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03/11/13 Existe um lugar para a Arte, no Calvinismo?

- Abraham Kuyper

Existe um lugar para a Arte, no Calvinismo?


por

Abraham Kuyper

[...]

O Calvinismo não Criou Estilo Próprio Exatamente por seu


Estágio Superior de Desenvolvimento Religioso

Assim, por si só, deve ser negada a possibilidade que um estilo de


arte próprio possa originar-se independentemente da religião; mas
mesmo se fosse de outro modo, e este é meu segundo argumento,
ainda seria ilógico exigir do Calvinismo uma tendência secular como
esta. Pois, como vocês podem desejar que um movimento de vida,
que encontrou a fonte de seu poder na acusação de todos os homens
e de toda vida humana perante a face de Deus, tivesse visto o
impulso, a paixão e a inspiração para sua vida fora de Deus em um
campo tão excessivamente importante como este das poderosas
artes? Portanto, não resta nenhuma sombra de realidade na
reprovação desdenhosa de que a não criação de um estilo
arquitetônico próprio é uma prova conclusiva da pobreza artística do
Calvinismo. Somente sob os auspícios de seu princípio religioso o
Calvinismo poderia ter criado um estilo de arte geral e exatamente
porque tinha alcançado um estágio muito mais alto de
desenvolvimento religioso, seu próprio princípio proibia a expressão
simbólica de sua religião em formas visíveis e sensoriais.

Existe um Lugar para Arte, no Calvinismo?

Por isso, a questão deve ser formulada de modo diferente. E isso nos
conduz ao nosso segundo ponto. A questão não é se o Calvinismo
com seu ponto de vista superior produziu o que não era mais
permitido criar, a saber, um estilo de arte geral próprio dele, mas
qual interpretação sobre a natureza da arte flui de seu princípio.
Em outras palavras, há na biocosmovisão do Calvinismo um lugar
para a arte, e se sim, qual lugar? Seu princípio é oposto a arte, ou,
se julgado pelos padrões do princípio calvinista, um mundo sem arte
perderia uma de suas esferas ideais? Eu não falarei agora do abuso,
mas simplesmente do uso da arte. Em cada campo, a vida é obrigada
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a respeitar as dimensões desse campo. A transgressão dos domínios


dos outros é sempre ilegal; e nossa vida humana atingirá sua mais
nobre harmonia somente quando todas as suas funções cooperarem
na justa proporção para nosso desenvolvimento geral. A lógica da
mente não pode desprezar os sentimentos do coração, nem o amor
pela beleza deveria silenciar a voz da consciência. Por mais santa
que a Religião possa ser, ela deve guardar-se dentro de seus próprios
limites, para que não se degenere em superstição, insanidade ou
fanatismo ao atravessar suas linhas. E, do mesmo modo, a tão
exuberante paixão pela arte que despreza o sussurro da consciência,
deve resultar num desacordo desagradável completamente diferente
do que os gregos exaltavam em seus kalokagathos.[1]

Calvino se Opôs ao Uso Ilegítimo da Arte

O fato, por exemplo, de que o Calvinismo se dispôs contra toda


diversão ímpia com a honra da mulher, e estigmatizou toda forma
de prazer artístico imoral como uma degradação, encontra-se
portanto fora de nosso alcance. Tudo isto denuncia adequadamente o
abuso, embora não tenha qualquer peso quanto a questão do uso
legítimo. E o próprio Calvino não se opôs ao uso legítimo da arte,
mas encorajou e até mesmo recomendou, como suas próprias
palavras prontamente provam. Quando a Escritura menciona a
primeira aparição da arte nas tendas de Jubal, que inventou a harpa
e o órgão, Calvino recorda-nos enfaticamente que esta passagem
trata dos “excelentes dons do Espírito Santo”. Ele declara que,
quanto ao instinto artístico, Deus tinha enriquecido Jubal e sua
posteridade com raros dons naturais. E, abertamente, declara que
esses poderes inventivos da arte são o mais evidente testemunho do
favor divino. Ele declara mais enfaticamente ainda, em seu
comentário sobre Êxodo, que “todas as artes vêm de Deus e devem
ser consideradas como invenções divinas”.

As Artes Procedem do Espírito Santo

Segundo Calvino, nós devemos estas coisas preciosas da vida natural


originalmente ao Espírito Santo. Em todas as Artes Liberais, tanto nas
mais como nas menos importantes, o louvor e a glória de Deus
devem ser acentuadas. As artes, diz ele, foram dadas para nosso
conforto, nesse nosso estado deprimido de vida. Elas reagem contra
a corrupção da vida e da natureza pela maldição. Quando seu colega,
o Prof. Cop, levantou armas em Genebra contra a arte, Calvino
propositadamente instituiu medidas, como ele escreve, para

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restaurar esse homem louco ao bom senso e a razão. Calvino declara


ser indigno de refutação o preconceito cego contra a escultura com
base no Segundo Mandamento. Ele exalta a música como um poder
maravilhoso para comover corações e para dignificar tendências e
princípios morais. Entre os excelentes favores de Deus para nossa
recreação e prazer, ela ocupa em sua mente o posto mais alto. E
mesmo quando a arte se rebaixa para tornar-se o instrumento de
mero entretenimento para o povo, afirma que este tipo de prazer
não lhe deveria ser negado.

