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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
- RESUMO -

CLEDSON JOSÉ DA SILVA


Atualizado até 05.02.2019.

PROJETO JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO


CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

RESUMO DO LIVRO: “SINOPSES PARA CONCURSOS: DIREITO CONSTITUCIONAL – TOMO I”

PROJETO JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO


CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
TEORIA GERAL DO CONTROLE DE
CONSTITUCIONALIDADE

1. CONSTITUIÇÃO E DIREITO PROCESSUAL

Direito PROCESSUAL constitucional não se confunde com Direito CONSTITUCIONAL


processual. Veja-se:

Direito PROCESSUAL constitucional.

Disciplina que estuda as normas e instrumentos que regulam e organizam a jurisdição


constitucional.

Tem por objeto os instrumentos judiciais de efetivação das normas constitucionais


(ex.: ADI, ADC, ADPF, ADO, etc).

Direito CONSTITUCIONAL processual.

Disciplina que estuda as normas sobre direito processual que estão inseridas na
Constituição.

Ex.: contraditório e ampla defesa, inadmissão da prova ilícita, devido processo legal,
etc.

2. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL

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CONCEITO FORMAL (EUROPEU OCIDENTAL). Jurisdição Constitucional é o conjunto de
atividades exercidas exclusivamente por um TRIBUNAL CONSTITUCIONAL.

CONCEITO MATERIAL (ADOTADO NO BRASIL). Jurisdição constitucional é o conjunto


de atividades jurisdicionais praticadas por meio de:

(1) processos contenciosos instaurados entre órgãos e entidades estatais;


(2) remédios processuais que se traduzem em direitos fundamentais previstos na
própria Constituição (writs constitucionais);
(3) quaisquer outros instrumentos processuais, contenciosos ou não, por meio dos
quais se promova a defesa da constituição, incluindo a fiscalização da
constitucionalidade e a aplicação direta de normas constitucionais.

JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL DAS LIBERDADES. Atividade jurisdicional de tutela dos


direitos fundamentais, independentemente do instrumento processual utilizado.

WRITS CONSTITUCIONAIS. Instrumentos especiais de provocação da jurisdição


constitucional.

3. SUPREMACIA CONSTITUCIONAL

O controle de constitucionalidade se sustenta no PRINCÍPIO DA SUPREMACIA


CONSTITUCIONAL.

PRINCÍPIO DA SUPREMACIA CONSTITUCIONAL

Diz que as normas da Constituição são superiores às demais normas do ordenamento


jurídico.

SUPREMACIA MATERIAL: superioridade das normas sobre matérias constitucionais.


Baseia-se no caráter axiológico superior das normas, pouco importando a sua forma no
ordenamento.

SUPREMACIA FORMAL: superioridade das normas inseridas nas constituições formais


ou outro documento com status normativo superior. Baseada em KELSEN, a
superioridade advém da forma de constituição da norma. Se entrou como
Constituição, tem supremacia normativa.

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Relação necessária entre supremacia formal e rigidez
constitucional?

Boa parte da doutrina costuma condicionar a supremacia


formal das constituições à presença de mecanismos de rigidez
constitucional. Contudo, a supremacia formal decorre do
simples reconhecimento do caráter superior atribuído ao
poder responsável pela promulgação das normas formalmente
constitucionais. De modo que, se estas colidirem com normas
de outra espécie, haverão sempre de prevalecer, de acordo
com o critério lex superior derogat inferiori, a despeito tanto
da inexistência de mecanismos de rigidez constitucional
quanto da data em que promulgadas.

A negativa dessa relação necessária serve ainda para explicar a


supremacia formal das normas constitucionais produzidas pelo
chamado poder constituinte difuso, tais como as normas
decorrentes de mutações, convenções e costumes
constitucionais.

No Brasil, prevalece a SUPREMACIA FORMAL da Constituição.

GARANTIAS DA OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA SUPREMACIA CONSTITUCIONAL.

(1) RIGIDEZ CONSTITUCIONAL


(2) CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
(3) DEPRECIAÇÃO DOS ATOS INCONSTITUCIONAIS

NORMAS MODIFICATIVAS DA CONSTITUIÇÃO. Também adquirem supremacia formal.


Ex. Poder constituinte reformador e difuso.

Considerando que a Constituição é hierarquicamente superior, devem-se afastar os


atos que lhe são contrários através da verificação da compatibilidade vertical entre as
normas infraconstitucionais e a Constituição e depreciar os efeitos inconstitucionais.

Somente pode haver controle com fundamento na SUPREMACIA


FORMAL.

A constituição deve ser RÍGIDA.

ATENÇÃO! É CABÍVEL controle de constitucionalidade com


fundamento na SUPREMACIA MATERIAL.

Em princípio, porém, é plenamente cabível o controle de


constitucionalidade também para garantir a supremacia

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constitucional do tipo material Basta notar que, mesmo no
regime das constituições flexíveis, é possível controlar a
constitucionalidade:

a) dos atos nonnativos inexistentes, sempre que a inexistência


jurídica decorrer de relações de desconformidade do ato em
face de normas constitucionais, ainda que estas não façam
parte de uma constituição rígida. Exemplo: uma LEI aprovada
pelo cerimonial da rainha pode ser considerada
inconstitucional mesmo no Reino Unido;

b) dos atos legislativos fonnalmente inconstitucionais, pois é


típica matéria das constituições, mesmo das flexíveis, a prévia
fixação de normas referentes ao processo legislativo, o que
condiciona a validade dos trabalhos do legislador já na fase
anterior à produção do ato. Exemplo: uma lei aprovada sem o
quorum mínimo exigido pode ser considerada inconstitucional,
mesmo que a exigência seja posta em norma constitucional
destituída de rigidez.

4. TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE.

INCONSTITUCIONALIDADE:

É a relação de desconformidade verificada entre um ato (objeto) e pelo


menos um preceito normativo constitucional (dotado de supremacia) ao qual
se atribui supremacia constitucional (parâmetro).

Embora teoricamente até atitudes de particulares possam ser qualificadas


como inconstitucionais num sentido amplo (JORGE MIRANDA), a doutrina
costuma tratar da inconstitucionalidade somente com referência a leis e atos
normativos do Poder Público.

