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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA

Área Departamental de Engenharia Mecânica

U.C. Refrigeração
Projeto de dimensionamento de uma câmara frigorífica
para armazenamento de maçãs

Semestre de Inverno 2018-2019

Corpo Docente Realizado por


Professor Pedro Saraiva – 40628

Eduardo Vicente Nunes Vadim Vîlcu – 41935


ÍNDICE
1 Introdução .................................................................................................................................... 7
2 Objetivo ........................................................................................................................................ 8
3 Processos Biológicos dos Produtos Hortofrutícolas ...................................................................... 8
3.1 Respiração ............................................................................................................................. 9
3.2 Perda de água ....................................................................................................................... 9
3.3 Etileno ................................................................................................................................. 10
4 Conceção da câmara frigorífica ................................................................................................... 10
4.1 Aspetos construtivos ........................................................................................................... 10
4.2 Isolamentos......................................................................................................................... 12
4.2.1 Pavimento ................................................................................................................... 12
4.3 Tetos ................................................................................................................................... 13
4.4 Paredes ............................................................................................................................... 13
4.4.1 Espessura dos painéis de PUR ..................................................................................... 14
4.5 Portas .................................................................................................................................. 15
5 Condições de projeto .................................................................................................................. 16
5.1 Características psicrométricas exteriores ............................................................................ 16
5.2 Características psicrométricas interiores ............................................................................ 16
6 Dimensionamento dos espaços frigoríficos ................................................................................ 17
6.1 Diagrama da Instalação ....................................................................................................... 17
6.2 Dimensionamento da câmara ............................................................................................. 18
6.2.1 Cálculo do volume útil da câmara ............................................................................... 18
6.2.2 Disposição do produto na câmara frigorífica............................................................... 18
6.2.3 Dimensões finais da câmara frigorífica ........................................................................ 19
6.3 Tanque de pré-arrefecimento ............................................................................................. 20
6.3.1 Capacidade de produto diária da instalação frigorífica ............................................... 20
6.3.2 Altura do tanque ......................................................................................................... 20
6.3.3 Área do tanque............................................................................................................ 20
6.3.4 Potência do tanque de pré-arrefecimento .................................................................. 22
6.3.5 Chiller Selecionado para tanque de pré-arrefecimento .............................................. 23
7 Balanço térmico .......................................................................................................................... 24
7.1 Cargas térmicas externas .................................................................................................... 24
7.1.1 Cargas térmicas através das paredes, teto e pavimento (Q1) ..................................... 24
7.1.2 Cargas térmicas através da renovação do ar (Q2) ....................................................... 27
7.1.3 Carga térmica devido à infiltração do ar (Q3) ............................................................. 28
2
7.2 Cargas térmicas internas ..................................................................................................... 30
7.2.1 Carga térmica devida à iluminação (Q4): .................................................................... 30
7.2.2 Carga térmica devida ao pessoal de estiva (Q5) .......................................................... 30
7.2.3 Carga térmica devida a empilhadores (Q6) ................................................................. 31
7.2.4 Cargas térmicas devido à temperatura de entrada dos produtos (Q7) ....................... 31
7.2.5 Carga térmica devida ao calor de respiração dos frutos (Q8)...................................... 32
7.3 Carga térmica intermédia ................................................................................................... 32
7.3.1 Potência intermédia .................................................................................................... 32
7.3.2 Potência previsional .................................................................................................... 33
8 Instalação frigorífico ................................................................................................................... 33
8.1 Fluido frigorigénio da instalação ......................................................................................... 33
8.2 Descrição teórica do funcionamento dos ciclos de expansão direta ................................... 34
9 Seleção de Equipamentos ........................................................................................................... 36
9.1 Evaporador .......................................................................................................................... 37
9.2 Compressor ......................................................................................................................... 39
9.3 Condensador ....................................................................................................................... 42
10 Tubagens ................................................................................................................................. 44
10.1 Velocidade .......................................................................................................................... 44
10.1.1 Velocidades recomendadas e escolhidas .................................................................... 44
10.1.2 Caracterização das diferentes linhas ........................................................................... 45
10.1.3 Aspiração..................................................................................................................... 45
10.1.4 Descarga ...................................................................................................................... 46
10.1.5 Dreno .......................................................................................................................... 46
10.1.6 Líquido......................................................................................................................... 47
10.2 Isolamento da tubagem ...................................................................................................... 47
10.2.1 Espessura mínima de isolamento para fluido interior quente..................................... 47
10.2.2 Espessura mínima de isolamento para fluido interior frio .......................................... 47
10.3 Perdas de carga ................................................................................................................... 48
10.3.1 Perdas de carga na linha de aspiração ........................................................................ 50
10.3.2 Perdas de carga na linha de descarga ......................................................................... 51
10.3.3 Perdas de carga na linha de dreno .............................................................................. 52
10.3.4 Perdas de carga na linha de líquido ............................................................................. 53
11 Válvulas e acessórios............................................................................................................... 54
11.1 Depósito de líquido ............................................................................................................. 54
11.2 Válvula de solenoide ........................................................................................................... 55

3
11.3 Válvula de expansão............................................................................................................ 56
11.4 Válvula de isolamento de esfera ......................................................................................... 57
11.5 Válvula de retenção em linha .............................................................................................. 57
11.6 Válvula de regulação da pressão de evaporação................................................................. 57
11.7 Válvula de regulação da pressão de cárter.......................................................................... 58
11.8 Pressoestato........................................................................................................................ 58
11.9 Termostato.......................................................................................................................... 58
11.10 Visor de Líquido............................................................................................................... 59
11.11 Filtro secador .................................................................................................................. 59
11.12 Separador de óleo ........................................................................................................... 60
12 Referências ............................................................................................................................. 61

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ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Conceção da câmara frigorífica. .......................................................................................... 10
Figura 2 - Ligação de dois painéis de isolamento. ............................................................................... 11
Figura 3 - Pormenor de ligação dos cantos. ........................................................................................ 11
Figura 4 - Detalhe de montagem de painéis interiores de câmaras. ................................................... 12
Figura 5 – Constituição do pavimento. ............................................................................................... 12
Figura 6 - Características técnicas. Fonte: Isocor ................................................................................ 13
Figura 7 - Espessuras de acordo com temperatura. Fonte: Isocor ...................................................... 13
Figura 8 - Aplicação dos painéis isotérmicos. ...................................................................................... 13
Figura 9 - Barreira de vapor. ............................................................................................................... 15
Figura 10 - Carta Psicrométrica. .......................................................................................................... 16
Figura 11 - Palete de madeira normalizada. ....................................................................................... 18
Figura 12 - Caixa de fruta normalizada. 15kg ...................................................................................... 18
Figura 13 - Disposição das caixas e paletes. ........................................................................................ 19
Figura 14 - Chiller do tanque de pré-arrefecimento. .......................................................................... 23
Figura 15 - Representação Esquemática do ciclo ideal de expansão direta. ....................................... 34
Figura 16 - Funcionamento de um ciclo ideal de expansão direta. ..................................................... 35
Figura 17 - Representação do ciclo frigorífico teórico......................................................................... 36
Figura 18 - Parâmetros para a seleção dos evaporadores. ................................................................. 37
Figura 19 - Evaporador selecionado. ................................................................................................... 38
Figura 20 - Dimensões do evaporador. ............................................................................................... 39
Figura 21- Compressor selecionado. ................................................................................................... 40
Figura 22 Dimensões do compressor. ................................................................................................. 41
Figura 23 - Condensador selecionado. ................................................................................................ 43
Figura 24 - Dimensões do condensador. ............................................................................................. 43
Figura 25-Diâmetros normalizados de tubagens do tipo K ................................................................. 44
Figura 26-Dimensões normalizadas do isolamento ............................................................................ 48
Figura 27-Rugosidades Absolutas para vários materiais ..................................................................... 49
Figura 28-Tabela representativa do Diagrama de Moody ................................................................... 50
Figura 29-Valores de k para vários acessórios .................................................................................... 51

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ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Coeficiente Global de Transmissão de Calor (U) para diferentes espessuras- PUR. ........... 14
Tabela 2 - Propriedades de alguns isolantes. ...................................................................................... 14
Tabela 3 - Características psicrométricas exteriores de acordo com o RCCTE. ................................... 16
Tabela 4 - Características Psicrométricas Interiores. .......................................................................... 17
Tabela 5 - Cargas térmicas presentes na instalação frigorífica. .......................................................... 24
Tabela 6 - Características das paredes, teto e pavimento. .................................................................. 26
Tabela 7 – Fator de trocas de ar de câmaras frigoríficas..................................................................... 28
Tabela 8 - Calor cedido por metro cúbico. .......................................................................................... 29
Tabela 9 - Calor libertado pelas pessoas. ............................................................................................ 30
Tabela 10 - Calor libertado pelo produto. ........................................................................................... 32
Tabela 11 - Características Termodinâmicas do fluido R134a. ............................................................ 34
Tabela 12 - Modelo de Evaporador. .................................................................................................... 38
Tabela 13 - Características do modelo de compressor selecionado. .................................................. 40
Tabela 14 - Fatores de correção dos condensadores. ......................................................................... 42
Tabela 16 - Velocidades recomendadas. ............................................................................................. 44

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1 INTRODUÇÃO

A primeira máquina refrigeradora foi construída em 1856, usando o princípio da compressão


de vapor, pelo australiano James Harrison, também considerado o “pai da refrigeração”, que
tinha sido contratado por uma fábrica de cerveja para produzir uma máquina que refrigerasse
aquele produto durante o seu processo de fabrico, e para a indústria de carne processada
para exportação.
O frio é considerado o único meio de conservação dos alimentos no seu estado natural, e com
base nesta ideologia foi desenvolvido o método mecânico de refrigeração. Este, é
complementado com as propriedades frigorígenas dos gases, e tem a capacidade de retirar o
calor do interior de um espaço, arrefecendo até temperaturas próximas dos 0°C e até
inferiores a 0°C.
Para uma conservação mais prolongada, foi introduzido ao armazenamento frigorífico a
capacidade de alteração da composição da atmosfera. Este tipo de sistema designa-se por
atmosfera controlada, tendo como finalidade a regulação das concentrações de CO2 e de O2
dentro das câmaras hermeticamente fechadas.
Pretende-se que as instalações de frio tenham a capacidade de assegurar as melhores
condições dentro das câmaras, por formar a preservar da melhor forma o produto
armazenado. Para assegurar as temperaturas uniformes nos espaços de armazenamento,
devem ser tidos em consideração os seguintes elementos [1]:

• O fluxo de circulação de ar e a sua influência sobre o produto armazenado;


• O efeito da humidade relativa;
• A ventilação da instalação;
• A temperatura do produto à entrada;
• A temperatura de armazenamento adequada para o produto;
• O tempo de armazenamento expectável para o produto;
• Os movimentos de entrada e saída na área de armazenamento.
• O armazenamento refrigerado de produtos alimentares pode ser classificado em 2
categorias:
1) Atmosfera controlada de longo prazo para o armazenamento de frutos e vegetais;
2) Armazéns ou câmaras de refrigerados para temperaturas iguais ou superiores a 0
°C;
Desta forma, irá ser elaborado o correto dimensionamento e a manutenção dos
equipamentos que irão garantir a qualidade dos produtos armazenados.

