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SÉRIE DE SERMÕES COM O TEMA: PASTORES DA FAMÍLIA1


CHAMANDO E PREPARANDO HOMENS PARA LIDERAR SEUS LARES

SERMÃO 01: A BÍBLIA E O PAPEL DA FAMÍLIA NO DISCIPULADO


Textos: Dt.6; 26:5; 32:45-47; Sl.78:2-8; Pv.4; Rm.11:25-27; Gn.12:2; 17:4-6; 18:18; 46:3;
Ml.2:15; 2ª Tm.3:15; 1:4-5; 1ª Tm.3:4,5; Ef.6:4; Cl.3:20,21; Ex.20:12; Dt.5:16.
Introdução: Pergunte a qualquer cristão: “Quem é o responsável por disciplinar os
filhos?” – e provavelmente você obterá a resposta correta: “Seus pais”. Porém, investigue mais e
você descobrirá confusão, indefinição, ambigüidade e, talvez, franca indignação contra qualquer
abordagem de discipulado que realmente se baseie nessa premissa inquestionável. Embora todos
concordemos quanto ao claro mandato bíblico sobre os pais disciplinarem seus filhos, não temos
certeza de tudo que isso implica. E temos menor consciência ainda do papel que a igreja deve
desempenhar quanto a proporcionar instrução e suporte a essa tarefa.
Parte do problema está no fato de quem em geral começamos do ponto de partida errado.
Praticamente todo debate sobre o discipulado de jovens começa com a premissa de que estruturas e
programas da igreja, como o berçário, o culto infantil, a escola dominical e o grupo de jovens, são
ferramentas de discipulado fundamentais, e tudo o que acontece deve ocorrer dentro desse
arcabouço. Mas, e se essas coisas não existissem? E se não houvesse berçário, grupo de jovens ou
escolas bíblicas dominicais? Como, então, proporíamos um plano para uma geração contar “às
gerações vindouras sobre os louvores do SENHOR, seu poder e as maravilhas que tem feito”
(Sl.78:4).
Felizmente, não temos de inventar um cenário assim a partir do zero. Tudo que precisamos
fazer é abrir as páginas da Bíblia e começar a ler. Nela encontramos um mundo onde os programas
e ministérios citados não existiam; nela encontramos um modelo de discipulado que quase não se
parece com as estruturas institucionais com as quais nos tornamos tão familiarizados. E nela
encontramos pastores da família.
Charles Hodge foi presidente do Seminário Teológico de Princeton durante o auge da
instituição em meados do século XIX. Naquela época, a “Teologia de Princeton” era o padrão de
excelência nos círculos reformados. Hodge e, portanto, Princeton estavam na vanguarda da batalha
contra o liberalismo e o misticismo. Esse gigante teológico, como muitos em seus dias, também

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Este tema faz parte de um rico livro escrito por Voddie Baucham, que me inspirou a desenvolver este tema com a
igreja Presbiteriana em Santa Maria Norte, D.F., onde pastoreio. Início da série de temas sobre família que pretendo
abordar ao longo deste ano e de outros que virão. 20/01/2018.
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tinha muito a dizer sobre a família em geral e a religião da família em particular. “O chefe da
família”, Hodge afirmou: “deveria ser capaz de ler as Escrituras assim como liderar em oração...
Todas as pessoas sujeitas à supervisão ou cuidado da igreja deveriam manter em seus lares essa
adoração a Deus... A responsabilidade de um homem para com seus filhos, assim como para com
Deus, o compromete a fazer de sua casa uma Betel; se não for uma Betel, será um lugar de
habitação dos espíritos malignos”. Hodge também reconheceu a importância particular da família
no escopo geral da obra redentora de Deus: “a qualidade da Igreja e do estado depende da
qualidade da família. Se a religião desaparece da família, não poderá resistir em outro lugar”.2
Infelizmente, grande parte desse sentimento tem se perdido. Hoje é difícil encontrar
palavras tão claras e contundentes direcionadas aos líderes dos lares com respeito às suas
responsabilidades de pastorear suas famílias. Ou, se nós as escutamos, em vez de emanarem das
penas de pastores e teólogos, elas vêm do domínio da autoajuda psicológica.
