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Resumo
Várias modalidades de tratamento direcionadas à infância e a adolescência têm despontado no Brasil en-
tre elas, a Ambientoterapia. Portanto estudos científicos sobre essa abordagem são relevantes. O objetivo
desta pesquisa, a partir do estudo teórico, visa a abordar estudos sobre intervenção em Ambientotera-
pia, incluindo os tratamentos de crianças e adolescentes com autismo e psicose na infância. Esse estudo
realizou busca em bases de dados eletrônicas, dentre outras fontes. Foram localizadas 300 ocorrências
e dados os critérios de exclusão, treze foram identificados como relevantes para o estudo. Os resultados
indicaram que os poucos artigos dedicados aos tratamentos infanto-juvenis incentivam o brincar, a mu-
sicalidade e outras formas de interação que contribuem para a comunicação, socialização e comporta-
mento. Levantou-se também a importância da escuta dos pacientes e familiares para melhor prognóstico
e maior qualidade de vida. Pretendeu-se, a partir da análise dos resultados encontrados, contribuir com
o manejo dos profissionais que atuam com estes pacientes na sua prática clínica, além disso, incentivar
pesquisadores e profissionais da área, a produzirem estudos empíricos sobre a temática.
Palavras-chave: autismo, psicose, tratamento, instituições
celo Blaya e David. E. Zimerman). Os trabalhos por idades e conforme o seu nível de funciona-
realizados com técnicas psicopedagógicas, esta- mento. A frequência corresponde a cada indicação
beleceram os primeiros padrões de atendimentos de tratamento e peculiaridades da instituição.
para essa faixa etária e tornaram-se referência As sessões são estruturadas em atividades varia-
para outras cidades do país (Osório, 1988). das que visam à socialização e o atendimento de
Blaya (1960) alude que as Comunidades Te- necessidades individuais. A equipe técnica pode
rapêuticas podem funcionar em hospitais psiquiá- ser composta por: psicólogos, psicopedagogos,
tricos, escolas e até mesmo em prisões, pensan- assistentes sociais, fonoaudiólogos, psiquiatras,
do no modelo norte-americano o qual estudara. neurologistas, entre outros. Os pais também são
Segundo o autor, o que as caracteriza, além da atendidos pela equipe em grupo ou individual-
estrutura física, é a ligação da equipe de profissio- mente. Entende-se, assim, a relevância de que
nais com as pessoas atendidas e o funcionamento todo o meio de convivência dos pacientes esteja
desse ambiente. Por isso, o enquadre terapêutico assistido e orientado para que, em conjunto com
acontece a partir da composição de uma equipe de os profissionais de saúde, construam estímulos e
profissionais qualificada, do tipo de tratamento e possibilidades de mudanças do tratamento (Tas-
do ambiente de atendimento. Todos os profissio- chetto & Nilles, 1996).
nais e demais pessoas que fazem parte do ambien- Tal modalidade é indicada para pacientes que
te desses pacientes, participam do processo. se encontram em um estado mais primitivo, com
Somando a isso, desde a década de 50 é per- dificuldades de adaptação, relacionamento e fragi-
cebido que crianças e adolescentes, com diferentes lidade egóica. Dessa forma o tratamento pode ser
características e dificuldades psicológicas, neces- indicado para crianças e adolescentes, principal-
sitavam de ambientes de saúde específicos para a mente para crianças com Transtorno do Espectro
sua atenção. Tal tratamento desponta com o intui- Autista (TEA) e com psicose infantil. Necessitam
to de propiciar a essa faixa etária um ambiente que assim, de uma estrutura similar à do grupo fami-
possa reestruturar falhas primitivas do aparelho liar original, com a finalidade de tentar recons-
psíquico. Busca-se tratar no aqui-agora as dificul- tituir as relações objetais primárias do paciente
dades emocionais dos pacientes, manifestadas nas (Feil, 2010). Diante das fragilidades do aparelho
relações transferenciais com os profissionais da psíquico das crianças atendidas a continência
equipe (Milagre, 2011). A Ambientoterapia pode mental do terapeuta é o principal meio para suprir
ser entendida “como uma matriz operacional in- as necessidades do paciente (Ferreira et al., 2014).
