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Brasília, 24 a 28 de novembro de 1997 - Nº

94
Data (páginas internas): 3 de dezembro de
1997.

Este Informativo, elaborado a partir de


notas tomadas nas sessões de julgamento das
Turmas e do Plenário, contém resumos não-
oficiais de decisões proferidas pelo Tribunal. A
fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo
das decisões, embora seja uma das metas
perseguidas neste trabalho, somente poderá
ser aferida após a sua publicação no Diário da
Justiça.

ÍNDICE DE ASSUNTOS
Ação Rescisória e Coisa Julgada
ADIn e Autorização Legislativa
ADIn e Causa de Pedir
ADIn: Remissão a Leis Anteriores à CF
Cabimento de Medida Cautelar
Comércio Varejista e Trabalho aos Domingos
Competência da Justiça Comum
Conselho Superior do MPF
Denúncia e Recebimento: Fundamentação
Habeas Corpus: Cabimento
Habeas Corpus: Não Cabimento
HC e Conflito de Competência
Imunidade: Papel e Filme Fotográfico
Precatório: Natureza Administrativa
Recurso de Habeas Data: Lei 9.507/97
Seguridade Social e Empresas: Contribuição

PLENÁRIO
ADIn: Remissão a Leis Anteriores à CF
Iniciado o julgamento do mérito de ação direta
ajuizada pelo Partido Verde - PV, contra o art. 1º e seu
parágrafo único, da Lei 9.127/90, do Estado do Rio Grande
do Sul (Art. 1º - “O valor das pensões pagas pelo Instituto
de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul - IPERGS,
será atualizado de forma a resguardar sua correspondência
à totalidade dos vencimentos ou proventos do servidor
falecido, até o limite estabelecido nesta Lei, sendo revisto de
conformidade com que o determina o § 3º do art. 41 da
Constituição Estadual, combinado com o parágrafo único
do art. 12, do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias”. Parágrafo Único - “Os critérios para a
fixação do valor das pensões, suas limitações e das parcelas
que integram o salário da contribuição, são os definidos no
art. 18 e seus parágrafos e no art. 27 da Lei nº 7.672, de 19
de junho de 1982, com a redação da Lei nº 7.716, de 26 de
outubro de 1982.”). O Min. Ilmar Galvão, relator,
ponderando que a compreensão dos critérios para a fixação
dos valores a serem pagos pelo IPERGS exigiria o exame de
artigos de leis anteriores à CF/88, as quais não podem ser
objeto de ação direta de inconstitucionalidade (Leis gaúchas
nºs 7.672/82 e 7.716/82), votou no sentido de não conhecer
da ação. De outro lado, o Min. Nelson Jobim proferiu voto
no sentido de conhecer da ação ao fundamento de que a
remissão da Lei 9.127/90 a leis anteriores à CF/88 configura
técnica legislativa, mediante a qual a lei nova, ao invés de
reproduzir artigo por artigo, incorpora o conteúdo da
legislação paradigma. Após, o julgamento foi adiado em
virtude do pedido de vista do Min. Maurício Corrêa. ADIn
1.137-RS, rel. Min. Ilmar Galvão, 26.11.97.

Ação Rescisória e Coisa Julgada


O Tribunal, por maioria de votos, decidiu que não
se admite ação rescisória quando a decisão rescindenda
extinguiu o processo sem julgamento do mérito pela
ocorrência de coisa julgada, nos termos do art. 485, caput, do
CPC (“A sentença de mérito, transitada em julgado, pode
ser rescindida quando: ...”). Prevaleceu o voto do Min.
Octavio Gallotti, relator, que, após observar a existência de
dissídio na jurisprudência dos tribunais sobre a matéria,
acolhera a preliminar de carência da ação rescisória oposta a
acórdão proferido em recurso extraordinário que extinguira o
processo de ação de demarcação de terras por entender
existente coisa julgada em anterior ação divisória , sob o
entendimento de que, reconhecida a coisa julgada, extingue-
se o processo sem julgamento de mérito (CPC, art. 267, V).
Com base nesse entendimento, não se conheceu da ação
rescisória, vencidos os Ministros Sepúlveda Pertence,
revisor, Nelson Jobim, Ilmar Galvão, Marco Aurélio e Carlos
Velloso que, levando em conta que a extinção do processo
por motivo de coisa julgada obsta que o autor intente de
novo a ação (CPC, art. 268), adotavam o entendimento de
que, na hipótese de erro na identificação da coisa julgada
pelo acórdão rescindendo, admitir-se-ia a ação rescisória. AR
1.056-GO, rel. Min. Octavio Gallotti, 26.11.97

Conselho Superior do MPF


Por maioria de votos, o Tribunal não conheceu de
mandado de segurança impetrado contra o Procurador-Geral
da República na condição de Presidente do Conselho
Superior do Ministério Público Federal, por ilegitimidade
passiva ad causam, ao fundamento de que Procurador-Geral
não tem poder de decisão nas deliberações desse órgão para
efeito de considerá-lo autoridade coatora e de que estas
deliberações na espécie, impugna-se decisão que
determinou a instauração de processo administrativo por
faltas imputadas a subprocurador-geral da República ,
enquanto situadas na administração superior do Ministério
Público Federal, não estão sujeitas à jurisdição do STF, que é
excepcionalíssima. Vencidos os Ministros Marco Aurélio,
Sepúlveda Pertence e Néri da Silveira. Precedente citado:
MS 22.284-MS (julgado em 13.9.95, acórdão pendente de
publicação, v. Informativo nº 5). MS (QO) 22.987-DF, rel.
Min. Moreira Alves, 26.11.97.

