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RESUMO

19ªEXPANDIDO
RAIB 199/056 345

IDENTIFICAÇÃO DE INIBIDORES DE SERINOPROTEASES NAS FRAÇÕES PROTÉICAS DE SEMENTES


DE SENNA OCCIDENTALIS COMO OS PROVÁVEIS FATORES ANTINUTRICIONAIS TÓXICOS PARA
ANIMAIS

F.S. Coelho*, A.P.C. Sanches, F.C.R Pinto**, T. Carvalho, S. Kiyota

Instituto Biológico, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Animal, Av. Cons. Rodrigues Alves,
1252, CEP 04014-002, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: kiyota@biologico.sp.gov.br

RESUMO

No presente trabalho, as frações protéicas obtidas de sementes de Senna occidentalis (So)


foram avaliadas quanto à presença de prováveis inibidores de serinoproteases com vistas
à proposição de possíveis mecanismos de ação para as atividades tóxicas observadas nos
ensaios de toxicidade in vivo em aves e camundongos. As atividades de inibição enzimática
dessas amostras foram avaliadas através de microensaios de detecção in vitro empregan-
do três diferentes sistemas enzimáticos: 1) tripsina e N-a-benzoil-DL-arginina-p-
nitroanilida (BAPNA); 2) papaína e azocaseína; 3) quimotripsina e azocaseína. As ativi-
dades inibitórias de proteases das frações protéicas de So foram calculadas em função dos
seus conteúdos protéicos e os resultados foram expressos em constantes de inibição (Ki)
correspondentes a concentrações mínimas de amostras capazes de reduzir a velocidade
dessas reações enzimáticas alterando os parâmetros cinéticos Km (constante de Michaelis-
Mentem) e Vmáx (velocidade máxima) determinados nas mesmas condições experimentais
padronizadas na ausência do suposto inibidor. Os resultados preliminares deste trabalho
evidenciaram a presença de inibidores nas frações protéicas de So que foram capazes de
inibir a tripsina e quimotripsina com valores de Ki variando de 1,2 a 69,2 mg.mL-1 e de 0,6
a 27,7 mg.mL-1, respectivamente. As mesmas amostras não foram capazes de inibir a
papaína. Esses resultados fornecem evidências sugestivas de um provável mecanismo de
ação tóxica em que tais inibidores poderiam atuar ou como fatores antinutricionais e/ou
protegendo os componentes tóxicos das frações protéicas de So contra enzimas proteolíticas
do trato digestivo dos animais tratados.

PALAVRAS-CHAVE: Senna occidentalis, inibidores de proteases, proteínas de sementes,


ensaios enzimáticos, detecção in vitro.

ABSTRACT

SERINOPROTEASES INHIBITORS AS ANTINUTRITIONAL FACTORS TOXIC TO


ANIMALS IN SENNA OCCIDENTALIS SEED PROTEIN FRACTIONS. In the present work,
Senna occidentalis (So) seed protein fractions were evaluated for the presence of protein(s)
component(s) capable of inhibiting proteases, which could help to explain the probable
mechanism of action for toxic activities observed in in vivo toxicity assays using chickens
and mice. Those activities were evaluated by in vitro enzymatic detection microassays
using: trypsin and Ná-benzoyl-DL-arginine-p-nitroanilide (BAPNA); papain and azocasein;
and chymotrypsin and azocasein systems. The proteases inhibitory activities were
calculated as a function of samples protein content and results were expressed by Ki
(inhibition constant) corresponding to sample minimal concentrations capable of reducing
the velocity of enzymatic reactions by altering Km and Vmax, kinetic parameters determined
in the same standardized experimental conditions, in the absence of inhibitors. The
preliminary results from this work evidenced the presence of inhibitors in the So seed

*Bolsista CNPq/PIBIC.
**Bolsista FAPESP.

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protein fractions, which exhibited Ki values varying from 1.2 to 69.2 mg.mL-1 and from 0.6
to 27.7 mg.mL-1 for trypsin and chymotrypsin inhibitions, respectively. These samples
were not capable of inhibiting papain activity. These results provided new insights to
probable mechanism of toxic action of So seed protein fractions, in which serinoproteases
inhibitors could act as antinutritional factors and/or by protecting the toxic components
against proteolitic enzymes in the digestive tract of animals.

