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DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 2019.

1
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................... 9
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR .............................. 10
1. IDENTIDADE COM O PROCESSO PENAL COMUM ............................................................ 10
2. SEMELHANÇAS COM O PROCESSO PENAL COMUM....................................................... 10
3. INSTITUTOS DO DIREITO PENAL COMUM INEXISTES NO DIREITO PENAL MILITAR .... 10
4. INSTITUTOS DO DIREITO PENAL MILITAR INEXISTES NO DIREITO PENAL COMUM .... 11
5. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR ................................................................... 11
6. OBSERVAÇÕES ................................................................................................................... 11
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL MILITAR................................................................. 12
1. PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR ................................................ 12
PRINCÍPIOS GERAIS DO PROCESSO PENAL MILITAR .............................................. 12
PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE E DA EXTRATERRITORIALIDADE .................... 13
2. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL MILITAR NO TEMPO ...................................... 13
REGRA GERAL .............................................................................................................. 13
EXCEÇÕES .................................................................................................................... 13
2.2.1. Leis mistas ou híbridas ............................................................................................ 14
2.2.2. Leis sobre prisão cautelares, liberdade provisória e menagem ................................ 14
3. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL MILITAR A DETERMINADAS PESSOAS
(PRERROGATIVAS DE FORO) .................................................................................................... 14
COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO STF .......................................................................... 14
COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO STJ .......................................................................... 14
COMPETENCIA ORIGINÁRIA DO STM ......................................................................... 15
COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DOS TRF’S .................................................................... 15
COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DOS TJ’S ....................................................................... 15
4. INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL MILITAR ................................................ 16
INTERPRETAÇÃO LITERAL .......................................................................................... 16
INTERPRETAÇÃO NÃO-LITERAL ................................................................................. 16
PROIBIÇÃO DE INTERPRETAÇÃO NÃO-LITERAL ....................................................... 16
SUPRIMENTO DE LACUNAS ........................................................................................ 16
4.4.1. Legislação Processual Penal Comum...................................................................... 17
4.4.2. Jurisprudência ......................................................................................................... 18
4.4.3. Usos e costumes militares ....................................................................................... 18
4.4.4. Princípios gerais de direito ....................................................................................... 18
4.4.5. Analogia .................................................................................................................. 18
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL MILITAR .......................................................................................... 19
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................. 19
2. PERSECUTIO CRIMINIS....................................................................................................... 19
EXTRAJUDICIUM ........................................................................................................... 19
2.1.1. Inquérito policial militar (IPM) ................................................................................... 19
2.1.2. Auto de prisão em flagrante (APF) ........................................................................... 19
2.1.3. Instrução provisória de deserção (IPD) .................................................................... 20
2.1.4. Instrução provisória de insubmissão (IPI) ................................................................ 20
2.1.5. Ministério Público Militar .......................................................................................... 20
IN JUDICIUM .................................................................................................................. 20
3. INQUÉRITO POLICIAL MILITAR ........................................................................................... 20
CONCEITO..................................................................................................................... 20
FINALIDADE .................................................................................................................. 20

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POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR ...................................................................................... 21
CARACTERÍSTICAS DO IPM......................................................................................... 22
3.4.1. Procedimento escrito ............................................................................................... 22
3.4.2. Sigilosidade ............................................................................................................. 22
3.4.3. Oficialidade .............................................................................................................. 22
3.4.4. Dispensabilidade ..................................................................................................... 25
PRESIDÊNCIA DO IPM E INVESTIGAÇÃO PELO MPM ............................................... 25
VÍCIOS DO IPM .............................................................................................................. 25
4. NOTITIA CRIMINIS................................................................................................................ 25
CONCEITO..................................................................................................................... 25
ESPÉCIES...................................................................................................................... 25
4.2.1. Imediata ou espontânea .......................................................................................... 25
4.2.2. Mediata .................................................................................................................... 26
4.2.3. Coercitiva................................................................................................................. 26
NOTITIA CRIMINIS INQUALIFICADA ............................................................................ 26
5. INSTAURAÇÃO DO IPM ....................................................................................................... 26
CRIME DE AÇÃO PENAL MILITAR PÚBLICA INCONDICIONADA ................................ 26
CRIME DE AÇÃO PENAL MINLITAR CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO
GOVERNO FEDERAL............................................................................................................... 26
6. AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE .................................................................................... 27
7. DILIGÊNCIAS POLICIAIS MILITARES .................................................................................. 27
GENERALIDADES ......................................................................................................... 27
PROVIDÊNCIAS ANTES DO IPM .................................................................................. 29
PROVIDÊNCIAS DURANTE O IPM................................................................................ 29
8. CONCLUSÃO DO IPM .......................................................................................................... 30
PRAZO PARA CONCLUSÃO ......................................................................................... 30
RELATÓRIO, SOLUÇÃO, AVOCAÇÃO E REMESSA DO IPM ....................................... 30
8.2.1. Relatório .................................................................................................................. 31
8.2.2. Solução ................................................................................................................... 31
8.2.3. Avocação ................................................................................................................. 31
8.2.4. Remessa do inquérito à Auditoria da Circunscrição ................................................. 31
SISTEMATIZANDO ........................................................................................................ 31
9. ATUAÇÃO DO MP ................................................................................................................. 32
OFERECIMENTO DA DENÚNCIA.................................................................................. 32
REQUISIÇÃO DE DILIGÊNCIAS .................................................................................... 32
ARQUIVAMENTO ........................................................................................................... 32
10. ARQUIVAMENTO DO IPM/APF/IPD/IPI ............................................................................. 33
NATUREZA JURÍDICA ................................................................................................... 33
HIPÓTESES DE CABIMENTO ....................................................................................... 33
ARQUIVAMENTO NO MPM ........................................................................................... 33
10.3.1. Juiz-Auditor defere o arquivamento ......................................................................... 33
10.3.2. Juiz-Auditor indefere o arquivamento....................................................................... 34
ARQUIVAMENTO INDIRETO ......................................................................................... 34
ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO ........................................................................................ 34
DESARQUIVAMENTO ................................................................................................... 34
11. QUESTÕES ESPECIAIS.................................................................................................... 35
VALOR PROBATÓRIO DO IPM ..................................................................................... 35
INCOMUNICABILIDADE ................................................................................................ 35

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RECURSOS ................................................................................................................... 35
DETENÇÃO DO INDICIADO .......................................................................................... 35
12. IPD – INSTRUÇÃO PROVISÓRIA DE DESERÇÃO ........................................................... 36
CONSIDERAÇÕES GERAIS .......................................................................................... 36
SUJEITOS ATIVOS ........................................................................................................ 36
12.2.1. Desertor praça sem estabilidade ............................................................................. 36
12.2.2. Desertor praça com estabilidade ............................................................................. 37
12.2.3. Desertor oficial ......................................................................................................... 37
13. INSTRUÇÃO PROVISÓRIA DE INSUBMISSÃO (IPI) ........................................................ 37
14. SISTEMATIZANDO: IPD E IPI ........................................................................................... 38
AÇÃO PENAL MILITAR ................................................................................................................ 39
2. CONDIÇÕES GERAIS (GENÉRICAS) DA AÇÃO PENAL MILITAR ...................................... 39
LEGITIMIDADE AD CAUSAM ........................................................................................ 39
POSSIBILIDADE JURÍDICA ........................................................................................... 39
INTERESSE DE AGIR .................................................................................................... 40
JUSTA CAUSA ............................................................................................................... 40
3. CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DA AÇÃO PENAL MILITAR .................................................... 40
REQUISIÇÃO DO GOVERNO FEDERAL ....................................................................... 40
QUALIDADE DE MILITAR .............................................................................................. 40
4. PRINCÍPIOS .......................................................................................................................... 40
OFICIALIDADE ............................................................................................................... 40
OBRIGATORIEDADE ..................................................................................................... 40
OFICIOSIDADE .............................................................................................................. 41
DIVISIBILIDADE ............................................................................................................. 41
INDISPONIBILIDADE ..................................................................................................... 41
INTRANSCENDÊNCIA ................................................................................................... 41
5. CLASSIFICAÇÃO DA AÇÃO PENAL MILITAR ...................................................................... 41
ABORDAGEM DO TEMA ............................................................................................... 41
INEXISTÊNCIA DA AÇÃO PENAL PRIVADA E DA AÇÃO PENAL CONDICIONADA À
REPRESENTAÇÃO .................................................................................................................. 41
AÇÃO PENAL MILITAR SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA..................................................... 41
AÇÃO PENAL MILITAR PÚBLICA INCONDICIONADA .................................................. 42
AÇÃO PENAL MILITAR CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO GOVERNO
FEDERAL.................................................................................................................................. 42
5.5.1. Ministro da Justiça ................................................................................................... 42
5.5.2. Ministro da Defesa ................................................................................................... 42
5.5.3. Presidente da República .......................................................................................... 42
DESERÇÃO ................................................................................................................... 42
INSUBMISSÃO ............................................................................................................... 43
6. DENÚNCIA ............................................................................................................................ 43
LEGITIMIDADE .............................................................................................................. 43
PRAZO PARA OFERECIMENTO ................................................................................... 43
6.2.1. Tempo de paz .......................................................................................................... 43
6.2.2. Tempo de guerra ..................................................................................................... 44
REQUISITOS.................................................................................................................. 44
REJEIÇÃO...................................................................................................................... 44
6.4.1. Por falta de requisito do art. 77 do CPPM ................................................................ 45
6.4.2. Não for de competência da JM ................................................................................ 45

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6.4.3. Extinta a punibilidade ............................................................................................... 45
6.4.4. Por incompetência do juízo ou do órgão acusador .................................................. 45
7. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ............................................................................................. 46
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR ....................................................................................... 47
2. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO/FEDERAL ............................................. 47
3. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR DOS ESTADOS E DO DF ...................................... 48
4. PESSOAS SUBMETIDAS AO FORO MILITAR ..................................................................... 49
5. FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA .............................................................................................. 50
DE MODO GERAL ......................................................................................................... 50
5.1.1. Pelo lugar da infração .............................................................................................. 50
5.1.2. Pela residência ou domicílio do acusado ................................................................. 51
5.1.3. Pela prevenção ........................................................................................................ 51
DE MODO ESPECIAL .................................................................................................... 51
6. FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA DENTRO DA CJM ................................................................ 51
7. MODIFICAÇÃO DE COMPETENCIA ..................................................................................... 52
8. COMPETÊNCIA SINGULAR DOS JUÍSES-AUDITORES ...................................................... 52
PROCEDIMENTOS INQUISITORIAIS ............................................................................ 52
CARTAS PRECATÓRIAS ............................................................................................... 52
EXECUÇÃO PENAL ....................................................................................................... 52
NOMEAÇÃO DE PERITOS ............................................................................................ 52
AÇÕES JUDICIAIS DISCIPLINARES ............................................................................. 53
CRIMES MILITARES ESTADUAIS CONTRA CIVIS ....................................................... 53
RECEBIMENTO DA DENÚNCIA .................................................................................... 53
9. COMPETÊNCIA DOS CONSELHO DE JUSTIÇA.................................................................. 53
CONSELHO ESPECIAL DE JUSTIÇA ............................................................................ 53
CONSELHOR PERMANENTE DE JUSTIÇA .................................................................. 54
10. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO STM ............................................................................ 54
11. ÓRGÃOS DA JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO EM TEMPO DE GUERRA ........................... 55
JUIZ-AUDITOR MILITAR DA UNIÃO .............................................................................. 55
CONSELHO DE JUSTIÇA .............................................................................................. 55
CONSELHO SUPERIOR DE JUSTIÇA........................................................................... 55
SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR.................................................................................... 56
12. CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA .............................................................................. 56
ANÁLISE DO INCISO I DO NOVO § 2º DO ART. 9º ....................................................... 57
ANÁLISE DO INCISO II DO NOVO § 2º DO ART. 9º ...................................................... 58
ANÁLISE DO INCISO III DO NOVO § 2º DO ART. 9º ..................................................... 59
12.3.1. Lei nº 7.565/86 (Código Brasileiro de Aeronáutica): ................................................. 59
12.3.2. Lei Complementar nº 97/99: .................................................................................... 60
12.3.3. Decreto-Lei nº 1.002/69 - Código de Processo Penal Militar: ................................... 61
12.3.4. Lei nº 4.737/65 - Código Eleitoral:............................................................................ 61
13. CRIME MILITAR ENTRE ESTADUAL E FEDERAL ........................................................... 61
14. INCOMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS ............................................ 62
15. SÚMULAS DO STJ ............................................................................................................ 62
16. SÚMULAS DO STM ........................................................................................................... 63
17. COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO ................................................................ 63
LUGAR DA INFRAÇÃO .................................................................................................. 63
A BORDO DE NAVIOS ................................................................................................... 64
A BORDO DE AERONAVES .......................................................................................... 64

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18. COMPETÊNCIA PELA RESIDENCIA OU DOMÍCILIO DO ACUSADO .............................. 65
19. COMPETÊNCIA PELA PREVENÇÃO ................................................................................ 65
20. COMPETÊNCIA PELO LUGAR DO SERVIÇO .................................................................. 65
21. DISTRIBUIÇÃO .................................................................................................................. 66
22. CONEXÃO E CONTINÊNCIA............................................................................................. 66
REGRAS PARA DETERMINAÇÃO ................................................................................ 67
PROROGAÇÃO DE COMPETÊNCIA ............................................................................. 68
UNIDADE E SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE PROCESSOS ...................................... 68
22.3.1. Separação facultativa de processos ........................................................................ 68
22.3.2. Separação obrigatória de julgamentos..................................................................... 69
AVOCAÇÃO DE PROCESSOS ...................................................................................... 69
23. DESAFORAMENTO ........................................................................................................... 69
RITOS PROCESSUAIS NO CPPM ............................................................................................... 71
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................. 71
2. INEXISTÊNCIA NO CPPM .................................................................................................... 71
3. RITO ORDINÁRIO ................................................................................................................. 71
DENÚNCIA ..................................................................................................................... 71
3.1.1. Oferecimento ........................................................................................................... 71
3.1.2. Recebimento e rejeição ........................................................................................... 72
INSTRUÇÃO CRIMINAL ................................................................................................. 72
DILIGÊNCIAS ................................................................................................................. 73
ALEGAÇÕES ESCRITAS ............................................................................................... 73
SESSÃO DE JULGAMENTO .......................................................................................... 74
4. RITO ESPECIAL DE DESERÇÃO E DE INSUBMISSÃO ...................................................... 74
DENÚNCIA ..................................................................................................................... 74
INSTRUÇÃO CRIMINAL ................................................................................................. 74
DILIGÊNCIAS ................................................................................................................. 75
SESSÃO DE JULGAMENTO .......................................................................................... 75
5. SENTENÇA ........................................................................................................................... 75
6. RECURSOS .......................................................................................................................... 75
CONTRA AS DECISÕES DOS CONSELHOS ................................................................ 75
6.1.1. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA ................................................................................ 75
6.1.2. SENTENÇA E DECISÃO COM FORÇA DE DEFINITIVA ........................................ 76
CONTRA DECISÃO DO TJ/TJM .................................................................................... 76
CONTRA DECISÃO DO STM ......................................................................................... 76
SUJEITOS PROCESSUAIS .......................................................................................................... 77
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 77
2. JUIZ ....................................................................................................................................... 77
FUNÇÃO DO JUIZ E SUA INDEPENDÊNCIA ................................................................ 77
CASOS DE IMPEDIMENTOS ......................................................................................... 78
CASOS DE SUSPEIÇÃO ............................................................................................... 78
3. AUXILIARES DO JUIZ ........................................................................................................... 79
4. PERITOS E INTÉRPRETES .................................................................................................. 80
5. MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR .......................................................................................... 81
PRINCÍPIOS, ORGANIZAÇÃO DA CARREIRA E GENERALIDADES............................ 81
IMPEDIMENTOS E SUSPEIÇÃO ................................................................................... 82
6. ASSITENTE ........................................................................................................................... 83
PONTOS EM COMUM COM O ASSISTENTE DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL: .. 83

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6.1.1. Conceito e habilitação.............................................................................................. 83
6.1.2. Competência, oportunidade e decisão sobre a admissão ........................................ 83
6.1.3. Corréu como assistente ........................................................................................... 83
6.1.4. Intervenção do assistente ........................................................................................ 84
LEGITIMIDADE .............................................................................................................. 84
ATOS PROCESSUAIS PERMITIDOS ............................................................................ 84
ATOS PROCESSUAIS VEDADOS ................................................................................. 85
RECURSO ...................................................................................................................... 85
7. ACUSADO ............................................................................................................................. 86
8. DEFENSOR ........................................................................................................................... 86
PRISÕES CAUTELARES, LIBERDADE PROVISÓRIA E MENAGEM .......................................... 88
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................. 88
2. PRISÕES MILITARES SEM ORDEM JUDCIAL ..................................................................... 88
3. PRISÕES MILITARES COM ORDEM JUDICIAL ................................................................... 88
4. MENAGEM ............................................................................................................................ 89
5. PRISÃO EM FLAGRANTE..................................................................................................... 89
PREVISÃO LEGAL ......................................................................................................... 89
FUNDAMENTO DA CAUTELARIDADE .......................................................................... 89
PECULIARIDADES ........................................................................................................ 89
5.3.1. Desnecessidade de ordem judicial........................................................................... 89
5.3.2. Flagrante facultativo e flagrante compulsório ........................................................... 89
5.3.3. Momento e lugar da realização e indistinção da natureza da infração ..................... 89
SUJEITOS DO FLAGRANTE.......................................................................................... 90
ESPÉCIES DE FLAGRANTES ....................................................................................... 90
5.5.1. Próprio ou Real (a e b)............................................................................................. 90
5.5.2. Impróprio, Irreal ou Quase-Flagrante (c) .................................................................. 90
5.5.3. 4.3. Ficto ou Presumido (d). ..................................................................................... 90
CLASSIFICAÇÃO ........................................................................................................... 90
5.6.1. Preparado/Provocado/“Crime de Ensaio”................................................................. 90
5.6.2. Forjado .................................................................................................................... 91
5.6.3. Esperado ................................................................................................................. 91
5.6.4. Diferido / Dilatado / Prorrogado / Protelado (“Ação Controlada”) .............................. 91
COMUNICAÇÃO DA PRISÃO EM FLAGRANTE ............................................................ 91
DECISÃO DO JUIZ-AUDITOR........................................................................................ 91
6. PRISÃO PELO ENCARREGADO DO IPM ............................................................................ 91
7. PRISÃO PREVENTIVA .......................................................................................................... 92
PREVISÃO LEGAL ......................................................................................................... 92
FUNDAMENTO DA CAUTELARIDADE .......................................................................... 92
REQUISITOS.................................................................................................................. 92
PRESSUPOSTOS .......................................................................................................... 92
7.4.1. Fumus commissi delicti ............................................................................................ 92
7.4.2. Periculum libertatis .................................................................................................. 92
FORMAS DE DECRETAÇÃO ......................................................................................... 93
MOMENTO DE DECRETAÇÃO ..................................................................................... 93
REVOGAÇÃO................................................................................................................. 93
VIA JUDICIAL CONTRA ................................................................................................. 94
APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEA ................................................................................. 94
8. PRISÃO DECORRENTE DE SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA ................................... 94

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9. MENAGEM ............................................................................................................................ 94
CONSIDERAÇÕES INICIAIS.......................................................................................... 94
COMPETÊNCIA E REQUISITOS ................................................................................... 95
LUGAR DA MENAGEM .................................................................................................. 95
9.3.1. Menagem a militar ................................................................................................... 95
9.3.2. Menagem a civil ....................................................................................................... 95
PARECER DO MP .......................................................................................................... 95
CASSAÇÃO E CESSAÇÃO DA MENAGEM ................................................................... 96
MENAGEM A INSUBMISSO........................................................................................... 96
CONTAGEM PARA PENA .............................................................................................. 96
REINCIDÊNCIA .............................................................................................................. 96
RECURSOS CRIMINAIS NA JUSTIÇA MILITAR .......................................................................... 97
1. TEORIA GERAL DOS RECURSOS ....................................................................................... 97
2. RECURSO EX OFFICIO ........................................................................................................ 97
HIPÓSES DE CABIMENTO ............................................................................................ 97
2.1.1. Separação facultativa de processos ........................................................................ 97
2.1.2. Reconhecimento de coisa julgada ........................................................................... 97
2.1.3. Concessão de reabilitação ....................................................................................... 97
2.1.4. Em tempo de guerra ................................................................................................ 98
3. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO...................................................................................... 98
CABIMENTO .................................................................................................................. 98
PRAZOS ......................................................................................................................... 98
LEGITIMIDADE .............................................................................................................. 99
COMPETÊNCIA ............................................................................................................. 99
EFEITOS ........................................................................................................................ 99
4. APELAÇÃO ........................................................................................................................... 99
CABIMENTO .................................................................................................................. 99
PRAZOS ....................................................................................................................... 100
LEGITIMIDADE ............................................................................................................ 100
COMPETÊNCIA ........................................................................................................... 100
EFEITOS ...................................................................................................................... 100
SITUAÇÕES NÃO RECEPCIONADAS PELA CF ......................................................... 101
4.6.1. Recolhimento à prisão (art. 527) ............................................................................ 101
4.6.2. Recurso sobrestado no caso de fuga do réu (art. 528) .......................................... 101
4.6.3. Julgamento secreto (art. 535, §6º) ......................................................................... 101
5. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ......................................................................................... 101
CONSIDERAÇÕES INICIAIS........................................................................................ 101
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL ........................................................................................... 101
CABIMENTO (CPPM, ARTS. 538 E 539) ..................................................................... 101
PRAZO ......................................................................................................................... 102
LEGITIMIDADE ............................................................................................................ 102
COMPETÊNCIA ........................................................................................................... 102
EFEITOS ...................................................................................................................... 102
RITO ............................................................................................................................. 102
6. EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE ................................................................. 102
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL ........................................................................................... 102
CABIMENTO ................................................................................................................ 102
PRAZO ......................................................................................................................... 103

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LEGITIMIDADE ............................................................................................................ 103
COMPETÊNCIA ........................................................................................................... 103
EFEITOS ...................................................................................................................... 103
7. CORREIÇÃO PARCIAL (CPPM, ART. 498)......................................................................... 103
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL ........................................................................................... 103
CABIMENTO ................................................................................................................ 103
PRAZO ......................................................................................................................... 103
LEGITIMIDADE ............................................................................................................ 103
COMPETÊNCIA ........................................................................................................... 103
EFEITOS ...................................................................................................................... 104

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APRESENTAÇÃO

Olá!

Inicialmente, gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja


útil na sua preparação, em todas as fases. A grande maioria dos concurseiros possui o hábito de
trocar o material de estudo constantemente, principalmente, em razão da variedade que se tem
hoje, cada dia surge algo novo. Porém, o ideal é você utilizar sempre a mesma fonte, fazendo a
complementação necessária, eis que quanto mais contato temos com determinada fonte de estudo,
mais familiarizados ficamos, o que se torna primordial na hora da prova.

O Caderno Sistematizado de Direito Penal Militar possui como base as aulas do Prof.
Guilherme Rocha (CERS), curso de 10 horas.

Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito


(www.dizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade Mecum de
Jurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o Direito).
Destacamos é importante você se manter atualizado com os informativos, reserve um dia da
semana para ler no site do Dizer o Direito.

Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina
+ informativos + + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você faça uma
boa prova.

Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito
importante!! As bancas costumam repetir certos temas.

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Equipe Cadernos Sistematizados.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 9


INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PROCESSUAL PENAL
MILITAR

1. IDENTIDADE COM O PROCESSO PENAL COMUM

Há no Direito Processual Penal Militar alguns institutos que são idênticos aos institutos do
Direito Processual Penal Comum, são eles:

a) Sujeitos processuais: juiz, MP, serventuários da justiça, acusado, defensor, assistente


do MP, peritos e interpretes;

b) Normas sobre suspensão e impedimento (quase todas);

c) Princípios (quase todos) – aqui, aplicam-se todos os princípios constitucionais;

d) Ação penal pública incondicionada

e) Prisão em flagrante

f) Questões prejudiciais e incidentes

2. SEMELHANÇAS COM O PROCESSO PENAL COMUM

Há, igualmente, institutos que se assemelham nos dois ramos, são eles:

a) Competência

b) Inquérito

c) Teoria Geral dos Recursos

d) Rejeição da denúncia

3. INSTITUTOS DO DIREITO PENAL COMUM INEXISTES NO DIREITO PENAL MILITAR

Alguns institutos do Direito Processual Penal não existem no Direito Processual Militar, são
eles:

a) Carta testemunhável

b) Fiança

c) Suspensão do processo no caso de citado por edital (art. 366)

d) Não existe recurso especial ao STM

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 10


e) Medias cautelares alternativas a prisão

4. INSTITUTOS DO DIREITO PENAL MILITAR INEXISTES NO DIREITO PENAL COMUM

Por fim, o Direito Penal Militar possui institutos que não existem no Direito Penal Comum,
são eles:

a) Prisão pelo encarregado do IPM;

b) Menagem;

c) Desaforamento para crimes não dolosos contra a vida;

d) Conselhos de Justiça Militar;

e) Ação Penal Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Defesa e à Requisição do


Presidente da República.

5. LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR

Destaca-se que nem toda legislação aplicação ao processo penal militar encontra-se
disciplinada no CPPM (Decreto-Lei 1.002/69). Há matérias dispostas, por exemplo, na Lei de
Organização Judiciária Militar da União (Lei 8.457/92), bem como se aplicam diversos dispositivos
previstos no Código de Processo Penal Comum.