Comércio Varejista e Trabalho aos Domingos


O Tribunal, por votação majoritária, indeferiu o
pedido de medida cautelar em ação direta requerida pela
Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio -
CNTC, contra o art. 6º e seu parágrafo único da Medida
Provisória nº 1.539-37/97, que autoriza, “a partir de 9 de
novembro de 1997, o trabalho aos domingos no comércio
varejista em geral, observado o art. 30, inciso I, da
Constituição”. Considerou-se que o parágrafo único da
referida Medida Provisória, ao prever que “o repouso
semanal remunerado deverá coincidir, pelo menos uma vez
no período máximo de quatro semanas, com o domingo,
respeitadas as demais normas de proteção ao trabalho e
outras previstas em acordo ou convenção coletiva”, atende
aos requisitos do art. 7º, XV, da CF, que assegura aos
trabalhadores “repouso semanal remunerado,
preferencialmente aos domingos”. Vencidos o Min.
Sepúlveda Pertence, relator, Marco Aurélio, Octavio Gallotti,
Néri da Silveira e Celso de Mello, que entendiam que a nova
redação do referido artigo não mudara substancialmente os
fundamentos que levaram a Corte a deferir a suspensão
liminar da Medida Provisória 1.539-35/97 em sua redação
original (ADInMC 1.675-UF, v. Informativo 85). ADInMC
1.687-UF, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 26.11.97.

Precatório: Natureza Administrativa


Não cabe recurso extraordinário contra decisão
proferida no processamento de precatórios já que esta tem
natureza administrativa e não jurisdicional. Com base nesse
entendimento, o Tribunal, por maioria de votos, negou
provimento a agravo regimental, confirmando despacho do
Min. Carlos Velloso, relator, que negara seguimento a
recurso extraordinário do Estado de São Paulo por entender
não se tratar de causa decidida em única ou última instância
por órgão do Poder Judiciário no exercício de função
jurisdicional (CF, art. 102, III). Vencidos os Ministros
Nelson Jobim, Ilmar Galvão, Néri da Silveira e Moreira
Alves, que davam provimento ao agravo para determinar o
processamento do recurso extraordinário sob o fundamento
de que a referida decisão tem conteúdo jurisdicional e, por
isso, está sujeita aos recursos previstos no CPC e na CF.
Precedente citado: ADIn 1.098-SP (DJU de 27.6.97). RE
(AgRg) 215.290-SP, rel. Min. Carlos Velloso, 26.11.97.

ADIn e Causa de Pedir


Cumpre ao autor da ação direta de
inconstitucionalidade apontar, em relação a cada item do ato
impugnado, a causa de pedir. Não cabe ao STF suprir tal
deficiência, principalmente à vista da dimensão do diploma
atacado. Com esse entendimento, o Tribunal, por votação
unânime, não conheceu de ação direta proposta pelo
Procurador-Geral da República contra o Provimento 6/97, da
Corregedoria Geral de Justiça do Estado do Mato Grosso
que dispõe sobre a atuação dos oficiais de justiça e a fixação
do valor de custas forenses pelo deslocamento dos mesmos
pela Comarca onde exercem sua função , ao argumento de
afronta ao artigo 24, IV, da CF, que diz competir à União, aos
Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre custas dos serviços forenses. ADIn 1.708-MT, rel.
Min. Marco Aurélio, 27.11.97.

ADIn e Autorização Legislativa


O Tribunal, apreciando pedido de liminar em ação
direta proposta pelo Governador do Estado de Santa Catarina
contra os incisos II e IV do art. 10 da Lei estadual 10.542/97,
que autoriza o Poder Executivo a contratar operação de
crédito destinada a refinanciar dívidas do Estado e a prestar
as necessárias garantias, decidiu: (a) suspender, por
unanimidade, a eficácia do inciso II da referida lei (“Art. 10.
A partir da publicação desta lei, dependerão de prévia e
específica autorização legislativa: ... II - as operações de
recolhimento antecipado do ICMS com a concessão de
desconto ao contribuinte ou responsável.”) por ofensa, à
primeira vista, ao disposto no art. 61, § 1o, II, b, da CF, que
diz ser da competência do Poder Executivo a iniciativa de
leis que disponham sobre matéria tributária, já que o
dispositivo atacado resulta de emenda do Legislativo ao
projeto de lei de iniciativa do Governador, e não há, em
relação a ele, relação de pertinência; (b) deferir, em parte, a
cautelar quanto ao inciso IV do referido artigo (“IV - vendas
de ações de empresas públicas, sociedade de economia
mista e instituições pertencentes ao sistema financeiro do
Estado de Santa Catarina.”), para lhe dar interpretação
conforme no sentido de ser ele aplicado quando a venda de
ações importar em perda do controle acionário por parte do
Estado. Prevaleceu, ao primeiro exame, o entendimento de
que tal autorização configuraria ofensa ao princípio da
separação dos Poderes. Haveria uma interferência do Poder
Legislativo na esfera de atribuições do Chefe do Poder
Executivo, a quem cabe a direção e o funcionamento da
Administração, salvo nas hipóteses em que a eventual venda
de ações pelo Estado ultrapasse o mínimo necessário ao
controle estatal. Precedentes citados: ADInsMC 234-RJ
(DJU de 9.5.97), 562-UF (RTJ 146/448), 566-SP (RTJ
138/429), 1.549-RJ (acórdão pendente de publicação) e
1.584-UF (acórdão pendente de publicação). ADInMC
1.703-SC, rel. Min. Ilmar Galvão, 27.11.97.

Seguridade Social e Empresas: Contribuição -1


Suspende-se a eficácia da medida provisória —
ainda pendente de apreciação pelo Congresso Nacional —
que venha a ser revogada por outra, até que haja
pronunciamento do Poder Legislativo sobre a MP
revogadora. Convertida esta em lei, torna-se definitiva a
revogação. Não sendo convertida, retomará seus efeitos a
MP revogada pelo período que ainda lhe restava para vigorar.
Com base nesse entendimento, o Tribunal suspendeu a
apreciação da ação direta proposta pelo PDT, PT e PCB, no
ponto em que ataca as alíneas d e e do § 9o do art. 28 da Lei
8.212/91, com a redação dada pela MP 1.523-13/97 [“§ 9o -
Não integram o salário de contribuição: ... d) a importância
recebida a título de férias indenizadas. ... e) a importância
prevista no inciso I do art. 10 do ADCT” (que fixa limite à
indenização compensatória em caso de despedida arbitrária
ou sem justa causa, prevista no art. 7, I, da CF, até a edição
de lei complementar.).], já que os referidos dispositivos
foram revogados pela MP 1.523-14/97. Precedentes citados:
ADIns 1.204-UF (DJU de 7.12.95), 1.370-UF (DJU de
30.8.96) e 1.636-UF (26.9.97).

