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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA

Área Departamental de Engenharia Mecânica

U.C. Corrosão e Proteção


Energia Eólica Offshore – Floating Wind Turbines

Semestre de Inverno 2018-2019

Corpo Docente Realizado por


Prof. Teresa Moura e Silva Rui Guerra – 40570
Pedro Saraiva – 40628
ÍNDICE
1 Introdução............................................................................................................................................. 5
2 Contexto europeu da energia eólica offshore ...................................................................................... 5
2.1 Energia eólica offshore em Portugal ............................................................................................. 7
3 Tecnologia offshore existente............................................................................................................... 9
3.1 Tipos de fundações ....................................................................................................................... 9
4 Corrosão nas floating wind turbines ................................................................................................... 12
4.1 Processos de corrosão ................................................................................................................ 12
4.2 Corrosão em turbinas eólicas offshore ....................................................................................... 13
4.2.1 Fatores de corrosão relacionados com a água do mar ....................................................... 14
4.2.2 Zonas de corrosão ............................................................................................................... 14
4.2.3 Tipos de corrosão ................................................................................................................ 16
4.3 Proteção ...................................................................................................................................... 18
4.3.1 Sistemas de revestimento ................................................................................................... 19
4.3.2 Pintura ................................................................................................................................. 20
5 Referências.......................................................................................................................................... 21
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Batimetria da plataforma continental europeia (esquerda) e potencial eólico offshore na
Europa (direita). ............................................................................................................................................ 7
Figura 2 - Características do potencial eólico offshore na Europa. .............................................................. 7
Figura 3 - Potencial eólico offshore da zona norte e centro de Portugal – 1ª Fase (esquerda) e 2º Fase
(direita). ........................................................................................................................................................ 8
Figura 4 - Diferentes Tipos de Fundações. .................................................................................................... 9
Figura 6 - Características de uma turbina eólica offshore semi-submersível. ............................................ 11
Figura 5 - Tipos de turbinas eólicas offshore flutuantes. ............................................................................ 11
Figura 7 - Ações externas a que estão sujeitas as turbinas eólicas offshore. ............................................. 13
Figura 8 - Relação da taxa de corrosão com o cloreto de sódio e pH. ........................................................ 14
Figura 9 - Representação das zonas de corrosão numa turbina eólica offshore do tipo semi-submersível.
.................................................................................................................................................................... 15
Figura 10 - Organismos incrustantes nas estruturas metálicas. ................................................................. 16
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Capacidade eólica offshore instalada por país (2011 – 2015), de acordo com a European Wind
Energy Association (EWEA). .......................................................................................................................... 6
Tabela 2 - Potencial sustentável para sistemas de fundação fixa para Portugal Continental (NEPs -
Número de horas anuais equivalentes à potência nominal de Portugal)..................................................... 8
Tabela 3 - Estimativa da taxa de corrosão para as diferentes zonas. ......................................................... 16
Tabela 4 - Exemplos de formas típicas de corrosão que ocorrem no ambiente marinho em elementos
metálicos e componentes estruturais de turbinas eólicas offshore........................................................... 17
Tabela 5 - Zonas de corrosão, métodos para controlo e formas de corrosão. ........................................... 18
Tabela 6 - Número de camadas, espessura total do filme seco e tipo de primário usado de acordo com
cada norma e exposição das estruturas eólicas offshore. .......................................................................... 20
1 INTRODUÇÃO
Ao longo das duas últimas centenas de anos, a humanidade mostrou-se altamente eficiente no
aproveitamento dos generosos recursos naturais fósseis. No entanto, com o elevado crescimento
demográfico mundial, a utilização destes ultrapassa significativamente o que a natureza pode renovar.
Consequentemente, se nos próximos anos se mantiver esta trajetória de consumo excessivo, não será
possível satisfazer as demandas da população mundial.

Atendendo a esta problemática, têm-se reunido esforços para se traçar um percurso de independência
de recursos naturais fósseis mais assente nas fontes energéticas inesgotáveis, como a energia solar, eólica,
geotérmica, entre outros. Para isso, têm sido desenvolvidos sistemas tecnológicos que nos permitam,
futuramente, depender apenas de recursos energéticos renováveis e que se revelem sustentáveis.

