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CONTRIBUIÇÕES DA COMPARTSOL COOPERATIVA DE GERAÇÃO COMPARTILHADA À

CONSULTA PÚBLICA ANEEL 10/2018

1. QUALIFICAÇÃO E CONTEXTO

A Compartsol Cooperativa de Geração Compartilhada foi fundada em 2017 com o objetivo de implantar usinas de micro
e minigeração distribuída para compartilhamento de créditos entre seus associados. Atualmente com 53 cooperados,
trabalhamos em conjunto com nossa parceira Sun Mobi para viabilizar o acesso democrático a energia limpa de forma
descomplicada, além de prover ferramentas que permitem a adoção de práticas de consumo eficiente de energia.

Nossos cooperados já viabilizaram investimentos da ordem de R$ 1.600.000,00, evitando emissões de CO2 da ordem de
45 toneladas por ano, além da geração de emprego qualificado para mais de 20 profissionais na zona rural do interior do
estado de São Paulo.

Dentre o rol de cooperados, há desde pessoas que moram sozinhas em imóveis alugados, passando por pequenas
famílias, até associações sem fins lucrativos instaladas em imóveis históricos. A regulação que criou a figura da geração
compartilhada permitiu a nossos cooperados acessarem e contribuírem com a transformação positiva e em linha com
tratados internacionais assinados pelo país, tais como o do Acordo de Paris1, em que o Brasil se comprometeu com a:

• Redução de 37% nas emissões até 2025, tendo como ponto de partida as emissões de 2005;

• Redução de 43% das emissões até 2030.

Para alcançar tais metas, uma série de indicações terão de ser seguidas em diversos setores da gestão pública dos
recursos naturais até 2030, dentre as quais, no setor da energia, alcançar uma participação estimada de 45% de
energias renováveis na composição da matriz energética em 2030, incluindo:

• Expandir o uso doméstico de fontes de energia não fóssil, aumentando a parcela de energias renováveis (além
da energia hídrica) no fornecimento de energia elétrica para ao menos 23% até 2030, inclusive pelo aumento da
participação de eólica, biomassa e solar; e

• Alcançar 10% de ganhos de eficiência no setor elétrico até 2030.

1 Fonte: http://www.mma.gov.br/clima/convencao-das-nacoes-unidas/acordo-de-paris

1
Assim, a Compartsol congratula a ANEEL pelo sucesso inicial das inovações trazidas pela Resolução Normativa 687 e
reitera seu compromisso de, juntamente com seus cooperados atuais e futuros, seguir na promoção do empoderamento
dos consumidores de energia através da combinação da utilização de fontes de energia limpas e sustentáveis com
práticas de eficiência energética.

Chamamos especial atenção à necessidade de cautela da ANEEL para as alterações regulatórias a serem introduzidas e
seus potenciais efeitos irreversíveis sobre o setor elétrico. Por exemplo, alterações no modelo de compensação de
crédito podem promover uma ínfima redução dos impactos tarifários do setor em alguns pontos percentuais, ao mesmo
tempo em que tem potencial efeito catastrófico sobre toda a indústria de GD no Brasil, que ainda engatinha.

Neste contexto, apresentamos a seguir nossas contribuições à Consulta Pública 10/2018, que busca o aprimoramento
das regras aplicáveis à micro e minigeração distribuída.

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2. RESPOSTA ÀS QUESTÕES PARA A CONSULTA

