Sei sulla pagina 1di 84

SUMÁRIO

03 DIREITO PENAL
Prof. Leda Siqueira

30 DIREITO PROCESSUAL PENAL


Prof. Leda Siqueira

52 DIREITO CIVIL
Profa. Tallita Sampaio

66 DIREITO PROCESSUAL CIVIL


Prof. Tallita Sampaio

81 DIREITO ELEITORAL
Prof. Tallita Sampaio

2
DIREITO PENAL
PROF. LEDA SIQUEIRA

01 – QUESTÃO:

Assinale a alternativa correta à luz do entendimento sumulado pelos Tribunais Superiores.

a) Jacó aos 17 anos seqüestrou Isabel e a manteve em cárcere privado por algum tempo.
Durante o tempo da privação da liberdade da vítima, Jacó completou 18 anos. Dias depois,
o cativeiro foi descoberto e o agente preso em flagrante. Jacó deve se submeter às regras do
Estatuto da Criança e do Adolescente tendo em vista que no início da empreitada criminosa
era menor de idade.
b) Davi foi condenado à pena privativa de liberdade com trânsito em julgado da sentença.
Anos depois, houve abolitio criminis da conduta por ele perpetrada. O juiz que proferiu a
sentença deverá analisar a aplicação da lei mais benigna.
c) Saulo falsificou uma folha de cheques pertencente a Marta e com o documento fez compras
em uma loja de eletrodomésticos. Saulo responderá apenas por estelionato.
d) Zaqueu foi pronunciado por tentativa de homicídio qualificado. Em plenário do júri,
todavia, os jurados entenderam que o réu praticou tão somente lesão corporal, decidindo
pela desclassificação do crime. Nesse caso, deve-se recalcular o prazo de prescrição,
desconsiderando a interrupção operada em virtude da decisão de pronúncia.
e) Pedro quando foi condenado pelo crime de roubo, estava sendo investigado por
estelionato, furto e porte ilegal de arma. No momento da fixação da pena base, o juiz achou
por bem aumentá-la levando-se em consideração os inúmeros inquéritos policiais atribuídos
ao réu, agindo, assim, de forma correta diante de sua conduta social reprovável.

RESPOSTA: Alternativa C.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Incorreta.

Súmula 711 STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado
ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da
continuidade ou da permanência.

Alternativa B: Incorreta.

Súmula 611 STF: Transitada em julgado a sentença condenatória,


compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna.

3
Alternativa C: Correta.

Súmula 17 STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais


potencialidade lesiva, é por este absorvido.

Essa súmula não é dotada de muita técnica eis que o crime menos grave (estelionato)
absorve o mais grave (falso), tendo sido adotada por razões de política criminal.

Alternativa D: Incorreta.

Súmula 191 STJ: a pronúncia é causa interruptiva da prescrição ainda


que o tribunal do júri venha a desclassificar o crime.

Alternativa E:

Súmula 444 STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações


penais em curso para agravar a pena base.

02 – QUESTÃO:

Em relação à fixação de pena, não consiste entendimento sumulado pelos tribunais


superiores.

a) A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do


mínimo legal.
b) É admissível a adoção do regime prisional aberto aos reincidentes condenados a pena
igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.
c) Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional
mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade
abstrata do delito.
d) A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação
idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.
e) A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir
exige motivação idônea.

RESPOSTA: Alternativa B.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A:

Súmula 231 STJ: A incidência da circunstância atenuante não pode

4
conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal.

Alternativa B:

Súmula 269 STJ: É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto


aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se
favoráveis as circunstâncias judiciais.

Neste caso, por ser reincidente, o agente deveria receber o regime fechado. Entretanto,
o STJ entendeu que pelo fato da pena ser diminuta (igual ou inferior a quatro anos que enseja,
em regra, a aplicação do regime aberto) e das circunstâncias judiciais serem favoráveis, invés de
receber o regime fechado, o réu pode receber o semiaberto.

Alternativa C:

Súmula 440 STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o


estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em
razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do
delito.

Alternativa D:

Súmula 718 STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato


do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime
mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.

Alternativa E:

Súmula 719 STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo


do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea.

03 – QUESTÃO:

Daniel e Salomão resolvem matar Abraão, porém nenhum sabe da vontade do outro. Daniel
encontra-se com a vítima pela manhã e lhe oferece um chá envenenado. Momentos mais
tarde, Salomão encontra-se para almoçar com Abraão e enquanto este vai ao banheiro lavar
as mãos, aquele deposita veneno em sua refeição. Abraão falece no dia seguinte. A perícia
conclui que ele foi envenenado, mas não consegue aferir qual das substâncias ministradas
foi causadora do óbito. Tal fenômeno retrata:

a) O concurso de pessoas.
b) A autoria colateral.

5
c) A autoria indiferente.
d) A autoria incerta.
e) A autoria desconhecida.

RESPOSTA: Alternativa D.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Não há concurso de pessoas eis que não existe liame subjetivo entre
os agentes.

São requisitos do concurso de pessoas:

 Pluralidade de agentes,
 Relevância causal de cada conduta,
 Liame subjetivo,
 Unidade de infração (regra)

Alternativa B: A autoria colateral ocorre quando duas ou mais pessoas realizam atos
de execução de um mesmo crime, cada uma desconhecendo a vontade da outra. Nela, não há
concurso de pessoas, cada um responde por um crime diverso, pois não há vínculo subjetivo.

Na autoria colateral, é identificada a pessoa que produziu o resultado. Logo, quem


matou responde por homicídio consumado. O outro agente que não conseguiu matar responde
por tentativa de homicídio.

Alternativa C: Essa nomenclatura não existe, foi colocada na questão como forma de
confundir o candidato. Ressalta-se, contudo, que nesse contexto é importante esclarecer que
a autoria colateral também é conhecida como coautoria lateral, coautoria imprópria ou autoria
parelha.

Alternativa D: Correta. A autoria incerta pressupõe uma autoria colateral, só que não
se descobre quem produziu o resultado. Nesse caso, ambos agentes respondem por tentativa
de homicídio. Não se sabe quem matou ou quem errou, e como não tem como identificar, incide
o in dubio pro reo.

Alternativa E: A autoria desconhecida é matéria de direito processual penal. Autoria


desconhecida significa que um crime foi praticado e não existem sequer indícios de quem foi
seu autor. Ela leva ao arquivamento do inquérito policial, pois é necessário para que o Ministério
Público ofereça uma denúncia, a prova da materialidade e indícios de autoria.

6
04 – QUESTÃO:

Sobre o direito penal, assinale a alternativa correta:

a) Apesar de todas as modalidades de estupro serem consideradas crime hediondo, o crime


de favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou
adolescente ou de vulnerável não é.
b) O Código Penal contempla expressamente o abigeato.
c) O tráfico de pessoas será qualificado se a vítima for retirada do território nacional.
d) Se no estelionato a vítima for pessoa idosa, aplica-se a pena aumentada da metade.
e) A lesão corporal será qualificada quando cometida contra integrantes dos órgãos de
segurança pública (ou contra seus familiares), desde que o delito tenha relação com a função
exercida.

RESPOSTA: Alternativa B.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A lei 12.978/14 acrescentou mais um inciso ao art. 1º da Lei de Crimes


Hediondos prevendo que também é considerado como crime hediondo o favorecimento da
prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável,
delito previsto no art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º do Código Penal.

Além disso, nos termos da Lei 8.072/90, todas as modalidades de estupro são
consideradas crimes hediondos (art. 213, caput e §§ 1o e 2o) e (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e
4o).

Alternativa B: Abigeato significa furto de gado. Nesse sentido, o Código Penal ganhou
um novo inciso no art. 155 prevendo expressamente essa conduta como furto qualificado.

Art. 155. § 6º  A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a


subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que
abatido ou dividido em partes no local da subtração.         (Incluído pela
Lei nº 13.330, de 2016)

Alternativa C: Essa alternativa aborda o crime de Tráfico de Pessoas incluído no


Código Penal em 2106.
              
Art. 149-A.  Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar,
alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação,
fraude ou abuso, com a finalidade de:             
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;             

7
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo;              
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;              
IV - adoção ilegal; ou              
V - exploração sexual.            
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.        
§ 1º A pena é aumentada de um terço até a metade se:              
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional.             

A retirada da vítima do território nacional não se trata de forma qualificada do delito


e sim de uma majorante.

Alternativa D: Modificação ocorrida em 2015, o estelionato contra idoso pressupõe


aplicação de pena em dobro e não em metade.

Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo


alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício,
ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Estelionato contra idoso
§ 4o  Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso. 

Alternativa E: A pena da lesão corporal será AUMENTADA de 1/3 a 2/3 se essa


lesão tiver sido praticada contra integrantes dos órgãos de segurança pública (ou contra seus
familiares), desde que o delito tenha relação com a função exercida. Não se trata de qualificadora
e sim de majorante.

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:


Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos
arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional
e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou
em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é
aumentada de um a dois terços.

Não confundir com o homicídio que será qualificado nessa mesma hipótese que
invés de gerar lesão gere a morte da vítima.

Art. 121. Matar alguém:


Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da

8
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição: Pena - reclusão, de doze a trinta
anos.

05 - QUESTÃO:

De acordo com o entendimento dos Tribunais Superiores, assinale a alternativa correta. 1

a) No homicídio culposo, a morte instantânea da vítima afasta automaticamente a causa de


aumento de pena do § 4º do art. 121 do Código Penal.
b) Assalto a passageiros de ônibus, no qual há subtração de bens de todas pessoas ali
presentes configura concurso material.
c) Falsa declaração de hipossuficiência é crime.
d) O porte de arma de fogo desmuniciada não configura crime.
e) A agravante da reincidência se aplica aos crimes culposos.

RESPOSTA: Alternativa E.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A:

No homicídio culposo, a morte instantânea da vítima não afasta a


causa de aumento de pena prevista no art. 121, § 4º, do CP, a não ser
que o óbito seja evidente, isto é, perceptível por qualquer pessoa. STJ.
5ª Turma. HC 269.038-RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 2/12/2014
(Info 554).

Alternativa B:

Ocorre concurso formal quando o agente, mediante uma só ação,


pratica crimes de roubo contra vítimas diferentes, eis que caracterizada
a violação a patrimônios distintos. STF. 2ª Turma. HC 113413/SP, rel. Min.
Ricardo Lewandowski, 16/10/2012.

Alternativa C:

É atípica a mera declaração falsa de estado de pobreza realizada com o


intuito de obter os benefícios da justiça gratuita. A conduta de firmar

1 http://www.dizerodireito.com.br/2015/08/revisao-para-o-concurso-de-juiz-do-tjsp.html

9
ou usar declaração de pobreza falsa em juízo, com a finalidade de
obter os benefícios da gratuidade de justiça não é crime, pois aludida
manifestação não pode ser considerada documento para fins penais, já
que é passível de comprovação posterior, seja por provocação da parte
contrária seja por aferição, de ofício, pelo magistrado da causa. STJ. 6ª
Turma. HC 261.074-MS, Rel. Min. Marilza Maynard (Desembargadora
convocada do TJ-SE), julgado em 5/8/2014 (Info 546).

Alternativa D:

A posse ou o porte apenas da munição (ou seja, desacompanhada


da arma) configura crime. Isso porque tal conduta consiste em crime
de perigo abstrato, para cuja caracterização não importa o resultado
concreto da ação. STF. 2ª Turma. HC 113295/SP, rel. Min. Ricardo
Lewandowski, 13/11/2012.

Alternativa E:

As circunstâncias agravantes genéricas não se aplicam aos crimes


culposos, com exceção da reincidência. STF. 1ª Turma. HC 120165/RS,
rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2014 (Info 735).

06 – QUESTÃO:

Acerca da tentativa, do arrependimento posterior e do crime impossível, assinale a alternativa


incorreta:

a) Contravenções penais não admitem tentativa.


b) Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou
restituída a coisa, até o oferecimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente,
a pena será reduzida de um a dois terços.
c) Em relação à tentativa, o Código Penal adota como regra a Teoria Objetiva.
d) O crime impossível consiste em uma cláusula excludente de tipicidade.
e) Se a impropriedade do objeto ou a ineficácia do meio forem relativas, o crime é punido na
forma tentada.

RESPOSTA: Alternativa B.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: O art. 4º da Lei das Contravenções Penais prevê que não é punível
a tentativa de contravenção. No aspecto fático, obviamente, é possível tentar praticar uma

10
contravenção, mas o legislador trata a hipótese como irrelevante penal. Pode-se dizer que é
atípica a tentativa de contravenção.

Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção.

Alternativa B:

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,


reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia
ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um
a dois terços.

Alternativa C: Teorias Sobre a Punibilidade da Tentativa:

1ª) Teoria Subjetiva/voluntarística/monista: para esta teoria, um crime tentado deve


suportar a mesma pena de um crime consumado, pois o que importa é a vontade do agente, de
modo que o resultado não se consumou por circunstancias alheias à sua vontade.

2ª) Teoria Sintomática: por ela, a tentativa revela a periculosidade do agente e para
ele deve ser aplicada uma medida de segurança.

3ª) Teoria Objetiva/realística/dualista: para essa teoria, a tentativa ofende o bem


jurídico, porém a lesão ao bem jurídico é menor, logo a pena também deve ser menor.

O Código Penal adotou a Teoria Objetiva como regra geral (art. 14, p. único), sendo
que a pena do crime tentado é diminuída de 1/3 a 2/3 do crime consumado. O critério que vai
orientar o juiz nesse cálculo será a maior ou menor proximidade da consumação.

Alternativa D: O crime impossível possui natureza jurídica de causa de exclusão da


tipicidade, o fato é atípico por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do
objeto.

Alternativa E: Não se pune a tentativa (só configura tentativa quando a inidoneidade


for relativa, ou seja, o meio ou o objeto não forem absolutamente ineficazes ou impróprios)
quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível
(o meio ou o objeto tem que ser completamente inidôneos, ou seja, absolutamente ineficazes
ou impróprios, não haverá crime) consumar-se o crime

Espécies de Crime Impossível:

a) Ineficácia absoluta do meio: É aquele meio de execução incapaz de produzir o


resultado por mais reiterado que seja o seu uso. Essa ineficácia absoluta deve ser avaliada no

11
caso concreto. Se a ineficácia for relativa configura-se tentativa, por exemplo, o agente atira no
seu desafeto que está usando um colete à prova de bala. A ineficácia do meio que ele elegeu
é apenas relativa porque apesar do colete, seu desafeto poderia ser vitimado, o colete não
representa um escudo absoluto que impede o crime de se consumar. Diante disso, o agente
responde por tentativa não configurando crime impossível.

b) Impropriedade absoluta do objeto: O objeto material absolutamente impróprio é


aquele que não existe ao tempo da consumação. Ex: tentar matar quem já morreu, atirar em um
manequim, praticar atos abortivos numa mulher que não está grávida.

Impropriedade ou ineficácia relativa = tentativa


Impropriedade ou ineficácia absoluta = crime impossível

07 – QUESTÃO:

Levando-se em consideração o contido na Lei 11.343/06, assinale a alternativa correta:

a) A infração tipificada no art. 28 admite como penas ao réu primário: advertência, prestação
de serviços à comunidade e inclusão em cursos ou programas educativos pelo lapso temporal
de 6 meses.
b) Havendo descumprimento da pena imposta em razão da prática do art. 28, as penas serão
aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.
c) A Lei de Drogas contempla crimes de menor potencial ofensivo.
d) No tráfico privilegiado, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, desde
que o agente seja primário, de bons antecedentes e não se dedique às atividades criminosas.
e) Prescrevem em 3 (três) anos a imposição e a execução das penas, observado, no tocante à
interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal.

RESPOSTA: Alternativa C.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: As penas previstas para quem pratica a conduta prevista no art. 28 são:

• Advertência.

• Prestação de serviços à comunidade (até 5 meses).

• Inclusão em cursos ou programas educativos (até 5 meses).

Havendo descumprimento dessas penas, não cabe a prisão. O juiz poderá adotar
alguma das seguintes sanções:

12
• Admoestação verbal.

• Multa.

Reincidência: não cabe prisão, mas o prazo para as penas é aumentado até 10 meses
(prestação de serviços à comunidade e inclusão a cursos e programas educativos).

Tal assertiva misturou as conseqüências do descumprimento com as da reincidência.

Alternativa B: O descumprimento das medidas impostas pela prática do tipo previsto


no art. 28 acarreta:

Art. 28 § 6o  Para garantia do cumprimento das medidas educativas a


que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se
recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a:
I - admoestação verbal;
II - multa.

Alternativa C: São crimes de menor potencial ofensivo previsto na Lei de Drogas:

 Art. 33 § 3o  Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de


seu relacionamento, para juntos a consumirem:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a


1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.

 Art. 38.  Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite
o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a


200 (duzentos) dias-multa.

Alternativa D: Tráfico privilegiado é a figura disposta no art. 33, §4º da Lei.

