Sei sulla pagina 1di 159

1

Gilberto de Magalhães Falcoski

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

CÁLCULO DA DISTRIBUIÇÃO DA CORRENTE


DE FALTA EM SISTEMAS DE ATERRAMENTO
DE REDES PRIMÁRIAS

Área de concentração:
Sistemas de Potência
Orientador:
Prof. Dr. Aderbal de A. Penteado Jr.
Contato com os autores:
gilbertomagfalc@terra.com.br

Defendida em 28/09/2001, à disposição na biblioteca de


Engenharia de Eletricidade da Escola Politécnica da USP.

Esta re-impressão difere da srcinal apenas com


relação à numeração das páginas.

Universidade de São Paulo


2001
2

SUMÁRIO

SUMÁRIO.........................................................................................2

FIGURAS.......................................................................... ...............7

SIMBOLOGIA.................................................................................15

RESUMO........................................................................................16

AGRADECIMENTOS.....................................................................18

1. INTRODUÇÃO............................................................................19

1.1 ATERRAMENTO - FUNÇÕES E IMPORTÂNCIA........................................19


1.1.1 Importância..........................................................................................19
1.1.2 Proteção de pessoas........................................................................... 26
1.1.3 Tensões de toque e passo ..................................................................28
1.1.4 Proteção de equipamentos..................................................................29
1.2 PROCEDIMENTOS PARA DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS DE
ATERRAMENTO.................................................................................................32
1.2.1 Pré-definição dos elementos...............................................................32
3

1.2.2 Cálculo da distribuição de correntes ................................................... 32


1.2.3 Cálculo de sobretensões.....................................................................34
1.2.4 Definição final dos elementos..............................................................35
1.3 IMPACTO DA DISTRIBUIÇÃO DE CORRENTES NOS
DIMENSIONAMENTOS DOS ATERRAMENTOS DE REDES PRIMÁRIAS....36

1.3.1 Correntes de falta nos cabos neutros multi-aterrados........................ 36


1.3.2 Superdimensionamentos..................................................................... 38
1.3.3 Custos x Segurança.............................................................................38

2. METODOLOGIAS EXISTENTES................................................39

2.1 MODELOS MATEMÁTICOS.........................................................................39


2.1.1 Modelo por grandezas reais com impedância de retorno pela terra . .39
2.1.2 Modelo por grandezas reais sem impedância de retorno pela terra . .41
2.1.3 Modelo por diagrama de sequência zero............................................42
2.1.4 Modelo por grandezas reais com capacitâncias próprias e mútuas...44
2.2 RECOMENDAÇÕES DA NORMA ANSI/IEEE 80 - 1991.............................47
2.3 MATRIZES EM CASCATA (SEBO)..............................................................48
2.4 FUNÇÕES HIPERBÓLICAS (ENDRENYI)...................................................51
2.4.1 Lader infinito sem mútuas ....................................................................52
2.4.2 Lader finito sem mútuas.......................................................................53
2.4.2.1 Com terminação em aberto........................................................54
2.4.2.2 Com terminação em impedância................................................55
2.4.3 Lader finito com mútuas......................................................................56
2.4.4 Lader infinito com mútuas....................................................................57
2.4.5 Hipóteses e limitações.........................................................................58
2.5 ELIMINAÇÃO DUPLA (DAWALIBI)..............................................................59
2.6 EQUAÇÕES DE DIFERENÇAS
(VERMA, MUKHEDKAR)....................................................................................60
2.7 DIAGRAMA DE SEQUÊNCIA ZERO (MELIOPOULOS)..............................64
2.8 MÉTODO DIRETO (MELIOPOULOS)..........................................................66
4

2.8.1 Modelagem da linha pela matriz admitância.......................................66


2.8.2 Modelagem da alimentação e falta pela matriz admitância................68
2.8.3 Equações nodais.................................................................................69
2.9 MÉTODO DESACOPLADO
(SOBRAL, MUKHEDKAR).................................................................................71

2.9.1 Desacoplamento..................................................................................72
2.9.2 Substituição de lader desacoplado por pi equivalente........................75
2.9.2.1 Lader finito com vãos iguais.......................................................77
2.9.2.2 Lader finito com vãos diferentes.................................................78
2.9.2.3 Constante de espaço..................................................................78
2.9.3 Análise nodal........................................................................................79
2.10 ALIMENTAÇÃO NO PONTO (GOOI, SEBO)............................................. 82
2.11 MÉTODO PRÁTICO (POPOVIC)................................................................88
2.12 MÚTUA EQUIVALENTE (SEEDHER)........................................................94
2.13 SÍNTESE.....................................................................................................95

3. APLICAÇÕES A SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO .....................98

3.1 REDE PRIMÁRIA DE DISTRIBUIÇÃO TÍPICA............................................98


3.1.1 Configuração........................................................................................98
3.1.2 Impedâncias.......................................................................................101
3.1.3 Cálculo da distribuição de correntes para falta no ponto P1-A.........102
3.1.3.1 Pelas leis de Kirchhoff, com aproximações..............................103
3.1.3.2 Método desacoplado................................................................105
3.1.3.3 Pelas aproximações gráficas de funções hiperbólicas.............107

3.1.4 Idem para falta no ponto P9-A...........................................................109


3.1.4.1 Pelas leis de Kirchhoff, com aproximações..............................111
3.1.4.2 Método desacoplado................................................................112
3.1.4.3 Pelas aproximações gráficas de funções hiperbólicas............113
3.1.5 Constante de espaço.........................................................................114
3.1.6 Sobretensão no neutro devida a falta na subestação de alimentação
....................................................................................................................115
5

3.2 REDUÇÃO DE CUSTOS EM DIMENSIONAMENTOS DE MALHA DE


TERRA DE SUBESTAÇÃO ALIMENTADA POR REDE PRIMÁRIA................117
3.2.1 Divisão da rede primária em regiões considerando a constante de
espaço
.................................................................................................................... 117
...............................................................................................................117
3.2.2 Critérios práticos para dimensionamento otimizado de malha de terra
de subestação de consumidor....................................................................118
3.2.3 Considerações sobre segurança.......................................................120
3.3 ANÁLISES DE SENSIBILIDADE PARA A REDE PRIMÁRIA....................122
3.3.1 Variação do tamanho dovão.............................................................122
3.3.2 Variação das resistências de aterramento nos postes......................122

4. CONCLUSÕES.........................................................................125

4.1 A IMPORTÂNCIA DO CONDUTOR NEUTRO MULTI-ATERRADO NA


DISTRIBUIÇÃO DE CORRENTES EM REDES PRIMÁRIAS..........................126
4.2 TRANSFERÊNCIA DE POTENCIAIS.........................................................126
4.2.1 Sobretensões no neutro devidas a falta na subestação da
concessionária............................................................................................ 126
4.2.2 Sobretensões no neutro devidas a falta em subestação alimentada
pelo circuito primário...................................................................................127
4.2.3 Sobretensões no neutro da rede secundária 220 V devidas a falta na
rede primária...............................................................................................128
4.3 TRABALHOS FUTUROS............................................................................128

ANEXO – SOBRETENSÕES EM REDES PRIMÁRIAS


CAUSADAS POR FALTAS NA SUBESTAÇÃO DA
CONCESSIONÁRIA......................................................................129

SISTEMA DE POTÊNCIA DA CONCESSIONÁRIA........................................129


CÁLCULO POR LADER INFINITO (ENDRENYI)............................................130
6

POR EQUAÇÕES DE DIFERENÇAS (VERMA, MUKHEDKAR)....................137


COMPARAÇÃO DE RESULTADOS................................................................137

APÊNDICE A - DEDUÇÕES DA
MATRIZ DO VÃO E DAS EQUAÇÕES
DO MÉTODO “MATRIZES EM CASCATA”................................139

APÊNDICE B - DEDUÇÃO DA MATRIZ


ADMITÂNCIA DO “MÉTODO DIRETO”
PARA MODELO DE LINHA FASE NEUTRO MULTI-ATERRADO
.......................................................................................................145

APÊNDICE C -

ATP ALTERNATIVE TRANSIENT


PROGRAM - ARQUIVOS DE DADOS PARA
ITENS 3.1.3.2 E 3.1.4.2.........................................................153

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................156
7

FIGURAS

FIGURA 1-A ESQUEMA DE ATERRAMENTO TN.....................20

FIGURA 1-B ESQUEMA DE ATERRAMENTO TT.......... ...... .....21

FIGURA 1-C ESQUEMA DE ATERRAMENTO IT.......................22

FIGURA 1-D ESQUEMA DE ATERRAMENTO TTS................ ...23

FIGURA 1-E LINHAS EQUIPOTENCIAIS EM HASTE................24

FIGURA 1-F LINHAS EQUIPOTENCIAIS EM MALHA.............. .24

FIGURA 1-G ESQUEMA DE ATERRAMENTO TNR............. .....25

FIGURA 1-H SISTEMA ELÉTRICO SEM ATERRAMENTO COM


FALTA FASE-TERRA.....................................................................30
8

FIGURA 1-I SISTEMA ELÉTRICO COM FALTA ENTRE ALTA E


BAIXA TENSÃO..............................................................................31

FIGURA 1-J DISTRIBUIÇÃO DA CORRENTE DE FALTA EM

ATERRAMENTO DE REDE PRIMÁRIA..........................................33

FIGURA 1-K DISTRIBUIÇÃO DA CORRENTE DE FALTA NO


NEUTRO MULTI-ATERRADO................................. ................. ......36

FIGURA 2-A MODELO POR GRANDEZAS REAIS COM


IMPEDÂNCIA DE RETORNO PELA TERRA..................................40

FIGURA 2-B MODELO POR GRANDEZAS REAIS SEM


IMPEDÂNCIA DE RETORNO PELA TERRA..................................42

FIGURA 2-C MODELO POR DIAGRAMA DE SEQUÊNCIA


ZERO...............................................................................................43

FIGURA 2-D MODELO POR GRANDEZAS REAIS COM


CAPACITÂNCIAS PRÓPRIAS E MÚTUAS................................... .45

FIGURA 2-E MÉTODO “MATRIZES EM CASCATA”: REDE


PRIMÁRIA COM N VÃOS EM FALTA PARA TERRA....................48
9

FIGURA 2-F REDE PRIMÁRIA EM FALTA REPRESENTADA


POR PARÂMETROS DISTRIBUIDOS...................................... ......51

FIGURA 2-G EQUIVALÊNCIA ENTRE LADERS INFINITOS A

PARÂMETROS CONCENTRADOS E DISTRIBUIDOS..................52

FIGURA 2-H ELEMENTO DE LADER FINITO COM


COMPRIMENTO TENDENDO A ZERO............................. .............53

FIGURA 2-I LADER FINITO SEM MÚTUAS A SER CALCULADO


POR FUNÇÕES HIPERBÓLICAS...................................................54

FIGURA 2-J IMPEDÂNCIAS DE CORREÇÃO PARA O MÉTODO


"FUNÇÕES HIPERBÓLICAS"............................................... .........55

FIGURA 2-K MÉTODO "EQUAÇÕES DE DIFERENÇAS": REDE


PRIMÁRIA EM FALTA............................................................... .....61

FIGURA 2-L LINHA FASE NEUTRO MULTI-ATERRADO A SER


REPRESENTADA PELA MATRIZ ADMITÂNCIA...........................67

FIGURA 2-M ALIMENTAÇÃO E FALTA A SEREM MODELADAS


PELAS MATRIZES ADMITÂNCIAS................................................68
10

FIGURA 2-N MÉTODO DIRETO: REDE PRIMÁRIA EM FALTA


.........................................................................................................69

FIGURA 2-O CIRCUITO DE UM VÃO A SER DESACOPLADO 72

FIGURA 2-P CIRCUITO DESACOPLADO DE UM VÃO.............73

FIGURA 2-Q CIRCUITO DESACOPLADO DE N VÃOS.............75

FIGURA 2-R REDUÇÃO DE CIRCUITO UTILIZANDO


EQUIVALÊNCIA ENTRE LADER E PI............................................76

FIGURA 2-S LADER FINITO COM VÃOS IGUAIS A SER


SUBSTITUIDO POR PI EQUIVALENTE............................... ..........77

FIGURA 2-T CIRCUITO PI EQUIVALENTE AO LADER.... ... ... ..78

FIGURA 2-U LADER FINITO COM VÃOS DIFERENTES A SER


SUBSTITUIDO POR PI EQUIVALENTE............................... ..........78

FIGURA 2-V DEFINIÇÃO DE CONSTANTE DE ESPAÇO..... .. ..79

FIGURA 2-W "MÉTODO DESACOPLADO": CIRCUITOS


ORIGINAL E REDUZIDO DE REDE PRIMÁRIA EM FALTA..........80
11

FIGURA 2-X MÉTODO "ALIMENTAÇÃO NO PONTO": REDE


PRIMÁRIA EM FALTA PARA TERRA............................................83

FIGURA 2-Y CIRCUITO EQUIVALENTE COM ALIMENTAÇÃO

NO PONTO EM FALTA...................................................................84

FIGURA 2-Z “MÉTODO PRÁTICO”: SISTEMA EM ANÁLISE..88

FIGURA 2-AA “MÉTODO PRÁTICO”: CIRCUITO


EQUIVALENTE PARA O CASO GERAL........................................89

FIGURA 2-BB INTERLIGAÇÃO DOS DIAGRAMAS


SEQUENCIAIS PARA JUSTIFICATIVA DO CIRCUITO
EQUIVALENTE.................................................................... ...........91

FIGURA 2-CC CIRCUITO EQUIVALENTE SIMPLIFICADO....... 92

FIGURA 3-A REDE PRIMÁRIA EM ANÁLISE............................99

FIGURA 3-B DISPOSIÇÃO DOS CONDUTORES NO POSTE.100

FIGURA 3-C DIAGRAMAS SEQUENCIAIS PARA 150M DA


REDE PRIMÁRIA................................................................. .........103
12

FIGURA 3-D FALTA EM P1A: CIRCUITO EQUIVALENTE COM


APROXIMAÇÕES...................................................................... ...104

FIGURA 3-E FALTA EM P1A: CIRCUITO EQUIVALENTE PARA

O MÉTODO DESACOPLADO.......................................................106

FIGURA 3-F CIRCUITO DESACOPLADO SIMPLIFICADO POR


PI EQUIVALENTE.........................................................................106

FIGURA 3-G FALTA EM P1A: CIRCUITO DO MÉTODO


DESACOPLADO A SER RESOLVIDO PELO ATP.......................107

FIGURA 3-H CIRCUITO REDUZIDO PARA CÁLCULO PELAS


APROXIMAÇÕES GRÁFICAS DE FUNÇÕES HIPERBÓLICAS..108

FIGURA 3-I DIAGRAMAS SEQUENCIAIS PARA 1350M DA


REDE PRIMÁRIA..................................................................... .....110

FIGURA 3-J FALTA EM P9A: CIRCUITO EQUIVALENTE.. .. .111

FIGURA 3-K FALTA EM P9A: CIRCUITO DESACOPLADO


SIMPLIFICADO PELO PI EQUIVALENTE....................................112

FIGURA 3-L FALTA EM P9A: CIRCUITO DO MÉTODO


DESACOPLADO A SER RESOLVIDO PELO ATP.......................113
13

FIGURA 3-M DISTRIBUIÇÃO DE CORRENTES NA


SUBESTAÇÃO DE ALIMENTAÇÃO DOS CIRCUITOS PRIMÁRIOS
.......................................................................................................115

FIGURA 3-N DIVISÃO DA EXTENSÃO DA REDE PRIMÁRIA EM


REGIÕES PARA DIMENSIONAMENTO OTIMIZADO..................118

FIGURA 3-O DETERMINAÇÃO PRÁTICA DE IT PARA


SUBESTAÇÃO LOCALIZADA NA REGIÃO A OU C...................119

FIGURA 3-P DETERMINAÇÃO PRÁTICA DE IT PARA


SUBESTAÇÃO LOCALIZADA NA REGIÃO B.............................119

FIGURA 3-Q DETERMINAÇÃO PRÁTICA DE IT PARA


SUBESTAÇÃO EM REDE PRIMÁRIA MENOR QUE 2 CE..........120

FIGURA A SUBESTAÇÃO DA CONCESSIONÁRIA EM FALTA


PARA TERRA NO BARRAMENTO DE ALTA TENSÃO..............129

FIGURA B IMPEDÂNCIAS POR VÃO DAS LINHAS DE

TRANSMISSÃO........................................................................... .130

FIGURA C CIRCUITO COMPLETO DO SISTEMA DE POTÊNCIA


EM FALTA.....................................................................................131
14

FIGURA D CIRCUITO EQUIVALENTE REDUZIDO........ ...... ....132

FIGURA E CÁLCULO DA CORRENTE DE FALTA PELAS


IMPEDÂNCIAS DE CARSON DESPREZANDO AS MÚTUAS.....132

FIGURA F DISTRIBUIÇÃO DA CORRENTE DE FALTA NA


SUBESTAÇÃO DA CONCESSIONÁRIA......................................133

FIGURA G DISTRIBUIÇÃO DA CORRENTE DE FALTA NO


TERMINAL DE ENERGIZAÇÃO...................................................133

FIGURA H CIRCUITO EQUIVALENTE SIMPLIFICADO


CONSIDERANDO AS MÚTUAS...................................................134
15

SIMBOLOGIA

NOTA: Esta simbologia será utilizada em todas as partes exceto nas

descrições de métodos de cálculo, itens 2.1 a 2.12, onde serão mantidos em


cada método, para facilidade de consulta, os símbolos utilizados pelos
respectivos autores.
Ua - tensão em relação a um terra remoto, complexa, no ponto a.
k - representação genérica do vão sendo k=1 no poste ou subestação em
falta e k = n na subestação de alimentação.
n - número total de vãos entre a falta e a alimentação
If - corrente complexa de falta fase-terra, igual a 3 Io
Io - corrente complexa de falta de seqüência zero
It - corrente complexa que penetra a terra, sendo It1 a corrente que flui do
ponto 1 para terra.

In - corrente complexa no neutro.


In1, In2 - corrente complexa na derivação 1 do neutro, ou derivação 2
Ian - corrente complexa autoneutralizada
Za - impedância complexa própria, com retorno pela terra, da fase a
Zn - impedância complexa própria, com retorno pela terra, do neutro
Zm - impedância complexa mútua, com retorno pela terra, entre fase a e
neutro.
µ - fator de acoplamento
Zse - impedância complexa total de aterramento da subestação de
alimentação,
igual à resistência da malha em paralelo com os laders dos cabos
guarda
Zf - impedância complexa total de aterramento do ponto em falta para terra
igual à resistência do ponto em paralelo com os laders dos cabos guarda
Rp - resistência de aterramento de um poste
Z1, Z2, Zo - impedâncias complexas respectivamente de sequência positiva,
negativa e zero de rede trifásica
Zs, Zp - impedâncias série e paralelo de um circuito lader
16

Zinf - impedância de um lader infinito


CE - constante de espaço

RESUMO

Será feita uma análise do aterramento de redes primárias aéreas


de distribuição típicas, operando com tensões de 13,8 kV a 32,5 kV,
alimentando consumidores em alta tensão e transformadores para redes de
distribuição de baixa tensão. Serão estudadas as distribuições de correntes
durante faltas à terra, considerando-se diversos locais para o defeito e
determinando valores característicos.

Um dos objetivos é a sugestão de método de cálculo de forma a


possibilitar que o consumidor em alta tensão projete, de maneira simples, o
sistema de aterramento de sua subestação com o menor custo possível,

considerando a corrente que penetra a terra através de sua malha de aterra-


mento, em vez da corrente total de falta. Isto será conseguido assumindo-se
alguns parâmetros da rede de distribuição, considerando o pior caso, o que
resultará em certo erro para a corrente, porém conservativo. Foi executada
uma pesquisa sobre os métodos de cálculo existentes, procurando-se
identificar o mais adequado ao caso.

Outro objetivo é a detecção de sobretensões perigosas nas insta-


lações de baixa tensão, durante faltas à terra nas redes de alta tensão. Será
feita a análise em sistemas de baixa tensão alimentados tanto por rede
secundária da concessionária como por transformador de consumidor em alta
tensão. Meios para a eliminação ou minimização destas tensões serão
procurados.

Para a consecução destes objetivos serão elaboradas também aná-


lises de sensibilidade para diversos parâmetros dos sistemas em estudo. Des-
tas análises concluiremos sobre os melhores valores para cada parâmetro, sob
o ponto de vista das metas acima.
17
18

AGRADECIMENTOS

Ao orientador Prof. Dr. Aderbal A. Penteado pelo total apoio.

Aos senhores membros da banca de qualificação pelas críticas


construtivas e inúmeras sugestões, Prof. Dr. E. C. Senger e Prof. Dr. M. A.
Saidel.

Ao Prof. Dr. J. R. Cardoso pelo permanente incentivo.

Aos senhores Diretores e Coordenadores da Universidade Santa


Cecília, que através do Programa de Pós-Graduação Inter-Institucional
estabelecido com a USP, nos possibilitaram excelente evolução profissional.
19

1. INTRODUÇÃO

1.1 ATERRAMENTO - FU NÇÕES E IM PORTÂNCIA

1.1.1 Importância

Para um sistema elétrico qualquer, micro ou mega, diversas são as


finalidades de um adequado aterramento:

- Proteção de pessoas
- Proteção de equipamentos
- Fornecer caminho de escoamento da corrente de falta para terra.
- Fornecer caminho de escoamento de descargas atmosféricas para a terra.
- Fornecer referência de sinais para equipamentos eletrônicos.

O enfoque deste trabalho será na proteção de pessoas.


Adicionalmente vamos procurar minimizar custos, sem cálculos extensos, em
sistemas de aterramento de subestações alimentadas por redes primárias.

Atualmente estão bem estabelecidos em norma [12,13] os perigos


da corrente elétrica no corpo humano, sendo que os dimensionamentos dos
aterramentos são feitos em função destes perigos. Uma pessoa não pode estar
submetida a uma diferença de potencial perigosa, tanto em operação normal
como em situações de defeitos.
20

A norma brasileira de instalações de baixa tensão [21] determina


que os aterramentos sejam feitos de três formas:

a) Sistema TN:
intr tn
R
S

Alimentacao

Cargas

Neutro

Terra

Figura 1-A ESQUEMA DE ATERRAMENTO TN

A.1) Definição:

Sistema onde carcaças de equipamentos e neutro da alimentação são ligados


ao mesmo eletrodo.

A.2) Vantagem:

Um caminho de baixa impedância para a corrente de falta à terra, o que


resulta em elevada corrente capaz de atuar os dispositivos de proteção do

circuito defeituoso.

A.3) Desvantagem:

Potenciais de transferência perigosos que podem aparecer nas carcaças dos


equipamentos durante faltas para terra na parte de alta tensão.
21

b) Sistema TT:
intr tt
R

Alimentacao

Cargas

Neutro

Terra

Eletrodos distintos, nao interligados,


distantes um do outro

Figura 1-B ESQUEMA DE ATERRAMENTO TT

B.1) Definição:

Sistema onde carcaças de equipamentos e neutro da alimentação são ligados


a eletrodos distintos.

B.2) Vantagem:

Eliminação de perigos devidos à transferência de potenciais por ocasião de


faltas na parte de alta tensão.

B.3) Desvantagem:

Caminho para a corrente de falta para terra que inclui o solo em série com os
condutores metálicos. Assim o circuito para a corrente de falta tem geralmente
alta impedância, o que resulta em baixo valor para a corrente, sendo esta
insuficiente para desligar os dispositivos de proteção do circuito. Desta forma a
22

falta pode perdurar por muito tempo sem ser percebida, ocasionando perdas
de energia e perigos para o corpo humano. Estes problemas podem ser
contornados por dispositivos DR, obrigatórios pela NBR5410 nos sistemas TT,
que evitam os perigos para o ser humano; nos disjuntores gerais podem ser
instalados detectores de falta à terra.

c) Sistema IT:
intr it
R

Alimentacao

Cargas

Neutro

Impedancia elevada
Terra
ou infinita

Eletrodos distintos, nao interligados,


distantes um do outro

Figura 1-C ESQUEMA DE ATERRAMENTO IT

C.1) Definição:

Sistema onde carcaças de equipamentos são aterradas e o neutro da


alimentação não é aterrado, ou é aterrado por meio de alta impedância.

C.2) Desvantagem:

Neste sistema não há um caminho fechado para a corrente de falta à terra,


sendo nula ou muito baixa. Isto resulta em carcaças sob tensão, havendo a
necessidade de dispositivos “supervisores de isolamento” para detectarem o
problema. Se não houver estes equipamentos, o defeito vai perdurar no
23

sistema, colocando carcaças sob tensão nominal, o que representa perigo ao


corpo humano. Nesta situação, a ocorrência de uma segunda falta provocaria o
desligamento da alimentação.