As turbinas eólicas são uma fonte de energia limpa e a mais económica dentro das tecnologias atuais.
Podem ser instaladas eficientemente em diversos tipos de território, incluindo regiões montanhosas,
remotas e até offshore. No entanto, este sistema tem sido implementado mais em zonas offshore do que
onshore. Isto deve-se a transtornos causados pelo considerável impacto visual, principalmente para os
moradores em redor, uma vez que a instalação dos parques eólicos gera uma grande modificação da
paisagem, e também pelo impacto causado sobre as aves do local, sobretudo pelo choque destas nas pás,
devido a efeitos desconhecidos da modificação dos seus comportamentos habituais de migração. Para
além disso, este sistema produz um ruído constante com valores de cerca de 43 dBA, levando a que
as habitações mais próximas distem, no mínimo, 200 metros do local onde as turbinas se encontram
instaladas. Ainda assim, não é só pelas desvantagens anteriormente mencionadas que se pretende
aumentar o número de parques eólicos em zonas offshore. O facto de haver maior regularidade de vento
em zonas marítimas permite que este sistema apresente menores valores de intermitência, resultando
assim numa maior produtividade de energia elétrica.

As estruturas de aço offshore, como o caso das floating wind turbines, são severamente afetadas por
ataques de corrosão, contrariamente às turbinas eólicas instaladas em terra. A corrosão pode reduzir a
espessura dos componentes estruturais e, consequentemente, iniciar fissuração por fadiga ou levar ao
encurvamento da estrutura. Estes mecanismos de falha afetam a vida útil da torre e podem resultar numa
rotura estrutural catastrófica. Como resultado disso, grandes investimentos financeiros são feitos
anualmente para a prevenção e recuperação desses inconvenientes.

A taxa de corrosão de uma floating wind turbine está diretamente relacionada com o grau de exposição
ao oxigénio e humidade. A degradação estrutural pode ocorrer por ataque químico, ação abrasiva das
ondas e ataques de microrganismos.

2 CONTEXTO EUROPEU DA ENERGIA EÓLICA OFFSHORE


A Europa detém um elevado potencial eólico offshore, estimando-se que a produção de energia atinja a
meta de 25 TWh até ao final de 2020. O continente europeu é atualmente o líder mundial em parques
eólicos offshore. No fim do primeiro semestre de 2011, estavam em operação 1247 turbinas eólicas e uma
capacidade acumulada de 3294 MW, correspondendo a 49 parques eólicos existentes em 10 países
europeus. Em 2010, a capacidade média de cada aerogerador instalado era de 3,2 MW em parques eólicos
com uma dimensão média de 155,3 MW.

Pela Tabela 1, verifica-se que, desde 2011, o Reino Unido e a Dinamarca são líderes de mercado no setor
da energia eólica offshore na Europa, apresentando os valores de capacidade instalada mais elevados.
Ano após ano, ambos os países têm aumentado significativamente esta capacidade. Porém, a Dinamarca
limitou o número de unidades eólicas offshore em 2013, verificando-se assim uma estagnação na
capacidade instalada entre 2013 e 2015. Já os níveis de produção da Finlândia, Irlanda, Portugal e Noruega
permaneceram inalterados ao longo dos anos. A lenta implementação da energia eólica offshore na
Espanha, deveu-se a restrições ambientais e características de profundidade ao largo da costa da Espanha
que impediram o uso de estruturas existentes de tecnologia de fundo fixo. Além disso, a falta de medidas
governamentais e incentivos para promover o investimento nessa área, foram também fatores a ter em
conta.

Tabela 1 - Capacidade eólica offshore instalada por país (2011 – 2015), de acordo com a European Wind Energy Association
(EWEA).

2011 2012 2013 2014 2015


Estado membro EU
(MW) (MW) (MW) (MW) (MW)
Bélgica 195 380 571 712 712
Dinamarca 857 921 1271 1271 1271
Finlândia 26 26 26 26 26
França N/A N/A N/A N/A N/A
Alemanha 200 280 520 1049 3295
Irlanda 25 25 25 25 25
Itália N/A N/A N/A N/A N/A
Portugal 2 2 2 2 2
Noruega 2 2 2 2 2
Espanha N/A N/A 5 5 5
Suécia 164 164 212 212 202
Holanda 246,8 246,8 247 247 427
Reino Unido 2094 2948 3681 4494 5061
A vasta experiência e conhecimentos técnicos adquiridos ao longo do desenvolvimento das tecnologias
eólicas onshore fizeram da Europa um continente com sabedoria e maturidade suficientes para apostar
na proliferação de projetos eólicos offshore, o que justifica a evolução da tecnologia nessa região. Para
além disso, foram fatores como a limitação de espaços disponíveis em terra e a existência de um elevado
potencial eólico offshore no mar do Norte e Báltico, que motivaram a Europa a investir no setor offshore.

Figura 1 - Batimetria da plataforma continental europeia (esquerda) e potencial eólico offshore na Europa (direita).

2.1 ENERGIA EÓLICA OFFSHORE EM PORTUGAL

Portugal apresenta uma plataforma costeira com profundidades que variam entre 25 e 200 metros com
declives reduzidos (≈3%) e um potencial eólico offshore médio. As características geográficas da costa
portuguesa são assim, favoráveis à implementação de sistemas offshore, em particular para as tecnologias
flutuantes, que se prevê que estejam disponíveis industrialmente na Europa a partir de 2020.