KEY WORDS: Senna occidentalis, proteases inhibitors, seed proteins, enzymatic assays, in-
vitro detection.

INTRODUÇÃO dos, pela primeira vez, da soja (Glycine max). Tais


inibidores mostraram ser capazes de atuar também
As leguminosas são fontes importantes de proteí- como antinutrientes. Os principais tipos de
nas e peptídeos para a alimentação animal e têm sido inibidores de serinoproteases de soja (SBPI) mais
alvo de diversas investigações científicas devido à abun- conhecidos e melhor estudados são os inibidores
dância desses compostos atuando nos mecanismos de Kunitz (KSTI) e os inibidores Bowman-Birk (BBI).
defesa dessas plantas. Dentre eles, destacam-se os Esses inibidores são proteínas termo-estáveis e re-
inibidores de enzimas digestivas, lectinas, quitinases, sistentes ao aquecimento em temperaturas acima de
defensinas, glucanases, etc. que exercem funções im- 70°C. Os KSTIs apresentam massas moleculares en-
portantes de defesa contra o ataque de insetos, preda- tre 19 a 22 kDa que podem conter de 170 a 200 resí-
dores e patógenos, tais como, bactérias e fungos (OLI- duos de aminoácidos e uma ou duas ligações
VEIRA et al., 2002; ZHU-SALZMAN et al., 1998; DAYLER et al., dissulfeto intra-cadeias. Esses KSTIs inibem forte-
2005; YE & NG, 2005; PELEGRINI & FRANCO, 2005). mente a tripsina e são fracos inibidores da
Diferentes proteínas atuando com sinergismo bem quimotripsina. Já os BBIs são proteínas pequenas,
como proteínas multifuncionais podem ser encontra- tipicamente, com 60-90 resíduos de aminoácidos,
das em uma mesma espécie vegetal contribuindo na ricas em cisteína, alto grau de homologia de seqüên-
formação de barreiras de defesa da planta (MELO et cias apresentando massas moleculares de 8 a 16 kDa.
al., 2002). Os BBIs possuem várias ligações dissulfeto altamen-
Os inibidores de proteases são proteínas capazes te conservadas formando uma rede que ajuda a man-
de suprimir as atividades proteolíticas de enzimas di- ter uma estrutura rígida. Nas dicotiledôneas, a mas-
gestivas de animais, tais como, tripsina, quimotripsina, sa molecular dos BBIs é ~8 kDa, enquanto que, as
amilase, carboxipeptidases, cisteíno-peptidases, etc, monocotiledôneas contem inibidores BBI que po-
formando complexos estequiométricos estáveis. Quan- dem ser divididos em outras duas classes, uma com
do ingeridos por animais ou pelo homem, esses as de ~8 kDa de tamanho que possuem um sítio
inibidores atuam de forma negativa nos processos de reativo com atividade anti-tríptica e outra com as de
digestão e absorção, diminuindo a biodisponibilidade ~16 kDa com dois sítios reativos. Esses compostos
dos nutrientes e levando à perda de peso, possuem uma seqüência repetitiva, de 4 e 8 kDa, res-
hepatotoxicidade, hipertrofia pancreática e morte. pectivamente, sugerida como sendo o resultado da
Por outro lado, no que se refere à defesa das plan- duplicação do gen. Os BBIs inibem fortemente tanto
tas, as fitocistatinas se destacam como inibidores de a tripsina como a quimotripsina em sítios de liga-
proteinases cisteínicas que possuem atividades ini- ções independentes (ODANI & IKENAKA, 1973; DIPIETRO
bitórias contra proteases exógenas de pestes de inse- & LIENER, 1980).
tos coleópteros e nematóides. Esses compostos vêm A Senna occidentalis é uma erva daninha da família
sendo investigados quanto a sua expressão em plan- das leguminosas, freqüentemente presentes nas pas-
tas transgênicas com a finalidade de aumentar a re- tagens e nas culturas de cereais, como milho, sorgo e
sistência da planta hospedeira contra o ataque de in- soja, utilizadas na produção de rações para animais.
setos (LECARDONNEL et al., 1999). A leguminosa tem sido associada a diversos casos de
Os inibidores de proteases estão amplamente dis- intoxicação de animais por ingestão espontânea
tribuídos em uma variedade de plantas de diferentes (COLVIN et al., 1986). Em trabalho anterior, frações
famílias botânicas, sendo conhecidas, pelo menos, 10 protéicas derivadas do extrato aquoso de sementes
famílias que inibem, especificamente, cada uma das 4 de So mostraram serem capazes de afetar as repostas
classes de enzimas proteolíticas (serino-proteases, imunes humoral e celular de camundongos (PINTO et
cisteíno-proteases, proteases aspárticas e al.,2005). Além disso, essas frações foram tóxicas para
metaloproteases). o fígado e órgãos linfóides (timo, bursa de Fabricius e
Os inibidores de serino-proteases são encontra- baço) em ensaios de toxicidade in vivo em aves de
dos principalmente nas leguminosas e foram isola- corte (PINTO et al.,2006).

