Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
¿ .i
■■
■■•-■o
y-
S,
"1
i
t.4 -
b '.<• i— pijmii
Sfesí» OÍJ-j-.
¿Tp líeSC* <¡s. *
LECTURAS
Serie Ha del Arte
DIRECTOR Juan Miguel HERN ÁN DEZ LEÓN y Juan CALATRAVA
© É d it io n s G a l l im a r d , 2 0 0 4
nueva edición revisadaj corregida por el autor
© A j b a d a E d i t o r e s , s . l ., 2 0 0 7
para España
Plaza d e Jesú s, 5
2 8 0 1 4 M a d rid
T e l .: 9 1 4 2 9 6 8 8 2
fa x : 91429730 7
P R O H IB ID A SU V E N T A E N A m É R IC A L A T I N A
d iseñ o E s t u d io J o a q u ín G a l l e g o
p r o d u c c ió n G U A D A LU PE G lS B E R T
ISBN 9 7 8 -8 4 -9 6 2 5 8 -9 6 -9
d e p ó sito le g a l M -114 2 5 -2 0 0 7
p r e im p r e s ió n D a l u b e r t A llé
im p r e s ió n EGESA
JEAN STAR0B1NSKE
Retrato del artista
como saltimbanqui
traducción
BELÉN GALA VA LEN CIA
A B A D A EDITORES
LE C T U R A S D E H IST O R IA D E L A RT E
1 . H o n o r é D a u m ie r , Pierrot tocando la m andolina, ca . 18 7 3 *
2. H a n s H o lb e in e l J o v e n , « E in N a r r ,
s e in e K a s p e r l f ig 'u r e n z u b e w u n d e r n s c h e i n t » , 1 5 1 5 *
N o s o n p o c o s lo s e s tu d io s s o b r e lo s o r íg e n e s d e l p a y a so , así
c o m o so b re lo s a sp ecto s m ás a n tig u o s d e A r le q u ín y sus c o m
p a ñ e r o s d e la Commedia ; se h a a b o r d a d o la g r a n d e z a y d e c a
d e n c ia d e H a n sw u rst; a lg u n o s h is to r ia d o r e s se h a n fija d o e n
e l te a tro a m b u la n te , el c ir c o , e l music-hall; o tra s in v e s tig a c io
n e s, a u n q u e e n m e n o r n ú m e r o , se h a n d ir i g i d o h a c ia las
im á g e n e s q u e lo s artistas h a n d ib u ja d o d e lo s tra jes, las m u e
cas, las v o lte r e ta s q u e v e ía n e n e l m u n d o d e l e s p e c t á c u lo .
P e ro ¿ c u á l es la n a tu ra le za d e la a tr a c c ió n q u e e je rce so b re los
artistas la im a g in e r ía d e la fa r á n d u la d esd e h a c e casi u n s ig lo ?
N u e s tr o p r o p ó s it o es d e fin ir , d e fo r m a u n p o c o m ás cla ra de
lo q u e se h a h e c h o h a sta a h o r a , la c u a lid a d p a r t ic u la r d e l
in t e r é s q u e i n c i t ó a lo s e s c r it o r e s y p i n t o r e s d e l s ig lo X IX a
m u ltip lic a r —h asta c o n v e r tir lo e n u n t ó p ic o — las im á g e n e s d el
payaso, d e l sa ltim b a n q u i y d e l a m b ie n te d e las fe ria s.
S in d u d a , este in te r é s a d m ite e n p r im e r lu g a r u n a e x p li
c a c ió n d e o r d e n e x te r n o : e l m u n d o d e l c ir c o y d e las v e r b e -
ñas re p re se n ta b a e n la a tm ó s fe ra g risá ce a d e u n a s o c ie d a d e n
vías d e in d u s t r ia liz a c ió n u n is lo te iris a d o d e m a ra v illa s, u n a
p o r c ió n d e l p a ís d e la in fa n c ia co n serva d a in ta cta , u n d o m i
n io e n e l q u e la e s p o n ta n e id a d v ita l, la ilu s ió n , lo s p r o d ig io s
sim p le s d e la h a b ilid a d o la to r p e z a m e z c la b a n sus a tra ctiv o s
p a ra u n e s p e c ta d o r h a r to d e la m o n o t o n ía d e las tareas d e la
v id a fo r m a l. E sto s asp ecto s d e la r e a lid a d , a n tes q u e m u c h o s
o tro s, p a re c ía n a la esp era d e ser fija d o s e n u n a tr a n s c r ip c ió n
p ic tó r ic a o p o é tic a . S in e m b a r g o , estas ra z o n e s —cuya im p li
c a c ió n s o c io h is tó r ic a es e v id e n te — n o s o n las ú n ic a s. L a e le c
c ió n d e s e m e ja n te te m a n o se e x p lic a d e l t o d o p o r el m e r o
a tr a c tiv o v is u a l q u e p o d ía e je r c e r e l a b ig a r r a m ie n t o d e lo s
ta b la d o s, c o m o u n a m a n c h a cla ra e n la g risa lla d e u n a é p o c a
c e n ic ie n t a . A este g o c e d e la vista se u n e u n a i n c li n a c i ó n d e
o tr o o r d e n , u n v ín c u lo p s ic o ló g ic o q u e h a ce e x p e r im e n ta r al
a rtista m o d e r n o u n c ie r to s e n t im ie n to d e c o n n iv e n c ia n o s
tá lg ic a c o n e l m ic r o c o s m o s d e la p a r a d a y d e u n m u n d o
m á g ic o e le m e n t a l. E n la m a y o r ía d e lo s ca so s, se p u e d e
in c lu so lle g a r a h a b la r d e u n a fo r m a p a rtic u la r d e identificación.
A s í p u e s, re su lta m a n ifie s to q u e la e le c c ió n d e la im a g e n d e l
payaso n o es só lo la e le c c ió n d e u n motivo p ic t ó r ic o o p o é t ic o ,
s in o u n a fo r m a in d ir e c ta y p a r ó d ic a d e p la n te a r la c u e s tió n
d e l a r te . D e s d e e l r o m a n t ic is m o ( a u n q u e e x is te n a lg u n o s
p r e c e d e n te s ) , e l b u f ó n , e l s a ltim b a n q u i y e l p ayaso h a n sid o
im á g e n e s h ip e r b ó lic a s y a p r o p ó s it o deformantes, c o n las q u e
lo s a rtista s h a n q u e r id o m o s tr a r s e a sí m is m o s y e x p o n e r la
p r o p ia n a tu ra le za d e l a rte . Se tra ta d e u n a u to r r e tr a to e n c u
b ie r t o , cuya in t e n c ió n n o se lim it a a la ca ric a tu ra sarcástica o
d o lo r o s a . M u sse t se p e r fila b a jo lo s rasgos d e F a n tasio ; F la u -
b e r t d ecla ra : Por más que se diga, la esencia de mi naturaleza es el saltim
banqui (ca rta d e l 8 d e a g o sto d e 1 8 4 6 ) ; J a rry , e n el m o m e n to
d e m o r ir , se id e n tific a c o n su c r ia tu ra p a ró d ic a : El padre Ubú va
a intentar dormir-, J o y c e a fir m a : N o soy más que un payaso irlandés, a
greatjokerattheuniverse; R o u a u lt m u ltip lic a su a u to rr e tr a to b a jo
el d is fra z d e P ie r r o t o el d e lo s payasos trá g ic o s; P icasso a p a
re ce e n m e d io d e su in a g o ta b le reserva d e a tu e n d o s y m á sca
ras; H e n r y M ille r m e d ita so b re el payaso que esy que siempre ha sido:
u n a a c titu d tan ta s veces r e p e tid a , q u e se r e in v e n ta d e fo r m a
ta n o b s t in a d a a lo la r g o d e tre s o c u a tr o g e n e r a c io n e s , n o
d e b e p a sa r d e s a p e r c ib id a a n u e s t r a a t e n c ió n . E l j u e g o i r ó
n ic o se e m p le a c o m o i n t e r p r e t a c i ó n d e u n o m is m o p o r sí
m is m o : es u n a e p ifa n ía r id ic u la d e l a rte y d e l artista . L a c r í
tic a a la h o n o r a b ilid a d r e g la d a t ie n e así su e q u iv a le n te e n la
a u to c rític a d ir ig id a c o n tr a la p r o p ia v o c a c ió n estética, u n o d e
lo s c o m p o n e n te s q u e se d e b e r e c o n o c e r c o m o c a ra c te rístic o
d e la « m o d e r n i d a d » , d esd e h a ce a lg o m ás d e c ie n a ñ o s.
E l m ito d e l p ayaso, q u e lo s p in to r e s c e le b r a r á n m ás ta rd e , se
d e s a r r o lla e n p r i m e r lu g a r , e n su s tra z o s fu n d a m e n t a le s ,
e n tr e 1 8 3 0 y 1 8 7 0 e n la lit e r a t u r a . L a lit e r a t u r a d a e n ese
m o m e n t o la v o z d e a la r m a , c r e a u n c lim a d e s e n s ib ilid a d ,
e n se ñ a a o b se rv a r c o n u n a m ira d a n u e v a a lg u n o s e s p e c tá c u
lo s a lo s q u e a n tes n a d ie h a b ía p r e s ta d o s u fic ie n te a te n c ió n .
C o n esta a fir m a c ió n n o se p r e t e n d e q u ita r n in g ú n m é r it o a
lo s p in t o r e s d e l c ir c o , s in o r e c o n o c e r lo q u e d e b e n a lo s
p o e ta s q u e le s p r e p a r a r o n p a r a d e ja r s e c o n m o v e r p o r las
a m a z o n a s y lo s p a y a so s. L a lit e r a t u r a , d e s d e s ie m p r e , « e s
r e v e la d o r a » (y, c o m o c o n d ic ió n , p id e a c a m b io a lo s p in to re s
e l m ism o se rv ic io ).
A s í, la in f lu e n c ia d e la lit e r a tu r a se d u p lic a e n u n a c o n
v e rs ió n a lo real. S i la « p in t u r a d e tem a h is t ó r ic o » , q u e r e in a
d e f o r m a in d is c u t ib le h a sta m e d ia d o s d e l s ig lo X IX , a p o r ta
u n a ilu s tr a c ió n im a g in a ria a tex to s g lo r io s o s (e p o p e y a , tra g e
d ia , c r ó n ic a s n a c io n a le s , e t c .) , la p i n t u r a d e lo s fa sto s d e l
c ir c o y d e la fe r ia va a p r o v e e r s e , e n c a m b io , d e im á g e n e s
3. Parada deferia en Londres, 180 4 *
to m a d a s d e l n a tu ra l: e l p a p e l d e la n u e v a lite r a tu r a será, a n te
to d o , p o e tiz a r esas im á g e n e s, d a rles u n v a lo r a fe ctivo , u n sig
n if ic a d o ca si a le g ó r ic o . S i n d u d a , e sto d e b e se r to d a v ía
d em asia d a lite r a tu r a p a ra q u ie n e s, m ás ta rd e, d e se a rá n q u e la
p in t u r a se esta b lezca e n el r e in o a u t ó n o m o d e las cu a lid a d e s
plásticas. E n el caso d e l c ir c o p o r lo m e n o s , se p u e d e in v o c a r
u n a ju s t if ic a c ió n q u e es, p r e c is a m e n te , d e c a r á c te r p lá s tic o :
es e l lu g a r p r e d e s t in a d o e n e l q u e se d a r ie n d a s u e lta a las
fo r m a s y lo s c o lo r e s , e n e l q u e las p o s tu r a s , lo s r o p a je s , lo s
m o v im ie n to s p u e d e n v a r ia r h asta e l i n f in i t o . E stas v a r ia c io
n e s, estas c o n t o r s io n e s , estas lib r e s ca b a lg a d a s t e n ía n c o m o
p re te x to , h asta el sig lo X IX , las a ven tu ras d e lo s d io se s y d e lo s
h é r o e s p a g a n o s, y las escen as d e la B ib lia , a n o ser q u e se t r a
ta ra d e lo s e p is o d io s d e lo s g r a n d e s c a p r ic h o s é p ic o s d e
A r i o s t o y sus é m u lo s , d o n d e ya se in s in u a b a la i r o n ía . L a
e le c c ió n d e l c ir c o p o r ta n to s p in to r e s d e l fin a l d e l sig lo X IX y
4. G i a n d o m e n i c o T i e p o l o , Pulcinellaenelcirco, balanceándose de uno cuerda, c a . 1 8 0 0 .
c o m ie n z o s d e l X X c o r r e s p o n d e al d e c liv e d e las fu e n te s d e
in s p ir a c ió n tra d ic io n a le s y les o p o n e u n a m ito lo g ía su b s titu
tiva, e n la q u e h a y q u e v e r u n a c r ític a im p líc ita a lo s g ra n d e s
tem a s e n t o r n o a lo s cu a le s la c u ltu r a o c c id e n t a l h a b ía d e s
p le g a d o su sé q u ito d e im á g e n e s. E sta a d o p c ió n in e s p e ra d a d e
u n tem a d e la p in tu r a d e g é n e r o s u p o n e u n c a m b io d e h é r o e s
y u n a e sp e cie d e a le g re d e sa fío la n z a d o a la n o c i ó n m ism a d e
h é r o e . L as d io sas im a g in a ria s se c o n v ie r te n e n b a ila r in a s r e a
les y lo s n o b le s c o r c e le s r e s u lta n c a b a llo s d e d o m a . ¿ Q u é
q u e d a d e la t r a d ic ió n a c a d é m ic a d e lo B e llo y lo S u b lim e ,
c u a n d o se p r e s e n t a el c ir c o y sus ilu s io n e s c o m o c e n t r o d e
v e rd a d ? E l gesto d e l Pulcinella d e G ia n d o m e n ic o T ie p o lo e n la"
V e n e c ia d e c a d e n te d a la p r im e r a s e ñ a l d e este r e le v o d e lo s
d io ses p o r lo s b u fo n e s .
P e r o n o d e b e m o s c r e e r q u e esta m u ta c ió n fu e c o m p le ta
m e n te r e p e n tin a n i q u e r e p r e s e n tó u n a r u p tu r a to ta l c o n las
5.Jacques C a l l o t , Los dos Pantalón, c a . 1 6 1 7 .
t r a d ic io n e s d e la c u ltu r a o c c id e n t a l. E l m ito d e l p a ya so se
co n stitu y e a lo la rg o d e l p e r ío d o r o m á n tic o y es sa b id o q u e el
ro m a n tic is m o se c o m p la c ió e n r e u n ir las im ág e n e s d e l pasad o
hasta h a c e r d e la « r e m in is c e n c ia » estética u n e le m e n to d e su
p r o p io d e c o r a d o . L a su e rte d e l b u f ó n y d e l p ayaso, tal c o m o
e v o lu c io n a b a n e n lo s te a tr o s d e v a r ie d a d e s , e n e l « C i r q u e
O ly m p iq u e » o so b re lo s tab lad o s d e las feria s, fu e a tra er h a cia
ello s u n in te ré s, u n a s e n s ib ilid a d h a cia lo s q u e u n a se rie b a s
tan te in c o n e x a d e e je m p lo s o fr e c id o s p o r e l arte y la lite ra tu ra
d e l p a sa d o h a b ía c r e a d o ya c ie r ta p r e d is p o s ic ió n : al s in c r e
tis m o r o m á n t ic o n o se le p a s a r o n p o r a lto las fig u r a s m ás
an tigu as. E n este a c o g e d o r r e c u e r d o h a y esp acio p a ra lo s v is i
ta n te s m ás h e t e r ó c lit o s : c ie r ta im a g e n d e l S ó c r a te s i r ó n ic o ,
q u e « b a jo u n a e n v o lt u r a d e S ile n o , o c u lt a a u n d io s » ; lo s
a c to r e s d e las farsas sa tírica s y las a te la n a s; lo s ju g la r e s y lo s
a lb a r d a n e s d e la c o r te e n la E d a d M e d ia ; lo s b u fo n e s d e l
R e n a c im ie n to ; la Locura, a la q u e E r a s m o h iz o se n ta rse e n la
cátedra; lo s ágiles in té rp re te s d e las d an zas m acabras; lo s clowns
d e S h a k esp ea re; lo s p e r s o n a je s g ro te sc o s d e lo s Balli di Sfessania
d e Ja cq u es C a llo t; to d o e l r e p e r to r io d e p e rso n a je s d e la Com -
media dell’Arte ta l c o m o se lo s ve, e n p e r s e c u c ió n d e l p la c e r, en
M a riva u x, e n G o z z i, e n las fiestas g alan tes d e W a ttea u o e n tre
las fig u rita s d e p o r c e la n a d e B u ste lli; se re c o rd a b a e l c in is m o
« a la D ió g e n e s » , d e l cu al n u m e r o s o s artistas d e l sig lo X V III se
h a b ía n crea d o u n a m áscara; las e x ce n tricid a d e s d el s o b r in o de
R a m e a u y su h a b la r c la ro p r o c u r a b a n el t o n o d e u n « e s t ilo »
b u fo v in c u la d o al d e scla sa m ie n to so cia l; la v id a e rra n te d e los
g ita n o s r e s u lta b a a tr a y e n te p o r su t ip is m o o r ie n t a l y p o r el
p re stigio q u e se lig a al d estin o d e l outcast. .. G o m o se ve, n o fa l
ta n an tep asad o s e n e l re tra to d e fa m ilia d e l clown: p e r o se trata
d e a n te p a s a d o s p u ta tiv o s ; e n esta d in a s tía , las filia c io n e s se
h a c e n sie m p re c o n el c o r a z ó n ...
6. V í c t o r A d am , Atracción, jinete de estilo shakespeariano, 1 8 5 0 .
¿EL REENCUENTRO CON CIERTA GENIALIDAD?
