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RESUMO
Nos séculos XVII e XVIII consolidam-se as cidades capitais das soberanias
absolutistas. Com a Revolução Industrial, a migração de camponeses e as agitações
políticas, em fins do século XVIII e inícios do XIX algumas dessas cidades,
principalmente Londres e Paris, alçam-se à condição de metrópoles. Este artigo
procura mostrar como em Paris - a mais cosmopolita das cidades na época -
inauguram-se novos comportamentos, modas, modos e até mesmo uma nova
gestualidade. Aponta também as representações que na literatura e nas ciências
humanas se elaboram sobre esse novo modo de vida no qual certos vanguardistas
de inícios deste século vislumbram a germinação de uma nova sensibilidade.
Palavras-chave: metrópole, urbanismo, século XIX.
ABSTRACT
In XVII and XVIIIth Century the capital cities of absolutist
sovereignities are consolidated. After Industrial Revolution, the
countrymen migration and political disturbance, at the end of the
XVIII and beggining of XIXthCentury some of these cities, specially
London and Paris, raise to a metropolis condition. This article
attempts to show how in Paris - the most cosmopolitan city at that
time - new behaviors, fashions, manners and even new gestures
emerge. The text also names the representations which in litterature
and human sciences are elaborated on this new way of life on which
certain avant-gardists from the beggining of this Century glimpse the
germination of a new sensibility.
Keywords: metropolis, urbanism, 19th century
É necessário que a razão governe: mas, onde está ela? Ela está no
homem universal. Onde está esse homem? Ele está em Paris. A razão
habita a cidade3.
Até a própria multidão das ruas tem, por si só, qualquer coisa de
repugnante, que revolta a natureza humana. (...) Esta indiferença
total, este isolamento insensível de cada indivíduo no seio de seus
interesses particulares, são tanto mais repugnantes e chocantes,
quanto é maior o número destes indivíduos confinados neste reduzido
espaço11.
Debuxa-se assim uma imagem das metrópoles pela qual são vistas
como multiformes e ambíguas - focos de sedução e de sedição -
agregando sans culottes, que em sua ira elevam barricadas
memoráveis; nelas, cultivam-se conhecimentos e cultuam-se letras e
artes, que, entretanto, são muita vez superficiais, afetadas e
artificiosas; cobiça-se riquezas e ostenta-se luxos, que constituem,
para uns, um fim em si, para outros, meio para a proliferação de
paixões. Enfim, diz-se que nas metrópoles pululam personagens
astuciosas, inescrupulosas, calculistas e desprovidas de sentimentos,
enquanto ali os cidadãos tornam-se progressivamente cerebrinos e
enfastiados. Lá, também, temível, grela a turbação oclocrata, que
intimida propriedades e instituições.
NOTAS
1 Este texto é uma versão revista do capítulo A metrópole de minha
tese de doutorado Metrópole e abstração, produzida sob a orientação
do Prof. Dr. Leon Kossovitch e defendida junto ao Departamento de
Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo em maio de 1993.
2VALÉRY, Paul. Cahier B - 1910. Paris, 1930, pp. 88-89 (Pléiade II,
p. 588). Apud: BENJAMIN, Walter. "Sur quelques thèmes
baudelairiens". In uvres II, poésie et révolution. Trad. M. de
Gandillac. Paris, Les Lettres Nouvelles, 1971, p. 250. [ Links ]
23"Le vieux Paris n'est plus (la forme d'une ville - Change plus vite,
hélas! que le c ur d'un mortel)." BAUDELAIRE, Charles. Le
cygne In As flores do mal. Trad. I. Junqueira (edição bilíngüe), Rio de
Janeiro, Nova Fronteira, 1985, p. 326. [ Links ]
31 "Il n'y a point de ville qui fournisse aux imaginations d'un Artiste
ingénieux un aussi beau camp que Paris. C'est une fôret immense,
variée par des inégalités de plaine et de montagne, coupée tout au
milieu par une grande rivière, qui se divisant en plusieurs bras, forme
des isles de différente grandeur. Supposons qu'il lui soit permis de
trancher et de tailler à son gré; quel parti ne tirera-t-il pas de tant
d'avantageuses diversités? Que d'heureuses pensées, que d'ingénieux
tours, quelle variété d'expressions, quelle abondance d'idées, que de
rapports bisarres, que de contrastes spirituels, quel feu, quelle
hardiesse, quel fracas de composition! On dira sans doute que
l'invention et le plan seroient à pure perte par la difficulté,
l'impossibilité même de l'exécution. Eh pourquoi la chose seroit-elle
impossible? Combien de villes de province, avec de ressources très
médiocres, ont eu le courage de projetter une réédification sur
nouveau plan, espérant en venir à bout à force de temps et de
patience? Pourquoi désespéroit-on de donner à Paris an
embellissement si convenable? Dans la Capitale d'un grand royaume
comme la France, les ressources sont infinies. Il n'y a qu'à
commencer, le temps acheve tout." LAUGIER, Marc-Antoine. Essai sur
l'architecture. Paris, Duchesne, 1755, pp. 224-225 (edição fac-símile:
Bruxelles: Pierre Mardaga, 1979). [ Links ]