Sei sulla pagina 1di 3

A “Paideia” é uma das heranças imortais da mentalidade grega.

Werner Jaeger conseguiu


resumir em um livro, extenso é verdade, todo o conceito de formação moral, física, poética
e teológica do homem da Antiguidade. Qualquer pessoa que estiver lidando com a
educação na sua vida diária vai ficar impressionada com o alcance que os poetas e
filósofos gregos deram a esse tema. Na verdade, nos dias atuais, especialmente em um
país com um sistema educacional como o brasileiro, que em sua maioria é incapaz de dar
aos seus alunos ensinamentos básicos sobre gramática e aritmética, essa base da Paideia
grega é impossível de ser transmitida aos estudantes de nosso tempo. É certo que durante
vários séculos as Humanidades foram valorizadas no Ocidente, e até mesmo no Brasil.
Mas como sempre surgem mentes brilhantes com as melhores intenções para reformar o
ensino, o resultado foi que o sistema educacional brasileiro foi assaltado pelo modelo
tecnicista, e os resultados foram trágicos. Houve nos últimos anos algumas luzes de
esperança para a nossa educação, uma vez que filosofia voltou a ser ensinada nas
escolas, mas isso só não basta.
A Paideia tal qual os gregos entendiam, envolve o ensinamento do corpo e da mente.
Poesia, teologia, filosofia, gramática, retórica, matemática, música e astronomia faziam
parte da formação da alma do homem grego.Jaeger demonstra isso desde os tempos
remotos da Hélade com a poesia de Homero. Como GiamBattista Vico havia percebido,
toda grande civilização começa com os poetas-teólogos, que são aqueles que transmitem
o mito fundador da nação para o povo. A poesia foi a primeira forma de preparação da
mente de crianças e adultos para a compreensão do mundo. O Mythos é a pedagogia de
Homero, porquanto os seus poemas reproduzem as estórias de deuses e homens que dão
início à Paideia. Jaeger acredita que Homero produz um pensamento “filosófico” relativo às
leis eternas que governam o mundo. Na Ilíada e na Odisseia, as paixões humanas e os
elementos da tragédia grega que Aristóteles iria explicar de forma tão maravilhosa na
poética já se fazem presentes.
Existe um estudo dedicado à formação física e militar de Esparta, que tanta admiração
causou aos atenienses. Pode-se dizer que Esparta foi a mãe da educação estatal na
História. O homem espartano, segundo Jaeger, não tinha um conceito de imortalidade
além do da morte gloriosa em batalha. O Estado era para eles o sentido da vida e a guerra
algo desejável. A educação de Esparta nos causa repulsa em nosso tempo, porém para
aquele momento histórico ela realmente era efetiva. Aristóteles nos diz em sua Política que
a educação de Esparta era totalmente militarizada. Desde o primeiro momento, as
crianças com o mínimo defeito de nascença eram expostas impiedosamente à morte. A
criança era separada cedo de sua mãe e a responsabilidade pela sua criação passava ao
Estado. A Paideia de Esparta estendia-se aos adultos, e como diz Jaeger, “ninguém podia
viver ao seu bel-prazer”.
Nesse mesmo momento em que a educação de Esparta fazia sucesso, os gregos
descobriram o Cosmos e a Matemática. Surgem os filósofos da physis e a matemática de
Pitágoras. O homem começa a libertar-se do mito de Homero. As explicações para o
funcionamento do universo começam a surgir. Pitágoras e sua escola provavelmente
descobriram a matemática através dos egípcios, mas eles não se tornaram apenas
repetidores de uma ciência antiga. Fizeram inovações, criaram uma teoria musical que
passaria a fazer parte da Paideia platônica. Homens como Heráclito delimitam de alguma
forma o alcance dos conhecimentos de um homem que conhece a si mesmo. Ele diz: “a
multiplicação dos conhecimentos não proporciona sabedoria”. Heráclito completa: ”
investiguei-me a mim próprio”. Jaeger diz que nesse momento a filosofia volta ao homem,
