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1. Psicologia e Psicologia Jurídica
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Em primeiro ltrgar, é irnportante delinear o que é Psicologia, seus objeiivos
e principais especialidades. Sendo, Psico - mente e logos = estudo, trabalho, sen-

Yi -!,t3, -u5 tido, palavra, a Psicologia moderna pode ser definida como o estudo cieniífico do
comportamerrto e dos processos mentais. Comportanrento é aqLLilo que caracteriza
ações do ser humano, como falar, caminhar, ler, escrever, nadar, etc. Processos
mentais são experiências internas, como sentimentos, lembranças, afleios, desejos
e sonhos.
A psicologia, nos dias atuais, tem se preocupado bastante em manter seu
estatrto de cientificidade, dando grande importância para as evidências empíricas,
clevencio-se considerar qire o pensámento crítico e inovador constitui etapa obri-
gatória dessa compreensão.
É comum referir diversas áreas na psicologia, mas a ciência psicológica é uma
só, possuindo várias faces e se expressando através de diferentes linguagens. Ela
não chega a constituir uma Torre de Babel, mas, não raro, existem dificuldades de
entendimento dentro de seu próprio campo interno.
Demonstran(lo a riqueza dos campos na Psicologia, especificamente nas áre-
as prática e de pesquisa , a American Psychological Association - APA - (2001 )
oÍ'ereceu como referência uma lista de 53 divisões dentre as quais selecionamos
as rnais conhecidas:
. Psicologia Clínica;
. Psicologia Educacional;
. Psicologia da Saúde;
. Psicologia Econômica;
. Psicologia do Consumidor;
. Psicolo gia Organizacional/Industrial ;
. Psicologia Social;
. Psicologia Hospitalar
. Psicologia Comunitária;
. Psicologia Ambiental;
Marút«l tle Psicologia Jurídica
19
I
PARA OPÉRADORES DO DIREITO
. Psicologia Esportiva; [{istoricamente, tambémmerecemregistroas contribuiçÕes do Funcionalismo,
de Wiihem James e John Dewey. Essa escola desenvolveu importantes estudos
'Psicologia Jurídica. comparativos entre animais e humanos.
Além disso, a psicologia possui diferentes linhas teóricas, escolas or.r siste-
Mais recentemente, outras abordagens têm sido desenvolvidas. Dentre elas,
mas de base, como por exemplo:
está a neurobiopsicologia, que investiga as relacões entre biolcgia, comportamen-
. Psicologia Psicanalítica: classicamente associada a Sigmund Freud, o pai to e processos mentais, incluindo a observação dos processos físico-químicos que
da psicanálise. Enfatiza o papel do inconsciente e as experiências infantis. aÍbtam a estrutura e o funcionamento do cérebro e do sistema nervoso.
Desse movimento também participaram Melanie Klein e Wilfred Bion,
Uma vez recordado brevemente o que é psicologia, pode-se avançar Dara o
dentre outros.
[eÍreno da Psicologia Jurídica.
. Psicologia Experimental: vinculada a Wilhelm Wundt - responsável pelo
prirneiro laboratório de psicologia experimental na Universidade de Lei-
pzig, em 1879. Examina os processos comportamentais enquanto apren-
dizagem, condicionamento, motivação, emoção, sensação e percepção em l.l. Do Direito à Psicologia ou da Psicologia ao Dircito
seres humanos e em animais.
. Psicoiogia Comportamental (Behaviorismo): tradicionalmente associada Conforme conclusão de estudos anteriores (Trindade. 2000), já salientamos
aos nomes de Ivan Pavlov, John Watson e Burrhus Skinner. Seu principal na esteira de lVÍuíoz Sabaté (1980), que a psicologia jurídica é uma disciplina
otrjetivo é a observação do comportamento e dos efeitos que os estímulos ainda por construir.
e as respostas podem causar sobre ele.
De um lado, porque a impermeabiliCade característica do direito e, via de
. Psicologia Humanista e Existencial: ligada a psicólogos como Carl Ro- conseqüência dos juristas, muitas vezes dissociados do método cientíhco, oca-
gers, Erich Fromm, Abraham Maslow e Viktor Frankl. Busca relacionar siona produções esscncialmente de compiiação, inscrevendo um nível discursivc
o sentido da vida e os valores da pessoa com os aspectos enrocionais da sobre os ienômenos humanos.
existência humana.
De outro, está a recenticidade da psicologia experimental e científica. De
. Psicologia Gestáltica: relacionada aos psicókrgos alemães como Kurt fato, se o direito radica historicamenie em Roma e se consubstancia no Corpus
KofiAa, NIax Wertheimer e Wolfgang KOhler. Privilegia o esrudo da Jurís Civilis, a psicologia, enquanto ciência, é filha do sécuio XX, embora seja
percepção, a noção de campo, sua organização e contexto. possível Cesfraldar conteírdos psicológicos em Aristóteles e môsmo nos pré-socrá-
ticos, como nos fragmentos de Heráclito, podendo-se citar a própria Bíblia cor:.ro
-- sua fonte primeira. Ii que a psicologia, arqueologicarrente, vem mesclada com a
Quadro Resumo dos cinco Paradigmas Teóricos,
suas aplicações e tipos de tratamento: filosot'ia e com a religião e, nesse sentido, remonta à antiguidade. Ela nào nasceu
científica.
f,(EÊ13 EITMENTO BASICO NPO OE IRATAMEIITO Reairnente, a psicologia terrr um Iongo oassado, mas uma curta história. Ela
Psicãnáiise e Psicolerapia psicodinâmica{uso da irre € urna disciplina ainda muito jovem. Possui muitos rostos e fâla muitas línguas,
Modelo hiunalítico ConÍÍilos inconscienies (ego, suoerego, id) associac,ã0 rie idéias, inteeíeiaçâo dos sonhos, ,rara, nào iaro ensc)irnJo divergentes compreensõrs entre suas escolas e dissidêrrcias,
praxras. nnsíerêrias e c0ntraúanslpí,ncias)
línhas e rnarcos ret'erenciais teóricos. Por exemplo, a ruptura epistemológica re-
Íerapia de m0dilicacão dc c0mpoílàmento desadap- aiizada por F'reud, com a descoberta do inconsciente, ocrffeu em 190C, com a
Modelo Comprytamenlal 0 comporlameno e suâ m€nsurâçá0 sisiemática
tado. Técnicas d0 c0ndicionamenlo op€rante pr-rblicação de "A interpretação dos sonhos".
C\ valores humams e as experiências subjetivas de
Como profissão, no Brasil, ela somente foi regulamentada em 1962, pela Lei
Modelo liwún'«ico
cada indivÍ,Cuo na sualraietória exislencial
Terapia c€nirada no cliente
n" 4.1 19, que dispôs sobre os cursos de formação em psicologia, e ainda anda em
busca de aÍirmação e maturidade. Seu contato com a psicopatologia, por exemplo,
Ahvidade lnteína naluÍal dos mais eievâdos pÍoces- TeíaÊia cogí,liva centrada na mudança das cÍenças
Modelo CogÊitivo
ss menlais
é temeroso e incerto; e com a psicanálise, permaneotemente contraditório.
e aütdes do paciente

Não obstante, é fácil constatar que o direito e a psieologia Possuem um des-


Análise tisiológica dos eventos associados ierapia ccm medicacão {drogateÍapia,
l,,lodeto &o{rigico
comportmento e à experiênciâ
a0 ex: ântipsicóti-
tino comum, pois ambos tratam do comportamento humano. Parafraseando Sobral
cos. antidepressivos) e Eletroconvulsoterapia (ECi)
{1994), a psicologia e o direito parecem dois mundos condenados a entender-se.
Manru| dt: Psicologíu Jttitlíc«
20 JORGE TRINDADE PARÁ OPERAOORES DO DIRÉITO ?l

