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A ESTETIZAÇÃO DA VIDA COTIDIANA

- Analisando as definições de pós-modernismo, encontra-se uma ênfase no apagamento


das fronteiras entre arte e vida cotidiana, o colapso das distinções entre alta-cultura e
cultura de massa/popular, ocorrendo uma igualização e um nivelamento das hierarquias
simbólicas.

- Neste capítulo será abordado sobre a ênfase na estetização da vida cotidiana e


transformação da realidade em imagens, além da perda do sentido de história e a
fragmentação do tempo.

- É possível falar da estetização da vida cotidiana em três sentidos:

- O primeiro diz respeito às subculturas artísticas que produziram os movimentos


dadaísta, surrealista e da vanguarda histórica, que procuraram apagar as fronteiras entre
arte e vida cotidiana. Defendiam que a arte pode estar em qualquer lugar ou em
qualquer coisa e questionavam a posição de respeitabilidade da arte no museu ou na
academia.

- O segundo refere-se ao projeto de transformar a vida numa obra de arte.

- O terceiro fala sobre o fluxo veloz de signos e imagens que saturam a trama da
vida cotidiana na sociedade contemporânea. Este baseia-se bastante na teoria do
fetichismo da mercadoria de Marx.

- Para Adorno, a dominância cada vez maior do valor de troca não


somente suprimiu o valor de uso original das coisas e o substituiu pelo valor de troca
abstrato, como também deixou a mercadoria livre para adquirir um valor de uso ersatz
ou secundário, que Baudrillard denomina como “valor-signo”.

- A centralidade da manipulação comercial das imagens, mediante a


publicidade, a mídia e as exposições, performances e espetáculos da trama urbanizada
da vida diária, determina, portanto, uma constante reativação de desejos por meio de
imagens. Confronta as pessoas com imagens-sonho que falam de desejos e estetizam e
fantasiam a realidade.

- Este terceiro aspecto é central para o desenvolvimento da cultura de


consumo.

- Baudrillard desenvolveu uma teoria da mercadoria-signo, na qual mostrou como a


mercadoria se transformou num signo, cujo significado é determinado arbitrariamente
por sua posição num conjunto auto-referenciado de significantes. Também chamou
atenção para a sobrecarga de informação proporcionada pela mídia, que atualmente nos
confronta com um fluxo infinito de imagens e simulações fascinantes. Nessa hiper-
realidade o real e o imaginário se confundem e a fascinação estética está em toda parte.
- As imagens, ao contrário da linguagem, se baseiam nas memórias perceptuais que se
apoiam no inconsciente e não são estruturadas por regras sistemáticas, como a
linguagem.

- A estetização da vida cotidiana pode ter sua gênese na expansão da cultura de


consumo nas grandes cidades das sociedades capitalistas do século XIX, que se
tornaram os locais dos mundos de sonho embriagantes, do fluxo de mercadorias,
imagens e corpos (o flâneur) em constante mutação.

- Tem-se argumentado que mudanças importantes vêm ocorrendo nas instituições


(anteriormente) designadas como espaços exclusivos de conhecedor instruído e do
observador sério: os museus. Atualmente, os museus procuram agradar as plateias mais
amplas, descartando seu rótulo de espaços destinados exclusivamente à alta-cultura para
se transformarem em locais de espetáculos, sensações, ilusões e montagens – espaços
que proporcionem experiências, em vez de incutir o valor do saber canônico e das
hierarquias simbólicas dominantes.

- Isso aponta para a necessidade de examinar a estetização da vida cotidiana em


situações específicas no espaço e no tempo, tendo em vista a experiência desses novos
espaços junto aos vários públicos e plateias.

Modernité

- O termo refere-se à nova experiência da modernidade, segundo Baudelaire.

- Baudelaire, Benjamin e Simmel procuraram explicar as novas experiências de


modernité nas grandes cidades. Baudelaire focalizou Paris entre 1840 e 1850, que
também viria a fascinar Benjamin. Simmel focalizou a experiência de divagadores e
consumidores nos espaços urbanos novos e repletos de Berlim. A Berlim de Simmel
também foi tema das reflexões de Benjamin.

- Baudelaire era fascinado com a beleza e o horror da vida em Paris. Para ele, a arte
devia esforçar-se para apreender esses cenários modernos. Ele desprezava os artistas
contemporâneos, pois acreditava que o artista deveria ter consciência de que cada época
tem o seu próprio passo, olhada e jeito. O pintor da vida moderna, na sua concepção,
deveria se esforçar para perseguir a beleza transitória, fugaz, que é reconstituída com
uma velocidade cada vez maior.

- As novas galerias parisienses foram o tema de Passagen-Werk de Benjamin. As


galerias e lojas de departamentos, esses “mundos de sonho” da cultura de consumo,
eram para Benjamin materializações da fantasmagoria de que falara Marx em sua seção
sobre o fetichismo da mercadoria. As novas galerias e lojas de departamentos eram
templos onde as mercadorias em cultuadas como fetiches.
- O ritmo acelerado da moda intensifica nossa consciência temporal, e nosso prazer
simultâneo com o novo e com o antiquado nos dá uma forte noção do tempo presente.
(contraponto com a pátina)

- Simmel e Benjamin podem ser usados para chamar nossa atenção para o modo como a
paisagem urbana ficou estetizada e encantada, mediante a arquitetura, outdoors, vitrines,
anúncios, publicidade, embalagens, sinais de rua etc. e mediante as pessoas reais que se
movimentam por esses espaços: os indivíduos que, em graus variados, usam roupas,
penteados e maquilagens da moda, ou que adotam formas estilizadas específicas de se
movimentar ou aprumar seus corpos.

- A estetização da vida cotidiana, nesse sentido, assinala a expansão e a extensão da


produção de mercadorias nas grandes cidades, que ergueu novos edifícios, lojas de
departamentos, galerias, shopping centers, etc., produzindo uma coleção infindável de
bens para revestir as lojas e abastecer os que por elas passam. É essa dupla capacidade
da mercadoria, de ser valor de troca e valor de uso ersatz, de ser o mesmo e o diferente,
que lhe permite assumir uma imagem estetizada, seja qual for a imagem idealizada da
moda.

As classes médias e o controle do carnavalesco

- Depois das revoluções de 1848, assistiu-se à emergência das boêmias, que adotam
estratégias de transgressão em sua arte e seu estilo de vida.

- As boêmias de classe média, especialmente o surrealismo e o expressionismo,


assumiram, de uma forma deslocada, muitas das inversões e transgressões simbólicas
encontradas no carnaval.

- Stallybrass e White discutem a natureza relacional dos carnavais, festivais e feiras,


vistos como inversões ou transgressões simbólicas nas quais as distinções
superior/inferior, erudito/popular, clássico/grotesco são mutuamente construídas e
deformadas.

- Estes autores também fazem uma discussão interessante sobre o papel duplo das feiras.
As feiras são espaços de prazer: são locais, festivas, comunais e desligadas do mundo
real; eram espaços de transformação da tradição popular mediante a interseção de
diferentes culturas; eram espaços de “hibridização” como designa Bakhtin.

- Com efeito, as feiras foram as precursoras ao ar livre das lojas de departamentos e das
exposições universais do final do século XIX. São locais onde a excitação, o perigo e o
choque do grotesco fundem-se com sonhos e fantasias que ameaçam engolfar e dominar
os espectadores.

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