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SUMÁRIO
PREFÁCIO............................................................................................................................7
1. Noções preliminares...................................................................................................8
2. Disposições iniciais....................................................................................................10
3.17. Contrarrazões..............................................................................................22
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO, VOTO E EMENTA – APELAÇÃO CRIMINAL
Mara Saad 2
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO, VOTO E EMENTA – APELAÇÃO CRIMINAL
3.18. Revisão........................................................................................................23
4.2. Citação...............................................................................................................25
4.6. Memoriais..........................................................................................................29
4.9. Sentença...........................................................................................................31
4.11. Recurso.......................................................................................................34
1. Conceito: .................................................................................................................41
2. Previsão legal............................................................................................................41
3. Oposição ou interposição.........................................................................................41
4. Partes.......................................................................................................................41
5. Iniciativa...................................................................................................................42
6. Conceitos.................................................................................................................42
7. Juízo de admissibilidade............................................................................................42
7.1. Tempestividade.............................................................................................42
7.2. Cabimento/adequação..................................................................................43
7.3. Legitimidade..................................................................................................43
8. Efeito interruptivo.................................................................................................44
9. Caráter protelatório..................................................................................................45
11. Prequestionamento................................................................................................46
12. Preparo...................................................................................................................47
13. Revisão...................................................................................................................47
14. Dispositivo...............................................................................................................47
15. Procedimento.........................................................................................................47
III – O RELATÓRIO...............................................................................................................49
5. Considerações finais........................................................................................60
IV – O VOTO........................................................................................................................62
1. Notas introdutórias...........................................................................................62
2.1.1. A sentença......................................................................................63
2.1.2. O recurso........................................................................................64
4. Tipos de julgamento............................................................................................72
5.4. As prejudiciais..............................................................................................74
5.5. O mérito......................................................................................................75
7. A estrutura do voto.............................................................................................79
8. Dosimetria da pena............................................................................................80
9. Elementos do voto..............................................................................................85
9.1. A fundamentação.........................................................................................85
9.2. O dispositivo.................................................................................................87
V – O VOTO DE REVISOR.......................................................................................................91
3. Disposições finais.................................................................................................94
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VI – O DISPOSITIVO...............................................................................................................95
2. Modelos de dispositivos.....................................................................................97
3. Fluxogramas......................................................................................................102
4. Embargos de declaração...................................................................................106
5. Dicas úteis.........................................................................................................106
VII – A EMENTA....................................................................................................................108
2. Partes................................................................................................................108
3. Formatação......................................................................................................114
4. Metodologia.....................................................................................................114
5. Ementas – reelaboração...................................................................................119
6. Ementas – análise............................................................................................120
IX – BIBLIOGRAFIA..............................................................................................................128
PREFÁCIO
CAPÍTULO I
1. NOÇÕES PRELIMINARES:
PREFIRA A
petição inicial exordial – peça inaugural
com base no art... com espeque no art... – com supedâneo no art... – com fulcro
no art...
Eis a seguir, alguns termos técnicos básicos que você precisa saber para não
cometer erros grosseiros:
1.1. Distinção entre juiz e tribunal:
Inicialmente, cumpre fazer uma distinção entre juiz e tribunal. É muito comum
vermos o emprego de um termo por outro, em descompasso com o seu real significado.
Segundo a Lei de Organização Judiciária do Distrito Federal, (art. 2º) tanto o juiz quanto o
Tribunal compõem a Justiça do Distrito. O juiz (juiz de direito ou juiz de direito substituto)
é funcionário investido da função jurisdicional do primeiro grau de jurisdição; já o tribunal
é o órgão colegiado (segundo grau de jurisdição) composto por seus órgãos (Conselho,
Câmaras, Turmas) ou por seus membros (desembargadores). O Tribunal, em regra,
decide coletivamente, por meio de seus órgãos. Todavia, há decisões monocráticas,
proferidas pelos desembargadores de forma unipessoal. Nesses casos, o desembargador
decide em nome do órgão ao qual pertence e sua decisão monocrática deverá ser
referendada pelo órgão julgador.
Obs.: “Magistrado” é o termo genérico utilizado para designar o funcionário
investido de função jurisdicional (juízes, desembargadores, ministros). Evite usar a
locução “magistrado a quo” para denominar o Juiz. Observe que ninguém faz uso da
expressão “magistrado ad quem” para denominar os desembargadores, nem “magistrado
superior” para denominar os ministros de tribunais superiores.
Com relação à apelação, assim como nos recursos em geral, o termo usualmente
empregado para designar o ato de apelar (ou recorrer) é “interpor” (interpor,
interposta(o), interpuser).
É o próprio Código de Processo Penal que assim dispõe, no seu Art. 593, III, § 2º:
“Interposta a apelação...” E ainda: “As apelações poderão ser interpostas quer em
relação a todo o julgado, quer em relação a parte dele”.(art. 599)
Os verbos apropriados para se referirem aos recursos/ações são:
a) ação (procedimentos ordinário, sumário, especial) = ajuizar, propor
b) contestação = apresentar, oferecer
c) exceções = arguir, opor
d) incidentes = arguente, arguido
e) preliminares = arguir, suscitar, levantar
f) recursos em geral = apelação, recurso em sentido estrito, agravo interno, agravo em
execução, embargos infringentes = interpor
g) embargos = à execução, embargos de declaração = opor
h) cumprimento de sentença = requerer
i) mandado de segurança / habeas corpus / habeas data / mandado de injunção =
impetrar
j) requerimentos genéricos = requerer
2. DISPOSIÇÕES INICIAIS:
Segundo o processualista Bernardo Pimentel, em seu livro “Introdução aos
Recursos Cíveis e à Ação Rescisória”, “o vocábulo recurso provém do latim recursus,
cujo significado — curso retrógrado, caminho de volta, volta — revela a exata ideia do
instituto: nova compulsação das peças dos autos para averiguação da existência, ou não,
de defeito na decisão causadora da insatisfação do recorrente”.
Partindo, portanto, do pressuposto de que o vocábulo “recurso” significa
“percorrer o mesmo curso”, é que foi elaborado o presente roteiro para análise de
apelação criminal. Explicando: o juiz, ao proferir a sentença, analisa o processo como um
todo. No Tribunal, o relator, ao analisar o recurso deve, de igual forma, reanalisar todo
processo, percorrendo todo o iter processual: denúncia, resposta à acusação, provas
produzidas, alegações finais, sentença, recurso, contrarrazões e parecer do Ministério
Público, nos casos em que este couber intervir nos autos.
A análise deve ser feita minuciosamente, cabendo ao julgador percorrer todo o
curso do processo, tendo em mente que o recurso é a continuação do exercício de ação
em fase posterior do procedimento.
Esta ficha roteiro para análise de apelação criminal tem como objetivo orientar
o julgador no exame da ação penal e facilitar o trabalho na hora da elaboração do
relatório, voto e ementa de apelação criminal.
Cada julgador tem uma metodologia pessoal para analisar os recursos. Há os que
preferem iniciar pela petição inicial; há os que preferem examinar primeiro a petição
recursal; outros têm preferência pela sentença; há ainda aqueles que iniciam pelo
parecer do Ministério Público, quando a este cabe intervir no feito. Todavia, a melhor
técnica recomenda que se deva iniciar a análise do processo de trás para frente, pois nas
últimas páginas é que se encontram os atos praticados em data mais recente. Isso pode
ajudar muito na celeridade e aproveitamento de tempo.
Ao receber a apelação para análise, faça um exame prévio dos autos do
processo. Primeiramente, para verificar a existência de eventuais diligências ou
providências a serem cumpridas. Em segundo lugar, para verificar o preenchimento dos
requisitos de admissibilidade da apelação e outras exigências legais.
À medida que você for analisando os autos do processo, vá preenchendo a ficha
analítica correspondente.
Fique atento para as seguintes situações:
especiais). (art. 105 do novo CPC). Observe que, no caso de procuração com poderes
especiais, somente a citação constitui ato processual; os demais são atos de direito
material, de sorte que só a estreita confiança entre a parte e o advogado justifica uma
procuração com tais poderes.
O advogado pode transferir os poderes recebidos do seu cliente a outro
advogado. A esse ato dá-se o nome de substabelecimento. O substabelecimento pode
se dar “com reserva de poderes” ou “sem reserva de poderes”. O substabelecimento
“com reserva” consiste na transferência provisória dos poderes, podendo o advogado
reassumir a representação a qualquer tempo; o substabelecimento “sem reserva”
consiste na transferência definitiva, em que o advogado originário renuncia ao poder de
representação que lhe foi conferido pelo cliente.
Fique atento para a existência nos autos de substabelecimento (transferência
de poderes de um advogado para outro). Se o substabelecimento for feito com reserva de
poderes, as intimações poderão ser feitas tanto em nome do advogado substabelecido
quanto do que substabeleceu. Se o substabelecimento for feito sem reserva de poderes,
as intimações deverão ser feitas em nome do advogado substabelecido, sob pena de não
produzir efeito jurídico.
A inexistência de procuração nos autos é vício que pode ser sanado por
determinação do magistrado.
A procuração deve vir assinada pelo autor/réu ou por seu representante legal, em
caso de partes absolutamente incapazes (menor de dezesseis anos e os civilmente
incapazes). Os relativamente incapazes (maiores de dezesseis e menores de dezoito
anos etc.), por serem apenas assistidos por seus representantes legais, assinam,
juntamente com estes, a procuração (é a chamada outorga de mandato).
“À parte representada pela Defensoria ou outra entidade prestadora de
assistência judiciária gratuita é dispensado o instrumento do mandato.” (parágrafo único
do art. 16 da Lei 1.060/50), ressalvadas as exceções legais (foro especial / propositura de
ação penal privada etc.).
Do advogado que milita em causa própria não há que se exigir instrumento do
mandato (Acórdão 122482).
Atente-se sempre para o nome do advogado a quem são feitas as intimações dos
atos processuais.
NOTA: No processo criminal, há mais processos de réus assistidos pela
Defensoria Pública ou por Núcleos de Práticas Jurídicas do que por advogado
particular. Nestes casos, não se exige o instrumento do mandato.
Art. 81. A distribuição de ação originária e de recurso cível ou criminal torna o órgão e o
relator preventos, observada a legislação processual respectiva, para todos os feitos
posteriores, referentes ao mesmo processo, tanto na ação de conhecimento quanto na de
execução, ressalvadas as hipóteses de suspeição ou de impedimento supervenientes,
procedendo-se à devida compensação.
§ 1º A certidão de prevenção constará do termo de autuação e distribuição, cabendo ao
relator determinar nova distribuição, caso entenda não se tratar de prevenção.
§ 2º O Primeiro Vice-Presidente requisitará os autos de processos ainda não julgados,
distribuídos a relator que se encontre em órgão de competência diversa, para distribuição
conjunta de ações, de recursos ou de incidentes, procedendo-se à oportuna compensação.
§ 3º A prevenção, se não for reconhecida de ofício, poderá ser arguida por qualquer das
partes ou pelo Ministério Público até o início do julgamento.
Segundo o art. 286, incisos I, II e III do CPC, serão distribuídas por dependência
as causas de qualquer natureza: - quando se relacionarem, por conexão ou continência, [MS5] Comentário: Art. 55. Reputam-se
com outra já ajuizada; - quando, tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito, conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for
comum o pedido ou a causa de pedir.
for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam § 1o Os processos de ações conexas serão
parcialmente alterados os réus da demanda; - quando houver ajuizamento de ações nos reunidos para decisão conjunta, salvo se um
termos do art. 55, § 3º, ao juízo prevento. deles já houver sido sentenciado.
[MS6] Comentário: Serão reunidos para
Nos Tribunais, a distribuição dos feitos será feita de acordo com o regimento julgamento conjunto os processos que possam
gerar risco de prolação de decisões conflitantes
interno, observando-se a alternatividade, o sorteio eletrônico e a publicidade (art. 930, ou contraditórias caso decididos
CPC). O primeiro recurso protocolado no tribunal tornará prevento o relator para eventual separadamente, mesmo sem conexão entre
recurso subsequente interposto no mesmo processo ou em processo conexo (art. 930, eles.
parágrafo único).
Fique atento: observe no termo de autuação/distribuição se os autos foram
distribuídos ao relator por distribuição aleatória ou por prevenção. Caso tenha sido por
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prevenção, tome o cuidado de verificar qual(is) o(s) feito(s) existem com relação ao
processo em questão e se já há alguma decisão proferida neles. Eventual existência de
decisão anterior, poderá interferir no processo em análise. Esse cuidado também é
importante, pois você pode detectar, por exemplo, a existência de mais de um habeas
corpus com relação ao mesmo réu, com o mesmo pedido e causa de pedir.
[MS7] Comentário: O VICE-PRESIDENTE DO
Nota: Sobre a prevenção, ver Portaria VPR nº 50/2002/TJDFT: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E
DOS TERRITÓRIOS, no uso de suas atribuições
previstas no art. 28, II e III, do Regimento
Interno e,
Considerando a necessidade de
disciplinar os procedimentos a serem adotados
3.11. Deferimento / indeferimento de justiça gratuita: na autuação e distribuição dos processos no 2º
grau, em face do Ato Regimental n. 01,
Com relação à ação penal, quem decide sobre o deferimento ou indeferimento publicado no Diário da Justiça de 07.11.2001,
de Justiça Gratuita é o Juízo das Execuções Penais. que deu nova redação ao artigo 62, do
Regimento Interno,
RESOLVE:
Art. 1º - Para efeito de prevenção do Relator,
Obs.: É muito comum ver, nos processos, o uso do termo “justiça gratuita” como havendo processos em tramitação e outros já
sinônimo de “assistência judiciária”, só que ambos não se confundem. Assistência arquivados ou baixados, relacionados ao
Judiciária é atividade estatal, que consiste em conceder à pessoa hipossuficiente o processo a ser distribuído, devem ser
acesso gratuito à Justiça por meio de advogado (Defensor Público) pago pelo Estado. A desconsiderados os arquivados e baixados.
§ 1º . Nos casos de processos em tramitação,
Justiça gratuita é a isenção concedida pelo julgador de custas processuais e honorários deve ser considerado prevento o Relator do
advocatícios à parte hipossuficiente. processo que pela ordem foi primeiramente
distribuído, desde que não esteja licenciado,
desconvocado, impedido ou afastado a
No que tange às custas processuais, a condenação do réu ao pagamento destas qualquer outro título no momento da
decorre de imposição legal inserta no artigo 804 do Código de Processo Penal, não distribuição e, ainda, não tenha sido apontado
podendo o Magistrado sentenciante deixar de observá-lo. como autoridade coatora.
Não se olvida que, nos termos do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição da § 2 º . Na hipótese de haver somente processos
já arquivados ou baixados, relacionados ao
República, o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem processo a ser distribuído, deve ser
insuficiência de recursos, sendo que tal assistência compreende, dentre outros, a isenção considerado prevento o Relator do processo
do pagamento das custas processuais, de acordo com o inciso II do artigo 3º da Lei n. que pela ordem foi primeiramente distribuído,
desde que não esteja licenciado, desconvocado,
1.060/50. impedido ou afastado a qualquer outro título
Analisando o dispositivo constitucional, constata-se que a assistência jurídica no momento da distribuição e, ainda, não
gratuita somente é assegurada aos réus que demonstrarem sua hipossuficiência de tenha sido apontado como autoridade
coatora.
recursos, sendo que essa análise deve ser realizada pelo Juízo das Execuções Penais, § 3 º . Havendo processos em tramitação
pois o momento mais adequado para verificar a verdadeira situação econômica do relacionados ao processo a ser distribuído e
condenado é a fase de execução. estando todos os Relatores licenciados,
Nesse sentido, a jurisprudência deste Tribunal entende ser1 correta a condenação desconvocados, impedidos ou afastados a
qualquer outro título, será considerado
ao pagamento das custas processuais, porquanto o exame a respeito de eventuais prevento o órgão para o qual ocorreu a
causas de isenção cumprirá ao Juízo da Execução. primeira distribuição, respeitada a competência
Assim, não é dado ao Juiz (ou o relator da apelação) conceder a isenção do regimental.
Art. 2º - Esta Portaria entra em vigor na data de
pagamento das custas ao proferir a sentença penal condenatória, já que o momento sua publicação.
adequado para se analisar a situação econômica do condenado é a fase de execução
penal.
Ademais, a impossibilidade da exclusão da condenação do réu ao pagamento das
custas é reforçada pelo artigo 12 da Lei nº 1.060/50, o qual garante apenas a suspensão
do pagamento e não sua isenção, estabelecendo que a parte beneficiada pelo isenção do
pagamento das custas ficará obrigada a pagá-las, desde que possa fazê-lo, sem prejuízo
do sustento próprio ou da família, se dentro de cinco anos, a contar da sentença final, o
assistido não puder satisfazer tal pagamento, a obrigação ficará prescrita, competência
que igualmente é conferida ao Juízo das Execuções.
1
Cf. acórdão n. 674343, 20120710147635APR, Relator: Souza e Ávila, 2ª Turma Criminal, Data de
Julgamento: 02/05/2013, Publicado no DJE: 07/05/2013. Pág.: 169.
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A intervenção do Ministério Público como fiscal da lei tem previsão no art. 257, II, do
CPP. Isso quer dizer que em toda causa relativa à matéria penal, o Ministério Público
deverá oferecer o seu parecer como custos legis, não se vinculando, em princípio, à
pretensão deduzida em juízo. Sua atuação deve ser, portanto, imparcial.
Intervindo como fiscal da lei, terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado
de todos os atos do processo, sob pena de nulidade do processo.
Ex.: sentença -> condena à pena de dois anos -> recurso apenas da defesa ->
trânsito em julgado para a acusação ou desprovimento de seu recurso. -> o crime
prescreverá, se a sentença não transitar em julgado para a defesa em menos de quatro
anos.
Ex.: Pena aplicada = 6 meses -> prazo prescricional = 3 anos -> réu menor de 21 nos
à data do crime = redução do prazo prescricional pela metade = 1 ano e meio -> sentença
publicada em cartório = 13/8/08 (último marco interruptivo) -> data do julgamento do
recurso = 12/9/2010 -> entre a sentença e o julgamento do recurso transcorreu mais de
um ano e meio.
d) Prescrição da pretensão executória: o Estado perde o direito de punir (executar a
pena) depois de transitar em julgado a sentença (tanto para a defesa quanto para a
acusação). A sentença condenatória transitada em julgado é o marco inicial para a
contagem da prescrição executória. Aqui a prescrição é computada pela pena em
concreto. Se o condenado é reincidente, aumenta o prazo prescricional em 1/3. Obs.: A [u12] Comentário: Nos casos em que já há
prescrição da pretensão executória só afasta o cumprimento da pena, mas não os efeitos condenação com trânsito em julgado para a
acusação, a pena torna-se concreta e passa a
da condenação. servir de base de cálculo da prescrição (art.
