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Apelo francês por um novo catolicismo

social
Eduardo Jorge Madureira | 14 Jan 2019 | Igreja Católica, Últimas
Ilustração: Caravaggio, As sete obras de misericórdia; igreja de Pio Monte della
Misericordia, Nápoles.

Como estabelecer um diálogo social quando já não há qualquer linguagem comum entre
a esfera financeira das grandes cidades e as periferias, entre os desenraizados e os que
pertencem a algum lugar? Em que realidade institucional se pode um tal diálogo apoiar
quando os corpos intermédios foram minados e a representação política desacreditada?
Como encontrar um caminho comum quando a “cultura urbana” globalizada se opõe à
cultura popular? As três interrogações são apresentadas como “os contornos da questão
social contemporânea” no “Apelo por um novo catolicismo social”, lançado em França
por cerca de vinte intelectuais católicos de diversas sensibilidades, agora mobilizados
para reclamar a edificação de comunidades solidárias.

Para os subscritores, a questão social, hoje, “ultrapassa largamente as condições


específicas de uma classe social. Ela atinge a própria natureza do vínculo colectivo, em
todas as suas dimensões: familiar, cultural, económica, ecológica, geográfica;
dimensões que a ideologia da economia ‘financeirizada’ nega”. Em causa, dizem, fica a
coesão de um povo e de uma nação.

O diagnóstico da situação francesa apresentado no documento é dramático. Recordando


que há uma França periférica, cujo futuro inquieta a maioria da população, os
subscritores verificam que o país afastado das grandes cidades ameaça tornar-se “um
deserto sem correios, sem maternidades, sem médicos, sem fábricas, sem quintas e sem
comboios”. Acrescenta o apelo que esse país periférico, que não pode pagar cada vez
mais impostos, ao mesmo tempo que os serviços públicos são desmantelados, recusa a
marcha forçada em direcção à mundialização económica ultraliberal e à globalização
cultural, sem sobre isso ter uma palavra a dizer. “Há fogo. A nossa casa comum, a
França, arde. Esta atmosfera possivelmente insurrecional é perturbadora. Para o
governo, a equação parece insolúvel: não se pode levar à força as pessoas em direcção a
um ‘mundo novo’ que as rejeita. Neste contexto, a situação pode ficar fora de controlo.
Mas na revolução, é sempre o mais forte que impõe a sua lei, não o mais justo.”

A nova questão social, segundo os subscritores do apelo, ultrapassa as fronteiras


francesas. “Em muitos países, na Europa e no mundo, o valor do trabalho, a dignidade
dos trabalhadores, o direito a um salário justo e a um ambiente saudável são diariamente
desrespeitados”. Se esta situação diz respeito às estruturas económicas, ela também é
responsabilidade de cada um, “enquanto a cultura de ‘sempre mais barato’ nos fizer
esquecer que, por trás de cada produto e de cada serviço, há trabalhadores e respectivas
famílias”.

Lembrando que, no passado, os católicos sociais se levantaram para defender a classe


trabalhadora, o apelo enfatiza um desafio: “Hoje, os católicos devem-se levantar para
apoiar o povo da França e lutar por um sistema económico mundial e uma Europa ao
serviço do desenvolvimento humano integral. Devemos estar conscientes de que as
fracturas francesas não serão resolvidas apenas através de leis, mas pelo empenhamento
de cada um.” Os católicos devem, por isso, mobilizar-se “para construir comunidades
solidárias, baseadas num vínculo de responsabilidade comum, que possa dar ao nosso
país uma perspectiva, um destino partilhado, um trabalho, um espaço para a cultura
popular, uma história continuada, um novo impulso familiar, educativo, ecológico,
espiritual e verdadeiras solidariedades”.
Entre os subscritores do apelo divulgado por La Vie, estão Joseph Thouvenel,
sindicalista; Patrice de Plunkett, ensaísta; Denis Moreau e Emmanuel Gabellieri,
filósofos; Antoine Renard, presidente das Associações Familiares Católicas da Europa;
Gérard Leclerc, jornalista; Diane de Bourguesdon, consultora em estratégia; e Marie-
Joëlle Guillaume, escritora.

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