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BO

LE
TIM
Outubro | 2017

E D I TO RIA L

Questões para a Infectologia recentemente, convidamos Adele


Benzaken, diretora do Departamento
Em pleno século XXI, muitos proble- de Vigilância, Prevenção e Controle
mas nos desafiam na nossa rotina, das IST, do HIV/Aids e das Hepatites
seja em clínicas ou hospitais de todo Virais do Ministério da Saúde para
o Brasil. Somos bastante requisitados uma entrevista especial e que trouxe
nos mais diversos serviços de saúde informações bem interessantes, mui-
e, mesmo com tantos avanços, ainda to úteis a todos nós.
nos deparamos com vários entraves
que envolvem, sobretudo, a necessi- Esse boletim traz ainda vários ou-
dade de medidas de saúde pública. tros temas atuais e relevantes do
nosso cotidiano.
A Sociedade Brasileira de Infectologia
está atenta a vários questionamen- Gostaríamos que apreciassem mais
tos e apontando caminhos, contudo uma vez nossa publicação, que está
sabemos que não é tão simples so- sendo muito bem recebida e com
lucionar. Um desses problemas está participação de médicos de todo o
relacionado à sífilis, que tem crescido Brasil, o que nos deixa muito felizes
exponencialmente nos últimos anos por levar o que temos de melhor e
no Brasil e no mundo, e temos que sa- mais atual a todos os interessados.
ber enfrentar. Por conta disso e para POR SERGIO CIMERMAN,
PRESIDENTE DA SOCIEDADE
analisar os dados do último Boletim Um abraço,
BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA
Epidemiológico de Sífilis, divulgado Sergio Cimerman
S B I E M PAUTA

ESPAÇO DAS FEDERADAS


QUAL A IMPORTÂNCIA DO BOLETIM SBI?

“O Boletim SBI é de extrema importância para todos nós, infectologistas.


Podemos ter acesso a informações interessantes sobre eventos e novidades da
nossa especialidade e sobretudo conseguimos nos atualizar”.

Carlos Gilvan Nunes de Carvalho


Presidente da Sociedade de Infectologia do Estado do Piauí

“Gosto bastante do Boletim SBI. É muito bem elaborado, traz informações


úteis, divulga importantes eventos e é um canal de informação que nos ajuda
muito. Somente como sugestão, quanto mais concisos forem os textos mais
interessante fica a leitura, mas gostamos muito de receber, seja via e-mail ou no
próprio celular, que os infectologistas compartilham”.

Eduardo Medeiros
Presidente da Sociedade Paulista de Infectologia

02
BJ I D

PREZADOS ASSOCIADOS,
Seguem os resumos de artigos recentemente aceitos para duplo HBV A1762T / G1764A em pacientes com VHB crônico e
publicação no Brazilian Journal of Infectious Diseases. sua associação com parâmetros clínicos como carga viral, ami-
notransferases e antígenos de HBV. Um total de 49 pacientes
Luciano Z. Goldani com hepatite B crônica foi incluído no estudo e a cepa mutante
Editor-Chefe BJID dupla HBV A1762T / G1764A foi detectada em quatro amostras
(8.16%) por reação em cadeia da polimerase seguida de análise
por PCR-RFLP. A carga viral não foi significativamente diferen-
te entre pacientes com ou sem a duplicação mutante dupla (p
DIAGNÓSTICO MOLECULAR DA TOXOPLASMOSE = 0,43). Por outro lado, os portadores do mutante duplo HBV
SINTOMÁTICA: ESTUDO RETROSPECTIVO E PROSPECTIVO A1762T / G1764A apresentaram níveis mais elevados de ALT
DE 9 ANOS EM UM LABORATÓRIO DE REFERÊNCIA EM (p = 0,0028), enquanto os níveis de AST não diferiram entre
SÃO PAULO, BRASIL. os grupos (p = 0,051). Neste estudo, 75% das amostras com a
Camilo e colaboradores. Centro de Parasitologia e Micologia, mutação dupla HBV A1762T / G1764A foram HBeAg negativas
Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, Brazil e anti-HBe positivas, refletindo a seroconversão mesmo que
As formas sintomáticas de toxoplasmose são um grave pro- ainda apresentassem cargas virais elevadas. Nosso estudo mos-
blema de saúde pública e ocorrem em cerca de 10 a 20% das trou que a cepa mutante dupla HBV A1762T / G1764A circula
pessoas infectadas. Com o objetivo de melhorar o diagnóstico em pacientes brasileiros e está associada a níveis elevados de
molecular da toxoplasmose sintomática em pacientes brasilei- ALT e seroconversão do HBeAg.
ros, este estudo avaliou o desempenho da PCR em tempo real
(qPCR) testando dois conjuntos de primers (B1 e REP-529) na SUSCEPTIBILIDADE IN VITRO PARA VANCOMICINA,
detecção do DNA de Toxoplasma gondii. A metodologia foi tes- DAPTOMICINA, LINEZOLIDA E TEDIZOLIDA DE ISOLADOS
tada em 807 amostras clínicas com diagnóstico clínico conheci- DE STAPHYLOCOCCUS AUREUS RESISTENTES À
do, ELISA e PCR convencional (cPCR) em um período de 9 anos. METICILINA EM INFECÇÕES CUTÂNEAS E TECIDOS MOLES
Todas as amostras foram de pacientes com suspeita clínica de Múnera e colaboradores. Universidad de Antioquia, Escuela
várias características da toxoplasmose. De acordo com a curva de Microbiología, Grupo de Microbiología Básica y Aplicada,
mínima de limite de detecção (na TC), o REP-529 apresentou Medellín, Colombia
maior sensibilidade para detectar DNA de T. gondii do que B1. Introdução. O tratamento de infecções Gram-positivas mul-
Ambos os conjuntos de primers foram avaliados retrospectiva- ti-resistentes causadas por Staphylococcus aureus permanece
mente usando o DNA de 515 diferentes amostras clínicas. Con- um desafio clínico devido ao surgimento de novos mecanismos
siderando 122 pacientes sem toxoplasmose, os primers apre- de resistência. Tedizolida é uma nova geração de oxazolidinona,
sentaram alta especificidade (REP-529, 99,2% e B1, 100%). Das recentemente aprovada para infecções cutâneas e tecidos mo-
393 amostras com ELISA positivo, 146 apresentaram diagnós- les. Realizamos um estudo para determinar a susceptibilidade
tico clínico de toxoplasmose e cPCR positivo. As sensibilidades in vitro a vancomicina, daptomicina, linezolida e tedizolida em
de REP-529 e B1 foram de 95,9% e 83,6%, respectivamente. A isolados clínicos de MRSA de pacientes adultos com infecções
comparação dos desempenhos REP-529 e B1 foram analisadas cutâneas e tecidos moles. Material e métodos. Os isolados de
prospectivamente em 292 amostras. A partir de um total de S. aureus resistentes à meticilina foram coletados em três hos-
807 DNA analisados, 217 (26,89%) apresentaram PCR positi- pitais terciários de Medellín, Colômbia, de fevereiro de 2008 a
va, com pelo menos um conjunto de primers e toxoplasmose junho de 2010. As características clínicas foram avaliadas por
sintomática confirmada pelo diagnóstico clínico. O REP-529 foi registros médicos e os valores de CIM foram determinados pelo
positivo em 97,23%, enquanto o B1 amplificou apenas 78,80%. teste de epsilômetro. A análise genotípica incluiu a tipagem de
Depois de comparar várias amostras em um laboratório bra- spa, MLST e SCCmec. Resultados. Um total de 150 isolados de
sileiro de referência, este estudo concluiu que o conjunto de MRSA foi avaliado e os valores de CIM de tedizolida obtidos
primers REP-529 apresentou melhor desempenho do que o B1. mostraram maior atividade in vitro do que outros antimicro-
Essas observações foram baseadas após o uso de casos com bianos, com valores de CIM variando de 0,13 μg / mL a 0,75 μg
diagnóstico clínico definido, ELISA e cPCR. / mL e valores mais baixos de CIM50 e CIM90 de 0,38 μg / mL
e 0,5 μg / mL respectivamente. Em contraste, a vancomicina e
IDENTIFICAÇÃO DA CEPA MUTANTE DUPLA DO VÍRUS linezolida apresentaram valores de CIM superiores, variando de
DA HEPATITE B A1762T / G1764A EM PACIENTES DO SUL 0,5 μg / mL a 2,0 μg / mL e de 0,38 μg / mL a 4,0 μg / mL, respec-
DO BRASIL tivamente. As CIMs de tedizolida foram 2 a 5 vezes mais baixas
Souza e colaboradores. Universidade Federal de Ciências da do que as de linezolida. As características clínicas dos pacien-
Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Programa de Pós-Graduação tes demonstraram alto uso antimicrobiano prévio e histórico
em Medicina: Hepatologia, Porto Alegre, RS, Brazil de hospitalização. A maioria das cepas pertenceu ao CC8 que
A infecção pelo vírus da hepatite B (VHB) é um problema de hospeda o SCCmec IVc e está associado ao spa t1610 (29,33%, n
saúde pública mundial. A infecção crônica por VHB com alta = 44). Conclusão. A eficácia in vitro de tedizolida de isolados de
replicação viral pode levar a cirrose e / ou carcinoma hepatoce- pele e tecidos foi superior a de outros antibióticos. Além disso,
lular. As cepas de HBV do mutante, como a mutante duplo HBV a tedizolida apresentou uma menor toxicidade, com uma me-
A1762T / G1764A, foram associadas a um prognóstico ruim e lhor biodisponibilidade, sem a necessidade do ajuste da dose.
maior risco para o desenvolvimento de cirrose e / ou carcino- A tedizolida é uma alternativa promissora para o tratamento de
ma hepatocelular. Este estudo analisou a presença da mutante infecções causadas pelo MRSA.

