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SÍNTESE

DO

VELHO TESTAMENTO

Nelson Salviano

Escola para Capacitação de Liderança Evangélica


Belo Horizonte – MG.

1
Síntese do Antigo Testamento
Nelson Salviano

Todos os direitos reservados. Copyright ® 1999 de Nelson Salviano da Silva

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resenhas, com indicação de fonte.

Índice para Catálogos Sistemáticos

220 – Síntese do Velho Testamento

Silva, Nelson Salviano


SILP – Panorama do Velho Testamento / Nelson Salviano da Silva.

1ª ed. – Belo Horizonte: 2000.


71 páginas; 30 X 22 cm.

1. Bibliografia — introdução aos livros bíblicos, índices.


2. História – pano de fundo, cronologia.
3. Bases bíblicas — ensinos, métodos. I. Título

CDD — 220

2
Índice
____________________________________________________________________________________

Introdução ....................................................................................... 04

Gênesis ............................................................................................ 07
Êxodo ................................................................................................ 08
Levítico ............................................................................................ 10
Números ........................................................................................... 11
Deuteronômio ................................................................................. 13
Josué ............................................................................................... 14
Juizes .............................................................................................. 16
Rute ................................................................................................. 18
1º e 2º Samuel ................................................................................. 19
1º e 2º Reis ...................................................................................... 21
1º e 2 Crônicas ................................................................................ 23
Esdras .............................................................................................. 26
Neemias ........................................................................................... 28
Ester ................................................................................................ 30
Jó ...................................................................................................... 33
Salmos ............................................................................................. 35
Provérbios ........................................................................................ 38
Eclesiastes ....................................................................................... 40
Cântico dos cânticos ....................................................................... 42
Isaías ................................................................................................ 44
Jeremias .......................................................................................... 45
Lamentações .................................................................................... 47
Ezequiel ........................................................................................... 49
Daniel .............................................................................................. 51
Oséias .............................................................................................. 53
Joel .................................................................................................. 54
Amós ................................................................................................ 56
Obadias ............................................................................................ 57
Jonas ............................................................................................... 59
Miquéias .......................................................................................... 60
Naum ................................................................................................ 61
Habacuque ....................................................................................... 63
Sofonias ........................................................................................... 64
Ageu ................................................................................................... 66
Zacarias ........................................................................................... 67
Malaquias ......................................................................................... 69

Bibliografia ...................................................................................... 71
3
Introdução
____________________________________________________________________________________

A palavra Bíblia
1. A origem da palavra — Na língua grega “Biblion” ou livrinho e no latim “Libellus”. A partir
daí passou a significar “os Livros Divinos” ou “os Livros Canônicos” e, mais tarde, apenas
“Bíblia”, significando diversos livros. A Bíblia é, ao mesmo tempo, uma biblioteca e um livro.

2. Primeiro uso — Crisóstomo, no Século IV, fez o primeiro uso da palavra Bíblia para as Escrituras.

3. Outros nomes para a Bíblia — A Bíblia dá a si mesmo outros nomes, tanto técnicos quanto
figurativos: nomes técnicos: Alianças (Rm 9:4); Oráculo de Deus (Rm 3:2); A Escritura (2 Tm 3:16);
As Escrituras (Jo 5:39; At 17:11). Nomes figurativos: Luz (Sl 119:105 cf. 1 Co 2:14); espelho (Tg
1:23); água (Ef 5:26 cf. Jo 15:3); alimento, pão (Jó 23:12; 1 Co 3:2; Dt 8:3; Hb 5:12-14; Sl 19:10; Lc
4:4); ouro (Sl 19:10); fogo e martelo (Jr 23:29); espada (Ef 6:17); Verdade (Jo 8:32).

Versões da Bíblia
A Septuaginta (LXX) — Foi uma versão em grego do Antigo Testamento hebraico, feita em
Alexandria, onde havia muitos judeus que falavam grego. Diz a tradição que, a pedido de Ptolomeu
Filadelfo (285-247 a.C.), 70 judeus, hábeis lingüistas, foram mandados de Jerusalém ao Egito.
Traduziram-se primeiro o Pentateuco e depois o restante do V.T. Chamou-se Septuaginta porque 70
foram os tradutores que a começaram. O grego era a língua universal naquele tempo. Nos dias de
Cristo essa versão era de uso comum. No N.T., muitas citações do V.T. são feitas da Septuaginta.
Essa versão não só foi usada pelos judeus de fala grega, como também foi adotada pela Igreja Cristã.

O Talmude — Coletânea de várias tradições judaicas e explicações orais do V.T., postas em


escrito no Segundo Século d.C. com um comentário ulterior sobre elas.

A Vulgata — Quando o latim tomou o lugar do grego como língua comum e oficial do mundo
mediterrâneo, surgiu a necessidade de outra tradução. Foi através dos esforços eruditos de Jerônimo
que esta tradução latina do V.T. hebraico, já perto do fim do Século IV d.C. (382-404 d.C.). Durante o
milênio seguinte, essa versão, mais conhecida pelo nome de Vulgata, foi a edição mais popular do
Antigo Testamento. Até hoje a Vulgata, com a adição dos livros apócrifos, que haviam sido rejeitados
por Jerônimo, continua sendo a tradução oficial da Igreja Católica Apostólica Romana.

O Cânon — O termo “cânon” provém da palavra grega kanõn, que denota uma régua de carpinteiro
ou algum tipo de vara de medir. No mundo grego, cânon veio a significar “padrão ou norma para julgar
ou avaliar todas as coisas”. Foram desenvolvidos cânones para a arquitetura, a escultura, a literatura,
a filosofia, e assim por diante. Os cristãos começaram a empregar o termo de modo teológico para
designar os escritos que tinham cumprido os requisitos para serem considerados Escrituras
Sagradas. Os livros canônicos, pois, são considerados a revelação autorizada e infalível da parte de
Deus. Estabelecer o cânon da Bíblia não foi, porém, a decisão dos escritores, nem dos líderes
religiosos, nem de um concílio eclesiástico. Pelo contrário, o processo da aceitação desses livros como
Escritura deu-se mediante a influência providencial do Espírito Santo sobre o povo de Deus. O cânon
foi formado por um consenso, e não por um decreto. A Igreja não resolveu quais livros deveriam estar
no cânon sagrado, mas limitou-se a confirmar aqueles que o povo de Deus já reconhecia como a Sua
Palavra. Fica claro que a Igreja não era a autoridade; mas percebia a autoridade na Palavra inspirada.
O cânon bíblico está fechado. A revelação infalível que Deus fez de Si mesmo já foi registrada.
4
As palavras em itálico em nossas Bíblias indicam que elas faltam no texto original e que
foram introduzidas na tradução para completar o sentido.

Capítulos e Versículos não existiam no texto original. Essa divisão da Bíblia em capítulos e
versículos é obra do Cardeal Caro, 1236, e de Robert Stephens, 1551 d.C.

Traduções em Português, no Brasil — Duas traduções da Bíblia, em português, há muitos


anos circulam no Brasil, ambas apreciadas por seu estilo e vernaculidade: a de João Ferreira de
Almeida, a mais antiga, traduzida diretamente dos originais hebraicos e gregos, e a do Padre
Antônio Pereira de Figueiredo, traduzida do latim, da Vulgata, de São Jerônimo. Aparece
depois a chamada “Versão Brasileira”, editada pelas Sociedades Bíblicas “Americana” e
“Britânica e Estrangeira”, em 1917; talvez a mais fiel tradução do original até hoje no Brasil, sem,
contudo, a segurança vernacular e beleza de estilo das anteriores.

Os Apócrifos — Esta é a denominação que constantemente se dá aos 14 livros contidos em algumas


Bíblias, entre os dois Testamentos. Originaram-se do Terceiro ao Primeiro Século a.C., a maioria dos
quais de autores incertos, e foram adicionados à Septuaginta. Não foram escritos no Antigo Testamento
hebraico. Foram produzidos depois de haverem cessado as profecias, oráculos e a revelação direta do
V.T. Nunca foram reconhecidos pelos judeus como parte das Escrituras hebraicas. Nunca foram citados
por Jesus, nem por ninguém mais no N.T. Não foram reconhecidos pela Igreja Primitiva como sendo de
autoridade canônica, nem de inspiração divina. Quando se traduziu a Bíblia para o latim, no Segundo
Século d.C., seu V.T. foi traduzido não do V.T. hebraico, mas da versão grega do V.T. Da Septuaginta
esses livros apócrifos foram levados para a tradução latina; e daí para a Vulgata latina, que veio ser a
versão comumente usada na Europa Ocidental até ao tempo da Reforma. Os protestantes, baseando
seu movimento na autoridade divina da Palavra de Deus, rejeitaram logo esses livros apócrifos como
não fazendo parte dessa Palavra, assim como a Igreja Primitiva e os hebreus antigos fizeram. A Igreja
Romana, entretanto, no Concílio de Trento, 1546 d.C., realizado para deter o movimento protestante,
declarou canônicos tais livros, que ainda figuram na Versão de Matos Soares (Bíblia Católica Romana).
Os livros apócrifos são os seguintes: 1 Esdras, 2 Esdras, Tobias, Judite, O resto de Ester, A sabedoria
de Salomão, Eclesiástico, Baruque, O cântico dos três moços, A história de Susana, Bel e o dragão, A
oração de Manassés, 1 Macabeus, 2 Macabeus.

Os Testamentos
A Bíblia compreende duas grandes partes, conhecidas como Velho Testamento (VT) e Novo
Testamento (NT). Esses nomes são aplicados, respectivamente, aos livros relativos à LEI
(Gênesis a Malaquias) e os relativos à Aliança de Cristo ou Novo Testamento (Mateus a
Apocalipse). A aplicação dos nomes “Velho e Novo Testamento” se faz por atribuição. As
palavras “testamento, aliança, pacto e concerto” são sinônimas.

Velho Testamento (VT) — Este nome tem origem em Êxodo 24:8: Então tomou Moisés aquele
sangue e o aspergiu sobre o povo, e disse: eis aqui o sangue da aliança que o Senhor fez
conosco a respeito de todas estas palavras. O nome Velho Testamento, em princípio, aplica-
se a essa primeira aliança, feita por Yahweh com Israel . Por ser a primeira e por ter havido
uma segunda, ficou conhecida como “velha”. Aliás, é esta a expressão que o escritor aos
hebreus usa (Hb 8:13). Os livros de Gênesis a Malaquias estão intimamente ligados a esta
aliança e, depois do tempo em que vigorou a lei (a lei e os profetas vigoraram até João Batista,
Mt 11:13), receberam por atribuição o nome Velho Testamento.

Novo Testamento (NT) — A segunda ou nova aliança, foi feita através do sangue de Cristo. É
nova e superior à primeira, como bem o demonstra a carta aos Hebreus (cf. Mt 26:28; Mc
14:24; Lc 22:20; 1 Co 11:25; Hb 10:29; 8:19, 20). Também por atribuição, por se dedicarem
estes livros à narração e interpretação da Nova Aliança, os livros de Mateus a Apocalipse
tomaram o nome Novo Testamento.
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Conceituando Velho Testamento — Velho Testamento é a aliança hebraica que constituiu a
parte do Cânon Sagrado, compreendido pelos livros de Gênesis a Malaquias, que estão
relacionados à Lei de Moisés ou à velha aliança feita entre Yahweh e Israel.

Subdivisão dos Testamentos


Velho Testamento — Divisão segundo os judeus: Lei, Profetas e Salmos (Lc 24:44). De acordo
com o costume dos hebreus, assim compõe-se o VT.: Lei ou Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico,
Números e Deuteronômio); Profetas – Esta seção se divide em Profetas Anteriores (Josué, Juizes, 1
Samuel, 2 Samuel, 1 Reis, 2 Reis) e Profetas Posteriores (Maiores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel.
Menores: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias,
Malaquias); Os Escritos – Os cinco Rolos (Rute, Ester, Cantares, Eclesiastes e Lamentações); Poéticos
(Salmos, Provérbios e Jó); Históricos (1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Daniel).
Divisão Moderna: Pentateuco; Livros Históricos; Livros Poéticos; Profetas Maiores e Profetas Menores.

Novo Testamento — Divide-se em cinco partes: Evangelhos (livros biográficos: Mateus,


Marcos, Lucas e João); Histórico (Atos); Cartas Paulinas (Romanos, 1ª e 2ª Coríntios, Gálatas,
Efésios, Filipenses, Colossenses, 1ª e 2ª Tessalonicenses, 1ª e 2ª Timóteo, Tito, Filemom e
Hebreus); Cartas Universais (Tiago, 1ª e 2ª Pedro, 1ª, 2ª e 3ª João) e Profético (Apocalipse).

Lei ou Pentateuco
A palavra Pentateuco, aplica-se à Lei de Moisés e é composta de duas outras palavras gregas:
Penta (cinco) e theucos (volume). Adjetivo modificador de Biblos (livros), significando Livro de
Cinco Volumes. Vamos analisar o V.T. por suas divisões, começando pela Lei (Pentateuco).
No hebraico o nome para Lei é Torah (Torá), derivado da raiz Yarah, que significa “lançar” ou
“projetar”. A palavra Torah quer dizer orientação, lei, instrução. A primeira seção do V.T.
recebe diversos nomes tanto no Velho como no Novo Testamento.
Nomes da Lei no Velho Testamento.— Lei (Js 8:34; Ed 10:3), Livro da Lei (Js 1:8; 2 Rs 22:8),
Livro da Lei de Moisés (Ed 6:18), Lei do Senhor (Ed 7:10; 1 Cr 16:40), Lei de Deus (Js 24:26;
Ne 8:18) e Livro da Lei do Senhor (2 Cr 17:9; 34:14).
Nomes da Lei do Novo Testamento.— Livro da Lei (Gl 3:10), Livro de Moisés (Mc 12:26), Lei
(Mt 12:5), Lei de Moisés (Lc 2:22) e Lei do Senhor (Lc 2:23, 24).

Autoria do Pentateuco
Embora façamos o estudo de cada livro do Velho Testamento separado, incluindo a autoria
etc., o Pentateuco deve ser considerado como um todo. Nesta introdução vamos analisar
apenas o esboço dele. O estudante encontrará maiores detalhes adiante ao estudar cada livro
do Pentateuco separadamente e ao consultar as fontes indicadas na bibliografia.
Há várias indicações de que o autor da Torah é Moisés. Se negarmos a autoria mosaica do
Pentateuco, estaremos negando a autenticidade de toda a Bíblia, pois ela declara que Moisés
é o autor da Torah: o Pentateuco afirma que Moisés é seu autor (Ex 17:14; 24:4-8; 34:27; Nm
33:1,2; Dt 1:1; 1:5; 4:44; 27:1); o restante do V.T. afirma a autoria mosaica do Pentateuco (Js
1:7,8; 8:31; Jz 3:4; 1Rs 14:6; Ed 6:18; Ne 13:1; Dn 9:11-13; Ml 4:4); o N.T. confirma a autoria
Mosaica do Pentateuco: Jesus (Mt 19:8; Mc 10:5; Lc 24:27; Jo 5:47; 7:19); o restante do N.T.
(At 13:39: 13:39; 15:5-21; 26:22; 1 Co 9:9; 2 Co 3:15).

Entendemos por autoria mosaica do Pentateuco, não que ele tenha escrito todas e cada
palavra da Torah, tal qual conhecemos hoje, mas o que ali está ou sua essência, é da autoria
de Moisés. A isso chamamos de autoria fundamental ou real do Pentateuco.
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GÊNESIS
____________________________________________________________________________

NOME

O primeiro livro da Bíblia é uma tradução da palavra hebraica “B’resht”, que significa “No
principio”, de acordo com o início do livro. A palavra em grego significa “origem” ou
“princípio”, podendo também ter o sentido de “geração” (Gn 2:4 a). Gênesis é, como seu
nome indica, o livro dos princípios ou dos começos. Nos tempos do Talmude, Gênesis era
chamado de “Livro da Criação do Mundo”.

POSIÇÃO NO CÂNON

Gênesis é o primeiro livro de toda a Bíblia e do Pentateuco.

AUTORIA

O autor de Gênesis é Moisés. Embora o livro não declare explicitamente que ele seja o
autor, há muitas evidências nos outros livros do Pentateuco, do Velho e do Novo
Testamento; na verdade, muitas citações incluem todo o Pentateuco como sendo da
autoria de Moisés. Os judeus chamavam-no e ainda o chamam de Torah (Lei) e a Lei
são os cinco livros de Moisés (Ex 17:14; Dt 31:24; At 7:37-38).

COMPOSIÇÃO

Há elementos no livro de Gênesis que não poderiam ter sido do conhecimento humano,
a menos que o fosse por revelação, por exemplo, a história da criação. Outros,
entretanto, podiam fazer parte da tradição oral e até escrita, visto que no tempo de
Abraão já se escrevia.

DATA

Desde que o autor seja Moisés, a data deve ser colocada cerca de 1.500 a.C. Assim, terá sido
escrito no deserto, no período em que Moisés cuidava das ovelhas de seu sogro, Jetro.
Gênesis cobre um período de mais de dois mil anos de história.

MOISÉS

Sua história será dada com algum detalhe no estudo do livro de Êxodo. Ele foi salvo
das águas do Nilo e da perseguição de Faraó no Egito. Tornou o grande libertador e
Legislador de Israel. Além de Gênesis, também escreveu os outros quatro livros do
Pentateuco.

PALAVRA CHAVE

Gerações.

VERSO CHAVE

Esta é a gênese dos céus e da terra quando foram criados, quando o Senhor Deus os criou. (Gn 2:4).

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PROPÓSITO

Gênesis foi escrito como base para toda a Bíblia. Tira-se Gênesis do Cânon e a Bíblia fica como
um edifício sem alicerces. Noutras palavras: ruiria toda a revelação. É a história dos começos da
criação, do pecado, da redenção, da raça eleita etc. A primeira parte do livro relata a história da
criação, da queda, do dilúvio e da dispersão da raça humana. A segunda parte usa a primeira
como pano de fundo para falar sobre Abraão que representa a necessidade de segregar um povo
através do qual Deus se revelasse, já que em termos universais essa manifestação se mostra
impossível nos pactos com Adão e Noé.

ESBOÇO DO LIVRO
I. Primeira parte — da Criação à chamada de Abraão (Gn 1:1; 12:3).
Período pré-diluviano (Gn 1:1 a 8:17).
Geração dos céus e da terra (2:4).
Nascimento de Sete (Gn 4:25, 26) até a renovação da humanidade com Noé (Gn. 6:7).
Noé (Gn 6:7), seus filhos são progenitores de uma nova raça.
Período pós-diluviano (Gn 8:18 a 12:3).
Os filhos de Noé: Primitivas tribos e impérios (Gn 8:10).
Sem: o primeiro passo na escolha de um povo (Gn 11:10).
Terá: segundo passo na escolha de um povo (Gn 11:27).

II. Segunda parte — a vida dos patriarcas (Gn 12:4 a 50:26).


Ismael, a linhagem rejeitada (Gn 25:12).
Isaque, a geração escolhida (Gn 25:19).
Esaú, a segunda linhagem rejeitada — edomitas (Gn 36:1, 9).
Jacó, Israel — o povo de Deus (Gn 37:2).

ENSINOS IMPORTANTES
Praticamente todos os ensinos bíblicos têm seu princípio em Gênesis:

1. A história da criação — Gênesis ensina que tudo foi criado por Deus e nele tem sua
origem. Em nenhuma outra literatura se encontra história semelhante. A existência do mundo e
do homem só é possível porque Deus os criou.

2. Deus é apresentado logo no primeiro verso como já existindo e criando. Como em toda a
Bíblia, a existência de Deus em Gênesis é uma realidade que não precisa ser discutida.

3. O pecado — Sem o que Gênesis conta da queda do homem não haveria nada da história do pecado
nem da revelação, nem da redenção. Se não houvesse queda seria desnecessária a vinda do Messias.

4. O homem é apresentado como um ser criado em santidade, que sofre a tentação da serpente.

5. A escolha de uma raça para servir de veículo da Revelação, tem seu princípio em Gênesis,
de onde se origina o Messias.

Mensagem — “O fracasso do homem sobre todos os aspectos e a salvação de Deus para


cada situação.”

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ÊXODO
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NOME — O nome do segundo livro de Moisés é Êxodo. Este nome vem do grego (Êxodos) e
quer dizer “partida” ou “saída de um povo”. Em hebraico o nome significa “E estes são os
nomes.” São as primeiras palavras do livro. Os judeus o nomeavam também pela segunda
palavra – nomes. A Vulgata seguiu a LXX de onde veio para o português o nome Êxodo.

AUTORIA — O autor é Moisés, como já foi visto na “autoria do Pentateuco”. Neste livro ele
mesmo conta sua história (Êx 17:14 e 24:4) mostrando que o livro é de sua autoria. O
testemunho do Novo Testamento e do Velho Testamento é unânime neste sentido também.

DATA — Por causa da construção do Templo de Salomão 480 anos depois (1Rs 6:1), deduz-
se que Gênesis tenha sido escrito cerca de 1.492 a.C.

PROPÓSITO — Em seqüência ao livro de Gênesis, Êxodo mostra como Deus tomou uma
família segregada e fez dela uma nação Sua. Em hebraico o livro começa com a palavra “pois”,
fazendo uma perfeita ligação com Gênesis. Gênesis termina com o povo de Israel no Egito e
José embalsamado num caixão. Êxodo esclarece que esse povo cresceu, foi feito escravo e,
posteriormente, redimido por Yahweh do cativeiro egípcio. Tornou-se a nação escolhida, tendo
recebido a Lei e construído o Tabernáculo, lugar de adoração. Sem o Êxodo, haveria uma
lacuna impossível de ser preenchida. O Êxodo não é só o livro da redenção, mas igualmente o
da aliança firmada por Yahweh com Israel (Êx 24:8).

MOISÉS — O autor do Pentateuco é um personagem que precisa ser examinado de perto.


Entretanto, como não é possível fazer isso agora, vejamos apenas alguns tópicos de sua
biografia:

1. Nasceu no Egito, quando seu povo estava sendo duramente oprimido por Faraó. Veio ao
mundo já condenado a morte: todo recém nascido hebreu deveria ser morto.
2. Colocado pela mãe em um cesto junto ao rio Nilo. A filha de Faraó o adotou por filho,
embora tenha sido criado pela própria mãe, a pedido da princesa, até que tivesse idade
suficiente para ir para o palácio.
3. Aos 40 anos, por ter matado um egípcio, fugiu para o deserto de Midiã, onde passou outros
40 anos cuidando das ovelhas de seu sogro, Jetro (ou Reuel).
4. Aos 80 anos teve um encontro marcante com Yahweh (O Eu Sou) no monte Sinai, viu a
sarça arder em chamas sem se consumir. Nesta ocasião ele foi chamado para libertar o povo de
Israel do cativeiro Egípcio.
5. No Egito, efetuou dez pragas. Isso levou Faraó a expulsar os israelitas do seu país.
6. Guiou o povo de Deus pelo deserto. Foi mediador entre Deus e o povo para trazer até este a Lei.
7. Levou o povo até junto de Canaã, mas não entrou na Terra Prometida por ter pecado ao
desobedecer a Deus. Morreu e foi sepultado por Yahweh.
8. Apareceu a Jesus juntamente com Elias, como representante da Lei (Mt 17:3).

FUNDO HISTÓRICO — Há uma brusca mudança no cenário mundial, representado pelo Egito,
que era a maior potência da época, muito desenvolvido e cuja cultura era a mais adiantada.
Depois que vieram as pragas o Egito perdeu todo seu esplendor e domínio sobre a região da
Palestina. O povo de Israel, de perseguido passou a redimido tornando-se o povo e a nação de
Deus.

