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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
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Nº 70045737707
2011/CÍVEL

RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE DE


TRÂNSITO. MORTE DE PASSAGEIRO
TRANSPORTADO POR VEÍCULO DO MUNICÍPIO
QUE SE ENVOLVEU EM ACIDENTE EM RODOVIA.
A responsabilidade dos entes estatais é objetiva,
nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição
Federal, que consagra a Teoria do Risco
Administrativo, somente podendo ser elidida
quando comprovado culpa exclusiva da vítima,
caso fortuito ou força maior, o que não ocorreu no
caso em tela.
É devido pensionamento aos filhos e à
companheira da vítima, dada a dependência
econômica, que é, inclusive, presumida. Pensão
mensal estabelecida em um salário mínimo,
deduzida a parcela de 1/3, referente aos gastos e
despesas pessoais. O termo inicial é a data do
acidente, quando cessou a contribuição para o
sustento do lar. O termo final, para os filhos, é a
data em que completarem 25 anos, e para a viúva,
a data em que o extinto completaria 70 anos,
conforme postulado na petição inicial. Ressalvado
o direito de acrescer. As parcelas vencidas
deverão ser corrigidas monetariamente pelo IGP-M
e acrescidas de juros de mora de 1% ao mês desde
quando deveriam ter sido pagas até a vigência da
Lei nº 11.960/2009, que deu nova redação ao art. 1º-
F da Lei 9.494/97.
É devida indenização pelos danos morais advindos
da perda repentina e precoce do ente querido, pai
e companheiro dos autores. Quantum fixado na
sentença majorado. O valor deverá ser acrescido
de juros de mora de 1% ao mês, desde o evento
danoso, de acordo com a Súmula nº 54 do STJ,
devendo ser observado o disposto na Lei
11.960/2009, que deu nova redação ao art. 1º-F da
Lei 9.494/97.
Ônus da sucumbência readequado, ficando o ente
público isento do pagamento das custas e
emolumentos, nos termos da Lei nº 13.471/2010
APELAÇÃO DO RÉU IMPROVIDA.
RECURSO ADESIVO DOS AUTORES
PARCIALMENTE PROVIDO.
SENTENÇA PARCIALMENTE MODIFICADA EM
REEXAME NECESSÁRIO.

APELAÇÃO REEXAME NECESSÁRIO DÉCIMA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL

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Nº 70045737707 COMARCA DE PINHEIRO MACHADO

JUIZ DE DIREITO DA VARA JUDICIAL APRESENTANTE


DA COMARCA DE PINHEIRO
MACHADO

MUNICÍPIO DE PINHEIRO APELANTE/RECORRIDO ADESIVO


MACHADO

ROSANGELA MACHADO E OUTROS RECORRENTE ADESIVO/APELADO

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.


Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Primeira
Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar
provimento ao apelo do réu e dar parcial provimento ao recurso adesivo dos
autores, modificando parcialmente a sentença em reexame necessário.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes
Senhores DES. BAYARD NEY DE FREITAS BARCELLOS (PRESIDENTE)
E DES.ª KATIA ELENISE OLIVEIRA DA SILVA.
Porto Alegre, 11 de abril de 2012.

DES. LUIZ ROBERTO IMPERATORE DE ASSIS BRASIL,


Relator.

R E L AT Ó R I O
DES. LUIZ ROBERTO IMPERATORE DE ASSIS BRASIL (RELATOR)

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MUNICÍPIO DE PINHEIRO MACHADO e ROSANGELA


MACHADO E OUTROS recorrem da sentença que julgou a ação de
indenização na qual litigam nos seguintes termos:

“ANTE O EXPOSTO, julgo parcialmente procedentes


os pedidos feitos por Rosângela Machado, Paulo Ricardo Machado
Quadrado, Anderson Roberto Machado Quadrado e Bruno Machado
Quadrado em face do Município de Pinheiro Machado para
CONDENAR o demandado no pagamento de indenização a título de
danos morais no valor de R$ 68.125,00 (sessenta e oito mil cento e
vinte e cinco reais) – R$ 27.250,00 (vinte e sete mil duzentos e
cinquenta reais) para a autora e R$ 13.625,00 (treze mil seiscentos e
vinte e cinco reais) para cada um dos demais demandantes/filhos –,
corrigido monetariamente pelo IGP-M, desde a data da publicação
desta sentença e acrescido de juros de mora 1% ao mês, a contar
da citação. Afasto os demais pedidos indenizatórios.
Havendo sucumbência recíproca, e decaindo a parte
autora de parte de seus pedidos, condeno o demandado no
pagamento de 70% das custas processuais e honorários
advocatícios dos patronos dos autores, que fixo em 15% sobre o
valor da condenação, observados os critérios do art. 20 § 3º do CPC.

Os demandantes arcarão com o pagamento de 30%


das custas processuais e honorários advocatícios fixados em R$
1.000,00 (hum mil reais), fulcro no artigo 20, §4º, do CPC. Admitida a
compensação, nos termos da Súmula nº 306, do STJ.”

