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Glândulas salivares
Glândulas gástricas (na parede interna do estômago)
Glândulas intestinais (na parede interna do intestino
delgado)
Pâncreas
Fígado
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Tabela 1: Resumo da digestão e absorção enzimática.
Secreção e fonte de Enzima Substrato Ação e produtos Produtos finais
secreção resultantes absorvidos
Hidrólise para formar
dissacarídeos,
Saliva das glândulas Ptialina (amilase
Amido dextrinas e -
salivares na boca salivar)
oligossacarídeos
ramificados
Hidrólise das ligações
Pepsina (pepsinogênio Proteína (na presença peptídicas para formar
Suco gástrico das -
ativado) de ácido clorídrico) polipeptidios e
glândulas gástricas
aminoácidos
presentes na mucosa
Gordura
estomacal Hidrólise para formar
Lipase gástrica (especialmente de -
Ácidos graxos livres
cadeia mais curta)
Hidrólise para formar
Ácidos graxos nas
monoacilgliceróis e
Gordura (na presença células da mucosa,
Lipase ácidos graxos livres,
de sais biliares) reesterificados como
incorporados nas
triglicerídeos
micelas
Hidrólise para formar
Colesterol nas células
ésteres de colesterol e
de mucosa;
Colesterol esterase Colesterol ácidos graxos livres,
transferidos para os
incorporados nas
quilomicrons
micelas
Hidrólise para formar
α-amilase Amidos e dextrinas -
dextrina e maltose
Hidrólise das ligações
Tripsina (tripsinogênio Proteínas e peptídicas interiores
Secreção exócrina do -
ativado) polipeptídeos para formar
pâncreas (suco
polipeptídeos
pancreático)
Hidrólise das ligações
Quimiotripsina
peptídicas interiores
(quimiotripsinogênio Proteínas e peptídeos -
para formar
ativado)
polipeptídeos
Hidrólise das ligações
peptídicas terminais
Carboxipeptidase Polipeptídeos Aminoácidos
para formar
aminoácidos
Ácidos ribonucleicos e
Ribonuclease e Hidrólise para formar
ácidos Mononucleotídeos
desoxirribonuclease mononucelotídeos
desoxirribonucleicos
Hidrólise para formar
Elastase Proteína fibrosa peptídeos e Aminoácidos
aminoácidos
Hidrólise das ligações
Carboxipeptidase,
peptídicas terminais
aminopeptidase e Polipeptídeos Aminoácidos
para formar
dipeptidase
aminoácidos
Dipeptídeos e
Enterocinase Tripsinogênio Ativa a tripsina
tripeptídeos
Hidrólise para formar
Sacarase Sacarose Glicose e frutose
glicose e frutose
Enzimas do intestino
A-dextrinase Hidrólise para formar
delgado Dextrina (isomaltose) Glicose
(isomaltase) glicose
(principalmente da
Hidrólise para formar
borda em escova) Maltase Maltose Glicose
glicose
Hidrólise para formar
Lactase Lactose Glicose e galactose
glicose e galactose
Hidrólise para formar
Nucleotidase Ácidos nucleicos Nucleotídeos
nucleotídeos e fosfatos
Hidrólise para formar
Mucleosidase e Bases de purinas e
Nucleosídeos purinas, pirimidinas e
fosforilase pirimidinas
pentose fosfato
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A atividade GI é regulada por mecanismos neurais e fibras nervosas (SNA). De acordo com a composição do
hormonais. quimo, têm-se estímulos através de neurotransmissores.
a)O controle neural da atividade secretória e contrátil b)O controle hormonal é dado mediante a presença do
consiste de um sistema localizado na parede intestinal – bolo/quimo ao longo do TGI.
sistema nervoso entérico – e de um sistema externo de
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Mecanismos absortivos O transporte ativo envolve o gasto de energia para
movimentar íons ou outras substâncias, em combinação
A absorção é um processo complexo que combina com uma proteína carreadora, contra um gradiente de
transporte ativo (com gasto energético) e o processo concentração. A absorção de glicose, sódio, galactose,
relativamente simples da difusão passiva. A difusão potássio, magnésio, fosfato, iodo, cálcio, ferro e
envolve o movimento ao acaso através das aberturas nas aminoácidos ocorrem desta maneira. A pinocitose foi
membranas das paredes da célula da mucosa, utilizando descrita como engolfar pequenas gotas de conteúdo
canais de proteína (difusão facilitada). intestinal pela membrana da célula epitelial.
Fig. 2: Mecanismos de absorção: difusão simples e difusão facilitada (transporte passivo – a favor de um gradiente de
concentração e sem gasto energético) e transporte ativo (contra um gradiente de concentração e com gasto de
energia – ATP).
células; reduz a osmolalidades, intensifica a absorção de
Pacientes podem apresentar situações de absorção sódio e água. A má absorção significante promove
aumentada de carboidratos com fermentação colônica, inchaço, distensão abdominal, flatulência, acidificação das
caso sejam pacientes normais ou após cirurgias, como se fezes e, possivelmente, diarreia.
observa nos exemplos abaixo.
Como principais nutrientes absorvidos no intestino têm-
Em indivíduos normais, após o consumo de: se: (Chemin)
Lactose, quando há deficiência de lactase;
Fibra dietética; Duodeno: aminoácidos, ácidos graxos, monoacilgliceróis,
Amido resistente, olestra (poliéster de sacarose); monossacarídeos, dissacarídeo lactose, vitaminas A e B,
Acarbose (inibidor de amilase); glicerol e cálcio;
Pequenas quantidades de sorbitol, manitol, xilitol ou
lactulose; Jejuno: em jejuno proximal vitamina A e B, ácido
Quantidades significantes de frutose; e fólico, ferro, dissacarídeo lactose; em jejuno distal
Quantidades razoavelmente grandes de sacarose. dipeptídeos, dissacarídeos, isomaltose, maltose, trealose e
sacarose. Em todo o jejuno glicose, galactose, ácido
Em pacientes com má absorção secundária a: ascórbico, aminoácidos, glicerol, ácidos graxos,
Ressecção gástrica e ingestão modesta de açúcares e monoacilgliceróis, ácido fólico, biotina, ácido pantotênico,
carboidratos; zinco, potássio e cobre.
Insuficiência pancreática;
Síndrome do Intestino Curto (SIC); Íleo: em íleo proximal potássio, dissacarídeos,
Doença Inflamatória Intestinal (DII); isomaltose, maltose, trealose e sacarose; em íleo distal -
Espru celíaco; e B12 + fator intríseco, sais biliares; em todo o íleo cloreto
Deficiência de disscaridases. de sódio;
A fermentação de carboidrato e fibra mal absorvidos Em todo jejuno e íleo: vitaminas B1, B2, B3, B6, D, E, K,
por micro-organismos colônicos promove a produção de: iodo, cálcio, magnésio e fósforo.
Ácidos graxos de cadeia curta (butirato, propionato,
acetato e lactato); e Cólon: água e biotina (síntese).