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PALAVRA CHAVE — Redenção. VERSÍCULO CHAVE — Disse ainda o Senhor: Certamente
vi a aflição do meu povo, que está no Egito e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores.
Conheço-lhe o sofrimento, por isso desci a fim de livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo
subir daquela terra a uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel; o lugar do cananeu,
do heteu, do amorreu, do ferezeu, do heveu e do jebuseu. (Ex 3:7-8).

PLANO DO LIVRO — O livro de Êxodo é dividido em duas partes distintas com as seguintes
subdivisões:

I. Opressão (Êx 1:1 a 12:36).


Introdução (Êx 1).
Nascimento e preparação de Moisés no palácio do Egito (Êx 2).
Chamada de Moisés (Ex 3:1; 4:17).
Retorno de Moisés ao Egito para libertação dos Israelitas (Êx 4:18; 6:30).
Decisão final (Êx 7:1-7).
Pragas (Êx 7:8; 12:36).

II. Libertação (Êx 12:37 a 19:2).


A última praga e a travessia no Mar Vermelho (Êx 12; 14).
O cântico de Moisés e o maná (Êx 15; 16).
Amaleque (Êx 17).
O sogro de Moisés (Êx 18).

III. Dádiva da Lei (Êx 19:3 a 40:38)


Preparação do povo (Êx 19).
O decálogo (Êx 20:1; 21).
O santuário e o sacerdócio (Êx 25:1; 31:18).
O livro da Aliança (Êx 20:22; 24:18).
A edificação do Tabernáculo (Êx 35-40).

CONTEÚDO — A história e a legislação apresentados no livro de Êxodo ocupam um período


aproximado de 360 anos, desde de a morte de José e até o levantamento do Tabernáculo no
deserto. A primeira parte dá um relato do cativeiro no Egito, começando com a opressão posterior
movida pelo rei que não conhecia o povo. Dois elementos se destacam nesse período: a opressão,
movida pelo Egito contra os israelitas da qual Yahweh os quer redimir. E o relato do Êxodo através
do Mar Vermelho. Depois disto, “o povo fica pronto para receber a Lei, que consiste de três porções:
a que foi dada no Sinai (Êxodo e Levítico), a que foi entregue nas peregrinações (Números) e a que
foi transmitida nas planícies de Moabe (Deuteronômio)” (Young). A última parte trata da Legislação
propriamente dita, a Lei dada no Sinai, o pacto de Yahweh com Israel.

ENSINOS PRINCIPAIS — Além da tipologia de Cristo, o livro de Êxodo traz os seguintes


ensinos:

1. Deus é redentor — Êxodo apresenta Deus como o grande Redentor de Israel. Ao libertar o
povo através de Moisés o Senhor mostrou Sua superioridade sobre os deuses do Egito,
mediante as dez pragas.
2. Os Dez Mandamentos, no capítulo 20, são estatutos antigos e universais que ainda hoje
estão em vigor e que nunca deixarão de valer, pois são mandamentos de valor moral e
espiritual permanentes.
3. O castigo do pecado de desobediência do povo por causa do bezerro de ouro é um
bom exemplo de punição.

MENSAGEM — A mensagem de Êxodo salta nas entrelinhas como a dizer: tome o que aqui é
ensinado da Redenção do Senhor e aplique à sua vida. Tome posse disso!

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LEVÍTICO
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NOME — O nome hebraico é “chamou”, de acordo com as primeiras palavras do livro. No


tempo do Talmude era chamado de “lei dos sacerdotes”. O nome Levítico surgiu através da
Septuaginta. Em grego o nome é “Levitikon”. A Vulgata o traduziu por “Levíticus”. O nome em
grego, latim e português é tomado do conteúdo do livro que significa “Relativo a Levi”.
POSIÇÃO NO CÂNON — O livro de Levítico é o terceiro no Cânon e no Torah.
AUTORIA e DATA — O autor é Moisés, como foi visto na autoria do Pentateuco. O livro
data de aproximadamente 1490 a.C. O tempo em que foram dadas as instruções de
Levítico é de cerca de um mês: do dia 1 de abril (Êx 40:2,17; Lv 1:1) até 20 de maio,
quando os israelitas partiram do Sinai (Nm 10:11).
FUNDO HISTÓRICO — Os israelitas estavam no deserto, mais propriamente no Monte Sinai. A
esta altura a notícia do que Yahweh fizera estava alcançando a Palestina para onde estavam indo.
PROPÓSITO — O propósito de Levítico é apontar o modo como o povo poderia ser o povo Santo de
Yahweh. Mediante leis que regiam o povo civil e religiosamente, pelo estabelecimento de sacrifícios e
festas, e pela construção do Tabernáculo. Depois de dar a Lei básica no Sinai e de ratificar a aliança,
era necessário, estando já o Tabernáculo construído, que o povo conhecesse as leis que iriam orientar
os sacrifícios bem como a adoração a Yahweh no Tabernáculo.
PALAVRA CHAVE — Santidade. VERSO CHAVE — Fala a toda a congregação dos filhos de
Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque Eu, o Senhor vosso Deus, Sou santo. (Lv 19:2). Santo
em Levítico significa o que é separado. Por causa de seu caráter especial relacionado à santidade, a
seção dos capítulos 17 a 26 tem sido chamada Lei da Santidade. O livro de Levítico é interpretado, do
ponto de vista cristão, pelo livro de Hebreus. Levítico mostra o que no NT seria realidade.
ESTRUTURA DO LIVRO — O livro de Levítico está dividido em duas partes, mais um apêndice.

I. Remoção do pecado (Lv 1:1 a 7:38). Legislação religiosa e ética (Lv 18:1; 20:27).
Os sacrifícios e suas leis (Lv 1:1; 7:38). Santidade dos sacerdotes (Lv 21:1; 22:23).
Os sacerdotes consagrados (Lv 8:1; 10:20). Santas convocações (Lv 23:1; 24:23).
Purificação (Lv 11:1; 15:33). Festas sabáticas: O ano do jubileu (Lv 25:1-55).
O dia da expiação (Lv 17:26). Promessas e ameaças (Lv 26:1-46).
II. Restauração da comunhão (Lv 17 - 26). III. Apêndice (Lv 27:1 a 34).
O sangue (Lv 17:1; 20).

ENSINOS IMPORTANTES — Sem dúvida, o maior ensino do livro é sobre a santidade,


separação. Desde que Deus é Santo, tudo que se relaciona com Ele é santo: o Tabernáculo,
os sacerdotes, o altar, as ofertas, o povo. A palavra hebraica para santo é “qadosh”. Além de
significar separado, santo também quer dizer puro, limpo, brilhante. Em hebraico a palavra
Yahweh é Santo, o Santo de Israel. Diante de tal Santidade, tudo mais é impuro, até os anjos
(Jó 4:18). Deus é santo em Sua própria natureza, Ele é terrível (Sl 99:3). Yahweh, sendo o Ser
Santo por excelência, mostra-se em oposição frontal ao pecado, à iniquidade e à injustiça. Ao
contrário de Yahweh que é Santo, os maus espíritos são impuros ou imundos. O cadáver é
considerado impuro por ser um foco de contaminação (morte), por isso quem o toca fica
impuro. Quanto a alimentos, alguns a Lei considera impuros.

MENSAGEM — Eu Sou o Senhor vosso Deus: portanto vós vos consagreis e sereis santos,
porque Eu Sou santo. (Lv 11:44).
11
NÚMEROS
____________________________________________________________________________

NOME

O nome em português é dado por causa dos 70 que, ao fazerem a tradução do original,
deram a este livro o nome “aritmoi”, por causa dos dois censos dos israelitas (Nm 1:2 e
26:2) e das jornadas de Israel pelo deserto. No hebraico o livro assume o nome de
“bemidhbar” (no deserto) ou “wayadhaber” (ele falou). Porém, poderia chamar-se “as
peregrinações de Israel” ou “as murmurações de uma nação”

POSIÇÃO NO CÂNON, AUTORIA e DATA

Números é o quarto livro de Moisés, tanto no Cânon quanto no Torah. O autor é Moisés.
Veja “Autoria do Pentateuco” e os livros de Gênesis e Êxodo. Após o ano de 1490 a.C.
ocupando os últimos eventos que marcam o fim do livro e do período.

TEMPO HISTÓRICO

Durante a peregrinação no deserto muita coisa aconteceu. Dez dos doze espias que
foram enviados por Moisés, se mostraram incrédulos. Morreu aquela geração e
apareceu outra, houve revoltas, motins e, mais de uma vez, o povo quis voltar para o
Egito. O próprio Arão e sua irmã Miriã se levantaram contra o grande líder do povo. Os
israelitas chegaram perto da terra mas teriam que passar por Moabe. Este não permitiu
a Israel passar por suas terras e, mesmo depois de Israel já estar nas planícies de
Moabe, os moabitas alugaram o adivinho Balaão para amaldiçoar Israel. Josué foi
escolhido para substituir Moisés e no final há uma vingança por ocasião das profecias
de Balaão.

PROPÓSITO, PALAVRA CHAVE e VERSO CHAVE

O livro foi escrito com o propósito de mostrar as jornadas da peregrinação no deserto,


feitas pelos israelitas do Sinai até às planícies de Moabe. Ou seja, o livro conta os
números da peregrinação. Peregrinação. (...) Estamos de viagem para o lugar de que o
Senhor disse: Dar-vo-lo-ei; vem conosco e te faremos bem; porque o Senhor prometeu
boas coisas a Israel. (Nm 10:29).

PLANO DO LIVRO

Há uma variedade de assuntos que podem ser considerados assim:

I. A preparação para a saída do Sinai – Organização do povo (Nm 1:1 a 10:10).


Numeração e organização dos israelitas (Nm 1-4).
Purificação da consagração (Nm 5-6).
Últimos acontecimentos no Sinai (Nm 7-9).
A nuvem e as trombetas para a orientação do povo (Nm 10:1-10).

II. As jornadas do Sinai à Cades-Barneia (Nm 10:11 a 21:35).

Do Sinai à Cades-Barneia (Nm 10:11; 14:45).


Acontecimentos durante os 37 anos de peregrinação pelo deserto (Nm 15:1; 21:35).
12
III. Os acontecimentos nas planícies de Moabe (Nm 32:1 a 36:13).
Balaão e sua profecia (Nm 22:24).
Idolatria de Israel e a vingança de Finéias (Nm 25).
Preparação para a conquista e partilha da terra (Nm 26:1; 27:23).
Regulamentação dos sacrifícios e votos (Nm 28:1; 30:16).
Vingança sobre os midianitas (Nm 31:1-54).
As partilhas da Transjôrdania (Nm 32).
Resumo das etapas desde a saída do Egito até as planícies de Moabe (Nm 33:1-49).
Planos para a divisão de Canaã (Nm 33:50; 36:13).

ENSINOS PRINCIPAIS

1. A grande lição que encontramos de início no livro de Números é a da organização.


Deus mesmo mandou contar cada homem e coloca-los no seu devido lugar. Não temos
desculpas por viver e trabalhar desorganizadamente.

2. A incredulidade é um grande perigo. Não crer no que Deus diz traz terríveis
conseqüências. Por causa da incredulidade do povo, Israel passou 38 anos no deserto além do
necessário para chegar a Canaã. Nenhum dos incrédulos entrou em Canaã.

3. O livro nos traz uma séria advertência contra murmuração e a revolta. Devemos expor
francamente o que pensamos, sem espírito de murmuração ou revolta. Submissão é algo que
se ensina neste livro e toda a rebeldia contra os líderes estabelecidos por Deus é recebida
contra o próprio Deus.

4. Vale a pena ser fiel. Josué e Calebe creram em Deus, por isso entraram na terra,
contrariando os mais de seiscentos mil homens infiéis.

MENSAGEM

Os ensinamentos do livro trás um apelo para que sejamos fiéis ao Senhor na caminhada
Cristã, nossa peregrinação, sem murmuração, rebeldia ou incredulidade (1 Co 10:1-13).

13
DEUTERONÔMIO
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NOME — O nome hebraico para o livro é “elleh haddevarim” (estas são as palavras) ou
simplesmente “devarim” (palavras). Os autores da Septuaginta são responsáveis pelo nome
Deuteronômio. Quando traduziam as palavras de Deuteronômio 17:18, traduziam-nas por “To
Deuteronomiu Touto” (esta segunda Lei ou esta lei repetida). Um título melhor não poderia ter
sido encontrado se temos conhecimento da Lei. Deuteronômio não é uma simples exposição
da Lei. Trata-se mais de uma apresentação evangélica da lei buscando o seu significado.

POSIÇÃO NO CÂNON, DATA E AUTORIA — Deuteronômio é o quinto livro de Moisés, do Cânon e


do Torah. Há muita especulação em torno da data e autoria de Deuteronômio. A teoria que o livro é
uma fraude e que foi escrito depois da reforma de Josias, é completamente rejeitada hoje em dia. É
impossível admitir que Moisés deixasse de pronunciar um discurso em sua despedida nas planícies de
Moabe (Dt 1:3-5). Foi escrito em cerca de 1450 a.C. Moisés fez uma recordação dos 40 anos
passados no deserto. O local em que foram pronunciados os discursos foi a planície de Moabe. Os
primeiros versos do livro (1:3-5) nos dão o autor, a ocasião, o local e o propósito do livro.

PROPÓSITO, PALAVRA CHAVE e TEXTO CHAVE — O propósito por que foi escrito é claro: Moisés
quis que o povo sentisse a necessidade de permanecer fiel a Yahweh. O grande tema é óbvio, pois
aparece várias vezes repetidamente: Israel deve responder à graça e providência de Yahweh com
completo amor e devoção. A palavra chave é “Obediência”. Agora, pois, ó Israel, que é que o Senhor
requer de ti? Não é que temas o Senhor teu Deus, andes em todos os seus caminhos, e o ames, e
sirvas ao Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma.(...). (Dt 10:12-22 ou Dt 6:4-6).

CONTEÚDO E PLANO DE DEUTERONÔMIO — Deuteronômio é composto de quatro discursos


pronunciados por Moisés na planície de Moabe, um Cântico, a benção e o relato de sua morte. As mensagens
exortam o povo a aprender dos erros passados e serem fiéis à grande chamada que possuíam.
1. Primeiro discurso (Dt 1:1 a 4:43). 3. Terceiro discurso (Dt 27:1 a 28:68).
2. Segundo discurso (Dt 4:44 a 26:19). 4. Quarto discurso (Dt 29:1 a 31:13).
IMPORTÂNCIA DE DEUTERONÔMIO — Por que estudar Deuteronômio? Se não tivéssemos
outra razão, bastaria esta: foi o livro mais usado por Jesus nas citações dos evangelhos. Quando
foi tentado no deserto Jesus respondeu citando o livro de Deuteronômio (Lc 4:4, 8, 12 e Mt 4:4, 7 e
10) e isso por três vezes. Quando Ele apresentou o “coração da Bíblia” dando um resumo da lei
(Mt 22:37, 38), citou Deuteronômio. E, provavelmente, a conclusão do Sermão do Monte, que
devemos buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, tenha sido citado do conteúdo
de Deuteronômio. É um dos livros mais atacados pela crítica ao lado de Gênesis. O diabo tem um
ódio especial a este livro. Crê-se que o mesmo foi encontrado no templo na época da Reforma de
Josias (2 Rs 22, 23). Repetidas vezes aparece clara a autoria de Moisés.
ENSINOS IMPORTANTES — O que o livro ensina de mais importante é a obediência, que é o
princípio básico para se tornar bem sucedido. Há, porém, outros ensinos no livro: 1) Como reconhecer
o falso profeta. 2) O ensino da Palavra por todos os meios. 3) A necessidade de eliminação dos
cananitas para evitar a contaminação de Israel. Mas o principal de todos os ensinos é a obediência.
MENSAGEM — Obedeça a Deus e viva uma vida abundante.
Observação: Encerra-se aqui a primeira parte do AT (quase do tamanho do NT); tudo escrito por um
só homem: Moisés. Ele viveu 40 anos no palácio, 40 anos no deserto de Midiã onde casou-se com
Zípora, 40 anos liderando o povo por todo o deserto em direção à Terra Prometida. Deu ao povo uma
legislação que até hoje é inspirada. Morreu após ter cumprido sua missão completamente.
14
JOSUÉ
____________________________________________________________________________

NOME e AUTORIA

O nome dado ao primeiro livro histórico (para os judeus é o primeiro dos profetas anteriores) é
o mesmo do seu principal personagem em hebraico, grego e também em português. A tradição
atribui a autoria a Josué. Alguns argumentos podem ser usados em favor do filho de Num ou a
um contemporâneo seu.

1. O Autor é uma testemunha ocular. Ele esteve presente aos acontecimentos (Js 5:1).
2. A teoria documentária não é suficiente para provar o contrário.
3. O Talmude, livro dos Judeus, atribui a autoria a Josué, com exceção dos últimos versos que
falam da morte do grande guerreiro, Eleazar.

Os principais argumentos a respeito da não autoria de Josué são:

1. O livro é escrito na terceira pessoa.


2. O livro não declara o autor.
3. O nome Josué necessariamente não indica o autor, mas o principal personagem.

Os argumentos contra a autoria de Josué ou um contemporâneo seu não são suficiente para
incomodar. De qualquer maneira pelo menos parte do material é de Josué (Js 24:26).

JOSUÉ O HOMEM

Josué saiu do Egito quando o povo foi tirado por Moisés e Arão. Acompanhou o grande
Legislador de perto, durante toda a peregrinação, tendo se tornado seu servidor. Por
causa de seu amor à tenda da congregação, a quem pense que ele foi o primeiro
sacerdote do povo (Ex 32:17,18; 33:7-11). Seu nome anterior era Oséias (Salvação) que
foi mudado quando Moisés enviou os doze espias (Nm 13:8). Passou a se chamar
Josué, que significa “Yahweh é Salvação”. O nome de Jesus é a forma grega do hebreu
Josué. Tornou-se o comandante das tropas israelitas no deserto, com grandes vitórias, o
que em parte o capacitou a se tornar o líder do povo no lugar de Moisés. Era um homem
cheio do Espírito e de sabedoria. Recebeu autoridade por imposição de mãos de
Moisés. Depois da morte de Moisés introduziu Israel em Canaã. Conquistou toda a terra.
No final de sua vida conclamou o povo a ser, fiel a Deus (a Yahweh), dando o seu
próprio exemplo, afirmando que ele mesmo e sua família O serviriam (Js 24:14-25).

DATA e PROPÓSITO

Não é possível determinar a data da composição, se admitirmos outro autor que não
seja Josué ou alguém de sua época. Mas admitindo que, seja um dos dois, a data dos
acontecimentos serve como base para se saber a data da composição, pelo menos
aproximadamente 1.451 a 1.427 a.C. O propósito do livro de Josué é levar Israel a
permanecer fiel a seu concerto com Yahweh. Mostra o cumprimento de Gênesis 12:1-3,
quando Deus promete a Abraão a posse da terra de Canaã, em Josué aquela promessa
tem o seu cumprimento.

15
FUNDO HISTÓRICO

O fundo histórico deve ser visto no próprio livro: a conquista e a divisão da terra. Josué
através de muitas vitórias dá a posse da terra a Israel. Após atravessar o Jordão Israel
vence Jericó. Numa Segunda tentativa, conquista também a cidade de Ai. Fez um
tratado de paz precipitado com os Gibeonitas, sem consultar a Yahweh. A seguir, Josué
vence cinco reis, quando se dá o célebre fato de o sol parar e a lua se deter. A última
batalha de Josué foi levada a efeito no Norte. E com isso se completou a conquista da
Terra Prometida. Depois, é feita a divisão da terra por Josué e os príncipes das tribos
auxiliando-o, mas muita terra havia ficado ainda por ser conquistada. No cenário
mundial, nenhuma grande potência representava perigo para os israelitas. O perigo
maior era representado pelos grupos deixados pelo israelitas no seu meio e que não
foram destruídos.

PALAVRA CHAVE e VERSO CHAVE

Conquista e posse. Moisés, meu servo, é morto; dispõe-te agora, passa este Jordão, tu e todo
este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel. Todo lugar que pisar a planta do vosso pé
vo-lo tenho dado, como eu prometi a Moisés. (Js 1:2,3).

PLANO DO LIVRO

1. Conquista de Canaã (Js 1:12).


2. Divisão da terra (Js 13:22).
3. Discurso de despedida e morte de Josué e de Eleazar (Js 23:24).

ENSINOS PRINCIPAIS

1. A observância da Palavra de Deus é uma condição que nos leva ao sucesso (Js 1:8).

2. A conversão de Raabe, mostra porque seu nome está na genealogia de Jesus (Js 2:6).

3. O perigo de agir de acordo com o raciocínio humano. Ao lutar contra Ai, fizeram os
israelitas como aqueles que não conhecem a Deus. Recebendo os Gibeonitas, acreditaram em
suas palavras, sem buscar orientação de Yahweh. Em ambas ocasiões foram malsucedidos.

4. Deus é fiel — Fidelidade faz parte da Sua natureza. Deus pode parecer demorado mas não
tarda, nem falha. Ele deu a Terra Prometida a Israel no tempo certo.

MENSAGEM

O texto de Josué apela a nós para darmos atenção especial à Palavra de Deus, crer na Sua
fidelidade e assim conquistarmos grandes vitórias no reino espiritual.

16
JUIZES
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NOME — O nome “Juizes” é dado por causa dos líderes israelitas que exerceram tal função no
período compreendido entre a morte de Josué até o fim do ministério de Samuel, quando este
ungiu rei a Saul. O nome hebraico de Juizes (Shophetim), aparece em grego na versão da
Septuaginta; o nome que aparece na versão portuguesa originou-se da Vulgata.
LOCALIZAÇÃO NO CÂNON — Juizes é o sétimo livro na ordem em que aparece nas versões
em Português e o segundo livro dos profetas anteriores na versão dos hebreus. De acordo
com a divisão tradicional, é o segundo livro histórico.
AUTORIA — A tradição atribui a Samuel a autoria do livro de Juizes. “Samuel escreveu o livro
que tem o seu nome e o livro de Juizes e Rute” (Young, Introdução ao Antigo Testamento, p.
174). O livro, entretanto, não diz quem é o autor; não há evidência interna e há quem atribua a
autoria a alguém do período do reinado de Saul até o princípio do reinado de Davi.
DATA — A data e autoria estão interligados. A expressão: naquele tempo não havia rei em
Israel (Jz 17:6; 18:1; 21:25), faz crer que o livro foi escrito após o período dos Juizes, talvez
logo após estabelecida a monarquia. Estes textos também nos dão idéia do posicionamento da
data (Jz 1:21), onde se diz que os Jebuseus ainda habitavam em Jerusalém. Eles foram
expulsos por Davi. Em Juizes 18:30, lê-se sobre o cativeiro da terra, indicando a tomada da
arca até que foi recuperada. Isto no tempo de Eli e Samuel.

FUNDO HISTÓRICO — O Egito havia sido arrasado pelas pragas de Moisés. O Egito
procurava levantar-se do caos. A Assíria e a Babilônia ainda não eram grandes impérios,
embora estivessem caminhando para isso. O período se caracterizou por opressão de povos
vizinhos. O tempo dos Juizes pode ser assim distribuído:

1. Da saída do povo do Egito até o início da construção do templo de Salomão (1 Rs 6:1) .. 480 anos.
2. Menos 4 anos do reinado de Salomão ..................................................................... 476 anos.
3. Menos 40 anos do reinando de Davi (2Rs. 2:11) ..................................................... 436 anos.
4. Menos 40 anos do reinando de Saul ........................................................................ 396 anos.
5. Menos 40 anos da peregrinação do deserto ............................................................ 356 anos.
6. Menos o tempo estimado da conquista por Josué e o ministério de Samuel (56 anos) ...... 300 anos.