No entanto, as coisas estão mudando. Pouco a pouco, estamos começando a ouvir o toque
do clarim das vozes de homens de Deus e teólogos reformados3 sérios. Já não precisamos ver essa
questão relegada ao limitado gênero de “literatura da família”; estamos começando a ver isso não
como um tema preocupante, mas como uma das questões teológicas mais importante dos nossos
dias.
I. VACAS SAGRADAS CONTRA CORDEIROS SACRIFICIAIS
O resultado do tipo de introspecção que estou sugerindo será: 1) A destruição de algumas
vacas sagradas, ou 2) A contínua imolação de cordeiros sacrificiais. As vacas sagradas são
numerosas e vamos identificá-las direta ou indiretamente ao longo de nossas reflexões. Enquanto
isso, os cordeiros sacrificiais representam as miríades de famílias espalhadas pelos campos de
batalhas de seus lares arruinados, tendo sido devastadas por passividade, ignorância, covardia e
usurpação. São lares com pais que não têm a menor ideia de como liderá-los, muito menos a menor
inclinação para arcar com a responsabilidade. E o que é pior: muitas dessas vítimas de guerra estão
usando medalhas e recebendo louros sobre seus mantos com os dizeres “Por simplesmente estarem
presentes!”
É claro: a tragédia é que esses mesmos homens, se tivessem vivido 200 anos atrás, teriam
sido censurados em vez de recompensados. Por exemplo, veja as palavras do grande pastor inglês
do século XIX, C. H. Spurgeon: “Negligenciar a instrução da nossa descendência é pior que
estupidez. A religião da família é necessária para a nação, para a própria família e para a igreja
2
Charles Hodge, em sua obra: Teologia Sistemática.
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Alguns destes homens que tem abordado o tema família são: R. Albert Mohler; Wayne Grudem; John Piper.
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de Deus... Quem dera os pais despertassem para um senso de importância dessa questão. É um
dever agradável falar de Jesus para nossos filhos e filhas, e mais ainda porque isso tem se
mostrado uma obra aprovada, pois Deus tem salvado os filhos por meio das orações e
admoestações dos pais. Que cada casa alcançada por este livro (Bíblia) honre o Senhor e receba
seu sorriso”.
Longe de pedir maior número, mais novos e melhores ministérios de juventude, Spurgeon,
como seus contemporâneos e predecessores, entendeu o papel crucial e insubstituível do lar – e,
particularmente, o papel do pai como pastor da família – na obra diária de resistir ao erro
doutrinário e promover o evangelho4.
E antes que você questione se essa ênfase no pai e seu ministério em casa não desvaloriza
o ofício do púlpito, permita-me lembrá-lo de que Spurgeon era conhecido como “o Príncipe dos
Pregadores”. Nenhuma pessoa que viveu antes da era moderna, quando a religião da família era
tudo, menos esquecida, teria feito tal objeção. Esse não é um jogo de soma zero. Não precisamos
contar ou com o púlpito ou com o lar. As duas instituições são encarregadas de cumprir seu papel
nesse assunto, e de nenhuma das duas se exige que cumpra seu papel sem a outra.
Porém, não considere apenas a palavra de Spurgeon. Examine as Escrituras, e você
descobrirá que, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, há ampla evidência demonstrando que
Spurgeon está absolutamente certo.

II. O PAPEL DA FAMÍLIA NO ANTIGO TESTAMENTO


O Antigo Testamento está repleto de exemplos nítidos do papel da família em disciplinar
os filhos. Às vezes, contudo, isso é um obstáculo para aqueles que ou abordam as Escrituras a partir
de uma hermenêutica mais “dispensacional” ou simplesmente enfatizam demais a descontinuidade
entre a Antiga e a Nova Aliança5. O resultado pode ser uma falta de compreensão da importância do
discipulado familiar. Não obstante, um entendimento da ênfase do Antigo Testamento na disciplina
familiar é crucial para qualquer entendimento genuíno desse conceito na Bíblia como um todo.
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Ler o livro de John Maccarthur, Com Vergonha do Evangelho. Este livro apresenta claramente a triste realidade de
líderes que adotaram um caminho antropocêntrico em suas igrejas, deixando de lado o Evangelho. Estas igrejas estão
permeadas de entretenimento e diversão para seus jovens, todavia abandonaram a sã doutrina.