2.1 Valores a serem considerados nas premissas para realização da AIR

Variável Unidade Valor Observações


Tamanho típico de kWp 8 Nos parece bastante razoável utilizar o tamanho
um sistema solar médio das unidades instaladas até o momento
fotovoltaico típico
de pequeno porte
para compensação
local
Custo de instalação R$/kWp 5.210 Valor da última pesquisa Greener
um sistema solar
fotovoltaico de
pequeno porte para
compensação local
Custos de % anual do custo Pelo menos 1% ao A ANEEL tem papel fundamental em contribuir
manutenção um de instalação ano e mais 20% a com a informação aos consumidores que
sistema solar cada 10 anos para sistemas fotovoltaicos carecem de um processo
fotovoltaico de substituição do minimamente anual de revisão.
pequeno porte para inversor
Uma boa forma de sinalizar essa necessidade é
compensação local
reconhecer a existência de um custo anual de
(incluindo troca do
O&M
inversor)
Tamanho típico de kWp 500 Uma consulta ao SISGD relativo a equipamentos
um sistema solar instalados até 31/05/2018 indica que o tamanho
fotovoltaico típico médio das 36 unidades fotovoltaicas de
de médio porte para compensação remota com capacidade instalada
compensação acima de 75 kW (portanto, conectadas no Grupo
remota A) é de 387 kW, equivalente a aproximadamente
500 kWp
Custo de instalação R$/kWp 4.000 Valor médio dos investimentos realizados pela
um sistema solar Compartsol
fotovoltaico de
médio porte para
compensação
remota

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Variável Unidade Valor Observações
Custos de % anual do custo 9% ao ano e mais Custos totais para as usinas das Compartsol,
manutenção um de instalação 20% a cada 10 incluindo:
sistema solar anos para • O&M contratado;
fotovoltaico de substituição dos • TUSD;
médio porte para inversores • Arrendamento do terreno;
compensação • Zeladoria;
remota (incluindo • Segurança patrimonial;
troca do inversor) • Seguros;
• Impostos e encargos sociais; e
• Custos administrativos de gestão da
cooperativa.
Custo de capital de % a.a. 27% Custo típico de CDC para aquisição de sistemas
pessoa física para fotovoltaicos
investimento em
microgeração
Custo de capital de % a.a. 10% Custo médio de capital, considerando a
pessoa jurídica para possibilidade de financiamento a taxas de ~9%
investimento em ao ano e custo de capital próprio de ~15% ao
minigeração ano.
Interessante notar que o modelo de geração
compartilhada viabiliza o acesso a pessoas
físicas a custos de capital típicos de pessoa
jurídica.
Nota importante: ao contrário do que é sugerido
na Nota Técnica, não faz qualquer sentido se
comparar o custo de capital das usinas que
comercializam energia em leilões com o caso da
GD, pois se tratam de modelos de negócio
absolutamente distintos.
Índice de % de redução anual 0,65% ao ano Garantia dos fabricantes de painéis de redução
degradação do da capacidade de de 15% da capacidade de geração em 25 anos
sistema geração de energia
pelo sistema
Aumento ou % de aumento ou 0% Em nossas projeções, acreditamos que no longo
Decréscimo anual decréscimo da tarifa prazo as tarifas convergem com a inflação
real da tarifa de em relação à
energia elétrica inflação
Percentual de % da energia • Para geração na A ANEEL deve demandar das distribuidoras os
simultaneidade gerada que é própria carga: dados reais das unidades com micro e
entre consumo e consumida utilizar dados minigeração instalada para utilizar os valores
geração imediatamente pela observados até o observados como base das análises
carga, não sendo momento
injetada na rede • Para geração
remota: 0

