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São Luís – MA
2017
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São Luís – MA
2017
2
P271a
Palhano Neto, Ricardo Benedito
26f. il.
CDU 615.1(812.1)
3
__________________________________________
Prof. Dr. Luciano Mamede de Freitas Junior
Doutor em Ciências da Saúde
__________________________________________
Profª. Ma. Lucy Rose de Maria Oliveira Moreira
Mestre em Química
__________________________________________
Prof. Esp.Carlos Augusto Barbosa Toledo
Especialista em Metodologia do Ensino Superior.
4
AGRADECIMENTOS
Antes de tudo à יהוה, (Iahweh, Javé, Jeová), que me permitiu ter força e
Bastos Gonçalves e Lucy Rose de Maria Oliveira Moreira, pela consultoria prestada
correções e incentivo.
Trigueiro, Ana Andreia Rabelo, Leonardo Cantanhede e Jamilson Ferreira, pelo apoio
RESUMO
A exposição negligente à radiação solar pode causar danos graves como cânceres de
pele. Para prevenir estes transtornos é necessário o uso diário de protetores solares.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) determina que seja implantado
o Sistema de Cosmetovigilância em todas as empresas que fabriquem estes produtos,
incluindo farmácias magistrais. No entanto, as ações de vigilância são consideradas
insuficientes para este setor, já que ainda apresenta desvios em seus processos de
produção. Este estudo objetiva avaliar a qualidade de formulações contendo filtros
solares, manipuladas na cidade de São Luís- MA. Foram avaliadas 7 amostras de
protetores solares obtidos em diferentes farmácias magistrais. Os testes realizados
no estudo compreendem os ensaios de: rotulagem; características organolépticas; pH;
peso, centrifugação, avaliação microbiológica e determinação do Fator de Proteção
Solar (FPS). Nenhuma das amostras foi reprovada nos testes de características
organolépticas, peso, pH e centrifugação. Porém, todas elas estavam fora dos
padrões de normas vigentes para rotulagem; 43% das amostras mostraram
crescimento microbiológico acima do permitido pela ANVISA, com contagens de até
105 UFC/g. Apenas uma amostra apresentou FPS dentro da variação aceitável,
observando-se variação de até 93% abaixo do declarado no rótulo do produto. A
rotulagem inadequada dos produtos pode levar ao seu uso incorreto, enquanto que o
crescimento de microrganismos nas formulações pode causar instabilidade química e
antecipar a degradação do filtro solar, alterando seu FPS. Os resultados indicam a
necessidade de adequação às Boas Práticas de Manipulação para garantir qualidade
aos fotoprotetores e segurança para a saúde pública.
ABSTRACT
The negligent exposure to solar radiation can provoques serious damages such as
skin cancers. To prevent these disorders requires the daily use of sunscreens. The
National Agency of Sanitary Surveillance (ANVISA) requires that the Cosmetology
Surveillance System be implemented in all companies that manufacture these
products, including manipulation pharmacies. However, surveillance actions are
considered insufficient for this sector, since it still presents deviations in its production
processes. This study aims to evaluate the quality of formulations containing
sunscreens, handled in the city of São Luís-MA. Seven samples of sunscreens
obtained from different manipulation pharmacies were evaluated. The tests realized in
the study include: labeling; organoleptic characteristics; pH; weight, centrifugation,
microbiological evaluation and determination of the Solar Protection Factor (SPF). No
samples were reprove in the organoleptic characteristics tests, weight, pH and
centrifugation. But, all of them were outside the current standards for labeling
standards. 43% of samples showed microbiological growth above that allowed by
ANVISA, with counts of up to 105 CFU/g. Only one sample presented SPF within the
acceptable range, variation up to 93% was observed below that stated on the label.
Inappropriate labeling of the products may lead to misuse, while the growth of
microorganisms in the formulations can cause chemical instability and anticipate the
degradation of the sunscreen by altering its SPF. The results indicate the need to adapt
to Good Manipulation Practices to guarantee quality to photoprotectors and safety for
public health.
1. INTRODUÇÃO
inorgânicos, já os que conseguem absorver até 95% desta radiação são conhecidos
como filtros químicos ou orgânicos7.
Produtos de uso externo aplicados em diferentes partes do corpo com o
principal objetivo de proporcionar limpeza, perfume, mudança de aparência, correção
de odores corporais, proteção e ou mantê-las em bom estado, são classificados como
cosméticos8. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), através da
Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 30 de 2012, considera os protetores solares
como cosméticos e preconiza que seu grau de proteção seja caracterizado por seu
Fator de Proteção Solar (FPS), que consiste na razão entre o tempo de exposição a
raios UV necessário para causar eritema na pele protegida e o tempo necessário para
produzir o mesmo efeito na pele desprotegida9.