§ 4o  Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas


poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão
em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário,
de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem
integre organização criminosa.     (Vide Resolução nº 5, de 2012)

13
Requisitos:

1°. Sujeito tem que ser primário;

2°. Bons antecedentes;

3°. Não se dedicar a outras atividades criminosas;

4°. Não integrar organização criminosa.

Lembre-se que de acordo com o STF, o tráfico privilegiado não tem natureza hedionda.

Alternativa E:

Art. 30.  Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das


penas, observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos
arts. 107 e seguintes do Código Penal.

08 – QUESTÃO:

Em relação aos dispositivos penais constantes do Código de Trânsito Brasileiro, assinale a


alternativa incorreta:

a) O prazo da suspensão ou proibição de se obter habilitação para dirigir veículos é dois


meses a cinco anos e começa a ser contado a partir do trânsito em julgado da sentença
condenatória.
b) A pena restritiva de direitos de suspensão ou proibição de se obter habilitação para dirigir
veículos pode ser aplicada de forma autônoma e não necessariamente como substitutiva da
pena privativa de liberdade.
c) Há expressa previsão de multa reparatória a favor da vítima.
d) Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não
se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro
àquela.
e) A omissão de socorro é uma das majorantes do homicídio culposo bem como um tipo
penal autônomo na presente na lei.

REPOSTA: Alternativa A.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A suspensão ou proibição de se obter habilitação para dirigir veículos


tem prazo dois meses a cinco anos. Essa penalidade não se inicia enquanto o sentenciado

14
estiver recolhido a estabelecimento prisional.

Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a


permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automotor, tem a
duração de dois meses a cinco anos.
§ 1º Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado
a entregar à autoridade judiciária, em quarenta e oito horas, a Permissão
para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
§ 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão
ou a habilitação para dirigir veículo automotor não se inicia enquanto
o sentenciado, por efeito de condenação penal, estiver recolhido a
estabelecimento prisional.

Alternativa B: Em alguns crimes previstos no CTB, há expressa previsão de aplicação


cumulativa da pena privativa de liberdade com a de suspensão da permissão ou habilitação
para dirigir veículo automotor (ela é autônoma). Além disso, se o réu for reincidente na prática
de crime previsto no CTB, o juiz deve aplicar a penalidade de suspensão da permissão ou
habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções cabíveis, ainda
que ela não esteja expressamente prevista. Assim, ela poderá ser aplicada, demonstrando o
magistrado a necessidade da medida.

Alternativa C: Fortemente comprometido com a figura do ofendido, o CTB prevê


o pagamento de multa em favor da vítima em decorrência do prejuízo material resultante do
crime. Em relação aos danos morais, a vítima deve buscar a esfera cível.

A multa reparatória deve ser paga em 10 dias a partir do trânsito em julgada da


sentença. Em relação à multa, há uma incoerência, pois a lei prevê que a multa reparatória
deverá ser inscrita em dívida ativa. Isso não tem menor sentido, pois caberá ao próprio ofendido
promover a execução da multa.

Em eventual indenização civil do dano material, o valor da multa reparatória será


descontado.

Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no pagamento,


mediante depósito judicial em favor da vítima, ou seus sucessores, de
quantia calculada com base no disposto no § 1º do art. 49 do Código
Penal, sempre que houver prejuízo material resultante do crime.
§ 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao valor do prejuízo
demonstrado no processo.
§ 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts. 50 a 52 do Código
Penal.
§ 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa reparatória será

15
descontado.

Alternativa D: O art. 301 do CTB determina que ao condutor de veículo nos casos de
acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá
fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.

Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de


que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá
fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.

Alternativa E: No CTB, a omissão de socorro é majorante do homicídio culposo, da


lesão culposa e é também o crime de omissão de socorro autônomo. O Código Penal, por sua
vez, também regula o crime de omissão de socorro.

As formas majoradas de homicídio culposo e lesão culposa serão aplicadas quando o


omitente for condutor de veículo automotor e for culpado pelo acidente.

Aplica-se o crime autônomo de omissão de socorro do CTB, quando o omitente for


condutor de veículo automotor, mas ele não é culpado pelo acidente.

Aplica-se o art. 135 do CP quando o omitente não estiver envolvido no acidente (ex:
uma pessoa que presenciou o acidente e não prestou socorro).

09 – QUESTÃO:

Sobre os crimes de preconceito, de abuso de autoridade e as contravenções penais, assinale


a alternativa correta:

a) A Justiça Federal nunca julgará contravenção penal.


b) A Lei 7.716/89 tipifica crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor,
etnia, gênero, religião ou procedência nacional.
c) A divulgação do nazismo não é modalidade de crime de preconceito expressamente
prevista na lei.
d) Todas as modalidades de crime previstas na Lei de Abuso de Autoridade são em sua
integralidade de competência do Juizado Especial Criminal.
e) Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de passar em
julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime
ou por motivo de contravenção.

RESPOSTA: Alternativa D.

COMENTÁRIOS:

16
Alternativa A: A competência para julgar contravenções penais é da Justiça Estadual
e, em regra, do Juizado Especial Criminal. A Justiça Federal não julga contravenção penal.

Súmula 38 STJ: Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da CF/88,


o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento
de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades.

Todavia, há uma hipótese em que a Justiça Federal julgará contravenção penal: se o


autor da contravenção for juiz federal, ele será julgado pelo TRF, pois possui foro por prerrogativa
de função. O critério funcional se sobrepõe à competência material.

Alternativa B: A Lei 7.716/89 tipifica crimes resultantes de discriminação ou


preconceito de:

raça,

cor,

etnia,

religião ou

procedência nacional.

Não foi contemplado o crime de preconceito em razão da origem estrangeira da


vítima, orientação sexual ou gênero.

Alternativa C: Quanto à divulgação do nazismo, utilizar símbolos nazistas (cruz


suástica ou gamada) para fins de divulgação do nazismo consiste crime de preconceito, pois
traduz preconceito à etnia.

Art. 20 § 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos,


emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz
suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo.
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.

Alternativa D: O crime de abuso de autoridade comporta pena de multa, detenção


de 10 dias a 6 meses, perda do cargo e inabilitação para função pública. O abuso de autoridade
em todas as suas modalidades é infração de menor potencial ofensivo (Nucci e Bitencourt
sustentam que o abuso de autoridade não é infração de menor potencial ofensivo porque a
transação penal é incompatível com a perda do cargo e a inabilitação para função pública). A
competência é do Juizado Especial Criminal.

17
Alternativa E: O art. 7º trata da reincidência em contravenção penal. Verifica-se
a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de passar em julgado a
sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime ou no Brasil
por motivo de contravenção.

Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma


contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha
condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no
Brasil, por motivo de contravenção.

Atenção: a contravenção penal no estrangeiro não gera reincidência no Brasil.

Crime Crime Reincidência


Crime Contravenção Reincidência
Contravenção Contravenção Reincidência
Contravenção Crime Não reincidência

10 – QUESTÃO:

Sobre o estudo do instituto da prescrição, assinale a alternativa incorreta:

a) Enquanto a prescrição atinge a pena de qualquer crime independentemente da ação


penal, salvo nas hipóteses de imprescritibilidade penal, a decadência somente ocorre nos
crimes de ação privada e nos crimes de ação pública condicionada à representação.
b) São reduzidos de metade os prazos da prescrição da pretensão punitiva bem como da
pretensão executória quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um)
anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.
c) A interrupção da prescrição da pretensão punitiva produz efeitos relativamente a todos os
autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos
demais a interrupção relativa a qualquer deles.  
d) Somente o prazo da prescrição da pretensão executória é aumentado de 1/3 caso o réu
seja reincidente.
e) A prescrição da pretensão punitiva se interrompe com o oferecimento da denúncia.

RESPOSTA: Alternativa E.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Prescrição é a perda da pretensão punitiva ou da pretensão executória


em face na inércia do Estado durante determinado prazo previsto em lei.

A pretensão punitiva é o interesse do Estado em aplicar a pena a quem praticou um

18
crime ou contravenção penal. Ela somente ocorre antes do trânsito em julgado da condenação.

A pretensão executória diz respeito ao cumprimento da pena. Relaciona-se ao


interesse do Estado em fazer com que uma pena já aplicada seja efetivamente cumprida,
executada. Portanto, a pretensão executória somente surge após o trânsito em julgado da
condenação.

Fundamentos da Prescrição:

a) Segurança Jurídica: não é correto nem justo aplicar uma pena muito tempo depois
da prática de um crime.

b) Impertinência da Sanção Penal: é a inutilidade da pena aplicada muito tempo


depois da prática de um crime.

c) Combate à ineficiência do Estado: a prescrição força o Estado a agir, a trabalhar.

Diferenças entre prescrição e decadência:

Ponto comum: a prescrição e a decadência são causas extintivas da punibilidade


previstas no art. 107, IV do Código Penal. Ambas ocorrem em razão da inércia do titular de um
direito durante determinado prazo legalmente previsto.

Prescrição Decadência
- A prescrição atinge a pena de qualquer - Somente ocorre nos crimes de ação privada
crime independentemente da ação penal, e nos crimes de ação pública condicionada
salvo nas hipóteses de imprescritibilidade à representação. Não há decadência nos
penal crimes de ação pública incondicionada e nos
crimes de ação penal pública condicionada à
requisição do Ministro da Justiça
- a prescrição pode ocorrer a qualquer - a decadência somente ocorre antes da ação
momento, antes, durante ou após a ação penal
penal - a decadência não se suspende nem se
- a prescrição admite causas suspensivas e interrompe
interruptivas - a decadência representa a perda do direito
- a prescrição representa a perda do direito de ação e indiretamente o direito de punir
de punir

Alternativa B: Os prazos prescricionais estão expressamente indicados no Código


Penal e depende da quantidade máxima de pena prevista para um crime.

O prazo de 3 anos é o menor prazo previsto para as penas privativas de liberdade.

19
Ainda existe o prazo de 2 anos em duas situações: para pena de multa quando ela for a única
pena aplicada e para o crime do art. 28 da Lei de Drogas (porte de droga para consumo pessoal).

No Código Penal, por maior que seja a pena ela prescreve em 20 anos.

Todos esses prazos prescricionais serão reduzidos pela metade se o réu se encontrar
nas situações do art. 115 do Código Penal.

Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o


criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na
data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.

Esse artigo é aplicado para todas as espécies de prescrição (prescrição da pretensão


punitiva e prescrição da pretensão executória). Para o menor de 21 anos, pouco importa a data
da sentença. A menoridade deve ser provada por um documento hábil (súmula 74 STJ). Embora
o Código Civil tenha reduzido a maioridade para 18 anos, isso não interferiu no direito penal.
Para os maiores de 70 anos, pouco importa a data do fato bastando ser maior de 70 anos ao
tempo da sentença ou do acórdão. O que vale é a primeira decisão condenatória. Ex: o réu com
69 anos é absolvido em primeira instância, o MP recorre e o TJ reforma a sentença condenando
o réu quando ele já tinha 71 anos, o acórdão neste caso foi a primeira decisão condenatória,
logo a pena do réu será reduzida pela metade.

Alternativa C: Essa assertiva aborda a comunicabilidade das causas interruptivas da


prescrição da pretensão punitiva.

Art. 117§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo (causas


interruptivas da PPE), a interrupção da prescrição produz efeitos
relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que
sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção
relativa a qualquer deles.  

a) Comunicabilidade no concurso de pessoas: A interrupção da prescrição produz


efeito em relação a todos os autores do crime. Ex: Eu, Marta e Débora praticamos um crime
em concurso. Eu e Débora somos descobertas, mas Marta não é descoberta. Acontece que a
prova é toda no sentido de que o crime foi cometido por três pessoas. Eu e Débora somos
denunciadas a denúncia é recebida. Tempos depois, se descobre a identidade de Marta e o MP
adita a denúncia incluindo-a na denúncia. A interrupção da prescrição em relação a mim e a
Débora se estende à Marta.

b) Crimes conexos objeto do mesmo processo: crimes conexos são aqueles de


qualquer modo ligados entre si. Ex: João praticou um furto e um estelionato. No final, João é
condenado pelo furto e absolvido pelo estelionato por falta de provas. O MP recorre para reverter

20
a absolvição juntando provas mais robustas. O tribunal ao analisar o recurso vai entender que
a sentença condenatória do furto interrompe a prescrição do estelionato, embora este último
tenha recebido sentença absolutória. Os crimes mais do que conexos devem ser objetos do
MESMO processo.

Alternativa D:

Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença


condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos
fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o
condenado é reincidente.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

A reincidência aumenta em 1/3 somente o prazo da prescrição da pretensão


executória, ela não interfere no cálculo da prescrição da pretensão punitiva.

Súmula 220 STJ: A reincidência não influi no prazo da prescrição da


pretensão punitiva.

Alternativa E:

Causas Interruptivas da PPP (art. 117 do CP)

recebimento da denúncia ou queixa.



publicação da sentença ou acórdão condenatório recorrível.

Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, além dos casos acima, temos:

a pronúncia.

decisão confirmatória da pronúncia.

Em cada um dos intervalos temos os chamados períodos prescricionais, são aqueles


intervalos dentro dos quais a prescrição pode ocorrer. Na interrupção de um prazo, o período já
percorrido é desprezado e começa-se a contar do zero.

11 – QUESTÃO:

Quanto às espécies de erro estudadas no Direito Penal, assinale a alternativa incorreta:

a) O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se
consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima real, senão as da vítima virtual.
b) No erro sobre a coisa, o agente vai responder pelo valor do bem que queria atingir e não
pelo valor do bem realmente atingido.

21
c) No erro sobre a qualificadora, o agente responde pelo crime em sua modalidade
fundamental.
d) O erro na execução ocorre quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução,
o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa,
respondendo como se tivesse praticado o crime contra aquela.
e) Aberratio Delicti consiste no resultado diverso do pretendido.

RESPOSTA: Alternativa B.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: O erro sobre a pessoa está tratado no art. 20, §3º do Código Penal.

§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta


de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da
vítima (vítima real), senão as da pessoa contra quem o agente queria
praticar o crime (vítima virtual).

Nesse tipo de erro ocorre uma confusão. O agente confunde a pessoa que queria
atingir com pessoa diversa. Tem-se a vítima virtual que é aquela que o agente queria atingir e
uma vítima real que é a pessoa efetivamente atingida.

O erro sobre a pessoa traz reflexos na dosimetria da pena. O juiz vai levar em
consideração as condições da pessoa que o agente queria atingir e não da pessoa que foi
efetivamente atingida. Ex: o agente queria matar o pai, mas matou por engano o tio. Em sua
pena, será computada a agravante de crime praticado contra ascendente.

Alternativa B: No erro sobre a coisa, o equívoco recai sobre o objeto contra o qual o
crime é praticado. Ex: o segurança de um shopping decide furtar uma relojoaria, ele quebra a
vitrine e pega o relógio de 30 mil reais. Depois, descobre-se que o relógio roubado, por questões
de segurança, era uma réplica de 300 reais e que o verdadeiro ficava guardado no cofre.

O agente vai responder pelo valor do bem atingido. No erro sobre a coisa pode
incidir o princípio da insignificância.

Alternativa C: No erro sobre a qualificadora, o agente desconhece a presença de uma


qualificadora. Ex: um homem sem saber que a adolescente é sua filha a induz a satisfazer a
lascívia de outrem. Ele não pode ser punido por crime contra descendente, pois não sabia que
a garota era sua filha.

Nesse caso, exclui-se a qualificadora, mas subsiste o crime em sua modalidade


fundamental. O agente responde por induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a

22
lascívia de outrem em sua forma simples.

Alternativa D: O erro na execução também conhecido como Aberratio Ictus está


definido no art. 73 do Código Penal.
 
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução
(ex: má pontaria), o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia
ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado
o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20
deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente
pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.

Espécies de Erro na Execução:

a) Erro na execução com unidade simples ou resultado único: o agente atinge


somente pessoa diversa da desejada. Aplica-se a mesma regra do erro sobre a pessoa, qual seja,
o agente será punido como se tivesse atingido a pessoa que ele queria e não a de fato atingida.

b) Erro na execução com unidade complexa ou resultado duplo: o agente atinge a


pessoa desejada e também pessoa diversa. Nesse caso, o agente responde pelos dois crimes em
concurso formal. Só existe erro na execução com unidade complexa quando o segundo crime é
culposo, caso contrário o agente teria acertado seu alvo também.

Qual a diferença entre o erro na execução e o erro sobre a pessoa? Nos dois casos
existe uma vítima virtual e uma vítima real. No erro sobre a pessoa, o agente confunde a vítima
real com a virtual. No erro na execução, não há confusão sobre a vítima, o erro é na execução, ou
seja, o agente não atinge a vítima por má pontaria, porque se atrapalha, etc..

Alternativa E: A Aberratio Delicti/Criminis consiste no resultado diverso do pretendido


ou crime diverso do pretendido.

Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro
na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido (crime
diferente), o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime
culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do
art. 70 deste Código. 

No resultado diverso do pretendido, o agente queria praticar um determinado


crime, mas por erro, acabou praticando um crime diverso. Ex: Paulo joga uma pedra para
acertar a vidraça, mas ele erra a vidraça e acerta um pedestre. Paulo vai responder por lesão
corporal culposa.