O réu, em suas razões de recurso, sustenta que o acidente de


trânsito no qual se envolveu o veículo que transportava o pai e companheiro
dos autores ocorreu por culpa exclusiva de terceiro, motivo pelo qual
defende que não pode ser responsabilizado pelos prejuízos suportados por
eles em decorrência da morte da vítima. Pugna pela improcedência da
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pretensão formulada na exordial ou, ao menos, pela redução do quantum


indenizatório fixado pelos danos morais. Por fim, pede o provimento do apelo
e a reforma da sentença.
Recebido o apelo, os autores apresentaram contrarrazões e
interpuseram recurso adesivo. Em suas razões recursais, sustentam que o
quantum indenizatório arbitrado a título de dano moral merece ser majorado.
Aduzem, ainda, que fazem jus ao recebimento de pensionamento. Alegam
que as verbas indenizatórias devem ser corrigidas monetariamente pelo
IGP-M, desde a data do evento danoso, e acrescidas de juros de mora,
desde a citação. Por fim, pedem o provimento do recurso adesivo e a
reforma da sentença.
Recebido o apelo adesivo e apresentadas contrarrazões,
subiram os autos a este Tribunal de Justiça.
O Ministério Público opina pelo improvimento do apelo do réu e
pelo parcial conhecimento e parcial provimento do recurso adesivo dos
autores.
Vieram os autos conclusos para julgamento.
É o relatório.

VOTOS
DES. LUIZ ROBERTO IMPERATORE DE ASSIS BRASIL (RELATOR)
Da responsabilidade pelo evento danoso
Ao que se infere dos autos, no dia 26 de julho de 2008, o
companheiro e pai dos autores estava sendo transportado pelo automóvel
do Município de Pinheiro Machado para realizar tratamento médico em
Pelotas, quando, por volta das 11h40min, na BR 293, o veículo se envolveu
em acidente de trânsito com outro veículo, tendo sofrido graves lesões,
vindo a falecer.

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Sendo assim, a responsabilidade do réu, na espécie, é


objetiva, prescindindo da prova da culpa pelo evento ocorrido, nos termos do
art. 37, § 6º da Constituição Federal, in verbis:

“§ 6º. As pessoas jurídicas de direito público e as de


direito privado prestadoras de serviço público
responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo
ou culpa.”

Aplica-se, pois, a teoria do risco administrativo, respondendo o


Município “se de sua atividade resultou dano, a menos que consiga provar
alguma das duas excludentes possíveis: a) caso fortuito ou força maior; b)
culpa exclusiva da vítima.” (Felipe P. Braga Netto. Responsabilidade civil. São
Paulo: Saraiva, 2008. p. 245).

De maneira que, no caso sub judice, o fato de terceiro


sustentado pelo réu não possui o condão de excluir a sua responsabilidade
perante os autores.
Ademais, como ressaltado pelo julgador a quo, nada obsta que
a municipalidade busque, em ação regressiva, discutir a culpa do terceiro
reputado como sendo o causador do evento.
Nesse sentido:

APELAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL EM


ACIDENTE DE TRÂNSITO. REPARAÇÃO DE DANOS
MORAIS. MORTE DE PASSAGEIRA CONDUZIDA EM
AMBULÂNCIA DO MUNICÍPIO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. FATO DE
TERCEIRO. 1.Aplicável ao caso em exame a teoria da
responsabilidade objetiva do poder público, a teor do
art.37, §6º, da CF, somente elidida se demonstrada a
culpa exclusiva da vítima, ou se decorrente o dano de
caso fortuito ou força maior. Caso em que a esposa e
mãe dos autores, que estava na ambulância, veio a
falecer em decorrência das lesões causadas pela

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colisão contra outro veículo. Fato de terceiro que não


afasta a responsabilidade do município demandado.
Contra terceiro poderá exercer o direito de regresso.
2.Danos morais evidenciados pela repentina e trágica
morte da esposa e mãe dos autores. Manutenção do
montante fixado na sentença, considerando as
circunstâncias fáticas, a responsabilidade objetiva do
demandado, o princípio da proporcionalidade e, em
especial, os parâmetros desta Câmara em casos
semelhantes. 3.Dedução do valor do DPVAT. Cabível
somente quando comprovado o recebimento, o que
não ocorreu no caso em exame. 4.Ônus
sucumbenciais. 4.1.Redistribuição na ação principal,
considerando a sucumbência recíproca, sem
preponderância a qualquer das partes. 4.2.Honorários
na litisdenúncia. Não são devidos os encargos
sucumbenciais pela seguradora denunciada, pois
aderiu à tese do denunciante. Apelos parcialmente
providos. (Apelação Cível Nº 70033128349, Décima
Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Orlando Heemann Júnior, Julgado em
17/03/2011)

Assim, não merece reparos a sentença no ponto.

