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I – “Direitos Humanos só serve para defender bandido!” Quem nunca ouviu essa frase
em alto e bom som, dita em reuniões de família, rodas de amigos e mesmo por alguns
“formadores” de opinião? Mesmo que aquele que normalmente reproduz essa frase
nunca tenha conhecido um militante do Movimento de Direitos Humanos e sequer
conheça detalhes do que são Direitos Humanos efetivamente, o mantra que relaciona a
de bandidos aos Direitos Humanos sempre é proferido com uma convicção inabalável.
Inicialmente, esclareço que não pretendo acabar com as convicções pessoais dos
espíritos mais exaltados. Reconheço que essa é uma tarefa quase impossível, visto que
apresentar informações e argumentos para quem se move exclusivamente pela revolta é
sempre uma guerra perdida. Minha ideia é apresentar argumentos e propor uma reflexão
sobre o que são, efetivamente, os Direitos Humanos, mesmo sabendo que nem todos
estão interessados em fazer esse movimento.
VI – Quem define aqueles que devem ser torturado? É socialmente saudável que
alguém seja investido do poder de decidir quem deve ser submetido à tortura e quem
não deve? Dispor da integridade física de outras pessoas é algo moralmente aceitável?
A tortura não transforma em criminoso quem a comete, visto que esse é um ato
sabidamente ilegal? Essas são questões que mereceriam ser esmiuçadas, mas que
ofereço apenas o seguinte argumento, produto das reflexões que tenho realizado sobre a
realidade brasileira: somos uma sociedade violenta, que legitima a violência como
forma de resolução de conflitos e que, por isso, imagina que violência se combate com
mais violência. Os alarmantes índices de criminalidade que nos assolam são apenas a
expressão última de uma sociedade que desrespeita sistematicamente os Direitos
Humanos e que lhes confere pouco valor. Isso não significa que criminosos não devam
ser punidos, longe disso. É fundamental que sejam punidos, mas sempre dentro dos
limites da lei. Qualquer coisa diferente disso nos levará à selvageria institucionalizada,
que é muito mais grave do que um ato de brutalidade cometida por um criminoso.
VII – É verdade que ainda estamos longe de efetivamente garantir que os princípios da
Declaração Universal dos Diretos Humanos sejam afiançados para todas as pessoas que
habitam o planeta e esse talvez seja o principal desafio do nosso tempo. O primeiro
passo, certamente, é reconhecer que os Direitos Humanos são importantes, e que sem
eles, só nos resta a barbárie. Não tenho dúvida de que somente a partir do respeito aos
Direitos Humanos conseguiremos construir uma cultura de paz, que é a base da
sociedade justa e fraterna que (quase) todos nós almejamos.