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Ciências Farmacêuticas
Material Teórico
A Trajetória das Ciências Farmacêuticas:
das Boticas às Indústrias

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Liriana Belizario Cantagalli
Prof.ª Dr.ª Silmara Baroni

Revisão Textual:
Jaquelina Kutsunugi
A Trajetória das Ciências
Farmacêuticas: das Boticas às
Indústrias

• Um Breve Histórico da Farmácia;


• O Desenvolvimento da Indústria Farmacêutica;
• A Indústria Farmacêutica no Brasil.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Compreender que existem fatos na história da farmácia que refletem na maneira
como a indústria se desenvolveu e na relação do profissional com suas competências
de atuação, a origem e a história da farmácia desde as boticas até a indústria;
• Compreender que o progresso da indústria farmacêutica é dependente de pesquisa e ino-
vação e que o novo contexto de saúde abrange novas perspectivas de atuação profissional.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
Unidade A Trajetória das Ciências Farmacêuticas: das Boticas às Indústrias

A Trajetória das Ciências Farmacêuticas:


das Boticas às Indústrias
Olá, caro(a) aluno(a)! Nesta Unidade, você terá a oportunidade de conhecer um
pouco sobre a história de sua profissão, além de como a indústria farmacêutica se
desenvolveu no país e no mundo, bem como quais são as perspectivas de atuação do
farmacêutico e da indústria no cenário atual de inovação tecnológica e saúde pública.

FIGURA 1 - Foto de uma botica ou farmácia antiga


Fonte: Franzisca Guedel / 123RF.

A seguir, veremos um breve histórico da farmácia.

Um Breve Histórico da Farmácia


Você sabia que a medicina moderna originou-se na Grécia, e a pequena caixa de
madeira que os médicos antigos usavam para guardar os remédios eram chamadas
boticas? Ademais, que “boticário” foi o primeiro nome usado para referir-se aos
profissionais envolvidos na comercialização de medicamentos? Pois bem! Nesta
época, as formulações eram preparadas pelos próprios médicos, de acordo com
as informações dos compêndios e farmacopeias ou com base em conhecimentos
populares sobre plantas medicinais, envolvendo, sempre, um certo mistério e reu-
nindo rituais supersticiosos.

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Até o século XI, a farmácia restringia-se apenas a ser ensinada como uma par-
te do estudo da medicina, e o primeiro registro que faz referência à separação
da farmácia da medicina é de 1240 (idade média), quando o imperador romano
Frederico II, rei da Sicília e imperador germânico, escreveu a carta magna da pro-
fissão farmacêutica. Na carta magna, Frederico II argumentava que o exercício da
farmácia requer conhecimento e responsabilidades especiais, com o objetivo de
garantir cuidados às necessidades medicamentosas das pessoas. Daí por diante,
criaram-se, então, três classes profissionais distintas: boticários, médicos e cirurgi-
ões (PEREIRA; NASCIMENTO, 2011). Frederico II, através do chamado Édito de
Melfi, instituiu, ainda, uma série de normas que regulamentam a atividade farma-
cêutica. Era proibido, por exemplo, a sociedade entre médicos e farmacêuticos;
os farmacêuticos só podiam dispensar remédios de acordo com receitas médicas,
além de determinar que deveria haver um controle nos preços dos medicamentos.
Aos poucos, essas normas foram sendo acatadas por toda a Europa (DIAS, 2005).

No Brasil, durante o período colonial, bem antes da instituição de cursos de


medicina e farmácia, em meados dos séculos XVII, as boticas foram trazidas por
cirurgiões-barbeiros, mascates, jesuítas e boticários portugueses, que tiveram im-
portante papel no desenvolvimento das práticas e dos conhecimentos terapêuticos
(FEBRAFARMA, 2007). Porém, os boticários eram apenas comerciantes, os quais
não tinham formação em química farmacêutica. Quem preparava as formulações
eram droguistas italianos, chamados Vallabellas, radicados em Lisboa, que enrique-
ciam enviando os medicamentos para os boticários comerciantes venderem no Rio
de Janeiro e na Bahia. Em função da possibilidade de ganhos com o monopólio da
fabricação e o comércio de remédios, os boticários foram acusados de preocupa-
rem-se mais com seus interesses do que com a saúde de seus semelhantes.