Estes trezentos anos compreendem o período estimado dos Juizes. Em Israel, no tempo dos Juizes, o
ambiente era dos piores. O povo, tendo abandonado Yahweh, caiu na idolatria, vindo a ser oprimido. A
degradação moral também era grande. Havia prostituição e até sodomia. Por causa de um problema
moral quase que a tribo de Benjamim foi eliminada do meio do povo. Apesar de todo mal reinante
ainda houve lugar para acontecimentos agradáveis como o casamento de Rute com Boaz.

TEMA — Uma palavra que identifica a época dos Juizes é anarquia: Naquele tempo não havia rei em
Israel: cada qual fazia o que achava mais reto. (Jz 17:6). A falta de um líder nacional e a apostasia,
revelava a necessidade de um rei justo. Na ausência deste, cada qual fazia como queria e, em casos
de emergência, Deus suscitava Juizes. Os Juizes, em princípio, deveriam ser os que aplicavam a
justiça, mas neste livro muitos deles são libertadores, heróis de guerra. Poucos não foram homens de
guerra. As tribos agiam como uma confederação de doze tribos separadas. O povo havia caído na
apatia. Fizeram a aliança com os cananeus, em alguns casos adotaram os seus deuses. Por isso
Yahweh os entregou nas mãos dos inimigos. Mas quando clamavam, Deus levantava outro libertador.
Homens usados pelo Espírito que os livrava dos inimigos. Há um ciclo que se repete em grande parte
do livro: Pecado, opressão, clamor (com arrependimento), libertação e paz.
17
ESTRUTURA DO LIVRO — O livro de Juizes pode ser assim dividido:

1. Motivo para aparecimento dos Juizes ( Jz 1:1 a 3:6).


2. Os Juizes de Israel (Jz 3:6 a 16:31).
3. Período de Anarquia (Jz 17:1 a 21:25).

Exercício — Complete o quadro abaixo:

Texto Nação Tempo de Libertador - sua Tempo de


Bíblico opressora opressão rribo paz

1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16

PALAVRA CHAVE e VERSO CHAVE — Desorganização. Naqueles dias não havia rei em
Israel: cada qual fazia o que achava mais reto. (Jz 17:6; 18:1; 21:25).

ENSINOS IMPORTANTES — O livro de Juizes nos traz muitos ensinamentos:

1. A tendência do homem é de desviar-se de Deus. Se ele deixa a Sua palavra (no caso dos
israelitas, a Lei), vai com certeza para a bancarrota. A razão por que nosso mundo está indo
de mal a pior é porque as pessoas não dão ouvidos à Palavra de Deus.

2. Deus usa coisas fracas. Os Juizes geralmente eram pessoas de pouca importância e valor
para o povo. Observa-se, a título de exemplo, a atuação de Gideão, Jefté e Sanção.

3. A necessidade de um líder. Se um líder é bom, como Davi, Ezequias e Josias, o povo é


conduzido a Deus. Se é mau, o povo peca contra o Senhor. Mas, se o povo está sem liderança
alguma, cada um faz o que quer, afasta-se de Deus e desvia-se da verdade.

MENSAGEM — Cuidado com as más companhias! Israel suportou os estrangeiros no seu


meio e por isso foi oprimido. Se o crente suportar o pecado, sofrerá terríveis conseqüência. Do
mesmo modo a Igreja, se deixar o mundo entrar nela. É preciso que o crente se apegue à
Palavra de Deus para fugir desses perigos.

18
RUTE
NOME — O nome do livro deve-se à principal personagem dele. Na LXX, o nome tem a forma Routh.
No tempo dos juizes houve fome em Israel, por isso Elimeleque (meu Deus é Rei), saiu de Belém de Judá
com sua esposa, Noemi (doçura), e seus dois filhos, Malon (doença) e Quilon (definhamento). Foram à
terra de Moabe, onde ficaram quase dez anos. Morreu Elimeleque, ficando Noemi com os dois filhos.
Quilon casou-se com Orfa e Malom com Rute. Depois morreram também os filhos, ficando só a sogra
com as noras. Noemi resolve voltar para sua terra e diz às noras para ficarem na terra delas. Mas Rute
resolve firmemente não se afastar de Noemi. Chegando a Belém, depois de algum tempo, Rute casa-se
com Boaz e tem um filho que, mais tarde, se torna avô de Davi. O nome Rute significa “vistosa”.

DATA E AUTORIA — A autoria de livro de Rute tem sido atribuída a Samuel pelos judeus. Os que
argumentam por uma data posterior, querem que o livro seja uma defesa do casamento misto do tempo de
Esdras e Neemias; também usam o argumento da linguagem. Mas, tais argumentos nem merecem ser
considerados. Alguns elementos favorecem a data ao período de Davi. Seu nome aparece mas não o de
Salomão. A certeza com que é feita a narrativa também é a favor dessa data. Não precisa,
necessariamente, ser no reinado de Davi que o livro foi escrito, mas o autor é Samuel, o profeta, juiz e
sacerdote que ungiu Davi rei sobre Israel. Contudo, o livro não diz quem o escreveu e fora dele não há
evidências na Bíblia de que Samuel o tenha escrito, a não ser por inferência. Se a autoria for dada à outro
não há problema, mas a data deve ser conservada: nos dias de Davi. Dois dados no livro servem como
coordenadas para uma ligeira identificação da data: Rute 1:1 e 4:22. Um outro pode ser dado para mostrar
que o livro não foi composto na época dos acontecimentos, mas depois: Rute 4:6-8. Quanto à data dos
acontecimentos, alguns sugerem que seja cerca de 1.300 a.C. Há uma afirmação que Boaz era bisavó de
Davi (Rt 4:21-22), além disto, Flávio Josefo, grande historiador judeu, declarou que Rute viveu no tempo
da mocidade de Eli; e mais, Salmom, considerado pai de Boaz, era marido de Raabe (Mt 1:5).

FUNDO HISTÓRICO — Os episódios de Rute se deram no tempo dos Juizes, sendo que o tempo
que envolve a história de Rute é cerca de dez anos. Enquanto que Juizes nos dá um quadro desolador de
Israel, Rute nos apresenta o lado positivo, encantador e romântico do que acontecia em Israel naquele
tempo (veja o Fundo histórico de Juizes, p. 15).

POSIÇÃO NO CÂNON — Na LXX e na Vulgata, Rute aparece entre Juizes e Samuel. No original era
um livro escrito em rolo separado, fazendo parte dos chamados cincos rolos ou megilloh (rolos das festas)
sendo o segundo deles. Por se tratar de um livro que fala bastante em colheita, era lido na festa do Pentecostes
ou das primícias. No Talmude é o primeiro dos Hagiógrafos (livros biográficos), vindo antes de Salomão.

PROPÓSITO, PALAVRA e VERSO CHAVE — Sem dúvida o principal propósito do livro de


Rute é o que está mencionado nos últimos versículos: traçar a genealogia de Davi. Uma providência divina
para esclarecer a linhagem do Messias. Nenhum outro propósito se evidência no livro, mas alguns traços de
ensinamentos notáveis podem ser visto, como por exemplo: a história de um verdadeiro e puro amor de Rute
para com Noemi. O ideal do casamento como algo puro também é aqui tratado. Ligado ao propósito principal,
que é mostrar, através de Davi, a linhagem do Messias, há um outro, ou seja, a chamada dos gentios,
personificada em Rute e tomada por inferência. O Messias vem e Seu ministério é estendido aos gentios. Rute
é um tipo da Igreja. A palavra chave é “Redentor”. Então as mulheres disseram a Noemi: Seja o Senhor
bendito, que não deixou hoje de te dar resgatador, e seja afamado em Israel o nome deste. ((Rt 4:14).

PLANO DO LIVRO
I. Emigração (Rt 1:1-5). 2. Chegada a Belém (Rt 1:19-22).
II. Retorno (Rt 1:6-22). A cidade para onde III. Boaz o grande remidor (Rt 2 – 4 ).
Noemi volta com sua nora merece o nome pela 1. Rute encontra com Boaz (Rt 2).
providência de sustento para ela – Belém (beth – a. Rute nos campos de Boaz (Rt 2:1-7).
casa; lehem – pão) – Casa do pão. b. Boaz, homem gentil (Rt 2:8-16).
1. Rute fica com Noemi (Rt 1:6-18). c. Rute volta para Noemi (Rt 2:17-23).
19
2. Rute aos pés de Boaz (Rt 3). a. A remissão (Rt 4:1-8).
a. O conselho de Noemi (Rt 3:1-5). b. O casamento (Rt 4:9-12).
b. Rute fala a Boaz (Rt 3:6-13). c. O primogênito de Rute (Rt 4:13-17).
c. Rute volta para Noemi (Rt 3: 14-18). d. A genealogia de Davi (Rt 4:18-22).
3. O casamento de Boaz com Rute (Rt 4).

ENSINOS PRINCÍPIOS — O livro de Rute está repleto de ensinos através dos exemplos. Desde o
relacionamento cavalheiresco de Boaz e seus empregados até a cerimônia do casamento. Veja alguns deles:
1. A inclusão de uma gentia na genealogia de Cristo ou mesmo a presença de uma prostituta, como é o caso
de Raabe, não é de se estranhar, por que não foi isso que as credenciou e sim a fé e a conversão delas (Dt
10:19; 23:3). Um gentio que se submetesse as prescrições mosaica poderia se tornar um judeu. No tempo
do Novo Testamento esse fato era chamado de proselitismo e o convertido ao judaísmo era um prosélito.
2. A graça de Deus é clara ao chamar uma moabita e colocá-la na linhagem de Davi e do Messias.
3. O relacionamento entre Rute e Noemi, entre Boaz e seus servos e entre Boaz e Rute mostra um livro
em que as palavras destacáveis são: Amor, descanso, redenção, segurança e vida.
4. Em Boaz, aplicando de maneira maravilhosa a lei do levirato, temos um tipo perfeito de Cristo – O
grande remidor de sua esposa gentia, a igreja.

MENSAGEM — Um apelo ao amor é o que pode inferir do livro. O amor de Rute; O amor de
Noemi; O amor de Boaz. O amor é o verdadeiro motivo do genuíno servo de Deus.

1º e 2º S A M U E L
INTRODUÇÃO — Os dois livros de Samuel aparecem como um só no cânon hebraico. É um dos livros
mais conhecidos por causa das histórias neles narradas. Um personagem famoso dos livros de Samuel é Davi. O
outro é Samuel. A divisão do livro em dois é obra dos LXX, seguidos pela Vulgata e pelas nossas versões.

NOME — Os hebreus os chamavam de Samuel, “ouvir de Deus”. O nome é dado ao livro por causa do
principal personagem do primeiro livro, Samuel, o profeta, juiz e sacerdote que também ungiu duas grandes
figuras: Saul e Davi. Os dois livros foram chamados pela Septuaginta de 1º e 2º livros dos Reinos e os livros 1º e
2º Reis ficaram sendo 3º e 4º livros dos Reinos, já os livros de Crônicas são chamados de Paralipômenos (parte
da Bíblia que abrange toda história sagrada até o exílio babilônico; suplemento a qualquer obra literária) e de
Segundo livros. As versões católicas seguem esta divisão. Samuel é o último juiz de Israel.

POSIÇÃO NO CÂNON — Os livros de Samuel são colocados depois do livro de Rute e antes dos livros
de Reis. Considerados como históricos, são os quarto e quinto livros históricos. Mas para os judeus, que
acreditam ter sido escrito por um profeta, é o terceiro livro dos profetas anteriores. Sua natureza é histórica.

AUTORIA — “Samuel escreveu o livro que traz o seu nome e o livro de Rute e Juizes’ (Young,
Introdução ao Antigo Testamento). Embora os hebreus considerem Samuel como o autor são levantadas
objeções. Young defende que o livro deve ter sido escrito por um profeta do reino do Sul (Judá), após a
divisão de Israel. De fato, é impossível que tenha sido todo escrito por Samuel porque sua morte é
narrada antes do final do primeiro livro (1Sm 10:25; 1 Cr 28:29; 2 Cr 9:29). Outro citado como fonte é o
livro dos justos (2 Sm 1:18). Samuel pode ser considerado como uma coleção de escritos, coligados e
postos em redação final por um profeta. Daí os hebreus o consideravam profético.

PROPÓSITO — O propósito dos livros de Samuel é contar o estabelecimento do Reino. A presença de


Samuel é importante porque, como juiz e profeta, faz ligação entre o período anterior, dos Juizes, e o seguinte, do
Reino. Ungindo os dois primeiros reis, o livro de Juizes induz o leitor a pensar na necessidade de um rei em Israel.
Em Samuel durante o reinado de Saul, o leitor vê a necessidade de esse rei ser justo, um homem segundo o coração
de Deus. O estabelecimento da monarquia se efetiva com Davi. Nele se harmonizam a monarquia e a teocracia.

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DATA — Há uma referência à data em 1 Samuel 27:6. Alguns estudiosos, porém, consideram este
versículo como uma edição posterior. A data dos acontecimentos ocupa mais de oitenta anos: 40 para o
reinado de Saul (At 31:21) e 40 para o reinando de Davi, além do ministério de Samuel.

FUNDO HISTÓRICO — O panorama mundial continua quase o mesmo. Apenas Israel estava em
grande mutação, saindo daquele estado de degradação e anarquia do tempo dos Juizes e entrando em uma
posição como uma nação que tinha o seu rei dado por Deus. A pedido do povo, Yahweh lhe deu o
primeiro rei: Saul. A seguir, Deus mesmo escolhe Davi. Este prepara, com suas conquistas, o caminho
para que Israel possuísse completamente a Terra Prometida por Yahweh, até o Eufrates, o que aconteceu
no tempo de Salomão, quando o país se tornou o esplendor da época por causa dele.

PALAVRA, VERSOS CHAVES — Reino. Declarou Samuel ao povo o direito do reino,


escreveu-o num livro e o pôs perante o Senhor. Então despediu Samuel todo o povo, cada um para sua
casa. (1 Sm 10:25). Disse o Senhor a Samuel: Até quando terás pena de Saul, havendo-o eu rejeitado,
para que não reine sobre Israel? Enche um chifre de azeite e vem; enviar-te-ei a Jessé, o belemita;
porque dentre os seus filhos me provi de um rei. (1 Sm 16:1).

PLANO DO LIVRO — Sendo os livros de Samuel a biografia de três grandes homens, nada mais
natural que dividi-lo obedecendo ao seguinte seccionamento:
1. Samuel, o juiz (1 Sm. 1:1a 7:17).
2. Saul, o rei segundo o coração do povo (1 Sm 8 a 31:33).
3. Davi, o rei segundo o coração de Deus (2 Sm 1:1 a 24:25).

ENSINOS IMPORTANTES — O livro de Samuel como um livro histórico-biográfico-profético


tem muitos ensinos importantes em seu conteúdo.
1. A expressão “Senhor dos Exércitos” que ocorre 281 vezes na Bíblia, aparece em Samuel pela primeira
vez. Mostra a majestade do Senhor.
2. No livro de 1Samuel aparece pela primeira vez o termo “Messias”, usado por Ana em seu cântico (1
Sm 2:10). Messias significa “Ungido” em hebraico e “Cristo” em Grego (LXX).
3. Pela primeira vez em 1Samuel aparece a ação regeneradora do Espírito Santo (1 Sm 10:6-9; 6:13).
4. Em 1Samuel aparece também uma história controvertida – a da médium de En-dor, consultada por Saul (1
Sm 28). Há quem diga que Samuel de fato atendeu a invocação da médium, outros são contra essa opinião.
5. Uma das primeiras declarações sobre a inspiração da Bíblia é dada: Davi diz que suas palavras
procediam de Deus.

MENSAGEM — A mensagem dos livros é a de que os planos de Deus não podem ser frustrados.
Embora o povo tenha pedido a Deus um rei segundo o seu coração (do povo), foi lhe dado, depois desse
(Saul), um segundo o coração de Deus (Davi). A impaciência, aliada à incredulidade, é apresentada como
um grave perigo. Este foi o problema de Saul. Por outro lado, Deus, para cumprir Seus propósitos, usa
homens de oração sincero, como Samuel.

1º e 2º R E I S
NOME — O nome Reis, nas versões usadas pelos evangélicos no Brasil, vem do texto hebraico, embora
não houvesse divisão em dois livros no texto original. Veja a introdução e nome dos livros de Samuel.

LOCALIZAÇÃO NO CÂNON — Em português, 1 e 2 Reis são, respectivamente, 11º e 12º


livros. Como proféticos, assim considerados pelos hebreus, são o 4º livro dos profetas anteriores. Como
livro histórico, na divisão tradicional cristã, são o 6º e 7º livros. Está depois de Samuel e antes de
Crônicas.

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AUTORIA E DATA — O autor se serviu de vários documentos para a redação final. São eles: Livro
de Atos do Salomão (1 Rs 11:41); Livro dos Reis de Judá (1 Rs 14:29); Livro das Crônicas dos Reis de
Israel (1 Rs 14:19). Os dois últimos são citados, respetivamente, 15 e 17 vezes. O período dos livros dos reis
ocupa cerca de 400 anos. Observando-se os autores diversos em suas opiniões, colocaremos assim o assunto:
1. Havia os livros acima já citados. Sendo a mesma obra de profetas e anais dos reinos produzidos por
escribas (geralmente se atribui a algum profeta).
2. Jeremias teria reunido esse material e redigido. A opinião da tradição hebraica é que Jeremias é o autor.
3. Posteriormente, após a volta do exílio, um profeta desconhecido teria posto o livro em sua forma final.

PROPÓSITO — O livro dos Reis conta a decadência e a extinção do reino. Primeiro dividido depois
levado cativo em suas duas divisões: Norte (Israel) pela Assíria e Judá (Sul) pela Babilônia. Julgados pelas
promessas feitas a Davi (2 Sm 7:12-16), os reis de Judá foram reprovados, em sua maioria, havendo contudo
belas exceções como Ezequias e Josias entre outros. Já os do reino Norte foram julgados pelo exemplo de
Jeroboão, primeiro rei que foi seguido sem exceção por todos os outros. Parte importante na história ocupa
Elias e Eliseu que dão origem ao período profético; a decadência começa com o rei Salomão e se completa
com um descendente de Davi (Zedequias). No livro, que em sua natureza é histórico o escritor se preocupa
em narrar a bancarrota do ponto de vista político. Quer dizer a nação que se formara com Saul, toma corpo
com Davi. Teve seu auge com Salomão e foi dividido com Roboão, para desaparecer nas longínquas terras da
Assíria e da Babilônia. A metade do primeiro livro trata do grande personagem Salomão, enquanto a Segunda
metade se ocupa de Elias e passa a falar da ação dos reis do Norte e do Sul para narrar em seguida a tomada
do reino de Israel e depois de Judá. A diferença de Crônicas é que este narra a história do ponto de vista
sacerdotal em linguagem poética. A causa da destruição do povo foi o pecado marcado pela idolatria e, no
final, até por feitiçaria e sodomia. No entanto, o Senhor é misericordioso e demorou no Seu julgamento,
depois de muito ter advertido os desobedientes através de Seus profetas.

FUNDO HISTÓRICO — Foi um período de mudanças contínuas no cenário mundial. Israel começou com
esplendor com Salomão e sua gloria. O país dominava os vizinhos e Salomão, para manter seu poder, fez um
tratado com várias nações ao redor; isto causou a sua derrota, pois também se casou com mulheres
estrangeiras desobedecendo a lei. Seguindo a idolatria e o pecado em outras formas, os reis do Norte e do Sul
tiveram problemas com os seus inimigos, pois o Senhor os desamparou. Veio primeiro a opressão Síria,
depois a grande e feroz Assíria, que no seu auge formou o primeiro grande império digno desse nome.
Conquistou muitas terras e Israel não foi poupado. O reino do Norte foi levado cativo. Na mesma época,
Senaqueribe invadiu Judá e quando lançou suas armas contra a cidade Santa, foi terrivelmente derrotado pelo
anjo do Senhor. Ainda assim a Assíria conseguiu algumas vitórias em outras regiões, mas logo apareceu o
colosso babilônico, que abateu a Assíria e dominou o mundo. Conquistou Judá, destruiu o templo e avançou
rumo ao Egito, sendo tomado logo em seguida tomado. Por um decreto de Ciro, rei persa (a Pérsia logo
depois dominou o mundo ao lado da Média, vencendo a Babilônia) Judá pôde voltar à sua terra.

PALAVRA, VERSO e FRASE CHAVE — Fidelidade e infidelidade. 1 Reis 9: 4-9; 11:4;


16:26. Como o coração de Davi seu Pai.

PLANO DO LIVRO — Tomaremos os dois livros de Reis juntos ao dar o seu esboço:
1. O reino estabelecido (1 Rs 1:2).
2. O esplendor de Salomão (1 Rs 3:10).
3. A divisão do reino (1 Rs 11:4).
4. A história de Israel e de Judá, e o aparecimento do profetismo, com Elias e Eliseu (1 Rs 17; 2 Rs 2).
5. A história de Judá depois do cativeiro de Israel (2 Rs 15-25).

CRONOLOGIA — Veja a seguir a cronologia dos livros de Reis. Há discrepância de datas do reinado de
alguns reis, mas isso se entende por duas razões: primeiro porque conta-se parte de um ano como se fosse um
ano inteiro; segundo pela co-regência, isto é, um filho às vezes era rei juntamente com seu pai.
ISRAEL (Norte) JUDÁ (Sul)

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Jeroboão I 930 – 910 Roboão 930 – 914
Nadabe 910 – 909 Abias 913 – 911
Baasa 909 – 886 *Asa 910 – 870
Elã 886 – 885 *Josafá 873 – 849
Zinri 885 Jeorão 849 – 842
Onri 885 – 874 Acazias 841
Acabe 874 – 853 Atalia 841 – 836
Acazias 853 – 852 *Joás 836 – 797
Jorão 852 – 841 Amazias 797 – 763
Jeú 841 – 814 Azarias 791 – 740 (Uzias)
Jeoacaz 814 – 798 Jotão 751 – 736
Jeoás 798 – 782 Acaz 736 – 736
Jeroboão II 793 – 753 *Ezequias 729 – 687
Zacarias 753 – 752 *Manassés 696 – 642
Salum 752 Amom 641 – 640
Manaém 751 – 742 *Josias 639 – 609
Pecaías 741 – 740 Jeoacaz 609
Peca 741 – 732 Jeoaquim 608 – 598
Oséias 731 – 723 Zedequias 597 – 586

*Fiéis a Deus. Enquanto que no Reino do Norte houve nove dinastias, no Sul houve apenas a Davídica.

