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Aulas de xadrez contribuem para mudar a realidade de escola

Professor de educação física e xadrez na Escola Municipal Jardim


das Palmeiras, em Campo Novo do Parecis, Mato Grosso, Cleiton
Marino Santana idealizou projeto para tentar mudar a realidade
daquela instituição de ensino, inserida em um complexo de
desigualdade e vulnerabilidade social.

O projeto, Xadrez como Ferramenta de Inclusão Social, foi um dos


vencedores, no ano passado, da sétima edição do Prêmio
Professores do Brasil, na categoria Temas Livres, subcategoria
Séries ou Anos Finais do Ensino Fundamental.

Com recursos da Fundação André Maggi, de utilidade pública, foram adquiridos móveis, computadores,
impressora, lousa digital, 70 peças de xadrez escolar, dez peças de xadrez oficial, seis livros e 45 relógios
específicos do jogo, entre outros equipamentos. “Nosso objetivo era criar a melhor sala de ensino de xadrez
do Brasil”, diz o professor.

Além dos alunos que participam das aulas, o projeto conta com alunos-monitores, que ajudam na
organização da sala, no ensino da modalidade e em outras atividades. Cada monitor é responsável por uma
área do projeto e recebe treinamento semanal sobre os conceitos técnicos do jogo e de suas metodologias
de ensino. De acordo com Cleiton, isso contribui para a evolução do aluno-monitor quanto a itens como
cumprimento de horários, responsabilidade, organização, respeito, paciência, autocontrole e demais
habilidades necessárias à futura inserção no mercado de trabalho.

As aulas de xadrez fizeram tanto sucesso que logo ultrapassaram o horário da educação física, ao qual
estava restrita. O projeto foi ampliado e, hoje, a sala de xadrez fica aberta de segunda a sexta-feira, das 7
às 11 e das 13 às 17 horas. Aos sábados, das 7 às 11 horas, com atendimento a mais de 750 alunos por
semana.

Com a repercussão, outras escolas mostraram interesse. Isso levou Cleiton a preparar alunos integrantes do
projeto para atuar como professores-monitores nas demais instituições.

Com graduação em educação física e pós-graduação em docência do ensino superior, Cleiton considera o
xadrez uma grande ferramenta escolar, pois a prática colabora para a concentração do aluno. Entre os bons
resultados do projeto, ele cita melhoria no rendimento, como a obtenção de notas médias melhores entre os
alunos que praticam o jogo em relação aos demais.

Estímulo — Os estudantes convidados a participar de competições em eventos municipais, regionais ou


nacionais tiveram a oportunidade de conhecer localidades e de entrar em contato com outras culturas. Para
o professor, que está no magistério há 12 anos, a atividade contribui, assim, para ampliar os horizontes e as
perspectivas dos alunos. Ele afirma ainda que a oportunidade de participar de torneios e fazer viagens é um
estímulo para que os alunos não integrantes do projeto passem a se dedicar ao xadrez.

O desenvolvimento do projeto Xadrez como Ferramenta de Inclusão Social possibilitou, ainda, a integração
entre pais e alunos, a aprendizagem de tecnologias (computador e lousa digital), a criação da Associação de
Xadrez de Campo Novo e o destaque dos monitores do projeto na segunda fase das Olimpíadas Brasileiras
de Matemática.

Fátima Schenini

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Aulas sobre o jogo resultam em melhor desempenho dos


alunos

Ao perceber os benefícios do xadrez no


rendimento e no comportamento dos alunos que
se sentavam diante do tabuleiro, a diretora da
Escola Estadual Clertan Moreira do Vale, em
Tupaciguara, região do Triângulo Mineiro, não
teve a menor dúvida. As aulas do jogo de origem
indiana, até então restritas aos estudantes do
turno integral, foram incorporadas à grade
curricular e tornaram-se obrigatórias no projeto
pedagógico da escola. Assim, há quatro anos, os
880 alunos de turmas do primeiro ao nono ano do ensino fundamental têm aulas de xadrez, com duração de
50 minutos, duas vezes por semana.

Com isso, as aulas de educação física passaram a ser dadas no contraturno. “Como nossa cidade é
pequena, os alunos podem almoçar em casa e voltar à tarde para as atividades de educação física”, explica
a diretora, Patrícia Andrade. Desse modo, a escola não apenas criou mais conforto para os alunos, que
deixaram de ir suados para as salas de aula. Os estudantes passaram a ter uma atividade extra no turno
regular. Os resultados positivos com a nova dinâmica do xadrez se traduzem em melhores notas em leitura
e em matemática e também no relacionamento com professores e colegas, além da própria família.

