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Raciocínio Lógico

3ª edição

Rio de Janeiro
UVA
2016
Denise Candal

Raciocínio Lógico

3ª edição

Rio de Janeiro
UVA
2016
Copyright © UVA 2015
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer
meio sem a prévia autorização desta instituição.

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico


da Língua Portuguesa.

ISBN: 978-85-65812-39-9

Autoria do Conteúdo
Denise Candal

Design Instrucional
Wagner G. A. Destro

Projeto Gráfico
UVA

Diagramação
Raphaela Saules

Revisão
Janaina Vieira
Tássia Braga
Lydianna Lima

C216r Candal, Denise.


Raciocínio lógico [livro eletrônico] / Denise Candal. –
3. ed. – Rio de Janeiro : UVA, 2016.

1,2 MB.
ISBN 978-85-65812-39-9
Disponível também impresso.

1. Lógica simbólica e matemática. 2. Matemática. 3.


Raciocínio. 4. Lógica. I. Universidade Veiga de Almeida.
II. Título.

CDD – 511.3

Ficha Catalográfica elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da UVA.


Biblioteca Maria Anunciação Almeida de Carvalho.
SUMÁRIO
Apresentação...............................................................................................................7
Sobre a autora..............................................................................................................8

Capítulo 1 - Fundamentos da Lógica..........................9


Fundamentos da Lógica.............................................................................10
Proposições e conectivos lógicos..........................................................14
Análise lógica por meio de tabela-verdade.....................................34
Referências......................................................................................................41

Capítulo 2 - Estruturas lógicas...................................43


Equivalência lógica e negação de proposições.............................44
Diagrama lógico............................................................................................64
Lógica de argumentação..........................................................................80
Referências.....................................................................................................89

Capítulo 3 - Raciocínio lógico-matemático...............91


Razão e Proporção.........................................................................................92
Outras questões sobre lógica matemática...................................112
Introdução ao estudo de matrizes e determinantes...................118
Referências....................................................................................................139

Capítulo 4 - Análise combinatória..............................141


Princípio fundamental da contagem............................................142
Arranjo e permutação..............................................................................153
Combinação.....................................................................................161
Referências....................................................................................................168

Considerações finais.........................................................169
7

APRESENTAÇÃO

Este livro trata de conceitos e aplicações a respeito do tema Raciocínio


lógico.

A palavra “raciocínio” tem origem no termo em latim ratiocinatio e, se-


gundo o Dicionário Michaelis, significa: “ato, faculdade ou maneira de
raciocinar, operação intelectual discursiva, pela qual, da afirmação de
uma ou mais de uma proposição, passamos a afirmar outra em virtude
de uma conexão necessária com as primeiras, encadeamento de argu-
mentos, juízo, objeção, ponderação, inteligência, razão.”

Quando precisamos tomar uma decisão, chegar a uma conclusão ou


resolver um problema, estamos diante de uma questão a respeito da
qual precisamos utilizar o nosso raciocínio lógico — que reúne, ao mes-
mo tempo, processo de conscientização, capacidade de estruturação e
organização do pensamento. Trata-se de uma sequência de juízos ou
argumentos usados para chegarmos a uma determinada conclusão.

Assim, a partir do conteúdo deste livro, vamos tratar de alguns tópicos


e conceitos de raciocínio lógico, de modo que capacidade crítica e senso
argumentativo sejam desenvolvidos, possibilitando organização e estu-
do de situações cotidianas, potencializando-se a capacidade de criação
e interpretação.

Desejamos que você aproveite ao máximo esta experiência e que a lei-


tura desta obra promova uma oportunidade de reflexão sobre os conte-
údos abordados, contribuindo efetivamente para o seu enriquecimento
cultural e acadêmico.
8

SOBRE A AUTORA
Denise Candal é doutora em Engenharia de Sistemas e Computação
pela COPPE Sistemas - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Gradua-
ção e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janei-
ro – UFRJ (2005), mestre em Informática - Otimização pelo Núcleo de
Computação Eletrônica - NCE, da Universidade Federal do Rio de Janei-
ro - UFRJ (2000) e licenciada e bacharel em Matemática pela Universida-
de Federal Fluminense - UFF (1988). Professora universitária, atua nos
cursos de Engenharia, Sistema de Informação, Pedagogia, Administra-
ção e Marketing da Universidade Estácio de Sá.
LATTES: http://lattes.cnpq.br/3313896272608196

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Fundamentos da Lógica 9

CAPÍTULO 1
FUNDAMENTOS DA LÓGICA

Este capítulo trata do estudo dos fundamentos da Lógica


Matemática. Essencialmente, a Lógica Matemática estuda a
natureza do raciocínio, auxiliando no aprimoramento da
sua utilização e constituindo uma ferramenta poderosa
para desenvolver uma sequência de pensamentos que per-
mitem reconhecer contradições, eliminando a probabilida-
de de ocorrência de erros.

Ela [a Lógica] lhe dará clareza de pensamento, a ha-


bilidade de ver seu caminho através de um quebra-
-cabeça, o hábito de arranjar suas ideias numa for-
ma acessível e ordenada e, mais valioso que tudo,
o poder de detectar falácias e despedaçar os argu-
mentos ilógicos e inconsistentes que você encontra-
rá tão facilmente nos livros, jornais, na linguagem
cotidiana e mesmo nos sermões e que tão facilmen-
te enganam aqueles que nunca tiveram o trabalho
de instruir-se nesta fascinante arte. (CARROLL)

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10 Fundamentos da Lógica

FUNDAMENTOS DA LÓGICA

Mas para que estudamos Lógica?

O indivíduo que pensa e raciocina de maneira crítica, inde-


pendentemente da sua área de atuação, possui uma dife-
renciação poderosa. O desempenho profissional e a capaci-
dade de raciocinar logicamente estão intimamente ligados,
uma vez que esta desenvolve a habilidade que vai permitir
que os indivíduos consigam elaborar argumentos válidos
e convincentes e identificar argumentações enganosas ou
tendenciosas. A Lógica estuda conceitos, juízos e raciocí-
nios, constituindo-se uma ferramenta que nos permite re-
conhecer contradições e eliminar probabilidades de erro,
objetivando, ainda, demonstrar se um argumento utilizado
é válido ou ambíguo, evitando o duplo sentido e a falta de
definições precisas.

Alguns nomes representativos da Lógica

Aristóteles, o criador da Lógica Formal


Aristóteles (século IV a.C. 384-322 a.C.), filósofo grego, alu-
no de Platão e professor de Alexandre, o Grande, um dos
maiores pensadores de todos os tempos, é considerado o
criador do pensamento lógico, o fundador da lógica for-
mal. Aristóteles determinou que a validade lógica de um
raciocínio depende de sua forma ou estrutura, e não de seu
conteúdo. Para Aristóteles, a Lógica era um instrumento
para todas as ciências, e preocupava-se basicamente com
as formas de raciocínio que, a partir de conhecimentos

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Fundamentos da Lógica 11

considerados verdadeiros, permitiam obter novos conhe-


cimentos.

As obras de Aristóteles sobre lógica foram reunidas e pu-


blicadas de forma sistematizada no século II da era cris-
tã, por Alexandre de Afrodísia. Essa obra, designada Or-
ganun, que significa “ferramenta para o correto pensar”,
estabeleceu princípios tão sólidos e robustos que até hoje
são considerados válidos.

Leibniz e Ambiguidade
Gottfried Wilhelm Von Leibniz (1646-1716), filósofo e
matemático alemão, acreditava que a linguagem comum
era muito propensa a imprecisões e ambiguidades. Dessa
forma, Leibniz desenvolveu uma linguagem artificial, uma
língua racional, uma espécie de cálculo universal para o ra-
ciocínio, na qual as estruturas do pensamento eram subs-
tituídas pelas estruturas do cálculo, leis sintáticas lógicas.

Leibniz, com procedimentos análogos aos procedimentos


matemáticos, construiu uma linguagem universal baseada em
um alfabeto do pensamento ou characteristica universalis.

Em 1666, aos 20 anos, Leibniz esboçou um método para


reduzir pensamentos de qualquer tipo e sobre qualquer
assunto a enunciados de perfeita exatidão, chamado De
arte combinatória (sobre a arte das combinações).

Boole e sua Álgebra Booleana


George Boole (1815-1864), matemático inglês, concebeu
uma analogia entre símbolos algébricos e aqueles repre-
sentativos das formas lógicas. Boole criou uma álgebra da

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12 Fundamentos da Lógica

lógica, publicando um trabalho intitulado An Investigation


of the Laws of Thought on Which to Found the Mathema-
tical Theories of Logic and Probabilities, em 1854. Esse
trabalho deu origem à Álgebra Booleana, com aplicações
em construção de computadores, circuitos e sistemas de
comunicação. Vale ressaltar que esse estudo foi publicado
quase um século antes que os computadores digitais fos-
sem inventados.

Princípio da Casa dos Pombos


Há diversos problemas envolvendo Raciocínio Lógico e Ló-
gica Matemática que são deveras interessantes. Um proble-
ma clássico é o Princípio da Casa dos Pombos. Esse pro-
blema é também conhecido por Princípio das Gavetas de
Dirichlet (Schubfachprinzip = "princípio das gavetas"), pois
foi utilizado pela primeira vez, em 1834, por Johann Peter
Gustav Lejeune Dirichlet, matemático alemão.

A ideia desse princípio é que, se temos um pombal no qual


existem mais pombos que casinhas disponíveis, então al-
gumas casinhas abrigarão pelo menos dois pombos.

De maneira simplificada, podemos enunciar o Princípio da


Casa dos Pombos como: “Se tivermos n+1 pombos para
serem colocados em n casas, então pelo menos uma casa
deverá conter, pelo menos, dois pombos.”

Se pensarmos em termos do Princípio das Gavetas, enun-


ciamos: “Se temos n objetos para serem guardados em n
gavetas, então pelo menos uma gaveta deverá conter mais
de um objeto.”

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Fundamentos da Lógica 13

1. Quantas pessoas devemos ter em uma sala, no mínimo, para


termos a certeza de que duas delas fazem aniversário no mes-
mo mês?

Resolução:
Precisamos pensar no “pior dos mundos”, ou seja, no fato de
cada pessoa fazer aniversário em um mês diferente. Dessa for-
ma, teremos a “certeza” que o problema nos pede.

Associamos, então, cada pessoa ao seu mês de nascimento.

Pelo Princípio das Casas de Pombos, como temos 12 casas, pre-


cisaríamos ter 13 pessoas, pois a 13a pessoa fará aniversário em
um dos meses já contemplados.

2. Em uma caixa há duas cores de bolas, sendo cinco vermelhas


e três azuis. Quantas bolas devemos tirar da caixa para garantir-
mos que haja duas bolas de cores diferentes?

Resolução:
Note que precisamos pensar no “pior dos mundos”, na “pior das
hipóteses”. Assim, teremos a garantia do que se pede.

A pior das hipóteses será retirarmos as cinco bolas vermelhas e,


só então, na sexta bola removida, retirarmos a bola azul.

Assim, seriam seis bolas retiradas.

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14 Fundamentos da Lógica

PROPOSIÇÕES E CONECTIVOS LÓGICOS

Há uma significativa ligação entre a semântica de deter-


minada língua, a linguagem corrente e a Lógica Matemáti-
ca. A Semântica trata da análise das sentenças, da relação
dos elementos de uma língua e seus significados, tendo
por objetivo escrever ou mesmo traduzir as sentenças da
língua natural de uma forma lógica. É interessante que se
perceba que podemos comparar os constituintes sintáticos
e os componentes da lógica. A construção do significado
nas línguas naturais está ligada intimamente à sintaxe e às
estruturas lógicas das sentenças. A estruturação das sen-
tenças pode modificar o seu sentido. Sabemos que quando
estamos considerando o significado de uma sentença não
podemos simplesmente considerar o somatório dos signifi-
cados das palavras que a compõem, mas, sim, observar as
estruturas sintáticas e lógicas para que haja uma interpre-
tação correta da sentença.

Agora trataremos da estrutura equivalente às sentenças da


gramática da lógica matemática: as proposições.

Proposições
Chamamos de proposição todo conjunto de palavras ou sím-
bolos que exprimem um pensamento de sentido completo.

Proposições simples e proposições compostas


Podemos classificar as proposições como simples ou com-
postas. Chamamos proposição simples ou proposição atô-

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Proposições e conectivos lógicos 15

mica àquela que não contém outra proposição como parte


de si mesma. De modo geral, as proposições simples são
representadas por letras latinas minúsculas, como, por
exemplo, p, q, r.

Exemplos de proposições simples:


p: João é inteligente.
q: Vamos ao teatro amanhã.

Chamamos de proposição composta ou proposição mole-


cular àquela formada pela combinação de duas ou mais
proposições simples. De modo geral, as proposições com-
postas são representadas por letras latinas maiúsculas,
como, por exemplo, P, Q, R.

Exemplos de proposições compostas:


R: João é inteligente e José é brilhante.
S: João é inteligente ou José é brilhante.
T: Se João é inteligente, então José é brilhante.

As proposições são equivalentes às orações e, portanto,


possuem sujeito e predicado. Além disso, as proposições
são orações declarativas, e nunca exclamativas, interroga-
tivas ou imperativas.

Princípios da lógica matemática


Um princípio, de acordo com o Dicionário Priberam da
Língua Portuguesa, é a origem, o fundamento, a base de
uma ciência.

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16 Fundamentos da Lógica

prin•cí•pi•o
(do latim – principium, -ii)
substantivo masculino

1. O primeiro impulso dado a uma coisa ≠ FIM.

2. Ato de principiar uma coisa = COMEÇO, INÍCIO ≠


FIM.

3. Origem.

4. Causa primária = BASE, FUNDAMENTO, ORIGEM

5. O que constitui a matéria.

6. O que entra na composição de algo = COMPONEN-


TE.

7. Opinião.

8. Frase que exprime uma conduta ou um tipo de


comportamento = LEI, MÁXIMA, SENTENÇA.

9. Aquilo que regula o comportamento ou a .ação de


alguém; preceito moral = LEI, NORMA, REGRA.

10. Frase ou raciocínio que é base de uma arte, de


uma ciência ou de uma teoria.

A lógica clássica é regida por dois princípios: o da não con-


tradição e o do terceiro excluído.

Princípio da não contradição: uma proposição não pode


ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo.

Princípio do terceiro excluído: toda proposição ou é ver-


dadeira ou é falsa, isto é, verifica-se sempre um desses ca-
sos, nunca um terceiro.

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Proposições e conectivos lógicos 17

O princípio da não contradição pode ser interpretado


como: dadas duas proposições contraditórias, ou seja,
uma sendo a negação da outra, uma delas é falsa.

Dizemos que a lógica clássica, por conta desses princípios,


é bivalente, uma vez que as proposições simples são ou
verdadeiras ou falsas. A opção verdadeira exclui a opção
falsa, e vice-versa.

Observamos, então, a necessidade de determinar se uma


proposição é verdadeira ou falsa. A essa determinação, cha-
mamos de valor-verdade ou valor lógico das proposições.

Valor lógico
Chamamos o valor lógico de uma proposição de verdade
(V), se a proposição é verdadeira, e falsidade (F), se a pro-
posição é falsa.

De acordo com os Princípios da Lógica Matemática pode-


mos afirmar que: toda proposição tem um, e um só, dos
valores: V ou F.

p: Brasília é a capital da Argentina.


V(p) = F
q: O produto de dois números inteiros negativos é um número
inteiro positivo.
V(q) = V

Tabela-verdade
A tabela-verdade é um dispositivo prático utilizado para
facilitar a determinação do valor lógico de uma proposição
composta.

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18 Fundamentos da Lógica

A construção da tabela-verdade de uma proposição com-


posta consiste em representar todos os valores lógicos
possíveis das proposições simples componentes e suas
combinações.

Convém observarmos que o valor lógico de uma proposi-


ção composta depende unicamente dos valores lógicos das
proposições simples componentes.

Vejamos as possibilidades de proposições compostas, com


uma e duas proposições simples.

Proposição simples:

P
V
F

Proposição composta com duas proposições simples:


Para a construção desta tabela, precisamos considerar as
alternativas possíveis. Note que podemos ter:

• As duas proposições verdadeiras.


• A primeira proposição verdadeira e a segunda falsa.
• A primeira proposição falsa e a segunda verdadeira.
• As duas proposições falsas.
p q
V V
V F
F V
F F

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Proposições e conectivos lógicos 19

Proposições compostas com três proposições simples:


Para a construção dessa tabela, precisamos considerar as
alternativas possíveis. Note que podemos ter:

• Todas as três proposições verdadeiras.


• Duas proposições verdadeiras e uma falsa.
• Uma proposição verdadeira e duas falsas.
• Todas as proposições falsas.

Precisamos considerar, inclusive, quais são as alternativas


verdadeiras e quais são as falsas.

p q r
V V V
V V F
V F V
F V V
V F F
F V F
F F V
F F F

Os conectivos
No estudo da aritmética e da álgebra, efetuamos operações
(adição, subtração, multiplicação, divisão) com seus ele-
mentos: os números. Fazendo uma analogia com a Lógica,
podemos efetuar operações com os seus elementos bási-
cos: as proposições.

Trataremos agora de operações sobre as proposições, uti-


lizando elementos conhecidos em lógica como conectivos,

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20 Fundamentos da Lógica

símbolos análogos aos da aritmética e álgebra: soma (+),


subtração (-), multiplicação (x) e divisão (/). Esse estudo é
denominado Cálculo Proposicional.

Novas proposições compostas podem ser criadas a partir de


outras proposições. Essas operações lógicas são realizadas
com o auxílio dos conectivos.

Assim, os conectivos são símbolos lógicos com os quais


efetuamos as operações lógicas, as quais obedecem às re-
gras do cálculo proposicional.

Os conectivos utilizados na lógica proposicional são:

1. Negação

Simbologias: ~, ¬ , ´

Linguagem corrente: “não”, “é falso que”.

2. Conjunção

Simbologia: ˄

Linguagem corrente: “e”, “mas”, “além disso”, “tam-


bém”.

3. Disjunção

Simbologia: ˅

Linguagem corrente: “ou”

4. Condicional

Simbologia: →

Linguagem corrente: “se... então”, “implica”, “logo”.

5. Bicondicional

Simbologia: ↔

Linguagem corrente: “...se e somente se...”.

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Proposições e conectivos lógicos 21

Sejam as proposições:

p: O lucro operacional da empresa melhorou no terceiro trimes-


tre.
q: A receita da empresa ficou abaixo das expectativas.

Teremos, então:

~p: O lucro operacional da empresa não melhorou no terceiro


trimestre.
~q: A receita da empresa não ficou abaixo das expectativas.
p ˄ q: O lucro operacional da empresa melhorou no terceiro
trimestre e a receita da empresa ficou abaixo das expectativas.
p ˅ q: O lucro operacional da empresa melhorou no terceiro
trimestre ou a receita da empresa ficou abaixo das expectativas.
p → q: Se o lucro operacional da empresa melhorou no terceiro tri-
mestre, então a receita da empresa ficou abaixo das expectativas.
p ↔ q: O lucro operacional da empresa melhorou no terceiro
trimestre, se e somente se a receita da empresa ficou abaixo das
expectativas.

De acordo com a quantidade mínima de proposições ne-


cessárias à utilização dos conectivos, podemos dizer que
temos um conectivo unário (~) e quatro conectivos binários
(˅, ˄, →, ↔). Os conectivos ditos unários são aqueles que só
necessitam de uma proposição: ~p. Já os conectivos ditos
binários são aqueles que necessitam de duas proposições
para serem utilizados: p ˅ q, p ˄ q, p → q, p ↔ q.

Operações lógicas fundamentais


Trataremos agora das operações lógicas fundamentais: ne-
gação, conjunção, disjunção inclusiva, disjunção exclusiva,
condicional e bicondicional e suas tabelas-verdade.

Negação
Chamamos de negação uma proposição p à proposição re-
presentada por ~p. Quando o valor lógico da proposição p

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22 Fundamentos da Lógica

for verdadeiro, o valor lógico da proposição ~p será falso,


e vice-versa.

Resumindo: o valor lógico da proposição ~p é oposto ao


da proposição p.

Simbolicamente: ~p; ¬p, p´.

Linguagem corrente: utilizamos o advérbio "não", "não é o


caso que", "é falso que".

Considere a proposição p: Wall Street fecha em alta esta semana.

Teremos então:
~p: Wall Street não fecha em alta esta semana.
~p: É falso que Wall Street fecha em alta esta semana.
~p: Não é verdade que Wall Street fecha em alta esta semana.

Tabela-verdade da negação:

p ~p
V F
F V

Note que, quando negamos a negação da proposição p, ob-


temos a própria proposição p:
Simbolicamente: ~(~p) significa p.

Conjunção
Chamamos de conjunção de duas proposições p e q à pro-
posição representada por p˄q. A conjunção será verdadei-
ra quando ambas as proposições o forem. Se uma das pro-
posições ou ambas forem falsas, então a conjunção será
falsa também.

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Proposições e conectivos lógicos 23

Observe que o conectivo “e” carrega consigo a ideia de


eventos simultâneos.

Imagine que você afirme a uma criança:


— Vou te levar à praia e te comprar um sorvete.

Você está fazendo uma promessa à criança. Você prome-


teu que a levará à praia e também que comprará um sor-
vete para ela; você, na verdade, comprometeu-se com essa
criança a “fazer” as duas coisas com ela.