Seguridade Social e Empresas: Contribuição -2


No mesmo julgamento, o Tribunal, considerando a
relevância da argüição de inconstitucionalidade do § 2 o do
art. 22 da Lei 8.212/91, com a redação dada pela MP 1.523-
14 (“§ 2o - Para os fins desta Lei, integram a remuneração
os abonos de qualquer espécie ou natureza, bem como as
parcelas denominadas indenizatórias pagas ou creditadas a
qualquer título, inclusive em razão da rescisão do contrato
de trabalho, ressalvado o disposto no § 9 o do art. 28.”), por
ofensa, à primeira vista, aos artigos 195, I, que fala das
contribuições sociais dos trabalhadores, incidente sobre a
folha de salários, o faturamento e o lucro, e 204, § 4 o (“Os
ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão
incorporados ao salário para efeito de contribuição
previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos
casos e na forma da lei.”) todos da CF, com a interpretação
dada, majoritariamente pelo Tribunal, à expressão “folha de
salário” constante do inciso I do art. 195 da CF; bem como a
conveniência da suspensão do dispositivo atacado à vista da
expressivo número de ações de restituição do tributo
indevido que eventualmente venham a ser propostas na
hipótese de ser julgada procedente a ação direta, deferiu a
liminar para suspender a eficácia do mencionado dispositivo.
Precedente citado: RE 166.772-RS (DJU de 16.12.94). ADIn
1.659-UF, rel. Min. Moreira Alves, 27.11.97.

PRIMEIRA TURMA
Cabimento de Medida Cautelar
A nova redação do par. único do art. 800 do CPC
(“Interposto o recurso, a medida cautelar será requerida
diretamente ao Tribunal.”) não altera a jurisprudência do
STF no sentido de que não cabe medida cautelar inominada
para requerer a concessão de efeito suspensivo a recurso
extraordinário ainda não admitido na origem. Entendimento
contrário implicaria pré-julgamento da admissão do RE pelo
relator da cautelar no STF, em detrimento da livre apreciação
do recurso pelo presidente do tribunal a quo, que é
competente originariamente para tal juízo. Precedente citado:
Pet (AgRg) 1.189-MG (DJU de 21.3.97). Petição (AgRg) 1.
381-RS, rel. Min. Octavio Gallotti, 25.11.97.

Habeas Corpus: Cabimento


Ainda que o acórdão recorrido não tenha apreciado
a matéria objeto do habeas corpus, considera-se em tese
coator o tribunal que julgou a apelação criminal do paciente
já que poderia, em princípio, tê-la examinado ex officio. Com
base nesse entendimento, a Turma conheceu do pedido de
habeas corpus, rejeitando a preliminar suscitada no parecer
do Ministério Público Federal no sentido do não
conhecimento do writ sob o fundamento de que o exame
deste resultaria em supressão de instância. HC 75.438-SP,
rel. Min. Moreira Alves, 25.11.97.

Habeas Corpus: Não cabimento


Considerando tratar-se de uma sucessividade de
pedidos de medida liminar em habeas corpus sem que tenha
havido o julgamento do mérito destas impetrações no caso,
requereu-se inicialmente medida liminar em habeas corpus
impetrado perante o TRF da 3ª Região contra o decreto de
prisão preventiva do paciente, cujo pedido cautelar foi
indeferido pelo relator e, contra esse despacho de
indeferimento, foi interposto novo habeas corpus perante o
STJ em que se pretendia a concessão de liminar em
substituição do despacho denegatório atacado para que fosse
o paciente posto em liberdade , a Turma não conheceu de
habeas corpus originário contra o despacho do relator de
habeas corpus impetrado perante o STJ que indeferira a
medida cautelar, já que o que se pretende é a concessão de
liminar substitutiva de duas denegações sucessivas por
tribunais inferiores, o que implicaria a ofensa aos princípios
processuais da hierarquia dos graus de jurisdição e da
competência. HC 76.347-MS, rel. Min. Moreira Alves,
25.11.97.

Competência da Justiça Comum


Considerando que o militar da reserva, ou
reformado, só comete crime militar quando o ato delituoso
for praticado contra as instituições militares (CPM, art. 9º,
III), a Turma deferiu habeas corpus em favor de soldado da
reserva, acusado da prática dos crimes de desobediência e
desacato contra cabo da polícia militar que se encontrava no
exercício de atividade de policiamento preventivo civil, para,
declarando a incompetência da justiça militar estadual,
trancar a ação penal que perante ela tramita contra o
paciente, já que a atividade desenvolvida pelo soldado não se
caracterizava como serviço de natureza militar. Precedente
citado: HC 72.022-PR (DJU de 28.4.95). HC 75.988-RS, rel.
Min. Moreira Alves, 25.11.97.

Imunidade: Papel e Filme Fotográfico


A imunidade prevista no art. 150, VI, d, in fine, da
CF (“... é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios: VI: instituir impostos sobre: d) livros,
jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.”)
abrange o papel fotográfico, inclusive para a fotocomposição
por laser, filmes fotográficos, sensibilizados, não
impressionados, para imagens monocromáticas e papel para
telefoto, destinados à composição de livros, jornais e
periódicos. Com base nesse entendimento firmado pelo
Plenário no julgamento dos RREE 174.476-SP e 190.761-SP,
em 26.9.96 (v. Informativo 46) , a Turma manteve acórdão
do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que afastara a
cobrança de ICMS na entrada de papéis fotográficos, filmes
fotográficos e outros papéis para artes gráficas importados
do exterior por empresa jornalística. RE 203.706-SP, rel.
Min. Moreira Alves, 25.11.97.