sl-
A psicologia vive obcecada pela conrpreensão das chaves do comportamento hu- Nesse permanente conflito, a ciência do direito parece haver se embretado
mano- O direito é o conjunto de regras que busca regular esse comportamento, em um getho aporético-epistemológico responsável por uma certa paralisia do
prescrevendo condutas e formas de soluções de conflitos, de acordo com as quais pensamento jurídico. A saída desse labirinto aponta para a integração do direito
deve se plasmar o contrato social que sustenta a vida em sociedade. ao patrimônio da ciência moderna como via de acesso capaz de superar a trilha da
Para Martins de Agra (1986), a relação entre psicologia e direito parece ser autojustificação a que conduz a ideologia da separação.
verdadeiramente uma questão de justiça. Psicologia e direito necessariamente hão Apesar dos indicadores de convergência entre direito e psicologia no sentido
de relacionar-se porque tratam da conduta humana. O comportamento humano é da construção de uma área no espaço de tangência interdisciplinar, há aqueles que
um objeto de estudo, que pode ser apropriado por vZirios saberes simultaneamente, continuam a afirmar a impossibilidade da formulação psicojurídica, alegando que
em diferentes perspectivas, sem esgotar epistemologicanlente. Diversas ciências direito e psicologia pertencem a mundos muitos diferentes: a psicologia, ao mun-
podem compartir o mesmo objeto material imeCiato, pois, do ponto de vista fi- do do ser, o direito, ao mundo do dever-ser; a psicologia assentada na relação de
nalístico, todos os saberes são obrigatoriamente convergentes na pessoa humana. causalidade, o direito, no princípio da finalidade- Essa linha de pensamento, por
Afinal, o objetivo último de toda ciência é diminuir o sofrimento humano. vezes referenciada à distinção entre as ciências naturais e as ciências do espírito,
Como asseverou Japiassu (1991, p. 117),"os processos de especialização e esquece que o homem, na verdade, é cidadão de dois mundos e pertence, simulta-
de diÍêrenciaçáo das ciências humanas sãro Íbntes geracioras de distâncias e de ig- neamente, ao reino do ser e do dever-ser.
norâncias recíprocas entre os especialistas: eles engendram o esmigalhamento das Na realidade, a pobreza das relações interdisciplinares constitui o grande
disciplinas pela compartimentalização das [aculdades universitárias, pela criação problema das ciências humanas. A humildade e a modéstia epistemológicas têm
de uma hierarquia rígida e pela manutenção de uma prudência metodológica que sido noção faltante na ciênciajurídica, mas também a psicologia, na sua adoles-
freia a pesquisa das interações entre as disciplinas". cência científica, tem se ressentido da sabedoria da história. Nesse particular, a
O mundo moderno necessita superar o âmbito das disciplinas e do fazer psicologia tem claudicado de forma persistente na medida em que não tem caladcr
separado responsável pelas aborclagens reducionisttts do ser humano, da vida e do onde é incapaz de falar ou, pelo menos, não tem calado quando ainda incapaz
mundo. crise da ciôncia é uma crise pós-disciplinar. Os saberes individualizado de talar. De outro lado, tem fraquejado toda vez que não apresenta a necessária
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e disciplináriojá não encontram vez num mundo marcado pela complexidade e profundidade e consistência filosófica, sucumbindo ao universo da culttrra, Ca
pela globalização. O tempo da solidão epistemológica das disciplinas isoiadas, reflexão, e, particularmente, do pensamento crítico.
cada qual no seu mundo e dcdicada ao seu objeto próprio, pertence, se não a um A psicologia também tem vivido apegada a seus dogmas fundamentais em
passado consciente, pelo menos a um tempo que deve urgentemente ser reforma- nome da mesma segurança na qual se escuda o direito. Ela tem feito ouvidos mou-
do em norne da própria sobrevivôncia da ciência. cos às contribuições de outras disciplinas humanas. Como natural conseqüência,
Nesse contexto, a teoria do direito deve atender à premência do processo de não tem recebido bons tratos das ciências biológicas, nomeadamente das ciên-
integração dos conhecimentos sociâis, pois a crise do pensamento jurídico con- cias médicas, pois as relações de vizinhança com a psiquiatria, com a psiquiatria
I temporâneo está perpassada pela crença de que o direito é uma ciência autônoma forense, com a psicopatologia, e até mesmo com a psicânálise, imbricam uma
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e independente, que pode desprezaras conexões com os demais ramos do saber, e questão de poder, cujas raízes profundas se entrelaçam num teÍreno pantanoso de
i
I de que ojurista é um técnico da subsunção do iato concreto esterilizado à acepcia propriedades, apropriações e expropriações nada contributivo para o progresso da
I da norma abstrata- ciência global.
A tendência tradicional dos juristas de fugir do encontro marcado com a Tampouco a conectividade que se reclama para a ciência moderna pode ser
nretodologia científica e de tratar as ciências humanas através de uma abordagem encerrada numa mera justaposição de pontos de vista. Também nesse aspecto o
secundarizada, geralmente remetidâ à história do próprio direito, instaurou uma todo transcende a soma das partes. Por isso, a noção de transdisciplinariedade tem
fetichização do jurídico e levou a um desprezo pelos demais saberes não normati- sido evocada na perspectiva de uma melhor compreensão desse novo modo de
zantes. Esse af,astamento do direito das demais ciências humanas, entretanto, f'ez o agir da ciência num paradigma da complexidade.
feitiço virar contra o feiticeiro, pois o jurista tem permanecido alijado dos embates Se, na concepção clássica, o mundo da objetividade era o mundo da ciência,
científicos atuais e vem sendo por-rco considerado quanto à sua própria ciência e e o mundo da subjetividacle era o mundo da reflexão e da filosofia, ciomínios que,
arte, rernetidas às técnicas de controle social, cuja real significância decorre ape- legitimados separadamente se auto-excluíam, a contemporaneidade promoveu
nas do poder concreto sobre a sociedade. Enquanto a vida flui a caminho do novo, uma convergência na medida em que restituiu o sujeito à ciência e a ciência ao su-
o direito se opõe à transÍbrmação social em nome da segurança jurídica. jeito, rumo ao paradigma da complexidade. Essa nova tendência veio questionar
|,Íanual Ce PsícoLogia Iuitlíc.tr
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o observador e seu /octls fora do sistema,. incluindo-o na descriptío, assim como carregam inúmeros conceilos de natureza psicológica. Nesse aspecto, a
propôs o abandono dos modelos C= déficit e Promoveu a emergência de perspecti- psicologia no direito é uma disciplina aplicada e prática.
vas multidirnensionais, dinâmicas, abertas, compartidas e complexas. Do ponto de 3) A psicologia para o direito: a psicologia verdadeiramente como ciência
vista episternológico, pode-se dizer que a ciência contemporânea é tbrçosamente auxiliar ao direito, colocada ao lado da medicina legal, da engenharia le-
plural. gal, da economia, da contabilidade, da antropologia, da sociologia e da
Como mostram Pena-Veja e Stroh ( 1999, p. I 8 1), "a antologia do pensamen- illosofia, dentre outras. É a psicologia convocada a iluminar os fins clo
to complexo está alojada no interior da nossa contemporaneidade, por uma diver- direito.
sificação rto campo de saber cujos rnatizes e particularidades estão enraizadas na Para o mesmo autor, numa outra perspectiva, os conhecimentos que a psico-
criatividade de Baieson, A. Simon, I'1. Maturana, I. Prigogine, Il. Barel, E. Morin. logia jurÍdica é capaz de aportar ao mundo jurídico podern ser exercidos de cluas
Um denorninador liga estas personalidades fora do cornum: a vontade de recusar manciras: sob a forma de assessoramento legislativo, contribuindo na claboraçào
as soluçÕes rápidas e simplistas, de buscar a união da Epistéme com o Logos, de leis nrais adequadas à .sociedade, e na tarefa de assessoramento judicial, cola-
de tentar, por meio de incursões em disciplinas circunstancialmente afastadas, a borando na organização do sistema de administração da justiça.
reconstrução de um paradigma que possa juntar diferentes ciências que tenham
Ainda que alguns autores identifiquem a psicologia jurídica corn a psicolo-
incidências interdisciplinares".
gia judicial, forense ou legal (Muõoz Sabaté, 1980; Carzón, 1990), na trajetória
Por*.anto, é preciso estar disposto a interligar conhecimentos e fazer cone- da psicologia e do direito, foi historicamente relevante diferenciar essas duas mo-
xões, e não esquecer que a ciência da pós-modernidade se produz mais por liga- dalidades de atuação. A psicologiajurídica trata dos fundamentos psicológicos da
ções do que por isoiamentos. justiça e do direito, enquanto a psicologia judicial aparece como a aplicação dos
processos psicológicos à prática do jurista, sendo inaugurada com a psicolc,gia
crirninal.
1.2- Da Fsicologia e do Direito à Psicologia Jurídica É importante salientar que tanto a psicologia jurídica como a psicologia
judicial, embora com origens históricas distintas, são realmente inseparáveis.
Ademais, hoje em dia, parece não haver mais razão para essa distinção terminoló-
Nesse contraditório contexto em que a ciência jurídica historicamente se
gica. Mesmo assim, é importante referir que no universo do direito tem sido mais
apresenta corn uma idéia de hegemonia epistenrológica, Clemente (1998) mostra
freqüente a utilização do termo psicologia jurírilca, enquanto a expressão pslco-
que a psicologiajurídica só existe a partir da dura realidade, limitando-se, ao lado
logict judicial tenr sido mais cornum no âmbito dos psicólogos (Mufroz Sabaté,
de outras ciências, a uma condição de disciplina auxiliar do direito.
1980).
Para oautor (199S, p. 25), a psicologia jurídica "é o estudo do cnmportamen-
A propósito, Garzón ( i990.1 mostra os aspectos difercnciais que definiram â
to das pessoas e dos grupos enquanto têm a necessidade de desenvolver-se dentro
psicologia jur'ídica e a psicologia judicial ou forcnse.
de ambieutes regulados juridicamente, assim como da evolução dessas regula-
mentaçoesjurídicas ou leis enquanto os grupos rociais se desenvolvem neles". Visão clássica:
Já Mufroz Sabaté (1980). alertando para o perigo das classificações, estabe-
c0NcEPçÓES:
lece três gmndes caminhos para o método psicojurídico, a saber: {aspectos)
PSICOTOGIA JUFIIIICA PSICOLOGIA FOBENSE OU JUOICIAL

t) A psicologia r/o direito: cujo objetivo sêria explicar a essência cio fenôme- Psicclogia Coletiva Psicologia lndúidoal

no jurídico, isto é, a fundamentação psicológica do direito, uma vez que Psicoiogia


Psicoloqia TeóÍica Psicologia Apl'rcada
todo o direito está repleto de conteúdos psicológicos. Essa tarefa de in-
vestigação psicológica do direito recebeu a denominação de psicologismo Furdamenqio psi&bgicâ e social d0 Diíeito:
Componentes Psic0logims da pÍática judicial:
Psicologia Cíiminal
jurídico, representada basicamente pela escola do realismo americano e Obielivos oígem do Diíeito, Se0timento Jurí\dico,
Psicologia do TesteÍnunho
Évoli4âo das.Lds.
escandinavo, e.apresenta-se como uma tbrmulação eminentemente teóri- Psic0lcgia dos píofissionais da lei.

ca até o momento não suficientemente investigada.


Belacóes: Com o Direito oiÍeito Prática PÍoíissimal do Direiio
2) A psicologia no Cireito: que estudariâ a estrutura das normas jurídicas Filosofia do

enquanto estímulos vetores das condutas humanas. ;\s normas jurídicas Com oulras ciências Sociolcgia, Antrooologia Psicopalol0gia Foíense e Ciências Naturâis

destinam-se a produzir ou evitar determinadas coftCtrtas e, nesse sentido,


NtanuaL 4e PsicoLoqia luríclicu
24 JORGE TRINDADE PARA OPEFÂOORES DO OIREITO 25

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Entretanto, parece haver chegado o momento de arrancar a psicologia do es- é, permanecem destituídas de incidência normativa e constituem a grande maioria
tatuto resiritivo de ciência meramente auxiliar do direito e constituí,la num ramo de nossos comportamentos sociais.
próprio do pensamento e da aplicação do direito. Isso exige uma tomada de cons- Ademais, por várias razões, algumas explícitas, outras implícitas, a Psicologia
ciência epistêmica que obriga a criação de um verdadeiro espaço de interlocução, Jurídica apresenta vulnerabilidades, que somente serão superadas com o seu de-
de transdisciplinaridade, que não é nem metapsicológico, nem metajurídico, mas senvolvimento e sua consolidação como disciplina de interlocução-
a um só ternpo psicojurídico. Como refere Martins da Agra (1986, p. 3l l), "antes
de sabermos como é que a justiça se pode tornar sábia pelo recurso à psicotogia,
- No seu atual estágio de disciplina ainda em construção, algumas deficiências
ou "pontos tiacos" decorrem de resistências no movimento de sincronizar as áreas
temos de Xrensar como é que o saber psicológico se epistemologiza numa raciona- :i '.
de intersecção entre direito e psicologia na busca de uma transcendência que et'eti-
lidade de sanrer fazer justiça".
ve a definição de um novo território, que denominamos psicojurídico.
-Ê. Nesse espectro, em se adotando as proposições de Clemente (1998), obser-
Alguns termos, conceitos e princípios têm a especificidade própria da lei,
va-se â possibilidade de falar em várias psicoiogias jurídicas, consoante a função
do direito e dajustiça, enquanto outros parecem possuir um sentido exclusivo no
da org:rnizacão jurídica que abordam, podendo. assim, sem nraior preocupacão
campo da psicologia. Esses termos nem sempre são bem compreendidos quando
metodológJica, ser referidas as inserções que na atualidade parecem as mais im-
se cruzÍun na Psicologia Jurídica. A seguir, apresentamos um quadro que mostra,
portante§:
comparativamente, algumas dessas características específicas.
1) Psiicologia judicial
2) Fsicologia penitenciária Características ú Lei, do Dirdto e da Justiça CaracteÍísticas da Psicologiâ e ú Psicanálise

Fomralismo: ítos e píocedimentos lnhrmal


3) Fsia;ologia criminal
Hacionâiista Empiristâ
4; Fsiicologia civil geral e de família
lnterpessoalidade lnlrapessoalidade.
5) Fsicologia laboral e administrativa
tuiológico e valoniivo {iulqamenro) Compreensiva
6) Fsicologia do testemunho
Subjetúsmo > obietivismo Obptvisnn a Subjeiúbmo
7) Psicologia da criança e do adolescente infrator Verdade Prilessual Vedade Cientiiica

8) Fsicologia Cas decisoes judiciais Hrerarquia tiexibrlidade

9lp Fsicologia policial lgualdaCe: A pode scrigual a B. lgualiade real: somenle A é iguai e A.