Se você levá-la à praia e não comprar-lhe um sorvete, ela


não ficará feliz, pois você não cumpriu o que havia pro-
metido. O mesmo se dará se você não a levar à praia e
somente comprar-lhe um sorvete. Em ambas as situações
você será taxado de “falso”. O prometido foi que você iria
cumprir as duas atividades: levá-la à praia e comprar um
sorvete. Se ambas as promessas forem cumpridas, você
será considerado como “verdadeiro”.

Resumindo: se ambas as proposições forem verdadeiras,


a conjunção também o será, caso contrário a conjunção
será falsa.

Simbolicamente: p ˄ q ; p • q

Linguagem corrente: "e".

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24 Fundamentos da Lógica

p: A Comissão Mista de Orçamento – CMO votou os relatórios


setoriais da Lei Orçamentária Anual – LOA para o próximo ano.
q: O texto do relatório da Lei Orçamentária enviado ao Congres-
so pelo Poder Executivo recebeu mais de 9 mil propostas de
emendas.

p ˄ q: A Comissão Mista de Orçamento – CMO votou os relató-


rios setoriais da Lei Orçamentária Anual – LOA para o próximo
ano e o texto do relatório da Lei Orçamentária enviado ao Con-
gresso pelo Poder Executivo recebeu mais de 9 mil propostas
de emendas.

Tabela-verdade da conjunção:

p q p˄q
V V V
V F F
F V F
F F F

Disjunção
Chamamos de disjunção (disjunção inclusiva) de duas
proposições p e q a proposição representada por p ˅ q. A
disjunção será verdadeira quando pelo menos uma delas
o for. A disjunção será falsa quando as duas proposições
o forem.

Resumindo: se uma das proposições for verdadeira, a disjun-


ção também será verdadeira; caso contrário, será falsa.

Simbolicamente: p ˅ q , p + q (soma lógica).

Linguagem corrente: "ou".

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Proposições e conectivos lógicos 25

p: A carga tributária sobre bens e serviços bateu recorde este


ano.
q: O investimento externo cresceu este ano.
p ˅ q: A carga tributária sobre bens e serviços bateu recorde
este ano ou o investimento externo cresceu este ano.

Nesse caso, podemos ter a carga tributária sobre bens e serviços


batendo recorde este ano, podemos, ainda, ter o investimento
externo crescendo este ano, mas também existe a possibilidade
de terem acontecido ambos os fatos.

Tabela-verdade da disjunção:

p q p˅q
V V V
V F V
F V V
F F F

Condicional
Chamamos de condicional de duas proposições p e q a
proposição representada por p → q. A proposição p é dita
hipótese ou antecedente, e a proposição q é dita tese ou
consequente. A condicional somente será falsa quando o
valor lógico da hipótese (antecedente) p for verdadeiro e o
da tese (consequente) q for falso.

Resumindo: a proposição condicional somente será falsa


se partirmos de algo verdadeiro e chegarmos a algo falso.

Simbolicamente: p → q.

Linguagem corrente: "se... então..."

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26 Fundamentos da Lógica

p → q: Se fizer sol, então eu vou à praia.


Imagine que você afirme à criança:
— Se fizer sol, então eu te levarei à praia.

Você está fazendo uma promessa a essa criança. Você prometeu


que, se fizer sol, você a levará à praia.

Se fizer sol efetivamente e você levar a criança à praia, você cer-


tamente será considerado alguém “verdadeiro”, cumpridor de
suas promessas.

No entanto, se fizer sol, e, por algum motivo, você não levar a


criança à praia, você será considerado um mentiroso, um “falso”.

Ainda podemos observar que, uma vez que você não prometeu
nada com relação a não fazer sol, o que quer que você venha a fazer
com a criança, ela não poderá lhe taxar de mentiroso nesse caso.

Tabela-verdade da condicional:

p q p→q
V V V
V F F
F V V
F F V

Bicondicional
Chamamos de bicondicional de duas proposições p e q a
proposição p ↔ q. A proposição bicondicional será verda-
deira somente quando as duas proposições componentes
tiverem o mesmo valor lógico, ou seja, ambas são verda-
deiras ou ambas são falsas.

Resumindo: a proposição bicondicional será verdadeira


quando ambas as proposições forem falsas ou ambas fo-
rem verdadeiras.

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Proposições e conectivos lógicos 27

Simbolicamente: p ↔ q.

Linguagem corrente: "p se e somente se q", "p equivale a


q", "p é uma condição necessária e suficiente para q".

p ↔ q: Iremos à praia se e somente se fizer sol.


Note que o bicondicional pode ser considerado como o “se... en-
tão...” na ida e na volta.

Pensar na bicondicional p ↔ q, significa pensar em duas con-


dicionais que ocorrem simultaneamente, a ida e a volta: p → q
e q→p

p → q: Se fizer sol, então iremos à praia.


q → p: Se formos à praia, então fez sol.

Tabela-verdade da bicondicional:

p q p↔q
V V V
V F F
F V F
F F V

Exercícios resolvidos
1. Determinar o valor lógico da proposição: “O Brasil foi
descoberto em 1900 ou por Pedro Álvares Cabral.”

Resolução:
Consideremos como p: “O Brasil foi descoberto em 1900” e
q: “O Brasil foi descoberto por Pedro Álvares Cabral”. Note
que o valor lógico da proposição p é falso e o da proposição
q é verdadeiro. Como temos um “ou”, para que este seja ver-
dadeiro basta que uma das proposições o seja, que é o caso.

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28 Fundamentos da Lógica

2. Dadas as proposições p: “O jovem discípulo aprende


rápido” e q: “O mestre possui muito conhecimento”, tra-
duza para a linguagem corrente as proposições:
a) ~p ˄ q.
b) p ˄ ~q.
c) p ˅ ~q.
d) ~p → q.
e) p ˄ ~q → p.

Resolução:
a) ~p ˄ q: O jovem discípulo não aprende rápido e o mestre
possui muito conhecimento.
b) p ˄ ~q: O jovem discípulo aprende rápido e o mestre não
possui muito conhecimento.
c) p ˅ ~q : O jovem discípulo aprende rápido ou o mestre
não possui muito conhecimento.
d) ~p → q: Se o jovem discípulo não aprende rápido, então
o mestre possui muito conhecimento.
e) p ˄ ~q → p: Se o jovem discípulo aprende rápido ou o
mestre não possui muito conhecimento, então o jovem dis-
cípulo aprende rápido.

3. Determinar V(p), ou seja, o valor lógico da proposição


simples p, considerando:

a) V(q) = F e V (p ˄ q) = F.

Resolução:
Para que o valor do “e” seja falso, basta que uma das pro-
posições seja falsa. Dessa forma, como o valor de q já é
falso, o valor de p pode ser falso ou verdadeiro.

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Proposições e conectivos lógicos 29

b) V(q) = V e V (p ˄ q) = F.

Resolução:
Para que o valor do “e” seja falso, basta que uma das pro-
posições seja falsa. Como o valor de q é verdadeiro, neces-
sariamente precisamos que p seja falso.

c) V(q) = F e V (p ˅ q) = F.

Resolução:
Para que o valor do “ou” seja falso, ambas as proposições
precisam ser falsas. Dessa forma, p precisa ser falsa tam-
bém.

d) V(q) = V e V (p ˅ q) = F.

Resolução:
Para que o valor do “ou” seja falso, ambas as proposições
precisam ser falsas. Não há como essas condições serem
aceitas.

e) V(q) = F e V (p → q) = F.

Resolução:
A condicional será falsa somente quando o antecedente for
verdadeiro e o consequente for falso. Isso significa que te-
mos V(p) = V e V(q) = F.

..........................................................................................................
30 Fundamentos da Lógica

f) V(q) = V e V (p → q) = F

Resolução:
A condicional será falsa somente quando o antecedente
for verdadeiro e o consequente for falso. Isso significa
que temos V(p) = V e V(q) = F. Como o problema exige que
V(q) = V, não há como essas condições serem satisfeitas
simultaneamente.

g) V(q) = F e V (p ˄ q) = V

Resolução:
Para que o valor do “e” seja verdadeiro, necessariamente
ambas as proposições precisam ser verdadeiras. Como o
valor lógico de q já é falso, não há como as duas condições
serem satisfeitas de forma simultânea.

h) V(q) = V e V (p ˄ q) = V

Resolução:
Para que o valor do “e” seja verdadeiro, necessariamente
ambas as proposições precisam ser verdadeiras. Já temos
o valor de q verdadeiro; assim, o valor de p será verdadeiro
também.

i) V(q) = F e V (p ˅ q) = V

Resolução:
Para que o valor do “ou” seja falso, ambas as proposições
precisam ser falsas. Assim, como o valor de q já é falso,
temos que o valor de p também é falso.

.........................................................................................................
Proposições e conectivos lógicos 31

j) V(q) = V e V (p ˅ q) = V

Resolução:
Para que o valor do “ou” seja verdadeiro, pelo menos uma
das proposições precisa ser verdadeira. Note que o valor
de q já é verdadeiro, de forma que o valor de p pode ser
tanto verdadeiro quanto falso.

k) V(q) = F e V (p → q) = V

Resolução:
Observe que precisamos ter ao mesmo tempo a condicio-
nal verdadeira e o consequente falso. Poderíamos ter, pelo
fato de a condicional ser verdadeira, V → V, F → F ou, ain-
da, F → V. Como o V(q) = F, ou seja, o consequente é falso,
temos somente a alternativa F → F. Assim, V(p) = F.

4. Construa a tabela-verdade das proposições

a) ~p ˄ ~q
p q ~q ~p ~p ˄ ~q
V V F F F
V F V F F
F V F V F
F F V V V

b) p → ~q
p q ~q p → ~q
V V F F
V F V V
F V F V

..........................................................................................................
32 Fundamentos da Lógica

p q ~q p → ~q
F F V V

c) (p ˅ ~q) → (~p ˄ q)
p q ~q ~p p ˅ ~q (p ˅ ~q) → ~p
V V F F V F
V F V F V F
F V F V F V
F F V V V V

5. Considere a frase em linguagem corrente “Se você


viajar amanhã, então não iremos ao clube ou não almo-
çaremos juntos”. Transforme-a em linguagem lógica e
construa a sua tabela-verdade, para que se identifique
quando essa frase será verdadeira e quando será falsa.

Resolução:
Consideremos as ideias básicas das proposições simples
do nosso problema:
p: Viajar hoje.
q: Ir ao clube.
r: Almoçar juntos.

Assim, a frase dada em linguagem lógica ficará: p → (~q ˅ ~r).

Repare que primeiramente precisamos compor as proposi-


ções simples em colunas e determinar o valor lógico de cada
uma delas. Para não haver dúvidas, é importante que se faça
isso passo a passo. Compomos, então, sete colunas, pois
precisamos determinar o valor lógico de ~q, ~r. ~q ˅ ~r e,
finalmente, p → (~q ˅ ~r).

.........................................................................................................
Proposições e conectivos lógicos 33

Repare que a quarta coluna é a negação da segunda ( q


e ~q), enquanto que a quinta é a negação da terceira. Na
sexta coluna, estamos utilizando o conectivo “e” entre as
colunas quatro e cinco. Lembramos que o “e” é verdadeiro
quando pelo menos uma das afirmativas (proposições) for
verdadeira. A sétima coluna é a final e representa a nossa
frase, resultado da condicional e das colunas um e seis. A
condicional será falsa somente quando o antecedente for
verdadeiro e o consequente for falso. Do contrário, será
verdadeira.

1a 2a 3a 4a 5a 6a
7a coluna
coluna coluna coluna coluna coluna coluna
p→
p q r ~q ~r ~q ˅ ~r
(~q ˅ ~r)
V V V F F F F
V V F F V V V
V F V V F V V
F V V F F F V
V F F V V V V
F V F F V V V
F F V V F V V
F F F V V V V

Então, pela tabela-verdade, podemos perceber que ela será


falsa somente quando p, q e r forem verdadeiras.

..........................................................................................................
34 Fundamentos da Lógica

ANÁLISE LÓGICA POR MEIO DE TABELA-


VERDADE

Com o auxílio da tabela-verdade, podemos identificar quan-


do uma proposição, uma frase é sempre verdadeira, sem-
pre falsa ou por vezes verdadeira e por vezes falsa. Para
isso, precisamos definir cada uma dessas situações em ter-
mos lógicos.

Tautologias
Pense na frase: “Vou ao cinema ou não vou ao cinema”.
Essa frase é sempre verdadeira ou sempre falsa?

Dizemos que uma proposição composta é tautológica quan-


do na última coluna da sua tabela-verdade aparece somen-
te o valor lógico verdade (V), ou, ainda, toda proposição
composta P (p, q, r, s...) cujo valor lógico é sempre verda-
de, quaisquer que sejam os valores lógicos das proposições
simples componentes (p, q, r, s...). Isso é tautologia.

De forma simples, podemos dizer que tautologia é toda


proposição cujo valor lógico é V, quaisquer que sejam os
valores lógicos das proposições que a compõem.

Voltando à frase: “Vou ao cinema ou não vou ao cinema”,


esta será sempre verdadeira. Observe que essa frase pode
ser representada de forma lógica como a proposição com-
posta p ˅ ~p, cuja tabela-verdade é:

.........................................................................................................
Análise lógica por meio de tabela-verdade 35

p ~q p ˅ ~p
V F V
F V V

Na última coluna da proposição composta p ˅ ~p observa-


mos que só aparece a letra V, ou seja, quaisquer que sejam
os valores lógicos das proposições componentes, no caso,
p e ~p, o valor lógico da proposição composta será sempre
verdadeiro, o que configura ser a frase uma tautologia.

Dessa forma, quando afirmamos que uma proposição ou é


verdadeira ou é falsa, estamos lidando com uma afirmação
que é sempre verdadeira, afirmação esta conhecida como
Princípio do Terceiro Excluído, como vimos anteriormente.

Além de observar um outro princípio básico da lógica, o


Princípio da Não Contradição, que nos diz que uma pro-
posição não pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo.

~(p ˄ ~p)

Contradições
Pense na frase: “Sou carioca e não sou carioca." Essa frase
é sempre verdadeira ou sempre falsa?

Dizemos que uma proposição composta é uma contradi-


ção quando na última coluna de sua tabela-verdade apa-
rece somente o valor lógico falso (F), ou ainda, toda pro-
posição composta P (p, q, r, s...) cujo valor lógico é sempre
falso, quaisquer que sejam os valores lógicos das proposi-
ções simples componentes (p, q, r, s...). Isso é contradição.

..........................................................................................................
36 Fundamentos da Lógica

De forma simples, podemos dizer que contradição é toda pro-


posição cujo valor lógico é sempre falso (F), quaisquer que
sejam os valores lógicos das proposições que a compõem.

Voltando à frase: “Sou carioca e não sou carioca." Certamen-


te essa frase seria considerada uma contradição, já que não
há como uma pessoa, ao mesmo tempo, ser e não ser cario-
ca. Essa frase pode ser representada de forma lógica como a
proposição composta p ˄ ~p, cuja tabela-verdade é:

p ~p p ˄ ~p
V F V
F V F

Na última coluna da proposição composta p ˄ ~p observa-


mos que só aparece a letra F, ou seja, quaisquer que sejam
os valores lógicos das proposições componentes, no caso
p e ~p, o valor lógico da proposição composta será sempre
falso, o que configura ser a frase uma contingência.

Observação: como uma tautologia é sempre verdadeira (V),


a negação da tautologia é sempre falsa (F), ou seja, é uma
contradição, e vice-versa.

Contingências
Pense na frase: “Se vou ao cinema, então o sol aparecerá.”
Essa frase é sempre verdadeira ou sempre falsa?

Dizemos que uma proposição composta é uma contingên-


cia quando na última coluna de sua tabela-verdade figu-
ram as letras V e F cada uma pelo menos uma vez, ou,
ainda, contingência é toda proposição composta que não
é tautologia nem é contradição.

.........................................................................................................
Análise lógica por meio de tabela-verdade 37

Voltando à frase: “Se vou ao cinema, então o sol aparecerá.”


Não há como afirmarmos que essa frase seja sempre verda-
deira ou sempre falsa. Ela pode ser representada de forma
lógica como a proposição composta p → q, cuja tabela-ver-
dade é:

p q p→q
V V V
V F F
F V V
F F V

Exercícios resolvidos
1. Construindo a tabela-verdade de cada uma das proposi-
ções compostas abaixo, determine se elas são tautologias,
contradições ou contingências.

a) Se a empresa teve lucro e não teve lucro, então a empresa


teve lucro ou foi à falência.

A princípio precisamos escrever a frase, dada em linguagem


corrente, em linguagem lógica.

Ficamos com: (p ˄ ~p) → (p ˅ q)

p q ~p p ˄ ~p p˅q (p ˄ ~p) → (p ˅ q)
V V F F V V
V F F F V V
F V V F V V
F F V F F V

..........................................................................................................
38 Fundamentos da Lógica

Observe que na quarta coluna (p ˄ ~p) temos uma pro-


posição composta nossa conhecida: uma contradição. Esta
será o antecedente da implicação (p ˄ ~p) → (p ˅ q) que de-
sejamos considerar. Assim, como o antecedente é sempre
falso, teremos o valor lógico da implicação sempre verda-
deiro, o que configura a existência de uma tautologia.

b) Não é o caso que o PIB cresceu e não cresceu.

A princípio, precisamos escrever a frase, dada em lingua-


gem corrente, em linguagem lógica.

Ficamos com: ~(p ˄ ~p).

p ~q p ˄ ~q ~(p ˄ ~p)
V F F V
F V F V

Lembramos que o “e” será verdadeiro somente quando


as duas proposições componentes o forem (terceira colu-
na). Temos na terceira coluna uma contradição conhecida
p ˄ ~p. Na quarta coluna, negamos a contradição e obte-
mos, portanto, uma tautologia.

c) O dólar subiu e, se a bolsa cair, então o dólar não subirá.

A princípio, precisamos escrever a frase, dada em lingua-


gem corrente, em linguagem lógica.

Ficamos com p ˄ (q → ~p)

.........................................................................................................
Análise lógica por meio de tabela-verdade 39

p q ~p q → ~p p ˄ (q → ~p)
V V F F F
V F F V V
F V V V F
F F V V F

Observe que, na quarta coluna, a condicional só será falsa


quando, partindo de uma proposição verdadeira, chega-
mos a uma proposição falsa. Além disso, convém observar
que o “e” (quinta coluna) será verdadeiro quando ambas as
proposições o forem.

Na última coluna aparecem os valores lógicos V e F, por-


tanto, a proposição composta é dita contingência.

Neste capítulo, você estudou os fundamentos da Lógica


Matemática.

Percebemos que, quando precisamos resolver um proble-


ma ou tomar uma decisão, é necessário desenvolver a ca-
pacidade de estruturação e organização do pensamento. O
estudo do Raciocínio Lógico auxilia no desenvolvimento da
capacidade crítica e do senso argumentativo.

Além disso, aprendemos que a Lógica Matemática es-


tuda e aprimora o raciocínio, desenvolvendo uma se-
quência de pensamentos que permitem reconhecer contra-
dições, eliminando a probabilidade de ocorrência de erros.

Ainda neste capítulo, lidamos com ferramentas básicas


para compreensão das linguagens coloquial, formal e de
máquina, determinando valores lógicos de proposições

..........................................................................................................
40 Fundamentos da Lógica

compostas com o auxílio das operações lógicas fundamen-


tais e da tabela-verdade, interpretando se é de uma Tauto-
logia, uma Contradição ou uma Contingência.

Sugestão de vídeo motivacional:

Ser ou não ser - Aristóteles e a Lógica.


Disponível em: <https://www.youtube.com/playlist?lis-
t=PL20E9CA0B90F3DF6E>. Acesso em: 15 jul. 2010.

.........................................................................................................
41

REFERÊNCIAS

ALENCAR FILHO, Edgard de. Iniciação à lógica matemáti-


ca. 18. ed. São Paulo: Nobel, 2002.

CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da filosofia: dos


pré-socráticos a Aristóteles. v. 1. São Paulo: Brasiliense,
1994.

IEZZI, Gelson; MURAKAMI, Carlos. Fundamentos de ma-


temática elementar: conjuntos e funções. v. 1. 8. ed. São
Paulo: Atual, 2009. (Coleção).

MACHADO, Nílson José. Lógica? É lógico! São Paulo: Sci-


pione, 2000.

ROSEN, Keneth H. Matemática discreta e suas aplicações.


6. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2009.

SULLIVAN, Michael. Matemática finita: uma abordagem


aplicada. 11. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013. Disponível em:
<http://www-history.mcs.st-and.ac.uk/>. Acesso em: 8
nov. 2010.

..........................................................................................................
42

.........................................................................................................
Equivalência lógica e negação de proposições 43

CAPÍTULO 2
ESTRUTURAS LÓGICAS

Este capítulo trata das estruturas lógicas. A princípio es-


tudaremos as implicações e a equivalência lógicas, identi-
ficando quando duas proposições compostas são equiva-
lentes ou quando uma implica logicamente a outra. Com
o auxílio da noção de equivalência lógica, trataremos da
negação de proposições e, a seguir, utilizaremos o artifício
dos diagramas lógicos para resolver problemas, inclusive
com proposições que envolvem quantificadores. Final-
mente, estudaremos a lógica de argumentação. A ideia é
analisar e concluir uma estrutura lógica como válida ou
inválida.