Ex.: sentença transitada em julgado para ambas as partes-> condena à pena de 110, § 1º, CP).
quatro anos de detenção -> prazo prescricional = 8 anos. Se a pena não for executada
em 8 anos, ocorrerá a prescrição da pretensão executória.
Veja a seguinte tabela dos prazos prescricionais [u13] Comentário: Tabela emprestada do”
Código Penal Comentado” de Guilherme de
Souza Nucci. 7ª ed., São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, p. 531).
Penas (em Prazo Exceção 1: Exceção 2: réu reincidente no
abstrato ou réu menor de caso de prescrição da
em concreto) 21 anos na pretensão executória da pena –
data do fato art. 110, caput, parte final e
ou maior de Súmula 220 do STJ (aumento
70 anos na de 1/3)
data da
A 2ª coluna se refere ao réu
sentença =
menor de 21 anos na data do
reduz o prazo
fato ou maior de 70 à época da
pela metade
prolação da sentença.
(art. 115)
Inferior a 1 3 anos 1 ano e 4 anos 2 anos
ano meio
1 a 2 anos 4 anos 2 anos 5 anos e 2 anos e 8
quatro meses meses
Mais de 2 8 anos 4 anos 10 anos e 8 6 anos e 4
anos até 4 meses meses
anos
Mais de 4 12 anos 6 anos 16 anos 8 anos
anos até 8
anos
Mais de 8 anos 16 anos 8 anos 21 anos e 4 10 anos e 8
até 12 anos meses meses
Segundo a regra geral prevista no art. 111 do Código Penal, o termo inicial da
prescrição punitiva , antes de transitar em julgado a sentença final começa a correr: I – do
dia em que o crime se consumou; II – no caso de tentativa, do dia em que cessou a
atividade criminosa; III – nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
IV – nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil,
da data em que o fato se tornou conhecido. Ex: Um homicídio praticado em 1989 e
descoberto em 2010 já estará prescrito.
Causas impeditivas (suspensivas ) da prescrição (art. 116, I e II, CP).: [MS14] Comentário:
Art. 932. Incumbe ao relator:
Além das causas impeditivas (suspensivas) da prescrição delineadas no art. 116, I e II I - dirigir e ordenar o processo no tribunal,
inclusive em relação à produção de prova, bem
do CP, encontra-se a prevista no art. 366 do CPP que assim dispõe: “se o acusado, como, quando for o caso, homologar
citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o autocomposição das partes;
processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção II - apreciar o pedido de tutela provisória nos
recursos e nos processos de competência
antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão originária do tribunal;
preventiva, nos termos do disposto no art. 312”. III - não conhecer de recurso inadmissível,
prejudicado ou que não tenha impugnado
A respeito do tempo de suspensão do processo e do prazo prescricional, a questão é especificamente os fundamentos da decisão
controvertida nos tribunais. O STF se pronunciou no sentido de que o a suspensão do recorrida;
processo e do prazo prescricional deve ser mantida enquanto o réu não comparecer em IV - negar provimento a recurso que for
contrário a:
Juízo, impedindo que o curso do prazo prescricional volte a correr depois de certo a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do
interregno. Segundo esse entendimento, o curso do processo e o prazo prescricional não Superior Tribunal de Justiça ou do próprio
podem ser retomados, pois à suspensão determinada no art. 366 do CPP não se aplica o tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal
prazo especificado no art. 109 do CP (APC 20080950136651, Rel. Edson A. Smaniotto). Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;
Há quem defenda que a prescrição não pode ser suspensa indefinidamente, pois isso c) entendimento firmado em incidente de
equivaleria a tornar o delito imprescritível, o que somente deve ocorrer por força da resolução de demandas repetitivas ou de
Constituição Federal (crimes de racismo e terrorismo, por exemplo). Assim por ausência assunção de competência;
de previsão legal, entende-se que a prescrição fica suspensa pelo prazo máximo em V - depois de facultada a apresentação de
contrarrazões, dar provimento ao recurso se a
abstrato previsto para o delito. Depois, começa a correr normalmente. Ex.: Furto simples - decisão recorrida for contrária a:
> pena máxima = 4 anos -> prescrição não corre por oito anos -> depois, retoma seu a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do
curso, finalizando com outros oito anos, ocasião em que o juiz pode julgar extinta a Superior Tribunal de Justiça ou do próprio
tribunal;
punibilidade do réu (Nucci). b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal
Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;
3.15. Requisitos de admissibilidade da apelação criminal: c) entendimento firmado em incidente de
resolução de demandas repetitivas ou de
Sobre os requisitos de admissibilidade da apelação cível ver o item 4.11.1 deste assunção de competência;
VI - decidir o incidente de desconsideração da
Capítulo. personalidade jurídica, quando este for
instaurado originariamente perante o tribunal;...
3.16. Julgamento monocrático = aplicação subsidiária do art. 932, III, [MS15] Comentário:
CPC (ou art. 87, III, RITJDFT):
Art. 87. São atribuições do relator, nos feitos
cíveis, além de outras definidas em lei ou neste
Regimento:
O art. 932, III, do CPC, cuja redação é repetida pelo art. 87, III, do Regimento III - não conhecer, negar ou dar provimento a
Interno do TJDFT (para os feitos cíveis), permite ao relator, monocraticamente, recurso, nos termos dos art. 932, III, IV e V, do
Código de Processo Civil; (nos feitos cíveis).
não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado
[MS16] Comentário: Veja o exemplo de
especificamente os fundamentos da decisão recorrida. decisão monocrática não conhecendo do
recurso por deserção:
Intimadas a prepararem o recurso, sob pena
de negativa de seguimento por deserção (fls.
84/86), as apelantes-autoras não cumpriram a
Recurso inadmissível O recurso é inadmissível quando falta algum dos requisitos ordem judicial, conforme certificado nos autos
legais de admissibilidade, ou seja, se é incabível, (fl. 88).
intempestivo, deserto (ausência de preparo – na ação penal Assim, não conheço da apelação, porque
deserta.
privada), se falta regularidade formal, legitimidade ou Intimem-se.
interesse recursal da parte. Decorrido o prazo, retornem os autos ao
Recurso prejudicado O recurso é prejudicado quando, ao tempo do julgamento, Primeiro Grau.
Brasília-DF, 19 de março de 2016.
não houver mais utilidade para o recorrente, seja porque já
pereceu o seu direito ou porque já o obteve por outros meios. Atente-se!: a decisão acima padece de falta de
Ex.: o recorrente ajuíza ação pedindo a revisão judicial de fundamentação. Observe que o relator não
conhece da apelação por falta do preparo, mas
sua aposentadoria; o juiz profere sentença e, antes do não cita o dispositivo legal que embasa o seu
julgamento do recurso, o autor obtém o direito pela via argumento.
3.17. Contrarrazões:
Denúncia é o ato processual por meio do qual se inicia a ação penal pública
(incondicionada ou condicionada à representação). A denúncia está para o processo
penal, assim como a petição inicial está para o processo civil.
Obs.: O ato processual por meio do qual se inicia a ação penal privada (ação de
iniciativa do ofendido) recebe o nome de queixa (queixa-crime).
a) a denúncia (ou a queixa) preenche os requisitos legais? (art. 41, CPP – art.
395, CPP). A peça está assinada?
A denúncia (ou a queixa) deve preencher os requisitos do art. 41 do CPP:
A peça acusatória deve conter a exposição detalhada do fato criminoso, com [t20] Comentário: PORTARIA
todas as suas circunstâncias (data, local, horário, modo, causa), a qualificação do CONJUNTA 71 DE 9 DE OUTUBRO DE
2013
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime Determina a obrigatoriedade de que sejam
(a norma aplicável e os limites da imputação) e, quando necessário, o rol das informados o número de CPF ou de CNPJ e os
demais dados necessários à completa
testemunhas. qualificação das partes, quando conhecidos, na
petição inicial dos feitos distribuídos à Justiça
Todos esses dados são importantes, seja para facilitar a defesa do réu, seja para do DF, bem como de que as certidões de feitos
viabilizar a correta aplicação da lei. distribuídos na Primeira Instância sejam
emitidas com base no número de CPF ou de
Nos casos em que o crime for praticado por mais de um agente, a denúncia deverá CNPJ.
individualizar o máximo possível as ações atribuídas a cada acusado. A descrição
genérica do concurso de agentes, todavia, é admissível, quando as circunstâncias do
crime não permitem particularizar a conduta de cada acusado, desde que isso seja feito
no decorrer da instrução criminal e que sejam fornecidos dados suficientes à
admissibilidade da acusação, permitindo a adequação típica do fato criminoso.
Obs.: Lembre-se sempre que o réu se defende dos fatos e não da classificação do
crime feita pela acusação. Se os fatos não estão devidamente esclarecidos nos autos,
impõe-se a absolvição do acusado.
Prazo para o oferecimento da denúncia (ou da queixa): em regra é de quinze dias
(réu solto) ou de cinco dias (réu preso) (art. 46, CPP), a contar da data em que o órgão
acusador recebe os autos do inquérito ou peças informativas.
A denúncia (ou queixa) será rejeitada quando: a) for manifestamente inepta (não
contiver a exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias, a qualificação
do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do
crime e quando necessário o rol de testemunhas); b) faltar pressuposto processual ou
condição para o efetivo exercício da ação penal (legitimidade ad causam, interesse
processual e possibilidade jurídica; ; c) faltar justa causa para o exercício da ação penal
(atipicidade da conduta, ausência de indícios de autoria e materialidade) (art. 395, CPP).
Obs.: A falta de assinatura da denúncia é vício sanável e não acarreta nulidade se
não houver dúvida a respeito da autenticidade da peça acusatória. (STF)
Obs.: Da decisão que rejeita a denúncia ou queixa cabe recurso em sentido estrito
(art. 581, I, do CPP).
O procedimento comum será ordinário (quando tiver por objeto crime cuja sanção
máxima cominada for igual ou superior a quatro anos de prisão), sumário (quando tiver
por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a quatro anos de prisão) ou
sumaríssimo (para infrações penais de menor potencial ofensivo).
O procedimento comum é, em regra, aplicado a todos os processos, salvo
disposição em contrário do CPP ou de lei especial.
O procedimento especial é aplicado nos seguintes casos (crimes apenados com
reclusão): a) os crimes dolosos contra a vida; b) os crimes de imprensa; c) os crimes
falimentares; d) os crimes eleitorais; e) os crimes de tráfico de drogas; f) os crimes de
responsabilidade de funcionário público; g) os crimes de lavagem; h) os crimes contra a
honra etc.
- Tanto o procedimento comum como o procedimento especial contêm três fases:
a) fase postulatória (inicia-se com a denúncia ou queixa e encerra com a resposta à
acusação); b) fase instrutória (compreende a fase probatória e fase das alegações finais);
c) fase decisória.
Assim, no procedimento comum, resumidamente, temos o seguinte iter
processual: a) recebimento da denúncia; b) citação; c) resposta escrita (art. 396); d)
absolvição sumária (art. 397); não sendo o caso de absolvição sumária -> e) audiência de
instrução (na qual se realizarão os atos de instrução, com inquirição do ofendido, de
testemunhas, de peritos, e, por fim, com o interrogatório do acusado (art. 400 e 531,
CPP); f) alegações finais orais; g) memoriais (se o caso); h) sentença. .
Os procedimentos sumário e ordinário diferenciam-se apenas quanto aos seguintes
detalhes. Ex.: no rito sumário a audiência deve ser designada no prazo de trinta dias,
enquanto no rito ordinário o prazo é de sessenta dias. No rito sumário não há o
fracionamento das fases instrutória, postulatória (alegações finais) e decisória (sentença),
não sendo aplicáveis os arts. 402, 403 e 404 do CPP. No rito sumário, o número máximo
de testemunhas arroladas é de cinco, enquanto no rito ordinário é de oito. No rito sumário
não existe previsão para os debates (art. 534 do CPP).
Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o procedimento observará
as disposições estabelecidas nos arts. 406 a 497 do CPP. O procedimento do Tribunal
do Júri contém duas fases distintas: a primeira, destinada à formação da culpa
(instrução preliminar); a segunda, destinada ao julgamento do réu em plenário (jurados)
em que estiver o réu (art.362, CPP). A citação por edital provoca a suspensão do
processo, bem como o curso do prazo prescricional (art. 366 CPP).
Obs.: O Réu patrocinado pela Defensoria Pública: prazo em dobro para oferecer resposta à
acusação.
Havendo intimação do réu e da Defensoria Pública, o prazo começa a correr da intimação
que ocorrer por último.
- Réu: Termo inicial: recebimento da intimação.
- Defensoria Pública: Termo inicial: recebimento dos autos no serviço de protocolo do
órgão (assinatura aposta pelo servidor);
- Defesa apresentada por fax: o fax deverá ser enviado dentro do prazo para a
apresentação da defesa e os originais deverão ser entregues, necessariamente, em até cinco dias
após o término do prazo para a defesa. O prazo de cinco dias deverá ser contado continuamente,
sem interrupção, iniciando-se no dia seguinte após o término do prazo para a apresentação da
defesa, independentemente de esse dia recair em final de semana ou feriado (Lei 9.800/99);
- Integrantes do Núcleo de Prática Jurídica das Instituições de Ensino de Direito privadas:
prazo simples, contado da publicação no Diário da Justiça. Eles não possuem as mesmas
prerrogativas do Defensor Público previstas na Lei 1.060/50 relativamente ao direito de vista
pessoal dos autos (APR 20080111728989) (matéria controvertida e há previsão de mudança no novo
CPC). [MS21] Comentário: Ver art. 186, § 3º,
novo CPC = prazo em dobro)
b) a peça de defesa está assinada? Há procuração? A procuração está [u22] Comentário: Informações detalhadas
assinada? sobre procuração, mandato,
substabelecimento, vide roteiro para análise de
Antes da reforma do Código de Processo Penal, o primeiro ato processual a ser apelação cível (item 2. 1. “l”).
realizado depois da citação era o interrogatório do réu. Neste caso, ele chegava ao fórum
já com advogado constituído nos autos. Hoje, a partir da reforma do Código (Leis
11.689/08, 11.690/08, 11.719/08 e 11.900/09), o primeiro ato é a resposta à acusação
que é apresentada por escrito. Assim, como regra, a defesa escrita deveria vir
acompanhada da devida procuração. Mas na prática não é bem assim que acontece. Ao
ser citado, o réu recebe o mandado citatório onde consta expressamente que ele deverá
indicar, desde logo, ao oficial de justiça, se tem advogado constituído ou se deseja ser
patrocinado pela defensoria púbica. Quando o réu declina ao oficial de justiça que tem
advogado constituído, mas não tem o respectivo número da OAB, isso dificulta a
intimação do causídico. Nesse caso, o juiz aguarda a apresentação da resposta do réu
que, geralmente, vem acompanhada da devida procuração. Se o advogado assina a
peça, mas não apresenta a procuração, é um sinal de que foi constituído pela família do
réu, que por encontrar-se preso não teve oportunidade de assinar a procuração. De
qualquer forma, estando litigando sob o patrocínio de advogado particular, o réu deverá
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO, VOTO E EMENTA – APELAÇÃO CRIMINAL
Mara Saad 26
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO, VOTO E EMENTA – APELAÇÃO CRIMINAL
d) Revelia?
mas apenas reconhece a inexistência de pretensão punitiva. Além disso, vigoraria o art.
581, inciso VIII, segundo o qual “caberá recuso em sentido estrito da sentença que
decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade”. Outros entendem
que cabível é o recurso de apelação criminal, pois a extinção da punibilidade é elencada
no art. 397, IV do CPP como uma das espécies de absolvição sumária, restando
revogado implicitamente o inciso VIII do art. 581 do CPP. (20080110978060APR, Relator SILVÂNIO
BARBOSA DOS SANTOS, 2ª Turma Criminal, julgado em 29/10/2009, DJ 17/11/2009 p. 102).
segurança. Contra a decisão que absolve sumariamente o réu cabe apelação (art. 416,
CPP).
b) Desclassificação (art. 419, CPP): o juiz poderá discordar da acusação e
reconhecer a existência de crime diverso dos crimes dolosos contra a vida, caso em que
deverá remeter os autos ao juiz competente. O juiz singular, ao receber o processo
deverá renovar os atos de instrução, em obediência ao princípio da identidade física do
juiz. Caso discorde do entendimento do juiz sumariante, poderá suscitar conflito negativo
de competência. Se a desclassificação for feita no sentido de reconhecer a existência de
outro crime doloso contra a vida (infanticídio ao invés de homicídio, por exemplo), a
competência permanecerá no Tribunal do Júri, devendo ser aproveitados todos os atos
instrutórios já realizados em plenário, desde que acompanhados pelo juiz que irá
sentenciar.
c) Impronúncia (art. 414, CPP): o juiz impronunciará o réu quando verificar a
inexistência do fato alegado na denúncia ou a inexistência de elementos indicativos da
autoria do aludido fato. Contra a decisão que impronuncia o réu cabe apelação (art. 416,
CPP).
d) Pronúncia (art. 413, CPP): ao contrário da impronúncia, o juiz pronunciará o réu
quando verificar a existência do fato criminoso alegado na denúncia ou a existência de
elementos indicativos da autoria. Contra a decisão que pronuncia o réu cabe recurso em
sentido estrito (art. 581, IV, CPP). Obs.: Mesmo após a pronúncia, é possível a
modificação da imputação, se houver fato superveniente que altere a classificação do
crime (tentativa para consumação, por exemplo), desde que aditada a denúncia).
2) Da fase de julgamento:
Não interessa para este roteiro a descrição minuciosa dos procedimentos da
fase de julgamento no Tribunal do Júri.
O que aqui interessa é a sentença prolatada pelo juiz (se de absolvição ou
condenação e se está em consonância com a lei e com a decisão dos jurados e ainda se
é justa com relação à aplicação da pena ou da medida de segurança).