D u r a n t e e l p e r í o d o r o m á n t i c o , lo s « g é n e r o s e le v a d o s »
(líric a , d ra m a , c o m e d ia ) n o c o n o c ía n al h é r o e b u fo m ás q u e
b a jo la f o r m a d e u n se r im a g in a r io , a d o r n a d o c o n las galas
d e Y o r ic k , c o n e l c e tr o d e la lo c u r a e n la m a n o y p la n ta d o e n
m e d io d e u n d e c o r a d o g ó t ic o ; se tra ta d e u n a h e r e n c ia l it e
ra ria , q u e h a ce c a b rio la s e n u n esp a c io ir r e a l, e n tr e co rte s a
n o s v e stid o s c o n j u b ó n y g o r g u e r a . N o t ie n e n in g ú n e q u iv a
le n t e e n e l s e n o d e l m u n d o c o n t e m p o r á n e o , a n o s e r e l
e s c r ito r m is m o , d eseo so d e e r ig ir s e e n p o rta v o z d e su p r o p ia
m e la n c o lía . S u m o d e lo se e n c o n tr a b a e n e l te a tro d e S h a k es
p e a re , n o h a b ía m ás q u e e x p lo ta r sus re c u rs o s: a llí, e l payaso,
e l b u f ó n r e p r e s e n ta n a la vez lo s p e r s o n a je s q u e c a n ta n ( p o r
e je m p lo , la c a n c ió n d e Feste o la d e A u t ó li c o ) , lo s q u e d ic e n
las v e rd a d e s , lo s a y u d a n te s se c re to s q u e h a c e n g ir a r la r u e d a
d e l d e s tin o . E l p o e ta r o m á n t ic o —d e s c o n te n t o c o n la s o c ie
d a d , p e r o d e s e o s o d e j u z g a r la y d e i n t e r v e n i r e n e lla e n su
ca lid a d d e p o e ta — p o d ía id e n tific a r s e e s tr e c h a m e n te c o n este
m o d e lo y h a c e r le r e p r e s e n ta r su p a p e l.
L as r e m in is c e n c ia s sh a k e sp e a ria n a s p r e d is p o n ía n a los
r o m á n t ic o s fr a n c e s e s a e n c o n t r a r a S h a k e s p e a r e fu e r a d e
S h a k e s p e a re . C o m o sus c o n t e m p o r á n e o s a le m a n e s c r e ía n
d e s c u b r ir lo e n e l te a tr o m á g ic o d e G o z z i y e n e l d e T ie c k ,
e llo s c r e y e r o n p e r c i b i r lo e n c ie r to s e s p e c tá c u lo s p o p u la r e s ,
e n lo s q u e se d ab a r ie n d a su e lta a lo m a ra v illo so y la a c r o b a
cia, p e r o cu yos a u to re s y a cto re s d is ta b a n m u c h o d e p r e t e n
d e r r iv a liz a r c o n S h a k e s p e a r e . S u s a s c e n d ie n t e s s o n lo s
c o m e d ia n te s d e fe r ia .
G a u tie r , e n 1 8 4 2 , e s c rib e u n a r tíc u lo s o b r e D e b u r a u y
so b re el T h é á tre des F u n a m b u le s, cuyo títu lo es « S h a k e sp e a re
e n L es F u n a m b u le s » . D e b u ra u , e n el p a p e l d e P ie rro t, se c o n
vierte e n o tr o H a m le t. Este h a ra p ie n to p ú b lic o es, se g ú n G a u
tie r , e l ú n ic o q u e p o d r ía c o m p r e n d e r El sueño de una noche de
verano, La tempestad y El cuento de invierno. P ara los escrito res fr a n c e
ses d e l sig lo X IX , el S h a k e sp e a re m a r a v illo s o se a lia d e fo r m a
o b s tin a d a c o n lo s e s p e c tá c u lo s d e l c ir c o y d e lo s ta b la d o s .
E d m o n d d e G o n c o u r t , e n su d e s c r ip c ió n d e l n ú m e r o d e lo s
h e rm a n o s Z e m g a n n o , n o o m ite a ñ a d ir q u e suscita en el espíritu de
los espectadores la ideaj el recuerdo de una creación irónica, bañada en el claros
curo, de una especie de sueño shakespeañano, de algo así como una N o c h e de
veran o , en la que aquéllos parecen acróbataspoéticos. S o b re las pobres tablas
carcomidas del Théátre des Funambules, u n c o m e d ia n te in g e n u o h a ce
revivir el e sp íritu d e S h akespeare: es el p riv ile g io d e l in s tin to y
d e u n a esp e cie d e g ra c ia s e m e ja n te a la d e lo s m é d iu m s . L a
r e s u r re c c ió n d e Sh akesp eare, e n e fe cto , ap arece c o m o la o b ra
d e u n g e n io co le ctiv o . ¿ Q u ié n e s so n lo s a u to re s d e estas p a n
to m im a s ? Nadie los conoce —aseg u ra G a u tie r —; se ignoran sus nombres
al igual que los de lospoetas del R o m a n c e ro , al igual que los de quienes levan
taron las catedrales de la Edad Media. El autor de estas representaciones maravi
llosas es todo el mundo, ese gran poeta, ese ser colectivo que tiene más ingenio que
Voltaire, Beaumarchais o Byron. S e a p re c ia e n esta id e a u n a d e las
g ra n d e s a ñ o ra n z a s p r im itiv is ta s d e l r o m a n t ic is m o : las a rtes
p o p u la r e s , e n su in g e n u id a d a n ó n im a , p o d r ía n ca p ta r las
fu e n te s vitales d e in s p ir a c ió n ; se ría n la e x p r e s ió n e s p o n tá n e a
7. A d o l p h e M a r t i a l P o t é m o n t , Le Théátre desFunambules,
boulevarddu Temple, 1 8 6 2 .
8 . H o n o r é D a u m i e r , Crispinj) Scapin, ca. 18 6 4 .
E se es el e n tu s ia s m o q u e e s p e r a G a u t ie r . S u id e a l d e a rtista
( q u e se h a d e f i n i d o , d e m a n e r a u n ta n to s im p le , c o m o u n
id e a l d e p in t o r ) se v in c u la c o n to d a s las activid ad e s e n las q u e
se s u p e r a n e l s e r c o r p o r a l y la e x is te n c ia c a r n a l, n o p a ra
a b a n d o n a r su c o n d i c i ó n c o r p o r a l y c a r n a l, s in o p a r a p r o
p o r c io n a r le u n r e s p la n d o r g lo r io s o . A s í p u e s, el c ir c o p u e d e
ser u n o d e lo s lu g a res e m in e n te s p a ra la re v e la c ió n d e lo h e r
m o s o , c u a n d o es e l lu g a r e n q u e se d e s p lie g a n t o d o s lo s
re cu rs o s d e l v ir tu o s is m o m u s c u la r , c u a n d o , e n él, e l h o m b r e
se t r a n s fo r m a t o d o e n t e r o e n a lg o s u p e r io r e i n f e r i o r al
h o m b r e : u n g e n io a la d o , u n sa p o .
Q u e la p r o e z a d e l p a y a so a c r ó b a ta p u e d a s e r e l e q u iv a
le n te a le g ó ric o d e l acto p o é t ic o , d e a c u e rd o c o n u n a c o n c e p
c ió n d e la p o e s ía q u e h a ce d e l d o m in io t é c n ic o y d e la h a b i
lid a d u n a v ir t u d e s e n c ia l, s e rá a fir m a d o p o r B a n v ille , d e
m a n e r a a u d az, e n el p o e m a p r e lim in a r y e n e l p o e m a d e c ie
r r e d e su a b ig a r r a d o l ib r o Odas funambulescas ( 1 8 5 7 ) . P a r a él,
c o m o p a ra G a u tie r , la d im e n s ió n p r iv ile g ia d a d e l clown es la
a ltu ra v e rtig in o s a : si el a tu e n d o d e l p ayaso s u p o n e u n d isfra z
r id í c u lo , si p a r a e l s e r v id o r d e la M u s a es u n a d e g r a d a c ió n
tocar el violín de pie en la escala del saltimbanqui, al m e n o s p u e d e r e s
p o n d e r así, m e d ia n te la ir o n ía , al e n v ile c im ie n to d e u n siglo ,
p re sa d e l p o d e r d e l d in e r o , e n e l q u e no se oye más que la raqueta
de la ruletaj) la banca.
11. M aro C h a g a l l , Acróbata, 19 14 .-19 15-
E l im p u ls o h ip e r b ó lic o h a c ia la a ltu ra c o n f ie r e a la revo
lu c ió n d e l p o e ta la a p a r ie n c ia g lo r io s a d e u n a v ic to ria :
E sta s u p e r io r id a d , se e x p r e s a , e n e l p o e m a t it u la d o « E l
clown» m e d ia n te la a ltu ra gan ad a p o r la e lev a ció n q u e p r o c u r a
e l salto . B a n v ille im a g in a u n a c o n q u is ta irr e s is tib le d e l e sp a
c io . E l payaso, a p esar d e t e n e r una herida en el costado, se p ro y ecta
h a cia el a b ism o estelar:
De la pesanteur affranchi,
Sansjy voir clair il eütfianchi
Les escaliers de Piranése.
La lumiére qui lefrappait
Faisait resplendir son toupet
Comme un brasier dans lafournaise .**
E n lu g a r d e ser im a g in a d a s c o m o u n a b ism o al fo n d o d e l
cu a l d esa p a re ce la e s p e ra n za , las escaleras de Piranesi s o n a le g r e
E n el p o e m a d e A r io s to , A s to lfo v o la b a p a ra i r a b u sc a r e n
la lu n a la r a z ó n p e r d id a d e O r l a n d o . B a n v ille , a su vez, m ás
o rg u llo s o d e lo q u e p o d r ía p a re c e r , se v a n a g lo r ia d e c o n c lu ir
las Odas funambulescas c o n la p a la b r a q u e p o n e f i n a La divina
comedia: En este último poema he intentado expresar lo que mejor siento: la
atracción por el abismo de las alturas. Y, además, una de las supersticiones que
más aprecio es la que me empuja a terminar un libro, siempre que puedo, con la
palabra que termina L a d iv in a c o m e d ia de Dante, con la divina palabra,
así, escrita en plural:
Estrellas.
que lo golpeó / hizo resplandecer su mechón / como las ascuas de una hoguera^. [N . d e l T . ]
* «■"¡Más lejos!, ¡más alto!, todavía veo / corredores de bolsa con gafas de oro / críticos, señoritas /
y realistas ardorosos. / ¡Más alto!, ¡más lejos!, ¡aire! ¡cielo!, / ¡Alas! ¡alas! ¡alas!” / / A l fin, de su
vil estrado, / el clow n saltó tan alto, tan alto / que reventó el techo de tela / al sonido de la trompa
y eltambor, /y , con el corazón consumido de amor, / fu e a rodar a las estrellas2>. [ N . d e l T . ]
N o c a r e c e d e in t e r é s a d v e r tir q u e u n a d e las p r im e r a s
g ra n d e s o b ra s p ic tó r ic a s in s p ira d a s p o r la v id a d e l c ir c o , Miss
La La d e D ega s, es u n a a d m ir a b le e x p r e s ió n d e la v e rtic a lid a d
y la a s c e n s ió n : la d im e n s i ó n q u e este c u a d r o e x a lta es s in
d u d a a lg u n a la a ltu ra v e r tig in o s a y, d e a c u e rd o c o n la e x p r e
s ió n d e B a n v ille , el abismo de ¡as alturas.
L a t r a n s p o s ic ió n p o é t ic a , tal c o m o a p a re ce e n G a u t ie r o
B a n v ille , a te stig u a u n a s im p a tía d in á m ic a y p lá s tic a h a c ia el
p ayaso a c ró b a ta . E l p o e ta se id e n t ific a c o n su p o d e r d e le v i-
t a c ió n ; r e c o n o c e e n é l el d o m i n i o q u e é l m is m o p r e t e n d e
e je r c e r e n el c u e r p o v e rb a l d e l le n g u a je . P e ro la p a r tic ip a c ió n
a fe c tiv a n o va m u c h o m ás a llá : p u r a a g ilid a d e s p e c ta c u la r ,
p r o e z a o p tim ista , e l salto d e l p ayaso a c ró b a ta n o a rra stra a la
im a g in a c ió n p o é t ic a a u n a a v e n tu r a c o m p r o m e t e d o r a . L o s
v u e lo s se q u e d a n , la m a y o ría d e las veces, e n e l im p u ls o i n i
c ia l d e l t r a m p o lín . P o r su p r o p i o v ir t u o s is m o , la h a z a ñ a
a c r o b á t ic a se s e p a ra d e la v id a d e lo s d e a b a jo : e l p o e t a , si
p o n e e n p r á c tic a su a p li c a c i ó n a le g ó r ic a , se c o n s a g r a a la
tarea d e a fir m a r su lib e r t a d e n u n j u e g o s u p e r io r y g r a tu ito ,
p o n ie n d o m a la cara a lo s b u r g u e s e s , a lo s « s e n t a d o s » .
B a u d e la ire , e n su re se ñ a so b re B a n v ille , m a n tie n e las d is
tan cias b a jo la a p a r ie n c ia d e la a d m ir a c ió n y se ñ a la el d e fe c to
d e su p o e sía : Todo en el mundo lírico, hombres, paisajes, palacios está por
así decir lle v a d o h a sta la a p o t e o s is . U n a lu z d e g lo r ia fá c il se
d if u n d e p o r to d a s p a r te s . L a a d v e r s id a d , e l s u f r im ie n t o , la
horrible vida de aplicaciónj lucha d e s a p a r e c e n c o m o p o r e n c a n to .
E l esp acio p a re c e estar a b ie r to y lib r e , ex p u e sto a to d o s n u e s
tro s im p u ls o s : En esos maravillosos instantes, todo el ser interior se eleva en
el aire mediante una ligerezaj una expansión excesivas, como para alcanzflr
una región más alta. P e r o , esta e u f o r ia , este h u m o r ¿ n o s o n
in c o n s is t e n t e s ? ¿ N o le s fa lta lo n e g a t iv o , la s o m b r a y la
m a t e r ia lid a d , s in las c u a le s la p o e s ía n o es m ás q u e u n a
p o m p a d e ja b ó n q u e se p ie r d e e n e l a z u l? E l salto d e l clown d e
12. E d g a r D e g a s , Miss La La en el circo Fernando, ca. l 8 7 9 -
13. Lafunambulista, s/f.
« N oche de la piel, rancia pasabas sobre mí, / s in jo saber, ingrato, que mi apoteosis era / un
afeite ahogado en aguasfelonas de glaciar»-. S . M a lla rm é , Poesía, tra d . d e F. G o r b e a ,
B u e n o s A ir e s , E d ic io n e s L ib r e r ía s d e l F au sto , 1 9 7 5 - [N . d e l T . ]
S e g ú n este p o e m a , c la ra m e n te a le g ó ric o , el artista, a la vez
e x c lu id o d e la v id a y s e p a r a d o d e l id e a l, d e b e p e r m a n e c e r
p r i s i o n e r o d e u n e s p a c io c e r r a d o : histrión o mal Hamlet, n o
d e b e a b a n d o n a r las ta b la s, el u n iv e r s o a r t ific ia l e n el q u e el
h o l l í n d e lo s q u in q u é s sirv e p a r a r e p r e s e n t a r la b a r b a q u e
a d o r n a la m e jilla d e l a c to r . Q u e r e r a b a n d o n a r el lu g a r d e la
f ig u r a c ió n m e ta fó r ic a p a ra c o n q u is ta r lo s p la c e re s d e la v id a
es su s a c r ile g io 1.
C o n c e n t r é m o n o s a h o r a e n a lg u n a s d e las o b s e r v a c io n e s de
T h é o p h i le G a u t i e r . A u r i o l , ta l c o m o lo d e s c r ib e , es u n
a n d r ó g i n o : Es un gracioso Hércules, con piececitos de m ujer... P a r e c e
c o m o si la lig e r e z a a fe m in a s e al a c r ó b a ta . D e l m is m o m o d o
se p o d r ía d e c ir q u e es u n A n t í n o o m u s c u lo s o . L a p le n it u d
d el c u e r p o , c o n la m a ra v illo sa h a b ilid a d q u e d esp lieg a, c o n s
titu y e u n a v a r ia n te d in a m iz a d a d e la a c t it u d n a r c is is ta : e l
in d iv id u o se c o n s a g r a a sí m is m o t o d a la a t e n c ió n ; t o d o su
in te ré s lo in v ie rte e n su c u e r p o , e n su m o tr ic id a d exaltad a. A
d if e r e n c ia d e l N a r c is o c o n t e m p la t iv o , i n c l i n a d o s o b r e su
im a g e n in m ó v il, el a cró b a ta , b a jo la m ira d a d e l p ú b lic o an te
el q u e se e x h ib e , p e r s ig u e su p r o p ia p e r f e c c ió n a través d e la
c o n s e c u c ió n d e l a c to p r o d i g i o s o q u e m u e s tr a t o d o s lo s
r ecu rso s d e su c u e r p o . Y se p o d r ía a ñ a d ir q u e la c o n s e c u c ió n
p o é tic a d e l a rte p o r el a rte te s tim o n ia la m ism a s o le d a d n a r
cisista. L a B e lle z a q u e se b asta a sí m ism a es u n a n d r ó g in o : su
d eseo es d eseo d e sí m ism a .
L a a n d r o g in ia d e l p a ya so a c r ó b a ta es m e n o s u n a p r u e b a
o b je tiv a q u e u n a p r o y e c c ió n im a g in a tiv a d e l e s p e c t a d o r -
p o e t a . I n c lu s o c u a n d o e l c o m e n t a r io lit e r a r i o r e s u lta b a s
ta n te s u p e r fic ia l ( c o m o es e l ca so d e B a n v ille y G a u t ie r ) ,
in c lu s o c u a n d o n o s lim it a m o s a l e s tilo d e la c r ó n i c a y la
a n é c d o ta , u n e x ce s o s o ñ a d o r y m ít ic o v ie n e a d e f o r m a r la
d e s c r ip c ió n . G u a n d o la e la b o r a c ió n lit e r a r ia se v u e lv a m ás
a p a sio n a d a , el c o m p o n e n t e m ític o se irá a c e n tu a n d o .