“As mudanças trazidas pelo xadrez foram muitas”, afirma a diretora. “Os alunos estão mais concentrados
nas atividades de sala de aula, e as notas melhoraram.” Segundo Patrícia, o gosto pelo jogo de tabuleiro é
tanto que os alunos aproveitam a hora do recreio para jogar no pátio da escola.

O xadrez chegou à escola pelo professor de educação física Sérgio Ricardo Ferreira, autodidata. Ele se
apaixonou pelo jogo aos seis anos de idade. “Aprendi vendo os adultos jogarem”, conta. “Começamos com
dois alunos e, atualmente, todos os 300 estudantes do integral participam. Foi uma evolução muito rápida.”

Competições — Há três anos, a escola participa dos Jogos Escolares e sempre conquista medalhas. Em
2015, quatro alunos foram classificados para a etapa regional. “Temos alunos que estão evoluindo muito no
raciocínio estratégico exigido para se fazer boas jogadas; daqui a pouco, eu é que serei o aluno deles”,
brinca o professor.

Dione Henrique Pereira Santos, 13 anos, aluno do oitavo ano, é um desses aprendizes de sucesso. Ele
aprendeu a jogar nas aulas, em 2014, e já começa a colecionar resultados de destaque nas competições
escolares. E não é só. O estudante conta que suas notas em matemática melhoraram. “O xadrez é um jogo
de inteligência, tem de raciocinar e de pensar estrategicamente”, ensina. “É preciso ficar focado,
concentrado, pensando na melhor resolução; aprendi a usar isso na matemática: olho os problemas como
um jogo de xadrez e tento chegar ao xeque-mate.”

Em casa, o xadrez permitiu melhorar o relacionamento de Dione com a madrasta. “Depois que saio da
escola, jogamos à tarde; ela me vence, às vezes; estamos bem mais próximos.”

Mancala — Em Sabará, cidade histórica, na área metropolitana de Belo Horizonte, o xadrez também
repercutiu em notas e comportamento melhores entre os alunos do sexto e do sétimo anos da Escola
Estadual Christiano Guimarães. Diante do sucesso do projeto, trabalhado em parceria no ano passado, as
professoras Sônia Teodora dos Santos, de matemática, e Cristiane Mendes Pinto Rezende, de educação
física, planejam repeti-lo neste ano letivo. Sônia introduziu em suas aulas a mancala (jogo de semeadora),
de origem africana, e Cristiane, o xadrez, dois jogos que estimulam o raciocínio lógico.

As professoras promoveram uma competição interna, nas salas, e depois entre as turmas como forma de
aumentar o interesse. Ao fim do projeto, os melhores alunos foram premiados com medalhas e avaliados
pelas professoras. “Por incrível que pareça, os alunos deixaram de lado os tablets e os celulares para jogar
xadrez e mancala”, diz Sônia. “Isso é muito bom para o rendimento matemático porque eles saem do
imediatismo das novas tecnologias e aprendem a ter paciência e mais calma, a se concentrar com os jogos
de tabuleiros.”

Com duas décadas de experiência em sala de aula, há oito anos a professora de matemática prefere
trabalhar, a cada bimestre, com um tipo diferente de jogo. A mancala, segundo ela, permite aos estudantes
aprender sobre o plano cartesiano e a contar por agrupamento e aprimorar o raciocínio lógico. Para
estimular o aprendizado, os próprios alunos constroem o jogo, com feijões e caixas de ovos. Além do mais,
de acordo com a professora, a mancala é uma forma de trabalhar com os alunos, de forma transversal, um
pouco da história e da tradição africanas.

Estratégia — O xadrez foi introduzido na escola, nas aulas de educação física, como estratégia para tornar
os alunos menos ansiosos. As professoras consideram o retorno muito melhor do que o planejado. “Por isso,
pelo menos em um bimestre a cada ano letivo, esse jogo de tabuleiro é adotado como projeto pedagógico”,
diz a professora Cristiane, que agora assume como vice-diretora da escola. “Percebemos que o xadrez
ajuda na disciplina, na socialização, na concentração, no raciocínio lógico, e isso se reflete em melhores
notas e na relação professor-aluno.”