Gases (hidrogênio, gás carbônico, nitrogênio e metano).
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Fig. 3: Sítios de absorção entéricos (duodeno, jejuno e íleo) e colônico de nutrientes.
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METABOLISMO DOS MACRONUTRIENTES Prof. José Aroldo Filho
goncalvesfilho@nutmed.com.br
1. de acordo com a solubilidade: albuminas, globulinas e Os AA estão ligados covalentemente por ligações
histonas. peptídicas, gerando estruturas primárias, secundárias,
terciárias e quaternárias.
2. de acordo com a função biológica:
- enzimas: quinases, desidrogenases; Atividade biológica: ptns nativas (estrutura secundária,
- ptns de estoque: mioglobina e ferritina; terciária e quaternária). A estrutura quaternária refere-se a
- ptns regulatórias: ligadas ao DNA, hormônios; ligações não covalentes de diferentes cadeias
- ptns estruturais: colágeno e proteoglicanos; polipeptídicas. Ex.: hemoglobina.
- ptns de proteção: Ig; fatores de coagulação;
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AMINOÁCIDOS
COZZOLINO&COMINETTI (2013) NOVO aminoácido
Os AA são precursores de hormônios, ácidos nucléicos recentemente descrito, selenocisteína.
e subunidades monoméricas, desse modo, são as
unidades básicas das ptns. O carbono alfa é assimétrico (exceto do AA Glicina),
ligando-se a quatro grupamentos diferentes, o que
Apenas 20 AA (L-alfa-AA) são constituintes de ptns de confere a capacidade de rotação no plano de luz
mamíferos. Os processos de transdução e tradução polarizada, formando dois enantiômeros: L- e D-
gênicas resultam na polimerização de AA em cadeia linear aminoácido.
(estrutura primária da ptn).
2. nutricionalmente:
Indispensáveis
As proteínas naturais são sintetizadas apenas com L-
Histidina
aminoácidos. Os D-aminoácidos são encontrados nos
Isoleucina
alimentos após tratamento térmico, o que contribui
Leucina
para a redução do valor nutricional das proteínas.
Lisina
Metionina
Fenilalanina
VALOR BIOLÓGICO DE PROTEÍNAS (KRAUSE)
Treonina
Triptofano
Proteínas tem bom valor biológico quando elas
Valina
possuem todos os aminoácidos essenciais em proporções
apropriadas. Produtos animais (carne, leite e ovos) são
fontes de proteína de bom valor biológico.
Dispensáveis
Alanina
Proteínas de mau valor biológico são proteínas
Ácido aspártico
deficientes em um ou mais aminoácidos essenciais.
Asparagina
Produtos vegetais, em geral, contem proteínas de mau
Ácido glutâmico
valor biológico.
Serina
Leguminosas com soja, feijões, grão-de-bico, ervilha,
Condicionalmente Indispensáveis lentilha, são deficientes metionina, embora as proteínas de
Arginina leguminosas oleaginosas (soja, amendoim e etc.) se
Cisteína aproximem mais dos produtos animais. Nos cereais o
Glutamina aminoácido limitante é lisina. A complementaridade é
Glicina realizada por combinações de proteínas de diferentes
Prolina teores de AA essenciais, por exemplo, arroz pobre em
Tirosina lisina e rico em metionina e feijão, pobre em metionina e
rico em lisina. A introdução de alimentos protéicos de
origem animal (ricos em todos os AA essenciais) com
cereais ou leguminosas é outra forma de complementação.
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PROCESSAMENTO E DIGESTIBILIDADE - fase pancreática (pH alcalino): no suco pancreático, as
principais proteases são tripsinogênio, quimiotripsinogênio,
FATORES ANTINUTRICIONAIS elastase e carboxipeptidases. O tripsinogênio, após
secretado, na luz intestinal, é quebrado pela enterocinase
Os fatores antinutricionais promovem menor (presente na borda em escova) sendo ativado em tripsina.
digestibilidade e menos qualidade da proteína: Inibidores
da tripsina/quimiotripsina (Kunitz e Bowman-Birk) e COZZOLINO&COMINETTI (2013) A tripsina ativa o
lecitinas.Os fatores Kunitz e as lecitinas são termolábeis e quimiotripsinogênio em quimiotripsina, a pró-elastase
os inibidores Bowman-Birk são termorresistentes. em elastase, e a pró-carboxipeptidase em
carboxipeptidase.
Os taninos são fatores antinutricionais que reagem
com grupos E-aminos dos resíduos de lisina, funcionando - fase intestinal (pH alcalino): ocorre término da digestão –
como inibidor da tripsina, um exemplo é o chá verde com 40% AA e 60% di e tripeptídeos.
leite, que diminui a biodisponibilidade da caseína.
Especificidade das enzimas digestivas
Reação de Maillard (escurecimento não enzimático): Quimiotripsina: Tyr, Trp, Phe, Met, Leu
ocorre a reação do açúcar redutor com AA, formando uma Elastase: Ala, Gly, Ser
base (base de Schiff) e intermediários (compostos de Carboxipeptidase A: Val, Leu, Ile, Ala
Amadori) que ao final da reação produzem aldeídos e Carboxipeptidase B: Arg, Lys
aminas indisponíveis e melanoidinas (tóxicas e com baixa Pepsina: Tyr, Phe, Leu, Trp
biodisponibilidade biológica). Tripsina: Arg, Lys
DESNATURAÇÃO ABSORÇÃO DE RESÍDUOS PROTÉICOS
A desnaturação promove a linearização da cadeia Os peptídeos menores (2 a 8 AA) são digeridos na luz
peptídica, aumentando a digestibilidade. Agentes intestinal por aminopeptidases, dipeptil aminopeptidases e
desnaturantes: pH, solvente, pressão, irradiação e dipeptidases, liberando AA livres, di e tripeptídeos.
temperatura.
Os resíduos podem ser absorvidos por transporte ativo
DIGESTÃO PROTÉICA ou por difusão facilitada.
Cerca de 70 a 100g são provenientes da dieta e 35 a Certos AA competem entre si, durante a absorção,
200g por síntese endógena (turnover endógeno). A perda pelos transportadores de membrana, deste modo a
fecal é de 1 a 2g de N2 diários. absorção de di e tripeptídeos torna-se importante para
manter balanço nitrogenado positivo.
COZZOLINO&COMINETTI (2013) As enzimas
responsáveis pelo processo de digestão das proteínas Este transporte é realizado pela PepT-1, presente na
alimentares são classificadas em: membrana apical do enterócito, que possui ampla
especificidade e transportam por transporte ativo, di e
a) endopeptidases: atuam sobre as ligações internas e tripeptídeos.
liberam grandes fragmentos de peptídeos, que
sofrerão ação de outras enzimas proteolíticas; COZZOLINO&COMINETTI (2013) o PepT-1 é
dependente do gradiente de prótons no momento da
b) exopeptidases: atuam sobre as ligações externas e absorção dos oligopeptídeos pelos enterócitos. Trata-
liberam um aminoácido em cada reação, são as se de um cotransportador de peptídeos e de íons H+.
carboxipeptidases e as aminopeptidases.