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Neste estudo, foi investigada a presença de prová- Soluções estoque da quimotripsina 1,0 mg/mL e
veis inibidores de serino-proteases (tripsina, azocaseína 0,4% foram preparadas em TE (Tris-HCl
quimotripsina) e papaína (cisteíno-peptidases) nos 0,05M, pH 7,5 + CaCl2 0,02M). As reações de inibição
extratos protéicos de sementes de Senna occidentalis (So). foram realizadas pela pré-incubação da mistura de
Os resultados preliminares deste trabalho estão solução de quimotripsina (0,1 mg/mL – 10 mL) com
mostrados a seguir e fornecem evidências sugestivas as frações de So diluídas em TE (10 – 50 mL), por
de um provável mecanismo de ação para as ativida- 15min, 37º C. Após a incubação, foram adicionados
des tóxicas das frações protéicas de So observadas 200 mL de azocaseína 0,2% em TE e a mistura
nos animais. reacional com volume final de 0,5 mL foi incubada
por mais 30min, 37º C. A reação foi interrompida pela
adição de TCA 10% (150 mL). A mistura reacional foi
MATERIAIS E MÉTODOS centrifugada e os sobrenadantes foram neutralizados
pela adição de NaOH 0,25 mol.L-1 (150 mL). As
Materiais absorbâncias foram medidas em comprimento de
onda de 440 nm. Para o cálculo das velocidades das
Extrato bruto protéico de Senna occidentalis (EB) e reações enzimáticas (mmol.L-1.min-1) foram conside-
suas frações obtidas através da precipitação rados a variação DA440 em 30 min de reação e o coefi-
fracionada com sulfato de amônio (F25, F50, F75). ciente de extinção molar dos produtos da azocaseína
As enzimas tripsina, quimotripsina e papaína bem e/NaOH = 32-38 mol.L-1.cm-1.
como os substratos N-abenzoil-DL-arginina-r-
nitroanilida (BAPNA) e azocaseína. Ensaios de cinética e inibição de Papaína
Os ensaios de inibição de papaína empregando a
Métodos azocaseína como substrato foram realizados como
descrito a seguir. A solução de papaína 0,2 mg/mL
Ensaios de cinética e inibição de Tripsina em TE (Fosfato 0,25M, pH 6,0) foi incubada com uma
Os ensaios de atividade da tripsina, na ausência solução ativadora (SA) (EDTA 2mM + DTT 3mM) por
ou na presença de inibidor, foram realizados empre- 10 min, 37ºC. Em seguida, foram adicionadas as fra-
gando: soluções estoque de tripsina (E) 5,0 mg/mL ções de So (10 – 50 mL) diluídas em TE a um volume
em tampão de enzima (TE) (Tris-HCl 50 mmol.L-1, pH final de 400 mL e a mistura foi incubada por mais
7,5, em presença de CaCl2 20 mmol.L-1) e de BAPNA 10min, 37º C. Após a incubação, foram adicionados
100 mM em dimetilsulfóxido (DMSO). 10 mL da solu- 200 mL de azocaseína 0,2% em TE e a mistura
ção de tripsina 0,1 mg/mL (correspondente a 1 mg de reacional com volume final de 0,7 mL foi incubada
enzima) foram pré-ativadas em 450 mL TE, na ausên- por mais 10 min, 37ºC. A reação foi interrompida pela
cia de inibidor ou na presença de frações de So em adição de TCA 10% (150 mL). A mistura reacional foi
concentrações variadas (10 – 50 mL), pela incubação centrifugada e os sobrenadantes foram neutralizados
a 37ºC por 10 min. 140 mL de diferentes concentra- pela adição de NaOH 0,25 mol.L-1 (150 mL). As
ções de BAPNA (0,25 a 3,2 mmol.L-1) e 200 mL DMSO absorbâncias foram medidas em comprimento de
25%/TE foram adicionadas aos tubos contendo onda de 440 nm. As velocidades das reações
tripsina ativada e a mistura reacional em volume fi- enzimáticas (mmol.L-1.min-1) foram calculadas como
nal de 0,5 mL foi incubada por mais 15 min a 37ºC. A no método anterior, considerando a variação DA440
reação enzimática foi interrompida com a adição de em 30 min de reação e o coeficiente de extinção
solução de ácido acético 30% (AcOH 30%) e as molecular dos produtos da azocaseína e/NaOH =
absorbâncias do produto formado (p-nitroanilina) 32-38 mol.L-1.cm-1.
foram medidas no comprimento de onda de 410 nm.
As velocidades das reações enzimáticas expressas Determinação das constantes de inibição
em mmol.L-1.min-1foram calculadas pela equação de enzimática (Ki)
Lambert Beer considerando a variação DA410 em 15 min Os valores de Ki foram calculados pelas seguintes
de reação e o coeficiente de extinção molar da p- fórmulas:
nitroanilina e/Tris-HCl = 7680 mol.L-1.cm-1. Os valo-
res de Km e Vmáx da tripsina foram determinados [I ]
Kiapp 
através dos gráficos de Michaelis-Menten e duplo-recí- vo  vi
proco de Lineweaver-Burk. vi