ENSINOS PRINCIPAIS — 1 REIS


1. Salomão, com seu reino de paz, prefigura o reino do Messias. Seu sucesso deveu-se a ter pedido sabedoria a
Deus. Lembramos do que diz Tiago: Se alguém não tem sabedoria, peça a Deus (...).(Dt 17:14-20; 1 Rs 10).
2. Mesmo sendo sábio, o grande Salomão não escapou da idolatria; deixou de obedecer o que estava
escrito, casando-se com mulheres estrangeiras. Mais uma vez, a desvantagem de casamento misto.
3. Roboão, em sua inexperiência e “seguindo o conselho dos jovens”, causou a divisão entre as tribos,
parecia um homem que não dava muito importância a coisas sérias. Como resultado de sua resposta ao
povo sobre o aumento dos impostos, dez tribos seguiram a Jeroboão.
4. Elias é o grande e primeiro profeta do período do profetismo que aparece no reinado de Acabe (um
dos piores reis de Israel) para mostrar juízo de Deus sobre ele.
5. Jeroboão foi o primeiro rei do Norte. Para que seu povo não fosse adorar em Jerusalém, ele fez dois
bezerros de ouro: um em Dã, ao Norte e outro em Betel, ao Sul. Ele havia morado no Egito, fugindo de
Salomão, lá ele copiou esta idolatria. É tido como homem que fez Israel pecar.

ENSINOS PRINCIPAIS — 2 REIS


1. A longanimidade, a bondade do Senhor e Sua misericórdia em retardar o juízo sobre os homens é
evidente. Israel pecou, mas Deus lhe deu muitas oportunidades de se arrepender. O juízo veio quando não
era mais impossível retê-lo.
2. A Bíblia diz, mais de vinte vezes, que Jeroboão, filho de Nabate, fez Israel pecar. Aqui se nota a
importância de quem lidera um povo. Davi, Ezequias, e Josias, ao contrário, levaram o povo a adorar a
Deus. Se você é líder do povo de Deus: Cuidado! Sua vida pode levar muitos à bênção ou à maldição.

1º e 2º C R Ô N I C A S
NOME — O nome Crônicas em hebraico é Divere hayyamim, que quer dizer “palavras dos dias”. Tem
o mesmo sentido de diário e eqüivale a Jornal (Diário) ou a Anais. Originalmente formavam um só livro e
os LXX o dividiram em dois, dando-lhes o nome de “Paralipômenos”, isto é, “coisas deixadas incontadas,
omitidas ou esquecidas”. Isto porque os livros de Crônicas suprem o que foi deixado de se registrar nos
outros livros de natureza histórica do Velho Testamento. Jerônimo o traduziu por Verba dierum (Palavra
dos dias) chamando-os de “Crônicas de toda a história divina”. Os dois livros de Crônicas formavam um
só, mas por causa da extensão da tradução os autores da LXX o dividiram em dois, dando-lhes os nomes de
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1º Paralipômenos e 2º Paralipômenos. 1 e 2 Samuel ficaram conhecidos como 1 e 2 Reis e Reis passaram a
ser 3 e 4 Reis. 1 Crônicas é paralelo a Samuel e 2 Crônicas segue ao lado dos livros de Reis.
DATA E AUTORIA — O livro de Crônicas não nos dá a mínima idéia de quem é o seu autor. Mas a
tradição hebraica afirma que o autor é Esdras. Algumas das melhores autoridades concordam com isto,
argumentando ainda que Esdras parece ser uma continuação de Crônicas, formando um todo com
Neemias. Se foi Esdras o autor, a data deve ser colocada entre 450 a 452 a.C. A última data mencionada
no livro é 537 a.C. (2 Cr 36:22), mas nem esta exclui a possibilidade da autoria de Esdras.

POSIÇÃO NO CÂNON — Esses livros têm sido considerados históricos, mas os hebreus os
colocavam entre os Kettubim (ou Hagiógrafos) e é o último do Cânon, aparecendo como um só livro.

FONTES DE COMPOSIÇÃO — Enquanto os livros de Reis tratam dos dois reinos, Crônicas se
preocupa com Judá, falando de Israel apenas quando isso interessa ao propósito do livro. Crônicas é uma
coleção de narrativas com interpretações ocasionadas, sempre com uma mensagem unificadora. As
seguintes fontes podem ser citadas:

1. Listas estatísticas. São nomes e outros dados de pessoas que ficaram na terra depois da tomada de
Jerusalém por Nabucodonosor. Entre estas podem ser colocadas as primeiras genealogias (1-9).
2. Samuel e Reis não devem ser vistos como fontes de Crônicas, mas que as fontes destes são as mesmas.
3. Crônicas de Samuel. Natã e Gate (1 Cr 29:29).
4. Natã, Aías e ido (2 Cr 9:29).
5. Livros dos reinos de Judá e de Israel (2 Cr 16; 11).
6. Livros dos reis de Israel e de Judá (2 Cr 25:26; 28:26; 32:32).
7. Livro dos reis de Israel e de Judá (2 Cr 25:26; 35:27; 36:8).
8. Livro dos reis de Israel (2 Cr 20:34).
9. Palavras dos reis de Israel (2 Cr 33:18).
10. Histórias dos reis (2 Cr 36:27).

FUNDO HISTÓRICO — A rigor os livros de Crônicas não pretendem ser históricos. Eles
cobrem, contudo, um período muito grande da história da raça humana e de Israel. Desde Adão até
o cativeiro babilônico.

PROPÓSITO — Os livros de Samuel contam o estabelecimento do reino, e os livros de Reis falam


da queda do reino de Israel. Crônicas suplementa o que falta nestes livros, especialmente nos dados
concernentes a Judá. Assim, 1 Crônicas acrescenta muitas informações sobre a linhagem davidica que
não é mencionado em outras narrativas. A ênfase dada no reino de Davi é o estabelecimento do culto,
enquanto que em Salomão é a construção do templo. Nos outros bons reis, a ênfase geralmente são as
reformas por eles efetuadas no plano religioso do culto a Yahweh. Assim um caráter religioso pode ser
observado no livro sem contudo deixar de ser ele histórico. Enquanto os livros de Samuel e Reis dão uma
visão do ponto de vista civil e político, Crônicas nos dá uma visão de Judá do ponto de vista religioso,
como a mostrar que é a fidelidade a Yahweh que traz bênçãos.

CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS DE CRÔNICAS


1. Os números nos livros de Crônicas são considerados pelos críticos como muito exagerados. Alguns
divergem de Samuel e Reis. Talvez seja porque os números não são reais e sim simbólicos; contudo o
problema não tem fácil solução.
2. Fatos narrados nas Crônicas e que foram considerados sem autenticidade têm sido comprovados pela
arqueologia, fazendo calar a muitos críticos.

PALAVRA CHAVE — Templo (o templo é tomado como centro do culto).

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VERSO CHAVE — Sucedeu que, habitando Davi em sua própria casa, disse ao profeta Natã: eis
que moro em casa de cedros, mas a arca da aliança do Senhor se acha numa tenda. Então Natã disse a
Davi: Faze tudo quanto está no teu coração; porque Deus é contigo. (1 Cr 17:1, 2).
ESBOÇO DE 1 CRÔNICAS: a. Preparativos (2 Cr 2).
I. Genealogias (1 Cr 1:1 a 9:14). b. A construção (2 Cr 31:1 a 5:51).
1. Gerações dos Patriarcas (1 Cr 1:1-54). c. A dedicação (2 Cr 5:52 a 7:22).
2. Descendentes de Jacó e de Judá (1 Cr 2). 3. Várias atividades e morte de Salomão (2 Cr. 8 a 9).
3. Filhos de Davi e de Salomão (1 Cr 3). II. História de Judá até o cativeiro (Cr 10:1 a 36:23).
4. Gerações dos filhos de Israel – tribos (1 Cr 4 a 8). 1. Divisão do reino (2 Cr. 10 a 12).
5. Habitantes de Jerusalém depois do cativeiro (1 Cr 9:1-14). 2. Reis de Judá (2 Cr. 13 a 35).
II. O reinado de Davi (1 Cr 10 a 29:30). a. Abias (2 Cr. 13:1-22).
1. Introdução – a morte e sepultura de Saul (1 Cr 10). b. Asa (2 Cr. 14:1 a 16:14).
2. Unção de Davi e conquista de Jerusalém (1 Cr 11 a c. Josafá (2 Cr. 17:1 a 20:37).
12). Preparação para o culto com a vinda da arca para d. Jeorão (2 Cr. 21:1-20).
Jerusalém (1 Cr 13: 16). Deus faz aliança com Davi. e. Acazias e Atalia (2 Cr. 22:1-12).
3. Ações de graça de Davi (1 Cr 17). f. Joás (2 Cr. 23:1 a 24:27).
4. Conquistas de Davi (1 Cr 18 a 20). g. Amazias (2 Cr. 25:1-28).
5. O censo (1 Cr 21). h. Uzias (Azarias) (2 Cr. 26:1-23).
6. Preparação para a construção do templo (1 Cr 22). i. Jotão (2 Cr. 27:1-9).
7. Organização dos levitas (1 Cr 23 a 36). j. Acaz (2 Cr. 28: 1-27).
8. Organização do governo (1 Cr 27:1-34). k. Ezequias (2 Cr. 29:1 a 32:33).
9. Disposições finais e morte de Davi (1 Cr 28:1-29:30). l. Manassés (2 Cr. 33:1-20).
m. Amom (2 Cr. 33:21-25).
ESBOÇO DE 2 CRÔNICAS n. Josias (2 Cr. 34:1 a 35: 27).
I. Reinado de Salomão (2 Cr 1:1 a 9:31). III. Conquista de Judá e o cativeiro na Babilônia
1. Princípio do reinado de Salomão (2 Cr 1). (2 Cr 36:1-23). Jeocaz, Jeoaquim, o cativeiro, o
2. Construção do templo (2 Cr 2 a 7). decreto de Ciro.

ASPECTOS ESPECIAIS
1. O templo é o centro da ênfase nos livros de Crônicas. Tudo está ligado a ele, pois ele é a habitação de
Yahweh, o culto e a estabilidade da nação (2 Cr 15:2).
2. A música ocupa um lugar de destaque. A organização do culto é também um destaque (1 Cr 15:16-24;
capítulos 23, 24, 26 e 27).
3. Davi preparou o melhor para o Templo e Salomão o construiu com o melhor que havia na época.
4. Deus fez uma promessa incondicional a Davi, a respeito dos seus descendentes. Mas a promessa a
respeito dos descendentes está condicionada à obediência e fidelidade deles.
5. Veja como Davi quis trazer a arca pela primeira vez à Jerusalém, e como trouxe pela segunda vez,
obedecendo determinações da lei. Às vezes o melhor aos nossos olhos não é o melhor do pondo de vista
de Deus (1 Cr 13:5-14; cap. 15).
6. A recusa de Davi em dar a Deus uma oferta que não lhe custasse nada (1 Cr 21:22-26).
7. O destaque maior em 2 Crônicas é dado à principal construção de Salomão – o Templo – pois ele era o
centro do culto. A estrutura básica do Templo é a mesma do Tabernáculo no deserto. Muita gente, muito
dinheiro (metais preciosos) e muito tempo foram necessários nessa construção.
8. A ênfase é dada aos reis que tiveram atuação religiosa positiva. Os reis de mais destaque no livro de 2
Crônicas, com exceção de Salomão, são: Josafá; Ezequias; Josias.

A estrutura básica do templo:

Santo Lugar Átrio


dos Santo
25
Santos

MENSAGEM
1 Crônicas: A ênfase de culto em 1 Crônicas é a adoração no templo, uma adoração coletiva. Não se
pode admitir um povo de Deus que não tenha prazer em se reunir.

2 Crônicas: A frase Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor pode ser aplicada ao livro de 2
Crônicas. Quando o líder é bom, o povo o segue. Daí a razão porque é dada ênfase aos melhores reis.

ESDRAS

NOME — Esdras é o nome do principal personagem do livro e também o seu autor. Na LXX o nome
Esdras, Deuteron, é dado ao livro. A Vulgata chama-o de Primeiro Esdras (1º Esdras) e Neemias dá o
segundo nome de 2º Esdras. Inicialmente o livro de Esdras formava um só com o Neemias. Nos escritos
dos judeus se diz que “Esdras escreveu seu livro... e Neemias o acabou”. Eram considerados como um só
também por Flávio Josefo. Na LXX os dois eram designados pelo título Esdras, para diferenciá-los de
Esdras-A, um livro apócrifo. Neemias 7:6-7 repete Esdras 2, isso pode evidenciar que eram separados.
Por que então existiam juntos no Cânon hebraico? Duas hipóteses há:
1. Neemias é uma continuação da história iniciada em Esdras.
2. Para haja 22 livros no Cânon hebraico concordando com as letras do alfabeto hebraico.

ESDRAS O HOMEM — Esdras era bisneto do Sacerdote Hilquias, da linhagem sacerdotal de Arão
(Ed 7:1-7; 2 Rs 22:8) e, provavelmente, nasceu na Babilônia. Seu nome significa “Auxílio”. Há quem
diga que Seraias é seu pai, pode também ter sido seu avô, pois esse Seraias foi assassinado em Ribla,
quando da tomada de Jerusalém (2 Rs 25:19-21). Esdras é um grande “escriba versado na lei Moisés”
(7:6 e 11). Crê-se que com ele teve início o escribismo entre os hebreus, muito famoso no tempo de
Jesus. Homem humilde e zeloso pela religião de Yahweh, tomou a decisão de ir a Jerusalém para instruir
o povo que voltara do cativeiro. Era calmo, pacato e reagia como um introvertido diante do pecado do
povo, mas mesmo assim fez tudo para reconduzir o povo a Yahweh. (Ed 9:3; 10:6, 10).

AUTORIA E DATA — A tradição hebraico-cristã aprova a autoria a Esdras. Especialmente nos


capítulos 7 e 9 há evidências de ser ele o autor, onde fala na primeira pessoa. As partes que aparecem em
aramaico não servem de base para lhe negar a autoria. Foi escrito cerca de 450 a.C.

POSIÇÃO NO CÂNON — No Cânon hebraico, Esdras é o segundo dos livros poéticos-históricos


vindo depois de Daniel. Na teologia tradicional é um dos últimos livros históricos seguido de Neemias.
Embora esteja em nossas Bíblias depois do livro de Crônicas e pelo assunto seja de fato uma continuação
da história daquele livro, no Cânon hebraico Crônicas vem em último lugar e não Esdras.

FUNDO HISTÓRICO — Esdras viveu na época da volta do cativeiro Babilônico. O mundo vivia
em transição. Assim que os Medos-Persas dominaram a Babilônia, Ciro expediu um decreto permitindo
aos judeus voltarem para a sua terra. No “Cilindro de Ciro” ele conta como enviou de volta os povos,
cativos, com seus deuses. Os fatos narrados no livro de Esdras são divididos em duas partes, uma
separada da outra por mais de 50 anos. A primeira trata da volta do povo com Zorobabel. Essa volta de
Judá deve-se ao decreto de Ciro e trata da reconstrução do Templo, incluído naquele decreto. A segunda
parte fala da viagem e do avivamento produzido pela ação de Esdras no meio dos Judeus.

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PALAVRA e VERSO CHAVE — Reconstrução. Então se levantaram os cabeças de famílias de
Judá e de Benjamim, e os sacerdotes e os levitas, com todos aqueles cujo espírito Deus despertou, para
subir e edificar a casa do Senhor, a qual está em Jerusalém. (Ed 1:5).
CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS DO LIVRO DE ESDRAS
1. Algumas partes, principalmente os editais reais, são escritos em Aramaico (4:8-6, 18 e 7:12-26). O
Aramaico foi inicialmente usado na Palestina e Síria (Ló, o siro, era chamado de “o arameu”, tanto
quanto Abraão). Depois passou a ser a língua diplomática da região Mesopotâmia. Daí essas cartas e
decretos serem escritos nessa língua.
2. Começa aqui o uso do termo “judeu” para designar os israelitas (Ed 5:1).
3. Ao contrário de Neemias que trata a volta de forma civil e política, Esdras a vê de forma religiosa.
4. Os reis do período de Esdras são: Ciro, Cambises, Smerdis, Dario, Histaspes, Xerxes e Artaxerses.

CRONOLOGIA — Vamos compreender melhor a história através de sua cronologia:


1. Zorobabel retorna a Jerusalém atendendo ao decreto de Ciro (537-497 a.C.)
2. Logo depois de iniciada a reconstrução do templo, a mesma é paralisada por causa da oposição dos
inimigos (536 a.C.)
3. Sob a influência das profecias de Ageu e Zacarias recomeça-se a reconstrução do Templo e sua
conclusão se dá no ano 517 a.C.
4. No ano 479 a.C. Ester se torna rainha e se assenta ao lado de Assuero no trono da Pérsia.
5. Em 458 a.C. Esdras conduz a segunda leva dos que voltaram a Jerusalém. Isto se dá no reinado de
Artaxerxes I, também chamado Longimanus, considerado como enteado de Ester.
6. Neemias vai a Jerusalém chefiando um bom número de judeus. É escoltado por soldados cedidos por
Artaxerxes, no ano de 445 a.C.

PLANO DO LIVRO — O livro de Esdras apresenta uma divisão natural em duas partes:
I. A volta com Zorobabel e a reconstrução do templo (Ed 1-6).
1. A primeira volta (Ed 1:1-2:70)
2. A restauração do culto (Ed 3:1-6.22).

II. A volta com Esdras (Ed 7:1-10:44).


1. Esdras enviado a Jerusalém (Ed 7).
2. Lista dos que voltaram com Esdras: a busca pelos levitas, a viagem, o jejum. A chegada a Jerusalém (Ed 8).
3. Oração e confissão de Esdras (Ed 9).
4. O problema do casamento misto (Ed 10).

PRINCIPAIS ENSINOS
1. O livro de Esdras nos mostra o poder da profecia. Assim como Isaías profetizou, aconteceu: Ciro
libertou Israel. A profecia de Jeremias previa um cativeiro de 70 anos. Isso também se concretizou.
2. A lista genealógica é de grande valor para os judeus. O crente deve aprender a estudar também as
genealogias e delas tirar ensinamentos. O uso de um dicionário bíblico para buscar o significado dos
nomes, origens e feitos de cada personagem citado, enriquece muito a vida do leitor sacro.
3. O estabelecimento de uma nação começa com a volta do culto verdadeiro. No caso de Israel, a volta ao
culto exigia primeiro a reconstrução do templo.
4. Os inimigos não podem prevalecer contra os propósitos de Deus. Apesar da oposição, o Templo e os
muros foram reconstruídos.
5. Com Esdras aprendemos o amor à Palavra de Deus bem como o poder da fé no Senhor.

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MENSAGEM — Creia que você está hoje num ministério de reconstrução, reconstrução de vidas.
Para isso é necessário apegar-se à Palavra de Deus e vivê-la.

NEEMIAS

NOME — Hoje, em hebraico, o nome do livro é o de seu principal personagem, Neemias. O mesmo
acontece com a LXX que traduz Neemias e a Vulgata por liber Nehemias ou liber segundus Esdras,
como vimos em Esdras, inicialmente os dois livros formavam um só.

O HOMEM NEEMIAS — De temperamento bem diferente de Esdras e capaz de reações totalmente


opostas, diante do mesmo problema (cf. Ed 9:1-3; Ne 13:23-27). Era impulsivo e tomava decisões
drásticas. Por causa de sua profissão (era copeiro do rei Artaxerxes), estava sempre junto do rei e era de
confiança, talvez tenha até sido conselheiro do rei persa. Era filho de Hacalias. Seu nome significa
“Yahweh Conforta”. Tinha pelo menos um irmão que lhe trouxe notícias de Jerusalém (Ne 1:2). Tendo
ouvido da miséria em que se encontrava o povo na Judéia, deixou o luxo do palácio de Artaxerxes para,
com autorização do mesmo, ir a Jerusalém reconstruir a cidade (os muros) e fortificá-la. Foi como um
governador civil para os judeus. Esdras, 13 anos antes de Neemias, era sacerdote e cuidava do culto
somente. O povo estava impedido de progredir por causa dos inimigos, principalmente os samaritanos.
Neemias foi para Jerusalém no ano 445 a.C. Nota-se, em todo o livro, que Neemias era, ao mesmo tempo,
um homem de oração e de ação.

AUTORIA — O autor é o próprio Neemias, que fala de si mesmo sempre na primeira pessoa. É certo,
porém, que se serviu de registros de outras pessoas, como por exemplo um possível registro inicialmente
feito por Zorobabel (Ne 7:1-73). Apenas numa pequena parte do livro de Neemias aparece o uso da terceira
pessoa.

DATA — O livro de Neemias foi escrito entre 445 e 400 a.C., pois foi a Jerusalém no ano 445 e o
período coberto pelo livro é de cerca de 45 anos.

FUNDO HISTÓRICO — Para se compreender melhor o fundo histórico de Neemias temos que
analisar a cronologia sobre os reis persas (fonte: O Novo Comentário da Bíblia, Ed. Vida Nova):

a) Ciro 530-529 a.C.


b) Cambises 529-522 a.C.
c) Guamata 522-521 a.C. (este é chamado de Pseudo-Smerdis, o usurpador)
d) Daria I ou Histaspes 521-486 a.C.
e) Xerxes I (Assuero) 486-465 a.C.
f) Artaxerxes I (Longimanus) 464-424 a.C.
g) Xerxes II 424-423 a.C.
h) Dario II (Nothus) 423-404 a.C.
i) Artaxerxes II (Mnéon) 404-359 a.C.
j) Artaxerxes III (Ócus) 356-338 a.C.
k) Dario II (Codomano) 338-331 a.C.

Nesta data, o império Persa estava num de seus melhores momentos. Os persas agiram totalmente
diferente de seus predecessores, os babilônicos e, especialmente, os assírios. Eram longânimos para com
os povos vencidos e Ciro devolveu cada povo à sua terra, o que possibilitou a volta de Judá à Judéia. Já
havia cerca de 100 anos que o povo voltara, mas não conseguira progresso. Os inimigos os traziam sob
completa opressão. A intriga começa com o caldeamento dos israelitas no tempo de Sargão II, que os
deportou e trouxe gente de outras terras, misturando-os com o remanescente da terra. Jerusalém era uma
cidade sem nenhuma segurança, pois não tinha muros e as portas estavam queimadas. É com o objetivo
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de reconstruir a cidade, especialmente os muros, que Neemias vai a Jerusalém como governador.
Internamente, a vida do povo não era melhor. Os mais ricos oprimiam os mais pobres, usando de usura.
Além disso o problema do casamento misto do tempo de Esdras estava ainda presente. Era preciso muita
energia para recuperar o que ainda restava. Neemias foi enérgico o bastante para isto.

POSIÇÃO NO CÂNON — Em hebraico Neemias faz parte da terceira divisão do Cânon – “Os
Salmos”, sendo com Esdras o penúltimo livro. Em português é considerado o último livro histórico.

PROPÓSITO — O propósito de Neemias é contar sobre a restauração efetuada sob sua chefia. É
uma confirmação da profecia de Daniel que os muros e as circunvalações seriam reedificadas em tempos
angustiosos (Dn 9:25). Desde os primeiros profetas até Ezequiel, Daniel e Jeremias Deus sempre
ameaçava o povo, mas no final fazia uma promessa de restauração. Isto aconteceu com Zorobabel, Esdras
e Neemias. Neemias cuidou de reconstruir os muros, sem desprezar a reconstrução espiritual já começada
com Esdras. Nisto ele trabalhou ao lado do grande escriba.

PALAVRA CHAVE — Reconstrução.


VERSO CHAVE — E disse ao rei: Se é do agrado do rei, e se o teu servo acha mercê em tua
presença, peço-te que me enviesa Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a reedifique.
Então lhes respondi: O Deus dos céus é quem nos dará bom êxito; nós, seus servos, nos disporemos e
reedificaremos; vós, todavia, não tendes parte, nem direito, nem memorial em Jerusalém. (Ne 2:5, 20).

PLANO DO LIVRO
I. Introdução (Ne 1). Neemias recebe notícias de Jerusalém, se entristece e ora a Deus.