4.1 TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE

4.1.1 INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL (NOMODINÂMICA)

Incompatibilidade constitucional que incide no processo de elaboração do


ato. Uma lei formalmente inconstitucional é a que foi aprovada mediante
processo legislativo defeituoso sob a ótica constitucional.

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No tocante ao vício formal e material, a doutrina também tem distinguido as


expressões nomodinâmica e nomoestática, respectivamente, para a inconstitucionalidade:

Inconstitucionalidade formal Inconstitucionalidade material


Nomodinâmica Nomoestática
. Na medida em que o vício formal decorre de Por sua vez, o vício material, por ser
afronta ao devido processo legislativo de um vício de matéria, de conteúdo, a ideia que
formação do ato normativo, isso nos dá a passa é de vício de substância, estático.
ideia de dinamismo, de movimento.

INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL
1. ORGÂNICA
2. PROPRIAMENTE DITA
2.1 Por vício subjetivo
2.2 Por vício objetivo
3. POR VIOLAÇÃO DE PRESSUPOSTOS OBJETIVOS DO ATO

Vício formal (inconstitucionalidade orgânica, inconstitucionalidade formal


propriamente dita e inconstitucionalidade formal por violação a pressupostos
objetivos do ato): também conhecida como nomodinâmica, verifica-se quando a
lei ou ato normativo infraconstitucional contiver algum vício em sua “forma”, ou
seja, em seu processo de formação, vale dizer, no processo legislativo de sua
elaboração, ou, ainda, em razão de sua elaboração por autoridade incompetente.

Podemos, então, falar em inconstitucionalidade formal orgânica, em


inconstitucionalidade formal propriamente dita e em inconstitucionalidade formal por
violação a pressupostos objetivos do ato.

a) Inconstitucionalidade formal ORGÂNICA:


decorre da inobservância da competência legislativa para a
elaboração do ato. Nesse sentido, para se ter um exemplo, o STF entende
inconstitucional lei municipal que discipline o uso do cinto de segurança, já
que se trata de competência da União, nos termos do art. 22, XI, legislar
sobre trânsito e transporte.

b) Inconstitucionalidade formal PROPRIAMENTE DITA: decorre da


inobservância do devido processo legislativo . Podemos falar,
então, além de vício de competência legislativa (inconstitucionalidade
orgânica), em vício no procedimento de elaboração da norma, verificado
em momentos distintos: na fase de iniciativa ou nas fases posteriores.

b.1. Vício formal subjetivo: o vício formal subjetivo verifica-se na


fase de iniciativa. Tomemos um exemplo: algumas leis são de
iniciativa exclusiva (reservada) do Presidente da República, como as
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que fixam ou modificam os efetivos das Forças Armadas, conforme o
art. 61, § 1.º, I, da CF/88. Não se aceita a teoria da eficácia
convalidatória da sanção aposta pelo Chefe do Executivo a projetos
eivados pela usurpação de iniciativa reservada.

b.2. Vício formal objetivo: por seu turno, o vício formal objetivo será
verificado nas demais fases do processo legislativo,
posteriores à fase de iniciativa. Como exemplo citamos uma lei
complementar sendo votada por um quórum de maioria relativa.
Existe um vício formal objetivo, na medida em que a lei complementar,
por força do art. 69 da CF/88, deveria ter sido aprovada por maioria
absoluta.

c) Inconstitucionalidade formal por VIOLAÇÃO A PRESSUPOSTOS


OBJETIVOS DO ATO NORMATIVO: Segundo Canotilho, “hoje,
põe-se seriamente em dúvida se certos elementos tradicionalmente não
reentrantes no processo legislativo não poderão ocasionar vícios de
inconstitucionalidade. Estamos a referir-nos aos chamados pressupostos,
constitucionalmente considerados como elementos determinantes de
competência dos órgãos legislativos em relação a certas matérias
(pressupostos objectivos)”. São elementos externos ao
procedimento de formação das leis, e a sua falta gera a
inconstitucionalidade formal, já que os pressupostos do ato
legislativo devem ser entendidos como “elementos vinculados do acto
legislativo”. Tem-se por exemplo a edição de medida provisória sem a
observância dos requisitos da relevância e urgência (art. 62, caput) ou a
criação de Municípios por lei estadual sem a observância dos requisitos do
art. 18, § 4º.

4.1.2 INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL (NOMOESTÁTICA)

Anomalia que se manifesta no conteúdo do ato, que contraria o sentido


exigido pela norma constitucional por quaisquer dos padrões normativos
dotados de supremacia constitucional.
Nessa acepção, lei materialmente inconstitucional é a que dispõe algo
incompatível com a constituição. Exemplo: lei que institui pena de morte em
tempo de paz.

Caracteriza-se sempre que a desconformidade constitucional estiver na


substância do ato normativo questionado, seja no objeto por ele disciplinado
(i.e., as situações que regula), seja no modo com que essa disciplina é
estabelecida (as consequências jurídicas que o ato conecta às situações que
prevê), aí incluídos os casos de desvio da finalidade prevista na constituição e

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de inobservância do princípio da proporcionalidade (ver item 8.2.4 do Capítulo VI
da Parte 1).

4.1.3 INCONSTITUCIONALIDADE POR AÇÃO

Defeito que se apresenta numa conduta positiva.


num fazer ou praticar algo (ato comissivo) que seja incompatível com a
supremacia constitucional. Exemplo: a aprovação de uma lei cujo processo
legislativonão foi corretamente observado.

4.1.4 INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO


Anomalia resultante da abstenção em cumprir certos deveres
constitucionais
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dirigidos à produção ou à atualização das medidas necessárias para tornar
plenamente efetiva determinada norma constitucional.
Uma omissão inconstitucional não caracteriza sem o decurso de algum
prazo. Inexistindo meios para conceder, de hora para outra, aplicabilidade
direta à constituição, percebe-se que ao conceito de inconstitucionalidade por
omissão se deve agregar algum juízo valorativo sobre o período
razoavelmente necessário para baixar os atos normativos necessários à
exeqüibilidade das normas constitucionais (STF. MI 361/RJ).
A omissão que interessa não é o evento naturalístico tipificado pelo
simples não fazer, mas a abstenção em implementar satisfatoriamente
determinadas providências necessárias para 'tornar aplicável norma
constitucional.
O mero "dever geral de emanação de leis não fundamenta uma omissão
inconstitucional" (CANOTILHO). Daí se dizer que a inconstitucionalidade
por omissão pressupõe o descumprimento de uma obrigação
constitucional concreta de ação (CANOTILHO).