6. OBSERVAÇÕES

Existe forte tendência do STF em restringir a competência da Justiça Castrense,


notadamente nas hipóteses do art. 9º, II, a (crime cometido por militar da ativa contra militar da
ativa), III (crime praticado por civil), e parágrafo único, do CPM (crimes dolosos contra a vida de
civil), do CPM.

O STF tem decidido que são crimes comuns os praticados:

1. Por militar da ativa contra militar da ativa por motivos estritamente pessoais, ambos não
estando de serviço e ambos fora de lugar sujeito à administração militar;

2. Por Civil que atinge apenas reflexamente interesse das instituições militares;

3. Dolosamente contra a Vida de Civil, seja o agente militar federal ou estadual.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 11


APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL MILITAR

1. PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

PRINCÍPIOS GERAIS DO PROCESSO PENAL MILITAR

Aplicam-se os princípios do Direito Processual Penal Comum ao Direito Processual Penal


Militar, a exemplo do contraditório, da ampla defesa, do devido processo legal, dentre outros
(princípios do inquérito penal policial).

Destaca-se que não há no processo penal militar a aplicação do princípio da identidade física
do juiz.

Obs.: Há doutrina que defende a aplicação de tal princípio por analogia, em razão do disposto no
art. 3º, alinhas “a” e “e”. Ficar atento para provas objetivas, tendo em vista que pela literalidade do
CPPM não é possível.

TEMA CORRELATO

ATENÇÃO - É o que ocorre com o art. 366 do CPPM, não há previsão no CPPM. Embora a
DPU já tenha recorrido ao STM e ao STF para que seja aplicado não obteve êxito.

Diferente foi o caso do interrogatório do acusado, em que a DPU conseguiu que fosse
aplicado o CPP, a fim de que seja o último ato do processo (Info 816).

Vale ressaltar que, antes deste julgamento, o Tribunal estava dividido. Por conta disso, o
STF, por questões de segurança jurídica, afirmou que a tese fixada (interrogatório como último ato
da instrução no processo penal militar) só se tornou obrigatória a partir da data de publicação da
ata deste julgamento (10/03/2016). Logo, os interrogatórios realizados antes de tal data são válidos,
ainda que não tenham observado o art. 400 do CPP, ou seja, ainda que tenham sido realizados
como primeiro ato da instrução.

E quanto à Lei de Drogas? Durante os debates, os Ministros assinalaram que, no


procedimento da Lei de Drogas e no processo de crimes eleitorais, o interrogatório também deverá
ser o último ato da instrução mesmo não havendo previsão legal neste sentido. Assim, quando o

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 12


STF for novamente chamado a se manifestar sobre esses casos, ele deverá afirmar isso
expressamente.

PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE E DA EXTRATERRITORIALIDADE

O CPPM, aqui, está em perfeita sintonia com o CPP. Portanto, a regra é a territorialidade,
sendo a extraterritorialidade da lei processual penal militar uma exceção.

Imagine os seguintes casos hipotéticos de extraterritorialidade:

CASO 1: Brasil celebra tratado com Portugal, segundo o qual será possível aplicar o CPPM
quando um brasileiro (militar) praticar um crime militar em Portugal, bem como será aplicado o
Direito Processual Penal Militar português, no Brasil, quando um militar lusitano praticar crime em
território nacional.

CASO 2: Brasil está em guerra com determinado país. No espaço em que as tropas
brasileiras já tiverem ocupadas será aplicado o CPPM.

No art. 1º do CPP está disposto que as normas serão aplicadas quando não estiverem em
conflitos com os tratados e convenções internacionais. Havendo conflito irá prevalecer as normas
internacionais, o mesmo ocorre no Direito Processual Penal Militar.

2. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL MILITAR NO TEMPO

REGRA GERAL

Segue o mesmo regramento do CPP comum.

O art. 2º do CPP traz o princípio da imediatidade da aplicação da lei processual ou princípio


do tempus regit actum, segundo o qual a lei processual penal será aplicada aos processos que
serão iniciados, bem como aos processos que estão em andamento, sem prejuízo dos atos que já
foram praticados e concluídos.

Obviamente, não será aplicada aos processos findos, aqueles em que já ocorreram o trânsito
em julgado.

O CPPM, em seu art. 5º, disciplina da mesma forma, vejamos:

Art. 5º As normas deste Código aplicar-se-ão a partir da sua vigência,


inclusive nos processos pendentes, ressalvados os casos previstos no art.
711, e sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei
anterior.

Destaca-se que tanto no CPPM quanto no CPP não há aplicação da dos princípios da
extratividade benévola e da extratividade gravosa.

IRRETOATIVIDADE + ULTRATIVIDADE = PRINCÍPIO DA EXTRATIVIDADE

EXCEÇÕES

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 13


2.2.1. Leis mistas ou híbridas

As leis mistas ou híbridas são aquelas que possuem matérias de direito penal e de direito
processual penal, a exemplo do instituto da ação penal que está previsto tanto no CPM quanto no
CPPM.

Assim, serão pautadas pelos princípios da extratividade benévola e da não extratividade


gravosa, ou seja, lei processual penal híbrida mais severa não irá retroagir, sendo mais benéfica
retroagirá.

2.2.2. Leis sobre prisão cautelares, liberdade provisória e menagem

As leis que disciplinarem prisão cautelares, liberdade provisória e menagem irão retroagir se
for mais benéfica ao réu.

3. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL MILITAR A DETERMINADAS PESSOAS


(PRERROGATIVAS DE FORO)

COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO STF

Prevista no art. 102, I, b e c da CF e na Lei 8.038/90 (estabelece o rito especial para


processar as autoridades com foro por prerrogativa no STF, STJ, TRF e TJ).

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da


Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-
Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o
Procurador-Geral da República;
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais
Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão
diplomática de caráter permanente;

Todas as autoridades públicas das alinhas “a” e “c” serão julgadas pelo STF, mesmo quando
praticarem crimes militares.

COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO STJ

Prevista no art. 105, I, a da CF e na Lei 8.038/90.

Art. 105, I, a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito


Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos
Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos
Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais
Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os
membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do
Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 14


Igualmente, as autoridades serão julgadas pelo STJ no caso de crimes militares.

Obs.: Quando a CF confere competência originária ao STF e ao STJ as autoridades, mesmo


praticando crime militar, não serão julgadas pelo STM.

COMPETENCIA ORIGINÁRIA DO STM

Prevista no art. 6º, I, a da Lei de Organização Judiciária Militar da União:

Art. 6° Compete ao Superior Tribunal Militar:


I - processar e julgar originariamente:
a) os oficiais generais das Forças Armadas, nos crimes militares definidos
em lei;

O STM irá julgar, POR CRIME MILITAR, apenas os oficiais gerais das Forças Armadas, são
eles:

a) MARINHA – contra-almirante, vice-almirante, almirante-de-esquadra e almirante (tempo


de guerra)

b) EXÉRCITO – general-de-brigada, general-de-divisão e general-de-exército, marechal


(tempo de guerra)

c) AERONÁUTICA – brigadeiro, major-brigadeiro do ar, tenente-brigadeiro-do-ar,


marechal-do-ar (tempo de guerra).

As demais autoridades não serão julgadas pelo STM, a exemplo de juízes militares,
promotores militares.

OBS.: Os comandantes da Marinha (almirante-de-esquadra), Exército (general-de-exército) e


Aeronáutica (tenente-brigadeiro) sempre serão processados e julgados pelo STF.

COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DOS TRF’S

Prevista no art. 108, I, a da CF e na Lei 8.038/90.

Art. 108, a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da


Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de
responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada
a competência da Justiça Eleitoral;

COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DOS TJ’S

Prevista no art. 27, §1º (deputados estaduais e distritais), art. 29, X (prefeitos), art. 32, §3º e
art. 96, III todos da CF e na Lei 8.038/90.

Há precedente do STM afirmando que prefeitos, quando cometem crime militar federal,
serão julgados pelo próprio STM.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 15


4. INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL MILITAR

INTERPRETAÇÃO LITERAL

As normas do CPPM, em regra, devem ser interpretadas de forma literal, nos termos do art.
2º:

Art. 2º A lei de processo penal militar deve ser interpretada no sentido literal
de suas expressões. Os termos técnicos hão de ser entendidos em sua
acepção especial, salvo se evidentemente empregados com outra
significação.

INTERPRETAÇÃO NÃO-LITERAL

Trata-se de exceção, são casos em que se admite a interpretação extensiva e a


interpretação restritiva, nos termos do art. 2º, §1º do CPPM:

Art. 2º, § 1º Admitir-se-á a interpretação extensiva ou a interpretação


restritiva, quando for manifesto, no primeiro caso, que a expressão da lei é
mais estrita e, no segundo, que é mais ampla, do que sua intenção.

PROIBIÇÃO DE INTERPRETAÇÃO NÃO-LITERAL

Aqui, temos a exceção da exceção (§ 2º do art. 2º):

Art. 2º, § 2º Não é, porém, admissível qualquer dessas interpretações,


quando:
a) cercear a defesa pessoal do acusado;
b) prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou lhe desvirtuar a
natureza;
c) desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram origem ao
processo.

São casos em que o CPPM proíbe que sejam feitas interpretações extensivas ou restritivas,
quando:

a) Cercear a defesa pessoal do acusado;

b) Prejudicar ou alterar curso normal do processo, ou lhe desvirtuar a natureza.

c) Desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram origem ao processo.

SUPRIMENTO DE LACUNAS

O art. 3º do CPPM dispõe sobre a forma que as lacunas serão tratadas, quando o CPPM for
omisso, vejamos:

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 16


Art. 3º Os casos omissos neste Código serão supridos:
a) pela legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso
concreto e sem prejuízo da índole do processo penal militar;
b) pela jurisprudência;
c) pelos usos e costumes militares;
d) pelos princípios gerais de Direito;
e) pela analogia.

A Doutrina sustenta que se deve seguir a ordem do art. 3º.

4.4.1. Legislação Processual Penal Comum

É a primeira solução que deve ser dada para resolver as lacunas.

Um exemplo da aplicação do CPP ao Direito Processual Militar é o interrogatório do réu feito


por carta precatória. Nesse sentindo, o Info 824 do STF (Dizer o Direito):

João, militar do Exército, estava respondendo a processo por crime militar na 12ª
Circunscrição Judiciária Militar, que fica sediada em Manaus (AM). Ocorre que João estava
morando em São Gabriel da Cachoeira, município do Amazonas muito distante da Capital. Vale
ressaltar que nesta cidade do interior não existe Justiça Militar, nem mesmo vara federal.

Diante disso, o Juiz Auditor expediu carta precatória para que João fosse ouvido em São
Gabriel da Cachoeira na Justiça Estadual. O Juiz de Direito cumpriu a carta precatória e realizou o
interrogatório do réu. Importante destacar que estava presente no ato o Promotor de Justiça e um
advogado ad hoc, ou seja, designado para fazer a defesa do acusado naquele ato.

Ao final, o réu foi condenado e a defesa alegou a nulidade do processo a partir do


interrogatório, considerando que não haveria previsão legal no CPPM para a realização de
interrogatório por meio de carta precatória. Apontava que ocorreu indevidamente a flexibilização do
princípio da identidade física do juiz.

A tese da defesa foi aceita pelo STF? NÃO. No processo penal militar não há nulidade na
realização de interrogatório do réu por meio de carta precatória.

O réu respondia o processo em liberdade. Uma vez solto, não é ônus do Estado providenciar
o seu transporte até a sede do órgão julgador para lá ser interrogado.

É verdade que o Código de Processo Penal Militar não prevê a possibilidade de expedição
de carta precatória para inquirir acusado. No entanto, o CPPM também não veda esta prática.
Diante dessa lacuna, é possível a aplicação subsidiária do Código de Processo Penal Comum
(CPP), conforme autoriza o art. 3º, “a”, do CPPM.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 17


4.4.2. Jurisprudência

A jurisprudência é a segunda tentativa de solução das lacunas, quando não encontrada


solução na legislação penal comum.

4.4.3. Usos e costumes militares

Os usos e os costumes militares poderão ser utilizados para que as lacunas sejam supridas.

4.4.4. Princípios gerais de direito

Igualmente, o aplicador do direito poderá se valer dos princípios gerais do direito em caso
de omissão.

4.4.5. Analogia

É a última tentativa para solucionar a lacuna, admite-se tanto a analogia in bonam partem
quanto em malam partem.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 18


INVESTIGAÇÃO CRIMINAL MILITAR

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

É um tema de grande incidência em concursos públicos, por isso será abordado de forma
detalhada.

Cerca de 25% das questões de processo penal militar versam sobre investigação criminal
militar.

2. PERSECUTIO CRIMINIS

A persecução penal militar é uma atividade que possui duas fases, assim como ocorre no
Direito Processual Penal Comum. A seguir veremos cada uma delas.

EXTRAJUDICIUM

Trata-se da persecução penal extrajudicial, ou seja, da investigação criminal.

No Processo Penal Comum poderá ocorrer no inquérito policial (polícia civil e polícia federal),
instaurado por portaria (quando não houver flagrante) ou mediante a lavratura de um auto de prisão
em flagrante (APF), bem como nas infrações de menor potencial ofensivo por meio de TCO. Além
disso, será possível que a investigação seja iniciada pelo Ministério Público, por meio do
procedimento de investigação criminal (PIC).

Obs.: A polícia civil e a polícia federal não possuem atribuições para apuração dos crimes militares.

No Processo Penal Militar a competência para investigar os crimes militares é das


Instituições Militares que podem ser:

• Federal: Marinha, Exército e Aeronáutica irão investigar os crimes de competência da


JMU;

• Estadual/Distrital: Policias Militares e Corpo de Bombeiro Militar dos Estados quando os


crimes forem de competência da Justiça Militar dos Estados e do DF.

Destaca-se que na Justiça Federal e Estadual Comum há apenas inquérito policial e o TCO
(termo circunstanciado). Na Polícia Judiciária Militar há quatro procedimentos de investigação, a
seguir veremos cada um deles, brevemente:

2.1.1. Inquérito policial militar (IPM)

É um procedimento inquisitorial que visa apuração de crimes militares, salvo deserção e


insubmissão, sem que tenha havido prisão em flagrante.

2.1.2. Auto de prisão em flagrante (APF)

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 19


É um procedimento inquisitorial que visa apuração de crimes militares, salvo deserção e
insubmissão, nos casos em que ocorrer a prisão em flagrante.

2.1.3. Instrução provisória de deserção (IPD)

É um procedimento inquisitorial que visa apurar o crime de deserção.

OBS.: IPM, APF e IPD podem ser instaurados por qualquer instituição militar.

2.1.4. Instrução provisória de insubmissão (IPI)

É um procedimento inquisitorial que visa apurar o crime de insubmissão.

Apenas no âmbito das forças armadas, pois não há insubmissão de civil frente as demais
instituições militares.

2.1.5. Ministério Público Militar

O MPM poderá exercer a investigação militar, assim com o MPE e o MPF.

IN JUDICIUM

É a persecução criminal judicial, materializa-se APENAS por meio de ação penal militar,
pouco importa se estamos em tempo de paz ou de guerra.

3. INQUÉRITO POLICIAL MILITAR

CONCEITO

Possui as mesmas características do inquérito policial comum.

É um procedimento inquisitorial administrativo, de caráter informativo, sem contraditório e


ampla defesa, visando a apuração de crimes militares e de sua autoria.

FINALIDADE

Apurar a autoria e a materialidade dos crimes militares, a fim de trazer elementos para a
propositura da ação penal.

Art. 9º O inquérito policial militar é a apuração sumária de fato, que, nos


termos legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de
instrução provisória, cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos
necessários à propositura da ação penal.
Parágrafo único. São, porém, efetivamente instrutórios da ação penal os
exames, perícias e avaliações realizados regularmente no curso do inquérito,
por peritos idôneos e com obediência às formalidades previstas neste Código.
OBS: a transgressão militar é apurada por meio de procedimento administrativo. Aqui, há
contraditório e ampla defesa.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 20


Salienta-se que a denúncia poderá ser oferecida sem que tenha havido o IPM, APF, IPD ou
IPI.

POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

A polícia judiciária militar possui sua competência disciplinada no art. 8º do CPPM, vejamos:

Art. 8º Compete à Polícia judiciária militar:


a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão
sujeitos à jurisdição militar1 (não recepcionada pela CF/88), e sua autoria;
b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros do Ministério
Público as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos,
bem como realizar as diligências que por eles lhe forem requisitadas; 2
c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar; 3
d) representar a autoridades judiciárias militares acerca da prisão preventiva
e da insanidade mental do indiciado;4
e) cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob sua
guarda e responsabilidade, bem como as demais prescrições deste Código,
nesse sentido;5
f) solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar úteis à
elucidação das infrações penais, que esteja a seu cargo;6
g) requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civis as pesquisas e
exames necessários ao complemento e subsídio de inquérito policial militar; 7
h) atender, com observância dos regulamentos militares, a pedido de
apresentação de militar ou funcionário de repartição militar à autoridade civil
competente, desde que legal e fundamentado o pedido

1. Tratava-se da Lei de Segurança Nacional (7.170/83) segundo a qual a apuração de


crimes contra a segurança nacional (crimes políticos para a CF) caberia às formas
armadas por meio de IPM. A parte riscada não foi recepcionada pela CF, pois são crimes
de competência da Justiça Federal, a investigação será feita pela Polícia Federal.

2. Toda informação útil a ser prestada à Justiça Militar ou ao MPM será de incumbência da
Polícia Militar, mesmo que não requisitadas. Além disso, deverá realizar as diligências
que lhe forem requisitas.

3. Não há prisão temporária como disciplinada no DPPC. Alguns doutrinadores chamam a


prisão do art. 18 do CPPM de prisão temporária (professor discorda, pois não é uma
prisão expedida pela Justiça Militar). Há prisão em flagrante, prisão preventiva e o
menagem (restrição de liberdade, não é prisão).

Art. 18. Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar


detido, durante as investigações policiais, até trinta dias, comunicando-se a
detenção à autoridade judiciária competente. Esse prazo poderá ser
prorrogado, por mais vinte dias, pelo comandante da Região, Distrito Naval
ou Zona Aérea, mediante solicitação fundamentada do encarregado do
inquérito e por via hierárquica.

4. O encarregado do IPM pode fazer pedido de decretação de prisão preventiva ou de


instauração de incidente de sanidade mental.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 21


5. São obrigados a cumprir todas as determinações da Justiça Militar, a exemplo da escolta
de presos.

6. O encarregado do IPM pode solicitar informações de órgãos públicos (municipais,


estaduais e federais), das polícias federal e civil.

7. Durante o IPM é possível solicitar que as perícias sejam realizadas pela PC ou pela PF,
a finalidade é instruir o IPM.

CARACTERÍSTICAS DO IPM

3.4.1. Procedimento escrito

Assim como ocorre no IP comum é um procedimento escrito, nos termos do art. 22 do CPPM.

Art. 22. O inquérito será encerrado com minucioso relatório, em que o seu
encarregado mencionará as diligências feitas, as pessoas ouvidas e os
resultados obtidos, com indicação do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato
delituoso. Em conclusão, dirá se há infração disciplinar a punir ou indício de
crime, pronunciando-se, neste último caso, justificadamente, sobre a
conveniência da prisão preventiva do indiciado, nos termos legais.

3.4.2. Sigilosidade

É um procedimento sigiloso, conforme disposto no art. 16 do CPPM.

Art. 16. O inquérito é sigiloso, mas seu encarregado pode permitir que dele
tome conhecimento o advogado do indiciado.

Ressalva-se que, aqui, não se opõe o sigilo ao advogado do investigado, aplicando-se a SV


14 do STF.

SV 14 - É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo


aos elementos de prova que, já documentados em procedimento
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária,
digam respeito ao exercício do direito de defesa.

3.4.3. Oficialidade

Não é qualquer autoridade pública que poderá instaurar, presidir e relatar IPM, APF, IPD e
o IPI.

No PP Comum, a autoridade é do delegado de polícia. No processo penal militar, a


autoridade é chamada de encarregado.

O CPPM preocupa-se com duas figuras: o encarregado (art. 15) e o escrivão do IPM (art.
11).

Art. 15. Será encarregado do inquérito, sempre que possível, oficial de posto
não inferior ao de capitão ou capitão-tenente; e, em se tratando de infração
penal contra a segurança nacional, sê-lo-á, sempre que possível, oficial
superior, atendida, em cada caso, a sua hierarquia, se oficial o indiciado.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 22


Art. 11. A designação de escrivão para o inquérito caberá ao respectivo
encarregado, se não tiver sido feita pela autoridade que lhe deu delegação
para aquele fim, recaindo em segundo ou primeiro-tenente, se o indiciado for
oficial, e em sargento, subtenente ou suboficial, nos demais casos.

A designação dependerá da pessoa investigada (observar a hierarquia), nos termos do art.


7º do CPPM:

Art. 7º A polícia judiciária militar é exercida nos termos do art. 8º, pelas
seguintes autoridades, conforme as respectivas jurisdições:
a) pelos ministros (COMANDANTE) da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica, em todo o território nacional e fora dele, em relação às forças e
órgãos que constituem seus Ministérios, bem como a militares que, neste
caráter, desempenhem missão oficial, permanente ou transitória, em país
estrangeiro;
b) pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em relação a entidades
que, por disposição legal, estejam sob sua jurisdição;
c) pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da Marinha, nos
órgãos, forças e unidades que lhes são subordinados;
d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra,
nos órgãos, forças e unidades compreendidos no âmbito da respectiva ação
de comando;
e) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos
órgãos e unidades dos respectivos territórios;
f) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete do
Ministério da Aeronáutica, nos órgãos e serviços que lhes são subordinados;
g) pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos ou
serviços previstos nas leis de organização básica da Marinha, do Exército e
da Aeronáutica;
h) pelos comandantes de forças, unidades ou navios;

Os comandantes poderão delegar o poder de investigação para oficiais subordinados a eles.


Caso não seja possível delegar a um oficial de posto superior, delega-se ao mais antigo do mesmo
posto.

Delegação do exercício
§ 1º Obedecidas as normas regulamentares de jurisdição, hierarquia e
comando, as atribuições enumeradas neste artigo poderão ser delegadas a
oficiais da ativa, para fins especificados e por tempo limitado.
§ 2º Em se tratando de delegação para instauração de inquérito policial
militar, deverá aquela recair em oficial de posto superior ao do indiciado, seja
este oficial da ativa, da reserva, remunerada ou não, ou reformado.
§ 3º Não sendo possível a designação de oficial de posto superior ao do
indiciado, poderá ser feita a de oficial do mesmo posto, desde que mais
antigo.

Quando o investigado for da reserva ou reformado prevalecerá a hierarquia para


investigação. Aqui, contudo, poderá ser do mesmo posto sem observar a antiguidade. Por exemplo,
um Major da ativa poderá investigar um Major da reserva ou reformado.

Questão de Prova: Um oficial de mesmo porto para investigar SEMPRE precisa ser mais antigo.
ERRADA! Quando o investigado estiver na reserva não precisa ser o mais antigo.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 23


§ 4º Se o indiciado é oficial da reserva ou reformado, não prevalece, para a
delegação, a antiguidade de posto.

Nas forças armadas quase nunca ocorre a incidência do §5º.

Designação de delegado e avocamento de inquérito pelo ministro


§ 5º Se o posto e a antiguidade de oficial da ativa excluírem, de modo
absoluto, a existência de outro oficial da ativa nas condições do § 3º, caberá
ao ministro competente a designação de oficial da reserva de posto mais
elevado para a instauração do inquérito policial militar; e, se este estiver
iniciado, avocá-lo, para tomar essa providência.

Suponha que o investigado da ativa do IPM seja um Vice-Almirante, o encarregado poderá


ser um Almirante-de-Esquadra ou um Vice-Almirante mais antigo. Caso seja um Almirante-de-
Esquadra, por exemplo, só poderá ser investigado por outro Almirante-de-Esquadra mais antigo no
posto. Contudo, se o investigado for o Almirante-de-Esquadra mais antigo no Brasil caberá ao
Ministro (1ªC – Ministro da Defesa; 2ªC – Comandante da Marinha, Exército ou Aeronáutica)
competente designar um Almirante-de-Esquadra da reserva para ser o encarregado do IPM.

Parte da doutrina de PP Militar defende que este dispositivo não possui aplicação prática.

Obs.: a questão da hierarquia aplica-se também ao APF, ao IPD e ao IPI. Não é exclusivo do IPM.

A seguir analisaremos os possíveis encarregados e escrivães de acordo com o investigado:

a) Investigado civil ou praça

• Encarregado: preferencialmente, Capitão. Nada impede que seja um Tenente. Os


aspirantes a oficial, os guardas, os cadetes não podem ser encarregados, pois não são
oficiais.

• Escrivão: subtenente, suboficial ou sargento

b) Investigado oficial

• Encarregado: oficial de posto superior ou oficial mais antigo do mesmo posto.

• Escrivão: no mínimo, segundo tenente. Não precisa ser de posto superior e nem o mais
antigo no mesmo posto.

c) Investigado oficial de posto superior ou mais antigo que o encarregado

Art. 10, § 5º Se, no curso do inquérito, o seu encarregado verificar a


existência de indícios contra oficial de posto superior ao seu, ou mais antigo,
tomará as providências necessárias para que as suas funções sejam
delegadas a outro oficial, nos termos do § 2° do art. 7º.
Quando o encarregado, no curso do IPM, descobre envolvimento de oficial de posto
superior ao seu ou mais antigo no mesmo posto, não poderá continuar nas
investigações. Deve informar seu superior para que continue ou delegue a um oficial
superior ao investigado ou mais antigo se no mesmo posto.

d) Infrator oficial-geral

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 24


O fato deve ser comunicado ao Ministro da Defesa (1ªC) ou Comandante (2ªC) para que
tome providências.