Do pensionamento
A prova carreada aos autos, especialmente a testemunhal,
denota que a família da vítima não possuía boas condições financeiras,
dependendo dos rendimentos do de cujus.
A autora Rosângela, companheira da vítima, informa, na
petição inicial, que se dedica ao lar, não tendo sido produzida qualquer
contraprova que desmereça tal alegação. Nesses casos, a dependência
econômica é presumida, pois decorre do fato de que os rendimentos obtidos
pelo membro da família, indubitavelmente, eram revertidos para a mesma e
em seu benefício.
Os três filhos do casal, Paulo, Anderson e Bruno, contavam, na
época do acidente, com 24, 22 e 19 anos respectivamente, idade em que

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ainda são considerados economicamente dependentes, pois estão em


período de formação profissional.
Outrossim, cumpre ressaltar que a natureza do pensionamento
é eminentemente reparatória, vale dizer, de reposição daqueles valores que
eram alcançados pela vítima ao núcleo familiar e que, em razão do evento,
restou privado.
De outra banda, cabia ao réu o ônus de desfazer a presunção
de que os autores eram economicamente dependentes da vítima, do qual,
no caso, não se desincumbiu, o que impõe o deferimento do pensionamento
pretendido.
No que diz com o valor da pensão mensal, ausente prova
segura dos rendimentos percebidos pelo de cujus na época do acidente, o
mesmo deve ser de um salário mínimo, deduzida, contudo, a parcela de 1/3,
correspondente aos gastos e despesas pessoais da vítima.
Anoto que o valor-base da pensão mensal deverá acompanhar
a evolução do salário mínimo como forma de atualização.
O marco inicial para o pagamento da pensão mensal é a data
do evento danoso, quando o pai e companheiro dos autores parou de
contribuir para o sustento da família.
O termo final para o pensionamento da viúva é a data em que a
vítima completaria 70 anos de idade, conforme postulado na petição inicial
(fls. 08/09).
E, quanto aos autores Paulo, Anderson e Bruno, filhos do de
cujus, o marco final para o pensionamento é a data em que completarem 25
anos de idade, tendo em vista que há presunção de que os pais
sustentariam seus filhos até que completassem seus estudos (nível
superior).
Fica, ainda, ressalvado o direito de acrescer.

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As parcelas vencidas deverão ser corrigidas monetariamente


pelo IGP-M e acrescidas de juros de mora de 1% ao mês desde quando
deveriam ter sido pagas até a vigência da Lei nº 11.960/2009, que deu nova
redação ao art. 1º-F da Lei 9.494/97, quando deverá ser observado que:

“Art. 1º-F. Nas condenações impostas à Fazenda


Pública, independentemente de sua natureza e para
fins de atualização monetária, remuneração do capital
e compensação da mora, haverá a incidência uma
única vez, até o efetivo pagamento, dos índices
oficiais de remuneração básica e juros aplicados à
caderneta de poupança.”

Dos danos morais


Quanto ao abalo moral, destaco, inicialmente, a lição de Hamid
Charaf Bdine Júnior (Responsabilidade Civil e sua repercussão nos Tribunais.
Regina Beatriz Tavares da Silva, coordenadora. São Paulo: Saraiva (Série GV-law),
2008. p. 352/353):

“Sobre o tema do dano moral provocado pela morte, a


indenização tem justificativas de várias ordens:
“Ainda uma vez, Mosset Iturraspe (El valor de la vida
humana, p. 28) acentua que os aspectos morais ou
afetivos do falecimento de uma pessoa, por ser
notórios, não se fazendo mister maiores explicações.
Porém, convém deter-nos em assinalar que a dor, a
tristeza, a angústia e a inquietação interior causadas
pela perda de um ente querido, constituem um
verdadeiro dano moral. O é também a solidão em que
às vezes é colocado o que sobrevive; o é assim
mesmo, a desintegração do grupo familiar ou de
amigos; a perda de quem revestia o caráter do tronco
familiar; do filho por nascer, esperança de seus pais;
da criatura de escassa idade que alegra os dias dos
adultos. E todos esses danos podem ser
demonstrados, sem prejuízo que alguns deles, em
mérito à relação com pessoa que os invoca, devam
presumir-se. E, ademais, tais detrimentos nos
sentimentos ou quereres de uma pessoa são, para a
concepção jurídica que priva na hora presente,

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traduzíveis em uma indenização em dinheiro


(SANTOS, 2003, p. 219).
Em arremate ao cabimento inegável da indenização
por morte de pessoas queridas, invoque-se Yussef
Said Cahali: Seria até mesmo afrontoso aos mais
sublimes sentimentos humanos negar-se que a morte
de um ente querido, familiar ou companheiro,
desencadeia naturalmente uma sensação dolorosa de
fácil e objetiva percepção.” (CAHALI, 1998, p. 111).