Assim, lacunas constitucionais que se traduzam em "SILÊNCIOS


ELOQUENTES" ou em espaços temáticos que o constituinte não quis
ocupar NÃO darão ensejo a omissões inconstitucionais.

CARACTERIZAM OMISSÃO INCONSTITUCIONAL

1. Impedimento à aplicabilidade imediata de normas constitucionais


com lacuna técnica intencional do constituinte;

2. Não observância de imposição constitucional de agir;

3. Não observância da necessidade de atualização da norma


constitucional;

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SUBTIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO

(1) OMISSÃO TOTAL (DE SENTIDO FORMAL).

Completa abstenção em cumprir a constituição. Não se tomou


nenhuma providência para efetivar a norma constitucional.
Ex.: Direito de greve dos servidores públicos.

Inclui-se aqui a inertia deliberandi.

(2) OMISSÃO PARCIAL

Insuficiência das medidas tomadas para preencher a lacuna


constitucional. Obrigação cumprida incompletamente.
Ex.: lei que fixa o salário mínimo.

(3) INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO RELATIVA

Ofensa à isonomia na disciplina normativa. A lei deixou de abranger


determinada parcela da sociedade que deveria ter sido também
abrangida pela norma.
Ex.: aumento salarial para servidores homens, sem aumento para
mulheres em igual situação.

Existe diferença entre omissão PARCIAL e omissão RELATIVA???


Em geral, a doutrina não faz distinção.

Mas há diferenças:

na OMISSÃO PARCIAL
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a inconstitucionalidade está no cumprimento insuficiente do preceito
constitucional que impõe uma prévia obrigação de atuação normativa voltada
a tornar efetiva alguma norma constitucional desprovida de aplicabilidade
imediata.
Já na OMISSÃO RELATIVA,
a omissão está na inobservância do princípio constitucional da ISONOMIA
e das regras constitucionais que dele decorrem.

4.1.5 INCONSTITUCIONALIDADE ORIGINÁRIA

Anomalia constitucional que ATINGE O ATO DESDE O NASCIMENTO,


momento em que editada, conforme parâmetros de controle de
constitucionalidade vigentes à época.
Exemplo: uma lei de 1989 cuja edição descumpriu alguma norma já em vigor
da Constituição de 1988.

4.1.6 INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE

Inconstitucionalidade que SURGE EM MOMENTO POSTERIOR À EDIÇÃO


DO ATO, a partir de alteração superveniente dos padrões normativos que
lhe servem de parâmetro de controle de constitucionalidade.

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Exemplo: uma lei de 1985, promulgada sem conflitos com a Constituição então
vigente, que venha a apresentar antinomia diante de alguma norma
promulgada com a Constituição de 1988.

Teoricamente, a inconstitucionalidade superveniente pode manifestar-se em


razão de:
1. NOVA CONSTITUIÇÃO;
2. REFORMA CONSTITUCIONAL; e
3. MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL.

STF NÃO ACEITA INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE!

4.1.7 INCONSTITUCIONALIDADE TOTAL

Inconstitucionalidade que abrange a integralidade da norma (dispositivo


ou lei inteira). seja de um diploma normativo, seja de uma disposição
normativa.
Exemplo do primeiro caso: a inconstitucionalidade que atinge uma lei que não
fora aprovada pela maioria exigida. Exemplo do segundo caso: a
inconstitucionalidade integral de um artigo contido no corpo de uma lei.

4.1.8 INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL

Vício que atinge apenas parte


(a) do diploma normativo, como na hipótese de a declaração de
inconstitucionalidade recair somente sobre um artigo entre os vários que a lei
possua; ou
(b) de alguma das expressões linguísticas ou
(c) de algum dos sentidos normativos que esteja contidos numa mesma
disposição normativa.

No controle abstrato, a dedaração de inconstitucionalidade parcial pode ser


dividida em:

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(1) HORIZONTAL se a declaração gera invalidação de expressões
linguísticas contidas no dispositivo, com o aproveitamento das
normas restante do texto.
Exemplo: declaração de inconstitucionalidade por meio da qual se
suspende a eficácia de segmentos ou palavras do dispositivo
impugnado; ou

(2) VERTICAL (ou QUALITATIVA): caso em que a declaração, sem


afetar o texto do dispositivo, repercute sobre determinada(s)
interpretação(ões) [= norma(s)] que dele se extral(em).
Para exemplificar. Esse é o caso da declaração de inconstitucionalidade
sem redução de texto.

Tendo em vista a presunção de constitucionalidade das normas, se for


declarar a inconstitucionalidade, deve-se buscar preservar as normas não
contaminadas restantes do texto.

Entretanto, Como já explicou o STF:


descabe pretender que a Corte, "a partir da supressão seletiva de
fragmentos do discurso normativo inscrito no ato estatal impugnado,
proceda à virtual criação de outra regra legal substancialmente divorciada
do conteúdo material que lhe deu o próprio legislador" (ADlnMC 1.063/DF).
Trata-se da proibição da conversão do Judiciário em "legislador positivo".

EM REGRA: a declaração de inconstitucionalidade pode ser sobre parte do


texto (artigo, parágrafo, alínea, etc.).
Não se aplica a regra do veto (que deve abranger texto integral de artigo,
parágrafo, inciso, etc.)

EXCEÇÃO: nas hipóteses em que constatados vícios no processo de


formação do ato, se não for o caso de inconstitucionalidade total, a
declaração de inconstitucionalidade parcial deverá abranger o texto
integral do artigo, do parágrafo, do inciso ou da alínea contaminada.
Isso porque a instância de controle não pode substituir o trabalho de produção
normativa para, reflexamente, “repromulgar” partes do ato normativo.

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4.1.9 INCONSTITUCIONALIDADE
(1) CONSEQUENTE; (2) CONSEQUENCIAL; (3) DERIVADA;
(4) POR ARRASTAMENTO; (4) POR ATRAÇÃO

Anomalia que atinge um ato como consequência do reconhecimento da


inconstitucionalidade de outro ato com o qual ele mantém determinada
relação de dependência normativa.
Exemplo: a inconstitucionalidade que alcança a lei delegada em razão da
inobservância do quórum ao se aprovar a delegação legislativa ao Presidente
da República (art. 68 da Constituição).
Outro exemplo: na ADlnMC 4.048/DF, em virtude da falta de urgência da
medida provisória inicialmente atacada, o STF estendeu a declaração de
inconstitucionalidade à respectiva lei de conversão.

TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE POR ARRASTAMENTO (...)

(1) VERTENTE HIERÁRQUICA


inconstitucionalidade da norma superior contamina norma inferior.
Exemplo: regulamento afetado pela inconstitucionalidade da lei
regulamentada; e

(2) VERTENTE NÃO HIERÁRQUICA

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Inconstitucionalidade de uma norma atinge outra norma de mesmo
nível.
Subtipos:

(1) por dependência Intrínseca

hipótese em que a inconstitucionalidade da norma se reflete no


processo de elaboração da norma dependente

(v.g., a dependência da lei de conversão de medida provisória em


relação a esta; e da lei delegada em face da delegação normativa);
e

(2) por dependência extrínseca

quando o reconhecimento da inconstitucionalidade da norma


esvazia a validade de outra norma, total ou parcialmente,

(a) Dependência unilateral: seja porque esta perde seu


significado autônomo

(b) (interdependência) seja porquanto ambas as normas


faziam parte de sistemática normativa comum e que
restou atingida pela declaração de
inconstitucionalidade de uma delas.

4.1.10 INCONSTITUCIONALIDADE PROGRESSIVA

Inconstitucionalidade cuja caracterização já se iniciou,


mas não está ainda consumada.
Trata-se de nomenclatura utilizável também para as chamadas situações
constitucionais imperfeitas, que se caracterizam quando um ato é
considerado “ainda constitucional”, dada a necessidade de se mantê-lo
eficaz, total ou parcialmente, enquanto se aguarda determinado período ou o
implemento de alguma condição futura.
Nessas hipóteses, prenuncia-se a desconformidade constitucional do ato,
mas a declaração de inconstitucionalidade é adiada, para evitar maiores
prejuízos ao plano normativo traçado pelo constituinte.
O STF reconheceu inconstitucionalidade progressiva:
1) no art. 68 do CPP, que conferira legitimidade ao Ministério Público à
propositura da ação civil ex delicto. A despeito de claramente
incompatível com os artigos 227, 129, XI e 134 da Constituição, o
preceito foi considerado ainda constitucional, enquanto não instituídos
órgãos de defensoria pública que pudessem patrocinar a defesa da
vítima ou de seus sucessores (RE 135.328/SP e RE 147.776/SP); e

2) no § 5° do art. 2° da Lei 2.060/50, com redação da Lei 7.871/89, na


parte em que privilegiara órgãos da defensoria pública com prazo
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recursal dobrado em processos criminais. No HC 70.514/RS, a Corte
reputou que a discriminação inconstitucional decorrente desse preceito
não deveria ser reconhecida, até que a organização das defensorias
estaduais alcançasse o mesmo nível organização do Ministério Público
que atua no polo processual contrário.

4.1.11 INCONSTITUCIONALIDADE DIRETA E (1) INDIRETA (2) REFLEXA


(3) OBLÍQUA
inconstitucionalidade x ilegalidade
Nas hipóteses em que a própria constituição sujeita o poder regulamentar ao
princípio da legalidade, qualquer desconformidade que se verificar entre o
conteúdo da norma regulamentar (secundária) e o estabelecido na norma
regulamentada (primária) pode ser considerada uma
inconstitucionalidade.
Exemplo: a inconstitucionalidade de um regulamento que contraria os termos
da lei regulamentada.
Inconstitucionalidade indireta ou reflexa porque a verificação do vício
pressupõe o exame prévio da norma infraconstitucional regulamentada.
O STF adota conceito restrito de inconstitucionalidade
que se restringe às hipóteses de desconformidade direta e frontal à
constituição.
Se o poder regulamentar contrariar a Constituição Federal (arts. 5°, li; 49, V; 84,
IV; e 87, li), as controvérsias a respeito não se sujeitam a recurso
extraordinário nem podem ser examinadas por via de ações diretas de
inconstitucionalidade (por todos, v. ADlnMC 1.900/DF).
Para o STF, é considerada simples ilegalidade quando houver o conflito entre
ato normativo primário (lei) e o ato normativo secundário (regulamento), mesmo
que atinja a Constituição.
EXCEÇÃO: o STF trata como inconstitucionalidade DIRETA:

(1) DECRETOS AUTÔNOMOS: assumem características de autênticos


atos normativos primários, permitem estabelecer relações de
inconstitucionalidade direta, e não de simples ilegalidade;

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(2) DECRETOS DELEGADOS: pois mesmo que editados a pretexto de


executar a lei, acabam por indevidamente ocupar o posto de atos
normativos primários, e, por isso, geram inconstitucionalidades diretas.
Ex. Como já decidiu o STF, são inconstitucionais não somente a "lei que
autorize o Chefe do Poder Executivo a dispor, mediante decreto, sobre
criação de cargos públicos remunerados, bem como os decretos que lhe
dêem execução" (ADln 3232/TO).

4.2 INSTITUTOS RELACIONADOS À INCONSTITUCIONALIDADE

Há vários enfoques da inconstitucionalidade na jurisdição constitucional.

4.2.1 INCONSTITUCIONALIDADE COMO ANTINOMIA NORMATIVA


Embora até atos particulares possam ser inconstitucionais, a
inconstitucionalidade costuma estar relacionada apenas a atos normativos
do Poder Público.
Por isso, se diz que a inconstitucionalidade é ANTINOMIA NORMATIVA.
Essa antinomia se resolve pelo CRITÉRIO HIERÁRQUICO (superior derroga
inferior).

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4.2.2 INCONSTITUCIONALIDADE EM SENTIDO ESTRITO

O controle de constitucionalidade abstrato adota o CONCEITO RESTRITO de


inconstitucionalidade, de modo que apenas OFENSA DIRETA e NORMATIVA
à Constituição é que estão sujeitas à fiscalização abstrata.

4.2.3 CONTRARIEDADE CONSTITUCIONAL

A jurisdição constitucional pode reprimir


(a) as inconstitucionalidades (conceito restrito de inconstitucionalidade), por
meio da fiscalização abstrata;
(b) e as contrariedades constitucionais, por outros meios de controle.