O xadrez, a mancala, o dominó e outros jogos educativos são formas de despertar o interesse dos alunos
pela matemática. “Os jogos educativos dão outra qualidade ao ensino da matemática, que deixa de ser
aquela disciplina temida e mecânica”, afirma Sônia. “Até o meu relacionamento com os alunos se tornou
melhor e mais próximo.”

Rovênia Amorim

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Valorizada e incentivada em cidade gaúcha, prática é usada como ferramenta pedagógica


Jogo desenvolve o raciocínio e ajuda a ampliar a concentração de estudantes em Manaus
Jogo desenvolve o raciocínio e ajuda a ampliar a concentração
de estudantes em Manaus

Professora de educação física na Escola


Estadual Princesa Isabel, em Manaus, Jaqueline
Guerreiro de Mendonça apoia o xadrez nas
aulas. “O jogo é uma ferramenta pedagógica
importante para o desenvolvimento cognitivo das
crianças”, assinala a professora, que leciona a
turmas do terceiro ao quinto ano do ensino
fundamental. Ela aprendeu a jogar xadrez em
um curso de formação continuada oferecido pelo
setor de educação física da coordenadoria
distrital à qual está vinculada. “Foi amor à primeira vista”, destaca.

De acordo com Jaqueline, o xadrez proporciona inúmeros benefícios aos estudantes e deveria ser praticado
em escolas de todo o país. O primeiro desses benefícios que ela aponta é a concentração. “Vejo que os
alunos, em um primeiro momento, aprendem a se concentrar, pois cada peça tem um movimento”, diz.
“Depois, vem o exercício da estratégia, pensar em jogadas possíveis.”

A professora aponta, em seguida, outras habilidades, como desenvolvimento da memória, velocidade de


raciocínio, capacidade de solucionar problemas e poder observador. Para ela, tudo isso ajuda não apenas
no desenvolvimento do próprio jogo, mas também em situações cotidianas e no aprendizado das demais
disciplinas. “Nem toda criança saberá responder o que é diagonal, vertical, horizontal, mas aquela que já
observou alguém falar sobre os movimentos do bispo e da torre, duas peças de xadrez, saberá”, afirma.
“Isso é noção básica de direção e será usado na matemática.”

O aumento do poder de concentração e de desenvolvimento do raciocínio também é lembrado pela diretora


da instituição, Maria Aristeia Pimentel Matos, entre os benefícios do xadrez a seus praticantes. Há 30 anos
no magistério e com experiência de 15 anos na direção de instituições de ensino, Maria Aristeia revela que a
escola Princesa Isabel adotou o jogo de xadrez para os estudantes há cerca de cinco anos, como opção
para aqueles resistentes a atividades que exigiam esforço físico.

Competições — Os estudantes costumam participar de competições, com resultados satisfatórios. “Em


2016, um de nossos alunos, Thiago Souza Sobrinho, ganhou o primeiro lugar na categoria sub-10 do
campeonato de xadrez da Federação Amazonense e se qualificou para o campeonato brasileiro”, diz
Jaqueline. “Ainda tivemos uma aluna, Iza Beatriz Fernandes Barbosa, que ficou em segundo lugar também
na categoria sub-10 do mesmo campeonato.”

A participação dos enxadristas em competições chamou a atenção dos demais estudantes e resultou no
aumento do número de praticantes da modalidade.

Fátima Schenini

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Jogo estimula nos alunos o aprendizado das disciplinas

Apaixonado pelo jogo de xadrez, o professor


Adriano José da Silva Nascimento idealizou um
projeto para estimular a prática da atividade na
Escola Estadual Mário Gomes de Barros, no
município alagoano de Joaquim Gomes, a 60
quilômetros de Maceió. Seu interesse pelo jogo
começou quando ainda era aluno do ensino
médio na mesma escola. “Participei de torneio
interno e me encantei com o xadrez, que além
de jogo é arte e ciência”, revela.

Praticado na escola desde 2005, limitado, então, às aulas de educação física, o xadrez passou a ser
adotado nas diversas disciplinas do ensino médio a partir de 2015. Naquele ano, Adriano criou o projeto O
Xadrez e as Diversas Disciplinas, com a coordenadora pedagógica Fátima Maria Rodrigues Pereira, hoje
diretora da instituição. Seu propósito foi estimular a criatividade, participação e melhoria do desempenho dos
estudantes nas diversas disciplinas do ensino médio.

