Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
94
Data (páginas internas): 3 de dezembro de
1997.
ÍNDICE DE ASSUNTOS
Ação Rescisória e Coisa Julgada
ADIn e Autorização Legislativa
ADIn e Causa de Pedir
ADIn: Remissão a Leis Anteriores à CF
Cabimento de Medida Cautelar
Comércio Varejista e Trabalho aos Domingos
Competência da Justiça Comum
Conselho Superior do MPF
Denúncia e Recebimento: Fundamentação
Habeas Corpus: Cabimento
Habeas Corpus: Não Cabimento
HC e Conflito de Competência
Imunidade: Papel e Filme Fotográfico
Precatório: Natureza Administrativa
Recurso de Habeas Data: Lei 9.507/97
Seguridade Social e Empresas: Contribuição
PLENÁRIO
ADIn: Remissão a Leis Anteriores à CF
Iniciado o julgamento do mérito de ação direta
ajuizada pelo Partido Verde - PV, contra o art. 1º e seu
parágrafo único, da Lei 9.127/90, do Estado do Rio Grande
do Sul (Art. 1º - “O valor das pensões pagas pelo Instituto
de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul - IPERGS,
será atualizado de forma a resguardar sua correspondência
à totalidade dos vencimentos ou proventos do servidor
falecido, até o limite estabelecido nesta Lei, sendo revisto de
conformidade com que o determina o § 3º do art. 41 da
Constituição Estadual, combinado com o parágrafo único
do art. 12, do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias”. Parágrafo Único - “Os critérios para a
fixação do valor das pensões, suas limitações e das parcelas
que integram o salário da contribuição, são os definidos no
art. 18 e seus parágrafos e no art. 27 da Lei nº 7.672, de 19
de junho de 1982, com a redação da Lei nº 7.716, de 26 de
outubro de 1982.”). O Min. Ilmar Galvão, relator,
ponderando que a compreensão dos critérios para a fixação
dos valores a serem pagos pelo IPERGS exigiria o exame de
artigos de leis anteriores à CF/88, as quais não podem ser
objeto de ação direta de inconstitucionalidade (Leis gaúchas
nºs 7.672/82 e 7.716/82), votou no sentido de não conhecer
da ação. De outro lado, o Min. Nelson Jobim proferiu voto
no sentido de conhecer da ação ao fundamento de que a
remissão da Lei 9.127/90 a leis anteriores à CF/88 configura
técnica legislativa, mediante a qual a lei nova, ao invés de
reproduzir artigo por artigo, incorpora o conteúdo da
legislação paradigma. Após, o julgamento foi adiado em
virtude do pedido de vista do Min. Maurício Corrêa. ADIn
1.137-RS, rel. Min. Ilmar Galvão, 26.11.97.
PRIMEIRA TURMA
Cabimento de Medida Cautelar
A nova redação do par. único do art. 800 do CPC
(“Interposto o recurso, a medida cautelar será requerida
diretamente ao Tribunal.”) não altera a jurisprudência do
STF no sentido de que não cabe medida cautelar inominada
para requerer a concessão de efeito suspensivo a recurso
extraordinário ainda não admitido na origem. Entendimento
contrário implicaria pré-julgamento da admissão do RE pelo
relator da cautelar no STF, em detrimento da livre apreciação
do recurso pelo presidente do tribunal a quo, que é
competente originariamente para tal juízo. Precedente citado:
Pet (AgRg) 1.189-MG (DJU de 21.3.97). Petição (AgRg) 1.
381-RS, rel. Min. Octavio Gallotti, 25.11.97.