Art. 10, § 4º Se o infrator for oficial general, será sempre comunicado o fato
ao ministro e ao chefe de Estado-Maior competentes, obedecidos os trâmites
regulamentares.

3.4.4. Dispensabilidade

Assim como ocorre no IP comum, o IPM também é dispensável. Ou seja, a ação penal
poderá ocorrer independentemente da existência de um IPM, nos termos do art. 28 do CPPM.

Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de diligência


requisitada pelo Ministério Público:
a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou
outras provas materiais;
b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou publicação,
cujo autor esteja identificado;
c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349 do Código Penal Militar.

A doutrina e a jurisprudência entendem que o IPM será dispensável em qualquer hipótese,


não apenas nos casos do art. 28.

PRESIDÊNCIA DO IPM E INVESTIGAÇÃO PELO MPM

A presidência do IPM será sempre do encarregado, tratando-se de autoridade militar da ativa


(salvo o caso citado do §5º).

Como já vimos acima, o MPM possui poder de investigação militar. Inclusive, por promotor
de justiça estadual que exerça atividade junto a auditória militar estadual ou distrital.

VÍCIOS DO IPM

Eventuais vícios no IPM não contaminam futura ação penal, desde que a justa causa não
seja viciada.

4. NOTITIA CRIMINIS

CONCEITO

É a comunicação de um crime militar à autoridade competente.

ESPÉCIES

4.2.1. Imediata ou espontânea

Alguém dentro da própria instituição militar toma conhecimento da prática do delito militar.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 25


4.2.2. Mediata

O comandante toma conhecimento do delito por alguém de fora da instituição militar. Por
exemplo, o MPM requisita investigação.

4.2.3. Coercitiva

Ocorre quando o agente é preso em flagrante.

NOTITIA CRIMINIS INQUALIFICADA

Trata-se da denúncia anônima. É o mesmo procedimento do Processo Penal Comum.

5. INSTAURAÇÃO DO IPM

No DPP Comum o IP pode ser instaurado por portaria (quando não há flagrante) ou através
de um APF (quando há flagrante).

Como vimos acima, o IPM será instaurado apenas quando não houver situação de
flagrância, desde que não seja crime de deserção e de insubmissão, por meio de portaria.

CRIME DE AÇÃO PENAL MILITAR PÚBLICA INCONDICIONADA

Destaca-se que nos crimes militares não existe ação penal privada e nem crimes de ação
penal pública condicionada à representação do ofendido ou de seu representante legal.

Aqui, tanto os crimes contra a honra quanto os crimes de dano simples serão de ação penal
pública incondicionada.

Assim, o IPM poderá ser instaurado:

• Ex officio

• Requisição do MPM

No CPP há previsão de requisição de instauração de IP pelo juiz (embora haja discussão


acerca da recepção), não há tal possibilidade no CPPM.

CRIME DE AÇÃO PENAL MINLITAR CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO


GOVERNO FEDERAL

A representação federal poderá ser feita pelo Ministro da Justiça, pelo Ministro da Defesa e
pelo Presidente da República, a depender do caso concreto, nos termos do art. 31 do CPMM.

Art. 31. Nos crimes previstos nos arts. 136 a 141 do Código Penal Militar, a
ação penal; quando o agente for militar ou assemelhado, depende de
requisição, que será feita ao procurador-geral da Justiça Militar, pelo
Ministério a que o agente estiver subordinado; no caso do art. 141 do mesmo

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 26


Código, quando o agente for civil e não houver coautor militar, a requisição
será do Ministério da Justiça.
.
O IPM será instaurado, devendo comunicar ao PGJM que irá comunicar ao PGR.

6. AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE

É o procedimento instaurando para investigar um crime militar quando o agente estiver em


situação de flagrância, independente do agente (civil ou militar, ativa ou na reserva), salvo nos casos
de deserção e insubmissão.

Art. 27. Se, por si só, for suficiente para a elucidação do fato e sua autoria, o
auto de flagrante delito constituirá o inquérito, dispensando outras diligências,
salvo o exame de corpo de delito no crime que deixe vestígios, a identificação
da coisa e a sua avaliação, quando o seu valor influir na aplicação da pena.
A remessa dos autos, com breve relatório da autoridade policial militar, far-
se-á sem demora ao juiz competente, nos termos do art. 20.

Não há lavratura de TCO, bem como não se aplica os institutos da Lei 9.099/95, nos termos
do art. 90-A da própria lei, vejamos:

Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça


Militar.

Sabe-se que os civis podem ser processados e julgados pela Justiça Militar, o APF será
lavrado pela instituição militar. Contudo, a prisão cautelar será em estabelecimento penal comum.

OBS.: Civil pode cometer crime contra a Justiça Militar Federal, será julgado por ela. Por outro lado,
mesmo não podendo ser processado e julgado pela Justiça Militar Estadual poderá cometer crimes
militar contra as instituições militares estaduais e distrital, oportunidade em que será processado e
julgado pela Justiça Comum Estadual, nos termos da Súmula 53 do STJ. Por fim, a investigação
será feita pela PM ou pelo Corpo de Bombeiros.

Súmula 53 STJ - compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar civil


acusado de pratica de crime contra instituições militares estaduais.

7. DILIGÊNCIAS POLICIAIS MILITARES

GENERALIDADES

As diligências são realizadas pelo encarregado (de ofício e de forma discricionária) do IPM,
a exemplo da oitiva de testemunhas, de eventuais vítimas, bem como acareações, reconhecimento
de pessoas e coisas, reconstituição do crime (reconstituição similar dos fatos), nos termos dos arts.
12 e 13 do CPPM.

Art. 12. Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar,
verificável na ocasião, a autoridade a que se refere o § 2º do art. 10 deverá,
se possível:

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 27


a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a
situação das coisas, enquanto necessário;
b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o
fato;
c) efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no art. 244;
d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias.
Formação do inquérito
Art. 13. O encarregado do inquérito deverá, para a formação deste:
Atribuição do seu encarregado
a) tomar as medidas previstas no art. 12, se ainda não o tiverem sido;
b) ouvir o ofendido;
c) ouvir o indiciado;
d) ouvir testemunhas;
e) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e acareações;
f) determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a
quaisquer outros exames e perícias;
g) determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída, desviada,
destruída ou danificada, ou da qual houve indébita apropriação;
h) proceder a buscas e apreensões, nos termos dos arts. 172 a 184 e 185 a
189;
i) tomar as medidas necessárias destinadas à proteção de testemunhas,
peritos ou do ofendido, quando coactos ou ameaçados de coação que lhes
tolha a liberdade de depor, ou a independência para a realização de perícias
ou exames.
Reconstituição dos fatos
Parágrafo único. Para verificar a possibilidade de haver sido a infração
praticada de determinado modo, o encarregado do inquérito poderá proceder
à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade
ou a ordem pública, nem atente contra a hierarquia ou a disciplina militar.

Inclusive solicitar autorização para interceptação telefônica (reserva de jurisdição), desde


que o crime seja apenado com reclusão.

Obs.: Cabe prisão preventiva no DPP Militar, contudo não cabe prisão temporária. O art. 18 do
CPPM deve ser interpretado à luz da CF, assim caberá a prisão para os crimes propriamente militar,
mesmo que praticado por civil (não há limitação).

Quando a diligência for requisitada pelo Juiz ou pelo MP, o encarregado está obrigado a
realizá-la.

Destaca-se que algumas diligências se submetem a cláusula de reserva de jurisdição, assim


precisam ser autorizadas pelo juiz. Cita-se, como exemplo, a prisão preventiva, o menagem (salvo
no caso de insubmissão), instauração de incidente de sanidade mental, busca e apreensão
domiciliar (a pessoal dispensa autorização), interceptações telefônicas e quebra de sigilo.

Por fim, importante consignar que é possível que o encarregado realize outras diligências
não previstas nos arts. 12 e 13 do CPPM.

OBS.: Em tese, é cabível os institutos da Lei 12.850/13 aos crimes militares perpetrados por alguma
organização criminosa, eis que não há vedação legal.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 28


PROVIDÊNCIAS ANTES DO IPM

Antes da instauração do IPM, a autoridade deverá se dirigir ao local do fato, apreender


instrumentos e objetos relacionados ao fato, efetuar a prisão em flagrante (se cabível) e colher todas
as provas para elucidar o fato, nos termos do art. 12 do CPPM.

Art. 12. Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar,
verificável na ocasião, a autoridade a que se refere o § 2º do art. 10 deverá,
se possível:
a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a
situação das coisas, enquanto necessário;
b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o
fato;
c) efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no art. 244;
d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias.

PROVIDÊNCIAS DURANTE O IPM

Após a instauração do IPM, o encarregado deverá tomar as medidas cabíveis antes de se


instaurar o IPM (quando não houver sido feitas), providenciar as oitivas do ofendido, do indiciado e
de eventuais testemunhas, bem como realizar acareações e exames periciais, conforme disposto
no art. 13 do CPPM.

Art. 13. O encarregado do inquérito deverá, para a formação deste:


Atribuição do seu encarregado
a) tomar as medidas previstas no art. 12, se ainda não o tiverem sido;
b) ouvir o ofendido;
c) ouvir o indiciado;
d) ouvir testemunhas;
e) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e acareações;
f) determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a
quaisquer outros exames e perícias;
g) determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída, desviada,
destruída ou danificada, ou da qual houve indébita apropriação;
h) proceder a buscas e apreensões, nos termos dos arts. 172 a 184 e 185 a
189;
i) tomar as medidas necessárias destinadas à proteção de testemunhas,
peritos ou do ofendido, quando coactos ou ameaçados de coação que lhes
tolha a liberdade de depor, ou a independência para a realização de perícias
ou exames.1
Reconstituição dos fatos
Parágrafo único. Para verificar a possibilidade de haver sido a infração
praticada de determinado modo, o encarregado do inquérito poderá proceder
à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade
ou a ordem pública, nem atente contra a hierarquia ou a disciplina militar.

1) Não encontra correspondência no CPP Comum. Como exemplo podemos imaginar um


crime praticado por um Coronel, em que há três soldados como testemunhas, o
encarregado poderá providenciar a proteção dos soldados.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 29


8. CONCLUSÃO DO IPM

PRAZO PARA CONCLUSÃO

CPP COMUM CPP MILITAR


Polícia Civil Tempo de paz (art. 20):
a) Solto: 30 dias (prorrogável) a) Solto: 40 dias
b) Preso: 10 dias (improrrogável) • 1ª Prorrogação – 20 dias (realizada
pelo próprio Comandante)
• 2ª Prorrogação em diante – apenas
com ordem judicial, que irá fixar o
prazo analisando o caso concreto.
b) Preso: 20 dias (improrrogável)

Polícia Federal: Tempo de guerra (art. 675, §1º)


a) Solto: 30 dias (prorrogável • Prazo de cinco dias, podendo haver
sucessivamente) uma prorrogação por mais três dias,
b) Preso: 15 dias (prorrogável por mais 15 seja indiciado preso ou solto.
dias)

Art. 20. O inquérito deverá terminar dentro em vinte dias, se o indiciado estiver
preso, contado esse prazo a partir do dia em que se executar a ordem de
prisão; ou no prazo de quarenta dias, quando o indiciado estiver solto,
contados a partir da data em que se instaurar o inquérito.
§ 1º Este último prazo poderá ser prorrogado por mais vinte dias pela
autoridade militar superior, desde que não estejam concluídos exames ou
perícias já iniciadas, ou haja necessidade de diligência, indispensáveis à
elucidação do fato. O pedido de prorrogação deve ser feito em tempo
oportuno, de modo a ser atendido antes da terminação do prazo.
Diligências não concluídas até o inquérito
§ 2º Não haverá mais prorrogação, além da prevista no § 1º, salvo dificuldade
insuperável, a juízo do ministro de Estado competente. Os laudos de perícias
ou exames não concluídos nessa prorrogação, bem como os documentos
colhidos depois dela, serão posteriormente remetidos ao juiz, para a juntada
ao processo. Ainda, no seu relatório, poderá o encarregado do inquérito
indicar, mencionando, se possível, o lugar onde se encontram as
testemunhas que deixaram de ser ouvidas, por qualquer impedimento.
Dedução em favor dos prazos
§ 3º São deduzidas dos prazos referidos neste artigo as interrupções pelo
motivo previsto no § 5º do art. 10.

Art. 675, § 1º O prazo para a conclusão do inquérito é de cinco dias, podendo,


por motivo excepcional, ser prorrogado por mais três dias.

Obs.: os prazos são aplicados tanto para o investigado militar quanto para o investigado civil, bem
como independe do crime praticado.

RELATÓRIO, SOLUÇÃO, AVOCAÇÃO E REMESSA DO IPM

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 30


Previstos nos arts. 22 e 23 do CPPM:

8.2.1. Relatório

Art. 22. O inquérito será encerrado com minucioso relatório, em que o seu
encarregado mencionará as diligências feitas, as pessoas ouvidas e os
resultados obtidos, com indicação do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato
delituoso. Em conclusão, dirá se há infração disciplinar a punir ou indício de
crime, pronunciando-se, neste último caso, justificadamente, sobre a
conveniência da prisão preventiva do indiciado, nos termos legais.

O relatório feito pelo encarregado é semelhante ao relatório do PP Comum. Contudo, o IPM


relatado não irá diretamente para a Justiça Militar, tendo em vista que será encaminhado ao
Comandante.

8.2.2. Solução

§ 1º No caso de ter sido delegada a atribuição para a abertura do inquérito, o


seu encarregado enviá-lo-á à autoridade de que recebeu a delegação, para
que lhe homologue ou não a solução, aplique penalidade, no caso de ter sido
apurada infração disciplinar, ou determine novas diligências, se as julgar
necessárias.

Após o relatório, o Comandante dará a solução, a fim de que haja um controle.

É possível que o Comandante discorde do relatório.

8.2.3. Avocação

§ 2º Discordando da solução dada ao inquérito, a autoridade que o delegou


poderá avocá-lo e dar solução diferente.

O Comandante poderá avocar o IPM.

8.2.4. Remessa do inquérito à Auditoria da Circunscrição

Art. 23. Os autos do inquérito serão remetidos ao auditor da Circunscrição


Judiciária Militar onde ocorreu a infração penal, acompanhados dos
instrumentos desta, bem como dos objetos que interessem à sua prova.
Remessa a Auditorias Especializadas
§ 1º Na Circunscrição onde houver Auditorias Especializadas da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica, atender-se-á, para a remessa, à especialização de
cada uma. Onde houver mais de uma na mesma sede, especializada ou não,
a remessa será feita à primeira Auditoria, para a respectiva distribuição. Os
incidentes ocorridos no curso do inquérito serão resolvidos pelo juiz a que
couber tomar conhecimento do inquérito, por distribuição.
§ 2º Os autos de inquérito instaurado fora do território nacional serão
remetidos à 1ª Auditoria da Circunscrição com sede na Capital da União,
atendida, contudo, a especialização referida no § 1º.

SISTEMATIZANDO

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 31


• Relatório da Inquisa (feito pelo encarregado)

• Solução da Inquisa (feito pelo Comandante da OM)


• Auditoria da Justiça Militar


• Ministério Público

9. ATUAÇÃO DO MP

OFERECIMENTO DA DENÚNCIA

Havendo justa causa o MP irá oferecer denúncia, nos termos do art. 30 do CPPM:

Art. 30. A denúncia deve ser apresentada sempre que houver:


a) prova de fato que, em tese, constitua crime;
b) indícios de autoria.

Veremos com mais detalhes ao estudarmos ação penal militar.

REQUISIÇÃO DE DILIGÊNCIAS

Entendendo que não há justa causa ampla para o oferecimento da denúncia, conforme o
art. 26 do CPPM, o MP poderá solicitar as diligências que entender pertinentes.

Art. 26. Os autos de inquérito não poderão ser devolvidos a autoridade


policial militar, a não ser:
I — mediante requisição do Ministério Público, para diligências por ele
consideradas imprescindíveis ao oferecimento da denúncia;
II — por determinação do juiz, antes da denúncia, para o preenchimento de
formalidades previstas neste Código, ou para complemento de prova que
julgue necessária.
Parágrafo único. Em qualquer dos casos, o juiz marcará prazo, não
excedente de vinte dias, para a restituição dos autos.

ARQUIVAMENTO

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 32


Por fim, entendo que não cabe denúncia e que não são necessárias novas diligências,
poderá requerer o arquivamento (estudaremos em tópico próprio).

10. ARQUIVAMENTO DO IPM/APF/IPD/IPI

NATUREZA JURÍDICA

É um ato complexo, assim não pode o MP arquivar de forma unilateral e nem o juiz arquivar
de ofício (casos em que cabe correição parcial).

PEDIDO DO MPM + DECISÃO JUDICIAL FAVORÁVEL = ARQUIVAMENTO.

HIPÓTESES DE CABIMENTO

São as mesmas hipóteses do PP Comum:

• Não há conduta;

• Fato atípico;

• Exclusão da ilicitude;

• Exclusão da culpabilidade;

• Impossibilidade de descobrir a autoria do crime;

• Extinta a punibilidade

ARQUIVAMENTO NO MPM

No PP Comum o MP pede o arquivamento, o juiz concorda ou não. Quando não há


concordância aplica o art. 28 do CPP.

Obs.: O Arquivamento de Investigação Criminal do Parquet (PIC) é concretizado pelo próprio


Parquet, sem ingerência da Justiça Castrense, salvo quando esta proferiu alguma decisão durante
a investigação.

Aqui, analisaremos duas hipóteses: deferimento e indeferimento.

10.3.1. Juiz-Auditor defere o arquivamento

O MP solicita, através de uma promoção de arquivamento, o arquivamento da inquisa ao


Juiz-Auditor, após o deferimento do arquivamento o Juiz-Auditor remeterá ao Juiz-Auditor
Corregedor (em Brasília).

O Juiz-Auditor Corregedor poderá:

• Concordar – ocorrerá o arquivamento da inquisa;

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 33


• Discordar – deverá ser feita uma representação ao STM.

O STM poderá:

• Concordar com o arquivamento, ou seja, discordar do Juiz-Auditor Corregedor – será


arquivado;

• Discordar do arquivamento, ou seja, concordar com o Juiz-Auditor Corregedor – será


encaminhado para a CCR/MPM (órgão colegiado formado por três Subprocuradores
Gerais de Justiça Militar) para emissão de parecer, o qual deverá ser submetido à análise
do Procurador-Geral de Justiça Militar.

O PGJM poderá:

• Arquivar

• Não arquivar – nomeará outro membro do MPM para atuar.

10.3.2. Juiz-Auditor indefere o arquivamento

Quando o Juiz-Auditor indefere o arquivamento da inquisa será encaminhado à CCR/MPM,


a fim de que seja emitido um parecer, o qual será enviado ao PGJM que poderá arquivar ou nomear
outro membro, caso entenda que não é hipótese de arquivamento.

ARQUIVAMENTO INDIRETO

No âmbito do DPP Comum há apenas um caso de arquivamento indireto:


INCOMPETÊNCIA. Imagine que um crime de competência da Polícia Federal tenha sido
investigado pela Polícia Civil que, após o relatório, envia o IP ao MPE. Não poderá o MPE, por falta
de atribuição, oferecer denúncia, eis que a competência é do MPF. Neste caso, o MPE deverá
oferecer uma promoção de arquivamento indireto (construção jurisprudencial).

No âmbito do DPP Militar (art. 146), há exceção de incompetência pré-processual para os


casos de incompetência.

Art. 146. O órgão do Ministério Público poderá alegar a incompetência do


juízo, antes de oferecer a denúncia. A arguição será apreciada pelo auditor,
em primeira instância; e, no Superior Tribunal Militar, pelo relator, em se
tratando de processo originário. Em ambos os casos, se rejeitada a arguição,
poderá, pelo órgão do Ministério Público, ser impetrado recurso, nos próprios
autos, para aquele Tribunal.

ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO

Assim como ocorre com o processo penal comum, não se admite no processo penal militar
o arquivamento implícito.

DESARQUIVAMENTO

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 34


No Processo Penal Comum a decisão judicial interlocutória mista de arquivamento, como
regra, não faz coisa julgada material. Assim, poderá ocorrer o desarquivamento surgindo novas
provas.

No Processo Penal Militar ocorre o mesmo, é possível o desarquivamento quando surgirem


novas provas, nos termos do art. 25 do CPPM.

Art. 25. O arquivamento de inquérito não obsta a instauração de outro, se


novas provas aparecerem em relação ao fato, ao indiciado ou a terceira
pessoa, ressalvados o caso julgado e os casos de extinção da punibilidade.
§ 1º Verificando a hipótese contida neste artigo, o juiz remeterá os autos ao
Ministério Público, para os fins do disposto no art. 10, letra c.
§ 2º O Ministério Público poderá requerer o arquivamento dos autos, se
entender inadequada a instauração do inquérito.

11. QUESTÕES ESPECIAIS

VALOR PROBATÓRIO DO IPM

Os elementos colhidos no IPM possuem valor probatório.

INCOMUNICABILIDADE

Não se admite a incomunicabilidade do indiciado, preso ou solto, no IPM. O art. 17 do CPPM


não foi recepcionado na parte que prevê a incomunicabilidade.

Art. 17. O encarregado do inquérito poderá manter incomunicável o indiciado,


que estiver legalmente preso, por três dias no máximo.

RECURSOS

Não cabe recurso contra a não instauração do IPM, bem como não cabe recurso contra
decisão judicial de arquivamento de inquisa militar.

DETENÇÃO DO INDICIADO

Art. 18. Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar


detido, durante as investigações policiais PELA PRÁTICA DE CRIME
MILITAR PRÓPRIO (leitura de acordo com a CF), até trinta dias,
comunicando-se a detenção à autoridade judiciária competente. Esse prazo
poderá ser prorrogado, por mais vinte dias, pelo comandante da Região,
Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante solicitação fundamentada do
encarregado do inquérito e por via hierárquica.
Parágrafo único. Se entender necessário, o encarregado do inquérito
solicitará, dentro do mesmo prazo ou sua prorrogação, justificando-a, a
decretação da prisão preventiva ou de menagem, do indiciado.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 35


A prisão cautelar do art. 18 não exige ordem judicial, bem como não é caso de prisão em
flagrante. Como se observa pela leitura do artigo, não há ressalvas, as quais são encontradas na
CF (art. 5º, LXI)

Art. 5º, LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem
escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos
casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos
em lei;

Não é prisão preventiva, não é prisão temporária, não é prisão em flagrante.

O indiciado poderá ficar preso, independentemente de flagrante, por até 30 dias por ordem
do encarregado do IPM.

O prazo poderá ser prorrogado por mais 20 dias, depende de autorização de um dos
comandantes mencionados.

Destaca-se que não há no art. 18 do CPPM referência ao tipo de crime (próprio ou impróprio)
ou ao agente (militar ou civil). Contudo, deve ser interpretado à luz da restrição da CF, a qual limita
a crime propriamente militar. Assim, o art. 18 foi recepcionado pela CF, desde que se aplique apenas
aos crimes propriamente militares.

Após, poderá ser decretada a preventiva ou o menagem.

12. IPD – INSTRUÇÃO PROVISÓRIA DE DESERÇÃO

CONSIDERAÇÕES GERAIS

O IPD ocorre apenas para apurar o crime militar de deserção. Nota-se que é um crime
propriamente militar.

A modalidade mais corriqueira de deserção ocorre com a ausência do militar por mais de
oito dias seguidos de seu posto. Em tempo de guerra, fica caracterizada pela ausência por mais de
quatro dias.

SUJEITOS ATIVOS

Pode ser praticada por praça com estabilidade, por praça sem estabilidade e por oficial, a
seguir veremos cada um dos sujeitos.

12.2.1. Desertor praça sem estabilidade

Quando o desertor for praça sem estabilidade será excluído das forças armadas.

A denúncia só poderá ser oferecida após o preenchimento de determinadas condições, são


elas:

• Captura ou apreensão voluntária do desertor;

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 36


• Inspeção de saúde – feita por uma junta médica, formada por três oficiais médicos, os
quais irão determinar a aptidão física e mental para que possa ser reintegrado;

• Ata de inspeção de saúde – meio pelo qual a junta médica irá determinar a aptidão;

• Reinclusão do desertor – feito pelo comandante da OM;

• Oferecimento da denúncia – apenas se for considera apto.

12.2.2. Desertor praça com estabilidade

A praça com estabilidade é agregada.

A denúncia só poderá ser oferecida após o preenchimento de determinadas condições, são


elas:

• Captura ou apresentação voluntária do desertor;

Aqui, não há exigência de declaração de aptidão pela junta de médica (ata de inspeção de
saúde)

• Reversão do desertor pelo comandante da OM;

• Oferecimento da denúncia.

12.2.3. Desertor oficial

Havendo indícios suficientes de autoria e prova da materialidade a denúncia poderá ser


oferecida pelo MP.

Aqui, há condições para prosseguimento do processo, são elas:

• Recebimento da denúncia

• Juiz-Auditor deve aguardar a captura ou a apresentação voluntária do oficial-desertor;

• Desertor é revertido

13. INSTRUÇÃO PROVISÓRIA DE INSUBMISSÃO (IPI)

É crime praticado por civil.

A denúncia só poderá ser oferecida após as seguintes condições:

• Captura ou apresentação voluntária do insubmisso;

• Inspeção de saúde;

• Ata de inspeção de saúde declarar aptidão;

• Inclusão do insubmisso pelo comandante da OM

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 37


• Oferecimento da denúncia pelo MPM.