Assim, nas aulas de história, por exemplo, os estudantes adquirem conhecimentos sobre a origem e a
evolução do jogo. Nas aulas de química, disciplina lecionada por Adriano, a abordagem passa pelos
materiais e processos envolvidos na confecção das peças e tabuleiros. “O interesse e a participação dos
alunos ficaram acima do esperado, o que nos deixou muito animados e encorajados”, destaca o professor.
Ele diz que procurou fazer um projeto que chamasse a atenção e “rompesse com a mesmice”, do qual todos
os alunos pudessem participar ativamente. “Daí surgiu a ideia de montar um xadrez gigante no pátio do
colégio, acessível aos alunos nas horas vagas e intervalos”, diz. Segundo o professor, o aluno conhecedor
do jogo o ensina aos demais.

As peças do jogo foram confeccionadas pelos estudantes, em papel-machê, com materiais recicláveis e cola
biodegradável, a partir de moldes feitos pelo professor. “Criei o desenho com o modelo das peças, juntei
latas de leite e garrafas plásticas e fiz o esqueleto das peças”, afirma. “Esqueleto pronto, fiz o
preenchimento com papeis velhos, amassados, moldando e fixando com fita adesiva.”

O passo seguinte foi a colagem de tiras de papel em torno da peça, até a obtenção de uma camada rígida,
em formato compatível com o projeto. Depois de secas, as peças foram envelopadas. Um detalhe foi a cola
usada por Adriano, que ele chama de biocola, feita com maisena (amido de milho), vinagre e água.

A última etapa do processo foi a cópia das peças-molde, feita pelos alunos com o método da papietagem
(técnica artesanal, que usa papel, cola e um molde). Para isso, os estudantes também usaram a biocola.

Benefícios — Segundo Adriano, o projeto resultou na melhoria da disciplina, do empenho dos alunos nas
aulas e da relação professor-aluno, além da socialização entre as classes. Outra melhoria, segundo ele,
ocorreu no relacionamento entre os alunos oriundos de fazendas e sítios e os da cidade. “Com o xadrez, o
aluno deixa de ser tímido, retraído, e passa a se relacionar de maneira produtiva, com o mesmo nível de
competitividade e interação”, avalia.
De acordo com Adriano, a participação e o interesse dos estudantes foram tão satisfatórios que resolveram
criar um clube de xadrez na escola. Dessa forma, podem dar continuidade ao ensino e à prática do jogo,
com possibilidade de participação em torneios internos e externos.

Adriano acredita que todo estudante deveria ter a oportunidade de entrar em contato com o xadrez.
“Justifico isso baseado em experiência pessoal, nos resultados que obtivemos com o projeto e nas diversas
pesquisas e estudos já realizados acerca do uso do xadrez como atividade pedagógico-esportiva
extraclasse”, enfatiza.

Na visão do professor, o xadrez permite o desenvolvimento da atenção, concentração, planejamento,


responsabilidade, respeito e criatividade, entre outros pontos, o que contribui para aumentar a confiança e a
autoestima dos alunos. “A forma como se pensa nas melhores jogadas ou consequências destas implica
melhores tomadas de decisões na vida, respeitando valores, regras e, principalmente, o respeito mútuo”,
destaca. “O jogo começa com um aperto de mãos e termina da mesma forma, evidenciando que não há
maior ou menor, e enfatizando que vitória ou derrota nada mais é que aprendizado.”

De acordo com a diretora da unidade de ensino, o maior benefício do xadrez é a concentração do aluno.
“Mas valorizo muito a questão de que, apesar de ser um jogo, e todo jogo ser competitivo, não há nenhuma
briga ou exaltação durante as partidas.”

Fátima Schenini

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Tradição no interior de Goiás, jogo é rotina para os alunos, acostumados a competir


Aulas sobre o jogo resultam em melhor desempenho dos alunos
Valorizada e incentivada em cidade gaúcha, prática é usada como ferramenta pedagógica
Jogo desenvolve o raciocínio e ajuda a ampliar a concentração de estudantes em Manaus

Tradição no interior de Goiás, jogo é rotina para os alunos,


acostumados a competir

Desde o início do ano letivo, alunos das duas


escolas públicas municipais de Chapadão do
Céu, cidade de 15 mil habitantes, a 489
quilômetros de Goiânia, aprendem as estratégias
para chegar ao xeque-mate, em diferentes
jogadas. A ideia da secretaria municipal de
educação é levar adiante projeto de ensino de
xadrez capaz de aliar os benefícios desse
milenar jogo de tabuleiro como recurso
pedagógico educativo o resgate da tradição da
cidade em participar de competições.
“Nossa cidade já teve grande prestígio nos campeonatos de xadrez, e precisamos trazer esse
reconhecimento de volta”, explica Álvaro Barbosa Damacena, um campeão da cidade, e de Goiás,
contratado pela secretaria para ensinar xadrez nas duas escolas e também na biblioteca municipal. “Eu
participava de uma equipe e sempre viajava pelas cidades do estado para competir, e é isso que queremos
para nossos alunos”, diz o professor, que aprendeu a jogar xadrez aos 12 anos, quando era aluno da Escola
Municipal Flores do Cerrado. Naquela época, o jogo fazia parte das atividades da aula de educação física.