23
Espécies de Resultado Diverso do Pretendido:

a) Resultado diverso do pretendido com unidade simples ou resultado único: o


agente pratica apenas o crime diverso do que ele pretendia. Vai responder por culpa, se o crime
admitir a modalidade culposa.

b) Resultado diverso do pretendido com unidade complexa ou resultado duplo: o


agente pratica o crime desejado e também um crime diverso. Aplica-se a regra do art. 70 que
prevê o concurso formal.

De acordo com a doutrina, se a pena do crime culposo que subsistiu for muito baixa
ou quando não for prevista modalidade culposa para o crime, o agente pode ser punido por
tentativa do crime mais grave. Ex: o agente querendo matar seu desafeto desfere-lhe 3 tiros
e nenhum o acerta, quebrando a vidraça de uma casa. Como não há dano culposo ele vai
responder por tentativa de homicídio.

12 – QUESTÃO:

Em relação às teorias acerca da finalidade da pena, o Brasil adotou:

a) A Teoria Eclética.
b) A Teoria Absoluta.
c) A Teoria Material.
d) A Teoria Relativa.
e) A Teoria Formal.

RESPOSTA: Alternativa A.

COMENTÁRIOS:

Teorias da finalidade da pena:

1ª) Teoria Absoluta: (Kant e Hegel) a pena tem uma finalidade retributiva (a pena é
um castigo). A pena funciona como um instrumento de vingança do Estado contra o criminoso.
A grande crítica é que a pena não tem finalidade prática, pune-se por punir e nada mais. Por ela,
a pena não busca a recuperação do criminoso, ela se limita a punir.

2ª) Teoria Relativa: a pena tem uma finalidade preventiva, ela busca a prevenção de
novos crimes. Essa prevenção se subdivide em prevenção geral e especial. A prevenção geral
possui a coletividade como destinatária. Busca-se evitar que os demais membros da sociedade
pratiquem crimes. Já a prevenção especial tem como destinatário o próprio condenado. A
prevenção geral e a especial podem ser negativa ou positiva.

24
A prevenção geral negativa consiste na intimidação coletiva. O Estado pune para
demonstrar às outras pessoas que o crime não compensa. O condenado é tido como uma
“cobaia” a fim de servir de exemplo para outras pessoas.

A prevenção geral positiva é o que se chama de reafirmação do direito penal. É a


demonstração da vigência da lei penal.

A prevenção especial negativa, também chamada de prevenção especial mínima,


tem como foco evitar a reincidência.

A prevenção especial positiva, também chamada de prevenção especial máxima,


consiste na ressocialização do indivíduo.

No Brasil, adotou-se a Teoria Mista (Eclética, Unificadora, Dialética, Unitária,


Intermediária), a pena apresenta uma tríplice finalidade. Ela é retribuição (castigo), prevenção
geral e prevenção especial. Muitos dizem que a pena tem dupla finalidade: retribuição e
prevenção.

Em relação às teorias material e formal postas no enunciado, é importante esclarecer


que elas não existem e foram colocadas na questão a fim de confundir o aluno.

13 – QUESTÃO:

Sobre o crime de falso testemunho e falsa perícia previstos no art. 342 do Código Penal,
assinale a alternativa correta:

a) Falso testemunho prestado no cumprimento de carta precatória, é crime de competência


do juízo deprecante.
b) O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que se apura o falso, o
agente se retrata ou declara a verdade.
c) Incide no referido tipo penal, aquele que presta falso testemunho em processo
administrativo.
d) Não se admite coautoria, apenas participação.
e) Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar crime de falso testemunho cometido no
processo trabalhista.

RESPOSTA: Alternativa C.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: O falso testemunho prestado no cumprimento de carta precatória é


crime de competência do juízo deprecado.

25
Apesar de, em regra, o processo pelo falso ter que aguardar o pronunciamento do
juízo deprecante, pode haver hipótese na qual o juiz deprecado verifica de pronto o falso, e,
após o termo de audiência assinado pela testemunha, determine a instauração de inquérito
com conseqüente denúncia.

Alternativa B:     

Art. 342. § 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo
em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.

A retratação deve ocorrer antes da sentença do processo em que o falso foi prestado
e não do processo instaurado em razão do falso.

Alternativa C: Correta. O referido tipo legal possui como bem jurídico protegido a
Administração da Justiça. Justiça aqui não se confunde com jurisdição, quer dizer a justiça como
um todo e não somente a atuação do Poder Judiciário. É por isso que existe esse crime em
processos administrativos, por exemplo.

Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como


testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo
judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:

Alternativa D: Os crimes previstos no art. 342, caput, consistem em crimes de mão


própria, de atuação pessoal ou de conduta infungível. São aqueles que somente podem ser
praticados pela pessoa expressamente indicada no tipo penal. No Brasil, sempre se admitiu
participação, mas não admitem coautoria. Ex: advogado que induz a testemunha a mentir, ele
é partícipe. Exceto: no caso de crime de falsa perícia é possível sim coautoria. Ex: dois peritos
que fazem um laudo falso.

Alternativa E: A Justiça do Trabalho não detém competência criminal.

Súmula 165 STJ - Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de


falso testemunho cometido no processo trabalhista.

14 – QUESTÃO:

Sobre o crime de associação criminosa previsto do art. 288 do Código Penal, assinale a
alternativa incorreta.

a) Exige a associação de 2 ou mais pessoas.


b) Dispensa estrutura ordenada e divisão de tarefas.
c) O ajuste aqui é prévio, não ocasional e para crimes indeterminados.

26
d) A pena aumenta-se da metade se houver participação de criança ou adolescente.
e) A penal aumenta-se até a metade se a associação criminosa é armada.

RESPOSTA: Alternativa A.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Incorreta. O crime de associação criminosa previsto no Código Penal


exige a associação de três ou mais pessoas.

Associação criminosa: 3 ou mais pessoas;



Associação para o tráfico (art. 35 da Lei 11.343/06: 2 ou mais pessoas;

Organização criminosa (Lei 12.850/13: 4 ou mais pessoas.

Art. 288.  Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico


de cometer crimes:    

Alternativa B: Para se configurar o delito do art. 288 é prescindível a estrutura


ordenada e divisão de tarefas. Tais componentes, são necessários, contudo, para se verificar o
crime de organização criminosa da Lei 12.850/13.

Associação criminosa Organização Criminosa


Art. 288 CP Art. 2º da Lei 12.850/13
Pena: reclusão de 1 a 3 anos Pena: reclusão de 3 a 8 anos
Associarem-se 3 ou mais pessoas Associação de 4 ou mais pessoas
Dispensa estrutura ordenada e Pressupõe estrutura ordenada
divisão de tarefas e divisão de tarefas, ainda que
informalmente
A busca da vantagem para o grupo é Com o objetivo de obter vantagem
o mais comum, porém é dispensável de qualquer natureza
Para o fim específico de cometer Mediante a prática de infrações penais
crimes (dolosos, não importando o (abrangendo contravenções) cujas
tipo ou a sua pena) Contravenção penas máximas sejam superiores
penal não a 4 anos, ou que sejam de caráter
transnacional

Alternativa C: O ajuste tem que ser prévio e não eventual, sob pena de se caracterizar
mero concurso de agentes e não associação.

Alternativa D:      

27
Art. 288. Parágrafo único.   A pena aumenta-se até a metade se a
associação é armada ou se houver a participação de criança ou
adolescente.     (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013)  

Alternativa E:

Parágrafo único.   A pena aumenta-se até a metade se a associação


é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente.       
(Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013)  

15 – QUESTÃO:

Acerca dos crimes contra a dignidade sexual, assinale a alternativa incorreta:

a) Todas as modalidades de estupro são consideradas crimes hediondos.


b) No crime de estupro de uma adolescente de 17 anos, a ação é de iniciativa pública
incondicionada.
c) A impotência generandi não afasta o crime de estupro no qual se alega que houve
penetração.
d) É dispensável o contato físico entre o agente e a vítima.
e) O crime de estupro trata-se de crime bipróprio.

RESPOSTA: Alternativa E.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A:

Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos


tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal, consumados ou tentados:
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o);     

Todas as modalidades de estupro são consideradas crimes hediondos, seja o crime


na sua forma simples ou qualificada.

Alternativa B: Em relação à ação penal, temos que a regra é de que nos crimes
sexuais, a ação penal é pública condicionada à representação, inclusive no estupro qualificado
pela lesão grave ou pela morte. Antes da Lei 12.015, entendia-se que a regra era a ação penal
privada. Agora, a regra é ação penal pública condicionada à representação.

28
Exceções: ação pública incondicionada: vítima menor de 18 anos ou vulnerável.

Alternativa C: A disfunção erétil (impotência coeundi) comprovada por perícia,


caracteriza o crime impossível diante da ineficácia absoluta do meio de execução, se o crime de
estupro consistir em penetração. Mas é perfeitamente possível o sujeito que possui disfunção
erétil cometer estupro sem ser por penetração, praticando outros atos libidinosos.

No tocante à impotência generandi, ela configura como a incapacidade para a


reprodução, o estupro mediante penetração é perfeitamente possível eis que ela apenas impede
a procriação e não a cópula.

Alternativa D: O crime de estupro compreende as seguintes condutas:

a) ter conjunção carnal: é imprescindível a relação heterossexual (pouco importa se é


o homem que constrange ou é constrangido).

b) praticar outro ato libidinoso: pode ser heterossexual ou homossexual (o papel da


vítima é ativo, ela é obrigada a praticar o ato libidinoso). Exemplo: a vítima é obrigada a praticar
sexo oral no agente.

c) permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: a relação pode ser
heterossexual ou homossexual, mas a vítima é obrigada a suportar um ato libidinoso, o papel
da vítima é passivo. Exemplo: suportar o sexo oral.

Nos atos libidinosos, a vítima pode exercer um papel ativo ou passivo. Nessas condutas
de letra “b” e “c” é dispensável o contato físico entre o agente e a vítima, basta o envolvimento da
vítima no ato libidinoso. Exemplo: o agente saca uma arma e obriga a vítima e se automasturbar
ou constrange a vítima a praticar um ato libidinoso com um animal.

Obs: contemplação lasciva: consiste na conduta de observar alguém, admirar alguém


para satisfazer o desejo sexual. Ex: homem obriga a mulher na praia ficar deitada em sua frente
enquanto ele se masturba. Não é estupro porque a vítima não é obrigada a praticar conjunção
carnal ou ato libidinoso, nesse caso caracteriza o crime de constrangimento ilegal

Alternativa E: Em relação ao sujeito ativo, o estupro é crime comum ou geral, podendo


ser praticado por homem e por mulher.

Quanto ao sujeito passivo, a vítima pode ser qualquer pessoa tanto mulher quanto
homem. Qualquer pessoa pode estuprar e qualquer pessoa pode ser estuprada (mulher x
mulher – homem x homem, transexual). Sendo assim crime comum tanto em relação ao sujeito
ativo quanto ao sujeito passivo.

29
DIREITO PROCESSUAL PENAL
PROF. LEDA SIQUEIRA

16 – QUESTÃO:

Assinale a alternativa correta à luz do entendimento sumulado pelos Tribunais Superiores.

a) José é advogado criminal e deseja obter acesso aos autos do inquérito policial de seu
cliente. Deve ser garantido a José amplo acesso aos autos de investigação, tanto quanto aos
elementos probatórios já coligidos quanto àqueles ainda não documentados.
b) Gabriel é promotor de justiça e, embora tenha participado da fase investigatória de um
determina crime, não está impedido de atuar no mesmo processo em sua fase judicial.
c) Miguel é funcionário público e foi injuriado em razão do exercício de sua função enquanto
trabalhava. Para tanto, resta apenas a Miguel que represente ao Ministério Público a fim de
obter a responsabilização de quem o injuriou.
d) A decisão que rejeitou uma denúncia era nula. Diante disso, o Tribunal proveu o recurso
interposto, valendo tal decisão como seu recebimento.
e) A denúncia oferecida pelo Ministério Público em desfavor de Moisés foi rejeitada. O
Ministério Público recorreu, mas Moisés não foi intimado para apresentar contrarrazões. Tal
ato não é nulo se, não obstante a ausência de intimação de Moisés, tenha havido nomeação
de defensor dativo.

RESPOSTA: Alternativa B.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A:

Súmula vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado,


ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de
polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

Alternativa B:

Súmula 234 STJ: A participação de membro do Ministério Público na fase


investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição
para o oferecimento da denúncia.

Alternativa C:

30
Súmula 714 STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante
queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do
ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público
em razão do exercício de suas funções.

Alternativa D:

Súmula 709 STF: salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o


acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde
logo, pelo recebimento dela.

Alternativa E:

Súmula 707 STF: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado


para oferecer contra-razões ao recurso interposto da rejeição da
denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.

17 – QUESTÃO:

Acerca do instituto do habeas corpus, assinale a alternativa incorreta.

a) Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra
decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar.
b) Habeas Corpus profilático é aquele em que o risco à liberdade de locomoção existe, mas
é remoto ou periférico.
c) É exigida capacidade processual para se impetrar habeas corpus.
d) Cabe ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de habeas corpus impetrado contra
decisão de Turma Recursal de Juizado Especial.
e) Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.

RESPOSTA: Alternativa D.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A:

Súmula 691 STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer


de habeas corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas
corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar.

Neste caso, resta à defesa aguardar o julgamento do mérito do habeas corpus ou


apresentar agravo regimental. O STF entende que se deve dar prevalência à sistemática recursal

31
invés da impetração de outro HC em instância superior.

Alternativa B:

Modalidades de Habeas Corpus:

a) HC Repressivo/Liberatório: nele a liberdade de locomoção já foi cerceada e o


provimento da ação importa na expedição de alvará de soltura.

b) HC Preventivo: nele existe um risco iminente à liberdade de locomoção, de forma


que a procedência da ordem importa na expedição de salvo conduto.

c) HC Suspensivo: para Luiz Flavio Gomes, ele tem cabimento quando o mandado
prisional já foi expedido, mas ainda não foi cumprido. Nesse caso, a procedência do HC importa
na expedição de um contra-mandado de prisão.

d) HC Profilático: nele o risco à liberdade de locomoção existe, mas é remoto ou


periférico (ex: denegação de acesso aos autos da investigação).

e) HC Trancativo: é aquele impetrado para extinguir sumariamente determinado


procedimento em virtude da patente ilegalidade ou da ausência de justa causa. O provimento
da ordem culmina na determinação de extinção do procedimento.

f ) HC Nulificador: neste caso, a declaração de nulidade em virtude do provimento


da ordem importa na reconstrução do processo a partir da ocorrência do vício. Para decisões
com trânsito em julgado manifestamente nulas, nada impede que o HC seja impetrado em
detrimento da revisão criminal por ser julgado em rito sumaríssimo e por permitir a concessão
de liminar.

g) HC para Extinção da Punibilidade: as hipóteses de extinção da punibilidade estão


concentradas no art. 107 do CP e são cognoscíveis de ofício e em qualquer grau de jurisdição
(art. 61 CPP). Uma vez impetrado HC com tal finalidade, o processo principal estará prejudicado
por força de uma decisão terminativa de mérito (art. 651 CPP).

h) HC ex officio: não existe ação penal ex officio para sancionar o réu, mas em sua
defesa existe sim ação penal ex officio. O HC de ofício é um exemplo de ação penal ex officio
não condenatória, afinal os juízes e tribunais concederão ordem de habeas corpus ao tomar
conhecimento de eventual ilegalidade ou abuso de poder, respeitadas as regras de competência.

Alternativa C: A impetração do habeas corpus exige capacidade processual. É


necessário que a pessoa tenha capacidade para estar em juízo. Isso significa que embora o
habeas corpus possa ser impetrado por qualquer pessoa, tal pessoa deve estar devidamente

32
representada ou assistida. Ex: menor que não possui capacidade processual (necessita de
representação) para poder impetrá-lo. O que não se exige para o HC é a capacidade postulatória,
ou seja, não precisa ser por meio de advogado!!!!

Alternativa D: A súmula 690 do STF que previa o julgamento pelo STF do habeas
corpus impetrado contra decisão de turma recursal de Juizado Especial foi cancelada. A partir
de então, o HC será julgado no Tribunal de Justiça se a turma recursal for de juizado estadual ou
no Tribunal Regional Federal se a turma recursal for de juizado federal.

Alternativa E:

Súmula 695 STF: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena
privativa de liberdade.

A declaração de extinção da punibilidade pelo cumprimento da pena impede o


manejo da ação de habeas corpus. Isso porque declarada extinta a pena em razão do seu integral
cumprimento, não há se falar em constrangimento à liberdade de locomoção do paciente a ser
protegido pela garantia constitucional do habeas corpus.

18 – QUESTÃO:

De acordo com entendimento sumulado pelo Supremo Tribunal Federal, assinale a alternativa
incorreta:

a) É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do único
defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro.
b) No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só
o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
c) É nula a decisão do tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não argüida no recurso da
acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.
d) É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da expedição de precatória
para inquirição de testemunha.
e) É nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, mas não transcreve a
denúncia ou queixa ou não resuma os fatos em que se baseia.

