mário de Andrade pelo Departamento de Cultura da
Um outro ramo que tem crescido consideravelmente no Prefeitura da cidade de São Paulo (1935-1938), interrompida
tocante ao marketing cultural é o marketing de no início da ditadura do Estado Novo (1937-1945), e a
relacionamento que se utiliza da cultura para criar uma presença de Gustavo Capanema à frente do Ministério da
identidade com o cliente e, dessa forma, estimular a fidelidade Educação e Saúde (1934-1945).
à marca. Mais frequentemente utilizado pelas empresas Surpreendente que uma gestão municipal seja tomada
prestadoras de serviços, como bancos, por exemplo, esta como uma das inauguradoras das transformações culturais no
estratégia de marketing se caracteriza pelo investimento em Brasil. Tal atuação, por suas práticas e ideários, transcendeu
projetos culturais que agreguem como valor um certo status em muito as fronteiras da cidade de São Paulo. Sem esgotar
de sofisticação e bom atendimento, de preocupação e suas contribuições, Mário de Andrade inova em: (i) estabelecer
relacionamento da empresa com seus clientes, fazendo com uma intervenção estatal sistemática abrangendo diferentes
que se sintam clientes preferenciais, e, desta forma, criando áreas da cultura; (ii) pensar a cultura como algo “tão vital como
uma fidelidade por parte deles com a empresa. o pão”; (iii) propor uma definição ampla de cultura, que

3 Antonio Albino Canelas Rubim. Desafios e Dilemas da institucionalidade ANTONIO ALBINO CANELAS RUBIM p. 57-77.
cultural no Brasil. MATRIZes. V.11 - Nº 2 maio/ago. 2017 São Paulo - Brasil https://www.revistas.usp.br/matrizes/article/download/123379/133230

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extrapola as belas artes, sem desconsiderá-las, e que abarca, Estado Novo. Essa tradição, inventada na era Vargas, será
dentre outras, as culturas populares; (iv) assumir o retomada depois pela ditadura militar, implantada em 1964.
patrimônio não só como material e associado às elites, mas O interregno democrático de 1945 a 1964 reafirmou as
também como imaterial e pertinente aos diferentes segmentos tristes tradições das ausências e dos autoritarismos.
da sociedade; (v) patrocinar missão etnográfica à região Esplendoroso desenvolvimento da cultura brasileira
amazônica e ao Nordeste para pesquisar e documentar seus aconteceu em praticamente todas as áreas, o qual, porém, não
ricos acervos culturais; (vi) fortalecer a institucionalidade teve correspondência na institucionalidade e nas políticas
cultural por meio da criação de organismos e procedimentos. culturais no país, sendo que estas, com exceção da atuação do
O projeto de Mário de Andrade tem limitações, mas elas não Iphan, quase inexistiram.
podem impedir seu reconhecimento, mesmo no cenário Intervenções pontuais marcaram o período democrático: a
internacional. instalação do Ministério da Educação e Cultura, em 1953, sem
Em um registro nacional, aconteceu outro movimento reforçar a institucionalidade da cultura, pois não significou a
inaugurador. Ele foi protagonizado pelo ministro Gustavo existência de nenhuma estrutura nova; a expansão das
Capanema (Badaró, 2000; Gomes, 2000; Williams, 2000). universidades públicas (nacionais); a Campanha de Defesa do
Esteticamente modernista e politicamente conservador, ele Folclore e a criação do Instituto Superior de Estudos
acolheu intelectuais e artistas progressistas, a exemplo de Brasileiros (Iseb).
Carlos Drummond de Andrade, seu chefe de gabinete, Candido A ditadura militar de 1964 reatualizou a triste tradição do
Portinari e Oscar Niemeyer (Velloso, 1987). Pela primeira vez, vínculo entre políticas culturais e autoritarismos. Os militares
o Estado realizou um conjunto de intervenções na área da reprimiram, censuraram, perseguiram, prenderam,
cultura, que conjugou uma atuação negativa – opressão, assassinaram, exilaram a cultura, os intelectuais, os artistas, os
repressão e censura, como ocorre em todas as ditaduras – com cientistas e os criadores populares, e, ao mesmo tempo,
uma atitude afirmativa, por meio da criação de novas constituíram uma agenda de realizações. Três fases marcaram
formulações, práticas, normas e instituições. Dentre os a relação entre governo militar e cultura.
procedimentos, têm-se legislações para cinema, radiodifusão, De 1964 até 1968, a ditadura perseguiu, em especial, os
artes, profissões culturais e a constituição de organismos setores populares e militantes vinculados a estes segmentos.
culturais, a exemplo do: Instituto Nacional de Cinema Apesar da repressão, ocorreram manifestações políticas
Educativo (1936); Serviço de Radiodifusão Educativa (1936); contra o regime, em especial dos setores médios, e existiu uma
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (1937); expressiva “floração tardia” da cultura dos anos anteriores,
Serviço Nacional de Teatro (1937); Instituto Nacional do Livro hegemonicamente de esquerda, mas circunscrita às classes
(1937) e Conselho Nacional de Cultura (1938). Nacionalismo, médias, como assinalou Roberto Schwarz (1978).
brasilidade, harmonia entre as classes sociais, apologia ao A ditadura estimulou o predomínio da cultura midiatizada
trabalho e reconhecimento do caráter mestiço balizaram o (Rubim; Rubim, 2004). A instalação da infraestrutura de
ministério. telecomunicações, a criação da Telebrás e da Embratel e a
Nem a criação desses dispositivos, nem a modernização implantação da indústria cultural foram realizações dos
ensejada pelo governo Getúlio Vargas com a constituição do militares, que controlaram os meios audiovisuais e buscaram
Departamento Administrativo do Serviço Público, em integrar simbolicamente o país, pelo viés da política de
1937/1938, tiveram força para reverter a baixa segurança nacional, com a adesão da mídia. Na contramão,
institucionalidade da cultura, inclusive por conta de sua intelectuais “tradicionais”, como diria Gramsci (1972, 1978a,
continuidade e instabilidade. A gestão cultural, por exemplo, 1978b), aliados do regime e instalados no recém-instituído
desde seus primórdios e até os anos 1980, foi dominada por Conselho Federal de Cultura (1966), demonstravam
indicações políticas e familiares, longe, por conseguinte, de preocupação com o impacto da televisão sobre as culturas
critérios mais afinados com a qualificação da administração regionais e populares, concebidas em perspectiva
cultural. conservadora (Ortiz, 1986). Eles estimularam a
No âmbito das excepcionalidades, destaque para o Serviço institucionalidade da cultura incentivando a criação de
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, entidade conselhos e secretarias em alguns estados brasileiros.
emblemática das políticas culturais nacionais. Criado em 1937, O segundo momento (final de 1968-1974), o mais brutal da
ele acolheu modernistas, a começar pelo seu quase eterno ditadura, foi dominado pela tortura, assassinatos e censura
dirigente: Rodrigo Melo Franco de Andrade (1937-1967). O sistemática, interditando parte significativa da dinâmica
Serviço, depois Instituto (Iphan) ou Secretaria, até a década de cultural, sobretudo aquela de tonalidade mais crítica e
1970, optou pela preservação de monumentos de pedra e cal, progressista. Época do chamado vazio cultural, contrariado
de cultura branca e estética barroca, em geral: igrejas católicas, pelas contraculturas hippie e marginal. Tempo de imposição
fortes e palácios do período colonial. Assim, o Iphan da cultura midiática, tecnicamente sofisticada e fiel
circunscreveu sua área de atuação, diluiu polêmicas, reprodutora da ideologia oficial.
desenvolveu competência técnica e profissionalizou seu A derrota da ditadura nas eleições legislativas de 1974
pessoal. Seu “insulamento institucional”, na formulação de possibilitou o terceiro momento, que terminou em 1985, com
Sergio Miceli, garantiu certa independência da ingerência o final do regime militar. Para realizar a transição sob sua
política, gestão diferenciada, continuidade administrativa, hegemonia, ele buscou cooptar profissionais da cultura (Ortiz,
inclusive de seu dirigente, e reforço de sua institucionalidade 1986: 85), por meio da ampliação de investimentos, inclusive
(Miceli, 2001: 362). Paradoxalmente, sua força foi sua institucionais, na área. Pela primeira vez, o país teve uma
fraqueza. A opção elitista, com forte viés classista; a não Política Nacional de Cultura (1975). Inúmeras instituições
interação com públicos dos sítios preservados e o imobilismo, culturais foram criadas (Miceli, 1984), dentre elas: Fundação
advindo da longa estabilidade institucional, impediram o Nacional das Artes (1975), Centro Nacional de Referência
Iphan de acompanhar os avanços da área de patrimônio Cultural (1975), Conselho Nacional de Cinema (1976),
(Miceli, 2001; Gonçalves, 1996). Radiobrás (1976) e Fundação Pró-Memória (1979).
A gestão de Capanema buscou superar uma das tristes Destaque para dois acontecimentos. Primeiro: a criação da
tradições das políticas culturais no Brasil: as ausências. Ao Fundação Nacional das Artes (Funarte), instituição
fazer essa tentativa, ela estabeleceu outra problemática emblemática, a partir da experiência do Plano de Ação Cultural
tradição: a íntima relação entre governos autoritários e (1973). A Funarte, inicialmente uma agência de financiamento
políticas culturais nacionais, apesar de algumas de suas de projetos, consolidou-se por meio de intervenções
iniciativas terem ocorrido no período anterior à ditadura do inovadoras; da constituição de corpo técnico qualificado,

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oriundo das próprias áreas culturais; e da tentativa de superar caminharam desde 2003, ainda que em ritmos distantes da
a lógica fisiológica de apoios no campo cultural, pela análise de velocidade ideal requerida pelos processos de implantação e
mérito dos projetos (Botelho, 2001). Modificações posteriores pelas comunidades culturais. Em 2010, foi aprovada pelo
retiram da Funarte esse caráter inovador. Congresso Nacional a lei que instituiu o Plano Nacional de
O segundo movimento expressivo esteve associado à Cultura (PNC) (Brasil, 2010b). Ela foi precedida pela
figura de Aloísio Magalhães. Em sua rápida trajetória, incorporação à Constituição Federal da emenda nº 48, de 10
facilitada por seu dinamismo, criatividade e relações com de agosto de 2005. Em 2012, a emenda 71 incluiu na
setores militares, Aloísio, um intelectual administrativo (Ortiz, Constituição Federal brasileira o Sistema Nacional de Cultura
1986: 124), até sua morte em 1982, criou ou alterou (SNC). O PNC e o SNC são políticas estruturantes que devem
organismos como: Centro Nacional de Referência Cultural alterar profundamente a institucionalidade cultural no Brasil,
(1975); Iphan (1979); Sphan e Pró-Memória (1979) e pois exigem políticas de Estado de longo prazo.
Secretaria de Cultura do MEC (1981). Sua visão renovada do A aprovação pelo Congresso Nacional da emenda
patrimônio; sua concepção antropológica de cultura; sua constitucional e a subsequente elaboração do PN Cultura, em
atenção com o saber popular, o artesanato e as tecnologias parceria do Ministério da Cultura com a Câmara dos
tradicionais (Magalhães, 1985) ensejaram mudanças, Deputados, dotou o país de um plano com duração de dez anos
limitadas pelo contexto ditatorial. (Brasil, 2008). Ele reúne ministério, Congresso e sociedade
As experiências excepcionais, mas isoladas, do Iphan e da civil, dada sua construção como política pública, realizada em
Funarte não têm cacife para mudar o panorama da audiências, conferências, debates e seminários. Mas, o número
institucionalidade cultural brasileira. As três tristes tradições demasiado de diretrizes, ações e prioridades inscritos no PNC
prevalecentes na trajetória das políticas culturais no país – dificulta que, ao final dos dez anos previstos, seja alcançado
ausências, autoritarismos e instabilidades – não permitiram avanço significativo em relação à situação de 2010 (Rubim,
maior atenção e cuidado com a institucionalidade cultural. Ela 2009). O Ministério da Cultura, no ano de 2011, desenvolveu
se manteve imersa no amadorismo, fragilidade, clientelismo, admirável esforço em traduzir por volta de 250 ações em 53
fisiologismo, patrimonialismo e instabilidade. metas, buscando tornar o PNC passível de ser executado,
acompanhado e avaliado. O Conselho Nacional de Políticas
NOVO PATAMAR POSSÍVEL DA INSTITUCIONALIDADE Culturais aprovou as metas, depois divulgadas, inclusive em
CULTURAL NO BRASIL estados e municípios, pois a efetividade de muitas delas
Os desafios colocados para os governos Lula e Dilma não depende da atuação colaborativa dos entes federativos. O PNC
eram apenas superar as políticas culturais neoliberais da estabeleceu uma perspectiva de planejamento na área cultural
gestão FHC, mas enfrentar as três tristes tradições – ausências, nacional e induziu que essa atitude fosse adotada nas esferas
autoritarismos e instabilidades –, que dificultaram políticas estaduais e municipais, dado que ele implica em planos
culturais ativas, democráticas e sustentáveis e interditaram estaduais e municipais de cultura.
ganhos mais significativos na institucionalidade cultural no A construção do Sistema Nacional de Cultura vem sendo
país. realizada pelo ministério, em parceria com estados,
A gestão cultural no Brasil possui forte tradição de municípios e sociedade civil (Brasil, 2016). Ela é vital para a
descontinuidades. Três movimentos, iniciados por Lula e consolidação de políticas e de estruturas, pactuadas e
desenvolvidos por Dilma, assumiram centralidade na complementares, que viabilizem a existência de programas
superação dessa triste tradição institucional e na construção culturais de prazos médios ou longos, portanto não
de políticas de Estado. Trata-se do Plano Nacional de Cultura submetidas às intempéries das conjunturas políticas ( Meira,
(PNC), do Sistema Nacional de Cultura (SNC) e da Proposta de 2016; Rubim, 2016).
Emenda à Constituição (PEC) que assegura orçamento para a O SNC busca articular, de modo voluntário, os entes
cultura. Tais iniciativas não são as melhores, nem as federativos – União, estados e municípios – em trabalho
contempladas com maiores recursos no ministério. Elas não colaborativo e complementar. O termo da adesão voluntária ao
têm a repercussão ou a visibilidade, por exemplo, do programa SNC prevê que cada ente federativo deva constituir um órgão
Cultura Viva e seus Pontos de Cultura. Mas elas possibilitam, específico de gestão em cultura (secretaria específica,
dada à arquitetura política e institucional, a configuração de secretaria compartilhada, fundação, diretoria, departamento
políticas de Estado. Isto é, de políticas de longo prazo no campo etc.); um conselho de cultura, instituído em moldes
da cultura. democráticos; e um fundo de apoio à cultura, que estimule o
A PEC está paralisada no Congresso Nacional há mais de desenvolvimento da cultura e possa receber repasses
dez anos, sem uma perspectiva razoável de aprovação, em financeiros.
especial, com a nova conjuntura nacional, em que vinculações A implantação do SNC potencializa estruturas e fluxos do
orçamentárias existentes para a Educação e a Saúde são campo da cultura e aumenta de modo significativo a
atacadas pelo governo interino e seus aliados políticos. Ela institucionalidade cultural. A adesão ao SNC requer a
propõe alterar a Constituição Federal para garantir a construção de sistemas estaduais e municipais de cultura.
vinculação de, pelo menos, 2% do orçamento nacional para a Além da conjunção colaborativa dos entes federativos, o SNC
cultura, sendo 1% distribuído para estados e municípios, além prevê ainda a integração ou a constituição, quando for o caso,
de prever que os estados destinem, no mínimo, 1,5% de seus de subsistemas, a exemplo do Sistema Nacional de Museus e
orçamentos; e os municípios, ao menos, 1% do orçamento para similares.
a cultura. A determinação constitucional de orçamento Os sistemas articulam atores; racionalizam recursos;
carimbado se torna essencial para superar a tradição de viabilizam trabalhos colaborativos; facilitam intercâmbios;
instabilidades, pois, além de ampliar as verbas para o campo possibilitam iniciativas inovadoras; ampliam a envergadura
cultural, garante o recebimento continuado e estável de das intervenções; exigem gestão e profissionais mais
recursos, o que viabiliza o planejamento na área, com impactos qualificados; demandam normas e rotinas; viabilizam
positivos para o desenvolvimento da cultura. A paralisia da conexões federativas; garantem estruturas institucionais mais
PEC no Congresso Nacional inviabiliza, no momento, maiores consistentes; enfim, consolidam políticas mais permanentes e
análises. Cabe assinalar, no entanto, o quadro político do país de longo prazo.
e do Congresso Nacional como bastante adversos a sua O SNC tem como componentes, em níveis da união, dos
aprovação. estados e dos municípios: órgãos gestores; conferências;
O Plano Nacional de Cultura e o Sistema Nacional de conselhos; planos; sistemas de financiamento; sistemas
Cultura encontram-se em situações bastante distintas. Eles setoriais; sistemas de informação e indicadores; comissões

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intergestores e programa de formação na área da cultura


(Brasil, 2011).
A construção do SNC, proposto inicialmente no documento 14. Políticas inclusivas em
A imaginação a serviço do Brasil (Partidos dos Trabalhadores, cultura
2002), foi assumida de maneira muito incisiva pela Secretaria
de Articulação Institucional do Ministério da Cultura, na gestão
de Márcio Meira. No final de 2005, o SNC foi legitimado na I
Conferência Nacional de Cultura e já contava com a adesão de O conceito de inclusão vem sendo amplamente e
quase todos os estados e mais de mil municípios. Com a saída demasiadamente mal compreendido segundo a interpretação
de Márcio Meira, a construção do SNC sofreu atrasos até ser do senso comum. Esta crítica diz respeito ao fato de o mesmo
retomada com vigor em 2009 com a vinda de José Roberto ser "aplicado" apenas aos estudantes, público-alvo da
Peixe para o Ministério da Cultura, e fortalecida em março de educação especial, e ao contexto educacional. É frequente a
2010 com a realização da II Conferência Nacional de Cultura. manifestação pública de expressões equivocadas como: "aluno
A retomada dos trabalhos implicou em reativar os acordos de inclusão" e "sala de inclusão"4.
com estados e municípios – hoje envolvendo todos os 26 A inclusão é um paradigma que se aplica aos mais variados
estados, o Distrito Federal e por volta de dois mil municípios – espaços físicos e simbólicos. Os grupos de pessoas, nos
, em detalhar o arcabouço jurídico do SNC e em conformar contextos inclusivos, têm suas características idiossincráticas
atividades que começassem a dar efetividade ao SNC. Dentre reconhecidas e valorizadas. Por isto, participam efetivamente.
eles, cabe destacar o projeto-piloto de curso em gestão Segundo o referido paradigma, identidade, diferença e
cultural, esboçado por comissão de especialistas, que foi diversidade representam vantagens sociais que favorecem o
realizado em Salvador, com o objetivo de iniciar o processo de surgimento e o estabelecimento de relações de solidariedade
formação do pessoal qualificado que o SNC demanda. A partir e de colaboração. Nos contextos sociais inclusivos, tais grupos
desse curso inicial, muitas outras experiências foram não são passivos, respondendo à sua mudança e agindo sobre
realizadas, começando a dar substância ao Programa de ela. Assim, em relação dialética com o objeto sociocultural,
Formação em Cultura, parte constitutiva do SNC (Rubim; transformam-no e são transformados por ele.
Rubim, 2012; Rubim; Rubim, 2014; Costa, 2011, 2014). Desconstruindo a ideia de homem padrão (MACE, 1990), o
Simultâneo ao curso, outro projeto mapeou as conceito de Desenho Universal emerge na perpectiva
experiências existentes no país de formação em políticas, inclusiva, de maneira a permitir a construção do design e da
gestão e produção culturais. A pesquisa permitiu um arquitetura acessíveis, sem necessidade de adaptações
diagnóstico do panorama da formação em cultura: na pontuais.
graduação, na pós-graduação ou mesmo em extensão (Rubim; O desenho universal, que fundamenta a aplicação da Lei
Barbalho; Costa, 2012). O mapeamento sugeriu ao Ministério Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (BRASIL,
da Cultura tomar a iniciativa de constituir uma Rede de 2015) expressa bem a ideia discutida. O artigo 102 da referida
Formação em Cultura, associada ao SNC, que reúna o lei afirma que "[...] desenho universal: concepção de produtos,
ministério e as instituições qualificadas, territorialmente ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as
distribuídas, para desenvolver o programa de formação e pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto
capacitação em cultura. A conformação dessa rede de específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva."
cooperação proverá o Estado de políticas mais permanentes (BRASIL, 2015, p. 29).
no campo da formação. A rede, entretanto, ainda não foi Não faz sentido, por exemplo, estudantes com deficiências
constituída. participarem efetivamente apenas da educação básica.
Órgãos gestores, coletivos, comissões, sistemas e outras Quando concluírem o ensino médio, encontrarão espaços
instâncias previstas implicam em pessoal (qualificado), em sociais para além dos muros escolares, prontos para a
especial, dedicado à gestão pública no campo da cultura. A exclusão.
atenção com a gestão cultural aparece constantemente Inclusão, portanto, é uma prática social que se aplica no
reafirmada em documentos do ministério, em especial, os trabalho, na arquitetura, no lazer, na educação, na cultura,
dedicados ao PNC e ao SNC. O documento ministerial mas, principalmente, na atitude e no perceber das coisas, de si
enunciou: e do outrem.
A formação de pessoal em política e gestão culturais é Na área educacional, o trabalho com identidade, diferença
estratégica para a implantação e gestão do Sistema Nacional de e diversidade é central para a construção de metodologias,
Cultura, pois trata-se de uma área que se ressente de materiais e processo de comunicação que dêem conta de
profissionais com conhecimento e capacitação no campo da atender o que é comum e o que é específico entre os
gestão das políticas públicas. (Brasil, 2011: 49-50) estudantes.
O texto, depois dessa constatação, alargou o espectro da Como afirma Mantoan (2004, p. 7-8): "há diferenças e há
qualificação também para gestores do setor privado e igualdades, e nem tudo deve ser igual nem tudo deve ser
conselheiros de cultura. diferente, [...] é preciso que tenhamos o direito de ser diferente
Nas três conferências nacionais de cultura realizadas, nos quando a igualdade nos descaracteriza e o direito de ser iguais
anos de 2005, 2010 e 2013, bem como em conferências quando a diferença nos inferioriza."
setoriais, estaduais, territoriais e municipais, a temática da Há aqui outro ponto controverso, a diferença entre a
formação, capacitação e qualificação foi sempre uma das educação inclusiva e a educação especial, quase sempre
principais reivindicações das comunidades culturais. Tais tomadas como sinônimas.
atitudes colocaram em cena a formação, componente Uma questão de pano de fundo nos é imposta: quais são os
imprescindível para bem equacionar a institucionalidade. estudantes foco da educação inclusiva? A resposta é: todos.
Quer dizer, ela se estende aos alunos, público-alvo da educação
especial (BRASIL, 2013a), e àqueles que não são público-alvo
dessa modalidade de ensino: os alunos brancos, negros, de
distintos gêneros, índios, homossexuais, heterossexuais etc.

4 Eder Pires de Camargo. Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita

Filho" (Unesp), Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Departamento de Física


e Química

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Ou seja, aos seres humanos reais, com foco prioritário aos da Constituição Federal do Brasil (BRASIL, 1988), se faz
excluídos do processo educacional. De forma contraditória, a necessário esclarecer: (i) o artigo 208 do capítulo III - Da
cultura atual, principalmente a ocidental, tenta moldá-los e Educação, da Cultura e do Desporto - da Constituição
"formá-los" como seres homogêneos. Como consequência, os prescreve que o dever do Estado com a educação será
que não se enquadram nos referidos padrões e segundo as efetivado mediante a garantia de: "[...] atendimento
regras de normalização forjadas socialmente, recebem vários educacional especializado aos portadores de deficiência,
adjetivos: "anormais", "deficientes", "incapazes", "inválidos", preferencialmente na rede regular de ensino" (MANTOAN,
etc. 2006, p. 27); (ii) o "preferencialmente" refere-se a
A educação inclusiva constitui um paradigma educacional "atendimento educacional especializado", ou seja, o que é
fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga necessariamente diferente no ensino para melhor atender às
igualdade e diferença como valores indissociáveis, e que especificidades dos estudantes com deficiência, ou segundo o
avança em relação à ideia de equidade formal ao inciso III do artigo 3 da lei nº 12.796, aos alunos com
contextualizar as circunstâncias históricas da produção da deficiência, transtorno global de desenvolvimento e altas
exclusão dentro e fora da escola. (BRASIL, 2008, p. 1). habilidades ou superdotação. (BRASIL, 2013a).
O trabalho didático-pedagógico em sala de aula, com o Como exemplo, temos o ensino do Braille e do Soroban
comum e o específico entre a diversidade que caracteriza o ser para os educandos cegos e da Língua Brasileira de Sinais
humano, constitui o objetivo da inclusão escolar que (LIBRAS) para os surdos, quer dizer, aquilo que é específico
[...] postula uma reestruturação do sistema educacional, ou desses alunos, a fim de que os mesmos possam ter acesso ao
seja, uma mudança estrutural no ensino regular, cujo objetivo currículo comum. O ensino de tais conteúdos é objeto da
é fazer com que a escola se torne inclusiva, um espaço educação especial e deve ser ofertado, preferencialmente na
democrático e competente para trabalhar com todos os rede regular de ensino, no atendimento educacional
educandos, sem distinção de raça, classe, gênero ou especializado, no contraturno do ensino regular do educando
características pessoais, baseando-se no princípio de que a com deficiência, transtorno global de desenvolvimento e com
diversidade deve não só ser aceita como desejada. (BRASIL, altas habilidades ou superdotação. Ainda, os conteúdos do
2001, p. 40). atendimento educacional especializados não devem substituir
Em práticas educacionais formais, a aplicação do Desenho os da educação regular. Devem ser complementares, para os
Universal leva em conta a diversidade de gênero, etnia, idade, alunos com deficiências e transtorno global de
estatura, deficiência, ritmos e estilo de aprendizagem nos desenvolvimento ou suplementares para os educandos com
projetos de ensino (BURGSTAHLER, 2009). altas habilidades ou superdotação. (BRASIL, 2013b).
Aplicando o conceito de educação inclusiva ao educando, A estrutura proposta pelo desenho universal pressupõe a
público-alvo da educação especial, temos uma relação bilateral diversidade e o trabalho com identidade e diferença em sua
de transformação do ambiente educacional e do referido constituição. Metodologia, processo de comunicação e
educando, em que o primeiro gera, mobiliza e direciona as material instrucional pensado sobre a estrutura referida
condições para a participação efetiva do segundo. Esse, por sua precisam ser aplicados para toda a sala de aula, devendo ser
vez, age ativamente sobre tal transformação, modificando e contemplado na metodologia, processo de comunicação e
sendo modificado por ela. material instrucional, elementos próprios dos princípios da
diversidade, identidade e diferença, e não da homogeneidade
Por outro lado, e dos espaços homogeneizantes, esses últimos produtos de
[...] a educação especial é uma modalidade de ensino que construção social.
perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o São exemplos de materiais instrucionais pensados sob a
atendimento educacional especializado, disponibiliza os estrutura do desenho universal, as maquetes e experimentos
recursos e serviços e orienta quanto a sua utilização no multissensoriais para o ensino de física de estudantes com e
processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do sem deficiência visual contidas em Camargo (2016), uma vez
ensino regular. (BRASIL, 2008, p. 7). que esses recursos didático-pedagógicos valorizam a
A lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013, que altera a Lei nº diversidade sensorial e discursiva nos processos de ensino,
9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes favorecendo a participação efetiva de todos em sala de aula.
e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação Hoje, mais que a construção de políticas públicas, como o
dos profissionais da educação e dar outras providências estatuto da Pessoa com Deficiência (BRASIL, 2015), a
(BRASIL, 2013a), determina em seu Art. 4, Incisos I e III: convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência
Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública (BRASIL, 2009), a Política Nacional de Educação Especial na
será efetivado mediante a garantia de: Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), etc., é o
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) momento de praticá-las, para a promoção de participação
aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte efetiva de todos os seres humanos, principalmente dos
forma: pré-escola; ensino fundamental; ensino médio; [...] excluídos dos mais variados espaços sociais.
II - atendimento educacional especializado gratuito aos Como afirmara Vigotski (1997, p. 77, tradução nossa), "um
educandos com deficiência, transtornos globais do ponto do sistema Braille fez mais pelo cego que mil obras de
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, caridade" E por quê? Na opinião de Vigotski, é pelo fato de
transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, Braille ter incluído tais pessoas no mundo da leitura e da
preferencialmente na rede regular de ensino. (BRASIL, 2013a). escrita. A partir de 1825, quando o jovem francês Louis Braille
Participam dessa modalidade de ensino os estudantes (1809-1852) terminou o seu sistema de célula com seis
público-alvo da educação especial, ou seja, com deficiência pontos, os cegos puderam efetivamente ter acesso aos estudos,
(visual, auditiva, física e intelectual) (BRASIL, 2015), com para que fosse possível, atualmente, consolidar esse acesso e
transtorno global de desenvolvimento e com altas habilidades ainda possibilitar o ingresso e a permanência no trabalho.
ou superdotação. Ela deve ser oferecida, preferencialmente, na Isso mostra a importância da educação, em particular, da
rede regular de ensino e de forma complementar e/ou educação em física, química e biologia, para todas as pessoas,
suplementar (BRASIL, 2008). O termo "preferencialmente" como fundamento das conquistas sociais para a promoção de
não diz respeito à educação regular e sim ao atendimento cidadania de um povo, elemento este indissociável da
educacional especializado. heterogeneidade que o caracteriza. A atual crise política que
Sobre o atendimento educacional especializado presente assola o Brasil traz um discurso contraditório e, às vezes,
no inciso III supracitado, em perfeito acordo com o artigo 208 confuso sobre "qualidade de ensino", que na opinião do autor

Conhecimentos Específicos 8
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do presente editorial, objetiva retirar dos educandos instrumento importante para o preces motivacional dos
brasileiros, público ou não público da educação especial, os gestores operacionais.
instrumentos psicológicos de mediação (VIGOTSKI, 2001) que • Um instrumento de avaliação e controle: considerando
lhes possibilitam interpretar o mundo não natural e que define também os aspectos de motivação e de autorização, é lógica a
conceitos como normalidade e deficiência. É preciso, a todo utilização do orçamento como instrumento de avaliação de
custo, desconstruir a "qualidade de ensino" imposta no Brasil desempenho dos gestores e controle dos objetivos setoriais e
(2016). corporativos.
• Uma fonte de informação para tomada de decisão:
contendo os dados previstos e esperados, bem como os
15. Criação, gestão e objetivos setoriais e corporativos, é uma ferramenta
planejamento de projetos e fundamental para decisões diárias sobre os eventos
econômicos de responsabilidade dos gestores operacionais.
produtos artísticos culturais
Os objetivos da corporação, genéricos, direcionam os
objetivos das diversas áreas ou funções, que são os objetivos
Caro(a) estudante, ressaltamos que estes tópicos já específicos. Dessa maneira, o processo estabelecer objetivos
foram objetos de estudo Políticas Culturais. deve ser um processo interativo, que coordena os objetivos
gerais com os objetivos específicos. Dentro dessa linha de
atuação, o processo orçamentário deve permitir a participação
16. Planilha de orçamentos, de toda a estrutura hierárquica com responsabilidade
orçamentária, não devendo ser um processo ditatorial com
ferramenta de sistemas e uma única direção, de cima para baixo. Não há dúvida de que,
gestão de projetos e convênios em última instância e em caso de dúvidas, prevalecerão os
critérios da corporação.
Todos os envolvidos no processo orçamentário devem ser
Uma definição que pode ser dada é que o orçamento é "a ouvidos. Esse envolvimento permitirá uma gestão
expressão quantitativa de um plano de ação e ajuda à participativa, consistente com a estrutura de delegação de
coordenação e implementação de um plano".' responsabilidades, e permitirá o comprometimento de todos
Orçar significa processar todos os dados constantes do os gestores dos setores específicos. Só assim será possível a
sistema de informação contábil de hoje, introduzindo os dados gestão adequada da etapa final do plano orçamentário, que é o
previstos para o próximo exercício, considerando as controle orçamentário, com a análise do desempenho
alterações já definidas para o próximo exercício. Portanto, o individual dos gestores. Diante dessas colocações, podemos
orçamento não deixa de ser uma pura repetição dos relatórios elencar alguns princípios gerais para a estruturação do plano
gerenciais atuais, só que com os dados previstos. Não há orçamentário:
basicamente nada de especial para se fazer o orçamento; basta • Orientação para objetivos: o orçamento deve direcionar-
apenas colocar no sistema de informação contábil, no módulo se para que os objetivos da empresa e dos setores específicos
orçamentário, os dados que deverão acontecer no futuro, sejam atingidos eficiente e eficazmente.
dentro da melhor visão de que a empresa tem no momento de • Envolvimento dos gestores: todos os gestores
sua elaboração. responsáveis por um orçamento específico devem participar
Contudo, convém lembrar que o orçamento tem outros ativamente dos processos de planejamento e controle, para
objetivos - e estes devem ser buscados dentro de seu conjunto obtermos o seu comprometimento.
-, sendo ferramenta ideal para o processo de congruência de • Comunicação integral: compatibilização entre o sistema
diversos objetivos corporativos e setoriais. de informações, o processo de tomada de decisões e a
estrutura organizacional.
Objetivos • Expectativas realísticas: para que o sistema seja
O orçamento pode e deve reunir diversos objetivos motivador, deve apresentar objetivos gerais e específicos que
empresariais, na busca da expressão do plano e controle de sejam desafiadores, dentro da melhor visão da empresa, mas
resultados. Portanto, convém ressaltar que - plano passíveis de serem cumpridos.
orçamentário não é apenas prever o que vai acontecer e seu • Aplicação flexível: o sistema orçamentário não é um
posterior controle. Ponto fundamental é o processo de instrumento de dominação. O valor do sistema está no
estabelecer e coordenar objetivos para todas as áreas da processo de produzir os planos, e não nos planos em si. Assim,
empresa, de forma tal que todos trabalhem sinergicamente em o sistema deve permitir correções, ajustes, revisões de valores
busca dos planos de lucros. e planos.
Exemplos de propósitos gerais que devem estar contidos • Reconhecimento dos esforços individuais e de grupos: o
no plano orçamentário podem ser: sistema orçamentário é um dos principais instrumentos de
• Orçamento como sistema de autorização: o orçamento avaliação de desempenho etc.
aprovado não deixa de ser um meio de liberação de recursos
para todos os setores da em presa, minimizando o processo de Críticas e Validade do Orçamento
controle. Mais recentemente, temos visto críticas ao processo
• Um meio para projeções e planejamento: o conjunto das orçamentário. As críticas mais contundentes têm partido de
peças orçamentárias será utilizado para o processo de uma instituição criada exatamente para isso, denominada de
projeções e planejamento, permitindo, inclusive, estudos para Beyond Budgeting Round Table (BBRT), um consórcio britânico
períodos posteriores. de 20 grandes empresas que investiga a vida empresarial sem
• Um canal de comunicação e coordenação: incorporando o plano orçamentário.
os dados do cenário aprovado e das premissas orçamentárias, Elas centram-se basicamente nos seguintes pontos:
é instrumento para comunicar e coordenar os objetivos • ferramental ineficiente para o processo de gestão e
corporativos e setoriais. frustração com os resultados obtidos no processo;
• Um instrumento de motivação: dentro da linha de que o • o orçamento engessa em demasia a empresa (o plano tem
orçamento é um sistema de autorização, ele permite um grau que ser seguido a qualquer custol), impedindo a criatividade e
de liberdade de atuação dentro das linhas aprovadas, sendo o empreendimento dos gestores setoriais, provocando

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APOSTILAS OPÇÃO

conformismo, medo e/ou insatisfação; tendência dos eventos passados, como se fossem replicados no
• impossibilidade de utilização deste ferramental em futuro. Na execução do orçamento de tendências sempre
situações de crônica variação de preços; existirão eventos passados de conhecimento da empresa, que
• extrema dificuldade de obtenção dos dados quantitativos não se repetirão, e que, portanto, não serão reproduzidos no
para as previsões e volatilidade do futuro; orçamento. Da mesma forma, existirão eventos futuros que
• altamente consumidor de tempo e recursos e criador em não terão um passado onde se possam basear novas
excesso de rotinas contábeis; estimativas, que deverão ser orçados de outra maneira.
• falta de cultura orçamentária;
• utilização de tecnologias de informação inadequadas etc. Conceito de Orçamento Base Zero: Esta proposta
conceitual de elaboração de orçamento apareceu em
Apesar dessas pesadas críticas, não há dúvida de que o contraposição ao orçamento de tendências. A filosofia do
plano orçamentário é vital para a atividade de controlado ria e orçamento base zero está em romper com o passado. Consiste
para a gestão econômica do sistema empresa. As críticas basicamente em dizer que o orçamento nunca deve partir da
devem ser levadas para o aspecto positivo e para a melhoria observação dos dados anteriores, pois eles podem conter
do processo orçamentário. Há uma série positiva de vantagens ineficiências que o orçamento de tendências acaba por
e utilizações do processo orçamentário que devem ser perpetuar.
exploradas para viabilização desse instrumento. A proposta do orçamento base zero está em rediscutir toda
Entendemos que esses pontos levantados são importantes a empresa, toda vez que se elabora o orçamento. Está em
para os responsáveis pela conduta do sistema e do processo questionar cada gasto, cada estrutura, buscando verificar a
orçamentário, mas não invalidam, de maneira alguma, este real necessidade dele. Nessa linha de pensamento, cada
ferramental de controladoria. A teoria contábil, a teoria da atividade da empresa será rediscutida, não em função de
decisão, os métodos quantitativos já desenvolvidos, a valores maiores ou menores, mas na razão ou não de sua
tecnologia existente etc. desde há muito têm dado as soluções existência. Concluída a definição da existência da atividade,
para a maioria dessas questões. será feito um estudo, partindo do zero, de quanto deveria ser
O plano orçamentário, como qualquer outro ferramental o gasto para sua estruturação e manutenção daquela atividade,
de controladoria, é um exercício de aprendizado permanente e quais seriam suas metas e objetivos.
e só pode ser desenvolvido e atingir um grau de utilização Dessa forma, podemos dizer que o orçamento base zero
eficaz se praticado. Os problemas ou as dificuldades que está intimamente ligado ao conceito de custo padrão ideal. Em
surgem do processo devem ser analisados e, em seguida, nosso entendimento, o conceito de orçamento base zero é
encontradas as soluções, nem que não sejam as ideais para o precursor do conceito mais atual de reengenharia, ou seja,
momento. rediscutir a empresa a partir de seus processos e da existência
O orçamento, que contém a mensuração econômica dos necessária deles.
planos operacionais da empresa, sempre é necessário para o
processo de planejamento, execução e controle. As frustrações Tipo de Orçamento: Estático
que acontecem são frutos de planos orçamentários não É o orçamento mais comum. Elaboram-se todas as peças
desenvolvidos corretamente, desde a falta de objetivos claros, orçamentárias a partir da fixação de determinado volume de
de uma clara definição de responsabilidades, da competência produção ou vendas. Os volumes, por sua vez, também
para obtenção dos dados e dos procedimentos de mensuração determinarão o volume das demais atividades e setores da
etc. empresa. O orçamento é considerado estático quando a
Podemos, com isso, resumir as maiores vantagens do administração do sistema não permite nenhuma alteração nas
orçamento: peças orçamentárias.
• a orçamentação compele os administradores a pensar à Caso a empresa, durante o período, considere que tais
frente pela formalização de suas responsabilidades para volumes não serão atingidos, parcela significativa das peças
planejamento; orçamentárias tende a perder valor para o processo de
• a orçamentação fornece expectativas definidas que acompanhamento, controle e análise das variações, bem. Como
representam a melhor estrutura para julgamento de base para projeções e simulações com os dados orçamentários.
desempenho subsequente; Apesar de conter um elemento crítico, que é sua estaticidade,
• a orçamentação ajuda os administradores na e, portanto, sem flexibilidade, esse tipo de orçamento é muito
coordenação de seus esforços, de tal forma que os objetivos da utilizado, principalmente para grandes corporações,
organização como um todo sejam confrontados com os notadamente as que operam em vários países. O motivo básico
objetivos de suas partes. dessa utilização é a grande necessidade de consolidação dos
orçamentos de todas as suas unidades dispersas
Conceito e Tipos de Orçamento geograficamente, num orçamento mestre e único da
Não existe uma única maneira de estruturar o orçamento, corporação.
e consequentemente, de como fazer o processo de avaliação e O orçamento consolidado é vital para que a organização
controle. Apresentamos a seguir, resumidamente, os tenha uma visão geral de seus negócios e dos resultados
principais conceitos existentes, que são importantes, pois dão econômicos esperados para o próximo ano, para aprovação de
fundamento para o processo de execução do plano sua diretoria máxima. Nesse sentido, o orçamento estático é
orçamentário. importante, já que eventuais alterações de volume em alguma
de suas divisões não necessariamente impactarão de forma
Conceito de Orçamento de tendências: Uma prática significativa no total dos orçamentos.
orçamentária muito comum tem sido a de utilizar dados Obviamente, quando os impactos de alterações de volumes
passados para projeções de situações futuras. Tal prática tem em todas as unidades da corporação forem significativos, não
dado bons resultados, pois, de modo geral, os eventos há por que manter um orçamento estático, que não tenha
passados são decorrentes de estruturas organizacionais já validade para o processo decisorial.
existentes, e, por conseguinte, há forte tendência de tais
eventos se reproduzirem, considerando, contudo, a introdução Tipo de Orçamento: Flexível
dos novos elementos componentes do planejamento Para solucionar o problema do orçamento estático, surgiu
operacional da empresa. o conceito de orçamento flexível. Nesse caso, em vez de um
Seria ingênuo imaginar uma simples reprodução em único número determinado de volume de produção ou vendas,

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ou volume de atividade setorial, a empresa admite uma faixa preços em função de inflação. É importante ressaltar que nem
de nível de atividades, onde tendencialmente se situarão tais todas as empresas aceitam pacificamente este conceito, já que,
volumes de produção ou vendas. Basicamente, o "Orçamento para muitas empresas, as alterações de preços são de
Flexível é um conjunto de orçamentos que podem ser responsabilidade dos gestores setoriais, e elas devem fazer
ajustados a qualquer nível de atividades". parte das variações orçamentárias e justificadas, mesmo que
A base para a elaboração do orçamento flexível é a perfeita ocasionadas por fenômeno inflacionário.
distinção entre custos fixos e variáveis. Os custos variáveis Nosso entendimento é que, se as alterações de preços
seguirão o volume de atividade, enquanto os custos fixos terão forem decorrentes de inflação e, principalmente, de eventos
o tratamento tradicional. Apresentamos a seguir um modelo pactuados contratualmente (cláusulas de reajustes baseadas
de orçamento flexível, de forma sintética, adaptado de em índices de inflação futura) ou impostas pelo governo
Horngren, Sundem e Stratton." através de suas taxas e preços administrados, é aceitável a
adoção desse conceito de orçamento, já que não há uma
possibilidade clara de controlabilidade pelo gestor do
orçamento.
Outrossim, a correção automática de orçamentos por
outras variações de preços, que não decorrentes de cláusulas
de reajustes ou preços impostos, onde cabe atuação e,
portanto, controlabilidade do gestor, não deve ser incorporada
automaticamente ao orçamento.