dispensável de tratamento cuja trama se insere os No atendimento em referido, conforme Osó-
demais métodos terapêuticos” (Blaya, 1960, p. 41). rio (1988) existe um fator muito importante, o am-
Nessa perspectiva, a Ambientoterapia se torna um biente. Para o autor esse “lar-clube-escola” – termo
importante método de tratamento das dificulda- para identificar fatores familiares, sociais e esco-
des ao longo da infância e adolescência. lares – remete às relações primárias da criança e
Também por isso, nas últimas décadas fo- do adolescente com seu ambiente. Nesse processo,
ram realizados vários encontros sobre saúde adotam-se todos os elementos terapêuticos, dis-
mental em diversos contextos e países. O trata- postos em rotinas estabelecidas com regras e limi-
mento para os transtornos mentais e emocionais tes bem definidos, contribuindo com o desenvol-
não envolve apenas o diagnóstico, e a mudança, vimento da capacidade de organização e tolerância
contempla também as áreas do conhecimento dos pacientes. Os mesmos aprendem no convívio
científico em relação às pesquisas e ao aprimo- com o grupo e nas relações com seus terapeutas.
ramento de tratamentos. Os novos modelos de Portanto, nesse tipo de tratamento as tarefas
saúde mental não consideram somente a doença, propostas são as formas com as quais os pacientes
mas atendem também às necessidades e cuidados buscam tratar suas dificuldades emocionais (Feil,
psíquicos. Com isso, diferentes locais para aten- 2010). O presente estudo teórico visa a abordar
dimento na infância e Adolescência surgem para aspectos sobre a Ambientoterapia, incluindo os
atender essa faixa etária, dentre elas, a Ambiento- tratamentos de crianças e adolescentes com autis-
terapia (Osório, 1988). mo e psicose na infância. Dessa forma, pretende-
No que se concerne às atividades de tal me- se contribuir para a prática clínica compilando
todologia, essas são organizadas em grupos, de elementos sobre essa temática.
modo que as crianças e adolescentes são separados
fância tiveram seu primeiro atendimento em um Neste contexto, a música é um elemento que
CAPSI. Sendo que 92,9% dos pacientes com autis- se torna interessante no tratamento de crianças
mos e 70% dos pacientes com psicose infantil já com transtornos do desenvolvimento. Seguindo
haviam passado por diversas instituições. O tra- os caminhos não convencionais em que a sensi-
tamento dos CAPSI, nessa pesquisa, identificou bilidade das crianças quando ligadas a musica-
na psicanálise, intervenções baseadas na escuta e lidade, está preservada. Este estudo apresentou
o papel do Outro como um fundador do aparelho um grupo de alunos que antes do manejo musical
psíquico dessas crianças (Visani & Rabello, 2012). não interagiam com os professores, a partir des-
Igualmente, fora realizado um estudo dos se, iniciaram uma formas de contato e comunica-
indicadores sobre os cuidados a crianças e ado- ção no grupo (Lima, 2012).
lescentes com autismo e outras psicopatologias; Santos e Tfouni (2015) descrevem em seus
como psicose na infância, na rede CAPSI da estudos o Grupo Mix, que é uma oficina tera-
região metropolitana do Rio de Janeiro (Lima, pêutica. Nessa leva-se em consideração sessões
Couto, Delgado, & Oliveira, 2014). Na pesquisa, menos estruturadas, com a utilização de todos os
foram produzidos indicadores de atendimentos, a espaços, sem que as crianças precisem permane-
partir do discurso de trabalhadores e familiares cer em somente uma sala e onde toda a equipe é
de 14 CAPSI. No estudo foram realizados 14 gru- responsável por todas as crianças. O projeto com
pos focais com os trabalhadores e três grupos com as narrativas orais, tem a finalidade de elaborar
familiares de crianças e adolescentes autistas nes- algo na falta do Outro. Dessa forma, os pacientes
ses serviços. Dos indicadores apontados: projeto acessam o saber de maneiras diferentes. Dando
terapêutico individual; atendimento e mobiliza- lugar ao sujeito e suas produções.