SEGUNDA TURMA
Denúncia e Recebimento: Fundamentação
Considerando a falta de fundamentação do acórdão que
recebeu denúncia oferecida contra prefeito no exercício da
função, a Turma deferiu habeas corpus para anular decisão
do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, determinando que
outra seja proferida com atenção ao disposto o art. 93, IX, da
CF (“Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário
serão públicos, e fundamentadas todas a decisões, sob pena
de nulidade ...”). Ponderou-se, ainda, que na deliberação
sobre o recebimento da denúncia nas hipóteses de
observância do rito da Lei 8.658/93, que dispõe sobre a
aplicação, nos Tribunais de Justiça e nos Tribunais Regionais
Federais, das normas da Lei 8.038/90 o tribunal de origem
deve examinar as questões suscitadas no contraditório, para
eventual deliberação sobre a improcedência da acusação, se a
decisão não depender de outras provas (art. 6 o da Lei
8.038/90). Precedentes citados: RHC 55.926-SP(RTJ
89/787), HC 73.131-PR (DJU de 17.5.96). HC 75.846-BA,
rel. Min. Maurício Corrêa, 25.11.97 .

HC e Conflito de Competência
É cabível, em habeas corpus, o exame de questão
relativa à competência do juízo e a eventual declaração de
incompetência do juiz processante, ainda que o paciente não
esteja preso. Com base nesse entendimento, a Turma deferiu,
em parte, writ interposto em favor de militar (fuzileiro
naval), que está sendo processado pela prática dos crimes de
resistência (CP, art. 329) e desacato (CP, art. 331) contra
acórdão do STJ que, em recurso de habeas corpus,
mantivera decisão do Tribunal de Alçada Criminal do Estado
do Rio de Janeiro, que não conhecera do pedido originário
ao argumento de que a via utilizada era inidônea para se
declarar conflito de jurisdição, entre justiça comum e justiça
militar. Cassados, assim, os acórdãos impugnados (do STJ e
do Tribunal fluminense), com a determinação de que outro
seja prolatado pelo Tribunal de Alçada do Rio de Janeiro,
apreciando o tema da incompetência da justiça estadual
comum. Precedentes citados: RRHHCC 49.643-RS (RTJ
61/77), 50.577-MG (RTJ 65/70), 52.699-SP (RTJ72/349) e
56.873-SP (RTJ 93/1.018). HC 75.578-RJ, rel. Min.
Maurício Corrêa, 25.11.97 .

Recurso de Habeas Data: Lei 9.507/97


À vista do disposto na Lei 9.507/97, que regula o direito
de acesso a informações e disciplina o rito processual do
habeas data, tal ação só tem cabimento diante da recusa ao
acesso às informações e da recusa em fazer-se a retificação
ou anotação no cadastro do interessado (art. 8 o, parágrafo
único). Desse modo, a Turma negou provimento ao recurso
pela falta de interesse de agir do recorrente, já que, no caso,
não houve uma pretensão resistida: ele não postulara o
direito constitucionalmente estabelecido perante entidade
governamental ou de caráter público competente. Precedente
citado: RHD 22 - DF (DJU de 27.9.91). RHD 24 - DF, rel.
Min. Maurício Corrêa, 28.11.97.

Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos

Pleno 26.11.97 27.11.97 18


1ª Turma 25.11.97 ---------- 100
2ª Turma 25.11.97 28.11.97 414

CLIPPING DO DJ
28 de novembro de 1997

ADIn N. 1.170-7 - medida liminar


RELATOR : MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Ação direta de inconstitucionalidade. Medida cautelar.
Constituição do Estado do Amazonas, art. 28, XXIX, na redação do
art. 1º da Emenda Constitucional nº 12, de 30/6/1993, quanto às
expressões "Presidentes dos Tribunais de Contas do Estado e dos
Municípios". 2. Alegação de ofensa ao art. 71, VII, da Constituição
Federal. 3. Deferimento, em parte, da medida cautelar, para conferir
ao dispositivo impugnado interpretação conforme a Constituição
Federal, "no sentido de que a convocação dos Presidentes dos
Tribunais de Contas do Estado e dos Municípios não poderá ter,
como objeto, esclarecimento sobre atos de julgamento, da
competência do Tribunal".

ADIn N. 1.391-2 - medida liminar


RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO
E M E N T A: AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE - INSTAURAÇÃO DE
PROCESSO LEGISLATIVO - PROJETO DE LEI VETADO -
VETO GOVERNAMENTAL REJEITADO - CRIAÇÃO DO
CONSELHO DE TRANSPORTE DA REGIÃO
METROPOLITANA DE SÃO PAULO - CLÁUSULA DE
RESERVA - USURPAÇÃO DE INICIATIVA DO GOVERNADOR
DO ESTADO - MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA E
REFERENDADA PELO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL.
- A disciplina normativa pertinente ao processo de criação,
estruturação e definição das atribuições dos órgãos e entidades
integrantes da Administração Pública estadual traduz matéria que se
insere, por efeito de sua natureza mesma, na esfera de exclusiva
iniciativa do Chefe do Poder Executivo local, em face da cláusula
de reserva inscrita no art. 61, § 1º, II, e, da Constituição da
República, que consagra princípio fundamental inteiramente
aplicável aos Estados-membros em tema de processo legislativo.
Precedentes do STF.
- O desrespeito à prerrogativa de iniciar o processo de positivação
do Direito, gerado pela usurpação do poder sujeito à cláusula de
reserva, traduz vício jurídico de gravidade inquestionável, cuja
ocorrência reflete típica hipótese de inconstitucionalidade formal,
apta a infirmar, de modo irremissível, a própria integridade do ato
legislativo eventualmente editado. Precedentes do STF.