O primeiro passo para o desenvolvimento do sector eólico offshore consiste na caracterização do


potencial eólico através do mapeamento do recurso e identificação de macrorregiões com potencial
eólico, ao largo da costa portuguesa.

Figura 2 - Características do potencial eólico offshore na Europa.


O LNEG foi pioneiro neste estudo publicando o Atlas do Potencial Eólico Offshore, que representa o
mapeamento do recurso existente entre a linha de costa e a batimétrica de 200 metros de profundidade.
Numa primeira fase, foram identificadas as áreas com recurso superior a 2900 h/ano e 2700 h/ano (33%
e 31% de fator de capacidade anuais), com profundidades inferiores a 40 m. Posteriormente (2ª fase), foi
analisado o potencial caracterizado como deep offshore, ou seja, recurso em águas profundas, entre 40 e
200 m de profundidade, para um potencial eólico igual ou superior 2700 h/ano.
A Figura 3 apresenta o recurso energético do vento sustentável, correspondente a estas duas fases,
considerando um conjunto pormenorizado de restrições ao redor da costa (zona piloto da energia das
ondas, falhas sísmicas, tipos de solo, canais de navegação, boias marítimas, zonas militares, zonas de
proteção económica e ambiental e cabos elétricos submarinos.

Figura 3 - Potencial eólico offshore da zona norte e centro de Portugal – 1ª Fase (esquerda) e 2º Fase (direita).

Na Tabela 2 estão registados os valores do potencial eólico por zonas para sistemas com fundações fixas
e os limites de produção energética.
.
Tabela 2 - Potencial sustentável para sistemas de fundação fixa para Portugal Continental (NEPs - Número de horas anuais
equivalentes à potência nominal de Portugal).

Potencial Eólico Offshore


Zonas
NEPs≥2700 h/ano NEPs≥2900 h/ano
Viana do Castelo e Porto 1200 MW 550 MW
Figueira da Foz 1300 MW 100 MW
Peniche e Lisboa 950 MW 650 MW
Região Sul 50 MW 10 MW
Total 3500 MW 1400 MW

Verifica-se que existe um potencial offshore elevado em Portugal, sobretudo na zona norte, com um
potencial de capacidade instalada entre os 1400 a 3500 MW para sistemas com fundações fixas, e superior
a 40 GW anuais para sistemas flutuantes.
3 TECNOLOGIA OFFSHORE EXISTENTE

3.1 TIPOS DE FUNDAÇÕES

Atualmente, as turbinas eólicas offshore têm surgido com maior abundância do que outros
tipos de dispositivos de produção de energia renovável hídrica, como os de aproveitamento
das marés ou das correntes marítimas. Existem dois tipos distintos de estruturas de energia
eólica offshore: fixo e flutuante. As plataformas fixas estão localizadas principalmente em
águas rasas. Plataformas flutuantes são instaladas em águas profundas (tipicamente mais de
50 metros) e mais longe da costa do que estruturas fixas.

A maioria dos parques eólicos offshore instalados é fixa. Além disso, a maior percentagem das
estruturas fixas são em fundação do tipo monopile, seguidas por fundações Jacket (Treliça). No
entanto, as grandes áreas disponíveis com águas profundas sugerem que o futuro da energia
eólica offshore se centrará em estruturas flutuantes, como o projeto WindFloat em Portugal.

Figura 4 - Diferentes Tipos de Fundações.

Como é possível verificar pela Figura 4, podemos afirmar que existem três grandes tipos de fundações
para turbinas eólicas offshore: as de estacas, que assentam no fundo do mar, e estão junto à costa; as
estruturas de armação espacial (Space Frame Structures - SFS), que têm construções que assentam no
mar, e são adequadas para águas de transição; e as flutuantes, para grande profundidade, e que estão
ancoradas ao fundo do mar.
Quanto ao primeiro tipo, tem-se:

• Monopile – simples de fabricar. Consiste num único tubo de aço, cilíndrico, enterrado no fundo
do mar. A profundidade da penetração no fundo do mar depende do diâmetro e da espessura do
tubo, determinada a partir da profundidade e das características a turbina. Utilizada para
profundidades até aos 30m, e para turbinas até aos 2 MW.

Ao nível das SFS, que são utilizadas para profundidades entre os 25 e os 50m, e para turbinas entre os 2 e
os 5MW, existem:

• Tripod (Tripé) – estrutura com três pernas, feita com tubos de aço, e podem ser verticais ou
inclinadas. O mastro central da construção serve de peça transicional para a torre da turbina. A
largura da base e a profundidade da penetração dos tubos podem ser ajustadas conforme as
condições ambientais e do solo;
• Jacket (Treliça) – estrutura mais complexa que a anterior, que usa elementos tubulares em vez
de cónicos, tornando a estrutura mais consistente, mas mais trabalhosa, permitindo poupança
em materiais. Também é enterrada no solo do mar através de estacas.

