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O Magic Caster da Destruição

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Aviso Legal:
Obra foi traduzida e revisada de fã para fã. Não venda, ou ganhe dinheiro sobre o
trabalho de outrem.
Se puderem contribuir com a obra do autor, o faça!

Sobre:
Assim como o anime, a obra tem muitos termos em inglês para diversas armas, itens e
etc...
Tentei deixar isso, mas as vezes tem que generalizar, já que é maçante saber o que era
realmente para ser em inglês, ou não ser.
EX:
-O Ainz se refere a ele como “Magic Caster” e não “Mahou...” alguma coisa.
Porém, algumas ressalvas:
-Alguns sistemas de magias e artes marciais são escritos japonês, alguns eu mantive
romajizados, outros ficaram em inglês.
-Armas e armaduras têm nomes misturados, uns são em inglês, outros em japonês. Por
ser bem difícil de verificar um por um, deixei tudo em inglês;
-Algumas equipes de aventureiros têm nomes em inglês, outras em japonês, neste caso
depende. Umas eu deixei em inglês (pois foram escritas com essa intenção) e outras em
português.

Tentei remover o máximo possível de erros de português e concordância. Mas sou


apenas um e com certeza falhas podem acontecer. E claro, não sou especialista na
língua portuguesa para tal nível de proficiência linguística.
Se encontrarem algum erro, sintam-se à vontade para entrarem em contato :)

Créditos e Agradecimentos:
Português:
Português - ainzooalgown-br.blogspot.com
Base:
Inglês - skythewood.blogspot.com
Referência de nomes:
Wikia - overlordmaruyama.wikia.com

Revisão: 2.0 | Versão: 4.0


Sumário
Prólogo ........................................................................................................................................ 005
Capítulo 01: Uma Guerra de Palavras ........................................................................... 016
Parte 1 ...................................................................................................................................... 017
Parte 2 ...................................................................................................................................... 031
Parte 3 ...................................................................................................................................... 048
Parte 4 ...................................................................................................................................... 066
Parte 5 ...................................................................................................................................... 073
Parte 6 ...................................................................................................................................... 087
Capítulo 02: Preparações Para a Batalha .................................................................... 095
Parte 1 ...................................................................................................................................... 096
Parte 2 ...................................................................................................................................... 119
Parte 3 ...................................................................................................................................... 140
Parte 4 ...................................................................................................................................... 157
Interlúdio ................................................................................................................................... 175
Capítulo 03: Outra Batalha ................................................................................................. 183
Parte 1 ...................................................................................................................................... 184
Parte 2 ...................................................................................................................................... 191
Parte 3 ...................................................................................................................................... 228
Parte 4 ...................................................................................................................................... 236
Capítulo 04: Massacre .......................................................................................................... 243
Parte 1 ...................................................................................................................................... 244
Parte 2 ...................................................................................................................................... 260
Parte 3 ...................................................................................................................................... 279
Parte 4 ...................................................................................................................................... 290
Epílogo ........................................................................................................................................ 311
Um Marco Para Um Novo Capítulo ................................................................................. 319
Posfácio ....................................................................................................................................... 329
Ilustrações ................................................................................................................................. 332
-Volume 09-
O Magic Caster da Destruição

Autor:

Maruyama Kugane
Ilustrador:

so-bin
Prólogo
ircniv Rune Farlord El-Nix — o governante inigualável do Império, e o jovem

J que era temido como o Imperador Sangrento — refletia sobre sua performance
impecável.

Ele estava confiante de que ele havia vencido seus colegas usando seu carisma, que
eles eram massa de manobra em suas mãos. Não deveria ter havido problemas.

A nobreza destacou-se com expressões de personalidade sem palavras. Isso era


especialmente verdadeiro para o imperador, que havia sido educado dessa maneira
desde a sua juventude até o ponto em que ninguém seria capaz de enxergar através de
sua fachada. Para seus convidados, ele deveria ter parecido ser um jovem doce e gentil.

Era muito importante entender os oponentes.

Seria difícil coletar informações de alguém se a suspeita estivesse estampada em seu


rosto. No entanto, pode-se usar a confiança e a boa vontade como cordas para
manipulá-los, lentamente descascando as camadas da cautela que eles usavam, até que
fossem expostos diante de si mesmos. É claro que tais enganos estariam escondidos por
trás de um sorriso cavalheiresco que dizia: "Damos calorosas boas-vindas a vocês".

E os oponentes do cavalheirismo de Jircniv eram um par de Elfos Negros, que haviam


invadido a Cidade Imperial nas costas de um Dragão.

Esta foi a primeira vez que ele conheceu indivíduos cujas aparências desmentiam seu
incrível poder.

O terremoto desencadeado pela garota que empunha um cajado havia exigido 117
vidas. Destes, 40 tinham sido seus guardas reais, 60 tinham sido cavaleiros, 8 tinham
sido magic casters arcanos, outros 8 tinham sido magic casters divinos, e ainda mais um
— uma lista de mortes verdadeiramente assustadora.

Quanto aos cavaleiros, poder ficar de guarda no Palácio Imperial significava que eles
estavam entre os guerreiros de elite do Império, mas ele podia fechar um olho para
suas perdas. Se eles fossem classificados como aventureiros, alguém poderia classificá-
los como pertencente a prata. Devido aos extensos sistemas implementados para a
educação e formação de novos cavaleiros, estes números poderão ser facilmente
reabastecidos no futuro.

Em seguida estavam os guardas reais, as elites entre as elites. Era lamentável que
metade do seu número — cada um equivalente a um aventureiro classificado como
ouro — tivesse sido morto imediatamente. Eles estavam equipados com armas e
armaduras forjadas e encantadas pelos muitos magic casters do Império, uma fortuna
que valia mais do que seu peso em ouro.
E então, houve a perda mais dolorosa — o último homem — um dos mais fortes
cavaleiros do Império, "O Intangível" Nazami Enec. Embora ele alegasse que estava
apenas imitando um estilo de luta que ele havia visto antes, sua técnica de dois escudos
que enfatizava a defesa era o suficiente para ganhar o título de “O Cavaleiro Mais
Durão”, isso mesmo entre os Quatro Cavaleiros que eram os cavaleiros mais fortes do
Império.

Neste mundo, onde a bravura de um poderoso guerreiro era mais valiosa do que a de
várias centenas de recrutas, a morte de tal guerreiro não poderia ser simplesmente
descrita como a morte de um homem. No pior dos casos, pode até ser visto como um
enfraquecimento do poder militar de todo o país.

Com toda a honestidade, Jircniv teria gostado de nada mais do que afugentá-los, mas
ele não poderia fazer isso contra oponentes que poderiam matar sem piscar um olho.
Ele não sabia se isso era apenas uma demonstração de força. Portanto, tudo o que ele
podia fazer era recebê-los com um sorriso.

Ainda assim, ele não os deixaria andar sobre ele. Os olhos de Jircniv estudaram
atentamente as duas crianças à sua frente, não permitindo que um único movimento ou
gesto escapasse de seu olhar.

Pode-se aprender muitas coisas até mesmo das mais mundanas das observações.

Os sentidos de Jircniv eram muito aguçados, e ele descobrira uma vez que um nobre
aparentemente leal, na verdade estava planejando secretamente com nobres hostis a
ele, muito parecido com farejar aromas de temperos. Agora, ele esforçou-se ao máximo
para detectar todas as pistas que poderia descobrir.

Ele estudou as roupas deles—

Ele estudou a aparência deles—

De todo modo...

Os emissários de Ainz Ooal Gown que vieram para o Palácio Imperial, dois Elfos
Negros ainda crianças, que eram extremamente atraentes. Ele não pôde deixar de
pensar que, quando crescessem, quebrariam o coração de muitos membros do sexo
oposto.

Aqueles corpos pequenos e esguios, com suas expressões sempre mutáveis. Eles parecem
crianças simples e comuns, não importa como eu olhe para elas. Não sabendo de nada,
seria ridículo pensar que eles eram emissários de quem quer que seja.

Os emissários de um país — seus embaixadores — exigiam certas qualidades, uma das


quais era sua aparência pessoal. Fazer uma má impressão devido ao comportamento
indigno de alguém seria um prejuízo para o próprio país.
Ainz Ooal Gown deveria ter entendido esse princípio. Sabendo disso, qual foi o motivo
por trás do envio de um par de Elfos Negros facilmente subestimados?

Jircniv sacudiu a cabeça enquanto refletia sobre o mistério.

Pelo que pude reunir até agora... deve ser uma demonstração de força. Ele envia
embaixadores facilmente subestimados e, em seguida, tenta me intimidar com esmagador
poder destrutivo. O grande contraste entre a primeira e a segunda impressões tem como
objetivo maximizar o impacto psicológico... mas se esse fosse o caso, se aproximar nas
costas de um Dragão diminuiria esse efeito? A presença formidável do Dragão anularia
sua aparência benigna... ou será que esses dois são os únicos adequados como emissários?
Ou há outro — maldito. Não consigo ler suas intenções. Eu não sei o suficiente.

Ele tinha várias teorias, mas elas desapareceram como lágrimas na chuva.

Minha primeira prioridade deveria ser aprender mais sobre a oposição. Sem essa base
para trabalhar, nada pode ser feito. Então, devo verificar os limites além dos quais eles
iriam se irritar. Seria um tolo quem permitisse que as negociações se quebrassem por
ofender a outra parte.

Primeiro, Jircniv teve que aprender o porquê eles tinham vindo a este lugar.

Os dois Elfos Negros tinham dito "O imperador desta nação mandou um bando de
capangas rudes para a Grande Tumba de Nazarick", e então eles instantaneamente
mataram mais de 100 pessoas no meio do pátio. Mas eles tinham provas disso, ou era
apenas uma suposição? Jircniv tinha que descobrir pelo menos isso.

Depois de considerar o que disseram, os “capangas rudes” em questão seria


certamente os Trabalhadores. Se fosse esse o caso, aquele que lhes dava ordens seria
definitivamente Jircniv. No entanto, havia vários graus de separação dele; O nome de
Jircniv não deveria sequer ter sido mencionado ao mesmo tempo que essas pessoas.

Como ele — Ainz Ooal Gown — viu seus planos? Ele precisaria ter uma atitude
diferente com eles.

Já que eles vieram como emissários, deve haver uma chance de obter alguma informação
deles. Até mesmo a menor ação poderia lançar alguma luz sobre seus planos.

Atrás dos dois estava um inimigo que permitira que eles invadissem outro país e
intimidassem seu líder com força total. Mesmo um pequeno erro aqui poderia significar
a morte para ele.

Ele não queria provocar outro terremoto.

Jircniv voltou sua atenção para a sala vizinha.


Deveria estar preenchida com guardas reais, e deveria haver mais guardas reais ao seu
lado. Mas hoje, ele não se incomodou. Isso porque, mesmo que ele tivesse colocado 50
guardas reais lá, eles não poderiam fazer nada além de morrer se tentassem lutar
contra esses dois. Assim, havia apenas outras cinco pessoas presentes para essa
reunião.

Um deles era membro dos Quatro Cavaleiros Imperiais, "Relâmpago" Baziwood


Peshmel. Outro era o conselheiro mais confiável de Jircniv, Fluder Paradyne. Havia
também três escribas confiáveis.

Ele também ordenou aos guardas reais que cavassem as rachaduras no pátio.

Ele sabia que exumar os cadáveres era fútil, mas ele disse para eles fazerem assim
mesmo.

O Império não tinha ninguém que pudesse usar magias de ressurreição. Mesmo os
aventureiros do Império, classificados com adamantite, não tinham esse poder. O
mesmo se aplicava aos seus sacerdotes. Dos países vizinhos, talvez apenas o Reino Re-
Estize e a Teocracia Slane tinham domínio sobre essa magia.

Mesmo assim, ele ainda queria recuperar os corpos, porque era um desperdício deixar
seus equipamentos e itens mágicos serem perdidos com seus donos. Além disso,
recuperar os corpos e colocá-los em repouso preservaria o moral.

“Honorários emissários, vocês viajaram por toda parte para nos agraciar com sua
presença. Porque não umedecem suas gargantas ressequidas? Nós preparamos alguns
refrescos simples para você. Esperamos que experimentem algumas, se isso lhe
agradar.”

Jircniv tocou um som e as empregadas que esperavam do lado de fora entraram


silenciosamente na sala. Havia quase 20 empregadas, com bandejas de prata polida.

Após o árduo treinamento, essas empregadas deveriam ter se movido com sutileza e
beleza.

No entanto, até os passos dessas empregadas — que eram o orgulho e a alegria de


Jircniv — estavam um pouco confusos hoje.

Foi precisamente porque os seus movimentos tinham sido tão imaculados no passado
que as falhas agora se destacavam muito mais.

O que está errado? Elas entretiveram tantos dignitários no passado sem problemas; Por
que elas estão tendo problemas agora? Elas estão sob o efeito de algum tipo de magia?
Jircniv queria alcançar sob suas próprias vestes e pegar seu medalhão, mas resistiu à
vontade de fazê-lo. O medalhão era eficaz precisamente porque as pessoas não sabiam
que ele estava lá; se soubessem que ele possuía tal item, teria o efeito oposto.

Quando as empregadas vacilaram depois de olhar para os dois Elfos Negros, ele
finalmente encontrou o motivo de seus erros.

Aha, é por isso que... é porque elas são fascinadas pela aparência deles. Bem, não é como
se eu não entendesse... não, droga. Eu não devo me fazer de bobo.

Talvez ele devesse estar elogiando as empregadas em vez de apenas vacilar tanto
diante de tanta beleza.

Depois de deixar as bebidas e lanches, as empregadas se curvaram e saíram.

"Então, por favor, sirvam-se."

"Hmmm~"

O Elfo Negro levantou um copo com uma expressão entediada no rosto.

Era facilmente um tesouro por si só, feito de cristal transparente estampado com
desenhos de requintada arte.

Jircniv não gostava particularmente de cristais decoradas como esses. No entanto, isso
não significa que ele não possua tais coisas. Até mesmo um simples utensílio de comer
usado para receber um convidado poderia ser usado para mostrar a glória do Império,
para que eles soubessem exatamente o quão importante eles eram para o Império.

O Elfo Negro tomou um gole da bebida.

Nenhuma hesitação em suas ações... ele não está atento contra veneno, ou ele tem magia
que o protege de tais coisas? Ou ele já sentiu que eu não tinha tais intenções? ...Ou é outra
coisa? Aquela garota também não parece preocupada.

“Isso não é particularmente saboroso. E também não tem efeitos especiais.”

As palavras do menino encheram Jircniv com uma nova emoção de terror.

Ninguém jamais dissera algo assim para ele, mesmo quando ele próprio era criança.

Quando a surpresa desapareceu, foi substituída por uma raiva moderada em seu
coração — que menino rude. Mas é claro que Jircniv não era tolo o suficiente para
deixar essa irritação atingir seu rosto.

"Então, eu sinceramente peço desculpas."


Jircniv sorriu para o menino e completou:

“Eu rezo para que você seja gentil a ponto de me esclarecer sobre sua bebida favorita,
para que eu possa preparar algumas para você em futuras visitas.”

..."Nenhum efeito especial" significa nenhum veneno? Ele acreditava que eu estaria
tentando envenená-lo desde o começo? O que ele quis dizer com isso?

"Não há como você preparar as bebidas que eu quero."

"O-oneechan, v-você está sendo grosseira..."

“Oh? Eu fui?”

Onee-chan? É irmã dela? Então ele não é um menino, mas uma menina. Eles não são
irmão e irmã, mas apenas irmãs?

Quando a Elfa Negra disse isso, Jircniv começou a ver que realmente era uma menina.

Por que... vestir-se como homem... não, talvez ela quisesse se vestir com roupas que
permitissem a liberdade de movimento? As crianças da sua idade são meio andrógenas
aparentemente. E se... o outro for um homem... não, dada a maneira como ela está vestida,
não tem como ela ser um. Ainda assim... a irmã mais nova é bem-comportada.

Jircniv pensou em trazer a moça com o cajado para o lado dele, ou pelo menos para
construir um bom relacionamento com ela, o que poderia beneficiar o Império. No
entanto, ele não tinha informações sobre eles e, portanto, ele não conseguia propor
nada de bom.

Para começar, ele não podia esquecer como essa garota “bem-comportada” havia
massacrado muitos de seus homens. Pisando imprudentemente ao redor dela seria
como enfiar a mão na boca de um Dragão adormecido.

Como eu pensava, eu não sei o suficiente sobre eles. Eu preciso descobrir mais o mais
rápido possível.

“Então, honrosos emissários, permitam-me apresentar-me mais uma vez. Eu sou o


Imperador do Império Baharuth Jircniv Rune Farlord El-Nix. Estou certamente ciente
do nome nobre de Fiora-dono, mas posso perguntar sobre o seu?”

"Ah, eu-eu sou Mare Bello Fiore."

“Meus mais profundos agradecimentos, Fiore-dono. Então, com referência ao que


Fiora-dono disse, especificamente “Ainz-sama está muito infeliz. Então, se você não se
desculpar, desintegraremos este país!”... Eu assumo que eu, como o presumível infrator
em questão, farei meu caminho para Nazarick?”

"Isso não é óbvio?"

Era uma resposta concisa, mas era gelada com um punhal de gelo.

A Elfa Negra chamada Aura não tinha calor em seus olhos desde o começo. Ela olhava
para as pessoas como se estivesse olhando insetos.

Então, uma pergunta.

De fato, eles tinham acertado o mandante, mas a questão ainda era quanto ele deveria
admitir, bem como a maneira pela qual eles tinham chegado a saber sobre o seu
envolvimento. Em circunstâncias normais, ele iria confundi-los com tagarelice e, em
seguida, enviá-los de volta antes de aprender mais sobre eles, mas ele não sabia se eles
acreditariam nisso. No final, ele ainda precisava sentir seus limites, caso contrário, a
situação seria terrível para ele e para o Império.

“Então... estou certo em dizer que o Ainz Ooal Gown-dono ordenou pessoalmente que
vocês dois viessem aqui?”

"Sim, foi ele... mas e daí?"

"Nada, eu estava apenas me certificando."

Jircniv afundou-se no pensamento.

Quem ou o que era Ainz Ooal Gown? Um Elfo Negro, uma tumba, um Dragão, nenhuma
das anteriores. Tinha que haver algum fator comum que ligasse tudo.

Seria ele um Elfo Negro que morou na Grande Floresta de Tob e se mudou para uma
tumba nas planícies? Então o Dragão seria o monstro de estimação do chefe tribal dos
Elfos Negros, Ainz Ooal Gown.

Jircniv dispersou suas teorias selvagens.

...Eu deveria deixar as histórias para os bardos. Meu trabalho é coletar informações e
aprender a verdade.

O que ele sabia agora era que o outro lado tinha uma maneira de obter informações
dentro do Império. Então ele tinha uma teia de espiões de longo alcance, ou...

Ainz Ooal Gown é uma pessoa que analisa cuidadosamente as informações. Então devo
confirmar isso.
"Ele ordenou que vocês viessem em um Dragão?"

"S-Sim, Ainz-sama nos disse para fazer isso."

"Entendo... então foi isso..."

“O que pensa que está fazendo? Você virá pedir desculpas, ou não pretende fazer isso?
Se você não vem, diga de uma vez, assim dizemos ao Ainz-sama. Quando retornarmos
destruiremos seu país. É simples assim."

Havia um ditado que dizia: “Não se pode ganhar os ovos de um Dragão sem entrar no
covil de um Dragão”. Isso significava que não se poderia obter grandes ganhos sem
correr grandes riscos.

Jircniv ouvira isso antes, e então se preparou para dar o próximo passo.

“Naturalmente, desejo expiar meus erros diante dele. Embora eu não tenha nenhuma
lembrança de mandar alguém para um lugar chamado Nazarick, é inteiramente
possível que um de meus subordinados tenha agido precipitadamente e
independentemente de minhas ordens. Sendo esse o caso, a responsabilidade final recai
sobre o superior geral — ou seja, eu mesmo.”

Do canto do campo de visão, ele viu os três escribas arregalando os olhos, enquanto
Fluder assentia em aprovação.

“Huh~ tudo bem. Então, vamos juntos.”

"Um momento por favor. Embora eu não tenha nenhum problema em sair agora, ainda
sou o governante deste país, e não posso simplesmente deixar a sede do poder de
repente. Talvez, se você pudesse me permitir dois, talvez três dias...”

Jircniv olhou para os rostos dos gêmeos para se certificar de que estava tudo bem
antes de continuar.

“—Para colocar os assuntos do estado em ordem antes de partir. Depois de


acrescentar tempo para resolver outros assuntos prementes e preparar as reparações
para o Gown-dono, acho que dez dias devem...”

"Dez dias? Isso é muito tempo, você não acha?”

“Com dez dias, certamente poderei preparar um presente apropriado. Uma oferta
irrefletida seria apenas desrespeitosa com ele. Depois, há a questão de encontrar as
partes envolvidas. O Império é grande — a limpeza exigirá um período de tempo
adequado.”

"Um presente, huh~"


Murmurou Aura. Ao lado dela, Mare começou a parecer desconfortável.

Entendo... eles estavam distraídos ao ouvir o assunto de um presente apropriado para o


Gown. Isso significa que eles reverenciam profundamente seu mestre. Eu devo ser capaz
de comprar algum tempo com isso.

Mas antes que Jircniv pudesse continuar, Aura falou primeiro.

Ela era toda sorrisos, e seu tom era de provocação.

“Estou brincando~ Ainz-sama apenas me disse para dizer a você para vir agora, mas
ele não disse exatamente quando. Então, "agora" é "o quanto você acha que precisará".

Embora ele quisesse cuspir em Ainz Ooal Gown, que tinha visto através de seus planos,
ao mesmo tempo, ele também sentiu que seu oponente era um inimigo inteligente e
digno.

Então ele queria ver como eu reagiria à demanda de "agora", então. Bem, Ainz Ooal
Gown, você é um negociador complicado. Só alguém bastante sábio para prever o
caminho que essa conversa levaria.

"Diga, você não vai dizer nada?"

Foi só depois de ouvir a voz fria de Aura que Jircniv percebeu que ele estava perdido
em seus pensamentos.

“Ah — ah, me perdoe. Eu estava apenas pensando no que preparar se não tivesse
tempo suficiente.”

“Huh~ bem, isso não importa. Então... você pode me dar uma resposta? Quanto tempo
até que possamos esperar que você venha a Nazarick?”

“Apenas isso...”

Jircniv ignorou a provocação de Aura e continuou:

"Todos os preparativos considerados, acho que poderei fazer uma visita em cinco
dias."

"Saquei. Então, informaremos ao Ainz-sama. Ah, isso me lembra de algo, devemos


ajudá-lo a desenterrar os caras enterrados vivos lá fora? Apesar que..."

Aura bateu palmas e seu sorriso era malicioso demais para ser infantil.
“...Eles podem ter acabado como um sanduiche de senbei, um recheado com carne
moída. Isso pode ser um pouco difícil de consertar.”

Jircniv continuou sorrindo, porque o objetivo da oposição agora era transparente até
demais.

As pessoas revelaram sua verdadeira natureza em momentos de grande emoção.


Então eles devem ter tentado provocá-lo para ver qual reação resultaria. Jircniv usara
essa técnica durante as negociações, e a melhor maneira de lidar com esse tipo de coisa
era não se permitir ser atraído.

“Então, agradeço sua ajuda. Contarei com vocês.”

Depois de ver a decepção no rosto de Aura, Jircniv se permitiu sorrir honestamente


pela primeira vez.
Capítulo 01: Uma Guerra de Palavras
Parte 1

eis carruagens de luxo corriam pelas planícies.

S O movimento delas era surpreendentemente estável apesar do fato de


estarem galopando sobre o chão gramado.

Primeiramente, as rodas de cada carruagem eram itens mágicos chamados Rodas


Confortáveis. Além disso, o chassi das carruagens também havia sido tratado com a
magia 「Lightweight Cargo」 que diminua o peso dos objetos.

Essas carruagens inacreditavelmente magníficas demandavam um preço


surpreendente, mas tão surpreendentes eram as criaturas que as puxavam. As feras
mágicas de oito patas pareciam cavalos e eram conhecidas como Sleipnirs.

Calcular o custo exato de colocar seis desses veículos era um exercício de tolice.

Estes veículos — longe do alcance dos meramente ricos — foram escoltados por um
grupo de cavaleiros montados em cavalos poderosos.

Havia mais de 20 desses cavaleiros, cada um trajando cotas de malhas, armados com
espadas longas na cintura enquanto carregavam balestras e aljavas nas costas.

No entanto, uma mulher cavalgava liderando todos esses homens.

Sozinha entre todos esses guerreiros, ela usava uma armadura pesada de placas. Ela
não carregava uma lança de cavalaria, mas uma lança do tipo que um soldado de
infantaria usaria. O visor de seu elmo estava levantado, mas o lado direito de seu rosto
estava coberto por algum tipo de pano dourado, o que a fazia parecer bem estranha.

Embora este bando de cavaleiros fosse o próprio retrato de guerreiros mercenários,


seus movimentos disciplinados e suas palavras curtas e precisas não eram nada como o
de um mercenário comum. Seus olhos estavam aguçados e mantinham um alto nível de
alerta.

Alguns poderiam considerar sua cautela em planícies escancaradas para ser uma
forma de paranoia ou covardia, mas em um mundo onde a magia era real e monstros
perambulavam por todos os lugares, até estar em guarda contra tudo o que podiam ver
não era suficiente para garantir sua segurança.

Havia aranhas gigantes que podiam sobreviver por meses sem comer ou beber
enquanto espreitavam suas presas, monstros impuros que se assemelhavam a massas
de neblina que deslizavam pelo ar, lagartos venenosos com olhares petrificantes que se
precisava fugir a todo custo se fossem encontrados em terreno aberto.
Eles estavam todos no limite porque estavam cautelosos com monstros, com forças tão
mortais. No entanto, os mercenários normais não chegavam a esse ponto de alerta.

O que os diferenciava dos meros mercenários eram as pessoas invisíveis no ar. Eles
eram um bando de cavaleiros aéreos que estavam mantendo o ritmo com os cavaleiros
no chão, sob os efeitos da magia da invisibilidade.

Havia criaturas chamadas Hipogrifos neste mundo. Eles nasceram do acasalamento de


um grifo e de uma égua, e esses animais mágicos tinham a metade dianteira de um grifo
e os quartos traseiros de um cavalo. Talvez fosse por causa de seu sangue misto, mas os
Hipogrifos eram mais fáceis de serem criados e treinados que os grifos, e eles eram
muito populares como montarias voadoras.

E então, havia os cavaleiros dessas feras para considerar.

Criaturas voadoras — mesmo se fossem monstros — tinham um preço extremamente


alto se fossem colocadas no mercado. Eles não eram algo que os simples mercenários
pudessem pagar.

De fato, toda essa atuação de ser mercenários era uma fachada destinada a enganar
várias pessoas.

As verdadeiras identidades dos que viajavam no terreno na verdade eram a guarda


real do Imperador, já os que estavam no ar estavam equipados com itens mágicos
extremamente caros e se escondiam em véus de invisibilidade enquanto seguiam as
forças terrestres; as elites da Guarda Real Aérea.

Claro, isso significava que o dono das carruagens não era outro senão o governante do
próprio Império Baharuth, o Imperador Jircniv Rune Farlord El-Nix.

Havia várias razões pelas quais ele havia disfarçado sua unidade assim, mas a maior
delas era porque o Imperador e seus cavaleiros percorrendo abertamente o território
do Reino — violando suas fronteiras — causariam um incidente internacional, e isso
não poderia acontecer. Como tal, o exterior das carruagens era mais claro que o interior
— embora ainda fosse mais luxuoso que carruagens comuns.

Nesse comboio, a segurança em torno da terceira carruagem da traseira — a


carruagem de Jircniv — era mais severa do que a das outras.

Até mesmo o teto de sua carruagem — originalmente uma área de transporte de carga
— havia sido reformado e agora havia dois arqueiros escondidos entre as bagagens.

O interior da carruagem era supremamente devasso. A julgar pela mobília sozinha, era
mais semelhante a uma suíte móvel de alta classe do que uma carruagem simples,
desde o estofamento aveludado nas paredes e no chão até os assentos macios e
confortáveis, que tinham sido projetados para não causar nem o menor desconforto em
viagens longas.

Apenas três pessoas tiveram permissão para compartilhar esse transporte luxuoso
com Jircniv, o que significava que um total de quatro pessoas ocuparam o espaço da
cabine. Embora a idéia de quatro pessoas se espremendo em uma única carruagem
parecesse restritiva e desconfortável, essa era apenas a imaginação desinformada
daqueles que nunca haviam andado em uma carruagem de primeira classe antes. Na
verdade, todos os quatro tinham espaço adequado para si.

♦♦♦

"—Vossa Majestade, Vossa Majestade, talvez seja hora de acordar?”

A voz agitou Jircniv de seu cochilo.

Ele beliscou o dorso do nariz com o polegar e o indicador, e bocejou, seguido por um
grunhido quando se esticou. Alívio fluiu através dele quando seu corpo rígido se soltou
e ele bocejou novamente.

" Vossa Majestade, parece que você teve um bom descanso, mas você ainda está
cansado?"

Jircniv sacudiu a cabeça para o homem que o acordara, o secretário Loune Vermillion,
que fora autorizado a andar na mesma carruagem que o Imperador.

“Ah, não, não é nada disso. Eu ainda preciso de um tempo para limpar minha mente,
estou me sentindo melhor agora. Embora, eu não tenha cochilado assim por muito
tempo. Eu acho que eu era criança da última vez que fiz isso, não? Afinal, há toda uma
montanha de negócios inacabados na capital, e eu nunca tive tempo a perder com esse
tipo de coisa... mas agora que comecei essa jornada, descobri que não tenho mais nada a
fazer. É a primeira vez que sinto vontade de agradecer ao Gown.”

"Ah, de fato, você está sempre ocupado, mas por que, Vossa Majestade?"

O homem que falou como se não estivesse se dirigindo ao Imperador era o líder dos
Quatro Cavaleiros Imperiais, Baziwood.

Normalmente, essas palavras teriam sido censuradas, mas ninguém na carruagem


disse nada.

Jircniv sorriu amargamente e respondeu ao seu subordinado excessivamente informal,


mas ainda assim excelente soldado:

“A culpa disso pode ser atribuída aos pés do Imperador Sangrento, porque suas
reformas foram feitas com muita rapidez para que todos os alcancem. Ele é
verdadeiramente um homem tolo. Tanto esforço poderia ter sido poupado se ele
tivesse esperado e acumulado um corpo de pessoas competentes antes de agir. Você
deve ralhar com ele quando tiver a chance. Ah, mas lembre-se de que, quando fizer isso,
você deve sugerir um curso de ação apropriado para ele também.”

Todos na cabana sorriam como Jircniv.

Originalmente, a administração do Império foi deixada para os nobres — em


particular, os nobres da corte. Somente aqueles nascidos em dinheiro podiam pagar a
educação desde o nascimento, e uma das razões era também um interesse na situação.

No entanto, devido à expulsão dos nobres por Jircniv, a quantidade de funcionários e


burocratas foi reduzida, mas o trabalho que eles tiveram que fazer aumentou em vez
disso graças a suas reformas. Embora isso fosse uma consequência lógica de tais ações,
significava que a carga de trabalho de todos os envolvidos aumentara de forma
explosiva, e o próprio Jircniv não era exceção.

Mantendo seu nome como o Imperador Sangrento, ele havia eliminado muitos nobres
inúteis. No entanto, foi somente após o fato de que ele percebeu que até mesmo esses
indivíduos sem valor tinham seus usos.

Ainda assim, ele não se arrependeu de sua decisão.

Ele teve que carregar seu próprio expurgo quando ele o fez. Se ele tivesse perdido sua
chance, a autoridade para comandar os cavaleiros teria sido despida dele pelos nobres,
e a morte de seu pai teria sido sem sentido.

E assim ele realizou seu expurgo e abriu um caminho para o futuro do Império.

As mulheres tiveram que suportar a dor para dar à luz uma criança. Da mesma forma,
a vasta quantidade de trabalho que ele fazia todos os dias era uma dor necessária que
ele tinha que suportar para dar à luz um Império radiante e renascido. Assim, uma vez
que ele vencesse a dificuldade que estava à sua frente agora, ele obteria o tesouro que
ele procurava.

Essa linha de pensamento trouxe o tópico de seus próprios descendentes para a mente
de Jircniv.

Jircniv não era casado, mas já tinha filhos. Ele ainda não havia contratado sua
imperatriz consorte, embora tivesse algumas mulheres que eram mais cortesãs do que
concubinas, com as quais ele havia criado descendentes.
Obs.: Em inglês, “Mistresses” é usado aqui, eu traduzi como “Cortesã”. Pois “Mistresses” tem várias e inúmeras traduções. Porém as relacionadas a
este tópico são praticamente um sinônimo de concubinas. Já cortesã também é relacionado, porém mais especifico, como lerão abaixo.

Infelizmente, ele não amava essas crianças, mas esperava que um de seus filhos se
mostrasse adequadamente talentoso.
Isso porque, no futuro, se os filhos de sua imperatriz fossem incompetentes, ele
mudaria alegremente seus lugares na sucessão com um descendente capaz de suas
cortesãs.

“Mesmo assim, trabalhar por conta própria sobre as tarefas do governo não é o curso
que uma nação deveria seguir. Se ao menos eu pudesse treinar um quadro de
funcionários que pudessem assumir essas tarefas em breve... isso me deixaria voltar a
emitir pronunciamentos amplos, como os imperadores da antiguidade. E eu certamente
não quero que meu filho, o próximo Imperador, tenha que sofrer como eu sofri. Afinal,
se meus descendentes estão sobrecarregados, eles amaldiçoariam meu nome.”

O atual Império havia sido construído pelo trabalho de uma geração de pessoas
excelentes, ou melhor, gerações de homens talentosos haviam estabelecido o alicerce
estável sobre o qual Jircniv havia construído uma magnífica estrutura. No entanto, isso
não garantia que o próximo imperador ou o que viria depois dele fosse igualmente
talentoso.

Jircniv não disse isso em voz alta, mas queria encontrar um sistema que pudesse
conduzir a nação sem problemas, desde que as pessoas tivessem um certo grau de
competência.

“Isso seria muito difícil. Afinal, Vossa Majestade é um governante absoluto, e você não
pode administrar o país da maneira que os antigos imperadores faziam.”

“Vermillion, seu trabalho é encontrar uma maneira de alcançar meus objetivos. Claro
que possuo poder absoluto. Todos os imperadores do passado trabalharam para
concentrar os poderes da nação em seu ofício. No entanto, mesmo que eu seja um ser
supremo, seria errado microgerenciar os assuntos do estado. Se isso acontecesse,
então, que utilidade seriam os burocratas? Talvez você tenha perdido a cabeça.”

"No mínimo, ele não teria deixado na Academia Imperial de Magia, Vossa Majestade."

Essas palavras foram proferidas por Fluder Paradyne, um dos membros mais antigos
da Academia Imperial de Magia e também membro do mais alto escalão do Ministério
da Magia. A implicação era que sua academia não teria criado um tolo.

"Haha, sim, você está certo, Velhote."

Jircniv tossiu suavemente e, com isso, o clima dentro da carruagem ficou sério.

“Na minha geração, o Império retornou à sua juventude, como uma criança recém-
nascida. Vamos expulsar o que é velho e apodrecido e substituí-lo pelo novo. Como
Vermillion disse, eu terei que trabalhar arduamente até que o Império amadureça, mas
se nunca crescer, isso seria desastroso. No futuro, vou apenas definir metas gerais para
o Império, e os burocratas e generais abaixo de mim ajudarão a tornar essas metas
realidade.”

Um país governado por um único autocrata seria muito fraco. Jircniv sabia muito disso.

Loune abaixou a cabeça — cujo cabelo estava grisalho e fino em contraste com sua
idade — em reconhecimento.

"O Imperador da próxima geração... falando nisso, você teve um filho com aquela,
Vossa Majestade?"

Jircniv instantaneamente sabia quem Baziwood queria dizer com "aquela". Afinal,
Jircniv sabia que Baziwood pensava muito bem em uma de suas cortesãs.

As cortesãs de Jircniv foram selecionadas por sua aparência ou pelo status de seus
pais, mas uma mulher entre elas ignorou esses critérios. Esta mulher foi a única que foi
escolhida por seu intelecto, e não por sua aparência ou por sua criação. Assim, ela foi
autorizada a compartilhar suas opiniões políticas com Jircniv — embora não em
público e apenas na cama — e ela era a única mulher que ele permitia tais liberdades.

No começo, ele não pretendia levá-la como uma concubina, mas as coisas acabaram
assim por sua própria insistência.

Jircniv, no entanto, teria ficado feliz se ela se tornasse sua imperatriz consorte.

“Não, isso não é o que ela deseja. Ela foi tão longe a ponto de dizer: "A aparência é um
tesouro com o qual você nasceu, e para aqueles que ocupam os altos escalões da
sociedade, isso é uma característica muito importante. Pode-se compensar a falta de
intelecto com árduo trabalho ou excelentes subordinados, mas a aparência não pode ser
alterada.” Ou algo assim.”

"A linhagem de Vossa Majestade não garantirá que qualquer criança de sua união seja
agradável de se ver? Bem, é verdade que qualquer um de seus subordinados ficaria
mais feliz em receber ordens de um imperador de boa aparência.”

"Então esse é realmente o caso?"

Jircniv não tinha superiores e não tinha como se relacionar com essa situação. De sua
parte, ele usaria uma pessoa capaz, independentemente de quão feias elas fossem, e até
mesmo daria a elas uma posição chave, se necessário.

“No mínimo, seria melhor do que ter que olhar para algum sapo. Afinal, Vossa
Majestade não preferiria que uma mulher linda requebrasse os quadris em cima de
você, ao invés de uma feia, correto?”
"...Bem, sim. Eu meio que entendo, mas esses dois exemplos realmente podem ser
comparados?”

Jircniv inclinou a cabeça. Algo parecia estar fora daqui.

"Então, Vossa Majestade deu alguma idéia de quem ele vai se casar?"

A pergunta de Fluder fez Jircniv franzir as sobrancelhas.

“Bem, se eu tivesse que escolher entre casar com alguém de dentro do país ou fora do
país, eu teria que ir com o segundo. Neste momento, não há benefícios em se casar com
uma nativa, então restaria se casar fora do Império... bem, há aquela mulher ridícula
que me recomendaram.”

Fluder acariciou a barba.

"Princesa Renner?"

Jircniv assentiu com amargura.

Ela era a terceira princesa do Reino Re-Estize — Renner Theiere Chardelon Ryle
Vaiself.
Ela era conhecida como a “Dourada”, uma princesa cuja reputação se baseava em sua
aparência, mas por vários anos ela se classificou em primeiro lugar na lista de mulheres
que Jircniv mais desprezava. Em contraste, o tipo de mulher que ele mais preferia seria
alguém como a Prefeita Kabelia, que administrava a cidade de Peibart nas Cidades-
Estados de Karnassus.

“Eu não tenho idéia do que aquela mulher está pensando. Depois de ouvir sobre suas
ações, é quase como se ela falhasse porque queria falhar. Tudo parece errado para
mim.”

Essas pessoas não deveriam existir.

Isso foi o que ele pensou, mas ele reconheceu que os seres humanos eram estranhos e
complexos o suficiente para que ele não pudesse descartar a possibilidade de tais casos.
Então, se ela realmente planejava fracassar desde o começo, qual era o seu objetivo?
Quanto mais ele tentava entender o modo de pensar de Renner, mais ele se sentia como
se estivesse sendo enredado em uma teia de aranha. Foi um sentimento completamente
desagradável.

"...Se apenas alguém pudesse me ajudar a matar aquela mulher nauseante."

"Vamos contratar os Ijaniya imediatamente, se é isso que Vossa Majestade deseja."

"Ijaniya" foi um grupo de assassinos que assumiu o nome de um dos Treze Heróis para
si. Residiam entre o canto nordeste do Império e a Aliança Cidade-Estado de Karnassus,
e usavam técnicas incomuns. Embora ele tenha tentado colocá-los sob sua asa como um
departamento de operações secretas, eles não haviam respondido às propostas do
Império.

“Chega disso, é melhor deixar essa mulher transmitir suas intuições revolucionárias
para nós. Deixá-la viver seria melhor do que matá-la... Hm. Aquela mulher levou em
conta esse desenvolvimento também?”

"Alguém poderia ter planejado tantos passos no futuro?"

"Quem sabe..."

Disse Jircniv, mas mesmo quando deu essa resposta, ele teve que admitir que era uma
possibilidade.

As palavras de Renner eram transmitidas para Jircniv através de seus espiões no


Reino. As políticas que ela propôs muitas vezes deixavam Jircniv pasmo de admiração.
Quando ele as adotou dentro do Império, os resultados alcançados foram um sinal de
quão admiráveis eram as políticas de Renner.
Seria uma perda ao Império se algo acontecesse com ela.

A precisão das sugestões de Renner para o Reino fez com que ele se perguntasse se ela
havia antecipado os movimentos do Império. Se isso fosse verdade, significava que
Renner poderia prever os planos do Império sem olhos ou ouvidos no local e, em
seguida, manipulá-los habilmente.

Por essa razão, até mesmo Jircniv, que cobiçava a força do Capitão Guerreiro Gazef
para Império, não conseguiu se obrigar a desejá-la.

“O Reino não será indevidamente prejudicado, mesmo que a Princesa morra, mas, pelo
contrário, o Império estará acabado se Vossa Majestade morrer. Nós, os Quatro
Cavaleiros, poderemos lidar com assassinos, mas outros fatores são completamente
diferentes, então eu espero que Vossa Majestade não mergulhe profundamente em seu
trabalho.”

"Claro. Não importa a razão, não posso me permitir morrer antes que um governo
forte tenha sido formado para o Império.”

A perda da liderança de uma organização autocrática levou a possibilidade de a


própria organização entrar em colapso logo em seguida.

O Império pode se tornar uma grande nação no futuro. Qualquer um que tenha
percebido isso certamente pagaria qualquer preço para evitar essa ascensão, matando
o Imperador. Os suspeitos mais prováveis para isso eram os países vizinhos, como o
Reino e a Teocracia.

Parte da razão pela qual ele queria Ijaniya sob sua asa era para que eles pudessem ser
usados como contra-assassinos.

“Isso mesmo, se Vossa Majestade perecesse, as coisas seriam problemáticas. Nós


temos magic casters divinos em prontidão para evitar veneno e ferimentos, mas no
final, ainda não temos pessoal qualificado suficiente para esses deveres. Eu gostaria que
meu trabalho nesse campo fosse mais extenso, mas minha compreensão da magia
divina ainda é inadequada para a tarefa.”

"Bem, você já é um excelente assistente, então uma pequena fraqueza como essa não é
te todo o mal. Oh, sim. Pedimos a ajuda da Teocracia, mas não recebemos nenhuma
resposta deles. Por que não deixar os templos dos Quatro Deuses e as religiões menores
competirem uns com os outros? Então deixe o Império apenas observando, veremos
qual será a fé que produz os melhores resultados.”

A competição era a força motriz para o desenvolvimento de novas técnicas. No


entanto, a menção a isso fez Loune sacudir a cabeça violentamente, jogando o cabelo
esparso na testa.
"É muito perigoso. Os templos do Império são apoiados por doações da população e
permanecem independentes vendendo vários produtos que só eles sabem fabricar. Se o
Império exercer alguma influência indevida sobre eles ou interferir em seus meios de
subsistência, eles certamente ficariam descontentes.”

“Isso é verdade... se pudéssemos assumir o controle dos vários templos, o Império se


tornaria mais forte. Nesse aspecto, a Teocracia fez um excelente trabalho. Eles devem
ter feito isso várias centenas de anos atrás. Eu me pergunto, como eles fizeram isso?”

“A prática da magia divina está intimamente ligada à saúde de todos, então eu acho
que seria uma boa idéia se pudéssemos ter mais magic casters divinos como cavaleiros,
ou pelo menos ensinar aos cavaleiros como usar a magia divina. Se infiltrar e atacar
monstros com espadas só produz baixas.”

Baziwood era um homem que tivera que caçar monstros no passado e passara a maior
parte do tempo à beira da morte. Ele assentiu e continuou em um tom baixo.

“Pessoalmente, eu me sentiria mais seguro se pudesse contar com a magia da


ressurreição. Com isso, não teríamos que lamentar a perda de jovens talentosos.
Embora eu tenha ouvido que a magia da ressurreição drena a energia vital, e as pessoas
comuns serão reduzidas a cinzas se alguém tentar ressuscitá-las. Isso é verdade?"

Fluder moveu seu corpo para frente.

Talvez esse velho tivesse sido o tutor do imperador por muito tempo, ou talvez porque
seu assunto favorito de magia tivesse surgido, mas agora, ele estava falando
animadamente, com os olhos brilhando. Jircniv sabia que o velho iria divagar assim que
começasse a falar sobre esse assunto, e ele revelou um olhar cansado no rosto que só
Baziwood e Loune notaram.

“Isso é um fato. Entre as magias divinas do quinto nível, a magia da ressurreição


「Raise Dead」 consome vastas quantidades de força vital. Talvez as magias de
ressurreição de níveis mais altos possam reduzir a quantidade de força vital que se
perde... mas ninguém pode usá-las, de modo que é meramente acadêmico. Então,
novamente, ouvi dizer que os Dragonlords e sua antiga magia poderiam ressuscitar os
mortos sem a perda de qualquer força vital—”

“—Então a Rainha do Reino Dragonic poderia realizar tais feitos?”

“Uma excelente pergunta, Vermillion. De fato, foi confirmado que a rainha daquele país
herdou a habilidade de usar o que chamamos de magia antiga, ou magia primitiva, ou
talvez a magia da alma. Existem muitos nomes para esse tipo de magia. Isso ocorre
[S ob er ano Dr agão B r i l h a n t e ]
porque o sangue do o Brightness Dragonlord flui dentro de suas veias — isso é certo.
No entanto, se ela pode ou não usar a magia da ressurreição, ainda é desconhecido.
Magia antiga e nosso estilo atual de magia são completamente diferentes uns dos
outros, e nós, que só podemos usar magia moderna, nunca poderemos entendê-la.”
Fluder fechou a boca e, ao mesmo tempo, Jircniv olhou para ele. Embora irritação e
preocupação fossem evidentes no rosto de Jircniv, as próximas palavras de Fluder o
deixaram à vontade.

“Magia antiga... como eu quero pesquisar isso. Se apenas aqueles com o sangue do
Brightness Dragonlord podem usá-la, então o pedigree é a coisa mais importante.
Portanto, eu sinto que se Vossa Majestade deseja casar, ele faria bem em selecionar
aquela Rainha ou um de seus parentes...”

"Dá um tempo, Velhote... eu não estou interessado em bruxas velhas que fingem ser
jovens..."

Ele nem queria pensar em se casar com a mulher que ocupava o segundo lugar em sua
lista das mulheres mais odiadas. Além disso, mesmo que ele não ame sua prole, seria
cruel demais tê-los apenas para transformá-los em espécimes de pesquisa.

Mesmo assim, se ele tivesse que pesar aquele ato de crueldade contra os benefícios
que o Império colheria de cometer, não havia como dizer qual curso de ação ele
escolheria.

Nesse momento, uma forte batida veio da porta da carruagem.

Esta carruagem fora projetada para se defender contra a magia do tipo adivinhação, o
que significava que ela estava totalmente fechada em placas de metal e nem possuía
janelas. Baziwood se levantou e abriu a porta para espiar fora — ou melhor, a pessoa
que havia batido na porta.

Embora estivessem cercados por cavaleiros que os protegiam e ele tinha certeza de
que essa pessoa era amistosa, ele não pôde deixar de ficar de guarda por precaução.

"Vossa Majestade, é a Leinas."

"Abra a porta."

O ar fresco das planícies fluía quando a porta se abriu completamente, soprando


através do cabelo de todos dentro. Durante esta estação, o ar que vinha do exterior
devia estar frio, mas a brisa que atingia as pessoas lá dentro estava confortavelmente
quente. Escusado será dizer que este foi o resultado da magia usada nesta carruagem.

A mulher que acompanhava a carruagem era a mulher que estava à frente da formação
anteriormente.

“Perdoe-me, majestade. Há—"

Era difícil distinguir as palavras por causa do vento entre elas.


“Não tem como conversar. Entre, não faça cerimônias.”

"Entendido. Então me permita essa intrusão.”

Com isso, ela saltou graciosamente do cavalo e pousou elegantemente na porta da


carruagem em movimento. Embora ela fizesse parecer simples, dado que ela estava
usando uma armadura completa e que tanto seu cavalo quanto a carruagem estavam se
movendo a todo galope, era prova de que ela tinha uma habilidade atlética
considerável.

Ainda assim, isso era de se esperar de um dos Quatro Cavaleiros que eram o orgulho
do Império. Entre eles, ela tinha a maior habilidade ofensiva. Seu nome era Leinas
Rockbruise, também conhecida como "Explosão Pesada".

Depois de se transferir para a carruagem, Leinas fechou silenciosamente a porta e


sentou-se ao lado de Baziwood. A última coisa que viram como o mundo exterior foi
fechado foram as rédeas do cavalo de Leinas sendo tomadas por um dos cavaleiros que
cavalgavam ao lado dela.

Como a magia da carruagem só aqueceria o ar que entrava nela, qualquer coisa fria
que entrasse continuaria assim. Considerando que Leinas estava vestindo um traje
completo de armadura de placas que tinham sido resfriadas pelo vento cortante do lado
de fora, ela era como um bloco de gelo quando se sentou ao lado de Baziwood, que não
pôde deixar de tremer.

"As pessoas que enviamos à frente nos contataram usando 「Message」."

Uma das defesas oferecidas por esta carruagem foi a interferência contra a magia do
tipo adivinhação do lado de fora. Apesar de impedir que o inimigo os encontrasse com
magias, também bloqueava magias como 「Message」, então era seu dever repassar o
conteúdo recebido a Jircniv.

“Os batedores chegaram a Grande Tumba de Nazarick. Parece haver uma cabana
naquele local, depois informaram que as empregadas aguardam a hora da chegada de
Vossa Majestade. As empregadas responderam que haverá uma saudação de boas-
vindas à espera de Vossa Majestade.”

“Empregadas? Eu pensei que era uma tumba... mas empregadas? Empregadas...


poderia ser? Eu ouvi que alguns países enterravam empregadas com seus reis mortos
para servi-los na vida após a morte. Foi isso que aconteceu aqui? Ou isso significa que
as Elfas Negras que deixaram a floresta fizeram dessa tumba sua nova casa?”

“Lamentavelmente, o conteúdo que recebi não continha mais detalhes, Vossa


Majestade.”
"...Eu não consigo entender nada. A floresta não é um reino humano, então não há
história sobre isso também... Bem, eu gostaria de esperar que as empregadas não sejam
monstros como os que vieram para a capital. Diga ao nosso pessoal para ter cuidado.”

“É como Vossa Majestade diz. A julgar pela força desses emissários, estamos
provavelmente indo para uma situação completamente desconhecida. Nós seríamos
melhor servidos por cautela. Além disso, espero que Vossa Majestade venha
rapidamente para o meu lado, caso algo inesperado venha a acontecer.”

"Por isso, você quer dizer que nos teleportaremos em caso de emergência?"

O leve sorriso de Fluder foi uma resposta afirmativa.

“Se isso acontecer, lutaremos para atrasá-los. Não importa quantos inimigos cheguem
a nós, no mínimo poderemos comprar a Vossa Majestade algum tempo para fugir.”

Baziwood disse isso com um sorriso, mas sua camarada Leinas não respondeu nada.
Em vez de um acordo que não precisava de palavras, era uma forma de desaprovação
que era imediatamente visível em seu rosto. No entanto, os outros ao seu redor não
disseram nada.

No final, ela nunca oficialmente jurara lealdade a Jircniv, apesar de sua posição nos
Quatro Cavaleiros. A verdade era que servir Jircniv era o curso de ação mais lucrativo
para ela. Se alguém aparecesse que pudesse conceder seus desejos, ela abandonaria
imediatamente sua posição atual.

Em outras palavras, ela era a menos fiel a Jircniv entre os Quatro Cavaleiros.

Os Quatro Cavaleiros foram selecionados apenas com base em sua capacidade de lutar
e não em sua personalidade ou lealdade. Mesmo assim, não havia mais ninguém cujos
motivos fossem tão mercenários quanto os dela.

A única razão pela qual ela estava aqui era porque um dos Quatro Cavaleiros tinha que
estar na Capital Imperial em todos os momentos. O escolhido para isso seria o
"Vendaval Feroz", Nimble Ark dale Anock, que era inescapável. Se " O Intangível" ainda
estivesse por perto, Nimble seria o único em seu lugar.

"Perdoe minha grosseria."

Leinas retirou um lenço do bolso do peito e segurou-o no lado direito do rosto. Quando
se virou, o pano dourado era na verdade o cabelo dela. Ela enfiou o lenço sob o cabelo e
limpou levemente.

Após o breve procedimento, o lenço ficou amarelo com a quantidade de pus que havia
absorvido.
“Por favor, permita-me fazer da minha vida a minha maior prioridade. Peço desculpas
se eu entrar no seu caminho.”

"Ah, está bem, afinal de contas, é com isso que concordamos quando você se tornou
uma dos Quatro Cavaleiros — ou melhor, quando você foi contratada."

“Entendo, então todo mundo sabe o que eles planejam fazer. Então, da minha parte,
farei o meu melhor para me agachar em um canto e não entrar no seu caminho.”

Loune disse isso com uma cara séria para mudar o humor na carruagem, e foi recebido
com risadas tensas.

"Então, a julgar pela nossa velocidade atual, quanto tempo até chegar a essa Nazarick?"

A pergunta de Jircniv foi dirigida a Loune, que retirou um relógio de bolso do bolso do
peito. Depois que ele confirmou a hora, ele se virou para Leinas, viu quando ela assentiu
e respondeu.

"Se tudo correr conforme o planejado, em cerca de uma hora."

"Mesmo? Estou ansioso por isso. Vamos ver como esse Ainz Ooal Gown é.”

Parte 2

A carruagem de Jircniv reduziu lentamente sua velocidade até que finalmente parou.
No entanto, ele ainda não conseguiu desembarcar imediatamente. Foi problemático,
mas Jircniv teve que cuidar de seus próprios preparativos por uma questão de estilo e
segurança.

Normalmente, os preparos do Imperador teriam sido executados por subordinados,


como as empregadas das outras carruagens. No entanto, eles não tiveram o luxo de
esperar que as carruagens chegassem. Afinal, eles tinham vindo pedir desculpas, e
manter o grupo injustiçado esperando por muito tempo seria uma jogada muito tola.

Depois que Jircniv ajustou suas roupas, ele prendeu sua capa sobre elas. A capa em si
era um item extremamente valioso feito a partir da pele de uma fera mágica e
posteriormente tratado com magia. Com isso, nem mesmo as temperaturas mais baixas
do lado de fora o incomodariam.

Então, ele deslizou seu cetro dentro de seu cinto, isso completou suas preparações
básicas mínimas.

Jircniv se olhou mais uma vez, para ter certeza de que sua aparência não
envergonharia a si mesmo nem ao Império.
Depois disso, ele estaria lutando uma guerra de palavras com Ainz Ooal Gown. Em
outras palavras, sua roupa era como a vestimenta de batalha de um guerreiro. Mesmo o
menor vinco traria consequências que não se limitariam a simples constrangimentos.
Embora fosse bom que seu oponente não fosse observador o suficiente para eliminar
essas falhas, ele não queria ser subestimado por parecer maltrapilho.

Jircniv assentiu em satisfação e, naquele momento, uma batida saiu da porta.

“Então, eu devo desembarcar primeiro, Vossa Majestade.”

"Por favor, faça."

Depois dessa curta resposta, Baziwood abriu a porta da carruagem.

Era uma saída imponente e apropriada que correspondia à carruagem que tinha a
mais alta autoridade no Império Baharuth. Apenas por via das dúvidas, Loune interpôs-
se entre o Imperador e o exterior quando a porta se abriu, servindo de escudo para
Jircniv.

Eles podiam ver o que havia lá fora, além de Baziwood.

A primeira coisa que apareceu foi a grama das planícies. Depois disso, os guardas reais
alinharam-se para encarar uns aos outros. Além deles havia uma colina que se elevava
das planícies, e o que parecia ser uma enorme porta de treliça que parecia ter sido
enterrada até a metade.

A Grande Tumba de Nazarick está por trás dessa porta? Parece um pouco diferente do
que me foi dito... bem, erros como esse estão dentro dos limites aceitáveis.

Depois de desembarcar da carruagem, Jircniv acompanhou Baziwood — que já estava


em formação com os guardas reais — e partiu.

Jircniv respirou fundo. O encantamento em suas roupas assegurava que o ar que


entrava em seus pulmões fosse fresco e limpo. Claro, ainda estava frio, mas não tão
desconfortavelmente.

Enquanto ele exalava, ele moveu sua mandíbula lateralmente, e rapidamente olhou
para os subordinados ao seu redor.

Fluder usava suas longas túnicas e segurava um cajado, e ele foi seguido por seus
discípulos adeptos.

Havia magic casters divinos com símbolos sagrados pendurados em seus peitos. Eles
pertenciam às ordens dos cavaleiros.
Então havia os guardas reais imóveis, embora agora visse os rostos dos batedores de
antes entre eles.

Pessoalmente, Jircniv queria perguntar-lhes o que tinham visto, mas agora não era um
bom momento para falar.

Parecia que as empregadas, que estavam em outra carruagem, ainda não haviam
chegado.

Bem, eram apenas presentes. É apenas para ser esperado. Então, quando eles disseram
uma casa de madeira, eles quiseram dizer aquela porta de treliça... ou aquilo?

Quando ele olhou para a esquerda, viu uma cabana de madeira de um único andar.
Parecia totalmente incongruente com as planícies e o cemitério, e ele sorriu
amargamente. Afinal, de onde veio toda essa madeira? A Cordilheira Azerlisiana se
erguia à distância e ele pensou na Grande Floresta de Tob.

Eles transportaram madeira por toda essa distância? Eu não sei quantos quilômetros a
madeira deve ter viajado, mas eles precisariam de muito trabalho para trazer até aqui.

Embora ele não soubesse muito sobre cabanas, Jircniv não achava que essa estrutura
fosse particularmente atraente. Mesmo assim, quando levou em conta o ambiente, teve
que admitir que o fato de terem conseguido construir isso aqui era impressionante por
si só.

Mas... e essa porta grande... uma porta dupla, né? E construído tão alto... tem três
andares de altura. Este lugar poderia ter sido construído como algum tipo de armazém?

Jircniv olhou para a cabana, com Baziwood e Leinas à sua direita, Fluder à sua
esquerda e Loune atrás dele.

"Vossa Majestade. Devemos ordenar as pessoas das outras carruagens para


desembarcar também?”

Jircniv não se virou para Loune — que estava sussurrando em seu ouvido — enquanto
respondia.

“Não, não há necessidade disso. Em vez disso, devemos—”

As palavras de Jircniv foram cortadas no meio da frase. Não foi só porque a porta da
cabana se abriu, mas porque seus olhos foram atraídos para as duas beldades que agora
saíam devagar.

Elas estavam vestidas com trajes ortodoxos — bem costurados, mas de outro modo
não dignos de nota. No entanto, as empregadas passavam uma aura de uma maneira
anormal e correta. Até mesmo Jircniv, que vira muitas jovens donzelas em seu tempo,
estava visivelmente surpreso, e ele olhou como se tivessem entendido seu próprio
coração.

Elas são... muito bonitas... mas...

Elas eram realmente belas. Se fossem filhas de nobres do Império, ele teria aplaudido
sua aparência sem reservas. Ele poderia até querer adicioná-los ao seu harém. No
entanto, esta era uma tumba no meio de uma planície gramada. Elas estavam
totalmente fora de lugar aqui, e como resultado, um sentimento sinistro tomou conta
dele.

Jircniv podia ouvir o som de uma língua estalando suavemente ao lado dele, mas ele
não tinha energia para desperdiçar em tais assuntos.

"Diga, Velhote, isso pode ser uma ilusão?"

"Sobre isso... bem, eu não posso dizer com certeza, mas eu não penso assim."

“Elas são humanas? Elas não se parecem com Elfas Negras...”

"E sobre isso... eu não posso dizer com certeza também, mas duvido que elas sejam
humanas."

Essas respostas trouxeram um pouco de aliviou a Jircniv. Já que elas não eram
humanas, não seria estranho se elas aparecessem em um lugar como este.

Era uma resposta que ele podia entender e que ele queria desesperadamente
acreditar.

As duas empregadas se curvaram simultaneamente, e a que tinha o cabelo coque falou.

“Saudações, e boas-vindas, Vossa Majestade Imperial, Imperador Jircniv Rune Farlord


El-Nix. Meu nome é Yuri Alpha e tenho a tarefa de recebê-lo. Atrás de mim é minha
assistente, Lupusregina Beta. Embora nosso tempo juntos possa ser curto, espero que
nos demos bem.”

Embora ele demorasse em responder por ficar espantando com as suas aparências,
Jircniv conseguiu responder no fim.

“Então, eu agradeço por causarmos esse transtorno a você. De fato, devo agradecer ao
Ainz Ooal Gown-dono também, por nos receber com lindas senhoritas. Com isso em
mente, não há necessidade de incomodar-se dirigindo-se a mim como Imperador ou
usando outros honoríficos. Ficarei feliz se você me tratar como um indivíduo comum e
me chamar de Jir — de fato, espero que você faça isso.”

Jircniv sorriu brilhantemente para Yuri.


No entanto, mesmo depois de receber um sorriso que faria qualquer mulher desmaiar
por ele, a expressão séria de Yuri permaneceu como estava. Jircniv também poderia
dizer, olhando para os olhos dela, que seu coração estava igualmente imóvel.

Ela não gosta do tipo dele, ou ela era do tipo que não misturava negócios com prazer?
Ou ela estava cheia de lealdade para com a pessoa que ela servia?

Eu não posso ler ela. Eu queria deixar uma boa impressão, mas parece que isso será
muito difícil. E eu estava bastante confiante de que eu poderia lidar com qualquer pessoa
se elas fossem mulheres... ah, se o Velhote estiver certo, então deve ser porque elas não são
seres humanos. Bem, é assim que as mulheres não-humanas são... ainda assim, a que
espécie elas pertencem? Eles parecem que deveriam ser humanas, ou pelo menos algo
perto dos humanos...

Ele não tinha idéia de suas verdadeiras identidades.

A julgar por aquelas duas Elfas Negras e essas duas empregadas, Ainz Ooal Gown deve
ser um homem que dá grande importância às aparências.

Se esse é o caso... já que a aparência deles não combina com essas duas, elas não valem
nada agora...

Jircniv ponderou sobre as senhoritas, as acompanhantes que ele trouxera nas


carruagens. Ele estava orgulhoso de sua aparência, e ele as trouxe como presentes para
Ainz Ooal Gown, dependendo da situação. Cada uma delas eram nobres que tinham sido
totalmente conscientes do que aconteceria com suas famílias se desobedecessem aos
comandos de Jircniv, e elas tinham se despedido de olhos lacrimejantes para seus
parentes antes de partirem e vir para cá com determinação em seus corações.

Não há sentido. Ainda assim, depois de saber que o outro lado já tem tais beldades, eles
se alegrariam porque não eram mais necessários? Ou elas teriam ciúmes delas como
acompanhantes? Eu acho que deveria ter arranjado alguns Elfos como presentes, não?

Jircniv não conseguira trazer Elfos escravos do Império com eles porque não houve
tempo suficiente para prepará-los, e também porque queria mantê-los em reserva
como capital para negócios futuros. Essas relações não seriam com Ainz, mas mantidas
secretamente com Mare.

Ele sentiu que poderia investigar cuidadosamente a garota Mare, desnudá-la diante
dele e usá-la para seus propósitos.

Nós vamos seduzi-la com promessas de emancipar seus parentes escravizados. Em troca,
ela fará alguns favores simples por trás das costas de Gown. Depois disso, podemos usar
esses incidentes como material de chantagem para que ela faça mais coisas por nós. Pelo
menos esse era o plano...
Assim que Jircniv estava remoendo seus planos para Mare, Yuri respondeu a ele.

“Vossa Majestade é muito gentil. No entanto, nosso mestre Ainz Ooal Gown nos
ordenou explicitamente que não mostrasse nenhuma grosseria ou desrespeito ao
Imperador, e, como tal, lamento que não possamos concordar com o seu pedido
generoso.”

"Mesmo? Bem, isso é uma pena.”

Jircniv deu de ombros de maneira exagerada, como se estivesse fazendo uma atuação
de comédia.

“Ainda assim, por favor, sinta-se à vontade para me dirigir tão intimamente quanto
achar melhor. E quanto ao Gown-dono?”

"Entendido. Nosso mestre ainda está fazendo preparativos, e ele precisará de um


pouco mais de tempo. Eu rezo para que você seja paciente e espere por ele.”

"Entendo. Então, onde vamos esperar? Dentro daquela cabana?”

"Não. Esperamos que você aguarde aqui.”

Jircniv levantou a cabeça para o céu. Embora não parecesse que choveria logo, era
difícil dizer que o tempo estava bom com aquelas nuvens negras no céu. Além disso, os
ventos frios de inverno poderiam se intensificar, embora Jircniv não pudesse senti-lo
através de suas roupas encantadas.

O que ele está pensando, nos dizendo para esperar aqui? Será que ele quer que
conheçamos nosso lugar?

Desde que foi condenado a vir pedir desculpas por suas ofensas, Jircniv já estava em
desvantagem. E então, além disso, Ainz Ooal Gown queria rebaixá-lo ainda mais com
isso. Claramente, Gown tinha uma personalidade ruim.

"Mesmo?"

Jircniv estreitou os olhos.

“Então, retornaremos às nossas carruagens e o aguardaremos.”

Jircniv podia sentir a raiva fervendo de seus numerosos guardas reais quando ele disse
aquelas palavras.
Eles podem estar em um país vizinho — e um que pode acabar sendo um inimigo para
eles —, mas mesmo assim, deixar o Imperador de uma grande nação esperar em um
lugar como este era muito rude.

No entanto, ninguém poderia vocalizar esses sentimentos. Desde que seu senhor
suserano tinha aceitado claramente estes termos, não havia espaço para eles como
servos leais dizer qualquer outra coisa. A menos que—

Foi porque eles viram a carnificina que as Elfas Negras poderiam causar? Se é assim...
Gown, você é um homem difícil de lidar. Com apenas um movimento você atingiu o medo
em todos os nossos corações. Mesmo que essa habilidade pudesse ser usada apenas uma
vez na vida, quem seria corajoso o suficiente para colocar isso à prova? E depois há o fato
de que era uma criança fazendo isso. Você está nos dando a impressão de que até uma
criança pode ser tão poderosa.

"Eu rezo para você esperar."

A voz calma de Yuri cortou o ar antes que Jircniv pudesse dar um passo.

"Já que o atraso se originou do nosso lado, nós seríamos anfitriões desagradáveis e
desafiaríamos os comandos de Ainz-sama se não estendêssemos cada cortesia a você
em compensação."

Jircniv ficou um tanto surpreso.

Ainz... ele permite que suas empregadas se dirijam a ele tão diretamente? Talvez elas não
sejam empregadas... não, entendo. No mínimo, elas têm um relacionamento próximo a ele.
Será que ele reivindicou seus corpos? Não, qualquer homem entenderia o porquê. Dada a
aparência delas, a dificuldade seria manter as mãos longe delas.

Um ligeiro sentimento de simpatia cresceu dentro de Jircniv, e então ele respondeu


com polidez exagerada.

“Ohhh! Então, devemos ser gratos ao Gown-dono. Bem, então... que tipo de recepção
podemos esperar, e onde podemos esperar encontrá-lo?”

“Estamos no processo de prepará-lo. Para começar, o clima não parece muito


acolhedor. Vamos mudar isso.”

"O que você quer di...? Uooooh!”

Jircniv não foi o único ofegante de surpresa. Os magic casters, os guardas reais,
Baziwood, Leinas, até mesmo Fluder, todos eles não podiam deixar de exclamar
maravilhados.

As nuvens escuras acima deles começaram a se mover lentamente.


Em instantes, elas desapareceram sem deixar vestígios, como se algum gigante
invisível as tivesse espalhado com as mãos. Os cavaleiros montados em Hipogrifos no
ar foram jogados em confusão, algo com o qual os que estavam em terra podiam ter
empatia.

“Por que parece... mais quente...?”

"Percebeu também? Quer dizer que não estou enganado?”

Quando Jircniv ouviu as trocas silenciosas entre seus guardas, ele tirou a capa, que
dissipou a magia que mantinha a temperatura de seu corpo. Só então—

"Vo-Vossa Majestade!"

Loune exclamou no sutil despir de Jircniv, mas o Imperador não respondeu ao seu
subordinado.

“Fu... fuha... fuhahaha. O que é isso... o que é isso? Velhote! O que está acontecendo?!"

Jircniv abandonou a calma e olhou para Fluder com uma expressão torcida no rosto.

O ar refrescante e claro que o rodeava agora deveria ser encontrado apenas na


primavera. O frio do inverno não estava em lugar algum. Jircniv nunca tinha ouvido
falar de magia assim durante as lições de Fluder. Nesse caso, que tipo de magia era
essa?

“Este não deveria ser o trabalho da magia arcana... Eu me lembro de uma magia divina
druídica que podia controlar o clima...”

Fluder parecia incapaz de controlar o largo sorriso no rosto enquanto falava.

“O controle de tempo deve ser magia do sexto nível. No entanto, a julgar pela reação de
Vossa Majestade, isso pode não ser uma simples manipulação do tempo. Deve ser uma
magia mais poderosa... que incrível...”

"E essa magia é o trabalho daquela Elfa Negra — um daqueles emissários, então?"

Isso era algo que poderia aceitar, se fosse o trabalho daquela magic caster que poderia
fazer a terra engolir seus homens em suas rachaduras. Não, na verdade, ele esperava
que fosse o caso. Ele não queria acreditar que havia outro magic caster por aí que era
mais forte que ela. Isso seria um pesadelo.

"Na verdade, esse pode ser o caso... mas não posso ter certeza."
Fluder parecia achar tudo isso terrivelmente divertido, o que fez a frustração crescer
no coração de Jircniv.

Embora seu mentor fosse um excelente professor que era digno de respeito, ele estava
desesperado quando a magia estava envolvida. Foi extremamente irritante quando ele
ficou assim.

“Eu acredito que deva ter te refrescado um pouco. Então, vamos começar a próxima
fase.”

A empregada ignorou a crescente irritação de Jircniv e jogou outra bomba nele.

O jovem imperador lutou desesperadamente contra a vontade de dizer a ela para


parar.

Não abale mais meu coração.

Ele pensou, mas no final, suas obrigações como o Imperador do Império Baharuth
venceram e ele conseguiu se controlar.

"Então. Venha aqui."

Em resposta às ordens de Yuri, as portas da cabana se abriram, e algo enorme saiu.

"Gehhhh!"

Um grito solitário soou. Era um som estranho que se poderia esperar de um frango
estrangulado.

Quando perceberam quem havia gritado, o terror encheu os corações de todos os


presentes, não apenas Jircniv. De fato, parecia que eles estavam sonhando.

Aquele que fez aquele som não característico foi o magic caster da alta corte do
Império, "Tríade", Fluder Paradyne. Ele era um homem que se dizia capaz de rivalizar
com os Treze Heróis. Um homem assim agora estava com os olhos arregalados de
terror, seu olhar fixo nas coisas que saíam da cabana.

Pouco depois disso, vários gritos encheram o ar, todos vieram dos discípulos de
Fluder.

"Impossível! Isso é—!!"

“Inacreditável! Isto é impossível!"

"Fiquem em alerta! Estão preparando um ataque! Magia defensiva! Por favor, permita-
nos usar magia defensiva!”
Fluder encarou seus discípulos, todos os quais estavam em plena prontidão de batalha.

"Silêncio!! Acalmem-se, todos vocês!!”

O ser que emergia da cabana era digno de sua cautela e pavor. Os olhos de todos do
contingente imperial estavam concentrados no único ponto.

Não havia dúvida de que era um monstro. Era um monstro envolto em uma armadura
preta.

Seu corpo era excessivamente grande e sua silhueta era completamente maligna. Era
como se um deus tivesse extraído a essência da violência e da brutalidade de toda a
humanidade, concentrado e dado a sua forma física. Seu rosto apodrecido não tinha
expressão, mas todos podiam sentir um ódio brilhante queimando em suas órbitas
vazias.

E havia cinco deles.

O vasto corpo do que estava à frente deles carregava uma grande mesa de pedra. Os
quatro atrás dele seguravam vários utensílios e muitas cadeiras.

Nenhum deles tinha qualquer intenção hostil. Em contraste, a vigilância e o pânico dos
discípulos de Fluder pareciam quase risíveis.

Houve um som de algo caindo no chão.

Um dos acólitos de Fluder caíra de joelhos no chão, o rosto pálido e o corpo


desprovido de força. Ou melhor, quase todos os quatro acólitos que ele trouxera
acabaram assim. Seus rostos pálidos estavam congelados em choque quando
começaram a hiperventilar.
[Cavaleiros d a M o r t e ]
"Impossível. Como poderia... não, não, não pode ser. Aqueles são Death Knights? Eles
estão sendo controlados? E nesses números?”

Algo passou pela mente de Jircniv. Ele se esqueceu e gritou com raiva.

Ele não tinha mais o luxo de preservar sua calma.

“Death Knight? O que eles querem dizer com Death Knight?! Velhote! Me responda! Eu
já ouvi esse nome antes, tem alguma coisa a ver com essa criatura undead que
supostamente está trancada sob o Ministério da Magia?!”

De fato. Era um Death Knight. Esse era o nome de uma criatura undead que poderia
mergulhar o Império em desgraça apenas por ele mesmo.
Ninguém respondeu à consulta de Jircniv.

Fluder estava olhando com os olhos arregalados, contemplando com louco prazer o
Death Knight.

Jircniv viu que ele não estaria recebendo uma resposta e percebeu que falar mais com
ele seria infrutífero. Jircniv rapidamente se adiantou e agarrou um dos discípulos pelas
lapelas.

“O que são esses Death Knight?! Me responda!!"

“Aieeee! Vossa Majestade! Como você disse, é como aquele monstro undead lendário,
selado dentro dos limites inferiores do Ministério da Magia, é, de fato, um Death Knight!
São criaturas que nem o Mestre consegue controlar!”

Tudo o que Jircniv podia fazer era rir. A dignidade a que ele se apegara como
Imperador do Império Baharuth não existia mais. Ela desmoronou em cinzas e explodiu
com o vento.

“...Fu, fufu. Fufufu. O que você quer dizer, undead lendário?! Há cinco deles bem ali na
nossa frente! Ou você está dizendo que os Death Knight vêm em grupos e cinco deles
contam como uma entidade? Hã?! Que tipo de brincadeira é essa?!"

“N-não! Não é nada assim!"

Ele sentiu alguém parado ao lado dele. Quando ele olhou, viu que era um dos
guerreiros mais fortes do Império, Baziwood. O rosto do homem estava pálido e Jircniv
pôde ver que começava a se contorcer.

“Er, ah, Vossa Majestade. Por favor, ouça isso com um coração calmo. A situação agora
é muito ruim. Mesmo que todos nós saíssemos imediatamente, não conseguiríamos
deter nem um deles. Talvez seja uma boa idéia soar um retiro. Isto é problema. Dos
grandes. Veja como minha mão treme.”

Quando Jircniv olhou para a mão de Baziwood, começou a tremer. Depois de olhar
para o rosto que se contorcia, ficou claro que não eram tremores antes da batalha.

"É isso que eles querem dizer com “insondável”... você acha que poderia ser mais forte
que o Stronoff-san?"

O outro membro dos Quatro Cavaleiros estava bem atrás do que quando ela havia
começado, e ela ainda continuava sua lenta retirada. A única razão pela qual ela não
havia corrido com tudo era porque não queria atrair a atenção do Death Knight e,
portanto, sua hostilidade.

Essa coisa toda parece um pesadelo vindo à vida.


E então, diante deles—

A maneira como os Death Knight estavam calmamente arrumando os móveis e


utensílios nas planícies cobertas de grama era a própria imagem de um leal criado. Não
havia nada em suas ações que sugerisse que eles eram undeads lendários que poderiam
destruir um país.

No entanto, depois de olhar para as reações de todos ao seu redor, ele sabia que era
um fato que eles estavam mortos, que até mesmo o mais poderoso magic caster em
conhecimento de Jircniv, Fluder Paradyne, não podia comandá-los.

Isso implicava que poderia haver mais de cinco desses monstros, cuja capacidade de
combate era muito maior que a de Fluder.

O objeto de comparação, Fluder Paradyne, era alguém cujo poder de combate


rivalizava com o de todo o Exército Imperial. Claro, ele não tinha mana infinita, e em
uma luta direta, eles poderiam ser capazes de vencer. No entanto, Fluder pode usar
teletransporte ou magia de vôo, então seria todo o Exército Imperial que seria abatido.

Isso significaria que os cinco Death Knight representavam cinco vezes a força de
combate de todo o Exército Imperial.

Impossível.

Algo como isso não deveria ter acontecido.

Isso era muito poder para um indivíduo possuir. Não, até um país teria dificuldade em
exercer tal poder. Esse era o tipo de poder que apenas algumas nações famosas ou
repúblicas de lendas poderiam comandar. E pensar que o mestre de uma pequena
tumba de fato possuía tal poder.

A realidade que ele vinha tentando o seu melhor para fugir desde que os dois Elfos
Negros tinham vindo antes dele agora o encarava diretamente no rosto.