1t)) Psicologia da vítima ou Psicologia Vitimológica P0der iuÍisdiÉo (lunis dictq, yercoilo ivetediclrn) Submrssão

Foí cesse âmbito que Mira y Lopez (2000) definiu a psicologia jurídica Lógi:a dixurs|a, persuasiva. rebÍtâ e dissuasoíia Logica da implicaçáo casuística

"como ar psi.r:ologia aplicacla ao melhor exercício do Direito", o que significa 3 todo é herméiic! 0 todo é dileÍenie da soma das oades

considerar outras possibilidades, dentre as quais se poclem incluir, por sua atuali- Principio da Finalidade (deveÊse4 PÍincipio dâ CauMlidade (se4
dade, estuelos acerca da dinâmica psicossocial das decisões judiciais, dos direitos Enunciado [po: Se A, pode/deve ser B Efunciado do lipo: Se A, enlâo E
especials d,as target groups, sobre os efeitos do labeling approach na esfera dos
Caraler Sancionatório iimputaciofl al e alÍibutivo) Ausênciâ de Sançáo
atos jur{dicos, a justiça terapêutica e â restaurativa.
C{lpa, olpa conscienb e dolo Culpa consciente e inconsciente
Garrido e Flerrero (2006), trazendo como exemplo a definição do Cotégio lnslâncias: diYersos graus lnsiância única
Oiicial de Psicólogos da Espanha, mostraram que os órgãos de classe tendem a
Mundo êxterno llundo ext€mo e intemo
definir a Fsicologia Jurídica como o estudo do comportamento dos atores jurÍdi-
Desconsideração da Íantasia, imaginagáo e deseio Fantasia, imaginaÇâo e desejo
cos no âmbito do Direito, da Lei e da Justiça. Trâta-se, sem dúvida, de um con-
Linguagem: diveÍsos sentidos (plurivoca)
ceito exr-essivamente restritivo que limita o amplo espectro da Psicologia Jurídica Linguagem: sentido único (unívoca)

no mund, rnodemo. lnteÍrogaúi, e depoimento EnlÍevisla e testagem

ll Fsircologia Jurídica, na sua totalidade, não é apenas um instrumento a


serviço do trurídico. Ela analisa as relacões sociais, muitas das quais não chegam Além disso, existem questões de base que ainda entravam a aproximacào
a sereÍn selecionadas pelo legislador. Em outras palavras, não se juridicizam, isto entre Direito e Psicologia. A seguir, oferecemos alguns exemplos:

Manual de Psicologia lurftlica


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{ -,
Pelo lado do oiÍeito: Pelo lado da Psicologia:

0escüüeúnenlo dos princÍpros básÍms do íuncionamento Desconhecimento dos p{rÍrcípios iuííCicos e dos fundaÍnentos
à meíúE do diídto

PÍocedim€nhs nfu sufrdentemente sedimentados e cÍitices


Crfuiidâdb ie compaÍtilhâmento e de aceitacão de crítica
pouq) consistentes

leídàâia à nesemonia Prática anda em busca de identidaCe

Btu&rqã) dgida e pouc! peíneável a oukos ramos d0 cG


Comprovaçáo cientÍlica em fase de aliímaçao
ÍdEeiÍneú

oogtt',qliÁfirc Relaüüsmo
2. A Psicologia do Direito
iíadcà mrileôaÍ {diÍeii0 romano) PÍoduto do s&. XX

Pode parecer um tanto estranho este Manual de Psicologia Jurídica dedicar


um capítulo inteiro para tratar especificamente do problema da psicologia do di-
Itlão obstante as dificuldades existentes, nossâ crença central é de que a reito. Esse tema tem sido conscientemente evitado tanto por psicólogos quanto
Psicologia Jurídica é importante não somente ao Direito, mas principalmente es- porjuristas. Pelos psicólogos, sob a argumentação de que a psicologia do direiro
sencial à Justiça. Na verdade, para se chegar à Justiça, precisa se do direito e da constitui uma mera teorização acerca do direito (Muioz Sabaté, 1980) e, como
psicologia", arnbos compartilhando o mesmo objeto, que é o homem e seu bem,
tal, escapa da nocão de uma verdadeira psicologia aplicada ao jurídico, sendo
estar-
rechacada de plano e, porquanto, fora da proposta metoriológica da psicologia
Não e necessário recorrer a argumentos ad terrorem. mas é razoáve! e ccln- cientítica de cunho taxativâmente experinrental. Pelos juristas, porque histórica
seqüente aonsiderar que o desconhecimeoto da psicologia, nomeadamente da psi- e tradicionalmente a questão dos fundamentos do direito sempre mereceu uma
cologia jurídhca, insere-se entre as causas do erro judicial. reflexão contributiva da filosofia, nomeadamente da filosotla do direito.
A, ps.icologia, de um modo geral, pode permitir ao homem conhecer melhor A verdade é que a psicologia do díreito nunca foi bem recebida (Munoz
o mundo, os outros e a si próprio. A Psicologia Jurídica, em particular, pode au- Sabató, 1980) pela tradição jurídica, aliás, como também não foi a sociologia jurí
xiliar a cornpreender o hommo juritlicus e a melhorálo, mas tambérrr pode ajudar dica. Nesse campo, a filosofia sempre foi mais pretensiosa. porquanto, possuindo
a cornpreender as leis e as suas corrflitualidades, principalmente as instituições um objeto que parece ilimitado, coloca-se como uma espécie de ciência universal,
jurídicas, e. rnelhorá-las rambém.
situada acima de todas as ciências. O filósofo inclina-se para o universal e, num
A aproximação entre direito e psicologia, bem como a criacão de um territó- certo sentido, ao perene.
rio transdisciplinar, é uma verdadeira questão de Justiça.
Assim, somente uma disciplina arquitetônica que se preocupa em discernir
Conro síntese deste capítulo, o que se pretende sublinhar é que a psicolo- as estruturas fundamentais do universo podeÍia estar autorizadaaiÍazzeÍ ao direito
gia.lur{eiicaç rnesmo gozando de maior popularidade nos últimos anos, continua esse complemento indispensável à discussão de seus fins e de seus fundamentos
a ser urn& dirsciplina ainda por fazer. De nascimento experimentai, a psicologia, (Villey, 1977). A filosofia se coloca no lugar de desempenhar um papel de pastor
inclusive a jurídica, tem resistido ao discurso jurídico, enquanto o dircito, preso da multidão das ciências, apta a colocar cada uma em seu lugar, a regulamentar
ll a uma hegernonia epistemológica, rem diticuldades em aceitá-la, fãzendo apenas entre elas os conflitos das fronteiras, a distinguir entre suas fontes de respectivos
,: concessão parâ uma disciplina auxiliar. Assim, a Psicologia Jurídica restringiu- conhecimentos, a assinalar-lhes os limites.
se à psicotrogia pczra o direito, permanecendo longe de qualquer interferência no
Em contrapartida, a psicologia do direito apresenta os perigos do utilitarismo
processo dos fundamentos do direito, ou seja, da psicologia do direito, bem como
destituído de fins, os riscos do determinismo sobre as riecisões judiciais e sobre
afastada rlas questões psicológicas que intrinsecamente compõem o mundo nor-
os fins mesmos da justiça, pois a ciência não tem competência sobre o dever-ser.
mativo, ou seja, da psicologia ao direito.
flm outras palavras, as respostas fundamentais acerca dos fins da ciência não é a
ciência que pode dar.
Combatida pelos juristas e desacolhida pelos psicólogos, a psicologia do
direito teve vôos fugidios, logo abatidos pela especificidade dos fins do direito,
corno se ela não possuísse nenhuma qualidade ou atributo capaz de cooperar na

28 Mautul rle Psicología lurídictt


JORGE TRINDADE PARA OPERAOORES DO OIREITO 29

G
missão de fazer o direito alcançar a justiça. Sua tarefa não tem a profundidade psicologia participar das questões dos fundamentos do direit<t, sem a qual corre o
nem a extensão da filosofia do direito, ma§, juntamente com a sociologia do direi- risco de sérias críticas em sua própria legitimação.
to, poderia somar esforços no sentido de transformar a justiça, em humanizá-la e Como asseverou Laborinho Lúcio, "a psicologia até pode ser exterior ao
aproximá-la dos sentimentos do povo- direito, mas não ó exterior à Justiça". (Sani, 2002, p. 15)
Resta, pois, a psicologia pcra o direito como a psicologia jurídica das pos- Mesmo em se admitindo que a psicologia nada tivesse a olerecer para o
sibilidades atuais. direito, ainda assim, muito teria a contribuir para a Justiça. Afinal de contas, a his,
A psicologia jurídica é a psicologia que ajuda o direito a atingir seus f,rns. tória do homem e de suas instituições constitui um caminhar para o infinito, /acus
Trata*se de urna ciência auxiliar do direito, e não aquela que o questiona, nem noumênico onde a metáfora autoriza o encontro com a verdade e com ajustiça.
aquela capaz de o interrogar. Bem se poderia dizer que sua Íunção não é esfíngica. Assim sendo, a aproximação do direito e da psicologia, bem como a criação
Por isso, a psicologia jurídica, a psicologiapara o direito, tem-se mantido afastada de um território transdisciplinar, como resultado de convergências-divergências
da questão dos fundamentos e da essência do direito. A verdade é que a psicologia capazes de instaurar um novo estatuto epistemológico, configura uma verdadeira
jurídica não está autorizada a pensar o direito, ou não é apropriada para esse fim. questão essencial de Justiça.
Ela deve ater-se à norma e tão-somente à norma, descabendo-lhe qualquer exame Podemos sintetizar esse Capítulo, relembrando alguns itens relevantes para
acerca de suajustica ou injustiça.
mostrar a importância da Psicologia Jurídica para os profissíonais do direito:
Sendo assim, a psicologia jurídica tem se mântido fundamenialmente como
l. Parece não haver dúvida de que o sistema de justiça tem se aperfeiçoado
uma psicología para o direito. O modelo estratificado em que o direito só pelo em todos os sentidos ao longo do tempo. Isso é fruto do esforço de dou-
direito pode ser pensado autoriza apenas essa condição de auxiliarpara o direiro. trinadores, legisladores, professores, magistrados e estudiosos, não só do
Dessa forma, o problema da justiça parece estar confiado à filosofia do direito, Direito, mas também da Psicologia e de outros ramos do conhecimento.
compreendida no ârnbito jurídico, considerando a própria psicologia da direito
i
I 2. Entretanto, é razoável estimar que uma parte dos erros judiciais está asso-
como um& vertente, de menor significância da mesma, representada basicamente
fr ciada ao desconhecimento de assuntos psicológicos essenciais.
iI pela escola do psicologismo jurídico, o realismo americano e escandinavo-
I 3. Se pretendemos aprimorar a Justiça e as Instituições, devemos conhecer os
Nesse contexto, a psicologia para o direitc passou a ser simplesmente deno-
mecanismos psicológicos do comportamento humano.
minada psicologia jurídica. Ela, de longe, não é toda a psicologia jurídica. nem,
por certo" a fatia mais nobre da reflexão psicoiurídica. Entretanto, no Ínomento 4. Isso começa por instrumentalizar os advogados, que são sempre o primei-
e no estágio atual de seu desenvolvimento, a psicologia para o direito é a única ro juiz da causa (Spotta, 1985), e os promotores de justiça, que lidam a
psicologia.jurídica possível. Nessa dimensão bem restrita, propõe apanhar as prin- todo instante com os conflitos individuais e sociais, e osjuízes, que têm a
cipais áreas de informação psicológica e seus instrumentos de maior utilidade com missão de resolver esses conflitos.
o fito de auxiliar o direito a atingir os seus fins, apresentando esses conteúdos, por 5. Como acontece na medicina, onde um grande número de consultas se
isso mesmo. sem umâ preocupação metodológica maior. deve à busca de soluções para problemas psicológicos, também muitos
Entretanto, a psicologia jurídica, mesmo assim considerada, não é apenas conflitos jurídicos são decorrentes, motivados ou mantidos, por questões
de natureza emocional e psicológica.
uma simples justaposição da psicologia com o direito. Assirn como duas figuras
pretas não f,azem uma branca, a psicologia jurídica não é a soma de dois ramos 6. A contribuÍção da Psicologia Jurídica é, portanto, [undamental:
diferentes do conhecimento unidos por um objeto comum, mas um espaço com- 6.1. nas questões defamília: separação, divórcio, regulamentação de visitas,
plexo, urn produto da transdisciplinaridade. Mais do que uma nova disciplina é guarda e a adoção. Há um manancial de problemas emocionais, tais
urn territórin no qual quase tudo está por ser explorado. como a raiva, o ciúme e o medo, o ódio, a retâliação ou a vinganca de
Das idéias trazidas até aqui resultam muitas controvérsias, mas parece in- um cônjuge contra o outro. A Síndrome de Alienação Parental (SAP) ó
questionável a necessidade de algumas convergências, sem as quais não se poderá um excelente exemplo disso.
vislumbrar, num futuro próximo, a possibilidade de a psicologia jurídica cumprir 6.2. no direito penal: a começar pelo crime e suas motivações. Todo cri
seus mais innponantes papéis no mundo jurídico, vindo a ser, também, uma psi- me é o resultado grave de uma alteração do comportamento humano
cologia juridica no direito e, sobretudo, do direíto. Estas, sem dúvida alguma, (conduta). O homicídio, por exemplo, é uma expressão emocional na
as suas dnas contribuições mais nobres, capazes de, em última instância, fazer a conduta que exprime o comportamento criminoso carregado de senti-
Marwal ele Psicologia Jurítlica
30 JORGEIRINDADE PARA OPERAOOFES DO DIREITO 31

