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Carta da CE aos militantes da Esquerda Marxista:

A atual situação, perspectivas e tarefas de construção


Camaradas,
Uma onda de impressionismo e adaptação varre a esquerda. Nós analisamos e reafirmamos: não
existe a iminência de um regime fascista no país, a classe operária não está derrotada; a nossa linha
é a frente única proletária contra Bolsonaro, contra os ataques, pelas reivindicações, apontando como
única saída para a classe trabalhadora a revolução socialista, combatendo dessa forma a linha
petista, que arrasta o PSOL e suas tendências, de aliança com setores da burguesia para a defesa
da democracia. Tais análises e posições estão concentradas na declaração sobre o 2º turno e no
artigo “Dia 28 e depois: A linha da derrota e a linha da vitória”.
O resultado mais provável no próximo domingo será a vitória de Bolsonaro. As traições e a linha
política de “frente democrática” da campanha do PT - incapaz de se conectar com o ódio ao sistema
das massas - será fator determinante para este resultado. De qualquer forma, até domingo, devemos
compartilhar e discutir com os contatos os diferentes artigos sobre a disputa eleitoral publicados em
nossa página, que concluem com a nossa posição: o voto no PT neste 2º turno, sem nenhuma ilusão,
para barrar Bolsonaro.
Em nossa declaração escrevemos que “Com estes resultados [do 1º turno das eleições] e a
ampliação da polarização política uma nova situação se abriu no Brasil”. Para esta situação, de
acirramento da luta de classes, de choques entre a burguesia e o proletariado, devemos nos
preparar.
A EM já escreveu em diferentes artigos e resoluções que o capitalismo é incapaz de manter a
democracia que a burguesia desenvolveu em seu período de ascensão. Na época do imperialismo,
em que revolução e contrarrevolução se enfrentam permanentemente, a “democracia” é cada vez
mais uma farsa e o Estado ganha um caráter cada vez mais totalitário, com destaque para o papel do
judiciário no momento atual.
Muitos entre a esquerda veem episódios recentes (declarações de Bolsonaro, ataques e ameaças a
militantes de esquerda por indivíduos e grupelhos) como o início de um regime fascista ou uma
ditadura militar. Em nossa visão, Bolsonaro, o demagogo aventureiro de direita, que conseguiu surfar
na desmoralização do sistema e dos partidos tradicionais, confirmando sua vitória no domingo,
buscará formar um governo com traços bonapartistas. A Comissão Executiva se reunirá na próxima
segunda-feira para discutir o resultado e fechar uma declaração, que deverá ser amplamente
divulgada aos contatos por todos os militantes.
O bonapartismo é caracterizado como o “governo da espada”, autoritário, baseado em uma figura que
representa a “encarnação da nação” e que se coloca acima das classes. Trotsky o descreveu da
seguinte forma: "Um regime que indica que os antagonismos dentro da sociedade se tornaram tão
grandes que a maquinaria do Estado, para 'regular' e 'ordenar' esses antagonismos enquanto
permanece como um instrumento dos donos da propriedade, assume uma certa independência em
relação a todas as classes. O regime bonapartista só pode alcançar um caráter comparativamente
estável e duradouro no caso de pôr fim a uma época revolucionária; quando a relação de forças já foi
colocada em teste nas batalhas; quando as classes revolucionárias já estão esgotadas, mas as
classes possuidoras ainda não escaparam do terror: ‘não haverá amanhã novas convulsões?’. Sem
essa condição básica, isto é, sem um prévio esgotamento das energias das massas nos combates, o
regime bonapartista não está em condições de avançar."
Portanto, apesar de não haver base social para um regime fascista – recordamos uma vez mais que
os grupelhos fascistas são ultraminoritários, e que não há nem partido, nem organização paramilitar
de ataque às organizações operárias com base de massas entre a pequena burguesia -, ou mesmo
para uma ditadura militar ao estilo 1964-1985, o que podemos esperar é a continuidade da ofensiva
de criminalização e repressão das lutas utilizando o atual aparato de Estado e suas instituições, com
destaque para o judiciário e a polícia, incentivados pelo poder Executivo encabeçado por Bolsonaro.
O caso das decisões da justiça eleitoral, impedindo debates e realizando apreensões em
universidades públicas é um exemplo disso.
