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Artigo Técnico

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Altos e baixos sempre fizeram


parte da história da soja no Brasil
Retrospectiva apresenta uma visão dos fatores que fizeram desta
oleaginosa o maior produto da agricultura brasileira atualmente
Lucas Manfrim
A história da soja no Brasil tem seu nascimento no primário na medida em que as duas culturas permitiam
Noroeste do Rio Grande do Sul, mais precisamente na o uso dos mesmos insumos e máquinas assim como o
grande região de Santa Rosa e está ligada à chamada clima favorecia as duas culturas por ano no mesmo
modernização da agricultura gaúcha, pioneira neste solo, algo não muito comum pelo mundo afora.
contexto no Brasil. Assim, ocupou rapidamente o oeste catarinense e
Impulsionada pela “Revolução Verde” proposta ao especialmente grande parte do Paraná, chegando logo
mundo, o governo brasileiro nos anos de 1950 passou em seguida ao Centro-Oeste e, hoje, atingindo a Bahia,
a apoiar o surgimento da agricultura comercial. A mes- Maranhão, Piauí, Rondônia e outras regiões ao norte
ma, iniciada pelo trigo, já tinha no arroz irrigado um do país.
certo desenvolvimento. Este avanço significativo, que levou o Brasil a se
A transformação das lavouras de subsistência e de tornar o segundo maior produtor individual de soja do
culturas diversificadas, junto a uma grande maioria de mundo nas últimas décadas, foi possível graças a três
pequenos e médios produtores do Noroeste gaúcho, principais motivos: o mercado internacional e nacional
em culturas modernas de trigo, com forte uso de má- da oleaginosa em constante crescimento, sobretudo
quinas, implementos agrícolas, insumos químicos em naquela época; o forte apoio estatal, com crédito sub-
geral, levou a um determinado desenvolvimento do sidiado, para investimentos nesta cultura; e o espírito
agronegócio que, para se viabilizar efetivamente, ne- empreendedor dos produtores rurais ocupantes do sul
cessitava de uma alternativa no verão. A cultura da soja do Brasil inicialmente.
veio exatamente preencher esta lacuna já nos anos No entanto, nos dois últimos anos da década de 70
de1960. há uma severa frustração devido a problemas climáti-
Em pouco tempo, o Rio Grande do Sul, em sua cos, com a produção recuando para algo em torno de
parte centro-norte passou a adotar, de forma comerci- 9,6 milhões de toneladas tanto em 1978 quanto em 1979.
al, o conhecido binômio trigo-soja, modernizando o setor Paralelamente, a área cultivada aumenta de 1,3 para