..........................................................................................................
44 Estruturas lógicas

EQUIVALÊNCIA LÓGICA E NEGAÇÃO DE


PROPOSIÇÕES

Implicações lógicas
Dizemos que uma proposição P implica logicamente uma
proposição Q se Q é verdadeira todas as vezes que P é
verdadeira, ou, ainda, necessariamente, quando P for ver-
dadeira, temos que Q é verdadeira também. Não é neces-
sário observar o que ocorre quando P for falso. Podemos
utilizar a expressão “implica logicamente” ou simples-
mente “implica”.

Notação: P ⇒ Q.

Propriedades da implicação lógica


Propriedade reflexiva: P ⇒ P.

Essa propriedade é válida, observe a tabela-verdade abaixo.


Quando a primeira proposição composta P é verdadeira, te-
mos que a segunda proposição composta também é. Assim,
podemos dizer que P implica P.

P P
V V
F F

Propriedade transitiva: se P ⇒ Q e Q ⇒ R, então P ⇒ R.

.........................................................................................................
Equivalência lógica e negação de proposições 45

Como temos que P ⇒ Q, sabemos, pela definição de impli-


cação lógica, que sempre que P for verdadeira, Q também
o será.

Temos também que Q ⇒ R, ou seja, sempre que Q for ver-


dadeira, temos que R o será.

Dessa forma, sempre que P for verdadeira, Q será e R também.

Assim, P ⇒ R.

1) Considere a frase: "Os bancos funcionaram e o dólar caiu on-


tem implicam que os bancos funcionaram ou o dólar caiu ontem."
A partir do fato "Os bancos funcionaram e o dólar caiu ontem"
podemos concluir que os bancos funcionaram ou o dólar caiu
ontem?
O que precisamos verificar é se p ˄ q implica logicamente p ˅ q.
Simbolicamente: p ˄ q ⇒ p ˅ q.

p q p˄q p˅q
V V V V
V F F V
F V F V
F F F F

Observe que, sempre que p ˄ q é verdadeiro, p ˅ q também


será. Dessa forma, temos que p ˄ q implica logicamente p
˅ q, ou, ainda, p ˄ q ⇒ p ˅ q.

..........................................................................................................
46 Estruturas lógicas

Tautologias e implicação lógica


Estabeleceremos uma relação entre o conceito de implica-
ção lógica e as tautologias e condicionais por meio de um
teorema.

Teorema: a proposição p implica logicamente a proposi-


ção q, ou seja, p ⇒ q se e somente se a condicional p → q
é tautológica.

Note que, para uma condicional ser falsa, teríamos que


partir de uma proposição verdadeira e chegar em uma
proposição falsa. Dessa forma, nosso problema residi-
ria aí. Por esse motivo, quando precisamos mostrar que
p ⇒ q, sob à luz do teorema, e tentando identificar uma
ligação entre este e a definição, é coerente verificar qual o
comportamento da proposição q quando p é verdadeira.

Considerando as proposições compostas P: (p → p ˄ q) e Q:


(p ˄ q). Podemos afirmar que Q ⇒ P ou P ⇒ Q?

p q p˄q p→p˄q
V V V V
V F F F
F V F V
F F F V

Pensando em termos de Q ⇒ P:

p q Q: p ˄ q P: p → p ˄ q
V V V V
V F F F
F V F V
F F F V

.........................................................................................................
Equivalência lógica e negação de proposições 47

De fato, podemos dizer que Q ⇒ P, pois sempre que Q é verda-


deira, temos que P também é.
Pensando em termos de P ⇒ Q:

p q Q: p ˄ q P: p → p ˄ q
V V V V
V F F F
F V F V
F F F V

Observamos que não se pode dizer que P ⇒ Q, já que nas duas


últimas linhas temos P verdadeira e Q falsa.

Regras de inferência
De acordo com o Dicionário Michaelis, obtemos o signifi-
cado do verbo inferir e do seu substantivo derivado infe-
rência:

inferir
in.fe.rir
(latim inferre) vtd Deduzir por meio de raciocínio, tirar por
conclusão ou consequência: pela letra inferiu logo quem
lhe escrevera. Infira-o o leitor da seguinte história. Conju-
ga-se como aderir.
inferência
in.fe.rên.cia
sf (inferir+ência) 1 Ato ou efeito de inferir. 2 Consequên-
cia, dedução, ilação, indução.

Podemos dizer que Regras de Inferência são aquelas re-


gras, princípios ou normas que podemos ter como con-

..........................................................................................................
48 Estruturas lógicas

sequência, conclusão, diante de determinadas condições.


Vejamos algumas Regras de Inferência mais utilizadas:

1. Regra da adição: p ⇒ p ˅ q

Exemplo: O BNDES aumentou a taxa de juros. Isso


implica que o BNDES aumentou a taxa de juros ou
reduziu o financiamento.

2. Regra da simplificação: p ˄ q ⇒ p

Exemplo: O BNDES aumentou a taxa de juros ou re-


duziu o financiamento. Isso implica que o BNDES au-
mentou a taxa de juros.

3. Modus ponens: p ˄ (p > q) ⇒ q

Exemplo: Se o BNDES aumentar a taxa de juros, en-


tão haverá redução dos financiamentos. É fato que
o BNDES aumentou a taxa de juros. Isso implica que
haverá redução dos financiamentos.

4. Modus tollens: ~q ˄ (p > q) ⇒ ~p

Exemplo: Se o BNDES aumentar a taxa de juros, en-


tão haverá redução dos financiamentos. É fato que
não houve redução dos financiamentos. Isso implica
que o BNDES não aumentou a taxa de juros.

5. Silogismo hipotético: (p → q) ˄ (q → r) ⇒ (p → r)

Exemplo: Se o BNDES aumentar a taxa de juros, en-


tão haverá redução dos financiamentos e, se houver
redução dos financiamentos, então o banco partici-
pará de poucos projetos. Isso implica que, se o BN-
DES aumentar a taxa de juros, então o banco partici-
pará de poucos projetos.

.........................................................................................................
Equivalência lógica e negação de proposições 49

6. Silogismo disjuntivo: (p ˅ q) ˄ ~p ⇒ q

Exemplo: O BNDES aumentará a taxa de juros ou re-


duzirá os financiamentos. É fato que o BNDES não
aumentou a taxa de juros. Isso implica que o BNDES
reduzirá os financiamentos.

As provas das Regras de Inferência

Provaremos cada uma das Regras de Inferência de duas


formas: pela definição e utilizando o teorema.

Adição: p ⇒ p ˅ q

Pela definição: sempre que p é verdadeira, temos que


p ˅ q também é.

p q p˅q
V V V
V F V
F V V
F F F

Pelo teorema: precisamos provar que a condicional


p > p ˅ q é uma tautologia.
p q p˅q p→p˅q
V V V V
V F V V
F V V V
F F F V

..........................................................................................................
50 Estruturas lógicas

Simplificação: p ˄ q ⇒ p

Pela definição: sempre que p ˄ q é verdadeira, temos que


p também é.

p q p˄q
V V V
V F F
F V F
F F F

Pelo teorema: precisamos provar que a condicional


p ˄ q → p é uma tautologia.

p q p˄q p˄p→q
V V V V
V F F V
F V F V
F F F V

Modus ponens: p ˄ (p > q) ⇒ q

Pela definição: sempre que p ˄ (p → q) é verdadeira, temos


que q também é.

p q p→q p ˄ (p → q)
V V V V
V F F F
F V V F
F F V F

.........................................................................................................
Equivalência lógica e negação de proposições 51

Pelo teorema: precisamos provar que a condicional


p ˄ (p → q) → q é uma tautologia.

p ~q p ˄ ~q ~(p ˄ ~p) p ˄ (p → q) → q
V V V V V
V F F F V
F V V F V
F F V F V

Modus tollens: ~q ˄ (p → q) ⇒ ~p

Pela definição: Sempre que ~q ˄ (p → q) é verdadeira, te-


mos que ~p também é.

p q ~q p→q ~q ˄ (p → q) ~p
V V F V F F
V F V F F F
F V F V F V
F F V V V V

Pelo teorema: precisamos provar que a condicional ~q ˄ (p


→ q) → ~p é uma tautologia.

p q ~q p→q ~q ˄ (p → q) ~p ~q ˄ (p → q) → ~p
V V F V F F V
V F V F F F V
F V F V F V V
F F V V V V V

..........................................................................................................
52 Estruturas lógicas

Silogismo hipotético: (p → q) ˄ (q → r) ⇒ (p → r)

Pela definição: sempre que (p → q) ˄ (q → r) é verdadeira,


temos que (p → r) também é.

p ~q p ˄ ~q ~(p ˄ ~p)
V F F V
F V F V

Pelo teorema: precisamos provar que a condicional


(p → q) ˄ (q → r) > (p → r) é uma tautologia.
Consideremos P: (p → q) ˄ (q → r) e Q: (p → r).

p q r p→q q→r (p → q) ˄ (q → r) p→r P→Q


V V V V V V V V
V F F F V F F V
F V F V F F V V
V V F V F F F V
V V F V F F F V
V F V F V F V V
V V F V F F F V
F F F V V V V V

Silogismo disjuntivo: (p ˅ q) ˄ ~p ⇒ q

Pela definição: sempre que (p ˅ q) ˄ ~p é verdadeira, temos


que q também é.

Pelo teorema: precisamos provar que a condicional


(p ˅ q) ˄ ~p → q é uma tautologia.

p ~q p ˄ ~q ~(p ˄ ~p)
V F F V
F V F V

.........................................................................................................
Equivalência lógica e negação de proposições 53

Equivalência lógica
Dizemos que uma proposição P(p, q, r...) é logicamente
equivalente ou simplesmente equivalente a uma proposi-
ção Q (p, q, r...), se as tabelas-verdade de ambas as propo-
sições forem iguais.

Notação: P(p, q, r...) ⇔ Q(p, q, r...).

Assim como fizemos com o conceito de implicação lógica e


tautologias, podemos também relacionar as equivalências
e as tautologias.

As proposições P e Q são equivalentes se e somente se


P ↔ Q é uma tautologia.

Se as duas proposições forem ambas tautológicas ou am-


bas contradições, então são equivalentes.

Equivalências notáveis

Comutativas
p˄q⇔q˄p
p˅q⇔q˅p

p q p˄q q˄p
V V V V
V F F F
F V F F
F F F F

..........................................................................................................
54 Estruturas lógicas

p q p˅q q˅p
V V V V
V F V V
F V V V
F F F F

Associativas
(p ˄ q) ˄ r ⇔ p ˄ (q ˄ r)
(p ˅ q) ˅ r ⇔ p ˅ (q ˅ r)

p q r p˄q (p ˄ q) ˄ r q˄r p ˄ (q ˄ r)
V V V V V V V
V V F V F F F
V F V F F F F
F V V F F V F
V F F F F F F
F F V F F F F
F V F F F F F
F F F F F F F

p q r p˅q (p ˅ q) ˅ r q˅r p ˅ (q ˅ r)
V V V V V V V
V V F V V V V
V F V V V V V
F V V V V V V
V F F V V F V
F F V F V V V
F V F V V V V
F F F F F F F

.........................................................................................................
Equivalência lógica e negação de proposições 55

Idempotentes
p˄p⇔p
p˅p⇔p

p p˄q
V V
F F

p p˅q
V V
F F

Absorções
p ˄ (p ˅ q) ⇔ p
p ˅ (p ˄ q) ⇔ p

p q p˅q p ˄ (p ˅ q)
V V V V
V F V V
F V V F
F F F F

p q p˄q p ˅ (p ˄ q)
V V V V
V F F V
F V F F
F F F F

..........................................................................................................
56 Estruturas lógicas

Distributivas
p ˄ (q ˅ r) ⇔ (p ˄ q) ˅ (p ˄ r)
p ˅ (q ˄ r) ⇔ (p ˅ q) ˄ (p ˅ r)

p q r q˅r p ˄ (q ˅ r) p˄q p˄r (p ˄ q) ˅ (p ˄ r)


V V V V V V V V
V V F V V V F V
V F V V V F V V
F V V V F F F F
V F F F F F F F
F F V V F F F F
F V F V F F F F
F F F F F F F F

p q r q˄r p ˅ (q ˄ r) p˅q p˅r (p ˅ q) ˄ (p ˅ r)


V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V F V V V V
F V V V V V V V
V F F F V V V V
F F V F F F V F
F V F F F V F F
F F F F F F F F

Leis de Morgan
~( p ˄ q) ⇔ ~p ˅ ~q
~( p ˅ q) ⇔ ~p ˄ ~q

p q p˅q ~(p ˅ q) ~p ~q ~p ˄ ~q
V V V F F F F
V F V F F V F
F V V F V F F
F F F V V V V

.........................................................................................................
Equivalência lógica e negação de proposições 57

p q p˄q ~(p ˄ q) ~p ~q ~p ˅ ~q
V V V F F F F
V F F V F V V
F V F V V F V
F F F V V V V

Definições de Implicação
p → q ⇔ ~p ˅ q
p → q ⇔ ~(p ˄ ~q)

p q p→q ~p ~p ˅ q
V V V F V
V F F F F
F V V V V
F F V V V

p q p→q ~q p ˄ ~q ~(p ˄ ~q)


V V V F F V
V F F V V F
F V V F F V
F F V V F V

Definições de Bicondicional
p ↔ q ⇔ (p → q) ˄ (q → p)
p ↔ q ⇔ (~p ˅ q) ˄ (~q ˅ p)

p q p→q q→p (p → q) ˄ (q → p) p↔q


V V V V V V
V F F V F F
F V V F F F
F F V V V V

..........................................................................................................
58 Estruturas lógicas

p q ~p ~p ˅ q ~q ~q ˅ p (~p ˅ q) ˄ (~q ˅ p) p→q


V V F V F V V V
V F F F V V F F
F V V V F F F F
F F V V V V V V

Negação
~(~p) ⇔ p

p ~p ~(~p)
V F V
V F V
F V F
F V F

Contraposição
p → q ⇔ ~q → ~p

p q p→q ~q ~p ~q → ~p
V V V F F V
V F F V F F
F V V F V V
F F V V V V

Exercício resolvido

(CESGRANRIO/2009 - FUNASA – Agente Administrativo)


Se Marcos levanta cedo, então Júlia não perde a hora. É
possível sempre garantir que:
a) Se Marcos não levanta cedo, então Júlia perde a hora.

b) Se Marcos não levanta cedo, então Júlia não perde a


hora.

.........................................................................................................
Equivalência lógica e negação de proposições 59

c) Se Júlia perde a hora, então Marcos levantou cedo.

d) Se Júlia perde a hora, então Marcos não levantou cedo.

e) Se Júlia não perde a hora, então Marcos levantou cedo.

Resolução:
Utilizaremos a contraposição:
p → q ⇔ ~q → ~p

Se Júlia perde a hora, então Marcos não levanta cedo.

Proposições associadas a uma condicional


Considerando a condicional p → q, chamamos proposições
associadas a p → q as três seguintes proposições condicio-
nais: recíproca, contrária e contrapositiva, a saber:

1. Recíproca de p → q: q→p

2. Contrária de p → q: ~p → ~q

3. Contrapositiva de p → q: ~q → ~p

Se considerarmos a frase: “Se o dólar cair, então viajaremos nas


férias”, identificamos a condicional representativa da frase como
sendo p → q, considerando p: “o dólar cair” e q: “viajaremos nas
férias”. Podemos determinar, a partir daí, as condicionais associa-
das e expressá-las sob a forma de frases.

Se o dólar cair, então


Condicional p→q
viajaremos nas férias.
Se viajamos nas férias,
Recíproca q→p
então o dólar caiu.

..........................................................................................................
60 Estruturas lógicas

Se o dólar não cair, então


Contrária ~p → ~q
não viajaremos nas férias.
Se não viajamos nas férias,
Contrapositiva ~q → ~p
então o dólar não caiu.

Exercício resolvido

Considere a frase: “Se o tempo ficar bom, então iremos à


piscina” e sua condicional representativa p → q, com p:
“tempo ficar bom” e q: “iremos à piscina”.

Determine as condicionais associadas à condicional p → q


(recíproca, contrária e contrapositiva) e expresse-as sob a
forma de frases.

Resolução:

Se o tempo ficar bom, en-


Condicional p→q
tão iremos à piscina.
Se fomos à piscina, en-
Recíproca q→p
tão o tempo ficou bom.
Se o tempo não ficar bom,
Contrária ~p → ~q
então não iremos à piscina.
Se não fomos à piscina, então
Contrapositiva ~q → ~p
o tempo não ficou bom.

Das três proposições associadas à condicional, somente


uma é equivalente à condicional dada. Podemos verificar
isso construindo a tabela-verdade.

.........................................................................................................
Equivalência lógica e negação de proposições 61

Contra- Recí- Con-


Condicional
positiva proca trária
p q p→q ~q ~p ~q → ~p q→p ~p → ~q
V V V F F V V V
V F F V F F V V
F V V F V V F F
F F V V V V V V

Assim, percebemos que a proposição equivalente à condi-


cional é a contrapositiva.

Nos exemplos dados, temos que:

• "Se o dólar cair, então viajaremos nas férias" é


equivalente a "Se não viajamos nas férias, então o
dólar não caiu".

• "Se o tempo ficar bom, então iremos à piscina" é


equivalente a "Se não fomos à piscina, então o tempo
não ficou bom".

As negações

• Negação do “e” (Leis de Morgan): ~(p ˄ q) ⇔ ~p ˅ ~q


• Negação do “ou” (Leis de Morgan): ~(p ˅ q) ⇔ ~p ˄ ~q
• Negação da condicional: p → q ⇔ p ˄ ~q
• Negação do bicondicional: p ↔ q ⇔ (p ˄ ~q) ˄ (q ˄ ~p)

..........................................................................................................
62 Estruturas lógicas

Exercícios resolvidos

1. (ESAF-2009) A negação de: Milão é a capital da Itália ou


Paris é a capital da Inglaterra é:

a) Milão não é a capital da Itália.

b) Milão não é a capital da Itália e Paris não é a capital


da Inglaterra.

c) Milão não é a capital da Itália ou Paris não é a capi-


tal da Inglaterra.

d) Paris não é a capital da Inglaterra.

e) Milão é a capital da Itália e Paris não é a capital da


Inglaterra.

Resolução:
Queremos negar um “ou”. Utilizaremos uma das leis de
Morgan.
~(p ˅ q) ⇔ ~p ˄ ~q

Milão não é a capital da Itália e Paris não é a capital da Inglaterra.

2. (ESAF-FISCAL DO TRABALHO) A negação da afirmação


condicional “se estiver chovendo, eu levo o guarda-chuva” é:

a) Se não estiver chovendo, eu levo o guarda-chuva.

b) Não está chovendo e eu levo o guarda-chuva.

c) Não está chovendo e eu não levo o guarda-chuva.

d) Se estiver chovendo, eu não levo o guarda-chuva.

e) Está chovendo e eu não levo o guarda-chuva.

.........................................................................................................
Equivalência lógica e negação de proposições 63

Resolução:
A negação da condicional é
p → q ⇔ p ˄ ~q

Está chovendo e eu não levo o guarda-chuva.

..........................................................................................................
64 Estruturas lógicas

DIAGRAMA LÓGICO

Sentenças abertas e conjunto verdade

Chamamos uma sentença de sentença aberta em A uma


expressão p(x) de tal forma que p(a) é falsa ou verdadeira
para todo a∈A. Nesse caso, o conjunto A é dito conjunto
universo, universo ou domínio.

Em outras palavras, p(x) é uma sentença aberta em A se


e somente se p(x) é uma proposição (e que, por ser uma
proposição, podemos atribuir os valores V ou F), quando
substituímos a variável x por qualquer elemento a do con-
junto A.

A sentença x - 7 = 3 é aberta na variável x. Se substituímos a


variável x pelo valor 10, por exemplo, essa sentença (10 - 7 = 3)
se torna verdadeira, enquanto que, se substituirmos a variável x
por 0 (0 - 7 ≠ 3), a sentença se torna falsa.

Ao conjunto de todos os elementos a∈A, de tal forma que


p(a) é uma proposição verdadeira, chamamos de conjunto
verdade de uma sentença aberta p(x) em um conjunto A.

Notação do conjunto verdade: Vp={x/x ∈ A ˄ p(x)}.

Considere a proposição aberta p(x) : 2x > 6 no conjunto univer-


so dos naturais.

.........................................................................................................
Diagrama lógico 65

Todos os elementos que satisfazem a essa proposição serão os


elementos naturais que satisfazem a inequação 2x > 6:

2x > 6
x>3
{4, 5, 6, 7…}

Observamos que podemos construir proposições, ou seja,


criar sentenças as quais podemos determinar seu valor
lógico verdadeiro ou falso a partir de uma dada sentença
aberta P, atribuindo-se valores às variáveis livres de P. Essa
não é a única forma de se transformar sentenças abertas
em proposições. Podemos utilizar os quantificadores. Estes
são capazes de fornecer informações a respeito da “quanti-
dade” de elementos, quantificando as variáveis livres.

Quantificador universal
Quando todos os elementos do conjunto universo A sa-
tisfizerem a p(x), dizemos que, para todo elemento x de
A, p(x) é verdadeira. Uma outra maneira de dizermos isso
é: qualquer que seja o elemento x pertencente a A, p(x) é
verdadeira.