Os estabelecimentos que comercializavam medicamentos eram dirigidos por bo-


ticários e chamavam-se boticas. Os boticários eram pessoas despreparadas, quanto
aos conhecimentos e cuidados necessários para lidar com o preparo de fórmulas e
cuidados com os pacientes. Seus conhecimentos eram os conhecimentos popula-
res sobre plantas medicinais e, para atuarem como boticários, tinham apenas uma
carta de aprovação da autoridade de saúde da corte, em Coimbra (FILHO; BA-
TISTA, 2011). Foi somente em 1640 que as boticas receberam autorização para
trabalharem de maneira regulamentada como comércio. A partir deste ano, estas
multiplicaram-se no país e, devido à facilidade de abertura, muitos assim faziam,
principalmente devido à expectativa de bons lucros. Com o passar do tempo, as
boticas tornaram-se alvos de preocupação para o governo colonial, pois serviam de
locais para reuniões a portas fechadas de grupos congregados em jogatinas, discus-
sões políticas e religiosas, que ameaçavam o estatuto colonial, abrindo caminhos à
independência (EDLER, 2006).

Em 1744, foi outorgada, então, a legislação chamada “Regimento 1744”, que


proibia a distribuição de drogas e medicamentos por estabelecimentos não autori-
zados, além de instituir a figura de um profissional responsável, estabelecer critérios
para a estruturação física dos estabelecimentos e criar uma fiscalização sobre o

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Unidade A Trajetória das Ciências Farmacêuticas: das Boticas às Indústrias

estado de conservação das drogas e plantas medicinais (BELLAN; PINTO, 2016).


Os primeiros cursos superiores de farmácia só foram criados após a independência
do Brasil e, no século XIX, já existiam diversas instituições de ensino no país.

Contudo, as licenças para abrir boticas continuavam sendo concedidas aos bo-
ticários sem diploma (FERNANDES, 2004); apenas no século XX, o farmacêutico
tornou-se um profissional de referência para a sociedade, cabendo, somente a ele,
comercializar, preparar e orientar sobre a forma de uso dos medicamentos. A par-
tir desse momento, a farmácia passa a ser um local de promoção à saúde pública
e um centro cultural, no qual as pessoas procuravam notícias e novidades sobre
os acontecimentos políticos e sociais do mundo, já que os meios de comunicação
eram escassos (PEREIRA; NASCIMENTO, 2011).

Com o desenvolvimento da indústria farmacêutica, os medicamentos deixaram


de ser preparados de forma magistral e foram quase que totalmente substituídos
por medicamentos preparados em escala industrial, com antecedência e embala-
gens particulares. O farmacêutico, então, tornou-se distante da população, pois
sua atuação ficou reduzida à dispensar e comercializar remédios, limitando sua
atuação como agente de promoção de saúde pública (FILHO; BATISTA, 2011).
Atualmente, com as atribuições clínicas do farmacêutico, a visão deste profissional
como um membro das equipes multidisciplinares em saúde e sua importância junto
à população está sendo retomada.

Farmacopeias: são coleções ou repositórios de informações sobre substâncias utilizadas


Explor

para o tratamento terapêutico e preparados medicamentosos (SANTOS, 2000). Podemos


dizer que seriam enciclopédias farmacêuticas da época.
Botica: eram as caixas de madeira compartimentadas, contendo uma série de produtos
terapêuticos ou preparações medicamentosas, sendo, também, um termo aplicado ao es-
tabelecimento comercial permanente do boticário. Botica também era a denominação do
compartimento existente nos hospitais, civis e militares, destinado ao preparo e à adminis-
tração de medicamentos aos doentes internados (SANTOS, 2000).