Obs.: Se da decisão dos jurados resultar a desclassificação do crime, mesmo que
seja para outro que não se inclua na competência do Tribunal do Júri, caberá a Juiz
Presidente proferir a sentença (art. 492, § 1º, CPP) o mesmo ocorrendo em relação aos
crimes conexos, que não sejam da competência do júri (art. 492, § 2º, CPP).
TIPOS DE SENTENÇA:
Obs.: “Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória,
ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer
agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada”. (Art. 385, CPP).
A sentença condenatória será recebida nos seus efeitos devolutivo e suspensivo,
não devendo ser executada até que haja o trânsito em julgado, sob pena de ofensa ao
princípio da presunção de inocência.
Juízo de mérito:
- não provimento (se improcedente a impugnação) -> nega-se provimento ->
confirma-se a sentença
- provimento (se procedente a impugnação) -> dá-se provimento ao recurso
-> reforma-se (error in judicando) ou anula-se (error in procedendo) a sentença
- provimento parcial (se procedente em parte a impugnação) -> dá-se parcial
provimento ao recurso -> reforma-se em parte a sentença
O juízo de admissibilidade da apelação é feito em dois momentos distintos.
Um no primeiro grau de jurisdição e outro no tribunal. Muitas vezes, o juízo de
admissibilidade feito pelo juiz a quo (negativo ou positivo) pode vir a não ser confirmado
no tribunal (o juízo de admissibilidade feito na instância a quo não vincula o órgão ad
quem, pois é do tribunal a competência para o julgamento do recurso). No primeiro grau
de jurisdição, o juiz ‘admite’ ou ‘inadmite’ o recurso, conforme seja, respectivamente,
positivo ou negativo o juízo de admissibilidade. No segundo grau, diferentemente, o
relator, monocraticamente, dá ou nega seguimento ao recurso e, se for o caso de se
levar o feito a julgamento, o colegiado conhece ou não conhece do recurso, caso seja
positivo ou negativo o juízo de admissibilidade.
Obs.: Da decisão que “denegar” a apelação cabe recurso em sentido estrito
(art. 581, XV do, CPP)
- Recurso interposto por fax: o fax deverá ser enviado dentro do prazo do recurso e os
originais deverão ser entregues, necessariamente, em até cinco dias após o término do prazo
recursal. O prazo deverá ser contado continuamente, sem interrupção, iniciando-se no dia
seguinte após o término do prazo para o recurso, independentemente de esse dia recair em final
de semana ou feriado (Lei 9.800/99).
- Integrantes do Núcleo de Prática Jurídica das Instituições de Ensino de Direito privadas:
prazo simples para recorrer, contado da publicação no Diário da Justiça. Eles não possuem as
mesmas prerrogativas do Defensor Público previstas na Lei 1.060/50 relativamente ao direito de
vista pessoal dos autos (APR 20080111728989) (matéria controvertida e há previsão de mudança no
CPC). [MS23] Comentário: Ver art. 186, § 3º,
novo CPC = prazo em dobro
- Recesso forense: na contagem do prazo recursal, com início antes do recesso forense,
devem ser incluídos os dias não úteis que antecedem imediatamente a data da suspensão dos
trabalhos forenses. (precedentes do STJ) (ac. 415203).
Obs.: O entendimento pacífico do TJDFT é de que o atraso na entrega das razões recursais
constitui mera irregularidade e não impede o conhecimento do recurso (APR 20090150010744).
A apelação poderá ser interposta por meio de petição ou termo nos autos, não
sendo necessário que o recorrente apresente desde logo as razões de apelação,
podendo fazê-lo, inclusive, no próprio tribunal (art. 600 e § 4º, CPP).
As razões deverão ser apresentadas oito dias após o recebimento da
apelação, iniciando com o apelante e, depois, dele, o apelado. Em se tratando de
contravenção, o prazo para o oferecimento das razões é de três dias.
Findo o prazo para o oferecimento das razões do recurso, os autos serão
remetidos ao tribunal, com ou sem elas (art. 601, CPP).
Assim, entende-se que, no processo penal, o apelante não está obrigado a
apresentar as razões do seu recurso, ou seja, fundamentar o seu inconformismo com a
sentença. A inexistência de fundamentação não conduz necessariamente ao não
conhecimento do recurso. A dispensabilidade da fundamentação, todavia, diz respeito
somente ao recurso do réu, sendo exigidas as razões recursais do Ministério Público,
notadamente contra a sentença absolutória, em face do princípio da ampla defesa.
e) legitimidade para recorrer (art. 577, CPP):
Podem interpor a apelação: O Ministério Público (ou querelante), o próprio réu
(ou querelado), seu curador, defensor ou procurador (estes, inclusive em nome próprio) e
o assistente da acusação (este, limitado às matérias contidas no art. 584, § 1º = sentença
de impronúncia e de extinção de punibilidade - e no art. 598 = decisão proferida por juiz
singular e Tribunal do Júri).
Nas ações penais privadas, por se tratar de direito disponível, o Ministério
Público não tem legitimidade para recorrer em favor do querelante. A interposição ou não
do recurso vai depender exclusivamente da vontade do ofendido. No caso de sentença
condenatória, todavia, o Ministério Público tem legitimidade para recorrer na qualidade de
custos legis, seja para requerer a absolvição do querelado, seja para agravar a pena
imposta pelo juiz.
f) Mérito:
O mérito diz respeito à questão de direito material discutida no processo. É o
bem da vida pretendido pelo recorrente.
Qual é o ponto central da controvérsia instalada no recurso? Quais são
os pontos controvertidos e os incontroversos na demanda?
Obs.: O apelante não está obrigado a apresentar as razões do seu recurso,
ou seja, fundamentar o seu inconformismo com a sentença.
Qual(is) o(s) pedido(s)? Quantos são os pedidos? (há pedido
sucessivo ou alternativo?)
g) Há nulidade sanável? O Tribunal não pode decretar nulidade em desfavor do
réu se não houver recurso da acusação.
h) Indisponibilidade: O Ministério Público não poderá desistir do recurso que
houver interposto (art. 576, CPP).
i) juntada de documentos: salvo os casos expressos em lei, as partes poderão
apresentar documentos em qualquer fase do processo (art. 231, CPP).
CAPÍTULO II
1. CONCEITO:
Embargos de declaração é o recurso destinado a eliminar obscuridade, omissão
ou contradição existente no julgado. É dirigido ao juiz, ao relator do processo ou ao
tribunal que prolatou a decisão embargada.
Segundo o processualista Barbosa Moreira (in “Comentários ao Código de
Processo Civil”, Vol. V, 1ª Ed., p. 233), qualquer decisão judicial comporta embargos de
declaração (decisões interlocutórias, sentenças, decisões monocráticas do relator,
acórdãos e até mesmo os despachos).
Obs.: Lembre-se que, nos termos da lei processual, os despachos são irrecorríveis.
2. PREVISÃO LEGAL:
- Embargos de declaração cíveis (arts. 1.022 e ss. do novo CPC).
- Embargos de declaração criminais (arts. 619 e ss. CPP).
3. OPOSIÇÃO ou INTERPOSIÇÃO:
Com relação aos embargos de declaração, o termo usualmente empregado para
designar o ato de embargar é “oposição” (opor embargos). Muitos operadores do direito
empregam o termo “interposição”, por se tratar de uma espécie de recurso.
No novo Código de Processo Civil, o art. 1.023 assim dispõe: “Os embargos serão
opostos no prazo de 5 (cinco) dias...”
No Código de Processo Penal, o art. 619 assim dispõe: “Aos acórdãos proferidos
pelos Tribunais de Apelação, câmaras ou turmas poderão ser opostos embargos de
declaração...”
4. PARTES:
Nos embargos de declaração, as partes litigantes são denominadas de
embargante (aquele que opõe os embargos) e embargado. Aqui, abre-se um parêntese
para dizer que o embargado, na verdade, é a decisão, sentença ou acórdão e não a parte
adversária do embargante. Contudo, no Tribunal, é praxe nomear a parte contrária de
“embargado”.
Ex: João da Silva opõe embargos de declaração em face do acórdão de fls. 25,
alegando...
Obs.: No momento oportuno, será estudado quem são as pessoas que têm
interesse/legitimidade para opor embargos.
5. INICIATIVA:
Ao receber os embargos para análise, o julgador deverá verificar se o caso enseja
decisão monocrática (manifesta inadmissibilidade, erro material etc.).
- Erro material: O erro material pode ser corrigido de ofício pelo relator por meio
de decisão monocrática.
- Embargos de decisão monocrática: Os embargos de declaração opostos contra
decisão monocrática devem ser julgados monocraticamente pelo relator, não justificando
ir a julgamento pelo colegiado. No TJDFT há acórdão inadmitindo embargos de
declaração contra decisão monocrática de relator que nega seguimento a apelação
(acórdão 437037).
6- CONCEITOS:
Obs.:
- contradição externa não enseja embargos de declaração (ex: contradição entre
o entendimento do relator e a jurisprudência.)
- contradição entre ementa e acórdão: prevalece o acórdão.
- contradição entre os motivos e a conclusão do acórdão (decisão): prevalece a
decisão.
6.5. Erro material: erro de digitação; supressão de linhas; nome das partes;
expressão numérica; troca de palavras etc.
7. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE:
7.1. Tempestividade:
- Processo Civil: (art. 1.023 do novo CPC): 5 dias (contados da publicação
da decisão/acórdão embargada(o));
- Processo Penal: (art. 619, CPP): 2 dias contados da publicação da
decisão/acórdão embargada(o)).
Contagem do prazo:
- data da disponibilização do acórdão: ___/___/___ Dia da semana: _____
- data da publicação do acórdão: ___/___/___ Dia da semana: ______
- inicio da contagem do prazo: ___/___/___ Dia da semana: _____
- término do prazo: ___/___/___ Dia da semana: ___/___/___
- data da interposição dos embargos: ____/____/____
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TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO, VOTO E EMENTA – APELAÇÃO CRIMINAL
- Obs.: A inexistência dos vícios dos arts. 1.023 e ss. CPC / 619,CPP enseja a
rejeição dos embargos de declaração e não o seu não conhecimento. Todavia, se o
embargante não apontar a existência deles, o caso é de não conhecimento do recurso.
7.3. Legitimidade:
Tem legitimidade para opor embargos de declaração (no Tribunal):
Apelante ( ) Apelado ( ) MP ( ) 3º interessado ( )
8. EFEITO INTERRUPTIVO:
- Os embargos de declaração são opostos no prazo de cinco dias (art. 1.023 do
novo CPC) ou no prazo de dois dias (art. 619, CPP). contados da publicação da decisão
embargada.
- No Processo Civil, a oposição tempestiva dos embargos interrompe o prazo para
a interposição de outros recursos (art. 1.026 do novo CPC).
que volta a correr pelo tempo que sobejou, ou seja, por três dias, já que devem ser computados os
dois dias já transcorridos anteriormente (2 + 3 = 5). O prazo final para a interposição da apelação
expirou-se, portanto, em 06/05 que, por recair no domingo, fica prorrogado para o primeiro dia útil
seguinte, que é 07/05 (segunda-feira). Se a apelação for interposta depois desse prazo, será
considerada intempestiva.
Obs.: Os embargos de declaração opostos contra sentença proferida em ação
que tramita nos juizados especiais (Lei 9.099/95), conhecidos ou não, suspendem o
prazo para a interposição de outros recursos.
9. CARÁTER PROTELATÓRIO:
Quando o relator verificar que os embargos foram opostos apenas com o intuito de
procrastinar o feito, poderá aplicar multa de 1% sobre o valor da causa (parágrafo único
do art. 1.026 do novo CPC).
Em caso de reiteração será aplicada multa de 10% que, enquanto não purgada,
não poderão ser interpostos novos recursos no processo.
Obs.: No processo penal não há previsão da multa.
11. PREQUESTIONAMENTO:
O Prequestionamento é entendido pela doutrina como sendo a análise feita pelo
acórdão recorrido da questão jurídica (constitucional ou infraconstitucional) que se quer
levar à apreciação do STF ou do STJ.
É muito comum a utilização de embargos de declaração como meio de
prequestionamento de matéria constitucional ou infraconstitucional, a fim de provocar o
órgão colegiado a analisar as questões ventiladas e, assim, viabilizar a interposição de
recursos para o STF e para o STJ. Nesses casos, na maioria das vezes, o embargante
alega a existência de omissão no julgado e pede a aplicação da norma constitucional
e/ou infraconstitucional ao caso concreto. Todavia, é muito comum também que o
colegiado, mesmo existindo omissão no acórdão, não a reconheça como existente e
rejeite o recurso.
Para evitar a interposição de um recurso especial para analisar a violação ao art.
1.022 do CPC e outro para analisar a questão omitida, o novo CPC, no art. 1.025,
normatizou o prequestionamento e pôs uma pá de cal nas discussões a respeito do
prequestionamento, consagrando o prequestionamento ficto adotado pelo STF, que
considera prequestionada a matéria com a simples interposição de embargos
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12. PREPARO:
Os embargos de declaração não estão sujeitos a preparo (art. 1.023 do novo
CPC);
13. REVISÃO:
Os embargos de declaração não estão sujeitos à revisão (§ 1º, art. 620, CPP).
14. DISPOSITIVO:
CAPÍTULO III
O RELATÓRIO
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Há outros casos em que o relatório deve ser mais sintético. Trata-se das hipóteses
em que a controvérsia restringe-se a um ponto da lide ou da sentença (prescrição, regime
prisional, redução da pena base, por exemplo) ou em caso de se verificar que o recurso
não vai ser conhecido por ausência de seus pressupostos de admissibilidade. Nesses
casos, evite fazer um relatório minucioso. Delimite a demanda dando ênfase apenas à
questão a ser debatida e relatando apenas os fatos que tiverem influência para a decisão
da causa.
Antes de elaborar o relatório, convém fazer a leitura de todo o processo, pois só
depois de tomar conhecimento da causa é que o relator saberá quais os pontos
importantes que deverão ser relatados e depois abordados no voto.
O relatório possui caráter genérico e impessoal. Ao relatar, o relator limita-se a
registrar os fatos (reais) de que tenha conhecimento, tais quais expostos no processo,
não se admitindo fazer divagações ou apreciações de natureza subjetiva (juízo de valor),
nem tampouco tirar conclusões, apresentar sugestões ou recomendações a respeito do
caso em análise.
Ex.: Trata-se de recurso tempestivamente interposto por... [u27] Comentário: Nesta frase, a palavra
Ex.: O apelante se confunde ao alegar que... “tempestivamente” indica que foi feito juízo de
Ex.: O apelante se contradiz dizendo que... admissibilidade do recurso no relatório, não
Ex.: O apelante insurge-se contra a pena aplicada, que é excessiva frente às sendo este o momento oportuno para essa
finalidade.
circunstâncias judiciais ostentada.
Ex: De forma nada clara e sem a devida forma, o réu alega que a sentença merece [u28] Comentário: Aqui, o relator expressa
reforma, pois... sua opinião pessoal a respeito da alegação do
apelante, o que é defeso fazer no relatório, sob
Ex.: Inconformado, o autor interpõe o presente recurso e, em suas razões, defende pena de se estar antecipando o resultado final
indevidamente o desacerto da decisão, porque não observado o disposto na lei de regência. da causa.
[u29] Comentário: Esta frase encerra
É inadmissível o registro de fatos desconhecidos ou inexistentes no processo. É dúvida sobre quem de fato teria dito que a
vedado reportar-se aos fundamentos expostos em memoriais distribuídos ao magistrado, multa é excessiva, se o relator ou o recorrente.
ou a fatos do processo de que se ouvir falar. [u30] Comentário: Neste caso, além da
frase estar mal redigida, verifica-se a falta de
Evite a construção de frases que possam deixar em dúvida se é o relator quem fala ética do relator ao fazer críticas indevidas sobre
ou se reproduz a fala das partes. a redação do recorrente.
Ex.: Pede, ao final, sejam sanados os vícios presentes no julgado. [u31] Comentário: Aqui, faz-se juízo de
valor sobre as razões do apelante.
Ex.: O MP almeja a majoração da pena-base do réu porque ínfima diante da
[u32] Comentário: Dúvida sobre quem
análise das circunstâncias judiciais. teria dito que não se observou o disposto na lei,
se o relator ou o apelante.
Evite escrever frases que encerram dubiedade. Veja o seguinte exemplo: “O Juiz
julgou improcedente o pedido do autor para reduzir a pena aplicada.”. A frase encerra [u33] Comentário: Melhor seria dizer:
“...os vícios que considera presentes no
dubiedade, na medida em que deixa dúvidas se o pedido é para reduzir a pena ou se foi julgado”.
o juiz reduziu a pena, embora tenha julgado improcedente o pedido. A melhor técnica
[u34] Comentário: Melhor seria dizer: “...
seria escrever a frase da seguinte forma: porque considera ínfima diante da análise...”
Evite o excesso de palavras, pois isso prejudica o entendimento da frase. Procure [u35] Comentário: “O Juiz julgou
resumir as fases: improcedente o pedido do autor formulado
com vistas à redução da pena imposta.”.
Ex: “No mérito, o apelante repisa os argumentos ventilados em todas as oportunidades em que
se manifestou perante o juízo a quo.”. [u36] Comentário: Resumindo = No
mérito, o apelante reporta-se aos argumentos
Ao elaborar um relatório, deve-se ter em mente o momento processual (se aduzidos no primeiro grau de jurisdição.
anterior ou posterior à sentença). Deve-se também, em regra, respeitar a ordem de
sucessão dos fatos ocorridos no processo: (denúncia – resposta à acusação –
instrução - sentença – recurso – contrarrazões – parecer – etc.)
No relatório da sentença os fatos deverão ser expostos na ordem cronológica. O
relatório deve conter as principais ocorrências do processo em suas diversas fases. Deve
ser relatado o iter processual: denúncia – resposta à acusação, audiência de instrução
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO, VOTO E EMENTA – APELAÇÃO CRIMINAL
Mara Saad 47
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO, VOTO E EMENTA – APELAÇÃO CRIMINAL
Ex: Celso Eusébio da Silva, qualificado nos autos (fl. 51), foi denunciado pelo [u37] Comentário: Aqui foi feita a
Ministério Público como incurso nas penas do artigo 157, § 2°, II, do Código Penal. // exposição sumária e ordenada dos fatos, desde
a inicial até o parecer do Ministério Público em
Consta da exordial que no dia 25/02/08, por volta das 22h25min, em via pública de segundo grau. Foram observados os dois
Ceilândia, Celso e outro indivíduo ainda não identificado, utilizando-se de uma faca, tempos cronológicos. O anterior ao recurso,
ameaçaram a vítima Renam de quem subtraíram a quantia de R$ 34,00, ocasião em que com verbos no pretérito perfeito, e o posterior
ao recurso, com verbos no presente.