A partir de 2006, a RDC 332 de dezembro de 2005, passou a determinar a
implantação do sistema de Cosmetovigilância em todas as empresas fabricantes de
produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes. Este sistema foi implantado para
garantir a qualidade final dos produtos cosméticos, tendo em vista, principalmente a
segurança, eficácia, e informação à ANVISA, ao fabricante e ao consumidor10.
Entre estas empresas estão inclusas as farmácias magistrais que
manipulam cosméticos, entretanto as ações da ANVISA são consideradas
inconsistentes e insuficientes para a demanda existente neste setor, visto que os
estabelecimentos ainda necessitam de melhorias no controle de qualidade, mão de
obra, equipamentos e procedimentos operacionais11.
As farmácias de manipulação, ou magistrais, são aquelas onde além do
comércio de medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, são preparadas
formulações que obedecem a prescrições médicas específicas ou seguem as
instruções de compêndios farmacopeicos. Estas preparações podem ser
medicamentosas ou cosméticas12.
De acordo com a ANVISA, a determinação do FPS deve ser realizada em
estudos in vivo, contudo para as farmácias magistrais não é viável a utilização deste
método durante o controle de qualidade de rotina dos protetores solares, visto que
diversas preparações são individualizadas e receitadas por dermatologistas, o que
torna o procedimento demorado e oneroso. Neste caso existem métodos in vitro que
apresentam a vantagem da reprodutibilidade e rapidez13.
11
Para se alcançar a qualidade que tornará o produto final apto para uso é
necessário que as farmácias exerçam as Boas Práticas de Manipulação (BPM),
“conjunto de medidas que visam assegurar que os produtos manipulados sejam
consistentemente manipulados e controlados, com padrões de qualidade apropriados
para o uso pretendido e requerido na prescrição”12.
No Brasil, A Resolução RDC nº 67, de outubro de 2007, regulamenta as
BPM nas farmácias e estas devem ser implementadas em todo o ciclo da produção,
de forma a garantir a qualidade físico-química e microbiológica de todos os produtos
manipulados antes da sua dispensação12.
Entre outros critérios, no caso dos cosméticos, o pH não pode apresentar-
se com acidez ou alcalinidade corrosivas, deve haver compatibilidade físico-química
entre os componentes das formulações e o material das embalagens, com o intuito de
evitar instabilidades que poderão afetar a eficácia e segurança das formulações e a
contagem de microrganismos não pode ascender à valores estipulados em
legislações vigentes14.
Levando-se em conta que a efetividade de filtros solares pode ser
prejudicada pela não observância às BPM e que tais não conformidades podem trazer
prejuízos à saúde pública, este estudo tem o objetivo de avaliar a qualidade de
formulações contendo filtros solares, manipuladas na cidade de São Luís do
Maranhão.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Onde:
FC = fator de correção (= 10), determinado de acordo com dois filtros solares
de FPS conhecidos de tal forma que um creme contendo 8% de homossalato
resultasse no FPS 4;
EE(λ) = efeito eritematógeno da radiação solar em cada comprimento de onda
(λ);
I(λ) = intensidade da radiação solar em cada comprimento de onda (λ);
Abs (λ) = leitura da absorbância obtida da amostra em cada comprimento de
onda (λ).
14
290 0,0150
295 0,0817
300 0,2874
305 0,3278
310 0,1864
315 0,0839
320 0,0180
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise dos rótulos dos produtos avaliados obteve os resultados listados nas
tabelas 2 e 3.
A única amostra que identificou em seu rótulo pelo menos um filtro solar de
sua composição foi a amostra ‘B’. Infelizmente, não informou o teor deste ativo,
impossibilitando este estudo de avaliar se a sua concentração estava dentro do
permitido pelas agências reguladoras.
Tabela 3: Lista de informações obrigatórias em rótulos de protetores solares de acordo com a RDC
30/2012; e sua presença ou ausência nos rótulos das amostras A, B, C, D, E, F e G.
AMOSTRAS
ITEM INFORMAÇÃO
A B C D E F G
1 Fator de Proteção Solar (FPS); X X X X X X X
2 Denominação de Categoria de Proteção (DCP);
"É necessária a reaplicação do produto para manter a sua
3 X X X X X X
efetividade";
4 "Ajuda a prevenir as queimaduras solares";
"Para crianças menores de 6 (seis) meses, consultar um
5
médico";
"Este produto não oferece nenhuma proteção contra
6
insolação";
7 "Evite exposição prolongada das crianças ao sol";
8 "Aplique abundantemente antes da exposição ao sol"; X X X X X X
"Reaplicar sempre, após sudorese intensa, nadar ou banhar-
9
se, secar-se com toalha e durante a exposição ao sol"
"Se a quantidade aplicada não for adequada, o nível de
10
proteção será significativamente reduzido".