C.3) Vantagem:

Ocorrendo o defeito, não há desligamento da alimentação e a energia elétrica


continua a ser suprida às cargas. Este sistema de aterramento é utilizado
apenas em locais onde seja vital a continuidade do fornecimento de energia
elétrica, por exemplo hospitais, ou indústrias onde a interrupção de energia
represente enorme prejuízo.

A norma NBR 14039, de instalações elétricas de alta tensão ( até


36 kV), está sofrendo revisão, sendo que serão autorizados 6 esquemas de
aterramento, dos quais citaremos apenas um. O TTS considera uma instalação

alimentada a partir de transformador, onde a tensão primária pode ser qualquer


valor entre 1 e 36 kV. Na parte de baixa tensão temos o esquema TT acima
apresentado, e na parte de alta tensão aterramos a carcaça do transformador a
um eletrodo independente.

Transformador de
alimentacao

Cargas
Tensao
secundaria

Neutro

Terra

Eletrodos distintos, nao interligados,


intr tts distantes um do outro

Figura 1-D ESQUEMA DE ATERRAMENTO TTS


24

Do exposto verificamos que qualquer que seja o esquema de ater-


ramento teremos vantagens e desvantagens, que devem ser consideradas na
escolha do melhor sistema para uma dada situação.

O escoamento de correntes para terra através de uma haste


produz a seguinte configuração de linhas equipotenciais:

corrente potencial 0
V2 V1
no infinito

V4 V3

Potencial na
haste = U
intr eq1

Figura 1-E LINHAS EQUIPOTENCIAIS EM HASTE

O escoamento pode ser também através de uma malha de terra, caso em que
temos a configuração a seguir:

V=0

V2
V3 V1

Potencial na
malha = U
intr eq2

Figura 1-F LINHAS EQUIPOTENCIAIS EM MALHA

Em qualquer das 2 situações verificamos, para o escoamento da corrente It,


uma elevação do potencial U na haste ou na malha, em relação a um ponto
muito afastado, sendo o seu cálculo conforme item 1.2.2, “Cálculo de
sobretensões”.
25

Endrenyi [5] mediu os potenciais causados por falta à terra em uma


torre de linha de transmissão, muito distante da alimentação, obtendo as linhas
equipotenciais com formatos concêntricos, conforme a penúltima figura. Para o
potencial na torre, em relação a um ponto remoto, obteve 1000 V, com corrente
de falta 10 kA, resistividade do solo 75 ohm-m, e 2 cabos-guarda ACSR de
110,8 MCM. O valor calculado para este potencial foi 1150 V.

Em um esquema qualquer, o ideal é não termos nenhuma


diferença de potencial ao qual o corpo humano possa estar sujeito, e por isto
devemos na medida do possível executar uma equalização de potenciais,
conforme recomendado pelas normas de instalações elétricas. Assim, sempre
que possível, devemos interligar partes metálicas não energizadas e os
diversos sistemas de aterramento das edificações, tais como, pára-raios,
aterramento para informática, subestação, etc... O esquema TNR, a ser
implementado na revisão em curso da NBR 14039, adota estas medidas.

R intr tnr

Transformador de
alimentacao

Cargas

Neutro

Terra

Figura 1-G ESQUEMA DE ATERRAMENTO TNR

Na escolha de um sistema de aterramento, especial atenção deve


ser dada, conforme alertado na IEEE-80 [13], capítulo 15, ao perigo de
surgimento de potenciais de transferência, sendo que, nestes casos várias
soluções podem ser adotadas, ou mesmo outros esquemas de aterramento
podem ser utilizados. Embora as soluções para potenciais de transferência não
26

sejam objeto deste trabalho, o cálculo da distribuição da corrente é


fundamental para quantificarmos estes potenciais.

Além da proteção de pessoas, o aterramento protege


equipamentos também, evitando prejuízos. Por exemplo, a instalação de
gerador sem um adequado aterramento pode resultar em sobretensões em
regime contínuo da ordem de 73% em relação ao valor nominal fase-terra,
suficientes para romper a isolação de muitos equipamentos de utilização.

Assim, podemos afirmar que um sistema elétrico sem um


adequado aterramento está com riscos para a segurança das pessoas e
integridade dos equipamentos.

1.1.2 Proteção de pessoas

A norma IEC 479 nos fornece, em forma gráfica, a relação tempo-


corrente tolerada pelo corpo humano. Este gráfico está reproduzido em
“Manual de Instalações Elétricas” de A. Cotrim [12], onde distinguimos 3
regiões:

- Região 2: geralmente nenhum efeito pato-fisiológico perigoso


- Região 3: geralmente nenhum risco de fibrilação
- Região 4: probabilidade de até 50% de fibrilação

Entre as regiões 2 e 3 temos a chamada “curva de segurança”,


pela qual devemos nos orientar em projetos de sistemas elétricos.
27

A partir do gráfico vemos que importa o valor da corrente


associado ao tempo que ela perdura no corpo humano. Uma corrente de 200
mA sendo cortada antes de 50 ms não apresenta risco nenhum, enquanto que
uma corrente de 50 mA durando 10 s pode ser prejudicial. Para os pares
tempo-corrente situados na região 2 temos boas condições de segurança.

A corrente que atravessa o corpo humano depende da tensão a


que está submetido e da sua resistência, conforme a lei de ohm. Esta
resistência não é constante com a tensão, sendo o corpo humano um bipolo
não linear. Além disto, ela varia também com as condições de umidade da
pele, sendo menor para pele molhada e maior para pele seca. Também, para
as mesmas condições de tensão e umidade, ela varia de um indivíduo para
outro, sendo que trabalhamos sempre com valores médios para o ser humano.
Com relação à umidade da pele a NBR 5410 define 4 situações:

- BB1: pele perfeitamente seca, nem mesmo suor

- BB2: pele úmida


- BB3: pele molhada
- BB4: pele imersa na água

Temos os valores de resistência para o corpo humano como função da tensão


aplicada e umidade da pele, e conseqüentes valores das correntes:

TENSÃO BB1 BB2 BB3 BB4


(V) kohm / mA kohm / mA kohm / mA kohm / mA

25 5/5 2,5/10 1/25 0,4/50


100
250 2,2/45
1/230 1,5/70
1/230 0,73/140
0,65/500 0,26/370
0,2/1000
Tabela 1-A RESISTÊNCIAS DO CORPO HUMANO
28

Verificamos desta tabela que um choque em 110 V com a pele molhada pode
ser extremamente perigoso. Concluímos o mesmo para um choque, nas
melhores condições para a pele, em uma rede de 220/380 V.

Da associação desta tabela com as curvas tempo x corrente


mencionadas, resultam as chamadas “CURVAS DE SEGURANÇA PARA
CONDIÇÕES BB” [12], que nos fornecem os máximos valores de tensões para
determinados tempos, que o corpo humano suporta.

Concluímos destas curvas os tempos de atuação das proteções,


para a condição mais favorável possível, BB1:

Tensão no corpo humano Tempo máximo de corte

V 75 s 5
110
V 200
ms
220
V ms
50
300
V ms
25
400
V ms
10
Tabela 1-B TEMPOS DE CORTE DE TENSÕES PERIGOSAS NO CORPO
HUMANO

1.1.3 Tensões de toque e passo

A IEEE80 define estas tensões como:

- Tensão de toque: A tensão, durante o escoamento de corrente para terra,


entre as mãos e os pés de uma pessoa, supondo as mãos em contato com
partes metálicas aterradas. Na Figura 1-E, uma pessoa em pé sobre a linha
equipotencial V4 e tocando um metal aterrado fica sujeita a uma tensão de
toque igual a (U - V4).
29

- Tensão de passo: A tensão, durante o escoamento de corrente para terra,


entre os pés de uma pessoa, supondo um passo de 1 m e não havendo
contato com partes metálicas aterradas. Na Figura 1-E, uma pessoa com um
pé na linha equipotencial V4 e outro pé em V3, com 1 m entre os pés, fica
sujeita a uma tensão de passo igual a (V4 - V3).

Nesta mencionada norma o cálculo do valor limite para cada uma


destas tensões é feito considerando-se o tempo de atuação da proteção, a
resistividade do solo, e a existência de fina camada de material com alta
resistividade, na superfície, por exemplo pedra britada.

Verificamos pela Figura 1-E e Figura 1-F que as tensões de passo


e toque são frações da tensão da malha em relação a um ponto remoto, “U”,
sendo que esta pode exceder os limites de tensão para o corpo humano.
Entretanto, cuidados especiais devem ser tomados com relação aos potenciais
de transferência, quando as pessoas podem ficar sujeitas a “U”.

1.1.4 Proteção de equipamentos

Verificaremos com 2 casos simples como a falta de aterramento


pode provocar danos a equipamentos.

Consideremos um sistema elétrico constituído por um gerador


trifásico 440 V alimentando diversas cargas, sem aterramento do neutro. Por
acidente, em uma das cargas, o condutor fase encosta na carcaça. Nesta
situação temos o esquema abaixo, onde observamos que a fase R ficou ao
potencial da terra.
30

Gerador 440 V

440V Cargas 440V

440V 440V

Falta fase-terra
R
intr pe1

Figura 1-H SISTEMA ELÉTRICO SEM ATERRAMENTO COM FALTA


FASE-TERRA

Como conseqüência temos a tensão de linha 440 V aplicada à


isolação fase-terra dos equipamentos, pois as carcaças normalmente estão ao
potencial da terra devido aos elementos de fixação em geral metálicos, e
devido também ao próprio contato das carcaças com a terra ou concreto. Esta
sobretensão agindo continuamente nos elementos isolantes dos equipamentos
vai causar uma falha da isolação ou uma redução considerável da vida útil dos
equipamentos, situação que pode ser evitada com aterramento do sistema.

O sistema IT tem a alimentação isolada da terra, conforme


mencionado anteriormente, e na ocorrência da primeira falta fase-terra temos
uma situação similar à da figura anterior, ou seja, tensões de linha entre fases
e carcaças. É por esta razão que a NBR 5410 exige que equipamentos a
serem utilizados em sistemas IT tenham isolação entre fases e carcaças
projetadas para o valor da tensão de linha.

Outro caso de danos a equipamentos, e também perigo para as


pessoas, é uma falta entre instalações de tensões diferentes, por exemplo, um
condutor de alta tensão que acidentalmente se solta do poste e encosta nos
condutores de baixa tensão, ou uma falha de isolação dentro do transformador,
conforme esquema:
31

If intr pe2

Ligacao acidental entre


If 2000:200 V alta e baixa tensao
If If

If
V 2000 V 200

If = corrente
de falta
If
If

Figura 1-I SISTEMA ELÉTRICO COM FALTA ENTRE ALTA E BAIXA


TENSÃO

Nesta situação a corrente de falta tem o caminho indicado, e valor suficiente


para fazer atuar o dispositivo de proteção contra faltas à terra na subestação
da concessionária. Caso não haja o terra indicado no secundário do

transformador, a corrente de falta não tem caminho de retorno, portanto é nula,


não havendo atuação da proteção da concessionária. Desta forma, todo o
sistema elétrico alimentado pelo secundário do transformador ficará
indefinidamente sob a tensão do primário.

Além dos 2 casos citados, muitas outras razões existem para o


aterramento de sistemas elétricos relacionadas com a proteção de
equipamentos. Apresentamos, baseados no Handbook “Beeman” [2], capítulo
VI, “Aterramento dos Sistemas Elétricos”, as seguintes vantagens de um
sistema aterrado:

a) Custos reduzidos de operação e manutenção:


- Redução na magnitude das sobretensões transitórias.
- Melhoria na proteção contra descargas atmosféricas.
- Simplificação da localização de faltas à terra.
- Melhoria da proteção dos equipamentos e do sistema.
b) Maior confiabilidade do sistema.
c) Maior segurança para pessoas e equipamentos.
32

1.2 PROCEDIMENTOS PARA DIMENSIONAMENTO DE


SISTEMAS DE ATERRAMENTO

Os procedimentos deste item são genéricos, valendo para qualquer

caso de aterramento, seja de redes primárias, linhas de transmissão ou mesmo


distribuição em baixa tensão.

1.2.1 Pré-definição dos elementos

Devem ser feitas definições em caráter preliminar de todos os


elementos do aterramento, quais sejam, malhas de terra de subestações,
cabos guarda de linhas de transmissão, cabos neutros de redes de distribuição
primárias, hastes de aterramento de cabos guarda ou neutros multi-aterrados e
outros. Estas pré-definições serão analisadas através dos passos seguintes e
poderão ou não tornar-se as definições definitivas.

Não há critérios rígidos para esta etapa, podendo ser utilizadas as


ordens de grandezas de correntes e tensões, em casos de defeitos à terra,
esperadas para cada elemento. Pode-se também utilizar experiências em
projetos anteriores de sistemas similares.

1.2.2 Cálculo da distribuição de correntes

Para a consecução das proteções relatadas, é necessário que se


faça o cálculo da distribuição de correntes, nos componentes de interesse, já
dimensionados conforme item anterior. Após o conhecimento das correntes
devemos verificar se as sobretensões atendem às curvas de segurança IEC.

Consideremos o caso de um alimentador de rede primária de


distribuição, por exemplo de 13,8 kV. Para determinarmos as sobretensões
precisamos calcular todas as correntes indicadas:
33

TRAFO 138/13,8 KV introd01


A
B
C
If

I1+Ian I2
N CABO NEUTRO

It

solo

It
Malha da SE da Aterramento Malha da SE do
concessionaria nos postes consumidor

Figura 1-J DISTRIBUIÇÃO DA CORRENTE DE FALTA EM


ATERRAMENTO DE REDE PRIMÁRIA

Para a linha de transmissão que alimenta a subestação da


concessionária da figura acima, temos uma situação análoga, analisada no
anexo A, mudando apenas o nível de tensão e os valores de impedâncias da
linha.

O cálculo da corrente de falta If é feito por componentes simétricas,


sendo um assunto conhecido e não detalhado neste trabalho. Uma vez
conhecida esta corrente, aplicaremos qualquer dos vários métodos expostos
no capítulo 2, para obtermos a sua distribuição pelo sistema de aterramento.

Conhecendo o valor da corrente que efetivamente penetra a terra


na subestação, podemos efetuar o dimensionamento da malha seguindo os
procedimentos da IEEE 80.

Com a corrente que percorre o cabo neutro, podemos aplicar as


tradicionais fórmulas de aquecimento adiabático, por exemplo as apresentadas
no Handbook Beeman [2], capítulo 3, “Proteção Contra Curtos-Circuitos”, e
efetuar o dimensionamento deste condutor para curto-circuito fase-terra.
34

1.2.3 Cálculo de sobretensões

Com o cálculo da distribuição das correntes já efetuado, podemos


facilmente determinar as sobretensões em qualquer elemento do aterramento,
em relação a um ponto afastado, considerando a parcela de corrente que

penetra a terra.

O elemento considerado pode ser:

a) A malha de terra de uma subestação, sendo a sobretensão neste caso


chamada pela IEEE 80 de “GPR - Ground Potential Rise”. Este valor é
importante na análise de potenciais de transferência entre duas subestações
próximas, ou entre uma subestação e um consumidor próximo.
b) Hastes ou outros eletrodos de aterramento.
c) Estruturas metálicas em contato com a terra, de torres de linhas de trans-
missão.

d) Fundações de edificações.
e) Contrapesos, contínuos ou não, de linhas de transmissão.
f) Outros.

Assim temos:

U = Zf It Df (1-A)

Sendo:
U - sobretensão em relação a ponto remoto
Zf, It - definidos em “Simbologia”
Df - fator que leva em conta a assimetria da corrente

Para o caso de descargas atmosféricas o modelo matemático é o


mesmo que o acima, entretanto sendo a corrente um impulso com tempo de
frente de onda muito reduzido, o valor de R acima não mais será válido e
deveremos considerar uma impedância para altas freqüências, com valor
35

complexo e sendo significativa a parte imaginária. Tal estudo não é objetivo


deste trabalho, e devemos nos ater ao modelo de baixas freqüências.

Observamos também que, de acordo com a IEEE 80:

a) A corrente que penetra a terra, utilizada para cálculo de sobretensões, deve


ser considerada no pior caso, portanto será a corrente subtransitória sem o
respectivo decaimento exponencial com o tempo.

b) A corrente acima, obtida nos cálculos de distribuição de corrente, é uma


corrente simétrica e, para o cálculo das sobretensões, deverá ser multiplicada
por fator que leva em conta a assimetria no instante da falta, “Df”.

c) A corrente It deverá também ser multiplicada por fator que prevê a expansão
do sistema de potência em análise.

A sobretensão “U” calculada acima é uma ddp em relação a um

ponto afastado e não necessariamente a tensão à qual uma pessoa estará


sujeita. Esta tensão à qual uma pessoa estará sujeita é determinada em função
da geometria do sistema e deve ser mantida abaixo dos valores máximos
tolerados pelo corpo humano.

1.2.4 Definição final dos elementos

Caso a condição exposta no último parágrafo esteja atendida, o


dimensionamento preliminar adotado no item 1.2.1 fica sendo o definitivo.

Caso esta condição não esteja atendida, devemos refazer o


dimensionamento preliminar adotado, de forma a aliviar as sobretensões, e
repetir os procedimentos.
36

1.3 IMPACTO DA DISTRIBUIÇÃO DE CORRENTES NOS


DIMENSIONAMENTOS DOS ATERRAMENTOS DE REDES
PRIMÁRIAS

1.3.1 Correntes de falta nos cabos neutros multi-aterrados

A distribuição da corrente de falta à terra ao longo de neutros multi-


aterrados está ilustrada.

introd02 corrente
em modulo

Ian + I1
I1
I2

Ian

2 4 6 distancia 6 4 2 2 4 6
em vaos Falta
Alimentacao

Figura 1-K DISTRIBUIÇÃO DA CORRENTE DE FALTA NO NEUTRO


MULTI-ATERRADO

Sebo apresentou gráfico com o formato acima [7] para uma linha
de transmissão de 30,7 km e 132 vãos, cuja corrente no cabo guarda foi
calculada pelo método “Matrizes em Cascata”, exposto no item 2.3. Estes
cálculos foram comparados com medições realizadas em linha real, tendo sido
obtidos desvios menores que 15% [4].

À direita da falta temos um lader infinito, por onde escoa parte da


corrente também, sem mútuas com o cabo fase, pois a alimentação é por um
lado apenas.
37

Sobral, no artigo sobre o método desacoplado [16], também


apresenta gráfico semelhante, entretanto para falta alimentada pelos 2 lados da
linha de transmissão, indicando também a elevação de potencial de todos os
pontos do cabo guarda ao longo de toda a sua extensão.

Verificamos que a corrente que deriva pelo cabo neutro, no ponto


da falta, decai exponencialmente com a distância, para a hipótese de vãos
iguais. Para o lado da alimentação, a corrente estabiliza em determinado valor
diferente de zero, denominada corrente “auto-neutralizada”. Para o lado oposto
ao da alimentação, a corrente tende a zero para pontos afastados da falta.
Desta forma, a corrente que penetra a terra no ponto de falta é apenas uma
parcela da corrente de falta.

A partir do gráfico acima visualizamos facilmente todas as parcelas


da corrente de falta:

It - conforme “Simbologia”
Ian - idem
I1 - corrente que decai exponencialmente para o lado
da alimentação
I2 - corrente que decai exponencialmente para o lado
oposto ao da alimentação.

Sendo: If = It + Ian + I1 + I2 (1-B)

A IEEE 80 define o fator Sf, denominado “fator de divisão de

corrente”, como:

Sf =  It  /  If  (1-C)

sendo Sf < 1. Como alternativa podemos primeiro calcular este fator a partir da
configuração do sistema de aterramento, e após isto determinamos  It 
38

1.3.2 Superdimensionamentos

A IEEE80 fornece uma série de procedimentos para


dimensionamento de malha de terra, utilizando a corrente que efetivamente
penetra a terra pela malha, It. Se esta corrente não for conhecida, teremos que

utilizar a corrente de falta If que, sendo maior, resultará em um


superdimensionamento da malha.

Para um eletrodo qualquer de aterramento, teremos o valor da


sobretensão máxima em relação a um ponto afastado, Umax, determinado a
partir da geometria do sistema e dos valores limites para as tensões de passo
e toque. Temos então que diminuir a resistência para terra de acordo com:

Zf It Df ≤ Umax

inequação derivada da equação 1-1. Se It não for conhecida, teremos que

utilizar a própria corrente de falta If.

Conforme amplamente demonstrado nos artigos da bibliografia, a


relação Sf =  It  /  If  varia dentro de larga faixa, aproximadamente 10% a
99%. Como conseqüência, se considerarmos Sf = 1 poderemos estar gastando
material a mais do que o necessário. Um exemplo de baixo valor para Sf está
no artigo de Sobral [17], que apresenta os resultados obtidos para Itaipu,
sendo para uma das usinas Sf = 12%.

1.3.3 Custos x Segurança

O menor custo com máxima segurança será obtido efetuando-se os


dimensionamentos com a corrente que efetivamente penetra a terra, valor
obtido por meio do cálculo da distribuição de correntes.
39

2. METODOLOGIAS E XISTENTES

2.1 MODELOS M ATEMÁTICOS

2.1.1 Modelo por grandezas reais com impedância de retorno


pela terra

Neste caso tensões e correntes nos 6 terminais da próxima figura


são os valores realmente existentes na linha em falta para a terra, e não as
componentes de seqüência zero.

O caminho de retorno pela terra é representado por uma


impedância Zg, calculada de acordo com os trabalhos de Rudenberg [3]. Esta
impedância será subtraida das impedâncias, com retorno pela terra, próprias e
mútuas, que devem ser calculadas por meio de Carson-Clem [1,3]. Esta
subtração se deve ao fato das impedâncias calculadas por Carson-Clem já
incluirem o valor Zg, podendo ser utilizadas diretamente em modelo mais
simples, detalhado no item a seguir.

O circuito equivalente a um vão, apresentado a seguir, representa


com exatidão o que ocorre por ocasião de uma falta à terra, entretanto só
precisa ser utilizado em casos especiais onde se necessite conhecer o valor da

tensão absorvida pela terra, ou seja, a queda em Zg. Para os propósitos deste
trabalho podemos utilizar o circuito do próximo item, mais simples e que nos
fornece da mesma forma os valores de tensões e correntes nos quais estamos
interessados, a saber Vck, Ick e Itk.
40

Lembramos que os valores das impedâncias dependem da


resistividade do solo, sendo que uma mesma linha que atravessa solos não
homogêneos vai apresentar valores diferentes para os diversos vãos.

Temos o vão k de uma linha de transmissão, onde o condutor 1-4


representa o cabo fase em falta para terra, o condutor 2-5 representa o cabo
guarda da linha de transmissão, aterrado em todas as torres, e o condutor 3-6
representa o caminho de retorno pela terra. Utilizaremos a simbologia proposta
por Sebo [7] no método “Matrizes em Cascata”:

modmat01
Ip Ip
Zpk - Zgk

Vpk+1 1 4

Vpk
Zmk - Zgk

Ick+1 Ick
2 5

Itk Zck - Zgk


Vck+1 Vck

Rtk

Ip - Ick
Zgk
6

Figura 2-A MODELO POR GRANDEZAS REAIS COM IMPEDÂNCIA DE


RETORNO PELA TERRA

Sendo:

k - representação genérica do vão sendo k=1 na torre em


falta e k = n na subestação de alimentação.
Vpk+1 - Tensão de fase entre pontos 1 e 3, V13. Valor complexo.
41

Vpk - Idem, entre pontos 4 e 6, V46.


Ip - Corrente (real) de falta para terra (3Io). Valor complexo.
Ick - Corrente complexa no vão k do cabo guarda
Itk - Corrente complexa que penetra a terra na torre k
Ick+1 - Corrente complexa no cabo guarda do vão k + 1
Ip - Ick - Corrente complexa que retorna pela terra no vão k
Zp - Impedância própria, com retorno pela terra, do cabo fase,
calculada por Carson-Clem
Zc - Idem cabo guarda
Zm - Impedância mútua, com retorno pela terra, entre o cabo
fase em falta e o cabo guarda, calculada por Carson-Clem.
Zg - Impedância que representa o caminho de retorno pela
terra, calculada por Rudenberg.
Rt - Resistência de aterramento da torre ligada ao nó 2.

2.1.2 Modelo por grandezas reais sem impedância de retorno


pela terra

É o modelo mais utilizado nos artigos relacionados na bibliografia,


pelos motivos já citados.

O caminho de retorno pela terra é representado por um curto-


circuito, não havendo a impedância Zg. Está demonstrado no Apêndice A que a
utilização deste modelo ou do anterior, resulta nos mesmos valores de tensões
e correntes nas extremidades de cada vão. Logo, a utilização deste é preferível
pois resulta em cálculos mais simples.

