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Para Adorno e Horkheimer, a declaração de intenções e projetos orgulhosamente

admitida pelos arautos do Esclarecimento, dentre os quais os autores elegem Francis


Bacon como o grande representante moderno, sempre fora o programa do
“desencantamento do mundo” (Entzauberung der Welt). Esse conceito é emprestado de
Max Weber, que o desenvolve a partir de uma formulação de Schiller1. No pensamento
do sociólogo, a expressão assume o sentido de um processo de “desmagificação da atitude
ou mentalidade religiosa” que explicaria o “desenvolvimento sui generis do racionalismo
ocidental, ao mesmo tempo que é, ele mesmo, um processo histórico de
desenvolvimento” (id, p.59). Desde seu parentesco com a frase do poeta,
“desendeusamento da natureza”, o conceito weberiano já denota uma diferença
fundamental entre “de um lado, o conhecimento e a dominação racional do mundo
natural, e do outro, as experiências místicas individuais, inexprimíveis,
incomunicáveis...” (PIERUCCI, 2003, p.30).

Esses dois pontos demarcam o caráter estratégico do emprego da noção de Weber


em Adorno e Horkheimer. O Esclarecimento propõe-se a desbancar as superstições, a
crendice, a ignorância, mediante a substituição da imaginação pelo saber, o que se
traduziu, desde os primórdios da filosofia grega antiga, até o desenvolvimento da ciência
experimental moderna, numa declaração de guerra contra o animismo e a magia. A
morada dos inimigos não era de nada desconhecida pelo Esclarecimento, sua casa era a
mitologia. Afirmam os autores: “Para ele o elemento básico do mito foi sempre o
antropomorfismo, a projeção do subjetivo na natureza. O sobrenatural, o espírito e os
demônios seriam as imagens especulares dos homens que se deixam amedrontar pelo
natural” (ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p.22). Desse novo saber deve emergir

1
Há controvérsias acerca da origem do conceito na obra de Weber, como bem explora Antônio Flavio
Pierucci. Aqui seguimos a posição do autor, segundo a qual o sociólogo alemão teria se inspirado na
seguinte expressão de Schiller, pensada para condensar os nefastos impactos da modernidade sobre a
natureza: “Entgötterung der Natur”. (PIERUCCI, 2003, p.30)

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