Dentro das flutuantes existem:

• Spar Buoy – boia muito larga que estabiliza a turbina através de um lastro. O centro de gravidade
situa-se a uma profundidade maior que o centro de flutuação. Portanto, as partes da estrutura
mais abaixo são pesadas, ao invés das mais acima, junto à superfície, que são vazias, subindo
assim o centro de flutuação. É utilizada para profundidades acima dos 120m, e tem capacidade
para turbinas entre os 5 e os 10MW;

• Tension Leg Platform (TLP) – estrutura flutuante, semi-submersível, que está ancorada ao fundo
do mar, com cabos em tensão, para dar flutuação e estabilidade. É utilizada para profundidades
acima dos 50m, e tem capacidade para turbinas entre os 5 e os 10MW;

• Semi-submersível – combina os princípios utilizados nas duas estruturas anteriores, sendo


adicionada uma estrutura semi-submersível para dar mais estabilidade. É utilizada para
profundidades acima dos 50m, e tem capacidade para turbinas entre os 5 e os 10MW;

• Barge - Usam o princípio das embarcações para a estabilização, tirando partido de uma grande
área plana de flutuação sobre a superfície marinha para obterem momentos de correção.
Figura 6 - Tipos de turbinas eólicas offshore flutuantes.

Figura 5 - Características de uma turbina eólica offshore semi-submersível.


4 CORROSÃO NAS FLOATING WIND TURBINES

4.1 PROCESSOS DE CORROSÃO

A grande maioria dos processos de corrosão baseiam-se em reações eletroquímicas entre o metal e o
meio que o rodeia. Quando um metal sofre um processo de corrosão ocorrem na sua superfície os
seguintes processos:

• Processo de oxidação ou anódico – através do qual os metais originam iões para o meio
envolvente ficando com os eletrões libertados nesta reação acumulado no metal. As regiões da
superfície do metal onde se dá este processo designa-se por áreas anódicas;

• Processo de redução ou catódico – onde os iões existentes no meio agressivo são reduzidos,
consumindo os eletrões libertados no processo anódico. Este processo conduz normalmente à
formação de gases ou depósitos metálicos. As regiões da superfície do metal onde se dá este
processo designam-se por áreas catódicas.

O desenvolvimento das áreas anódicas e catódicas sobre uma mesma superfície metálica é consequência
das diferenças de energia que se estabelecem localmente. Estas diferenças de energia podem ser
explicadas considerandos, entre outros, os seguintes aspetos:

• Não existe na prática nenhum processo de fabrico que permita obter metais tendo uma superfície
absolutamente homogénea: os limites de grão apresentam-se de uma maneira geral deformados
e normalmente têm uma concentração superior de compostos de baixo ponto de fusão ou
impurezas;

• No caso de ligas as diferentes fases têm composição e estruturas diferentes;

• Manuseamento, operações de corte, soldaduras, trabalho a frio, etc. Conduzem a tensões


internas que irão também contribuir para a heterogeneidade das superfícies.
4.2 CORROSÃO EM TURBINAS EÓLICAS OFFSHORE

As turbinas eólicas offshore são submetidas a vários


mecanismos de danos estruturais como a corrosão,
fadiga, tensões térmicas, força das ondas, vento e
raios. A corrosão e fadiga são os principais
mecanismos de deterioração destas estruturas. Na
água do mar, um aumento na taxa de tensões pode
influenciar a taxa de crescimento das fissuras, tendo
em conta a interação do ambiente e a frequência de
carregamento. O aumento das fissuras por fadiga
revela-se totalmente dependente do material e
influenciada pelo ambiente, condições de carga,
microestrutura, procedimento de soldadura e
tensões residuais.

O uso de sistemas de proteção contra corrosão é


essencial para alcançar a vida útil esperada para a
qual uma estrutura foi projetada (cerca de 20
anos). Existem diferentes sistemas de proteção que Figura 7 - Ações externas a que estão sujeitas as
podem ser usados para atrasar e mitigar o início da turbinas eólicas offshore.
corrosão e as consequências associadas à segurança, integridade estrutural e vida útil. Uma
abordagem passiva à proteção contra corrosão envolve a introdução de uma camada barreira que
.
impede o contato de um material com o ambiente corrosivo. As abordagens ativas reduzem a taxa de
corrosão quando a barreira de proteção já está danificada e os agentes corrosivos entram em contato
com o substrato de metal. Com a combinação de ambas é possível fornecer uma proteção fiável contra
a corrosão de estruturas metálicas em ambientes agressivos durante toda a vida útil do projeto.