SEGUNDA TURMA
Denúncia e Recebimento: Fundamentação
Considerando a falta de fundamentação do acórdão que
recebeu denúncia oferecida contra prefeito no exercício da
função, a Turma deferiu habeas corpus para anular decisão
do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, determinando que
outra seja proferida com atenção ao disposto o art. 93, IX, da
CF (“Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário
serão públicos, e fundamentadas todas a decisões, sob pena
de nulidade ...”). Ponderou-se, ainda, que na deliberação
sobre o recebimento da denúncia nas hipóteses de
observância do rito da Lei 8.658/93, que dispõe sobre a
aplicação, nos Tribunais de Justiça e nos Tribunais Regionais
Federais, das normas da Lei 8.038/90 o tribunal de origem
deve examinar as questões suscitadas no contraditório, para
eventual deliberação sobre a improcedência da acusação, se a
decisão não depender de outras provas (art. 6 o da Lei
8.038/90). Precedentes citados: RHC 55.926-SP(RTJ
89/787), HC 73.131-PR (DJU de 17.5.96). HC 75.846-BA,
rel. Min. Maurício Corrêa, 25.11.97 .
HC e Conflito de Competência
É cabível, em habeas corpus, o exame de questão
relativa à competência do juízo e a eventual declaração de
incompetência do juiz processante, ainda que o paciente não
esteja preso. Com base nesse entendimento, a Turma deferiu,
em parte, writ interposto em favor de militar (fuzileiro
naval), que está sendo processado pela prática dos crimes de
resistência (CP, art. 329) e desacato (CP, art. 331) contra
acórdão do STJ que, em recurso de habeas corpus,
mantivera decisão do Tribunal de Alçada Criminal do Estado
do Rio de Janeiro, que não conhecera do pedido originário
ao argumento de que a via utilizada era inidônea para se
declarar conflito de jurisdição, entre justiça comum e justiça
militar. Cassados, assim, os acórdãos impugnados (do STJ e
do Tribunal fluminense), com a determinação de que outro
seja prolatado pelo Tribunal de Alçada do Rio de Janeiro,
apreciando o tema da incompetência da justiça estadual
comum. Precedentes citados: RRHHCC 49.643-RS (RTJ
61/77), 50.577-MG (RTJ 65/70), 52.699-SP (RTJ72/349) e
56.873-SP (RTJ 93/1.018). HC 75.578-RJ, rel. Min.
Maurício Corrêa, 25.11.97 .
CLIPPING DO DJ
28 de novembro de 1997
ADIn N. 1.692-3
RELATOR : MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - HOSPITAIS,
ESTABELECIMENTO E SERVIÇOS - CNS. IMPUGNAÇÃO À
LEI Nº 9.493/97 DO ESTADO DE SÃO PAULO. NÃO-
CONHECIMENTO.
O confronto do ato questionado com os dispositivos da Carta teria
que passar, primeiramente, pelo exame in abstracto de outras
normas infraconstitucionais, de tal forma que não haveria confronto
direto da lei em causa com a Constituição.
Não-conhecimento da ação.
* noticiado no Informativo 90
HC N. 75.044-3
RED. P/ O ACÓRDÃO: MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: HABEAS-CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO.
SOBERANIA DAS DECISÕES DO TRIBUNAL DO JÚRI.
ANULAÇÃO DO JULGAMENTO POR TER SIDO A DECISÃO
MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS.
ALEGAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE DUAS VERSÕES.
IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME E REVALORAÇÃO DE
TODAS AS PROVAS DOS AUTOS EM SEDE HABEAS-CORPUS.
INDEFERIMENTO.
1. Anulação do primeiro julgamento do Tribunal do Júri, que
condenou o paciente por homicídio simples, por defeito nos
quesitos; anulação do segundo julgamento, que absolveu o paciente,
por ter sido a decisão manifestamente contrária às provas dos autos.
2. A decisão do Tribunal de Justiça que anulou o segundo
julgamento é formalmente válida e está devidamente fundamentada,
tendo reexaminado as provas dos autos e concluído que a versão de
legítima defesa acolhida pelo Júri é inverossímil.
3. O reexame do valor atribuído a cada prova, ou as razões da
prevalência de umas sobre outras, são questões incompatíveis com o
habeas-corpus, tendo em vista o seu rito especial e sumário.
Precedentes.
4. Habeas-corpus conhecido, mas indeferido, cassando-se a liminar.
Maioria.