03
S B I E M PAUTA

LAÇOS
INTERNACIONAIS
DA SBI

Num encontro entre a SBI e o IDSA (Infectious Diseases participou ativamente do último Congresso Americano
Society of America), em evento nos Estados Unidos, foi de Infectologia (IDSA) em San Diego, mais conhecido
analisada a possibilidade real dos residentes brasileiros como ID Week. A pesquisadora da Fiocruz, Patrícia
de Infectologia receberem gratuitamente a revista Brasil, representou o país e fez palestra sobre Zika vírus,
científica Clinical Infectious Diseases (CID) e inscrição apresentando importantes pesquisas brasileiras de
gratuita nos próximos Congressos da IDSA. Aos residentes repercussão internacional.
interessados, solicitamos que enviem e-mail para SBI
(sbi@infectologia.org.br), informando nome completo,
ano de residência e e-mail. “Queremos estreitar laços científicos com outras
sociedades de infectologia e isso tem sido uma
Além disso, ocorreu uma mesa redonda em conjunto com das prioridades da nossa sociedade”, diz Clovis
a API (Associação Pan-Americana de Infectologia), a SBI Arns da Cunha, diretor científico da SBI.

PESQUISADORES SOBRE O
VÍRUS ZIKA GANHAM NOBEL
DE QUÍMICA 2017
Em 2017, o Nobel de Química foi atribuído para os pesquisadores Jacques Dubochet, Joachim Frank
e Richard Henderson por conta de melhorias que revolucionaram a observação de biomoléculas.
A tecnologia aplicada desenvolvida por eles atingiu seu auge em 2013 e permitiu a visualização
de estruturas presentes na superfície do Zika Vírus, por exemplo, que não seriam visíveis com
dispositivos convencionais. Uma outra aplicação possível dessa tecnologia foi a observação
molecular do fenômeno da resistência bacteriana. Os ganhadores do prêmio puderam observar
por quais vias moleculares o fenômeno ocorre e o que pode ser feito para que seja evitado.

Com as descobertas desses pesquisadores, o crio-microscópio eletrônico utilizado por eles


passou a observar a estrutura de biomoléculas em solução. Na prática, os cientistas puderam
congelar biomoléculas e observar processos químicos antes não visíveis. Depois disso, além da
observação de moléculas vivas, os processos pelos quais elas passam podem ser observados,
analisados e devidamente compreendidos.

04
S B I E M PAUTA

NOVIDADE NO BEM ESTAR


GLOBAL EM BRASÍLIA

Oito mil pessoas estiveram presentes no “Bem Estar Outro aspecto importante foi a orientação e recomendações
Global”, em Taguatinga, no Distrito Federal, no dia 6 a muitos pacientes que procuram por informações sobre
de outubro. Nas tendas da Sociedade Brasileira de gripe e infecções sexualmente transmissíveis e os médicos
Infectologia (SBI), no Taguaparque, a procura pelos prontamente estiveram à disposição, durante todo o
serviços foi muito grande. Nessa edição, a SBI aplicou evento. “Em eventos como o ‘Bem Estar Global’, vemos
365 doses de vacina para gripe a todos os interessados, a necessidade de muitas pessoas saberem de problemas
além de realizar 1028 testes gratuitos incluindo sífilis, bem frequentes como sífilis, HIV e hepatites. Temos que
HIV, Hepatite B e Hepatite C. atuar sempre com saúde pública e o papel da Infectologia
é muito importante”, diz José David Urbaez, diretor da
O “Bem Estar Global” é uma iniciativa da Rede Globo e Sociedade Brasileira de Infectologia.
do Sesi com frequente participação da SBI por todo o
Brasil. Em Taguatinga, os serviços oferecidos contaram
com médicos da Sociedade de Infectologia do Distrito
Federal, testadores da Secretaria Estadual de Saúde e
estudantes de medicina que, além das doses de vacina da
gripe, detectaram entre nove casos positivos de sífilis, 3
de hepatite C e 1 de hepatite C, todos encaminhados aos
serviços de referência do Distrito Federal.