ção dos familiares; território e direitos; formação Igualmente em uma intervenção em Am-
dos profissionais e processos de trabalho, obteve- bientoterapia, utilizam-se os contos de fadas como
se a existência de qualidade nos atendimentos as recurso terapêutico, dentro de um projeto possível
crianças diagnosticadas e seus familiares. Com os nesse tratamento. Entende-se que os contos de fa-
resultados buscou-se contribuir para novas pes- das podem ajudar o paciente a elaborar conflitos
quisas em outras regiões do país, como um mo- e dominar angustias e medos. A partir disso, uma
delo, na tarefa de produção de conhecimento, so- equipe de Ambientoterapia, criou uma história,
bre as formas de qualidade no tratamento dessas incluindo um novo elemento de contenção física.
crianças e adolescentes. Um manto com poderes mágicos, capaz de conter
No que diz respeito a manejos em atendi- todos os medos e angustias diante de uma desor-
mento, Martinati e Abrão (2011) realizaram uma ganização do paciente. Implicando assim, na ca-
revisão de literatura sobre o pensamento analíti- pacidade simbólica e os recursos egoicos dos pa-
co da clínica com crianças e adolescentes. Con- cientes (Ferreira, Berni, Marczyk, Souza, Orengo,
cluem a necessidade de novos dispositivos para o Fridman, & Giaretta, 2013).
tratamento dos pacientes com autismo e psicose. Corroborando com as ideias acima, Lucero
Voltados para o fazer/ato e menos para suposição e Vorcaro (2015) aludem sobre o uso de objetos
do saber. Admitindo a importância do tratamen- concretos nos tratamentos das crianças e adoles-
to precoce e a inclusão da escuta de gestantes, por centes. As autoras revelam em seus estudos, que a
exemplo, como fatores de prevenção. criança que usa algum objeto de forma autística,
Os comportamentos relacionados às difi- utiliza como se esse fizesse parte de próprio cor-
culdades nas habilidades emocionais, cognitivas, po. Concluem que é através desse objeto que os
motoras, sensoriais e de interação social, são in- pacientes podem iniciar uma relação com outros
terferências significativas na vida dos pacientes. sujeitos, ampliando seu processo de desenvolvi-
A abordagem Floortime é uma estratégia, que se mento e interação com os demais.
encontra dentro do modelo de intervenção De-
velopmental, Individual Difference, Relationship-
-Based (DIR), que permite ao terapeuta e a família Discussão
a interação com as crianças autistas. A Floortime
foi criada para melhorar, aspectos da linguagem, Observam-se nos estudos citados, as con-
socialização e comportamentos repetitivos, atra- tribuições sobre o NAICAP (Bastos, Monteiro, &
vés do brincar (Ribeiro & Cardoso, 2014). Ribeiro, 2005). Essa instituição ampliou os olhares
Ribeiro, C. M. J., Álvares, K., & Bastos, A. (2006). A Taschetto, A. R., & Nilles, M. A. (1996). Ambientoter-
psicanálise e o tratamento de crianças e adoles- apia: uma indicação de tratamento na infância e
centes autistas e psicóticos em uma instituição de adolescência. Revista de Psicoterapia da infância
saúde mental. Estilos da Clínica, 11(21), 196-203. e Adolescência, 9(9), 127-134.
Ribeiro, C. L., & Cardoso, A. A. (2014). Abordagem Visani, P., & Rabello, S. (2012). Considerações sobre
Floortime no tratamento da criança autista: possi- o diagnóstico precoce na clínica do autismo e
bilidades de uso pelo terapeuta ocupacional. Cad. das psicoses infantis. Revista Latinoamericana
Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, 22(2), 399-408. Psicopatologia, 15(2), 293-308.
Santos, L. V., & Tfouni, V. L. (2015). Uma narrativa
oral em uma oficina terapêutica: um rastro de
alteridade. Estilos clínica, 20(1), 134-150.
Abstract
There is lot of modalities of intervention used for behavioral problems for children and adolescents in
Brazil, one of them is relatively new and is called Ambientoterapia (Environmental-psychotherapy).
This is a theoretical study that aimed to address aspects of Ambientoterapia, including other kinds of
treatment, for children and adolescents with autism and psychosis during childhood. In this study, the
search was conducted in electronic databases. Were found 300 articles and after the inclusion and ex-
clusion criteria, thirteen were identified as relevant to the area. Five of them were database from BVS-
Psi and 7 from EBSCO database. The results indicated that a few articles are dedicated to children and
youth pacients. After this we can conclude that the results may contribute to psychologists who work
with these patients in clinical practice. Also, encourage researchers and professionals, to produce em-
pirical studies on the subject.
Keywords: autism, psychosis, treatment, institutions