Aluno(a), saiba mais sobre a farmácia antiga, clicando no link abaixo. Através de sua leitura,
Explor

faça uma viagem no tempo, conhecendo um pouco mais sobre a estrutura física das farmá-
cias antigas e os medicamentos vendidos na época. https://bit.ly/2SWbNnn
O site do museu da farmácia, localizado em Lisboa, Portugal, possui um link para uma visita
virtual a algumas farmácias, vídeos sobre as coleções e muito mais.
Explore: https://bit.ly/2GXMRES.

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O Desenvolvimento da Indústria Farmacêutica
Podemos dizer, caro(a) aluno(a), que o desenvolvimento da indústria farmacêu-
tica até como é hoje parece ser paradoxo, mas iniciou com as guerras mundiais.
Na primeira guerra mundial, muitos soldados morriam, devido às doenças que
acabavam provocando mais perdas de soldados do que em batalhas com o inimigo.
Nesse contexto, Alexander Fleming, médico militar, descobriu, acidentalmente, a
penicilina, um marco na história dos antibióticos. Contudo, sua produção em larga
escala não era possível e ficou conhecida apenas no meio científico (RADAELLI,
2007). Entretanto, durante a segunda guerra, com a necessidade de controlar a bai-
xa de soldados mortos por questões indiretas às batalhas, os governos investiram
grandes quantias para o desenvolvimento da indústria farmacêutica, ampliando-a e
consolidando-a como uma das maiores e mais importante das indústrias (BELLAN;
PINTO, 2016).

Após a segunda guerra, a supremacia internacional na produção de medicamen-


tos foi transferida da Alemanha, que dominava, inicialmente, a indústria farmacêu-
tica, por deter conhecimento em química analítica, para os Estados Unidos que,
além de aproveitar-se da destruição de grande parte do parque industrial europeu,
investiu pesado em pesquisa e desenvolvimento, assumindo a liderança dos proces-
sos de produção, graças ao aprimoramento das técnicas de produção sintética e
de purificação de substâncias empregadas nas medicações. Isso permitiu uma pro-
dução em larga escala, bem diferente da forma antiga de produzir medicamentos
a partir de produtos naturais e plantas medicinais, necessitando de grandes áreas
de plantio para posterior extração que, muitas vezes, resultavam em uma peque-
na quantidade de matéria-prima. Nos últimos anos, essa realidade tem mudado,
devido ao desenvolvimento de estudos nas áreas de fisiologia, produção vegetal,
melhoramento genético e investimentos na área de biotecnologia. Impulsionado
pelo interesse popular por tais produtos, a produção de medicamentos a partir de
produtos naturais vem sendo, portanto, uma tendência bastante promissora.

Três mudanças significativas marcaram o início da era moderna da indústria


farmacêutica e ajudaram na concretização da hegemonia norte-americana: a des-
coberta da estreptomicina, antibiótico de amplo espectro; o estabelecimento da
regulamentação e regime de patentes; e o controle sobre a produção, preço e
distribuição dos detentores de patentes sobre seus medicamentos (FERST, 2013).
Atualmente, os Estados Unidos e a Europa despontam como as regiões detentoras
do maior número de patentes farmacêuticas, seguido pela China, considerado um
país emergente no setor farmacêutico, que vem demonstrando sua elevada capaci-
dade de gerar inovação no setor, bem como ditar a dinâmica competitiva (AKKARI
et al., 2016).

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Unidade A Trajetória das Ciências Farmacêuticas: das Boticas às Indústrias

A Indústria Farmacêutica no Brasil


No Brasil, a indústria farmacêutica teve seu desenvolvimento entre 1890 e
1950, mais tarde do que o observado nos países europeus. O desenvolvimento
inicial da indústria farmacêutica no Brasil está intimamente relacionado ao Estado,
que incentivou instituições de saúde pública para o desenvolvimento de práticas
sanitárias de prevenção e combate às doenças infecciosas. O Estado foi o principal
responsável por financiar a formação dos primeiros cientistas, laboratórios e insti-
tuições de pesquisa básica e aplicada, como o Instituto Vacinogênico e o Instituto
Butantan que, até hoje, são referências em produção de vacinas no mundo.

