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O CANTO DE MIGRAÇÃO
DE PATATIVA DO ASSARÉ
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discutir, conversar
título
O Canto de Migração de Patativa do Assaré
apresentação
Esta sequência trabalha o conceito de migração pelas produções do poeta nor-
destino Patativa do Assaré. Esse fenômeno foi intenso no território brasileiro de
1940 a 1980. Nesse período, por conta da seca e das estruturas econômicas mi-
seráveis, muitos nordestinos vieram para os centros urbanos em busca de vida
mais digna. As terras do Sul foram, nesse tempo, a grande utopia. Nas metrópoles,
muitos conseguiram a prosperidade; outros, engolidos pela urbe, retornaram em
situação pior do que a inicial. Em quase todos os casos, a marca de deixar a terra
natal, com sua gente e seus costumes, nunca se apaga.
objetivos
••Ampliar o conhecimento sobre a obra do artista Patativa do Assaré;
••Estudar alguns fatores dos movimentos migratórios do Nordeste
para o Sudeste entre 1940 e 1980;
••Conhecer as contribuições da canção nordestina para a identidade
cultural brasileira.
áreas do conhecimento
História, língua portuguesa, geografia e música.
segmento duração
Ensino Fundamental II. 2 aulas.
recursos necessários
••Um aparelho de som que reproduza CD ou um notebook/tablet com acesso
à internet;
••As canções: “Asa Branca” (1947), de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira,
e “A Triste Partida” (1954), de Patativa do Assaré;
••Uma cópia para cada aluno do verbete sobre Patativa do Assaré;
••Uma ficha (anexo 1) para cada aluno com a letra e o roteiro de “Asa Branca”;
••Uma ficha (anexo 2) para cada aluno com o quadro sobre os principais aspectos
do estilo poético de Patativa do Assaré;
••Uma ficha (anexo 3) para cada aluno com a letra e o roteiro de “A Triste Partida”.
desenvolvimento
I
nicialmente, apresente o tema da migração e peça aos alunos que expo-
nham o que sabem sobre o assunto. Para ajudar na discussão, indague
sobre o porquê de as pessoas migrarem, se a turma conhece músicas ou
poemas que tratam de deslocamentos e se há histórias familiares de migração.
1º MOMENTO
Vale destacar a chamada “licença poética” utilizada pelos autores. Eles se valem
da forma coloquial de falar do nordestino. Se considerarmos a norma culta
da língua portuguesa, pode-se dizer que os autores cometeram “incorreções”
ortográficas. Essas palavras podem ser grifadas na letra da canção. Ressalte
como a canção pareceria irreal se cantada “corrigindo” os termos grifados.
8 ESPAÇO DO PROFESSOR
Asa Branca
ROTEIRO
25 Quando o verde dos teus óio 27 Eu te asseguro não chore não, viu
26 Se espalhar na prantação 28 Que eu vortarei, viu, meu coração
10 ESPAÇO DO PROFESSOR
3º MOMENTO
Pesquisa histórica
Peça aos alunos que pesquisem sobre as migrações de 1940 e 1950 no Brasil.
Lance perguntas, tais como: de onde saiam? Para onde iam? Havia uma política
do governo que incentivava a migração? Por quê? Que transporte utilizavam
nessas migrações? As pessoas voltavam à terra natal?
4º MOMENTO
(...) Sua obra é marcada pela agilidade do improviso e pelo inesgotável repertó-
rio de situações – o que aprende com o modelo de mote e glosa dos cantadores,
isto é, o estilo de versificar nos desafios feitos entre violeiros. Não costuma
retrabalhar o verso: a transcrição serve-lhe apenas como um exercício de me-
mória, e continua dentro dos códigos da transmissão oral. Da mesma forma, o
poeta estuda tão somente para satisfazer a curiosidade, sem se ater a categorias
gramaticais. Em relação à forma, seu único estudo se dá pelo contato com o
Manual de Versificação, de Olavo Bilac e Guimarães Passos. Interessa-se por
poetas românticos brasileiros, elegendo Castro Alves como seu preferido, em
função do compromisso social. Aprecia também os escritores Artur Azevedo,
Casimiro de Abreu, Luís de Camões, Machado de Assis, e o poeta cearense
Rogaciano Leite. Aprende com Os Lusíadas a oitava camoniana, tipo de estrofe
que emprega em seu poema “O Inferno, o Purgatório e o Paraíso”.
12 ESPAÇO DO PROFESSOR
O melhor de nossa vida
É paz, amor e união
E em cada semelhante
A gente ver um irmão
[...]
Quem faz um grande favor
Mesmo desinteressado
[...]
Um dia sem esperar
Será bem recompensado.