P a ra el F la u b e r t a d o le s c e n t e , el m u n d o d e la fe r ia es u n
r e in o le ja n o , in a c c e s ib le , c o n u n f u l g o r s e m e ja n te al d e la
alta so c ie d a d . L as d os s o n fra n ja s exó tica s e n lo s c o n fin e s d e l
u n iv e rs o b u r g u é s . E l re a l d e la fe r ia , e n p le n a E u r o p a , revive
u n a é p o c a tr a s n o c h a d a , d e s p lie g a u n o r o p e l o r ie n t a l, u n
u n iv e rs o b á r b a r o y r e fin a d o , se p a ra d o d e la vid a re a l p o r u n a
fr o n t e r a im p a lp a b le q u e h a ce d esea b les tan tas m ara villa s a la
v e z c e r c a n a s y p r o h ib id a s . L a c a b a llis ta , la m u je r a c r ó b a ta
s o n , n o m e n o s q u e las v e r d a d e r a s p r in c e s a s , e x tr a n je r a s
en ig m ática s, q u e p o r su fle x ib ilid a d , su v ig o r, r e su lta n p e r s e
g u id o r a s id e a le s . E s c u c h e m o s las c o n f id e n c ia s d e l j o v e n
F la u b e r t; e n ellas e n c o n tr a m o s las im á g e n e s, q u e n o s s o n ya
c o n o c id a s , d e l v u e lo h a c ia la a ltu ra , p e r o c o n u n a p a r t ic ip a
c ió n p a sio n a l m ás in ten sa : Yo anhelaba vagamente algo espléndido, que
no habría sabido formular con palabras, ni precisar en mi pensamiento de nin
guna manera, pero por el que sentía un perenne deseo positivo. Siempre me han
gustado las cosas brillantes. De niño me abría camino entre la muchedumbre
hasta la portezuela de los charlatanes, para ver los galones de sus criadosj las
cintas de la brida de sus caballos; me quedaba largo rato delante de la tienda de
los malabaristas para contemplar sus pantalones bombachosj sus gorgueras
bordadas. ¡ Oh! ¡ Cómo me gustaba, sobre todo, la bailarina de cuerda, con sus
largos pendientes que iba n j venían alrededor de su cabeza,j su largo collar de
piedras que le golpeaba el pecho! ¡C o n qué avidez inquieta la observaba,
cuando se lanzaba hasta la altura de las bombillas suspendidas entre los árbo
les;,j su vestido, bordado con lentejuelas de oro, crujía al saltary se hinchaba
16. G e o r g e s S e u r a t , El circo, 1891*
17. Palmyre Anoto, amazona de silla plana, ca. 1 8 5 0 .
con el aire! Estas son las primeras mujeres a las que amé. M i espíritu se ator
mentaba soñando con esos muslos deformas extrañas tan prietos en sus medias
rosas, esos brazosflexibles, ceñidos con brazaletes, que hacían sonar a su espalda
cuando, inclinándose hacia atrás, tocaban el suelo con las plumas de su tur
bante... L a actriz, la ca n ta n te to m a r o n , sin p ro b le m a s, el relevo
d e la fu n a m b u lis ta e n e l e n s u e ñ o d e l a d o le sce n te . L a f e m i n i
d a d id e a l se a so cia p a ra é l ( c o m o p a ra ta n to s d e sus c o n t e m
p o rá n e o s ) c o n la ilu m in a c ió n g lo r io s a e in fa m a n te d e u n esce
nario e n el q u e la m u je r se o fr e c e y se m u e stra esq u iva, t o d o a
la v e z, c o n la fa lta d e p u d o r d e u n a e x h ib ic ió n p o r la q u e se
p a g a . E l e s p e c tá c u lo es t e n t a c ió n y, c o m o san A n t o n i o , el
e s p e c ta d o r s u fr e u n a fa s c in a c ió n c o n t r a la q u e n o p o d r á
d e fe n d e rs e m ás q u e c o n la a u to fla g e la c ió n .
C u a r e n t a a ñ o s d e d is ta n c ia s e p a r a n estas lín e a s d e F la u -
b e r t y lo s ex tra ñ o s e n su e ñ o s d e A contrapelo, d o n d e D e s E s se in -
tes pasa revista a las fig u ra s d e sus a m a n te s. L a p r im e r a q u e le
v ie n e a la m e m o r ia es u n a a cró b a ta d e c ir c o , M iss U r a n ia , una
americana de buena planta, con piernas enérgicas, músculos de aceroy brazos
de hierro. A l c o n te m p la r a esta m u je r , e l h é r o e d e J . - K . H u y s -
m an s se d eja a rra stra r a u n a p r o y e c c ió n im ag in a tiv a, q u e es el
c o n tr a r io exacto d e la fe m in iz a c ió n d e l a c ró b a ta A u r i o l a los
o jo s d e G a u t ie r . M iss U r a n ia se c o n v ie r t e e n u n a d o m i n a
d o r a m a s c u lin a , a n te la q u e e l e s p e c t a d o r e x p e r im e n t a u n
s e n t im ie n t o d e d e s v ir iliz a c ió n , p e r o esta in v e r s ió n d e lo s
p a p eles sexu ales, le jo s d e p r o v o c a r la r e p u ls ió n , excita e n D e s
E s s e in te s la c u r io s id a d y e l d e s e o . D e s e a c o n v e r t ir a esta
m u c h a c h a e n la p a r e ja e n é r g ic a d e u n a e x p e r ie n c ia m a s o -
q u ista: A medida que él admiraba suflexibilidady su fuerza, veía producirse
en ella un cambio artificial de sexo; sus graciosos mohínesy sus remilgos de hem
bra se desdibujaban m á sj más, mientras que en su lugar se desarrollaban los
encantos ágilesj) poderosos de un macho... Entonces, al igual que un robusto
mocetón se prenda de una muchacha flacucha, esta artista debe amar, por ins
tinto, a una criatura débil, encogida, semejante a mí, exhausto —se dice Des
Esseintes—; afuerza de observarse, de dejar actuar el espíritu de comparación,
acabó, a su vez, teniendo la impresión de que él mismo se feminizabay ansió
m e n te , p o r h a b e r c o n t r ib u id o a ella ), e je rc e rá la m ás d e s p r e
c ia b le c r u e ld a d h a c ia la F a n fa r lo c u a n d o ésta n o sea m ás q u e
u n a m u je r , in c a p a z d e h a c e r d u r a r la o s c ila c ió n e n tre la p r e
s e n c ia r e a l y la s i g n i f i c a c i ó n e v o c a d a s im b ó lic a m e n t e . L a
a c triz , u n a v e z q u e h a s u c u m b id o a su n a tu r a le z a d e m u je r ,
p ie r d e p a r a s ie m p r e e l p r e s tig io d e su p a p e l, se d e ja in v a d ir
c o m p le ta m e n te p o r la in e r c ia d e la ca r n e . C u a n d o el p o e ta se
aleja, la c a p a c id a d d e v u e lo d e la F a n fa r lo se d isip a , la fa ta li
d a d a n ta g o n is ta , la g r a v e d a d , t r i u n f a . E l p o e t a se d e s q u ita
d e s c r ib ie n d o d e fo r m a o fe n s iv a el d e s tin o d e esta m u c h a c h a
d esp u és d e la r u p tu r a : En cuanto a ella, cada día está más gorda; se ha
convertido en una beldadgrasienta, reluciente, lustrosaj rosada, una especie
de damisela ministerial. D e s p u é s d e h a b e r s id o , c o n e l v e stid o d e
C o lo m b i n a , e n e l a ta vío d e s a ltim b a n q u i, la s e d u c t o r a m ás
27. C h a r l e s B a u d e l a i r e , Autorretrato con ¡a mirada puesta en una bolsa de escudos
que se aleja volando, 1 8 5 7 - 1 8 5 8 (é p o c a d el p r o c e s o p o r Lasjloresdel mal).
in q u ie t a n t e , n o le q u e d a s in o c o n v e r t ir s e e n u n o d e esos
se res d e lo s q u e B a u d e la ir e e n M i corazón al desnudo h a b la c o n
u n a f r ía a g r e s iv id a d : La mujer es lo contrario del dandy. Debe, pues,
causar horror. La mujer tiene hambrej quiere comer; sed j quiere beber; está en
c e lo j quiere que la folien. ¡Bonito mérito! La mujer es n a t u r a l, es decir,
abominable... La mujer no puede separar el alma del cuerpo. Es simple como
los animales. Un satírico diría que es así porque no tiene más que el cuerpo.
B a u d e la ir e t e s t im o n ia a q u í e l d e sa so sie g o p o r la c o n d i c i ó n
c o r p ó r e a , u n a d e las c a r a c te r ís tic a s p e r s is te n te s d e l e s p ír itu
d e su t ie m p o . E l c u e r p o es e l m a l, es la c o n t in g e n c ia ; el
c ir c o , el re a l d e la fe r ia , la ó p e r a se fr e c u e n ta n p a ra v e r c ó m o
lo s c u e r p o s b u sc a n g lo r io s a m e n te , v a n a m e n te , su r e d e n c ió n
m e d ia n te e l m o v im ie n t o ; a llí se d eg u sta a la vez la t e n t a c ió n
d e l p e c a d o y la p r o m e s a d e u n a l ib e r a c i ó n e s té tic a . ¿ N o se
p r e s ta n lo s c u e r p o s a u n a le c t u r a id e a lis ta ? M a lla r m é r e i n -
tr o d u c ir á la n o c ió n d e l r ito y d e l c u lto p a ra ju s tific a r su gu sto
p o r lo s e s p e c tá c u lo s ; le h e c h iz a n la g r a c ia y el e n m a r a ñ a
m ie n to d e lo s m o v im ie n to s , c o n tal d e h a c e r d e ello s el signifi
cante d ir ig id o h a cia u n a m iste rio sa re v e la ció n : la d an za es p a ra
él e l tex to e n m o v im ie n to d e u n d is cu rso sile n c io s o p r o n u n
cia d o c o n el c u e r p o , p e r o e n el q u e e l c u e r p o q u e d a a b o lid o .
E l ballet se c o n v ie r t e e n u n jeroglífico: La bailarina n o es u n a
m u je r q u e b a ila , por los siguientes motivosjuxtapuestos: ella n o es u n a
m u je r , sino una metáfora que compendia uno de los aspectos elementales de
nuestra forma, espada, copa, flor, etc. , j n o b a ila , sugiere con una escritura
corpórea, mediante un prodigio de escoraos e impulsos, lo que requeriría párra
fos de prosa dialogadaj descriptiva para ser expresado con la escritura: poema
libre de todo instrumento del escriba. E ste e x tr a ñ a m ie n to s e m á n tic o ,
a u n q u e d e p e n d a d e l ta le n to su gestivo d e l a c to r, n o es m e n o s
t r ib u t a r io d e l e s fu e r z o m e n ta l d e l e s p e c ta d o r . E n c u a lq u ie r
m o m e n t o , e l b a ila r ín p u e d e p e r d e r la f u n c i ó n s ig n ific a n t e
q u e , s in s a b e rlo , le h a sid o a tr ib u id a y q u e , p o r así d e c ir , le
p riv a d e su c u e r p o ; se a ju sta rá d e n u e v o a su r e a lid a d m a te
ria l: n o a tr a íd o d e fo r m a t o r p e h a c ia e l s u e lo , sin o a b a n d o
n a d o p o r la s ig n ific a c ió n id e a l y r e d u c id o a la tris te e v id e n cia
de su p r e s e n c ia c a rn a l.
E sta o s c ila c ió n d e fin e p e r fe c ta m e n te e l c lim a q u e p r e v a
le c e , ta n to e n el c ir c o c o m o e n la ó p e r a , a fin a le s d e l sig lo
X IX . E n tr e el t r iu n fo d e la ca rn e y la v ir tu a lid a d d e u n a s ig n i
fic a c ió n s im b ó lic a su g e r id a p o r el a r g u m e n to d e l ballet, p e r o
c o n m a y o r fr e c u e n c ia a s u m id a p o r e l p o e t a - e s p e c t a d o r , el
esp ectá cu lo o fr e c e al e s p íritu u n a e le c c ió n d e v é rtig o : d ejarse
fa sc in a r p o r la p r e s e n c ia fu e r t e y v u lg a r d e la r e a lid a d vita l o
tra n s ce n d e r, p o r u n d e cre to d e la c o n c ie n c ia in terp reta tiva , la
re a lid a d d e l c u e r p o p a ra lan zarse h a cia el le ja n o h o r iz o n te d e
u n a s ig n ific a c ió n a le g ó r ic a . E n to n c e s , e l e s p ír itu e n c u e n tr a
e n e l salto d e la b a ila r in a o d e l a cró b a ta la im a g e n de su p r o
p io salto « h i p e r b ó l i c o » , a p a rta d o d e t o d o se n tid o lite r a l. A
p a r tir d e a h í se e n tie n d e q u e e n esta é p o ca , e n la q u e se d e sa
r r o lla n d e fo r m a p a ra lela las c o rr ie n te s d e l rea lism o y d e l sim
b o lis m o , el c irco haya p o d id o prestarse altern a tiv am en te a u n a
le c tu r a « r e a lis ta » (Los hermanos Zemganno d e E d m o n d d e G o n -
c o u rt) y « s im b o lis ta » (El circo solar d e G u stave K a h n ) .
S i el c u e r p o es el m a l, lo m e jo r q u e p o d r ía m o s h a c e r sería
e lu d ir lo o t r a n s fig u r a r lo . E l dandy, q u e B a u d e la ire o p o n e a la
m u je r natural, es p r e c is a m e n te e l h o m b r e q u e se e s fu e r z a e n
t r a s c e n d e r e l a c o n t e c im ie n t o c o n t i n g e n t e d e la e x is te n c ia
c o r p o r a l. C o n la m ag ia d e lo s a r tific io s d e l a rre g lo p e r s o n a l,
e l d a n d y in t e n t a a u s e n ta r s e d e su c u e r p o ; y, c o m o b i e n h a
m o s tra d o J e a n - P a u l S a r tr e , se p r e o c u p a ta n to d e su a sp e c to
c o n e l ú n ic o f i n d e n o a ju s ta rse a su p r e s e n c ia c o r p o r a l: es
s o b e r a n o a llí, e n u n r e in o e s p ir itu a l, d o n d e n a d ie lo p u e d e
h e r ir , d o n d e se m u e stra g la c ia l, in v u ln e r a b le , e n m a sc a ra d o ,
h a b ita n te p r o v is io n a l d e su a p a r ie n c ia y r e d u c id o ca si —p o r
v o lu n t a d p r o p ia — al e s ta d o d e e s p e c t r o . C o n v ie n e s e ñ a la r
a h o r a q u e u n a d e las fu n c io n e s h a b itu a le s d e l p a ya so , d esd e
e l R e n a c im ie n t o y e l te a tr o is a b e lin o , es la d e p a r o d ia r al
d an d y: la risa su rg e al v e r a u n c a n d id a to al d a n d is m o q u e d a r
p r e s o e n la tra m p a d e su c u e r p o .
P u e s n a d a c o n d u c e d e v u e lta al c u e r p o c o m o e l fra c a s o
s u frid o al in te n ta r escap ar d e él. Q u i e n q u ie r e c o n v e rtirse e n
á n g el, se c o n v ie rte e n b estia. Esta es la im a g e n q u e n o s o fr e c e
d e fo r m a e je m p la r el h o m b r e d e l sig lo X IX . S i es u n b u r g u é s
s e r io , si n o se u n e a la s o s p e c h o s a c o fr a d ía d e lo s d a n d y s, se
d e fin e de manera abstracta c o m o u n a c o n c ie n c ia y, si es p o s ib le ,
c o m o u n a b u e n a c o n c ie n c ia o c o m o u n e s p íritu ilu s tra d o . S u
a p a r ie n c ia fís ic a , su c u e r p o , es e l m e n o r d e sus a tr ib u to s .
A p a r te in c lu s o d e c u a lq u ie r a sce tism o , e l c u e r p o es c o n s id e
r a d o c o m o u n a d ita m e n to fa s t id io s o , q u e ú n ic a m e n t e va le
p a ra c u b r ir c o n v e s tid u r a s o s c u r a s . E stá d e s tin a d o a l a b a n
d o n o , o lv id a d o , « c o n f i n a d o » e n las tin ie b la s e x te rio re s. Cave
carnem, e s c rib e s ig n ific a tiv a m e n te A m i e l e n su Diario d e 18 5 7 .