“Buscamos conscientizar as pessoas a


respeito de gripe e das infecções sexualmente
transmissíveis. Esse evento foi muito
importante para nossa missão social junto a
toda a população”, diz a infectologista Valéria
Paes, presidente da federada do DF.

05
S B I E M PAUTA

ADELE BENZAKEN,
DIRETORA DO

O DESAFIO MINISTÉRIO
DA SAÚDE

DA SÍFILIS

A situação atual apresentada no último Boletim Podemos afirmar que é uma epidemia descontrolada no
Epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado dia Brasil e em outros países também. Por que isso aconteceu?
31/10/2017, ainda apresenta números significativos Embora seja uma epidemia, a sífilis não está descontrolada
de casos de sífilis na população. Vários fatores do no Brasil. Estamos fazendo todos os esforços possíveis
comportamento sexual dos brasileiros devem ser para darmos a melhor resposta. É preciso considerar que
observados e, apesar das ações governamentais, com o aumento da cobertura de testagem, principalmente
temos um problema de saúde pública importante com a implantação dos testes rápidos de sífilis no rol de
e com números que expressam um desafio. O procedimentos da estratégia Rede Cegonha, em outubro
papel dos infectologistas é fundamental nos mais de 2012, ampliou-se a cobertura no pré-natal e, portanto,
diferentes serviços e da conscientização social até a detecção de casos sífilis. Ou seja, o Brasil apresentou nos
medidas efetivas podem fazer diferença para mudar últimos anos uma melhoria da vigilância epidemiológica,
esse quadro. Para analisar a sífilis, o Boletim SBI com incremento de testagem e da notificação, fatores
fez uma entrevista especial com Adele Benzaken, que devem ser considerados ao se analisar os dados
diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção de crescimento registrado da doença e que afastam a
e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites hipótese de que a epidemia esteja descontrolada.
Virais do Ministério da Saúde, que pode analisar
cuidadosamente diversos aspectos que envolvem Além disso, em 2014, houve desabastecimento da penicilina
essa doença. A seguir a entrevista. benzatina em nível global, o que contribuiu para ampliar o
número de casos da doença em todo o mundo. Aqui, com
esse desabastecimento, os estados e os municípios passaram
a ter dificuldades de negociar e encontrar o medicamento
Hoje, qual a realidade da sífilis no Brasil? para aquisição. O que levou o Ministério da Saúde (MS)
Sífilis adquirida: em 2016, o número total de casos de em início de 2016 a fazer uma compra centralizada para
sífilis adquirida notificados no Brasil foi de 87.593. No suprir o estoque dos estados para que o medicamento não
mesmo período, a taxa de detecção foi de 42,5 casos de faltasse para as gestantes. Neste ano, a sífilis entrou na lista
sífilis adquirida (por 100 mil habitantes). de medicamentos prioritários do Ministério da Saúde que,
por sua vez, fez uma grande compra centralizada para suprir
Sífilis em gestantes: no ano de 2016, a taxa de detecção os estoques até início de 2019. Sendo que dessa vez, para
foi de 12,4 casos de sífilis em gestantes a cada 1.000 atender a toda a demanda e não somente as gestantes
nascidos vivos, considerando o total de 37.436 casos da como o fizemos em 2016.
doença em 2016.
Há, ainda, resistência dos profissionais de saúde em
Sífilis congênita: no ano de 2016, foi notificado um total aplicar a penicilina na atenção básica com receio de reação
de 20.474 casos de sífilis congênita com uma taxa de alérgica, apesar das revogações das portarias, permitindo
incidência de 6,8 (por 1.000 nascidos vivos). a aplicação da medicação sem os aparatos de emergência.

06
O DESAFIO DA SÍFILIS

Populações jovens e terceira idade ainda têm relacionados com a infecção pelo HIV e outras infecções
resistência ao uso de preservativo. Isso é um aspecto sexualmente transmissíveis (IST).
importante para o crescimento da sífilis?
Segundo a Pesquisa sobre Comportamentos, Atitudes e Uma nova edição do inquérito foi realizada em 2013,
Práticas na População Brasileira (PCAP 2013) [1], entre pela primeira vez abordando questões referentes às
os (as) entrevistados(as) sexualmente ativos(as), 52,7% hepatites virais.
tiveram acesso a preservativos pelo menos uma vez na vida,
sendo esse percentual maior entre os homens (63,7%). O que está sendo feito, de fato, para o combate à sífilis?
Diante do cenário epidemiológico, em 2016, foi elaborada
Em relação à faixa etária, o acesso ao insumo mostrou- a Agenda de Ações Estratégicas para redução da Sífilis
se maior entre os mais jovens: a variação foi de 76,9% de Congênita no Brasil, pactuadas pelo Ministério da Saúde
acesso pelos indivíduos entre 15 e 24 anos e 24,9% de em parceria com associações e conselhos de classe médica,
acesso por aqueles entre 50 e 64 anos. Quando analisado além da sociedade civil e organismos internacionais.
o acesso a preservativos de acordo com a escolaridade, o As principais ações foram:
percentual aumentou à medida que aumentou o nível de
instrução, chegando a 60,7% de acesso pelo menos uma • Ampliação da testagem rápida (Revogação do Parecer
vez na vida entre indivíduos com ensino médio completo Normativo do Cofen n°001/2013 que restringia a
ou mais, diante de 28,3% entre aqueles com ensino realização dos testes rápidos somente aos enfermeiros,
fundamental incompleto. aprovação do Parecer nº 259/2016 que amplia para
auxiliares e técnicos de enfermagem a realização de
O mesmo comportamento foi observado de acordo com as testes rápidos sob supervisão do enfermeiro).
classes sociais: quanto maior a classe, maior o percentual
de acesso ao insumo. O acesso gratuito a preservativos • Ampliação da administração da penicilina na Atenção
foi referenciado por meio de serviço de saúde em 28,3% Básica, Portaria nº 3.161/2011, que determina que a
da população; também gratuitamente, por meio de penicilina seja administrada em todas unidades de Atenção
organizações não-governamentais, o percentual foi de Básica à Saúde pela equipe de enfermagem, médicos e/
1,9%. Em relação à faixa etária, quanto mais jovens os ou farmacêuticos. Revogação do Parecer de Conselheiro
indivíduos, maior o acesso por meio de serviços de saúde. do COFEN nº 008/2014 que restringia a administração da
Entre os jovens de 15 a 24 anos que estavam estudando, penicilina somente aos serviços que tivessem materiais,
27,2% tiveram acesso a preservativos na escola, sendo esse equipamentos e medicamentos de emergência.
percentual maior entre os homens (30,2%). Da mesma
forma, os jovens que não estavam trabalhando e aqueles • Implantação do pré-natal do parceiro, reforçando a
com acesso à internet, também tiveram mais acesso a testagem e o tratamento do parceiro para sífilis.
preservativos na escola. Números que consideramos
precisam ser melhorados. Por isso, as campanhas voltaram • Compra emergencial pelo MS: 2.700.000 frascos
a falar e a incentivar o uso do preservativo como uma das de penicilina benzatina e 230.000 frascos penicilina
formas mais simples de prevenção ao HIV e as demais cristalina adquiridas pelo MS em 2016.
infecções sexualmente transmissíveis, entre as quais a sífilis,
embora, desde 2016 temos trabalhado na perspectiva da • Aquisição centralizada para o tratamento da sífilis pelo
prevenção combinada em nossas campanhas informativas. Ministério da Saúde. A medida está de acordo com a
Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)
[1] “Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na de 2017 como garantia de acesso ao medicamento.
População Brasileira”
• Ampliação dos Comitês de Investigação de Transmissão
(PCAP) é um inquérito domiciliar de abrangência Vertical de HIV/Sífilis.
nacional, com edições já realizadas nos anos de 2004 e
de 2008, que permite investigar, como evidencia o título, • Instituição do Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis
os conhecimentos, atitudes e práticas dos brasileiros Congênita no 3º Sábado de Outubro de cada ano.