HC N. 75.381-7
RELATOR : MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS
CORPUS. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. APELAÇÃO DO
MINISTÉRIO PÚBLICO. OMISSÃO DO ACÓRDÃO: TESE
ALTERNATIVA DA DEFESA NÃO APRECIADA.
I. - Acórdão que, acolhendo apelação do Ministério Público, reforma
sentença absolutória de primeiro grau, condenando o réu, deixando,
entretanto, de apreciar tese alternativa posta pela defesa nas
alegações finais e reiterada nas contra-razões à apelação da
acusação: ilegalidade.
II - H.C. deferido.
QUEIXA-CRIME N. 501-1
RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO
E M E N T A: QUEIXA-CRIME - PRÁTICA DE CRIMES
CONTRA A HONRA IMPUTADA A MAGISTRADO (MINISTRO
DE TRIBUNAL SUPERIOR DA UNIÃO) - PRESCRIÇÃO PENAL
RECONHECIDA QUANTO AO DELITO DE INJÚRIA -
ANÁLISE DA ACUSAÇÃO PENAL QUANTO AO DELITO DE
DIFAMAÇÃO - PEÇA ACUSATÓRIA JURIDICAMENTE
IDÔNEA - INOCORRÊNCIA DE INÉPCIA - AUSÊNCIA DE
CONFIGURAÇÃO DO CRIME DE DIFAMAÇÃO -
OCORRÊNCIA DE CAUSA DE EXCLUSÃO DE ILICITUDE
(CP, ART. 23, III E ART. 142, III, C/C ART. 41 DA LOMAN) -
QUEIXA-CRIME REJEITADA.
IDONEIDADE JURÍDICO-PROCESSUAL DA QUEIXA-
CRIME - PEÇA ACUSATÓRIA QUE POSSIBILITOU O
EXERCÍCIO, PELO QUERELADO, DE SUA DEFESA
TÉCNICA.
- A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal considera
juridicamente idônea a peça acusatória que contém exposição clara
e objetiva dos fatos alegadamente delituosos, com narração de todos
os elementos essenciais e circunstanciais que lhes são inerentes,
permitindo, desse modo, àquele que sofre a acusação penal, o
exercício pleno do direito de defesa assegurado pelo ordenamento
constitucional. Precedentes.
PEREMPÇÃO - AUSÊNCIA DE SUSTENTAÇÃO ORAL, POR
PARTE DO QUERELANTE, NA SESSÃO DE JULGAMENTO
DESTINADA A APRECIAR O RECEBIMENTO DA QUEIXA-
CRIME - INOCORRÊNCIA DESSA CAUSA EXTINTIVA DE
PUNIBILIDADE.
- A circunstância de o querelante haver deixado de fazer
sustentação oral na sessão de julgamento em que o Tribunal apreciou
o recebimento da queixa-crime não constitui hipótese configuradora
de perempção da ação penal exclusivamente privada (CPP, art. 60,
III). Qualificando-se a sustentação oral como simples faculdade que
se reconhece a qualquer das partes, não está o querelante obrigado a
comparecer, para tal específico fim, à sessão de julgamento do
Supremo Tribunal Federal.
MAGISTRADO - EXERCÍCIO DA FUNÇÃO
JURISDICIONAL - ASPECTOS DEONTOLÓGICOS - A
QUESTÃO DA LINGUAGEM EXCESSIVA OU IMPRÓPRIA
NO DISCURSO JUDICIÁRIO - INOCORRÊNCIA, NO CASO,
DE IMPROPRIEDADE OU EXCESSO DE LINGUAGEM -
APLICAÇÃO DO ART. 41 DA LOMAN - REJEIÇÃO DA
QUEIXA-CRIME.
- O Magistrado, no exercício de sua atividade profissional, está
sujeito a rígidos preceitos de caráter ético-jurídico que compõem,
em seus elementos essenciais, aspectos deontológicos básicos
concernentes à prática do próprio ofício jurisdicional.
- A condição funcional ostentada pelo Magistrado, quando evidente
a abusividade do seu comportamento pessoal ou profissional, não
deve atuar como manto protetor de ilegítimas condutas revestidas
de tipicidade penal.