RESPOSTA: Alternativa E.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A:

Súmula 708 STF: É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação

33
nos autos da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente
intimado para constituir outro.

Alternativa B:

Súmula 523 STF: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade


absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo
para o réu.

Alternativa C:

Súmula 160: É nula a decisão do tribunal que acolhe, contra o réu,


nulidade não argüida no recurso da acusação, ressalvados os casos de
recurso de ofício.

Alternativa D:

Súmula 155: É relativa a nulidade do processo criminal por falta de


intimação da expedição de precatória para inquirição de testemunha.

Alternativa E:

Súmula 366: Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei
penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os
fatos em que se baseia.

19 – QUESTÃO:

No que pertine à Lei de Execução Penal, assinale a alternativa correta de acordo com
entendimento sumulado do STJ e STF.

a) O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como


crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal
condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato.
b) Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é
dispensável a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento
prisional, mas que se ocorrer deverá ter assegurado o direito de defesa, a ser realizado por
advogado constituído ou defensor público nomeado.
c) É admissível a fixação de pena substitutiva como condição especial ao regime aberto.
d) A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo
art. 75 do código penal, também é considerada para a concessão de outros benefícios, como
o livramento condicional ou regime mais favorável de execução.

34
e) A prática de falta grave interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou indulto.

RESPOSTA: Alternativa A.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A:

Súmula 526 STJ: O reconhecimento de falta grave decorrente do


cometimento de fato definido como crime doloso no cumprimento da
pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória
no processo penal instaurado para apuração do fato.

Alternativa B:

Súmula 533 STJ: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar


no âmbito da execução penal, é imprescindível a instauração de
procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional,
assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído
ou defensor público nomeado.

Alternativa C:

Súmula 493 STJ: É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do


CP) como condição especial ao regime aberto.

O juiz não pode colocar como condição à concessão do regime aberto, por exemplo,
a prestação de serviços à comunidade, isso porque já é requisito para o condenado progredir,
ele ter que trabalhar.

Alternativa D:

Súmula 715 STF: A pena unificada para atender ao limite de trinta anos
de cumprimento, determinado pelo art. 75 do código penal, não é
considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento
condicional ou regime mais favorável de execução.

Aquele quantum de 30 anos do art. 75 do CP não se aplica à progressão e aos


benefícios da execução. Assim, se o réu recebeu uma pena de 54 anos, este será o critério para
a contagem da progressão. Logo, ele vai precisar ficar 9 anos no regime fechado para progredir
para o semiaberto.

35
Alternativa E:

Súmula 535 STJ: A prática de falta grave não interrompe o prazo para
fim de comutação de pena ou indulto.

A prática de falta grave não interrompe o prazo para obtenção do livramento


condicional (Súmula 441 do STJ) bem como não interfere no tempo necessário à concessão
de indulto e comutação de pena, salvo se o requisito for expressamente previsto no decreto
presidencial.

20 – QUESTÃO:

No que tange aos aspectos processuais da Lei 11.343/06, assinale a alternativa incorreta:

a) O prazo para o inquérito policial ser concluído é de 30 dias se o réu estiver preso e 90 dias
se estiver solto, podendo ser duplicado após a oitiva do Ministério Público.
b) Há previsão expressa de defesa prévia que ocorre antes do recebimento da denúncia.
c) O prazo para oferecimento da denúncia é de 15 dias.
d) O réu será interrogado antes das testemunhas.
e) A audiência de instrução e julgamento deverá ocorrer, via de regra, no prazo de 30 dias do
recebimento da denúncia.

RESPOSTA: Alternativa C.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A:

Art. 51.  O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias,


se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.
Parágrafo único.  Os prazos a que se refere este artigo podem ser
duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido
justificado da autoridade de polícia judiciária.

Alternativa B:

Art. 55.  Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado


para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.

O procedimento da Lei de Drogas apresenta algumas particularidades. A defesa


prévia é uma delas.

36
Alternativa C:

Art. 54.  Recebidos em juízo os autos do inquérito policial, de Comissão


Parlamentar de Inquérito ou peças de informação, dar-se-á vista ao
Ministério Público para, no prazo de 10 (dez) dias, adotar uma das
seguintes providências:
III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas e requerer as
demais provas que entender pertinentes.

Alternativa D:

Art. 57.  Na audiência de instrução e julgamento, após o interrogatório


do acusado e a inquirição das testemunhas, será dada a palavra,
sucessivamente, ao representante do Ministério Público e ao defensor
do acusado, para sustentação oral, pelo prazo de 20 (vinte) minutos
para cada um, prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz.

Uma das particularidades do procedimento da Lei de Tóxicos é a existência de defesa


prévia antes do recebimento da denúncia, o prazo diferenciado para oferecimento da denúncia,
bem como a ordem de oitiva do réu. Em que pese o Código de Processo Penal prever a oitiva do
réu como o último ato da instrução, a Lei 11.343/06 não foi expressamente alterada de modo
que a sua literalidade ainda prevê a oitiva do réu como primeiro ato. Como a questão é polêmica,
alguns juízes adotam a sistemática do CPP, mas muitos outros seguem o comando estrito da Lei
11.343/06.

Alternativa E:

Art. 56. § 2o A audiência a que se refere o caput deste artigo será realizada
dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao recebimento da denúncia, salvo
se determinada a realização de avaliação para atestar dependência de
drogas, quando se realizará em 90 (noventa) dias.

21 – QUESTÃO:

De acordo com a Lei 9.099/95, assinale a alternativa correta:

a) A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi consumada a infração
penal.
b) A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará inquérito policial e o
encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se
as requisições dos exames periciais necessários.
c) A composição dos danos civis será homologada pelo juiz mediante sentença recorrível

37
por apelação.
d) Os requisitos para que o autor do fato faça jus à transação penal são, dentre outros: não
ter sido o autor da infração condenado, pela prática de infração penal, à pena privativa de
liberdade, por sentença definitiva.
e) Diante do descumprimento injustificado da transação, o processo retorna ao estado de
origem e o Ministério Público pode oferecer denúncia.

RESPOSTA: Alternativa E.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: O CPP adota como regra da competência territorial o local da


consumação do delito, aplicando-se a Teoria do Resultado.

A Lei 9.099, de maneira distinta, determina que a competência do juizado será


determinada pelo LOCAL EM QUE FOI PRATICADA a infração penal, adotando-se, a Teoria da
Atividade.

Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que


foi praticada a infração penal.

Alternativa B: O termo circunstanciado de ocorrência está previsto no art. 69 da Lei


9.099. Em regra, o inquérito policial é substituído pela lavratura do termo circunstanciado. Ele
nada mais é do que um relatório da infração. Se for caso de uma infração mais complexa (ex:
lesão corporal leve praticada por várias pessoas) pode-se substituir o TCO por um inquérito
policial, mas esta não é a regra da lei.

Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência


lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao
Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições
dos exames periciais necessários.

Alternativa C: A composição civil dos danos trata-se de um acordo realizado pelo


autor do fato e a vítima com objetivo de promover a recomposição pelo prejuízo sofrido.

A composição será homologada pelo juiz mediante sentença irrecorrível. Ela terá
eficácia de título executivo a ser executado no juízo cível competente.

Não confundir com a sentença que homologa a transação penal, esta sim comporta
apelação. (Art. 76, §5º)

Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e,

38
homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de
título a ser executado no juízo civil competente.

Alternativa D:

Requisitos para transação penal:

 Não ter sido o autor do fato condenado pela prática de crime a pena privativa
de liberdade por sentença definitiva. Entende-se que o autor do fato tiver sido condenado
anteriormente por contravenção penal, ele faz jus à transação.

 Não ter sido o agente beneficiado anteriormente no prazo de cinco anos, pela
aplicação de transação penal.

 Indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem


como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.

A transação penal realizada não é apta a configurar maus antecedentes, nos termos
do art. 76 § 4º da lei 9.099/95.

Alternativa E: Diante do descumprimento injustificado da transação, o processo


retorna ao estado de origem e o Ministério Público oferece denúncia.

Súmula vinculante 35: a homologação da transação penal prevista no


artigo 76 da lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas
suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao
ministério público a continuidade da persecução penal mediante
oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.

22 – QUESTÃO:

Sobre o instituto da Suspensão Condicional do Processo, assinale a alternativa incorreta:

a) Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da


pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um
ano.
b) Ocorre sua revogação obrigatória quando o réu for processado por outro crime ou
contravenção.
c) Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas
se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao
Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do CPP.
d) A lei 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais) previu a aplicação da suspensão condicional do

39
processo aos crimes com pena de até 2 anos (crimes de menor potencial ofensivo).
e) Na Lei 9.605/98, a declaração de extinção de punibilidade depende do cumprimento das
condições do art. 89 da Lei 9.099/95, além disso, é necessário o laudo de constatação de
reparação do dano ambiental.

RESPOSTA: Alternativa B.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A suspensão condicional do processo é cabível para crime com pena


mínima igual ou inferior a 1 ano (entende-se crime e contravenção).

No concurso de crimes, leva-se em consideração o aumento proveniente da


cumulação ou exasperação.

Súmula 723 STF: Não se admite a suspensão condicional do processo


por crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave
com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano.
Súmula 243 STJ: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em
relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso
formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja
pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite
de um (1) ano.

Alternativa B:

Revogação da suspensão:

a) Revogação obrigatória:

• Quando o acusado é processado por outro crime;

• Quando não efetua a reparação do dano.

b) Revogação Facultativa:

• Quando o acusado é processado por outra contravenção penal;

• Quando o acusado descumpre as demais decisões.

Alternativa C:

40
Súmula 696 STF: Reunidos os pressupostos legais permissivos da
suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de
Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-
Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do CPP.

Alternativa D: A suspensão condicional do processo está prevista no art. 89 da


Lei 9.099/95. Por ela, o Ministério Público propõe ao réu a suspensão do processo mediante
o cumprimento de certas condições que uma vez cumprida, extingue-se a punibilidade do
réu. No direito ambiental, o art. 28 da lei 9.605/98 acrescenta outros requisitos para que seja
concedido o suspro. A lei 9.605 ampliou a aplicação do suspro aos crimes com pena de até
2 anos (crimes de menor potencial ofensivo), ao contrário da lei 9.099 em que os suspro
pode ser concedido para crimes de menor potencial ofensivo ou não desde que tenha pena
mínima de 1 ano.

Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de


1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo definidos nesta
Lei, com as seguintes modificações:

Alternativa E: Nos termos dos incisos do art. 28 da Lei 9.605/98, a declaração de


extinção de punibilidade depende do cumprimento das condições do art. 89 da Lei 9.099/95,
além disso, é necessário o laudo de constatação de reparação do dano ambiental.

Se o laudo comprovar não ter sido integral a reparação, o prazo de suspensão do


processo que varia de 2 a 4 anos pode ser prorrogado por mais um ano.

Findo o prazo de prorrogação será feito novo laudo de constatação do dano ambiental.

Só se extingue a punibilidade, no caso de restar comprovado, após o prazo máximo


de prorrogação, que o acusado tomou as providências necessárias à reparação.

23 – QUESTÃO:

Considere as seguintes assertivas sobre a execução penal:

I. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra
pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos na lei de crimes hediondos, serão submetidos,
obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA.
II. É direito do preso ter contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita,
da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons
costumes. Tal direito, contudo, pode ser suspenso ou restringido mediante ato motivado do
diretor do estabelecimento.
III. É sanção que pode ser aplicada ao preso faltoso o isolamento na própria cela, ou em local

41
adequado, nos estabelecimentos que possuam alojamento coletivo.
IV. É vedada a aplicação do Regime Disciplinar Diferenciado ao preso provisório.

Estão corretas as seguintes alternativas:

a) I e II.
b) II e IV.
c) I, II e IV.
d) I, II e III.
e) I, II, III e IV.

RESPOSTA: Alternativa D.

COMENTÁRIOS:

Assertiva I:

Identificação do perfil genético do condenado (art. 9-A da LEP):

Requisitos:

a) Condenação por crime doloso;

b) Praticado com violência grave contra a pessoa ou

c) Crime hediondo.

Assertiva II:

Art. 41 - Constituem direitos do preso:


XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita,
da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a
moral e os bons costumes.
Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão
ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do diretor do
estabelecimento.

Assertiva III:

Art. 53. Constituem sanções disciplinares:


I - advertência verbal;
II - repreensão;

42
III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, parágrafo único);
IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos
estabelecimentos que possuam alojamento coletivo, observado o
disposto no artigo 88 desta Lei.
V - inclusão no regime disciplinar diferenciado.    

Assertiva IV:

Art. 52, § 1o O regime disciplinar diferenciado também poderá abrigar


presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros, que
apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento
penal ou da sociedade.   

O RDD é a espécie mais drástica de sanção disciplinar. Ele não é regime de cumprimento
de pena.

Características (art. 52 da LEP):

I. Duração máxima de até 360 dias (em caso de nova falta grave da mesma espécie,
o RDD tem duração de até 1/6 da pena aplicada). Não há limites de reinclusão no RDD, se o
agente continua cometendo falta grave reiteradamente. Assim, na primeira inclusão no RDD, o
condenado pode ficar 360 dias, se ele reincidir no cometimento de falta grave ele pode voltar
para o RDD e ficar lá até 1/6 da pena. Se ele sai e comete outra falta grave ele pode voltar ao
RDD. Prevalece que o 1/6 da pena é o limite para cada nova inclusão no RDD e não o limite
máximo para todas as inclusões.

II. Recolhimento em cela individual. Está proibida a cela escura e insalubre.

III. Visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas
horas.

IV. Banho de sol por duas horas diárias.

V. Está sujeito ao RDD preso provisório ou definitivo

Hipóteses que admitem a inclusão do preso no RDD:

1°. Prática de fato previsto como crime doloso e esse fato gerar subversão da ordem
ou disciplina interna.

2°. Preso que apresenta alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento
penal ou da sociedade.

43
3°. Fundadas suspeitas em envolvimento ou participação em organizações criminosas.

O RDD está sujeito à decisão judicial, ou seja, só o juiz pode incluir o condenado no
RDD a pedido do diretor do estabelecimento ou do Ministério Público.

24 – QUESTÃO:

Sobre os regimes prisionais, assinale a alternativa incorreta:

a) Pelo Sistema Pensilvânico, o preso cumpre a pena integralmente na cela sem dela sair.
b) Aplica-se o regime fechado ao condenado primário a pena igual ou superior a 8 anos.
c) Nos crimes hediondos, a progressão de regime deve observar o lapso de 2/5 se o agente é
primário e 3/5 se o agente é reincidente.
d) O não pagamento voluntário da pena de multa impede a progressão no regime prisional.
e) Não é obrigatória a realização de exame criminológico para a progressão de regime.

RESPOSTA: Alternativa B.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Existem três sistemas penitenciários:

• Sistema da Filadélfia/Pensilvânico: o sentenciado cumpre a pena integralmente na


cela sem dela sair.

• Sistema Auburn: o sentenciado durante o dia trabalha com os outros presos em


silêncio, recolhendo-se no período noturno para sua cela.

• Sistema Inglês: há um período de isolamento, depois o sentenciado trabalha com


os outros presos durante o dia, recolhendo-se à cela à noite. Como último estágio, temos a
liberdade condicional.

Alternativa B: O regime fechado é admitido ao réu primário condenado a pena


SUPERIOR a 8 anos e não igual ou superior a oito anos.

Regras de estabelecimento de regime:

• Pena superior a 8 anos: regime fechado.

• Pena superior a 4 até 8 anos, se o réu não for reincidente + circunstâncias favoráveis:
regime semiaberto.

44
• Pena até 4 anos, se o réu não for reincidente + circunstâncias favoráveis: regime
aberto.

A súmula 269 do STJ permite ao reincidente condenado à reclusão, a imposição do


regime semiaberto desde que a pena não seja superior a 4 anos + circunstâncias favoráveis (isso
porque, teoricamente, o condenado teria que pegar o fechado por ser reincidente, mas pelo
fato do tempo de pena ser curto e presentes circunstâncias favoráveis, admite-se o semiaberto).

Súmula 269 STJ: É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto


aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se
favoráveis as circunstâncias judiciais.

Alternativa C: Em relação ao lapso temporal, a LEP exige, como regra, o cumprimento


de 1/6 da pena para o condenado ter direito à progressão. Esse 1/6 aplica-se sobre cada regime
levando-se em conta o remanescente da pena.

Progressão nos crimes hediondos: 2/5 se o agente é primário e 3/5 se o agente é


reincidente (específico ou não).

Alternativa D: De acordo com STF, o inadimplemento deliberado da pena de


multa cumulativamente aplicada ao sentenciado impede a progressão no regime prisional.
Excepcionalmente, mesmo sem ter pago, pode ser permitida a progressão de regime se ficar
comprovada a absoluta impossibilidade econômica do apenado em quitar a multa, ainda que
parceladamente. STF. Plenário. EP 12 ProgReg-AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
8/4/2015 (Info 780).