Os di e tripeptídeos absorvidos são digeridos no
A digestão protéica possui 3 fases: gástrica, pancreática citossol dos enterócitos liberando AA na circulação portal,
e intestinal: ou utilizados pelo enterócito.
- fase gástrica (pH ácido): o suco gástrico (HCl e COZZOLINO&COMINETTI (2013) Os peptídeos que
pepsinogênio) é secretado pelas células principais, e o pH escapam da hidrólise pelas peptidases citoplasmáticas
de ação (1 a 3) permite a ativação do pepsinogênio em são transportados através da membrana basolateral
pepsina. O pepsinogênio pode sofrer ativação pelas para dentro da circulação portal por meio de um
pepsinas já ativadas (processo de autocatálise). A pepsina transportador de oligopeptídeos, o qual difere
é desnaturada em pH superior a 5. caracteristicamente do PepT-1.
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Fig. 3: Absorção de resíduos proteicos.
CATABOLISMO PROTEÍCO
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CATABOLISMO DE AA Glicogênicos e cetogênicos tirosina, isoleucina,
fenilalanina e triptofano geram dois α-cetoácidos
Quando necessário, ocorre síntese de AA dispensáveis diferentes. Cabe ressaltar que humanos não sintetizam
utilizado alfa-cetoácidos, por meio da transferência de glicose a partir de acetil-CoA (base da distinção entre AA
grupo amino preexistente a partir de outro aminoácido, glicogênicos dos cetogênicos).
mediada por transaminases. Essa transferência também
ocorre durante o catabolismo de AA. Por exemplo, a FUNÇÃO METABÓLICA DOS AMINOÁCIDOS (DAN
alanina é degradada gerando alfa-cetoglutarato para WAITZBERG)
formar glutamato e libera piruvato (alfa-cetoácido da
alanina) que pode entrar no Ciclo de Krebs, formando a) Glutamina
energia, ou entrar na gliconeogênese (Figura 5). Apenas
treonina e lisina não participam de reações envolvendo - Vem recebendo especial atenção em nutrição enteral, em
transaminação. especial em condições de trauma e jejum, passando a ser
indispensável. Ë formado a partir do ácido glutâmico e da
amônia.
b) Arginina
c) Cisteína e taurina
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Fig. 6: Resumo do catabolismo dos aminoácidos. Os aminoácidos estão agrupados conforme seu principal produto
final de degradação. Alguns aminoácidos estão listados mais de uma vez, pois diferentes partes de seus esqueletos
de carbono são degradadas em diferentes produtos finais. Aminoácidos glicogênicos e cetogênicos também estão
delineados na figura, sombreados em cores. Observe que cinco aminoácidos são tanto glicogênicos quanto
cetogênicos. Os aminoácidos que produzem piruvato também são potencialmente cetogênicos.Apenas dois
aminoácidos, lisina e leucina, são exclusivamente cetogênicos.
NPU=TD x VB
A fibra da dieta inclui polissacarídeos, oligossacarídeos, A hemicelulose está relacionada ou associada à celulose
lignina e substâncias associadas à planta. A fibra da dieta e é preferencialmente solúvel em meio alcalino, constituída
promove efeitos fisiológicos benéficos, incluindo laxação, por xilanos, mananos e xiloglicanos. Também unidos por
e/ou atenuação do colesterol do sangue, e/ou atenuação ligações beta 14. A hemicelulose constitui a espinha
da glicose do sangue”. dorsal da célula vegetal.
Nesse sentido, a fibra alimentar pode fazer parte da As pectinas estão presentes na lamela média da célula
categoria de alimentos funcionais, pois interfere em uma vegetal. Encontrada em cascas de frutas cítricas e na
ou mais funções do corpo de maneira positiva. polpa da maçã. São os polissacarídeos mais complexos da
parede celular. Tem a capacidade de absorver água
Os componentes da fração fibra alimentar estão (solúvel) e formar gel. Em sua composição é rica em
presentes em especial, grãos integrais, vegetais e frutas. ramnogalacturanos e arabinogalacturanos, altamente
solúveis em água e principais constituintes da matriz
Segundo as DRIs, as fibras alimentares podem ser celular.
divididas em:
- dietéticas: CHOs não digeríveis e lignina, intrísecos e Os beta-glicanos estão presentes na aveia e na cevada.
intactos das plantas. Os beta-glicanos são altamente solúveis em água.
- funcionais: CHOs não digeríveis isolados, com efeitos
fisiológicos benéficos em humanos. As ligninas estão intimamente ligadas à hemicelulose e
- totais: somatório de fibras dietéticas e funcionais. provavelmente à celulose. São polímeros aromáticos de
alto peso molecular. São hidrofóbicos e altamente
As fibras também podem ser obtidas industrialmente, resistentes à hidrólise no intestino delgado e bactérias do
pela hidrólise da sacarose e raiz do almeirão (FOS) ou cólon. Presentes em sementes comestíveis, como a
pela hidrólise do amido resistente (maltodextrina linhaça.
resistente).
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absorção de indivíduos saudáveis. Existe em quatro
Ceras e cutina estão presentes na superfície da parede subtipos:
celular. Extremamente resistentes à digestão. - AR1 – ligado à matriz celular e presente em grãos e
sementes moídas;
Os frutanos, inulina e FOS, estão presentes na maioria - AR2 – grânulos nativos, presentes em alimentos crus;
das dietas e podem ser encontrados no alho, cebola, - AR3 – amido retrogradado (tratamento térmico e
aspargo, almeirão, endívia, chicória, alho poro, alcachofra, posterior refrigeração) e
trigo, centeio, yacon, mel e banana. - AR4 – amido modificado termicamente ou quimicamente.
Os principais galactooligossacarídeos (GOS) são As gomas e mucilagens são de origem vegetal e podem
estaquiose, rafinose e verbascose, encontrados em ser classificadas em extrato de algas (ágar, furcelarana,
leguminosas. A rafinose é o açúcar de beterraba. alginato e carragenana); exsudatos de plantas (goma
arábica, Gatti, tragacante e karaya) e gomas de sementes
Amido resistente é a soma de amidos e produtos de (locuste, guar e psyllium).
degradação do amido que resistem à digestão e á
Tabela 5: Diferentes tipos e fontes de fibras segundo CHEMIN & MURA – atenção às fontes de CELULOSE,
HEMICELULOSE, PECTINAS, FRUTANOS e GOMAS.