A utilização, no discurso judiciário, de linguagem excessiva,
imprópria ou abusiva, que, sem qualquer pertinência com a
discussão da causa, culmine por vilipendiar, injustamente, a honra de
terceiros - revelando, desse modo, na conduta profissional do juiz, a
presença de censurável intuito ofensivo - pode, eventualmente,
caracterizar a responsabilidade pessoal (inclusive penal) do
Magistrado.
LIMITES DA PROTEÇÃO JURÍDICA DISPENSADA AO
MAGISTRADO NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO
JURISDICIONAL.
- O Magistrado não pode ser punido ou prejudicado pelas opiniões
que manifestar ou pelo teor das decisões que proferir, exceto se, ao
agir de maneira abusiva e com o propósito inequívoco de ofender,
incidir nas hipóteses de impropriedade verbal ou de excesso de
linguagem (LOMAN, art. 41).
A ratio subjacente a esse entendimento decorre da necessidade de
proteger os magistrados no exercício regular de sua atividade
profissional, afastando - a partir da cláusula de relativa imunidade
jurídica que lhes é concedida - a possibilidade de que sofram,
mediante injusta intimidação representada pela instauração de
procedimentos penais ou civis sem causa legítima, indevida
inibição quanto ao pleno desempenho da função jurisdicional.
A crítica judiciária, ainda que exteriorizada em termos ásperos e
candentes, não se reveste de expressão penal, em tema de crimes
contra a honra, quando, manifestada por qualquer magistrado no
regular desempenho de sua atividade jurisdicional, vem a ser
exercida com a justa finalidade de apontar equívocos ou de
censurar condutas processuais reputadas inadmissíveis. Situação
registrada na espécie dos autos, em que o magistrado, sem
qualquer intuito ofensivo, agiu no estrito cumprimento do seu
dever de ofício.
RE N. 163.301-8
RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: I. Tribunal de Contas: aposentadoria de servidores de sua
secretaria: anulação admissível - antes da submissão do ato ao
julgamento de legalidade do próprio Tribunal (CF, art. 71, III) -,
conforme a Súmula 473, que é corolário do princípio constitucional
da legalidade da administração (CF, art. 37), violado, no caso, a
pretexto de salvaguarda de direitos adquiridos, obviamente
inoponíveis à desconstituição, pela administração mesma, de seus
atos ilegais.
II. Tribunal de Contas: registro da concessão inicial de aposentadoria
(CF, art. 71, III): natureza administrativa da decisão, susceptível de
revisão pelo próprio Tribunal - como subjacente à Súmula 6 -,
garantidos o contraditório e a ampla defesa do interessado.
III. Contraditório, ampla defesa e devido processo legal (CF, art. 5º,
LV e LIV): violação, nas peculiaridades do caso, por acórdão que
confunde e trata promiscuamente mandados de segurança distintos,
julgando questões diferentes como se fossem uma só, de modo a
negar à entidade pública as garantias constitucionais de defesa, que
implicam o direito à consideração das razões deduzidas em juízo,
compreendido na "pretensão à tutela jurídica".
RE N. 218.836-7
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Caderneta de poupança. Medida Provisória nº 32, de
15.01.89, convertida na Lei nº 7.730, de 31.01.89. Ato jurídico
perfeito (artigo 5º, XXXVI, da Constituição Federal).
- O princípio constitucional do respeito ao ato jurídico perfeito se
aplica também, conforme é o entendimento desta Corte, às leis de
ordem pública. Correto, portanto, o acórdão recorrido ao julgar que,
no caso, ocorreu afronta ao ato jurídico perfeito, porquanto, com
relação à caderneta de poupança, há contrato de adesão entre o
poupador e o estabelecimento financeiro, não podendo, portanto, ser
aplicada a ele, durante o período para a aquisição da correção
monetária mensal já iniciado, legislação que altere, para menor, o
índice dessa correção.
Recurso extraordinário não conhecido.
informativo@stf.gov.br