Na década de 50, o então presidente Juscelino Kubitschek implantou um plano


de metas desenvolvimentistas, cujo o slogan era “50 anos em 5”; o Brasil iniciou
um processo de desenvolvimento nos setores de energia, alimentos, educação,
transporte e indústria de base. Contudo, não houve uma política governamental
para o setor farmacêutico. Sem incentivos fiscais para indústrias nacionais, facili-
tamento de importações, criações de linha de crédito e medidas protecionistas que
tornassem difíceis as transações de grupos estrangeiros, a abertura econômica faci-
litou a entrada de indústrias farmacêuticas internacionais (FEBRAFARMA, 2007).

A indústria farmacêutica brasileira não conseguiu acompanhar os avanços tec-


nológicos necessários da época, pois uma grande parte das empresas brasileiras
não tinham condições de investir em pesquisa científica. Na década de 70, as
atividades na área farmacêutica tornaram-se ainda mais complexas, em razão dos
avanços da engenharia genética e da biologia molecular. Já a década de 80 ficou
conhecida pela estagnação econômica e inflação, provocando uma diminuição em
investimentos no setor farmacêutico, seguindo, nos anos de 1980 a 2000, com
problemas, tais como o controle de preços pelo governo, baixo prestígio de seus
produtos, leis de proteção à propriedade intelectual e exigências da Agência Na-
cional de Vigilância Sanitária (ANVISA) cada vez mais rígidas à concessão de novas
drogas, fazendo com que as poucas empresas nacionais que sobreviveram fossem,
portanto, incorporadas a empresas estrangeiras (RADAELLI, 2007).

No infográfico a seguir, aluno(a), você pode acompanhar a cronologia dos prin-


cipais acontecimentos históricos de impacto na cadeia farmacêutica do Brasil.

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Figura 2 - A cronologia da cadeia farmacêutica no Brasil
Fonte: Liliwhite / 123RF

Hoje, a situação da indústria brasileira não é diferente da relatada anteriormen-


te. Os países desenvolvidos continuam investindo grandes montantes na produção
de pesquisas e no desenvolvimento de medicamentos inovadores, bem como nos
países em desenvolvimento, como o Brasil. Em razão do baixo incentivo de pes-
quisas técnico-científicas, grande parte da indústria farmacêutica do país tornou-se
divulgadora e reprodutora de tecnologias desenvolvidas nas sedes das multinacio-
nais, já que a maioria das indústrias instaladas no Brasil são de capital estrangeiro e
não participam diretamente de suas pesquisas. As empresas totalmente nacionais
limitaram-se, portanto, a produzir cópias de medicamentos, ou seja, os famosos
similares e genéricos, que só podem ser copiados após o vencimento das patentes
dos medicamentos originais.

Em síntese, investimento em pesquisas e desenvolvimento de novos fármacos no


Brasil ainda é muito aquém da necessidade. Em nosso país, pesquisas nesta área
continuam a ser financiadas, principalmente, pelas agências federais e estaduais de
fomento à pesquisa, por meio de parcerias entre universidades e laboratórios. Em
um estudo realizado por Pontes (2017), sobre os depósitos de patentes para medi-
camentos e a indústria farmacêutica no Brasil, foi apontado que a lei dos Genéricos
permitiu o crescimento das indústrias nacionais, porém o investimento em Pesquisa,
Desenvolvimento e Inovação (P,D&I) continuou, praticamente, nulo. Os depósitos
de patentes brasileiras eram de universidades (UFMG, USP e UNICAMP), e não de
indústrias. Para Pontes (2017), é possível concluir que as universidades e os Institu-
tos de Ciência e Tecnologia, a partir do desenvolvimento de tecnologias a nível labo-
ratorial, poderiam trabalhar em parceria com as indústrias nacionais, que possuem
condições de promover o aumento de escala e a produção final do medicamento.