Ensaios de cinética e inibição de Quimotripsina Kiapp


Ki 
Os ensaios de inibição de quimotripsina foram Km  S
realizados empregando a azocaseína como substrato. Km

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onde: inibitórias de tripsina com valores de Ki variando de


Kiapp = constante de inibição aparente; 1,2 a 69,2 mg/mL. Quanto menor o valor de Ki maior
[I] = concentração protéica do inibidor (μg/mL); a potência do inibidor, conseqüentemente, maior a
v0 = velocidade inicial (Vmax/2) na ausência do inibidor concentração do inibidor na fração. Sendo assim, den-
(mmol.L-1.min-1 para tripsina; tre as amostras testadas, F25 mostrou ser a mais po-
mmol.L-1.min-1 para quimotripsina); tente, exibindo um Ki de 1,2 μg/mL, respectivamente.
vi = velocidade da tripsina na presença do inibidor As outras amostras inibiram a tripsina com Kis bas-
(mmol.L-1.min-1 para tripsina; tante similares entre si (1,2 a 3,4 μg/mL) indicando a
mmol.L-1.min-1 para quimotripsina);Ki = constante presença de um potente inibidor nessas frações.
inibição (mg/mL); Nesses ensaios, foi empregado o fluoreto de
[S]= concentração do substrato utilizada no ensaio de ini- fenilmetanosulfonila (PMSF), um inibidor sintético
bição (mmol.L-1 ou %); inespecífico de serino-proteases disponível comerci-
Km = constante de Michaelis-Menten . almente que, nas mesmas condições experimentais,
inibiu quase completamente a tripsina exibindo um
Ki da ordem de ng/mL.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos nos ensaios de inibição de
quimotripsina realizados com as mesmas amostras
A Tabela 1 Pode-se observar, nessa tabela, que to- derivadas dos extratos desementes de So estão mos-
das as amostras testadas apresentaram atividades trados na Tabela 2.