II. A obra de Neemias (Ne 2 a 7).


1. Nomeação, viagem e inspeção dos muros (Ne 2).
2. Relação dos reedificadores (Ne 3).
3. Ação dos inimigos e medidas contra eles (Ne 4).
4. Medidas contra a usura (Ne 5).
5. Outras investidas dos inimigos e o término da reconstrução dos muros (Ne 6).
6. Os guardas, e a relação dos que voltaram a contribuição para o Templo (Ne 7).

III. Reconstrução espiritual (Ne 8 a 13).


1. Leitura da lei e as festas dos tabernáculos (Ne 8).
2. Arrependimento e confissão (Ne 9:1-10:39).
3. Relação de habitantes da Judéia (Ne 11).
4. Os sacerdotes que vieram para Jerusalém. A dedicação dos muros (Ne 12). Manutenção dos
levitas e sacerdotes.
5. Purificação interna (Ne 13).
a. Tirados os estrangeiros (Ne 13:1-3).
b. Tobias expulso do Templo (Ne 13:4-9).
c. Restauração da manutenção dos levitas (Ne 13:10-14).
d. Restabelecimento da observância do Sábado (Ne 13:15-22).
e. Resolvido o problema do casamento misto (Ne 13:23-29).
f. Resumo e conclusão (Ne 30, 31).

ASPECTOS NOTÁVEIS
1. Até o sumo sacerdote, bem como algumas moças, participaram da reconstrução dos muros (Ne 3:1;
3:12).
2. O povo tinha bastante ânimo para trabalhar e alguns fizeram além do que lhes era devido.

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ENSINOS IMPORTANTES
1. O livro ensina, através da vida de Neemias, que só vencerá quem tiver firmeza de convicções,
dedicação à oração e estiver disposto a lutar contra os inimigos e derrotá-los;
2. Tanto Esdras quanto Neemias nos mostram o valor do jejum para mover os homens por uma ação
divina.
3. Há uma lição preciosa para os pregadores e mestres da Palavra: firmarem-se na Palavra e explicá-la de
maneira que o povo entenda (Ne 8:8).
4. S a b i a q u e e m é p o c a d e r e s t a u r a ç ã o o i n i m i g o f i c a f u r i o s o . M a s o s e r v o d o
Senhor não deve permitir isso.

MENSAGEM — A mensagem que temos neste livro está na pessoa de Neemias. Façamos um
esboço:

I. Introdução: Neemias, movido pelo amor aos judeus, pede permissão ao rei para reconstruir os muros
de Jerusalém.
II. Neemias um homem decidido:
a. Decidiu-se a ir a Jerusalém.
b. Decidiu-se a reconstruir.
c. Decidiu-se a não se envolver com os inimigos.
III. Neemias um homem de oração
a. Orou antes da maior decisão.
b. Orou para vencer os inimigos.
c. Agiu tirando os pecados.
IV. Conclusão. Ao imitar Neemias, devemos orar e agir com um coração cheio de amor a Deus, Sua
obra e Seu povo.

ESTER

NOME — A principal personagem do livro é a própria Ester, que lhe empresta o nome. Este nome em
hebraico é Hadassa, que significa Murta. O significado de Ester é estrela.

ESTER A RAINHA — O livro relata a história de Ester, uma judia que se tornou rainha da Pérsia.
O objetivo é mostrar o livramento do povo judeu de ser eliminado no cativeiro já sob o domínio Persa. O
livro se prende à história de Hadassa, por ser ela o centro de ação do mesmo. Tratasse de uma jovem,
muito formosa e simples que, após a morte de seus pais, foi criada pelo primo, Mordecai (ou
Mardoqueu). Quando o rei Assuero se desfez de sua primeira esposa, Vasti (“a mais excelente”, em
persa), por ter se recusado a comparecer ao banquete do rei – o que mereceu sua punição, a deposição de
Vasti como rainha do rei Assuero (Xerxes) – mandou escolher jovens formosas do seu reino para, dentre
elas, escolher sua próxima esposa. Levada entre umas boas dezenas de moças, Ester alcançou o favor do
rei e se tornou a primeira dama da Pérsia. Logo há um plano do grande inimigo dos judeus, Hamã, para
destrui-los. Chega isso ao conhecimento de Ester que, aconselhada por Mordecai, vai ao rei e promove
um revés na história. Vitoriosos os judeus e morto Hamã e seus filhos, os judeus celebram a festa do
Purim. Ester continua rainha e Mordecai passa a ser o segundo no reino.

POSIÇÃO DO CÂNON — Em hebraico, Ester é o último dos cincos rolos. Em português é


classificado pela tradição cristã como o último livro histórico do VT, vindo a seguir o livro de Jó.

AUTORIA — Os estudiosos judeus crêem que quem escreveu o livro de Ester foram os homens da
grande sinagoga. O historiador Flávio Josefo atribui a autoria a Mordecai. Agostinho dá a Ester a
30
autoria. Porém, a respeito da autoria, há algumas teorias interessantes e até engenhosas, como a de Ibn
ezra, que julgando que Mordecai tenha sido o autor, diz que deliberadamente omitiu o nome de Deus por
perceber que os persas queriam o livro para colocar o nome de seus deuses falsos no lugar de Yahweh.
Apesar da incerteza da autoria, a teoria de Angus (História, doutrina e introdução da Bíblia, vol. 1, p.
136), afirma que talvez a narrativa tenha sido extraída das crônicas dos reis da Pérsia (2:23; 6:1).

Podemos, entretanto, acrescentar a favor desta suposição os seguintes itens:


1. Os pormenores a respeito do reino de Xerxes.
2. A exatidão com que são mencionados os nomes dos seus ministros e dos filhos de Hamã.
3. Os judeus são mencionados sempre na terceira pessoa e Ester é sempre a rainha”.
A questão da autoria, contudo, permanece em aberto.

DATA — Por não se saber quem é o autor a data não pode ser precisada. É colocada geralmente logo
após a morte do rei Persa. O livro dá uma relato perfeito sobre o palácio onde se passaram os
acontecimentos e que foi descoberto (arqueologicamente) por franceses. Mas trinta anos depois de
Xerxes, o palácio foi destruído com fogo. É claro que se o autor é Mordecai ou outro do palácio, mesmo
assim pôde consultar os arquivos reais (2:23; 10:1). Assim, a data aproximada seria 430 a.C.

CONTEXTO HISTÓRICO — Atendendo ao édito de Ciro em 538 a.C. que os judeus que
quisessem podiam voltar a Jerusalém com Zorobabel, apenas 50.000 pessoas deixaram a Babilônia.
Muitos haviam nascido lá e estavam bem estabelecidos, não desejando de modo algum voltar à Terra
Prometida. Setenta anos mais tarde somente 6.000 foram com Esdras. A data dos acontecimentos está
entre a conclusão do templo e a missão de Esdras. Neemias vem trinta anos mais tarde. Xerxes (nome
grego), que no livro de Ester é chamado de Assuero, é filho de Dario Hitaspes. E Artaxerxes é enteado de
Ester. Segundo algumas autoridades, a atuação de Ester teria tornado possível ou teria dado prestígio para
o decreto de Artaxerxes. O reinado de Assuero foi de 485 a 465 e é pintado por Heródoto como um dos
mais depravados e tiranos. Afirma que o banquete ao qual Vasti se recusou, foi feito para despedir o rei
para a expedição contra os gregos. Nessa guerra, nas batalhas de Termópilas e Salamina, acontecida em
480, não bastaram os 1.000.000 de soldados para lhe dar a vitória. Ao voltar da derrota fragorosa que
sofreu, casou-se com Ester e consolou-se da sua derrota com os prazeres de seu harém.
Susã, onde ficava o palácio, era uma das três capitais persas e ficava em Elão, uma província. No
mais, Assuero é um dos grandes monarcas persas, ainda que tenha sido derrotado pelos gregos. Governou
da Índia ao Mediterrâneo e seu império era constituído de 127 províncias. Era o maior império da época.
Na profecia de Daniel o império Medo-Pérsa era o cabrito de dois chifres. Dentro de algum tempo seria
pisoteado pelo bode ocidental – a Grécia.

CANOCIDADE — Os judeus têm o livro de Ester em grande conta, a ponto de afirmar que se
desaparecessem os livros dos profetas, este permaneceria ao lado da lei de Moisés. Ainda hoje se
comemora a festa de Purim. Diz-se que Lutero tinha aversão a este livro e não queria vê-lo entre os
canônicos. Cornill diz que o estudante do Velho Testamento deveria omiti-lo ou pelo menos não lhe dar
muita atenção. Ainda que não tão glorioso, outros homens poderiam ser juntados a estes como Driver e
Ewald.
Por quê?
1. Anacronismo. Alguns vêm isso no livro, confundindo Mordecai com seu bisavô Kish que foi
deportado por Nabucodonosor. Falta aí uma melhor exegese.
2. Falta de harmonização da história do livro com a de Heródoto. Falta aí um pouco de observação para
ver que Heródoto estava falando de um outro rei – Dario – que só teve uma esposa, de entre as sete
famílias nobres.
3. Heródoto diz que o nome da esposa de Xerxes era Amestris e que era muito cruel. Alguns
comentadores dizem que Ester era cruel. É claro que Assuero teve mais de uma esposa. Mas o problema
ainda permanece e aqui é melhor ficar com a história sagrada.
4. Dizem que o rei não podia ter redigido em diferentes línguas seus editos (Et 1:22; 3:12; 8:9). Este
argumento não precisa ser considerado.
31
5. Acham absurdo que os judeus tenham matado 75.000 inimigos (LXX dá 15.000). E por que não? A
história mostra como se matava naquele tempo.
6. A omissão do nome de Deus ou da Palavra Deus. Isto se explica pelas circunstâncias da época. Os
adoradores de Yahweh, certamente não podiam falar ou escrever abertamente a respeito dele. Por outro
lado, as narrativas das Crônicas persas não se interessariam em fazê-lo. Nem por isso o livro deixa de ter
caráter canônico e inspirado. Apesar do nome de Yahweh não estar presente você pode ver no livro Sua
mão.
Os judeus não tinham dúvida quanto à sua canonicidade. A LXX tem muitas interpolações, mas
Jerônimo traduziu o livro limpo de misturas.

PROPÓSITO E TEMA — Nada que se diz parte do culto está presente claramente no livro nem o
nome de Deus, mas há jejum e clamor. O livro mostra claramente a providência de Deus para com Seu
povo no meio da adversidade — Ester foi feita rainha providencialmente “para o momento certo”. É o
livro chamado por alguns de “Romance-Providência”. Ester mostra como os judeus, sob a lei dos medos
e dos persas, foram soberanamente livrados.

ESTER HOJE — O livro de Ester é lido na festa de Purim, um mês antes da Páscoa. É lido e
explicado de manhã. Durante o resto do dia o povo se diverte. Dizem os judeus que nos dias do Messias
as demais festas serão esquecidas, menos esta.
PALAVRA CHAVE — Providência.
VERSO CHAVE — Agora, pois, como somos assalariados do rei, e não nos convém ver a desonra
dele, por isso mandamos dar-lhe aviso. (Et 4:14).

CARACTERÍSTICA — 1) Ester foi escolhida para um tempo de Deus; 2) com Ester nasce a festa
de Purim, viva ainda hoje.

ENSINOS PRINCIPAIS
1. Ester foi escolhida para um tempo especial. Você também tem lugar no Reino de Deus para atuar hoje.
Descubra-o.
2. Em Hamã temos o exemplo de que quem se exalta será humilhado.
3. Ester, apesar de corajosa, era submissa. A submissão não implica em medo ou omissão.

ESBOÇO
1. A festa de Assuero. Vasti é repudiada (Et 1).
2. Ester se torna rainha (Et 2:1-20).
3. Mordecai e Hamã (Et 2:21-3:13).
a. Mordecai descobre uma conspiração (Et 2:21-23).
b. Ódio de Hamã por Mordecai (Et 3:1-6).
c. Plano para extinção dos judeus (Et.. 3:7-11).
d. Decretada a morte dos judeus (Et 3:12-13).
4. Mordecai e Ester. Ester promete interceder (Et 4:1-17).
5. O banquete de Ester. Hamã é convidado (Et 5:1-14).
6. Hamã forçado a honrar Mordecai (Et 6:1-14).
7. Hamã denunciado e enforcado (Et 7:1-10).
8. Os judeus autorizados, resistem aos inimigos (Et 8:1-9:15).
9. Instituída a festa de Purim (Et 9:16-32).
10. Mordecai exaltado (Et 10:1-3).

MENSAGEM — Ester 4:14 é a mensagem. Você é responsável pela posição que ocupa. Não deixe
passar as oportunidades de servir. Porque, quem sabe se você é o que é para um tempo especial?

32

NOME — O nome Jó é dado por causa do Patriarca cuja experiência é narrada no livro, sendo ele o
principal personagem dessa história. O nome Jó na LXX é “iyyov” e na Vulgata lob. Daí o nome ao
português como Jó. Este nome significa “Voltando sempre para Deus”.

AUTORIA — Dentre os nomes conjeturados para a autoria de Jó estão o próprio Jó, além de Eliú,
Moisés, Salomão, Isaías, Ezequias e Baruque, o escriba de Jeremias. Mas todos os nomes apresentados
são simplesmente hipóteses e o livro mesmo não declara quem é o redator. Alguns dão por acertado que o
autor é Moisés. Mas não se pode ter certeza, embora o livro reflita a época patriarcal.

DATA — Não é possível determinar a data de composição do livro de Jó. Deve-se fazer uma distinção
entre aspecto e a data dos acontecimentos narrados. Quanto ao primeiro, há vários estudiosos que dão a
autoria a Salomão e a data seria a do grande sábio. Entre eles estão Gregório Nazianzeno, um dos pais
da igreja, Martinho Lutero e E. J. Young. E como argumento este último dá duas razões:
1) Era um tempo de paz, o que favorecia a composição de tal literatura;
2) A semelhança com livros que apareceram na mesma época (literatura e sabedoria). Mas Young conclui
por dizer que seus argumentos “são pelo menos razoáveis, embora não concluentes”(p. 335). A idéia de
que Moisés escreveu o livro de Jó já era corrente entre os judeus no tempo do Baba-Bathra e defendida
por vários “pais”. Outras opiniões sobre datas mais recentes que não carecem de consideração mais séria
deixamos à vontade do aluno que quiser saber mais, pesquisar, e citamos uma fonte: E. J. Young,
Introdução ao Antigo Testamento.
Com respeito à época em que Jó viveu, a sua relação com o tópico anterior, vejamos: Alguns
consideram distintos os trechos de Jó 1 e 2 e os últimos versos do capítulo 42, que são escritos em prosa,
do restante do livro, escrito em verso. Para isso há as opiniões:
1) A base histórica (o princípio e o fim do conto) teria sido preservado pela tradição oral e fora
incorporada ao livro com a forma poética que caracteriza o diálogo;
2) o prólogo e o epílogo seriam fragmentados de um livro popular que relatava a história do patriarca.
Estas são as considerações mais importantes. De resto, a questão de data de composição do livro não
é de maior valor. Mais importante que tudo é o valor universal do livro que é inspirado. A época em que Jó
vivera, entretanto, pode ser mais determinada. Com certeza ele viveu em uma época que reflete a de Abraão
e dos outros conhecidos patriarcas do livro de Gênesis. A data dos acontecimentos é, portanto, muito antiga.

JÓ, O HOMEM — Jó era um patriarca. Não se fala de sua descendência e de sua família com
detalhes. Só se diz os nomes das três filhas que lhe nasceram depois de sua restauração. Morava na terra
de Uz, território Edomita. Era íntegro, reto e temente a Deus. Muito rico. Maior que todos os do oriente.
Satanás conseguiu permissão para tentá-lo e tirou todos os seus bens e sua saúde. Mesmo assim
permaneceu fiel. Ainda quando todos seus amigos insistem para que ele admitisse um pecado que fosse
razão de seu sofrimento, ele não o fez. No final Deus repreende os três amigos de Jó, responde suas
orações a favor deles e restaura-lhe tudo em dobro. Viveu mais de 140 anos após seu sofrimento. É um
personagem real, não fictício, citado ao lado de Daniel e Noé (Ez 14:14-20) e como exemplo de paciência
(Tg 5:11). O chamado “Lar de Jó”, Uz, ficava em Herã, ao leste do mar da Galiléia. A LXX o identifica
com o segundo rei de Edom, Joabe.

FUNDO HISTÓRICO — A época é a patriarcal. Nenhum conhecimento da lei é pressuposto. Jó era


o sacerdote da família. Os nomes citados estão identificados com pessoas posteriores a Abraão e Jacó.

POSIÇÃO DO CÂNON — Ao contrário da ordem em que aparece nas versões em português (Jó ,
Salmos, Provérbios) no hebraico Jó é o último dos três que vêm nesta ordem: Salmos, Provérbios e Jó.

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ESTILO LITERÁRIO — Jó é considerado uma das gemas da literatura Veterotestamentária, exceto
os dois primeiros capítulos e os últimos onze versículos do livro, que são escritos em prosa, o restante é
todo em verso. Para aquilatar o seu valor literário veja algumas apreciações de pessoas abalizadas:
“O maior poema das antigas e modernas literaturas.” (Tennyson).
“O mais magnífico e sublime entre os demais livros das Escrituras.” (Lutero).
“Eu acho em Jó uma das coisas jamais escritas por uma pena.” (Carlyle, Bíblia em esboço, p. 48).
“O livro de Jó é provavelmente, a obra prima da mente humana.” (Victor Hugo).

PROPÓSITO — O livro de Jó busca uma solução para o sofrimento humano. Devemos ter em mente
que os protagonistas da história desconheciam o que se passava nas regiões celestes – mesmo o acesso de
Satanás à presença de Deus e a permissão que lhe foi concedido para agir contra Jó. Por isso como era o
pensamento mais antigo do povo judeu e mesmo até à volta do cativeiro, julgaram que Jó sofria porque
havia pecado (Jó 4:7). Jó por outro lado, defende-se e se apresenta justo. Há, entretanto, por parte do
patriarca uma vontade de apresentar justiça como argumento para não sofrer. Neste livro duas perguntas
podem ser feitas “por que o justo sofre?” e “por que o ímpio prospera?” Ao contrário do que se pensavam
os amigos de Jó, o seu sofrimento não era castigo. Mas servia para provar sua confiança em Deus e levá-
lo a um horizonte maior. No fim das discussões não há uma resposta positiva ao problema até que Eliú
entra em cena e Deus dá a palavra final para mostrar a ignorância de Jó e o erro dos seus amigos. Ainda
hoje há quem atribui os sofrimentos a doença etc., como castigo a pecados.

PALAVRA CHAVE — Provação.


VERSO CHAVE — Então respondeu Satanás ao Senhor: Porventura Jó debalde teme a Deus?
Acaso não o cercaste com sebe, a ele, a sua casa e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste,
e os seus bens se multiplicaram na terra. Estende, porém, a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e
verás se não blasfema contra ti na tua face! Disse o Senhor a Satanás: eis que tudo quanto ele tem está
em teu poder; somente contra ele não estendas a tua mão. E Satanás saiu da presença do Senhor. (Jó 1:9-
12).

PLANO DO LIVRO
1. Prólogo (Jó 1, 2).
2. Lamentação de Jó (Jó 3).
3. Três ciclos de discussões entre Jó e seus amigos (Jó 4:31).
A. Primeiro ciclo de discursos (Jó 4:1-14-22).
a. Elifaz (4:1-5:28).
b. Resposta de Jó (6:1-7:21).
c. Bildade (8:1-22).
d. Resposta de Jó (9:1-10:22).
e. Zofar (11:1-20).
f. Resposta de Jó (12:1-14:22).
2. Segundo ciclo de discurso (Jó 15; 1-21:34).
a. Elifaz (15:1-35).
b. Resposta de Jó (16:1-17:16).
c. Bildade (18:1-21).
d. Resposta de Jó (19:1-29).
e. Zofar (20:1-29).
f. Resposta de Jó (21:1-34).
3. Terceiro ciclo de discursos (Jó 22:1-31:40).
a. Elifaz (22:1-30).
b. Resposta de Jó (23:1-24:25).
c. Bildade (25:1-6).
d. Resposta de Jó (26:1-14).
e. Resposta final de Jó (27:1-31:40).

34
4. Discurso de Eliú (Jó 32:1-37:40).
5. A resposta de Yahweh (Jó 38:1-42:6).
6. Epílogo. Deus repreende os amigos e tem tudo restaurado em dobro (Jó 42:7-17).

ENSINOS PRINCIPAIS
1. O livro de Jó mostra Satanás como uma personalidade, como inimigo e acusador.
2. Deus conhece o íntimo do homem e nada lhe é encoberto.
3. O homem é incapaz, por si mesmo, de resolver o problema do sofrimento humano.
4. O verdadeiro adorador de Yahweh não o é porque recebe benefícios dele. Mas por sincera lealdade.
5. O sofrimento nem sempre é castigado por pecados.
6. A esperança da ressurreição aparece no livro de Jó: Eu sei que o meu Redentor vive e por fim se
levantará sobre a terra.

MENSAGEM — Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus. (Rm 8:28). O
sofrimento de Jó foi o sofrimento de um justo. Devemos aprender com ele que para os fiéis há sempre
uma recompensa.

CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS — Jó é um dos livros que, sem ter este objetivo, manifesta
conhecimentos científicos que só recentemente foram descobertos pela ciência.

SALMOS
NOME — Salmos é o “Livro dos Louvores”. Em hebraico o nome é Sefer tebilin. O nome Salmos vem
da palavra Grega Psalmos, que designa odes adaptadas à música. O nome aparece na versão dos LXX
como Bíblos Psalmos (Livro dos Salmos). No novo Testamento a palavra Psalmo aparece também em Lc
24:42; At 1:20. Os manuscritos gregos de um modo geral trazem o título Psalmoi, mas alguns o
denominam Psalterion (Saltério) – “Coleção de Cânticos”. Na Vulgata o livro assume o nome Liber
Psalmorim.

CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS — O livro dos Salmos é o maior, o mais central, o mais lido
e o mais querido dos livros da Bíblia. É ainda o mais importante dos hagiógrafos. A palavra Salmos é
usada como designação geral dos livros poéticos em Lc 24:44. É bom lembrar que não se nomeia os
Salmos, cada Salmo, ou seja, não se fala “Salmo capítulo 1, 2, 5, 70 etc.”. Mas cada Salmo é uma
unidade distinta, devendo ser identificado pelo seu respectivo número. É assim que se diz: “Salmo 1,
Salmo 2, Salmo 70 etc.”

POSIÇÃO NO CÂNON — Salmos é o primeiro dos hagiógrafos. Como já dissemos em nossa


Bíblia ocupa o centro do livro.
AUTORES — São diversos os autores dos Salmos, embora sejam conhecidos como “Salmos de
Davi” e se creia ele ser o compositor. A primeira pessoa que se sabe escreveu um Salmo é Moisés (Salmo
90, em 1500 a.C.) Entre os autores são citados:
Davi: Salmos 3; 9; 11-32; 34-41; 51-65; 68-70; 86-101; 108-110; 122; 124; 131; 133; 138; 139; 145.
Salomão: 72 e 127
Filhos de Coré: 42; 44-49; 84; 85; 87; 88. A família de Coré era de levitas do Templo que no tempo de
Davi eram sacerdotes e cantores.
Asafe: 50; 73; 63. Asafe era um dos mestres da música no Templo no tempo de Davi e sua família era
encarregada da música para sempre.
Etã, ezraíta: 89
Moisés: 90
Anônimos: Há 50 Salmos anônimos.
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O Baba-Bathra afirma que Davi escreveu os salmos, com o auxílio dos dez anciãos: Adão,
Melquizedeque, Abraão, Moisés, Hemã, Jedutum, Asafe e os três filhos de Coré. Se interpretarmos o que
esse livro dos judeus quer dizer, temos que entender que Davi não compôs o livro com a assistência
desses homens, mas que este rei os compilou. Desses anciãos três são citados: Etã e Salomão. Etã,
contudo, era considerado como Abraão e o de Salomão como para Salomão e por Salomão. Atribui o Salmo
139 a Adão e o 110 a Melquizedeque. Esse ponto de vista, contudo, é confuso e não está baseado na
história.
Há Salmos que foram compostos no exílio e inegavelmente há os que foram produzidos
depois de Davi. Alguns Salmos considerados anônimos são tidos como de Davi no Novo
Testamento tal como o 110.