?
mentos conflituosos. No parricídio, matricídio, parenticídio, uxoricídio 6.t2. no âmbito tJa Direíto Clvil quando, por exemplo, trata da capacidade
e no filicídio essas ca,râ.4terí:ticas podem ser mais visíveis ainda. das pessoas, do agente da compra-venda ou da doação e, mais especi-
6.3. nos delitos sexuais, nas personalidades perversas, na pedoiilia, nos cri- ficaÍnente, da interdição, mormente quando a causa é doença mental
mes perpetrados por sádicos e masoquistas, no abuso sexual infantil. ou psicológica-
6.4. nas questões de inimpuabilidade e na responsabiliclade diminuida de 6-13. no Processo Penal, nos procedimentos de oitiva cle testemunhas, na ve-
que tratam, respectivamente, o artigo 26, capu e parágrafo único, do racidqde dos depoimentos, no interrogatório do réu e nas estratégias
Código Penal. de convencimento dos jurados, asPectos que' por si só, autorizam falar
de uma verdadeira Psicologia do Júri.
6.5. na medida de seguranca e no procedimento de DecLaração do Incidente
de Insanidade Mental. 6.14" no Direito do Consumitloí nas prestações de serviços médicos, hospi-
talares, de saúde em geral, e nas intervenções em casos de trâtamento
6.6. na vitimologia, oode determinados tipos psicológicos são mais suscetí-
de saúde mental, por exemplo.
veis de serem vítima de crime do que or.rtros, e aspectos conscienl.es e
inconscientes podem levar ao lugar da vítima, numa estranha linguagem 6-15- na avaliação deToxidependentes, tta Psicologia dos usuários de dro-
com mensagens que vítima e criminoso estabelecem entre si. A Síndro- ga.r, quase sempre vítimas de uma outra psicologia, aquela que anima
me de Estocolmo exemplifica bem essa condição. Além disso, a Psi- a mente inescrupulosa dos traficantes.
cologia Jurídica desempenha um importante papel na compreensão do 6.16,. na lusttça Terapêutíca, iá implementada em muitos países desenvolvi-
doloroso processo de revítimizaçâo (Primária, Secund:íria e Terciária), dos (USA, Canadá) e em alguns Estados brasileiros.
a segunda agressãoque pode representar a má condução de um procedi- 6.17- no Direíto do Trabalho, nas condições emocionais do sujeito traba-
mento policial ou judicial, capaz de lazer a pessoa já vitimada a reviver lhador e especialmente no trabalhador desempregado' do dano moral
o momento traumático como um novo insulto. e psicolóBico (Psicologia no Direito do Trabalho e nos Direitos So-
6.7. tarcalrzaçáo do depoímento sem dano (RS).' ciais)-
6.E. no Direito Penirenciário. Afastado pelo direito da sociedade que feriu, 6-18" no Díreíro do Funcionário Público que ficou enfermo pela rotina do
o apenado deverá ser reintegrado e ressocializado. trabalho ou pelo excesso de responsabilidade ou de risco, como o pro-
6.9. no Direito da Criança e do Adolescente e no modelo da Proteção In- t-essor ou o policial - civil ou militar - que expõe sua própria vida e
tegral proposia pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, no qual se llem seÍnpre é condizentemente remunerr-do, assim como em matéria
destaca a título de exernpliticaçao: públicos e na seleção e recrutameuto de recursos huma-
o direito à família natural;
Í::...r.r*rt
6.19- do Direiro da Mulher Víolentada ou Agredída, às vezes dentro do pró-
o direito à tamília saudá.rel, livre de drogas e or-rtras dependências;
prio lar- A Lei Maria da Penha configura um exemplo atual.
o direito à escola e ao processo de aprendizado formal exitoso;
6.20. no estwlo particular da personalidade do réLt, da testemunha e tlo
o direito à saúde, que a OMS ret'ere não apenas como bem-estar físico, jarado-
mas também emocional e social.
ó.21- no importante auxílio que a Psicologia Jurídica pode oferecer ao pró-
6.10. no Direito do ldoso, daquelas pessoas que trabalharam, produziram, pntt advogado, como pessoa humana, ao Membro do N'tinistério Pú-
viveram antes de nós, e merecem cuidados especiais, e, por isso mes- blico, prontotor e procurador de jtrstiça, encarregado de representar os
mo, esmerada atencão psicológica. interesses sociais indisponíveis, e, sobretudo, o que a Psicologia pode
6.11. nos delitos de trônsito, especialidade que hoje se denomina Direito do informar quanto à produção das decisões judiciais: a psicossociologia
Trânsito ou Automtsbilístico, cujas ações tramitam nas Varas Espe- (sociopsicologia) das decisões judiciais e a formação dos mag,istrados
cializadas de Acidentes de Trânsito, e no estudo das causas da sinis- (psicologia dos magistrados).
tralidade, e na târefa de seleção, acompanhamento e reabilitação de
6.22. na rarefa policiaL e na investigação criminal.
motoristas.
6.23. nas teorias ciminológicas de explicação da delinqüência, da violência
I Entre nós, desuca-se o trabalho realiado pelos Juízes da lnfância e Juventude de Porro Alegre, José Aotônio e da guerra, do direito dos expatriados e dos gntpos minoritarios, na
Dâltoé Cezar, Breno Beutler Júoior e Leobeno Brancher, que tem servido de modelo para outras comarcas. psicologia criminal e política.
Manual de Psicologia luidica
32 JORGE TRIN-DADE PARÁ OPERAOORES DO OIHÉITO
33

I
5. Conceitos bítsicos de Psícologia Gerctl
para Operadores do Direito
Conro já salientado anteriormente, a Psicologia Juídica propriamente dita,
considerada no seu sentido estrito, é a psicologia que ajuda o direito a atingir seus
-A
tlns. E a psicologia para o direito. Nesse sentido, a psicologia jundica é ciência
auxiliar do direito, e não aquela que o questiona, nem aquela capaz de interrogá-
lo em seus alicerces epistemológicos. Por isso, a psicologia jrrídica stricto sensu
ou psicologia para o direito, tem estado longe da questão dos fundamentos e da
essência do direito. A verdade é que a psicologia, como tal, não está autorizada a
pensar o direito, ou não é apropriada para csse tim.
A Parte ll deste livro trata, sem preocuoação metodológica maior. cia psi-
cologia parc o direito, a partir de agora denominada, simplesmente, Psicologia
Jurídica. Nessa dimensão, propõe-se um apanhaCo amplo das principais áreas de
iniormação psicológica, para auxiliar o direito â atingir os ser.Ls fins.
Cumpre ainda sublinhar que esta ciência ou disciplina, nos seus diferentes
rarnos, quando se coloca a serviço do direito, continua a ser psicologia, siste-
matizada através da psicologia geral, social, diiêrencial, do desenvolvimento, da
personalidade e psicologia clínica, seja normal ou pâtológica, enquanto estudo
cientítico do cornportamento e dos processos mentais.
As idéias fundanrentais qLre se apresentam de tbrma introdutória neste ca-
pítirlo, destinado à psicologia para o direito, objetivam apenas fanriliarizar os
operadores do direito com os conceitos básicos da psicologia geral, urna vez que
são imprescindíveis para o entendimento dos temas propriantente psicojurídicos.
Por isso, serão apresentados de modo quase esquemático, privilegiancio at ior-
mulação didática, às vezes coloquial, sobre os aspectos técnicos, científicos e,
principalnrente, críticos. Não obstante, essas idéias fundamentais, ainda que por
vezes singelas, constituem importante ponto de partida para a compreensão do
fenômeno psicológico, assim como para sua posterior inserção no campo jurÍdico.
São conceitos e noções de conhecimento básico, retirados da experiência do dia-
a-dia, que se encontram mais sistematizados em trâtados e compêndios próprios
da ciência psicológica.

Manual de Picologiu Juríclica


PARA OPERAOORES DO DIRÉITO s9

q
Como é fácil constatar, os exemplos listados mostram que a enciclopédia
jurÍdica é também a enciclopédia da psicologia jurídica. Como insistentemente
ressaltamos, Direito e Psícologia são duas disciplinas irmãs que nascem com o
mesmo fini e compartem o mesmo objeto de estudo: o homem e seu compor-
tamento" Ambas estão destinadas a servir o homem e a sociedade, bem como a
promover um mundo mais justo e melhor.
i
Não é demasiado insistir, de modo figurativo, porém expressivo, que Direito
e Psicologia estão "condenados" a dar as mãos; que a Psicologia é fundamental ao
I Diretto e, rnais que isso, essencial para a Justiça.
Entâo" já não é mais preciso recorrer a argumentos ad terrorem para mostrar
que uma grande parte dos erros judiciais pode decorrer da falta de conhecimento
I
sobre a Psicologia Jurídica.
I

Por qualquer lado que se olhe o vasto panorama jurídico, fica estampada a
I importância da Psicologia Jurídica para os operadores do direito. Os exemplos
I
aqui colacionados servem para demonstrar, da lei aos costlrmes, da doutrina àju-
I risprudência, como a Psicologia Juídica permeia todos os ramos do direito, do cí-
I
I
vel ao crime, do administrativo ao trabalhista, do direito material ao processual.
l

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i
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34 JORGE TRINDADE

1o
,t 5-1. Personalidade isto é, esse aparelhamento da mente, inicialmente, distinguiu três sistemas: o in-
consciente, o consciente e o pré-consciente.