depois que várias tentativas de explicar o porquê do universo não foram suficientes.
As tragédias de Ésquilo e Sófocles tornar-se-iam para os gregos uma tentativa de explicar
os imprevistos da natureza e da fortuna que tanto os atemorizavam. No Prometeu
Acorrentado, Ésquilo fala sobre o drama da alma ( PATHOS) de um Titã que terá que
descer até as profundezas para resgatar o seu erro. Prometeu é o Titã que rebela-se
contra Zeus por compaixão aos homens que ele vê como vivendo como cegos nesse
mundo. Rouba, então, o fogo divino e o concede aos homens. Ensina a eles várias outras
ciências, entre elas a matemática. Mas sua rebeldia é descoberta e ele é preso com
correntes a um rochedo. Está destinado a sofrer o castigo eterno por sua HUBRIS. O
espírito de Prometeu, como o de todos os gnósticos de todos em todos os tempos se
revolta contra a divindade. O ódio de Prometeu que grita ” odeio todos os deuses” é o
mesmo de Satã no momento da Queda: ” não servirei!” A revolta contra a divindade está
presente no mito grego. Na sequência da tragédia, Prometeu irá reconciliar-se com Zeus.
Sófocles conseguiu atingir a mente dos gregos com uma outra tragédia que ainda hoje nos
emociona: Édipo Rei. Aristóteles considerava essa tragédia como a melhor que existia.
Édipo sofre uma virada da fortuna de maneira inesperada, e sofre o castigo (NEMESIS)
mesmo sendo inocente. Em um mundo onde tudo era incerto como na Antiguidade, os
poetas produziram sua Paideia que mostrava ao povo a razão da dor e do sofrimento. Da
mesma forma que em Prometeu Acorrentado, no final o bem prospera. Os deuses têm
compaixão de Édipo. Nas palavras de Jaeger: ” é o milagre da salvação que no fim o
espera. Os deuses, que te feriram, de novo te porão de pé.” O mal existe de maneira
temporária, porque no fim é o bem que triunfa. A Paideia dos poetas ensina os gregos
através do sofrimento temporário que os deuses são bons.
Por fim falarei sobre a melhor parte do livro que é a filosofia platônica. O filósofo grego
reuniu o que havia de melhor na Paideia grega para formar um sistema mais amplo ainda.
O homem não só está preparado para ser um bom cidadão, como também aspira a
contemplar o Bem. Para Platão, o homem e a mulher devem começar sua educação cedo.
No seu diálogo As Leis, ele chega a dizer que devem começar a aprender na barriga de
suas mães. A Paideia é completa, pois inclui música e poesia agora purificados de todo
elemento maligno; inclui, também, a preparação física, pois sem ela o homem fica
amolecido. É claro que a matemática também está presente. Platão aspirava que homens
e mulheres pudessem ter o mesmo tipo de educação. Apesar de ter dedicado boa parte da
vida escrevendo sobre o Estado ideal, no fim Platão tentou fazer que o homem que tivesse
experimentado sua Paideia construísse o ” Estado dentro de si”, segundo as palavras de
Jaeger. O ideal de Paideia de Platão era fazer que todos conhecessem o Bem. A
contemplação do filósofo do AGATHON é o mito que ele nos conta na República. Existem
dois mundos para Platão: o noumena e o phenomena. Platão quer que tenhamos atenção
para o primeiro. Jaeger explica o que Platão quis dizer com sua imagem do deus Hélio.
Esse é o filho do Bem. Quando o homem olha para o céu vê sua luz e a contempla. Se
não olhasse para o Filho do bem, ficaria preso às trevas de noite. Quando o homem está
em trevas, diz Jaeger, sua alma perde a razão. Quando contempla o Filho do Bem, o Sol,
a alma se ilumina e percebe a causa do conhecimento e da verdade. A Paideia de Platão
alcança o seu ponto máximo. Não só educa para esse mundo como também para o
mundo das Ideias, esse sim, o que é eterno e não transitório. Contemplar e conhecer o
Bem é o fim da Paideia do maior de todos os filósofos que é Platão.

Potrebbero piacerti anche