14. SISTEMATIZANDO: IPD E IPI

É incluído pelo
IPD CIVIL
comandante

PRAÇA SEM É excluído. Deve


ESTABILIDADE ser reincluido.

PRAÇA COM É agregado. Deve


IPI
ESTABILIDADE haver reversão.

É agregado. Deve
OFICIAL
haver reversão

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 38


AÇÃO PENAL MILITAR

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Somente através da ação penal militar um sujeito ativo de delito militar poderá ser
processado.

2. CONDIÇÕES GERAIS (GENÉRICAS) DA AÇÃO PENAL MILITAR

Toda e qualquer ação penal militar, pela prática de qualquer delito militar, deve apresentar
quatro condições, as quais devem estar presentes de forma simultânea.

A seguir analisaremos cada uma delas.

LEGITIMIDADE AD CAUSAM

Refere-se à pessoa que poderá promover a ação penal militar, é exclusiva do Ministério
Público.

Toda e qualquer ação penal militar é SEMPRE PÚBLICA.

• JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO = MPM

• JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL/DF = MPE/MPDFT

Obs.: Não existe ação penal militar de iniciativa privada e nem condicionada a representação do
ofendido ou de seu representante legal.

No PP Comum diante da inércia do MP, cabe ação penal subsidiária da pública. O mesmo
ocorre no PP Militar, em que será possível a ação penal militar subsidiária da pública, conforme
prevê a CF, que não prevê exclusividade desta ação à Justiça Comum.

A legitimidade ativa ad causam está atrelada ao princípio do promotor natural (que será
definido no caso concreto).

Por outro lado, a legitimidade passiva ad causam será de qualquer pessoa física maior de
18 anos de idade, na data do fato.

Obs.: O professor defende que a Pessoa Jurídica poderá cometer crime ambiental militar, pois não
há na CF limitação a crime militar comum. Prevalece que pessoa jurídica não comete crime
militar.

POSSIBILIDADE JURÍDICA

Segue o mesmo entendimento do Direito Processual Penal Comum.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 39


Em suma, a possibilidade jurídica no processo penal militar determina que o fato narrado,
ao mesmo em tese, deve ser uma conduta ou omissão descrita na parte especial do Código Penal
Militar, salvo no caso de crime comum praticado em tempo de guerra.

INTERESSE DE AGIR

Somente através da ação penal militar adequada, ao caso concreto, e útil, ao processo penal
militar, é que se poderá impor uma sanção penal.

Falta interesse de agir, por exemplo, quando o MPM promove ação penal militar para um
crime em que a punibilidade está extinta.

JUSTA CAUSA

É justa causa em sentindo amplo, ou seja, justa causa em sentido estrito (prova da
materialidade e indícios suficientes de autoria) + tipicidade penal em tese + punibilidade concreta.

3. CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DA AÇÃO PENAL MILITAR

REQUISIÇÃO DO GOVERNO FEDERAL

Poderá ser, a depender do caso concreto:

a) Ministro da Justiça

b) Ministro da Defesa;

c) Presidente da República

QUALIDADE DE MILITAR

No caso de deserção.

4. PRINCÍPIOS

OFICIALIDADE

Caberá ao MP promover a ação penal militar, na forma da lei.

OBRIGATORIEDADE

Quando o parquet militar se deparar com um crime militar, presentes as condições da ação,
não pode se abster de promover a ação penal militar.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 40


OFICIOSIDADE

É exclusiva da ação penal militar incondicionada, o MPM deverá oferecer a denúncia sem
ter que aguardar qualquer requisito legal, mesmo contra a vontade da vítima.

DIVISIBILIDADE

Nos casos de concurso de pessoas em crime militar, o MP poderá oferecer denúncia contra
um ou uns.

Imagine, por exemplo, que os militares A, B e C tenham praticado um furto militar. O MPM
não está obrigado a oferecer denúncia contra todos. Pode denunciar A, arquivar em relação a B e
solicitar diligências investigatórias em face de C.

Não há no CPPM qualquer regra em relação à indivisibilidade.

INDISPONIBILIDADE

O MP não poderá desistir da ação penal militar proposta e nem do recurso interposto ou
oposto (embargos).

INTRANSCENDÊNCIA

Não pode a ação penal militar passar da pessoa que cometeu o crime militar.

5. CLASSIFICAÇÃO DA AÇÃO PENAL MILITAR

ABORDAGEM DO TEMA

Como visto acima, a ação penal militar será:

• Pública incondicionada, mesmo que sejam crimes contra a honra ou de dano simples.

• Condicionada à representação do Governo Federal

INEXISTÊNCIA DA AÇÃO PENAL PRIVADA E DA AÇÃO PENAL CONDICIONADA À


REPRESENTAÇÃO

Não há no Processo Penal Militar nenhum crime de ação penal privada e de ação penal
condicionada à representação do ofendido ou de seu representante legal.

Obs.: Não há óbice para que o legislador, no futuro, crie crimes de ação penal privada ou
condicionada à representação do ofendido.

AÇÃO PENAL MILITAR SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 41


A CF, diante da inércia do MP, autoriza a ação penal militar subsidiária da pública.

AÇÃO PENAL MILITAR PÚBLICA INCONDICIONADA

É a regra, inclusive para os crimes contra a honra e de dano simples.

AÇÃO PENAL MILITAR CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO GOVERNO


FEDERAL

A representação, a depender do caso concreto, poderá ser feita por:

5.5.1. Ministro da Justiça

Nos casos do art. 141 do CPM.

Art. 141. Entrar em entendimento com país estrangeiro, ou organização nele


existente, para gerar conflito ou divergência de caráter internacional entre o
Brasil e qualquer outro país, ou para lhes perturbar as relações diplomáticas:
Pena - reclusão, de quatro a oito anos.

Se o sujeito ativo for civil, a ação penal militar será condiciona à representação do Ministro
da Justiça. Não pode haver envolvimento de militar.

5.5.2. Ministro da Defesa

Sempre que houver militar envolvido, nos crimes previstos nos arts. 136 a 141 do CPM, a
ação penal será condicionada à representação do Ministro da Defesa.

Importante salientar que se o militar for da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros, a


representação também será do Ministro da Defesa, eis que não há restrição aos militares das forças
armadas.

5.5.3. Presidente da República

Tratando-se de crime militar (qualquer) em tempo de guerra, desde que o sujeito ativo seja
o Comandante do Teatro de Operações (CTO), a ação penal militar será condicionada à
representação do Presidente da República.

OBS: Sempre que se tratar de crime de ação penal militar condicionada à requisição do Governo
Federal, o Procurador-Geral de Justiça Militar comunicará o fato ao Procurador-Geral da República
(CPPM, art. 31, parágrafo único). Tal comunicação, contudo, não é condição de procedibilidade!

DESERÇÃO

É um crime militar de ação penal pública incondicionada (salvo de oficial). Contudo, para
oferecimento da denúncia é necessário observar uma série de condições de procedibilidade (vistas
acima).

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 42


INSUBMISSÃO

É um crime militar de ação penal pública incondicionada. Contudo, para oferecimento da


denúncia é necessário observar uma série de condições de procedibilidade (vistas acima).

6. DENÚNCIA

LEGITIMIDADE

O Ministério Público é o titular da ação penal militar, assim é sua a legitimidade para o
oferecimento da denúncia.

LC 75/83 - Art. 116. Compete ao Ministério Público Militar o exercício das


seguintes atribuições junto aos órgãos da Justiça Militar:
I - promover, privativamente, a ação penal pública;

PRAZO PARA OFERECIMENTO

6.2.1. Tempo de paz

Em regra, o MPM terá:

• Cinco dias para oferecer a denúncia quando o indiciado estiver preso;

• 15 dias, podendo ser prorrogado duas vezes por mais 15 dias, quando o indiciado estives
solto.

Art. 79. A denúncia deverá ser oferecida, se o acusado estiver preso, dentro
do prazo de cinco dias, contados da data do recebimento dos autos para
aquele fim; e, dentro do prazo de quinze dias, se o acusado estiver solto. O
auditor deverá manifestar-se sobre a denúncia, dentro do prazo de quinze
dias.

Nos casos de deserção, independente do desertor, e de insubmissão o prazo será de cinco


dias.

Art. 457, § 3º Reincluída que a praça especial ou a praça sem estabilidade,


ou procedida à reversão da praça estável, o comandante da unidade
providenciará, com urgência, sob pena de responsabilidade, a remessa à
auditoria de cópia do ato de reinclusão ou do ato de reversão. O Juiz-Auditor
determinará sua juntada aos autos e deles dará vista, por cinco dias, ao
procurador que requererá o arquivamento, ou o que for de direito, ou
oferecerá denúncia, se nenhuma formalidade tiver sido omitida, ou após o
cumprimento das diligências requeridas

Art. 463, § 3º Recebido o termo de insubmissão e os documentos que o


acompanham, o Juiz-Auditor determinará sua atuação e dará vista do
processo, por cinco dias, ao procurador, que requererá o que for de direito,
aguardando-se a captura ou apresentação voluntária do insubmisso, se

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 43


nenhuma formalidade tiver sido omitida ou após cumprimento das diligências
requeridas

6.2.2. Tempo de guerra

O prazo será de 24h, independentemente do crime praticado (inclui deserção).

Art. 676. Recebidos os autos do inquérito, do flagrante, ou documentos, o


auditor dará vista imediata ao procurador que, dentro em vinte e quatro horas,
oferecerá a denúncia, contendo

REQUISITOS

Os requisitos obrigatórios da denúncia estão previstos no art. 77 do CPPM, vejamos:

Art. 77. A denúncia conterá:


a) a designação do juiz a que se dirigir;
b) o nome, idade, profissão e residência do acusado, ou esclarecimentos
pelos quais possa ser qualificado;
c) o tempo e o lugar do crime;
d) a qualificação do ofendido e a designação da pessoa jurídica ou instituição
prejudicada ou atingida, sempre que possível;
e) a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias;
f) as razões de convicção ou presunção da delinquência;
g) a classificação do crime;
h) o rol das testemunhas, em número não superior a seis, com a indicação
da sua profissão e residência; e o das informantes com a mesma indicação.
Dispensa de testemunhas
Parágrafo único. O rol de testemunhas poderá ser dispensado, se o Ministério
Público dispuser de prova documental suficiente para oferecer a denúncia.

No rito ordinário cada parte poderá arrolar até seis testemunhas. A previsão do CPPM que
limita em três as testemunhas arroladas pela defesa, não foi recepcionada pela CF/88.

Os ritos especiais da deserção e da insubmissão possuem natureza sumária, será possível


o arrolamento de até três testemunhas tanto para acusação quanto para a defesa.

ATENÇÃO!! O CPPM não prevê resposta à acusação (defesa prévia) e nem absolvição sumária.
Não é possível aplicar tais institutos, previstos no CPP Comum, ao processo penal militar.

REJEIÇÃO

O art. 78 do CPMM traz as hipóteses em que a denúncia poderá ser rejeitada, vejamos:

Art. 78. A denúncia não será recebida1 pelo juiz:


a) se não contiver os requisitos expressos no artigo anterior;
b) se o fato narrado não constituir evidentemente crime da competência da
Justiça Militar;
c) se já estiver extinta a punibilidade;
d) se for manifesta a incompetência do juiz ou a ilegitimidade do acusador.
Preenchimento de requisitos

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 44


§ 1º No caso da alínea a, o juiz antes de rejeitar a denúncia, mandará, em
despacho fundamentado, remeter o processo ao órgão do Ministério Público
para que, dentro do prazo de três dias, contados da data do recebimento dos
autos, sejam preenchidos os requisitos que não o tenham sido.
Ilegitimidade do acusador
§ 2º No caso de ilegitimidade do acusador, a rejeição da denúncia não obstará
o exercício da ação penal, desde que promovida depois por acusador
legítimo, a quem o juiz determinará a apresentação dos autos.
Incompetência do juiz. Declaração
§ 3º No caso de incompetência do juiz, este a declarará em despacho
fundamentado, determinando a remessa do processo ao juiz competente.

São hipóteses parecidas com as do art. 395 do CPP, embora com redação diversa.

1. Quando a denúncia é rejeitada cabe recurso em sentindo estrito; quando for recebida,
cabe HC.

A seguir iremos analisar as hipóteses de rejeição.

6.4.1. Por falta de requisito do art. 77 do CPPM

A denúncia será rejeitada quando não estiver de acordo com os requisitos do art. 77 do
CPPM. Contudo, antes da rejeição, o juiz devolverá os autos ao MP para que, em três dias, promova
o aditamento da denúncia (preenchimento dos requisitos).

6.4.2. Não for de competência da JM

Quando o fato narrado, evidentemente, não descrever crime de competência da Justiça


Militar.

Caso o juiz tenha dúvidas, deverá receber a denúncia.

6.4.3. Extinta a punibilidade

Quando a punibilidade estiver extinta, o juiz deverá rejeitar a denúncia.

6.4.4. Por incompetência do juízo ou do órgão acusador

Igualmente, sendo o juiz incompetente ou o órgão acusador ilegítimo a denúncia deverá ser
rejeitada.

Atenção para o §2º do art. 78.

§ 2º No caso de ilegitimidade do acusador, a rejeição da denúncia não obstará


o exercício da ação penal, desde que promovida depois por acusador
legítimo, a quem o juiz determinará a apresentação dos autos.

# Qual a diferença entre a rejeição da denúncia pela incompetência da JM e pela


incompetência do juízo? No primeiro caso, não se trata de crime militar, por isso haverá a rejeição
da denúncia. No segundo caso, a JM é competente, mas o juízo é incompetente, a exemplo de um
crime de competência da JM da União que está na Justiça Militar Estadual.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 45


OBS 1: Na hipótese da alínea d, 2ª parte (manifesta ilegitimidade do acusador) devem ser
observados os princípios da oficialidade (somente o Parquet pode oferecer a ação penal militar,
ressalvados os casos de queixa supletiva) e do promotor natural (determinação do ramo e do órgão
do Parquet que pode promover a ação penal militar)

7. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

O CPPM disciplina a extinção da punibilidade em seu art. 81, assemelha-se ao disposto no


CPP Comum.

Art. 81. A extinção da punibilidade poderá ser reconhecida e declarada em


qualquer fase do processo, de ofício ou a requerimento de qualquer das
partes, ouvido o Ministério Público, se deste não for o pedido.
Parágrafo único. No caso de morte, não se declarará a extinção sem a
certidão de óbito do acusado.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 46


COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A palavra “juiz”, a depender do caso concreto, pode significar Juiz-Auditor, pode significar o
Conselho Especial de Justiça ou Conselho Permanente de Justiça ou Tribunal com Jurisdição
Militar.

Nos artigos do CPPM quando a palavra juiz aparece em sede de investigação militar até o
recebimento da denúncia, está fazendo referência ao juiz togado. Suas decisões são singulares.

Quando aparece após o recebimento da denúncia (fase processual militar), refere-se ao


Conselho, órgão colegiado formado por cinco pessoas (Juiz-Auditor mais quatro oficiais das forças
armadas – JMU) ou na JME (juiz togado e mais quadro oficiais estaduais). Em algumas unidades
da Federação, há auditorias militares com três membros (juiz togado e mais dois oficiais).

2. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO/FEDERAL

A competência da Justiça Militar da União está prevista na CF (art. 124, I), na Lei 8.457/97
(arts. 6º e ss.), no CPPM (arts. 1º a 6º), no CPM (arts. 9º a 10º) que definem os crimes militares e
na Lei 9.099/95 (art. 90-A) que exclui a aplicação.

CF - Art. 124. À Justiça Militar [da União] compete processar e julgar os


crimes militares [quem quer que seja o agente] definidos em lei [CPM].
Parágrafo único. A lei [LOJMU – Lei n. º 8.457/92] disporá sobre a
organização, o funcionamento e a competência da Justiça Militar [da União].

A JMU pode processar e julgar:

a) Militares das forças armadas (da ativa, da reserva e reformados);

b) Militares estaduais (da ativa, da reserva e reformados);

c) Civis

Obs.: Há doutrina defendendo que a JMU só poderá julgar e processar civil em tempo
de guerra. Em tempo de paz não seria possível que a JMU julgasse civil. Não prevalece.

Não se aplicam as disposições da Lei nº 9.099/95 aos crimes da competência da Justiça


Militar, como assim explicita a própria lei em seu art. 90-A:

Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça


Militar.

É unanime no STM e no STF que não se aplica nenhum dos institutos da Lei 9.099/95 aos
crimes militares de competência da JMU. Em relação aos crimes de competência da Justiça Militar
Estadual, em alguns Estados (por exemplo, MG) a justiça militar estadual tem aplicado alguns
benefícios despenalizadores previstos na Lei 9.099/95.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 47


3. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR DOS ESTADOS E DO DF

Está disposto no art. 125, §§ 3º, 4º e 5º da CF, no CPPM em seus arts. 1º a 6º; no COM em
seus arts. 9º e 10 (definição de crime militar) e na Lei 9.099/95 (art. 90-A).

Art. 125. (...)


§ 3º. A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a
Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de
direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio
Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em
que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes

As vinte e sete unidades da Federação possuem Justiça Militar Estadual de primeiro grau.
O segundo grau será desempenhado pelo TJM (Tribunal de Justiça Militar) nos Estados que
possuírem mais de 20 mil integrantes no efetivo militar, caso o tenham criado.

Obs.: Estados com menos de vinte mil integrantes em seu efetivo não podem criar TJM.

Atualmente, apenas SP, MG e RS possuem TJM.

Nos demais estados, em que não há TJM, o segundo grau será exercido pelo Tribunal de
Justiça do Estado.

Art. 125. (...)


(...)
§ 4º. Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos
Estados (ativa, reserva e reformados), nos crimes militares definidos em lei e
as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a
competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente
(TJ ou TJM) decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da
graduação das praças.

A JMU processa e julga apenas crimes militares, não se ocupa das ações administrativas
disciplinares. Por outro lado, a JME possui competência para julgar e processar os crimes militares
estaduais, bem como as ações judiciais em matéria de atos disciplinar militar, a exemplo do HC, do
MS.

Art. 125. (...)


(...)
§ 5º. Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar,
singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais
contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a
presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares.

JUIZ-AUDITOR MILITAR CONSELHO DE JUSTIÇA

- Crimes militares contra civis - Demais crimes militares

- Ações judiciais disciplinares

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 48


OBS 4: Os crimes militares estaduais praticados por civis (e assim também por militares das FFAA)
são processados e julgados pela Justiça Comum Estadual (Súmula 53 do STJ), muito embora o
IPM/APF fique a cargo da Polícia Judiciária Militar Estadual (CF/88, art. 144, § 4º, a contrário sensu).

Não se aplicam as disposições da Lei nº 9.099/95 aos crimes da competência da Justiça


Militar, como assim explicita a própria lei em seu art. 90-A:

Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça


Militar.

• Crimes Militares da competência da Justiça Militar Estadual: Não se aplica a Lei


nº 9.099/95.

• Crimes Militares da Competência da Justiça Comum Estadual: Aplica-se a Lei nº


9.099/95.

4. PESSOAS SUBMETIDAS AO FORO MILITAR

Os arts. 82 a 84 dispõem sobre as pessoas que podem ser julgadas pela Justiça Militar,
devem ser interpretados à luz da CF.

Art. 82. O foro militar é especial, e, exceto nos crimes dolosos contra a vida
praticados contra civil, a ele estão sujeitos, em tempo de paz:
Pessoas sujeitas ao foro militar
I - nos crimes definidos em lei contra as instituições militares ou a segurança
nacional:
a) os militares em situação de atividade e os assemelhados na mesma
situação;
b) os militares da reserva, quando convocados para o serviço ativo;
c) os reservistas, quando convocados e mobilizados, em manobras, ou no
desempenho de funções militares;
d) os oficiais e praças das Polícias e Corpos de Bombeiros, Militares, quando
incorporados às Forças Armadas;
Crimes funcionais
II - nos crimes funcionais contra a administração militar ou contra a
administração da Justiça Militar, os auditores, os membros do Ministério
Público, os advogados de ofício e os funcionários da Justiça Militar.
Extensão do foro militar
§ 1° O foro militar se estenderá aos militares da reserva, aos reformados e
aos civis, nos crimes contra a segurança nacional ou contra as instituições
militares, como tais definidas em lei.
§ 2° Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a Justiça Militar
encaminhará os autos do inquérito policial militar à justiça comum.

O art. 82 do CPPM exclui, peremptoriamente, da competência da Justiça Militar os crimes


dolosos contra a vida. Este dispositivo foi, portanto, tacitamente derrogado pela Lei nº 13.491/2017:

Fora do exercício de suas funções

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 49


O militar que praticar homicídio fora do exercício de suas funções será julgado normalmente
pela Justiça Comum (Tribunal do Júri).

Foro militar em tempo de guerra


Art. 83. O foro militar, em tempo de guerra, poderá, por lei especial, abranger
outros casos, além dos previstos no artigo anterior e seu parágrafo.
Assemelhado
Art. 84. Considera-se assemelhado o funcionário efetivo, ou não, dos
Ministérios da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, submetidos a preceito
de disciplina militar, em virtude de lei ou regulamento.

5. FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA

O art. 85 do CPPM dispõe sobre a forma de fixação de competência, vejamos:

Art. 85. A competência do foro militar será determinada:


I - de modo geral:
a) pelo lugar da infração;
b) pela residência ou domicílio do acusado;
c) pela prevenção;
II - de modo especial, pela sede do lugar de serviço.

DE MODO GERAL

Em regra, a competência será fixada pelo lugar da infração, pela residência ou domicílio do
acusado ou pela prevenção.

5.1.1. Pelo lugar da infração

Ocorre quando o crime militar for praticado por militar na ativa, na reserva, reformado ou,
ainda, quando for praticado por um civil (JMU).

OBS: Não esquecer que a JME não possui competência para julgar civis e nem militares das forças
armadas.

Quando um dos agentes acima praticar crime militar, em regra, a Auditoria Militar da União
competente será a que possuir jurisdição no local em que foi praticado o delito militar. Inclusive para
o militar da ativa das forças armadas.

Imagine, por exemplo, que um militar da ativa do exército, serve em uma OM de


Tabatinga/AM. Em Natal/RN, comete um crime militar de competência da União. A competência
será do local da infração militar, no caso Natal. Observe que o julgamento será em um local diferente
do lugar em que o militar serve.

Tratando-se de militar estadual que comete crime militar, de competência da Justiça Militar
da União, em outro Estado, a competência será do local da infração. O mesmo ocorre quando se
tratar de civil. Salvo nos casos em que não se souber o local da infração, em que a competência
será fixada de modo especial.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 50


Imagine que um Policial Militar do RJ, da ativa, cometa um crime militar, de competência da
Justiça Militar Estadual, no Estado de SP. Nesta hipótese, a competência, de acordo com a
jurisprudência do STF e do STJ, será da auditoria militar do seu Estado e não do local em que foi
praticado a infração, incide a fixação de competência de modo especial.

5.1.2. Pela residência ou domicílio do acusado

Aplica-se aos casos que envolvam militar da reserva, militar reformado e civil quando não
se souber o local em que o crime militar foi praticado.

Imagine que João, militar da reserva, tenha praticado um crime militar, mas não foi possível
determinar o local da infração. Neste caso, a competência para o processo e julgamento de João
será fixada pelo local de sua residência.

5.1.3. Pela prevenção

Em outros casos.

DE MODO ESPECIAL

Quando não for possível determinar o local em que o militar da ativa cometeu o crime militar,
a competência fixada pelo local da sede em que prestar serviço.

6. FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA DENTRO DA CJM

Na JMU há as auditorias militar da união, todas estão fixadas em uma Circunscrição


Judiciária Militar (CJM). Não se pode dizer, contudo, que todas as vinte e sete unidades da
federação possuem auditorias militares.

Há casos em que uma CJM possui mais de uma auditoria militar. Por exemplo, o Estado do
RS possui três auditorias militares em um mesmo caso. Há casos que uma CJM possui uma
auditoria com jurisdição em mais de um Estado (8ªCJM – AP, PA, MA).

O art. 86 do CPPM dispõe sobre a fixação da competência na CJM, vejamos:

Art. 86. Dentro de cada Circunscrição Judiciária Militar, a competência será


determinada:
a) pela especialização das Auditorias;
b) pela distribuição;
c) por disposição especial dêste Código.

O CPPM é de 1969, possui alguns dispositivos ultrapassados, a exemplo da alinha “a” do


art. 86. Havia uma auditoria para o Exército, para a Aeronáutica e para a Marinha. Atualmente, as
auditorias são mistas, englobando as forças armadas. Aplicam-se apenas as alinhas “b” e “c”.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 51


7. MODIFICAÇÃO DE COMPETENCIA

Prevista no art. 87 do CPMM.

Art. 87. Não prevalecem os critérios de competência indicados nos artigos


anteriores, em caso de:
a) conexão ou continência;
b) prerrogativa de posto ou função;
c) desaforamento.

Quando houver conexão ou continência (estudaremos adiante) entre dois ou mais delitos de
competência da JMU, o CPPM determina que apenas uma CJM será competência.

A prerrogativa de posto ou função já estudamos acima.

Em relação ao desaforamento, será aplicado para qualquer delito militar, seja ou não doloso
contra a vida. Diferente do CPP Comum em que é aplicado apenas ao crime doloso contra a vida.

8. COMPETÊNCIA SINGULAR DOS JUÍSES-AUDITORES

Há casos, previstos no CPPM e na CF, que o juiz-auditor irá decidir singularmente, sem o
Conselho. A seguir iremos analisar cada um.