Simbologia do quantificador universal: ∀

Utilizamos, assim, o quantificador universal quando que-


remos nos referir a todos os elementos de um conjunto.
Notações: (∀x ∈ A) p(x), ∀x, p(x).

Considere o conjunto universo A={2, 4, 6, 8} e a propriedade


p(x) = x é par.

..........................................................................................................
66 Estruturas lógicas

Observe que, se utilizarmos o quantificador universal ∀, temos


(∀x∈A)(x é par), transformando a sentença aberta x é par em
uma sentença fechada, uma proposição, a qual podemos atri-
buir o seu valor lógico. No caso, essa proposição é verdadeira.

O quantificador universal ∀ efetiva uma operação lógica que


transforma a sentença aberta p(x), que não possui valor ló-
gico (a menos que se atribua um valor à variável x) em uma
proposição, e esta pode assumir valor verdadeiro ou falso.

Quantificador existencial
Quando o conjunto verdade não é vazio, então um elemen-
to, pelo menos, do conjunto A satisfaz a sentença aberta
p(x). Nesse caso, podemos afirmar que existe pelo menos
um x∈A tal que p(x) é verdadeira ou, para algum x∈A, p(x)
é verdadeira, ou, ainda, existe x∈A tal que p(x).

Simbologia do quantificador existencial: ∃

Notamos, assim, que o quantificador existencial faz refe-


rência a pelo menos um elemento pertencente ao conjunto.

Notações: (∃x ∈ A) p(x), ∃x, p(x)

Considere o conjunto universo A={2, 3, 4, 5, 6, 7, 8} e a proprie-


dade p(x) = x é par.

Observe que, se utilizarmos o quantificador universal ∃, temos


(∃x ∈ A)(x é par), transformando a sentença aberta x é par em
uma sentença fechada, uma proposição, a qual podemos atri-
buir o seu valor lógico. No caso, essa proposição é verdadeira.

Na verdade, existem quatro elementos que satisfazem a pro-


priedade de ser par.

.........................................................................................................
Diagrama lógico 67

O quantificador universal ∃ efetiva uma operação lógica que


transforma a sentença aberta p(x), que não possui valor ló-
gico (a menos que se atribua um valor à variável x) em uma
proposição, e esta pode assumir valor verdadeiro ou falso.

Quantificador de existência e unicidade


Quando temos o caso de que existe um e um só tal que
p(x), temos o quantificador de existência e unicidade.

Notação: (∃!x ∈ A) p(x)

Considere o conjunto universo A={3, 5, 6, 7} e a proprieda-


de p(x) = x é par.

Observe que, se utilizarmos o quantificador de existência e


unicidade ∃!, temos (∃!x ∈ A) (x é par), transformando a sen-
tença aberta x é par em uma sentença fechada, uma propo-
sição, a qual podemos atribuir o seu valor lógico. No caso,
essa proposição é verdadeira. Na verdade, existe somente
um elemento que satisfaz a propriedade de ser par: o seis.

Negação de quantificadores
Observe a frase em linguagem corrente: “Todas as opera-
doras cortarão a internet móvel ao final da franquia.”

Se quiséssemos negar essa frase, ficaríamos com “Nem to-


das as operadoras cortarão a internet móvel ao final da
franquia”, ou, ainda, “Existem operadoras que não corta-
rão a internet móvel ao final da franquia”.

Pensando em termos de estrutura, essa frase possui um


quantificador universal (∀). Transformando-a em lingua-
gem lógica, podemos escrever ∀x, p(x).

..........................................................................................................
68 Estruturas lógicas

A negação, em termos lógicos, fica, então: ∃x(~p(x)).

Negação de proposição com quantificador universal:


~(∀x, p(x)) ⇔ ∃x(~p(x))

Negação de proposição com quantificador existencial:


~(∃x, p(x)) ⇔ ∀x(~p(x))

Exercício resolvido
1. (CESGRANRIO-TJ-RO-2008) A negação de “Nenhum
rondoniense é casado” é:

a) Há pelo menos um rondoniense casado.

b) Alguns casados são rondonienses.

c) Todos os rondonienses são casados.

d) Todos os casados são rondonienses.

e) Todos os rondonienses são solteiros.

Resolução:
A frase “Nenhum rondoniense é casado” pode ser escrita
também como “Não existe rondoniense que seja casado”.
Transformando a frase, dada em linguagem corrente, em
linguagem lógica, temos: ~∃x,p(x)

Negando, temos que ~(~∃x, p(x) que equivale a ∃x, p(x).


Portanto, existe pelo menos um rondoniense que é casado.

.........................................................................................................
Diagrama lógico 69

Diagramas lógicos
Um diagrama lógico é uma representação gráfica, um es-
quema, que procura representar a(s) relação(ões) que exis-
te(m) entre as partes componentes de uma proposição.

Ao utilizar um diagrama lógico para representar uma es-


trutura lógica, sombrearemos somente as regiões nas quais
o resultado da tabela-verdade da estrutura representada
for verdadeiro.

Chamamos de Universo de Discurso (U) o conjunto de tudo


o que admitimos como possível em um determinado con-
texto e o representamos pela região interna de um retân-
gulo, análogo ao que se faz em Teoria de Conjuntos, com
o Conjunto Universo.

Qualquer proposição possível (A) será um subconjunto do


universo de discurso e será indicada por uma região deli-
mitada dentro do universo de discurso.

..........................................................................................................
70 Estruturas lógicas

Diremos que uma proposição será verdadeira em qualquer


ponto dentro de sua região e será falsa em todos os demais
pontos do universo de discurso.

Com um conjunto A:

A
A é falsa
A é verdadeira

Com os conjuntos A e B:

A B
AeB
A verdadeira B verdadeira
verda-
e B falsa e A falsa
deiras

A e B falsas

.........................................................................................................
Diagrama lógico 71

Diagramas das operações lógicas

Negação (não)
A região da negação de A será o conjunto complementar
de A: Ᾱ.

Conjunção (e)
A região da conjunção A ˄ B será a interseção do conjunto
A com o conjunto B: A ∩ B.

A B

..........................................................................................................
72 Estruturas lógicas

Disjunção (ou)
A região da disjunção A ˅ B será a união do conjunto A
com o conjunto B: A ∪ B.

A B

Condicional (se... então)


A região da condicional A → B só não será verdadeira quan-
do a região de A for verdadeira e a de B for falsa.

A B

Se A estiver contido em B, não teremos região sombreada, pois


não há como a região de A ser verdadeira e a de B ser falsa.

.........................................................................................................
Diagrama lógico 73

Diagramas lógicos envolvendo quantificadores


Utilizamos os diagramas como representação gráfica de
proposições relacionadas a questões que envolvem os ter-
mos “todo”, “algum” e “nenhum”.

Utilizaremos os diagramas de Venn-Euler para resolver al-


guns problemas.

Vamos diagramar alguns problemas que envolvem os


quantificadores. Problemas do tipo:

• Todo A é B: o conjunto A é um subconjunto do B,


ou seja, A está contido em B.

B A=B

..........................................................................................................
74 Estruturas lógicas

• Nenhum A é B: os conjuntos A e B não têm ele-


mentos comuns, ou seja, a interseção é vazia.

A B

• Algum A é B: pelo menos um elemento de A é


comum ao elemento de B, ou seja, há pelo menos um
elemento na interseção.

A B

Exercícios resolvidos

1. Sabe-se que todo cavalo é um animal. Logo, é somente


correto afirmar que:
a) Todo animal é cavalo.

b) Nem todo cavalo é animal.

c) Nenhum animal é cavalo.

d) Toda cabeça de animal é cabeça de cavalo.

e) Toda cabeça de cavalo é cabeça de animal.

.........................................................................................................
Diagrama lógico 75

Resolução:
Podemos desenhar o diagrama da seguinte forma:

Animal
Cavalo

Analisaremos, então, as alternativas dadas:

a) Todo animal é cavalo.


Pelo diagrama, observamos que há uma parte em que há
animais que não são cavalos. Ou seja, nem todo animal é
cavalo. Essa afirmativa é falsa.

Animal
Cavalo

b) Nem todo cavalo é animal.


Essa afirmativa é justamente a negativa da frase dada.
Considerando a frase dada como verdadeira, essa alterna-
tiva será falsa.

c) Nenhum animal é cavalo.


Pelo diagrama, percebemos que algum animal é cavalo,
logo essa afirmativa não se pode afirmar.

d) Toda cabeça de animal é cabeça de cavalo.

..........................................................................................................
76 Estruturas lógicas

Como há animais que não são cavalos, temos cabeças de


animais que não são cabeças de cavalos.

Animal
Cavalo

e) Toda cabeça de cavalo é cabeça de animal.


Todo cavalo é animal, portanto, toda cabeça de cavalo, que
está no conjunto cavalo, é também cabeça de animal. Essa
afirmativa está correta.

Animal
Cavalo

2. (VUNESP/2011 – Concurso TJM-SP – Analista de Siste-


mas – Judiciário)
Neste grupo de pessoas, usar só chapéu ou só relógio,
nem pensar. Tampouco usar óculos, chapéu e relógio ao
mesmo tempo. Quinze pessoas usam óculos e chapéu ao
mesmo tempo. Usam chapéu e relógio, simultaneamente,
o mesmo número de pessoas que usam apenas os óculos.
Uma pessoa usa óculos e relógio ao mesmo tempo. Esse
grupo é formado por 40 pessoas, e essas informações
são suficientes para afirmar que nesse grupo o número
de pessoas que usam óculos é:

.........................................................................................................
Diagrama lógico 77

a) 20.

b) 22.

c) 24.

d) 26.

e) 28.

Resolução:
Consideremos os conjuntos:
C = pessoas que usam chapéu.
R = pessoas que usam relógio.
O = pessoas que usam óculos.

C R

Ninguém usa óculos, chapéu e relógio ao mesmo tempo.

C R

..........................................................................................................
78 Estruturas lógicas

Mas quinze pessoas usam óculos e chapéu ao mesmo tem-


po. A região que representa essas 15 pessoas será:

C R

O
Lembrando que ninguém usa óculos, chapéu e relógio ao
mesmo tempo.

C R

0
15

O
Usar só chapéu ou só relógio, nem pensar.

C R
0 0
0
15

Uma pessoa usa óculos e relógio ao mesmo tempo.

.........................................................................................................
Diagrama lógico 79

C R
0 0
0
15 1

Usam chapéu e relógio, simultaneamente, o mesmo número


de pessoas que usam apenas os óculos. Dessa forma, as regi-
ões sombreadas possuem a mesma quantidade de pessoas.

C R
0 0
0
15 1

12
O
Como temos 40 pessoas no total e até agora possuímos a
informação de 16 pessoas, sobram 24 pessoas, 12 pessoas
para cada região.

C R
0 0
0
15 1

12
O
Então, o número de pessoas que usam óculos é:
15 + 1 + 12 = 28

..........................................................................................................
80 Estruturas lógicas

LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO

O papel da lógica é estudar conceitos, juízos e raciocínios,


identificando se um argumento é válido ou não, reconhe-
cendo contradições, distinguindo quais estão relacionados
a verdades no mundo.

Nosso objetivo, portanto, será investigar a validade dos ar-


gumentos. Estes são um conjunto de enunciados dos quais
um é a conclusão, e os demais são as premissas.

Vamos a uma definição mais formal.

Um argumento é uma sequência de proposições A1, A2, A3,


..., An, B (n ≥ 0) em que os A1, A2, A3, ..., An são chamados de
premissas, e a última proposição, B, é chamada de conclusão.

Notação: A1, A2, …, An ↦ B.

Um argumento será válido se e somente se as premissas


forem verdadeiras, e a conclusão também será. Essa defi-
nição nos leva justamente à noção de tautologia. Assim, na
prática, o que podemos fazer é verificar se A1 ˄ A2 ˄ … ˄ An
→ B é uma tautologia.

Se A1 ˄ A2 ˄ … ˄ An → B for uma tautologia, dizemos que


A1, A2, …, An acarretam B, ou, ainda, que B se deduz de A1,
A2, …, An.

.........................................................................................................
Lógica de argumentação 81

Podemos, ainda, associar um argumento válido à defini-


ção de implicação lógica e, consequentemente, às regras
de inferência.
A1 ˄ A 2 ˄ … ˄ A n ⇒ B

Exemplo de argumento válido

Se o PIB dos EUA aumentar, então o dólar subirá. Se o dólar


subir, então não viajaremos.

Podemos concluir, então, que, se o PIB dos EUA aumentar,


então não viajaremos.

Esse exemplo é justamente o silogismo hipotético, já co-


nhecido como uma regra de inferência.

Chamamos de silogismo um argumento que possui duas


premissas e uma conclusão.
(p → q), (q → r), (p → r)
(p → q) ˄ (q → r) ↦ (p → r)

Sofisma
Considere o seguinte argumento:

Se o financiamento for concedido, compraremos a casa.


Podemos concluir, então, que, se compramos a casa, o fi-
nanciamento foi concedido?

Em linguagem lógica, temos que verificar se p → q ↦ q →


p é um argumento válido, ou, ainda, se (p → q) → (q → p) é
uma tautologia ou mesmo se p → q implica logicamente q
→ p, isto é, (p → q) ⇒ (q → p).

..........................................................................................................
82 Estruturas lógicas

p q p→q q→p
V V V V
V F F V
F V V F
F F V V

Pela tabela-verdade, verificamos que as proposições não


são equivalentes, não sendo, portanto, um argumento vá-
lido.

Um argumento que não é válido é chamado de sofisma.

Verificação da validade dos argumentos


Podemos verificar a validade dos argumentos de algumas
formas. Até agora, vimos a verificação por intermédio da
tabela-verdade.

Por tabela-verdade

Exercícios resolvidos

Considere o argumento abaixo:


As bolsas da Europa fecham sem tendência firme na vés-
pera de Natal ou o desemprego na França avança para
nível recorde.
As bolsas da Europa fecham com tendência firme na vés-
pera de Natal.
Logo, o desemprego na França avança para nível recorde.

Verifique, justificando sua resposta, se esse argumento é


válido ou se é um sofisma.

.........................................................................................................
Lógica de argumentação 83

Resolução:
Em linguagem lógica, precisamos verificar se o argumento
abaixo é válido:

(p ˅ q) ˄ ~p ↦ q

Precisamos verificar se (p ˅ q) ˄ ~p → q é uma tautologia.

Construindo a tabela-verdade, teremos:

p q p˅q ~p (p ˅ q) ˄ ~p (p ˅ q) ˄ ~p → q
V V V F F V
V F V F F V
F V V V V V
F F F V F V

Portanto, é um argumento válido.

2. Considere o argumento a seguir:


Se a expansão de créditos desacelerar, então a empresa
quebrará.
A expansão de créditos desacelerou.
Logo, a empresa quebrou.

Verifique, justificando sua resposta, se esse argumento é


válido ou se é um sofisma.

Resolução:
Em linguagem lógica, precisamos verificar se o argumento
abaixo é válido:
(p → q) ˄ p ↦ q

..........................................................................................................
84 Estruturas lógicas

Precisamos verificar se (p → q) ˄ p → q é uma tautologia.

Construindo a tabela-verdade, teremos:

P q p→q p ˄ (p → q) p ˄ (p → q) → q
V V V V V
V F F F V
F V V F V
F F V F V

Demonstração direta
Quanto mais proposições simples envolvidas no proble-
ma, mais trabalhosa será a confecção da tabela-verdade.
Podemos, então, utilizar as regras de inferência como uma
forma de demonstração direta.

Exercício resolvido

(Esaf) Se Beto briga com Glória, então Glória vai ao cine-


ma. Se Glória vai ao cinema, então Carla fica em casa. Se
Carla fica em casa, então Raul briga com Carla. Ora, Raul
não briga com Carla. Logo:

a) Carla não fica em casa e Beto não briga com Glória.

b) Carla fica em casa e Glória vai ao cinema.

c) Carla não fica em casa e Glória vai ao cinema.

d) Glória vai ao cinema e Beto briga com Glória.

e) Glória não vai ao cinema e Beto briga com Glória.

.........................................................................................................
Lógica de argumentação 85

Resolução:
Vamos identificar, a princípio, cada frase como proposi-
ções simples.

p: Beto briga com Glória.


q: Glória vai ao cinema.
r: Carla fica em casa.
s: Raul briga com Carla.

Passo Justificativa
1 p→q Premissa
2 q→r Premissa
3 r→s Premissa
4 ~s Premissa
5 ~r 4, 3, contrapositiva
6 ~q 5, 2, contrapositiva
7 ~p 6, 1, contrapositiva

Demonstração condicional
Essa técnica só pode ser utilizada se a conclusão a ser pro-
vada for uma condicional.

Para demonstrarmos que o argumento é válido, quando es-


tamos lidando com uma condicional na conclusão, o que
fazemos é adicionar o antecedente da conclusão como uma
premissa adicional e proceder a prova utilizando as regras
de inferência, chegando ao consequente da conclusão. Uti-
lizando a regra de inferência modus ponens, provamos a
validade do argumento.

..........................................................................................................
86 Estruturas lógicas

Considere o argumento abaixo:

As chuvas derrubaram árvores ou causaram enchentes.


As chuvas não deixaram desabrigados ou não causaram en-
chentes.
Logo, se as chuvas não derrubaram árvores, então não deixaram
desabrigados.

Vamos verificar se esse é um argumento válido.

Resolução:
Identificando as frases como proposições simples:

p: As chuvas derrubaram árvores.


q: As chuvas causaram enchentes.
r: As chuvas deixaram desabrigados.

O argumento ficará, então:


(p ˅ q) ˄ (~r ˅ ~q) ↦ (~p → ~r)

Passo Justificativa
1 p˅q Premissa
2 ~r ˅ ~q Premissa
3 ~p Premissa adicional
4 q 1, 3, silogismo disjuntivo
5 ~r 2, 5, silogismo disjuntivo
6 ~p → ~r 3, 6, modus ponens

Demonstração por absurdo


Para utilizarmos a demonstração por absurdo, o que fa-
zemos é adicionar às premissas a negação da conclusão,
como uma premissa adicional. A partir daí, conclui-se que
vale uma fórmula falsa, do tipo p e ~p.

.........................................................................................................
Lógica de argumentação 87

Considere os argumentos:

Não é o caso de que viajaremos hoje e iremos de carro.


Se viajarmos hoje, então sairemos bem cedo.
Iremos de carro ou não, sairemos bem cedo.
Logo, não viajaremos hoje.

Vamos verificar se esse é um argumento válido.

Resolução:
Identificando as frases como proposições simples:
p: Viajaremos hoje.
q: Iremos de carro.
r: Sairemos bem cedo.

Passo Justificativa
1 ~(p ˄ q) Premissa
2 p→r Premissa
3 q ˅ ~r Premissa
4 p Premissa adicional
5 r 2, 4, modus ponens
6 q 3, 5, silogismo disjuntivo
~p ˅ ~q 1, leis de Morgan
~p 6, 7, silogismo disjuntivo
p ˄ ~q 4, 8, adição
~p 9, absurdo

Tratamos neste capítulo das estruturas lógicas, estudan-


do, a princípio, as implicações e a equivalência lógica e
identificando quando duas proposições compostas são
equivalentes ou quando uma implica logicamente a outra.
Ainda trabalhando com equivalências lógicas, estudamos
as negações de proposições e, em seguida, utilizamos o

..........................................................................................................
88 Estruturas lógicas

artifício dos diagramas lógicos para resolver problemas,


inclusive com proposições que envolvem quantificadores.

Todo esse estudo culminou na lógica de argumentação,


com o intuito de investigar a validade dos argumentos e
analisar e concluir se uma estrutura lógica é válida ou não.

.........................................................................................................
89

REFERÊNCIAS

ALENCAR FILHO, Edgard de. Iniciação à lógica matemáti-


ca. 18. ed. São Paulo: Nobel, 2002.

IEZZI, Gelson; MURAKAMI, Carlos. Fundamentos de ma-


temática elementar: conjuntos e funções. v. 1. 8. ed. São
Paulo: Atual, 2009. (Coleção).

CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da filosofia: dos


pré-socráticos a Aristóteles. v. I. São Paulo: Brasiliense,
1994.

MACHADO, Nílson José. Lógica? É lógico! São Paulo: Sci-


pione, 2000.

ROSEN, Keneth H. Matemática discreta e suas aplicações.


6. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2009.

SULLIVAN, Michael. Matemática finita: uma abordagem


aplicada. 11. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013.

..........................................................................................................
90

.........................................................................................................
Razão e proporção 91

CAPÍTULO 3
RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO

A palavra “matemática” deriva da palavra grega matema-


thike: máthema, que significa "compreensão", "explicação",
"ciência", "conhecimento", "aprendizagem", e thike, que quer
dizer "arte". Portanto, a matemática é a arte ou técnica de
explicar, de conhecer, de entender os números e as formas
geométricas.

Pelo seu próprio significado, percebemos que a matemática


é uma ciência fundamental para compreender e explicar o
mundo que nos cerca.

Neste capítulo, trataremos de alguns tópicos importantes


para compreender e analisar algumas questões da vida
prática.