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Precisamos deixar bem claro que muitos têm pregado a Bíblia de forma errada, pois fazem uso de textos fora do
contexto para usar como pretexto de suas invenções diabólicas dentro das igrejas. Isto é visível no número de
escândalos e de pessoas feridas pelas artimanhas das invenções e despreparo de muitos destes líderes, que querem nada
mais que o lucro, pois são movidos pela ganância de seus corações pecaminosos. O diabo nem precisa vir pessoalmente
para destruir as famílias, ele tem se agradado em enviar seus secretários, que se disfarcem muito bem de pastores e
falsos religiosos, que saem semeando heresias perniciosas e ensinos destruidores. Estes malefícios tem sido notórios
dentro dos lares e diante disso requer de nós o conhecimento das Escrituras Sagradas, para edificação de nossas
famílias, bem como nos livrarmos do caminho destruidor de Satanás.
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1. O MANDATO DE DOMÍNIO
Para o povo do Antigo Testamento, “oração individual, de dia e de noite, vida diária
santificada e a religião da família impregnavam o lar”. Várias passagens claras no Antigo
Testamento apontam para a responsabilidade do pai em disciplinar seus filhos (Dt.6:6,7; Sl.78;
Pv.4), e em outros lugares as implicações são fortes a ponto de serem inevitáveis.
Por exemplo, considere o “mandato de domínio” para a humanidade, em Gênesis 1:28:
“Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre
as aves do céu e sobre todo animal que rasteja pela terra”6. O trabalho de Adão era governar e
subjugar a terra. Isso parece significar que sua tarefa era expandir os limites do Éden até que toda a
terra fosse como o Éden, um lugar onde Deus era conhecido, cultuado, adorado e estava
singularmente presente. Como poderíamos compreender esse chamado senão como um claro
chamado a um discipulado familiar multigeracional?
É evidente que Adão fracassou, e a isso seguiu-se a promessa pactual de Deus de suscitar
uma “semente”7 da mulher, a qual redimiria o homem e derrotaria Satanás (Gn.3:15). Portanto, a
história da redenção integra-se à história de Israel – os patriarcas, a escravidão no Egito, a
libertação, a Terra Prometida, o exílio, e a restauração à terra – até que, finalmente, a história
nacional de Israel e seu mandato de domínio são transformados no Novo Testamento: “Finalmente,
Deus enviou Jesus, que sintetizou a história de Israel, resistiu à tentação, que conquistou a terra,
venceu a morte quando, tendo morrido, ressuscitou, e comissionou seus seguidores a fazer
discípulos de todas as nações. Quando o número total de gentios for reunido, Israel será salvo
(Rm.11:25-27), e Jesus cobrirá as terras secas com a glória de Yahweh”.
A ideia de que a imagem de Deus e a glória de Deus se espalhariam por todo o mundo8
manifestamente implica que uma geração ensinará a próxima. Assim, vemos no mandato de
domínio a absoluta necessidade da prática do discipulado familiar.

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Neste aspecto voltamos os nossos olhos para o propósito do Criador. Deus arquitetou todas as coisas com um
propósito bem definido; Ele criou o homem primeiro, Adão, e ordenou a cuidar de tudo o que fora criado, trabalhando
no jardim. Deus também instituiu Adão como o líder e mordomo daquilo que foi criado e também do seu lar, com ele
estabeleceu uma aliança, exigindo perfeita obediência. Mas em Gn.3 a narrativa nos apresenta o fracasso de um homem
dentro do seu lar, uma marido que fracassa em liderar sua esposa, um pai que fracassa em liderar seus filhos e seu lar. A
perspectiva de tragédia na visão humanista é apenas quando há um fracasso visível da parte física, mas aqui vemos que
a degeneração do físico é antecedida pela degeneração espiritual, a desobediência, bem como a soberba e vaidade do
coração de nossos primeiros pais.
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Em Gn.3:15 é a primeira vez que aparece o Evangelho, as Boas Novas em meio a uma série de pronunciamentos de
maldições, Deus no proto-Evangelho faz a promessa de restauração da família, a saber não uma família particular, a
família de Deus, composta de todas as raças, tribos e nações, o Israel de Deus, a Sua amada Igreja.