Ao analisar as principais áreas do conhecimento abordadas nos documentos


de patente, o trabalho de Pontes observou o predomínio dos medicamentos pro-
duzidos por síntese química. Contudo, algumas áreas inovadoras, as quais exigem

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Unidade A Trajetória das Ciências Farmacêuticas: das Boticas às Indústrias

conhecimentos tecnológicos avançados, como a biotecnologia, aparecem entre as


5 áreas mais exploradas. Com isso, países que não desenvolveram essas novas tec-
nologias ficaram dependentes das indústrias multinacionais que investem em P&D.
Entretanto, a revolução biotecnológica, promovida, principalmente, graças às uni-
versidades e institutos públicos, abrem novas possibilidades de mercado às empre-
sas farmacêuticas brasileiras. Em Unidade posterior, teremos a oportunidade de
estudar como a biotecnologia dispõe de ferramentas tendência, as quais ampliam
as perspectivas nas áreas das ciências farmacêuticas no mundo. Fique atento!

Similares: os medicamentos similares são identificados pela marca ou nome comercial e


Explor

possuem o mesmo princípio ativo, forma farmacêutica e via de administração dos medi-
camentos de referência, bem como são aprovados nos testes de qualidade da ANVISA. Os
medicamentos similares não podem ser substituídos pelos de referência quando prescritos
pelo médico, de acordo com a ANVISA.
Genéricos: apresentam o mesmo princípio ativo que um medicamento de referência. Em sua
embalagem, há uma tarja amarela, contendo a letra “G”, de “Medicamento Genérico”. Como
esse tipo de medicamento não tem marca, o consumidor tem acesso apenas ao princípio
ativo do medicamento. São produzidos após a expiração da patente e a aprovação da comer-
cialização, que é feita pela ANVISA. Os genéricos são aprovados nos testes de qualidade da
ANVISA e podem substituir os medicamentos de referência, quando prescritos pelo médico,
e apresentam-se com um custo mais acessível!
Fonte: SINFARMA (2016, on-line).

Diante do exposto até o momento, prezado(a) aluno(a), fica evidente que a in-
dústria farmacêutica mundial cresceu devido aos investimento em Pesquisa e De-
senvolvimento (P&D), mas também à Lei de proteção de patentes, que foi muito
importante para estimular a pesquisa e inovação na área, garantindo lucros a partir
dos grandes investimentos iniciais:
[...] o controle de ativos intangíveis vinculados ao processo de inovação,
especialmente as patentes, é de extrema importância nesse segmento,
uma vez que muitos recursos são empregados no processo de inovação,
conferindo um custo médio de desenvolvimento de produto, desde a des-
coberta do princípio ativo até o lançamento do medicamento, de cerca
US$ 1,2 bilhões. O custo elevado de P&D é um reflexo do longo período
necessário para o desenvolvimento de um novo composto, podendo al-
cançar 13 anos até a formulação farmacêutica chegar ao mercado [...].
(AKKARI et al., 2016, p. 366).

A indústria farmacêutica, baseada em inovação, tornou-se um dos principais


setores responsáveis por movimentar a economia, por ser um dos setores mais
rentáveis do comércio. Para Akkari et al. (2016, p. 367):
[...] o segmento farmacêutico é um setor estratégico, de modo a contri-
buir, sob diferentes perspectivas, para o desenvolvimento de um país e
geração de vantagens competitivas, especialmente quando se refere a paí-
ses farmaemergentes, como o Brasil. Contudo, essa relação é dependente

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do nível de investimento em P&D, políticas públicas de inovação e ações
regulatórias, que permeiam o processo de desenvolvimento e proteção de
novos fármacos.

Mas, caro(a) aluno(a), a atual perspectiva das diversas áreas de atuação de sua
profissão não se baseia apenas em ganhos efetivos, mas também no bem-estar
do paciente, que é o protagonista da história das ciências farmacêuticas. Você se
lembra do início da Unidade, onde falamos que, em um determinado momento
da história, os boticários, que apenas comercializavam medicamentos, foram cri-
ticados por seus interesses exclusivamente financeiros? Lembra-se de que, em um
outro período da história, o boticário era o único o responsável por preparar medi-
camentos e, nesse contexto, dispensava cuidados e atenção ao paciente? Além do
mais, em um momento mais recente da história, estes passaram a ter seu diploma
de farmacêutico reconhecido, mas a indústria avançou e o farmacêutico não pre-
parava mais as medicações como antes? Lembra-se de que passou, então, a ser
apenas um responsável técnico, o qual preocupava-se com burocracias, comércio
e dispensação de remédios? Vejamos, então, aluno(a), um resumo da atuação far-
macêutica ao longo da história.
De farmacêutico a responsável técnico, de liberal a assalariado, eis a tra-
jetória do profissional no âmbito da farmácia propriamente dita, mar-
cada por uma redução na dimensão técnica e social do seu trabalho e
um ampliar na dimensão burocrática e comercial. Esta burocratização da
profissão é relatada por formandos entrevistados no estudo de Valladão
(1981): “hoje em dia, eu só assino documentos”. (PEREIRA; NASCIMEN-
TO, 2011, p. 246).