ADIn N. 1.561-3 - medida liminar


RELATOR : MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO.
ESCRIVÃES DE EXATORIA E FISCAIS DE MERCADORIAS
EM TRÂNSITO.
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE: ARTIGOS 1º
E 2º DA LEI Nº 8.246/91 E ART. 2º DA LEI Nº 8.248/91, AMBAS
DO ESTADO DE SANTA CATARINA. MEDIDA CAUTELAR.
1. A um primeiro exame, as normas impugnadas, das Leis
nºs 8.246 e 8.248, de 18.04.1991, do Estado de Santa Catarina, não
parecem incidir no mesmo vício de inconstitucionalidade que
justificou a procedência da Ação Direta de Inconstitucionalidade da
Lei Complementar nº 81, de 10.03.93, daquele Estado, declarada na
ADI nº 1.030.
É que a LC nº 81/93 procedeu à "transformação, com
seus ocupantes, de cargos de nível médio em cargos de nível
superior", incidindo numa "espécie de aproveitamento, ofensivo ao
disposto no art. 37 da Constituição Federal", conforme ficou
ressaltado no acórdão daquele precedente.
2. Já nas normas, aqui impugnadas, das Leis nºs 8.246 e
8.248, de 18.04.1991, não se aludiu a transformação de cargos, nem
se cogitou expressamente de aproveitamento em cargos mais
elevados, de níveis diferentes.
O que se fez foi estabelecer exigência nova de
escolaridade, para o exercício das mesmas funções, e se permitiu
que os Fiscais de Mercadorias em Trânsito e os Escrivães de
Exatoria também as exercessem, naturalmente com a nova
remuneração, justificada em face do acréscimo de responsabilidades
e do interesse da Administração Pública na melhoria da arrecadação.
E também para se estabelecer paridade de tratamento para os
exercentes de funções idênticas. Mas não se chegou a enquadrá-los
em cargos novos, de uma carreira diversa.
Se isso pode, ou não, ser interpretado como burla à
norma constitucional do concurso público, é questão que não se
mostra suficientemente clara, a esta altura, de um exame sumário e
superficial.
3. De resto, ainda que se pudesse vislumbrar em ambas as
Leis, aqui impugnadas, os mesmos vícios da L.C. nº 81/93, não é de
se desprezar a circunstância de que datam elas de 18.04.1991.
Portanto, entraram em vigor há mais de seis anos.
Sendo assim, a denegação da cautelar não afetará as
finanças do Estado mais do que vinham sendo afetadas nestes
últimos seis anos.
Por outro lado, com sua concessão, haveria o risco, nunca
desprezível, de se atingirem, consideravelmente, os vencimentos de
271 servidores, que os vinham percebendo, ao menos desde 1991.
Circunstância que evidencia, também, não estar a Administração,
durante todo esse tempo, tão convicta da inconstitucionalidade que
agora sustenta.
4. Na verdade, somente um julgamento mais aprofundado,
ou seja, do mérito da ação, poderá eventualmente vir a produzir os
resultados pretendidos com sua propositura.
5. Medida cautelar indeferida. Decisão unânime.
* noticiado no Informativo 90

ADIn N. 1.674-5 - medida liminar


RELATOR : MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL.
TETO DE VENCIMENTOS E PROVENTOS (ART. 37, XI, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988).
VANTAGENS PESSOAIS (ART. 39, § 1°).
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE DA EMENDA
CONSTITUCIONAL N° 20, DE 10.09.1997, DO ESTADO DE
GOIÁS. MEDIDA CAUTELAR.
1. A Emenda Constitucional n° 20, de 10.09.1997, do
Estado de Goiás, acrescentou o § 8° do art. 92 da Constituição
Estadual, nestes termos:
"§ 8° - É vedado aos Chefes e demais
membros dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, aos
agentes políticos, aos funcionários, servidores e empregados
públicos, civis e militares, ativos e inativos, inclusive pensionistas,
no âmbito da administração estadual, direta e indireta, perceber,
mensalmente, remuneração, provento ou pensão, a qualquer título,
em quantia superior à percebida pelo Governador do Estado.
I - Excluem-se do limite estabelecido neste
parágrafo o décimo terceiro salário, a remuneração de férias e a
retribuição devida em razão de acumulação legítima de cargos ou
funções públicas e mandatos eletivos.
II - Toda remuneração que estiver sendo
percebida além do limite estipulado neste artigo será reduzido ao
valor ali estipulado".
2. A Emenda Constitucional estadual, em questão, a um
primeiro exame, para o efeito de Medida Cautelar, parece violar o
disposto na Constituição Federal, pois estabelece, como teto de
vencimentos, os do Governador do Estado, quando deveria se referir
aos percebidos pelos Deputados Estaduais, pelos Secretários de
Estado e pelos Desembargadores do Tribunal de Justiça. E ainda
considera abrangidas por esse teto as vantagens pessoais percebidas
pelos servidores públicos, quando estas dele se acham excluídas, nos
termos dos artigos 37, XIII, e 39, § 1°, da C.F. de 1988, segundo
jurisprudência firmada pelo S.T.F., seja em Ações Diretas de
Inconstitucionalidade, seja em Recursos Extraordinários.
3. Satisfeito o requisito da plausibilidade jurídica da ação
("fumus boni iuris"), assim como o do "periculum in mora", defere-
se a Medida Cautelar para suspensão, "ex-nunc", da eficácia da E.C.
n° 20/97, do Estado de Goiás, até o julgamento final da ação.
4. Plenário. Decisão unânime, quanto à concessão da
medida, e, por maioria, quanto a sua eficácia.
* noticiado no Informativo 85

ADIn N. 1.689-2 - medida liminar


RELATOR : MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL.
ORÇAMENTO ESTADUAL E MUNICIPAL: INICIATIVA;
VINCULAÇÃO DE RECEITA. AUTONOMIA MUNICIPAL.
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE DO
PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 227 DA CONSTITUIÇÃO DO
ESTADO DE PERNAMBUCO. MEDIDA CAUTELAR.
1. Estabelece o art. 227 da Constituição do Estado de
Pernambuco:
"Art. 227. O Estado e os Municípios promoverão programas de
assistência integral à criança e ao adolescente, com a participação
deliberativa e operacional de entidades não governamentais,
através das seguintes ações estratégicas: (...)
Parágrafo Único - Para o atendimento e desenvolvimento dos
programas e ações explicitados neste artigo, o Estado e os
Municípios aplicarão anualmente, no mínimo, o percentual de um
por cento dos seus respectivos orçamentos gerais."
2. A um primeiro exame, para o efeito de concessão, ou não
de medida cautelar, o parágrafo único do art. 227 parece violar o
disposto nos artigos 18, "caput", 25, "caput", 61, § 1°, inc. II, alínea
"b", da Constituição Federal, pois afasta o poder de iniciativa de lei,
sobre questão orçamentária, atribuído pelas referidas normas
constitucionais federais ao Governador do Estado e do Prefeito
Municipal, respectivamente.
3. Interfere, além disso, na autonomia orçamentária
municipal e determina vinculação de receita, em aparente conflito
com o disposto no inc. III do art. 30 e no inc. IV do art. 167 da C.F.
4. Precedentes do S.T.F.
5. Ademais, não havendo impugnação ao disposto no
"caput" do art. 227 e em seus incisos I, II, III, IV e V, o Estado e o
Município não se desobrigam da promoção de programas de
assistência integral à criança e ao adolescente, com a participação
deliberativa e operacional de entidades não governamentais, através
das ações estratégicas ali apontadas. Apenas têm preservada sua
competência para cuidar do próprio orçamento e de sua aplicação,
tudo na conformidade da Constituição Federal. E por isso na inicial
somente se impugnou o parágrafo único.
6. Estando preenchidos os requisitos da plausibilidade
jurídica da ação ("fumus boni iuris") e do "periculum in mora" (este
decorrente, também, da alta conveniência da Administração Pública
estadual e municipal), o S.T.F., por decisão unânime, defere a
medida cautelar para suspender a eficácia do parágrafo único do art.
227 da C.E. de Pernambuco, até o julgamento final da ação.
* noticiado no Informativo 89