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Além do discipulado, vemos nesta expansão e crescimento das famílias cristãs o cunho missionário deste povo, pois
enquanto cresce e se fortalece, ela testemunha sobre Deus e vive em seus relacionamentos segundo a ética do Reino de
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2. PRESERVANDO A LEI E A ALIANÇA


Inerente ao mandato de domínio está a instrução da lei de Deus e a perpetuação do povo da
aliança. A expressão mais clara do projeto divino de ensinar sua lei de uma geração para a seguinte
se acha no livro de Deuteronômio9. Aqui, estando nos limites da Terra Prometida, Moisés prega
uma série de sermões nos quais de novo apresenta a lei. Moisés claramente via a transmissão da
verdade bíblica, de uma geração a outra, como uma responsabilidade compartilhada pelo lar (Dt.
6:1-1510). Claramente, o Antigo Testamento apresenta um mandato de ensinar a Lei de Deus no
contexto do lar, embora de forma nenhuma isso exclua o ministério dos sacerdotes e profetas.
Essa instrução da Lei foi projetada para fazer mais que apenas preservar o povo de Deus na
Terra Prometida. O Objetivo de Deus era que seu povo se desenvolvesse e crescesse (Gn.12:2;
17:4-6; 18:18; 46:3; Dt.26:5; 32:45-47). Vemos isso não apenas nas porções do Antigo Testamento
que anunciam a lei, mas também nos livros de “Sabedoria” ou “Escritos” assim como nos Profetas.
O profeta Malaquias, por exemplo, declara sobre maridos e esposas: “Não fez o SENHOR um,
mesmo que havendo nele um pouco de espírito? E por que somente um? Ele buscava a
descendência que prometera. Portanto, cuidai de vós mesmos, e ninguém seja infiel para com a
mulher de sua mocidade” (Ml.2:15).
Talvez o apelo mais apaixonado e poético pela perpetuação do povo de Deus se encontre
nestas linhas do Salmo 78:2-8: “Proporei...o que temos ouvido e aprendido, e nossos pais nos têm
contado. Não os encobriremos aos seus filhos, contaremos às gerações vindouras sobre os louvores

Deus. Tudo está entrelaçado, famílias cristãs crescem sob o alicerce das Escrituras Sagradas e com isso novas pessoas
verão e ouvirão as grandezas de Deus e por ele serão salvas.
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A palavra Deuteronômio usado para o livro bíblico significa repetição. É notório em todo o livro que Moisés está
usando a repetição da lei para ensinar e fixar nos corações as verdades vitais da Santa Lei de Deus. Podemos neste
ponto fazer uma sonora advertência aos homens, que são os pastores da família: não basta apenas ensinar uma vez só a
Palavra de Deus, é preciso repetir e aplicar esta Palavra. Assim como Moisés vê a necessidade do povo, nós também
como líderes de nossas famílias, precisamos discernir suas necessidades e aplicar a Santa Lei em nossos lares. Isto
deverá ser feito por meio do discipulado nos lares. Todo discipulado demanda tempo e esforço, mas senão fizermos isto
em nossos lares, seremos como Adão, o próximo a fracassar dentro do lar. Ou no muito seremos como Naamã, um
homem vitorioso nas batalhas e no trabalho mas fracassado na sua vida familiar.
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Dt.6. As prioridades da fidelidade. Moisés apresentou as prioridades mais elevadas da aliança: amar a Deus no
presente e transmitir esse amor para gerações futuras. Deus não exige apenas obediência a uma lei, ou fidelidade a uma
aliança. Sua palavra é: dá-me filho meu o teu coração (Pv.23:26) e “sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito
quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus” (Sl.51:17). Deus requer e se agrada em uma
devoção perfeita. Quando uma pessoa é encontrada como possuidora destas qualidades, ela expressa a lealdade
profunda e sincera, ainda que imperfeita. A fé bíblica demonstra uma grande preocupação com a transmissão das
verdades de Deus de uma geração para outra. Quando o pecado entrou no mundo, tornou-se necessário ensinar os
caminhos de Deus para as gerações futuras, a fim de garantir que o conhecimento do Senhor não se perca. Quando o
povo de Deus esquece a bondade que Deus já demonstrou para com eles, tornam-se ingratos e da mesma forma que
Israel em Massá, tentam o SENHOR seu Deus (Dt.6:10-25). Moisés sabia que seria fácil para os israelitas se
esquecerem que a vida tranqüila na terra era resultado da graça de Deus. Assim, ele os exortou a se lembrarem desse
fato constantemente. Esquecer da bondade de Deus é o primeiro passo para a rebelião contra ele.