"Ainz Ooal Gown... ele é um monstro que não podemos parar, não, que não podemos
nem tocar..."

Assim como um barco minúsculo flutuando ao redor em uma tempestade furiosa, o


coração de Jircniv foi atormentado por esse incrível choque.

No final, no entanto, ele lutou com suas emoções e recuperou a calma com vontade de
ferro.

Ele tinha visto seus guardas reais aniquilados e a sombra do vasto corpo do Dragão.
Essas coisas permitiram que Jircniv preparasse seu coração.
Sem essas experiências anteriores, o impacto sobre ele teria sido maior. Ele poderia
ter mostrado um lado mais desagradável de si mesmo.

Esta tumba é... Quão poderoso é Ainz Ooal Gown? Esses cinco Death Knight e aquelas
duas. Mesmo com aquele Dragão incluído, isso não pode ser tudo, pode? Por que ele está
se escondendo neste lugar? Quando ele começou a morar aqui? Ou talvez seus
preparativos estejam finalmente completos? Eu ouvi que quando muitas criaturas
undeads se reúnem em um lugar, um ser undead ainda mais poderoso nasce. É por isso
que esses Death Knights... não, será que ele é ainda mais poderoso que esses Death
Knights...? Não é bom. Não há tempo, mas ainda tenho que pensar em um jeito...

Quando os pensamentos rápidos de Jircniv o levaram ainda mais a confusão, Yuri


interrompeu.

“Por favor, fique à vontade. Todos esses Death Knight foram criados pelo próprio Ainz-
sama. Eles são absolutamente obedientes às suas ordens e, em seu lugar, ganhei o
direito de comandá-los. Não permitirei que nenhum de vocês venha a se prejudicar.”

Jircniv tinha lutado para juntar seus pensamentos, mas as palavras de Yuri as tinham
levado embora.

"Ele os criou..."

Ainz Ooal Gown poderia criar undeads como estes através de um simples ato de
vontade. Essa era a terrível verdade. A criação de tais seres exigiria gastos equivalentes
ao seu vasto poder, e ele poderia arcar com esse custo ou ignorá-lo completamente.

Não, isso deve ser um blefe. Como alguém poderia fazer coisas assim? Ele deve estar
mentindo para inflar seu próprio poder de combate. Porque se ele não é—

Um sorriso apareceu no rosto de Jircniv.

Por alguma razão, tudo parecia muito incômodo agora.

—Ah. Eu desisto. Eu não sei mais nada. Desta vez, vamos nos contentar em ver o que o
outro lado pode fazer, sim, isso mesmo.

"Fu, fuhahahahaha!"

Assim que Jircniv decidiu abandonar todas as ilusões de controle, uma risada de pura
alegria ecoou ao lado dele.

Veio de Fluder.
Eles eram guardas reais, acólitos ou sacerdotes, os rostos de todos, exceto Jircniv,
estavam congelados em choque.

Fluder Paradyne, o magic caster da mais alta ordem e um herói possuidor de educação
e conhecimento incomparáveis. Incontáveis inscrições nos livros de história do Império
contavam como ele havia enfrentado monstros que ameaçavam a segurança da nação e
como ele emergiu triunfante. Seu comportamento de santidade também significava que
ele era honrado e respeitado por muitas pessoas.

Na verdade, muitas das pessoas daqui sentiam o mesmo por ele.

E agora, Fluder estava rindo de uma forma que abalou a imagem mental que todos
tinham dele.

Havia poder naquela risada.

Ele tinha a aura de um herói.

Não havia dúvida de que Fluder estava irradiando uma pressão assustadora, e não o
calor que Jircniv às vezes sentia do homem que era tão próximo dele quanto seu pai.

Ele possuía imenso poder mágico, o suficiente para enfrentar todos os Quatro
Cavaleiros de uma só vez. E sua voz assumiu um tom demente quando ele parecia
enlouquecer.

Era natural que os guardas reais próximos se soltassem em arrepios.

Em meio a tudo isso, apenas as pessoas de Nazarick e Jircniv mantiveram a calma.

“...Ele controla Death Knight e em tais números! Maravilhoso! Maravilhoso!!


Maravilhoso!!! Fuhahahaha!”

Uma única lágrima escorreu do canto do olho e ele sorriu como um louco.

―Não, não foi isso.

Essa era a verdadeira natureza de um homem que abandonara sua posição na Corte
imperial para vislumbrar os mais profundos mistérios do abismo chamado “magia”.

Até agora, havia sido escondido sob a máscara de um herói, mas havia caído na
presença de um poderoso magic caster.

“Então, Vossa Majestade. O que é que devemos fazer agora? Devemos fugir com magia
de teletransporte? Acho que se nos teletransportarmos agora, deveríamos conseguir,
não? Assumindo que o terreno permita isso...”
Fluder disse isso para Jircniv, um sorriso zombeteiro no rosto.

“Eu gosto desse lado seu, Velhote. Então, deixe-me fazer uma pergunta. Você acha que
eu vou fugir?”

Rachaduras se espalharam rapidamente pelo rosto de Fluder. Esse era o sorriso de um


louco que incutia terror em todos que o viam.

“Eu não esperava nada menos de Vossa Majestade, não, meu querido Jir. Meus pupilos,
abram os olhos e sejam gratos pelo fato de poderem colocar seus olhos no mais
elevado, o mais exaltado de todos os magic casters do continente. Agora que você viu o
final da sua jornada, você deve trabalhar para isso!”

Os rostos dos discípulos de Fluder e os guardas reais ficaram mais e mais pálidos
quando perceberam a verdadeira natureza do ser cujo quintal eles agora ocupavam.

Eles sabiam que seus companheiros tinham sido massacrados. No entanto, o lendário
magic caster de seus livros de história o chamou de “o mais exaltado de todos os magic
casters”. O imenso estresse disso parecia uma enorme pedra que havia sido alojada em
suas barrigas.

"Vossa, Majestade, isso é ruim, certo?"

"...Você se importa se eu correr primeiro?"

Baziwood parecia confuso e a pergunta de Leinas estava cheia de desespero.

Jircniv olhou para eles.

Fluder e seus discípulos de lado, a pressão sobre os guardas reais estava aumentando
lentamente, e pareciam que poderiam quebrar a qualquer momento.

Isso porque o comportamento anormal de Fluder, um aclamado herói, e a descrição do


poder dos Death Knight deixaram-nos sem saber o que fazer.

"O que mais podemos fazer? E se você quiser correr, vá em frente. No entanto, se você
fizer isso, você não será uma de nós. O que significa que, para eles, você será uma
intrusa. Espero que você não acabe como aqueles Trabalhadores que vieram aqui
antes.”

Leinas rangeu os dentes e seu rosto se torceu.

"O que significa que está bem, certo?"


“Baziwood, olhe para o Velhote — não, Fluder. Ele é o mais familiar de todos nós com
magia e ele está assim agora. Tudo o que podemos fazer é deixar tudo nas mãos de
nossos anfitriões.”

“Que tal rezar aos deuses por sorte e depois fugir?”

"Você realmente acha que podemos escapar?"

Baziwood olhou para as empregadas. Elas claramente os ouviram falando sobre fugir,
mas calmamente continuaram seus preparativos sem hesitar.

“E se nós fizermos uma de refém?”

"Eu não gosto de ouvir as pessoas falando sobre fazer coisas que são claramente
impossíveis, “Relâmpago”. Adoraria ver o que aconteceria se você disser isso de novo."

"...Me perdoe. Na verdade, eu sinto que a empregada é ainda mais misteriosa do que os
Death Knight... Se alguém me dissesse que eles são mais fortes do que elas, eu
provavelmente acreditaria nisso também... ah, eu estou falando sobre coisas tão rudes
na frente dele, e ela não pisca nem os olhos. Que assustador...”

Essa empregada era monstruosamente forte também.

Enquanto pensava nisso, Jircniv sacudiu a cabeça. Ele queria desesperadamente


acreditar que nem todos na tumba eram ridiculamente fortes. Enquanto ele pensava
sobre isso, ele tentou o seu melhor para colocar os sorrisos frios daquelas duas Elfas
Negras fora de sua mente.

“Parece que estamos quase... estamos prontos, então? Nesse caso, espero que vocês
relaxem aqui.”

Havia muitas mesas e cadeiras organizadas na grama. As mesas estavam cobertas de


toalhas de mesa brancas e grandes sombrinhas para providenciar uma sombra fresca.
Os Death Knights que estavam colocando os móveis no lugar estavam de pé ao lado da
cabana para não atrapalhar.

"Também preparamos refrescos para vocês."

Decanters enfeitados com umidade estavam arrumados nas mesas, cheios de um


líquido laranja. Ao lado deles havia taças bordeaux feitas de cristal transparente. Cada
uma delas foi esculpida com desenhos elaborados.

Mesmo Jircniv, um imperador que gostava das melhores coisas da vida, não pôde
deixar de olhar fixamente os olhos para a exibição à sua frente.

“Por favor, deixe-nos saber se precisar de mais alguma coisa. Então, pessoal—”
A porta da cabana se abriu mais uma vez, e mais empregadas saíram de dentro. Sua
incrível beleza era o suficiente para eliminar todo o medo e desconforto que haviam
experimentado até agora.

Cada uma delas era singularmente bela à sua maneira. Uma delas tinha cabelo preso
em um coque duplo, outra tinha cabelo comprido e liso e uma terceira tinha cabelos
ondulados.

"Eles estão tendo uma venda de beldades?"

Embora Jircniv não soubesse qual dos guardas reais disse isso, ele teve que concordar.
Afinal, o que tais beldades estariam fazendo em uma tumba?

Essa tumba gera mulheres bonitas? Eles saem do chão uma após a outra?

Ele ouviu o som de uma língua estalando novamente, mas não prestou atenção.

"Então, por favor, aproveite as bebidas que temos—"

“—Ah, antes disso, poderíamos encontrar Ainz Ooal Gown-sama primeiro? Eu gostaria
de agilizar as coisas... e se estiver tudo bem, posso falar com ele antes que ele se reúna
com o Jir—”

"Fluder, contenha-se!"

Não importa o que fosse, nenhum deles poderia se desgraçar ou o Império, não aqui.

“Você esqueceu alguma coisa, Fluder? Estamos aqui como representantes do Império,
não para satisfazer sua sede de conhecimento mágico.”

A essa altura, uma luz calma retornara aos olhos de Fluder. Ele tinha, na maior parte,
conseguido subjugar seu desejo desenfreado.

“...Perdoe-me, majestade. Eu fui vencido pela excitação. Eu imploro o perdão de todos


os outros presentes também.”

“Isso mesmo, Velhote. Tome uma bebida, acalme-se. Então, vamos?”

"Entendido."

Yuri lentamente encheu os copos na mesa diante de Jircniv com o mesmo líquido
laranja. Um perfumado aroma cítrico flutuou no ar.

Jircniv tomou um gole do suco de fruta, e o sabor era tal que ele não pôde deixar de
sorrir. Foi um sorriso que parecia dizer: como vivi tanto tempo sem beber algo assim?
Aparências de surpresa apareceram nos rostos dos guardas reais ao redor. Se até
mesmo Jircniv, que viveu uma vida de devassa, poderia se surpreender assim, como
seria a reação dos homens comuns? Como se para ilustrar esse ponto, muitos haviam
esquecido suas maneiras e engolido o suco o mais rápido possível.

Pouco depois, exclamações chocadas soaram dos homens reunidos.

"É delicioso!"

"Que tipo de bebida é essa? É uma mistura perfeita de doce e azedo!"

"Desliza pela sua garganta e não há sabor residual enjoativo!"

Jircniv tomou outro gole quando ouviu o elogio de todos ao seu redor. De repente, ele
sentiu como se estivesse cheio de poder.

Então, o gosto é tão bom que meu corpo está ficando excitado, hein. Isso significa que
Nazarick tem as melhores bebidas? Parece que eu insultei aquelas duas Elfas Negras
naquela época. Se eles se aproveitarem de tais bebidas maravilhosas todos os dias, então
não é de admirar que eles não tenham ficado impressionados com o que servimos.

Jircniv sorriu amargamente.

Pensar, até mesmo uma bebida simples poderia derrotá-lo tão completamente—

Ahhh... eu me sinto tão calmo agora. Esta é a primeira vez que me sinto relaxado desde
que cheguei aqui. É como... como se eu tivesse voltado para casa...

O tempo passou, os raios de luz faziam o contorno das sombras abaixo das
sombrinhas, o vento passava pela planície gramada como um oceano verde. Quanto
tempo passou? Por fim, Yuri disse as palavras que Jircniv desejava ouvir.

"Desculpe-me pelo atraso. Ainz-sama está pronto para vê-lo agora, então, por favor,
me siga.”

Parte 3

Jircniv chegou a uma sala hemisférica. Ele parou diante de um par de vastas portas
duplas. Esculturas intrincadas decoravam os dois lados das portas; uma linda deusa à
direita e um demônio de aparência cruel à esquerda. Inúmeras estátuas de aparência
sinistra estavam dispostas ao redor deles.

Se alguém tivesse que dar um nome, provavelmente seria "As Portas do Julgamento".

Jircniv ponderou aquelas portas enquanto olhava por elas.


A sala enorme estava quieta, tão quieta que ele imaginou poder ouvir o som
metafórico do silêncio.

Na verdade, ninguém do contingente Imperial pronunciara uma única palavra desde


que foram trazidos para cá. Os únicos sons eram os ruídos metálicos da armadura
raspando contra a armadura.

Eles não estavam em silêncio por educação, mas, antes, tinham passado por todos os
tipos de paisagens maravilhosas antes de virem para cá, que haviam roubado suas
almas.

Teria sido demais esperar que não ficassem fascinados pelas cenas quase míticas que
haviam visto.

Na verdade, mesmo Jircniv achava difícil controlar o impulso de ficar boquiaberto ao


seu redor enquanto caminhava, dado o esplendor que o rodeava.

Ele olhou por cima do ombro para olhar para seus subordinados que o seguiram até
aqui.

Atrás dele estavam Baziwood e dez guardas reais especialmente selecionados, Fluder e
quatro de seus acólitos, Loune, seu secretário e os sacerdotes das ordens dos
cavaleiros. Leinas e os restantes guardas reais foram deixados para trás com as
carruagens de segurança.

Todos que o seguiam — com exceção de Fluder — estavam de ombros murchos.

Este foi o resultado de percorrer esta passagem que até mesmo os melhores artesãos
do Império não poderiam reproduzir, o que os encheu de uma sensação de ser pequeno
e insignificante.

A Grande Tumba de Nazarick era uma tumba apenas no nome. Na verdade, era um
mundo lindo que estava mais perto de uma cidadela dos deuses do que qualquer outra
coisa. Sua imagem do governante deste lugar, o magic caster Ainz Ooal Gown, estava
esmagadoramente indescritível.

O sorriso no rosto de Jircniv estava cheio de auto-zombaria. Os humanos naturalmente


curvam suas cabeças para aqueles que os excedem. Qualquer um que não tenha se
impressionado com essas maravilhas arquitetônicas e artísticas deve certamente não
ter a capacidade de sentir.

...Isso é verdadeiramente preocupante.

Ainz Ooal Gown o esperava além daquela porta. Ele era um magic caster cujo poder
superava até o de Fluder Paradyne. Na verdade, pode ser que ninguém possa igualá-lo
no passado ou no futuro. Seu magnífico domicílio excedia em muito a capacidade
humana de imaginar, e seus seguidores possuíam um poder incrível. Ele era um ser que
possuía todas as vantagens possíveis.

Por que alguém assim estava escondido em um lugar como esse até agora?

Embora Jircniv não soubesse a resposta, ele provavelmente descobriria em breve.

Pelo menos, ele esperava aprender muito durante as discussões que se seguiriam.

Duvido que ele fique satisfeito com um simples pedido de desculpas depois daquela
espetacular demonstração de força que ele fez.

Inicialmente, o plano de Jircniv era adivinhar e depois jogar com os desejos de Ainz
Ooal Gown, tornando a situação a vantagem do Império. Toda essa pretensão de pedir
desculpas era apenas uma desculpa para alcançar esse objetivo.

Contudo—

Como se eu pudesse começar a tentar alguém tão poderoso quanto isso. Eu não poderia
fazer isso, mesmo se eu usasse toda minha riqueza.

Assim como uma gema de um quilate não chamaria a atenção de Jircniv, Ainz Ooal
Gown não poderia estar interessado em nada que Jircniv pudesse oferecer.

Para começar, a riqueza estaria completamente fora de questão.

Se ele oferecesse apoio militar e mágico — bem, por que ele estaria interessado em
coisas que eram muito inferiores às suas?

Quanto aos membros do sexo oposto — Jircniv pensou em Yuri e as empregadas —


elas seriam inúteis.

Ofertas de posição e autoridade não significavam nada para alguém que vivia em um
lugar como esse.

Então, o que ele poderia querer?

Jircniv não fazia idéia. Pode ser que nenhum ser humano pudesse conceber um desejo
que pudesse mover o coração de Ainz Ooal Gown.

"...Seria muito difícil, hein."

A mente de Jircniv passava por inúmeros estratagemas e manobras para usar contra
Ainz Ooal Gown.
A conclusão foi que ele não podia fazer nada.

Ele chegou à resposta de que a coisa mais sábia que ele poderia fazer era esperar que
Ainz não o considerasse um inimigo.

As condições de vitória para esta empreitada são: o Império permanecer intacto e eu


voltar vivo.

Ao dar voz a esses pensamentos, Jircniv descobriu que eles eram mais altos do que ele
imaginava. No entanto, ninguém ao seu redor reagiu. Eles estavam hipnotizados demais
pelo ambiente.

“O Salão do Trono está adiante. Ainz-sama aguarda lá dentro.”

Depois disso, Yuri anunciou que sua parte tinha acabado e se curvou profundamente
para Jircniv.

Como se esperassem por essas palavras, as enormes portas duplas se abriram


lentamente, sem serem tocadas.

Várias pessoas respirando profundamente alcançaram os ouvidos de Jircniv. Não foi


apenas um ou dois casos, mas mais de dez deles, provavelmente bem mais da metade
das pessoas que vieram a este lugar. Muitos entre eles não conseguiram reunir
totalmente sua força contra o medo que os dominava e permitiram que seu desejo de
fugir estampasse seus rostos. Em outras palavras, muitos do contingente imperial
esperavam que aquelas portas duplas não se abrissem sozinhas.

Foi precisamente por essa razão que Jircniv ficou agradecido pelas portas se abrirem
automaticamente. Quem sabia quanto tempo eles teriam que esperar se precisassem
criar coragem para passar por aquelas portas primeiro?

Um vasto salão apareceu, com um teto muito alto e muito largo. As paredes eram
predominantemente brancas, com extensas decorações douradas e destaques.

Luxuosos candelabros multicoloridos — feitos de pedras preciosas de todas as cores


do arco-íris — dependiam do teto, irradiando uma luz fantástica. Enormes bandeiras
penduradas em mastros nas paredes.

Esta sala era o epítome do que deveria ser uma "sala do trono". Não havia melhor
palavra para descrever um lugar como este.

Jircniv e os outros empalideceram quando um ar opressivo os varreu de dentro da


sala.

Um tapete carmesim corria pelo centro da sala, e ao lado havia uma série de seres
imensamente poderosos.
Havia Demônios, Dragões, humanoides bizarros, cavaleiros blindados, insetos bípedes
e Elfos. Cada um era diferente do outro em tamanho e aparência, mas a única coisa que
eles tinham em comum era a força esmagadora que cada um deles possuía. Esses seres
estavam dispostos em duas linhas de cada lado do tapete, e parecia muito desanimador
contá-los.

Eles assistiam Jircniv e companhia em silêncio. Embora tenha sido dito que se pode
sentir certo tipo de força aos olhos daqueles com poder ou status, esta foi a primeira
vez que Jircniv sentiu uma pressão física.

O som de gemidos baixos e o estremecimento de placas de armadura de metal vieram


de trás de Jircniv.

Era a prova de que seus súditos estavam com medo de sua inteligência.

No entanto, ele poderia ser honesto sobre isso.

Jircniv não pretendia censurar seus subordinados por mostrarem seu medo. Em vez
disso, ele queria elogiá-los, porque cada um deles havia conquistado esse medo e ficou
atrás dele.

O fato de terem permanecido firmes diante desses seres aterrorizantes era para ser
louvado.

A avaliação de ameaça de Jircniv em questão a Ainz Ooal Gown subiu em várias


dezenas de níveis ao mesmo tempo. Sua cautela foi revisada a todo instante desde que
ele chegou aqui. Mas mesmo isso tinha sido muito ingênuo.

Ele havia determinado que Ainz Ooal Gown não era simplesmente uma ameaça para o
Império, mas para a sobrevivência continuada de toda a espécie — para os humanos e
os demi-humanos.

Os olhos de Jircniv seguiram o tapete para a frente.

Muito à frente deles havia um lance de degraus, e em volta estavam pessoas reunidas
que Jircniv supôs serem ajudantes de Ainz. Uma linda garota de cabelos prateados. Um
monstro branco-azulado que parecia um inseto ereto. Um homem parecido com um
sapo em um terno. Os gêmeos de antes — aqui Jircniv sentiu algum alívio. Se
descobrisse que os que eliminaram seus guardas reais em poucos segundos eram
meros soldados de infantaria, ele não teria sido capaz de manter a calma.

Acima deles, naqueles degraus, havia uma linda mulher alada e logo atrás dela—

"Aquele é..."
Sobre um trono de cristal estava a encarnação física da morte. Ele segurava um cajado
de aparência estranha na mão.

Era um monstro com um crânio nu no lugar da cabeça.

Era como um ser que havia sido formado por concentrar e condensar a escuridão em
um único ponto.

—Era o Ainz Ooal Gown.

Uma magnífica coroa repousava sobre sua cabeça e seu corpo estava envolto em um
luxuoso manto de zibeline. Anéis brilhavam em seus dedos. Mesmo de tal distância,
Jircniv podia dizer claramente que os acessórios requintados que Ainz usava estavam
além das habilidades dos artesãos de seu Império.

Pontos de luz vermelho-sangue brilhavam nas órbitas vazias do crânio de Ainz Ooal
Gown. Ao passarem por Jircniv e seu contingente, parecia que estavam sendo
degustados.

Ele não pareceu chocado com o fato de que Ainz não era humano. Em vez disso, ele
ficou aliviado por não ser humano.

Era porque Ainz não era humano que Jircniv pudesse honestamente aceitar que Ainz
era um ser superior que estava longe de sua liga.

"Hu..."

Jircniv exalou baixinho.

Era um sinal de sua determinação.

A porta foi aberta, mas não foi aberta por muito tempo. Certamente não foi tempo
suficiente para alguém comentar sobre sua inatividade. Ainda assim, eles não podiam
esperar aqui para sempre. E assim — Jircniv se adiantou.

"Vamos."

As palavras de Jircniv estavam calmas o suficiente para que apenas os que estavam
atrás dele pudessem ouvi-las. Qualquer um que o visse ficaria surpreso em saber como
ele poderia falar sem abrir a boca. Isso não era magia, mas pura habilidade. Foi uma
habilidade particularmente útil nesse tipo de cenário.

No entanto, Jircniv não conseguia sentir ninguém se movendo em resposta às suas


palavras.
Avançando para ficar diante de Ainz Ooal Gown significava que eles teriam que passar
entre as linhas de monstros que flanqueavam o caminho. Embora soubesse que eles
provavelmente não os atacariam, caminhar na frente dessas criaturas ainda requeria
muita coragem.

Seu julgamento de que eles não seriam atacados não era um simples otimismo.

As razões para usar uma sala do trono como esta eram para fins cerimoniais, bem
como para mostrar o poder de uma nação. Estes eram fatos que qualquer um saberia.

Em outras palavras, as razões para escolher este lugar eram mostrar o poder de
Nazarick e mostrar que ele não tinha intenção de matar Jircniv e seus seguidores.
Afinal, se Ainz quisesse se livrar deles, ele poderia simplesmente levá-los para um
matadouro.

Os subalternos de Jircniv deveriam ter entendido claramente esse fato. No entanto,


essa não foi a razão pela qual eles permaneceram imóveis.

A principal razão para isso era simplesmente porque eles não queriam se aproximar
daqueles monstros.

Além das linhas de monstros estavam os ajudantes de Ainz Ooal Gown. O poder desses
seres estava claramente além da conta dos homens sensatos.

E no trono estava Ainz Ooal Gown em pessoa.

Por muito tempo, Jircniv percebeu algo nas profundezas de sua alma.

Ele percebeu que eles estavam em pé na presença do que os homens chamariam de


deus.

Jircniv possuía um item mágico que defendia ataques mentais, mas a pressão que ele
estava enfrentando estava fora do escopo da proteção do item. Se ele perdesse o foco,
mas uma vez, até mesmo o homem conhecido como o Imperador Sangrento seria capaz
de fazer nada além de se ajoelhar diante de Ainz.

Ainda assim, foi precisamente por essa razão que ele teve que ir.

Assim como Jircniv observava Ainz Ooal Gown, Ainz Ooal Gown também observava
Jircniv. Se ele desaprovasse o que viu, o que aconteceria com o Império no futuro? No
mínimo, ele teve que deixar Ainz reconhecer o valor de Jircniv e, por extensão, a
continuação da existência do Império.

Jircniv riu de sua própria ingenuidade.

O que ele estava pensando em supor uma guerra de palavras?


Então é isso que significa se arrepender de alguma coisa. Nada mais importa. Tudo o que
posso esperar é minimizar o dano ao Império.

"Vamos!"

O comando severo de Jircniv era dirigido a seus subordinados, mas mais importante a
si mesmo, para se lembrar que ainda está vivo. Ele podia sentir seus homens seguindo-
o.

Era um tapete muito macio, mas para Jircniv agora parecia muito leve e efêmero.

Ele afastou com firmeza os inúmeros olhares dirigidos a ele e avançou, mantendo os
olhos fixos na persona que estava diante dele — Ainz Ooal Gown. Ele tinha um
pressentimento de que, se desviasse os olhos de seu objetivo, seus pés não seriam mais
capazes de se mover.

Jircniv não era um excelente guerreiro ou qualquer coisa assim, mas a razão pela qual
ele poderia seguir em frente, liderando seus homens onde sua guarda real temia pisar
era por causa da fortaleza mental que havia sido criada nele como um Imperador.

Finalmente, ele chegou à base dos degraus, na frente dos ajudantes de Ainz.

“Ainz-sama, este é o governante do Império Baharuth, o Imperador Jircniv Rune


Farlord El-Nix, que procura uma audiência com você.”

A voz doce veio da mulher alada ao lado do trono. Sua voz doce combina com sua
aparência radiante, Jircniv pensou.

Em resposta, o ser que era um verdadeiro deus da morte falou com Jircniv.

“Estou feliz que você tenha vindo, Imperador do Império Baharuth. Eu sou o mestre da
Grande Tumba de Nazarick, Ainz Ooal Gown.”

Uma leve pontada de alívio percorreu Jircniv. Sua voz era mais normal do que ele
esperava — como a de um ser humano.

Se fosse esse o caso, lê-lo de suas palavras ainda poderia ser possível.

“Eu humildemente agradeço a sua generosa recepção, Ainz Ooal Gown-dono.”

Não se pode ler expressões faciais de um crânio. Que tipo de abertura se ajustaria melhor
à situação atual?

Jircniv ponderou cuidadosamente essa questão.


No entanto, quem falou primeiro não foi Jircniv nem Ainz.

“Ainz-sama. É desrespeitoso que espécies inferiores, como humanos, se dirijam a você


como iguais.”

Disse uma voz de homem e então:

"『Ajoelhem-se』.”

Jircniv ouviu o som de placas de metal batendo, mas ele não precisou se virar para
saber o que estava acontecendo. Seus súditos devem ter se ajoelhado em resposta à voz
do homem. Ao mesmo tempo, ele podia ouvir o grunhido desesperado que vinha
daqueles que queriam se levantar, mas não conseguiam.

Deve ter sido algum tipo de efeito poderoso de dominação mental.

Se Jircniv não tivesse usado o colar que ele nunca tirou, ele estaria ajoelhado como
seus homens.

Inúmeros olhares se fixaram em Jircniv, o único a permanecer de pé. Eles eram olhares
frios e clínicos, como se Jircniv não fosse nada além de uma cobaia.

"—Isso já é o bastante, Demiurge."

"Entendido!"

O monstro parecido com um sapo chamado Demiurge curvou-se respeitosamente ao


seu mestre.

“『Estão livres』.”

Ele quase podia ver a pressão em torno deles desaparecer, e ele podia ouvir suspiros
de alívio por trás dele.

“...Jircniv Rune Farlord El-Nix, meu subordinado fez algo rude com um convidado
nobre que veio de longe para visitar meu domínio. Os pecados do vassalo são os do
suserano e, como tal, peço-lhe perdão. Espero que esta seja uma questão que possa ser
resolvida com uma reverência da cabeça.”

Comoção e agitação surgiram das suas filas de monstros atrás deles.

Inúmeros sentimentos dançaram no coração de Jircniv.

Ele foi cauteloso, porque percebeu que Ainz não era do tipo que lidava com assuntos
apenas com força bruta.
Da mesma forma, ele ficou aliviado, porque Ainz não era do tipo que lidava com
assuntos apenas com força bruta.

Mais importante ainda, ele estava com medo. Ele sabia, sem dúvida, que Ainz tinha a
lealdade completa de todos os monstros presentes aqui.

Ao mesmo tempo, Jircniv teve a percepção doentia de que tudo o que havia acontecido
até então ocorrera de acordo com os desejos de Ainz Ooal Gown. Era a sensação sinistra
de que tudo acontecera exatamente como Ainz havia planejado.

“Não há necessidade de se desculpar por isso, Gown-dono. Não é incomum para os


subordinados perderem as estribeiras e fazer o que quiserem. Cidadãos do nosso
Império fizeram o mesmo. Na verdade, estou em desgraça quanto a isso."

Um dos guardas reais que haviam sido libertados da dominação começou a se mover e
colocou uma urna ao lado de Jircniv de maneira nervosa e preocupada. Jircniv deveria
ter imediatamente aceitado, mas ele estava atrasado por seus pensamentos.

As ações do servo de Gown pretendiam me fazer dizer o que acabei de fazer? Se for esse o
caso, devo sair do roteiro? Não, isso não é uma opção. Isto é como uma luta encenada com
lâminas reais. Um único passo em falso resultará em ferimentos graves... isso seria muito
ruim.

“Esta é a cabeça do nobre tolo que se encarregou de enviar intrusos a sua tumba...
embora eu não saiba se tumba é a palavra certa a ser usada. Espero que você aceite
isso.”

A urna continha a cabeça do Conde Femel. Ele era o nobre que fora induzido por
Jircniv a recrutar e despachar os Trabalhadores.

Esses nobres eram apenas massa de manobra e foram criados para serem usados em
tempos como estes.

Homens mortos não contaram histórias. Embora ele não soubesse quanta informação
Ainz Ooal Gown possuía, seria mais sensato encobrir seus pecados o máximo possível.

Era bem provável que Ainz mandasse seus emissários para intimidá-lo porque os
Trabalhadores haviam invadido seu domínio. Por causa disso, sua melhor opção era
negar todo o conhecimento do incidente.

A linda mulher ao lado de Ainz gentilmente acenou com a cabeça e em reposta,


Demiurge levou a urna para os degraus.

Então, ele se ajoelhou diante de Ainz e apresentou a cabeça de dentro da urna.

Ainz levantou a cabeça para cima.


“Eu vou aceitar isso. Mas o que devo fazer com isso agora? Seria um desperdício
simplesmente jogá-lo fora.”

...Hm? Ah, zombaria, então? Entendo. Ele está certo de que Femel foi manipulado... a
questão agora é onde as informações vazaram...

De repente, a cabeça decepada de Earl Femel se contraiu na mão esquelética de Ainz.

De relance, alguém poderia pensar que Ainz estava tremendo, mas um olhar mais
atento revelaria a verdade. Um líquido preto engoliu a cabeça, e Ainz deixou cair de sua
mão.

Jircniv não desviou os olhos da visão horripilante de uma fonte de líquido preto
pegajoso em erupção do chão.

Depois que o fluido preto acabou de fluir, o que restou foi um enorme traje de
armadura preta.

Era um Death Knight.

Como um, todos atrás de Jircniv inalaram nitidamente de surpresa.

"Im... possível..."

Ele os cria. As palavras da empregada eram verdadeiras.

Jircniv queria desesperadamente morder o lábio, mas se forçou a não morder. Ele não
podia fazer uma coisa tão vergonhosa em público.

"Vá. Entre na fila."

Com um gemido profundo que parecia vir de algum lugar abaixo da terra, o Death
Knight obedientemente desceu as escadas e desapareceu do campo de visão de Jircniv.

Quantos mais desses Death Knight pode Ainz Ooal Gown ainda fazer? Não me diga... um
número ilimitado, contanto que ele tenha cadáveres? Não, isso é simplesmente ridículo —
espera, antes disso, ele pode fazer undeads ainda mais poderosos? Se ele realmente
pudesse fazer essas criaturas...

“Então, Jircniv Rune Farlord El-Nix-dono.”

A voz calma de Ainz trouxe Jircniv de volta aos seus sentidos, e ele sorriu facilmente
para Ainz.

“Ah, Gown-dono, apenas Jircniv já é bom. Afinal, é um nome longo.”


"Mesmo? Bem, então, Jircniv-dono. Para começar, permita-me pedir desculpas por
aquela exibição desagradável agora. Dado que meu vassalo mal-educado ofendeu você e
aqueles sob o seu comando, eu considerarei a questão da invasão de Nazarick resolvida.
Então, isso é tudo. Embora eu tenha feito você percorrer um longo caminho, agora você
está livre para sair.”

“—Hah?”

Jircniv não entendeu o que acabara de ouvir.

“Ah, me perdoe. Temo que possa ter ouvido mal suas palavras. Eu poderia incomodá-lo
para repetir?”

“Não há necessidade de você se desculpar. Tudo bem se você voltar para casa. Afinal,
nós ficaremos muito ocupados aqui em breve.”

Ainz deu de ombros, como se estivesse brincando.

Jircniv não tinha idéia do que estava acontecendo.

Será que o pedido de desculpas foi apenas um pretexto para levá-lo a vir aqui para
cumprir algum outro objetivo? No entanto, o fato de ter sido perdoado tão facilmente
era muito estranho.

Algo não se encaixava nisso tudo.

—Espere um minuto! O que ele acabou de dizer?

“Perdoe-me, mas o que você quis dizer com “ficaremos muito ocupados”?”

“Graças a Vossa Majestade, sabemos agora que seremos arrastados para assuntos
problemáticos, mesmo que tentemos manter nas sombras. Sendo esse o caso, eu estava
pensando em ir para a superfície e pessoalmente lidar com todas essas coisas
problemáticas.”

"Isso, isso significaria..."

“Primeiro, teremos aqueles que conspiram contra nós para pagar o preço por sua
tolice. Depois disso, vamos esmagar todas as pessoas problemáticas que encontrarmos
até que a paz que tanto prezo seja restaurada.”

Estas palavras eram o discurso de um lunático.

Não — isso seria errado. Ele não estava bravo. Quando se consideravam as habilidades
de Ainz Ooal Gown, sua força militar e econômica, essas palavras não eram nada loucas.
Foi apenas Jircniv — cego por sua experiência limitada — que achou difícil aceitar os
fatos.

Ainz Ooal Gown era um homem que podia fazer tudo isso.

Uma sensação incontrolável de medo surgiu por debaixo dos pés de Jircniv.

A Grande Tumba de Nazarick. Era um monstro que se isolou em silêncio. Agora ele
havia aberto as portas e estava prestes a dar seus primeiros passos na superfície.

Será que ele me chamou aqui para isso? Isto é uma declaração de guerra? O que devo
fazer? Ainz Ooal Gown está essencialmente dizendo que ele declarará guerra ao Império
no futuro! Eu deveria estar ajoelhado diante dele agora, certo?

Na verdade, ele sentiu que era a coisa mais sensata a se fazer.

No entanto — ele não achava que o povo prosperaria aceitando a regra de um


monstro. Se as coisas corressem mal, havia a possibilidade de que Ainz pudesse
simplesmente matar todos no Império e reanimá-los como mais Death Knight. Isso
seria um destino pior que a morte.

Jircniv atormentou seu cérebro como ele nunca havia feito antes em sua vida. Por
direito, ele deveria ter levado esta questão de volta ao Império e consultado com
dezenas de conselheiros sobre qual deveria ser o curso de ação apropriado. Mas então,
seria tarde demais.

Com um sorriso que cortou tudo, Jircniv falou.

“Eu tenho uma proposta. Que tal formar uma aliança?”

"Você está nos confundindo com seus lacaios — uwah!"

Uma voz limpa, semelhante a um sino, soou adiante, seguida pelo som de algo se
movendo rapidamente. A moça de cabelo grisalho franziu a testa ligeiramente,
enquanto Aura, de pé ao lado dela, fingiu agir de maneira idiota.

Embora a visão dinâmica de Jircniv não fosse boa o suficiente para ver o que havia
acontecido, parecia que a Elfa Negra tinha acabado de chutar a garota de cabelos
prateados na perna.

“...Ei, sua—”

“—Vocês estão fazendo muito barulho. Silêncio."

Com um gesto condizente com um rei demônio, Ainz acenou majestosamente com a
mão esquerda para pedir silêncio.
Tais movimentos régios só poderiam ter nascido de longos anos de governo.

O nível de alerta de Jircniv estava nas alturas.

Entendo, ele tem presidido esta terra como seu governante por um longo tempo. Pensar
que ele manteve um porte tão digno...

As duas garotas falaram em uníssono, expressando seu pesar pela insensatez.

Ele não podia sentir um ar da arrogância que Aura tinha dado quando estava na
capital. Logo depois disso, ele olhou para Ainz Ooal Gown, esperando que ele tivesse
seus subordinados totalmente sob controle. Então ele agarrou a sua coragem e se
preparou para falar.

Este era o evento principal.

Sua língua umedeceu seus lábios secos.

Jircniv escolheu o melhor plano que conseguia imaginar a partir dos inúmeros planos
e estratagemas que ele havia inventado no curto espaço de tempo até agora.

“Construir uma nação aqui e governar como rei — acho que é uma ótima idéia. É uma
posição que melhor combina com você, Gown-dono. Nosso Império terá prazer em
fornecer toda a ajuda e recursos que você precisa para fundar esta nação. Que tal isso?”

O rosto sem carne de Ainz não se moveu. No entanto, Jircniv percebeu que os pontos
brilhantes de luz vermelha nas órbitas dos olhos de Ainz estavam brilhando um pouco
mais.

“...Jircniv-dono, eu não acredito que este plano tenha quaisquer méritos para você.”

Isso era natural, e era por isso que ele podia prever com segurança que Ainz faria essa
pergunta. Reunindo toda a sua experiência em atuação, Jircniv fez sua resposta.

“Desejo forjar boas relações com o país que sua estimada pessoa venha a estabelecer.
Esta é também uma consideração para o futuro.”

"Entendo. Então, seja assim. Vou deixar os detalhes para você.”

Ainz concordou tão rápido que deixou Jircniv perplexo. Foi quase decepcionante. Ele
não esperava que as coisas fossem tão bem.

Para começo de conversa...


Por que ele não me pediu para jurar lealdade a ele? Como um indivíduo
esmagadoramente superior em uma posição infinitamente vantajosa, por que ele
aceitaria essa proposta?

Ele havia preparado dezenas de respostas para quando Ainz exigia fidelidade dele.
Mas a resposta de Ainz havia excedido o escopo das previsões de Jircniv.

O que ele está pensando?

Jircniv não conseguia entender o pensamento de Ainz.

Quando batalhando contra um oponente mais forte, um homem mais fraco lutaria
pensando em como derrubar seu oponente. Foi assim que se explorava a arrogância
dos fortes. Mas se o oponente mais forte não fosse um ser arrogante, então essa tática
era inutilizável. O único modo de luta do homem mais fraco não teria efeito.

Era assim que Ainz demonstrou ser. Ele nunca agiria de uma maneira que deixasse os
outros sentirem que ele era arrogante.

Não—

Como eu pensava, é possível que tudo esteja indo de acordo com os planos de Ainz. Afinal,
o atraso em sua resposta foi muito curto. Isso significa que ele já previu todas as minhas
escolhas possíveis e preparou as respostas apropriadas?

Jircniv estava bem ciente de que a coisa assustadora sobre o ser chamado Ainz Ooal
Gown não era apenas seu incomparável poder, mas também de seu intelecto
insondável.

“Mesmo? Então isso é maravilhoso. Poderia nos dizer se há algo que possamos fazer
por você?”

“Eu não consigo pensar em nada agora. No entanto, gostaria de estabelecer um local
onde eu pudesse colocar emissários do nosso lado. Eu gostaria de alguma maneira de se
comunicar rapidamente com você.”

Se tudo estava realmente indo como Ainz planejou, então não havia como ele não ter
pensado em tudo. Nesse caso, essa troca inteira simplesmente foi uma coincidência?

Não, isso pode ser um blefe também. Ele deve ter pensado que ele seria visto se ele
declarasse suas exigências imediatamente. Que monstro astuto ele é. Ou melhor, talvez
seja porque ele é um monstro que seu intelecto supera o da humanidade.

“Ah, sim, de fato. Que tolice minha por não ter pensado nisso. Não esperava nada
menos de você, Gown-dono.”
"...Ah."

Ele não é um fã de gentilezas?

Depois de ouvir essa resposta indiferente, Jircniv fez uma anotação mental desse
ponto de dados.

“Então, voltarei primeiro. Vou deixar meu secretário aqui. Você poderia discutir os
detalhes com ele? ...Loune Vermillion!”

"—Entendido! Eu vou oferecer meu corpo e alma pelo bem do Império!”

Embora Jircniv não pudesse ver o rosto de Loune atrás dele, ele podia sentir
profundamente a convicção do homem em sua voz. Na verdade, as decisões tomadas
aqui decidiriam o futuro do Império. Se ele não tivesse que correr de volta para o
Império imediatamente para formar os comitês apropriados para lidar com Ainz Ooal
Gown, Jircniv teria preferido ficar no lugar dele.

“Uma excelente resposta. Eu posso sentir sua lealdade ao seu Imperador em cada
palavra. Então, nós enviaremos o Demiurge. Com certeza, ele foi um pouco rude com
você mais cedo, mas desde que você o perdoou, deixarei que ele lide com essa tarefa.”

O monstro parecido a um sapo curvou-se silenciosamente do canto do olho de Jircniv,


e ele sentiu que estava prestes a perder um subordinado valioso. Ele lutou para se
controlar para não deixar os fogos do ódio se infiltrarem nos olhos enquanto olhava
para Ainz.

Ele já está fazendo a sua jogada!

O monstro sapo (Demiurge) poderia dominar as pessoas com suas palavras. Isso
estava claramente declarando sua intenção de transformar Loune em seu fantoche e
fazer com que ele revelasse tudo o que sabia sobre o Império.

Estas não são as ações que um aliado tomaria. O fato de que ele é tão evidente sobre isso
é prova de sua natureza insidiosa. Demiurge... ele deve estar planejando enviar esse
monstro de aparência estúpida para fazer um trabalho intensivo de inteligência como
coordenar os dois lados, para que ele possa afirmar que foi seu subordinado a realizar o
trabalho de espionagem sozinho mais tarde. Ainz Ooal Gown, quantas mais surpresas
você tem na manga? Seu filho da puta!

Embora ele estivesse amaldiçoando Ainz em seu coração, Jircniv teve que tirar o
chapéu para ele.

O "erro" de agora foi calculado para que ele (Jircniv) não pudesse afirmar que não
tinha idéia de que tal coisa aconteceria. Se ele tinha alguma objeção, ele tinha que
expressá-las agora, porque uma vez que ele deixasse essa chance escapar, seu silêncio
poderia ser tomado como consentimento.

Assim que Jircniv estava prestes a dizer alguma coisa, Ainz falou diante dele.

“Demiurge é um dos meus seguidores mais confiáveis. Tenho certeza de que não
haverá mais problemas se ele e Loune discutirem esses assuntos.”

"Isso seria maravilhoso."

Jircniv se obrigou a sorrir.

Esta foi a primeira vez que ele viu uma exploração tão magistral de uma oportunidade.
Como Ainz já havia dito isso, qualquer coisa adicional seria um desperdício de ar.

No entanto, quando Jircniv ouviu as próximas palavras de Ainz, ele percebeu o quão
ingênuo ele tinha sido.

“Agora, a situação atual é diferente de antes. Você é agora um aliado de Nazarick,


Jircniv-dono. Mandá-lo para casa com tanta pressa parece rude. Já que você veio até
aqui, por que não passar a noite? Vou preparar uma calorosa recepção para você.”

Então não é só Loune, ele quer que todos estejam aqui também?!

Pior, ele pode estar planejando um esquema ainda mais perverso. Não importa o que
fosse, era difícil acreditar que passar a noite aqui era um inocente ato de caridade sem
segundas intenções. Ele amaldiçoou a forma como o rosto feio de Demiurge se
contorceu em um sorriso, como se dissesse: "Eu entendo".

“Não, não, não, não poderíamos incomodá-lo. Afinal, devemos retornar para fazer os
preparativos.”

"Mesmo? Isso é uma pena. Então, se for conveniente — não, por favor, permita que um
dos meus servos vos envie para casa.”

A idéia de montar um Dragão veio à mente, e a curiosidade surgiu da sugestão de Ainz.


Ainda assim, Jircniv acenou a perspectiva de lado. Não havia como Ainz simplesmente
transportá-lo para casa, e ele não desejava dever a Ainz um favor.

“Estou profundamente agradecido pela sua oferta mais generosa e agradeço-lhe por
isso. No entanto, sinto que desde que cheguei em uma carruagem, eu deveria retornar
da mesma maneira.”

“Um cavalo undead sem cabeça poderia correr dia e noite sem dormir—”

“—Por favor, me perdoe, mas devo respeitosamente recusar.”


“Você deve? Entendo."

Ele podia sentir que havia alguma decepção nessas palavras. Foi uma atuação ou foi a
verdade? Jircniv não sabia dizer, embora suspeitasse que pudesse ser uma atuação.

De qualquer forma, enquanto eles não entendessem completamente suas atuais


circunstâncias, ele queria evitar anunciar as notícias da aliança do Império com o
undead chamado Ainz.

Para começar, se ele montasse um cavalo undead que odeia a vida e retornar ao
Império, deixando de lado os sacerdotes que ele trouxe consigo, o que os sacerdotes
dos templos da capital teriam a dizer sobre isso?

"Então, vamos nos despedir."

"Muito bem. Demiurge... escolte nossos convidados para fora.”

“Não, não, não há necessidade de incomodar... bem, já que esta é uma oportunidade
rara, que tal as empregadas? Eu nunca vi mulheres tão bonitas antes.”

Ainz estalou o pescoço em surpresa.

Foi um movimento incrivelmente falso.

Jircniv lutou para manter sua raiva sob controle enquanto sorria para Ainz.

Ele deve ter percebido que eles estavam cautelosos com o Demiurge, mesmo assim ele
o havia enviado de qualquer maneira, como se fosse para zombar deles.

Ele não tinha intenção de formar uma aliança. Essa era uma maneira indireta de dizer
a Jircniv exatamente quem estava no comando aqui.

Eu nunca vi tal mal antes... ele é uma ameaça à sobrevivência contínua da humanidade...

“Ah, obrigado pelo seu elogio. Então, por favor, fale com as empregadas que estão
esperando do lado de fora. Ah, que belo dia para forjar uma aliança. Como eu gostaria
de poder fazer um festival.”

Quer dizer, para celebrar o dia em que você nos fez escravos?!

Enquanto ele gritava internamente, Jircniv sorriu para Ainz mais uma vez.

"De fato. Sim, de fato."


Parte 4

Depois que as negociações foram concluídas, Ainz reuniu os Guardiões — Albedo,


Demiurge, Aura, Mare, Cocytus, Shalltear — em seu escritório, junto com Sebas.

Ele fez sinal para seus subordinados ajoelhados se levantarem.

Ele colocou os dois cotovelos sobre a mesa e cruzou as mãos, cobrindo a metade
inferior do rosto.

Sua barriga inexistente doía. Agora, eles provavelmente começariam a denunciá-lo.


Enquanto ele segurava esse sentimento em seu coração, ele espiou Demiurge e Albedo.

Eles não pareciam bravos. Nem pareciam sem palavras.

No entanto, quem poderia dizer se isso era ou não uma cara de pôquer? Depois de
pensar nisso, ele olhou de perto para eles novamente, para ver se seus rostos estavam
congelados de raiva.

Eu quero sair daqui. Em primeiro lugar, por que eu me sentei aqui... não, é tarde demais.
Não adianta chorar sobre o leite derramado. Aprenda a falar por si mesmo, Ainz Ooal
Gown!

A dor fantasma em seu intestino parecia ter diminuído um pouco, mas ele ainda sentia
vontade de vomitar.

Quando ele soube que o Imperador estava se aproximando de Nazarick como


planejado, Ainz indiretamente perguntou a Demiurge “O que nós faremos a seguir”, mas
a resposta que ele recebeu foi “Como tudo está indo como previsto, vamos nos ater ao
plano”.

Mas eu não sei qual é o plano!

Claro, ele não disse isso.

Como o governante absoluto da Grande Tumba de Nazarick, Ainz teve que adotar uma
atitude que correspondesse às expectativas dos NPCs (suas crianças). Portanto, tudo o
que ele podia fazer era fingir que parecia determinado, sorrir como um rei e responder,
"Mesmo?”.

Isso quando se tratou de seguir o plano de Demiurge, no entanto, Ainz estava


desesperadamente agitado no escuro.

As conversas reais com Jircniv Rune Farlord El-Nix tinham sido jogadas inteiramente
de improviso, confiando que haveria um caminho através de qualquer coisa. Quanto a
quão confiante ele estava sobre ter dito a coisa certa durante as negociações... bem,
simplesmente, não existia.

Como um estudante esperando por seus resultados, ele espiava os dois.

Isto é como uma entrevista de emprego...

Ele sentou-se para várias entrevistas enquanto fazia sua incursão no mundo do
trabalho, e sentia o mesmo agora.

"Então, o Imperador fez o seu movimento, exatamente como previsto."

Ainz respirou fundo. Quando ele estava prestes a falar, uma voz interrompeu ao lado
dele.

“Ainz-sama, temo ofender, mas tenho uma pergunta. Por que você tem que dar ao
imperador humano uma posição de colaborador ~arinsu? Não poderíamos ter
conquistado o Império pela força ~arinsu?”

A não-existência que Ainz era agora balançou em resposta à pergunta de Shalltear.

O primeiro passo de seu objetivo geral de dominação mundial foi pressionar o


Império. Eles permitiriam ao alto comando do Império lançar um ataque a Nazarick, e
usaram isso para ameaçar o Império e forçar o Imperador a uma reunião direta. Então,
eles iriam impressionar o poder militar esmagador de Nazarick sobre eles. Foi assim
que esta operação deveria ter ido.

Ainz não sabia nada além disso A importância exata do porquê eles tiveram que
impressionar o Imperador com o poder de Nazarick e outros preciosos detalhes eram
um mistério para ele.

Por causa disso, ele não tinha idéia de como responder adequadamente à pergunta de
Shalltear.

Aura continuou atrás dela.

"Shalltear tem um ponto. Nós fomos para a capital deles e não é nada de mais lá.”

Ainz olhou para os outros Guardiões. Todos pareciam ter as mesmas dúvidas.

Embora eles não tivessem a intenção de ir contra a decisão tomada pelo seu mestre
Ainz, enquanto eles pensavam que o caminho que ele escolheu estava correto, as
dúvidas ainda continuariam crescendo.

Além disso, eles queriam saber o porquê Ainz tomou as decisões que ele fez, para
entender suas verdadeiras intenções, para que pudessem ser mais úteis para ele.
Se eles não soubessem de seus motivos, eles poderiam trabalhar acidentalmente
contra seus objetivos. Dois dos Guardiões, em particular, sentiram-se desconfortáveis
com essa falta de conhecimento; ou seja, Shalltear e Sebas, que já haviam cometido
erros no passado. Ambos observaram Ainz com olhares sérios, prestando muita
atenção em suas palavras para que não perdessem suas intenções.

Ainz anulou a pressão que sentia por ser o foco da atenção de todos e procurou uma
saída para essa situação.

Primeiro, preciso decidir se afirmo ou não as palavras de Shalltear e Aura. Se eu os


afirmo, isso significa conquistar o Império é parte do plano. Se eu negar, isso significa que
não vamos conquistar o Império por enquanto... qual escolha devo escolher para
sincronizar com as de Albedo e Demiurge? Ah não, não é bom, demorei demais...

Ainz riu, em um tom que ele esperava que fosse confiante e destemido.

Depois disso, ele exalou profundamente.

As chances eram uma em duas.

Se ele estragasse tudo aqui, tudo o que ele teria que fazer era corrigir seu curso de
alguma forma. E além disso—

Shalltear está sempre confusa, então eu deveria chamar sua atenção quanto a isso!

"—Eu sinto que seria um curso tolo de ação, Shalltear."

A luz nos olhos dos Guardiões se iluminou quando ouviram as palavras de Ainz. Isso
provavelmente não foi um truque da luz. Eles queriam ouvir as palavras de seu grande
mestre, para colher as pérolas de sabedoria que caíram daquela mente brilhante que os
contemplava.

Eu não sou o que você pensa que sou!

Ainz olhou para Demiurge. Ele fez o melhor que pôde para não parecer que estava
pedindo ajuda e falou devagar e com cuidado.

"...Demiurge."

Um homem inteligente como ele deve entender apenas chamando o nome dele.

Essa era a esperança de Ainz.

"Sim! Por favor, perdoe a incapacidade desses incompetentes para compreender


plenamente seus planos!”
"Ah, não, não, incompetente é um pouco demais..."

“Mais uma vez, ofereço minhas desculpas! Eu imploro pelo seu perdão!”

"...Ah, ahhh..."

Não é desse jeito! Por que você não disse outra coisa? Isto é problema. Se eu chamar o
Demiurge de novo... por que ele não deu uma resposta direta?!

"...Albedo."

“Eu sou levada às lágrimas pela compaixão ilimitada de Ainz-sama. Não esperava nada
menos do nosso governante, do nosso Rei!”

"...Uhun."

Ele queria respostas mais do que queria elogios.

No entanto, não havia mais ninguém a quem ele pudesse recorrer.

Depois de reunir sua determinação, Ainz começou a explicar sua conclusão.

"Exigimos justa causa."

"É. Tal. Coisa. É. Verdadeiramente. Necessária?"

"Claro. De fato, poderíamos conquistar o Império apenas com força. No entanto, se


fizéssemos isso, levantaríamos muitos inimigos contra nós. É diferente de lidar com
oponentes primitivos como os Lizardmen. Se eu tivesse que explicar isso para alguém,
eu diria assim: "Enquanto estávamos vivendo pacificamente em nossa casa isolada, fomos
atacados e roubados por trabalhadores do Império. Com raiva, nós os matamos e
exigimos um pedido de desculpas de seu empregador, o Império, e eles, por sua vez,
disseram que nos ajudariam a construir uma nação para fazer as pazes.” Essa era a idéia
geral. Assim, fazer do Imperador um colaborador faz parte do plano.”

"Oh, entendo~ Mas Ainz-sama, eles aceitarão uma explicação como essa?"

“Se eles aceitam ou não é sem importância, Aura. É a verdade."

Isso foi o que ele quis dizer com "justa causa". E Ainz não contou uma única mentira
para eles.

“Ah, isso, isso poderia significar, era tudo por isso? Para, uh, para pegar o Imperador
aqui?”
“Hm? Como assim, Mare?”

“S-Sim. Er, conversas, conversas com o Imperador podem deixar vestígios para trás, e
por causa disso, você especialmente o trouxe aqui para minimizar a quantidade de
vazamentos sobre a discussão. Eu, eu acho que é isso.”

“—Hahaha. De fato, foi isso. Muito bem, Mare.”

Mare corou e sorriu timidamente.

Quando ele olhou para o sorriso adorável de Mare, Ainz suspirou de alívio. Era
verdade que negociar no Império poderia deixar muitas evidências para trás. No
entanto, ao trazer uma quantidade limitada de funcionários do Império para cá, eles
poderiam minimizar o número de vazamentos e garantir que eles não entrassem no
registro. Isso seria muito útil na condução de investigações.

Ainz ficou impressionado com a visão de Demiurge, que havia organizado essa ordem
de eventos, e olhou para os outros Guardiões.

“Além disso, construir uma nação implica que estaremos defendendo mais pessoas.
Transformar os países em cemitérios só prejudicará o nome de Ainz Ooal Gown. Agora,
alguém notou alguma coisa?”

A intenção por trás dessas palavras era perguntar se alguém havia notado algo de
especial, como Mare fez.

Os olhos de todos os Guardiões estavam agora focados em Demiurge. Eles devem ter
sentido que Demiurge, a quem eles acreditavam ser a mente mais brilhante de
Nazarick, certamente teria aprendido alguma coisa. Ainz esperava fortemente que esse
fosse o caso.

"—Kukukuku."

A risada de Demiurge ecoou pela sala.

“...Você realmente achou que essa era a extensão do plano de Ainz-sama?”

"Kuhuhu..."

"U-Uhm...??"

"Ehh?"

"O que você quer dizer ~arinsu?"

"O. Que. Isso. Significa?"


"Oh."

"...Hm?"

“Vocês precisam pensar mais. Ainz-sama é o nosso mestre, que reuniu todos os Seres
Supremos. Vocês acham que isso foi a extensão do planejamento dele?”

Ainz engoliu em seco, como se tivesse levado um soco no rosto. Enquanto isso, os
Guardiões estavam balançando a cabeça e murmurando "De fato".

Por que você está dificultando as coisas para mim?

Felizmente, ninguém podia ouvir os gritos internos de Ainz.

“Precisamente. Você não está sendo muito apressado pensando que conhecia as
profundezas das intenções de Ainz-sama só porque ele lhe deu aquela resposta fácil de
entender? É por isso que o Ainz-sama não lhe contou o significado mais profundo por
trás de seus planos.”

Um indício vago de arrependimento coloria os rostos de todos os Guardiões, além de


Albedo e Demiurge. Eles provavelmente estavam preocupados que seus cérebros tolos
fossem incapazes de serem úteis para Ainz.

Tudo isso deixou Ainz ainda mais grato por seu corpo atual. Era mais fácil manter uma
cara de poker dessa maneira.

“Realmente... Ainz-sama. Não é melhor nos informar do seu verdadeiro objetivo agora?
Afinal, isso informará qual direção seguiremos no futuro.”

A atenção de todos foi para Ainz. Suas expressões sinceras e suplicantes pareciam
dizer: "Por favor, esclareça para que tolos como nós possamos entender".

Depois de olhar para todos, Ainz respirou fundo. Não, ele respirou fundo várias vezes.

Então, ele lentamente se levantou da cadeira e virou as costas para os Guardiões. A


partir desta posição, ele ofereceu louvor a Demiurge olhando por cima do ombro.

“...Como esperado de Demiurge e da Supervisora Guardiã, Albedo. E pensar que vocês


tinham discernido meus verdadeiros objetivos...”

"...Não. Seus esquemas são elaborados e clarividentes, Ainz-sama. Eu não posso


esperar compreender tudo. E acredito que o que entendo é apenas uma parte de seus
planos.”

Demiurge se curvou respeitosamente em resposta ao elogio de Ainz.


“Ouvi dizer que algumas das empregadas o chamam de Rei Sábio. Eu acredito que o
nome é mais adequado para o Ainz-sama. Pensar, assumindo o papel de Momon, o
aventureiro era parte do seu plano mestre. Agora ele se tornou uma alternativa eficaz
para nivelar um país.”

Ainz assentiu com satisfação, mas seu coração era um turbilhão de dúvida.

...O que ela está dizendo? Momon? O que meu nome de aventureiro está fazendo aqui?

"O que tudo isso significa ~arinsu?"

A pergunta de Shalltear carregava uma pitada de ciúme, provavelmente porque ela


não podia trilhar o mesmo terreno que os dois compartilhavam com seu amado mestre.
Aura estufou as bochechas em desgosto quando viu o sorriso fraco de Demiurge e o
sorriso radiante de um vencedor no rosto de Albedo.

“Ainz-sama, diga-nos também. Também queremos ser úteis!!”

“En-Então, hum, hm, por favor, me diga também. Por favor!"

“Para. Início. De. Conversa. Isso. Não. Deveria. Ser. Necessário. Dizer. Isso. A. nós. Por.
Favor. Perdoe. Nossa. Tolice.”

"Eu rezo para que você nos ilumine neste assunto, Ainz-sama."

Todos pareciam muito desesperados.

Ainz ficou de costas para eles e cobriu os olhos com a mão. O estresse fez com que ele
sentisse que ia desmaiar.

—Não há alegria maior na vida para nós do que servir você.

Os Guardiões atrás dele estavam dizendo algo similar, todos ao mesmo tempo.

O coração de Ainz doía de culpa quando ele ouviu os sinceros apelos dos Guardiões
atrás dele, e quando percebeu que não poderia respondê-los. Suas emoções fortes
deveriam ter sido suprimidas, mas ainda assim essa dor que ele sentia continuou
inabalável.

Ele deveria se abrir e admitir sua própria incompetência?

No entanto, havia muitas razões que não lhe permitiam dizer isso.

Ele deixou de lado suas dúvidas e virou-se, apontando com força o Cajado de Ainz Ooal
para Demiurge.
"Demiurge. Eu permito que você explique o que entende aos outros.”

"Entendido."

Depois que Demiurge assentiu, ele começou a falar com seus companheiros.

Parte 5

A estrutura da carruagem não havia mudado entre a viagem de ida e volta de Nazarick,
mas, por alguma razão, todos os ligeiros solavancos e brechas ao longo do caminho
pareciam ampliados. Talvez tenha sido por causa da atmosfera sombria no interior da
carruagem. Ou talvez fosse porque as pessoas que ocupavam o vagão haviam mudado.

As tropas escoltando-as a Nazarick eram compostas por homens da 1ª Legião. Os


escoltando-os de Nazarick eram da 2ª Legião.

No lugar de Fluder estava um dos seus discípulos. No lugar de Loune estava um de


seus escribas. Os dois ocupantes originais da carruagem que ficaram foram Jircniv e
Baziwood.

Fluder não estava aqui porque queria discutir o que viu com seus discípulos. Em seu
lugar, ele enviara um de seus acólitos para ocupar seu lugar na carruagem de Jircniv.
Embora o acólito fosse habilidoso, ainda estava muito longe de seu mestre.

Com toda a probabilidade, a discussão na carruagem de Fluder provavelmente estava


em uma intensidade febril.

O humor em sua carruagem provavelmente seria o oposto disso. Na carruagem de


Jircniv, só havia silêncio.

Um clima sombrio enchia a carruagem.

Aquele que fizera assim fora o próprio Jircniv. Seu rosto era duro e sua expressão
amarga, como se ele tivesse mastigado uma raiz de lótus.

O homem que era conhecido e temido como o Imperador Sangrento era um homem
que tipicamente usava um sorriso fino no rosto. Na verdade, essa expressão foi
cuidadosamente ensaiada. Isso porque ele teve que cultivar a impressão de um forte
imperador entre seu povo. Uma pessoa que permaneceu acima de todas as outras tem
que causar uma impressão marcante em todos, caso contrário, causaria desconforto
entre aqueles que o seguiam.
No entanto, parecia que Baziwood, que conhecia Jircniv melhor entre essas três
pessoas, nunca tinha visto esse olhar no rosto de Jircniv. Todos os presentes sabiam
disso, razão pela qual ficavam quietos e permaneciam em seus lugares.

Mesmo que ele os sentisse olhando para ele, Jircniv não planejava dizer nada.

A razão para isso era muito clara.

Ou melhor, se alguém pudesse pensar em qualquer outra coisa, Jircniv iria abrir a
cabeça da pessoa para ver o que havia dentro. As possibilidades são, ele encontraria um
cérebro do tamanho de sua unha mindinho.

A Grande Tumba de Nazarick — Na verdade, chamá-la de “Tumba” era totalmente


inadequado.

Esse é o castelo de um rei demônio.

Aqueles seres assustadores e além deles—

—O espectro da Morte, que estava em um trono.

E não foi apenas medo que eles sentiram.

Eles tinham visto uma miríade de luxos, arquitetura brilhante e todo tipo de
decoração. Ninguém poderia permanecer desorientado por isso.

Jircniv poderia facilmente prever as dificuldades que seu país teria, em face daquele
ser que possuía poder militar e econômico superlativo, entre outras coisas.

Se o líder de um país fosse forte, ele daria ao seu povo uma sensação de segurança. Por
mais forte que fosse um país, ser conduzido por uma ovelha só o encheria de
desconforto. Felizmente, o Império era um leão por completo. E então, de repente, um
Dragão apareceu diante deles. Como os cidadãos do Império se sentiriam sobre isso?

Jircniv ficou olhando para as mãos, que estavam tão apertadas que toda a cor havia
desaparecido delas.

Não, ainda não acabou. Nossa derrota ainda não foi decidida.

Jircniv sorriu. Era um sorriso que se encaixava no nome do Imperador Sangrento.

Talvez estivessem esperando o retorno daquele sorriso zombeteiro, mas um


sentimento de alívio se apoderou de cada um de seus subordinados. Ao ver a reação
deles, seu sorriso ficou mais e mais genuíno.

"Não me encare tanto. Você não está perdendo seu foco aqui?”
"Vossa Majestade!"

As três vozes se sobrepuseram. Havia indícios de alegria dentro deles, alegria que seu
imperador tinha voltado para eles. Quando Jircniv percebeu o que deveria estar
fazendo, assentiu vigorosamente.

“Para começar, gostaria de confirmar se todos se sentem da mesma maneira sobre


esse lugar. Se alguém tiver uma opinião diferente, sinta-se à vontade para fazê-lo. Quem
sabe, eu posso ser quem entendeu errado. Bem, então... suponho que devemos começar
com a coisa mais importante — O que todos pensam do governante da Grande Tumba
de Nazarick, Ainz Ooal Gown?”

Jircniv deliberadamente disse o nome daquele monstro incrível um tom mais lento que
o normal.

“Ainz Ooal Gown é um monstro entre os monstros e que pode facilmente criar Death
Knight, se nós o fizermos de inimigo, o Império provavelmente será destruído. No
entanto, mesmo que não o antagonizemos, há uma chance de que ele possa nos matar
de qualquer maneira, porque ele é um undead, e esses se alegram com isso. Alguém
discorda?”

"Não."

"É como Vossa Majestade diz."

“Ahh, nós concordamos, então. Para acrescentar a isso, não acho que podemos vencê-
lo com o poder da humanidade. Francamente falando, eu não acho que nós poderíamos
sequer nos aproximar dele, mesmo se nós reuníssemos todos os exércitos do Império.”

Depois de receber três respostas semelhantes, Jircniv continuou falando.

"Além disso, posso sentir que, como um governante absoluto, ele possui um encanto
que é próprio de um rei."

“Ah, sim, a presença dele era realmente formidável. Parecia que ele era mais
carismático do que o nosso Imperador.”

“Baziwood-dono!”

"Está bem. Isso é um fato. O mais assustador é que ele disse apenas uma frase e, a
partir dessa frase, pude sentir a imensa pressão de um tirano.”

““Vocês estão fazendo muito barulho. Silêncio.” Era isso?”

Jircniv acenou levemente para o escriba.


Essa foi sem dúvida a atitude que Ainz Ooal Gown adotou como o rei da Grande Tumba
de Nazarick.

“E também... a coisa mais assustadora sobre esse monstro é a maneira que ele pensa.
Ele é um tipo raro de intrigante cujo movimento é feito com um propósito... vocês aí,
não fiquem surpresos. Pense nisso. Ele provavelmente previu o fluxo de tudo que
discutimos até agora. Caso contrário, por que ele nos libertaria tão facilmente? Um
adversário com tanto poder, que não usa músculos, mas sim o cérebro? Ele não é um
mero ignorante cheio de poder.”

Essa era a parte mais problemática sobre ele.

“Depois disso, vamos falar sobre seus seguidores. O que vocês pensam deles?"

Desta vez, ele empurrou seus subordinados para suas opiniões.

“Os que estão perto dele provavelmente eram seus ajudantes próximos. E a mulher de
asas negras ao lado dele... ela deveria ser a rainha dele, certo? Parecia assim, pela
atitude dela.”

A beleza de cair o queixo em um vestido branco.

Mesmo que não houvesse bondade no sorriso fino que ela usava, ainda possuía um
encanto que movia o coração dos homens. Dada sua beleza, certamente haveria muitos
homens que seriam consumidos pelo desejo de ver aquele sorriso dirigido a eles.

Quanto às asas negras na cintura, podia-se dizer que não eram itens mágicos ou peças
de roupa. A principal razão era porque elas eram muito naturais. Embora houvesse
humanos com asas e outras espécies aladas neste mundo, ela provavelmente deveria
ser um demônio, um de fora deste mundo, Jircniv pensou.

"Ela pode muito bem ser. Acho que é possível que ela seja a esposa de Ainz Ooal Gown.
Se ela é sua esposa, então, como devo colocar isso... é apenas o rosto dele feito de ossos?
Ou ele está usando uma máscara? Algo assim?"

Ainda assim, apesar das palavras de Jircniv, nenhum deles sentiu que era uma
máscara, e eles também não acharam que fosse uma ilusão.

"E há também Demiurge, que pode controlar as pessoas com sua voz... ele é um bardo?
Talvez ele seja bom em cantar porque é um sapo.”

Os bardos poderiam usar performances com instrumentos musicais para produzir


efeitos mágicos. O poder do Demiurge para controlar as pessoas através de palavras era
muito semelhante a isso.
Além disso, ele também tinha ouvido falar que fadas chamadas Lorelei tinham uma
habilidade similar à dele. No entanto, esse homem não era nada igual aos belos seres
que eram fádicos. Ele estava absolutamente certo disso.

“Ah, entendo. Um bardo? Isso soa bastante similar. E também havia um inseto
gigantesco, acredito. O que era aquilo?"

"Embora eu ache que possa ser algum tipo de espécie de inseto... eu não sei muito
sobre isso, pode ser um hibrido de homem e formiga, então eu acho que você seria mais
bem servido perguntando ao Mestre sobre isso."

O mundo era enorme. Havia muitas espécies que não eram amplamente conhecidas, e
algumas delas podiam sofrer mutações espontâneas. Além disso, de acordo com as
lendas, os reis monstros eram conhecidos por serem mais desenvolvidos do que o
normal. Era semelhante a como a formiga rainha era diferente das formigas operárias.
Jircniv achou que era uma possibilidade.

“Nesse caso, os restantes são a garota de cabelos prateados e as irmãs Elfas Negras.
Deixando as duas últimas de lado, quem é a primeira? A julgar pelos peitos enormes
dela — ela poderia ser uma concubina?”

O riso encheu a carruagem com o comentário de Baziwood.

"Ah, bem, se ela fosse apenas uma concubina, então ela não estaria lá, não?"

"Ela provavelmente é tão forte quanto as irmãs Elfas Negras."

"Ei ei ei ei... eu acho que você está entendendo errado."

As palavras de Baziwood foram infundidas com seriedade.

“É verdade que, provavelmente, os mais próximos daquele monstro Ainz


provavelmente são seus ajudantes. No entanto, isso não significa que eles sejam todos
fortes. Pense nisso. Se o único critério para ser o seguidor de Vossa Majestade fosse a
força, e ele se cercou de uma centena de pessoas como eu, você não acha que o governo
iria desmoronar em pouco tempo? Simplificando, ela foi escolhida para ser sua
seguidora por outras razões além da força. Talvez ela seja uma concubina muito
inteligente? Talvez ela sozinha consiga lidar com os assuntos daquela fortaleza que
chamam de tumba.”

Respostas de “Entendo...” vieram de todos.

Jircniv sentiu que tinha razão.

Como a atenção deles tinha sido roubada pelo poder de Ainz Ooal Gown, eles
observaram como ela estava alinhada com as Elfas Negras e automaticamente
concluíram que a garota de cabelos prateados era um ser forte. Claro, seria assustador
se outra pessoa tivesse o mesmo poder que as Elfas Negras. No entanto, ser levado a
uma conclusão falsa por preconceito anterior também era uma coisa ruim.

Obs.: Estou usando “Elfas Negras” pois eles ainda não sabem que Mare é uma trap.

"Provavelmente é isso."

Disse Jircniv enquanto olhava para seus subordinados. E completou:

"Eu considerei isso sozinho. Pensando nisso, ficaria um pouco aliviado se todos os seus
seguidores fossem undead... mas parece que ele reuniu todos os tipos de monstros sob
seu comando.”

"Bem, ao invés de chamá-lo de galeria de monstros, parece mais uma riqueza de


talentos..."

Jircniv não pôde deixar de sorrir pelas palavras contundentes de Baziwood.

"De fato. Nós provavelmente deveríamos tentar aprender mais sobre esses seres. Além
disso... há a questão da grandeza dessa fortaleza. Certamente deve existir algo escrito
sobre um lugar tão grandioso?”

“Lamentavelmente, não sei nada sobre isso. Quando voltarmos à capital, vou começar
a investigá-lo imediatamente, começando com mitos e lendas.”

Jircniv aceitou graciosamente o pedido de desculpas do acólito.

"Ahh, eu vou deixar isso para você. Há mais alguma coisa que esquecemos? Eu
sinceramente não posso acreditar que um monstro tão perverso possa criar um
domínio tão imponente. Você achou alguma coisa que pudesse ser uma pista? O que
quero dizer é, no passado alguma tumba foi realmente construída naquela região?”

Não houve resposta.

O que significava que todos estavam se perguntando a mesma coisa.

Eles não podiam descartar completamente a possibilidade de que a fortaleza tivesse se


teleportado de algum outro lugar — possivelmente outro mundo conhecido como o
Reino Demoníaco — para um lugar sob aquela tumba. Ou melhor, isso era mais fácil de
engolir.

"Não vamos conseguir uma resposta. Como eu pensava, simplesmente não temos
informações suficientes. Tudo o que podemos fazer é espremer o máximo que
pudermos de Vermillion, que está lá, e do sujeito que está vindo para o Império.
Entenderam?"
"Claro. Vamos tentar não tornar a oposição hostil ou suspeita.”

“Não há como tentar aqui. A força do inimigo é esmagadoramente superior à nossa.


Você precisa se mover com cuidado para não romper a falsa aliança que temos."

Quando o escriba baixou a cabeça, Jircniv de repente sentiu o peso escorregar de seus
ombros.

"...Fizemos uma coisa ruim para as pessoas que trouxemos, não é?"

Talvez fosse por isso que ele trouxesse as meninas que não tinham sido libertadas
desde que haviam sido acomodadas nas carruagens.

Originalmente, as meninas seriam oferecidas a Ainz Ooal Gown para amarrá-lo ao


Império.

O sexo era uma arma universal em qualquer lugar ou época. Talvez as agências de
inteligência Imperiais devessem ter preparado um pote de mel profissional, mas como
o uso da investigação mágica poderia potencialmente complicar as coisas, em vez disso
elas haviam escolhido meninas puras e inocentes.

"Embora eu ache que isso é desrespeito à coragem que elas reuniram para se despedir
de suas famílias, você não acha que elas deveriam ficar felizes com isso?"

"Você acha? Ser capaz de conquistar o amor daquele monstro é algo impressionante.”

"Qualquer mulher que de bom grado fizesse amor com tal monstro seria muito
corajosa."

Baziwood estava insinuando que tais pessoas não existiam, mas essa era uma maneira
ingênua de pensar. Jircniv poderia atestar com segurança que, estando completamente
familiarizado com as batalhas secretas que as mulheres lutavam, sua mãe envenenando
seu próprio marido era um bom exemplo.

“As mulheres são mais corajosas do que os homens pensam e agem pela paixão e pelo
ganho. Não deve haver escassez de mulheres por aí que estejam dispostas a oferecer
seus corpos a esse rei esqueleto. Nesse sentido, somos os que devem ser felizes agora.
Afinal, uma delas poderia dizer ao Ainz Ooal Gown que ameaçamos matá-las assim
como suas famílias, se elas negassem.”

Embora a única resposta às suas palavras fossem sorrisos amargos, Jircniv acreditava
que isso poderia realmente acontecer.

As reformas de Jircniv, impulsionadas pelo poder autocrático, fizera dele o inimigo dos
nobres que ele havia deslocado. Claro, ele tinha seus aliados, mas na verdade, as
pessoas em quem ele realmente podia confiar eram apenas alguns de seus assessores
próximos e seu mentor, Fluder—

De repente, uma pergunta o atingiu como uma pena caindo levemente no ar.

Foi sobre Fluder.

Não apenas Fluder era seu mentor, mas ele também era um pilar do Império e seu
trunfo. Ele era um homem que até mesmo Jircniv reverenciava como o maior herói do
Império. Jircniv estava bem ciente de que, por baixo de seu rosto de sábio, havia um
desejo quase fanático de explorar as profundezas da magia. Foi por causa desse desejo
que ele teve suas dúvidas.

—Isso fora muito diferente de Fluder.

Ainz Ooal Gown era um grande magic caster que superava Fluder. Ele poderia criar
sem esforço os Death Knights que Fluder nem poderia controlar. Então, por que ele não
disse nada e deixou a tumba junto com Jircniv?

Se fosse o Velhote de sempre, ele provavelmente imploraria àquele monstro perverso por
conhecimento mágico, certo? Ele iria genuflexionar diante dele e oferecer tudo—

Isso soou como o que teria acontecido.

Todos haviam se ajoelhado diante de Demiurge naquela época. No entanto, pode ter
sido apenas uma distração para focar sua atenção nessa situação bizarra, enquanto ele
usava a oportunidade de realizar algum tipo de controle mental em Fluder.