Celso foi preso em flagrante. // Em alegações finais, o Ministério Público pugnou pela
condenação do réu nas penas do art. 157, § 2º, incisos I e II, do Código Penal (fls. 84/96).
// Após regular trâmite processual, sobreveio a r. sentença de fls. 103/115, que acolheu a [u38] Comentário: O mais correto seria
pretensão ministerial e condenou Celso, cominando-lhe a pena de 05 (cinco) anos e 06 dizer “o juiz acolheu a pretensão ministerial” e
não “a sentença acolheu”
(seis) meses de reclusão, em regime inicial semiaberto, mais o pagamento de 33 (trinta e Ex: Após regular trâmite processual, sobreveio
três) dias-multa, no padrão unitário mínimo. // Parcialmente inconformada com o decisum, a sentença na qual o MM. Juiz acolheu a
dele recorre a Defesa. Em suas razões de fls. 117/123, alega que o MM. Juiz a quo pretensão ministerial...
exasperou a pena em 3/8 na terceira fase, sem, contudo, fundamentar esse quantum, a [u39] Comentário: Desnecessário, no caso,
não ser no fato de que seriam duas causas especiais de aumento. Conclui pedindo que o uso da inicial maiúscula.
a pena privativa de liberdade e também a pena pecuniária sejam reduzidas ao mínimo
legal. // O MP oferece contrarrazões às fls. 128/133. // O parecer da Procuradoria de
Justiça (fls. 154/155) oficia pelo conhecimento e desprovimento do recurso. // É o
relatório.
* Nos casos em que há arguição de preliminares, os verbos mais indicados são:” arguir” e
“suscitar”. Às vezes é comum a utilização do verbo “levantar”.
Ex.: O réu/apelante argui preliminar de incompetência do juízo.
Ex.: O réu/apelante suscita , em preliminar, a extinção da punibilidade pela prescrição.
Ex.: O réu/apelante levanta preliminares de cerceamento de defesa e irregularidade da
citação.
Obs.: Isso não quer dizer que os referidos verbos não possam ser utilizados em outros
contextos. Ex: O réu/apelante suscita dúvidas a respeito da honestidade do autor/apelado.
DICA 4: Treine o seu poder de síntese. Saber resumir é, hoje, uma qualidade
imprescindível na redação jurídica.
DICA 6: Crie o hábito de reler o relatório depois de redigi-lo, pois nele podem conter
erros que passaram despercebidos na hora da sua elaboração.
DICA 7: Procure não adotar o relatório da sentença ou do parecer. Seja criativo. Faça
você mesmo o seu relatório.
DICA 8: Quando for necessário identificar o nome das partes do processo, faça-o
utilizando o aposto, ou seja, separando-os entre vírgula. Ex: O réu, Antônio da Silva. A
autora, Maria Rita. A ausência de vírgula, nesses casos, indica que há mais de um réu ou
mais de um autor. Ex: O réu Antônio da Silva. A autora Maria Rita.
DICA 9: A indicação “outros” é admitida para substituir o nome das partes, quando for
o caso de pluralidade de partes no processo (litisconsortes). Todavia, não é de boa
prática a sua utilização quando forem apenas duas as partes do processo, caso em que
devem ser escritos os nomes de ambas: Ex: Maria da Silva e Saulo Garcia. No caso em
que as partes forem mais de duas, deve ser escrito apenas o nome da primeira, seguido
da indicação “outros”. Ex: Maria da Silva e Outros interpõem....
DICA 10: evite o uso de abreviaturas no relatório. Escreva por extenso as palavras.
Ex: Ministério Público (ao invés de MP) etc.
DICA 11: Sempre que se for referir a uma peça processual (petições, provas,
sentença, recurso, contrarrazões, parecer etc.) (seja no relatório ou voto), coloque em
parênteses o número das respectivas páginas. Ex: Inconformado, recorreu o réu (fl. 26).
Ex: Em contrarrazões (fl. 99)... Ex: O parecer da douta Procuradoria de Justiça (fl. 40) é
no sentido...
DICA 12: Se o relator optar por utilizar o modelo sucinto de relatório, deve-se ficar
atento para o fato de que, ao iniciar o relatório com a expressão “trata-se de recurso...”,
mesmo que a hipótese seja de recursos (no plural), o verbo deverá ficar no singular.
Assim: “Trata-se de recurso”. “Trata-se de recursos”. Isso se deve ao fato de que,
nesta frase, há um termo elíptico (subtendendido) que pode ser “a hipótese” ou “o caso”,
ou seja: “A hipótese trata-se de recurso (ou recursos)”; “O caso trata-se de recurso
(ou recursos)”. Assim, fique atento para nunca escrever a frase dessa forma: “Tratam-se
de recursos”, pois não se trata de hipótese de frase escrita na voz passiva pronominal.
DICA 13: O reexame necessário (ou remessa de ofício), como se sabe, não se trata
de um recurso, mas sim de condição de eficácia da sentença. Em sendo assim, não é de
boa técnica dizer no relatório que “se trata de reexame necessário interposto contra a
DICA 14: Ao elaborar o relatório, fique atento às hipóteses em que o feito há revisor,
caso em que os autos deverão ser a este encaminhados após a análise feita pelo relator.
Evite, nestes casos, escrever ao final do relatório expressões que indiquem a remessa
dos autos ao revisor (Ex: À revisão; Ao eminente revisor; ao douto Revisor), pois isso, na
verdade, se trata de um despacho e não deve vir no corpo do relatório, mas em folha
separada, onde deve constar o seguinte despacho: “Segue relatório em separado. Ao
eminente Relator” (mera sugestão)
RENATO foi denunciado (fls. 02/03) como incurso nas penas do art. 157, § 2°, II, do Código Penal,
porque, em 18 de fevereiro de 2001, por volta de 4h10min, às margens da BR 020, na altura de
Sobradinho-DF, em co-autoria com Júnior , subtraiu, mediante violência e grave ameaça, objetos pessoais
(calçados, camisa, relógio de pulso e dez reais) pertencentes a Ronaldo.
Após regular trâmite do feito, sobreveio sentença (fls. 94/103), na qual o MM. Juiz o condenou às
penas de cinco anos e quatro meses de reclusão, em regime inicialmente semiaberto, e pagamento de treze
dias-multa.
Inconformado, o réu apela, alegando (fls. 125/128), em síntese, que não teve a intenção de subtrair
os objetos da vítima, tendo ocorrido apenas desentendimento entre ele e a vítima, decorrente do estado de
embriaguez do apelante. Alega, também, não ter ocorrido qualquer agressão física e, ainda, que não há
prova do concurso de agentes.
Em Contrarrazões (fls. 131/133), o Ministério Público pugna pelo conhecimento e desprovimento do
recurso.
Em seu Parecer (fls. 135/139), a Procuradoria de Justiça também é pelo conhecimento e
desprovimento do apelo.
É o relatório.
Trata-se de apelação interposta pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, em face da r.
sentença de fls. 190/202, que absolveu os acusados Weneton, Paulo e Bruno da alegada violação ao artigo
157, § 2º, inciso II, c/c o art. 14, inciso II, todos do Código Penal.
Em suas razões (fls. 207/215), pugna o apelante pela procedência da pretensão acusatória deduzida
na denúncia. Aduz, em síntese, que as provas dos autos são suficientes para embasar o decreto
condenatório.
As contrarrazões vieram às fls. 218/228, 230/233 e 234/236, pugnando pela manutenção da
sentença vergastada.
A d. Procuradoria de Justiça manifesta-se pelo conhecimento e provimento do recurso (fls. 241/246).
É o relatório.
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Cuida-se de recurso de apelação interposto por João Francisco contra a sentença proferida pelo Juízo
da Oitava Vara Criminal de Brasília, que o condenou à pena de três meses de reclusão, a ser cumprida em
regime aberto, bem como ao pagamento de vinte dias-multa, no valor unitário mínimo, substituída a pena
privativa de liberdade por uma restritiva de direitos, “a ser cumprida nos moldes e condições estabelecidas
pela Vara de Execuções Criminais”, pela prática do delito previsto no art. 180, § 3º, do CP.
Em suas razões, o apelante requer a declaração da extinção da punibilidade, em face da prescrição
retroativa. Pleiteia, subsidiariamente, a fixação da pena na modalidade “detenção”, bem como a sua
redução.
Contrarrazões pugnando pelo provimento do recurso, “exceto quanto à parte atinente à fixação da
pena base”.
A douta Procuradoria de Justiça opinou pelo provimento do recurso, quanto à extinção da [u40] Comentário: Aqui utilizou-se
punibilidade e, no mais, pelo provimento parcial, “apenas para que seja modificada a pena de reclusão para equivocadamente o verbo no pretérito
detenção”. perfeito, quando, no entanto, deveria ser no
É o relatório. presente do indicativo.
Neste tipo de relatório é muito comum acontecer de o relator iniciar a descrição dos
fatos a partir da sentença (verbos no passado), passando, em seguida, a descrever os
fatos do recurso (verbos no presente). Todavia, não é recomendável a utilização desta
técnica, uma vez que, como regra, os relatórios devem iniciar-se com os fatos descritos
na petição inicial (relatório circunstanciado) ou no recurso (relatório sucinto), e não a
partir da sentença ou de outro provimento jurisdicional. Este tipo de relatório dá ao leitor a
impressão de que faltam elementos para sua completude.
Veja os seguintes exemplos:
João de tal foi condenado pela sentença prolatada às fls. 106/110 a pagar a seu filho, Wagner de tal,
pensão alimentícia mensal no valor de 15% de seus rendimentos brutos, abatidos os descontos legais.
Inconformado, apela o réu, alegando ser indevida a pensão, já que o filho pode prover seu sustento
com fruto do próprio trabalho, não necessitando de ajuda financeira do pai para essa finalidade. Pede a
reforma da sentença, a fim de que seja julgado improcedente o pedido inicial. Requer, ainda, caso não seja
esse o entendimento do Tribunal, a redução do quantum fixado na sentença, por entender excessivo o valor
frente a renda auferida e o fato de possuir dois outros filho do segundo casamento.
Não houve recolhimento do preparo, por encontrar-se o réu/apelante litigando sob o pálio da justiça
gratuita.
O autor/apelado ofertou contrarrazões às fls. 142/146, pugnando pelo desprovimento do recurso.
É o relatório.
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João Victor foi condenado como incurso nas penas do artigo 157, caput, c/c o artigo 70 (três vezes),
ambos do Código Penal, ao cumprimento de 04 (quatro) anos, 03 (três) meses e 10 (dez) dias de reclusão,
em regime inicial semiaberto, e ao pagamento de 30 (trinta) dias-multa, fixados no valor mínimo previsto
em lei (fls. 85/101).
Irresignados, apelam o representante do órgão ministerial e o acusado.
Em razões de fls. 106/110, o Ministério Público, alegando ofensa ao enunciado 231 da Súmula do
Superior Tribunal de Justiça, pleiteia a reforma parcial da sentença a fim de que a reprimenda seja fixada
em 04 (quatro) anos e 08 (oito) meses de reclusão, em regime semiaberto, além de 10 (dez) dias-multa,
apurados no valor mínimo legal.
Às fls. 134/136, pugna a defesa técnica pelo reconhecimento do crime de roubo em sua forma
tentada e pela consequente redução da pena em 1/3 (um terço), fixando-se o regime inicial aberto para o
cumprimento da reprimenda.
As contrarrazões do réu são vistas às fls. 112/115 e as do Ministério Público vieram às fls. 138/142.
A douta Procuradoria de Justiça manifestou-se às fls. 146/156, oficiando pelo provimento do apelo
ministerial e desprovimento do recurso da defesa.
É o relatório.
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LEANDRO foi condenado como incurso no art. 157, § 2º, incisos I e II, c/c 14, inciso II, do Código
Penal, à pena privativa de liberdade de 3 (três) anos e 7 (sete) meses e 21 (vinte e um) dias de reclusão,
em regime semiaberto, e à pena pecuniária de 15 (quinze) dias multas, fixada no mínimo legal (fls.
168/178).
A defesa do réu apela à fl. 188, requerendo em razões de fls. 191/203, a absolvição por insuficiência
de provas da autoria, o afastamento das causas de aumento de pena do emprego de arma e do concurso de
pessoas e a fixação da pena base no mínimo legal.
Contrarrazões às folhas 217/222, pugnando pelo conhecimento e não provimento do recurso.
Parecer da ilustrada Procuradoria de Justiça às folhas 225/229, pelo conhecimento e não provimento
do recurso.
É o relatório.
a) a absolvição dos recorrentes b) ...a absolvição do crime de formação de quadrilha, porquanto não
restou demonstrado o vínculo associativo permanente para fins criminosos e também por não configurar a
associação de no mínimo 4 (quatro) pessoas;
Contrarrazões do d. Ministério Público pelo desprovimento dos apelos (fls. 1415-1424).
Nesta instância, o Doutor MÁRIO PEREZ DE ARAÚJO, ilustre Procurador de Justiça, opinou pelo
desprovimento em parte dos recursos, entendendo pela necessidade da reforma da sentença no que toca à
dosimetria da pena (fls. 1439-1447).
É o relatório do necessário. (desobediência à ordem cronológica dos fatos)
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Apelação interposta por CLAUDIO contra sentença que o condenou a 9 (nove) anos e 2 (dois) meses
de reclusão, em regime inicialmente fechado, mais 80 (oitenta) dias-multa, como incurso no art. 157, §3º,
1ª parte, do CP.
Narra a denúncia que no dia 11 de setembro de 2002, por volta das 14h20, no interior do [u42] Comentário: Aqui também há total
estacionamento comercial GESSO GOIÁS, Águas Claras, Taguatinga/DF, mediante grave ameaça e uso de desobediência à ordem cronológica dos fatos.
arma de fogo, CLÁUDIO, ANDRÉ e TIAGO tentaram subtrair R$8.000,00 (oito mil reais) em espécie, além do No primeiro parágrafo inicia-se com a sentença.
veículo VW/Santana, pertencentes à vítima EDSON. Consta que ANDRÉ e TIAGO entraram na loja e No segundo parágrafo, volta-se ao momento da
renderam o ofendido, que estava acompanhado da testemunha MARLUS. Depois de anunciado o assalto, denúncia. No quarto parágrafo volta-se ao
perceberam que a vítima - policial civil do Distrito Federal - estava armada e iniciaram uma “troca de tiros”. momento da apelação.
TIAGO faleceu no local e EDSON foi lesionado gravemente, mas restabeleceu-se. CLÁUDIO aguardava o
desfecho do assalto na direção de uma GM/Blazer e deu fuga ao comparsa. (fl. 03)
ANDRÉ foi condenado em 28 de julho de 2003. (fls. 330/346)
Por não ter sido encontrado, o feito foi suspenso para o acusado CLÁUDIO em 22 de agosto do
mesmo ano (fls. 368/369). Cumprido o mandado de prisão depois de 6 (seis) anos, o apelante foi
regularmente processado e condenado. (fls. 627/638)
CLÁUDIO nega a autoria. Alega insuficiência de provas. Sustenta que a delação do corréu não foi
confirmada pelos depoimentos das testemunhas. Aduz que a vítima distorceu os fatos e os elementos do
conjunto probatório não confirmaram sua versão. Afirma que o motorista da GM/Blazer não foi visto. Aponta
contradições nos depoimentos. Pleiteia a aplicação do in dubio pro reo. Requer a absolvição.
Alternativamente, postula a desclassificação para tentativa, a redução da pena e o regime semiaberto.
Contrarrazões às fls. 524/532.
A Procuradoria de Justiça oficia pelo desprovimento do apelo.
É o relatório.
Trata-se de ação penal instaurada em desfavor de JEFFERSON e EDUARDO pela prática do crime
descrito no art. 157, § 3º, segunda parte, do Código Penal, nos seguintes termos: (...)
Devidamente instruído o feito, sobreveio sentença condenando EDUARDO e JEFFERSON por infração
ao artigo 157, § 3º, in fine, do CPB.
A pena de EDUARDO foi definitivamente fixada em 21 anos e 06 meses de reclusão, pagamento de
40 dias-multa, em regime inicialmente fechado para o cumprimento de pena.
A pena de JEFFERSON também foi definitivamente fixada em 21 anos e 06 meses de reclusão,
pagamento de 40 dias-multa, em regime inicialmente fechado para o cumprimento de pena.
O Ministério Público tomou ciência da sentença e não manifestou interesse em apelar (fl. 580v).
O patrono de JEFFERSON apresentou as razões de apelação às fls. 598/634. Requer, em síntese, seja
o réu absolvido nos termos do artigo 386, incisos IV ou VI, do CPP.
A Defesa de EDUARDO, por sua vez, apresentou as razões do recurso às fls. 637/642. Alega, em
resumo, que a fixação da pena, especialmente a pena base, está equivocada. Requer, por essa forma, a
reforma da sentença a fim de que a pena base seja fixada em seu mínimo legal.
Contrarrazões às fls. 644/655 pelo conhecimento e desprovimento dos recursos.
A d. Procuradoria de Justiça ofertou parecer às fls. 681/685 pela manutenção da sentença recorrida.
É o relatório.
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Adoto, como parte deste, o relatório da r. sentença que se encontra às fls.91/92 e que possui o
seguinte teor:
(..transcrever...)
Acrescento que o MM. Juiz a quo julgou procedente a denúncia, condenando o réu a quatro anos de [u44] Comentário: Acréscimo feito pelo
reclusão e 20 dias multa, como incurso nas penas do art. 157 do CPP. relator, após transcrever o relatório alheio.
Inconformado, apela o réu, sustentando o desacerto da sentença, alegando ser inocente da
imputação que lhe é feita. Considera exacerbada a pena imposta, alegando ser primário e de bons
antecedentes. Pede, ao final, a sua absolvição ou, subsidiariamente, a minoração da pena.
Em contrarrazões, o apelado pugna pelo desprovimento do apelo.
É o relatório.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS:
O relatório somente será juntado aos autos do processo quando for caso de análise
pelo revisor, devendo ir à apreciação deste antes do julgamento do recurso. Há
magistrados, todavia, que fazem juntar o relatório nos autos mesmo na hipótese em que
a causa não enseja revisão. É praxe que deve ser respeitada, embora de acerto técnico
duvidoso.