• Agilidade do improviso;
• Inesgotável repertório de situações;
• Influenciado pelos repentes dos cantadores e desafios de violeiros;
• Versos feitos na linha da oralidade, sem retrabalho;
• Não obedece à norma culta da língua portuguesa;
• Poemas com forte teor de compromisso social;
• Uso de corruptelas da língua popular para aproveitar a sonoridade das palavras;
• Poemas de tradição popular que representam a experiência do homem do campo;
• Uso de personagens do imaginário popular: caboclo, roceiro, caçador, mendi-
go, cangaceiro;
• Defesa do conceito cristão de igualdade em seus poemas;
• Poemas com forte conteúdo social (por melhores condições de trabalho, pelo
fim das desigualdades sociais e pela reforma agrária).
14 ESPAÇO DO PROFESSOR
5º MOMENTO
ANEXO 3
A Triste Partida
16 ESPAÇO DO PROFESSOR
115 Quem dá de comer? 153 Três ano e mais ano
116 (Meu Deus, meu Deus) 154 E sempre nos prano
117 Já outro pergunta 155 De um dia vortar
118 Mãezinha, e meu gato? 156 (Meu Deus, meu Deus)
119 Com fome, sem trato 157 Mas nunca ele pode
120 Mimi vai morrer 158 Só vive devendo
121 Ai, ai, ai, ai 159 E assim vai sofrendo
160 É sofrer sem parar
122 E a linda pequena 161 Ai, ai, ai, ai
123 Tremendo de medo
124 “Mamãe, meus brinquedo 162 Se arguma notíça
125 Meu pé de fulô?” 163 Das banda do Norte
126 (Meu Deus, meu Deus) 164 Tem ele por sorte
127 Meu pé de roseira 165 O gosto de ouvir
128 Coitado, ele seca 166 (Meu Deus, meu Deus)
129 E minha boneca 167 Lhe bate no peito
130 Também lá ficou 168 Saudade de móio
131 Ai, ai, ai, ai 169 E as água nos óio
170 Começa a cair
132 E assim vão deixando 171 Ai, ai, ai, ai
133 Com choro e gemido
134 Do berço querido 172 Do mundo afastado
135 Céu lindo azul 173 Ali vive preso
136 (Meu Deus, meu Deus) 174 Sofrendo desprezo
137 O pai, pesaroso 175 Devendo ao patrão
138 Nos fio pensando 176 (Meu Deus, meu Deus)
139 E o carro rodando 177 O tempo rolando
140 Na estrada do Sul 178 Vai dia e vem dia
141 Ai, ai, ai, ai 179 E aquela famia
180 Não vorta mais não
142 Chegaram em São Paulo 181 Ai, ai, ai, ai
143 Sem cobre quebrado
144 E o pobre acanhado 182 Distante da terra
145 Percura um patrão 183 Tão seca mas boa
146 (Meu Deus, meu Deus) 184 Exposto à garoa
147 Só vê cara estranha 185 A lama e o pau
148 De estranha gente 186 (Meu Deus, meu Deus)
149 Tudo é diferente 187 Faz pena o nortista
150 Do caro torrão 188 Tão forte, tão bravo
151 Ai, ai, ai, ai 189 Viver como escravo
190 No Norte e no Sul
152 Trabaia dois ano, 191 Ai, ai, ai, ai
18 ESPAÇO DO PROFESSOR
reflexão final
A
obra de Patativa do Assaré ajuda-nos a conhecer a história e a cultura
brasileiras. Seus versos revelam o linguajar coloquial do Nordeste e o
drama vivido por aqueles que abandonaram a terra natal em busca
de uma vida mais digna. Com base nos movimentos migratórios do Norte para
o Sul do país, a partir de 1940, o artista traz o testemunho da voz popular e a
exclusão a que esteve submetida. Converse com a classe sobre essa exclusão:
de que tipo ela pode ser (social, econômica, linguística)? Eles conseguem
perceber a arte como veículo de crítica social? Qual a situação das pessoas
que migram de uma região a outra do país? São acolhidas na terra de destino?
20 ESPAÇO DO PROFESSOR
LUIZ GONZAGA. Coleção Folha: raízes da música popular brasileira. São Paulo:
Folha, 2010. 1 livro-CD.
OLAVO Bilac. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São
Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.
br/pessoa2780/olavo-bilac>. Acesso em: jan. 2018. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7.
Asa Branca
• Canção:
• Autor:
• Artista:
• Poeta:
• Nome de batismo:
• Local de nascimento:
• Formação:
• Estilo:
A Triste Partida
• Canção:
• Autor:
• Artista:
Gerência
Tânia Rodrigues
Coordenação
Glaucy Tudda
Equipe
Camila Nader
Elaine Lino
Lucas Rosalin (estagiário)
núcleo comunicação
Gerência
Ana de Fátima Souza
Coordenação
Carlos Costa
Direção de Arte
Arthur Costa
Luciana Orvat (terceirizada)
Pamela Rocha Camargo
Projeto Gráfico
Serifaria
Produção Editorial
Victória Pimentel