As impedâncias com retorno pela terra, próprias e mútuas, como


mencionado no item anterior, devem ser calculadas por meio de Carson-Clem
[1,3].
42

Apresentamos o vão k de uma linha de transmissão, sendo que o


condutor 1-4 representa o cabo fase em falta para terra, o condutor 2-5
representa o cabo guarda da linha de transmissão, aterrado em todas as
torres, e o condutor 3-6 representa o caminho de retorno pela terra.

Ip Ip modmat02
Zpk

Vpk+1 1 4

Vpk
Zmk

Ick+1 Ick
2 5

Itk
Zck
Vck+1 Vck

Rtk

Ip - Ick
6

Figura 2-B MODELO POR GRANDEZAS REAIS SEM IMPEDÂNCIA DE


RETORNO PELA TERRA

Onde os símbolos são como definidos anteriormente.

2.1.3 Modelo por diagrama de sequência zero

Neste caso o diagrama de seqüência zero da linha trifásica, com


cabo pára-raios, deve ser montado de forma a serem representados todos os
caminhos de retorno da corrente de falta, ou seja, cabo pára-raios, resistências
de aterramentos das torre s e a terra. Os diagramas de seqüê ncia direta e
43

inversa não sofrem alteração. Após montados os 3 diagramas, aplica-se os


métodos tradicionais de componentes simétricas para o cálculo dos diversos
tipos de faltas, sendo que a distribuição da corrente de seqüência zero pode
ser calculada.

Abaixo está o referido diagrama, mostrando 2 vãos de linha,


conforme desenvolvido por Meliopoulos [14].

modmat03

Io
Rp + j Xpp Rp + j Xpp

Zpg Zpg

Igok

Rge + j Xg Rge + j Xg

Rt 3 Rt 3 Rt 3

Vao k+1 Vao k

Figura 2-C MODELO POR DIAGRAMA DE SEQUÊNCIA ZERO

Onde:

Io - Componente de seqüência zero da corrente de falta


Igok - Corrente de seqüência zero no cabo pára-raios, vão k
Rt - Resistência de aterramento da torre ou poste
Rp + j Xpp - Impedância própria de seqüência zero do cabo fase
Rge + j Xg - Impedância própria de seqüência zero do cabo guarda
Zpg - Impedância mútua de seqüência zero entre cabos fase e guarda
44

As impedâncias próprias e mútuas são calculadas por fórmulas


propostas por Meliopoulos, deduzidas a partir das impedâncias de Carson-
Clem e considerando a teoria de componentes simétricas.

As resistências de aterramento de torres e subestações, neste


caso, aparecem multiplicadas por 3, da mesma forma que uma resistência
inserida entre o neutro do transformador e a malha terra da subestação.

Verificamos neste caso que o aparecimento de mútuas no circuito


de seqüência zero torna sua soluç ão trabalhosa. Garret, conforme citado na
IEEE-80, propôs uma solução por meio do diagrama de seqüência zero, na
qual desprezou todas as mútuas. Desta forma obteve um circuito muito mais
fácil de ser resolvido, evidentemente a custa de precisão. O erro cometido
neste caso é conservativo, sendo pois aceitável se não houver recursos
computacionais.

2.1.4 Modelo por grandezas reais com capacitâncias próprias e


mútuas

Conforme proposto por Meliopoulos [14], cada vão é substituído


por um circuito pi, sendo as impedâncias série calculadas da mesma forma que
no circuito por grandezas reais, e as reatâncias capacitivas próprias e mútuas
calculadas pelo método das imagens em relação ao solo. Este autor mostra o
desenvolvimento das fórmulas de cálculo destas reatâncias capacitivas feito a
partir da teoria geral do “Método das Imagens”.

Na página seguinte temos o modelamento de dois vãos, onde para


cada um as correntes são representadas sempre entrando, com o 1o. índice
correspondendo ao vão.
45

3
t
4
t0
R
a
m
d
o
m

3 3 4 3
I2 p
V I2 n
V
/ 3
3 o
er t
r n
o o
T p

2
2 n
m Z n
2 Z Ic
p
Z 2
o
a
V

2
to
n
o
/p
2
1 rr
e ar
I2 2 2 o r
te
2 n T
p I2 V
V
ar
a
p
t2
R as
cin
2
p
2
n tai
ac
3 V 4 V
1
I I1
acp
m
p
co
lo
I 1
1 n
m Z e
1 Z In d
p
Z 1 o
ao
V
M

1
o
t
n
o
p
/
1
e
1 2 r
o
1
I 1 I1 1
n
T
p V
V

1
t
R

Figura 2-D MODELO POR GRANDEZAS REAIS COM CAPACITÂNCIAS


PRÓPRIAS E MÚTUAS
46

Verificamos por este modelo que as capacitâncias drenam corrente


para terra, tanto do cabo fase como do cabo guarda, podendo desta forma
influenciar o valor da corrente de falta e da corrente de retorno. Evidentemente
isto apenas será significativo em linhas longas. No mencionado livro não há
nenhuma observação sobre critérios para se saber quando o efeito capacitivo
será importante.

O modelo será utilizado por Meliopoulos no “método direto”, que


conforme será exposto no item respectivo (2.8), representa a linha de
transmissão por uma matriz de admitâncias, que relaciona tensões e correntes
nos terminais. Observa-se que este mesmo método pode ser utilizado,
conservando-se todas as suas vantagens, se as capacitâncias para terra forem
desprezadas, obtendo-se uma considerável simplificação nos cálculos. Para
redes primárias de forma geral, onde as distâncias são curtas, o “método
direto” poderia ser empregado sem preocupação com os ramos capacitivos.

Sobre as capacitâncias observamos ainda que quase todos os


autores citados neste trabalho as desprezaram, parecendo não haver prejuízo,
para as distâncias consideradas, na precisão dos cálculos, conforme foi
constatado por comparações com medições, por exemplo:

1) Para a linha de transmissão apresentada por Sebo em [4] (30 km).


2) Para a linha de transmissão apresentada por Endrenyi em [5].
3) Para a estação geradora de Itaipu, conforme Sobral [17].
47

2.2 RECOMENDAÇÕES DA NORMA ANSI/IEEE 80 - 1991

Esta norma diz que o cálculo da distribuição de correntes deve ser

feito antes do dimensionamento de qualquer malha de terra, entretanto o


método de cálculo pode ser escolhido entre vários existentes, de acordo com
cada caso a ser resolvido.

Todos os métodos neste capítulo, e que foram desenvolvidos antes


de 1986, são recomendados pela referida norma, que não expõe nenhum,
porém ressalta a importância da adeq uada escolha para cada caso . Por
exemplo, um sistema de potência simples, não interligado, constituído apenas
de geração, uma linha de transmissão e uma subestação de carga, pode ser
resolvido de forma simples e rápida sem a utilização de computador, utilizando
o conceito de lader infinito. Já outras configurações mais complexas exigiriam

outros métodos mais trabalhosos e o uso de computadores.

De forma geral temos que quanto maior a precisão desejada, mais


trabalhosos os cálculos, e a custa de perda de precisão, podemos ter grandes
simplificações. Há configurações de rede para as quais temos grande precisão
com cálculos simples. Para os métodos expostos neste capítulo serão
ressaltados os seguintes tópicos, fundamentais para a melhor escolha para
cada caso:

- hipóteses assumidas.
- recursos computacionais necessários.
- melhor situação para a aplicação, levando em consideração as configurações
de rede .
- de forma geral, vantagens e desvantagens.
48

2.3 MATRIZES EM CASCATA (SEBO)

Estão no Apêndice A as deduções das matrizes e equações


referentes a este método de cálculo.

Para uma rede primária de distribuição em falta, temos o circuito


completo do sistema, onde a simbologia é a mesma utilizada por Sebo,
relacionada no item 2.1.1.
Ip
Zpn Zp2 Zp1

+
Zmn Zm2 Zm1

Vfase

Zcn Zc2 Zc1


Ip Icn Ic2 Ic1

Rfp Rtn-1 Rt2 Rt1 Zfl

Vao n Vao 2
Vao 1 mcsebo02

Figura 2-E MÉTODO “MATRIZES EM CASCATA”: REDE PRIMÁRIA COM


N VÃOS EM FALTA PARA TERRA

Nesta figura, para cada vão foi utilizado o ”Modelo por grandezas
reais sem impedância de retorno pela terra”, item 2.1.2.

Sebo [7] utilizou o modelo por grandezas reais com impedância de


retorno, item 2.1.1 e colocou tensões e correntes de um lado do vão em função
de tensões e correntes do outro lado, por meio de uma matriz conhecida:
49

Vpk+1 1 0 Zpk -Zmk Vpk


Vck+1 0 1 Zmk -Zck Vck
Ip = 0 0 1 0 Ip
Ick+1 0 -1/Rtk -Zmk/Rtk 1+Zck/Rtk Ick

Matriz Sk do vão k

Está demonstrado no Apêndice A que se usarmos o “Modelo por


grandezas reais sem impedância de retorno pela terra”, item 2.1.2, obtemos a
mesma matriz para o vão.

Multiplicando-se as matrizes de todos os vãos, relacionamos


tensões e correntes na falta com tensões e correntes na alimentação, obtendo
assim um sistema de 4 equações a 4 incógnitas, cuja solução nos fornece as
grandezas de interesse (Ic1, Icn na figura acima).

Sebo apresentou a comparação entre os cálculos efetuados com


este método e medições realizadas em uma linha de transmissão real com 132
vãos de aproximadamente 230 m cada [4]. Todos os valores obtidos tiveram
desvios menores que 15%, resultado considerado bom, pois de acordo com
Sebo, as fontes de erro são muitas, por exemplo, erros devidos às medições
das resistências de aterramento das torres, resistividade do solo, existência de
solos não homogêneos, utilização das equações de Carson-Clem e outras.

Com relação a este método fazemos as seguintes observações:

1) Os resultados são precisos, pois são consideradas diferenças nas


impedâncias de cada vão e nas resistências de aterramento de cada torre, por
exemplo em solos com altas variações de resistividade.

2) Os recursos computacionais necessários não são grandes, podendo o


programa ser feito para computador com pouco espaço em disco e pouca
memória. Entretanto o número de contas é grande, e para computadores com
pouca velocidade de processamento, o tempo de cálculo será grande.
50

3) Devido ao elevado número de contas que o computador executará, especial


atenção deve ser dada à propagação de erros, “round off errors”, conforme
alertado por Sobral em seu artigo sobre o método desacoplado [16]. Para se
evitar isto, é necessário utilizar números com muitos algarismos significativos e
se possível, após obtidos os cálculos checar os valores por meio de contas
executadas de formas diversas.

4) Este método não se aplica a linhas de transmissão alimentadas pelos dois


lados, sendo que para este caso Sebo propõe uma variação.

5) Praticamente não há limites para o tamanho da linha de transmissão,


considerando as capacidades atuais de disco rígido dos computadores,
podendo a linha ter dois, três ou milhares de vãos.

6) Não se aplica a sistemas de potência interligados, onde a falta em uma

subestação eleva o potencial das malhas das outras subestações vizinhas.

7) Este método evoluiu para o método “Alimentação no Ponto”, item 2.10 .


51

2.4 FUNÇÕES HIPERBÓLICAS (E NDRENYI)

Endrenyi [6] utilizou o modelo por grandezas reais do item 2.1.2,


entretanto fez a suposição de que as impedâncias e admitâncias são valores

distribuídos, dividindo os valores concentrados pelo tamanho do vão. Assim


foram obtidos os parâmetros distribuídos da linha:

z = Zc / vão ohm / m (2-A)

y = (1/Rt) / vão mhos / m (2-B)


Onde: Zc - definido no item 2.1.2 ; Rt - idem
z - impedância série distribuída
y - admitância paralelo distribuída
vão - comprimento do vão

Foi adotada também a hipótese simplificadora de que todos os


vãos da linha são iguais. Desta forma ficamos com o circuito:

Linhas representadas
Zm If
por parametros distribuidos

Rge Rse

Trecho A Trecho B
mcendr01 n Torres N Torres
n+1 vaos N+1 vaos

Figura 2-F REDE PRIMÁRIA EM FALTA REPRESENTADA POR


PARÂMETROS DISTRIBUIDOS

Onde:
If - corrente de falta para terra calculada por componentes simétricas
52

Rge, Rse - resistências de aterramento

O objetivo é calcular a corrente que penetra Rse. Isto foi feito


deduzindo e resolvendo as equações diferenciais do circuito, por um processo
análogo ao das conhecidas equações para uma linha de transmissão, sendo
que na resolução foram consideradas as condições de contorno na falta e na
geração.

2.4.1 Lader infinito sem mútuas

Para o trecho B o equacionamento é mais simples visto não haver


mútuas, sendo constituído por um circuito lader que pode ser finito ou infinito. O
lader será infinito se

l zy ≥ 2 (2-C)

Sendo: Zs = Zc (ver figura abaixo) ; Zp = Rt; l = comprimento total da

linha;
z ; y ; Zc ; Rt já definidos

O cálculo de um lader infinito a parâmetros concentrados é apresentado por


Endrenyi com base na figura abaixo, onde vemos que Zinf = Zs + Zp // Zinf.
De onde resulta a fórmula para Zinf:

Zs Zs 2 (2-D)
Zinf = + + Zp Zs
2 4

Zs mcendr03 Za correcao

Zinf Zp Zinf Zinf

Lader infinito a Linha a parametros distribuidos


parametros concentrados com impedancia caracteristica Zo

Figura 2-G EQUIVALÊNCIA ENTRE LADERS INFINITOS A


PARÂMETROS CONCENTRADOS E DISTRIBUIDOS
53

Endrenyi demonstrou que o cálculo de Zinf pode ser feito também


baseado nos parâmetros distribuídos, entretanto neste caso é necessária uma
impedância de correção designada por Za na figura acima, sendo:

Zinf = Za + Zo
Za = λ Zs
Zo = impedância característica = ( z / y )0.5

onde λ depende da razão Zs / Zp e é fornecida graficamente.

2.4.2 Lader finito sem mútuas

Para o caso do lader finito com parâmetros distribuídos, as


equações diferenciais foram deduzidas da mesma forma que é feito para uma
linha de transmissão a 2 condutores, ou seja, aplica-se as leis das malhas e

dos nós a um elemento de linha com comprimento ∆x:

Z = z ∆x Y = y ∆x

mcendr05
Z

Elemento de linha com


comprimento tendendo a zero

Figura 2-H ELEMENTO DE LADER FINITO COM COMPRIMENTO


TENDENDO A ZERO

Para as equações assim obtidas teremos no limite para ∆x tendendo a zero:


di = - y v dx
54

dv = - z i dx
Resolvendo estas equações diferenciais obtemos as fórmulas para cálculo das
impedâncias do lader finito por funções hiperbólicas, para os 2 casos:

2.4.2.1 Com terminação em aberto

Neste caso temos Rst = infinito na próxima figura.

Zlad = Za + Zl
Zl = Zo coth l ( z y ) 0.5
Za = λn Zs
Onde: Zlad - impedância no ponto assinalado por Zn na figura abaixo
Zl - impedância do trecho com parâmetros distribuidos
l - comprimento total da linha
λn - fator de correção fornecido de forma gráfica
z, y - parâmetros distribuidos

Zo - impedância característica = ( z / y ) 0.5


Impedancias de correcao devido
'a representacao por parametros
distribuidos

Za Zs Zs Zs Zb

Zn Zp Zp Zp Zp Rst

mcendr04
Trecho a ser representado
por parametros distribuidos

Figura 2-I LADER FINITO SEM MÚTUAS A SER CALCULADO POR


FUNÇÕES HIPERBÓLICAS
55

2.4.2.2 Com terminação em impedância

Agora Rst na figura acima não é infinito, caso mais comum.

Zn = Za + Zo An (2-E)

Onde: Zn - impedância no ponto assinalado na figura acima


Za = impedância de correção = λn Zs

Zg cosh n K + Zo sinh n K
An = (2-F)
Zg senh n K + Zo cosh n K

n - número de torres
Zg = Zb + Rst Zb = λ‘ Zs
λ‘ = fator de correção = 1 - λn
λn - fator de correção fornecido graficamente
K = Zs / Zp ; Zo - impedância característica

A análise por parâmetros distribuídos resulta sempre em uma


impedância de correção em série com os trechos representados por estes
parâmetros. Temos o sistema em estudo com estas impedâncias:

If mcendr02
Zm

Za Zb Zc

Rse
Rge

Trecho A Trecho B

n torres
n+1 vaos Impedancias de correcao devido N torres
N+1 vaos
'a representacao por parametros
distribuidos

Figura 2-J IMPEDÂNCIAS DE CORREÇÃO PARA O MÉTODO "FUNÇÕES


HIPERBÓLICAS"
56

2.4.3 Lader finito com mútuas

Até o momento foi analisado o trecho sem mútuas. Para o circuito


com acoplamento por meio de mútuas, trecho A, deduz-se as equações
diferenciais da mesma forma que foi feito anteriormente, obtendo-se:

- di = v y dx
- dv = i z dx - If zm dx
onde zm é a mútua distribuída = Zm / vão.

A solução das equações acima em conjunto com as condições de contorno na


falta e na geração nos fornece as seguintes fórmulas para o cálculo da
distribuição de correntes no ponto da falta:

V = (1 - µ) If ZnN (2-G)

Sendo a simbologia a mesma proposta por Endrenyi, para facilidade


de consulta:
V - potencial em Rse
µ - fator de acoplamento = Zm / Zs (2-H)
Zm - mútua para um vão
Zs; If - já definidos
1
Z nN =
1 1 1 1 (2-I)
+  + 
Z n ' D n  Rse Z N 

Zn’ = λ∞ Zs + Zo Bn (2-J)

Zg cosh n K - Rge + Zo sinh n K


Bn = (2-K)
Zg senh n K + Zo cosh n K

λ∞ - fator de correção determinado graficamente


K, Zo, n, - já definidos anteriormente
Zg = Za + Rge ; Za = λ∞‘ Zs ; λ∞‘ = 1 - λ∞
57

Rge - resistência para terra da estação alimentadora conforme fig 2-10.


OBS.: Na notação srcinal do artigo temos Rst em vez de Rge; neste trabalho
o símbolo foi trocado pois Rst foi utilizado no caso anterior
Rge
D n = 1- (2-L)
( Zg + λ∞ Zs) cosh n K + ( Z 0 + λ∞ Z g K ) senh n K
ZN = impedância do trecho B, calculada anteriormente

Endrenyi apresentou uma série de gráficos para se obter a


resposta de forma mais simples, entretanto a custa de precisão nos resultados.
Estes gráficos simplificam bem os cálculos, entretanto não há como sabermos
a ordem de grandeza do erro cometido, o que limita suas aplicações. Devido a
isto recomendamos seu emprego nas etapas preliminares de um projeto,
conforme 1.2.1 . Utilizamos estes gráficos no item 3, e obtivemos, para os
casos particulares analisados, desvios pequenos ( ∼ 10 % ).

2.4.4 Lader infinito com mútuas

As equações são similares às acima, porém mais simples. Para o ponto da


falta temos:
V = (1 - µ) If Zeq (2-M)

Onde: V, µ, If - já definidos
Zeq - impedância equivalente do lader infinito em paralelo com

a impedância de aterramento do ponto em falta:


1
Zeq=
1 1 1 (2-N)
+ +
Z inf Rse Z N

Rse - resistência para terra na falta


ZN = impedância do trecho B, calculada anteriormente
Observar que neste caso não existe o fator Dn.
58

2.4.5 Hipóteses e limitações

Resumindo para este método as hipóteses de desenvolvimento e


limitações de aplicações:

1) Todos os vãos devem ser iguais.


2) As fórmulas fornecem a distribuição de correntes na falta, mas não na
geração.
3) Os gráficos para simplificação dos cálculos resultam em erros de proporções
desconhecidas.
4) Para utilização das fórmulas exatas por funções hiperbólicas, é necessária a

programação de computador, que não necessita de muitos recursos. Pode-se


dizer que o menor computador, para os padrões atuais, atende.
5) Não se aplica em sistemas interligados, entretanto Endrenyi apresentou
extensão do método para linhas alimentadas por ambos os lados.
59

2.5 ELIMINAÇÃO DUPLA (DAWALIBI)

Dawalibi [10,8], a partir das equações de análise de malhas do


circuito típico, considerando cada vão uma malha e mais uma malha para o

cabo fase, desenvolveu um algoritmo que permite, sem grandes esforços


computacionais, e sem necessidade da inversão de matriz quadrada enorme, o
cálculo de todas as correntes em todos os nós.

Para uma análise de malhas aplicada diretamente ao circuito típico


seria necessário a inversão de matriz quadrada de ordem n, igual ao número
de vãos, o que dificultaria ou inviabilizaria a solução. A “eliminação simples” é
etapa preliminar para a “eliminação dupla”, e consiste em aplicar algumas
fórmulas seqüencialmente desde o primeiro vão até o enésimo, e obter no final
2 equações a 2 incógnitas que fornecem as grandezas de interesse. A partir
deste algoritmo é deduzida a “eliminação dupla”, que tem como principal

característica evitar os erros de imprecisão dos computadores devido ao


excesso de contas.

Tem a grande vantagem de poder considerar vãos diferentes, ou


seja, com tamanhos e/ou impedâncias diferentes, podendo a linha atravessar
solos de diferentes resistividades.

Dawalibi calcula por este método também a corrente de falta no


cabo fase, diretamente pelas impedâncias de Carson-Clem, o que é feito por
componentes simétricas em outros métodos como etapa preliminar.

Pode ser estendido para sistemas interligados ou linhas


alimentadas pelos dois lados, sendo entretanto de aplicação trabalhosa.
60

2.6 EQUAÇÕES DE DIFERENÇAS


(VERMA, MUKHEDKAR)

Verma e Mukhedkar, embasados em Rudenberg 1, propuseram o

cálculo da distribuição de correntes por meio de equações de diferenças [9],


indicando, para o tratamento matemático, o livro “Equações Diferenciais
Ordinárias”, de Kaplan2.

O cálculo por estes procedimentos tem a vantagem de ser


extremamente simples, determinando as correntes que fluem para terra em
todas as torres, entretanto é limitado ao caso de termos os vãos iguais. Para
cada vão foi utilizado o modelo “por grandezas reais sem impedância de
retorno pela terra”, do item 2.1.2 . A corrente de falta é previamente calculada.

Temos neste método a demonstração de que as correntes que


saem para a terra pelas torres têm decaimento exponencial com a distância, se
a linha entre a falta e a alimentação puder ser considerada infinita. A linha será
infinita se

δ l ≥ 2 , sendo δ = cte de propagação = z g( pu) r


t ( pu )

onde l - comprimento total da linha


zg(pu) - impedância série distribuida
rt(pu) - impedância paralela distribuida
Condição igual à proposta por Endrenyi, eq. 2-3.

Consideremos o sistema abaixo em falta para a terra, onde


devemos observar que a resistência do ponto em falta é igual às resistências
dos outros postes. Na simbologia utilizada por Verma o vão genérico é
denominado n, equivalente ao k da “Simbogia” deste trabalho.

1
RUDENBERG, R. Transient performance of electric power systems. N. Y.
McGraw-Hill 1950
2
KAPLAN, W. Ordinary differential equations. Addison Wesley
Publishing Co. Inc.
61

If verma01

+ Vph
If
Zm
-
Zg Zg Zg Zg Zg

i(n+1) in i(n-1) i2 i1
Rt Rt Rt Rt Rt Rt

I(n+1) In I(n-1) I2 I1 I0

Subestacao Poste em
geradora falta

Figura 2-K MÉTODO "EQUAÇÕES DE DIFERENÇAS": REDE PRIMÁRIA


EM FALTA

Aplicando Kirchhoff à malha n, e respectivos nós, temos:


In = i n − i n+1
(2-O)
I n−1 = i n −1 − i n

i n Zg − µI f Z+ g −I n R t = I n −1R t 0 (2-P)

onde µ é o fator de acoplamento, conforme [1]3:

b
log

a
µ=
 2h 
log 
 r' 

sendo: b - distância do condutor à imagem do cabo guarda

a - distância do condutor ao cabo guarda


h - altura em relação ao solo do cabo guarda
r’ - raio do cabo guarda
Nota: este fator é definido em outros artigos como µ = Z m / Z g , sendo portanto
um número complexo para cálculos com maior precisão.