Não sendo caso de processo que enseja análise pelo revisor, o relator pede dia para o
julgamento do recurso, levando o relatório em mão para leitura oral.
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO, VOTO E EMENTA – APELAÇÃO CRIMINAL
Mara Saad 56
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CAPÍTULO IV
O VOTO
1. NOTAS INTRODUTÓRIAS:
No segundo grau de jurisdição, as decisões judiciais, em regra, são tomadas
por um colegiado, salvo aquelas hipóteses em que o magistrado pode decidir
monocraticamente. [u46] Comentário: No segundo grau de
jurisdição, as decisões proferidas pelo relator
O julgamento proferido por um órgão colegiado é denominado de “acórdão”. O são denominadas de ‘decisões monocráticas’.
acórdão contém tantos votos quantos forem os magistrados presentes na sessão de No primeiro grau de jurisdição, as decisões
proferidas pelo juiz são denominada ‘decisões
julgamento (é o que se costuma chamar de sentença plúrima). interlocutórias’.
São elementos essenciais do acórdão: o relatório, os votos e o dispositivo.
O relatório já foi objeto de estudo no capítulo anterior. Passemos ao estudo do
voto.
O VOTO é, por assim dizer, a sentença proferida no segundo grau de
jurisdição. Nele se exprime o resultado da análise da sentença em confronto com os
argumentos deduzidos no(s) recurso(s) interposto(s) pelas partes litigantes.
É com o voto do relator que se dá início ao julgamento do recurso interposto
pelas partes, seguido do voto do revisor (quando for o caso de processo que enseja
análise pelo revisor) e dos demais vogais. É por essa razão que o voto do relator tem
que ser mais elaborado e circunstanciado. Deve ser escrito de forma clara e simples,
fazendo com que o leitor, mesmo o leigo em questões jurídicas, o compreenda. Os
termos jurídicos devem ser empregados corretamente, evitando-se o “juridiquês”
indevido. Devem ser evitadas também as abreviaturas e as palavras desnecessárias.
Deve-se identificar ao leitor quem é o apelante e o apelado, utilizando sempre no voto
a expressão autor-apelante; réu-apelado; ré-apelante etc. [u47] Comentário: Há os que preferem o
uso de apelante/autor, por entender que, em
A fundamentação é a parte do voto em que o seu prolator apresentará as se tratando de recurso, deve vir em primeiro
razões que o levaram a decidir a questão desta ou daquela maneira. Assim como a lugar o apelante. Esse uso, todavia, é indevido,
uma vez que a parte, antes de ser apelante (ou
sentença, o voto também tem que ser bem fundamentado, devendo conter os apelado) é autor (ou réu).
fundamentos de fato e de direito que geram a convicção do julgador e levam ao
resultado do julgamento. O voto tem que ser claro e preciso, para evitar ambiguidades
e incertezas e, assim, evitar a oposição de embargos de declaração. O voto, tal qual a
sentença, não poderá ir além, aquém, nem fora do limites do pedido. O seu foco é a
sentença recorrida que deverá ser analisada em confronto com os fundamentos do
recurso para, ao final, ser confirmada, reformada (no todo ou em parte) ou anulada.
O voto é, portanto, o resultado daquilo que se extraiu da análise do recurso em
confronto com os fundamentos da sentença.
Ao voto são aplicadas, mutatis mutandis, as mesmas regras processuais
previstas para a sentença.
No julgamento da ação penal, o juiz faz, na sentença, dois juízos distintos: o
juízo preliminar (verificação dos pressupostos processuais e condições da ação) e o
juízo de mérito.
No julgamento do recurso, o relator, de igual forma, faz dois juízos distintos: o
juízo de admissibilidade (que diz respeito ao seu conhecimento ou não conhecimento)
e o juízo de mérito (que diz respeito ao seu provimento ou não provimento).
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fundamentadamente pelo juiz quando: I – provada a inexistência do fato; II – provado não ser ele
autor ou partícipe do fato; III – o fato não constituir infração penal; IV – demonstrada causa de
isenção de pena ou de exclusão do crime. Ex: O juiz absolve sumariamente o réu quando resultar
provado ter o agente praticado o fato acorbertado por quaisquer das causas excludentes da
criminalidade.
jurídica a ser defendida pelo relator, em favor ou contra o recorrente (e, de consequência,
contra ou a favor da sentença).
Ex.: O Juiz julga procedente a acusação por entender haver provas suficientes da autoria e
materialidade do crime -> recurso do réu -> o cerne é verificar se há mesmo provas da autoria e
materialidade do crime.
Ex.: O juiz julga procedente a acusação e aplica pena superior ao previsto na lei para o
crime -> recurso do autor -> o cerne da questão é a verificação da legalidade na aplicação da
pena (verificar na lei penal a quantidade de pena prevista para o crime e analisar as circunstâncias
legais envolvidas).
Ex.: O juiz julga improcedente a acusação e absolve sumariamente o réu por entender não
constituir crime o fato a ele imputado -> recurso do MP -> o cerne é estabelecer se constitui ou
não crime o fato ao réu imputado.
- o recurso é tempestivo? Foi interposto dentro do prazo legal previsto para o seu
exercitamento?
- o recorrente tem legitimidade e interesse para recorrer? (o recorrente foi
sucumbente no primeiro grau de jurisdição?)
Após a realização do juízo de admissibilidade e em se verificando presentes os
pressupostos de admissibilidade (juízo positivo), conhece-se do recurso, passando, em
seguida, à formulação do juízo de mérito. Caso contrário (juízo negativo), não se
conhece do recurso, sendo defeso, neste caso, adentrar no exame do mérito da
postulação.
O juízo de admissibilidade, se positivo, não necessita ser fundamentado,
bastando dizer que estão preenchidos os requisitos legais para o conhecimento do apelo.
Ele é feito logo no início do voto. Veja alguns exemplos de juízo de admissibilidade
positivo extraídos de acórdãos do TJDFT, verbis:
Ex: “Conheço do recurso, porque presentes os pressupostos de admissibilidade”.
Ex: “Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço de ambos os recursos”.
Evite a seguinte redação: “Presentes os pressupostos processuais, conhece-se do [t48] Comentário: A forma verbal utilizada
recurso”. retira da frase a autoridade que deve conter o
juízo de admissibilidade, como também o
dispositivo final do voto. Em ambos os casos o
O juízo negativo de admissibilidade, no entanto, deve ser devidamente verbo deve estar na primeira pessoa do singular
do presente do indicativo. “Conheço do
fundamentado. Veja o seguinte exemplo:
recurso”. “Nego provimento”. “Dou parcial
“Os presentes embargos não podem ser conhecidos, por manifesta intempestividade. O provimento”. A forma verbal utilizada - na
acórdão impugnado foi disponibilizado no Diário de Justiça Eletrônico no dia 1º de junho de 2011, terceira pessoa do singular – torna o sujeito
indeterminado, não se sabendo precisar quem
quarta-feira (fl. 335), considerando-se como publicado no primeiro dia útil seguinte ao da é que conhece do recurso (se o magistrado ou
disponibilização, dia 2/6/2011, quinta-feira. O prazo para interposição de embargos de declaração se o colegiado).
na esfera processual penal é de dois dias (CPP, art. 619). Como se vê, tal período esgotou-se em
6/6/2011, segunda-feira, e o recurso, contudo, foi interposto no dia 8/6/2011 (fls. 336 verso e 337).
Pelo exposto, não conheço dos embargos de declaração.
É o voto.”
No caso de reexame necessário (art. 574, CPP), por ser ele uma condição de
eficácia da sentença e não uma espécie de recurso, a boa técnica recomenda que, no
juízo de admissibilidade, ao invés de constar a expressão “conheço da remessa oficial”,
deve-se constar: “recebo a remessa, porque preenchidos os requisitos legais do art. 574,
CPP)”. Veja alguns modelos de juízo de admissibilidade de remessa oficial:
Ex: Presentes os pressupostos recursais e legais, conheço do recurso voluntário e
recebo a remessa oficial.
Ex: Conheço do recurso voluntário, porque presentes os pressupostos de
admissibilidade; e recebo a remessa necessária por força do que dispõe o art. 574 do CPP.
Ex: Porque preenchidos os pressupostos de admissibilidade recursal, conheço da
apelação. E porque preenchidos os requisitos legais de admissibilidade, recebo a remessa oficial.
a) as preliminares:
Obs.: É praxe nos tribunais tomar o incidente de insanidade mental como uma
prejudicial do recurso, caso em que o tribunal suspende o feito e remete à primeira
instância para a realização do exame de insanidade mental.
Obs.: Quando o relator suscita de ofício preliminar da causa ou preliminar de
mérito, o exame dos requisitos de admissibilidade do recurso fica prejudicado, pois neste
caso, o recurso sequer será examinado.
Obs.: Não confundir questão prejudicial com a prejudicialidade do recurso
por perda superveniente do interesse processual. Aquela impede a apreciação do
mérito do recurso. Esta enseja a perda superveniente do interesse de recorrer (ex: o réu
recorre pedindo a absolvição e o Ministério Público a majoração da pena. Se o Tribunal
der provimento ao apelo do réu, absolvendo-o, ficará prejudicado o recurso da acusação).
c) a questão de mérito propriamente dita: o mérito do recurso diz respeito à
questão de direito material discutida. Compõe-se da causa de pedir recursal e da
respectiva pretensão de direito material (o bem da vida pretendido). Nele se pede a
anulação, reforma ou integração da sentença.
São exemplos de questões meritórias: absolvição ou condenação do réu;
minoração da pena; modificação do regime prisional; etc.
Ex: Recurso ataca a sentença que condenou o réu pela prática do crime do roubo.
Ex: Recurso ataca a sentença que absolveu o réu da prática do crime de furto.
Ex: Recurso ataca a sentença que foi proferida contrariamente à decisão do jurados.
Nem sempre o mérito do recurso coincide com o mérito da causa.
O mérito do recurso é o pedido que nele se contém, podendo ser delimitada a
quantidade e qualidade da matéria a ser examinada, quando então poderá ou não
coincidir com o mérito da ação.
Ex: O mérito da causa é a condenação do réu pela prática do crime de roubo e o
mérito do recurso é a reiteração do pedido de condenação não obtido no primeiro grau de
jurisdição (neste caso há inteira coincidência entre o mérito da causa e o mérito do
recurso).
Ex: O mérito da causa é a condenação do réu pela prática do crime de roubo,
enquanto o mérito do recurso é o pedido de anulação da sentença por falta de
fundamentação (neste caso não há coincidência entre o mérito da causa e o mérito do
recurso, já que o recorrente não se insurge contra o mérito da ação penal (fato, autoria e
materialidade), mas contra a falta de fundamentação do decisum.
Em regra, quando no recurso se ataca error in procedendo (vício de atividade por
falta de fundamentação ou por irregularidade na citação, por exemplo, com pedido de
anulação da sentença), o mérito do recurso não coincidirá com o mérito da causa.
Quando no recurso se ataca error in judicando (vício de julgamento por injustiça da
decisão ou má apreciação da prova, por exemplo), o mérito do recurso poderá ou não
coincidir com o mérito da causa.
Mas em ambos os casos, segundo a mais abalizada doutrina, seja de alegação
de error in procedendo quanto de error in judicando, trata-se de questão de mérito e
como tal deveriam ser examinadas no recurso. Isso porque, concluindo ou não pela
existência de error in procedendo ou de error in judicando, o tribunal dá ou nega
provimento ao recurso, julgando o mérito da postulação.
Nos tribunais do país, todavia, a praxe (indevida, data venia) é excluir do juízo
de mérito as questões preliminares (tanto as preliminares da causa quanto as
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO, VOTO E EMENTA – APELAÇÃO CRIMINAL
Mara Saad 64
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO, VOTO E EMENTA – APELAÇÃO CRIMINAL
qualificadoras e causas de aumento de pena que, por descuido, não se fizeram constar
da denúncia. O instituto da emendatio libelli pode ser aplicado pelo Tribunal, nos
julgamentos dos recursos, não se podendo todavia os julgadores olvidar o princípio non
reformatio in pejus, em que é proibida a reforma da sentença para piorar a situação do
réu. Assim, em não havendo recurso do Ministério Público, mas somente do réu, o
Tribunal não poderá corrigir a capitulação se disso resultar a aplicação de pena mais
grave.
O art. 384 CPP (mutatio libelli) permite a correção para o fim de adequar a própria
definição do fato. Ex: O MP descreve o fato criminoso como sendo furto. O juiz, ao
sentenciar entende que o fato descrito na denúncia na verdade é roubo (o acusado agiu
com violência contra a pessoa). Neste caso, se a correção implicar aplicação de pena de
maior gravidade, então cumpre ao Ministério Público aditar a denúncia, ficando o juiz
adstrito ao novo fato (art. 384, § 4º do CPP). O instituto da mutatio libelli não pode ser
aplicado pelo Tribunal, em face da vedação contida na Súmula 453 do STF, segundo a
qual “não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único do CPP que
possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de circunstância
elementar não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou na queixa”.
4. TIPOS DE JULGAMENTO:
Ao prolatar o voto, o relator pode proferir dois tipos de julgamento:
Obs.: No caso de recurso contra sentença definitiva, quando a substituição for total,
ainda que esteja o acórdão confirmando a sentença, por ser o julgamento substitutivo,
não é de boa técnica dizer no dispositivo que “se mantém a sentença por seus próprios e
jurídicos fundamentos”. Isso porque, se o acórdão substituiu a sentença, os fundamentos
agora prevalentes são os do acórdão e não mais os da sentença. QUANDO A
SENTENÇA É CONFIRMADA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS, O ACÓRDÃO
NÃO NECESSITA TRAZER NOVOS FUNDAMENTOS, BASTANDO REPETIR OS JÁ
CONTIDOS NA SENTENÇA. Quando a substituição for parcial, no entanto, a parte da
sentença não impugnada pode ser mantida por seus próprios fundamentos.
5.4. AS PREJUDICIAIS:
Após as preliminares de mérito, deverão ser analisadas as eventuais prejudiciais
suscitadas pelo recorrente. As questões prejudiciais são aquelas que, se acolhidas,
ensejarão a suspensão da análise do mérito do recurso. Ex: - instauração de incidente de
uniformização de jurisprudência; - arguição de inconstitucionalidade de lei; - instauração
de incidente de insanidade mental do réu; etc.
5.5. OBSERVAÇÕES:
Por óbvio, se o relator suscita de ofício alguma preliminar (ou prejudicial), esta
deverá ser examinada em primeiro lugar, não tendo lugar o exame das demais questões
postas no recurso, nem mesmo do juízo de admissibilidade, cuja análise fica prejudicada.
Obs.: Quando for o caso de se arguir, de ofício, alguma preliminar, mas a parte
também a suscita, o relator deverá acolher a preliminar suscitada e não decidir de ofício.
Se for o contrário, ou seja, se ele suscitar de ofício a preliminar, e não houver arguição do
apelante, então não deverá dizer que acolhe a preliminar, mas sim que a suscita de
ofício. Ex: O relator verifica que o recurso está intempestivo. De ofício ele pode não
conhecer do recurso (Ex: De ofício, não conheço do apelo). Todavia, se a parte apelada
suscitar a preliminar de intempestividade nas contrarrazões, o relator deverá acolher a
preliminar (Ex: Acolho a preliminar suscitada e não conheço do recurso).
Havendo arguição de preliminar (seja da causa, seja de mérito) a solução pode ser
o acolhimento ou a rejeição da preliminar.
5.6. O MÉRITO:
Por último, é feita a análise do meritum causae, que diz respeito à questão de
direito material.
Ao examinar o mérito do recurso (questão de direito material) o tribunal analisa se
as razões do recurso são ou não pertinentes. Verifica se houve erro do julgamento por
parte do juiz, ou seja, se houve má apreciação da prova, ou má aplicação do direito.
Verificando estar correta a sentença, ele NEGA PROVIMENTO AO RECURSO. Caso
seja detectado eventual defeito no julgado, ele DÁ PROVIMENTO AO RECURSO (total
ou parcialmente, dependendo do caso) para anular ou reformar (total ou parcialmente),
conforme seja o caso de error in procedendo ou error in judicando respectivamente.
Error in procedendo -> anula a sentença
Error in judicando -> reforma a sentença
Sentença correta -> confirma-se a sentença
Quanto ao juízo de mérito, (fundamentação do voto), não há uma sequência
obrigatória sobre qual dos exames deve ser feito primeiro: se o exame dos fatos ou o
exame da questão de direito. Tudo vai depender do caso concreto. Há casos em que o
magistrado analisa em primeiro lugar a questão de fato. Em outros casos, analisa
primeiro a questão de direito. Há casos também em que as questões de fato e de direito
estão tão entrelaçadas que a análise deve ser feita simultaneamente.
No processo criminal, em que se sobreleva a questão fática, em regra são os
fatos que deverão ser examinados em primeiro lugar.
Há doutrinadores, no entanto, que recomendam, na motivação do voto, seguir
a seguinte ordem (silogismo):
- Premissa maior -> a norma jurídica;
- Premissa menor -> o fato
- Conclusão -> a solução da questão controvertida.
PRELIMINARES SOLUÇÃO
- incompetência do juízo; - anula a sentença e determina o
retorno dos autos à instância de origem
para que os autos sejam distribuídos a
um dos juízos competentes (julgamento
rescindente).
- cerceamento de defesa; - anula a sentença e determina o
retorno dos autos à vara de origem para
oportunizar a produção de provas
(julgamento rescindente).
- falta de fundamentação da sentença; - anula a sentença para que outra
seja proferida devidamente
fundamentada (julgamento rescindente).
- falta de intervenção do Ministério - anula a sentença e os atos
Público; processuais realizados posteriormente
ao momento em que o MP deveria
intervir no feito, determinando o retorno
dos autos para a manifestação do MP
(julgamento rescindente).
7. A ESTRUTURAÇÃO DO VOTO:
Se houver várias questões a ser discutidas, separe-as por tópicos para oportunizar
melhor entendimento e visualização da matéria debatida. Ex: - Da autoria e
materialidade: - Do quantum da pena; - Do regime prisional; etc.
Ao utilizar as fontes do direito, observe a hierarquia delas: 1º) Constituição Federal:
2º) leis em geral; 3º) jurisprudência (STF, STJ, TJ); 4º) doutrina.