Alternativa E: Atualmente, não é mais obrigatória a realização de exame


criminológico para a progressão do regime. Não obstante a revogação da obrigatoriedade
do exame criminológico, a jurisprudência dos Tribunais Superiores é firme no sentido da
possibilidade de sua realização a critério do juízo da execução. Não se pode confundir com o
fato de o exame criminológico ser obrigatório no início do cumprimento da pena em regime
fechado nos termos do art. 34 do Código Penal.

25 – QUESTÃO:

Assinale a alternativa correta:

a) O condenado maior de 80 anos que esteja cumprindo pena em regime aberto faz jus à
prisão domiciliar.
b) A saída temporária destina-se aos condenados que cumprem pena no regime fechado ou
semiaberto.
c) Contra as decisões do juiz da execução cabe recurso em sentido estrito.

45
d) A permissão de saída deve ser concedida pelo juiz.
e) O reincidente em crime hediondo não tem direito a livramento condicional.

RESPOSTA: Alternativa E.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A:

Prisão domiciliar art. 117:

O beneficiário de regime aberto poderá se recolher em residência particular quando


se tratar de:

I. Condenado maior de 70 anos;

II. Condenado acometido de doença grave;

III. Condenado com filho menor ou deficiente físico ou mental;

IV. Condenada gestante.

Alternativa B: A saída temporária destina-se aos condenados que cumprem pena


no regime semiaberto, que poderão obter autorização para saída temporária sem vigilância
direta para:

I. Visita à família;

II. Freqüência a curso escolar;

III. Participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social.

Requisitos para a saída temporária:

i. Comportamento adequado;

ii. Cumprimento mínimo de 1/6 (primário) ou ¼ (reincidente) (súmula 40 STJ – deve


ser computado o tempo de regime fechado. Assim, em certos casos, logo que o preso obtiver a
progressão de regime do fechado para o semiaberto ele já poderá ter a saída temporária, pois
já vai ter cumprido 1/6.);

iii. Compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.

46
Seu prazo é de 7 dias podendo ser renovada por 4x durante o ano. No caso de
atividade escolar, o tempo se estende até a conclusão da atividade.

Alternativa C: Contra as decisões do juiz da execução cabe agravo em execução.

Agravo em execução:

Recurso contra decisões do juiz da execução: agravo em execução.

Rito: é o mesmo do Recurso em sentido estrito, com o mesmo prazo de interposição


(5 dias). Da decisão que não recebe o agravo em execução caberá carta testemunhável.

Efeitos: devolutivo, juízo de retratação, e em regra não tem efeito suspensivo. Exceção:
terá efeito suspensivo no caso de decisão de desinternação.

Alternativa D: Os condenados que cumprem pena em regime fechado e semiaberto


e os presos provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante
escolta, quando ocorrer:

I. Falecimento ou doença grave de parente (cônjuge, ascendente, descendente,


irmão);

II. Necessidade de tratamento médico.

A permissão é dada pelo diretor do estabelecimento, pois são decisões urgentes. Sua
duração é o necessário para a finalidade da saída, não tem tempo predeterminado.

Alternativa E: A concessão de livramento condicional deve observar os seguintes


prazos.

Pena cumprida SITUAÇÃO


1/3 Não reincidente em crime doloso
1/2 Reincidente em crimes dolosos
Não reincidente em crime hediondo ou
2/3
equiparado

O reincidente em crime hediondo não tem direito a livramento condicional.

26 – QUESTÃO:

Considere as seguintes assertivas sobre a remissão:

47
I. O condenado que cumpre pena em regime aberto não tem direito à remição.
II. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por
trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. 
III. O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará
a beneficiar-se com a remição.
IV. O preso provisório tem direito à remição.

Estão incorretas as seguintes assertivas:

a) Apenas a assertiva I.
b) I e III.
c) II e III.
d) I, III e IV.
e) Apenas a assertiva IV.

RESPOSTA: Alternativa A.

COMENTÁRIOS:

Assertiva I: É a única assertiva incorreta. Segundo entendimento pacífico dos


Tribunais Superiores, não se admite a remição pelo trabalho no regime aberto tendo em vista
que o trabalho é pressuposto da nova condição de cumprimento de pena. Porém, o condenado
em regime aberto pode remir pelo ESTUDO. Assim, a remição pelo estudo compreende o
regime fechado, semiaberto, ABERTO e LIVRAMENTO CONDICIONAL.

Assertiva II:

Art. 126.  O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou


semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo
de execução da pena.

A remição um benefício concedido, em regra, ao preso submetido a regime fechado


ou semiaberto, que pode reduzir o tempo de duração da pena privativa de liberdade através
do trabalho ou do estudo.

• 1 dia de pena para cada 12 horas de freqüência escolar, dividas no mínimo em 3


dias;

• 1 dia de pena cada 3 dias de trabalho.

Assertiva III:

48
Art. 126. § 4o  O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no
trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição.    

Assertiva IV:

Art. 126. § 7o  O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de prisão


cautelar.     

27 – QUESTÃO:

De acordo com o entendimento jurisprudencial dos Tribunais Superiores, assinale a


alternativa incorreta: 2

a) É incabível a anulação de processo penal em razão de suposta irregularidade verificada


em inquérito policial.
b) As investigações envolvendo autoridades com foro privativo no STF somente podem ser
iniciadas após autorização formal do STF.
c) O indiciamento de autoridades que possuem foro por prerrogativa de função independe
de autorização judicial.
d) É constitucional a citação com hora certa no âmbito do processo penal.
e) É vedada a extração sem prévia autorização judicial de dados e de conversas registradas
no WhatsApp.

REPOSTA: Alternativa C.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A:

A suspeição de autoridade policial não é motivo de nulidade do


processo, pois o inquérito é mera peça informativa, de que se serve
o Ministério Público para o início da ação penal. Assim, é inviável a
anulação do processo penal por alegada irregularidade no inquérito,
pois, segundo jurisprudência firmada no STF, as nulidades processuais
estão relacionadas apenas a defeitos de ordem jurídica pelos quais são
afetados os atos praticados ao longo da ação penal condenatória. STF.
2ª Turma. RHC 131450/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2016
(Info 824).

2 Questão elaborada com base no conteúdo retirado do site http://www.dizerodireito.com.br/2017/06/revisao-pa-


ra-o-concurso-de-juiz-de.html

49
Alternativa B:

As investigações envolvendo autoridades com foro privativo no STF


somente podem ser iniciadas após autorização formal do STF. De
igual modo, as diligências investigatórias envolvendo autoridades
com foro privativo no STF precisam ser previamente requeridas e
autorizadas pelo STF. Diante disso, indaga-se: depois de o PGR requerer
alguma diligência investigatória, antes de o MinistroRelator decidir, é
necessário que a defesa do investigado seja ouvida e se manifeste
sobre o pedido? NÃO. As diligências requeridas pelo Ministério Público
Federal e deferidas pelo Ministro-Relator são meramente informativas,
não suscetíveis ao princípio do contraditório. Desse modo, não cabe à
defesa controlar, “ex ante”, a investigação, o que acabaria por restringir
os poderes instrutórios do Relator. Assim, o Ministro poderá deferir,
mesmo sem ouvir a defesa, as diligências requeridas pelo MP que
entender pertinentes e relevantes para o esclarecimento dos fatos. STF.
2ª Turma. Inq 3387 AgR/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/12/2015
(Info 812).

Alternativa C:

Em regra, a autoridade com foro por prerrogativa de função pode ser


indiciada. Existem duas exceções previstas em lei de autoridades que
não podem ser indiciadas: a) Magistrados (art. 33, parágrafo único, da
LC 35/79); b) Membros do Ministério Público (art. 18, parágrafo único,
da LC 75/73 e art. 40, parágrafo único, da Lei nº 8.625/93). Excetuadas
as hipóteses legais, é plenamente possível o indiciamento de
autoridades com foro por prerrogativa de função. No entanto, para isso,
é indispensável que a autoridade policial obtenha uma autorização do
Tribunal competente para julgar esta autoridade. Ex: em um inquérito
criminal que tramita no STJ para apurar crime praticado por Governador
de Estado, o Delegado de Polícia constata que já existem elementos
suficientes para realizar o indiciamento do investigado. Diante disso, a
autoridade policial deverá requerer ao Ministro Relator do inquérito no
STJ autorização para realizar o indiciamento do referido Governador.
Chamo atenção para o fato de que não é o Ministro Relator quem irá fazer
o indiciamento. Este ato é privativo da autoridade policial. O Ministro
Relator irá apenas autorizar que o Delegado realize o indiciamento. STF.
Decisão monocrática. HC 133835 MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgado
em 18/04/2016 (Info 825).

50
Alternativa D:

É constitucional a citação com hora certa no âmbito do processo penal.


STF. Plenário. RE 635145/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o
acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 1º/8/2016 (Info 833).

Alternativa E:

Sem prévia autorização judicial, são nulas as provas obtidas pela polícia
por meio da extração de dados e de conversas registradas no WhatsApp
presentes no celular do suposto autor de fato delituoso, ainda que o
aparelho tenha sido apreendido no momento da prisão em flagrante.
STJ. 6ª Turma. RHC 51.531-RO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
19/4/2016 (Info 583).

51
DIREITO CIVIL
PROFA. TALLITA SAMPAIO

28 – QUESTÃO:

Acerca do Direito das Sucessões:

a) Em concorrência com os descendentes, caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que


sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à terça parte da herança, se for
ascendente dos herdeiros com que concorrer.
b) Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um quarto da herança;
caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau.
c) Na sucessão testamentária poderão ser chamados a suceder os filhos, ainda não concebidos,
das pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão.
d) O direito à sucessão aberta não pode ser objeto de cessão.
e) São anuláveis as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a
suceder.

RESPOSTA: ALTERNATIVA C.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: CUIDADO: em concorrência com os descendentes, a quota parte do


cônjuge não pode ser inferior à quarta parte (e não à terça parte, como disse a alternativa), se
for o ascendente dos herdeiros com quem concorrer.

Art. 1832 do CC: Em concorrência com os descendentes, caberá ao


cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo
a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos
herdeiros com que concorrer;

Alternativa B: Já se estiver concorrendo com ascendente em primeiro grau, o cônjuge


tem direito a um terço da herança (basta imaginar que 1/3 será do pai, 1/3 da mâe, e 1/3 do
cônjuge).

Art. 1837 do CC: Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao


cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se
houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau;

Alternativa C: Esta é a alternativa correta, pois reproduz o teor do Art. 1799, I do CC.

52
Alternativa D: Nos termos do art. 1793 do CC, o direito à sucessão aberta pode sim
ser objeto de cessão por escritura pública. Portanto, esta alternativa está incorreta.

Alternativa E: De acordo com o art. 1802 do CC, são nulas (e não anuláveis) as
disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder.

29 – QUESTÃO:

Ainda sobre o direito das sucessões:

a) São revogáveis os atos de aceitação da herança.


b) Importa aceitação da herança a cessão gratuita, pura e simples, da herança aos demais
coerdeiros.
c) A renúncia deve constar expressamente de instrumento público.
d) O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca na ascendente.
e) Podem testar os maiores de dezoito anos.

RESPOSTA: ALTERNATIVA D.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: De acordo com o art. 1812 do CC, tanto os atos de aceitação quanto os
atos de renúncia da herança são irrevogáveis.

Alternativa B: Nos termos do art. 1.805 do CC, não importa aceitação da herança a
cessão gratuita, pura e simples, da herança aos demais coerdeiros.

Alternativa C: Esta alternativa está incorreta pois, de acordo com o art. 1806, a
renúncia da herança pode se dar por instrumento público ou termo judicial.

Alternativa D: Esta é a alternativa correta, vez que reproduz o teor do art. 1852 do CC.

Pela própria dicção legal (art. 1851 do CC), dá- se o direito de representação quando
a lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia,
se vivo fosse. Flávio Tartuce, em seu Manual de Direito de Família, apresenta as duas hipóteses
específicas em que o CC trouxe o direito de representação:

Representação na linha reta descendente (art. 1.852) – assim, para


ilustrar, se o falecido deixar três filhos e dois netos, filhos de um outro
filho premorto, os netos terão direito de representação. Deve ficar claro
que nunca há direito de representação na linha reta ascendente. Por
razões óbvias, também não há direito de representação entre cônjuges

53
e companheiros, que sequer são parentes entre si.
Representação na linha colateral ou transversal (art. 1.853) – existente
somente em favor dos filhos de irmãos do falecido, quando com irmãos
deste concorrerem. Exemplificando, se o falecido deixar dois irmãos
vivos e um sobrinho, filho de outro irmão premorto, o sobrinho tem
direito de representação. Deve ficar claro que o direito de representação
não se estende aos sobrinhos-netos do falecido, mas somente quanto
aos sobrinhos. Nessa linha decidiu recentemente o Superior Tribunal de
Justiça, em decisão publicada no seu Informativo n. 485 que “A Turma
negou provimento ao recurso com o entendimento de que, embora fosse
o pai da recorrente sobrinho da inventariada, ele já havia falecido, e o
direito de representação, na sucessão colateral, por expressa disposição
legal, limita-se aos filhos dos irmãos, não se estendendo aos sobrinhos-
netos, como é o caso da recorrente” (STJ, REsp.
1.064.363/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j.11.10.2011).

Alternativa E: Nos termos do art. 1860, parág único do CC, a capacidade para testar
dá-se a partir dos dezesseis anos de idade (e não a partir dos dezoito anos de idade, momento
em que se adquire a plena capacidade – por isto, muitos candidatos costuram errar a questão
que cobra este dispositivo).

30 – QUESTÃO:

Acerca do Direito das Coisas:

a) O penhor de veículos só se pode convencionar pelo prazo máximo de 2 anos, prorrogável


até o limite de igual tempo.
b) O penhor agrícola e o penhor pecuário somente podem ser convencionados,
respectivamente, pelos prazos máximos de 3 e 4 anos, prorrogáveis, uma só vez, até o limite
de igual tempo.
c) Os sucessores do devedor podem remir parcialmente o penhor ou a hipoteca na proporção
dos seus quinhões.
d) O imóvel hipotecado não pode ser objeto de alienação.
e) A hipoteca não pode ser constituída para dívida futura.

RESPOSTA: ALTERNATIVA A.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Esta é a alternativa correta, nos termos do Art. 1466 do CC.

Alternativa B: Houve alteração legislativa no art. 1439 do CC. Agora, o penhor

54
agrícola e pecuário somente podem ser convencionados, no máximo, pelo prazo das obrigações
garantidas.

O penhor agrícola e o penhor pecuário não podem ser convencionados


por prazos superiores aos das obrigações garantidas.

Alternativa C: Esta é a alternativa correta, pois em desconformidade com o Art. 1429


do CC:

Os sucessores do devedor NÃO podem remir parcialmente o penhor ou


a hipoteca na proporção dos seus quinhões.

Alternativa D: Nos termos do art. 1475 do CC, é nula a cláusula que proíbe ao
proprietário alienar imóvel hipotecado (admitindo-se, entretanto, que referida venda configure
vencimento antecipado da dívida). Isto porque a hipoteca é um direito real de GARANTIA sobre
a coisa alheia, não retirando os direitos inerentes ao proprietário (qual seja, vender a coisa).

Alternativa E: Nos termos do art. 1487 do CC, a hipoteca pode ser constituída para
garantia de divida futura ou condicionada, desde que determinado o valor máximo do crédito
a ser garantido.

31 – QUESTÃO:

Assinale a alternativa correta acerca da Alienação Parental:

a) O juiz pode reconhecer de ofício o ato de alienação parental;


b) O reconhecimento do ato de alienação parental depende de ação autônoma;
c) Caracterizado o ato de alienação parental, o juiz pode decretar a perda ou suspensão do
Poder Familiar;
d) Declarado indício de alienação parental, o juiz determinará com urgência,
independentemente da oitiva do Ministério Público, as medidas provisórias necessárias
para preservação da integridade psicológica da criança.
e) A lei de alienação parental apresenta um rol taxativo das formas de produzir ou induzir a
alienação parental.

RESPOSTA: ALTERNATIVA A.

COMENTÁRIOS:

A alienação parental, também chamada síndrome da implantação das falsas memórias,


síndrome de medeia, síndrome dos órfãos de pais vivos, síndrome da mãe maldosa associada
ao divórcio; reprogramação da criança ou adolescente, ou padrectomia, é a interfer6encia na

55
formação psicológica da criança ou adolescente promovida ou induzida por um dos genitores,
pelos avós ou pelos que tenham o menos sob a sua autoridade, guarda ou vigilância, para que
repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou manutenção de vínculos com
este. Este conceito é dado pela própria Lei 12.318.

Um importante artigo desta lei é o 4:

Art. 4o  da Lei de Alienação Parental: Declarado indício de ato de


alienação parental, a requerimento ou de ofício, em qualquer momento
processual, em ação autônoma ou incidentalmente, o processo terá
tramitação prioritária, e o juiz determinará, com urgência, ouvido o
Ministério Público, as medidas provisórias necessárias para preservação
da integridade psicológica da criança ou do adolescente, inclusive
para assegurar sua convivência com genitor ou viabilizar a efetiva
reaproximação entre ambos, se for o caso. 