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2 OBJETIVO

No âmbito da Unidade Curricular de Refrigeração, foi proposto a elaboração de um projeto


de dimensionamento de uma câmara frigorifica para armazenar um certo tipo de produto.
Neste caso, o objetivo principal é dimensionar a câmara para armazenamento de maçãs e a
realização da especificação dos componentes do sistema de refrigeração necessários para a
mesma, por meio da carga térmica requerida. A câmara será dimensionada para uma colheita
de 300 toneladas por época, tendo em conta que se deve preparar o sistema para armazenar
as rações com escoamento a partir de outubro.

3 PROCESSOS BIOLÓGICOS DOS PRODUTOS HORTOFRUTÍCOLAS

O armazenamento de frutas e verduras por métodos naturais, foi amplamente utilizado pelos
nossos antepassados para manterem os alimentos após a época das colheitas. A
disponibilidade de produtos frescos nos supermercados durante todo o ano reduziu a
necessidade do armazenamento doméstico. No entanto, ainda hoje existem benefícios no
armazenamento caseiro, o que é uma boa alternativa à compra de produtos no mercado fora
da época, em geral com preços mais elevados.
Nos tempos modernos as disponibilidades durante todo o ano de produtos frescos nos
supermercados, criaram a necessidade do seu armazenamento em condições controladas por
períodos longos. As hortas e pomares muitas vezes têm excesso de produção de frutas e
legumes que não se conseguem consumir durante a época. Deste modo, devem ser
armazenados para serem colocados no mercado fora de época em que a produção não existe
ou não satisfaz o consumo. Os comerciantes podem comprar os produtos na época, enquanto
são frescos e menos dispendiosos e, em seguida, armazená-los em câmaras de refrigerados
para os colocar no mercado numa data posterior.
Os alimentos armazenados que foram colhidos no pico da sua maturidade, geralmente têm
melhor sabor e um maior valor nutritivo. Uma vez colhidos frutos e vegetais devem ser
armazenados em condições apropriadas, as mais importantes das quais são a temperatura e
a humidade.
Os produtos hortofrutícolas são considerados vivos e permanecem como tal durante o após
colheita. Estes, estão sujeitos a alterações de carácter biológico, que não podem ser evitados,
mas que recorrendo a tecnologias podem ser retardadas. Os fatores biológicos envolvidos na
deterioração são:

• Respiração;
• Transpiração/Perda de água;
• Ação do Etileno.

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3.1 RESPIRAÇÃO

A respiração tem sido considerada o índice mais adequado para expressar a atividade
fisiológica e também o potencial de armazenamento de perecíveis. A energia obtida da
oxidação de compostos orgânicos, principalmente açúcares, é utilizada na síntese de novas
substâncias. Uma fórmula simplificada da respiração pode ser escrita como:
𝑆𝑢𝑏𝑠𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜 + 𝑂2 → 𝐶𝑂2 + 𝐻2 𝑂 + 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑣𝑖𝑡𝑎𝑙 (2880 𝑘𝐽)
É durante a respiração que é consumido oxigénio, produzido dióxido de carbono e vapor de
água, pois esta reação é essencial à libertação da energia necessária para maturação do fruto.
A respiração utiliza os hidratos de carbono até estes se esgotarem, seguindo-se o
envelhecimento, que se designa por senescência e morte dos tecidos. Deste modo a
respiração é responsável por grandes perdas de qualidade, assim como pela senescência
natural.
Durante a respiração o substrato (açúcar e glicose) combina-se com o O2, produzindo CO2,
H2O e calor. O calor resulta das reações químicas e orgânicas e designa a quantidade de
energia libertada pela respiração em função da oxidação completa de uma mole de Frutose.
A oxidação de uma mole liberta 2880 kJ. Quanto mais elevado o valor da taxa de respiração,
mais rapidamente se degrada o fruto e menor será o seu tempo de vida útil. Para minimizar
a taxa de respiração dos frutos é necessário conceber sistemas de manuseamento eficazes
com controlo da composição atmosférica.

3.2 PERDA DE ÁGUA

O fruto perde água, diminuindo o seu volume, durante os períodos quentes e secos do dia,
mas, se ainda estiver preso à árvore, recuperará a humidade durante a noite. Depois da
colheita, o processo de transpiração continua, porém não há como recuperar a água. Esse
fenómeno faz com que as condições inadequadas de transporte e de armazenagem afetem
seriamente o valor económico do fruto, especialmente se for vendido com base no peso.
Para compensar alguma perda de peso devida à perda de água, não alterando o peso
comercial mínimo exigido por caixa, o produtor deverá colocar maior quantidade de frutas
em cada caixa. Como a grande maioria dos produtos perecíveis contém de 75 a 95% de água
e a sua humidade relativa, nos espaços intercelulares, é próxima a 100%, o vapor de água
tende a escapar dos tecidos dos frutos para o meio ambiente, como ocorre no
armazenamento de grãos muito húmidos.
Uma transpiração excessiva pode comprometer seriamente a aparência das frutas, tornando-
as enrugadas e com coloração opaca. A perda de água também afeta a firmeza dos frutos e
das hortaliças, os quais se apresentam flácidos, moles ou murchos, reduzindo
substancialmente seu valor comercial, principalmente para consumo ao natural. O peso
perdido durante o armazenamento dependerá, dentre outros fatores, do tipo, tamanho,

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composição, estrutura e temperatura do fruto e, ainda, da temperatura, humidade relativa e
velocidade do ar de armazenamento.

3.3 ETILENO

O etileno (C2H2) é uma hormona natural proveniente do metabolismo do produto, que


produz enzimas e que causa as respostas fisiológicas. O etileno acelera o amadurecimento e
a senescência do produto, aumentando a velocidade de degradação da clorofila e o
amolecimento dos produtos. Nos frutos climatéricos a taxa de produção de etileno aumenta
em paralelo com a taxa de respiração e com o aumento de maturação. Os danos físicos, as
doenças e o aumento de temperatura também provocam a libertação de etileno.
Verificou-se que os três fatores biológicos descritos (respiração, transpiração e ação do
etileno), podem levar a uma degradação rápida do produto, devendo ser controlados por um
conjunto de fatores ambientais que possibilitam o retardamento das alterações indesejáveis.
Conforme será observado mais adiante os fatores geralmente manipulados nos processos de
conservação de produtos hortofrutícolas em estado fresco são a temperatura, humidade
relativa e a composição da atmosfera circundante.

4 CONCEÇÃO DA CÂMARA FRIGORÍFICA

4.1 ASPETOS CONSTRUTIVOS

As câmaras pré-moldadas, feitas em qualquer dimensão com o uso de painéis isolante


modulares, permitem tempo breves de construções economia nas fundações, na ampliação
e na remoção. Os longos tempos de construção e o alto custo das obras em alvenaria
contribuíram para a difusão das camaras pré-moldadas, construídas por painéis isolantes pré-
moldados, com característica de rigidez
estrutural obtida com acoplamento do
isolante propriamente dito e camadas de
revestimentos. Estes painéis são conectados
entre eles por meio de juncões metálicas. As
vantagens desta solução construtiva são a
rapidez da colocação e a possibilidade de
sucessivas ampliações. Com estes tipos de
painéis e possível também construir câmaras
frigorificas de grande porte. As características
autoportantes dos painéis isolantes mudam
segundo o tipo da construção. Ultrapassando
determinadas dimensões de painéis nascem
Figura 1 - Conceção da câmara frigorífica.
problemas de envergadura do teto que são
10
solucionados com estruturas metálicas externas ou internas. A ampla disponibilidade de
materiais de revestimento do painel (existem painéis revestidos nos dois lados com chapa de
aço inox), permite a construção de câmaras frigorificas que resistem as intempéries com
ótimas características de isolamento e impermeabilidade.

Figura 2 - Ligação de dois painéis de isolamento.

Figura 3 - Pormenor de ligação dos cantos.

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Figura 4 - Detalhe de montagem de painéis interiores de câmaras.

4.2 ISOLAMENTOS

O revestimento é uma parte crucial da câmara frigorífica. Este é responsável por isolar a câmara, de
modo a minimizar as trocas de calor. Aquando na seleção do revestimento, tem de se ter em atenção
o seu custo, eficácia, durabilidade e a espessura.

As paredes e teto da câmara, serão construídos em painéis isotérmicos pré-fabricados (sanduíche),


com isolante de poliuretano, com barreira de vapor.

4.2.1 Pavimento

O chão da câmara será construído em ANC


(aglomerado negro de cortiça) de espessura 125
mm de acordo com as especificações do
fabricante para as temperaturas de serviço
referidas e com uma condutividade térmica de
0,037 Watt/m°C. O aglomerado negro de cortiça
expandida, constitui o isolante ideal para
câmaras frigoríficas (conservação, congelação e
atmosferas controladas). Este revestimento é
um isolamento térmico extremamente eficaz e
consequentemente economiza energia, tem
uma durabilidade ilimitada, reduz a transmissão
de vibrações, não absorve água, é reciclável e ao
ser um produto natural é amigo do ambiente.

Figura 5 – Constituição do pavimento.

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Figura 7 - Espessuras de acordo com temperatura. Figura 6 - Características técnicas. Fonte:
Fonte: Isocor Isocor

4.3 TETOS

O método de construção do teto da central fruteira é do tipo suspenso, para conseguir um completo
envelope térmico e de vapor, e permitir a passagem de tubagens de redes da infraestrutura e também
as respetivas atividades de inspeção e manutenção. O teto é isolado com painéis isotérmicos do tipo
sandwich, com isolamento em poliuretano injetado com um peso específico de 35 kg/ m3.