PROCEDIMENTOS INQUISITORIAIS

Sempre que no IPM, no APF, no IPD e no IPI, procedimentos inquisitoriais militares, forem
necessárias algumas decisões (interceptação telefônica, quebra de sigilo) caberá ao juiz-auditor
decidir singularmente, não há participação do Conselho de Justiça Militar.

CARTAS PRECATÓRIAS

O juiz-auditor singularmente possui competência para cumprir cartas precatórias.

EXECUÇÃO PENAL

Transitando em julgado a sentença penal condenatória militar, a execução da penal será


feita singularmente pelo juiz-auditor.

Nos casos em que o sentenciado é recolhido a um estabelecimento prisional militar, a


execução da penal será feita pelo juiz-auditor. Nos casos em que o sentenciado é recolhido a um
estabelecimento penal comum, a competência para a execução da pena será do juiz de direito da
execução penal.

NOMEAÇÃO DE PERITOS

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 52


No curso de um Processo Penal Militar e no curso de uma inquisa militar, pode haver a
realização de periciais.

Nas inquisa não é necessária qualquer decisão judicial, o encarregado irá decidir. Já no
curso do processo penal militar, quem irá decidir sobre a realização da perícia é o Conselho de
Justiça, bem como será de sua competência o deferimento sobre os quesitos formulados pela
acusação e pela defesa.

Ressalta-se que, no caso do CPPM, as pericias devem ser feitas por dois peritos oficiais
(lembrar que no CPP é um perito oficial e dois não oficiais). Diante da discrepância, os Tribunais
Superiores entendem que basta um perito oficial ou, no mínimo, dois não oficiais. Assim, segundo
a jurisprudência, o número de peritos deve ser o mesmo tanto no CPP comum quanto no CPPM.

Após a autorização da perícia e a definição dos quesitos pelo Conselho de Justiça, a


nomeação do perito será feita pelo juiz-auditor singularmente

AÇÕES JUDICIAIS DISCIPLINARES

As ações judiciais disciplinares podem e devem ser julgadas pela Justiça Militar Estadual,
cabendo ao juiz de direito. Nunca serão julgadas pela Justiça Militar da União.

CRIMES MILITARES ESTADUAIS CONTRA CIVIS

O juiz de direito da auditoria militar estadual ou distrital será competente para o julgamento
dos crimes militares contra civis.

RECEBIMENTO DA DENÚNCIA

A denúncia será recebida ou rejeitada singularmente pelo juiz-auditor.

Uma vez recebida a denúncia, a instrução criminal será feita pelo Conselho de Justiça.

9. COMPETÊNCIA DOS CONSELHO DE JUSTIÇA

Na Justiça Militar temos duas espécies de conselho: o permanente e o especial, nos termos
do art. 16 da LOJMU:

Art. 16. São duas as espécies de Conselhos de Justiça:


a) Conselho Especial de Justiça, constituído pelo Juiz-Auditor e quatro Juízes
militares, sob a presidência, dentre estes, de um oficial-general ou oficial
superior, de posto mais elevado que o dos demais juízes, ou de maior
antiguidade, no caso de igualdade;
b) Conselho Permanente de Justiça, constituído pelo Juiz-Auditor, por um
oficial superior, que será o presidente, e três oficiais de posto até capitão-
tenente ou capitão.

CONSELHO ESPECIAL DE JUSTIÇA

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 53


Art. 27. Compete aos conselhos:
I - Especial de Justiça, processar e julgar oficiais, exceto oficiais-generais,
nos delitos previstos na legislação penal militar,

Julga apenas os oficiais, mesmo que haja o envolvimento de praça ou civil. Nota-se que
basta o envolvimento de apenas um oficial para que a competência seja do Conselho Especial de
Justiça.

Para definir a composição do conselho especial, deve-se observar o réu de maior posto entre
todos os envolvidos. Assim, por exemplo um delito praticado pelo Coronel do Exército, com um
tenente, um major e dois civis, o Conselho Especial será formado por um juiz-auditor e por quatro
oficiais de posto mais elevado, se de mesmo posto deve ser mais antigo.

Obs.: Mesmo quando os oficiais estiverem na reserva ou reformados a competência será do


Conselho Especial.

A Justiça Militar Estadual também possui conselho especial, o qual irá julgar os oficiais.

CONSELHOR PERMANENTE DE JUSTIÇA

Art. 27. Compete aos conselhos:


II - Permanente de Justiça, processar e julgar acusados que não sejam
oficiais, nos delitos de que trata o inciso anterior, excetuado o disposto no art.
6°, inciso I, alínea b, desta lei.

Cabe ao Conselho Permanente o julgamento de réus não oficiais, ou seja, réu civil, réu
praça.

É formado por um juiz-auditor militar da União (nunca irá presidir) e quatro oficiais. A
presidência será do oficial superior.

OFICIAL JUIZ-AUDITOR OFICIAL OFICIAL OFICIAL


(CAPITÃO OU MILITAR DA SUPERIOR (CAPITÃO OU (CAPITÃO OU
TENENTE) UNIÃO (irá presidir) TENENTE) TENENTE)

Na Justiça Militar Estadual ou Distrital, a presidência será do juiz-togado.

10. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO STM

Nos termos do art. 6º, I, a da LOJMU, o STM possui competência originária para julgar os
oficiais generais das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) no caso de crimes militares.

Art. 6° Compete ao Superior Tribunal Militar:


I - processar e julgar originariamente:
a) os oficiais generais das Forças Armadas, nos crimes militares definidos
em lei;

Em se tratando de crime comum, não serão julgados originariamente no STM.

Obs.: Os Comandantes das Forças Armadas, em qualquer crime, serão julgados no STF.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 54


11. ÓRGÃOS DA JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO EM TEMPO DE GUERRA

Em tempo de guerra, o julgamento será feito por outros órgãos, nos termos da LOJMU (Lei
8.457/92).

JUIZ-AUDITOR MILITAR DA UNIÃO

LOJMU - Art. 97. Compete ao Juiz-Auditor:


I - presidir a instrução criminal dos processos em que forem réus praças, civis
ou oficiais até o posto de capitão-de-mar-e-guerra ou coronel, inclusive;
II - julgar as praças e os civis.

Em tempo de guerra, o juiz-auditor ira julgar singularmente praças e civis, bem como irá
presidir o Conselho de Justiça.

Imagine que um civil, praça ou um oficial (até o posto de capitão-de-mar-e-guerra ou coronel)


cometa um crime em tempo de guerra, a instrução criminal será feita pelo Conselho de Justiça e a
presidência será feita pelo Juiz-Auditor Militar da União.

CONSELHO DE JUSTIÇA

Em tempo de guerra há apenas Conselho de Justiça, não há distinção entre conselho


permanente e especial.

Art. 96. Compete ao Conselho de Justiça:


I - o julgamento dos oficiais até o posto de coronel, inclusive;
II - decidir sobre arquivamento de inquérito e instauração de processo, nos
casos de violência praticada contra inferior para compeli-lo ao cumprimento
do dever legal, ou em repulsa a agressão.

O Conselho de Justiça, em tempo de guerra:

1. Compõe-se do Juiz-Auditor (que o preside) e de dois Oficiais de posto superior ao do


acusado ou mais antigos que este (se de mesmo posto);

2. Processa e Julga Oficiais, exceto os Oficiais- Generais;

3. Excepcionalmente — nas hipóteses dos arts. 42, parágrafo único, e 47, II, do CPM —
decide sobre Recebimento ou Rejeição da Denúncia, e acerca de Arquivamento da Inquisa.

CONSELHO SUPERIOR DE JUSTIÇA

Art. 95. Compete ao Conselho Superior de Justiça:


I - processar e julgar originariamente os oficiais-generais;
II - julgar as apelações interpostas das sentenças proferidas pelos Conselhos
de Justiça e Juízes-Auditores;
III - julgar os embargos opostos às decisões proferidas nos processos de sua
competência originária.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 55


O Conselho Superior de Justiça, em tempo de guerra:

1. Compõe-se de dois Oficiais-Generais (quem o preside é o de maior posto ou mais antigo),


de carreira ou reserva convocado, e de um Juiz-Auditor;

2. Processa e Julga:

a) Originariamente, os Oficiais-Generais, exceto o CTO;

b) Apelações das Sentenças do Conselho de Justiça e do Juiz-Auditor;

c) Embargos contra suas Decisões nos Processos contra Oficiais-Generais.

SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR

Art. 95, Parágrafo único. O comandante do teatro de operações responderá


a processo perante o Superior Tribunal Militar, condicionada a instauração da
ação penal à requisição do Presidente da República.

O Superior Tribunal Militar, em tempo de guerra:

1. Processa e julga originariamente o CTO;

2. Não processa nem julga recursos de instâncias inferiores.

12. CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA

A competência para os crimes dolosos contra a vida, após a Lei 13.491/2017 precisa ser
analisada da seguinte forma:

Antes da Lei nº 13.491/2017:

• REGRA: os crimes dolosos contra a vida praticados por militar contra civil eram julgados
pela Justiça comum (Tribunal do Júri). Isso com base na antiga redação do parágrafo único do art.
9º do CPM.

• EXCEÇÃO: se o militar, no exercício de sua função, praticasse tentativa de homicídio ou


homicídio contra vítima civil ao abater aeronave hostil (“Lei do Abate”), a competência seria da
Justiça Militar. Tratava-se de exceção à regra do parágrafo único do art. 9º do CPM.

Veja a antiga redação do art. 9º, parágrafo único:

Art. 9º (...)
Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo quando dolosos contra a
vida e cometidos contra civil serão da competência da justiça comum, salvo
quando praticados no contexto de ação militar realizada na forma do art. 303
da Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de
Aeronáutica. (Atenção! Redação que não mais está em vigor.)

Depois da Lei nº 13.491/2017:

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 56


• REGRA: em regra, os crimes dolosos contra a vida praticados por militar contra civil
continuam sendo julgados pela Justiça comum (Tribunal do Júri). Isso com base no novo § 1º do
art. 9º do CPM:

Art. 9º (...)
§ 1º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e
cometidos por militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri.

• EXCEÇÕES:

Os crimes dolosos contra a vida praticados por militar das Forças Armadas contra civil serão
de competência da Justiça Militar da União, se praticados no contexto:

I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da


República ou pelo Ministro de Estado da Defesa;

II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que
não beligerante; ou

III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem


(GLO) ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da CF/88
e na forma dos seguintes diplomas legais:

a) Código Brasileiro de Aeronáutica;

b) LC 97/99;

c) Código de Processo Penal Militar; e

d) Código Eleitoral.

Isso está previsto no novo § 2º do art. 9º do CPM.

Obs.: as exceções são tão grandes que, na prática, tirando os casos em que o militar não estava
no exercício de suas funções, quase todas as demais irão ser julgadas pela Justiça Militar por se
enquadrarem em alguma das exceções.

ANÁLISE DO INCISO I DO NOVO § 2º DO ART. 9º

O inciso I do § 2º do art. 9º do CPM prevê o seguinte:

§ 2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e


cometidos por militares das Forças Armadas contra civil, serão da
competência da Justiça Militar da União, se praticados no contexto:
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo
Presidente da República ou pelo Ministro de Estado da Defesa;

No Rio de Janeiro, o governo do Estado, há alguns anos, instituiu uma política pública
chamada de “pacificação das favelas”, por meio da qual os órgãos de segurança pública ocupam
as favelas, prendendo ou expulsando criminosos e estabelecendo um regime de presença ostensiva
do Poder Público nessas áreas.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 57


Como o efetivo da Polícia Militar e da Polícia Civil é insuficiente para tais operações, a
Secretaria de Segurança do Rio tem se valido da colaboração da Polícia Federal e das Forças
Armadas.

Nesse contexto, se um militar do Exército, no exercício do policiamento nestas favelas,


pratica homicídio (consumado ou tentado) esta conduta será julgada pela Justiça Militar com fulcro
neste dispositivo.

Neste inciso I poderíamos também imaginar a atuação das Forças Armadas em atividades
de defesa civil e de construção civil. Explico.

As Forças Armadas têm sido constantemente utilizadas para atividades de defesa civil. É o
caso, por exemplo, de distribuição de alimentos e remédios em regiões que passaram por alguma
calamidade pública ou mesmo em situações de socorro e resgate de pessoas feridas.

O Decreto nº 895/93 prevê isso expressamente:

Art. 10. Aos órgãos setoriais, por intermédio de suas secretarias, entidades e
órgãos vinculados, e em articulação com o órgão central do Sindec, entre
outras atividades, compete:
(...)
II - ao Ministério da Marinha coordenar as ações de redução de danos
relacionados com sinistros marítimos e fluviais, e o salvamento de náufragos;
apoiar as ações de defesa civil com pessoal, material e meios de transporte;
III - ao Ministério do Exército cooperar no planejamento de defesa civil e em
ações de busca e salvamento; participar de atividades de prevenção e de
reconstrução; apoiar as ações de defesa civil com pessoal, material e meios
de transporte;
(...)
X - ao Ministério da Aeronáutica coordenar ações de busca e salvamento,
evacuação aeromédicas e missões de misericórdia; apoiar as ações de
defesa civil com pessoal, material e meios de transporte;

Outra utilização atípica, mas frequente, das Forças Armadas está relacionada com obras de
construção civil. O Exército possui um Departamento de Engenharia e Construção, que foi
idealizado originalmente para construir e reformar as instalações militares (quarteis etc.). No
entanto, apesar disso, devido aos bons trabalhos que realiza, este Departamento de Engenharia é
constantemente convocado para executar obras públicas. Foi o caso, por exemplo, da transposição
do rio São Francisco e da duplicação da BR-101.

Podemos, portanto, aventar que se um militar das Forças Armadas, no exercício de uma
dessas atribuições conferidas pelo Presidente da República (ou pelo Ministro da Defesa), comete
crime doloso contra a vida de um civil, ele terá praticado crime militar e será julgado pela Justiça
Militar.

ANÁLISE DO INCISO II DO NOVO § 2º DO ART. 9º

O inciso II do § 2º do art. 9º do CPM estabelece:

§ 2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e


cometidos por militares das Forças Armadas contra civil, serão da
competência da Justiça Militar da União, se praticados no contexto:

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 58


(...)
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão
militar, mesmo que não beligerante; ou

É o caso do soldado do Exército que está fazendo a guarda do quartel e atira contra um
ladrão que tentou invadir o imóvel. Mesmo que se alegue que houve animus necandi por parte do
soldado, esse julgamento será de competência da Justiça Militar.

Antes da alteração, o STJ possuía precedentes no sentido de que, havendo dúvida se o


militar agiu ou não com a intenção de matar, o processo deveria tramitar na Justiça Comum (e não
na Justiça Militar). Nesse sentido: STJ. 3ª Seção. CC 129.497/MG, Rel. Min. Ericson Maranho (Des.
Conv. do TJ/SP), julgado em 08/10/2014. Agora isso mudou!

ANÁLISE DO INCISO III DO NOVO § 2º DO ART. 9º

Por fim, o inciso III do § 2º do art. 9º do CPM preconiza:

§ 2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e


cometidos por militares das Forças Armadas contra civil, serão da
competência da Justiça Militar da União, se praticados no contexto:
(...)
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e
da ordem ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o
disposto no art. 142 da Constituição Federal e na forma dos seguintes
diplomas legais:
a) Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de
Aeronáutica;
b) Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999;
c) Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo Penal
Militar; e
d) Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral.

Enquadram-se neste inciso a grande maioria das hipóteses.

Vejamos cada uma das suas alíneas.

12.3.1. Lei nº 7.565/86 (Código Brasileiro de Aeronáutica):

O CBA prevê algumas situações em que as autoridades poderão determinar que a aeronave
que está voando de forma irregular pouse imediatamente no aeródromo que lhe for indicado (art.
303, § 1º). É o caso, por exemplo, de uma aeronave em que se suspeita que está transportando
drogas. Se a aeronave não cumprir a determinação, a Força Aérea Brasileira poderá disparar tiros
contra o avião considerado hostil a fim de forçá-lo a pousar. Confira:

Art. 303. A aeronave poderá ser detida por autoridades aeronáuticas,


fazendárias ou da Polícia Federal, nos seguintes casos:
I - se voar no espaço aéreo brasileiro com infração das convenções ou atos
internacionais, ou das autorizações para tal fim;
II - se, entrando no espaço aéreo brasileiro, desrespeitar a obrigatoriedade
de pouso em aeroporto internacional;
III - para exame dos certificados e outros documentos indispensáveis;

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 59


IV - para verificação de sua carga no caso de restrição legal (artigo 21) ou de
porte proibido de equipamento (parágrafo único do artigo 21);
V - para averiguação de ilícito.
§ 1º A autoridade aeronáutica poderá empregar os meios que julgar
necessários para compelir a aeronave a efetuar o pouso no aeródromo que
lhe for indicado.
§ 2º Esgotados os meios coercitivos legalmente previstos, a aeronave será
classificada como hostil, ficando sujeita à medida de destruição, nos casos
dos incisos do caput deste artigo e após autorização do Presidente da
República ou autoridade por ele delegada.
§ 3º A autoridade mencionada no § 1º responderá por seus atos quando agir
com excesso de poder ou com espírito emulatório.

Esses tiros podem acabar gerando a efetiva derrubada (abate) do avião e a morte dos seus
tripulantes. A apuração deste fato – se é caso de arquivamento ou de processo por crime doloso
contra a vida – compete ao Ministério Público Militar e à Justiça Militar, não sendo competência da
Justiça Comum.

12.3.2. Lei Complementar nº 97/99:

Conforme já vimos acima, a LC 97/99 regulamenta o art. 142, § 1º, da CF/88 e estabelece
normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas.

O art. 15, § 7º da Lei prevê diversas hipóteses de atuação das Forças Armadas em
atribuições subsidiárias que são também consideradas atividades militares:

Art. 15 (...)
§ 7º A atuação do militar nos casos previstos nos arts. 13, 14, 15, 16-A, nos
incisos IV e V do art. 17, no inciso III do art. 17-A, nos incisos VI e VII do art.
18, nas atividades de defesa civil a que se refere o art. 16 desta Lei
Complementar e no inciso XIV do art. 23 da Lei nº 4.737, de 15 de julho de
1965 (Código Eleitoral), é considerada atividade militar para os fins do art.
124 da Constituição Federal.

A hipótese mais conhecida e frequente é a do art. 16-A da LC 97/99:

Art. 16-A. Cabe às Forças Armadas, além de outras ações pertinentes,


também como atribuições subsidiárias, preservadas as competências
exclusivas das polícias judiciárias, atuar, por meio de ações preventivas e
repressivas, na faixa de fronteira terrestre, no mar e nas águas interiores,
independentemente da posse, da propriedade, da finalidade ou de qualquer
gravame que sobre ela recaia, contra delitos transfronteiriços e ambientais,
isoladamente ou em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo,
executando, dentre outras, as ações de:
I - patrulhamento;
II - revista de pessoas, de veículos terrestres, de embarcações e de
aeronaves; e
III - prisões em flagrante delito.

Imagine que, ao realizar um patrulhamento no mar, a Marinha do Brasil aborde uma


embarcação suspeita e seja recebida a tiros. Ao revidar os disparos, os fuzileiros navais acabam
matando os agressores. A apuração deste fato competirá ao Ministério Público Militar e à Justiça
Militar.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 60


12.3.3. Decreto-Lei nº 1.002/69 - Código de Processo Penal Militar:

O art. 8º do CPPM traz as atribuições da Polícia judiciária militar. Dentre elas, destaco:

a) apurar os crimes militares;

b) realizar diligência requisitadas pelos órgãos e juízes da Justiça Militar e pelos membros
do Ministério Público;

c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar.

O art. 7º traz o rol das autoridades militares que exercem a polícia judiciária militar.

Imagine que, ao cumprir um mandado de prisão expedido pela Justiça Militar, o civil que iria
ser preso reage e os soldados acabam matando-o. O julgamento deste fato será de competência
da Justiça Militar, mesmo a vítima do suposto crime doloso contra a vida sendo um civil.

12.3.4. Lei nº 4.737/65 - Código Eleitoral:

As Forças Armadas, em especial o Exército, desempenham relevantes funções durante o


período eleitoral. As tropas fazem a segurança das urnas, dos locais de votação e dos eleitores,
coibindo possíveis crimes eleitorais.

As Forças Armadas atuam apenas em alguns Municípios e locais de votação, mediante


decisão do Tribunal Superior Eleitoral, sendo isso previsto no art. 23, XIV, do Código Eleitoral:

Art. 23 - Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior:


XIV - requisitar a força federal necessária ao cumprimento da lei, de suas
próprias decisões ou das decisões dos Tribunais Regionais que o solicitarem,
e para garantir a votação e a apuração;

Suponha que um soldado acabe ceifando a vida de um civil durante o exercício dessa função
de vigilância do local de votação. A competência para julgar este eventual crime doloso contra a
vida é da Justiça Militar.

13. CRIME MILITAR ENTRE ESTADUAL E FEDERAL

Quando o crime militar for praticado por militar estadual contra militar federal e vice-versa, a
competência será da Justiça Militar da União, de acordo com o STM.

O STF possui entendimento diverso, entendendo que a competência será da Justiça Militar
Estadual.

“Crime de desacato contra militar das forças armadas. (...) A jurisprudência


deste Supremo Tribunal é firme no sentido de que a competência para
processar e julgar policial militar acusado de cometer crime militar contra
membro das Forças Armadas é da Justiça Militar estadual, mormente quando
o paciente, pelo que se tem na denúncia, quis manifestamente menosprezar
a vítima, oficial das Forças Armadas, em razão da função por ela ocupada,

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 61


humilhando-a diante de outros militares federais e estaduais.” (STF, HC n.º
105.844/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 21/06/2011)

14. INCOMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS

Conforme visto anteriormente, nos termos do art. 90-A da Lei 9.099/95 não cabe aplicação
de nenhum instituto despenalizar aos crimes de competência da justiça militar.

A JMU aplica sem restrição o art. 90-A da Lei 9.099/35. Contudo, em alguns estados, há
aplicação de alguns institutos despenalizadores.

O Min. Marco Aurélio, relator, acompanhado pelo Min. Dias Toffoli, indeferiu
a ordem e assentou a constitucionalidade do art. 90-A da Lei 9.099/95,
acrescido pela Lei 9.839/99. Considerou que, de acordo com o art. 142 da
CF, as Forças Armadas são organizadas com base na hierarquia e na
disciplina. O § 2º do aludido preceito, por sua vez, afasta a proteção do
habeas corpus em relação a punições disciplinares militares. Aduziu, assim,
que o art. 88, II, a, do CPM, ao excluir dos crimes que enumera — dentre os
quais a deserção — a possibilidade de suspensão condicional da pena,
estaria de acordo com a Constituição”. (STF, HC n.º 99.743/RJ)

15. SÚMULAS DO STJ

Súmula 06: compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar delito


decorrente de acidente de trânsito envolvendo viatura de polícia militar, salvo
se autor e vítima forem policiais militares em situação de atividade.

Comentários: a súmula está equivocada, no entender do professor. Os crimes culposos


praticados por militares contra civis são crimes militares, sendo a competência da Justiça Militar. A
súmula afirma que a competência será da justiça comum.

Súmula 53: compete à justiça comum estadual processar e julgar civil


acusado de prática de crime contra instituições militares estaduais.

Súmula 75: compete à justiça comum estadual processar e julgar o policial


militar por crime de promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento
penal.

Súmula 78: compete à justiça militar processar e julgar policial de corporação


estadual, ainda que o delito tenha sido praticado em outra unidade federativa.

Súmula 90: compete à justiça estadual militar processar e julgar o policial


militar pela prática do crime militar, e à comum pela prática do crime comum
simultâneo àquele.

Súmula 172: compete à justiça comum processar e julgar militar por crime de
abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço.

Súmula 192: compete ao juízo das execuções penais do estado a execução


das penas impostas a sentenciados pela justiça federal, militar ou eleitoral,
quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração estadual.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 62


16. SÚMULAS DO STM

Súmula 3: Não constituem excludentes de culpabilidade, nos crimes de


deserção e insubmissão, alegações de ordem particular ou familiar
desacompanhadas de provas.

Súmula 5: A desclassificação de crime capitulado na denúncia pode ser


operada pelo Tribunal ou pelos Conselhos de Justiça, mesmo sem
manifestação neste sentido do Ministério Público Militar nas alegações finais,
desde quando importe em benefício para o réu e conste da matéria fática.

Súmula 7: O crime de insubmissão, capitulado no art. 183 do CPM,


caracteriza-se quando provado de maneira inconteste o conhecimento pelo
conscrito da data e local de sua apresentação para incorporação, através de
documento hábil constante dos autos. A confissão do indigitado insubmisso
deverá ser considerada no quadro do conjunto probatório.

Súmula 8: O desertor sem estabilidade e o insubmisso que, por apresentação


voluntária ou em razão de captura, forem julgados em inspeção de saúde,
para fins de reinclusão ou incorporação, incapazes para o Serviço Militar,
podem ser isentos do processo, após o pronunciamento do representante do
Ministério Público.

Súmula 9: A Lei nº 9.099, de 26.09.95, que dispõe sobre os Juízos Especiais


Cíveis e Criminais e dá outras providências, não se aplica à Justiça Militar da
União.

Súmula 10 (Incompatível com o STF!): Não se concede liberdade provisória


a preso por deserção antes de decorrido o prazo previsto no art. 453 do
CPPM.