Ele não podia imaginar Ainz Ooal Gown desejando tomar Fluder como um servo.
Embora Fluder fosse o trunfo do Império, quando comparado ao poder daquele
monstro, ele era pouco mais que uma partícula de poeira.

No entanto, o conhecimento acumulado de Fluder era valioso por si só. Além disso, se
ele pudesse assumir o controle de Fluder, o poder militar do Império despencaria, e
eles perderiam sua melhor arma contra Ainz Ooal Gown.

Seria como colocar uma coleira em um escravo.

Será o caso? O Velhote não disse nada... foi porque ele já sabia de tudo? Ele sabia sobre o
poder de Ainz Ooal Gown de antemão?

—Naquele momento, o choque passou por ele como um raio.

Ele começou a suar frio.


“Majestade? Vossa Majestade? Você não parece bem; você está bem? Vamos chamar
um sacerdote—”

"...Não há necessidade."

"Eh?"

“Eu disse, não há necessidade. É isso mesmo... não precisa.”

Jircniv olhou para seus subordinados em pânico e mais uma vez foi consumido em um
turbilhão de contemplação.

Estou com medo? Eu?

Sua mente era uma bagunça caótica, e ele não conseguia separar seus pensamentos.
Ou melhor, era mais como se ele não quisesse pensar naqueles pensamentos e estivesse
tentando evitar contemplá-los.

Não! Se eu fugir disso agora, isso só nos causará um desastre! Acalme-se. Eu tenho que
me acalmar. Eu tenho que me acalmar e pensar.

Jircniv continuou a ponderar a questão enquanto se banhava em olhares curiosos.

Para começar, vamos considerar o Velhote. Assumindo que Velhote já sabia sobre o
poder de Ainz Ooal Gown... não, se ele soubesse sobre seu poder, então suas ações
estranhas poderiam ser facilmente explicadas. Então o Velhote tem algum tipo de acordo
secreto acontecendo com esse monstro — impossível! A menos que...

Jircniv não tinha energia para se preocupar com os olhares chocados nos rostos de
seus subordinados.

Não, isso não está certo, Jircniv. Quando o Velhote viu o Death Knight, aquele medo no
rosto dele era genuíno. O que prova que ele não sabia sobre o poder de Ainz Ooal Gown...
ou não. Talvez, o que o Velhot... Fluder não sabia era a capacidade daquele sujeito de
controlar os Death Knights. Ele provavelmente sabia sobre o Ainz Ooal Gown — aquele
grande magic caster — desde o começo.

Era como juntar as peças espalhadas de um quebra-cabeça, revelando uma bela


imagem "horripilante".

Então, Fluder conhece esse monstro. De quanto tempo atrás eles estavam em conluio? Do
começo? Isso é certo. Fluder estava envolvido em cada passo dessa bagunça, desde a
descoberta da tumba até o envio dos Trabalhadores.

Ele finalmente fez uma conexão entre todas as peças espalhadas do quebra-cabeça.
Quando se pensava assim, uma luz saía sobre a maioria dos mistérios.

“Traição, é isso? Traição. Ele vendeu o Império.”

Era uma voz de ressentimento amargo nascida dos buracos do inferno... ou talvez de
uma criança chorando?

Seus subordinados não ousaram fazer perguntas a ele; eles simplesmente


permaneceram em silêncio enquanto estudavam seu rosto. Jircniv se virou para encará-
los.

“Fluder Paradyne nos traiu a todos. Sendo esse o caso, que dano isso causará ao
Império? Podemos colocá-lo em uma sinecura e colocá-lo em prisão domiciliar?”

Todos não puderam deixar de olhar para aquela afirmação inacreditável.

“Como, como isso é possível, Vossa Majestade? Isso seria muito até para uma piada.”

Raiva incontrolável ardia em Jircniv quando o acólito falava. Ele queria gritar: "Eu não
quero ouvir tanta besteira!", mas ele segurou a língua. A razão pela qual ele fez isso foi
porque em algum lugar em um canto de sua mente, um jovem Jircniv estava dizendo
que ele não podia acreditar nisso.

Jircniv crescera observando os esquemas e a traição do lado sombrio da sociedade


nobre. Com isso, o adulto Jircniv respirou fundo e expeliu o calor ardente em seu peito e
as emoções ardentes em seu coração.

“Eu vou dizer isso mais uma vez. Fluder Paradyne nos traiu. Sendo esse o caso, que
dano isso causará ao Império?”

Seus subordinados se entreolharam e, depois de alguns segundos, o acólito falou.

“É difícil imaginar. A quantidade de dano não pode ser estimada com um único relance.
Com o mestre ao redor, poderíamos estar confiantes de superar qualquer outro país.
Temos sido capazes de permanecer não envolvidos com as políticas mesquinhas de
outras nações até agora por causa disso.”

Ele olhou para o escriba, para ver se ele concordava com as palavras do acólito. O
escriba ficou pálido e assentiu.

"Se os países vizinhos souberem que ele foi comprometido, eles podem começar a
fazer movimentos."

“Não é para isso que serve a Agência de Inteligência Imperial? Ah, entendo. Graças ao
Fluder, eles não tiveram a chance de ganhar muita experiência.”
“É como diz, Vossa Majestade. O Mestre, ele—”

“—A possibilidade é chocantemente alta.”

Jircniv interrompeu o escriba.

“...Mas se for esse o caso, então teremos uma incrível quantidade de trabalho para
fazer. Primeiro, vamos decidir quem será o sucessor de Fluder. Existem candidatos
adequados?”

As chamas do desejo brilhavam intensamente nos olhos do acólito quando ele ouviu
aquelas palavras, e Jircniv não pôde deixar de sorrir internamente.

A posição de ser o sucessor de Fluder como o Mago da Corte Imperial era uma
tentação de dar água na boca. Afinal de contas, era uma posição que dava o direito de
administrar os magic casters arcanos em todo o Império.

Como a posição sempre fora preenchida por aquele grande herói, ninguém mais pôde
reivindicá-lo. Mesmo se alguém tivesse a ambição para isso, seu oponente era forte
demais para ser vencido por meios perversos. E agora, esta posição até então selada
havia sido oferecida a ele.

A ganância é ótima. O desejo impulsiona o progresso. Eu aprovo esse tipo de desejo. No


entanto, eu provavelmente deveria perguntar, apenas no caso.

"No entanto, é preciso ter em mente que, como o Mago da Corte Imperial, alguém pode
ser chamado para lutar com aquele monstro."

As chamas da ambição do acólito saíram naquele instante. Ele não conseguia nem se
animar com isso. A posição que ele desejava se tornou uma que ele queria evitar mais
do que qualquer outra coisa no mundo.

Ele teria uma chance melhor de sobreviver a um pulo de um penhasco de 500 metros
de altura em um banco de pedras do que em uma batalha contra Ainz Ooal Gown.

Não, no melhor dos casos ele morreria no local.

Enquanto o acólito pensava naquela perspectiva, um novo olhar surgiu em seus olhos.
Era o olhar de um rato assustado que havia sido encurralado por um predador.

As esperanças no coração de Jircniv morreram. Ele poderia dizer que este homem não
tinha coragem de enfrentar Ainz Ooal Gown. Ou melhor, ele nunca deveria ter esperado
isso em primeiro lugar.
"Sim! Nesse caso, conheço algumas pessoas que podem usar o quarto nível de magia;
que tal escolher um deles? Claro, eu sei algumas magias desse nível, mas eu não sou
muito versado com elas.”

"Você não é o mais habilidoso dos acólitos?"

“Como, como poderia ser? Há muitos mais excelentes que eu. Quando voltarmos, eu
lhes darei os nomes imediatamente!”

Era óbvio que um homem iria querer se render imediatamente quando solicitado a
lutar contra um monstro incrível como aquele. No entanto, o que ele precisava era de
um homem que não perdesse seu espírito de luta mesmo naquele evento.

...Isso não vai funcionar, huh. Seria ingênuo pensar que ele é uma exceção. Provavelmente
seria melhor considerar que quem conhece Ainz Ooal Gown não terá coragem de lutar
contra ele. Isso significa que terei que entregar essa tarefa a pessoas que ainda não
conheceram esse ser. Talvez essas pessoas ignorantes sejam movidas pelo desejo e lutem
ainda mais desesperadamente contra ele.

Não era o melhor dos planos, mas ele não tinha mais nada a fazer.

"...Entendo. Em seguida, reúna informações sobre eles e faça entrevistas. Depois disso,
desejo que nosso pessoal de inteligência esteja pronto para lidar com esse sujeito. No
entanto, ainda precisamos ajudar Ainz Ooal Gown, então, por enquanto, teremos que
ser seus cães obedientes, a fim de construir boas relações com ele.”

"Entendido."

"Seus cães obedientes." Ninguém se opôs a essa frase. Como alguém que viu a Grande
Tumba de Nazarick faria isso?

“Então, Vossa Majestade. Quanto tempo vamos ter que abanar para aquele monstro?
Teremos que deixar isso para nossos filhos? Nossos netos?”

Jircniv olhou em volta, para se certificar de que nenhum espião entrou na carruagem e
verificou se a porta estava bem fechada. Com tudo isso feito, e sem mais problemas
aparentes para ele, Jircniv começou a explicar sua estratégia para lutar com Ainz Ooal
Gown.

"Nós, e por "nós" quero dizer o Império, o Reino, a Teocracia, a Conselho Estadual, o
Reino Sacro e outros países — se unirão em uma coalizão. Será uma grande coalizão,
destinada a derrotar Ainz Ooal Gown.”

Seis olhos arregalados se voltaram para Jircniv.


“O que há para se surpreender? Nenhuma nação pode derrotar esse monstro. Então,
tudo o que podemos esperar é trazer todos os países vizinhos para uma coalizão, para
que possamos mudar a situação.”

"Estamos realmente indo lutar com ele?"

"Sim."

A resposta de Jircniv foi simples e sucinta.

"Em vez disso, se não lutarmos, não temos chance de sobrevivência."

“Então por que estamos ajudando aquele monstro a fundar um país?”

"Porque esse é o primeiro passo na formação desta grande coalizão."

Jircniv olhou para todos.

"Você está ouvindo? Ótimo. Estamos atualmente nos arredores de E-Rantel, que é um
local valioso nas fronteiras do Império, do Reino e da Teocracia. Se aquele Gown
monstruoso quiser fundar uma nação lá, ele estará fazendo inimigos de todas essas três
nações.”

Jircniv respirou fundo e continuou.

"E outra coisa. O Gown é um undead. Duvido que ele trate os humanos — os vivos —
com qualquer coisa que se aproxime da decência. O povo também não sofrerá o
domínio de um rei undead. Haverá rebelião, que será prontamente reprimida por
aquele monstro. O Reino não ficará feliz em entregar-lhe terra também, e duvido que a
Teocracia, a nação mais forte da vizinhança, não faça nada.”

"Mas! Mas vossa majestade! Se o Império o ajudar em seus esforços, certamente


seremos vistos como o lado do monstro, certo? As nações próximas estarão de guarda
contra nós! Essa coalizão de que você fala não contará o Império entre eles! E mesmo se
eles vencerem esse monstro, seremos os próximos, ou pior, eles podem nos atacar
primeiro!”

*Hmph.*

Jircniv sorriu.

“Vamos trabalhar nas sombras. Precisamos deixar os outros países saberem que o
Império está espionando a nação do Gown. Vai ser difícil, mas também é o único jeito.”

“Eles realmente acreditarão em nós? Se fosse eu, pensaria que era uma armadilha.”
“Então, teremos que convencê-los mostrando a força de Ainz Ooal Gown. Se ao menos
houvesse uma maneira de mostrar às outras nações o poder dele... bem, nós teremos
que providenciar para tal situação. Por exemplo, deixá-lo mostrar seu poder no campo
de batalha.”

"O Império não poderia apenas não ajudar o Gown a construir sua nação e fingir a
ignorância em tudo?"

Jircniv olhou para o escriba como se fosse retardado.

“Temos que ir e vir como morcegos apenas para garantir o mínimo de segurança para
nós mesmos. O que você acha que as pessoas no Reino vão fazer se ele ganhar território
por perto para nada?”

Em outras palavras, Jircniv estava escolhendo o pior caso.

“Por essa razão, o Império tem que fingir ser o amigo daquele monstro enquanto ajuda
essa coalizão. Em outras palavras, se estivermos expostos, provavelmente seremos os
primeiros no bloco de destroços desse monstro. Ou melhor, se dependesse de mim, eu
certamente destruiria este país primeiro como um exemplo para os outros.”

"Ah, eu tenho certeza que você iria passar por isso se dependesse de você, Vossa
Majestade."

“...Tomarei isso como elogio e aceito. Por causa disso, não podemos ser os únicos a
propor essa grande coalizão. Precisamos deixar outros países darem o primeiro passo.
O que devemos fazer é reunir tanta informação sobre Nazarick quanto pudermos, assim
como encontrar alguém que possa derrotar o Gown.”

"Pessoas como essa realmente existem?"

Dado o tom casual com o qual foi dito, ninguém teria acreditado que aquelas palavras
vieram do acólito. O Gown era um adversário inimaginavelmente poderoso, que
poderia ser imbatível até mesmo para os Dragões mais poderosos. Ele era um
adversário que fez as pessoas pensarem dessa maneira.

E a isso, Jircniv deu uma resposta confiante.

"De fato, existem."

"Pessoas assim realmente existem?!"

"Não percebeu? Não se lembra do que viu na sala do trono?”

Quando ele colocou dessa forma, parecia óbvio o suficiente.


Os monstros se alinharam com Ainz. Aura. Mare. A garota de cabelos prateados. O
inseto. Demiurge. Ele estava se referindo a eles.

"...Você planeja induzir uma revolta?"

“Embora eu não ache que isso seja possível, devemos nos preparar para isso, apenas
no caso. Precisamos preparar riqueza, prestígio, membros do sexo oposto e assim por
diante para nos fazer parecer um pouco atraentes para eles.”

"Não vai ser difícil?"

“Ahh, de fato, será. Ainz Ooal Gown se apresenta como um tirano. Assim, eles não o
trairão facilmente. No entanto, mesmo que seja esse o caso, temos que agir. Este não é
mais apenas um conflito entre as nações.”

Jircniv olhou para os três com uma expressão resoluta no rosto.

“O que vem depois disso será uma batalha pela sobrevivência da humanidade como
espécie. Será uma luta pelo futuro. Dedique seus corações e almas a isso.”

Parte 6

“...E então, eu acho que o Imperador tentará colocar um esquema como esse em
prática. Se ele fosse mais tolo, suas ações poderiam ficar fora do alcance previsto, mas
acho que as chances disso seriam baixas. Ler os movimentos de um intelecto
ligeiramente acima da média que se imagina um gênio é mais fácil do que tentar prever
as ações de um idiota completo.”

Demiurge levantou um dedo quando ele disse isso.

“Em outras palavras, o Imperador tentará formar uma aliança para nos derrotar —
para derrotar o Ainz-sama, certo?”

"Mmm, ele é surpreendentemente estúpido ~arinsu."

"Em-então, n-não devemos tomar a iniciativa e des-destruí-los primeiro?"

Mare, Shalltear e Aura deram suas opiniões, mas não havia raiva. Era mais como se ele
estivesse decidindo se chutariam ou não uma pedra que encontrara ao longo da
estrada.

“Mais importante que este problema é—”

Sebas queria falar, mas outra pessoa já havia antecipado o que ele ia dizer.
“—É o fato de que ele realmente acha que trairíamos o Ainz-sama, é isso?”

"É. O. que. Parece. Sebas. Parece. Que. O. imperador. Não. Conhece. O. Significado. Da.
Palavra. Fidelidade."

A risada zombeteira encheu a sala.

Ele realmente pensava que eles iriam trair Ainz, um dos 41 Seres Supremos que os
criaram?

Embora isso não fosse mais do que a hipótese de Demiurge, foi o suficiente para
desagradar completamente os Guardiões. Uma luz fria brilhava em seus olhos.

"Beem, não é como se eu estivesse tentando falar como o Mare, mas eu ainda estou
muito brava. Vamos matar todos eles ~arinsu?”

Shalltear riu ao ver Aura de mau humor pela primeira vez.

"Eu vou transformá-lo em um Vampiro ~arinsu. Afinal, se ele for bom o suficiente, não
há razão para ele não servir em Nazarick ~arinsu.”

Embora Cocytus tivesse permanecido em silêncio, suas grandes mandíbulas emitiram


um som de advertência.

"Senhoras e senhores, vocês se lembram de que estamos na presença de Ainz-sama?"

Quando ouviram a voz fria e clara de Sebas, a raiva de Aura, Shalltear e Cocytus
desapareceu instantaneamente.

“Kuhu — Mm. Está certo, todos, por favor, acalmem-se. Por favor, lembre-se do que o
Demiurge acabou de dizer. Tudo isso foi organizado. Devemos ou não aproveitar as
palhaçadas deste palhaço? Em vez disso, devemos ser gratos — porque tudo isso nada
mais é do que uma parte do plano mestre de Ainz-sama. Certo, Ainz-sama?”

Hooh... o plano de Ainz-sama, huh. Entendo. Um plano especial inventado por alguém
com o mesmo nome que eu. Fazer com que o Império Baharuth se alie e lute contra
Nazarick era parte desse plano também, hein... Eu não tenho idéia do que é isso tudo. Se
eu pudesse perguntar a esse tal Ainz sobre isso!

No entanto, fugir da realidade como esta não mudaria nada.

Honestamente, Ainz queria perguntar sobre os detalhes do plano, e sobre o Ainz que
Demiurge e Albedo estavam imaginando.

No entanto, ele não podia fazer isso.


Ainz virou sua linha de visão em direção a Albedo.

Ele viu uma mulher que era doce como o mel, com os olhos vidrados de amor e
fascínio, as bochechas rosadas.

Ela reagia assim porque acreditava que tudo estava acontecendo como planejado,
porque estava toda dominada pela percepção de seu mestre.

Como tal, Ainz não podia mais negá-los. Quem poderia dizer "O quê?" Quando o clima
estava assim?

Com relação à pergunta de Albedo, havia apenas uma resposta que Ainz poderia dar.

“Cer-certamente. É isso mesmo.”

Ele queria elogiar sua voz por não vacilar.

"Ohhh", os Guardiões responderam como um coral, estavam extasiados de respeito.

“Khuhuhuhu~”

Albedo abriu os braços e, com eles, as asas da cintura se abriram também.

“Ainz-sama deseja assumir uma cidade humana pacificamente e governar a região com
amor e compaixão. No entanto, o Império Baharuth decidiu formar uma conspiração vil
contra este paraíso na terra. No futuro próximo, Ainz-sama mostrará a esses países o
verdadeiro significado de bondade. Não é essa a causa justa que ele procura?”

“Como estou ansioso para esse dia. Tudo fica na palma da mão de Ainz-sama. Quando
esse idiota descobrir, eu me pergunto que tipo de cara ele vai fazer... afinal, Ainz-sama
sempre pensa em vários movimentos à frente.”

Enquanto Demiurge fazia seu discurso reverente, Albedo continuou com uma
expressão adequadamente respeitosa em seu rosto.

“De fato, a sabedoria de Ainz-sama está além da nossa capacidade. Se o Ainz-sama não
tivesse criado o herói Momon, seria impossível governar pacificamente. Nesse caso, E-
Rantel só poderia ser controlado pela violência e pelo terror.”

“...Talvez pudéssemos usar a Princesa Dourada para obter efeitos semelhantes, mas
isso seria um desperdício de um trunfo. Ela é um ser humano que é tão interessante —
não, talvez até mais — do que o que determinei a partir da análise dos relatórios de
inteligência de Sebas. Ela será um excelente peão.”

"Ah, depois de ouvir isso, eu também gostaria de dar uma olhada nela."
“Então, depois que fundarmos nossa nação, devemos tê-la como enviada ~arinsu?
Afinal, as promessas devem ser cumpridas.”

"...Vocês. Duas. Estão. Divagando. Vocês. Estão. Desperdiçando. O. Precioso. Tempo. De.
Ainz-sama.”

Ainz respondeu com um simples "Está bem" para suas desculpas apressadas.

Na verdade, ele aprendeu muito com a conversa casual e ganhou tempo para pensar
em mais desculpas. Para Ainz, essa tinha sido uma oportunidade valiosa.

"Mas, verdade seja dita, Ainz-sama é realmente incrível ~arin-su!"

"Mhm. Sim, sim, Shalltear. Afinal, Ainz-sama inventou um plano que conseguiu
surpreender até mesmo a Albedo e o Demiurge...”

“C-Como esperado de Ainz-sama. Vo-Você é muito legal. E-Eu realmente te admiro mu-
muito.”

"...Me. Sinto. Envergonhado. Na. Minha. Insensatez. E. da. Minha. Falta. De.
Inteligência."

"Tudo o que posso dizer é que nossa incapacidade de acompanhar as considerações de


Ainz-sama é realmente imprópria."

O louvor dos Guardiões apunhalou Ainz como espadas.

Embora Ainz não pudesse deixar de pensar nisso como escárnio, os olhos dos
Guardiões estavam cheios de respeito e lealdade, e sua adoração a ele era genuína.
Portanto, Ainz não os contradizia, mas usou suas habilidades de atuação para
responder, como de costume.

“É um exagero de vocês. Foi apenas uma coincidência. E no final, Demiurge e Albedo


viram através disso.”

“Não, se não tivesse respondido assim, Ainz-sama, eu não teria conseguido ligar os
pontos.”

“Demiurge está correto. Planejar tão à frente sem qualquer conhecimento da situação
é um feito apenas possível pelo maior dos Seres Supremos. Eu me apaixonei ainda mais
por você.”

"Como esperado de Ainz-sama, cujo intelecto supera até mesmo o de Demiurge, a


mente mais sábia em Nazarick ~arinsu!"

"É verdade! Ainz-sama é realmente incrível!”


Aura exclamou seguida por Mare:

"Mm! R-realmente incrível!”

“Eu. Já. Sabia. A. Tempos. Que. O. Ainz-sama. Possui. Excelentes. Habilidades. Mas. Eu.
Não. Posso. Imaginar. Tanta. Proeza... Como. Esperado. Do. Maior. Dos. Tesouros. De.
Nazarick.”

Albedo completou:

"Bem colocado. Ele está cheio de compaixão e transborda de sabedoria. Não há melhor
mestre para nós do que você, Ainz-sama!”

"...Ahh."

“Venha para pensar sobre isso, há um assunto que precisa ser decidido. Embora eu não
tenha nenhum problema em abordá-lo como Rei, um título tão simples pode resultar
em ele ser confundido com os insetos que nos cercam. Eu sinto que devemos considerar
uma forma mais adequada de endereço para o Ainz-sama.”

Os Guardiões aprovaram por unanimidade a sugestão de Demiurge.

"Você aprova, Ainz-sama?"

"Está bem. Faça como achar melhor.”

Ser chamado de Rei Ainz Ooal Gown já era ruim o suficiente. Sua excitação emocional
já havia começado a chutar várias vezes quando ele pensou sobre as implicações de
nomear-se um rei.

"Alguém tem alguma sugestão?"

"Então, permita-me começar ~arinsu."

Disse Shalltear quando ela levantou a mão:

“O nome que escolhemos deveria obviamente indicar a beleza suprema de Ainz-sama


~arinsu. Eu sinto que o Belo Rei seria adequado ~arinsu.”

“Ohhh!”

Os Guardiões disseram em aprovação.

O Belo Rei Ainz Ooal Gown?


"Oh, eu! Euuuuu~”

Aura se levantou com a mão para cima:

“O nome deve destacar o poder de Ainz-sama! Que tal o Poderoso Rei, ou o Forte Rei,
se preferir mais curto?”

“Entendo...”

Os Guardiões murmuraram.

O Forte Rei Ainz Ooal Gown?

"Então, então. Po-posso tentar? Erm... porque o Ainz-sama é muito gentil, pode ser
bom deixar as pessoas saberem disso. Então, então, t-talvez pudéssemos tentar o Rei
Misericordioso?”

Os Guardiões assentiram.

O Rei Misericordioso Ainz Ooal Gown?

"Quanto a mim..."

Aqui Demiurge fez uma pausa para amplificar o efeito e:

"Para louvar o intelecto exaltado de Ainz-sama, proponho o Sábio Rei.”

O Sábio Rei Ainz Ooal Gown? ...Me desculpe, mas eu realmente tenho que passar isso...?

"O que você acha, Sebas?"

Em resposta à pergunta de Albedo, Sebas respondeu:

"Acho que um simples “Rei” já serve."

“Então é a minha vez. Porque ele é o Ser Supremo que está no topo de todos os outros
Seres Supremos, acho que o Grande Rei seria apropriado.”

Os Guardiões mais uma vez murmuraram em aprovação.

O Grande Rei Ainz Ooal Gown? Como devo dizer isso... todos esses nomes... soam
terrivelmente exagerados.

Todos os olhos repousaram no único Guardião que ainda não havia falado.
“E você, Cocytus? Embora possa ser um pouco difícil competir com o Grande Rei, você
tem algum título que você acha que se encaixa no Ainz-sama?”

“Umu. No. Futuro. Ainz-sama. Vai. Governar. Muitas. Raças... Assim. Sendo. Ele. Vai. Ser.
Um. Magic. Caster. Que. Governa. Como. Um. Rei— Eu. Acho. Que. Rei. Feiticeiro. Se.
Adequa. Melhor."

Os Guardiões não responderam imediatamente.

No entanto, todos eles olhavam para Ainz. Pelo olhar deles, todos sentiram que não
havia melhor título do que aquele, embora Albedo parecesse um pouco desapontada.

"Muito bem. Então eu vou usar a sugestão de Cocytus.”

Ainz levantou-se lentamente.

“Quando nossa nação for fundada, eu me chamarei de Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown!”

Ainz acenou com as mãos em constrangimento para evitar os estrondosos aplausos


que se seguiram. Na verdade, ele estava se sentindo tão desconfortável que todo o seu
corpo estava começando a coçar.

"Bem então! Vamos demonstrar o poder de Nazarick na batalha entre o Reino e o


Império!”

“É como diz, Ainz-sama. Eles desejam investigar os limites do poder de Ainz-sama.


Pouco sabem eles sendo manipulados por nossas mãos.”

Demiurge continuou, de excelente humor.

“Antes que as negociações possam ocorrer, o mais importante é dar um poderoso


golpe à outra parte e deixá-los entender a diferença entre o nosso poder e o deles.
Criaturas tolas como os humanos fazem coisas tolas porque não percebem quão
poderosos são seus oponentes. De fato, aquele Imperador é uma criatura tola por não
saber que baixar a cabeça e lamber as botas de Ainz-sama é o curso de ação mais sábio.”

"Eu mesmo pensei nisso, mas deixar os humanos lamberem as botas de Ainz-sama não
seria uma recompensa?"

"Entendo ~arinsu. Como esperado da Albedo. Ah, mas se eu tivesse que lamber o Ainz-
sama, eu escolheria seu corpo ~arinsu.”

Ainz decidiu fingir que não ouvira Shalltear e Albedo cochichando uma com a outra.

“Então, todos vocês. Comecem a tarefa de exaltar o nome de Nazarick!”


"Entendido!"

Os gritos de reconhecimento dos Guardiões se misturaram e encheram a sala.


Capítulo 02: Preparações Para a Batalha
Parte 1

m mês depois.

U A reunião foi convocada no Palácio de Valência do Reino Re-Estize. Gazef


Stronoff estava parado imóvel ao lado do Rei Ranpossa III, que estava sentado em seu
trono. Ele examinou as fileiras cerradas de nobres diante dele, e seus olhos se
arregalaram um pouco quando ele identificou as formas dos Seis Grandes Nobres entre
eles.

Os seis reunidos eram uma ocorrência rara, de fato.

Os chefes dessas seis famílias controlavam quase tanto a terra quanto o Rei e, somados
o seu poder militar superava o do próprio Rei. Por causa disso, eles frequentemente
encontraram razões para se desculparem da convocação do Rei. Isso foi especialmente
verdadeiro para o líder da facção anti-realeza — a Facção Nobre — Marquês Boullope,
que nem se preocupava em esconder seu desdém pelo Rei. Já era ruim o suficiente que,
por um tempo, as pessoas achassem que o Reino poderia desmoronar por dentro.

Em seguida, os olhos de Gazef foram para os três filhos do Rei.

A mais atraente de todas foi a terceira filha do Rei, a "Princesa Dourada", Renner
Theiere Chardelon Ryle Vaiself.

Depois disso foi seu segundo filho, o Segundo Príncipe, Zanac Valleon Igana Ryle
Vaiself. Durante a perturbação demoníaca, ele havia ganhado muitos elogios quando
seguiu o Rei em marchar com as tropas para o bem das pessoas.

O último, o filho mais velho, o Primeiro Príncipe Barbro Andrean Ield Ryle Vaiself. Ele
tinha um corpo forte e um corte de cabelo bem aparado, e ele era o homem que o
Marquês Boullope estava tentando colocar no trono. Presumivelmente, Boullope estava
presente nesta sessão judicial a pedido do próprio Barbro.

Qualquer reunião com a presença do Marquês Boullope da Facção Nobre certamente


seria intensa. Gazef desviou os olhos da atmosfera pesada, que parecia pairar sobre a
cabeça, como se reunisse nuvens de tempestade, e olhou para o resto dos nobres.

Dos três homens presentes, que pertenciam à facção real, o primeiro a chamar a
atenção de Gazef foi o Marquês Blumrush, a pessoa mais luxuosa da corte.

Esse nobre com traços bonitos aproximava-se dos 40 anos. Seu domínio continha
minas de ouro e mythril, cuja as minas de metais preciosos fez dele o homem mais rico
do Reino. No entanto, circulavam rumores sombrios de que ele era extremamente
ganancioso, a ponto de trair sua própria família por uma moeda de ouro.
Havia também rumores de que ele havia traído o Reino e estava vendendo
informações para o Império. No entanto, devido à falta de evidências concretas, nada
poderia ser feito sobre ele. Afinal de contas, decapitar Marquês Blumrush — um
defensor proeminente da Facção Real — sem qualquer prova faria com que todos os
nobres que o seguissem mudassem para a facção anti-realeza. Se ele estivesse ciente
desse fato e aproveitasse para continuar vendendo informações, então ele seria
realmente a pessoa mais desprezível presente.

Em seguida, os olhos de Gazef voltaram-se para o mais jovem e bonito dos Grandes
Nobres, o Marquês Pespea.

Ele era casado com a filha mais velha do Rei e tornou-se o chefe de sua casa ao mesmo
tempo que seu casamento. Embora pouco se soubesse sobre suas habilidades e
personalidade, seu pai possuía uma excelente personalidade e era um homem
competente, de modo que Gazef achava que o jovem Pespea poderia tomar conta de Sua
Majestade.

Em contraste, o mais velho entre os Seis Nobres era o Margrave Urovana. Seu cabelo
era branco, e pouco restava que não houvesse absolutamente nada. Embora seu corpo e
membros parecessem de madeira retorcida, ele ainda mantinha as gravitas esperadas
de um ancião.

Urovana foi o mais persuasivo dos Grandes Nobres.

Emaranhados contra eles estavam os três membros da Facção Nobre.

O primeiro foi o núcleo da Facção Nobre, Marquês Boullope, que controlava a maior
parte do território entre os Grandes Nobres. Seu rosto estava fortemente marcado, um
lorde que parecia um guerreiro.

Como ele já estava na casa dos 50 anos, seu corpo outrora robusto que havia sido
aperfeiçoado através de um treinamento implacável era pouco mais do que uma
lembrança do passado, mas sua voz e o olhar de predador faziam as pessoas pensarem
que devia haver mais do que uma mera sombra do guerreiro que ele foi no passado.

Embora ele “como guerreiro” tivesse perdido muito de sua força para a velhice, como
comandante, ele era um comandante melhor do que até mesmo Gazef, o que o tornava
tão indispensável para o Reino quanto o Capitão Guerreiro.

Ao lado dele estava o Conde Lytton.

Ele era um homem cuja aparência chamava a atenção para a imagem de uma raposa, e
também um dos membros de menos influência dentre os Seis. Como tal, ele recorreu a
formas e meios para elevar seu status. No entanto, sua personalidade de não se
importar com o sofrimento dos outros, se isso significasse que ele poderia expandir seu
poder, não foi bem recebida por outros nobres. Aliando-se ao Marquês Boullope deve
ter sido um movimento estratégico para escapar de seus inimigos.

O homem final da Facção Nobre tinha cabelo loiro penteado para trás e olhos azuis
estreitos.

Seu rosto estava pálido e de aspecto nada saudável, com poucos sinais de que vira
muita luz do sol. Ele era alto e magro. Combinado com sua pele amarelada, ele dava a
impressão de uma cobra. Ele ainda não tinha 40 anos, mas parecia mais velho por causa
de sua palidez doentia.

Com emoções misturadas em seu coração, Gazef desviou o olhar para longe — para
longe do Marquês Raeven.

A iminente sucessão do próximo monarca só intensificara as lutas pelo poder.

O Marquês Boullope e o conde Lytton da Facção Nobre, assim como Margrave


Urovana, da Facção Real, apoiaram o Primeiro Príncipe Barbro, enquanto a maioria dos
nobres não afiliados apoiava Marques Pespea, que se casara com a Primeira Princesa.
Raeven estava do lado do Segundo Príncipe Zanac, enquanto o Marquês Blumrush não
parecia estar preocupado com questões de sucessão.

Por todas essas razões, o Rei sentou-se em seu trono sem fazer barulho. Se ele
apontasse o dedo para alguém, havia o perigo de uma guerra civil irromper.

Até recentemente, Gazef não tinha opinião sobre quem deveria se tornar o próximo
rei. Mas agora seu coração estava inclinado em direção a Zanac. Ou isso, ou a Princesa
Renner como um cavalo azarão, mas o Reino, em toda a sua longa história, nunca fora
governado por uma rainha, de modo que isso provavelmente estava fora de questão.

"Agora, então, vamos começar."

O tom do Rei parecia um pouco diferente do habitual. Aqueles com orelhas sensíveis
podem ter adivinhado o motivo da reunião de hoje e mostraram com suspeita curiosa.

"Leiam a proclamação entregue pelo emissário Imperial."

De acordo com as ordens do Rei, os vassalos que flanqueavam os dois lados


começaram a ler o conteúdo do pergaminho.

O conteúdo aproximado fora o seguinte:

♦♦♦
O Império Baharuth reconhece a soberania do Reino independente de Nazarick,
governado pelo grande magic caster conhecido como o Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown, e
formalmente o reconhece como um aliado do Império.

Originalmente, a região perto de E-Rantel era o domínio do Rei Feiticeiro Ainz Ooal
Gown. O Reino Re-Estize ocupa ilegalmente este território e deve devolvê-lo ao seu
legítimo proprietário.

Se o Reino não cumprir com essa exigência, o Império ajudará o Rei Feiticeiro Ainz
Ooal Gown em uma invasão para recuperar o território do Rei Feiticeiro.

Esta será uma guerra justa, travada para acabar com a ocupação injusta.

♦♦♦

Depois que o conteúdo foi lido, a sala explodiu em um burburinho de discussão. Esses
termos eram insanos e todos concordavam com eles.

“Apenas no caso, eu também fiz os estudiosos examinarem a história do Reino, e


nenhuma menção de qualquer indivíduo chamado Ainz Ooal Gown governando os
arredores de E-Rantel foi descoberta. Não há legitimidade para essa afirmação.”

"Em outras palavras, isso não é uma demanda adequada, é um delírio de um louco!"

O grito barulhento ecoou pelo corredor.

A formidável presença do Marquês Boullope — um testemunho de sua antiga glória


como guerreiro — parecia dar coragem aos outros nobres, e eles retornaram seu grito
com sua própria aprovação.

"Embora tenha sido adiada, não é apenas a mesma invasão imperial que eles anunciam
todos os anos? Eles sempre encontram alguma razão estúpida para declarar guerra,
então desta vez, eles devem estar raspando o fundo do barril para jogar o nome deste
magic caster, certo? Eu quero ver a que tipo de palhaço eles deram esse título ridículo
de "Rei Feiticeiro".”

As palavras do Conde Lytton foram seguidas pelo riso irônico dos nobres em massa.

"Contudo..."

O Conde virou seus olhos de raposa — cheios de desdém — em direção a Gazef.

"Eu acredito que nós já ouvimos falar deste Rei Feiticeiro louco antes, não é, Capitão
Guerreiro Stronoff?"

“...De fato, ele foi o magic caster que me ajudou nos arredores de E-Rantel.”
O Conde Lytton riu zombeteiramente antes de responder:

"Entendo, ele deve ter ajudado porque ele pensou que eles eram seus próprios
camponeses."

A risada desdenhosa dos nobres podia ser ouvida por toda parte, mas ninguém a
impediu, porque Gazef, que nasceu plebeu, era odiado por muitos membros da Facção
Nobre.

Se fosse um membro da Facção Real, o rei teria intervindo, mas como o Conde Lytton
pertencia à oposição, o Rei só podia franzir a testa.

“Parece que foi o Império que incendiou as vilas agrícolas perto de E-Rantel, não acha?
O Capitão Guerreiro-dono parece pensar que foi o trabalho da Teocracia Slane. A pessoa
que os resgatou se chamava Gown, certo? Não é esse magic caster envolvido com o
Império? Acredito que alguém tenha dito anteriormente que o magic caster era um
espião tentando nos infiltrar. E você não conseguiu encontrar nenhum traço dos corpos
das pessoas que quase te mataram, você conseguiu, Capitão Guerreiro-dono?”

Em sua mente, Gazef recordou a visão dos poderosos membros das Seis Escrituras,
bem como a poderosa forma de Ainz Ooal Gown.

“Embora os corpos tenham desaparecido como o Conde Lytton disse, não sinto que o
Império estivesse envolvido. Quando eu estava no Vilarejo Carne, os cavaleiros que nos
atacaram eram muito mais fortes que os do Império. Eles usaram anjos, e não há dúvida
de que eles eram uma unidade da Teocracia Slane.”

"E por que a Teocracia faria isso?"

Como eu deveria saber?

De fato, se Gazef pudesse dar uma resposta como essa, isso o faria se sentir muito
melhor.

Assim que o tribunal estava prestes a entrar em disputa devido ao silêncio de Gazef,
uma voz de ajuda ecoou do lado de Lytton.

“Esse magic caster louco é irrelevante! O que precisamos decidir é como responder ao
falso imperador, não é verdade, Vossa Majestade?”

“É como o Marquês Boullope diz. Precisamos decidir qual será a resposta do Reino.”

"Eu peço sua permissão para falar..."

Marquês Pespea disse enquanto avançava:


“Aceitar os termos do Imperador será muito difícil. Nosso único recurso é a guerra.”

A menção da guerra provocou atividade entre as fileiras cerradas da nobreza.

“Oh! Agora é a hora de esmagá-los de uma vez por todas e depois levar a luta até a
porta do Império.”

"Você está absolutamente certo, eu estou cansado das constantes invasões Imperiais."

"É hora de deixar os idiotas do Império saberem como podemos infundir medo neles!"

"Exatamente, assim como o Marquês diz."

Essas palavras, espremidas por risadas espalhadas e repetidas por toda a multidão de
nobres, rangiam insuportavelmente nos ouvidos de Gazef.

Nos últimos anos, eles encontraram regularmente o Império no campo de batalha nas
Planícies Katze.

Na maior parte do tempo, eles simplesmente traçavam linhas de batalha e se


confrontavam, ou escaramuçavam brevemente com pequenas perdas para o Reino. Este
ano provavelmente seria mais do mesmo, e os nobres assumiram um ar de frouxidão
enquanto imaginavam os mesmos velhos eventos acontecendo novamente.

No entanto, Gazef falou, estimulado pelo grito dos instintos de seu guerreiro.

"Não pense que esta batalha terminará em um pequeno conflito como sempre
aconteceu!"

Os nobres pareciam ter sido salpicados com uma bacia de água fria e viraram olhares
reprovadores para ele.

"Entendo. Isto é o que nosso Capitão Guerreiro realmente acredita. Você pode nos dar
uma razão para isso?”

"Sim, Vossa Majestade, isso é—"

A imagem de uma certa pessoa tocou os sinos de alarme em seu coração.

“—O motivo para isso é, é por causa do magic caster, Ainz Ooal Gown.”

“Sendo esse o caso, o único de nós que realmente o viu cara a cara seria você, Capitão
Guerreiro. Isso significa que devemos dar algum peso às suas palavras. Você pode nos
dizer o que te faz dizer isso?”
Palavras faltavam para Gazef. Ele não pôde dar uma boa resposta. Ele não sabia como
explicar, mas o seu instinto de guerreiro dizia que tomar uma decisão ruim sobre essa
guerra seria extremamente perigoso.

"Meu Rei, você não poderia entregar os arredores de E-Rantel para o Império, não,
para aquele magic caster?"

Depois de um momento de silêncio, gritos furiosos voaram pelo ar.

“Você é covarde! Quão vergonhoso você consegue ser, você tem sangue de barata, ou o
quê?!”

Esses gritos vieram dos nobres da facção real.

“Depois que Sua Majestade lhe mostrou tal gentileza, você se vira e diz a ele para
entregar sua propriedade a pessoas de fora? Quando você começou a servir o falso
imperador?! Sem mencionar que você nem respondeu à pergunta de Sua Majestade!”

Em face de tal merecido castigo, Gazef não pôde responder. Se ele estivesse em sua
posição, ele provavelmente teria feito a mesma coisa.

"Basta."

Foi o Rei de Gazef que chegou a ajudá-lo em sua hora de necessidade.

"Mas, Vossa Majestade!"

“Estou profundamente grato por meus súditos serem tão movidos em meu nome. É
por essa razão que peço que você se lembrasse de que meu Capitão Guerreiro nunca me
trairia. Ele se lançou sem medo em perigo inúmeras vezes para mim. Alguém assim
nunca faria nada que me prejudicasse.”

Os nobres que gritaram com Gazef fizeram uma reverência ao Rei. Enquanto ele
reconheceu esse fato, ele continuou falando com Gazef.

“Capitão Guerreiro, em quem confio como minha mão direita. Mesmo se você é aquele
que propõe essa proposta, eu não posso concordar com isso. Desistir de um domínio
sem uma briga não é condizente de um governante. Tal ato não pode ser permitido por
causa daqueles que vivem à mercê do meu comando. Isso arruinaria suas vidas
pacíficas.”

Entregar terras enquanto afastava todos os residentes sem prejudicá-los não passava
de um conto de fadas. Mesmo que fosse possível, não haveria como permitir que os
residentes deslocados vivessem como costumavam, e no final suas vidas ficariam em
pior situação.
"Isso é, sem dúvida, Vossa Majestade, e eu espero que você me perdoe por minhas
palavras tolas."

Gazef abaixou a cabeça enquanto seu Rei, que amava o povo tão profundamente, falou
com ele. Se ele fosse um nobre tolo — um senhorio que simplesmente via o seu povo
como um meio de ganhar dinheiro, o Rei não teria dito essas palavras. Foi por causa da
compaixão do Rei que Gazef estava disposto a entregar sua vida a ele.

Ele lembrou as palavras que ele falou com seu Vice-Capitão há meio ano atrás.

“Quando você procura ajuda, aqueles que atendem são os nobres. Os fortes levarão
ajuda.”

"Esses são os que virão em auxílio dos fracos, independentemente do perigo."

O Gazef de antes, antes de entrar no grande torneio marcial, nunca teria dito tais
coisas. Muito parecido com seu Vice-Capitão, ele teria pensado que não havia nobres
que se arriscariam pelos plebeus.

Depois que ele começou a servir o Rei, no entanto, Gazef percebeu pela primeira vez
que esses nobres bondosos existiam. Lamentavelmente, a esses nobres faltava poder.

Houve muitas vidas que ele não pôde salvar, e tantos incidentes em que o orgulho
inútil dos nobres os levou a lançar obstáculos em seu caminho.

Mesmo assim, o homem a quem ele servia não desistira. Ele continuou trabalhando
para construir um Reino onde seu povo seria capaz de viver vidas melhores a cada dia.

Gazef estava orgulhoso de seu Rei, Ranpossa III. Se não fosse esse o caso, ele teria
desertado para o Império quando o próprio Imperador (Jircniv) tentara conquistá-lo no
campo de batalha.

Mas foi precisamente porque ele era um homem que nuvens negras pairavam sobre
seu coração.

O que o Rei falou era a verdade, e ele tinha a visão correta das coisas. O Rei sempre
estivera cheio de compaixão, mas Gazef sabia o motivo pelo qual o Rei tomara um tom
tão severo.

Depois da perturbação demoníaca, o equilíbrio de poder entre as duas facções havia


mudado muito.

Durante muito tempo, o Reino havia sido dividido em duas facções que haviam sido
em grande parte até recentemente, mas agora a Facção Real havia se expandido,
enquanto a Facção Nobre encolhera.
Porque o Rei tinha corajosamente montado e marchado contra Jaldabaoth, ele era
visto pelo povo como um governante forte, e um bom número de nobres tinha dado seu
apoio ao Rei. Assim, o Rei não podia se dar ao luxo de mostrar fraqueza aqui. No
entanto, dizendo que isso significaria que—

“Ainda assim, o Capitão Guerreiro tem um ponto, não? Podemos evitar uma guerra
entregando uma única cidade. Um Rei também tem o dever de evitar sofrimento
indevido ao seu povo. Um verdadeiro Rei não estaria disposto a rasgar o próprio corpo
por causa do povo?”

Aquele que falou era da Facção Nobre. As palavras eram bonitas, mas foram calculadas
para reduzir a quantidade de terra controlada pelo Rei e, como tal, a Facção Real
instantaneamente refutou-as.

“Aquela terra é propriedade do Rei! Se você desistir da terra para o inimigo, por que
não entregar logo?!”

A resposta veio com a mesma rapidez.

“Que tipo de baboseira é essa?! O Império pediu por E-Rantel e seus arredores! Você
realmente acredita que eles aceitariam minha terra fronteiriça? Por que você não pensa
antes de falar?”

A Facção Real ficou mais forte, enquanto a Facção Nobre enfraquecera. Isso
simplesmente deixou a Facção Nobre ainda mais desesperada para coibir o Rei.

O equilíbrio perturbado entre as duas facções foi a fonte do desconforto de Gazef. Uma
vez que o equilíbrio entre facções desmoronasse, os esforços da Facção Nobre de
enfraquecer o Rei só se intensificariam. Isso pode levar o Reino a se dividir no meio no
futuro próximo.

Sendo esse o caso, o Rei teria que mostrar sua força para reprimir qualquer tentativa
de revolta contra os rebeldes em potencial. Contudo—

A incapacidade de admitir fraqueza não é uma coisa perigosa em si?

♦♦♦

Perdido em seus pensamentos, Gazef só voltou à realidade depois de vários olhares


frios de membros da Facção Real. Eles devem ter pensado que ele tinha secretamente
ido para a Facção Nobre porque ele havia sugerido a entrega do território do Reino. Ao
mesmo tempo, esses olhares de reprovação para Gazef tinham outro significado, por
ser um camponês ferido que esquecera a generosidade do Rei.

“Hmph! Então, por que você não pede ao Rei que troque suas terras com a região ao
redor de E-Rantel e depois as entregue?!”
“Como se a terra pudesse ser tão facilmente negociada! Seus tolos!"

"Todos vocês são tolos!"

As chamas dessa briga infantil envolveram todo o salão de reuniões. No passado,


disputas como essa terminariam em um impasse devido ao equilíbrio de poder, mas
agora as vozes da Facção Real eram mais altas que as da Facção Nobre.

Normalmente, o Rei teria parado isso. Ele não parecia inclinado a fazê-lo agora,
provavelmente porque a Facção Real tinha a vantagem agora.

Quase qualquer ser humano acharia difícil pôr fim às circunstâncias que favoreciam a
si mesmas. O Rei também deve ter desejado desabafar suas frustrações com a Facção
Nobre.

É como se ele estivesse degustando um veneno doce...

Lentamente, Gazef começou a sentir uma convicção fria e negra aos olhos da Facção
Nobre. Um calafrio correu por sua espinha.

O ataque do arquidemônio (Jaldabaoth) foi a causa de tudo.

Naquela época, a decisão do Rei de levar seus homens para a batalha era
indiscutivelmente a melhor. Sem sua ajuda, as linhas de batalha poderiam ter
quebradas e os aventureiros teriam sido devastados. Se o grupo Rosa Azul tivesse caído
com eles, o Reino estaria em uma grande situação.

No entanto, quando Gazef olhou para a cena que se desenrolava à sua frente, não pôde
deixar de se perguntar se deveriam ter feito outra coisa.

Como seria essa sessão judicial se a força de ambas as facções estivesse em igualdade?

Eu não sei, mas... ah, isso mesmo, e se perdêssemos essa guerra com o Império?
Continuaríamos resistindo até o fim? O que seria? A Facção Real perderia uma grande
parte de sua força instantaneamente, enquanto a da Facção Nobre subiria. Voltaríamos
aos dias em que ambos os lados estavam equilibrados depois de um grande
realinhamento? Ou o equilíbrio de poder desmoronaria completamente e mergulharia o
país na guerra civil? Estaria tudo bem?

Ele não gostava desse sentimento, a sensação de que apesar de fazer suas próprias
escolhas, ele ainda estava dançando ao som de outra pessoa.

Será que tudo isso foi planejado desde o momento em que conheci o Gown-dono? Não,
não quero pensar que esse seja o caso. Nós só falamos um com o outro brevemente, mas
ele não deixou essa impressão em mim.
Do modo como Gazef se dirigiu a ele com honrarias, mesmo em seu discurso — e em
seus pensamentos —, ficou claro que ele não apresentava má vontade em relação ao
magic caster Ainz Ooal Gown, embora ele agora fosse um inimigo.

...Talvez ele pudesse pacificamente assumir o controle do... ah, não, se eu continuar
pensando assim, será traição.

"Acho que já é hora de pararmos com essas disputas mesquinhas."

Uma voz masculina profunda cortou a comoção — todos ficaram em silêncio enquanto
tentavam encontrar sua fonte.

Gazef mordeu o lábio quando outra pessoa usurpou o papel que o Rei deveria
representar.

Essa vitória foi doce como mel...

Ele não achava que era grande coisa. No entanto, o Rei se deixara levar por essa
doçura? O Rei que Gazef estava tão orgulhoso se submeteu a isso? Ele não podia apagar
tais pensamentos de sua mente.

"Vossa Majestade, se a invasão do Império é uma conclusão precipitada, então


devemos nos preparar."

"Marquês Raeven, isso é algo que apenas Sua Majestade—"

O Marquês Raeven interrompeu essas palavras da Facção Nobre.

"—Um momento por favor. Se as tropas de Vossa Majestade forem derrotadas, quem
sabe onde o Império atacará em seguida? Portanto, vou cooperar plenamente com
Vossa Majestade para proteger meu domínio.”

O silêncio caiu.

As tropas do Reino eram civis recrutados. Não havia como eles serem páreo para as
tropas profissionais dos Cavaleiros Imperiais. A única maneira de derrotar a vantagem
do Império na qualidade das tropas era com números esmagadores. Foi assim que as
coisas aconteceram nos últimos anos. Se eles não conseguissem reunir tropas
suficientes para igualar as do Império, então o resultado da guerra já estaria
assegurado.

Depois de ouvir as palavras de Raeven, os membros da facção nobre imaginaram os


Cavaleiros Imperiais devastando suas terras também.
Os primeiros a anunciar seu apoio ao Rei foram os nobres que detinham terras entre a
capital e E-Rantel, seguidos pelos nobres que mantinham laços estreitos com o
primeiro grupo e, no final, todos os nobres se comprometeram a apoiá-lo.

"Tudo bem. Então, nós atrasaremos nossa resposta ao Império, e reuniremos nossas
tropas no lugar habitual antes de declararmos guerra. Naturalmente, também estarei
presente.”

"Por favor, deixe-me acompanhá-lo no campo de batalha, pai!"

O único que gritava era o Príncipe Barbro, que estivera esperando silenciosamente ao
lado até agora.

"...Não, não. Não há necessidade de incomodar você — como o primeiro na fila de


sucessão ao trono — a entrar em campo. Eu irei desta vez, ani-ue.”

O Primeiro Príncipe Barbro virou-se para a pessoa que falara ao lado dele, o Segundo
Príncipe, Zanac. A resposta de Barbro foi curta e objetiva.

"Não há necessidade?!"

Sua réplica estava cheia de hostilidade.

A proposta do Zanac foi razoável. Como o Rei já estava indo para o campo de batalha,
seria muito perigoso trazer seu filho mais velho junto com ele. Barbro entendeu isso,
mas mesmo assim, sua recusa veio de seu ódio por Zanac.

Isso também se originou da perturbação demoníaca.

Durante o distúrbio demoníaco, Zanac havia patrulhado a capital e recebido elogios de


muitos cidadãos. Barbro, por outro lado, escondeu-se no interior do palácio. Como
resultado, o número de nobres apoiando o Zanac também aumentou
consideravelmente.

De relance, Zanac não parecia particularmente heroico, e o contraste entre sua


aparência e seus feitos corajosos o fizeram sobressair. Por outro lado, Barbro parecia
impressionante, mas sua inação o fez parecer covarde. Para apagar essa vergonha,
Barbro queria ir ao campo de batalha para mostrar seu valor marcial.

O Primeiro Príncipe (Barbro) era um guerreiro razoavelmente talentoso, claro, de


acordo com sua aparência. Dito isso, ele ainda levava um estilo de vida sem chamar
atenção, e não era forte o suficiente para bater em alguém como o guarda-costas da
Princesa Renner, Climb, que treinara a si mesmo até vomitar sangue.

Mesmo assim, ele ainda pode ser considerado o mais forte lutador da família real.
Alguém como ele não poderia suportar perder para Zanac, cujo o sobrepeso significava
que ele mal conseguia manter o equilíbrio depois de balançar uma espada uma vez.
Embora o Marquês Raeven tivesse dito uma vez: "Qual a relevância da esgrima para um
rei?", Barbro sabia que ele era o intelectual inferior de Zanac e, como tal, estava ainda
mais determinado a não perder sua especialidade escolhida.

Não importava os meios a serem usados, não se pode ficar atrás do adversário na
guerra dos tronos.

As entranhas de Gazef doeram enquanto ele considerava as crises potenciais


escondidas dentro do Reino.

Embora ele quisesse renunciar sua posição depois que o Rei abdicasse e se dedicasse
apenas a proteger Ranpossa III, falando realisticamente, provavelmente seria muito
difícil conseguir isso.

Além disso, ele provavelmente não se qualificaria como um sujeito leal se não
trabalhasse como o Capitão Guerreiro para salvar vidas que poderiam ser salvas. O Rei
pode nem mesmo permitir que ele faça isso em primeiro lugar.

Se houvesse alguém no seu nível que pudesse substituí-lo como Capitão Guerreiro,
então ele alegremente entregaria sua posição. No entanto, ele não conseguia pensar em
tais pessoas. Havia uma pessoa que era tão forte quanto Gazef, mas essa pessoa nunca
concordaria em se tornar o Capitão Guerreiro em seu lugar.

O que o Brain planeja fazer no futuro? Ele tem algo em mente?

Embora Brain tivesse se tornado subordinado direto da Princesa Renner, Gazef tinha a
sensação de que ele partiria em breve. Se ele desaparecesse, provavelmente seria para
aprimorar suas habilidades de espada. Como homem ligado aos tribunais, Gazef não
pôde deixar de admirar esse estilo de vida.

Ele se lembrou da esgrima polida de Brain.

Depois do distúrbio demoníaco, Gazef e Brain haviam trocado golpes em justas


amigáveis.

Embora Gazef tivesse triunfado naquela partida séria, ele podia sentir as horas que
Brain havia colocado em seu trabalho de espada enquanto o vento da passagem de sua
espada soprava através de seu cabelo.

Por tudo que ele sabia, Brain poderia acabar se tornando mais forte do que ele mesmo
em alguns anos.

Brain... se ele concordasse em tomar o meu lugar como o próximo Capitão Guerreiro, eu
concentraria minha energia em treinar a próxima geração, para que o Reino tivesse sua
parcela de guerreiros habilidosos no futuro.
"Eu certamente concordo!"

A voz do marquês Boullope interrompeu os pensamentos de Gazef. Agora não era hora
de se preocupar com o futuro distante.

“Se você me permitir, eu de bom grado contribuiria com minhas tropas mais fortes
para o esforço e para a proteção da pessoa de Sua Majestade. Que tal isso, Vossa
Majestade?”

“Uhun. Capitão Guerreiro, o que você acha?”

Ele não podia fingir que não tinha ouvido. Isso seria uma mentira. Gazef fez uma
demonstração séria de consideração, ignorando a contração da sobrancelha de Raeven.

A sugestão de Barbro de lutar na frente provavelmente veio de Boullope, que apoiava


Barbro para o próximo rei. No entanto, Gazef não tinha provas disso, então só havia
uma resposta que ele poderia dar.

"Eu acredito que tudo depende da opinião de Vossa Majestade."

O Rei assentiu profundamente e Gazef de repente sentiu uma pontada de culpa.

"Mesmo... bem, se esse é o caso... então você deve vir também."

"Sim! Permita-me apresentar a cabeça do falso imperador para você, pai!”

Enquanto ouvia a resposta entusiasmada de Barbro, Gazef só podia esperar que os


preparativos iminentes afastassem as nuvens de mal-estar que se formavam em seu
coração.

♦♦♦

A habilidade política do Marquês Raeven era a melhor entre os Seis Grandes Nobres,
então seria de se esperar que o escritório onde ele mostrasse suas habilidades fosse
impressionante. No entanto, este não foi o caso. Muitos ficariam surpresos se
soubessem o número exato de decisões que afetaram o futuro do Reino que havia sido
redigido em um lugar tão humilde e apertado.

O interior da sala estava cheio de estantes de livros, e os livros e pergaminhos


rotulados estavam arrumados de uma maneira que sugeria a personalidade de seu
dono. No entanto, não foi por causa dessas coisas que a sala era tão pequena, embora
fossem parte da razão para isso.

A maior razão não pode ser vista a olho nu.


A casa senhorial de Raeven foi construída com tijolos revestidos em estuque. Isso era
costumeiro quando se tratava da construção de uma casa nobre, e o escritório de
Raeven não era exceção.

No entanto, o interior daquelas paredes estava coberto de folhas de cobre que


envolviam toda a sala.

Isso foi feito para interferir nas magias usadas para espionar, observar ou detectar sua
localização.

A sala sem janelas parecia um pouco claustrofóbica, mas do ponto de vista de custo-
efetividade era bem prática e poderia ser suportada.

Ao retornar do Palácio de Valencia, Raeven foi direto para este escritório, que foi
protegido contra magia. Ele cruzou para o outro lado de sua mesa de trabalho
resistente antes de cair em sua cadeira, de uma forma que sugeria que ele tinha ficado
completamente sem energia.

Então, ele cobriu o rosto com as mãos. Qualquer um que o visse não pensaria em um
grande nobre que comandasse poder e privilégio inigualáveis no Reino, apenas um
homem de meia-idade que havia sido desgastado pelo peso do estresse e da
responsabilidade.

Ele levantou os fios moles de seu cabelo loiro com os dedos, penteando-os de volta e
recostando-se em seu assento enquanto seu rosto se contorcia.

Talvez fosse porque ele estava relaxado agora, mas o estresse acumulado durante a
sessão do tribunal se transformou em raiva, que encheu seu coração. Em instantes,
ultrapassou sua capacidade de conter e explodiu no ar com um poderoso grito.

"Idiotas, todos e cada um deles!"

Ninguém entendeu o que estava acontecendo. Não, se alguém tivesse entendido e


estivesse se aproveitando da situação, eles seriam, de fato, maestros estrategistas.

Neste momento, o Reino estava em grande perigo.

As bravatas do Império levaram a problemas graves, como a escassez de alimentos, e


depois surgiram outras questões que estavam começando a se precipitar. A única razão
pela qual nenhuma brecha no Reino havia aparecido até agora fôra porque os nobres
acreditavam honestamente que "nós só precisamos aguentar um pouco mais até que a
outra facção colapse primeiro".

O Império empregava guerreiros profissionais conhecidos como cavaleiros, mas o


Reino não tinha soldados equivalentes entre seus soldados. Para resistir às invasões
Imperiais, precisavam recrutar os camponeses. O resultado disso foram vilarejos em
todos os lugares com falta de mão de obra por um período de tempo.

O Império tinha uma firme compreensão da prática de recrutamento do Reino e,


assim, eles declararam guerra durante a época de colheita.

Durante a época mais movimentada de um vilarejo agrícola, o impacto da mão de obra


adulta — a fonte mais importante de trabalho — desaparecendo por um mês não era
algo a se desprezar. É claro que a idéia de simplesmente não recrutar tantas pessoas
vinha à mente, mas em face das forças armadas do Império, que estavam muito melhor
treinadas e armadas, o Reino não poderia reunir nenhuma resistência sem o peso dos
números ao seu lado.

Houve uma ocasião em que a falta de recrutas resultou em tremendas baixas para o
Reino. Felizmente, o contra-ataque liderado por Gazef teve sucesso, matando dois dos
Quatro Cavaleiros originais e pondo fim à guerra, já que ambos os lados haviam vencido
e perdido. No entanto, a verdade era que o Reino havia sido enfraquecido e, devido à
luz dos muitos cidadãos perdidos, o Reino havia saído como o lado com a maior perda
da equação.

E mesmo durante estas circunstâncias...

“Esses traidores imundos! Esta luta de poder tola! Aqueles idiotas, brigando por um
lugar idiota!”

O Marquês Blumrush, um dos Seis Grandes Nobres, havia traído o Reino vendendo
suas informações ao Império. Os nobres se dividiram em duas facções e lutavam pelo
domínio. Ambos os príncipes estavam observando a sucessão como cães brigando por
um osso.

Marquês Raeven bateu em sua mesa repetidamente, exalando sua raiva.

“O Rei também não ajuda a causa! Ele não é bobo e ele não está bêbado no poder, mas
ele não está pensando em nada! Se ele não desistir de seu assento em breve, isso só
piorará a crise de sucessão! A Princesa Renner deu a ele uma boa oportunidade,
tornando as coisas favoráveis para a Facção Real, então ele deveria se apressar e
transferir o poder para a próxima geração o quanto antes!”

Durante a perturbação demoníaca, a pessoa que encorajou o Rei a entrar em campo


pessoalmente foi a Princesa Renner.

Por causa disso, a influência da Facção Real aumentou muito, e eles deveriam ter sido
capazes de colocar o Príncipe Zanac no trono, se tivessem defendido isso aqui e ali.
Contudo—
“As coisas acabaram assim porque ele teve pena de seu primeiro filho. Não é como se
eu não entendesse seus sentimentos, mas ninguém está pensando sobre o que é
importante! Ninguém entre eles!”

Estritamente falando, isso não era verdade. Infelizmente, a maioria deles estava sob o
manto de Raeven.

Ele não deveria ter concentrado todos eles sob sua asa. Em vez disso, ele deveria tê-los
disseminado cuidadosamente por todas as outras facções e influenciado os líderes por
dentro. No entanto, sua irritação não estava voltada para si mesmo por não fazer isso
antes, mas para os membros das outras facções, cuja ausência de cérebro lhe causava
dores de cabeça.

"Idiotas, todos e cada um deles!"

Raeven gritou em frustração enquanto pensava nos nobres que tinham cérebros de
goblins, nobres que só podiam ver a isca na frente deles.

“—Mesmo assim, o que devo fazer? Pense, Raeven, pense!”

A frustração de Raeven crescia quando sua respiração se acalmava.

Ele tinha que pensar em como manter o Reino, mesmo diante dos perigos à frente.

“Para começar, esta guerra com o Império é perigosa, especialmente se aquele Ainz
Ooal Gown comandar um grande poder. Eu deveria começar assumindo que ele pode
causar mais de 10.000 baixas sozinho antes de começar o planejamento estratégico.
Então, ao mesmo tempo, vou pressionar para que o Príncipe seja o próximo Rei... Isso
será muito difícil?"

Raeven falou as palavras em sua mente em voz alta enquanto ele organizava seus
pensamentos. Honestamente, ele queria compartilhar esse assunto com alguém e
discutir as consequências. Foi por isso que Raeven apoiava o príncipe Zanac.

O Segundo Príncipe era seu único aliado — embora agora houvesse outra pessoa, a
princesa Renner — entre os membros da realeza. Ambos entenderam o perigo que o
Reino enfrentava e ele a considerava uma companheira de guerra quando se tratava de
planejar o futuro.

Se ao menos ele pudesse subir ao trono, ele poderia tirar um peso do ombro direito.

“...Eu não acho que ele estava brincando quando ele prometeu me tornar o Primeiro-
Ministro. Embora eu não possa aliviar o peso do meu ombro esquerdo, pelo menos isso
melhoraria a condição do Reino.”
O objetivo atual de Raeven era colocar o príncipe Zanac no trono. Se ele falhasse nisso,
o país daria outro passo em direção à ruína.

"Com a ajuda da Princesa Renner, meu trabalho seria mais fácil, pelo menos isso."

Raeven suspirou pesadamente enquanto dava voz a seus pensamentos e planos


futuros.

Mesmo ele tinha dias em que ele queria apenas colocar tudo para baixo e ir embora.

Às vezes, a preocupação excessiva o fazia contemplar a destruição do Reino com suas


próprias mãos, embora esse pensamento específico só tivesse surgido uma ou duas
vezes.

Era como se ele estivesse tentando construir um castelo de areia, cercado por
pequenos pirralhos tentando derrubá-lo. Às vezes, ele sentia vontade de destruir o
próprio castelo de areia, apenas para negar-lhes a satisfação. Ainda assim, ele tinha
uma razão para ignorar esses impulsos destrutivos e continuar firme.

Houve uma batida na porta.

O som parecia vir de uma posição mais baixa do que o habitual. Por um momento,
Raeven mostrou uma expressão que era diferente de seu eu normal. Talvez você possa
dizer que a expressão dele se derreteu; suas sobrancelhas estavam caídas e até o canto
da boca estava estranhamente relaxado.

"Oh isso não é bom. Eu não posso fazer uma cara assim.”

Raeven bateu levemente no rosto, já que sua força de vontade era insuficiente para
restaurar a dignidade adequada a ele. Depois de arrumar o cabelo selvagem, ele se
virou para a porta de metal e falou para que a pessoa do outro lado pudesse ouvir.
Embora sua voz fosse alta, continha uma gentileza surpreendente que indicava que ele
não estava zangado.

"Entre."

Do outro lado da porta estava um menino.

O rosto inocente e adorável do menino estava colorido com um leve rubor na pele
pálida de suas bochechas. Ele parecia ter cerca de 5 anos de idade, e ele caminhou pelo
chão, parando no joelho de Raeven.

"Agora, você sabe que não deveria estar correndo dentro de casa, é pouco refinado."

Uma voz feminina seguiu o garoto até Raeven.


Ela era uma mulher com um rosto bonito que era sombreado pela tristeza. Ela não
parecia uma mulher feliz. Suas roupas eram de excelente qualidade, mas sua vivacidade
estava apagada.

A mulher fez uma reverência para Raeven e depois sorriu.

Com uma ponta de vergonha, Raeven retribuiu o sorriso.

Quando sua esposa começou a sorrir?

De repente, as lembranças daqueles dias vieram espontaneamente para o Marquês


Raeven.

Quando Marquês Raeven era um homem mais jovem, seu coração transbordava com a
ambição e o impulso que era a marca da juventude. E o alvo de sua ambição era o trono.

Aspirar ao trono era um sonho traiçoeiro.

O jovem Marquês Raeven, cheio de confiança em suas habilidades, provavelmente


achava que não tinha outro objetivo digno de ser seu objetivo vitalício. Para esse fim,
ele trabalhou em silêncio, expandiu sua influência, acumulou riqueza, expandiu suas
conexões, esmagou seus inimigos políticos—

Tomar uma esposa não era mais do que parte de seu plano. Contanto que ele pudesse
vender a posição de marquesa a um alto preço, ele não se importava com o tipo de
mulher com quem ele acabaria. Acontece que ela era uma mulher bonita e sombria, mas
Raeven não se importava. Afinal, o importante eram as conexões que ele fazia com a
família de sua esposa.

Sua vida em casa era comum.

Não, era assim que Raeven achava que era. Ele cuidava da mulher com quem se casou
como ferramenta, mas não havia amor entre eles.

Do mesmo modo que o destino criara grandes coisas, algo começou de forma pequena,
sim, de fato, isso mudou Raeven.

Ele virou os olhos para o menino na frente dele.

A primeira coisa que ele pensou quando soube que seria pai era que ele tinha outra
ferramenta para usar. No entanto, quando o menino recém-nascido apertou o dedo com
as mãos pequenas, algo quebrou dentro do Marquês Raeven.

Este era seu filho macio e mole, que parecia tanto um macaco quanto um ser humano.
Ele certamente não achava que ele era adorável. No entanto, quando sentiu o calor que
irradiava de seu dedo, tudo de repente parecia efêmero.
O trono parecia lixo para ele.

O homem impulsionado pela ambição havia morrido por algum momento.

Então, quando Raeven sorriu em agradecimento à sua esposa que acabara de dar à luz
a seu filho, ele se lembrou vividamente da expressão em seu rosto. Era engraçado,
mesmo que ele nunca dissesse isso em voz alta. Ele lembrou que parecia perguntar:
"Quem é essa pessoa?".

Claro, sua esposa pensara que esta era apenas uma mudança temporária causada por
saber que ele tinha um herdeiro. No entanto, Raeven continuou mudando depois disso,
e isso fez sua esposa se perguntar se havia algo errado com ele.

No final, quando sua esposa considerou seu marido antes e depois de sua mudança, ela
chegou à conclusão de que ela preferia o novo Raeven, e sua atitude mudou também. Os
dois eram, finalmente, um casal normal.

Raeven estendeu a mão e levantou o filho, que tentava escalar o joelho.

O garoto gorgolejou de prazer quando ele foi colocado na coxa de Raeven. Ele podia
sentir o calor de seu corpo através de suas roupas, e o peso familiar parecia confortável.
Uma satisfação calorosa e constante encheu seu peito.

Agora, Raeven tinha apenas um objetivo.

"Eu quero deixar um lugar seguro para o meu filho." Era um objetivo que qualquer pai
nobre teria.

Raeven olhou calorosamente para o menino em sua perna e falou com ele.

“Qual é o problema-chu? Rii-tan? Chuchu~”

Apenas duas pessoas no mundo veriam um grande nobre franzindo os lábios e


dizendo “~chu”.

Um deles, o menino, gorgolejou de prazer.

"...Querido, falar dessa forma vai estragar sua gramática."

“Hmph! Bobagem, isso não é mais que um boato sem base.”

Dito isso, Raeven refletiu que seria ruim se ele criasse seu filho errado.

Já que ele era seu filho, isso significava que ele deveria ter um pouco de talento. Ou
melhor, já era bom mesmo que ele não fosse talentoso, mas, como seus pais, eles
tinham a obrigação de descobrir ou cultivar as habilidades de seus filhos. Como tal,
seria ruim se eles o influenciassem negativamente. Mesmo assim, ele se recusou a
desistir dos apelidos amorosos para ele.

O amor era o melhor professor, afinal.

"Não é verdade, Rii-tan? Qual é o problema? Você quer dizer algo ao papai?”

Raeven ignorou a expressão perturbada de sua esposa e perguntou novamente.

“Ehehehe, bem~”

A velocidade com que a pesada porta se abriu indicava o quanto a outra parte estava
ansiosa por isso.

Parecia que ele queria compartilhar algum tipo de segredo, a julgar pela maneira como
ele cobria a boca com as mãozinhas. Ao ver aquele movimento, o coração de Raeven se
derreteu, os cantos dos olhos se arregalaram e ele fez uma expressão que jamais se
esperaria do homem a quem se referia como uma cobra.

“Bem, o que é isso? Você pode dizer Papa~i? Uwah~ o que é isso?”

"É o jantar de hoje~"

"Mm, mm!"

"É o favorito do papai!"

“Uwah! Papa~i ficará muito feliz! O que é o jantar?”

"É peixe Gabra à la meuniere."

“Será isso— O que está errado? Rii-tan?”

Raeven viu a expressão infeliz no rosto do filho e seguiu freneticamente uma pergunta.

"Eu queria dizer isso!"

Relâmpago pareceu brilhar atrás das costas de Raeven.

“Então é isso ~chu, quero dizer, isso é verdade? Bem, então é culpa do Papa~i. Por
favor me perdoe. Rii-tan, você quer me dizer alguma coisa?”

Quando Raeven olhou para ela com as sobrancelhas franzidas, sua esposa, sem saber o
que fazer, cobriu o rosto.
"Rii-tan, por que você não diz papa~i?"

Com um suspiro de aborrecimento, o menino empurrou a cabeça para o lado. Raeven


parecia ter experimentado um tremendo choque, tão desanimado que queria morrer.

"Eu sinto muito, Rii-tan, papa~i é um idiota e esqueceu tudo~ Portanto, você poderia
me dizer?"

Seu filho olhou para ele pelo canto do olho. Parecia que tinha quase conseguido ser
bajulado.

“Não vai dizer ao papa~i? Papa~i vai chorar~”

"Isso — bem, é o peixe favorito do papai~"

"Jura! Papai está tão feliz em ouvir isso!”

Raeven não pôde deixar de beijar as bochechas rosadas do filho várias vezes. Isso fez
cócegas, e então o menino riu inocentemente.

"Tudo bem, então vamos jantar!"

"—Eu não acho que esteja pronto ainda."

"—Que pena."

Parecia que uma bacia de água fria tinha sido despejada sobre sua cabeça, e uma
expressão irritada se espalhou pelo rosto de Raeven. Teria sido fácil ordenar aos chefes
que se apressassem, mas ainda precisavam seguir os passos apropriados para fazer seu
trabalho, e esses passos tinham que ser executados com um tempo específico. Assim, se
ele egoistamente interrompeu sua rotina, a comida não seria tão boa quanto poderia
ser.

Foi por isso que Raeven não deu essas ordens, mesmo que não estivesse feliz com a
espera. Foi também porque ele queria que seu filho tivesse a melhor refeição possível.

“Tudo bem, seu pai está no meio do trabalho. Vamos."

"Táaa~"

Raeven não conseguiu esconder a solidão que sentiu quando ouviu a resposta animada
do filho.

“Ghrun! Espere, na verdade, estou farto do trabalho.”

"Mesmo?"
“Umu. Eu já terminei o que tinha que fazer.”

"...Mesmo? Você não está apenas planejando adiar até amanhã?”

"..."

Mesmo que a esposa estivesse revirando os olhos para ele, Raeven não deixaria o filho
cair do joelho. Agarrou o garoto com força e suspirou ao sentir o calor do corpo quente
do filho fluir para ele.

"...Bem, eu já estava em um beco sem saída de qualquer maneira."

Ele murmurou antes de continuar:

"Não é como se eu pudesse terminar em um dia."

Isso não foi uma desculpa. O fato era que ele não tinha nada urgente para cuidar.

Sua esposa pareceu perceber isso e assentiu várias vezes.

"Eu entendo, mas ainda assim... parece realmente problemático."

"Foi o que eu disse. Eu não preciso de mais braços ou pernas para fazer o meu
trabalho, apenas boas cabeças.”

"Que tal meu irmão?"

"Ele é talentoso, mas, considerando que ele administra o patrimônio da sua família
está sobrecarregado o suficiente, não acho que poderia dar mais trabalho para ele. Você
conhece alguém que possa ser confiável?”

Raeven já havia feito essa pergunta várias vezes e sua esposa lhe dera a mesma
resposta: Não há nobres que possam trabalhar no mesmo nível que você.

A verdade é que, se alguém assim estivesse disponível, sua vida não teria sido tão
difícil como agora. No final, tudo o que ele podia fazer era olhar entre os plebeus. Se
este lugar fosse como o Império, onde havia um sistema nacional de educação que
treinava as pessoas para o serviço público, tudo estaria bem, mas no Reino, procurar
por talentos ocultos era como encontrar uma agulha num palheiro. Tudo o que ele
podia fazer era ouvir rumores de pessoas talentosas e recrutá-las.

Enquanto pensava em quanto tempo e esforço isso precisaria, o coração de Raeven


afundou. Neste momento, seu filho teve uma boa idéia e falou.

"Papa~i, eu quero te ajudar a trabalhar também~"


“Uwah~ Rii-tan, muito obrigado! Eu te amo~chu acima de tudo!”

Raeven não parou de beijar seu filho enquanto continuava sua conversa melosa. Este
era sem dúvida o momento mais feliz da sua vida.

Ele poderia esquecer o estresse de sua vida diária e alcançar uma pequena medida de
paz.

Mesmo que eu tenha que me sacrificar, vou proteger tudo isso.

Raeven jurou em seu coração.

Parte 2

Fazia dois meses desde a declaração de guerra do Império, e agora era a estação que
transformava a respiração exalada vapor branco.

Em vilarejos por todo o Reino, a maior parte do trabalho tinha transitado do exterior
para o interior. Poucas pessoas se aventuraram fora agora. Muitas pessoas ainda não
estavam trabalhando. Isso era verdade até para os aventureiros, que davam a
impressão de trabalhar o ano todo.

Embora houvesse casos em que monstros famintos de repente aparecessem nos


vilarejos e houvesse pedidos de emergência para preencher, havia menos para fazer na
maior parte do tempo. Entrar em território desconhecido seria mais perigoso durante
este período, seja para explorar ruínas ou terras desconhecidas durante este período.
Por causa disso, os aventureiros consideravam isso algo como uma temporada de
descanso e canalizavam suas energias para treinamento, recreação ou negócios
paralelos.