O isolamento é colocado diretamente sob o teto em vez de colocado na estrutura do telhado. As


instalações de refrigeração devem possuir sistemas de ventilação ou renovação do ar para não existir
condensações evitando a corrosão da estrutura.

4.4 PAREDES

A construção das paredes deve ser concebida de forma que


o menor número possível de elementos penetre na estrutura
envolvente do isolamento. A câmara de conservação de
refrigerados é isolada com o mesmo material do teto, ou seja,
com painéis isotérmicos do tipo sandwich, com isolamento
em poliuretano injetado.

Espuma Rígida de Poliuretano (PUR) é um material plástico


resultante da reação química de dois componentes básicos,
poliol e isocianato, em associação com aditivos que controlam e Figura 8 - Aplicação dos painéis isotérmicos.
homogeneízam o resultado. Desta forma o poliuretano é, sem
sombra de dúvidas, um dos polímeros de maior uso e maior importância em praticamente todos os
mercados de bens de consumo e uso industrial.

13
4.4.1 Espessura dos painéis de PUR

Tabela 1 - Coeficiente Global de Transmissão


de Calor (U) para diferentes espessuras- PUR.

O cálculo efetua-se através da seguinte expressão matemática:

• e – Espessura de isolamento (mm);


• k – Condutividade térmica do material (W/m.˚C);
• q – Fluxo máximo de calor para refrigerados - 9 W/m2 [7].
• ΔT – Diferencial de temperatura do espaço frigorífico (°C).

Tabela 2 - Propriedades de alguns isolantes.

Isolante Cortiça Fibra de Poliestireno Poliuretano


Vidro expandido expandido
Densidade (Kg/m3) 100-150 20-80 10-30 40
Condutibilidade térmica 0,037 0,035 0,035 0,023
(W/m°C)
Resistência à passagem de Regular Nenhuma Boa Boa
água
Resistência à difusão de 20 1,5 70 100
vapor, em relação ao ar
parado
Segurança ao fogo Pobre Boa Pobre Pobre
Resistência à compressão 5.000 Nenhuma 2.000 3.000
(Kgf/m2)
Custo Relativamente Baixo Relativamente Alto
alto alto

Para determinar a espessura, será necessário conhecer o valor do coeficiente de condutividade


térmica do Poliuretano expandido que é de 0,023 W/m.˚C, valor retirado da tabela anterior. Sabendo

14
que no interior a temperatura é de 0 ˚C e que no exterior são considerados 29 ˚C, então a espessura
mínima de isolamento é a seguinte:
0,023
𝑒= ∗ (29 − 0) = 0,074 𝑚 = 74 𝑚𝑚
9
Verifica-se então que a espessura mínima a utilizar é de 74 mm. No entanto, por motivos de
standardização deste tipo de painéis, serão considerados 80 mm de espessura para as paredes e teto
e com uma condutividade térmica de 0,026 Watt/m.°C;

A face quente do painel em chapa metálica


constitui uma barreira ao vapor eficiente, sendo
apenas necessário ter cuidado na execução das
juntas que devem ser colmatadas com produtos
do tipo mastic que não permitam a passagem do
vapor.

A existência de barreira de vapor é um elemento


importante para aumentar o tempo de vida útil
da instalação frigorífica. A humidade que penetra
no isolamento diminui a eficiência térmica,
aumentando a perda de energia, danificando o
isolamento. Além disso, a perda de eficiência do
isolamento térmico ocasiona um aumento na
Figura 9 - Barreira de vapor.
carga térmica de refrigeração, o que por sua vez
ocasiona um aumento no consumo de energia
elétrica na instalação.

4.5 PORTAS

Para a seleção das portas teve-se em conta vários fatores, nomeadamente:

• As portas devem ser revestidas por uma leve chapa metálica ou de plástico que
reforçam a proteção das portas. Portas em áreas mais sujeitas a choques devem ser
protegidas com chapas metálicas mais grossas, na sua totalidade;
• As portas de maior dimensão ou operadas com mais frequência e sujeitas a danos,
devem possuir igualmente proteções laterais nas paredes e, eventualmente, para
segurança das pessoas deverão ter proteção nas zonas de passagem;
• As portas devem estar localizadas de forma a abrigar com segurança os produtos e
facilitar uma operação economicamente eficaz das operações de carga e descarga;

15
• As dimensões específicas de uma porta podem requerer variações desta
recomendação. Normalmente uma altura de 2,5 metros é adequada para a
generalidade dos empilhadores utilizados.

5 CONDIÇÕES DE PROJETO

5.1 CARACTERÍSTICAS PSICROMÉTRICAS EXTERIORES

A câmara de refrigerados localiza-se em Alcobaça. Através do Regulamento das Características de


Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) obteve-se a informação necessária, que se
tomaram como base de cálculo para as cargas térmicas.
Tabela 3 - Características psicrométricas exteriores de acordo com o RCCTE.

Temperatura externa de projeto (˚C) 29


Humidade relativa (%) 50%

Figura 10 - Carta
Psicrométrica.

5.2 CARACTERÍSTICAS PSICROMÉTRICAS INTERIORES

16
Para a conservação de produtos as condições de temperatura e humidade relativa são fundamentais
e devem permanecer dentro de limites definidos ao longo do dia e do ano. Através da temperatura
interior e da humidade relativa e com o auxílio da carta Psicrométrica (segue o mesmo raciocínio das
características Psicrométricas exteriores), foram retirados os seguintes valores que tomaram como
base de cálculo para as cargas térmicas:
Tabela 4 - Características Psicrométricas Interiores.

Propriedades Câmara Frigorífica


Temperatura (°C) 0
Humidade relativa (%) 90%
Temperatura Húmida (°C) -0,575
Entalpia (kJ/kg) 8,451
Volume específico (m3 /kg) 0,778

6 DIMENSIONAMENTO DOS ESPAÇOS FRIGORÍFICOS

6.1 DIAGRAMA DA INSTALAÇÃO

17
6.2 DIMENSIONAMENTO DA CÂMARA
6.2.1 Cálculo do volume útil da câmara

Para o cálculo de cargas térmicas é fundamental saber a quantidade de produto a conservar. Com
uma colheita de 300 toneladas por época e sabendo que a época começa em outubro e tem uma
duração de 6 meses, considerou-se que a quantidade de produto a conservar seriam 50 toneladas por
mês.

Através da massa volúmica das maçãs (120.5 𝑘𝑔/𝑚3 ) e da quantidade de maçãs a armazenar
(50000 𝑘𝑔) calculou-se o volume útil:
𝑚 𝑚 50000 𝑘𝑔
𝜌= ⇔𝑣= = ⇔ 𝑣 = 415 𝑚3
𝑣 𝜌 120,5 𝑘𝑔/𝑚3
No entanto, este volume contabiliza apenas o produto armazenado e, por isso, as dimensões terão de
aumentar, uma vez que é necessário ter em conta espaço para colocar os evaporadores, paletes,
circulação de ar e passagem de um empilhador.

6.2.2 Disposição do produto na câmara frigorífica

As paletes têm um tamanho de 1.2 ∗ 1 ∗ 0.123 (𝑚) com uma capacidade carga de 580 kg, e as caixas
de plástico têm um tamanho de 1,091 ∗ 0,984 ∗ 0,12 (𝑚) e uma capacidade de 15 kg. Ambas as
medidas são normalizadas.

Figura 11 - Palete de madeira normalizada.

Figura 12 - Caixa de fruta normalizada. 15kg

6.2.2.1 Cálculo do nº de caixas

Considerando as dimensões do volume útil, 10,4 ∗ 8 ∗ 5 (𝑚), concluiu-se que eram possível encaixar
9 paletes em comprimento, 8 paletes em largura e 47 caixas em altura. Cada caixa suporta 15 kg.

𝑚 = 50000 𝑘𝑔
50000 𝑘𝑔
𝑛º 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎𝑠 = = 3334
15 𝑘𝑔

18
6.2.2.2 Cálculo do nº de caixas em altura

𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎𝑠 = 3334


1ª 𝑐𝑎𝑚𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎𝑠 = 9 ∗ 8 = 72 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎𝑠
3334
𝑛º 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎𝑠 𝑒𝑚 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 = = 47
72
Considerou-se então que cada torre de produto armazenado será disposta em 4 níveis de 10 caixas e
1 nível de 7 caixas, sendo que cada nível estará assente sobre uma palete. Com isto, determinou-se
que a altura de paletização seria de 6.25 metros.

47 ∗ 0.12 + 5 ∗ 0.123 = 6.25 𝑚

Figura 13 - Disposição das caixas e paletes.

Considerações:

• Uma vez que o volume útil leva em largura 8 caixas, decidiu-se criar um corredor central,
com cerca de 2 metros de largura, dividindo 2 fileiras de 4 caixas;
• Optou-se por dar uma distância entre as paredes da câmara de 2 metros;
• Considerou-se que que a câmara teria um pé direito de 7 metros.

6.2.2.3 Cálculo do nº de paletes

Sabe-se que cada a câmara armazena 9 caixas em comprimento e 8 em largura, portanto a primeira
camada conta com 72 paletes. Como cada pilha de produto necessita de 5 paletes, concluiu-se que
seriam necessárias 360 paletes.

72 ∗ 5 = 360 𝑝𝑎𝑙𝑒𝑡𝑒𝑠

6.2.3 Dimensões finais da câmara frigorífica

Após todas as considerações feita acima, chegou-se a um volume final da câmara frigorífica de
1450.4 𝑚3 com dimensões 14,8 ∗ 14 ∗ 7 (𝑚).

19
6.3 TANQUE DE PRÉ-ARREFECIMENTO

O tanque de pré-arrefecimento está situado na mesma sala onde é feito a triagem, a lavagem e a
calibragem de produto. Como estas fases não operam ao mesmo tempo, (a recolha das maçãs é feita
durante o dia e o tanque pré-arrefece o produto durante a noite, devido aos custos energéticos),
podem ser tratados como zonas isoladas, já que um não afeta o outro.

6.3.1 Capacidade de produto diária da instalação frigorífica

Como já mencionado anteriormente, a câmara foi projetada para armazenar 50 toneladas de produto
por mês. Considerando que um mês tem 30 dias, a capacidade diária da câmara é cerca de 1667 kg.
Também é recomendado para este tipo de fruta um pré-arrefecimento até a 8℃.