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8,3 milhões de hectares na década considerada. Com vo quando de fortes frustrações climáticas.
isso, a produtividade, que era de apenas 1.154 quilos/ O estado gaúcho perde espaço no contexto nacio-
hectare em 1970, chega a 1.760 quilos/hectare em 1977, nal, caindo para terceiro lugar, atrás do Mato Grosso
recuando posteriormente para 1.218 quilos/hectare em (primeiro) e do Paraná (segundo) desde então.
1978 e 1.193 quilos/hectare em 1979. A realidade interna de preços, apesar da produção
Este verdadeiro “boom” da soja, como ficou conhe- não avançar a contento, atingida que era por constantes
cido em nosso país, se deu por motivos específicos. O problemas climáticos e pela relativa estagnação na área
principal deles está ligado à crescente demanda euro- semeada, estimulou os produtores a produzirem mais,
péia e japonesa da época, na medida em que o modelo porém, procurando ganhar escala não mais pelo aumento
de alimentação animal, baseado no milho e na soja, era horizontal da produção (mais área plantada) e sim pela
cada vez mais adotado. verticalização da produção (mais produtividade com
Esta euforia levou muitas regiões praticamente à menos custo). É neste sentido que a soja transgênica
monocultura e estimulou um crescimento dos municí- ganha espaço, desde 1996.
pios interioranos brasileiros que não encontrava, até A produção brasileira de soja adentra no século XXI
então, precedentes. acusando uma forte recuperação, com aumentos im-
No entanto, o fracasso climático dos dois últimos portantes de produtividade, especialmente a partir do
anos da década de 1970, associados à medidas de polí- excepcional ano de 2002/03, quando o clima foi magní-
tica agrícola do governo brasileiro, ao aumento da pro- fico em praticamente todo o país. Assim, em 2000, so-
dução mundial de soja, e aos primeiros resultados práti- bre uma área de 13,7 milhões de hectares semeados, a
cos das duas outras estratégias postas em ação pelos colheita chegou a novo recorde, alcançando 39 milhões
europeus, quando do embargo de 1974, acende o sinal de toneladas.
de alerta, e um período de dúvidas quanto ao futuro da A produtividade média subiu para 2.800 quilos/hec-
oleaginosa no Brasil, se instala. tare, se constituindo na melhor da história do país até
Na verdade, não se colocava em questão a continui- então. Nos anos seguintes o volume produzido cresceu
dade da atividade, porém, se discutia o seu potencial de rapidamente, liderado pelo Centro-Oeste e o surgimento
crescimento e sua sobrevivência junto às propriedades de novas áreas como a Bahia, sul do Piauí e Maranhão.
menores, base da economia rural gaúcha de então. Após Assim, na colheita de 2003, o volume final chegou a
as secas do final dos anos de 1970, a produção brasilei- 52,4 milhões de toneladas, um novo recorde. A área
ra continuou acusando problemas nos anos seguintes. semeada foi a 18,4 milhões de hectares fato que elevou
Esta situação de produção e preços bastante ruins a produtividade média nacional para 2.840 quilos/hecta-
durante quase toda a década de 1980, se associou a re. Na atual safra, um novo recorde seria batido se não
uma decisão oficial de retirar os subsídios à produção fosse o péssimo clima que se instalou em quase todo o
de soja. Assim, paulatinamente os custos de produção país (excesso de chuvas na colheita do centro-norte e
das lavouras passaram a subir durante toda a década seca no sul). A previsão era de um volume final de até
em função não somente da inflação mas sobretudo do 60 milhões de toneladas segundo os mais otimistas, co-
menor apoio estatal. lhida sobre uma área plantada de 20,8 milhões de hecta-
A década de 1990 foi rica em evoluções no contexto res.
da economia nacional em geral e da soja em particular. Dados recentes do IBGE (ref. 2005) apontam que a
Após um início conturbado, onde houve até destituição cultura da soja, mesmo com os preços de mercado em
de um presidente da República, o país iniciou o seu baixa e custo de produção maior, verificam-se acrésci-
principal processo de estabilização econômica de sua mos de 6% na área plantada (22,758 milhões de hecta-
história, através do Plano Real, lançado em julho de 1994. res), e de 29% na produção esperada (63,243 milhões
Neste período, a produção nacional de soja voltou a de toneladas). Justifica-se essa tendência, pela falta de
crescer significativamente, na esteira de avanços opção dos produtores para plantar outras culturas, prin-
tecnológicos importantes, a começar pelo plantio dire- cipalmente o milho, uma vez que as cotações dessa
to, agora já muito bem aceito pelos produtores rurais. A gramínea também se encontram menores. As caracte-
produção nacional passa de 20,4 milhões de toneladas rísticas diferentes de comercialização da soja, podem
em 1990 para 31,4 milhões de toneladas em 1999. A ter influenciado nesse aumento da área plantada. Todos
área evolui cerca de 12,6% na década, chegando a 13 os Estados que informam soja, apresentam acréscimos
milhões de hectares em 1999. Ao mesmo tempo, a pro- nas suas perspectivas para 2005. As mais significativas
dutividade dá um salto importante chegando, em mé- são verificadas no Piauí (30%), Paraná (24%), Santa
dia, a 2.410 quilos/hectare no final da década contra Catarina (43%), Rio Grande do Sul (68%), Mato Gros-
1.770 quilos/hectare em 1990. Na prática, a partir de so do Sul (62%), Mato Grosso (21%) e Goiás (27%).
1992 a produtividade média de soja no Brasil ultrapassa A produção de soja no ciclo 2005/06 ainda vai ser
a barreira dos 2.000 quilos/hectare e nunca mais retro- grande, mas o volume deve ficar bem abaixo das esti-
cedeu, melhorando sua performance ano após ano, sal- mativas iniciais. Pelo menos é isso o que mostra o quar-

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to levantamento da safra AgRural (fonte) realizado no com as lavouras de ciclo precoce.


final de fevereiro. A nova projeção está agora em 56,2 Assim, o futuro da soja no Brasil continua sendo
milhões de toneladas (t), 1,9% a menos do que o esti- promissor, especialmente diante de novos mercados que
mado em janeiro e 3,2% abaixo da primeira estimativa, se abrem, como o chinês, além do forte potencial con-
feita em agosto de 2005. sumidor de nosso mercado interno. No entanto, este
O volume calculado, também ficou aquém do últi- futuro continua sendo para os produtores que possuem
mo número divulgado pela Companhia Nacional de Abas- escala de produção.
tecimento (Conab), que no dia 6 de fevereiro estimou a Evidentemente, os pequenos e médios produtores,
produção de soja no Brasil em 58,1 milhões/t. para continuarem presentes no processo, devem conti-
Em alguns estados a baixa foi provocada pelo mes- nuar apostando, assim como os demais, em suas coo-
mo motivo: a estiagem que castigou as lavouras entre o perativas agrícolas, entendendo que as mesmas igual-
final de dezembro e início de fevereiro. No Paraná, os mente se vêem obrigadas a se profissionalizarem para
principais focos de perdas foram o Oeste e o Sudoeste se manterem ativas num mundo que será cada vez mais
do estado, onde os produtores tiveram muito prejuízo competitivo e seletivo.

Lucas Manfrim é engenheiro agrônomo e


produtor de soja

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