Dito isto, a Cidade Fortaleza de E-Rantel não era assim naquele momento. Estava cheia
de vida e atividade.

Essa comoção, no entanto, era um pouco diferente da das outras cidades do Reino. A
atividade aqui não nasceu da energia usual da vivacidade desta cidade.

A fonte dessa atividade veio do setor mais externo dos três muros.

As inúmeras pessoas reunidas aqui estavam malvestidas. A maioria deles eram


plebeus. Mas o número deles era surpreendente — havia cerca de 250.000 deles. É
claro que E-Rantel nem sempre tinha tantas pessoas assim.
Era verdade que E-Rantel era o nexo de comércio e tráfego entre três reinos, com
pessoas, dinheiro, bens e outras coisas fluindo livremente através dele. Por causa disso,
a cidade era grande.

No entanto, isso por si só não era razão suficiente para apenas um setor ser atulhado
com 250.000 pessoas.

Nesse caso, por que havia tantas pessoas aqui?

Aqueles que melhor poderiam esclarecer isso eram um grupo de jovens.

Carregar lanças sem lâminas — mais como bastões, na verdade — muitos jovens
esfaquearam e empurraram bonecos feitos de madeira e palha, vestidos com
armaduras enferrujadas e escudos.

Este era o treinamento de combate. Sim — as pessoas reunidas aqui hoje, todas as
250.000 delas, foram reunidas para a batalha contra o Império.

Gritos de batalha altos ecoaram por toda parte. Claro, poucos deles foram realmente
gritados a sério. A maioria deles foi tomada pelo medo da batalha vindoura, e eles
treinaram para se distrair da preocupação incômoda de que não voltariam para casa
depois disso.

Mesmo assim, nem todos estavam praticando a sério.

As guerras com o Império foram uma ocorrência anual. Como resultado, muitas
pessoas foram derrubadas por eles. Havia aqueles que se deitavam em nichos discretos.
Havia aqueles que desabafaram suas frustrações para aqueles que os cercavam. Havia
aqueles que se sentaram e abraçaram os joelhos.

Quanto mais velhos eles eram, maior a probabilidade de eles fazerem isso.

Eles não tinham espírito de luta e só queriam voltar para casa vivos.

Essa era a verdadeira face do Exército Real. No entanto, não poderiam evitar isso. Para
começar, eles foram cercados pela força. Então eles foram informados de que teriam
que arriscar suas vidas em uma batalha sangrenta com nenhum ganho para si mesmos.
Mesmo que conseguissem retornar vivos, eles voltariam a uma colheita desperdiçada, e
suas vidas seriam muito difíceis, como uma corda estrangulando-os lentamente.

Isso não era diferente de uma execução prolongada.

As carroças passaram pelos soldados. Suas caixas estavam cheias de grandes


quantidades de alimentos.
Logicamente falando, seria difícil abrigar e alimentar 3% da população do Reino em
uma única cidade. No entanto, E-Rantel foi a linha de frente das guerras com o Império
e fora projetada para acomodar o poderio militar do Reino.

Depois de várias batalhas com o Império, a cidade estava preparada para lidar com
250.000 pessoas com facilidade. Seus armazéns eram enormes e provavelmente eram
os maiores edifícios da cidade.

Os suprimentos continuavam entrando naqueles armazéns.

As pessoas desmotivadas olharam com medo para aquelas carroças. Era como se eles
estivessem olhando para a Morte lentamente rastejando em direção a eles.

Todo mundo sabia o que ia acontecer a seguir.

Esta era uma transferência em grande escala de rações.

Isso significava que a guerra com o Império iria começar.

♦♦♦

Este era o setor mais interno dos muros triplos de E-Rantel.

No centro da cidade estava a mansão do prefeito de E-Rantel, Panasolei Gruze Day


Rettenmaier. Embora fosse uma casa luxuosa, digna do líder da cidade, ainda
empalidecia em comparação com o prédio ao lado.

Aquele prédio era o mais impressionante da cidade — a villa VIP. Era tipicamente
selado, e somente a família real ou aqueles próximos a eles teriam permissão para usá-
lo.

Obs.: “Villa” é um tipo de residência de luxo isolada das demais.

E agora, em uma sala dentro daquela villa, vários homens estavam reunidos em torno
do Rei Ranpossa III e dos Grandes Nobres.

Gazef ficou em silêncio ao lado do Rei, que estava sentado em um trono rústico.

Uma grande mesa dominava o centro da sala, cercada por nobres, que estudavam o
grande mapa que havia sido colocado sobre ele. Havia vários marcadores de posição de
tropas no mapa, e ao redor havia inúmeros documentos espalhados, registros nominais,
relatórios de reconhecimento, registros de combate, relatórios de aparência de
monstros e coisas do gênero. Embora houvesse aguadeiro atrás deles, restava pouca
água.

Foi um testemunho da intensidade dos debates que ocorreram aqui.


A verdade era que o cansaço começava a aparecer nas distintas faces de pedigree dos
Grandes Nobres. À medida que as forças de uma pessoa cresciam, mais e mais coisas
precisavam ser discutidas e mais decisões a serem tomadas. Embora as questões de
baixo nível pudessem ser delegadas aos subordinados, elas tinham que coordenar
pessoalmente os assuntos dos nobres dentro de suas facções.

Como os nobres estavam com seu orgulho na linha, eles não podiam se dar ao luxo de
se envergonhar diante dos outros, o que só aumentava sua carga de trabalho.

No entanto, isso acabou agora.

Marquês Raeven, que parecia o menos exausto de todos aqui, abriu a boca para falar.

Não, era melhor dizer que ele sempre foi o primeiro a falar. Ele poderia ter sido
desprezado como um "morcego", mas ninguém duvidava de sua inteligência. Fazer com
que ele presidisse essas reuniões entre facções era a maneira mais rápida de fazer as
coisas.

“Obrigado a todos por trabalhar com tanto afinco. Na maior parte, acredito que
terminamos nossos preparativos dentro do prazo. De agora em diante, começaremos a
discutir a estratégia para a próxima guerra contra o Império.”

O olhar de Raeven varreu todos os presentes, e ele levantou um pergaminho para


todos verem.

“Esta é uma declaração do Império que chegou há alguns dias. Afirma o local proposto
do campo de batalha.”

O conceito de localizações de campos de batalha propostos resultou do fato de que os


campos de batalha invariavelmente se tornaram locais amaldiçoados que geraram os
undeads. Portanto, quando as batalhas eram travadas entre membros de espécies
semelhantes, eles designavam locais específicos onde eles lutariam. Assumindo que
ambos os lados concordaram, eles poderiam lutar lá sem prejudicar os países dos
outros.

Claro, nem todas as guerras foram travadas assim. Ou melhor, era raro que tais
acordos fossem feitos. No entanto, o Reino e o Império haviam lutado em campos de
batalha designados nos últimos anos.

Mesmo que eles tomassem novas terras, seria mais um problema a se considerar se
gerasse undeads, não havia sentido em defender terras de invasores se isso terminasse
em um local amaldiçoado e inabitável. Ambos os lados compartilhavam o mesmo ponto
de vista, daí os acordos.
Por esse motivo, alguém suspirou de alívio quando Raeven anunciou a missiva. Esse
nobre deve ter pensado que esta guerra seria a mesma que qualquer outra, dada a
natureza familiar da declaração.

“Então, o campo de batalha será—”

"Não é o mesmo lugar antigo, Marquês Raeven? Onde mais poderia ser?”

"De fato. Como o Marquês Boullope diz, o campo de batalha é o mesmo lugar de todos
esses anos. Aquela terra amaldiçoada envolvida pela neblina, as Planícies Katze.
Especificamente, na região noroeste.”

"Como é o mesmo lugar, isso significa que a invasão do Império será a mesma de
sempre?"

Embora o Império alegasse estar ajudando o magic caster Ainz Ooal Gown a recuperar
seu legítimo território, a maioria dos nobres achava que isso era apenas um casus belli
para eles declararem a guerra como sempre faziam.
Obs.: “Casus belli” é o estopim para declarar guerra.

Se isso fosse tudo, Gazef teria concordado, mas Raeven sacudiu a cabeça.

“Infelizmente, Marquês Blumrush, esse não parece ser o caso. Segundo minhas fontes,
o Império mobilizou uma grande quantidade de poder militar para esse engajamento.
Enviei meus subordinados — uma equipe de aventureiros orichalcum — para
acompanhar isso, e embora eles não tenham certeza do número exato, a julgar pelas
insígnias e distintivos das unidades ativadas, o Império enviou seis legiões completas.”

"Seis?!"

A consternação percorreu os nobres reunidos.

O Império tinha oito legiões de cavaleiros, mas até agora, o máximo que eles já haviam
enviado para o campo de batalha foram quatro. Mas desta vez, eles trouxeram uma vez
e meia essa quantia.

"Eles estão... sérios assim?"

A pergunta veio de um nobre com uma expressão desconfortável no rosto.

As seis legiões do Império continham 60.000 homens. O Reino tinha 250.000 homens,
mas embora eles tivessem a vantagem em números, o contrário era verdadeiro em
termos de qualidade das tropas.

"Não tenho muita certeza, mas podemos precisar considerar que isso pode não acabar
em um simples conflito."
Nas batalhas até o momento, onde os 40.000 homens do Império foram contra os
200.000 do Reino, o Império lançaria um ataque, que o Reino enfrentaria, e isso seria o
fim. O objetivo do Império era exaurir lentamente o Reino e desperdiçar seus estoques
de alimentos, de modo que apenas forçar o Reino a entrar em campo realizaria um de
seus objetivos.

Se eles estivessem planejando fazer a mesma coisa, não haveria necessidade de


mobilizar 60.000 homens. Isso significava que eles tinham outro motivo para fazer isso,
pensou Raeven.

"Parece que aumentar o imposto foi a decisão certa a tomar."

No entanto, o aumento dos custos do envio de mais soldados também foi uma dor de
cabeça.

No passado, suas batalhas haviam sido travadas durante a estação de colheita do


outono. Essa guerra seria travada no inverno, exigindo gastos para coisas como lenha,
roupas quentes e coisas do tipo que nunca haviam sido necessárias antes.

Esta guerra foi financiada pelo Rei. Se o poder da Facção Real não tivesse aumentado,
teria sido difícil para o Rei obter fundos, e o próprio poder do Rei teria diminuído
drasticamente.

“Ainda assim, Marquês Raeven. Você não acha que eles mobilizaram mais homens do
que o normal para impressionar o magic caster, chamando a si mesmo de rei com o
qual eles se aliaram, ou apenas querem dar um espetáculo? Afinal de contas, não
levantar um grande exército contra nós resultaria em eles perderem a cara diante de
seus aliados.”

“Eu acredito que é muito provável. Na verdade, dado que não recebemos nenhuma
comunicação deste Ainz Ooal Gown, eu suspeito que esse incidente possa ter sido
planejado pelo Império e este Ainz Ooal Gown é apenas um espectador que foi atraído
para isso. Ele pode até não estar participando disso por vontade própria.”

Pessoalmente, Gazef achava que seria maravilhoso se esse fosse realmente o caso.
Dessa forma, eles não precisariam realmente fazer daquele poderoso magic caster um
inimigo, e quantas pessoas isso salvaria? No entanto, isso pode ser muito otimista.

Gazef abriu a boca até então bem fechada.

"Posso falar?"

"Concedido."

Com a permissão do Rei, Gazef começou a desabafar de suas dúvidas.


“Eu não acho que seja esse o caso. Assim como com esse documento da Teocracia
Slane, não creio que essa declaração de guerra seja uma mera farsa.”

O descontentamento era claramente evidente nos rostos dos nobres.

E-Rantel e seus arredores são o ponto de encontro de três nações. Toda vez que o
Reino e o Império tinham suas pequenas guerras, a Teocracia tornava sua opinião
conhecida. “Para começar,” eles diriam, “E-Rantel e seus arredores originalmente
pertenciam à Teocracia Slane. O Reino assumiu o controle ilegalmente e eles são
obrigados a devolvê-lo aos seus legítimos proprietários. É profundamente lamentável que
tal território indevidamente apropriado se torne objeto de uma luta pelo poder”, e assim
por diante.

Quando ouviram isso, os dois países queriam dizer a eles para pararem de atacar, mas
até agora a Teocracia nunca havia mobilizado suas tropas, então eles acreditavam que o
desacordo deles era puramente verbal.

Desta vez, no entanto, o tom que eles tomaram foi muito diferente.

"A Teocracia não tem registros dele e não pode tomar uma decisão sobre o assunto,
mas se esta terra pertencer a Ainz Ooal Gown, então reconheceremos a legitimidade de
sua reivindicação."

Foi o que o comunicado deles havia dito.

Os nobres do Reino ficaram furiosos com essa afirmação, que soou como se a
Teocracia estivesse deixando o lixo para eles. No entanto, havia aqueles que entendiam
o verdadeiro significado por trás do documento.

A Teocracia Slane estava dizendo: “Não temos a intenção de antagonizar o Ainz Ooal
Gown” em nível nacional.

Isso implicava que a Teocracia Slane, a nação mais forte da região, não estava disposta
a arriscar um confronto com este magic caster.

Mas isso era compreensível.

Pensou Gazef.

“Ele eliminou facilmente uma das Seis Escrituras... e embora ele tenha dito que não as
matou, a Teocracia Slane acha que seria uma má idéia tornar um inimigo de alguém
com tanto poder. Se Ainz Ooal Gown foi puxado para esta guerra pelo Império, eles não
precisariam se abster desse modo.”
“Hmph. Então, e se eles tiverem mais um magic caster, que diferença faz? Não somos
nós que temos 250.000 pessoas?”

Conde Lytton riu diante da cautela de Gazef, a zombaria evidente em sua voz.

Gazef lutou contra o desejo de franzir as sobrancelhas. Embora ele entendesse o poder
chocante de um grande magic caster, ele também entendia de onde Lytton estava vindo.

Se ele não soubesse mais nada, ele teria pensado da mesma maneira também.

Por exemplo, havia o famoso magic caster do Império, Fluder Paradyne. Seu nome era
conhecido em países distantes. Ele havia rumores de ser capaz de usar magia de 5º ou
6º nível, mas para ser honesto, ninguém sabia o quão poderoso ele realmente era.

Isso porque ele nunca havia participado das guerras do Império, nem usou sua magia
para derrotar os exércitos do Reino.

O 6º nível de magia era impressionante, exatamente o quão impressionante ainda


precisava ser visto.

Até mesmo Gazef, alguém que sobrevivera a inúmeras batalhas como o Capitão
Guerreiro do Reino, sentia-se assim.

Os nobres não eram magic caster, mas provavelmente só tinham sido informados
sobre magia como parte de sua educação. Muitos dos nobres do Reino menosprezavam
Fluder, pensando nele como nada mais do que um garoto propaganda do Império. Os
nobres que tinham pouco contato com os usuários de magia, como aventureiros, eram
ainda mais propensos a pensar dessa maneira.

O Conde Lytton era um deles. Para ele, os magic caster eram pouco mais que magos de
palco. É claro que os sacerdotes aos quais ele se dirigia quando estava doente ou ferido
eram assuntos diferentes.

"...Eu não acho que isso esteja certo. Eles podem ser muito difíceis de lidar se eles
usarem magia de vôo e atacarem com magias de efeito de área. Ataques de longo
alcance podem ser bastante prejudiciais. Claro, os magic caster profissionais não fazem
coisas que não os beneficiam. Ainda assim, como o Império trata esse Ainz Ooal Gown é
muito estranho. Eles não iriam tão longe se ele fosse um simples magic caster, então é
melhor ficarmos de guarda.”

Aquelas palavras severas foram ditas por Margrave Urovana, cuja cabeça de cabelos
brancos e rosto enrugado transmitia a severa dignidade de um indivíduo idoso. Como o
mais velho dos seis Grandes Nobres, ele era um claro contraste com o jovem Conde
Lytton. Cada palavra e gesto dele fez o Conde assentir em concordância relutante. No
entanto, havia alguém que se opunha a ele — Marquês Boullope.
“Hmph! Quem é esse Ainz Ooal Gown? Como Lytton disse, o que um homem pode
fazer? Se ele voar pelo ar, nós o derrubaremos com arcos. O mesmo se ele atacar de
longe. O que pode um magic caster fazer? Aquelas histórias de magic caster que mudam
o campo de batalha por si são apenas isso, histórias!”

"...Eu imploro seu perdão, mas não é possível que algumas das sagas heroicas que os
bardos cantarolam possam ser verdadeiras?"

“Acredito que o Capitão Guerreiro-dono não possui todos os fatos. Histórias são
embelezadas para chamar a atenção. Depois que os fatos são exagerados, as histórias
são bem afastadas da realidade. Isso só piora quando bardos espalham histórias
ouvidas de outros bardos.”

"No entanto, se eles pudessem reunir um monte de magic casters que poderiam usar
「Fireball」—"

"E qual a probabilidade que eles possam reunir um grupo inteiro de pessoas que
possam usar 「Fireball」, hm, Capitão Guerreiro-dono?"

"Eu... não acho que seja muito provável".

「Fireball」, uma magia de 3º nível. Seria impossível reunir um grande número de


magic casters que pudessem usar essa magia, mesmo se tivessem as academias de
magia do Império.

"Então, não é essa a resposta? Magia é uma boa arma, mas não importa o quão
poderoso ele seja, um homem não pode mudar o campo de batalha! Você — perdão, o
Capitão Guerreiro-dono é um exemplo perfeito. Já que ninguém consegue se igualar em
um duelo, mas nem mesmo você pode matar dezenas de milhares de pessoas de uma só
vez!”

Ele estava certo. Gazef não conseguia encontrar nada para refutar o argumento do
Marquês Boullope.

Aqueles contos de matar 10.000 homens com uma única magia eram duvidosos na
melhor das hipóteses. Mesmo aquela vovó, Rigrit Bers Caurau dos Treze Heróis, não
conseguiu realizar tal façanha.

No entanto, a inquietação ainda persistia em Gazef.

Será que ele não conheceu um magic caster realmente incrível e simplesmente não
tinha noção disso?

"...Então, e se fosse um Dragão?"


“Marquês Blumrush... aquele magic caster é um humano. Qual o motivo de levar
Dragão?”

"Não, eu quis dizer em termos de um homem lutando contra uma brigada..."

“Em primeiro lugar, não faz sentido mencionar em algo relevante para humanos! Eu
não sei o que você está pensando, com tanto medo de um mísero magic caster...”

Ele virou um olhar penetrante para Gazef.

“Como um dos nobres do Reino, vocês deveriam ter vergonha de si mesmos,


encolhidos diante da visão de sua sombra! ...Ainda assim, não é como se eu não
entendesse a preocupação do Capitão Guerreiro-dono... então, vamos considerar Ainz
Ooal Gown como uma força capaz de igualar cinco mil homens.”

"C-cinco mil?!"

Os olhos do conde Lytton se arregalaram.

"Você não acha que é um pouco demais, valorizando um homem como igual a cinco
mil? Mesmo compará-lo à metade ainda seria um exagero.”

“Eu, por exemplo, considero o Capitão Guerreiro-dono como um par de milhares de


homens, e dado que nosso Capitão Guerreiro-dono é tão cauteloso com esse indivíduo,
nós o contaremos como sendo capaz de lutar cinco vezes do que és capaz. Eu tenho fé
na avaliação do Capitão Guerreiro-dono sobre este homem.”

"Me sinto honrado."

Embora ele ainda duvidasse que o poder de combate de Ainz Ooal Gown fosse apenas
igual a 5.000 homens, isso já era difícil o suficiente para acreditar. Seria melhor
agradecê-lo e tentar melhorar o humor do outro homem. Com isso em mente, Gazef
abaixou a cabeça.

Nesse momento, Primeiro Príncipe Barbro — o até então em silencio — abriu a boca.

"Se eu puder ter um pouco do seu tempo... eu estive pensando. Por que não recrutamos
aqueles aventureiros no exército? Afinal, eles trabalham no Reino, então não estão
sujeitos ao recrutamento do Reino? Por que não podemos forçá-los a se juntar ao
exército? Não me lembro de nenhuma lei no Reino que proíba isso.”

Os Grandes Nobres se entreolharam. Como senhorios, eles entenderam claramente o


valor e o poder dos aventureiros. Por causa disso, eles não pensaram como Barbro.
De sua parte, Gazef achava que a razão pela qual Barbro tinha tais pensamentos era
por causa do Rei. Se o Rei tivesse lhe concedido um feudo para administrar, ele não
teria pensado assim.

Marquês Raeven tossiu.

"Meu príncipe. Eu acredito que você entenda que, exceto os classificados como cobre,
todo aventureiro é mais forte que um soldado comum?”

“Uhum. Claro. É por isso que eles produzirão excelentes resultados quando forem
recrutados. Eles serão capazes de derrotar os cavaleiros imperiais com facilidade!”

“Eu não discuto esse ponto. No entanto, se fizéssemos isso, nossos inimigos — o
Império, por exemplo — também recrutariam aventureiros. O resultado disso não seria
uma batalha entre aventureiros, mas um massacre sistemático das bases dos
aventureiros. As perdas seriam muito maiores e muitos dos fracos morreriam. É por
isso que ambos os lados não usam aventureiros para evitar uma corrida armamentista.
Além disso, as regras da Guilda dos Aventureiros nunca permitiriam isso.”

Os Trabalhadores também não foram usados por razões semelhantes. Além disso, eles
geralmente eram mais caros que aventureiros e menos confiáveis.

"Entendo... entendo a idéia, mesmo que não aceite. Então, e se uma cidade em que eles
estivessem fosse atacada? Se eles ainda não emprestassem suas forças, isso não seria
imperdoável como cidadãos do Império?”

"Eu entendo o ponto que você está tentando fazer. No entanto, eles sentem que
precisam de prudência sobre o que contar ou não para os cidadãos do Reino. Além
disso, eles também podem estar viajando no exterior no momento. Em qualquer caso,
quanto melhor eles forem, mais a nação é diminuída quando ele morrerem em batalha.
Pode levar a uma situação em que um monstro apareça, mas não há nenhum
aventureiro capaz de pará-lo. Como tal, precisamos lidar com os aventureiros com
cuidado.”

“...Marquês Raeven, não mencionou antes que você recrutou alguns aventureiros
aposentados para suas forças? Algo sobre... aventureiros orichalcum aposentados? Por
que isso é permitido?”

"Não tem problema. Eles não estão mais vinculados às regras da Guilda dos
Aventureiros quando se aposentam e não são mais membros. É por isso que os
contratei.”

"...Como direi isso, eu ouvi, mas ainda não consigo aceitá-lo."

Risos suaves e sons de aprovação vieram do nobre contingente.


“Ainda assim, isso só se aplica a aventureiros classificados como orichalcum. Os
aventureiros classificados com adamantite são completamente diferentes. Das duas
equipes de aventureiros no Reino..."

Não havia ninguém aqui que não soubesse das ousadas façanhas de Rosa Azul durante
a perturbação demoníaca.

“Antes de ocuparem o centro do palco, havia outro grupo de aventureiros em posição


de adamantite. Embora todos tenham se aposentado, eles não foram contratados desde
então... Certo, Capitão Guerreiro-dono?”

"Está correto. Há quatro deles. Um deles abriu uma escola exclusiva de espadas para
os alunos que ele escolheu. Outro dois foram em uma jornada. A última é uma vovó que
uma vez pertenceu a Rosa Azul antes de desaparecer.”

Gazef contou os rostos familiares em seus dedos quando se lembrava dos membros.

Enquanto passeava pela capital, fôra arrastado para uma sala de treinamento por seu
futuro professor, e fôra submetido a dias infernais de treinamento e palestras sobre
espadas.

Por causa desse encontro, o Gazef, que deveria ter sido apenas um mercenário,
acabara servindo ao Rei, mas mesmo assim era o caso—

Não, pensando nisso, essas também eram boas lembranças.

"Entendo. Eu também ouvi que a equipe de aventureiros chamada Escuridão está


dentro desta cidade. Se ao menos pudéssemos contar com a Bela Princesa Nabe para
lutar com o Ainz Ooal Gown... mas isso será difícil.”

Embora isso fosse fundamentalmente uma boa idéia, a Guilda dos Aventureiros nunca
permitiria isso.

Vários nobres começaram a amaldiçoar a Guilda em voz alta.

Por exemplo, "Eles não são mais que camponeses!", "Quem eles pensam que pagam as
contas?!" ou "Se eles são cidadãos do Reino, devem trabalhar para o Reino!".

Era natural que os que estavam no poder ficassem descontentes com a Guilda dos
Aventureiros, que se recusou a se submeter a esse poder. No entanto, também era um
fato que eles eram os únicos que podiam lidar com monstros.

Se a Guilda dos Aventureiros deixasse o Reino, eles não teriam como espancar
poderosos monstros. Como resultado, o Reino seria lentamente destruído, e nem
mesmo a presença de Gazef mudaria isso.
Monstros tinham muitas habilidades especiais, e derrotá-los exigiria um repertório
igualmente diversificado de ataques, defesas e métodos de cura. Por causa disso, os
aventureiros eram indispensáveis. Seria uma questão diferente se eles pudessem
incorporar os magic casters e rangers em suas forças, assim como o Império fazia.

“Ah, como esperado de Vossa Alteza! Eu sinto que esta é uma idéia maravilhosa!”

Aquele que falou fôra um barão.

Ele era muito fraco para participar dessa reunião, o que significava que ele era o
vassalo de alguém.

“Como uma magic caster, ela pode ter algumas idéias sobre essa situação. Pode ser
bom apenas ouvir o que ela tem a dizer. Talvez devêssemos mandar um emissário para
cá, apenas no caso.”

A idéia encontrou uma pequena quantidade de aprovação. A maioria dos que


concordaram eram nobres de baixo escalão e, do modo como elogiavam Barbro,
provavelmente estavam agindo como cachorros da Facção Nobre.

Eles não pareciam ter notado os rostos que as pessoas mais perspicazes estavam
fazendo.

"Então vá..."

Ordenou o Rei com uma voz cansada antes de continuar:

“Momon-dono é um aventureiro adamantite. Você não deve ofendê-lo em nenhuma


circunstância!”

"Entendido! Este Cheneko cumprirá o decreto real ao pé da letra!”

"Mesmo. Bem, então tome cuidado para não ofender o Momon-dono.”

O Rei acenou para ele novamente depois de repetir suas ordens. O nobre em questão
saiu da câmara, transbordando de orgulho.

Ele não parecia ter percebido que seria cruelmente posto de lado se algo desse errado.

“Hah... nós saímos muito do tópico original. Agora, onde estávamos... ah. Então, para
igualar o poder de combate de Ainz Ooal Gown, não acho que alguém tenha alguma
objeção a escolha de cinco mil homens?”

O marquês Raeven olhou para Gazef.

"Eu não tenho objeções."


Pessoalmente, Gazef achava que o dobro desse número não seria suficiente, mas
entendia que aqueles que não tinham visto seu poder em primeira mão poderiam não
aceitar esse fato.

"Entendo. Então, como o Império já concordou com a escolha do campo de batalha, eu


acredito que todos nós possamos começar a mover nossos exércitos para as Planícies
Katze, alguma objeção?”

A linha de visão do Marquês Raeven varreu a sala e, um por um, os nobres


responderam afirmativamente. Quando finalmente chegou ao Marquês Boullope, a
resposta do homem foi alta e clara.

“Não haverá problemas, Marquês Raeven. Minhas tropas estão prontas para sair a
qualquer momento. Então, Vossa Majestade, posso fazer uma sugestão? Desejo confiar
algo ao Príncipe...”

Havia apenas um príncipe presente. Todos os olhos se voltaram para Barbro.

“Parece que Ainz Ooal Gown apareceu uma vez para salvar um povoado chamado
Vilarejo Carne. Se fosse puramente por altruísmo, isso seria e bom e justo. No entanto,
ele pode ter tido um motivo estratégico em mente. Eu acho que seria melhor se
mobilizássemos algumas tropas e tentássemos questionar os aldeões sobre os detalhes.
Eu gostaria de confiar o comando dessa unidade ao príncipe.”

"—Marquês!"

Barbro olhou para o Marquês Boullope.

"Fique quieto."

Disse o Rei antes de completar:

“Isso não é uma má idéia. Meu filho, eu mando você — vá para o Vilarejo Carne e
aprenda o que puder com os aldeões.”

Gazef tentou ao máximo não franzir as sobrancelhas.

Se eles fossem para a Vilarejo Carne agora, eles não estariam propensos a aprender
informações úteis sobre o magic caster. Além disso, dividir suas forças dificilmente
seria uma medida inteligente, mesmo que fosse uma quantia comparativamente
pequena.

“...O Rei ordena e eu obedeço. No entanto, gostaria de expressar que esta postagem não
é da minha vontade.”
Vendo que o Rei não tinha intenção de retirar suas ordens, Barbro abaixou a cabeça
sem se preocupar em esconder a expressão infeliz em seu rosto.

“Vou lhe emprestar algumas das minhas tropas de elite para acompanhá-lo nesta
jornada. Também enviarei nobres para acompanhar o Príncipe. A força total da sua
unidade será de cerca de cinco mil homens.”

"Entendo. Você está de guarda contra uma força de flanco do Império. Não esperava
nada menos de suas idéias, Marquês Boullope.”

Gazef podia ver a lógica nas palavras de Raeven. No entanto, ele ainda tinha dúvidas de
que o Exército Imperial usaria tais métodos dissimulados (tropas de flanqueio) mesmo
depois de concordar com a localização do campo de batalha. Embora essa fosse uma
tática básica de combate, conduzir um ataque furtivo como esse depois do acordo só
iria desgraçar as nações vizinhas. O Império estaria atirando no próprio pé.

"Embora eu não ache que preciso de tantos soldados, uma vez que foi o Marquês
propôs a idéia graciosamente, não tenho outra alternativa senão aceitá-la."

“Muito obrigado, Vossa Alteza. Então, eu tenho mais uma pergunta.”

O Marquês Boullope parou por um momento. Em vez de recuperar o fôlego, o atraso


foi chamar a atenção para o que ele ia dizer em seguida.

“Quem será o comandante geral desta batalha? Eu acredito que ninguém vai se opor a
mim mesmo?”

A atmosfera mudou.

Esta foi uma declaração indireta. Foi formulada como uma pergunta, mas carregava
consigo o peso e o poder não expressos de escolher o homem que exerceria autoridade
sobre todo o exército.

Se perguntado quem era o melhor comandante entre o Rei Ranpossa III e o Marquês
Boullope, muitos nobres apontariam para o último. Isto era especialmente verdadeiro,
dado que as forças do Marquês constituíam um quinto do exército real — 50.000
homens.

Além disso, o Marquês Boullope também comandou tropas de elite. Ele havia sido
inspirado pelo bando guerreiro de Gazef e, assim, criou uma unidade de guerreiros
profissionais.

Eles eram muito bons lutadores. Embora ainda fossem inferiores ao bando guerreiro
de Gazef, mas ainda assim eram páreo para os Cavaleiros Imperiais — talvez mais que
páreos. De particular interesse seriam seus números, mesmo em torno de 5.000 destes.
Se eles entrassem em confronto com o bando de Gazef, as elites mais numerosas de
Boullope triunfariam por uma grande margem.

Se o Rei não estivesse pessoalmente presente, a autoridade de comando cairia


indubitavelmente ao Marquês Boullope. Mas como o Rei estava aqui, seria natural que o
Rei Ranpossa III fosse o comandante supremo, embora os nobres da Facção Nobre
provavelmente não o aceitassem.

O rosto de Gazef se tornou severo quando o Marquês Boullope pressionou o Rei com
sua pergunta, mas o Marquês Boullope permaneceu impassível mesmo ao ver a
expressão de Gazef. Para Boullope, Gazef era meramente um plebeu que era bom com
uma espada, e permitir que um não-sangue nobre permanecesse nesta sala era quase
intolerável.

“...Marquês Raeven.”

"Sim!"

"Eu vou deixar para você. Conduza o exército em segurança até as Planícies Katze. De
lá, você também estará encarregado do acampamento e do entrincheiramento.”

"Entendido."

Raeven assentiu em aceitação do decreto real. Embora o local que Boullope queria
fosse arrancado dele, ele não poderia reclamar se fosse Raeven. Ele sabia que o homem
era talentoso e, como resultado, criticá-lo seria muito difícil. Mais importante, Raeven
tinha amplas conexões, e muitos dos homens de Boullope lhe deviam favores. Se ele
tentasse criticar Raeven com demasiada severidade, isso apenas os faria duvidar dele.
Como tal, Boullope não teve escolha senão sorrir e suportar.

“Marquês Raeven, minhas tropas estarão em suas mãos. Por favor, deixe-me saber se
você precisar de alguma coisa.”

“Muito obrigado, Marquês Boullope. Eu contarei com você quando chegar a hora.”

Gazef ficou muito feliz com a decisão do Rei, tão feliz como se fosse ele mesmo que
tivesse dito.

"Mais alguma coisa?"

O Rei esperou por um tempo, mas ninguém respondeu.

“...Então vamos começar os preparativos para sair. Nós partiremos amanhã. Levará
dois dias para chegar ao campo de batalha, por isso não fique relaxado nos
preparativos. Então vocês estão dispensados. Marquês Raeven, continue.”
"Eu entendo, Vossa Majestade."

Os nobres saíram da sala para começar a marcha, deixando apenas o Rei e Gazef.

Ranpossa III virou lentamente a cabeça. Um som estridente atingiu o ouvido de Gazef.
Ele provavelmente estava muito tenso. Depois de se alongar, uma expressão de alívio
floresceu no rosto do Rei.

"Obrigado pelo seu árduo trabalho, Vossa Majestade."

“Ahhh, foi um trabalho difícil, de fato. Estou cansado."

Gazef sorriu ironicamente ao seu Rei. "Cansado" era um eufemismo de administrar as


facções Real e Nobre. No entanto, ainda havia pessoas mais fatigadas do que Ranpossa
III.

"Já estava na hora—"

Assim como Ranpossa III estava prestes a continuar, várias batidas vieram da porta.
Então a porta abriu-se lentamente e o convidado que aguardava entrou.

Ele era como um buldogue gordo e de aparência simples de um homem que, de outra
forma, não era nada notável. Seu couro cabeludo refletia a luz, seu cabelo era escasso
até o ponto da inexistência, e o pouco que restava era branco como a neve.

Seu corpo era redondo, sua barriga era gorda e seu queixo e bochechas estavam
flácidos.

No entanto, apesar de sua aparência simples, a luz da inteligência brilhava em seus


olhos. Ranpossa III sorriu amavelmente para ele.

"Estou feliz que você veio, Panasolei."

"Vossa Majestade."

Disse o prefeito de E-Rantel quando ele se curvou para seu suserano. Então, ele
desviou o olhar.

"Já faz um tempo, Stronoff-dono."

Panasolei poderia ser um nobre, mas era extremamente cortês com Gazef, um plebeu.
Foi precisamente porque ele era um homem assim, que resultou nele sendo postado
neste lugar.
“Saudações, prefeito. Você cuidou de mim naquela época. Meus agradecimentos por
organizar para curar meus subordinados. Eu estava com pressa de me reportar à
capital, então corri sem agradecer a você. Por favor aceite minhas desculpas."

“Ah, não, não, não pense nada disso. Eu entendo como foi importante para você relatar
a emboscada, Capitão Guerreiro. Como eu poderia ser tão inflexível a ponto de guardar
rancor contra você por isso?”

Vendo que ambas as partes estavam se curvando, o Rei riu de alegria.

"Panasolei, você não vai fazer aquele chiado com o nariz?"

"Vossa Majestade... Não há necessidade de fazê-lo em torno de pessoas que não me


patrocinam. Ou talvez Vossa Majestade e o Stronoff-dono sintam que sou um palhaço
que me vendo por aquela atuação?”

“Desculpe, desculpe, foi uma piada. Por favor, me perdoe, Panasolei.”

“Ah, não, seu humilde servo extrapolou seus limites. Sou eu quem deve pedir seu
perdão, Vossa Majestade. Então... devemos começar?”

“Não..."

O Rei hesitou, e depois respondeu:

"Não, ainda há mais uma pessoa que ainda está para chegar. Vamos esperar.”

"Muito bem. Então, podemos primeiro discutir a questão dos custos dos alimentos
dentro da cidade? Depois disso, relatarei as projeções sobre a força nacional do Reino
para o próximo ano, com base nos dados coletados pelo Marquês.”

“Uhum. Quanto mais cedo resolvermos essa dor de cabeça, melhor.”

Quando Panasolei começou a falar, até mesmo Gazef, que não estava habituado a
administrar os assuntos internos do Estado, acabou fazendo careta.

Seu relatório dizia respeito ao estado alarmante das despesas atuais e futuras do país.
A coleta de alimentos em todo o Reino estava piorando ainda mais a escassez de
alimentos. Destaca-se o fato de que o país continuaria em declínio mesmo depois que os
cidadãos daqui retornassem de seu recrutamento.

As previsões de Panasolei estavam no lado otimista, e elas ainda pintavam uma


imagem terrível das coisas.

Quanto ao Rei, seu rosto era uma máscara sem expressão.


"Como as coisas chegaram a este estado..."

“Se... se o Império continuar seus ataques anuais, as chances do Reino desmoronar por
dentro serão bastante altas. Manter os impostos como estão fará com que muitas
pessoas morram de fome e, se reduzirmos os impostos, não teremos fundos suficientes
para financiar nossas políticas.”

Ranpossa III colocou as mãos na testa, cobrindo o rosto.

Este foi o resultado de responder a anos de agitação com o Império. No momento em


que perceberam o objetivo do Império de reduzir a força do Reino, já era tarde demais.

"Vossa Majestade..."

“Que... perturbador. Se soubéssemos antes... se ao menos tivéssemos lidado com isso


antes que os nobres se dividissem completamente em suas facções... que tolice.”

“Certamente não, Vossa Majestade. Sinto que tentar resolver isso só faria com que o
Reino se dividisse em dois e desencadeasse uma guerra civil, e o Império se
aproveitaria de nossa fraqueza para nos invadir e conquistar.”

Gazef tinha certeza disso — o Rei, Ranpossa III, havia feito um bom trabalho.

As condições que levaram a essa situação foram o resultado da inação dos Reis
anteriores. Era impossível para uma geração apagar os pecados acumulados de todos
os seus ancestrais.

"Eu só quero deixar um Reino decente para o próximo — para meus filhos."

Embora o rei falasse devagar, cada palavra continha um poderoso propósito.

“Então... não é essa a chance de fazer isso? Eu tenho muitos adeptos agora devido à
perturbação. Não deveríamos dar um golpe significativo no Império, não importando o
custo, para que possamos ganhar alguns anos de paz para o Reino?”

Gazef podia ver uma luz nos olhos do Rei. Aquela luz o fez se preocupar. Ele sabia que
deveria ter se oposto a isso, mas não conseguiu emitir nenhum som.

Se o Rei tivesse falado para promover seus próprios desejos e ambições, talvez ele
pudesse ter sido capaz de reprimi-lo. Mas quando percebeu que o Rei falava em
garantir a segurança de seu povo e país, as palavras ficaram presas em sua garganta.

Como testemunha em primeira mão do Rei agonizando sobre seu país, o Capitão
Guerreiro não podia falar contra ele.
“Embora isso seja certamente possível, acredito que você também esteja ciente de que
esse é um passo muito perigoso. Se você agir para reduzir o poder da nobreza, o país
pode cair no caos.”

O Rei apertou as sobrancelhas e o coração de Gazef doeu.

“Você acertou na mosca como de costume, Panasolei. Embora alguém possa morrer
durante a cirurgia, há também uma chance de que alguém viva mais. Se deixarmos as
coisas acontecerem, a doença se espalhará pelo corpo e nos matará lentamente. Nesse
caso, não deveríamos avançar e aproveitar o dia?”

“Meu Rei, as operações cirúrgicas não são confiáveis. Seria melhor encontrar outra
solução.”

“Se houvesse alguma solução mágica para os problemas do Reino, eu gostaria de


confiar minhas esperanças a isso. Infelizmente, não há nenhum. O método bárbaro de
cortar o corpo para remover a porção doente é a única cura para nossa situação atual.”

Este procedimento assustador e bruto (cirurgia), defendido por um ser que era um
Minotauro, aquele fôra conhecido como Sábio Atrevido, este era o único remédio para o
Reino.

Um silêncio sombrio dominou a sala, um Rei se via forçado a medidas extremas para
salvar seu país.

Então, quando os pesares tornaram a atmosfera opressiva, uma batida da porta soou
como se quisesse quebrar o desânimo no ar.

O homem que entrou sem esperar por uma resposta foi Marquês Raeven.

"Cavalheiros. Peço desculpas pelo atraso.”

Alívio se espalhou pelo quarto.

“Ah, apenas o homem que estávamos procurando. Marquês Raeven, eu coloquei um


grande fardo em você.”

Raeven pareceu confuso por um momento enquanto tentava descobrir o que


exatamente o Rei falava, mas ele imediatamente reagiu substituindo-o por uma
expressão cansada.

"Não, não leve isso ao coração, Vossa Majestade. Na verdade, confiar o comando ao
Marquês Boullope teria sido tolo ao extremo. Afinal, ele só sabe pedir cobranças e
empréstimos.”
Não ficou claro se Raeven fez sua dura crítica com sinceridade. Talvez ele pudesse ter
dito de propósito para aliviar a tristeza que sentira quando entrou na sala.

“Além disso, se Vossa Majestade assumisse o controle direto do exército, um passo em


falso poderia resultar na retirada da Facção Nobre na véspera da batalha. Como tal, não
há comandante mais adequado ao papel que eu. Dito isso, gostaria de uma pausa em
todo esse trabalho sem descanso. Quero anunciar antecipadamente que, depois de
concluída a guerra, gostaria de descansar em minhas próprias terras por vários meses.”

Com isso, a expressão de Raeven subitamente se tornou severa.

"Peço desculpas pela minha delicadeza, mas não podemos perder tempo aqui, então
vamos resolver isso rapidamente."

Embora seu rosto permanecesse tão frio quanto o de uma cobra, Gazef podia sentir
emoções humanas dentro dele, assim como qualidades que ele conseguia admirar.

Eu fui um tolo por não ter visto sua verdadeira natureza de antemão. Eu sou realmente
ruim em ler as pessoas?

Com pesar em seu coração, Gazef lembrou a reunião nos aposentos do Rei antes de
deixarem a capital. Havia cinco pessoas presentes; O Rei Ranpossa III, o próprio Gazef, a
Terceira Princesa Renner, o Segundo Príncipe Zanac e o Marquês Raeven. As coisas que
os dois últimos disseram encheram Gazef de surpresa e destruíram seus preconceitos
sobre a corte. Em particular, havia aquele homem que Gazef desprezava, o homem que
o lembrava de uma cobra ou um escorpião... Em particular, aprendendo que o homem
que Gazef desprezava como um verme era na verdade o homem que mais trabalhou
pelo Rei o chocou além da capacidade de palavras para descrever.

"Eu pareço estar constantemente causando problemas para você, e minha filha,
Marquês Raeven."

Ranpossa III baixou a cabeça para o sentado Raeven, havia uma expressão sincera no
rosto.

"Vossa Majestade, por favor, não faça isso. Eu já agi sozinho sem lhe consultar; Só
lamento não ter agido antes.”

"Marquês Raeven, permita-me pedir desculpas a você também..."

Disse Gazef enquanto se curvava profundamente e:

“Eu fui enganado por impressões superficiais e nutri pensamentos desrespeitosos


sobre você sem entender suas verdadeiras intenções. Por favor, perdoe este tolo.”

"Capitão Guerreiro-dono, não há necessidade de se preocupar com isso."


"Mesmo assim, se eu não for punido por minha insensatez, isso vai ficar como um
espinho dentro do meu coração."

O rosto de Raeven parecia dizer “Sério isso?” E então ele balançou a cabeça várias
vezes. Depois disso, ele ditou a punição de Gazef:

“Eu entendo... então, de agora em diante, não vou me dirigir a você como Capitão
Guerreiro-dono, mas como Gazef-dono. Considere isso como um sinal do meu respeito
para com você.”

Foi um castigo que nem sequer contou como castigo.

Um pensamento — que ele tinha olhos, mas não podia ver — começou a crescer em
seu coração, e Gazef respondeu com sincera gratidão.

“Muito obrigado, Marquês Raeven.”

“Não pense nisso, Gazef-dono. Então, vamos começar a discutir a direção na qual o
Reino irá a partir deste dia.”

Parte 3

Gazef passou pelo portão principal e chegou aos estábulos da companhia no anel
externo da cidade. Ele exalou profundamente, para aliviar a fadiga que nublava sua
mente.

Ele estava exausto.

A reunião que ele acabara de assistir deixou-o ciente de que ele era um mero cidadão.

Enquanto permanecia ao lado do Rei e passava por uma sociedade nobre, ele
gradualmente passara a entender o modo como pensavam.

Mesmo assim, ele frequentemente se deparava com respostas e atitudes que somente
aqueles nascidos e criados para a nobreza entenderiam. Gazef não conseguia entender
o porquê pensariam dessa maneira, especialmente o conceito de valorizar o orgulho da
nobreza em detrimento de benefícios concretos.

Não, ainda mais inescrutável do que isso era a idéia de priorizar o orgulho de um
indivíduo sobre os cidadãos.

Gazef examinou lentamente seus arredores.


Os soldados, gritando enquanto corriam de um lado para o outro — eles eram o povo.
Eles eram o povo do Reino, que veio de vilarejos por todo o país para combater esta
guerra. Eles não pareciam muito confiáveis como soldados. Suas mãos foram feitas para
segurar enxadas e pás.

Protegê-los deveria ter sido o dever daqueles que governaram sobre eles.

Se eles entregassem E-Rantel, eles estariam ferindo as pessoas que viviam na cidade,
exatamente como o Rei disse.

Contudo—

Gazef recordou a imagem de Ainz Ooal Gown, usando aquela estranha máscara.

Ele havia retornado ao Vilarejo Carne logo após o anoitecer, e não havia sinal de ter
travado uma dura batalha.

Isso estava certo. Apenas duas pessoas haviam derrotado facilmente os inimigos que
tinham dizimado completamente Gazef e suas tropas.

Na verdade, ele era o Rei Feiticeiro — aquelas palavras se adequavam à sua forma
inigualável naquela noite.

Enfrentá-lo diretamente era tolice. Em vez disso — mas isso faria as pessoas sofrerem.

"Droga!"

Gazef xingou, incapaz de pensar em uma solução. O que ele deveria fazer? A confusão
no campo de batalha era um sinal de morte iminente. Mesmo o homem saudado como o
mais forte da região ainda poderia morrer se não conseguisse se concentrar.

Isto era especialmente verdade se o seu adversário fosse Ainz Ooal Gown.

Era verdade que ele não testemunhara a batalha que salvara o Vilarejo Carne. E ele
mesmo não disse que ganhou, apenas que os expulsou.

Mas qualquer um poderia dizer que era uma mentira descarada.

"Falando nisso... por que ele teve que mentir que eles fugiram?"

Depois que Ainz e Albedo partiram, ele foi para as planícies onde eles haviam lutado,
mas não encontrou sinais de um massacre. Ele não havia encontrado um único cadáver,
mas enterrar dezenas de corpos consumiria muito tempo. Sem corpos — sem evidência
física — a afirmação de "eles fugiram" ganhou credibilidade.
No entanto, isso estava assumindo que Ainz Ooal Gown não usara magia. Quem sabe,
pode haver magias que poderiam despachar corpos ou desintegrá-los.

Além disso, Gazef tinha um palpite.

Embora se originasse puramente do instinto de seu guerreiro, mas quando ele viu Ainz
retornar ileso para o vilarejo, ele podia sentir o leve aroma da morte se elevando dele.

Não foi tanto que eles fugiram, mas ele os deixou fugir.

Por causa disso, Gazef confiava em seus instintos sobre o que Ainz dissera. Não havia
base ou evidência para isso. Os corpos da Escritura da Luz Solar não estavam em lugar
algum, mas certamente estavam mortos.

"...Eu não entendo..."

Ele era um magic caster que poderia aniquilar os inimigos que derrotaram Gazef, e ele
poderia fazê-lo sem um arranhão.

Quão poderoso ele era? Certamente, ele estava vários níveis acima de Gazef e seu
bando guerreiro.

O que aconteceria se um ser assim aparecesse no campo de batalha e usasse sua


magia?

Gazef mais uma vez olhou para as pessoas, cheio de emoção, medo, desespero e
frustração.

Quando dois magic caster usam magia do mesmo nível, o magic caster mais forte
naturalmente seria capaz de produzir uma magia mais poderosa.

Então, que horrores resultariam se Ainz Ooal Gown fosse lançar uma 「Fireball」?

Os pais que tinham que alimentar seus filhos pequenos, os filhos que tinham que
sustentar seus pais doentes, os jovens prestes a se casar, todas essas pessoas tinham
deixado suas famílias para trás para vir aqui. Qual a probabilidade de eles suportarem
um ataque como esse?

Seria impossível, certo?

Eles expirariam em um golpe com apenas uma única magia daquele grande magic
caster.

Se fosse uma magia de fogo, eles se tornariam cadáveres carbonizados. Se fosse uma
magia de gelo, eles se transformariam em cadáveres congelados. Se fosse uma magia de
eletricidade, eles seriam cadáveres eletrocutados. Isso era certo.
Então, e quanto a Gazef? Ele poderia aguentar?

Ele estava bastante certo de que ele poderia levar um golpe sem morrer.

No entanto, esse tipo de pensamento pode ser ingênuo demais.

"Ahhhh... por que tudo acabou assim?"

Lutar contra Ainz Ooal Gown era definitivamente um erro.

Gazef sentiu que Ainz Ooal Gown não era um homem sem coração, dada a maneira
como ele salvara o Vilarejo Carne. No entanto, ao mesmo tempo, ele sentiu que não era
um bom samaritano qualquer. A imagem que ele tinha de Ainz era a de um homem que
não mostrava piedade daqueles que se opunham a ele.

Eles deveriam ter evitado o conflito com ele e tratado com polidez. Depois disso, ele
poderia ter sido capaz de selecionar um local diferente.

Enquanto Gazef olhava para as pessoas que o rodeavam, uma sensação pesada em seu
coração, ele avistou um jovem de armadura branca do canto de sua visão. Junto com ele
estava um espadachim que parecia flutuar levemente em seus pés. Era Climb e Brain.

Havia uma terceira pessoa por trás deles, e eles estavam ansiosamente discutindo
algo.

"Quem é aquele? Eu sinto que já o vi antes... ah! Ele é um dos ex-aventureiros


orichalcum do Marquês Raeven.”

Gazef estava familiarizado com a antiga equipe de aventureiros, aqueles que as


pessoas comuns depositaram suas esperanças, já que todos eles eram de berço comum.
De certa forma, eles eram seus superiores, os que vieram antes dele.

O paladino do Deus do Fogo, cuja profissão Exterminador do Mal se destacou em lutar


contra monstros de alinhamento maligno, Boris Axelson, 41 anos.

O sacerdote do Deus do Vento, um sacerdote guerreiro que poderia se defender em


combate com qualquer lutador, Göran Dixgard, de 46 anos.

O guerreiro que incorporou espadas dançantes em seu estilo de quatro espadas,


Franzén, de 39 anos.

O magic caster é elogiado como um estudioso, que criou várias magias com seu nome,
Lundqvist, de 45 anos.

E finalmente, o ladino conhecido como “O Não-visto”, Lockmeier, de 40 anos.


Gazef recordou-os enquanto os contava em seus dedos. O único que conversava com
Climb era o ladino Lockmeier. Falando nisso, ele aparentemente trabalhou com o Climb
e o Brain durante o distúrbio demoníaco, ajudando-os a se infiltrar no território inimigo
para resgatar pessoas.

Eles não pareciam ter notado o Gazef, mas parecia errado apenas se intrometer no
meio deles.

Dito isto, ainda seria rude não os cumprimentar, no mínimo. Além disso, todos eles
estariam indo para o campo de batalha em breve. Embora as chances de eles entrarem
em combate fossem baixas, dado que estariam protegendo o Rei, nunca se sabia o que
poderia acontecer.

—Pode ser a última vez que eles viram uns aos outros.

Se possível, ele queria ter uma conversa privada com os dois. Como se o mundo
estivesse concedendo seu desejo, Lockmeier acenou para os dois e partiu.

Climb e Brain permaneceram, sorrindo de algo.

Os laços entre os dois haviam se fortalecido durante a perturbação demoníaca na


capital. Seja como amigos ou discípulos ou companheiros, eles construíram um
relacionamento complexo e mutuamente benéfico.

E foi por causa dessa relação que Brain era agora um camarada de Climb, um colega
soldado da Princesa Renner.

Gazef não pôde deixar de lamentar o fato de ter permitido que um guerreiro que
pudesse competir com ele fosse arrebatado.

No entanto, ele conseguiu se acalmar enquanto observava os dois. Era assim que
deveria ter sido.

Gazef sorriu ao se aproximar do par.

Ainda assim, isso é uma armadura muito chamativa. Ainda está tudo bem na capital, mas
no campo de batalha ele será fácil de nota-lo. Devo avisar o Climb sobre isso?

Havia muitos soldados no campo de batalha, mas Climb se destacava entre eles porque
quase nenhum deles usava armadura completa. Além disso, sua armadura era de um
branco prateado muito bonito. Os arqueiros mirariam nele, e a cavalaria o usaria como
alvo. Embora as chances de Climb fossem muito boas contra um cavaleiro Imperial
médio, ainda havia guerreiros que eram mais fortes que ele. Os Quatro Cavaleiros
Imperiais eram um desses exemplos.
Se eu não estiver errado, Renner-sama deu a ele essa armadura... ela não deve estar
muito familiarizada com o campo de batalha se for ela que ordenou que ele fosse com essa
armadura dessa cor.

Ela pode ser boa com táticas, mas parece que ela estava fora de contato com as
realidades do campo de batalha.

Se o Climb morrer, a princesa ficará triste...

Com corantes mágicos, eles poderiam mudar temporariamente a cor da armadura e


devolvê-la ao normal quando retornassem à capital.

Ele se aproximou dos dois por trás enquanto pensava sobre isso. Brain virou o rosto e
sua mão alcançou o cabo de sua katana.

Como esperado de Brain. Ele pode me sentir a essa distância.

Armadura de metal fez barulho quando seu portador caminhou.

Não seria estranho que as pessoas percebessem e reagissem ao som que se


aproximasse.

No entanto, havia muitas pessoas aqui, todas ocupadas se preparando para a batalha.
Seria difícil notar o som dele se movendo em meio deste clamor. Claro, era uma questão
diferente para um ladino, especialmente um com treinamento especializado.

Brain estreitou seus olhos. Então, ele olhou para Climb e sorriu, como se tivesse feito
uma pegadinha com ele.

Embora Brain parecesse passar um pensamento errado, isso não era problema.

Ele sorriu de um jeito parecido e teve o cuidado de não fazer barulho enquanto
avançava cuidadosamente sobre Climb ainda inconsciente da situação. Embora ele não
tivesse sido treinado em se mover silenciosamente e estivesse usando armadura de
metal, Climb ainda não o havia notado, e parecia estar discutindo algo com Brain.

Seu desafio era chegar ao local diretamente atrás das costas de Climb, o que ele
conseguiu fazer.

Gazef baixou a mão em um golpe de caratê, diretamente na cabeça desprotegida de


Climb.

"Uwah!"

Climb tropeçou para trás enquanto chiava de um jeito completamente não-masculino.


Quando seus olhos reconheceram Gazef, eles se abriram.
"Este! Não é este Strono—”

"—Silêncio."

Depois que Climb engoliu suas palavras meio formadas, Gazef continuou.

"Silêncio. Revelar minha identidade aqui será muito problemático. Apenas me chame
de Gazef.”

Embora ele fosse o Capitão Guerreiro, o homem mais forte do Reino, muitos aldeões
das áreas rurais do Reino não sabiam como ele era. Em suas mentes, o Capitão
Guerreiro tinha provavelmente dois metros de altura, portando uma espada gigantesca
e armado em um traje de ouro brilhante.

Gazef não queria diminuir as expectativas e, além disso, chamar a atenção seria
irritante.

"Eu peço desculpas pela minha falta de—"

"Não, você não fez nada de errado"

Disse Gazef ao interromper o pedido de desculpas de Climb com um sorriso irônico.


Então, o sorriso assumiu um novo significado:

“Embora eu tenha que dizer, você precisa estar mais alerta. Afinal de contas, você não
sentiu alguém com uma armadura completa se aproximando de você. Claro, não deve
haver inimigos aqui, mas mesmo assim.”

“O que você está dizendo, Gazef? Estar relaxado não é necessariamente ruim. É mais
fácil estancar a ferida.”

“Então, Brain, como você me descobriu de tão longe?”

"Isso não é óbvio? Havia uma presença estranha no ar.”

Gazef notou que Climb estava olhando para Brain e para si mesmo com olhos cheios de
surpresa.

“Climb, como guarda pessoal da Princesa Renner, você precisa ser capaz de sentir
presenças como essa. Se você não notar um assassino oculto, sua preciosa carga será
ferida.”

“Ah, então é isso. Eu queria saber o que você estava fazendo. Agora entendo. Climb-
kun, se eu não estiver errado, você está usando um estilo auto-inventado, certo? Isso
inclui treinar seus sentidos?”
“Ah, não, não. Eu me concentrei em técnicas de combate. Me desculpe."

"Eu não estou encontrando defeitos em você. Eu só queria ter certeza. Para ser
honesto, eu costumava ser assim no passado também. É fácil esquecer a prática de
habilidades sensoriais como essa quando você treina sozinho. Esse é um hábito
perigoso. Afinal, na maior parte do tempo você não terá uma luta direta contra um
invasor que você conhece.”

O rosto de Gazef estava um pouco vermelho. O olhar em seu rosto quando ele olhou
para o Brain parecia dizer: "Você não tinha que dizer isso a ele aqui".

Em primeiro lugar, treinar esse jovem guerreiro trabalhador também era um dever do
Capitão Guerreiro. Ele sentiu vergonha por não conseguir isso.

Como Climb nascera como um plebeu como ele, era importante não deixar os nobres
vê-lo vacilar enquanto estava a serviço da família real. Por exemplo, se Gazef esmagasse
Climb em uma peleja, os nobres sussurrariam que Climb não era digno de proteger a
Princesa. Enquanto isso, se Gazef tropeçasse em Climb, eles virariam fofocas maliciosas
sobre ele.

Não havia necessidade de elogiar um homem como ele por fazer uma pequena boa
ação — não quando esse homem declarara orgulhosamente que serviria ao Rei e, por
isso, abandonara um jovem guerreiro.

Não, eu não deveria sentir vergonha. Se eu tiver tempo para fazer isso, eu deveria—

“—Ah, não importa, eu vou deixar por isso mesmo. Desde que você foi gentil a ponto
de apontar as fraquezas de Climb na minha frente, eu farei o meu melhor para treinar
os pontos fracos dele.”

"Obrigado, Gazef-sama."

“...Não, não há necessidade de se curvar para mim. Você serve a família real como eu —
isso faz de você meu subordinado. Mesmo assim, eu não o guiei e, em vez disso, passei
esse trabalho para outra pessoa. Você não precisa agradecer a alguém assim.”

Quanto mais Climb agradecia, mais culpado ele se sentia.

"Isso não é um saco? Sendo alguém com um pé na sociedade nobre. As pessoas


prendem você por coisas inúteis e você nem consegue fazer as coisas que deseja.”

"Como você é camarada do Climb, protegendo a Princesa Renner ao lado dele, isso não
faz de você uma dessas pessoas também?"
"Eu sou tão livre quanto um pássaro. Não me sinto um lacaio da Princesa-dono ou o
que seja... não. Eu sinto muito. Eu não deveria ter dito isso. Ser subordinado da Princesa
é apenas uma coisa temporária. Uma vez que estou cansado disso ou quando eu me
encher disso, eu seguirei em frente.”

Brain sorriu, sua expressão tão fria e clara quanto o céu de outono. O homem
encharcado que Gazef reencontrara na capital meses antes não estava à vista.

Ele estava com inveja de como Brain poderia viver de maneira tão livre.

"Pensando nisso agora, está tudo bem para você conversar ociosamente com a gente,
Gazef-sama?"

"Bem, eu estou realmente meio ocupado agora, mas eu só queria dar um tempo... Diga,
vocês dois têm algum tempo livre?"

Brain e Climb se entreolharam em resposta à pergunta de Gazef.

"Tempo livre... huh."

"Sim, eu acho. Não tenho muito que fazer, apenas preparando meu equipamento.”

"Então, eu espero que vocês... ah, certo."

Disse Gazef enquanto olhava para uma das torres de vigia nas muralhas da cidade
antes de completar:

"Querem ir lá?"

Ninguém se recusou e Gazef liderou o caminho.

Por ser o Capitão Guerreiro, nenhum soldado o deteve. Dessa forma, chegaram ao
lugar que Gazef tinha em mente, o lugar com a melhor vista da cidade.

As paredes mais externas de E-Rantel eram o ponto mais alto da cidade. O que era
para dizer que eles tinham a melhor paisagem e que se podia ver mais longe dali.

E como o ar aquecido pelo calor das muitas pessoas abaixo deles não chegava a esse
lugar, o vento frio e fresco do inverno refrescava seus corpos.

"Que bela vista!"

Exclamou o rapaz em sincera alegria ao olhar para o sudeste.

"Aquelas são as Planícies Katze, certo?"


"Correto. É um lugar cheio de undeads, é envolto em neblina durante todo o ano. Vai se
tornar um campo de batalha em poucos dias.”

Depois de responder, Gazef respirou fundo e depois exalou com força. O ar fresco
encheu seu corpo, e ele esperava que isso expulsasse os sentimentos desconfortáveis
que ele tinha sobre Ainz Ooal Gown.

“Esta é uma vista magnífica. Valeu a pena tornar-se subordinado da Princesa para isso.
É isso que os magic casters que podem usar a magia 「Fly」 vêem o tempo todo? Não
admira que eles tenham tantos esquisitões entre eles.”

"Eu acho que ver o mundo como este realmente muda sua perspectiva, huh."

"Até parece. Por que você não traz alguns nobres aqui e vê se funciona? Se eles não
mudarem de tom, nós os empurramos daqui de cima. Dois pássaros com uma pedra."

Gazef sorriu ironicamente da piada de Brain. Se as pessoas pudessem ser mudadas


dessa maneira, ele as arrastaria em correntes, se necessário.

Climb parecia que não sabia como responder, o que fez Gazef se sentir melhor.

“Haha. Vir aqui com vocês era a coisa certa a fazer. Sinto-me aliviado agora.”

“Bem, isso é bom de ouvir. Então... por que você nos chamou aqui? Tem certeza de que
ninguém está nos observando? Não me diga que você juntou três homens fortes só para
olhar a paisagem? Ou há alguém que você quer morto?”

A súbita onda de agressão de Brain perturbou Gazef.

"Bem, eu acho que não vou poder proteger a Princesa e vai ser uma pena não poder
treinar o Climb-kun por mais tempo... mas Gazef, eu te devo uma. Farei qualquer ato
sujo que você quiser com um sorriso no meu rosto.”

Brain não estava brincando. O olhar em seus olhos era sério.

“Não é nada disso, Brain. Eu não quero que você faça esse tipo de coisa.”

"...Você sabe que eu não levei exatamente uma vida limpa e imaculada, certo?"

“De fato, Brain. Sua espada foi saciada em sangue. No entanto, o mesmo aconteceu com
a minha.”

“No seu caso, foi o sangue dos inimigos do Reino, certo? O meu é o resultado dos meus
próprios desejos, e o sangue que eu derramei não é nada parecido com o que você
derramou.”
"...Você está tentando expiar seus pecados?"

“Não, nada disso. Eu fiz todos os tipos de coisas para derrotar você. Eu dediquei minha
vida a isso. Mas mesmo depois de descobrir que o objetivo com o qual venho
trabalhando não é nada especial, não sinto nenhuma culpa pelo que fiz. Mas você me fez
uma boa reviravolta e quero retribuir o favor. Isso é tudo que existe — não pense muito
sobre isso.”

“Então, meu pedido é que você não pense em fazer essas coisas. Além disso, o que você
quis dizer com essa tal gentileza que eu fiz? Foi quando nos encontramos de novo na
Capital?”

A resposta do Brain foi um sorriso amargo.

"Não se preocupe, eu só senti que você me ajudou."

"Quanto mais você me diz para não se preocupar com isso, mais eu acabo me
preocupando com isso..."

Diante dessa recusa inflexível, Gazef decidiu mudar de assunto.

"Ah, falando sobre isso, você sabe que eu não tinha nenhum motivo especial para
trazer você aqui, certo?"

"Eh?"

Climb falou, mas Brain apenas levantou uma sobrancelha.

“...Eu estava apenas pensando que seria bom para nós três conversarmos enquanto
tínhamos algum tempo livre, e que este era o único lugar onde eu poderia reservar meu
tempo para conversar sem me preocupar com o que os outros pensariam de mim. Se
estivéssemos na Capital, eu conheço um lugar onde poderíamos tomar uma bebida
tranquila também.”

"O que, então estamos apenas conversando? Eu pensei que você tinha algumas ordens
secretas para mim...”

"Não, não é bem assim. Como devo dizer isso..."

Nós poderíamos morrer a qualquer momento no campo de batalha, e esta poderia ser a
última vez que nos vemos.

No entanto, como ele poderia dizer coisas tão inauspiciosas?


"Esquece. Ah, é certo, Climb, essa armadura é um pouco diferente. Não seria melhor
pintá-la de uma cor diferente? Como é, você pode se tornar um alvo prioritário no
campo de batalha.”

"Sinto muito, Stronoff-sama, infelizmente não posso fazer isso."

Climb recusou sem hesitação.

“Quando eu usar essa armadura distinta e alcançar a excelência no campo de batalha,


vou trazer crédito para a Princesa Renner. Além disso, muitos dos nobres sabem que eu
uso uma armadura branca. Se eu mudar de cor porque temo o perigo, eles vão zombar
de mim e também incomodará a Renner-sama. Em vez disso, preferiria enfrentar meu
destino bravamente no campo de batalha e obter aprovação para ela.”

Quando ele olhou nos olhos de Climb, Gazef engoliu as palavras que queria dizer.

"A Princesa Renner não quer que você morra."

"Não confunda bravura e imprudência."

"Suporte um pouco de dificuldade agora para ter um futuro melhor."

No entanto, nada do que ele inventasse seria persuasivo o suficiente para convencer
Climb de seu curso.

Foi como Climb disse. Sua armadura era como a bandeira da princesa Renner. Suas
ações heroicas melhorariam sua posição, e o inverso também era verdade.

Climb foi salvo pela Princesa Renner, e em seu coração estava a noção de que "Minha
vida pertence à Princesa". Gazef não tinha como abalar esse tipo de convicção.

Era o mesmo tipo de coisa que sua lealdade ao Rei e, portanto—

"Eu ficaria feliz em morrer pela Princesa Renner."

Gazef não tinha idéia de como responder ao jovem que já se decidira.

“Ei, ei, ei. Por que você está falando que vai morrer a qualquer momento? Não se
preocupe, Gazef, vou ficar de olho no Climb-kun. Eu não vou deixá-lo fazer nada
estúpido. Não importa em que tipo de problema ele se envolva, eu vou tirá-lo disso.”

“Se fossem apenas os Quatro Cavaleiros Imperiais, não há dúvida de que você
ganharia, Brain. No entanto... contra aquele homem, Ainz Ooal Gown... temo que até
você perca a sua vida.”
“...Ainz Ooal Gown é realmente tão poderoso? Ah, lembro que você o mencionou antes
na sua casa.”

Depois do distúrbio demoníaco, Gazef e Brain beberam e discutiram como suas vidas
tinham passado desde o grande torneio. Foi assim que o nome de Ainz surgiu.

“Posso dizer com segurança que nenhum Cavaleiro Imperial pode vencer você. Os
Quatro Cavaleiros, fortes como são, não serão páreo para você. Mesmo se o mais
poderoso magic caster do Império, Fluder Paradyne, entrasse em campo, você
provavelmente poderia escapar se a sorte estivesse com você. Mas contra Ainz Ooal
Gown... Brain, me desculpe, mas sua vida acabaria no ato.”

“Isso é o que eu chamo de forte, huh. Quão poderoso ele é realmente?”

“...Tudo o que posso dizer, Brain, é que ele está além da sua imaginação. Você pode
pegar o que imaginar depois disso e multiplicar isso algumas vezes.”

"Bem, se ele é tão forte... eu me pergunto se ele poderia se sair bem contra o Sebas-
sama?"

“Sebas? É o velho que o Climb estava falando? Embora aquele velho cavalheiro pareça
ser surpreendentemente poderoso, ainda sinto que o Gown-dono seria mais forte que
ele.”

“Eu acho isso difícil de acreditar, pessoalmente. Eu honestamente não posso imaginar
que alguém possa ser mais forte que o Sebas-sama... mas o mais importante, por que
você se dirige a um inimigo com tanto respeito?”

“Ele é um inimigo digno. Embora, dizendo isso poderia gerar problemas para o Rei,
dado que posso ser considerado seu porta-voz.”

Brain encolheu os ombros.

“Você fez muito por nós, Capitão Guerreiro-sama. Climb-kun, você fez sua parte justa
para o Reino. Quanto a mim, estou bem com qualquer coisa. Aquela Princesa-sama é
realmente muito gentil.”

Palavras como essas se adaptam bem à personalidade de Brain. No entanto, sua


atitude desrespeitosa em relação à família real não podia ser descartada dessa maneira.

Embora o Gazef Stronoff, que era um leal vassalo do Rei, pudesse ter entortado as
sobrancelhas para isso, o Gazef Stronoff, que era um guerreiro, apenas sorriu diante da
ousadia do homem.

Se alguém estivesse observando, ele teria que repreender Brain, mas agora, apenas os
três estavam aqui. Isso significava que ele só precisava usar seu eu guerreiro.
"Embora seja verdade que Renner-sama é muito despreocupada... bem, chega disso. Eu
vou entender se Climb não quiser repintar sua armadura. Então, por favor, cuidem de si
mesmos.”

“Estou muito grato pela preocupação que todos me mostraram. No entanto, a Princesa
Renner me disse antes que eu precisaria trabalhar arduamente para combinar com essa
armadura. Então, embora eu esteja muito triste por não poder satisfazer seus desejos,
não vou mudar de idéia.”

"Mesmo? Então eu acho que isso deve servir por hora.”

O vento frio passou pelos três. O céu era de um azul brilhante e não havia a sensação
de que uma guerra estava prestes a eclodir. Contra esse pano de fundo, Gazef viu Climb
com um olhar sério no rosto. Enquanto pensava em não deixar muitas pessoas
morrerem, seu coração se encheu de alegria e tristeza.

Como se quisesse eliminar esses sentimentos, Gazef decidiu mudar de assunto.

"Falando nisso, do que vocês dois estavam falando antes?"

Brain e Climb se entreolharam e então Brain falou por eles dois.

“Bem, nós tivemos algum tempo livre antes, diferente de você. Então eu pedi ao Climb
que me acompanhasse em uma missão. Havia mais uma pessoa, Lockmeier; Pedi-lhe
que nos mostrasse e nos levasse ao messias da capital, aquele aventureiro adamantite.
Ouvimos dizer que ele estava ficando nessa cidade, então decidimos visitá-lo.”

"Oh, Momon-dono, estou correto?”

“Certo, certo, é ele. Eu o vi passando na capital. Eu os ouvi chamando-o de o mais


poderoso guerreiro de todos os tempos—”

Aqui a atitude do Brain mudou. Ele estava mais sério agora.

“Então eu queria discutir algumas coisas com ele.”

"Discutir?"

Gazef repetiu a palavra como um papagaio aprendendo a falar. A expressão do Brain


estava difícil de ler.

“Sobre aquela Vampira. Shalltear Bloodfallen.”

Shalltear Bloodfallen.
A Vampira suprema, que havia quebrado o espírito de Brain Unglaus, rival de Gazef.

Ela era um monstro que a humanidade não poderia derrotar, e ela apareceu na Capital.

Brain pensou que ela poderia ter algo a ver com Jaldabaoth, mas—

“...Falando nisso, você sabia que o Momon-dono usou um item mágico muito raro para
derrotar um Vampiro chamado Honyopenyoko? Aparentemente, uma parte da floresta
foi destruída por uma grande explosão, e quando Momon-dono retornou, sua armadura
estava coberta com sinais de uma grande batalha.”

Gazef ouvira isso do prefeito.

“Ah, sim, eu também ouvi falar disso. É por isso que eu queria falar com ele. Para
começar, na minha opinião, Shalltear Bloodfallen é um ser que nem mesmo um
aventureiro adamantite poderia vencer. E não que eu suspeite dele ou algo assim, mas
eu queria perguntar se ele realmente derrotou esse vampiro aí. E eu também estou
interessado nesse Honyopenyoko.”

"Você quer dizer, pode haver outros Vampiros assim por aí?"

“Isso mesmo, Climb-kun. Pelo que aprendi, Momon está perseguindo dois Vampiros.
Eu queria confirmar se eles são Honyopenyoko e Shalltear.”

"E então?"

"Bem, sobre isso..."

Brain encolheu os ombros.

“Infelizmente, ele não estava por perto. Ele estava fora da cidade por causa de um
pedido. Não tenho idéia de quando ele vai voltar.”

“Bem, isso é uma pena. Eu também não tive sorte. Eu não tive a chance de falar com o
Momon-dono. Se eu tivesse algum tempo, gostaria de falar com ele. Não é muita coisa,
gostaria de agradecê-lo por salvar a Capital.”

"Mesmo? Então... depois que a guerra acabar, por que não vamos juntos? Se tivermos
sorte, poderemos encontrá-lo. Climb-kun, quer vir com a gente?”

"Eu ficaria feliz em ir com você."

"Bem! Terei algo para esperar depois disso acabar. Ele é um guerreiro adamantite. Eu
aprenderei muito, aposto isso.”
"De fato. Nós definitivamente vamos aprender algo útil. Com que tipo de inimigos ele
lutou... Estou ansioso para ouvir sobre suas façanhas.”

"Bem, isto é uma surpresa. Gazef, você gosta desse tipo de coisa?”

"Ah sim. Afinal, sou um guerreiro; é natural que eu esteja interessado... Então é melhor
você voltar em segurança, tudo bem?"

Gazef voltou os olhos para a Planície Katze.

“Há uma taberna na capital com excelente comida. Uma vez que esta guerra acabar,
nós vamos lá para comemorar. Eu pago tudo. As economias são destinadas a coisas
desse tipo.”

"Espero que estejamos lá para celebrar a vitória."

Brain caminhou até o lado de Gazef e olhou na mesma direção que ele.

"Então, er, erm... eu poderia ir também?"

“Climb-kun, você bebe?”

Embora as leis do Reino não estabelecessem tecnicamente uma idade legal para beber,
ninguém venderia álcool para um menino na adolescência.

"Não, nunca bebi antes, então não tenho certeza."

"Jura? Então você deve beber um pouco e ver como é. Pode chegar um momento em
que você precisa beber com os outros, como agora.”

"De fato. Pode ser bom ficar bêbado e ver se você consegue lidar com isso.”

"Compreendo. Então, espero que você me deixe acompanhá-lo.”

"Boa! Então, os três de nós devem retornar com segurança. Não jogue sua vida fora por
nada!”

Depois que Gazef terminou, Brain e Climb acenaram para ele.


Parte 4

Uma extensão carmesim se espalhava diante dos olhos. Era uma terra árida,
desprovida de quase toda vegetação. Aqueles que incorporaram um lado poético
chamaram esta terra de morte de um campo de sangue.

As Planícies Katze — um lugar onde os undeads e outros monstros vagavam, temido


como um lugar perigoso para os vivos.

A coisa mais assustadora era a névoa fina que envolvia os monstros,


independentemente da hora do dia. Esse nevoeiro produzia reações fracas de undeads.

Por si só, a névoa não faz nada para criaturas vivas. Não drenava energia vital nem
infligia danos. No entanto, como a névoa era registrada como uma criatura undead
pelas magias, ela negava tentativas de detectar seres undeads e, como resultado, muitos
aventureiros foram emboscados por undeads enquanto estavam dentro dela.

No entanto, essa névoa estava ausente agora. A visibilidade era excelente e podia-se
ver um longo caminho. Era como se a terra estivesse acolhendo os combatentes da
próxima guerra sobre si mesma como futuros undeads.

Os undeads se dispersaram com o nevoeiro, e nenhum deles pôde ser visto. Um trecho
silencioso e sem vida se espalhava diante deles.

Torres desmoronadas, construídas há centenas de anos, projetavam-se da terra como


lápides espalhadas. Claro, nenhuma delas estava intacta.

As torres tinham originalmente seis andares de altura, mas tudo acima do terceiro
andar desmoronara e os destroços estavam por toda parte. Menos da metade das
paredes grossas foram deixadas. A causa não foi tanto a deterioração pelo tempo e o
vento quanto as batalhas entre monstros.

Cenas como estas existiam ao lado de planícies cobertas de grama, nitidamente


demarcadas por uma linha invisível. Foi por isso que as Planícies Katze foram
chamadas de terra amaldiçoada.

♦♦♦

O sol brilhava na terra que não via sua luz há quase um ano. Como se quisesse
desprezar essa terra improdutiva, uma vasta estrutura se erguia sobre ela do outro lado
do horizonte — o mundo dos vivos.

Foi construído com troncos enormes que não estavam em nenhum lugar nas planícies
ao redor, com paredes resistentes que pareciam negar passagem a tudo em sua
vizinhança. Era cercada por uma vala rasa que foi, no entanto, cuidadosamente
escavada e cheia de estacas afiadas. Isso era para evitar undeads mais burros.