Contrariedade constitucional.
Na CF constam duas expressões: em alguns casos inconstitucionalidade, em
outros, atos que possam contrariar dispositivos constitucionais.

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André Ramos Tavares chama isso de Contrariedade Constitucional, cuja
noção mais ampla de inconstitucionalidade, permite a solução por outros
meios (CRITÉRIO CRONOLÓGICO ou da ESPECIALIDADE).

Por esse conceito, permite-se o CONTROLE DE ATOS PRIVADOS.

A expressão “contrariedade constitucional” não pode ser ampliada para


abranger a inconstitucionalidade INDIRETA.

4.2.4 DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL

Outro conceito diverso daquele de inconstitucionalidade restrita é o


descumprimento de preceito fundamental.
Nesse caso, pode-se resolver pelos critérios HIERÁRQUICO (igual ao conceito
restrito), mas também CRONOLÓGICO e ESPECIALIDADE.

5. REGIME DE DEPRECIAÇÃO DA INCONSTITUCIONALIDADE

Para proteger a constituição, além da supremacia constitucional, da rigidez


constitucional, deve-se criar um regime de depreciação dos atos
inconstitucionais, para impedir seus efeitos.
São regimes de desvalorização do ato inconstitucional.

5.1 DISCIPLINA DA INVALIDAÇÃO DOS ATOS INCONSTITUCIONAIS

5.1.1 TESE DA NULIDADE (SISTEMA NORTE-AMERICANO)

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Pela tese da nulidade, o ato inconstitucional é ATO NULO.
Esse ato não tem nenhuma eficácia.
não se deve atribuir ao ato inconstitucional nenhuma consequência
válida, pois o grau de desvaloração do ato inválido atinge sua maior dimensão.
A decisão de inconstitucionalidade é meramente DECLARATÓRIA, pois serve
para "declarar" um vício preexistente.
Os efeitos da decisão são EX TUNC (RETROATIVOS), portanto capazes de
alcançar todas as conseqüências jurídicas decorrentes do ato.
Adotado pelo MODELO NORTE-AMERICANO desde o precedente Marbury
vs. Madison (1803).
Adotada em países como Alemanha, Espanha e Portugal bem como no Brasil
onde o regime da nulidade é considerado princípio constitucional
implícito (GILMAR MENDES).

5.1.2 TESE DA ANULABILIDADE (SISTEMA AUSTRÍACO/EUROPEU)

Pela tese da anulabilidade, o ato inconstitucional é ANULÁVEL.


A Corte Constitucional não declara uma nulidade já existente, apenas cassa o
ato inconstitucional daí para a frente a contar do dia da promulgação da
decisão.
Os efeitos da decisão são geralmente EX NUNC (PARA FRENTE).
Assim, não atingem os efeitos jurídicos anteriormente produzidos com base no
ato anulado.
Trata-se de sistema adotado na ÁUSTRIA.
O precursor da tese foi HANS KELSEN.

A tese da ANULABILIDADE tem adoção SUBSIDIÁRIA nos países que


adotam a nulidade.
Como no BRASIL (modulação temporal dos efeitos da decisão de
inconstitucionalidade).
O STF adota SUBSIDIARIAMENTE o critério da ANULABILIDADE.

5.1.3 TESE DA DECLARAÇÃO DE SIMPLES INCOMPATIBILIDADE


(INCONSTITUCIONALIDADE SEM PRONÚNCIA DE NULIDADE)

Por essa tese, o julgador reconhece a inconstitucionalidade, mas não


aplica o regime de sanções, mantendo-se os efeitos jurídicos do ato.
Criada pelo Tribunal Constitucional alemão, para resolver os casos onde
retirar a norma do ordenamento jurídico é mais danoso do que sua
manutenção.
Utilizava-se para os casos de inconstitucionalidade por omissão parcial,
regulação deficiente é melhor do que regulação nenhuma. Se a norma fosse
retirada do ordenamento jurídico, o efeito seria danoso, porque agora lei
nenhuma estaria regulando a situação.

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Omissão relativa, onde um grupo de beneficiados já regulados seria
prejudicado. Se a lei já abrangeu um grupo, o certo é ela estender ao outro, e
não a Corte retirar o direito de quem já conseguiu.
Por isso, nesses casos, a Suprema Corte da Alemanha usava a técnica da
simples incompatibilidade (declaração de inconstitucionalidade, sem pronúncia
de nulidade).
Nessa tese, a declaração de inconstitucionalidade pode vir sem pronúncia de:
(1) NULIDADE;
(2) ANULABILIDADE;

NO BRASIL.
A tese está adotada no art. 27 da Lei 9868/99 e no art. 11 Lei 9882/99.
STF já adotou:
(1) Inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade de dispositivos da LC
62/89 para evitar vácuo legislativo na distribuição de recursos do
Fundo de Participação dos Estados (FPE) e fixou um prazo para o
legislativo reapreciar o tema.

Nesses primeiros precedentes, embora o STF tenha dito


expressamente ter sido utilizada a técnica da declaração de
inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade, o que houve
foram autênticas DECLARAÇÕES DE ANULABILIDADE
PRO FUTURO, pois o STF prefixou o prazo máximo de
validade do ato impugnado, findo o qual os preceitos atacados
haveriam de ser considerados automaticamente ineficazes.

(2) Em controle concreto, nos casos de inconstitucionalidade


progressiva, embora o STF não tenha declarado a
inconstitucionalidade, o autor entende que foi aplicada a técnica da
simples incompatibilidade.

5.1.4 TESE DO APELO AO LEGISLADOR (DECISÕES APELATIVAS)

Criação do Tribunal Constitucional Alemão.


A técnica do apelo ao legislador é utilizada quando, o julgador reconhece que
a lei está numa situação constitucional imperfeita, é ainda constitucional,
mas está em rota de colisão para a inconstitucionalidade, por isso, faz um
apelo ao legislador para que revise ou atualize aquela situação.
A técnica era utilizada para os casos em que a lei se tornou obsoleta (razões
econômicas, sociais, culturais, etc).
Nesses casos, o Judiciário não é o responsável por revisar ou atualizar a
norma, pois isso é responsabilidade do Legislativo. Por isso, apela ao
legislador para que revise ou atualize essa norma.
Não há sanção para o caso de o legislativo descumprir.