A aplicação de sistemas de revestimento é o método mais comum e usado para controlar a


corrosão. Além disso, os revestimentos também oferecem uma aparência visual mais agradável
quando comparados a superfícies de aço descobertas. O processo de revestimento envolve a aplicação
de revestimentos orgânicos, revestimentos metálicos ou a combinação destes dois tipos (geralmente
denominados como sistema duplex) na superfície do aço.

O custo de revestimento de estruturas onshore varia entre 15 a 25 €/m2, dependendo da estrutura, do


processo e sistema de revestimento. Por outro lado, o custo de manutenção do revestimento realizado
no local em estruturas offshore é de aproximadamente 5 a 10 vezes maior. Tendo em conta todos os
custos associados a estes trabalhos, em casos offshore, o valor pode aumentar para 1000 €/m2, até 50
vezes mais do que o custo inicial da aplicação. O revestimento em offshore é mais caro do que em
terra devido a vários fatores, incluindo a logística de transporte da mão de obra e materiais para o
local de trabalho e acesso limitado às estruturas offshore devido às condições meteo rológicas.
Além disso, alcançar bons resultados em ambiente offshore torna-se um grande desafio. A corrosão
em estruturas offshore é altamente dependente de fatores específicos do local, como a temperatura
da água, a salinidade, a profundidade e a velocidade das correntes marítimas. O processo de aplicação
e a especificidade do sistema de proteção contra corrosão são extremamente importantes e devem
ser adequados para o substrato e meio ambiente. Assim, devem ser preparadas especificações
eficazes, não ambíguas, viáveis e realizáveis por especialistas da área da tecnologia envolvida nos
sistemas de revestimento de proteção.

4.2.1 Fatores de corrosão relacionados com a água do mar

Figura 8 - Relação da taxa de corrosão com o cloreto de sódio e pH.

Geralmente, a taxa de corrosão aumenta com um teor de cloreto de sódio de 3%. Como o cloreto de sódio
em ambientes offshore é de 3,3 a 3,5%, ocorre corrosão severa. A taxa de corrosão aumenta
acentuadamente quando o pH cai abaixo de 4. Isto deve-se a um aumento no oxigénio dissolvido num pH
inferior a 4. O pH em ambientes offshore é de 8,1 portanto o efeito do pH na corrosão é insignificante.

4.2.2 Zonas de corrosão

Como já mencionado anteriormente, a falha estrutural de uma estrutura eólica offshore pode ocorrer
devido à fadiga, acelerada produzida por um aumento de tensões. Estas, podem aumentar quando as
frequências naturais são semelhantes à frequência do rotor e podem levar a consequências devastadoras.

A corrosão sob tensão é um grande problema operacional para estas estruturas, e é altamente
dependente da zona em que a tensão reside.

Dependendo do tipo de fundação da turbina eólica offshore podemos considerar três ou quatro zonas
distintas:

• Zona Submersa – Esta zona consiste na parte do sistema que se situa abaixo do nível da superfície
da água do mar, sujeita a uma corrente marítima mais baixa relativamente à superfície. Este tipo
de área é a mais afetada por corrosão por picadas ou corrosão intersticial. O material no mar
também está sujeito a sofrer corrosão por fadiga devido a esforços repetidos, e tanto a corrosão
por fadiga como a força repetida são problemas constantes. No entanto, estes fenómenos podem
ser agravados neste tipo de zonas por outro tipo de corrosão conhecido como corrosão biológica
causada pela presença de microrganismos que abitam em ambientes marítimos como o exemplo
de fungos, algas ou molúsculos. A proteção catódica (CP) é geralmente e usada nesta zona, muitas
vezes em conjunto com uma pintura antifouling, evitando assim a incrustação dos
microrganismos. É ainda importante denotar que se deve ter atenção ao uso de zinco, visto que
o seu contacto com a água irá gerar sal como solução de reação.

• Zona de maré (tidal) – É a zona entre o nível mínimo e máximo das marés, regida pelas suas
variações. Esta região é submetida a ciclos de molhagem e secagem. A degradação ocorre devido
a ataque químico, ação abrasiva de ondas e outras substâncias em suspensão (deriva do gelo ou
objetos flutuantes), bem como o ataque de microrganismos. Esta zona é frequentemente
revestida.

• Área de salpicos (splash) — A zona imediatamente acima do nível máximo de variação das
marés. Nesta zona, o substrato é diretamente afetado pelos salpicos da água. A altura da zona de
salpicos é uma função da altura da onda, assim como da velocidade e direção do vento, e é
submetida a ciclos de molhagem e secagem. Esta zona é frequentemente revestida usando um
esquema de múltiplas camadas envolvendo um polímero de flocos de vidro para ajudar a proteger
contra danos mecânicos. A corrosão torna-se mais significativa à medida que a água evapora e os
sais permanecem na superfície do substrato.