TÍTULOS — Os títulos que aparecem nos Salmos dão testemunho do autor. Somente 34 deles não têm
título. Esses títulos, no original são também versículo, o que dá um número de versículos maior do que
em nossas versões. Um dos problemas encontrados pelos críticos na determinação da autoria dos Salmos é
que nos títulos a preposição usada pode significar de, para, ao. Pelo sentido do texto (Salmo) pode-se
determinar o sentido da preposição. Como em muitos Salmos há perfeita conexão entre o título e o
conteúdo para indicar o autor, isso é também aplicado aos outros. Os títulos são importantes para a
compreensão dos Salmos e não podem ser menosprezados. Os Salmos sem títulos são denominados Salmos
órfãos.

TEMA — O tema geral dos Salmos é adoração e louvor. Por isso ele é o Livro dos Louvores. Mas há
uma variedade imensa de assuntos tratados nos Salmos, todos com um sentido muito grande de devoção.
Assim, algumas são “Canções de Amor” (Salmo 45); “Em Lembrança”(Salmo 37,70); “De Doutrina”
(Salmo 60); “Em Ação de Graças” (Salmo 100). Algumas palavras nos ajudam na classificação dos
Salmos, mas nem todas têm um significado definido hoje. Não se sabe o seu sentido original. Eis algumas
delas:
1. Degraus — A palavra significa elevações. Os Salmos denominados Cântico dos degraus vão de
120 a 134. Há diversas hipóteses sobre o verdadeiro sentido desta palavra. Ei-las:
a. Ascendendo de verso em verso.
b. Os Salmos eram cantados na subida dos 15 degraus que levavam até ao pátio interior do Templo.
c. A opinião mais aceita é a de que se trata de Salmos cantados pelos israelitas quando vinham de
diversos lugares às festas em Jerusalém e, em especial, quando voltavam do cativeiro. São apelidos
Cânticos do Peregrino.
2. Higaiom — Significa meditação e convidam o leitor a esta prática de reflexão. São os Salmos 9:16;
19:14; 92:3.
3. Masquil — São Salmos Didáticos e a palavra usada nos títulos é Masquil. São também chamados
Engenhosos. No Salmo 45:53 o termo aparece e é traduzido por “Com Inteligência”.
4. Mictão — Salmo 16-55; 57. Não se sabe o significado exato desta palavra. Alguns sugestões são
feitas: Áreo (vem da palavra que significa Ouro), ministério, Um Poema Escrito. Inscrição, Cântico para
cobrir ou expiar pecados (Significado obscuro no siríaco).
5. Shîr — Significa Cântico. Aparece trinta vezes. Onze vezes esta associada a Mizmor.
6. Shiggaiom — Aparece no Salmo 7 e não se sabe o seu significado. Talvez Excitação ou Elegia (Hq 3:1).
7. Tephillah — Quer dizer oração.
8. Tehillah — Quer dizer “Louvor” (Sl 145).

INDICAÇÕES MUSICAIS — Usadas para indicar a melodia, o instrumento e orientação para o


coro.
1. Ajelé-has-saar (Sl 22), que quer dizer “O socorro da Manhã” ou o “Romper do Dia”.
2. Alamote (Sl 46) significa “donzelas”. Quer dizer que deve ser cantado com voz de soprano.
3. Al-tachete (Sl 57, 59, 75) significa “Não destruas”. Esses três salmos deveriam se regular pela música de
um cântico começando com estas palavras (Is 65:8). Talvez fosse canção entoada por ocasião da vindima.
4. Ayyeleth hashachar, no título do Salmo 22 quer dizer “A Corça da Manhã”.
5. Al hashsheminith (Sl 6 e 12). Significa “Sobre a oitava”, que deve ser cantado em oitava.
6. Gittith. Aparece em três títulos e seu significado é discutido.
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7. Jonth elem rechokim. Salmo 56, “A Pomba dos terebintos distantes”.
8. Negiote (Sl 4, 6, 56, 60 e 76) significa “instrumentos de cordas”. Quer dizer que o Salmo deve ser
cantado com acompanhamento de instrumentos de corda.
9. Neiote (Sl 5). Quer dizer “Instrumentos de sopro”. O Salmo deve ser cantado com acompanhamento
de instrumento de sopro.
10. Selah. É talvez a palavra de que mais se tem ouvido perguntar pelo significado. É empregada 71
vezes nos Salmos e três vezes pelo profeta Habacuque. Há algumas conjeturas, mas não se tem uma
resposta final. Algumas opiniões são: a) Uma elevação igual a forte na música; b) “Louvai a Yahweh”; c)
Uma pausa na música; um descanso vocal com interlúdio instrumental.
11. Seminite (Sl 6 e 12) significa “O oitavo”. Pode ser: a) Uma oitava abaixo; b) Cantando em partes; c)
Instrumento de oito cordas. A primeira interpretação é a mais aceita.
12. Susã. O plural é Sosanin. Salmos 45 e 69. Significa “Lírio” ou “Lírios”. Um cântico suave ou um
instrumento em forma de lírio.
13. Lamnatseach. Aparece no título de 55 Salmos e em Habacuque 3:19. Na Vulgata aparece “in finen”.
Em português: “Para o Cantor Mor” (segundo a versão de Almeida Revista e Corrigida da Imprensa
Bíblica Brasileira) e “Para o Cantor Mor” (Versão Revista e Atualizada da Sociedade Bíblica do Brasil).

CLASSIFICAÇÃO — Várias classificações dos Salmos têm sido propostas. Não é possível uma
classificação rigorosa por causa da variedade dos assuntos. A divisão em cinco livros parece ter sido a
opinião dos Hebreus. Cada um deles determina com uma doxologia; usaremos a classificação de E.
Bickerteh, p. 166 (O aluno que se interessar deve ver detalhes nesse livro e em outros).
1. Salmos Didáticos;
2. Salmos de louvor e adoração;
3. Salmos de ação de graças;
4. Salmos de devoção;
5. Salmos proféticos;
6. Salmos históricos.

ESBOÇO — Apesar da classificação acima, os hebreus o dividiam em cinco livros como se segue:
1. Livro I : Salmos 1-41.
2. Livro II : Salmos 42-72.
3. Livro III : Salmos 73-89.
4. Livro IV : Salmos 90-106.
5. Livro V : Salmos 107-150.
Crê-se que essa divisão foi feita para se assemelhar ao Pentateuco, cada divisão correspondendo a
um livro de Moisés.

FUNDO HISTÓRICO — Discorrer sobre o fundo histórico do livro de Salmos seria falar sobre
toda a história do povo de Israel. Cada um dos 150 Salmos deve ser estudado no seu contexto histórico
próprio. Mostram o grande Moisés, o estabelecimento da monarquia israelita, passam pelas angústias do
reino dividido, entram pelo cativeiro e retornam à pátria judaica, depois vieram os três primeiros grandes
impérios que floresceram e caíram, exceto o medo persa. Cada Salmo deve ser estudado separadamente.

O VALOR DOS SALMOS — Os Salmos são um verdadeiro guia de adoração. Em muitos casos,
inclusive, o salmista convida ao louvor. A Bíblia é Deus falando aos homens, mas no meio dela, os Salmos
são o homem falando com Deus, louvando-O. Meditando neles provamos nossos sentimentos, motivos e
pensamentos. É um manual de louvor, adoração e oração. Os Salmos falam a linguagem do crente fiel.

ENSINOS IMPORTANTES — Mencionar todos os seus ensinos importantes seria utilizar espaço
por demais. Por isso nos ateremos a alguns:
1. Os Salmos nos ensinam sobre: o caráter e os atributos de Deus.
2. Os Salmos ensinam que o homem é depravado e pecador por natureza (Sl 51).
3. A apalavra de Deus é exaltada (Sl 119 e 19).
4. Dão-nos o conforto em aflições e nos ensinam a orar.
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MENSAGEM IMPORTANTE — A Mensagem pode ser tirada e posta em uma palavra: Louve!
ou em duas: Ore e louve. Nisso se resume a atividade e a comunhão do verdadeiro cristão (Sl 29:2).

OBSERVAÇÃO — As versões que seguem a Vulgata têm uma divisão diferente da que segue o
original Hebraico. Assim o Salmo 23 na versão Católica é de n.º 22. Isso acontece porque a LXX onde os
Salmos 9 e 10 são juntados formando um só. O 114 é unido ao 115 e têm o n.º 113. O 115 é dividido em
dois, como igualmente o de n.º 147. De qualquer forma, qualquer que seja a versão sempre há 150 Salmos.

PROVÉRBIOS

NOME — O nome é derivado da primeira palavra do título hebraico. O singular é Mashal. Esta
palavras significa comparação, medida, ilustração. Um provérbio típico é o que aparece em 10:1
como uma breve expressão silenciosa que contém sabedoria. A forma literária do Mashal
prevalece no livro. Esta forma especial é mistura do paralelismo poético com palavras compactas e
expressões hábeis. Duas declarações são colocadas em opção uma à outra em contraste, repetição ou
suplemento. Às vezes forma e aumenta para permitir expressões mais variadas, mas a cópia (nome que
se dá a dois versos que rimam) é a forma clássica. O plural, como aparece no original é Mishele, e o
nome Provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de Israel (1:1). Não é simplesmente uma Máxima, mas
Adágio ou Rifão. Na LXX o nome Paroimiae Salomontos (Provérbios ou Parábolas de Salomão) e a
Vulgata traz Liber Proverbiorum (O Livro dos Provérbios).

AUTORIA — Salomão é um dos três autores mencionados, e o mais importante. Os outros são Agur e
o Rei Lemuel, com as palavras que sua mãe lhe ensinou. Aparece ainda o que é chamado Palavras dos
sábios, uma parte de Provérbios de extensão considerável. Veja com respeito à autoria, os textos de 10:1;
22:17; 24:23; 25:1; 30:1 e 31:1. A maior parte do livro é obra do terceiro rei de Israel. Salomão é de fato
autor de 3.000 provérbios (1 Rs 4:32) dos quais muitos não então neste livro. Grande parte do livro
contudo, deve ser atribuída a Salomão, mesmo porque a expressão palavra dos sábios, não quer dizer que
seja da autoria dos sábios, mas que eles as seguiam, aprovavam e recomendavam. Agur e Lemuel não
podem ser identificados. Os últimos redatores mencionados no livro são os homens de Ezequias (25:1),
e não há indicação de uma redação posterior para a palavras de Agur (Cap. 30) e as do Rei Lemuel (Cap.
31).

DATA — A data acompanha a autoria. Desde que a redação final do livro foi feita pelos homens
de Ezequias, a data é antes dos anos 700 a.C.
POSIÇÃO NO CÂNON — O Talmude dá a entender que havia dúvidas entre os rabinos a respeito
da canonicidade de Provérbios. No hebraico o livro de Provérbios vem depois de Salmos e antes de Jó. Mas
na LXX e Vulgata ele aparece na mesma posição que nossas versões em português: Jó, Salmos e
Provérbios.

MÉTODO E PROPÓSITO — O livro todo é uma coleção de Provérbios soltos. Às vezes há um


arranjo geral de acordo com o assunto. Nos capítulos 1 a 9 o contraste entre a sabedoria e a loucura
fornecem tópicos gerais. No capítulo 8, onde a sabedoria é personificada, há uma unidade completa.
Como regra, entretanto, a forma de Cópia do Mashal é usada e cada uma é semelhante a uma unidade
completa em si mesma, não tendo relação íntima entre uma e outra. Também extensas são as porções dos
capítulos 30 e 31. Deve-se lembrar que a palavra Mashal é traduzida tanto por “Próbio” como por
“Parábola” (Ez 17:2) ou “Rasgos Proféticos” (Nm 23:7; 24:3-23). O livro declara um propósito que
abrange toda a coleção. É encontrado em 1:1-6. Em uma palavra, este propósito é conhecer a sabedoria
(1:2); Receber a sabedoria (1:3) e oferecer sabedoria (1:4-6). No livro há ensinos para pessoas de todas as
classes sociais. Claro que o livro tem uma base religiosa muito grande, embora ele ensine muito sobre
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assuntos de moral. A moralidade no livro se baseia no espiritual. Por isso podemos também dizer que o
alvo do livro é a “Sabedoria Prática”, tendo o seu fundamento no caráter religioso. (Angus, p. 172).

PALAVRA CHAVE — Sabedoria.


VERSO CHAVE — O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do justo a
prudência. (Pv 9:10).

PLANO DO LIVRO
1. Exaltação da Sabedoria (Pv 1-9).
a. Título, Propósito e Tema (Pv 1:1-7).
b. Treze lições da Sabedoria (Pv 1:8-9:18).
2. Provérbios de Salomão (Pv 10:1-22:16).
3. As Palavras dos Sábios (Pv 22:17-24:22).
4. Outros Provérbios dos Sábios (Pv 24).
5. Outros Provérbios de Salomão (Pv 25-29).
6. As palavras de Agur (Pv 30).
7. As palavras do Rei Lemuel (Pv 31:1-9).
8. O louvor da Mulher Virtuosa (Pv 31:10-31).

ENSINOS PRINCIPAIS — 1) A verdadeira sabedoria começa no temor do Senhor; 2) A sabedoria


que é o alvo principal; 3) O insensato, o escarnecedor e o preguiçoso são relacionados com suas atitudes e
pensamentos errados por falta de temor do Senhor.

MENSAGEM — A mensagem de Deus neste livro é para que aceitemos a sabedoria. Ele insiste para
que clamemos por ela. A sabedoria está à nossa disposição (Tg 1:5). Cristo é A Sabedoria de Deus (1 Co
1:30). Dele devemos nos apropriar.

ECLESIASTES
NOME — Qoheleth é a palavra hebraica que dá nome a este livro e significa pregador. Vem de outra
que tem o significado de assembléia. Qoheleth é um princípio ativo qal. É também feminino singular.
Isso se explica por se tratar de um título e não de uma pessoa. Na Septuaginta o nome é ekklesiastes, de
onde passou para o Português: Eclesiastes. Concionator foi a tradução que lhe deu Jerônimo. Esta
palavra significa “aquele que reúne uma assembléia”. O nome em Português não é tradução, mas
transliteração: Eclesiastes. A tradução é pregador.
POSIÇÃO NO CÂNON — Eclesiastes é o quarto dos cinco Megilloth. Vem depois de Rute e antes
de Ester. Em nossas versões esta logo depois de Provérbios e antes de Cantares de Salomão.

AUTORIA E DATA — Angus coloca questão de data e autoria em aberto. Young toma a posição da
crítica moderna, não aceita a autoria de Salomão, apresenta alguns argumentos que o estudante fará bem
em considerar. Mas a tradição cristã tem atribuído a autoria de Eclesiastes a Salomão. De acordo com
esta idéia o livro apresenta e expressa as conclusões do grande rei de Israel, depois do seu afastamento de
Yahweh e a volta em arrependimento. Que teriam muitos vindo a ele para ouvi-lo, e daí o ser chamado
pregador. A data seria então a de 975 a 950 a.C. A favor desta preposição há os seguintes argumentos:
1. Eclesiastes 1:1 — Ele era filho de Davi e foi de Jerusalém. O argumento de Alguém que diz que
Salomão não usaria um termo tão estranho para si mesmo (pregador) não procede. Ele o faz exatamente
como Davi se designa “mavioso Salmista de Israel”. Também Balaão chamou-se “o homem dos olhos
abertos”. (Nm 24:24:15). Não são expressões estranhas.
2. Eclesiastes 1:16 — Quem senão Salomão, sobrepujou os outros que vieram antes dele em Jerusalém?
E aqui não faz referência específica a reis. Quem foi o maior rei de Israel em sabedoria e glória?
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3. Eclesiastes 2:8 — Não foi Salomão que teve 700 mulheres e 300 concubinas? E não foi ele que teve o
melhor da arte, da música e do artesanato? Veja também o v. 4 (cf. 1 Reis 7).
Após experimentar tudo o que o mundo oferece de melhor o sábio chega a uma conclusão séria:
De tudo que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os Seus mandamentos (...). (Ec 12:13).

MÉTODO E PROPÓSITO — A mensagem de Eclesiastes desenvolve-se como um todo. O


autor relata experiências próprias, como para alertar o leitor, contra elas. O livro descreve experiências
erradas, não para serem imitadas. Eclesiastes deve ser interpretado à luz da conclusão do capítulo
12:13. O autor tem a intenção de mostrar a inutilidade do que se faz debaixo do sol, como um fim em si
mesmo. Apresenta então, sua primeira tese: Tudo é vaidade. Esta palavra, literalmente significa vapor
ou brisa. É como correr atrás do vento. Quer dizer, não realiza nada, é infrutífero, declaração de que
tudo é vaidade é iluminada por 3:1, com a expressão debaixo do sol, indicando que as coisas
chamadas inteiramente vãs pertencem à vida eterna, dissociada de Deus. A volta do Espírito a Deus, e
encontro do homem com seu criador na morte (12:7), não faz parte da ordem de coisas desde mundo.
Aquela volta é a esperança da qual o autor mostra-nos que em face da mesma fé tudo é vaidade. Suas
admoestações são como placas de sinalização para nos levar ao temor de Yahweh na experiência de
Qoheleth está demostrado que as artes, a ciência, a filosofia, a riqueza, a literatura, bem como a
sabedoria, à parte da piedade, não tem valor eterno, permanente. Tudo traz decepções, no final o homem
está como a correr atrás do vento. Por isso o homem deve considerar tudo e compreender que de tudo o
que tem ouvido a suma é: teme a Deus e guarda os seus mandamentos.

PALAVRA CHAVE — Teme a Deus. Ao contrário de quase todos os livros pesquisados que
dão como frase chave a expressão “vaidade de vaidades”. Oferecemos esta acima. Ela é a suma dos
ensinos do livro e de toda a Sabedoria.

VERSO CHAVE — De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus, e guarda os seus
mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. (Ec 12:13).

PLANO DO LIVRO
I. Prólogo e proposição (Ec 1:1-3). O autor é apresentado. Faz sua preposição de que tudo é vaidade
e pergunta se vale a pena viver debaixo do sol.
II. O problema da vaidade proposto em detalhes (Ec 1:4-18).
1. A mesmice (Ec 1:4-11).
2. O propósito do pregador revelado na sua intenção (v. 13) e experiência (vv. 12-18).
III. Conclusões a que chegou Qoheleth pela experiência (Ec 2:1-26).
1. Pelas possessões e arte (2:1-11).
2. Pela sabedoria (Ec 2:12-17).
3. Pelo trabalho (Ec 2:18-26).
IV. Conclusões de Qoheleth pela observação (Ec 3:1-6:12).
1. Tempo para tudo (Ec 3:1-8).
2. Deus dá ao homem coisas agradáveis (Ec 3:9-15).
3. Até a vida na terra é vaidade (Ec 3:16-22).
4. A vaidade das opressões (Ec 4:1-16).
5. O que o homem deve fazer é temer a Deus (Ec 5:1-7).
6. A riqueza é vaidade (Ec 5:8-6:12).
V. Fala a Sabedoria (Ec 7:1-12:8).
1. Conselhos práticos para a vida (Ec 7:1-29).
2. O homem não tem solução nem resposta para os paradoxos da vida (Ec 8:1-17).
3. O homem deve fazer e gozar o melhor – o que Deus lhe dá (Ec 9:1-10).
4. A diferença da sabedoria e da loucura. Exemplos (Ec 9:11-10:20).
5. Considerações práticas (Ec 11:1-12:3).
a. As previdências práticas (Ec 11:1-18).
b. Conselhos ao jovens (Ec 11:9-12:8).
VI. Conclusão (Ec 12:9-14). O homem deve temer a Deus.

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ENSINOS PRINCIPAIS
1. O livro ensina que, apesar da vaidade das coisas terrenas, o homem não vive debaixo do sol sem
algumas delas: comer, beber etc. Outras são dons de Deus, como a esposa prudente; outras são
obrigações, como o trabalho. E outras ele pode escolher como as ciências e as letras.
2. Destaquemos um versículo que fala ao nosso coração em todo o tempo sejam alvas as tuas vestes e
nunca falte o óleo sobre a tua cabeça. (Ec 9:8).
3. Tudo que é feito à parte da piedade é vaidade, até mesmo a religião que só atende ao homem aqui e
agora.
4. A suma de toda a sabedoria é o temor de Deus e a guarda dos Seus mandamentos.

MENSAGEM — Deixemos o livro falar por si mesmo: Tu porém teme a Deus (Ec 5:7b). De tudo o
que se tem ouvido a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos, é o dever de todo homem. (Ec
12:13).

CÂNTICO DOS CÂNTICOS


NOME — O nome em hebraico é “Cântico dos Cânticos” (Shir Hashshirim), tirado do primeiro
versículo. O primeiro verso, no hebraico é o próprio título, e acrescenta: “que é de Salomão”. O nome
todo então fica sendo: “Cântico dos Cânticos que é de Salomão”. O nome “cantares” vem da versão
latina, da Vulgata, pois assim traduz a primeira palavra. Em Português o nome Cantares de Salomão.

AUTORIA — Muitas opiniões têm sido dadas sobre a autoria deste livro, como por exemplo: 1) Um
autor do reino do Norte, logo após Salomão; 2) Um autor do exílio; 3) Salomão.
Os argumentos contra a autoria salomônica são principalmente baseados na linguagem. Sampey
diz: “Sabemos que o livro é a respeito de Salomão, mas não é ele o autor”. No entanto, a tradição, desde o
tempo dos hebreus, atribui a autoria a Salomão. O pensamento tradicional (autoria de Salomão) é
favorecido por alguns teólogos, como Ewald que acha que as expressões que aparecem no livro que não
são característicos da literatura hebraica facilmente se explica pelo contato de Israel com outros povos no
tempo de Salomão. O Deão Farrar enumera alguns pontos de contato entre este e outros livros de
Salomão: “O conhecimento dos artigos do comércio externo: a alusão aos carros de Faraó, que estavam
na Palestina (Ct 1:9); a menção que se faz à torre de Davi, onde ainda pendiam mil escudos (4:4); a
referência a Esbom (7:4) que em Isaías 15:4 pertence a Moabe e não a Israel; a alusão a Tirza (6:4), bela
estância semelhante a Jerusalém, sendo certo que Tirza deixou de ser a capital do Norte depois do reinado
de Onri”. (História, doutrina e interpretação da Bíblia, p. 178). Não há pois razão, para tirar a autoria de
Salomão. E, embora o título possa traduzir-se por “de Salomão” ou “para Salomão” ou a “respeito de
Salomão”, há razão forte para crer que foi mesmo Salomão quem o escreveu, pois desse rei se diz que
escreveu 1005 cânticos, destes o melhor é o Cantares.