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Variável Unidade Valor Observações
Mercado potencial Número de Valor máximo 60 milhões de unidades consumidoras B1
para geração local unidades absoluto de 2,3 Segundo PNAD:
consumidoras milhões de UCs em • 74% são imóveis próprios
um cenário de • 76% são casas
100% de adoção, • 7% renda familiar acima de 10 salários
ou seja, algo em mínimos
terno de 19 GWp, a
ser alcançado em
período não inferior
a 20 anos.
Mercado potencial Número de Possivelmente, uma Embora todas as unidades consumidoras de
para geração unidades capacidade baixa tensão que tenham consumo médio
remota consumidoras instalada total superior ao custo de disponibilidade, excluídas as
máxima equivalente unidades de baixa renda e beneficiárias de outros
à de geração local, benefícios tarifários (irrigantes, serviço público,
ou seja, algo em etc) sejam comercialmente aptas à geração
torno de 19 GWp remota, a capacidade de implantação de
em prazo não sistemas deve limitar a velocidade de
inferior a 20 anos. crescimento do mercado
Taxa de % de crescimento 0,4 a 0,7 Taxa de crescimento vegetativo da população. O
crescimento anual ao ano mercado potencial (número de UCs) não cresce
do mercado com o consumo de energia, mas sim com o
potencial aumento populacional
Valoração da R$/MWh Minimamente, deve-se considerar o Custo Marginal de Expansão de R$
energia evitada pela 217/MWh.
micro ou
Adicionalmente, a redução da necessidade de realização de novos
minigeração
leilões de expansão de geração traz benefícios adicionais como:
distribuída
• Maior segurança energética;
• Redução no impacto socioambiental de novas usinas;
• Redução da necessidade de expansão do sistema de transmissão
associado às novas usinas;
• Redução de emissões de CO2;
• Outros.
Há ainda o benefício da redução da volatilidade de PLD e,
consequentemente, da redução da volatilidade tarifária (bandeiras), pela
menor necessidade de despacho de usinas termelétricas.

5
Variável Unidade Valor Observações
Redução das % de redução das Alertamos a ANEEL para o elevadíssimo risco de assimetria de
perdas técnicas na perdas informação entre as Distribuidoras e demais agentes, aí incluída a
distribuição em Agência. Assim é fundamental que haja um ente independente,
virtude da idealmente a própria ANEEL, para avaliar este impacto.
instalação de micro
Adicionalmente, acreditamos haver aqui uma oportunidade regulatória:
ou minigeração
há a possibilidade de se criar um ambiente de auto seleção: se as
Distribuidoras indicassem os melhores locais para instalação de GD
(especialmente nas modalidades Geração Compartilhada e
Autoconsumo remoto), seria possível otimizar este benefício à
sociedade.
Redução das % de redução das 6% Cada 100 MWh gerado em GD evita-se a
perdas técnicas na perdas geração de 106 MWh na Rede Básica, por conta
Rede Básica em da redução das perdas medidas pela CCEE.
virtude da
instalação de micro
ou minigeração
Redução do uso da % de redução, por Novamente aqui alertamos para o elevadíssimo risco de assimetria de
Rede Básica em MW de GD informação entre as Distribuidoras e demais agentes.
virtude da instalado, em
Adicionalmente, há um impacto positivo que deve ser considerado:
instalação de micro relação ao
redução da necessidade de capacidade de potência de geração para
ou minigeração montante
atendimento à nova ponta de consumo (por volta das 14h).
contratado pela
distribuidora nas
fronteiras com a
Rede Básica.
Redução do custo Redução do custo Os principais custos associados com a instalação de sistemas
de sistemas do kW instalado fotovoltaicos são de equipamentos que são commodities internacionais.
fotovoltaicos com o para cada MW já
Assim, a trajetória de custos futuros depende muito mais da curva de
crescimento do consolidado no
redução global dos custos da tecnologia, associado com a taxa de
número de mercado
câmbio e eventuais mudanças tributárias no Brasil, do que com número
instalações
de instalações no país.

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2.1.1 Outras variáveis relevantes, mencionadas na nota técnica e que não foram incluídas no questionário

Variável Observações
Redução do mercado das distribuidoras No modelo regulatório vigente de “price cap”, o risco de variação do
mercado ao longo do período entre revisões tarifárias se traduz em
benefício (no caso de crescimento de consumo) ou custo (no caso de
redução de consumo) para as Distribuidoras.
Neste contexto, é importante se iniciar uma discussão sobre o contexto
mais amplo da regulação econômica da Distribuição, incluindo impactos
esperados do risco tecnológico além da Geração Distribuída, incluindo
temas como eficiência energética, evolução da tecnologia de
armazenamento e outros aspectos socioculturais que terão efeito no
consumo total.
Dados para projeção do modelo de Bass: Sugerimos a calibração do modelo com base nos dados observados até o
Sensibilidade ao payback – SBP, momento. No entanto, é fundamental que:
coeficiente de inovação – p e coeficiente 1. Sejam expurgados outliers como CGHs que foram convertidas
de imitação – q para GD e também eólicas
2. Haja modelos distintos para geração na própria UC,
autoconsumo remoto, geração compartilhada e EMUC.