Tendo em conta o caso extremo do ar exterior, que apresenta uma temperatura de 29℃, o diferencial
térmico é de ∆T = (29℃ − 8℃) = 21℃. Da mesma maneira tem-se o produto a ser refrigerado (maçã),
com um calor específico acima da congelação de 3,65 kJ/kg*K. Logo o calor a retirar de 1667 kg de
produto será:

𝑄 = 𝑚 ∗ 𝑐𝑝 ∗ ∆𝑇 = 1667 ∗ 3650 ∗ 21 = 127,78 ∗ 106 𝐽


Como dito anteriormente, o tanque irá funcionar durante a noite, devido ao custo de energia, já que
nesse período vigora a tarifa em “vazio”. Admitindo que este se encontra em funcionamento durante
12 horas, convertendo para potência (J/s):

𝐽 127,78 ∗ 106
𝑄̇ = = = 2957,9 𝑊 ≈ 2,95 𝐾𝑊
𝑠 43200
Esta potência representa a potência necessária que o chiller terá de ter para ao fim das 12 horas ter o
produto à temperatura desejada de 8℃.

Volume ocupado pelas maçãs:


𝐾𝑔
𝜌𝑚𝑎çã𝑠 = 120,5
𝑚3

𝑚 1667
𝑉= = = 13,8 𝑚3
𝜌 120,5

6.3.2 Altura do tanque

Altura do tanque calculada tendo em consideração uma altura de 10 cm de água acima do nível das
caixas.

ℎ = 0,123 + 0,12 ∗ 7 + 0,1 = 1,063 𝑚

6.3.3 Área do tanque

Considerando-se uma área de 5m x 4,5m, sendo que o lado maior da palete(1,2m)


está virado para o lado dos 5m e o lado menor(1m) está virado para o lado dos 4m, de modo
20
a rentabilizar o espaço. Assim é possível ter 4 x 4 paletes com folgas respectivas de 0,2 m e
0,5 m permitindo a manobra de elevação das paletes assim como um agitador de modo a
não haver estagnação de água. Cálculo da quantidade máxima expectável de maçãs para o
tanque de pré-arrefecimento. Podendo cada palete levar 7 caixas em altura, existindo 16
paletes, perfaz um total de 112 caixas. Sabendo que cada caixa tem dimensões de 1,091m x
0,984m x 0,12m:

112 ∗ 1,091 ∗ 0,984 ∗ 0,12 = 14,43 𝑚3


Convertendo para unidades de massa ficamos com:

1 𝑚3 → 120,5 𝐾𝑔
14,43 𝑚3 → 𝑥
Obtendo deste modo uma capacidade de 1738 Kg de produto, satisfazendo assim os
1667 Kg de entrada diários havendo até uma folga para eventuais excessos de produto.

No entanto 14,43 m3 é o volume de maçãs no tanque, o volume do tanque será:

5m x 4,5m x 1,063m = 23,92 m3

Naturalmente o volume de água no tanque será:

23,92 – 14,43 = 9,49 m3

Para concluir realiza-se o balanço térmico do tanque em relaçãa às maçãs:

𝑄 = 𝑚 ∗ 𝑐𝑝 ∗ ∆𝑇 = 1738 ∗ 3650 ∗ 21 = 133,22 ∗ 106 𝐽

𝐽 133,22 ∗ 106
𝑄̇ = = = 3083,8 𝑊 ≈ 3,084 𝐾𝑊
𝑠 43200

A água será proveniente da rede, logo sabendo-se que esta sai da torneira em média a uma
temperatura de 15 oC, terá de passar pelo chiller para ser arrefecida até aos 8 oC. Então:
𝐽
𝑐𝑝á𝑔𝑢𝑎 = 4190 ⁄𝐾𝑔. 𝐾

Massa de água:

1 𝑚3 → 1000 𝐾𝑔
9,49 𝑚3 → 𝑥
X = 9490 Kg de água

𝑄 = 𝑚 ∗ 𝑐𝑝 ∗ ∆𝑇 = 9490 ∗ 4190 ∗ (15 − 8) = 278,34 ∗ 106 𝐽

𝐽 278,34 ∗ 106
𝑄̇ = = = 6443,1 𝑊 ≈ 6,44 𝐾𝑊
𝑠 43200

21
6.3.4 Potência do tanque de pré-arrefecimento

Sendo assim, a potência total do tanque de pré-arrefecimento será a soma das duas anteriores,
ou seja:

𝑄̇ = 3,084 + 6,44 = 9,524 𝐾𝑊

3
Volume específico água 𝜗 0,001 𝑚 ⁄𝐾𝑔
Variação térmica ∆𝑇 22 oC
𝐽
Calor específico água cp 4190 ⁄𝐾𝑔. 𝐾
Velocidade de tubagem V 1 m/s

Caudal de água:

9524 𝐾𝑔
𝑄̇ = 𝑚̇ ∗ 𝑐𝑝 ∗ ∆𝑇 <=> 𝑚̇ = = 0.108
4190 ∗ 21 𝑠

𝑉̇ = 𝑚̇ ∗ 𝜗 = 0.108 ∗ 0.001 = 1,08 ∗ 10−4 𝑚3 /𝑠

𝑉̇ 1,08 ∗ 10−4
𝑉= <=> 𝐴 = = 1,08 ∗ 10−4 𝑚2
𝐴 1

𝐴 1,08 ∗ 10−4
𝑑 = 2∗√ =2∗√ = 11,7 𝑚𝑚
𝜋 𝜋

22
Assim o diâmetro de tubagem normalizado selecionado é o tubo de 12´´.

6.3.5 Chiller Selecionado para tanque de pré-arrefecimento

Figura 14 - Chiller do tanque de pré-arrefecimento.

23
7 BALANÇO TÉRMICO
É definida como balanço térmico, a porção de calor latente e sensível que deve ser retirado de um
ambiente de modo a serem mantidas as condições de temperatura e humidade estabelecidas para o
entreposto frigorífico.

A primeira análise a ser feita no projeto de refrigeração é o cálculo das cargas térmicas. Através do
cálculo das cargas térmicas pode-se efetuar uma previsão dos consumos de energia associados ao
sistema projetado e deste modo proceder a uma análise económica.

As cargas térmicas existentes numa câmara frigorífica dividem-se em duas classes: cargas térmicas
externas e cargas térmicas internas. As externas estão associadas às trocas de calor através da
envolvente exterior da zona onde se situa o estabelecimento. São cargas resultantes do fluxo de calor
através das paredes, teto, pavimento, renovação de ar e abertura de portas. As internas podem ser
dependentes ou independentes do produto armazenado. Na seguinte tabela estão discriminadas
todas as cargas térmicas presentes na instalação frigorífica:
Tabela 5 - Cargas térmicas presentes na instalação frigorífica.

Para fazer o balanço térmico tem de se saber todas as temperaturas inerentes ao processo. Já foi dito
anteriormente, aquando do dimensionamento do tanque, que a temperatura exterior (da rua) é de
29℃, sendo as maçãs pré-arrefecidas num tanque até à temperatura de 8℃. Daqui seguem para as
câmaras que se encontram a 0℃ e 90% de humidade relativa.

7.1 CARGAS TÉRMICAS EXTERNAS


7.1.1 Cargas térmicas através das paredes, teto e pavimento (Q1)

Para o cálculo das cargas térmicas através das paredes, teto e pavimento é essencial ter em conta o
modo como é feita a propagação de calor.

24
Existem dois tipos de propagação de calor existentes nas paredes, teto e pavimento, e que são:
condução e convecção.

A condução pode ser definida como o processo pelo qual a energia é transferida de uma região de alta
temperatura para outra de baixa temperatura dentro de um meio (sólido, líquido ou gasoso) ou entre
meios diferentes em contacto direto.

A lei empírica da condução de calor “Lei de Fourier” estabelece qual o fluxo de calor por condução,
em uma dada direção do fluxo e ao gradiente de temperatura naquela direção. Deste modo
determina-se a transmissão de calor por condução:
𝑞 𝜕𝑇
= −𝑘
𝐴 𝜕𝑥
Integrando esta expressão, tem-se:
Δ𝑇
q=k.A.
Δ𝑥

• q – Transferência de calor (Watt);


• k – Condutividade térmica do material (W/m.°C);
• A – Superfície da temperatura considerada (m2);
• ΔT – Diferença de temperatura entre as duas faces da parede considerada (°C);
• Δx – Diferença de espessura entre as duas faces da parede considerada (m).

A convecção é definida como uma propagação de calor em que a energia térmica é transmitida
mediante transporte de matéria, havendo, portanto, um deslocamento de partículas.

A seguinte equação representa a equação de Newton de transferência de calor por convecção:

q=h.A.ΔT

Através destas duas expressões obteve-se a seguinte expressão:

Q=U.A.ΔT

• Q – Carga térmica através das paredes, tecto e pavimento (Watt);


• U – Coeficiente global de transmissão de calor da parede considerada (Watt/m2. °C);
• A – Superfície da temperatura considerada (m2);
• ΔT – Diferença de temperatura entre as duas faces da parede considerada (°C).

A equação acima é utilizada para efetuar o cálculo da carga térmica, visto que tem em conta as
transferências de calor referentes à condução e convecção.

É necessário utilizar a expressão da resistência térmica: sendo em que:


1 1
𝑈 = 𝑅 e 𝑅 = ℎ𝑖 + Σ 1𝑘 + ℎ𝑒
1
, por sua vez:

1
• – Resistência térmica de convecção na superfície interna, como é ar consideramos hi=15
ℎ𝑖
Watt/m2.ºC;
1
• Σ 𝑘 – Somatório das resistências térmicas de condução das diferentes camadas que
constituem a parede (m2.ºC/Watt)

25
1
• – Resistência térmica de convecção na superfície interna, como é o ar
ℎ𝑒
consideramos hi = 30 Watt/m2.ºC

Espessuras e condutividades térmicas das paredes, tetos e pavimento:

• Paredes e tetos: Através do cálculo da espessura do isolamento verificou-se que espessura


mínima a utilizar é de 74 mm. No entanto, por motivos de standardização deste tipo de
painéis, serão considerados 80 mm de espessura para as paredes e teto e com uma
condutividade térmica de 0,023 Watt/m.°C;

• Pavimento: Isolamento com cortiça de espessura 125 mm e com uma condutividade térmica
de 0,037 Watt/m.°C.