ADIn N. 1.691-7 - medida liminar


RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. Pedido de liminar.
Decisão nº 819/96 do Plenário do Tribunal de Contas da União nos
autos do Processo nº TC-007.925-4.
- As decisões do Tribunal de Contas da União proferidas em
consultas têm caráter normativo e constituem prejulgamento da tese,
nos termos do § 2º do artigo 1º da Lei nº 8.112/90. São, portanto,
atos normativos.
- Relevância da argüição de inconstitucionalidade da acumulação de
proventos e vencimentos, quando a acumulação de vencimentos não
é permitida na atividade. Precedentes do Plenário do S.T.F.
- Conveniência da concessão da liminar.
Medida liminar deferida para suspender a eficácia, "ex tunc", da
Decisão nº 819/96 prolatada pelo Plenário do Tribunal de Contas nos
autos do Processo nº TC-007.925/96-4, até o julgamento final da
presente ação direta de inconstitucionalidade.
* noticiado no Informativo 90

ADIn N. 1.692-3
RELATOR : MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - HOSPITAIS,
ESTABELECIMENTO E SERVIÇOS - CNS. IMPUGNAÇÃO À
LEI Nº 9.493/97 DO ESTADO DE SÃO PAULO. NÃO-
CONHECIMENTO.
O confronto do ato questionado com os dispositivos da Carta teria
que passar, primeiramente, pelo exame in abstracto de outras
normas infraconstitucionais, de tal forma que não haveria confronto
direto da lei em causa com a Constituição.
Não-conhecimento da ação.
* noticiado no Informativo 90

HC N. 75.044-3
RED. P/ O ACÓRDÃO: MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: HABEAS-CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO.
SOBERANIA DAS DECISÕES DO TRIBUNAL DO JÚRI.
ANULAÇÃO DO JULGAMENTO POR TER SIDO A DECISÃO
MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS.
ALEGAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE DUAS VERSÕES.
IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME E REVALORAÇÃO DE
TODAS AS PROVAS DOS AUTOS EM SEDE HABEAS-CORPUS.
INDEFERIMENTO.
1. Anulação do primeiro julgamento do Tribunal do Júri, que
condenou o paciente por homicídio simples, por defeito nos
quesitos; anulação do segundo julgamento, que absolveu o paciente,
por ter sido a decisão manifestamente contrária às provas dos autos.
2. A decisão do Tribunal de Justiça que anulou o segundo
julgamento é formalmente válida e está devidamente fundamentada,
tendo reexaminado as provas dos autos e concluído que a versão de
legítima defesa acolhida pelo Júri é inverossímil.
3. O reexame do valor atribuído a cada prova, ou as razões da
prevalência de umas sobre outras, são questões incompatíveis com o
habeas-corpus, tendo em vista o seu rito especial e sumário.
Precedentes.
4. Habeas-corpus conhecido, mas indeferido, cassando-se a liminar.
Maioria.

HC N. 75.381-7
RELATOR : MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS
CORPUS. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. APELAÇÃO DO
MINISTÉRIO PÚBLICO. OMISSÃO DO ACÓRDÃO: TESE
ALTERNATIVA DA DEFESA NÃO APRECIADA.
I. - Acórdão que, acolhendo apelação do Ministério Público, reforma
sentença absolutória de primeiro grau, condenando o réu, deixando,
entretanto, de apreciar tese alternativa posta pela defesa nas
alegações finais e reiterada nas contra-razões à apelação da
acusação: ilegalidade.
II - H.C. deferido.

MANDADO DE INJUNÇÃO N. 496-0


RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO
E M E N T A: MANDADO DE INJUNÇÃO - NATUREZA
JURÍDICA - TAXA DE JUROS REAIS (CF, ART. 192, § 3º) -
OMISSÃO DO CONGRESSO NACIONAL - FIXAÇÃO DE
PRAZO PARA LEGISLAR - DESCABIMENTO, NO CASO -
WRIT DEFERIDO EM PARTE.
- A regra inscrita no art. 192, § 3º, da Constituição, por não
se revestir de suficiente densidade normativa, reclama, para efeito de
sua integral aplicabilidade, a necessária intervenção concretizadora
do Poder Legislativo da União. Inércia legiferante do Congresso
Nacional.
- O desprestígio da Constituição - por inércia de órgãos
meramente constituídos - representa um dos mais tormentosos
aspectos do processo de desvalorização funcional da Lei
Fundamental da República, ao mesmo tempo em que, estimulando
gravemente a erosão da consciência constitucional, evidencia o
inaceitável desprezo dos direitos básicos e das liberdades públicas
pelos poderes do Estado.
O inadimplemento do dever constitucional de legislar, quando
configure causa inviabilizadora do exercício de liberdades,
prerrogativas e direitos proclamados pela própria Constituição,
justifica a utilização do mandado de injunção.
- Não se revela cabível a estipulação de prazo para o
Congresso Nacional suprir a omissão em que ele próprio incidiu na
regulamentação da norma inscrita no art. 192, § 3º, da Carta Política,
eis que essa providência excepcional só se justificaria se o próprio
Poder Público, para além do seu dever de editar o provimento
normativo faltante, fosse, também, o sujeito passivo da relação de
direito material emergente do preceito constitucional em questão.
Precedentes.