Com o intuito de modificar essa ideia exclusivamente comercial da atuação do


farmacêutico e da indústria da área, além de devolver a importância das ciências far-
macêuticas para a saúde e cuidados com as pessoas, as universidades acrescentaram
conhecimentos relacionadas à assistência farmacêutica para a formação de profis-
sionais preparados em lidar com questões mais humanizadas de saúde, com espírito
crítico e científico a solução de problemas. Além disso, os campos de atuação do
farmacêutico, hoje, são muito mais diversos do que era há 30 anos, por exemplo.

A Resolução n° 02 da Câmara de Educação do Ensino Superior, do Conselho


Nacional de Educação do Ministério da Educação, aprovada em 19 de fevereiro de
2002, que instituiu as diretrizes Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia,
criou o farmacêutico com “formação generalista”, incorporando, à habilitação pri-
mária dos farmacêuticos, todas as habilitações, não havendo mais diferença entre
o farmacêutico simples, bioquímico ou industrial.

A associação da indústria farmacêutica de pesquisa (INTERFARMA), fundada


em 1990, uma entidade sem fins lucrativos, representa empresas e pesquisadores
responsáveis por promover e incentivar o desenvolvimento da indústria, pautado
em um Código de Conduta. A primeira versão desse documento é de 2007 e
consolidou-se em 2012, quando a INTERFARMA fechou um acordo inédito com

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Unidade A Trajetória das Ciências Farmacêuticas: das Boticas às Indústrias

o Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB) e a


Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Esse documento permitiu a definição
conjunta de regras entre as empresas do setor que compõem a Associação, tornan-
do-o referência mundial no setor da saúde. Logo, no entendimento da Associação,
uma das metas mais importantes, no que tange os debates sobres saúde pública,
é o compromisso com a saúde do paciente e a divulgação do Código de Conduta
das empresas que fazem parte da associação, além de mostrar, para a sociedade, a
importância das pesquisas médicas e farmacêuticas, dentre outros princípios éticos.
O Código de conduta das indústrias farmacêuticas, aluno(a), pode ser consultado
no material complementar. Não deixe de acessar!

Assista ao vídeo Carta de Princípios - INTERFARMA e explore a biblioteca:


Explor

https://bit.ly/2BQQdWX.

Portanto, caro(a) aluno(a), partindo do panorama histórico, é possível observar


que o farmacêutico passou por momentos distintos em sua atuação profissional.
Ora era enfatizada a sua atuação como comerciante; ora era alguém importante
na farmácia, devido a sua responsabilidade técnica e administrativa; ora prevalecia
sua importância para o preparo de medicamentos e cuidados, até a realidade atu-
al, em que habilidades clínicas são exigidas desse profissional. Toda essa trajetória
moldou as competências do profissional de hoje. Porém, no panorama atual, novas
competências foram agregadas a sua formação, de maneira a atender uma nova
demanda social da profissão, tornando-o um elemento essencial nos serviços de
saúde. Na próxima Unidade, falaremos sobre as demandas sociais atuais e sobre as
tendências de atuação da assistência farmacêutica. Até lá!