S e h a ce d if íc il la d is t in c ió n e n tr e el clergjiman y el a tu e n d o d e l
b u r g u é s r e s p e ta b le : lo s d o s o c u lt a n d e la m is m a m a n e r a la
m o le s ta a p a r ie n c ia c o r p o r a l. L as b a rb a s patriarcales só lo d e ja n
ya re s p la n d e c e r la m ira d a , espejo del alma. P e ro p o r u n a c u rio s a
c o n s e c u e n c ia , el c u e r p o a b a n d o n a d o se d e fo rm a , se e n co rv a ,
le sale b a rrig a : p o r m ás q u e se q u ie r a o lv id a r, vu elve a la carga
de fo r m a o b sc e n a y g ro tesca . B a u d e la ire exclam a:
P r e s c in d ib le , c o n t i n g e n t e , e l c u e r p o va p o r su c u e n ta ;
cu a n d o d e b e r ía h a b e rse b o r r a d o , re a p a re ce c o m o u n a fa ta li
d a d r id ic u la . E l b u r g u é s i n c l i n a d o s o b r e sus c u e n ta s , e l
o b r e r o p e g a d o , casi u n c i d o , a su d e sp ia d a d a m á q u in a so n e n
la m ism a m e d id a testigo s d e u n d e s p o s e im ie n to (d e u n a a lie
n a c ió n ) e n e l q u e el c u e r p o les es c o n fis c a d o p o r u n a ta re a
q u e se h a c e p a s a r p o r u n a b s o lu t o . D a u m ie r se rá e l te s tig o
g e n ia l d e esta miseria d e la c o n d ic ió n d e la ca rn e . S in d u d a , n o
ta rd a rá e n o írs e la lla m a d a , p o r la p lu m a d e N ie tz sc h e y a lg u
n o s o tro s, al d esp e rta r y a la r e h a b ilita c ió n d e l c u e r p o , u n id o s
a la c e le b r a c ió n d e la d an za . P e ro esta lla m a d a n o h a b ría sid o
ta n v e h e m e n te si el c u e r p o n o h u b ie se s u fr id o u n a esp ecie d e
e x ilio : u n e x ilio y u n exceso d e p re se n c ia , p o r q u e el e s p íritu ,
p o r su p a r t e , a u s e n te e n la r e g i ó n d e las le ja n a s fr o n t e r a s ,
d e jó d e t e n e r al c u e r p o c o m o v e rd a d e r o c o m p a ñ e r o .
E s te d e s t in o a fe c ta , e n e l s ig lo X IX , a la m a s c u lin id a d y,
a u n c u a n d o la m a y o r ía d e las m u je r e s c o n o c e n la m is m a
* <<:¡ O h qué monstruosidades llorando sus vestidos! / ¡ Oh ridículos troncos! ¡Torsos dignos de más
caras! / ¡Pobres cuerpos torcidos, flacos, gordosj fofos, / que, implacabley sereno, fa jó el dios de
lo Útil, / cuando aún eran niños, en pañales de bron ce!» . C h . B a u d e la ir e , Las flores del
mal, tra d . d e L . M a rtín e z d e M e r lo , M a d rid , C á te d r a , 2 0 0 0 . [N . d e l T .3
su e rte , e l h o m b r e d e l sig lo XXX se h a ce u n a im a g e n in v e rsa y
c o m p le m e n ta r ia d e la fe m in id a d id e a l. L a m u je r , se g ú n este
m ito , es la g ra n te n ta d o r a , p o r q u e su n a tu ra le za la co n sa g ra a
n o a u sen tarse d e lo o r g á n ic o . L o q u e la h a ce atractiva y t e m i
b le es q u e e lla r e p r e s e n t a la t ib ia y c u lp a b le in h e r e n c i a al
c u e r p o , la o p u le n ta in m a n e n c ia c a r n a l. P ara el h o m b r e , q u e
se h a d e s e n t e n d id o d e su a p a r ie n c ia fís ic a , la p le n i t u d v ita l
d e l d e s n u d o f e m e n i n o r e p r e s e n t a u n a sp e c to d e la u n id a d
p r im itiv a q u e n o h a p o d id o d e s t r u ir la c iv iliz a c ió n . N o h ay
m ás q u e r e c o r d a r e l e m b le m á t ic o Almuerzo en ¡a hierba d e
M a n e t. L o s n o s tá lg ic o s e v o c a r á n e l E d é n p e r d id o o i r á n a
b u sc a r lo a la P o lin e s ia . E n ese c u e r p o r e g id o p o r su ley o r g á
n ic a , to d a v ía d o r m it a e l e s p ír it u , y la c a r n e está e s t ú p id a
m e n te lim ita d a p o r su p r o p io e s p le n d o r . Es u n a riqueza natu
ral: a h o r a b i e n , e l s ig lo se c o n s a g r a a la e x p lo t a c ió n d e las
r iq u e z a s n a tu r a le s . E ste es e l m o t iv o p o r e l q u e la c r ia t u r a
fe m e n in a p u e d e ser tra tad a c o m o o b je to , ya sea p a ra h a c e r d e
e lla u n íd o lo e m p lu m a d o , ya sea p a r a fo r z a r la a c o n v e r tir s e
e n u n o b je to d e t r á fic o . C o r te s a n a s , e n tr e te n id a s , m o d is t i
llas y b u s c o n a s so n , e n d iv e rso s g ra d o s d e la escala so c ia l, las
im á g e n e s (reales y m ítica s a la vez) d e la fe m in id a d lo c a d e su
c u e r p o , q u e va a c o n ta m in a r —a fe c c ió n in s id io s a — el im p e r io
a b stra cto d e l d in e r o . E n e l e s c e n a r io , la a m a z o n a , la d o m a
d o r a , la b a ila r in a , la a c r ó b a ta v a n a m a n ife s ta r la c o n d ic ió n
c a r n a l d e la m u je r d e m a n e r a m ás i n d e p e n d i e n t e : e je r c e n
s o b r e sus c u e r p o s u n d o m i n i o e s p lé n d id o , m u lt ip lic a n
m e d ia n te el m o v im ie n to to d o s sus atractivos, sa b e n d esp le g a r
tod as sus en erg ía s e n e l t r iu n f o g ra tu ito d e l v ir t u o s is m o : este
t r iu n f o , sin e m b a rg o , o c u p a e l á rea lim ita d a d e la p ista y d e l
te a tr o ; se n o s o fr e c e b a jo la lu z a r t ific ia l d e lo s p r o y e c to r e s ;
la m u je r v e n c e d o r a está ro d e a d a p o r u n d e c o ra d o d e ilu s ió n ,
q u e es a la vez j o y e r o y p r is ió n . P a ra e l v iv id o r , es u n a p re sa
q u e se o fr e c e , q u e se d e ja a r r a s tr a r s in r e s is te n c ia a a lg ú n
'-\a
d e l c u e r p o y la d e fo r m id a d , e l h o m b r e se c o n v e r tir á e n p o e ta
d e u n a E va a n t ig u a o fu t u r a , a n o s e r q u e se d e d iq u e a
d e n u n c ia r el e n g a ñ o d e la fe m in id a d tr iu n fa n te : e n c u a n to a
su p r o p ia s it u a c ió n , p o d r á a s ig n a r s e u n a r e p r e s e n t a c ió n
m ític a r e c u r r i e n d o a im á g e n e s to m a d a s d e l m u n d o d e la
b u fo n a d a t r a d ic io n a l, p u e s , c o n u n a a n t ig ü e d a d i n m e m o
r ia l, el m u n d o d e l te a tr o p o p u la r h a b ía c u ltiv a d o al m is m o
tie m p o las m ara villa s d e la a g ilid a d y la c o m ic id a d d e la t o r
p e z a . A m e n u d o se h a n c r e a d o p e r s o n a je s e m p a r e ja d o s ,
p a reja s asim étrica s. S i el clown in g lé s d e l te a tro d e l sig lo XVI es
e l h e r e d e r o d e l d ia b lillo m e d ie v a l V i c i o , cu y a in f a t ig a b le
v iv a c id a d p o s e e a v e c e s, es t a m b ié n ( p o r su e t im o lo g ía q u e
r e m o n ta a clod = t e r r ó n ) , e l r ú s t ic o , e l to s c o , e l se r d e c o m
p r e n s ió n le n ta , el t o r p e q u e re a liz a a l revés to d o lo q u e se le
p id e . E n el le n g u a je d e la c a r a c te r o lo g ía a lq u ím ic a , e l payaso
á g il c o r r e s p o n d e a l t ip o mercurial, m ie n t r a s q u e e l p ayaso
t o r p e exp resa el p eso d e la tierra, cuya fr ia ld a d ta m b ié n p o se e .
L a id e a d e l a m o r a p e n a s le r o z a y, c u a n d o se le o fr e c e u n a
c o n q u is ta , la d e ja esca p a r to n ta m e n te . A esta t r a d ic ió n p e r
t e n e c e n lo s G ilíe s y lo s P ie r r o ts d e la Commedia. E sto s s o n lo s
h é r o e s d e u n fra c a s o p e r p e t u o , fra c a s o d e l q u e a p en a s e llo s
m ism o s t ie n e n c o n c ie n c ia , h asta tal p u n t o es o b tu s o su e s p í
r itu . .. E ste tip o tr a d ic io n a l o fr e c ía u n a im a g e n p re d e stin a d a
a la r e p r e s e n t a c ió n d e l h u n d i m i e n t o d e la m a s c u lin id a d
f r e n t e a la fe m i n i d a d t r i u n f a n t e . L o s p in t o r e s —L a u t r e c ,
S e u ra t— m u ltip lic a r á n , a lo s p ie s d e lig era s y g lo rio sa s a m a z o
n as c o n tu t ú , la im a g e n d e l A u g u s t o r is u e ñ o , i n d i f e r e n t e ,
t it u b e a n t e ; p o r su p a r t e , lo s e s c r it o r e s (e s c o lta d o s p o r sus
ilu s tr a d o r e s ) t r a z a r á n c o n r e c u e r d o s d e m u s e o la g e sta d e
G ilíe s y P ie r r o t. G e r m a in N o u v e a u p r e g u n ta :
Gilíes, J¡ls de Watteau, grandjrére des Lys blancs,
Debout dans le soleil et tombé de la Lune,
Es-tu sombre, es-tugai, dans tes habits ballants?
L ’áne braít-il? Ou sí le Dodeur t’importune?*
N e leurjetezpas lapierre, o
Vous qu’affecte unejarretiére!
Allez, nejetezpas la pierre
Aux blancs parias, auxpurs pierrots! “
A l t o m a r ese a s p e c to m a c ile n t o y m a c a b r o , e l P ie r r o t
to r p e a d q u ir ió u n a a g ilid a d su p erlativa. F a n to ch e d e m o n ía c o ,
* «Gilíes, hijo de Watteau,gran hermano de los Lirios blancos, / de pie en elsoly caído de la Luna. /
¿ Estás triste, estás contento con tus vestidos amplios ? / ¿ Rebudia el asno ? ¿ O acaso el Doctor te
im portuna?». [N . d e l T . ]
** « . . . la idea de la m ujer/ que a estas alturas se toma en serio, /le s da tal risa, que es un misterio/
que se puedan contener. / N o les tiréis piedras, no seáis duros, / / no maltratéis a losPierrots, ¡oh
manflota / que una liga alborota! / Ellos son blancos parias, Pierrots p u ro s» . J . L a fo r g u e ,
Imitación de Nuestra Señora la Luna, tr a d . d e A . R o d r íg u e z L ó p e z - V á z q u e z ,
M a d r id , H ip e r ió n , 1 9 9 6 . [N . d e l T . ]
* * * « ¿D ón d e está el soñador de las lunas de antaño / que reía a las gentes desde un alto dintel? / Se
apagaron sus risas, muerta está su candela / y hoy nos ronda su espectro flacoy blanca la tez. // A
la luz del horror de un relámpago vemos / su blusón palidísimo que hincha el viento invernal / cual
m ortaja,y su boca tan abierta, lo mismo / que si aullase al sentir que le muerde el gusano».
P. V e r la in e , Poesía, tra d . d e C . P u jo l, B a rc e lo n a , P la n e ta, 199^ - [N . d e l T .]
q u e re v o lo te a so b re lo s v ie n to s d e u ltr a tu m b a , ya n o es u n ser
am asad o c o n la p esad a pasta te rre stre : se h a c o n v e r tid o e n u n
ser m e r c u ria l, el a zo g u e c o r r e p o r sus ven as, atraviesa c o m o si
fu e r a n u n a ro d e p a p e l las fr o n te r a s d e la v id a y de la m u e rte .
E l P ie r r o t e n ju to d e lo s sim b o lista s y d e W ille tte es u n a fig u r a
s in c r é tic a q u e a m a lg a m a r e c u e r d o s e v id e n te s d e la Commedia,
p e r o ta m b ié n la fig u r a m e d ita b u n d a d e H a m le t, la m u e c a d e l
M e fis tó fe le s d e G o e t h e , la to ta lid a d a d o r n a d a ad ¡ibitum d e la
ca n a lla d e M o n tm a r tr e . P e ro al revés q u e la a g ilid a d v ita l d e l
a cró b a ta y d e la trap ecista, la fle x ib ilid a d m e r c u ria l d e l P ie r r o t
e s p e c tra l n o lo a rra stra h a c ia la a ltu r a g lo r io s a : é l p e r te n e c e
al abismo del mundo inferior. Y a e n la b io g r a fía d e J u le s J a n in , e l
p e r s o n a je s e m ile g e n d a r io d e D e b u r a u a p a r e c ía c o m o u n
artista a co sa d o p o r la d e sv e n tu ra , c o n d e n a d o a lo s a ccid e n te s
y las caídas m ás h u m illa n te s . A d e m á s , J u le s J a n in , al c o n t r a
r i o q u e G a u t ie r , h a b ía in t e r p r e t a d o la p a n t o m im a d e L e s
F u n a m b u le s n o c o m o u n a m a n ife s ta c ió n v ig o r o s a d e l g e n io
p o p u la r , s in o , m u y al c o n t r a r io , c o m o fr u to d e la d e s c o m
p o s i c i ó n , c o m o u n d iv e r t im e n t o d e B a jo I m p e r i o . E n la
a tm ó s fe r a decadente d e l f i n a l d e s ig lo , lo s P ie r r o ts lu n a r e s se
a c lim a ta rá n s in d ific u lta d . S i o b serv a m o s c o n a te n c ió n , v e r e
m o s q u e el p r o p io G a u tie r c o n tr ib u y ó a ilu m in a r a D e b u r a u
c o n esta lu z esp e ctra l.
D e sp e g a d o , fr ío , in s e n s ib le a lo s e n c a n to s d e las m u je re s,
P ie r r o t n o le p a re c e só lo el p e r s o n a je sim p le d e la t r a d ic ió n ,
q u e , a lo s u m o , se in te r e s a p o r lo s p la c e re s d e la g lo t o n e r ía .
T a n to e n sus c o m e n t a r io s , c o m o e n su p r o p io te a tr o , G a u
tie r, n o ta rd ó e n h a c e r d e él u n Sonderling, u n ser al margen, cuya
v e rd a d e r a p a tr ia n o es d e este m u n d o . L a d is tr a c c ió n m e ta fí
sica d e P ie r r o t lo s e p a ra d e lo s viv o s h a sta t r a n s fo r m a r lo e n
p e r s o n a je postumo, sa lid o d e l lim b o y d e s tin a d o a p r e c ip ita r s e
e n é l d e n u e v o . Es u n d e s e r to r d e la v id a te rre s tre (G is e lle , la
P e r i —las h e r o ín a s -e s tr e lla s q u e G a u tie r d e s tin ó a la m ú sica y
a la d an za — s o n ta m b ié n h a b ita n te s d e l m ás a llá ) .
E n la m u y c é le b r e p a n t o m im a d e l Ropavejero, P ie r r o t a se
sin a a u n tr a p e r o p a ra a seg u ra rse u n b r illa n t e éx ito so cia l; e n
e l m o m e n t o e n e l q u e se d is p o n e a c o n d u c i r al a lta r a la
h e r e d e r a q u e lo h a rá d u q u e , se a p a re ce e l e s p e c tro d e l r o p a
v e je r o , estrecha a Pierrot entre sus largos brazosj le obliga a bailar con él un
vals infernal... El asesinado aprieta al asesino contra su pecho, de manera que
la punta del sable penetra en el cuerpo de Pierroty le sale por la espalda. La
víctimay el homicida están ensartados por el mismo hierro como dos abejorros
a los que se hubiera pinchado con el mismo alfiler. La pareja fantástica da
todavía algunas vueltasj se hunde en una trampilla, en medio de una vasta
llama de esencia de trementina... P ie r r o t se c o n v ie r t e a sí e n u n a
fig u r a e je m p la r d e l c r im e n y d e l ca stigo ; es u n p a ra d ig m a d el
33 . H o n o r é D a u m ie r , Traslado de saltimbanquis, c a . l 847" I ^ 5^-
fr a c a s o . G a u tie r d e s c ifra e n él u n a a le g o r ía q u e c o n c ie r n e a
la e s e n c ia d e la h u m a n id a d : Pierrot, que se pasea por la calle con su
sobretodo blanco, su pantalón blancoj su rostro enharinado, preocupado por
vagos deseos, ¿ no es la simbolización del alma humana todavía inocentej
blanca, atormentada por infinitas aspiraciones a las regiones superiores?
E ste c o m e n ta r io d e G a u tie r es, a su vez, la « s im b o liz a c ió n »
d e las c o n v ic c io n e s d e l artista d e 1 8 4 0 , q u e n o p e r c ib e el éx ito
y la r iq u e z a m ás q u e b a jo el aspecto d e l c r im e n , y q u e b u sca la
c o m p lic id a d d e la m u e rte o d e la m a ld ic ió n p a ra p r o t e g e r la
id e a q u e él se h a ce d e su p u re za .
34. O d il o n R ed o n , La flor de la ciénaga, 1885*
E r a f u n c i ó n d e B a u d e la ir e lle v a r a su m ás a lto g ra d o d e c o n
c e n t r a c ió n lo s te m a s q u e n o s h a n a p a r e c id o h a sta a h o r a d e
f o r m a d is p e r s a . E sta e la b o r a c i ó n l it e r a r ia n o es s ó lo u n a
v a r ia c ió n b r illa n t e so b re u n tem a p in to r e s c o : c o r r e s p o n d e al
d e s a r r o llo d e u n a d r a m a t u r g ia ín t im a y d e s e m b o c a e n u n a
im a g e n in f in it a m e n t e c o m p le ja d e la c o n d i c i ó n d e l p o e t a y
d e la p o e s ía . B a u d e la ir e , p o e t a d e las « d o s p r e t e n s io n e s
sim u ltá n e a s » , p r o p o r c io n ó al artista, b a jo la fig u r a d e l b u f ó n
y d e l s a ltim b a n q u i, la v o c a c ió n c o n t r a d ic t o r ia d e l v u e lo y la
ca íd a , d e la a ltu ra y e l a b is m o , d e la B e lle z a y la M a la su e rte .