Tabela 1 - Resultados da inibição da tripsina pelo extrato bruto So (EB) e frações da precipitação com sulfato de amônio
(F25, F50, F75).
Inibidor (I) Concentração Tripsina BAPNA vi (mmol/L.min) Ki app* Ki **
Protéica (μg) (mmol/L) (μg/mL) (μg/mL)
(μg/mL)
EB 49,0 1,0 0,75 0,85 109,3 69,2
F25 1,9 1,0 0,75 0,61 1,8 1,2
F50 7,1 1,0 0,75 0,44 3,9 2,6
F75 14,3 1,0 0,75 0,33 5,3 3,4
PMSF 10,0 1,0 0,75 < 103 < 10-3 < 10-3
*Kiapp= constante de inibição aparente considerando: [I] = concentração protéica do inibidor na reação (mg /mL); vo
= velocidade inicial na ausência do inibidor (mmol.L-1.min-1); vi = velocidade da reação na presença do inibidor
(mmol.L-1.min-1).
**Ki = constante de inibição calculada considerando: Km = 1,38 mmol.L-1; Vmax = 2,45 mmol.L-1.min-1; S = 0, 75
mmol.L-1

Tabela 2 - Resultados da inibição da quimotripsina pelo extrato bruto So (EB) e frações da precipitação com sulfato de
amônio (F25, F50, F75).
Inibidor (I) Concentração Quimotripsina Azocaseína vi (mmol/L.min) Ki app* Ki **
Protéica (μg) (%) (μg/mL) (μg/mL)
(μg/mL)
EB 35,0 1,0 0,2 0,47 31,7 27,7
F25 5,1 1,0 0,2 0,48 4,8 4,2
F50 1,4 1,0 0,2 0,34 0,7 0,6
F75 10,3 1,0 0,2 0,48 9,4 8,2
PMSF 10,0 1,0 0,2 0,48 9,1 8,0
*Kiapp= constante de inibição aparente considerando: [I] = concentração protéica do inibidor na reação (mg/mL); vo =
velocidade inicial na ausência do inibidor (mmol.L-1.min-1); vi = velocidade da reação na presença do inibidor (mmol.L-
1
.min-1).
**Ki = constante de inibição calculada considerando: Km = 1,37%; Vmax = 1,99 mmol.L-1.min-1; S = 0,2%.

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Os resultados dessa tabela são semelhantes aos AGRADECIMENTOS