Orçamento Original {+/-} Variação de Preços =


Orçamento Corrigido
{Preços Originais} por Inflação (Preços
Fonte: https://pt.scribd.com/document/249862495/Apostilas-Estacio- Corrigidos)
Orcamento-Empresarial
Tipo de Orçamento: Budget e Forecast
O enfoque do orçamento flexível é possível, então, com os A terminologia inglesa budget é a mais utilizada entre as
eventos que têm a possibilidade de uma mensuração unitária, empresas transnacionais e refere-se basicamente ao
que correspondem aos dados variáveis. Associando-se aos orçamento dentro do conceito estático. A terminologia forecast
volumes possíveis, podem-se fazer quantos orçamentos é utilizada para o conceito de projeções. É muito comum, nas
flexíveis forem necessários ou desejados. Os gastos fixos empresas transnacionais, chamar também de forecast a soma
continuam sendo apresentados dentro do enfoque tradicional dos dados reais mensais já acontecidos no período, mais os
do orçamento, que é o orçamento estático, que corresponde à dados restantes do orçamento a cumprir.
segunda parte do quadro. Não deixa de ser também um conceito de projeção para os
Outro enfoque do orçamento flexível é não assumir dados do período todo.
nenhuma faixa de quantidades ou nível de atividade esperado. Nesse conceito, as variações entre o orçamento e o real, dos
Faz-se apenas o orçamento dos dados unitários, e as meses já acontecidos, são desprezadas, prevalecendo os dados
quantidades a serem assumidas seriam as realmente reais, que são, então, somados aos meses restantes para
acontecidas, à medida que acontecem. Entendemos que, cumprir o período orçamentário, funcionando esses dados
apesar de ser um conceito com alguma aplicação, foge ao como a melhor projeção para todo o período em questão.
fundamento do orçamento que é prever o que vai acontecer.
Esse conceito dificulta, em muito, a continuidade do Tipo de Orçamento: Rolling Budgeting e Rolling
processo orçamentário, que são as projeções dos Forecasting
demonstrativos contábeis. Esses termos podem ser traduzidos como orçamento
contínuo e projeção contínua. São conceitos recentes sobre o
Tipo de Orçamento: Ajustado orçamento, sempre com o objetivo de tomar este instrumento
O conceito de orçamento ajustado é derivado do de planejamento e controle flexível e retirar dele o caráter
orçamento flexível. O orçamento ajustado é um segundo estático. Fundamentalmente, sob este conceito, a cada período
orçamento, que passa a vigorar quando se modifica o volume em que o orçamento ou projeção é realizado, orça-se ou
ou nível de atividade inicialmente planejado, para outro nível projeta-se mais um período futuro, sempre mantendo em
de volume ou de atividade, decorrente de um ajuste de plano. orçamento ou projeção uma quantidade igual de períodos.
Em outras palavras, o orçamento ajustado é o ajuste Por exemplo, vamos supor que o orçamento tenha sido
efetuado nos volumes planejados dentro do conceito de feito para 12 meses, para os meses de janeiro de Xl até
orçamento estático ou inicial. dezembro de Xl. Após a realização do orçamento de janeiro do
É óbvio que se poderão fazer quantos orçamentos ano, orça-se já o orçamento de janeiro de X2. Assim, o novo
ajustados sejam necessários. Em suma, toda vez que houver período orçamentário vai de fevereiro de Xl a janeiro de X2.
necessidade de ajustar os volumes planejados, para outro nível Quando se realizar o orçamento de fevereiro de Xl, orça-se o
de volume, refaz-se o orçamento com as novas quantidades, e período de fevereiro de X2, ficando o período dos próximos
esse novo orçamento é chamado de orçamento ajustado, doze meses, de março de Xl a fevereiro de X2, coberto por um
contrapondo-se ao primeiro orçamento, que seria orçamento.
denominado de orçamento original. É muito interessante este conceito, uma vez que permite à
empresa sempre descortinar um horizonte de 12 meses (ou
Orçamento Original (+/-) Ajustes de Volumes = mais, se for do plano orçamentário da empresa) de operações
Orçamento Ajustado futuras. As desvantagens são de ordem operacional, uma vez
(Volumes Planejados) (Volumes que fazer orçamentos mensais sempre exige o ativamento de
Ajustados) quase todo o processo orçamentário, o que toma tempo de
toda a organização.
Tipo de Orçamento: Corrigido Entendemos que a utilização do conceito de rolling
O conceito de orçamento corrigido é o ajuste do orçamento forecasting é mais interessante, aplicável apenas às
original, de forma automática, sempre que houver alteração de demonstrações financeiras projetadas, da empresa ou das

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APOSTILAS OPÇÃO

unidades de negócios. Estas, por conterem apenas números Convênios


sintetizados, podem ser trabalhadas continuamente pela
controladoria, não afetando significativamente os demais Os convênios podem ser celebrados por entidades públicas
gestores da organização. de qualquer espécie, até mesmo com organizações
particulares, visando atender o interesse comum dos
Exemplo simples de uma Planilha de Orçamento: particulares. Difere-se do contrato, pois neste as partes têm
interesses opostos, enquanto que nos convênios o interesse
dos partícipes é comum e coincidente.
Nos convênios não falamos em partes, mas sim em
partícipes que demonstrem a mesma pretensão.
Em âmbito federal, desde que respeitando a lei 8666, os
convênios são regulamentados pela Portaria Interministerial
CGU/MF/MP 507, de 24 de novembro de 2011, a qual exige
para a formalização dos ajustes, a identificação de carências
locais e objeto a ser conveniado, entre outros.
Os gastos dos convênios seus gastos são efetuados
obedecendo a Lei 8666 e as instruções normativas da
administração pública federal.
Fonte: < https://www.tecmundo.com.br/excel/75266-planilha-gratis-ajuda-
voce-organizar-festas-eventos.htm>
Prestação de Contas5

Gestão de Projetos e Convênios Todo órgão ou entidade que receber recursos públicos
federais por meio de convênios, contratos de repasse ou
Convênios e consórcios administrativos surgem no direito termos de parceria, estará sujeito a prestar contas da sua boa
administrativo, fundamentalmente, como instrumentos e regular aplicação no prazo máximo de sessenta dias contados
jurídicos que permitem a cooperação de diferentes pessoas de do término da vigência do instrumento firmado, ou do último
direito público, ou entre estas e particulares. Estes pagamento efetuado, quando este ocorrer em data anterior
instrumentos de cooperação possibilitam a conjugação de àquela do encerramento da vigência, ou conforme estipulado
esforços de diversos entes naquilo que isoladamente não são no instrumento de celebração.
capazes de realizar. A prestação de contas será composta, além dos dados
Os convênios em primeiro plano, e os consórcios em menor apresentados pelo convenente ou contratado no Siconv, dos
grau, são os instrumentos jurídicos que permitem com que seguintes documentos:
União, Estados e Municípios realizem esforços conjuntos na - notas e comprovantes fiscais, quanto aos seguintes
realização do interesse público. Tanto nas áreas que a aspectos: data do documento, compatibilidade entre o emissor
Constituição indicou a competência concorrente de todos ou e os pagamentos registrados no SICONV, valor, aposição de
de dois dos entes públicos, quanto naquelas em que, embora a dados do convenente, programa e número do convênio;
norma de competência indique um ente como responsável, a - relatório de prestação de contas aprovado e registrado no
realização material da finalidade pública diz com o interesse SICONV pelo convenente;
geral e, portanto, também cabe aos demais cooperarem no que - relatório de cumprimento do objeto;
for possível. - declaração de realização dos objetivos a que se propunha
No âmbito da cooperação interna da Administração, o convênio, o contrato de repasse ou o termo de parceria;
propugna-se o desenvolvimento da autonomia gerencial, - relação de bens adquiridos, produzidos ou construídos,
inclusive de gestão financeira e orçamentária, a partir da ou relação de treinados ou capacitados, ou dos serviços
celebração de contratos de gestão, estabelecendo deveres e prestados, conforme o caso;
responsabilidades do órgão autônomo. Em relação à gestão - comprovante de recolhimento do saldo de recursos,
associada entre vários órgãos ou entidades da Administração quando houver; e
mesmo, sua operação se observa através de consórcios - termo de compromisso por meio do qual o convenente ou
públicos e convênios de cooperação. contratado se obriga a manter os documentos relacionados ao
Assim, nota-se a atualidade dos convênios administrativos convênio, ao contrato de repasse ou ao termo de parceria pelo
e consórcios públicos no âmbito da atuação administrativa, prazo de dez anos, contado da data em que foi aprovada a
como instrumentos de cooperação entre os diversos órgãos da prestação de contas.
Administração e destes com os particulares, com vista a Quando executar convênios, guarde todos os documentos
realização do interesse público. em uma pasta individual. Ao término da vigência, os
documentos serão utilizados para elaboração da prestação de
A Constituição Federal consagra amparo ao convênio e contas.
consórcios públicos. Vejamos: A prestação de contas de convênios, contratos de repasse
e termos de parceria deve ser apresentada exclusivamente por
Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os meio do Sincov. A apresentação apenas por meio físico poderá
Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e propiciar a abertura de Tomada de Contas Especial por
os convênios de cooperação entre os entes federados, omissão no dever de prestar contas, salvo fato devidamente
autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como justificado pelo convenente e aceito pelo concedente (Diretriz
a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e 11/2012 da Comissão Gestora do Sincov).
bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos. Outras impropriedades detectadas podem resultar em
rejeição das contas e instauração de Tomada de Contas
Especial, a ser julgada pelo Tribunal de Contas da União.

http://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A8182A24D6
E86A4014D72AC819253DD&inline=1

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APOSTILAS OPÇÃO

O concedente deverá comunicar ao Ministério Público dívida pública, quando a utilização dos mesmos verificar-se em
competente quando detectados indícios de crime ou prazos menores que um mês.
improbidade administrativa. § 5º As receitas financeiras auferidas na forma do parágrafo
Mantenha organizados nos arquivos da Prefeitura os anterior serão obrigatoriamente computadas a crédito do
documentos relativos a todos os convênios ou instrumentos convênio e aplicadas, exclusivamente, no objeto de sua
similares que executar, inclusive cópias dos extratos das finalidade, devendo constar de demonstrativo específico que
contas específicas, dos cheques emitidos, das prestações de integrará as prestações de contas do ajuste.
contas apresentadas e respectivos comprovantes de entrega. § 6º Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou extinção do
A prestação de contas à sociedade convênio, acordo ou ajuste, os saldos financeiros remanescentes,
Lembre-se que a correta e tempestiva inserção de inclusive os provenientes das receitas obtidas das aplicações
informações no Portal de Convênios do Governo Federal financeiras realizadas, serão devolvidos à entidade ou órgão
contribui para a transparência e para o controle social de seus repassador dos recursos, no prazo improrrogável de 30 (trinta)
atos de gestão na execução dos convênios e contratos de dias do evento, sob pena da imediata instauração de tomada de
repasse pactuados. É a sua prestação de contas para a contas especial do responsável, providenciada pela autoridade
sociedade. competente do órgão ou entidade titular dos recursos.

Os convênios e a Lei de Licitação (8666/1993):

Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, 17. Planos de cultura
aos convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos (estadual e nacional)
congêneres celebrados por órgãos e entidades da
Administração.
§ 1º A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos órgãos
ou entidades da Administração Pública depende de prévia Plano Nacional de Cultura (PNC)
aprovação de competente plano de trabalho proposto pela
organização interessada, o qual deverá conter, no mínimo, as O Plano Nacional de Cultura (PNC), instituído pela Lei
seguintes informações: 12.343, de 2 de dezembro de 2010, tem por finalidade o
I - identificação do objeto a ser executado; planejamento e implementação de políticas públicas de longo
II - metas a serem atingidas; prazo (até 2020) voltadas à proteção e promoção da
III - etapas ou fases de execução; diversidade cultural brasileira. Diversidade que se expressa
IV - plano de aplicação dos recursos financeiros; em práticas, serviços e bens artísticos e culturais
V - cronograma de desembolso; determinantes para o exercício da cidadania, a expressão
VI - previsão de início e fim da execução do objeto, bem assim simbólica e o desenvolvimento socioeconômico do País6.
da conclusão das etapas ou fases programadas; Os objetivos do PNC são o fortalecimento institucional e
VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de engenharia, definição de políticas públicas que assegurem o direito
comprovação de que os recursos próprios para complementar a constitucional à cultura; a proteção e promoção do patrimônio
execução do objeto estão devidamente assegurados, salvo se o e da diversidade étnica, artística e cultural; a ampliação do
custo total do empreendimento recair sobre a entidade ou órgão acesso à produção e fruição da cultura em todo o território; a
descentralizador. inserção da cultura em modelos sustentáveis de
§ 2º Assinado o convênio, a entidade ou órgão repassador desenvolvimento socioeconômico e o estabelecimento de um
dará ciência do mesmo à Assembléia Legislativa ou à Câmara sistema público e participativo de gestão, acompanhamento e
Municipal respectiva. avaliação das políticas culturais.
§ 3º As parcelas do convênio serão liberadas em estrita A Lei que criou o PNC prevê metas para a área da cultura a
conformidade com o plano de aplicação aprovado, exceto nos serem atingidas até 2020. As metas do Plano, em número de
casos a seguir, em que as mesmas ficarão retidas até o 53, foram estabelecidas por meio da ampla participação da
saneamento das impropriedades ocorrentes: sociedade e gestores públicos. Vale destacar que o sucesso do
I - quando não tiver havido comprovação da boa e regular PNC só ocorrerá com o envolvimento de todos os entes
aplicação da parcela anteriormente recebida, na forma da federados, por meio do Sistema Nacional de Cultura.
legislação aplicável, inclusive mediante procedimentos de
fiscalização local, realizados periodicamente pela entidade ou Monitoramento
órgão descentralizador dos recursos ou pelo órgão competente O processo de acompanhamento da execução das 53 metas
do sistema de controle interno da Administração Pública; é realizado constantemente pelo Ministério da Cultura e
II - quando verificado desvio de finalidade na aplicação dos publicado na plataforma virtual (pnc.culturadigital.br), o que
recursos, atrasos não justificados no cumprimento das etapas ou possibilita à sociedade acompanhar a situação atualizada de
fases programadas, práticas atentatórias aos princípios cada meta e o que está sendo feito para seu alcance. É possível
fundamentais de Administração Pública nas contratações e personalizar a forma de consulta das metas e definir quais
demais atos praticados na execução do convênio, ou o metas deseja acompanhar e receber, por email, informações
inadimplemento do executor com relação a outras cláusulas sobre as atualizações.
conveniais básicas; Na página (pnc.culturadigital.br) também estão
III - quando o executor deixar de adotar as medidas disponíveis informações sobre o histórico do Plano e suas
saneadoras apontadas pelo partícipe repassador dos recursos metas, além de trazer as perguntas mais frequentes e uma
ou por integrantes do respectivo sistema de controle interno. biblioteca onde constam documentos como os Plano Setoriais
§ 4º Os saldos de convênio, enquanto não utilizados, serão das várias áreas da cultura e os Planos de Cultura de estados e
obrigatoriamente aplicados em cadernetas de poupança de municípios.
instituição financeira oficial se a previsão de seu uso for igual ou
superior a um mês, ou em fundo de aplicação financeira de curto * Candidato(a), o Plano Estadual de Cultura do Ceará
prazo ou operação de mercado aberto lastreada em títulos da encontra-se na matéria Política Cultural

6 http://www.cultura.gov.br/plano-nacional-de-cultura-pnc-

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Lista de exemplos de projetos:


18. Elaboração, A construção de uma casa é um projeto, o desenvolvimento
de um software, a organização de um evento, a construção de
acompanhamento e prestação um móvel sob encomenda, a implantação de uma nova linha de
de contas de projetos produção na fábrica, a realização de uma viagem, escrever um
culturais, convênios, contratos livro, criar um documento, executar uma peça de teatro...
e termos de parceria Repare na lista acima e confirme as duas características
mencionadas anteriormente, comuns a todos os projetos: eles
têm um fim bem definido, e são, de alguma forma, sempre únicos.
* Candidato(a), toda a fase de elaboração, Portanto, vamos evitar a confusão feita por muitos que limitam
acompanhamento e prestação de contas de projetos e a definição de projeto como envolvendo um novo negócio, pois
convênios foram trabalhados em tópicos anteriores. O projetos podem ser de inúmeros tipos e tamanhos diferentes,
edital ocasionalmente tem repetido alguns tópicos. e podem envolver áreas de atuação diferentes, eventualmente
Trabalharemos aqui apenas os tópicos que ainda não não tendo nada a ver com a criação de um novo negócio.
foram vistos. Agora, com alguns esclarecimentos já feitos, passemos à
definição de Gestão de Projetos. Leia esta segunda parte do
Gestão de Projetos texto sempre tendo em mente a definição de projeto
apresentada agora, eventualmente se remetendo aos
Antes de abordarmos o tema Gestão/Gerenciamento”, exemplos dados, para compreender realmente a característica
vamos discutir um pouco a própria definição de “projeto”. genérica que envolve a gestão de projetos, ou seja, que faz com
Muitas vezes comentamos que estamos desenvolvendo um que o tema “gestão de projetos” possa ser discutido de forma
projeto, ou que temos ideias para fazer um projeto, mas vamos independente da área de atuação.
observar alguns detalhes, seguindo o conceito utilizado pelo
PMI – Project Management Institute, que é um dos institutos Projeto é um empreendimento não repetitivo,
mais conceituados no mundo no assunto. caracterizado por uma sequência clara e lógica de
eventos, com início, meio e fim, que se destina a atingir um
Antes de mais nada, o que é o PMI? objetivo claro e definido, sendo conduzido por pessoas
dentro de parâmetros pré-definidos de tempo, custo,
PMI - Project Management Institute | (www.pmi.org) – recursos envolvidos e qualidade.
Trata-se de uma associação, sem fins lucrativos, de
profissionais de gerência de projetos. É um fórum de É um conjunto de ações, executado de maneira coordenada
excelência na área de gerência de projetos, promovendo seu por uma organização transitória, ao qual são alocados os
crescimento, divulgação, educação e valor nas organizações e insumos necessários para, em um dado prazo, alcançar o
praticantes. Fundado por Jim Snyder em 1969 com cinco objetivo determinado. Projetos são sistemas ou sequencias de
voluntários nos Estados Unidos. Hoje tem mais de 140.000 atividades finitas, com começo, meio e fim bem definidos. Uma
membros. Tornou-se organização de maior credibilidade atividade repetitiva, ou que tem duração continua não é um
mundial na área de gerência de projetos. projeto. É uma atividade funcional ou programa. No entanto, a
duração limitada é uma condição ideal, que nem sempre
Voltando ao entendimento de projetos: Um projeto é uma ocorre nem pode ser atendida.
iniciativa que é única de alguma forma, seja no produto que Na prática, alguns projetos não tem prazo exato para
gera, seja no cliente do projeto, na localização, nas pessoas terminar, arrastam-se indefinidamente, terminam muito
envolvidas, ou em outro fator. Isto diferencia projetos de tempo depois da data limite, ou começam sem definição clara
operações regulares de uma empresa – a produção em série de das datas de início e de conclusão. Às vezes, um projeto precisa
margarinas é uma operação da empresa, mas por outro lado, a ser suspenso ou prorrogado, por causa de acidentes, eventos
criação de um móvel sob encomenda é um projeto. imprevistos, falta de recursos ou porque a estimativa do prazo
Em segundo lugar, um projeto tem um fim bem definido, foi incorreta. Essas dificuldades podem ser contornadas em
ou seja, tem um objetivo claro, que quando atingido, alguns casos. No entanto, os prazos são inflexíveis em outros
caracteriza o final do projeto. Isto faz com que o casos. Eleições e competições oferecem o melhor exemplo. O
desenvolvimento de um novo negócio, por exemplo, possa não que aconteceria se não fossem realizadas no dia determinado?
ser considerado um projeto. Apesar das dificuldades, a diminuição da marem de erro na
Vamos nos ater a este segundo ponto um pouco mais. previsão dos tempos e a conclusão dentro do prazo devem ser
Imagine que você tenha uma ideia para um novo produto a ser perseguidas como ideais da administração de projetos.
lançado no mercado, e que você queira pleitear recursos para Um projeto é um empreendimento temporário, com data
financiar o desenvolvimento deste negócio. Para isso, você de início e fim, cujo objetivo é criar ou aperfeiçoar um produto
provavelmente irá desenvolver um plano de negócios, que ou serviço. Gerenciar um projeto é atuar de forma a atingir os
conterá informações sobre o produto em si, sobre as forças do objetivos propostos dentro de parâmetros de qualidade
mercado que agirão sobre este negócio (clientes, concorrentes, determinados, obedecendo a um planejamento prévio de
fornecedores, etc...), irá fazer uma análise de Oportunidades e prazos (cronograma) e custos (orçamento). Ou seja, dadas as
Ameaças, Pontos fortes e pontos fracos, apresentará planilhas metas e as restrições de recursos e tempo, cabe ao gerente de
financeiras, montará um plano de Marketing, irá mostrar o projetos garantir que ele atinja aos objetivos propostos.
diferencial do seu produto e seu negócio, etc. Muitas empresas estão adotando a estrutura de projetos no
É possível dizer que a criação deste documento completo é seu dia a dia. Desde a concepção de um novo software até a
um projeto, mas o conteúdo do documento em si não, uma vez implantação dos procedimentos de atendimento a clientes,
que se trata de um negócio novo, e – salvo exceções – negócios desde a construção de uma ponte até a revisão dos processos
são feitos para durar indefinidamente, não para terem um final de venda com vistas a aumentar a taxa de fechamento de
em um determinado momento. negócios, muitos empreendimentos no seio das organizações
se enquadram na classe de projetos.

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Vamos entender agora outros conceitos muito - A administração de projetos é uma técnica (ou conjunto de
utilizados: técnicas que se aplica a determinadas situações).
- A aplicação das técnicas da administração de projetos
PMP depende tanto da natureza intrínseca da situação quanto de
Significa: Project Management Professional – Refere-se ao escolha consciente.
Certificado da competência do indivíduo como Gerente de - A tarefa básica da administração de projetos é assegurar a
Projetos, fornecido pelo PMI. Diferencia o profissional do orientação do esforço para um resultado. Controlar custos e
praticante de gerência de projetos. prazos é condição básica para realizar o resultado.

Critérios para Certificação PMP: Nos mais diversos setores, a abordagem de gerenciamento
- Concordar com o código de ética de projetos está ganhando terreno por permitir um melhor uso
- Formação e ter experiência profissional – Graduados com dos recursos para se atingir objetivos bem definidos pela
mais de três e 4.500 horas em GP – Não graduados mas com organização. Sabendo da importância de se gerenciar bem um
7.500 horas de experiência em GP projeto, vamos ver os passos que levam a melhorar as
- Prestar exame acertando mais de 70% (200 questões) habilidades de gerenciamento de projeto.
- Entidade certificadora. Tudo começa com a contratação de uma empresa para
tocar o projeto ou a definição dos colaboradores internos
PMBOK que integrarão a equipe de projeto. Num dia determinado,
Significa: Project Management Body of Knowledge. Trata-se inicia-se o projeto. Este momento deve ser formalizado com
de um documento contendo técnicas, métodos e processos um documento que se chama de “termo de início do projeto”.
relativos a Gerência de Projetos. O Guia PMBOK tem como Em projetos maiores, deve ser um documento assinado
objetivo identificar um subconjunto dos conhecimentos de pelos patrocinadores e pelo gerente do projeto.
gerenciamento de projetos que são amplamente reconhecidos Para projetos menores, pode ser um e-mail que o gerente
como boa prática. envia aos patrocinadores, copiando os demais envolvidos,
É necessário entender alguns termos da definição anterior. para notificar que naquele momento se inicia o projeto e todos
Identificar é sinônimo de visão geral. Amplamente estão envolvidos com a sua execução.
reconhecido significa que é aplicável na maior parte do tempo
e que existe um consenso em relação a sua utilidade. Boa Podemos considerar projetos como um conjunto de
prática é aquela que pode aumentar as chances de sucesso atividades ou medidas planejadas para serem executadas
numa ampla gama de projetos. Note que o fato de ser boa com:
prática não implica ser de uso obrigatório. a) Responsabilidade de execução definida;
O PMBOK é geral e por isso pode ser aplicado a qualquer b) Objetivos determinados;
tipo de projeto. Por último, destacamos que o guia tem um c) Abrangência ou escopo definida;
papel importante de promover um vocabulário relacionado ao d) Prazo delimitado;
gerenciamento de projetos. e) Recursos específicos.

O que não é o PMBOK? Os projetos são desenvolvidos nas organizações com os


a) O PMBOK não é uma metodologia (O PMBOK não diz objetivos de desenvolver novos produtos ou serviços;
como fazer. É uma referência básica); Aprimoramento de produtos ou serviços já existentes na
b) O PMBOK não é um conjunto de todos os conhecimentos empresa; Alteração ou nova implementação na estrutura
de gerenciamento (O PMBOK registra apenas um subconjunto organizacional; Implementação de um novo procedimento
deste conhecimento). organizacional; Estudo da viabilidade de um investimento ou
c) O PMBOK não é um conjunto de todas as práticas de mudança na produção.
gerenciamento de projeto (O PMBOK somente registra aquelas No planejamento do projeto é necessário identificar as
reconhecidas como boas práticas). necessidades que existem a ser atendidas por meio de um
novo projeto. Os objetivos devem ser muito bem elaborados,
Gerenciamento de projetos de forma clara e realizável. Faz-se necessário estimar os
A administração de um projeto é o processo de tomar conflitos, tempo e custo do projeto. Promover adaptações.
decisões que envolvem o uso de recursos, para realizar O objetivo central da gestão de projetos é alcançar o
atividades temporárias, com o objetivo de fornecer um controle adequado do projeto, de modo a assegurar sua
resultado. O resultado pode ser um produto físico, conceito, ou conclusão no prazo e orçamento determinado, obtendo a
evento, ou, em geral, uma combinação desses três elementos. qualidade determinada.
Conhecer e aplicar os princípios e as técnicas da administração
de projetos são habilidades importantes para todas as pessoas Benefícios de um bom Gerenciamento de Projetos7
que se envolvem com projetos.
As boas práticas de Gerenciamento de Projetos trazem
Gestão, Gerenciamento ou Administração de projetos é: diversos benefícios às empresas, como a redução de custos e
“Aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e do tempo para desenvolvimento de novos produtos e soluções,
técnicas às atividades do projeto a fim de alcançar seus o aumento de vendas e receita para reinvestimento, tanto do
objetivos.” (PMBOK Guide, 5ª Edição). capital humano quanto da estrutura da organização; o
aumento da carteira de clientes e consequente fidelização
O gerenciamento de um projeto varia muito em termos de destes e o aumento de sucesso na execução dos projetos.
finalidade, complexidade e volume de recursos
empregados. Apesar das variações, os princípios de Outros benefícios:
administração que devem ser utilizados são sempre os - Maior satisfação do Cliente;
mesmos: - Ciclo de desenvolvimento mais curto;
- Custos menores;

https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/informatica/beneficios-
do-gerenciamento-dos-projetos/67466.

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- Decisões mais eficazes; - Trabalha em estreita colaboração com o líder do projeto


- Menos improviso; e visivelmente apoia a equipe do projeto, em nome da
- Afastamento de surpresas; organização;
- Antecipação das situações desfavoráveis; - Avalia e toma decisões contínuas para continuar ou parar
- Fornecimento de um mecanismo de medição de o projeto;
desempenho; - Autoriza mudanças de escopo, revisões de final de fase e
- Planejamento e compartilhamento de recursos no decisões de avançar/não avançar quando os riscos são
aprimoramento da eficiência (reduz custos); particularmente elevados;
- Garante que os principais riscos de projetos que
Fatores relevantes para o desenvolvimento de impactam o negócio sejam visíveis e bem gerenciados;
Projetos - Garante uma transição suave dos entregáveis do projeto
para o negócio da organização solicitante após o encerramento
Alguns fatores são condicionantes assim como seus efeitos do projeto;
sobre as organizações no desenvolvimento de um projeto: - Possuir ou assegurar os processos de monitoramento e
- Análise de mercado - Realizar um diagnóstico das revisão dos orçamentos de projetos;
tendências da oferta e demanda dos produtos e serviços - Reconhece e premia os sucessos;
oferecidos; - Certifica-se que o projeto seja avaliado e todas as lições
-Levantamento dos investimentos necessários ao projeto; aprendidas compartilhadas.
-Levantamento dos custos operacionais do projeto e
estimativa preliminar do ponto de equilíbrio; Gerente de Projetos:
-Efeitos do projeto sobre a estrutura organizacional e de
capital da empresa; Assim como as organizações necessitam de uma pessoa
-Definir como será feito o gerenciamento do projeto; responsável pelo cumprimento dos seus objetivos, o projeto
-Analisar a estrutura e a projeção dos custos; também tem a mesma necessidade. O gestor do projeto é essa
-Definir o horizonte do projeto; pessoa responsável por apoiar a equipe de projetos na
-Projetar o fluxo de caixa dentro do horizonte do projeto; condução das ações e por garantir que o projeto siga pelo
-Analisar a viabilidade econômica do projeto; caminho planejado. Tem como objetivo desenvolver o
-Estimar o retorno do investimento. produto/serviço esperado dentro do prazo, custo e nível de
qualidade desejados.
Patrocinador do Projeto: Este papel pode ser desempenhado tanto pelo gestor da
unidade demandante do projeto quanto por servidor
O patrocinador do projeto8 é definido como “uma pessoa especificamente designado para tal fim, sempre tendo como
ou grupo que fornece recursos e apoio para o projeto, objetivo final estabelecer as interfaces entre as partes
programa ou portfólio e é responsável por facilitar seu interessadas.
sucesso”.
Logo, o patrocinador do projeto é aquele que provê os Dentre suas atribuições estão:
meios para a realização do projeto, garante os recursos - Negociar a liberação de recursos financeiros para o
necessários ao projeto, articula para o sucesso do projeto, projeto;
protege o projeto e decide questões que estão acima da alçada - Negociar a cessão de recursos humanos para compor a
do gerente do projeto. O patrocinador apoia o gerente do equipe do projeto;
projeto e acompanha ativamente o projeto, fazendo gestões - Demandar junto às unidades envolvidas as atividades
em níveis que o gerente de projeto não alcança. Portanto, deve necessárias para a execução do projeto, de acordo com o
ser alguém com poder dentro da organização, a quem o previsto no plano do projeto; e
gerente de projeto tenha acesso direto e com quem possa - Participar do escritório de projetos, de reunião de
contar quando necessário. O patrocinador geralmente tem a análise de mudanças em projeto.
visão do negócio em que o projeto está inserido.
Ele estabelece objetivos e prioridades, aprova o Além disso, é o responsável pela gestão e pela integração
planejamento, os documentos e arbitra conflitos no projeto. O de todas as atividades e partes interessadas no projeto.
patrocinador geralmente é representado por alguém da alta Deve entender do projeto como um todo, o que lhe
administração, que tenha grande poder de articulação e de confere visão global e sistêmica, muito importante na tomada
influência nos vários níveis da organização. Normalmente, o de decisão. Os gestores de projetos são os responsáveis pelo
patrocinador poderá dividir com o gestor do projeto a planejamento e execução dos seus respectivos projetos,
competência em nomear o gerente de projetos. desenvolvendo ações e gerenciando pessoas e recursos de
acordo com as metas e resultados previamente estabelecidos.
De maneira geral, esta é a lista de Papéis e Devem elaborar relatórios periódicos do andamento de
Responsabilidades do patrocinador do projeto: projeto sob sua responsabilidade, em conformidade com os
- Responsável pela aplicabilidade do projeto nos negócios, instrumentos e padrões estabelecidos pela presente
e pela entrega dos benefícios de negócio definidos; metodologia de Gerenciamento de Projetos.
- Garante o alinhamento do projeto com as necessidades e
prioridades de negócios; Em muitos casos, o cargo de gerente de projeto é um
- Assegura a supervisão da função de gerenciamento de cargo virtual, de existência temporária, ocupado por um
projetos; funcionário da estrutura permanente, executivo ou não.
- Apoiar e defende visível e abertamente o projeto ao longo Essa pessoa recebe a incumbência de administrar o projeto,
de seu ciclo de vida; em regime de dedicação exclusiva ou acumulando essa tarefa
- Realiza a administração em alto nível dos stakeholders; com outras, sem desvincular-se de seu cargo original.
- Auxilia o líder do projeto na identificação e obtenção de Terminado o projeto, o gerente volta a seu cargo permanente
recursos-chave; ou assume outro projeto. Em outros casos, como nas empresas

8 MANUAL DE GESTÃO DE PROJETOS TRT 13ª Região. ASSESSORIA DE http://stakeholdernews.com.br/artigo/responsabilidades-do-patrocinador-


GESTÃO ESTRATÉGICA – AGE NÚCLEO DE PROJETOS – NPROJ NOVEMBRO 2011. do-projeto-2/

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de consultoria e de construção, a posição de gerente de - Fase inicial - No começo, o projeto ganha forma em
projetos é fixa, sendo ocupada quase sempre pelas mesmas papel. É a fase mais delicada do projeto, pois se algo der
pessoas. Qualquer pessoa, ocupante de um cargo gerencial ou errado, no começo, todo o resto fica comprometido. É no
funcionário sem posição de gerente, pode assumir o papel de começo que se define, o valor do projeto, quais serão os custos
gerente de projeto. Pode ser o executivo principal outros em termos de material e humano. O tempo que levará para
executivos, ou pessoas sem posição gerencial, como terminar o projeto. Quem serão os responsáveis por dirigir o
profissionais, técnicos, cientistas, professores ou mesmo projeto. A data de início do projeto.
estudantes. - Fase intermediária - O durante, ou meio, é a parte de
O enxugamento dos quadros de pessoal e o aumento da realização do projeto. É nessa hora que todo o planejamento
necessidade de especialização técnica têm levado muitas do início é colocado em prática. Como já dito antes, o
empresas a recrutar no mercado profissionais por período planejamento é extremamente importante para que no
determinado apenas para a execução de projetos específicos. momento que começa a construção do projeto, nada saia
errado, e o principal, durante a realização do projeto, pouco
Estrutura do Projeto coisa deve ser alterada. Ou se for, deve ser o mínimo possível,
para que o projeto fique exatamente como foi planejado.
Assim como em uma empresa existe a estrutura Fase Final - E no final, a entrega do projeto. Parece meio
organizacional, o projeto também deverá ter essa estrutura. óbvio, mas muitos projetos tendem a não ser entregues, ou
Um projeto muitas vezes está vinculado a uma empresa, então então tomam um rumo completamente diferente do projeto
esse projeto terá características da estrutura organizacional inicial. Temos que lembrar que as empresas muitas vezes
da empresa do qual esse projeto pertence. Se a estrutura da elaboram e fazem projetos para terceiros, ou seja, muitas vezes
empresa é centralizada, naturalmente o projeto terá um os projetos são para outra pessoa. Então a empresa não pode
sistema centralizado. Pode acontecer o contrário? Pode, mas é no meio do caminho abandonar o projeto, ou então alterá-lo.
mais raro.
Um projeto centralizado é o projeto que possui apenas
um supervisor geral. Esse supervisor geral é aquele que estará
à frente do projeto sempre. E o andamento do projeto
centralizado é aquele que o projeto acontece em forma de
linha. Ou seja, o planejamento é um só e normalmente não há
modificações. Essa estrutura de projeto centralizado ocorre
muito em projetos de construção. Como construção civil,
montadores de automóveis. Os projetos centralizados,
normalmente se utilizam de uma linha de produção, na qual
cada membro desse projeto é responsável por um setor e nada
mais.
Linha de produção é uma teoria administrativa criada por Fonte: http://wpm.wikidot.com/conceito:caracteristicas-do-ciclo-de-vida-
Winslow Taylor, onde ele acreditava que deveria existir o do-projeto
funcionário padrão, ou seja, o funcionário deveria ser
especializado em apenas uma função dentro da empresa. Se
analisarmos o contexto da época, que era o início da era Ciclo de Vida de um Projeto x Ciclo de Vida de um
industrial, essa teoria era bem válida. Nos dias de hoje muitas Produto
empresas, principalmente indústrias ainda possuem, com
algumas adaptações a chamada linha de produção. Em se Algumas bancas gostam de confundir o candidato
tratando de um projeto adotar o sistema de linha de produção misturando o conceito de ciclo de projeto com o de ciclo de
normalmente é o mais recomendado, pois o sistema é produto. O ciclo de vida de um projeto aponta as fases que
centralizado, para cada etapa do projeto, há um especialista e devem ser executadas desde o início de um projeto até o seu
existe um comando central que delega, organiza e administra encerramento.
todo o projeto. Já o ciclo de vida de um produto é determinado pelo
O outro método, o descentralizado, o projeto não possui período entre seu lançamento no mercado e sua retirada de
um comando central, ou seja, não há uma pessoa, um gerente comercialização. Um produto pode ter um ciclo de vida
à frente do projeto, cada parte do projeto tem um gerente da indefinido (como o antigo Fusca, um produto que ficou
área específica e cada gerente tenta se interligar com o outro. décadas em comercialização).
Essa teoria é muito boa para projetos não físicos, ou seja, De acordo com o PMBOK: O ciclo de vida do produto consiste
projetos que visam apenas uma abordagem mais teórica, como em fases do produto, geralmente sequenciais e não sobrepostas,
pesquisas, trabalhos de consultoria empresarial. Vale lembrar determinadas pela necessidade de produção e controle da
que mesmo não sendo um projeto de estrutura centralizada, o organização. A última fase do ciclo de vida de um produto é a
projeto deve sempre ter uma estrutura não em termos retirada de circulação do produto. Geralmente o ciclo de vida de
administrativos, mas sim, na forma como ele será efetuado, um projeto está contido em um ou mais ciclos de vida do
para que aqueles que trabalham nele, não percam o foco no produto. É necessário ter cuidado para distinguir o ciclo de vida
que estão fazendo. Afinal, um projeto não pode ficar cada parte do projeto do ciclo de vida do produto.
de uma maneira, ele deve ter um começo, um meio e um fim Ou seja, o ciclo de vida de um produto pode conter diversos
bem definidos. ciclos de projetos. O Fusca, por exemplo, passou por diversas
“remodelagens”, e cada uma dessas envolveu projetos
Ciclo de vida do projeto diferentes.

O ciclo de vida de um projeto consiste nas diversas fases Custos e Riscos no Ciclo de Projetos
por que um projeto passa. Quando falamos em ciclo de vida
do projeto estamos nos referindo desde o começo do Quanto mais avançamos em uma fase, maiores são os
projeto, até o seu final. Todo projeto possui um ciclo de vida. custos acumulados em um projeto. Isso é bastante simples
Cada projeto tem um começo, um meio e um fim. Isto é, a fase de entender, não é mesmo? Se você analisar o projeto de uma
inicial, a fase intermediária e a fase final.

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casa, por exemplo, quanto mais avançarmos na obra, maiores 2.Processos de Planejamento – nessa fase se define e
serão os gastos acumulados envolvidos. refina o objetivo do projeto, planejam-se as ações necessárias
Entretanto, o contrário ocorre com os riscos. para atingir os objetivos e o escopo para o qual se propõe o
Naturalmente, quanto mais avançada está a fase, menores projeto, além de serem desenvolvidos planos auxiliares para
se tornam os riscos de insucesso. Assim, quanto mais gestão do projeto (plano de qualidade, comunicação, riscos,
“perto” de um objetivo estamos, mais seguros ficamos sobre o atribuições e responsabilidades). São processos interativos de
sucesso da empreitada, pois existem menos variáveis que definição e refinamento de objetivos e escolha dos melhores
podem dar errado. caminhos para atingir os resultados. O resultado do
Além disso, a utilização das pessoas normalmente começa planejamento é uma lista de tarefas e/ou um gráfico de
de um nível baixo e vai evoluindo com o passar do tempo. Ou Gantt/cronograma.
seja, começamos os projetos com poucos profissionais e
vamos aumentando esse número. Entretanto, após certo 3.Processos de Execução – integra pessoas e os outros
tempo, a utilização de pessoas cai bruscamente até o recursos para colocar em prática o plano do projeto. É
encerramento do projeto, em que todas as pessoas serão geralmente nessa fase em que ocorre a maior parte do
desmobilizadas. O mesmo ocorre com os gastos por unidade esforço/dispêndio do projeto.
de tempo, que começam normalmente mais baixos, são
aumentados durante o desenvolvimento do projeto e 4.Processos de Monitoramento e Controle – ocorre em
caem bastante no final. paralelo ao processo de execução. Mede e monitora o
Outro fator importante é a capacidade e o custo de se fazer desempenho do projeto para identificar variações em relação
uma alteração no projeto. Em seu início, o custo é baixo e ao planejado para que ações corretivas sejam disparadas
a possibilidade alta de se poder alterar algum aspecto no quando necessário, garantindo que os resultados do período
projeto. Assim sendo, antes de começar uma obra é sejam alcançados.
razoavelmente fácil alterar o projeto e incluir algum ambiente,
por exemplo. Já com a obra no “meio do caminho” teremos de 5.Processos de Encerramento – formaliza a aceitação do
quebrar paredes e desperdiçar material, tempo e dinheiro, não projeto, serviço ou resultado e o fechamento formal do
é mesmo? Ou seja, com o passar do tempo, fica cada vez contrato. Analisa a evolução do projeto para que erros não se
mais caro e mais difícil fazermos uma alteração no repitam no futuro, além disso, também é importante
projeto. identificar os acertos para que eles voltem a acontecer em
outros projetos. Atualizar a base de conhecimento de lições
Vale lembrar os seguintes pontos: aprendidas.
-Um projeto não pode pular nenhuma dessas etapas, pois
uma depende da outra, principalmente da primeira. Os grupos de processos são ligados pelos resultados
- Custos e equipe são pequenas no início, aumentam que produzem: o resultado de um processo
durante a execução e voltam a cair drasticamente no final frequentemente é a entrada de outro. Uma saída com
- A influência dos “stakeholders” é bastante alta no início. falhas pode comprometer a entrada de processos
dependentes. Os cinco grupos de processos possuem
ETAPAS conjuntos de ações que se bem aplicadas e planejadas
garantem a taxa de sucesso do projeto. Outro destaque é
Processos de gerenciamento de projetos que o Guia PMBOK deixa bem claro que os grupos de
processos não são fases do ciclo de vida do projeto (as
Diante disso, o gerenciamento de projetos, de acordo com quais são apenas início, meio e fim).
o PMBOK (Project Management Body of Knowledge), é
realizado por meio da aplicação e da integração de processos Por fim, tendo em vista as características discutidas até
que se relacionam com a descrição, a organização e a então, observe as principais diferenças entre projetos e
finalização do trabalho do projeto. Assim, os processos de processos em uma organização:
gerenciamento de projetos são agrupados em cinco categorias
conhecidas como grupos de processos de gerenciamento de Principais semelhanças:
projetos (ou grupos de processos), os quais são: 1.Processos -projetos e processos estão concentrados em satisfazer
de Iniciação, 2.Processos de Planejamento, 3.Processos de requisitos de um cliente.
Execução, 4.Processos de Monitoramento e Controle e - Ambos consomem recursos (materiais, financeiros,
5.Processos de Encerramento. humanos e tecnológicos) que são tratados através de
atividades ordenadas, gerando valor até a entrega de um
produto final.
- Ambos seguem um sequencia lógica e ordenada de
tarefas.

Principais diferenças:
-enquanto o processo objetiva entregar um porduto ou
serviço PADRONIZADO, o projeto visa entregar algo NOVO e
ÚNICO.
-No projeto temos que o escopo, tempo e custo são
definidos claramente anteriormente ao projeto, embora
variem de um projeto para o outro. No processo, a demanda e
Fonte: http://nelsonrosamilha.blogspot.com.br/2012/06/os- consumo de recursos são mais constantes.
documentos-essenciais-para-gestao-de.html
Veremos abaixo o objetivo de cada área de
1.Processos de Iniciação – fase inicial em que se define o conhecimento em gerenciamento de projetos.
projeto, as necessidades são identificadas, autorização do
projeto. Em geral é uma etapa que deve ser desenvolvida em
uma reunião de brainstorming.

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Áreas de Conhecimento em gerenciamento de sendo entregue está de acordo com os padrões e normas pré-
projetos9 definidos.
Uma área de conhecimento é definida por seus requisitos
de conhecimentos e descrita em termos dos processos que a Área de Conhecimento – Recursos Humanos
compõem, suas práticas, entradas, saídas, ferramentas e Esta área descreve os processos que organizam e
técnicas. gerenciam a equipe do projeto. Os processos desta área de
Existem dez áreas de conhecimento, são elas: Integração, conhecimento tem como objetivo determinar os tipos e o perfil
Escopo, Tempo, Custos, Qualidade, Recursos Humanos, dos profissionais, além da hierarquia desses profissionais e
Comunicações, Riscos, Aquisições, e Gerenciamento das Partes quem é responsável pelo o que no projeto quando ele estiver
Interessadas. em execução, determinam como mobilizar as pessoas que
foram requisitadas no projeto, se preocupam com o
Área de Conhecimento - Integração treinamento da equipe além da integração e geração de
Esta área de conhecimento descreve os processos que conhecimento e determinam como resolver conflitos antes
integram elementos do gerenciamento de projetos, que são que eles afetem o projeto.
identificados, definidos, combinados, unificados e
coordenados dentro dos grupos de processos de Área de Conhecimento – Comunicações
gerenciamento de projetos. Esta área descreve os processos relativos à geração, coleta,
disseminação, armazenamento e destinação final das
Área de Conhecimento - Escopo informações do projeto de forma oportuna e adequada.
Esta área descreve os processos envolvidos na verificação Os processos desta área de conhecimento determinam
de que o projeto inclui todo o trabalho necessário e apenas o quem está envolvido no projeto, definem como as
trabalho necessário, para que seja concluído com sucesso. comunicações vão ocorrer quando o projeto iniciar e
Existem três processos de planejamento (três primeiros) e determina o tipo de informações gerada, quem é o
dois processos de controle e monitoramento (dois últimos). Os responsável, qual o meio, quem receberá as informações
processos de planejamento criam um plano para o geradas, qual a periodicidade, determinam como serão
gerenciamento de escopo. Os processos de controle e distribuídas as informações, como podemos gerenciar as
monitoramento controlam se que o escopo está sendo expectativas dos interessados medindo o grau de satisfação ou
cumprido conforme foi definido nos processos de insatisfação das pessoas interessadas, e geram relatórios que
planejamento e a verificação confirma com o cliente que está permitam o acompanhamento e controle do que está
tudo correto. acontecendo com o tempo, custo, escopo, etc.

Área de Conhecimento - Tempo Área de Conhecimento – Riscos


Está área descreve os processos relativos ao término do Esta área descreve os processos relativos à realização do
projeto no prazo correto. Os cinco primeiros processos são de gerenciamento de riscos em um projeto. Temos cinco
planejamento e apenas o último é de controle. Os processos de processos de planejamento e um de controle. Os processos
planejamento definem as atividades que vão para o desta área de conhecimento tem como objetivo determinar
cronograma, a ordem de precedência das atividades, como os riscos serão identificados, analisados e como as
determinam o tipo e a quantidade de recursos necessários, o respostas serão planejadas e como risco será planejado, criam
tempo necessário para concluir as atividades, associam as uma lista de riscos identificados no projeto com diversas
atividades às datas do cronograma e por fim verificam se o técnicas que ajudam a gerar essa lista de riscos, buscam
andamento dos trabalhos está de acordo com o cronograma. priorizar os riscos com base no grau de criticidade, permitem
atribuir probabilidade numérica aos riscos, definem
Área de Conhecimento - Custo estratégias e ações para lidar com os riscos negativos e
Esta área descreve os processos envolvidos em positivos, monitoram os risco com novos risco sendo
planejamento, estimativa, orçamentação e controle de custos, identificados, revisão das análises de riscos, definição de
de modo que o projeto termine dentro do orçamento outras prioridades de riscos, etc.
aprovado.
Os primeiros dois processos são de planejamento e temos Área de Conhecimento – Aquisições
que os processos nesta área de conhecimento determinam o Esta área descreve os processos que compram ou
custo de cada atividade levando em consideração o recurso adquirem produtos, serviços ou resultados, além dos
alocado na atividade além dos períodos de trabalho que o processos de gerenciamento de contratos. Os processos desta
recurso estará trabalhando na atividade, determinam que os área de conhecimento têm como objetivo determinar o que se
custos de cada atividade sejam somados a fim de gerar uma quer adquirir, de quem se quer adquirir, receber as resposta
linha de base de custos e acompanham a execução para dos fornecedores e selecionar o fornecedor, como se dará o
verificar se as coisas estão ocorrendo conforme o orçamento gerenciamento dos contratos, pagamentos, se as entregas
definido. estão de acordo com o que foi estabelecido, pagar o
fornecedor, e por último formalizar a finalização do contrato.
Área de Conhecimento - Qualidade
Esta área descreve os processos envolvidos na garantia de Área de Conhecimento – Gerenciamento das Partes
que o projeto irá satisfazer os objetivos para os quais foi Interessadas
realizado. E finalmente a área de conhecimento incluída por último
Os processos dessa área de conhecimento determinam no PMBOK: o Gerenciamento das Partes Interessadas, que são
padrões ou normas de qualidade que devem ser seguidos indivíduos ou organizações que estejam ativamente
durante o projeto, realizam a auditoria da qualidade, ou seja, envolvidos no projeto de forma positiva e também negativa e
se o trabalho esta sendo seguido conforme foi planejado que possuem seus interesses próprios relacionados ao projeto.
tentando impedir um produto ruim, e garantem que o que está São eles: clientes, fornecedores, gerente e equipe de projeto,

9 INSTITUTE, Project Management. A Guide to the Project Management Body MEDEIROS, Higor. Áreas de Conhecimento segundo o PMBOK.
of Knowledge - PMBOK®, 5ª Edition. Pennsylvania: PMI, 2013.