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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

6. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

6.1 CONCEITO
Atividade/instrumento para garantia da supremacia da constituição,
por meio da verificação e posterior reparação ou depreciação do ato
inconstitucional.

6.2 PARÂMETRO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Norma dotada de supremacia constitucional que serve de paradigma para
o controle de constitucionalidade.
“Norma constitucional dotada de parametricidade” (Celso de Mello, STF).

6.2.1 ASPECTO MATERIAL: BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE

É expressão com origem no direito francês, cunhada pelo autor francês


Louis Favoreu, sendo utilizada para se referir às normas com status constitucional.
NA FRANÇA, fazem parte do bloco de constitucionalidade:
- a CF de 1958 (escrita e formal como a nossa),
- a Declaração Universal de Direitos do Homem e do Cidadão (D.U.D.H.C.),
- o preâmbulo da CF/1946,
- os princípios extraídos da jurisprudência (Conselho Constitucional – ex:
princípio da continuidade do serviço público) e
- outras normas de status constitucionais (que não estão no texto
constitucional).

NO BRASIL, a expressão “bloco de constitucionalidade” não tem


muita razão de ser

- porém é muito utilizada pelo Min. Celso de Mello (conferir na íntegra ADI
595/ES e ADI 514/PI no material de apoio). Contudo, NÃO EXISTE UM CONSENSO
SOBRE O SENTIDO DA EXPRESSÃO:

BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE
o termo “bloco de constitucionalidade” é usado
no MESMO SENTIDO DE PARÂMETRO
(Min. Celso de Melo).

SENTIDO ESTRITO
- CF/88 (exceto o Preâmbulo)

- Princípios Implícitos

- TIDH (3/5 + 2 turnos → EC)

o termo “bloco de constitucionalidade” abrange:

- NORMAS PARÂMETRO para o controle

(CF, Princípios, TIDH)

+
SENTIDO AMPLO
mas também as

- NORMAS COM CONTEÚDO


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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
CONSTITUCIONAL FORA DA CF

(APENAS conteúdo – ou seja, elas têm o


conteúdo, mas não têm a forma) e, inclusive, as
normas com vocação para conferir eficácia às
normas constitucionais.

Ex: Pacto de São da Costa Rica.

É a aplicação da Constituição Material ao


controle de constitucionalidade.

Há uma ampliação do parâmetro.

BRASIL ADOTA:

- BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE EM SENTIDO ESTRITO,

1 - CF/88 (exceto o Preâmbulo)

2 - EMENDAS CONSTITUCIONAIS

3 - TIDH (3/5 + 2 TURNOS → EC)

4 - PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS (EXPLÍCITOS E IMPLÍCITOS)

- Princípios da Ordem Constitucional Global*

Essa última perspectiva, contudo, que abarcaria os valores


suprapositivos, não vem sendo aceita como parâmetro
de constitucionalidade para o direito brasileiro.

Mesmo as normas constitucionais de aplicabilidade mediata


podem ser utilizadas como parâmetro de controle, já que
possuem eficácia mínima que bloqueia a validade da
legislação infraconstitucional incompatível (ADlnMC
2.381/RS).

Na França, preâmbulo compõe o bloco de constitucionalidade.

No Brasil, o preâmbulo não compõe o bloco.

O preâmbulo não tem força normativa (STF).

Para alguns, os valores suprapositivos compõem o bloco (tese das normas


constitucionais inconstitucionais de OTTO BACHOFF.
Entende o STF que a Constituição Federal não dá poderes a nenhum órgão
para "exercer o papel de fiscal do Poder Constituinte originário, a fim de

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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
verificar se este teria ou não violado os princípios de direito suprapositivos"
(ADln 815/RS).
Atualmente, SOMENTE 2 (DOIS) TRATADOS internacionais são equivalentes
a Emenda Constitucional.
1. CONVENÇÃO DE NOVA YORK SOBRE PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA;
2. TRATADO DE MARRAQUECHE SOBRE FACILITAÇÃO DE OBRAS
ÀS PESSOAS CEGAS

TRATADOS INTERNACIONAIS EQUIVALENTES A EMENDA CONSTITUCIONAL


CONVENÇÃO DE NOVA YORK
(e seu protocolo facultativo) TRATADO DE MARRAQUECHE

Tratado firmado com o objetivo de FACILITAR


Convenção Internacional sobre os DIREITOS O ACESSO A OBRAS PUBLICADAS ÀS
DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA e seu PESSOAS CEGAS, com deficiência visual ou
Protocolo Facultativo. com outras dificuldades para ter acesso ao texto
impresso.
Assinados em Nova York, em 30 de março de Assinado em Marraquexe, em 27 de junho de
2007. 2013.
Aprovado pelo Congresso Nacional por meio do Aprovado pelo Congresso Nacional por meio do
Decreto legislativo nº 186/2008 Decreto Legislativo nº 261/2015.

Promulgado pelo Presidente da República por Promulgado pelo Presidente da República por
meio do Decreto nº 6.949/2009. meio do Decreto nº 9.522/2018.

Desse modo,
esses 2 (DOIS) TRATADOS
COMPÕEM O BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE,
ou seja, são considerados normas constitucionais e eventual lei ou ato normativo que
estiver em confronto com eles deverá ser julgada inconstitucional.

6.2.2 ASPECTO TEMPORAL DO PARÂMETRO

6.2.2.1 Parâmetro temporal AMPLO

O parâmetro temporal amplo abrange:

(1) NORMAS REVOGADAS;


(2) NORMAS TRANSITÓRIAS;

Esse parâmetro temporal amplo somente pode ser inteiramente utilizado no


CONTROLE CONCRETO de constitucionalidade.

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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

6.2.2.2 Parâmetro temporal RESTRITO

O parâmetro temporal restrito se restringe a somente:

(1) ORDEM CONSTITUCIONAL VIGENTE.

É a amplitude utilizada no CONTROLE ABSTRATO de constitucionalidade.

O controle de constitucionalidade existe para proteger a Constituição vigente.

