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Karl Barth foi um dos maiores pensadores protestantes do século XX. Karl Barth nasceu em
Basel, Suíça, no dia 10 de maio de 1886. Barth foi um teólogo de confissão calvinista. Filho de
pais religiosos, foi educado em meio a pastores conservadores. Suas influências acadêmicas
foram Kant, Hegel, Kierkegaard e teólogos como Calvino, Baur, Harnack e Hermann. Até 1911,
ainda jovem, esteve Karl Barth vinculado ao protestantismo liberal antidogmático e
modernista de Adolf von Harnack (1851-1930), invertendo a seguir sua posição. Em 1911
começou a pastorear uma pequena igreja do interior da Suíça e aí ficou até 1925. Durante
esses anos conheceu Eduard Thuneysen, amigo que acompanhou e contribuiu em suas
reflexões teológicas. Nessa época seu grande desafio era o que pregar a cada domingo. Em
1914, ele e Thuneysen resolveram buscar uma resposta ao desafio da pregação. Durante
quatro anos, Thuneysen estudou Schleiermacher e Barth estudou Paulo. Como fruto desses
estudos, em 1919, Barth publicou seu Comentário à Epístola aos Romanos.
Karl Barth faz parte da chamada “teologia dialética” ou “da crise”, junto a J. Moltmann, E.
Brunner, R. Bultmann, F. Gogarten e outros. Barth deu nome a um movimento: o barthismo,
que propõe uma total e coerente adesão à Palavra de Deus, equivalente ao objetivismo da
revelação bíblica e ao fato histórico da encarnação, contra o imanentismo da cultura moderna
geral e em particular do “protestantismo liberal”. Procurou renovar a teologia desvinculando-a
da tradição fideísta de Schleiermacher (1768-1834), para recolocá-la na reforma do século 16.
A teologia de Barth é uma reação frente a Schleiermacher e, em geral, contra a cultura do
Romantismo e do Iluminismo.Barth rejeitou a analogia entre Deus e a criatura, para destacar a
transcendência divina, advertindo que somente é válida a via negativa de acesso a Deus, de
acordo com a expressão de Kierkegaard sobre a infinita diferença qualitativa entre o tempo e a
eternidade.
Com o destaque da transcendência divina abriu largo espaço entre Deus e o homem.
Abandonado o homem existencialmente a si mesmo, não tendo senão a fé como caminho para
o alto. Cristo é o intermediário, como se diz na Epístola aos Romanos, e comentada por Barth.
A teologia de Barth recebe muitos nomes: teologia da crise, teologia dialética, teologia
kerigmática,teologia da Palavra.
Participou, como observador, do Concílio Vaticano II. A doutrina de Barth está presente em
seus numerosos discípulos e em sua extensa e valiosa obra escrita. Destacamos seu
monumental Die Kirchliche Dogmatik (10 vols., 1955) e o Comentario à epístola aos Romanos
(1919); Humanismus (1950), e outras.
1) Barth destaca a absoluta transcendência de Deus. Deus é o único positivo, o ser. O homem,
no entanto, da mesma forma que o mundo, é a negação, o não ser. Justamente por não ser
nada, o homem não tem a possibilidade de autoredenção; nem ao menos de conhecer Deus,
mas somente de saber que não o conhece.
2) A iniciativa vem de Deus, que irrompe no mundo do homem através de sua revelação e
palavra. A teologia de Barth é, por isso, a teologia da palavra. A revelação de Deus é o objeto
da teologia. Barth centra toda a sua atenção na revelação e palavra de Deus na Bíblia.
3) Barth vê a revelação de Deus na Bíblia como algo dinâmico, não estático. A palavra de Deus,
diz Barth, não é um objeto que nós controlamos como se fosse um corpo morto que podemos
analisar e dissecar. Na realidade é como um sujeito que nos controla e atua sobre nós. E essa
Palavra é capaz de nos fazer reagir de um jeito ou de outro.