Hoje, além dos alunos da escola onde estudou, Álvaro ensina também os estudantes da Escola Municipal
Dona Amélia Garcia Cunha. Assim que eles estiverem prontos, o professor pretende programar uma
competição entre as duas unidades de ensino. Depois, todos serão incentivados a participar dos
campeonatos regionais. O xadrez está tão incorporado à cultura da cidade que, no ano passado, os alunos
do turno integral da escola Flores do Cerrado levaram o jogo para o desfile cívico de 21 de agosto, quando
se comemora a emancipação política de Chapadão do Céu — em 1991, passou de povoado a município.

Rotina — Os tabuleiros de xadrez fazem parte da rotina escolar há dez anos, mas até o ano passado,
somente os 300 alunos do turno integral, oriundos das fazendas de milho, soja e cana-de-açúcar da região,
podiam participar da oficina, na hora do recreio. “Agora, com a contratação do professor pela secretaria de
educação do município, os alunos do regular também podem participar”, explica a diretora, Rozane Pelisson
Filipin. “Isso é importante porque o xadrez ajuda muito no raciocínio lógico exigido pela matemática.”

Na hora do recreio, a professora de matemática Edjânia Rodrigues Sousa Alves acompanha e joga com os
alunos participantes das oficinas. “Depois que começaram a jogar, eles passaram a ver os problemas da
matemática como desafios que precisam ser vencidos”, diz a professora. “Eles persistem mais em resolvê-
los.”

Edjânia aprendeu a jogar xadrez durante o curso de licenciatura em matemática na Universidade Estadual
de Goiás (UEG), campus de Santa Helena de Goiás, a 345 quilômetros de Chapadão do Céu.

Espera — Na escola Dona Amélia Garcia Cunha, o xadrez é oferecido aos estudantes no contraturno, duas
vezes por semana. “Temos 30 alunos participando e 12 na fila de espera”, afirma a diretora, Cleci Filipin.
“Infelizmente, não podemos abrir mais vagas, pois queremos que o professor possa atender a todos com
qualidade.”

Cleci também elogia a iniciativa da Secretaria de Educação de Chapadão do Céu de recuperar uma tradição
da cidade. “É uma atividade que vai ajudar muito na disciplina e na sociabilidade dos alunos porque cria o
hábito da concentração”, afirma.

O professor Álvaro Damacena, responsável por ensinar a arte milenar do xadrez a estudantes do ensino
fundamental das duas escolas municipais, nota mudanças positivas no comportamento das crianças e
adolescentes: “Os alunos hiperativos já estão mais calmos e percebem que é preciso deixar o impulso de
lado e ter paciência para entender a jogada e o adversário”, explica. “E isso é um aprendizado que serve
para as demais atividades da escola e para as decisões da vida.”

Rovênia Amorim

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Valorizada e incentivada em cidade gaúcha, prática é usada


como ferramenta pedagógica

No município gaúcho de Campo Bom, no Vale do


Rio dos Sinos, região metropolitana de Porto
Alegre, o jogo de xadrez é uma atividade
valorizada e incentivada nas escolas, com a
participação de estudantes em competições
diversas. “O envolvimento com o xadrez iniciou-
se por volta de 1994, quando eu exercia a
função de coordenadora de educação física,
esporte e lazer na Secretaria Municipal de
Educação e Cultura”, diz a professora Márcia Korndoerfer Tornin, da Escola de Ensino Fundamental Rui
Barbosa.

Márcia promoveu, na época, um curso de capacitação em xadrez para professores da rede municipal, em
parceria com a Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, de Novo Hamburgo. “O trabalho, então,
começou a frutificar nas escolas e surgiu a ideia de organizarmos o 1º Torneio Aberto de Xadrez em Campo
Bom, que já está na 21ª edição.”