3
Página 592 da edição de 1950
62

Obtendo-se o valor de in e in+1 de 2-16, substituindo em


2-15, e reagrupando, temos:

In (Zg/Rt) = (In+1 - I n) - (I n - I n-1)

= ∆2 In

Equação definida como “equação de diferença”, que tem como solução:


In = A eαn + B e -αn , onde α = Z g R t

Também, substituindo-se 2-15 em 2-16 e reagrupando, ficamos com:

in (Zg / Rt) = ∆2 in + µ If Zg / Rt

Equação de diferença com um termo constante, que tem como solução:

in = a eαn + b e-αn + µ If

Substituindo-se i n , in+1 e In em 2-15, obtêm-se uma relação entre as


constantes das soluções:

A = a (1 - e α) e B = b (1 - e -α)
Portanto temos:

in = A eαn / (1 - e α) + B e-αn / (1 - e -α) + µ If

Para o cálculo de A e B temos que considerar as condições de contorno do


problema. Para o cálculo de A os autores consideraram o lader infinito,
portanto depois de certa distância a corrente fluindo das torres para a terra cai
a zero. Desta forma:

A=0

Nota: fazendo-se A = 0 perdemos o equacionamento para a subestação


alimentadora. A condição de contorno na torre em falta fica If = I0 + i1 ,de onde
tiramos o valor de B e chegamos às soluções finais:

in = I f (1 - µ) e-αn + µ If (2-Q)

In = If (1 - e -α) (1 - µ) e-αn (2-R)


63

Sendo α= Zg R t (2-S)

Para o primeiro vão temos:

i1 = I f (1 - µ) e-α + µ If (2-T)
I0 = If (1 - µ) (1 - e -α) (2-U)

Verificamos então que com as expressões acima, o cálculo da


distribuição de correntes se torna, como dissemos, muito simples, sendo
possível calcular a corrente em todos os postes.

Analisando estas expressões verificamos que no cabo neutro a


corrente decai exponencialmente com a distância e se estabiliza no valor µ If .

Nos postes decai exponencialmente, com a distância, a zero.

Uma extensão deste método apresentada no mesmo artigo permite


o cálculo da distribuição de correntes, de forma simples também, para o caso
da falta ser em uma subestação de carga com resistência de aterramento
diferente das resistências dos postes. Entretanto o cálculo torna-se um pouco
mais trabalhoso, com a aplicação de fórmulas com funções hiperbólicas, para o
caso do lader não ser infinito.

Outras limitações do método são:


- não calcular a distribuição na subestação alimentadora, sendo válido apenas
para o ponto de falta;
- a linha deve ser um lader infinito para aplicação das equações 2-Q a 2-U ;
- para o lader finito foi apresentado um método de cálculo para a impedância
do lader vista no ponto de falta, que permite determinar a corrente derivada
pela subestação de carga, mas não a corrente nos diversos ramos do lader;
- não se aplica a sistemas interligados.
64

2.7 DIAGRAMA DE SEQUÊNCIA ZERO (MELIOPOULOS)

Neste caso cada vão será modelado pelo diagrama de seqüência


zero de uma linha trifásica, conforme circuito do item 2.1.3. Como mencionado

neste item, cada elemento deste circuito pode ser calculado conforme
Meliopoulos em “Power System Grounding and Transients” [14], e como é
esperado, obtemos valores com ordem de grandeza de 300% das impedâncias
de Carson-Clem.

Obtidas as impedâncias, monta-se a rede de seqüência zero para


o sistema completo, efetua-se a interligação desta com as de seqüência
positiva e negativa, e pode-se então calcular as componentes simétricas de
tensões e correntes em qualquer ponto. A partir destas componentes podemos
obter pelos meios tradicionais as correntes e tensões de fase.

De acordo com este autor, praticamente não há vantagem em se


utilizar este modelo, pois:

1) O circuito a ser resolvido é, em geral, complexo como o circuito por


grandezas reais, sendo que verificamos a presença de mútuas em cada vão.

2) Não se pode utilizar grandezas em pu, pois há considerável porcentagem da


corrente que flui da alta para a baixa tensão sem passar por transformador.

3) Alguma simplificação pode ser obtida adotando-se 1 pu com fase zero para
a corrente de seqüência zero, e resolvendo-se apenas o circuito desta
seqüência [25]. Desta forma obtemos todas as correntes, deste circuito, como
uma fração da corrente total, que seria calculada pelos meios convencionais.
Estes procedimentos simplificam os cálculos, contudo ainda são trabalhosos
como os cálculos por grandezas reais.

Por estes motivos, Meliopoulos sugere a utilização do “Método


Direto”, item 2.8.
65

Observamos ainda que o cálculo por componentes simétricas


supõe transposição completa da linha, o que geralmente não ocorre para faltas
à terra. Assim algum erro, embora pequeno, estaria sendo cometido no cálculo
da corrente de falta, apesar de se considerar as impedâncias de cabos guarda
e torres.

Uma variação deste método é apresentada por Meliopoulos em


“Current Division in Substation Grounding Systems” [25], onde a terra é
considerada como um condutor metálico equivalente, percorrido por corrente I,
sendo que ficamos com 3 condutores: fase, guarda e terra. A partir desta
configuração, foi deduzido o diagrama de seqüência zero, no qual temos, por
vão, um ramo representando o cabo fase, outro representando o cabo guarda
e outro o condutor metálico equivalente à terra, sendo que aparecem 3 mútuas:
entre fase e guarda, entre fase e terra e entre guarda e terra. Desta forma, a
solução do circuito de seqüência zero fica extremamente complicada,

dependendo de poderoso software.

Apesar dos trabalhosos cálculos inerentes a este método, ele pode


ser vantajoso nos casos em que se possui um sistema de potência já
modelado por componentes simétricas em software e hardware possantes o
suficiente para a solução dos extensos circuitos, e com possibilidade de se
introduzir mútuas nas redes de seqüência zero. Neste caso para calcularmos a
distribuição das correntes, apenas seriam informados os diversos caminhos no
diagrama de seqüência zero.
66

2.8 MÉTODO DIRETO (MELIOPOULOS)

Será empregado o modelo por grandezas reais com capacitâncias

próprias e mútuas, item 2.1.4. Os vãos podem ter impedâncias diferentes,


assim como as resistências de aterramento das torres podem ser diferentes e
as capacitâncias próprias e mútuas podem ou não ser consideradas. Conforme
exposto por Meliopoulos em “Power System Grounding and Transients” [14 ],
este método consiste em 2 etapas:

1 - Representar a linha de transmissão por meio de uma matriz admitância, de


ordem reduzida, podendo esta representação ser aplicada a qualquer tipo de
linha, monofásica, trifásica ou, para nossos objetivos, com uma fase e um
neutro multi-aterrado, ambos com retorno pela terra. Também, outra vantagem
desta representação é o fato de não precisarmos simetria da linha no trecho

em consideração, não havendo necessidade de termos a transposição de


fases. A alimentação será também representada por uma matriz admitância e
idem para o ponto de falta.

2 - Utilizando as matrizes do item anterior, determinar um sistema de equações


de forma a calcular as tensões e correntes de interesse, sendo que este
sistema tem um número reduzido de equações, podendo ser calculado sem
grandes esforços computacionais e com alta precisão.

2.8.1 Modelagem da linha pela matriz admitância

Está demonstrado no Apêndice B que a linha da figura abaixo,


constituída por um cabo fase e um neutro multi-aterrado com um número
qualquer de vãos, pode ser representada por uma matriz admitância tal que:
67

Il1 V1
Il2 = [Y] V2
Il3 V3
Il4 V4

Ou, de forma compacta: [I] = [Y] [V]

Sendo: [I] - matriz coluna das correntes nos terminais entrando


[V] - matriz coluna das tensões nos terminais.
[Y] - matriz admitância da linha.

Correntes e tensões são grandezas reais e não componentes simétricas, o que


srcinou o nome do método. A matriz [Y] leva em conta todas as resistências
para terra, sendo própria para cálculos de tensões e correntes no sistema de
aterramento. Pode-se também incluir as capacitâncias próprias e mútuas de
cada vão se necessário.

1 Zpn Zp2 Zp1 3

V1
V3
Il1 Il3
Zmn Zm2 Zm1

Il4
2 Zn2 Zn1
Znn
4
V2
V4
Il2
Rt3 Rt2
Rtn

vao 2 vao 1 met_dir3


vao n

Figura 2-L LINHA FASE NEUTRO MULTI-ATERRADO A SER


REPRESENTADA PELA M ATRIZ ADMITÂNCIA
68

2.8.2 Modelagem da alimentação e falta pela matriz admitância

Vemos na figura a alimentação e a falta que também serão


modeladas por matriz admitância.

Zfalta
V3
V1

Zs Is1
If3

Es + If4
Is2
-
V4
V2
Ig2
Ig4

Rse Rt1

SE
gerad.
linha modelada pela matriz admitancia met_dir1

Figura 2-M ALIMENTAÇÃO E FALTA A SEREM MODELADAS PELAS


MATRIZES ADMITÂNCIAS

Para a alimentação podemos escrever:

V1 - V2 = Zs Is1 + Es
Is2 = - Is1

Resolvendo para as correntes obtemos:

Is1 = 1/Zs -1/Zs V1 - Es/Zs


Is2 -1/Zs 1/Zs V2 -Es/Zs
69

Vemos portanto que as fontes serão representadas por uma matriz admitância
e uma matriz de correntes impostas.

Aplicando procedimento análogo podemos determinar a matriz


admitância da falta:

If3 = Yf11 Yf12 V3


If4 Yf21 Yf22 V4

2.8.3 Equações nodais

Consideremos o sistema completo onde cada elemento, quais


sejam, 1 - alimentação; 2 - linha; 3 - falta, é modelado pela sua matriz
admitância.

V1 Zpn Zp2 Zp1 V3 Zfalta

Zs Is1 Il1
Il3 If3
Zmn Zm2 Zm1

Es + If4
Is2 Il2 Il4
- Zn2 Zn1
Znn

V2 V4
Ig2
Rt2
Rtn Ig4

Rse Rt1

SE vao 2 vao 1
vao n
gerad.
linha modelada pela matriz admitancia met_dir2

Figura 2-N MÉTODO DIRETO: REDE PRIMÁRIA EM FALTA

Para cada um dos quatro nós temos:


70

Nó 1 : Is1 + Il1 = 0
2 : Is2 + Ig2 + Il2 = 0
3 : Il3 + If3 = 0
4 : Il4 + Ig4 + If4 = 0

Cada corrente das equações acima pode ser obtida da sua respectiva matriz
de admitâncias, em função de apenas 4 variáveis: V1; V2; V3; V4, que são
as tensões nodais para o sistem a. Substituindo as correntes em função das
tensões, e desenvolvendo algebricamente, obtemos o sistema de equações
nodais, constituido por apenas 4 equações a 4 incógnitas, de resolução fácil.
71

2.9 MÉTODO DESACOPLADO


(SOBRAL, MUKHEDKAR)

Foi desenvolvido para sistemas interligados e utilizado no cálculo

da distribuição de correntes em Itaipu [16, 17, 18]. Com os resultados foram


dimensionadas as malhas de terra das várias subestações do sistema, assim
como os cabos guarda que interligam estas malhas. Foram realizadas
medições da distribuição de correntes, em faltas simuladas, e comparadas com
os valores calculados, sendo que os erros dos valores calculados foram
baixos, o que comprovou a eficácia dos procedimentos.

Há vantagens na utilização deste método em cálculo de redes


primárias ou em linhas de transmissão radiais, desde que os vãos adjacentes
não apresentem diferenças em suas impedâncias e resistências de
aterramento. Assim, uma rede primária com 200 vãos, sendo:
- os vãos de 1 a 100 iguais com mesmas impedâncias,
- e os vãos 101 a 200 com impedâncias diferentes das dos outros vãos, mas
iguais entre si,
pode ser resolvida com vantagem. Uma rede com 200 vãos, todos diferentes
entre si, pode ser resolvida também, entretanto não apresenta vantagem pois a
preparação dos dados de entrada para software específico será trabalhosa, e
além disto teremos um número excessivo de contas, acarretando enorme
esforço computacional. Na prática a maioria dos casos está de acordo com o
1o. exemplo, sendo portanto rara a situação para a qual o método não é
recomendado.

Os procedimentos consistem em:


1) Calcular a corrente de falta por componentes simétricas, utilizando os
inúmeros programas existentes no mercado. Para um sistema interligado
interessam também as correntes nos neutros dos vários transformadores
alimentando o sistema.
2) Desacoplar o circuito de terra do circuito de fase, o que significa eliminar as
mútuas do circuito de terra.
72

3) Simplificação do circuito “desacoplado”, substituindo laders infinitos e finitos


por circuitos pi equivalentes. Outras simplificações possíveis utilizando a teoria
tradicional de circuitos devem também ser feitas.
4) Solução do circuito assim obtido, que deve ter um número pequeno de nós,
por análise nodal.

O passo quatro acima relatado apenas deve ser executado após


uma grande redução no circuito, pois um número elevado de nós acarretaria
em um sistema de muitas equações, o que exigiria a inversão de uma matriz
com muitos elementos. Esta inversão de matriz de ordem elevada pode dar
srcem a uma propagação de erros de forma a invalidar a solução final. O
princípio desta propagação de erros é simples:
- A grandeza A tem 3% de incerteza, portanto: A = a ± 3%
- Idem para a grandeza B: B = b ± 3%
- Efetuando operações com A e B a incerteza do resultado será maior que 3%:
A * B = (a ± 3%) * (b ± 3%) = ab ± 6,09%

2.9.1 Desacoplamento

O modelo “por grandezas reais sem impedância de retorno pela


terra”, item 2.1.2, será colocado em forma conveniente para se executar o
desacoplamento. Temos abaixo o novo circuito onde a única mudança foi a
substituição da mútua por uma fonte de tensão no condutor terra.

mcsobr01
1 Zp Ip 4

2 Ic 5
+
Zm Ip Zc
Rt
3 6

Figura 2-O CIRCUITO DE UM VÃO A SER DESACOPLADO


73

Sendo: Zm - idem “Simbologia”; Zc - idem Zn da “Simbologia”; Ip - idem If

Na verdade teríamos outra fonte de tensão no condutor fase que


não será representada por não estar interessando ao presente cálculo.

Uma vez introduzida a fonte de tensão de valor (Zm Ip) no condutor


neutro, o trecho 1-4 não será mais necessário e portanto será eliminado do
circuito. Para o trecho 2-5 será aplicada a equivalência Norton-Thevenin e
teremos o circuito representativo de um vão:

mcsobr02

(Zm/Zc) Ip

2 5

Zc
Rt
3 6

Figura 2-P CIRCUITO DESACOPLADO DE UM VÃO

Observar que os pontos 2, 5, 6, 3 deste circuito são os mesmos do


circuito srcinal, e para estes pontos o circuito acima é equivalente. Verificamos
também que o circuito de aterramento ficou independente do condutor fase,
sem a ligação srcinal por meio das mútuas, ou seja, ficou desacoplado.

O gerador de corrente do circuito desacoplado tem valor:


Ian = µ Ip (2-V)
Sendo: Ian - corrente auto-neutralizada
µ = fator de acoplamento = Zm / Zc, definido na eq. 2-8
74

Aplicando-se o circuito acima a n vãos, todos com mesmos fatores


de acoplamento, mas Rt e o tamanho do vão podendo variar, obtemos os 2
circuitos equivalentes entre si:
75

es
se R
3
0
r
R
b
o
sc
m

Ip c
)c c
Z n Z n
/Z ao ao
v v
m t t
Z ( R R

pI c
c)
c Z 1
Z -
Z -1 n
/ n
m o
a t ao
t v
Z
( R
v R

Ip
A )c
E
L /Z
A m
IV (Z
U
Q
E

t t
R R

pI c 2
)c c
Z
2 Z o
o a
/Z a
v v
m t t
Z( R R

pI c
)c c
Z 1 Z 1
o o
a
/Z a
v v
m t t
Z
( R R

Figura 2-Q CIRCUITO DESACOPLADO DE N VÃOS

2.9.2 Substituição de lader desacoplado por pi equivalente

O último circuito pode ser simplificado ainda mais, resultando em:


76

Ip
4 c)
r0
o
b /Z
sc m
m (Z Ip
c)
es /Z
R m
c (Z
Z n
o
a es
t v R
R

c
Z n
c o
Z a
-1 v
n
o
a
t v
R
P

A Q 1
-
t E n
R L a
A 2
V
I s
o
U
Q a
v
E
c 2
Z o P
a
v
t
R

c 1
Z
o
a
c 1 v
Z
o
a t
v R
t
R

pI
p )c
)cI Z/
/Z m
m (Z
(Z

Figura 2-R REDUÇÃO DE CIRCUITO UTILIZANDO EQUIVALÊNCIA


ENTRE LADER E PI
Para esta última passagem foi utilizada a equivalência entre um
circuito lader desacoplado e um pi de parâmentros P, Q , desenvolvida por
77

Sobral, e cuja demonstração consta nos artigos citados. Este pi equivalente é


calculado da seguinte forma:

2.9.2.1 Lader finito com vãos iguais


mcsobr06

I=1 A B

Vb
Zs Zs Zs
Va
Zg Zg Zg Zg

Figura 2-S LADER FINITO COM VÃOS IGUAIS A SER SUBSTITUIDO POR
PI EQUIVALENTE
Sendo: Zg - Impedância de aterramento da torre, em ohms
Zs - Impedância série do cabo guarda, em ohms
Ze - Impedância equivalente do lader infinito, em ohms
N - Número de nós
Temos:
Zs Zs 2
Ze = + + Zg Zs
2 4
Zg
K =
Zg + Ze

K 2N
A =
1 - K 2N
Potencial no ponto n (n variando de 1 a N):
 n-1 A
( ) K(
V = I Zg 1-K )
1+A +
 K n 
Nesta fórmula fazemos I = 1 /_0 A.
Para n=1 temos Va e n = N temos Vb. Finalmente:

P = (Va + Vb) ohm ; Q = {P (Va - Vb) / Vb} ohm (2-W)


Temos então o circuito pi equivalente:
78

mcsobr08
Q
A B

P P

Figura 2-T CIRCUITO PI EQUIVALENTE AO LADER

2.9.2.2 Lader finito com vãos diferentes


mcsobr07

A B
I=1

Vb
Z2 Z4 Zn-1
Va
Z1 Z3
Zn-2
Zn

Figura 2-U LADER FINITO COM VÃOS DIFERENTES A SER


SUBSTITUIDO POR PI EQUIVALENTE

Neste caso não há fórmulas diretas como no anterior, havendo


necessidade de uma análise nodal para o cálculo de Va e Vb, supondo uma
corrente de 1 A aplicada ao nó A. Calculados Va e Vb caímos no caso anterior
sendo P e Q calculados pelas eq. 2-23, e sendo o circuito pi equivalente o
mesmo do item anterior.

2.9.2.3 Constante de espaço

Designada pelo símbolo “CE” e também denominada “comprimento


característico”, é a distância necessária no circuito lader para que a corrente
que penetra a terra através da resistência paralelo decaia a 36,8% do valor
srcinal.
79

A 1 2 3 4 8 B

It4 It8
ItA
It

ItA = 1pu
mcsobr10
CE

0,37pu

0,13pu
Comprim.

Figura 2-V DEFINIÇÃO DE CONSTANTE DE ESPAÇO

Vemos que  It4  = 0.368  ItA  , portanto CE = 4 vãos. O


critério proposto por Endrenyi na equação 2-3 considera um lader com 2 CE
como infinito, e o ponto 8 na figura acima pode-se considerar desconectado do
ponto A. No método desacoplado é sugerido 3 CE. Assim, o critério para lader
infinito depende da precisão desejada.

Determinação da CE: CE = −S (km) (2-X)


ln(K1)

Sendo S - comprimento do vão em km; K1 - módulo do complexo K

2.9.3 Análise nodal

Utilizando-se as ferramentas expostas, temos a resolução de uma


rede primária, sendo a primeira figura o sistema completo e a segunda, o
circuito simples obtido.
80

5
r0
b
so
c Ip
m fl
Z
p
I
p
I )c
1 Z /
1 1
c o
m Z a m
1
p
Z 1
cI V (Z
Z lf
t1 Z
R
1
cI
2
m c2 c 1
Z Z
2
p
Z c2
I 2 o
a
Z o v
a
V
2
t
R
P
3 3
c
m Z
3
p
Z c3
I 3
Z ao
V Q
3
t 1
-
R n
a
2
s
o
a
v

A P
E
L
A
1
- 1
- IV
U
n
m cn -1 Q
-1 Z n 1 E c n
n Z Ic - Z
p n o
a
Z 1
- ao n v
n
t V Ic p
f
R R

n n
c
m Z n
n Z cI n
p
Z ao p
V I
fp )
R c/Z
m
Z(
sae
f Ip
V Ip
+

Figura 2-W "MÉTODO DESACOPLADO": CIRCUITOS ORIGINAL E


REDUZIDO DE REDE PRIMÁRIA EM FALTA
81

Este último circuito tem solução por meio de 4 equações a 4


incógnitas resultantes de análise nodal, onde o nó de referência é a própria
terra. Conhecendo as tensões em todos os nós temos:

- A tensão obtida em Zfl será a sobretensão no ponto em falta, em relação a


um ponto afastado, ou “Ground Potential Rise” segundo a IEEE 80.
- A tensão em Rfp será a elevação de tensão, em relação a um ponto afastado,
na subestação de alimentação, ou GPR.
- A corrente Ic1 percorre o cabo guarda da subestação em falta e, em conjunto
com o tempo de desligamento do disjuntor, pode ser utilizada para o
dimensionamento deste cabo com relação a curto fase-terra.
- Idem para a corrente Icn.
- A corrente que penetra Zfl será utilizada para o dimensionamento da malha
de terra desta subestação, sendo esta corrente denominada “grid current” pela
IEEE 80, igual a 3 Io.

- Idem para a corrente que penetra Rfp.


- Por este circuito verifica-se que desprezando a mútua estaremos com erro
conservativo.
82

2.10 ALIMENTAÇÃO NO PONTO (GOOI, SEBO)

De acordo com os autores, este algoritmo é uma evolução do


apresentado no item 2.3, “Matrizes em cascata”. Da mesma forma que neste
último método, o descrito no presente item pode ser aplicado nos casos em
que há variação das impedâncias de um vão para outro, e para laders finitos
ou infinitos, sendo portanto genérico. Além disto, apresenta as seguintes
vantagens adicionais:
- minimização da quantidade de contas executadas, de forma a diminuir ou
eliminar os erros gerados pelas imprecisões dos números, conforme
mencionado no item 2.9, “Método Desacoplado”;
- minimização do tempo de processamento, como conseqüência do item
anterior;

- assim como “Matrizes em Cascata” tem que ser empregado com computador,
porém apresenta maior facilidade de programação.
- a corrente de falta é calculada pelo próprio algoritmo, não sendo necessário
informar ao computador; em “Matrizes em Cascata”, a corrente de falta era
suposta conhecida.

Utilizando o modelo “por impedâncias reais sem retorno pela terra”,


item 2.1.2, temos o sistema a ser analisado, com n vãos e sendo o vão 1
aquele onde ocorreu a falta. Se o ponto em falta for uma subestação de carga,
a situação é a mesma exceto que a resistência Rt1 passa a ser a resistência
para terra da subestação, igual à resistência da malha em paralelo com as dos
cabos guarda de todas as linhas que chegam ou saem.
83

Ip Ip
Zpn Zpn-1 Zp2 Zp1

Zsp
Zmn Zmn-1 Zm2 Zm1

Vsp + Ig1=
- Zgn Vgn Zgn-1 Vgn-1 Zg2 Vg2 Zg1 Ip

Vgn+1
Vg1
Ign+1 Ign Ig3 Ig2
Rt2 Rt1
Rtn Rtn-1
Rfp

SE gerad. vao n-1 vao 2 vao 1 gooi01


vao n

Figura 2-X MÉTODO "ALIMENTAÇÃO NO PONTO": REDE PRIMÁRIA


EM FALTA PARA TERRA

Onde, na notação srcinal do artigo:

k - vão genérico variando de 1 na falta a n na alimentação


Vp - tensão do condutor fase
Vg - idem cabo guarda
Ip - corrente no cabo fase
Ig - corrente no cabo guarda
Igk - idem no k-ésimo vão
Rfp - resistência para terra da SE alimentadora
Rtk - resistência da torre no k-ésimo vão
Zsp - impedância equivalente do sistema de alimentação
Vsp - tensão do sistema de alimentação
Zpk - impedância do condutor fase no k-ésimo vão
Zmk - impedância mútua entre condutor fase e
cabo guarda no k-ésimo vão
Zgk - impedância do condutor guarda no k-ésimo vão

O circuito acima, com relação à distribuição de correntes e


potenciais no cabo guarda, é equivalente ao circuito abaixo, onde a
alimentação foi transferida para o ponto da falta:
84

Ip Ip
Vpn+1 Zpn Zpn-1 Zp2 Zp1

Vpn Vpn-1 Vp2 Vp1

Zsp
Zmn Zmn-1 Zm2 Zm1 -
Vsp
+
Zgn Vgn Zgn-1 Vgn-1 Zg2 Vg2 Zg1 Ig1=Ip
Vgn+1
Vg1
Ign+1 Ign Ig3 Ig2
Rt2 Rt1
Rtn Rtn-1
Rfp

SE
gerad.
vao n-1 vao 2 vao 1
vao n gooi02

Figura 2-Y CIRCUITO EQUIVALENTE COM ALIMENTAÇÃO NO PONTO


EM FALTA

Para este circuito, considerando o vão n+1, ou seja, a subestação


alimentadora, temos:

Vpn+1 -(Zsp + Rfp) Rfp Ip


= (2-Y)
Vgn+1 -Rfp Rfp Ign+1

Sendo:

-(Zsp + Rfp) Rfp Z11n+1 Z12n+1

Zn+1 = =
-Rfp Rfp Z21n+1 Z22n+1

Considerando agora o vão n temos:

Vpn+1 - Zpn Ip + Zmn Ign+1 = Vpn (2-Z)


85

Vgn+1 + Zgn Ign+1 - Zmn Ip = Vgn (2-AA)

Ign+1 = Ign - Vgn / Rtn (2-BB)

Executando os procedimentos:

1) Tiramos Vpn+1 de 2-25 e substituimos em 2-26.