Cálculo do coeficiente global de transmissão de calor:

• Paredes e tetos:

1 1 𝑒𝑝𝑜𝑙 1 1 0,080 1
𝑈= →𝑅= + + = + + = 3,57𝑚2 . ͦ𝐶 /𝑊
𝑅 ℎ𝑖 𝑘𝑝𝑜𝑙 ℎ𝑒 15 0,023 30
por sua vez,

1 1
𝑈= = = 0,280 𝑊/𝑚2 . ͦ𝐶
𝑅 3,57
• Pavimento:

1 1 𝑒𝐴𝑁𝐶 1 0,125
𝑈= →𝑅= + = + = 3,44 𝑚2 . ͦ𝐶 /𝑊
𝑅 ℎ𝑖 𝑘𝐴𝑁𝐶 15 0,037
por sua vez,

1 1
𝑈= = = 0,290 𝑊/𝑚2 . ͦ𝐶
𝑅 3,44
Através dos valores calculados, é possível determinar a carga térmica da câmara de refrigeração. Para
tal, é necessário conhecer os seguintes parâmetros:
29 + 15
𝑇𝑠𝑜𝑙𝑜 = = 22º𝐶
2
Tabela 6 - Características das paredes, teto e pavimento.

Paredes Teto Pavimento


N S E O
Área (m2) 207,2 207,2
98 98 103,6 103,6

Temperatura
29 31 32 32 34 22
exterior (ºC)

U (W/m2.ºC) 0,280 0,290

26
Assim estamos em condições para calcular a carga térmica:

Qn = UxAxΔT = 0,280 x 98 x 29 = 795,76 W


Parede orientada a Norte
Qs = UxAxΔT = 0,280 x 98 x 31 = 850,64 W
Parede orientada a Sul
Qe = UxAxΔT = 0,280 x 103,6 x 32 = 928,25 W
Parede orientada a Este
Qo = UxAxΔT = 0,280 x 103,6 x 32 = 928,25 W
Parede orientada a Oeste
Qteto = UxAxΔT = 0,280 x 207,2 x 34 = 1856,51 W
Teto
Qchão = UxAxΔT = 0,290 x 207,2 x 22 = 1321,94 W
Pavimento
Q1 = Qn + Qs + Qe + Qo + Qteto + Qchão = 6681,35 W
Carga térmica total

7.1.2 Cargas térmicas através da renovação do ar (Q2)

De maneira análoga aos sistemas de climatização, uma instalação frigorífica necessita que haja uma
certa renovação de ar no interior da câmara, que basicamente é a substituição de ar tratado, por ar
exterior novo, que terá de ser novamente arrefecido. Esta necessidade deve-se ao facto de o produto
respirar e como tal, se o ar não for renovado, este chega a um nível de saturação e causa alterações
no produto.

A fórmula que se utiliza para este cálculo é a seguinte:

Q2 – Carga térmica devida à renovação de ar (Watt);

m – Caudal mássico de ar exterior que entra na câmara (kg/s);

Δh – Diferença de entalpias entre o ar exterior e o ar da câmara frigorífica (J/kg).

Para calcular o caudal mássico utiliza-se a seguinte expressão:


𝑉𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑜
𝑚=
𝑣 ∗ 86400
• Vdiário – Caudal volumétrico diário de ar exterior (m3/dia);
• v – Volume específico do ar exterior (m3/Kg);

Para determinar o caudal volúmico diário de ar exterior, é necessário calcular a taxa de renovação
de ar exterior (n). Esta taxa de renovação de ar depende da movimentação de produtos, máquinas e
pessoas entre o exterior e o interior da câmara frigorífica, e do volume da câmara. O cálculo da taxa
de renovação é obtido através da seguinte expressão:

27
70
𝑛=
√𝑉

O valor 70 na expressão da taxa de renovação de ar exterior é usado caso se trate uma movimentação
normal, caso seja uma movimentação intensiva substituía-se por 100. O caudal volúmico diário de ar
exterior é obtido através da seguinte expressão:

𝑉𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑜 = 𝑣 ∗ 𝑛

• V – Volume interior da câmara frigorifica;


• n - Taxa de renovação de ar exterior

Deste modo, a câmara frigorífica apresenta a seguinte carga térmica relativamente à renovação de
ar:
70
𝑛= = 1,838
√1450,4

𝑉𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑜 = 1450,4 ∗ 1,838 = 2665,84 𝑚3 /𝑑𝑖𝑎


Passando agora este valor para um caudal mássico em Kg/s é necessário fazer a conversão, assim
num dia existem 60*60*24=86400 segundos.
𝑉𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑜 2665,84
𝑚= = = 0,035 𝑘𝑔/𝑠
𝑣 ∗ 86400 0,878 ∗ 86400
Assim sendo podemos calcular a carga térmica relativamente à renovação de ar:

𝑄2 = 0,035 ∗ (71,187 − 8,451) = 2195,76 𝑊

7.1.3 Carga térmica devido à infiltração do ar (Q3)

O ganho de calor devido à infiltração de ar externo pode contribuir com uma parcela significativa da
carga térmica total de refrigeração. Este fator é função do ar externo que se infiltra cada vez que as
portas do ambiente refrigerado são abertas. Ocorre principalmente devido às diferenças de densidade
entre o ar externo e o ar interno. A quantidade de ar que entra na câmara pode ser estimado, a partir
do fator de troca de ar (FTA) de uma câmara. Este fator depende do volume e tipo da câmara. O FTA
expressa o número de trocas de ar por dia (trocas/dia) da câmara e pode ser calculado a partir de
Tabelas.

Tabela 7 – Fator de trocas de ar de câmaras frigoríficas

28
Uma vez conhecido o volume de ar externo que entra na câmara por dia, pode-se determinar a carga
de infiltração pela equação:

• 𝑉𝑐𝑎𝑚 é o volume da câmara, em m3;


• ΔH´ refere-se ao calor cedido por metro cúbico de ar que entra na câmara, sendo dado pela
Tabela:
Tabela 8 - Calor cedido por metro cúbico.

Volume (𝒎𝟑 ) FTA (trocas/dia)


1200 2,20
1450,4 X = 2,03
1500 2,00

Temperatura (ºC) ΔH´ (kJ/𝒎𝟑 )


25 72,8
29 X = 93,2
30 98,3

𝑄𝑖𝑛𝑓 = 𝑄3 = 1450,4 ∗ 2,03 ∗ 93,2 = 274410 𝑘𝐽/𝑑𝑖𝑎

274410
𝑄3 = = 3176,04 𝑊
86400

29
7.2 CARGAS TÉRMICAS INTERNAS
7.2.1 Carga térmica devida à iluminação (Q4):

Considera-se que os espaços frigoríficos, apresentam uma carga térmica de iluminação (q) de 10
w/𝑚2 . A fórmula utilizada para este cálculo é a seguinte:

• Q – Carga térmica devido à iluminação da câmara (W);


• A – Área do tecto (m2);
• q – Carga térmica das lâmpadas (W/m2);
• t – Tempo funcionamento de cada lâmpada (h);
• h – Horas de funcionamento do local (h).

Será considerado que as lâmpadas trabalham 4 horas por dia, e que cada lâmpada tem uma potência
de 12 Watt. Como a camara de refrigeração têm uma área de teto de 207,2 𝑚2 , logo apresenta a
seguinte carga térmica relativamente à iluminação:
4
𝑄4 = 207,2 ∗ 12 ∗ = 414,4 𝑊
24

7.2.2 Carga térmica devida ao pessoal de estiva (Q5)

Esta carga térmica é obtida através seguinte expressão:

• n – Número de pessoas;
• q – Quantidade de calor libertado pelas pessoas (W);
• t – Tempo de permanência na câmara (h).

São consideradas duas pessoas a trabalhar e com uma permanência de duas horas por dia.
Relativamente ao calor libertado por cada pessoa, é necessário fazer interpolações com base na
seguinte tabela:

Tabela 9 - Calor libertado pelas pessoas.

30
Como a camara de encontra a 0 ºC, então o calor libertado é de 270 W, por sua vez considerando 2
pessoas a trabalhar na receção de pescado, então:
2
𝑄5 = 2 ∗ 270 ∗ = 45 𝑊
24

7.2.3 Carga térmica devida a empilhadores (Q6)

Esta carga térmica é obtida pela seguinte expressão:

• n – Número de empilhadores;
• P – Potência do empilhador (W);
• t – Tempo de funcionamento do empilhador (h)

Considerando por exemplo que apenas existe um empilhador a funcionar 2 horas por dia e que o
mesmo apresenta uma potência de 14 kW. Deste modo a carga térmica é a seguinte:
2
𝑄6 = 1 ∗ 14000 ∗ = 1166,67 𝑊
24

7.2.4 Cargas térmicas devido à temperatura de entrada dos produtos (Q7)

Os produtos de origem animal ou vegetal encontram-se na maioria das vezes a uma temperatura
superior à temperatura da câmara frigorífica. Libertam uma determinada quantidade de calor até que
a sua temperatura fique em equilíbrio com a temperatura da câmara. Como se trata de câmaras de
refrigerados, utiliza-se a seguinte expressão:

• m – Massa de produto introduzido por dia (kg);


• Cp – Calor específico acima da temperatura de congelação (kJ/kg.°C);
• T1 – Temperatura de entrada do produto na câmara (°C);
• T2 – Temperatura da câmara frigorífica (°C).

Para o cálculo desta carga térmica é necessário ter em conta o calor específico das maçãs, que é cerca
de 3,65 kJ/kg.°C.

Recorrendo então à expressão:


𝑚 ∗ 𝑐𝑝 ∗ (𝑇1 − 𝑇2) 1667 ∗ 3,65 ∗ (8 − 0)
𝑄7 = = = 563,4 𝑊
86400 86400

31
7.2.5 Carga térmica devida ao calor de respiração dos frutos (Q8)

Os frutos durante a armazenagem nas câmaras frigoríficas de refrigerados libertam uma carga
térmica designada por calor latente de respiração. Esta carga térmica é calculada pela seguinte
expressão:

m – Massa de produto presente na câmara (ton);

qresp – Quantidade de calor libertado pelo produto (kJ/ton.h).

O valor da quantidade de calor libertado pelo produto é retirado da seguinte tabela:


Tabela 10 - Calor libertado pelo produto.

𝑚 ∗ 𝑞𝑟𝑒𝑠𝑝 ∗ 24 50 ∗ 53 ∗ 24
𝑄8 = = = 736,11 𝑊
86400 86400
O valor de produto em causa é o máximo de capacidade para a câmara. Conforme calculado
anteriormente este valor é de 50 toneladas. É o caso mais desfavorável, já que é à capacidade máxima
que se vai verificar a maior carga derivada da respiração do produto.