8. DOSIMETRIA DA PENA:
A fixação da pena-base com base nas circunstâncias judiciais deve ser feita por
meio de decisão devidamente fundamentada, com razoabilidade e proporcionalidade,
atendendo aos fins da pena (punição e prevenção). A análise deve ser feita com base
em dados concretos extraídos dos autos do processo, não se admitindo
fundamentação vaga e abstrata. Pesadas as circunstâncias em contrário ou em favor
do réu, a pena vai-se diminuindo ou aumentando.
Há vários critérios para a aplicação do art. 59 do CP.
1º) para cada circunstância judicial aplicam-se – a mais ou a menos - dois
meses (se a pena do crime for de 1 a 4 anos), quatro meses (se a pena do crime for
de 4 a 8 anos), seis meses ou mais (se a pena do crime for maior do que isso);
2º) aplica-se a regra do “um oitavo”: diminui-se o máximo do mínimo da pena e
divide-se por dois (Ex: pena de 1 a 4 anos -> 4 - 1 = 3 -> três anos = trinta e seis
meses -> 36 (meses) : 8 (oito circunstâncias) = quatro meses -> quatro meses é o
máximo a ser aplicado para cada circunstâncias e o mínimo são dois meses (metade
de quatro), a depender do crime praticado.
3º) outros (vide livros de doutrina)
Na análise da qualificação subjetiva do condenado e dos critérios norteadores
do art. 59 deve o magistrado atentar-se para:
- culpabilidade: é o juízo de censura que se faz em razão do crime praticado pelo
acusado. Se a reprovabilidade da conduta estiver dentro do padrão que se admite
para o crime, não há aumento da pena. Se extrapolar a razoabilidade do que se
entende aceitável para o crime, então a pena já começa acima do mínimo legal. Ex: a
culpabilidade da acusada vem demonstrada por meio de regular índice de
reprovabilidade, tendo em vista que possuía o potencial conhecimento da ilicitude do
fato, sendo socialmente reprovável a sua conduta, quando dela se exigia
comportamento diverso”. Ex: “Conduta reprovável, na medida em que incrementa de
modo sensível o sentimento de insegurança nesta comunidade.” Ex: A
- antecedentes: Ex: o acusado é contumaz no crime. Ex: é a primeira investida
criminosa. Ex: Réu primário e de bons antecedentes. Ex: Réu possuidor de extensa
folha penal, ostentando condenações por fatos anteriores, indicativas de seus
péssimos antecedentes. Ex: “Registra maus antecedentes à luz da certidão de fl. 190”.
Obs: Para efeito de valoração da circunstância judicial referente aos maus
antecedentes, é exigida a existência de sentença penal condenatória por fato
criminoso cometido antes do crime em análise com trânsito em julgado (Ac. 527.996).
Súmula 444 do STJ = Condenação sem certificação do trânsito em julgado não pode
ser levada à consideração de maus antecedentes (presunção de não culpabilidade).
- conduta social: Considera-se o comportamento no ambiente familiar, de trabalho,
escolar etc. Muitas vezes, a conduta social não resta devidamente investigada. Ex:
Sem elementos para a análise da conduta social do agente. Ex: Tenho que a conduta
social e personalidade do acusado devem ser aferidas de forma favorável, pois
inexistem elementos nos autos para a respectiva aferição.
- personalidade (está ligada à conduta do agente no momento da consecução do
crime): agressividade, maldade, ambição, desonestidade, perversidade Se é afetivo,
agressivo, maldoso, ambicioso, desonesto, perverso etc. Ex: Sem elementos para a
análise da personalidade do réu.
- os motivos – a valoração dos motivos deve ser feita conforme as normas ético-
sociais. Muitas vezes a motivação não fica devidamente esclarecida. (Se o motivo
integrar uma qualificadora ou uma privilegiadora, contemplada na parte especial, não
será apreciado entre os fatores determinantes elencados pelo art. 59, mas num
momento posterior).
- as circunstâncias – As agravantes e atenuantes são chamadas de circunstâncias
legais, enquanto o art. 59 enumera as circunstâncias judiciais. Não integram o crime
mas influem sobre sua gravidade. As circunstâncias obrigatórias são aquelas
arroladas nos arts. 61, 62 e 65 do CP, de aplicação cogente. (os meios e o local do
crime, o tempo de sua duração, as relações entre autor e vítima). Ex: As
circunstâncias e motivos não exorbitam a esfera de reprovação do tipo.
- as consequências do crime – qual o tamanho do dano para a vítima, sua família e
a sociedade. Ex: A vítima amargará para sempre na memória o vilipêndio à sua
inocência e o prejuízo à sua infância, que jamais poderá ser recuperado. Ex: “As
consequências excedem em muito o ordinariamente previsto, pois além de tratar-se de
prejuízo de alta monta, o acusado ainda subtraiu a arma da vítima, o que revela dano
incalculável à coletividade, pois adicionou tal artefato ao cenário de crimes praticados
mediante violência e grave ameaça”.
9. ELEMENTOS DO VOTO:
São elementos essenciais do voto: a fundamentação e o dispositivo.
9.1. A FUNDAMENTAÇÃO:
Após a análise de todos os elementos do processo (das questões de fato e de
direito, da sentença e das razões deduzidas no recurso), o relator estará apto a
desenvolver a tese jurídica a ser por ele defendida e fazer a exposição das razões de
seu convencimento de forma precisa, indicando os motivos que o formaram e
solucionando o conflito devolvido a seu conhecimento (para, ao final, dar ou negar
provimento ao recurso, anulando, reformando ou confirmando a sentença recorrida).
O magistrado pode decidir livremente; todavia, deve fazê-lo com base nas
alegações das partes, nas provas dos autos, no direito vigente (aplicando a norma
legal pertinente ao caso concreto), nos bons costumes e nos princípios gerais do
direito ou na analogia (se o caso), citando jurisprudência e doutrina, se considerar
necessário para fundamentar a decisão, sob pena de tornar arbitrária a jurisdição.
Se a questão é eminentemente de fato, devem ser analisadas todas as provas
produzidas pelas partes, para extrair delas o resultado final da controvérsia. Se a
questão é eminentemente de direito, deve ser procurada nos livros de doutrina e na
jurisprudência a melhor interpretação jurídica a respeito da matéria litigiosa.
Quando for o caso de reforma da sentença, o voto tem que rebater os
fundamentos dela.
Quando for o caso de confirmação da sentença, o voto tem que rebater os
fundamentos do recurso.
Obs.: Para o acolhimento do pedido não é necessário o enfrentamento de todos os
argumentos deduzidos pela parte, mas para o não acolhimento sim.
Segundo o art. 489, § 1º, do novo CPC,
9.2. O DISPOSITIVO:
O DISPOSITIVO SERÁ ESTUDADO EM CAPÍTULO À PARTE.
DICA 1: evite identificar o nome das partes no voto, a menos que isso seja
extremamente necessário. No processo criminal é usual a identificação do nome do réu
no voto, principalmente quando há mais de um condenado. Quando houver apenas um
réu utilize a regra do aposto, separando por vírgula o seu nome da sua qualificação no
feito. Ex: O réu, Antônio da Silva. A ausência de vírgula, nesses casos, indica que há
mais de um réu. Ex: O réu Antônio da Silva.
DICA 3: se o recurso contiver vários pontos, convém separá-los por tópicos no voto.
Ex: da autoria e materialidade; do quantum da pena; do regime prisional; etc.
DICA 5: procure não começar outro processo sem que tenha terminado o primeiro.
Racionalize o seu trabalho, concentrando sua atenção em apenas um caso.
DICA 6: a remessa obrigatória prevista no art. 574, CPP não possui a característica
de um recurso. Trata-se de condição de eficácia da sentença. Por isso, a boa técnica
recomenda que, ao realizar o juízo de admissibilidade, ao invés de constar a expressão
“conheço da remessa oficial”, é preferível que conste: “recebo a remessa, porque
preenchidos os requisitos legais do art. 574 do CPP” ou “não recebo a remessa porque
não preenchidos os requisitos legais do art. 574 do CPP”.
DICA 7: seja imparcial. Dê o direito a quem comprovar que o tem. Elimine a cultura do
“tadinho”.
DICA 8: procure não usar abreviaturas no relatório, voto e ementa. Escreva sempre
por extenso as palavras. Ex: Ministério Público (ao invés de MP) etc.
DICA 9: ao elaborar o voto, procure identificar quem são as partes recorrentes. Ex:
autor/apelante; réu/apelado; apelante/embargado; apelado/embargante etc. Não inverta a
ordem das palavras. Ex: apelante/autor. Fique atento para o gênero (masculino ou
feminino), fazendo o uso correto dele. Quando a parte for do sexo feminino use o artigo
feminino “a” (a ré/apelante) (a ré/apelada).
DICA 10: quando se verificar que o recorrente cita vários dispositivos constitucionais
e legais, é um claro sinal de que está “prequestionando” com vistas à interposição de
recurso às instâncias superiores. Assim, para evitar a oposição de eventuais embargos
de declaração, convém citar no voto os dispositivos invocados. Faça-o, todavia, dentro do
contexto da questão examinada e não isoladamente no final do voto. Ex: “Correta, pois, a
sentença, ao fixar o regime prisional semiaberto, nos termos do que dispõe o art. 33, §
1º, b do CPB.
DICA 11: Não é obrigatório fazer referência às preliminares no dispositivo do voto. Ex:
REJEITO AS PRELIMINARES. Todavia, a referência é necessária e tem como objetivo
evitar eventual descuido por parte do relator em sua análise na sessão de julgamento.
DICA 14: ao fazer a transcrição de uma ementa, utilize o itálico, sendo dispensáveis
as aspas, mas a referência deve ser feita em fonte normal. Alinhe-a à direita, com recuo
de 4 cm de largura da margem esquerda e sem recuo na primeira linha. Ex:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA APELAÇÃO
CRIMINAL. INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO.
Não se conhece de embargos de declaração em apelação
criminal interpostos além do prazo de dois dias previsto no
artigo 619 do Código de Processo Penal. (EMDAPC
20100710181907, Rel. Des. Mário Machado, 1ª Turma
Criminal TJDFT, julg. 06/06/2011).
- Se for fazer a transcrição de várias ementas, utilize o ponto e vírgula entre uma e
outra, deixando o ponto final apenas para depois da última.
CAPÍTULO V
O VOTO DE REVISOR
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O apelante foi condenado à pena corporal de 02 (dois) anos de reclusão, o que enseja prescrição em
04 (quatro) anos, conforme dispõe o artigo 109, inciso V, do Código Penal. Houve trânsito em julgado da
condenação para o órgão acusador, certificado à fl. 203. Entre a data do fato (16/04/2004) e o
recebimento da denúncia (06/06/2008 - fl. 116) transcorreu lapso temporal de 04 anos, 01 mês e 21 dias,
prazo superior ao previsto.
Portanto, imperiosa a extinção da punibilidade com supedâneo no artigo 110, § 1º, do Código Penal.
Pelo exposto, declaro extinta a punibilidade com fundamento nos artigos 109, inciso IV, e 110, § 1º,
ambos do Código Penal.
É o voto.
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Conheço do recurso, eis que presentes seus requisitos de admissibilidade (fls. 131 e 138/143).
Inabalável a materialidade do crime descrito na exordial (fls. 6/11, 45/46, 53/64 e 92/93).
Quanto à autoria, diversamente do ventilado pela Defesa, não somente as provas realizadas durante
o inquérito lastrearam o decreto condenatório (fls. 6/11), mas também e principalmente a prova oral
produzida sob o crivo do contraditório, qual seja, o depoimento da vítima e do policial que participou do
flagrante (fls. 92/93). Além disso, há também a prova técnica acerca do crime, na medida em que a perícia
constatou o arrombamento empregado na residência (fls. 53/64), bem assim o fato de que terceira pessoa,
ainda não identificado, em companhia do réu, adentrou o recinto com vista a furtar os bens de valor ali
existentes (fls. 111/115).
Assim, cabalmente comprovada a autoria do crime imputado ao recorrente, não havendo que se falar
em insuficiência de provas.
Peço vênia para fazer constar como parte integrante do voto os bem lançados fundamentos do
parecer da i. Procuradoria de Justiça às fls. 163/168.
A pena aplicada ao apelante foi bem dosada e graduada com equidade, conforme preceituam os
artigos 59 e 68 do Código Penal (fls. 126/127), não havendo pontos para quaisquer reparos.
Finalmente, no que se refere à indenização à vítima, fixada em cento e cinquenta reais (fl. 128), não
há cogitar de condenação do recorrente a indenizar prejuízos da vítima sem que esta haja formado qualquer
pedido neste sentido. Assim, os princípios do contraditório e da ampla defesa não foram observados, pois
não se oportunizou ao réu defender-se, de modo a indicar valor diferente, comprovar que inexistiu prejuízo
material ou, até mesmo que este já fora recompensado, à vítima. Conforme lição de Guilherme de Souza
Nucci “se não houver formal pedido e instrução especifica para apurar o valor mínimo para o dano, é defeso
ao julgador optar por qualquer cifra, pois seria nítida infringência ao principio da ampla defesa” (Código de
Processo Penal Comentado: 8ª edição, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, pág. 691).
A interpretação do art. 387, inciso IV, do Código de Processo Penal, deve ser compatibilizada com o
princípio da inércia da jurisdição.
Sem solicitação não pode o juiz condenar.
No caso, inexistente súplica da vítima, não cabe qualquer indenização.
De mais a mais, o fato-crime ocorreu antes de 23/06/2008, data da publicação da Lei n. 11.719, que
deu nova redação ao inciso IV do art. 387 do Código de Processo Penal. E, tratando-se de lei nova e mais
grave não se deve aplicá-la retroativamente, em consonância com o art. 5°, inciso XL, da Constituição
Federal.
Pelo exposto, dou parcial provimento ao recurso apenas para excluir a indenização civil fixada em
favor da vítima. No mais, mantenho a sentença.
É o voto.
3. DISPOSIÇÕES FINAIS:
Quando o processo ensejar análise pelo revisor (processo cuja pena privativa é de
reclusão), este, após fazer a revisão e elaborar o seu voto, pedirá dia para julgamento.
CAPÍTULO VI
O DISPOSITIVO
Ex: À vista do exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO AO APELO para reformar em parte a
sentença e julgar parcialmente procedente a denúncia e o faço para condenar o acusado como
incurso nas penas do art. 157, § 2º, I, II e VI do CP. Passo a dosar a pena.
Obs: Há casos em que o recurso pode ser conhecido apenas em parte. Ex: o
recorrente impugna, dentre outras coisas, o capítulo da sentença do qual ele não
sucumbiu. Nestes casos, fica assim o dispositivo:
À vista do exposto, CONHEÇO EM PARTE DO RECURSO e da parte que conheço, NEGO-LHE
PROVIMENTO.
Em suma: não conheço do recurso no que se refere ao tipo penal de corrupção de menores. Nego
provimento em relação ao tipo subsistente.
Pelo exposto, nego provimento aos recursos do Ministério Público e do réu, mantendo a condenação pela
prática dos crimes descritos nos artigos 186, VI e 187, da Lei de Falências. Julgo extinta a punibilidade do réu,
pela prescrição, quanto ao crime previsto no artigo 188, III, da Lei de Falências.
Posto isso, DOU PROVIMENTO À APELAÇÃO para absolver Liduína com fundamento no art. 386, inciso
VI, do Código de Processo Penal. Expeça-se alvará de soltura.
À míngua de outros elementos de prova, DOU PROVIMENTO AO RECURSO e julgo improcedente a ação
penal com relação ao apelante Edson e, via de consequência, absolvo-o com apoio no artigo 386, inciso VI,
do Código de Processo Penal. / Expeça-se alvará de soltura, se por outro motivo não estiver preso.
Posto isso, DOU PROVIMENTO AOS RECURSOS interpostos por Jackson e Erick para absolvê-los com
fundamento no art. 386, inciso VI, do Código de Processo Penal. No que se refere ao recurso de Thiago de
Sousa Ramos, meu voto é para negar-lhe provimento.
Posto isso, DOU PROVIMENTO AO RECURSO para absolver sumariamente o apelante com fundamento no
art. 397, inciso I, do Código de Processo Penal.
Pelo exposto, DOU PROVIMENTO AO RECURSO para impronunciar o réu, com fulcro no art. 414 do CPP..
os dos autos. Motivos são os próprios do tipo. Consequências foram consideráveis, eis que o veículo,
embora recuperado, estava depenado, o que reduziu o seu valor de mercado, sendo que os demais bens
não foram restituídos à vítima. As circunstâncias foram comuns à espécie. A vítima em nada contribuiu para
a ação delitiva.
Fixo-lhe então a pena-base em 04 (quatro) anos e 04 (quatro) meses de reclusão e 15 (quinze) dias-
multa.
No segundo estágio, inexistem causas agravantes e/ou atenuantes a serem consideradas.
Na derradeira fase, verifico a existência de três causas especiais de aumento de pena. Conforme se
observa em linhas volvidas, o crime foi praticado com uso de arma de fogo e mediante o concurso de
pessoas, sendo que a vítima teve restrita a sua liberdade, na medida em que foi obrigada a permanecer no
veículo subtraído até ser abandonada em local diverso (art. 157, § 2º, I, II e V do CP). Assim, majoro a
pena em 3/8, totalizando-a em definitivos 05 (cinco) anos, 11 (onze) meses de 15 (quinze) dias de reclusão
e 21 (vinte e um) dias-multa, à míngua da existência de qualquer causa de diminuição de pena.
A pena pecuniária resta fixada no valor unitário mínimo previsto em lei.
Embora o quantum da pena corporal indique a fixação do regime semiaberto, ex vi do disposto no art.
33, § 2º, “b” do Código Penal, verifica-se que as circunstâncias judiciais autorizam a imposição de regime
prisional mais gravoso ao acusado.
Não se pode olvidar da gravidade do delito ora apreciado. Ademais, o apelante ostenta péssimos
antecedentes, inclusive uma condenação pela prática de latrocínio, além de outra incidência por crime de
roubo, o que revela a sua identidade com a seara criminosa, gerando temor no seio social.
Assim, com base no art. 33, § 3º do Código Penal, fixo o regime inicialmente fechado para o
cumprimento da pena, haja vista a apreciação negativa das circunstâncias do art. 59 do mesmo Diploma
Legal.
Isto posto, dou provimento ao apelo ministerial.