07
O DESAFIO DA SÍFILIS

Em 2017, está sendo pactuada a Agenda de Ações se que 204.683 (59,8%) (são homens. Em 2010, a razão
Estratégicas para Redução da Sífilis no Brasil para o biênio de sexos era de 1,7 caso em homens para cada caso em
2018/2019. Outra ação importante associada está o mulheres; em 2016, foi de 1,4 caso em homens para cada
projeto Resposta Rápida a Sífilis nas Redes de Atenção, caso em mulheres. Em 2016, observou-se que 34,1% dos
que atuará nos 100 municípios que detém 60% dos casos casos de sífilis adquirida, no Brasil, eram da faixa etária de
de sífilis no Brasil. 20 a 29 anos.

Há necessidade de maior conscientização da população No sentido de aprimorar as ações de prevenção,


em geral e de profissionais de saúde a respeito diagnóstico, tratamento e vigilância da sífilis, destacam-
da prevenção da sífilis? se algumas medidas tomadas pelo DIAHV/SVS/MS, em
Sim. O Departamento trabalha insistentemente para parceria com outros atores:
conscientizar a população geral por meio de campanhas
educativas, bem como os trabalhadores da saúde, para Articulação com o Conselho Federal de Enfermagem
atuarem em ações de prevenção, sobretudo as gestantes (Cofen) para:
e os seus parceiros. É o exemplo da campanha que
acabamos de lançar. É importante que a mulher e o seu • Revogação do Parecer de Conselheiro nº 008/2014,
parceiro façam o teste nas unidades básicas de saúde por meio da Decisão Cofen nº 0094/2015, que reforça
e tratem da sífilis. Esta é a forma de proteger a própria a importância da administração da penicilina benzatina
saúde e a do bebê. pelos profissionais de enfermagem na Atenção Básica;

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima • Aprovação pelo Cofen de parecer normativo em setembro
no mundo mais de 1 milhão de casos de infecções de 2016, que atualizou as normas para a realização dos
sexualmente transmissíveis (IST) por dia. Ao ano, estima testes rápidos pela equipe de Enfermagem. Os testes
aproximadamente 357 milhões de novas infecções entre rápidos poderão ser feitos também por técnicos e
clamídia, gonorreia, sífilis e tricomoníase. Em especial, a auxiliares, sob supervisão de enfermeiro;
sífilis na gestação leva a mais de 300 mil mortes fetais e
neonatais por ano no mundo, e coloca um adicional de 215 • Publicação do Álbum Seriado das Infecções Sexualmente
mil crianças em aumento do risco de morte prematura. Transmissíveis (IST), contendo, entre outros assuntos, a
No Brasil, na última década, observou-se um aumento de temática da sífilis e da prevenção da transmissão;
notificação de casos de sífilis em gestante que pode ser
atribuído, em parte, ao aprimoramento do sistema de • Realização de oficinas regionais do Protocolo Clínico e
vigilância epidemiológica e à ampliação da distribuição de Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas
testes rápidos. com Infecções Sexualmente Transmissíveis (PCDT/
IST) para formação de multiplicadores (médicos e
Vale salientar que, entre 2012 a out/2017, o Departamento enfermeiros), com ênfase no manejo da sífilis.
de Vigilância, Prevenção e Controle das DST, Aids e
Hepatites Virais, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do • Assim, o Ministério da Saúde, em conjunto com as
Ministério da Saúde (DIAHV/SVS/MS), aumentou em 6,5 Unidades Federadas e os municípios, espera que todas
vezes a distribuição de testes rápidos de sífilis, tendo sido as medidas implantadas contribuam para a redução da
verificada evolução de 1.126.235 para 7.328.200 testes. transmissão da sífilis no país.