‘X’ indica os itens observados em cada uma das amostras.
pele19. A clareza das informações inseridas nos rótulos é importante para que a
população faça uso correto destes produtos21.
Em relação a amostra que não identificou em seu rótulo nem mesmo o
farmacêutico responsável e sua inscrição no CRF, deve-se dizer que apresenta falha
gravíssima. Visto que este é o profissional capacitado e habilitado junto às agências
sanitárias para as atividades exercidas pelas farmácias magistrais e é o responsável
pela manipulação das formulações sob sua direção técnica22.
Apesar de duas amostras apresentarem peso líquido abaixo do declarado em
rótulo, nenhuma delas foi reprovada neste ensaio, já que as formulações podem
apresentar-se com peso até 10% abaixo do declarado em rótulo, no caso de produtos
até 60 g e até 7,5%, no caso de produtos de 60 a 150 g15. Este ensaio auxilia na
detecção de prováveis desvios que possam ocorrer em equipamentos, técnicas ou
metodologias utilizadas para efetuar medidas e pesagens.
Os resultados do teste de peso estão representados na figura 1.
TESTE DE PESO
68 67 69 70
64 65
60 60 60 60 58 60 60 60
13,3 11,7
6,7 8,3
0,0
A B C D E F -1,7 G
-3,3
AMOSTRA pH CV (%)
A 7,8 ± 0,1 1,3
B 6,9 ± 0,1 1,7
C 7,2 ± 0,1 0,8
D 6,9 ± 0,1 0,8
E 6,8 ± 0,1 0,9
F 6,8 ± 0,1 1,5
G 5,8 ± 0,2 2,9
CV= Coeficiente de Variação.
18
Em estudos realizados por Tonin33, 60% das amostras estavam fora dos
limites estabelecidos no ensaio microbiológico e em análises feitas por Marques 34 o
índice de reprovação foi de 39%. Já em trabalho publicado por Carvalho 32 as amostras
reprovadas ocupam apenas 14% do número de formulações analisadas.
20
A B C D E F G
DETERMINAÇÃO DO FPS
VA
G 4
F 4
Amostras
E 2
D 2
C 3
B 25
A 2
0 5 10 15 20 25 30
FPS calculado
Figura 3: Fator de Proteção Solar calculado utilizando-se as absorbâncias obtidas na
análise espectrofotométrica das amostras A, B, C, D, E, F e G. VA= Variação Aceitável
(20%. De acordo com metodologia citada na RDC 30/2012.
A RDC 30/2012 traz em seu texto que apenas produtos que comprovem
FPS igual ou superior a 6 são considerados protetores solares9.
Com exceção da amostra ‘B’, todas as outras formulações apresentaram
FPS muito abaixo do declarado em seus rótulos, as variações alcançaram até 93%
para menos em algumas amostras.
Estes resultados são muito semelhantes aos descritos por Pinho 6 e
Araújo20, mas diferem dos relatados por Alves26, onde todas as formulações se
22
mostraram com FPS > 80% do declarado; e Roca 13, onde todas as amostras
apresentaram FPS ≥ 100% do valor declarado.
Tais diferenças entre os resultados podem ser explicadas pelo fato de que
os estudos feitos por Alves26 foram realizados em formulações preparadas e doadas
pelas farmácias magistrais para serem analisadas; e os estudos feitos por Roca 13
foram realizados em produtos industrializados. Enquanto que no presente estudo,
assim como o realizado por Araújo20, as intenções de análise não foram informadas
aos fabricantes no momento da encomenda dos produtos.
Pode-se dizer que o pH foi um fator contribuinte para que a amostra ‘B’
alcançasse um valor de FPS aceitável. Entretanto, não se pode afirmar que este
mesmo fator contribuiu para o baixo desempenho das outras amostras, já que estas
não identificaram seus ativos fotoprotetores em seus rótulos.
Outro fator que pode ter prejudicado a eficácia dos protetores solares
avaliados negativamente neste ensaio é o crescimento significativo de
microrganismos, que pode proporcionar instabilidade química em alguns
componentes das formulações, como os filtros solares por exemplo34.
Além dos fatores já citados, os valores baixos dos FPS demonstrados pela
maioria das amostras analisadas, também pode ter sido ocasionado por: escolha
inadequada das matérias primas; homogeneização irregular dos elementos das
formulações; desvios nas técnicas e/ou equipamentos de medição e pesagem; entre
outros12,20.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Determinação do teor de formaldeído por espectrofotometria e avaliação do rótulo.
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Científica e X Encontro Latino Americano de Pós-Graduação- Universidade do Vale
do Paraíba. 21-22 out. 2010. Disponível em:
www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2010/anais/arquivos/RE_0250_0354_01.pdf. Acesso
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