..........................................................................................................
92 Raciocínio lógico-matemático

RAZÃO E PROPORÇÃO

Imagine que um jornal noticie que a Companhia de Enge-


nharia de Tráfego – CET estima que ao menos 1,45 milhão
de veículos deixem a cidade de São Paulo entre a véspera
de Natal e o Ano Novo, passando por determinada rodovia.
Pois bem, poderia ser interessante para a CET saber quan-
tos carros passarão por essa rodovia por dia, por hora, por
minuto, etc.

O dono de uma loja de sapatos em um shopping poderia


querer saber quantos homens e mulheres compram em
sua loja e qual a relação entre um e outro; por exemplo, o
lojista poderia observar que, para cada homem que com-
pra, temos quatro mulheres que compram na mesma loja,
em uma hora.

Esses são exemplos práticos de razão. Outras aplicações


dizem respeito a densidade demográfica, escala, veloci-
dade média e densidade, etc. Velocidade, tempo, volume,
massa, comprimento, capacidade, custo e produção são
grandezas. Grandeza é tudo aquilo que pode ser medido
e contado.

Razão
Eventualmente precisamos relacionar números ou mesmo
grandezas. Por exemplo, quanto maior for a velocidade,
menor será o tempo gasto em uma corrida.

.........................................................................................................
Razão e proporção 93

A razão nos permite comparar quantidades, calculando o


quociente entre elas. Assim, razão é a comparação entre
dois números ou entre duas grandezas, sendo medida a
partir da divisão de dois valores.

Notação:
a
--------
b

Leitura: “a está para b”.

Chamamos de razão entre dois números a e b, sendo b


diferente de zero, o quociente:
a
-------- = k
b

O número k é um número real e vai nos indicar a com-


paração do valor do número a em relação ao número b,
tomando o número b como unidade. O número a será “k
vezes” o número b.

Os números a e b são chamados termos da razão. Chama-


mos o numerador a de antecedente, e o denominador b, de
consequente da razão.

Quando determinamos a razão entre dois valores, estes


precisam estar na mesma unidade de medida. Além disso,
o denominador deve ser diferente de zero.

..........................................................................................................
94 Raciocínio lógico-matemático

Considere uma empresa que gasta com a venda de determina-


do produto R$ 10.000,00 ao mês e que ganha, com esse mesmo
produto, em um mês, R$ 40.000,00. A razão do gasto sobre o
ganho dessa empresa será:
10.000 1
------------------ = ---------
40.000 4

A razão é de um para quatro, ou seja, a cada real gasto, a empre-


sa ganha quatro.

Poderíamos pensar no contrário. A razão do ganho sobre o gas-


to dessa empresa será:
40.000
------------------ = 4
10.000

A razão é de quatro para um, ou seja, são quatro reais ganhos,


para cada real gasto pela empresa.

Considere um prédio com 1.200 m² de área construída em uma


área total de 4.800 m². A razão da área construída para a área
total será:
área construída 1.200 m2 1
Razão = ------------------------------------ = --------------------- = -----------
área total 4.800 m 2
4

Assim, a área construída representa 1/4 da área total.

Algumas aplicações clássicas de razão

Escala
Quando precisamos desenhar mapas, naturalmente as dis-
tâncias representadas são menores que as distâncias reais.
Dizemos que as distâncias representadas nos mapas estão
em escala menor que a real. Escala é a razão entre a medi-
da do desenho e a medida real.

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Razão e proporção 95

É importante sinalizar que as medidas, tanto do desenho


quanto a real, precisam estar na mesma unidade de medida.

..........................................................................................................
96 Raciocínio lógico-matemático

Considere um terreno em que, na escala de sua planta, o com-


primento de 60 m foi representado por um segmento de 3 cm.
Como essa escala será representada?

As medidas, a princípio, devem estar na mesma unidade. Dessa for-


ma, precisamos transformar os 60 m para cm. 60 m são 6.000 cm.

A escala ficará, então:


3 cm 1
-------------------- = -------------
6.000 cm 2.000'

Velocidade média
Dizemos que velocidade média é a razão entre a distância
percorrida e o tempo total de percurso.

Uma vez que estamos dividindo a distância pelo tempo,


a unidade de velocidade média dependerá das unidades
escolhidas para calcular distância e tempo. Por exemplo,
quilômetro por hora (km/h), metro por segundo (m/s) ou
centímetros por segundo (cm/s).

A distância entre as cidades de São Paulo e Brasília é de aproxi-


madamente 900 km. Considerando-se que um automóvel levou
10 horas para percorrer esse trajeto, qual foi a sua velocidade
média ao longo da viagem?

espaço percorrido 900 km


Velocidade média = ------------------------------------------------ = ------------------- = 90 km/h
tempo total do percurso 10 h

.........................................................................................................
Razão e proporção 97

Densidade
Densidade de um corpo é definida como sendo a razão en-
tre a massa e o volume desse mesmo corpo. Assim, utiliza-
mos a noção de densidade para determinar a quantidade
de matéria que existe em determinada unidade de volume.

Uma vez que estamos dividindo massa por volume, a uni-


dade de densidade dependerá das unidades escolhidas para
calcular a massa e o volume do corpo. Por exemplo, grama
por centímetro cúbico (g/cm3), quilograma por metro cúbi-
co (kg/m3).

O leite integral (1,03g/cm3) possui maior densidade que a água


(0,997g/cm3). Isso significa que, em um dado volume de leite in-
tegral, há mais matéria que em uma mesma quantidade de água.

Densidade demográfica
É a razão entre o número de habitantes e a área.

O estado do Rio de Janeiro tem uma área aproximada de 43.778


km2, e sua população estimada, em 2014, era de 16.462.173 ha-
bitantes. Assim, a densidade demográfica do estado do Rio de
Janeiro é:

no de habitantes 16.461.173
Densidade demográfica = -------------------------------- = -------------------- ≅ 376 hab/km
2

área 43.777,954

Razões equivalentes
Dizemos que duas ou mais razões são equivalentes quando
as frações representativas o forem.

..........................................................................................................
98 Raciocínio lógico-matemático

São razões equivalentes:


2 20
--------- = ----------
9 90

Razões inversas
Dizemos que duas razões são inversas quando o antece-
dente da primeira é igual ao consequente da segunda e
vice-versa.

São razões inversas:


2 7
--------- e ---------
7 2

Proporção
É a igualdade entre duas razões.

Considerando a, b, c e d números reais, com b e d diferen-


tes de zero, temos a proporção:
a c
-------- = -------- = k
b d

Dizemos que k é a constante da proporção.

Podemos, ainda, escrever essa proporção como:


a:b∷c:d

Por conta dessa forma de se escrever a proporção, chama-


mos a e d de extremos da proporção, e b e c, de meios.

.........................................................................................................
Razão e proporção 99

Algumas propriedades das proporções


Considere a proporção:
a c
-------- = --------
b d

1. Propriedade fundamental da proporção: o pro-


duto dos meios é igual ao produto dos extremos:

a∙d = c∙b

2. A soma dos antecedentes está para a soma dos


consequentes, assim como cada antecedente está
para o seu consequente.

a+c c a+c a
-------------- = -------- ou ------------------ = --------
b+d d b+d b

3. Podemos trocar os meios:

a c
-------- = --------
b d

a b
-------- = --------
c d

Note que a propriedade fundamental da proporção


continua a mesma:

a∙d = c∙b

4. Podemos trocar os extremos:

a c
-------- = --------
b d

d c
-------- = --------
b a

A propriedade fundamental da proporção continua


a mesma:

a∙d = c∙b

..........................................................................................................
100 Raciocínio lógico-matemático

5. Podemos inverter as duas razões:

b d
-------- = --------
a c

Grandezas proporcionais

Grandezas diretamente proporcionais


Imagine uma loja que vende uma camisa por 30 reais a
unidade. Se comprarmos duas camisas, pagaremos 60, se
comprarmos três camisas, 90, e assim por diante. Se do-
brarmos a quantidade de camisas que compramos, dobra-
rá o valor pago, se triplicarmos a quantidade de camisas,
pagaremos o triplo. As grandezas “quantidade de camisas”
e “preço pago” são diretamente proporcionais. Fazendo a
razão entre a quantidade e o preço, obtemos:

1 2 3
---------- = --------- = ----------
30 60 90

Assim, dizemos que duas grandezas são diretamente pro-


porcionais quando, multiplicando o valor de uma delas por
um número positivo, o valor da outra fica multiplicado por
esse mesmo número positivo.

Considerando as grandezas como x e y, obteremos: y = kx

O gráfico dessa função será uma reta que passa pela ori-
gem. Trata-se de uma função linear.

.........................................................................................................
Razão e proporção 101

y = 30x

Grandezas inversamente proporcionais


Considere que precisamos percorrer um trecho de 240 km
em uma estrada. Se percorrermos esse trecho com veloci-
dade média de 24 km/h, levaremos 10 horas para percor-
rê-lo, se percorrermos com velocidade média de 48 km/h,
levaremos cinco horas para percorrê-lo, e assim por diante.

Assim, dizemos que duas grandezas são inversamente


proporcionais quando, multiplicando o valor de uma delas
por um número positivo, o valor da outra é dividido por
esse mesmo número positivo.

Velocidade média (km/h) Tempo (h)


24 10
48 5

Note que o produto dos números correspondentes é sem-


pre, no caso, 240.
24∙10 = 48∙5 = 240

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102 Raciocínio lógico-matemático

Pensando em termos de razão e proporção, temos que:


24 5 1
--------- = --------- = --------
30 10 2

Considerando as grandezas como x e y, obteremos:


1
y = k ---------
x

O gráfico dessa função será um ramo de uma hipérbole:


k
y = ------- x > 0
x

240
y = -----------
x

Exercícios resolvidos

1. Divida o número 160 em três partes diretamente pro-


porcionais a 2, 3 e 5.

.........................................................................................................
Razão e proporção 103

Solução:
Dividiremos o número 160 em três partes: x, y e z. A
soma, naturalmente, será 160. Esses números são propor-
cionais a 2, 3 e 5.

x + y + z = 160
x y z
--------- = --------- = --------
2 3 5

Podemos utilizar a propriedade que diz que “a soma dos


antecedentes está para a soma dos consequentes, assim
como cada antecedente está para o seu consequente”.

x+y+z x
----------------- = -------
2+3+5 2

x+y+z x
----------------- = -------
10 2

160 x
------------ = ---------
10 2

x
16 = ---------
2

x = 32

x+y+z y
----------------- = -------
2+3+5 3

x
16 = ---------
3

y = 48

x+y+z y
----------------- = -------
2+3+5 5

..........................................................................................................
104 Raciocínio lógico-matemático

z
16 = ---------
5

z = 80

2. (VNSP 2012). Em uma padaria, a razão entre o número


de pessoas que tomam café puro e o número de pessoas
que tomam café com leite, de manhã, é 2/3. Se, durante
uma semana, 180 pessoas tomarem café da manhã nessa
padaria, e supondo que essa razão permaneça a mesma,
pode-se concluir que o número de pessoas que tomarão
café puro será de:

Solução:
x → número de pessoas que tomam café puro.
y → número de pessoas que tomam café com leite.
x 2
--------- = ---------
y 3

Podemos inverter os meios e utilizar a propriedade que


diz que “a soma dos antecedentes está para a soma dos
consequentes, assim como cada antecedente está para o
seu consequente”.

x y
--------- = ---------
2 3

x+y x
----------- = -------
2+3 2

180 x
------------ = ---------
5 2

x
36 = --------
2

x = 72

.........................................................................................................
Razão e proporção 105

3. (UERE 2012). Segundo uma reportagem, a razão entre


o número total de alunos matriculados em um curso e
o número de alunos não concluintes desse curso, nessa
ordem, é de 9 para 7. A reportagem ainda indica que são
140 os alunos concluintes desse curso. Com base na re-
portagem, pode-se afirmar, corretamente, que o número
total de alunos matriculados nesse curso é de:

Solução:
Repare que, de 9 alunos matriculados, 7 não concluem o
curso, o que significa que 2 concluem.

x → número total de alunos matriculados.


y → número de alunos concluintes.
x 9
--------- = --------
y 2

x 9
------------- = ---------
140 2

2x = 140∙9
x = 630

Regra de três simples


A regra de três simples é uma regra prática que utiliza o
princípio fundamental das proporções para determinar o
quarto termo de uma proporção, dado que se conheça os
outros três termos.

A regra é dita simples, pois envolve apenas duas grande-


zas, sejam elas diretas ou inversas.

..........................................................................................................
106 Raciocínio lógico-matemático

Método de resolução 1

• Identificamos as grandezas, organizando-as em


uma tabela.

• Colocamos cada grandeza e seus valores em suas


colunas específicas.

• Precisamos agora identificar se as grandezas en-


volvidas são direta ou inversamente proporcionais.

• Se as grandezas forem diretamente proporcio-


nais, conservamos as razões e montamos a propor-
ção entre essas razões. Se as grandezas forem inver-
samente proporcionais, invertemos uma das razões
e montamos a proporção.

Método de resolução 2

• Identificamos as grandezas, organizando-as em


uma tabela.

• Colocamos cada grandeza e seus valores em suas


colunas específicas.

• Precisamos agora identificar se as grandezas en-


volvidas são direta ou inversamente proporcionais.

• Se as grandezas forem diretamente proporcio-


nais, multiplicamos os valores em forma de X. Se as
grandezas forem inversamente proporcionais, mul-
tiplicamos os valores em linha.

.........................................................................................................
Razão e proporção 107

Sabe-se que um muro de 12 m foi construído utilizando-se 2.160


tijolos. Deseja-se construir, nas mesmas condições do muro ante-
rior, outro de 30 m. Quantos tijolos serão necessários?

Metros Tijolos
12 2.160
30 x

Se o muro é “maior”, precisamos de mais tijolos. As grandezas


são diretamente proporcionais. Assim, sabemos que:
12 2.160
--------- = -------------
30 x
12x = 30 ∙ 2.160
30 ⋅ 2.160
x = ----------------------
12
x = 5.400

Uma padaria produz 90 pães de 15 g cada um. Considerando as


mesmas condições, se quisermos produzir pães de 10 g, quan-
tos pães iremos produzir?

Quantidade de pães Gramas


90 15
x 10

Se diminuirmos o “tamanho” dos pães, poderemos fazer um nú-


mero maior de pães. As grandezas são inversamente proporcio-
nais. Assim, invertemos uma das razões:
90 10
--------- = ---------
x 15
10x = 90 ∙ 15
90 ⋅ 15
x = ----------------
10
x = 135

..........................................................................................................
108 Raciocínio lógico-matemático

Regra de três composta


A regra é dita composta quando envolve três ou mais gran-
dezas, sejam elas diretas ou inversas.

Método de resolução

• Identificamos as grandezas, organizando-as em


uma tabela.

• Colocamos cada grandeza e seus valores em suas


colunas específicas.

• Marcamos o valor conhecido que está na mesma


coluna de x, ou seja, a grandeza conhecida referente
a x.

• Precisamos agora identificar se as grandezas en-


volvidas são direta ou inversamente proporcionais,
relacionando cada grandeza com a grandeza cujo
valor é desconhecido (x).

• Sempre comparando com a grandeza da qual


desejamos achar o valor desconhecido, se as gran-
dezas são diretamente proporcionais, marcamos o
valor que está na direção em forma de X com o valor
marcado referente à grandeza desconhecida.

• Se as grandezas forem inversamente proporcio-


nais, marcamos o valor que está em linha com o va-
lor marcado da coluna da grandeza desconhecida.

• O valor de x será o produto dos números marcados


dividido pelo produto dos números não marcados.

.........................................................................................................
Razão e proporção 109

Sabe-se que doze pedreiros construíram cinco casas em 30 dias,


trabalhando seis horas por dia. Determine quantas horas por dia
deverão trabalhar 18 pedreiros para construir 10 casas em 20
dias.

A princípio, organizamos a tabela com as grandezas em seus


devidos lugares.

Pedreiros No casas No dias Horas por dia


12 5 30 6
18 10 20 x

Marcamos o número conhecido na coluna do valor desconheci-


do (horas por dia).

Pedreiros No casas No dias Horas por dia


12 5 30 6
18 10 20 x

Comparamos cada coluna com a coluna cujo valor é desconhe-


cido (horas por dia). Comecemos comparando a primeira colu-
na, número de pedreiros, com horas por dia.

Quando aumentamos o número de pedreiros, podemos dimi-


nuir as horas por dia trabalhadas. São grandezas inversamente
proporcionais. Marcamos, então, o valor que está em linha com
o número marcado na coluna de x.

Pedreiros No casas No dias Horas por dia


12 5 30 6
18 10 20 x
Aumenta Diminui

Vamos comparar agora a segunda coluna (nº de casas) com a úl-


tima (horas por dia). Se precisamos construir mais casas, é neces-
sário aumentar a quantidade de horas por dia trabalhadas. São
grandezas diretamente proporcionais. Marcamos, então, o valor
em X com o valor marcado da coluna do valor desconhecido.

..........................................................................................................
110 Raciocínio lógico-matemático

Pedreiros No casas No dias Horas por dia


12 5 30 6
18 10 20 x
Aumenta Aumenta Diminui
Aumenta

Compararemos agora a terceira coluna, referente ao número


de dias, com as horas por dia, a última coluna. Se aumentarmos
o número de dias trabalhados, a quantidade de horas poderá
diminuir. As grandezas são inversamente proporcionais. Marca-
mos o número que está na mesma linha que o número marcado
na coluna do x.

Pedreiros No casas No dias Horas por dia


12 5 30 6
18 10 20 x
Aumenta Diminui
Aumenta Aumenta
Aumenta Diminui

12⋅10⋅30⋅6
x = ------------------------- = 12
18⋅5⋅20

Se quisermos pensar em termos das razões individualmente, in-


vertemos as razões que são inversamente proporcionais e man-
temos as diretamente proporcionais.
18 5 20 6
--------- ⋅ --------- ⋅ --------- = ---------
12 10 30 x

Exercícios resolvidos

1. Um fazendeiro precisa de 2.200 kg de milho para ali-


mentar 15 vacas durante 11 dias. Esse mesmo fazendei-
ro vendeu sete vacas. Assim, em quanto tempo serão
consumidos 1.280 kg?

.........................................................................................................
Razão e proporção 111

Kg milho No vacas No dias


2200 15 11
1280 8 x
Diminui Diminui Diminui
Aumenta

1.280 ⋅ 15 ⋅ 11
x = --------------------------------
2.200 ⋅ 8

x = 12

2. Uma estrada vai ser construída em 36 dias utilizando-


se 21 operários. Decorridos 24 dias, tinha-se construído
apenas 60% da obra. Qual o número de operários que
devem ser contratados para terminar a obra no tempo
marcado?

No dias No operários % obra


24 21 60
36 - 24 = 12 x 40
Diminui Aumenta
Diminui
Diminui

24⋅21⋅40
x = --------------------
12⋅60

x = 28

..........................................................................................................
112 Raciocínio lógico-matemático

OUTRAS QUESTÕES SOBRE LÓGICA


MATEMÁTICA

Porcentagem
Quando lemos jornais e revistas, assistimos a um telejor-
nal ou mesmo em momentos práticos da vida cotidiana,
como quando fazemos compras em um supermercado, es-
tamos em contato com a noção de porcentagem.

Veja alguns exemplos:

“Atualmente o mínimo (salário) é de R$ 724,00. Portanto,


subirá cerca de 8,84%.” (Valor Econômico, 30/12/2014).

“As reservas do sistema Cantareira, que hoje abastecem


6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo e passa pela
pior crise hídrica em 84 anos, caíram 84% em 2014.” (Valor
Econômico, 01/01/2015).

“O dólar fechou dezembro com alta de 3,49%, a maior para


este mês desde 2005, quando subiu 5,35%.” (Valor Econô-
mico, 30/12/2014).

Para compreender essas e outras notícias e situações que


nos afetam direta ou indiretamente, precisamos ter a no-
ção inicial de porcentagem.

Considerando uma grande barra de chocolate dividida em 100


pedaços iguais, cada pedaço corresponderá a um por cento:

.........................................................................................................
Outras questões sobre lógica matemática 113

1
------------ = 1%
100

Se considerarmos os 100 pedaços, teremos a unidade:


100
----------- = 100%
100

Exemplos das formas de representação:

Forma fracionária:
20
-----------
100

Forma decimal ou taxa unitária: 0,20


Forma ou taxa percentual: 20%

Vamos voltar ao nosso primeiro exemplo, o do salário mínimo.


“Atualmente o mínimo (salário) é de R$ 724,00. Portanto, subirá
cerca de 8,84%.”

Sendo o atual salário mínimo de R$ 724,00, sofrendo um aumen-


to de aproximadamente 9%, qual será o novo salário mínimo?

Sabemos que o novo salário sofrerá um aumento de 9% sobre o


atual, que é de R$ 724,00. Precisamos calcular 9% de 724.

9
9% de 724 = -------- ⋅ 724 = 65,16
100

Assim, haverá um aumento de R$ 65,16. Dessa forma, o novo


salário mínimo será:

724,00 + 65,16 = 789,16

..........................................................................................................
114 Raciocínio lógico-matemático

Exercícios resolvidos

1. Um comerciante deseja vender suas mercadorias com


lucro de 40% sobre o preço de compra. Se esse comer-
ciante comprou uma mercadoria por R$ 51,20, por quan-
to deve vendê-la?

Solução:
51,20 + 40% de 51,20
40
51,20 ⋅ ---------- = 20,48
100

51,20 + 20,48 = 71,68

2. No mês de janeiro, uma empresa admite um funcioná-


rio. Em março, a empresa aumenta todo o seu staff em
40%. Se essa empresa deseja que o salário desse funcio-
nário, a partir de março, seja de R$ 3.500,00, com que
salário deverá admiti-lo?