Barth prega que “a mensagem da graça de Deus é mais urgente que a mensagem da Lei de
Deus, de sua ira, de sua acusação e de seu juízo”. A teologia de Barth exerceu e continua
exercendo uma influência decisiva na constante procura da palavra autêntica e verdadeira de
Deus. Sua condição de “crente” que não invoca nenhum mérito diante de Deus é o melhor
estímulo para os cristãos de todos os tempos.
Produziu obra volumosa, ainda que sob poucos títulos:- Comentário à epístola aos romanos
(1919);- O cristão na sociedade (1920);- A ressurreição dos mortos (1924);- A palavra de Deus e
a teologia (1925);- A dogmática cristã (26 vols, 1932-1969);- A teologia protestante no século
19 (1947).
“Devemos falar de Deus. Somos, porém, humanos e como tais não podemos falar de Deus.
Devemos saber ambos, nosso dever e nosso não-poder, e justamente assim dar glória a Deus”
"Que o Pai ama o Filho e que o Filho é obediente ao Pai, que Deus se entrega ao homem neste
amor e, nesta obediência, assume a baixeza do homem para elevá-la à sua altura, que o
homem se torna livre neste acontecimento, pelo fato de escolher por sua vez a Deus que o
elegeu, eis em absoluto uma história que não pode, como tal, ser interpretada por equívoco
como uma causa imóvel que produz efeitos quaisquer"
"O culto constitui a ação mais momentosa, mais urgente e mais gloriosa que pode acontecer
na vida humana".
"Que Deus enquanto Deus seja capaz de tal condescendência, de tal rebaixamento de si
mesmo, que esteja disposto e pronto para isto: eis aí - o que muitas vezes se desconhece neste
caráter concreto - o mistério da 'divindade de Cristo'"
"Precisa morrer em Cristo o homem que escolhe para si o materialismo, lendas e fábulas ou a
transitoriedade do mundo; o homem que se esquece que nada tem que não tivesse recebido e
precisasse receber novamente de Deus; o homem que quer safar-se do paradoxo da fé; o
homem que já não quer, ou que ainda não quer, abrir mão de sua confiança na sabedoria, na
ciência, nas coisas certas e palpáveis do mundo, e do conforto que este oferece, para
depender exclusivamente da graça de Deus. Precisa morrer em Cristo o homem que tenha
qualquer outro pretexto para se apoiar, que não seja 'esperança'."
"Justamente de Jesus Cristo, não sabemos nada de tão certo quanto isto: em uma livre
obediência a seu Pai, escolheu ser homem e, como tal, fazer a vontade de Deus"
"Eis, portanto, qual é a realidade de Jesus Cristo: Deus mesmo em pessoa está presente e age
na carne. Deus mesmo em pessoa é o sujeito de um ser e de um agir realmente humanos. E é
justamente assim, e não de outra forma, que este ser e este agir são reais. É um ser e um agir
autêntica e verdadeiramente humanos... Sua humanidade (de Jesus) não é senão o atributo da
sua divindade, ou antes, em termos concretos: ela não é senão o atributo, assumido no
decurso de um rebaixamento incompreensível, da Palavra que age em nós e que é o Senhor".
"Como filho do homem e portanto como ser humano, Jesus Cristo só existe pela ação de Deus:
pelo fato de ser primeiramente o Filho de Deus... Mas a humanidade de Jesus, em si e como
tal, seria um atributo sem sujeito".
5 comentários:
Lua dos Açores disse...
Olá, Gil. Tanta coisa boa nos teus blogs. Obrigada pela partilha
Beijo
revrico1 disse...
Caro amigo...voce tem mais material sobre Barth...se tiver poderia enviar-me para meu
email...ricarso1@hotmail.com
Apesar dos pensamentos diferentes sobre a Teologia e a Bíblia, venho aqui como leitor
confiando na IMPARCIALIDADE do Blog...pois, tais assuntos muito me interessam, ou seja,
conteudo Teologico, e vida e obra de seus amantes...está bem parecido com o conteudo do
Battista Mondin
Abraço!
Confesso meu "entusiasmo" por esse teólgo, tendo já devorado um tomo pelo menos, de seus
escritos...
Minha denominação não é seguidora de sua visão mas, eu amo seus escritos...
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