Estudo comparativo do teste imunocromatográfico rápido Dual Path Platform (TR-DPP®) e Ensaio Imunoenzimático (ELISA) para o diagnóstico da leishmaniose visceral canina, região noroeste do estado de São Paulo, Brasil Resumo1000
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Estudo comparativo do teste imunocromatográfico rápido Dual Path Platform (TR-DPP®) e Ensaio Imunoenzimático (ELISA) para o diagnóstico da leishmaniose visceral canina, região noroeste do estado de São Paulo, Brasil Resumo1000
Estudo comparativo do teste imunocromatográfico rápido Dual Path
Platform (TR-DPP®) e Ensaio Imunoenzimático (ELISA) para o
diagnóstico da leishmaniose visceral canina, região noroeste do estado de São Paulo, Brasil. Residência multiprofissional – Vigilância em Saúde: Medicina Veterinária Residente: Caroline Santana Hernandes Co-orientador: Denise Maria Bussoni Bertollo Orientador: Profa. Dra Debora Aparecida Pires de Campos Zuccari Palavras-chave: Inquérito; leishmaniose; zoonose; cães. Introdução: A leishmaniose visceral (LV) é uma doença de curso crônico, de caráter antropozoonótico e que tem como agente etiológico a Leishmania (Leishmania) infantum chagasi. É endêmica, em 98 países e está amplamente distribuída em regiões tropicais e subtropicais. Seu grande impacto na saúde pública ocorre devido às altas taxas de letalidade e morbidade. Em praticamente todas as áreas de ocorrência da doença, Lutzomyia longipalpis é identificado como o principal vetor da doença. Esta espécie é altamente antropofílica. Além disso, o comportamento eclético apresentado concomitantemente com a presença de animais domésticos e sinantrópicos favorece a aproximação e a manutenção destes insetos no ambiente peridomiciliar. O ciclo de transmissão, que anteriormente ocorria no ambiente silvestre e rural, hoje também se desenvolve em centros urbanos e o cão possui grande importância epidemiológica, uma vez que esse hospedeiro é a primeira escolha, no ambiente urbano, para o repasto sanguíneo pelo flebotomíneo. Além disso, muitos cães infectados são portadores assintomáticos que albergam o parasita e podem transmitir a doença. Para conter o avanço da doença, o Ministério da Saúde publicou no ano de 2006 o Programa de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral (PVCLV), com medidas baseadas no diagnóstico e tratamento precoce dos casos humanos, redução da população de flebotomíneos, eliminação de reservatórios e atividades de educação em saúde. O PVCLV no estado de São Paulo preconiza a realização de inquéritos sorológicos caninos, visando conhecer a situação epidemiológica da doença nas áreas com transmissão ativa ou com potencial de transmissão, e identificar os cães sorologicamente reagentes para posterior realização da eutanásia. Atualmente, duas técnicas diagnósticas sorológicas sequenciais são preconizadas para identificação dos cães infectados nos inquéritos soroepidemiológicos caninos: o teste imunocromatográfico rápido Dual Path Platform (TR-DPP®) e o Ensaio Imunoenzimático (ELISA), ambos lançados pela BioManguinhos. O TR-DDP® utiliza a proteína recombinante K39 como antígeno e é caracterizado por ser rápido pois o resultado é conhecido após 15 minutos, além de ser de fácil execução. Um teste diagnóstico eficiente é de extrema importância, a fim de se evitar a eutanásia desnecessária de cães com diagnóstico falso positivo, e a permanência de cães infectados com diagnóstico sorológico falso negativo no ambiente auxiliando na disseminação da doença. Além disso, em relação ao teste de triagem é muito importante que tenha um bom desempenho para assim, evitar possíveis gastos adicionais e para otimizar o tempo de trabalho dos profissionais envolvidos. Objetivo: Este estudo tem como aplicabilidade avaliar a eficiência do TR- DDP® tendo o ELISA como padrão-ouro e também, averiguar a taxa de positividade da doença na região. Material e Métodos: O presente estudo foi realizado a partir de dados secundários, obtidos por meio de análises soroepidemiológicas, em amostras de soro sanguíneo