Solução:
40
x + --------- x = 3.500
100

140x
-------------- = 3.500
100

140x = 350.000
350.000
x = = --------------------
140

x = 2.500

.........................................................................................................
Outras questões sobre lógica matemática 115

3. Considere que um produto sofreu um aumento de 20%


em uma semana e 30% na semana seguinte. Determine
qual a taxa de aumento total desse produto, ao final das
duas semanas.

Solução:
Vamos imaginar um produto que custa R$ 100,00 (pode-
mos comparar com o preço igual a 100, pois é o mesmo
que comparar com a unidade); como o primeiro aumento
é de 20% sobre R$ 100,00 (0,20 x R$ 100,00 = R$ 20,00),
temos um montante de R$ 120,00.

Sabendo que o segundo aumento é de 30% sobre R$ 120,00


(0,30 x R$ 120,00 = R$ 36,00), o preço do produto é eleva-
do a R$ 120,00 + R$ 36,00 = R$ 156,00.

Portanto, o aumento é de R$ 56,00 sobre um preço de R$


100,00.

100-------100%
56-------x
5600
x = -------------- = 56%
100

Diagrama de Venn
Os diagramas de Venn, criados pelo matemático inglês
John Venn (1834–1923), auxiliam na visualização de pro-
priedades de conjuntos, contribuem para a compreensão
das relações de união e interseção entre conjuntos e facili-
tam a organização, interpretação e os cálculos em diversas
situações-problema.

..........................................................................................................
116 Raciocínio lógico-matemático

Lembre-se de que, quando temos dois conjuntos A e B e


desejamos determinar o número de elementos da união
desses dois conjuntos, somamos o número de elementos
do conjunto A com o número de elementos do conjunto B
e diminuímos o número de elementos da interseção de A
com B. Isso porque os elementos comuns a A e B são con-
tados duas vezes, quando estão em A e quando estão em B.

Simbolicamente: n(A ∪ B) = n(A) + n(B) - n(A ∩ B)

Considere uma turma com 40 alunos, à qual foi aplicada uma


avaliação que consta de duas questões. Sabe-se que 25 acerta-
ram a primeira questão, 20 acertaram a segunda questão e 15
alunos acertaram as duas questões. Quantos alunos erraram as
duas questões?

Solução:
Começamos sempre a construir o diagrama de Venn pelas in-
terseções.

Sabemos que 15 alunos acertaram as duas questões, então


n(A ∩ B) = 15.

No entanto, como 25 alunos acertaram a questão A, para deter-


minarmos a quantidade de alunos que só acertaram a questão
A (e não a B), precisamos fazer 25 - 15 = 10. Da mesma forma, o
número de alunos que só acertaram a questão B (e não a A) são
20 - 15 = 5.

A B

10 15 5

.........................................................................................................
Outras questões sobre lógica matemática 117

Temos um total de 30 alunos nesses diagramas, ou seja, alunos


que acertaram pelo menos uma das questões. Como a turma
tem 40 alunos, sabemos então que 10 alunos não acertaram ne-
nhuma das questões.

A B

10 15 5

10

Foi feita uma pesquisa de mercado a respeito do consumo de


três marcas de cereais, A, B e C. O resultado foi que 38% conso-
mem o cereal A, 32%, o cereal B e 57%, o C. A pesquisa revelou
ainda que 18% consomem os cereais A e B, 12% consomem os
cereais B e C, 15% consomem os cereais A e C e 10% consomem
as três marcas. Que porcentagem dos entrevistados não conso-
me nenhuma das três marcas?

A
15% 8%

8% 5%
10%
12% 2% 40%

B C

..........................................................................................................
118 Raciocínio lógico-matemático

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE MATRIZES E


DETERMINANTES

Matrizes
As aplicações de matrizes estão em diversas áreas do conheci-
mento, como matemática, física, engenharia, computação, etc.

Suponha que você deseje armazenar e comparar preços de


alguns produtos de diversos mercados, de modo a decidir
onde comprar, tal como vemos na tabela abaixo:

Mercado A Mercado B Mercado C


Produto 1 R$ 12,00 R$ 10,20 R$ 8,30
Produto 2 R$ 1,20 R$ 2,50 R$ 3,00
Produto 3 R$ 32,00 R$ 32,00 R$ 30,00
Produto 4 R$ 23,40 R$ 22,00 R$ 20,00

Essa estrutura é considerada uma matriz.

Chamamos de matriz uma tabela com elementos que estão


em linhas e colunas.

As filas horizontais são as linhas, e as verticais são as


colunas.

Uma matriz mxn é uma tabela com m linhas e n colunas.

Podemos representar a matriz por meio de seus elementos:


Am,n = (aij)m×n.

.........................................................................................................
Introdução ao estudo de matrizes e determinantes 119

O símbolo aij indica o elemento da matriz A que está na


i-ésima linha e j-ésima coluna.

Uma matriz 2x2 pode ser representada de maneira genéri-


ca por seus elementos como:

A2,2 = [aij] = (a11 a12


a21 a22 )
Uma matriz 3x2 pode ser representada de maneira genéri-
ca por seus elementos como:

( )
a11 a12
A3,2 = [aij] = a21 a22
a31 a32

Uma matriz genérica mxn pode ser representada por:

( )
a11 a12 ⋯ a1n
a21 a22 ⋯ a2n
Am,n = [aij] =
⋮ ⋮ ⋱ ⋮
am1 am2 ⋯ amn

Considere o diagrama abaixo, que representa um mapa rodovi-


ário com as estradas que ligam as cidades 1, 2, 3 e 4.

Considerando que i e j se referem às cidades do mapa e variam


no conjunto {1, 2, 3, 4}, a matriz A = [aij]4x4, associada a esse
mapa, é definida como:

aij = {1
0
se
se
i está ligada diretamente a j
i=j ou se i não tem ligação direta com j

Pede-se para construir a matriz A.

..........................................................................................................
120 Raciocínio lógico-matemático

1 4

( )( )
Solução:
a11 a12 a13 a14 0 1 0 0
a21 a22 a23 a24 1 0 1 1
A4x4 = =
a31 a32 a33 a34 0 1 0 1
a41 a42 a43 a44 0 1 1 0

Diagonal principal
Dizemos que os elementos de uma matriz em que o índice
de linha é igual ao índice de coluna (i = j) são a diagonal
principal da matriz.

( a11 a12
a21 a22 )
( a11 a12 a13
a21 a22 a23
a31 a32 a33
)
Diagonal secundária

( )
a11 a12 a13 a14
a21 a22 a23 a24
a31 a32 a33 a34
a41 a42 a43 a44

.........................................................................................................
Introdução ao estudo de matrizes e determinantes 121

Igualdade de matrizes
Duas matrizes A e B são iguais se o número de linhas de
A é o mesmo número de linhas de B, o número de colunas
de A é o mesmo número de colunas de B e, além disso,
se todos os elementos correspondentes das duas matrizes
são iguais aij = bij.

Alguns tipos especiais de matrizes

Matriz linha
Chamamos de matriz linha aquela que possui uma única
linha (m = 1)

Exemplo: [1 3 5 7]

Matriz coluna
Chamamos de matriz coluna aquela que possui uma única
coluna (n = 1).

[]
Exemplo:
2
√3
-5

Matriz quadrada
Chamamos de matriz quadrada aquela cujo número de li-
nhas é igual ao número de colunas m = n. Dizemos, então,
que trata-se de uma matriz quadrada de ordem n.

..........................................................................................................
122 Raciocínio lógico-matemático

Exemplos:

A2x2 = A2 =
( a11 a12
a21 a22 )
( )
a11 a12 a13
A3x3 = A3 = a21 a22 a23
a31 a32 a33

A3x3 = A3 =
( 3 -2
√2 0
-56 1
1/2
4
1
)
Matriz nula
Chamamos de matriz nula aquela em que todos os elemen-
tos são zero. Isso significa que aij = 0, ∀i, j.
Exemplos:

( )
0 0 0
03 = 0 0 0
0 0 0

02x3 = ( 0 0 0
0 0 0 )
Matriz diagonal
Dizemos que uma matriz é diagonal quando for uma ma-
triz quadrada (m = n), na qual aij = 0, para i ≠ j, ou seja,
uma matriz quadrada cujos elementos que não estejam na
diagonal são nulos.
Exemplo:

[ ]-1 0 0
0 √7 0
0 0 9

.........................................................................................................
Introdução ao estudo de matrizes e determinantes 123

Matriz identidade quadrada


Chamamos de matriz identidade a matriz quadrada que
possui 1 na diagonal principal e 0 fora dela.

aij = { 1 se i = j
0 se i ≠ j

Exemplo:

I3 =
( )
1 0 0
0 1 0
0 0 1

Matriz simétrica
Uma matriz simétrica é uma matriz quadrada de modo que
os elementos simétricos em relação à diagonal principal
são iguais, ou seja, aij = aji, ∀i, j.

[ ]
Exemplo:
-1 3 √2
3 √7 0
√2 0 9

Operações com matrizes


Suponha que se tenha armazenadas em tabelas, em matri-
zes, as quantidades de produtos de uma rede de restauran-
tes. Deseja-se saber a quantidade total de cada produto, ou
mesmo saber quanto custará comprar todos os produtos.
Esse tipo de situação sugere a necessidade de se operar
com matrizes.

..........................................................................................................
124 Raciocínio lógico-matemático

Adição de matrizes
Definimos a adição de matrizes somente para matrizes
com a mesma ordem.

Considere duas matrizes de mesma ordem A=[aij](m,n) e B


=[bij](m,n).

Definimos a soma de A com B (A+B) à matriz obtida quan-


do adicionamos os elementos correspondentes de A e B.

Assim,
A + B = [cij](m,n)
Onde cij = aij + bij

[ ][ ][ ]
Exemplo:
2 1 -1 -1 1 0
A+B = 0 -3 + 3 2 = 3 -1
-1 3 0 -2 -1 1

Propriedades da soma de matrizes


Considere as matrizes A, B e C de mesma ordem mxn. São
válidas as propriedades, com relação à soma de matrizes:

• Propriedade comutativa: A + B = B + A
• Propriedade associativa: (A + B) + C = A + (B + C)
• Elemento neutro: ∃ 0 tal que A + 0 = A
(m,n) (m,n)

• Elemento simétrico: ∃ (-A) tal que A + (-A) = 0


(m,n)

.........................................................................................................
Introdução ao estudo de matrizes e determinantes 125

Multiplicação de matriz por escalar


Considere a matriz A = [aij](m,n) e o escalar c.
Definimos o produto do escalar c pela matriz A (cA), como
a matriz que se obtém quando se multiplica cada elemento
da matriz A pelo escalar c.
cA = [caij](m,n).

[ ] [ ]
Exemplo:
2 1 -4 -2
A= 0 -3 (-2)A = 0 6
-1 3 2 -6

Propriedades da multiplicação de escalar por matriz


Considere as matrizes A e B de ordem mxn e, ainda, os
escalares c, c1 e c2. São válidas as propriedades referentes
à multiplicação de escalar por matrizes:

• (c + c )A = c A + c A
1 2 1 2

• c (A + B) = c A + c B
• c (c A) = (c c ) A
1 2 1 2

• 0.A = 0(m, n)

Exemplo:
Sabe-se que uma pequena fábrica confecciona três tipos de
roupas, utilizando diferentes materiais. Na matriz A = (a_ij)
abaixo, cada elemento a_ij representa quantas unidades do
material j serão empregadas para fabricar uma roupa do
tipo i.

..........................................................................................................
126 Raciocínio lógico-matemático

A=
[ ] 5 0 2
0 1 3
4 2 1

Pergunta-se:
1. Quantas unidades do material 2 serão emprega-
das na confecção de uma roupa do tipo 3?

Observe que as linhas dão a informação do tipo de roupa


e as colunas do tipo de material. Precisamos identificar o

[ ]
elemento a32 = 2

( )
a11 a12 a13 5 0 2
a21 a22 a23 = 0 1 3
a31 a32 a33 4 2 1

2. Determine o total de unidades do material 1 que


será empregado para fabricar duas roupas do tipo 1,
quatro roupas do tipo 2 e três roupas do tipo 3.

Como o que está sendo pedido diz respeito ao material 1,


estamos lidando com a primeira coluna, já que a informa-
ção sobre o material é dada por essa coluna.

Duas roupas do tipo 1, material 1: a11 = 5. Como são duas


roupas, temos um total de 10.

Quatro roupas do tipo 2, material 1: a21 = 0. Não é utilizado


o material 1 na confecção da roupa tipo 2.

Três roupas do tipo 3, material 1: a31 = 4. Como são três


roupas, temos um total de 12.

.........................................................................................................
Introdução ao estudo de matrizes e determinantes 127

Total geral de unidades do material 1: 22.

( a11 a12 a13


a21 a22 a23
a31 a32 a33
) =
[ ]
5 0 2
0 1 3
4 2 1

Transposição de matrizes
Definimos a matriz transposta At = A’= [bij] nxm de
A = [aij]mxn como a matriz que é obtida de maneira que as
linhas da transposta At = A’ são as colunas de A, isto é,
bij = aij.

[ ]
Exemplo:
2 1
A= 0 -3
-1 3

At = [2 0 -1
1 -3 3 ]
Propriedades da transposição de matriz

• Uma matriz A é simétrica se e somente se A = A. t

• A’’ = A ou (A ) = A, isto é, a transposta da trans-


t t

posta é igual à matriz.

• (A + B)’ = A’ + B’ ou (A + B) = A + B , isto é, a trans-


t t t

posta da soma é a soma das transpostas.

• (cA)’ = cA’ ou (cA) t


= cAt, onde c é escalar qual-
quer.

Se A é uma matriz tal que At = -A, essa matriz A é dita


antissimétrica.

..........................................................................................................
128 Raciocínio lógico-matemático

Exemplo:

A=
[ ] [ ][ ]
0 5 -2
-5 0 10
2 -10 0
(-2)A =
0 -5 2
5 0 -10
-2 10 0
-A =
0 -5 2
5 0 -10
-2 10 0

Na matriz antissimétrica, os elementos da diagonal princi-


pal devem ser zero.

Multiplicação de matrizes
O produto de matrizes Am×n e Bl×p só poderá ser feito se o
número de colunas da primeira matriz A for igual ao nú-
mero de linhas da segunda matriz B (n = l). A matriz pro-
duto C = AB será da ordem mxp (número de linhas igual ao
da primeira A e número de colunas igual ao da segunda B).

Os elementos da matriz produto cij (i-ésima linha e j-ési-


ma coluna da matriz produto) serão obtidos multiplican-
do os elementos da i-ésima linha da primeira matriz pelos
elementos correspondentes da j-ésima coluna da segunda
matriz, e somando esses produtos.

Propriedades da multiplicação de matrizes


Considerando que são possíveis as operações, ou seja, que,
em um produto de matrizes, o número de colunas da pri-
meira matriz é igual ao número de linhas da segunda ma-
triz, são válidas as propriedades:

• Em geral, não vale a propriedade comutativa:


AB ≠ BA.

• Elemento Neutro: AI = IA = A.
• Distributiva à esquerda da multiplicação, em rela-
ção à soma: A(B + C) = AB + AC.

.........................................................................................................
Introdução ao estudo de matrizes e determinantes 129

• Distributiva à direita da multiplicação, em relação


à soma.

• Distributiva: (B + C)A = BA + CA.


• Associativa: A(BC) = (AB)C.
• Transposta: (AB)´ = B´A´ ou (AB) = B A . t t t

• Matriz nula: 0.A = 0 e A. 0 = 0.

O dono de dois restaurantes deseja contabilizar o consumo de


alguns produtos utilizados por seus restaurantes: arroz, carne,
cerveja e feijão. No primeiro restaurante, são consumidos, por
semana, 25 kg de arroz, 50 kg de carne, 200 garrafas de cerve-
ja e 20 kg de feijão. No segundo restaurante, são consumidos,
semanalmente, 28 kg de arroz, 60 kg de carne, 150 garrafas de
cerveja e 22 kg de feijão. O dono dos restaurantes compra esses
produtos de dois fornecedores, cujos preços, em reais, são:

Produto Fornecedor 1 Fornecedor 2


1 kg de arroz 1,00 1,00
1 kg de carne 8,00 10,00
1 garrafa de cerveja 0,90 0,80
1 kg de feijão 1,50 1,00

Construa uma matriz 2x4 que represente o consumo desses


produtos pelo proprietário no primeiro e no segundo restauran-
te, e uma outra matriz 4x2 que descreva os preços dos produtos
nos dois fornecedores.

Determine, ainda, o produto das duas matrizes obtidas no item


a. Essa matriz produto representará o gasto semanal de cada
restaurante com cada fornecedor.

Construindo uma tabela, temos a relação dos produtos e res-


taurantes:

..........................................................................................................
130 Raciocínio lógico-matemático

Arroz Carne Garrafas de cerveja Feijão


Restaurante 1 25 50 200 20
Restaurante 2 28 60 150 22

Como matriz, podemos representar essa tabela por:

[ 25
28
50
60
200
150
20
22 ]
As linhas representam os restaurantes, e as colunas, os produ-
tos.

A matriz representativa dos preços dos fornecedores e dos pro-


dutos é:

[ ]
1 1
8 10
0,9 0,8
1,5 1

Nessa matriz, as linhas representam os produtos, e as colunas,


os preços de cada fornecedor.

O gasto semanal de cada restaurante com cada fornecedor será


o produto das duas matrizes:

[ ][
1 1

[ 25
28
50
60
200
150
20
22 ] 8 10
0,9 0,8
1,5 1
=
635
676 ]
705
770

As linhas representam os restaurantes, e as colunas, o valor


pago aos fabricantes.

.........................................................................................................
Introdução ao estudo de matrizes e determinantes 131

Exercício resolvido

Considere a matriz C =
[] 2
4
7
que fornece o custo, em reais,

das porções de arroz, carne e salada, respectivamente, de


um restaurante. Considere, ainda, a matriz P, que fornece
o número de porções de arroz, carne e salada usadas na
composição dos pratos tipo P1, P2 e P3 desse restaurante.
As colunas dizem respeito às porções de arroz, carne e sa-
lada, respectivamente, enquanto as linhas dizem respeito
aos pratos P1, P2 e P3.

arroz carne salada

P=
[ ]
2 1 1
1 2 1
2 2 0
prato P1
prato P2
prato P3

Determine a matriz custo de produção, em reais, dos pra-


tos P1, P2 e P3.

Solução:

C=
[] 2
4
7 3x1

P=
[ ] [
1 1 1
1 2 1
2 2 0
(PC)3x1 =
3x3
(2∙2)+(1∙4)+(1∙7)
(1∙2)+(2∙4)+(1∙7)
(2∙2)+(2∙4)+(0∙7)
] []=
15
17
12

Determinantes
Podemos associar, a cada matriz quadrada A, um número
real, o qual chamamos de determinante da matriz A (detA
ou |A|).

..........................................................................................................
132 Raciocínio lógico-matemático

Exemplo:

A= [ -1
√2
2
0 ]
-1 2
|A| =
√2 0

E como determinamos esse valor associado a cada matriz?


Trataremos aqui somente de matrizes quadradas de pri-
meira, segunda e terceira ordens.

Determinante de matrizes quadradas de primeira ordem


O determinante de uma matriz quadrada de primeira or-
dem, ou seja, uma matriz 1×1 será igual ao valor de seu
único elemento.

Exemplo:
A = [-3]
detA = |A| = -3

Determinante de matrizes quadradas de segunda ordem


O determinante de uma matriz quadrada de segunda or-
dem, ou seja, uma matriz 2×2 será igual ao produto dos
elementos da diagonal principal menos o produto dos ele-
mentos da diagonal secundária.

Exemplos:

( )
a11 a12
A=
a21 a22
a11 a21
detA = = a11 a22 - a21 a12
a12 a22

.........................................................................................................
Introdução ao estudo de matrizes e determinantes 133

A= ( )-1
5
2
3

-1 2
detA = = (-1)(3) - (5)(2) = -3 - 10 = -13
5 3

Determinante de matrizes quadradas de terceira or-


dem: regra de Sarrus
O determinante de uma matriz quadrada de terceira or-
dem, ou seja, uma matriz 3×3, será calculado utilizando
um dispositivo prático chamado regra de Sarrus:

• Repetimos a primeira e a segunda coluna, nessa


ordem, à direita dos elementos da matriz.

• Calculamos os produtos dos elementos da diago-


nal principal e das diagonais paralelas a ela, efetuan-
do a soma desses produtos.

• Calculamos os produtos dos elementos da diago-


nal secundária e das diagonais paralelas a ela, efetu-
ando a soma dos produtos.

• Diminuímos o resultado da soma dos produtos


dos elementos da diagonal principal e paralelas dos
da diagonal secundária e suas paralelas.

Exemplo:
2 1 1 1 0
1 2 1 -1 1
2 2 0 2 2
Somamos o produto dos elementos da diagonal principal
e paralelas.
(1∙1∙1) + (0∙1∙2) + (2∙(-1)∙2) = 1 + 0 -4 = -3

..........................................................................................................
134 Raciocínio lógico-matemático

Somamos o produto dos elementos da diagonal secundária


e paralelas.
(2∙1∙2) + (2∙1∙1) + (1∙(-1)∙0) = 4 + 2 + 0 = 6

Diminuindo os resultados.
-3 - 6 = -9

Propriedades dos determinantes

• Se um determinante possui todos os elementos


de uma fila (linha ou coluna) iguais a zero, então o
determinante será nulo.