Alternativa A: Esta é a alternativa correta, nos termos do art. 4 da Lei.

Alternativa B: Nos termos do art. 4 da Lei de alienação parental, o ato de alienação


parental pode ser reconhecido em ação autônoma ou incidentalmente.

Alternativa C: De acordo com o ART 6, VII da Lei de alienação parental, o juiz declarar
a suspensão da autoridade parental (E NÃO A PERDA).

Alternativa D: De acordo com o art. 4 da Lei de Alienação parental, para a determinação


das medidas provisórias necessárias ä preservação da integridade psicológica da criança, exige-
se prévia oitiva do Ministério Público.

Alternativa E: Esta alternativa está incorreta, pois a Lei apresenta apenas um rol
exemplificativo de atos ou formas de produzir ou induzir a alienação parental.

32 – QUESTÃO:

Assinale a alternativa correta sobre cláusula penal e arras:

a) Para exigir a pena convencional, é necessário que o credor alegue prejuízo.


b) A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo
as arras como taxa mínima.
c) A cláusula penal moratória não pode ser cumulada com perdas e danos.
d) Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as
arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Nestes casos, as arras valerão como
mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente.

56
e) As partes não podem exigir indenização suplementar ä pena convencional.

RESPOSTA: ALTERNATIVA B.

COMENTÁRIOS:

A cláusula penal, também conhecida como pena convencional ou multa contratual, é


um pacto acessório em que as partes estipulam previamente uma pena (pecuniária ou não) para
a hipótese de inadimplemento absoluto ou relativo da obrigação. A cláusula penal moratória
é aquela estipulada para a hipótese de inadimplemento relativo (mora). Nestes casos, o credor
pode exigir tanto o cumprimento da prestação como também da cláusula penal. A cláusula
penal compensatória, por sua vez, é aquela estipulada para a hipótese de inadimplemento
absoluto (inexecução total da obrigação). Neste caso, a cláusula penal é considerada uma
alternativa a benefício do credor. De acordo com o art. 410 do CC, o credor tem que escolher
entre a prestação ou a cláusula penal. Nos termos do art. 412 do CC, essa cláusula penal não
pode exceder o valor da obrigação principal (se exceder, o juiz poderá reduzir o valor).

A cláusula penal não se confunde com as arras. Enquanto aquela só é paga em caso
de inadimplemento, estas são pagas antecipadamente. Ademais, a cláusula penal é instituída
em favor do credor, enquanto as arras são instituídas em favor do devedor.

Alternativa A: Nos termos do art. 416 do CC, para exigir a pena convencional, NÃO é
necessário que o credor alegue prejuízo.

Alternativa B: Esta é a alternativa correta, nos termos do art. 419 do CC. Entretanto,
se houver sido estipulado o direito de arrependimento, as arras terão função unicamente
indenizatória (neste caso, não haverá direito a indenização suplementar).

Alternativa C: A cláusula penal moratória é estipulada para desestimular o devedor


a incorrer em mora ou para evitar que deixe de cumprir determinada cláusula especial da
obrigação principal. Portanto, ela pode sim ser cumulada com perdas e danos, conforme decidiu
o STJ no Info 540.

Alternativa D: Nos termos do art. 420 do CC, se houver sido estipulado o direito de
arrependimento, as arras terão função unicamente indenizatória (neste caso, não haverá direito
a indenização suplementar).

Alternativa E: Esta alternativa está incorreta. Nos termos do art. 16, parág. Único do
CC, as partes podem convencionar indenização suplementar.

57
33 – QUESTÃO:

Sobre a teoria geral dos contratos:

a) O comodato é um exemplo de contrato consensual.


b) Contrato sinalagmático é aquele que as partes já sabem quais são as prestações.
c) A tutela externa do crédito está relacionada ao princípio da função social do contrato.
d) A quebra dos deveres anexos ou laterais gera violação positiva do contrato, com
responsabilidade civil subjetiva daquele que desrespeita a boa-fé objetiva.
e) Exceptio doli é um dos conceitos parcelares da boa-fé objetiva, segundo a qual um
contratante que violou uma norma jurídica não poderá, sem a caracterização do abuso de
direito, aproveitar-se dessa situação anteriormente criada pelo desrespeito.

RESPOSTA: ALTERNATIVA C.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Contrato consensual é aquele que tem aperfeiçoamento pela simples


manifestação de vontade das partes envolvidas, a exemplo da compra e venda, a doação, a
locação, o mandato. A ele se contrapõe o Contrato real, que apenas se aperfeiçoa com a entrega
da coisa de um contratante para o outro. O comodato, assim como o mútuo, contrato estimatório
e depósito, são exemplos de contratos reais. Portanto, esta alternativa está incorreta.

Alternativa B: O contrato bilateral, ou contrato sinalagmático, caracteriza-se pela


presença do sinalagma, que é a proporcionalidade das prestações, eis que as partes têm direitos
e deveres entre si. Exemplos: compra e venda e locação. A alternativa trouxe, em verdade, o
conceito de contrato comutativo (neste, sim, as prestações são certas e determinadas). Cuidado
para não confundir estas classificações.

Alternativa C: A função social do contrato tem uma eficácia interna e externa. Esta
eficácia externa da função social do contrato está intimamente relacionada á Tutela externa
do crédito, que consiste na possibilidade de o contrato gerar efeitos perante terceiros ou de
condutas de terceiros repercutirem no contrato. Como exemplo, pode ser citada a norma do art.
608 do CC, segundo a qual aquele que aliciar pessoas obrigadas por contrato escrito a prestar
serviços a outrem, pagará a este o correspondente a dois anos da prestação de serviços. Há,
assim, a responsabilidade do terceiro aliciador, ou terceiro cúmplice, que desrespeita a existência
do contrato aliciando uma das partes.

Alternativa D: A boa-fé objetiva, conceituada como sendo exigência de conduta leal


dos contratantes, está relacionada com os deveres anexos ou laterais de conduta.

São considerados deveres anexos, entre outros, segundo Flávio Tartuce: Dever de

58
cuidado em relação à outra parte; Dever de respeito; Dever de informar a outra parte sobre
o conteúdo do negócio; Dever de agir conforme a confiança depositada; Dever de lealdade e
probidade; Dever de colaboração ou cooperação; Dever de agir com honestidade; Dever de agir
conforme a razoabilidade, a equidade e a boa razão.

A quebra desses deveres anexos gera a violação positiva do contrato, com


responsabilização civil objetiva (e não subjetiva, como disse a alternativa) daquele que
desrespeita a boa fé

Alternativa E: é preciso estudar os conceitos parcelares da boa-fé objetiva: supressio,


surrectio, tu quoque, exceptio doli, venire contra factum proprium non potest e o duty to mitigate
the loss.

A supressio (Verwirkung), segundo Flávio Tartuce, significa a supressão, por renúncia


tácita, de um direito ou de uma posição jurídica, pelo seu não exercício com o passar dos tempos.
Têm-se como exemplo o art.330 do CC, segundo o qual “o pagamento reiteradamente feito em
outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato”.

Ainda segundo Flávio Tartuce, em seu Manual de Direito Civil:

Ao mesmo tempo em que o credor perde um direito por essa supressão,


surge um direito a favor do devedor, por meio da surrectio (Erwirkung),
direito este que não existia juridicamente até então, mas que decorre
da efetividade social, de acordo com os costumes. Em outras palavras,
enquanto a supressio constitui a perda de um direito ou de uma posição
jurídica pelo seu não exercício no tempo; a surrectio é o surgimento de
um direito diante de práticas, usos e costumes.

Já o termo tu quoque, significa que um contratante que violou uma norma jurídica não
poderá, sem a caracterização do abuso de direito, aproveitar-se dessa situação anteriormente
criada pelo desrespeito. Trata-se da hipótese em que um sujeito viola uma norma jurídica e,
posteriormente, tenta tirar proveito da situação em benefício próprio. Este conceito parcelar
fundamenta-se na regra de ouro segundo a qual ninguém deve fazer contra o outro que não
faria contra si mesmo. Com o tu quoque, evita-se que uma pessoa que viole uma norma jurídica
possa exercer direito dessa mesma norma inferida.

Percebam, portanto, que a alternativa trouxe o conceito de tu quoque como sendo


exceptio doli, razão pela qual ela está incorreta.

A exceptio doli é conceituada como sendo a defesa do réu contra ações dolosas,
contrárias à boa-fé. Aqui a boa-fé objetiva é utilizada como defesa. A exceção mais conhecida
no Direito Civil brasileiro é aquela constante no art. 476 do Código Civil, a exceptio non adimpleti

59
contractus, pela qual ninguém pode exigir que uma parte cumpra com a sua obrigação se
primeiro não cumprir com a própria.

Pela máxima venire contra factum proprium non potest, determinada pessoa não pode
exercer um direito próprio contrariando um comportamento anterior, devendo ser mantida a
confiança e o dever de lealdade, decorrentes da boa-fé objetiva. O conceito mantém relação
com a tese dos atos próprios. Flávio Tartuce, em seu Manual de Direito Civil, ensina que existem
quatro pressupostos para aplicação da proibição do comportamento contraditório: 1.º) um fato
próprio, uma conduta inicial; 2.º) a legítima confiança de outrem na conservação do sentido
objetivo dessa conduta; 3.º) um comportamento contraditório com este sentido objetivo; 4.º)
um dano ou um potencial de dano decorrente da contradição.

Com relação ao duty to mitigate the loss (dever de mitigar as próprias perdas), trago
as explicações contidas no Manual de Direito Civil, do Flávio Tartuce, acerca da cláusula de stop
loss, tema analisado pelo Superior Tribunal de Justiça no ano de 2014:

“a instituição financeira que, descumprindo o que foi oferecido a seu


cliente, deixa de acionar mecanismo denominado stop loss pactuado
em contrato de investimento incorre em infração contratual passível de
gerar a obrigação de indenizar o investidor pelos prejuízos causados.
Com efeito, o risco faz parte da aplicação em fundos de investimento,
podendo a instituição financeira criar mecanismos ou oferecer garantias
próprias para reduzir ou afastar a possibilidade de prejuízos decorrentes
das variações observadas no mercado financeiro interno e externo. Nessa
linha intelectiva, ante a possibilidade de perdas no investimento, cabe
à instituição prestadora do serviço informar claramente o grau de risco
da respectiva aplicação e, se houver, as eventuais garantias concedidas
contratualmente, sendo relevantes as propagandas efetuadas e os
prospectos entregues ao público e ao contratante, os quais obrigam
a contratada. Neste contexto, o mecanismo stop loss, como o próprio
nome indica, fixa o ponto de encerramento de uma operação financeira
com o propósito de ‘parar’ ou até de evitar determinada ‘perda’.
Assim, a falta de observância do referido pacto permite a
responsabilização da instituição financeira pelos prejuízos suportados
pelo investidor. Na hipótese em foco, ainda que se interprete o ajuste
firmado, tão somente, como um regime de metas quanto ao limite de
perdas, não há como afastar a responsabilidade da contratada, tendo
em vista a ocorrência de grave defeito na publicidade e nas informações
relacionadas aos riscos dos investimentos”.

60
34 – QUESTÃO:

Assinale a alternativa correta acerca do contrato de compra e venda:

a) A compra e venda não pode ter por objeto coisa futura.


b) É nula a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descentes e o cônjuge do
alienante expressamente houverem consignado.
c) Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma autoriza a rejeição de todas.
d) O direito de preferência passa para os herdeiros.
e) O direito de retrato, assegurado pela cláusula de retrovenda, que é cessível e transmissível
a herdeiros e legatários, poderá ser exercido contra o terceiro adquirente.

RESPOSTA: ALTERNATIVA E.

COMENTÁRIOS.

Alternativa A: De acordo com o art. 483 do CC, a compra e venda pode ter por objeto
coisa atual ou futura.

Alternativa B: De acordo com o art. 496 do CC, É anulável (e não nula, como disse a
alternativa), a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descentes e o cônjuge do
alienante expressamente houverem consignado.

Alternativa C: Nos termos do art. 503 do CC, nas coisas vendidas conjuntamente, o
defeito oculto de uma autoriza a rejeição de todas.

Alternativa D: Segundo Flávio Tartuce, em seu Manual de Direito Civil:

“A cláusula de preempção, preferência ou prelação convencional é


aquela pela qual o comprador de um bem móvel ou imóvel terá a
obrigação de oferecê-lo a quem lhe vendeu, por meio de notificação
judicial ou extrajudicial, para que este use do seu direito de prelação em
igualdade de condições, ou seja, “tanto por tanto”, no caso de alienação
futura (art. 513 do CC).

Nos termos do art. 520 do CC, o direito de preferência não se pode ceder nem passa
aos herdeiros (ao contrário da retrovenda, pois o direito de retrato é sim transmissível aos
herdeiros, nos termos do art. 507 do CC). NÃO CONFUNDA!

Alternativa E: esta é a alternativa correta, pois está em conformidade com o art. 507
do CC. Acerca da cláusula de retrovenda, ensina Flávio Tartuce, em seu Manual de Direito Civil:

61
Constitui um pacto inserido no contrato de compra e venda pelo qual
o vendedor reserva-se o direito de reaver o imóvel que está sendo
alienado, dentro de certo prazo, restituindo o preço e reembolsando
todas as despesas feitas pelo comprador no período de resgate, desde
que previamente ajustadas (art. 505 do CC).

35 – QUESTÃO:

Sobre os conceitos de posse e propriedade, assinale a alternativa incorreta:

a) A posse, mesmo que injusta, ainda é posse e pode ser defendida por ações do juízo
possessório, não contra aquele de quem se tirou a coisa, mas sim em face de terceiros.
b) Em relação aos seus efeitos, os vícios da violência, da clandestinidade ou da precariedade
não influenciam na questão dos frutos, das benfeitorias e das responsabilidades.
c) Ainda que de má-fé, esse possuidor não perde o direito de ajuizar a ação possessória
competente para proteger-se de um ataque de terceiro.
d) O ius possessionis é o direito à posse que decorre de propriedade.
e) A posse ad interdicta não conduz à usucapião.

RESPOSTA: ALTERNATIVA D.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Esta alternativa está correta. De fato, a posse, mesmo que injusta,
ainda é posse e pode ser defendida por ações do juízo possessório, não contra aquele de quem
se tirou a coisa, mas sim em face de terceiros. Isso porque a posse somente é viciada em relação
a uma determinada pessoa (efeitos inter partes), não tendo o vício efeitos contra todos, ou seja,
erga omnes.

Alternativa B: Esta alternativa também está correta. Em relação aos seus efeitos, os
vícios da violência, da clandestinidade ou da precariedade não influenciam na questão dos
frutos, das benfeitorias e das responsabilidades. Para tais questões, leva-se em conta se a posse
é de boa-fé ou má-fé.

Alternativa C: A posse de má fé é aquela em que alguém sabe do vício que acomete a


coisa, mas mesmo assim pretende exercer o domínio fático sobre esta. Neste caso, o possuidor
não possui um justo título. De qualquer modo, ainda que de má-fé, esse possuidor não perde
o direito de ajuizar a ação possessória competente para proteger-se de um ataque de terceiro.

Alternativa D: O ius possidendi é o direito à posse que decorre de propriedade;


enquanto que o ius possessionis é o direito que decorre exclusivamente da posse. No ius
possidendi há uma posse com título, estribada na propriedade. No ius possessionis, há uma

62
posse sem título, que existe por si só. Portanto, esta é a alternativa incorreta, vez que o ius
possessionis decorre exclusivamente da posse (e não da propriedade, como disse a alternativa).

Alternativa E: A posse também se classifica em: ad interdicta (é aquela que dá


direito ao possuidor de se valer dos interditos possessórios, e não conduz á usucapião) e ad
usucapionem (que, como o próprio nome sugere, é aquela que possibilita usucapião.

36 – QUESTÃO:

Sobre o casamento, assinale a alternativa correta:

a) O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público ou particular.


b) A eficácia do mandato para o casamento não ultrapassará 30 dias.
c) As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos parentes
em linha reta de um dos nubentes, consanguíneos ou afins, e pelos colaterais em terceiro
grau, sejam também consanguíneos ou afins.
d) Não pode casar o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos,
cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela
ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
e) Só por instrumento público se poderá revogar o mandato para o casamento.

RESPOSTA: Alternativa E.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Nos termos do art. 1542 do CC, o casamento pode celebrar-se por
procuração desde que por instrumento público, com poderes especiais.

Alternativa B: Nos termos do art. 1542, parág. 3, a eficácia do mandato não ultrapassará
90 dias.

Alternativa C: De acordo com o art. 1524 do CC, apenas os colaterais em segundo


grau (e não em terceiro grau, como disse a alternativa), podem arguir uma causa de suspensão
do casamento. Isto é compreensível, haja vista ser o casamento algo muito íntimo, que deve
dizer respeito apenas á família próxima.

Alternativa D: A alternativa traz uma hipótese de causa suspensiva do casamento.