Do outro lado da vala inúmeras bandeiras ondulavam ao vento. Destas, as mais


numerosas eram as bandeiras do Império — portando a insígnia do Império Baharuth.

Isso era apenas esperado. Afinal de contas, este edifício, este castrum, era a base da
guarnição do Exército Imperial, situado nas Planícies Katze.

O Império havia mobilizado 60.000 cavaleiros para essa operação. A guarnição


poderia abrigar todos eles, o que em si dizia muito sobre o tamanho da base. E esse
formidável castrum, tão poderoso quanto uma fortaleza, foi construído sobre um
terreno facilmente defendido.

Foi construído no topo de uma colina. Esta colina não era nativa das Planícies Katze,
mas construída inteiramente através de paisagismo mágico.

Mesmo o Império Baharuth, que adotou uma estratégia nacional de aumentar o


número de seus magic caster, não pôde concluir o trabalho em pouco tempo. Esta
estrutura foi construída ao longo de vários anos.

Originalmente, este local pretendia ser o ponto de partida de invasões visando E-


Rantel. Quer dizer, este castrum maciço tinha sido construído com a intenção de resistir
a um cerco prolongado pelas centenas de milhares de tropas do Reino.

O Reino não tinha resposta à altura para a criação deste castrum, simplesmente
porque eles não tinham mão-de-obra ou recursos para atacar a guarnição.

Embora eles se unissem quando o Império invadisse seu próprio país, quando se
tratava de lançar uma invasão, eles tinham que discutir as coisas com outros membros
de sua facção. Além disso, decidir quem pagaria a conta por declarar guerra apesar de
nenhuma de suas terras estar em jogo também era um problema.

No final, nenhum dos nobres se importaria, a menos que estivessem na linha de fogo.

Três Hipogrifos voavam nos céus acima daquele castrum maciço. Eles começaram com
uma ampla órbita aérea, seguida de uma lenta descida. Qualquer cavaleiro saberia que
esta era a descida cerimonial da Guarda Real Aérea — tropas sob o comando direto do
Imperador — o que significava que um emissário do Império estava para pousar.

Na superfície, havia cerca de 10 cavaleiros montados em uma formação circular, cada


um elevando a bandeira imperial. Esta foi uma saudação de retorno do solo — a
cerimônia para receber um emissário Imperial. Os Hipogrifos pousaram no centro do
círculo, e a precisão do pouso foi um teste das habilidades dos pilotos, mas os três
passaram como cores voadoras, o que mostrou a excelência de sua habilidade.
Após o desembarque, os emissários Imperiais montados nos Hipogrifos se revelaram.
Embora esses cavaleiros recebessem a honra de cumprir os deveres cerimoniais,
ficaram tão surpresos que as bandeiras que seguravam vacilavam.

A razão para o breve pânico foi o homem vestido de uma maneira completamente
diferente das outras duas pessoas que o acompanhavam.

Uma vez que ele tirou o elmo e revelou seus traços bonitos, todos imediatamente
sabiam quem ele era.

O vento levemente jogou seus cabelos loiros e seus olhos estavam tão azuis quanto o
mar. Sua boca, que sugeria uma vontade de ferro, estava bem fechada. Ele era a imagem
do cavaleiro perfeito.

Não havia cavaleiro que não soubesse quem era esse homem.

Mais importante, não havia ninguém que não soubesse sobre a armadura completa
que usava. Era feito do metal raro adamantite ainda mais encantado com magia
poderosa. Havia apenas algumas armaduras como esta no Império.

O portador dessa armadura era um dos cavaleiros mais graduados do Império.

Ele, um dos Quatro Cavaleiros do Império, "Vendaval Feroz", Nimble Ark Dale Anock.

Em uma voz estridente que combinava com a imagem que ele projetava, Nimble se
dirigiu a um dos cavaleiros.

“Eu procuro seu comandante supremo, General Carvain da Segunda Legião. Você sabe
onde ele está?"

"Senhor! O General Carvain está em uma reunião agora para planejar a ofensiva contra
o Reino dentro de alguns dias! Escoltarei o senhor ao praetorium do General, Anock-
sama!”

“Entendo. Então... o Rei Feiticeiro Gown-dono chegou aqui também?”

"Senhor! Não senhor! O Rei Feiticeiro-dono não foi avistado aqui.”

"Entendido."

Nimble suspirou de alívio pelo fato de o general ter sido informado com antecedência
e de que chegara antes dele.

“Então, posso pedir-lhe para liderar o caminho? Eu também tenho outro favor para
pedir de você.”
Nimble lentamente fechou as mãos em torno de algo escondido no bolso do peito.

♦♦♦

Os cavaleiros trouxeram Nimble para uma luxuosa tenda, onde esperou por quase uma
hora, até que o dono da tenda retornou na companhia de numerosos guardas.

Ele era um velho cujo cabelo era branco puro, e ele tinha um ar digno sobre ele.

Embora ele fosse blindado como todos os outros cavaleiros, ele emitia uma impressão
completamente diferente deles. Pode-se dizer que ele parecia um nobre, em vez de um
soldado.

"Bem-vindo, Nimble."

O largo sorriso em seu rosto o fazia parecer ainda mais nobre que um cavaleiro. Sua
voz estava calma, muito fora de lugar em um lugar sombrio como o campo de batalha.

Nimble respondeu assentindo de maneira cerimonial.

Natel Inyem Dale Carvain.

Ele era um nobre que fora ofuscado por outros, mas o imperador anterior o
reconhecera por seus talentos e o colocara no comando da Segunda Legião. Embora ele
não possuísse valor marcial como pessoa, ele era famoso por sua habilidade de
comandar, com rumores dizendo que ele nunca havia perdido uma batalha. Com ele no
comando, a Segunda Legião desfrutava de uma moral muito alta.

De fato, os cavaleiros que acompanham Carvain foram incapazes de esconder seu


respeito por ele em cada movimento que fizeram.

“Eu não sei como começar a agradecer ao General-kakka, que veio até aqui para me
ver, apesar de ser o comandante supremo desta expedição.”
Obs.: “kakka” é um adereçamento militar a pessoas envolvidas com governo.

O Exército Imperial foi dividido em oito legiões, e o oficial comandante de cada legião
recebeu o título de "general". O general da Primeira Legião era conhecido como
Marechal de Campo, e ele era o comandante-chefe de todo o Exército Imperial.

Se a Primeira Legião — se o Marechal de Campo não estivesse presente, o general da


próxima legião assumiria sua posição como comandante geral. Isso quer dizer que o
general Carvain da Segunda Legião estava no comando de todo o Exército Imperial.

“Não, não, Nimble. Dispense com as formalidades. Você está aqui nas ordens de Sua
Majestade Imperial, certo? Você não está sob o meu comando. Você só precisa falar
comigo como um igual.”
Mesmo quando ele disse isso, Nimble sorriu amargamente.

O Exército Imperial primeiro era leal ao Imperador e depois aos generais.

Os Quatro Cavaleiros Imperiais, seus combatentes mais fortes, muitas vezes seriam
encarregados de realizar a vontade do Imperador. Em termos de autoridade, eles
seriam considerados iguais a um general. No entanto, em termos de idade, experiência
e prestígio, nenhum deles era igual a Carvain. Era muito difícil para ele tratar Carvain
como apenas um igual a menos que um forasteiro estivesse presente.

Carvain sorriu, como se apreciasse a inquietação no rosto de Nimble.

“Isso me incomoda que um dos Quatro Cavaleiros, os guerreiros mais poderosos do


Império, seja tão rígido e formal em torno de um homem velho como eu. Que tal
simplesmente dispensar os honoríficos?”

"Entendido, General Carvain."

O general Carvain assentiu, como se quisesse indicar sua aprovação.

“Parece que você tenha escolhido um bom momento para vir. A névoa se dispersou,
como se recebesse você.”

“General Carvain, acho que as boas-vindas não são para mim, mas para a tragédia que
está prestes a se desenrolar. Eu estremeço ao imaginar o que vai acontecer.”

“Uma tragédia, hm... Bem, então, Nimble. Você pode me dizer o motivo dessa guerra?
Até agora, nosso objetivo estratégico tem sido esgotar o Reino, mas desta vez, é
diferente. Nosso objetivo atual é tomar E-Rantel por meios diplomáticos, e para isso
precisaremos derrotar o Reino em batalha.”

Os olhos de Carvain endureceram quando ele disse isso.

“...Enfrentamos o maior exército que o Reino já reuniu em sua história. Embora nossos
cavaleiros sejam mais do que páreo para qualquer um dos recrutas que o Reino possa
cultivar, a quantidade é uma qualidade própria. Uma batalha de campo aberto resultará
em muitas baixas. E tudo isso é para o propósito de tomar E-Rantel, o qual nós
imediatamente entregaremos a esse companheiro Rei Feiticeiro. No que Sua Majestade
Imperial pensando?”

"Antes de responder a esta pergunta, espero que você mande embora todos os
presentes."

O velho general abriu a boca como se fosse falar, depois assentiu com a cabeça.
"Todos vocês são dispensados."

Os conselheiros de Carvain se curvaram enquanto recuavam.

"Muito obrigado."

“Perder tempo seria tolice. Agora, você pode me dizer por quê?”

"Sim. Eu fui originalmente enviado para informar o Marechal de Campo do objetivo


dessa guerra.”

Nimble se mexeu em sua cadeira.

“O objetivo desta guerra é construir boas relações com o Rei Feiticeiro, Ainz Ooal
Gown. Como tal, devemos obter E-Rantel a qualquer custo, mesmos nossas vidas, e
depois renunciar a ela sem nenhum custo para Ainz Ooal Gown, a fim de fortalecer os
laços com ambos os lados.”

“Se os cavaleiros que mantêm a ordem no Império estiverem esgotados, o Império


estará em perigo. O Rei Feiticeiro realmente vale tudo isso?”

"Sim."

Carvain cruzou os braços e fechou os olhos. Isso foi apenas por um breve período.

"Compreendo. Se este é o desejo de Sua Majestade Imperial, então eu vou cumpri-lo.”

"Você tem a minha maior gratidão."

"Não há necessidade de gratidão... embora tenhamos que nos esforçar para encontrar
a aprovação do Rei Feiticeiro."

"Sobre isso, eu tenho um pedido..."

Disse Nimble.

Este foi o seu principal objetivo para vir aqui.

“Pedimos ao Rei Feiticeiro para lançar uma magia para começar o ataque. Eu pediria
que você atrasasse a investida dos cavaleiros antes que a magia seja lançada.”

"E o que isso significa? Não devemos comprar a simpatia do Rei Feiticeiro com o nosso
sangue?”

“De fato, essa é a idéia. No entanto, também pretendemos investigar o poder do Rei
Feiticeiro. Como tal, pretendemos que o Rei Feiticeiro use a magia mais poderosa de
que ele é capaz. Sua Majestade Imperial pediu isso para ver que tipo de magia poderia
ser.”

"...Então, o Rei Feiticeiro... ele é um inimigo?"

“Você parece entender. O Rei Feiticeiro "Ainz Ooal Gown" é um inimigo do Império."

"Entendo. Então eu farei com que os cavaleiros façam a investida na brecha criada pela
magia do Rei Feiticeiro para ampliá-la. Mas que tipo de magia será? Não será uma
「Fireball」, correto?”

“Nós não sabemos, então devemos descobrir do que ele é capaz. No entanto,
provavelmente podemos supor que é mais poderoso que a magia de ataque de
Paradyne-sama.”

Os olhos de Carvain se arregalaram, mas isso foi apenas por um momento.

“Entendo, entendo. Embora eu ache difícil acreditar que alguém possa ser mais
poderoso do que aquele poderoso lançador de magia, eu posso ver porque sua
Majestade Imperial gostaria de construir boas relações com ele se ele realmente possui
esse tipo de poder.”

Nimble permaneceu em silêncio.

“Matar centenas em um único golpe teria que ser algo muito poderoso. Seria uma boa
chance para uma investida penetrante. Com esse tipo de poder ao nosso lado, teríamos
menos perdas.”

Se ao menos fosse apenas isso...

Pensou Nimble.

Depois de falar com seus companheiros dos Quatro Cavaleiros, " Explosão Pesada" e
"Relâmpago", ele percebeu que o poder de Ainz superava a imaginação mortal. Ele
poderia usar uma magia que matasse milhares, talvez dezenas de milhares, se
estivessem amontoados. Claro, ele tinha suas dúvidas, mas havia uma grande chance de
que fosse verdade, já que ambos chegaram a essa conclusão.

Assim como Carvain disse, as mortes dos cavaleiros que policiavam o Império seriam
uma enorme perda.

Embora fosse uma ocasião alegre se Ainz, seu inimigo latente, se mostrasse
desdentado, só dessa vez, ele queria acreditar no que seus camaradas tinham dito.
“Ah, general. Há outra coisa que quero te perguntar. O Rei Feiticeiro estará trazendo
suas tropas para a frente. Espero que você permita que eles o acompanhem ao campo
de batalha.”

“Hoh. E quantos milhares de homens ele tem?”

"Sobre isso—"

“Perdoe-me por interromper sua conversa, Carvain-kakka, Nimble-kakka!”

Um grande grito veio do cavaleiro do lado de fora da tenda.

Carvain olhou apologeticamente para Nimble, antes de falar com o homem do lado de
fora.

"Você pode entrar."

O homem que entrou era um cavaleiro muito bem classificado.

"O que está acontecendo? É uma emergência?”

"Senhor! Uma carruagem que arvora a bandeira do Rei Feiticeiro chegou ao portão
principal. Eles pedem entrada. Temos permissão para deixá-los entrar?”

Os olhos do cavaleiro se voltaram para Nimble. Carvain também olhou para ele. Por
sua vez, Nimble assentiu.

"...Entendido, deixe-os passar."

"Senhor! Então... precisamos inspecionar a carruagem?”

Ninguém podia entrar no castrum sem antes ser liberado pelas sentinelas. O
procedimento normal era usar magia para checar o pessoal em questão, para garantir
que eles não fossem intrusos disfarçados por ilusões.

Se este fosse o Reino, eles não teriam usado magia para inspeções. A razão pela qual
foi usada aqui foi porque a magia e a tecnologia mágica eram a pedra angular do poder
do Império. Eles estavam cientes do poder aterrorizante da magia e, portanto, estavam
vigilantes contra seu uso.

Isso era especialmente verdadeiro para uma enorme base militar como essa, que
empregava a mais recente tecnologia mágica. Tais tecnologias foram o pilar que
reforçou seu futuro e, se vazassem, poderiam causar grandes danos ao Império. Se o
Imperador Jircniv aparecesse pessoalmente, ele ainda seria examinado de perto pelos
guardas.
Como resultado, mesmo se os visitantes fossem de um país aliado — não,
precisamente porque eles eram de um país aliado, eles estariam sujeitos a inspeção.

No entanto, houve situações em que tais coisas não seriam permitidas.

Carvain olhou para Nimble novamente.

Pesado pela atmosfera opressiva e o poder do item no bolso do peito, Nimble só podia
sorrir amargamente em resposta.

“General Carvain, ofereço minhas mais sinceras desculpas. Eles são convidados
extremamente importantes para o Império. Esta é uma acomodação especial e uma
exceção entre as exceções. Por favor, permita que eles entrem imediatamente.”

O rosto de Carvain, que tinha um sorriso caloroso até recentemente, congelou em uma
máscara sem emoção.

Isso porque ele sabia que Nimble havia dado uma ordem ao cavaleiro sobre seu
comando.

Por mais gentil que um homem fosse, ele não ficaria feliz se seu próprio povo
recebesse ordens de outra pessoa.

Nimble entendeu o motivo do agravamento de Carvain, mas essa era uma ordem que
ele tinha que dar.

De outra forma—

Enquanto Nimble hesitava em revelar o item que estava escondendo no bolso do


paletó, o general Carvain falou.

“Se é o comando do Imperador, então devemos obedecer. Afinal, o Império e todos


dentro dele estão sob o comando de Sua Majestade Imperial.”

"Estou muito feliz que entenda, General."

O objeto que Nimble carregava era um decreto Imperial. Foi escrito em pergaminho, e
disse que o portador foi autorizado a agir com a plena autoridade do Imperador. Sua
missão se estendia a todos os envolvidos nessa guerra. Nessa guerra, Nimble superaria
Carvain e poderia até mesmo libertá-lo do comando, se necessário.

Por um momento, Nimble ficou aliviado porque não precisaria arruinar a relação entre
um oficial mais velho que ele respeitava. Então ele ficou tenso de novo, porque agora
não era a hora de relaxar.
“Então, vamos nos encontrar com esse Rei Feiticeiro? Afinal, ele recebe muitos favores
de Sua Majestade Imperial, então certamente ele deve ser um homem que possa
rivalizar com esse grande herói.”

Pessoalmente, Nimble não queria ir.

Depois de falar com os outros Quatro Cavaleiros — não, havia apenas três agora,
incluindo ele mesmo — e lembrando-se do que haviam dito a ele, a expressão de
Nimble se tornou amarga. No entanto, ele não teve escolha senão seguir o general.

“Claro, o general Carvain. Me permita acompanhar você.”

♦♦♦

Uma carruagem magnífica avançava do lado de fora do castrum, seguindo atrás de


batedores montados. O que fez os espectadores suspirarem foi o fato de que a
carruagem não tinha motorista e que o cavalo que o puxava era maior do que um cavalo
comum. Não era um Sleipnir, mas um animal mágico que parecia um cavalo escamoso.

Nimble se dirigiu aos cavaleiros ao redor e Carvain.

"Por favor, apresente armas para o nosso convidado."


Obs.: A mais alta forma de saudação militar, reservada a oficiais superiores e grandes dignitários.

O quê?

Nimble podia imaginar que era o que todos os soldados e Carvain estavam pensando,
dadas as expressões em seus rostos.

O protocolo ditava que se deveria apresentar armas aos chefes de estado das potências
aliadas.

No entanto, esse protocolo não existia em instalações militares. Isso porque os


dignitários estrangeiros normalmente não chegariam a uma base militar.

Mesmo dentro das nações humanas, haveria intrigas e disputas internas. Ninguém
teria essa abertura de espírito.

Apresentar armas a alguém de fora era algo que deveria ser feito em um lugar seguro e
aberto, e não em uma instalação militar. Era isso que os soldados presentes deviam
estar pensando.

Além disso, havia mais uma coisa.

Quase nunca se apresentariam armas no campo de batalha.


Isso ocorre porque os soldados podem pensar que a pessoa a quem seu comandante
estava apresentando suas armas era superior mesmo a ele. Essa foi uma das regras
tácitas do campo de batalha.

Como um dos Quatro Cavaleiros, Nimble entendia perfeitamente seus sentimentos.


Contudo—

"Senhores, por favor, apresentem suas armas."

Nimble repetiu-se com uma voz sustentada por aço.

Depois disso, ele ouviu Carvain suspirar.

“Vocês o ouviram, não? Apresentem as armas enquanto o Rei Feiticeiro se aproxima.”

As ordens de Carvain acalmaram os soldados inquietos. Se fosse uma ordem, então


tudo o que eles tinham que fazer era seguir. Não havia necessidade de pensar.

Nimble lançou um olhar agradecido a Carvain, mas ao fazê-lo notou um olhar


zombeteiro no rosto de Carvain. Parecia dizer que “Pode ser difícil para você, mas é
ainda mais difícil para mim”.

A carruagem parou diante deles.

Nimble e os outros ofegaram por mais de um motivo.

Primeiro, foi porque a carruagem em si era incrivelmente bela. Sua cor básica era um
preto que parecia ter sido cortado do próprio céu noturno, e todo o chassi estava
coberto de elaborada ornamentação. Essas decorações tinham o brilho suave do
bronze, enquanto o couro era de cor de cobre, dando ao todo um ar de sutileza e
elegância. Embora os enfeites pudessem ser um pouco exagerados, não alcançaram o
ponto de discrepância. Em vez disso, não se parecia em nada com uma caixa gigante de
tesouro.

Nimble havia viajado na carruagem pessoal do Imperador de vez em quando, e ele


tinha a firme convicção de que esta diante dele era superior.

A outra razão pela qual ele engasgou foi por causa da fera puxando a carruagem.
Definitivamente não era um cavalo. A criatura gorgolejou suavemente, um som líquido
de *gurururu* e seus dentes afiados podiam ser vistos na abertura de sua boca. Seu
corpo inteiro estava coberto de escamas que pareciam pertencer a um réptil, e por
baixo daquelas escamas havia proeminentes faixas ondulantes de músculos.

Era como um avatar de brutalidade e violência em forma de cavalo.


Todos ao redor estavam cheios de uma aguda sensação de alarme. O próprio Nimble
estava começando a hiperventilar e o suor irrompeu nas costas e nas palmas das mãos.
A fera era muito aterrorizante.

Em meio à tempestade de respirações em pânico, a porta da carruagem se abriu.

Uma garota Elfa Negra desceu.

O pensamento de todos parou.

Ninguém podia falar. Seus olhos estavam atraídos irresistivelmente para ela.

A garota que segurava o cajado preto e torcido era adorável. Quando ela crescesse, ela
certamente quebraria muitos corações. Sua beleza seria tal que os homens fariam
qualquer coisa por ela. Até mesmo sua expressão, que era recatada como uma flor
desabrochando sob o luar.

No entanto, as coisas em suas mãos eram totalmente incongruentes com a imagem que
ela projetava.

Eram manoplas.

A manopla esquerda era uma coisa de aparência maligna que se assemelhava à mão de
alguma forma de vida demoníaca. Parecia ser feito de algum tipo de ominoso metal
preto coberto de espinhos retorcidos. As estremidades dos dedos estavam afiadas em
pontas, e o brilho sujo ao redor parecia vagamente metálico, mas lembrava algum tipo
de secreção estranha. Apenas um único olhar encheu todos que o viam com um
sentimento desagradável, como se suas próprias almas estivessem rejeitando-no.

Em contraste, a luva direita parecia a mão pura e imaculada de uma donzela. Era de
cor branca e suas proporções esbeltas estavam cobertas de elaborados bordados de
ouro, que enfatizavam ainda mais sua beleza extraordinária. Eles pareciam abelhas
anestesiada pelo pólen das flores, ao ver essa beleza world-class, os espectadores
achavam que poderiam perder suas almas para ela.

“A-Ah, Ainz-sama. Acho que chegamos.”

“Parece que sim. Obrigado, Mare.”

Com isso, outra figura se revelou.

Nesse momento, o ar de repente ficou estagnado.

Os corpos de todos os homens presentes foram repentinamente cobertos de arrepios.


Isso não estava matando a intenção, mas um sentimento que era mais difícil de
descrever.
Ainz Ooal Gown estava vestido com os trapilhos que se associaria com um magic
caster arcano. Para começar, ele usava um manto negro e, além disso, outro manto
negro, algo duplamente curioso. Além disso, ele tinha um cajado que era ricamente
decorado, mas não a ponto de ser excessivamente ostensivo. Em volta do pescoço havia
um colar de prata com pedras preciosas. E no rosto dele havia uma máscara estranha.

"Nós damos a você e sua comitiva boas-vindas, Vossa Majestade, Rei Feiticeiro Ainz
Ooal Gown."

Nimble abaixou a cabeça. No entanto, ele não ouviu mais ninguém seguindo o exemplo.

Apesar de saber que era muito rude, ele teve que se virar para olhar. O general e os
cavaleiros atrás dele estavam congelados no lugar.

Eles tinham sido dominados pela presença do Rei Feiticeiro e não podiam se mover.

Ele podia entender isso. No entanto, se isso acontecesse, poderia gerar problemas
diplomáticos.

No final, foi o general quem entregou a solução para a situação de Nimble.

"Legião!"

O rugido pertencia a Carvain. Era uma ordem nítida e estimulante que não parecia se
adequar a um nobre como ele, mas que se encaixava perfeitamente em sua posição de
general.

“Uma saudação! Para Sua Majestade, o Rei Feiticeiro!”

"Senhor!"

Os cavaleiros deram a sua resposta em coro e, como um deles, apresentaram as armas


a Ainz.

"Eu agradeço a você por suas boas-vindas, seus cavaleiros são o orgulho do Império."

Foi uma resposta completamente mundana, o que tornou muito mais assustador.
Parecia estranhamente fora de lugar, como algo monstruoso estava tentando o seu
melhor para agir como um ser humano. Tendo ouvido falar o rosto por baixo da
máscara, Nimble experimentou essa sensação ainda mais intensamente do que os
outros.

"Por favor, levantem suas cabeças."

A primeira vez que ele disse isso, ninguém respondeu.


"Vocês não podem levantar a cabeça?"

Depois da segunda vez, eles concordaram. Afinal, esperar até a terceira vez era uma
honra concedida apenas ao próprio governante.

"Vossa Majestade, por favor, perdoe aqueles que não levantaram a cabeça
imediatamente."

Um rápido olhar através dos cavaleiros revelou que seus lábios eram brancos e seus
rostos estavam pálidos.

"Eles estavam tão animados em ver Vossa Majestade que eles se esqueceram."

“Não, eu deveria ser o único a se desculpar. Eu estava animado porque estaríamos indo
para o campo de batalha. Espero que você entenda que não vejo nenhum de vocês como
culpados.”

Ainz desconjurou uma capa preta em seus ombros. O tecido preto agitou as asas de um
corvo quando se abriu. Naquele momento, o ar frio e opressivo que o rodeava
desapareceu como nunca.

Tudo o que restou foi um ser humano comum, com a presença de um ser humano
comum.

Foi assustador.

Essa foi a emoção que Nimble sentiu mais intensamente agora.

Ele tinha ouvido falar da natureza monstruosa de Ainz de seus companheiros. Mesmo
assim, o homem à sua frente parecia muito comum, o que só aprofundou seu medo. Ele
sentiu como se um grande predador estivesse lentamente se aproximando dele.

Os cavaleiros, que não sabiam de nada, estavam provavelmente começando a sentir a


estranheza da situação. O ar encheu-se de uma crescente inquietação. Carvain pareceu
entender. Ele não usou sua mente, mas seu coração e alma. Através deles, ele sabia que
tipo de atitude ele deveria manter em relação à pessoa à sua frente.

"Por favor, permita-me, Nimble Ark Dale Anock, levá-lo aos seus aposentos."

“Certo. Então, eu estou aos seus cuidados. Permita-me desculpar-me por qualquer
inconveniente que eu esteja causando a você.”

"Entendido. Então, este é o Comandante-Chefe desta expedição, General Carvain.”


“Eu sou Carvain, Vossa Majestade, Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown. Se você estiver
incomodado com alguma coisa nesta guarnição, por favor, informe-me e iremos corrigi-
lo imediatamente. Por favor, escolha seus cavaleiros para serem seus seguidores...”

"Não há necessidade disso. Eu tenho um subordinado aqui.”

Ele gesticulou para a Elfa Negra.

"Eu mesmo providencio em caso de qualquer insuficiência."

Carvain congelou.

A verdadeira intenção por trás da oferta de Carvain era atribuir observadores a Ainz, a
fim de impedi-lo de fazer algo estranho na base.

No entanto, a resposta fora uma negação seca, uma resposta que só os poderosos
podiam dar.

No entanto, dadas as circunstâncias de Carvain, ele não podia permitir que esse tipo de
coisa acontecesse. Nesse ritmo, eles nunca chegariam a um consenso.

Embora Nimble obviamente entendesse os sentimentos de Carvain, ele não podia


deixar este assunto ficar assim.

“É isso mesmo... então, Rei Feiticeiro-kakka, por favor sinta-se livre para nos informar
se você precisar de alguma coisa. General Carvain, espero que me permita lidar com as
coisas daqui.”

"—Entendido."

"Ah... há algo que esqueci de mencionar."

“O que seria, Rei Feiticeiro-kakka?”

“Acredito que devo abrir essa batalha com uma magia. Naquele momento, gostaria que
minhas tropas participassem da batalha também. Espero que você permita isso.”

"Nós poderíamos pedir nada mais."

Como já havia sido discutido, Carvain prontamente concordou.

No entanto, ele franziu a testa em perplexidade.

“...No entanto, a batalha começará em alguns dias, talvez mesmo amanhã. De onde as
suas forças chegarão, Vossa Majestade? Não podemos esperar muito tempo...”
“Isso não será um problema. Eles já estão por perto.”

A resposta levantou dúvidas no coração de Nimble. Olhando para o céu, não parecia
haver nenhuma tropa no ar se aproximando.

Carvain deve ter tido as mesmas suspeitas que ele. Naturalmente, a guarnição estava
cercada por uma extensa rede de segurança. A abordagem de qualquer pessoa, além
das tropas Imperiais, seria imediatamente informada ao pessoal bem mais classificado
no exército. Será que o relatório foi perdido?

Nimble olhou em volta, mas não parecia que alguém presente soubesse disso.

"Me desculpe. Não, dizer que eles estão por perto não seria preciso. Bem, eu só queria
dizer que eles podem chegar imediatamente.”

"Entendo..."

Carvain não parecia capaz de aceitar isso, mas continuou perguntando:

"Quantas tropas virão?"

"Cerca de quinhentos."

"Quinhentos"

Embora Carvain tenha ocultado sua reação com maestria, Nimble não conseguiu
esconder sua própria decepção.

Para demonstrar sua lealdade a Ainz, o Império deveria derramar oceanos do sangue
de seus povos. Como tal, a unidade de Ainz provavelmente não seria usada, então
colocá-los na formação do Exército Imperial seria ótimo.

"General, haverá um problema em integrar a unidade do Rei Feiticeiro-kakka com a


nossa formação?"

“Se são apenas quinhentos, então nem precisamos reorganizar nossa formação.
Quanto à guarda de honra do Rei Feiticeiro, talvez devêssemos deixar esse dever para
seu subordinado.”

Ele estava insinuando: “Não fique tão ansioso para entrar na briga.” O Exército
Imperial teria que ir primeiro e sofrer perdas para provar sua lealdade a Ainz, então
deixar a unidade de Ainz fazer muito seria problemático.

Ainz parecia satisfeito assentiu em aceitação da sugestão de Nimble. Um grande peso


ergueu-se em silêncio do coração de Nimble, mas quando ele pensou com calma, não
parecia nada lógico. O que poderiam meras 500 tropas fazer? Com toda a
probabilidade, eles eram meramente uma guarda de honra.

No entanto, o que aconteceu em seguida superou as previsões de Nimble.

Ainz parecia ter lançado algum tipo de magia e estava falando no ar.

"Você pode me ouvir — Shalltear? Abra um 「Gate」 para a minha posição e envie as
tropas.”

Os olhos sob a máscara de Ainz pareciam se mover.

"Então, General, convoquei minha unidade."

Quando ele terminou de dizer isso, uma comoção ondulou entre os espectadores.

Um objeto hemisférico preto apareceu atrás das costas de Ainz.

Nimble lembrou-se de algo sobre esse 「Gate」 sendo mencionado anteriormente.

Um portal se abriu e o que saiu foi—

O mundo ficou em silêncio.

Uma estranha ausência de som encheu o ambiente. O proverbial som do silêncio veio
adiante.

As 500 tropas revelaram suas formas. Em comparação com o Exército Imperial de


60.000 homens, eles pareciam tão poucos quanto tristes. No entanto, ninguém poderia
desprezar esses 500 soldados.

As forças bizarras diante deles deixaram isso bem claro.

"Estas são minhas tropas."

Ainz alegremente apresentou seus homens aos espectadores sem palavras.


Obs.: A imagem abaixo mostra Ainz sem máscara, já a tradução do Nigel diz que ele tem máscara e no anime também. Então provavelmente foi uma decisão artística.
Interlúdio
ma jovem sentada na única cadeira — um trono — em uma sala pequena e

U luxuosa. Sua voz era adorável e inocente, combinando perfeitamente com sua
idade.

“Certo! Eu vou deixar você lidar com isso!”

"Sim! Deixe isso para mim, Vossa Majestade!”

O homem que estava ajoelhado para a menina parecia um cavaleiro. Ele se levantou,
depois saiu elegantemente da sala.

A porta se fechou e, depois de alguns segundos, a moça se virou para o ministro ao


lado dela.

"Está tudo bem agora?"

"Sim. Ele foi o último, então não deve ter problema.”

Depois de ouvir a voz fria do homem, a expressão inocente que a garota estava fazendo
desmoronou.

Era como se ela estivesse fazendo uma birra.

Talvez fosse fadiga, mas seus olhos estavam meio fechados de nebulosidade, seus
lábios formavam uma forma de um へ, e seus ombros estavam arredondados.

"Tão cansativo..."

Sua atitude não se parecia com uma criança, mas com uma mulher sitiada na casa dos
40 anos. No entanto, o tom de sua voz ainda soava muito jovem; Era como se ela tivesse
mantido a mesma aparência externa, mas ela havia mudado completamente por dentro.

"Obrigado pelo seu árduo trabalho."

“Estou seriamente cansada aqui. Já tive o suficiente de conhecer pessoas com esta
aparência.”

Ela levantou a bainha de sua saia:

"Quem diabos inventou essas roupas que mostram a perna inteira, afinal?"

"Mais uma vez, devo repetir que você não pode fazer isso, Vossa Majestade."
[Soberana D r a g o a de Escamas Negras]
Essa garota era a Rainha do Reino Dragonic, a Dark Scale Dragonlord, Draudillon
Oriculus.
Ela tinha o título de Dragonlord, mas seu poder de combate era apenas o de uma
pessoa normal. Embora a Teocracia a classificasse como uma Verdadeira Dragonlord,
isso era simplesmente devido a seus talentos inatos, e assim algumas pessoas usaram o
raro título de a Falsa-Verdadeira Dragonlord para descrevê-la.

Isso porque a qualidade que determinava sua verdade ou falsidade era se ela poderia
ou não usar Magia Selvagem.

“É precisamente porque a Vossa Majestade evoca o desejo de ser protegida nos outros
de que eles trabalhem tanto por você.”

“Todos neste mundo são lolicons? Eu acho que se eles fossem maiores seria melhor de
várias maneiras possíveis.”

Draudillon levantou as mãos para o peito reto e balançou-as como se estivesse


carregando alguma coisa nelas.

“De fato, essa forma é—”

“—Não é uma forma; essa é a minha forma original.”

"Perdoe-me, Vossa Majestade."

"Ei, isso não parece uma desculpa de verdade.”

"Certamente não."

Draudillon olhou para o sorriso frio do ministro. Ela não podia ver as emoções que
espreitavam por baixo e virou-se infeliz.

“Agora que sua Majestade entende, vamos retornar ao nosso tópico original. Essa
forma pode ser capaz de conquistar os corações dos homens, mas as mulheres não a
favorecerão. Em contraste, sua forma atual é bem recebida por homens e mulheres,
jovens e idosos. Você deveria entender isso. Agora, se você insiste em tomar essa forma,
então você deve resolver os problemas que enfrentam este país. Você tem alguma
sugestão?”

"...Não chame isso de forma."

“Dito isto, se a situação atual continuar, você pode tomar qualquer forma que desejar,
porque ninguém estará lá para testemunhar isso.”

Um pesado silêncio desceu sobre a sala enquanto ela contemplava o estado em que o
Reino Dragonic estava.
"A invasão Beastman desta vez é diferente, não é?"

"De fato. Dado o tamanho de suas forças, seus objetivos não podem ser tão
mesquinhos quanto antes. Estou certo de que eles pretendem conquistar nossa nação.
Eles devem ter finalmente decidido construir um curral para o gado.”

Havia um País Beastman perto do Reino Dragonic.

Beastman são demi-humanos bípedes que se assemelhavam a animais carnívoros


como leões ou tigres. O fato de que eles comiam carne e não pensavam em comer
humanos era imediatamente evidente olhando para suas cabeças.

Espécies comedoras de homem não eram raras. Das seis grandes nações que lutavam
no centro do continente, três delas viam os humanos como bons. Por exemplo, os
Reinos Trolls, que estavam perto do centro do continente, consideravam bebês de seis
meses, servidos na barriga de suas mães, como uma iguaria que serviam aos
convidados.

Para esses seres, essa nação era uma reserva de caça.

No passado, eles pareciam considerar este lugar um campo de alimentação renovável,


e nunca haviam iniciado uma invasão total. No entanto, por alguma razão, eles haviam
feito isso desta vez, e três cidades já haviam caído para eles.

As orgias alimentares ali realizadas faziam até alguém como ela querer vomitar.

Diante de um invasor externo fechado a negociações, o país inteiro se mobilizou para


resistir desesperadamente, mas os Beastmen eram muito mais fortes que os seres
humanos.

O País Beastman era uma das nações poderosas do continente, isso por si só já
demostrava o quão grande eram seus atributos físicos em comparação ao dos seres
humanos.

Por exemplo, os parâmetros de desempenho de um Beastman adulto eram dez vezes


maiores do que os de um adulto similarmente adulto.

Os aventureiros usaram valores chamados avaliações de dificuldade para quantificar a


força dos monstros. Se um ser humano adulto fosse um 3, então um Beastman teria 30.
A única graça salvadora era que havia poucos indivíduos excepcionais entre eles,
provavelmente porque suas estatísticas básicas já estavam altas desde o começo.

“Atualmente, os aventureiros liderados por aventureiros adamantite mal conseguiram


fazer o inimigo bater em retirada, são simplesmente numerosos demais. Eles não
podem parar os invasores se eles se dividirem em vários elementos de tamanho de
tribo... Talvez devamos reunir todas as pessoas à capital e privar o inimigo de comida,
mas provavelmente morreremos primeiro.”

“Que dor de cabeça. O futuro não passa de escuridão.”

“Alternativamente, poderíamos despachar uma força escolhida a dedo para lançar um


ataque de decapitação contra o inimigo. No entanto, se for mal administrado,
poderemos simplesmente agitá-los por nada, mas, se não conseguirmos impedir a
invasão, poderemos ser forçados a recorrer a ela.”

"E ele vai ser o líder?"

"De fato, ele."

O "ele" em questão só poderia ser um homem. Ele, o “Lampejo Feroz” Cerabrate da


Crystal Tear, a única equipe de aventureiros com classificação de adamantite neste país.
Seu apelido derivou de sua proficiência com a técnica da espada conhecida como a
Lâmina Brilhante, e ele possuía a vocação da profissão Cavaleiro Sagrado.

“Ele é definitivamente um lolicon. Sempre que ele fala comigo, seus olhos percorrem
todo o meu corpo. Olhar para uma tábua de lavar como esta o deixa feliz? Por que ele
simplesmente não fica olhando para uma parede?”

“É o fetiche dele. Ah, sim, Vossa Majestade está correta. Ele é um lolicon.”

O rosto de Draudillon se contraiu.

"Eu sinceramente não quero ouvir você concordando tão prontamente. As pessoas
classificadas como adamantites no meu país... Se ao menos elas fossem mais decentes.”

"O que você está dizendo? Tudo o que você precisa fazer é fingir ser fofa e fazer o
papel de uma garota pura e inocente, e as pessoas lutarão até a morte por você. Isso não
é muito útil para nós?”

"Eu vou ter que satisfazer desejos dele um dia... ei! Não olhe para mim como se eu
fosse uma leitoa que será servida como o café da manhã de amanhã!"

"Hahh..."

O homem suspirou com exagero deliberado. Isso fez com que suas veias saltassem.

“Mas isso é tudo o que vai acontecer. Vossa Majestade, por favor, aguente isso. É um
destino melhor do que o seu povo que já foi comido, bem, eles foram de forma literal.”

Ela não teve resposta para dar.


“...Se tivéssemos o dinheiro, poderíamos contratar a Optics. Falando nisso, o que a
Teocracia está fazendo?”

"Isso, ninguém sabe."

"Não doamos grandes somas a eles todos os anos? Normalmente, eles deveriam ter
vindo nos ajudar agora, certo? Não é como se eu quisesse que eles enviassem a
Escritura Preta, mas eles nem mesmo enviaram a Escritura da Luz Solar.”

A Teocracia sempre enviou suas tropas para ajudar o Reino Dragonic em segredo. A
razão pela qual era um segredo provavelmente por causa de sua liderança.

“Então essa é a nossa retribuição por confiar nossa defesa nacional a outro país. Que
tragédia."

"Não é como se eu gostasse de confiar nos outros, não podemos evitar! Não diga que
você não sabe que nosso orçamento militar sempre foi muito apertado. Se gastássemos
mais, o país teria falido. Além disso, não é como se as tropas fossem ficar mais fortes se
gastássemos o dinheiro com as forças armadas.”

O Reino Dragonic havia investido muitos fundos para lidar com os Beastmen ao longo
dos anos, mas o resultado foi lastimável. Ela queria pensar que eles tinham mantido as
baixas tão mínimas por causa do dinheiro que gastaram.

“Se a Teocracia nos abandonou... ah sim, por que não pedir ajuda ao Império? Se nosso
país for eliminado, o Império será o próximo, certo?”

“Ainda há as Planícies Katze entre nós, então não será a vez do Império. Eles também
podem desviar do lago para atacar a Teocracia.”

"...É verdade, duvido que eles sejam corajosos o suficiente para atacar em um lugar
onde os undeads aparecem como moscas no lixo."

Aliás, os dois tinham pulado as tribos montadores de Wyvern ao longo do caminho.

"Não é que eles não sejam corajosos, mas que os undeads não são comestíveis, então
não adianta conquistar esse lugar. Apenas undeads ficariam felizes em tomar um lugar
assim. Além disso, o Império deveria estar ocupado também, certo? Sua guerra anual
está prestes a acontecer.”

"Parece um pouco atrasado este ano."

“Sim, por cerca de meio ano. Algum magic caster ridículo fez uma declaração. Você
quer ler?”

“Ah, quem se importa com outros países?! Chega disso, salvar o país é o importante!”
"Bem, já que mencionou, Vossa Majestade... que tal a magia de Vossa Majestade?"

O ministro acenou com o dedo. Para ele, provavelmente era tudo o que ele pensava em
magia. Draudillon sorriu amargamente.

“Magia Selvagem, hm? Esse tipo de poder não é o tipo de coisa que um ser humano
pode controlar; nem mesmo alguém com um oitavo de ancestralidade dracônica. Se as
coisas derem errado, pode acelerar o fim do nosso país, então é um último recurso.”

“Um último recurso, hm? Espero que esse dia nunca chegue. Então, tentarei solicitar
ajuda da Teocracia.”

“Ohh! Por favor, faça~”

O ministro virou um olhar frio para Draudillon enquanto ela dava sua resposta infantil.

“Esse é o espírito, Vossa Majestade. Já que você tem força para isso, então eu confio
que você pode escrever trinta cartas de encorajamento para as nossas tropas na linha
de frente — cartas de confiança de uma criança pequena. Naturalmente, espero que
você escreva como uma criança, claro.”

"Guehhh... eu não posso fazer isso sóbria. Traga-me vinho!”

"Entendido. Embora você possa se intoxicar o quanto quiser, espero que conclua essa
tarefa até hoje.”

O ministro curvou-se e saiu do quarto.

Draudillon observou suas costas quando ele partiu e depois olhou para as próprias
mãos.

"A magia da alma, hein..."

Magia Selvagem era diferente da magia normal. Uma magia que usava almas. Portanto,
se ela sacrificasse muitas pessoas e depois destruísse as almas que foram produzidas,
ela poderia lançar uma poderosa magia. Seu bisavô, o Dragonlord, contou a ela sobre a
grande explosão que foi o ataque final do Platinum Dragonlord. Com toda a
probabilidade, ela poderia imitá-lo facilmente.

No entanto, já que ela era muito mais fraca do que um Dragonlord, ela teria que
sacrificar mais de um milhão de pessoas para lançar uma magia como essa.

Draudillon cobriu o rosto com as mãos.


Ela tremia porque tinha a sensação de que, não importava o que fizesse, o seu destino
seria um inferno—
Capítulo 03: Outra Batalha
Parte 1

Primeiro Príncipe Barbro Andrean Ield Ryle Vaiself ficou furioso quando

O conduziu seus homens para o norte, deixando para trás o clamor de E-Rantel e
as tropas se preparando para marchar para as Planícies Katze.

“Droga. Aquele Marquês Raeven desgraçado...”

Barbro não conseguiu conter suas palavras.

Durante a perturbação demoníaca, seu irmão mais novo tinha emprestado os homens
de Raeven para patrulhar a cidade e manter a ordem, dando aos nobres a impressão de
que ele estava disposto e era capaz de entrar na briga. Como resultado, os nobres que
originalmente apoiaram o Primeiro Príncipe Barbro estavam começando a ter dúvidas.
Agora que o Marquês Raeven tinha dado seu apoio ao Segundo Príncipe, alguns desses
nobres também tinham ido para o seu lado do banco.

Não sair durante o distúrbio demoníaco tinha sido um erro fatal.

Barbro não pisou na linha de frente e permaneceu no Palácio Real porque não possuía
nenhum homem.

Foi a coisa certa a fazer; que bem poderia apenas um homem fazer sozinho na linha de
frente? Ele simplesmente entraria no caminho dos outros. Além disso, os demônios
poderiam ter atacado o Palácio Real também.

Sem os homens do Marquês Raeven, seu irmão mais novo também não seria capaz de
manter a ordem.

Barbro acreditava que ele fizera a escolha certa. No entanto, esses tolos não
entenderam e foram enganados pelas aparências. No final, todos eles dançam nas mãos
do Marquês Raeven.

“Será que nenhum deles tinha idéia do que ele estava planejando? Além disso, eles
estavam apenas patrulhando, eles nem lutavam contra nenhum demônio, não?”

Se seu irmão mais novo tivesse lutado, ele certamente teria feito papel de bobo.
Quando se pensava sobre isso, podia-se dizer quão inteligente era o Marquês Raeven.

Havia também mais uma coisa que desagradava Barbro.

Esse era o fato de que ele estava a caminho do insignificante pequeno povoado do
Vilarejo Carne.

Ele havia ficado para trás na luta pela sucessão.


Foi por isso que Barbro teve que se destacar como o Primeiro Príncipe durante a
batalha contra o Império. Ele precisava recuperar a fama que seu irmão mais novo
havia roubado para que todos soubessem que ele era a melhor escolha para herdar o
Reino.

Assim, esta batalha tinha muita importância para ele; no entanto, ele recebera ordens
que o obrigavam a executar em uma tarefa inútil como um lacaio. Que prestígio havia
para investigar a ligação entre um vilarejo fronteiriço e Ainz Ooal Gown?

Naquele momento, um arrepio percorreu a espinha de Barbro.

Será que isso foi feito para impedir que Barbro consiga alguma coisa?

Seu pai havia decidido há muito tempo entregar o trono a seu irmão mais novo, e ele
não queria deixar que Barbro fizesse qualquer coisa para virar a mesa, então o mandou
para esse pequeno povoado—

A respiração de Barbro ficou caótica. Seu coração ardia de ódio pelo pai, que estava o
desprezando o Primeiro Príncipe e queria dar o trono ao seu irmão mais novo por
mostrar apenas um pouquinho de coragem.

O fato de ele perceber que um cavalo se aproximava dele como frustração piscava seus
olhos era pura coincidência.

“Meu Príncipe, você está doente? Devo chamar um sacerdote?”

A voz estridente de perto ecoou em voz alta e pareceu agarrar diretamente seu
cérebro, e até mesmo fazê-lo querer vomitar. No entanto, ele superou isso. Foi uma
sorte que o ar frio do inverno o ajudasse a acalmá-lo, e que o crescimento na casa real o
tivesse treinado para manter as aparências.

Só um tolo revelaria seus sentimentos interiores.

“Não, não, não preste atenção a isso. Eu estava simplesmente pensando em como lidar
com a tarefa que o pai me deu. Chega disso; Barão Cheneko, você não visitou o
aventureiro adamantite Momon? O que aconteceu?"

“Oh, ouça meu infortúnio, Meu Príncipe! Uma coisa profundamente perturbadora
aconteceu! Certo, Momon não estava, e eu não o conheci.”

“Bem, isso foi apenas má sorte. Afinal, ele é um aventureiro adamantite. Então, por que
você está tão bravo? Você não marcou hora, então não há motivos a reclamar que ele
não tenha te recebido."
"Não! Não é por causa disso! Foi a companheira de Momon que me desagradou aquela
mulher, Nabe.”

“Nabe? Ah, a Bela Princesa.”

Barbro recordou a beleza arrebatadora que vira na Capital Real, tão solene que podia
comparar-se com a irmã mais nova. Barbro a desejava, mas ela era a companheira de
um aventureiro que seu pai favorecera, de modo que ele não podia fazer o que quisesse
como se ela fosse uma mera plebeia.

"E o que aquela beldade fez com você?"

“Ela levantou a mão contra mim! Por favor, olhe Meu Príncipe!”

O Barão Cheneko removeu sua luva, revelando uma grande contusão.

"O quê? Mesmo um aventureiro adamantite não pode cometer violência contra um
nobre.”

“Mas aquela Nabe de repente pegou minha mão e me expulsou!”

Havia pouca informação para trabalhar, e Barbro não queria perguntar mais nada. Isso
porque ele continuava pensando que havia alguma razão oculta por trás disso.

"Meu príncipe! Suplico-lhe que puna severamente aquela mulher tola por me
prejudicar!”

Se ele usasse isso como alavanca, não poderia ele fazer o que ele queria àquela
mulher?

Barbro considerou.

Pensou se havia uma maneira de ajudar o Barão e pegar Nabe para si mesmo, mas não
conseguia pensar em nada. Este Barão era um idiota total, e ele poderia pensar que ele
estava fazendo um favor ao Príncipe.

Que homem inútil. Bem, eu acho que posso fazer amizade com ele por enquanto, mas
quando eu assumir o trono, ele será o primeiro que vou descartar. Antes disso, vou fazer
bom uso dele.

Barbro já estava planejando como as coisas iriam, mas ao mesmo tempo ele estava um
pouco deprimido pelo fato de que alguém como ele tinha seu próprio feudo e vassalos
— a habilidade de fazer guerra sem ter que confiar em ninguém — enquanto ele não
tinha nem soldados jurados.
Quando o Barão olhou para ele com olhos cheios de antecipação, Barbro acenou para
ele.

"Quando me tornar Rei, vou considerar isso."

"Obrigado, Meu Príncipe!"

Barbro não queria mais falar com aquele palhaço que se curvava, então ele fez uma
pergunta a um dos cavaleiros sob Marquês Boullope. Ele era um comandante das tropas
de elite do Marquês.

"Ei, eu tenho uma pergunta..."

"O que seria, Vossa Alteza?"

Na verdade, ele realmente não tinha nada a perguntar, mas não podia dizer que não
queria mais falar com o Barão, então estava apenas procurando uma desculpa. Ele fez
uma pausa para pensar por um momento, e fez uma pergunta adequada, ao que a noção
de ódio a partir de agora apareceu em sua mente novamente.

Era idéia do Marquês Boullope mandar Barbro para esse pobre vilarejo, significava
que—

Será que o Conde me traiu? Ele mudou de lado para o meu irmão?

Ele queria negar essa possibilidade.

Barbro estava casado com a filha do Marquês, e ele tinha sido um bom genro durante
todo esse tempo. Assim que Barbro assumisse o trono, ele se tornaria o líder dos Seis
Grandes Nobres. Escolher apoiar seu irmão mais novo agora só levaria a conflitos com o
Marquês Raeven. Mas que outro motivo poderia haver?

Se isso é verdade, então... o fato de eu ter sido enviado para esse vilarejo miserável, é
para dizer a todos os outros nobres que eu não posso contribuir muito para a guerra?

"O que está errado? Você precisa de um descanso?”

“—Cale a boca.”

Não importa o quanto ele tentasse, ele não poderia impedir que a malícia lhe
escapasse.

Ele viu que o cavaleiro ficou surpreso, mas ainda assim não suportava.

Quando a intenção assassina vazou por entre os dentes, Barbro ordenou:


“Eu ordeno que você conclua rapidamente a questão do Vilarejo Carne e se preparem
para prosseguir para as Planícies Katze. Quando chegarmos ao Vilarejo Carne,
concluiremos prontamente nosso objetivo e partiremos, e acho que seremos capazes de
alcançar E-Rantel até o anoitecer. Depois disso, vamos descansar pela noite e depois
nos apressarmos para as Planícies Katze ao nascer do sol.”

O cavaleiro franziu a testa.

“Com todo o respeito, sinto que é muito difícil. Por favor, dê uma olhada, Vossa Alteza.
Nossa formação compreende três mil e quinhentos homens do Marquês e mil e quintos
homens dos vários nobres que deram o seu apoio. Para completar rapidamente nossa
missão, reduzimos nossa composição de tropas de abastecimento, substituindo-as por
cinquenta carroças de carga.”

"Eu sei disso. Qual é o problema?"

“Nossa formação tem quatro mil e quinhentos de infantaria e quinhentos de cavalaria.


Mesmo que completemos nosso negócio em Vilarejo Carne em uma hora, retornar ao E-
Rantel até o anoitecer será algo bem complicado, precisaríamos correr além da conta.”

“É por isso que eu estava perguntando. Eu vou dizer de novo; há algum problema? Se
não houver nenhum, por que você não pode fazer isso?”

"Meu Príncipe... a infantaria pode acabar esgotada ao ponto de colapsar."

"Parece que você teve a idéia errada, não é? Em última análise, não vale a pena ir em
um pequeno vilarejo lamentável como aquele. O que precisamos fazer é seguir para as
Planícies Katze e derrotar o Império. Você não é o homem do Marquês? Nesse caso,
deixe-me perguntar-lhe isto; esta batalha é tão fácil que eles podem se dar ao luxo de
ter cinco mil homens vagando pelo campo? O que acha disso?"

A boca do cavaleiro se apertou em uma linha reta.

“Coloque suas prioridades em ordem. Os homens estarão cansados? Então chicoteie-os


para fazê-los correr. Afinal, vocês estavam todos reunidos aqui para lutar nas Planícies
Katze.”

—É para construir minha reputação.

“...É como diz, Vossa Alteza. Compreendo."

O cavaleiro inclinou a cabeça em reconhecimento.

“Você deveria ter respondido assim desde o começo. Vá planejar quando podemos
chegar a E-Rantel e quando podemos estabelecer; Vou deixar os detalhes para você.”
"Sim! Vou discutir rapidamente o assunto e retornar com a resposta que você procura,
Vossa Alteza!”

No momento em que o cavaleiro esporeou seu cavalo em direção a seus camaradas,


Barbro já o havia tirado do sério.

Meu pai me odeia? Ou ele ficou senil e não consegue mais pensar direito? Então é por isso
que ele queria dar o trono ao meu irmão mais novo. É apropriado que o irmão mais velho
herde; caso contrário, isso não ofenderia os nobres?

Ele jurou se recuperar dos terríveis problemas em que estava, e fez com que se
arrependessem de dar a ele 5.000 homens para comandar.

Foi essa determinação que impulsionou Barbro.

"Barão!"

"Sim, Milorde!"

"Não me desaponte!"

O Barão parecia ter respondido com uma voz estridente, mas a resposta entrou em um
ouvido de Barbro e saiu pelo outro.

“Maldito seja, Zanac. Guarde seu narcisismo na Capital Real.”

Mesmo eles sendo relacionados pelo sangue, ele também era um adversário na corrida
pela sucessão e, portanto, teve que ser expulso. Ele não insistiria em matá-lo, mas se ele
ficasse no caminho, não se importaria de dar a ordem para fazê-lo.

Quando subir ao trono... o que posso fazer com ele? Devo matá-lo, então aqueles nobres
idiotas não podem se reunir em sua revolta? Ou isso seria um desperdício? Se ele fosse
uma mulher, ele teria muitos usos... Minha irmã (Renner) pode ser estúpida, mas ela tem
um rosto bonito. Eu vou vendê-la para o maior lance... Vai ser problemático ter uma
família ramo com sangue real, então idealmente eu iria casar com ela para a realeza de
algum reino distante... embora, se ela pudesse ser útil e servir como a base para o meu
poder, bem, eu poderia considerar isso.

Enquanto imaginava o futuro ideal do Reino Re-Estize que ele encontraria, Barbro
estreitou os olhos distraidamente.

Ele se viu sentado no trono, com os nobres em massa curvando-se respeitosamente a


ele.

Ele viu seus vassalos correndo para cumprir as ordens que ele dava.
"Não seria maravilhoso?"

Ele sorriu fracamente, então rapidamente encobriu.

Depois de prontamente terminar sua missão no Vilarejo Carne, eles poderiam correr
para as Planícies Katze rapidamente? Barbro achava que isso determinaria se seu
sonho se tornaria realidade ou permaneceria uma fantasia.

...Assumindo que os soldados podem ser forçados a marchar, o mais importante seria ou
não chegar a tempo para a batalha, certo? Ou melhor, devemos observar silenciosamente
a batalha e agir como emboscadores?

Ele achava que era um plano inteligente, mas não estava confiante de que poderia usar
habilmente suas tropas para atacar o inimigo no flanco ou na retaguarda enquanto não
o percebiam.

Ele queria muito deixar os cavaleiros lidarem com isso, mas essa batalha era uma
chance de demonstrar sua dignidade do trono, então deixar os outros organizarem as
coisas não era uma boa idéia.

O que ele deveria fazer para obter os resultados mais impressionantes e garantir o
trono para si mesmo? Enquanto Barbro pensava, uma idéia surgiu de repente.

Seria possível usar o povo do Vilarejo Carne para negociar com Ainz Ooal Gown?

Era como se um raio de luz ofuscante tivesse caído dos céus para iluminá-lo.

Verdadeiramente, esse seria um movimento magistral.

Seja qual for a razão que Ainz Ooal Gown teve para salvar o Vilarejo Carne, a existência
do mesmo deveria ser uma garantia de negociação.

Se esse magic caster Ainz Ooal Gown de quem ninguém tinha ouvido falar antes de
desistir da guerra, o Império Baharuth perderia sua justificativa e provavelmente
retiraria suas tropas para evitar serem rotuladas como invasoras.

E se descobrisse que foram as ações de Barbro que fizeram o Império se retirar—

Isso não seria uma coisa incrível? O pai não será mais capaz de não me levar a sério e
minha ascensão será garantida.

"Bom. Muito bom."

Se o Ainz Ooal Gown simplesmente os ajudasse, então ele não poderia retirar suas
forças. Nesse caso, tudo o que ele teria que fazer era forçar o povo do Vilarejo Carne a
se render. Pessoas de todo o país estavam sendo mobilizadas para isso. Os aldeões do
Vilarejo Carne não tinham o direito de recusar.

O pai parecia ter isentado as pessoas do Vilarejo Carne das obrigações do Reino, mas
agora a situação era diferente. Cabia ao comandante — Barbro, nessas circunstâncias
— lidar com as coisas quando surgissem.

Se Ainz Ooal Gown matasse os fazendeiros do Vilarejo Carne, então isso poderia ser
usado também como propaganda. Eles poderiam criticá-lo como um vilão
insignificante. Propaganda como essa deveria ser eficaz contra seus apoiadores, o
Império também.

Barbro estremeceu com a pura perfeição deste plano.

Com toda a honestidade, ele achava que ele era mais burro do que seus irmãos mais
novos, mas agora isso era difícil de dizer. O fato de que tal sabedoria dormia em sua
mente emocionou Barbro.

Parte 2

O inverno era um inferno para pequenos vilarejos. Tudo o que podiam fazer era orar
pela vinda das estações mais quentes, enquanto resistissem aos dias frios de suas casas.
Se a primavera chegasse atrasada, ou se a colheita no outono fosse escassa, eles
poderiam ser forçados a comer seu estoque de sementes, e as pessoas ainda morreriam
de fome mesmo que o fizessem.

Embora quase não houvesse trabalho de campo no inverno, a vida no vilarejo ainda
estava intimamente associada à palavra “atividade”. Havia muitas tarefas a serem feitas
em ambientes fechados, como cuidar do gado, consertar as ferramentas agrícolas,
consertar suas casas, gerenciar o gado e assim por diante. Simplesmente não havia
tempo para descansar.

Isso era especialmente verdadeiro no Vilarejo Carne, onde criavam porcos para
alimentar os monstros carnívoros conhecidos como Ogros. Eles compraram esses
porcos depois de venderem suas colheitas de ervas, e os rangers trouxeram os
suplementares durante as caçadas.

Os Goblins levaram esses porcos para a Grande Floresta de Tob para pastar em raízes
e caules. Como o plano ainda estava em fase experimental, havia apenas um pequeno
número de porcos no momento, mas se eles conseguissem criá-los com sucesso e se
conseguissem vencer o inverno, eles iriam aumentar seu número de forma constante
no futuro.

Normalmente, eles precisariam pagar impostos ao senhorio da terra em que estavam


pastando, mas, felizmente, o Vilarejo Carne não precisava fazer isso. A razão era porque
a Grande Floresta de Tob era a morada dos monstros e não era governada por
humanos.

O futuro do Vilarejo Carne parecia muito brilhante.

Tudo isso foi graças a Ainz Ooal Gown, que salvou o vilarejo e ajudou em muitos
aspectos. Além disso, o Guerreiro Negro Momon subjugou o Sábio Rei da Floresta.
Muitas pessoas no vilarejo davam graças aos dois, e alguns até oravam a eles no café da
manhã, reverenciando-os ao mesmo tempo que faziam os deuses.

Foi precisamente esse transbordamento de esperança que deu a nova chefe, Enri
Emmot, tanto trabalho.

Hoje, Enri, dirigiu-se a uma pequena cabana para fazer seu trabalho, seguida por
Nfirea.

Em um vilarejo fronteiriço como Carne, todos no vilarejo trabalhavam juntos como se


fossem da família. Se eles não fizessem isso, não haveria como sobreviver. Eles
compartilharam seus implementos agrícolas e sua comida e até se revezaram para usar
suas vacas para cultivar os campos.

Por causa disso, o cuidado e a alimentação do gado eram responsabilidade de todos. O


feno para as vacas no inverno era armazenado em pequenas cabanas como esta.

Enri abriu a porta de madeira e entrou, seguida de perto por Nfirea. Enri entrou direto
depois de abrir a porta e sentou-se em uma pilha de feno, afundando seu traseiro na
grama seca com um macio *pomf*.

Depois de fechar a porta, Nfirea se sentou ao seu lado, sua luz mágica iluminando os
arredores.

“Chefe, você deve deixar a brincadeira para depois de terminar isso; ainda precisamos
ver se temos feno suficiente e depois tomar várias decisões posteriores.”

"Você está me chamando de chefe de novo..."

Nfirea não pôde deixar de rir da resposta deprimida de Enri.

"Bem, tudo bem, não é? Eu sou a chefe, afinal de contas! Isso mesmo, Agu acha que eu
posso esmagar todos os Goblins até virarem pasta se eu quiser! Comparado a isso,
todos esses problemas não são nada!”

Desde que venceu cada luta de braço-de-ferro com Agu e companhia, parecia haver um
ar de "pode ser verdade" pairando em torno do povo do vilarejo, algo que cutucava seu
coração. Aliás, ela não havia desafiado os Ogros. Se ela perdesse, não provaria nada, e se
ela vencesse, ou pelo menos perdesse por pouco, ficaria ainda pior.
—Isso significa que eu nunca vou conseguir me casar se eu deixar Enfi se afastar?

O suor lentamente brotou nas mãos de Enri.

"Ah— certo. Você não vai abrir a janela? Está seco agora, então a abertura deve estar
boa.”

"Eh? Não, não precisa, não precisamos, certo? E olha, nós temos uma luz mágica aqui.”

"Mesmo? Bem, se você não se importa, eu muito menos, Enfi.”

A iluminação mágica era mais brilhante que a luz do sol. Ela sabia disso, mas a
sugestão de Enri foi baseada puramente na lógica de que "Já que tem sol, não é um
desperdício usar mana para uma luz mágica?". Além disso, ela queria mudar o clima
atual na sala. Não havia razão específica para isso, e não havia problema se ele se
recusasse. No entanto, Nfirea parecia estar tendo algum tipo de reação estranha ao
sentar-se ao lado dela, com suas orelhas vermelhas e tudo mais.

Ele está realmente usando muito de sua mana? Mas ouvi dizer que fazer luzes mágicas
não era tão cansativo... ele usou alguma outra magia antes de vir aqui? Mas pensando
nisso, ele não tem cheiro de ervas. Na verdade, ele está com um cheiro meio... bom.

"O-o que há de errado, Enri?"

As palavras de Nfirea saíram como um grito de pânico quando Enri pressionou o nariz
perto dele.

“Hm? Hmmm? Ah, não é nada, só achei que seu cheiro está bom...”

“V-você acha? Bem, isso é bom de ouvir. Deve ser a colônia que eu fiz.”

"Mesmo? Por que você não tenta vender na cidade na próxima vez? Tenho certeza que
vai conseguir um bom preço.”

"Não, isso... isso... não está destinado à venda..."

“Hmm... bem, esqueça. De qualquer forma, deve haver feno suficiente nessa cabana.
Vamos seguir em frente?”

“Mm, sim. Então, antes de prosseguirmos, deixe-me ver algo primeiro. Está frio lá fora,
afinal de contas.”

"...Bem, este lugar não é tão quente... ah, esqueça."

“Isso... sobre isso. Eu queria discutir várias coisas com você.”


Nfirea, que estava sentado ao lado dela, parecia um pouco tenso.

O que está acontecendo com ele?

Enquanto Enri observava ele com um olhar desconfiado, Nfirea pegou um punhado de
papéis.

Eles estavam cobertos de letras minúsculas. Enri tinha aprendido algumas palavras até
agora, mas seu rápido vislumbre revelou mais palavras que ela não entendia em
comparação com aquelas que ela aprendeu.

“A primeira coisa é como alimentar os Goblins sobreviventes da tribo de Agu e os


Ogros.”

"Eh? Não estamos bem com isso? Eles ajudaram com a colheita no outono e
conseguimos comprar a comida dos Ogros da cidade.”

“Mmm, e as ervas são vendidas por um bom preço, então podemos dizer que temos
amplas reservas de comida. Deve ser o suficiente para lidar com esse inverno. Mesmo
se acrescentarmos alguns extras, nossos estoques de alimentos ainda devem aguentar.
Mas se nossos números continuarem aumentando, a vida será bastante dura. Talvez
devêssemos adquirir nossa comida por outros meios.”

Agora os membros da tribo de Agu estavam na casa de 14 Goblins. Eles não nasceram,
mas conseguiram escapar do território do Gigante do Leste e da Serpente do Oeste.

“Mmmm. Embora eu não veja um problema, provavelmente devemos comprar mais


alimentos em E-Rantel. No entanto, eu estava planejando economizar dinheiro para
encomendar algumas ferramentas de cultivo para os Ogros.”

“Se pudéssemos fazer algumas ferramentas agrícolas para os Ogros, a semeadura da


primavera deveria ser muito mais rápida... Mas o problema é que, se encomendarmos
ferramentas para os Ogros, elas serão grandes o suficiente para que nenhum humano
possa usá-las, e isso trará suspeitas.”

“E se a notícia sobre os Ogros trabalhando aqui se espalhar, isso causará muitos


problemas, certo?"

Quando os cobradores de impostos chegaram no outono, Jugem e os outros demi-


humanos tiveram que se esconder para evitar a detecção. A propósito, foi devido a seus
esforços que a colheita de grãos foi tão abundante.

Como o Vilarejo Carne havia sido atacado por “cavaleiros Imperiais”, eles precisavam
apenas pagar uma quantia nominal, o que era um golpe de sorte para eles. Além disso,
eles foram dispensados de servir o exército por vários anos.
A maior parte era uma forma de desculpas por não proteger adequadamente o
vilarejo, parecia que eles também sentiam culpa genuína por isso. Eles achavam que os
altos muros iriam levantar suspeitas, mas os cobradores de impostos simplesmente
comentaram "Então essa é a gentileza daquele magic caster, hm?", e deixaram o assunto
quieto. Sendo esse o caso, Enri acreditava que eles deveriam ser capazes de aceitar a
presença dos Ogros também, mas Nfirea negou.

“Não há dúvida sobre isso — sim. Se tudo correr mal, o Reino pode até mandar uma
força punitiva para nós.”

"Isso é terrível!"

“Isso pode te deixar com raiva, mas a verdade é que os Ogros geralmente comem
pessoas. A única razão pela qual eles podem viver conosco neste vilarejo, é por causa do
Jugem-san, que são mais fortes que os Ogros. Não se esqueça disso.”

"Eu não..."

“Outra coisa é que temos poucas pessoas neste vilarejo. Precisamos pensar em como
conseguir mais moradores. Seria ótimo se os recém-chegados chegassem na estação de
plantio da primavera.”

“Isso pode ser difícil. Além disso, será problemático se os recém-chegados se


assustarem com os Goblins e Ogros— o que é?”

Essa pergunta veio de Enri. Nfirea estava agindo estranho há algum tempo. Era como
se... sua mente não estivesse completamente lá ou algo assim.”

"Eh? Ah, não, nada está errado!”

Certamente não parecia assim. Ele estava com pouco sono? Afinal, seu amado tinha o
mau hábito de esquecer tudo em prol de sua obsessão com suas poções.

Quando ele viu as sobrancelhas de Enri franzidas, Nfirea respirou fundo e mudou de
posição.

Hm? Então ele está mesmo cansado, afinal? Ele faz um monte de experimentos todos os
dias... mas ele vai sentir frio se dormir aqui. Embora seja quente no feno...

Enquanto Enri estava pensando sobre isso. Nfirea inclinou-se lentamente mais e mais
de seu peso sobre ela.

O que está errado? Pensando bem, seria melhor se o Enfi fosse um pouco mais forte... Eu
acho que ele precisa comer mais carne. Ele não tem comido e dormido o suficiente.
Um impulso brincalhão veio sobre Enri, e ela empurrou de volta Nfirea. Ela
originalmente pretendia usar apenas um pouco de força, mas como usou muita força,
ela acabou caindo em cima de Nfirea.

“—Ueeeeh?”

Abaixo de Enri, o rosto surpreso e confuso de Nfirea ficou lentamente vermelho.

Aaaah~ Deve ser embaraçoso para um homem perder para uma mulher em força. É por
isso que eu disse que você precisa comer mais...

Assim que Enri saiu de cima dele, Nfirea deitou no feno e fechou os olhos.

Eles ficaram assim por vários segundos, deixando o ar fluir ao redor deles.

“...O que há de errado, Enfi? Você quer dormir?"

Nfirea se sentou de novo, com o rosto estranhamente vermelho.

“Uh... oh... hum. N-não...”

“—Ane-san!”

A porta se abriu sem bater quando o grito atingiu seus ouvidos. Tão forte era a entrada
que a porta bateu ruidosamente contra a parede próxima.

"Hueeee?"

O curioso guincho veio de Nfirea.

"O-o-o-o-o-o que aconteceu?"

"Desculpe por incomodar vocês dois, mas isso é uma emergência!"

"O que aconteceu?"

Esta foi a primeira vez que ela viu Jugem tão preocupado desde que Troll atacou. Uma
estranha e terrível premonição pareceu percorrer seu corpo.

“É um exército! Há um exército liderado chegando!”

"Eh?! O que você disse? De quem são as tropas?”

"Não sabemos sobre heráldica, então não poderíamos dizer. Mas há muitos brasões
diferentes, então você deve vir e olhar... De qualquer forma, devemos fechar o portão
primeiro. O que deveríamos fazer?"
“Ah! Ah... bem, você pode nos dizer quais brasões são os mais importantes entre eles?
Se você puder descrevê-los ou desenhá-los para mim, posso ajudar.”

Depois de ouvir a explicação de Jugem, uma expressão intrigada se espalhou pelo rosto
de Nfirea.

“Que estranho. Essas são bandeiras do Reino. Se soubéssemos quais eram os brasões
dos nobres, poderíamos identificar quem está vindo para cá.”

Vilarejo Carne, um vilarejo fronteiriço e, antes de ser fundada, só havia floresta aqui.
Era óbvio que o objetivo deles era o Vilarejo Carne, mas o porquê eles estavam vindo
para cá ainda era um mistério.

“O que diabos está acontecendo? Sabe o motivo, Nfirea?”

“Por que o Exército Real viria aqui? Se eles queriam ir para a Grande Floresta de Tob, é
estranho que eles estejam enviando tantas tropas. Eles poderiam ter enviado
aventureiros em vez disso. Se for esse o caso... talvez haja uma revolta ou algo assim...”

"Será que tal coisa realmente aconteceu?"

"É apenas boato, mas eu ouvi que o poder do Rei no reino não é realmente muito forte.
Atualmente, parece que os nobres estão em conflito com o Rei. Se esse é o caso, eles
estão vindo para o Vilarejo Carne para atacar o território do Rei?”

Enri ficou pálida.

Será que o vilarejo estaria sujeito a um terrível ataque como da última vez?

—No entanto, as circunstâncias agora eram diferentes de antes.

Enri decidiu encarar de frente.

"Devemos fugir para a floresta antes que as tropas cheguem aqui!"

“...Ane-san, me desculpe. Nós os avistamos tarde demais, então se corrêssemos agora,


teríamos que deixar todas as nossas coisas aqui. Além disso, como é inverno, as chances
de os monstros aparecerem na floresta também são muito altas. Se fugirmos de um
problema, acabamos indo direto para outro.”

A expressão de dor de Jugem fez Enri se sentir tonta.

Eles não seriam capazes de sobreviver se as tropas queimassem o vilarejo no inverno.


“Se esse é o caso... ah! Está certo! Se não podemos fugir com nossas posses, então
devemos nos preparar para a batalha e esconder a comida e as outras necessidades ao
mesmo tempo!”

"Sim! Esse é um bom plano, Enri! As celas onde Jugem e os Ogros se esconderam dos
coletores de impostos ainda não devem ter sido enterradas. Nós vamos mover tudo lá!”

Assim que Enri estava prestes a entrar em ação, ela se lembrou de uma pergunta que
ainda não havia feito.

Quais eram seus números? Os aldeões poderiam estimar quantas pessoas


mobilizariam se soubessem quantas fossem.

“Quantos estão lá? Deve ser cem, certo?”

"Não..."

A resposta hesitante de Jugem fez Enri querer enfiar os dedos em seus ouvidos.

"Isso não é tudo... eles são milhares."

Os olhos de Enri se arregalaram. Assim como Nfirea ao lado dela.

"Eles têm cerca de quatro mil pessoas no mínimo, eu acho."

"Mas isso é... por que eles mandariam tantos..."

"Eu não faço idéia. Por que eles mandariam tantas tropas para um vilarejo assim? Enri,
pode ser que o segredo tenha vazado, será que descobriram que tem Goblins aqui?”

"De jeito nenhum. É impossível."

Enri respondeu imediatamente.

Não importava o que ela pensasse, ela não conseguia pensar em um motivo para um
vazamento. Havia imigrantes no vilarejo, mas todos sentiam que os Goblins eram mais
confiáveis do que os humanos. Desde o ataque dos Trolls, as barreiras entre os
residentes originais e os novos habitantes haviam praticamente desaparecido.

Pode ter sido por causa dos aventureiros que vieram para o vilarejo — eles estavam
todos mortos, com exceção de Momon e Nabe —, mas Nfirea insistiu que não poderia
ser o caso.

“Então... enquanto nos preparamos para fugir, devemos perguntar o porquê eles
vieram. Lutar é um último recurso.”
Desafiar um exército de 4000 homens não era nada menos do que suicídio.

"Como o Ani-san disse, isso é tudo que podemos fazer... Eu acho que contra esses
números, não há outro jeito."

“Umu. É por isso que devemos nos preparar para fugir a qualquer momento, enquanto
tentamos ganhar tempo para nossa fuga. Então vamos!"

♦♦♦

Eles escolhem os aldeões e os Ogros pelos portões da vila para esconder a comida. Os
únicos que restaram foram Enri, Jugem e alguns dos Goblins, junto com Britta e vários
membros da força de defesa.

A primeira coisa que Enri fez foi questionar Britta sobre a situação, perguntando sobre
a identidade dos intrusos e de quais bandeiras eles tinham. Mas, infelizmente, Britta
não pôde lhe dar nenhuma resposta.

Segundo ela, outra pessoa sempre lidou com esse tipo de coisa. Naquele momento,
Enri percebeu como era importante estar bem informado. Por causa disso, tudo o que
puderam fazer foi esperar que Nfirea fizesse o relatório depois de voltar da torre de
vigia.

O som dos cascos veio do outro lado da parede e depois uma voz alta.

“Quem vos fala é o enviado do Primeiro Príncipe do Reino Re-Estize, Barbro Andrean
Ield Ryle Vaiself! Abra o portão e deixe-nos entrar!”

Enri duvidou de seus ouvidos novamente.

Embora ela tivesse ouvido muitas coisas surpreendentes em um curto período de


tempo, esta superou o que esperava.

“O Primeiro Príncipe?!”

O que alguém como ele veio fazer aqui?!

Enri não tinha idéia do que estava acontecendo. Tudo isso estava começando a parecer
um sonho.

Entretanto, a julgar pela maneira como Nfirea estava correndo de volta da torre de
vigia, estava certa de que as palavras do enviado eram verdadeiras.

“A bandeira do Rei está entre eles. Somente a família real ou aqueles relacionados a
eles seriam autorizados a portar essa bandeira.”
"Eh? O que isso significa?"

"Isso significa que a família real trouxe tropas para a nosso vilarejo!"

Enri levantou a voz, incapaz de entender o que estava acontecendo.

"Por que, por que você precisa enviar tantas tropas para um vilarejo fronteiriço como
este?"

“Aldeões como você não precisam saber disso! Esta terra pertence ao Rei, e obedecer
ao Príncipe é a coisa certa a fazer! Ou será que você está desafiando o Rei — se
rebelando contra nós?”

O corpo de Enri estremeceu.

Como súditos do Rei, eles deveriam abrir suas portas. Contudo—

—Jugem trocou um olhar com Enri do lado.

Mesmo que eles fossem abrir o portão imediatamente, eles não poderiam fazê-lo
instantaneamente. Antes disso, eles deveriam que esconder os Goblins e os Ogros.