1 -1 √3
√2 -54 2 =0
0 0 0
• Se um determinante possui duas filas paralelas
iguais ou proporcionais, então ele, o determinante,
será nulo.

4 10
= (4∙20) - (8∙10) = 80 - 80 = 0
8 20

• Quando multiplicamos todos os elementos de


uma fila de um determinante por número, o deter-
minante fica multiplicado por esse número.

2 -1
= (2∙5) - ((-2)∙(-1) = 10 - 2 = 8
-2 5

Multiplicando a primeira linha por 2:


4 -2
= (4∙5) - ((-2)∙(-2) = 20 - 4 = 16
-2 5

.........................................................................................................
Introdução ao estudo de matrizes e determinantes 135

O determinante foi multiplicado por 2 também.

• Se permutamos a posição de duas filas paralelas


de um determinante, então ele troca de sinal.

2 -1
= (2∙5) - ((-2)∙(-1) = 10 - 2 = 8
-2 5

-2 5
= ((-2)∙(-1)) - (2∙5) = 2 - 10 = -8
2 -1

• Teorema de Binet: det(AB) = detA∙detB


B=
[ ]
-1 3
2 0

A=
[ ] [
1 2
3 4
AB =
1∙(-1)+2∙2
3∙(-1)+4∙2
1∙3+2∙0
3∙3+4∙0 ]
AB =
[ ] 3 3
5 9

detAB = 27 - 15 = 12

B=
[ ]
1 2
3 4

detA = 4 - 6 = -2

B=
[ ]
-1 3
2 0

detB = 0 - 6 = -6

detA∙detB = (-2)(-6) = 12

..........................................................................................................
136 Raciocínio lógico-matemático

• detA = detA t

A=
[ ]1 2
3 4

detA = 4 - 6 = -2

At =
[ ]1 2
3 4

detAt = 4 - 6 = -2

Exercícios resolvidos

1. Considere uma matriz M, de ordem 2, de modo


que detM = m. Constrói-se uma outra matriz A a
partir das seguintes transformações na matriz M:
troca-se a primeira linha de posição com a segunda
e multiplica-se cada um dos elementos da matriz M
por k. O determinante da matriz A será, então:

a) k x m
b) –k x m
c) k2 x m
d) –k2 x m

Solução:
Quando trocamos a primeira linha de posição com a se-
gunda, o determinante de M, que era m, ficará –m.

Quando multiplicamos cada um dos elementos da matriz


M por k, cada linha ficará multiplicada por k. Como são
duas linhas, o determinante da matriz ficará multiplicado
por k∙k = k2

.........................................................................................................
Introdução ao estudo de matrizes e determinantes 137

O novo determinante ficará detA = -k2m.

2. Considere uma matriz real A de ordem 5. Se te-


mos que detA = 1/16', então det(2A) será:

Solução:
A matriz 2A será a matriz cujas linhas são multiplicadas
por 2. Como temos 5 linhas, o determinante ficará multi-
plicado por 25.
32
det2A = 25⋅ detA = --------- = 2
16

3. Considere a matriz A = 3

Calcule o valor do determinante de A.


[ 1
0
0
6
0 14 34
0
14
]
Solução:

[ 1
0
0
0 0
6 14
14 34
] 1 0
0 6
0 14

detA3 = [(1∙6∙34) + (0∙14∙0) + (0∙0∙14)] - [(0∙6∙0)


+ (14∙14∙1) + (34∙0∙0)] = 204 - 196 = 8

det A3 = detA∙A∙A = detA∙detA∙detA = (detA)3 = 8

(detA)3 = 23

detA = 2

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138 Raciocínio lógico-matemático

Neste capítulo, tratamos de alguns tópicos importantes


para compreender e analisar algumas questões da vida
prática, como grandezas proporcionais, regras de três,
porcentagem, problemas envolvendo o diagrama de Venn,
matrizes e determinantes.

A matemática é uma ferramenta indispensável e pode-


rosa na resolução de diversos problemas que envolvem
questões cotidianas, auxiliando na formação de um enten-
dimento crítico que leve a uma tomada de decisão mais
acertada.

.........................................................................................................
139

REFERÊNCIAS

ALENCAR FILHO, Edgard de. Iniciação à lógica matemáti-


ca. 18. ed. São Paulo: Nobel, 2002.

CATALDO, João Carlos. Análise combinatória: a impor-


tância dos métodos de contagem. Revista Eletrônica do
Vestibular da UERJ, Rio de Janeiro, ano 6, n. 18, 2013.
Disponível em: <http://www.revista.vestibular.uerj.br/ar-
tigo/artigo.php?seq_artigo=31>. Acesso em: 20 jun. 2014.

DEMANA, Franklin et al. Pré-cálculo. São Paulo: Pearson,


2009.

IEZZI, Gelson; MURAKAMI, Carlos; DEGENSZAJN, David.


Fundamentos de matemática elementar: matemática co-
mercial, matemática financeira, estatística descritiva. v.
11. São Paulo: Atual, 2004. (Coleção).

Fundamentos de matemática elementar: conjun-


tos e funções. v. 1. 8. ed. São Paulo: Atual, 2009. (Coleção).

HAZZAN, Samuel. Fundamentos de matemática


elementar: sequências, matrizes, determinantes e siste-
mas. v. 4. 7. ed. São Paulo: Atual, 2008. (Coleção).

LEITE, Álvaro Emílio; CASTANHEIRA, Nelson Pereira.


Equações: regra de três. Curitiba: Intersaberes, 2014.

..........................................................................................................
140

.........................................................................................................
Princípio fundamental da contagem 141

CAPÍTULO 4
ANÁLISE COMBINATÓRIA

É um ramo da Matemática que estuda a formação de gru-


pos de elementos. Ela trata de métodos que nos permitem
contar o número de elementos de um conjunto, sendo que
estes estão agrupados sob certas condições.

Ao que tudo indica, foi a necessidade de calcular o


número de possibilidades existentes de resultados
dos jogos que incentivou o estudo dos métodos de
contagem. A análise combinatória é uma consequên-
cia do desenvolvimento de métodos que permitem
contar, de forma indireta, o número de elementos
de um conjunto, estando esses elementos agrupa-
dos sob certas condições. Por sua vez, pode-se dizer
que a teoria das probabilidades decorre da necessi-
dade de avaliar hipóteses e de tomar decisões.

Já foi bastante comum creditar-se a decisão de qual-


quer evento tão somente à intervenção divina ou a
alguma causa sobrenatural. Simplesmente não ha-
via espaço para uma abordagem que atribuísse ao
fenômeno do acaso, e apenas a ele, determinadas
ocorrências. Talvez por isso a abordagem matemá-
tica desse fenômeno tenha começado tão recente-
mente, há pouco mais de 500 anos. Foi então que
surgiu a teoria da análise combinatória, como um
capítulo novo da matemática, no século XVII. (CA-
TALDO, 2013)

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142 Análise combinatória

PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CONTAGEM

Análise combinatória é o ramo da matemática que trata de


contagem e problemas de contagem que lidam com recur-
sos finitos e procuram determinar o número de elementos
em algum conjunto finito.

Alguns problemas que envolvem contagem podem ser re-


solvidos listando-se todas as soluções e contando-as. No
entanto, há outras situações em que as possibilidades são
tão grandes que se torna inviável a enumeração e contagem.

Por exemplo, se desejamos saber quantos números de tele-


fone podemos obter com nove algarismos, ficaria compli-
cado relacionar todos os números.

Vamos começar resolvendo um problema de contagem lis-


tando e enumerando todas as possibilidades.

No armário, Luísa tem à sua disposição duas saias, uma azul e


uma cinza, e três blusas, uma amarela, uma verde e uma rosa. De
quantas maneiras diferentes ela pode se vestir?

Luísa pode, a princípio, escolher a saia. Ela possui duas escolhas:


uma saia azul e uma saia cinza. A partir de cada uma das saias,
ela poderá escolher as blusas, uma amarela, uma verde e uma
rosa. Podemos representar as várias possibilidades com um dia-
grama de árvore:

.........................................................................................................
Princípio fundamental da contagem 143

Saia azul

Blusa amarela Blusa verde Blusa rosa

Saia cinza

Blusa amarela Blusa verde Blusa rosa

Observamos então que Luísa terá seis escolhas:

1. Saia azul com blusa amarela.


2. Saia azul com blusa verde.
3. Saia azul com blusa rosa.
4. Saia cinza com blusa amarela.
5. Saia cinza com blusa verde.
6. Saia cinza com blusa rosa.

Fizemos uma lista completa das possíveis maneiras de Luísa se


vestir, o que nos deu um total de seis maneiras.

Podemos representar as possibilidades em uma tabela:

Etapa 1 Etapa 2 Soluções


Blusa amarela (C) AC
Saia azul (A) Blusa verde (D) AD
Blusa rosa (E) AE
Blusa amarela (C) BC
Saia cinza (B) Blusa verde (D) BD
Blusa rosa (E) BE

Se aumentarmos as opções de Luísa, ficará mais trabalhoso


montar a árvore. Por exemplo: Luísa possui cinco vestidos, qua-
tro shorts, sete camisetas, três casacos e dez pares de sapatos.
O cálculo de quantos modos diferentes Luísa poderá se vestir é
bem mais trabalhoso mesmo.

..........................................................................................................
144 Análise combinatória

Esse problema e outros tantos podem ser resolvidos com o auxí-


lio da análise combinatória, seus procedimentos e propriedades.

Neste tópico, trataremos dos arranjos simples, permutações


simples e combinações simples.

Começaremos com o princípio multiplicativo, que constitui


uma ferramenta básica e poderosa para resolver problemas de
contagem sem que haja necessidade de se enumerar seus ele-
mentos.

O princípio da multiplicação ou o princípio funda-


mental da contagem
Se pudermos tomar uma decisão d1 de n maneiras e, em segui-
da, outra decisão d2 puder ser tomada de m maneiras, o núme-
ro total de maneiras de tomarmos as decisões d1 e d2 será n m
maneiras.

Voltemos ao nosso problema do vestuário de Luísa. No armário,


Luísa tem à sua disposição duas saias, uma azul e uma cinza, e
três blusas, uma amarela, uma verde e uma rosa. O que se quer
é determinar de quantas maneiras diferentes ela pode se vestir,
sem que se monte o diagrama de árvore das possibilidades.

Luísa pode escolher a saia, a primeira decisão, e depois a blusa,


a segunda decisão. Ela tem duas maneiras de escolher a saia e
três maneiras de escolher a blusa. Assim, pelo princípio fun-
damental da multiplicação, o número total de maneiras pelas
quais Luísa poderá se vestir será:

2 x 3 =6
Saia Blusa Total

.........................................................................................................
Princípio fundamental da contagem 145

Lançamos uma moeda três vezes. Qual o número de sequências


possíveis de cara e coroa?

Solução:
São três eventos, cada um com duas possibilidades: cara (K) ou
coroa (C).

Temos, então: n1 = n2 = n3 = 2.

Assim, pelo princípio multiplicativo, o número de resultados


possíveis é: n1 . n2 . n3 = 2 . 2 . 2 = 8.

Vamos montar a árvore de possibilidades:

K
K
C
K
K
C
C
Moeda
K
K
C
C
K
C
C

Considere que, para montar um computador, temos à disposi-


ção três tipos de monitores diferentes, quatro tipos de teclados,
dois tipos de impressora e três tipos de CPU. Quantos computa-
dores diferentes podem ser montados com essas peças?

..........................................................................................................
146 Análise combinatória

Solução:

1a escolha: 2a escolha: 3a escolha: 4a escolha:


Monitores Teclados Impressora CPU
3 4 2 3

3 x 4 x 2 x 3 = 72
Temos, então, 72 possibilidades de configurações diferentes.

Exercício resolvido

Considere o sistema brasileiro de placas de carro, em que


cada placa é formada por três letras e quatro algarismos.
Quantas placas podem ser formadas de modo que o núme-
ro formado pelos algarismos seja par?

Solução:
Temos 26 letras disponíveis.

Para que o número seja par, o último algarismo precisa ser


um número par. Vamos escolher esse algarismo: dos 9 alga-
rismos, 5 determinam que o número seja par: 0, 2, 4, 6, 8.

26 26 26 10 10 10 5
Letra Letra Letra Alg Alg Alg 1a escolha:
Alg. par

Utilizando o princípio multiplicativo:


Letras: 26 x 26 x 26 = 17.576

Algarismos: 10 x 10 x 10 x 5 = 5.000
17.576 x 5.000 = 87.880.000

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Princípio fundamental da contagem 147

Temos, então, 87.880.000 placas nas quais a parte dos al-


garismos forma um número par.

O princípio da adição
Considerando A e B eventos disjuntos (a interseção é va-
zia), com n1 e n2 resultados possíveis, respectivamente, en-
tão, o número total de possibilidades para o evento “A ou
B” será n1 + n2.

No Dia das Crianças, um pai deseja comprar um presente para


seu filho. Como está em situação financeira difícil, ele poderá
presenteá-lo com apenas um presente: uma bola ou um carri-
nho. Na loja, o pai encontra nove tipos de bolas diferentes e 10
tipos de carrinhos diferentes. Quantas são as possibilidades de
que o pai dispõe para escolher o presente?

Solução:
Os eventos são disjuntos, com n1 = 9 e n2 = 10, então existem n1
+ n2 = 19 possibilidades de escolha.

Exercícios resolvidos

1. Um sistema operacional possui senha de usuário for-


mada por uma sequência de uma a três letras maiúscu-
las, não repetidas. Quantas senhas diferentes existem?

Solução:
O conjunto de todas as senhas possíveis que podem ser
formadas são aquelas formadas pelos subconjuntos das
senhas formadas por uma letra maiúscula, duas letras mai-
úsculas e três letras maiúsculas. Utilizaremos, no cálculo
das senhas formadas por duas e três letras maiúsculas, o
princípio multiplicativo:

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148 Análise combinatória

Senhas formadas por UMA letra maiúscula: 26


Senhas formadas por DUAS letras maiúsculas: 26∙26
Senhas formadas por TRÊS letras maiúsculas: 26∙26∙26

Pelo princípio da adição:


26 + (26 ∙ 26) + (26 ∙ 26 ∙ 26) = 18.278

Teremos, então, 18.278 senhas diferentes.

2. Considere que estamos em um restaurante e queremos


selecionar uma sobremesa entre três tortas e quatro bo-
los. De quantas maneiras poderemos fazer essa escolha?

Solução:
Temos dois eventos: a escolha de tortas e a de bolos. Um
dos eventos (tortas) tem três resultados possíveis e o outro
evento (bolos) tem quatro resultados possíveis. Somente
uma sobremesa poderá ser escolhida, então não teremos
uma sequência de dois eventos possíveis. Utilizando o
princípio da adição, o número de escolhas possíveis será o
número total de possibilidades que temos: 3 + 4 = 7.

3. Em uma cidade, há cinemas e teatros. No próximo sá-


bado, entrarão em cartaz três filmes e duas peças de te-
atro diferentes. Você deseja assistir a apenas um evento
desses cinco que foram descritos. Quantos são os pro-
gramas que você pode fazer nesse sábado?

Solução:
Considere os filmes em cartaz como F1, F2 e F3 e as peças
de teatro, T1 e T2. O problema é que você pode assistir a
F1 ou F2 ou F3 ou T1 ou T2. Observe que você precisa es-
colher a partir de alguns “ou”.

.........................................................................................................
Princípio fundamental da contagem 149

Dessa forma, podemos considerar o problema como sendo


dividido em casos:

• Se você escolher assistir a um filme, tem três op-


ções.

• Se você escolher assistir a uma peça de teatro,


tem duas opções.

Os elementos de um conjunto (conjunto dos filmes) não


pertencem ao outro (conjunto das peças de teatro), por-
tanto, os conjuntos são disjuntos. Utilizaremos, assim, o
princípio aditivo:

Evento 1: assistir a um filme: n1 = 3


Evento 2: assistir a uma peça: n2 = 2

Teremos, então, n1 + n2 = 3 + 2 = 5 possibilidades de escolha.

4. Em um restaurante, uma pessoa tem disponíveis dois


tipos de salada, três tipos de carne, dois tipos de refri-
gerante e três tipos de suco. Quantas combinações essa
pessoa pode fazer de modo que não possa pedir refrige-
rante e suco ao mesmo tempo?

Solução:
Podemos, em termos de bebida, reunir os refrigerantes e
sucos. Esse novo conjunto terá 2 + 3 = 5 elementos.

2 3 5
1 escolha:
a
2 escolha:
a
3a escolha:
salada carne bebida

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150 Análise combinatória

Utilizamos, então, o princípio multiplicativo: 2 × 3 × 5 = 30.

5. Em um concurso de Miss Universo, as finalistas são


Miss França, Miss Itália, Miss Brasil, Miss Japão e Miss Ve-
nezuela. De quantas formas os juízes poderão escolher o
primeiro, o segundo e o terceiro lugar nesse concurso?

Solução:

5 4 3
1 colocada
a
2 colocada
a
3a colocada
Uma miss já foi Duas misses já
escolhida. foram escolhidas.

Pelo Princípio Multiplicativo, temos: 5 × 4 × 3 = 60.

6. Em um pequeno país, as placas dos automóveis têm


duas letras distintas seguidas de três algarismos que não
podem ser repetidos. Quantas placas podem ser forma-
das nesse país?

Solução:

26 25 10 9 8
1a escolha: 2a escolha: 3a escolha: 4a escolha: 5a escolha:
letra. letra. Uma alg. alg. Um alg. Dois
letra já foi algaris- algarismos
utilizada. mo já foi já foram
utilizado. utilizados.

.........................................................................................................
Princípio fundamental da contagem 151

Usando o princípio multiplicativo, temos, então: (26 × 25)


× (10 × 9 × 8) = 468.000 placas.

7. (UFRJ) A mala do Dr. Z tem um cadeado cujo segredo é


uma combinação com cinco algarismos, todos variando
de 0 a 9. Ele esqueceu a combinação que escolhera, mas
sabe que atende às seguintes condições:

• Se o primeiro algarismo é ímpar, então o último


também é ímpar.

• Se o primeiro algarismo é par, então o último é


igual ao primeiro.

• A soma do segundo e terceiro algarismos é 5.

Quantas combinações diferentes atendem às condições do


Dr. Z?

Solução:
Como a soma do segundo e terceiro algarismos precisa
ser 5, as possibilidades para o eles são: (2, 3), (3, 2), (1, 4),
(4, 1), (5, 0) e (0, 5).

Algarismos ímpares: 1, 3, 5, 7, 9.
Considerando o primeiro algarismo ímpar:

5 6 10 5
1o algarismo: 2o algarismo: 3o algarismo: 4o algarismo: 5o algarismo:
ímpar qq. alg. tb. ímpar.

..........................................................................................................
152 Análise combinatória

Considerando o primeiro algarismo par:

5 6 10 1
1o algarismo: 2o algarismo: 3o algarismo: 4o algarismo: 5o algarismo:
par. qq. alg. igual ao
primeiro.

Utilizando o Princípio Multiplicativo, temos:

• Se o primeiro algarismo for ímpar, teremos:


5 × 6 × 10 × 5 = 1.500

• Se o primeiro algarismo for par, teremos:


5 × 6 × 10 × 1 = 300

Utilizando o Princípio Aditivo, temos, então:


1.500 + 300 = 1.800

Há, então, 1.800 combinações diferentes que atendem às


condições do Dr. Z.

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Arranjo e permutação 153

ARRANJO E PERMUTAÇÃO

Fatorial de um número natural


Chamamos de fatorial de um número natural n, n ≥ 2, o
número formado pelo produto de todos os números natu-
rais de n até 1.
n!=n∙(n - 1) ∙ (n - 2) ∙ ⋯ ∙ 3∙2∙1

Observações:
0! = 1
1! = 1

Eventualmente, é interessante “interromper” o desenvolvi-


mento do fatorial de um número.

Por exemplo:
n! = n ∙ (n - 1)!
n! = n ∙ (n - 1) ∙ (n - 2)!
n! = n ∙ (n - 1) ∙ (n - 2) ∙ (n - 3)!

n! = n ∙ (n - 1) ∙ (n - 2) ∙ (n - 3)⋯4!
n! = n ∙ (n - 1) ∙ (n - 2) ∙ (n - 3)⋯4 ∙ 3!

Vamos calcular:
a) 5! = 5 ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 120
b) 4! + 2! = (4 ∙ 3 ∙ 2!) + 2! = 2!(4 ∙ 3) = 2 ∙ 12 = 24
c) 10! 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7!
---------- = ---------------------------- = 10 ⋅ 9 ⋅ 8 = 720
7! 7!

..........................................................................................................
154 Análise combinatória

Exercícios resolvidos

1. Simplifique as expressões:

a) n!
---------------
(n - 1)!

b) n! - (n + 1)!
-------------------------
n!

Solução:
a) n! n ⋅ (n - 1)!
-------------- = ---------------------- = n
(n - 1)! (n - 1)!

b) n! - (n + 1)! n! - (n + 1)n! n![1 - (n + 1)]


----------------------- = ------------------------ = --------------------------- = 1 - (n + 1) = 1 - n -1 = -n
n! n! n!