No caso concreto, não pairam dúvidas de que os autores


sofreram prejuízo moral indenizável, uma vez que ficaram privados, de
maneira precoce e repentina, do convívio com o pai e companheiro.
Nesse passo, cumpre consignar que os requerentes postulam,
no apelo adesivo interposto, além do pensionamento, a majoração do
quantum indenizatório fixado para os danos morais.
O Ministério Público, no parecer apresentado no 2º Grau,
sustenta não ser possível o conhecimento do recurso dos demandantes no
ponto (fl. 223).
Contudo, com a devida vênia, entendo cabível o manejo de
recurso adesivo com a finalidade de obter a majoração da verba
indenizatória fixada na sentença.
Com efeito, o art. 500 do Código de Processo Civil brasileiro é
expresso ao determinar:

“Art. 500. Cada parte interporá o recurso,


independentemente, no prazo e observadas as
exigências legais. Sendo, porém, vencidos autor e réu,
ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir
a outra parte. O recurso adesivo fica subordinado ao
recurso principal e se rege pelas disposições
seguintes:
I - será interposto perante a autoridade competente
para admitir o recurso principal, no prazo de que a
parte dispõe para responder;

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II - será admissível na apelação, nos embargos


infringentes, no recurso extraordinário e no recurso
especial;
III - não será conhecido, se houver desistência do
recurso principal, ou se for ele declarado inadmissível
ou deserto.
Parágrafo único. Ao recurso adesivo se aplicam as
mesmas regras do recurso independente, quanto às
condições de admissibilidade, preparo e julgamento
no tribunal superior.”

A respeito do tema, destacam Sérgio Gilberto Porto e Daniel


Ustárroz (Manual dos Recursos Cíveis. Editora Livraria do Advogado. 2008. p.
288):

“O grande pressuposto do recurso adesivo é a


sucumbência parcial. Cada litigante sai um pouco
vitorioso e, ao mesmo tempo, um pouco perdedor do
processo, na medida em que a decisão considera
parcialmente procedente o pedido formulado. Ambas
as partes tendem a se satisfazer com a decisão,
desde que ela transite em julgado. Todavia, diante da
insurgência alheia – e do risco de inversão no
julgamento – pode o adversário atacar o provimento
aderindo à iniciativa recursal.”

No caso concreto, portanto, nada obstava a interposição do


recurso adesivo, diante da insatisfação dos autores com o quantum
indenizatório fixado pelo Magistrado sentenciante a título de danos morais.
Nesse sentido o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

RECURSO ESPECIAL. DIREITO PROCESSUAL


CIVIL. RECURSO ADESIVO. FINALIDADE DE
ELEVAÇÃO DA INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. CABIMENTO.
1. A existência de recurso adesivo no sistema
processual brasileiro visa a atender política legislativa
e judiciária de solução mais célere dos litígios. Nessa
linha, prestigia-se o estado anímico do litigante que
seja favorável à validez e eficácia imediata da
sentença.
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2. Com efeito, do ponto de vista teleológico, não se


deve interpretar o art. 500 do CPC de forma
substancialmente mais restritiva do que se faria com
os artigos alusivos à apelação, aos embargos
infringentes e aos recursos extraordinários. Ou seja,
não se concebe a possibilidade de o autor poder aviar
recurso de apelação, por exemplo, e estar impedido
de manejar recurso adesivo, na hipótese de
impugnação da parte adversa.
3. Cuidando-se de ação de indenização por danos
morais, o valor indicado na inicial para o arbitramento
é meramente estimativo. Assim, ainda que não haja
pedido determinado, caso o autor não se satisfaça
com a sentença, poderá dela recorrer, mediante
recurso independente ou adesivo.
4. Recurso especial não conhecido.
(REsp 944218/PB, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 29/09/2009,
DJe 23/11/2009)

Do voto do Ministro Relator extraio os seguintes fundamentos:

“No tocante ao ponto principal do recurso nobre, é de


se ressaltar, de início, que a existência de recurso adesivo no
sistema processual brasileiro visa atender política legislativa e
judiciária de solução mais célere dos litígios.
Nessa linha, prestigia-se o estado anímico do litigante
que seja favorável à validez e eficácia imediata da sentença, ou, nas
palavras do sempre lembrado Barbosa Moreira, visa a evitar a
interposição de recursos quando cada parte estaria disposta a
permanecer omissa e a permitir que a decisão passasse em julgado,
"mas sob a condição de que o outro observasse comportamento
idêntico". (MOREIRA, José Carlos Barbosa. Comentários... 11. ed.
Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 307)
No regime anterior ao "Código Buzaid", por vezes,
havia um prolongamento da lide não desejado por nenhuma das
partes, uma vez que cada uma encontrava-se impelida a interpor

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seu próprio recurso, diante da sempre potencial investida recursal da


parte contrária, mesmo que a prestação jurisdicional experimentada
fosse-lhes razoavelmente satisfatória.
Por isso que, do ponto de vista teleológico, não se
deve interpretar o art. 500 do CPC de forma substancialmente mais
restritiva do que se faria com os artigos alusivos à apelação, aos
embargos infringentes e aos recursos extraordinários, mesmo
porque "ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do
recurso independente, quanto às condições de admissibilidade,
preparo e julgamento no tribunal superior", eis a redação do
parágrafo único do mencionado dispositivo legal.
Com efeito, simplesmente agrega-se o requisito da
impugnação realizada pela parte adversa, aos requisitos gerais de
admissibilidade dos demais recursos.

Vale dizer, determinada decisão poderá ser


impugnada por recurso adesivo, se esta for apelável, embargável ou
recorrível mediante recursos extraordinários, e se houve
impugnação da parte adversa.