E l p o e m a « E l a lb a tr o s » a sig n a al p o e ta la s u p re m a cía d o m i
n a d o r a e n e l a le te o s o lita r io , p e r o al p r e c io d e u n a d e g r a d a
c ió n b u fo n e s c a e n tr e lo s h o m b r e s :
* « ¡Aquel viajero alado qué torpe esy cobarde! / ¡E l tan bello hace poco, qué risibley qué fe o ! » .
C h . B a u d e la ir e , Las flores del mal, t r a d . d e L . M a r t ín e z d e M e r lo , M a d r id ,
C á te d r a , 3 0 0 0 . [ N . d e l T . ]
L a m ise ria h ace d e su Musa venal u n saltimbanqui en ayunas: ella
v ie n e a desplegar su s e n c a n to s , e x h ib e su risa
B a u d e la ir e r e n u e v a y a h o n d a u n a t r a d ic ió n , q u e se
r e m o n t a p o r lo m e n o s al s ig lo X V III, s e g ú n la c u a l e l a c to r
e s c o n d e b a jo su t r iu n f o y sus a leg ría s fin g id a s u n a lm a d e se s
p e r a d a . C o n t r ib u y e a f i j a r , m e j o r q u e el T r i b o u l e t y la
G w y n p la in e d e V í c t o r H u g o , el a r q u e tip o d e l p ayaso trá g ic o ,
cuya im a g e n se p e r p e tu a r á a través d e la lite r a tu r a y la p in tu r a
d e va rio s d e c e n io s .
C u a n d o d e scrib e la c o m ic id a d v io le n ta d e lo s clowns in g le
ses, B a u d e la ir e se d e m o r a c o n c o m p la c e n c ia e n las im á g e n e s
e n las q u e e l payaso d e s e m p e ñ a e l p a p e l d e u n a v íc tim a g r o
tesca: El Pierrot inglés llegaba como la tempestad, caía como un fardoy,
cuando reía, su risa hacía temblar la sala; esa risa se parecía a un jubiloso
trueno. ..P o m o sé quéfechoría, Pierrot debía serfinalmente guillotinado... El
instrumento fúnebre estaba, pues, allí, erigido sobre los tabladosfranceses, pro
fundamente sorprendidos con esta novedad. Tras haber lu cha d oj bramado
como un buey que presiente el matadero, Pierrot sufría finalmente su destino.
La cabeza se desprendía del cuello, una poderosa cabeza b la n ca j roja, que
rodaba con ruido delante de la concha del apuntador mostrando el disco san
grante del cuello, la vértebra escindidaj todos los detalles de una pieza de car
nicería recién cortada para el mostrador. Pero, entonces, de pronto, el torso
decapitado, movido por la monomanía irresistible del vuelo, se enderezaba,
escamoteaba triunfalmente su propia cabeza, como un jamón o una botella de
vin o ,j, mucho más sagazque el gran san Dionisio, ¡se la metía en el bolsillo!
C o n este m a r tirio ch u sco , el payaso r e e n c u e n tra e n su vid a
p o stu m a la fa cu lta d d e v o la r: es u n esp e ctro ju b ilo s o . P e ro e n
* «empapada por un llanto invisible / para hacer que la chusma se parta a carcajadas» . C h . B a u
d elaire, Lasflores del mal, op. cit. [N . d e l T .]
la p a rá b o la Una muerte heroica, cu yo t o n o g e n e r a l es ta n ce rca n o
a a lg u n o s c u e n to s d e E d g a r A lia n P o e , el b u f ó n F a n c io u lle va
a ca e r d e cab eza sin r e m is ió n e n la m u e r te .
L a r e la c i ó n d e l b u f ó n y d e l p r í n c i p e es d e n a tu r a le z a
sád ica e n este re la to e n el q u e la c r u e ld a d ca ra cte riza e n ig u a l
m e d id a a ca d a u n o d e lo s d o s h é r o e s . F a n c io u lle está i m p li
ca d o e n u n a c o n s p ir a c ió n e n la q u e se p r o y e c ta b a d e r r ib a r al
p r ín c ip e . E l b u fó n , a u n q u e fu e se casi uno de los amigos del príncipe,
se d e jó al f i n a tra e r, c o m o B a u d e la ir e e n 1 8 4 8 , p o r el a r r e
b a to d e u n a a ven tu ra r e v o lu c io n a r ia . D e n u n c ia d o , a rresta d o ,
in d u lt a d o e n a p a r ie n c ia , e n las m a n o s d e l p r í n c i p e n o fu e
sin o la v íctim a d e u n a ven g an za re fin a d a . E ste p r ín c ip e artista,
al que un exceso de sensibilidad volvía en muchos casos mas cruely más déspota
que todos sus semejantes, va a p r o c u r a r e n tr e te n e r su a b u r r im ie n to
o r g a n iz a n d o u n a e je c u c ió n fu e r a d e lo c o m ú n . A s í, p r o m e te
salvar la v id a a F a n c io u lle p e r o só lo a c o n d i c i ó n d e q u e éste
r e p r e s e n t e a la p e r f e c c i ó n uno de susprincipalesj mejores papeles.
A u n q u e e l r e la t o e v o q u e u n R e n a c im ie n t o i m a g in a r io , el
a rte d e F a n c io u lle es el d e D e b u r a u : El señor Fancioulle sobresalía
especialmente en los papeles mudos o poco cargados de palabras, que son a
menudo los principales en esos dramas mágicos cuyo objetivo es representar
simbólicamente el misterio de la vida. Entró en el escenario con ligerezflj una
soltura perfecta.
F a n c io u lle se s u p e r a . S i n e m b a r g o , u n n i ñ o , a p o s ta d o
p o r e l p r ín c ip e , d e p r o n t o d a un pitido agudo, prolongado... E ste
s ig n o b r u ta l d e desaprobación in t e r r u m p e a F a n c io u lle en uno de
sus mejores momentos... Fancioulle, sacudido, despertado de su sueño, primero
cerró los ojos, luego los volvió a abrir casi inmediatamente, enormes, a conti
nuación abrió la boca como para respirar convulsamente.. .y luego cayó muerto
en redondo sobre las tablas.
B a u d e la ir e , d e a c u e r d o c o n su a p tit u d p a r a ser s im u lt á
n e a m e n te la h e r id a y el c u c h illo , es a la vez el tira n o d o m in a d o
p o r el spleen y el m im o d e su m a a g ilid a d , q u e , e n e l m o m e n to
e n q u e a lcan za la cim a d e su g e n io , se d e sp lo m a , g o lp e a d o e n
el c o r a z ó n p o r el s ig n o a g u d o d e l re c h a z o q u e se o p o n e a su
a r te . P e r o B a u d e la ir e , d e s d e u n á n g u lo d e l e s c e n a r io , es
ta m b ié n a u n tie m p o el ú n ic o te stig o p a ra e l cu a l es v is ib le la
a u r e o la p o r e n c im a d e la c a b e z a d e l b u f ó n : M i pluma tiem blaj
lágrimas de una emoción siempre presente se asoman a mis ojos mientras p ro
curo describirles esta inolvidable noche. T estig o p riv ile g ia d o , v e rd u g o y
c o n d e n a d o , B a u d e la ir e es t o d o eso e n su d r a m a tu r g ia i n t e
r i o r . E l b u f ó n se h a c o n v e r tid o e n u n a v íc tim a sa g ra d a —su
a u r e o la lo s a n tific a —, q u e se d e r r u m b a e n la m u e r te p o r u n
c a p r ic h o d e l s e ñ o r y p o r e l a r d id d e u n n iñ o in c o n s c ie n t e y
d ó c il. P ara el testigo p e rsp ic a z, e l e s p le n d o r su p re m o d e l A r te
y la g lo r ia d e l a rtista se p e r f i l a n s o b r e e l f o n d o d e l a b is m o :
Fancioulle me daba pruebas, de una manera perentoria, irrefutable, de que el
arrebato del Arte es más apropiado que cualquier otro para velar los terrores del
precipicio; que el genio puede hacer comedia al borde de la tumba con una
alegría que le impide ver la tumba, perdido como está en un paraíso que excluye
toda idea de tum baj destrucción.
E l a rte , c o m o se ve, n o es u n a e fic a z o p e r a c ió n d e salva
c ió n , s in o m ás b i e n u n a p a n t o m im a s u b lim e a l b o r d e d e la
tu m b a , q u e v e la , s ó lo p o r u n in s ta n te , los terrores del precipicio.
G o m o h a se ñ a la d o G e o r g e s B li n , B a u d e la ir e , q u e h iz o d e l
a rte su id e a l, d u d a d e l p o d e r r e d e n t o r d e la b e lle z a . S o b r e la
cresta, d esd e d o n d e d o m in a el a b ism o , e l artista, e n su lo g r o
m ás c o n m o v e d o r , es u n a a p a r ic ió n in f in ita m e n t e fr á g il. N o
resiste al p it id o . E l b u fó n , a u to rr e tr a to d isfra za d o d e l p r o p io
B a u d e la ir e , e n c a r n a b a jo u n a fo r m a a p en a s p a r ó d ic a el v é r
tig o m o r ta l al q u e está ex p u esto el artista, n o só lo p o r q u e haya
o sa d o a te n ta r c o n t r a la p e r s o n a d e l s e ñ o r (d e l P a d r e ) , s in o
s o b r e t o d o p o r q u e s u fr e la fa lta d e ser lig a d a a la n a tu r a le z a
ilu s o r ia d e l a rte.
L o q u e e n Una muerte heroica se n o s h a p r e s e n t a d o b a jo la
f o r m a p e n e t r a n t e d e u n a n o v e la e je m p la r , B a u d e la ir e lo
35. H o n o r é D a u m ie r , Bajazzo (Unpayaso), s / f .
3 6 . H o n o r é D a u m ie r , Hércules de feria, ca. 18 6 5
r e p e tirá c o n el t o n o d e u n a c r ó n ic a p a ris in a , e n la q u e lo visto
e n e l tra n scu rso d e u n p a seo p o r lo s b a r r io s d e la g ra n ciu d a d
alcan za sú b ita m e n te la d im e n s ió n d e u n a a le g o ría a n g u stio sa.
E n e l p o e m a e n p r o s a El viejo saltimbanqui, el n a r r a d o r r e c o r r e
u n a fiesta d e fe r ia , r u id o s a y m u lt ic o lo r , d o n d e n o fa lta n lo s
p a ya so s y lo s b u f o n e s s a lta r in e s . L a a g ilid a d m e r c u r ia l está
re p re se n ta d a p o r un malabarista, resplandeciente como un dios, m i e n
tra s q u e las b a ila r in a s , hermosas como hadas o princesas, saltabanj
hacían cabriolas bajo la luz de los faroles que llenaban sus faldas de destellos.
E l co n tra s te c o n el h is t r ió n v e n id o a m e n o s cu yo r e tra to n o s
tra za c o n d e ta lle B a u d e la ir e se rá d e lo m ás s o r p r e n d e n t e : A l
final, en el último extremo de la hilera de casetas, como si avergonzado se
hubiese exiliado a sí mismo de todos estos esplendores, vi a un pobre saltimban
qui, encorvado, caduco, decrépito, una ruina de hombre, apoyado en uno de
los postes de su barraca; una barraca más miserable que la del salvaje más
embrutecidoj cuya miseria alumbraban demasiado bien dos cabos de velas, que
se derretíanj humeaban.
Por todas partes, la alegría, el beneficio, el desenfreno; por todas partes, la
certidumbre del pan para el día siguiente; por todas partes, la explosión frené
tica de la vitalidad. Aquí, la miseria absoluta, la miseria ataviada, en el colmo
de los horrores, con harapos cómicos, donde la necesidad, mucho más que el
arte, había introducido el contraste. El desdichado, ¡no se reía! N o lloraba, no
bailaba, no gesticulaba, no gritaba; no cantaba ninguna canción, ni alegre ni
lamentable, no imploraba. Estaba mudo e inmóvil. Había renunciado, abdi
cado. Su destino se había cumplido.
Pero, ¡con qué mirada, profunda, inolvidable, dejaba pasear su vista sobre
las lucesj la multitud, cuyo continuo vaivén se detenía a algunos pasos de su
repulsiva miseria! Sentí mi garganta oprimida por la mano terrible de la histe-
r ia j me pareció que unas lágrimas rebeldes, que no querían caer, obstaculiza
ban mi mirada.
¿ Q u é hacer? ¡Para qué preguntar al infortunado cuál era la curiosidad o
cuál la maravilla que mostraba en esas hediondas tinieblas, detrás de su cortina
hechajirones!
37. F e d e r ic o F e llin i, LaStrada, I 954 1-
M ie n tr a s q u e F a n c io u lle s u c u m b ía al a lc a n z a r la c u m b r e
d e la e x c e le n c ia estética, e l v ie jo s a ltim b a n q u i re p re se n ta o tro
a sp ecto d e l fra ca so (asp ecto q u e g o z a rá d e u n e x c e le n te p o r
v e n ir e n las artes y las le tr a s ) : la d e c a d e n c ia sile n cio sa , e l a g o
t a m ie n t o d e la v o lu n t a d , la i m p o t e n c ia in s u p e r a b le . S u
s ile n c io a n u n c ia y p r e fig u r a , d e m a n e r a p r o fé tic a , la afasia d e
B a u d e la ir e . P e r o esto s d o s p e r s o n a je s , F a n c io u lle y e l v ie jo
s a ltim b a n q u i, a p e s a r d e t o d o lo q u e le s o p o n e , se p a re c e n :
a m b o s se r e c o r ta n e n u n fo n d o d e a b ism o y d e m u e rte i n m i
n e n te . S o n d o s finales de carrera: el u n o e n el p a r o x is m o d e u n
t r iu n f o v a n o , e l o tr o e n la in m o v ilid a d y la p a rá lisis. G a u tie r
e r a e l c r o n is t a d e l v u e lo d e l b u f ó n . B a u d e la ir e , q u e n o
i g n o r a n a d a d e l p o d e r d e l v u e lo , c e n t r ó su a t e n c ió n e n la
c a íd a y el h u n d i m i e n t o . S i la m u e r t e d e F a n c io u lle p u e d e
h a c e r p e n s a r e n la caíd a d e Ic a r o , la su p e rv iv e n c ia e m b o ta d a
d e l v ie jo s a ltim b a n q u i es p e o r q u e la m u e r t e . L a fa n ta s ía
r id ic u la d e l a n d r a jo , la e x h ib ic ió n la m e n ta b le su b s is te n s in
s e n t id o e n m e d io d e la fie s ta , s in q u e la e n e r g ía d e u n a
in v e n tiv a viva sea ca p a z d e a n im a r lo s . E l v ie jo a rtista se h a
s e p a r a d o d e lo s h o m b r e s p a r a s u b ir s e a las ta b la s: e s p e r a
to d a v ía a tr a e r su a te n c ió n ; s in e m b a r g o , h a d e ja d o d e t e n e r
in te r é s y s o n lo s h o m b r e s q u ie n e s se se p a r a n d e él. L a se p a
r a c ió n es d o b le , ya q u e c o r r e s p o n d e , e n p r i m e r lu g a r , a la
d ista n cia to m a d a p o r e l artista y, a d em á s, a la le ja n ía e n q u e
se e n c u e n tr a el p ú b lic o .
E n lo s d o s texto s e l d e s tin o d e l b u f ó n - m á r t ir d e p e n d e e n
g r a n m e d id a d e la in t e r v e n c ió n d e u n a a u to r id a d e x te r io r : e l
p r ín c ip e , lo s e sp e cta d o re s. N o es só lo la fa ta lid a d in t e r n a d e
la e x t e n u a c ió n lo q u e m a r c a c o n u n c a r á c te r tr á g ic o e l d e s
t in o d e l v ie jo sa ltim b a n q u i: el d e sin te ré s d e la m u c h e d u m b r e
n o es m e n o s d e te r m in a n t e . R e s t r in g ie n d o u n p o c o e l s e n
t id o s im b ó lic o d e l p e r s o n a je , B a u d e la ir e hace de él la imagen del
viejo hombre de letras que ha sobrevivido a la generación de la que fu e el bri
llante animador, del viejo poeta sin amigos, sin familia, sin hijos, degradado
por su m iseriaj por la ingratitud pública, en la caseta en la q u eja no quiere
entrar el público olvidadizo . A s í, e n r e la c i ó n c o n e l v ie jo s a lt im
b a n q u i, e l público olvidadizo d e s e m p e ñ a el p a p e l sá d ico q u e e je
cu tab a e l tir a n o c r u e l r e sp e cto a F a n c io u lle . E n a m b o s tex to s
el a rtista e n o p o s ic ió n a l p o d e r , e n c a r n a d o p o r el p r ín c ip e
o p o r e l p u e b lo , n o es lo b a sta n te fu e r t e c o m o p a ra s o b r e v i
v ir a la c o n d e n a q u e se d icta c o n tr a él. S in em b a rg o , m ie n tra s
el tir a n o h a cía d e sfa lle c e r a F a n c io u lle p a ra v e r lo m o r ir e n e l
e je r c ic io su p re m o d e su ta le n to , la c r u e ld a d casi in c o n s c ie n te
d e l p ú b lic o c o n s is te e n n o v e r al v ie jo s a ltim b a n q u i. E n
a m b o s ca so s se p e r p e t r a u n a s e s in a to : e l m a r c o d e la fe r ia ,
e s c e n a rio m o d e r n o , n o s o fr e c e , aislad a e n la v u lg a r id a d d e la
38. Pablo P ic a s s o , El organillero, 1 9 0 6 .
39.J a m es E n so s , La venganza deHopFrog, 1 8 9 8 .
m u c h e d u m b r e , la im a g e n d e u n o d e esos v ie jo s p a té tico s c o n
lo s q u e B a u d e la ir e h a b ía p o b la d o lo s Cuadros parisinos d e la s
Flores del mal; e l v ie jo h is t r ió n m u e r e a fu e g o le n t o e n u n e x i
lio r id í c u lo . ¿ N o es p e o r su b a r r a c a q u e la d e l salvaje? ¿ N o
agrava su m is e r ia , su c a lid a d d e e x t r a n je r o , e l h e c h o d e q u e
te n g a la va n a p r e t e n s ió n d e se g u ir m o s trá n d o s e , la lo c a e s p e
ra n za d e « p r o s t i t u ir s e » ? E l le c to r a te n to d e sc u b rirá q u e, e n
esos p o e m a s e n p r o s a , B a u d e la ir e n o se lim it a a c o n f r o n t a r
u n a v íc tim a y u n v e r d u g o ; el p r o p io p o e t a se p r e s e n ta e n
e scen a , e n u n á n g u lo d e l ta b la d o ; es e l te stig o d e u n a escen a
q u e le im p r e s io n a p r o f u n d a m e n t e h a sta e l p u n t o d e s e n tir
q u e es d o m in a d o p o r las lá g r im a s y q u e la garganta le es oprimida
por la mano terrible de la histeria. D e este m o d o se d e s a r r o lla u n a
r e la c ió n « t r i a n g u l a r » e n la q u e e l t e s t ig o - p o e t a r e c o g e la
im a g e n d e u n a agonía, e n el se n tid o estricto d e l té r m in o , d e la
q u e él m ism o se c o n v ie rte e n a p lic a c ió n sim b ó lic a y p r o fé tic a .