Súmula 11 (Incompatível com o STF!): O recolhimento à prisão, como


condição para apelar (art. 527, do CPPM), aplica-se ao réu foragido e,
tratando-se de revel, só é aplicável se a sentença houver negado o direito de
apelar em liberdade.

Súmula 12: A praça sem estabilidade não pode ser denunciada por deserção
sem ter readquirido o status de militar, condição de procedibilidade para a
persecutio criminis, através da reinclusão. Para a praça estável, a condição
de procedibilidade é a reversão ao serviço ativo.

Súmula 13: A declaração de extinção de punibilidade em IPI, IPD e IPM deve


ser objeto de Decisão, que, também, determinará o arquivamento dos autos.

Súmula 14: Tendo vista a especialidade da legislação militar, a Lei nº 11.343,


de 23 Ago 06 (Lei Antidrogas) não se aplica à Justiça Militar da União.

Súmula 15 (Incompatível com o STF!): A alteração do art. 400 do CPP,


trazida pela Lei nº 11.719, de 20 Jun 08, que passou a considerar o
interrogatório como último ato da instrução criminal, não se aplica à Justiça
Militar da União.

17. COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO

LUGAR DA INFRAÇÃO

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 63


É o mesmo critério regra do art. 70 do CPP comum, está previsto no art. 88 do CPPM,
vejamos:

Art. 88. A competência será, de regra, determinada pelo lugar da infração; e,


no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de
execução.

Quando o crime militar for cometido no estrangeiro, a competência será da auditoria da


capital, nos termos do art. 91 do CPPM.

Art. 91. Os crimes militares cometidos fora do território nacional serão, de


regra, processados em Auditoria da Capital da União, observado, entretanto,
o disposto no artigo seguinte.

Quando apenas parte do crime for cometido no Brasil, aplica-se o art. 92 do CPPM

Art. 92. No caso de crime militar somente em parte cometido no território


nacional, a competência do foro militar se determina de acordo com as
seguintes regras:
a) se, iniciada a execução em território estrangeiro, o crime se consumar no
Brasil, será competente a Auditoria da Circunscrição em que o crime tenha
produzido ou devia produzir o resultado;
b) se, iniciada a execução no território nacional, o crime se consumar fora
dele, será competente a Auditoria da Circunscrição em que se houver
praticado o último ato ou execução.

A BORDO DE NAVIOS

Art. 89. Os crimes cometidos a bordo de navio ou embarcação sob comando


militar ou militarmente ocupado em porto nacional, nos lagos e rios
fronteiriços ou em águas territoriais brasileiras, serão, nos dois primeiros
casos, processados na Auditoria da Circunscrição Judiciária correspondente
a cada um daqueles lugares; e, no último caso, na 1ª Auditoria da Marinha,
com sede na Capital do Estado da Guanabara

A BORDO DE AERONAVES

Art. 90. Os crimes cometidos a bordo de aeronave militar ou militarmente


ocupada, dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão
processados pela Auditoria da Circunscrição em cujo território se verificar o
pouso após o crime; e se este se efetuar em lugar remoto ou em tal distância
que torne difíceis as diligências, a competência será da Auditoria da
Circunscrição de onde houver partido a aeronave, salvo se ocorrerem os
mesmos óbices, caso em que a competência será da Auditoria mais próxima
da 1ª, se na Circunscrição houver mais de uma.

A doutrina e a jurisprudência entendem que os arts. 89 e 90 do CPPM equivalem às regras


contidas no CPP Comum para os crimes praticados a borde de navio e/ou aeronave.

Imagine, por exemplo, que um crime militar é praticado em uma embarcação que parte do
Brasil rumo à Europa. A competência para o processo e julgamento será da Auditoria do local em

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 64


que por último saiu a embarcação, assim saindo do Rio de Janeiro com destino a Portugal, para em
Recife antes. Portanto a competência será da Auditoria de Recife.

Por outro lado, quando a aeronave sai do Rio de Janeiro com destino a Recife, a
competência será do primeiro local em que a aeronave posou após o crime.

Caso a aeronave parte de Portugal com destino ao Rio de Janeiro, mas antes faça um pouso
em Recife, a competência será de Recife, pois foi o primeiro local de parada após a prática do delito
militar.

18. COMPETÊNCIA PELA RESIDENCIA OU DOMÍCILIO DO ACUSADO

Quando não for possível determinar o local da infração, a competência será fixada pela
residência ou pelo domicílio do acusado, não da vítima.

Art. 93. Se não for conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-


á pela residência ou domicílio do acusado, salvo o disposto no art. 96.

Art. 96. Para o militar em situação de atividade ou assemelhado na mesma


situação, ou para o funcionário lotado em repartição militar, o lugar da
infração, quando este não puder ser determinado, será o da unidade, navio,
força ou órgão onde estiver servindo, não lhe sendo aplicável o critério da
prevenção, salvo entre Auditorias da mesma sede e atendida a respectiva
especialização.

19. COMPETÊNCIA PELA PREVENÇÃO

É a mesma regulamentação do CPP Comum, prevista nos art. 94 e 35 do CPPM, vejamos:

Art. 94. A competência firmar-se-á por prevenção, sempre que, concorrendo


dois ou mais juízes igualmente competentes ou com competência cumulativa,
um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou
de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia.

Casos em que pode ocorrer


Art. 95. A competência pela prevenção pode ocorrer:
a) quando incerto o lugar da infração, por ter sido praticado na divisa de duas
ou mais jurisdições;
b) quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições;
c) quando se tratar de infração continuada ou permanente, praticada em
território de duas ou mais jurisdições;
d) quando o acusado tiver mais de uma residência ou não tiver nenhuma, ou
forem vários os acusados e com diferentes residências.

20. COMPETÊNCIA PELO LUGAR DO SERVIÇO

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 65


Quando um militar da ativa houver praticado um crime militar e o local for desconhecido, a
competência será fixada pelo local/sede em que desempenhar suas funções.

Art. 96. Para o militar em situação de atividade ou assemelhado na mesma


situação, ou para o funcionário lotado em repartição militar, o lugar da
infração, quando este não puder ser determinado, será o da unidade, navio,
força ou órgão onde estiver servindo, não lhe sendo aplicável o critério da
prevenção, salvo entre Auditorias da mesma sede e atendida a respectiva
especialização.

Há funcionários públicos civis que desempenham funções em uma OM, quando pratica crime
militar e o local for conhecido, a competência será do local da infração. Desconhecendo-se o local,
aplica-se o art. 96 do CPPM, fixando-se a competência pelo local em que desempenha suas
funções.

OBS.: Não existe mais auditorias especializadas. Toda e qualquer Auditoria da União julga e
processa crimes militares contra as forças armadas.

21. DISTRIBUIÇÃO

Quando em uma mesma circunscrição houver mais de uma Auditoria, a exemplo do que
ocorre no RS, a competência será determinada pela distribuição, nos termos do art. 98 do CPPM.

Art. 98. Quando, na sede de Circunscrição, houver mais de uma Auditoria


com a mesma competência, esta se fixará pela distribuição.

Em cada uma das Auditorias Militares da União, normalmente, há dois juízes-auditores


militares, um chamado de titular e o outro de substituto, para determinar a competência deverá ser
feita nova distribuição.

A distribuição torna o juiz prevento, nos termos do parágrafo único do art. 98 do CPPM
(mesma regra do CPP Comum).

Parágrafo único. A distribuição realizada em virtude de ato anterior à fase


judicial do processo prevenirá o juízo.

22. CONEXÃO E CONTINÊNCIA

Os critérios de conexão, previstos no CPPM, são os mesmos previstos no CPP Comum,


quais sejam:

a) Conexão intersubjetiva (art. 99, a do CPPM)

b) Conexão substancial ou teleológica (art. 99, b do CPPM)

c) Conexão probatória ou instrumental (art. 99, c do CPPM)

Art. 99. Haverá conexão:

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 66


a) se, ocorridas duas ou mais infrações, tiverem sido praticadas, ao mesmo
tempo, por várias pessoas reunidas ou por várias pessoas em concurso,
embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as
outras;
b) se, no mesmo caso, umas infrações tiverem sido praticadas para facilitar
ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação
a qualquer delas;
c) quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias
elementares influir na prova de outra infração.

Em relação à continência, quando for subjetiva (art. 100, a, do CPPM) segue a mesma
sistemática do CPP Comum.

Tratando-se de continência objetiva (art. 100, b do CPPM), diferentemente do que ocorre no


CPP Comum, será aplicada a qualquer caso que envolva concurso de crimes, não há delimitação.

Art. 100. Haverá continência:


a) quando duas ou mais pessoas forem acusadas da mesma infração;
b) na hipótese de uma única pessoa praticar várias infrações em concurso.

REGRAS PARA DETERMINAÇÃO

O art. 101 do CPPM traz as formas como será fixada a competência nos casos de conexão
ou continência.

Art. 101. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão


observadas as seguintes regras:
Concurso e prevalência
I - no concurso entre a jurisdição especializada e a cumulativa, preponderará
aquela;
II - no concurso de jurisdições cumulativas:
a) prevalecerá a do lugar da infração, para a qual é cominada pena mais
grave;
b) prevalecerá a do lugar onde houver ocorrido o maior número de infrações,
se as respectivas penas forem de igual gravidade;
Prevenção
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos demais casos, salvo
disposição especial deste Código;
Categorias
III - no concurso de jurisdição de diversas categorias, predominará a de maior
graduação.

Obs.: Não existe tribunal do júri na Justiça Militar brasileira. Assim, não existe regra no CPPM
semelhante a prevista no art. 78, I do CPO Comum.

Em regra, onde quer que haja conexão ou continência entre crimes militares, todas as
pessoas e todos os crimes militares serão reunidos no mesmo processo penal militar, em uma
mesma e única auditoria militar, ocorrendo o processo e o julgamento no mesmo Conselho de
Justiça.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 67


O art. 101, III do CPPM será aplicado nos casos de concurso de pessoas em que um dos
sujeitos ativos for um oficial geral das forças armadas.

PROROGAÇÃO DE COMPETÊNCIA

Ocorre nos casos de conexão e continência.

Art. 103. Em caso de conexão ou continência, o juízo prevalente, na


conformidade do art. 101, terá a sua competência prorrogada para processar
as infrações cujo conhecimento, de outro modo, não lhe competiria.

Reunião de processos
Art. 104. Verificada a reunião dos processos, em virtude de conexão ou
continência, ainda que no processo da sua competência própria venha o juiz
ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração
para outra que não se inclua na sua competência, continuará ele competente
em relação às demais infrações.

• Concurso entre oficiais de forças distintas

• Concurso entre oficiais e praças/civis

• Concurso entre Oficiais-Generais e outros militares/civis

UNIDADE E SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE PROCESSOS

Em regra, havendo conexão e continência, os processos serão reunidos em uma mesma


auditoria militar, para serem julgados pelo mesmo Conselho de Justiça.

Contudo, assim como no CPP Comum, há algumas exceções, dispostas no art. 102 do
CPPM, vejamos:

Art. 102. A conexão e a continência determinarão a unidade do processo,


salvo:
Casos especiais
a) no concurso entre a jurisdição militar e a comum;
b) no concurso entre a jurisdição militar e a do Juízo de Menores.
Jurisdição militar e civil no mesmo processo
Parágrafo único. A separação do processo, no concurso entre a jurisdição
militar e a civil, não quebra a conexão para o processo e julgamento, no seu
foro, do militar da ativa, quando este, no mesmo processo, praticar em
concurso crime militar e crime comum.

Conforme o disposto, um crime militar e um crime comum, mesmo que cometidos no mesmo
contexto e pela mesma pessoa, não poderão ser julgados em conjunto, ocorrerá a separação
obrigatória. O mesmo ocorre no caso de concurso de agentes, quando há o envolvimento de menor
na prática do delito.

22.3.1. Separação facultativa de processos

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 68


Há casos, previstos no art. 106 do CPPM, que o juiz possui a faculdade de separar os
processos, vejamos:

Art. 106. O juiz poderá separar os processos:


a) quando as infrações houverem sido praticadas em situações de tempo e
lugar diferentes;
b) quando for excessivo o número de acusados, para não lhes prolongar a
prisão;
c) quando ocorrer qualquer outro motivo que ele próprio repute relevante.
Recurso de ofício
§ 1º Da decisão de auditor ou de Conselho de Justiça em qualquer desses
casos, haverá recurso de ofício para o Superior Tribunal Militar.
§ 2º O recurso a que se refere o parágrafo anterior subirá em traslado com
as cópias autênticas das peças necessárias, e não terá efeito suspensivo,
prosseguindo-se a ação penal em todos os seus termos.

22.3.2. Separação obrigatória de julgamentos

Prevista no art. 105 do CPPM, haverá unidade de processos, mas o julgamento será feito
de forma separada.

Art. 105. Separar-se-ão somente os julgamentos:


a) se, de vários acusados, algum estiver foragido e não puder ser julgado à
revelia;
b) se os defensores de dois ou mais acusados não acordarem na suspeição
de juiz de Conselho de Justiça, superveniente para compô-lo, por ocasião do
julgamento.

AVOCAÇÃO DE PROCESSOS

Art. 107. Se, não obstante a conexão ou a continência, forem instaurados


processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os
processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com
sentença definitiva. Neste caso, a unidade do processo só se dará
ulteriormente, para efeito de soma ou de unificação de penas.

Poderá haver avocação de processos, segue a mesma regra do CPP Comum.

23. DESAFORAMENTO

Desaforamento é um instituto que, no DPP Comum, aplica-se apenas aos crimes dolosos
contra a vida. Não há no DPP Comum desaforamento para outros crimes que não envolvam o
Tribunal do Júri.

Já no Direito Processual Penal Militar o desaforamento poderá ocorrer em qualquer crime


militar (próprio ou impróprio), sendo qualquer sujeito ativo, nos termos do art. 109 do CPPM.

Art. 109. O desaforamento do processo poderá ocorrer:


a) no interesse da ordem pública, da Justiça ou da disciplina militar;
b) em benefício da segurança pessoal do acusado;

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 69


c) pela impossibilidade de se constituir o Conselho de Justiça ou quando a
dificuldade de constituí-lo ou mantê-lo retarde demasiadamente o curso do
processo. Caso de maior incidência.
Competência do Superior Tribunal Militar
§ 1º O pedido de desaforamento poderá ser feito ao Superior Tribunal Militar:
Autoridades que podem pedir
a) pelos Ministros da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica;
b) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, ou
autoridades que lhe forem superiores, conforme a respectiva jurisdição;
c) pelos Conselhos de Justiça ou pelo auditor;
d) mediante representação do Ministério Público ou do acusado.
Justificação do pedido e audiência do procurador-geral
§ 2º Em qualquer dos casos, o pedido deverá ser justificado e sobre ele
ouvido o procurador-geral, se não provier de representação deste.
Audiência a autoridades
§ 3º Nos casos das alíneas c e d , o Superior Tribunal Militar, antes da
audiência ao procurador-geral ou a pedido deste, poderá ouvir autoridades a
que se refere a alínea b .
Auditoria onde correrá o processo
§ 4º Se deferir o pedido, o Superior Tribunal Militar designará a Auditoria onde
deva ter curso o processo.
Renovação do pedido
Art. 110. O pedido de desaforamento, embora denegado, poderá ser
renovado se o justificar motivo superveniente.

É o STM que decreta ou não o desaforamento, qual poderá ser solicitado pelos
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, bem como pelos Comandantes de das
Regiões Militares.

Antes da decretação do desaforamento, há prévia manifestação de autoridades.

Deferido o pedido de desaforamento, o STM designará Auditoria em que possa haver o


prosseguimento do processo. Havendo o indeferimento, poderá haver novo pedido.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 70


RITOS PROCESSUAIS NO CPPM

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

No Direito Processual Penal Comum há vários procedimentos. Há três ritos comum:


ordinário, sumário e sumaríssimo, bem como ritos especiais: júri, crimes contra honra, para ações
ordinárias, abuso de autoridade, lei de drogas, etc.

No Processo Penal Militar o procedimento é mais simples: rito ordinário (maioria dos casos)
e ritos especiais para: deserção, insubmissão, restauração de autos (não iremos abordar) e ação
penal originária do STM (não iremos abordar).

2. INEXISTÊNCIA NO CPPM

Há certos institutos que existem no CPP Comum e que são inexistes no CPPM, quais sejam:

• Defesa prévia/resposta à acusação – não são aplicados, de acordo com o STF;

• Absolvição sumária;

• Medidas cautelares do CPP, salvo prisão preventiva e Menagem (exclusivo do


CPPM);

• Tribunal do Júri;

• Aplicação da Lei 9.099/95;

• Aplicação do art. 366 do CPP;

• Quantum mínimo na sentença condenatória.

3. RITO ORDINÁRIO

DENÚNCIA

Foi tratada no tópico ação penal militar.

3.1.1. Oferecimento

O oferecimento deve seguir os requisitos do art. 77 CPPM.

Art. 77. A denúncia conterá:


a) a designação do juiz a que se dirigir;
b) o nome, idade, profissão e residência do acusado, ou esclarecimentos
pelos quais possa ser qualificado;
c) o tempo e o lugar do crime;

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 71


d) a qualificação do ofendido e a designação da pessoa jurídica ou instituição
prejudicada ou atingida, sempre que possível;
e) a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias;
f) as razões de convicção ou presunção da delinquência;
g) a classificação do crime;
h) o rol das testemunhas, em número não superior a seis, com a indicação
da sua profissão e residência; e o das informantes com a mesma indicação.
Dispensa de testemunhas
Parágrafo único. O rol de testemunhas poderá ser dispensado, se o Ministério
Público dispuser de prova documental suficiente para oferecer a denúncia.

Deverá ser oferecida em cinco dias (indiciado preso) e de 45 dias (15 + 15 + 15) quando o
indiciado estiver preso.

Art. 79. A denúncia deverá ser oferecida, se o acusado estiver preso, dentro
do prazo de cinco dias, contados da data do recebimento dos autos para
aquele fim; e, dentro do prazo de quinze dias, se o acusado estiver solto. O
auditor deverá manifestar-se sobre a denúncia, dentro do prazo de quinze
dias.

3.1.2. Recebimento e rejeição

Preenchidos os requisitos, haverá o recebimento.

Poderá haver a rejeição da denúncia, cabendo recurso em sentindo estrito da decisão, o


qual será apreciado, primeiramente, pelo juiz-auditor. Caso a decisão seja mantida, irá para o STM.

Art. 78. A denúncia não será recebida pelo juiz:


a) se não contiver os requisitos expressos no artigo anterior;
b) se o fato narrado não constituir evidentemente crime da competência da
Justiça Militar;
c) se já estiver extinta a punibilidade;
d) se for manifesta a incompetência do juiz ou a ilegitimidade do acusador.
Preenchimento de requisitos
§ 1º No caso da alínea a, o juiz antes de rejeitar a denúncia, mandará, em
despacho fundamentado, remeter o processo ao órgão do Ministério Público
para que, dentro do prazo de três dias, contados da data do recebimento dos
autos, sejam preenchidos os requisitos que não o tenham sido.
Ilegitimidade do acusador
§ 2º No caso de ilegitimidade do acusador, a rejeição da denúncia não obstará
o exercício da ação penal, desde que promovida depois por acusador
legítimo, a quem o juiz determinará a apresentação dos autos.
Incompetência do juiz. Declaração
§ 3º No caso de incompetência do juiz, este a declarará em despacho
fundamentado, determinando a remessa do processo ao juiz competente.

INSTRUÇÃO CRIMINAL

Disciplinada nos arts. 404 a 426 do CPPM.

A defesa, caso queira, poderá em até 48h opor exceções. Ressalta-se que há exceções que
´podem ser opostas a qualquer momento.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 72


Art. 407. Após o interrogatório e dentro em quarenta e oito horas, o acusado
poderá opor as exceções de suspeição do juiz, procurador ou escrivão, de
incompetência do juízo, de litispendência ou de coisa julgada, as quais serão
processadas de acordo com o Título XII, Capítulo I, Seções I a IV do Livro I,
no que for aplicável.

De acordo com o CPPM, o réu deve ser a primeira pessoa a ser ouvida na instrução criminal.
Contudo, o STF entende que se aplica o disposto no CPP Comum, em que o interrogatório do réu
é o último ato da instrução criminal.

Posteriormente, serão ouvidas as testemunhas de acusação (até seis), as testemunhas de


defesa (até seis) e será promovido, caso haja necessidade, o esclarecimento dos peritos,
acareações e reconhecimentos.

As Inquirições são realizadas pelo Conselho de Justiça na seguinte ordem:

1) Juiz-Auditor;

2) Juiz-Presidente;

3) Demais Juízes Militares (ordem inversa da hierarquia);

4) Parquet (salvo em inquirição de testemunha da Defesa);

5) Defesa (salvo em inquirição de testemunha da Defesa)

DILIGÊNCIAS

Após as oitivas, tanto o MP quanto a defesa possuem o prazo de cinco dias para solicitar a
realização de diligências. O deferimento ou indeferimento caberá ao Conselho de Justiça, o qual
fixará prazo máximo para o cumprimento.

Art. 427. Após a inquirição da última testemunha de defesa, os autos irão


conclusos ao auditor, que deles determinará vista em cartório às partes, por
cinco dias, para requererem, se não o tiverem feito, o que for de direito, nos
termos deste Código.

Cumpridas as diligencias, abre-se vista ao MP e a defesa.

ALEGAÇÕES ESCRITAS

A defesa e a acusação possuem o prazo de oito dias para alegações escritas, nos termos
do art. 428 do CPPM.

Art. 428. Findo o prazo aludido no artigo 427 e se não tiver havido
requerimento ou despacho para os fins nele previstos, o auditor determinará
ao escrivão abertura de vista dos autos para alegações escritas,
sucessivamente, por oito dias, ao representante do Ministério Público e ao
advogado do acusado. Se houver assistente, constituído até o encerramento
da instrução criminal, ser-lhe-á dada vista dos autos, se o requerer, por cinco
dias, imediatamente após as alegações apresentadas pelo representante do
Ministério Público.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 73


Dilatação do prazo
§ 1º Se ao processo responderem mais de cinco acusados e diferentes forem
os advogados, o prazo de vista será de doze dias, correndo em cartório e em
comum para todos. O mesmo prazo terá o representante do Ministério
Público.
Certidão do recebimento das alegações. Desentranhamento
§ 2° O escrivão certificará, com a declaração do dia e hora, o recebimento
das alegações escritas, à medida da apresentação. Se recebidas fora do
prazo, o auditor mandará desentranhá-las dos autos, salvo prova imediata de
que a demora resultou de óbice irremovível materialmente.

SESSÃO DE JULGAMENTO

As partes, novamente, poderão fazer alegações. Aqui, serão orais. A acusação possui três
horas para falar e a defesa possui, também, três horas, podendo haver réplica de uma hora e mais
uma hora para tréplica feita pela defesa.

Nas Decisões do Conselho de Justiça os votos são proferidos na seguinte ordem:

1) Juiz-Auditor;

2) Juízes Militares (ordem direta da hierarquia);

3) Juiz-Presidente.

Não há prazo para os membros do Conselho emitirem os seus votos, os quais possuem o
mesmo peso.

Destaca-se que, durante a instrução criminal, tanto o Conselho Permanente quanto o


Conselho Especial, poderão funcionar com cinco, quatro ou três membros, desde que estejam
presentes o Juiz-Auditor e o Juiz-Presidente. Contudo, no dia da Sessão de Julgamento o Conselho
só poderá funcionar com a totalidade dos seus membros (cinco).

4. RITO ESPECIAL DE DESERÇÃO E DE INSUBMISSÃO

DENÚNCIA

A denúncia deve ser oferecida em cinco dias, pouco importando se o indiciado está preso
ou solto.

O juiz singularmente irá decidir se recebe (cabe HC) ou rejeita (cabe RESE) a denúncia, nos
termos dos arts. 34 a 35, 77 a 78, 454, § 3º, 457, § 3º, 463, § 3º, e 516, a, todos do CPPM.

Haverá a citação pessoal, não sendo possível deve ser feita por edital

INSTRUÇÃO CRIMINAL

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 74


Cada parte pode arrolar até três testemunhas, primeiro são ouvidas as de acusação e depois
as de defesa.

O interrogatório do acusado é o último ato.

DILIGÊNCIAS

Após as oitivas, ocorrem os pedidos de diligências, no prazo de cinco dias para cada uma
das partes.

Caberá ao Conselho decidir sobre o deferimento e indeferimento das diligências, fixando


prazo (a depender do caso concreto) para que sejam cumpridas.

Cumpridas as diligências, iremos para a sessão de julgamento. Percebe-se, portanto, que


no rito especial não há a fase de alegações escritas.

SESSÃO DE JULGAMENTO

A acusação possui o prazo de 30 minutos para os debates orais e a defesa também possui
prazo de 30 minutos. Caso haja réplica e tréplica o prazo será de 10 minutos para cada uma das
partes.

OBS: Todas as observações acerca da ordem das inquirições e da ordem dos votos das decisões
do Conselho de Justiça são aplicáveis aos ritos especiais de deserção e insubmissão

5. SENTENÇA

A sentença é proferida no dia da sessão de julgamento, com a absolvição ou condenação


do acusado. Contudo, a sentença escrita com relatório, com todos os fundamentos jurídicos poderá
ser lida no mesmo dia do julgamento ou em outro dia designado pelo Conselho.

Caso a leitura seja feita em outro dia, as partes não precisam estar presentes. Caso estejam,
já serão consideradas intimadas, iniciando o prazo recursal.

