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1 INTRODUÇÃO
2 METODOLOGIA
De acordo com o documento (BRASIL, 2017), a Base Nacional Comum Curricular, foi
idealizada desde documentos anteriores como: a Constituição de 1988, Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional - LDB de 1996, e o Plano Nacional de Educação - PNE de 2014.
Sua implementação passou por um processo de construção orientada por vários especialistas
de cada área do conhecimento, profissionais de ensino e da sociedade civil.
Elaborada pelo Ministério da Educação (MEC) em parceria com Conselho Nacional de
Educação (CNE), a BNCC é uma sistematização de conteúdos básicos de cada área do
conhecimento que devem ser abordados ao longo de toda a educação básica. Ela é a
implementação de uma política pública educacional incentivada pelo Governo Federal para
garantir o direito à educação básica de qualidade, trata-se de uma sistematização de
conhecimentos básicos que devem ser privilegiados em todo o âmbito da educação pública ou
privada pois, estabelece padrões mínimos de quais conhecimentos devem ser adquiridos ao
longo da educação básica. Conforme observa-se:
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo
que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens especiais que todos
os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação
Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e
desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de
Educação (PNE). Este documento normativo aplica-se exclusivamente a educação
escolar, tal como a define o § 1º do Artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB, Lei nº 9394/1996), e está orientado pelos princípios
éticos, políticos e estéticos que visam à formação humana integral e à construção de
uma sociedade justa, democrática e inclusiva, como fundamentado nas Diretrizes
Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN). (BRASIL, 2017, p.7).
De acordo com o documento, o que se espera, na verdade é que a BNCC sirva de
referencial para formulação dos currículos das redes escolares dos estados e municípios no
Brasil, espera-se ainda que ela contribua para a proposição de formações de professores,
avaliações e elaboração de conteúdos educacionais, e que seja um parâmetro de alinhamento
entre as proposituras do governo federal, estadual e municipal, no que tange à educação
(BRASIL, 2017).
As propostas da Base Nacional Comum Curricular fazem emergir uma reflexão sobre: o
que ensinar, para quem ensinar, como ensinar, como possibilitar redes de aprendizagem e
como avaliar. O documento revela a necessidade de uma nova concepção de educação, e
elucida a preocupação com a formação humana, transformação social e aquisição de valores.
Segundo o documento, a educação deve estar focada no desenvolvimento humano global,
considerando aspectos como: a complexidade, singularidade e diversidade humana.
Para isso, o documento implementa o desenvolvimento de competências que devem ser
priorizadas durante a educação escolarizada:
Na BNCC, competência é definida como a mobilização de conhecimentos
(conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais),
atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno
exercício da cidadania e do mundo do trabalho. (BRASIL, 2017, p.8)
O desenvolvimento de competências proposto pela BNCC deve orientar toda ação
pedagógica do professor, de modo que todo conhecimento adquirido no contexto educacional
favoreça a formação crítica: a construção de valores, habilidades e atitudes capazes de
impactar no cotidiano sociocultural. Os conhecimentos aprendidos devem ter uma implicação
na vida do estudante em processo de formação, inserindo-os ativamente e intencionalmente a
realidade contemporânea. Trata-se de efetivar o estudante como ser ativo no mundo em que
vive, capaz de relacionar-se, de superar desafios e obstáculos, exercer com autonomia sua
criatividade e criar inovação, buscar o conhecimento e aplicá-lo em seu cotidiano.
As dez competências listadas pela BNCC, e que devem ser desenvolvidas durante a
educação básica, sugerem um processo de formação pautado na construção de conhecimentos,
no desenvolvimento de habilidades e na formação de atitudes e valores (BRASIL, 2017). A
base evidencia uma necessidade de transformação e inovação, não só do processo
educacional, mas, de toda a sociedade contemporânea. Ao implementar a BNCC, o governo
federal busca acompanhar esse movimento e conceder à educação o dinamismo, a
contextualização e o desenvolvimento necessário para um ensino que transponha as paredes
da escola e transforme todos os que estão envolvidos neste processo.