DATA — A data, em decorrência da autoria de Salomão é a do terceiro rei de Israel.


CANONIDADE — Cântico dos Cânticos talvez seja um dos livros mais mal compreendidos. Muitos
tentam negar-lhe lugar nas Escrituras. Os judeus, entretanto, o consideravam canônico sem nenhuma
dúvida. Homens santos como Jonathan Edwaards se deleitavam nos seu ensinos. Os judeus o cantavam
no oitavo dia da Páscoa. É um livro poético. Embora não seja citado no NT, acha-se citado no Talmude
como livro canônico, a LXX assim o traduziu e os catálogos antigos não o excluem. Entre os antigos que
reconheciam sua canonicidade, estão: Melito Orígenes, Jerônimo, Teodoro de Chipre.
O livro de Cântico dos Cânticos é ético e didático. Ensina a respeito da pureza do amor conjugal.
Se não pode alguém ver mais algo de Cântico e inspirado é porque não olhou o ponto de vista de Deus e
da harmonia com o restante das Escrituras. Não se sabe porque o livro foi escrito, mas tem-se pensado
que foi para celebrar o casamento de Salomão. O poema é a glorificação do amor conjugal e serve como
alegoria do amor de Cristo e da Igreja. Diz com muita propriedade O. S. Boyer em sua Pequena

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Enciclopédia da Bíblia: “Que o amor do Esposo Divino se harmoniza em todas as analogias das relações
conjugais, parece maus somente aos acetas que consideram o próprio matrimônio perverso”. (p. 149).

MÉTODO E PROPÓSITO — Há três opiniões mais relevantes sobre o tema e propósito do livro:
1. Uma canção de Amor, literalmente. Como tal, o poema se propõe a louvar a fidelidade do amor do
marido para com a esposa.
2. Como tipologia, usado para descrever o amor de Yahweh para com Israel ou de Cristo para com a
Igreja. Nesta interpretação Salomão e sua noiva são “tipos”. São aceitos como oradores, mas
considerados como representantes típicos do Messias e seu povo.
3. Como uma alegoria, descrevendo o amor de Yahweh para com sua Nação, Israel, ou de Cristo, para
com a Igreja. Aí nega-se qualquer fundo histórico. A composição seria então produto da imaginação,
descrevendo por ficção gramática, o fervor da fé religiosa.
Fosse ou não essa a intenção do autor, o certo é que o livro pode ser considerado alegoria ou tipo.
O método é o da poesia lírica, como descrições vivas de atrativos físicos, espirito dramático, usados como
superlativos de canção de amor, que tomam sempre parte nestas festas de casamento nas terras bíblicas.
O propósito desenrola-se, primeiro, num elevado plano ético e didático, mostrando que o amor entre o
casal deve ser de fidelidade, e que isso é digno de um lugar nas Escrituras. A Sulamita é a noiva de
Salomão, que finalmente se casa com ele.
Alguns sugerem uma outra interpretação como a de uma jovem camponesa que é trazida por
Salomão para o harém, mas que não se dobra aos galanteios reais, preferindo ficar fiel ao seu amado
ausente com quem acaba se casando. A fidelidade é expressa nesta frase: As muitas águas não poderiam
apagar o amor, nem os rios afoga-lo. Ainda que alguém desse todos os bens de sua casa pelo amor seria de
todo desprezado. (8:7).
Muitos judeus e cristãos têm tirado lições espirituais deste poema, interpretando-o como alegoria ou
tipo. A falta de uma indicação de que o autor queria fazer uma alegoria não é argumento suficiente para dar
ao poema apenas um estilo literal. Nem tão pouco a ausência de detalhes em outras partes das Escrituras
que falam do amor de Cristo para com a Igreja, é razão para não interpretar o livro como alegoria ou tipo.

POSIÇÃO NO CÂNON — O livro de Cantares é um dos cinco Megiloth. No cânon sagrado se


encontra depois de Eclesiastes e antes de Isaías.

PALAVRA CHAVE — Amado.


VERSÍCULO CHAVE — Eu sou do meu amado e ele é meu; ele pastoreia entre os lírios. (Ct 6:3).
PERSONAGENS DO POEMA — Seja qual a razão para a composição, no poema aparecem os
seguintes personagens:
1. Salomão, nome que significa Pacífico, serve como tipo do Príncipe da Paz;
2. Sulamita, o feminino do nome de Salomão. Significa “Pretendente da Paz”. Pensa-se ultimamente que
este nome eqüivale a Sunamita e que se refere a Abisague, que foi pretendida inutilmente por Adonias,
irmão de Salomão. Suném a sua cidade, estava junto do sopé do Pequeno Hermom.
3. Um coro de virgens, chamadas de filhas de Jerusalém.
4. Dois irmãos da Sulamita, que aparecem mais para o fim do poema.

PLANO DO LIVRO — Os dramas orientais, do povo hebreu, não continham divisões em cenas. A
mudança deve ser vista pelo uso dos pronomes masculino e feminino na terceira pessoa. O que ajuda
também na compreensão das divisões e o sentido de cada cena. Outras divisões podem ser feitas, mas
usaremos esta:
Cena 1 - Nos jardins de Salomão (Ct 1:1-2:7). Louvores Mútuos. O amor da esposa pelo esposo.
Cena 2 - A Sulamita só busca o esposo (Ct 2:8-3:5). Vai crescendo o amor. Em linguagem
impressionante louva o amado.
Cena 3 - As núpcias reais (Ct 3:6-5:1). Os habitantes de Jerusalém se aproximam e descrevem a
aproximação do esposo e da esposa.
Cena 4 - A amada no palácio (Ct 5:2-6:9). A esposa conta o sonho de devoção mútua.
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Cena 5 - A beleza do amor (Ct 8:5-14).

ENSINOS — O livro de Cântico dos Cânticos nos ensina sobre a pureza do relacionamento entre
Cristo e a Igreja.

MENSAGEM — A mensagem fica por conta de Efésios 5:22-23. Leia e faça uma aplicação.

ISAÍAS

NOME — O nome Isaías vem do autor do livro que, em hebraico, é Yesha’yah e significa “Salvação
de Yahweh” ou “Yahweh é Salvação”. O nome na LXX é Hesaías e na Vulgata é Isaías ou Esaías.

AUTORIA — O autor é o próprio Isaías, filho de Amós que não deve ser confundido com o profeta
Amós. Os estudiosos modernos discutem largamente a autoria de Isaías. Alguns consideram a segunda
parte do livro como sendo de um autor posterior ao desterro babilônico. Estes dividem o livro em 1º
Isaías (1 – 40) e 2º Isaías (41 – 60). Entretanto, não há razão para duvidar que Isaías é o autor. A segunda
parte que os críticos chamam de 2º Isaías é também chamado, Dêutero. Desde 1750 d.C., a crítica tem
atacado o livro, mas ele é visto pela tradição judaica e Cristã como uma unidade, “a última parte”, dizem
os críticos, “só poderia ser escrita por um profeta do cativeiro Babilônico”. O principal obstáculo que
encontram é o nome de Ciro, que aparece dois séculos antes de este rei surgir no cenário histórico. O
Novo Testamento refere-se ao livro como um todo. No Evangelho de João 12:38-41 é citado Isaías 53:6. O
livro tem também evidências internas: a expressão “o santo de Israel”, é usada 25 vezes no livro de Isaías e
apenas 6 vezes no restante do Velho Testamento, uma delas está em 2ª Reis 19, que é idêntico a Isaías 37.

DATA — Isaías profetizou no tempo dos reis: Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias. A morte de Uzias em 740
a.C. por ocasião da chamada do profeta, a queda de Israel (Norte) em 722 a.C. e a morte de Ezequias em
686 a.C., leva-nos a crer que o ministério do profeta foi de cerca de 40 anos. Essa é a data do livro.

ISAÍAS, O PRÍNCIPE DOS PROFETAS — A tradição judaica diz que ele era descendente
dos reis de Judá, sendo primo de Uzias, neto de Joás e irmão de Amazias. O que se sabe com certeza é
que morava em Jerusalém, era casado e tinha pelo menos dois filhos. Sua esposa era chamada de “a
profetiza” (Is 8:32) e seus filhos tinham nomes simbólicos. RÁPIDO-DESPOJO-PRESA-SEGURA
indicava que as cidades de Damasco e Samaria seriam levadas cativas (Is 8:1-3, 18); UM-RESTO-
VOLVERÁ, afirmava que quem fosse para o cativeiro dele voltaria (Is 7:3). Teve uma chamada
magnífica no ano da morte do rei Uzias, respondendo ao apelo de Yahweh, dizendo: Eis-me aqui e envia-
me a mim. (Is 6:8). Amós, Oséias e Miquéias foram seus contemporâneos. Há uma referência à morte de
Isaías que, segundo a tradição, foi cerrado ao meio no reinado de Manassés (Hb 11:37). Morreu aos 120
anos.

FUNDO HISTÓRICO — No período que Isaías viveu havia muita corrupção. No reinado do Norte,
o rei Jeú, que combatera os ídolos e o culto a Baal, não conseguiu se livrar da idolatria. Antes de Isaías
surgir, o rei do Norte era Jeroboão II. Houve 41 anos de prosperidade, o Egito começava a cair como
potência mundial; a Assíria atacou e conquistou Israel e invadiu Judá, Através da oração de Isaías e de
Ezequias, Deus enviou um anjo que destruiu o exercito assírio. Judá foi governado por bons e maus reis.
Uzias era um bom rei, mas seu filho, Acaz, não seguiu seu exemplo e introduziu práticas pagãs. Em
várias épocas Judá procurou fazer aliança com a Assíria e o Egito para livrar-se de um ou de outro.
Assim, Israel (Norte) se aliou à Síria. Isaías denunciou estas ações e chamou o povo a Deus. Apesar do
declínio espiritual nos dias de Ezequias, amigo particular amigo de Isaías, houve um avivamento.

TEMA — Duas palavras caracterizam o livro e fazem dele uma unidade: “Santo” (Santo de Israel) e
“salvação”. O tema do livro é extraído do próprio nome do autor “Salvação de Yahweh”. As profecias de
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Isaías predizem o cativeiro babilônico, a libertação de Ciro e o livramento através do Emanuel que levaria a
salvação aos confins da terra. Porém, não pára por aí, conclui com a predição de novos céus e nova terra.

PALAVRA CHAVE — Salvação.


VERSÍCULO CHAVE — Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas
iniqüidades; o castigo que nos trás a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. (Is 53:5).
ESBOÇO DO LIVRO — As profecias de Isaías podem ser divididas em duas partes: O julgamento
(Is 1 a 39) e o conforto (Is 40 a 66). A primeira parte divide-se em duas: Profecias de juízo (Is 1 a 35);
Interlúdio histórico (Is 36 a 39). A segunda parte trata da libertação e da redenção pelo sofrimento e
sacrifício (Is 40-57) e o triunfo do reino e domínio universal de Jeová (Is 58-66).

ENSINOS IMPORTANTES — Isaías 53 é o principal capítulo, por causa da ênfase que o livro dá
à Salvação, por isso, alguns o têm chamado de “o quinto Evangelho”. O grande ensino é que Yahweh
salva. Ele salva Seu povo do cativeiro, primeiro através de Ciro, mas a Sua grande salvação vem através
do Seu servo sofredor, aquele que nasce de uma virgem (Is 7:14). Esse servo desprezado seria depois
exaltado e salvaria Israel, restaurando-o completamente. A salvação de que fala Isaías, porém, não se
limita ao povo de Israel, alcança também aos gentios.

MENSAGEM — A salvação é o assunto que ocupa a mente e o coração de Isaías, também o conceito
de que Yahweh é Santo. Este conceito torna-se uma experiência marcante em nossa vida e pode nos fazer
aptos para proclamar a salvação do Senhor, como foi com Isaías.

POSIÇÃO DO CÂNON — Isaías, o primeiro dos grandes profetas, vem depois de Eclesiastes e
antes de Jeremias.

JEREMIAS

NOME — O nome “Jeremias” é dado ao livro por causa do seu autor que, em hebraico significa
“Yahweh encontra” ou “Yahweh estabelece” ou “Yahweh é exaltado”. Isto se explica pelo fato que
Yahweh estabeleceu Jeremias para cumprir Sua palavra em face a terrível oposição (Jr 1:10, 12, 19).
AUTORIA — O autor é Jeremias, o profeta. No próprio livro há citações onde Yahweh manda que
Jeremias escreva num rolo (Jr 36:1-2). O método que Jeremias usou para escrever suas profecias foi ditar
a Baruque, seu escriba e companheiro (Jr 36:40), que as lia no templo para o povo (Jr 36:8), isto porque o
profeta estava impedido de faze-lo. O rolo com as profecias de Jeremias foi lançado no fogo por Jeoaquim,
mas o Senhor mandou que o profeta escrevesse as mesmas palavras novamente e acrescentasse outras (Jr
36:9-32). Portanto, o autor é Jeremias e Baruque apenas o escrivão (Jr 51:64). O capítulo 52 forma um
apêndice histórico e corresponde à 2ª Reis 24:25 que, certamente, foi adicionado por orientação de
Jeremias.

DATA — Deduz-se que o ministério de Jeremias começou em 625 a.C., no 13º ano de Josias (Jr 1:2)
estendendo-se até algum tempo depois da destruição de Jerusalém, cerca de 586 a.C. (Jr 43: 1-2). O final
do seu ministério foi entre os exilados no Egito. Para onde foi levado pelos judeus contra sua vontade.

POSIÇÃO NO CÂNON — Jeremias, o segundo dos profetas maiores, está colocado entre Isaías e
Ezequiel. É considerado um grande profeta tanto pelo judeus como na divisão moderna do Velho
Testamento.

PROPÓSITO — O propósito das profecias de Jeremias é evidente em sua chamada: anunciar a


destruição e a reconstrução. A destruição viria através do Renovo justo (Jr 31:33). Jeremias
profetizou também um novo coração para Israel, o que o tornará fiel a Yahweh (Jr 24:7).
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O HOMEM JEREMIAS — Chamado de “profeta chorão” ou “profeta das lágrimas”, começou seu
ministério ainda muito Jovem. Recebeu de Yahweh a convicção de que havia sido escolhido antes de seu
nascimento. Ainda sob impressão de sua chamada, teve duas visões: A da amendoeira e a do caldeirão
fervendo. Quando chamado por Deus se desculpou por ser jovem. Era filho de Hilquias, um sacerdote de
Anatote, na terra de Bejamim. Era portanto da linhagem de Arão. Começou a profetizar cerca de 70 anos
depois da morte de Isaías. Sofreu perseguição de seus contemporâneos e até de sua própria família em
Anatote. Mudou-se então para Jerusalém onde seu ministério foi ampliado profetizando nas cidades de
Judá. Ao todo seu ministério durou mais de 40 anos. Era grande amigo do rei Josias, sobre o qual compôs
uma lamentação; ajudou-o na reforma e, durante seu reinado, profetizou livremente. Porém, contou com
grande oposição dos reis que sucederam Josias. Enfrentou falsos profetas no tempo de Zedequias. Foi
acusado de traidor, porque aconselhou os judeus a se entregarem aos babilônios, sendo preso e
permanecendo assim até que a cidade foi tomada. Viveu uma vida solitária. Foi proibido por Deus de ir a
festas e enterros. Não se casou. Seus contemporâneos foram os profetas Sofonias, Habacuque, Ezequiel e
Daniel. Jeremias tinha um temperamento sentimental e humilde. Lamentava o pecado do povo em oculto e
chegou a amaldiçoar o dia do seu nascimento. É poeta por natureza e isso se revela especialmente em suas
Lamentações de Jeremias.

MÉTODO — Ele transmitia suas profecias oralmente e depois ditava-as a Baruque que as lia para o
povo. O estilo literário é simples: primeiro uma ilustração e depois a aplicação. A ordem das mensagens
não é cronológica.

FUNDO HISTÓRICO — Três grandes impérios formavam o fundo histórico no panorama mundial
do tempo de Jeremias: O Egito, um império em conflito com a Assíria e a Babilônia. A Assíria estava
caindo e a Babilônia se levantava como grande potência. Jeremias foi chamado no ano 626 a.C., quando a
Assíria era ainda a dominadora. Judá mesmo estava sujeita a ela, pagando tributo. Após a morte de
Assurbanipal, em 633 a.C., a nação Assíria foi se enfraquecendo até que, em 612 a.C., Nínive foi
destruída. Pensando em se assenhorear do domínio assírio, Neco, rei do Egito, subiu para a guerra. De
passagem matou Josias em Megido e sujeitou Judá, em 609 a.C. Subordinou também a Síria e subiu
contra a Assíria, sendo barrado por Nabucodonosor. Houve a famosa batalha de Carquemis quando o
exército de Neco foi obrigado a voltar ao Egito, assim Judá passou ao domínio babilônico. Morto Josias,
Jeoacaz foi feito rei, mas Neco o substituiu por seu irmão Joaquim que aliou-se ao Egito, não servindo a
Babilônia. Sua atitude foi entendida como rebelião. Por isso, Nabucodonosor veio em 596 a.C. e tirou
Jeoaquim do trono, pondo Zedequias em seu lugar. Neco, não podendo enfrentar a Babilônia sozinho,
procurou auxílio. Seu sucessor, Psomastic II, continuou na prática de Neco. Zedequias foi assediado e
contava com o apoio do partido pró-egípcio e do falso profeta Ananias. Jeremias, por conselho do
Senhor, profetizou contra a aliança com o Egito, para os quais Jeremias era visto como um traidor.
Chamado a se entrevistar com Nabucodonosor, Zedequias fez juramento de fidelidade. Mas, voltando à
Judá, não resistiu aos pró-egípcio. Hofra se tornou faraó em 589 e, com isso, o partido que era pelos
egípcios teve maior influência. Então, Nabucodonosor pôs cerco formal em Jerusalém e Hofra veio em
socorro da cidade. O rei babilônico levantou temporariamente o cerco para lutar contra o Egito. Venceu-
o e voltou para decidir definitivamente a sorte da cidade. Por ter sido fiel ao Egito e se rebelado contra a
Babilônia, Zedequias foi levado à Ribla, onde viu morrerem seus filhos à espada e depois teve seus olhos
vazados. Mais tarde, o profeta Jeremias foi levado ao Egito, contra a sua vontade. Posteriormente a
Babilônia tomou também o Egito e se tornou a senhora do mundo.

PALAVRA CHAVE — Avisos.


VERSO CHAVE — Dir-lhe-ás: Esta é a nação que não atende à voz do Senhor seu Deus e não
aceita a disciplina; já pereceu, a verdade foi eliminada de sua boca. (Jr 7:28).

ESTRUTURA DO LIVRO — É difícil dividir satisfatoriamente o livro de Jeremias. pois os


assuntos estão muito misturados. O Novo Comentário da Bíblia dá uma divisão em duas partes: A
primeira uma parte mais profética (1-25) e o restante uma parte histórica. A divisão que apresento é de
acordo com a época em que foram proferidas as mensagens, tomando os reis como base:

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1. Profecias no reinado de Josias (Jr 1 a 12).
2. Profecias no reinado de Jeoaquim (Jr 13 a 20, 25, 26, 35, 36).
3. No reinado de Zedequias (Jr 21 a 24; 27 a 34; 37 a 39).
4. Profecias durante o cativeiro babilônico (Jr 40 a 44).
5. Profecias contra as nações vizinhas de Israel (Jr 45 a 52).

ENSINOS IMPORTANTES
1. Jeremias tem ideologias políticas, mas fala a Palavra de Deus. Por isso, foi considerado traidor.
2. O tempo exato do cativeiro de Judá foi de 70 anos.
3. Jeremias chorou a sorte do povo, mas só a nação poderia evitar a catástrofe.

MENSAGEM — Jeremias é um pregador de castigos. Ele avisa o povo, que deve se arrepender. Em
Jeremias vemos a humanidade do profeta de Deus. A grande mensagem que tiramos do livro é a
identificação do profeta com o povo. Ele chora a sorte do povo. Lembramos aqui o que o Novo
Testamento diz: Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram. Uma outra grande
mensagem é a do arrependimento, se o povo tivesse arrependido não teria tido um fim tão trágico.

LAMENTAÇÕES

NOME — “Como” é o nome que o livro recebe e em hebraico é Echah. O nome Lamentações é dado
por causa do conteúdo do livro. A Vulgata o nomeia por “Threni, id est Lamentationes Jeremias
profhetae”. Daí vem o nome para o português: “Lamentações de Jeremias”.

POSIÇÃO NO CÂNON — Na LXX a posição é como na versão em português, isto é, logo após o
livro de Jeremias. Isso se deve ao uso do título, mais longo: Lamentações de Jeremias. No original
hebraico, o livro está entre os cinco Megil-loth (Rolos festivos), sendo o terceiro deles. Ainda hoje é lido
no mês de julho, em todas as Sinagogas do mundo, em memória á destruição de Jerusalém por
Nabucodonosor. No Talmude, os livros poéticos são colocados numa segunda ordem e parece indicar
uma cronologia: Rute, Salmos, Jó, Provérbios , Eclesiastes, Cantares de Salomão, Lamentações , Daniel,
Ester. A Igreja Católica Romana tomou o costume de ler este livro por ocasião da “semana santa”. Os
judeus cantam usando este livro às sextas-feiras, junto ao muro das lamentações em Jerusalém.

AUTORIA E DATA — Na Septuaginta o livro de Lamentações aparece com o seguinte prefácio: “E


aconteceu que depois que Israel foi levado para o cativeiro e Jerusalém ficou desolada, Jeremias
assentou-se chorando e lamentando com esta lamentação sobre Jerusalém, dizendo...” A Vulgata repete
as mesmas palavra e ainda acrescenta: “Com espírito amargoso e lamentoso”. A tradição judaica atribui
ao profeta Jeremias a autoria de Lamentações e nisso é seguido pela tradição cristã.
A respeito da autoria ainda há as seguintes considerações:
1. O autor foi testemunha ocular da calamidade que veio sobre Jerusalém (Lm 1:13-15; 26; 4:10).
2. As semelhanças de estilo e fraseologia são numerosas.
3. Tanto Jeremias como Lamentações esperavam retribuição às nações que se alegravam com a
queda da Cidade Santa.
Embora não haja no livro afirmação de que Jeremias é o autor, o melhor é aceitar as evidências
internas e a tradição de que o “Profeta Chorão” compôs as lamentações. A data em que o livro foi escrito
é colocada no tempo do exílio, logo depois da tomada de Jerusalém, em 587–586 a.C.

FUNDO HISTÓRICO — O fundo histórico é o mesmo de Jeremias. Depois de profetizar em


condições totalmente adversas, Jeremias vê, finalmente cumprirem-se as suas profecias. Ao cair a cidade
nas mãos de Nabucodonosor, o profeta é poupado e escreve suas lamentações, segundo uma tradição

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antiga que afirma que o profeta as escreveu junto ao monte Calvário. É de se notar que, tomada a cidade,
Jeremias escolheu ficar em Jerusalém e Nabucodonosor, consentiu com isso.

PROPÓSITO — O propósito de Lamentações, ao exprimir a tristeza do profeta pelo destino de sua


cidade, é demonstrar a tristeza de Yahweh pela situação e destino do povo que Ele mesmo disciplinava. O
livro apresenta a atitude do profeta diante da destruição da nação escolhida, ao mesmo tempo que pede
punição contra os seus algozes. A nação chegara a uma condição insuportável que havia enchido a medida
do cálice da ira de Yahweh. O livro deveria ensinar os judeus a “não desprezar o castigo de Yahweh”.