MANDADO DE SEGURANÇA N. 22.562-9


RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
RECURSO - PRESTAÇÃO DE CONTAS - TCU - DEFESA. A teor
do disposto no artigo 32 da Lei nº 8.443/92, rejeitada defesa em
processo de tomada ou prestação de contas, abre-se a via recursal.
Insubsistência, na espécie, do § 1º do artigo 23 da Resolução nº
36/95 do Tribunal de Contas da União.
* noticiado no Informativo 85

MANDADO DE SEGURANÇA N. 22.619-6


RELATOR : MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: SANÇÃO DISCIPLINAR. PROCESSO
ADMINISTRATIVO REGULAR. PUBLICIDADE DOS ATOS
ADMINISTRATIVOS. GARANTIA DO CONTRADITÓRIO E DA
AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA DE SITUAÇÃO
CONFIGURADORA DE ILEGALIDADE.
O princípio da publicidade dos atos administrativos a que se refere o
art. 151, inc. I, da Lei nº 8.112/90, que visa a propiciar o seu
conhecimento aos interessados, não exige que seja feita por meio do
Diário Oficial da União.
Os fundamentos elencados na impetração não são suficientes para
desconstituir o procedimento administrativo disciplinar, pois não
concorreu cerceamento de defesa ao longo do processo, que
observou todas as formalidades essenciais impostas pelo
ordenamento jurídico.
Descabe, de outra parte, falar-se em punição com base na CLT, já
que se trata de servidor público regido pela disciplina específica da
Lei nº 8.112/90; ou invocar-se o art. 20 da Lei nº 8.429/92, como
causa obstativa, em razão de ser dissociada a instância
administrativa da penal.
Não se revela a via do mandado de segurança apta para reapreciação
das provas e revisão da matéria de fato, como preconiza a
jurisprudência desta Corte.
Mandado de segurança indeferido.

PETIÇÃO N. 1.378-7 - medida liminar


RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Petição em que se requer medida cautelar, com pedido
de liminar, para dar efeito suspensivo a recurso extraordinário que,
admitido na origem, já se encontra em tramitação nesta Corte.
- Em se tratando de medida cautelar para dar efeito suspensivo a
recurso extraordinário já admitido, aplica-se a norma especial, de
natureza processual, constante no artigo 21, IV, do Regimento
Interno desta Corte.
- Ocorrência de acentuada plausibilidade jurídica da pretensão
deduzida no recurso extraordinário e que visa a garantir eventual
decisão da causa em favor do ora requerente.
Medida cautelar deferida para dar efeito suspensivo ao recurso
extraordinário, ficando prejudicado o pedido de liminar.

QUEIXA-CRIME N. 501-1
RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO
E M E N T A: QUEIXA-CRIME - PRÁTICA DE CRIMES
CONTRA A HONRA IMPUTADA A MAGISTRADO (MINISTRO
DE TRIBUNAL SUPERIOR DA UNIÃO) - PRESCRIÇÃO PENAL
RECONHECIDA QUANTO AO DELITO DE INJÚRIA -
ANÁLISE DA ACUSAÇÃO PENAL QUANTO AO DELITO DE
DIFAMAÇÃO - PEÇA ACUSATÓRIA JURIDICAMENTE
IDÔNEA - INOCORRÊNCIA DE INÉPCIA - AUSÊNCIA DE
CONFIGURAÇÃO DO CRIME DE DIFAMAÇÃO -
OCORRÊNCIA DE CAUSA DE EXCLUSÃO DE ILICITUDE
(CP, ART. 23, III E ART. 142, III, C/C ART. 41 DA LOMAN) -
QUEIXA-CRIME REJEITADA.
IDONEIDADE JURÍDICO-PROCESSUAL DA QUEIXA-
CRIME - PEÇA ACUSATÓRIA QUE POSSIBILITOU O
EXERCÍCIO, PELO QUERELADO, DE SUA DEFESA
TÉCNICA.
- A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal considera
juridicamente idônea a peça acusatória que contém exposição clara
e objetiva dos fatos alegadamente delituosos, com narração de todos
os elementos essenciais e circunstanciais que lhes são inerentes,
permitindo, desse modo, àquele que sofre a acusação penal, o
exercício pleno do direito de defesa assegurado pelo ordenamento
constitucional. Precedentes.
PEREMPÇÃO - AUSÊNCIA DE SUSTENTAÇÃO ORAL, POR
PARTE DO QUERELANTE, NA SESSÃO DE JULGAMENTO
DESTINADA A APRECIAR O RECEBIMENTO DA QUEIXA-
CRIME - INOCORRÊNCIA DESSA CAUSA EXTINTIVA DE
PUNIBILIDADE.
- A circunstância de o querelante haver deixado de fazer
sustentação oral na sessão de julgamento em que o Tribunal apreciou
o recebimento da queixa-crime não constitui hipótese configuradora
de perempção da ação penal exclusivamente privada (CPP, art. 60,
III). Qualificando-se a sustentação oral como simples faculdade que
se reconhece a qualquer das partes, não está o querelante obrigado a
comparecer, para tal específico fim, à sessão de julgamento do
Supremo Tribunal Federal.
MAGISTRADO - EXERCÍCIO DA FUNÇÃO
JURISDICIONAL - ASPECTOS DEONTOLÓGICOS - A
QUESTÃO DA LINGUAGEM EXCESSIVA OU IMPRÓPRIA
NO DISCURSO JUDICIÁRIO - INOCORRÊNCIA, NO CASO,
DE IMPROPRIEDADE OU EXCESSO DE LINGUAGEM -
APLICAÇÃO DO ART. 41 DA LOMAN - REJEIÇÃO DA
QUEIXA-CRIME.
- O Magistrado, no exercício de sua atividade profissional, está
sujeito a rígidos preceitos de caráter ético-jurídico que compõem,
em seus elementos essenciais, aspectos deontológicos básicos
concernentes à prática do próprio ofício jurisdicional.
- A condição funcional ostentada pelo Magistrado, quando evidente
a abusividade do seu comportamento pessoal ou profissional, não
deve atuar como manto protetor de ilegítimas condutas revestidas
de tipicidade penal.
A utilização, no discurso judiciário, de linguagem excessiva,
imprópria ou abusiva, que, sem qualquer pertinência com a
discussão da causa, culmine por vilipendiar, injustamente, a honra de
terceiros - revelando, desse modo, na conduta profissional do juiz, a
presença de censurável intuito ofensivo - pode, eventualmente,
caracterizar a responsabilidade pessoal (inclusive penal) do
Magistrado.
LIMITES DA PROTEÇÃO JURÍDICA DISPENSADA AO
MAGISTRADO NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO
JURISDICIONAL.
- O Magistrado não pode ser punido ou prejudicado pelas opiniões
que manifestar ou pelo teor das decisões que proferir, exceto se, ao
agir de maneira abusiva e com o propósito inequívoco de ofender,
incidir nas hipóteses de impropriedade verbal ou de excesso de
linguagem (LOMAN, art. 41).
A ratio subjacente a esse entendimento decorre da necessidade de
proteger os magistrados no exercício regular de sua atividade
profissional, afastando - a partir da cláusula de relativa imunidade
jurídica que lhes é concedida - a possibilidade de que sofram,
mediante injusta intimidação representada pela instauração de
procedimentos penais ou civis sem causa legítima, indevida
inibição quanto ao pleno desempenho da função jurisdicional.
A crítica judiciária, ainda que exteriorizada em termos ásperos e
candentes, não se reveste de expressão penal, em tema de crimes
contra a honra, quando, manifestada por qualquer magistrado no
regular desempenho de sua atividade jurisdicional, vem a ser
exercida com a justa finalidade de apontar equívocos ou de
censurar condutas processuais reputadas inadmissíveis. Situação
registrada na espécie dos autos, em que o magistrado, sem
qualquer intuito ofensivo, agiu no estrito cumprimento do seu
dever de ofício.