De acordo com os pressupostos estabelecidos pela BNCC, toda mediação didática dos
conteúdos da educação física deve estar vinculada ao desenvolvimento das habilidades
necessárias a cada unidade temática bem como ao desenvolvimento das competências
específicas da Educação Física. Para orientar, este processo o documento implementa as
dimensões do conhecimento, como aspectos que devem ser abordados e privilegiados durante
o ensino. Conforme Brasil (2017), as dimensões do conhecimento são:
A partir da análise da bibliografia levantada para este estudo constatamos que são poucas
as investigações dedicadas ao estudo da Base Nacional Comum Curricular, e menor ainda o
número de material publicado vinculando a BNCC ao ensino de Educação Física. A maior
parte dos documentos levantados e analisados datam do período em que a BNCC estava em
construção, apenas um artigo encontrado foi elaborado após a instauração da versão oficial do
documento em dezembro de 2017.
Isso nos permite constatar que ainda não há uma forma eficiente de avaliar os impactos
dessa documentação no processo de educação. Entendemos que, para que isso seja possível,
será necessário aguardar um tempo para que as concepções e pressupostos estabelecidos pela
base comecem a orientar e compor os currículos educacionais, bem como ação docente. Fato
este que nos expõe ao risco de que o documento seja incorporado como manual e assuma o
papel de currículo. Para além desta preocupação, por hora cabe debater e analisar as
implicações do documento para o âmbito educacional.
Assim como toda ação no âmbito educacional a Base Nacional Comum Curricular
apresenta fortes concepções políticas e de embasamento teórico que sustentam suas
perspectivas, contudo, esse não é um fato negativo. As concepções apresentadas no
documento sugerem um modelo de ação e intervenção do professor na qual o principal
objetivo é desenvolver capacidades e habilidades que venham preparar o estudante em
formação principalmente para o mundo do trabalho. Neira (2018) aponta que o documento
lançado pelo Governo Federal está encharcado de concepções políticas que promovem
eminentemente concepção neoliberal.
A BNCC deve ser reconhecida como documento norteador para a elaboração dos
currículos educacionais e não como manual. Ao elaborar os currículos, orientando-nos pela
BNCC, precisamos refletir sobre quais concepções de ensino estarão alicerçados os nossos
currículos escolares e como, por meio deles, poderemos efetivar a formação de um sujeito que
compreende sua realidade social e às transforma.
Ao implementar a BNCC o propósito era: “(...) construir um documento que pudesse ser
tomado como texto orientador para elaboração de propostas curriculares municipais ou
estaduais, das redes privadas, bem como os projetos pedagógicos das escolas” (NEIRA &
SOUZA JÚNIOR, 2016, p. 189). O objetivo do governo federal ao elaborar a BNCC consistia
em estabelecer parâmetros para orientar a elaboração dos currículos das escolas de educação
básica. O documento elenca uma sugestão de conteúdos e objetivos educacionais os quais
devem ser analisados e implementados de acordo com o contexto de cada realidade escolar.
Segundo os autores, cabe ao professor no processo de elaboração dos currículos selecionar os
conteúdos e os objetivos de ensino propostos pela base que coadunam com as concepções e
intenções educativas da escola.
O documento avança no sentido de propiciar aos professores um rol de conhecimentos
que devem compor o processo de formação e sinalizar aspectos que devem ser privilegiados
(dimensões do conhecimento). O ensino deve estar pautado nas características e nos contextos
que compõem a nossa sociedade e vinculados à nossa realidade. Nesse sentido, Boscatto,
Impolcetto e Darido (2016) evidenciam que as peculiaridades regionais devem ser
consideradas e valorizadas no processo de elaboração dos currículos voltando a educação às
características e contextos de cada região do país, aproximando o estudante do contexto no
qual ele está inserido.
A leitura da BNCC, nos permite a seguinte análise: apesar de toda sua elaboração ser
justificada na implementação da formação reflexiva para o exercício da cidadania e como
forma de preparação para o avanço social; as concepções defendidas para a aquisição de
competências e as dimensões do conhecimento priorizadas pela base revelam uma realidade
que pode ser divergente e que se aproximam do ensino em conformidade com os paradigmas
tradicionais.
A concepção de educação revelada na BNCC não acompanha as necessidades complexas
da sociedade contemporânea, o modelo de ensino adotado pelo documento sugere um
retrocesso no âmbito na promoção de uma formação crítica e autônoma. A BNCC apresenta
as orientações para elaboração dos currículos educacionais, contudo, não apresenta um
embasamento teórico consistente para sustentar suas propostas. Falta assumir uma postura de
qual concepção de educação se espera e vincular toda sua elaboração (objetivos, princípios
didáticos, conteúdos) a esta concepção. Neira (2018) afirma que ao tentar justificar suas
opções e defender suas ideias, o processo de elaboração do documento foi incoerente, por
apoiar-se em diferentes concepções teóricas vinculadas a educação. Segundo ele, é necessário
sim que tenha um documento para orientar a elaboração dos currículos educacionais, contudo,
esse documento deveria ter uma consistência teórica, o que não ocorreu com a BNCC.