Personalidade é um conjunto biopsicossocial dinâmico que possibilita a


o sistema inconsciente foi concebido como representante dos instintos e das
pulsões. Podemos entendê-lo metaloricamente como um enorme depósito escu-
adaptaçAo do homem consigo mesmo e com o meio, numa equação de fatores
ro e desordenado onde são guardados "conteúdos mentais censurados por serem
hereditários e vivenciais. Como se pode notar, a personalidade está fundada numa
inaceitáveis, sendo, portanto, recalcados, e não podendo emergir td.o
construção, e não num grupo de características estanques e adquiridas pelo nas- facilmente
à consciência" (Gabbard, 1998, p. 25). A aglutinação desses conteúdos no incons-
cimento.
ciente acontece na medida em que o aparelho psíquico se sente incapaz de lidar
Normalmente, costuma-se atribuir às crianças, mesmo bem pequenas, carac- com as emoções que produzem e, portanto, esse mecanismo funciona de uma tbr-
terísticas que são consideradas como sua personalidade. Estas são, na verdade, os ma protetiva. o acesso ao material inconsciente é restrito e só vem ao consciente
fatores inatos, que integram e dão início à formação da personalidade, que, para se sob determinadas formas como, por exemplo, nos sonhos, nos atos falhos, nos
consolidar, agrega, fundamentalmente, as experiências dos primeiros cinco anos esquecimentos, nos tiques incontroláveis, etc. porém, o material inconsciente está
de vida do indivíduo em contato com o meio, especialmente com os pais. Nesses mais presente na vida do que geralmente imaginamos. É que ele costuma aparecer
primeiros anos, as bases do funcionamento mental são determinadas, isto é, a de maneira disfarçada na consciência. o conteúdo inconsciente, por assim clizer,
forma coriro a pessoa se relaciona com os outros e com o ambiente, como reage a pressiona o aparelho psíquico para obter sua exteriorização e. dessa forma, aliviar
situações, etc., fica estabelecida em suas linhas mestras. Porém, a personalidade a tensão que gera, mas ele é barrado ou transformado no sistema pré-consciente.
está em corltínua transformação, mesmo que as mudanças se tornem mais difíceis um exemplo de idéia inconsciente emergindo na consciência é a garota que troca
quanto mais duradouras e patológicas sejam as características. o nome do atual namorado pelo nome do antigo com quem ela teve uma relacão
O lVlanual Diagnóstico e Estatístico (DSM-IV) da American Psychiatric afetiva mais intensa e, de certa forma, ainda se sente afetivamente Iigada. Aos
Associationt refere-se a transtorno de personalidade quando traços significativos olhos leigos, pode parecer apenas um engano constrangedor, mas do ponto de
da personalidade do indivíduo o tornam inflexível ou desadaptado em diferen- vista psicológico, demonstra seu desejo inconsciente de ainda p".*unecê. o
tes amLrientes ou situações. Essa consideração é importante, pois, mais adiante, antigo namorado. Trata-se de um ato falho. "o*
trataremos dos principais diagnósticos psiquiátricos existentes, dentre eles, os O sistema pré-consciente, por sua vez, está ligado ao inconsciente e à rea-
'lranstornos de Personalidade. lidade. Funciona como um arquivo, onde se encontram informações que podem
ser acessadas mediante um pequeno esforço, como, por exemplo, a lembranca tja
professora da escola primária. Além de servir para guardar inibrmações "inofensi-
BIO
vas", também funciona como barreira aos conteúdos inconscientes não aceitos ou
como um mediador, que autoriza a passagem do conteúdo inconsciente de forma
disfarçada. A fobia é um exemplo clássico em que um conteúdo inconsciente
ameaçador é ao mesmo tempo temido e desejado, como o pai, no tamoso caso do
Pequeno [-lans, que surge na consciência sob a forma de um animal, gerando uma
fobia a cavalos.
A personalidaCe é apenas uma parte do complexo aparelho psíquico desco-
o sistema consciente foi concebido como um órgão sensorial localizacio no
berto por Freud, que o descreveu como uma estruturação do funcionamento men-
limite entre os mundos externo e interno, cuja função é recepcionar as informa-
tal. Modernarnente, as ciências psicológicas demonstram relação entre as emoções
ções deles provenientes.
e o funcionamento cerebral, mas, em sua concepção, o aparelho psíquico não tem
um lugar (ropol) físico no cérebro. Trata-se, à evidência, de uma inferência teórica A partir de L920, Freud (1969) elaborou um ourro modelo do aparelho psí-
quico, denominado Segunda Tópíca, e também constituído de três instâncias, em-
sem uma correspondência geográfica, sem a existência de um lugar específico que
possa ser delimitado. bora não correspondentes'. ego, superego e id.

A prirneira concepção tópica do aparelho psíquico foi apresentada por Freud O id é a instância pulsional do psiquismo, e seu conteúdo é totalmente in-
consciente. Ele é o grande reservatório de impulsos e instintos. É irracional, iló-
em 1900- Essa concepção teórica, curiosamente, recebeu o nome de PimeiraTópica,
gico e amoral. consiste no conjunto de reações mais primitivas da personalidade
I AssociaçÀo de Psiquiatria Americana (APA). humana, que compreende os esforços para conseguir satisfação biológica imedia-

Manual dc Psícoktgitr Jurítlica


60 JORGE TRINDADE PARA CPENADCBES OO DIREITO
6L
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*
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i ta, sem àvaliar as conseqüências. Tenta impor seus desejos de satisfação imediata prova de lorma mais equilibrada, estudar por algumas horas e ter um período para
t
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e irrestrita e, para conseguir c q;:: :l:seja, precisa fazer uma negociação com o descanso e divenimento.
I
1
ego. O modelo da Psicanálise rege-se pelos princípios fundamentais da Psicologia
O conteúdo do irl pode ser assim considerado: os instintos são os padrões Profunda, pelos quais o sujeito é determinado pelo inconsciente, que preside a
hereditárigs fixos de comportamento animal, típicos de cada espécie; as pulsões quase totalidade de suas ações. A identidade organiza-se em torno do Complexo
ou impulsos são as necessidades biológicas, com representação psicológica, que de Edipo, e a personalidade se desenvolve mediante as fases do desenvolvimento
necessita de irnediata descarga. oral, anal, genital e fálica.
O rgo corresponde ao conjunto de reações que tenta conciliar os esforços O modelo da psicologia psicanalítica não é, entretanto, o único a conceber
e as dernandas do id com as exigências da realidade, interna ou externa. Nesse o funcionamento da mente humana. Segundo o modelo da psicologia comporta-
aspecto, faz a mediação dos impulsos do id com o meio ambiente, permitindo mental, a cada estímulo corresponde uma resposta; a cada causa, um determinado
ao sujeito olhar-se a si próprio. O ego apresenta uma função adaptativa e está efeito. Assim, dado um antecedente, espera-se o respectivo conseqüente. Pavlov
presidido peio princípio da realidade. E o responsável pela defesa da integridade demonstrou a neurose experimental em animais, dando início à concepção de que
psíquica- Prova de que não há homologia entre os dois modelos tópicos apresen- a Íbrma mais simples de aprendizagem é a habituação, isto é, unra exposição re-
petida a um dcterminado estímulo.
tados por Freud é que no ego há conteúdos do consciente, do pré-consciente e do
inconsciente, desenhados na primeira tópica. O comportamento pode ser modelado, ou por reforços positivos que o esti-
mulam e gratificam, ou por reforcos negativos, que o inibem. O comportamento
O superego é a expressão da interiorização_das interdições e exigências da
vai mudandc através de modelagens e aproximações sucessivas. Assim, pode ser
cultura e da moralidade, representada pelos pais. E quase totalmente inconscietlte,
construícla uma pr()gramação da conduta humana. Nesse contexto, a tiberdade
possuindg uÍna pequena parte consciente. E nele que se inscreve a lei primária. A
seria um miio, e a humanidade poderia ser treinada de acordo com uma psicologia
Iei de todas as leis, que é interna e propicia a c:rda pessoa valorar o que é bom ou
para a guerra (r.iolência) ou para a paz.
mau. cei:to ou errado. A tbrmação dessa instância se dá pela vivência da crialça
com seus pais e cuidadores, que, des.Je cedo. tolhem os descjos que consideram Já o moCelo da psicologia de Erikson (1994) estrutura-se sobre as etapas
inadequtados e inserem a noção de postergação ou de adiamento da gratificação, do desenvolvimento, organizadas tendo em vista o conflito básico prevâlente em
cada um delas.
assim como transmitem a nocão de lei, transgressão e culpa, o que' em psicologia,
aparece corno sendo o grande "não" dos pâis. Durânte esse Processo de aprendi-
z-ado, acriança testa continuamente os Pais e procura realizar suas peripécias, até IOAt)E coilFLlÍo

ser impedida. Com c passar do tempo, aprende que seu comportamento desagracia 0- 18 meses conÍarç rdesconíaça

aos pais e começa a evitá-lo, pois teme perder seu amor ou ser punida. í) medo da 18m - 3 anos aulommia.Í Cúvida e vergonna

punição não é tão eticaz quanto o medo da perda do arnor e isso será imPortan- 3 5 anos iniiatiE r cuipa
te qualdo passarÍnos a analisar as tendôncias psicopáticas e anti-sociais. Porém, 5 ams - Pubêrdade ccmpetêmâ r inienondade
dentro da normalidade, o superega tem uma função essencial, que é a de cuidado Adoiescênciâ ldentidade Íronnsáo de papeis
e proteçãr.r, mostrando ao ego o que é moralmente inaceitável ou perigoso à inte-
Jovem adulto inlifiidade r isoramentc
gridade da vida.
Meia-idâde píoduüvidâde r estagnaçáo
Corno exemplo dos funcionamentos dessas três instâncias, pocle-se fazer Anos posterioíes integÍidade .r desesFío
uma analogia com um adolescente que precisa estudar para uma prova de recupe-
ração, na qual necessita uma boa nota, e vê seus amigos saindo para se divertir.
Ao estar inteiramente dominado pelo itl, ele desconsidera a necessidade de estudo Por outro lado, o modelo de psicologia cultural de Abraham Maslow (1962)
e as conseqüôncias de seus atos e acompanha os amigos. Por outro lado, ao estar pressupõe a organizacão de necessidades, conceitualmente estruturadas de forma
dominado pela tirania do superego, este mesmo adolescente passa todo o tempo piramidal, de sorte que a satisfação das necessidades de um nível inferior constitui
livre estudando, inclusive as noites em claro, e culpando-se pelo desempenho con- condição para o atendimento das necessidades de nível superior. A Pirâmide das
siderado, por ele, desastroso. Entretanto, se houver uma boa mediação desempe- Necessidades de Maslow pode ser assim configurada:
nhada pelo ego, este mesmo adolescente conseguirá ponderar seu desempenho na
lvluual de Psicokt.qiu Jwítlíca
62 JORGE'I'RINDADE PABA OPÉRADOHES DO DII]EITO
A PIRÂMIDE DAS NECESSIDADES DE MASLOW duo, em princípio, terá maior resistência a mudanças, expressará menos compa-
nheirismo, mais egocentrismo e agressividade. Seguindo esse critério, as relações
interpessoais devem ser estabelecidas respeitando-se os princípios das necessida-
des humanas.
Uma das crÍticas que se opõem à teoria das necessidades de Maslow decorre
da observação de que algumas pessoas satisfazem altos níveis de necessidades,
mesmo quando não alcangadas necessidades de níveis inferiores.

i llmssidades de Anor e Parlicipação


5.2. Nlecanismos de defcsa do ego

O ego possui mecanismos inconscientes de def-esa para proteger o psiquis-


mo, garantindo a homeostase da personalidade, pois existe uma tendência do
organismo para manter estáveis as suas condições através de processos de auto-
Hierarquia da Naessidades: adaptado de Maslow (1962).
regulação. De acordo com a teoria psicanalÍtica, mecanismos de defesa são ma-
neiras inconscientes utilizadas frente às diversas situações com vista a repelir ou
Ero psicologia, costuma-se at'irmar que nenhum comportamento humano é a reduzir a ansiedade, e manter o equilÍbrio da personalidade. Cabe referir os
gratuito, iisto é, que toda aútude é lruto da br-rsca da satisfação de uma necessidade. seguintes mecanismos de defesa do ego:
Praticarnente, vive-se para satisfazer necessidades, e a própria dinâmica da vida i. Repressão ou recalcamento: Freud (i969) considerou a repressão a rai-
é conseqüência disso. Mas as necessidades não são as mesmi§, nem ocorrem no nha de todas as def'esas e a ela dedicou a maior parte de sua atenção. Con-
mesmo período para todos os indivíduos. Essa teoria poderia, inclusive, explicar siste em expulsar da consciência desejos, sentimentos, idéias, ou fantasias
a crimi-natridade, como conseqúência de falta de meios para atingir determinadas desprazerosos, que, em permanecendo Íbra dela, não causam ansiedade.
metas, tids como bens materiais, dinheiro. prestígio ou bem-estar.* Embora seja utilizada por quase todos os ner-rróticos, é bem característico
Sucede que, no desenvolvimento do indivíduo, uma necessidade "inferior" da neurose histérica.
precisa r-e.r satisfeita adeouadamente antes de surgir a necessidade "superior". 2. Rcgressão: mecanismo de defesa que se carecteriza pela retirada ou re-
Após ter saído de um nível inferior de necessidade e estar num nível superior, as torno a uma fase anterior do desenvolvimcnto, adequada para evitar o
necessidades de nível inferior assumem um papei menos importante. Não obstan- desprazer e a frustração. A criança em desenvolvimento passa pelas lases
te, pode rurna necessidade superada tomar-se temporariamente dominante tendo oral, anal e fálico-genital, em que o prazer está associado a uma zona
em vista as privações que a vida e seus ciclos vitais podem.reinstaurar. corporal. Quando ocorre um traurna ambiental, constitucional ou ambcs,
Enqüanto não encontrar satisfação de uma necessidade, o homem se fixa a criança pode ter seu desenvolvimento apdsionado na zona em que se
nesse aiven, e todo o seu esquema perceptivo só se preocupará com as possibilida- encontra. Mais tarde, sob grande estiesse, o adulto pode retornar a essa
des de satisfazê-la. Quer dizer, uma pessoâ que vive com fome não concebe bem- fase do desenvolvimento manifestando a organização mental relativa a
estar neÍm valores superiores, sem antes satisfazer tal necessidade básica. Nesse essa etapa.
sentido- parafraseando Gandhi, para os milhões de pessoas que têm de passar com 3. Projeção: é uma defesa que consiste em atribuir aos outros os sentimentos
duas refeições por dia, Deus só se atreve a aparecer como alimento. ou características não admitidos em si mesmo. Dessa forma, impulsos ou
Fara a psicologia, é fato provado que frustração gera agressão. No relacio- pensamentos proibidos são atribuídos a outra pessoa e negados em rela-
namento interpessoal, esse é um dado que exige atenção. Um trabalhador que ção a si próprio, com o objetivo de afastar a ansiedade.
enfrente doenças na família ou que não possa suprir as necessidades básicas de 4. lntrojeção: um objeto externo é simbolicamente intemalizado, tomaCo e
sobrevlvôrecia de seu lar, certamente viverá em constante frustração. Esse indivÊ assimilado como parte do indivíduo.
5. I9entificação: é o mecanismo mais importante para o crescimento do ego.
a
A propdsito, ver a t@íia de Mertm, 1918.
E atravós dele que a crianca interioriza características do objeto para r1e-
Manual de Psitologiu lurítlicct
64 JORGE TRINDADE PARA OPEÂADOBES DO DIREIÍO 65