40. G eorges S e t jr a t, El trombón, 1887*
LOS SALVADORES RIDÍCULOS
V u e lo y ca íd a , t r iu n f o y d e c a d e n c ia , a g ilid a d y ataxia, g lo r ia e
in m o la c ió n : e l d e stin o d e la fig u r a d e l payaso o scila e n tre dos
e x tre m o s. E n o c a sio n e s a sistim o s a la c o n d e n s a c ió n co n v u lsa
d e lo s co n tra rio s , c o m o e n el caso d e F a n cio u lle; e n otras, p r e
v a le c e la a lt e r n a n c ia d e eso s e sta d o s o p u e s to s ; in c lu s o , e n
o tra s, se e m p le a e l r e c u r s o t r a d ic io n a l d e lo s tip o s a so cia d o s
e n p a reja s d isim é trica s, e n las q u e cada e le m e n to c u m p le u n a
f u n c ió n d ife r e n te .
L as o b ra s d e lo s artistas d e fin a le s d e l sig lo X IX se d e ja r á n
in v a d ir p o r el eco d e las p ro v o c a d o ra s im ág en e s d e B a u d ela ire.
E n las r e p r e s e n t a c io n e s q u e T o u lo u s e - L a u t r e c h a c e d e l
c ir c o y sus vedettes, o p o n e e n c u r io s o c o n tr a s te la g ra cia d e las
e sce n a s d e m o v im ie n t o c o n e l a b a tim ie n t o q u e t r a n s m it e n
lo s p e rso n a je s p in ta d o s e n r e p o s o . En reposo, el cuerpo está sinfu er
zas, desmadejado; manifiesta el cansancioj el vacío de la angustia. En el gesto
fulgurante o tenso, por el contrario, evoca la ligerezaj la perfecta conformidad
de su arquitectura con las necesidades del acto peligroso2. E sta es la m a n e r a
L o q u e c o n m u e v e a R o u a u lt es la c o lu s i ó n e s c a n d a lo s a
e n tr e lo s a tavío s y e l a lm a . E sta p e r t e n e c e a u n o r d e n c o m
p le ta m e n te d ife r e n t e : lo s a n d r a jo s d e l p ayaso r a d ic a liz a n el
c o n tra s te al s im b o liz a r la d e sg ra cia d e u n a e n c a r n a c ió n a b e
r r a n t e . R o u a u lt p r e t e n d e e m o c io n a r n o s m e d ia n te e l e fe c to
p a té tic o d e la c o n t r a d i c c i ó n e n tr e e l i n t e r i o r y e l e x t e r io r .
N e c e s it a u n d is fr a z r i d í c u lo , u n t r a je d e le n t e ju e la s , p a ra
h a c e r n o s e x p e r im e n t a r la tr is te z a i n f i n i t a d e l a lm a e x ilia d a
fu e r a d e su v e r d a d e r o lu g a r, e n la c o n d ic ió n « f e r i a l » y e n la
e x is te n c ia e r r a n te . E l p i n t o r se r e se rv a el p r iv ile g io d e le e r
u n a v e r d a d p s íq u ic a e n c u b ie r t a . L o q u e c o n f ie r e a la fig u r a
d e l payaso su lu n á tic a s u p e r io r id a d s o b r e lo s e m p e r a d o r e s y
lo s j u e c e s es q u e , a l c o n t r a r i o q u e lo s p o d e r o s o s , q u e s o n
a p r e s a d o s e n la t r a m p a d e su a p a r ie n c ia y d e lo s a tr ib u to s
e x te rn o s d e u n a tir a n ía van a, el payaso es u n rey de ridiculez-, ve s
t id o c o n su a tu e n d o p a ra la p a ra d a , está m ás ce rca d e saberse
r id íc u lo y d e, c o n h u m ild a d , r e to m a r p o s e s ió n d e su v e rd a d
in d ig e n t e . A n o s o t r o s n o s c o r r e s p o n d e a d v e r tir q u e é l n o s
está r e p r e s e n t a n d o a t o d o s , q u e t o d o s s o m o s p a ya so s y q u e
to d a n u e s tra d ig n id a d (p u e sto q u e es líc ito p a ra fra se a r a q u í a
P a sca l) c o n s is te e n la c o n f e s i ó n d e n u e s t r a b u f o n a d a . S i
a p r e n d e m o s a m ir a r b ie n , n o s d a re m o s c u e n ta d e q u e n u e s
tr o s v e s tid o s s o n t o d o s tra je s d e le n t e ju e la s . Totus mundus agit
histrioniam. L a fó r m u la esto ica , r e p e tid a e n la E d a d M e d ia p o r
J u a n d e S a lis b u r y , lu e g o tra s la d a d a a l f r o n t ó n d e l G lo b e
T h e a t r e , d o n d e r e p r e s e n t a b a S h a k e s p e a r e , r e a p a r e c e e n el
46 . G e o r g e s R o u a u lt , ,
El payaso herido c a . 1 9 3 9 .
c o n t e x t o d e u n e x p r e s io n is m o c r is t ia n o , r ic o e n t o d a la
h e r e n c ia d e l s im b o lis m o . E l p a y a so es la fig u r a r e v e la d o r a
q u e c o n d u c e a la c o n d i c i ó n h u m a n a a la a m a rg a c o n c ie n c ia
d e sí m is m a . E l a rtista d e b e c o n v e r t ir s e e n e l a c t o r q u e se
p r o c la m a a c to r ; h u m illá n d o s e b a jo la f ig u r a d e l g r a c io s o ,
a b rirá lo s o jo s d e l e sp e cta d o r al c o n o c im ie n t o d e l la m e n ta b le
p a p e l q u e cada u n o r e p r e s e n ta s in sa b e rlo e n la c o m e d ia del
m u n d o . A n á lo g o y a la ve z m u y d is p a r, el u n iv e rs o p ic t ó r ic o
d e J a m e s E n s o r m u lt ip lic a las m u c h e d u m b r e s en m a sca ra d a s
a llí d o n d e R o u a u lt p r e fie r e p r e s e n t a r u n p e q u e ñ o n ú m e r o
d e in d iv id u o s so lita r io s.
E s c o m p r e n s ib le d e s d e lu e g o q u e la v is ió n d e l m u n d o
a d o p ta d a p o r R o u a u lt le c o n d u je r a a fo r z a r sus a u to rr e tr a to s
47. G eorges R ouault, c o m p o s ic ió n p a ra « C i r q u e d e l ’É to ile fila n t e » , 1 9 3 4 .
L a lu c h a d e l a lm a c o n tr a lo s t o r m e n to s d e su e n c a r n a c ió n
e n c u e n t r a su e x p r e s ió n ú lt im a e n e l r o s t r o d e C r i s t o . E l
h o lo c a u s to d e l payaso tr á g ic o —v íc tim a in o c e n te — o fr e c e u n a
r é p lic a a p e n a s p a r ó d ic a d e la P a s ió n . E l clown, q u e es el que
recibe las tortas, se c o n v ie r t e a sí e n e l d o b le e m b le m á t ic o d e l
C r is t o d e lo s u ltr a je s . D e l m is m o m o d o q u e se p u e d e i n t e r
p r e ta r e l a u to rr e tr a to d e a c u e rd o c o n e l t ip o p r e e x is te n te d e l
p ayaso, p u e d e d e ja rse a tr a e r ig u a lm e n te p o r el m o d e lo d e la
S a n ta F az. S e e s ta b le c e u n c i r c u it o d e s ig n ific a c io n e s e n el
cu a l e l C r is t o a d o p ta la m e jilla p á lid a d e l clown, m ie n tra s q u e
e l payaso r e c ib e e l n im b o d e la sa n tid a d . S in in t e n c ió n p a r a
d ó jic a es p o s ib le a fir m a r q u e la r e li g i ó n d e R o u a u lt n o es
m e n o s e v id e n te e n sus im á g e n e s d e l c ir c o q u e e n las escen as
49. C h a r lie C h a p lin , El circo, 1 9 2 8 .
in s p ir a d a s p o r la h is t o r ia sa g ra d a . L o s v a lo r e s se in t e r c a m
b ia n : la P a s ió n , se g ú n R o u a u lt, se d e s a r ro lla so b re u n fo n d o
d e m is e r ia a r r a b a le r a , m ie n t r a s q u e sus e sc e n a s d e c ir c o
p a r e c e n te n e r c o m o p ista las altu ras d e l G ó lg o ta . A h o r a b ie n ,
si el p ayaso trá g ic o reviste d e este m o d o e l p a p e l d e la víctim a
r e d e n to r a , ¿ n o e sta rem o s a q u í fr e n te a u n o d e lo s s ig n ific a
d o s m ás a n tig u o s d e l b u f ó n y d e l l o c o ? A l e v o ca r ciertas fie s
tas ce lta s d e o r ig e n p a g a n o , E n id W e ls fo r d r e c u e r d a q u e el
fo lk -fo o l resu lta c o n fr e c u e n c ia muerto y q u e la fig u r a c e n tra l de
lo s r ito s c o n ch ivo e x p ia to r io —ya se tra te d e u n h o m b r e vivo
o d e u n a e fig ie — es a m e n u d o c a lific a d a d e lo c o . ¿ Q u é es ese
payaso o ese lo c o p o r e x c e le n c ia ? ¿Es, como podrían indicar su más
cara, su rostro negro, su cola de zorro, su vestido hecho de piel de vaca, un des-
cendíente de una antigua víctima destinada al sacrificio ?... La actitud indife
rente del loco puede deberse al hecho de representar al chivo expiatorio exco
mulgado. A s í p u es, esta ría m o s a sistie n d o e n la o b ra d e R o u a u lt
al r e su r g ir cristia n iz a d o d e u n e le m e n to d e sa c r ific io y salva
c ió n , p re se n te e n e l o r ig e n d e la fig u r a d e l clown. E ste v e stig io
p a g a n o , q u e su b sistía d e m a n e r a in c o n s c ie n t e y, p o d r ía m o s
d e c ir, in o c e n te e n la t r a d ic ió n p o p u la r , r e e n c u e n tr a e n este
m o m e n to u n o d e sus s ig n ific a d o s o r ig in a le s , p e r o a la lu z de
u n c r istia n ism o v e h e m e n te y d o lo ris ta .
E ste te m a c o n o c ió su t r a n s c r ip c ió n ir ó n ic a y d e fo r m a d a
e n la v id a y la o b r a d e M a x J a c o b , p a r a q u i e n la a c t u a c ió n
c o m o p a y a so fu e a la v e z m u e c a d e h u m i l l a c i ó n y v a r ia n te
p a r ó d ic a d e la I m ita c ió n d e J e s u c ris to . S e sabe q u e Los peniten
tes con mallas rosas ta m b ié n p o d r ía h a b e r s e lla m a d o El payaso en el
altar. M ás c e r c a n o a n o s o t r o s se e n c u e n t r a e l caso d e H é n r y
M ille r e n La sonrisa al pie de la escalera, d o n d e e l c lim a d e la o b ra
p ic t ó r ic a d e R o u a u lt r e v iv ir á c o n u n b r i ll o in g e n u o b a jo la
a p a r ie n c ia d e u n a v o c a c ió n d e s a lv a c ió n y m u e r t e a s u m id a
p o r u n clown p a té tic o : El payaso es el poeta en acción. Es la historia lo que
está representando. Tsiempre se trata de la misma sempiterna historia: adora
ción, oblación, crucifixión. « Crucifixión r o s a d a p o r supuesto.
E c h e m o s d e s d e la p o s i c i ó n q u e h e m o s a lc a n z a d o u n a
m ir a d a r e tro s p e c tiv a a la t r a d ic ió n lit e r a r ia d e lo s b u fo n e s y
lo s p a ya so s: d e s c u b r ir e m o s c o n s o r p r e s a q u e , p o r r a z o n e s
to ta lm e n te in tu itiva s, lo s g ra n d e s a u to re s d ra m á tico s c o n f r e
c u e n c ia h a n h e c h o d e l clown o d e l b u f ó n el a g e n te d e sa lva
c ió n , el g e n io b u e n o q u e , p e s e a su t o r p e z a y sus sarcasm os,
ech a u n a m a n o al d e stin o y c o n tr ib u y e al re g reso d e la a r m o
n ía a u n m u n d o q u e e l m a le fic io h a b ía p e r tu r b a d o . E sta f u n
c ió n d e sa lva d o r o d e salvavidas n o está, p o r su p u e s to , c o n s
ta n te m e n te lig a d a al s a c r ific io d e l p a ya so , a n o ser p o r q u e el
payaso es sie m p re y e n to d a s p a rte s u n e x c lu id o y, al c o n v e r
tirs e e n u n in t r u s o , o b t ie n e e l d e r e c h o a la o m n ip r e s e n c ia .
P o r la lic e n c i a q u e se t o m a o q u e se le c o n c e d e , e l p ayaso
a p a re c e c o m o u n a gu a fiesta s; p e r o e l e le m e n to d e d e s o r d e n
q u e él in t r o d u c e e n el m u n d o es la m e d ic in a c o r r e c to r a qu e
e l m u n d o e n fe r m o n e c e s ita p a ra r e e n c o n t r a r su v e r d a d e r o
o r d e n . Y a sea s im p ló n o m a lic io s o , o a ú n e d e m a n e r a p a r a
d ó jic a am b as cu a lid a d es, el payaso se p re se n ta c o m o u n a n ta
g o n is t a y su n a tu r a le z a le p e r m it e c o n v e r tir s e e n e l i n s t r u
m e n to d e u n a su b v e rsió n : basta c o n r e c o r d a r a q u í La noche de
reyes o el Cuento de invierno. S e p o d r ía m e n c io n a r in c lu s o to d o el
u n iv e r s o d e lo s c u e n to s p o p u la r e s , e n lo s q u e la f u n c i ó n d el
p ayaso reca e s o b re p e r s o n a je s s o b r e n a tu ra le s (Elgato con botas)-,
p e r o la v e n a d e esta t r a d ic ió n in t u it iv a n o está a g o ta d a .
C h a r l i e C h a p l in , e n la m a y o r ía d e sus m e jo r e s p e líc u la s ,
a p a rece e n el m o m e n to p r e c is o p a ra salvar a u n a jo v e n o a u n
n iñ o , s in d e ja r d e s u fr ir é l m ism o las p e o r e s afren tas: su in a
g o t a b le p o p u la r id a d se d e b e ta l vez a la f o r m a m a g is tr a l e n
q u e e n c a r n ó al a r q u e tip o d e l sa lv a d o r s a c r ific a d o . A s í p u e s,
r e s p o n d e a u n a e sp e ra n za p s íq u ic a in m e m o r ia l, q u e h a p e r
v iv id o e n la c o n c ie n c ia d e l h o m b r e m o d e r n o . L o m is m o se
p o d r í a d e c ir d e lo s h e r m a n o s M a r x , q u e i n t e r v i e n e n ta n a
m e n u d o e n u n a h is to r ia d e a m o r c o n tr a r ia d o c o m o lo s g n o
m o s (o lo s p ayasos) q u e a p a r e c e n in e s p e r a d o s e n lo s re la to s
le g e n d a r io s . A p a r e n t e m e n t e lo l ía n t o d o y s ie m b r a n p o r
to d a s p a rtes la c o n fu s ió n ; p e r o , al fin a l, sus to rp eza s resu lta n
se r p r o v id e n c ia le s , p u e s o b e d e c e n a u n a ló g ic a m á g ic a q u e
d e sb a ra ta n tod as las p r e v is io n e s r a z o n a b le s. S o n lo s b i e n h e
c h o re s d e la v id a y e l a m o r a m e n a za d o s.
50 . Bailarina acróbata, ó s t r a c o n e g i p c i o , c a . 1 3 0 0 a . C .