“Ah, Ane-san. Nós nos esconderemos o mais rápido possível. Até lá, por favor, nos
compre algum tempo.”

Enri assentiu.

Por que eu fui mandar eles esconderem comida lá...?

Ela pensou, mas era tarde demais para se arrepender agora.

"Eu repito. Abra o portão!"

“Minhas desculpas! Neste exato momento, agora estamos nos preparando para
receber Sua Majestade o Príncipe! Por favor, aguente um pouco!”

“O que você disse, mulher?! Você está no comando deste vilarejo? Este atraso é
inaceitável! Não perca nem um segundo sequer e abra o portão!”

"...Por que você está tão desesperado para entrar?"

Enri já estava desconfortável e ela respondeu com um grito de raiva. Embora soubesse
que era muito rude, não podia descartar a possibilidade de que fossem soldados de
outro país disfarçado de tropas do Reino.
As defesas do Vilarejo Carne eram extremamente sólidas. As defesas até chocaram os
coletores de impostos que as viram.

Não seria uma surpresa se outro país quisesse usá-lo como fortaleza. Afinal, os Trolls
atacaram precisamente por esse motivo.

O outro lado ficou em silêncio por uma vez, e ambos os lados hesitaram inquietos.

"Por que você não está respondendo?! Vocês são impostores fingindo ser tropas do
Reino, não são!?”

Depois daquele grito de pânico, ela finalmente obteve uma resposta.

“...O magic caster chamado Ainz Ooal Gown veio para este vilarejo uma vez, não foi?”

A imagem do seu salvador apareceu na cabeça de Enri.

“Aquele magic caster é um inimigo do Reino. Como tal, desejamos perguntar a você,
que são conhecidos de Ainz Ooal Gown, queremos informações sobre ele.”

Surpreendida de surpresa, Enri não conseguiu falar.

No entanto — os sussurros de um dos membros da força de defesa chegaram até o


ouvido dela.

“Se o Gown-sama é contrário ao Reino... então não é o Reino que está errado?"

Os olhos dos aldeões refletiam seu acordo.

De particular interesse foram os aldeões que se mudaram para o Vilarejo Carne depois
que suas casas originais foram queimadas. Seu ódio ao Reino por não poder defendê-los
rapidamente se transformou em respeito pelo magic caster que salvou este vilarejo.

Seja a trombeta que foi o presente que convocou os Goblins, ou a provisão dos Golems
que construíram os muros resistentes que agora os protegiam, ou a empregada
(Lupusregina) que salvou o vilarejo quando eles foram atacados pelo Troll, todas estas
ações tinham apenas aprofundado sua confiança em Ainz.

"Deveríamos realmente abrir o portão?"

“...Mas há muitos deles. Se não abrirmos o portão...”

"Se nós o trairmos assim depois de receber sua gentileza..."

"Espera! Eles disseram que só querem nos perguntar algo. Isso não significa que
estamos traindo-o...”
"Você acha? Isso soa como ingratidão para mim.”

Todos os olhos estavam em Enri.

Ela entendeu bem os corações de ambos os lados. Por causa disso, Enri foi incapaz de
escolher e hesitou. Nesse exato momento, um grito de raiva veio do lado de fora do
portão.

"Você entende? Se sim, abra os portões agora mesmo! Se não, vocês serão tratados
como traidores do Reino!”

Empurrado ao limite, Enri gritou de volta algo para tentar ganhar tempo.

“Há excremento de vaca em todo lugar! Não podemos deixar o Príncipe entrar em um
lugar como esse!”

Após um breve silêncio, uma voz mais calma perfurou o ar.

“Oh, hum. Entendido. Então que tal isso. Nós entraremos em vez de Sua Majestade o
Príncipe. Vamos pensar sobre o que acontece depois.”

Não havia mais desculpas que ela pudesse dar.

A mente de Enri ficou completamente em branco. Não se importando com o que era,
ela gritou a primeira coisa que conseguiu pensar em resposta.

“D-desculpe! O esterco está em minhas mãos! Eu não posso deixar as coisas assim!
Deixe-me lavar minhas mãos e eu voltarei!”

"—E-ei!"

Enri observou as costas recuadas de Jugem e dos outros. Ela estava preocupada com
quanto tempo mais ela poderia comprar para eles.

♦♦♦

A frustração de Barbro atingiu seu limite. Ele olhou para o cavaleiro se reportando
diante dele com um olhar geralmente reservado para um inimigo.

"Repita mais uma vez, que absurdo é esse?!"

A raiva de Barbro transbordava com cada palavra que ele falava entre as lacunas de
seus dentes rangentes, e o cavaleiro se repetiu.

"Senhor! O Vilarejo Carne ainda não abriu seus portões.”


Enquanto ouvia a resposta calma do cavaleiro, Barbro se encheu do súbito desejo de
socá-lo.

No entanto, isso teria sido tolice. Barbro lutou para controlar a raiva que brotava em
seu punho.

Incluindo este cavaleiro, ninguém aqui estava jurado a Barbro. Em primeiro lugar,
Barbro não comandava tropas. Todo homem aqui estava sob ordens de seu suserano ou
na companhia de seu senhor. Por causa disso, ele não poderia atacar esse cavaleiro
enquanto seus camaradas estivessem observando.

"—Por que isso? Por que esses camponeses deste vilarejo não abrem o portão? A terra
é governada diretamente pela família real! Eles têm o dever de me obedecer! Eu ordeno
que eles abram o portão agora mesmo!”

Quando sua frustração aumentava, sua agitação também aumentava, e Barbro não
mais selecionava suas palavras cuidadosamente.

"Eu não entendi! Eles pensam que sou um tolo? Que merda eles estão pensando?!"

Os aldeões eram seres muito inferiores ao Primeiro Príncipe.

Esses seres agora estavam insultando sua honra.

Quando esse pensamento me veio à mente, sua irritação nos últimos meses — todas as
pequenas coisas que frustraram Barbro desde a perturbação demoníaca — parecia ter
encontrado uma saída, e explodiu.

A represa explodiu em um instante.

“Traidores! Traidores, todos eles! Eu declaro que todos no Vilarejo Carne são
traidores!”

O grito provocou uma comoção surpresa dos homens que tinham ouvido.

"Um momento por favor! Se você fizer isso...”

Barbro cheio de fúria encarou o cavaleiro em pânico que havia respondido.

Se eles designassem o vilarejo como traidores, precisariam exterminar todos e cada


um deles, depois queimariam tudo até o chão, até que nenhum traço de sua existência
permanecesse.

Mas e daí?
O Príncipe Barbro dera suas ordens e não conseguira entender o porquê seus
subordinados não as seguiam. Será que esses homens do Marquês o desprezaram e,
assim, recusaram-se a obedecer a suas ordens?

“Então, e se eu fizer?! Permitir que eles vivam depois de desobedecer a um comando


real é um pecado!”

A realeza seria desprezada se poupasse os plebeus que se rebelaram contra eles. Não
os matar acabaria por resultar em uma perda de sua autoridade.

Mesmo no território dos nobres, uma vez que qualquer um de seus servos se
levantasse em revolta, sem dúvida seriam destruídos. Esses cavaleiros do Marquês
deveriam saber disso.

“Por favor espere, Meu Príncipe! A guerra com o Império começará em alguns dias. Se
matarmos os cidadãos do domínio do Rei, isso afetará negativamente a moral de todo o
exército! Eu também rezo para que você olhe para as fortificações à nossa volta. Não há
como ser um vilarejo comum. Embora os aldeões não sejam numerosos, tentar
derrubar o portão com força bruta será difícil ao extremo. Se for esse o caso, devemos
lidar com a situação pacificamente e perguntar-lhes suas razões para não abrir o portão
depois que as coisas se acalmem aqui.”

“...Pergunte-lhes gentilmente, então. Mas eu quero alguns deles sejam


responsabilizados.”

“...É inevitável. Afinal, eles mantiveram o portão fechado em desafio às suas ordens,
Barbro-sama.”

"Eu quero vê-los enforcados nos portões! Eles serão transformados em exemplos para
os outros!”

"É como você diz."

O Príncipe Barbro olhou para o Vilarejo Carne.

Como o cavaleiro disse, o portão robusto foi colocado em grossos muros. Dado que o
vilarejo ficava ao lado da Grande Floresta de Tob, isso poderia até ter sido intencional.
No entanto, da maneira como as torres de vigia foram alinhadas, parecia mais uma
fortaleza do que um vilarejo fronteiriço.

Derrubá-lo levaria muito tempo.

Mais de mil soldados estavam alinhados em frente ao portão, gritando para que se
abrissem.
Se alguém escutasse atentamente, poderia ouvir os mesmos sons à distância, do portão
dos fundos.

Esses gritos eram como faíscas de uma pederneira, que reacendiam as chamas escuras
e pegajosas no coração de Barbro. Ele não estava mais agindo racionalmente.

“Ei! Atire as flechas flamejantes!”

"F-Flechas flamejantes?!"

"Isso mesmo. Quem sabe quanto tempo isso vai levar se isso continuar. Você ouça e
ouça bem, não temos mais tempo a perder neste vilarejo! Seria uma coisa se você
pudesse abrir esse portão em alguns minutos, tudo bem, mas você não pode, pode?!”

O cavaleiro mordeu o lábio e assentiu.

“Ameace-os com flechas flamejantes. O tempo para jogar jogos infantis como ficar do
lado de fora do muro gritando, acabou. Agora nós mostraremos a eles como os adultos
fazem as coisas!!”

Enquanto o cavaleiro olhava boquiaberto e estupefato, um homem surgiu do seu lado.

"Pensar que você desobedeceria a Sua Alteza... Eu não posso acreditar que você é um
dos homens do Marquês. Vossa Alteza, você permitirá que meus homens realizem esse
ataque?”

Era o Barão Cheneko. Atrás dele estavam vários dos seus colegas puxas-sacos.

O Príncipe Barbro estava feliz por aqueles homens tolos poderem ser úteis em
momentos como estes. Não, ele era um nobre também, e se um vilarejo em seu feudo
ousasse se revoltar, ele provavelmente teria feito a mesma coisa também. Ele pode até
entender a posição do Príncipe Barbro.

"...Justo agora. Então eu ordeno que você faça assim, Barão. Atire flechas flamejantes
no vilarejo... não, já sei algo melhor. Segmente a torre de vigia. Isso deveria evitar
baixas, certo?”

“Ohh! Uma decisão tão misericordiosa! Como esperado de Vossa Alteza! Então você
tem que nos observar!”

♦♦♦

“Ane-san! Estamos prontos! Todos pegaram cobertura. Somos os únicos res— o que é
isso?”

Jugem pareceu sentir uma esquisitice no ar ao redor deles e engoliu suas palavras.
Os membros da força de defesa que permaneceram aqui eram completamente opostos
um ao outro. Metade deles relutantemente a favor de abrir os portões para o exército
do lado de fora enquanto a outra metade se opunha ferozmente a ele. A raiz da disputa
era se eles trairiam ou não o herói e salvador desse vilarejo, Ainz Ooal Gown. Como
resultado, foi difícil tomar uma decisão.

"Na realidade..."

Enri estava prestes a dizer algo a Jugem quando uma voz alta veio de fora das paredes.

“—Moradores do Vilarejo Carne. Por não abriram imediatamente o portão quando foi
ordenado, o fato de serem súditos leais do Reino foi questionado. Assim, levaremos
representantes de vocês para o campo de batalha, esses representantes convencerão
Ainz Ooal Gown a se render. Vocês devem provar que sua lealdade permanece com o
Reino!”

A atmosfera começou a mudar. O ódio em seus corações queimava tão ferozmente que
parecia abalar o próprio ar.

Enri não foi exceção.

Era verdade que os aldeões eram cidadãos leais ao Reino. No entanto, essa lealdade
empalideceu em comparação com a gratidão que sentiam ao homem que salvara seu
vilarejo sem nenhum encargo ou obrigação. Afinal, quando suas famílias, amigos e
amados haviam sido assassinados, o único que havia estendido a mão para ajudá-los
fôra aquele grande magic caster.

"Não tem como eu me deixar arrastar para o campo de batalha para entrar no caminho
de Ainz-sama!"

"Não podemos nos esconder na floresta e ver como as coisas correm antes de tomar
uma decisão!?"

Argumentos exclamados como esses ecoavam de todos os lados.

No entanto, a única coisa que eles tinham em comum era que ninguém queria fazer
nada que pudesse incomodar seu herói.

Foi nesse momento que sons estridentes chegaram aos ouvidos do lado de fora,
seguidos pelo som de vários objetos assobiando no ar. Quando o som chegou mais
perto, faixas de luz vermelha brilhante apareceram diante de seus olhos, e flechas
caíram como chuva na torre de vigia. O som nítido das flechas perfurando a madeira
encheu os ouvidos de todos.

"...Não é possível..."
Enri respirou fundo quando percebeu que o Reino estava usando força letal sobre eles.

Felizmente, ninguém estava na torre de vigia. Eles devem saber disso antes de
atacarem. Ou talvez—

—Talvez eles tivessem atirado de qualquer maneira, mesmo que houvesse alguém lá
dentro.

“A-Ane-san! Eles não parecem estar nos atacando ainda, mas você não deve ficar no
alcance deles! Por aqui, depressa!”

Jugem agarrou a mão de Enri enquanto ela olhava para a torre de vigia com um olhar
atordoada. Ele levou a Enri sem resistência para longe. Ela correu com ele, mas seus
olhos permaneceram colados à torre de vigia.

Assim que a força de defesa recuou, a torre de vigia começou a queimar.

O telhado de palha pegou fogo em um instante e se transformou em um fogo que ficou


mais feroz a cada segundo, e o teto desabou.

Todos no vilarejo podiam ver a destruição da torre, não importava onde eles
estivessem. Lamentos de tristeza surgiram ao seu redor. Um em especial era
especialmente alto. Quando a respiração de Enri se tornou caótica devido a esse trauma
revisitado, ela viu o homem que gritara mais alto, cuja voz carregava mais angústia.

Ele era um homem que se mudou para o vilarejo.

Seu rosto era uma mistura de partes iguais de ódio e desespero. Ela olhou em volta, e
muitos dos imigrantes tinham expressões semelhantes em seus rostos.

Enri se lembrou.

Ela lembrou que seus vilarejos haviam sido queimados de maneira semelhante.

Um homem gritou:

"Eles são o inimigo! Eles são o inimigo! Se eles não fossem o inimigo, eles não estariam
fazendo isso! Eu quero lutar contra eles!”

“Que o Reino vá para a puta que pariu! Eles são escumalha que nem sequer nos
ajudaram! E agora eles querem queimar este lugar também?!”

Tal grito veio de uma mulher gorducha.


"Eu não vou perdoá-los por isso! Se eles querem me matar, vão em frente! Posso
morrer, mas vou levar muitos desses desgraçados comigo! Eu vou me vingar por ele!”

Um jovem seguiu com um grito de guerra próprio.

Loucura e ódio saturavam o ar, graças em grande parte às flechas flamejantes.

“...Ane-san. É hora de tomar uma decisão.”

O Jugem foi tão duro quanto o aço, enquanto entregava silenciosamente seu ultimato.

"Eh? ...Mas eles estão tão bravos que não “conseguem pensar direito. Não devemos
esperar antes de tomar uma decisão?”

"Não há tempo. E ninguém pode garantir que eles não fiquem loucos. É melhor se você
decidir o que o vilarejo vai fazer agora.”

Essa foi uma sugestão razoável. O exército já havia destruído a torre de vigia com
flechas flamejantes. Na próxima vez, eles provavelmente fariam algo pior. Eles não
podiam hesitar por um momento.

Quando Enri desesperadamente se agarrou a sua determinação, ela respirou fundo.


Ela olhou brevemente para Nfirea, que segurava a mão de Nemu, e eles acenaram para
ela, como se estivessem encorajados.

Seu peito estava um pouco mais quente.

Essa foi a dose final de coragem que Enri precisava.

"Todos! Eu quero que todos aqui decidam o que nós, como um vilarejo, vamos fazer!
Qualquer que seja a decisão, espero que vocês cumpram isso!”

Um grande coro de aprovação veio como resposta.

"Levante a mão a todos que desejam que o vilarejo faça o que o Reino diz!"

Nenhuma mão foi levantada.

Enquanto seu coração batia fortemente em seu peito, Enri gritou mais uma vez.

"Então! Todos que querem lutar contra o Reino até o último suspiro, mãos para cima!”

Com um rugido estrondoso, inúmeras mãos subiram ao mesmo tempo. Eles não
apenas levantaram as mãos; seus punhos estavam cerrados. Os olhares em seus rostos
mostraram sua determinação em resistir até o fim.
Claro, eles estavam com medo. Mas isso era apenas esperado. Todos aqui escolheram
um caminho que terminaria em suas mortes. Mesmo assim, havia algo que motivou
todos os que superaram o medo da morte.

Era o desejo de não retribuir a gentileza e socorro que recebiam com traição.

“Então — vamos à luta! Nós todos vamos lutar! Nós vamos pagar a dívida que
devemos! Jugem-san! Deixarei o plano de batalha para você!”

Jugem rapidamente avançou para ficar ao lado de Enri.

“...Eu vi sua determinação. Vocês todos vão morrer aqui. Vocês estão bem com isso?”

As palavras do veterano foram recebidas com aprovação unânime.

"Vocês podem gritar tão alto apesar de seus rostos pálidos. Magnífico... No entanto,
lamento cortar o seu barato depois de todos vocês proclamarem em voz alta sua
disposição de lutar até o fim. Vocês não deveriam deixar os jovens fugirem primeiro?
Afinal, se alguém vai morrer, deve ser nós e os veteranos.”

Um homem mais velho falou.

"Ele tem razão — mas isso não é impossível? Eles têm homens fora dos dois portões.
Mesmo se nós escalássemos as paredes, eles nos veriam imediatamente.”

"Bem, isso é verdade... mas só se estivéssemos fugindo normalmente."

Jugem sorriu maldosamente enquanto continuava.

“Não podemos nos esconder e depois correr. Então, o que faremos é abrir o portão
principal e atrair o inimigo para dentro. Quando eles ficarem convencidos e entrarem,
nós os acertaremos com força. Se conseguirmos causar danos suficientes, o inimigo
reunirá suas tropas dispersas e se concentrará em nós.”

Jugem olhou em volta.

“Dito isso, o inimigo pode saber que é uma armadilha. Mesmo assim, enquanto
tivermos poder de ataque suficiente, o inimigo não terá escolha a não ser reunir suas
tropas. Alguma pergunta?"

"Não é sobre isso, mas Jugem-san, para onde eles deveriam fugir?"

"Isso não é óbvio, Ane-san? Na Grande Floresta de Tob. Vou designar o Agu e Britta,
que conhecem a floresta, para o grupo de fuga. Tenho certeza de que podemos
administrar por um tempo sem eles por perto.”
Os aldeões já haviam se preparado para a morte, mas era natural que não quisessem
que seus filhos perecessem com eles. Sabendo que seus filhos tinham a chance de
sobreviver, isso inflamou ainda mais seu espírito de luta.

Quando Jugem viu, dirigiu-se a eles com uma expressão sombria no rosto.

"Ouçam. O primeiro ataque é uma batalha para fazer o inimigo consolidar suas tropas.
O segundo ataque será uma batalha para esgotar sua força de combate, para que eles
não tenham mais sobrando. Quanto mais feroz for essa batalha, maiores serão as
chances para os que estão fugindo.”

“Hahahaha! Isso é tudo! Ahhhh, bem, isso é um alívio.”

Essas palavras foram acompanhadas por várias risadas. Essas risadas não nasceram
do desespero ou da loucura — foi apenas uma risada simples e relaxada.

“Enquanto minha mulher e meus filhos puderem ser salvos, não terei
arrependimentos. Agora é a hora de retribuir a gentileza que Ainz Ooal Gown-sama nos
mostrou!”

“Ah, isso mesmo! Eu não quero ficar velho e lembrar que usei alguma desculpa
esfarrapada só por ser pai!”

"Então... quem vai estar na equipe de fuga?"

Jugem olhou atentamente para todos quando ele respondeu à pergunta de Nfirea.

“Você e o Ani-san serão responsáveis por proteger as mulheres e crianças. Então, como
eu disse antes, precisaremos da Britta, Agu e dos outros Goblins para ajudar a guiá-los
pela floresta.”

"—Eh?"

Enri exclamou em surpresa.

Como chefe do vilarejo, ela tinha a obrigação de ficar com os outros. Já que ela ordenou
que os aldeões morressem, então ela não podia fazer nada menos do que ficar ao lado
deles enquanto eles lutavam. Mesmo assim, os aldeões falaram antes que Enri pudesse
responder.

Todos concordaram com Jugem. Assim como Enri estava pensando em como recusar,
eles já haviam chegado a uma decisão sem consultá-la.

"Enri-chan, eu conto com você."


“Por favor, cuide dos meus filhos. Minha esposa morreu naquela época... mas pelo
menos as crianças...”

As mãos dos aldeões estavam cheias de seus pensamentos e sentimentos quando eles
apertaram as mãos de Enri. Os olhos de Enri ficaram quentes e úmidos, e então Nfirea
se aproximou dela.

“Enri, vamos embora. Nossa batalha começa depois que sobrevivermos, e essa é uma
batalha que não podemos perder. Além disso, Ainz Ooal Gown-sama pode vir nos salvar
novamente. Quando chegar a hora, será melhor se estivermos por perto, como os que
puseram os pés no domínio dele.”

"Ele está certo, você sabe."

“Jugem-san...”

“Aquela trombeta que você usou para nos chamar... acho que você deveria usar o
ultimo depois, não acha? Se você o usasse agora, seria como tentar apagar uma casa em
chamas com um copo de água. Seria melhor se você assoprar depois que isso acabar e
convocar mais de nossos camaradas para ajudá-la.”

Enri enxugou os olhos, cheios de lágrimas.

"Entendi! Eu protegerei as esposas e filhos de todos! Vamos! Enfi!

♦♦♦

Um dos lados do portão se abriu devagar.

“Como eu pensava, deveríamos ter usado as flechas flamejantes desde o começo. Bem,
as flechas flamejantes subsequentes foram desperdiçadas...”

O rosto do Príncipe Barbro se contorceu de desgosto. Eles tinham perdido muito


tempo. A fim de compensar o atraso, os homens precisariam ser forçados a marchar.
Mas isso foi inevitável.

Isso foi tudo culpa dos homens do Marquês. Se ele não tivesse dado a ordem de usar
flechas flamejantes, quem sabia quanto tempo mais teria sido desperdiçado?

Barbro olhou para o céu, amaldiçoando sua desgraça por estar sobrecarregado com
subalternos incompetentes.

Ele considerou o tempo que seria necessário mais tarde — a primeira coisa sendo
quanto tempo levaria para enforcar os aldeões.
Ele os penduraria nos muros do vilarejo, para mostrar a todos o destino final de
qualquer um tolo o bastante para desafiar a família real.

Em seguida, ele deveria encontrar alguém que tivesse laços estreitos com Ainz Ooal
Gown. Isso pode demorar mais do que enforcar os aldeões.

"Droga. Eu deveria ter trazido um interrogador. Ofereceremos poupar a vida de


qualquer pessoa que coopere... o problema são as crianças...”

Não havia sentido em deixá-los viver. Para começar, as crianças não poderiam viver
sem os pais, então enforcar os filhos assim como os pais seria uma forma de
misericórdia.

“Existe corda suficiente para todos eles? Se pudéssemos arranjar um pouco aqui, seria
bom...”

Os soldados avançaram lentamente até o portão. O orgulho encheu o peito do Príncipe


Barbro quando ele viu a bandeira real avançando na liderança. Quando ascendesse ao
trono, ele se certificaria de ter guardas cerimoniais assim.

O soldado que segurava a bandeira entrou no portão — e foi então arremessado de


volta para fora.

A bandeira real que ele segurava flutuou para o chão.

Pouco depois, as gigantescas criaturas que as enviaram voando apareceram na


abertura do portão.

“O-o-ogros?! O que o Ogros está fazendo aqui?!”

O desenvolvimento completamente inesperado pegou o Príncipe Barbro de surpresa, e


ele havia esquecido a dignidade da família real quando gritou.

Sim. Aqueles eram os demi-humanos conhecidos como Ogros. Os soldados ficaram tão
chocados com a aparição repentina quanto Barbro. Seus poderosos tacapes enviavam
várias pessoas voando a cada balanço.

Em meio a um borrifo de tripas e sangue, os soldados atingidos voaram para longe e


atingiram o solo, o que despertou o estupor em seus companheiros de tropa. Eles
entraram em pânico, deram meia-volta e começaram a fugir desesperadamente. Vários
outros Ogros apareceram atrás do portão, como se quisessem persegui-los.

Enquanto os soldados caíam em uma desgraça, foram atingidos pelos tacapes dos
Ogros e foram enviados voando. Os soldados pareciam bonecas sendo jogadas em
direção ao céu.
A razão do vôo deles — porque isso não tinha procedimento conciso de retirada —,
era porque esses soldados eram todas as tropas do Barão. Eles haviam soltado as
flechas flamejantes para fazê-las se abrirem mais rápido, e Barbro lhes dera a honra de
ser o primeiro a entrar no vilarejo. Quem poderia ter pensado que o tiro teria saído pela
culatra?

Assim que o príncipe Barbro estava prestes a franzir a testa para o Barão, que havia
abandonado os próprios homens e voltado correndo para ele, o som de um berrante
ecoou pelo ar.

Os cavaleiros do Marquês levantaram suas lanças ao mesmo tempo. Foi uma moção de
livro didático que mostrava que eles sim eram soldados profissionais. No entanto, os
homens estavam fugindo e os Ogros estavam em perseguição, e parecia difícil para eles
mergulharem no caótico campo de batalha antes.

Lanças eram armas que mostravam seu poder durante uma investida. Os soldados não
poderiam tirar proveito disso em um tumulto campal.

"Por que você não está atirando ainda?!"

Barbro gritou.

Permitir que os Ogros se aproximassem apenas aumentaria as perdas que eles teriam.
Seria melhor abandonar esses soldados e matar seus companheiros juntamente com os
aldeões.

Assim que o agravamento de Barbro começou a aumentar, os Ogros começaram a


recuar. Eles usaram os soldados em fuga como escudos de carne, impedindo a cavalaria
de perseguir, e no final eles passaram pelo portão, voltando para o vilarejo.

Os homens de Barbro receberam os sobreviventes e depois começaram a se


reorganizar em uma formação de batalha adequada. Ele segurou suas rédeas
corretamente.

Ele tinha planejado originalmente terminar essa missão chata rapidamente, e depois
correr de volta ao campo de batalha para ganhar glória na batalha contra o Império.

Agora, essa bagunça desenfreada foi tudo o que restara de seu sonho de agora a pouco.

Mesmo eles não esperando que haveria Ogros no vilarejo, se eles simplesmente se
retirassem para E-Rantel sem nada para mostrar, sua reputação iria despencar ainda
mais. Não haveria como competir com Zanac, o Segundo Príncipe e o sucessor
substituto, na corrida ao trono.

Ou será que — tudo isso já havia sido planejado de antemão?


Ele não pôde evitar estalar a língua, sabendo que os olhos dos nobres ao redor
estavam sobre ele.

No entanto, ele não teve tempo para fingir que estava calmo. Barbro ficou de olho no
cavaleiro que corria na direção dele. Ele era o comandante das tropas de elite do
Marquês.

"...Que porcaria foi essa? Esse vilarejo foi tomado por Ogros? O que está
acontecendo?!"

“Eu não sei, senhor. Ninguém esperava que houvesse monstros lá... creio que este
vilarejo foi visitado por coletores de impostos recentemente. Mas não recebemos
nenhuma notícia de que Ogros haviam tomado controle. Bem, se eles viessem e não
retornassem já teríamos suspeitas... mas que droga está acontecendo nesse vilarejo...”

Ele podia sentir a confusão nas palavras do cavaleiro. Se havia um esquema para fazer
com que Barbro perdesse sua dignidade e caísse em uma armadilha, ele provavelmente
também não estava ciente disso.

Sendo esse o caso, ele estava do lado do Príncipe, em certo sentido...

“De qualquer forma, não sabemos o suficiente sobre o inimigo. Bem, isso é apenas
esperado. Apenas cinco Ogros apareceram. Se eles tivessem mais, eles teriam
continuado nos atacando. Então, com toda probabilidade, eles provavelmente não têm
mais de dez no total. Você deveria ser capaz de derrubar cinco Ogros, não?”

"Claro! Cada um de nós é tão forte quanto um membro do bando guerreiros do Reino.
Apenas cinco Ogros não são nada para nós!”

"Eu não estou duvidando de você. Eu só estou dizendo, você precisa estar atento.
Ogros são monstros estúpidos, mas suas ações agora eram inteligentes demais. Eles
abriram a porta para nos atrair, e depois contra-atacaram com um timing perfeito.
Parece que o outro lado tem um comandante. Se um dos aldeões os estivesse
liderando...”

“Perdoe minha grosseria. Nenhum mero camponês poderia controlar um Ogro. Eu


acredito que deve haver alguma outra força trabalhando aqui. Se pudéssemos aprender
mais sobre o inimigo—”
Barbro não conseguia mais controlar sua impaciência.

“Sobre o que você está falando? Olhe ali!"

Barbro apontou para o portão, para os trapos esfarrapados que costumavam ser uma
bandeira real.
“A bandeira do país está agora naquele triste estado. Você vai destruir esse vilarejo,
não importa o custo. Reúna suas tropas, solte flechas flamejantes e queime até as cinzas
esse lugar. Agora é a chance de colocar sua experiência de cerco em bom uso! Parece
que não podemos terminar isso sem perdas. Então você vai atacar com a intenção de
desintegrar esse vilarejo!”

"Por favor, espere! Pode ser que algum Ogro que conheça magia ou algum outro demi-
humano inteligente possa ser o mentor aqui, e não os aldeões!”

"E se esse fosse o caso, e daí?"

Barbro olhou para o rosto surpreso do cavaleiro e começou a explicar-lhe lentamente,


como um adulto que fala com uma criança.

"Você está ouvindo? Ótimo. Não importa se os aldeões controlam os Ogros, ou se eles
são controlados por algum demi-humano inteligente. Esses aldeões se rebelaram contra
o legítimo governante de sua terra, a família real. Sendo esse o caso, devemos mostrar
as consequências de tal tolice para todos.”

“Mas, pode haver alguns aldeões sendo mantidos como reféns; eles não são
inocentes?!”

“Você estava ouvindo o que eu disse antes? Quem se importa se eles são?”

Barbro encolheu os ombros para o cavaleiro, que parecia ter dificuldade em aceitar o
que acabara de ouvir.

“Certo, eu entendi. Eu entendo como você se sente. Então mostrarei a maior


quantidade de leniência possível. Capture os aldeões que não resistirem e depois os
colocaremos em julgamento mais tarde. Isto é melhor?"

"Entendido, senhor!"

O cavaleiro inclinou-se profundamente para Barbro. Depois de ouvir sua resposta


vigorosa, Barbro assentiu em aprovação.

“No entanto, tenho uma condição. Eu quero uma vitória esmagadora. Se levarmos
perdas aqui, todo tipo de fofoca se espalhará. O mesmo vale para você. As pessoas vão
falar sobre como o trunfo do Marquês foi enviado para um vilarejo miserável para ser
massacrado.”

"Mas isso foi por causa dos Ogros—"

"—Não use isso como desculpa. É assim que o mundo funciona.”

"Entendido!"
“Se você entende, então comece a trabalhar. Pegue as tropas do portão traseiro. Ao
mesmo tempo, corte as árvores da floresta e comece a fazer aríetes. Vou deixar os
detalhes para você. Minimize as baixas, garantindo a vitória. Mate qualquer um que
fugir.”

♦♦♦

Um fluxo constante de potes cheios de óleo impactou nas laterais do muro, seguido
por flechas flamejantes.

Os impactos explosivos foram comparáveis à explosão de uma 「Fireball」, criando


chamas vermelhas brilhantes que emitiam plumas infinitas de fumaça negra.

Jugem podia sentir o desconforto que irradiava dos membros próximos da força de
defesa. O líder dos Goblins levantou sua espada mágica e rugiu.

"Esperem! Chamas como essas não podem violar este muro! Quanto à defesa do
portão—”

*Doom*

O som de um impacto pesado veio do lado de fora do portão.

Os muros eram muito mais grossos e maiores do que a torre de vigia, que agora estava
em cinzas. Mesmo quando atingidos por flechas flamejantes, eles não pegaram fogo
facilmente. Como tal, eles concluíram que isso era apenas uma manobra para chamar a
atenção de seu objetivo real, que era a violação o portão. Parece que esta foi a decisão
certa. Mais uma vez, um grande baque veio do portão.

Foi um som mais profundo e mais poderoso do que os impactos dos tacapes dos Ogros.
Era o som das armas de cerco — provavelmente o bater de aríetes.

"Disparar!"

Em sincronia com o grito de Jugem, os aldeões dispararam suas flechas com facilidade
vinda da prática.

Gritos de dor emergiram do outro lado do muro. No entanto, os aríetes não pararam.
Eles devem ter usado vários aríetes em um ataque sequencial.

"Disparar!"

Mais uma vez, as flechas voaram no comando de Jugem. No entanto, desta vez, eles
foram respondidos por flechas do inimigo. Várias vezes o número de flechas que
soltavam caía sobre o vilarejo como uma chuva negra.
No entanto, nem uma única atingiu os defensores.

O ataque inimigo tinha sido uma série de tiros, assim todos haviam errado, acertando
inofensivamente nas paredes e edifícios. No entanto, o inimigo tinha mais arqueiros
que eles, e sua precisão estava aumentando lentamente. Se eles não pudessem redefinir
a precisão deles para zero mais uma vez, as consequências seriam graves.

"Recuar! Recuar! Mudar posição!”

Os aldeões obedeceram a Jugem, que ainda podia se fazer ouvir apesar de seu tom
mais baixo. Eles rapidamente mudaram sua localização.

Até o momento, os aldeões só aprenderam a atirar em posições fixas. Seu objetivo era
atingir com precisão a área do lado de fora do portão principal. Assim, quando a
situação permitia, sua precisão ficava bastante alta, mas se fosse ao contrário, quando
precisavam se deslocar para um local desconhecido, suas flechas não mais atingiam
bem suas marcas.

Lutar uma batalha à distância agora seria muito difícil.

“Preparar lanças! Estamos nos aproximando do combate!”

Um barulho alto veio do outro lado do muro. Soava como algo metálico batendo na
parede, completamente diferente dos golpes dos aríetes. Com toda probabilidade, era o
som dos machados, e eles vinham de todos os lugares.

A quantidade era uma qualidade própria. Eles poderiam usar os ataques no portão ou
no muro como chamarizes para atacar de uma direção completamente inesperada. Se
Jugem fosse o comandante do outro lado, ele também faria isso.

Assim como planejado... parece que a situação está indo bem e o inimigo está se
dispersando.

A maioria das estratégias de ataque convencionais seria inútil diante da superioridade


numérica da oposição. Para os aldeões de Carne, sua melhor aposta seria corroer
constantemente a força de luta de seus inimigos.

Quando a formação do inimigo enfraquecesse, eles poderiam atacar do vilarejo a


qualquer momento. Idealmente, eles cobrariam o comandante inimigo em uma
formação de escama de peixes. Dessa forma, o inimigo em pânico iria imediatamente
consolidar suas tropas.

Trazer os Ogros de volta ao meio do caminho fez parte dos preparativos para aquele
evento. Mesmo que os Ogros pressionassem o ataque sozinhos, seria difícil para eles
fazer o inimigo entrar em pânico e atingir seu objetivo de atrair as tropas do portão dos
fundos para a frente.

Uma vez que eles puxam seu pessoal de volta, nós estaremos cercados sem saída... Eu
acho que isso é o que significa entrar na garganta do Dragão...

Em outras palavras, essa era uma tática suicida.

Mesmo assim—

"Bem, já alcançamos metade de nossos objetivos."

Jugem murmurou alegremente para si mesmo enquanto sua linha de visão se movia
para o portão traseiro obstruído.

Ele já havia preparado uma rota de fuga para sua mestra com a maior probabilidade
de sobrevivência. Não havia mais nada para se preocupar. Pode ser cruel dizer isso, mas
mesmo que todos os moradores daqui morressem, o inimigo não saberia quantos
haviam sobrevivido e Enri permaneceria envolta em uma mortalha de mistério.

Proteger Enri estava em primeira e mais alta prioridade para Jugem. Ele pagaria
qualquer preço por isso e não se arrependeria nem um pouco. Assim sendo—

"Todos! Esperem o portão cair! Nós faremos uma investida! Nosso alvo é a sede
inimiga! Nossa única chance de sobrevivência é matar o chefe deles!”

"Ohhhh!"

Uma série de uivos determinados lhe respondeu. Houve uma leve oscilação em
algumas das vozes, mas ninguém parecia que ia recuar.

Tudo o que restava era a coragem crua dos homens que estavam lutando para
proteger seus filhos e suas amadas.

♦♦♦

Enri e Nfirea desceram da torre de vigia traseira, levando as mulheres e crianças para
a área em frente ao portão dos fundos. A avó de Nfirea, Lizzie, não estava lá, porque ela
estava escondendo todos os produtos alquímicos que Ainz havia emprestado.

Ela não teria tempo para escapar, mas já aceitara seu destino.

"Não se preocupe! Não tem ninguém por perto! Abrimos o portão agora e vamos para
a floresta!”

As crianças reunidas, rostos pálidos de medo, assentiram desesperadamente.


Enquanto isso, Nfirea e Britta giravam a maçaneta, abrindo devagar um dos lados do
portão.

No momento em que abriram o portão, Enri esticou a cabeça para olhar em volta. Não
havia ninguém por perto. Ela olhou para a torre de vigia, não havia tropas à vista. O
plano de Jugem foi bem-sucedido.

"Então vamos!"

Os primeiros a sair foram Agu e seus membros da tribo dos Goblins. Se eles estivessem
emboscados na floresta, eles esculpiriam um caminho sangrento através de seus
inimigos. Em seguida foi Britta. Seu trabalho era identificar soldados que Agu não via.

A equipe pioneira levava as crianças em consideração e desacelerou enquanto corriam


para a floresta. Atrás deles, as crianças os seguiam em pares. As mães acompanhavam
as crianças enquanto corriam. Crianças sem pais seriam levadas por crianças mais
velhas.

No final, estavam Enri e Nfirea, que se entreolharam e correram.

Mesmo depois de sair do portão, a floresta ainda estava longe. A distância parecia
várias vezes mais longa do que realmente era.

Eles freneticamente bombeavam as pernas para manter o ritmo da corrida.

Ainda estava longe.

Ainda havia uma distância a percorrer.

Só então, eles ouviram cavalos atrás deles.

Recentemente, a resistência cardiovascular de Enri tinha sido tão bem desenvolvida


que até ela achava estranho. Ainda assim, seu coração estava batendo e sua respiração
estava em desordem. O medo a levou a olhar para trás, e lá ela vislumbrou algo que não
podia acreditar que estivesse ali — desespero.

"Impossível..."

Mais de 100 cavaleiros montados apareceram atrás deles. Deviam estar escondidos
nos pontos cegos da torre de vigia ou perto dos muros. Eles só tinham surgido porque
tinham certeza de que ninguém mais sairia.

Era uma longa distância do vilarejo para a floresta. No entanto, havia uma enorme
diferença entre as velocidades de cavalos e humanos.
Talvez Agu e Britta pudessem fugir. Mas era impossível para as crianças. Eles seriam
alcançados.

Os cavaleiros seguravam objetos reluzentes em suas mãos. Não havia dúvida de que
eles estavam planejando feri-los por trás. As lembranças assustadoras do passado a
fizeram estremecer. Embora Nemu estivesse correndo na frente da fila, era duvidoso
que ela fosse capaz de escapar.

"Enri, continue correndo!"

Nfirea havia parado.

"Enfi!"

"Eu vou comprar algum tempo!"

"Você está maluco!? Não pense que será como da última vez que a Lupusregina-san
salvou você no último momento!”

"Apenas corra!"

O grito de raiva de Nfirea foi dirigido a Enri, que também havia parado.

"Se você quer ganhar tempo, eu tenho um jeito melhor!"

Enri retirou a trombeta velha e surrada do bolso.

Só poderia invocar 19 Goblins. Embora não fossem numerosos, cada um deles ainda
era bastante forte. Deve ser o suficiente para comprar algum tempo.

"Idiota! Há muitos deles! O que você pode fazer com menos de vinte?!”

Ela não podia argumentar contra o raciocínio de Nfirea. O inimigo certamente


circularia em volta dos Goblins e atacaria. No entanto, não assoprar a trombeta seria
ainda mais estúpido.

"E o mesmo não vale para você?"

Enri não tinha mais tempo a perder ao conversar. Ela colocou a trombeta nos lábios.

—Goblin-sans! Por favor me ajude!

O que soou foi uma nota grave e profunda, que fez a própria terra tremer.
Os olhos de Enri se arregalaram com o que ela fez. No passado, quando ela convocou
Jugem e os outros, tudo o que ela conseguiu foi um som suave. Tudo o que ela deveria
ter conseguido fazer seria um barulho digno de algum brinquedo simplório infantil.

"En-Enri..."

Enri percebeu Nfirea em pânico, mas ele não estava olhando para ela, olhava para além
e atrás dela. Ela seguiu a linha de visão de Nfirea e virou o rosto.

Os cavaleiros estavam atacando diretamente, e Enri e Nfirea não deveriam ter tido o
luxo de se afastar. No entanto, por algum motivo, os cavaleiros estavam puxando as
rédeas para deter seus cavalos. Devido à parada repentina, alguns até caíram de suas
montarias.

Enri olhou para trás e—

"—Eh?"

"Eh?"

♦♦♦

Muitos itens em YGGDRASIL podem ser nomeados livremente pelos jogadores. No


entanto, poucos foram exceções à regra. Entre eles estavam artefatos, produtos
acabados que caíam de monstros.
[Trombeta d o General G o b l i n ]
Um desses artefatos foi o Horn of the Goblin General.

A trombeta era um item pequeno e simples, mas havia uma peculiaridade curiosa
sobre isso.

Só poderia invocar 19 Goblins. No entanto, os Goblins convocados eram tão fracos que
nem sequer se qualificaram como oposição credível para um jogador de YGGDRASIL.
Então, por que tal item receberia o nome grandioso de “General”? Não seria incomum
chamá-lo apenas de "Horn of the Goblin".

A verdade é que muitos jogadores de YGGDRASIL pensavam assim. No entanto,


nenhum deles poderia pensar em uma razão convincente e, no final, eles simplesmente
o escreveram como apenas um nome.

No entanto, havia um motivo para esse nome.

E esse motivo era—

♦♦♦
Jugem balançou a espada mágica que tirara do Gigante do Leste. O soldado bloqueou o
golpe que ele fizera com toda a força. No entanto, ele não conseguiu neutralizar
totalmente a força do golpe e perdeu o equilíbrio por um momento. Normalmente,
Jugem teria imediatamente emendado outro golpe, mas os outros soldados que o
atacavam não o deixavam fazê-lo.

Eles flanqueavam Jugem de ambos os lados, a fim de cobrir o soldado que havia se
aberto.

Estalando a língua, Jugem passou a espada pelo ar como uma extensão de seu próprio
corpo, aparando os dois golpes de espada.

“...Esse Goblin é muito bom. Ele está realmente segurando três de uma vez.”

“Que camarada inacreditável. Eu não sabia que Goblins poderiam ser tão fortes.”

Jugem podia sentir que seus oponentes ainda não estavam no limite, o que o
preocupava.

Se ele lutasse contra esses soldados um a um, ele poderia ganhar. Se ele lutasse com
dois ao mesmo tempo, seria uma questão de sorte. Três de uma só vez significava que
ele provavelmente perderia. E agora—

Ainda havia outro soldado circulando atrás dele. Jugem deu um pequeno passo para
trás.

—Estava lutando contra 4 soldados, Jugem não tinha esperança de vitória.

Seus primeiros oponentes foram alguns soldados fracos, que ele rompeu facilmente.

Os bravos guerreiros do Vilarejo Carne romperam as linhas de batalha do Reino em


uma formação de escama de peixes.

Mas então, oponentes fortes começaram a aparecer, como se o terreno tivesse


mudado. Seu equipamento era de alto padrão. Provavelmente as tropas de elite do
exército inimigo.

Embora eles estivessem perto do quartel-general inimigo agora, sua formação não
parecia muito densa.

No entanto — ainda era dura.

Ele desviou sua atenção dos quatro e observou sub-repticiamente os arredores. Os


Goblins sob ele haviam sido lentamente dominados por números superiores.
Ele era mais forte e mais parrudo que seus oponentes... mas por outro lado, essas eram
suas duas únicas vantagens — muito parecidos com os Ogros. Tudo o que ele podia
fazer era ver seus oponentes fazendo provocações.

Várias pessoas do Vilarejo Carne já haviam morrido. Mesmo que os Goblins tenham
sofrido o impacto dos ataques nas bordas da formação, os inimigos eram numerosos
demais, e era impossível bloquear todos os seus ataques. Invariavelmente, o inimigo
entrava e, quando isso acontecia, alguém caía.

Era uma estratégia imprudente desde o começo e esse resultado era apenas esperado.

No entanto, Jugem queria acreditar que isso poderia não ser o caso.

E neste momento—

Ele não conseguiu bloquear totalmente a espada, e sofreu um corte.

"Cheh!"

Jugem balançou sua espada, forçando seus oponentes a recuar.

“Vocês, quem são vocês? Não são fazendeiros comuns, eu aposto.”

Jugem estava no nível 12. Com isso em mente, seu oponente atual era
aproximadamente nível 10, ou talvez 11. Os outros três poderiam ser de nível 9.

Um aldeão comum era de nível 1. Talvez alguns dos membros treinados do Vilarejo
Carne estivessem no nível 2. As tropas que acompanhavam os coletores de impostos de
E-Rantel ficavam abaixo do nível 3. Isso significava que os soldados que ele estava
combatendo agora eram muito fortes.

Como um aparte, era difícil julgar com precisão a força de Enri e Nfirea porque eles
não eram guerreiros, mas eles eram fortes à sua própria maneira.

“Esse Goblin... não, é um Hobgoblin? Ou é natural encontrar adversários fortes como


esse?”

“Mas eles dizem que os Hobgoblins são maiores... é um Rei Goblin? Talvez esses caras
tenham assumido o controle do vilarejo pela força... mas se esse fosse o caso, por que os
aldeões lutariam tanto?”

“Haaaa! Humanos tem a mente vazia. É porque temos reféns! Você não entende?”

“Ele deve estar mentindo. Eles não lutariam por um motivo tão ruim. Em vez disso,
eles te esfaqueariam pelas costas. Eu posso sentir que há algo como uma camaradagem
entre vocês que vai além das barreiras raciais. Por quê? Por que humanos e Goblins
lutariam lado a lado?”

"Como se eu soubesse, idiota!"

“Parece que eu estava certo sobre eles serem companheiros depois de tudo; de outra
forma—"

“Ahhhh, cala a boca! Intrometidos como você me irrita!”

Jugem balançou a espada de novo mais uma vez.

Mas o resultado foi o mesmo de antes.

O soldado poderia aguentar o golpe, mas ele não poderia segurar completamente a
força transmitida.

O equilíbrio do soldado fraquejou, mas quando Jugem quis completar com outro golpe,
ele foi interrompido pelos ataques direcionados a seus órgãos vitais vindo de ambos os
lados.

Com isso em mente, Jugem decidiu evitar os golpes.

Os ataques foram destinados às partes não armadas de seu corpo, criando assim mais
cortes.

Em vez de dor, tudo o que Jugem sentia era calor saindo de dois pontos em seu corpo.

Jugem rangeu os dentes e ativou sua habilidade especial. Sua espada mudou de
direção, golpeando o soldado que o golpeou de lado.

“「Goblin Blow」.”

O poderoso golpe se partiu através dos pontos fracos da cota de malha do soldado e
causou uma ferida dolorosa na carne abaixo.

Neste momento, o soldado começou a se contorcer.

Este era o poder mágico da grande espada — veneno. No entanto, parece que seu
adversário resistiu parcialmente e não perdeu o espírito de luta.

Jugem não estava distraído, mas ele ainda não conseguiu evitar o golpe de espada que
veio de trás dele.

Embora seu peitoral mostrasse que sua ferida não havia sido grave, seu corpo gemia
do golpe de espada.
"Merda!"

“Essa é a nossa fala! Você entendeu Bike!”

“Bike, recue. Fique atrás dele!”

Durante o tumulto selvagem, havia mais oponentes do que apenas esses quatro.
Alguns tentaram atacar Jugem e foram cortados no momento em que entraram em seu
alcance. A julgar pelo seu equipamento precário, eles provavelmente eram agricultores
recrutados.

Mesmo assim, havia muitos deles. Ficar em desvantagem era realmente injusto.
"Recuem! Esse Goblin é forte! Se afastem! Nós vamos cuidar dele. Você vai lidar com os
aldeões por trás dele!”

"Você acha mesmo que vou deixar?"

Jugem rosnou para os recrutas e brandiu a espada. Intimidados por ele, eles recuaram.

O calor que ele estava sentindo em seu corpo estava lentamente se transformando em
dor.

Havia uma lição no treinamento de um guerreiro que era mais importante que a
esgrima e, isso seria suportar a dor. Outro segredo era dizer quanto dano ele havia
sofrido, que era como ele saberia quando fugir.

Ele sentiu que ainda podia lutar, mas sabia que estava pressionando seus limites. Era
de se adivinhar quanto tempo ele poderia aguentar.

Outro bravo guerreiro do Vilarejo Carne encontrou seu fim no canto do olho de Jugem,
a terra bebia seu sangue.

Eles nunca tiveram a chance de vitória desde o começo, mas agora a derrota deles era
inevitável.

Mesmo assim, ele ainda precisava ganhar tempo para que Enri e os outros fugissem.
Ele não podia se permitir morrer até então.

—Meu objetivo é o acampamento inimigo.

—Eu vou para lá sozinho.

Talvez seja porque ele tivesse visto a determinação de Jugem, mas o soldado à sua
frente se enrijeceu.

Nesse momento, Jugem agarrou sua espada, preparando-se para uma investida. Um
grande clamor lavou o campo de batalha. Jugem olhou para onde os olhos de seu
oponente estavam apontando, e ele não conseguiu não desviar o olhar.

Isso foi porque do lado do Vilarejo Carne—

♦♦♦

—O motivo era simples. Seu verdadeiro poder não era simplesmente uma questão de
invocar 19 Goblins.
Em YGGDRASIL, este item não pôde revelar seu verdadeiro valor e era descartado
como lixo.

No entanto, neste Novo Mundo, este item estava prestes a liberar seu verdadeiro
poder.

Vamos repassar o nome do item mais uma vez.

"Horn of the Goblin General".

Seu verdadeiro poder, só seria revelado quando três condições fossem satisfeitas, e
essas três foram—

Parte 3

O som poderoso e rítmico dos tambores veio do lado do vilarejo, enchendo todo o
campo de batalha. Todos os olhos que foram para a fonte do som se alargaram no
instante seguinte. Isso porque um exército de mais de 5.000 pessoas estava se movendo
em formação de passo a passo, avançando no tempo com a batida dos tambores.

No início, as forças do Príncipe Barbro e os defensores do Vilarejo Carne pensaram que


eles eram reforços do lado de Barbro, a única diferença era se eles esperavam ou não
tal apoio. No entanto, as formas das novas tropas imediatamente disseram-lhes que não
era o caso.

Os membros desse exército eram todos Goblins.

Os demi-humanos conhecidos como Goblins eram menores que os seres humanos,


apenas do tamanho de uma criança. No entanto, sua presença, sua determinação de aço
fez com que parecessem duas vezes maiores do que realmente eram.

Além disso, eles estavam embainhados em aço reluzente. Eles tinham armas e
armaduras potentes e brilhantemente polidas, o equipamento que um guerreiro
deveria ter.

Não eram um exército que poderia ter surgido de camponeses. Este era um exército de
verdadeiros guerreiros.

"Agora! Qualquer um que ainda esteja vivo, corram com tudo! Eles são reforços!
Reforços vieram! Corram para eles!”

Jugem gritou no alto de sua voz.

Suas identidades eram um mistério. Ele não sabia se eram amigos, inimigos ou uma
terceira parte completamente diferente. Dizer aos defensores sobreviventes para fugir
em sua direção, porque eles eram da mesma espécie, não era a coisa certa a fazer. Ele
deveria ter dito a eles para correrem de volta para o vilarejo.

No entanto, Jugem sentia algo que poderia ser chamado de simpatia. Ele tinha a
sensação de que ele compartilhava a mesma mestra que essas pessoas. Ele tinha a
sensação de que eles receberiam ele e seus amigos e protegiam a todos.

Os cidadãos sobreviventes do Vilarejo Carne fugiram em direção ao Exército Goblin


sem hesitação.

O cerco estava começando a desmoronar. O Exército Real sabia que eles deveriam
prosseguir, mas seus movimentos eram lentos. Isso era apenas esperado. Havia um
exército altamente organizado lá fora. Aproximar-se descuidadamente era perigoso.

Havia duas razões pelas quais eles permitissem a fuga.

A primeira foi porque eles achavam que seria melhor consolidar e recuperar a
formação, em vez de montar uma perseguição. Seus tambores estavam batendo um
sinal para recuar.

A segunda foi porque eles estavam com medo de sofrer uma vingança terrível por
matar os membros pertencentes ao mesmo exército.

Os Goblins aceitaram alegremente Jugem e os outros que corriam para eles. Jugem e os
outros entraram em brechas abertas na formação. Depois que todos entraram, eles
imediatamente fecharam as fileiras mais uma vez, como uma porta se fechando.

Jugem olhou em volta para seus camaradas exaustos, que estavam caídos no chão.
Ninguém saíra ileso, e muitas pessoas prontamente desmaiaram ao chegar em
segurança.

Ele olhou em volta e foi trágico. O número de Goblins, Ogros e aldeões diminuiu.

“Ainda assim, mais da metade deles sobreviveu... nós tivemos sorte. Cona!”

Ele chamou o nome da única pessoa entre os Goblins que poderiam usar magia de
cura, o sacerdote Cona. No entanto, Cona balançou a cabeça, indicando que ele havia
esgotado sua magia de cura naquela batalha.

"Então vamos fazer o que pudermos em primeiro socorro—"

Assim que Jugem estava prestes a gritar, ele viu um Goblin em um turbante,
carregando um lenço e acariciando seus bigodes.

Dada sua atitude, ele era provavelmente uma figura central no Exército Goblin.
“Ho ho ho ho. Você deve ser o séquito da General Enri. Eu sou o Estrategista Goblin,
responsável por comandar o Exército Goblin. Agora que chegamos, ninguém vai
prejudicá-lo mais. Por favor, fique à vontade. Nosso corpo médico irá atendê-lo
imediatamente.”

O Estrategista Goblin acenou, e um pelotão de Goblins musculosos correu com


pranchas nas mãos.

“Venham, venham, todos, por favor, deitem-se nessas pranchas e nós vamos levá-los.
Agora que viemos, seria uma pena se mais de vocês perdessem suas vidas.”

As vítimas foram levadas uma após o outra.

“Você também foi ferido. Venha, vamos levá-lo aos nossos cirurgiões para
tratamento—”

“Não, me desculpe. Eu me sinto mal em recusar sua gentileza, mas você pode me dizer
o que está acontecendo? Eu ainda estou bem.”

A atitude de Jugem não parecia estar agindo como um durão. Depois de verificar isso, o
Estrategista Goblins assentiu e começou a falar.

“Eu não esperava nada menos do líder do séquito da General Enri. O que você deseja
— ho ho ho. Não, eu já sei. A General Enri está em uma tenda de comando na parte
traseira. Ela certamente ficará feliz em ver que você está bem.”

"Mesmo? Então isso é ótimo.”

Jugem soltou um suspiro profundo de alívio. Na verdade, ele ficou tão aliviado que a
força fugiu de seu corpo também, e seus joelhos quase se dobraram sob ele. No entanto,
como antecessor, ele não podia deixar seus sucessores verem aquele lado deprimente
de si mesmo.

"Certo. Eu vou vê-la então. Além disso, duvido que haja algo a fazer na próxima
batalha.”

“Ho ho ho ho. Obrigado por ceder o campo a nós recém-chegados.”

"Até parece. Não é nada de mais. É o trabalho dos seniores passar a tocha para os seus
juniores... obrigado.”

"Ho ho ho. Então, devemos mostrar nossas proezas aos nossos predecessores. Sendo
assim — tudo o que resta para nós é alcançar a vitória. Ordene a infantaria pesada para
a frente.”

♦♦♦
"Que porra é essa?! Droga, estávamos tão perto!”

Os olhos de Barbro se arregalaram quando ele examinou os intrusos que tinham


arruinado tudo.

Nada havia corrido como ele planejara. Por que ele estava rodeado por um Exército
Goblin em um pequeno vilarejo como este? Ele estava tão frustrado que queria
arranhar seu cabelo.

Se este fosse um destacamento do Exército Imperial, ele alegremente ordenaria que


seus homens lutassem. No entanto, estes eram Goblins. Mesmo se ele ganhasse, quem o
elogiaria?

"Meu príncipe! Por favor, permita que os homens recuem!”

Ele olhou com raiva para o cavaleiro se dirigindo a ele.

Racionalmente falando, eles deveriam recuar agora. Ele não sabia o que um batalhão
de Goblins tão grande estavam fazendo aqui, então contanto que ele trouxesse as
informações de volta, tal curso de ação seria benéfico.

No entanto, fugir com o rabo entre as pernas, sem sequer lutar contra eles, certamente
o levaria a ganhar o apelido odioso de "o Príncipe que fugiu dos Goblins".

E se ele perdesse, então ele seria “o Príncipe que foi chutado pelos Goblins”. Os nobres
com fome de fofoca certamente espalhariam tudo e tornariam isso de conhecimento
público. As pessoas que não tinham visto a batalha com seus próprios olhos não se
importariam com a força que os Goblins diante deles tinham. Eles só se preocupariam
com o quão divertido soava.

Dentro de seu coração, Barbro amaldiçoou os nobres que zombavam dele na


segurança de seus lares.

“...Negado. Continuem a lutar."

"Vossa Alteza! Por favor, observe seu equipamento e sua formação regimentada! Eles
devem certamente ser as tropas de elite que são iguais ou superiores aos Goblins de
antes! Nosso lado é em grande parte composto de camponeses; nossas chances de
vitória são pequenas. Por favor, ordene uma retirada!”

Barbro também sabia disso, mesmo que a outra parte não dissesse nada. No entanto,
não havia outra maneira de proteger seu nome. Tudo o que ele podia fazer agora era
rezar para que aqueles Goblins fossem apenas aparência e nada mais.
"Seu idiota! Eu tenho que te dizer como é perigoso deixar essas tropas livres?! Agora, o
Exército Real está indo para as Planícies Katze! O que você planeja fazer se o exército
atacar E-Rantel enquanto eles estiverem subalternos?!”

"Com-compreendido."

Eles cruzariam as lâminas com o inimigo uma vez. Se eles fossem tão durões quanto
suas aparências sugeriam, ele voltaria imediatamente. A batalha com o Império era a
coisa realmente importante, e Barbro não queria ser derrotado aqui. Ele estava, pelo
menos, calmo o suficiente para pensar nisso.

Os soldados formaram fileiras diante de Barbro. Como se combinando seus


movimentos, os Goblins começaram seu avanço.

O inimigo tinha tomado uma longa formação serpentina, que tinha três camadas de
profundidade.

As forças de Barbro haviam adotado uma formação de asa de garça. Eles não usaram a
formação de escama de peixe porque queriam fazer uso efetivo de sua cavalaria
poderosa, e a formação do inimigo era pobre em lidar com ataques de flanco.

O bordo de ataque da formação dos Goblins era composto de sua infantaria pesada,
carregando grandes escudos que eram altos o suficiente para se cobrirem. A linha de
batalha imaculada deles era como uma parede móvel, e colocava grande pressão em
Barbro.

A mão que segurava as rédeas do cavalo estava escorregadia de suor sob as manoplas
e parecia nojenta.

Quando os arremessadores de lanças faziam contato com a infantaria pesada com


escudo, suas tropas bloqueariam o avanço inimigo, efetivamente pisando na cabeça da
serpente, e então a cavalaria atacaria pelos flancos.

As investidas colidiram com a infantaria pesada.

E então, as vozes altas dos Goblins alcançaram os ouvidos de Barbro.

“Somos os subordinados de Sua Excelência, a General Enri — a Infantaria Pesada


dos Goblins! Não nos insulte pensando que seremos interrompidos por tão
pouco!”

Em vez de nutrir dúvidas sobre a persona da General Enri, Barbro estava focado em
como a formação de suas forças estava cedendo sob o contato.
As investidas estavam sendo empurradas para trás pelos escudos inimigos.
Naturalmente, quando foram empurrados para trás, eles colidiram com seus
companheiros e sua formação começou a desmoronar.

A cavalaria de ambos os flancos entrou rapidamente em ação. A ala direita foi um


pouco mais rápida para se mover, e eles pretendiam atacar de lado. No entanto, a
cavalaria de prata reluzente emergiu do flanco inimigo — montando lobos brancos no
lugar de cavalos — 17 cavaleiros ao todo, correndo para interceptá-los.

“Somos os subordinados de Sua Excelência, a General Enri — o Corpo de


Paladino dos Goblins! Nós juramos nossa lealdade a Sua Excelência!”

Do flanco esquerdo veio uma horda de animais mágicos que se pareciam com lobos,
que corriam pela terra. Havia Goblins montados neles. Liderando o caminho estava um
lobo alado, e o Goblin montado em suas costas gritava alto o suficiente para abafar os
gemidos das investidas, alcançando os ouvidos de Barbro.

“Somos os subordinados de Sua Excelência, a General Enri — o Corpo de


Cavaleiros de Feras dos Goblins! Aqui vamos nós!"

Enquanto a cavalaria se atolava em tumulto, Barbro ouviu o som de cordas


estridentes, uma após a outra.

Ele viu dezenas de flechas caindo do céu como chuva, apimentando o caótico campo de
batalha. Barbro queria ver quem estava atirando e examinou a formação do inimigo.

Eles estavam no segundo posto do inimigo. Lá ele viu um grupo de Goblin vestido em
vermelho brilhante, empunhando arcos enormes. Havia uma clara diferença entre os
tamanhos dos lados esquerdo e direito de seus corpos, e seus corpos se inclinavam
perceptivelmente a cada passo que davam. Um deles era particularmente atraente e
carregava um arco extragrande. Ele abriu a boca:

“Somos os subordinados de Sua Excelência, a General Enri — o Corpo de


Arqueiros dos Goblins! Saibam que não há escapatória para vocês!”

Esse não foi o fim dos ataques de longo alcance do inimigo. O terceiro nível do inimigo
descarregava várias magias, que detonaram dentro da formação do Exército Real,
alguma distância à frente de Barbro. Grandes lampejos de luz acompanhavam o
desabrochar das flores carmesim e as pétalas de chama abrasadora formavam uma
onda de choque diante deles, as repetidas explosões lançando as investidas
camponesas para longe.

Os spellcasters eram um grupo cujos rostos estavam velados por seus capuzes
abaixados. Cada um deles carregava um cajado longo, que brilhava com um brilho
misterioso.
A pessoa na liderança puxou o capuz para trás, revelando um rosto coberto de rugas.

“Somos os subordinados de Sua Excelência, a General Enri, o Corpo de Apoio


Mágico dos Goblins. Seja fortalecendo, enfraquecendo ou atacando com magia,
nós os manejamos com a mesma proficiência.”

Eles não eram a única unidade lançando magias. Barbro desviou os olhos para o lado
do Corpo de Apoio Mágico e viu uma unidade parecida ali. Embora eles fossem apenas
uma equipe de cinco pessoas, cada um dos rostos deles era preenchido com uma
confiança absoluta. Diante deles estava o que tinha o mais ousado sorriso de todos e
gritou com toda a força:

“Somos os subordinados de Sua Excelência, a General Enri — o Esquadrão de


Artilharia Arcana dos Goblins! Nós que nos especializados em magias de ataque
de área, somos os atacantes mais potentes do Exército Goblin!”

"Vossa Alteza!"

O cavaleiro retornou ao lado de Barbro. Ele sabia o que o homem ia dizer com apenas
um olhar para a expressão chocada no rosto. Com os magic caster em suas fileiras, o
inimigo era ainda mais perigoso agora.

"Já entendi! Nós não podemos segurá-los! É só uma questão de tempo até o inimigo
nos alcançar! Precisamos nos retirar!”

Ele não podia negar o óbvio agora. Mesmo que Barbro ordenasse que todos ficassem e
lutassem, os nobres que vieram com ele escalariam uns sobre os outros para fugir.
Mesmo que ele de alguma forma os obrigasse a lutar, eles se ressentiriam e se
tornariam futuros inimigos.

"Faça. Além disso, ordene que o Barão vá na frente.”

Barbro queria ser o primeiro a fugir, mas se ele fizesse isso, não era difícil imaginar
como ele seria rotulado como um covarde que foi o primeiro a fugir dos Goblins. Sendo
esse o caso, ele deixaria o Barão suportar aquela vergonha.

"Entendido!"

Assim que o cavaleiro começou a latir ordens para seus subordinados ao lado dele—

"—Não há escapatória."

Uma voz estranha veio do lado dele e, pela primeira vez, Barbro sentiu que sua vida
estava realmente em perigo.
Seu séquito desembainhou as espadas e examinou os arredores, e eles viram um grupo
de pessoas vestidas de preto emergir das sombras. Seus rostos estavam cobertos de
pano, mas seus olhos brilhavam com uma luz penetrante.

“Somos os subordinados de Sua Excelência, a General Enri — o Esquadrão


Assassino dos Goblins. Nos escondemos nas sombras, e esta é a última vez que
você nos verá.”

Havia mais uma pessoa.

Ele emergiu como se tivesse sido desenhado no ar; ele usava um boné vermelho e
botas de aço. A maneira como ele carregava uma longa foice fazia com que ele se
parecesse com um ceifador.

“Sou um subordinado de Sua Excelência, a General Enri — um dos treze Redcaps


que serve como guarda-costas. Bem, acho que não há mais nada para eu fazer.”

Obs.: Redcaps, também conhecidos como “Barrete vermelho” são uma variação malévola dos Goblins.

“Protejam Sua Alteza! Soe a retirada!”

"Patético."

Para os olhos de Barbro, parecia que as sombras estavam se movendo.

Tudo acima do pescoço do cavaleiro desapareceu em um instante, e seu sangue jorrou


como um gêiser rubro.

Barbro percebeu o que estava olhando e imediatamente esporeou o cavalo a galope.


Não houve mais tempo para se preocupar com a ordem de execução. Agora, ele estava
andando na beira da vida e da morte.

Atrás dele, ele ouviu:

“Somos os subordinados de Sua Excelência, a General Enri — a Banda Militar dos


Goblins!”

Acompanhado pelo som de tambores martelando e rangendo em seus ouvidos.

♦♦♦

"...Está tudo bem deixá-lo correr?"

“O Estrategista-dono ordenou. Se a cabeça do príncipe for tomada, eles vasculharão a


terra para descobrir onde ela caiu.”
“Hmph, mas é claro. Se a General Enri caísse para o inimigo, eu não pararia de matar
até que todos eles estivessem mortos também. Bem, esse é o Estrategista-dono
senhoras e senhores. Ele vê a passos à frente. É por isso que ele não nos mandou apagar
todos?”

“Precisamente. Precisamos deixá-los levar seu príncipe de volta para sua cidade. Eu
não estou feliz com isso também. Eu quero fazê-los pagar por atacar o vilarejo da
General Enri... Eu acho que é assim, Redcap-dono. Então, vamos começar a limpar os
cadáveres.”

"De fato. Precisamos recuperar os corpos dos bravos guerreiros que lutaram ao lado
dos nossos superiores também.”

Parte 4

As planícies estavam iluminadas pela lua, e no meio delas havia um acampamento de


campo militar. Não, não havia barracas aqui ou uma paliçada de madeira, por isso era
duvidoso se isso realmente se qualificava como um acampamento. Seria mais correto
dizer que havia uma unidade militar na grama.

Quase todo mundo estava deitado no chão, imóvel pela fadiga.


O ar do inverno estava frio o suficiente para tingir a respiração exalada de branco, mas
o fato de poderem dormir em condições como essas sem roupas de dormir ou coisa
parecida era sinal de como estavam realmente cansados. Em meio a todas essas
pessoas, que haviam desmoronado como marionetes cujas cordas haviam sido
cortadas, um homem estava andando.

Ele era o general do exército derrotado, Barbro.

Ele deveria se sentir sortudo por ter sobrevivido, ou deveria se queixar por ter
encontrado um inimigo tão poderoso?

O Exército Goblin que aparecera no Vilarejo Carne tinha sido um poderoso inimigo —
não, suas forças não foram páreas para eles. Com apenas um único contato com o
inimigo, as forças de Barbro foram esmagadas em um instante, e ele não teve escolha a
não ser fugir com o peso da derrota. Seus soldados haviam sido mortos tão rápido que
era como se tivessem se dissolvido.

O que exatamente eram aqueles Goblins?

Barbro queria descobrir.

As possibilidades que me vieram à mente eram que eles eram o exército de uma
enorme nação de Goblins dentro da Grande Floresta de Tob. Essa foi a explicação mais
fácil de aceitar quando se considerou que os encontraram ao sul da Floresta. Os outros
nobres que sobreviveram com ele pareciam ter chegado à mesma conclusão também, e
haviam dito isso várias vezes para se consolar durante o caminho para cá.

Alguns disseram que a sorte deles tinha sido ruim.

Alguns disseram que o exército que encontraram era composto de suas tropas de elite.

Alguns disseram que apenas entregar notícias sobre os Goblins já havia sido um
grande esforço.

"Eles são idiotas..."

Barbro cerrou os punhos com força.

Derrota era derrota. Era verdade que os Goblins tinham sido fortes. Qualquer um que
lutasse contra eles entenderia porquê não havia esperança para Barbro.

No entanto, aqueles que não sabiam nada simplesmente pensariam que Barbro era o
príncipe que havia sido espancado por Goblins. Ele certamente se tornaria alvo de
muitas piadas.

“Droga! Droga! Droga!”

Um fogo queimava em sua barriga. Essa foi a razão pela qual Barbro não conseguiu
dormir, apesar de estar tão cansado quanto os soldados.

Uma vez que ele fechou os olhos, ele podia ouvir os insultos e risos zombeteiros que
certamente o aguardariam depois que ele retornasse ao Palácio Real.

Para Barbro, a guerra acabou. Em seu estado atual, não havia como ele poder se juntar
nas Planícies Katze e participar da batalha contra o Império.

Só então — ele sentiu uma presença. Não veio dos homens deitados no chão, mas da
direção de onde haviam fugido.

Eles estavam fugindo de soldados que os alcançaram, ou uma força de perseguição dos
Goblins?

Com o coração cheio de terror, Barbro mudou sua linha de visão e, no momento
seguinte, seu rosto se encheu de perplexidade.

Essa pessoa provavelmente notou Barbro. Ela levantou a mão em uma saudação
casual.

“Oiêe~”
Ele não fazia idéia de quando apareceram no meio dessas planícies. Não muito longe
—20 metros no máximo — havia uma beleza arrebatadora, com um sorriso no rosto
que só podia ser descrito como inocente. Se esta fosse uma cidade, Barbro certamente a
encararia. No entanto, este foi o meio de uma planície. Não havia casas por perto.

A coisa mais estranha era a roupa que ela usava —parecia uma roupa de empregada.

Se ela fosse uma mulher de armadura e armada, ele poderia ter imaginado que ela era
uma aventureira. No entanto, não era o caso.

Ela é um monstro?

Esse pensamento surgiu em sua mente. Certos monstros eram muito bonitos. Fadas,
por exemplo. No entanto, ele não conseguia entender o uniforme de empregada.

“Olá ~su. Eu vim brincar com você ~su. Posso te incomodar um pouco?”

A julgar pela pergunta, ela estava claramente bancando a idiota.

"Quem é você?!"

Ele segurou a espada em sua cintura enquanto a questionava.

Essa pergunta foi totalmente sem sentido. No entanto, ele não tinha mais nada a dizer.
Sua existência era tão ridícula que ele nem sabia por onde começar a perguntar.

“Eu sou Lupusregina ~su. Uma das empregadas que trabalha para o Ainz-sama ~su.”

A mulher peculiar acenou novamente fazendo um cumprimento. O significado do que


ela — Lupusregina — disse gradualmente começou a filtrar em sua mente.

"O que... o que você disse?"

Barbro ficou tão chocado que esqueceu de acordar os soldados próximos.

"Não, não, não se preocupe com isso por enquanto — isso deve ter sido muito difícil
para você ~su. Ainda assim, isso realmente era injusto. Um enorme exército de Goblins
daquele nível é como trapaça ~su. Eu os vi de trás dos humanos e da En-chan e isso me
fez chorar de surpresa. Eu não esperava que tantos Goblins saíssem~ hahahaha!”

Lupusregina riu de uma maneira incrivelmente falsa.

Ela estava claramente tentando comprar uma briga, mas Barbro não conseguia mais
conter seus sentimentos.

“Então porque você está aqui?!"


Ele podia ouvir várias pessoas atrás dele reagindo ao seu grito.

Ainda assim, se essa mulher queria atacá-lo, suas ações eram muito estranhas. Não
havia necessidade de ela aparecer diante deles. Ou isso era parte de um plano para
chamar a atenção deles? Talvez ela pretendesse lançar uma emboscada enquanto todos
a escutavam.

Não — como o Primeiro Príncipe, ele sabia que ele era muito valioso.

Se ele tivesse sorte, ele poderia negociar. Se ele tivesse azar, ele seria um refém.

No entanto, negociar com eles pode ser demais para pedir. Ele pode acabar se
tornando um prisioneiro de guerra.

Barbro sentiu o trono se afastar cada vez mais dele.

Dito isto, as pessoas que deveriam ter sido punidas seriam os superiores do Reino que
não sabiam que havia tantos Goblins dentro daquele vilarejo antes de mandá-lo para lá.

Se ele se tornasse prisioneiro de guerra, ele deveria ter a chance de conhecer Ainz Ooal
Gown. Talvez ele pudesse trocá-lo por 1/4 do Reino em troca de sua ajuda para se
tornar Rei.

Talvez isso fosse realmente uma bênção disfarçada.

Barbro ponderou essa possibilidade.

"Bem, só há uma razão pela qual eu vim aqui ~su."

Lupusregina fez uma pausa para respirar e anunciou:

“Eu vim para matar todos vocês ~su.”

Barbro piscou várias vezes e depois gritou:

“Hahh?! O que merda você está dizendo? Você sabe quem eu sou? Eu sou o Primeiro
Príncipe do Reino Re-Estize, Barbro Andrean Ield Ryle Vaiself!”

"Oh, então você é um humano, então ~su. Qual a diferença? Para nós, vocês humanos
são igualmente inúteis ~su. Ah, mas você é um príncipe ~su.”

“Nesse caso... eu entendo! Você quer dizer que vai matar todo mundo, menos eu, certo?
Eu não acho que seja uma boa idéia. Você precisa nos deixar prisioneiros e deixar
alguém viver para levar as notícias de volta ao Pai, caso contrário, as coisas serão
difíceis nas próximas negociações.”
Lupusregina inclinou a cabeça, surpresa.

“Não, não, o que você está dizendo ~su? Devo repetir ~su? Eu vim para matar todos
vocês ~su. Já que vim matar todos vocês, vou matar todos e cada um de vocês ~su. Você
é particularmente estúpido ~su? Ah, bem, isso faz de você uma raridade, mas não é
como se eu quisesse isso ~su.”

“O que você está tagarelando?! Você não sabe o quanto sou valioso? Eu sou o Primeiro
Príncipe! Por que você está pensando em me matar? Normalmente, você me tomaria
como refém e exigiria um resgate, não?! Usar-me como uma ferramenta de negociação
tem mais mérito do que me matar, certo?!”

"...Ara ara, que pessoa problemática você é."

Lupusregina sorriu de maneira desconcertante. Então, ela falou de forma carinhosa e


gentil, como se estivesse explicando coisas para uma criança.

“Você não é necessário para os planos do incomparável, Ainz Ooal Gown-sama, e então
eu vou matar você. Entende?"

Barbro ficou sem palavras.

Ele entendeu que Lupusregina não estava brincando ou tentando investigar sua reação
com uma ameaça.

Ele engoliu inconscientemente.

"...Isso é sério? Você está seriamente querendo me matar...”

"Ah, agora sim seu rosto está com uma expressão bonita ~su. Você deu um grande
salto no meu conceito ~su.”

"Então—"

Barbro estava tentando sorrir com um rosto se contorcendo, mas o rosto de


Lupusregina ficou vazio no momento seguinte, quando ela disse:

“Ainz-sama ordenou que eu exterminasse todos vocês. Portanto, não permitirei que
nenhum de vocês volte vivo.”

Ela imediatamente retomou sua expressão meio brincalhona.

"Então, de qualquer forma, eu estive pensando por um longo tempo, sobre quais
adversários divertiriam você. No final, eu encontrei os melhores companheiros de
brincadeiras para um monte de pessoas que tiveram suas bundas chutadas por Goblins
~su!”

Com um “jajajajan~” ela levantou a mão. Uma horda de formas sombrias surgiu atrás
dela, saindo do que parecia ser um ar rarefeito.

"Estes são os Redcaps que eu mesma conjurei ~su!"

Havia 30 deles.

Os Goblins que se revelaram pareciam o exército de antes, seus corpos torcidos e


malignos.

Todos usavam capuz vermelhos brilhantes e botas de aço nos pés. Eles carregavam
machados que brilhavam azuis ao luar.

