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POPULACIONAL
ENVELHECIMENTO
DEMANDAS EDEMANDAS
POSSIBILIDADES NA ÁREA
E POSSIBILIDADES NA
DEDESAÚDE
ÁREA SAÚDE
PAULO M. SAAD*
90 7
Esperança de vida
80 6
70
5
50 4
40 3
30
2
20
Fecundidade
10 1
0 0
50
70
90
10
30
50
19
19
19
20
20
20
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idosa permaneceu significativamente mais elevada do que a taxa de crescimento
da população total.
Espera-se, porém, que o processo de envelhecimento populacional no Brasil
se tornará ainda mais intenso a partir das próximas décadas. Entre 2000 e 2025
estima-se que a proporção da população com 60 anos e mais aumente de 8% para
15% e subsequentemente para 24% no ano 2050 (Nações Unidas, 2005a). Embora
esta proporção se encontre ainda muito aquém da observada nos países mais
desenvolvidos, este aumento proporcional irá representar, em termos absolutos,
um incremento da ordem de 45 milhões de pessoas idosas na população.
Entre muitos aspectos do envelhecimento populacional que merecem
destaque, dois são de particular relevância no contexto deste trabalho. O primeiro
se refere a inevitabilidade do processo, tendo em vista que o contingente
populacional que irá constituir as futuras gerações de idosos nas próximas cinco
ou seis décadas já nasceu, e provavelmente viverá sob um regime demográfico
de baixa mortalidade. A Tabela 1 representa um bom exemplo desta situação,
ainda que referida ao total dos países menos desenvolvidos. Nela se observa que
enquanto o pequeno aumento proporcional da população idosa nas regiões
menos desenvolvidas entre 1950 e 2000 (1,3%) se deveu principalmente ao efeito
da queda da fecundidade (2,0%), o importante aumento proporcional previsto
para a população idosa entre 2000 e 2050 (12,3%) será conseqüência principalmente
do efeito da distribuição etária inicial (7,4%).
Tabela 1
Efeito das variáveis demográficas sobre o envelhecimento populacional, regiões
menos desenvolvidas, 1950–2050
1950–2000 2000–2050
Proporção inicial de idosos (%) 6,4 7,7
Proporção final de idosos (%) 7,7 20,0
Diferença (pontos percentuais) 1,3 12,3
Efeito da fecundidade 2,0 2,9
Efeito da mortalidade 0,7 2,0
Efeito da migração 0,2 0,0
Efeito da distribuição etária inicial -1,6 7,4
Fonte: Nações Unidas (2005b)
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das doenças infecciosas e parasitárias, de caráter agudo, pelas doenças não-
transmissíveis, de caráter crônico-degenerativo, como causas principais de
morbidade. Estas doenças, antes de representarem um risco de vida, são uma
potencial ameaça à independência e à autonomia do indivíduo e, é inegável, um
motivo de aumento na demanda por serviços de saúde, uma vez que implicam
tratamentos de duração mais longa, de recuperação mais lenta e complicada.
Não raro exigem, para seus cuidados adequados, intervenções custosas que
envolvem tecnologia avançada.
A experiência de países desenvolvidos, onde a estrutura etária da população
se encontra em uma fase bem mais adiantada de envelhecimento do que no
Brasil, confirma plenamente esta tendência (Zweifel, 2000; Getzen, 1992;
O’Connell, 1996). No Brasil, estudos prévios invariavelmente indicam que os
idosos se utilizam dos recursos oferecidos pela rede hospitalar e pelos serviços
de saúde em geral em uma proporção relativamente maior e de maneira mais
intensiva do que outros grupos etários (Tabela 2) , gerando um gasto médio em
saúde significativamente mais elevado entre os grupos populacionais em idades
mais avançadas (Tabela 3).
Tabela 2
Utilização dos serviços de saúde, Brasil, 1997
Grupo Proporção da Proporção Taxa hospitalar
etário população1 (%) das internações2 (%) (p/1000)
0–14 34 26 46
15–59 58 58 79
60 + 8 16 165
Fonte: Ministério da Saúde
1
Ano de referência 1996
2
Inclui somente as Autorizações de Internação Hospitalar (AIH) do Sistema Único de Saúde (SUS)
Tabela 3
Gasto per capita em saúde (R$), Brasil, 1996
Idade Público Privado
0–9 172 57
10–19 86 55
20–29 144 84
30–39 129 160
40–49 159 160
50–59 260 239
60–69 318 326
70+ 437 484
Fonte: Turra (2000); Turra e Rios-Neto (2001)
1
Os cuidados continuados de saúde são os cuidados de saúde prestados a cidadãos com perda de
funcionalidade ou em situação de dependência, com limitação acentuada na possibilidade de tratamen-
to curativo de curta duração, e que necessite de cuidados complementares e interdisciplinares de saúde,
de longa duração.