Tipos de fibras Fontes usuais Principais monossacarídeos
Celulose Vários farelos, vegetais e todas as plantas comestíveis Glc
B-glicano Grãos (aveia, cevada e centeio) Glc
Hemicelulose Grãos de cereais e boa parte de plantas comestíveis Xil, Man, Glc, Fuc, Ara, Gal,
AGal, AGlc
Pectinas Frutas (maçã, limão, laranjas, pomelo), vegetais, legumes e batata Ara, Gal, AGal, Fuc, Ram
Frutanos Alcachofra, cevada, centeio, ris de chicória, cebola, banana, alho e Fru, Glc
aspargo
Amido Bananas verdes, batata (cozida/resfriada), produtos de amido Glc
resistente processado
Quitina Fungos, leveduras, exoesqueleto de camarão, lagosta e caranguejo Glc-amina, Gal-amina
(quitosanas)
Rafinose, Cereais, legues e tubérculos Gal, Glc, Fru
estaquiose e
verbascose
Lignina Plantas maduras Alcool sinapílico, conferílico, p-
cumarílico
Ágar Algas marinhas vermelhas Gal, Gal-andro, Xil, SO4
Carragenanas Algas marinhas vermelhas Gal, Gal-anidro, SO4
Ácido algínico Algas marinhas marrons AGlc, AMan-anidro
Goma karaya Exsudatos de plantas Fuc, Gal, AGal, Ram
Goma tragante Exsudatos de plantas Xil, Gal, AGal, Ram, Ara
Goma arábica Exsudatos de plantas Gal, Ara, Ram AGlc
Goma locuste Sementes de plantas Gal, Man
Goma guar Sementes de plantas Gal, Man
Goma psylium Sementes de plantas Ara, Gal, Agal, Ram, Xil
Gomas xantanas Microrganismos Glc, AGlc, Man
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Segundo DAN (2009), os produtos de metabolismo Em relação à nutrição enteral, utiliza-se em especial:
bacteriano das fibras incluem:
- Polissacarídeo da soja: predominância de fibras
- AGCC: acético, butírico e propiônico: os mais importantes insolúveis, aumento de peso fecal e alta fermentação.
da fermentação bacteriana (bactérias probióticas) das - Alfacelulose: celulose pura e não-fermentável, aumenta o
hemiceluloses e pectinas. São removidos do lúmen bolo fecal por retenção de água.
intestinal por difusão iônica e facilitam a absorção de sódio - Goma acácia: é uma goma arábica que retém água,
e potássio (“salvamento colônico”). solúvel e altamente fermentável.
- Goma guar: obtida de sementes de cymepsis
- Gases: hidrogênio, metano e dióxido de carbono. (leguminosa), rica em galactose e manose, solúvel e
fermentável, diminui pH colônico e aumenta o peso da
- Energia: utilizada pelas bactérias colônicas para mucosa.
crescimento e manutenção. Recomendações de fibras: 20 - Pectinas: solúveis e altamente fermentáveis. Polímeros
a 35g/dia ou 10 a 13g/1000kcal ingeridas. Crianças acima de acido glucurônico com pentoses e hexose. Retêm água
de dois anos recomenda-se idade + 5g até os 20 anos de e forma gel, diminui pH cólon e aumenta o peso da
idade. Idosos recomenda-se 10 a 13g/1000kcal. mucosa
A Ingestão Adequada (AI) de fibra total foi determinada como sendo 38g para homens e 25g para mulheres. A DRI
determinou média de consumo de 14g/1000kcal consumida com objetivo de reduzir risco coronariano.
EFEITOS FISIOLÓGICOS DA FRAÇÃO FIBRA E LOCAL DE AÇÃO, SEGUNDO DAN WAITZBERG (2009)
Tabela 6: Local de ação e efeitos benéficos das fibras segundo DAN WAITZBERG (2009) - atenção a diferente ação em
Intestino Delgado (diminui velocidade de trânsito) vs. Cólon (aumenta velocidade).
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EFEITOS METABÓLICOS DA FRAÇÃO FIBRA, SEGUNDO DAN WAITZBERG (2009)
Tabela 7: Efeitos metabólicos das diferentes fibras em patologias segundo DAN WAITZBERG (2009) – atenção à
aplicabilidade no tratamento dietético em DM e doenças cardiovasculares, lembrando que a atuação em doenças
cardiovasculares que permitiu o estabelecimento da Ingestão adequada (IA) de 14g/1000kcal!
VALORES DE DOÇURA (KRAUSE) boca, com ação da amilase salivar que quebra a amilose
em maltose e a amilopectina em maltose e dextrina.
Tabela 9: Valores de doçura em diferentes tipos de
CHO segundo KRAUSE. A amilase salivar continua sua ação no estômago, a não
Substância Valor de doçura ser quando a acidez alta (pH <4). Com a chegada do
Levulose, frutose 173 quimo ácido no duodeno, tem-se estímulo da secreção de
Açúcar invertido 130 secretina, para tamponar o pH e a presença de lipídeos e
Sacarose 100 resíduos protéicos estimula a secreção de CCK, que
Glicose 74 estimula a secreção de enzimas pancreáticas.
Sorbitol 60
Manitol 50 A amilase pancreática, que digere os produtos de
Galactose 32 digestão da amilase salivar em dextrinas, hidrolisadas
então por glicoamilases na luz intestinal, liberando maltose
Maltose 32
e isomaltose.
Lactose 16
A maltose e a isomaltose são quebradas por
CARBOIDRATOS NOS ALIMENTOS – CONSUMO,
dissacaridases presentes na borda em escova (maltase e
DIGESTÃO E ABSORÇÃO
isomaltase, respectivamente), liberando glicose para
absorção.
O principal tipo de CHO presente na alimentação
humana é o amido (60% dos CHO totais), presente em
A sacarose presente no alimento é hidrolisada pela
arroz, inhame, mandioca, milho, trigo e batata.
sacarase na borda em escova, liberando glicose e frutose
para absorção, ao passo que a lactose é quebrada pela
Cana-de-açúcar, beterraba, abacaxi e outras frutas são
lactase no ápice da borda em escova, liberando glicose e
fontes de sacarose (a sacarose compreende 30% dos
galactose para serem absorvidas.
CHO totais da alimentação). Leite e derivados são fontes
de lactose (10% do restante dos CHO alimentar).
Enzimas de borda em escova (KRAUSE):
O amido é constituído por dois tipos de cadeia: linear
Sacarase = cliva a ligação alfa entre C-1 da glicose e
(amilose – 15 a 20% amido) e ramificada (amilopectina –
C-2 da frutose;
80 a 85% do amido). A digestão do amido se inicia na
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Maltase = cliva a ligação alfa entre C-1 da glicose e C- Quanto maior a disponibilidade de CHO na borda em
4 da glicose; escovam maior a síntese de transportadores e enzimas.
Isomaltase = cliva a ligação alfa entre C-1 da glicose e
C-6 da glicose; Na borda em escova tem a presença das enzimas
Lactase = cliva a ligação beta entre C-1 da galactose lactase (LPH), sacarase-isomaltose (SI) e maltase-
e C-4 da glicose. glicoamilase (MGA), dispostas respectivamente da região
apical criptas.