“Ataque inimigo! Que diabos estão fazendo! Acordem! Peguem suas armas! O inimigo
está sobre nós!”

O berro de Barbro acordou os soldados de seu sono. Eles se levantaram e depois


encararam o inimigo sob o luar ofuscante.

"—Eles são nível quarenta e três, então, na verdade, eles são um pouco exagerados
para você, mas a biblioteca não tem Goblins mais fracos ~su."

Gritos encheram o ar.

Os sobreviventes daquela infernal batalha com o Exército Goblin não poderiam reunir
o espírito de luta para enfrentar mais Goblinóides.

Eles não sacaram suas espadas, mas se espalharam em todas as direções, correndo
para a vida querida.

"Não corram! Lutem! Lutem! Lutem! Apressem-se e protejam-me!”

Nenhum soldado escutou as ordens de Barbro. Os nobres também correram para os


cavalos.

“Ahahaha! Isso é maravilhoso! Você realmente acha que pode escapar em uma planície
assim! Ah, isso é divertido! Isso é o melhor! Eu amo is~su!"

O riso zombeteiro de Lupusregina refletia o que Barbro estava pensando.

Só havia um jeito de sobreviver. Ele teve que derrotar seus inimigos.


"Então, há pessoas que pensam que a montaria vai ajudar... Você poderia cortar as
pernas deles para mim ~su?"

Com um grito estridente de prazer no massacre iminente, os Redcaps entraram em


ação.

Eles eram como feras selvagens.

Eles correram entre as massas em fuga.

E então — houve um grito.

Veio de um dos nobres que tentava fugir a cavalo.

Foi seguido por vários outros gritos.

"Há menos pessoas agora, então o tempo de brincadeira também foi encurtado... bem,
essa é a consequência ~su. De minha parte, vou ter todo tipo de diversão ~su. Eu posso
não ter as habilidades que a Solu-chan tem, mas eu posso te mostrar um truque ou dois
~su~”

Lupusregina caminhou em direção a Barbro, que estava com a espada desembainhada.


Era como se ela estivesse caminhando alegremente no campo.

O sorriso que dividia seu lindo rosto era como uma rachadura gelando o coração de
Barbro com medo.

♦♦♦

Foi só depois de 30 minutos que Barbro recebeu a permissão de Lupusregina para


morrer.
Capítulo 04: Massacre
Parte 1

s dois exércitos formaram suas linhas de batalha ao longo das encostas suaves

O das planícies carmesim, encarando um ao outro.

O exército inspirador do Reino tinha 245.000 homens fortes, divididos em uma ala
esquerda de 70.000 homens, uma ala direita de 70.000 homens e uma coluna central de
105.000 homens, habilmente acampados ao longo de três colinas. No entanto, este
acampamento não foi cercado por cercas de madeira, mas formado por uma gigantesca
massa de tropas.

As cinco filas de infantaria mais avançadas carregavam lanças de duas mãos, cada uma
com mais de 6 metros de comprimento, e formavam uma linha de lanças dentro de
linha de lanças.

O trabalho deles era substituir uma cerca anti-cavalaria para combater a cavalaria
pesada que compunha o núcleo da força de combate do Império. Eles não usaram
paliçadas anti-cavalaria por uma simples razão; para proteger essa quantidade pessoas,
precisariam de uma quantidade ridícula de madeira. Para um grande exército, era
melhor fazer bom uso de uma linha de lanças.

Embora esta formação fosse bastante sólida e apresentasse muitos problemas para
qualquer atacante, também tinha seus pontos fracos.

Pela formação ser densa e as armas transportadas serem muito pesadas, tudo o que
podiam fazer para permanecer no lugar e impedir as investidas inimigas. Como tal, eles
não tinham a capacidade de reagir rapidamente às manobras inimigas, e se o Império
usasse arqueiros ou magias, suas perdas seriam pesadas.

Então, novamente, não se esperava muito mais de meros camponeses. Tudo o que era
necessário era que eles desviassem a primeira investida do inimigo.

Do outro lado, o Império tinha 60.000 homens.

Seus números eram muito inferiores aos do Reino.

No entanto, os cavaleiros imperiais estavam relaxados, sem qualquer sinal de medo.


Eles não sentiam que perderiam nada.

Essa confiança veio de saber sua própria força pessoal.

Mesmo assim, era um fato simples que havia uma grande disparidade no poder militar
de ambos os lados. Embora não fosse um problema se eles pudessem lutar para sempre
sem fadiga, eles eram apenas humanos. Uma vez que se cansassem, até a diferença em
suas habilidades individuais acabaria sendo alcançada.

O Reino também tinha mais uma vantagem, e uma grande.

E essa seria o valor de cada indivíduo.

A maioria das tropas do reino eram compostas de camponeses. Em contraste, o


Império reuniu soldados profissionais chamados cavaleiros. Era esperado que um
camponês apenas segurasse uma arma, enquanto cada cavaleiro Imperial fôra
cuidadosamente treinado. Cada perda do Império era mais sentida do que uma perda
similar do Reino. O Império simplesmente não podia desperdiçar seus cavaleiros em
ofensivas tolas ou guerras de atrito.

Portanto, uma batalha campal em terreno aberto como este traria uma vantagem para
o Reino.

Por causa disso, as batalhas travadas entre o Império e o Reino foram tipicamente
pequenas escaramuças.

O objetivo do Império seria realizado simplesmente puxando os servos do Reino para


o campo de batalha. Não havia necessidade de desperdiçar recursos humanos valiosos,
e o Reino também sabia disso.

Essa pompa de roteiro fôra chamada de “guerra” entre o Império e o Reino.

Mesmo que aquele magic caster chamado Ainz Ooal Gown tenha participado, isso ainda
terminaria em uma pequena escaramuça. Isso foi o que a maioria dos nobres do Reino
pensava. Afinal, os cavaleiros do Império não eram apenas uma força militar, mas
também uma força policial. Eles eram as pessoas que protegiam a segurança do
Império. Perdas desnecessárias para eles ameaçariam a estabilidade do Império.

E assim, os nobres aguardavam o próximo movimento do Império.

Por tradição, as forças imperiais desfilavam diante das tropas do Reino e depois
recuavam. O Reino então soaria um grito de vitória.

Era assim que sempre tinha sido.

No entanto—

O Exército Imperial não se moveu.

Havia permanecido imóvel desde que eles se desdobraram do castrum e se colocaram


diante das forças do Reino. Era como se estivessem esperando o Reino dar o primeiro
passo ou algo assim.
"Eles não estão se movendo. O que está acontecendo?"

Isso foi na sede onde o Rei estava. Foi localizado atrás de uma série de 105.000
homens.

O Marquês Raeven estava ao lado de Gazef, falando baixinho enquanto examinava os


imóveis cavaleiros Imperiais do lugar mais seguro que conseguira encontrar, um ponto
de observação no alto de uma colina um pouco mais alta que os outros.

Se o Império não se movesse, o Reino faria o mesmo.

Um ataque do Reino agora seria extremamente tolo, dado que eles já haviam formado
sua linha de lanças. Uma vez que os nobres tentaram um ataque preventivo contra o
Império. No entanto, os atacantes haviam sido abatidos em pouco tempo e o Reino
sofrera perdas significativas como resultado.

Desde então, a tática preferida do Reino contra o Império foi formar uma linha de
lanças e se preparar para receber uma investida. Como o inimigo estava disposto a
recuar, não havia necessidade de incursões arriscadas.

"Tudo bem então. Parece que eles estão esperando por nós...”

"As declarações finais foram feitas, então eles devem se juntar à batalha em breve...
Capitão Guerreiro — Gazef-dono, você tem uma idéia sobre o porquê o Império pode
estar esperando?"

Meia-hora atrás, representantes de ambos os exércitos iniciaram negociações na área


central entre eles. Claro que isso foi simplesmente uma declaração de condições
inaceitáveis de ambos os lados, mais uma peça de teatro do que regras de arbitragem.
Seu verdadeiro objetivo era mostrar que cada lado era compassivo e disposto a evitar a
guerra até o último momento.

Claro, as negociações iriam quebrar, e isso seria o sinal para os combates começarem.

Se seguissem o exemplo dos anos anteriores, o Exército Imperial deveria ter começado
a sair imediatamente. No entanto, este não foi o caso. Eles permaneceram estacionários.

"Eu não faço idéia. Você sabe algo sobre isso?"

"Até parece... Eu não estou muito familiarizado com assuntos militares. Eu costumo
deixar meus subordinados lidar com isso.”

“De alguma forma, a idéia de que o sábio Marquês não saberia nada sobre seu inimigo
parece uma mentira.”
"Uma mentira... eu não esperava que você fosse tão direto, Gazef-dono."

“Eu te ofendi? Peço desculpas se o fiz.”

“Hahaha, não, não me importo. Você é muito mais amigável agora do que era naquela
época.”

Gazef franziu a testa, sentindo as farpas naquelas palavras.

“Hahaha! Pegue leve. É um fato que eu não sou general e isso não é uma mentira.
Acontece que um dos meus subordinados é um bom líder de homens, então deixei as
questões militares para ele.”

“Poderia ser... um dos ex-aventureiros trabalhando para você, aqueles que ficaram
famosos durante a perturbação demoníaca na capital?”

"Ah não. Eles estão ali."

Raven apontou para um grupo de cinco homens juntos.

Embora todos estivessem bem na meia-idade, e sua força não era mais o que
costumava ser, eles tinham sido os aventureiros orichalcum quando estavam no auge, e
havia algo na maneira como eles se portavam que fazia com que Gazef sentisse que não
podia subestimá-los.

"Eles serão meus guarda-costas durante a batalha."

"Com homens como esses protegendo você, Marquês Raeven, tenho certeza de que
você não terá problemas em retornar com segurança para a Capital Real... bem, desde
que eles não enfrentem aquele grande magic caster. Opa, quase me esqueci; E o seu
estrategista?”

"Eu não acho que você vai conhecê-lo, já que ele é um plebeu de meu domínio, Gazef-
dono. Quando uma horda de Goblins atacou o vilarejo dele, ele os espancou com um
grupo de aldeões com metade do seu tamanho, e assim ele chegou ao meu
conhecimento. Desde então, confiei-lhe o comando das tropas da minha casa e várias
outras tarefas. A grande surpresa é que ele nunca perdeu uma batalha. Eu também dei a
ele uma posição de alto escalão como meu ajudante.”

“Eu gostaria de ver este comandante que você elogia tanto, Marquês Raeven. Se ele é
realmente tudo o que você diz que é, podemos fazer bem em dar a ele o comando das
forças armadas do Reino.”

“Se você for capaz de dar isso a ele... dê-lhe o comando completo das forças armadas, e
o Exército Real se reunirá sob seu comando, poderíamos ser capazes de travar uma
batalha que fará nossos vizinhos se sentarem e dizerem: “O exército do Reino Re-Estize
não deve ser subestimado”...”

Gazef trocou um olhar com Raeven, suspirou e depois sorriu cansado.

“Os nobres nunca permitiriam que um plebeu se elevasse tão alto. Não é nada mais do
que fantasia ociosa no momento.”

“Certamente não enquanto os nobres são divididos em suas facções.”

O Império organizou suas legiões nomeando um general para cada, sob o qual
serviram os comandantes de divisão, os comandantes de brigada e outros oficiais, todos
em estrita arregimentação.

Em contraste, os exércitos do Reino eram compostos das tropas e camponeses que


cada um dos nobres do Reino poderia reunir. O Rei era o comandante geral, mas cada
anfitrião agia como queriam ou como sua facção julgavam conveniente.

Simplificando, havia um monte de desajustados.

Embora Gazef tivesse o título de Capitão Guerreiro, no final, ele era apenas o
comandante do bando guerreiro que era diretamente leal ao Rei, e ele não tinha
autoridade para dar ordens aos nobres. Embora fosse possível ao Rei ordenar aos
nobres que escutassem Gazef, os nobres sempre desdenhavam Gazef e sua origem
plebeia, e isso semearia as sementes de futuros ressentimentos. O Rei estava ciente
disso e ordenou que Gazef não fizesse isso.

Os dois consideraram seus lugares no Reino e suspiraram pesadamente. Então, eles


trocaram olhares e riram.

Essa conversa deveria ter sido em outro lugar, não na véspera do choque de espadas e
do derramamento de sangue.

"Mesmo se voltarmos para casa vivos, ainda haverá um campo de batalha esperando
por lá..."

"Não é isso que é ser um nobre?"

“Depois que isso acabar, vou pedir ao Rei para te elevar à nobreza. Isso me irrita que
alguém que se chama de a Espada do Rei não se envolva com a sociedade nobre tão
avidamente quanto deveria.”

Embora Raeven parecesse estar brincando, Gazef percebeu, pela luz em seus olhos,
que sua raiva era sincera.
Quando alguém hábil em esconder seus sentimentos revelava a si mesmo, isso seria
um motivo de celebração. No entanto, era uma questão diferente se não fosse uma
emoção positiva. Gazef rapidamente mudou de assunto.

"...Vamos deixar isso de lado por enquanto. Por que nós não trazemos aquele seu
Estrategista-dono, e ouvimos a opinião dele... ah, chamá-lo será difícil.”

“Afinal, confiei a ele o meu acampamento base. Eu não ouso movê-lo


desnecessariamente enquanto não sabemos o que o Império está fazendo.”

Embora os nobres se comprometessem a trabalhar juntos para o Reino, no final, as


participações de Raeven ainda eram sua maior prioridade. Era natural que ele
recusasse.

“Haaaah... é a mesma coisa de sempre, mas eu não gosto da tensão no ar. Embora eu
não queira que o Império nos ataque, eles devem se apressar e fazer isso, se quiserem, e
nos pouparão da ansiedade de esperar.”

Gazef podia sentir o desconforto do exército do Reino. Enquanto tentava ver de onde
vinha, ele franziu as sobrancelhas.

"...Entendo. Quando você pensa sobre isso, isso pode ser uma estratégia Imperial para
nos deixar ansiosos antes que eles façam a sua jogada. É difícil coordenar e controlar
tantos soldados, por isso mesmo o menor recuo em qualquer unidade pode ser
ampliado em uma grande perturbação no final. Um grupo grande é difícil de atacar, mas
assim que os indivíduos saírem do bando e fugirem, eles serão facilmente caçados e
mortos. É o mesmo princípio que os animais usam para caçar.”

Um surpreso Raeven seguiu a linha de visão de Gazef para as tropas de aparência


preocupada no flanco esquerdo, e então a compreensão apareceu em seu rosto.

"Isso... parece que eles estão girando as tropas no interior para a linha de frente."

"Nós não teríamos que nos preocupar se eles estiverem apenas reorganizando sua
formação..."

"Aquela é a bandeira do Marquês Boullope. Parece que o comandante da ala esquerda


está se movendo para a frente.”

O Reino colocou a Facção Nobre em ambas as alas, enquanto os da Facção Real


estavam concentrados no meio.

O Rei Ranpossa III era o comandante geral da coluna central, enquanto o Marquês
Boullope comandava a ala esquerda.
“Mover um comandante para a cabeça da formação é bem estranho. Você vê, Gazef-
dono? O Marquês está movendo as tropas de elite que são diretamente leais a ele. Seu
plano é distinguir-se em combate contra os poderosos cavaleiros Imperiais
individualmente, sob os olhos e ouvidos dos nobres reunidos. Dessa forma, ele fará uma
reputação para si mesmo como o senhor da unidade mais forte do Reino.”

Raeven lançou um olhar desafiador para Gazef. Parecia dizer: Você vai deixar alguém
ganhar mais glória do que o seu amado bando guerreiro?.

Gazef não mordiscou a isca.

“O dever do bando guerreiro é proteger o Rei. Não vamos nos mover sem o comando
direto do Rei, mesmo que o Império faça uma investida. Não há maior dever para nós
do que garantir o retorno seguro do Rei à capital.”

Gazef bateu a espada em sua cintura.

"Ainda assim, é possível que eu possa me infiltrar sozinho para neutralizar o ataque do
inimigo."

"Esse é um dos Quatro Tesouros do Reino, a Razor Edge... ah, entendo."

O Marquês Raeven recuou e estudou Gazef de cima a baixo.


[ M a n o p l a s d a Vitalidade] [Amuleto da Imortalidade]
As Gauntlets of Vitality, que negavam a fadiga. O Amulet of Immortality, que
[ A r m a d u r a Guardiã]
permite que ele regenere suas feridas. A Guardian Armor, trabalhada do metal
mais duro conhecido pelo homem (adamantite), e encantada com a magia que
defletia golpes letais. E finalmente, a Razor Edge, uma espada mágica trabalhada
para ter o fio absoluto, que poderia cortar através de armaduras encantadas
como a proverbial faca quente através da manteiga.

"Agora que você está totalmente equipado com todos esses tesouros, você é o maior
tesouro do Reino. Eu ouvi uma vez que o Reino na verdade tinha cinco tesouros, mas
parece que todos foram reunidos desde o começo.”

Gazef corou ao ser comparado a esses tesouros, embora soubesse que era apenas
lisonja.

“Ah, pare com isso, Marquês Raeven. O Rei é muito maior do que eu. Sua Majestade
sabia o que significaria confiar essas coisas a um plebeu como eu, mas ele fez isso sem
hesitar.”

“Essa é uma opinião razoável. Honestamente falando, uma vez pensei que era tolice
anunciar que ele iria entregá-los a um plebeu. Tudo o que conseguiria era fazer com
que mais pessoas deixassem a Facção Real. No entanto, agora que estou ao seu lado no
campo de batalha, não posso deixar de pensar que foi uma jogada magistral. Você é
muito egoísta.”

"Só se eu pudesse viver de acordo com suas expectativas..."

Gazef olhou para as fileiras cerradas dos cavaleiros Imperiais.

Ele não achava que houvesse adversários fortes no Império além do “Tríade” Fluder
Paradyne. Agora que ele estava equipado assim, ele ousou carregar a fraca esperança
de que ele pudesse derrotar Fluder.

Por outro lado, ele não se sentia como se tivesse alguma chance de derrotar Ainz Ooal
Gown.

Ele não podia nem imaginar a possibilidade.

Não importa o quanto ele tentasse pensar positivo e considerar como as coisas
poderiam ir a seu favor, o único pensamento que lhe veio à mente era ser
instantaneamente morto pelo misterioso magic caster.

"O que está errado?"

"Na-nada..."

Ele sabia que ele era o maior guerreiro do Reino. Permitir-se parecer fraco só
diminuiria o moral do exército.

"Ah, não... eu estava sentindo pena do Príncipe Barbro..."

“Sentindo pena?...Poderia ser... Entendo. Então seria isso? Gazef-dono, você também
sente... Entendo.”

"O que você está tentando dizer?"

"Quero dizer, não me diga que você sente que o Rei mandou o Príncipe para o Vilarejo
Carne para que ele não pudesse se destacar...?"

"Não é esse o caso?"

Raeven sorriu timidamente.

“Mhm, longe disso. Sinto que Sua Majestade depositou sua confiança em você, Gazef-
dono.”

Marquês Raeven decidiu explicar quando viu que Gazef não entendia nada.
“Dado que o Capitão Guerreiro, o homem que o Rei mais confia está extremamente
cauteloso com o oponente chamado Ainz Ooal Gown, era de se esperar que o Rei
estivesse em guarda contra ele também. O Rei não queria arriscar seu amado filho em
batalha com um fator desconhecido como esse, então ele queria mandá-lo para um
lugar seguro, mesmo que ele só pudesse fazer algumas pequenas realizações lá...
Embora, para ser honesto, o velho eu ficaria chateado com a maneira que o Rei só se
preocupa com seu filho quando tantas outras pessoas enviam seus filhos para o campo
de batalha.”

Raeven sorriu de maneira paternal.

“Claro, eu entendo porque ele fez uma coisa dessas agora. Eu teria feito o mesmo para
garantir o bem-estar do meu filho.”

“Ah, Marquês. Essa é uma coisa muito paterna a se dizer.”

Raeven sorriu. Gazef achava que era bem diferente do que normalmente era, o que em
si era um pensamento bastante rude, mas seu sorriso era igualmente gentil, alegre e
orgulhoso.

“Bem, eu sou pai, afinal. Eu prometi ao meu filho que, depois desta batalha, eu vou
brincar com ele o quanto ele quiser, como um pai normalmente faria. Ah, nós saímos do
assunto. Vamos deixar as coisas assim. Embora... parece que o Príncipe Barbro não
entende muito bem o ponto de vista do Rei. Parece um pouco triste como o pai não
consegue transmitir seus sentimentos ao filho.”

Gazef se angustiou sobre como responder a ele. Era difícil para ele, que não tinha
filhos, colocar-se nessa mentalidade.

"Certo, certo. A propósito, é possível que eles possam lançar um ataque furtivo a E-
Rantel com uma força separada? Embora seja algo detestável, eles poderiam fazer
qualquer coisa para ganhar.”

Gazef pensou que a mudança de tópico foi incrivelmente forçada, mas para sua
surpresa, Raeven correu com ele.

“Não é fácil atacar E-Rantel, defendida por suas três camadas de muralhas. Mesmo que
as duas legiões restantes do Império se mobilizassem totalmente, seria uma tarefa
difícil para eles. Meu estrategista também diz que o inimigo não faria uma coisa dessas.”

"Sério? E se eles tivessem feras voadoras ou algum tipo de legião secreta?”

"Ainda não é possível. Em última análise, é muito difícil assumir o controle de uma
cidade com um pequeno número de homens... Falando nisso, Gazef-dono. Você conhece
as condições necessárias para dominar completamente E-Rantel?”
Gazef sacudiu a cabeça.

“É preciso enfrentar o Reino em uma batalha aberta e obter uma vitória esmagadora.
Se os agressores mal conseguirem triunfar, governar a população conquistada será
extremamente difícil. Os cidadãos não respondem bem aos invasores e definitivamente
haverá um movimento de resistência. Então, mesmo que o Império usasse uma força
separada para atacar E-Rantel, enquanto nossos soldados não forem tocados, eles
imediatamente tomarão a cidade de volta. Como tal, o Império precisa de uma vitória
total. Com isso, os cidadãos ficarão assustados ao ponto de não conseguirem pensar em
resistir e não conseguirão mobilizar tropas.”

O importante era que o Império tinha que vencer aqui. Além disso, eles tiveram que
alcançar uma vitória tão completa e absoluta que nenhuma das nações vizinhas — em
particular o Reino, que poderia imediatamente mobilizar suas tropas para tomar a
cidade de volta — ousaria pensar em fazer um movimento.

De repente, Gazef teve a sensação de que havia juntado todas as peças do quebra-
cabeça. No entanto, a imagem que eles formaram estava além de sua compreensão.

Um sentimento vagamente desagradável atormentou Gazef.

“O que está errado, Gazef-dono?”

"Nada..."

Gazef queria contar a Raeven sobre os pedaços espalhados do quebra-cabeça que ele
conseguira varrer juntos em sua cabeça. Ele acreditava que Raeven, com seu intelecto
superior, poderia ter intuições que ele não podia. No entanto, naquele momento, o olho
do Marquês voltou para a formação Imperial.

“Gazef-dono. Parece que eles estão fazendo o movimento deles.”

O Exército Imperial partiu-se em dois para fazer um caminho. Enquanto Gazef se


perguntava se estavam planejando atacar as alas esquerda e direita do exército do
Reino, ele viu uma bandeira estranha no ar.

Era uma bandeira que Gazef nunca tinha visto antes, adornada com uma bizarra crista
que não pertencia ao Reino nem ao Império. O grupo se aproximando da bandeira
avançou.

Todos os olhos estavam nessa companhia.

E então... o coração de Gazef gelou de terror. Raeven, que estava ao lado dele e viu a
mesma coisa que ele, engoliu em seco. Sabendo que ele não estava sozinho em seus
sentimentos, a amargura começou a subir no fundo de sua boca e seu coração batia
loucamente.
Era um exército bizarro.

O que apareceu foi um grupo de cerca de 500 cavaleiros. Parecia inteiramente


insignificante comparado aos dois exércitos de frente um para o outro.

No entanto, essas tropas eram altamente anormais. Eles pareciam irradiar um ar


opressivo que ele podia sentir mesmo de tão longe.

Isso despertou as memórias de Gazef de seu tempo no Vilarejo Carne. Havia um


monstro em forma de cavaleiro naquela época, que Ainz disse ter criado. Havia
aproximadamente 200 deles agora, guerreiros portando escudos enormes e vestindo
armaduras com espinhos.

Os outros eram soldados desumanos, mas usavam armaduras de couro e estavam


armados com machados, lanças, balestras ou armas similares.

Se os primeiros fossem cavaleiros, então os últimos poderiam ser chamados de


guerreiros.

Mas o que quer que fossem eles não eram humanos. Eles eram monstros, até a medula
de seus ossos.

E então, esses monstros cavalgavam seus próprios monstros. As ditas criaturas eram
feras feitas de ossos, com névoa bruxuleante no lugar de sua carne e sangue. O nevoeiro
brilhava em todos os lugares, pus amarelo e verde esmeralda.

Arrepios brotaram por todo o corpo dele.

Isso era ruim.

Isso era muito ruim.

Foi uma declaração vaga, mas Gazef simplesmente não tinha palavras para descrever a
situação mais claramente do que isso.

“...Então o Império alistou monstros em suas fileiras, parece. Isso é bastante


surpreendente. Isso me faz ficar arrepiado.”

"...Não. Não, Marquês Raeven. Esse não é o caso. O que o Marquês sente agora... o que
enche seu corpo com os arrepios... definitivamente não é surpresa.”

“Então o que seria?”

Vendo que Raeven estava completamente perplexo, Gazef respondeu secamente.


“É o medo da morte. Isso desencadeou seu instinto básico de sobrevivência.”

Virando os olhos para o visivelmente abalado Raeven, Gazef olhou para o Exército
Imperial.

“Os cavalos estão inquietos. Mesmo esses treinados e endurecidos cavalos de guerra
estão tão assustados que não conseguem se acalmar.”

"...O que eles são? Uma divisão secreta do Império?”

"...Impossível. Esses monstros não são coisas que os humanos podem controlar ou
usar!”

Gazef não sabia nada sobre a verdadeira identidade desses monstros, mas o seu
instinto de guerreiro fornecia informações suficientes para que ele falasse
conclusivamente.

"Não há dúvida sobre isso... eles devem ser os cavaleiros de Ainz Ooal Gown!"

“Isso é! ...É o exército do magic caster que você teme?!”

“Marquês Raeven! Por favor, reúna os ex-aventureiros imediatamente! Pergunte-lhes


qual é a nossa melhor jogada! Eles lutaram contra muitos monstros no passado e
sobreviveram; por favor, peça-lhes que compartilhem sua sabedoria conosco!”

"Enten—"

Ele provavelmente queria responder que entendia, mas seus guarda-costas eram mais
rápidos que isso e já haviam se movido para protegê-lo. No entanto, isso só era
esperado. Eles sentiram o poder dessa ameaça antes de Gazef.

"Marquês Raeven!"

Os antigos aventureiros orichalcum cavalgavam a cavalo.

"Você viu isso? Você sente isso?"

Na cabeça dos aventureiros estava seu líder, o paladino do Deus do Fogo, Boris
Axelson.

Dentro de sua voz havia uma emoção de medo que ele não podia esconder.

Raeven não podia falar. Gazef entendia o porquê.

Havia uma nota de susto na voz de um ex-aventureiro orichalcum, mesmo em um


lugar defendido por um exército tão vasto.
Gazef sentiu que não era hora para etiqueta e perguntou:

"—Conte-me! O que é aquilo? Não precisa me cumprimentar! Por favor, me diga tudo o
que você sabe, todos vocês!!”

Boris apertou o santo símbolo que pendia ao redor do pescoço dele. Foi um gesto de
proteção.

“...Não podemos ter certeza, mas acreditamos que as criaturas que eles montam são
monstros lendários conhecidos como Soul Eaters. Dizem que são criaturas undeads que
têm fome das almas dos vivos. Segundo a lenda, eles apareceram uma vez no meio do
continente, em uma cidade no País Beastman.”

“Então... quantas vítimas houve?”

As palavras que Boris falou soaram anormalmente silenciosas.

"—Cem mil.”

A respiração ficou presa na garganta do Gazef.

“...Dizem que três Soul Eaters apareceram e destruíram a cidade. Noventa e cinco por
cento da população, mais de cem mil pessoas, morreram como resultado. A cidade foi
abandonada e foi chamada de Cidade Silenciosa.”

Um pesado silêncio caiu sobre o grupo.

"...E há quinhentos deles lá fora?"

Ninguém conseguiu reunir forças para responder a Raeven.

Gazef forçou suas palavras para quebrar o silêncio.

“Como eu disse anteriormente, acho difícil acreditar que o Império possa subjugar
monstros desse nível com seu próprio poder. Mesmo aquele poderoso magic caster,
Fluder Paradyne, não deveria ser capaz de fazer isso. Isso significa—"

Ele não precisou terminar sua sentença. O Marquês Raeven entendeu.

“É... é esse o poder do Ainz Ooal Gown? Então, então... que espécie de criaturas está
montando nas costas daqueles monstros?”

"Aquilo..."

Os aventureiros olhavam nervosamente um para o outro.


“—Não sabemos. A única coisa que temos certeza é que eles devem ser muito
perigosos. Não, eu peço desculpas, eu não deveria estar usando termos tão vagos como
perigosos. No entanto, não consigo pensar em outras palavras para descrever o que
estamos enfrentando agora.”

“Então, então o que devemos fazer? Gazef-dono?”

Em resposta à pergunta em pânico de Raeven, Gazef respondeu de maneira concisa e


clara.

"Retirada."

Eles já sabiam que o inimigo havia preparado uma força inspiradora. Com isso em
mente, o que mais eles poderiam fazer senão fugir?

"Aconselhar o Rei a pedir uma retir—"

Gazef não conseguiu terminar a frase.

Isso porque um magic caster mascarado ficava à frente do inimigo. À sua direita estava
uma pessoa baixa com um manto de capuz. À sua esquerda estava um dos quatro
cavaleiros Imperiais.

Mesmo a essa distância, Gazef não poderia ter confundido aquele homem com mais
ninguém.

"...Gown-dono."

“Aquele é o poderoso magic caster Ainz Ooal Gown?!”


[Comedores d e A l m a s ]
“Ele é quem conjurou os S o u l Eaters? Ele? Marquês Raeven, nós—”

O guerreiro destemido de incontáveis batalhas engoliu em seco e continuou em voz


baixa.

"——Por que merda estamos lutando aqui?"

Ainz acenou com o braço. Em resposta, um círculo mágico surgiu, com cerca de dez
metros de raio e formato de uma cúpula. Estava centrado nele. As pessoas à esquerda e
à direita foram engolidas por ele, mas pareciam bem. Parece que o círculo mágico não
prejudicava aliados.

Essa visão fantástica atraiu a atenção de todos, mesmo sabendo que era uma situação
de emergência.
O círculo mágico brilhava branco-azulado e os símbolos translúcidos apareciam em
toda sua extensão e largura. Os sigilos mudaram com velocidade caleidoscópica,
alternando entre runas e letras que ninguém jamais havia visto antes.

As tropas do Reino ofegaram em surpresa. Não havia medo ou tensão em suas vozes,
como se estivessem assistindo a um belo espetáculo. No entanto, aqueles com instintos
mais aguçados começaram a olhar em torno de si em óbvio desconforto.

"Estou voltando para minha unidade. Não há mais tempo a perder. O poder do Ainz
Ooal Gown é imensurável. Batalhar com ele foi um erro desde o começo. O que
precisamos fazer agora é minimizar o número de vítimas e, ao mesmo tempo,
precisamos voltar ao E-Rantel o mais rápido que pudermos. Gazef-dono, por favor,
proteja Sua Majestade. Depois disso, retire-se sem demora!”

A calma que Raeven conseguiu se agarrar até recentemente foi toda embora agora.

"Sim! Embora eu não confie tanto em minhas habilidades, mas definitivamente vou
proteger Sua Majestade. Além disso, não pense sobre a retir—”

"Claro. Vamos nos retirar o mais rápido possível... não, fugiremos como coelhos.”

“Então, desejo-lhe boa sorte, Marquês Raeven!”

“O mesmo, Gazef-dono!”

Os dois homens que estavam no auge do poder militar do Reino e do pensamento


estratégico apressadamente entraram em ação. Contudo—

—Era tarde demais.

♦♦♦

Ninguém está lá.

Depois que Ainz implantou seu círculo mágico, foi o que ele pensou.

Não há jogadores de YGGDRASIL no Reino.

A magia de Super-Aba de YGGDRASIL era incrivelmente poderosa.

Por causa disso, durante uma batalha em larga escala, derrubar uma pessoa que
poderia conjurar magias de Super-Aba seria a primeira tática básica.

Pode-se dificultar os oponentes de várias maneiras. Ataques de teletransporte, por


exemplo. Bombardeio de cima de um tapete mágico. Tiros precisos de uma longa
distância. Havia inúmeros métodos para atingir esse objetivo.
No entanto, nenhum ataque como esse veio em direção a Ainz. Por sua vez, isso provou
que não havia jogadores de YGGDRASIL presentes.

Sob a máscara, Ainz sorria, fato que não era visto por ninguém. Claro, seu rosto
esquelético não conseguia formar um sorriso.

O sorriso amargo, atado com leves traços de alegria, destacou os sentimentos no


coração de Ainz.

"Então eu não preciso servir como isca, então?"

Sua alegria veio do fato de que ele não havia encontrado nenhum jogador de
YGGDRASIL.

Ainz não poderia ser considerado como o maior entre os jogadores de YGGDRASIL.
Havia outros que eram melhores do que ele, e suas chances de sobrevivência contra
jogadores mais fortes não eram boas. Quando ainda jogava, a força de Ainz se originou
de seu conhecimento. Embora ele ganhasse frequentemente em combate PVP, essas
foram vitórias consecutivas vieram depois de perder a primeira rodada de uma partida.

Ainz era surpreendentemente habilidoso em usar as informações que reunira. Por


outro lado, suas chances de derrota também eram muito altas se ele lutasse contra um
adversário que nunca havia encontrado antes.

Ainz estava plenamente ciente de suas habilidades e estava profundamente grato por
não ter encontrado um inimigo poderoso sobre o qual não sabia nada.

Mas, ao mesmo tempo, ele também sentiu uma ponta de arrependimento.

Ele lamentou o fato de não poder encontrar quem fez lavagem cerebral em Shalltear
entre seus inimigos, pessoas relacionadas certamente possuíam um item World-Class.

O ódio, espesso e enjoativo, reunia-se no fundo do coração de Ainz. Embora suas


emoções fortes fossem suprimidas, as mais fracas persistiam dentro dele.

Ainz abriu a mão e dentro dela havia uma ampulheta em miniatura.

Se ele usasse um item de cash, ele poderia lançar imediatamente a magia Super-Aba. A
razão pela qual ele não fez isso foi porque ele estava servindo como isca para verificar a
existência de quaisquer possíveis jogadores de YGGDRASIL. No entanto, se não
houvesse nenhum, não haveria necessidade de apressar o longo tempo de lançamento
da magia. Ter que permanecer imóvel no meio de um círculo mágico não era nada legal.

Durante a batalha com Shalltear, ele não teve esse luxo.


Contra os Lizardmen, ele não usou uma magia de ataque.

Então—

"Isto vai ser divertido. Ah, vai ser divertido.”

—O que exatamente uma magia de ataque de Super-Aba faria contra os exércitos do


Reino?

Embora não tenha sido um período particularmente forte em YGGDRASIL, que efeitos
teria neste mundo?

De repente, Ainz atou suas sobrancelhas inexistentes.

Muitas pessoas estavam prestes a morrer, mas ele não sentia pena delas, e isso o
assustou um pouco. Ele nem mesmo se sentia cruel, era como alguém pisoteando
formigas até a morte. Na verdade, no fundo, ele não sentia absolutamente nada.

Havia apenas o desejo de ver os resultados de suas ações. E, claro, os benefícios que ele
colheria por si mesmo — pela Grande Tumba de Nazarick.

Ainz cerrou o punho.

As partículas de areia que vazavam da ampulheta quebrada moviam-se contra o vento


e fluíam para o círculo mágico que rodeava Ainz.

E então — a magia de Super-Aba foi ativada instantaneamente.

“Sejam tributos para a Mãe Negra 「Iä Shub-Niggurath」!”

Um vórtice sombrio soprou, passando pelo exército do Reino, que acabara de mudar
sua formação.

Não, não houve vento soprando de forma física. Nem as ervas daninhas espalhadas nas
planícies ou nos cabelos das cabeças dos soldados do Reino se mexeram.

Havia 70.000 homens na ala esquerda do exército do Reino.

Cada um deles foi morto em um instante.

Parte 2

Mas que merda acabou de acontecer?

Ninguém poderia responder imediatamente.


Todas as criaturas vivas que compunham a ala esquerda do exército do Reino — não
apenas humanos, mas também seus cavalos — desmoronaram de repente no chão
como marionetes cujas cordas haviam sido cortadas.

Os que perceberam a resposta primeiro foram as tropas Imperiais, armadas a


distância.

Demorou um pouco para a mente humana analisar adequadamente os eventos que


acabaram de acontecer diante de seus olhos. Então, depois de um pequeno atraso,
gritos de pânico se elevaram no ar, tornando-se uma grande onda que engolfou todo o
Exército Imperial.

Certamente, eles sabiam que Ainz Ooal Gown iria lançar uma magia depois que ele
tivesse implantado seu círculo mágico.

No entanto — quem poderia ter antecipado isso?

Quem poderia imaginar que ele lançaria uma magia tão horrível?

Quem poderia imaginar que ele havia lançado uma magia que mataria 70.000 pessoas
— um número maior do que todo o Exército Imperial — em um instante?

Os cavaleiros imperiais duvidavam de seus olhos, mesmo quando oravam a quaisquer


deuses em que acreditassem.

Eles oraram para que o povo do Reino não estivesse morto.

Eles rezaram para que tal magia terrível não existisse neste mundo.

É claro que, ao perceberem a verdade diante de seus olhos — que nem uma única
pessoa havia se levantado de onde haviam caído —, estavam plenamente conscientes
de que aquilo não passava de uma ilusão.

Mesmo assim, não havia como aceitar isso. Não havia como aceitar isso como
realidade.

O homem aclamado como um dos mais fortes do Império, um dos Quatro Cavaleiros,
Nimble, só podia trincar os dentes em terror e olhar estupidamente para a ala esquerda
do exército do Reino.

Ninguém se levantou de novo. Essa era uma realidade que era horrível demais para ser
aceita.

Não, a terrível verdade não poderia ser descrita apenas com estas simples palavras.
Ainz Ooal Gown — esse magic caster sozinho — era um monstro que podia sobrepujar
as nações forjadas por homens e obliterá-las da mesma maneira que uma criança
derrubaria um castelo de areia.

Essa era uma realidade que estava além da capacidade de qualquer palavra para
descrever.

O pânico que envolvia o Exército Imperial gradualmente desapareceu como água


drenada. No final, todos simplesmente ficaram em silêncio, incapazes de falar.

No entanto, um ruído estranho surgiu no silêncio da formação do Exército Imperial. O


barulho nasceu de muitos sons se misturando em um grande clamor. Era o som de cada
cavaleiro rangendo os dentes.

Este foi o terror nascido de perceber que o Império, onde eles e suas famílias viviam,
agora estava à beira da extinção, assim como o Reino.

Este era um entendimento que se eles se atrevessem a levantar as mãos contra Ainz
Ooal Gown, aquela mesma magia terrível poderia acabar sendo usada em si mesmos—

Sob essas circunstâncias, Nimble de repente pensou em alguma coisa. Que tipo de
expressão faria um magic caster como este — que poderia trabalhar em uma feitiçaria
que poderia abater os vivos em quantidades que incomodavam a compreensão mortal
— que tipo de expressão ele tinha?

Sem mover o rosto, ele espiou o monstro ao lado dele, mas tudo o que viu foi
indiferença.

Como isso pode ser? Como isso pode ser possível? Como alguém pode ficar assim... assim...
ser tão calmo? Mesmo depois de tirar setenta mil vidas? Claro, o campo de batalha é um
lugar mortífero. Os fracos perdendo suas vidas são apenas esperados. Mas mesmo assim,
ele não deveria sentir algo em seu coração depois de matar tantas pessoas?!!

Pesar ou culpa seria a resposta natural. Se ele sentisse alegria ou excitação, isso
poderia até ser compreensível, anormal como tal reação poderia ser.

Contudo—

É essa indiferença é algum tipo de reação defensiva para proteger seu coração? Não, isso
deve ser um cenário familiar para um monstro como ele! Não há alegria sádica ou pena
em seu coração, é como quando um ser humano esmaga formigas!! O que... o que é ele?!
Por que isso está acontecendo? Por que alguém assim existe no mundo?!!!!

"—É algo que importa?"

"Aieee!"
As palavras soaram como uma estaca de aço frio dentro dele. A resposta de Nimble à
pergunta foi um grito estúpido.

“Não, nada está errado. Que, essa magia de agora, foi magnífica.”

Nimble agradeceu silenciosamente por ainda poder falar. Mais do que isso — o fato
dele poder elogiar Ainz sob tais circunstâncias era nada menos do que louvável.

"Ha ha ha—"

O elogio desesperado de Nimble foi respondido por um riso fraco.

“Eu, eu te ofendi?”

“Não, de forma alguma. Você disse que a magia de agora foi magnífica, certo?”

"S-Sim."

Valia a pena rir disso?

O suor escorria pela testa de Nimble como um rio. Depois de ver as consequências
terríveis de irritar essa pessoa, ele não tinha intenção de incorrer em sua ira.

“Por favor, fique calmo. Embora... devo dizer, essa magia ainda não terminou. Agora é
que o verdadeiro espetáculo começa. Afinal, quando alguém faz uma oferenda à Deusa
Negra da Boa Colheita, ela retribuirá nos presenteando com sua prole. Aquelas crianças
fofas e adoráveis...”

Isso estava certo.

E assim como frutas maduras cairiam na terra na plenitude do tempo—

♦♦♦

Os cavaleiros Imperiais foram os primeiros a ver isso.

Esperava-se que os cavaleiros, observando de longe, de uma distância segura, o vissem


primeiro. Por se sentirem seguros, ousaram espiar para fora das fendas estreitas de
seus elmos.

Depois que a tempestade de morte ceifou as vidas dos soldados do Reino, algo
apareceu no céu; uma esfera negra repulsiva que parecia poluir o mundo com sua
própria presença.
Então, quem no lado do Reino viu isso? Era mais provável que as tropas da ala direita,
que não tinham linha direta de visão para o que tinha acontecido do outro lado. Eles
sentiram que algo anormal estava acontecendo, mas não sabiam exatamente o que
tinha acontecido, e quando eles olharam ao redor para descobrir o que estava
acontecendo, eles o viram.

Como se seus olhos estivessem sendo guiados ali, os soldados ao lado deles
perceberam. Dessa forma, todos os habitantes das Planícies Katze, que se haviam
reunido para fazer a guerra, acabaram olhando em silêncio a esfera flutuando no céu.

A esfera — que se assemelhava tanto a um buraco no céu — era como uma teia de
aranha aberta; uma vez que se visse, não se podia afastar.

A esfera negra cresceu lentamente.

Seja lutando ou fugindo, nenhum humano poderia conseguir desenvolver qualquer


pensamento ou atividade significativa. Tudo o que eles podiam fazer era olhar
estupidamente.

E finalmente — a fruta amadurecida caiu.

♦♦♦

De uma forma completamente natural, a esfera em queda se desfez quando tocou a


terra.

Ela explodiu como um balão de água batendo no chão, ou talvez como uma fruta
madura fazendo o mesmo.

Estava cheio de algo que se espalhou do ponto de impacto. Era algo como alcatrão de
carvão. Absorvia a luz, como uma onda de aderência negra infinitamente expansiva, e
engoliu os cadáveres dos soldados do Reino.

Informado por um estranho instinto, ninguém achou que terminaria ali.

Eles tiveram uma premonição — isto seria apenas o começo.

De fato — este foi o começo de seu desespero.

♦♦♦

De repente, uma vasta árvore cresceu do alcatrão negro que cobria a terra.

Não, isso não era nada tão agradável quanto uma árvore.
No início, havia apenas um deles, mas depois se multiplicou. Dois, três, cinco, dez...
esses objetos acenaram na ausência do vento. O que cresceu lá... foram tentáculos.

"MÉÉÉÉÉÉÉHH!!"

De repente, eles ouviram o adorável balido de uma cabra. Não foi apenas uma cabra.
Era como se um rebanho de cabras tivesse surgido do nada.

Como se atraído pelo som, o alcatrão se contorceu e pareceu vomitar alguma coisa. Era
algo muito estranho, pouco natural. Tinha 10 metros de altura. Se alguém contasse o
comprimento dos tentáculos, esse número ficaria incerto.

De relance, parecia um tipo de nabo. No lugar das folhas, tinha inúmeros tentáculos
negros, e sua porção espessa de raízes era uma fatia de carne coberta de caroços
assustadores. Abaixo, havia cinco pernas, como as de uma cabra, com cascos pretos.

Fissuras apareceram na parte que se parecia com uma raiz — uma espessa camada de
carne coberta de caroços —, as fissuras abriram em vários lugares ao mesmo tempo. E
então—

"MÉÉÉÉÉÉÉHH!!"

O adorável balido das cabras saía das fissuras. De suas bocas escorriam baba pegajosa.

Havia cinco deles.

Eles exibiram seus corpos hediondos para todos nas Planícies Katze.

♦♦♦

A Cabra Negra de Mil Crias.

Esses monstros apareciam em proporção ao número de mortes causadas pela magia


de Super-Aba “Tributos para a Mãe Negra 「Iä Shub-Niggurath」”. Mesmo não
possuindo habilidades especiais poderosas, elas eram extraordinariamente resilientes.

Além disso, eles estavam todos no nível 90.

Em outras palavras, isso se tornaria uma tempestade de carnificina.

♦♦♦

Além do adorável balido das cabras, tão doentiamente doce e fofo que fazia as pessoas
quererem vomitar, não havia outros sons. Isso porque ninguém podia falar, não
querendo acreditar ou aceitar que os eventos que se desenrolavam diante de seus olhos
estavam realmente acontecendo. Mais de 300.000 — ou se você contasse apenas os
vivos, 235.000 — as pessoas estavam reunidas aqui, e nenhuma delas poderia dizer
nada.

Em meio a tudo isso, Ainz riu com vontade.

"Maravilhoso. Este é um novo recorde. Em toda a história, eu poderia ser o único que
já conseguiu chamar cinco ao mesmo tempo. Notável. Eu devo agradecer a todos que
morreram aqui hoje.”

Em circunstâncias normais, ser capaz de chamar uma das Crias Negras não era ruim.
Ser capaz de trazer duas era uma raridade.

E agora haviam cinco.

Assim como um jogador que estava comemorando batendo seu próprio recorde, Ainz
ficou muito feliz pelo fato de ter estabelecido esse novo recorde. Então, se dezenas de
milhares de pessoas morreram por isso?

“Embora... seria melhor se houvesse mais... cinco é o limite máximo? Não seria incrível
se eu conseguisse maximizar?”

"Parabéns! Como esperado de Ainz-sama!”

Ainz sorriu sob sua máscara enquanto Mare o elogiava.

"Obrigado, Mare."

Depois disso, Ainz se virou para olhar para Nimble, o que assustou o pobre homem.
Seu rosto estava em algum lugar entre lágrimas e risos enquanto ele elogiava Ainz
também.

“Pa-Parabéns.”

"Obrigado."

Ainz estava de bom humor quando fez sua resposta.

A emoção sincera no rosto de Nimble mudou o coração de Ainz.

Então, ele se lembrou de seus dias como jogador em YGGDRASIL, de como ele tinha
ficado igualmente emocionado quando viu pela primeira vez a conjuração do 「Iä
Shub-Niggurath」.

Magias chamativas ou poderosas podem abalar os corações das massas. Bem, isso era de
se esperar de uma das magias mais populares de YGGDRASIL. Quando eu disse que ia
lançá-lo, Albedo e Demiurge não paravam de me elogiar.
♦♦♦

Um som de *gachigachi* veio das fileiras do Exército Imperial.

Foi o som da armadura batendo contra si mesmo.

Os soldados estavam tremendo, mas quem poderia rir deles?

O Rei Feiticeiro tinha rido alegremente depois de lançar uma magia de convocação tão
horrível, ninguém podia ouvi-lo e não irromper em arrepios.

Todo cavaleiro Imperial presente pensava a mesma coisa.

Eles desejaram que a ira de Ainz Ooal Gown não caísse sobre eles.

Parecia mais uma oração aos deuses.

♦♦♦

Quando os soldados imploraram sinceramente atrás dele, Ainz começou a próxima


fase. Ele sentiu que já havia feito o suficiente, mas estava de bom humor, e achou que
seria melhor matar um pouco mais para ter certeza.

Desta vez, seu objetivo era proclamar o poder de Ainz Ooal Gown, um praticante das
magias de Super-Aba, para as nações aqui reunidas.

Esse objetivo foi alcançado. No entanto, deixar esses lacaios desaparecer seria uma
vergonha.

De fato, seria muito desperdício.

Ainz bufou.

Se ele tivesse uma língua, ele estaria lambendo os lábios em antecipação.

Foi uma alegria que ele não pôde sentir em YGGDRASIL, a alegria de poder conduzir
cinco Crias Negras em simultâneo.

“—Ah, vamos tentar. Invada-os, meus queridos cordeiros.”

Ao receberem o comando de seu invocador Ainz, as Crias Negras começaram a se


mover lentamente.
Suas cinco pernas de cabra se moviam num passo bizarro enquanto seguiam em um
movimento rápido. Não era tão gracioso quanto enérgico, e talvez alguém pudesse
sorrir ao vê-lo.

Contanto que eles não viessem por você.

Seus vastos corpos moviam-se levemente, e as cinco Crias Negras irromperam


correndo enquanto se dirigiam para o exército do Reino.

"Ah, certo, tem três — não, quatro pessoas que você não pode matar. Eu
absolutamente proíbo-os de prejudicá-los.”

Quando ele recordou as três pessoas que Demiurge desejava que a vida fosse poupada,
Ainz enviou um comando mental para as Crias Negras.

♦♦♦

"Isso é um sonho?"

Um soldado do Exército Real murmurou para si mesmo, longe dos monstros


inumanos. Claro, ele não recebeu resposta. Os olhos de todos estavam fixos na cena que
se desenrolava diante deles e haviam perdido o poder da fala. Era como se as almas
deles tivessem sido arrancadas.

“Ei, isso é um sonho, certo? Eu devo estar sonhando, certo?”

“Ahh. Isso é um pesadelo desgraçado.”

Na segunda vez que a pergunta foi feita, alguém conseguiu responder. Mas suas vozes
soaram como se quisessem fugir da realidade.

Impossível.

Eu não quero acreditar nisso.

Pensamentos como esses se espalharam pela infantaria. Mesmo quando as formas


pesadas cresciam cada vez mais — mesmo quando os seres inumanos se aproximavam
deles, eles ainda não queriam aceitar que isso era realidade.

Se fossem simples monstros, talvez pudessem reunir coragem para erguer suas armas.
No entanto, os monstros que apareceram depois que uma ala inteira do exército — um
total de 70.000 pessoas — foram massacrados em um instante, então não poderiam ser
monstros simples. Era como assistir a um furacão avançando, e ninguém conseguia
reunir coragem para enfrentar a tempestade.
Os seres gigantescos e bizarros galopavam agilmente com suas pernas maciças,
fazendo sua investida com velocidades incríveis.

"Peguem suas lanças!"

Uma voz soou.

Aquele grito alto e estridente veio da boca de um nobre. Seus olhos estavam
vermelhos e espuma salpicava os cantos de sua boca.

“Levantar Lanças! Peguem suas lanças!! Peguem suas lanças se quiserem viver!!!”

Embora ele já tivesse enlouquecido de medo e fosse difícil entender o que ele estava
dizendo, os soldados ainda conseguiram entender a ordem “Levantar Lanças”, e eles
sabiam que era provavelmente o melhor comando que ele poderia ter dado.

Agindo em reflexo, os soldados levantaram e fixaram suas lanças, formando uma linha
de lança apoiada.

Eles plantaram as pontas firmemente no chão, de modo que a velocidade de seus


oponentes só se prejudicaria quando eles investissem na proteção de pontos.

Embora essa formação fosse quase inquebrável pelos cavaleiros Imperiais, os soldados
do Reino imaginavam — em algum canto pequeno e isolado de suas mentes, que ainda
mantinha a sanidade — que vantagem poderiam conseguir com as minúsculas lanças
que estavam agarrando. Mesmo assim, eles sabiam que era sua única chance de
salvação.

Dada a velocidade com que essas criaturas bizarras se aproximavam, a fuga


provavelmente seria impossível. Mesmo se eles corressem com toda a sua força, eles
ainda seriam esmagados por trás.

Eles rezaram para que os monstros não viessem por eles, mesmo enquanto se
preparavam para o ataque.

Os monstros —que pareciam pequenos a distância — diminuíram a distância com uma


velocidade assustadora.

Ao se aproximar, a terra começou a tremer sob os trovões dos cascos, os corações dos
soldados começaram a bater loucamente. Então, quando seus corações pareciam que
estourariam em seus peitos, as silhuetas enormes estavam sobre eles.

Era como rochas imensas esmagando um enxame de ratos.


Os soldados do Exército Real ergueram inúmeras lanças em mãos trêmulas. Mas de
que servem elas contra os corpos maciços e sólidos das Crias Negras? As lanças
quebraram como palitos sem sequer arranhar a Cria Negra.

Os corpos maciços das Crias Negras pisotearam o Exército Real sob os pés.

Lascas de incontáveis lanças quebradas voavam pelo ar.

Apesar de terem esmagado a resistência sem significado que nem sequer contava
como resistência, Crias Negras da Cabra Negra de Mil Crias eram misericordiosos à sua
maneira.

Não houve dor.

Não havia tempo para que suas vítimas sentissem dor antes de serem esmagadas sob o
peso titânico da investida das Crias Negras.

Os soldados empunhando as lanças nem sequer tiveram tempo para perceber que as
lanças que estavam segurando tinham sido pulverizadas por aqueles corpos massivos.
Tudo o que viram foram sombras negras caindo sobre eles.

Eles gritaram, desesperaram e clamaram.

Os pedaços de carne voaram pelo ar. Eles não vieram de apenas uma ou duas pessoas,
mas dezenas, centenas de vítimas. Estavam esmagados pelos enormes cascos e jogados
— não, arremessados pelos tentáculos ondulantes.

Sejam patrícios ou plebeus, agora todos faziam parte dos mesmos pedaços de pasta de
carne ensanguentada.

Alguns deles tinham famílias em seus vilarejos. Alguns tinham amigos deixados para
trás. Alguns tinham pessoas esperando por eles. Mas uma vez que eles foram
enterrados na lama rubra, nada disso importava mais.

As Crias Negras tratavam a todos da mesma maneira, concedendo morte a todos eles.

Certamente eles devem ter ficado satisfeitos depois de esmagar incontáveis seres
humanos, mas eles não mostraram sinais de parar.

As Crias Negras continuaram a correr.

Eles correram. Eles não pararam enquanto estavam no meio das forças do Reino,
simplesmente seguindo em frente.

"Gyaaaaaaaaaaaaaaa!"
“Abbaaaaaaahhhhhh!!”

"Paaaaaaaaaaaaaaare!"

"Meee salveeeeeeeem!"

"Nãããããããooooooooo!"

"Uwaaaaaaaaaaaaahh!"

Os gritos aumentaram toda vez que aqueles gigantescos cascos desciam. Misturava-se
com o som de humanos pululando sob as poderosas pernas de uma das Crias Negras, e
o som enquanto graciosamente eram arremessados pelos tentáculos.

Um som que os homens nunca ouviram antes continuou sem fim.

Pisoteados.

Que palavra melhor havia para descrever essa cena?

Várias pessoas desesperadamente empurraram seus piques para a frente. As Crias


Negras, cujos corpos eram enormes e que não tinham intenção de evitar os ataques,
foram atingidos pelas pontas. No entanto, as lanças não podiam perfurar
profundamente o suficiente para causar danos a seus corpos parecidos com couraças.
Eram massas de músculo duro como ferro embainhadas por uma pele grossa e
emborrachada.

As Crias Negras não zombaram da resistência fútil dos soltados, mas simplesmente
avançaram.

Antes que os soldados percebessem que sua resolução fatal era insignificante, as Crias
Negras já haviam atingido a porção mais central do exército do Reino.

"Fujam! Fujam!"

Eles ouviram os gritos à distância. Em resposta, todos os soldados começaram a fugir.


Era exatamente como um enxame de aranhas se espalhando em todas as direções.

Mas claro, as Crias Negras eram muito mais rápidas que os seres humanos.
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Os sons de seres humanos sendo esmagados até a morte e transformados em pedaços


de carne continuaram sem descanso.

♦♦♦

Como se tivessem chegado a uma terra árida, três dos monstros atravessaram a coluna
central do exército, aproximando-se da ala direita em meio a jatos de sangue e tripas.
Em instantes, eles estariam nas tropas de Raeven.

"Retirada! Retirada!"

A maneira como Raeven gritava essas ordens estava mais para um gemido.

Eles não podiam lutar contra esses monstros.


Eles não devem jogar suas vidas fora sem motivo.

Quando ouviram as palavras de Raeven, os soldados ao redor soltaram as armas e


fugiram em pânico.

É claro que, uma vez que havia muitas pessoas, era impossível para elas se
movimentarem livremente.

No começo, ele havia sinalizado uma retirada ordenada. Ele o fez assim pois estava
desconfiado de um ataque por trás, mas agora ele percebeu que o tempo que ele tinha
desperdiçado fazendo isso era um grande erro.

“Ainz Ooal Gown, que tipo de criatura, que tipo de magic caster você é?!”

Ele o subestimou. Não, ele não o fez de propósito.

Depois de considerar as palavras de Gazef Stronoff, ele o via como um inimigo do mais
alto nível imaginável. No entanto, tudo o que ele podia dizer agora era que ele ainda
subestimara as habilidades do homem.

Sua imaginação simplesmente não foi suficiente.

Que tipo de mente poderia ter previsto que Ainz Ooal Gown era tão poderoso? Quem
poderia saber que esse poder existia neste mundo?

Vendo as silhuetas sempre em expansão dos monstros, o Marquês Raeven gritou


ordens às tropas que o cercavam.

"Isso não é mais um campo de batalha, é um pisoteamento assassino! Apenas corram!"

"Meu senhor!"

Um cavaleiro disse retirando o elmo:

"O Rei! E o Rei?”

"Seu idiota! Não há tempo para isso! Meu Senhor! Está vindo bem para nós!”

Enquanto olhavam na direção dos gritos, os monstros já haviam começado a pisotear


os homens em fuga e o esmagamento da ala direita havia começado. Embora parecesse
que eles estavam avançando em direção a eles em linha reta, eles não estavam mirando
em Raeven, mas atropelando ao léu. Na verdade, as outras Crias Negras estavam longe
de onde Raeven estava.

“Onde está o Rei?"


"Ele está aí!"

Ele viu a bandeira real na direção em que o soldado apontava, mas uma Cria Negra já
estava caindo sobre ela.

Raeven hesitou. O que ele poderia fazer se ele fosse ajudar? No entanto, se o Rei
Ranpossa III fosse perdido aqui, o país inteiro poderia se desfazer.

Contudo—

"Deixe isso para Gazef-dono!"

Raeven tinha fé em Gazef.

Ele era um guerreiro digno de louvor do Rei. Embora até mesmo ele ainda fosse
incapaz de derrotar aqueles monstros, aquelas cabras negras, no mínimo, ele poderia
trazer o Rei em segurança para fora deste inferno.

“Marquês Raeven! A situação é ruim! Por favor, retire-se com toda a pressa!”

A voz dos ex-aventureiros orichalcum, os subordinados em quem ele mais confiava,


varreu a hesitação de Raeven.

"—Meu Senhor!"

Foi menos um grito do que um berro. Raeven gritou uma resposta.

"Eu sei, vamos correr!"

Na situação atual, com os monstros tão próximos, não havia sentido em disfarçar
palavras extravagantes como "retirada".

“Por favor, deixe a tarefa de reunir os homens para mim! Meu senhor, você precisa sair
daqui agora e ir para E-Rantel!”

O grito veio de um homem de olhos sonolentos. Embora ele parecesse normal, Raeven
não poderia ter confiado seu comando a uma pessoa melhor.

"Eu vou deixar para você! Use meu nome como achar melhor! Eu suportarei as
consequências!”

O som dos cascos estava muito próximo. O Marquês Raeven estava com tanto medo
que não ousou se virar para ver o quão perto eles estavam, e seu medo levou-o a enfiar
as esporas nos flancos do cavalo com todas as suas forças. No entanto, o cavalo não se
mexeu. Mesmo quando ele chutou com mais força, ainda não se moveu. Ele achatou as
orelhas contra a cabeça e ficou parado.

Naquele momento, em meio ao caos, um grupo de cavalos abriu caminho através de


uma horda de pessoas em fuga. Os homens de costas agarraram-se aos corpos dos
cavalos, aparentemente ignorando as rédeas que balançavam frouxamente.

Ironicamente, os cavalos de guerra treinados estavam congelados em pânico,


enquanto os cavalos destreinados corriam loucos de terror.

“Pensar que o treinamento teria o efeito inverso!”

Em primeiro lugar, os cavalos eram animais tímidos. Foi somente após o treinamento
que eles puderam ser considerados cavalos de guerra destemidos. No entanto, foi
justamente por causa desse treinamento que eles não conseguiram se mover. Suas
mentes já estavam sobrecarregadas, mas não haviam esquecido seu treinamento.

"Me perdoe! 「Lion’s Heart」!”

O sacerdote do Deus do Vento, Göran Dixgard, lançou uma magia de resistência ao


medo no cavalo. O cavalo acalmado relinchou alto.

“Marquês Raeven! Nós vamos liderar o caminho!”

"Por favor faça!"

Com as vozes de seus subordinados desejando que ele ecoasse bem em suas costas,
Raeven incitou seu cavalo a um movimento selvagem, escoltado pelos ex-aventureiros.

Montar um cavalo através de uma turba violenta que perdera a disciplina no caos era
muito difícil. No entanto, isso foi possível porque eles já foram aventureiros orichalcum,
que ficaram perto do auge da humanidade.

O grupo habilmente se enfiou entre o fluxo da humanidade.

“Esse magic caster é um monstro! Como o mundo pode permitir que alguém assim
exista?!”

Raeven amaldiçoou Ainz quando seu cavalo subia e descia em seu galope de alta
velocidade.

“Droga! Nós temos que fazer alguma coisa! Preciso pensar em alguma maneira de
proteger nosso mundo — nosso futuro!”

O medo foi provavelmente a razão pela qual ele estava inconscientemente


murmurando para si mesmo. Se ele não dissesse nada, se não distraísse sua mente, esse
cérebro inteligente provavelmente esboçaria horríveis pesadelos do perigo que se
aproximava dele.

Quando ele retornasse, ele precisaria se sentar com o Príncipe (Zanac) e a Princesa
(Renner) e elaborar alguma forma de contramedida contra aquele incomparável magic
caster.

Se isso acontecesse, toda a humanidade seria conquistada — não, isso ainda estava
certo. No pior dos casos, toda a humanidade pode se tornar um brinquedo para Ainz
Ooal Gown, para serem atormentados até o fim de suas vidas.

O som de um estalo de língua passou pelos sons dos cascos do cavalo.

"Nada bom! Meu senhor, por favor, guie seu cavalo para a direita! Aquilo nos
alcançou!”

“Como nos encontrou sem olhos?!”

Lockmeier, o ladino, gritou:

“Lund! Você tem alguma magia para isso?”

"Claro que não! Você acha que alguma magia funcionaria contra esse monstro, Lock?”

"Mesmo assim, como saberemos se não tentarmos—"

"Pare! Não faça nada até que seja necessário! Pode estar apenas avançando na mesma
direção que nós! Marquês Raeven! Mova-se na nossa frente! Nós vamos formar uma fila
única!”

Suas vozes tremiam.

De acordo com as instruções, Raeven moveu seu cavalo para a liderança. Então, ele
virou o cavalo na direção em que menos pessoas estavam fugindo.

O grito de uma Cria Negra veio de perto, e parecia que iria esmagar seu coração
batendo em seu peito.

"MÉÉÉÉÉÉÉHHHH!"

—Foi por pouco.

O suor escorria da cabeça do Marquês Raeven como uma cachoeira. Ele estava com
tanto medo que não ousou se virar, mas podia sentir o ar atrás dele ficando cada vez
mais quente.
E então, ele ouviu de novo.

"MÉÉÉÉÉÉÉHHHH!!"

"Filho da puta! Nada de bom! Ele está seguindo como antes! ...Todos! Preparem-se!"

Os magic caster responderam aos gritos do líder Boris com suas magias.

“「Reinforce Armor」!”

“「Lesser Strength」!”

"Ótimo! Então, meu senhor! Vamos receber o ataque do inimigo! Não olhe para trás em
nenhuma circunstância e continue andando!”

Havia apenas uma coisa que ele poderia dizer aos aventureiros, que haviam
conquistado o medo.

"...Estou contando com você!"

"Entendido! Vamos!"

"Ohhhhh!"

Ele podia ouvir os cavalos dos ex-aventureiros se afastando dele.

Raeven abaixou a cabeça, fazendo o melhor que pôde para minimizar a resistência do
vento. Embora ele não soubesse quanto tempo eles poderiam comprar, ele sabia que
tinha que correr o máximo que podia sem olhar para trás — voltar vivo seria a única
maneira de retribuir sua lealdade.

"Eu vou acabar com você! 「Fireball」!!"

"「Impenetrable Fortress」!"

Enquanto cavalgava nas costas do cavalo a galope, Raeven achou que podia ouvir o
som dos ex-aventureiros se juntando à batalha, mesmo com o vento passando por seu
rosto.

E então — dentro de dois segundos ele não podia mais ouvir os ex-aventureiros.

O que ele ouviu foi o som de um enorme casco pisoteando.

O coração em seu peito balançou.


Ao ver a sombra de seu campo de visão abaixado, Raeven fez o melhor que pôde para
conter um grito.

Ele percebeu que havia uma enorme sombra debaixo dos pés — um corpo juntamente
com cavalo — e que um longo e grosso tentáculo estava estendendo a mão para ele.

"Não..."

O cavalo corria como se tivesse enlouquecido. Era mais rápido do que Raeven já havia
montado. Poderia ter sido o mais rápido que já tinha ido. Mesmo assim, a poderosa
sombra ainda se estendia pela terra.

"Eu não quero isso!"

Ele gritou. Ele não esperava gritar e tão alto.

Calor se espalhou por sua virilha.

Raeven forçou os olhos a se abrirem e, sem olhar para trás, forçou o cavalo para a
frente.

Ele não podia morrer ainda. Não importava o que acontecesse com o país. Se o país
caísse, que assim seja.

Se pegar em armas contra Ainz Ooal Gown significava morte, então ele estava disposto
a abandonar este país e fugir.

Ele tinha sido um idiota.

Ele tinha sido um grande idiota.

Chegar a este campo de batalha foi a maior das tolices.

Já que ele ouvira o quão poderoso Ainz Ooal Gown era, ele deveria ter ficado na Capital
Real, não importando o custo.

Ele não pensava mais no futuro do Reino.

"Eu não quero isso!"

Ele não podia morrer, não agora.

Ele não podia morrer enquanto seu filho ainda era tão jovem. E... ele não podia deixar
sua amada esposa sozinha.

"Eu não—"
Raeven imaginou a forma de seu filho diante dele.

Meu adorável filho.

Uma minúscula vida havia nascido. Ele cresceu lentamente. Ficou doente. Naquela
época, ele tinha feito um enorme barulho por causa disso. A imagem de si mesmo
correndo em torno de ordens meio loucas e berrantes, enquanto sua esposa
permanecia sentada em silêncio era profundamente embaraçosa.

Suas mãos eram macias e suas bochechas estavam rosadas. Quando ele crescesse para
a juventude, ele seria o assunto do Reino. Ele acreditava que as habilidades de seu filho
superariam as suas. Ele já podia ver traços disso de vez em quando.

Sua esposa continuava dizendo que qualquer pai pensaria o melhor de seu filho, mas
ele não achava que fosse o caso.

Raeven ficou profundamente grato a sua esposa, que lhe deu o amado filho. No
entanto, ele raramente disse isso porque se sentia envergonhado.

Talvez seja hora de um segundo filho.

Se ele não tivesse chegado a este campo de batalha, ele poderia ter sido capaz de
segurar suas mãos—

"...Eh?"

O som dos cascos havia parado.

Impulsionado mais pela curiosidade do que pela coragem, Raeven se virou. Tudo o que
viu foi a Cria Negra parada, imóvel, como se congelada no tempo.

Parte 3

Ele não tinha idéia de onde ele estava. Era como se ele tivesse sido arremessado em
um pesadelo.

O título dos Quatro Cavaleiros — o título pertencente aos mais poderosos guerreiros
do Império Baharuth — agora parecia chocantemente superficial.

Quão patética era uma criatura para ter tanto orgulho de uma coisa tão insignificante?
Foi o grande choque que ele recebeu.

Nimble podia ouvir o som de um choro fraco. Foi o soluço de pessoas que foram
empurradas além de seus limites por medo e desconforto. Era infantil — não, era o
choro agonizante de homens que tinham sido reduzidos a crianças. Os que choraram
foram os cavaleiros Imperiais.

Ele ouviu as pessoas implorarem "apenas fujam".

Essa foi a prece dos cavaleiros que — com olhos cheios de piedade — observaram
aquela horrenda carnificina engolir seus semelhantes humanos.

Tão infeliz foi essa tragédia que até mesmo os inimigos do Exército Real, os cavaleiros
Imperiais, ofereceram orações por eles.

Eles rezaram para que pelo menos alguns sobrevivessem. Quanto mais melhor.

Eles vieram aqui para matar o inimigo. No entanto, nenhum ser humano poderia
permanecer indiferente e não sentir pena quando eles testemunharam o massacre
ocorrendo na frente deles. Qualquer um que pudesse permanecer indiferente seria um
demônio com o rosto de um homem, um ser desumano.

Além disso, Nimble e os cavaleiros perceberam que isso não poderia ser descartado
como uma questão de "nós contra eles".

Certamente, do ponto de vista do Reino contra o Império, esse desastre estava


acontecendo com “eles”. Mas quando você olhou para ele da perspectiva dos homens
contra os monstros, este massacre brutal estava acontecendo com “nós”.

"Bem, então eu acho que é hora."

Todos os olhos foram para Ainz quando ele falou baixinho.

Havia 60.000 pessoas presentes e sua voz não era alta o suficiente para alcançar todos
eles. No entanto, eles podiam dizer quando as pessoas ao lado deles viravam a cabeça. E
uma vez que eles sabiam que os rostos de seus vizinhos estavam voltados para Ainz
Ooal Gown, eles também seguiram o exemplo.

Afinal de contas, todos os movimentos e gestos feitos pelo homem que orquestrara
esse pesadelo — Ainz Ooal Gown — enchiam todos os presentes de terror
incontrolável.

Ainz lentamente removeu sua máscara.

Ele expôs seu crânio branco sem pele, polido e brilhante ao mundo.

Se as circunstâncias tivessem sido diferentes, talvez eles achassem que ele estava
usando uma máscara sob a máscara. No entanto, quando viram isso, os corações de
Nimble e todos os cavaleiros do Império afundaram.
Eles entenderam que essa era sua verdadeira face; esse Ainz Ooal Gown era um
monstro.

Isso foi porque eles tiveram uma premonição: Qualquer um que pudesse exercer tal
poder não poderia ser humano.

Ainz lentamente abriu os braços. Ele parecia estar abraçando um amigo — ou era um
demônio abrindo suas asas? Aos olhos de todos que estavam assistindo, ele parecia
dobrar de tamanho.

No silêncio — interrompido apenas pelos gritos angustiados dos soldados do Reino à


distância — a voz baixa de Ainz soou com clareza excepcional.
"—Aplausos."

O que ele está dizendo?

Nimble pensou enquanto olhava para Ainz com a boca aberta.

Todos que podiam ouvi-lo pensavam a mesma coisa, e quando as palavras de Ainz
foram sussurradas por todo o exército, mais e mais pessoas viraram os olhos para ele.

Então, quando a atenção de todos estava sobre ele, ele falou novamente.

"Aplaudam pessoas. Me aplaudam pelo meu poder supremo—."

O primeiro a aplaudir foi Mare, que estava ao lado de Ainz, que por sua vez, estava ao
lado de Nimble. Como se desencadeado por ele, os sons espalhados de palmas
começaram a subir dos soldados, até se tornar uma ovação estrondosa.

Claro, eles não estavam realmente ovacionando de felicidade.

Ninguém queria aplaudir uma pessoa que trouxe esse tipo de carnificina cruel com ele.
Isso não foi guerra. Foi abate. Um massacre.

Mas ninguém presente poderia falar essas palavras. Ninguém se atreveria.

Seus aplausos foram a soma de todos os medos dos cavaleiros.

E então a intensidade dos aplausos desordenados, que nenhum observador pensaria


que ficaria mais alto, subiu mais algumas notas.

Isso porque uma das Crias Negras mudara lentamente de curso. Logo alcançaria o
exército Imperial.

Gritos de louvor soaram, para corresponder ao aplauso.

Os cavaleiros Imperiais gritaram em louvor a Ainz Ooal Gown. Eles gritaram até que
suas gargantas sangraram.

No entanto, a Cria Negra não diminuiu o ritmo.

E assim, os cavaleiros gritaram ainda mais alto. Eles pensaram que a besta estava se
aproximando porque ele não estava satisfeito com o seu volume.

—Mas ainda assim, não parou.

—E assim, seus nervos tensos estalaram.


Ninguém sabia quem começou. Pode ter sido apenas a oscilação de um único cavaleiro.
No entanto, isso foi o suficiente para o terror que os enchia além de seus limites de ir
além.

"Aieeeeeeeeeeee!"

O grito violento ecoou pelas fileiras e abalou o exército imperial.

Um dos monstros que havia pisoteado o Exército Real sob seus pés estava caindo
sobre eles. Esta situação anormal aterrorizou alguns dos cavaleiros Imperiais que
abandonaram seus cavalos imóveis e fugiram para salvar suas vidas. Depois de ver a
visão infernal de agora, até mesmo aqueles que não tinham imaginação vívida sabiam
exatamente o que aconteceria quando fosse a vez deles sob os cascos da besta.

E claro — o medo era contagioso.

Mesmo pouco mais de 100 pessoas fugindo a princípio, esse número inchou em
poucos instantes, até que alcançaria os 60.000 soldados.

—Sim.

O exército Imperial entrara em pânico, com a arregimentação em frangalhos.

Foi uma derrota desonrosa.

Obviamente, os cavaleiros tinham aprendido a retirar em boa ordem. No entanto, eles


não tinham mais o luxo de aderir a tal disciplina. Se deixasse que eles saíssem deste
lugar um segundo mais rápido, se conseguissem se mover mais um passo em direção a
um lugar seguro, empurrariam seus camaradas diante deles com toda a força e
fugiriam.

Quando empurrado por trás, era inevitável que as pessoas perdessem o equilíbrio e
caíssem. E uma vez que eles caíssem, a multidão movida pelo pânico por trás deles não
lhes daria a chance de se levantar.

Os que caíram seriam pisoteados pelos que vinham por trás deles.

Mesmo que usassem armaduras de metal, todos os outros usavam armaduras de metal
também. Eles seriam esmagados em uma única massa fundida de metal e carne.

Cenas como essa estavam acontecendo em todos os lugares.

As baixas do exército Imperial não foram causadas pelo inimigo, mas por si mesmas.

Nimble não sabia o que fazer a seguir e hesitou.


Ele queria correr também. No entanto, ele não poderia fazê-lo, e nem todos os
cavaleiros haviam escapado, em qualquer caso.

Quando ele olhou para trás através da formação, ele viu poucas pessoas
remanescentes, apenas tolos ainda permaneciam em cima de seus cavalos.

Eles não haviam permanecido por causa do medo. Em vez disso, era porque estavam
hipnotizados pela visão do poder esmagador e haviam esquecido do resto.

Por exemplo, pessoas normais fugiriam quando viram um enorme tornado varrendo
tudo em direção a eles. No entanto, havia certos seres que admiravam a beleza do
tornado e ficaram parados — apesar de perceberem que isso exigiria suas vidas.
Aqueles que permaneceram poderiam ser considerados desviantes.

A Cria Negra chegou diante de Ainz, dobrou os joelhos e baixou os tentáculos.


Provavelmente estava exibindo sua submissão.

Nimble sorriu, seu rosto se contorcendo, enquanto o monstro agia de uma maneira
decididamente não monstruosa.

O corpo da Cria Negra deveria estar respingado em sangue fresco, mas não estava em
lugar nenhum porque já havia sido absorvido pela pele.

Envolveu seus tentáculos ao redor da cintura de Ainz, depois estendeu vários outros
para agarrar firmemente seu corpo antes de levantá-lo. Então, colocou-o em sua cabeça.

"Acredito que o plano original era que eu lançaria uma magia sobre o inimigo, e então
o exército Imperial continuaria com uma investida, mas parece que você não tem
intenção de agir."

Nimble não tinha nada a dizer.

Ainz estava certo. O Império havia quebrado os termos do acordo que eles mesmos
haviam feito com o Rei de um país aliado.

No entanto, não se pode culpar os cavaleiros por perder a coragem. Nimble os


defenderia mesmo diante de Jircniv, porque ele conhecia o terror esmagador que os
dominara.