2. Determine n na expressão:

n! + (n - 1)! 1
------------------------- = ---------
(n + 1)! 6

Solução:
n! + (n - 1)! 1
--------------------- = --------
(n + 1)! 6

n(n - 1)! + (n - 1)! 1


--------------------------------------- = --------
(n + 1) n (n - 1)! 6

(n - 1)! (n + 1) 1
------------------------------------ = ---------
(n + 1) n (n - 1)! 6

1 1
--------- = --------
n 6

n=6

.........................................................................................................
Arranjo e permutação 155

Arranjos
Até agora trabalhamos somente com problemas que fo-
ram resolvidos pelo Princípio Multiplicativo. A partir de
agora, observaremos as características dos problemas de
modo a resolvê-los. Basicamente, podemos dividir os pro-
blemas de contagem em dois tipos de agrupamentos:

• Aqueles nos quais a ordem da escolha altera o


agrupamento.

• Aqueles nos quais a ordem da escolha não altera


o agrupamento.

Essa característica deve ser a primeira identificação a ser


feita quando resolvemos um problema de Análise Combi-
natória: a ordem interessa?

Se a ordem da escolha interessar, ou seja, se a mudança na


ordem implica um novo agrupamento, então trata-se de um
arranjo. Se a ordem não interessar, ou seja, se o agrupamen-
to for o mesmo, independentemente da ordem em que se
escolha os elementos, estamos diante de uma combinação.

Quando estamos escolhendo as letras e números para de-


finição de senhas, a ordem interessa. Note que a senha
79DF é diferente de 97FD.

Quando estamos escolhendo uma comissão, por exemplo,


de 10 pessoas, e queremos determinar quantas comissões
de três pessoas podem ser formadas, a ordem não inte-
ressa, já que a comissão formada por Maria, João e José é
a mesma comissão formada por João, José e Maria.

..........................................................................................................
156 Análise combinatória

Começaremos nosso estudo com os agrupamentos nos


quais a ordem é importante, cuja ordem faz com que os
agrupamentos sejam diferentes: os arranjos.

Considere um conjunto com n elementos distintos.

Chamamos arranjo dos n elementos tomados k a k (k ≤ n)


os agrupamentos ordenados de k elementos distintos entre
os n escolhidos.

Observe que, em um arranjo, além da natureza do elemen-


to, a ordem também é importante.

Podemos determinar o arranjo dos n elementos tomados


k a k (k ≤ n) por:

n!
An,k = -----------
(n-k)!

Considere números de telefone formados por oito algarismos.


Quantos números de telefone podemos formar com algarismos
distintos, que comecem com dois e terminem com oito?

Solução:
Sabemos que os números de telefone começam com dois e ter-
minam com oito.

2 8

Precisamos descobrir quantos agrupamentos há entre esses


dois algarismos, que são fixos. A ordem dos seis algarismos,
entre os dois fixos, é importante, porque modifica o telefone.
Já utilizamos dois algarismos, então temos um arranjo de oito
elementos tomados seis a seis.

.........................................................................................................
Arranjo e permutação 157

8! 8! 8⋅7⋅6⋅5⋅4⋅3⋅2! 40.320
A8,6 = ----------- = ------- = ------------------------------ = --------------- = 20.160
(8-6)! 6! 2! 2

Dessa forma, concluímos que 20.160 números de telefones com


algarismos distintos podem ser formados, de modo que come-
cem com dois e terminem com oito.

Repare que poderíamos resolver esse problema utilizando o


princípio multiplicativo:

1 8 7 6 5 4 3 2 1
Só po- Sobra- Usamos Só po-
demos ram oito três alga- demos
usar o algaris- rismos. usar o
número mos. Sobraram número
dois. sete alga- oito.
rismos.

Um torneio de futebol de salão está sendo realizado em uma


escola. Considerando que há dez times participando, quantos
jogos podem ser realizados entre os times em turno e returno?

Solução:
O campeonato de futebol de salão possui turno e returno, as-
sim, os jogos da Equipe A x Equipe B e Equipe B x Equipe A são
diferentes, isto é, são duas partidas diferentes e devem ser con-
sideradas. Dessa forma, observamos que a ordem interessa, tra-
tando-se, portanto, de um problema de arranjo.

10! 10! 10 ⋅ 9 ⋅ 8!
A10,2 = ---------------- = ---------- = --------------------- = 10 ⋅ 9 = 90
(10 - 2)! 8! 8!

Assim, 90 jogos podem ser realizados entre os times participantes.

Quando estamos trabalhando com um arranjo e precisa-


mos fazer agrupamentos com todos os elementos, temos
um caso particular do arranjo: permutação.

..........................................................................................................
158 Análise combinatória

Chamamos permutação de n elementos os agrupamentos or-


denados ou as sequências formadas por esses n elementos.

Em uma permutação, além da natureza do elemento, a or-


dem também é importante.

Podemos determinar a permutação de n elementos os


agrupamentos ordenados por:
n! n!
An,n = Pn = -------------- = ---------- = n!
(n - n)! 0!

Pn = n!

Considerando um automóvel de cinco lugares, de quantas ma-


neiras cinco pessoas podem viajar nesse automóvel se apenas
uma delas souber dirigir?

Solução:
Uma vez que somente uma pessoa sabe dirigir, temos que a
troca de lugares só poderá ser efetuada com as quatro pessoas
restantes:

4! = 4 x 3 x 2 x 1 = 24.

Exercícios resolvidos

1. Os números do último sorteio da Mega-Sena fo-


ram 04, 12, 27, 39, 46 e 57. De quantas maneiras
distintas pode ter ocorrido o sorteio dessa sequên-
cia de resultados?

Solução:
Como temos seis números no sorteio da Mega-Sena, preci-
samos calcular:
P6 = 6! = 6 ∙ 5 ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 720

.........................................................................................................
Arranjo e permutação 159

2. Quantos anagramas podemos formar com a pala-


vra NORTE? E quantos começam com vogal?

Solução:
Temos cinco letras na palavra NORTE, assim, a quantidade
de anagramas distintos será dada por:
P5 = 5! = 5 ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 120

Temos duas vogais: O e E.

Se começarmos pelo O, precisaremos permutar quatro letras.


P4 = 4! = 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 24

Se começarmos pelo E, também precisaremos permutar


quatro letras.
P4 = 4! = 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 24

Dessa forma, começando por vogal, temos 48 anagramas.


Dos 120 anagramas que podem ser formados, 48 começam
com vogais.

3. Quantos anagramas podemos formar com a pala-


vra estudar:

Que comecem e terminem em vogal?

Solução:
Das sete letras da palavra ESTUDAR, há três vogais possí-
veis para a escolha do começo dos anagramas. Sobram, en-
tão, duas vogais para a escolha do término dos anagramas.
Usaremos duas letras, após a escolha da primeira e da últi-
ma. Assim, permutamos as cinco letras restantes entre si.

..........................................................................................................
160 Análise combinatória

3 P5 2
1 escolha: vogal Sobraram cinco letras
a
2a escolha: vogal
(já usamos uma).

3 ∙ 2 ∙ P5 = 6(5!) = 6(120) = 720

Que tenham as vogais juntas?

Solução:
Podemos pensar que as três vogais formam um grupo.
Esse grupo pode ter suas letras permutadas entre si. Além
disso, esse grupo permuta como se fosse uma única letra
com as demais quatro letras, totalizando "cinco” letras.

P3 ∙ P5 = 3!5! = 6 ∙ 120 = 720

.........................................................................................................
Combinação 161

COMBINAÇÃO

Trabalharemos agora com os problemas de contagem nos


quais a ordem da escolha não altera o agrupamento, ou
seja, o agrupamento é o mesmo, independentemente da
ordem em que se escolha os elementos. Assim, estamos
diante de uma combinação.

Chamamos combinação de n elementos tomados k a k


(k ≤ n) os subconjuntos formados por k elementos dis-
tintos escolhidos entre os n elementos:
n!
Cn,k = --------------------
(n - k)! k!

Cinco alunos de uma turma se dispuseram a participar de co-


missões para estudar melhorias no colégio onde estudam.
Quantas comissões de três alunos podemos formar com esses
cinco alunos?

Solução:
Observe que a ordem da escolha não interessa. Se escolhermos
primeiro Maria e depois João, será a mesma comissão se João
for escolhido antes de Maria. Trata-se de uma combinação. De
cinco alunos, precisamos escolher três:

5! 5! 5 ⋅ 4 ⋅ 3! 5⋅4
C5,3 = -------------------- = ----------- = ------------------- = ------------ = 10
3! (5 - 3)! 3!2! 3!2! 2

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162 Análise combinatória

Exercícios resolvidos

1. Desejamos montar saladas de frutas diferentes com


5 frutas. Temos à disposição 8 frutas distintas. Quantas
saladas de frutas diferentes poderemos formar?

Solução:
A ordem da escolha não faz diferença. Trata-se, portanto,
de combinação de oito elementos tomados cinco a cinco.
8! 8! 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5! 8⋅7⋅6
C8,5 = ---------------------- = ----------- = --------------------------- = -------------------- = 56
5!(8 - 5)! 5!3! 5!3! 3⋅2

2. De quantas maneiras podemos escolher dois estudan-


tes em uma classe com 30 alunos?

Solução:
A ordem da escolha não faz diferença. Trata-se, portanto,
de combinação de 30 estudantes tomados dois a dois:
30! 30! 30 ⋅ 29 ⋅ 28! 30 ⋅ 29
C30,2 = ---------------------- = ------------- = --------------------------- = ------------------ = 435
2!(30 - 2)! 2!28! 2!28! 2

3. De sete variedades de frutas do nordeste brasileiro


disponíveis, um fabricante de sorvetes deseja vender
novos sorvetes com a mistura dessas frutas duas a duas.
Quantos sorvetes podem ser montados com essa mistu-
ra de frutas?

Solução:
Das sete frutas disponíveis, misturaremos apenas duas. A
ordem da escolha das frutas não importa, o sorvete será o
mesmo se misturarmos a fruta A com a fruta B ou a fruta B
com a fruta A. Assim, temos um problema de combinação:
7! 7! 7 ⋅ 6 ⋅ 5! 7⋅6
C7,2 = --------------------- = ----------- = ------------------ = ------------ = 21
2!(7 - 2)! 2!5! 2!5! 2

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Combinação 163

4. O técnico de um time de vôlei possui à disposição 12 jo-


gadores, sendo que dois são levantadores e 10 são atacan-
tes. Somente seis entrarão em quadra no início do jogo,
dos quais um precisa ser levantador e cinco precisam ser
atacantes. De quantas maneiras diferentes o técnico pode
montar o time?

Solução:
Precisamos escolher o levantador e os atacantes. Para isso,
utilizaremos o princípio multiplicativo. A ordem da escolha
não fará diferença no time, assim, cada escolha do levanta-
dor e dos atacantes será feita utilizando combinação.

C2,1 C10,5
1 escolha: levantador
a
2 escolha: atacantes
a

Dos dois levantadores, escolheremos um e, dos 10 atacan-


tes, apenas cinco serão escolhidos. Como a ordem não faz
diferença, temos:
2!
C2,1 = -------------------- = 2
1!(2 - 1)!

10 10! 10⋅9⋅8⋅7⋅6⋅5! 10⋅9⋅8⋅7⋅6


C10,5 = ------------------- = --------- = --------------------------- = ---------------------- = 9 ⋅ 2 ⋅ 7 ⋅ 2
5!(10 - 5)! 5!5! 5!5! 5⋅4⋅3⋅2⋅1

C2,1 = 2 C10,5 = 252


1 escolha: levantador
a
2 escolha: atacantes
a

2 ∙ 252 = 504

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164 Análise combinatória

5. Um hospital abriu processo seletivo para algumas fun-


ções de seu quadro de funcionários. Há três vagas para
trabalhar no berçário, cinco no banco de sangue e dois
na radioterapia. Considerando que seis profissionais se
candidatam para o berçário, oito para o banco de sangue
e cinco para a radioterapia, de quantas formas distintas
essas vagas poderão ser preenchidas?

Solução:
Dos seis profissionais que se candidataram para o berçá-
rio, serão escolhidos três:
6! 6! 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3! 6 ⋅ 5 ⋅ 4
C6,3 = --------------------- = ----------- = ------------------------- = ---------------- = 20
3!(6 - 3)! 3!3! 3!3! 3⋅2

Dos oito profissionais que se candidataram para trabalhar


no banco de sangue, serão escolhidos cinco:
8! 8! 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5! 8⋅7⋅6
C8,5 = --------------------- = ----------- = ------------------------- = ------------------ = 56
5!(8 - 5)! 5!3! 5!3! 3⋅2

Dos cinco profissionais que se candidataram para a radio-


terapia, serão escolhidos dois:
5! 5! 5 ⋅ 4 ⋅ 3! 5⋅4
C5,2 = -------------------- = ----------- = ------------------ = ----------- = 10
2!(5 - 2)! 2!3! 2!3! 2

C6,3 = 20 C8,5 = 56 C5,2 = 10


1 escolha: berçário
a
2 escolha:
a
3 escolha:
a

banco de sangue radioterapia

C5,2 ∙ C8,5 ∙ C5,2 = 20 ∙ 56 ∙ 10 = 11.200

6. Uma empresa precisa montar uma comissão técnica


formada por engenheiros e economistas. Essa comissão

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Combinação 165

deve ter cinco elementos, dos quais pelo menos dois


devem ser engenheiros. Se a empresa tem disponíveis
quatro engenheiros e cinco economistas, determine o
número de comissões distintas que podem ser formadas.

Solução:
Como cada comissão precisa ter pelo menos dois engenhei-
ros, isso significa que a empresa pode montar comissões
com:
• Dois engenheiros e três economistas.
• Três engenheiros e dois economistas.
• Quatro engenheiros e um economista.

Como a ordem da escolha dos componentes da comissão


não importa, trata-se de uma combinação. Vamos calcular,
então, cada um dos casos, para depois somá-los, utilizan-
do o Princípio da Adição.

Dois engenheiros e três economistas.

C4,2 C5,3
1 escolha: dois engenhei-
a
2 escolha: três economis-
a

ros de quatro disponíveis tas de cinco disponíveis

4! 4⋅3⋅2!
C4,2 = ---------- = --------------- = 6
2!2! 2⋅2!

5! 5⋅4⋅3!
C5,3 = ---------- = --------------- = 10
3!2! 3!210

Utilizando o Princípio Multiplicativo:


C4,2∙C5,3 = 6∙10 = 60

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166 Análise combinatória

Três engenheiros e dois economistas.

C4,3 C5,2
1 escolha: três engenhei-
a
2 escolha: dois economis-
a

ros de quatro disponíveis tas de cinco disponíveis


4! 4⋅3!
C4,3 = ---------- = ----------- = 4
3!1! 3!

5! 5⋅4⋅3!
C5,2 = ---------- = --------------- = 10
3!2! 3!2

Utilizando o Princípio Multiplicativo:


C4,3∙C5,2 = 4∙10 = 40

Quatro engenheiros e um economista.

C4,4 C5,1
1 escolha: quatro engenhei-
a
2 escolha: um economis-
a

ros de quatro disponíveis ta de cinco disponíveis

4! 4!
C4,4 = ---------- = -------- = 1
4!0! 4!

5! 5 ⋅ 4!
C5,1 = ---------- = ------------- = 5
1!4! 4!

Utilizando o Princípio Multiplicativo:


C4,4 ∙ C5,1 = 1 ∙ 5 = 5

Utilizando o Princípio da Adição, temos, então:


60 + 40 + 5 = 105

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Combinação 167

Neste capítulo, estudamos algumas técnicas de contagem


de coleções finitas de objetos que nos permitem solucio-
nar problemas de contagem cujos elementos estão agru-
pados, satisfazendo certas condições.

A Análise Combinatória é o ramo da Matemática que trata


dos problemas de contagem, estuda a formação de grupos
de elementos e considera os métodos que nos permitem
contar o número de elementos de um conjunto.

Alguns problemas de contagem podem ser resolvidos


listando-se todas as soluções e contando-as. No entanto,
há problemas nos quais a enumeração e a contagem se
tornam inviáveis. Estudamos, então, técnicas que nos per-
mitem resolver problemas de contagem em dois tipos de
agrupamentos: aqueles nos quais a ordem da escolha alte-
ra o agrupamento e aqueles nos quais a ordem da escolha
não altera o agrupamento. Na verdade, essa é justamente
a chave da resolução dos problemas de contagem.

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168 Análise combinatória

REFERÊNCIAS

DASSIE, Bruno Alves et al. Curso de análise combinatória


e probabilidade. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2009.

DEMANA, Franklin et al. Pré-cálculo. São Paulo: Pearson,


2009.

HAZZAN, Samuel. Fundamentos de matemática elemen-


tar: combinatória e probabilidade. v. 5. 7. ed. São Paulo:
Atual, 2004. (Coleção).

MACHADO, Antônio dos Santos. Matemática temas e me-


tas: sistemas lineares e combinatória. São Paulo: Atual,
2008.

PEREIRA, J. M. S. Simões. Introdução à matemática combi-


natória. Rio de Janeiro: Interciência, 2013.

ROSEN, Keneth H. Matemática discreta e suas aplicações.


6. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2009.

SANTOS, José Plínio O.; ESTRADA, Eduardo Luís. Proble-


mas resolvidos de combinatória. Rio de Janeiro: Ciência
Moderna, 2012.

SULLIVAN, Michael. Matemática finita: uma abordagem


aplicada. 11. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013.

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169

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este livro tratou de alguns aspectos básicos para a tomada


de decisão, para podermos chegar a uma conclusão ou re-
solver um problema, abordando tópicos e questões relati-
vas ao Raciocínio Lógico.

Utilizar o raciocínio lógico diz respeito a um processo de


conscientização, de desenvolvimento da capacidade de es-
truturação e organização do pensamento, isto é, à forma
de analisar uma sequência de argumentos e chegar a uma
determinada conclusão.

O estudo dos conceitos do raciocínio lógico auxilia no de-


senvolvimento da capacidade crítica e do senso argumen-
tativo e na organização das ideias, potencializando a capa-
cidade de criação e interpretação.

No primeiro capítulo, tratamos dos fundamentos da lógica,


que estuda conceitos, juízos e raciocínios, constituindo-se
em uma ferramenta que nos permite reconhecer contradi-
ções e eliminar probabilidades de erro, objetivando, ainda,
demonstrar se um argumento utilizado é válido ou ambí-
guo, evitando o duplo sentido e a falta de definições pre-
cisas. Citamos e tecemos comentários sobre alguns nomes
importantes da lógica, bem como introduzimos a impor-
tante noção do princípio da casa dos pombos.

Em seguida, estudamos as proposições e os conectivos ló-


gicos. Observamos que podemos comparar os constituin-

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170

tes sintáticos de determinada língua com os componentes


da lógica. A construção do significado nas línguas naturais
está ligada intimamente à sintaxe e às estruturas lógicas
das sentenças. Quando consideramos o significado de uma
sentença, não podemos simplesmente analisar o somatório
dos significados das palavras que a compõem, mas, sim,
observar as estruturas sintáticas e lógicas, para que haja
uma interpretação correta da sentença. Encerrando o ca-
pítulo, praticamos a análise lógica por meio da tabela-ver-
dade, que nos ajuda a identificar quando uma proposição,
uma frase, é sempre verdadeira, sempre falsa ou por vezes
verdadeira e por vezes falsa.

No segundo capítulo, demos continuidade ao estudo da ló-


gica, tratando de suas estruturas — as implicações e equi-
valências lógicas —, identificando quando duas proposi-
ções compostas são equivalentes ou quando uma implica
logicamente a outra.

Outros aspectos relativos a essas estruturas também fo-


ram estudados. Com o auxílio da noção de equivalência ló-
gica, estudamos a negação de proposições e, em seguida,
utilizamos o artifício dos diagramas lógicos para resolver
problemas, inclusive com proposições que envolvem quan-
tificadores. Ao final do capítulo, tratamos da lógica de ar-
gumentação, analisando e concluindo quando uma estru-
tura é válida.

A matemática é uma ciência fundamental para compreen-


der, explicar o mundo que nos cerca. No terceiro capítulo,
que versa sobre raciocínio lógico-matemático, observamos
tópicos importantes para compreender e analisar algumas
171

questões da vida prática: razão e proporção, regra de três


e porcentagem. Estudamos também os diagramas de Venn,
que auxiliam na visualização de propriedades de conjun-
tos, contribuem para a compreensão das relações de união
e interseção entre conjuntos e facilitam a organização, in-
terpretação e os cálculos em diversas situações-problema.
Ainda nesse capítulo, vimos uma introdução a matrizes e
determinantes, já que suas aplicações estão em diversas
áreas do conhecimento.

Falamos também sobre a análise combinatória, que estuda


a formação de grupos de elementos e trata de métodos que
nos permitem contar o número de elementos de um con-
junto, que estão agrupados sob certas condições. É fato que
alguns problemas que envolvem contagem podem ser resol-
vidos listando todas as soluções e contando-as. Mas certa-
mente há outras situações em que as possibilidades são tão
grandes que nos são inviáveis a enumeração e a contagem.

Por fim, o quarto e último capítulo trata de tópicos e aspec-


tos da análise combinatória: o princípio fundamental da
contagem, arranjos, permutações e combinações.

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