Por isso, estão excluídas as normas:

(1) revogadas; (2) modificadas substancialmente*

*Quanto às normas modificadas substancialmente, o ENTENDIMENTO STF:

Na ADln 2.158/PR, o Plenário da Corte passou a entender que,


embora substancialmente alterado por emenda constitucional
o parâmetro utilizado para sustentar a inconstitucionalidade
em tese de um ato normativo - de modo que este não seria mais
considerado inconstitucional sob a ótica da ordem constitucional
vigente -,o julgamento da ação direta deve prosseguir, pois
"mais relevante do que a atualidade do parâmetro de controle
é a constatação de que a inconstitucionalidade persiste e é
atual, ainda que se refira a dispositivos da Constituição Federal
que não se encontram mais em vigor."

Portanto, pelo entendimento do STF, estão excluídas apenas normas:

(1) revogadas;

7. ESPÉCIES DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

7.1 EM RELAÇÃO AO ÓRGÃO

7.1.1 CONTROLE POLÍTICO (NÃO JURISDICIONAL)

Regra no controle PREVENTIVO.

(1) VISÃO EXTENSIVA.


Controle realizado por órgãos públicos sem natureza jurisdicional.
(MAURO CAPELLETTI e JOSÉ AFONSO DA SILVA);
Pode recair sobre órgãos especiais: Conselho Constitucional, na
França.
Ou órgãos dos demais poderes: Legislativo e executivo.
Essa é a TESE ADOTADA NO BRASIL (EXTENSIVA).
Abrange:
(1) Fiscalização preventiva de constitucionalidade –
Congresso Nacional durante o processo legislativo;

(2) Veto presidencial por questões constitucionais (veto


jurídico);

(3) Sustação parlamentar dos atos normativos do Executivo,


por exorbitar os limites da delegação legislativa.

(2) VISÃO RESTRITIVA.


Controle realizado por órgão político superior e que não faz parte dos
três poderes.
(ALEXANDRE DE MORAES e PEDRO LENZA)
Ex.: Tribunais constitucionais da Europa Continental.

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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

7.1.2 CONTROLE JURISDICIONAL (JUDICIAL)

Exercido exclusivamente por órgãos com poderes jurisdicionais.

É a regra adotada no controle REPRESSIVO.

7.1.3 CONTROLE MISTO (POLÍTICO E JUDICIAL)

Sistema no qual certos atos são controlados exclusivamente por órgãos


político e outros atos por órgão jurisdicional.

Ex. Sistema de controle na Suíça.

7.2 EM RELAÇÃO AO MOMENTO DA REALIZAÇÃO DO CONTROLE

7.2.1 CONTROLE PREVENTIVO

É o controle antes da promulgação da norma.

NO BRASIL, o controle preventivo é exercido pelo:

(1) LEGISLATIVO. CCJ e Plenário do Congresso e das Casas;


BARROSO acrescenta: rejeição parlamentar do veto jurídico.
Isso porque o juízo de constitucionalidade do
Legislativo prevalece sobre o do Executivo.

(2) EXECUTIVO. Veto jurídico do Presidente da República.

(3) JUDICIÁRIO. MS parlamentar para defender o devido processo


legislativo constitucional.

Instrumento: Mandado de Segurança

Legitimidade: Parlamentar (exclusivamente, segundo entendimento STF)


[JOSÉ CARLOS FRANCISCO admite Partido Político
impetrar MS coletivo para essa finalidade]

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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Julgador: STF (leis federais e PEC)

Objeto: Inconstitucionalidade material - PEC sobre cláusula pétrea


Inconstitucionalidade formal - Projeto de lei
*não cabe alegação baseada no
conteúdo do Projeto de lei.

Não cabimento: alegação de descumprimento de regimento interno


Nesse caso, trata-se de matéria “interna corporis” do
Legislativo.

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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

7.2.2 CONTROLE REPRESSIVO

É o controle DEPOIS da promulgação da norma.

REGRA: competência exclusiva do PODER JUDICIÁRIO.


Fundamento é a presunção de constitucionalidade das normas.
Uma vez promulgado, presume-se sua constitucionalidade e só o PJ
pode afastá-la.

EXCEÇÃO:

(1) LEGISLATIVO.
1. Sustação parlamentar de ato do Poder Executivo que exorbitou a
delegação legislativa.
2. Rejeição parlamentar de medida provisória do Executivo.
3. Controle legislativo de pressupostos constitucionais da intervenção
federal ou do estado de defesa, e sustação do estado de sítio.

(2) TRIBUNAL DE CONTAS.


Controle de constitucionalidade concreto. Súmula 347 do STF:
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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar
a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público.

Obs.: Min. Alexandre de Moraes diz que essa súmula está


superada, porque o art. 71 da CF não prevê essa competência.

Em resumo:

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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

8. CONTROLE JUDICIAL DE CONSTITUCIONALIDADE

8.1 ESPÉCIES
8.1.1 QUANTO À DIFUSÃO DA COMPETÊNCIA CONTROLADORA

(1) CONCENTRADO (CENTRALIZADO).


Quando somente por órgão ou tribunal específico taxativamente
identificado pelo ordenamento jurídico se exercerá controle de
constitucionalidade.

(2) DIFUSO (DESCENTRALIZADO).

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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
quando todo e qualquer juiz ou tribunal pode realizar o controle de
constitucionalidade no exercício da jurisdição constitucional.

(3) MISTO.
Acumula as duas situações: controle difuso e concentrado.

8.1.2 QUANTO AO PLANO DE INCIDÊNCIA

(1) ABSTRATO.
Controle exercido sob o prisma da defesa da supremacia
constitucional no âmbito do sistema jurídico positivo,
Incide sobre a norma em tese.
O órgão julgador desempenha papel de legislador negativo
(KELSEN), pois expulsa do sistema jurídico o ato inconstitucional, da
mesma maneira genérica e abstrata com que este fora concebido,
numa decisão dotada de efeitos gerais (ergo omnes).

(2) CONCRETO.
A questão constitucional está vinculada a um caso concreto.
Não examina a questão constitucional hipoteticamente, mas sim
diante das repercussões que ela gera com referência aos fatos
singulares da causa. Por isso, a declaração de inconstitucionalidade
somente afasta a aplicação do ato no caso concreto.

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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

8.1.3 QUANTO À FINALIDADE DO CONTROLE

(1) OBJETIVA.
Finalidade é defender a supremacia constitucional na ordem jurídica.
Ex.: controle abstrato das ações diretas.