ABSORÇÃO DE MONOSSACARÍDEOS (CHEMIN &
MURA) Os resíduos de glicose e galactose são transportados
pelo SGLT-1 (sodium glicose transporter 1), que
Na primeira porção do duodeno, a amilase pancreática e promovem o transporte ativo de glicose e galactose
glicosidades sintetizadas pelos enterócitos liberam os mediante presença de sódio e gasto de ATP.
resíduos de glicose, frutose, maltose, isomaltose e
dextrinas alfa-limite. Os resíduos de frutose são transportados por difusão
facilitada, via GLUT-5 (com grande dependência de
absorção mediante outros CHOs na luz intestinal).
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Assim, a CG ajusta o valor do IG com base no TAMANHO
DA PORÇÃO do alimento CONSUMIDA. *GLUT-5 expressa principalmente no jejuno, mas
também nos rins, músculo esquelético e adipócitos, na
CG = g de CHO x IG / 100 microglia e na barreira hematoencefálica. Possui baixa
afinidade por glicose e é o principal transportador de
Exemplo: cenoura: IG alto (92); a CG de uma porção de frutose.
meia xícara é baixa (6).
*GLUT-6 localizado no jejuno e semelhante ao GLUT2;
Tabela 12: Séries para IG e Carga Glicêmica (CC) –
também apresentada na CHEMIN & MURA. *GLUT-7 transportador de glicose hepática
IG CC microssômica, com alta afinidade pela enzima glicose-6-
ALTO ≥70 ≥20 fosfatase.
MÉDIO 56 a 69 11 a 19
BAIXO ≤55 ≤10
DISTRIBUIÇÃO, ARMAZENAMENTO E MOBILIZAÇÃO
Tabela 13: IG e CG de alimentos selecionados da DE CHO, segundo DAN (2009)
tabela internacional de IG:
IG CC Existe uma subdivisão dos transportadores GLUT e
Maça 40 6 CLASSE I,II,III, sendo:
Batata assada 85 26
- CLASSE I: Engloba os transportadores GLUT de 1 a 4.
Arroz integral 50 16
Cenouras 92 5
- CLASSE II: é composto pelo GLUT-5, além dos
Cereal de milho 92 24
transportadores GLUT-7, GLUT-9 e GLUT-11.
Suco de laranja 50 13
Pão puro 72 25 * GLUT-9: expresso em fígado e rins.
Batata chips 54 11
Bolo 54 15 * GLUT-11 tem forma curta e longa. O de forma curta tem
industrializado habilidade de transportar glicose (baixa afinidade) e
Açúcar refinado 58 6 transporta frutose competitivamente, estando presente no
(sucrose) coração e músculo esquelético. A forma longa transporta
frutose e é expresso em fígado, pulmão, traquéia e
Aplicabilidade do IG devem ser considerados três cérebro.
princípios:
A dieta deve conter conteúdo de moderado a alto em - CLASSE III: composto por GLUT-6, GLUT-8, GLUT-10,
CHO; GLUT-12 e HMIT.
Ter baixo teor de lipídeos saturados;
A cada refeição escolher 1 alimento de baixo IG em *GLUT-6: transporta glicose em cérebro, baço e leucócitos.
detrimento de um de alto IG, ex.: maçã no lugar de
banana. *GLUT-8: testículo, cérebro e tecido adiposo.
*GLUT-2 carreador presente principalmente no fígado e Assim que são captadas pelas células, as moléculas de
nas células beta-pancreáticas. Tem uma afinidade por glicose são convertidas em glicose-6-fosfato (Gli6P),
glicose menor o que o GLUT-1, sendo ativa apenas no mecanismo que mantém a permanência deste nutriente no
período pós-prandial. Pode transportar galactose, manose espaço intracelular.
e frutose. A habilidade de transportar frutose é vista
apenas em GLUT-2 e GLUT-5. As moléculas de Gli6P podem seguir dois caminhos:
armazenada ou utilizada.
*GLUT-3 expressa em maior quantidade no cérebro, rim
e placenta, além dos espermatozóides. O armazenamento de glicose em humanos é feito na
forma de glicogênio em dois lugares: muscular e hepático.
*GLUT-4 o mais importante transportador sensível a O glicogênio muscular é fonte de energia apenas para
insulina: adipócitos, músculo esquelético e músculo contração muscular, já o glicogênio hepático é responsável
cardíaco. por manter glicemia em estado de jejum ou entre
19
refeições, uma vez que o fígado é o único que possui a A produção de lactato (embora tóxico) é essencial para
enzima glicose-6-fosfatase, capaz de retirar o fosfato da ressíntese do NAD e manutenção do processo de glicólise.
Gli6P, liberando glicose para a corrente sanguinea Sabe-se que o acúmulo de lactato pode ser prevenido ou
(glicogenólise). postergado pela remoção hepática do lactato, sendo
convertido em piruvato (Ciclo de Cori) e de piruvato à
A glicogênese é considerado um dos mecanismos glicose (gliconeogênese hepática).
responsáveis pelo controle da glicemia. A síntese de
glicogênio é estimulada pela insulina. A velocidade da glicólise é regulada por ação de três
enzimas: hexoquinase, fosfofrutoquinase-1 e piruvato
GLICOGÊNIO quinase.
O glicogênio corresponde a cadeias ramificadas de - Ativação de glicólise: elevação de AMP que estimularia
glicose e é armazenado nos músculos e fígado. fosfofrutoquinase-1 e piruvato quinase.
O “homem médio” de 70kg armazena um suprimento de - Inibição da glicólise: altas concentrações de Gli6P que
apenas 18h de combustível na forma de glicogênio, inibiria a hexoquinase; altas concentrações de citrato que
comparado a um suprimento na forma de gordura de 2 inibiriam a fosfofrutoquinase-1 e altas concentrações de
meses. Acetil-CoA que inibiria a piruvato quinase.
Tem sido descrita como glicólise anaeróbica (sem O2) Esses obstáculos podem ser facilmente ultrapassados
que na ausência do O2 tem como produto final o lactato. no fígado e, em menor magnitude nos rins.
20
Principais vias de gliconeogênese a partir de aminoácidos: A oxidação do glicerol em nova glicose ocorre pela
formação de gliceraldeído-3-fosfato pela quebra do glicerol
1.síntese de glicose a partir de alanina: e deste modo, subindo pela via glicolítica até glicose.
21
intermediários da biossíntese de TG, como o glicerol, e capacidade de oxidação, ativa-se o sistema microssomal
pela metabolização preferencial da frutose por essa de oxidação do etanol (MEOS).
mesma via.
Como o MEOS é responsável pelo metabolismo de
ETANOL (DAN WAITZBERG) muitas drogas, o abuso de álcool pode alterar as respostas
às medicações.
Considerado tóxico e fornece cerca de 7kcal/g. É
rapidamente absorvido e metabolizado pela álcool Outro ponto é que no metabolismo do álcool, se o
desidrogenase hepática (ADH) em acetaldeído e, então, indivíduo possuir baixo consumo de tiamina e niacina,
em acetil coenzima A. pode desencadear doença neurológica.