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usuários do produto do projeto, organizações governamentais Além de ter a possibilidade de ser por fases, a
e não governamentais, meio ambiente, etc. decomposição inicial, assim como a decomposição em
Em muitas organizações o treinamento para gerente de qualquer nível, pode ser por subprodutos (ex.: decompor uma
projetos inclui uma formação mais focada no desenvolvimento bicicleta em suas partes principais), por sistema funcional (ex.:
tático do projeto, porém uma abordagem mais sólida e sistema elétrico, sistema hidráulico, sistema mecânico...), por
estruturada no Gerenciamento nas Partes Interessadas localização física (ex.: região nordeste, região sul ...), por
aumenta significativamente a probabilidade de sucesso no Unidade Administrativa a executar (ex.: divisões,
projeto, reduzindo e eliminando barreiras não técnicas e departamentos ...) ou até mesmo por cliente (ex.: de acordo
obstáculos (PMI, 2011). com a fiscalização).

Estrutura Analítica de Projetos (EAP) 3. Acrescentar um elemento, no segundo nível, à


esquerda, para conter os deliverables necessários ao
A ferramenta utilizada para a representação das entregas gerenciamento do projeto (Iniciação, Planejamento,
de um projeto é a Estrutura Analítica do Projeto (EAP), Monitoramento e Controle) e, à direita, para o
tradução para o português de Work Breakdown Structure Encerramento do projeto:
(WBS). Após ser elaborada e aprovada, ela passa a ser a base
para a elaboração do cronograma do projeto. A EAP é uma
estrutura hierárquica que pode ser representada como uma
lista ou na forma gráfica. As figuras a seguir representam o
mesmo projeto estruturado nos dois formatos (SILVA,
200910).
A EAP pode ser criada totalmente nova ou reutilizar partes
4 Identificar os subprodutos necessários para que seja
de outra EAP ou de modelos (templates) da organização. Ela
alcançado o sucesso do projeto em cada fase, inclusive os
deve conter subprodutos necessários ao gerenciamento do
relativos ao gerenciamento do projeto (ou outra forma de
projeto, tais como relatórios, planos, documentação
decomposição citada acima no item 2).
administrativa, treinamento etc. Vale lembrar que o escopo de
um projeto começa a ser definido anteriormente à elaboração
Nesta situação, deve-se consultar os documentos de alto
da EAP, em documentos tais como Project Charter e
nível que guiam o escopo do projeto (Project Charter e
Declaração de Escopo, que são gerados. Enquanto em algumas
Declaração de Escopo) assim como entrevistar clientes e
áreas a EAP tem frequentemente consistido de uma hierarquia
usuários, de forma a identificarmos os subprodutos de cada
de 3 níveis, esse número não é apropriado para todas as
fase.
situações. A profundidade da EAP depende do tamanho e
Caso o número de subprodutos no nível filho fique muito
complexidade do projeto, e da necessidade de detalhe
grande (mais de 7), eles devem ser agrupados, aumentando em
necessário para o planejamento e gerenciamento.
mais um nível a EAP. Em relação ao gerenciamento do projeto,
Veremos abaixo uma estratégia para elaboração de uma
devemos identificar os subprodutos que serão necessários aos
EAP, utilizando a técnica top-down (de cima para baixo), no
macroprocessos de Iniciação, Planejamento, Monitoramento,
formato gráfico, onde usaremos, a título de ilustração, um
Controle e Encerramento do projeto. O Plano do Projeto é o
projeto de implantação ou melhoria de um processo.
grande deliverable do planejamento do projeto. É trabalho do
gerente do projeto definir se o plano será mais ou menos
1. Colocar no primeiro nível da EAP o nome do projeto:
detalhado.
Para o controle do projeto, podem ser necessários, por
exemplo:
-Reuniões, tais como as de partida do projeto (Kick-off
Meeting) e de acompanhamento (walktroughs);
-Relatórios de desempenho;
2. Colocar no segundo nível (também chamado de
primeiro nível de decomposição) as fases que Para o encerramento do projeto, podemos gerar:
estabelecem o ciclo de vida do projeto: -Relatório final do projeto;
-Relatório de Lições Aprendidas;
-Apresentação do projeto completo.

5. Para cada subproduto, verificar se as estimativas de


custo e tempo, assim como a identificação de riscos,
podem ser desenvolvidas neste nível de detalhe e se é
possível atribuir a responsabilidade para a execução do
mesmo.

Caso a resposta for negativa, decompor o elemento da EAP,


Este é o mais comum e mais fácil método de iniciar a subdividindo-o em componentes menores, mais manejáveis,
estruturação da EAP. Uma grande vantagem é que a EAP até que os subprodutos estejam definidos em detalhe
resultante pode ser usada como modelo (template) para suficiente para suportar o desenvolvimento dos processos de
muitos projetos do mesmo tipo. O PMBOK sugere que as fases gerenciamento do projeto (planejar, executar, controlar e
do ciclo de vida do projeto podem ser usadas como primeiro encerrar). Os elementos nos níveis mais baixos da EAP
nível de decomposição, com os subprodutos do projeto (aqueles que não foram decompostos), são denominados
repetidos no segundo nível. Porém, não quer dizer que esta pacotes de trabalho (work packages), sendo a base lógica para
seja sempre a melhor forma de decompor inicialmente o a definição de atividades, designação de responsabilidades,
projeto. estimativa de custos e planejamento de riscos. Atenção que

10 XAVIER, C. M. S. Gerenciamento de Projetos: Como definir e controlar o

escopo do projeto. São Paulo, Saraiva, 2009 (2ª edição).

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não é necessário que a EAP seja simétrica, ou seja, que todos 1. PERT - Program Evaluation and Review
os subprodutos sejam decompostos até o mesmo nível. Technique (Programa de Avaliação e Revisão Técnica).
Quando um determinado elemento da EAP for ser 2. CPM - Critical Path Method (Método do Caminho
contratado a uma empresa externa ao projeto, é uma decisão Crítico).
da equipe de gerenciamento se ele deve ser decomposto na
EAP em subprodutos, já que é incumbência do fornecedor a PERT E CPM
sua execução. A vantagem do detalhamento é que permite um
melhor acompanhamento do trabalho e possibilita, no A ideia central do PERT e do CPM está na identificação do
cronograma, o estabelecimento de dependências entre caminho que leva mais tempo, por meio da rede de atividades
entregas do contratado e entregas do projeto ou de outro como base para o planejamento e o controle de um projeto.
contratado. Da mesma forma, deve ser decidido se serão Tanto o PERT como o CPM utilizam flechas e nós para a
detalhados os elementos da EAP em que o gerente do projeto construção gráfica do projeto. Originalmente, as diferenças
decida delegar o gerenciamento do mesmo a algum membro básicas entre o PERT e o CPM eram que o PERT utilizava
da equipe ou setor da empresa, transformando-o em um flechas para representar as atividades, enquanto o CPM
subprojeto. É responsabilidade do gerente desse subprojeto utilizava nós para essa representação. Outra diferença estava
efetuar o detalhamento. Esta decisão, de detalhar ou não, nos associada à estimativa de tempo para a realização das
dois exemplos citados, dependerá do rigor necessário de atividades, onde PERT fazia uso das três estimativas de tempo:
controle. Este rigor aumenta ou diminui em função dos fatores otimista, pessimista e a mais provável, para a realização de
“custos”, prazos e “riscos” associados. A Figura apresenta o uma atividade, enquanto o CPM utilizava uma única estimativa
resultado da utilização dos passos acima para a elaboração da de tempo, a mais provável. Essa distinção está associada à
EAP no projeto de melhoria ou implantação de um processo. origem do PERT para a programação de projetos científicos
avançados (como missões para a lua), que eram caracterizados
6. Rever e refinar a EAP até que o planejamento do pela incerteza, enquanto o uso inicial do CPM estava associado
projeto possa ser completado a atividades de rotina de manutenção de fábricas.
Dessa forma, o PERT era frequentemente utilizado quando
Após seguirmos os passos anteriores, teremos uma a variável básica de interesse era o tempo, enquanto o CPM era
primeira versão da EAP. Esta EAP será utilizada como entrada utilizado quando a variável principal era o custo. Após alguns
para o planejamento de outras áreas do gerenciamento do anos, essas duas diferenças entre as técnicas não distinguiam
projeto. Logo após termos uma versão da EAP em que foram mais o PERT do CPM. Isso ocorreu porque os usuários do CPM
levadas em consideração as necessidades das outras áreas de começaram a fazer uso das três estimativas de tempo e os
gerenciamento, devemos realizar uma validação da estrutura usuários de PERT passaram a tratar os nós da representação
gerada. gráfica como atividades.
Para a utilização do método CPM, deve-se determinar uma
Figura – Exemplo da EAP de um projeto única duração para cada atividade.

REPRESENTAÇÃO DE UM PROJETO
Um projeto é constituído por um conjunto de atividades
independentes, mas ligadas entre si, por meio de uma figura
chamada diagrama de rede.

Método do Caminho Crítico (CPM)

O método do caminho crítico alude a um conjunto de Para melhor compreensão do diagrama de rede:
técnicas utilizadas a fim de planejar e controlar projetos. Os
fatores relativos a um projeto são três: prazo, custo e – A atividade A é representada pelo conjunto de nós 1, 2.
qualidade, e o método do caminho crítico é utilizado para o – A atividade B é representada pelo conjunto de nós 1, 3.
gerenciamento dos tempos e dos custos e, também, para – A atividade C é representada pelo conjunto de nós 2, 4.
permitir a avaliação dos níveis de recursos, que são – A atividade D é representada pelo conjunto de nós 3, 4.
necessários para desenvolver um projeto, seguindo a – A atividade E é representada pelo conjunto de nós 4, 5.
perspectiva dos seguintes autores Martins, Petrônio e Laugeni – A atividade F é representada pelo conjunto de nós 3, 5.
(2005) e Davis (2001)11.
A aplicação desse método na programação da produção Objetivo: Atribuir uma duração a cada atividade e
ocorre toda vez que devemos programar produtos únicos e determinar em quanto tempo é possível se completar o
não repetitivos, como por exemplo, a programação das projeto. Ainda, se em cada atividade designarmos o tipo de
atividades necessárias à construção de um navio ou de um recurso que é necessário, a quantidade e o custo de cada
avião. um dos recursos, poderemos ter uma estimativa do custo do
projeto e uma estimativa de quantidade física de cada um
Existem dois métodos distintos: dos recursos alocados no projeto em cada unidade de tempo.

11 MARTINS, PETRÔNIO G.; LAUGENI. Fernando P. Administração da DAVIS, M.M. Fundamentos da Administração da Produção. Porto Alegre:
Produção. São Paulo: Saraiva, 5ª Ed., 2005. Bookman, 3ª Ed., 2001.

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DETERMINAÇÃO DO CAMINHO CRÍTICO Alguns autores definem o conceito de escritório de


projetos como sendo: “Unidade organizacional que centraliza
O caminho se refere à sequência de atividades que ligam o e coordena o processo de gerenciamento de projetos sob seu
início ao fim do projeto. Se houver algum atraso na duração de domínio”, segundo o Project Management Body of Knowledge –
qualquer uma das atividades, haverá um aumento na duração PMBoK® 5ª Ed.
do projeto. É considerado caminho crítico aquele com Um escritório de projetos tem como principais objetivos a
maior duração. melhoria nos processos de planejamento e gerenciamento dos
projetos, garantia da qualidade dos produtos e serviços e
EXEMPLO aumento da produtividade dos processos. É uma unidade
organizacional que gerencia determinado portfólio de projetos
O diagrama de rede abaixo apresenta um conjunto de e serve como referência para gestão de projetos.
atividades com seus respectivos tempos (semanas), onde de A implantação de um escritório de projetos traz diversos
acordo com o tempo de duração de cada atividade, foi definido benefícios para as empresas. O principal resultado percebido
suas primeiras e últimas datas de início, com o objetivo de no primeiro ano de implantação de um EP é: o
identificar o tempo total de duração do projeto e o tempo de estabelecimento, a disseminação e a crescente utilização de
folga do projeto. processos, ferramentas e técnicas de gerenciamento de
projetos, os quais podem fomentar de forma direta ou indireta
a elevação do desempenho dos projetos.

Entre os benefícios, podem-se citar:


- Melhoria do controle dos projetos;
-Redução do custo dos projetos;
-Redução do prazo de execução dos projetos;
-Diminuição do número de projetos cancelados;
-Melhoria da capacidade de planejamento;
-Diminuições de alterações do escopo dos projetos;
-Melhoria da qualidade dos produtos/serviços gerados;
-Estruturação de um banco de Lições Aprendidas;
-Aumento de eficácia na gestão dos projetos;
-Padronização dos parâmetros de medição e avaliação de
projetos;
-Melhor utilização dos padrões e ferramentas de
gerenciamento;
-Acesso mais rápido a informações de maior qualidade
Nota-se então que o projeto tem duração de 13 semanas. O
caminho crítico (o que consome mais tempo) é identificado no
Na literatura técnica existem várias abordagens para a
percurso do caminho B, D e E, e os tempos de folga (1 semana)
implantação e posicionamento de um escritório de projetos,
no caminho A, C e E (onde aparece nitidamente na diferença
sendo que o seu correto posicionamento será em função da
entre os tempos 3 e 4) e 4 semanas (no caminho B e F). No
estrutura organizacional da empresa no seu contexto político
caminho crítico (B, D e E) não poderá ocorrer nenhuma
e cultural.
anomalia para não comprometer a data de término do projeto.
Segundo Kerzner (2006), “quanto menor a distância entre
Já nos caminhos onde os tempos de folga foram identificados
a alta administração e o escritório de projetos, mais
(A, C e E; e B e F), caso ocorra algum problema, ainda temos
rapidamente os benefícios da gestão de projetos serão
tempo (folga) de corrigir o problema e conseguir concluir o
reconhecidos”. É importante perceber que a existência do
projeto no prazo especificado.
escritório de projetos está a serviço de toda Organização,
Sendo assim, o CPM é uma ferramenta de destaque no
conectado com as áreas de negócios e compartilhando
gerenciamento de projetos, pois por meio dele podemos nos
informações.
programar para definirmos os prazos custos e recursos do
projeto e, consequentemente, conseguirmos chegar ao seu
término sem nenhum equívoco inesperado.
19. Gestão compartilhada e
Escritório de Projetos processos sociais
O conceito de escritório de projetos não é muito recente, participativos
embora somente nos últimos anos vem sendo aplicado com
maior frequência pelas organizações que adotam o estilo de
“gerenciamento por projetos”. O tema da gestão descentralizada e participativa das
Este modo de se organizar das empresas ganha força políticas sociais tem sido objeto constante de investigação no
devido ao aumento da velocidade das mudanças no ambiente Serviço Social. No entanto, na área da assistência social são
de negócios, causando uma multiplicação de iniciativas que muitos os desafios e as polêmicas que envolvem o controle
precisam ser gerenciadas de modo uniforme e centralizado, e social das ações e dos serviços públicos. Com isso, entende-se
pela necessidade de garantir a entrega eficiente e eficaz de a relevância da temática para o Serviço Social, em particular, e
produtos/serviços. O certo é que a adoção dessa estrutura para o campo das políticas socais, de maneira geral13.
simplifica, facilita e otimiza o gerenciamento de projetos Assim, no que se refere à gestão social, pode-se
(SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA - DEPARTAMENTO compreender, segundo Carvalho (1999), como a gestão das
NACIONAL, 200712). ações sociais públicas, ou seja, das demandas e necessidades

12 SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA - DEPARTAMENTO NACIONAL. Proposta Guarapauva/PR. 5º Seminário Nacional Estado e Políticas Sociais. http://cac-
de Papéis e Atribuições para o Escritório de Projetos, 2007. php.unioeste.br/projetos/gpps/midia/seminario6/arqs/Trab_completos_politica
13 Bueno, N. C. A Gestão descentralizada e participativa na política de s_seguridade/A_gestao_descentralizada_participativa_assistencia_social.pdf
assistência social: uma análise do espaço de controle social no município de

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dos cidadãos. Entende-se que estas demandas nascem na privatizante, como nas propostas da esquerda. Assim, a
sociedade civil e são, aos poucos, incorporadas pelo Estado e estratégia de descentralizar tem refletido diferentes óticas.
sendo efetivadas por meio de políticas públicas, através dos Para a autora, a primeira ótica, de perspectiva neoliberal,
programas, projetos e serviços sociais públicos. O processo de defende a descentralização dos poderes e recursos para o
atendimento das demandas populares se dá através da setor privado, já a segunda ótica, chamada de esquerda,
correlação de forças, neste sentido, Carvalho (1999) defende defende a descentralização entre os níveis federal, estadual e
que as pressões e as reivindicações da sociedade civil e municipal, atentando para o poder local como espaço
movimentos sociais são fundamentais para que essas dinamizador das mudanças sociais.
demandas ingressem na agenda estatal, transformando-se em Por sua vez, no modelo descentralizado a esfera local além
políticas públicas. de descentralizar o próprio poder político local, através dos
A autora mostra que a gestão social deve ser entendida espaços de decisão, precisa adotar uma “[...] conduta política,
dentro do contexto social, econômico e político, por isso, onde o atendimento às demandas se processa a partir de
identifica três formas de gestão nos diferentes momentos regras enunciadas, por oposição ao uso clientelista da máquina
conjunturais do século XX: a gestão social no welfare state; na política local.” (SOUZA, 2007, p. 64)
onda neoliberal e a emergente. Neste sentido, conforme Nogueira (2005), o Estado deve
A consolidação do welfare state, ou Estado de Bem-Estar, ser entendido através de laços orgânicos com a sociedade civil.
ocorreu entre os anos de 1940 e 1970 nos países da Europa Desta forma, mostrando-se como um campo de disputas e
Ocidental, devidos o acirramento da questão social. Este correlação de forças, o Estado não é neutro, pelo contrário, “[...]
modelo de gestão se relaciona com a formação de uma nova condensa as relações sociais e age em conformidade com as
classe de assalariados industriais que determinou, em grande classes que dominam a economia e que sustentam um projeto
parte, o surgimento de uma legislação social e um conjunto de de hegemonia. [...]” (NOGUEIRA, 2005, p. 61). Nesta
medidas de proteção social. Este contexto gerou um modelo compreensão, é preciso que haja uma sociedade civil
específico de gestão social, que, de acordo com Carvalho „politizada ‟, que consiga desenvolver sua dimensão política,
(1999), trazia entre suas características: uma gestão garantindo que suas demandas adentrem o espaço público.
centralizada no Estado-Nação; políticas sociais universalistas; Com isso, pode-se compreender que a descentralização do
gestão hierarquizada e setorização da política social; poder decisório na gestão social é um tema que carrega uma
consolidação da sociedade salarial e primazia do Estado dimensão política e é perpassado por correlação de forças.
regulador. Contudo, a descentralização tem ganhado visibilidade com
A partir da década de 1970, devido aos choques de a consolidação dos regimes democráticos, o que não significa
petróleo e ao desequilíbrio do sistema monetário que exista uma relação direta e necessária entre democracia e
internacional, o welfare state perde força frente ao ideário descentralização. Mas, para Stein (2007), a descentralização é
neoliberal. Desta forma, em uma conjuntura de ataque ao vista como instrumento de expansão da democracia, à medida
intervencionismo do Estado, nos anos de 1980 e 1990 ganham que amplia as instâncias de negociação e os canais de
força as idéias neoliberais, que defendem a primazia de um participação.
mercado livre e sem controle do Estado e um Estado mínimo Com isso, pode-se entender que a gestão descentralizada e
na área social. Esse processo desencadeou uma onda de participativa das políticas sociais reflete a correlação de forças
reformas das funções do Estado, com quebra dos direitos presente na relação Estado e sociedade civil. Na medida em
previdenciários, redução dos gastos na área social, mudanças que se compreende que as políticas sociais têm como meta
nas áreas trabalhistas e diminuição na regulação, permitindo a atender as demandas advindas dos segmentos organizados da
livre circulação do capital. sociedade civil, também se busca fortalecer os espaços de
Neste contexto ocorreram mudanças na forma de conceber participação social, garantindo uma gestão transparente e
o Estado, nas suas funções e na sua forma de gerir as ações democrática.
sociais. Para Carvalho (1999) implementou-se a
descentralização das ações governamentais; a privatização das
atividades econômicas e sociais exercidas pelo Estado, 20. Noções sobre história
tentando consolidar um sistema de bem estar social no qual o
mercado cuida daqueles com poder de compra e deixa os
política, econômica e social do
grupos mais vulneráveis sob as responsabilidades das Brasil
instituições locais. Estas constituem as receitas principais do
neoliberalismo, afirma a autora.
Assim, a gestão social neste período, segundo Kauchakje Brasil República
(2008), sofre duas tendências que parecem paradoxais: de um
lado o retrocesso na ampliação das políticas sociais por parte A palavra República possui várias interpretações, sendo a
do Estado e do incentivo da responsabilidade social da mais comum a identificação de um sistema de governo cujo
sociedade civil; de outro o fortalecimento da responsabilidade Chefe de Estado é eleito através do voto dos cidadãos ou de
do Estado com a participação da sociedade civil para o seus representantes, com poderes limitados e com tempo de
planejamento, implementação e fiscalização das políticas governo determinado.
sociais, visando a democratização da gestão. A segunda A República tem seu nome derivado do termo em latim Res
tendência, apontada por Kauchakje (2008), que se pretende publica, que significa algo como “coisa pública” ou “coisa do
democrática, se relaciona com o que Carvalho (1999, p.23) povo”.
identifica como gestão social emergente. Diante disto, as Em 15 de novembro de 1889 foi instituída a República no
mudanças contemporâneas têm gerado tanto um movimento Brasil. Entre os fatores responsáveis para o acontecimento,
externo de integração de blocos econômicos como interno de estão a crise que se instalou sobre o império, os atritos com a
descentralização, flexibilização e fortalecimento da sociedade Igreja e o desgaste provocado pela abolição da escravidão.
civil. Com a Guerra do Paraguai e o fortalecimento do exército, os
Disso tudo, entende-se que não faltam polêmicas no campo ideais republicanos começaram a ganhar força, sendo
da descentralização e da participação social na gestão das abraçados também por parte da elite cafeicultora do Oeste
políticas sociais, pois, de acordo com Stein (2007), sabe-se que Paulista.
o debate sobre a descentralização tem ganhado destaque e
ambiguidade, sendo incorporado tanto no discurso neoliberal

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O Movimento Republicano e a Proclamação da institucionalizava-se. Os militares sentiam-se mal


República recompensados e desprezados pelo Império. Alguns jovens
oficiais, influenciados pela doutrina de Augusto Comte
Mesmo com a manutenção do sistema escravista e de (positivismo) e liderados por Benjamin Constant, sentiam-se
latifúndio exportador, na segunda metade do século XIX o encarregados de uma "missão salvadora" e estavam ansiosos
Brasil começou a experimentar mudanças, tanto na economia por corrigir os vícios da organização política e social do país. A
como na sociedade. "mística da salvação nacional" não era privativa deste pequeno
O café, que já era um produto em ascensão ganhou mais grupo de jovens. Generalizara-se entre os militares a ideia de
destaque quando cultivado no Oeste Paulista. Juntamente com que só os homens de farda eram "puros" e "patriotas", ao passo
o café na região amazônica a borracha também ganhava que os civis, as “casacas” como diziam eram corruptos venais
mercado. e sem nenhum sentimento patriótico.
Com a ameaça do fim da escravidão, começaram os A Proclamação resultou da conjugação de duas forças: o
incentivos para a vinda de trabalhadores assalariados gerando exército descontente, e o setor cafeeiro da economia,
o surgimento de um modesto mercado interno, além da pretendendo este eliminar a centralização vigente por meio de
criação de pequenas indústrias. Surgiram diversos organismos uma República Federativa que imporia ao país um sistema
de crédito e as ferrovias ganhavam cada vez mais espaço, favorável a seus interesses.
substituindo boa parte dos transportes terrestres, marítimos e Portanto, a Proclamação não significou uma ruptura no
fluviais. processo histórico brasileiro: a economia continuou
As mudanças citadas acima não alcançaram todo o dependente do setor agroexportador. Afora o trabalho
território brasileiro. Apenas a porção que hoje abrange as assalariado, o sistema de produção continuou o mesmo e os
regiões Sul e Sudeste foram diretamente impactadas, levando grupos dominantes continuaram a sair da camada social dos
inclusive ao crescimento dos núcleos urbanos. Em outras grandes proprietários. Houve apenas uma modernização
partes como na região Nordeste, o cultivo da cana-de-açúcar e institucional.
do algodão, que por muito tempo representaram a maior parte O golpe militar promovido em 15 de novembro de 1889 foi
das exportações nacionais, entravam em declínio. reafirmado com a proclamação civil de integrantes do Partido
Muitos dos produtores e da população dessas regiões em Republicano, na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Ao
desenvolvimento passavam a questionar o centralismo contrário do que aparentou, a proclamação foi consequência
político existente no império brasileiro que tirava a autonomia de um governo que não mais possuía base de sustentação
local. A solução para resolver os problemas advindos da política e não contou com intensa participação popular.
mudança pela qual o país passava foi encontrada no sistema Conforme salientado pelo ministro Aristides Lobo, a
federalista, capaz de garantir a tão desejada autonomia proclamação ocorreu às vistas de um povo que assistiu tudo de
regional. Não é de se espantar que entre os principais forma bestializada.
apoiadores do sistema federalista estivessem os produtores de
café do oeste paulista, que passavam a reivindicar com mais O Governo Provisório e a República da Espada
força seus interesses econômicos.
Apesar das influências republicanas nas revoltas e Proclamada a República, o primeiro desafio era
tentativas de separação desde o século XVIII, foi apenas na estabelecer um governo. O Marechal Deodoro da Fonseca ficou
década de 1870, com a publicação do Manifesto Republicano, responsável por assumir a função de Presidente até que um
que o ideal foi consolidado através da sistematização novo presidente fosse eleito. Os primeiros atos decretados por
partidária. Deodoro foram o banimento da Família Real do Brasil,
O Manifesto foi publicado em 3 de dezembro de 1870, no estabelecimento de uma nova bandeira nacional, separação
jornal A República, redigido por Quintino Bocaiúva, Saldanha entre Estado e Igreja (criação de um Estado Laico, porém não
Marinho e Salvador de Mendonça, e assinado por cinquenta e laicista), liberdade de cultos, secularização dos cemitérios e a
oito cidadãos entre políticos, fazendeiros, advogados, Grande Naturalização, ato que garantiu a todos os estrangeiros
jornalistas, médicos, engenheiros, professores e funcionários que moravam no Brasil a cidadania brasileira, desde que não
públicos. Defendia o federalismo (autonomia para as manifestassem dentro de seis meses a vontade de manter a
Províncias administrarem seus próprios negócios) e criticava nacionalidade original.
o poder pessoal do imperador. No plano econômico, Rui Barbosa assumiu o cargo de
Após a publicação do Manifesto, entre 1870 e 1889 os Ministro da Fazenda lançando uma política de incentivo ao
ideais republicanos espalharam-se rapidamente pelo país. Um setor industrial, caracterizada pela facilitação dos créditos
dos principais frutos foi a fundação do Partido Republicano bancários, a especulação de ações e a emissão de papel-moeda
Paulista, fundado na Convenção de Itu em 1873 e marcado pela em excesso. As medidas tomadas por Rui Barbosa que
heterogeneidade de seus membros e da efetiva participação buscavam modernizar o país, acabaram por gerar uma forte
dos cafeicultores do Oeste Paulista. crise que provocou o aumento da inflação e da dívida pública,
Os republicanos brasileiros divergiam em seus ideais, a quebra de bancos e empobrecimento de pequenos
criando duas tendências dentro do partido: A Tendência investidores. Essa dívida ficou conhecida como Encilhamento.
Evolucionista e a Tendência Revolucionária. Em 24 de fevereiro de 1891 foi eleito um Congresso
Defendida por Quintino Bocaiuva, a Tendência Constituinte, responsável por promulgar a primeira
Evolucionista partia do princípio de que a transição do Constituição republicana brasileira, elaborada com forte
império para a república deveria ocorrer de maneira pacífica, influência do modelo norte-americano. O Poder Moderador, de
sem combates. De preferência após a morte do imperador. uso exclusivo do imperador foi extinto, assim como o cargo de
Já a Tendência Revolucionária, defendida por Silva Primeiro-Ministro, a vitaliciedade dos senadores, as eleições
Jardim e Lopes Trovão, dizia que a República precisava “ser legislativas indiretas e o voto censitário.
feita nas ruas e em torno dos palácios do imperante e de seus Em relação ao poder do Estado, foi adotado o sistema de
ministros” e que não se poderia “dispensar um movimento tripartição entre Executivo, Legislativo e Judiciário, com um
francamente revolucionário”. A eleição de Quintino Bocaiúva sistema presidencialista de voto direto com mandato de 4 anos
(maio de 1889) para a chefia do Partido Republicano Nacional sem reeleição. As províncias, que agora eram denominadas
expurgou dos quadros republicanos as ideias revolucionárias. Estados, foram beneficiadas com uma maior autonomia
O final da Guerra do Paraguai (1870) aumentou os através do Sistema Federalista.
antagonismos entre o Exército e a Monarquia. O exército

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Em relação ao voto, antes censitário, foi declarado o Federalista era composta principalmente de estancieiros de
sufrágio universal masculino, ou seja, “todos” os homens campanha, que dominaram a cena política durante o império.
alfabetizados e maiores de 21 anos poderiam votar. Na prática Durante o conflito ganharam o apelido de Maragatos.
o voto ainda continuava restrito, visto que eram excluídos os O conflito teve início em fevereiro de 1893, quando os
mendigos, os padres e os praças (soldados de baixa patente). federalistas, descontentes com a imposição do governo de
No Brasil de 1900, cerca de 35%14 da população era Júlio de Castilhos, pegaram em armas para derrubar o
alfabetizada. Desse total ainda estavam excluídas as mulheres, presidente estadual. Desde o início da revolta, Floriano
já que mesmo sem uma regra explícita de proibição na Peixoto, então presidente do Brasil, colocou-se do lado dos
constituição, “considerou-se implicitamente que elas estavam republicanos. Os opositores de Floriano em todo o país
impedidas de votar”15 passaram a apoiar os federalistas.
A Constituição também determinava que a primeira No final de 1893 os federalistas ganharam o apoio da
eleição para presidente deveria ser indireta através do Revolta Armada que teve início no Rio de Janeiro, causada
Congresso. Deodoro da Fonseca venceu a eleição por 129 pelas rivalidades entre o exército e a marinha e o
votos a favor e 97 contra, resultado considerado apertado na descontentamento do almirante Custódio José de Melo,
época. Para o cargo de vice-presidente o Congresso elegeu o frustrado em sua intenção de suceder Floriano Peixoto na
marechal Floriano Peixoto. presidência.
A atuação de Deodoro foi encarada com suspeita pelo Parte da esquadra naval comandada pelo almirante
Congresso, já que ele buscava um fortalecimento do Poder deslocou-se para o Sul, ocupando a cidade de Desterro (atual
Executivo baseado no antigo Poder Moderador. Deodoro Florianópolis), em Santa Catarina, e a partir daí ocupando
substituiu o ministério que vinha do governo provisório por parte do Paraná e a capital Curitiba. O prolongamento do
um outro, que seria comandado pelo Barão de Lucena, conflito, com grandes custos aos revoltosos, levou à decisão de
tradicional político monárquico. Em 3 de novembro de 1891 o recuar e manter-se no Rio Grande do Sul.
presidente fechou o Congresso, prometendo novas eleições e a A revolta teve fim somente em agosto de 1895, quando os
revisão da Constituição. combatentes maragatos depuseram as armas e assinaram um
A intenção do marechal era limitar e igualar a acordo de paz com o presidente da república, garantindo a
representação dos Estados na Câmara, o que atingia os anistia para os participantes do conflito. Apesar de curta, a
grandes Estados que já possuíam uma participação maior na Revolução Federalista teve um saldo de mais de 10.000
política. Sem obter o apoio desejado dentro das forças mortos, a maior parte deles de prisioneiros capturados em
armadas, Deodoro acabou renunciando em 23 de novembro de conflitos e mortos posteriormente, o que garantiu o apelido de
1891, assumindo em seu lugar o vice Floriano Peixoto. “revolução da degola”.
Floriano tinha uma visão de República baseada na
construção de um governo estável e centralizado, com base no Características da Primeira República
exército e no apoio dos jovens das escolas civis e militares. A
visão de Floriano chocava-se diretamente com a visão dos O período que vai de 1889, data da Proclamação da
grandes fazendeiros, principalmente os produtores de café de República, até 1930, quando Getúlio Vargas assumiu o poder,
São Paulo que almejavam um Estado liberal e descentralizado. é conhecido como Primeira República. O período é marcado
Apesar das diferenças, o presidente e os fazendeiros pela dominação de poucos grupos políticos, conhecidos como
conviveram em certa harmonia, pela percepção de que sem oligarquias, pela alternância de poder entre os estados de São
Floriano a República corria o risco de acabar, e sem o apoio dos Paulo e Minas Gerais (política do café-com-leite), e pelo poder
fazendeiros, Floriano não conseguiria governar. local exercido pelos Coronéis.
Os dois primeiros governos republicanos no Brasil Com a saída dos militares do governo em 1894, teve início
ganharam o nome de República da Espada devido ao fato de o período chamado República das Oligarquias. A palavra
seus presidentes serem membros do exército. Oligarquia vem do grego oligarkhía, que significa “governo de
poucos”. Os grupos dominantes, em geral ligados ao café e ao
A Revolução Federalista gado, impunham sua vontade sobre o governo, seja pela via
Desde o período imperial, o Rio Grande do Sul fora palco legal, seja através de fraudes nas votações e criação de leis
de protestos e indignações com o governo, como pode ser específicas para beneficiar o grupo dominante.
observado na Revolução Farroupilha, que durou de 1835 até
1845. Com a Proclamação da República, a política no Estado O Coronelismo
manteve-se instável, com diversas trocas no cargo de Durante o período regencial, espaço entre a abdicação de
presidente estadual. Conforme aponta Fausto, entre 1889 e D. Pedro I e a coroação de D. Pedro II, diversas revoltas e
1893, dezessete governos se sucederam no comando do tentativas de separação e instalação de uma república
Estado16, até que Júlio de Castilhos assumiu o poder no Estado. aconteceram no Brasil. Sem condições de controlar todas as
Dois grupos disputavam o controle do Rio Grande do Sul: o revoltas, o governo regencial, pela sugestão de Diogo Feijó,
Partido Republicano Rio-grandense (PRR) e o Partido criou a Guarda Nacional.
Federalista (PF). Com o propósito de defender a constituição, a integridade,
O Partido Republicano era composto por políticos a liberdade e a independência do Império Brasileiro, sua
defensores do positivismo, apoiadores de Júlio de Castilhos e criação desorganiza o Exército e começa a se constituir no país
de Floriano Peixoto. Sua base política era composta uma força armada vinculada diretamente à aristocracia rural,
principalmente de imigrantes e habitantes do litoral e da Serra com organização descentralizada, composta por membros da
do Rio Grande do Sul, formando uma elite política recente. elite agrária e seus agregados. Para compor os quadros da
Durante o conflito foram conhecidos como Pica-paus. Guarda nacional era necessário possuir amplos direitos
O Partido Federalista defendia um sistema de governo políticos, ou seja, pelas determinações constitucionais,
parlamentarista e a revogação da constituição do Estado, de poderiam fazer parte dela apenas aqueles que dispusessem de
caráter positivista. Foi fundado em 1892 e tinha como líder o altos ganhos anuais.
político Silveira Martins, conhecida figura política do Partido Com a criação da Guarda e suas exigências para
Liberal durante o império. A base de apoio do Partido participação, surgiram os coronéis, que eram grandes

14 Souza, Marcelo Medeiros Coelho de. O analfabetismo no brasil sob 15 FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1999. Página 251.
enfoque demográfico. Cad. Pesqui. Jul 1999, no.107, p.169-186. ISSN 0100-1574 16 FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1999.

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proprietários rurais que compravam suas patentes militares afetados e as camadas pobres e a classe média também foram
do Estado. Na prática, eles foram responsáveis pela prejudicadas.
organização de milícias locais, responsáveis por manter a A transição de governos consolidou as oligarquias de São
ordem pública e proteger os interesses privados daqueles que Paulo e Minas Gerais no poder. O único entrave para um
as comandavam. O coronelismo esteve profundamente governo harmônico eram as disputas políticas entre as
enraizado no cenário político brasileiro do século XIX e início oligarquias locais nos Estados. O governo federal acabava
do século XX. intervindo nas disputas, porém, a incerteza de uma
Após o fim da República da Espada, os grupos ligados ao colaboração duradoura entre os Estados e a União ainda
setor agrário ganharam força na política nacional, gerando permanecia. Outro fator que não permitia uma plena
uma maior relevância para os coronéis no controle dos consolidação política era a vontade do executivo em impor-se
interesses e na manutenção da ordem social. Como ao legislativo, mesmo com a afirmação na Constituição de que
comandantes de forças policiais locais, os coronéis os três poderes eram harmônicos e independentes entre si.
configuravam-se como uma autoridade quase inquestionável A junção desses fatores levou Campos Salles a criar um
nas áreas rurais. arranjo político capaz de garantir a estabilidade e controlar o
A autoridade do coronel, além de usada para manter a legislativo, que ficou conhecido como Política dos
ordem social, era exercida principalmente durante as eleições, Governadores.
para garantir que o candidato ou grupo político que ele Basicamente, a política dos governadores apoiava-se em
representasse saísse vencedor. A oposição ao comando do uma ideia simples: o presidente apoiava as oligarquias
coronel poderia resultar em violência física, ameaças e estaduais mais fortes, e em troca, essas oligarquias apoiavam
perseguições, o que fazia com que muitos votassem a e votavam nos candidatos indicados pelo presidente.
contragosto, para evitar as consequências de discordar da Na Câmara dos Deputados, uma mudança simples garantiu
autoridade local, gerando uma prática conhecida como Voto o domínio. Conhecida como Comissão de Verificação de
de Cabresto. poderes, essa ferramenta permitia decidir quais políticos
Na república velha, o sistema eleitoral era muito frágil e deveriam integrar a Câmara e quais deveriam ser “degolados”,
fácil de ser manipulado. Os coronéis compravam votos para que na gíria política da época significava ser excluído.
seus candidatos ou trocavam votos por bens materiais. Como Quando ocorriam eleições para a Câmara, os vencedores
o voto era aberto, os coronéis mandavam os capangas para os em cada estado recebiam um diploma. Na falta de um sistema
locais de votação, com o objetivo de intimidar os eleitores e de justiça eleitoral, ficava a cargo da comissão determinar a
ganhar os votos. As regiões controladas politicamente pelos validade do diploma. A comissão era escolhida pelo presidente
coronéis eram conhecidas como currais eleitorais. temporário da nova Câmara eleita, o que até antes da reforma
Os coronéis costumavam alterar votos, sumir com urnas e de Campos Salles significava o mais velho parlamentar eleito.
até mesmo patrocinavam a prática do voto fantasma. Este Com a reforma, o presidente da nova Câmara deveria ser o
último consistia na falsificação de documentos para que presidente do mandato anterior, desde que reeleito. Dessa
pessoas pudessem votar várias vezes ou até mesmo utilizar o forma, o novo presidente da Câmara seria sempre alguém
nome de falecidos nas votações. ligado ao governo, e caso algum deputado oposicionista ou que
Dessa forma, a vontade política do coronel era atendida, desagradasse o governo fosse eleito, ficava mais fácil removê-
garantindo que seus candidatos fossem eleitos em nível lo do poder.
municipal e também estadual, e garantindo também
participação na esfera federal. Convênio de Taubaté
Desde o período imperial o café figurava como principal
Prudente de Morais produto de exportação brasileiro, principalmente após a
segunda década do século XIX. Consumido em larga escala na
Floriano tentou garantir que seu sucessor fosse um aliado Europa e nos Estados Unidos, o cultivo da planta espalhou-se
político, porém as poucas bases de apoio de que dispunha não pelo vale do Paraíba fluminense e paulista. Continuando sua
lhe foram suficientes para concretizar o desejo. No dia 1 de marcha ascendente, houve expansão dos cafeeiros na
março de 1894 foi eleito o paulista Prudente de Morais, província de Minas Gerais (Zona da Mata e sul do estado), ao
encerrando o governo de membros do exército, que só mesmo tempo em que a produção se consolidava no interior
voltariam ao poder em 1910, com a eleição do marechal de São Paulo, principalmente no “Oeste Paulista”.
Hermes da Fonseca. A grande oferta causada pela produção em excesso levou a
Prudente buscou desvincular o exército do governo, uma queda do preço, visto que havia mais produto no mercado
substituindo os cargos que eram ocupados por militares por e menos pessoas interessadas em adquiri-lo.
civis, principalmente representantes da cafeicultura, O convênio de Taubaté foi um acordo firmado em 1906,
promovendo uma descentralização do poder. último ano do mandato de Rodrigues Alves (1902-1906), entre
Suas principais bandeiras eram a de uma república forte, os presidentes dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de
em oposição às tendências liberais, antimonarquistas e Janeiro, na cidade de Taubaté (SP), com o objetivo de pôr em
antilusitanas. prática um plano de valorização do café, garantindo o preço do
produto por meio da compra, pelo governo federal, do
Campos Salles excedente da produção. O acordo foi firmado mesmo contra a
vontade do presidente, e foi efetivamente aplicada por seu
Em 1898 o paulista Manuel Ferraz de Campos Salles sucessor, Afonso Pena.
assumiu a presidência no lugar de Prudente de Morais. Antes
mesmo de assumir o governo, Campos Salles renegociou a O Tratado de Petrópolis e a Borracha
dívida brasileira, que vinha se arrastando desde os tempos do O espaço físico que constitui o Estado do Acre, era, até o
império. início do século XX, considerado uma zona não descoberta, um
Para resolver a situação, ele se reuniu com os credores e território contestado pelos governos boliviano e brasileiro.
estabeleceu um acordo chamado Funding-Loan. Este acordo Em 1839, Charles Goodyear descobriu o processo de
consistia no seguinte: o Brasil fazia empréstimos e atrasava o Vulcanização, que consistia em misturar enxofre com borracha
pagamento da dívida, fazendo concessões aos banqueiros a uma temperatura elevada (140ºC/150ºC) durante certo
nacionais. Como consequência a indústria e o comércio foram número de horas. Com esse processo, as propriedades da

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borracha não se alteravam pelo frio, calor, solventes comuns acreanos. O enfrentamento de tropas regulares do Brasil e da
ou óleos. Bolívia gerou a Guerra do Acre.
Apesar do surto econômico e da procura do produto, As tropas brasileiras, formadas por dois regimentos de
favorável para a Amazônia brasileira, havia um sério problema infantaria, um de artilharia e uma divisão naval, ajudaram
para a extração do látex: a falta de mão-de-obra. Plácido de Castro a derrotar o último reduto boliviano no Acre,
Isso foi solucionado com a chegada à região de nordestinos Puerto Alonso, hoje Porto Acre. Em consequência, no dia 17 de
(Arigós) que vieram fugindo da seca de 1877. Prisioneiros, novembro de 1903, na cidade de Petrópolis, as repúblicas do
exilados políticos e trabalhadores nordestinos misturavam-se Brasil e da Bolívia firmaram o Tratado de Petrópolis, através
nos seringais do Acre, fundavam povoações, avançavam e se do qual o Brasil ficou de posse do Acre, assumindo o
estabeleciam em pleno território boliviano. compromisso de pagar uma indenização de dois milhões de
A exploração brasileira na região incomodava o governo libras esterlinas ao governo boliviano e mais 114 mil ao
boliviano, que resolveu tomar posse definitiva do Acre. Bolivian Syndicate.
Fundou a vila de Puerto Alonso, em 03 de janeiro de 1889, e O Tratado de Petrópolis, aprovado pelo Congresso
foram instalados postos da alfândega para arrecadar tributos brasileiro em 12 de abril de 1904, também obrigou o Brasil a
originados da comercialização de borracha silvestre. Essa realizar o antigo projeto do governo boliviano de construir a
atitude causou revolta entre os quase sessenta mil brasileiros estrada de ferro Madeira-Mamoré. A Bolívia, aproveitando-se
que trabalhavam nos seringais acreanos. Liderados pelo do momento político, colocou na pauta de negociações seu
seringalista José Carvalho, do Amazonas, os seringueiros ambicionado projeto. Em contrapartida, reconheceu a
rebelaram-se e expulsaram as autoridades bolivianas, em 03 prioridade de chegada dos primeiros brasileiros à região e
de maio de 1889. renunciou a todos os direitos sobre as terras do Acre.
Após o episódio, um espanhol chamado Luiz Galvez
Rodrigues de Aurias liderou outra rebelião, de maior alcance O declínio da borracha
político, proclamando a independência e instalando o que ele Em 1876, Henry Alexander Wyckham contrabandeou
chamou de República do Acre, no local conhecido como sementes de seringueiras da região situada entre os rios
Seringal Volta da Empresa, em 14 de julho de 1889. Galvez, o Tapajós e Madeira e as mandou para o Museu Botânico de Kew,
“Imperador do Acre”, como auto proclamava-se, contava com na Inglaterra. Muitas das sementes brotaram nos viveiros e
o apoio político do governador do Amazonas, Ramalho Junior. poucas semanas depois, as mudas foram transportadas para o
Entretanto, a República do Acre durou apenas oito meses. O Ceilão e Malásia.
governo brasileiro, signatário do Tratado de Ayacucho, de 23 Na região asiática as sementes foram plantadas de forma
de março de 1867, reconheceu o direito de posse da Bolívia, racional e passaram a contar com um grande número de mão-
prendeu Luiz Galvez Rodrigues de Aurias e devolveu o Acre ao de-obra, o que possibilitou uma produção expressiva, já no ano
governo boliviano. de 1900. Gradativamente, a produção asiática foi superando a
Mesmo com a devolução do Acre aos bolivianos, a situação produção amazônica e, em 1912 há sinais de crise, culminando
continuava insustentável. O clima de animosidade persistia e em 1914, com a decadência deste ciclo na Amazônia brasileira.
aumentava a cada dia. Em 11 de julho de 1901, o governo Para a economia nacional, a borracha teve suma
boliviano decidiu arrendar o Acre a um grupo de empresários importância nas exportações, visto que em 1910, o produto
americanos, ingleses e alemães, formado pelas empresas representou 40% das exportações brasileiras. Para a
Conway and Withridge, United States Rubber Company, e Export Amazônia, o primeiro Ciclo da Borracha foi importante pela
Lumber. Esse consórcio constituiu o Bolivian Syndicate que colonização de nordestinos na região e a urbanização das duas
recebeu da Bolívia autorização para colonizar a região, grandes cidades amazônicas: Belém do Pará e Manaus.
explorar o látex e formar sua própria milícia, com direito de Durante o seu apogeu, a produção de borracha foi
utilizar a força para atender seus interesses. responsável por aproximadamente 1/3 do PIB do Brasil. Isso
Os seringueiros brasileiros, a maior parte formada por gerou muita riqueza na região amazônica e trouxe tecnologias
nordestinos, não aceitaram a situação. Estimulados por que outras cidades do sul e sudeste do Brasil ainda não
grandes seringalistas e apoiados pelos governadores do possuíam, tais como bondes elétricos e avenidas construídas
Amazonas e do Pará, deram início, no dia 06 de agosto de 1902, sobre pântanos aterrados, além de edifícios imponentes e
a uma rebelião armada: a Revolta do Acre. Os seringalistas luxuosos, como o Teatro Amazonas, o Palácio do Governo, o
entregaram a chefia do movimento rebelde ao gaúcho José Mercado Municipal e o prédio da Alfândega, no caso de
Plácido de Castro, ex-major do Exército, rebaixado a cabo por Manaus, o Mercado de São Brás, Mercado Francisco Bolonha,
participar da Revolução Federalista do Rio Grande do Sul, ao Teatro da Paz, Palácio Antônio Lemos, corredores de
lado dos Maragatos. mangueiras e diversos palacetes residenciais no caso de
A Revolta por ele liderada, financiada por seringalistas e Belém.
por dois governadores de Estado, fortalecia-se a cada dia, na
medida em que recebia armamentos, munições, alimentos, Industrialização e Greves
além de apoio político e popular. Em todo o país ocorreram Ao ser proclamada a República em 1889, existiam no Brasil
manifestações em favor da anexação do Acre ao Brasil. 626 estabelecimentos industriais, sendo 60% do ramo têxtil e
A imprensa do Rio de Janeiro e de São Paulo exigia do 15% do ramo de produtos alimentícios. Em 1914, o número já
governo brasileiro imediatas providências em defesa dos era de 7.430 indústrias, com 153.000 operários.
acreanos. Por seu lado, o governo brasileiro procurava Após o incentivo para abertura de novas indústrias
solucionar o impasse pela via diplomática, tendo à frente das decorrentes do período de 1914 a 1918, em que a Europa
negociações o diplomata José Maria da Silva Paranhos Júnior, esteve em guerra, diversas empresas produtoras
o Barão do Rio Branco. Mas todas as tentativas eram inócuas e principalmente de matéria-prima iniciaram atividades no
os combates entre brasileiros e bolivianos tornavam-se mais Brasil. Em 1920, o número havia subido para 13.336, com
frequentes e acirrados. 275.000 operários. Até 1930, foram fundados mais 4.687
Em meio aos conflitos, o presidente da Bolívia, general José estabelecimentos industriais.
Manuel Pando, organizou sob seu comando uma poderosa Há que se levar em conta que a industrialização se
expedição militar para combater os brasileiros do Acre. O concentrou no eixo Rio-São Paulo e, secundariamente, no Rio
presidente do Brasil, Rodrigues Alves, ordenou que tropas do Grande do Sul. O empresariado industrial era oriundo do café,
Exército e da Armada Naval, acantonadas no Estado de Mato do setor importador e da elite dos imigrantes.
Grosso, avançassem para a região em defesa dos seringueiros