Em vista de tudo isto, podemos dizer que Calvino apreciava a arte


em todas as suas ramificações como um dom de Deus, ou mais
especialmente, como um dom do Espírito Santo; que ele entendeu
plenamente os profundos efeitos produzidos pela arte sobre a vida
das emoções; que ele apreciava o fim pelo qual a arte fora dada, a
saber, que por ela poderíamos glorificar a Deus, dignificar a vida
humana, e beber na mais alta fonte de prazeres, sim até mesmo no
esporte comum; e, finalmente, que longe considerar a arte como
simples imitação da natureza, ele lhe atribuiu a nobre vocação de
desvendar para o homem uma realidade mais alta do que foi
oferecida a nós pelo mundo pecaminoso e corrupto.

A Arte Revela uma Realidade Superior à Oferecida pelo Mundo

Ora, se isso implicava em nada mais que a interpretação pessoal de


Calvino, certamente seu testemunho não teria valor conclusivo para
o Calvinismo em geral. Mas quando observamos que o próprio
Calvino não era artisticamente desenvolvido, e que por isso ele
deve ter inferido seu breve sistema de Estética [2] de seus
princípios, ele pode ser reconhecido como tendo exposto a
consideração calvinista sobre a arte como tal. Para ir direto ao
coração da questão, comecemos com a última declaração de
Calvino, a saber, que a arte revela para nós uma realidade mais alta
do que é oferecida por este mundo pecaminoso.

Vocês estão familiarizados com a questão, já mencionada, se a arte


deveria imitar a natureza ou se deveria transcendê-la. Na Grécia
uvas eram pintadas com tal precisão que os pássaros eram iludidos
por sua aparência e tentavam comê-las. E esta imitação da natureza
parece ter sido o ideal maior da escola Socrática. Aqui, encontra-se
a verdade muitas vezes esquecida pelos idealistas, de que as formas
e relações exibidas pela natureza são e sempre devem ser as formas
e relações fundamentais de toda realidade atual, e uma arte que não
observa as formas e movimentos da natureza nem escuta seus sons,

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mas arbitrariamente gosta de flutuar acima dela, se degenera num


bárbaro jogo de fantasia.

Mas por outro lado, toda interpretação idealista da arte deveria ser
justificada em oposição à puramente empírica, sempre que a
empírica confina sua tarefa a mera imitação. Por isso, muitas vezes
é cometido na arte o mesmo equívoco cometido pelos cientistas
quando limitam sua tarefa científica à mera observação, computação
e relatório acurado dos fatos. Pois do mesmo modo como a ciência
deve subir dos fenômenos para a investigação de sua ordem
inerente, a fim de que o homem, enriquecido pelo conhecimento
desta ordem, possa reproduzir espécies de animais, flores e frutos
mais nobres do que a própria natureza poderia produzir, assim a
vocação da arte é, não simplesmente observar cada coisa visível e
audível, a fim de apreendê-la e reproduzi-la artisticamente, mas
muito mais, descobrir naquelas formas naturais a ordem da beleza, e
enriquecido por este conhecimento superior, produzir uma beleza
mundial que transcende a beleza da natureza.

O Calvinismo Compreendeu a Influência do Pecado

Isto é o que Calvino afirmou: a saber, que as artes exibem dons que
Deus colocou à nossa disposição, agora que a verdadeira beleza fugiu
de nós como triste conseqüência do pecado, a verdadeira beleza
fugiu de nós. Sua decisão aqui depende inteiramente de sua
interpretação do mundo. Se vocês consideram o mundo como a
realização do bem absoluto, então não há nada superior, e a arte não
pode ter outra vocação senão copiar a natureza. Se, como o
panteísta ensina, o mundo segue da imperfeição para a perfeição por
um processo lento, então a arte torna-se a profecia de uma fase
adicional da vida por vir. Porém, se vocês confessam que o mundo
outrora foi belo, mas que pela maldição tornou-se desfeito e por
uma catástrofe final deve passar para seu pleno estado de glória,
superando até mesmo a beleza do paraíso, então a arte tem a tarefa
mística de lembrar-nos, em suas produções, da beleza que foi
perdida e de antecipar seu perfeito brilho vindouro. Este último
caso mencionado é a confissão calvinista. O Calvinismo
compreendeu, mais claramente do que Roma, a influência horrenda
e corruptora do pecado; isto o levou a maior apreciação da natureza
do paraíso na beleza da justiça original; e guiado por esta
encantadora recordação o Calvinismo também profetizou uma
redenção da natureza exterior, a ser realizada no reino da glória
celestial. A partir deste ponto de vista, o Calvinismo honrou a arte
como um dom do Espírito Santo e como uma consolação em nossa
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vida atual, habilitando-nos a descobrir em e atrás desta vida


pecaminosa um pano de fundo mais rico e mais glorioso.
Considerando as ruínas desta criação outrora tão maravilhosamente
bela, para o calvinista a arte chama a atenção tanto para as linhas do
plano original ainda visíveis quanto, o que é ainda melhor, para a
esplêndida restauração pela qual o Supremo Artista e Construtor
Mestre um dia renovará e até mesmo intensificará a beleza de sua
criação original.