Fig 11: Metabolismo do Etanol e complicações metabólicas associadas. ADH – álcool desidrogenase; MEOS – sistema
microssomal de oxidação do etanol; ALDH – Aldeído desidrogenase; ROS – radicais livres; LDH – lactato
desidrogenase. O etanol, após ser absorvido, alcança a circulação portal. Nos hepatócitos, o etanol pode ser
metabolizado por dois grandes sistemas: (1) ação da alcool desidrogenase hepática [ADH]; e (2) o sistema
microssomal de oxidação do etanol [MEOS]. Ambos sistemas possuem como produto final o acetaldeído. O
acetaldeído sofrerá oxidação em mitocôndrias do hepatócito, após atuação da enzima aldeído desidrogenase,
produzindo acetato (corpo cetônico) e NADH, além de radicais livres, que se em excesso, promoveriam
hepatotoxicidade. O acetato, em células hepáticas e em células musculares, é biotransformado em acetil-CoA, que
poderá estimular a produção de triglicérides, e consequente hipertrigliceridemia. O consumo excessivo de bebida
alcoólica, associado a baixo consumo dietético, pode promover deficiência de tiamina e niacina, que tanto estimularia
a produção de lactato (e hiperlactacidemia) quanto redução da gliconeogênese, podendo gerar hipoglicemia.
22
BIOQUÍMICA E METABOLISMO DE LIPÍDEOS São moléculas compostas basicamente de carbono,
oxigênio e hidrogênio, com uma radical ácido (-COOH).
TIPOS DE LIPÍDEOS
- Classificação dos AG de acordo com o comprimento da
cadeia carbônica:
Os lipídios podem ser classificados em lipídios simples,
lipídios compostos ou lipídio variados.
AGCC 2 – 6 átomos de carbono;
Lipídios simples: ácidos graxos, gorduras neutras AGCM 8 - 12 átomos de carbono;
(monoglicerídeos, diglicerídeos e triglicerídeos – estes de AGCL 14 – 18 átomos de carbono;
ácidos graxos com glicerol) e as ceras (ésteres de ácidos AGCML > 20 átomos de carbono na cadeia.
graxos com alcoóis de alto peso molecular, como os
ésteres de esterol). - Classificação de acordo com o grau de saturação:
Lipídios compostos: lipídios complexados a um radical Saturados – não possuem dupla ligação;
não lipídico, por exemplo, os fosfolipídios, os glicolipídios e
as lipoproteínas. Monoinsaturados – possuem uma dupla ligação e
apenas AG contendo 14 ou mais carbonos podem
Lipídios variados: são os derivados lipídicos, como os existir como MUFAS;
esteróis (colesterol, vitamina D e sais biliares) e as
vitaminas lipossolúveis (vitaminas A, E e K).
Poliinsaturados – possuem duas ou mais dupla
ligações. Apenas AG contendo 18 ou mais carbonos
ÁCIDOS GRAXOS (AG)
podem existir como PUFAS.
24
FOSFOLIPÍDEOS
PRINCIPAIS FUNÇÕES DOS LIPÍDEOS, SEGUNDO DAN
São lipídeos alipáticos, contendo glicerol, 2 moléculas (2009)
de AG e um radical fosfato. A função do fosfolipídeo é
formar a bicamada lipídica das membranas plasmáticas -Fornecimento de energia (9,3kcal/g); AG essenciais e
das células animais. Atuam como emulsificantes, tanto que vitaminas lipossolúveis;
estão presentes na bile.
-Combustível energético armazenado para condições de
O tipo de ácido graxo interfere na fluidez da membrana, jejum (95% na forma de TG);
que deve ter a consistência de gel. Uma baixa proporção
de PUFAS na membrana plasmática, quando comparada -Proteção mecânica e manutenção de temperatura
com o teor de saturados, pode tornar a membrana mais corpórea;
sólida e menos fluida, o que compromete a sinalização
celular.
-Síntese de estruturas celulares, como a membrana
plasmática;
Sabe-se que os fosfolipídeos presentes nas membranas
da retina e dos neurônios são ricos em W3, em especial
EPA e DHA. Estes podem ser introduzidos pela ingestão -Síntese de hormônios;
de ácido alfa-linolênico ou pela ingestão de EPA e DHA.
-Mediadores intra e extracelulares da resposta imune; -
A lecitina (fosfatidilcolina) é o principal fosfolipídio, Participação no processo inflamatório e no estresse
sendo o componente principal dos lipídios na oxidativo.
membrana de camada dupla de lipídios. É o principal
componente das lipoproteínas. Produtos de origem DIGESTÃO DOS LIPÍDEOS
vegetal (leguminosas) também são fontes ricas.
O processo digestório de lipídios se inicia no estômago
ESTERÓIS por ação FÍSICA (propulsão, retropropulsão e mistura),
importante para e emulsificação, e por ação ENZIMÁTICA
Os esteróis são lipídeos com radical (ação das lipases lingual e gástrica).
cicloperidrofenantreno e podem ser encontrados em
vegetais (fitosteróis – estigmasterol, beta-sistosterol e As lipases lingual e gástrica promovem a
campestrol), em fungos (ergosterol) e animais (colesterol). emulsificação e quebra dos TCCs e TCMs.
O colesterol desempenha função estrutural, presente Após ingeridos, os lipídeos, ao alcançarem o duodeno,
nas membranas plasmáticas e organelas. estimulam a liberação de CCK, hormônio que promove o
estímulo à liberação de suco pancreáticas (rico em lipase)
Além disso, é constituinte de sais biliares, precursor de e ejeção de bile, após contração da vesícula biliar. A bile
vitamina D3 (colecalciferol) e precursor de hormônios promove emulsificação das gorduras, em gotículas
sexuais masculinos e femininos, além do cortisol e da menores, permitindo assim a ação da lipase pancreática
aldosterona. na camada aquosa da borda em escova.
25
Fig 14: Digestão de lipídeos.
As lipoproteínas são as moléculas de transporte de - Lipólise do tecido adiposo: Os TG do tecido adiposo são
lipídeos pelo organismo, de forma que quilomícrons mobilizados para produção de energia em diferentes
transportam os lipídeos dietéticos, o VLDL, rico em situações fisiológicas. A enzima lípase hormônio sensível,
triglicerídeos, transporta lipídeos endógenos. O IDL é presente nos adipócitos, é estimulada por glucagon,
remanescente do metabolismo de VLDL. Ao passo que o adrenalina, GH e cortisol, hidrolisando o TG e liberando
LDL e o HDL transportam colesterol. AG livres que serão transportados pela albumina até
fígado, coração e musculatura esquelética para sofrerem
Tabela 15: Tipos de lipoproteínas segundo CHEMIN & oxidação e gerarem energia.
MURA.