7.3 CARGA TÉRMICA INTERMÉDIA

Para selecionar o evaporador tem obviamente de se ter em conta todas as cargas térmicas inerentes
à câmara quer sejam interiores ou exteriores. A carga térmica intermédia é carga térmica a ser
removida na câmara de refrigeração, ou seja, é soma de todas as cargas térmicas calculadas
anteriormente. Desta forma a câmara de refrigeração em questão tem a seguinte carga térmica:

𝑄𝑖𝑛𝑡 = 𝑄1 + 𝑄2 + 𝑄3 + 𝑄4 + 𝑄5 + 𝑄6 + 𝑄7 + 𝑄8 = 14978,7 𝑊

7.3.1 Potência intermédia

A potência frigorífica intermédia é a potência que os evaporadores deverão assegurar para conseguir
retirar as cargas térmicas anteriormente calculadas. O cálculo de carga térmica é efetuado para um
período de 24 horas. Entretanto, devemos considerar um período de 16 a 20 horas de operação dos

32
compressores, de forma a possibilitar a descongelação, e também possíveis sobrecargas de
capacidade. Optou-se por se selecionar 20 horas de funcionamento. A expressão a utilizar é a seguinte:
𝑄𝑖𝑛𝑡 ∗ 24 14978,7 ∗ 24
𝑃𝑖𝑛𝑡 = = = 17974,4 𝑊
20 20

7.3.2 Potência previsional

A seleção dos evaporadores realiza-se a partir do cálculo da potência frigorífica previsional,


acrescentando 20% à potência frigorífica intermediária, devido aos motores dos ventiladores, e às
resistências de descongelação. Por uma questão de segurança acrescenta-se mais 10%, de forma a
instalação não ficar dimensionada no limite, então:

𝑃𝑝𝑟𝑒𝑣 = 𝑃𝑖𝑛𝑡 ∗ 1,2 ∗ 1,1

𝑃𝑝𝑟𝑒𝑣 = 17974,4 ∗ 1,2 ∗ 1,1 = 23726,3 𝑊

Esta é a potência que se irá utilizar para dimensionar os equipamentos da câmara frigorífica de
maçãs.

8 INSTALAÇÃO FRIGORÍFICO

8.1 FLUIDO FRIGORIGÉNIO DA INSTALAÇÃO

O fluido frigorigénio utilizado na instalação é o R134a. Este fluido é à base de hidrofluorcarboneto


(HCFC) e é apropriado para ciclos com temperaturas de evaporação médias/altas que podem ir de -
12°C a +12°C. O R134a é um refrigerante muito comum, utilizado numa ampla gama de aplicações de
refrigeração e ar condicionado, incluindo refrigeração a média e alta temperatura (doméstica e
comercial), ar condicionado residencial, ar condicionado automóvel e aplicações industriais, tais como
chillers centrífugos. É também um componente comum em diversas misturas de gases refrigerantes
HFC, e é utilizado em algumas aplicações de gases de propulsão.

Este fluido apresenta várias características tais como:

• Não ataca a camada do ozono;


• Não é tóxico em baixas concentrações;
• Não é inflamável;
• Não é corrosivo;
• Absorve a humidade rapidamente;
• Não ataca os metais;
• A temperatura de descarga do compressor é significativamente mais baixa quando comparada
à do R-12.

Este fluido apresenta ainda as seguintes características termodinâmicas:

33
Tabela 11 - Características Termodinâmicas do fluido R134a.

8.2 DESCRIÇÃO TEÓRICA DO FUNCIONAMENTO DOS CICLOS DE EXPANSÃO DIRETA

O sistema de armazenamento aplicado é um sistema de refrigeração mecânica em regime de


atmosfera controlada. O sistema de refrigeração mecânica utiliza ciclos de expansão direta para
conseguir retirar as cargas térmicas. O processo de refrigeração é uma transferência de energia
(na forma de calor), de um corpo frio para um corpo quente, pela aplicação de trabalho externo
(ou calor).Através dos seguintes diagramas pode-se distinguir as principais fases de um sistema
de compressão mecânica:

Figura 15 - Representação Esquemática do ciclo ideal de expansão direta.

34
Figura 16 - Funcionamento de um ciclo ideal de expansão direta.

Compressão (1-2):

O fluido frigorigénio sai do evaporador no estado saturado e ao entrar no compressor sofre uma
compressão até a pressão de condensação. Durante este processo a temperatura do fluido aumenta
acima da temperatura do meio envolvente, sendo que o fluido abandona o compressor no estado
sobreaquecido, entrando de seguida no condensador.

Condensação (2-3):

O fluido frigorigénio entra no condensador como vapor sobreaquecido onde é realizada a dissipação
de calor isotérmica até atingir o estado de líquido saturado, todavia, com uma temperatura superior
à do meio envolvente;

Expansão (3-4):

Expansão do líquido após condensação a entalpia constante através de um tubo capilar ou válvula de
expansão com o objetivo de regular a admissão de fluido frigorigénio ao evaporador. Durante este
processo a temperatura do fluido desce abaixo da temperatura do espaço que se pretende
refrigerar. O arrefecimento provoca uma diminuição da pressão, sendo o fluido frigorigénio
parcialmente vaporizado;

Evaporação (4-1):

Absorção de calor do espaço que se pretende refrigerar no evaporador, sendo o seu estado alterado
para vapor saturado e retornando ao Ponto 1.

35
9 SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS
Em primeiro lugar é definida a temperatura de condensação, sabe-se que é necessário haver uma
diferença de temperatura entre o ambiente e o condensador para que possa haver uma troca de calor,
no qual define-se que a temperatura de condensação tem um acréscimo de 15℃. Sendo a
temperatura ambiente de 29℃, logo a temperatura de condensação é de 44℃. A temperatura de
evaporação, determinada no capítulo dos evaporadores, é de -6ºC. Por fim, definiu-se um o
rendimento isentrópico da compressão de 85%.

Com recurso ao software “Solkane” e sendo o fluido de trabalho conhecido R-134a, foi possível
determinar o ciclo teórico da câmara frigorifica desprezando as perdas de carga, como é possível
observar na seguinte imagem:

Figura 17 - Representação do ciclo frigorífico teórico

Ponto P [bar] T [oC] v [dm3/Kg] h [KJ/Kg] S [KJ/Kg.K]


1 2,58 -6,6 82,03 405,19 1,7604
2s 11,3 58,78 19,71 437,58 1,7604
2 11,3 64,02 20,31 443,3 1,7774
3 11,3 39 0,87 254,95 1,1850
4 2,58 -3,4 23,67 254,95 1,2040

36
9.1 EVAPORADOR

O grupo frigorífico da instalação, apresenta um evaporador de expansão direta, com tubos em cobre,
alhetas e proteção em alumínio em alumínio. A instalação tem um evaporador que terá de ter
capacidade para retirar todas as cargas térmicas calculadas anteriormente.

O evaporador é equipado com ventiladores helicoidais com motores elétricos de uma velocidade, em
equilíbrio com a potência do grupo compressor.

O funcionamento dos evaporadores em regime é comandado por termóstato, com bolbo localizado
junto da aspiração dos evaporadores.

A descongelação dos evaporadores será realizada automaticamente por resistências elétricas. A


tubagem de recolha da água de descongelação será aquecida por meio de resistências elétricas em
fita enrolada nos tubos. Estas resistências estarão continuamente sob tensão.

Para a seleção dos evaporadores utilizou-se o Software da “Centauro”, tendo em conta os seguintes
parâmetros:

Figura 18 - Parâmetros para a seleção dos evaporadores.

Pela Figura 15, conseguimos perceber que o software centauro sugere a utilização de um evaporador
com uma potência corrigida de 24.81 kW. Apesar deste valor ser superior ao da carga térmica
calculada, não existe muita margem entres os dois valores. Assim, optou-se pelo modelo
imediatamente superior.

37
Tabela 12 - Modelo de Evaporador.

Figura 19 - Evaporador selecionado.

38
O evaporador selecionado “MT 4L2/36” tem então uma potência de 36.35 kW que é superior a carga
térmica anteriormente calculada, podendo assim funcionar corretamente nesta instalação.

Figura 20 - Dimensões do evaporador.

Através do catálogo da “centauro”, retirou-se a temperatura de evaporação do evaporado sendo que:

𝑇𝑒𝑣𝑎𝑝 = −6º𝐶

9.2 COMPRESSOR

Para selecionar o resto do equipamento, analisa-se a potência total dos evaporadores. Desta forma a
instalação irá ter um total de 36.35 kW de potência, consideram-se os seguintes critérios:

• Temperatura de condensação – Como a temperatura do exterior é de 29ºC, somando 15ºC,


temos uma temperatura de condensação de 44ºC.
• Relativamente à temperatura de evaporação consta no catálogo da Centauro que os
evaporadores escolhidos possuem a temperatura de evaporação de – 6 ºC.

39
O compressor tem a função de aumentar a pressão desde a linha de baixa pressão até à linha de alta
pressão, fornecendo trabalho ao sistema e impulsionando o fluido a percorrer todo o circuito. O
compressor foi calculado pelo software da “Bitzer”.

Figura 21- Compressor selecionado.

Tabela 13 - Características do modelo de compressor selecionado.

4FE-25Y-
Compressor
40P
Etapas de capacidade 100%
Capac. Frigorífica 38,8 kW
Capac. Frigorífica * 38,8 kW
Capacidade Evaporador 38,8 kW
Potência absorvida 13,9 kW
Corrente (400V) 25,5 A
Faixa de Tensão 380-420V
Capacidade do Condensador 52,7 kW
COP/EER 2,79
COP/EER* 2,79
Vazão em massa 904 kg/h
Modo de operação Padrão
Temp. gás de Descarga não resfriado 90,3 °C

40
Figura 22 Dimensões do compressor.

O arranque do sistema dá-se quando o termóstato deteta um aumento de temperatura na câmara.


Aciona a válvula de solenoide a montante da válvula de expansão fazendo com que se processe a
alimentação do evaporador pelo fluido. Neste momento os ventiladores permanecem parados até
atingir a sua temperatura de arranque.

Verifica-se um aumento da pressão do fluido no estado de vapor e o pressostato comando o arranque


dos compressores. Durante o funcionamento dos compressores há a injeção de óleo lubrificando
diretamente na câmara de compressão, verificando-se um arrefecimento para obter menores
temperaturas de descarga.

O fluido comprimido passa pelo separador de óleo, seguindo em direção do condensador, onde ocorre
a troca térmica com o exterior. Sendo assim de forma reduzida o modo de funcionamento do ciclo em
questão.

