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FLANAGENS
T E R Ç A - F E I R A , 1 9 D E J A N E I R O D E 2 0 1 6 A R Q U I V O D O B L O G
► 2015 (43)
Entrevista concedida a Roberto Andreotti e Federico De Melis ► 2014 (83)
► 2013 (90)
Há dois anos, em fevereiro, sequestramos Giorgio Agamben por um
► 2012 (110)
par de horas com a ideia de fazer com que ele esboçasse uma espécie
de autobiografia intelectual por meio de fases e imagens e, hoje, a ► 2011 (149)
transcrevemos por ocasião da nova edição, pela Einaudi, de seu ► 2010 (41)
primeiro título: Stanze. La parola e il fantasma nella cultura
► 2009 (28)
occidentale, de 1977. A aposta foi constranger à temporalidade da
lembrança – seja existencial, seja relativa a articulações do ► 2008 (44)
pensamento – um filósofo ‘morfológico’ por excelência como ► 2007 (80)
Agamben, o qual sempre preferiu pensar fora da cronologia, isto é,
por categorias e paradigmas.
COLABORADORES
Essa forma mentis lhe permitiu agredir o momento presente
Khôra
permanecendo firmemente ancorado no estatuto do pensamento
jnf -‐ dos subterrâneos
(distante, por isso, da prática do opinionismo difundida entre os
filósofos) e produzir “imagens” cognoscitivas radicais e que se
deslocam em relação às categorias políticas tradicionais, desde
Auschwitz como monstrum da biopolítica até o estado de exceção
que se faz a regra dos governos democráticos. Esses resultados
surgem de uma permanente aposta de método sobre o eixo Benjamin-‐
Warburg (eixo que já está, no mais, no primeiro livro) em que a
filologia é sempre uma interrogação filosófica – como mostra sua
pesquisa sobre a concepção paulina do tempo.
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15/04/2016 FLANAGENS: As lembranças, por favor não.
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Agamben: De início havia ido para encontrar René Char e, como ele
sempre trabalhava, decidiu fazer esse seminário: estávamos em cinco
num pequeno hotel e o seminário acontecia ao ar livre, sob as
árvores, algumas vezes passeando pelos campos encontrávamos uma
clareira e aí sentávamos... era uma experiência muito extraordinária.
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Agamben: A Paris que conheci nos primeiros anos, isto é, nos anos
sessenta, ainda tinha muitas das coisas que Benjamin perseguia, isto
é, quando menos se esperava, uma rua lateral conduzia ao século
XIX. Creio que essa natureza temporal da cidade seja
importantíssima. Uma vez, me lembro, Ingeborg Bachmann comparou
a cidade a uma língua: também uma língua tem seu centro histórico,
tem seu centro mais antigo, uma periferia mais nova... Queria dizer
uma coisa óbvia, não?, que a língua que usamos como se fosse um
quê de intemporal é a coisa mais histórica que existe. Nós repetimos
com nossa boca sons e conceitos que remontam não só,
eventualmente, à Roma Antiga, mas com frequência aos vaqueiros
indo-‐europeus de dez mil anos atrás, quando chegaram à Europa...
Portanto, com essa ideia de que a cidade e a língua são dois seres
temporais, usando-‐as ou nelas estando, nos movemos no tempo... De
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fato, na Paris que conheci ainda havia isso: lembro de que havia uma
rua que “era” o século XIX, intacta; com as lojas, as vitrines, as
mesmas que Atget tinha fotografado mais de um século antes.
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R.A.: Por isso não falamos apenas dos regimes fascistas e nazistas, ou
do “velho” estado de guerra.
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Agamben: Ah, parece-‐me uma bela imagem! Sim, pareceria que essa
máquina que é o sistema jurídico e político do Ocidente funciona com
dois polos, que, entretanto, são articulados sobre essa zona
indistinta, obscura, de indiferença, que é um lugar vazio: onde, no
entanto, tudo pode acontecer, e esse vazio coloca em funcionamento
a máquina, rege a máquina... Assim, a última pergunta, o centro
secreto do livro, era mais vasta, dizia respeito quase à própria
natureza de nosso sistema político e jurídico.
R.A.: Um outro título chave seu, que teve várias edições, é Homo
Sacer. Subtítulo é O poder soberano e a vida nua. Também aí o
quadro é foucaultinano: quando é que a vida se torna a aposta em
jogo da política?
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F.D.M.: Por fim, São Paulo: o livro em questão é Il tempo che resta.
Un commento alla Lettera ai romani. O que é “o tempo que resta”?
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R.A.: Nesse livro sobre São Paulo havia também uma descoberta
filológica. Estudando o manuscrito das teses de Benjamin sobre a
filosofia da história, o senhor encontra essa citação escondida de São
Paulo: “a potência se cumpre na fraqueza”, que está na segunda
carta aos Coríntios.
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