A penicilina benzatina é reconhecida como um Os médicos, sejam de atenção básica ou especialistas,


medicamento essencial para controle da transmissão da deveriam solicitar mais exames para detecção de sífilis?
sífilis, e globalmente tem apresentado escassez há alguns Diante do cenário epidemiológico no qual o Brasil
anos, como já mencionado. se encontra, a alta suspeição para sífilis deve estar
presente. Uma vez que muitos pacientes infectados pelo
No período de 2010 a junho de 2017 foram diagnosticados treponema estão na fase latente da infecção, portanto
um total de 342.531, casos de sífilis adquirida. Na série assintomáticos, ou as manifestações da sífilis podem ser
histórica de casos de sífilis adquirida notificados, observa- confundidas com outras doenças, a solicitação dos testes

08
O DESAFIO DA SÍFILIS

imunológicos para sífilis deve fazer parte da rotina de Em relação à penicilina cristalina ou potássica 5.000.000
exames dos profissionais. UI, as últimas distribuições possibilitaram o atendimento
às crianças no tratamento da sífilis congênita até dezembro
Testagens de rastreio, consideradas custo efetivas, devem de 2017. Para 2018, o processo de aquisição 450.000
ser sempre realizadas em gestantes e em PVHIV. frascos-ampolas possibilitará o atendimento da demanda
até o primeiro trimestre de 2019, cuja entrega da 1ª
Para gestantes, devido à gravidade da sífilis congênita, é parcela está programada para ocorrer ainda neste ano.
recomendado testagem para sífilis no primeiro, terceiro
trimestre da gestação, na hora do parto ou após alguma Os dados de sífilis são muito significativos. O MS pretende
exposição de risco. fazer algum trabalho mais focado ou alguma campanha
para minimizar esse problema de saúde pública?
Em pessoas vivendo com HIV (PVHIV) a frequência de Em outubro de 2016 o Ministério da Saúde lançou
testagem para sífilis recomendada é semestral. uma ação nacional de combate à sífilis: a “Agenda de
Ações Estratégicas para Redução da Sífilis Congênita no
É preciso incorporar na anamnese do profissional de saúde Brasil”, que estabeleceu um rol de prioridades, visando à
o questionamento sobre saúde sexual e reprodutiva. Se qualificação da atenção à saúde, prevenção, assistência,
identificado prática sexual desprotegida, deve-se realizar tratamento e vigilância da sífilis. Esse alerta nacional,
oferta de testagem para sífilis, HIV e hepatites virais além liderado pelo Departamento Nacional de IST, HIV/Aids
das orientações de prevenção. e Hepatites Virais, possibilitou a mobilização de várias
esferas do governo e em março deste ano, o Senado
O medicamento para tratar sífilis esteve em falta Federal aprovou a criação do Dia Nacional de Combate
recentemente. Como está o abastecimento hoje em dia. à Sífilis e à Sífilis Congênita, agora instituído no terceiro
A primeira compra, por parte do Ministério da Saúde, sábado do mês de outubro em todo o Brasil (Lei 13.430).
ocorreu em 2016. Entre 2016 e setembro de 2017, A data já era comemorada com forte mobilização dos
foram entregues 2.175.000 frascos-ampola de penicilina estados, municípios, movimentos sociais e associações,
benzatina; no mesmo período, foram entregues 216.300 sociedade e conselhos de classe para o enfretamento
frascos-ampola de penicilina cristalina (potássica). da doença, porém este é o primeiro ano que ocorrerá
oficialmente, após articulação e fortalecimento junto a
A penicilina benzatina 1.200.000 UI, com base nas uma frente parlamentar no Congresso Nacional.
distribuições realizadas, está disponível para atendimento
às gestantes e parceiros no tratamento da sífilis até meados Nesse marco, várias ações vêm sendo realizadas junto a
de 2018. Já a contratação de 2.400.000 frascos-ampolas sociedade civil brasileira, com ênfase nas associações e
para aquisição do tratamento em 2018 vai atender a entidades de classe dos profissionais de saúde, gestores
demanda estimada até o primeiro trimestre de 2019. e instituições competentes. Vale ressaltar a articulação
nacional para o fortalecimento do acesso ao tratamento
da sífilis com penicilina: o Ministério da Saúde tanto
investiu na compra e distribuição centralizada desse
insumo, como a parceria com instituições nacionais
vem favorecendo a melhoria da administração desse
tratamento em nível nacional.

Após um ano de tal Agenda, o MS e parceiros se preparam


para apresentar um novo passo: a “Agenda de Ações
Estratégicas para Redução da Sífilis no Brasil”, que ampliará
as estratégias do ano anterior, para além da sífilis congênita
e sífilis em gestante, incluindo ações relacionadas à sífilis
adquirida e a estruturação dessas linhas de cuidado nas
redes de atenção.

09
O DESAFIO DA SÍFILIS

Esse novo passo foi apresentado no dia 31 de outubro diagnóstico com um teste não treponêmico (ex. VDRL).
de 2017, como produto do trabalho conjunto entre as Para as gestantes e em pessoas com risco de perda de
Secretarias de Vigilância e de Atenção em Saúde do seguimento, está recomendado o tratamento baseado
Ministério da Saúde. em apenas um teste reagente.

Gostaríamos de uma análise dos dados atuais de sífilis O tratamento de escolha segue sendo com penicilina
(todos os tipos) e que recomendações deve ser dada aos benzatina, insumo que está regularizado no país e
profissionais de saúde para uma atuação mais efetiva atualmente com compra centralizada no Ministério da
para o combate à sífilis no Brasil? Saúde para os casos de sífilis.
O profissional de saúde precisa estar informado da
situação epidemiológica na qual nos encontramos. A aplicação da penicilina benzatina deve ser realizada em
todos os serviços de saúde, em especial na atenção básica
É necessário incorporar na anamnese o questionamento pela equipe de enfermagem, farmacêuticos e/ou médicos.
sobre saúde sexual e reprodutiva, avaliar possíveis
exposições sexuais de risco, orientar sobre a gestão desse Em relação a gestante é fundamental a testagem durante o
risco e fornecer opções de prevenção combinada às IST, pré-natal. Caso seja necessário tratamento deve ser realizado
HIV e hepatites virais. registro adequado na carteira de pré-natal. Só com o registro
do tratamento adequado é que é possível evitar intervenções
A camisinha feminina e masculina segue sendo uma biomédicas desnecessárias no recém-nascido.
medida de importante prevenção da infecção e deve ser
recomendada fortemente no consultório pelo profissional Reforça-se que é considerado tratamento adequado em
de saúde para os seus pacientes ou consulentes que gestantes:
mantenham vida sexual ativa. • Tratamento realizado com penicilina benzatina
• Início do tratamento até 30 dias antes do parto
A alta suspeição, o diagnóstico e o tratamento adequado • Esquema terapêutico completo e de acordo com o
são também medidas fundamentais para a interrupção estágio clínico da infecção.
da cadeia de transmissão, pois são nos estágios clínicos Deve-se respeitar o intervalo recomendado de doses,
precoces (primário e secundário) que a chance de realizar avaliação quanto ao risco de reexposição e
transmissão é maior. Portanto, é necessário além da monitorar mensalmente o sucesso terapêutico com
avaliação de práticas sexuais de risco, o questionamento testes não-treponêmicos. A queda do título do teste não
ativo sobre sinais e sintomas clínicos de sífilis. treponêmico em pelo menos duas diluições em três meses,
ou de quatro diluições em seis meses após a conclusão do
Tanto para os casos sintomáticos como para os tratamento, indica uma resposta imunológica adequada.
assintomáticos (sífilis latente) o profissional de saúde
deve lançar mão do teste rápido para sífilis. Ele é um O tratamento da parceria sexual, é sempre recomendado
teste treponêmico, que não necessita de estrutura e os profissionais devem realizar todos os esforços para
laboratorial, com resultado em cerca de 30 minutos, realizá-lo. Entretanto, a ausência de sua realização não é
distribuído gratuitamente pelo Ministério da Saúde. mais considerado um critério de tratamento inadequado
Caso este seja positivo deve-se complementar o em gestantes.