2) Tiramos Vgn+1 de 2-25 e substituimos em 2-27.
3) Ign+1 dado por 2-28 substituimos em 2-27.

Obtemos:
Vpn Ip
= Zn
Vgn Ign

Sendo os elementos da matriz Zn:

 Z 21n +1 − Z mn  Z 12n +1 + Z mn
Z 11n = ( Z 11n +1 − Z pn ) −   Z
 R tn  22n +1 + Z gn
1+
R tn
Z 12n +1 + Z mn
Z 12n =
Z 22n +1 + Z gn
1+
R tn
 Z 21n +1 − Z mn  Z 22n +1 + Z gn
Z 21n = ( Z 21n +1 − Z mn ) −   Z
 R tn  22n +1 + Z gn
1+
R tn

Z 22n = Z 22n +1 + Z gn
Z 22n +1 + Z gn
1+
R tn

Para o vão n-1 teremos igualmente:

Vpn-1 Ip
86

= Zn-1
Vgn-1 Ign-1

Onde a matriz Zn-1 é calculada de forma análoga à matriz Zn, apenas


substituindo-se os índices n+1 por n e n por n-1 .

Desta forma procedemos até o vão 1, onde temos:

Vp1 Ip
= Z1
Vg1 Ig1

Introduzindo as condições de contorno:

Ip = Ig1; Vg1 - Vp1 = Vsp;


Temos:

Ip = Vsp / (Z221 + 2 * Z211 - Z111)

Equação que nos permite o cálculo da corrente de falta. A partir destes valores
calculamos Igk, para k = 2 até k = n, e idem para Vgk, com as seguintes equa-
ções onde as matrizes de impedâncias são conhecidas:
- vão 1:
Vp1 Ip
= Z1
Vg1 Ig1

- vão 2:

Vp2 Ip
= Z2
Vg2 Ig2
- e assim por diante até a alimentação.
87

Os autores apresentam uma extensão do método para o caso de


linha alimentada pelos 2 lados, e também para outros tipos de faltas à terra.
Entretanto para sistemas de potência interligados não se aplica.

Para a comprovação do método, são feitas 2 comparações:

1) Foram executados os cálculos para as mesmas condições em que foram


efetuadas medidas da distribuição de correntes em uma linha de transmissão
real conforme relatado em artigo de Sebo e Regeni [4]. Estes cálculos
executados pelo algoritmo “Alimentação no ponto” resultaram idênticos aos
mesmos cálculos executados por “Matrizes em cascata”, e portanto forneceram
resultados em bom acordo com as medições.

2) Foram efetuados os cálculos para um caso já resolvido por programa do


Electric Power Research Institute, sendo que os resultados foram idênticos.
Com relação ao tempo gasto de CPU, este método precisou de apenas 5,2 %

do tempo utilizado pelo programa do EPRI.


88

2.11 MÉTODO PRÁTICO (POPOVIC)

Consideremos um sistema, não interligado, constituído por uma

subestação geradora A, uma linha de transmissão com cabo guarda, e uma


subestação de distribuição B.
A B
Ia F Ib
+ Vph If
Zm
- Iw
1 n n+1 N
0
2 n-1
Zs Zs Zs Zs Zs
Ie Zb
R R R
Za

SE-A
(ger) popovi01 SE-B
(car)

Figura 2-Z “MÉTODO PRÁTICO”: SISTEMA EM ANÁLISE

Para este esquema foi utilizado o modelo “por grandezas reais sem
impedância de retorno pela terra”, sendo na notação srcinal:

If - corrente de falta no ponto F, para terra


Ia, Ib - parcelas da corrente de falta
Ie - corrente para terra na subestação A
Iw - corrente no cabo guarda no primeiro vão
Za, Zb - impedância para terra das subestações A, B
Zs - impedância própria do cabo guarda
Zm - impedância mútua entre o cabo guarda e o cabo fase em falta
R - resistência de aterramento das torres
n - número de vãos até o ponto em falta
N - número total de vãos entre A e B
89

Para este sistema, Popovic [23] propôs o seguinte circuito


equivalente, considerando uma eventual alimentação da corrente de falta pela
subestação de carga:
Ia Zlao/3 Zlb0/3 Ib
A F B

If (Z1+Z2)/3
Zao/3 Iia - Iib Zbo/3
Vph
Iw
+ N
0
Vtn
n
Qa Qb
R
Ie Pa Pa Pb Pb Zb
Za

G popovi02

Figura 2-AA “MÉTODO PRÁTICO”: CIRCUITO EQUIVALENTE PARA O


CASO GERAL

Onde:

Iia, Iib - geradores de corrente para desacoplar o circuito, sendo:


Iia = Zm / Zs Ia ; Iib = Zm / Zs Ib
P, Q - impedâncias, desenvolvidas por Popovic, de um circuito pi
equivalente a lader (finito ou infinito), sendo:
kn + 1
Pa = Z∞
kn − k
k 2n − 1
Qa = Z∞
k n + k n +1
k = 1 + Z ∞ /R
Zs Z 2s
Z∞= + +RZ s
2 4
Pb , Qb : idem porém troca-se n por m=N-n
Vph - fonte de alimentação no ponto igual à da estação geradora
Vtn - potencial da torre em falta
Z1, Z2 - impedâncias de seq direta e inversa, do sistema,
no ponto em falta
Zao, Zbo - impedâncias de sequência zero das subestações A e B
Zlao, Zlbo - idem para linha de transmissão
90

G - terra remoto

No artigo em questão não foi fornecida a demonstração deste últi-


mo circuito, constando apenas que foi baseado em:
- Teoria das componentes simétricas
- Metodologia por alimentação no ponto [11]
- Método desacoplado [16, 17]
- Paper de Popovic: “Equações gerais de linha representada por
parâmetros discretos”

A justificativa para o circuito equivalente apresentamos na próxima


figura, onde foram interligados os diagramas seqüenciais do sistema trifásico
em análise para o cálculo de uma falta à terra no ponto F. Observar que:

- Dividindo-se todas as impedâncias desta figura por 3, a corrente Io torna-se


diretamente a corrente de falta If.

- Substituindo-se os diagramas de seqüência direta e inversa pelos seus


equivalentes Thevenin, obtemos o ramo, do circuito equivalente, entre os
pontos F e n.
- Introduzindo-se os diversos caminhos para a corrente de seqüência zero,
cabo guarda, torres e a terra, entre os pontos G , M e G , N do diagrama
de seqüência zero, obtemos os circuitos pi desacoplados do circuito
equivalente. Notar que estas impedâncias entram no diagrama de seqüência
zero com seus valores reais multiplicados por 3. Como mencionado, todas as
impedâncias deste diagrama serão divididas por 3 para se obter a corrente de
falta diretamente, logo no circuito equivalente final, os vários caminhos para a
cor-rente de falta entram com seus valores reais, não multiplicados por 3.
91

Zla1
A F popovi03

B
Io
Zlb1
Za1 Zb1
(elevado,
+
Vph carga)
- Seq +

A Zla2 F Zlb2 B

Zb2
Za2 (elevado,
carga)
Seq -

Zlao Zlbo
A F B

(aberto,
Zao
delta)

Seq o G
M N

Figura 2-BB INTERLIGAÇÃO DOS DIAGRAMAS SEQUENCIAIS PARA


JUSTIFICATIVA DO CIRCUITO EQUIVALENTE

Assumindo as seguintes hipóteses simplificadoras, o circuito


equivalente pode ser reduzido:

- Ligação delta na subestação de carga, resultando em circuito aberto para a


sequência zero. Assim Ib = 0, Iib = 0 e podemos desprezar os efeitos do cabo
fase entre F e B.
- Impedâncias para terra das subestações A e B muito inferiores às outras
impedâncias, podendo ser consideradas zero.

Ficamos desta forma com o circuito equivalente bastante simplificado.


92

popovi04
A Zf
F
If
-
Vph
Iia
+
Iw
0
Vtn
n
Qa
Zn
Ie

Figura 2-CC CIRCUITO EQUIVALENTE SIMPLIFICADO

Onde:

Z f = Z A + nZ s ’
ZA - impedância da fonte igual a:
Z A1 + Z A 2 + Z A 0
ZA =
3
ZA1 : Impedância de seq. + da fonte
ZA2 : Impedância de seq. - da fonte
ZA0 : Impedância de seq. 0 da fonte
Zs’- impedância da linha por vão igual a:
2Z Ls1 + Z Ls 0
Zs '=
3
ZLs1 - impedância de seq. + da linha por vão
ZLs0 - impedância de seq. 0 da linha por vão
Zn - impedância para terra no ponto da falta, F, calculada de forma
simples a partir do circuito equivalente srcinal, pois Iib = 0, e
ficamos com impedâncias associadas em série ou paralelo.

Para este circuito são conhecidas todas as impedâncias e Vph,


portanto calcula-se facilmente:
Ie - corrente na malha da SE geradora
Iw - corrente no cabo guarda no primeiro vão
Vtn - elevação de potencial no ponto em falta
93

Observar que no circuito acima as impedâncias estão em função


de n, ou seja, número de vãos até a falta, e isto possibilita determinar o valor
de n que resulta na maior corrente Ie ou Iw. Com isto pode-se fazer os
dimensiona-mentos da malha de terra e cabo guarda, para a pior condição de
falta em toda a linha. Para se determinar este valor de n, Popovic propõe um
método por equação transcendental, com solução gráfica, de onde obtemos
um valor próxi-mo da solu ção; partindo deste número, um computador faria
uma pesquisa para os valores de n logo acima e logo abaixo e determinaria a
solução final.

O autor afirma que o método em pauta pode ser utilizado para


sistemas interligados também, apenas acrescentando-se no circuito
equivalente uma impedância entre os ponto A e G, que leva em conta as
correntes nos neutros de todo o sistema, excluída a subestação A. Sobre esta
impedância não foi fornecido nenhum critério de cálculo ou exemplo numérico.

Para a validação do método, o autor comparou os cálculos obtidos


com resultados de método mais preciso executado por computador e baseado
em “paper” de Meliopoulos 4, obtendo diferenças menores que 5%. Estas
pequenas diferenças são explicadas, no artigo , por 2 fatores:
- o cálculo por componentes simétricas supõe transposição completa, sendo
que não foi considerada nenhuma transposição;
- a disposição dos condutores na torre foi escolhida da maneira mais
assimétrica possível, de forma a maximizar o erro da solução.

4
Meliopoulos, A. ; Webb, R. ; Joy, E. ; Patel, S. “Computation of
Maximum Earth Current in Substation Switchyards” IEEE Transactions on
Power Apparatus and Systems, v. PAS 102, n. 9, p. 3131-3139, sept.
1983
94

2.12 MÚTUA EQUIVALENTE (SEEDHER)

Seedher, em artigo recente, apresentou um circuito equivalente ao


cabo guarda, constituído por uma única impedância própria e uma única
impedância mútua. O cabo guarda pode ter número finito ou infinito de vãos,
sendo que todos os vãos devem ter impedâncias iguais. A corrente de falta
neste caso é pré-calculada por métodos tradicionais e a resistência para terra,
da alimentação, é suposta muito pequena, sendo desprezada. Assim, o
complicado e extenso circuito que representa a falta para terra alimentada pela
linha de transmissão com cabo guarda, é substituído por um circuito simples
onde o cabo fase torna-se apenas uma fonte de corrente, o cabo guarda torna-
se uma impedância própria e uma mútua, e o ponto em falta é ligado à terra
por uma impedância, cuja corrente é a nossa incógnita e pode ser facilmente

calculada.

O método apresenta evidente facilidade de cálculo. Entretanto o


autor não demonstrou a equação para a obtenção da mútua única equivalente
a todo o sistema, e nem mesmo forneceu o embasamento para tal equação.
Apesar disto, as comparações realizadas com valores já calculados por
programas exatos do EPRI mostraram resultados bastante precisos, em 3
diferentes casos analisados.
95

2.13 SÍNTESE

Dentre os métodos analisados, apontamos o algoritmo

“Alimentação no ponto”, de Gooi/Sebo, item 2.10, como um dos mais


adequados ao estudo das redes primárias radiais, pois:

- É de programação relativamente fácil, não necessitando fluxogramas com


lógica complicada.

- Uma vez programado, basta fornecer ao computador os dados e rodar, não


necessitando interação homem-máquina para realimentação de dados.

- Os vãos podem ter diferentes comprimentos, ou mesmos comprimentos e


diferentes valores de impedâncias, o que significa que a rede pode atravessar

solos com resistividades diferentes, caso mais comum.

- Calcula a corrente de falta pelas impedâncias de Carson, o que significa que


fornece a maior precisão possível para este valor, pois o cálculo por
componentes simétricas pressupõe transposição completa de fases.

- O número de contas é minimizado para evitar propagação de erros devido à


imprecisão dos valores.

Outro método igualmente adequado ao estudo em questão é o


desenvolvido por Dawalibi, “Eliminação Dupla”, exatamente pelos mesmos
motivos.

A única situação em que é possível a solução por calculadora,


evitando-se o trabalho de programação de computador, é rede primária com
todos os vãos iguais e cujo lader de aterramento pode ser considerado infinito.
Neste caso particular o equacionamento proposto por Endrenyi, item 2.4,
resolve o problema de forma simples. Para o caso de lader finito este autor
96

propôs soluções baseadas em funções hiperbólicas, sendo necessário o uso


de computador com programação específica.

Aproximações gráficas, derivadas das funções hiperbólicas, foram


propostas por Endrenyi, item 2.4, com extrema simplificação dos cálculos e
válidas para qualquer caso. Estes procedimentos não podem ser utilizados em
projetos executivos finais por não se conhecer o tamanho do erro cometido,
entretanto são ótimos nas etapas preliminares, conforme item 1.2.1, onde
trabalha-se apenas com ordens de grandezas.

O cálculo por Verma/Mukhedkar, item 2.6, resolve também de


forma simples e rápida, apenas com calculadora, o caso de vãos iguais e lader
infinito, tendo ainda a vantagem de possibilitar a determinação das correntes
nos postes adjacentes ao ponto em falta. Para o caso de lader finito, é
necessária programação simples com funções hiperbólicas. Não se aplica a
redes primárias com vãos diferentes.

O método por diagrama de seqüência zero, item 2.7, devido a ser


trabalhoso, só é recomendado nos casos em que já se possua um extenso
sistema de potência modelado por componentes simétricas em software e
hardware suficientemente possantes.

O “Direto”, item 2.8, é um dos mais precisos e gerais, pois calcula a


corrente de falta diretamente pelas impedâncias de Carson, e pode ser
empregado em linhas com vãos diferentes, sem transposição, e em sistemas
interligados. É recomendado para linhas longas pois pode levar em conta as
capacitâncias próprias e mútuas. Em contrapartida, exige programação
pesada, com grande número de contas executadas pelo computador. Para a
entrada de dados, é necessário uma interação homem-máquina, pois os dados
iniciais são fornecidos ao computador para um primeiro processamento; os
resultados serão tratados algebricamente e fornecidos novamente ao
computador, que então fará o processamento final.
97

O “Desacoplado”, item 2.9, é baseado em análise nodal onde o nó


de referência é a terra, e os outros nós do sistema são os pontos de
aterramento para os quais se deseja tensões e correntes. Os cabos fase não
fazem parte do circuito final a ser resolvido, tendo sido transformados em
geradores de corrente para o circuito de aterramento, onde as correntes são
previamente calculadas por componentes simétricas. Do circuito final a ser
resolvido foram eliminados os acoplamentos mútuos entre cabos guarda e
cabos fase, por meio de geradores de corrente equivalentes. Técnicas
especiais de redução de circuitos foram utilizadas, para que o circuito final, a
ser resolvido por análise nodal, tenha o menor número possível de nós,
evitando-se com isto a inversão de grandes matrizes. É um método adequado
para a solução de sistemas interligados, sendo que para redes primárias
apresenta o inconveniente de necessitar interação homem-máquina para o
processamento total.

O recente “Prático” de Popovic é baseado nos métodos

“Desacoplado”, “Alimentação no Ponto” e “Componentes Simétricas” e resulta


em circuito facilmente resolvível, utilizando contudo o auxílio de computador. É
aplicado principalmente nos casos em que se deseja saber qual o pior ponto
da linha para faltas à terra, tendo o autor desenvolvido equacionamento
específico para isto. Calcula também a corrente de falta, não havendo
necessidade de ser previamente conhecida. Para o cálculo desta corrente são
utilizadas as impedâncias seqüenciais da linha, o que resulta em pequeno erro
para locais em que não haja transposição de fases.

O mais recente, “Mútua Equivalente” de 1999, é aplicado para


linhas com vãos iguais e com lader finito ou infinito, e resulta em equações
simples, resolvíveis apenas com calculadora. Entretanto o autor não
demonstrou a principal equação, para mútua única equivalente a toda a linha.
98

3. APLICAÇÕES A SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO

3.1 REDE PRIMÁRIA DE DISTRIBUIÇÃO TÍPICA

Serão comparadas algumas metodologias por meio de cálculos


executados para uma rede primária padrão Eletropaulo.

Os resultados serão comparados com valores precisos, obtidos em


simulações por computador, relatados em “Análise de sensibilidade da
influência dos sistemas de aterramento e dos valores de resistência de terra
nas redes de distribuição de energia elétrica” de Aderbal Penteado [20].

Evidentemente para que esta comparação possa ser feita, nossas


metodologias serão aplicadas à mesma rede, com os mesmos pontos em falta,
definidos no próximo item.

3.1.1 Configuração

A próxima figura nos fornece a configuração de um circuito primário


desde a origem até o primeiro transformador, instalado em poste, que
alimentará consumidores em baixa tensão. Observar que este circuito não
termina no transformador, podendo alimentar outros transformadores em poste
ou consumidores em alta tensão.
99

o r
a o m
d e es o o
0 ac ta iro il rai
o tr d
1
m
ir u
n
n
e a to i u
e
ar
ti a n u d n r
p
d
n im m a rci n tae
al ri u
r
m
R co o p c esc co
-
tli
O O d u
D A m
A C
M I
R U
O B
I A
F R - 9
S T 9 T
N
A IS P N
R D
T E m
D 0
5
A 1
-
8
IA
P
m 7
0 T
5
1 N R
-A
7 A
P
m
0
MI
5
1 R
a
es
A
-
6 P
fa
P
5 E
m
0
5 T D
A
-
1 N E
5
P
o
d R
m rar A
0
tea
-A
5
1
- D
s s b c tli
o
d
re tro
eu
s
o
d
rra
4
P
m
se
fa
se
fa
u
m
3 O
A
ta n et
0
5
1 rto T C
en a A u N
m
m
o i-
lt
-
3
e
n A
lai c
u P R
m m
0
5 U
A
-
1 2
T G
I
2
P
m
N F
0
5 N
1 1
T
O
A
-
1 N C
P m
E 0
O 5
D 1
A
O
A IC G
C U -
A B
I T
T R N
S T
E S
I
B
U D a
S o a ard so to aco
u d n
e
d sis g ar e at
s re se
sa m
s o ta am
n
h n b
ac - rer b
u
li rta til ta
a
s
m u d
o
c m

Figura 3-A REDE PRIMÁRIA EM ANÁLISE


100

A disposição dos condutores no poste está representada abaixo.

rdprim09
0,8
m 0,8
m

fases 13,8 KV

cabos ACSR 1/0


1,5 m
neutro multi-aterrado

cabo ACSR 1/0

12 m

solo

Figura 3-B DISPOSIÇÃO DOS CONDUTORES NO POSTE

Esta disposição é próxima da disposição padrão Eletropaulo [15].


Os cabos utilizados por esta concessionária podem ter material diferente,
sendo de alumínio somente ou cobre, e em geral têm a seção indicada no
desenho, equivalente aproximadamente a 50 mm2. Uma característica dos
circuitos primários é ter a seção do condutor neutro multi-aterrado igual à do
condutor fase, o que não ocorre com o cabo guarda de linhas de transmissão,
cuja seção é muitas vezes menor que a dos cabos fase. Também, para cabos
guarda é utilizado com freqüência o aço, de baixa condutividade, enquanto que
nas redes primárias o neutro é do mesmo material que as fases.

O circuito secundário em 220 V que parte do transformador no


poste, alimenta diversos quarteirões, sendo que o neutro está ligado a 9 hastes
da concessionária, espaçadas de 100 ou 200 m entre si. Além destas hastes,
101

encontramos mais uma haste em cada entrada consumidora, instalada pelo


consumidor, de forma que a resistência total para a terra é muito baixa, tendo
sido calculada precisamente no referido trabalho. Em nossas aplicações
utilizaremos este valor já calculado.

Durante faltas à terra na parte de alta tensão é necessário


conhecer o potencial da haste NT9, pois ele vai aparecer, praticamente na
íntegra, dentro das instalações dos consumidores, podendo gerar situações de
perigo. Calcularemos este potencial para faltas fase-terra em P1-A e P9-A.

3.1.2 Impedâncias

Está ressaltado no mencionado trabalho que, para a correta


modelagem do sistema, é necessário que se considere para as resistências de
aterramento, todos os neutros ou cabos guarda multi-aterrados ligados ao
ponto de aterramento em questão, além das resistências para terra de seus

próprios eletrodos.

Assim, para a subestação de distribuição da concessionária, a


impedância de aterramento Zse será a resistência para terra de sua malha, em
paralelo com as impedâncias equivalentes dos circuitos lader constituídos por:
- cabos guarda multi-aterrados das linhas de transmissão;
- cabos neutros multi-aterrados dos alimentadores.

Para o ponto NT9 a impedância de aterramento é constituída pelos


seguintes valores em paralelo:
- resistência do eletrodo em NT9, constituído de 1 haste, Rp = 50 ohm;
- impedância do neutro multi-aterrado do circuito secundário, constituído de 9
hastes da concessionária e 9 ou mais dos consumidores, sendo para cada
haste Rp = 50 ohm;
- impedância do lader do alimentador primário, que pode ser extenso,
considerado infinito.
102

Para as impedâncias de aterramento foram utilizados os seguintes


valores, já previamente calculados no citado estudo [20]:
- Pontos NT1, NT3, NT5, NT7: uma haste com Rp = 50 ohm
- Ponto NT9: Znt9 = 0,42 + j 0,28 = 0,5  33,7 ohm
- Na subestação, ponto NT-G: Zse = 0,11 + j 0,07 = 0,13  32,47 ohm

Com base na disposição apresentada para os condutores foram


calculadas as diversas impedâncias da rede em questão por métodos
tradicionais [3], assumindo-se solo com resistividade 100 ohm*m homogêneo
em toda a extensão do circuito. Considerada a potência de curto da
subestação igual a 120 MVA, conforme [20], e tensão nominal do sistema 13,2
kV.
- Impedância própria dos cabos fase, com retorno pela terra:
Za = 0.986 + j 1,537 = 1,826  57,32 ohm/mi
- Impedância própria do cabo neutro, com retorno pela terra:
Zn = Za

- Impedância mútua entre fase e neutro, com retorno pela terra:


Zm = 0,093 + j 0,76 = 0,766 83,02 ohm/mi
- Impedância de seqüência zero da linha trifásica:
Zo = 1,48 + j 2,14 ohm/mi
- Impedância de seqüência positiva da linha trifásica:
Z1 = 0,893 + j 0,72 ohm/mi
- Impedâncias seqüenciais do transformador:
Z1 = Zo = j 1,45 ohm

3.1.3 Cálculo da distribuição de correntes para falta no ponto


P1-A

Cálculo da corrente de falta If:

- Impedâncias para 150 m da rede em análise:


Z1 = 0,084 + j 0,068 ohm ; Zo = 0,139 + j 0,2 ohm
103

- Diagramas seqüenciais:

rdprim11
0,084 + j 0,068 ohm
j 1,45 ohm 0,084 + j 0,068 ohm 0,139 + j 0,2 ohm

7621 V j 1,45 ohm j 1,45 ohm

Seq
+ Seq
- Seq
o

Figura 3-C DIAGRAMAS SEQUENCIAIS PARA 150m DA REDE


PRIMÁRIA

- Corrente de seqüência zero (Io): 1623,9  -86,24 A


- Corrente de falta (3 Io): 4872 A
- Este valor será comparado com o calculado no citado Estudo:

Corrente de falta calculada em [20] 4834 A


Corrente de falta calculada neste trabalho 4872 A
Tabela 3-A COMPARAÇÃO DE RESULTADOS PARA A CORRENTE DE
FALTA EM P1A

Conhecendo o valor da corrente durante o curto fase-terra,


podemos então executar o cálculo da distribuição desta corrente no sistema de
aterramento. Após isto calcularemos a sobretensão na haste NT-9 que se
propagará para a instalação do consumidor.