Ia
senvolveÍ a própria personalidade, nroldando-se, geralmente, a partir do Também é observado no sonho pela substituição de uma figura emocio-
progenitor do mesmo se.v,r, p3rr vir a ser como ele. nalmente carregada por uma neutra.
6. Isolamento: trata-se de uma separação intrapsíquica entre o afeto e seu l6- conversão: é o deslocamento de uma conflitiva psíquica para o
conteúdo. evitando ou diminuindo a ansiedade. Desta lorrna, uma memó- corpo,
sem prejuízo orgânico. Está presente na histeria, como no caso de parali-
ri:r traumática pode ser facilmente recordada, porém, estará despida de sias corporais ou desmaios.
qualquer sentimento i ntenso.
7" A.nulação: é a realização de um ato determinado com o objetivo de apagar,
desfazer ou anular simbolicamente o ato anterior. Envolve, portanto, um
pensamento mágico. Está presente no Transtorno Obsessivo Compulsivo, 5.3. Noções de psicologia do descnvolvimento
no qual, por exemplo, o sujeito pensa na morte da rnãe e acredita que, se
dr:r três pulintros, o ato irá se desfazer.
A psicologia do desenvolvimento constitui uma abordagem para a compre-
8" l{egação: é o mecanismo por meio do qual a realidade externa é con-
ensão do ser humano, através da descrição e exploração das muáanças psicoló-
siderada como não existente por ser desagradável ou penosa ao ego. O
gicas que sofre no decorrer do tempo, buscando mostrar como essas rnudancas
indivíduo reinterpreta uma situacão geradora de ansiedade, redefinindo-a
podem ser descritas e compreendidas.
corno inocente.
Ademais, a noção clara da etapa do desenvolvimento configura um fator
9- Formação Reativa: este processo leva o ego a realizar o oposto do desejo.
Lima pulsão proibida é transiormada no seu oposto. O ódio por um irmão muito importante que não pode ser menosprezado no esiudo das mais variadas
p,irde, reativamente, tomar a forma de um amor exagerado. questões jurídicas, as quais devem ser analisadas à luz das especificidades
pró-
prias da etapa do desenvolvimento em que cada um se encontra. Assim, por exem-
10. R.acionalização: consiste em explicacões baseadas na razão para um crrm-
plo, o Estaturo da criança e do Adolescente pressupõe as noções de infància e de
po!:tamento que foi, na realidade, determinado por motivos não reconhe-
adolescência, enquanto o código penal se alicerça na idéia cla maioridade.
cidos. Assim, pensamentos ou pulsões inaceitáveis são reinterpretados em Já o
termos mais aceitáveis e menos geradores de ansiedade. Estatuto do ldoso contempla sujeitos que se encontram em outra etapa do
ciclo
vital e que devem ser compreendidos pelo direito de acordo com as ôaracterísti-
I l.
Sonratizacão: mecanismo pelo qual ocorre transferência de sentimentos
cas dessa etapa, ou seja, tendo-se em vista as conclições que são inerentes
dolorosos para o corpo, com prejuízo orgânico. Soniatizações intensas são a esse
momento da vida.
fteqüentes em indivíduos hiponcodríacos, na síndrome da dor sem causa
orgânica, na anorexia, no vitiligo e na psoríase. No início do século XX, as descobertas de Freud acerca do desenvolvimento
12. Dissociação: por este mecanismo inconscicnte, uma parcela da personali humano constituíram motivo de muita controvérsia. A importância atribuída
.
aos
dade geradora de ansiedade é eliminada atravós da divisão da consciência. primeiros anos de vida na estruturação da personalidade causou impacto
no co-
As partes boas e más. por exemplo, são separadas, e o sujeito não conse- nhecimento da época, principalmente na meclida em que estabeleceu uma espécie
gule perceber que os outros podem ser bons e maus. Dessa tbrma, "fulano" de determinismo, pois sobre a infância se estrutura o desenvolvimento Íuturo,
no
será uma pessoa maravilhosa até que se transíorme numa pessoa terrível. sentido da saúde mental e da adaptação social adequa.da ou patológica (RappapoÉ,
13. §uhlimação; mecanismo de det'esa pelo qual a energia psíquica retida no 1981).
rmaterial reprimido é canalizada a objetivos socialmente úteis e aceitár,eis. Tratar do desenvolvimento humano implica considerar separadamente
Por exemplo, uma agressividade excessiva é canalizada para uma carreira o desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial, em cada períódo da vida.
cirrúrgica. Entretanto, esses aspectos estão indissoluvelmente ligados, .oáo u* deles afeta
l4- trntelectualização: mecanismo que articula uma reorizâção do afêto, o também os outros. "
qual prssa a ser explicado para evitar a ansiedade, localizando os aspectos As mudanças no corDo, no cérebro, na capacidade sensorial e nas habilidaces
ohjetivos, e não emocionais de uma situação ameaçadora. motoras fazem parte do desenvolvimento físico, mas poclem influenciar outros
as_
15- Deslocamento: processo através do qual os sentimentos ligados a uma pectos do desenvolvimento. Por outro lado, mudanças na capacidade mental,
tais
t-onte são redirecionados a outra. Assim, o afeto de uma idéia ou objeto como aprendizagem, memória, raciocínio, pensamento e Iinguagem constituem
o
é transposto ou deslocado para outro. É.omum nas fobias, em que a an- desenvolvimento cognitivo, mas se conectam com o desenvolvimento emocional
sietlade ligada a uma fonte inconsciente é deslocada para uma consciente. e o tisico.

Maruol de Psicolo,qiet Juríclicu


66 JORGE TRINDADE PARA OPERAOORES DO DIBEIÍO
67
Enlhora as pessoas passem pela mesma seqiiência geral de desenvolvimento, 'Jovem adulto (20 a 40 anos) -) como regra, a saúde física atinge o apogeu,
cornu$xemlE denominado ciclo vital, existe uma ampla gama de diferenças indi- decaindo ligeiramente nos anos posteriores. As habilidades cãgnitivas as-
viduais, iisto é, condições específicas que variam de pessoa para pessoa. Somente sumem maior complexidade. As decisões sobre reracionur"nio, ocupam
quanciki, e» desvio dessas expectativas é extremado existe motivo para considerar o o cenário principal, assim como a escolha vocacional e laboral devem
deseuvollv'irnento de uma pessoa como excepcionalmente adiantado ou atrasado. encontrar melhor defi nição.
üonwante autores da psicologia geral e do desenvolvimento, tais como ' Meia-idade (40 a 60 anos)
-> ocorre uma relativa deterioração da saúde
Flolnrcs {\997), Bee (1997) eTyson (1993), o período de duração da vida do ser física e inicia o declínio da resistência e da perícia das habilidades. Em
hurnaerrr trrm sido dividido em estágios de desenvolvimento, tais como: geral, a capacidade de resorução de problemas práticos é acentuada pela
" Esr:ígio pré-natal (concepção até nascimento) -+ formação da estrutura e experiência e sabedoria. porém, a capacidade de resolver novos proble-
órgãos corporais básicos. O crescimento físico é mais rápido do que nos mas declina. o senso de identidade continua a se desenvorver, com a
du-
demeais períodos, havendo grande vulnerabilidade às influências ambien- pla responsabilidade de cuidar dos tilhos e de pais idosos, fato que pode
lxi:s- ser fonte de preocupações e de esrresse. A partida dos firhos dôuolue o
casal a si mesmo, podendo gerar sentimentos de vazio ou abandono. para
'Pkirneira infância (nascimento até 3 anos) -> o recém-nascido é dependen-
alguns, o sucesso na carreira e ganhos atingem o ponto mais erevado, en-
he" porém competente. Todos os sentidos funcionam a partir do nascimen-
quanto outros podem experimentar um esgotamento profissionar. A
to. sendo rápidos o crescimento físico e o desenvolvimento das habilidades busca
pelo sentido da vida assume importância fundamentar, podendo sobrevir
Í&ofroras. A compreensão e a linguagem desenvolvem-se velozmente. O
a denominada crise da meia-idade, geralmente associadi à consciência
aprego aos pais e a outras pessoas familiares vai se alicerçando, e a au- do
tosonsciência se estabelece em torno do segundo ano. Posteriormente, o tempo e da finitude.
tinteresse por outras crianças aumenta. ' + a maioria das pessoas se mantém
Terceira idade (60 anos em diante)j
saudável e ativa, embora a saúde e a capacidade física ipresentem tendôn-
'Segunda infância (3 a 6 anos) -> as forças e as habilidades motoras simples
e erornplexas aumentam. Embora a compreensão da perspectiva dos outros
cia ao declínio. o retardamento do tempo de reação afeia muitos aspectos
.rí aumentando progressivamente, o comportamento continua predomi- do funcionamento cognitivo, e a inteligência e a memória podem apresen-
a,&ütemente egocêntrico. A imaturidade cognitiva leva a muitas idéias iló-
tar sinais de deterioramento em algr.rmas áreas, levando i bus.u por mo-
gí'cas acerca do mundo, expandindo-se através do brincar, da criatividade dos altemativos de compensacão. A aposentadoria pocre criar maii tempo
erüa imaginação, que se tornam mais elaborados. A independência, o au- para o lazer, mas pode também significar diminuição da renda econômiia,
üoroontrole e os cuidados próprios aumentam. A família ainda é o núcleo da decrescendo ainda a capacidade laborativa. Nessa etapa, costuma haver o
I
çida, embora outras crianças comecem a se tornar importantes. enfrentamento de algumas perdas e se agudiza a idéiade finitude.
i

'Texceira infância (6 a como se vê, um estágio desenvorvimental configura um período de tempo