LIPOPROTEÍNA APOPROTEÍNA - Oxidação dos AG: A oxidação completa dos AG envolve
QM A1, B48, C2, E a beta-oxidação para a formação de Acetil-CoA, ciclo de
VLDL B100, C1, C2, C3, E Krebs e cadeia respiratória. Para ocorrer beta-oxidação
IDL B100, C1, C2, C3, E devem ocorrer as seguintes etapas:
LDL B100 1.ativação no citoplasma;
HDL2 A1, E, A4 2. passagem do AG ativado do citoplasma para a matriz da
HDL3 A1, A2, A4, C1, C2, C3, D, E mitocôndria, carreado pela carnitina;
Lp(a) B100, (a), C3, E 3. oxidação do acilCoA em Acetil-CoA.
26
ATENÇÃO - (DAN WAITZBERG)
LIPÍDEOS CONJUGADOS (COZZOLINO & COMINETTI
2013) Sua utilização não é possível pelas hemácias, que
não possuem mitocôndrias, nem pelos hepatócitos,
1. ÁCIDO LINOLÉICO CONJUGADO (CLA)
pois possuem enzimas que impedem sua oxidação.
O principal lipídio conjugado é o ácido linoleico
conjugado – CLA. Neste acido graxo, as duas duplas METABOLISMO DO COLESTEROL
ligações estão conjugadas. São encontrados naturalmente
em produtos cárneos e produtos lácteos obtidos de
ruminantes (bio-hidrogenação pelas bactérias do rúmen). A síntese do colesterol ocorre principalmente no fígado
(70% do colesterol endógeno), também ocorre no intestino,
Vários isômeros de CLA são encontrados, porém os de nas adrenais, ovários, testículos e placenta. A síntese
maior importância são p C18:2-cis9,trans11 e o C18:2- ocorre a partir do excesso de Acetil-CoA proveniente do
trans10,cis12. São considerados benéficos, pois possuem metabolismo de CHO e a insulina estimula a ação da
ação anticarcinogênica, antiaterogênica, hipotensores, HMG-CoA redutase (enzima que controla a primeira etapa
antioxidantes e antilipidogênicos. Não há consenso em da síntese de colesterol)
literatura sobre suas ações bem como doses
preconizadas para efeito benéfico. A principal via de excreção de colesterol é a biliar. Fibras
solúveis como pectina e medicações como a colestiramina
2. ÁCIDO ALFALINOLÊNICO CONJUGADO (CLNA) diminuem a reabsorção de sais biliares (chamado ciclo
entero-hepático) e aumentando a excreção de sais biliares
O ácido alfalinolênico conjugado é o termo dado aos nas fezes, deste modo, utiliza-se colesterol endógeno para
isômeros conjugados do C18:3 e refere-se a cinco a produção de novos sais biliares e tem-se a redução do
isômeros: ácido alfaoleostárico, ácido punícico, ácido colesterol.
calêndico, ácido jacárico e ácido catálpico. O ácido
punícico está presente nas sementes de romã (70% do O fígado passa a expressar mais receptores de LDL-C e
teor de óleos). Em estudos, esses ácidos têm sido deste modo reduz o LDL-C sérico, reduzindo o risco de
demonstrados com o potentes supressores de DCV.
crescimento de células tumorais. Parecem ser
incorporados pelas células animais, mas são necessários NECESSIDADES NUTRICIONAIS
mais estudos sobre suas ações.
Recomenda-se no mínimo 15% do VCT sejam
CORPOS CETÔNICOS provenientes de lipídeos em geral, porcentagem que deve
ser aumentada em 20% nas mulheres em idade
Nos mamíferos, o Acetil-CoA produzido pela oxidação reprodutiva. Indivíduos ativos não obesos podem obter até
de AG e pela quebra de AA cetogênicos pode ser 35% do VCT em gorduras totais, sem ultrapassar 10% de
convertido em corpos cetônicos, que serão utilizados como AGS. A ingestão de colesterol não deve ultrapassar
fonte de energia via ciclo de Krebs e cadeia respiratória 300mg/dia.
em outros tecidos.
Recomenda-se no mínimo 3% do VCT de ácidos graxos
O termo corpos cetônicos refere-se a 3 compostos: essenciais. Por riscos de toxicidade, recomenda-se no
acetona, beta-hidrobutirato e acetoacetato. máximo 10% do VCT de ácidos graxos polinsaturados.
A produção de corpos cetônicos pelo fígado ocorre em DAN WAITZBERG Recomendação da Associação
casos de jejum prolongado (superior a 12h), inanição, dieta Americana do Coração (AHA), para um indivíduo
com redução de CHO e DM1 não tratado.
saudável:
É uma via alternativa para fornecimento de energia. No
30% ou menos do VET, sendo:
jejum prolongado, a produção de corpos cetônicos é igual <10% de AGS (para doenças coronarianas, <7%);
ao seu gasto. O excesso de corpos cetônicos pode levar à 20 – 23% de AGPI e AGMI;
acidose, como acontece na cetoacidose diabética. <300mg de colesterol/dia.
Os corpos cetônicos economizam glicose obtida da Necessidades de AGE: 1 – 3%VCT, sendo 1 – 2% de w-6
gliconeogênese, privilegiando o gasto de gordura em (ácido linoléico) e 0,3 – 0,6 de w-3 (ácido alfa-linolênico).
relação à proteínas do corpo. Eles provêm da beta-
oxidação dos ácidos graxos e ocorre na mitocôndria dos CUPPARI (2014) A FAO/OMS recomenda uma relação
hepatócitos. de 10g de w-6 para cada grama de w-3 ou:
- w-6 3 - 12%VCT
São carreados pelo sangue e utilizados como fonte de - w-3 0,5 – 1,0% VCT
energia pelo coração, musculatura esquelética, cérebro
(passam a barreira hematoencefálica) e produzem 26
moléculas de ATP por corpo cetônico oxidado, saldo Razão w-6:w-3 deve situar entre 5 – 10:1 (KRAUSE), para
semelhante à glicose (32 ATPs). DAN WAITZBERG, essa relação pode ser 4 – 10:1!
27
Fig. 15: Considerações sobre AGCC.
Nomenclatura
Gordura saturada formada por até 4 carbonos
Principais representantes
Acetato, propionato, butirato (90-95%)
Isobutirato, valerato, isovalerato e caproato (5-10%)
Principais fontes
Fermentação de fibras, manteiga
Metabolismo
Produzido a partir da degradação bacteriana de carboidratos e proteínas da dieta. Os principais substrato fermentáveis do
cólon são amido e fibras e seus produtos, acetato/propionato/butirato, são produzidos em razão molar reativamente constante
de 60:25:15, respectivamente.
Absorvidos no jejuno, íleo, cólon e reto.
Função
Principal fonte de energia para o enterócito.
Estimulam a proliferação celular do epitélio e manutenção da integridade intestinal.
Aumentam o fluxo sanguíneo visceral e absorção de água, sódio e potássio na luz intestinal.
Deficiência
Diversos estudos epidemiológicos vem relacionando menor consumo de fibras (com consequente redução de AGCC) cm
incidência aumentada de doenças intestinais que incluem câncer, retocolite ulcerativa, doença de Crohn, apendicite e doença
diverticular.