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do SENHOR, seu poder e as maravilhas que tem feito. Porque ele estabeleceu um testemunho em
Jacó e instituiu uma lei em Israel, ordenando aos nossos pais que os ensinassem a seus filhos; para
que a futura geração os conhecesse, para que os filhos que nasceriam levantassem e os contassem
a seus filhos, a fim de que pusessem sua confiança em Deus e não se esquecessem das suas obras,
mas guardassem seus mandamentos; e que não fossem como seus pais, geração teimosa e rebelde,
geração inconstante, cujo espírito não foi fiel para com Deus11”.
Está muito claro que, quando se tratava de manter e perpetuar o povo da aliança, o salmista
entendeu a importância não só de Israel como nação, mas também das famílias individuais dentro
de Israel.
III. O PAPEL DA FAMÍLIA NO NOVO TESTAMENTO
Um dos recentes argumentos contra igrejas aliancistas é que nossa fé se baseia demais no
Antigo Testamento. Na verdade, uma análise mais profunda revelará que 1) há um vibrante
ministério de discipulado familiar no Novo Testamento; 2) o Novo Testamento reconhece e afirma
as mesmas passagens do Antigo Testamento a que nos referimos; e 3) não há nada no Novo
Testamento para apoiar qualquer abordagem que abale, redefina ou abandone o modelo de
discipulado familiar no Antigo Testamento.
Paulo reconhece o pedigree do discipulado na vida de Timóteo (2ª Tm.1:4,5; 3:15)12,
insiste em que um histórico de discipulado efetivo no lar é uma importante qualificação para o
ministério na igreja (1ª Tm.3:4,5) e apela especificamente aos pais para que criem seus filhos na fé
(Ef.6:4; Cl.3:20,21). Alfred Edersheim reconhece esse claro padrão entre o povo de Deus na era do
Novo Testamento: “Embora, sem dúvida, eles não tivessem... muitas das oportunidades das quais
desfrutamos, havia uma doce prática de religião familiar, indo além das orações prescritas, que

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Salmo 78:2-8. Os acontecimentos históricos aqui relatados são atos da bondade e misericórdia de Deus na vida do seu
povo, que servem como ensino para o presente. Durante a época do Antigo Testamento, grande parte das instruções era
disseminada por meio do ensino oral. Os pais ensinavam aos filhos sobre o relacionamento de Deus com o seu povo
(Dt.6:4-9; 32:7). O objetivo da lição da História não é o estudo dos acontecimentos do passado, mas um
aprofundamento da fé e da obediência do povo de Deus. A Palavra de Deus deve ser lida e ensinada às gerações futuras,
isto é discipulado. Sobre a leitura da Bíblia, o C.M.W na pergunta 156 afirma que: ...os homens de todas as condições
têm obrigação de lê-la em particular para si mesmos e com as suas famílias; e para esse fim, as Santas Escrituras
devem ser traduzidas das línguas originais para as línguas vulgares. A pergunta 157 diz: Como deve ser lida a
Palavra de Deus? As Santas Escrituras devem ser lidas com uma alta e reverente estimação, com a firme persuasão de
serem elas a própria Palavra de Deus e de que somente ele pode habilitar-nos a entendê-las; com o desejo de conhecer,
crer e obedecer à vontade de Deus nelas revelada; com a diligência e atenção ao seu conteúdo e propósito; com
meditação, aplicação, abnegação própria e oração.
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2ª Tm.1:4 “... estou ansioso por ver-te, para que eu transborde de alegria pela recordação que guardo de tua fé
sem fingimento, a mesma que, primeiramente, habitou em tua avó Lóide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que
também, em ti”. Paulo reconheceu a importância da criação de Timóteo, que aconteceu na condição santificada de um
lar cristão. Timóteo era um excelente exemplo de uma criança que foi feita santa, separada do mundo, por causa da fé
de seus pais. O fato de ter parentes cristãos não assegurou a salvação de Timóteo, mas eles foram instrumentos usados
por Deus para levá-lo à fé.
