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rodrigoaugustobr@yahoo.com.br
RESUMO
O trabalho apresenta uma reflexão sobre o estudo da psicologia infantil com base na
obra Noções de Psicologia da Criança de Theobaldo Miranda Santos (1904-1971). O
manual didático foi publicado como parte da coleção Curso de Psicologia e Pedagogia,
da Companhia Editora Nacional. O intelectual, autor de inúmeros manuais didáticos,
investigou as concepções de infância presentes nos ensinamentos dos maiores
psicólogos do século XX, segundo sua compreensão. Em seu manual didático, analisou
as ideias de infância presentes na obra de autores como: Claparède, Piaget, Wallon,
Vermeylen, Bühler e Stern, entre outros. Este estudo utiliza das contribuições da análise
do discurso para identificar a importância da psicologia da criança na referida obra de
Theobaldo Miranda Santos.
Palavras-chave: Discurso Pedagógico; Psicologia da Criança; Theobaldo Miranda
Santos.
Introdução
Capítulo Conteúdo
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Desenvolvimento motor.
III. Problemas e exercícios.
IV. Observações e experiências. Variação
das proporções do corpo humano durante
a vida fetal.
V. Referências bibliográficas.
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IV. Observações e experiências. Variações
das proporções do corpo humano a partir
do nascimento.
V. Referências bibliográficas.
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adolescência. A lógica seguida por Theobaldo em seu livro aponta para aquela que foi
desenvolvida por Piaget. O pensador suíço foi citado pelo autor na obra (SANTOS,
1951, p. 23). No entanto, essa não é a referência fundamental do livro, outros autores
também são manipulados pelo intelectual. O aspecto didático está muito presente no
manual de ensino. Há em todos os capítulos sugestões de exercícios, experiências, testes
e referências bibliográficas destinadas aos alunos.
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infância”. Esse seria o período dos testes psicológicos relacionados com os estudos
sobre a criança. Os testes começaram a surgir, segundo Theobaldo, em 1890, nos
Estados Unidos, com o psicólogo Terman. Esse movimento de testes teria contribuído
para o estudo da “personalidade infantil”. Assim, a psicologia infantil teria ganhado
“foros de ciência autônoma”. Entre os autores citados estão Vermeylen, Decroly,
Descoeudres, Claparède, Thorndyke, Koffka, Bühler, Piaget e muitos outros (SANTOS,
1951, p. 16).
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Se considerarmos as imagens que apareceram em seus manuais didáticos como
discursos, podemos compreender a afirmação de uma representação social sobre aluno,
como ficou evidente na figura a seguir. Theobaldo procurou demonstrar as
características do bom aluno.
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realidade e é desmentida pela mais elementar experiência”. Sustentou que “é falso que
a natureza humana seja essencialmente boa”. Mais adiante afirmou que a doutrina
católica do “pecado original” demonstraria que o homem não é bom por natureza. A
concepção pessimista estaria apoiada na “antropologia dos calvinistas e dos
jansenistas”. Segundo essa compreensão, “a criança é essencialmente má e somente
tomará hábito se for educada por métodos severos”. Trata-se de uma “pedagogia trágica
e angustiada” e que teria apoio na obra de Nietzsche, com “um pessimismo
antropológico doloroso e sombrio”. Para Theobaldo, a concepção realista seria a mais
adequada: “considera a criança como um ser onde se entrechocam tendências boas e
tendências más”. Entendeu que “segundo a concepção cristã, o pecado original não
tornou a natureza humana substancialmente corrompida” (SANTOS, 1951, p. 17-19).
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Observações Críticas
Autores como Santos (1951, 1958 e 1965), Fontoura (1973), Castiello (1958),
Foulquié (1952), entre outros, demonstram a formação de um discurso pedagógico
católico que se utilizou intensamente das contribuições da psicologia no campo da
educação. A pedagogia “católica” desses intelectuais incorporou consigo os
conhecimentos provenientes de variadas correntes da psicologia e da psicanálise. Desde
o seu artigo publicado na Revista A Ordem, Santos (1938) já demonstrava interesse
pelos estudos psicológicos e psicanalíticos. Suas obras são polissêmicas e suscitam o
diálogo com inúmeros estudiosos do tema. O destaque está na sua interloução com
autores estrangeiros, sobretudo europeus e norte-americanos. Isso não significa afirmar
que autores brasileiros e latino-americanos foram ignorados em suas obras.
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da alteração em seu caráter” [da criança], até o sonho de ansiedade (quatro anos de
idade) “e o terceiro seria o período da neurose objetiva, baseada no ‘medo de animais’ e
na ‘iniciação religiosa’, época posterior aos dez anos”, por exemplo. Temos, portanto,
os períodos da sedução, da alteração do caráter e da neurose objetiva. Esses seriam os
correspondentes das fases oral, anal e fálica. Na medida em que, a criança como sujeito
psicológico, foi objeto de testes, mensurações e também deveria receber a iniciação
religiosa, de acordo com Theobaldo Miranda Santos, podemos sustentar que seu manual
didático serviu para produzir o neurótico. O inculcar moral e religioso da criança pelos
educadores, pais e agentes religiosos leva inevitavelmente à neurose. O livro Noções de
Psicologia da Criança ao defender a sedução da criança, pelo brincar e os jogos, a
alteração do caráter por meio dos testes psicológicos e da educação, e a iniciação
religiosa e a formação moral encaixa-se na análise freudiana. O manual didático de
Theobaldo Miranda Santos, do ponto vista freudiano, seria um instrumento da produção
de neuróticos.
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
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