de cães, oriundos de inquéritos caninos conforme preconiza o PVCLV, encaminhados para o Centro de Laboratório Regional Instituto Adolfo Lutz de São José do Rio Preto, que é um laboratório de referência para este agravo. Foram utilizadas amostras cuja data de coleta ocorrera no período de janeiro de 2013 a dezembro de 2017, sendo que foram excluídos da pesquisa os resultados tidos como “indeterminado”. O estudo foi desenvolvido abrangendo a região administrativa de São José do Rio Preto, pertencente ao Departamento Regional de Saúde XV (DRSXV), composta por 102 municípios, que corresponde à área de abrangência do Grupo de Vigilância Epidemiológica XXIX (GVE 29) e do GVE XXX (GVE 30). As informações referentes ao domicílio do cão, data da coleta e resultado dos exames laboratoriais, foram registradas em boletins (BOL_CÃO 3) pelos municípios. Os testes realizados no Centro de Laboratório Regional do Instituto Adolfo Lutz para o diagnóstico da LV canina são digitadas no Sistema de Informação e Gestão Hospitalar/Laboratório (SIGH-Lab). Este sistema foi utilizado, junto com demais planilhas de registros, para resgate de dados para o estudo. Resultados: Após a compilação de dados e análise, foi observado que a região da DRSXV é composta de 102 municípios, destes 44/102 realizaram inquérito sorológico canino, no período de estudo. Entretanto, apenas 7/44 realizou o inquérito sorológico ano a ano, sendo os mesmos: Aparecida D’oeste, Fernandópolis, Jales, Pontalinda, Santa Clara D’oeste, Santa Fé do Sul e Votuporanga. Durante o período do estudo foram analisadas 105.032 amostras de cães, destes 8.318 confirmados para LV com TR-DPP® e ELISA reagentes, representando uma taxa média de positividade de 7,9% e com taxa média de eficiência do TR-DPP® de 56,0%. Em relação à taxa de eficiência do TR-DPP® quando analisada ano a ano, observou um declínio, em 2013 (61,7%), 2014 (59,9%), 2015 (54,6%), 2016 (52,1%) e 2017 (46,7%). Foi observado também que entre os municípios há uma variação grande desta taxa, variando de 0-100%. Os municípios que obtiveram os dois extremo na taxa (0 e 100%) foram os que tiveram um número pequeno de testes realizados. Os municípios com maior quantidade de testes possuem uma diferença significativa. Por exemplo, no ano de 2017 os dois municípios com maiores números de exames realizados que foram São José do Rio Preto e Votuporanga obtiveram taxa de eficiência do TR-DPP® de 25,5% e 64% respectivamente, representando uma diferença de 38,5%. Outro fator observado foi o declínio da taxa de positividade, onde obteve-se, em 2013 (10,9%), 2014(10,1%), 2015(7,6%), 2016 (5,8%) e 2017(4,9%). Quando analisada a taxa por municípios observou-se que, em 2013 no município de Votuporanga a taxa de positividade foi de 22,6%, muito acima da média para mesmo ano. Conclusão: O estudo demonstrou uma taxa de eficiência do TR-DPP® média inferior a 60%, e a mesma se apresentou com uma grande variação entre os municípios. O estudo evidencia a necessidade de implantação de equipamento para quantificação de resultado do TR-DPP®, a fim de evitar-se subjetividade do técnico e resultado falso positivo, e/ou implantação de testes de diagnósticos mais apurados. São necessárias novas pesquisas em relação aos testes, pois há uma preocupação especial em relação à possível eutanásia de cães falso-positivos, porque não há testes 100% sensíveis e específicos para uso rotineiro. Além disso, estudos demonstraram que tanto o TR-DPP® quanto o ELISA podem apresentar raramente reações cruzadas com doenças como leishmaniose tegumentar americana, tripanossomíase, doença de Chagas, babesiose, erlichiose, hepatozoonose, neosporose e toxoplasmose, assim, resultando em um diagnostico errôneo. Em relação declínio anual da taxa de positividade, o estudo sugere que a região está atenta as ações de vigilância e controle para o reservatório canino, com realização de inquérito sorológico periodicamente, identificando cães sororreagentes e assim contribuindo para a diminuição da incidência da doença na região.