Perspectiva de indicações
Estados de má-absorção com síndrome do intestino curto (SIC)
Em pacientes com uso de nutrição parenteral prolongada ou SIC, com perdas fecais importantes de água e sódio
Condições clínicas gerais onde a mucosa colônica encontra-se degenerada, colite por desuso, proteção de anastomoses
colorretais, colite ulcerativa refratária.
Prevenção de atrofia de mucosa colônica e nutrição parenteral, câncer colorretal e translocação bacteriana.
Recomendação
Para manutenção das funções intestinais, recomenda-se para adultos um consumo de fibras maior que 25/dia.
Contraindicações do uso rotineiro
Estudos em animais relataram que acúmulo excessivo de butirato pode aumentar a permeabilidade e a translocação de
acordo com a maturação do intestino.
28
Fig. 16: Considerações sobre TCM.
Características químicas
Gordura saturada formada por 6 a 12 átomos de carbono
Principais representantes
Ácidos caproico, caprílico, câprico e láurico
Principais fontes
Cocô, babaçu, amêndoa, leite (baixa quantidade).
Metabolismo
Dispensam a presença da lipase pancreática e de sais biliares para sua absorção intestinal.
Transporte pela veia porta com rápido clareamento plasmático, por não se ligar à albumina.
Independem do transporte por carnitina para serem ativados na matriz mitocondrial.
Destinam-se principalmente à beta-oxidação com elevada formação de corpos cetônicos, que são oxidados em tecidos
periféricos.
Não se armazenam no fígado ou no tecido adiposo.
Função
Rápida fonte energética.
Podem atuar positivamente na manutenção do balanço nitrogenado.
Auxiliam a incoporção de ácidos graxos ômega-3 pelos tecidos extra-hepáticos.
Deficiência
Ainda não há relatos.
Perspectiva de indicações
Cirrose biliar primária, atresia biliar ou obstrução dos ductos biliares.
Fibrose cística do pâncreas, insuficiência pancreática crônica.
Síndrome do intestino curto, doença celíaca, de Crohn, de Whipple e sprue tropical.
Linfangiectasia intestinal, obstrução linfática, fístulas.
Abetalipoproteinemias, hipobetalipoproteinemia.
Estresse cirúrgico, câncer, desnutrição.
Recomendação
Oral: suplementação
Enteral: como única fonte energética não deve ultrapassar 17% do valor energética total. Fórmulas 20 a 60 g de TCM/dia em
substituição parcial a AG cadeia longa.
Parenteral: infusão até 2,0 kacal/kg/hora. Emulsões lipídicas contendo 50 ou 30 % de TCM em sua formulação.
Contraindicação de uso rotineiro
Diabetes.
Desnutrição.
Cirrose hepática.
Acidose.
29
Fig. 17: Considerações sobre ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa – W3 e W6.
Características químicas
Gordura poli-insaturada contendo longa cadeia carbônica (mais de 12 carbonos), com a primeira dupla ligação presente entre
o terceiro e o quarto carbono.
Principais representantes
ômega-3: ácido alfa-linolênico, ácido eicosapentaenoico, ácido docosapentaenoico, ácido docosaexaenico, eicosanides (série
ímpar).
ômega-6: ácido linoleico, ácido gama-linolênico, ácido dihomo-gama-linolênico, ácido araquidônico e eicosanoides (série par).
Principais fontes
w-3: Óleos de peixe, linhaça e de canola; peixes de água fria (salmão, truta, sardinha, arenque). w-6: Óleos de açafrão, soja,
milho, algodão e de girassol.
Metabolismo
Sofrem hidrólise pela enzima lipoproteína lipase no tecido adiposo e muscular.
Os ácidos graxos livres são transportados pelo sangue, ligados à albumina, ou sã captados e reesterificados a triglicérides nos
tecidos adiposo e muscular.
Dependem da carnitina para oxidação na mitocôndria.
São metabolizados no fígado (principalmente) e no tecido adiposo, de onde são transportados na forma de VLDL.
Função
Componentes celulares (fluidez e funções de membrana) e fosfolípides plasmáticas.
Precursores eicosanoides (prostaglandinas e leucotrienos). Cofatores enzimáticos.
Modulação do sistema imunológico.
Deficiência
Ômega-6: lesões de pele, anemia, aumento da agregação plaquetária, trombocitopenia, esteatose hepática, retardo da
cicatrização, aumento da susceptibilidade a infecções e, em crianças, retardo do crescimento e diarreia.
Ômega-3: sintomas neurológicos, redução da acuidade visual, lesões de pele, retardo do crescimento, diminuição da
capacidade de aprendizado e eletrorretinograma anormal.
Perspectiva de indicações
Cirrose biliar primária, atresia biliar ou obstrução dos ductos biliares.
Fibrose cística do pâncreas, insuficiência pancreática crônica.
Síndrome do intestino curto, doença celíaca, de Crohn, de Whipple e sprue tropical.
Linfangiectasia intestinal, obstrução linfática, fístulas.
Abetalipoproteinemias, hipobetalipoproteinemia.
Estresse cirúrgico, câncer, desnutrição.
Recomendação
Oral: 1-3% das calorias totais com ácido graxo essencial, 1-2% do valor calórico total (VCT) de õmega-6 e 0,5-0,6% do VCT
de ômega-3. Parenteral: infusão até 2,0 kcal/kg/hora.
Toxicidade
Ingestão de AGE superior a 15% do valor calórico total.
Alteração do metabolismo dos TCL, influenciado a produção de mediadores como prostaglandinas e leucotrienos.
Estresse oxidativo diretamente relacionado ao grau de instauração do TG (associado à peroxidação lipídica, principalmente se
houver deficiência de vitamina E- antioxidante).
Imunossupressão (excesso de ômega-6).
30
Fig. 18: Considerações sobre ácidos graxos monoinsaturados – W9.
Principais fontes
Óleo de oliva, canola, açafrão e amendoim. No óleo de oliva, predomina o ácido oleico, além do alto teor de alfa tocoferol,
isômero ativo de vitamina E.
Metabolismo
Sofrem hidrólise pela enzima lipoproteína lipase no tecido adiposo e muscular.
Os ácidos graxos livres são transportados pelo sangue, liados à albumina, ou são captados e reesterificados a triglicérides nos
tecidos adiposo e muscular.
Dependem da carnitina para oxidação na mitocôndria.
São menos susceptíveis à peroxidação lipídica que os ácidos graxos de cadeia longa poli-insaurados, por apresentarem
somente uma dupla ligação em sua estrutura molecular.
Função
Estão associados à redução de incidência de doenças cardíacas.
Não participaram da síntese de eicosanoides, tendo pouco impacto ou impacto neutro sobre funções imunológicas.
Deficiência
Ainda não há relatos.
Perspectivas de indicação
Diabetes, câncer e hiperlipedemia.
Recomendação
Devem perfazer 80% do total de gordura ingerido, segundo recomendações da American Heart Association.
Toxidade
Ainda não há relatos.
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NECESSIDADES DE MACRONUTRIENTES
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