• Zona atmosférica – A zona acima da zona de respingo, onde a torre de aço e a estrutura superior
sofre ações do aerossol marinho, no entanto, ao contrário da zona de respingo, a estrutura não é
diretamente atacada por salpicos de água. Os ventos carregam os sais na forma de partículas
sólidas ou como gotículas de solução salina. A quantidade de sal presente diminui em função da
distância da altura da linha de água média. A velocidade e direção do vento influenciam a
quantidade de sal. Esta zona é tipicamente revestida.

Figura 9 - Representação das zonas de corrosão numa turbina eólica offshore do tipo semi-submersível.
Tabela 3 - Estimativa da taxa de corrosão para as diferentes zonas.

4.2.3 Tipos de corrosão

A corrosão pode ser classificada de acordo com a aparência do dano por corrosão ou o mecanismo de
ataque, a saber:

• Corrosão uniforme ou geral;


• Corrosão localizada;
• Corrosão intersticial;
• Corrosão galvânica;
• Erosão-corrosão;
• Corrosão intergranular,
• Dealloying;
• Fissuração ambientalmente assistida, incluindo corrosão sob tensão.

A corrosão microbialmente influenciada (MIC) é frequentemente vista como um ataque corrosivo. A MIC
está associada à presença de uma grande variedade de organismos. Alguns podem ser facilmente
observados, como cracas, algas, mexilhões e moluscos, enquanto outros são microscópicos
(bactérias). Esses microrganismos tendem a incrustar-se e crescer nas superfícies metálicas estruturais,
resultando na formação de um filme
biológico ou biofilme. Estes organismos
alteram as variáveis ambientais,
incluindo o poder de oxidação,
temperatura e concentração. Portanto,
o valor de um determinado parâmetro
na interface metálica/água do mar sob o
biofilme pode ser diferente do que no
eletrólito a granel, longe da
interface. Essa diferença pode resultar
no início da corrosão sob certas
condições nas quais não se daria se esse
filme não estivesse presente. A presença
do biofilme também pode produzir
mudanças na forma de corrosão (de
uniforme a localizada) ou um aumento
na taxa de corrosão. Figura 10 - Organismos incrustantes nas estruturas metálicas.
Tabela 4 - Exemplos de formas típicas de corrosão que ocorrem no ambiente marinho em elementos metálicos e componentes
estruturais de turbinas eólicas offshore.

Forma de corrosão Descrição Ilustração

Corrosão uniforme em componentes de


aço galvanizado por imersão a quente
Corrosão uniforme ou geral
hot-dip), com perda significativa de
secção.

Corrosão por picadas em componentes


Corrosão localizada
de tubulação em aço inoxidável.

Corrosão em fendas dos componentes


Corrosão intersticial
estruturais de aço.

Corrosão galvânica em componentes de


Corrosão galvânica aço na zona atmosférica devido à
seleção inadequada de material.

Fissuração por corrosão sob


Ilustração de CST.
tensão (CST)

Fadiga por corrosão em componentes de


Fadiga por corrosão aço sujeitos a carga cíclica.
4.3 PROTEÇÃO

As medidas fundamentais de proteção contra corrosão nas estruturas eólicas offshore incluem
revestimentos de proteção e/ou proteção catódica (CP), tolerância à corrosão, sistemas de
inspeção/monitorização, decisões de projeto de material e solda e controlo de ambiente para zonas
internas. A proteção contra corrosão de uma estrutura eólica offshore consiste de dois ou três
revestimentos à base de epóxi com um revestimento superior de poliuretano (PU). No entanto, isso pode
variar de acordo com a exposição e localização. A CP é normalmente utilizada em áreas submersas e de
marés, porém, os sistemas de revestimento também são tipicamente aplicados nessas zonas. Para o
efeito, a utilizam-se ânodos galvânicos de sacrifício nestas estruturas, sendo o sistema mais utilizado
atualmente.
Tabela 5 - Zonas de corrosão, métodos para controlo e formas de corrosão.