12 anos) -> o crescimento físico não é tão intenso
clalrÀo no período anterior. mas a aquisição de hatrilidades físicas aumenta no qual o ciclo vital é definido por uma reunião particular de càracterísticas físi-
c se aperfeiçoa. O egocentrismo diminui, e o pensamento organiza-se de cas, emocionais, intelectuais e sociais.
ur,rodo mais lógico, embora ainda pel'maneça predominantemente concreto. Através dos séculos, produziram-se algumas mudanças de foco sobre o de-
l\ mremória e as habilidades de linguagem aumentam. Os ganhos cogniti- senvolvimento humano, seja das atitudes das crianças e dos adolescentes, seja dos
vors são cumulativos e permitem um melhor aproveitamento da educação indivíduos adultos e de terceira idade. Melhoras das condições de vida, deiaúde
Itix,rTral. A auto-imagem aperÍ'eiçoa-se, at'etando a auto-estima, e os ami- e de atendimento médico, ao lado de novas técnicas para o enfrentamento de
do-
gors assumem importância fundamental, fazendo progredir o processo de enças, a par da aquisição de hábitos saudáveis de viver, têm proporcionado
maior
wcialização. longevidade, aumentado a expectativa de vida útil e real, trazenào novos desafios
'l[tôolescência (12 a20 anos) -> as mudanças físicas são rápidas e profun- à família e à comunidade.
dhs- Atinge-se a maturidade reprodutiva. Desenvolve-se a capacidade de 'ralvez a contribuição mais revolucionária para
o desenvolvimento tenha ad-
pemsâr abstratamente e de usar o pensamento cientÍfico. Nessa etapa, a vindo de charles Darwin, ao sugerir uma relação entre a evolução da espécie
'hu;sca e
de identidade constitui um fator primordial, justificando a vida em o desenvolvimento infantil. De outra forma, a noção de busca pLlas origéns dos
g$ryos de iguais, a adoção de modelos e de comportamentos estandardi-
zados, que facilitam o caminho da identificação. iü0" ã*,,1-u-0".".
Manu«l dc Psicoktgiu !uídica
68 JORGE TRINDADE PARA OPEBADOFÊS DO DIREITO
69

!.í
comportamentos e atributos dos adultos na; experiências infantis é um postulado da alimentação e de outros cuidados indispensáveis, mas também para sua própria
psicológico importante. sobrevivência. Nessa fase da vida, a mãe é considerada como a única fonte de
O estudo científico dos padrões complexos de mudanças durante a vida do ser prazer da criança, e sua atitude básica para com ela determinará as impressões
humano evidenciou uma crescente necessidade do estudo interdisciplinar do de- das quais dependerá sua própria concepção de mundo e sua atitude básica frente à
senvolvimento, com todo o seu espectro de singularidades, próprio de um modelo vida. Essa fase é subdividida em oral de sucção e oral sádica.
que conjrlga objetividade e subjetividade, sem descuidar dos diversos movimen- Quando uma pessoa adulta apresenta resíduos libidinosos próprios dessa
tos no sentido de ressignificar as interações humanas no contexto sociocultural. fase, os quais deveriam ter sido abandonados ou superados do ponto de vista de-
Assim, foram formuladas '''árias teorias sobre o desenvolvimento humano, senvolvimental, fala-se em f,rxacão da libido. Isso signilica que, diante de unra
ora atribuindo maior importância aos fatores hereditários, ora aos fatores ambien- frustração, o indivíduo pode regredir a essa etapa do desenvolvimento e buscar
tais, ora considerando o ser humano como essencialmente racional, ora como do- alívio, por exemplo, na comida, no sono ou, de forma mais patológica, na droga.
minado pelos apetites e emoções postulados pela teoria psicanalítica (Campos de A FASE ANAL: em princípio, estende-se do início do segundo até o terceiro
Souza" 2001). ano de idade, e a libido desloca-se da boca para os processos de eliminação ou
A psicanálise reÍ'ere-se ao desenvolvimento humano, destacando a evolução retenção. Nesse período da vida, a criança parece sentir considerável prazer em
psicossexual (energia psíquica de natureza sexual, denominada como iibido) atra- eliminar e/ou reter suas próprias fezes. O prazer anal não se limita à mera estimu-
vés dos diferentes estágios pelos quais passâ o ser humano em seu processo de lação ou à retenção das fezes, mas sim também à importância que os pais dáo a
desenvolvirnento- essas funções, que muitas vezes são sentidas como demonstração de afeto. Para
Freud ( 1969 t posttrlor.r clue a criança crn dcse nvolvime nto atravessa três está- Freud, nessa fase também se desenvolveriam as laculdades mentais da crianca,
gios principais no seu caminho à maturidade. Cada um desses estágios apresenta a sendo importante para o desenvolvimento das necessidades de limpeza, ordem e
libido, isto é, uma certa quantidade de energia sexual, ligada a uma zona corporal ourros hábitos.
específrca- A tiustração de uma pessoa adulta fixada nessa fase poderia dar origem a
urna dinâmica que expressa a rejeição e a expulsão hostil para com outras pessoas,
Quando trata de sexualidade infantil, Freud (1969) refere-se a algo que se
transtbrrnará na sexualidade adulta e madura. mÍui que, durante a infância, apre- o qrre também se transfere ao dinheiro, podendo reverter em sintomas como a

senta-se como uma energia em desenvolvimento. Havendo um trauma ambiental, avareza.


constituaionai ou ambos, a criança teria seu desenvolvimento fixado nessa fase e AS FASES FÁI,ICA E CEMTAL: A sexualiclade inlantil evolui no senrido
retoma-ria a ela num momento de estresse futuro. Tal energia será canalizada para de conduzir toda a carga de excitação sexual a uma concentração genital. Freud
todos os aspectos da vida, profissional, afetivo, religioso, sendo que a maneira (1969) denominou essa fase de organização genital ou fase fãlica.
como esse desenvolvimento se deu nos primeiros cinco anos de vida é que irá
A organização genital corresponde à fase do desenvolvimento psicossexual,
traçar a t'orrna como o adulto irá se relacionar com os outros e com o ambiente.
em que a estruturação das pulsões parciais se dá sob o primado das zonas genitais,
A partir de uma Ieitura freudiana e de acordo com psicólogos do desenvol- correspondendo a dois períodos separados pela etapa da latência: o período fálico,
vimento (l-idz. 1983; Cleitman, 1993; Davidoff,2004; Iluifman,2004; Papalia, ou da organização genital infantil, e o período genital propriamente dito, que se
2000; dentre orrtros), a cada estágio dessa evolução corresponde uma característi- instaura a partir da puberdade.
ca de personaliclade, ou padrão de comportamento-
No período fálico, para o menino, a principal zona erógena (zona de prazer)
A F.{SE ORAL: corresponcle ao prinreíro ano de vida do indivíduo, e sua é o pênis, enquanto para a menina é o clitóris. No âmbito da conflitiva edípica, a
z.ona erógena decorre da estimulação da boca e dos lábics, exemplificados no ato criança começa a experenciar sua capacidade aletiva com seus pais. Porém, ainda
de mamar. Toda a atenção da criança tlca absorvida pelo prazer que a boca pode há confusão entre a afetividade parental e a sexualidade. A energia pulsional é
lhe propiciar e, por isso, os objetos e partes do próprio corpo ou do corpo da mãe indissociada, sendo que o desenvolvimento deve completar-se para que a crianca
são sugados. [Jma das características mais evidentes de uma criança nessa idade é saiba diflerenciar os dois modos de afeto. Dessa tbrma, a criança "encanta-se" pelo
sua dependência do mundo adulto, especialmente da figura matema. O bebê não progenitor do sexo oposto e teme o progenitor de igual sexo, visto que rivaliza
tem o senti,io de separação do mundo externo, ele e a mãe são a mesma pessoa, com ele pelo amor do mesmo objeto. Como o menino deseja a mãe e necessita
sendo que a mãe é que faz parte dele, simbioticamente. A criança depende dos excluir o pai, a ansiedade de castração ocupa seus medos, enquanto a inveja do
outros não somente para lhe tornecerem o centro do prazer e do conforto, através pênis é a tantasia predominante nas meninas, que nutrem um desejo incestuoso

M tLruuLl tle P sico l o g iu .l urídic a


70 JORGE'I'RINDADE PARA OPEFADORES DO DIREIÍO 7t

I6
pelo pai acompanhado pelo ódio homicida em relação à mãe. As crianças, de estar relacionado a dificuldades de aprendizagem, comportamento cie reserva e
ambos os sexos, acreditam que todos nasceram com pênis, mas que alguns foram distanciamento.
castrados (meninas). Dessa forma, o menino tem medo de que o pai o castre por Diferentemente de Freud, Erikson (1994) modificou a concepção das íases
estar rivalizando com ele pelo amor da mãe; e a menina sente raiva da mãe por ter estabelecidas anteriormente, enÍàtizando a influência da sociedade sobre a perso-
deixado que a castrassem e procura unir-se ao pai, que é poderoso e inteiro. No nalidade em desenvolvimento.
desenvolvimento saudável do Complexo de Edipo, a criança abdica do progenitor
Enquanto F'reud sustentava que as prirneiras experiências da infância mol-
do sexo oposto por amor ao progenitor do mesmo sexo e entende que há algo que
davam a personalidade de modo perrnanente, Erikson (1994) afirmou que o cle-
lhe é impossível. Dessa forma, a conflitiva edipiana estabelece a submissão à lei
primeva, que se expressa num duplo registro: a proibição do incesto e a proibi- senvolvimento do ego continua por toda a vida. A teoria do desenvoivimento
psicossocial de Erikson cobre oito estágios durante o ciclo de vida. cada etapa en-
ção do parricídio, instaurando uma relação privilegiada que torna possível tanto à
identificação sexual quanto à promoção da cultura. volve uma "crise" de personalidade, uma qr.restão que é particularmente impãrtan-
te naquela fase e que, em certa medida, continuará sendo importante durante toda
Quando os indivíduos transitam pelo período fálico sem fixações obstruti- a vida. As crises surgem de acordo com uma seqüência de maturação e devem ser
vas, eles se tornam capacitados para o exercício da sexualidade adulta, podendo-se,
resolvidas satisfatoriamente para um desenvolvimento saudável do ego"
nesse sentido, correlacionar a sexualidade genital com a maturidade emociona!.
A fase genital inicia-se no final do quarto ano de vida e vai até o final da A resolução adequada de cada uma das crises exige o equilíbrio de um tra-
ço positivo com um traço negativo correspondente. Embora a qualidade positiva
puberdade. A zona erógena é constituída pelos órgãos genitais. A criança começa
deva predominar, certo grau da qualidade negativa também é necessário. A crise
a derivar prazer da manipulação dos órgãos sexuais. Nessa fase, segundo F'reud,
da primeira infância, por exemplo, é, confi,nça versus desconfiança. As pessoas
I o pênis representa o maior valor psicológico e objetal, daí advindo, na criança
do sexo feminino, os sentimentos de castração e, na criança do sexo masculino, precisam confiar no mundo e nas pessoas, mas, para se proteger dos perigàs reais
I
o temor de castração em função do medo de perder algo valorizado. Em geral, a da vida e manter hígido o instinto de sobrevivência, necessitam tambéà de um
libido dirige-se a um dos pais, mais freqüentemente aquele do sexo oposto, e a certo grau de desconfrança. o resultado positivo de cada crise envolve o desen-
I