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Durante o período republicano fica evidente o descaso das canhões e metralhadoras, uma delas comandada pelo Coronel
autoridades governamentais com os trabalhadores. O país Antônio Moreira César, também conhecido como "corta-
passava por um momento de industrialização e os cabeças" pela fama de ter mandado executar mais de cem
trabalhadores começam a se organizar. pessoas na repressão à Revolução Federalista em Santa
Em sua maioria imigrantes europeus que possuíam uma Catarina. A incapacidade do governo federal em conter os
forte influência dos ideais anarquistas e comunistas, os revoltosos, com derrotas vergonhosas, gerou diversas revoltas
primeiros trabalhadores das fábricas brasileiras possuíam um no Rio de Janeiro.
discurso inflamado, convocando os colegas a se unirem em Com a intenção de resolver de vez o problema, foi
associações que resultariam posteriormente na fundação dos organizada a 4ª expedição militar ao vilarejo, com 8.000
primeiros sindicatos de trabalhadores. soldados sob o comando do general Artur de Andrade
Os líderes dos movimentos operários buscavam melhores Guimarães. Dotada de armamento moderno, a expedição levou
condições de trabalho para seus colegas como redução de um mês e meio para vencer os sertanejos, finalmente
jornada de trabalho e segurança no trabalho. Lutavam contra arrasando o arraial em agosto de 1897, quando os últimos
a manutenção da propriedade privada e do chamado “Estado defensores do vilarejo foram capturados e degolados.
Burguês”. Canudos foi incendiada para evitar que novos moradores
Ocorreram entre 1903 e 1906 greves de pouca expressão se estabelecessem no local. Nos jornais e também no
pelo país, através de movimentos de tecelões, alfaiates, pensamento do governo federal, a vitória sobre Canudos foi
portuários, mineradores, carpinteiros e ferroviários. Em uma vitória “da civilização sobre a barbárie”.
contrapartida, o governo brasileiro criou leis para impedir o Os combates ocorridos em Canudos foram contados pelo
avanço dos movimentos, como uma lei expulsando os Jornalista Euclides da Cunha, em seu livro Os Sertões. O livro
estrangeiros que fossem considerados uma ameaça à ordem e busca trazer um relato do ocorrido, através do ponto de vista
segurança nacional. do autor, que possuía uma visão de “raça superior”, comum do
A greve mais significativa do período ocorreu em 1917, a pensamento científico da época. De acordo com esse
Greve Geral em São Paulo, que contou com os trabalhadores pensamento, o mestiço brasileiro seria uma raça de
dos setores alimentício, gráfico, têxtil e ferroviário como mais características inferiores, que estava destinada ao
atuantes. O governo, para reprimir o movimento utilizou desaparecimento por conta do avanço da civilização.
inclusive forças do Exército e da Marinha. Não só Euclides da Cunha pensava da mesma forma. O
A repressão cada vez mais dura do governo através de leis, pensamento racial baseado em teorias científicas foi comum
decretos e uso de violência acabou sufocando os movimentos no Brasil da virada do século XX.
grevistas, que acabaram servindo de base para a criação no
ano de 1922, inspirado pelo Partido Bolchevique Russo, do A Guerra do Contestado
PCB, Partido Comunista Brasileiro. Os sindicatos também Na virada do século XX uma grande parte da população que
começam a se organizar no período. vivia no interior do estado era composta por sertanejos,
pessoas de origem humilde, que viviam na fronteira com o
Revoltas Paraná. A região foi palco de um intenso conflito por posse de
terras, ocorrido entre 1912 e 1916, que ficou conhecido como
Guerra de Canudos Guerra do Contestado.
A revolta em Canudos deve ser entendida como um O conflito teve início com a implantação de uma estrada de
movimento messiânico, ou seja, a aglomeração em torno de ferro que ligaria o Rio Grande do Sul a São Paulo, além de uma
uma figura religiosa capaz de reunir fiéis e trazer a esperança madeireira, em 1912, de propriedade do empresário Norte-
de uma vida melhor através de pregações. Americano Percival Farquhar.
Canudos formou-se através da liderança de Antônio A Brazil Railway ficou responsável pela construção da
Vicente Mendes Maciel, conhecido também por Antônio estrada de ferro que ligaria os dois pontos. Como forma de
Conselheiro, um beato que, andando pelo sertão pregava a remuneração por seus serviços, o governo cedeu à companhia
salvação por meio do abandono material, exigindo que seus uma extensa faixa de terra ao longo dos trilhos,
fiéis o seguissem pelo sertão nordestino. aproximadamente 15 quilômetros de cada margem do
Perseguido pela Igreja, e com um número significativo de caminho.
fiéis, Antônio Conselheiro estabeleceu-se no sertão baiano, à As terras doadas pelo governo foram entregues à empresa
margem do Rio Vaza-Barris, formando o Arraial de Canudos. na categoria de terras devolutas, ou seja, terras não ocupadas
Ali fundou a cidade santa, à qual dera o nome de Belo Monte, pertencentes à união. O ato desconsiderou a presença de
administrada pelo beato, que contava com vários subchefes, milhares de pessoas que habitavam a região, porém não
cada qual responsável por um setor (comandante da rua, possuíam registros de posse sobre a terra.
encarregado da segurança e da guerra, escrivão de Apesar do contrato firmado, de que as terras entregues à
casamentos, entre outros). companhia pudessem ser habitadas somente por estrangeiros,
A razão para o crescimento do arraial em torno da figura o principal interesse do empresário era a exploração da
de Antônio Conselheiro pode ser explicada pela pobreza dos madeira que se encontrava na região, em especial araucárias e
habitantes do sertão nordestino, aliada à fome e a insatisfação imbuias, com alto valor de mercado. Não tardou para a criação
com o governo republicano, sendo o beato um aberto defensor da Southern Brazil Lumber and Colonization Company,
da volta da monarquia. responsável por explorar a extração da madeira e que
A comunidade de Canudos, assim, sobrevivia e prosperava, posteriormente tornou-se a maior empresa do gênero na
mantendo-se por via das trocas com as comunidades vizinhas. América do Sul.
Devido a um incidente entre os moradores do arraial e o A derrubada da floresta implicava necessariamente em
governo da Bahia - uma questão mal resolvida em relação ao remover os antigos moradores regionais, gerando conflitos
corte de madeira na região - o governo estadual resolveu imediatos. Os sertanejos encontraram na figura de monges que
repreender os habitantes, enviando uma tropa ao local. Apesar vagavam pelo sertão pregando a palavra de Deus a inspiração
das poucas condições materiais dos moradores, a tropa baiana e a liderança para lutar contra o governo e as empresas
foi derrotada, o que levou o presidente da Bahia a apelar para estrangeiras. O primeiro Monge que criou pontos de
as tropas federais. resistência ficou conhecido como José Maria. Adorado pela
Canudos manteve-se firme diante das ameaças, população local, o monge era visto pelos sertanejos como um
derrotando duas expedições de tropas federais municiadas de

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salvador dos pobres e oprimidos, e pelo governo como um retornou e no começo de dezembro, os marinheiros fizeram
empecilho para os trabalhos de construção da estrada de ferro. outra revolta na Ilha das Cobras.
O governo e as empresas investiram fortemente na Esta segunda revolta foi fortemente reprimida pelo
tentativa de expulsão dos sertanejos, e em 1912 próximo ao governo, sendo que vários marinheiros foram presos em celas
vilarejo de Irani ocorreu uma intensa batalha entre governo e subterrâneas da Fortaleza da Ilha das Cobras. Neste local, onde
população, causando a morte do Monge. A morte do líder as condições de vida eram desumanas alguns prisioneiros
causou mais revolta nos sertanejos, que intensificaram a faleceram. Outros revoltosos presos foram enviados para a
resistência, unindo sua crença em outras figuras que Amazônia, onde deveriam prestar trabalhos forçados na
despontavam como lideranças, como Maria Rosa, uma jovem produção de borracha.
de quinze anos de idade, que foi considerada por historiadores O líder da revolta João Cândido foi expulso da Marinha e
como Joana D'Arc do sertão. A jovem afirmava receber ordens internado como louco no Hospital de Alienados. No ano de
espirituais de batalha do Monge Assassinado. 1912, foi absolvido das acusações junto com outros
O conflito foi tomado como prioridade pelo governo marinheiros que participaram da revolta.
federal, que investiu grande potencial bélico na contenção dos
revoltosos, como fuzis, canhões, metralhadoras e aviões. O O Cangaço no Nordeste19
conflito acaba em 1916 com a captura dos últimos lideres Entre o final do século XIX e começo do XX (início da
revoltosos. Assim como em Canudos, a Revolta do Contestado República), ganharam força, no nordeste brasileiro, grupos de
foi marcada por um forte caráter messiânico. homens armados, conhecidos como cangaceiros. Estes grupos
apareceram em função principalmente das péssimas
A Revolta da Vacina condições sociais da região nordestina. O latifúndio que
A origem dessa revolta ocorrida no Rio de Janeiro deve ser concentrava terra e renda nas mãos dos fazendeiros, deixava a
procurada na questão social gerada pelas desigualdades margem da sociedade a maioria da população.
sociais e agravada pela reurbanização do Distrito Federal pelo Existiram três tipos de cangaço na história do sertão:
prefeito Pereira Passos.
O grande destaque do período foi a Campanha de O defensivo, de ação esporádica na guarda de
Saneamento no Rio de Janeiro, dirigida por Oswaldo Cruz. propriedades rurais, em virtude de ameaças de índios, disputa
Decretando-se a vacinação obrigatória contra a varíola, de terras e rixas de famílias;
ocorreu o descontentamento popular. O político, expressão do poder dos grandes fazendeiros;
Isso ocorreu devido a forma que a campanha foi conduzida, O independente, com características de banditismo.
onde os agentes usavam da força para entrar nas casas e
vacinar a população. Não houve uma campanha prévia para O Cangaço pode ser entendido como um fenômeno social,
conscientização e educação. Disso se aproveitaram os caracterizado por atitudes violentas por parte dos
militares e políticos adversários de Rodrigues Alves. cangaceiros, que andavam em bandos armados e espalhavam
Assim, irrompeu a Revolta da Vacina (novembro de 1904), o medo pelo sertão nordestino. Promoviam saques a fazendas,
sob a liderança do senador Lauro Sodré. O levante foi atacavam comboios e chegavam a sequestrar fazendeiros para
rapidamente dominado, fortalecendo a posição do presidente. obtenção de resgates. A população que respeitava e acatava as
ordens dos cangaceiros era muitas vezes beneficiada por suas
Revolta da Chibata17 atitudes. Essa característica fez com que os cangaceiros fossem
A Revolta da Chibata ocorreu em 22 de novembro de 1910 respeitados e até mesmo admirados por parte da população da
no Rio de Janeiro. Entre outros, foi motivada pelos castigos época.
físicos que os marinheiros brasileiros recebiam. As faltas Como não seguiam as leis estabelecidas pelo governo,
graves eram punidas com 25 chibatadas (chicotadas). Esta eram perseguidos constantemente pelos policiais. Usavam
situação gerou uma intensa revolta entre os marinheiros. roupas e chapéus de couro para protegerem os corpos,
O estopim da revolta se deu quando o marinheiro durante as fugas, da vegetação cheia de espinhos da caatinga.
Marcelino Rodrigues foi castigado com 250 chibatadas, por ter Além desse recurso da vestimenta, usavam todos os
ferido um colega da Marinha, dentro do encouraçado Minas conhecimentos que possuíam sobre o território nordestino
Gerais. O navio de guerra estava indo para o Rio de Janeiro e a (fontes de água, ervas, tipos de solo e vegetação) para fugirem
punição, que ocorreu na presença dos outros marinheiros, ou obterem esconderijos.
desencadeou a revolta. Existiram diversos bandos de cangaceiros. Porém, o mais
O motim se agravou e os revoltosos chegaram a matar o conhecido e temido da época foi o bando comandado por
comandante do navio e mais três oficiais. Já na Baia da Lampião (Virgulino Ferreira da Silva), também conhecido pelo
Guanabara, os revoltosos conseguiram o apoio dos apelido de “Rei do Cangaço”. O bando de Lampião atuou pelo
marinheiros do encouraçado São Paulo. sertão nordestino durante as décadas de 1920 e 1930.
O líder da revolta, João Cândido (conhecido como o De 1921 a 1934, Lampião dividiu seu bando em vários
Almirante Negro), redigiu a carta reivindicando o fim dos subgrupos, dentre os quais os chefiados por Corisco, Moita
castigos físicos, melhorias na alimentação e anistia para todos Brava, Português, Moreno, Labareda, Baiano, José Sereno e
que participaram da revolta. Caso não fossem cumpridas as Mariano. Entre seus bandos, Lampião sempre teve grande
reivindicações, os revoltosos ameaçavam bombardear a apreço pelo bando de Corisco, conhecido como “Diabo Loiro” e
cidade do Rio de Janeiro (então capital do Brasil). também grande amigo de Virgulino.
Lampião morreu numa emboscada armada por uma
Segunda Revolta18 volante20, junto com a mulher Maria Bonita e outros
Diante da grave situação, o presidente Hermes da Fonseca cangaceiros, em 29 de julho de 1938. Tiveram suas cabeças
resolveu aceitar o ultimato dos revoltosos. Porém, após os decepadas e expostas em locais públicos, pois o governo
marinheiros terem entregues as armas e embarcações, o queria assustar e desestimular esta prática na região.
presidente solicitou a expulsão de alguns deles. A insatisfação A morte de lampião atingiu o movimento do Cangaço como
um todo, enfraquecendo e dividindo os grupos restantes.

17 http://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-do-brasil/revolta-da- 19 http://www.seja-ead.com.br/2-ensino-medio/ava-ead-em/3-ano/03-
chibata ht/aula-presencial/aula-5.pdf
18 http://www.abi.org.br/abi-homenageia-filho-do-lider-da-revolta-da- 20 Tropa ligeira, que não transporta artilharia nem bagagem.

chibata/

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Corisco foi morto em uma emboscada no ano de 1940, abril de 1919 e retornou ao Brasil em julho para assumir a
encerrando de vez o cangaço no Nordeste. presidência da República.
Apesar da derrota, o candidato oposicionista conseguiu
A Semana de Arte Moderna de 1922 atingir cerca de um terço dos votos, sem nenhum apoio da
máquina eleitoral, inclusive conquistando a vitória no Distrito
O ano de 1922 representou um marco na arte e na cultura Federal.
brasileira, com a realização da Semana de Arte Moderna, de 11 Mesmo com o acordo de apoio conseguido com a Política
a 18 de fevereiro. A exposição marcava uma tentativa de dos Governadores, e o controle estabelecido por São Paulo e
introduzir elementos brasileiros nos campo da arte e da Minas Gerais no revezamento de poder a partir da década de
cultura, vistas como dominadas pela influência estrangeira, 1920, estados com uma participação política e econômica
principalmente de elementos europeus, trazidos tanto pela considerada mediana resolveram interferir para tentar acabar
elite econômica quanto por trabalhadores imigrantes, com a hegemonia da política do “Café com Leite”.
principalmente italianos que trabalhavam na indústria Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia se
paulista. uniram nas eleições presidenciais de 1922, lançando um
Na virada do século XX, São Paulo despontava como movimento político de oposição - a Reação Republicana - que
segunda maior cidade do país, atrás apenas do Rio de Janeiro, lançou o nome do fluminense Nilo Peçanha contra o candidato
capital nacional. Apesar de ocupar o segundo lugar em oficial, o mineiro Artur Bernardes.
tamanho, a cidade possuía grande taxa de industrialização, A chapa oposicionista defendia a maior independência do
mais até que a capital, principalmente pelos recursos Poder Legislativo frente ao Executivo, o fortalecimento das
proporcionados pela produção de café. Forças Armadas e alguns direitos sociais do proletariado
O contato proporcionado pelos novos meios de transporte urbano. Todas essas propostas eram apresentadas num
e de comunicação proporcionou o contato com novas discurso liberal de defesa da regeneração da República
tendências que rompiam com a estrutura das artes brasileira.
predominante desde o renascimento. Entre elas estavam o O movimento contou com a adesão de diversos militares
futurismo, dadaísmo, cubismo, e surrealismo. descontentes com o presidente Epitácio Pessoa, que nomeara
No Brasil, o espírito modernista foi apresentado por um civil para a chefia do Ministério da Guerra. A Reação
autores como Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Lima Republicana conseguiu, em uma estratégia praticamente
Barreto e Graça Aranha, que se desligaram de uma literatura inédita na história brasileira, desenvolver uma campanha
de “falsas aparências”, procurando discutir ou descobrir o baseada em comícios populares nos maiores centros do país.
“Brasil real”, frequentemente “maquiado” pelo pensamento O mais importante deles foi o comício na capital federal,
acadêmico. As novas tendências apareceram em 1917, em quando Nilo Peçanha foi ovacionado pelas massas.
trabalhos: da pintora Anita Malfatti, do escultor Brecheret, do Em outubro de 1921, os ânimos dos militares foram
compositor Vila Lobos e do intelectual Oswaldo de Andrade. exaltados com a publicação de cartas no Jornal Correio da
Os modernistas foram buscar inspiração nas imagens da Manhã, do Rio de Janeiro, assinadas com o nome do candidato
indústria, da máquina, da metrópole, do burguês e do Artur Bernardes e endereçadas ao líder político mineiro Raul
proletário, do homem da terra e do imigrante. Soares. Em seu conteúdo, criticavam a conduta do ex-
Entre os escritores modernistas, o que melhor reflete o presidente e Marechal do Exército, Hermes da Fonseca, por
espírito da Semana é Oswald de Andrade. De maneira geral, ocasião de um jantar promovido no Clube Militar.
sua produção literária reflete a sociedade em que se forjou sua As cartas puseram lenha na fogueira da disputa, deixando
formação cultural: o momento de transição que une o Brasil os militares extremamente insatisfeitos com o candidato.
agrário e patriarcal ao Brasil que caminha para a Pouco antes da data da eleição dois falsários assumiram a
modernização. Ao lado de Oswald de Andrade, destaca-se autoria das cartas e comprovaram tratar-se de uma armação.
como ponto alto do Modernismo a figura de Mário de Andrade, A conspiração não teve maiores consequências, e as eleições
principal animador do movimento modernista e seu espírito puderam transcorrer normalmente em março de 1922.
mais versátil. Cultivou a poesia, o romance, o conto, a crítica, a Como era de se esperar, a vitória foi de Artur Bernardes. O
pesquisa musical e folclórica. problema foi que nem a Reação Republicana nem os militares
aceitaram o resultado. Como o governo se manteve inflexível e
Os anos 1920 e a crise política21 não aceitou a proposta da oposição de rever o resultado
eleitoral, o confronto se tornou apenas uma questão de tempo.
Após a Primeira Guerra Mundial, a classe média urbana
passava cada vez mais a participar da política. A presença O Tenentismo22
desse grupo tendia a garantir um maior apoio a políticos e Após a Primeira Guerra Mundial, vários oficiais jovens de
figuras públicas apoiados em um discurso liberal, que baixa patente, principalmente tenentes (e daí deriva o nome
defendesse as leis e a constituição, e fossem capazes de do movimento tenentista) sentiam-se insatisfeitos. Os soldos
transformar a República Oligárquica em República Liberal. permaneciam baixos e o governo não fazia menção de
Entre as reivindicações estavam o estabelecimento do voto aumentá-los. Havia um grande número deles, e as promoções
secreto, e a criação de uma Justiça Eleitoral capaz de conter a eram muito lentas. Um segundo-tenente podia demorar dez
corrupção nas eleições. anos para alcançar a patente de capitão.
Em 1919, Rui Barbosa, que já havia sido derrotado em Sua reinvindicações oficiais foram contra a desorganização
1910 e 1914, entrou novamente na disputa como candidato de e o abandono em que se encontrava o exército brasileiro. Com
oposição, enfrentando o candidato Epitácio Pessoa, que o tempo os líderes do movimento chegaram à conclusão de que
concorria como novo sucessor pelo PRM (Partido Republicano os problemas que enfrentavam não estavam apenas no
Mineiro). exército, mas também na política.
Permanecendo ausente do Brasil durante toda a Com a intenção de fazer as mudanças acontecerem, os
campanha, devido à sua atuação na Conferência de Paz da revoltosos pressionaram o governo, que não se prontificou a
França, Epitácio venceu Rui Barbosa no pleito realizado em atendê-los, o que gerou movimentos de tentativa de tomada de
poder por meio dos militares. Esse programa conquistou

21 http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos20/CrisePolitica 22

http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos20/CrisePolitica/Movi
mentoTenentista

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ampla simpatia da opinião pública urbana, mas não houve pessoalmente pelo general Isidoro. O ato foi respondido com
mobilização popular e nem mesmo engajamento de um intenso bombardeio das tropas legalistas sobre a cidade,
dissidências oligárquicas à revolução (com exceção do Rio principalmente em bairros operários de São Paulo na região da
Grande do Sul), daí o seu isolamento e o seu fracasso. zona leste. Os bairros da Mooca, Brás, Belém e Cambuci foram
os mais atingidos pelo bombardeio.
Os 18 do Forte A partir do dia 16, sucederam-se as tentativas de
Como citado anteriormente, a vitória de Artur Bernardes armistício. Um dos principais mediadores foi José Carlos de
em março de 1922 não agradou os setores oposicionistas. Macedo Soares, membro da Associação Comercial de São
Durante o período em que aguardava para assumir a posse, Paulo. Num primeiro momento, o general Isidoro condicionou
que acontecia no dia 15 de novembro, houveram diversos a assinatura de um acordo à entrega do poder a um governo
protestos contra o mineiro. federal provisório e à convocação de uma Assembleia
Em junho, o governo federal interveio durante a sucessão Constituinte. A negativa do governo federal, somada às
estadual em Pernambuco, fato que foi extremamente criticado consequências do bombardeio da cidade, reduziu as exigências
por Hermes da Fonseca. O presidente Epitácio Pessoa, que dos revoltosos à concessão de uma anistia ampla aos
ainda exercia o poder, mandou prender o ex-presidente e revolucionários em 1922 e 1924. Entretanto, nem essa
ordenou o fechamento do Clube Militar em 2 de julho. reivindicação foi atendida.
As ações de Epitácio geraram uma crise que culminou em Como as exigências dos revoltosos não foram atendidas e
uma série de levantes na madrugada de 5 de julho. Na capital a pressão do governo aumentava, a solução foi mudar a
federal, levantaram-se o forte de Copacabana, guarnições da estratégia. Em 27 de julho os revoltosos abandonaram a
Vila Militar, o forte do Vigia, a Escola Militar do Realengo e o 1° cidade, indo em direção a Bauru, no interior do Estado. O
Batalhão de Engenharia; em Niterói, membros da Marinha e do deslocamento foi facilitado graças a eclosão de diversas
Exército; em Mato Grosso, a 1ª Circunscrição Militar, revoltas no interior, com a tomada de prefeituras.
comandada pelo general Clodoaldo da Fonseca, tio do Àquela altura, já haviam eclodido rebeliões militares no
marechal Hermes. No Rio de Janeiro, o movimento foi Amazonas, em Sergipe e em Mato Grosso em apoio ao levante
comandado pelos "tenentes", uma vez que a maioria da alta de São Paulo, mas os revoltosos paulistas desconheciam tais
oficialidade se recusou a participar do levante. acontecimentos.
Os rebeldes localizados no Forte de Copacabana passaram Em outubro, enquanto os paulistas combatiam em
a disparar seus canhões contra diversos redutos do Exército, território paranaense, tropas sediadas no Rio Grande do Sul
forçando inclusive o comando militar a abandonar o Ministério iniciaram um levante, associadas a líderes gaúchos contrários
da Guerra. As forças legais revidaram, e o forte sofreu sério à situação estadual. As forças rebeladas juntaram-se aos
bombardeio. paulistas em Foz do Iguaçu, no Paraná, no mês de abril de
Os revoltosos continuaram sua resistência até a tarde de 6 1925. Formou-se assim o contingente que deu início à marcha
de julho, quando resolveram abandonar o Forte e marchar da Coluna Prestes.
pela Avenida Atlântica, indo de encontro às forças do governo
que enfrentavam. A Coluna Prestes
Em uma troca de tiros com as forças oficiais, morreram Enquanto alguns militares se rebelavam em São Paulo, Luís
quase todos os revoltosos, que ficaram conhecidos como “Os Carlos Prestes, também militar, organizava outro grupo no Rio
18 do Forte de Copacabana”. Apesar do nome atribuído ao Grande do Sul. Em abril de 1925, as duas frentes de oposição,
grupo, as fontes de informação da época não são exatas, com a Paulista liderada por Miguel Costa, e a Gaúcha, por Prestes,
vários jornais divulgando números diferentes. Os únicos uniram-se em Foz do Iguaçu e partiram para uma caminhada
sobreviventes foram os tenentes Siqueira Campos e Eduardo pelo Brasil.
Gomes, com graves ferimentos. Sempre vigiados por soldados do governo, os revoltosos
evitavam confrontos diretos com as tropas, por meio de táticas
A Revolta de 192423 de guerrilha.
Os participantes das Revoltas de 1922 foram julgados e Por meio de comícios e manifestos, a Coluna denunciava à
punidos em dezembro de 1923, acusados de tentar promover população a situação política e social do país. Num primeiro
um golpe de Estado. Novamente o exército teve suas relações momento, não houve muitos resultados, porém o movimento
com o governo federal agravadas, com uma tensão crescente ajudou a balançar as bases já enfraquecidas do sistema
que gerou uma nova revolta militar, novamente na oligárquico e a preparar caminho para a Revolução de 1930.
madrugada, em 5 de julho de 1924 em São Paulo, articulada A Coluna Prestes durou 2 anos e 3 meses, percorrendo
pelo general reformado Isidoro Dias Lopes, pelo major Miguel cerca de 25 mil quilômetros através de treze estados do Brasil.
Costa, comandante do Regimento de Cavalaria da Força Estima-se que a Coluna tenha enfrentado mais de 50 combates
Pública do estado, e pelo tenente Joaquim Távora, este último contra as tropas governistas, sem sofrer derrotas.
morto durante os combates. Tiveram ainda participação A passagem da Coluna Prestes, gerava reações diversas na
destacada os tenentes Juarez Távora, Eduardo Gomes, João população. Como forma de desmoralizar o movimento, o
Cabanas, Filinto Müller e Newton Estillac Leal. governo condenava os rebeldes e associavam suas ações a
O objetivo do movimento era depor o presidente Artur assassinos e bandidos.
Bernardes, cujo governo transcorria, desde o início, sob estado Iniciando a marcha, a coluna concluiu a travessia do rio
de sítio permanente e sob vigência da censura à imprensa. Paraná em fins de abril de 1925 e adentrou no Paraguai com a
Entre as primeiras ações dos revoltosos, ganhou intenção de chegar a Mato Grosso. Posteriormente percorreu
prioridade a ocupação de pontos estratégicos, como as Goiás, entrou em Minas Gerais e retornou a Goiás.
estações da Luz, da Estrada de Ferro Sorocabana e do Brás, Após a passagem por Goiás, a Coluna partiu para o
além dos quartéis da Força Pública, entre outros. Nordeste, chegando em novembro ao Maranhão, ocasião em
Logo após a ocupação, no dia 8 de julho o presidente de São que o tenente-coronel Paulo Krüger foi preso e enviado a São
Paulo, Carlos de Campos, deixou o palácio dos Campos Elíseos, Luís. Em dezembro, penetrou no Piauí e travou em Teresina
sede do governo paulista na época. No dia seguinte, os sério combate com as forças do governo. Rumando então para
rebeldes instalaram um governo provisório chefiado

23

http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos20/CrisePolitica/Leva
ntes1924

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o Ceará, a coluna teve outra baixa importante: na serra de O governo de Washington Luís
Ibiapina, Juarez Távora foi capturado.
Em janeiro de 1926, a coluna atravessou o Ceará, chegou Em 1926, mantendo a tradicional rotação presidencial
ao Rio Grande do Norte e, em fevereiro, invadiu a Paraíba, entre São Paulo e Minas Gerais, o paulista radicado
enfrentando na vila de Piancó séria resistência comandada Washington Luís foi indicado para a sucessão e saiu vencedor
pelo padre Aristides Ferreira da Cruz, líder político local. Após nas eleições de 1926. Seu governo seguiu com relativa
ferrenhos combates, a vila acabou ocupada pelos tranquilidade, até que em 1929 uma série de fatores, internos
revolucionários. e externos, mudaram de maneira drástica os rumos do Brasil.
Continuando rumo ao sul, a coluna atravessou No plano interno, a insatisfação das camadas urbanas, em
Pernambuco e Bahia e retornou para Minas Gerais, pelo norte especial da classe média, crescia cada vez mais. A estrutura de
do Estado. Encontrando vigorosa reação legalista e precisando governo baseada no poder das oligarquias, dos coronéis e da
remuniciar-se. O comando da coluna decidiu interromper a predominância dos grandes proprietários e produtores de café
marcha para o sul e, em manobra conhecida como "laço da região de São Paulo não atendia as exigências e os anseios
húngaro24", retornar ao Nordeste através da Bahia. Cruzou o de boa parte da população, que não fazia parte ou não era
Piauí, alcançou Goiás e finalmente chegou de volta a Mato beneficiada pelo sistema de governo.
Grosso em outubro de 1926. Em 1926 surgiu o Partido Democrático, de cunho liberal. O
Àquela altura, o estado-maior revolucionário decidiu partido desponta como oposição ao PRP (Partido Republicano
enviar Lourenço Moreira Lima e Djalma Dutra à Argentina, Paulista), que repudiava o liberalismo na prática. Seus
para consultar o general Isidoro Dias Lopes quanto ao futuro integrantes pertenciam a uma faixa etária mais jovem em
da coluna: continuar a luta ou rumar para o exílio. comparação aos republicanos, o que também contribuiu para
Entre fevereiro e março de 1927, afinal, após uma penosa agradar boa parte da classe média insatisfeita com o PRP.
travessia do Pantanal, parte da coluna, comandada por Formado por prestigiados profissionais liberais e filhos de
Siqueira Campos, chegou ao Paraguai, enquanto o restante fazendeiros de café, o partido tinha como pauta a reforma do
ingressou na Bolívia, onde encontrou Lourenço Moreira Lima, sistema político, através da implantação do voto secreto, da
que retornava da Argentina. Tendo em vista as condições representação de minorias, a real divisão dos três poderes e a
precárias da coluna e as instruções de Isidoro, os fiscalização das eleições pelo poder judiciário.
revolucionários decidiram exilar-se.
Durante o tempo em que passou na Bolívia, Prestes A Sucessão de Washington Luís
dedicou-se a leituras em busca de explicações para a situação Voltando à política do Café-com-leite, em 1929 começava a
de atraso e miséria que presenciara em sua marcha pelo campanha para a escolha do sucessor de Washington Luís. Pela
interior brasileiro. Em dezembro de 1927 foi procurado por tradição, o apoio deveria ser dado a um candidato mineiro, já
Astrojildo Pereira, secretário-geral do Partido Comunista que o presidente que estava no poder fora eleito por São Paulo.
Brasileiro, que fora incumbido de convidá-lo a firmar uma Ao invés de apoiar um candidato mineiro, Washington Luís
aliança entre "o proletariado revolucionário, sob a influência insistiu na candidatura do governador de São Paulo, Júlio
do PCB, e as massas populares, especialmente as massas Prestes. A atitude do presidente gerou intensa insatisfação em
camponesas, sob a influência da coluna e de seu comandante". Minas Gerais, e ajudou a alavancar o Rio Grande do Sul no
Prestes, contudo, não aceitou essa aliança. Foi nesse cenário político.
encontro que obteve as primeiras informações sobre a O governador mineiro Antônio Carlos Ribeiro de Andrada,
Revolução Russa, o movimento comunista e a União Soviética. que esperava ser o indicado para a sucessão presidencial,
A seguir, mudou-se para a Argentina, onde leu Marx e Lênin. propôs o lançamento de um movimento de oposição para
concorrer contra a candidatura de Júlio Prestes. O apoio partiu
A defesa do café de outros dois estados insatisfeitos com a situação política: Rio
Os acordos para a manutenção do preço do café elevaram Grande do Sul e Paraíba.
a dívida brasileira, principalmente após as emissões de moeda Do Rio Grande do Sul surgiu, após inúmeras discussões
realizadas entre 1921 e 1923 por Epitácio Pessoa, o que gerou entre os três estados, o nome de Getúlio Vargas – governador
uma desvalorização do câmbio e o aumento da inflação. Artur gaúcho eleito em 1927, que fora Ministro da Fazenda de
Bernardes preocupou-se em saldar a dívida externa brasileira, Washington Luís – para presidente, tendo como vice o nome
retomando o pagamento dos juros e da dívida principal a do governador da Paraíba e sobrinho do ex-presidente
partir do ano de 1927. Epitácio Pessoa, o pernambucano João Pessoa Cavalcanti de
Com o objetivo de avaliar a situação financeira do Brasil, Albuquerque.
em fins de 1923 uma missão financeira inglesa, chefiada por Definidos os nomes, foi formada a Aliança Liberal, nome
Edwin Samuel Montagu chegou ao país. Após os estudos, a que definiu a campanha. O Partido Democrático de São Paulo
comissão apresentou um relatório à presidência da República, expressou seu apoio à candidatura de Getúlio Vargas,
em que apresentava os riscos decorrentes da emissão enquanto alguns membros do Partido Republicano Mineiro
exagerada de moeda e o consequente receio dos credores resolveram apoiar Júlio Prestes.
internacionais. A Aliança Liberal refletia os desejos das classes
A defesa dos preços do café representava um gasto dominantes regionais que não estavam ligadas ao café,
entendido pelo governo federal como secundário nesse buscando também atrair a classe média. Seu programa de
momento, mesmo em meio às críticas de abandono proferidas governo defendia o fim dos esquemas de valorização do café, a
pelo setor cafeeiro. A solução foi passar a responsabilidade da implantação de alguns benefícios aos trabalhadores, como a
defesa do café para São Paulo. Em dezembro de 1924 foi criado aposentadoria (nem todos os setores possuíam), a lei de férias
o Instituto de Defesa Permanente do Café, que possuía a função e a regulamentação do trabalho de mulheres e menores de
de regular a entrada do produto no Porto de Santos e realizar idade. Além disso, insistiam no tratamento com seriedade pelo
compras do produto para evitar a desvalorização. poder público das questões sociais, que Washington Luís
afirmava serem “caso de polícia”. Um dos pontos marcantes da
campanha da Aliança Liberal foi a participação do
proletariado.

24 Recebia esse nome devido ao percurso da manobra lembrar o desenho

aplicado na platina dos uniformes dos oficiais de antigamente, o “laço húngaro”.

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Reflexos da Crise de 1929 no Brasil enterrado no Rio de Janeiro, então capital da República, fator
No plano externo, a quebra da bolsa de valores de Nova que reuniu uma enorme quantidade de pessoas para
York, seguida da crise que afetou grande parte da economia acompanhar o funeral. A morte de João Pessoa garantiu a
mundial, também teve repercussões no Brasil. adesão de setores do exército que até então estavam
O ano de 1929 rendeu uma excelente produção de café, relutantes em apoiar a causa dos revolucionários.
tudo que os produtores não esperavam. A colheita de quase 30 Feitos os preparativos, no dia 3 de outubro de 1930, nos
milhões de sacas na safra 1927-1928 representava estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e no Nordeste,
aproximadamente o dobro da produção dos anos anteriores. estourou a revolução comandada por Getúlio Vargas e pelo
Esperava-se que, devido a alternância entre boas e más safras tenente-coronel Góes Monteiro. As ações foram rápidas e não
1929 representasse uma colheita baixa, já que as três últimas encontraram uma resistência forte. No Nordeste, as operações
safras haviam sido boas. ficaram a cargo de Juarez Távora, que contando com a ajuda da
Aliada a ideia de uma safra baixa, estava a expectativa de população, conseguiu dominar Pernambuco sem esforços.
lucros certos, garantidos pela Defesa Permanente do Café, o Em virtude do maior peso político que os gaúchos
que levou muitos produtores a contraírem empréstimos e detinham no movimento e sob pressão das forças
aumentarem suas lavouras. revolucionárias, a Junta finalmente decidiu transmitir o poder
A produção, ao contrário do esperado, graças às condições a Getúlio Vargas. Num gesto simbólico que representou a
climáticas e a implantação de novas técnicas agrícolas. O tomada do poder, os revolucionários gaúchos, chegando ao
excesso do produto foi de encontro com a crise, que diminuiu Rio, amarraram seus cavalos no Obelisco da avenida Rio
o consumo, e consequente o preço do café. O resultado foi um Branco. Em 3 de novembro chegava ao fim a Primeira
endividamento daqueles que apostaram em preços altos e não República.
quitaram suas dívidas.
Em busca de salvação para os negócios, o setor cafeeiro Candidato(a), segue abaixo a lista completa dos
recorreu ao governo federal na busca de perdão das dívidas e presidentes da República Velha com a cronologia correta:
de novos financiamentos. O presidente, temendo perder a
estabilidade cambial, recusou-se a ajudar o setor, fator que foi - 1889-1891: Marechal Manuel Deodoro da Fonseca;
explorado politicamente pela oposição. - 1891-1894: Floriano Vieira Peixoto;
Apesar do esforço em tentar combater o candidato de - 1894-1898: Prudente José de Morais e Barros;
Washington Luís, a Aliança Liberal não foi capaz de derrotar - 1898-1902: Manuel Ferraz de Campos Sales;
Júlio Prestes, que foi eleito presidente em 1º de Março de 1930. - 1902-1906: Francisco de Paula Rodrigues Alves;
- 1906-1909: Afonso Augusto Moreira Pena (morreu
A Revolução de 1930 durante o mandato)
- 1909-1910: Nilo Procópio Peçanha (vice de Afonso Pena,
Em 1º de março de 1930 Júlio Prestes foi eleito presidente assumiu em seu lugar);
do Brasil conquistando 1.091.709 votos, contra 742.794 votos - 1910-1914: Marechal Hermes da Fonseca;
recebidos por Getúlio Vargas. Ambos os lados foram acusados - 1914-1918: Venceslau Brás Pereira Gomes;
de cometer fraudes contra o sistema eleitoral, seja - 1918-1919: Francisco de Paula Rodrigues Alves (eleito,
manipulando votos, seja impondo votos forçados através de morreu de gripe espanhola, sem ter assumido o cargo);
violência e ameaça. - 1919: Delfim Moreira da Costa Ribeiro (vice de Rodrigues
A derrota Getúlio Vargas nas eleições de 1930 não Alves, assumiu em seu lugar);
significou o fim da Aliança Liberal e sua busca pelo controle do - 1919-1922: Epitácio da Silva Pessoa;
poder executivo. Os chamados “tenentes civis” acreditavam - 1922-1926: Artur da Silva Bernardes;
que ainda poderiam conquistar o poder através das armas. - 1926-1930: Washington Luís Pereira de Sousa (deposto
Buscando agir pelo caminho que o movimento tenentista pela Revolução de 1930);
havia tentado anos antes, os jovens políticos buscaram fazer - 1930: Júlio Prestes de Albuquerque (eleito presidente em
contato com militares rebeldes, que receberam a atitude com 1930, não tomou posse, impedido pela Revolução de 1930);
desconfiança. Entre os motivos para o receio dos tenentes, - 1930: Junta Militar Provisória: General Augusto Tasso
estava o fato de que alguns nomes, como João Pessoa e Osvaldo Fragoso, General João de Deus Mena Barreto, Almirante Isaías
Aranha, estiveram envolvidos em perseguições, confrontos e de Noronha.
condenações contra o grupo.
Porém, depois de conversas e desconfianças dos dois lados, A ERA VARGAS
os grupos chegaram a um acordo com a adesão de nomes de
destaque dos movimentos da década de 20, como Juarez Dentro das divisões históricas do período republicano, a
Távora, João Alberto e Miguel Costa. A grande exceção foi o “Era Vargas” é dividida em três intervalos distintos:
nome de Luís Carlos Prestes, que em maio de 1930 declarou- 1 - um período provisório, quando assume o governo após
se abertamente como socialista revolucionário, e recusou-se a o movimento de 1930;
apoiar a disputa oligárquica. 2 - um período constitucional, quando eleito após a
Os preparativos para a tomada do poder não aconteceram promulgação da Constituição de 1934, e;
da maneira esperada, deixando o movimento conspiratório em 3 - um autoritário, com o golpe de 1937, que deu início ao
uma situação de desvantagem. Porém, em 26 de julho de 1930 período conhecido como Estado Novo.
ocorreu um fato que serviu de estopim para o movimento
revolucionário: por volta das 17 horas, na confeitaria “Glória”, PERÍODO PROVISÓRIO
em Recife, João Pessoa foi assassinado por João Duarte Dantas.
O crime, motivado tanto por disputas pessoais como por As Forças de oposição ao Regime Oligárquico
disputas públicas, foi utilizado como justificativa para o No decorrer das três primeiras décadas do século XX
movimento revolucionário, sendo explorado seu lado público, houveram uma série de manifestações operárias, insatisfação
e transformado João Pessoa em “mártir da revolução”. dos setores urbanos e movimentos de rebeldia no interior do
A morte de João Pessoa foi extremamente explorada por Exército (Tenentismo). Eram forças de oposição ao regime
seus aliados como elemento político para concretizar os oligárquico, mas que ainda não representavam ameaça à sua
objetivos da revolução. Apesar de ter morrido no Nordeste e estabilidade.
ser natural da região, o corpo do presidente da Paraíba foi