Zonas de Corrosão Controlo de Corrosão Forma de Corrosão


Zona Atmosférica
Uniformes e erosão-corrosão,
Áreas externas e internas de
Sistemas de revestimento Fissuração por corrosão sob
estruturas de aço
tensão (CST)
Superfícies internas sem controle
de humidade Tolerância à corrosão
Corrosão uniforme e picadas,
Superfícies internas de peças A permissão de corrosão deve CST
estruturais, como projeto de ser baseada em uma taxa de
vigas e colunas corrosão ≥0,10 mm / ano
Componentes críticos (por Materiais resistentes à
Intersticial, corrosão por
exemplo, aparafusamento e corrosão são aplicáveis, como
picadas e galvânica, CST
outros dispositivos de fixação) aço inoxidável
Zonas Salpicos e Tidal
Superfícies externas e internas de
Sistemas de revestimento
estruturas de aço
Uniforme, intersticial e corrosão
Sistemas de revestimentos
Estruturas e componentes por picadas, MIC
combinados com tolerância à
críticos
corrosão.
A permissão de corrosão e o
Superfícies internas de estruturas
uso de sistemas de
críticas Corrosão uniforme, intersticial e
revestimento são opcionais
picadas
Estruturas e componentes abaixo
CP
do nível médio de água (NMA)
Estruturas e componentes abaixo
Sistemas de revestimento
de 1,0 m do NMA
Corrosão uniforme, MIC
Superfícies externas na zona de
CP
respingo abaixo de NMA
Zona Submersa
Superfícies externas de estruturas CP, o uso de sistemas de Corrosão uniforme e erosão-
de aço revestimento é opcional e corrosão, MIC
estes devem ser compatíveis
com o CP
CP ou tolerância à corrosão
Superfícies internas de estruturas Uniforme, intersticial e corrosão
(com ou sem sistemas de
de aço por picadas, MIC
revestimento em combinação)
A permissão de corrosão deve
ser baseada numa taxa de
corrosão ≥0,10 mm / ano. O
crescimento marinho
Estruturas e componentes Corrosão uniforme e/ou
(bactérias) pode causar uma
críticos picadas, MIC, CST
taxa média de corrosão ≥0,10
mm / ano, e a aplicação de um
sistema de revestimento deve
ser considerada

4.3.1 Sistemas de revestimento

Os sistemas de revestimento podem integrar várias camadas de diferentes tipos de revestimentos, no


entanto, a compatibilidade entre os revestimentos (camadas) deve ser assegurada. O processo de
revestimento envolve a aplicação de revestimentos não metálicos, revestimentos metálicos ou a
combinação desses dois tipos de revestimentos na superfície do aço. Os revestimentos metálicos são
geralmente compostos por metais não ferrosos, geralmente zinco, alumínio e ligas. Os metais não
ferrosos são mais resistentes à corrosão do que o aço carbono. Estes revestimentos metálicos protegem
as estruturas de aço contra a corrosão por ação galvânica e barreira. Além disso, os revestimentos
metálicos protegem o aço sacrificialmente em áreas danificadas ou em pequenos poros nos
revestimentos.

O sistema de revestimento ideal deve garantir o desempenho adequado da estrutura durante a sua vida
útil sem a necessidade de reparos estruturais. Os principais fatores a serem considerados na seleção de
um sistema de revestimento são: o tipo de estrutura e sua importância, condições ambientais, vida útil,
durabilidade necessária, desempenho do revestimento e custos, incluindo a sua aplicação e preparação
da superfície.

Nas estruturas eólicas offshore, os revestimentos devem ser resistentes a altos níveis de corrosão devido
à elevada concentração de sal na água e no ar, carga de impacto devido a deriva de gelo ou objetos
flutuantes, tensões provenientes da presença de microrganismos, nomeadamente debaixo de água,
variações notáveis de temperatura da água e do ar. A vida das algas, animais e bactérias no local origina
tensões biológicas nos componentes estruturais nas zonas submersas e nas zonas de respingo. O
crescimento de algas e animais adiciona peso ao componente estrutural e influencia a geometria e a
textura da superfície do componente. O crescimento marinho pode, portanto, afetar as cargas
hidrodinâmicas, a resposta dinâmica, a acessibilidade e a taxa de corrosão da estrutura.
4.3.2 Pintura

A proteção do aço por pintura é geralmente assegurada pela aplicação de várias camadas de diferentes
tintas, cada uma com um papel específico. Os diferentes tipos de camadas são definidos pela ordem de
aplicação no substrato: o primário (primeira camada), sub-capa (qualquer camada entre o primário e o
acabamento) e o acabamento. As diferentes camadas devem ter cores diferentes para facilitar sua
identificação. Geralmente, o sistema de revestimento é caracterizado pelo número de camadas
(revestimentos) envolvidas e é conhecido pelo nome do aglutinante de tinta usado no revestimento de
acabamento.

Um parâmetro importante para caracterizar a capacidade de proteção do revestimento é a força de


adesão entre o sistema de revestimento e o substrato, bem como a adesão entre as camadas de
revestimento.

