O ENSINO DE HISTÓRIA: UMA ESCOLHA PELA EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS EM GUARAPUAVA
Wilian Junior Bonete (Graduando em História UNICENTRO) Profª. Marion
Regina Stremel (Orientadora), e-mail: marion_regina@yahoo.com.br
Universidade Estadual do Centro-Oeste / Setor de Ciências Humanas,
Letras e Artes (SEHLA.).
Palavras-chave: Ensino de história, Educação de Jovens e Adultos,
Metodologia de ensino.
Resumo:
Esta pesquisa tem como objetivo analisar as metodologias e as práticas do
ensino de história na Educação de Jovens e Adultos (EJA), em Guarapuava. Para tanto, serão utilizados como fonte de pesquisa, as diretrizes curriculares do estado do Paraná, os materiais didático-pedagógicos de que fazem uso professores e alunos nesta modalidade de ensino.
Introdução
Cada vez mais a discussão sobre as novas práticas e métodos do
ensino de história tem aumentado entre historiadores, professores e pesquisadores, porém nota-se que tais pesquisas realizam-se com maior freqüência nas séries iniciais e no ensino fundamental e médio regulares. Percebe-se o fato de que poucos trabalhos são disponibilizados sobre o ensino de história na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Os professores de história atualmente apontam algumas dificuldades de seus alunos em compreender os textos e conteúdos trabalhados em sala de aula. No ensino de Jovens e Adultos as dificuldades não são diferentes, os professores encontram-se frente ao desafio da apreensão do conhecimento histórico por estes alunos que carregam em sua trajetória de vida marcas de exclusão social, condicionando de certa forma as suas possibilidades de aprendizagem neste modo de escolarização (MELLO, JUSTO, MARQUES 2006). Considerando o contexto da exclusão social, é necessário compreender que os alunos da EJA vivenciam problemas constantes como o preconceito, a vergonha e a discriminação tanto na vida familiar como na sociedade de maneira geral. Este aluno traz em sua jornada de vida marcas das quais o professor não deve deixar de lado ao exercer sua prática docente em sala de aula. Freire (1983, p.39) afirma que para o homem, o mundo é uma realidade objetiva, independente dele, portanto possível de ser conhecida. O homem é um ser de relações e não apenas de contatos, não está apenas no
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26 a 30 de outubro de 2009 mundo, mas, com o mundo. Estar no mundo e fazer parte dele implicam na sua abertura para a realidade que o faz ser o ente das relações que é. Por este aspecto o homem deve ser entendido como o sujeito da história e não apenas um objeto de manipulação. Entende-se que a educação além de ser necessária, se faz presente em todos os aspectos da formação social e o motivo básico é: a manutenção da vida humana e da sociedade constituída. Pela educação é possível então o homem fazer uma leitura crítica de mundo. A escolha da disciplina de História é digna de pesquisa devido ao fato de que ela carrega em si um potencial que pode proporcionar ao aluno o entendimento e compreensão desta sociedade em que está inserido. (AMARO 2009) A sala de aula não é apenas um espaço de transmissão de informações, mas sim um lugar de relações, onde os interlocutores constroem sentidos. Ensinar história em sala de aula é dar ao aluno as condições necessárias para que ele participe do processo do fazer e do construir história. (SCHIMIDT 2002). Nesta perspectiva, deve haver uma preocupação maior, por parte do professor, ao elaborar suas aulas. Deve primeiramente procurar entender, respeitar e refletir sobre quem é este aluno da EJA e que sentido a história o pode ter. Não se deve esquecer que este aluno não é uma criança, portanto, a forma de construção do conhecimento apesar de semelhante, deve ser levada em consideração ás especificidades do adulto. Com esta preocupação, pode-se tomar como legítimo o desenvolvimento deste projeto de pesquisa, que visa analisar as metodologias e práticas empregadas no ensino de História na Educação de Jovens e Adultos. Através da análise das diretrizes curriculares do estado do Paraná, dos materiais didático-pedagógicos de que fazem uso professores e alunos nesta modalidade de ensino, bem como de observações das práticas dos professores em sala de aula com o objetivo de perceber a forma trabalhada dos conteúdos históricos, como os alunos apreendem esse conhecimento e qual a sua visão de mundo frente aos processos de exclusão presentes na sociedade. Para a primeira parte desta pesquisa, foi selecionada uma escola que oferta a modalidade EJA de ensino na cidade de Guarapuava: o Colégio Antônio Tupy Pinheiro. Tendo em vista que as aulas são fontes principais, estão sendo feitas observações das aulas de História em uma turma do ensino fundamental. As observações seguirão até o fim do ano letivo de 2009. A segunda parte da pesquisa consistirá na análise de outras fontes selecionadas que são: DCE (Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos) disponibilizadas pela Secretaria do Estado e Educação do Paraná; PCN de História (Parâmetros Curriculares Nacionais) e o PPP (Projeto Político Pedagógico) do colégio. Pretende-se através destes
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26 a 30 de outubro de 2009 documentos perceber a forma em que a disciplina de História é proposta para a modalidade EJA. Em consideração ao pouco material historiográfico a respeito da disciplina de História na Educação de Jovens e Adultos, é de pretensão desta pesquisa, contribuir para a historiografia acerca do ensino de história na categoria Jovens e Adultos, bem como proporcionar reflexões acerca do tema que possam colaborar com a discussão sobre a ação docente, encaminhando o estudo na busca de propostas alternativas, que correspondam às questões emergenciais do processo ensino e aprendizagem, com vistas à melhoria da qualidade educativa.
Referências
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Reflexões e Aprendizados. Campinas, São Paulo Papirus,2003.
Freire, P. Educação como Prática da Liberdade. 14º Ed. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1983.
Haddad, S. Di Pierro, M.C. Escolarização de Jovens e Adultos. Revista
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Haddad, S. (Coord.). Educação de Jovens e Adultos no Brasil (1986-
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Mello, D.T., Justo J.C.R., Marques, R.P. Contextos de Formação de
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Schimidt, M.A. A Formação do Professor de História e o Cotidiano da
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