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Esse quadro sofreu uma grande modificação quando, no caráter e o significado da Revolução Constitucionalista de
biênio 1921-30, a crise econômica e o rompimento da política 1932 geram polêmicas. De qualquer forma, é inegável que o
do café-com-leite por Washington Luís colocaram na oposição movimento teve duas dimensões:
uma fração importante das elites agrárias e oligárquicas. Os No plano mais aparente, predominaram as reivindicações
acontecimentos que se seguiram (formação da Aliança Liberal, para que o país retornasse à normalidade política e jurídica,
o golpe de 30) e a consequente ascensão de Vargas ao poder baseadas numa expressiva participação popular. Nesse
podem ser entendidos como o resultado desse complexo sentido, alguns destacam que o movimento foi um marco na
movimento político. luta pelo fortalecimento da cidadania no Brasil.
Getúlio Vargas se apoiou em vários setores sociais Num plano menos aparente, mas muito mais ativo, estava
liderados por frações das oligarquias descontentes com o o rancor das elites paulistas, que viam no movimento uma
exclusivismo paulista sobre o poder republicano federal. possibilidade de retomar o controle do poder político que lhe
fora arrebatado em 1930.
O Governo Provisório Se admitirmos que existiu uma revolução em 1930, o que
Ao final da Revolução de 1930, com Washington Luís aconteceu em São Paulo em 1932, foi a tentativa de uma contra
deposto e exilado, Getúlio Vargas foi empossado como chefe do revolução, pois visava restaurar uma supremacia que durante
governo provisório. As medidas do novo governo tinham como mais de 30 anos fez a nação orbitar em torno dos interesses da
objetivo básico promover uma centralização política e cafeicultura. Nesse sentido, o movimento era marcado por um
administrativa que garantisse ao governo sediado no Rio de reacionarismo elitista, contrário ao limitado projeto
Janeiro o controle efetivo do país. Em outras palavras, o modernizador de 1930.
federalismo da República Velha caía por terra.
Para atingir esse objetivo, foram nomeados interventores As Leis Trabalhistas
para governar os estados. Eram homens de confiança, Como forma de garantir o apoio popular, Getúlio Vargas
normalmente oriundos do Tenentismo, cuja tarefa era fazer consolidou um conjunto de leis que garantiam direitos aos
cumprir em cada estado as determinações do governo trabalhadores, destacando-se entre eles: salário mínimo,
provisório. jornada de oito horas, regulamentação do trabalho feminino e
Esse fato e o adiamento que Getúlio Vargas foi impondo à infantil, descanso remunerado (férias e finais de semana),
convocação de novas eleições desencadearam reações de indenização por demissão, assistência médica, previdência
hostilidade ao seu governo, especialmente no Estado de São social, entre outras.
Paulo. As eleições dariam ao país uma nova Constituição, um A formalização dessa legislação trabalhista teve vários
presidente eleito pela população e um governo com significados e implicações. Representou a primeira
legitimidade jurídica e política. Mas poderia também significar modificação importante na maneira de o Estado enfrentar a
a volta ao poder dos derrotados na Revolução de 30. questão social e definiu as regras a partir das quais o mercado
de trabalho e as relações trabalhistas poderiam se organizar.
A Reação Paulista Garantiu, assim, uma certa estabilidade ao crescimento
A oligarquia paulista estava convencida da derrota que econômico. Por fim, foi muito útil para obter o apoio dos
sofreu em 24 de outubro de 1930, mas não admitia perder o assalariados urbanos à política getulista.
controle do Executivo em “seu” próprio estado. A reação Essa legislação denota a grande habilidade política de
paulista começou com a não aceitação do interventor indicado Getúlio. Ele apenas formalizou um conjunto de conquistas que,
para São Paulo, o tenentista João Alberto. Às pressões pela em boa parte, já vigoravam nas relações de trabalho nos
indicação de um interventor civil e paulista, se somou à principais centros industriais. Com isso, construiu a sua
reivindicação de eleições para a Constituinte. Essas teses imagem como “Pai dos Pobres” e benfeitor dos trabalhadores.
foram ganhando rapidamente simpatia popular.
As manifestações de rua começaram a ocorrer com o apoio O Controle Sindical
de todas as forças políticas do Estado, até por aquelas que A aprovação da legislação sindical representou um grande
tinham simpatizado com o movimento de 1930 (exemplo do avanço nas relações de trabalho no Brasil, pois pela primeira
Partido Democrático - PD). Diante das pressões crescentes, vez o trabalhador obtinha individualmente amparo nas leis
Getúlio resolveu negociar com a oligarquia paulista, indicando para resistir aos excessos da exploração capitalista.
um interventor do próprio Estado. Isso foi interpretado como Por outro lado, paralelamente à sua implantação, o Estado
um sinal de fraqueza. Acreditando que poderiam derrubar o definiu regras extremamente rígidas para a organização dos
governo federal, os oligarcas articularam com outros estados sindicatos, entre as quais a que autorizava o seu
uma ação nesse sentido. funcionamento (Carta Sindical), as que regulavam os recursos
Manifestações de rua intensificaram-se em São Paulo. da entidade e as que davam ao governo direito de intervir nos
Numa delas, quatro jovens, Miragaia, Martins, Dráusio e sindicatos, afastando diretorias se julgasse necessário.
Camargo (MMDC) foram mortos e se transformaram em Mantinha, assim, os sindicatos sob um controle rigoroso.
mártires da luta paulista em nome da legalidade
constitucional. Getúlio, por seu lado, aprovou outras PERÍODO CONSTITUCIONAL
“concessões”: elaborou o código eleitoral (que previa o voto
secreto e o voto feminino), mandou preparar o anteprojeto Eleições Presidenciais de 1934
para a Constituição e marcou as eleições para 1933. Uma vez promulgada a Constituição de 1934, a Assembleia
Constituinte converteu-se em Congresso Nacional e elegeu o
A Revolução Constitucionalista de 1932 presidente da República por via indireta: o próprio Getúlio.
A oligarquia paulista, entretanto, não considerava as Começava o período constitucional do governo Vargas.
concessões suficientes. Baseada no apoio popular que
conseguira obter e contando com a adesão de outros estados, O Governo Constitucional e a Polarização Ideológica
desencadeou em 9 de julho de 1932, a chamada Revolução Durante esse período, simultaneamente à implantação do
Constitucionalista. projeto político do governo, foram se desenhando duas
Ela visava a derrubada do governo provisório e a ideologias para o país: uma defendia um nacionalismo
aprovação imediata das medidas que Getúlio protelava. conservador, a outra, um nacionalismo revolucionário.
Entretanto, o apoio esperado dos outros estados não ocorreu
e, depois de três meses, a revolta foi sufocada. Até hoje, o

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- Nacionalismo conservador cujo presidente de honra era Luís Carlos Prestes, então
Esse movimento contava com o apoio das classes médias membro do Partido Comunista.
urbanas, Igreja e setores do Exército. O projeto que seus
apoiadores tinham em mente decorria da leitura que eles As Eleições de 1938
faziam da história do país até aquele momento. Contida a oposição de esquerda, o processo político
Segundo os conservadores, o aspecto que marcava mais evoluiu sem conflitos maiores até 1937. Nesse ano,
profundamente a formação histórica do país e do seu povo era começaram a se desenhar as candidaturas para as eleições de
a tradição agrícola. Desde o descobrimento, toda a vida 1938, destacando-se Armando Sales Oliveira, paulista que
econômica, social e política organizou-se em torno da articulava com outros estados sua eleição para presidente.
agricultura. Todos os nossos valores morais, regras de Getúlio Vargas, as oligarquias que lhe davam apoio e os
convivência social, costumes e tradições fincavam suas raízes militares herdeiros da tradição tenentista não viam com bons
no modo de vida rural. olhos a possibilidade de retorno da oligarquia paulista ao
Dessa forma, tudo o que ameaçava essa “tradição agrícola” poder. Uma vez mantido o calendário eleitoral, isso parecia
(estímulos a outros setores da economia, crescimento da inevitável. Como forma de evitar que as eleições
indústria, expansão da urbanização e suas consequências, acontecessem, Getúlio Vargas coloca em prática o famoso
como a propagação de novos valores, hábitos e costumes Plano Cohen.
tipicamente urbanos) representava um atentado contra a Segundo as informações oficiais, forças de segurança do
integridade e o caráter nacional, uma corrupção da nossa governo tinham descoberto um plano de tomada do poder
identidade como povo e nação. pelos comunistas. Muito bem elaborado, esse plano colocava
O movimento se caracterizava como nacionalista e em risco as instituições democráticas do país.
conservador por ser contrário a transformações Para evitar o perigo vermelho, Getúlio Vargas solicitou ao
modernizadoras de origem externa (induzidas pela Congresso Nacional a aprovação do estado de sítio, que
industrialização, vanguardas artísticas europeias, etc.). suspendia as liberdades públicas e dava ao governo amplos
Para que a coerência com a nossa identidade histórica poderes para combater a subversão.
fosse mantida, os ideólogos do nacionalismo conservador
propunham o seguinte: os latifúndios (grandes propriedades PERÍODO AUTORITÁRIO
rurais) deveriam ser divididos em pequenas parcelas de terras
a ser distribuídas. Assim, as famílias retornariam ao campo A Decretação do Estado de Sítio e o Golpe de 1937
tornando o Brasil uma grande comunidade de pequenos e A fração oligárquica paulista hesitava em aprovar a
prósperos proprietários. medida, mas diante do clamor do Exército, das classes médias
Podemos concluir a partir desse ideário, que eram e da Igreja, que temiam a escalada comunista, o Congresso
antilatifundiários e antiindustrialistas. Na esfera política, autorizou a decretação do estado de sítio. A seguir, com amplos
defendiam um regime autoritário de partido único. poderes concentrados em suas mãos, Getúlio Vargas outorgou
Nesse contexto o maior defensor dessas ideias foi o uma nova Constituição ao país, implantando, por meio desse
movimento que recebeu o nome de Ação Integralista golpe o Estado Novo.
Brasileira (AIB), cujo lema era Deus, Pátria e Família, que
tinha como seu principal líder e ideólogo Plínio Salgado. Estado Novo (1937-1945)25
Tradicionalmente, a AIB também é interpretada como uma A ditadura estabelecida por Getúlio Vargas durou oito
manifestação do nazifascismo no Brasil, pela semelhança entre anos, indo de 1937 a 1945. Embora Vargas agisse
os aspectos aparentes do integralismo e do nazifascismo: habilidosamente com o intuito de aumentar o próprio poder,
uniformes, tipo de saudação, ultranacionalismo, feroz não foi somente sua atuação que gerou o Estado Novo. Pelo
anticomunismo, tendências ditatoriais e apelo à violência menos três elementos convergiam para sua criação:
eram traços que aproximavam as duas ideologias.
Um exame mais atento, entretanto, mostra que eram 1 - A defesa de um Estado forte por parte dos cafeicultores,
projetos distintos. Enquanto o nazi fascismo era apoiado pelo que dependiam dele para manter os preços do café;
grande capital e buscava uma expansão econômico-industrial 2 - Os industriais, que seguiam a mesma linha de defesa dos
a qualquer custo, ao preço de uma guerra mundial se cafeicultores, já que o crescimento das indústrias dependia da
necessário, os integralistas queriam voltar ao campo. Num proteção estatal;
certo sentido, o projeto nazifascista era mais modernizante 3 - As oligarquias e classe média urbana, que assustavam-
que o integralista. Assim, as semelhanças entre eles escondiam se com a expansão da esquerda e julgavam que para “salvar a
propostas e projetos globais para a sociedade radicalmente democracia” era necessário um governo forte.
distintos.
Além disso Vargas tinha também o apoio dos militares, por
- Nacionalismo Revolucionário alguns motivos:
Frações dos setores médios urbanos, sindicatos,
associações de classe, profissionais liberais, jornalistas e o - Por sua formação profissional, os militares possuíam uma
Partido Comunista prestaram apoio a outro movimento visão hierarquizada do Estado, com tendência a apoiar mais
político: o nacionalismo revolucionário. Este defendia a um regime autoritário do que um regime liberal;
industrialização do país, mas sem que isso implicasse - Os oficiais de tendência liberal haviam sido expurgados
subordinação e dependência em relação às potências do exército por Vargas e pela dupla Góis Monteiro-Gaspar
estrangeiras, como a Inglaterra e os Estados Unidos. Dutra26;
O nacionalismo revolucionário propunha uma reforma - Entre os oficiais do exército estava se consolidando o
agrária como forma de melhorar as condições de vida do pensamento de que se deveria substituir a política no exército
trabalhador urbano e rural e potencializar o desenvolvimento pela política do exército. A política do exército naquele
industrial. Considerava que a única maneira de realizar esses momento visava o próprio fortalecimento, resultado atingido
objetivos seria a implantação de um governo popular no Brasil. mais facilmente em uma ditadura.
Esse movimento deu origem à Aliança Nacional Libertadora,

25 Adaptado de MOURA, José Carlos Pires. História do Brasil. 26 Ambos foram ministros da Guerra no período em que Vargas estava no

poder. Monteiro (1934-1935). Dutra (1936-1945)

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Com todos esses fatores a seu favor, não houveram CME – Coordenação da Mobilização Econômica (1942)
dificuldades para Getúlio instalar e manter por oito anos a CNPIC – Conselho Nacional de Política Industrial e
ditadura no país. Durante o período foi implacável o Comercial (1944)
autoritarismo, a censura, a repressão policial e política e a CPE – Comissão de Planejamento Econômico (1944)
perseguição daqueles que fossem considerados inimigos do
Estado. As principais empresas estatais criadas no período foram:
CSN – Companhia Siderúrgica Nacional (1940)
Política econômica do Estado Novo27 CVRD – Companhia Vale do Rio Doce (1942)
Por meio de interventores, o governo passou a controlar a CNA – Companhia Nacional de Álcalis (1943)
política dos estados. Paralelamente a eles, foi criado em cada FNM – Fábrica Nacional de Motores (1943)
um dos estados um Departamento Administrativo, que era CHESF – Companhia Hidroelétrica do São Francisco (1945)
diretamente subordinado ao Ministério da Justiça com
membros nomeados pelo presidente da república. Desse modo, apesar da desaceleração do crescimento
Cada Departamento Administrativo estudava e aprovava industrial ocasionado pela Segunda Guerra Mundial devido à
as leis decretadas pelo interventor e fiscalizava seus atos, dificuldade para importar equipamentos e matéria-prima,
orçamentos, empréstimos, entre outros. Dessa forma os quando o Estado Novo se encerrou em 1945, a indústria
programas estaduais ficavam subordinados ao governo brasileira estava plenamente consolidada.
federal.
Na área federal foi criado o Departamento Administrativo Características políticas do Estado Novo
do Serviço Público (DASP). Além de centralizar a reforma Pode até parecer estranho, mas a ditadura estadonovista
administrativa, o Departamento tinha poderes para elaborar o possuía uma constituição, que é uma característica das
orçamento dos órgãos públicos e controlar a execução ditaduras brasileiras, onde a constituição afirmava o poder
orçamentária deles. absoluto do ditador.
Com a criação do DASP e do Conselho Nacional de A nova constituição foi apelidada de “Polaca”, elaborada
Economia, não só a atuação administrativa e econômica do por Francisco Campos, o mesmo responsável por criar o AI-1
governo passou a ser muito mais eficiente, como também (Ato Institucional) em 1964, que deu origem à ditadura militar
aumentou consideravelmente o poder do Estado e do no Brasil. A constituição “Polaca” era extremamente
presidente da república, agora diretamente envolvido na autoritária e concedia poderes praticamente ilimitados ao
solução dos principais problemas econômicos do país, governo.
inclusive com a criação de órgãos especializados: o instituto do Em termos práticos, o governo do Estado Novo funcionou
Açúcar e Álcool, o Instituto do Mate, Instituto do Pinho, etc. da seguinte maneira:
Por meio dessas medidas, o governo conseguiu solucionar - O poder político concentrava-se todo nas mãos do
de maneira satisfatória os principais problemas econômicos presidente da república;
da época. A cafeicultura foi convenientemente defendida, a - O Congresso Nacional, as Assembleias Estaduais e as
exportação agrícola foi diversificada, a dívida externa foi Câmaras Municipais foram fechadas;
congelada, a indústria cresceu rapidamente, a mineração de - O sistema judiciário ficou subordinado ao poder
ferro e carvão expandiu-se e a legislação trabalhista foi executivo;
consolidada. - Os Estados eram governados por interventores
Com essas medidas, as elites enriqueceram, a classe média nomeados por Vargas, os quais, por sua vez, nomeavam os
melhorou seu padrão de vida e o operariado ganhou a prefeitos municipais;
proteção que lutou por anos para conseguir. Dessa forma, - A Polícia Especial (PE) e as polícias estaduais adquiriram
mesmo com a repressão e perseguição política em seu regime, total liberdade de ação, prendendo, torturando e assassinando
Vargas atingiu altos níveis de popularidade. qualquer pessoa suspeita de se opor ao governo;
No período de 1937 a 1940, a ação econômica do Estado - A propaganda pela imprensa e pelo rádio foi largamente
objetivava racionalizar e incentivar atividades econômicas já usada pelo governo, por meio do Departamento de Imprensa e
existentes no Brasil. A partir de 1940, com a instalação de Propaganda (DIP).
grandes empresas estatais, o Estado alterou seu papel
passando a ser um dos principais investidores do setor Os partidos políticos foram fechados (até mesmo o Partido
industrial. Integralista que mudou seu nome para Associação Brasileira
Os investimentos estatais concentravam-se na indústria de Cultura.). Em 1938 os integralistas tentaram um golpe de
pesada, principalmente a siderurgia química, mecânica governo que fracassou em poucas horas. Seus principais
pesada, metalurgia, mineração de ferro e geração de energia líderes foram presos, inclusive Plínio Salgado, que foi exilado
hidroelétrica. Esses eram setores que exigiam grandes para Portugal.
investimentos e garantiam retorno somente no longo prazo, o Nesse meio tempo, o DIP e a PE prosseguiam seu trabalho.
que não despertou o interesse da burguesia brasileira. Chefiado por Lourival Fontes, o DIP era incansável tanto na
Como saída, existiam duas opções para sua implantação: o censura quanto na propaganda, voltada para todos os setores
investimento do capital estrangeiro ou o investimento estatal. da sociedade – operários, estudantes, classe média, crianças e
O segundo foi o escolhido. A iniciativa teve êxito graças a um militares – abrangendo assuntos tão diversos quanto
pequeno número de empresários e também do exército, que siderurgia, carnaval e futebol.
associava a indústria de base com a produção de armamentos, Procurava-se assim, formar uma ideologia estadonovista
entendendo-a como assunto de segurança nacional. que fosse aceita pelas diversas camadas sociais e grupos
A maior participação do Estado na economia gerou a profissionais e intelectuais. Cabia também ao DIP o preparo
formação de novos órgãos oficiais de coordenação e das gigantescas manifestações operárias, particularmente no
planejamento econômico, destacando-se: dia 1º de Maio, quando os trabalhadores, além de
CNP – Conselho Nacional do Petróleo (1938) comemorarem o Dia do Trabalho, prestavam uma homenagem
CNAEE – Conselho Nacional de Aguas e Energia Elétrica a Vargas, apelidado de “o pai dos pobres”28.
(1939)

27 Referência: < 28 Referência: <


http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos37- http://pessoal.educacional.com.br/up/50240001/1411397/12_TERC_7_HIST_26
45/PoliticaAdministracao/DASP> 5a326%20(1)-%20AULA%2075.pdf>

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Leis trabalhistas no governo de Getúlio Vargas Também era comum durante o período a espionagem feita
Getúlio Vargas garantiu diversas mudanças em relação ao por militares e civis, que eram conhecidos como “invisíveis”.
trabalho e ao trabalhador durante seu governo. Decretou a Sua função poderia ser a de espiar alguém em específico ou
organização da jornada de trabalho, instituiu o Ministério do fazer uma espionagem generalizada em escolas,
Trabalho, criou a Lei de Sindicalização e o salário mínimo em universidades, fábricas, estádios de futebol, transporte
1940. público, cinemas, locais de lazer, unidades militares e
As concessões garantidas por Getúlio criavam a imagem de repartições públicas. Formaram-se milhares de arquivos
Estado disciplinando ao mercado de trabalho em benefício dos pessoais com informações minuciosas sobre as pessoas, que
assalariados, porém também serviram para encobrir o caráter seriam utilizadas novamente 19 anos após o fim do Estado
controlador do Estado sobre os movimentos operários. Novo, na Ditadura Militar.
O relacionamento entre Getúlio e os trabalhadores era
muito interessante, temperado pelos famosos discursos do Fim do Estado Novo
governante nos quais sempre começavam pela frase O início da Segunda Guerra Mundial em 1939, possibilitou
“trabalhadores do Brasil...”. Utilizando um modelo de política algumas variações ao Brasil.
populista, Vargas, de um lado, eliminava qualquer liderança Permitiu ao governo de Vargas neutralidade para negociar
operária que tentasse uma atuação autônoma em relação ao tanto com os Aliados (Estados Unidos, Inglaterra, Rússia...)
governo, acusando-a de “comunista”, enquanto por outro lado, como com o Eixo (Itália, Alemanha e Japão). Conseguiu
concedia frequentes benefícios trabalhistas ao operariado. financiamento dos Estados Unidos para a construção da usina
Desse modo, por meio de uma inteligente mistura de siderúrgica de Volta Redonda, a compra de armamentos
propaganda, repressão e concessões, Getúlio obteve um amplo alemães e fornecimento de material bélico norte-americano.
apoio das camadas populares. Apesar da neutralidade de Getúlio, que esperava o
desenrolar do conflito para determinar apoio ao provável
A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) entrou em vencedor, em seu governo haviam grupos divididos e definidos
vigor em 1943, durante a típica comemoração do 1º de maio. sobre quem apoiar:
Entre seus principais pontos estão: Oswaldo Aranha, que era ministro das Relações
- Regulamentação da jornada de trabalho – 8 horas diárias. Exteriores era favorável aos Estados Unidos, enquanto os
- Descanso de um dia semanal, remunerado. generais Gaspar Dutra e Góis Monteiro eram favoráveis ao
- Regulamentação do trabalho e salário de menores. nazismo. Com a entrada dos Estados Unidos na guerra em
- Obrigatoriedade de salário mínimo como base de salário. 1941 e o torpedeamento de vários navios mercantes
- Direito a férias anuais. brasileiros, o país entra em guerra ao lado dos aliados em
- Obrigatoriedade de registro do contrato de trabalho na agosto de 1942.
carteira do trabalhador. Em 1944 foram mandados 25.000 soldados da Força
Expedicionária Brasileira (FEB) para a Itália, marcando a
As deliberações da CLT priorizaram em 1943 as relações participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial.
do trabalhador urbano, praticamente ignorando o trabalhador Mais do que a vitória contra as forças do Eixo na Europa, a
rural que ainda representava uma grande parcela da Segunda Guerra Mundial teve um efeito na política brasileira.
população. Segundo dados do IBGE, em 1940 Muitos dos que lutavam contra o Fascismo na Europa não
aproximadamente 70% da população brasileira estava na zona aceitavam voltar para casa e viver em um regime autoritário.
rural. O sentimento de revolta cresceu na população e muitas
Essas pessoas não foram beneficiadas com medidas manifestações em prol da redemocratização foram realizadas,
trabalhistas específicas, nem com políticas que facilitassem o mesmo com a forte repressão da polícia. Pressionado pelas
acesso à terra e à propriedade. reivindicações, em 1945 Vargas assinou um Ato Adicional que
Para organizar os trabalhadores rurais, a partir da década marcava eleições para o final daquele ano.
de 1950 surgiram movimentos sociais como as Ligas Foram formados vários partidos: UDN (União Democrática
Camponesas, as Associações de Lavradores e Trabalhadores nacional), PSD (Partido Social Democrático), PTB (Partido
Agrícolas, até o mais estruturado destes movimentos, o MST Trabalhista Brasileiro), o PCB (Partido Comunista Brasileiro)
(Movimento dos Trabalhadores dos Trabalhadores Rurais foi legalizado, além de outros menores.
Sem Terra), nascido nos encontros da CPT- Comissão Pastoral Apesar dos protestos para o fim do Estado Novo, muitas
da Terra, em 1985, no Paraná. pessoas queriam que a redemocratização ocorresse com a
Enquanto isso, a PE continuava agindo: prendia pessoas, continuação de Getúlio no poder. Daí vem o movimento
sendo que a maioria jamais foi julgada, ficando apenas presas conhecido como “Queremismo”, que vem do slogan
e sendo torturadas durante anos a fio. “Queremos Getúlio”.
Após o fim do Estado Novo foi formada uma comissão para
investigar as barbaridades cometidas pela polícia durante o BRASIL REPÚBLICA – POPULISTA – DITADURA
período de ditadura, chamada de “Comissão Parlamentar de MILITAR
Inquérito dos Atos Delituosos da Ditadura”. Mas os
levantamentos feitos pela comissão em 1946 e 1947, eram República Populista
quase sempre abafados, fazendo-se o possível para que
caíssem no esquecimento, por duas razões: O Governo de Eurico Gaspar Dutra

1 - A maioria dos torturadores e assassinos permaneciam O governo Dutra foi marcado internamente pela
na polícia depois que a PE havia sido extinta, sendo apenas promulgação da nova Carta Constitucional, em 18 de setembro
transferidos para outros órgãos e funções; de 1946. De caráter liberal e democrático, a Constituição de
2 - Muitos civis e militares envolvidos nas torturas e 1946 iria reger a vida do país por mais duas décadas29.
assassinatos fizeram mais tarde rápida carreira, chegando a Em 18 de setembro de 1946 foi oficialmente promulgada a
ocupar postos importantes na administração e na política. Constituição dos Estados Unidos do Brasil e o Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias, o que consagrou

29 http://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-do-brasil/governo-eurico-

gaspar-dutra

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liberdades que existiam na Constituição de 1934, mas haviam seu registro cassado. Nesse mesmo dia, o Ministério do
sido retiradas em 1937. Trabalho decretou a intervenção em vários sindicatos e fechou
a Confederação Geral dos Trabalhadores do Brasil criada pelo
Alguns dos dispositivos regulados pela Constituição de movimento sindical em setembro de 1946 e não reconhecida
1946 foram: oficialmente pelo governo.
- A igualdade de todos os cidadãos perante a lei; A exclusão dos comunistas do sistema político partidário
- A liberdade de expressão, sem censura, fora em culminou em janeiro de 1948, com a cassação dos mandatos
espetáculos e diversões públicas; de todos os parlamentares que haviam sido eleitos pelo PCB.
- Sigilo de correspondência inviolável; Sob o impacto da cassação, o PCB lançou um manifesto
- Liberdade de consciência, crença e exercício de quaisquer pregando a derrubada imediata do governo Dutra,
cultos religiosos; considerado um governo "antidemocrático", de "traição
- Liberdade de associação para fins lícitos; nacional" e "a serviço do imperialismo norte-americano"32.
- Casa como asilo do indivíduo torna-se inviolável; A política econômica do governo Dutra foi guiada pelo
- Prisão apenas em flagrante delito ou por ordem escrita de plano SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia),
autoridade competente e a garantia ampla de defesa do programa com grande incentivo dado à pesquisa, refino e
acusado; distribuição do petróleo. Por meio dessas ações de controle, o
- Fim da pena de morte; governo Dutra conseguiu atingir uma média anual de
- Os três poderes são definitivamente separados. crescimento econômico de 6%.
Em relação à política externa, a aliança com os Estados
A separação dos três poderes visava delimitar a ação de Unidos foi reforçada. Em decorrência disso, o Brasil foi um dos
cada um deles. Esta nova lei, na verdade foi elaborada devido primeiros países ocidentais a romper relações com a União
à reflexão sobre os anos em que Vargas ampliou as atribuições Soviética (durante a época da Guerra Fria, o país manteve-se
do Poder Executivo e obteve controle sobre quase todas as aliado aos estadunidenses). O Brasil tomou parte da fase inicial
ações do Estado. Fora isso, o mandato do presidente se da Organização das Nações Unidas (ONU) como membro não
estabeleceu em 5 anos, sendo proibida a reeleição para cargos permanente, participando da aprovação do Estado de Israel,
do Executivo30. em 1947, tendo Oswaldo Aranha como Presidente da Segunda
No que se referia às leis trabalhistas, a Constituição de Assembleia Geral da ONU.
1946 manteve o princípio de cooperação dos órgãos sindicais Em nível de integração internacional, a atuação brasileira
e diminuiu o controle dos mecanismos do Estado aos se fez presente na montagem do Sistema Interamericano,
sindicatos e seus adeptos. Já no que tocava à organização do iniciada no Rio de Janeiro, em 1947, com a Conferência para a
processo eleitoral, a Carta de 1946 diluiu as bancadas Manutenção da Paz e da Segurança, em que as nações do
profissionais de Getúlio Vargas e aumentou a participação do continente assinaram o Tratado Internamericano de
voto das mulheres. Assistência Recíproca e, no ano seguinte, na Conferência de
Sendo assim, a distribuição das cadeiras na Câmara dos Bogotá, com a aprovação da criação da Organização dos
Deputados foi alterada, aumentando-se as vagas para Estados Estados Americanos (OEA). Em 1948, com o intuito de
considerados “menores”. Porém, o Governo de Dutra feriu sua estabelecer um foro de defesa de interesses econômicos
própria constituição, que pregava o pluripartidarismo, ao comuns, os países latino-americanos criaram a Comissão
iniciar uma cassação ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Econômica para a América Latina (CEPAL)33.
A Constituição de 1946 ficou em vigência até o Golpe O governo Dutra pregava a não intervenção do Estado na
Militar em 1964. Nessa ocasião, os militares passaram a aplicar economia e a liberdade de ação para o capital estrangeiro. Sua
uma série de emendas para estabelecer as diretrizes do novo política econômica fez crescer a inflação e a dívida externa.
regime até ser definitivamente suspensa pelos Atos O liberalismo econômico adotado pelo presidente Dutra,
Institucionais e pela Constituição de 196731. dando facilidade à livre importação de mercadorias, teve como
Com o avanço da redemocratização, o movimento operário consequência o esgotamento das divisas do país; mais tarde, o
ganhou vigor, com um aumento significativo no número de governo teve de modificar sua posição, restringindo algumas
sindicalizados e a eclosão de várias greves no país. Para barrar importações.
o avanço do movimento sindical, que contava com forte apoio O período que abrange os anos de 1946 a 1964, é
dos comunistas, Dutra, ainda no início do governo e antes da considerado pelos historiadores e cientistas sociais como a
promulgação da nova Constituição, baixou um decreto primeira experiência de regime democrático no Brasil. O
proibindo o direito de greve. período de existência da República Oligárquica ou República
No primeiro ano do governo Dutra, por conta de uma Velha (1889-1930) esteve longe de representar uma
conjuntura internacional favorável à cooperação entre países experiência verdadeiramente democrática devido aos
capitalistas e socialistas, a atuação dos comunistas, apesar das incontáveis vícios políticos mascarados por princípios de
restrições, foi tolerada. As mudanças ocorridas no cenário legalidade jurídica prescritos nas leis34.
internacional a partir de 1947, com o dissolvimento da aliança Não obstante, o presidente Eurico Gaspar Dutra praticou
entre os Estados Unidos e a União Soviética transformaram a uma política governamental deliberadamente autoritária a
situação, levando ao início da Guerra Fria. Segundo o partir de medidas que desrespeitou flagrantemente a
presidente americano Harry Truman, as potência mundiais da Constituição vigente.
época estavam divididas em dois sistemas nitidamente Chegando em 1950, os brasileiros preparavam-se para
contraditórios: o capitalista e o comunista. E a política externa uma nova eleição para presidente da República. Mais uma vez,
americana voltou-se para o combate ao comunismo. assim como em 1945, o cenário político nacional
No Brasil, as repercussões da Guerra Fria foram imediatas. experimentava a carência de líderes políticos nacionais. De tal
No dia 7 de maio de 1947, após uma batalha judicial, o PCB teve forma, o PSD (Partido Social Democrático) ofereceu a

30 SOARES, L. M. SILVA. A dimensão pedagógica da ação ideológica de uma 32

instituição cultural do período de 1955 a 1964. http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/DoisGovernos/Cass


http://tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1031/1/Silvia%20Leticia%20Ma acaoPC
rques%20Soares.pdf 33 http://www2.camara.leg.br/atividade-
31 https://unipdireito2015.files.wordpress.com/2015/11/sistema-eleitoral- legislativa/plenario/discursos/escrevendohistoria/old/serie-estrangeira-old
e-jurisprudc3aancia.doc 34 https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/governo-gaspar-

dutra-1946-1951-democracia-e-fim-do-estado-novo.htm

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candidatura do incógnito mineiro Cristiano Machado e a UDN Embora Vargas tivesse o apoio político do PTB, do PSD, dos
(União Democrática Nacional) apostou novamente no militares nacionalistas, de segmentos da burguesia, da elite
brigadeiro Eduardo Gomes. O PTB (Partido Trabalhista agrária, dos sindicatos e de parte das massas urbanas, seu
Brasileiro) por sua vez, chegava à frente lançando o nome de governo sofreu forte oposição.
Getúlio Vargas, que venceu com 48% dos votos válidos. No meio político, o foco da oposição era a UDN. Para esse
partido, "a indústria e a agricultura deveriam desenvolver-se
O governo democrático de Getúlio Vargas livremente, de acordo com as forças do mercado, além de
valorizar o capital estrangeiro, atribuindo-lhe o papel de
Em 1950 Getúlio lança-se à presidência juntamente com suprir as dificuldades naturais do País.
Café Filho pelo PTB e PSP (Partido Social Progressista). Com a A imprensa conservadora e particularmente o jornal
fraca concorrência, é eleito presidente do Brasil, assumindo Tribuna da Imprensa de Carlos Lacerda inicia uma violenta
novamente o poder, agora por vias democráticas, em 31 de campanha contra o governo. Em 5 de agosto de 1954, Lacerda
janeiro de 1951. sofre um atentado que matou o major-aviador Rubens
De volta ao Palácio do Catete, Vargas adotou "uma fórmula Florentino Vaz. O incidente teve amplas repercussões e
nova e mais agressiva de nacionalismo econômico”, tanto aos resultou numa grave crise política.38
aspectos internos quanto aos externos dos problemas As investigações demonstraram o envolvimento de
brasileiros. A fórmula do nacionalismo radical propunha, Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal de Getúlio.
como o próprio nome já diz, uma mudança radical na estrutura Fortunato acabou sendo preso.
social e econômica que vigorava, visto que a mesma era A pressão da oposição tornou-se mais intensa no
considerada exploradora pelos nacionalistas radicais.35 Congresso e nos meios militares, exigia-se a renúncia de
Após a década de 30, no primeiro governo de Vargas, Vargas. Cria-se um clima de tensão que culmina com o tiro que
começa-se a investir na “nacionalização dos bens do subsolo” Vargas dá no coração na madrugada de 24 de agosto de 1954.
devido à presença de empresas estrangeiras. Um dos maiores Antes de suicidar-se escreveu uma Carta-Testamento, na
incentivadores de tal campanha foi um importante escritor realidade seu testamento político. Onde diz coisas como:
brasileiro: Monteiro Lobato. “Contra a justiça da revisão do salário mínimo se
Ao voltar dos EUA, onde se encantara com a perspectiva de desencadearam os ódios (…) Não querem que o trabalhador
um país próspero para seus habitantes, ele se tornou um seja livre. Não querem que o povo seja independente. (…) Eu
grande articulador da conscientização popular através de vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada
palestras, artigos em jornais, livros sobre o assunto e até cartas receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da
ao então presidente, Getúlio Vargas que, em 1939 cria o CNP – Eternidade e saio da vida para entrar na História”.39
Conselho Nacional de Petróleo – tornando o petróleo um
recurso da União. Governo Café Filho (1954-1955)
Mais tarde, no início da década de 50 a esquerda brasileira
lança a campanha “O Petróleo é Nosso” contra a tentativa dos João Fernandes Campos Café Filho, ou simplesmente Café
chamados “entreguistas” de propugnar a exploração do Filho, como era mais conhecido no meio político, teve um curto
petróleo brasileiro por empresas ou países estrangeiros mas agitado governo. Durante os poucos mais de 14 meses em
alegando que o país não possuía recursos nem técnica que ocupou a Presidência da República, Café Filho teve que
suficiente para fazê-lo36. conciliar os problemas econômicos herdados do governo
Em resposta, Getúlio Vargas assina a Lei 2.004 de 1953, anterior com o acirramento político provocado pelo cenário
criando a Petrobras. aberto com a morte de Getúlio Vargas.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE)
e o projeto de criação da Eletrobrás também fazem parte da A sucessão presidencial
política nacionalista, industrialista e estatizante de novo Em 1955, durante a disputa presidencial, o PSD, partido
governo de Getúlio. que Vargas fundara uma década antes, lançou o nome de
Desde o início do seu mandato sofreu forte oposição, sem Juscelino Kubitscheck (JK) à Presidência da República. Na
conseguir o apoio que precisava para realizar reformas. Neste disputa para vice-presidente, que na época ocorria em
período Vargas entra em constantes atritos com empresas separado da corrida presidencial, a chapa apresentou o ex-
estrangeiras acusadas de enviar excessivas remessas de lucro ministro do Trabalho do governo Vargas, João Goulart, do PTB,
ao exterior. Em 1952 um decreto institui um limite de 10% sigla pela qual o ex-presidente havia sido eleito em 1950.
para tais remessas.37 Setores mais radicais da UDN, representados pelo
Em 1953 João Goulart foi nomeado para o ministério do jornalista Carlos Lacerda, receosos de que a vitória de
Trabalho com o objetivo de criar uma política trabalhista que Juscelino Kubitscheck e Jango pudesse significar um retorno
aproximasse os trabalhadores do governo, aventando-se a da política varguista, passaram a pedir a impugnação da chapa.
possibilidade do aumento do salário-mínimo em 100%. A Lacerda chegou a declarar, na época, que "esse homem (JK)
campanha contra o governo voltou-se então contra Goulart. não pode se candidatar; se candidatar não poderá ser eleito; se
Jango, como era conhecido, causava profundo for eleito não poderá tomar posse; se tomar posse não poderá
descontentamento entre os militares que em 8 de fevereiro de governar".
1954 entregaram um manifesto ao ministério da Guerra A pressão da UDN para que Café Filho impedisse a posse
(Manifesto dos Coronéis). Getúlio pressionado e procurando dos novos eleitos intensificou-se logo após a divulgação dos
conciliar os ânimos, aceitou demitir João Goulart. resultados oficiais, que davam a vitória à chapa PSD-PTB. De
Os ânimos contra Getúlio se acirraram e ele procurou mais outro lado, entre os militares, também surgiam divergências
do que nunca se amparar nos trabalhadores, concedendo em quanto ao resultado das urnas. A principal delas ocorreu
1º de maio de 1954 o aumento de 100% no salário-mínimo. A quando um coronel declarou-se contrário à posse de JK e
oposição no congresso entra com um pedido de impeachment, Jango, numa clara insubordinação ao ministro da Guerra de
porém sem sucesso.

35 SKIDMORE, Thomas E. Brasil: de Getúlio Vargas a Castelo Branco (1930- 37 https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=263288


1964). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975 38 http://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-do-brasil/estado-novo
36 Federação da Agricultura do Estado do Paraná. 39 http://www.culturabrasil.org/vargas.htm
http://www.sistemafaep.org.br/wp-content/uploads/2017/06/BI-1253.pdf

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Café Filho, marechal Henrique Lott, que havia se posicionado a borracha, construção naval, maquinaria pesada e
favor do resultado.40 equipamento elétrico.
O Plano de Metas teve pleno êxito, pois no transcurso da
Carlos Luz gestão governamental a economia brasileira registrou taxas de
crescimento da produção industrial (principalmente na área
A intenção de Lott em punir o coronel, entretanto, de bens de capital) em torno de 80%.
dependia de autorização do presidente da República, que em
meio a tantas pressões foi internado às pressas num hospital A construção de Brasília
do Rio de Janeiro. Afastado das atividades políticas, Café Filho A ideia de estabelecer a capital do Brasil no interior do país
foi substituído no dia 08 de novembro de 1955, pelo primeiro nasceu ainda no século XVIII, algumas décadas após Rio de
nome na linha de sucessão, Carlos Luz, presidente da Câmara Janeiro tornar-se o centro administrativo do país, título que
dos Deputados. até então pertencia a Salvador. Os inconfidentes mineiros
Próximo à UDN, Carlos Luz decidiu não autorizar o queriam que a capital da república, caso seu plano de
marechal Lott a seguir em frente com a punição, o que separação funcionasse, fosse a cidade de São João del Rey-MG.
provocou sua saída do Ministério da Guerra. Mesmo com a independência do Brasil em 1822, a capital
A partir de então, Henrique Lott iniciou uma campanha permaneceu no Rio.
contra o presidente em exercício, que terminou na sua Já em meados do século XIX, o historiador Francisco Adolfo
deposição, com apenas três dias de governo. Acompanhado de de Varnhagem reiniciou a luta pela transferência, propondo
auxiliares civis e militares, Carlos Luz refugiou-se no prédio da que uma nova capital fosse construída na região onde hoje fica
Marinha e, em seguida, partiu para a cidade de Santos, no a cidade de Planaltina-GO.
litoral paulista. Após a Proclamação da República, a ideia de transferir a
Com a morte de Vargas, a internação de Café Filho e a capital brasileira voltou a ser tema de debate, principalmente
deposição de Carlos Luz, o próximo na linha de sucessão seria pelos problemas sanitários e as epidemias de Febre Amarela
o vice-presidente do Senado, Nereu Ramos, que assumiu a que assolavam o Rio de Janeiro durante o verão, e pela posição
Presidência da República e reconduziu Lott ao cargo de estratégica em caso de guerra, já que o acesso a uma capital no
ministro da Guerra. interior do território brasileiro seria dificultado para os
Subitamente, Café Filho tentou reassumir o cargo, mas foi inimigos.
vetado por Henrique Lott e outros generais que o apoiavam. Os constituintes de 1891 estabeleceram nas Disposições
Era acusado de conspirar contra a posse de JK e Jango. No dia Transitórias, essa determinação que, não tendo sido executada
22 de novembro, o Congresso Nacional aprovou o em toda a Velha República, foi renovada na constituição
impedimento para que ele reassumisse a Presidência da promulgada em 1934. Igualmente a carta de 1946 conservou
República. Em seu lugar, permaneceu o senador Nereu Ramos, aquele propósito, determinando a nomeação, pelo presidente
que transmitiu, sob Estado de Sítio, o governo ao presidente da República, de uma comissão de técnicos que visassem
constitucionalmente eleito: Juscelino Kubitscheck, o estudos localizando, no Planalto Central, uma região onde
"presidente bossa nova".41 fosse demarcada a nova capital.
Em maio de 1892, o governo Floriano Peixoto criou a
Nereu de Oliveira Ramos Comissão Exploradora do Planalto Central e entregou a chefia
a Louis Ferdinand Cruls, astrônomo e geógrafo belga radicado
Nascido na cidade de Lages, em Santa Catarina, Nereu de no Rio de Janeiro desde 1874. Essa comissão tinha como
Oliveira Ramos era advogado e assumiu a presidência aos 67 objetivo, conforme disposto na constituição, proceder à
anos. Em virtude do impedimento do Presidente Café Filho e exploração do planalto central da república e à consequente
do Presidente da Câmara dos Deputados Carlos Luz, o Vice- demarcação da área a ser ocupada pela futura capital.42
Presidente do Senado Federal, assumiu a Presidência da Diversos problemas, entre eles a questão logística,
República, de 11/11/1955 a 31/01/1956. impediram a construção da nova capital federal, pois a
dificuldade nos transportes e também no acesso ao Planalto
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961) Central tornavam a ideia inviável.
Ao assumir a presidência da República, Juscelino
Na eleição presidencial de 1955, o Partido Social Kubitschek, logo após a sua posse, em Janeiro de 1956, afirmou
Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) se o seu empenho “de fazer descer do plano dos sonhos a
aliaram, lançando como candidato Juscelino Kubitschek para realidade de Brasília”. Apresentando o projeto ao congresso
presidente e João Goulart para vice-presidente. A União como um fato consumado, em setembro do mesmo ano, foi
Democrática Nacional (UDN) e o Partido Democrata Cristão aprovada a lei nº 2.874 que criou a Companhia Urbanizadora
(PDC) disputaram o pleito com Juarez Távora. da Nova Capital (vulgarizada pela sigla NOVA-CAP). As obras
se iniciaram em Fevereiro de 1957, com apenas 3 mil
O Plano de Metas trabalhadores – batizados de “candangos”.
O governo de Juscelino Kubitschek entrou para história do O arquiteto Oscar Niemeyer foi escolhido para a chefia do
país como a gestão presidencial na qual se registrou o mais Departamento de Urbanística e Arquitetura, recusando-se a
expressivo crescimento da economia brasileira. Na área traçar os planos urbanísticos de Brasília, insistindo na
econômica, o lema do governo foi "Cinquenta anos de necessidade de um concurso para a escolha do plano-piloto,
progresso em cinco anos de governo". aceito em março de 1957.
Para cumprir com esse objetivo, o governo federal
elaborou o Plano de Metas, que previa um acelerado Desenvolvimento e dependência externa
crescimento econômico a partir da expansão do setor A prioridade dada pelo governo ao crescimento e
industrial, com investimentos na produção de aço, alumínio, desenvolvimento econômico do país recebeu apoio de
metais não ferrosos, cimento, álcalis, papel e celulose, importantes setores da sociedade, incluindo os militares, os
empresários e sindicatos trabalhistas. O acelerado processo de

40 Câmara Municipal de São Paulo. 41 https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/governo-cafe-


http://www.camara.sp.gov.br/memoria/wp- filho-1954-1955-os-14-meses-do-vice-de-vargas.htm
content/uploads/sites/20/2017/11/leg4_final_02.pdf 42 http://blogs.correiobraziliense.com.br/candangando/missao-cruls-
exaltava-fartura-de-agua-na-nova-capital/