Valho-me, uma vez mais, da doutrina lúcida do


festejado Barbosa Moreira:

Não é requisito de admissibilidade do


recurso adesivo a existência de vínculo
substancial entre a matéria nele discutida e
a suscitada no recurso principal. Pouco
importa que se trate, num e noutro, de
capítulos perfeitamente distintos da
sentença: por exemplo, do relativo ao
pedido originário e do atinente à
reconvenção. A "sucumbência recíproca" há
de caracterizar-se à luz do teor do
julgamento considerado em seu conjunto ;
não exclui a incidência do art. 500 o fato de
haver cada uma das partes obtido vitória
total neste ou naquele capítulo.
Interpretação diversa contraria a ratio legis
e reduz a eficácia prática do mecanismo
legal. (MOREIRA, José Carlos Barbosa.

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Comentários... 11. ed. Rio de Janeiro:


Forense, 2004, p. 317)

No caso dos autos, cuida-se de ação de indenização


por danos morais, e é notório que, nessa hipótese, o valor indicado
na inicial para o arbitramento da indenização é meramente
estimativo.

Com efeito, ainda que não houvesse pedido


determinado, mas deixada ao arbítrio do magistrado a fixação da
indenização, caso o autor não se satisfizesse com a sentença - de
total procedência, frise-se -, teria este interesse em dela recorrer.

Essa é a remansosa jurisprudência da Casa, e. g.:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. DANO


MORAL. LOJAS DE DEPARTAMENTOS.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL E
CÁRCERE PRIVADO. INDENIZAÇÃO.
QUANTUM. RAZOABILIDADE. NEGATIVA
DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
AUSÊNCIA. INTERESSE RECURSAL
ALTERAÇÃO DO PEDIDO.
INOCORRÊNCIA. RECURSO
DESACOLHIDO.
(...)
V - Não carece de interesse recursal a parte
que, em ação de indenização por danos
morais, deixa a fixação do quantum ao
prudente arbítrio do juiz, e posteriormente
apresenta apelação discordando do valor
arbitrado. Nem há alteração do pedido
quando a parte, apenas em sede de
apelação, apresenta valor que, a seu ver, se
mostra mais justo.
(...)
(REsp 265133/RJ, Rel. Ministro SÁLVIO DE
FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA
TURMA, julgado em 19/09/2000, DJ
23/10/2000 p. 145)

Indenização. Danos morais e materiais.


Pedido deixando ao arbítrio do Magistrado a
fixação do valor correspondente aos danos
morais. Interesse em recorrer. Termo inicial
dos juros moratórios. Artigos 512 e 515 do
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Código de Processo Civil. Sucumbência


recíproca. Precedentes da Corte.
1. Já decidiu a Corte, sem discrepância, que
se o autor "pediu que o juiz arbitrasse a
indenização, era lícito ao autor,
inconformado com o arbitramento, pedir ao
Tribunal que revisse o valor arbitrado pelo
juiz. Em tal caso, não faltava, como não
falta, interesse para recorrer (Cód. de Pr.
Civil, art. 3º e 499)" (REsp n° 123.523-SP,
Relator o Senhor Ministro Nilson Naves, DJ
de 28/6/99).
2. Não atacando a parte em sua apelação o
termo inicial da fluência dos juros
moratórios fixado na sentença, viola os
artigos 512 e 515 do Código de Processo
Civil a sua modificação, de ofício, pelo
Tribunal.
3. Deixando a parte o valor dos danos
morais ao prudente arbítrio do Magistrado, o
fato de na apelação pedir a sua majoração
em valor certo indicado, não altera a
sucumbência quando deferida a elevação,
ainda que em outro quantitativo.
4. Recurso especial conhecido e provido,
em parte.
(REsp 330.256/MG, Rel. Ministro CARLOS
ALBERTO MENEZES DIREITO, TERCEIRA
TURMA, julgado em 20/08/2002, DJ
30/09/2002 p. 255)

No mesmo sentido, o REsp 401.358/PB, Rel. Ministro


CARLOS FERNANDO MATHIAS (JUIZ FEDERAL CONVOCADO
DO TRF 1ª REGIÃO), QUARTA TURMA, julgado em 05/03/2009,
DJe 16/03/2009.

6. Por isso, em casos tais, não se concebe a


possibilidade de o autor poder aviar recurso de apelação e estar
impedido de manejar recurso adesivo, na hipótese de impugnação
da parte adversa.

Em síntese, sempre que couber recurso principal,


também caberá o adesivo, desde que haja recurso da parte
contrária.”

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Superado isso, no que diz com o quantum indenizatório nessas


espécies de indenização, é preciso ter em vista que, por ser impossível o
retorno da parte lesada ao status quo ante, a possibilidade que resta ao
julgador é o deferimento de ressarcimento em pecúnia. E tal é assim, com o
objetivo de que o valor pecuniário, em que pese, repise-se, não poder
restabelecer a condição anterior do ofendido, ao menos lhe sirva como um
lenitivo ao dano por ele experimentado, bem como desestímulo ao lesante, a
fim de que este não repita sua conduta lesiva. Em suma, a reparação por
danos morais possui dupla finalidade, qual seja, reparatória ao lesado e
punitiva ao lesante.
Sobre o tema, o seguinte ensinamento do mestre Caio Mário
da Silva Pereira (Responsabilidade Civil, Forense, 6ª ed., 1995, Rio de Janeiro, p.
65):

“O problema de sua reparação deve ser posto em


termos de que a reparação do dano moral, a par do
caráter punitivo imposto ao agente, tem de assumir
sentido compensatório. Sem a noção de equivalência,
que é própria da indenização do dano moral,
corresponderá à função compensatória pelo que tiver
sofrido. Somente assumindo uma concepção desta
ordem é que se compreenderá que o direito positivo
estabelece o princípio da reparação do dano moral. A
isso é de se acrescer que na reparação do dano moral
insere-se uma atitude de solidariedade à vítima”.