2.2 Os cenários propostos para a AIR são suficientes? Outras alternativas devem ser adicionadas ao estudo?
Quais?

A Nota Técnica propõe a simulação de 12 cenários, sendo 6 para geração na própria UC e 6 para geração remota. O
cenário inicial é a manutenção das regras atuais e cada novo cenário agravaria a atratividade da geração distribuída ao
se remover um novo item tarifário da base de cálculo dos créditos compensados.

Acreditamos que, dentre os cenários propostos pela ANEEL, basta a simulação da Alternativa 1 para averiguar a
completa desmobilização da indústria solar fotovoltaica no Brasil, especialmente para o caso da geração remota, que
sofreria uma redução de 28% de atratividade nas próprias estimativas da Agência.

Neste contexto, sugerimos a adoção dos seguintes cenários pela ANEEL:

• Cenário 1 – extensão dos benefícios do convênio Confaz 16 para toda micro e minigeração distribuída, incluindo
unidades com capacidade instalada acima de 1 MW e geração compartilhada2;
• Cenário 2 – revisão dos valores mínimos de consumo que formam o custo de disponibilidade3;

2 Reconhecemos que este tema está além do escopo de atuação da ANEEL, porém trata-se de fator chave de (in)viabilização de
unidades de geração compartilhada.
3 Importante recordar que as bandeiras tarifárias também se aplicam ao consumo mínimo, gerando receita adicional às Distribuidoras

sem que haja de fato aumento nos custos de compra de energia equivalente.

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• Cenário 3 – criação de uma Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição para unidades consumidoras cuja
demanda foi contratada para conexão de unidades de minigeração distribuída, chamada de TUSDGD4;

Novas alternativas poderão ser criadas com a combinação de cada um dos cenários acimas, por exemplo:

Alternativa Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3


A X
B X X
C X X
D X X X
E X
F X X
G X

2.3 Além dos impactos apresentados na seção de Análise, deveriam ser considerados outros custos ou
benefícios da geração distribuída? Quais? Como modelá-los e quantificá-los?

Primeiramente, é importante garantir que na modelagem a ser feita pela ANEEL sejam incluídas receitas marginais
adicionais do setor, em especial os significativos valores das Tarifas de Uso do Sistema Distribuição pagos pelas
unidades de minigeração distribuída na modalidade de compensação remota.

Além disso, alertamos para o forte caráter quantitativo da metodologia proposta pela ANEEL e sua limitação aos fatores
internos do setor elétrico brasileiro, com duas consequências diretas:

1 Elevada sensibilidade das conclusões finais e recomendações a pequenas variações de premissas e de


relações matemáticas estimadas; e
2 Falta de consideração de variáveis qualitativas como:
• Alinhamento à política energética nacional, por exemplo, a Política Nacional sobre Mudança do Clima
(Lei 12.187/2009), o Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica-ProGD
(Portaria MME 538/2015), entre outras;
• Promoção do poder de escolha dos consumidores;
• Incentivo à inovação tecnológica e de modelos de negócio;
• Elevação no nível de engajamento da sociedade em relação ao tema da geração renovável;
• Criação de empregos qualificados;
• Redução de barreira de entradas para novos investidores de menor porte no Setor Elétrico Brasileiro;
• Posicionamento competitivo do país;

4Há que se reconhecer uma falta de isonomia nata entre unidades consumidoras participantes do mecanismo de compensação de
geração distribuída e autoprodutores que detêm ativos de geração renovável, que se beneficiam do desconto sobre a tarifa de uso na
geração e na carga.