MAIS INFORMAÇÕES AQUI

10
S B I E M PAUTA

VACINAS
EM PACIENTES
COM NEOPLASIAS
Lessandra Michelin,
Coordenadora do Comitê de Imunizações
da Sociedade Brasileira de Infectologia

Pacientes com neoplasias, em comparação com a além de evitar doença pelo agente vacinal. As vacinas vivas
população em geral, são mais suscetíveis a infecções, não devem ser realizadas nesse período e, dependendo
seja por um risco aumentado devido à própria doença das condições epidemiológicas, vacinas inativadas são uma
neoplásica ou ao tratamento imunossupressor. O objetivo opção segura durante quimioterapia ou radioterapia.3,4 As
da imunização nesse grupo de pacientes é proporcionar principais orientações são:
proteção contra infecções imunopreveníveis e diminuir o
número de pacientes vulneráveis que podem disseminar 1. Vacinas inativadas: devem ser administradas pelo
esses organismos. O tempo adequado entre a imunização menos duas semanas antes do início da quimioterapia
e o tratamento medicamentoso ou radioterápico é ou outra terapia imunossupressora, a fim de maximizar
fundamental para alcançar uma melhor proteção da a resposta imune. A vacinação durante quimioterapia
vacina. À medida que tratamentos oncológicos continuam ou radioterapia deve ser evitada, já que as respostas
a avançar e inovar, levando a uma melhor qualidade de vida de anticorpos são subóptimas. No entanto, a vacinação
e uma sobrevida mais longa, a imunização também deve com vacinas inativadas durante este período não está
ser valorizada como uma medida profilática importante.1 contraindicada e parece fornecer soroproteção contra
alguns agentes patogênicos em alguns pacientes.1,3
O esquema ideal de vacinas é o que corresponde ao
calendário vacinal relacionado à faixa etária. O momento 2. Vacinas vivas atenuadas: devem ser administradas
em que o médico define o plano terapêutico é uma pelo menos 4 semanas antes da terapia
excelente oportunidade de atualizar a carteira de vacinação imunossupressora. As recomendações dos Centros
de seu paciente, preferencialmente 14 dias antes de iniciar de Controle de Doenças e da Sociedade de Doenças
a quimioterapia. Diversas vacinas são aplicadas em dose Infecciosas da América (IDSA) são que a vacinação
única, ou a primeira dose poderá proporcionar um certo após a quimioterapia não deve ocorrer até pelo
grau de proteção. Quando não for possível realizar antes menos 3 meses após a descontinuação da terapia
da quimioterapia ou radioterapia, ainda assim esquemas imunossupressora, com exceção dos pacientes que
vacinais podem ser recomendados.2 recebem regimes que incluem anticorpos anti-células
B, caso em que a vacinação deve ser adiada por pelo
Para definir quais vacinas realizar, primeiramente é importante menos 6 meses após o tratamento. No entanto, o
conhecer o histórico vacinal e o tempo em que o paciente médico assistente deve considerar cuidadosamente o
ficará imunossuprimido. Preferencialmente, a vacinação uso de vacinas vivas atenuadas, uma vez que outros
deve ocorrer fora do período máximo de imunossupressão, agentes de quimioterapia causariam imunossupressão
objetivando uma melhor resposta e duração de proteção, por mais de 3 meses.1,3

11
A vacinação de pessoas que convivem com os pacientes (conviventes) pode ser uma alternativa importante para evitar
doenças em que a vacina está contraindicada para o paciente. O quadro 1 mostra as vacinas que podem ser realizadas
em pacientes em quimioterapia, radioterapia e seus conviventes. Os Centros de Referência em Imunológicos Especiais
(CRIEs) possuem algumas vacinas gratuitas para pacientes imunodeprimidos por neoplasias e seus conviventes. Poderão
ser realizados esquemas encurtados, chamados acelerados, para situações em que várias doses necessitam ser aplicadas.

A eficácia e duração de resposta das vacinas em pacientes oncológicos adultos são difíceis de serem avaliadas, pois a
maioria dos dados sobre vacinação em pacientes com câncer são de estudos observacionais ou de baixo poder estatístico
que incluem pacientes com diferentes tipos de câncer e tratamentos de quimioterapia, e que utilizam diversas definições
de resposta vacinal.4 Classicamente, a resposta da vacina é medida pela avaliação dos títulos de anticorpos pré e pós-
vacinação (Imunoglobulina G) , que deve ser realizada pelo mesmo laboratório. Os métodos precisos utilizados para
medir a resposta imune variam dependendo da vacina, bem como o nível de corte do título de anticorpos usado para
indicar a proteção.5 Em muitos casos, doses necessitarão ser repetidas após finalizado o tratamento, a fim de assegurar
a resposta adequada a longo prazo, já que estudos sugerem a necessidade de avaliação de uma dose de reforço após 6
meses do final da quimioterapia para todas as vacinas.6

Quadro 1. Vacinas recomendadas para pacientes que necessitam de quimioterapia, radioterapia e seus conviventes
domiciliares, oferecidas nos CRIEs7:

Vacinas# Pacientes Conviventes


Antes do tratamento Depois do Tratamento
BCG Não Não
Difteria- Tétano- Coqueluche Sim Sim
Pólio Oral (VOP) Não Não Não
Pólio Inativada (VIP) Sim Sim Sim
Hepatite B (4 doses, dobro da dose) Sim Sim
Sarampo- Rubéola - Caxumba Sim Não Sim
Varicela – Zoster Sim Não Sim
Febre Amarela Sim Não
Haemophilus influenzae B Sim, se <19 anos Sim, se <19 anos
Influenza Sim Sim Sim
Hepatite A Sim Sim
Pneumocócicas (VPC13, VPP23)* Sim Sim
Meningocócicas (C, ACWY e B)** Sim Sim

Adaptado do Manual do CRIE, 2014.