E é como voto.”
Desta feita, o recurso interposto pelo Ministério Público merece ser provido, reformando-se a sentença
de fls. 183/191 para condenar Pedro de Oliveira como incurso nas penas do artigo 214 c/ artigo 224, alínea
“a”, ambos do Código Penal, por duas vezes, em continuidade delitiva.
Passo a dosar a pena.
Em observância aos ditames do artigo 59 do Código Penal, verifica-se que militam contra a extrema
culpabilidade e as consequências do crime, pois o trauma causado às vítimas é imensurável, todavia,
considerando as demais circunstâncias judiciais, fixo a pena-base em 06 (seis) anos de reclusão.
Não se constata a presença de circunstâncias atenuantes ou agravantes. Elevo a pena em ½, nos termos
do artigo 226, inciso II do Código Penal, tornado a pena privativa de liberdade definitiva em 09 (nove) anos
de reclusão.
Cuidando-se de crime continuado, tendo em vista que mediante uma só ação o apelado praticou dois
crimes da mesma espécie, majoro a sanção corporal em 1/6, tornando-a definitiva em 10 (dez) anos e 06
(seis) meses de reclusão, a serem cumpridos em regime inicialmente fechado.
Do exposto, conheço do recurso e DOU-LHE PROVIMENTO para reformar a sentença e condenar o
apelado como incurso nas penas do artigo 214 c/ artigo 224, alínea “a”, ambos do Código Penal, por duas
vezes, em continuidade delitiva, nos termos da fundamentação supra.
É como voto.
Pelo exposto, dou parcial provimento à apelação tão somente para reduzir a sanção ao patamar de doze [u58] Comentário: Aqui faltou o comando
anos e dois meses de reclusão, imposta a VALDIR PEREIRA DA SILVA, por incursão no art. 121, § 2º, inciso médio.
IV, do Código Penal. No mais, mantenho a r. sentença recorrida.
Pelo exposto, dou parcial provimento ao recurso, para reduzir a pena corporal do réu Raimundo para 7 [u59] Comentário: Aqui faltou o comando
(sete) anos, 7 (sete) meses e 20 (vinte) dias de reclusão e a pena pecuniária para 20 (vinte) dias multas, médio.
no valor mínimo; para reduzir a pena corporal do réu Jordson para 7 (sete) anos e 11 (onze) meses de
reclusão e a pena pecuniária para 20 (vinte) dias multas; e para excluir o valor indenizatório. No mais,
mantenho a sentença por seus próprios fundamentos.
Ante o exposto, dou parcial provimento ao apelo do réu, Francisco de Assis Wanderson Silva
Carvalho, para alterar o regime inicial de cumprimento da pena do semiaberto para o aberto.
Ante o exposto, dou provimento parcial ao recurso tão-somente para reduzir a pena para 5 (cinco) anos
e 9 (nove) meses de reclusão, e 85 (oitenta e cinco) dias-multa. Mantenho o valor unitário e o regime
prisional.
Do exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para reduzir a condenação imposta à ré para
dois anos, um mês e dez dias de reclusão em regime semiaberto.
Desse modo, tendo em vista a inexistência de fundamentação condizente com as peculiaridades de cada
circunstância qualificadora – imprescindível segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça –
reduzo o aumento da pena a um terço, totalizando essa pena, assim, cinco anos e quatro meses de
reclusão.
Posto isso, dou parcial provimento ao recurso para reduzir a pena.
Destarte, julgo parcialmente procedente a denúncia e o faço para condenar o acusado como incurso nas
penas do art. 157, § 2º, incisos I, II e V do CP. / Passo, adiante, a dosar a pena.
Em face do exposto, acolho a preliminar de cerceamento de defesa, para anular o processo a partir da
citação, inclusive, com a devolução dos autos ao Juizado de origem para o regular prosseguimento. / É
como voto.
Ante o exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso do réu, para anular a sentença recorrida e todos os atos
posteriores ao pedido de degravação da fita magnética com os depoimentos das testemunhas e o
interrogatório do réu, devendo, após a transcrição das aludidas gravações, reabrir o prazo para alegações
finais do Ministério Público e Defesa.
Assim, acolhendo o entendimento supra-assinalado, tem-se que se deve dar provimento ao recurso para
se declarar, em preliminar, a nulidade da sentença, a fim de que se permita a abertura de vista à defesa
constituída ou, se necessário, à Defensoria Pública, para a apresentação das alegações finais.
Diante destas razões, acolho a preliminar posta pela Procuradoria de Justiça, anulo a sentença por
insuficiência de fundamentação e determino que outra seja prolatada, contendo o relato dos fatos alegados
na peça acusatória.
4. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO:
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO, VOTO E EMENTA – APELAÇÃO CRIMINAL
Mara Saad 98
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO, VOTO E EMENTA – APELAÇÃO CRIMINAL
Isto posto, ACOLHO OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. [u61] Comentário: Aqui, optou-se pelo uso
da expressão “nego provimento aos
Ante o exposto, ACOLHO PARCIALMENTE OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, tão somente para embargos”.
retificar o erro material existente no v. acórdão.
Ante o exposto, NÃO CONHEÇO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, por sua patente
intempestividade.
À vista destas considerações, DOU PROVIMENTO apenas para acrescentar esses fundamentos ao meu
voto, sem infringência do julgado.
Ante o exposto, dou provimento aos embargos de declaração, com efeito infringente, para, sanando a
omissão, reconhecer a nulidade do processo, a partir da decisão que indeferiu a prova, determinando,
portanto, o retorno dos autos à instância de origem, para realização da perícia e posterior trâmite regular. É
o voto.
Assim, ACOLHO OS EMBARGOS e em consequência, DOU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DE [u62] Comentário: Aqui, deram-se efeitos
APELAÇÃO PARA REDUZIR A PENA PARA 03 MESES DE DETENÇÃO. Mantenho o regime prisional aberto, nos modificativos (infringentes) aos embargos.
termos do art. 33, § 2º, ‘c’, do Código Penal.
Em face do disposto no art. 44 do CP, mantenho a substituição da pena privativa de liberdade por uma
restritiva de direito, na forma de prestação serviço á comunidade, adequando o período para 90 horas.
Mantenho, no mais, a sentença e acórdão.
É como voto.
Diante do exposto, conheço dos embargos e, emprestando-lhes efeitos infringentes, dou parcial [u63] Comentário: Aqui, deram-se efeitos
provimento ao apelo para, em substituição à pena privativa de liberdade cominada na r. sentença, impor ao modificativos (infringentes) aos embargos.
réu o pagamento de 30 dias-multa, unitariamente calculados à base de um trigésimo do salário mínimo.
5. DICAS ÚTEIS:
CAPÍTULO VII
A EMENTA
O presente estudo será feito com ênfase exclusiva nas ementas produzidas no
TJDFT.
2. PARTES:
A ementa possui duas partes: a verbetação (ou cabeçalho) e o dispositivo.
a) VERBETAÇÃO (ou cabeçalho): a verbetação é um conjunto de palavras-chave
que indicam e delimitam o(s) assunto(s) enfocado(s).
- Apresenta-se em forma de tópicos estanques, devendo ser observada a ordem
cronológica da matéria (sequência lógica):
Ex: PENAL. HOMICÍDIO CULPOSO. ERRO MÉDICO. FALTA DE PROVAS.
ABSOLVIÇÃO MANTIDA.
- As palavras-chave devem vir, de preferência, escritas em caixa alta e separadas
por ponto final. Não faça uso do hífen para separar as palavras:
Ex: TRÁFICO DE ENTORPECENTES. AUTORIA E MATERIALIDADE. PROVA.
INSUFICIÊNCIA. ABSOLVIÇÃO.
- Se houver expressões latinas, deverão vir escritas em itálico (ou aspas):
Ex: HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. REQUISITOS. AUSÊNCIA. RÉU.
LIBERDADE.
EXERCÍCIOS VERBETAÇÃO:
Ex: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. COMPETÊNCIA DO JUÍZO CRIMINAL DECLINADA PARA O JUÍZO DA
VARA DO JÚRI - ENTENDIMENTO DE QUE O CRIME OCORRIDO, EM TESE, NÃO SE COMPREENDE ENTRE OS
DOLOSOS CONTRA A VIDA - CONFLITO DE COMPETÊNCIA - IRRESIGNAÇÃO DOS RÉUS - IMPROVIMENTO
DO RECURSO = RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. LATROCÍNIO. JUÍZO CRIMINAL. COMPETÊNCIA.
DECLINAÇÃO. VARA DO JÚRI. CONFLITO. CRIME NÃO COMPREENDIDO ENTRE OS DOLOSOS CONTRA A
VIDA. IMPROVIMENTO DO RECURSO.
PENAL E PROCESSUAL PENAL. ROUBO. PROVAS INSUFICIENTES. NÃO CABIMENTO. REVELIA DO RÉU
NA FASE JUDICIAL. PRESENÇA DE DEFESA TÉCNICA. MÉRITO. DESCLASSIFICAÇÃO PARA FURTO.
IMPOSSIBILIDADE. ARMA DE BRINQUEDO. PALAVRA DAS VÍTIMAS. VALOR PROBANTE. AUSÊNCIA DE
INTIMIDAÇÃO À VÍTIMA. IMPOSSIBILIDADE. SIMULAÇÃO DE USO DE ARMA DE FOGO. GRAVE AMEAÇA
COMPROVADA. RECURSO DESPROVIDO.
HABEAS CORPUS. FURTO. PACIENTE QUE SUBTRAIU PRODUTOS DO INTERIOR DE UMA DROGARIA.
PRISÃO EM FLAGRANTE CONVERTIDA EM PREVENTIVA. PRESENÇA DO FUMUS COMISSI DELICTI E DO
PERICULUM LIBERTATIS. REINCIDENTE EM CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
NECESSIDADE DA CONSTRIÇÃO PARA A GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO
CARACTERIZADO. ORDEM DENEGADA.
“Os depoimentos de policiais possuem validade, mormente quando colhidos em juízo, com observância
ao contraditório, bem como quando em consonância com as demais provas colhidas na instrução criminal,
assim, não há falar em absolvição, pois além da versão do réu não ser verossímil, a materialidade e a
autoria do crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido estão devidamente comprovadas pelo
conjunto probatório, especialmente nos depoimentos dos policiais responsáveis pelo flagrante, narrando o
fato delituoso de forma harmônica e confirmando a apreensão da arma na cintura do réu”. [u66] Comentário: Restando comprovadas
a autoria e materialidade do crime de porte
ilegal de arma, somando-se a isso a versão
Veja outro exemplo de ementa com excesso de palavras que dificultam o
inverossímil do acusado e a coerência dos
entendimento do enunciado: depoimentos dos policiais que efetuaram o
flagrante com as demais provas dos autos, não
“Inviável o pleito absolutório, pois segundo os depoimentos testemunhais aliados aos pareceres há que se falar em absolvição.
técnicos, restou demonstrado nos autos que a apelante, na qualidade de funcionária da empresa Brasex,
responsável pelos pagamentos das despesas, entre os anos de 2002 e 2003, apropriou-se de valores
pertencentes à firma sempre se utilizando da mesma estratégia, qual seja, forjava documentos para
comprovar despesas não existentes. Por outro lado, não há falar-se em atipicidade da conduta,
porquanto exsurge indiscutivelmente do corpo probatório que a ré, com animus rem sibi habendi,
apropriou-se indevidamente dos valores pertencentes à empresa Brasex.” = [u67] Comentário: É inviável o pleito
absolutório, não havendo que se falar em
atipicidade da conduta, quando restar
comprovado nos autos, tanto pela prova
- Dê preferência também às frases afirmativas, evitando as negativas: pericial, quanto pela prova documental, que a
acusada, com animus rem sibi habendi,
Ex: Não pode o juiz indeferir a prova requerida = É vedado ao juiz indeferir a prova requerida.
apropriou-se de valores pertencentes à
Ex: Não deve ser reduzida a pena-base do acusado, quando... = Deve ser mantida a pena-base empresa da qual é funcionária, forjando
do acusado, quando... documentos para comprovar despesas não
existentes.
Ex: Não merece reforma a sentença que fixa a pena-base pouco acima do mínimo legal, após
sopesar detalhadamente as circunstâncias do art. 59 do CP = Merece ser confirmada a sentença que fixa a
pena-base...
Ex: Não merece reforma a condenação se fundada em todo o conjunto probatório produzido nos
autos = Deve ser confirmada a sentença condenatória quando fundada no conjunto probatório...
Ex: Não se conhece do recurso quando ausente pressuposto legal de admissibilidade = O recurso
não deve ser conhecido quando ausente pressuposto legal de admissibilidade.
Ao elaborar o dispositivo:
- Procure retratar bem a realidade fática dos autos. Atente para o cerne da
controvérsia, evitando proposições desnecessárias:
Ex: APELAÇÃO CÍVEL. PROCESSO CIVIL. RECURSO. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE.
PREPARO. RECOLHIMENTO. AUSÊNCIA. DESERÇÃO
Não se conhece de apelação em que o preparo não é efetuado concomitantemente à interposição do
recurso, em face da incidência da deserção. [u69] Comentário: Aqui trago um exemplo
do processo cível. No caso concreto , o
- Prime pela utilização de proposições genéricas e pela abstração. A ementa tem apelante não comprovou haver efetuado o
preparo do recurso. Da forma como ficou
que servir para todos os casos semelhantes. Evite utilizar expressões específicas do redigida a ementa, no entanto, parece que
processo em análise: ex: no caso em exame; no caso sub judice; não faz jus o apelante; o apelante efetuou o preparo, só que não
concomitantemente à interposição do recurso.
Ex: Inviável a absolvição por insuficiência de provas, porque, além do reconhecimento seguro do réu por Assim, melhor seria escrevê-la da seguinte
ambas as vítimas, o apelante foi surpreendido, logo após os fatos, no interior do veículo subtraído quando forma: “É deserta a apelação quando interposta
da abordagem policial, evadindo-se do local e, entretanto, foi perseguido e preso pelos policiais. sem o comprovante do recolhimento do
preparo”.
- Evite utilizar termos que expressam o resultado do julgamento
[u70] Comentário: Aqui, foram utilizadas
Ex: improvimento do recurso – não conhecimento – sentença mantida. expressões específicas do caso em análise: Ex:
apelante, veículo. Assim, melhor seria escrever
a ementa da seguinte forma: É inviável a
- Seja original, evitando transcrever textos de lei, lições doutrinárias ou precedentes absolvição por insuficiência de provas, quando
jurisprudenciais: o acusado é surpreendido por policiais logo
após os fatos de posse do objeto subtraído e é
seguramente reconhecido pelas vítimas.
Ex: IRRETROATIVIDADE DE LEI MAIS GRAVOSA. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. INOCORRÊNCIA DE
INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DA ACUSAÇÃO. PRAZO PRESCRICIONAL REGULADO PELA PENA APLICADA.
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. [u71] Comentário: Vide comentário nº 1.
Com o advento da nova Lei n. 12.234/2010, não há mais o cômputo de qualquer período anterior ao
recebimento da denúncia ou queixa, ou seja, a prescrição retroativa só poderá ocorrer entre o recebimento
da denúncia ou queixa e a publicação da sentença condenatória. Entretanto, por se tratar de lei mais
gravosa, é irretroativa. [u72] Comentário: Neste caso, o relator
limitou-se a trazer lição doutrinária acerca da
- Evite redigir o dispositivo da ementa como se estivesse relatando ou proferindo o prescrição retroativa, não retratando o caso
concreto. Assim, a redação que melhor
voto: retrataria o caso seria a seguinte: “Impõe-se o
Ex: HABEAS CORPUS. PRISÃO EM FLAGRANTE. RECEPTAÇÃO (ARTIGO 180, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL). reconhecimento da prescrição retroativa a
PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA INDEFERIDO. PERICULOSIDADE. MAUS ANTECEDENTES. REITERAÇÃO fatos anteriores à Lei 12.234/2010, eis que a
CRIMINOSA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. ORDEM DENEGADA. novel legislação acerca do instituto, que prevê
Não obstante se tratar de crime praticado sem violência ou grave ameaça, restou caracterizado o requisito o cômputo do prazo prescricional apenas entre
de garantia da ordem pública, porque o paciente possui 02 (duas) condenações anteriores com trânsito em o recebimento da denúncia ou da queixa e a
julgado, uma por tentativa de furto qualificado e outra por furto qualificado, além de condenação em publicação da sentença condenatória, é mais
primeira instância pela prática do crime de receptação e de processos em curso nos quais se apura a prática gravosa ao acusado, não podendo retroagir,
de crime de tentativa de roubo circunstanciado e de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo, por força do que dispõe a lei penal, para
demonstrando destemor e que não se intimida com a aplicação da lei penal. Manifesta, pois, a reiteração alcançar processo em andamento.”
criminosa, faz-se necessária a manutenção da prisão cautelar do paciente.
- Evite extrair trechos do voto para servir de ementa, a menos que eles exprimam
com fidelidade a matéria posta em discussão.
3. FORMATAÇÃO:
- A ementa deve ser escrita em espaço simples (não há espaçamento entre a
verbetação e o dispositivo, nem entre este e a referência).
- Não há paragrafação.
- No caso de haver mais de um assunto a ser tratado, evite separá-los por meio de
números (1, 2,) embora essa seja a prática mais usual nos Tribunais.
4. METODOLOGIA:
Ementa:
PROVA PERICIAL. INDEFERIMENTO. DECISÃO. FUNDAMENTAÇÃO. AUSÊNCIA.
NULIDADE.
É nula a decisão judicial que indefere a produção de prova pericial sem apresentar
motivação, pois constitui dever do juiz demonstrar as razões de seu convencimento, sob
pena de infringência ao art. 93, inciso X, da CF.
Ementa:
CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. AUTORIA E MATERIALIDADE.
COMPROVAÇÃO. CONDENAÇÃO.
Havendo provas incontestes da autoria e materialidade de crime contra a ordem
tributária, a condenação é medida que se impõe, devendo ser reformada a sentença que
absolveu o réu.
Ex 3: Caso concreto = o réu recorre da sentença que o condenou pela prática do crime
contra a ordem tributária. O Tribunal entendeu que há provas da autoria e materialidade
do crime e confirma a sentença.
F (fato) -> o que ocorreu = recurso do réu contra a sentença condenatória
I (instituto jurídico) -> direito discutido = absolvição / condenação
E (entendimento) -> resultado = não / sim
Ementa:
CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. AUTORIA E MATERIALIDADE.