3.1.3.1 Pelas leis de Kirchhoff, com aproximações

A determinação da corrente de retorno pelo neutro devida à mútua,


é feita em [3] a partir das impedâncias de Carson e das leis de Kirchhoff. É
denominada corrente auto-neutralizada no método desacoplado conforme
equação 2-V, pois não afeta os potenciais dos elementos de aterramento.
Após a sua obtenção e adotando aproximações razoáveis, calcularemos
tensões e correntes no sistema de aterramento apenas aplicando as
tradicionais leis de circuitos.
104

Cálculo da distribuição de correntes no sistema de aterramento:


- Fase adotada para a corrente de falta: zero, portanto If = 4872 | 0 A.
- Corrente de retorno pelo neutro devida à mútua, eq 2-V:
Ian = 0,42 | 25,7 If = 2046,24  25,7 A
- Corrente injetada no nó NT1:
Int1 = If - Ian = 3155,5  -16,33 A
- Impedância própria de 150 m de cabo neutro:
Zn = 0,17 57,32 = 0,092 + j 0,143 ohm
- Circuito equivalente:

4872 /_ 0 A
4872 /_ 0 A rdprim02
2046 /_ 25,7 A

3155 /_ -16,33 A
3155 /_ -16,33 A

NT9
N
NT1
Zn 8Zn I1

Zse Znt9

Figura 3-D FALTA EM P1A: CIRCUITO EQUIVALENTE COM


APROXIMAÇÕES

- Aproximação conservativa adotada para simplificação dos cálculos:


Resistências para terra das hastes muito grandes face às resistências
em NT9 e em N: 50 ohm >> 0,5 | 33,7 ohm , então:
Resistências das hastes NT1, NT3, NT5, NT7 = ∞
- Terra equivalente em NT9:

Znt9 = 0,42 + j 0,28 = 0,5  33,7 ohm


- Terra equivalente em N:
Zse = 0,11 + j 0,07 = 0,13  32,47 ohm
- Divisor de correntes:
A corrente injetada no nó NT1 será dividida pelo divisor de correntes
constituido por Z1 e Z2, sendo:
Z1 = 8Zn + Znt9 + Zse = 1,27 + j 1,5 ohm
105

Z2 = Zn = 0,092 + j 0,143 = 0,17  57,32 ohm


- Corrente pela terra:
I1 = 252,4  - 9,46 A

- Potencial na haste NT9 pela eq. 1-1: U = 127,2 V

- ANÁLISE DO RESULTADO: Este valor obtido tem um erro devido ao fato de


termos desprezado os diversos ramos para terra entre os pontos NT1 e NT9, o
que simplificou os cálculos. Para este caso pode-se afirmar que o erro é con-
servativo, portanto podemos utilizar este resultado.

3.1.3.2 Método desacoplado

O primeiro passo é “desacoplar” o circuito, ou seja, eliminar as


mútuas entre os condutores através de geradores de corrente equivalentes.

Desta forma ficamos com um circuito equivalente análogo ao do item anterior,


representado na próxima figura.

Procedimentos:

- Gerador de corrente devido à corrente de falta:


If = 4872 | 0 A
- Gerador de corrente para desacoplar pela eq 2-V:
Ian = 2046,24  25,7 A
- Circuito equivalente desacoplado:
106

4872 /_ 0 A
rdprim03

2046 /_ 25,7 A

3155 /_ -16,3 A

NT3 NT5 NT7 NT9


N
NT1
2Zn 2Zn 2Zn 2Zn
Zn

50OHMS 50OHMS 50OHMS 50OHMS


Zse Znt9

Figura 3-E FALTA EM P1A: CIRCUITO EQUIVALENTE PARA O MÉTODO


DESACOPLADO

- Simplificação do circuito desacoplado pelo pi equivalente conforme item


2.9.2.1 e equações 2-W:

4872 /_ 0 A
rdprim04
2046 /_ 25,7 A

3155 /_ -16,3 A
NT7 NT9
N
NT1
Q 2Zn
Zn
Zse Znt9
P P

Figura 3-F CIRCUITO DESACOPLADO SIMPLIFICADO POR PI


EQUIVALENTE

- A simplificação acima é recomendada por Sobral para redução de circuitos


extensos, a fim de que possa ser aplicada análise nodal sem inversão de
grandes matrizes. Sendo o circuito original pequeno, dispensaremos esta
etapa e o resolveremos pelo software “ATP” , sendo que o arquivo de dados de
entrada “DISSERT01.ATP” consta do apêndice C.
107

rdprim14
3155/_-16,3
3155/_-16,3

A B

NT1 NT3 NT5 NT7 NT9


N
0.092+j0.143 0.184+j0.286 0.184+j0.286 0.184+j0.286 0.184+j0.286

50+j0 50+j0 50+j0 50+j0 0.42


0.11+j0.07 +j0.28

Figura 3-G FALTA EM P1A: CIRCUITO DO MÉTODO DESACOPLADO A


SER RESOLVIDO PELO ATP

- Obtivemos como resposta do ATP a tensão em NT9 em relação à terra, para


regime permanente:

U = 124,5 V

3.1.3.3 Pelas aproximações gráficas de funções hiperbólicas

Com o fator de acoplamento, eq 2-H, obtém-se a corrente de


retorno pelo neutro devida à mútua µ*If , sendo o restante (1 - µ)*If injetado
no sistema de aterramento. Assim ficamos com o mesmo circuito já analisado
no item anterior, figura 3-E. Este circuito será reduzido calculando-se a
impedância Zn’ do lader finito sem mútuas, próxima figura. Após isto pode-se
calcular a corrente nesta impedância por divisor de correntes.
108

4872 /_ 0 A rdprim05

2046 /_ 25,7 A

3155 /_ -16,3 A

N
NT1
Zn

Zse 50
OHMS Zn'

Figura 3-H CIRCUITO REDUZIDO PARA CÁLCULO PELAS


APROXIMAÇÕES GRÁFICAS DE FUNÇÕES HIPERBÓLICAS

A corrente através de Zn’ será tomada aproximadamente igual à corrente para


terra em NT9, pois temos altas resistências nas outras hastes de aterramento.

Rigorosamente Zn’ seria calculada pela eq 2-E, entretanto para


reduzir o trabalho de cálculo vamos utilizar os gráficos aproximados fornecidos

por Endrenyi em [6]. Sendo:


- Número de ramos paralelos: n=3
- Zs = 0,34  57,32 = 0,184 + j 0,286 ohms
- Zp = 50 + j0 ohms K = Zs/ Zp= 0,0068
- Terminação do lader finito sem mútuas: Rst = Znt9 = 0,5  33,7 ohm
- Rst / Zp = 0,01
- Entrando com os parâmetros acima no gráfico da figura 4 de [6]:
Zn’ / Zp = 0,05 , de onde obtemos Zn’ ≅ 2,5 ohm
- Observar que foi feita uma extrapolação para o valor de K o que resulta em
erro desconhecido.
- Para a fase de Zn’ pode-se estimar 45 ° analisando-se o circuito srcinal.
- Então a impedância do lader finito sem mútuas Zn’ = 2,5 | 45 ohm

A partir deste valor pode-se ter uma estimativa da corrente que


penetra o lader com 3 torres, apenas com dois divisores de correntes:

- Divisor 1: entre Zn e [(50 // Zn’) + Zse]


109

Divisor 1 = 0.066
- Divisor 2: entre 50 ohm e Zn’ = 2,5 | 45 ohm
Divisor 2 = 0,966
- Corrente em NT9:
Int9 = divisor 1 * divisor 2 * 3155 = 201,2 A
- Potencial em NT9 , eq 1-A:

U = 100,5 V

- Apresentamos os resultados obtidos com os vários métodos:

calculadoem[20],pag8caso1 76V
pelas leis de Kirchhoff, aproximado, erro conservativo 127 V
método
desacoplado 125
V
aproximações gráficas de funções hiperbólicas 101 V
Tabela 3-B COMPARAÇÃO DE RESULTADOS: POTENCIAL EM NT9, EM
RELAÇÃO AO TERRA REMOTO, DEVIDO A FALTA EM P1A

- ANÁLISE DOS RESULTADOS: O valor exato é o do método desacoplado


que não faz nenhuma aproximação. Este valor difere do calculado em [20]
devido à distância considerada entre a subestação e o ponto de falta P1A igual
a 150 m em nosso trabalho, valor assumido por não constar no mencionado
estudo. O método pelas leis de Kirchhoff, apesar das aproximações adotadas,
forneceu resultado bem próximo do valor exato. O método pelas aproximações
gráficas apresentou grande desvio e não conservativo, o que comprova nossas
observações de que só deve ser usado nos ante-projetos para obtenção de

ordens de grandezas, conforme item 1.2.1 .

3.1.4 Idem para falta no ponto P9-A


110

Cálculo da corrente de falta:

- Impedâncias para 1350 m da rede:


Z1 = 0,754 + j 0,608 ohm ; Zo = 1,25 + j 1,81 ohm
- Diagramas sequenciais:

rdprim12
0,754 + j 0,608 ohm
0,754 + j 0,608 ohm 1,25 + j 1,81 ohm
j 1,45 ohm

7621 V j 1,45 ohm j 1,45 ohm

+Seq -Seq oSeq

Figura 3-I DIAGRAMAS SEQUENCIAIS PARA 1350m DA REDE


PRIMÁRIA

- Corrente de sequência zero (Io): 964,5 -69,5 A


- Corrente de falta: If = 3 Io = 2893,4 A

- Este valor será comparado com o do citado Estudo:


corrente de falta calculada em [20], pag 8 caso 6 3205 A
corrente de falta calculada neste trabalho 2894 A
Tabela 3-C COMPARAÇÃO DE RESULTADOS PARA A CORRENTE DE
FALTA EM P9A

- Análise dos resultados: Considerando as fontes de erros, a saber


- o método das componentes simétricas pressupõe uma transposição
completa de fases entre a alimentação e o ponto de falta;
- as impedâncias dependem da resistividade do solo adotada;
- a disposição dos condutores no poste apresenta uma pequena
diferença com relação ao padrão Eletropaulo;
- o cabo utilizado neste exemplo é ACSR, sendo que no trabalho [20]
pode ter sido considerado outro material;
podemos afirmar que o valor calculado está satisfatório.
111

Passaremos ao cálculo da distribuição desta corrente e da


sobretensão na haste NT9 que se propagará para a instalação do consumidor.

3.1.4.1 Pelas leis de Kirchhoff, com aproximações

Da mesma forma que no item 3.1.3.1 adotaremos aproximações


simplificadoras, o que introduzirá erros nos resultados, porém conservativos.

Procedimentos:
- Fase adotada para a corrente de falta: zero, portanto If = 2894 | 0 A
- Corrente de retorno pelo neutro devida à mútua, eq 2-V:
Ian = 0,42 | 25,7 If = 1215  25,7 A
- Corrente injetada no nó NT9:
Int9 = If - Ian = 1873,8 | -16,3 A
- Impedância própria de 150 m de cabo neutro:
Zn = 0,17  57,32 ohm = 0,092 + j 0,143

- Circuito:
rdprim13

2893 /_0 A
1215 /_25,7 A

1873,8 /_-16,3 A
NT1 NT3 NT5 NT7 NT9
N
Itnt9
2Z 2Z 2Z 2Z
Z
Zse 50
OHMS 50
OHMS 50
OHMS 50
OHMS
Znt9

Figura 3-J FALTA EM P9A: CIRCUITO EQUIVALENTE

- Aproximação conservativa adotada para simplificação dos cálculos:


Resistências para terra das hastes muito grandes face às resistências
em NT9 e em N: 50 ohm >> 0,5 | 33,7 ohm , então:
Resistências das hastes NT1, NT3, NT5, NT7 = ∞
- Terra equivalente em NT9:
Znt9 = 0,42 + j 0,28 ohm = 0,5  33,7
- Terra equivalente em N:
112

Zse = 0,11 + j 0,07 ohm = 0,13  32,47


- Divisor de correntes entre:
Z1 = Znt9 + Zse = 0,63 33 ohm = 0,53 + j 0,34 ohm
e Z2 = 9Z = 0,83 + j 1,29 = 1,53  57,32 ohm
- Corrente pela terra: Itnt9 = divisor * Int9 = 1352 -9,14 A
- Potencial na haste NT9 por 1-A:

U = 676 V

- ANÁLISE DO RESULTADO: Mesma observação feita para o item 3.1.3.1 .

3.1.4.2 Método desacoplado

Desacoplando o circuito caímos no circuito da figura 3-J, que pode


ser simplificado pelo pi equivalente:
2893 /_ 0 A rdprim08

1215 /_ 25,7 A

1873,8 /_ -16,3 A

NT1 NT7 NT9


N
Q 2Z
Z

Zse P P Znt9
I1 I2 I3

Figura 3-K FALTA EM P9A: CIRCUITO DESACOPLADO SIMPLIFICADO


PELO PI EQUIVALENTE
- Da mesma forma que no item 3.1.3.2, podemos dispensar esta última etapa
visto que o circuito srcinal é pequeno. Este será resolvido pelo software ATP ,
sendo que o arquivo de dados de entrada “DISSERT02.ATP” consta do
apêndice C.
113

rdprim15
1874/_-16,3
1874/_-16,3

A B

NT1 NT3 NT5 NT7


N NT9
0.092+j0.143 0.184+j0.286 0.184+j0.286 0.184+j0.286 0.184+j0.286

50+j0 50+j0 50+j0 50+j0 0.42


0.11+j0.07 +j0.28

Figura 3-L FALTA EM P9A: CIRCUITO DO MÉTODO DESACOPLADO A


SER RESOLVIDO PELO ATP

- Obtivemos como resposta do ATP a tensão em NT9 em relação à terra, para


regime permanente:
U = 677 V

3.1.4.3 Pelas aproximações gráficas de funções hiperbólicas

Temos uma linha finita, com mútuas, entre a alimentação e a falta,


situação do item 2.4.3 . A sobretensão em NT9 será calculada por 2-G .

- Cálculo de ZnN: pela figura 9 de [6], entrando com


Rst / Zp = 0,13 / 50 = 0,0026 ≅ 0,01 (notar que Rst = Rge)

K = Zs / Zp = 0,3 / 50 = 0,006 ≅ 0,01


n = 4 (número de postes aterrados)
temos: Zn’ / Zp = 0,045; então Zn’ = 2,25 ohm
pela figura 10 de [6], entrando com
n = 4 ; Rst/Zp ≅ 0,01 ; K ≅ 0,01
temos: Dn = 0,82
114

1
ZnN = =
então: 1 1 1 0,347 ohm
+
2,25 0,82 0,5

- Potencial em NT9: U = 650 V

- OBSERVAÇAO: Este método não se aplica à subestação alimentadora.


- Temos os resultados obtidos com os vários métodos:

calculadoem[20],pag8caso6 590V
calculado pelas leis de Kirchhoff, aproximado, erro conservativo 676 V
calculadopelo“métododesacoplado” 677V
calculado por funções hiperbólicas (aproximação gráfica) 650 V
Tabela 3-D COMPARAÇÃO DE RESULTADOS: POTENCIAL EM NT9, EM
RELAÇÃO AO TERRA REMOTO, DEVIDO A FALTA EM P9A

- ANÁLISE DO RESULTADO: idem para tabela 3-B

3.1.5 Constante de espaço

Para a rede típica em estudo temos:

- Comprimento do vão: 300 m


- Impedância série do lader de aterramento: Zs = 0,34  57,32 ohm
- Impedância paralelo do lader de aterramento: Zp = 50 + j 0 ohm
- Impedância do lader infinito, eq. 2-4: Zinf = 4,26  29,8 ohm
- Constante K conforme item 2.9.2.1: K = 0,931  -2,3
- Constante de espaço pela eq 2-24: CE = 4,2 km

Para esta rede o valor da constante de espaço é elevado,


significando que, caso haja escoamento de corrente para terra na primeira
115

haste, só depois de 2 CE = 8,4 km teremos haste sem escoamento de


corrente, portanto sem sobretensão.

3.1.6 Sobretensão no neutro devida a falta na subestação de


alimentação

Vamos supor 2 circuitos primários típicos alimentados pela


subestação do anexo A, conforme figura A-1, para a qual foram calculadas as
correntes de falta à terra If e que penetra a terra It. A corrente If foi obtida sem
considerar os laders dos circuitos de distribuição, porém ela praticamente não
se altera se estes laders forem considerados. Já a distribuição da corrente de
falta ficará bastante alterada devido a estes laders conforme figura.

rdprim16
If = 4560 A

Lader, In1 Malha, It


Circ. prim. 1 Circ. prim. 2
2,67 ohm 2,5 ohm
4,3 ohm 4,3 ohm

Figura 3-M DISTRIBUIÇÃO DE CORRENTES NA SUBESTAÇÃO DE


ALIMENTAÇÃO DOS CIRCUITOS PRIMÁRIOS

As impedâncias dos laders infinitos dos circuitos primários foram aproximadas


pelos seus módulos para simplificação das contas. A nova distribuição de
correntes, em relação à distribuição calculada no anexo A, fica:

- Corrente que penetra a terra pela malha: It = 1470 A


- Sobretensão na malha em relação ao terra remoto: U = 3680 V
- Corrente que deriva pelo lader de cada circuito de distribuição: 855 A
- Corrente que deriva pela primeira haste terra do circuito de distribuição: 67 A
- Sobretensão na haste acima, em relação ao terra remoto: U = 3350 V
116

Verificamos então que para um comprimento de 2 CE = 8,4 km a


partir da srcem, teremos elevadas sobretensões no cabo neutro, durante a
ocorrência da falta na sub estação de alimentação. Para a haste localizada a
8,4 km, o potencial será pela eq. 2-R 450 V , igual a 13,5% do potencial
inicial. Estando o terra do consumidor ligado ao cabo neutro, estas
sobretensões aparecerão nas instalações do consumidor. Considerando que
450 V é um valor ainda elevado para instalações de baixa tensão, neste caso é
mais seguro considerar infinita uma linha com 3 ou mais constantes de espaço.
117

3.2 REDUÇÃO DE CUSTOS EM DIMENSIONAMENTOS DE


MALHA DE TERRA DE SUBESTAÇÃO ALIMENTADA PORREDE
PRIMÁRIA

Como mencionado em 1.3.3, a malha deve ser dimensionada para


dissipar It, porém verifica-se que muitas vezes é utilizada a corrente de falta If
no lugar de It. Consideremos a rede típica anteriormente analisada e uma
subestação, em vez do transformador de distribuição, no ponto P9. A corrente
calculada de falta é 2894 A, porém It será menor que 1874 A, pois µ * If
retorna pelo cabo neutro. Assim, se a malha for dimensionada para It = 65%
de If, vemos que a economia de material será significativa.

Serão fornecidos critérios simples, com poucas contas, para obter-


mos a corrente It a partir de If. Caso o projetista possua recursos
computacionais envolvendo hardware e software, assim como dados completos
da rede primária alimentando a subestação a ser projetada, é possível uma
redução ainda maior no valor de It.

3.2.1 Divisão da rede primária em regiões considerando a


constante de espaço

Toda a extensão do circuito primário será dividida em 3 regiões


conforme figura.
118

srcem rdprim17
fim
circuito primario trifasico com neutro multi-aterrado

2CE 2CE

regiao
A regiao
B regiao
C

Figura 3-N DIVISÃO DA EXTENSÃO DA REDE PRIMÁRIA EM REGIÕES


PARA DIMENSIONAMENTO OTIMIZADO

Temos as definições das 3 regiões:


- Região A: entre a srcem e 2 vezes a constante de espaço
- Região C: entre o fim e o ponto distante 2 CE do fim
- Região B: entre as 2 regiões acima.

Considerando as definições acima e conhecendo para o circuito


primário apenas os seguintes dados:
- fator de acoplamento µ,
- a impedância do lader infinito Zinf,
- a constante de espaço CE,
podemos estabelecer os critérios do próximo item.

3.2.2 Critérios práticos para dimensionamento otimizado de


malha de terra de subestação de consumidor

a) Circuito primário com comprimento superior a 4 CE:

a.1) Subestação a ser projetada localizada na região A ou C:


A corrente It para dimensionamento da malha de terra será obtida do divisor
de correntes, sendo If calculada por componentes simétricas:
119

rdprim18
If
Ian = u If
If - Ian

It In
Zinf
Malha consumidor

Figura 3-O DETERMINAÇÃO PRÁTICA DE It PARA SUBESTAÇÃO


LOCALIZADA NA REGIÃO A ou C

a.2) Subestação a ser projetada localizada na região B:


Neste caso temos o divisor de correntes.
rdprim19
If
Ian = u If
If - Ian
In2 It In1
Zinf Malha consumidor Zinf

Figura 3-P DETERMINAÇÃO PRÁTICA DE It PARA SUBESTAÇÃO


LOCALIZADA NA REGIÃO B

b) Circuito primário com extensão entre 2 CE e 4 CE:

b.1) Subestação a ser projetada com distância superior a 2 CE de qualquer


extremidade: Utiliza-se o divisor de correntes do item a.1 acima.
b.2) Subestação a ser projetada não possue distância superior a 2 CE de
nenhuma extremidade: Utiliza-se o divisor de correntes do item c.

c) Circuito primário com extensão menor ou igual a 2 CE:


Utiliza-se o divisor de correntes.
120

rdprim20
If
Ian = u If

It = If - Ian
Malha consumidor

Figura 3-Q DETERMINAÇÃO PRÁTICA DE It PARA SUBESTAÇÃO EM


REDE PRIMÁRIA MENOR QUE 2 CE

Vemos dos critérios acima que é importante um valor baixo para a


constante de espaço, um valor baixo para a impedância do lader infinito e um
valor alto para o fator de acoplamento.

3.2.3 Considerações sobre segurança

Verificamos pelos divisores de corrente acima que uma falta em


determinada subestação de consumidor provocará uma elevação do potencial
em relação ao terra remoto nas subestações vizinhas próximas. Sobral define
subestações próximas [18] aquelas que distam, umas das outras, 3 ou menos
constantes de espaço, sendo que um critério menos rígido poderia considerar 2
constantes. Esta elevação do potencial nas subestações próximas não deve
provocar situações de perigo, portanto é necessário:

1) Uma padronização a ser seguida para todas as subestações de certo


circuito primário, com relação ao valor de sobretensão em relação ao terra
remoto, que elas devem suportar.
2) Cada vez que um dos divisores de corrente acima for aplicado, uma
checagem deve ser feita para as subestações vizinhas com relação à corrente
nelas injetada (In1 e In2, nas figuras acima). Esta corrente não deve provocar
uma sobretensão maior que o padrão para a rede.
121

Observamos que estas cautelas devem ser tomadas mesmo que os


dimensionamentos das malhas de terra sejam feitos para a corrente total de
falta If, e não apenas no caso da aplicação dos divisores de corrente acima.

Para a segurança do sistema elétrico, deve ser observado na


determinação dos dados do circuito primário alimentador que, havendo
incerteza, os seguintes valores devem ser adotados:
- Para o fator de acoplamento: o menor valor para o módulo e o maior para o
ângulo.
- Para a constante de espaço: o maior valor.
- Para a impedância do lader infinito: o maior valor.
122

3.3 ANÁLISES DE SENSIBILIDADE PARA A REDE PRIMÁRIA

Considerando que a sobretensão obtida no neutro para falta em

P9A é um valor elevado, tentaremos a sua redução modificando os dois


parâmetros da rede relatados nos próximos itens. Os cálculos foram
executados pelo método desacoplado, sendo a análise nodal processada no
ATP, da mesma forma que foi feito nos itens 3.1.3.2 e 3.1.4.2 .