PASADORES Y DIFUNTOS
¿ D e b e m o s s o r p r e n d e r n o s d e q u e la lib r e e la b o r a c ió n lit e r a
r ia y p i c t ó r i c a d e la im a g e n d e l p a y a so b a y a c o n d u c id o a la
r e v e la c ió n d e v a lo r e s p r im it iv o s o d e f u n c io n e s a rc a ic a s? E s
p o s ib le q u e la r e f le x ió n p r o lo n g a d a s o b r e u n te m a e n c o n
cre to te r m in e p o r fa v o re c e r y fa c ilita r lo q u e lo s p sicoan alistas
lla m a r ía n el retomo de lo suprimido... N o c o n v ie n e ta m p o c o o lv i
d a r q u e e l c o m ie n z o d e l sig lo XX es e l m o m e n to e n e l q u e el
h o m b r e civ iliza d o e m p ie za a in teresa rse n o só lo p o r la id e a d e
la n a tu r a le z a y d e l o r ig e n , co sa q u e h a b ía o c u r r i d o d e sd e la
s e g u n d a m ita d d e l s ig lo X V III, s in o p o r las im á g e n e s y lo s
d o c u m e n to s c o n c re to s d e la h u m a n id a d p r im itiv a . E n n u m e
r o s o s á m b ito s e l p r o g r e s o d e l a rte se r e a liz a , c o n u n r o d e o ,
m e d ia n t e e l retiro d e las fo r m a s d e l p a sa d o in m e m o r ia l: se
r e d e s c u b r e n to d o s lo s p e r ío d o s a rca ico s, se r e c o n o c e e l v a lo r
d e l arte a fric a n o y d e las p in tu ra s p reh istó rica s; se p r o c u r a c o n
a h ín c o r e m e d a r lo s g esto s p r im itiv o s y lo s m ito s fu n d a m e n ta
le s . D e este m o d o la c u ltu r a m ás avanzada, q u e se c o n s id e r a
e x te n u a d a , b u s c a u n a f u e n t e d e e n e r g ía e n e l p r im it iv is m o .
51. P a b lo P ic a s s o , La muerte de Arlequín, 1 9 0 5 .
V
~V'V
tf: '
T:ií
Í 'I
£
*
$
' fiw
T r i u n f a la c o n c e p c i ó n d e u n p a sa d o q u e , le jo s d e estar
c a d u c o , esta ría p id ie n d o r e s u r g ir e n n o s o t r o s c o n la c o n d i
c ió n de q u e a p ren d iésem o s a p e r c ib ir lo y a re c o n o c e r su p re cio .
L a te n d e n c ia a rcaiza n te se h a tra n s m u ta d o así e n u n a lla m ad a
a las p r o fu n d id a d e s d e l in c o n s c ie n te : e l s u e ñ o n o s p r o p o r
c io n a u n fr a g m e n to d e l m u n d o p r im it iv o . A h o r a b i e n , el
m u n d o d e l c ir c o y la fe r ia es c o m o s o ñ a r d e s p ie r to s c o n la
e v id e n c ia d e lo im p o s ib le a p le n a lu z . G a u t ie r lo h a b ía p r e
s e n tid o , p e r o n o h a b ía id o m u c h o m ás a llá d e l p la c e r visu a l
d e l esp e ctá c u lo ; B a n v ille , s in ex tra e r to d a s sus co n se cu e n cia s,
d e jó escrito acerca d e l m im o a c ró b a ta estas p a la b ra s s o r p r e n
d e n te s : Entre el adjetivo p o s ib le j; el adjetivo im p o s ib le , el mimo ha
hecho su elección. Ha elegido el adjetivo imposible. Vive en lo imposible. Hace lo
imposible. L o s p in to r e s y lo s e scrito res d e c o m ie n z o s d e l siglo X X
ir á n a la fu e n te : e x p lo ta rá n d e fo r m a activa lo im p o s ib le .
Es u n e s p e c tá c u lo s in g u la r v e r c ó m o la s e rie d e lo s Saltimban
quis d e la é p o c a a zu l d e P icasso sale p o c o a p o c o d e la a tm ó s
fe r a d e c a n s a n c io y s o m b r ía r e s ig n a c ió n , e n la q u e lo s h a b ía
c o n f in a d o al p r i n c i p i o el p i n t o r , p a r a e n t r a r , si n o e n u n a
a le g ría lu m in o s a , al m e n o s sí e n u n a e s p e cie d e grave y m is
te rio sa se re n id a d . Es e v id e n te q u e P icasso fu e se d u c id o e n u n
p r i m e r m o m e n t o p o r la im a g e n p i c t ó r i c a y lit e r a r ia d e l
p a y a s o -v íctim a . L a so m b r a d e l V ie jo s a ltim b a n q u i d e B a u d e
la ir e p a só p r im e r o p o r su p in t u r a y lo s P ie r r o ts lu n a r e s d e l
s im b o lis m o p o b la r o n , s in d u d a , d u r a n te u n t ie m p o su im a
g in a c ió n . P e r o P ic a s so t e n ía a lg o m ás q u e d e c ir , a lg o q u e
su scita ría o r ig in a le s eco s e n la p a la b r a d e lo s e s c rito re s .
A p o ll i n a i r e , e n u n a r t íc u lo d e I 9 C>5 > e s b o z a u n a t r a n s c r ip
c i ó n p o é tic a d e lo s Saltimbanquis q u e P icasso acab ab a d e e x p o
n e r . E l e s c r ito r se a b a n d o n a a u n a d e esas e n s o ñ a c io n e s in s
p ir a d a s q u e a lc a n z a n m e jo r su o b je tiv o q u e la c r ític a s e ria y
52. Pa blo P ic a s s o , Joven acróbata con unapelota, 1 9 0 5 .
q u e , e n el caso e n c u e s tió n , c o n t r ib u y e m a r a v illo s a m e n te a
d e f in ir u n u n iv e rs o m ític o . Es p r o b a b le q u e P icasso n o p r e
te n d ie s e ex p resa r to d o lo q u e A p o llin a ir e d e s c ifró e n su p i n
tu ra , p e r o , a u n así, su in t e r p r e ta c ió n n o s o fr e c e u n a p o s ib le
p r o lo n g a c ió n d e la p in tu r a , u n o d e lo s m ú ltip le s sig n ifica d o s
c o n lo s q u e la o b r a p ic t ó r ic a tie n e a b ie n r o d e a rs e : Las madres
primíparasja no esperaban a su hijo, debido tal veza ciertos cuervos gárrulosj
de mal agüero. ¡Navidad! Alumbraron futuros acróbatas entre monos domés
ticos, caballos blancosj perros semejantes a osos.
Las hermanas adolescentes, manteniendo el equilibrio sobre los grandes
balones de los saltimbanquis, imprimen a esas esferas el movimiento resplande
ciente de los mundos. Estas adolescentes, impúberes, tienen las inquietudes de la
inocencia, los animales les enseñan el misterio religioso. Los arlequines acom
pañan la gloria de las mujeres, se les parecen, ni machos, ni hembras... Anima
les híbridos, tienen la conciencia de los semidioses de Egipto... N o es posible
confundir a esos saltimbanquis con los histriones. Su espectador debe ser p ia
doso, pues celebran ritos mudos con una difícil agilidad...
A q u í e l ta b la d o se tr a n s fo r m a d e n u e v o e n u n lu g a r d e c u l t o .
S i n e m b a r g o , al p a is a je c r is t ia n o d e R o u a u lt le s u c e d e u n a
e s c e n a e s o té r ic a , d o n d e , d e a c u e r d o c o n u n s in c r e tis m o d e
t ip o alejandrino, se m e z c la n lo s m is te r io s d e d ife r e n te s t r a d i
c io n e s r e lig io s a s : fe c u n d id a d e s m ila g r o s a s , h e r m a fr o d it a s ,
s ile n c io s a c r a m e n ta l, n a t iv id a d e s ... L a i n t e r p r e t a c i ó n d e l
p o e t a , a ñ a d id a a la c o m p o s i c i ó n im a g in a tiv a d e l p i n t o r ,
t r a n s fo r m a e l e s p e c tá c u lo d e l t a b la d o e n u n a c e r e m o n ia
g n ó s t ic a . L a r e p r e s e n t a c ió n n o es g r a tu ita : se tr a ta d e u n
r it o , la r e v e la c ió n d e u n a s a b id u r ía s e c r e ta . L a difícil agilidad
q u e A p o lli n a i r e a so cia a ritos mudos n o s r e c u e r d a q u e la a c r o
b a c ia a n tig u a esta b a c o n fr e c u e n c ia lig a d a a las c e r e m o n ia s
fu n e r a r ia s : el sa lto d e l a c r ó b a ta , la h a b ilid a d d e l c o n t o r s i o
n ista t ie n e n c o m o f u n c ió n c o n ju r a r la m u e r te r e m e d a n d o la
m a n if e s t a c ió n i r r e p r i m ib le d e la v id a . L a t r a n s m u t a c ió n
a fe c ta s ig n ific a t iv a m e n t e a lo s p r o p io s a n im a le s , q u e , c o n
fo r m e a u n o r fis m o in v e rs o , se c o n v ir t ie r o n e n lo s m a e stro s
in ic iá tic o s d e lo s h o m b r e s . L a v id a i n f e r i o r se c o n v ie rte e n la
vía d e a cceso a u n sa b e r s u p e r io r . U n c o r t o c ir c u it o r e ú n e la
a n im a lid a d y la s o b e r a n ía . N o s e n c o n t r a m o s e n u n u m b r a l
in ic iá tic o : lo s sa ltim b a n q u is c o n o c e n la c o n tr a s e ñ a q u e c o n
d u c e h a c ia el m u n d o s o b r e h u m a n o d e la d iv in id a d y h a cia el
m u n d o in fr a h u m a n o d e la v id a a n im a l.
E n « C r e p ú s c u l o » , u n o d e lo s p o e m a s d e Alcoholes in s p ira d o s
p o r lo s s a ltim b a n q u is d e P ic a s so y p o r la p i n t u r a d e M a r ie
L a u r e n c in , A p o l l i n a i r e sitú a a la c o m p a ñ ía c ir c e n s e e n u n
lu g a r v a g o , e n tr e la v id a y la m u e r te , e n tr e el d ía y la n o c h e ,
e n tr e la m e n tir a y la v e rd a d , e n tr e la tie r r a y e l c ie lo : a l fin a l
d e l p o e m a , el Arlequín trimegisto crece b a jo la m ira d a triste d e u n
e n a n o . O t r a vez n o s e n c o n t r a m o s e n u n u m b r a l t e m ib le ,
p e r o e n e l q u e lo s c o n t r a r io s t ie n d e n a c o n c ilia r s e . E n e l
p r im e r v e rso d e « C r e p ú s c u lo » las sombras de los muertos p a sa n ,
m ie n tra s q u e e n la ú ltim a e s tro fa a p a re ce u n hermoso niño3. D a
la i m p r e s i ó n d e q u e e l p o d e r s o b r e n a t u r a l d e c r e c im ie n t o
a tr ib u id o al a r le q u ín le v ie n e d e su fa m ilia r id a d c o n e l r e in o
d e la m u e r te . E l e p íte to d e trim e g is to q u e se le h a a p lica d o le
c o n fie r e u n a id e n tid a d q u e a lu d e a H e r m e s , el d io s q u e tra s
p a sa las p u e r ta s d e l o t r o m u n d o y c o n d u c e a las a lm a s a lo s
r e in o s s u b te r r á n e o s . E s t a m b ié n e l d io s d e lo s se cre to s d e la
a lq u im ia , al q u e lo s g n ó s tic o s e m p a r e n t a r o n c o n el T h o t d e
h o r r o r s in n o m b r e , c o n v e r tir lo e n u n o b je to d e r e p r e s e n ta
c ió n es t r a n s fo r m a r lo q u e n o s su p e ra e n a lg o q u e d o m in a
m o s , es d a r a lo i n d e c ib le u n a fig u r a d e f in id a , d e la q u e e l
le n g u a je se b u r la r á e n p o c o tie m p o c o n to ta l lib e rta d . E l v i r
tu o s is m o lo c u a z , e l sa lto d e la d a n za , c o n lo s q u e se r e p r e
sen ta la p o s e s ió n d e l a cto r p o r u n a p o te n c ia s o b r e n a tu ra l q u e
se a p o d e r a d e é l, s o n a l m is m o t ie m p o u n a o p e r a c i ó n d e
d o m in io . T r a n s fo r m a d o d u r a n te lo s « m is te r io s » e n u n d ia
b lo b u e n o , u n d ia b lo p e c u lia r , H e lle k in d e jó s e n tir to d a v ía
d u r a n te m u c h o tie m p o q u e él era e l su stitu to p a r ó d ic o d e u n
r iv a l m u c h o m á s t e m ib le . D e esto da fe la r u d a m á s c a ra d e
homo silvestris q u e co n s e r v ó h asta el sig lo X V I I I , é p o c a e n q u e el
a m o r fin a lm e n te lo p u lió . G u a n d o G o e th e , e n el p r ó lo g o d e
Fausto, p re se n ta a M e fistó fe le s c o n la a p a rie n c ia d e la lustigePer-
son, p o n e d e m a n ifie s to esa m a e stría ju g u e t o n a d e l le n g u a je
p o é tic o q u e n o s p e r m it e c o n v e r tir la s o m b r a a m e n a za n te d e l
g e n io e n u n p e r so n a je e lo c u e n te , p e r o q u e tra n s m ite la a g re
siv id a d d e la n a d a a lo m ás r e c ó n d ito d e n u e s tra risa.
L o s payasos y lo s A r le q u in e s d e P icasso , c o m o lo s d e A p o
llin a ir e , n o h a n p e r d id o ese v ín c u lo o r ig in a l c o n e l r e in o de
la m u e r t e . A u n q u e sus r o s tr o s se h a y a n d e s p o ja d o d e to d a
a n im a lid a d , el m o n o , el p e r r o , la cierva, el ca b a llo p e r m a n e
c e n m u y cerca n o s: r e p re se n ta n u n a d e las p r o lo n g a c io n e s d el
m u n d o d e lo s s a ltim b a n q u is , u n a a m is ta d c ó m p lic e . E s o s
d ib u jo s d e P icasso , m u c h o an tes d e q u e el artista h u b ie r a e le
g id o e x p r e s a m e n te r e p r e s e n ta r al M in o t a u r o o al c e n ta u r o ,
m u e s tra n la ex tra ñ a sim b io sis d e l s a ltim b a n q u i y d e l a n im a l.
R ilk e , al ca n ta r e n la q u in ta Elegía deDuino a lo s sa ltim b a n q u is
d e Picasso, n o olvid a c o m p a ra r el e je rcicio d e lo s jó v e n e s a c r ó
b a ta s , to d a v ía p o c o d ie s tr o s , c o n lo s sa lto s d e lo s jó v e n e s
« a n im a le s q u e se c u b r e n s in esta r b i e n a p a r e a d o s » . L o q u e
m ás m e s o r p r e n d e e n la r e f l e x i ó n lír i c a d e R ilk e es q u e , a
p esa r d e la p r o f u n d a d ife r e n c ia e n el sistem a d e im á g e n e s, su
m u n d o d e lo s sa ltim b a n q u is , c o m o el d e A p o lli n a i r e , es u n
m u n d o situ a d o s im b ó lic a m e n te e n tre la v id a y la m u e rte , m ás
c e r c a n o a la m u e r te q u e a la v id a , y e n e l q u e t o d o se o r d e n a
e n t o r n o a l s e c r e to d e u n p a s o . N o o b s ta n te , este p a so n o
c o n d u c e a u n a v e r d a d e r a lib e r a c ió n . P o r e l m o m e n to n o es
m ás q u e el p a so d e la im p e r ic ia a la h a b ilid a d , d e l e je r c ic io
im p e r fe c to a la p ir á m id e a d m ira b le : s ím b o lo d e u n trá n s ito a
la o b ra y al éxito d e l arte. Este ú ltim o , sin e m b a rg o , n o es sin o
la a n t ic ip a c ió n a le g ó r ic a , q u e a n u n c ia , a u n q u e d e m a n e r a
in s u fic ie n t e , o tr o p a so q u e p o d r ía a se g u ra r, e n e l se n o d e la
m u e rte , la v e rd a d e ra c o n s u m a c ió n d e l a m o r.