COMPROVAÇÃO. CONDENAÇÃO.
Havendo provas incontestes da autoria e materialidade de crime contra a ordem
tributária, deve ser mantida a sentença condenatória, impondo-se, de conseqüência, o
improvimento do recurso do réu com o qual pedia sua absolvição.
Ex 4: Caso concreto = o réu recorre da sentença que o condenou pela prática do crime
de estelionato. Tribunal entendeu que não há provas certas da autoria e materialidade do
crime e reforma a sentença
F (fato) -> o que ocorreu = recurso do réu contra a sentença condenatória
I (instituto jurídico) -> direito discutido = condenação / absolvição
E (entendimento) -> resultado = não / sim
A (argumento) -> razões jurídicas = havendo dúvidas da autoria e materialidade impõe-se
a absolvição.
Ementa:
ESTELIONATO. AUTORIA E MATERIALIDADE NÃO COMPROVADAS. PRINCÍPIO IN
DUBIO PRO REO. ABSOLVIÇÃO.
Pairando a incerteza quanto à autoria e materialidade de crime imputado ao condenado,
impõe-se a aplicação do princípio do in dubio pro reo e a sua absolvição de
consequência.
Ementa:
PENAL. PROCESSUAL PENAL. LESÃO CORPORAL E AMEAÇA. REJEIÇÃO DA
DENÚNCIA. RECURSO. VIA ELEITA. INADEQUADA.
Nos termos do art. 581 do CPP, da decisão ou sentença que rejeita a denúncia cabe
recurso em sentido estrito. Interposta apelação, dela não se conhece, sendo inviável a
adoção do princípio da fungibilidade recursal por se tratar de erro grosseiro.
Ex 6: Caso concreto: Condenado recorre alegando que sua defesa técnica foi deficiente,
razão de sua condenação e pede a anulação da sentença. O tribunal entende que a
defesa foi satisfatória.
F (fato) -> o que ocorreu = interposição da apelação alegando deficiência de defesa.
I (instituto jurídico) -> direito discutido = deficiência da defesa técnica
E (entendimento) -> resultado = não
A (argumento) -> razões jurídicas = a defesa foi satisfatória
Ementa:
Ementa:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. OCORRÊNCIA. EFEITO INTEGRATIVO.
A existência de omissão no julgado impõe o acolhimento dos embargos de declaração, a
fim de sanar o vício apontado, de modo a permitir a completa entrega da prestação
jurisdicional.
Ementa:
APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE. APREENSÃO
DE TRÊS PORÇÕES DE MACONHA, COM 285,69G DE MASSA LÍQUIDA SENTENÇA
CONDENATÓRIA. RECURSO DA DEFESA. PEDIDO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA
USO. IMPOSSIBILIDADE. DECLARAÇÕES DOS POLICIAIS. GRANDE QUANTIDADE
DE DROGA. APREENSÃO DE BALANÇA DE PRECISÃO E UMA FACA. RECURSO
CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
Descabido falar em desclassificação para o crime previsto no art. 28 da Lei 11.343/2006,
quando a prova dos autos demonstra que o réu comercializava substância entorpecente,
diante da significativa quantidade de maconha apreendida pelos policiais, com suporte
em denúncias anônimas, além de uma balança de precisão e uma faca com resquícios
da droga.
Ementa:
PENA. ART. 157, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL. FIXAÇÃO DA PENA-BASE NO
MÍNIMO LEGAL - INVIABILIDADE. RECURSO NÃO-PROVIDO.
Se nem todas as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP são favoráveis ao acusado,
justificada a fixação da pena-base um pouco acima do mínimo legal.
Ex 10: Caso concreto: O réu requer a modificação do regime prisional fechado para o
aberto. Tribunal entende não haver requisitos para o abrandamento (réu reincidente e
pena superior a quatro anos).
F (fato) -> o que ocorreu = pedido de modificação de regime prisional
I (instituto jurídico) -> direito discutido = abrandamento de regime prisional
E (entendimento) -> resultado = não
A (argumento) -> razões jurídicas = réu reincidente e pena superior a 4 anos de
reclusão.
Ementa:
ROUBO. REGIME PRISIONAL FECHADO. PEDIDO DE MODIFICAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. REINCIDÊNCIA. PENA. QUATRO ANOS DE RECLUSÃO.
Inviável a modificação do regime prisional fechado para outro mais benéfico se o
acusado é reincidente e a pena aplicada é superior a 4 (quatro) anos de reclusão.
Ementa:
APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. EMPREGO DE ARMA DE
FOGO. ARMA NÃO APREENDIDA E PERICIADA. DESNECESSIDADE.
A apreensão e perícia da arma de fogo utilizada no roubo são desnecessárias para
configurar a causa de aumento de pena, se as demais provas são firmes sobre a
efetiva utilização.
Ex 12: Caso concreto: O apelante requer o não envio dos autos à Procuradoria de Justiça
para parecer. Tribunal entende ser obrigatória a intervenção diante do que dispõe a lei.
F (fato) -> o que ocorreu = pedido de não envio do recurso à Procuradoria de Justiça para
oferecimento de parecer
I (instituto jurídico) -> direito discutido = dispensa de intervenção do Ministério Público
E (entendimento) -> resultado = não
A (argumento) -> razões jurídicas = exigência do CPP e do RITJDFT
Ementa:
APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES DE AMEAÇA, LESÃO CORPORAL E
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA MULHER. LEI
MARIA DA PENHA. RECURSO DA DEFESA. PLEITO ABSOLUTÓRIO PEDIDO DE
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO, VOTO E EMENTA – APELAÇÃO CRIMINAL
Mara Saad 110
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO, VOTO E EMENTA – APELAÇÃO CRIMINAL
Ementa:
PENAL. USO DE DOCUMENTO FALSO. PRELIMINAR. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
ESTADUAL. INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA. INAPLICABILIDADE.
Inviável o deslocamento da competência para a justiça federal, quando o crime de uso de
documento falso não produz qualquer prejuízo a bens, serviços ou interesse da União, de
suas autarquias ou empresas públicas.
5. EMENTAS – REELABORAÇÃO:
6. EMENTAS – ANÁLISE:
2. O simples fato de alguém ter sido visto em comportamento suspeito, na companhia de co-autores do crime, não autoriza
sua condenação quando ao desamparo de outros elementos concretos.
PENAL. CONDENAÇÃO. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO USO DE ARMA. APELAÇÃO CRIMINAL. ABSOLVIÇÃO.
AUTORIA. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. DESCLASSIFICAÇÃO. EXCLUSÃO QUALIFICADORA.
1. A autoria restou devidamente demonstrada pelo amplo contexto probatório, que conta, inclusive, com o reconhecimento
levado a efeito pela vítima de forma firme e seguro, ratificado em juízo.
2. Incide a causa de aumento de pena referente ao emprego de arma, estando comprovada sua utilização na empreitada
criminosa pelo contexto probatório que conta com as declarações da vítima, importante meio para elucidação do crime.
CAPÍTULO VIII
DICAS ÚTEIS
DICA 3: cuidado com o copia-cola. Essa prática pode trazer uma armadilha, pois o tema
pode ser o mesmo, mas a situação das partes no processo pode ser diferente.
DICA 4: ao se referir ao número de folhas do processo, use o plural (fls.) apenas quando
se tratar de mais de uma folha. Ex: à fl. 254 ; às fls. 278/354.
DICA 7: as expressões latinas devem sempre vir escritas em itálico, mesmo que estejam
na verbetação da ementa e em caixa alta. Ex: mandamus; data venia.
DICA 8: Ao se referir ao ‘parágrafo único’, escreva a palavra parágrafo por extenso, não
devendo ser utilizado o símbolo ‘§’, pois este é usado para os números ordinais: § 1º; § 2º
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO, VOTO E EMENTA – APELAÇÃO CRIMINAL
Mara Saad 113
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO, VOTO E EMENTA – APELAÇÃO CRIMINAL
etc. Quando for se referir a mais de um parágrafo, utilize dois símbolos do parágrafo. Ex:
parágrafo único; § 1º ; §§ 1º, 2º e 3º. A palavra alínea não contém símbolo nem
abreviatura, devendo ser escrita por extenso. Ex: alínea “a” etc.
DICA 9: Evite o uso da palavra magistrado para designar o juiz sentenciante (ex: o
magistrado a quo; o magistrado de primeiro grau; o magistrado sentenciante). A palavra
magistrado é um termo genérico que designa o funcionário investido de autoridade
jurisdicional. Trata-se de designação geral dos juízes, desembargadores e ministros.
Prefira o uso do substantivo “juiz” (juiz sentenciante – juiz a quo – MM. Juiz etc.).
DICA 11: Evite o uso da palavra juízo como sinônimo de juiz. Juiz é o funcionário
integrante do poder judiciário investido da função jurisdicional. Juízo é o local (a vara, o
cartório) onde o juiz exerce as suas funções judicantes. Assim, não é correto dizer:
“Sentenciando o feito, o Juízo da 4ª Vara julgou procedente o pedido”. O correto seria
dizer: Sentenciando o feito, o MM. Juiz julgou improcedente o pedido... Obs: Há
dicionários que trazem a palavra “juízo” como sinônimo de “juiz”.
DICA 12: A palavra “sentença” é um substantivo comum que designa ‘coisa’. Não é de
boa técnica atribuir à sentença um comportamento. Ex: A sentença julgou procedente o
pedido. Quem julga o pedido (procedente ou improcedente) é o juiz e não a sentença.
Por isso evite usar a expressão “a sentença julgou improcedente o pedido inicial”. Ao
invés, prefira: “o juiz proferiu sentença julgando improcedente o pedido inicial.
DICA 16: cuidado ao usar a palavra “proventos”. Ela é específica do servidor aposentado.
O servidor da ativa recebe “vencimentos” ou “remuneração”.
DICA 17: nem sempre os valores numéricos requerem a sua correspondência escrita por
extenso. Ex: A autora possui cinco filhos. Ex: Ambos são casados há doze anos. Ex: o
réu celebrou três contratos com o autor. O valor escrito por extenso é indicado apenas
para os casos de moeda corrente (trinta reais), de percentuais (dez por cento), do valor
da condenação (quinhentos reais), da pena aplicada (quatro anos) etc.
DICA 18: atente para as abreviaturas referentes à “sociedade anônima” e “sociedade por
cotas limitada”. O correto, segundo o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da
ABL, é: S.A. e LTDA.
DICA 19: a abreviatura “etc.” significa, em língua portuguesa “e outras coisas mais”. Por
conter o conectivo “e”, ela dispensa a vírgula antes do termo, no caso de enumeração. O
ponto no final é obrigatório, pois indica a existência de uma abreviatura. Ex: o autor pede
a devolução das parcelas pagas, a aplicação do CDC, a isenção da taxa de adesão etc.
DICA 20: quando a frase termina com uma abreviatura, deve ser usado apenas o ponto
da abreviatura, sendo desnecessário o ponto final. Ex: o autor pede a devolução das
parcelas pagas, a aplicação do CDC, a isenção da taxa de adesão etc.
DICA 21: [sic] = é uma expressão latina que significa “assim, é desta forma” . Serve para
indicar que na citação/transcrição feita, há um erro material (pontuação, ortografia...)
cometido pelo próprio autor transcrito. É usado para mostrar que o erro presente na
citação foi cometido no próprio trecho citado pelo autor original e não por quem incluiu a
transcrição. [sic] aparece entre colchetes e itálico para evidenciar que ele não faz parte
da citação mas foi acrescentado por aquele que incluiu a transcrição.
DICA 22: fique atento para a correção dos termos/expressões abaixo, de uso muito
comuns nas redações jurídicas:
Ex: O juiz julgou procedente o pedido inicial.
Ex: O juiz julgou procedentes os pedidos iniciais.
Ex: Digo isso em razão de a decisão estar em confronto com...
Ex: Não vejo possibilidade de o autor vencer a demanda.
Ex: Não houve divergência no tocante à questão dos juros de mora.
Ex: Embargos de terceiro (s).
Ex: Trata-se de recurso interposto por Banco de Brasília S.A. O recurso foi interposto
por Condomínio da SQS 313...
Ex: Trata-se de recursos interpostos por CTIS e Maria Aparecida...
Ex: Rejeitam-se os embargos de declaração quando inexistentes os vícios do art. 535
do CPC.
Ex: Não vejo qualquer dos vícios do art. 535.
Ex: Não vejo quaisquer vícios no julgado.
DICA 23: Quando a oração coordenada for usada como adição de uma outra coordenada
negativa, evite o uso da locução “bem como”. No lugar, prefira o conectivo “nem”. Veja
os exemplos:
Ex: “Sem os referidos documentos, não é possível averiguar a data em que ocorreu a
intimação da agravante bem como (= nem) se o seu pedido é tempestivo”.
Ex: Não é possível averiguar a data em que ocorreu a intimação da agravante, bem
como (= nem) se o seu pedido é tempestivo.
Ex: A Turma não observou o disposto no art. 20, bem como (= nem) sobre o seu
argumento de que é inaplicável o art. 26.
Ex: Constata-se que o agravante não juntou a certidão de intimação da decisão
recorrida, bem como ( = nem) qualquer outro documento que comprove a data de sua
intimação.
Ex: ... não havendo dano moral indenizável, bem como (= nem) acréscimo
patrimonial.
DICA 24: os pronomes demonstrativos “este(a)”, “esse(a)” demandam técnica para sua
utilização. O “esse” é utilizado para aquilo que se mencionou antes. Ex: A segunda parte
da sentença trata dos honorários advocatícios. É nesse ponto que se enganou o juiz. Ex:
O juiz decidiu conceder a justiça gratuita ao autor. Nessa decisão, ele também
suspendeu a exigibilidade da condenação imposta. Ex: A sentença foi proferida há mais
de quinze dias. Essa sentença já transitou em julgado. O “este” é utilizado para o que vai
ser mencionado. Ex: É isto o que decidiu a sentença: que o réu não tem direito à
indenização. Ao se referir ao texto que estamos escrevendo (ou à decisão que está
sendo proferida), use sempre o pronome “este(a)”. Esta decisão. Este voto.
O pronome “este” também é usado para retomar o termo imediatamente anterior, em
oposição ao pronome “aquele” que retoma o termo mais distante. Ex: Autor e réu
apelaram. Este, por meio de recurso principal; aquele por meio de recurso adesivo.
DICA 25: Os verbos “implicar” e “visar” são muito usados na redação jurídica. Atente para
a correta regência deles. O verbo “implicar” é transitivo direto (ex: a aplicação da taxa de
juros implica desequilíbrio contratual). O verbo “visar” é transitivo indireto (ex: o autor visa
à condenação do réu nas custas processuais). O verbo visar quando seguido de verbo no
infinitivo dispensa a preposição (ex: esse comportamento visa imprimir celeridade aos
atos processuais).
DICA 27: evite usar a palavra “pontual” para se referir a um ponto da questão. Ex:
questão pontual. A palavra pontual, no bom português, é um adjetivo e é aplicada no
sentido de “chegar no horário marcado”.
DICA 29: use o artigo “a” ou “o” sempre que se for referir a uma palavra determinada. A
ausência do artigo torna o substantivo indeterminado. Ex; Trata-se de recurso interposto
contra a sentença que condenou o réu a... (neste caso é obrigatório o artigo “a”, pois se
refere a uma determinada sentença). Ex: O réu se insurge contra a decisão que
determinou sua prisão. (idem). Ex: O réu foi condenado a pagar as custas processuais e
os honorários advocatícios fixados na sentença.
Ex: O recurso de apelação é interposto contra sentença (aqui, não se usa o artigo,
pois a palavra sentença é usada genericamente).
Ex: O vencido fica obrigado a pagar custas e honorários advocatícios.
DICA 30: Atente-se para a diferença entre as locuções conjuntivas “à medida que” e “na
medida em que”. A primeira é uma conjunção proporcional (Ex: à medida que subíamos,
o ar ia ficando mais leve). A segunda, na verdade, não tem previsão na gramática, mas
seu uso foi consagrado como uma conjunção causal, sendo usada como sinômino de
“uma vez que”, “porquanto” (ex: Não houve prejuízo para o réu, na medida em que ele foi
beneficiado com a justiça gratuita).
DICA 31: elimine os tremas das palavras relacionadas no seu autocorretor: consequente,
consequentemente, consequência, frequência, frequente, equidade, cinquenta,
cinquentenário, quinquênio, quinquenário, quinquídio, sequela, líquida(o) liquidez,
liquidação, tranquilo(a), tranquilidade, aguentar, sequestro, sequestrador, equitativo etc.
DICA 32: elimine os acentos das palavras relacionadas no seu autocorretor: ideia,
assembleia, polo
DICA 33: A palavra “liminar” significa “o provimento judicial que se concede antes do
provimento final” (em momento anterior da lide, liminarmente). Pertence, portanto, à
classe gramatical dos substantivos. Ex: Concedo a liminar. Ex: Defiro a liminar. Portanto,
quando se for referir ao ‘pedido de liminar’, o correto é usar a preposição “de”. Ex: Defiro
o pedido de liminar. Vê-se muito, por aí, o uso da expressão “defiro o pedido liminar”, o
que é incorreto, pois, neste caso, a palavra liminar pertence à classe dos adjetivos e
qualifica o substantivo ‘pedido’. Não é o pedido que é liminar, mas sim o provimento
judicial que é dado antes do mérito.
DICA 34: O uso da locução “decisão interlocutória” é apropriado apenas no primeiro grau
de jurisdição. No segundo grau de jurisdição, a expressão correta para designar decisão
proferida pelo relator é “decisão monocrática”.
DICA 35: Havendo recurso contra sentença definitiva, seja ela reformada ou não, há
substituição da sentença pelo acórdão. Neste caso, é incorreto dizer no dispositivo que
se mantém a sentença por seus próprios e jurídicos fundamentos, pois em razão da
substituição da sentença pelo acórdão, os fundamentos que passaram a prevalecer são
os do acórdão e não mais os da sentença. QUANDO A SENTENÇA É CONFIRMADA
POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS, O ACÓRDÃO NÃO NECESSITA REPETI-
LOS.
CAPÍTULO IX
BIBLIOGRAFIA
________. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 6ª ed. rev. e atual. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010.
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal (atualizado de acordo com
a Reforma Processual Penal de 2008). 11ª ed. Rio de Janeiro: Editora Lúmen Júris, 2009.