8
• Outros.

Neste sentido, é fundamental que as análises avaliem os benefícios líquidos à sociedade como um todo, dado o caráter
holístico que a política energética nacional deve assumir

Por fim, reforçamos nosso ponto de atenção em relação à assimetria de informações entre as Distribuidoras, partes
interessadas no processo, e os demais agentes, incluindo aí a ANEEL. É essencial que todos os parâmetros e premissas
sejam transparentes e auditáveis para garantir uma regulação balanceada. Ainda, recomendamos como um primeiro
passo um backtesting completo de todas projeções realizadas pela ANEEL à época da Resolução 687, especialmente
dos impactos estimados.

2.4 Na hipótese de a AIR indicar a necessidade de atuação da Agência em duas fases (uma válida para os
primeiros anos e uma outra regra a ser aplicada depois de determinado período), quais ações a ANEEL
precisaria tomar no sentido de dar maior segurança regulatória aos micro e minigeradores que se instalarem
durante a primeira fase?

A ANEEL propõe a possibilidade da combinação de 2 cenários distintos para maximizar o bem-estar social, ao invés da
adoção de um cenário único para os próximos dez anos. Dado o baixo volume de unidades de geração distribuída
projetado para os próximos 5 anos e seu respectivo baixo impacto, conforme amplamente divulgado pela própria
ABRADEE (“atualmente impacta em 0,02% (...) os custos da mini e microgeração distribuída”)5 acreditamos ser uma boa
iniciativa da Agência promover a continuidade das regras em vigor no horizonte mais imediato, introduzindo eventuais
mudanças apenas em um horizonte mais distante.

Ainda, reconhecemos o valioso posicionamento da ANEEL em relação à garantia da segurança regulatória, em especial
ao “assegurar que os agentes que instalaram GD mantenham a forma de compensação que era vigente na época de sua
conexão por período pré-determinado”.

Nesse aspecto, entendemos relevantes os seguintes pontos:

1. O tempo de aplicação da regra deve ser compatível com a vida útil dos ativos investidos;
2. O benefício deve estar atrelado à UC onde a micro ou mini geração está instalada e todos os seus beneficiários.
Este ponto é especialmente crítico para geração compartilhada, pois caso haja mudança de beneficiários dos
créditos, os novos beneficiários devem estar sujeitos às regras da época de conexão da unidade de geração
distribuída; e

5 https://www.canalenergia.com.br/artigos/53065939/uma-luz-sob-a-modicidade-tarifaria

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3. A ANEEL deve aceitar desde já que, nos instantes finais da regulação do horizonte 1, haverá acumulo de novas
instalações para maximizar o ganho dos benefícios de curto prazo.

2.5 A faixa de custo de capital para pessoa física entre 6,24% e 34,5% a.a. está adequada? Se não, qual faixa
poderia ser adotada e por quê? A faixa de custo de capital para pessoa jurídica entre 5,65% e 10,14% a.a.
está adequada? Se não, qual faixa poderia ser adotada e por quê?

Apresentamos nosso posicionamento na tabela da questão 2.1.

2.6 A compensação local (na própria unidade consumidora onde a energia é gerada) tem características e
impactos diferentes da geração remota (autoconsumo remoto, geração compartilhada). Como devem ser
tratadas essas particularidades? Justifique.

É fundamental o reconhecimento da ANEEL, desde já, das naturezas distintas entre compensação local e geração
remota. Do ponto de vista econômico, social e ambiental, a geração remota possui grandes benefícios ao otimizar o
investimento dos equipamentos de geração, permitir o acesso democrático a energia limpa e renovável e viabilizar um
trabalho conjunto entre as Distribuidoras e os Consumidores no sentido de buscar a localização otimizada da planta para
maximizar os benefícios sobre a rede elétrica.