Destarte, o valor arbitrado a título de danos morais não pode


ser fixado irrisoriamente, de forma que não sinta o ofensor as consequências
de seu ato, ao passo que não pode ser forma de enriquecimento do
ofendido.
Assim, atento a tais norteadores, considerando os princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade, sopesando, ainda, os precedentes
deste Tribunal de Justiça, entendo por bem majorar a indenização devida
para cada um dos autores para R$ 62.200,00, importância esta que
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corresponde a 100 salários mínimos vigentes e que melhor se adequa às


peculiaridades do caso concreto. Destaco que, além de cumprir as funções
esperadas da condenação, não é capaz de causar enriquecimento excessivo
aos demandantes.
Registro que tal valor está em conformidade com os
parâmetros adotados por esta Câmara Cível em casos semelhantes,
conforme ementas colacionadas a seguir:

RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE DE


TRÂNSITO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANOS
MORAIS. Tratando-se de evento morte, a Câmara
vem adotando o correspondente a 100 salários
mínimos para a indenização por dano moral,
conforme fixado na sentença. APELAÇÃO
IMPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70023799109,
Décima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Bayard Ney de Freitas Barcellos, Julgado
em 10/12/2008).

APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO.


RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE DE
TRÂNSITO. COLETIVO. INVASÃO DE CONTRAMÃO.
1. A responsabilidade das empresas prestadoras do
serviço público é objetiva, nos termos do art. 37, § 6º,
da Constituição Federal. Não restando comprovado
fato mitigador da responsabilidade ou qualquer causa
que exclua o nexo de causalidade, a procedência da
demanda se impõe. Conjunto probatório que,
inclusive, demonstra agir culposo do condutor do
coletivo da ré, que, de inopino, invadiu a pista de
direção pela qual trafegava o automóvel da autora,
dando, assim, causa à colisão. 2. Indenização por
danos morais advindas da morte do esposo da
autora reduzida para R$ 51.000,00 (cinqüenta e um
mil reais), o que equivale a cem salários mínimos,
valor que cumpre as funções reparatória, punitiva
e pedagógica esperadas da condenação.
Outrossim, não destoa dos parâmetros fixados por
esta Câmara em casos semelhantes ao em tela. 3.
Verba honorária fixada na sentença em favor do
procurador da autora reduzida para 15% sobre o valor
da condenação, atendidos os critérios do art. 20, §3º

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do CPC. 4. A correção monetária da indenização por


danos morais dar-se-á a contar deste julgamento,
consoante verbete de súmula nº 362 do STJ. 5.
Compensação da verba honorária mantida, tendo em
vista o disposto no art. 21 do CPC e no verbete de
súmula nº 306 do STJ. APELAÇÃO PARCIALMENTE
PROVIDA. RECURSO ADESIVO IMPROVIDO.
(Apelação Cível Nº 70035996438, Décima Primeira
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz
Roberto Imperatore de Assis Brasil, Julgado em
19/05/2010).

APELAÇÕES CÍVEIS. RESPONSABILIDADE CIVIL


EM ACIDENTE DE TRÂNSITO. INDENIZAÇÃO.
DANOS MATERIAIS E MORAIS. VÍTIMA FATAL. 1. O
proprietário do veículo é responsável, solidariamente,
com o condutor do mesmo pelos danos que causar a
outrem. Teoria do risco ou da responsabilidade pelo
fato da coisa. Precedentes doutrinários e
jurisprudenciais. Preliminar de ilegitimidade passiva
afastada. 2. A absolvição na esfera criminal, com base
no art. 386, VI do CPC, não impede a aferição da
responsabilidade na esfera civil, ante o Princípio da
Independência das Responsabilidades, adotado pelo
nosso sistema jurídico (art. 935, CC/02). 3.
Responsabilidade pelo evento mantida, pois o mal
súbito do réu, quando conduzia o veículo automotor
que invadiu a pista contrária de direção e acabou por
colidir com a motocicleta da vítima, ceifando-lhe a
vida, não tem o condão de configurar excludente de
responsabilidade. Fortuito interno relacionado à
pessoa do agente. Ademais, os elementos de prova
denotam que o réu tem histórico de doença de
diabetes e insuficiência renal e que, antes do evento,
passou por outras situações de perda de consciência,
o que exigia redobrado cuidado, em especial quando
conduzia veículo automotor. Impossibilidade de os
demandantes ficarem sem indenização pelos danos
experimentados. 4. Pensionamento mensal majorado.
Adoção, como parâmetro para o seu cálculo, do valor
percebido pelos autores a título de benefício
previdenciário. 5. Indenização por danos morais
advindos da morte do esposo e pai dos autores
majorada para R$ 54.000,00 (cinquenta e quatro
mil reais) para cada um; importância esta que atende
às funções esperadas da condenação. Outrossim, não
destoa dos parâmetros fixados por este Tribunal de

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Justiça em casos semelhantes ao em tela. 6.