6. RECURSOS

CONTRA AS DECISÕES DOS CONSELHOS

6.1.1. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA

Contra as decisões interlocutórias dos Conselhos, a depender de qual seja, caberá RESE
ou correição parcial. Ambos os recursos, terão efeito regressivo, ou seja, o próprio Conselho irá
julgar.

Caso a decisão seja mantida, serão remetidos ao STM.

Será possível, ainda, embargos declaratórios.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 75


6.1.2. SENTENÇA E DECISÃO COM FORÇA DE DEFINITIVA

Caberá apelação seja sentença de absolvição própria ou imprópria ou de condenação.

Além disso, cabe ainda embargos de declaração.

CONTRA DECISÃO DO TJ/TJM

A depender da decisão, caberão embargos, agravo regimental ao próprio TJ ou TJM, recurso


especial ao STJ e recurso extraordinário ao STF.

Não cabe recurso especial perante o STM.

CONTRA DECISÃO DO STM

A depender da decisão, caberão embargos, agravo regimental ao próprio STM e recurso


extraordinário ao STF.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 76


SUJEITOS PROCESSUAIS

1. INTRODUÇÃO

Os sujeitos processuais no Processo Penal Militar são:

• Juiz;

• Ministério Público;

• Acusado;

• Defensor

• Assistente do MP;

• Auxiliares do Juiz (técnicos judiciários, analistas judiciários e oficiais de justiça);

• Peritos

• Interpretes.

Iremos estudar cada um deles. Percebe-se que são os mesmos sujeitos processuais do CPP
Comum.

Obs.: vítimas e testemunhas não são tratadas como sujeitos processuais, nem pelo CPP e nem
pelo CPPM.

2. JUIZ

FUNÇÃO DO JUIZ E SUA INDEPENDÊNCIA

As funções do juiz encontram-se previstas no art. 36 do CPPM, vejamos:

Art. 36. O juiz proverá a regularidade do processo e a execução da lei, e


manterá a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim,
requisitar a força militar (ou policial).

A força militar a que se refere o art. 36 é a polícia militar, no caso de crime de competência
da Justiça Militar Estadual ou das forças armadas (Marinha, Exército ou Aeronáutica) no caso de
competência da Justiça Militar da União.

Obs.: Nada obsta que o Juiz da auditoria militar da União solicite, por exemplo, escolta de preso à
polícia militar.

§ 1º Sempre que este Código se refere a juiz abrange, nesta denominação,


quaisquer autoridades judiciárias, singulares ou colegiadas, no exercício das
respectivas competências atributivas ou processuais.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 77


Observe-se que o §1º do art. 36 define quem será considerado Juiz, podendo ser Conselho
(colegiado) ou singularmente (apenas um).

§ 2º No exercício das suas atribuições, o juiz não deverá obediência senão,


nos termos legais, à autoridade judiciária que lhe é superior.

CASOS DE IMPEDIMENTOS

Os casos de impedimentos do CPPM são, praticamente, os mesmos do CPP comum, estão


previstos no art. 37.

Pode ser declara de ofício ou a requerimento das partes.

Art. 37. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:


a) como advogado ou defensor, órgão do Ministério Público, autoridade
policial, auxiliar de justiça ou perito, tiver funcionado seu cônjuge, ou parente
consanguíneo ou afim até o terceiro grau inclusive; igual CPP
b) ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido
como testemunha; igual CPP
c) tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou
de direito, sobre a questão; igual CPP
d) ele próprio ou seu cônjuge, ou parente consanguíneo ou afim, até o terceiro
grau inclusive, for parte ou diretamente interessado. igual CPP
Inexistência de atos
Parágrafo único. Serão considerados inexistentes os atos praticados por juiz
impedido, nos termos deste artigo.

Obs.: são hipóteses que recaem sobre os juízes, membros dos Conselhos (Permanente ou
Especial), bem como sobre os membros do STM.

Os atos processuais praticados pelo juiz impedido são considerados inexistes.

CASOS DE SUSPEIÇÃO

Os casos de suspeição encontram-se previstos no art. 38 do CPPM, também pode ser


declarado de ofício pelo juiz ou a requerimento das partes.

Art. 38. O juiz dar-se-á por suspeito e, se o não fizer, poderá ser recusado por
qualquer das partes:
a) se for amigo íntimo ou inimigo de qualquer delas; igual CPP
b) se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, de um ou de outro,
estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter
criminoso haja controvérsia; igual CPP
c) se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim até o segundo grau
inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser
julgado por qualquer das partes; igual CPP
d) se ele, seu cônjuge, ou parente, a que alude a alínea anterior, sustentar
demanda contra qualquer das partes ou tiver sido procurador de qualquer
delas; igual CPP
e) se tiver dado parte oficial do crime;
f) se tiver aconselhado qualquer das partes; igual CPP

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 78


g) se ele ou seu cônjuge for herdeiro presuntivo, donatário ou usufrutuário de
bens ou empregador de qualquer das partes; igual CPP
h) se for presidente, diretor ou administrador de sociedade interessada no
processo; igual CPP
i) se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes. igual
CPP

Note que apenas a alinha “e” do art. 38 do CPPM não encontra correspondência no CPP
comum.

Imagine que um oficial das forças armadas tome conhecimento da prática de crime militar e
da autoria. Este oficial possui o dever de comunicar (chamado de parte oficial do crime), por escrito,
o crime militar ao seu comandante. Se no futuro, o oficial que deu parte oficial do crime estiver
integrando o Conselho, será considerado suspeito.

Art. 39. A suspeição entre adotante e adotado será considerada nos mesmos
termos da resultante entre ascendente e descendente, mas não se estenderá
aos respectivos parentes e cessará no caso de se dissolver o vínculo da
adoção.

Art. 40. A suspeição ou impedimento decorrente de parentesco por afinidade


cessará pela dissolução do casamento que lhe deu causa, salvo sobrevindo
descendentes. Mas, ainda que dissolvido o casamento, sem descendentes,
não funcionará como juiz o parente afim em primeiro grau na linha ascendente
ou descendente ou em segundo grau na linha colateral, de quem for parte do
processo.

Art. 41. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a
parte injuriar o juiz, ou de propósito der motivo para criá-la.

Em relação ao art. 41 do CPPM, imagine que o defensor do acusado ofenda (por escrito ou
verbalmente) qualquer um dos cinco juízes que compõe o Conselho de Justiça, causando-lhe
aborrecimento/irritação. Apesar disso, este juiz não será considerado suspeito e nem impedido.

3. AUXILIARES DO JUIZ

Os auxiliares do juiz, igualmente, são considerados sujeitos processuais. São eles: técnicos
judiciários, analistas judiciários e oficiais de justiça.

Funcionários e serventuários da Justiça


Art. 42. Os funcionários ou serventuários da justiça Militar são, nos processos
em que funcionam, auxiliares do juiz, a cujas determinações devem
obedecer.
Escrivão
Art. 43. O escrivão providenciará para que estejam em ordem e em dia as
peças e termos dos processos.

O art. 44 do CPPM versa sobre o oficial de justiça. Inclusive sobre a forma de realização das
diligências (horário entre 6h e 18h), sempre que possível devem ser realizadas na presença de duas
testemunhas. Caso não seja possível a presença das testemunhas, não há impedimento para a
realização da diligência.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 79


Art. 44. O oficial de justiça realizará as diligências que lhe atribuir a lei de
organização judiciária militar e as que lhe forem ordenadas por despacho do
juiz, certificando o ocorrido, no respectivo instrumento, com designação de
lugar, dia e hora.
Diligências
§ 1º As diligências serão feitas durante o dia, em período que medeie entre
as seis e as dezoito horas e, sempre que possível, na presença de duas
testemunhas.
Mandados
§ 2º Os mandados serão entregues em cartório, logo depois de cumpridos,
salvo motivo de força maior.

É possível a nomeação ad hoc para o desempenho das funções.

Convocação de substituto. Nomeação ad hoc


Art. 45. Nos impedimentos do funcionário ou serventuário de justiça, o juiz
convocará o substituto; e, na falta deste, nomeará um ad hoc , que prestará
compromisso de bem desempenhar a função, tendo em atenção as ordens
do juiz e as determinações de ordem legal.

As hipóteses de impedimento e de suspeição também atingem os auxiliares do juiz.

Suspeição de funcionário ou serventuário


Art. 46. O funcionário ou serventuário de justiça fica sujeito, no que for
aplicável, às mesmas normas referentes a impedimento ou suspeição do juiz,
inclusive o disposto no art. 41.

4. PERITOS E INTÉRPRETES

Serão nomeados pelo juiz sem intervenção das partes. Tudo que está previsto para os
peritos será aplicado aos intérpretes.

Art. 47 Os peritos e intérpretes serão de nomeação do juiz, sem intervenção


das partes.

Salienta-se que o CPP Comum, na sua atual redação, exige que a perícia seja realizada por
no mínimo um perito oficial (pessoa que exerce cargo público de perito), não sendo possível deve
ser realizada por dois peritos. O CPPM exige dois peritos oficiais, mas a jurisprudência de forma
unanime determina que basta um perito oficial.

A nomeação, de preferência, deve ocorrer entre os oficiais da ativa. Eventualmente,


portanto, o perito pode ser um oficial da reserva ou reformado. O professor afirma, ainda, que um
praça com diploma de curso superior, eventualmente, poderá ser perito, pois a lei é clara em usar
o termo “de preferência”. Por fim, os temporários, como não há ressalva, também poderão ser
peritos.

É perfeitamente possível uma perícia a ser realizada no curso da investigação penal militar
ou do processo penal militar, ser feita por UM perito oficial da PC, da PF, quando o Conselho
determinar que a PF/PC realizem a perícia.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 80


Salienta-se que a prestação de compromisso, prevista no parágrafo único do art. 48 do
CPPM, é para o caso de peritos não oficiais (pessoa que não exerce cargo público de perito oficial).

Art. 48. Os peritos ou intérpretes serão nomeados de preferência dentre


oficiais da ativa, atendida a especialidade.
Parágrafo único. O perito ou intérprete prestará compromisso de
desempenhar a função com obediência à disciplina judiciária e de responder
fielmente aos quesitos propostos pelo juiz e pelas partes.

O art. 52 do CPPM traz um rol de pessoas que não poderão desempenhar a função de perito,
vejamos:

Art. 52. Não poderão ser peritos ou intérpretes:


a) os que estiverem sujeitos a interdição que os inabilite para o exercício de
função pública;
b) os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado
anteriormente sobre o objeto da perícia;
c) os que não tiverem habilitação ou idoneidade para o seu desempenho;
d) os menores de vinte e um anos.

Por fim, os casos de impedimento (mesmo não previsto no CPPM) e suspeição previsto para
os juízes, também serão aplicados aos peritos e interpretes.

Art. 53. É extensivo aos peritos e intérpretes, no que lhes for aplicável, o
disposto sobre suspeição de juízes.

5. MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR

PRINCÍPIOS, ORGANIZAÇÃO DA CARREIRA E GENERALIDADES

O MPM exerce exclusivamente atribuições penais militares, não exerce atividades


extrapenais. É o promotor natural para promover a ação penal militar por delito militar, na Justiça
Militar da União.

No âmbito estadual, quem irá atuar é o promotor de justiça estadual.

Em relação à carreira no MPM, os membros irão ingressar através de concurso público para
o cargo de Promotor de Justiça Militar, podendo ser promovidos, desde que preenchidos os
requisitos legas, a Procurador de Justiça Militar. Por fim, preenchidos os requisitos legais, poderá
ser promovido ao último grau da carreira que é o de Subprocurador Geral de Justiça Militar.

O chefe do MPM é o Procurador Geral de Justiça Militar, que não necessariamente será um
subprocurador geral.

Art. 54. O Ministério Público é o órgão de acusação no processo penal militar,


cabendo ao procurador-geral exercê-la nas ações de competência originária
no Superior Tribunal Militar e aos procuradores (e os promotores) nas ações
perante os órgãos judiciários de primeira instância.
Pedido de absolvição

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 81


Parágrafo único. A função de órgão de acusação não impede o Ministério
Público de opinar pela absolvição do acusado, quando entender que, para
aquele efeito, existem fundadas razões de fato ou de direito.

Aplicam-se todas as disposições constitucionais ao MPM e as previstas na LOMPU (LC 75).

Não há nada que impeça o MPM de pedir a absolvição do acusado, bem como de deixar de
oferecer denúncia, quando for caso de arquivamento. Enfim, o MPM pode atuar em favor do
indiciado ou do réu, inclusive impetrando HC, recorrendo favoravelmente ao réu.

Obviamente, o Conselho de Justiça poderá condenar o réu quando o MPM pedir a


absolvição.

Art. 55. Cabe ao Ministério Público fiscalizar o cumprimento da lei penal


militar, tendo em atenção especial o resguardo das normas de hierarquia e
disciplina, como bases da organização das Forças Armadas e das policiais
militares e do corpo de bombeiro.

O MPM irá desempenhar funções de fiscalização da lei penal militar, bem como a de
resguardar as normas de hierarquia e disciplina, com bases da organização das Forças Armadas e
das Instituições Militares Estaduais e Distritais.

Art. 56. O Ministério Público desempenhará as suas funções de natureza


processual sem dependência a quaisquer determinações que não emanem
de decisão ou despacho da autoridade judiciária competente, no uso de
atribuição prevista neste Código e regularmente exercida, havendo no
exercício das funções recíproca independência entre os órgãos do Ministério
Público e os da ordem judiciária.
Parágrafo único. Os procuradores são diretamente subordinados ao
procurador-geral.

O MPM não está subordinado à Justiça Militar, suas funções são exercidas de forma
independente.

IMPEDIMENTOS E SUSPEIÇÃO

Os casos de impedimento estão previstos no art. 57 do CPPM, vejamos:

Art. 57. Não pode funcionar no processo o membro do Ministério Público:


a) se nele já houver intervindo seu cônjuge ou parente consanguíneo ou afim,
até o terceiro grau inclusive, como juiz, defensor do acusado, autoridade
policial ou auxiliar de justiça;
b) se ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções;
c) se ele próprio ou seu cônjuge ou parente consanguíneo ou afim, até o
terceiro grau inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.

O art. 58 do CPPM traz as hipóteses de suspeição, in verbis:

Art. 58. Ocorrerá a suspeição do membro do Ministério Público:


a) se for amigo íntimo ou inimigo do acusado ou ofendido;
b) se ele próprio, seu cônjuge ou parente consanguíneo ou afim, até o terceiro
grau inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser
julgado pelo acusado ou pelo ofendido;

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 82


c) se houver aconselhado o acusado;
d) se for tutor ou curador, credor ou devedor do acusado;
e) se for herdeiro presuntivo, ou donatário ou usufrutuário de bens, do
acusado ou seu empregador;
f) se for presidente, diretor ou administrador de sociedade ligada de qualquer
modo ao acusado.

6. ASSITENTE

É assistente do MPM.

PONTOS EM COMUM COM O ASSISTENTE DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL:

6.1.1. Conceito e habilitação

O Assistente só poderá integrar o processo após o recebimento da denúncia. Não existe


assistente do MPM durante a fase de investigação militar e nem antes do recebimento da denúncia.

Art. 60. O ofendido, seu representante legal e seu sucessor podem habilitar-
se a intervir no processo como assistentes do Ministério Público.

Art. 63. Pode ser assistente o advogado da Justiça Militar, desde que não
funcione no processo naquela qualidade ou como procurador de qualquer
acusado.

É possível a habilitação até o trânsito em julgado, pegando a causa o estado em que se


encontrar.

Art. 62. O assistente será admitido enquanto não passar em julgado a


sentença e receberá a causa no estado em que se achar.

6.1.2. Competência, oportunidade e decisão sobre a admissão

A competência para a admissão do assistente dependerá do momento da habilitação, assim:

• Em primeiro grau, caberá ao Conselho;

• Em grau recursal, caberá ao STM, TJ, TJM, STF a depender do recurso.

Assim, caberá ao órgão jurisdicional em que está correndo o processo no momento do


pedido.

A decisão sobre a admissão do pedido de assistente será tomada após o parecer do MP.

Art. 61. Cabe ao juiz do processo, ouvido o Ministério Público, conceder ou


negar a admissão de assistente de acusação.

6.1.3. Corréu como assistente

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 83


O corréu não pode se habilitar como assistente, salvo nos casos de transito em julgado de
sentença penal absolutória.

Art. 64. O ofendido que for também acusado no mesmo processo não poderá
intervir como assistente, salvo se absolvido por sentença passada em
julgado, e daí em diante.

6.1.4. Intervenção do assistente

A assiste do MPM poderá tomar algumas medidas no processo, mas não poderá interpor
recursos (diferente do que ocorre no Processo Penal Comum).

Art. 65. Ao assistente será permitido, com aquiescência do juiz e ouvido o


Ministério Público:
a) propor meios de prova;
b) requerer perguntas às testemunhas, fazendo-o depois do procurador;
c) apresentar quesitos em perícia determinada pelo juiz ou requerida pelo
Ministério Público;
d) juntar documentos;
e) arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público;
f) participar do debate oral.

LEGITIMIDADE

Poderão ser assistentes do MPM:

• Ofendido

• Representante Legal: ascendente, descendente, tutor ou curador do ofendido;

• Sucessores: ascendente, descendente ou irmão do ofendido.

Obs.: Ao contrário do que preconiza o Código de Processo Penal Comum (art. 268 c/c art. 31), o
cônjuge não pode ser Assistente no Processo Penal Militar!

Art. 60. O ofendido, seu representante legal e seu sucessor podem habilitar-
se a intervir no processo como assistentes do Ministério Público.
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, considera-se representante
legal o ascendente ou descendente, tutor ou curador do ofendido, se menor
de dezoito anos ou incapaz; e sucessor, o seu ascendente, descendente ou
irmão, podendo qualquer deles, com exclusão dos demais, exercer o
encargo, ou constituir advogado para esse fim, em atenção à ordem
estabelecida neste parágrafo, cabendo ao juiz a designação se entre eles não
houver acordo.

ATOS PROCESSUAIS PERMITIDOS

O assistente do MPM, de acordo com o art. 65 do CPPM, pode:

• Propor meios de provas

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 84


• Fazer perguntas às testemunhas;

• Apresentar quesitos em pericias

• Juntar documentos

• Arrazoar recursos

• Participar de debates orais.

Art. 65. Ao assistente será permitido, com aquiescência do juiz e ouvido o


Ministério Público:
a) propor meios de prova;
b) requerer perguntas às testemunhas, fazendo-o depois do procurador;
c) apresentar quesitos em perícia determinada pelo juiz ou requerida pelo
Ministério Público;
d) juntar documentos;
e) arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público;
f) participar do debate oral.

ATOS PROCESSUAIS VEDADOS

A atuação do assistente no PPM é mais restrita do que no a do assistente no PP Comum.


Há situações previstas no CPP que não estão previstas no CPPM, a exemplo da interposição de
alguns recursos.

O assistente não poderá, nos termos do §1º do art. 65 do CPPM:

• Arrolar testemunhas;

• Requerer expedição de carta precatória ou rogatória;

• Requerer diligencias que retardem o processo;

• Não poderá interpor recursos, salvo do despacho que indeferir a assistência.

Art. 65, § 1º Não poderá arrolar testemunhas, exceto requerer o depoimento


das que forem referidas, nem requerer a expedição de precatória ou
rogatória, ou diligência que retarde o curso do processo, salvo, a critério do
juiz e com audiência do Ministério Público, em se tratando de apuração de
fato do qual dependa o esclarecimento do crime. Não poderá, igualmente,
impetrar recursos, salvo de despacho que indeferir o pedido de assistência.

RECURSO

O art. 273 do CPP, expressamente, preconiza que a decisão que admitir ou inadmitir o
assistente é irrecorrível, sustentado a doutrina o cabimento de MS.

O CPPM, por sua vez, admite recurso inominado, sem efeito suspensivo da decisão que
indefere o assistente.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 85


Art. 65, § 2º O recurso do despacho que indeferir a assistência não terá efeito
suspensivo, processando-se em autos apartados. Se provido, o assistente
será admitido ao processo no estado em que este se encontrar.

7. ACUSADO

O acusado, como sujeito processual, é tratado apenas nos arts. 69 e 70 do CPPM, vejamos:

Art. 69. Considera-se acusado aquele a quem é imputada a prática de


infração penal em denúncia recebida.

O status de acusado ocorre apenas com o recebimento da denúncia.

Art. 70. A impossibilidade de identificação do acusado com o seu verdadeiro


nome ou outros qualificativos não retardará o processo, quando certa sua
identidade física. A qualquer tempo, no curso do processo ou da execução
da sentença, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo da
validade dos atos precedentes.

Todas as garantias e princípios norteadores do Processo Penal Comum serão aplicados ao


Processo Penal Militar.

8. DEFENSOR

Disciplinado nos arts. 71 a 76 do CPPM, assemelha-se ao disposto no CPP.

Art. 71. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado
ou julgado sem defensor.
§ 1º A constituição de defensor independerá de instrumento de mandado, se
o acusado o indicar por ocasião do interrogatório ou em qualquer outra fase
do processo por termo nos autos.
§ 2º O juiz nomeará defensor ao acusado que o não tiver, ficando a este
ressalvado o direito de a todo o tempo, constituir outro, de sua confiança.
§ 3º A nomeação de defensor não obsta ao acusado o direito de a si mesmo
defender-se, caso tenha habilitação; mas o juiz manterá a nomeação, salvo
recusa expressa do acusado, a qual constará dos autos.
§ 4º É, salvo motivo relevante, obrigatória a aceitação do patrocínio da causa,
se a nomeação recair em advogado.
§ 5º As praças serão defendidas pelo advogado de ofício, cujo patrocínio é
obrigatório, devendo preferir a qualquer outro.
§ 6º O defensor não poderá abandonar o processo, senão por motivo
imperioso, a critério do juiz.
§ 7º No caso de abandono sem justificativa, ou de não ser esta aceita, o juiz,
em se tratando de advogado, comunicará o fato à Seção da Ordem dos
Advogados do Brasil onde estiver inscrito, para que a mesma aplique as
medidas disciplinares que julgar cabíveis. Em se tratando de advogado de
ofício, o juiz comunicará o fato ao presidente do Superior Tribunal Militar, que
aplicará ao infrator a punição que no caso couber.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 86


Os advogados de oficio são os membros da DPU, sempre que houver esta referência trata-
se de Defensor Público.

Art. 72. O juiz dará curador ao acusado incapaz.

Art. 73. O acusado que for oficial ou graduado não perderá, embora sujeito à
disciplina judiciária, as prerrogativas do posto ou graduação. Se preso ou
compelido a apresentar-se em juízo, por ordem da autoridade judiciária, será
acompanhado por militar de hierarquia superior a sua.
Parágrafo único. Em se tratando de praça que não tiver graduação, será
escoltada por graduado ou por praça mais antiga.

Art. 74. A falta de comparecimento do defensor, se motivada, adiará o ato do


processo, desde que nele seja indispensável a sua presença. Mas, em se
repetindo a falta, o juiz lhe dará substituto para efeito do ato, ou, se a ausência
perdurar, para prosseguir no processo.

Art. 75. No exercício da sua função no processo, o advogado terá os direitos


que lhe são assegurados e os deveres que lhe são impostos pelo Estatuto da
Ordem dos Advogados do Brasil, salvo disposição em contrário,
expressamente prevista neste Código.

Art. 76. Não poderá funcionar como defensor o cônjuge ou o parente


consanguíneo ou afim, até o terceiro grau inclusive, do juiz, do membro do
Ministério Público ou do escrivão. Mas, se em idênticas condições, qualquer
destes for superveniente no processo, tocar-lhe-á o impedimento, e não ao
defensor, salvo se dativo, caso em que será substituído por outro.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 87


PRISÕES CAUTELARES, LIBERDADE PROVISÓRIA E
MENAGEM

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Primeiramente, destaca-se que a CF em seu art. 5º, LXI dispõe que ninguém será preso sem
ordem judicial fundamentada, salvo em flagrante, ou nos casos de transgressão miliar ou crime
propriamente militar definido em lei.

Art. 5º. (...)


LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei

Assim, é possível afirmar que o art. 5º, LXI traz quatro hipóteses de prisão, quais sejam:

• Prisão em flagrante;

• Prisão por ordem escrita e fundamentada pela autoridade judicial competente, a


exemplo da prisão preventiva e da prisão temporária;

• Prisão disciplinar – não é prisão em flagrante, não depende de ordem escrita e


fundamentada. Ocorre quando o militar pratica uma transgressão militar;

• Prisão pela prática de crime propriamente militar (é o crime tipificado na parte


especial do CPM, sem correspondência na legislação penal comum, a exemplo
da deserção, insubordinação, abandono de posto, motim, revolta, insubmissão),
não precisa de flagrante e nem de ordem escrita e fundamentada.

2. PRISÕES MILITARES SEM ORDEM JUDCIAL

Aqui, temos a prisão em flagrante, a prisão prevista no art. 18 do CPPM, a qual será
decretada pelo encarregado do IPM, bem como a prisão por transgressão militar, prevista em
regulamentos das forças armadas e das instituições militares estaduais.

Art. 18. Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar


detido, durante as investigações policiais, até trinta dias, comunicando-se a
detenção à autoridade judiciária competente. Esse prazo poderá ser
prorrogado, por mais vinte dias, pelo comandante da Região, Distrito Naval
ou Zona Aérea, mediante solicitação fundamentada do encarregado do
inquérito e por via hierárquica.
Parágrafo único. Se entender necessário, o encarregado do inquérito
solicitará, dentro do mesmo prazo ou sua prorrogação, justificando-a, a
decretação da prisão preventiva ou de menagem, do indiciado.