apresentados na Tabela 1, sendo que a fração F50
exibiu atividade inibitória de quimotripsina mais Os autores agradecem à FAPESP pelo apoio finan-
potente com um Ki de 0,6 mg/mL que foi inferior ao ceiro concedido ao projeto (FAPESP Proc. 03/09282-
observado para o PMSF (Ki = 8,0 mg/mL). Já as ati- 7) e bolsa de Iniciação Científica (a FCRP – Proc. 04/
vidades inibitórias de quimotripsina observadas 11934-5) e ao CNPq pela bolsa de Iniciação Científica
para o extrato bruto de So bem como para as outras (a FSC PIBIC/IB - Proc.107793/2006-7).
frações protéicas (F25 e F75) foram comparáveis à
do PMSF, que foi menos potente do que para a
tripsina. REFERÊNCIAS
O extrato bruto e as frações protéicas de So foram
testados quanto à presença de possíveis fitocistatinas, COLVIN, B.M.; HARRISON, L.R.; SANGSTER, L.T., GOSSER,
que são inibidores de enzimas digestivas envolvidas H.S. Cassia occidentalis toxicosis in growing pigs.
com um dos mecanismos de defesa das plantas con- Journal of the American Veterinary Medical
tra o ataque de insetos. Association, v.189, p.423-426, 1986.
Os valores de Km e vmáx encontrados nos ensai- CORREIA; L.C.; BOCEWICZ; A.C.; ESTEVES, S.A.; PONTES, M.G.;
os para a detecção desse tipo de inibidores utilizan- VERSIEUX, L.M.; TEIXEIRA, S.M.R.; SANTORO, M.M.;
do a papaína 0,2 mg/mL em tampão fosfato e con- BEMQUERER, M.P. The effect of organic solvents and
centrações variáveis do substrato azocaseína (0,05 a other parameters on trypsin-catalyzed hydrolysis
1,0%) foram: 0,92 e 5,71 mmol.L-1.min-1, respectiva- of Na-benzoyl-arginine-p-nitroanilide. A project-
mente. oriented biochemical experiment. Journal of
Nenhuma das amostras apresentou atividades Chemical Education, v.78, n.11, p.1535-1537, 2001.
inibitórias de papaína significativas (dados não mos- DAYLER, C.S.A.; MENDES, P.A.M.; PRATES, M.V.; BLOCH
trados). J UNIOR, C.; F RANCO , O.L.; GROSSI -DE-S Á , M.F.
Os resultados obtidos nesses ensaios com as fra- Identification of a novel bean a-amylase inhibitor
ções protéicas de sementes de So foram indicativos with chitinolytic activity. Febs Letters, v.579, p.5616-
da presença de inibidores com atividades semelhan- 5620, 2005.
tes às encontradas para os inibidores protéicos DIPIETRO, C.M. & LIENER, I.E. Heat Inactivation of the
Bowman-Birk (BBI) isolados da soja (Glycine max) Kunitz and Bowman-Birk Soybean Protease
que, como descrito anteriormente, inibem fortemente Inhibitors. Journal of Agricultural and Food
tanto tripsina quanto a quimotripsina e também são Chemistry, v.37, p.39-44, 1980.
capazes de atuar como antinutrientes (DIPIETRO & LECARDONNEL, A., CHAUVIN, L., JOAUMIN, L., BEAUJEAN, A.,
LIENER, 1980). PREVOST, G., SANGWAN-NORREEL, B. Effects of rice
cystatin I expression in transgenic potato on
Colorado potato beetle larvae. Plant Science, v.140,
CONCLUSÕES p.71-79, 1999.
MELO,F.R.; RIGDEN, D.J.; FRANCO, O.L.; MELLO, L.V.; ARY,
Neste trabalho foi evidenciada a presença de M.B.; GROSSI-DE-SÁ, M.F.; BLOCH JUNIOR, C. Inhibition
inibidores nas frações protéicas de So que foram ca- of trypsin by cowpea thionin: characterization,
pazes de inibir as atividades proteolíticas da tripsina molecular modeling, and docking. Proteins, v.48,
e quimotripsina. As mesmas amostras não foram ca- p.311-319, 2002.
pazes de inibir a atividade da papaína. ODANI, S. & IKENAKA, T. Scission of soybean Bowman-
Os resultados obtidos neste trabalho fornecem Birk proteinase inhibitor into two small fragments
evidências sugestivas de um provável mecanis- having either trypsin or chymotrypsin inhibitory
mo de ação para as atividades tóxicas das fra- activity. Journal of Biochemistry, v.74, p.857-856, 1973.
ções protéicas de So observadas em aves e camun- OLIVEIRA, A.S.; PEREIRA, R.A.; LIMA, L.M.; MORAIS, A.H.A.;
dongos. Os inibidores específicos de serino- MELO, F.R.; FRANCO, O.L.; BLOCH JUNIOR, C.; GROSSI-
proteases presentes nessas frações poderiam es- DE-SÁ, M.F.; SALES, M.P. Activity toward bruchid
tar atuando ou como fatores antinutricionais e/ pest of a Kunitz-type inhibitor from seeds of the
ou como protetores dos componentes tóxicos con- algaroba tree (Prosopis juliflora D.C.). Pesticide
tra as ações de enzimas proteolíticas do trato di- Biochemistry and Physiology, v.72, p.122-132, 2002.
gestivo dos animais. Estudos estruturais utilizan- PELEGRINI, P.B. & FRANCO,O.L. Plant g-thionins: novel
do os componentes protéicos isolados dessas fra- insights of the mechanism of action of multi-
ções, que possibilitem correlacionar a toxicidade functional class of defense proteins. The
e a capacidade de inibição de serino-proteases, International Journal of Biochemistry & Cell Biology,
estão em andamento. v.37, p.2239-2253, 2005.

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