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industrialização registrado no período, porém, não deixou de A vitória coube a Jânio Quadros, que obteve expressiva
acarretar uma série de problemas de longo prazo para a votação. Naquela época, as eleições para presidente e vice-
econômica brasileira. presidente ocorriam separadamente, ou seja, as candidaturas
O governo realizava investimentos no setor industrial a eram independentes. Assim, o candidato da UDN a vice-
partir da emissão monetária e da abertura da economia ao presidente era Milton Campos, mas quem venceu foi o
capital estrangeiro. A emissão monetária (ou emissão de papel candidato do PTB, João Goulart. Desse modo, ele iniciou seu
moeda) ocasionou um agravamento do processo inflacionário, segundo mandato como vice-presidente.44
enquanto que a abertura da economia ao capital estrangeiro
gerou uma progressiva desnacionalização econômica, porque Governo Jânio Quadros (1961)
as empresas estrangeiras (as chamadas multinacionais)
passaram a controlar setores industriais estratégicos da A gestão de Jânio Quadros na presidência da República foi
economia nacional. breve, duraram sete meses e encerrou-se com a renúncia.
O controle estrangeiro sobre a economia brasileira era Neste curto período, Jânio Quadros praticou uma política
preponderante nas indústrias automobilísticas, de cigarros, econômica e uma política externa que desagradou
farmacêutica e mecânica. Em pouco tempo, as multinacionais profundamente os políticos que o apoiavam, setores das
começaram a remeter grandes remessas de lucros (muitas Forças Armadas e outros segmentos sociais.
vezes superiores aos investimentos por elas realizados) para A renúncia de Jânio Quadros desencadeou uma crise
seus países de origem. Esse tipo de procedimento era ilegal, institucional sem precedentes na história republicana do país,
mas as multinacionais burlavam as próprias leis locais. porque a posse do vice-presidente João Goulart não foi aceita
Portanto, se por um lado o Plano de Metas alcançou os pelos ministros militares e pelas classes dominantes.
resultados esperados, por outro, foi responsável pela
consolidação de um capitalismo extremamente dependente A crise política
que sofreu muitas críticas e acirrou o debate em torno da O governo de Jânio Quadros perdeu sua base de apoio
política desenvolvimentista. político e social a partir do momento em que adotou uma
política econômica austera e uma política externa
Denúncias da oposição independente. Na área econômica, o governo se deparou com
A gestão de Juscelino Kubitschek não esteve a salvo de uma crise financeira aguda devido a intensa inflação, déficit da
críticas dos setores oposicionistas. No Congresso Nacional, a balança comercial e crescimento da dívida externa.
oposição política ao governo de JK vinha da UDN. A oposição O governo adotou medidas drásticas, restringindo o
ganhou maior força no momento em que as crescentes crédito, congelando os salários e incentivando as exportações.
dificuldades financeiras e inflacionárias (decorrentes Mas foi na área da política externa que o presidente acirrou os
principalmente dos gastos com a construção de Brasília) ânimos da oposição ao seu governo.
fragilizaram o governo federal. Nomeou para o ministério das Relações Exteriores Afonso
A UDN fazia um tipo de oposição ao governo baseada na Arinos, que se encarregou de alterar radicalmente os rumos da
denúncia de escândalos de corrupção e uso indevido do política externa brasileira. O Brasil começou a se aproximar
dinheiro público. A construção de Brasília foi o principal alvo dos países socialistas. O governo brasileiro restabeleceu
das críticas da oposição. No entanto, a ação de setores relações diplomáticas com a União Soviética (URSS).
oposicionistas não prejudicou seriamente a estabilidade As atitudes menores também tiveram grande impacto,
governamental na gestão de JK.43 como as condecorações oferecidas pessoalmente por Jânio ao
guerrilheiro revolucionário Ernesto "Che" Guevara
Governabilidade e sucessão presidencial (condecorado com a Ordem do Cruzeiro do Sul) e ao
Em comparação com os governos democráticos que cosmonauta soviético Yuri Gagarin, além da vinda ao Brasil do
antecederam e sucederam a gestão de JK na presidência da ditador cubano Fidel Castro45. Apresentando assim indícios de
República, o mandato presidencial de Juscelino apresenta o alinhamento aos governos socialistas do período.
melhor desempenho no que se refere à estabilidade política.
A aliança entre o PSD e o PTB garantiu ao Executivo Independência e isolamento
Federal uma base parlamentar de sustentação e apoio político De acordo com estudiosos do período, o presidente Jânio
que explica os êxitos da aprovação de programas e projetos Quadros esperava que a política externa de seu governo se
governamentais. O PSD era a força dominante no Congresso traduzisse na ampliação do mercado consumidor externo dos
Nacional, pois possuía o maior número de parlamentares e o produtos brasileiros por meio de acordos diplomáticos e
maior número de ministros no governo. Era considerado um comerciais.
partido conservador, porque representava interesses de Porém, a condução da política externa independente
setores agrários (latifundiários), da burocracia estatal e da desagradou o governo norte-americano e, internamente,
burguesia comercial e industrial. recebeu pesadas críticas do partido a que Jânio estava
O PTB, ao contrário, reunia lideranças sindicais vinculado, a UDN, sofrendo também uma forte oposição das
representantes dos trabalhadores urbanos mais organizados e elites conservadoras e dos militares.
setores da burguesia industrial. O êxito da aliança entre os dois Ao completar sete meses de mandato presidencial, o
partidos deu-se ao fato de que ambos evitaram radicalizar suas governo de Jânio Quadros ficou isolado política e socialmente.
respectivas posições políticas, ou seja, conservadorismo e Renunciou a 25 de agosto de 1961.
reformismo radicais foram abandonados.
Na sucessão presidencial de 1960, o quadro eleitoral Política teatral
apresentou a seguinte configuração: a UDN lançou Jânio Especula-se que a renúncia foi mais um dos atos
Quadros como candidato; o PTB com o apoio do PSB espetaculares característicos do estilo de Jânio. Com ela, o
apresentou como candidato o marechal Henrique Teixeira presidente pretenderia causar uma grande comoção popular,
Lott; e o PSP concorreu com Adhemar de Barros. e o Congresso seria forçado a pedir seu retorno ao governo, o

43 45 https://cidadeverde.com/noticias/241078/reportagem-especial-janio-
http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=217 quadros-os-100-anos-de-um-politico-incomum
44

http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=217

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que lhe daria grandes poderes sobre o Legislativo. Não foi o necessário o atendimento das demandas dos grupos sociais
que aconteceu. que o apoiavam. Um episódio que ilustra de forma notável esse
A renúncia foi aceita e a população se manteve indiferente. tipo de estratégia política ocorreu quando o governo criou
Vale lembrar que as atitudes teatrais eram usadas uma lei implantando o 13º salário. O Congresso não a aprovou.
politicamente por Jânio antes mesmo de chegar à presidência. Em seguida, líderes sindicais ligados ao governo mobilizaram
Em comícios, ele jogava pó sobre os ombros para simular os trabalhadores que entraram em greve e pressionaram os
caspa, de modo a parecer um "homem do povo". Também parlamentares a aprovarem a lei.
tirava do bolso sanduíches de mortadela e os comia em
público. As contradições da política econômica
No poder, proibiu as brigas de galo e o uso de lança- As dificuldades de Jango na área da governabilidade se
perfume, criando polêmicas com questões menores, que o tornaram mais graves após o restabelecimento do regime
mantinham sempre em evidência, como um presidente presidencialista. A busca de apoio social junto às classes
preocupado com o dia a dia do brasileiro. populares levou o governo a se aproximar do movimento
sindical e dos setores que representavam as correntes e ideias
Governo João Goulart (1961-1964) nacional-reformistas.
Por esta perspectiva é possível entender as contradições
Com a renúncia de Jânio Quadros, a presidência caberia ao na condução da política econômica do governo. Durante a fase
vice João Goulart, popularmente conhecido como Jango. No parlamentarista, o Ministério do Planejamento e da
momento da renúncia, se encontrava na Ásia, em visita a Coordenação Econômica foi ocupado por Celso Furtado, que
República Popular da China. elaborou o chamado Plano Trienal de Desenvolvimento
O presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, Econômico e Social.
assumiu o governo provisoriamente. Porém, os grupos de O objetivo do Plano Trienal era combater a inflação a partir
oposição mais conservadores representantes das elites de uma política de estabilização que demandava, entre outras
dominantes e de setores das Forças Armadas não aceitaram coisas, a contenção salarial e o controle do déficit público. Em
que Jango tomasse posse, sob a alegação de que ele tinha 1963, o governo abandonou o programa de austeridade
tendências políticas esquerdistas. Não obstante, setores econômica, concedendo reajustes salariais para o
sociais e políticos que apoiavam Jango iniciaram um funcionalismo público e aumentando o salário mínimo acima
movimento de resistência.46 da taxa pré-fixada.
Ao mesmo tempo, tentava obter o apoio de setores da
Campanha da legalidade e posse direita realizando sucessivas reformas ministeriais e
O governador do estado do Rio Grande do Sul, Leonel oferecendo cargos às pessoas com influência e respaldo junto
Brizola, se destacou como principal líder da resistência ao ao empresariado nacional e os investidores estrangeiros.
promover a campanha legalista pela posse de Jango. O
movimento de resistência, que se iniciou no Rio Grande do Sul Polarização direita-esquerda
e irradiou-se para outras regiões do país, dividiu as Forças Ao longo do ano de 1963, o país foi palco de agitações
Armadas impedindo uma ação militar conjunta contra os sociais que polarizaram as correntes de pensamento de direita
legalistas. No Congresso Nacional, os líderes políticos e esquerda em torno da condução da política governamental.
negociaram uma saída para a crise institucional. Em 1964 a situação de instabilidade política agravou-se.
A solução encontrada foi o estabelecimento do regime O descontentamento do empresariado nacional e das
parlamentarista de governo que vigorou por dois anos (1961- classes dominantes como um todo se acentuou. Por outro lado,
1962) reduzindo enormemente os poderes constitucionais de os movimentos sindicais e populares pressionavam para que o
Jango. Com essa medida, os três ministros militares aceitaram, governo programasse reformas sociais e econômicas que os
enfim, seu retorno. Em 5 de setembro retorna ao Brasil, e é beneficiassem.47
empossado em 7 de setembro. Atos públicos e manifestações de apoio e oposição ao
governo eclodem por todo o país. Em 13 de março, ocorreu o
O retorno ao presidencialismo comício da estação da Estrada de Ferro Central do Brasil, no
Em janeiro de 1963, Jango convocou um plebiscito para Rio de Janeiro, que reuniu 300 mil trabalhadores em apoio a
decidir sobre a manutenção ou não do sistema Jango.
parlamentarista. Cerca de 80% dos eleitores votaram pelo Uma semana depois, as elites rurais, a burguesia industrial
restabelecimento do sistema presidencialista. A partir de e setores conservadores da Igreja realizaram a “Marcha da
então, Jango passou a governar o país como presidente, e com Família com Deus e pela Liberdade”, considerada o ápice do
todos os poderes constitucionais a sua disposição. movimento de oposição ao governo.
Porém, no breve período em que governou o país sob As Forças Armadas também foram influenciadas pela
regime presidencialista, os conflitos políticos e as tensões polarização ideológica vivenciada pela sociedade brasileira
sociais se tornaram tão graves que seu mandato foi naquela conjuntura política, ocasionando rompimento da
interrompido pelo Golpe Militar de 1º de abril de 1964. hierarquia devido à sublevação de setores subalternos.
Desde o início de seu mandato, não dispunha de base de Os estudiosos do tema assinalam que, a quebra de
apoio parlamentar para aprovar com facilidade seus projetos hierarquia dentro das Forças Armadas foi o principal fator que
políticos, econômicos e sociais, por esse motivo a estabilidade ocasionou o afastamento dos militares legalistas que deixaram
governamental foi comprometida. de apoiar o governo de Jango, facilitando o movimento
Como saída para resolver os frequentes impasses surgidos golpista.
pela ausência de apoio político no Congresso Nacional, adotou
uma estratégia típica do período populista, recorreu a Candidato(a), segue abaixo a lista completa dos
permanente mobilização das classes populares a fim de obter presidentes da República Populista com a cronologia correta:
apoio social ao seu governo. - José Linhares (1945-1946 - interino)
Foi uma forma precária de assegurar a governabilidade, - Eurico Gaspar Dutra (1946-1951)
pois limitava ou impedia a adoção por parte do governo de - Getúlio Vargas (1951-1954)
medidas antipopulares, ao mesmo tempo em que seria - Café Filho (1954-1955)

46 http://www.institutojoaogoulart.org.br/conteudo.php?id=73 47 http://www.institutojoaogoulart.org.br/conteudo.php?id=73

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- Carlos Luz (1955 - interino) pode ser exemplificada com o episódio em que puniu o
- Nereu Ramos (1955-1956 - interino) ministro da Guerra, o general Teixeira Lott, por ter contrariado
- Juscelino Kubitschek (1956-1961) um de seus aliados políticos, o coronel Jurandir Mamede,
- Jânio Quadros (1961) subordinado do general.
- Ranieri Mazilli (1961 - interino)
- João Goulart (1961-1964) 03. (IF/AL – Professor – CEFET) O Governo João Goulart
(1961/1964) foi marcado pela interrupção e conseguinte
Questões instalação da ditadura militar no país. O governo Goulart, na
prática, ficou caracterizado em função das suas ações políticas,
01. (TRT/MG – Analista – FCC) O Ministro do Trabalho como um governo:
João Goulart provocou grande turbulência política em 1954 ao (A) Autoritário, com uma linha ideológica próxima ao
(A) ser nomeado para esse cargo à revelia da vontade de socialismo chinês.
Vargas, uma vez que era o principal líder do Partido (B) Democrático, sendo apoiado durante todo seu curto
Trabalhista, que nele via possibilidade de reverter o clima período pelos partidos de esquerda, inclusive o partido
político desfavorável em razão da oposição exercida pela comunista.
União Democrática Nacional. (C) Conturbado, em que foi implantado o
(B) propor um aumento de 100% no valor do salário parlamentarismo, fato este, que não foi suficiente para
mínimo, proposta que causou a indignação de setores do amenizar as crises políticas do período.
Exército insatisfeitos com sua situação e incomodados com o (D) Democrático, sendo apoiado incondicionalmente pelas
fato de que o salário de um operário, caso recebesse o aumento forças armadas.
em questão, se aproximaria do salário de um oficial. (E) Autor das reformas de base, sendo estas apoiadas por
(C) comunicar o suicídio de Getúlio Vargas e ler, no rádio, setores da chamada classe média, dos trabalhadores e do
sua carta-testamento, alegando que uma conspiração política empresariado mais progressista. Obteve, assim, êxito na
antivarguista havia influenciado a população que agora proposta de modernizar o país.
culpava a ele e ao ex-presidente pela alta inflacionária e pela
crise econômica em curso. Gabarito
(D) renunciar a esse cargo diante da reação agressiva do
empresariado e das Forças Armadas às suas medidas 01.B / 02.D / 03.C
trabalhistas, atitude que despertou o apoio da população a
Jango e o clamor por sua permanência no cargo, fenômeno O Regime Militar
apelidado de “queremismo”.
(E) atender às pressões dos sindicatos e propor amplas O início do governo militar é marcado por grande
reformas de base, insubordinando-se à autoridade de Getúlio perseguição política aos líderes de esquerda, tendo por
Vargas por considerar que seu governo não estava tomando exemplo deputados e políticos seus mandatos cassados. Para
medidas suficientemente favoráveis aos trabalhadores. tanto foi criado o SNI (Serviço Nacional de Informação).
O SNI era o serviço secreto do Exército e contava com
02. (SEDUC/PI – Professor-História – NUCEPE) agentes infiltrados em vários setores como jornais, sindicatos,
escolas (...). Apesar das cassações de mandato o Congresso
“Bossa nova mesmo é ser presidente Nacional foi mantido e mesmo após a constituição de 67, que
Desta terra descoberta por Cabral institucionalizava o regime, os militares continuaram
Para tanto basta ser tão simplesmente governando através de atos institucionais48.
Simpático, risonho, original". Foram eles:
(Juca Chaves. Presidente Bossa Nova. RGE, 1957). AI-1: Ampliação dos poderes do presidente, eleição
indireta e a cassação de parlamentares de esquerda. O início
Considerando o período apresentado na composição, e o da instalação da Ditadura. Perseguem lideranças opositoras
governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), podemos (líderes camponeses, estudantis, sindicais, partidários e
afirmar CORRETAMENTE: intelectuais) e são cassados mandados políticos e cargos
(A) Com seu Plano de Metas, o governo de Juscelino públicos.
propunha romper com a política econômica do governo AI-2: Instituiu bipartidarismo. Só podiam existir dois
Vargas, investindo com capitais nacionais nas áreas partidos: a ARENA e o MDB. Consolida as eleições indiretas. Os
prioritárias para o governo, como energia, transporte, voto dos congressistas para a presidência era aberto e
indústria e distribuição de renda. declarado dito no microfone na assembleia. Não havia
(B) Como efeito da euforia e do crescimento econômico, o oposição de fato. O congresso aprovava tudo o que os
governo de Juscelino conseguiu reduzir drasticamente as presidentes militares mandavam.
disparidades econômicas e sociais do país, permitindo uma AI-3: Estabelecia eleições indiretas para governadores de
tranquilidade social que perdurou até vésperas do Golpe Civil- estado. Votavam os deputados estaduais por voto aberto e
Militar. declarado.
(C) Apoiado em capitais externos, Juscelino pôde ampliar a AI-4: Convocação urgente da assembleia para a aprovação
base monetária do país e assim custear investimentos da constituição de 67
produtivos que permitiram o controle do déficit do orçamento AI-5: Concede poder excepcional ao presidente que pode
público e a redução da inflação. cassar mandatos, cargos, fechar o congresso e estabelece o
(D) Seu governo coincidiu com um período de forte estado de sítio. O AI-5 eliminou as garantias individuais.
otimismo, apoiado em uma visão de modernidade
industrializante, o que fez o presidente prometer 50 anos de Os presidentes eram escolhidos pelos próprios militares
desenvolvimento em 5 anos de mandato. em colégio eleitoral, assim como os governadores de estado e
(E) Apesar de sua política populista, Juscelino agia de prefeitos de cidades com mais de 300 mil habitantes. O voto da
forma autoritária em sua forma de governar, condição que população em nível federal limita-se aos deputados e

48 O Golpe de 1964 e a Ditadura Militar em Perspectiva / Carlo José

Napolitano, Caroline Kraus Luvizotto, Célio José Losnak e Jefferson Oliveira Goulart
(orgs). - - São Paulo, SP: Cultura Acadêmica, 2014

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senadores que eram ou da ARENA (conhecido como “partido irresponsáveis, e isso se justificava para a intensa perseguição
do sim”) ou do MDB (conhecido como “partido do sim que se estabeleceu.
senhor”). Não havia oposição real e concreta no congresso. Em novembro de 1964, Castelo Branco aprovou uma lei,
Somente a permitida pelos militares. conhecida como lei "Suplicy de Lacerda", nome do ministro
Foram presidentes militares: da Educação, reorganizando as entidades e proibindo-as de
- Castelo Branco (64-67) desenvolverem atividades políticas.
- Costa e Silva (67-69) Os estudantes reagiram, boicotando as novas entidades
- Garrastazu Médici (69-74) oficiais e realizando passeatas cada vez mais frequentes. Ao
- Ernesto Geisel (74-79) mesmo tempo, o movimento estudantil procurou assegurar a
- Figueiredo (79-85) existência das suas entidades legítimas, agora na
clandestinidade49.
A ditadura entre 1964 e 1967 durante o governo do Em 1968 o movimento estudantil cresceu em resposta não
Marechal Castelo Brancos foi um período mais brando dentro só repressão, mas também em virtude da política educacional
do contexto do regime. Os partidos foram extintos (ficou o do governo, que já revelava a tendência que iria se acentuar
bipartidarismo) e a censura ocorria, mas ainda que pequeno, cada vez mais no sentido da privatização da educação, cujos
havia um espaço para os trabalhadores e estudantes se efeitos são sentidos até hoje.
manifestarem, sobretudo os artistas. As manifestações A política de privatização tinha dois sentidos: um era o
proliferaram. Ocorreram grandes greves operárias em estabelecimento do ensino pago (principalmente no nível
Contagem (MG) e São Paulo. superior) e outro, o direcionamento da formação educacional
O último ato de Castelo Branco foi a imposição de LSN (Lei dos jovens para o atendimento das necessidades econômicas
de Segurança Nacional), que estabelecia que certas ações de das empresas capitalistas (mão-de-obra e técnicos
oposição ao regime seriam consideradas “atentatórias” à especializados).
segurança nacional e punidas com rigor. Estas diretrizes correspondiam à forte influência norte-
Em dezembro de 1968, sob o governo do Marechal Costa e americana exercida através de técnicos da Usaid (agência
Silva foi instituído o AI-5, o mais duro e repressor dos atos americana que destinava verbas e auxílio técnico para projetos
institucionais. de desenvolvimento educacional) que atuavam junto ao MEC
Alguns grupos políticos contra a ditadura passaram a por solicitação do governo brasileiro, gerando uma série de
atuar na clandestinidade. Alguns deles, devido ao AI-5 acordos que deveriam orientar a política educacional
optaram por partir para a revolta armada que adotou táticas brasileira.
de guerrilha. As manifestações estudantis foram os mais expressivos
Surgiram focos de guerrilha urbana (principalmente São meios de denúncia e reação contra a subordinação brasileira
Paulo) e guerrilha rural (na região do rio Araguaia). A aos objetivos e diretrizes do capitalismo norte-americano. O
guerrilha nunca representou um grande problema de verdade, movimento estudantil não parava de crescer, e com ele a
pois eram pequenos e poucos grupos, mas forneceu o repressão.
argumento que a ditadura precisava para manter e aumentar No dia 28 de março de 1968 uma manifestação contra a má
a repressão, pois tínha inclusive um inimigo interno qualidade do ensino realizada no restaurante estudantil
comunista. O risco não havia passado (lembra-se que o Calabouço, no Rio de Janeiro, foi violentamente reprimida pela
pretexto do golpe era afastar o risco comunista?). polícia, resultando na morte do estudante Edson Luís Lima
Souto50.
Milagre Econômico e Repressão A reação estudantil foi imediata: no dia seguinte, o enterro
Durante o Governo do General Médici o país viveu a maior do jovem estudante transformou-se em um dos maiores atos
onda de repressões e torturas da ditadura. O AI-5 era aplicado públicos contra a repressão; missas de sétimo dia foram
com toda a força e a censura era plena. Ao mesmo tempo o país celebradas em quase todas as capitais do país, seguidas de
vivia um período de propaganda ufanista (nacionalismo e passeatas que reuniram milhares de pessoas.
enaltecimento do Brasil) e experimentava um grande Em outubro do mesmo ano, a UNE (União Nacional dos
crescimento econômico e urbano em razão do “milagre Estudantes), na ilegalidade convocou um congresso para a
econômico”. pequena cidade de Ibiúna, no interior de São Paulo. A polícia
Foram contraídos empréstimos e concedidos créditos ao descobriu a reunião, invadiu o local e prendeu os estudantes.
consumido, mas ao mesmo tempo os salários foram
congelados. Esta política nos primeiros anos de aplicação Movimentos Sindicais
gerou um enorme consumo e consequentemente gerou As greves foram reprimidas duramente durante a ditadura.
empregos (cada vez menos remunerados). Ao final da década Os últimos movimentos operários ocorreram em 1968, em
de setenta o país amargava uma grande inflação, salários cada Osasco e Contagem, sendo reavivadas somente no fim da
vez mais defasados e um aumento da desigualdade social. década de 1970, com a greve de 1.600 trabalhadores no ABC
paulista em 12 de maio de 1978, que marcou a volta do
Movimentos de Resistência movimento operário à cena política.
Em junho do mesmo ano, o movimento espalhou-se por
O Movimento Estudantil São Paulo, Osasco e Campinas. Até 27 de julho registraram-se
Entre os grupos que mais protestavam contra o governo de 166 acordos entre empresas e sindicatos beneficiando cerca
João Goulart para a implementação de reformas sociais de 280 mil trabalhadores. Nessas negociações, tornou-se
estavam os estudantes, mobilizados pela União Nacional dos conhecido em todo o país o presidente do Sindicato dos
Estudantes e União Brasileira dos Estudantes secundaristas. Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, Luís Inácio da Silva.
Quando os militares chegaram ao poder em 1964, os No dia 29 de outubro de 1979 os metalúrgicos de São Paulo
estudantes eram um dos setores mais identificados com a e Guarulhos interromperam o trabalho. No dia seguinte o
esquerda comunista, subversiva e desordeira; uma das formas operário Santos Dias da Silva acabou morrendo em confronto
de desqualificar o movimento estudantil era chamá-lo de com a polícia, durante um piquete na frente uma fábrica no
baderna, como se seus agentes não passassem de jovens

49http://repositoriolabim.cchla.ufrn.br/bitstream/123456789/111/16/O%2 50 https://www.une.org.br/2011/09/historia-da-une/
0MOVIMENTO%20ESTUDANTIL%20BRASILEIRO%20DURANTE%20O%20REGI
ME%20MILITAR%201968-1970.pdf

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bairro paulistano de Santo Amaro. As greves se espalharam camponeses da região, ensinando a eles cuidados médicos e
por todo o país. auxiliando-os na lavoura.
Em consequência de uma greve realizada no dia 1º de Abril As Forças Armadas passaram a perseguir os guerrilheiros
de 1980 pelos metalúrgicos do ABC paulista e de mais 15 do Araguaia em 1972, quando descobriu a ação do grupo. O
cidades do interior de São Paulo, no dia 17 de Abril o ministro desmantelamento ocorreria apenas em 1975, quando uma
do trabalho, Murillo Macedo, determinou a intervenção nos força especial de paraquedistas foi enviada à região, acabando
sindicatos de São Bernardo do Campo e Santo André, com a Guerrilha do Araguaia.
prendendo 13 líderes sindicais dois dias depois. A organização No Brasil, as ações guerrilheiras não conseguiram um
da greve mobilizou estudantes e membros da Igreja. amplo apoio da população, levando os grupos a se isolarem,
facilitando a ação repressiva. Após 1975, as guerrilhas
Ligas Camponesas praticamente desapareceram, e os corpos dos guerrilheiros do
O movimento de resistência esteve presente também no Araguaia também. À época, a ditadura civil-militar proibiu a
campo. Além da sindicalização formaram-se Ligas divulgação de informações sobre a guerrilha, e até o início da
Camponesas que, sobretudo no Nordeste, sob a liderança do década de 2010 o exército não havia divulgado informação
advogado Francisco Julião, foram importantes instrumentos sobre o paradeiro dos corpos.
de organização e de atuação dos camponeses.
Em 15 de maio de 1984 cerca de 5 mil cortadores de cana Redemocratização do País e Diretas Já.
e colhedores de laranja do interior paulista entraram em greve O General Geisel assume em 74. Foi o militar que deu início
por melhores salários e condições de trabalho. No dia seguinte à abertura política, assinalando o fim da ditadura. O fim do
invadiram as cidades de Guariba e Bebedouro. Um canavial foi regime foi articulado pelos próprios militares que planejaram
incendiado. O movimento foi reprimido por 300 soldados. uma abertura “lenta, segura e gradual”.
Greves de trabalhadores se espalharam por várias regiões do Nas eleições parlamentares de 74 os militares imaginaram
país, principalmente no Nordeste. que teriam a vitória da ARENA, mas o MDB teve esmagadora
maioria. Em razão deste acontecimento a ditadura lança a Lei
A Luta Armada Falcão e o Pacote de Abril. A lei falcão acabava com a
Militantes da Esquerda resolveram resistir ao regime propaganda eleitoral. Todos os candidatos apareceriam o
militar através da luta armada, com a intenção de iniciar um mesmo tempo na TV, segurando seu número enquanto uma
processo revolucionário. Entre os grupos mais notórios estão: voz narrava brevemente seu currículo. Apesar de uma
oposição consentida o MDB estava incomodando e o pacote de
- Ação Libertadora Nacional (ALN), em que se destaca abril serviu para garantir supremacia da ARENA.
Carlos Marighella, ex-deputado e ex-membro do Partido A constituição poderia ser mudada somente por 50% dos
Comunista Brasileiro, morto numa emboscada em 1969; votos (garante a vitória da ARENA). Um terço dos senadores
teriam o papel de “senador biônico”, ou seja, indicado pela
- Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), que era assembleia (sempre senadores da ARENA) e alterou o
comandada pelo ex-capitão do Exército Carlos Lamarca, morto coeficiente eleitoral de forma que a região nordeste (que ainda
na Bahia, em 17 de setembro de 1971. Em 1969 funde-se com ocorria claramente o voto de “cabresto” e os eleitores votavam
o Comando de Libertação Nacional (COLINA), e muda o em peso na ARENA) tivesse um maior número de deputados.
nome para Vanguarda Armada Revolucionária Palmares Geisel pôs fim ao AI-5 em 1978.
(VAR-Palmares), que teve participação também da Em 1979 assumiu a presidência o General Figueiredo, sob
presidente Dilma Rousseff; uma forte crise econômica resultado da política econômica do
milagre brasileiro. Em 79 foi aprovada a Lei da Anistia
- A Ação Popular, que teve origem em 1962 a partir de (perdão de crimes políticos), que de acordo com o governo
grupos católicos, especialmente influentes no movimento militar era uma anistia “ampla, geral e irrestrita”.
estudantil; O que isso queria dizer?
Que todos os crimes cometidos na ditadura seriam
- Partido Comunista do Brasil (PC do B), que surge de perdoados, tanto o “crime” dos militantes políticos,
um conflito interno dentro do PCB. estudantes, intelectuais e artistas que se encontravam exilados
(fora do país por motivos de perseguição política), e puderam
Um dos principais feitos da ALN, em conjunto ao voltar ao Brasil, como os torturadores do regime.
Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8), foi o Em 1979 são liberadas para a próxima eleição o voto direto
sequestro do embaixador estadunidense Charles Ewbrick, em aos governadores. Também foi aprovada a “Lei Orgânica dos
1969. Em nenhum lugar do mundo um embaixador dos EUA Partidos” que punha fim ao bipartidarismo e foram fundados
havia sido sequestrado. Essa façanha possibilitou aos novos 5 partidos:
guerrilheiros negociar a libertação de quinze prisioneiros - PDS (Partido Democrático Social)
políticos. Outro embaixador sequestrado foi o alemão- - PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro)
ocidental Ehrefried Von Hollebem, que resultou na soltura de - PTB (Partido Trabalhista Brasileiro)
quarenta presos. - PDT (Partido Trabalhista Brasileiro)
A luta armada intensificou o argumento de aumento da - PT (Partido dos Trabalhadores)
repressão. As torturas aumentaram e a perseguição aos
opositores também. Carlos Marighella foi morto por forças Obs.: A lei eleitoral obrigava a votar somente em
policiais na cidade de São Paulo. As informações sobre seu candidatos do mesmo partido, de vereador à governador.
paradeiro foram conseguidas também através de torturas. A oposição ao regime, na eleição para governador de
O VPR realizou ações no Vale do Ribeira em São Paulo, mas 1982, obteve vitória esmagadora.
teve que enfrentar a perseguição militar na região. Lamarca
conseguiu fugir para o Nordeste, mas acabou morto na Bahia, A Resistência às Reformas Políticas de Figueiredo
em 1971. Assim como Geisel, o general Figueiredo teve de enfrentar
O último foco de resistência a ser desmantelado foi a resistência da linha-dura às reformas políticas que estavam
Guerrilha do Araguaia. Desde 1967, militantes do PCdoB em andamento. As primeiras manifestações dos grupos que
dirigiram-se para região do Bico do Papagaio, entre os rios estavam descontentes com a abertura vieram em 1980.
Araguaia e Tocantins, onde passaram a travar contato com os

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No final desse ano e no início de 1981, bombas começaram BRASIL REPÚBLICA - NOVA
a explodir em bancas de jornal que vendiam periódicos
considerados de esquerda (Jornal Movimento, Pasquim, Nova República
Opinião etc.). Uma carta-bomba foi enviada à OAB e explodiu
nas mãos de uma secretária, matando-a. Havia desconfianças Chamamos Nova República a organização do Estado
de que fora uma ação do DOI-Codi (Destacamento de Brasileiro a partir da eleição indireta de Tancredo Neves pelo
Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Colégio eleitoral, após o movimento pelas diretas já. No dia da
Interna), mas nunca se conseguiu provar nada. posse foi hospitalizado e faleceu. Então a cadeira presidencial
foi ocupada por seu vice José Sarney
O Caso Riocentro
Em abril de 1981, ocorreu uma explosão no Riocentro A Vitória da Aliança Democrática e a posse de Sarney
durante a realização de um show de música popular. Dele
participavam inúmeros artistas considerados de esquerda Em 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral elegeu
pelo Regime. Quando as primeiras pessoas, inclusive Tancredo Neves, primeiro presidente civil em 20 anos. Ele
fotógrafos, se aproximaram do local da explosão, depararam obteve 275 votos do PMDB (em 280 possíveis), 166 do PDS
com uma cena dramática e constrangedora. (em 340 possíveis), que correspondiam à dissidência da
Um carro esporte (Puma) estava com os vidros, o teto e as Frente Liberal, e mais 39 votos espalhados entre os outros
portas destroçados. Havia dois homens no seu interior, partidos. No total foram 480 contra 180 do candidato
reconhecidos posteriormente como oficiais do Exército derrotado.
ligados ao DOI-Codi. O sargento, sentado no banco do O PT, por não concordar com as eleições indiretas, não
passageiro, estava morto, praticamente partido ao meio. A participou da votação. A posse do novo presidente estava
bomba explodira na altura de sua cintura. O motorista, um marcada para 15 de março. Um dia antes, entretanto, Tancredo
capitão, estava vivo, mas gravemente ferido e inconsciente. Neves foi internado com diverticulite. Depois de várias
O Exército abriu um inquérito Policial-Militar para apurar operações, seu estado de saúde se agravou, falecendo no dia
o caso e, depois de muitas averiguações, pesquisas, tomadas de 21 de abril de 1985. Com a morte do presidente eleito, assumiu
depoimentos, concluiu que a bomba havia sido colocada ali, o vice, José Sarney.
dentro do carro e sobre as pernas do sargento do Exército, por
grupos terroristas. Essa foi a conclusão da Justiça Militar, e o O governo Sarney
caso foi encerrado. José Sarney foi o primeiro presidente após o fim da
Em 1984 o deputado do PMDB Dante de Oliveira propôs ditadura militar. Durante seu governo foi consolidado o
uma emenda constitucional que restabelecia as eleições processo de redemocratização do Estado brasileiro, garantido
diretas para presidente. A partir da emenda Dante de Oliveira liberdade sindical e participação popular na política, além da
tem início o maior movimento popular pela redemocratização convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte,
do país, as Diretas Já que pediam eleições diretas para encarregada de elaborar uma nova constituição para o Brasil.
presidente no próximo ano. Entre os princípios incluídos na Constituição de 1988
Infelizmente a emenda não foi aprovada. Em 1985 estão:
ocorreram eleições indiretas e formaram-se chapas para - garantia de direitos políticos e sociais;
concorrer à presidência. Através das eleições indiretas ganhou - aumento de assistência aos trabalhadores;
a chapa do PMDB em que o presidente eleito foi Tancredo - ampliação das atribuições do poder legislativo;
Neves e seu vice José Sarney. Contudo Tancredo Neves - limitação do poder executivo;
passou mal na véspera da posse e foi internado com infecção - igualdade perante a lei, sem qualquer tipo de distinção;
intestinal, não resistiu e morreu. Assumiria a presidência da - estabelecimento do racismo como crime inafiançável.
República em 1985 José Sarney.
O Governo de José Sarney foi um momento de enorme crise No plano econômico, o governo adotou inúmeras medidas
econômica, com hiperinflação, mas um dos momentos mais para conter a inflação, como congelamento de preços e salários
fundamentais que coroaria a redemocratização, pois foi em e a criação de um novo plano econômico, o Plano Cruzado.
seu governo que foi aprovada a nova constituição. Foi reunida No final de 1986, o plano começou a demonstrar sinais de
em 1987 uma assembleia nacional constituinte (assembleia fracasso, acentuado pela falta de mercadorias e pressão por
reunida para escrever e promulgar uma nova constituição). aumento de preços.
Além do Plano Cruzado, outras tentativas de conter a
A constituição de 1988 inflação foram colocadas em prática durante o governo Sarney,
como o Plano Cruzado II, o Plano Bresser e o Plano de Verão.
A nova constituição foi votada em meio a grandes debates No último mês do governo Sarney, em março de 1990, a
e diferentes visões políticas. Havia muitos interesses em inflação alcançou o nível de 84%.
disputa. O voto secreto e direto para presidente foi restaurado,
proibida a censura, garantida a liberdade de expressão e O governo Collor
igualdade de gênero, o racismo tornou-se crime e o estado
estabeleceu constitucionalmente garantias sociais de acesso a No final de 1989, os candidatos Fernando Collor de Mello,
saúde, educação, moradia e aposentadoria. do PRN (Partido da Renovação Nacional) e Luiz Inácio Lula da
Ao final de 1989 foi realizada a primeira eleição livre desde Silva, do PT (Partido dos Trabalhadores) disputaram as
o golpe de 1964. Foi disputada em dois turnos. O segundo foi primeiras eleições diretas (com voto da população) para
concorrido entre o candidato Fernando Collor de Mello (PRN – presidente após a redemocratização. Com forte apoio de
partido da renovação nacional), contra Luís Inácio Lula da setores empresariais e principalmente da mídia, Collor vence
Silva. Collor ganhou a eleição, com apoio dos meios de as eleições.
comunicação e governou até 1992 após ser afastado por um Collor, durante a campanha presidencial, apresentou-se
processo de impeachment. Ocorreram grandes como caçador de marajás, termo referente aos corruptos que
manifestações populares, sobretudo estudantis, conhecidas beneficiavam-se do dinheiro público. Seus discursos possuíam
como o “movimento dos caras-pintadas”. forte influência do populismo, principalmente do Peronismo

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argentino51, dizendo-se representante dos descamisados a 1.198%, o governo se vê obrigado a tomar algumas medidas.
(população mais pobre). É decretado o Plano Collor II em 31 de janeiro de 1991.
Seu governo ficou marcado pelos Planos Collor: Tinha como objetivo controlar a ciranda financeira. Para
isso extinguiu as operações de overnight e criou o Fundo de
Plano Collor52 Aplicações Financeiras (FAF) onde centralizou todas as
A inflação no período de março de 1989 a março de 1990 operações de curto prazo, acabando com o Bônus do Tesouro
chegou a 4.853%, e o governo anterior viu apenas tentativas Nacional fiscal (BTNf), que era usado pelo mercado para
fracassadas de conter a inflação. Após sua posse, Collor indexar preços.
anuncia um pacote econômico no dia 15 de março de 1990: o Passa a utilizar a Taxa Referencial Diária (TRD) com juros
Plano Brasil Novo. prefixados e aumenta o Imposto sobre Operações Financeiras
Esse plano tinha como objetivo pôr fim à crise, ajustar a (IOF). Pratica uma política de juros altos, e faz um grande
economia e elevar o país, do terceiro para o Primeiro Mundo. esforço para desindexar a economia e tenta mais um
O cruzado novo é substituído pelo "cruzeiro", bloqueia-se por congelamento de preços e salários. Um deflator é adotado para
18 meses os saldos das contas correntes, cadernetas de os contratos com vencimento após 1º de fevereiro.
poupança e demais investimentos superiores a Cr$ 50.000,00. O governo acreditava que aumentando a concorrência no
Os preços foram tabelados e depois liberados gradualmente. setor industrial conseguiria segurar a inflação, então se cria
Os salários foram pré-fixados e depois negociados entre um cronograma de redução das tarifas de importação,
patrões e empregados. reduzindo a inflação de 1991 para 481%.
Os impostos e tarifas aumentaram e foram criados outros
tributos, foram suspensos os incentivos fiscais não garantidos A queda de Collor
pela Constituição. Foi anunciado corte nos gastos públicos e Após um curto sucesso nos primeiros meses de governo, a
também se reduziu a máquina do Estado com a demissão de administração Collor passou por profundas crises. Com a taxa
funcionários e privatização de empresas estatais. O plano de inflação superior a 20%, em 1992 a impopularidade do
também previa a abertura do mercado interno, com a redução presidente cresceu. Em maio do mesmo ano, o irmão do
gradativa das alíquotas de importação. presidente, Pedro Collor, acusou Paulo Cesar Farias, que havia
As empresas foram surpreendidas com o plano econômico sido caixa da campanha de Fernando Collor, de
e sem liquidez pressionaram o governo. A ministra da enriquecimento ilícito, obtenção de vantagens no governo e
economia Zélia Cardoso de Mello, faz a liberação gradativa do ligações político financeiras com o presidente.
dinheiro retido, denominado de "operação torneirinha", para Em junho do mesmo ano, o Congresso Nacional instalou
pagamento de taxas, impostos municipais e estaduais, folhas uma Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) para que
de pagamento e contribuições previdenciárias. O governo fossem apuradas as irregularidades apontadas. Em 29 de
liberou os investimentos dos grandes empresários, e deixou setembro a Câmara dos Deputados aprovou a abertura do
retido somente o dinheiro dos poupadores individuais. processo de Impeachment e em 3 de outubro o presidente foi
afastado. Em dezembro o processo foi concluído e Fernando
Recessão - No início do Plano Collor a inflação foi Collor teve seus direitos políticos cassados por oito anos, e o
reduzida, pois o plano era ousado e tirava o dinheiro de governo passou para as mãos de seu vice, Itamar Franco.
circulação. Porém, ao mesmo tempo em que caía a inflação,
iniciava-se a maior recessão da história no Brasil, houve O governo Itamar Franco (1992-1994)
aumento de desemprego, muitas empresas fecharam as portas
e a produção diminuiu consideravelmente, com uma queda de Durante seu período na presidência, Itamar Franco passou
26% em abril de 1990, em relação a abril de 1989. As empresas por um quadro de crescente dificuldade econômica e alianças
foram obrigadas a reduzirem a produção, jornada de trabalho políticas instáveis com inúmeras nomeações e demissões de
e salários, ou demitir funcionários. Só em São Paulo nos ministros do executivo.
primeiros seis meses de 1990, 170 mil postos de trabalho Um plebiscito foi realizado em 1993 para definir a forma
deixaram de existir, pior resultado, desde a crise do início da de governo, com uma vitória esmagadora da República
década de 80. O Produto Interno Bruto diminuiu de US$ 453 Presidencialista. Outras opções incluíam a monarquia e o
bilhões em 1989 para US$ 433 bilhões em 1990.53 parlamentarismo.
No ano de 1993 a economia começava a dar sinais de
Privatizações54 - Em 16 de agosto de 1990 o Programa melhora, com índice de crescimento de aproximadamente 5%,
Nacional de Desestatização que estava previsto no Plano que não ocorria desde 1986. Apesar do crescimento, houve um
Collor foi regulamentado. A Usiminas foi a primeira estatal a aumento na população, deixando a renda per capita com
ser privatizada, através de um leilão em outubro de 1991. menos de 3%.
Depois disso, mais 25 estatais foram privatizadas até o final de Em 1994 a inflação continuou a subir, até que os efeitos do
1993, quando Itamar Franco já estava à frente do governo Plano Real começaram a surtir efeito.
brasileiro, com grandes transferências patrimoniais do setor
público para o setor privado, com o processo de privatização Implantação do Plano Real55
dos setores petroquímicos e siderúrgico já praticamente O Plano de Fernando Henrique Cardoso, que era ministro
concluído. Então se inicia a negociação do setor de da Fazenda do governo de Itamar Franco, consistia em três
telecomunicações e elétrico, existindo uma tentativa de limitar fases: o ajuste fiscal, o estabelecimento da URV (Unidade de
as privatizações à construção de grandes obras e à abertura do Referência de Valor) e a instituição de uma nova moeda, o Real.
capital das estatais, mantendo o controle acionário pelo De acordo com os autores do plano, as reformas liberais do
Estado. Estado que estavam em andamento naquele período seriam
fundamentais para efetividade do plano.
Plano Collor II A primeira fase, o ajuste fiscal procurava criar condições
A inflação entra em cena novamente com um índice mensal fiscais adequadas para diminuir o desequilíbrio orçamentário
de 19,39% em dezembro de 1990 e o acumulado do ano chega do Estado, principalmente sua fragilidade com financiamento,

51 Referente ao governo de Juan Domingo Peron na Argentina durante os anos 54 GANDOLPHO, C. Plano Collor completa 20 anos. Diário do Grande ABC.

de 1952 – 1955. http://www.dgabc.com.br/Noticia/144113/plano-collor-completa-20-anos


52 LENARDUZZI, Cristiano, Et al. PLANO COLLOR. Adaptado 55 Adaptado de Ipolito.
53 https://vdocuments.com.br/fernando-collor.html

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que seria um dos principais problemas relacionados à inflação. O MERCOSUL caracteriza-se, ademais, pelo regionalismo
A criação do FSE (Fundo Social de Emergência), que tinha por aberto, ou seja, tem por objetivo não só o aumento do comércio
finalidade diminuir os custos sociais derivados da execução do intrazona, mas também o estímulo ao intercâmbio com outros
plano e dos cortes de impostos, foi uma das principais parceiros comerciais. São Estados Associados a Bolívia (em
iniciativas do governo. processo de adesão), o Chile (desde 1996), o Peru (desde
A URV, o embrião da nova moeda, que terminou quando o 2003), a Colômbia e o Equador (desde 2004). Guiana e
Real começou a funcionar em 1º de julho de 1994, era um Suriname tornaram-se Estados Associados em 2013. Com isso,
índice de inflação formado por outros três índices: o IGP-M56, todos os países da América do Sul fazem parte do MERCOSUL,
da Fundação Getúlio Vargas, o IPCA57 do IBGE e o IPC58 da seja como Estados Parte, seja como Associado.
FIPE/USP. O objetivo do governo era amarrar o URV ao dólar, O aperfeiçoamento da União Aduaneira é um dos objetivos
preparando o caminho para a “âncora cambial” da moeda e basilares do MERCOSUL. Como passo importante nessa
também evitar o caráter abrupto dos outros planos, com esta direção, os Estados Partes concluíram, em 2010, as
ferramenta transitória. Dessa forma, ao contrário da proposta negociações para a conformação do Código Aduaneiro do
de “moeda indexada” e da criação de duas moedas, apenas MERCOSUL.
separaram-se duas funções da mesma moeda, pois o URV Na última década, o MERCOSUL demonstrou particular
servia como uma “unidade de conta”.59 capacidade de aprimoramento institucional. Entre os
A terceira fase do plano consistiu na implementação da inúmeros avanços, vale registrar a criação do Tribunal
nova moeda, que substituiria o Cruzeiro de acordo com a Permanente de Revisão (2002), do Parlamento do MERCOSUL
cotação da URV que, naquele momento, valia CR$ 2.750,00. O (2005), do Instituto Social do MERCOSUL (2007), do Instituto
governo instituiu que este valor corresponderia a R$ 1,00 que, de Políticas Públicas de Direitos Humanos (2009), bem como
por sua vez, foi fixada pelo Banco Central em US$ 1,00, com a a aprovação do Plano Estratégico de Ação Social do MERCOSUL
garantia das reservas em dólar acumuladas desde 1993. (2010) e o estabelecimento do cargo de Alto Representante-
No entanto, apesar de amarrar a moeda ao dólar, o Geral do MERCOSUL (2010).
Governo não garantiu a conversibilidade das duas moedas, Merece especial destaque a criação, em 2005, do Fundo
como ocorreu na Argentina. Dessa forma, o Real conseguiu para a Convergência Estrutural do MERCOSUL - FOCEM, por
corresponder de uma forma mais adequada às turbulências meio do qual são financiados projetos de convergência
desencadeadas pela crise do México, que começou a se estrutural e coesão social, contribuindo para a mitigação das
intensificar no final de 1994. assimetrias entre os Estados Partes.
A política de juros altos, que promoveu a entrada de Em operação desde 2007, o FOCEM conta hoje com uma
capitais de curto prazo, e a abertura do país aos produtos carteira de projetos de mais de US$ 1,5 bilhão, com particular
estrangeiros, com a queda do Imposto de Importação, foram benefício para as economias menores do bloco (Paraguai e
fundamentais para complementar a introdução da nova Uruguai). O fundo tem contribuído para a melhoria em setores
moeda e para combater a inflação e elevar os níveis de como habitação, transportes, incentivos à microempresa,
emprego. biossegurança, capacitação tecnológica e aspectos sanitários.
O sucesso do Plano Real garantiu a Fernando Henrique a O Tratado de Assunção permite a adesão dos demais Países
vitória nas eleições de 1994 logo no primeiro turno, contra o Membros da ALADI61 ao MERCOSUL. Em 2012, o bloco passou
candidato Luiz Inácio Lula da Silva. pela primeira ampliação desde sua criação, com o ingresso
definitivo da Venezuela como Estado Parte. No mesmo ano, foi
O primeiro governo Fernando Henrique assinado o Protocolo de Adesão da Bolívia ao MERCOSUL, que,
uma vez ratificado pelos congressos dos Estados Partes, fará
Em seu discurso de posse, o presidente destacou como do país andino o sexto membro pleno do bloco.
prioridades a estabilização da nova moeda e a reversão do Com a incorporação da Venezuela, o MERCOSUL passou a
quadro de exclusão social dos brasileiros. contar com uma população de 285 milhões de habitantes (70%
Assim como outros países ao redor do mundo (e seus da população da América do Sul); PIB de US$ 3,2 trilhões (80%
respectivos blocos), o Brasil começava a dar início ao do PIB sul-americano); e território de 12,7 milhões de km²
MERCOSUL. (72% da área da América do Sul). O MERCOSUL passa a ser,
ainda, ator incontornável para o tratamento de duas questões
Mercosul60 centrais para o futuro da sociedade global: segurança
Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai assinaram, em 26 de energética e segurança alimentar. Além da importante
março de 1991, o Tratado de Assunção, com vistas a criar o produção agrícola dos demais Estados Partes, passa a ser o
Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). O objetivo primordial quarto produtor mundial de petróleo bruto, depois de Arábia
do Tratado de Assunção é a integração dos Estados Partes por Saudita, Rússia e Estados Unidos.
meio da livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos, Em julho de 2013, a Venezuela recebeu do Uruguai a
do estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum (TEC), da Presidência Pro Tempore do bloco. A Presidência Pro Tempore
adoção de uma política comercial comum, da coordenação de venezuelana reveste-se de significado histórico: trata-se da
políticas macroeconômicas e setoriais, e da harmonização de primeira presidência a ser desempenhada por Estado Parte
legislações nas áreas pertinentes. não fundador do MERCOSUL.
A configuração atual do MERCOSUL encontra seu marco Na Cúpula de Caracas, realizada em julho de 2014, destaca-
institucional no Protocolo de Ouro Preto, assinado em se a criação da Reunião de Autoridades sobre Privacidade e
dezembro de 1994. O Protocolo reconhece a personalidade Segurança da Informação e Infraestrutura Tecnológica do
jurídica de direito internacional do bloco, atribuindo-lhe, MERCOSUL e da Reunião de Autoridades de Povos Indígenas.
assim, competência para negociar em nome próprio acordos Uma das prioridades da Presidência venezuelana, o foro
com terceiros países, grupos de países e organismos indígena é responsável por coordenar discussões, políticas e
internacionais. iniciativas em benefício desses povos. Foram também
adotadas, em Caracas, as Diretrizes da Política de Igualdade de