Desta forma, ela estaria correta se falasse em não deve casar (tal como diz o código, no art. 1523,
IV); sempre que a alternativa falar que não pode casar, ela estará se referindo aos impedimentos
do casamento, previstos no art. 1521 do CC.

Alternativa E: Esta é a alternativa correta, nos termos do art. 1542, parág. 4.

63
37 – QUESTÃO:

São causas suspensivas do casamento, exceto:

a) o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos
bens do casal e der partilha aos herdeiros;
b) o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra
o seu consorte.
c) a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez
meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
d) o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do
casal;
e) o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos,
com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não
estiverem saldadas as respectivas contas.

RESPOSTA: ALTERNATIVA B.

COMENTÁRIOS:

O candidato deve memorizar as hipótes de impedimento e as de suspensão do


casamento, previstas respectivamente nos arts. 1521 e 1523 do CC.

Art. 1.521. Não podem casar:


I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou
civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com
quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro
grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou
tentativa de homicídio contra o seu consorte.

Art. 1.523. Não devem casar:


I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não
fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido
anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução
da sociedade conjugal;

64
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a
partilha dos bens do casal;
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos,
cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto
não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas
contas.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes
sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste
artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para
o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada;
no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou
inexistência de gravidez, na fluência do prazo.

Percebam, portanto, que a alternativa B traz uma hipótese de impedimento de


casamento, e não de suspensão, razão pela qual deve ser assinalada.

65
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
PROF. TALLITA SAMPAIO

38 – QUESTÃO:

Acerca do tempo e lugar dos atos processuais, assinale a alternativa correta:

a) Não será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.
b) O juiz proferirá os despachos no prazo de 10 (dez) dias.
c) Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 10 (dez) dias o prazo
para a prática de ato processual a cargo da parte.
d)  Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for difícil o transporte, o juiz poderá
prorrogar os prazos por até 2 (dois) meses.
e) É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos embargos
de declaração, sem posterior ratificação.

RESPOSTA: ALTERNATIVA D.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A jurisprudência do STF considerava intempestivo o recurso prematuro


ou prepóstero: ou seja, aquele proposto antes da publicação do provimento jurisdicional. Em
razão disto, o candidato é levado a crer que esta alternativa A está correta. Entretanto, o NCPC
dispôs expressamente, no Art. 218, parág. 4, que será considerado tempestivo o ato praticado
antes do termo inicial do prazo. Trata-se, portanto, de uma importante mudança trazida pelo
NCPC.

Alternativa B: De acordo com o Art. 226 do CPC:

Art. 226.  O juiz proferirá:


I - os despachos no prazo de 5 (cinco) dias;
II - as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) dias;
III - as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias.

Alternativa C: Esta alternativa está incorreta, pois em desconformidade com o art.


218, parág. 3 do NCPC.

Art. 218, parág 3: Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo


juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a cargo
da parte.

66
Alternativa D: Esta é a alternativa correta, nos termos do Art. 222 do CPC.

Alternativa E: A alternativa trouxe o teor da Súmula 418 do STJ. Entretanto, esta


súmula foi cancelada. Isso porque referida súmula era contrária a dois dispositivos do novo CPC,
quais sejam: ao art. 1.024, § 5º, que fala expressamente da desnecessidade de ratificação do
recurso nesses casos: 

“§ 5o Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a


conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte
antes da publicação do julgamento dos embargos de declaração será
processado e julgado independentemente de ratificação.”

E ao art. 218, que considera tempestivo o recurso interposto antes do prazo:

“§ 4o Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial


do prazo.”

O STJ cancelou a súmula 418 e, em seu lugar, aprovou a nova súmula 579, nos
seguintes termos: 

“Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência


do julgamento dos embargos de declaração quando inalterado o
julgamento anterior.”

Os dispositivos supracitados e a nova súmula do STJ, por representarem MUDANÇA


de entendimento, são de suma importância.

39 – QUESTÃO:

Assinale a alternativa correta:

a) Dentre as hipóteses de intervenção de terceiro previstas no CPC/2015, estão a nomeação


à autoria e o amicus curiae.
b) A instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica não suspende
o processo.
c) O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento,
sendo incabível no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo
extrajudicial.
d) O CPC/2015 dispôs expressamente acerca da desconsideração inversa da personalidade
jurídica.
e) É admissível a denunciação da lide per saltum.

67
RESPOSTA: ALTERNATIVA D.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A Nomeação a autoria não é mais forma de intervenção de terceiro.


Com o NCPC, ela passou a ser uma questão a ser suscitada em preliminar de contestação, nos
termos do art. 339.

Alternativa B: Esta alternativa está incorreta pois, de acordo com o art. 134 do CPC, a
regra é que a instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica suspenda
o processo.

Art. 134, parág. 3: A instauração do incidente de desconsideração da


personalidade jurídica suspende o processo, salvo na hipótese do
parág. 2.

Alternativa C: Esta alternativa está incorreta, pois em desconformidade com o art.


134 do NCPC:

Art. 134: O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do


processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução
fundada em título executivo extrajudicial.

Alternativa D: A desconsideração inversa da personalidade jurídica consiste no:

“afastamento da autonomia patrimonial da sociedade, para,


contrariamente do que ocorre na desconsideração da personalidade
propriamente dita, atingir o ente coletivo e seu patrimônio social, de
modo a responsabilizar a pessoa jurídica por obrigações do sócio
controlador” (STJ, REsp nº. 948117/ MS, Rel. Min Nancy Andrighi).

Assim, ao invés de “levantar o véu” da  personalidade  jurídica  para que eventual
constrição de bens atinja o patrimônio dos sócios (como acontece na desconsideração da
personalidade jurídica), a desconsideração inversa objetiva atingir os bens da própria sociedade
em razão das obrigações contraídas pelo sócio, desde que sejam preenchidos os requisitos
legais.

A teoria da desconsideração inversa não contava com previsão legal, sendo admitida
pela doutrina e jurisprudência tanto no âmbito do direito obrigacional, como no direito de
família.

Entretanto, o NCPC dispôs expressamente acerca deste instituto no Art. 133, parág. 2.

68
Alternativa E: O NCPC promoveu algumas mudanças no tocante á denunciação da
lide, quais sejam:

1) Havia uma certa discussão acerca da obrigatoriedade ou não da denunciação da


lide, ou seja: se ela era pressuposto para o direito de regresso. Pelo art. 70 do CPC/73, ela era
obrigatória. Entretanto, a doutrina e inclusive o STJ entendiam que a mesma não era obrigatória,
pois caso fosse, estaria prestigiando o enriquecimento ilícito de quem vendeu indevidamente.
Entretanto, o caput do art. 125 do NCPC fala que “é admissível a denunciação da lide”(e não
obrigatória; e ainda o seu parág 1 diz que o direito regressivo poderá ser exercido por ação
autônoma.

2) No tocante à denunciação da lide sucessiva, o NCPC manteve, mas resolveu


limitá-la a uma única vez, isto é, o denunciado poderá promover nova denunciação contra o
seu alienante imediato ou o responsável por indenizá-lo, mas este último não poderá promover
nova denunciação sucessiva (caberá a ele ação autônoma para exercer o seu direito de regresso).
Essa regra aparece clara no parágrafo 2º do artigo 125 do NCPC:

“Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo


denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou
quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado
sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual
direito de regresso será exercido por ação autônoma.”.

3) Por fim, outra novidade diz respeito á denunciação da lide per saltum, ou seja,
aquela feita não ao alienante imediato, mas a qualquer um dos alienantes anteriores. Antes do
CPC/15, quem admitia a denunciação per saltum, o fazia com base no art. 456 do CC. Entretanto,
este dispositivo foi expressamente revogado pelo art.1072, II do CPC/15.

40 - Assinale a alternativa correta:

a) É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do


direito.
b) A incompetência relativa será arguida por meio da exceção de incompetência, enquanto
a incompetência absoluta será arguida em preliminar de contestação.
c) Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos
privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo admitida a compensação
em caso de sucumbência parcial.
d) Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto às despesas, estas caberão ao
autor.
e) Havendo conexão, as causas serão reunidas no juízo prevento, que será aquele onde se
deu a primeira citação válida.

69
RESPOSTA : ALTERNATIVA A.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Esta alternativa está de acordo com o Art. 20 do CPC.

Alternativa B: A alternativa está de acordo com o CPC/73. Agora, de acordo com o


Art. 64 do NCPC, a incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar
de contestação.

Alternativa C: A súmula 306 do STJ admitia compensação dos honorários advocatícios


em caso de sucumbência recíproca. Vejam:

Os honorários advocatícios devem ser compensados quando houver


sucumbência recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado à
execução do saldo sem excluir a legitimidade da própria parte.

Entretanto, o NCPC vedou expressamente esta compensação.

Art. 83, parág. 14: Os honorários constituem direito do advogado e têm


natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos
da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso de
sucumbência;

Alternativa D: Esta alternativa está em desconformidade com o art. 90, parág. 2 do


CPC.

Art. 90, parág 2: Havendo transação e nada tendo as partes disposto


quanto às despesas, estas serão divididas igualmente.

Alternativa E: No CPC/73, se as causas estivessem tramitando na mesma comarca,


prevento seria aquele que despachou em primeiro lugar (art. 106 do CPC/73); se tramitassem
em comarcas diversas, prevento seria o juízo onde se deu a primeira citação válida (art. 219 do
ACPC). Entretanto, o NCPC unificou essas regras, e nos termos do art. 59: prevento é o juízo em
que primeiramente ocorreu o registro ou a distribuição da petição inicial. 

41 – QUESTÃO:

Assinale a alternativa correta acerca dos procedimentos de jurisdição voluntária:

I – Serão citados, sob pena de nulidade, todos os interessados, bem como o Ministério
Público, sob pena de nulidade:

70
II – O prazo para resposta é de 10 dias;
III- O procedimento terá início por provocação do interessado, do Ministério Público ou da
Defensoria Pública;

a) Todos os itens estão corretos.


b) Apenas os itens I e II estão corretos.
c) Apenas os itens II e III estão corretos.
d) Apenas o item III está correto.
e) Apenas o item I está correto.

RESPOSTA: ALTERNATIVA D.

COMENTÁRIOS

I – FALSO. O item reproduz o dispositivo que estava previsto no ACPC. Agora, nos
termos do art. 721 do NCPC, o Ministério Público será intimado, e apenas nos casos do art. 178
do CPC.

Art. 721.   Serão citados todos os interessados, bem como intimado o


Ministério Público, nos casos do  art. 178, para que se manifestem,
querendo, no prazo de 15 (quinze) dias.

II – FALSO. No CPC/73, o prazo para responder, nos procedimentos de jurisdição


voluntária, era de 10 dias. Com o NCPC (art 721), o prazo para manifestação é de 15 dias.

III – O NCPC incluiu a Defensoria Publica no rol dos legitimados para o procedimento
de jurisdição voluntária. Vejam o Art. 720 do CPC;

Art. 720.  O procedimento terá início por provocação do interessado, do


Ministério Público ou da Defensoria Pública, cabendo-lhes formular o
pedido devidamente instruído com os documentos necessários e com a
indicação da providência judicial.

Apenas o item III está correto. Portanto, o candidato deve assinalar a alternativa D.

42 – QUESTÃO:

Sobre o Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas, assinale a alternativa incorreta:

a) O incidente será julgado no prazo de 1 (um) ano.


b) Do julgamento do mérito do IRDR, caberá recurso extraordinário ou especial, conforme o
caso.

71
c) É cabível quando houver efetiva repetição de processos que contenham controvérsia
sobre a mesma questão unicamente de direito ou quando houver risco de ofensa à isonomia
e à segurança jurídica.
d) Se não for requerente, o Ministério Público intervirá obrigatoriamente no incidente e
deverá assumir sua titularidade em caso de desistência ou abandono.
e) Admitido o incidente, o relator suspenderá os processos pendentes, individuais ou
coletivos, que tramitam no Estado ou na região, conforme o caso.

RESPOSTA: ALTERNATIVA C.

COMENTÁRIOS:

O IRDR (Incidente de resolução de demandas repetitivas) é uma grande novidade


do CPC/15. Portanto, é fundamental memorizar todos os dispositivos legais que a ele digam
respeito. Segundo o autor Dierle Nunes:

“Como o próprio nome informa se trata de uma técnica introduzida


com a finalidade de auxiliar no dimensionamento da litigiosidade
repetitiva mediante uma cisão da cognição através do “procedimento-
modelo” ou “procedimento-padrão”, ou seja, um incidente no qual
“são apreciadas somente questões comuns a todos os casos similares,
deixando a decisão de cada caso concreto para o juízo do processo
originário”, que aplicará o padrão decisório em consonância com as
peculiaridades fático-probatórias de cada caso.
Nestes termos, a parte “comum” será dimensionada pelo tribunal de
segundo grau mediante ampla cognição (art. 980,  caput), audiência
pública para obtenção de subsídios argumentativos (art. 980, §1º) e
análise panorâmica “de todos os fundamentos suscitados concernentes
à tese jurídica discutida, sejam favoráveis ou contrários” (art. 981, §2º).
Uma vez dimensionado no acórdão os fundamentos determinantes
padronizáveis das causas repetitivas, caberá ao juízo de primeiro grau
aplicá-los dialogicamente.”

O IRDR, portanto, segundo Fredie Didier, é um incidente que transfere a outro órgão
do mesmo tribunal a competência funcional para o julgar o caso e, igualmente, fixar o seu
entendimento a respeito de uma questão jurídica que se revela comum em diversos processos.

Alternativa A: Alternativa correta, nos termos do Art. 980 do CPC.

Alternativa B: Alternativa correta, nos termos do Art. 987 do CPC.

Alternativa C: O art. 976 do CPC dispõe acerca do cabimento do IRDR, e diz que deve

72
haver, SIMULTANEAMENTE, efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre
a mesma questão unicamente de direito E risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica (e
não um ou outro, como disse a alternativa).

Art. 976.  É cabível a instauração do incidente de resolução de demandas


repetitivas quando houver, simultaneamente:
I - efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a
mesma questão unicamente de direito;
II - risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.

Alternativa D: Alternativa correta, nos termos do Art. 976, parág. 2 do CPC.

Alternativa E: Alternativa correta, nos termos do art. 982 do CPC.

43 – QUESTÃO:

Assinale a alternativa correta acerca dos recursos:

a) É cabível agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre o


mérito do processo.
b) É cabível apelação contra a decisão de rejeição do pedido de gratuidade da justiça.
c) A apelação contra sentença que decreta a interdição será recebida nos efeitos devolutivo
e suspensivo.
d) Os embargos de declaração suspendem o prazo para a interposição de recurso.
e) O CPC/15 proíbe o prequestionamento ficto.

RESPOSTA: ALTERNATIVA A.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Esta é alternativa correta, nos termos do Art. 1015. II do CPC/2015.

Alternativa B: De acordo com o art. 1015, V do CPC/15, cabe agravo de instrumento


da decisão que rejeita o pedido de gratuidade da justiça.

Alternativa C: A apelação contra sentença que decreta a interdição será recebida


apenas no efeito devolutivo – art. 1012, VI do CPC/2015;

Alternativa D: Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição


de recurso – art. 1026 do CPC/2015.

Alternativa E: Alternativa incorreta. O chamado “prequestionamento ficto”, admitido

73
a partir do enunciado nº 356 da Súmula do STF, foi expressamente encampado pelo art. 1.025
do NCPC, que assim dispõe:

“Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante


suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de
declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior
considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.”.

44 – QUESTÃO:

Acerca da Tutela Provisória, assinale a alternativa correta:

a) A tutela de evidência será concedida quando as alegações de fato puderem ser comprovadas
apenas documentalmente ou houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou
em súmula vinculante.
b) A tutela de evidência será concedida quando ficar caracterizado o abuso de direito de
defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte, caso em que o juiz poderá decidir
liminarmente.
c) A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, poderá ser concedida em caráter
antecedente ou incidental.
d) Efetivada a tutelar cautelar, o pedido principal terá de ser formulado pelo autor no prazo
de 5 (cinco) dias.
e) O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a parte formule o pedido principal, nem
influi no julgamento desse, ainda que o motivo do indeferimento seja o reconhecimento de
decadência ou de prescrição.

RESPOSTA: ALTERNATIVA C.

COMENTÁRIOS:

A tutela provisória pode ser satisfativa (quando antecipa provisoriamente a satisfação


do direito) ou cautelar (quanto antecipa provisoriamente a cautela do direito afirmado). A tutela
provisória satisfativa (que o legislador chama de tutela antecipada) antecipa os efeitos da tutela
definitiva satisfativa, conferindo eficácia imediata ao direito afirmado. Ela pode ser de urgência
ou de evidência. A tutela provisória cautelar, por sua vez, somente se justifica diante de uma
situação de urgência do direito a ser acautelado, e serve para assegurar a futura eficácia da
tutela definitiva satisfativa, na medida em que resguarda o direito a ser satisfeito.

Perceba, portanto, que a urgência pode servir de fundamento á concessão da tutela


provisória cautelar ou satisfativa; enquanto a evidência só autoriza a tutela provisória satisfativa
(ou simplesmente tutela antecipada).