Determinada a constituição de capital, nos termos do
art. 475-Q, do CPC, ante o arbitramento de pensão
mensal. 7. Verba honorária arbitrada na sentença
inalterada, eis que em consonância com a regra do
art. 20, § 3º do CPC. PRELIMINARES AFASTADAS.
APELAÇÃO DOS RÉUS IMPROVIDA. RECURSO
DOS AUTORES PARCIALMENTE PROVIDO.
(Apelação Cível Nº 70039259866, Décima Primeira
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz
Roberto Imperatore de Assis Brasil, Julgado em
16/02/2011) Indenização fixada em valor
correspondente a 100 salários mínimos vigentes
na época para cada um dos autores

RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE DE


TRÂNSITO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO.
ILEGITIMIDADE PASSIVA. VERBA HONORÁRIA NA
DENUNCIAÇÃO. DANOS MORAIS.
PENSIONAMENTO. PREQUESTIONAMENTO. Filho
dos autores que faleceu em acidente de trânsito.
Manobra imprudente de ultrapassagem pelo motorista
demandado que perdeu o controle do veículo e
invadiu a pista contrária. Ilegitimidade passiva do pai
do demandado afastada, em razão do disposto no art.
1521 do CC/16, que vigorava na época dos fatos.
Devida indenização por danos morais aos pais da
vítima, em razão do evento morte, cuja apólice de
seguro alberga essa rubrica. Valor mantido conforme a
sentença. Indevido o pensionamento aos pais. Vítima
maior e que não detinha rendimentos próprios.
Mantida condenação da seguradora na verba
honorária da denunciação, pela pretensão resistida a
título de danos morais. Prequestionamento. O
julgamento, em sede de recurso, desde que
fundamentado, não precisa reportar-se
especificamente aos artigos indicados pelo apelante.
PRELIMINAR REJEITADA. PRIMEIRA APELAÇÃO
IMPROVIDA. SEGUNDA APELAÇÃO IMPROVIDA.
TERCEIRA APELAÇÃO IMPROVIDA. (Apelação Cível
Nº 70021998125, Décima Primeira Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Bayard Ney de
Freitas Barcellos, Julgado em 18/06/2008)
Indenização pelos danos morais fixada em 100
salários mínimos para cada autor: pai e mãe da
vítima

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Também não destoa dos parâmetros adotados pela 12ª


Câmara Cível, como evidencia, por exemplo, a ementa que segue:

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL EM


ACIDENTE DE TRÂNSITO. COLISÃO ENTRE
CAMINHÃO E AUTOMÓVEL. AFERIÇÃO DA CULPA.
INVASÃO DE PISTA. RESPONSABILIDADE DA
COOPERATIVA. DANOS EMERGENTES, MORAIS E
PENSIONAMENTO. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. (...) 6-
Danos morais: no caso em pauta, o acidente ensejou
a morte de Dioméris Ferasso (pai das autoras Débora
e Diana e marido da autora Terezinha), presumindo-se
o dano moral experimentado pelas demandantes. Na
fixação do montante indenizatório por gravames
morais, deve-se buscar atender à duplicidade de fins a
que a indenização se presta, atentando para a
capacidade do agente causador do dano, amoldando-
se a condenação de modo que as finalidades de
reparar a vítima e punir o infrator (caráter pedagógico)
sejam atingidas. Vai reduzido o "quantum"
indenizatório para R$ 54.500,00 (cinqüenta e
quatro mil e quinhentos reais), equivalente a 100
(cem) salários mínimos atuais, a cada uma das
autoras. (...) Preliminares rejeitadas e apelos
parcialmente providos. (Apelação Cível Nº
70032338030, Décima Segunda Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Umberto Guaspari
Sudbrack, Julgado em 07/07/2011)

Em reexame necessário, todavia, impositivo a modificação da


forma de atualização do valor da condenação.
Assim, o valor deverá ser acrescido de juros de mora de 1% ao
mês, desde o evento danoso, de acordo com a Súmula nº 54 do STJ,
devendo ser observado o disposto na Lei 11.960/2009, que deu nova
redação ao art. 1º-F da Lei 9.494/97:

“Art. 1º-F. Nas condenações impostas à Fazenda


Pública, independentemente de sua natureza e para
fins de atualização monetária, remuneração do capital
e compensação da mora, haverá a incidência uma
única vez, até o efetivo pagamento, dos índices

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oficiais de remuneração básica e juros aplicados à


caderneta de poupança.”