ADIn (AgRg) N. 1.387-4


RELATOR : MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDAS PROVISÓRIAS
REEDITADAS: NÃO ADITAMENTO DA INICIAL: NÃO
CONHECIMENTO DA AÇÃO.
I. - Ação direta de inconstitucionalidade: medidas provisórias
reeditadas: não aditamento da inicial relativamente às medidas
provisórias reeditadas: não conhecimento da ação, dado que o seu
objeto ficou restrito à norma que não mais existe no ordenamento
jurídico brasileiro.
II. - Agravo não provido.

ADIn (AgRg) N. 1.631-8


RELATOR : MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.
HETEROGENEIDADE DA COMPOSIÇÃO SOCIAL DE
ENTIDADE QUE CONGREGA ASSOCIAÇÕES DE CLASSE E
PESSOAS FÍSICAS, INCLUSIVE ORIUNDAS DE SINDICATOS.
AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM.
1. Tratando-se de associação de associações, visto que
congrega pessoas jurídicas no seu quadro social, podendo ser
admitidas pessoas físicas nas categorias de sócios beneméritos e
honorários, e ter na diretoria membro oriundo de sindicato, por
filiação direta, caracterizando-se assim a composição híbrida, falta-
lhe legitimidade ativa ad causam para postular em sede de controle
normativo abstrato.
2. Agravo regimental não provido.
* noticiado no Informativo 86

ADIn (EDcl) N. 715-7


RELATOR : MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AÇÃO DIRETA
DE INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA PREJUDICADA.
ALEGAÇÃO DE OMISSÃO QUANTO AOS EFEITOS DA
DECRETAÇÃO DE PREJUDICIALIDADE.
1. Quando se trata de ação direta de inconstitucionalidade julgada
prejudicada, não há nada a esclarecer, porque não existem efeitos a
serem produzidos. Precedente: EMB. DECL. ADI nº 1.153-7.
2. Embargos de declaração rejeitados.

RE N. 163.301-8
RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: I. Tribunal de Contas: aposentadoria de servidores de sua
secretaria: anulação admissível - antes da submissão do ato ao
julgamento de legalidade do próprio Tribunal (CF, art. 71, III) -,
conforme a Súmula 473, que é corolário do princípio constitucional
da legalidade da administração (CF, art. 37), violado, no caso, a
pretexto de salvaguarda de direitos adquiridos, obviamente
inoponíveis à desconstituição, pela administração mesma, de seus
atos ilegais.
II. Tribunal de Contas: registro da concessão inicial de aposentadoria
(CF, art. 71, III): natureza administrativa da decisão, susceptível de
revisão pelo próprio Tribunal - como subjacente à Súmula 6 -,
garantidos o contraditório e a ampla defesa do interessado.
III. Contraditório, ampla defesa e devido processo legal (CF, art. 5º,
LV e LIV): violação, nas peculiaridades do caso, por acórdão que
confunde e trata promiscuamente mandados de segurança distintos,
julgando questões diferentes como se fossem uma só, de modo a
negar à entidade pública as garantias constitucionais de defesa, que
implicam o direito à consideração das razões deduzidas em juízo,
compreendido na "pretensão à tutela jurídica".

RE N. 218.836-7
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Caderneta de poupança. Medida Provisória nº 32, de
15.01.89, convertida na Lei nº 7.730, de 31.01.89. Ato jurídico
perfeito (artigo 5º, XXXVI, da Constituição Federal).
- O princípio constitucional do respeito ao ato jurídico perfeito se
aplica também, conforme é o entendimento desta Corte, às leis de
ordem pública. Correto, portanto, o acórdão recorrido ao julgar que,
no caso, ocorreu afronta ao ato jurídico perfeito, porquanto, com
relação à caderneta de poupança, há contrato de adesão entre o
poupador e o estabelecimento financeiro, não podendo, portanto, ser
aplicada a ele, durante o período para a aquisição da correção
monetária mensal já iniciado, legislação que altere, para menor, o
índice dessa correção.
Recurso extraordinário não conhecido.

Acórdãos publicados: 301

Assessores responsáveis pelo Informativo


Maria Ângela Santa Cruz Oliveira
Márcio Pereira Pinto Garcia

informativo@stf.gov.br

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