56 Índice Geral de Preços de Mercado. 60 Adaptado de: http://www.mercosul.gov.br/index.php/saiba-mais-sobre-o-


57 Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. mercosul
58 Índice de Preços ao Consumidor. 61 Associação Latino Americana de Integração
59 GHIORZI, J. B. Política Monetária dos Governos FHC e LULA. UFSC.

http://tcc.bu.ufsc.br/Economia295594

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Gênero do MERCOSUL, bem como o Plano de Funcionamento Nas área de cidadania e das políticas sociais, as metas estão
do Sistema Integrado de Mobilidade do MERCOSUL dadas pelo Estatuto da Cidadania e pelo PEAS. Entre as
(SIMERCOSUL). prioridades estabelecidas pelo Brasil, destacam-se a
Criado em 2012, durante a Presidência brasileira, o facilitação da circulação de pessoas no MERCOSUL, por meio
SIMERCOSUL tem como objetivo aperfeiçoar e ampliar as da modernização e simplificação dos procedimentos
iniciativas de mobilidade acadêmica no âmbito do Bloco. migratórios, e a plena implementação do sistema de
No segundo semestre de 2014, a Argentina assumiu a mobilidade acadêmica do MERCOSUL.
Presidência Pro Tempore do MERCOSUL. Entre os principais O Brasil seguirá trabalhando para que o MERCOSUL dê
resultados da Cúpula de Paraná, Argentina, destacam-se: a continuidade à concretização de uma agenda pragmática,
assinatura de Memorando de Entendimento de Comércio e tendo sempre em mente os interesses dos cidadãos e
Cooperação Econômica entre o MERCOSUL e o Líbano; a empresas do bloco no fortalecimento da integração econômica
assinatura de acordo-quadro de Comércio e Cooperação e comercial, da democracia e da plena observância dos direitos
Econômica entre o MERCOSUL e a Tunísia; e a aprovação do humanos.
regulamento do Mecanismo de Fortalecimento Produtivo do
bloco. Questões
Em 17 de dezembro de 2014, o Brasil recebeu
formalmente da Argentina a Presidência Pro Tempore do 01. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – MPE/GO) São
MERCOSUL, que foi exercida no primeiro semestre de 2015. Membros Plenos ou Estados Partes do Mercosul (Mercado
No dia 17 de julho de 2015 a Presidência Pro Tempore foi Comum do Sul), bloco econômico sediado na América do Sul,
passada ao Paraguai, que a exercerá por um período de seis EXCETO:
meses. (A) Brasil
(B) Argentina
O MERCOSUL na atualidade (C) Chile
O MERCOSUL atravessa um processo acelerado de (D) Uruguai
fortalecimento econômico, comercial e institucional. Os (E) Paraguai
Estados Partes consolidaram um modelo de integração
pragmático, voltado para resultados concretos no curto prazo. 02. (DEMAE/GO – Técnico em Informática – CS/UFG)
O sentido da integração do MERCOSUL atual é a busca da Alguns Blocos Econômicos agregam países de um mesmo
prosperidade econômica com democracia, estabilidade continente. No caso da América do Sul, onde foi criado, em
política e respeito aos direitos humanos e liberdades 1991, o Mercado Comum do Sul (Mercosul) pelo Tratado de
fundamentais. Assunção, poucos países fazem parte deste Bloco, entre eles:
Os resultados desse novo momento do MERCOSUL já (A) Equador e Suriname
começaram a aparecer. Entre os muitos avanços recentes, (B) Argentina e Uruguai
destacam-se: (C) Peru e Guiana Francesa
- aprovação do Protocolo de Cooperação e Facilitação de (D) Colômbia e Guiana
Investimentos (2017), que amplia a segurança jurídica e
aprimora o ambiente para atração de novos investimentos na Gabarito
região;
- conclusão do acordo do Protocolo de Contratações 01.C / 02.B
Públicas do MERCOSUL (2017), que cria oportunidades de
negócios para as nossas empresas, amplia o universo de O segundo governo Fernando Henrique
fornecedores dos nossos órgãos públicos e reduz custos para
o governo; Em seu segundo mandato, vencido novamente através da
- encaminhamento positivo da grande maioria dos disputa contra Luiz Inácio Lula da Silva, houveram
entraves ao comércio intrabloco; dificuldades para manter o valor do Real em relação ao Dólar.
- modernização no tratamento dos regulamentos técnicos; A partir de dezembro de 1994 eclodiu a crise cambial
- apresentação dos projetos brasileiros para Iniciativas mexicana, e a saída de capital especulativo relacionada à queda
Facilitadoras de Comércio e Protocolo de Coerência da cotação do dólar nos mercados internacionais começou a
Regulatória. colocar em xeque a estabilização da economia nacional e o
- tratamento do tema de proteção mútua de indicações Plano Real, que dependia em grande parte do capital
geográficas entre Estados Partes do MERCOSUL; estrangeiro. A crise mostrou que a política de contenção da
- aprovação do Acordo do MERCOSUL sobre Direito inflação com a valorização das moedas nacionais frente ao
Aplicável em Matéria de Contratos Internacionais de Consumo dólar não poderia ser sustentável a longo prazo.
(2017), que estabelece critérios para definir o direito aplicável Negando sempre à similaridade entre o Brasil, o México e
a litígios dos consumidores em suas relações de consumo. a Argentina, o governo passou a desacelerar a atividade
Ainda há muito avanços necessários para consolidar o econômica e a frear a abertura internacional com a elevação da
Mercado Comum previsto no Tratado de Assunção, em todos taxa de juros, aumento das restrições às importações e
os seus aspectos: a livre circulação de bens, serviços e outros estímulos à exportação. Com a necessidade de opor a situação
fatores produtivos, incluindo a livre circulação de pessoas; a econômica brasileira à mexicana, como um sinal ao capital
plena vigência da TEC e de uma política comercial comum; a especulativo, o governo quis mostrar que corrigiria a trajetória
coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais; e a de sua balança comercial, atingindo saldo positivo.
convergência das legislações nacionais dos Estados Partes. Após a retomada do crescimento entre abril de 1996 e
Na área institucional, é fundamental tornar o MERCOSUL junho de 1997, a crise dos Tigres Asiáticos62, que começou com
mais ágil, moderno e dinâmico. Também há espaço para a desvalorização da moeda da Tailândia, se alastrou para
avançar na racionalização da estrutura institucional do Bloco, Indonésia, Malásia, Filipinas e Hong Kong e acabou por atingir
tornando-a mais enxuta, transparente e eficiente. Nova York e os mercados financeiros mundiais.

62 Cingapura, Coreia do Sul, Taiwan (República da China) e Hong Kong (região

administrativa da República Popular da China).

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A crise obrigou o governo a elevar novamente as taxas de Em seus dois mandatos, de 2003 a 2010, não foram
juros e decretar um novo ajuste fiscal. Novamente a fuga de adotadas medidas grandiosas, com o presidente buscando
capitais voltou a assolar a economia brasileira e o Plano Real. ganhar progressivamente a confiança de agentes econômicos
A consequência foi a demissão de 33 mil funcionários nacionais e internacionais. Foi mantida a política econômica
públicos não estáveis da União, suspensão do reajuste salarial do governo FHC, com a busca pelo combate da inflação por
do funcionalismo público, redução em 15% dos gastos em meio de altas taxas de juros e estímulos à exportação. Em 2005
atividades e corte de 6% no valor dos projetos de investimento foi saldada a dívida com o FMI.
para 1998, o que resultou em uma diminuição de 0,12% do PIB Como resultado da política econômica, em julho de 2008 a
naquele ano. dívida externa total do país era de US$ 205 bilhões, e o país
A crise se intensificou em agosto com o aumento da possuía reservas internacionais acima dos US$ 200 bilhões. As
instabilidade financeira na Rússia, com a desvalorização do exportações bateram recordes sucessivos durante o governo
Rublo (moeda russa) e a decretação da moratória por parte do Lula, com ampliação do saldo positivo da balança comercial.
governo. No plano social, o projeto de maior repercussão e sucesso
A resposta brasileira foi a mesma de sempre, a elevação da foi o Bolsa-Família, baseado na transferência direta de
taxa de juros básica cresceu até 49% e um novo pacote fiscal recursos para famílias de baixa ou nenhuma renda. Em janeiro
surgiu no período de 1999/2001. No entanto, diferentemente de 2009 o programa já contava com mais de 10 milhões de
das outras duas crises, o governo recorreu ao FMI (Fundo famílias atendidas, recebendo uma remuneração que variava
Monetário Internacional) em dezembro de 1998, com quem de R$ 20,00 a R$ 182,00. Para utilizar o programa, era
obteve cerca de US$ 41,5 bilhões, comprometendo-se a: exigência a frequência escolar e vacinação das crianças. O
manter o mesmo regime cambial, acelerar as privatizações e programa teve como efeito a melhoria alimentar e nutricional
as reformas liberais, realizar o pacote fiscal e assumir metas das famílias mais pobres, além de uma leve diminuição nas
com relação ao superávit primário. O que gradativamente desigualdades sociais.
desvalorizou o Real. Em seu segundo mandato, destacou-se o Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC).
O fim da âncora cambial
Nos primeiros dias do segundo governo de Fernando O Mensalão
Henrique Cardoso, em janeiro de 1999, a repercussão da crise Em 2005, o deputado federal Roberto Jefferson (PTB – RJ)
cambial russa chegou ao seu limite no Brasil. As elevadas taxas denunciou no jornal Folha de São Paulo o esquema de compra
de juros começavam a perder força como ferramenta de de votos conhecido como Mensalão.
manutenção do capital externo na economia brasileira e um No Mensalão deputados da base aliada do PT recebiam
novo déficit recorde na conta de transações correntes obrigou uma “mesada” de R$ 30 mil para votarem de acordo com os
o governo a mudar a banda cambial, que foi ampliada para R$ interesses do partido. Entre os parlamentares envolvidos no
1,32. esquema estariam membros do PL (Partido Liberal), PP
Logo no primeiro dia, o Real atingiu o limite máximo da (Partido Progressista), PMDB (Partido do Movimento
banda, sendo desvalorizado em 8,2%, o que influenciou na Democrático Brasileiro) e do PTB (Partido Trabalhista
queda do valor dos títulos brasileiros no exterior e das bolsas Brasileiro).
de valores do mundo todo. O Banco Central tentou defender o Entre os nomes mais citados do esquema estão: José
valor da moeda vendendo dólares, mas a saída de capitais Dirceu, que na época era ministro da Casa Civil e foi apontado
continuou ameaçando se aproximar do limite de 20 bilhões, como chefe do esquema, Delúbio Soares era Tesoureiro do PT
que foi acordado com o FMI no ano anterior. Nesse momento, e foi acusado de efetuar os pagamentos aos participantes e
o governo não teve outra escolha senão deixar o câmbio Marcos Valério, que era publicitário e foi acusado de arrecadar
flutuar livremente, alcançando a cotação de R$ 1,98 em relação o dinheiro para os pagamentos.
ao Dólar em 13 dias. Outras figuras de destaque no governo e no PT também
Os índices de desemprego atingiram um alto nível, foram apontadas como participantes do mensalão, tais como:
alcançando 7,6 milhões de pessoas em 1999, número três José Genoíno (presidente do PT), Sílvio Pereira (Secretário do
vezes maior que os 2 milhões do final da década de 1980. PT), João Paulo Cunha (Presidente da Câmara dos Deputados e
Apenas a Federação Russa, com 9,1 milhões e a Índia com 40 ex-Ministro das Comunicações), Luiz Gushiken (Ministro dos
milhões possuíam taxas de desemprego maiores do que as do Transportes), Anderson Adauto, e até mesmo o Ministro da
Brasil. Fazenda, Antônio Palocci.
No plano político, foi aprovada em 2000 a Lei de
Responsabilidade Fiscal, com o objetivo de controlar os Governo Dilma Rousseff63
gastos do poder público e de restringir as dívidas deixadas por
prefeitos e governadores a seus sucessores. Primeira mulher presidente
As viagens internacionais e os encontros com chefes de
O governo Lula Estado marcaram os primeiros meses do governo Dilma em
razão do ineditismo de o Brasil ser representado por uma
Pouco antes de encerrar seu primeiro mandato, Fernando presidente mulher. Entre as visitas mais importantes está a do
Henrique aprovou uma emenda que alterou a constituição, presidente dos EUA, Barack Obama, ao Brasil, em março de
permitindo a reeleição por mais um mandato. Com o fim de seu 2011.
segundo mandato em 2002, José Serra, que foi ministro da Em setembro, ela foi a primeira mulher a fazer o discurso
saúde e um dos fundadores do PSDB foi apoiado por Fernando de abertura da Assembleia Geral da ONU. Em sua fala, disse
Henrique para a sucessão. que era a "voz da democracia" e defendeu a criação do Estado
Do lado da oposição, Lula concorreu à presidência pela Palestino.
quarta vez, conseguindo levar a disputa para o segundo turno No roteiro de viagens de Dilma, além de países da América
com o candidato tucano, quando obteve 61% dos votos do Sul, estiveram França, África, Bélgica, Grécia e Turquia.
válidos. A vitória de Lula foi atribuída ao desejo de mudança
na distribuição de riquezas, entre diversos grupos sociais.

63 BBC BRASIL. De aprovação recorde ao impeachment: relembre os principais

momentos do Governo Dilma. BBC Brasil.


http://www.bbc.com/portuguese/brasil-37207258

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Troca de ministros e 'faxina ética' investimentos - o governo fez várias linhas de financiamento -
Antes de completar um ano de governo, Dilma viu sete e a alta do PIB foi de 2,3%.
ministros caírem, seis deles por acusações de corrupção. Em Para enfrentar a desaceleração, o governo apelou para
dezembro de 2010, o recém-indicado ministro do Turismo, medidas de desoneração, tanto para o setor produtivo quanto
Pedro Novais, foi o primeiro integrante do governo a ser para os consumidores. Pacotes de estímulos fiscais e
acusado, antes mesmo da posse. Denunciado por financeiros também foram lançados contra os gargalos de
irregularidades cometidas quando era deputado, acabou infraestrutura, como nas estradas e portos.
deixando a pasta em setembro de 2011. Segundo cálculos feitos por auditores da Receita Federal
O primeiro ministro a sair, no entanto, foi Antonio Palocci, para a Folha de S. Paulo, as desonerações concedidas pelo
que deixou a Casa Civil em 8 de junho do mesmo ano, um dia governo desde 2011 somariam estimados R$ 458 bilhões em
após as acusações contra ele terem sido arquivadas pelo 2018, quando deveria terminar o segundo mandato de Dilma.
procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Palocci era A redução de impostos começou no governo Lula, como
suspeito de enriquecimento ilícito, porque teria multiplicado forma de estimular o crescimento do país. No entanto, passou
seu patrimônio em 20 vezes nos quatro anos anteriores. A a ser mais intensa quando Dilma foi eleita e avançou
senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) assumiu a pasta. fortemente no primeiro ano de mandato.
Os ministros Alfredo Nascimento (Transportes), Nelson As desonerações aumentaram a dívida bruta do país. Em
Jobim (Defesa), Wagner Rossi (Agricultura), Orlando Silva 2014, o setor público gastou R$ 32,5 bilhões a mais do que
(Esportes) e Carlos Lupi (Trabalho) completaram a lista de arrecadou com tributos — o equivalente a 0,63% do PIB, o
baixas. primeiro déficit desde 2002.
A forma enérgica como Dilma lidou com esses episódios fez
com que parte da população passasse a vê-la como a grande Pedaladas fiscais
responsável pela "faxina ética" contra a corrupção. Em 2013 começaram a ocorrer as chamadas pedaladas
Isso se refletiu na aprovação de 59% da população - o fiscais, nome dado à prática do Tesouro Nacional de atrasar de
maior índice para o primeiro mandato de um presidente desde forma proposital o repasse de dinheiro para os bancos
a redemocratização, maior até que a popularidade de Lula nos públicos, privados e autarquias, como o INSS.
primeiros quatro anos na presidência, que foi de 52%. O objetivo era melhorar artificialmente as contas federais.
Ao deixar de transferir o dinheiro, o governo apresentava
Lava Jato e Pasadena todos os meses despesas menores do que elas deveriam ser na
Deflagrada em março de 2014, a operação Lava Jato prática.
começou a investigar um grande esquema de lavagem e desvio
de dinheiro envolvendo a Petrobras, grandes empreiteiras e Segundo Governo Dilma
políticos.
Uma das primeiras prisões, também em março, foi a do Eleições de 2014
doleiro Alberto Youssef. Dias depois, houve a prisão de Paulo A campanha presidencial foi marcada pela disputa
Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras. acirrada por votos e pela morte do candidato do PSB, Eduardo
Costa era investigado pelo Ministério Público Federal por Campos, que estava em terceiro lugar nas pesquisas e era
supostas irregularidades na compra pela Petrobras da considerado uma via alternativa à oposição PT-PSDB. Marina
refinaria de Pasadena, no Texas, em 2006. Silva, substituta de Campos, logo saiu do páreo. Dilma foi
Indícios de que a compra da refinaria teria sido desastrosa reeleita com 51,64% dos votos válidos.
para a estatal - em uma época em que Dilma ainda era ministra
de Minas e Energia do governo Lula e presidente do Conselho Popularidade abalada
Administrativo da empresa - levaram ao pedido de instalação A popularidade da presidente se inverteu no segundo
de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Duas CPIs mandato, com os efeitos da situação econômica e da crise de
acabaram sendo criadas: uma exclusiva do Senado e uma governabilidade. Nos primeiros três meses de 2016, pesquisa
mista. CNI-Ibope (Confederação Nacional da Indústria) apontou que
Depois de meses de investigação, a CPI mista aprovou o somente 24% dos entrevistados diziam confiar em Dilma, o
relatório do deputado Marco Maia (PT-RS), que pedia o pior resultado desde o início do segundo mandato do ex-
indiciamento de 52 pessoas e reconhecia prejuízo de US$ presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1999.
561,5 milhões (R$ 1,9 bilhão) à época, na compra da refinaria.
Costa e Youssef assinaram com o Ministério Público Ajuste fiscal e desemprego
Federal acordos de delação premiada para explicar detalhes No primeiro mandato, sinais de que a meta do superávit
do esquema e receber, em contrapartida, alívio de penas. primário (economia para pagar os juros da dívida) não seria
Em novembro de 2014, a Polícia Federal deflagrou uma cumprida levaram o governo a adotar, no primeiro mandato,
nova fase da Lava Jato, que envolveu buscas em grandes um ajuste fiscal voltado à redução de gastos públicos.
empreiteiras como Camargo Corrêa, OAS, Odebrecht e outras Em 2015, encabeçado pelo então ministro da Fazenda,
sete companhias. Joaquim Levy, o ajuste voltou a fazer parte da agenda
econômica do governo, mas para recompor as receitas. A nova
Economia em desaceleração prioridade da política econômica era reequilibrar as contas
No primeiro ano do governo Dilma a economia já dava públicas.
sinais de desaceleração, depois de o PIB brasileiro ter crescido Para isso, Levy lançou medidas que ficaram conhecidas
7,5% em 2010, o maior avanço desde 1986. Em 2011, o PIB como "pacote de maldades", com o objetivo de aumentar a
cresceu 2,7%, bem menos que os 5,5% projetados. arrecadação federal e retomar o crescimento da economia,
O ponto positivo ficou por conta do emprego formal, que entre elas, medidas provisórias que alteraram o acesso a
se mantinha em alta e apenas 5% da população direitos previdenciários como seguro-desemprego e pensão
economicamente ativa estava desempregada. No entanto, à por morte. Logo nos primeiros meses, houve também ajustes
medida que o primeiro mandato avançava, a economia nos preços dos combustíveis e da eletricidade para aumentar
apresentava mais resultados preocupantes. a arrecadação.
Em 2012, ela cresceu 0,9%, o pior desempenho desde No entanto, muitos economistas consideram que o corte
2009. No ano seguinte, se recuperou impulsionada pela alta de necessário de gastos não veio, assim como o aumento de

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impostos, o que foi agravado pela crescente dificuldade do Em abril, a Câmara aprovou a Comissão Especial do
governo de dialogar com o Congresso. Impeachment. Por 38 votos a 27, a comissão aprovou no dia 11
Em 2015, o PIB caiu 3,8%. Tarifas de ônibus e energia de abril o parecer do relator Jovair Arantes (PTB-GO) favorável
elétrica, além de impostos e taxas, como IPVA e IPTU, à abertura do processo de afastamento da presidente. O
estiveram por trás da alta da inflação, que bateu 7% nos afastamento da presidente também passou pelo plenário da
primeiros meses do ano. Câmara, por 367 votos a favor e 137 contra.
Com a economia em crise, o mercado de trabalho passou O processo seguiu para o Senado. No dia 6 de maio, a
por dificuldades, com reflexos sobre o emprego e formalização Comissão Especial do Impeachment da Casa aprovou por 15
do trabalho. votos a 5, o parecer do relator Antonio Anastasia (PSDB-MG),
A taxa de desemprego do país cresceu para 8,5% na média favorável à abertura de um processo contra Dilma.
no ano passado, conforme divulgação do IBGE. Esse resultado Em seguida, o plenário decidiu por 55 votos a 20 que a
é o maior já medido pela Pnad Contínua (Pesquisa Nacional petista seria processada e, assim, afastada temporariamente
por Amostra de Domicílios), iniciada em 2012. Em 2014, a do cargo para o julgamento. Ela deixou o cargo em 12 de maio.
média foi de 6,8%. Em seu primeiro discurso na nova condição, Dilma Rousseff
Depois de uma sequência de derrotas em sua batalha para afirmou que o processo de impeachment era "fraudulento" e
promover o ajuste, inclusive a perda do grau de investimento um "verdadeiro golpe".
do país, Levy deixou o governo em dezembro de 2015.
Posse de temer
Lava Jato
As fases da operação Lava Jato monopolizaram as Três horas após o afastamento de Dilma Rousseff, Michel
manchetes dos jornais desde 2014. Entre os momentos mais Temer foi empossado o novo presidente da República. Na
importantes estão a prisão dos presidentes da Odebrecht, primeira reunião ministerial do governo, Temer destacou que
Marcelo Odebrecht, e da Andrade Gutierrez, Otávio Marques agora a cobrança sobre o governo seria "muito maior" e
de Azevedo. rejeitou a acusação de que o impeachment foi um golpe.
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto foi condenado a "Golpista é você, que está contra a Constituição", afirmou
15 anos e quatro meses de prisão por corrupção passiva, dirigindo-se a Dilma.
lavagem de dinheiro e associação criminosa. Ele teria recebido
cerca de R$ 4,26 milhões em propinas envolvendo contratos Repercussão e manifestações
da Petrobras. O então senador e líder do governo no Senado Após a votação final do impeachment, houve protestos a
Delcídio do Amaral (ex-PT) foi preso sob acusação de tentar favor e contra Temer pelo país. A Avenida Paulista, se tornou
obstruir as investigações da Lava Jato, foi o primeiro caso no um exemplo da divergência de opiniões entre os
Brasil de prisão de senador no exercício do cargo. manifestantes. Um grupo protestava contra o impeachment,
enquanto outro comemorava seu desfecho.
Protestos "Fora Dilma"
Em um cenário de crise econômica e ajustes fiscais, a Repercussão internacional
reprovação do governo Dilma chegou a 62% em 2015, de A rede norte-americana CNN deu grande destaque à
acordo com o Datafolha, e levou milhares às ruas das notícia em seu site e afirmou que a decisão é “um grande revés”
principais cidades do país. As principais bandeiras dos para Dilma, mas "pode não ser o fim de sua carreira política".
manifestantes eram o combate a corrupção e a saída de Dilma O argentino “Clarín” afirma que o afastamento de Dilma marca
e do PT do governo. Muitos elogiavam a atuação do juiz Sérgio “o fim de uma era no Brasil”. O “El País”, da Espanha, chamou
Moro, da Lava Jato. a atenção para a resistência da ex-presidente, que decidiu
Realizada após novos protestos nas ruas, pesquisa do enfrentar o processo até o final, apesar das previsões de que
Datafolha indicou que o segundo mandato da petista já seu afastamento seria concretizado.
alcançou a mais alta taxa de rejeição de um presidente desde
setembro de 1992, pouco antes do impeachment de Fernando E como fica agora?64
Collor. O rito da destituição de Dilma foi consumado e o Partido
dos Trabalhadores (PT), que a sustentava, passa à oposição
Saída do PMDB e isolamento depois de 13 anos no poder. Porém o Senado manteve os
A saída do PMDB, partido do vice-presidente, Michel direitos políticos de Dilma, o que lhe permitirá se candidatar a
Temer, da base aliada concretizou o isolamento da presidente cargos eletivos e exercer funções na administração pública.
no Congresso. O afastamento da presidente dos parlamentares A saída da presidente era desejada, segundo as pesquisas,
se agravou com a marcha do processo de impeachment e o por 61% dos brasileiros, o que não impede que tenha sido uma
convite feito a Lula para ocupar a Casa Civil. comoção nacional.
A tentativa de trazer Lula para construir pontes com os Atualmente o presidente Temer está afundado em
partidos enfrentou forte resistência e levou milhares de denúncias e escândalos e também sofre grande pressão para
manifestantes às ruas, além de afastar possibilidades de novas deixar o cargo.
alianças.

Impeachment
Em dezembro de 2015, o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha, autorizou o pedido para a abertura do processo de
impeachment de Dilma Rousseff. Ele deu andamento ao
requerimento formulado pelos juristas Hélio Bicudo, fundador
do PT, Janaina Paschoal e Miguel Reale Júnior. Os juristas
atacaram as chamadas "pedaladas fiscais", prática atribuída ao
governo de atrasar repasses a bancos públicos a fim de
cumprir as metas parciais da previsão orçamentária.

64

http://brasil.elpais.com/brasil/2016/09/01/opinion/1472682823_081379.html

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(ANDRADE, apud Revista do IPHAN, nº 30, 2002, p. 279 –


grifos nossos).
21. Noções sobre história e Em sintonia com o ideário artístico e ideológico defendido
institucionalização do pelo autor, “o sentido dos museus para Mário de Andrade”,
patrimônio cultural no Brasil como explica Mário Chagas, “está na compreensão desses
espaços como agência educativa, como veículos de
e no mundo participação da coletividade e como área de convergência de
esforços da sociedade civil e dos governos” (CHAGAS, 2006, p.
98).
Desde a sua criação, em 1937, o Instituto do Patrimônio Ao longo de sua “fase heroica” (1937-1967), é possível
Histórico e Artístico Nacional – IPHAN manifestou em afirmar que as iniciativas educativas promovidas pelo IPHAN
documentos, iniciativas e projetos a importância da realização se concentraram na criação de museus e no incentivo a
de ações educativas como estratégia de proteção e exposições; no tombamento de coleções e acervos artísticos e
preservação do patrimônio sob sua responsabilidade, documentais, de exemplares da arquitetura religiosa, civil,
instaurando um campo de discussões teóricas, e conceituais e militar e no incentivo a publicações técnicas e veiculação de
metodologias de atuação que se encontram na base das atuais divulgação jornalística, com vistas a sensibilizar um público
políticas públicas de Estado na área. mais amplo sobre a importância e o valor do acervo
Já no anteprojeto para a criação do então Serviço do resguardado pelo órgão.
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN, Mário de Rodrigo Melo Franco de Andrade, dirigente do IPHAN
Andrade apontava para a relevância do caráter pedagógico desde sua criação até 1967, também apontou, em alguns
estratégico dos museus e das imagens. A criação de um órgão artigos e discursos, para a importância da educação na
federal dedicado à preservação do patrimônio histórico e preservação do Patrimônio Cultural. Em depoimentos
artístico nacional foi motivada, de um lado, por uma série de prestados nos últimos anos de sua gestão, ele declarava:
iniciativas institucionais regionais e, de outro, por clamores e Em verdade, só há um meio eficaz de assegurar a defesa
alertas de intelectuais, parte deles ligada à Semana de Arte permanente do patrimônio de arte e de história do país: é o da
Moderna de 1922, veiculados na grande imprensa brasileira. educação popular. Ter-se-á de organizar e manter uma
Atendendo à solicitação de Gustavo Capanema, então campanha ingente visando a fazer o povo brasileiro
ministro da Educação, Mário de Andrade, romancista, poeta, compenetrar-se do valor inestimável dos monumentos que
pesquisador, àquela altura diretor do Departamento de ficaram do passado. Se não se custou muito a persuadir nossos
Cultura da Prefeitura de São Paulo e principal nome da ala concidadãos de que o petróleo do país é nosso, incutir-lhes a
paulista do movimento literário modernista, redige, em 1936, convicção de que o patrimônio histórico e artístico do Brasil é
documento com vistas à “organização dum serviço de fixação também deles, ou nosso, será certamente praticável
e defesa do patrimônio artístico nacional”. (MINISTÉRIO DA CULTURA, 1987, p. 64, apud OLIVEIRA, 2011,
De caráter avançado e inclusivo, assentado na noção de p. 32).
arte (entendida como “a habilidade com que o engenho Entretanto, somente a partir de meados da década de 1970
humano se utiliza da ciência, das coisas e dos fatos”), o é que a questão foi abordada de modo mais insistente, com a
anteprojeto sugeria, entre outras coisas, a criação de uma criação do Centro Nacional de Referência Cultural – CNRC, sob
“Seção dos Museus”, que ficaria encarregada de organizar os a iniciativa de Aloísio Magalhães. Surgido de discussões
museus nacionais pertencentes ao SPHAN, promover semanais promovidas por um pequeno grupo envolvendo
exposições em nível regional e federal e articular-se com funcionários do alto escalão do governo federal e do Distrito
congêneres regionais. Em sua concepção, os museus Federal, aos quais se uniram alguns professores da UnB, o
municipais deveriam ser ecléticos, com acervos heterogêneos, CNRC iniciou suas atividades em junho de 1975, mediante
e os critérios de seleção das peças ditados pelo valor que convênio firmado entre a Secretaria da Educação e Cultura do
representam para a comunidade local. Distrito Federal e a Secretaria de Tecnologia Industrial do
Também reivindicava a criação de museus técnicos, Ministério da Indústria e Comércio.
dedicados à exposição dos conhecimentos e de práticas Em termos amplos, sua proposta se orientava para a
envolvidas nos sucessivos ciclos econômicos do Brasil, em atualização da discussão sobre os sentidos da preservação e
uma perspectiva histórica: convergia para a ampliação da concepção de patrimônio para
[...] Aproveitei a ocasião para lembrar a criação dum desses abranger questões como a necessidade de promover modelos
museus técnicos que já estão se espalhando regularmente no de desenvolvimento econômico autônomos, a valorização da
mundo verdadeiramente em progresso cultural. Chamam-se diversidade regional e os riscos da homogeneização e perda da
hoje mais ou menos universalmente assim os museus que identidade cultural da nação.
expõem os progressos da construção e execução das grandes Aferrado à convicção da necessidade de impedir o
indústrias, e as partes de que são feitas as máquinas esmagamento dos valores da formação cultural brasileira, em
inventadas pelo homem. São museus de caráter meio ao acelerado processo de desenvolvimento econômico e
essencialmente pedagógico. Os modelos mais perfeitos à expansão dos meios de comunicação de massa, o CNRC
geralmente citados são o Museu Técnico de Munich e o Museu propugnava a formulação de um sistema de coleta,
de Ciência e Indústria de Chicago. Imagine-se a ‘Sala do Café’, processamento e divulgação de informações, com o intuito de
contendo documentalmente desde a replanta nova, a planta subsidiar o planejamento de ações e a futura instalação de um
em flor, a planta em grão, a apanha da fruta; a lavagem, a sistema de referência básico, e de abrangência nacional, de
secagem, os aparelhos de beneficiamento, desmontados, com informações referentes à cultura brasileira. Assim, buscavam-
explicação de todas as suas partes e funcionamento; o saco, as se formas de aproximação com o ponto de vista dos sujeitos
diversas qualidades do café beneficiado, os processos diretamente envolvidos na dinâmica da produção, da
especiais de exportação, de torrefação e de manufatura circulação e do consumo de bens culturais, reconhecendo-lhes
mecânica (com máquinas igualmente desmontadas e o estatuto de legítimos detentores não apenas de um “saber-
explicadas) da bebida e enfim a xícara de café. Grandes álbuns fazer”, como também o destino de sua própria cultura.
fotográficos com fazendas cafezais, terreiros, colônias, os Embora não tenha atuado diretamente com projetos na
portos cafeeiros; gráficos estatísticos, desenhos comparativos, área de educação, as diretrizes teóricas e conceituais
geográficos etc. etc. Tudo o que a gente criou sobre o café, de defendidas e o modus operandi adotado pelo CNRC
científico, de técnico, de industrial, reunido numa só sala [...] favoreceram a instauração de parâmetros renovados para

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uma interlocução mais abrangente entre processos reconhecimento das diferenças culturais e defendia uma
educacionais e preservação patrimonial. Ao longo dos seus metodologia de trabalho baseada na observação direta e no
cinco anos de existência, assegurados pela renovação e acompanhamento técnico periódico das experiências
aditamento do convênio assinado com os órgãos federais, os educacionais desenvolvidas. Em parceria com secretarias
projetos-pilotos desenvolvidos ou encampados pelo CNRC municipais, estaduais e territoriais de educação e/ou cultura,
foram orientados a partir de uma postura interdisciplinar, universidades, centros de estudos e pesquisas, grupos de
envolvendo linhas programáticas de pesquisa (distribuídas teatro amador e associações de moradores, o Projeto Interação
em quatro grandes categorias: Artesanato, Levantamentos consistiu num exemplo concreto e, em larga medida, precursor
Socioculturais, História da Tecnologia e das Ciências no Brasil, dos atuais paradigmas de gestão pública que caracterizam as
Levantamentos de Documentação sobre o Brasil) e uma articulações entre Estado e sociedade civil.
metodologia de descrição e análise baseada em levantamentos Paralelamente, no 1º Seminário sobre o Uso Educacional
e mapeamentos, ancorada na noção de “referência cultural”. de Museus e Monumentos, realizado no Museu Imperial de
Extensão de experiências de trabalho e do formato de Petrópolis-RJ, ocorre em 1983 a introdução no Brasil da
atuação desenvolvidos no âmbito do CNRC, o Projeto Interação expressão Educação Patrimonial como uma metodologia
foi originalmente apresentado em seminário com inspirada no modelo da heritage education, desenvolvido na
representantes de todos os órgãos ligados à então Secretaria Inglaterra. Em 1996, Maria de Lourdes Parreiras Horta,
da Cultura do MEC, realizado em Brasília em 1981, no Evelina Grunberg e Adriana Queiroz Monteiro lançaram o Guia
documento “Diretrizes para operacionalização da política Básico de Educação Patrimonial, que se tornou o principal
cultural do MEC”. Sua linha programática de número três, material de apoio para ações educativas realizadas pelo IPHAN
intitulada “Interação entre educação básica e os diferentes durante a década passada.
contextos culturais existentes no país”, tinha como finalidade Publicação pioneira na área, seu conteúdo resultou da
desenvolver: sistematização dos fundamentos conceituais e práticos de uma
Ações destinadas a proporcionar à comunidade os meios série de capacitações itinerantes realizadas pelas autoras,
para participar, em todos os níveis, do processo educacional, preferencialmente, com técnicos das superintendências do
de modo a garantir que a apreensão de outros conteúdos IPHAN, professores e alunos da rede formal de ensino e
culturais se faça a partir dos valores próprios da comunidade. agentes comunitários, na segunda metade dos anos 1980 e
A participação referida se efetivará através da interação do 1990, em diversos contextos e diferentes localidades do país.
processo educacional às demais dimensões da vida A partir de uma proposta metodológica que envolve quatro
comunitária e da geração e operacionalização de situações de etapas progressivas de apreensão concreta de objetos e
aprendizagem com base no repertório regional e local fenômenos culturais (a saber: observação, registro, exploração
(BRANDÃO, 1996, p. 293). e apropriação), as autoras reivindicam a natureza processual
A proposta defendida pelo Projeto Interação consistia, de das ações educativas, não se limitando a atividades pontuais,
acordo com documentos disponíveis, no apoio à criação e ao isoladas e descontínuas. De acordo com as autoras, Educação
fortalecimento das condições necessárias para que o trabalho Patrimonial consiste em um “processo permanente e
educacional se produzisse referenciado na dinâmica cultural, sistemático”, centrado no “Patrimônio Cultural como fonte
reafirmando a pluralidade e a diversidade cultural brasileira. primária de conhecimento e enriquecimento individual e
Partia da constatação da ineficácia de propostas pedagógicas coletivo”, cuja metodologia se aplica a
que deixavam de levar em conta as especificidades da [...] qualquer evidência material ou manifestação cultural,
dinâmica cultural local e não correspondiam às necessidades seja um objeto ou conjunto de bens, um monumento ou um
de seu público-alvo. Em contraposição, procurava relacionar a sítio histórico ou arqueológico, uma paisagem natural, um
Educação Básica com os diferentes contextos culturais parque ou uma área de proteção ambiental, um centro
existentes no país e diminuir a distância entre a educação histórico urbano ou uma comunidade da área rural, uma
escolar e o cotidiano dos alunos, considerando a ideia de que o manifestação popular de caráter folclórico ou ritual, um
binômio cultura-educação é indissociável. Cultura aqui era processo de produção industrial ou artesanal, tecnologias e
entendida como: saberes populares, e qualquer outra expressão resultante da
[...] processo global em que não se separam as condições relação entre indivíduos e seu meio ambiente (HORTA;
do meio ambiente daquelas do fazer do homem, em que não se GRUNBERG; MONTEIRO, 1999, p. 6).
deve privilegiar o produto – habitação, templo, artefato, dança, Em decorrência da necessidade de uma maior
canto, palavra – em detrimento das condições históricas, sistematização das ações educativas no âmbito das políticas de
socioeconômicas, étnicas e ecológicas em que tal produto se preservação, o IPHAN, por meio de seu setor de promoção,
encontra inserido (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 1983, apud passou a estruturar e consolidar uma área específica voltada
BRANDÃO, 1996, p.47). para as ações educativas ligadas à preservação do Patrimônio
Para tanto, contou com a participação de órgãos Cultural brasileiro. Em 2004, o Decreto nº 5.040/04 cria uma
vinculados à cultura – EMBRAFILME, FUNARTE, Instituto unidade administrativa responsável por promover uma série
Nacional de Artes Cênicas – INACEN, Instituto Nacional do de iniciativas e eventos com os objetivos de discutir diretrizes
Livro – INL e Fundação Nacional Pró-Memória, sob a teóricas e conceituais e eixos temáticos norteadores,
coordenação-geral de José Silva Quintas, acompanhado pela consolidar coletivamente documentos e propostas de
Secretaria de Cultura do Ministério da Educação – SEC/MEC, encaminhamentos e estimular o fomento à criação e
entre os anos 1982 e 1986. Seus idealizadores defendiam a reprodução de redes de intercâmbio de experiências e
participação da comunidade e dos professores em todos os parcerias com diversos segmentos da sociedade civil.
níveis dos processos educacionais; produção de alternativas Em 7 de maio de 2009, o Decreto nº 6.844 vincula a
pedagógicas e seus respectivos métodos materiais didáticos; Coordenação de Educação Patrimonial – CEDUC ao recém-
inserção de novos conteúdos pautados no fortalecimento das criado Departamento de Articulação e Fomento – DAF, com o
referências culturais. Em suma, propugnavam que o processo objetivo de fortalecer, na área central do órgão, uma instância
educacional é mais amplo do que a escolarização, não se dedicada à promoção, coordenação, integração e avaliação da
restringindo ao espaço da escola, mas inserindo-se em implementação de programas e projetos de Educação
contextos culturais e reconhecendo a contribuição de outros Patrimonial no âmbito da Política Nacional do Patrimônio
agentes educativos. Cultural. Ao sistematizar diretrizes e eixos norteadores
Em sintonia com o ideário do CNRC, o Projeto Interação fundamentais, procurou ampliar suas formas de atuação
contestava a uniformidade e homogeneização em favor do abarcando, de um lado, a noção ampliada de Patrimônio

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Cultural7 (presente no artigo 216 da Constituição Federal de Considerando que a degradação ou o desaparecimento de
1988 e nos parâmetros da área de Patrimônio Imaterial, criada um bem do património cultural e natural constitui um
por decreto no ano de 2000) e, de outro, os novos modelos de empobrecimento efetivo do património de todos os povos do
gestão pública que privilegiam a construção coletiva e mundo;
intersetorial das ações do Estado. Considerando que a proteção de tal património à escala
Com a progressiva consolidação e o adensamento nacional é a maior parte das vezes insuficiente devido à
institucional da área, em compasso com as inúmeras vastidão dos meios que são necessários para o efeito e da
iniciativas executadas pelas superintendências e instituições insuficiência de recursos económicos, científicos e técnicos do
ligadas ao IPHAN, uma série de eventos foram promovidos país no território do qual se encontra o bem a salvaguardar;
visando construir coletivamente parâmetros de atuação, Relembrando que o Acto Constitutivo da Organização
marcos conceituais, instrumentos legais e parcerias na área de prevê a ajuda à conservação, progresso e difusão do saber,
Educação Patrimonial. promovendo a conservação e proteção do património
A experiência acumulada de iniciativas bem-sucedidas, universal e recomendando aos povos interessados convenções
bem como o alinhamento com preceitos extraídos das internacionais concluídas para tal efeito;
reflexões de educadores e profissionais das ciências humanas, Considerando que as convenções, recomendações e
permitem identificar certos princípios norteadores que resoluções internacionais existentes no interesse dos bens
amplificam a eficácia do reconhecimento e da apropriação dos culturais e naturais demonstram a importância que constitui,
bens culturais e, por conseguinte, a relevância da para todos os povos do mundo, a salvaguarda de tais bens,
implementação dos vários instrumentos legais de proteção do únicos e insubstituíveis, qualquer que seja o povo a que
Patrimônio Cultural. pertençam;
Nos últimos anos, multiplicaram-se iniciativas Considerando que determinados bens do património
educacionais voltadas à preservação patrimonial. Ao se adotar cultural e natural se revestem de excepcional interesse que
a expressão Educação Patrimonial, uma grande variedade de necessita a sua preservação como elementos do património
ações e projetos com concepções, métodos, práticas e mundial da humanidade no seu todo;
objetivos pedagógicos distintos foi realizada por todo o país. Considerando que, perante a extensão e a gravidade dos
Não obstante a extrema pertinência e a importância dos novos perigos que os ameaçam, incumbe à coletividade
resultados alcançados por essas iniciativas, nem sempre se internacional, no seu todo, participar na proteção do
discerne uma orientação programática definida, subjacente a património cultural e natural, de valor universal excepcional,
esse conjunto heterogêneo: ações pontuais e esporádicas de mediante a concessão de uma assistência coletiva que sem se
promoção e divulgação se acotovelam com propostas substituir à ação do Estado interessado a complete de forma
educativas continuadas, inseridas na dinâmica social das eficaz;
localidades; projetos e encontros, materiais de apoio, cadernos Considerando que se torna indispensável a adopção, para
temáticos e publicações resultantes de oficinas se misturam a tal efeito, de novas disposições convencionais que estabeleçam
práticas significativas em que esses materiais não constituem um sistema eficaz de proteção coletiva do património cultural
um fim em si mesmo; ao contrário, compõem partes de e natural de valor universal excepcional, organizado de modo
processos educativos. permanente e segundo métodos científicos e modernos;
Atualmente, a CEDUC defende que a Educação Patrimonial Após ter decidido aquando da sua décima sexta sessão que
constitui-se de todos os processos educativos formais e não tal questão seria objeto de uma convenção internacional;
formais que têm como foco o Patrimônio Cultural, apropriado adopta no presente dia 16 de Novembro de 1972 a presente
socialmente como recurso para a compreensão sócio histórica Convenção.
das referências culturais em todas as suas manifestações, a fim
de colaborar para seu reconhecimento, sua valorização e I - Definições do património cultural e natural
preservação. Considera ainda que os processos educativos
devem primar pela construção coletiva e democrática do ARTIGO 1.º
conhecimento, por meio do diálogo permanente entre os
agentes culturais e sociais e pela participação efetiva das Para fins da presente Convenção serão considerados
comunidades detentoras e produtoras das referências como património cultural:
culturais, onde convivem diversas noções de Patrimônio Os monumentos. – Obras arquitetônicas, de escultura ou de
Cultural. pintura monumentais, elementos de estruturas de carácter
Sua formulação decorre de um longo processo de debates arqueológico, inscrições, grutas e grupos de elementos com
institucionais, aprofundamentos teóricos e avaliações das valor universal excepcional do ponto de vista da história, da
práticas educativas voltadas à preservação do Patrimônio arte ou da ciência;
Cultural e, ao mesmo tempo, ampara-se em uma série de Os conjuntos. – Grupos de construções isoladas ou reunidos
premissas conceituais. que, em virtude da sua arquitetura, unidade ou integração na
paisagem têm valor universal excepcional do ponto de vista da
CONVENÇÃO PARA A PROTECÇÃO história, da arte ou da ciência;
DO PATRIMÓNIO MUNDIAL, CULTURAL E NATURAL65* Os locais de interesse. – Obras do homem, ou obras
conjugadas do homem e da natureza, e as zonas, incluindo os
A Conferência Geral da Organização das Nações Unidas locais de interesse arqueológico, com um valor universal
para a Educação, Ciência e Cultura, reunida em Paris de 17 de excepcional do ponto de vista histórico, estético, etnológico ou
Outubro a 21 de Novembro de 1972, na sua décima sétima antropológico.
sessão:
Constatando que o património cultural e o património ARTIGO 2.º
natural estão cada vez mais ameaçados de destruição, não
apenas pelas causas tradicionais de degradação, mas também Para fins da presente Convenção serão considerados
pela evolução da vida social e económica que as agrava através como património natural:
e fenómenos de alteração ou de destruição ainda mais
importantes;