I agressividade dirige-se ao progenitor do mesmo sexo. volvimcnto de uma virtutle ou Íbrça particular. No caso dessa primeira crise, a
virtude resultante será a esperança.
Essas tases estão aqui delimitadas com fins eminentemente didáticos. Na
i

realidaCe, a primazia de uma zona erógena sobre as demais não é absoluta, poís Talvez a mais expressiva contribuição da teoria de Erikson (19g7) resicia na
persiste a influência de zonas referentes a fases anteriores e a antecipação do pra- sua concepção sobre a adolescência e a busca pela identidade, entendida como
zer que poderá advir das posteriores. A intensidade cios impuisos depende de dois confiança na continuidade interna em meio às mudanças. Ern sua concepcào,
tipos de tàtores: o orgânico, que é herdado, e o refcrrçc do meio. que é ambiental. "cada fase converte-se numa crise porque o crescimento e consciência incipientes
Tudo o que ocorre nessas fases está determinado, em parte, por fatores externos numa nova função parcial vão de par com a mudanca na energia instintiva e, no
(exógenos) e, em parte, pelos fatores internos (endógenos), os quais podem pro- entanto, causam também uma vulnerabilidade específica nessa parte',.
mover tanto um et'eito libertador como cerceador. Em lCentidade. Juventude e Crise (1987,1994),Erikson aprcsenra o diagra-
Se for excessiva a intensidadc do impulso numa determinada fase, seja por ma reproduzido sinteticamente a seguir, com os oito estágios psicossociais:
Íalta ou excesso de satisfação, e o indivíduo tiver dificuldade para controlá-lo, tal
íato poderá ocasionar r"rm sintoma neurótico, ao mesmo tempo em que o indivíduo
perrnanece fixado a essa fase, o que implica ditlculdades de crescimento emocio- cRtsES PSIC0SSoCIÁts OESCRrcÂO VIRÍUDE RErAÇÁo $cNrFrcANÍE
nal, solrimento e prejuízos à qualidade de vida. ConÍiança básica
x obebê desenvolve um sentido em relação
A FASE DA LATÊNCIA: para Freud, essa lase está contida na Í'ase genitat. Descodiança ao mundo mmo um lugaí bom e seguro, ou Esperança Mae
Inicia-se por volta dos seis anos e vai até os doze ou quatorze anos, quando tem {nascimento até ú0.
1218 meses)
início a puberdade. Nessa fase, a vida imaginativa sofre um relativo empobreci,
Autonomia
mento" e grande parte das energias psíquicas é consumida pelo enfrentamento da X A cÍiançe estabelece um equilíbno entÍe
sexualidade, não raro dando origem a sentimentos de insegurança, ambivalência e oúvida, Vergonha independârcia e vergonha.
Vontade Pais

culpa inconsciente. A repressão do instinto constitui um fator importante qtre pode {12.18 meses a três anos)

Matrual de Psicologia luitlica


72 JORGE TRINDADE PARA OPEBAOORES DO DIREITO
13

L+
Í:
;
:,

í A criança desenvolve inlciativa quando er. Muitos pensadores, filósofos e psicórogos ocuparam-se dessas questões, até
i,i lniciativa XCulpa
(3 - 6 anos)
peÍiÍn€nta coisas novas e nâo e subjugada
pelo hacâsso.
Pmɧlo Familia 8ásba que charcot e, posteriormente Freud, empenharam-se em desvendá-la,
os estudos
iniciaram pela histeria, que teve sua gênese atribr.rída a acontecimentos externos
n Produüvidade
x
A criança deve apreenderas habilidades da traumatizantes, que sobrecarregavam o aparelho mental até produzir distúrbios
r.
cultura ou enÍíentar sen[mentos de inieíio- Vizinhos ê Escola
C
Hedoridade
CompeGnc!a
e falêncras. Posteriormcnte, I;reud (1969) reconheceu que no aparelho psíquico
ridade.
(6- 12 anosi
existem lantasias inconscientcs e desejos que contribuem po.u oi distúrbios men-
ti
l&ntidade
t 0 adolescentê deve deteminar seu próprio tais. L)essa lbrma, observou que o trauma externo porie ser qualquer lato banal
x Grupo de
c ConÍusáo de ldenüdade
senso de identjdade 0u expeíimentar conÍu- Rdelidade
Companhekos
quc, unindo-se ao conteúdo interno, ocasiona a doença mental.
sâo sobÍe papéis.
a (12 - m ânos)
Esse conceito inscreveu a fórmula do inato e do adquirido interagindo entre
t lntimidade lsolamento
A pessoa busca estabeieceí comDíomisso si. iroi a partir da idéia de causas psicológicas gerando doenças fisicamente ob-
X
com cs ouiros. Caso nâ0 tenha êxit0, p0de Amor Amigos
I (31 - 30 anos) serváveis que se passou a considerar o ambiente como importante no desenvolvi-
soÍreÍ ísoÍamento e egocenlrismo.
(
mento do ser humano.
r 0 âdulto maduro preocupa-se em esiabele-
Geratividede X Estagnaçào
l (30 - 55 anos)
cere oíientâr â geraçáo seguinle, caso con- Cuidado Trabalho e familia Atualmente, os estudos a respeito das influências do cerebral disfuncional
lráíi0 sente empobÍecimento pess0al.
I ou do aparecimento de doenças mentais em filhos de pais doentes voltam a rerne-
I 0 idoso ressigniÍca a pÍópÍia vida, permi- ter à questão [undamental da interação entre mente e corpo.
&rtêgÍidãde Í Í)esspeío
tindo a aceitaçáo da m0rte. Caso conkário, Sâbedoria Humanidade
(após 65 anos)
pode vivenciar seniimentos de desesperc. Nesse sentido, Busar.to Filho, citado por Abreu e ourros (2006), mosrra as
possíveis etiologias da esquizofrcnia: alterações nos ventrículos cerebrais,
Diagrama adaptado de Erickson (1994). dis_
função nos córtices temporal, frontal e sensorial, como também na amígdala.
Kallmann, citado por Larnbert e Kinsley (2006), fez um estudo, entre as décadas
de 1920 e 1930, sobre as influências hereditárias e ambientais na esquizofienia.
5.4- trdereditariedade yersrrs Ambiente Seus dados iniciais mosrram uma incidênci a de B6vo de doença mentd àm gêmeos
idênticos contra l5vo de gêmeos fraternos. Mais atualmente, estudos dem-onstra-
Embo,a da mesma espécie, os seres humanos dit'erem quanto ao seu pa- ram uma incidôncia menorem gêmeos idêntico-s, de 50vo. os estuclos de pessoas
trimônio hereditário e quanto às influências do ambiente onde se desenvoivem, adotadas indicam um aumento de incidência nos parentes biológicos, nãu no,
daí resultando as dilerenÇas individuais e a complexidade do comportamento adotivos. "
humano" Porém, não existem achados conclusivos em nenhuma área. Mesmo sendo
Em primeiro lugar, é importante salientar que os seres humanos continuam possível identiticar uma prevalência maior de esquizofrenia quando existem pa-
a se desenvolver por toda a vida, e o desenvolvimento geralmente reflete uma rentes esquizofrênicos. a doenca mental não possui r-rma etiologia determinada,
e
conrbinacão dessas tbrças herediúrias e ambientais. as dúvidas a respeito da intluência ambiental, até mesmo pré-natal, permaoecem.
Essas subdivisões acarretam uma enorme confusão qLrando se cuida de con- sempre é importante considerar a possibiridade de uma predisposiçào genética
ceituar o ser humano como um resultado do ambiente ou dos genes, assim como que é confirnada pelo ambiente facilitador ou esquizofrenizante.
contextualizar a doença como lísica ou mental. A medicação psiquiátrica, em gerar, é grande aliada na melhora dos sinto-
A dicotomia entre corpo e mente perrnanece atual, mesmo com todo o avan- mas ca doença mental e, em câsos graves, indispensável para minorar o sofri-
ço da ciência, mas tem seus primórdios na própria história da humanidade. Se mento dos pacientes, muitas vezcs aumentado pelo risco de suicídio ou de outros
tratar da doença corporal e concretamente obseivável já era difícil, a concepção do comportamentos extremos, até mesmo de natureza criminal, como o homicídio.
modelo psicológico trouxe novas dificuldades conceituais. Daí a dicotomia per- Por outro lado, há pesadas críticas no sentido de infirmar que os psicofármâcos
manente entre considerar-se doença aquilo que está presente em alguma parte do podem contribuir para disfarçar as condições pessoais, obscurecendo, por essa
corpo e Ioucura como comportamento "anormal". Esta divisão permanece, ainda via, a necessidade de maior desenvolvimento do indivíduo, tornando_o passivo
que de rnodo sutil, e demonstra-se quando observamos o tratamento eminente- dos acontecimentos, desprezando os fatores ambientais, e deixando-o inerte para
mente físico dado a conflitos que, além do corpo, compreendem fatores outros, enfrentar os conflitos que não se resolvem se não forem ent'rentados com refleiào,
metafísicos, que correspondem ao território psicológico ou da alma. maturidade e crítica.
I

I
Muruul de Psicologia Juríclica
74 JORGIT TRINDADE I
PARA OPENAOCNES DO OIFETÍ'o
75

_l
I

l6
Os mecanismos pelos quais o ambiente opera não podem ser narrados com
a mesma precisão com que se consegue descrever os mecanismos da heredita-
riedade. Tampouco podem ser l'eitas comparações controladas uma vez que nem
mesmo duas crianças gêmeas criadas no mesmo lar têm, exatamente, o mesmo
ambiente (Papalia, 2000).
I
Nesse contexto, desde o inÍcio, a família tem enorÍne influência no desen-
volvimento da criança. Os vínculos formados durante a primeira infância afetam
a capacidade de estabelecer relacionamentos íntimos posteriores ao longo de toda
a vida, marcando as experiências seguintes enquanto expressões emocionalmente
I reeditadas de acordo com os padrões preestabelecidos nas relações afetivas dos
I vínculos precoces (attachme nt).
€ Em todas as culturas, a família dá a seus membros o cunho da individualida-
r de, de modo que a subjetivação consiste num correlato essencial da constituição
biológica.
f
No processo inicial de socialização, as famílias modelam e programam o
t
comportamento e o significado de identidade da criança. A experiência humana
! de identidade tem dois elementos: um sentido de pertencimento e um sentido de
(
ser separado. O sentido de penencimento aparece com uma acomodação de parte
! da criança aos grupos familiares e com sua pressuposição de padrões transacionais
l
na estrutura lamiliar, que são conscientes durante todos os dit-erentes aconteci-
! mentos da vida- O sinal de pertencimento de cada membro é influenciado por seu
l;
sentido de pertencer a uma família específica (Minuchin, 1990).
1

Ao que parece, as crianças têm melhor desempenho na escpla e menos pro-


blemas emocionais e comportamentais quando passam sua infânôia numa família
intacta, desfrutando de um bom relacionamento entre os pais. Entretanto, â estru-
tura de personalidade dos pais e a sua capacidade de criar um ambiente favorável
afetam a adaptação das crianças mais do que a condição conjugal propriamente
dita.
A influência mais importânte do ambiente familiar no desenvolvimenro das
crianças é a atmosÍ'era social e psicológica que se constrói em torno do lar, de-
pendendo do ambiente ser favorável e amoroso ou repleto de conflitos, e se existe
bem-estar econômico ou não. Com freqüência, essas duas realidacies estão inter-
relacionadas nesse espaço privilegiado de interlocução afetiva e cognitiva, a um
só tempo organizador, estruturante e diferenciador, que universalmente se institui
nessa constelação denominada família, e através da qual se transmitem os valores
e se inscreve a cultura.
Portanto, natllreza e cultura, hereditariedade, genética e ambiente, são fato-
res conectados na complexa equação do ser humano, que vão se entrelaçando na
trajetória da vida e criando especificidades rumo a uma complementariedade com
a sociedade. Nesse aspecto, pode-se afirmar que a vida saudável é conectante no
sentido de que se constrói muito mais por ligações do que por isolamentos.

76 JORGE TRINDADE

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t Manual de psicologia jurídíca para
€ 340.73 T833m 3.ed.

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TSlim 1'rindade, Jorge


Manual de Psicologia Jurídica para operadores do Direito /
PARA OPERADORES DO DIREITO
Jorge Trindade. 3. ed. rev. e ampl. - Pono Alegre: Livraria do
Advogado Editora, 2009.
480 p., 23 cm.
TERCEIRA EDIÇÃO
ISBN 978-85-7348_585_t
Revista e Ampliacia

I . Psicologia criminal. 2. Psicologia forensc. I. Tírulo.

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Ínclices para o catálogo sistemático:


Psicolcgia cnminal
Psicologia forense

(Bibliotecária responsável: Mario Roberto. CRB- l0/ó52)

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DO ADV/OGADO
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Pono Alegre, 20{)9

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