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Diferenças entre genérico, similar e de referência - Dr. Dráuzio Varella
Neste vídeo bastante simples e didático, produzido pelo Dr. Dráuzio Varella, é possível
compreender, de maneira simples, as diferenças básicas entre os medicamentos
genéricos e similares, esclarecendo qualquer dúvida que ainda possa existir em relação
ao tema:
https://bit.ly/2U8CyRY

Influência da Alquimia na História da Farmácia - “Draw My Life”


O vídeo conta, através de um desenho animado, um pouco mais sobre a história da
farmácia, adicionando, inclusive, questões ainda mais antigas do que as abordadas
nesta Unidade, bem como a importância da alquimia no desenvolvimento das ciências
farmacêuticas:
https://bit.ly/2GZKelT

Leitura
Código de Conduta - INTERFARMA
A INTERFARMA é a primeira associação de empresas farmacêuticas a criar e
implementar um Código de Conduta para o setor farmacêutico e, agora, lançou a
terceira edição deste documento, com capítulos e temas inéditos. Confira no site da
INTERFARMA:
https://bit.ly/2U70FAF

Inovação tecnológica na indústria farmacêutica: diferenças entre a Europa, os EUA e os países farmaemergentes
Neste artigo, é possível compreender um pouco mais sobre a realidade do Brasil frente
à inovação tecnológica, bem como em qual posição ele encontra-se dentre os países
farmaemergentes em pesquisa e inovação:
https://bit.ly/2TaHatK

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Unidade A Trajetória das Ciências Farmacêuticas: das Boticas às Indústrias

Referências
AKKARI, A. C. S. et al. Pharmaceutical innovation: differences between Euro-
pe, USA and ‘pharmerging’ countries. Gestão & Produção, v. 23, p. 365-380,
2016.

BELLAN, N.; PINTO, T. J. A. Diretrizes do processo de regulamentação sani-


tária dos medicamentos no Brasil. Barueri: Manole, 2016.

DIAS, J. P. S. A Farmácia e a História. Uma introdução à História da Farmácia,


da Farmacologia e da Terapêutica. Faculdade de Farmácia da Universidade de Lis-
boa, 2005.

EDLER, F. C. Boticas e pharmacias: uma história ilustrada da farmácia no Brasil.


Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2006.

FEBRAFARMA. Origens e trajetórias da indústria farmacêutica no Brasil. São


Paulo: Narrativa Um, 2007.

FERNANDES, T. M. Boticas, indústrias farmacêuticas e grupos de pesquisa


em plantas medicinais: origens no Brasil. In: Plantas medicinais: memória da ci-
ência no Brasil [on-line]. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, p. 27-76, 2004.

FERST, G. C. Análise da Indústria Farmacêutica no Brasil: Surgimento e De-


senvolvimento da Indústria Nacional. 2013. Monografia – Especialização em Ciên-
cias Econômicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.

FILHO, J. R.; BATISTA, L. M. Perfil da atenção farmacêutica nas farmacêuti-


cas comerciais no município de João Pessoa-PB. Rev. Braz. J. Pharm. v. 92(3),
p. 137-141, 2011.

PEREIRA, M. L.; NASCIMENTO, M. M. G. Das Boticas aos cuidados farma-


cêuticos: perspectivas do profissional farmacêutico. Rev. Bras. Farm. v. 92(4),
p. 245-252, 2001.

PONTES, C. E. C. Patentes de medicamentos e a indústria farmacêutica na-


cional: estudo dos depósitos feitos no Brasil. Revista Produção e Desenvolvi-
mento. v. 3, p. 38-51, 2017.

RADAELLI, V. Etapas evolutivas da indústria farmacêutica: da formação à con-


solidação, expansão e hegemonia das grandes empresas. Revista Pensamento e
Realidade, v. 20, p. 59-77, 2007.

SANTOS, J. S. Atenção farmacêutica no Brasil. Pharmacia Brasileira, Brasília,


v. 3, n. 19, p. 27-29, 2000.

SINFARMA. MA: Sindicato recebe homenagem do Instituto Florence de Ensino


Superior! Federação Nacional dos Farmacêuticos, 2016. Disponível em: <https://
www.fenafar.org.br/portal/medicamentos/62-medicaments/1013-saiba-a-dife-
renca-entre-medicamentos-de-referencia-similares-e-genericos.html>. Acesso em:
12 fev. 2019.

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