Nos compressores semi-herméticos, o motor e o compressor encontram-se acoplados e ambos


encerrados por invólucro metálico selado, estando localizados na sala de máquinas.

Sendo estes equipamentos bastante importantes numa instalação frigorifica terão de possuir
elementos de proteção tais como:

• Pressostato diferencial de óleo;


• Pressostato de alta e baixa pressão;
• Separador de óleo de grande capacidade;
• Válvula de retenção na descarga e válvulas de passagem na sucção e descarga;
• Manómetro de aspiração, descarga e pressão de óleo.

41
9.3 CONDENSADOR

O condensador está especialmente destinado a realizar trocas de calor, rejeitando o calor que o fluido
absorveu no evaporador e no compressor, tendo a necessidade de ser arrefecido até ao seu ponto de
condensação.

A seleção dos condensadores é feita com base na potência frigorífica do compressor, e a potência
absorvida do mesmo (CTR – calor total de rejeição). Através da seguinte tabela da “Centauro”, é
possível retirar o fator de correção que corresponde à potência absorvida do compressor. Este
fator depende da temperatura de evaporação, condensação e do tipo de compressor:

Tabela 15 - Fatores de correção dos condensadores.

Tabela 14 - Fatores de correção dos condensadores.

O fator de correção é multiplicado pela potência frigorífica do compressor, obtendo-se a potência


frigorífica do condensador:
𝑃𝑐𝑜𝑛𝑑 = 𝐹𝑅 ∗ 𝑃𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠𝑜𝑟 = 1.37 ∗ 38.8 = 53.16 𝑘𝑊

42
Figura 23 - Condensador selecionado.

Figura 24 - Dimensões do condensador.

43
10 TUBAGENS

10.1 VELOCIDADE

A velocidade do fluído nas tubagens deve respeitar certos valores recomendados de modo a que não
surjam problemas como vibrações ou ruídos que possam ser prejudiciais para a instalação. Deste
modo é escolhida as tubagens normalizadas do tipo K, compatíveis com o fluído utilizado.

Figura 25-Diâmetros normalizados de tubagens do tipo K

10.1.1 Velocidades recomendadas e escolhidas

Linha Velocidade Recomendada Velocidade Escolhida


Aspiração 10 a 16 m/s 11 m/s
Descarga 6 a 10 m/s 7,5 m/s
Líquido 0,5 a 1 m/s 1 m/s
Dreno 0,5 a 1 m/s 1 m/s
Tabela 15 - Velocidades recomendadas.

44
10.1.2 Caracterização das diferentes linhas

Linha T (oC) Entalpia Caudal Volume Velocidade


(KJ/Kg) mássico (Kg/s) específico (m/s)
(dm3/Kg)
Aspiração 6,6 405,19 0,5 82,03 12
Descarga 64,02 443,3 0,5 20,31 10
Dreno 44 262,4 0,5 0,89 1
Líquido 39 254,95 0,5 0,87 1

Recorrendo às seguintes equações é possível determinar os diâmetros das diferentes tubagens:

(1) 𝑉̇ = 𝑚̇ ∗ 𝑣

(2) 𝑉̇ = 𝑉 ∗ 𝐴 ↔ 𝐴 = 𝑉̇⁄𝑉

4∗𝐴
(3) 𝑑 = √
𝜋

10.1.3 Aspiração

82,03
𝑉̇ = 0,5 ∗ = 0,041 𝑚3 /𝑠
1000

̇ 0,041
𝐴 = 𝑉⁄𝑉 = = 0,00372 𝑚2
11

4∗𝐴 4 ∗ 0,00372
𝑑=√ = √ = 0,069 𝑚 ≈ 69 𝑚𝑚 → 2 1/2´´
𝜋 𝜋

Velocidade corrigida de acordo com o diâmetro de tubo normalizado:

Dint = 66,7 – 2 x 2,41 = 61,88 mm = 0.06188 m

𝜋 ∗ 𝑑2 𝜋 ∗ 0.061882
𝐴= = = 0,003𝑚2
4 4

̇ 0,041
𝑉 = 𝑉⁄𝐴 = = 13,7 𝑚/𝑠
0,003

45
10.1.4 Descarga

20,31
𝑉̇ = 0,5 ∗ = 0,0102 𝑚3 /𝑠
1000

̇ 0,0102
𝐴 = 𝑉⁄𝑉 = = 0,00136 𝑚2
7,5

4∗𝐴 4 ∗ 0,00136
𝑑=√ = √ = 0,0416 𝑚 ≈ 41,6 𝑚𝑚 → 1 1/2´´
𝜋 𝜋

Velocidade corrigida:

Dint= 41,3 – 2 x 1,83 = 37,64 mm = 0.03764 m

𝜋 ∗ 𝑑2 𝜋 ∗ 0.037642
𝐴= = = 0,0011𝑚2
4 4

̇ 0,0102
𝑉 = 𝑉⁄𝐴 = = 9,3 𝑚/𝑠
0,0011

10.1.5 Dreno

0,89
𝑉̇ = 0,5 ∗ = 0,000445 𝑚3 /𝑠
1000

̇ 0,000445
𝐴 = 𝑉⁄𝑉 = = 0,000445 𝑚2
1

4∗𝐴 4 ∗ 0,000445
𝑑=√ = √ = 0,0238 𝑚 ≈ 23,8 𝑚𝑚 → 1 ´´
𝜋 𝜋

Velocidade corrigida:

Dint= 28,6 – 2 x 1,65 = 25,3 mm = 0.0253 m

𝜋 ∗ 𝑑2 𝜋 ∗ 0.02532
𝐴= = = 0,0005 𝑚2
4 4

̇ 0,000445
𝑉 = 𝑉⁄𝐴 = = 0,89 𝑚/𝑠
0,0005

46
10.1.6 Líquido
0,87
𝑉̇ = 0,5 ∗ = 0,000435 𝑚3 /𝑠
1000

̇ 0,000435
𝐴 = 𝑉⁄𝑉 = = 0,000435 𝑚2
1

4∗𝐴 4 ∗ 0,000435
𝑑=√ = √ = 0,0235 𝑚 ≈ 23,5 𝑚𝑚 → 1 ´´
𝜋 𝜋

Velocidade corrigida:

Dint= 28,6 – 2 x 1,65 = 25,3 mm = 0.0253 m

𝜋 ∗ 𝑑2 𝜋 ∗ 0.02532
𝐴= = = 0,0005 𝑚2
4 4

̇ 0,000435
𝑉 = 𝑉⁄𝐴 = = 0,87 𝑚/𝑠
0,0005

10.2 ISOLAMENTO DA TUBAGEM


10.2.1 Espessura mínima de isolamento para fluido interior quente

10.2.2 Espessura mínima de isolamento para fluido interior frio

47
Figura 26-Dimensões normalizadas do isolamento

Espessura do
Linha T (oC) D (mm) Espessura (mm)
catálogo (mm)
Aspiração - 6,6 61,88 30 32
Descarga 64,02 37,64 20 25
Dreno 44 25,3 20 25
Líquido 39 25,3 20 25

10.3 PERDAS DE CARGA

Para o cálculo de perdas de carga na tubagem, utilizou-se a equação conhecida na unidade curricular
de Redes de Fluídos

𝐿 𝑉2
∆𝑃 = 𝜌 ∗ 𝑓 ∗ ∗
𝐷 2
∆𝑃 ≡ 𝐷𝑖𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛ç𝑎 𝑑𝑒 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 (𝑃𝑎)
𝐾𝑔
𝜌 ≡ 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑓𝑙𝑢í𝑑𝑜 ( ⁄ 3)
𝑚
𝑓 ≡ 𝑓𝑎𝑐𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜
𝐿 ≡ 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝑡𝑢𝑏𝑎𝑔𝑒𝑚 (𝑚)

𝐷 ≡ 𝐷𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑎 𝑡𝑢𝑏𝑎𝑔𝑒𝑚 (𝑚)


𝑉 ≡ 𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑓𝑙𝑢í𝑑𝑜 𝑛𝑎 𝑡𝑢𝑏𝑎𝑔𝑒𝑚 (𝑚⁄𝑠)

O factor de atrito (f) é função do número de Reynolds e da rugosidade relativa do material da


tubagem. Com estes dados recorre-se ao diagrama de Moody.

𝜌∗𝑉∗𝐷
𝑅𝑒 ≡ 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑦𝑛𝑜𝑙𝑑𝑠 =
𝜇

48
𝑒
𝑟𝑢𝑔𝑜𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 ≡
𝐷
𝜇 ≡ 𝑉𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎 𝑑𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 (𝑃𝑎. 𝑠)

De modo a calcular-se as perdas de carga nos acessórios das tubagens utiliza-se a equação:

𝑉2
∆𝑃 = 𝜌 ∗ 𝑘 ∗
2
𝑘 ≡ 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑎𝑠𝑠𝑜𝑐𝑖𝑎𝑑𝑜 𝑎𝑜 𝑎𝑐𝑒𝑠𝑠ó𝑟𝑖𝑜

Linha de Linha de Linha de


Linha de Dreno
Aspiração Descarga Líquido
Comprimento
8 6 3 13
(m)
Densidade
12,19 49,24 1123,6 1149,4
(Kg/m3)
Diâmetro (m) 0,06188 0,03764 0,0253 0,0253
Velocidade
13,7 9,3 0,89 0,87
(m/s)

𝜇 = 0,000202 𝑃𝑎. 𝑠 → 𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎 𝑑𝑜 𝑓𝑙𝑢í𝑑𝑜 𝑓𝑟𝑖𝑔𝑜𝑟𝑖𝑔𝑒𝑛𝑜 𝑅134𝑎

Figura 27-Rugosidades Absolutas para vários materiais

𝑒 = 0,002 𝑚𝑚 → 𝑟𝑢𝑔𝑜𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎 𝑑𝑜 𝑡𝑢𝑏𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒

49
Figura 28-Tabela representativa do Diagrama de Moody

10.3.1 Perdas de carga na linha de aspiração

𝜌∗𝑉∗𝐷 12,19 ∗ 13,7 ∗ 0,06188


𝑅𝑒 = = = 51159,14
𝜇 0,000202

𝑒 0,002
= = 3,232𝐸 − 5
𝐷 61,88
Pela tabela representativa do diagrama de Moody, retira-se o valor de f:

Neste caso f = 0,021

Então, a perda de carga na tubagem é

𝐿 𝑉2 8 13,72
∆𝑃 = 𝜌 ∗ 𝑓 ∗ ∗ = 12,19 ∗ 0,021 ∗ ∗ = 3105,8 𝑃𝑎
𝐷 2 0,06188 2

50
Figura 29-Valores de k para vários acessórios

Para se calcular a perda de carga nos acessórios é necessário conhecer o valor da constante de perda
de carga associada aos mesmos, assim:

Acessório Quantidade Constante (k)


Curva 90o 1 0,85
Válvula de corte 1 0,16

Assim, ktotal = 0,85 + 0,16 = 1,01

Aplicando então a equação de perdas de carga nos acessórios:

𝑉2 13,72
∆𝑃 = 𝜌 ∗ 𝑘 ∗ = 12,19 ∗ 1,01 ∗ = 1155,4 𝑃𝑎
2 2

10.3.2 Perdas de carga na linha de descarga

𝜌∗𝑉∗𝐷 49,24 ∗ 9,3 ∗ 0,03764


𝑅𝑒 = = = 85329,5
𝜇 0,000202
𝑒 0,002
= = 5,313𝐸 − 5
𝐷 37,64
f = 0,01935

Então, a perda de carga na tubagem é

𝐿 𝑉2 6 9,32
∆𝑃 = 𝜌 ∗ 𝑓 ∗ ∗ = 49,24 ∗ 0,01935 ∗ ∗ = 6568,05 𝑃𝑎
𝐷 2 0,03764 2

51
Para se calcular a perda de carga nos acessórios é necessário conhecer o valor da constante de perda
de carga associada aos mesmos, assim:

Acessório Quantidade Constante (k)


Curva 90º 2 1,2
Válvula de Corte 1 0,19
Válvula de Retenção 1 12
Separador de óleo 1 1,2

Assim, ktotal = 2 x 1,2 + 0,19 + 12 + 1,2 = 15,79

Aplicando então a equação de perdas de carga nos acessórios:

𝑉2 9,32
∆𝑃 = 𝜌 ∗ 𝑘 ∗ = 49,24 ∗ 15,79 ∗ = 33623 𝑃𝑎
2 2

10.3.3 Perdas de carga na linha de dreno

𝜌∗𝑉∗𝐷 1123,6 ∗ 0,89 ∗ 0,0253


𝑅𝑒 = = = 125248
𝜇 0,000202

𝑒 0,002
= = 7,9𝐸 − 5
𝐷 25,3
f = 0,01826

Então, a perda de carga na tubagem é

𝐿 𝑉2 3 0,892
∆𝑃 = 𝜌 ∗ 𝑓 ∗ ∗ = 1123,6 ∗ 0,01826 ∗ ∗ = 963,5 𝑃𝑎
𝐷 2 0,0253 2

Para se calcular a perda de carga nos acessórios é necessário conhecer o valor da constante de perda
de carga associada aos mesmos, assim:

Acessórios Quantidade Constante (k)


Curvas de 90º 3 1,5
Válvula de corte 1 0,24

Assim, ktotal = 3 x 1,5 + 0,24 = 4,74

Aplicando então a equação de perdas de carga nos acessórios:

𝑉2 0,892
∆𝑃 = 𝜌 ∗ 𝑘 ∗ = 1123,6 ∗ 4,74 ∗ = 2109,3 𝑃𝑎
2 2

52
10.3.4 Perdas de carga na linha de líquido

𝜌∗𝑉∗𝐷 1149,4 ∗ 0,87 ∗ 0,0253


𝑅𝑒 = = = 125244
𝜇 0,000202

𝑒 0,002
= = 7,9𝐸 − 5
𝐷 25,3
f = 0,01804

Então, a perda de carga na tubagem é

𝐿 𝑉2 13 0,872
∆𝑃 = 𝜌 ∗ 𝑓 ∗ ∗ = 1149,4 ∗ 0,01804 ∗ ∗ = 4032,17 𝑃𝑎
𝐷 2 0,0253 2

Para se calcular a perda de carga nos acessórios é necessário conhecer o valor da constante de perda
de carga associada aos mesmos, assim:

Acessório Quantidade Constante (k)


Curva de 90º 3 1,5
Válvula de corte 2 0,24
Válvula de Solenóide 1 1

Assim, ktotal = 3 x 1,5 + 0,24 + 1 = 5,74

Aplicando então a equação de perdas de carga nos acessórios:

𝑉2 0,872
∆𝑃 = 𝜌 ∗ 𝑘 ∗ = 1149,4 ∗ 5,74 ∗ = 2496,8 𝑃𝑎
2 2
Assim com as perdas de cargas calculadas em todas as linhas, obtém-se a perda de carga total:

Perda de Carga
Linha Perda de Carga (tubagem)
(acessórios)
Aspiração 3105,8 Pa 1155,4 Pa
Descarga 6568,05 Pa 33623 Pa
Dreno 963,5 Pa 2109,3 Pa
Líquido 4032,17 Pa 2496,8 Pa
Total 14669,52 Pa 39384,5 Pa

Deste modo, as perdas de carga totais são:

∆𝑃 = 14669,52 + 39384,5 = 54054,02 𝑃𝑎

53
11 VÁLVULAS E ACESSÓRIOS

11.1 DEPÓSITO DE LÍQUIDO

Os depósitos de líquidos permitem garantir que à entrada da válvula de expansão se trata apenas de
fluido no estado líquido, através da separação do vapor e do líquido, pela diferença de densidades. O
depósito de líquido é selecionado de acordo com o ábaco da “Bitzer”, tendo como referência a
potência do evaporador e o fluido refrigerante, sendo selecionado um depósito.

Desta forma será instalado um depósito de líquido com um mínimo de 40 dm cúbicos.

54
Pelo catálogo de depósitos de liquido e sabendo que este terá de ter uma capacidade mínima de 40
dm cúbicos, selecionou-se o modelo F552T da “Bitzer” com capacidade de 54 dm cúbicos.

11.2 VÁLVULA DE SOLENOIDE

A válvula de solenoide tem como objetivo controlar o caudal


de massa que por ela passa encontrando-se antes do
evaporador. Para a seleção desta válvula deve-se ter em
consideração o diâmetro da tubagem, a gama de pressões e
temperaturas em que trabalha e o caudal. Deste modo
escolhe-se a válvula EVR 15 da Danfoss.

55
11.3 VÁLVULA DE EXPANSÃO

A válvula de expansão é um órgão que tem como finalidade regular o fluxo de líquido refrigerante no
evaporador de acordo com a carga térmica e restringir esse mesmo fluxo de modo a permitir uma
queda de pressão do refrigerante líquido para que este atinha o seu ponto de ebulição. Portanto, tal
como a válvula de solenoide instala-se antes do evaporador. Os critérios de seleção da válvula de
solenoide são aplicados também à válvula de expansão. Deste modo seleciona-se a válvula ETS 6-40
da Danfoss.

56
11.4 VÁLVULA DE ISOLAMENTO DE ESFERA

A válvula de isolamento é uma das mais presentes na tubagem visto que esta é responsável pelo corte
total de fluido, havendo possibilidade de intervenções de manutenção ou reparações em
componentes da instalação. Assim escolhe-se então a válvula GBC da Danfoss.

11.5 VÁLVULA DE RETENÇÃO EM LINHA

Este tipo de válvula impede a inversão do escoamento do fluído na tubagem, ou seja, deixa o
escoamento fluir num único sentido, fechando-se automaticamente no caso de um gradiente de
pressão que crie uma inversão de fluxo. A principal aplicação destas válvulas é na descarga ou na
aspiração de compressores. Assim opta-se pela válvula de retenção NRV da Danfoss com ligação de
rosca.

11.6 VÁLVULA DE REGULAÇÃO DA PRESSÃO DE EVAPORAÇÃO

Esta válvula tem como finalidade manter a pressão de evaporação constante, e, portanto, a
temperatura constante na superfície do evaporador, sendo deste modo montada na linha de
aspiração após o evaporador. Deste modo escolheu-se a válvula KVR da Danfoss.

57
11.7 VÁLVULA DE REGULAÇÃO DA PRESSÃO DE CÁRTER

As válvulas de regulação da pressão do cárter protegem o motor do compressor contra sobrecarga


durante o arranque ou após longo período de inatividade. Portanto estas válvulas são montadas antes
do compressor. A válvula escolhida é a KVL da Danfoss.

11.8 PRESSOESTATO

O pressostato serve para proteger o sistema de pressões de descarga excessivamente altas e pressões
de aspiração excessivamente baixas podendo estes ligar/desligar os compressores. Deste modo
seleciona-se um pressostato duplo que está conectado ao lado da baixa e da alta pressão. O
pressostato escolhido é o KP 17 WB com regulação de pressão no lado da baixa entre 0,20 e 7,5 bar e
regulação no lado da alta pressão entre 8 e 32 bar.

11.9 TERMOSTATO

O termostato, tal como o pressostato é capaz de cortar o fluxo de fluído, mas devido não a pressões,
mas a temperaturas extremas para o sistema aplicado. É escolhido então o termostato RT da Danfoss.

58
11.10 VISOR DE LÍQUIDO

O visor de líquido é instalado depois do filtro secador na tubagem, servindo este para se poder verificar
o estado em que o fluído passa por ele. É portanto necessário ter em atenção o fluído, pressões e
temperaturas de trabalho e as dimensões da tubagem, assim escolhe-se o visor de líquido SGN da
Danfoss.

11.11 FILTRO SECADOR

O filtro secador é concebido para proteger o sistema da humidade, ácidos e contaminantes sólidos.
Estes devem ser selecionados de acordo com a sua capacidade de proteção do sistema. Escolheu-se
assim o filtro secador DML da Danfoss.

59
11.12 SEPARADOR DE ÓLEO

O separador de óleo tem como função fazer com que o fluído frigorígeno seja o menos possível
contaminado com óleo lubrificante proveniente do compressor, tendo-se optado pelo separador de
óleo OUB da Danfoss com uma pressão máxima de trabalho de 28 bar e um alcance de temperaturas
entre -40 oC e 120 oC.

60
12 REFERÊNCIAS

• ASHRAE, Handbook: Refrigeration, American Society of Heating, Refrigerating and


AirConditioning Engineers, Inc., 2006.
• https://www.bitzer.de/websoftware/Calculate.aspx?cid=1543880564169&mod=HHK
• www.danfoss.com
• http://sofalca.pt/pdf/catalogo-isocor.pdf
• http://www.isoterme.pt/tipo-t.html
• http://www.dupont.com/Refrigeration
• http://www.centauro.pt/
• http://www.linde.com/international/web/lg/pt/like35lgpt.nsf/docbyalias/news_refrig

61

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