Infelizmente, atualmente a modalidade geração compartilhada padece da falta de aplicação dos benefícios do convênio
Confaz 16, que entendemos estar fora do escopo de atuação da ANEEL, mas também da penalização pelo pagamento
de valores significativos de Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição.

Assim, é essencial que a ANEEL inclua no processo de revisão da regulamentação da minigeração, a introdução de uma
modalidade tarifária mais adequada e menos penosa para unidades que contratem demanda exclusivamente para
acesso de minigeração distribuída, uma TUSDGD.

2.7 Atualmente, a ANEEL monitora a evolução da micro e minigeração distribuída (por meio do SISGD) e a
quantidade de energia compensada (via Sistema de Acompanhamento de Informações de Mercado para
Regulação Econômica - SAMP). Como aprimorar esse monitoramento? Quais outros dados (payback dos
sistemas, número de reclamações, redução de mercado das distribuidoras, gases de efeito estufa, etc.)
precisariam ser monitorados? Como?

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O monitoramento dessas e outras variáveis só faz sentido em um contexto de avaliação da efetividade da política
energética e da regulação proposta. Nesse sentido, a ANEEL deve criar um painel de indicadores para que possa avaliar
o alinhamento de valores observados versus as projeções e metas definidas no momento da revisão da resolução.

Do ponto de vista dos usuários do sistema de compensação, é absolutamente chave que a ANEEL monitore o índice de
satisfação, incluindo o cumprimento de prazos pelas Distribuidoras, correção da aplicação de créditos, etc.

2.8 As especificidades das tecnologias e a evolução do mercado de GD têm indicado que o sistema de
compensação deva ser aplicado somente a fontes renováveis. Quais aspectos corroboram ou contrapõem
essa afirmação?

No nosso entendimento, cabe à ANEEL, enquanto agente de Estado, a estrita regulação da política energética definida
pelo Governo, através dos poderes Executivo e Legislativo.

Nesse sentido, nos termos da Lei 9427/1996 e Portaria MME 538/2015, nos parece que o sistema de compensação deve
englobar tanto as fontes renováveis como a cogeração.

2.9 No caso da geração compartilhada, como garantir que os arranjos (consórcio e cooperativa) não se
configurem como comercialização?

Um dos principais benefícios da regulamentação da geração compartilhada, introduzida pela Resolução Normativa
687/2015, foi o surgimento de modelos de negócio inovadores, que permitiram o acesso democratizado à geração limpa
e renovável por pessoas e empresas que, de outra forma, não poderiam contribuir com a revolução energética em curso
no mundo e no Brasil.

A ANEEL deve promover a competição sempre que possível no mercado de energia elétrica, em prol dos consumidores
de energia, sem tentar “microgerenciar” as relações entre os agentes.

Assim, soa-nos um tanto agressivo a ANEEL pré-julgar possíveis modelos de negócio de geração compartilhada como
comercialização de energia; na realidade, a Agência deveria promover essas e outras iniciativas, pois trazem inúmeros
benefícios à sociedade, sem causar danos a qualquer agente setorial.

2.10Como permitir uma maior disseminação da micro ou minigeração distribuída localizada junto a condomínios
comerciais ou residenciais para compensação local?

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Nos abstemos de responder a esta questão, por falta de conhecimento específico do tema.

2.11Como identificar a tentativa de divisão de centrais de geração em unidades de menor porte para
enquadramento nos limites da REN nº 482/2012? Seria possível a inserção de critérios objetivos de
identificação no texto da regulamentação, sem permitir o mau uso da norma por agentes mal-intencionados?
Quais critérios?

Entendemos que qualquer regulação que defina limites “arbitrários” está sujeita a manobras pelos agentes regulados. De
fato, chama muito nossa atenção a ANEEL se referir a esses agentes como “mal-intencionados”.

Em primeiro lugar, do ponto de vista isonômico, a ANEEL nunca penalizou ou avaliou como “mal-intencionados” os
Produtores Independentes de Energia que desmembram grandes parques de geração em Sociedades de Propósito
Específico limitados a 30 MW para fazerem jus aos benefícios do desconto das Tarifas de Uso dos Sistemas de
Transmissão e Distribuição.