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lhes permitia ensinar seus filhos, desde os mais tenros anos, a entrelaçar a Palavra de Deus a sua
vida e devoção cotidianas”.
Devemos admitir: não há muitas passagens no Novo Testamento dedicadas ao discipulado
familiar. Contudo, uma razão para isso é que os autores do Novo Testamento já assumiam o antigo
Testamento com respeito a este assunto. A ligação mais clara do Novo Testamento com o padrão de
discipulado familiar do Antigo Testamento é Efésios 6:1-4: “Filhos, sede obedientes a vossos pais
no Senhor, pois isso é justo. Honra teu pai e tua mãe; este é o primeiro mandamento com
promessa, para que vivas bem e tenhas vida longa sobre a terra. E vós, pais, não provoqueis a ira
dos vossos filhos, mas criai-os na disciplina e instrução do Senhor”.
Aqui Paulo cita o quinto mandamento (Ex.20:12; Dt.5:16) e, então, reproduz a instrução de
Gênesis 18:19; Deuteronômio 6:7,11,19; Salmo 78:4 e Provérbios 22:6, ao estabelecer um padrão
de discipulado no lar cristão. Fica muito claro que Paulo não via como obsoleta a doutrina do antiga
Testamento sobre discipulado familiar.
IV. NENHUM PADRÃO NOVO
Ao reconhecer esses preceitos do Antigo Testamento, o Novo Testamento não faz qualquer
esforço para introduzir um padrão novo. Como Robert Plummer nota, os autores do Novo
Testamento “viam as passagens no Antigo Testamento sobre a importância dos pais transmitirem
a verdade espiritual para seus filhos como instrução divina e categórica, decisiva. A novidade da
nova aliança encontrava-se na obra de salvação consumada pelo Messias e na obra
regeneradora do Espírito – não em qualquer alteração radical nos relacionamentos pai-filho”.
Embora o Novo Testamento de fato reconheça a igreja como espiritual em oposição a um
povo nacional, não há indicação de que essa distinção subverta o evidente padrão de
relacionamentos, responsabilidade e discipulado familiar.
Tentando provar que essa ênfase na família não tem lugar na nova aliança, alguns
mencionam estas palavras de nosso Senhor: “Se alguém vier a mim, e amar pai e mãe, mulher e
filhos, irmãos e irmãs, e até a própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo”
(Lc.14:26). No entanto, essa declaração deve ser entendida à luz do Novo Testamento.
Por exemplo, Paulo ensina que, nas famílias, há obrigações de uns para com os outros, as
quais precisam ser cumpridas (como por exemplo cuidar de pais viúvos 1ª Tm.5:1-8). Seria
desastroso forçar uma leitura de Lucas 14:26, ignorando essa passagem de 1ª Timóteo e outras que
enfatizam que Deus, de fato, é “o Pai, de quem toda família nos céus e na terra recebe o nome”
(Ef.3:14,15). A abdicação do papel central da família na vida diária dos crentes é uma posição
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insustentável: “Devemos observar a maneira como a ESV corrigiu uma má interpretação do


texto. Se Deus é o pai de toda família (conforme a tradução da NVI), o texto poderia indicar que
inclusão na igreja significa que os limites individuais da família são perdidos no coletivo, que é a
igreja. Isso poderia resultar na sugestão de que nossos papéis e responsabilidades dentro de
nossas famílias de origem foram abolidos. Poderia sugerir que não somente não há distinção
entre judeu e grego, mas também entre nenhuma família. Isso implicaria em que a igreja é nossa
única família, o contexto de responsabilidades paternais, filiais e fraternais deveriam ser
revogadas”.
Assim, tem de haver equilíbrio. Nosso compromisso certamente é com Cristo e sua noiva,
a igreja. Porém, nossas obrigações como maridos, esposas, mães, pais, filhos e filhas são uma parte
crucial desse compromisso. A dinâmica igreja e família não é um cenário em que uma coisa exclua
a outra. Esse é um caso em que temos de nos envolver com ambos.