3.3.1 Variação do tamanho do vão

O vão srcinal de 300 m foi reduzido para 100 m, sendo que todos
os outros parâmetros do item 3.1.4.2 foram mantidos. Como conseqüência
desta redução tivemos Zs alterado para 0.06133 + j 0.09533 ohms, e ficamos
com 11 nós entre NT1 e NT9. A corrente de falta não foi recalculada pois
praticamente não depende do tamanho do vão. O novo valor obtido para o
potencial em NT9 consta na tabela.

COMPRIMENTO DO VÃO (m) SOBRETENSÃO NO NEUTRO (NT9)


300 m , conforme item 3.1.4.2 677 V
100
m 666
V
Tabela 3-E SENSIBILIDADE PARA VARIAÇÃO DO TAMANHO DO VÃO

Considerando, da tabela acima, que a influência do comprimento


do vão é mínima na redução da sobretensão no neutro, é desnecessário
refazer os cálculos para vão igual a 50 m, valor mínimo possível na prática.

3.3.2 Variação das resistências de aterramento nos postes


123

Primeiro será considerado o vão srcinal igual a 300 m, e a


resistência de aterramento Zp nos postes será reduzida de 50 para 15 ohm,
sendo os demais parâmetros iguais aos do item 3.1.4.2 .

RESIST. ATERRAM. NOS POSTES SOBRETENSÃO NO NEUTRO (NT9)


50 ohm, conforme item 3.1.4.2 677 V
ohm
15 667
V
Tabela 3-F SENSIBILIDADE PARA VARIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE
ATERRAMENTO NOS POSTES, PARA VÃO DE 300 m

Considerando, pela tabela acima, que a influência da resistência


para terra nos postes é mínima na redução da sobretensão no neutro, é
desnecessário refazer os cálculos para resistências menores que 15 ohm, já
um valor difícil de ser conseguido na prática.

Vamos procurar para um vão de 100 m, o valor de Zp a partir do


qual temos maior influência na redução da sobretensão. Para isto Zp será
reduzida gradualmente até o valor teórico, impossível de se obter na prática,
de 0,5 ohm.

RESIST. ATERRAM. NOS POSTES SOBRETENSÃO NO NEUTRO (NT9)


50
ohm 666
V
30 657
15 635
8 602
4 549
2 483
0,5 349
Tabela 3-G SENSIBILIDADE PARA VARIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE
ATERRAMENTO NOS POSTES, PARA VÃO DE 100 m

Verificamos que a redução significativa na sobretensão só


acontece para valores muito baixos de Zp, impossíveis de serem obtidos na
prática. Mesmo assim a tensão ainda resultante em NT9 tem valor perigoso,
pois considerando-se um tempo de desligamento de 0,2 s, a máxima tensão a
124

que uma pessoa pode ser submetida é, conforme item 1.1.2 e tabela 1-B,
aproximadamente 110 V.

Assim conclui-se que, nem a redução do vão, nem a redução das


resistências para terra nos postes, pode controlar as sobretensões no sistema
de aterramento, perigosas ao ser humano, resultantes de faltas na parte de
alta tensão.

Seria interessante conhecer a sensibilidade da rede, repetindo-se


os cálculos acima, para outras resistividades do solo, e outras disposições dos
condutores nos postes. Contudo pode-se antever que estas variáveis também
não influenciarão significativamente os potenciais analisados, e outras soluções
para o controle das sobretensões de neutro devem ser pesquisadas, sendo
que algumas sugestões constam do item 4.
125

4. CONCLUSÕES

Em uma rede primária típica, durante faltas para terra, há o


surgimento de tensões perigosas ao ser humano no cabo neutro, que vai se
propagar para as instalações dos consumidores, pois este condutor está
interligado com os neutros dos consumidores. A probabilidade de acidentes é
baixa visto que uma pessoa deve estar tocando partes aterradas exatamente
no momento da falta, que será cortada em aproxima damente 0,5 s. Mesmo
assim estas sobretensões devem ser controladas.

Considerando que muitas subestações de consumidor, alimentadas


por redes primárias, têm sua malha de terra dimensionadas para a corrente de

falta à terra, uma redução de custos pode ser conseguida com um


dimensionamento para a corrente que efetivamente penetra a terra. Para o
cálculo desta última foram enunciados procedimentos práticos, que podem ser
executados sem recursos computacionais. A simplicidade destes cálculos teve
o ônus de certo erro, porém a favor da segurança.

Na pesquisa bibliográfica que abrangeu artigos desde 1963 até


1999, foi identificado um excelente algoritmo para o cálculo exato da corrente
que penetra a terra, para subestações alimentadas por redes análogas às
primárias. Para a aplicação deste método entretanto é necessária a utilização
de computador com programação específica.

Alem disto, temos também as seguintes conclusões.


126

4.1 A IMPORTÂNCIA DO CONDUTOR NEUTRO MULTI-


ATERRADO NA DISTRIBUIÇÃO DE CORRENTESEM REDES
PRIMÁRIAS

Verificamos ser o condutor neutro indispensável nas redes

primárias, para minimizar as sobretensões nos sistemas de aterramento por


ocasião de faltas. Para a rede primária típica o neutro tem mesma seção que
as fases, o que propicia excelente dreno da corrente de falta. Ficam as
sugestões para trabalhos futuros de análise de sensibilidade:
a) neutro com seção superior aos cabos fase
b) neutro de cobre
c) em conjunto com estas duas medidas acima, aumentando a mútua entre
fase e neutro, estaremos elevando o fator de acoplamento do circuito, que
resultará em maior dreno da corrente de falta.

Uma rede primária sem neutro estará sujeita a sobretensões nos


sistemas de aterramento dos consumidores, bem maiores do que as
calculadas neste trabalho.

4.2 TRANSFERÊNCIA DE POTENCIAIS

4.2.1 Sobretensões no neutro devidas a falta na subestação da


concessionária

Foi calculado no Anexo A, para subestação 120/13,8 kV típica, que


5 kV pode aparecer no neutro dos circuitos de distribuição 13,8 kV, nos
primeiros vãos. Como sugestão para trabalhos futuros propomos a análise das
seguintes soluções para a eliminação deste problema:
127

a) Redução da corrente de falta à terra na SE da concessionária, por meio de


um reator entre neutro e malha terra no secundário do transformador que
alimenta a linha de transmissão 120 kV.

b) Drenagem da corrente de falta à terra na SE da concessionária, por meio do


cabo guarda da linha de 120 kV, que terá sua seção aumentada nos vãos
próximos a esta SE. Nestes vãos é interessante que o cabo guarda seja de
material com alta condutividade, conforme recomendado por Sobral [18].

c) Desconectar o neutro do circuito de distribuição, da malha da subestação de


srcem, sendo o aterramento feito em malha separada, conforme recomendado
no Handbook Beeman [2].

4.2.2 Sobretensões no neutro devidas a falta em subestação


alimentada pelo circuito primário

Foi demonstrado que estes potenciais podem atingir


aproximadamente 700 V na rede típica, e se propagam às subestações
próximas. Como solução propusemos, em conjunto com os procedimentos
práticos para cálculo de It, uma padronização para todas as subestações
alimentadas pela rede primária, do valor mínimo de tensão em relação ao terra
remoto, que elas devem suportar.

Como sugestão para trabalhos futuros fica a análise de reator no


neutro do transformador que alimenta o circuito primário, para redução da
corrente de falta.
128

4.2.3 Sobretensões no neutro da rede secundária 220 V devidas


a falta na rede primária

Foi calculada uma sobretensão no neutro de aproximadamente 700


V. Por meio da análise de sensibilidade concluímos que não há como diminuir

esta sobretensão variando o tamanho do vão ou as resistências para terra nos


postes. Como sugestão para trabalhos futuros fica a análise da separação dos
neutros da rede primária e secundária, com aterramentos diferentes, conforme
recomendado pelo Handbook Beeman [2].

4.3 TRABALHOS F UTUROS

Nos itens anteriores ficaram sugestões para a continuação do


presente trabalho. Para estas sugestões deve-se estudar as implicações com a
qualidade da energia, pois reatores em série com a linha provocam
afundamentos maiores de tensão. Em nosso caso, como ficam localizados
sempre no neutro, os prejuízos para a qualidade podem ser menores.
129

ANEXO – SOBRETENSÕES EM REDES PRIMÁRIAS


CAUSADAS POR FALTAS NA SUBESTAÇÃO DA
CONCESSIONÁRIA

SISTEMA DE POTÊNCIA DA CONCESSIONÁRIA

Para o sistema da figura, baseado no exemplo de cálculo de


distribuição de correntes apresentado na IEEE 80 [13], item 13.8, faremos as
aplicações de algumas das metodologias apresentadas.

Linha Transm. 1 Barramento


120 kV
Terminal
Energizacao 1

Circ. distr. 13,8 kV


LT2

TE2
Circ. distr. 13,8 kV

LT3

SE Concession.
TE3 If
sisp1_01

Figura A SUBESTAÇÃO DA CONCESSIONÁRIA EM FALTA PARA


TERRA NO BARRAMENTO DE ALTA TENSÃO

Cada linha de transmissão possui 100 vãos, cada um com 500 m,


tendo sido fornecidas, pela referida norma, todas as impedâncias:
a) Impedância própria do cabo fase por vão: 0,1 + j 0,425 ohm
b) Impedância própria do cabo guarda por vão: 3,5 + j 0,65 ohm
c) Impedância mútua entre cabos fase e guarda por vão: 0,025 + j 0,19 ohm
d) Resistência de aterramento de cada torre: 10 + j 0 ohm
e) Resistência de aterramento de cada terminal de energização: 3 + j 0 ohm
130

f) Resistência de aterramento da subestação de carga: 2,5 + j 0 ohm

Foram assumidas pela IEEE 80 as seguintes hipóteses:


a) Todos os terminais de energização iguais, assim como todas as linhas de
transmissão.
b) Todos os vãos iguais (comprimento e impedâncias).
c) Solo uniforme com valor constante de resistividade igual a 1000 ohm x m.

Para a falta indicada teremos uma sobretensão em relação ao terra


remoto elevada, que se propagará pelos laders dos circuitos de distribuição de
13,8 kV para as instalações dos consumidores. Calcularemos esta sobretensão
na subestação, inicialmente desprezando a mútua; depois introduziremos este
efeito nos cálculos observando a sua influência. Analisaremos também a
influência do cabo-guarda das linhas que alimentam a subestação no controle
da mencionada sobretensão.

CÁLCULO POR LADER INFINITO (ENDRENYI)

Utilizando o modelo matemático por “grandezas reais sem


impedância de retorno pela terra”, item 2.1.2, temos para cada vão:

sisp1_02
0,1 + j 0,425 ohm

0,025 + j 0,19 ohm

3,5 + j 0,65 ohm


10 + j 0 ohm

500 m

Figura B IMPEDÂNCIAS POR VÃO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO

Para o sistema completo temos:


131

sisp1_03
If
+ Za
69 kV
- If
Zs Zs Zs Zs

Res. de
aterram.
Zp Zp Zp Zp
1 ohm da SE:
2,5 ohm

Figura C CIRCUITO COMPLETO DO SISTEMA DE POTÊNCIA EM FALTA

Onde:
Considerando 100 vãos e 3 linhas em paralelo temos:
Za = 3,33 + j 14,17 ohm; Zs = 1,17 + j 0,22; Zp = 3,33 ohm
Considerando que a parte imaginária é pequena face à parte real,
adotaremos a aproximação: Zs = 1,19 ohm

Para a redução deste circuito faremos o cálculo da impedância


equivalente do lader infinito:
- O lader será infinito se a ineqüação 2-C for satisfeita, onde
z - impedância série distribuída = 0,0024 ohm / m
y = 1/zp sendo zp - impedância paralela distribuída = 1665 ohm * m
l - comprimento da linha = 50 Km
- O comprimento deve ser maior que 2 / (z/zp)0,5 = 1666 m,
portanto o lader é infinito
- Zinf = 2,67 ohm conforme eq. 2 - D

Ficamos com o circuito, onde conhecemos todas as impedâncias, e


bastante simplificado em relação ao srcinal:
132

sisp1_04
If
+ Za
69 kV
- If

Zlader Zlader
1 ohm 2,5 ohm

Figura D CIRCUITO EQUIVALENTE REDUZIDO

Simplificando ainda mais este circuito temos:


- Impedância equivalente para terra na SE1: Zeq,se1 = 1,29 ohm
- Impedância equivalente para terra no TE: Zeq, te = 0,73 ohm

Temos então:

sisp1_05
If
+ Za
69 kV
- If

Zeq,te Zeq,se1

Figura E CÁLCULO DA CORRENTE DE FALTA PELAS IMPEDÂNCIAS


DE CARSON DESPREZANDO AS MÚTUAS

Podemos agora calcular a corrente de falta para terra If = 3 Io.


- Impedância total do circuito: Ztot = 5,35 + j 14.17 = 15,15 \69,3 ohm
- Corrente de falta: If = 69 kV / Ztot = 4560 A

A distribuição desta corrente na SE1 obtêm-se facilmente por um


divisor de correntes:
133

sisp1_06
If = 4560 A
It = 2360 A
In1 = 2200 A
Lader, In1 Malha, It
Fator de divisão de corrente (IEEE80):
2,67 ohm 2,5 ohm
Sf = It / If = 0,518

Figura F DISTRIBUIÇÃO DA CORRENTE DE FALTA NA SUBESTAÇÃO


DA CONCESSIONÁRIA

A distribuição na alimentação obtêm-se de maneira análoga:

sisp1_07
If = 4560 A

It = 0,728 * 4560 = 3320 A


Malha, It Lader, Inn Sf = 0,728
1 ohm 2,67 ohm Inn = 1240 A

Figura G DISTRIBUIÇÃO DA CORRENTE DE FALTA NO TERMINAL DE


ENERGIZAÇÃO

Pela equação 1 - A, item 1.2.3, a elevação de potencial em relação


à terra, na subestação, será 5,9 kV e na alimentação 3,3 kV. Por simplicidade
não foram considerados os laders correspondentes aos circuitos de
distribuição em 13,8 kV, pois praticamente não influenciarão a corrente de falta.
As impedâncias destes laders estão em paralelo com as resistências acima,
logo a sobretensão de 5,9 kV estará aplicada a eles, e aparecerá nos sistemas
de aterramento dos clientes ligados aos primeiros vãos dos circuitos primários.

Com o cabo guarda desconectado toda a corrente de falta passaria


pela resistência da malha, não havendo assim os divisores de corrente. A
corrente de falta praticamente não se altera, pois vemos nos circuitos acima
134

que a impedância do cabo fase é predominante. Desta forma temos para a


subestação 11,4 kV.

O fato de haver cabo guarda nas linhas de transmissão pode


reduzir drasticamente a elevação de potencial na malha, durante faltas à terra.
Entretanto, apesar da redução ser significativa em muitos casos, sempre
haverá elevação de potencial devido à parcela de corrente que penetra a terra
através da malha. Assim, os dimensionamentos devem ser executados de
forma que, mesmo com esta elevação de potencial, os potenciais de passo e
toque fiquem dentro de seus limites, conforme exposto na introdução. Em caso
de rompimento do neutro teremos 11,4 kV em vez de 5,9 kV, portanto haverá
sérios riscos.

Considerando a indutância mútua entre cabo fase e cabo guarda


temos, pela eq 2-H, item 2.4.3:
- Fator de acoplamento: µ = 0,054 | 72 = 0,017 + j 0,051.
Nota: para as linhas em paralelo, suficientemente afastadas entre si, este
fator de acoplamento será o mesmo, embora Zs e Zm fiquem reduzidos, no
caso, divididos por 3.
- Corrente que retorna pelos cabos guarda: µ If
- Corrente que retorna pela terra: (1 - µ) If = 0,984 | -2,97 If

sisp1_08
If
+ Za
69 kV
If
-

u If
Zeq,te (1-u)If

Zeq,se1

Figura H CIRCUITO EQUIVALENTE SIMPLIFICADO CONSIDERANDO AS


MÚTUAS

Recalculemos a corrente de falta. Aplicando a lei das malhas à


malha externa da última figura:
135

Za If - µ If Zmt + (1 - µ) If Zeq,se1 + (1 - µ) If Zeq,te = 69 kV

Resolvendo para If obtemos praticamente o mesmo valor do caso anterior, ou


seja, If = 4560 A. Verificamos assim que para valores baixos do fator de
acoplamento, a corrente de falta praticamente não se altera, o que pode ser
deduzido de forma mais genérica pelo quociente Vf / If obtido da equação
acima:

69 kV/ If = Za - µ Zmt + (1-µ) (Zeq,se1 + Zeq,te) (A - 1)

Esta impedância é denominada impedância de seqüência zero para um circuito


monofásico e calculada de acordo com o Handbook da Westinghouse [1] por

Vfase / If = Zo = Zoc - Zom2 / Zog (A - 2)

Onde, na notação srcinal:


Zo - impedância de seqüência zero para um circuito monofásico
Zoc - impedância própria, com retorno pela terra, do cabo fase
Zog - impedância própria, com retorno pela terra, do cabo
guarda
Zom - impedância mútua, com retorno pela terra, entre
cabos fase e guarda

Observamos que as equações A - 1 e A - 2 são equivalentes. Sebo em


“Measurement of the Zero-Sequence Current Distribution on a Transmission
Line” [4] apresenta memorial de cálculo utilizando estas equações. Na equação
A - 1 verificamos que, neste exemplo, a parcela µ Zm é pequena e (1- µ) fica
próximo da unidade, portanto a corrente de falta praticamente não se altera em
relação ao caso anterior.

Temos então:

- Corrente pelos cabos-guarda: 246 |72 A


136

- Corrente pelo lader e malha: 4487 | -2,97 A

Esta última corrente será dividida entre o lader e a malha de terra da mesma
forma que anteriormente, sendo que a redução de correntes e sobretensões
em relação ao caso anterior é insignificante.

Verificamos então que para valores reduzidos de fator de


acoplamento pode-se desprezar o efeito da mútua nos cálculos de correntes e
sobretensões, para linha com lader infinito, sendo que os erros cometidos
serão conservativos.

Analisemos o mesmo problema, porém com uma mútua 4 vezes


superior. Temos agora:
Zm = (0,1 + j 0,76) ohm / vão / linha
µ = 0,216 | 72 = 0,068 + j 0,204
(1-µ) = 0,932 - j 0,204 = 0,954 | -12,35 A

Zm = 3,33 + j 25,33 = 25,55 | 82,51 ohm


µ Zm = 0,216 | 72 * = 5,52 | 154,51
- Impedância de sequência zero do circuito monofásico fase-neutro:
Zo = Za - µ Zmt + (1- µ) (Zeq,se1 + Zeq,te)
Zo = 15,28 | 48,13 ohm
- Corrente de falta:
If = 69 kV / Zo = 4515,7 | -48,13 A
- Corrente no cabo guarda: 975 | 24 A
- Corrente no lader e malha: 4308 | -60 A
- Redução da corrente para terra It em relação ao caso anterior: 5,5 %

O aumento de 4 vezes no valor da mútua não resultou em redução


significativa, neste caso particular, na corrente que retorn a pela terra e
sobretensão respectiva, embora a corrente no cabo guarda tenha tido enorme
aumento. Portanto, o aumento da mútua não foi eficaz para redução da
sobretensão na malha de terra. Para se alcançar este objetivo, sugerimos que
a seção do cabo guarda seja aumentada, ou seja utilizado material de maior
condutividade.
137

POR EQUAÇÕES DE DIFERENÇAS (VERMA, MUKHEDKAR)

Para aplicarmos as equações 2 - Q a 2 - U deveríamos ter a


resistência da malha da subestação igual às resistências das torres, 3 ohm.
Sendo a resistência da malha igual a 2,5 ohm, vamos considerá-la
aproximadamente 3 ohm e aplicar as referidas equações.

Simplificando ao máximo vamos considerar α dado pela equação


2 - S, que na verdade é complexo, real. Para isto utilizaremos o módulo de Zg
e obteremos α = 0,597. Pela equação 2 - U temos a corrente na malha igual a
2049 A, considerando a corrente de falta já calculada de 4560 A. Destes
valores resulta a sobretensão indicada na tabela.

COMPARAÇÃO DE RESULTADOS

porladerinfinito(Endrenyi) 5900V
por equações de diferenças (Verma, Mukhedkar) 5123 V
Tabela 0-A SOBRETENSÃO NA MALHA DE TERRA : COMPARAÇÃO DE
RESULTADOS

O cálculo pelas equações de Verma/Mukhedkar supõe a


resistência da subestação igual a 3 ohm, quando na verdade ela tem 2,5 ohm.
Além disto, este cálculo foi feito com os módulos dos números complexos, o
138

que introduz também um erro. Portanto, dentro das aproximações assumidas,


os resultados estão em bom acordo.

Esta elevada tensão em relação a um terra remoto não representa


necessariamente um perigo dentro da subestação, pois para um projeto bem
elaborado da malha de terra teremos as tensões de toque e passo dentro dos
seus limites. Entretanto ela será transferida para as instalações dos
consumidores ligados aos primeiros vãos das redes primárias, via cabos
neutros. Os consumidores ligados aos vãos seguintes sofrerão também
sobretensões, porém cada vez menores a medida que se afasta da
subestação.
139

APÊNDICE A - DEDUÇÕES DA
MATRIZ DO VÃO E DAS EQUAÇÕES
DO MÉTODO “MATRIZES EM CASCATA”

Apresentamos neste item as deduções da matriz do vão e das


equações referentes ao item 2.3, método “Matrizes em Cascata” de Sebo [7].

Considerando o modelo por grandezas reais com impedância de


retorno, item 2.1.1, aplica-se a lei das malhas aos pontos 1,4,6,3:

NOTA: no desenvolvimento todas as impedâncias têm índice k, portanto


vamos suprimi-lo; na expressão final ele será recolocado

Vpk+1 - (Zp - Zg) Ip + (Zm - Zg) Ick = Vpk + (Ip - Ick) Zg

Vpk+1 - Zp Ip + Zg Ip + Zm Ick - Zg Ick = Vpk + Zg Ip - Zg Ick

Vpk+1 - Zp Ip + Zm Ick = Vpk (I)

Aplicando-se a lei das malhas aos pontos 2,5,6,3 obtemos:

Vck+1 = -(Zc - Zg) Ick + (Zm - Zg) Ip + Vck + Zg (Ip - Ick)

Vck+1 = - Zc Ick + Zg Ick + Zm Ip - Zg Ip + Vck + Zg Ip - Zg Ick

Vck+1 - Zm Ip + Zc Ick = Vck (II)


140

Aplicando-se a lei dos nós ao ponto 2 temos:

Ick+1 + Itk = Ick

−( Zc
− Zg+)Ick− ( Zm
+ +Zg)Ip− Vck Zg(Ip Ick )
Itk =
Rtk

− ZcIck
+ ZgIck
+ − ZmIp
+ + ZgIp
− Vck ZgIp ZgIck
Itk =
Rtk

− ZcIck + ZmIp + Vck


Itk =
Rtk

Ick+1 - ZcIck/Rtk + ZmIp/Rtk + Vck/Rtk = Ick

- Ick+1 - Ip Zm/Rtk + Ick ( 1 + Zc/Rtk) - Vck/Rtk = 0 (III)

As equações (I), (II), (III) serão reescritas de forma mais conve-


niente:

Vpk+1 = Vpk + 0 Vck + ZpIp - ZmIck (I)


Vck+1 = 0 Vpk + 1 Vck + ZmIp - ZcIck (II)
Ip = 0 Vpk + 0 Vck + 1 Ip + 0 Ick
Ick+1 = 0 Vpk - (1/Rtk)Vck - (Zm/Rtk)Ip + (1+Zc/Rtk)Ick (III)

Em forma matricial, e re-introduzindo o índice k que denota o vão,


temos:

Vpk+1 1 0 Zpk -Zmk Vpk


141

Vck+1 0 1 Zmk -Zck Vck


Ip = 0 0 1 0 Ip
Ick+1 0 -1/Rtk -Zmk/Rtk 1+Zck/Rtk Ick

Utilizando notação matricial compacta ficamos com:

[Lk] = [Sk] [Rk]

Onde:

[Lk] - matriz coluna das tensões e correntes no ponto k + 1


[Rk] - matriz coluna das tensões e correntes no ponto k
[Sk] - matriz quadrada das impedâncias do vão (conhecida)

Analisemos quais as modificações caso tivessemos utilizado o


modelo por grandezas reais sem impedância de retorno pela terra, item 2.1.2 .

Para isto vamos desenvolver os mesmos procedimentos.

Aplicando-se a lei das malhas aos pontos 1,4,6,3 temos:

NOTA: no desenvolvimento todas as impedâncias têm indice k, portanto


vamos suprimí-lo; na expressão final ele será recolocado

Vpk+1 - Zp Ip + Zm Ick = Vpk (I)

Obtivemos desta forma diretamente a equação (I) do caso anterior.