# Além das vacinas aqui recomendadas, aqueles que convivem com esses pacientes deverão receber as vacinas do calendário normal de vacinações
do PNI e dos calendários da SBIM conforme faixa etária.
* Somente VPP23 disponível no CRIE; ** Somente Meningo C disponível no CRIE

Referências Bibliográficas:
1. Ariza-Heredia EJ, Chemaly RF. Practical review of immunizations in adult patients with cancer. Human Vaccines & Immunotherapeutics.
2015;11(11):2606-2614.
2. Kotton CN, Poznansky MC. Vaccination of oncology patients: an effective tool and an opportunity not to be missed. Oncologist 2012; 17:1-2.
3. Lorry G. Rubin, Myron J. Levin, Per Ljungman, E. Graham Davies, Robin Avery, Marcie Tomblyn, Athos Bousvaros, Shireesha Dhanireddy, Lillian
Sung, Harry Keyserling, Insoo Kang. 2013 IDSA Clinical Practice Guideline for Vaccination of the Immunocompromised Host. Clinical Infectious
Diseases, 2014; Vol 58 (3): e44–e100.
4. Ljungman P. Vaccination of immunocompromised patients. Clin Microbiol Infect 2012; 18(S5):93-9.
5. Askling HH, Dalm VA. The medically immunocompromised adult traveler and pre-travel counseling: status quo 2014. Travel Med Infect Dis 2014; 12:219-28
6. Simone Cesaro, Mareva Giacchino, Francesca Fioredda, et al. Guidelines on Vaccinations in Paediatric Haematology and Oncology Patients.
BioMed Research International 2014, Article ID 707691.
7. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual dos Centros
de Referência para Imunobiológicos Especiais. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças
Transmissíveis. – 4. ed. – Brasília. Ministério da Saúde, 2014; pp 46-47.

12
S B I E M PAUTA

HEPATITE A AUMENTA
MAIS DE 700% EM SP
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, na cidade de São Paulo, a hepatite
A teve um crescimento de 708% no último ano. No ano de 2016, foram 64 casos na
capital, e nenhuma morte. Já em 2017, foram registrados 517 casos positivos e duas
mortes registradas. Em 80% dos casos foram homens de 18 a 39 anos que adquiriram a
doença por meio de atividade sexual sem a devida proteção.

No Brasil, a vacina está disponível nas Unidades Básicas de Saúde, para crianças de 15
meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias de idade. Pessoas com hepatopatias crônicas, inclusive
portadores do vírus das hepatites B e C; distúrbios de coagulação, pacientes com HIV/
Aids; imunodeprimidos por doença ou tratamento; doenças de depósito; fibrose cística;
trissomias; candidatos a transplante de órgão sólido; transplantados de órgão sólido ou
de medula óssea; doadores de órgão sólido ou de medula óssea; hemoglobinopatias,
podem tomar a vacina nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais
(CRIEs). As clínicas privadas de vacinação disponibilizam a vacina para crianças a partir
de 12 meses, adolescentes e adultos.

INDETECTÁVEL =
INTRANSMISSÍVEL
Segundo nota técnica do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos), em setembro de 2017,
por meio de três grandes estudos (Partner, HPTN 052 e Opposites Attract), realizados com centenas de casais soro
discordantes, com milhares de relações sexuais sem uso de preservativo ou de profilaxia pré-exposição (PrEP), não se
observou nenhuma transmissão do vírus do HIV entre o parceiro positivo para o negativo, quando a pessoa soropositiva
apresenta manutenção de carga viral indetectável.

Assim, significa que a pessoa soropositiva com carga viral indetectável sustentada, em uso adequado e diário dos
antirretrovirais prescritos, não apresenta risco de da transmissão sexual do HIV para o parceiro soronegativo.

“Porém, esse anúncio não representa o fim do uso do preservativo, pois o HIV é apenas
uma das infecções sexualmente transmissíveis”, alerta a infectologista Camila Rodrigues,
membro do Comitê de HIV/Aids da Sociedade Brasileira de Infectologia.

MAIS INFORMAÇÕES.

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E M F O CO

FEBRE
AMARELA
VOLTA A
PREOCUPAR
Novos casos de febre amarela silvestre foram
detectados no estado de São Paulo nas
últimas semanas. Na capital, nenhum caso foi
confirmado até o momento.

Desde abril desse ano, o Ministério da Saúde


indica dose única da vacina contra febre
amarela para as áreas de recomendação em
todo o país. A dose de reforço não é mais
recomendada.

Confira a relação de municípios paulistas


com recomendação de vacinação, clicando
AQUI. Na cidade de São Paulo, devem tomar
a vacina os moradores e trabalhadores dos
seguintes bairros: Anhanguera, Perus, Jaraguá,
Brasilândia, parte da Freguesia do Ó, parte de
Pirituba, parte de São Domingos, segundo o
Centro de Vigilância Epidemiológica do estado.

14
E M F O CO

CUIDADOS PALIATIVOS
EM DOENÇAS INFECCIOSAS
Pacientes terminais com HIV, hepatite B e C, por exemplo, que necessitam de uma atenção especial por
conta do quadro clínico delicado, podem se beneficiar de serviços especiais de profissionais que atuam
na área de cuidados paliativos. Em alguns hospitais brasileiros, esse serviço existe e traz importantes
vantagens junto a situações complicadas e com quadros de difícil controle. “Devemos sempre avaliar
bem esses doentes, acompanhá-los com uma equipe multiprofissional, analisar a evolução em detalhes
e dar o suporte em vários aspectos, seja clínico, psíquico, social ou espiritual”, diz Elisa Miranda Aires,
infectologista e especialista em cuidados paliativos. Outro aspecto relevante é abordar a dimensão da
saúde como um todo, sempre com uniformização da linguagem da equipe que atende esses pacientes e
inclusive trabalhar com a comunicação de más notícias e o luto familiar.

NOVO TRATAMENTO PARA INFECÇÃO


GONOCÓCICA NÃO COMPLICADA
A recente Nota Informativa nº 6-SEI/2017-COVIG/CGVP/DIAHV/SVS/MS aponta uma atualização da recomendação
nacional do tratamento preferencial da infecção gonocócica anogenital não complicada (uretra, colo do útero e reto),
seguindo recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) e do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças
dos Estados Unidos), agora constituída pela terapia dupla de ceftriaxona 500mg intramuscular associada à azitromicina
1g via oral, em dose única.

São recomendações importantes, mas com questionamentos relevantes. “É uma mudança importante, já que a resistência
bacteriana mundial está aumentando consideravelmente. Porém teremos algumas dificuldades junto da atenção básica
de saúde no Brasil, pois o que está recomendado não é antibiótico de rotina, por exemplo, e outras mudanças são
propostas nessa Nota Informativa também”, diz o médico Marcos Cyrillo, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia,
alertando que, diariamente, ocorre um milhão de infecções sexualmente transmissíveis por dia e 80 milhões casos de
gonorreia por ano em todo o mundo, de acordo com a OMS/CDC.
Para acessar a Nota Informativa, clique AQUI.