“Ah, não tenho intenção de te repreender. Eu entendo que você está preocupado que
se você lançar um ataque, há uma chance de você ser pisoteado junto com o inimigo.
Sinceramente falando, se isso acontecesse, eu seria duramente pressionado para
explicar essas mortes para o seu Imperador. Bem, nesse caso, acho que vou cuidar da
sua parte do trabalho também.”
Nimble olhou para a sua companhia de undeads, que permaneceu imóvel durante todo
esse tempo.

"Aqueles... aqueles... aqueles soldados undeads farão um ataque, então?"

"Oh, não, eu vou deixar meus cordeiros lidarem com isso, já que é uma chance tão rara
para eles fazerem isso. Eu simplesmente farei algumas limpezas leves. Mare, não abaixe
sua guarda.”

"Sim, sim! Por favor, deixe comigo, Ainz-sama!”

Nimble ficou sem fala.

Ele disse que iria pressionar o ataque; ele, pessoalmente, aquele que lançou uma magia
como aquela.

Seu tom sugeria que ele não pretendia deixar ninguém voltar vivo desse campo de
batalha. Ficou claro que sua fome de carnificina era insaciável.

“E pensar... que não foi suficiente. Ele é um demônio?”

Embora ele estivesse murmurando para si mesmo, as palavras de Nimble eram mais
altas do que ele pensava, e Ainz virou seu rosto terrível de onde estava sentado em
cima da Cria Negra.

Ele balançou a cabeça para Nimble, que estava tremendo.

“Não se engane. Eu sou undead.”

O que Ainz deve ter tentado dizer era que ele não era um demônio que exaltava a idéia
do mal, mas um undead que odiava os vivos. Como tal, ele não permitiria que um único
soldado do Reino escapasse. Ele levaria ainda mais vidas.

Essa foi a resposta mais provável e também a mais desastrosa.

Se Ainz queria matar tudo o que vivia apenas por ser um undead, então era possível
que suas visões pudessem um dia ser estabelecidas no Império, que estava cheio de
vivos.

Não, isso certamente aconteceria no futuro.

O que devo fazer?

Atingido pela confusão e pelo medo, Nimble não tinha a capacidade de se concentrar, e
ele não ouviu as últimas palavras sussurradas de Ainz.
"...E parece que encontrei o meu alvo."

♦♦♦

A sede do Rei Ranpossa III estava localizada no centro do exército Real. Foi cercado
por inúmeras bandeiras pertencentes a numerosos nobres do Reino Re-Estize.

Embora houvesse muitos nobres reunidos aqui antes, apenas alguns permaneciam
aqui. A maioria deles já havia fugido e apenas poucos permaneceram nesse campo. É
claro que o Rei não tinha intenção de culpar os nobres da corte por fugir.

"Todos vocês, me deixe para trás e corram!"

“Não é hora de piadas! Vossa Majestade, por favor, fuja rápido. Quando aquilo pôr os
olhos em nós, não teremos chance de sobreviver!”

O palestrante era o subordinado de Gazef, o Vice-Capitão do bando guerreiro.

"Como posso fugir, sendo um Rei?"

“Mesmo que Vossa Majestade fique, não há nada que você possa fazer. Não deveria
voltar a E-Rantel e planejar o contra-ataque?”

Ranpossa III sorriu amargamente. Doeu ouvir essas palavras.

"Está certo. Mesmo se eu ficar aqui, não há mais nada para eu fazer.”

Era impossível reunir seu exército derrotado e encaminhá-los nessas circunstâncias.


Não foi apenas Ranpossa III quem não conseguiu; Mesmo os famosos generais de
antigamente teriam descoberto que essa tarefa irracional era impossível.

"Vossa Majestade! Não há tempo! Escute, vocês precisam levar Sua Majestade para
casa mesmo que tenha que amarrá-lo!”

Os subordinados de Gazef entraram em ação.

Desperdiçar mais tempo colocaria em risco não apenas a si mesmo, mas também as
pessoas ao seu redor. Com isso em mente, Ranpossa III tomou sua decisão e levantou-
se.

"Certo. Vamos. Mas o que mudará se fugirmos agora?”

As pisadas sacudiram o chão como um terremoto quando se aproximaram. Mas


mesmo sob essas circunstâncias extremas, Ranpossa III permaneceu calmo. Estava
muito longe dos barulhos caóticos que os nobres fizeram.
“Primeiro de tudo, é impossível. Se tentarmos fugir a cavalo, ele virá atrás de nós.
Parece ter como alvo grandes grupos de soldados em fuga. Portanto, há apenas uma
maneira de sermos salvos.”

Foi só agora que Ranpossa III percebeu por que haviam pedido aos nobres que
montassem e fugissem em grupos instantes atrás.

“Então tudo o que podemos fazer é correr a pé."

Alguns dos guerreiros começaram a remover e a descartar sua armadura.

"Esses homens vão levar sua majestade e fugir."

"E você?"

Nem todo mundo havia removido sua armadura. Por exemplo, o Vice-Capitão ainda
usava.

"Vou agir como uma distração montada e fugir na direção oposta."

Ranpossa III viu os sorrisos brilhantes nos rostos dos guerreiros e percebeu que eles
tinham feito as pazes com a morte.

"Impossível. Vocês são os tesouros do nosso Reino! Não importa o necessário, você
deve sobreviver! Eu ainda preciso de você para servir meus descendentes!”

"Claro. Embora pretendamos ser iscas, não pretendemos morrer!”

Isso foi uma mentira. Eles estavam planejando morrer. Ou melhor, eles aceitaram que
a morte seria o seu destino.

Ranpossa III tentou pensar em algo para convencê-los, mas ele não conseguia falar. Em
face dos sorrisos dos guerreiros, tudo o que ele inventava soava insincero e superficial.

Os guerreiros ao redor dele ajudaram a remover a armadura de Ranpossa III.

Um guerreiro em armadura branca pura se adiantou. Era Climb, o único subalterno de


sua filha, Renner, que dera tudo o que tinha a seu serviço.

“Permita-me ajudar no desvio. Embora não saibamos se esses monstros têm olhos,
mas se acenarmos nossas bandeiras sem parar, poderemos chamar a atenção deles. E
esta armadura deve ser bastante atraente.”

Climb segurou a bandeira do reino na mão. Estava suja pelas pegadas de soldados em
fuga e parecia resumir sua situação atual.
"Hey. Então eu também irei.”

Ao lado de Climb estava Brain Unglaus. Aparentemente, ele era um guerreiro de


primeira classe que era igual ao seu vassalo de confiança, Gazef Stronoff. Brain entrou
nessa guerra como subordinado de Renner. Em outras palavras, ele estava na mesma
posição que o Climb.

"Você tem certeza? Estritamente falando, você não é exatamente subordinado da


Princesa.”

“Ah? Bem, não se preocupe com isso. Durante a perturbação demoníaca, estávamos na
linha de frente e, de alguma forma, ainda conseguimos voltar vivos. Desta vez,
esperamos que a sorte esteja conosco. E esperamos que a sorte esteja com você
também.”

“Os deuses não assistirão em silêncio. Durante esse distúrbio, um herói veio nos salvar.
Eu confio que eles vão mudar nosso destino também.”

Diante de Ranpossa III, Brain e o Vice-Capitão tocaram os punhos para se despedir.

"Como foi acabar assim..."

Onde tudo deu errado?

Ranpossa III gemeu baixinho. Com toda probabilidade, nenhum dos homens à sua
frente sobreviveria.

O Vice-Capitão e Climb morreriam como isca.

E ele não sabia o que havia acontecido com Gazef, que desaparecera no caos depois de
dizer que pretendia deter as Crias Negras.

Seus olhos ardiam.

Ele queria dizer: Me perdoe.

Eles iriam atuar como chamarizes para um homem velho, jogando suas vidas e futuros
fora para ele.

Mas ele não podia dizer isso. Eles provavelmente sabiam que iam morrer, mas iriam se
agarrar à vida o mais forte que pudessem.

Nesse caso—

"Retorne com segurança para E-Rantel, e eu lhe concederei qualquer recompensa que
você desejar."
Climb e Brain pararam no meio do caminho e se viraram.

“Não há necessidade de recompensa, Vossa Majestade. Eu existo para ajudar a Renner-


sama. Como eu poderia ousar pedir uma recompensa...”

"Quanto ao que eu quero, bem, eu gostaria que esse garoto que eu estou interessado
aqui se casasse com a princesa mais bonita do país."

“...Hahahaha. Bem, isso é uma recompensa generosa.”

“Brain-san! O que você está dizendo?"

"Bem, nós vamos ter que começar dando ao garoto um senhorio. Trabalhe arduamente
para isso!"

"Então você deve retornar vivo, não importa o que tenhamos que fazer, Climb-kun."

Os olhos assustados e a boca aberta de Climb não tinham mais o espírito de guerreiro
de agora a pouco. O Rei, no entanto, havia esquecido tudo e permitido um sorriso
brilhante em seu rosto.

"Então, vamos embora, Vossa Majestade."

“Eu conto com você."

Agora sem armadura, Ranpossa III, foi levantado por um soldado.

"Vossa Majestade. Mesmo agora, nossa fuga ainda é uma questão de sorte. Se o pior
acontecer... eu rezo para que nos perdoe.”

"Tudo bem. Foi minha decisão usar sua idéia. Se falhar devido ao infortúnio, então não
terei queixas.”

"Então! Vossa Majestade! Que nos encontremos novamente em E-Rantel!”

O Vice-Capitão galopou em seu cavalo. Como se estivesse esperando por ele, uma das
Crias Negras mudou de direção.

"Bem! Vamos embora enquanto todos estão o distraindo!”

Parte 4

Em meio ao caos causado pelo fato de os homens fugirem desesperadamente por suas
vidas, Gazef fixou os olhos à sua frente, e então lentamente sacou o tesouro nacional do
Reino, Razor Edge. Toda vez que ele tinha sacado essa lâmina fria e reluzente, ele
alcançara a vitória. Em outras palavras, essa espada foi a prova do triunfo de Gazef.

No entanto, a espada parecia terrivelmente fraca e frágil hoje.

Ele era pequeno e insignificante em comparação com a Cria Negra, que estava vindo
diretamente para ele.

“Se eu deixar passar por mim, o acampamento principal do Rei será destruído a seguir.
Eu preciso parar isso.”

Quando ele disse, o rosto de Gazef ficou depressivo, como se estivesse zombando de si
mesmo.

Não havia como Gazef vencer o monstro. Apenas atrasá-lo por um segundo era digno
de elogios.

Mesmo um homem saudado como o Capitão Guerreiro do Reino — um guerreiro


renomado em todas as nações vizinhas — só poderia fazer isso.

“Peguem Sua Majestade e fuja. Pavimente seu caminho para casa com suas vidas.”

Gazef sussurrou essas ordens — quase como uma oração — para seus subordinados
que não estavam aqui. Os soldados mais fortes do Reino ficaram para trás para
proteger seu Rei. No entanto, mesmo se ficassem para trás, não seriam dignos de
proteger o Rei da selvageria desses monstros. Mesmo se eles colocassem suas vidas em
risco, tudo o que eles poderiam fazer era servir como escudos de carne que se
desmoronariam depois de um ataque.

No entanto, isso seria o suficiente.

Eles iriam morrer se o inimigo os atingisse, mas enquanto eles pudessem se certificar
de que o golpe fosse desperdiçado neles, a chance de o Rei sobreviver poderia ser
aumentada um pouco mais.

Talvez funcionasse se oitenta homens estivessem lá para serem escudos...

Ele pensou com otimismo.

"Eu sinto Muito."

Gazef pediu desculpas aos seus subordinados, mesmo quando o monstro se


aproximava com uma velocidade incrível, levantando gotículas de carne e sangue em
seu rastro. Ele sabia que um pedido de desculpas aos companheiros ausentes era nada
mais do que confortar a si mesmo. Mesmo assim, ele não queria morrer sem ter falado
essas palavras.
Ao sentir a terra tremendo sob os pés, Gazef expirou vigorosamente.

Ele segurou a espada com força e levantou-a.

Comparado com aquele corpo vasto que esmagava os humanos em pasta vermelha,
sua espada parecia totalmente inútil.

Se fosse uma charrete descontrolada, ele poderia facilmente obter o controle dele.
Mesmo que um tigre feroz o atacasse, ele poderia escapar de seu primeiro golpe e
atacar sua cabeça.

No entanto, na frente da Cria Negra, suas chances de sobrevivência pareciam muito


baixas.

“Huuuuu—”

Enquanto Gazef respirava, uma mudança dramática apareceu no fluxo de pessoas ao


seu redor. Até agora eles tinham ido em todas as direções, mas agora parecia que eles
estavam se movendo para evitar Gazef. Parecia que eles estavam criando um caminho
limpo entre Gazef e as Crias Negras.

As Crias Negras continuaram a espalhar os humanos sob seus pés quando eles se
aproximaram.

Quando Gazef ergueu a espada, ele estudou seu corpo. Onde ele poderia atacar para
obter os melhores resultados?

Ele ativou uma arte marcial — 「Sense Weakness」.

Contudo—

"—Não tem fraquezas."

Gazef não sabia se era porque realmente não tinha fraquezas, ou porque era muito
mais poderoso do que ele, que não conseguia lê-las.

Ainda assim, ele não se desesperou. Afinal, poderia ser consequência do seu
pessimismo.

Ele ativou outra arte marcial.

Este foi um movimento secreto que foi verdadeiramente digno de ser chamado de
movimento secreto, uma técnica que fortalece suas percepções extra-sensoriais,
「Possibility Sense」.
A diferença em suas habilidades físicas era tão grande que não fazia diferença se ele
reduzisse uma lacuna de quilômetros em alguns centímetros, aumentando assim seus
próprios atributos físicos. Nesse caso, ele decidiu confiar em outra coisa — talvez seu
sexto sentido seja mais eficaz.

"Venha, besta."

A Cria Negra parecia ter ouvido o desafio e fez um curso direto para Gazef. A distância
entre os dois diminuía drasticamente.

Essa era a verdade.

Gazef ficou com medo.

Se fosse possível, ele teria gostado de fugir com os soldados dos arredores.

Mesmo depois de ativar 「Possibility Sense」, ele não sentia nada. Era como se ele
estivesse envolvido por uma parede impenetrável da noite.

Quando as Crias Negras se aproximaram, ele estudou sua forma com mais detalhes.

A julgar pela maneira como seus cascos permaneciam intactos, era provável que
espadas normais não fossem capazes de causar nenhum dano a eles. Das impressões
profundas deixadas no chão onde pisava, seu peso instantaneamente mataria qualquer
um que fosse pressionado por eles.

Quanto mais ele aprendeu sobre isso, mais o medo dele cresceu.

Nesse momento, Gazef estava exposto a um terror muito mais intenso que os dos
soldados que fugiam à toa em volta dele.

Mas ele não podia voltar atrás.

O guerreiro mais forte do Reino não pôde fugir. Ele cancelou 「Possibility Sense」 e
acalmou sua respiração.

A Cria Negra chegara.

Era perto o suficiente para que os torrões de terra levantados por seus cascos
pudessem alcançar Gazef.

Ignorou os soldados ao redor, como se não fossem nada além de vermes rastejantes, e
foi direto para Gazef.

Não, ele estava errado.


A Cria Negra se virou para o lado, como se tivesse atingido uma parede. Por ter se
virado tão rápido, os passos da Cria Negra estavam bagunçados, e mesmo com tantas
pernas, ele perdeu o equilíbrio.

É claro que Gazef não achou que tivesse fugido dele.

Ele simplesmente considerou onde poderia encontrar mais presas e sentiu que
poderia atropelar mais pessoas se ele se virasse para o lado.

A Cria Negra atacou Gazef, fazendo o terremoto a cada passo.

Como havia apenas um metro ou mais de separação entre eles, o chão sob seus pés
tremia como um terremoto. Qualquer um, exceto Gazef, teria caído.

Ele mirou para o casco gigantesco da Cria Negra enquanto passava—

"—Yeeart!"

Gazef balançou a espada. A essa velocidade, a própria velocidade do inimigo se


tornaria uma arma que se despedaçaria ao encontrar o fio de sua espada.

No instante em que o casco tocou a espada, um enorme impacto percorreu a arma e


reverberou nos braços de Gazef. Isso o fez sentir como se seus braços tivessem sido
arrancados.

Seus pés, pisados firmemente no chão, deixaram duas trincheiras na terra enquanto
ele era empurrado para trás.

"Gwaaargh!"

De alguma forma, ele manteve o controle de sua espada, mas a dor se espalhou por
todo o seu corpo. Seja seus músculos ou tendões, cada parte dele doía do estresse que
tinha que suportar.

Gazef ofegou pesadamente e olhou para o corpo gigante que passava por ele.

Não muito longe de Gazef, uma das Crias Negras finalmente parou em vez de correr
loucamente.

Um de seus tentáculos se tornou um borrão.

O medo atravessou seu corpo. Gazef apressadamente levantou a espada.

Naquele instante, um impacto extraordinário o atingiu e seu corpo flutuou para o céu.
Gazef não conseguiu ver nada, mas imaginou que ele deveria ter sido esbofeteado pelo
tentáculo. Seu corpo voou pelo céu.

Depois de ficar no ar por um tempo surpreendentemente longo, o corpo de Gazef


finalmente atingiu a terra. Ele rolou várias vezes. Este rolamento não foi a queda de um
cadáver, mas a ação deliberada de um humano que estava tentando gastar a energia de
sua rotação.

Gazef se levantou devagar, estimulando seu corpo desajeitado a se mexer. Ele olhou
para a Cria Negra a distância.

Foi apenas um sucesso.

O braço que levou o golpe havia quebrado. Provavelmente foi pura sorte que sua
espada não tivesse sido quebrada também.

Toda emoção desapareceu do rosto de Gazef.

Por que ele tinha sido poupado? Por que não o perseguiu?

Foi provavelmente porque não tinha necessidade de acabar com ele. Gazef achou que
essa era a resposta mais apropriada.

Isto não era uma derrota. Ele nem sequer chegou perto da arena.

Sangue fresco fluiu de seu lábio mordido.

Depois disso, Gazef reprimiu a dor intensa que o preenchia e corria com todas as suas
forças.

Mesmo que ele não pudesse derrotar seu oponente, mesmo que seu limite fosse
aguentar mais um golpe, mesmo assim, ele ainda tinha que proteger seu Rei.

No entanto, seus passos — cheios de convicção e determinação — vacilaram após


vários passos.

Ele olhou para a Cria Negra que havia mudado de direção para ele — não havia engano
aqui — e percebeu por que conseguira sobreviver.

Sobre a Cria Negra, havia um Rei sentado sobre o que parecia ser um trono feito de
tentáculos. No entanto, ele tinha um rosto bizarro. Era esquelético e não havia dúvida
de que ele era um monstro undead.

Ele não era tão tolo o suficiente para não reconhecer quem era esse Rei.

“Ainz Ooal Gown... dono. Então você não era humano.”


As forças especiais da Teocracia. Gazef não tinha esperança de derrotá-los, mas eles
foram facilmente eliminados. Nenhum humano poderia ter feito isso, o que tornava
essa compreensão simples de aceitar.

Sim. Por que ele achava que alguém tão poderoso poderia ser humano para começar?

“Stronoff-sama!”

Mesmo antes de olhar para trás, ele sabia quem era pela rouquidão da voz. O par
familiar veio correndo em direção a ele.

"Vocês dois estão bem?"

Climb e o Brain não estavam feridos, e a armadura branca pura de Climb não estava
tão manchada. Considerando que os dois não haviam tentado fugir de imediato, foi um
golpe considerável de boa sorte.

"Estou contente por você estar seguro!"

"Eu não achei que você morreria, e acontece que você não morreu. No entanto, ainda
não acabou, certo?”

Os dois juntaram suas linhas de visão para onde Gazef estivera olhando agora.

"Esse é..."

“Só pode ser uma pessoa, Climb-kun. O monstro que domina outros monstros. Aquele
é Ainz Ooal Gown.”

"Esse é... esse é... Como vou dizer isso... eu, eu sinto muito."

De relance, o corpo de Climb estava estremecendo. Sua expressão rígida e congelada


mostrava o fato de que ele não estava tremendo de excitação ou antecipação.

“Não se preocupe, Climb-kun. Isso não é nada para se envergonhar. Ou melhor, não
pode evitar! Uma terceira pessoa cuja força supera todo sentido racional! Isso é o que
minha vida se tornou desde aquele dia!”

Brain irradiava um poderoso espírito de luta, ele assumiu uma postura. Gazef ficou
surpreso com sua expressão facial, que era casual e leve e não se adequava às
circunstâncias.

"Eu-eu não devo fugir também!"

Climb e Brain ficaram ao lado do Gazef.


Em meio a pedaços volumosos de carne, a Cria Negra parou em frente a Gazef.

Gritos distantes ecoaram, e só este lugar ficou em silêncio.

Era como se essa área não fizesse mais parte do mundo.

A linha de visão de Ainz virou-se de Gazef, passou desinteressadamente por Brain e


depois parou em Climb. Ele deu de ombros e olhou de volta para Gazef.

"...Seu espírito de luta está muito vívido, Stronoff-dono."

“Eu poderia dizer o mesmo para você, Gown-dono... huhu. Isso seria um problema,
para dizer que você está vívido? Afinal, se você deixasse de ser humano depois de nos
separarmos, seria terrivelmente rude.”

“Hahaha. Não, não mudei desde então.”

Ainz flutuou da Cria Negra ao chão enquanto ria. Ele deve ter usado algum tipo de
efeito mágico, dado como ele flutuou lentamente desafiando a gravidade.

Embora ele achasse que poderia ser a famosa magia 「Fly」, depois de considerar o
fato de que o Ainz Ooal Gown era um poderoso magic caster, ele concluiu que devia ser
uma versão superior dessa magia — embora quão superior ela fosse, ou que tipo de
magia era, Gazef não sabia.

“Realmente, faz muito tempo, Stronoff-dono. Desde o Vilarejo Carne.”

“De fato, Gown-dono. Então... me permita perguntar, por que você me procurou? Será
que você encontrou um rosto familiar no campo de batalha e decidiu vir me ver?”

"Bem, sim. Não gosto de conversas extravagantes, e não é apropriado brincar com esse
lugar. Então... eu vou direto ao ponto.”

Ainz levantou lentamente a mão esquelética.

Não havia inimizade ali, mas sim um gesto de amizade.

"Torne-se meu subordinado."

Naquele instante, os olhos de Gazef se arregalaram em círculos.

Ao mesmo tempo, ouvia-se o Brain e Climb dos dois lados dele engolindo
audivelmente.

Quem poderia imaginar que um poderoso magic caster poderia dizer tal coisa a ele?
"Se você fizer—"

Ainz estalou os dedos. Como exatamente ele fez isso com os dedos esqueléticos
permaneceu um mistério.

O corpo de Gazef estremeceu, como se algo tivesse sido feito para ele.

No entanto, não houve mudanças em sua mente ou corpo. Ele não sentiu nada.

"Olhe a sua volta."

Gazef voltou os olhos para os arredores. Tudo estava—

"Entendo. Eles pararam.”

As Crias Negras tinham parado no meio do que eles estavam fazendo. A maneira como
eles ficavam imóveis no ar, no meio do caminho, os fazia parecerem estátuas.

“Isso é apenas temporário. O que acontece depois disso dependerá da sua decisão. Se
você se recusar, eu darei ordens a meus cordeiros mais uma vez. Eu confio que não
preciso te dizer quais são essas ordens?”

Gazef olhou para Ainz.

Mesmo que ele obrigasse Gazef a jurar lealdade a ele usando reféns, o vínculo
careceria de lealdade, e estaria cortejando a traição por dentro. Certamente Ainz deve
ter considerado tudo isso antes de fazer sua oferta.

Então, isso significava que deveria ter havido alguma outra razão por trás de suas
palavras.

Mas o que era Gazef não sabia.

Ainda assim, tinha que haver alguma razão pela qual ele — um ser que poderia
comandar um exército como esse — estivesse interessado apenas em Gazef.

“Que tal isso? Gazef Stronoff, trabalhe para mim.”

Ainz estendeu a mão ossuda.

Se ele pegasse essa mão, ele salvaria muitas vidas.

O coração de Gazef oscilou poderosamente.

Ele tinha a chance de salvar a vida do povo do Reino.


No entanto — Gazef não conseguiu segurar aquela mão.

Foi uma decisão ruim.

Essa escolha só satisfaria seu ego.

Cem de cem pessoas amaldiçoariam Gazef por ser um tolo.

Mesmo assim, Gazef não pôde fazer nada que pudesse trair o Reino.

Gazef balançou a cabeça com firmeza, se recusando.

"Eu recuso. Eu sou a espada do Rei. Ele me mostrou sua gentileza e não posso me
comprometer com isso.”

“Mesmo se, no final, sua escolha custar mais vidas? Você arriscou sua vida para
desafiar um poderoso inimigo no Vilarejo Carne. Você vai agora jogar fora a vida de
outros que você poderia ter salvo?”

O coração de Gazef parecia estar sendo entalhado por uma faca.

Mas, mesmo assim, o Gazef Stronoff ainda não conseguiu segurar a mão de Ainz Ooal
Gown.

O Capitão Guerreiro do Reino não poderia trair o Rei.

Essa era a extensão da lealdade de Gazef.

Com a irritação aumentando em face do silencioso Gazef, Ainz encolheu os ombros.

“Um homem tão tolo. Então—"

Gazef não permitiu que ele completasse a frase, mas apontou a lâmina para Ainz.

"—Quê?"

Seus ferimentos de enfrentar a Cria Negra agora não haviam se recuperado


totalmente, mesmo com o poder do Talismã.

Mesmo assim, não foram seus ferimentos que fizeram a ponta de sua espada tremer.
Todo o corpo de Gazef irradiava espírito de luta.

“Gown-dono. Como alguém que se beneficiou de sua gentileza, desejo me desculpar


por este ato desrespeito... Desejo solicitar um duelo cara a cara com você.”
O rosto de Ainz era um crânio sem carne. Por causa disso, não se podia dizer que tipo
de expressão ele tinha ou discernir o que ele estava pensando.

No entanto, por algum motivo, Gazef pensou que ele estava sem palavras. Foi o mesmo
para os dois atrás dele. Eles ficaram em silêncio, mas ele podia sentir sua consternação.

"...Você está falando sério?"

"Naturalmente."

"...Você vai morrer."

"Não há dúvida disso."

“Se você sabe, por que fazer isso? Para início de conversa, eu não tenho intenção de te
matar... você é suicida?”

"Eu não pensei assim a princípio, não."

"...O que você está pensando? Eu não consigo entender sua lógica. Se você acreditasse
que poderia ganhar e me desafiou, eu poderia entender. Se você achava que havia uma
chance de vitória sob as circunstâncias, isso também seria razoável. No entanto, você
acredita firmemente que perderá. Você perdeu a capacidade de tomar decisões
adequadas?”

“O rei inimigo está diante de mim e está ao alcance de minha espada. Não é natural ver
se consigo cortar a cabeça daquele se que apresenta?”

“É verdade que a distância física entre nós é muito pequena. No entanto, parece-me
que existe um enorme abismo entre nós. Estou errado?"

Com um whoosh, os tentáculos flácidos da Cria Negra atrás de Ainz estalaram, abrindo
uma cratera na terra ao lado de Gazef.

Mesmo a visão aguçada de Gazef não conseguiu rastrear o tentáculo atingindo o chão
ao lado dele.

"Pode ser o caso, Gown-dono."

"Você está abusando a sua sorte porque eu disse que não queria te matar?"

Gazef riu do fundo do coração.

"Certamente não. Eu simplesmente desejo fazer o que eu, como o Capitão Guerreiro do
Reino, deveria fazer. Isso é tudo que eu estava pensando.”
“...Se eu aceitar o seu desafio, você percebe que eu vou matar você sem piedade? É
apenas para ser esperado.”

"Realmente é."

"Então é assim que vai ser... mesmo depois de eu ter dito tudo isso, você se recusa a
mudar de idéia. Que pena. Falando como colecionador, é uma coisa pobre ter que
destruir um espécime raro como você.”

Gazef não tinha intenção de recuar.

Este foi um golpe de sorte inacreditável. Para começar, Ainz, que se cercava de
incríveis subordinados, estava agora sozinho na frente dele sem nenhum guarda-costas.

Além disso, seu orgulho como um indivíduo poderoso significava que ele não
ordenaria que as Crias Negras entrassem em ação.

Ele nunca teria uma chance como essa de novo.

Seu inimigo estava em uma altura que ele não conseguia alcançar com as duas mãos.
No entanto, agora, ele teve a chance de preencher a lacuna entre eles.

Na próxima vez que se encontrassem, ele provavelmente se cercaria de uma multidão


de guardas, como convinha a um magic caster que era pobre em combate corpo-a-
corpo. Gazef nunca iria entrar no alcance de espada de Ainz novamente. Tendo
considerado isso, ele desafiou Ainz para um duelo.

E havia outro motivo para o duelo.

Embora fosse uma chance muito pequena, mesmo assim—

Gazef lançou seu desafio formal.

“Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown-dono! Meu nome é Gazef Stronoff, Capitão Guerreiro do
Reino Re-Estize! Eu formalmente peço um duelo com você!”

“Gazef!”

“Capitão Guerreiro...”

Os outros dois não aguentaram mais e Brain gritou enquanto Climb murmurava. No
entanto, Gazef não deu ouvidos a eles e continuou falando.

"Se você achar isso aceitável, Rei Feiticeiro-dono, eu rezo para que você aceite estas
duas testemunhas adequadas para o nosso combate."
Ainz deu os ombros.

Parecia dizer: Vá em frente. Quando Gazef percebeu isso, ele assentiu.

“Espere, espere um minuto! Aguente firme, Gazef! Eu sempre posso morrer ao seu
lado! Não vá sozinho! Meu senhor Rei Feiticeiro! Por favor, eu te imploro! Eu sei que
isso é desrespeitoso além da conta, mas este é um pedido sincero! Por favor, permita-
nos a ambos encarar você! Eu sei que não vai te incomodar nem um pouco!”

Ao ouvir o apelo estrangulado de Brain, Gazef pensou:

Como eu esperava...

A expressão despreocupada que ele viu no rosto de Brain era a de um guerreiro que
abraçara seu destino.

Ele há muito havia se resolvido a morrer ao lado de Gazef nas mãos de Ainz Ooal
Gown.

No entanto, ele não aceitou. Ele não podia aceitar.

“Brain Unglaus! Você deseja manchar minha convicção como guerreiro?”

O rosto de Brain se tornou uma imagem de choque.

“—Tudo bem, Stronoff-dono. Não me importo de enfrentar vocês dois de uma vez.”

"Por favor não aceite, Rei Feiticeiro-dono. O duelo dele é comigo. Vocês dois, fiquem
fora disso.”

Os pontos de luz vermelha flutuando nos globos oculares de Ainz brilhavam ainda
mais.

"...Entendo. Eu já vi esses olhos antes. Eles são os olhos de um homem que abraçou sua
morte e avança sem hesitar. Olhos firmes e inflexíveis. Eu os admiro.”

Ainz estava falando como um ser humano.

"Muito bem. Eu aceito sua proposta. Eu vou duelar PVP com Stronoff-dono.”

♦♦♦

Os joelhos de Brain se dobraram e ele desabou no chão.

Seu rosto baixo não podia ser visto, mas gotas pesadas como as de chuva respingavam
a terra carmim abaixo dele.
Eu sinto muito.

Gazef disse a Brain em seu coração.

“O cadáver será devolvido intacto. Isso facilitará o uso da magia de ressurreição—”

"—Não há necessidade disso."

As palavras de Gazef deixaram seus amigos e o inimigo sem palavras.

“Eu não quero ser trazido de volta à vida. Você pode dispor do corpo aqui, se quiser.”

Não era que a magia de ressurreição era ruim. No entanto, Gazef não gostava.

Todos só tinham uma vida.

Foi por isso que a decisão de apostar na vida significava muito.

Além disso, ele não poderia voltar dos mortos por causa do Reino.

Se Gazef morresse, o Rei poderia espalhar a notícia de que ele havia perdido uma peça
importante. Dessa forma, o Rei poderia moderar o ódio e o ressentimento que as
pessoas sentiriam em relação à família real por todas as mortes nessa batalha.

Este foi um ato final de lealdade do Capitão Guerreiro do Reino, que escolheu agir de
forma egoísta.

Ignorando os olhares surpresos ao seu redor, Gazef sorriu com calma.

“Então, vamos começar. Vocês dois, espero que vocês testemunhem minha batalha
final.”

♦♦♦

Climb não poderia ter imaginado que o homem chamado Brain Unglaus poderia ter
mostrado um lado tão frágil de si mesmo.

O Brain que ele conhecia era forte, de espírito livre e intocável. No entanto, ele não viu
vestígios disso no homem cuja cabeça estava abaixada. Mesmo assim, ele não achava
que Brain fosse fraco.

"Brain. Você não vai completar este dever?”

Gazef falou estas palavras sem olhar para trás.


Brain se recusou a se mover. A maneira como as mãos dele agarraram o chão
transmitiu seu pesar a Climb. Mesmo assim, Climb tinha que dizer isso.

"...Este é o desejo de Stronoff-sama."

Ele não achava que o Gazef Stronoff poderia ganhar.

Foi por isso que Climb e Brain tiveram que atender ao pedido de Gazef.

Lentamente, Brain se levantou.

Estava quente.

Climb quase virou e correu.

Parecia haver algum tipo de ar quente impulsionando o Brain para cima.

“...Quantas vezes eu te fiz ver o lado vergonhoso de mim mesmo, Climb-kun? Estou
bem agora. Eu vou gravar a fogo a forma nobre de Gazef dentro de meus olhos.”

"...Obrigado."

Que tipo de relacionamento o Brain Unglaus e o Gazef Stronoff têm?

Climb não conseguia entender o vínculo entre eles, especialmente do lado de Brain.

Depois de perder para Gazef, ele embarcou em uma jornada para avançar suas
habilidades com a espada. Este era o Brain que Climb conhecia. No entanto, ele não
achou que o relacionamento deles fosse tão simples assim.

“Então, Stronoff-dono. Você poderia me deixar dar uma olhada nessa espada? Eu
gostaria de rapidamente examinar isso.”

Ainz fez esse pedido como se estivesse perguntando sobre uma conversa relaxada
sobre o tempo. Espadas encantadas poderiam ter todos os tipos de habilidades
imbuídas nelas. Examinar uma seria como revelar o funcionamento interno de sua
estratégia. Pelo senso comum, ninguém jamais concordaria com essa proposta.

Climb não era a única pessoa que pensava assim, e foi por isso que os olhos de Brain
também se arregalaram pelo que aconteceu em seguida.

Gazef girou a espada 180 graus e apresentou o punho a Ainz.

“Gazef! Você desistiu completamente de ganhar?”

"Brain! Não diga coisas tão grosseiras! O Rei Feiticeiro não é este tipo de ser.”
Ainz segurou a espada e lançou uma magia. Depois disso, ele riu alegremente.

"Que espada maravilhosa."

Ainz devolveu a espada a Gazef em primeiro lugar, da mesma forma que lhe fora dada.

“Stronoff-dono. Quanto do poder desta espada você conhece?”

“Eu a entendo completamente. Essa espada tem um fio irreal que pode cortar metal
como papel.”

"Incorreto. Isso é apenas uma fração do poder da espada.”

"—O quê? O que você quer dizer, Rei Feiticeiro-dono?”

“Bem, em suma, esta espada é uma arma que pode me matar. Algo assim é a condição
mínima absoluta para um duelo. Sem uma arma que possa me prejudicar, isso não seria
mais que uma execução.”

“Desculpe por compará-lo aos ratos que entraram na minha fortaleza.”

Ainz murmurou quando ele de repente produziu uma espada curta no ar.

Sem hesitar, ele arrastou a borda da lâmina brilhante em seu rosto em uma fatia forte.

No entanto, não deixou tanto como um arranhão.

“Objetos fracos e encantados como esse não podem prejudicar este meu corpo. Aliás,
esta espada curta é imbuída de muitos dados — ou melhor, muita mana — assim como
a espada que você carrega, Stronoff-dono. No entanto, sua espada pode me prejudicar,
em um desafio justo julgando o que sei ser verdadeiro. Posso pedir essa espada depois
de vencer?”

Gazef sorriu timidamente.

"Perdoe-me por recusar, mas esta espada é um tesouro nacional."

"Mm. PVP sob o pretexto de devolver itens que perderá, então? Muito bem."

"Meus mais profundos agradecimentos, Rei Feiticeiro-dono."

Depois de devolver a espada a Gazef, Ainz acariciou seu queixo em pensamento. Ele
recuou, um passo de cada vez, como se estivesse de acordo com alguma distância
regulada entre eles.
“Eu acho que isso deve ser cerca de cinco metros. E... porque não há contagem
regressiva, precisaremos de um sinal. Você aí de armadura branca. Encontre algo para
nos avisar.”

Tendo sido nomeado subitamente, Climb estremeceu.

"Climb, por favor."

“Eu tenho sino mágico aqui. Eu vou tocar e isso vai sinalizar o começo.”

Os dois assentiram silenciosamente para a proposta de Climb.

Gazef levantou a espada, apontando para os olhos do inimigo. A força impregnou cada
fibra do seu ser. Aos olhos de Climb, que estava atrás dele, o corpo de Gazef parecia
crescer diante de seus olhos.

Este era um espírito de luta esmagadora. Ele nunca tinha visto a verdadeira pressão
que o Capitão Guerreiro do Reino poderia exercer. No entanto, seu corpo parecia
distante e ilusório, como uma miragem.

“Stronoff-sama...”

Esta seria a última vez que ele veria Gazef vivo.

"Não é garantido."

"—Eh?"

De repente, Brain negou Climb de onde ele estava ao lado dele.

"Não há garantias de que o Gazef perca. As chances são extremamente baixas, mas
ainda há chances de vitória. Aquele cara tem um movimento matador, sabe? A arte
marcial que ele usa como um trunfo?”

"O 「Sixfold Slash of Light」?"

Brain sorriu em voz baixa.

"Não. É uma arte marcial suprema que supera isso. Esse sujeito aprendeu isso.”

"É, é mesmo?!"

Enquanto Climb preparava a mão, ele olhou para a espada erguida de Gazef e para o
perfil de seu rosto, que estava cheio de foco máximo.
Era o rosto de aço do homem saudado como o Capitão Guerreiro, famoso nos países
vizinhos.

"Sim. Veio de um ex-aventureiro do reino, um adamantite. Foi uma arte marcial


inventada por Vesture Kloff Di Laufen, mas ele não podia usá-lo por causa de sua idade
avançada. Se o meu maior segredo, 「Nail Clipper」 é o resultado do uso de múltiplas
artes marciais de uma só vez, o trunfo de Gazef é a técnica mais forte. Quem sabe, esse
golpe... pode até ser capaz de alcançar o Ainz Ooal Gown.”
Obs.: Shalltear chamou a combinação de artes maciais que Brain usou de “Cortador de Unha”, isso no volume 06.

“Talvez fosse por isso que ele pedira um duelo cara-a-cara...”

Murmurou Brain. Seus olhos não deixaram a cena diante dele por um instante.

Climb engoliu.

A mão que segurava o sino parecia pesada. Depois que ele tocasse, o destino de Gazef
seria selado.

“Quer que eu faça?”

"...Obrigado. Mas... eu vou fazer isso.”

É assim, Brain murmurou, mas ele não disse mais nada.

Climb levantou o sino. Ele só podia rezar para que a vitória fosse para o Gazef.

E então — mais alto do que esperado — o sino tocou.

Sua consciência se concentrou no limite absoluto, Gazef entrou em cena com uma
velocidade inacreditável—

Sem perder um único momento, Brain e Climb abriram os olhos e observaram—

♦♦♦

—E diante de todos o mundo ficou quieto.

“Entendo... então contramedidas de tempo são importantes, afinal de contas.”

Porque Ainz tinha instantaneamente lançado o 「Silent Time Stop」, Gazef estava
congelado na frente de Ainz, sua espada estava levantada.

Nenhum ataque funcionaria enquanto o tempo estava parado. Mesmo que ele usasse
magia de ataque para bombardear Gazef, isso não lhe causaria nenhum dano. Por causa
disso, Ainz lançou uma magia enquanto controlava o tempo.
“「Delay Magic: True Death」.”

Esta foi uma magia de 9º nível.

Ele não o usava com frequência porque o 「Grasp Heart」 era uma magia mais
conveniente.

Se nenhuma magia pudesse afetar um inimigo enquanto o tempo parasse, então tudo o
que era necessário fazer era atrasar a ativação da magia até o momento em que a magia
terminasse. Embora tenha sido um ataque de combinação básica, acertar o timing para
isso era extremamente difícil. Como tal, apenas cerca de 5% de todos os usuários de
magia poderiam fazer isso.

Naturalmente, depois de muito treinamento e prática, Ainz também era um deles.

“...Adeus, Gazef Stronoff. Eu nunca te odiei.”

O efeito da magia terminou e o tempo voltou ao seu curso.

Antes que qualquer outra coisa pudesse acontecer, a outra magia entrou em vigor.

♦♦♦

—Gazef caiu lentamente.

"Eh?"

"O-que-que?"

Climb e Brain não tinham idéia do que acabara de acontecer.

No momento em que Gazef se adiantou, ele subitamente caiu.

Ainz pegou o corpo de Gazef.

Sua espada escorregou dos dedos sem forças e caiu no chão.

A batalha acabou.

No entanto, eles não conseguiam entender.

Ninguém sabia o que estava acontecendo.

“Que droga acabou de acontecer...?”


"Como eu vou saber!"

Brain deu voz a um grito de raiva.

"O que está errado? Levante-se! Gazef!”

No entanto, a sincera esperança de Brain foi negada friamente.

"Ele está morto."

Respeitosamente, talvez até reverentemente, o Rei Feiticeiro Ainz colocou Gazef no


chão. Depois disso, ele fechou lentamente os olhos bem abertos do homem.

Enquanto olhava para o rosto de Gazef, ele falou com as duas pessoas próximas.

“...Vendo como ele fez um desafio sem chance de ganhar me lembrou daquela época.
Como sinal de respeito pelo Capitão Guerreiro, vou impedir o ataque das Crias Negras.
Seu corpo será devolvido depois que estiver devidamente preparado.”

“...Não, não há necessidade disso. Nós vamos levar o Gazef de volta. Não há
necessidade de incomodar você.”

Climb exalado pesadamente.

Brain iria desafiar Ainz para uma batalha sem esperança?

Ele se perguntou, no entanto, não havia necessidade disso.

"Mesmo."

Respondeu Ainz antes de se levantar novamente.

“A magia de morte instantânea que usei, 「True Death」, invalidará a magia de


ressurreição de nível inferior. Diga isso ao povo do Reino. Diga-lhes que serei
misericordioso com aqueles que se submetem respeitosamente.”

Ainz levemente flutuou no ar.

Mesmo quando viram suas costas indefesas, os dois sabiam que não podiam cometer
um ato vergonhoso como atacar por trás.

Ainz sentou-se nos tentáculos da Cria Negra.

Verdadeiramente, era um trono aterrorizante.


“Cedam E-Rantel e as áreas circunvizinhas para mim sem demora e meus cordeiros
não vão passear pela Capital Real. Diga ao Rei isso quando você o vir novamente.”

A Cria Negra se virou e saiu, e as outras quatro Crias Negras também começaram a
voltar para o castrum Imperial.

“Climb-kun. Eu tenho um pedido... Eu posso levar o Gazef-dono de volta?”

"...Muito bem. Então levarei a espada de Stronoff-sama para casa.”

"Muitas pessoas morreram."

"Sim, muitos para contar."

"...O que acabou de acontecer?"

"Eu não sei. Mas, se alguém tão poderoso se chama rei e reivindica esse território...”

"Tenho certeza de que, no futuro, uma guerra vai definitivamente estourar. E quem
sabe, os mortos podem superar os cadáveres de hoje.”

Andando atrás de Brain, que carregava Gazef em suas costas, os pensamentos de Climb
se voltaram para o futuro do Reino, que estava envolto em nuvens escuras.

As palavras de Brain definitivamente se tornariam realidade. O importante era o que


ele poderia fazer e depois o que ele faria.

E o mais importante foi—

—Tenho que proteger a Renner-sama.

Climb cerrou o punho e se decidiu. No mínimo, ele tinha que proteger sua amada, não
importava o que custasse.
Epílogo
vento frio da noite passou por ele.

O
Isso fez o cabelo de Brain Unglaus ondular assim como suas roupas.

"...Está congelando aqui..."

O vento espalhou sua respiração branca pálida e seus murmúrios, levando-os à


distância.

Até mesmo as partes mais profundas de seu corpo pareciam estar congeladas.

Brain estava sozinho no topo dos muros de E-Rantel, onde os três estavam antes de
saírem.

Não havia nada aqui exceto a escuridão.

Muitos do povo do Reino perderam a vida durante a batalha — não, o massacre das
Planícies Katze.

Ele se lembrou do que viu quando se arrastou daquele campo de batalha.

As pessoas derrotadas arrastavam seus pés sem vida, suas roupas estavam
esfarrapadas e pareciam totalmente desgraçadas.

Mesmo que o Brain fosse um guerreiro que trilhou o limite da vida e da morte em uma
base regular, a imagem daquele paisagismo infernal — criado por um único magic
caster — permaneceu gravada em seus olhos.

Mesmo E-Rantel, "protegida pelas muralhas da cidade", não poderia ser considerado
um lugar seguro por qualquer definição da palavra. No entanto, os soldados que
fugiram para cá estavam totalmente exaustos e desmoronaram como marionetes cujas
cordas haviam sido cortadas.

Sobre esta torre vazia, Brain lentamente exalou.

Então, ele olhou silenciosamente para o céu.

"Eu só continuo pensando... nada realmente importa mais."

Brain olhou para as mãos.

Mesmo agora, o peso de quando ele carregou o pedaço sem vida de carne que era o
corpo daquele homem, a sensação ainda permanecia nelas. Por mais que tentasse, ele
não podia esquecer.
Ele era um grande homem e um rival que sempre tinha um passo à frente.

A morte daquele homem — Gazef Stronoff — o encheu de uma profunda sensação de


perda.

O que Gazef quis dizer para Brain não podia simplesmente ser resumido pela palavra
“rival”.

Brain havia se tornado o homem que ele era agora porque Gazef havia lutado contra
ele durante o torneio marcial, porque ele havia derrotado Brain e seu orgulho, porque
ele tinha acendido o ardente desejo de Brain de derrotar Gazef.

Brain Unglaus viveu, cresceu e se refinou por causa de Gazef. A força do homem
chamado Gazef foi suficiente para Brain investir sua vida em superá-lo. Foi exatamente
como um filho teve que superar uma barreira que ele chamava de pai.

No entanto, a pessoa que ele deveria ter superado já não existia.

Certo até o final, Gazef havia se erguido diante dele até que sua vida fosse clamada.

Brain havia visto o verdadeiro significado do poder na forma de Shalltear Bloodfallen.


Então, durante algum tempo, ele caiu e não conseguiu se levantar.

Ele confiara em sua força como base de sua confiança; assim, quando sua força foi
quebrada, o resto dele se mostrou inesperadamente frágil. Brain que estava aqui, agora
podia admitir isso.

No entanto, Gazef foi completamente diferente.

“Ainz Ooal Gown certamente deve ser um monstro do mesmo calibre que a Shalltear
Bloodfallen. E, no entanto, Gazef se adiantou para enfrentá-lo sem hesitar.”

Naquela época, Gazef não pediu o duelo por uma razão inútil como sua própria
sobrevivência. Ele deve ter tido uma motivação completamente diferente de Brain, que
havia manuseado sua espada em Shalltear enquanto estava à beira das lágrimas.

O que o motivava?

"Eu não entendo. Por que você não correu?”

Forçar suas palavras era como tossir sangue.

“Por que você escolheu morrer? Aquele monstro disse que ele teria deixado você ir,
não? Você não deveria ter conservado sua força para desafiá-lo mais tarde? Por que
você fez isso?! Se você tivesse que morrer, eu queria ir com você!”
Se ele não pudesse ultrapassar Gazef, então Brain queria morrer com ele.

Brain virou sua visão para a arma em sua cintura.

Era a Razor Edge, ele ganhou permissão para portá-la temporariamente.

Brain sacou a Razor Edge, e ativou sua arte marcial.

"「Fourfold Slash of Light」."

Essa foi a técnica que Gazef usou para derrotar Brain no torneio marcial.

Quatro arcos de luz dividiram o corrimão próximo em pedaços. Não houve


virtualmente nenhuma resistência e a lâmina fluiu através do metal como se fosse água.

“Eu aprendi isso por sua causa... eu te admirei... queria morrer com você. Por que você
não me deixou lutar ao seu lado? Por que você não me disse que eu poderia morrer com
você?”

Brain cobriu o rosto.

Seus olhos estavam quentes, mas as lágrimas não fluíram.

Nesse momento, o som de passos chegou aos ouvidos do Brain. Apenas uma pessoa
viria aqui.

“Eu ouço homens chorando mais facilmente quando ficam mais velhos. Eu acho que é
verdade.”

"Eu acho que a dor de perder alguém precioso não tem nada a ver com a idade."

Era a voz rouca que ele esperava.

“...Perdoe-me, Climb-kun. No final, deixei tudo para você.”

Brain esfregou os olhos e embainhou a espada. Ele se virou e viu Climb, vestindo sua
armadura com uma expressão confusa no rosto.

“No entanto... bem, mesmo se eu estivesse lá, teria sido inútil, certo? Nestas
circunstâncias, ninguém vai tentar matar o Rei. Diga-me, o que aconteceu depois
disso?”

"Sim. O Príncipe Barbro ainda não retornou, então eles decidiram enviar uma equipe
de busca para ele amanhã.”
E como não podiam poupar soldados suficientes para esse dever, estavam planejando
usar aventureiros.

“Depois disso, houve a questão de ceder E-Rantel — foi uma decisão unânime. Todos
os nobres aprovaram. Até o Rei concordou.”

Até mesmo os nobres da Facção Real haviam aprovado.

Durante a perturbação demoníaca, o poder da Facção Real havia crescido. Embora


esse aumento no poder significasse que eles poderiam mobilizar o vasto exército que
eles enviaram para as Planícies Katze, isso também significava que as perdas graves
que sofreram lá teriam repercussões maciças. E se eles entregassem E-Rantel, que era
administrado diretamente pela Coroa, então somente a família real perderia. Eles
provavelmente pensavam que, como esse era o caso, eles poderiam fazê-lo, já que era a
única maneira de sobreviverem.

Desta vez, a Facção Real foi severamente enfraquecida, enquanto a Facção Nobre se
fortaleceu novamente.

O que tudo isso significaria para o futuro?

De repente, ele percebeu que o corpo de Climb estava tremendo.

Ele não estava tremendo de raiva, mas de medo. Lembrar as horríveis vistas de antes
deve ter deixado sua alma quebrada em gritos. Esse desespero absoluto provavelmente
se aproximava dele.

"...Mesmo agora, fico com medo quando penso neles."

Talvez fosse algo como uma força nascida do desespero.

Em suas memórias, ele lembrou como Climb estava com ele em preparação para lutar
contra o Rei Feiticeiro.

Talvez ele saiba a resposta...

Ele pensou.

“Ei, me diga uma coisa. Por que o Gazef pediu o duelo?”

O rosto de Climb era uma imagem de surpresa. Assim que Brain se perguntou se ele
não tinha sido claro o suficiente e preparado para esclarecer sua pergunta, Climb
respondeu:

"Esta é apenas minha opinião pessoal, está tudo bem?"


"Tudo bem, está tudo bem, vá em frente."

"...Será que ele queria mostrar algo para nós?"

"...Mostrar o que para nós?"

“O poder do Rei Feiticeiro, Ainz Ooal Gown. E então... ele deve ter desejado nos dar um
futuro.”

"Um futuro?"

"Sim. Foi assim que teremos algumas táticas e informações para o caso de precisarmos
lutar contra ele no futuro.”

Brain se sentiu atingido por um raio em um céu azul.

Não poderia haver outra resposta. Climb estava certo.

Aquele homem apostou sua vida para espremer a pouca informação que pudesse para
eles. Embora, ele não pensasse que o Rei Feiticeiro, como um magic caster, entraria de
bom grado em combate corpo-a-corpo novamente sem guarda-costas ao seu lado.
Mesmo assim, ele apostou sua vida na chance miraculosa de que isso pudesse acontecer
novamente. Então, quem ele confiaria essa possibilidade?

Brain riu de si mesmo:

Eu nunca pensei que poderia ser o caso.

Nesse caso... como ele viveria, agora que ele sabia quais eram os pensamentos de
Gazef?

Enquanto Brain se perdia em pensamentos, Climb fez uma pergunta, como se fosse
incapaz de suportar o silêncio.

"...Se eu não estiver errado, Stronoff-sama não permitiu ser ressuscitado, certo?"

"Gazef era esse tipo de homem."

Mesmo se eles usassem a magia de ressurreição, isso não significa necessariamente


que os mortos voltariam à vida. As lendas disseram que as pessoas felizes com suas
vidas recusariam a ressurreição.

"O Rei não parece ter aceitado isso ainda."

“Isso é apenas esperado. No entanto, ele não voltará... Ainda assim, é uma surpresa.”
"Sim. Eu não entendo o que o Gazef-sama estava pensando. Ele não deveria voltar à
vida e continuar prometendo sua lealdade? É o que eu faria.”

"Mesmo? Quanto a você, Climb, acho que você faria isso. Quanto a mim... não me traga
de volta depois que eu morrer. Eu não acho que... eu vivi uma vida que me arrependo.”

“De minha parte, eu ainda escolheria retornar. Eu quero dedicar meu corpo para o
serviço de Renner-sama... se eu puder pagar.”

Apenas uma pessoa no Reino poderia usar a magia de ressurreição. Não havia dúvida
de que o preço que ela pedia seria impressionante... mas esse era o preço justo de
desafiar o julgamento da morte.

Durante a perturbação demoníaca, todos os aventureiros pertenciam tecnicamente à


mesma equipe, de modo que havia uma exceção, mas sob circunstâncias normais, a
ressurreição custaria uma quantia considerável. Era uma quantia que faria com que os
olhos saíssem, e os civis ou soldados normais pudessem trabalhar a vida toda e nunca
conseguir arcar com isso. O mesmo valia para Climb.

Sua Princesa-sama pagaria de bom grado.

Brain não disse. Em vez disso, ele respondeu:

"Mesmo?"

O silêncio desceu sobre eles novamente. Desta vez, Brain o quebrou.

"Eu realmente queria derrotar esse cara..."

Climb não respondeu. Brain não esperava uma resposta. Não, se ele pensasse
racionalmente, essas palavras não significavam nada para Climb. No entanto, ele sentiu
que tinha que dizer as coisas empilhadas em seu coração.

“Eu perdi para ele no passado. Então eu pensei que queria vencê-lo. Mas agora, isso é
impossível... Ah, o deixei fugir”

Brain disse isso olhando para o céu noturno, e completou:

"Droga..."

"...Brain-san."

O que devo fazer?

O que devo fazer sobre o desejo de Gazef?


“Não, deveria ser assim. Sobre o que eu estou confuso? Há apenas duas escolhas.
Continuar, ou não continuar. Eu quero... vencer? Ah, então é isso?...”

No final, não há apenas uma resposta a escolher?

Um sorriso selvagem floresceu no rosto de Brain, e ele levantou a Razor Edge para o
céu.

“Hmph! Quem em sã consciência viverá sobre seus desejos?!”

Brain gritou alto, do fundo do seu coração.

“Você escolheu morrer! Como você se atreve a tomar o caminho mais fácil! Vai se
arrepender depois da morte! Eu — eu vou, vou superar você do meu próprio jeito!
Climb! Vamos beber! Vamos pegar um pouco de vinho e nos divertir!”

Ele não sabia o que fazer.

No entanto, ele sabia que não queria simplesmente herdar o desejo de Gazef. Se ele
fizesse isso, não importava o que fizesse, nunca seria capaz de superá-lo.

Além disso, ele provavelmente acabaria pensando em Gazef uma e outra vez no futuro.
Portanto, ele deve esquecê-lo por um tempo.

Brain estendeu a mão para agarrar Climb pelo ombro e empurrou-o para frente. O
peso em suas mãos se diminuiu um pouco.
Um Marco Para Um Novo Capítulo
odos aguardavam a chegada da primavera. Isso era mais por parte dos

T camponeses, que podiam sentir a terra voltando à vida sob seus pés. No entanto,
os moradores da cidade também receberam a primavera. Claro, eles fizeram
isso porque não precisariam gastar mais em aquecer suas casas.

O primeiro dia da primavera em E-Rantel ficou em silêncio, no entanto.

As ruas principais estavam vazias, como se todos nelas tivessem morrido. Ainda assim,
podia-se sentir pessoas das casas que enfrentavam as ruas através das pequenas
aberturas nas persianas e portas. Essas eram pessoas que estavam prendendo a
respiração e espiando o mundo lá fora.

Hoje foi o dia em que E-Rantel seria oficialmente cedida a Ainz Ooal Gown e se tornaria
uma cidade no Reino Feiticeiro de Nazarick.

O primeiro portão da cidade se abriu e os sinos de boas-vindas tocaram.

Depois de muito tempo, o segundo portão se abriu e os sinos ecoaram pela cidade mais
uma vez.

Entre o segundo e o terceiro portão ficava a zona residencial da cidade.

Os moradores de E-Rantel estavam com medo, mas não fugiram porque sabiam que,
mesmo que corressem, tudo o que os aguardava seria uma vida de desespero.

Mesmo se fossem mestres ou comerciantes especializados em E-Rantel, em outras


cidades, teriam que começar de novo como aprendizes.

Cidades com histórias longas tinham um sistema profundamente enraizado. Pessoas


de fora que eram novas na cidade naturalmente precisariam começar das posições mais
baixas e mais juniores. Isso quer dizer que, mesmo se fugissem para outra cidade, a
maioria deles não seria capaz de encontrar um emprego adequado e viveriam e
morreriam como pobres nas favelas.

Sem nenhum lugar para onde fugir, a maioria dos moradores permaneceu em E-
Rantel.

No entanto, se a vida deles estivesse em perigo, eles escolheriam fugir. Isso era apenas
esperado. Afinal de contas, as fofocas sobre o novo governante, não, seu novo Rei, era
que ele era um ser temível.

Eles disseram que ele era um magic caster que massacrou o Exército Real.

Eles disseram que ele era um ser de sangue frio que parecia um undead.
Eles disseram que ele era um monstro que gostava de tomar banho no sangue fresco
das crianças.

Os rumores que circulavam eram todos dessa natureza, com quase nenhuma palavra
positiva sobre ele.

E assim, todos se escondiam atrás de suas portas, planejando espionar o Ainz Ooal
Gown entre as aberturas de suas janelas.

Eventualmente, a procissão de Ainz Ooal Gown chegou na rua principal.

Todos que o viram perderam o poder da fala.

Ele era um ser que combinava com os rumores que circulavam sobre ele.

A primeira pessoa que eles viram ainda pode ser considerada até normal. À frente do
contingente havia uma linda mulher que era tão radiante quanto a lua cheia.

Ela usava um vestido branco, com cabelo preto sedoso e sua pele era como alabastro.
Seu corpo, adornado com uma constelação de joias, não podia inspirar luxúria ou
inveja. No entanto, o fato de ela ter chifres de sua cabeça e longas asas negras de sua
cintura, além de sua beleza sobrenatural, eram todos sinais de que ela não era humana.

Por trás dessa linda deusa estavam os guerreiros. Ao olhá-los, os moradores


estremeceram incontrolavelmente.

Os guerreiros foram divididos em dois grupos, diferenciados pelos estilos de armadura


que usavam.

O primeiro grupo poderia ser chamado de "corporação de Death Knights".

Em suas mãos esquerdas, eles carregavam escudos de torre que cobriam ¾ de seu
corpo e, à direita, carregavam flamígeras.

Suas capas pretas esfarrapadas cobriam quadros maciços que tinham mais de dois
metros de altura. Sua armadura de metal preta estava cheia de padrões carmesins
ondulados, lembrando vasos sanguíneos. Também estava coberto de pontas afiadas.
Eles pareciam encarnações físicas de brutalidade.

Seus elmos com chifres demoníacos expunham seus rostos apodrecidos. Suas órbitas
vazias brilhavam com um fogo vermelho, cheio de ódio pelos vivos e um anseio pelo
massacre.

O segundo grupo poderia ser melhor descrito como "Um bando de guerreiros
mortos".
Eles carregavam espadas de lâmina longa, várias armas pendiam em suas cinturas;
machados de mão, maças, bestas, chicotes, espigões e muitas outras armas. Todos eles
tinham incontáveis dentes e arranhões — prova de que tinham sido muito usadas.

Eles tinham aproximadamente dois metros de altura e a armadura que usavam era
relativamente leve. Seus corpos estavam vestidos com armaduras de couro feitas de
pele de algum animal desconhecido. Sua armadura esfarrapada, os dois braços e partes
de seus rostos estavam cobertos de tiras mágicas — tiras de pano cobertas de runas
arcanas.

Abaixo dessas faixas havia visuais semelhantes aos do grupo anterior; rostos
arruinados que não poderiam pertencer a seres humanos.

Todos podiam sentir um poder avassalador que irradiava desses grupos, mas à medida
que o palanquim carregado por vários desses seres surgia, o choque que eles já haviam
experimentado foi abalado por um ainda maior.

Um undead estava sentado no palanquim. Uma esmagadora aura de morte flutuava ao


redor dele, uma névoa negra que se agitava como um turbilhão. O brilho da obsidiana
brilhava de suas costas.

Os instintos de todos imediatamente disseram a eles quem era.

Era o Ainz Ooal Gown.

Nós não podemos sobreviver sob o domínio deste monstro; perigoso nem sequer começa
a descrever como nossas vidas serão. Assim que todos começaram a pensar nisso, o som
de uma porta se abrindo soou no ar.

Os cidadãos de E-Rantel apertaram os olhos para as aberturas e fendas para espiar


para fora, a fim de ver o que estava acontecendo. O que eles viram foi a forma de uma
criança correndo. Ele segurava algo na mão e estava correndo em direção ao desfile de
seres inumanos de Ainz Ooal Gown. Atrás da criança, sua mãe pálida de medo estava o
perseguindo.

“Me devolva meu papai!”

A voz jovial do menino ecoou pelas ruas.

“Me devolva meu papai! Seu monstro!"

O menino jogou alguma coisa. Era uma pedra.

A pedra voou em direção ao desfile — seu alvo provavelmente era Ainz Ooal Gown.
Talvez tenha sido devido ao nervosismo, mas a pedra ficou aquém da sua marca e
rolou pela estrada de paralelepípedos.

Atrás dele, sua mãe parecia que sua alma havia deixado seu corpo. Ela sabia o que
aconteceria com eles agora.

A mãe abraçou o filho por trás enquanto seu corpo estremecia. Ela tentou
desesperadamente proteger e esconder seu corpo em seus braços.

“Ele é apenas um menino! Por favor, eu te imploro! Eu te imploro para perdoá-lo!”

A mulher bonita sorriu em resposta ao pedido frenético da mãe.

Eles foram salvos. Aquele era um sorriso caloroso e maternal que colocaria o coração
de alguém à vontade.

“—Grosserias como essa ao Ainz-sama merece nada menos que a morte.”

A mulher bonita produziu um gigantesco bardiche do nada. O fato de poder exercê-lo


tão facilmente falava de sua força desumana nos braços.

Os residentes podiam facilmente imaginar os usos para aquele machado, e seus


palpites estavam provavelmente certos.

"Devo dizer que é bem decepcionante isso vindo do gado. Você não acha vergonhoso
quando o preço por quilograma de sua carne passa a valer menos?”

Enquanto observava a mulher se aproximando devagar, a mãe percebeu o que ia


acontecer com eles e abraçou o filho com força.

"Por favor! Poupe meu filho, mesmo que seja apenas meu filho! Tire a minha vida, faça
o que quiser comigo! Por favor!"

"O que você está dizendo? Não há motivo para te matar, ou tem? Ainz-sama não gosta
de abates sem sentido. A sua inocência é certa. Por favor, descanse e espere isso entre
seus braços se tornar mincemeat... embora, se dependesse de mim, eu preferiria
transformá-lo em um croquete.”
Obs.: “Mincemeat” é uma massa de carne moída com frutas secas.

O menino nos braços de sua mãe parecia não perceber que ele seria morto em breve.
No entanto, qualquer pessoa que assistisse sabia que a curta vida da criança acabaria
em poucos segundos. No entanto, ninguém estava disposto a dar um passo à frente para
salvá-lo.

Embora eles quisessem se afastar da tragédia iminente, ninguém conseguia desviar os


olhos.
Mãe e filho ficaram paralisados pela aura assassina que a beleza emitia.

"Lamente o seu crime de grosseria contra o mais exaltado quando você morrer."

No momento em que a mulher balançou sua enorme arma, a terra estremeceu quando
o som de metal batendo contra o metal soou. A fonte desse som era uma grande espada
projetada do chão, separando a mãe e filho da bela mulher.

Essa espada — e seu portador — era conhecida por todas as pessoas nas ruas.

Ele era uma lenda viva.

Ele era um guerreiro invencível.

Ele era um herói gentil.

♦♦♦

Quando viram a entrada do único ser que poderia salvar o par miserável, o povo gritou
o nome do espadachim em seus corações.

—O nome do Guerreiro Negro, Momon.

♦♦♦

Um homem vestido com uma armadura preta azeviche saiu lentamente de uma ponta
do beco e distendeu sua greatsword presa no chão. Com um movimento poderoso de
seu pulso, ele sacudiu a sujeira. Sua outra mão já estava segurando uma espada, e o
Momon pronto para a batalha enfrentou a linda mulher.

“Existe uma necessidade de usar tanta força em um menino jogando uma pedra?
Ninguém vai querer se casar com você.”

"Mesmo se você me disser, eu não vou ser feliz... ghrun! O pecado da grosseria contra o
Ainz-sama não conhece idade! Todos os que cometem devem perecer!”

"E o que acontece se eu não permitir?"

“Então você será um traidor do senhor desta terra e será exterminado!”

"Jura? Bem, isso não é uma coisa ruim. No entanto, não pense que você pode pegar
essa cabeça tão facilmente, hm? Se você quiser, é melhor estar preparado para arriscar
a sua também.”
Momon habilmente girou as espadas em suas mãos e assumiu uma postura de luta.
Essa postura ousada e dominadora era certamente a coisa que os heróis eram feitos.

"Vocês aí, protejam o Ainz-sama."

Depois de dar uma ordem aos guerreiros de armadura negra atrás dela, a beleza
preparou sua bardiche por sua vez.

Os espectadores acreditavam originalmente que o vencedor desse confronto seria


Momon. Mas a aura de batalha irradiando dos dois negava essa expectativa. Eles
podiam sentir que a mulher bonita era uma guerreira em pé de igualdade com Momon.

Os dois encurtaram a distância um do outro em termos de milímetros. Aquele que


interrompeu o conflito iminente entre os dois fôra Ainz Ooal Gown. Pelo poder da
magia, ele silenciosamente voou do palanquim e aterrissou na terra, antes de colocar
uma mão no ombro da beleza.

"Ainz-sama!"

Ele se inclinou e colocou a boca no ouvido da beleza antes de sussurrar. Seu rosto se
iluminou com um sorriso encantador e gentil.

“Eu entendo, Ainz-sama. Será como você diz.”

Ela inclinou-se para Ainz e depois apontou sua bardiche para Momon. No entanto, sua
intenção assassina de agora estava ausente.

“...Eu ainda não ouvi seu nome. Diga.”

"Eu sou Momon."

"Entendo. Momon. Então, eu te pergunto. Você acha que pode nos derrotar?”

"...Não, eu não posso. Mesmo que eu lutasse até a morte, eu só poderia derrotar você
ou a pessoa ao seu lado.”

O desespero encheu os corações de todos que ouviram estas palavras. Foi porque eles
sabiam que até o grande herói só poderia matar um desses monstros.

“E além disso... se eu lutasse com todas as minhas forças, muitos inocentes seriam
pegos em nossa batalha. Eu não posso fazer uma coisa dessas.”

“Que idiota. Apesar de suas habilidades impressionantes, você iria tão longe para esses
fracos — eu falei demais. Ainz-sama tem uma proposta para você. Ouça com gratidão.
Entregue-se e jure fidelidade a nós como um guerreiro de Nazarick.”
"—Você está brincando comigo?"

"Que rude. Ainz-sama não deseja governar esta cidade com desespero e
derramamento de sangue. Além disso, matar humanos não tem nenhum mérito para o
Ainz-sama. Mas mesmo se disséssemos isso, as pessoas daqui não acreditariam. Então,
vamos fazer você trabalhar ao lado de Ainz-sama.”

"...Que tipo de trabalho seria?"

“No futuro, pode haver mais tolos que atirariam pedras em Ainz-sama. Nesse ponto,
você terá que remover suas cabeças. Em troca, você pode ver como o Ainz-sama não
maltrata os inocentes desta cidade.”

"...Entendo. Então, eu serei um vigia que ficará ao seu lado?”

“Não é bem assim. Como eu disse, você será responsável pela eliminação de traidores.
Assim, você será um representante do povo que goza de ter um executor.”

"Eu não tenho intenção de me jurar ao serviço do mal."

“Nem nós temos planos de perpetrar esse tipo de mal. Então o que você irá fazer? Se
você não prometer sua espada ao Ainz-sama, então você será morto aqui e agora como
um indivíduo perigoso, não importa quantas pessoas nós tenhamos que matar para
chegar até você.”

Momon olhou em volta.

"Eu pretendo viajar e não tinha intenção de ser subordinado a ninguém..."

“Essa também é uma resposta aceitável. Então, vamos começar o dano colateral para
as pessoas ao redor agora?”

"Espere! Não tire conclusões precipitadas. Eu ainda não tomei minha decisão. Eu tenho
uma parceira. O que irá acontecer com ela?"

“Então ela deve se comprometer com o Ainz-sama também. Não pode haver outra
resposta.”

"O velho eu poderia ter colocado a viagem como uma prioridade mais alta... mas
parece que eu me apeguei a esta cidade. Vai ficar tudo bem se eu não me ajoelhar?”

Ainz mais uma vez sussurrou no ouvido da beleza.

“Isso é permissível e, portanto, está decidido. Momon, trabalhe arduamente para o


Ainz-sama.”
"...Compreendo. Mas lembre-se de que, se você ferir as pessoas da cidade sem nenhum
motivo, esta espada será apontada para você e seu mestre.”

“...Nesse caso, quando as pessoas desta cidade se levantarem em revolta contra o Ainz-
sama, eu espero que essa espada também seja apontada para aqueles que se rebelam.
Não importa se são crianças ou não. Estou ansiosa para o momento em que esta cidade
se levantará contra nós, e para o seu rosto agonizante enquanto você executa seu povo.
Então, iremos em frente primeiro. Junte-se a nós depois.”

A comitiva de Ainz Ooal Gown continuou em frente. Depois que a monstruosa


procissão finalmente sumiu de vista, as pessoas saíram de suas casas. Era incrível como
tantas pessoas conseguiram se manter tão bem escondidas.

Todos estavam elogiando Momon.

Assim que Momon começou a acalmar timidamente a maré de adoração, um som


nítido ecoou claramente sobre a multidão. Foi o som da mãe batendo no filho.

"Por que você fez aquilo?!"

De novo e de novo, ela deu um tapa no filho.

Mãe e filho estavam chorando, mas mesmo assim ela não parou de bater nele.

Momon agarrou a mão da mãe.

"Você não acha que é suficiente por enquanto? Há algo que eu gostaria de perguntar a
ele.”

“Esse menino causou tantos problemas para você, Momon-sama! Pedimos sinceras
desculpas pelo fundo dos nossos corações!”

“Não, por favor, não dê atenção a isso. Não há necessidade de se desculpar, Ah, não há
necessidade de chorar também. Eu tenho algumas perguntas para você."

Enquanto Momon tentava silenciar o choro do menino, ele perguntou ao menino o


porquê ele havia feito aquilo.

Todos achavam que o menino devia querer vingar o pai, mas o garoto disse que depois
que um homem estranho lhe sussurrou palavras, ele sentiu que jogar a pedra era a
coisa certa a fazer.

“Entendo... não é preciso punir seu filho. Este foi provavelmente o resultado de
controle mágico. Com toda a probabilidade, é uma tramoia da Teocracia, tentando me
forçar a um confronto com Ainz Ooal Gown.”
“...Não, a Teocracia não faria isso. Esse plano não foi idéia de Ainz Ooal Gown para
fazer você se tornar vassalo deles, Momon-sama?”

Momon assentiu profundamente para as palavras de um lojista. Ele abrira sua loja aqui
apenas alguns anos atrás.

“Isso é certamente uma possibilidade. Mas por outro lado, também é uma boa
oportunidade. Como tenho uma desculpa para estar ao seu lado, posso monitorar seus
movimentos. Se ele planeja prejudicá-los, vou cortar a cabeça dele. Mas em troca, vocês
não devem se revoltar contra Ainz Ooal Gown.”

"Por que não deveríamos?! Enquanto você está por perto, Momon-sama—”

“—Por favor, não continue essa linha de conversa. Eles estão esperando que alguém
fale essas palavras. Se você se rebelar, ele me mandará matá-los por diversão.”

Momon abriu os braços e continuou falando com todos abertamente.

“Eu não posso ser aquele que quebrará o acordo que acabamos de firmar. Por causa
disso, espero que todos cooperem com eles, desde que não façam exigências irracionais.
No entanto, se você acha que não foi tratado de forma justa, por favor, venham a mim.”

Os rostos das pessoas assumiram olhares de dor quando perceberam que eram reféns
de Momon.

Momon sorriu gentilmente para eles.

“No entanto, espero que vocês não se preocupem muito. Para começar, esse sujeito
pode acabar sendo um governante inesperadamente bom. Vamos esperar e ver. Além
disso, se a Teocracia fazer um movimento, eles podem tentar incitar vocês a se
revoltarem. Espero que todos vocês mantenham os olhos abertos.”

Ninguém poderia aceitar isso.

Mas, ao mesmo tempo, ninguém poderia se opor a isso.

Ainz Ooal Gown, um undead. Ninguém podia confiar em um ser perigoso como aquele
que nutria ódio pelos vivos. No entanto, todos confiavam em Momon. Na verdade,
Momon tinha desistido de seus objetivos pelo bem da cidade. Era natural que eles
dessem sua lealdade ao Momon em agradecimento.

Todos os presentes concordaram com a proposta de Momon, e depois de prometer


espalhar essas palavras para as pessoas ao seu redor, eles se dispersaram.

Como resultado, o governo de E-Rantel foi pacífico, sem derramamento de sangue,


algo que as nações vizinhas mal podiam acreditar.
Posfácio
Obrigado a todos que compraram o Volume 09. Por alguma razão, tornou-se outro
volume grande e pesado.

Quando comecei a escrever isso, perguntei ao editor “Como não há muito o que
escrever para este volume, eu devo conseguir fazê-lo em cerca de 200 páginas, certo?”.
Mas quando recebi o volume impresso, me perguntei "Por que é tão espesso?".

É um mistério.

Isso é muito estranho. De onde vieram as 200 páginas extras?

Ainda assim, quero tentar terminar um volume com cerca de 300 páginas, e não 300
páginas apenas a Parte 1 e a Parte 2.

De qualquer maneira, eu não sei o que aconteceu, mas os desenvolvimentos nos


próximos Volumes serão completamente diferentes da Web Novel, o que me deixa meio
nervoso. Ainda assim, espero que todos gostem. Eu estimo que o Volume 10 terá 300
páginas.

Falando nisso, na semana passada, o mangá “Overlord” desenhado por Miyama Fugin-
sensei foi colocado à venda. Esta semana, o Volume 09 da Light Novel saiu, e na
próxima semana será o início da transmissão do anime de Overlord. Essas 3 semanas
estarão cheias de Overlord!

Produzimos algo grandioso graças à ajuda de todos que trabalham nele.


(Especialmente So-bin sama... Ele tem muito trabalho a fazer, me faz chorar toda vez
que penso nisso. É como... bem, às vezes eu sinto que estou me dando muito trabalho).
Espero que todos possam aproveitar o Mangá, a Light Novel e o Anime.

E agora, aos agradecimentos habituais.

Muito obrigado a So-bin-sama, por suas ilustrações incríveis e trabalhando na


animação e mangá com toda a sua alma.

Os designers da Chord Design Studio, não apenas trabalharam na Light Novel, mas
também no logo do Anime de Overlord. O logo do Anime é legal e surpreendente.
Murata-sama, que se esforçou muito para desenhar o mapa. Ohaku-sama e Itou-sama
editam e executam verificações detalhadas, então obrigado também.

Eu agradeço a todos que trabalharam arduamente para me ajudar a fazer esse volume
espesso, mas ao F-da-sama que não acha que o Overlord é muito grosso comparado a
outros livros que ele é responsável, obrigado também. E o Honey que, como pai, disse
“as crianças são incríveis” na cena do Marquês Raeven, muito obrigado, como sempre.

Embora eu não possa encaixar todo mundo aqui, agradeço a todos que participaram
não só da Light Novel, mas também do Anime e Mangá de Overlord!
E, claro, meus maiores agradecimentos vão para os leitores que leram todos os
Volumes.
Ilustrações
Todos os anos, a guerra anual entre o Reino e o Império parece estar
chegando ao fim. No entanto, o governante do Império, Jircniv, também
conhecido como o "Imperador Sangrento", visita a Grande Tumba de
Nazarick e seus aliados com Ainz Ooal Gown, que o arrasta entre o conflito
das duas nações, transformando-o em uma guerra total.

ISBN 978-4047304734

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