A instalação do Clube de Xadrez na Biblioteca Pública Municipal foi outra medida adotada por Márcia.
“Aberto à comunidade, funcionava aos sábados de manhã, com monitoria do aluno Marcelo Konrath,
atualmente professor e árbitro internacional de xadrez e editor do portal Xadrez Gaúcho”, diz a professora.

A partir de 2009, já na Escola Rui Barbosa, Márcia continuou a incentivar a prática do xadrez nas aulas de
educação física, com turmas do sexto ao nono ano do ensino fundamental. Os resultados obtidos com a
iniciação ao jogo nessa faixa etária a levaram a propor, em 2013, um projeto direcionado a alunos do
terceiro ao quinto ano. “O xadrez, agora, é trabalhado semanalmente em sala de aula a partir do terceiro
ano”, diz. Além disso, às quintas-feiras, os alunos que se destacam em sala de aula participam do encontro
de xadrez, no turno vespertino, destinado ao aprimoramento das estratégias e integração à equipe de
competição da escola, composta por 24 alunos.

Durante as aulas, Márcia procura despertar nos alunos o prazer no aprendizado do xadrez e o gosto pelo
desafio. Isso, segundo ela, os leva a desenvolver competências como agilidade de raciocínio, capacidade de
visualização espacial, elaboração de estratégias próprias, aumento do tempo de concentração e
desenvolvimento da memória. Há 32 anos no magistério, ela tem graduação em educação física e pós-
graduação em metodologia do ensino da educação física.
Estímulo — “O xadrez é um esporte divertido, que estimula o raciocínio lógico, a concentração e a
memória”, diz a professora Lizandra Patrícia Gottlieb, diretora da Escola Rui Barbosa. “Também estimula a
imaginação, desenvolve a capacidade de planejamento na criação de estratégias e exige paciência e
respeito ao colega.”

De acordo com Lizandra, após certa resistência inicial ao xadrez, principalmente por parte de alguns
professores, que o consideravam difícil e complicado para alunos pequenos, a professora Márcia conseguiu
desenvolver o gosto pelo jogo na escola, graças ao trabalho lúdico que desenvolveu desde os primeiros
anos. “O trabalho foi gradativo, atingindo também o público adolescente”, ressalta. Outra iniciativa foi a
participação dos estudantes em campeonatos de xadrez, dentro e fora da cidade.

Para o professor Eder de Oliveira, da Escola de Ensino Fundamental Princesa Isabel, ao aprender a jogar
xadrez, as crianças tendem a aumentar a concentração, a paciência e a perseverança e se tornam mais
flexíveis ao resolver problemas e tomar decisões.

Professor de educação física em turmas da educação infantil ao quinto ano do ensino fundamental, Eder
percebeu que poderia aproveitar o jogo como ferramenta pedagógica. Agora, o xadrez faz parte das aulas
de educação física e no contraturno. “O xadrez faz e pode fazer ainda mais diferença para nossas crianças
no que se refere à elevação da autoestima e confiança”, diz Eder. “Elas passam a se sentir incluídas e
valorizadas socialmente, o que contribui para sua formação.”

De acordo com o professor, a literatura científica especializada destaca que a prática do jogo de xadrez
contribui, efetivamente, para o desenvolvimento do raciocínio lógico, da capacidade de análise, síntese e de
resolução de problemas, da abstração e objetividade, do autocontrole e autoestima. “Alunos que por vezes
são menosprezados ou preteridos pelos colegas por não terem as mesmas habilidades físicas e motoras
podem encontrar no xadrez um meio para interagir com os colegas e se sentir incluídos no grupo”, destaca.

Atitude — Eder salienta a mudança ocorrida nas atitudes dos alunos. “A cada vitória em torneios, eles se
sentiam mais confiantes, conduziam a resolução dos seus conflitos com mais paciência e respeito mútuo, e
isso, para nossa escola, foi uma grande mudança”, enfatiza o professor, pós-graduado em educação física
escolar.

O xadrez é uma das atividades incluídas no Programa Acolher – Desafios para Além da Jornada Escolar,
desenvolvido em Campo Bom desde 2009. O programa atinge em torno de duas mil crianças e
adolescentes em todos os bairros do município. Têm prioridade no atendimento aquelas em situação de
risco e vulnerabilidade social. “O envolvimento dos alunos com diversas atividades colabora para a
prevenção do uso de drogas no meio escolar”, defende Graciela Rosa Soares, coordenadora do esporte
escolar da Secretaria de Educação do município.

Fátima Schenini

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