No dia 6 de outubro, ocorreu uma mesa redonda no XXIV Congresso da


PARTICIPAÇÃO Sociedade Brasileira de Hepatologia com o tema: “Em que o infectologista
DA SBI EM EVENTO pode auxiliar o hepatologista em situações especiais’. A Sociedade Brasileira
de Infectologia participou dessa atividade, que teve coordenação de Sergio
Cimerman, presidente da SBI. As apresentações foram sobre Imunizações
no hepatopata (Raquel Stucchi), uso de antimicrobianos em hepatologia
em tempos de Stewardship: como fazer? (Sylvia Lemos Hinrichsen) e
infecções parasitárias no fígado (Marcelo Simão). Os debatedores foram
Ana Lúcia Coutinho Domingues e Demócrito de Barros Miranda Filho.

15
E M F O CO

ANUIDADE DE 2017
A Sociedade Brasileira de Infectologia já enviou aos associados o boleto impresso para pagamento da anuidade de 2017,
com data-limite em 15 de dezembro de 2017.

Caso prefira fazer o pagamento com cartão de crédito, o associado deverá acessar o SITE, clicar no menu superior em
‘Entrar’ e, com o CPF e senha, fazer o login na área restrita.

Se não lembrar da senha, existe um link na tela de login “esqueceu a senha”. É necessário preencher com o CPF cadastrado
que o sistema envia um e-mail com o link para recadastrar uma nova senha. Caso não recebam o e-mail, pedimos, por
gentileza, que verifiquem no lixo eletrônico e se mesmo assim não receberem, entrem em contato com a SBI, pois o
e-mail pode estar errado ou é outro que se encontra cadastrado.

Para mais informações, sbi@infectologia.org.br.

ELEIÇÃO PARA DIRETORIA DA SBI


2018-2019
O associado que não recebeu a cédula de votação até o dia 31/10/2017 deverá solicitar à Comissão Eleitoral o reenvio
do material de votação que será reenviada via Sedex.

Os votos por correspondência deverão chegar à Caixa Postal indicada no envelope-resposta, até o dia 27/11/2017.

Terão direito a votar os associados fundadores, efetivos, beneméritos e participantes, em dia com suas obrigações
financeiras para com a SBI (anuidades de 2015 e 2016) e admitidos como sócios até, no mínimo, um ano antes da data
da eleição.

Não deixe de exercer o seu direito ao voto! A SBI é de todos nós!

16
P R Ó X I M OS EVENTOS

NO BRASIL

II SIMPÓSIO DE TRATAMENTO DE PACIENTES COM FERIDAS CLUBE DE INFECTOLOGIA


COMPLEXAS Data: 21/11/2017
Data: 08 e 09/11/2017 Local: Auditório geral do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle – Rio
Local: Hotel Panamby – São Paulo (SP) de Janeiro (RJ)
Informações: www.hospitalsaocamilosp.org.br/iep/ Informações: www.facebook.com/infectorio/

II JORNADA DE CONTROLE DE CONTAMINAÇÃO INFECTROP RORAIMA 2017


EM ÁREAS HOSPITALARES Data: 22 a 24/11/2017
Data: 10/11/2017 Local: Auditório do CRM – Boa Vista (RR)
Local: Instituto de Infectologia “Emílio Ribas” – São Paulo (SP) Informações: (95) 99122-9366 / (95) 98119-5576
Informações: sbcc@sbcc.com.br

JORNADA DE INFECTOLOGIA DO DISTRITO FEDERAL 2017


CAIÇARÃO 2017 Data: 30/11 e 01/12/2017
Data: 10 e 11/11/2017 Local: Auditório 2 da Finatec – Brasília (DF)
Local: APM Santos – Santos (SP) Informações: jornadacinfecto2017@gmail.com
INFORMAÇÕES: www.infectologiapaulista.org.br Inscrições: goo.gl/8zxi5S

15TH INFOCUS CONGRESSO GOIANO DE INFECTOLOGIA (INFECTO GOIÁS 2017)


Data: 16 a 18/11/2017 Data: 08 e 09/12/2017
Local: Estação Eventos - Curitiba (PR) Local: Cifarma – Goiânia (GO)
Informações: www.infocus2017.com.br Informações: www.infectogoias.com.br

I JORNADA BAIANA DE CONTROLE DE INFECÇÕES


EM MATERNIDADES
Data: 20/11/2017
Local: Auditório da Faculdade de Tecnologia e Ciências – Salvador (BA)
Informações: inscricoes.mrpjmmn@gmail.com NO MUNDO
5TH INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON CHROMOBLASTOMYCOSIS
XI CURSO DE INFECÇÃO EM TRANSPLANTES E VIII SIMPÓSIO Data: 06 a 08/12/2017
DE INFECÇÃO EM IMUNODEPRIMIDOS – HC-FMUSP Local: Havana, Cuba
Data: 20 e 21/11/2017
Local: Centro de Convenções Rebouças – São Paulo (SP)
Informações: (11) 3088-4945 com Villene / exp-mip@usp.br

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E XP E D I ENT E

Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI)


Rua Domingos de Morais, 1.061/cj. 114
Vila Mariana - CEP 04009-002
(11) 5572-8958 / (11) 5575-5647
e-mail: sbi@infectologia.org.br
APOIO
Presidente: Sergio Cimerman
Vice-presidente: J. Samuel Kierszenbaum
1ª Secretária: Maria Cassia Jacintho Mendes Correa (licenciada)
2º Secretário: Luciano Zubaran Goldani
1º Tesoureiro: Marcos Antonio Cyrillo
2º Tesoureiro: Kleber Giovanni Luz
Coordenador Científico: Clovis Arns da Cunha
Coordenadora de Informática:
Maria do Perpétuo Socorro Costa Correa
Coordenador de Comunicação: José David Urbaéz Brito SBI NO FACEBOOK
SIGA, CURTA, COMPARTILHE, INTERAJA!
Assessor da Presidência: Leonardo Weissmann
facebook.com/SociedadeBrasileiradeInfectologia
Secretária: Givalda Guanás

Produção do Boletim SBI: Primeira Letra - Gestão de Conteúdo

Contato: assessoriasbi@gmail.com

Jornalista Responsável: Danilo Tovo - Mtb. 24585/SP

Design Gráfico e Diagramação: Juliana Tavares Geraldo

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