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CONTATO
“A vida diária envolve a criação de diferentes con gurações somáticas para lidar com a
variedade de mudanças das circunstâncias externas” (KELEMAN, [1987]1995, p 27). Assim
começa o segundo capítulo de um dos livros mais importantes de Keleman,
“Corpori cando a Experiência”. Nesta a rmação podemos ver como o comportamento
é visto por Keleman a partir das organizações somáticas, que são inseparáveis das outras
esferas da experiência humana. A clássica separação entre as esferas cognitiva, afetiva e
motora perde espaço nesta visão integrada. Keleman elege o acesso à organização
somática como via privilegiada para se trabalhar com a experiência humana, acreditando
através deste trabalho estar articulando todas as camadas da existência.
A raiva, por exemplo, pode ser expresso sob a forma explosiva de um grito, com uma voz
moderadamente dura ou apenas com um olhar de desaprovação. São diferentes graus da
forma somática modulando o padrão da emoção.
Impulsionadas pelas marés pulsatórias e pelos padrões inatos, as formas somáticas vão
se singularizando em cada organismo humano, se construindo na interação com as forças
sociais, com os eventos da existência e vão se re nando com as regulações subjetivas que
participam deste processo complexo de construção da vida. As formas (pág 49)
somáticas emergem das experiências do organismo no mundo, como modos de
organizar a experiência interna e preparar respostas aos desa os que se apresentam.
Se por um lado a forma somática pode expressar a pulsação interna, por outro pode
restringi-la e determiná-la. Quando as formas se estabilizam, podem moldar e limitar as
possibilidades de pulsação e vida emocional. Por exemplo, uma forma somática com o
peito cronicamente in ado e duro, cabeça erguida, pernas tensas e abdome contraído
pode levar a estados constantes de orgulho e superioridade, ao mesmo tempo que
impede a vivência de outros estados afetivos, como experiências suaves e ternas. Como
diz Luce (1975, p 16): “Nossa experiência desenvolve estrutura e a nossa estrutura limita a
nossa experiência”.
Ao longo da vida as formas somáticas vão se estabilizando por dois processos: por uma
estabilização progressiva decorrente da repetição de experiências vinculares e por uma
cristalização devido a experiências excessivas ou traumáticas
Toda situação vivida gera excitação e forma. Algumas vezes a excitação ultrapassa o limiar
de tolerância, disparando alterações emergenciais das formas somáticas que visam
limitar os efeitos devastadores do excessivo (KELEMAN,[1985]1992; SCARPATO, 2001a).
Nestas situações, as principais respostas de alteração dos tecidos do corpo são: (1)
enrijecer para controlar as próprias reações, (2) densi car para isolar a excitação, (3) in ar
para diluir ou vazar a excitação no ambiente, ou (4) colapsar, diminuindo a pulsação.
(pág 50)
Nas palavras de Keleman ([1979]1994, p 40), os Cinco Passos são “um exercício, um auto-
treinamento no processo de reconhecer que palavras e imagens estão conectadas a
padrões musculares, con rmar que o corpo fala e perceber que a fantasia é uma
preparação para a ação”.
Passo 5 – momento das respostas a partir da experiência dos passos anteriores, podendo
surgir diferenciações da forma ou a volta aos padrões conhecidos.
No Passo Dois “começamos a ter uma experiência direta de como organizamos nossa
expressão inconsciente” (KELEMAN, [1994]1996, p 57), começamos a perceber como
projetamos o passado sobre o presente, em que lugar colocamos os outros e a nossa
atitude frente ao mundo.
A intensi cação da forma somática no Passo Dois propicia uma discriminação mais
apurada de como esta é organizada, um fator importante para se saber como
desorganizar a forma no Passo Três.
A sanfona é um instrumento musical que produz sons a partir das diferentes modulações
de tensão e pressão interna. A imagem da sanfona é a metáfora escolhida por Keleman
([1987]1995) para se referir ao processo organizador e às possibilidades de in uenciá-lo.
No Passo Quatro “você está entre o que acabou e o que ainda não chegou, num espaço
fecundo” (KELEMAN, [1987]1995, p 29).
No Quinto Passo pode-se organizar uma nova forma com diferenciações em relação às
formas e padrões anteriores, ou pode-se retornar ao padrão anterior conhecido.
A seqüência toda dos Cinco Passos precisa ser praticada e repetida, para se aprofundar a
experiência e permitir a desconstrução e reconstrução somática dos modos de presença
no mundo.
No manejo dos Cinco Passos trabalhamos com a história vivida somaticamente, com
todos os acontecimentos, padrões de distresse, padrões de ação e vinculação. Trabalhar
com as formas somáticas é (pág 54) trabalhar com as memórias motoras do vivido. Ao
reorganizarmos as formas somáticas, abrimos possibilidades de criação e diferenciação
para a continuidade do processo formativo.
O Método dos Cinco Passos traz uma contribuição importante para a área da Psicologia
ao propor um caminho de transformação que vai além da catarse e do insight. Nem
sempre há uma reorganização para um estado melhor após uma catarse; do mesmo
modo, o insight pode ser insu ciente para produzir mudanças, por não permitir um
aprendizado sobre a própria organização do comportamento (KELEMAN, [1987]1995). O
Método dos Cinco Passos permite reconhecer a organização somática dos padrões de
comportamento, desorganizar seus limites, acessar aspectos profundos da experiência
subjetiva, acompanhar as formas emergentes e repeti-las ativamente para a criação de
novos padrões.
O Método dos Cinco Passos constitui, ao mesmo tempo, um método de investigação e um
método de transformação. Suas aplicações podem ser múltiplas, podendo ser utilizado
em psicoterapia, em supervisão, em pesquisa e como um instrumento de
autogerenciamento ao longo da vida.
Referências
Bergson, Henri (1939/1990) Matéria e Memória, São Paulo, Martins Fontes
Bull, Nina (1962). The Body and Its Mind. New York, Las Americas
_________ (1968). The Attitude Theory of Emotion. New York, Johnson Corp.
Keleman, Stanley ([1975] 1996). O corpo diz a sua mente, São Paulo, Summus
___________ ([1994]1996). Amor, in: Keleman, S. (1996) Amor e Vínculos, São Paulo,
Summus.
__________ ([1996]1996). Vínculos, in: Keleman, S. (1996) Amor e Vínculos, São Paulo,
Summus.
__________ (2005). The Formative Method: How We Voluntarily In uence Being Present in
the World. Disponível em:http://www.centerpress.com/html/theformativemethod.html
Acesso em 20/01/2005.
(pág 55)Luce, Gay (1975). Introduction. In: Keleman, S. (1975). The Human Ground. Center
Press, Berkeley, revised edition, p 9-16