De Gênesis a Apocalipse, vemos uma imagem clara do papel da família na história da
redenção e o papel do pai na família. Isso não é um assunto de menor importância. A Bíblia não
deixa margem para uma paternidade que não leve a sério a responsabilidade de criar filhos na
disciplina e instrução do Senhor. Este ele na Lei, nos Profetas, nos Evangelhos ou nas Epístolas,
nosso chamado é claro. Temos de pastorear nossas famílias.
CONCLUSÃO
O tema da nossa reflexão esta noite foi: A BÍBLIA E O PAPAEL DA FAMÍLIA NO
DISCIPULADO. Até aqui aprendemos o seguinte:
1. Deus é o Criador da família e ele mesmo instituiu o homem como o cabeça do lar,
aquele que deve sacrificar-se por ela, defendê-la e amá-la, seguindo o exemplo de Jesus
Cristo.
2. O feminismo e o machismo não têm espaço na família cristã, pois o padrão de Deus é
suficiente, único para nossos lares, devemos desprender dos padrões seculares que
ferem as Escrituras Sagradas. Não precisamos de novos padrões e novos conceitos
meramente humanos, pois Deus nos deu a sua suficiente e infalível Palavra.
3. Mesmo sabendo que os pais são os responsáveis por disciplinar os seus filhos, ainda
assim, encontramos muita confusão dentro dos lares sobre os papéis de cada um. Fato é
que muitos pais nem sequer sabem o que isto quer dizer.
4. Cuidado: Talvez você pai penses que o seu filho será uma pessoa melhor se fizer mais
coisas, se tiver uma agenda lotada ou participar de vários programas da igreja. Esta é
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uma premissa perigosa que mais ou cedo ou mais tarde irá te decepcionar. Atividades
não substituem nossos deveres e nem mudará nossos corações pecaminosos.
5. Nossos lares será uma Betel ou Sodoma, será um lugar de adoração e serviço a Deus ou
um lugar de escravidão dos demônios. Nosso lar é um pedaço do céu ou do inferno,
tudo dependerá de quem você serve. Santificai-vos hoje, pois amanhã Deus fará
proezas no vosso meio.
6. Hodge afirmou que “a qualidade da Igreja e do estado depende da qualidade da
família”. Vivemos em tempos sombrios, onde as trevas da corrupção pairam e graça
em nossa sociedade. Mas pensemos: se as pessoas, seja os políticos, policiais, lideres
religiosos ou pessoas em outras funções são corruptas, onde houve a falha? Certamente
o fracasso das famílias é notório. O fracasso de homens para liderarem seus lares
respinga em vários lugares da vida.
7. Muitos homens se perderam na passividade, ignorância, covardia e usurpação. São
homens que não tem a menor ideia de como liderar um lar, são irresponsáveis. Mas
nesta oportunidade o Espírito Santo nos confronta pela Palavra de Deus a nos
arrependermos de nossos pecados e negligencia que tem destruído as pessoas que mais
amamos. Miseráveis homens que somos.
8. Tanto o Antigo Testamento como o Novo Testamento nos ensina claramente que para
vivermos o propósito de Deus para nossas vidas e vê-lo glorificado e sendo adorado em
nossos lares requer um compromisso imediato com o discipulado. Isso implica que o
homem da casa assumirá esta responsabilidade. Nos lares em que o homem não é
cristão o conselho é que a esposa permaneça firme no testemunho e exercício da
piedade, pois Deus haverá de sustentá-la em sua jornada. O mesmo aplicamos àqueles
em que os filhos são crentes e os pais não, dêem um testemunho vivo de Cristo,
portando de forma honrosa e obediente aos vossos pais.
9. A solução para sua família não é a psicologia, mas a Palavra de Deus e conhecer de
forma salvífica o Senhor Jesus Cristo. Há muitos religiosos vazios, pois são apenas
religiosos, não têm uma vida de comunhão com Deus e muito menos experimentaram
da Palavra de poder, o Evangelho que é o poder de Deus em suas vidas. Se a Bíblia é
viva e eficaz, e por meio dela o Espírito Santo dá vida aos mortos, como explicar
muitos religiosos sem vida, mortos? A resposta é clara: falta experimentar deste poder
e não meramente ouvi-lo.

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