65 https://whc.unesco.org/archive/convention-pt.pdf

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Os monumentos naturais constituídos por formações reconhecem que o referido património constitui um
físicas e biológicas ou por grupos de tais formações com valor património universal para a proteção do qual a comunidade
universal excepcional do ponto de vista estético ou científico; internacional no seu todo tem o dever de cooperar.
As formações geológicas e fisiografias e as zonas 2 - Em consequência, os Estados parte comprometem-se,
estritamente delimitadas que constituem habitat de espécies em conformidade com as disposições da presente Convenção,
animais e vegetais ameaçadas, com valor universal a contribuir para a identificação, proteção, conservação e
excepcional do ponto de vista da ciência ou da conservação; valorização do património cultural e natural referido nos
Os locais de interesse naturais ou zonas naturais parágrafos 2 e 4 do artigo 11.º se o Estado no território do qual
estritamente delimitadas, com valor universal excepcional do tal património se encontra o solicitar.
ponto de vista a ciência, conservação ou beleza natural. 3 - Cada um dos Estados parte na presente Convenção
compromete-se a não tomar deliberadamente qualquer
ARTIGO 3.º medida susceptível de danificar direta ou indiretamente o
património cultural e natural referido nos artigos 1.º e 2.º
Competirá a cada Estado parte na presente Convenção situado no território de outros Estados parte na presente
identificar e delimitar os diferentes bens situados no seu Convenção.
território referidos nos artigos 1 e 2 acima.
ARTIGO 7.º
II - Proteção nacional e proteção internacional do
património cultural e natural Para fins da presente Convenção, deverá entender-se por
proteção internacional do património mundial, cultural e
ARTIGO 4.º natural a criação de um sistema de cooperação e de assistência
internacionais que vise auxiliar os Estados parte na Convenção
Cada um dos Estados parte na presente Convenção deverá nos esforços que dispendem para preservar e identificar o
reconhecer que a obrigação de assegurar a identificação, referido património.
proteção, conservação, valorização e transmissão às gerações
futuras do património cultural e natural referido nos artigos III - Comité intergovernamental para a proteção do
1.º e 2.º e situado no seu território constitui obrigação património mundial, cultural e natural
primordial. Para tal, deverá esforçar-se, quer por esforço
próprio, utilizando no máximo os seus recursos disponíveis, ARTIGO 8.º
quer, se necessário, mediante a assistência e a cooperação
internacionais de que possa beneficiar, nomeadamente no 1 – É criado junto da Organização das Nações Unidas para
plano financeiro, artístico, científico e técnico. a Educação, Ciência e Cultura, um comité intergovernamental
para a proteção do património cultural e natural de valor
ARTIGO 5.º universal excepcional denominado Comité do Património
Mundial. Será composto por quinze Estados parte na
Com o fim de assegurar uma proteção e conservação tão Convenção, eleitos pelos Estados parte na Convenção reunidos
eficazes e uma valorização tão ativa quanto possível do em assembleia geral no decurso de sessões ordinárias da
património cultural e natural situado no seu território e nas Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para
condições apropriadas a cada país, os Estados parte na a Educação, Ciência e Cultura. O número dos Estados membros
presente Convenção esforçar-se-ão na medida do possível por: do Comité será elevado até vinte e um, a contar da sessão
ordinária da conferência geral que se siga à entrada em vigor
a) Adotar uma política geral que vise determinar uma da presente Convenção para, pelo menos, quarenta Estados.
função ao património cultural e natural na vida coletiva e 2 – A eleição dos membros do Comité deverá assegurar
integrar a proteção do referido património nos programas de uma representação equitativa das diferentes regiões e culturas
planificação geral; do Mundo.
b) Instituir no seu território, caso não existam, um ou mais 3 – Assistirão às sessões do Comité com voto consultivo um
serviços de proteção, conservação e valorização do património representante do Centro Internacional de Estudos para a
cultural e natural, com pessoal apropriado, e dispondo dos Conservação e Restauro de Bens Culturais (Centro de Roma),
meios que lhe permitam cumprir as tarefas que lhe sejam um representante do Conselho Internacional de Monumentos
atribuídas; e Locais de Interesse (ICOMOS) e um representante da União
c) Desenvolver os estudos e as pesquisas científicas e Internacional para a Conservação da Natureza e Seus Recursos
técnica e aperfeiçoar os métodos de intervenção que permitem (UICN), aos quais poderão ser acrescentados, a pedido dos
a um Estado enfrentar os perigos que ameaçam o seu Estados parte, reunidos em assembleia geral no decurso das
património cultural e natural; sessões ordinárias da Conferência Geral da Organização das
d) Tomar as medidas jurídicas, científicas, técnicas, Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura,
administrativas e financeiras adequadas para a identificação, representantes de outras organizações intergovernamentais
proteção, conservação, valorização e restauro do referido com objetivos idênticos.
património; e
e) Favorecer a criação ou o desenvolvimento de centros ARTIGO 9.º
nacionais ou regionais de formação nos domínios da proteção,
conservação e valorização do património cultural e natural e 1– Os Estados membro do Comité do Património Mundial
encorajar a pesquisa científica neste domínio. exercerão o seu mandato desde o termo da sessão ordinária da
Conferência Geral no decurso da qual tiverem sido eleitos e até
ARTIGO 6.º ao final da terceira sessão ordinária subsequente.
2– No entanto, o mandato de um terço dos membros
1- Com pleno respeito pela soberania dos Estados no designados na primeira eleição terminará no final da primeira
território dos quais está situado o património cultural e sessão ordinária da Conferência Geral que se siga à sessão no
natural referido nos artigos 1.º e 2.º, e sem prejuízo dos decurso da qual tenham sido eleitos, e o mandato de um
direitos reais previstos na legislação nacional sobre o referido segundo terço dos membros designados simultaneamente
património, os Estados parte na presente Convenção terminará no final da segunda sessão ordinária da Conferência

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APOSTILAS OPÇÃO

Geral que se siga à sessão no decurso da qual tenham sido consultar o Estado parte no território do qual esteja situado o
eleitos. Os nomes de tais membros serão sorteados pelo bem do património cultural ou natural em causa.
presidente da Conferência Geral após a primeira eleição. 7– O Comité, com o consentimento dos Estados
3– Os Estados membro do Comité deverão escolher para os interessados, coordenará e encorajará os estudos e as
representar pessoas qualificadas no domínio do património pesquisas necessárias à constituição das listas referidas nos
cultural ou do património natural. parágrafos 2 e 4 do presente artigo.

ARTIGO 10.º ARTIGO 12.º

1– O Comité do Património Mundial adoptará o seu O facto de um bem do património cultural e natural não ter
regulamento interno. sido inscrito em qualquer das duas listas referidas nos
2– O Comité poderá a qualquer momento convidar para as parágrafos 2 e 4 do artigo 11.º não poderá de qualquer modo
suas reuniões organismos públicos o privados, assim como significar que tal bem não tenha um valor excepcional para fins
pessoas privadas, para proceder a consultas sobre questões diferentes dos resultantes da inscrição nas referidas listas.
específicas.
3– O Comité poderá criar órgãos consultivos que julgue ARTIGO 13.º
necessários à execução das suas funções.
1– O Comité do Património Mundial deverá aceitar e
ARTIGO 11.º estudar os pedidos de assistência internacional formulados
pelos Estados parte na presente Convenção no que respeita
1– Cada um dos Estados parte na presente Convenção aos bens do património cultural e natural situados nos seus
deverá submeter, em toda a medida do possível, ao Comité do territórios, que figuram ou sejam susceptíveis de figurar nas
Património Mundial um inventário dos bens do património listas referidas nos parágrafos 2 e 4 do artigo 11.º. Tais
cultural e natural situados no seu território e susceptíveis de pedidos poderão ter por objeto a proteção, conservação,
serem inscritos na lista prevista no parágrafo 2 do presente valorização ou restauro de tais bens.
artigo. Tal inventário, que não será considerado exaustivo, 2– Os pedidos de assistência internacional em aplicação do
deverá comportar uma documentação sobre o local dos bens parágrafo 1 do presente artigo poderão igualmente ter por
em questão e sobre o interesse que apresentam. objeto a identificação de bens do património cultural e natural
2– Com base nos inventários submetidos pelos Estados em definido nos artigos 1.º e 2.º, sempre que pesquisas
aplicação do parágrafo 1 acima, o Comité deverá estabelecer, preliminares tenham permitido estabelecer que as mesmas
atualizar e difundir, sob o nome de «lista do património merecem ser prosseguidas.
mundial», uma lista dos bens do património cultural e do 3– O Comité deverá decidir do andamento a dar a tais
património natural tal como definidos nos artigos 1.º e 2.º da pedidos, determinar, se necessário, a natureza e importância
presente Convenção, que considere como tendo um valor da sua ajuda e autorizar a conclusão, em seu nome, de acordos
universal excepcional em aplicação dos critérios que tiver necessários com o governo interessado.
estabelecido. De dois em dois anos deverá ser difundida uma 4– O Comité deverá determinar uma ordem de prioridade
atualização da lista. para as suas intervenções. Fá-lo-á tendo em conta a
3– A inscrição e um bem na lista do património mundial importância respectiva dos bens a salvaguardar para o
apenas poderá ser feita com o consentimento do Estado património mundial, cultural e natural, a necessidade em
interessado. A inscrição de um bem situado num território que assegurar assistência internacional aos bens mais
seja objeto de reivindicação de soberania ou de jurisdição por representativos da natureza ou do génio e da história do
vários Estados não prejudicará em nada os direitos das partes mundo e da urgência dos trabalhos a empreender, a
no diferendo. importância dos recursos dos Estados no território dos quais
4– O Comité deverá estabelecer, atualizar e difundir, se encontrem os bens ameaçados e principalmente a medida
sempre que as circunstâncias o exijam, sob o nome de «lista do em que tais Estados poderiam assegurar a salvaguarda de tais
património mundial em perigo», uma lista dos bens que bens pelos seus próprios meios.
figurem na lista do património mundial para a salvaguarda dos 5– O Comité deverá estabelecer, atualizar e difundir uma
quais sejam necessários grandes trabalhos e para os quais lista dos bens para os quais tenha sido dada assistência
tenha sido pedida assistência, nos termos da presente internacional.
Convenção. Tal lista deverá conter uma estimativa do custo 6– O Comité deverá decidir da utilização dos recursos do
das operações. Apenas poderão figurar nesta lista os bens do fundo criado nos termos do artigo 15.º da presente Convenção.
património cultural e natural ameaçados de desaparecimento Procurará os meios de aumentar tais recursos e tomará todas
devido a uma degradação acelerada, projetos de grandes as medidas úteis para o efeito.
trabalhos públicos ou privados, rápido desenvolvimentos 7– O Comité deverá cooperar com as organizações
urbano e turístico, destruição devida a mudança de utilização internacionais e nacionais, governamentais e não
ou de propriedade da terra, alterações profundas devidas a governamentais, com objetivos idênticos aos da presente
uma causa desconhecida, abandono por um qualquer motivo, Convenção. Para a aplicação dos programas e execução dos
conflito armado surgido ou ameaçando surgir, calamidades e seus projetos, o Comité poderá recorrer a tais organizações,
cataclismos, grandes incêndios, sismos, deslocações de terras, especialmente do Centro Internacional de Estudos para a
erupções vulcânicas, modificações do nível das águas, Conservação e Restauro dos Bens Culturais (Centro de Roma),
inundações e maremotos. O Comité poderá, em qualquer ao Conselho Internacional dos Monumentos e Locais de
momento e em caso de urgência, proceder a nova inscrição na Interesse (ICOMOS) e à União Internacional para a
lista do património mundial em perigo e dar a tal inscrição Conservação da Natureza e Seus Recursos (UICN), assim como
difusão imediata. a outros organismos públicos ou privados e a pessoas
5– O Comité definirá os critérios com base nos quais um privadas.
bem do património cultural e natural poderá ser inscrito em 8– As decisões do Comité serão tomadas por maioria de
qualquer das listas referidas nos parágrafos 2 e 4 do presente dois terços dos membros presentes e votantes. O quórum será
artigo. constituído pela maioria dos membros do Comité.
6– Antes de recusar um pedido de inscrição numa das duas
listas nos parágrafos 2 e 4 do presente artigo, o Comité deverá

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ARTIGO 14.º Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. Tal decisão da


assembleia geral requer a maioria dos Estados parte,
1– O Comité do Património Mundial será assistido por um presentes e votantes, que não tenham formulado a declaração
secretariado nomeado pelo diretor-geral da Organização das referida no parágrafo 2 do presente artigo. A contribuição
Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. obrigatória dos Estados parte na Convenção não poderá, em
2– O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para caso algum, ultrapassar 1% da sua contribuição para o
a Educação, Ciência e Cultura, utilizando o mais possível os orçamento ordinário da Organização das Nações Unidas para
serviços do Centro Internacional de Estudos para a a Educação, Ciência e Cultura.
Conservação e Restauro dos Bens Culturais (Centro de Roma), 2– Qualquer Estado no artigo 31.º ou no artigo 32.º da
do Conselho Internacional dos Monumentos e Locais de presente Convenção poderá, no entanto, no momento do
Interesse (ICOMOS) e da União Internacional para a depósito do seu instrumento de ratificação, aceitação ou
Conservação da Natureza e Seus Recursos (UICN), nos adesão, declarar que não ficará vinculado pelas disposições do
domínios das suas competências e das suas respectivas parágrafo 1 do presente artigo.
possibilidades, deverá preparar a documentação do Comité, a 3– Qualquer Estado parte na Convenção que tenha
ordem do dia das suas reuniões e deverá assegurar a execução formulado a declaração referida no parágrafo 2 do presente
das suas decisões. artigo poderá, em qualquer momento, retirar a referida
declaração mediante notificação do diretor-geral da
IV - Fundo para a protecção do património mundial, Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
cultural e natural Cultura. No entanto, a retirada da declaração apenas terá
efeito, no que refere à contribuição obrigatória devida por tal
ARTIGO 15.º Estado, a partir da data da assembleia geral seguinte dos
Estados parte.
1– É constituído um fundo para a proteção do património 4– A fim de que o Comité possa prever as suas operações
mundial, cultural e natural de valor universal excepcional, de forma eficaz, as contribuições dos Estados parte na
denominado Fundo do Património Mundial. presente Convenção que tenham formulado a declaração
2– O Fundo será constituído com fundos de depósito, em referida no parágrafo 2 do presente artigo deverão ser pagas
conformidade com as disposições do regulamento financeiro de forma regular, pelo menos de dois em dois anos, e não
da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e deverão ser inferiores às contribuições que tais Estados
Cultura. deveriam pagar caso se encontrassem vinculados pelas
3– Os recursos do Fundo serão constituídos por: disposições do parágrafo 1 do presente artigo.
5– Qualquer Estado parte na Convenção que se encontre
a) Contribuições obrigatórias e contribuições voluntárias atrasado no pagamento da sua contribuição obrigatória ou
dos Estados parte na presente Convenção; voluntária, relativamente ao ano em curso e ao ano civil
b) Pagamento, doações ou legados que poderão fazer: imediatamente anterior, não poderá ser eleito para o Comité
do Património Mundial; tal disposição não se aplica aquando
i) Outros Estados; da primeira eleição. O mandato de um tal Estado, já membro
ii) A Organização das Nações Unidas para a Educação, do Comité, terminará no momento de qualquer eleição
Ciência e Cultura, as demais organizações do sistema das referida no parágrafo 1 do artigo 8.º da presente Convenção.
Nações Unidas, nomeadamente o Programa de
Desenvolvimento das Nações Unidas e outras organizações ARTIGO 17.º
intergovernamentais:
iii) Organismos públicos ou privados, ou as pessoas Os Estados parte na presente Convenção deverão
privadas; estabelecer ou promover a criação de fundações ou de
associações nacionais, públicas e privadas, cujo objetivo seja o
c) Qualquer juro devido pelos recursos do Fundo; encorajamento da proteção do património cultural e natural,
d) Produto das coletas e receitas das manifestações conforme definido pelos artigos 1.º e 2.º da presente
organizadas em proveito do Convenção.
Fundo; e
e) Quaisquer outros recursos autorizados pelo ARTIGO 18.º
regulamento que o Comité do Património Mundial elaborará.
Os Estados parte na presente Convenção deverão
1– O destino das contribuições feitas ao Fundo e das contribuir nas campanhas internacionais de coleta,
demais formas de assistência prestadas ao Comité será organizadas em favor do Fundo do Património Mundial, sob os
estabelecido por este. O Comité poderá aceitar contribuições auspícios da Organização das Nações Unidas para a Educação,
destinadas apenas a um certo programa ou a um determinado Ciência e Cultura. Deverão facilitar as coletas feitas com tais
projeto desde que a aplicação de tal programa ou a execução objetivos pelos organismos mencionados no parágrafo 3 do
de tal projeto tenha sido decidida pelo Comité. As artigo 15.º.
contribuições feitas ao Fundo não poderão estar sujeitas a
qualquer condição política. V – Condições e modalidades de assistência
internacional
ARTIGO 16.º
ARTIGO 19.º
1– Sem prejuízo de qualquer contribuição voluntária
complementar, os Estados parte na presente Convenção Qualquer Estado parte na presente Convenção poderá
comprometem-se a pagar regularmente, de dois em dois anos, solicitar assistência internacional em favor dos bens do
ao Fundo do Património Mundial, contribuições, cujo património cultural ou natural de valor universal excepcional
montante, calculado segundo uma percentagem uniforme situados no seu território. Deverá anexar ao pedido de
aplicável a todos os Estados, será decidido pela Assembleia assistência os elementos informativos e os documentos
Geral dos Estados parte na Convenção, reunidos no decurso de mencionados no artigo 21.º, de que dispõe e de que o Comité
sessões da Conferência Geral da Organização das Nações necessitará para tomar a sua decisão.

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ARTIGO 20.º ARTIGO 25.º

Sob reserva das disposições do parágrafo 2 do artigo 13.º, O financiamento dos trabalhos necessários apenas deverá,
da alínea c) do artigo 22.º e do artigo 23.º, a assistência em princípio, incumbir parcialmente à comunidade
internacional prevista pela presente Convenção apenas internacional. A participação do Estado que beneficie da
poderá ser concebida a bens do património cultural e natural assistência internacional deverá constituir parte substancial
que o Comité do Património Mundial tenha decidido ou decida dos recursos atribuídos a cada programa ou projeto, exceto se
fazer figurar numa das listas referidas nos parágrafos 2 e 4 do os seus recursos não lho permitam.
artigo 11.º.
ARTIGO 26.º
ARTIGO 21.º
O Comité do Património Mundial e o Estado beneficiário
1– O Comité do Património Mundial deverá estabelecer as deverão definir, em acordo a conclui, as condições para a
normas para o exame dos pedidos de assistência internacional execução do programa ou projeto ao qual é concedida
que lhe sejam dirigidos e deverá precisar, nomeadamente, os assistência internacional, nos termos da presente Convenção.
elementos a figurar no pedido, o qual deverá descrever a Competirá ao Estado que receba tal assistência internacional
operação a executar, os trabalhos necessários, uma estimativa continuar a proteger, conservar e valorizar os bens assim
do custo dos mesmos, urgência e os motivos pelos quais os salvaguardados, em conformidade com as condições definidas
recursos do Estado que tenha formulado o pedido não lhe no acordo.
permitem fazer face à totalidade das despesas. Os pedidos
deverão, sempre que possível, basear-se na opinião de peritos. VI – Programas educativos
2– Em virtude dos trabalhos que poderão eventualmente
vir a ser necessários sem demora, os pedidos fundados em ARTIGO 27.º
calamidades naturais ou em catástrofes deverão ser urgente e
prioritariamente examinados pelo Comité, o qual deverá 1– Os Estados parte na presente Convenção esforçar-se-ão,
dispor de um fundo de reserva destinado a tais eventualidades. por todos os meios apropriados, nomeadamente mediante
3– Antes de tomar qualquer decisão, o Comité deverá programas de educação e de informação, por reforçar o
proceder aos estudos e consultas que julgue necessários. respeito e o apego dos seus povos ao património cultural e
natural definido nos artigos 1.º e 2.º da Convenção.
ARTIGO 22.º 2– Comprometem-se a informar largamente o público das
ameaças a que está sujeito tal património e das atividades
A assistência concedida pelo Comité do Património levadas a cabo em aplicação da presente Convenção.
Mundial poderá assumir as seguintes formas:
a) Estudos sobre os problemas artísticos, científicos e ARTIGO 28.º
técnicos resultantes da proteção, conservação, valorização e
restauro do património cultural e natural, conforme definido Os Estados parte na presente Convenção que recebam
pelos parágrafos 2 e 4 do artigo 11.º da presente Convenção; assistência internacional, em aplicação da Convenção, deverão
b) Fornecimento de peritos, técnicos e de mão-de-obra tomar as medidas necessárias no sentido de dar a conhecer a
qualificada para supervisar a boa execução do projeto importância dos bens que constituem o objecto de tal
aprovado; assistência e o papel desempenhado por esta.
c) Formação e especialistas, a todos os níveis, nos domínios
da identificação, proteção, conservação, valorização e restauro VII – Relatórios
do património cultural e natural;
d) Fornecimento de equipamento de que o Estado ARTIGO 29.º
interessado não disponha ou não esteja em condições de 1– Os Estados parte na presente Convenção deverão
adquirir; indicar nos relatórios a apresentar à Conferência Geral da
e) Empréstimos a juro reduzido, isentos de juros ou que Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
possam ser reembolsados a longo prazo; Cultura, às datas e sob as formas que entender, as disposições
f) Concessão, em casos excepcionais e especialmente legais e regulamentares e as demais medidas que tenham sido
motivados, de subvenções não reembolsáveis. adoptadas para aplicação da Convenção, bem como a
experiência que tenham adquirido na matéria.
ARTIGO 23.º 2– Tais relatórios deverão ser levados ao conhecimento do
Comité do Património Mundial.
O Comité do Património Mundial poderá igualmente 3– O Comité deverá apresentar um relatório sobre as suas
fornecer assistência internacional a centros nacionais ou atividades a cada uma das sessões ordinárias da Conferência
regionais de formação de especialistas, a todos os níveis, nos Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação,
domínios da identificação, proteção, conservação, valorização Ciência e Cultura.
e restauro do património cultural e natural.
VIII – Cláusulas finais
ARTIGO 24.º
ARTIGO 30.º
Uma assistência internacional de elevada importância
apenas poderá ser concedida após estudo científico, A presente Convenção foi redigida em inglês, árabe,
económico e técnico detalhado. Tal estudo deverá recorrer às espanhol, francês e russo, fazendo os cinco textos igualmente
mais avançadas técnicas de proteção, conservação, valorização fé.
e restauro do património cultural e natural e corresponder aos
objetivos da presente Convenção. Deverá pesquisar os meios ARTIGO 31.º
para a utilização racional dos recurso disponíveis no Estado
interessado. 1– A presente Convenção será submetida à ratificação ou
aceitação dos Estados membro da Organização das Nações

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Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, em conformidade ARTIGO 37º


com as suas respectivas normas constitucionais.
2– Os instrumentos de ratificação ou aceitação serão 1– A presente Convenção poderá ser revista pelo
depositados junto do diretor-geral da Organização das Nações Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a
Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. Educação, Ciência e Cultura. A revisão apenas vinculará, no
entanto, os Estados que se tornem parte na Convenção revista.
ARTIGO 32.º 2– Caso a Conferência Geral adopte uma nova Convenção
que constitua revisão total ou parcial da presente Convenção,
1– A presente Convenção fica aberta à adesão de qualquer e salvo disposições em contrário da nova convenção, a
Estado não membro da Organização das Nações Unidas para a presente Convenção deixará de estar aberta a ratificação,
Educação, Ciência e Cultura convidado a ela aderir pela aceitação ou adesão a partir da data da entrada em vigor da
Conferência Geral da Organização. nova convenção.
2– A adesão terá lugar mediante o depósito de um
instrumentos de adesão junto do diretor-geral da Organização ARTIGO 38º
das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.
Em conformidade com o artigo 102º da Carta das Nações
ARTIGO 33.º Unidas, a presente Convenção será registada no Secretariado
das Nações Unidas, a pedido do diretor-geral da Organização
A presente Convenção entrará em vigor três meses após a das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.
data do depósito do vigésimo instrumento de ratificação, Feito em Paris aos 23 dias do mês de Novembro de 1972,
aceitação ou adesão, mas unicamente para os Estados que em dois exemplares autenticados contendo a assinatura do
tenham depositado os seus respectivos instrumentos de presidente da Conferência Geral, reunida na sua décima sétima
ratificação, aceitação ou adesão em tal data, ou anteriormente. sessão, e do diretor-geral das Nações Unidas para a Educação,
Para qualquer outro Estado, entrará em vigor três meses após Ciência e Cultura, os quais serão depositados nos arquivos da
o depósito do respectivo instrumento de ratificação, aceitação Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
ou adesão. Cultura, sendo cópias certificadas conforme aos originais
entregues a todos os Estados referidos nos artigos 31º e 32º e
ARTIGO 34.º à Organização das Nações Unidas.

As disposições abaixo aplicar-se-ão aos Estados parte na Questões


presente Convenção com sistema constitucional federativo ou
não unitário: 01. (MPE/TO – Promotor de Justiça – CESPE) Integram
o patrimônio cultural
a) No que se refere às disposições da presente Convenção (A) todas as formas de expressão, modos de criar, fazer e
cuja aplicação seja da competência da ação legislativa do poder viver, bem como as criações científicas, artísticas e
legislativo federal ou central, as obrigações do Governo federal tecnológicas, desde que registrados no Ministério da Cultura
ou central serão idênticas às dos Estados parte não e(ou) no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
federativos; (B) os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
b) No que se refere às disposições da presente Convenção paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico
cuja aplicação seja da competência da ação legislativa de cada e científico, se reconhecidos e tombados pela UNESCO.
um dos Estados, regiões, províncias ou cantões que constituem (C) as manifestações identitárias de natureza coletiva da
o Estado federal, que não sejam obrigados, em virtude do nação brasileira e suas derivações históricas, antropológicas e
sistema constitucional da Federação, a tomar medidas etnográficas, bem como suas estruturas discursivas e sua
legislativas, o Governo federal levará as referidas disposições, semiótica.
acompanhadas do seu parecer favorável, ao conhecimento das (D) os bens de natureza material e imaterial, tomados
autoridades competentes dos referidos Estados, regiões, individualmente ou em conjunto, referentes à identidade, à
províncias ou cantões. ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira.
ARTIGO 35.º (E) as obras, os objetos, os documentos, as edificações e
demais espaços destinados às manifestações artístico-
1– Cada um dos Estados parte na presente Convenção terá culturais, desde que tombados pelo Instituto do Patrimônio
a faculdade de denunciar a Convenção. Histórico e Artístico Nacional.
2– A denúncia deverá ser notificada mediante instrumento
escrito depositado junto do diretor-geral da Organização das 02. (MPE/MG – Promotor de Justiça – MPE/MG) Sobre
Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. Patrimônio Cultural, é INCORRETO afirmar que
3– A denúncia tomará efeito doze meses após a data da (A) constituem patrimônio cultural brasileiro as formas de
recepção do instrumento da denúncia. Em nada alterará as expressão; os modos de criar, fazer e viver; as criações
obrigações financeiras a assumir pelo Estado que a tenha científicas, artísticas e tecnológicas; as obras; objetos,
efetuado, até à data em que a retirada tome efeito. documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais e os conjuntos urbanos e
ARTIGO 36º sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico.
O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a (B) o Poder Público promoverá e protegerá o patrimônio
Educação, Ciência e Cultura informará os Estados membros da cultural por meio de ação civil pública, termo de ajustamento
Organização e os Estados não membros referidos no artigo de condutas, recomendação, inventários, registros, vigilância,
32º, bem como a Organização das Nações Unidas, do depósito tombamento e desapropriação.
de todos os instrumentos de ratificação, aceitação ou adesão (C) o tombamento é um ato administrativo originário do
mencionados nos artigos 31º e 32º, e das denúncias previstas Poder Executivo, mas o Poder Legislativo (no caso, poder
pelo artigo 35º. constituinte originário) tombou os documentos e os sítios

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detentores de reminiscências históricas dos antigos (C) no Plano Nacional de Cultura e nas suas diretrizes,
quilombos. estabelecidas na política nacional de cultura, e rege-se, entre
(D) pode o Poder Judiciário, em ação civil pública outros, pelos princípios da transparência e compartilhamento
promovida pelo Ministério Público, declarar o valor cultural de das informações e da democratização do acesso aos bens e
um bem, decretar o seu tombamento e determinar a inscrição serviços culturais.
no livro de tombo respectivo. (D) na política nacional de cultura e nas suas diretrizes,
estabelecidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se, entre
03. (MPE/PI – Promotor de Justiça – CESPE) Conforme a outros, pelos princípios da ampliação progressiva dos
CF, constituem patrimônio cultural brasileiro recursos contidos nos orçamentos públicos para a cultura e da
(A) os bens de natureza material e imaterial, tomados valorização da diversidade étnica e regional.
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à (E) no Plano Nacional de Cultura e nas suas diretrizes,
identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos estabelecidas na política nacional de cultura, e rege-se, entre
formadores da sociedade brasileira, entre os quais se incluem outros, pelos princípios da transversalidade das políticas
as formas de expressão e os modos de criar, fazer e viver. culturais e da valorização da diversidade étnica e regional
(B) os bens de natureza material por meio dos quais as
criações artísticas, científicas e tecnológicas dos povos 07. (FCP – Documentação – CETRO) De acordo com o
tradicionais expressem o ethos nacionalista da sociedade parágrafo 2º do artigo 216-A da Constituição Federal de 1988,
brasileira. a estrutura do Sistema Nacional de Cultura, se constitui em
(C) os conjuntos urbanos, as áreas de grilagem, os sítios de esferas da Federação. Dentre as esferas relacionadas abaixo,
valor histórico, paisagístico, artístico e arqueológico, de assinale a que não se inclui nessa estrutura.
natureza imaterial, portadores de referência à identidade, à (A) Conselhos de política cultural.
memória e à ação das gerações passadas, formadoras da (B) Sistemas de financiamento à cultura.
sociedade brasileira, entre os quais se incluem as zonas de uso (C) Comissões intergestores.
estritamente industrial, as áreas habitacionais, as áreas de (D) Órgãos gestores da cultura.
proteção ambiental, as reservas da biosfera e os parques (E) Cooperativa de entes federados do sistema cultural.
públicos.
(D) os bens de natureza material e imaterial que veiculem 08. (IF/AP – Arquivista – FUNIVERSA) Estabelecer
as formas de ação, criação e existência das diversas raças diretrizes para o funcionamento do Sistema Nacional de
formadoras da sociedade brasileira, em suas dimensões Arquivos é uma atribuição do
antropológicas, etnográficas, deontológicas e (A) Arquivo Nacional.
sociointeracionistas, tais como a culinária, a música, o folclore, (B) Ministério da Justiça.
a indumentária e as prosódias. (C) Conselho de Cultura
(E) as manifestações artísticas e culturais de natureza (D) Conselho Nacional de Arquivos.
exclusivamente material que expressem os posicionamentos (E) Ministério da Cultura.
políticos dos grupos formadores da sociedade brasileira, por
meio dos quais os valores, crenças, ideologias e mitologias dos 09. (UFPE – Produtor Cultural – COVEST - COPSET) No
grupos minoritários que representam a identidade nacional Plano Nacional de Cultura (PNC), a concepção de cultura
interagem com a cultura hegemônica. aparece articulada com as seguintes “dimensões”:
(A) sociológica, antropológica e social.
04. (TJ/AP – Juiz – FCC) Segundo a Constituição Federal, (B) simbólica, cidadã e econômica.
são meios de promoção e proteção do patrimônio cultural (C) popular, erudita e acadêmica.
brasileiro (D) cidadã, popular e erudita.
(A) tombamento, registro e descoberta. (E) criativa, econômica e sociológica.
(B) apenas o tombamento e o registro.
(C) inventário, registro, vigilância, tombamento e 10. (TRE/TO – Analista Judiciário – CESPE) O Plano
desapropriação. Nacional de Cultura, estabelecido em lei, visa ao
(D) tombamento, registro e ad corpus. desenvolvimento cultural do país e à integração das ações do
(E) apenas o tombamento e a desapropriação. poder público que conduzem à
(A) privatização dos conjuntos urbanos e dos sítios de
05. (Fundação Hemocentro de Brasília/DF – valor histórico.
Arquivologia – IADES) Assinale a alternativa que apresenta (B) internacionalização da cultura.
um dos fins da produção de documentos de arquivo. (C) formação para o atendimento do estrangeiro.
(A) Legal (D) estatização do patrimônio cultural.
(B) Cultural (E) democratização do acesso aos bens de cultura.
(C) Científico
(D) Artístico 11. (SEBRAE-RN - Assistente I – FUNCERN). Contratos e
(E) Educativo Convênios são instrumentos jurídicos com finalidades e
aspectos distintos. As alternativas a seguir, demonstram
06. (TJ/PE – Juiz Substituto – FCC) Nos termos do texto diferenças entre eles, EXCETO:
constitucional, o Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se (A) Os interesses das partes nos Convênios são recíprocos.
(A) na política nacional de cultura e nas suas diretrizes, Já nos Contratos, são contraditórios.
estabelecidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se, entre (B) No Contrato, o resultado é individual. No Convênio, é
outros, pelos princípios da transversalidade das políticas comum.
culturais e da transparência e compartilhamento das (C) No Contrato espera-se um retorno financeiro por uma
informações das partes. No Convênio, ambas as partes esperam retornam
(B) no Plano Nacional de Cultura e nas suas diretrizes, financeiro.
estabelecidas pelos órgãos de cultura que o integram, e rege- (D) No Contrato há obrigatoriedade das partes. No
se, entre outros, pelos princípios da transversalidade das Convênio as partes são voluntárias.
políticas culturais e da proteção às manifestações das culturas
populares, indígenas e afrobrasileiras.

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12. (Câmara Municipal de São Paulo – SP - Procurador 15. (TCE/PI - Assessor Jurídico – FCC). Convênios são
Legislativo – FCC). Os convênios administrativos instrumentos que permitem aos entes da Administração
(A) devem ser precedidos da realização de procedimento pública o estabelecimento de obrigações recíprocas,
licitatório para escolha do partícipe recebedor dos recursos, convergentes a um interesse comum. Sobre eles, sabe-se que
quando envolverem o repasse de recursos financeiros. (A) não admitem a participação de pessoas jurídicas de
(B) firmados pelo Município de São Paulo são fiscalizados direito privado.
com exclusividade pelo Tribunal de Contas do Município, em (B) se aplicam normas da Lei de licitações, inclusive para a
razão de sua competência ratione personae, excluindo a escolha dos partícipes do ajuste.
competência dos demais Tribunais de Contas. (C) se admite repasse de recursos entre os entes públicos
(C) são contratos de natureza não pecuniária, firmado e a remuneração pelos serviços prestados, caso a pessoa
entre entidades públicas ou entre entidade pública e jurídica seja de direito privado.
particular, para consecução de atividades de interesse comum (D) é necessário, considerando que há mútua colaboração,
dos partícipes. o estabelecimento de contrapartida, que pode ser de diversas
(D) celebrados por iniciativa do Poder Executivo naturezas, para cada um dos partícipes.
independem de prévia autorização da Câmara Municipal, (E) não se admite extinção do convênio antes do prazo
mesmo quando envolverem o repasse de recursos financeiros ajustado, aproximando-se, nesse ponto, da natureza
entre os partícipes. contratual.
(E) são instrumentos jurídicos adequados para promover
a desconcentração administrativa, com a transferência da 16. (TRT 3ª Região/MG - Analista Judiciário – História
execução de atividades administrativas entre órgãos públicos – FCC) Seu Mundinho, todo esse tempo combati o senhor. Fui
distintos, pertencentes ao mesmo ente estatal. eu quem mandou atirar em Aristóteles. Estava preparado para
virar Ilhéus do avesso. Os jagunços estavam de atalaia, prontos
13. (CIJUN - Analista Administrativo Compras e para obedecer. Os meus e os outros amigos, para acabar com a
Licitações (Pleno) – RBO). Assinale a alternativa correta eleição. Agora tudo acabou.
acerca dos convênios e contratos administrativos: (In: AMADO, Jorge. Gabriela, cravo e canela)
(A) No convênio, os interesses das partes são divergentes
e opostos. O texto descreve uma realidade que, na história do Brasil,
(B) O acordo travado nos contratos é marcado pelo identifica o
interesse na entrega ou prestação de um produto em troca de (A) tenentismo, que considerava o exército como a única
remuneração, nas condições estabelecidas privativamente força capaz de conduzir os destinos do povo.
pela Administração. (B) coronelismo, que se constituía em uma forma de o
(C) No contrato, os interesses são comuns e coincidentes. poder privado se manifestar por meio da política.
(D) O acordo de vontades encontrado nos contratos é (C) mandonismo, criado com o objetivo de administrar os
marcado pela cooperação ou mútua colaboração. conflitos no interior das elites agrárias do país.
(E) Do convênio decorre a vinculação contratual. (D) messianismo, entidade com poderes políticos capaz de
subjugar a população por meio da força.
14. (DPE/PB - Defensor Público – FCC). Considerando a (E) integralismo, que consistia em uma forma de a
natureza jurídica dos convênios administrativos, é correto oligarquia cafeeira demonstrar sua influência e poder político.
afirmar que referidos ajustes
(A) podem ser firmados entre pessoas administrativas, 17. (TRT 3ª Região/MG - Analista Judiciário – História
hipótese em que não há obrigatoriedade de autorização – FCC) Para responder à questão, considere o texto abaixo.
legislativa, requisito de validade exigido nos casos em que são ... A forma federativa deu ampla autonomia aos Estados, com
firmados entre pessoas de direito público e entidades a possibilidade de contrair empréstimos externos, constituir
privadas, porquanto, nesse último caso, os interesses não são forças militares próprias e uma justiça estadual.
paralelos e comuns e há repasse de recursos públicos à [...] A representação na Câmara dos Deputados,
entidade de direito privado. proporcional ao número de habitantes dos Estados, foi outro
(B) são firmados entre pessoas administrativas, hipótese princípio aprovado...
em que há obrigatoriedade de autorização legislativa, sob pena [...] A aceitação resignada da candidatura Prudente de
de nulidade de pleno direito, porquanto são instrumentos Moraes, que marcou o início da república civil oligárquica,
utilizados para realização de transferências voluntárias. consolidada por Campos Sales, se deu em um momento difícil,
(C) podem ser firmados entre pessoas administrativas, quando Floriano dependia do apoio regional [...].
(Adaptado de: FAUSTO, Boris. Pequenos ensaios de História da República
hipótese em que poderá haver necessidade de autorização (1889-1945). São Paulo: Cebrap, 1972, p. 2-4)
legislativa, como requisito de validade do ajuste, e entre
pessoas de direito público e entidades privadas, desde que, O principal mecanismo para a consolidação da república a
nessa última hipótese, não haja repasse de recursos públicos. que o texto se refere foi a
(D) podem ser firmados entre pessoas administrativas, ou (A) política de “salvação nacional", desencadeada pelos
entre estas e entidades privadas, havendo, neste último caso, militares ligados aos grandes fazendeiros mineiros e paulistas
interesses contrapostos, razão pela qual há necessidade de com a finalidade de fortalecer o poder das oligarquias
autorização legislativa e, no primeiro, interesses paralelos e estaduais do sudeste.
comuns necessários para desenvolvimento de atividades de (B) “campanha civilista" que defendia a regulamentação
competência comum definidas no artigo 23 da Constituição dos preços dos produtos de exportação e garantia os
Federal. empréstimos contraídos no exterior aos fazendeiros das
(E) podem ser firmados entre pessoas administrativas, ou grandes propriedades.
entre estas e entidades privadas, para realização de objetivos (C) “política dos governadores", que consistia na troca de
de interesse comum, mediante mútua colaboração, apoio entre governo federal e governos locais, com a finalidade
independentemente de autorização legislativa. de manter no poder os representantes dos grandes
fazendeiros.
(D) política do “café-com-leite", que incentivava uma
disputa acirrada entre os representantes dos pequenos

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Estados e enfraquecia o poder dos fazendeiros paulistas e dos garantia do direito ao habeas corpus e instituiu a censura
mineiros. prévia.
(E) política de “valorização do café" realizada pelos (B) refletiram a intenção dos militares em preservar a
Estados contribuía para o enfraquecimento do poder local e institucionalidade da democracia, uma vez que todos os atos
garantia a troca de favores entre os fazendeiros e o governo eram votados pelo Congresso.
federal. (C) prestaram-se a substituir a falta de uma nova
Constituição, chegando a 20 decretações que se estenderam
18. (MPE/GO – Secretário auxiliar – MPE/2017) Sobre até o governo Geisel.
o Estado Novo de Getúlio Vargas, é incorreto afirmar: (D) foram mais de dez e entre os objetivos de sua
(A) que foi implantado por Getúlio Vargas sob a promulgação destaca-se o reforço dos poderes discricionários
justificativa de conter uma nova ameaça de golpe comunista da Presidência da República.
no Brasil. (E) concentraram-se nos dois primeiros anos de governo
(B) que tomado por uma orientação socialista, o governo militar e instituíram o estado de sítio e o bipartidarismo.
preocupava-se em obter o favor dos trabalhadores por meio
de concessões e leis de amparo ao trabalhador. 22. (IF/AL- CEFET) O Brasil, a partir do processo de
(C) financiava o amplo desenvolvimento do setor redemocratização (1985), definiu-se por medidas econômicas
industrial brasileiro, ao realizar uma política de que foram significativamente adotadas. Podemos afirmar que
industrialização por substituição de importações e com entre as medidas citadas consta:
criação das indústrias de base. (A) Processo de privatização em ramos da economia, como
(D) para dar ao novo regime uma aparência legal, comunicação e mineração.
Francisco Campos redigiu uma nova Constituição inspirada (B) Prioridade na ampliação do comércio internacional
nas constituições fascistas italiana e polonesa. com os países africanos e asiáticos.
(E) adotou o chamado “Estado de Compromisso”, onde (C) Proteção da indústria nacional, por meio do aumento
foram criados mecanismos de controle e vias de negociação de tarifas alfandegárias de importações.
política responsáveis pelo surgimento de uma ampla frente de (D) Retirada da prioridade para exportações dos produtos
apoio a Getúlio Vargas. agrícolas nacionais.
(E) Um intenso programa de reforma agrária no país,
19. (IPEM/RO – Agente de Atividades Administrativas inclusive sem indenizações das terras desapropriadas.
– FUNCAB) O processo histórico da formação do estado de
Rondônia possui muitos capítulos importantes, com diferentes 23. (CESGRANRIO) Nas cidades gregas da Antiguidade, a
atores. Um dos marcos nesse processo foi a criação do democracia limitava-se à minoria da população. Os escravos e
Território Federal do Guaporé por meio do Decreto-Lei nº as mulheres não tinham direitos políticos. Além disso, só
5.812, de 13 de setembro de 1943. O Presidente da República aqueles que nasciam na cidade de Atenas podiam ser cidadãos.
que assinou o referido documento foi:
(A) Getúlio Vargas. De acordo com a Constituição Brasileira de 1988, quem
(B) Gaspar Dutra. NÃO pode votar no Brasil atualmente são os
(C) Juscelino Kubitschek. (A) maiores de 70 anos.
(D) Jânio Quadros. (B) maiores de dezesseis anos.
(E) João Goulart. (C) estrangeiros naturalizados.
(D) analfabetos.
20. (TRT 3ª Região/MG - Analista Judiciário – História (E) que estão cumprindo o serviço militar obrigatório.
– FCC) O processo de abertura política no Brasil, ao final do
período de regime militar, foi marcado Gabarito
(A) pela denominada “teoria dos dois demônios”, discurso
oficial que culpava os grupos guerrilheiros e o imperialismo 01.D / 02.D / 03.A / 04.C / 05.A / 06.A / 07.E / 08.D /
soviético pelo endurecimento do autoritarismo no Brasil e nos 09.B / 10.E / 11.C/ 12.D/ 13.B/ 14.E/ 15.D. 16.B / 17.C /
países vizinhos. 18.B / 19.A / 20.D / 21.D / 22.A / 23.E
(B) pelo chamado “entulho autoritário”, pois a Constituição
outorgada em 1967 continuou vigente, mantiveram-se os
cargos “biônicos” e persistiu prática da decretação de Atos
Institucionais durante a década de 1980. Anotações
(C) pela lógica do “ajuste de contas”, pois, ainda que o
governo encampasse uma abertura “lenta, gradual e
irrestrita”, os setores populares organizaram greves nacionais
que culminaram na realização de eleições diretas para
presidente em 1985.
(D) pelo caráter de “transição negociada”, uma vez que
prevaleceram pressões por parte dos setores afinados com o
regime e concessões dos movimentos pela democratização, em
um complexo jogo político que se estendeu pelos anos 1980.
(E) pela busca da “conciliação nacional” ao se instituírem
as Comissões da Verdade que conseguiram, com o aval do
primeiro governo civil pós-ditadura, atender as demandas por
“verdade, justiça e reparação” da sociedade brasileira.

21. (TRT 3ª Região/MG - Analista Judiciário – História


– FCC) A respeito dos Atos Institucionais decretados durante o
regime militar no Brasil,
(A) sucederam-se rapidamente totalizando cinco durante
a ditadura, sendo o último, em 1968, o que suspendeu a

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