74
A tutela provisória de urgência pode ser requerida em caráter antecedente ou
incidente; a tutela provisória de urgência só pode ser requerida em caráter incidente (art.294,
parág. Único do CPC). A tutela provisória antecedente foi concebida para aqueles casos em que
a situação de urgência já é presente no momento da propositura da ação e, em razão disso, a
parte não dispõe de tempo hábil para levantar os elementos necessários para formular o pedido
de tutela definitiva, de modo completo e acabado.

Alternativa A: Nos termos do art. 311, II do CPC, A tutela de evidência será concedida
quando as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente E houver
tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante (e não OU, como
disse a alternativa).

Alternativa B: De fato, a tutela de evidência será concedida quando ficar caracterizado


o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte. Entretanto, neste
caso, o juiz não pode decidir liminarmente. De acordo com o art. 311, parág. Único do CPC, as
únicas hipóteses de tutela de evidência em que o juiz pode decidir liminarmente são as previstas
nos incisos II e III, quais sejam:

II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas


documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos
repetitivos ou em súmula vinculante;
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental
adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem
de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;

Percebam que a própria lógica indica que apenas nessas duas hipóteses é que o
juiz poderá decidir liminarmente. Isto porque os incisos I e IV dependem do comportamento
da parte (no inciso I, depende da caracterização do abuso do direito de defesa ou manifesto
propósito protelatório, e no inciso IV depende de o réu não ter apresentado uma prova capaz
de gerar dúvida razoável).

Alternativa C: Esta é a alternativa correta, nos termos do Art. 294 do CPC.

Alternativa D: Efetivada a tutelar cautelar, o pedido principal terá de ser formulado


pelo autor no prazo de 30 (TRINTA) dias, nos termos do art. 308 do CPC (o prazo de 5 dias é para
o réu apresentar contestação – art. 306 do CPC – não confunda!).

Alternativa E: Alternativa incorreta, pois em desconformidade com o art. 310 do CPC:

Art. 310, CPC: O  indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a


parte formule o pedido principal, nem influi no julgamento desse, salvo
se o motivo do indeferimento for o reconhecimento de decadência ou

75
de prescrição.

45 – QUESTÃO:

De acordo com o NCPC:

a) Quando, por 3 (três) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio
ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer
pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a
fim de efetuar a citação, na hora que designar.
b) Na ação de usucapião de imóvel, os confinantes serão citados pessoalmente, exceto quando
tiver por objeto unidade autônoma de condomínio, caso em que tal citação é dispensada.
c) Havendo mais de um intimado, o prazo contar-se-á a partir da data da última intimação.
d) O Ministério Público tem prazo em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer.
e) As empresas públicas e privadas, inclusive as microempresas e empresas de pequeno
porte, são obrigadas a manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos, para
efeito de recebimento de citações e intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente
por esse meio.

RESPOSTA: ALTERNATIVA B.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: O CPC/73 exigia que o oficial procurasse o citando e não o encontrasse


por 3 vezes para que, só então, procedesse á citação ficta. Agora, com o NCPC, basta que o oficial
procure e não encontre o citando por duas vezes:

Art. 255 do CPC: Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver
procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar,
deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da
família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato,
voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar; - art. 252 do
CPC.

Alternativa B: Essa é a alternativa correta, nos termos do Art. 246, parág. 3 do CPC.

Alternativa C: Nos termos do art. 231, parág. 2 do CPC, havendo mais de um intimado,
o prazo para cada um é contado individualmente.

Alternativa D: A alternativa está de acordo com o CPC/73. Agora, com o CPC/73, O


ministério público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos (art. 180 do CPC).

76
Alternativa E: A alternativa está em desconformidade com o art. 246, parág. 1 do CPC:

§ 1o Com exceção das microempresas e das empresas de pequeno porte,


as empresas públicas e privadas são obrigadas a manter cadastro nos
sistemas de processo em autos eletrônicos, para efeito de recebimento
de citações e intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente
por esse meio.

46 – QUESTÃO:

Assinale a alternativa correta:

a) O juiz conhecerá de ofício acerca da existência de convenção de arbitragem.


b) Havendo litisconsórcio, basta que um deles manifeste desinteresse na realização da
audiência de conciliação.
c) O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior
entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer
tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.
d) Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do
réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar enunciado de súmula de
tribunal de justiça sobre direito local.
e) A alegação da convenção de arbitragem deve ser feita por meio de petição autônoma.

RESPOSTA: ALTERNATIVA D.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A convenção de arbitragem é o negócio jurídico pelo qual as partes


decidem que o conflito será decidido pela arbitragem. Divide-se em:

a) Cláusula compromissória: convenção de arbitragem pela qual as partes decidem


que todos os conflitos futuros relacionados a um negócio jurídico devem ser resolvidos por
arbitragem (os conflitos ainda não existem);

b) Compromisso arbitral: refere-se a um conflito já existente.


O art. 301, parág. 4 do CPC/73 só proibia que o juiz conhecesse de oficio o compromisso
arbitral, de maneira que alguns doutrinadores entendiam que o juiz poderia conhecer de ofício
a cláusula compromissória.

Entretanto, o CPC/15, no Art. 337, parág. 5 do CPC, proíbe que o juiz conheça de
ofício a convenção de arbitragem (gênero do qual são espécies a cláusula compromissória e o
compromisso arbitral).

77
Art. 337, parág. 5: Excetuadas a convenção de arbitragem e a
incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias
enumeradas nesse artigo;

Alternativa B: De acordo com o Art. 334, parág. 6:

Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve


ser manifestado por todos os litisconsortes;

Alternativa C: Não confunda o conciliador com o mediador. Este atuará


preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, enquanto aquele
atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes. E há
uma razão de ser para isto: o mediador vai apenas facilitar o diálogo entre as partes, para que
eles construam a solução conjuntamente; e isto é mais efetivo quando as partes possuem uma
relação jurídica prévia (ex.: conflitos de vizinhos ou familiares). Já o conciliador possui uma
postura mais ativa, sugerindo a solução aos conflitantes (mais adequada para as hipóteses em
que as partes não possuem relação jurídica prévia, como um caso que envolva acidente de
trânsito, por exemplo).

Art. 165, parág. 2: O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos


em que NÃO houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir
soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de
constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem;
§ 3o  O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que
houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a
compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que
eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si
próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.

Alternativa D: Alternativa correta. O art. 332 do CPC traz as hipóteses de improcedência


liminar do pedido, e dentre elas está a hipótese em que o pedido contrariar enunciado de súmula
de tribunal de justiça sobre direito local.

Alternativa E: Alternativa incorreta. De acordo com o NCPC, a alegação da existência


de convenção de arbitragem deve ser feita como preliminar da contestação (art. 337 do CPC/15).

47 – QUESTÃO:

Acerca do cumprimento de sentença, assinale a alternativa correta:

a) A multa e os honorários decorrentes do não pagamento no prazo legal da condenação em


quantia certa são devidos no cumprimento provisório de sentença.

78
b) A caução para levantamento de dinheiro em caso de cumprimento provisório da sentença
poderá ser dispensada quando, nos casos de natureza alimentar ou decorrente de ato ilícito,
até o limite de 60 vezes o valor do salário mínimo, o exequente demonstrar situação de
necessidade.
c) A impugnação ao cumprimento de sentença depende de penhora.
d) Considera-se inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado
em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou
fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo
Tribunal Federal como incompatível com a  Constituição Federal, desde que em controle
concentrado de constitucionalidade concentrado.
e) A impugnação ao cumprimento de sentença tem efeito suspensivo.

RESPOSTA: ALTERNATIVA A.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Em caso de condenação em quantia certa, o executado será intimado


para pagar o débito no prazo de 15 dias, sob pena de pagamento de multa de 10% e honorários
advocatícios. O STJ posicionava-se no sentido de não aplicar esta multa na execução provisória.
Entretanto, de acordo com o NCPC, esta multa será cabível também no cumprimento provisório
de sentença.

Art. 520, § 2o  A multa e os honorários a que se refere o  § 1o  do art.


523 são devidos no cumprimento provisório de sentença condenatória
ao pagamento de quantia certa.
§ 3o  Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o valor,
com a finalidade de isentar-se da multa, o ato não será havido como
incompatível com o recurso por ele interposto.

Alternativa B: Esta alternativa traz o disposto no art. 475-0, parág. 2 do CPC/73. O


NCPC não limita mais a 60 salários mínimos. Vejam:

Art. 521.  A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada


nos casos em que:
I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua
origem;
II - o credor demonstrar situação de necessidade;
III – pender o agravo do art. 1.042;                 (Redação dada pela Lei nº
13.256, de 2016)        (Vigência)
IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância
com súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal ou do
Superior Tribunal de Justiça ou em conformidade com acórdão proferido

79
no julgamento de casos repetitivos.
Parágrafo único.   A exigência de caução será mantida quando da
dispensa possa resultar manifesto risco de grave dano de difícil ou
incerta reparação.

Alternativa C: Nos termos do art. 525 do CPC, a impugnação ao cumprimento de


sentença INDEPENDE de penhora. ESTA FOI MAIS UMA MUDANÇA PROMOVIDA PELO NCPC.

Alternativa D: Alternativa incorreta, pois em desconformidade com o art. 525, parág.


12 do CPC:

§ 12.  Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste artigo, considera-


se também inexigível a obrigação reconhecida em título executivo
judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional
pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou
interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal
Federal como incompatível com a Constituição Federal, em controle de
constitucionalidade concentrado ou difuso.

Alternativa E: Como regra, a impugnação ao cumprimento de sentença não tem


efeito suspensivo. O juiz, por sua vez, PODERÁ atribuir-lhe efeito suspensivo, desde que a
requerimento do executado e garantido o juízo com penhora, caução ou depósito suficiente. É
o disposto no art. 525, parág. 6 do CPC:

§ 6o  A apresentação de impugnação não impede a prática dos atos


executivos, inclusive os de expropriação, podendo o juiz, a requerimento
do executado e desde que garantido o juízo com penhora, caução
ou depósito suficientes, atribuir-lhe efeito suspensivo, se seus
fundamentos forem relevantes e se o prosseguimento da execução for
manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil
ou incerta reparação.

80
DIREITO ELEITORAL
PROF. TALLITA SAMPAIO

48 – QUESTÃO:

Assinale a alternativa correta acerca dos recursos eleitorais:

a) São preclusivos os prazos para interposição de recurso, ainda quando neste se discutir
matéria constitucional.
b) Os embargos de declaração serão opostos no prazo de 5 dias, contado da data da
publicação da decisão embargada.
c) O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos casos de inelegibilidade
superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição de elegibilidade.
d) Sempre que a lei não fixar prazo especial, o recurso deverá ser interposto em cinco dias da
publicação do ato, resolução ou despacho.
e) As decisões dos Tribunais Regionais sobre quaisquer ações que importem cassação de
registro, anulação geral de eleições ou perda de diplomas somente poderão ser tomadas
com a presença da maioria de seus membros.

RESPOSTA: ALTERNATIVA C.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Nos termos do art. 259 DO Código Eleitoral, São preclusivos os prazos
para interposição de recurso, SALVO quando neste se discutir matéria constitucional.

Alternativa B: Diferentemente do previsto no CPC (onde o prazo dos embargos de


declaração é de 5 dias), os embargos de declaração, no âmbito eleitoral, serão opostos no prazo
de 3 dias, contado da data da publicação da decisão embargada (art. 275, parág. 1 do Código
Eleitoral).

Alternativa C: Esta é a alternativa correta, nos termos do art. 262 DO CE.

Alternativa D: Nos termos do art. 258 do Código eleitoral, Sempre que a lei não fixar
prazo especial, o recurso deverá ser interposto em três dias da publicação do ato, resolução ou
despacho.

Alternativa E: De acordo com o art. 28, par’g. 4 do Código Eleitoral:

As decisões dos Tribunais Regionais sobre quaisquer ações que


importem cassação de registro, anulação geral de eleições ou perda de

81
diplomas somente poderão ser tomadas com a presença de todos os
seus membros.

49 – QUESTÃO:

De acordo com o Código Eleitoral:

a) Sempre que o Código Eleitoral não indicar o grau mínimo da pena, entende-se que será
ele de trinta dias para a pena de detenção e de um ano para a de reclusão.
b) Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o quantum,
deve o Juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os limites da pena cominada ao
crime.
c) O domicílio eleitoral necessariamente deve coincidir com o domicílio civil.
d) O eleitor que transferiu seu título eleitoral poderá votar na eleição que acontecer
imediatamente após a transferência do título, inclusive nas eleições suplementares.
e)  Da homologação da respectiva convenção partidária até a apuração final da eleição, não
poderão servir como juízes nos Tribunais Eleitorais, ou como juiz eleitoral, o cônjuge ou o
parente consanguíneo ou afim, até o segundo grau, de candidato a cargo eletivo registrado
na circunscrição.

RESPOSTA: ALTERNATIVA B.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: De acordo com o art. 284 do Código Eleitoral, sempre que o Código
Eleitoral não indicar o grau mínimo, entende-se que será ele de quinze dias para a pena de
detenção e de um ano para a de reclusão.

Alternativa B: Esta é a alternativa correta, nos termos do art. 285 do CE.

Alternativa C: De acordo com o TSE, domicílio eleitoral NÃO necessariamente deve


coincidir com o domicílio civil.

Alternativa D: Nos termos do art. 60 do Código Eleitoral, o eleitor que transferiu seu
título eleitoral poderá votar na eleição que acontecer imediatamente após a transferência do
título, salvo nas eleições suplementares.

Alternativa E: Nos termos do art. 12, parág. 3 do Código Eleitoral, com redação
dada pela Lei 13.165/15, esse impedimento se dá até a diplomação e nos feitos decorrentes do
processo eleitoral. Vejam:

Art. 12, parág. 4: Da homologação da respectiva convenção partidária

82
até a diplomação e nos feitos decorrentes do processo eleitoral, não
poderão servir como juízes nos Tribunais Eleitorais, ou como juiz
eleitoral, o cônjuge ou o parente consanguíneo ou afim, até o segundo
grau, de candidato a cargo eletivo registrado na circunscrição.

50 – QUESTÃO:

São inelegíveis:

a) Para qualquer cargo, os que tenham contra sua pessoa representação julgada procedente
pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado,
em processo de apuração de abuso do poder econômico ou político, para a eleição na qual
concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem nos 3 (três)
anos seguintes.
b) Os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão
judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o
cumprimento da pena, pelos crimes contra o meio ambiente e a saúde pública.
c) Para os cargos de Presidente e Vice-presidente da República, os que, servidores públicos,
estatutários ou não, dos órgãos ou entidades da Administração direta ou indireta da União,
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos Territórios, inclusive das fundações
mantidas pelo Poder Público, não se afastarem até 6 (seis) meses anteriores ao pleito.
d) para Prefeito e Vice- Prefeito,  as autoridades policiais, civis ou militares, com exercício no
Município, nos 6 (seis) meses anteriores ao pleito.
e) Para qualquer cargo, os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções
públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso ou culposo de
improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta
houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem
nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão.

RESPOSTA: ALTERNATIVA B.

COMENTÁRIOS:

Alternativa A: De acordo com o art. 1, I, “d” da LC 64.

Para qualquer cargo, Os que tenham contra sua pessoa representação


julgada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em
julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de apuração de
abuso do poder econômico ou político, para a eleição na qual concorrem
ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8
(oito) anos seguintes.

83
Alternativa B: Esta é a alternativa correta, nos termos do art. 1, I, e da LC 64. Por não
terem ligação direta com atos de improbidade administrativa ou desrespeito com a máquina
pública, o candidato é levado a crer que a condenação por crimes contra o meio ambiente e a
saúde pública não acarretam inelegibilidade. Entretanto, eles estão expressamente previstos na
LC 64.

Alternativa C: De acordo com o art. 1, II, l da LC 64:

Para os cargos de Presidente e Vice-presidente da República, os que,


servidores públicos, estatutários ou não, dos órgãos ou entidades da
Administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios e dos Territórios, inclusive das fundações
mantidas pelo Poder Público, não se afastarem até 3 (três) meses
anteriores ao pleito.

Perceba que, para o cargo de Presidente e Vice- Presidente, os prazos de


desincompatibilização são, em regra, de 6 meses. As exceções ficam por conta do tratado nesta
alternativa, bem como no caso daqueles que tenham ocupado cargo ou função em entidades
representativas de classe (nesse caso, o prazo de desincompatibilização é de 4 meses).

Alternativa D: Nos termos do art. 1, IV, c da LC 64:

Para Prefeito e Vice- Prefeito,  as autoridades policiais, civis ou militares,


com exercício no Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito;

Alternativa E: Nos termos do art. 1, I, g da LC 64, para que acarrete inelegibilidade, o


ato de improbidade administrativa necessariamente deve ser doloso:

Para qualquer cargo, os que tiverem suas contas relativas ao exercício


de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável
que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão
irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa
ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos
8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão;

84

Potrebbero piacerti anche