A adesão inadequada pode promover a falha do revestimento e expor o substrato ao meio ambiente
(espécies agressivas) e, portanto, causar corrosão. A maioria das falhas de revestimento com base
orgânica, como rachaduras, delaminação, danos por incrustação, e sujidade sob pintura, só podem ser
resolvidas limpando a superfície com jato de areia ou removendo o revestimento mecanicamente, e
aplicando uma nova camada. Em caso de danos por incrustação, a pintura danificada deve ser substituída
por um revestimento mais resistente e mais aderente com propriedades anti incrustantes.

• O primário aplicado na superfície do aço deve ter boa aderência e fornecer proteção anticorrosiva.
• Os sub-capa são geralmente usados para aumentar a espessura total do sistema de
revestimento. O revestimento superior protege as camadas abaixo dos agentes ambientais, como
a radiação UV do sol, e fornece resistência primária à abrasão e decoração quando necessário.
• O acabamento para além de funcionar como barreira e efeito decorativo, pode ter propriedades
especiais (fluorescentes, insonorizantes, anti vegetativas).

Um sistema clássico que atende às categorias de corrosividade C5-M e Im2 (zona muito corrosiva marítima
- áreas costeiras e offshore com alta salinidade) incluiria um primário à base de epóxi rico em zinco
(espessura de 60 µm), três camadas intermediárias de epóxi sucessivas e um acabamento de PU. O filme
seco total nominal deve ter uma espessura de 400 μm. Este processo de seleção considera apenas
sistemas de revestimento orgânico e não inclui a aplicação detalhada de revestimentos de metal, que são
bastante comuns nas estruturas eólicas offshore.
Tabela 6 - Número de camadas, espessura total do filme seco e tipo de primário usado de acordo com cada norma e exposição
das estruturas eólicas offshore.

Primário de acordo
Espessura de Filme
com a zona de Número de camadas Norma
Seco Total (µm)
exposição
Exposição Atmosférica
3–5 320
EP, PU
2 500 EN ISO 12944
EP, PU (rico em Zn) 4–5 320
EP (rico em Zn) ≥3 >280
ISO 20340
EP ≥3 >350
EP (rico em Zn) ≥3 >280
NORSOK M-501
EP ≥2 >1000
Zonas Subaquáticas e de Salpicos
EP (rico em zinco) 3–5 540
EP, PU 1–3 600 EN ISO 12944
EP 1 800
EP, PU (rico em Zn) ≥3 >450
EP, PU ≥3 >450 ISO 20340
EP ≥2 >600
EP ≥2 ≥350* NORSOK M-501
* O sistema de revestimento deve ser usado simultaneamente com CP.

• EN ISO 12944 – descreve os tipos de tinta e sistema de pintura normalmene usados para proteção
contra corrosão de estruturas de aço. Também fornece orientação para a seleção de sistemas de
pintura disponíveis para diferentes ambientes e diferentes graus de preparação de superfície, e o
grau de durabilidade esperado. A durabilidade dos sistemas de pintura é classificada em termos
de baixo, médio e alto.
• ISO 20340 – lida com os requisitos de desempenho para sistemas de pintura de proteção para
estruturas offshore e relacionadas (ou seja, aquelas expostas ao ambiente offshore, bem como
aquelas imersas em águas marinhas ou salobras). Também pode ser usado para outras estruturas,
desde que as tintas ou sistemas de pintura de proteção selecionados estejam em conformidade
com a ISO 20340.
• NORSOK M-501 – Esta norma fornece requisitos para o projeto de Proteção Catódica de
instalações submersas e compartimentos contendo água do mar, e fabricação e instalação de
ânodos de sacrifício.

5 REFERÊNCIAS
• http://www.i-asem.org/publication_conf/acem12/M5A-
2.pdf?fbclid=IwAR1wrFaa61BowWQCRWLOUF5fz5-wMqqXCMAh0N3S4cC5aPZca8diPdN5Hj4
• http://noctula.pt/projecto-windfloat-atlantic-primeiro-parque-eolico-maritimo-em-
portugal/#!prettyPhoto
• https://www.repsol.com/en/sustainability/climate-change/new-energy-
solutions/windfloat/index.cshtml
• http://repositorio.lneg.pt/bitstream/10400.9/2679/2/Wind_Enermar_MJ%20Marques.pdf
• https://www.sintef.no/globalassets/project/nowitech/wind_presentations/bjorgum-a.-sintef-
mc.pdf
• http://www.ordemengenheiros.pt/fotos/dossier_artigo/20140424_asarmento_1420917428536
cbbda7a38b.pdf
• http://www.civil.ist.utl.pt/~cristina/EBAP/ExecucaoEstruturas/Elsa_IST_LNEC.pdf
• http://www.associacaodeinspetores.com.br/arquivos/arquivo_artigo/ec2fa48610ba3da07a99cf
7c6b631754.pdf

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