Quando pensamos em um modelo de ensino que supere os paradigmas tradicionais para
promover a educação de uma forma crítica é necessário ir além do que o documento propõe. É
necessário considerar a complexidade e globalidade do mundo contemporâneo e buscar a
construção do conhecimento científico, explorar seu caráter técnico, fazer a transposição da
prática do conhecimento e estabelecer relações que possibilitem a transformação social e a
ação cidadã.
Martinelli et. al (2016) relata que o documento evidencia a supervalorização da
subjetividade em detrimento da objetividade. Ambas são essenciais para o desenvolvimento
educacional de modo que o processo deve estar focado não somente na subjetividade do
estudante, mas a considerar também a relevância do professor enquanto mediador do
conhecimento. Nessa linha de raciocínio é importante reconhecer que não basta apenas a
vivência e experimentação prática, a apropriação do conhecimento deve ser considerada e ser
parte constituinte do processo de formação. No campo da Educação Física, isso significaria
não retroceder aos modelos de ensino que primam exclusivamente pela reprodução técnica ou
prática lúdica em detrimento da produção do conhecimento científico. A produção e
apropriação do conhecimento científico deve acontecer por meio do movimento e para o
movimento.
Ao considerar a Educação Física, como área de linguagens a BNCC abre uma brecha para
uma visão equivocada, na qual reconhecer signos e gestos, ser capaz de reproduzi-los e de os
decodificar seria suficiente para o processo de formação. Essa formatação pode remeter uma
concepção tradicional de ensino da Educação Física que a desvincula da construção de
conhecimentos. Ao observamos no documento (BRASIL, 2017, p.63). veremos que dos
objetivos propostos para a área de linguagens, todos os eles refletem uma preocupação com a
exploração, utilização e desenvolvimento da linguagem como forma de relacionar-se com o
mundo e produzir capacidade de interação social, apenas um dos objetivos propostos sinaliza
a preocupação com o conhecimento que emerge da própria linguagem.
A BNCC também reforça essa ideia ao conceituar a Educação Física apresentando-a
como “componente curricular que tematiza as práticas corporais em suas diversas formas de
codificação e significação social [...]” (BRASIL, 2017, p.211). Ao reler de forma criteriosa o
texto que conceitua a Educação Física, fica evidente uma visão que remete à aspectos
característicos dos paradigmas tradicionais do ensino. O documento vincula as práticas
corporais como forma de linguagem e de expressão, a construção e apropriação de
conhecimentos aparece apenas em segundo plano e como consequência do processo.
O documento reflete um desequilíbrio entre a construção do conhecimento e a
vivência/experimentação das práticas corporais. A BNCC apresenta essas duas esferas,
contudo, ao analisar o documento verifica-se uma priorização sobre os aspectos referentes às
práticas corporais em detrimento da apropriação e construção do conhecimento. Desse modo,
revela-se um contexto em que a vivência das práticas corporais de forma lúdica por si só já
garantiria o sucesso da Educação Física escolar.
Partindo da premissa de uma concepção crítica de educação é necessário que haja um
equilíbrio e uma relação direta entre construção de conhecimento e vivência. O ensino da
Educação Física deve ser permeado pela apropriação de construção de conhecimentos
científicos, hora por meio da exploração e vivência de gestos técnicos, hora por meio de
construções e relações conceituais, sem que uma esteja em detrimento da outra. A mediação
do professor deve favorecer este equilíbrio, bem como, por meio dele estabelecer relações,
construções e ressignificações da vida cotidiana.
Para superar os modelos de ensinos fundamentados nas teorias não críticas, seria
necessário que a BNCC veiculasse em sua proposta uma postura crítica de educação
manifesta no campo teórico-metodológico capaz de objetivar de forma sistemática e com
rigor seus lastros por um ensino emancipatório frente às amarras trazidas pela vertente
tradicional.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017.
SAVIANI, D. Escola e Democracia. 42. ed. Campinas SP: Autores Associados: 2012.