3. PRISÕES MILITARES COM ORDEM JUDICIAL

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 88


Aqui, temos: prisão preventiva (arts. 254 a 261) e a prisão decorrente de sentença penal
condenatória recorrível (art. 441).

4. MENAGEM

Trata-se de restrição da liberdade de locomoção, exclusiva do CPPM, aplicável ao


insubmisso (art. 143) e aos casos de crime militar com pena máxima de quatro anos (art. 263 do
CPPM).

Obs.: No Direito Processual Penal Militar não existem prisão temporária e nem medidas cautelares
alternativas à prisão (como a fiança), salvo a menagem.

5. PRISÃO EM FLAGRANTE

PREVISÃO LEGAL

Encontra-se prevista no art. 5º, XI e LXI, da CF, arts. 220 a 242 e arts. 243 a 253 todos do
CPPM.

FUNDAMENTO DA CAUTELARIDADE

A razão de ser e existir da prisão em flagrante no CPPM é da mesma do CPP. Ou seja,


ocorrerá em face da situação de flagrância que evidenciar a materialidade e autoria do crime militar,
bem como para impedir a fuga.

PECULIARIDADES

5.3.1. Desnecessidade de ordem judicial

Qualquer pessoa do povo, sem ordem judicial alguma, pode realizar a prisão em flagrante.
Assim, por exemplo, um civil pode prender em flagrante um militar, praça ou oficial, pela prática de
crime militar. Igualmente, é possível que um praça prenda em flagrante um oficial por crime militar.

5.3.2. Flagrante facultativo e flagrante compulsório

Flagrante facultativo relaciona-se a qualquer pessoa do povo, que pode ou não prender em
flagrante, agindo em exercício regular do direito.

Flagrante compulsório relaciona-se às autoridades, as quais possuem a obrigação de


realizar a prisão em flagrante, estrito cumprimento do dever legal.

Art. 243. Qualquer pessoa poderá e os militares deverão prender quem for
insubmisso ou desertor, ou seja, encontrado em flagrante delito.

5.3.3. Momento e lugar da realização e indistinção da natureza da infração

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 89


A prisão em flagrante poderá ocorrer em qualquer data, em qualquer horário e em qualquer
lugar, inclusive na residência de qualquer pessoa.

Quaisquer crimes militares irão admitir prisão em flagrante, não há distinção.

SUJEITOS DO FLAGRANTE

Qualquer pessoa pode prender em flagrante. Em tese, qualquer pessoa pode ser presa em
flagrante. Contudo, os congressistas, os magistrados, os membros do MP só podem ser presos em
flagrante pela prática de crime inafiançável, de acordo com a CF.

Obs.: TODOS os crimes militares são inafiançáveis, pois não existe o instituto da fiança no Processo
Penal Militar.

O Presidente da República, o Chefe de Governo estrangeiro, os diplomatas não podem, em


tese, serem presos em flagrante pela prática de qualquer crime.

ESPÉCIES DE FLAGRANTES

São as mesmas espécies do Direito Processual Comum

5.5.1. Próprio ou Real (a e b)

É quando o agente está praticando o crime.

Art. 244. Considera-se em flagrante delito aquele que:


a) está cometendo o crime;
b) acaba de cometê-lo;

5.5.2. Impróprio, Irreal ou Quase-Flagrante (c)

É quando o agente é perseguido logo após o crime.

Art. 244, c) é perseguido logo após o fato delituoso em situação que faça
acreditar ser ele o seu autor;

5.5.3. 4.3. Ficto ou Presumido (d).

O agente é encontrado com objetos que o façam ser considerados o autor do crime militar.

Art. 244, d) é encontrado, logo depois, com instrumentos, objetos, material ou


papéis que façam presumir a sua participação no fato delituoso.

CLASSIFICAÇÃO

5.6.1. Preparado/Provocado/“Crime de Ensaio”

É um flagrante inválido, ilícito, cabendo o relaxamento da prisão em flagrante.

Aplica-se tudo o que foi estudado no Processo Penal Comum.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 90


5.6.2. Forjado

É o flagrante preparado com a intenção de incriminar um inocente, é ilegal.

5.6.3. Esperado

É um flagrante válido, legal, lícito.

5.6.4. Diferido / Dilatado / Prorrogado / Protelado (“Ação Controlada”)

Também é um flagrante legal, válido.

Em tese, é cabível ação controlada para os casos de organização criminosa voltada à prática
de crimes militares (sem previsão no CPPM).

COMUNICAÇÃO DA PRISÃO EM FLAGRANTE

Segue o mesmo procedimento do CPP.

O encarregado que lavra o APF deve comunicar a prisão em flagrante ao juiz-auditor, não
há participação do Conselho aqui.

Igualmente, a prisão em flagrante será comunicada ao MP, à família do preso ou à pessoa


por ele indicada e, por fim, à Defensoria Pública, quando não possuir advogado.

DECISÃO DO JUIZ-AUDITOR

Atestando a legalidade da prisão, o juiz-auditor irá homologar o flagrante (art. 253 do CPPM).
De acordo com o entendimento dos tribunais superiores, a homologação pode ser fundamentada,
mas não é obrigatório o fundamento.

Quando verificado ausência dos requisitos, o juiz irá conceder a liberdade provisória.

Pode, ainda, converter a prisão em flagrante em preventiva, quando for o caso, bem como
conceder a menagem (veremos abaixo).

6. PRISÃO PELO ENCARREGADO DO IPM

É a prisão do art. 18 do CPPM, não se trata de uma prisão preventiva, nem se trata de uma
prisão em flagrante, nem depende ordem fundamentada e escrita da autoridade competente.

É uma faculdade, não se trata de uma prisão obrigatória.

Art. 18. Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar


detido, durante as investigações policiais, até trinta dias, comunicando-se a
detenção à autoridade judiciária competente. Esse prazo poderá ser
prorrogado, por mais vinte dias, pelo comandante da Região, Distrito Naval
ou Zona Aérea, mediante solicitação fundamentada do encarregado do
inquérito e por via hierárquica.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 91


Parágrafo único. Se entender necessário, o encarregado do inquérito
solicitará, dentro do mesmo prazo ou sua prorrogação, justificando-a, a
decretação da prisão preventiva ou de menagem, do indiciado.

Caberá apenas nos casos de crime propriamente militar, podendo ser decretada para
qualquer pessoa.

O prazo de prisão é de até trinta dias, podendo ser prorrogado por uma única vez por até
vinte dias.

7. PRISÃO PREVENTIVA

PREVISÃO LEGAL

Encontra-se na CF e no CPPM.

FUNDAMENTO DA CAUTELARIDADE

A razão de ser e existir da prisão preventiva no CPPM é a mesma do CPP. Ou seja, ocorrerá
em face de indícios que indiquem a materialidade e autoria do crime militar.

REQUISITOS

Na prisão preventiva do CPPM a autoridade competente poderá decretá-la tanto no curso


da investigação militar (inclusive de ofício) quando durante o curso da ação penal militar (inclusive
de ofício).

Caberá preventiva para qualquer crime, independente da pena prevista no tipo penal militar.

PRESSUPOSTOS

7.4.1. Fumus commissi delicti

- Prova da existência de Crime Militar, independentemente da pena máxima cominada e do


elemento subjetivo;

- Indícios Suficientes de Autoria.

Art. 254. A prisão preventiva pode ser decretada pelo auditor ou pelo
Conselho de Justiça, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou
mediante representação da autoridade encarregada do inquérito policial-
militar, em qualquer fase deste ou do processo, concorrendo os requisitos
seguintes:
a) prova do fato delituoso;
b) indícios suficientes de autoria.

7.4.2. Periculum libertatis

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 92


- Garantia da Ordem Pública;

- Conveniência da Instrução Criminal;

- Periculosidade do Indiciado/Réu;

- Segurança da Aplicação da Lei Penal;

- Exigência da manutenção das normas ou princípios de hierarquia e disciplina militares,


quando ficarem ameaçados ou atingidos com a liberdade do indiciado ou acusado.

Art. 255. A prisão preventiva, além dos requisitos do artigo anterior, deverá
fundar-se em um dos seguintes casos:
a) garantia da ordem pública;
b) conveniência da instrução criminal;
c) periculosidade do indiciado ou acusado;
d) segurança da aplicação da lei penal militar;
e) exigência da manutenção das normas ou princípios de hierarquia e
disciplina militares, quando ficarem ameaçados ou atingidos com a liberdade
do indiciado ou acusado.

FORMAS DE DECRETAÇÃO

A prisão preventiva será decretada por meio de ordem escrita e fundamentada da autoridade
judiciária competente, nos termos dos arts. 254 e 256 do CPPM.

Art. 256. O despacho que decretar ou denegar a prisão preventiva será


sempre fundamentado; e, da mesma forma, o seu pedido ou requisição, que
deverá preencher as condições previstas nas letras a e b , do art. 254.

Art. 254. A prisão preventiva pode ser decretada pelo auditor ou pelo
Conselho de Justiça, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou
mediante representação da autoridade encarregada do inquérito policial-
militar, em qualquer fase deste ou do processo, concorrendo os requisitos
seguintes:
a) prova do fato delituoso;
b) indícios suficientes de autoria.

- O juiz poderá decretar a preventiva de ofício, inclusive na fase de investigação criminal.

- A requerimento do MP;

- A requerimento do encarregado do IPM.

MOMENTO DE DECRETAÇÃO

Pode ser decretada em qualquer fase da persecutio criminis (investigação e no processo).

REVOGAÇÃO

A prisão preventiva poderá ser revogada, desde que não existam os fundamentos que
autorizaram a medida.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 93


Art. 259. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo,
verificar a falta de motivos para que subsista, bem como de novo decretá-la,
se sobrevierem razões que a justifiquem.
Parágrafo único. A prorrogação da prisão preventiva dependerá de prévia
audiência do Ministério Público.

Igualmente, será possível nova decretação quando surgirem novos fundamentos.

VIA JUDICIAL CONTRA

Da decisão de decretação ou de não-revogação da preventiva, caberá HC.

Da decisão de indeferimento de requerimento da decretação e da decisão de revogação da


preventiva, caberá recurso em sentido estrito.

APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEA

A apresentação espontânea do indiciado ou do acusado não impede que seja preso


preventivamente, quando houver ordem escrita e fundamentada decretando a medida.

Art. 262. Comparecendo espontaneamente o indiciado ou acusado, tomar-


se-ão por termo as declarações que fizer. Se o comparecimento não se der
perante a autoridade judiciária, a esta serão apresentados o termo e o
indiciado ou acusado, para que delibere acerca da prisão preventiva ou de
outra medida que entender cabível.
Parágrafo único. O termo será assinado por duas testemunhas presenciais
do ocorrido; e, se o indiciado ou acusado não souber ou não puder assinar,
sê-lo-á por uma pessoa a seu rogo, além das testemunhas mencionadas.

8. PRISÃO DECORRENTE DE SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA

A simples sentença condenatória não autoriza a prisão imediata. Obviamente, se o réu já


está preso, permanecerá assim, havendo fundamento.

Art. 441. Reaberta a sessão pública e proclamado o resultado do julgamento


pelo presidente do Conselho de Justiça, o auditor expedirá mandado de
prisão contra o réu, se este for condenado a pena privativa de liberdade, ou
alvará de soltura, se absolvido. Se presente o réu, ser-lhe-á dada voz de
prisão pelo presidente do Conselho de Justiça, no caso de condenação. A
aplicação de pena não privativa de liberdade será comunicada à autoridade
competente, para os devidos efeitos.

9. MENAGEM

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 94


É instituto exclusivo do Direito Processual Penal Militar, assemelha-se à prisão domiciliar
(não é idêntico).

É restrição de liberdade, não é prisão.

COMPETÊNCIA E REQUISITOS

Art. 263. A menagem poderá ser concedida pelo juiz, nos crimes cujo máximo
da pena privativa da liberdade não exceda a quatro anos, tendo-se, porém,
em atenção a natureza do crime e os antecedentes do acusado.

É concedida apenas pelo juiz, salvo no caso de insubmisso que será concedida pelo
Comandante da OM.

Será concedida ao sujeito ativo de crime militar, desde que a pena cominada não seja
superior a quatro anos, bem como se deve observar a natureza do crime militar e os antecedentes
do acusado.

LUGAR DA MENAGEM

Art. 264. A menagem a militar poderá efetuar-se no lugar em que residia


quando ocorreu o crime ou seja sede do juízo que o estiver apurando, ou,
atendido o seu pôsto ou graduação, em quartel, navio, acampamento, ou em
estabelecimento ou sede de órgão militar. A menagem a civil será no lugar
da sede do juízo, ou em lugar sujeito à administração militar, se assim o
entender necessário a autoridade que a conceder.

9.3.1. Menagem a militar

a) Lugar em que residia quando ocorreu o crime;

b) Sede do juízo que apurar o crime;

c) Atendido o posto ou graduação, em quartel, navio, acampamento, ou em estabelecimento


ou sede de órgão militar.

9.3.2. Menagem a civil

a) Lugar da sede do juízo;

b) Lugar sujeito à administração militar, se assim o entender necessário a autoridade que a


conceder.

PARECER DO MP

O MP possui o prazo de três dias para elaborar parecer sobre a menagem.

Art. 264, § 1º O Ministério Público será ouvido, previamente, sobre a


concessão da menagem, devendo emitir parecer dentro do prazo de três dias.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 95


CASSAÇÃO E CESSAÇÃO DA MENAGEM

Art. 265. Será cassada a menagem àquele que se retirar do lugar para o qual
foi ela concedida, ou faltar, sem causa justificada, a qualquer ato judicial para
que tenha sido intimado ou a que deva comparecer independentemente de
intimação especial.

Art. 267. A menagem cessa com a sentença condenatória, ainda que não
tenha passado em julgado.
Parágrafo único. Salvo o caso do artigo anterior, o juiz poderá ordenar a
cessação da menagem, em qualquer tempo, com a liberação das obrigações
dela decorrentes, desde que não a julgue mais necessária ao interesse da
Justiça.

CASSAÇÃO CESSAÇÃO

1. Retirada do lugar para o qual foi ela 1. Sentença condenatória recorrível;


concedida
2. Desnecessidade ao interesse da Justiça.
2. Falta injustificada a qualquer ato judicial para
que tenha sido intimado ou a que deva
comparecer independentemente de intimação
especial;

3. Conveniência de Disciplina (por ordem do


Juiz ou do Comandante da OM).

MENAGEM A INSUBMISSO

No caso de insubmisso, a menagem será no quartel, não se admite outro local. Poderá ser
decretada pelo próprio comandante da OM.

CONTAGEM PARA PENA

A menagem concedida na residência ou cidade não será contada como pena, nos termos
do art. 268 do CPPM.

Art. 268. A menagem concedida em residência ou cidade não será levada em


conta no cumprimento da pena.

REINCIDÊNCIA

Não será concedida menagem ao reincidente e nem aos que tenham maus antecedentes.

Art. 269. Ao reincidente não se concederá menagem.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 96


RECURSOS CRIMINAIS NA JUSTIÇA MILITAR

1. TEORIA GERAL DOS RECURSOS

Toda a teoria geral dos recursos, visto em Processo Penal, aplica-se ao Direito Processual
Penal Militar, com seus princípios, com seus pressupostos, bem como os efeitos recursais.

2. RECURSO EX OFFICIO

Tecnicamente, o recurso é da parte e não do julgador. O recurso ex officio é impositivo, não


é voluntário, são casos em que a lei determina que o julgador deverá recorrer.

HIPÓSES DE CABIMENTO

2.1.1. Separação facultativa de processos

Caberá apenas quando a separação de processos for facultativa.

Art. 106. O juiz poderá separar os processos:


a) quando as infrações houverem sido praticadas em situações de tempo e
lugar diferentes;
b) quando for excessivo o número de acusados, para não lhes prolongar a
prisão;
c) quando ocorrer qualquer outro motivo que ele próprio repute relevante.
§ 1º Da decisão de auditor ou de Conselho de Justiça em qualquer desses
casos, haverá recurso de ofício para o Superior Tribunal Militar.
§ 2º O recurso a que se refere o parágrafo anterior subirá em traslado com as
cópias autênticas das peças necessárias, e não terá efeito suspensivo,
prosseguindo-se a ação penal em todos os seus termos.

2.1.2. Reconhecimento de coisa julgada

Apenas da decisão que reconhecer a coisa julgada.

Art. 154. Qualquer das partes poderá arguir, por escrito, a existência de
anterior sentença passada em julgado, juntando-lhe certidão.
Parágrafo único. Se a arguição for do acusado, o juiz ouvirá o Ministério
Público e decidirá de plano, recorrendo de ofício para o Superior Tribunal
Militar, se reconhecer a existência da coisa julgada.

2.1.3. Concessão de reabilitação

Sempre que for concedida reabilitação caberá recurso de ofício.

Art. 654. Haverá recurso de ofício da decisão que conceder a reabilitação.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 97


2.1.4. Em tempo de guerra

Caberá recurso de ofício quando, em tempo de guerra:

• Sentença condenatória a pena privativa de liberdade superior a oito anos;

• Sentença absolutória em crime apenado com morte e sentença condenatória que


não aplica a pena máxima.

3. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

CABIMENTO

As hipóteses de cabimento de RESE estão previstas no art. 516 do CPPM, vejamos:

Art. 516. Caberá recurso em sentido estrito da decisão ou sentença que:


a) reconhecer a inexistência de crime militar, em tese;
b) indeferir o pedido de arquivamento, ou a devolução do inquérito à
autoridade administrativa;
c) absolver o réu no caso do art. 48 do Código Penal Militar;
d) não receber a denúncia no todo ou em parte, ou seu aditamento;
e) concluir pela incompetência da Justiça Militar, do auditor ou do Conselho
de Justiça;
f) julgar procedente a exceção, salvo de suspeição;
g) julgar improcedente o corpo de delito ou outros exames;
h) decretar, ou não, a prisão preventiva, ou revogá-la;
i) conceder ou negar a menagem;
j) decretar a prescrição, ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;
l) indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa
extintiva da punibilidade;
m) conceder, negar, ou revogar o livramento condicional ou a suspensão
condicional da pena;
n) anular, no todo ou em parte, o processo da instrução criminal;
o) decidir sobre a unificação das penas;
p) decretar, ou não, a medida de segurança;
q) não receber a apelação ou recurso.
Recursos sem efeito suspensivo
Parágrafo único. Esses recursos não terão efeito suspensivo, salvo os
interpostos das decisões sobre matéria de competência, das que julgarem
extinta a ação penal, ou decidirem pela concessão do livramento condicional.

PRAZOS

O prazo para interposição é de três dias e para apresentação das razões e contrarrazões é
de cinco dias.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 98


CPP CPPM

Interposição: 5 dias Interposição: 3 dias

Razões e contrarrazões: 2 dias Razões e contrarrazões: 5 dias.

LEGITIMIDADE

O RESE pode ser interposto pela defesa e pela acusação.

COMPETÊNCIA

Primeiramente, o Juiz-Auditor ou o Conselho, em 5 (cinco) dias, analisa se é o caso de


retratação da decisão. Mantendo-se a decisão, encaminhará os autos ao STM.

Art. 520. Com a resposta do recorrido ou sem ela, o auditor ou o Conselho de


Justiça, dentro em cinco dias, poderá reformar a decisão recorrida ou mandar
juntar ao recurso o traslado das peças dos autos, que julgar convenientes
para a sustentação dela.
Parágrafo único. Se reformada a decisão recorrida, poderá a parte
prejudicada, por simples petição, recorrer da nova decisão, quando, por sua
natureza, dela caiba recurso. Neste caso, os autos subirão imediatamente à
instância superior, assinado o termo de recurso independentemente de novas
razões.

EFEITOS

Possui os seguintes efeitos:

• Devolutivo

• Regressivo

• Suspensivo nos casos de: competência, extinção da ação penal militar e


concessão de livramento condicional.

4. APELAÇÃO

CABIMENTO

Caberá apelação da sentença:

• Condenatória ou absolutória;

• Definitiva ou com força de definitiva, nos casos não previstos para o RESE.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 99


Art. 526. Cabe apelação:
a) da sentença definitiva de condenação ou de absolvição;
b) de sentença definitiva ou com força de definitiva, nos casos não previstos
no capítulo anterior.
Parágrafo único. Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso
em sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra.

PRAZOS

CPP CPPM

Interposição: 5 dias Interposição: 5 dias

Razões e contrarrazões: 8 dias Razões e contrarrazões: 10 dias.

Art. 529. A apelação será interposta por petição escrita, dentro do prazo de
cinco dias, contados da data da intimação da sentença ou da sua leitura em
pública audiência, na presença das partes ou seus procuradores.

Art. 531. Recebida a apelação, será aberta vista dos autos, sucessivamente,
ao apelante e ao apelado pelo prazo de dez dias, a cada um, para
oferecimento de razões.
§ 1º Se houver assistente, poderá este arrazoar, no prazo de três dias, após
o Ministério Público.
§ 2º Quando forem dois ou mais os apelantes, ou apelados, os prazos serão
comuns.

LEGITIMIDADE

Tanto da defesa quanto da acusação.

Art. 530. Só podem apelar o Ministério Público e o réu, ou seu defensor.

COMPETÊNCIA

Apelação contra sentença dos Conselhos Permanentes e Especiais da União, caberá ao


STM o julgamento.

Apelação contra sentença dos Conselhos Permanentes e Especiais dos Estados, caberá ao
TJM (SP, RS, MG) ou ao TJ (demais estados).

EFEITOS

Possui os seguintes efeitos:

• Devolutivo;

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 100


• Suspensivo, apenas nos casos de sentença condenatória, aplicação provisória
de medida de segurança e decisão sobre sursis.

SITUAÇÕES NÃO RECEPCIONADAS PELA CF

4.6.1. Recolhimento à prisão (art. 527)

O réu, mesmo que esteja foragido, possui o direito de ter reconhecida sua apelação. Não
será declarada deserta.

4.6.2. Recurso sobrestado no caso de fuga do réu (art. 528)

O fato de o réu ter fugido, não impede que sua apelação seja reconhecida.

4.6.3. Julgamento secreto (art. 535, §6º)

Não existe o julgamento secreto, sempre que houver tal previsão no CPPM deve ser tratada
como não recepcionada pela CF.

5. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

As hipóteses de cabimento dos embargos de declaração, infringentes e de nulidade são as


mesmas previstas no Processo Penal Comum.

A oposição de embargos declaratórios, no CPP e no CPPM, pode ser feita por ambas as
partes. Já os embargos infringentes e de nulidades, no CPP, são exclusivos da defesa. Contudo,
não há no CPPM esta exclusividade, podendo ser opostos tanto pela defesa quanto pela acusação,
nos termos do art. 538 do CPPM.

Art. 538. O Ministério Público e o réu poderão opor embargos de nulidade,


infringentes do julgado e de declaração, às sentenças finais proferidas pelo
Superior Tribunal Militar.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

CPPM, arts. 538 a 549; RISTM arts. 125 a 127;

CABIMENTO (CPPM, ARTS. 538 E 539)

Omissão, obscuridade, ambiguidade ou contradição no acórdão do STM.

Art. 538. O Ministério Público e o réu poderão opor embargos de nulidade,


infringentes do julgado e de declaração, às sentenças finais proferidas pelo
Superior Tribunal Militar.

CS de PROCESSO PENAL MILITAR 2019.1 101


Art. 539. Não caberão embargos de acórdão unânime ou quando proferido
em grau de embargos, salvo os de declaração, nos termos do art. 542.
Parágrafo único. Se for unânime a condenação, mas houver divergência
quanto à classificação do crime ou à quantidade ou natureza da pena, os
embargos só serão admissíveis na parte em que não houve unanimidade.

Destaca-se que, apesar de não previsto no CPPM, admite-se embargos declaratórios contra
sentença.

PRAZO

Cinco dias (CPPM, art. 540).

Art. 540. Os embargos serão oferecidos por petição dirigida ao presidente,


dentro do prazo de cinco dias, contados da data da intimação do acórdão.

LEGITIMIDADE

É da acusação e da defesa.

COMPETÊNCIA

É do STM.

EFEITOS

o Devolutivo

o Regressivo (em caso de manutenção da Decisão, não há remessa dos autos


ao STF);

o Suspensivo (RISTM, art. 127).

RITO

Idem Apelação (CPPM, art. 548)

6. EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

CPPM, arts. 538 a 549; RISTF, arts. 333 a 336; RISTM, arts. 119 a 124.

CABIMENTO

Acórdãos do STM não unânimes em grau de Apelação e de Recurso em Sentido Estrito.

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PRAZO

Cinco dias (CPPM, art. 540).

LEGITIMIDADE

É da acusação e da defesa.

COMPETÊNCIA

É do STM.

EFEITOS

• Devolutivo

• Regressivo

• Suspensivo

7. CORREIÇÃO PARCIAL (CPPM, ART. 498)

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

CPPM, art. 498; RISTM, arts. 152 a 154;

CABIMENTO

Erro ou Abuso do Juiz (Error In Procedendo) que importe Inversão Tumultuária do Processo,
desde que não caiba outro recurso;

Correção de Arquivamento Irregular, decidido na primeira instância, em inquérito ou


processo.

PRAZO

Cinco dias, nos termos do art. 498, §1º do CPPM.

LEGITIMIDADE

Acusação e defesa.

COMPETÊNCIA

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Primeiramente, o Juiz analisa se é o caso de se Retratar da sua Decisão; se sustentá-la,
em seguida encaminhará os autos ao STM, onde o Rito será o do Recurso em Sentido Estrito
(RISTM, art. 154);

EFEITOS

• Devolutivo

• Regressivo

• Suspensivo (CPPM, art. 516, parágrafo único)

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