Do ônus da sucumbência
Por fim, ante o resultado do julgamento, considerando o
decaimento mínimo dos autores, deverá o réu arcar com os honorários
advocatícios devidos ao patrono dos autores, em R$ 2.000,00, de acordo
com o art. 20, § 4º do CPC.
Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL. HONORÁRIOS DE


SUCUMBÊNCIA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA.
VALOR DA CAUSA, DA CONDENAÇÃO OU DO
VALOR FIXO. REGIME DOS RECURSOS
REPETITIVOS (ART. 543-C). RESP PARADIGMA
1.155.125/MG. REVISÃO. VERBA HONORÁRIA.
SÚMULA 7/STJ.
1. A Primeira Seção do STJ, quando do julgamento do
REsp 1.155.125/MG (em 10.3.2010, DJe 6.4.2010),
relatoria do Min. Castro Meira, submetido ao regime
dos recursos repetitivos, reafirmou a orientação no
sentido de que, "vencida a Fazenda Pública, a fixação
dos honorários não está adstrita aos limites
percentuais de 10% e 20%, podendo ser adotado
como base de cálculo o valor dado à causa ou à
condenação, nos termos do art. 20, § 4º, do CPC, ou
mesmo um valor fixo, segundo o critério de equidade".
2. A fixação da verba honorária de sucumbência cabe
às instâncias ordinárias, pois resulta da apreciação
equitativa e da avaliação subjetiva do julgador em face
das circunstâncias fáticas presentes nos autos, razão
pela qual insuscetível de revisão em sede de recurso
especial, a teor da Súmula 7 do Superior Tribunal de
Justiça.
Agravo regimental improvido.
(AgRg no AREsp 30.346/RS, Rel. Ministro
HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado
em 20/10/2011, DJe 27/10/2011)

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Por outro lado, em reexame necessário, ressalto que fica isento


o Município do pagamento das custas e emolumentos, nos termos da Lei nº
13.471/2010.
No rumo:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REVISÃO


DE PROVENTOS DE PENSÃO. CÁLCULOS DE
LIQUIDAÇÃO. CUSTAS. 1. A questão no tocante a
natureza do cartório se privatizado ou estatizado
restou superada quando na Reclamação nº 7.362
intentada pelo Ministério Público do Estado do Rio
Grande do Sul, ocasião em que o Egrégio Supremo
Tribunal Federal deferiu liminar suspendendo a
condenação dos órgãos públicos do Estado do Rio
Grande do Sul ao pagamento de custas a cartórios
privatizados. 2. A decisão recorrida encontra-se em
confronto com a decisão liminar proferida pelo
Supremo Tribunal Federal na Reclamação nº 7.362,
lembrando que quando do julgamento dos embargos
de declaração opostos na ADI nº 1.498-6, o STF
declarou o efeito total e retroativo da decisão. 3. A Lei
nº 13.471, de 23 de junho de 2010 em seu artigo 11
isentou as Pessoas Jurídicas de Direito Público do
pagamento de custas, despesas judiciais e
emolumentos no âmbito da Justiça Estadual de
Primeiro e Segundo Graus. AGRAVO PROVIDO.
(Agravo de Instrumento Nº 70039053376, Terceira
Câmara Especial Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Angela Maria Silveira, Julgado em
09/11/2010).

Posto isso, voto pelo improvimento do recurso de apelação do


réu e pelo parcial provimento ao recurso adesivo dos autores, para fixar em
favor dos mesmos pensionamento no valor de 2/3 do salário mínimo, desde
a data do evento danoso até a data em que a vítima completaria 70 anos de
idade, no que diz com a autora Rosângela, e, quanto aos autores Paulo,
Anderson e Bruno, até a data em que completarem 25 anos de idade,
ficando ressalvado o direito de acrescer, cujas parcelas vencidas deverão
ser corrigidas monetariamente pelo IGP-M e acrescidas de juros de mora de

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1% ao mês desde quando deveriam ter sido pagas até a vigência da Lei nº
11.960/2009, que deu nova redação ao art. 1º-F da Lei 9.494/97; e para
majorar a indenização devida a título de dano moral a cada um dos autores
para R$ 62.200,00, cujo valor deverá ser acrescido de juros de mora de 1%
ao mês, desde o evento danoso, de acordo com a Súmula nº 54 do STJ,
devendo ser observado o disposto no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a
redação dada pela Lei 11.960/2009.
Em reexame necessário, modifico parcialmente a sentença,
somente no que diz com a forma de atualização das verbas indenizatórias e
em relação à isenção do ente público do pagamento das custas e
emolumentos.

DES.ª KATIA ELENISE OLIVEIRA DA SILVA (REVISORA) - De acordo com


o(a) Relator(a).
DES. BAYARD NEY DE FREITAS BARCELLOS (PRESIDENTE) - De
acordo com o(a) Relator(a).

DES. BAYARD NEY DE FREITAS BARCELLOS - Presidente - Apelação


Reexame Necessário nº 70045737707, Comarca de Pinheiro Machado: "À
UNANIMIDADE, NEGARAM PROVIMENTO AO APELO DO RÉU E DERAM
PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO ADESIVO DOS AUTORES,
MODIFICADA PARCIALMENTE A SENTENÇA EM REEXAME
NECESSÁRIO."

Julgador(a) de 1º Grau: CRISTIAN PRESTES DELABARY

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