Em segundo lugar, entendemos que não cabe às Distribuidoras fazerem o papel de órgão fiscalizador, sob o risco de se
introduzir uma potencial alavanca discriminatória ao livre acesso aos sistemas de distribuição. Ilustrativamente, imagine-
se uma situação em que a Distribuidora faça “vistas grossas” a um pedido de conexão de uma planta subdividida em
lotes de 5 MW feito por uma empresa de seu grupo econômico, enquanto nega o acesso a um pedido semelhante feito
por qualquer outra pessoa física ou jurídica.

Em terceiro lugar, há que se esclarecer o racional para a limitação aos 5 MW definidos na regulamentação. Partindo-se
do pressuposto que se trata de limite técnico-operacional compatível com a capacidade de escoamento dos sistemas de
distribuição, então as regras definidas na Resolução 414 devem ser capazes de tratar do tema.

2.12Os modelos de autoconsumo remoto e de geração compartilhada têm permitido a expansão eficiente do
sistema de distribuição?

Entendemos que esta pergunta possui um forte viés e padecerá do elevado risco de assimetria de informações entre as
Distribuidoras e os demais agentes:

• Do ponto de vista do viés, acreditamos que o sistema de distribuição deve ser expandido para atender às
necessidades e desejos dos consumidores de energia. Outrossim, seria afrontoso perguntar às Distribuidoras se a
expansão de novas zonas industriais ou novos centros comerciais estão em linha com a expansão eficiente do
sistema de distribuição. Ora, o sistema de distribuição é que deve seguir a vontade dos consumidores de energia.

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• Do ponto de vista da assimetria de informações, infelizmente os investidores de unidades de geração compartilhada
e autoconsumo remoto desconhecem os planos e as necessidade de expansão do sistema de distribuição. Assim,
se as distribuidoras estivessem dispostas a compartilhar os detalhes das suas redes, poder-se-ia buscar uma
situação em que a resposta à esta pergunta fosse majoritariamente positiva.

2.13Quais são os custos para conexão de minigeração para compensação remota (sem carga associada) na
regra de participação financeira atualmente vigente? Como esses custos de conexão se comparam com
aqueles atribuídos a usinas com características semelhantes mas não enquadradas como GD (usinas que
comercializam energia na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica - CCEE)?

Evidentemente, enquanto usuários do sistema de compensação, estamos inaptos a responder a esta questão. No
entanto, causa-nos desconforto a comparação seletiva entre unidades de GD com usinas que comercializam a energia
na CCEE: quando se fala do tema da TUSDG e/ou dos benefícios dos descontos das tarifas das fontes incentivadas, a
ANEEL apressa-se em reforçar a diferença entre os dois mundos; entretanto, quando se trata de levantar custos e regras
de participação financeira, a ANEEL sugere avalia-los lado-a-lado.

2.14Caso queira contribuir com os dados técnicos para realização das simulações, utilize este espaço para
apresentar sugestões de métodos diferentes ou valores que possam ser utilizados para os parâmetros do
método atualmente escolhido

Mais uma vez, chamamos a atenção para o risco de assimetria de informações e uso seletivo de dados para cálculos e
simulações. Em especial, nos preocupa o uso de resultados pré-selecionados de projetos de P&D, sem a devida
transparência e exaustividade analítica.

Neste sentido, acreditamos ser oportuna a realização de reunião de trabalho aberta entre os técnicos da ANEEL e o
mercado todo antes do início das efetivas simulações da AIR.