Aplicando-se a lei das malhas aos pontos 2,5,6,3 :

Vck+1 - Zm Ip + Zc Ick = Vck (II)

Obtivemos diretamente a equação (II) do caso anterior.


142

Aplicando-se a lei dos nós ao ponto 2 :

Ick+1 + Itk = Ick

− ZcIck + ZmIp + Vck


Itk =
Rtk

Ick+1 - ZcIck/Rtk + ZmIp/Rtk + Vck/Rtk = Ick

- Ick+1 - Ip Zm/Rtk + Ick ( 1 + Zc/Rtk) - Vck/Rtk = 0 (III)

Obtivemos desta forma a mesma equação (III) que no caso


anterior.

Verificamos que as equações (I), (II), (III), são as mesmas para


qualquer dos 2 modelos considerados, logo concluimos que para o cálculo de

tensões e correntes nos pontos k e k+1 podemos utilizar qualquer um. Assim,
vamos trabalhar sem a impedância de retorno pela terra que é mais simples.

Consideremos o caso de uma linha de transmissão com n vãos


entre a alimentação e a falta, sendo n >= k >= 1 e k = 1 no ponto de falta, de
acordo com figura no item 2.3. Temos:

Vp1 Zfl(Ip - Ic1)


[R1] = Vc1 = Zfl(Ip - Ic1)
Ip Ip
Ic1 Ic1

Esta matriz traduz as condições no ponto da falta, onde:

- Zfl é a impedância para terra no ponto da falta, igual à resistência de aterra-


mento da torre em falta em paralelo com o lader da linha de transmissão no
lado oposto ao da alimentação.
143

- Ip é a corrente de falta, calculada previamente por componentes simétricas.

- Ic1 é a parcela da corrente de falta, drenada pelo cabo pára-raios da linha de


transmissão, incógnita.

- Ip - Ic1 é a parcela da corrente de falta, que penetra a terra no ponto da falta


e que srcina a sobretensão em Zfl.

Para o vão 1 escrevemos então:

[L1] = [S1] [R1]

Sendo [S1] uma matriz conhecida. Para o vão 2 temos:

[R2] = [L1] = [S1] [R1]

Portanto:

[L2] = [S2] [R2] = [S2] [S1] [R1]

Analogamente para o vão (n-1):

[Ln-1] = [Sn-1] [Sn-2] ... [S2] [S1] [R1]

E para o vão n:

[Rn] = [Ln-1]

Sendo:

Vpn
[Rn] = Rtn-1(Icn-1 - Icn)
Ip
Icn
144

Esta matriz introduz as condições perto da alimentação, onde Vpn, Icn e Icn-1
são incógnitas. Ficamos com:

[Rn] = [Sn-1] [Sn-2] ... [S2] [S1] [R1]

Nesta equação matricial temos 4 incógnitas, a saber

- Ic1 em [R1];
- Vpn em [Rn];
- Icn em [Rn];
- Icn-1 em [Rn];

mas apenas 3 equações. A quarta equação podemos obter do vão n, onde


aplicaremos aos pontos n+1, n, a, b, a lei das malhas:

Zcn Icn - Zmn Ip - Rtn-1 (Icn-1 - Icn) + Rfp (Icn - Ip) = 0

Ip (Zmn + Rfp) - Icn ( Zcn + Rtn-1 + Rfp) + Icn-1 Rtn-1 = 0

Resolvendo-se as 4 equações a 4 incógnitas, obtemos os valores para os


pontos da falta e da alimentação. Utilizando-se as matrizes Sk obtemos
tensões e correntes para qualquer vão, sendo que para os vãos perto da
alimentação podemos utilizar a matriz inversa de Sk, calculando

[Rk] = [Sk]-1 [Lk]


145

APÊNDICE B - DEDUÇÃO DA MATRIZ


ADMITÂNCIA DO “MÉTODO DIRETO”
PARA MODELO DE LINHA FASE NEUTRO MULTI-
ATERRADO

Representaremos a linha de transmissão por uma matriz,


denominada “matriz admitância”, tal que:

[I] = [Y] [V]

Onde:
[I] - matriz coluna das correntes nos terminais entrando
na linha de transmissão.
[V] - matriz coluna das tensões nos terminais.
[Y] - matriz admitância da linha.

Consideremos uma linha monofásica constituída por um cabo fase


e um neutro multi-aterrado, representada pelo “Circuito por grandezas reais
com capacitâncias para terra”, conforme figura correspondente do item 2.1.4 e
calculemos a matriz admitância para o vão 1.

Para as tensões entre os pontos 1 e 2 temos:

Vp1 - Vp2 = Zp1 Ip + Zm1 In


Vn1 - Vn2 = Zm1 Ip + Zn1 In

Para simplificação vamos supor impedâncias iguais para todos os


vãos, entretanto pode-se facilmente estender a dedução para impedâncias
diferentes. Pelos trabalhos de Carson sabemos que:
146

Zp = Rpe + j Xppe
Zn = Rne + j Xnne
Zm = Rme + j Xpne

onde o índice “e” indica que há retorno pela terra para os 2 condutores.

Definindo-se as seguintes matrizes

Rs = Rpe Rme Xs = Xppe Xpne


Rme Rne Xpne Xnne

Vs1 = Vp1 Vs2 = Vp2 I= Ip


Vn1 Vn2 In

temos em notação compacta matricial:

[Vs1] - [Vs2] = ([Rs] + j[Xs]) [I] (I)

Para as reatâncias capacitivas no ponto 1 temos:

Vp1 = j Xc11 (I11 - Ip) + j Xc12 (I12 - In)


Vn1 = j Xc12 (I11 - Ip) + j Xc22 (I12 - In)

sendo estas reatâncias calculadas conforme mencionado no item “Modêlo por


grandezas reais com capacitâncias para terra”, 2.1.4.

Definindo-se as matrizes:

Is1 = I11 Xsh = Xc11 Xc12


I12 Xc21 Xc22

obtemos a equação matricial:


147

[Vs1] = j [Xsh] ([Is1] - [I]) (II)

Da mesma forma temos a equação matricial para o ponto 2:

[Vs2] = j [Xsh] ([I] + [Is2]) (III)

onde Is2 = I13


I14

O resultado desejado é obtido por manipulação algébrica das


equações I, II, III. Da equação (I) temos:

([Rs]+j[Xs]) -1 ([Vs1]-[Vs2]) = ([Rs]+j[Xs])-1 ([Rs]+j[Xs]) [I]

[I] = ([Rs] + j[Xs]) -1 ([Vs1] - [Vs2]) (IV)

Da equação (II) temos:

(j [Xsh])-1 [Vs1] = (j [Xsh])-1 (j [Xsh]) ([Is1] - [I])

[Is1] - [I] = (j [Xsh]) -1 [Vs1] (V)

Da equação (III) temos, da mesma forma:

[I] + [Is2] = (j [Xsh])-1 [Vs2] (VI)

Substituindo (IV) em (V):

[Is1] - ([Rs] + j[Xs]) -1 ([Vs1] - [Vs2]) = (j [Xsh])-1 [Vs1]

[Is1] - ([Rs] + j[Xs]) -1 [Vs1] + ([Rs] + j[Xs])-1 [Vs2] = (j [Xsh])-1 [Vs1]


148

[Is1] = ([Rs] + j[Xs])-1 [Vs1] + (j [Xsh])-1 [Vs1] - ([Rs] + j[Xs])-1 [Vs2]

[Is1] = {([Rs] + j[Xs])-1 + (j [Xsh])-1 } [Vs1] - ([Rs] + j[Xs])-1 [Vs2] (VII)

Da mesma forma, substituindo (IV) em (VI):

[Is2] = - ([Rs] + j[Xs])-1 [Vs1] + {([Rs] + j[Xs])-1 + (j [Xsh])-1 } [Vs2] (VIII)

As equações (VII) e (VIII) podem ser agrupadas de forma matricial, resultando


outra equação matricial onde cada elemento é uma matriz:

[Is1] [Vs1]
= [Ys] (IX)
[Is2] [Vs2]

sendo:

([Rs] + j[Xs])-1 + (j [Xsh])-1 } -([Rs] + j[Xs])-1


Ys =
-([Rs] + j[Xs]) -1 {([Rs] + j[Xs])-1 + (j [Xsh])-1 } (X)

Substituindo em (IX) as matrizes Is1, Is2, Vs1, Vs2 anteriormente definidas,


obtemos o resultado procurado:

I11 Vp1
I12 = [ Ys ] Vn1
I13 Vp2
I14 Vn2
149

Verificamos portanto que a matriz quadrada Ys de ordem 4


representa o vão considerado, entre os pontos 1 e 2, sendo a matriz
admitância deste trecho. Observar que esta representação não inclui nenhuma
resistência de aterramento de torre ou de subestação, modelando apenas o
trecho entre as torres 1 e 2. Caso os vãos tenham impedâncias diferentes,
teremos uma matriz admitância para cada vão, e esta matriz passaria a se
chamar Ys1, ou seja, valores para o vão 1, e a matriz do n-ésimo vão seria
Ysn.

Vamos procurar agora a matriz admitância para os vãos 1 e 2, e


neste caso havendo uma torre com resistência de aterramento Rt = 1 / Gt entre
os vãos, ela deve ser incluida no modelamento deste trecho.

Para o vão 2 definiremos as seguintes matrizes:

Is2r = I21 Is3 = I23 Vs3 = Vp3

I22 I24 Vn3

Vs2 = Vp2 (já definida anteriormente)


Vn2

Temos então a equação matricial, cujos elementos são matrizes


também, para o vão 2:

[Is2r] = [Ys] [Vs2] (XI)


[Is3 ] [Vs3]

Caso as impedâncias deste vão fossem diferentes das dos outros


vãos, teríamos, como já mencionado, [Ys2] ao invés de simplesmente [Ys],
sendo [Ys2] deduzida da mesma forma que foi feito para [Ys].
150

Para as correntes no ponto 2 temos:

I13 + I21 = 0
I14 + I22 + Gt Vn2 = 0

Definindo a matriz Yt como:

Yt = 0 0

0 Gt

Ficamos com a equação matricial:

[Is2] + [Is2r] + [Yt] [Vs2] = 0 (XII)

Das equações (IX), (X), (XI), (XII), por manipulação algébrica, obtemos o
resultado desejado. Desenvolvendo as equações (IX) e (XI) temos:

Is1 = Y11 Vs1 + Y12 Vs2 (XIIIa)


Is2 = Y21 Vs1 + Y22 Vs2 (XIIIb)
Is2r = Y11 Vs2 + Y12 Vs3 (XIIIc)
Is3 = Y21 Vs2 + Y22 Vs3 (XIIId)

Nestas equações foram omitidos os colchetes para simplificação, porém


devemos lembrar que cada elemento é uma matriz. As matrizes Yij são
quadradas de ordem 2 e definidas pela equação (X). Os valores de Is2 e Is2r,
obtidos da 2a. e 3a. equações acima (XIIIb e XIIIc) serão substituidos da
equação (XII) resultando:

Y21 Vs1 + Y22 Vs2 + Y11 Vs2 + Y12 Vs3 + Yt Vs2 = 0

Y22 Vs2 + Y11 VS2 + Yt Vs2 + Y21 Vs1 + Y12 Vs3 = 0

(Y22 + Y11 + Yt) Vs2 + Y21 Vs1 + Y12 Vs3 = 0

(Y22 + Y11 + Yt) Vs2 = - (Y21 Vs1 + Y12 Vs3)


151

Vs2 = (Y22 + Y11 + Yt)-1 (- Y21 Vs1 - Y12 Vs3)

Chamando (Y22 + Y11 + Yt)-1 = Ya temos:

Vs2 = Ya (-Y21) Vs1 + Ya (-Y12) Vs3

Substituindo Vs2 da equação acima na equação XIIIa temos:

Is1 = Y11 Vs1 + Y12 {Ya (-Y21) Vs1 + Ya (-Y12) Vs3}

Is1 = Y11 Vs1 + Y12 Ya (-Y21) Vs1 + Y12 Ya (-Y12) Vs3

Is1 = {Y11 + Y12 Ya (-Y21)} Vs1 + Y12 Ya (-Y12) Vs3

Is1 = {Y11 - Y12 Ya Y21} Vs1 - Y12 Ya Y12 Vs3

Observando que Y21 = Y12 e chamando Y12 Ya Y21 = Y1 temos:

Is1 = (Y11 - Y1) Vs1 - Y1 Vs3 (XIV)

Por procedimento análogo obtemos:

Is3 = - Y1 Vs1 + (Y11 - Y1) Vs3 (XV)

Desenvolvendo estas últimas equações obtemos o resultado desejado:

I11 Vp1
I12 = [Y2s] Vn1
I23 Vp3
I24 Vn3
152

Sendo [Y2s] a matriz admitância, quadrada de ordem 4, para os vãos 1 e 2,


levando em consideração a resistência de aterramento da torre entre eles e
também as capacitâncias próprias e mútuas.

O procedimento apresentado pode ser estendido para n vãos,


resultando desta forma em uma matriz admitância para toda a linha de
transmissão, considerando as capacitâncias e resistências de aterramento das
torres. Os cálculos para obtenção desta matriz são extensos, entretanto uma
vez obtidos por software específico, a linha pode ser representada
simplesmente por uma matriz 4 x 4.
153

APÊNDICE C -
ATP ALTERNATIVE TRANSIENT
PROGRAM - ARQUIVOS DE DADOS PARA
ITENS 3.1.3.2 E 3.1.4.2

O ATP é um software para microcomputador derivado do EMTP -


ElectroMagnetic Transients Program, utilizado para simular transitórios em
sistemas de potência. O EMTP foi desenvolvido por H. W. Dommel durante
vários anos, com início na década de 60, tendo sido transcrito para vários tipos
de computadores como IBM, VAX, HONEYWELL, e outros.

O ATP é utilizado neste trabalho para calcular tensões e correntes


durante os curtos-circuitos, nas diversas barras do sistema, sendo que foi
executado um cálculo equivalente à análise nodal.

Este software é livre de “royalties”, podendo ser utilizado por


qualquer pessoa, bastando entrar em contato com a coordenação do mesmo
pelo email mpolo@furnas.gov.br .

Estão anexos os arquivos de dados identificados por


“DISSER01.ATP” e “DISSER02.ATP” , respectivamente para os casos dos
itens 3.1.3.2 e 3.1.4.2 .
154

BEGIN NEW DATA CASE


C *****************************************************************************
C *** Dissertação - DISSER01.ATP NOTA: AS COLUNAS ESTÃO DESLOCADAS
C *** Falta em P1A POIS A FORMATAÇÃO ORIGINAL É “ TEXTO”
C *** Chaves fecham em t = 0.0 s
C *****************************************************************************
C * INSTRUCOES OBRIGATORIAS MISCELANEOUS DATA CARDS FLOATING-POINT
C DELTAT TMAX XOPT COPT EPSILIN TOLMAT TSTART
C E8.0 | E8.0 | E8.0| E8.0 | E8.0 | E8.0 | E8.0 |
0.1E-5 100.E-5 60
C * MISCELLANEUS DATA CARDS INTEGERS TODOS OS CAMPOS COM FORMAT I8
C IOUT | IPLOT |IDOUBL | KSSOUT| MAXOUT|IPUN | MEMSAV| ICAT | NENERG| IPRSUP|
100 1 1 1 1
C * RAMOS LINEARES E NAO LINEARES
$VINTAGE, 1
C BUS1 |BUS2 | BUS3|BUS4 |RESIT (OHM) |INDUT( OHM/mH) | CAP(mMHO/uF) | |
N 0.11 0.07 3
N NT1 0.092 0.143 3
NT1 50.0 3
NT1 NT3 0.184 0.286 3
NT3 NT1 3
NT3 NT5 NT1 NT3 3
NT5 NT1 3
NT5 NT7 NT1 NT3 3
NT7 NT1 3
NT7 NT9 NT1 NT3 3
NT9 0.42 0.28 3
$VINTAGE, 0
BLANK ENCERRA OS RAMOS LINEARES E NAO LINEARES
C * CHAVES (ITEM VI RULE BOOK)
C BUS1 | BUS2| TCLOSE| TOPEN|ruptura |
A N -1. 1.0
B NT1 -1 1.0
BLANK ENCERRA AS CHAVES
C *FONTES (ITEM VII RULE BOOK)
C NAME | | VPICO | FREQ.HZ | TETA| TSTART| TSTOP |
14 A-1 -3155. 60. -16.3 -1 1
14 B-1 3155. 60 -16.3 -1 1
BLANK ENCERRA FONTES
C * ESPECIFICACAO DE SAIDA (ITEM XII RULE BOOK )
C NO-1 |NO-2 |NO-3 | NO-4 |
C A B C
BLANK ENCERRA ESPECIFICACAO DE SAIDA
BLANK ENCERRA O CASO
BEGIN NEW DATA CASE
BLANK ENCERRA A EXECUCAO DO ATP
155

BEGIN NEW DATA CASE


C *****************************************************************************
C *** Dissertação - DISSER02.ATP NOTA: AS COLUNAS ESTÃO DESLOCADAS
C *** Falta em P9A POIS A FORMATAÇÃO ORIGINAL É “ TEXTO”
C *** Chaves fecham em t = 0.0 s
C *****************************************************************************
C * INSTRUCOES OBRIGATORIAS MISCELANEOUS DATA CARDS FLOATING-POINT
C DELTAT TMAX XOPT COPT EPSILIN TOLMAT TSTART
C E8.0 | E8.0 | E8.0| E8.0 | E8.0 | E8.0 | E8.0 |
0.1E-5 100.E-5 60
C * MISCELLANEUS DATA CARDS INTEGERS TODOS OS CAMPOS COM FORMAT I8
C IOUT | IPLOT |IDOUBL | KSSOUT| MAXOUT|IPUN | MEMSAV| ICAT | NENERG| IPRSUP|
100 1 1 1 1
C * RAMOS LINEARES E NAO LINEARES
$VINTAGE, 1
C BUS1 |BUS2 | BUS3|BUS4 |RESIT (OHM) |INDUT( OHM/mH) | CAP(mMHO/uF) | |
N 0.11 0.07 3
N NT1 0.092 0.143 3
NT1 50.0 3
NT1 NT3 0.184 0.286 3
NT3 NT1 3
NT3 NT5 NT1 NT3 3
NT5 NT1 3
NT5 NT7 NT1 NT3 3
NT7 NT1 3
NT7 NT9 NT1 NT3 3
NT9 0.42 0.28 3
$VINTAGE, 0
BLANK ENCERRA OS RAMOS LINEARES E NAO LINEARES
C * CHAVES (ITEM VI RULE BOOK)
C BUS1 | BUS2| TCLOSE| TOPEN|ruptura |
A N -1. 1.0
B NT9 -1 1.0
BLANK ENCERRA AS CHAVES
C *FONTES (ITEM VII RULE BOOK)
C NAME | | VPICO | FREQ.HZ | TETA| TSTART| TSTOP |
14 A-1 -1874. 60. -16.3 -1 1
14 B-1 1874. 60 -16.3 -1 1
BLANK ENCERRA FONTES
C * ESPECIFICACAO DE SAIDA (ITEM XII RULE BOOK )
C NO-1 |NO-2 |NO-3 | NO-4 |
C A B C
BLANK ENCERRA ESPECIFICACAO DE SAIDA
BLANK ENCERRA O CASO
BEGIN NEW DATA CASE
BLANK ENCERRA A EXECUCAO DO ATP
156

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] WESTINGHOUSE ELECTRIC CORP. Electrical transmission and


distribution reference book. 4. ed. East Pittsburgh, Pa, 1964. Cap. 3.

[2] BEEMAN, D. Industrial power systems handbook. New York, McGraw-


Hill, 1955. Cap. 6 e 7.

[3] CLARKE, E. Circuit analysis of AC power systems. New York, John


Wiley, 1943. V. 1, cap. 11.

[4] SEBO, I.; REGENI, L. Measurement of the zero sequence curr ent
distribution on a transmission line. Periodica Polytech., v. 7, p. 295-317, 1963.

[5] ENDRENYI, J. Transmission-tower potentials during ground faults. Ontario


Hydro Research Quarterly, v.17, p. 14-18, second quarter, 1965.

[6] ENDRENYI, J. Analysis of Transmission Tower Potentials During Ground


Faults. IEEE Transactions on Power Apparatus and Systems, v. PAS-86, n.
10, p. 1274-1283, October 1967.

[7] SEBO, S. Zero sequence current distribution along transmission lines. IEEE
Transactions on Power Apparatus and Systems, v. PAS-88, n. 6, p. 910-
919, june 1969.
157

[8] DAWALIBI, F.; MUKHEDKAR, D. Ground fault current distribution in power


systems - The necessary link. In: IEEE PES SUMMER MEETING, Mexico City,
Mexico, 1977. Proceedings. Paper A 77 754-5.

[9] VERMA, R.; MUKHEDKAR, D. Ground fault current distribution in sub-


station, towers and ground wire. IEEE Transactions on Power Apparatus
and Systems, v. PAS-98, n. 3, p. 724-730, may/june 1979.

[10] DAWALIBI, F. Ground fault current distribution between soil and neutral
conductors. IEEE Transactions on Power Apparatus and Systems, v. PAS-
99, n. 2, p. 452-461, march/april 1980.

[11] GOOI, H. B.; SEBO, S. Distribution of ground fault currents along


transmission lines - An improved algorithm. IEEE Transactions on Power
Apparatus and Systems, v. PAS-104, n. 3, p. 663-670, march 1985.

[12] COTRIM, A. Manual de instalações elétricas. McGraw-Hill do Brasil,


1985. Cap 2.

[13] THE INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELECTRONICS ENGINEERS


IEEE Guide for safety in AC substation grounding. Norma técnica
ANSI/IEEE Std 80-1986.

[14] MELIOPOULOS, A.P. Power systems grounding and transients.


Marcel Dekker Inc., 1988.

[15] ELETROPAULO Redes de distribuição aérea urbana 15 kV -


Padronização. Norma interna No. PD4-1, jan/87.

[16] SOBRAL, S. T.; FLEURY, V. G. P. ; VILLALBA, J. R.; MUKHEDKAR, D.


Decoupled method for studying large interconnected grounding systems using
microcomputers - Part I - Fundamentals. IEEE Transactions on Power
Delivery, v. 3, n. 4, p. 1536-1544, october 1988.
158

[17] SOBRAL, S. T.; FLEURY, V. G. P. ; VILLALBA, J. R.; MUKHEDKAR, D.


Decoupled method for studying large interconnected grounding systems using
microcomputers - Part II - Utilization on Itaipu ground system and
complementary aspects. IEEE Transactions on Power Delivery, v. 3, n. 4, p.
1545-1552, october 1988.

[18] SOBRAL, S. T.; COSTA, V. S.; CAMPOS, M.S.; GOLDMAN, B.;


MUKHEDKAR, D. Dimensioning of nearby substations interconnected ground
system. IEEE Transactions on Power Delivery, v. 3, n. 4, p. 1605-1614,
october 1988.

[19] ANNICCHINO, M. W. Metodologia de cálculo da distribuição da


corrente de falta em sistemas de aterramento multiconectados. São
Paulo, 1995. Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica, Univerdade de São
Paulo.

[20] PENTEADO JR., A. A. Análise de sensibilidade da influência dos


sistemas de aterrame nto e dos valore s de resistên cia de terra nas redes
de distribuição de energia elétrica. São Paulo, Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, setembro 1995. (Estudo Técnico No. CED
206/PROT 002/NT 006/OR, realizado para a CESP, CPFL e Eletropaulo)

[21] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS Instalações


elétricas de baixa tensão. Norma técnica No. NBR 5410, novembro 1997.

[22] POPOVIC, L. Practical method for evaluating ground fault current


distribution in station supplied by an unhomogeneous line. IEEE Transactions
on Power Delivery, v. 12, n. 2, p. 722-727, april 1997.

[23] POPOVIC, L. Practical method for evaluating ground fault current


distribution in station, towers and ground wire. IEEE Transactions on Power
Delivery, v. 13, n. 1, p. 123-128, january 1998.
159

[24] SEEDHER, H. R.; ARORA, J. K.; SONI, S. K. A practical approach for


computation of grid current. IEEE Transactions on Power Delivery, v. 14, n.
3, p. 897-902, july 1999.

[25] MELIOPOULOS, A. P.; PAPALEXOPOULOS, A.; WEBB R. P. Current


Division in Substation Grounding Systems. In: PROTECTIVE RELAYING
CONFERENCE, GEORGIA INSTITUTE OF TECHNOLOGY, Atlanta, GA, may
1982. Proceedings.

Potrebbero piacerti anche