EngeU: es wáre ein Platz, den wir nicht wissen, und dorten,
auf unságlichem Teppich, zsigten die Liebenden, die’s hier
bis zum Kónnen nie bringen, ihre kühnen
hohen Figuren des Herzschwungs,
ihre Türme aus Lust, ihre
langst, wo Boden nie war, nur an einander
lehnenden Leitem, bebend, — und k o n n te n s ,
vor den Qischauem rings, unzahligen lautlosen Toten:
Würfen die dann ihre letzten, immer ersparten,
immer verborgenen, die wir nicht kennen, ewig
gültigen Münzpn des Glücks vor das endlich
wahrhafi lachelnde Paar aufgestilltem
Teppich?*
«¡D ónde, oh, d ó n d e está el lugar —¡o llevo en mi corazón—, / donde ellos aún estaban lejos de
p o d e r ,y seguían / desprendiéndose el uno del otro, como anímales que se cubren / sin estar bien
apareados!, / donde los pesos pesan todavía / donde aún, de las varas que siguen / girando en vano,
losplatos / se caen... / / Y depronto, en estefatigoso no-lugar, depronto/ este lugar inefable donde
la pura escasez/incomprensiblemente se transforma—, se vuelve / abundancia vacía. / Donde la
cuenta de muchas columnas / da como suma cero. / . . . / Angel: si hubiese una plaza que no conoce -
54. Pa b l o P ic a s s o , La familia del saltimbanqui, 1954-
mos, / y allí, sobre una alfombra inefable mostraran los amantes / lo que aquí nunca llegaron a
poder: sus audaces / y altasfiguras de corozpn impetuoso, / sus atalayas de placer, sus escalas/ que
haceya mucho tan sólo se apoyaban entre sí, temblando, / donde nunca hubo sueloy p u d ie s e n
hacerlo, ante un corro / de espectadores, de innumerables muertos sin sonido: / ¿Arrojarían éstos
sus últimas monedas, / las siempre ahorradasy ocultas, que no conocemos, / las eternamente válidas
de la felicidad, ante aquella pareja / que por fin sonríe de verdad sobre la apaciguada / alfom
bra? » . R . M . R ilk e , Elegías de Duino O,*]. [N . d e l T .]
c io n e s m ítica s d e la p e r s o n a lid a d d e l p in t o r . C o n fr e c u e n c ia
e l artista reh ú sa e le g ir e n tre la im a g e n d e l d io s y la d e l an im al:
fo r ja a n im a le s d iv in o s o d io s e s a n im a liz a d o s . P e r o fr e n te al
a n im a l, e l p in t o r es ta m b ié n e l d o m a d o r ágil, e l to r e r o m a ta
d o r , el s a ltim b a n q u i q u e ju e g a c o n la m u e r te ; y fr e n t e al
a b a n d o n o fe m e n in o d e l « m o d e l o » , se tra s fo r m a u n a s veces
e n J ú p i t e r y o tra s e n p a y a s o . E n la é p o c a d e Parade, P icasso
p a r tic ip ó e n lo s escá n d alo s so ciales q u e o rg a n iza b a J e a n C o c -
te a u , c o n e l e s p ír it u u n p o c o lig e r o d e u n o r f is m o d e music-
hall, q u e p r o p o n ía e l tra p e c io c o m o el c a m in o m ás c o rto h a cia
el p a ra íso . E n tod as las b ú sq u e d a s y las m e ta m o rfo s is q u e ates
tig u a el a rte d e P icasso , n o d e ja m o s d e e n c o n t r a r la o b s e s ió n
p o r lo s pasos: in te r c a m b io e n tr e la c o n c ie n c ia d iv in a y el in s
tin t o s o m b r ío d e l a n im a l, p a so d e u n a « f o r m a » a la o tr a , es
d e c ir , p a so d e u n n o - p o d e r a u n n u e v o p o d e r , cu y a « v a c ía
s o b r e a b u n d a n c ia » in q u ie ta r á al artista y le in c ita rá a a cech a r
n u ev o s h a lla zg o s. T o d o e n la o b ra d e P icasso evoca la c ir c u la
c ió n m is te r io s a e n tr e lo s d iv e rso s n iv e le s d e la e x is te n c ia , la
travesía de u m b ra les p r o h ib id o s , la tra n s g re s ió n de lo s lím ites,
e l e s ta b le cim ie n to d e c o n ta c to e n tr e c o n tr a r io s . L o s a trib u to s
r e iv in d ic a d o s p o r e l p i n t o r s o n e x a c ta m e n te lo s q u e h e m o s
visto r e u n irs e e n la p e r s o n a d e l payaso.
b le m a t é c n ic o , d e l q u e d e p e n d e la a u t o r id a d c o n la q u e e l
a c to r se im p o n e d esd e el p r im e r in s ta n te a su p ú b lic o , n o es
s in o e l a n v e rs o r a c io n a liz a d o d e u n a e x ig e n c ia m u c h o m ás
im p e r io s a . T o d o payaso v e r d a d e r o su rg e d e o tr o e sp a c io , d e
o tr o u n iv e r s o : su e n tr a d a d e b e r e p r e s e n ta r u n a tr a n s g r e s ió n
d e lo s lím ite s d e la r e a lid a d e, in c lu s o c o n la m a y o r j o v i a l i
d a d , se n o s d e b e m o s tr a r c o m o u n espectro. L a p u e r ta p o r la
q u e e n tr a e n la p is ta n o es m e n o s fa t íd ic a q u e la p u e r ta d e
m a r fil d e la q u e h a b la V i r g i l i o , q u e atravesab an e n su c a m in o
d e lo s I n f i e r n o s lo s s u e ñ o s e n g a ñ o s o s . S u a p a r ic ió n tie n e
c o m o fo n d o u n a b ism o a b ie rto d esd e e l q u e se p r o y e c ta h a cia
n o s o t r o s . L a e n tr a d a d e l p a ya so d e b e h a c e r n o s a p r e c ia b le
este fatigoso no-lugar e v o c a d o p o r R ilk e , q u e es e l lu g a r d e su
p a r tid a y q u e é l ya h a d e ja d o a trá s. E n el caso d e l a c r ó b a ta ,
n o h a y a p en a s d ife r e n c ia : e l fatigoso no-lugar está b a jo su ta ló n
y e l p a so se e fe c t ú a a n te n u e s t r o s o jo s e n e l m o m e n t o d e l
sa lto , d e l sa lto p e lig r o s o , d e l o b s tá c u lo s u p e r a d o . M e i n c l i
n a r ía a r e c o n o c e r u n v a lo r s im b ó lic o a n á lo g o e n lo s a ro s d e
p a p e l q u e atra viesan lo s v o lte a d o r e s y lo s a n im a le s a m a e stra
d os: u n lím ite a p a re n te es so b re p a sa d o c o n é x ito , u n a f r o n
te r a h a s id o a tra vesad a c o n fa c ilid a d . E l a c r ó b a ta t r iu n f a n te
e m e r g e m ás allá, e n u n a n u e v a r e g ió n d e l ser.
S e p o d r í a n m u lt i p li c a r las in t e r p r e t a c io n e s s im b ó lic a s :
¿ n o es la p is ta c ir c u la r u n a r e p r e s e n t a c ió n d e l m u n d o ? Y
p a ra r e t o m a r e n c o n ju n t o u n a in s in u a c ió n d e B a n v ille y d e
R ilk e , ¿ lo s e s p e c ta d o r e s q u e f o r m a n la a m p lia « r o s a d e la
c o n t e m p l a c ió n » n o se p a r e c e n a la r o s a c e le s te , u n a d e las
ú ltim a s v is io n e s d e l P a ra íso d e D a n t e ? P e r o c o n v ie n e e v ita r
s e m e ja n te s o b r e c a r g a a le g ó r ic a : eso s u p o n d r ía a s ig n a r a l
p a ya so , a lo s s a ltim b a n q u is , al m u n d o d e l c ir c o u n a s i g n i f i
c a c ió n d e f in id a , u n a f u n c i ó n e s ta b le y, s in e m b a r g o , p a r a
q u e p u e d a n v iv ir , d e b e n , e n p r i m e r lu g a r , d is fr u ta r d e u n a
lib e r t a d p le n a . N o h a y q u e a p r e s u r a r s e , p u e s , e n a sig n a rle s
u n p a p e l, u n a f u n c i ó n , u n a r a z ó n d e se r; es p r e c is o c o n c e
d e rle s la lic e n c ia d e n o ser m ás q u e u n j u e g o s in s e n tid o . L a
a r b it r a r ie d a d , la fa lta d e s i g n i f i c a c i ó n es e n e llo s , p o r así
d e c ir , u n r a s g o d e n a c im ie n t o . P e r o s ó lo a l p r e c i o d e esta
ausencia, d e este vacío p r im a r io p u e d e n lle g a r a la s ig n ific a c ió n
q u e les h e m o s d e ja d o a l d e s c u b ie r to . N e c e s ita n u n a e n o r m e
r e s e r v a d e s in s e n t id o p a r a p o d e r p a s a r a l s e n t id o . E n u n
m u n d o u tilita r io , c u b ie r to p o r u n a tu p id a r e d d e se ñ ales, e n
u n u n iv e r s o p r á c tic o e n e l q u e a to d o se le h a a sig n a d o u n a
f u n c ió n , u n v a lo r d e u so o d e c a m b io , la e n tr a d a d e l p ayaso
r o m p e a lg u n o s h ilo s d e la r e d y, e n la s o fo c a n te p le n it u d d e
las sig n ific a c io n e s aceptadas, a q u él abre u n a b r e c h a p o r la q u e
p o d r á c o r r e r u n v ie n to d e in q u ie t u d y d e v id a . E l sin s e n tid o
5 9 . M ásca ra d e c u e ro de u n zanni, sig lo X V II.
q u e tra n s m ite el payaso a d q u ie r e e n to n c e s u n s e g u n d o v a lo r:
s e m b r a r la d u d a . Es u n d e s a fío la n z a d o c o n t r a la s o lid e z d e
n u estra s certezas. E sta b o c a n a d a d e g ra tu id a d o b lig a a r e c o n
s id e r a r to d o lo q u e se te n ía p o r n e c e s a r io . A s í, p u e s to q u e e n
p r im e r lu g a r es a u sen cia d e s ig n ific a c ió n , e l payaso a cced e a la
elevad a s ig n ific a c ió n d e o p o n e n te : n ie g a to d o s lo s sistem as d e
a fir m a c ió n p reex isten tes, in tr o d u c e e n la c o m p a c ta c o h e r e n
cia d e l o r d e n e s ta b le cid o el v a cío m e d ia n te el c u a l e l e s p e cta
d o r , s e p a r a d o fin a lm e n t e d e sí m is m o , p u e d e r e ír s e d e su
p r o p ia g ra v e d a d . E l p u r o a b s u r d o a ce p ta c o n v e r tir s e e n u n a
fig u r a p o liv a le n te : r e p r e s e n ta c ió n d e l in tr u s o q u e se im p o n e
o al q u e se ex p u lsa ; d e la v íc tim a e x p ia to r ia o d e l g e n io b u r
l ó n ; d e l sa lto o p tim is t a h a c ia lo a lto o d e la c a íd a e n e l
a b is m o . S e p r o p a g a u n a c a d e n a d e e c o s c u y o s d e s a r r o llo s
d e s b o r d a n a l c ir c o , p u e s la f u n c i ó n d e l p a y a s o , ta l c o m o la
a ca b o d e d e s c r ib ir , p r e s u p o n e la e x is te n c ia d e u n a so c ie d a d
o rg á n ic a m e n te estru ctu ra d a e n la q u e es p o s ib le in t r o d u c ir la
c o n t r a d i c c i ó n b a jo u n a f o r m a y u n d is fr a z r it u a liz a d o s .
G u a n d o este v ín c u lo so cia l se d esh a ce, la p r e s e n c ia d e l payaso
se a te n ú a so b re el e s c e n a rio y s o b re la tela . E l b u fó n , n o o b s
ta n te , b a ja a l a ca lle , o c u p a d o , o c io s o , e m b a d u r n a d o - e m b a -
d u r n a d o r , m u d o e n su c la m o r , v io le n t o p a ra nada. Y a n o h a y
lím ite s , así p u e s, ta m p o c o tra n s g r e s ió n .
Q u e d a la b u r la .
REPERTORIO DE ILUSTRACIONES
Y CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS
1. H o n o ré D au m ier, Pierrot tocando Iq mandolina, ca. 1873» óleo sobre m adera, 35 x 27 cm.
W in terth ou r, co lecció n O skar R ein h art « A m R o m e rh o lz» . Fotografía de la colección.
5. Jacques C allo t, Los dos Pantalón, ca. 1617, aguafuerte, 9>45 x I 4>2 cm . G in eb ra, Musée
d ’art et d ’h istoire, C ab in et des estampes. Fotografía del m useo.
7 - A d o lp h e M artial P otém ont, Le Théatre desFunambules, boulevarddu Temple, mayo 1862, gra
b ad o, 20 x IO cm . París, B ib lioth éq u e de 1’A rsen al. F otografía B ib lioth éq u e N ationale
de France.
12. E dgar Degas, M issLaLaen el circo Femando, ca. 1879» óleo sobre lien zo, 117 x 77’ 5 cm *
L o nd res, T h e N ation al G allery. Fotografía d el m useo.
13. Lafunambulista, s/f, litografía de G h arpen tier, N antes, 37 x 5°>5 cm - París, B ib lioth é
que de 1*A rsen al. Fotografía B ib lioth équ e N ationale de France.
17. Palmyre Anato, amazona de siüaplana, ca. 1850 . T om ado de La Merueilleuse Histoire du cirque de
Hei\ry T h étard, París, Prisma, 194-7 ’ ^ p* &2 . Fotografía D .R .
18. H e n ri de To ulo use-L au trec, En el circo: ejercicio sobre silla plana, 1899, lápices de colores,
22 x 31 cm . C o lecció n particular. Fotografía D .R .
19. E d gar D egas, Bailarina con ramo saludando, detalle, 1878, pastel, papel pegado sobre
lie n zo , 72 x 7 7 ,5 cm . París, M usée d u L o uvre, D .A .G . (fo n d o s O rsay). F otografía ©
R M N —Jean Schorm ans.
21. A u b rey V in cen t Beardsley, « T h e G lim a x» , ilu stración para Salomé de O scar W ilde,
1894, d ib ujo . Fotografía © A K G París.
2 2 . Edvard M u n cb , £í i>amj)¿ro, 1894-, punta seca, 2 8,5 x 21,5 cm. O slo, M un ch -m u seet.
F oto grafía del m useo (A n d ersen /d e J o n g ). © T b e M u n c h M useu m / T h e M u n ch -
E llingsen G ro u p / A dagp, París 2 0 0 4 -
2 5 ' Jean-Ign ace Grandville, Viaje hacia la Eternidad, «¿Quiere subir a mi casa, caballero? No quedará
descontento, anímese>>, s/f, grabado, 17,8 x 2 0 ,6 cm . Bruselas, B ib lio th éq u e Royale de B e l-
gique, C ab in et des estampes. Fotografía de la biblioteca.
2 7 - C h a r le s B a u d e la ire , Autorretrato con la mirada puesta en una bolsa de escudos que se aleja volando,
l 8 5 7 ~ I 8 5 8 (é p o c a d e l p r o c e s o p o r Lasflores del mal), p lu m a . C o le c c ió n p a r tic u la r . F o to
g ra fía © c o lle c tio n R o g e r - V io lle t.
28. Pablo Picasso, Pareja cenando, 19OI, óleo sobre cartón, 4 7 x 6 2 ,2 cm . M useum o f A rt,
R h o d e ísla n d S ch o o l o f D esig n , d o n ació n de G eo rg e P ierce M etcalf. F otografía E rik
G o u ld . © Succession Picasso 2 0 0 4 .
3 0 . G eorges R ouault, Muñecos de caseta de tiro (Fantoches o La casada), 19 0 7 , óleo sobre papel
pegado sobre lie n z o , 75 x cm . L o n d res, Tate G allery. Fotografía © Tate, Lond res
2 0 0 3 . © A dagp, París 2 0 0 4 .
3 4 . O d ilo n R ed on , Laflor de la ciénaga, ilustración para el álbum Hommage á Goya, lám ina II,
1885, litografía, 118 x IOO cm . Basilea, O ffe n tlich e K unstsam m lung, K u pferstich kabi-
nett. Fotografía del m useo.
3 6. H o n o ré D au m ier, Hércules deferia (El luchador — Una parada de saltimbanquis), ca. 1865, óleo
sob re m ad era, 2 6 ,6 x 35 cm . W ashin gton , T h e P h illip s C o lle c tio n . F otografía de la
colección.
38. Pablo Picasso, El organillero, 19 0 6 , tém pera sobre cartón, 1 0 0 ,5 x 7°»5 cm. Z ú rich ,
K unsthaus. Fotografía del m useo. © Succession Picasso 2 0 0 4 -
4 4 - G eorges R ouault, Cabeza de payaso, ca. 19 0 7 , óleo sobre tela, 39 x 3 1 ctn - C o le cció n
p articular. Fotografía D .R . © A dagp, París 2 0 0 4 -
48 . M ax Jacob, probab lem en te en la calle N o lle t en París, fotografía, an te rio r a 1937 '
Fotografía D .R .
4 9 . C h arlie C h ap lin , escena de la película El circo, con el autor y M erna K en n edy, 1928.
Fotografía D .R .
51. Pablo Picasso, La muerte de Arlequín, 190 5 , guache sobre cartón, 65 x 95 cm. W ashing
to n , N atio n a l G a llery o f A r t, C o lle c tio n o f M r. an d M rs. P au l M e llo n . F otografía ©
2 0 0 3 B o a rd o f Trustees, N atio n a l G allery o f A r t, W ash in gton . © Succession Picasso
2004-
5 2 . Pablo Picasso, Joven acróbata con una pelota, 19 0 5 , óleo sobre tela, 147 x 95 cm * M oscú,
M useo Pushldn. Fotografía © A K G París / E rich Lessing. © Succession Picasso 2 0 0 4 .
56. Paul K lee, Pierrotprisionero, 1923 ’ acuarela y ó leo sobre papel coloread o, 4 0 x 3 ° cm .
D e tro it, T h e D e tro it Institute o f A rts, d on ació n de R o b ert H . Tan n ah ill. Fotografía ©
1986 T h e D etro it Institute o f A rts. © A dagp, París 2 0 0 4 .
57. Jean D u bu ffet, Trespersonajes, 17 de octubre de 1961, guache y tinta china, 50 x 6 7 cm.
C o le c c ió n particular. Fotografía D .R . © A dagp, París 2 0 0 4 .
5 9 - Máscara deun^anni, siglo X V I I , cuero y crin, 23 x 17 x 7»5 cm - París, M usée d e l’O péra.
Fotografía B ib lioth équ e N ationale de France.
ÍNDICE
L as m u ecas d el d o ble 7
¿E l r e e n c u e n t r o c o n c ie r t a g e n ia l id a d ? 15
El d e s l u m b r a m ie n t o a n t e l a l ig e r e z a
o e l t r iu n f o d e l payaso 21
D e l a n d r ó g in o a l a m u je r fa ta l 35
C u e r p o s d e s e a b le s y c u e r p o s h u m illa d o s 47
N a c im ie n t o d e l pa y a so t r á g ic o 67
Los sa l v a d o r e s r id íc u l o s 81
P a sa d o res y d ifu n to s 95
R e p e r t o r io d e il u s t r a c io n e s
Y C R É D IT O S F O T O G R Á F IC O S 115