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Tabela 5
Aumento na demanda por cuidadores entre 2002 e 2012 nos EUA
Número de cuidadores
T ipo de cuidador (milhares) Aumento (%)
2002 2012
Auxiliares de enfermagem 1.375 1.718 25
Auxiliares de saúde no lar 580 859 48
Auxiliares de cuidados no lar 608 854 40
Fonte: Hecker (2004)
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vir acompanhada por oportunidades contínuas de saúde, participação e segurança
(Organização Mundial da Saúde, 2002). A palavra “ativo”, no caso, refere-se
não somente à prática de atividades físicas ou à participação no mercado laboral,
mas também à participação contínua em assuntos sociais, econômicos, cívicos,
culturais e espirituais.
De acordo com este conceito, idosos que se aposentam, ou mesmo aqueles
que se encontram doentes ou possuem algum grau de dependência podem
permanecer ativos como contribuintes sociais, seja no interior da família, no seio
da comunidade ou até mesmo em instâncias mais elevadas. A definição de “saúde”
adquire uma maior abrangência dentro deste conceito, passando a referir-se não
somente ao bem-estar físico, mas também ao bem-estar mental e social. Portanto,
dentro de um contexto de envelhecimento ativo, programas e políticas voltadas
à promoção de saúde mental e ao incremento de conexões sociais passam a ser
tão importantes quanto aquelas dedicadas à melhoria das condições de saúde física.
Manter autonomia e independência à medida que se envelhece é a meta
primordial tanto para os próprios indivíduos que envelhecem quanto para os
setores de planejamento na área de saúde. Neste sentido, todas as estratégias de
promoção de saúde e prevenção de doenças que contribuam para diminuir o
risco da perda de autonomia do indivíduo idoso constituem peças fundamentais
das políticas de planejamento em saúde. Em particular, reconhece-se que, em
todas as idades, a prática de atividades físicas está diretamente associada a uma
melhor qualidade de vida. Para pessoas de idades mais avançadas, existe uma
crescente evidência científica indicando a atividade física como um fator
importante no prolongamento dos anos de vida ativa e independente, na redução
das incapacidades e na melhoria da qualidade de vida em geral (Pelaez, 2002).
Embora as evidências sejam claras, elas raramente têm se traduzido em planos
de ação nacionais direcionados a criar oportunidades de atividades físicas para
pessoas idosas como uma medida de saúde pública.
Por outro lado, conforme a população envelhece, haverá uma demanda
crescente por medicamentos utilizados na prevenção e tratamento de doenças
crônicas, para aliviar a dor e para melhorar a qualidade de vida em geral. Este
fato aponta para a necessidade urgente de se incrementar o acesso a medicamentos
essenciais de baixo custo e de se implementar formas custo-efetivas de utilização
das drogas já existentes e das novas que surgirão no mercado. Para tanto, parcerias
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municipal desagregadas por idade, sexo, e local de residência
· Produzir análises das condições de saúde e socioeconômicas da
população idosa
· Produzir projeções de gastos com serviços de saúde vis-à-vis as
transformações demográficas
Espera-se, igualmente, uma demanda crescente por análises demográficas
que tenham por objetivo:
1) desenvolver cálculos atuariais utilizados por companhias seguradoras
· Produzir cálculos de taxas de mortalidade e morbidade por sexo, idade
e causas específicas
· Produzir tábuas de vida desagregadas por sexo e outras características
relevantes
2) avaliar a capacidade da família como provedora de cuidados ao idoso
· Produzir análises das mudanças estruturais na família (tamanho da
família, inserção da mulher no mercado de trabalho, aumento dos
idosos que vivem só, menor disponibilidade de filhos) e seu impacto
na capacidade de prestar cuidados continuados ao idoso
3) avaliar o impacto de intervenções na área de saúde e projetar demandas
futuras por cuidados de longa duração
· Produzir estimativas de esperança de vida saudável
· Produzir estimativas de esperança de vida livre de incapacidades (ou
com autonomia funcional)
·
Treinamento de cuidadores de idosos com capacidade funcional
limitada (provedores de cuidados continuados), que podem ser
profissionais de enfermagem, membros da família, membros da
comunidade e outros
· Formação de profissionais nas áreas de geriatria e gerontologia
· Implementação de programas educativos voltados ao autocuidado
de saúde do idoso
3) tecnologia assistiva (desenvolvimento e aplicação de tecnologia na prestação
de serviços de saúde ao idoso)
· Programas de telemedicina
· Centros de atendimento automatizado
· Teleatendimento domiciliar
4) envelhecimento ativo
· Programas de atividade física para o idoso
· Programas de terapia física
· Programas de reabilitação preventiva
· Programas de terapia ocupacional
5) disseminação de informações
· Revistas especializadas na promoção de saúde das pessoas idosas
· Veiculação na mídia de novos produtos médicos, farmacêuticos ou
de outra natureza voltados à manutenção e/ou reabilitação da saúde
da população idosa.
Referências
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