Na resolução da Conferência Nacional da EM de 2017 escrevemos:
Aqui [na operação Lava Jato], o resultado da ação política do Judiciário está indo em direção a
criar uma situação onde “Tudo o que era sólido se desmancha no ar, tudo o que era sagrado é
profanado, e as pessoas são finalmente forçadas a encarar com serenidade sua posição
social e suas relações recíprocas”. (K. Marx, Manifesto Comunista). Aqui, a liquefação do
governo Temer não vai encontrar peça de reposição de mínima qualidade.
O Judiciário se arrogou o papel de árbitro supremo das disputas políticas entre as facções
burguesas e entre as classes assim como sobre todas as instituições políticas burguesas. É
um Judiciário bonapartista que pretende governar fora de qualquer lei e impor sob disfarce
jurídico os interesses gerais da burguesia, do capital, não importando o que tenha que ser
feito para isso.
Esses objetivos do Judiciário e suas ações a todo momento demonstram o desprezo que eles
têm às liberdades democráticas. Nunca foi tão claro que a “Justiça” não passa de uma
fachada para controle social em tempos de paz e, em tempos de crise, de instrumento de
guerra da burguesia para manter seus privilégios e defender o aparato de seu Estado.
Um governo Bolsonaro (essa “peça de reposição” de baixíssima qualidade), aprofundaria estes traços
bonapartistas do aparato estatal, mas, ao mesmo tempo, caminharia pela instabilidade. Não existe
“esgotamento das energias das massas”. Além disso, o fascismo, o nazismo ou mesmo as ditaduras
na América Latina, estavam baseadas em um crescimento econômico. O que se prepara com um
governo Bolsonaro e sua política econômica ultraliberal são ataques, retiradas de direitos, e a não
resolução da crise econômica nacional, parte da crise internacional do sistema capitalista. Tudo
indica ainda que, mesmo ganhando, mais da metade dos eleitores não vai votar em Bolsonaro, vai
votar em Haddad, nulo, branco ou se abster. O que podemos esperar, portanto, são grandes lutas de
resistência da classe operária no próximo período.
Nesse momento, necessitamos de ousadia para construir a organização. A declaração sobre o 2º
turno obteve mais de 3.500 visualizações. As plenárias “Como combater Bolsonaro e o sistema”
extrapolaram os objetivos iniciais de presença em diferentes CRs. Muito são os contatos que nos
procuram para tentar compreender a situação atual e o que fazer. A todos estes devemos responder
imediatamente: “só é possível abrir uma saída, derrotar Bolsonaro e o sistema, com organização,
portanto, te convido a ser um militante da Esquerda Marxista, seção da CMI, para levar esta batalha
ao nosso lado”.
As ações de repressão, de provocação dos covardes da extrema-direita, não devem nos intimidar.
Em uma luta, se alguém ataca e o adversário demonstra pavor e se encolhe, este terminará
massacrado. Quando o fascismo era uma ameaça real no Brasil, os trotskistas foram o fator
determinante para a frente única que fez os camisas verdes (os fascistas brasileiros) desaparecerem
em uma batalha de rua. Este é o nosso legado. Nada de “baixar a bandeira”, nossa organização,
aliás, foi a que se recusou a baixar as bandeiras em junho de 2013, quando uma ala despolitizada
insuflada por infiltrados da polícia quis expulsar os partidos e as bandeiras das manifestações.
Contra a ação de provocadores em assembleias de sindicatos, de estudantes, em manifestações e
debates, devemos colocar a necessidade de serviços de ordem organizados, uma tradição esquecida
pelo movimento em geral por décadas de militância em um período de relativa liberdade democrática.
Por fim, reafirmamos que a situação política nacional e internacional deve ser encarada com ânimo
pelos revolucionários. Há dificuldades, sem dúvida, em especial a ausência de uma verdadeira
direção revolucionária com influência de massas. Mas o sistema está ruindo, a classe trabalhadora
conserva suas forças, há grandes possibilidades para a construção do marxismo mantendo o foco na
juventude. É hora de estudar, escrever, organizar e mobilizar a base, enfrentar o baixo nível político e
teórico que se abate em nossa época, assim como a desesperança, construir a força capaz de virar o
jogo e abrir uma saída. Esta é a tarefa cada vez mais urgente dos militantes da Esquerda Marxista.
Saudações comunistas,
Comissão Executiva
26/10/2018

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