(2) SUBJETIVA.
Finalidade é resolver casos concretos.
Ex.: controle concreto.

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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

8.1.4 QUANTO À VIA DE CONTROLE

(1) VIA PRINCIPAL (DE AÇÃO)


Declaração de inconstitucionalidade é o pedido principal da ação.
Ex.: na ADI a declaração de inconstitucionalidade é o pedido da ação.

(2) VIA INCIDENTAL (DE DEFESA / DE EXCEÇÃO)


Declaração de inconstitucionalidade é a causa de pedir.
Trata-se de um fundamento a ser apreciado pelo juiz na sentença para
depois julgar o pedido principal.
Ex.: Ação tributária. Juiz declara a inconstitucionalidade da lei (causa de
pedir) para julgar procedente a restituição (pedido)

8.2 ORIGEM DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

No direito ateniense, o “nomos” – direito formal – prevalecia sobre o


“pséfisma” – espécie de decreto.

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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
A ligação entre Idéias de constitucionalismo, constituições rígidas,
supremacia constitucional e controle judicial de constitucionalidade
somente surgiu com ALEXADER HAMILTON (no texto “O FEDERALISTA”,
1788).

Premissas lógicas de Hamilton:


(1) A Constituição materializa a vontade do povo (Constituição).
(2) A vontade do povo prevalece sobre a vontade do legislativo (leis).
(3) A Constituição prevalece sobre as leis.
(4) A função dos juízes é interpretar as leis.
(5) No conflito de normas, o juiz deve prevalecer a constituição.

8.2.1 CONTROLE JUDICIAL DIFUSO/CONCRETO (SISTEMA NORTE


AMERICANO)

Com os trabalhos de HAMILTON, os EUA passaram a aceitar a legitimidade


dos juízes para declarar a inconstitucionalidade das leis. Era controle difuso,
porque inerente a todo juiz na atividade judicial.

A consagração do controle difuso de constitucionalidade ocorreu no caso


julgado pelo:
CHIEF JUSTICE JOHN MARSHALL,
no caso MARBURY X MADISON (1803).

8.2.2 CONTROLE JUDICIAL CONCENTRADO/ABSTRATO (SISTEMA


AUSTRÍACO / EUROPEU)

Os europeus tiveram muita resistência a que os juízes em geral fizessem


controle dos atos do parlamento. Não confiavam em juízes comuns para julgar
controvérsias de índole política, como as constitucionais.
A lei é que legitima a atuação estatal (princípio da soberania do parlamento).

Em 1920, HANS KELSEN elaborou a CONSTITUIÇÃO DA ÁUSTRIA e


concentrou o controle de constitucionalidade em um único órgão:
o TRIBUNAL CONSTITUCIONAL, independente e dissociado dos demais
poderes exclusivamente para julgar questões constitucionais.

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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

8.3 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO COMPARADO.

8.3.1 MODELO INGLÊS (REINO UNIDO)

- A Inglaterra sempre resistiu ao controle dos juízes. Sempre adotou a


SOBERANIA DO PARLAMENTO.
- Essa situação mudou um pouco. Em 1998, a Inglaterra aderiu à Convenção
Europeia de DH. Assim, a Corte Europeia de DH passou a ter competência
para declarar a “incompatibilidade” de leis internas em face do Tratado. Em
2005 a Suprema Corte da Inglaterra também ganhou essa competência. Trata-
se de um controle de convencionalidade, mas a doutrina já considera uma
espécie de controle de constitucionalidade.
- Essas decisões de incompatibilidade não tem efeito vinculante. É só pressão
política. Assim, permanece a soberania do parlamento.

8.3.2 MODELO FRANCÊS

- O povo francês tem certa desconfiança dos seus juízes. Isso decorre da
chaga histórica pré-revolução francesa de 1789, quando os juízes praticavam
diversos e visíveis abusos.
- Por isso, na França os juízes não realizam controle de constitucionalidade.
- o Controle de Constitucionalidade é realizado por apenas um órgão político:
CONSELHO CONSTITUCIONAL.
- Esse órgão tinha basicamente competência preventiva, isto é, sobrestando a
votação de projetos de leis constitucionais, condicionando à prévia reforma
constitucional. Depois de promulgada a Lei, falecia a competência do órgão.

A partir de julho de 2008, o Conselho Constitucional ganhou atribuições:


(1) Pode realizar controle repressivo de constitucionalidade. Desde que
provocado pelo CONSELHO DE ESTADO ou CORTE DE CASSAÇÃO,
através da EXCEÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE.

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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
8.3.3 MODELO NORTE-AMERICANO (JUDICIAL REVIEW)

- Os Estados Unidos, berço do controle difuso/concreto (judicial review),


não adotaram o controle concentrado/abstrato.
- Todavia, graças ao common law, garante a repercussão geral das decisões
do controle de constitucionalidade com base no princípio do “STARE
DECISIS”,
STARE DECISIS. Significa que os juízes das instâncias inferiores
estão vinculados aos pronunciamentos dos tribunais
hierarquicamente superiores.
Sobretudo a partir do procedente da Suprema Corte no caso William
Marbury vs. James Madison (1803).
Admite-se que todo juiz possa proceder ao exame da constitucionalidade
das leis.

8.3.4 MODELO AUSTRÍACO

- Esse modelo se baseia essencialmente nas idéias de HANS KELSEN, desde


1920.
- Criou-se um Tribunal Constitucional, órgão independente dos outros
poderes exclusivamente para julgas as questões constitucionais.
- A partir de 1929, foi acrescida uma espécie de controle concreto: os tribunais
de segundo grau podem conhecer a questão constitucional, mas manda ao
julgamento pelo Tribunal Constitucional.
- Esse é o modelo, com modificações, é adotado pela maioria da Europa
Continental (Alemanha, Itália, Espanha, Belgica e, partir da reforma de 2008,
na França)

8.3.5 MODELO SUÍÇO

- Suíça (Confederação Helvética) tem um modelo misto:


(1) controle POLÍTICO: para as leis federais;

(2) controle JUDICIAL: para as leis estaduais.

8.3.6 MODELO PORTUGUÊS

- Esse modelo parece o modelo brasileiro:

- Influenciou a CF88.

(1) possibilidade de controle das omissões;


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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
(2) controle judicial concentrado (realizado pelo Tribunal Constitucional) e
também controle difuso.

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