2.15O modelo atual de compensação de energia exige a instalação de um medidor bidirecional para o
faturamento. Posicionado após o quadro geral da unidade consumidora, esse medidor mede apenas a
energia gerada injetada e o consumo da rede. Assim sendo, a energia total gerada (que inclui a parcela da
geração consumida instantaneamente) não é medida, ficando assim desconhecida pela distribuidora. A falta
dessa informação pode ter impactos nas estatísticas nacionais, no processo de planejamento realizado pela
Empresa de Pesquisa Energética – EPE e, eventualmente, na operação do sistema, comprometendo as
séries históricas de dados e levando a uma subestimação do consumo e da geração. Nesse sentido, a

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ANEEL gostaria de avaliar a possibilidade e a viabilidade econômica de coleta agregada dos dados de
geração total dos micro e minigeradores, através das seguintes perguntas:
a. Os dados de geração total são coletados pelos fabricantes de inversores?
b. Em caso afirmativo, há algum impedimento/dificuldade para a disponibilização desses dados agregados
de geração às distribuidoras?
c. Quais os custos associados a essa disponibilização?
d. Há outra alternativa viável para a obtenção dos dados de geração total?

Embora seja louvável a preocupação da ANEEL em obter dados mais precisos possíveis sobre consumo e geração de
energia, o volume elevado de informações torna esse processo técnica e economicamente inviável. Uma vez que a
ANEEL dispõe dos detalhes técnicos de cada instalação, sugerimos a adoção de estimativas, com base em capacidade
instalada e fatores de capacidade típicos por região (informação facilmente disponível em sites como
http://globalsolaratlas.info).

2.16Quais são os custos médios arcados pela distribuidora para análise de uma solicitação de acesso típica de
microgeração? E de minigeração? Favor apresentar dados reais.

Não obstante o severo risco de assimetria de informações no pedido formulado pela ANEEL, gostaríamos de sugerir que
a Agência solicitasse também os dados relativos ao cumprimento de prazos, incluindo a frequência de reprova de
projetos, com uma avaliação por amostragem da procedência dos motivos de reprova. Isso porque, do ponto de vista dos
usuários do sistema de compensação, tais atrasos implicam em perdas relevantes do retorno dos investimentos.

2.17Outros pontos relevantes levantados na Nota Técnica e que não se refletiram no questionário

Comentário ANEEL Nossa posição


Faturamento e fatura
• Consumidores alegam que pagam duas vezes o • Concordamos com a alegação dos consumidores:
Custo de Disponibilidade (valor mínimo a ser caso a geração seja superior ao consumo mínimo, o
faturado) quando a diferença entre as energias volume do consumo mínimo deve virar crédito para
consumida e injetada é menor que esse Custo utilização nos meses subsequentes
• Outro problema enfrentado pelos consumidores é o • Por outro lado, acreditamos que os instaladores têm a
acesso às informações de geração, como a energia responsabilidade de educarem seus clientes quanto
injetada e o acompanhamento dos créditos ao uso dos dados dos inversores para
excedentes. Falta incentivo regulatório para que as acompanhamento e monitoramento das instalações
distribuidoras disponibilizem essas informações na
fatura

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Comentário ANEEL Nossa posição
Procedimento de acesso
• Questiona-se se as distribuidoras estariam seguindo • Para nós, o principal ponto de atenção é a utilização
devidamente as etapas e se há fragilidades na regra de subterfúgios pelas Distribuidoras para não
que carecem de aperfeiçoamento. cumprimento dos prazos
• Aguardam-se contribuições acerca dos prazos • Ex.: aguardar até o último dia do prazo para
atualmente regulamentados: alegar a não aderência de alguma informação
• Emissão do parecer de acesso: 15 a 30 dias – • Para garantia de cumprimento de prazos, é importante
prazos dobrados caso haja obras que a ANEEL regulamente a obrigatoriedade de
• Vistoria: 7 dias manutenção de estoque mínimo de medidores
• Entrega do relatório: 5 dias bidirecionais
• Aprovação do ponto de conexão: 7 dias
• Há sugestões para que as distribuidoras sejam • Acreditamos que a Distribuidora deve ressarcir na
obrigadas a pagar uma compensação ao consumidor forma de créditos de energia para cada dia de atraso
que sofrer com o descumprimento do prazo

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