A Arte não Pode Originar-se do Diabo

Portanto, se a interpretação pessoal de Calvino concorda


inteiramente com a confissão calvinista sobre este ponto principal, o
mesmo se aplica ao próximo ponto em questão. Se para o Calvinismo
a soberania de Deus é e continua sendo seu imutável ponto de
partida, então a arte não pode originar-se do Diabo; pois Satanás é
destituído de todo poder criativo. Tudo que ele pode fazer é abusar
das boas dádivas de Deus. Nem pode originar-se com o homem,
pois, sendo ele mesmo uma criatura, o homem não pode senão
empregar os poderes e dons colocados por Deus à sua disposição. Se
Deus é e continua sendo soberano, então a arte não pode produzir
nenhum encantamento exceto de acordo com as ordenanças que
Deus ordenou para a beleza, quando ele, como o Supremo Artista,
chamou este mundo à existência.

Deus Soberano Confere os Dons Artísticos

E além disso, se Deus é e continua sendo soberano, então ele


também confere estes dons artísticos a quem ele quer,
primeiramente, então, à posteridade de Caim e não a de Abel; não
como se a arte fosse Cainita, mas a fim de que aquele que pecou
contra os mais altos dons devesse ao menos, como Calvino tão
belamente disse: nos menores dons da arte receber algum
testemunho do favor Divino. Esta habilidade e capacidade artística
como tal, pode ter lugar na natureza humana, nós a devemos à nossa
criação segundo à imagem de Deus. No mundo real, Deus é o Criador
de todas as coisas; o poder de produzir coisas realmente novas é seu
somente, e portanto continua a ser sempre o artista criador. Como
Deus, somente ele é o original, nós somos apenas os portadores de
sua Imagem.

Nossa capacidade para criar segundo ele e segundo o que ele criou,
pode consistir somente na criação imaginária da arte. Assim nós, à
nossa maneira, podemos imitar o trabalho manual de Deus. Nós
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criamos um tipo de cosmos em nosso monumento Arquitetônico;


embelezamos formas da natureza na Escultura; em nossa Pintura
reproduzimos a vida, animada por linhas e cores; transfundimos as
esferas místicas em nossa Música e em nossa Poesia. E tudo isto
porque a beleza não é o produto de nossa própria fantasia, nem de
nossa percepção subjetiva, mas tem uma existência objetiva, sendo
ela mesma a expressão de uma perfeição Divina.

Arte e a Criação

Após a criação, Deus viu que tudo era bom. Imagine que cada olho
humano fosse fechado e cada ouvido humano tapado, ainda assim a
beleza permanece, e Deus a vê e a ouve, pois, não somente “seu
eterno poder”, mas igualmente sua “divindade”, desde o momento
da criação têm sido percebidos em sua criação, tanto espiritual
como corporalmente. Um artista pode observar isto em si mesmo. Se
ele compreende que sua própria capacidade artística depende de ter
um olho para a arte [senso estético], deve necessariamente chegar à
conclusão de que “o olho” original para a arte está no próprio Deus,
cuja capacidade para produção artística é plena, e segundo esta
imagem foi feito o artista entre os homens.

Sabemos isto a partir da criação ao nosso redor, do firmamento que


forma um arco sobre nós, do luxo abundante da natureza, da riqueza
de formas no homem e no animal, do som das corredeiras e do
cântico do rouxinol; como pois toda esta beleza poderia existir
exceto se criada pelo Único que preconcebeu a beleza em seu
próprio ser e a produziu de sua própria perfeição Divina? Assim,
vocês vêem que a soberania de Deus e nossa criação segundo sua
semelhança, necessariamente levaram a esta interpretação elevada
da origem, da natureza e da vocação da arte, como adotada por
Calvino, e ainda aprovada por nosso próprio instinto artístico. O
mundo dos sons, o mundo das formas, o mundo das cores e o mundo
das idéias poéticas não pode ter outra fonte senão Deus; e é nosso
privilégio, como portadores de sua imagem, ter uma percepção
deste mundo belo, para reproduzir artisticamente, para gozá-lo
humanamente.

[...]

NOTAS:

[1] - NT - Do grego kalokagateo , praticar a virtude, kalokagathia de


kalos + agatos , honestidade, lealdade perfeita.
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[2] - Estética pode ser definida como a ciência da beleza e do gosto;


o ramo do conhecimento que pertence às belas artes e a arte crítica.
Não há uma estética universalmente aceita. Há três escolas: a
sensorialística (Hogarth); a empírica (Helmholtz); e a idealística,
devendo sua origem a Kant.

Fonte: Extraído da introdução do excelente livro “Calvinismo”, de


Abraham Kuyper, publicado no Brasil pela Editora Cultura Cristã.
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