PALAVRAS CHAVES — Calamidade, assolação, destruição.


VERSÍCULOS CHAVES — Com lágrimas se consumiram os meus olhos, turbada está a minha,
o meu coração se derramou de angústia por causa da calamidade da filha do meu povo; pois desfalecem
os meninos e as crianças de peito pelas ruas da cidade. (Lm 2:11). Sobre nós vieram o temor e a cova, a
assolação e a ruína. Dos meus olhos se derramam torrentes de águas, por causa da destruição da filha
do meu povo. (Lm 3:47-48). As mãos das mulheres outrora compassivas cozeram seus próprios filhos;
estes lhes serviram de alimento na destruição da filha do meu povo. (Lm 4:10).

ESTRUTURA E PLANO DO LIVRO — Cada capítulo de Lamentações é um poema, sendo os


três primeiros na forma do qinah (canto, fúnebre). Os dois primeiros capítulos e o quarto são compostos
de 22 versículos cada, na forma de acróstico, usando as letras do alfabeto hebraico, em ordem alfabética.
O último capítulo tem 22 versículos, na forma de acróstico, mas não em forma alfabética.

ESBOÇO
1. Primeiro canto — Jerusalém, uma viúva chorando. A cidade é personificada especialmente
em Jr 1:11, 18.
2. Segundo poema — Jerusalém em ruína como uma viúva. A resposta da cidade (Lm 2).
3. Terceiro poema — A nação personificada como poeta, chora ante a Yahweh, o Juiz (Lm 2).
4. Quarto poema — O contraste entre Sião atual e o anterior. Era ouro fino, agora enegrecido (Lm 4).
5. Quinto poema — A nação recorda ao Senhor sua situação aflitiva, mas demostra esperança pelo
arrependimento.

ENSINOS IMPORTANTES
1. O livro de Lamentações mostra que o autor compreendeu o que havia acontecido. A cidade pecadora
fora julgada para ser purificada.
2. Apesar de saber que o julgamento era necessário, pediu misericórdia. Isso faz lembrar o Novo
Testamento: Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram.
3. Há quem interprete acróstico como a dizer que Israel pecou de álef a tau (de A a Z em nosso idioma).
4. O livro mostra ainda a razão porque não somos consumidos: As misericórdias do Senhor (Lm 3:22).

MENSAGEM — Como nos relacionamos com aqueles que estão sofrendo fome, guerra, doenças
etc.? Será que seríamos capazes de chorar com eles? Pensemos até mesmo em nossos irmãos que, às
vezes, estão sofrendo por causa do pecado ...

EZEQUIEL

NOME — O nome do livro é o mesmo do autor e principal personagem, que em hebraico significa
Deus fortalece ou Deus conforta.

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AUTORIA — Josefo fala de Ezequiel como autor de dois livros, talvez referindo-se às duas divisões
do livro de Ezequiel: 1 a 32; 33 a 48. Alguns defendem a idéia de que foi Ezequiel mesmo quem
escreveu, mas servindo-se, pelo menos em parte, de material já existente. O livro apresenta a unidade de
um só autor que é Ezequiel, pois quase todo é escrito na primeira pessoa do singular, deixando a forte
impressão de que é obra de uma só pessoa; além de mencionar datas e localidades. Enfim, não há razão
para duvidar que é Ezequiel seja de fato o autor do livro que traz o seu nome.

POSIÇÃO DO CÂNON — Ezequiel é o último dos grandes profetas e vem depois das
lamentações de Jeremias e antes de Daniel.

DATA — A data de Ezequiel é a mesma do cativeiro. Era o 5º ano do cativeiro, no capitulo 29:17 há
uma indicação que o ministério do profeta deve ter durado até o ano 27 do cativeiro, pelo menos.

MÉTODO — O método que Ezequiel usa para apresentar as profecias é variado: utiliza-se de
símbolos, ilustrações e linguagem apocalíptica usadas também por Daniel e por Zacarias, nesse mesmo
período (cativeiro e restauração).

PROPÓSITO — O livro mostra a conseqüência do pecado para Judá: o cativeiro. Chama a atenção
para o fato de que Deus destruiria a nação pecaminosa, mas conservaria um remanescente fiel. Assim,
revela a fidelidade de Yahweh ao seu plano eterno. No livro é enfatizado a responsabilidade pessoal
como um todo (a nação inteira). Os justos sofreriam as conseqüências dos pecados da nação, mas
individualmente, cada um receberia sua própria justiça ou culpa.

EZEQUIEL O HOMEM — Vejamos alguns dados sobre a vida do “pastor dos cativos em Babilônia”:
1. Estava entre os deportados para a Babilônia e residia em Tel-Abibe, às margens do rio Quebar
(Ez 1:1; 3:15).
2. Era filho do sacerdote Buzi (Ez 1:3).
3. Era casado e tinha sua própria casa (Ez 24:16-18). Sua esposa morreu no começo do cerco de
Jerusalém, ilustrando o destino do povo.
4. Como filho de sacerdote, ele também era um sacerdote e, portanto, era descendente de Arão (Ez 1:3).
5. Segundo a tradição judaica, profetizou contra um juiz e este, por isso, o matou.
AMBIENTE HISTÓRICO — O ambiente histórico do tempo de Ezequiel, estava assim constituído:
1. A Assíria havia entrado em colapso (612 a.C.) com a tomada de Nínive por Nabucodonosor ( 624-605
a.C.), auxiliado pelos Medos.
2. O Egito, sob o comando de Faraó Neco II, querendo tomar suas antigas províncias conquistadas pela
Assíria, luta contra os medos e babilônios (609 a.C.). Nessa época, o rei Josias morre, no vale de Megido.
3. Faraó é vencido pelas tropas de Nabucodonosor, filho de Nabopolassar, em Carquemis (606 A.C.).
4. Com a morte de Nabopolassar em 605 a.C., Nabucodonosor sobe ao trono. Ele derrota o Egito e
dirige-se à Palestina (606 a 605 a.C.).
5. Em 598 a.C., Nabucodonosor põe cerco formal a Jerusalém. Depois de três meses da morte de
Jeoaquim, seu sucessor, Jeconias, é levado para Babilônia com a aristocracia de Judá, juntamente com
Ezequiel e os vasos sagrados.
6. O monarca Babilônico põe Zedequias no trono de Jerusalém (598-586 a.C.). Este, rebelando-se, segue
Faraó Hofra. As tropas de Nabucodonosor retornam e tomam a cidade de Jerusalém em julho-agosto de
586 a.C. O templo é totalmente destruído, Zedequias é levado a Riba, onde Nabucodonosor tinha o seu
quartel general. Ali, diante de Zedequias, Nabucodonosor mata seus filhos e depois fura-lhe os olhos.
Neste ambiente, viveram e profetizaram Ezequiel, Jeremias e Daniel.

PALAVRAS CHAVES — Responsabilidade pessoal.


VERSO CHAVE — A alma que pecar, essa morrerá: o filho não levará a iniqüidade do pai nem o pai
a do filho; a justiça do justo ficará sobre ele e a perversidade do perverso cairá sobre este. (Ez 18:20).

ESBOÇO DO LIVRO — O livro de Ezequiel pode ser dividido em três partes bem distintas:
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I. Oráculos anteriores à destruição de Jerusalém — refere-se ao povo do Senhor (Ez 1:1 a 24:37).
1. A chamada de Ezequiel (Ez 1:1 - 3:21).
2. Profecias contra Judá (Ez 3:22 - 24:27).
a. Anúncio do castigo sobre a Cidade Santa — ações simbólicas e oráculos (Ez 3:22 – 7:25).
b. Visão da idolatria no templo. A glória de Yahweh abandona a cidade (Ez 8:1 – 11:25).
c. Vaticínio sobre o cativeiro do rei e do povo. Juízo contra os falsos profetas, contra os líderes do povo e
contra os pecadores em geral (Ez 12:1 – 23:40).
d. Epílogo: princípio do cerco de Jerusalém (Ez 24:1-27).
II Profecia de juízo contra as nações nos limites de Judá (Ez 25 a 32): Amom, Moabe, Edom, Filistia,
Tiro, Sidom e Egito.
III. Oráculos depois da destruição de Jerusalém, profecias sobre a restauração (Ez 33:1 a 48:35).
1. Preparação para a restauração (33:1-33).
2. Profecias de Restauração Teocrata (34:1–39:29) — reunião dos dispersos israelitas. Devastação de
Eom e renovação da terra de Israel. Repatriação do povo exilado e desaparecimento dos seus inimigos.
3. Descrição do novo reino de Israel (Ez 20:1–48:35) — o novo templo e a sua consagração; o novo
culto, a nova terra de Canaã, sua fertilidade e divisões.

ENSINOS IMPORTANTES
1. A glória do Senhor. Ela é demonstrada através da visão da “CARRUAGEM DE IAVÉ” sustentada
pelos querubins. Ela é tão excelente que quando o profeta a vê cai por terra como morto.
2. Filho do Homem. Esta expressão contrasta o profeta com a glória do Senhor Ele é o filho do
homem, isto é, um homem. Esta expressão ocorre 89 vezes no livro.
3. Responsabilidade. Ezequiel enfatiza a responsabilidade pessoal do pregador (atalaia) e do pecador.

MENSAGEM — Ezequiel introduz uma doutrina não muito desenvolvida no Velho


Testamento — a responsabilidade pessoal. Cada pessoa é responsável pelo seu pecado, por
sua própria vida e por evitar o mal. Na verdade, Ezequiel está dizendo que eu sou
responsável por mim mesmo. Hoje não é diferente.

DANIEL

NOME — Daniel, profeta-estadista, é o nome dado ao livro por ser ele o autor. Seu nome significa
“Deus é meu Juiz”.

DANIEL, O HOMEM — Daniel estava entre os deportados de Jerusalém para Babilônia por
Nabucodonosor. Era um jovem, cerca de 16 anos, bem relacionado com mais três membros da
aristocracia judaica (Sadraque, Mesaque e Abedenego) que, como ele, eram fiéis a Yahweh. Seu exílio
se deu oito anos anterior ao de Ezequiel. Levado para a Babilônia, foi colocado na corte tendo acesso aos
conhecimentos de seus senhores, tornando-se o mais entendido de todos os sábios. Foi estabelecido como
chefe de todos os sábios da Babilônia. A sua sabedoria, entretanto, não era natural, ela vinha de Yahweh.
Daniel tinha o Espírito de Deus, que lhe conferia entendimento e sabedoria para interpretar sonhos e
visões. Viveu no cativeiro enquanto este durou, setenta anos. Profetizou no tempo de Ciro, o presa. Foi
um profeta de grande consideração entre seus companheiros, mesmo por seu contemporâneo Ezequiel,
que o cita ao lado de Noé e Jó. Além de Ezequiel, seus contemporâneos foram: Daniel, Esdras e
Zorobabel — estes já no fim da vida do profeta.

AUTORIA — Embora alguns estudiosos afirmam que “os homens da Grande Sinagoga” escreveram o
livro de Daniel, a tradição judaica e cristã dá a autoria do livro ao próprio Daniel, pelas seguintes razões:
1. O Senhor Jesus citou Daniel (Mt 24:15; 9:27; 12:11). O testemunho de Cristo se baseia no próprio livro.
2. Daniel fala sempre na primeira pessoa (7:2,4,6; 12:5-10). Veja especialmente 12:4.

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A maior objeção a autoria do livro é feita por Porfírio, no Século III, mas não chega a incomodar.
Ou se aceita a profecia como profecia ou então não existe inspiração nenhuma no livro. O que ele
profetizou a respeito da Média e da Pérsia aconteceu tão realmente como irão acontecer as profecias
ainda não cumpridas. Portanto, não há dúvidas de que o autor seja o próprio Daniel.

DATA — Sendo Daniel o autor, a data deve ser colocada entre 607 e 478 a.C.
POSIÇÃO NO CÂNON — Hagiógrafos é o nome que se dá à seção onde os hebreus colocaram
Daniel. A razão para isso é que os judeus fazem diferença entre os que tinham o dom profético (Daniel)
e os que tinham o ofício profético (Ex.: Ezequiel). Estes eram chamados por Deus para conduzir o povo a
Ele, e tinham o ofício profético como ocupação. Isto não acontecia com Daniel, pois suas profecias eram
ocasionais. Daniel era um estadista com o dom de profético, era chamado de “profeta-estadista”.

FUNDO HISTÓRICO — Daniel viveu no tempo em que a Babilônia dominou Judá e levou
Jerusalém para o cativeiro. A Babilônia já havia destruído o poder assírio. Daniel viveu até o trono ser
transferido à Medo-Pérsa. Ele ainda serviu a reis persas. O interesse profético de Daniel é completamente
diferente de Ezequiel, seu contemporâneo em Babilônia. Enquanto Ezequiel fala aos israelitas, Daniel
muitas vezes atende ao desejo de conhecimento do futuro por parte de reis pagãos. Na visão da estátua, a
Babilônia era o segundo dos grandes impérios, a cabeça de ouro.

PROPÓSITO — O livro de Daniel ensina que Yahweh é soberano, pois domina sobre tudo, tanto
sobre os poderes terrenos quanto sobre os poderes extraterrenos. Ele muda os tempos e as estações,
estabelece e abate os reis. Daniel mostra a superioridade do Deus de Israel sobre os deuses pagãos e que,
apesar do povo ter sido levado para o cativeiro, Deus continua a velar por ele. Pelas profecias de Jeremias,
Daniel descobriu que o cativeiro iria durar setenta anos e que depois viria o livramento. Contudo, o
principal e o maior livramento viria através do Messias, que estabeleceria o Seu reino eterno, o qual jamais
terá fim.

PALAVRAS CHAVES — Deus é soberano.


VERSO CHAVE — Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada, e segundo a sua
vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão,
nem lhe dizer: Que fazes? (Dn 4:35).

CARACTERÍSTICAS
1. Uma parte do livro de Daniel foi escrito em aramaico. Não há explicações satisfatórias para o uso das
duas línguas. Mas, de qualquer modo, nota-se que o hebraico é usado nas visões que mostram o futuro de
Israel e do reino de Deus, enquanto que o aramaico é usado nos capítulos que tratam de visões a respeito
das outras nações.
2. Daniel conhecia as profecias de Jeremias. Através delas ele descobriu que a duração do cativeiro
Babilônico seria setenta anos.
3. Daniel é um livro selado até a época do final dos tempos; portanto, se estamos vivendo esta época, é
hora de aprofundar-nos nos mistérios descritos nele.

PLANO DO LIVRO — O livro de Daniel compõe-se de duas partes, sendo que a primeira metade é
histórica e a segunda é profética do tipo apocalíptico.
I. História de Daniel e de seus amigos na corte Babilônica (Dn 1 a 6).
1. Introdução — A deportação de Daniel e de seus três companheiros. Sua escolha para servir ao rei
Nabucodonosor. A graça de Deus os torna em tudo melhor que os outros jovens. Daniel na corte (Dn 1).
2. O sonho de Nabucodonosor sobre a estátua de quatro elementos. Daniel interpreta o sonho. Quatro
grandes impérios são representados na estátua. O império mundial do Messias (Dn 2).
3. Os companheiros de Daniel são lançados na fornalha de fogo ardente (Dn 3).
4. A loucura de Nabucodonosor (Dn 4).
5. Belsazar e a escritura na parede. Seu reino é transferido para os Medos-Persas (Dn 5).
6. Daniel é jogado na cova dos leões (Dn 6).
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II. Profecias apocalípticas (Dn 7 a 12).
1. A visão dos quatros animais representando os quatro grandes impérios mundiais (Dn 7).
2. A visão do bode e do carneiro — Média e Pérsia como um só império. A visão das tardes e manhãs (Dn
8).
3. A oração de Daniel pelos judeus e a profecia das Setenta Semanas (Dn 9).
4. A visão junto ao rio Tigre. Daniel é consolado (Dn 10). A visão serve de introdução às próximas
profecias (Dn 11 e 12).
5. Profecias a respeito dos reis do Norte e do Sul (Dn 11).
6. Visão do fim. O livro selado e a promessa feita a Daniel (Dn 12).

ENSINOS PRINCIPAIS
1. Deus é o Senhor da história. Ele comanda o universo em todos os sentidos.
2. O livro mostra o valor da decisão e da fé firmadas em Deus: ao recusar contaminar-se com as iguarias
do rei e em outras ocasiões, mesmo que isso custou a ele e aos seus companheiros serem lançados na
fornalha de fogo ardente.
3. Com Daniel aprendemos o valor da oração associada ao jejum e ao coração sincero. Daniel penetrou
no Céu com suas orações.
4. A idade não é empecilho para ser fiel. Daniel, ainda jovem, decidiu-se firmemente servir a Yahweh.
5. O livro mostra o quanto Deus é ilimitado. Por mais de uma vez a visão (sonho) vem primeiro a um
monarca pagão para depois ser interpretado por um servo de Yahweh (Daniel).

MENSAGEM — Desde que Deus é soberano e domina sobre tudo.


1. Devemos servi-Lo de todo o coração. Os próprios reis pagãos nos dias de Daniel fizeram este apelo.
2. Devemos confiar nele em tempos de tribulação. Mas, como os amigos de Daniel, devemos estar
dispostos a aceitar também um revés: Se Ele quiser livrar-nos seremos livres, se isso não ocorrer não
devemos deixar nossa fidelidade a Deus.

OSÉIAS

NOME — Em hebraico o nome do livro é Hoshe’a (salvação), o mesmo de seu autor. Em grego é
Osee e no latim é também Osee. Assim, passou para o português na forma Oséias.

POSIÇÃO NO CÂNON — Oséias é o primeiro dos chamados profetas menores. Segue após o
livro de Daniel, vindo antes de Joel no Cânon Sagrado.

AUTORIA — Há muitas evidências internas de que o livro é de autoria de Oséias, um profeta do


Norte (Israel). O fato de ele profetizar mencionando Judá não é argumento suficiente para lhe tirar a
autoria. Segundo Oséias, o reino do Norte é uma usurpação e, por isso, podemos compreender o fato de ele
datar suas profecias de acordo com os reis do Sul. Foi dos primeiros profetas a por sua profecia em forma
escrita.

DATA — A data é a mesma de Isaías. Oséias profetizou por um longo período: começou nos últimos
dias de Jeroboão II, um rei de Israel que não era reto diante de Deus, e terminou seu ministério nos dias
de Ezequias, um rei reto diante de Deus. A data do livro pode ser colocada em 722 por não mencionar a
queda de Samaria. Apesar da grande prosperidade do reino do Norte, o profeta vê a nação como adúltera.
Não faz alusão direta a situações políticas, de fato a prosperidade do reino do Norte não refletia uma
estabilidade nem uma fidelidade do povo à Deus.

PROPÓSITO — Oséias revela em suas profecias o quanto Israel era amado por Yahweh. A
expressão máxima do amor de Deus para com Israel é exemplificada pelo profeta ao amar uma mulher
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adúltera. Para ele Israel é uma esposa infiel e rebelde, a quem Deus está sempre buscando. Há um apelo
para o arrependimento e volta para Deus. Como isso não acontece, o povo deve passar pelo cativeiro para
ser purificado e abençoado. O tema é o “Amor redentor de Yahweh para com Israel”.

O HOMEM OSÉIAS — Oséias era um profeta do reino do Norte. Seu nome significa
“salvação, ajuda ou libertação”, sendo o primeiro significado o mais aceito. Foi o primeiro nome de
Josué antes de ter seu nome trocado. É profeta do amor, contrastado com a linguagem dura de
Amós. Casou-se em obediência a Deus, seus filhos tiveram nomes simbólicos que serviam para
ilustrar suas profecias. Seu casamento foi uma lição espiritual para o povo. Assim como sua esposa,
Gômer, era infiel, Israel também era infiel ocm Yahweh. Nada se diz de seu nascimento e morte,
porém o mais importante em sua vida é seu casamento. Foi contemporâneo de Isaías, Amós e
Miquéias. Seu ministério foi em Samaria, mas em seus últimos dias mudou-se para Judá. Há
cálculos de que foi chamado aos 20 anos, profetizou por 72 anos e morreu aos 92 anos. Sua
mensagem foi dirigida ao reino do Norte, chamado por ele de Israel, Efraim e Samaria.

FUNDO HISTÓRICO
1. Houve progresso político, paz, fartura e prosperidade no tempo de Jeroboão II. Mas, no final de seu
reinado, houve também completa anarquia. O reino caiu numa decadência e seus termos foi diminuído.
2. Os reis do Norte no tempo de Oséias foram:
a. Jeroboão — com prosperidade material e muito pecado;
b. Zacarias — que reinou sete meses e foi morto;
c. Salum — que governou um mês e foi assassinado.
d. Manaém — que governou dez anos e pagou tributo a Pul, rei da Assíria;
e. Pecaías — reinou dez anos e foi um mau rei.
f. Peca — um rei que pecou nos seus vinte anos de reinado;
g. Oséias — o último rei de Israel; governou por nove anos. Nesse período a Assíria levou cativo o
reino do Norte.
3. O poder dominante era Assírio, que oprimiu Israel mas foi vencido pelo Anjo de Yahweh, em Judá.
4. Fundo Social: O sistema dominante era o capitalismo. Havia duas classes: os muito ricos e os pobres.
Não havia respeito à lei nem à herança judaica. As cortes de Justiça eram controladas pelo poder e
facilmente subornadas pelos ricos. Havia muita iniquidade e desmoralização.
5. Religião — havia muitos sacrifícios, mas estes serviriam ao culto idólatra e sensual.

PALAVRA CHAVE — Volta.


VERSO CHAVE — Vinde e tornemos para o Senhor e nos sarará, porque ele nos despedaçou e nos
sarará; fez a ferida e a ligará. (Os 6:1).

PLANO DO LIVRO
1. A mensagem exemplificada na vida do profeta (Os 1 a 3).
2. Discurso de Oséias (Os 4 a 14).
3. Primeiro discurso: Corrupção de Israel (Os 4 a 8).
4. Segundo discurso: O julgamento (Os 9 a 11).
5. Terceiro discurso: A infidelidade de Israel é repreendida (Os 12 a 13).
6. Quarto discurso: Promessa de restauração mediante o arrependimento (Os 14).

ENSINOS IMPORTANTES:
1. É um livro que tem uma mensagem especial para os desviados: “Volta!” é a palavra de ordem.
2. O arrependimento é necessário para se voltar para Deus.
3. Oséias revela ser um profeta obediente em condições adversas, um exemplo para os crentes de hoje.

MENSAGEM — Oséias compreendeu por experiência própria, que o pecado não é tanto contra a Lei
de Deus, mas contra Seu amor, por isso ele denunciou a ingratidão de Israel. Todo pecado moral é visto
como infidelidade. A mensagem de Oséias é ainda atual: Deus ama e redime o pecador que se arrepende.
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JOEL

NOME — O nome do livro é o mesmo do seu autor: yo’el (Joel), que significa Yahweh é Deus.
POSIÇÃO DO CÂNON — Joel é o segundo dos profetas menores. Na versão portuguesa, vem logo
depois de Oséias e antes de Amós. Assim também concordaram os judeus, considerando-o muito antigo.

AUTORIA — A afirmação que o autor seja o próprio profeta Joel é aceita quase que sem contestação
por parte dos estudiosos. Além disso, no próprio livro há menção ao nome do profeta (Jl 1:1).

DATA — Corresponde aos dias do rei Joás, pelas seguintes razões:


1. Joel não faz referência aos sírios nem aos assírios nem aos babilônicos, mas somente aos egípcios,
filisteus e edonitas, inimigos de Israel em épocas anteriores (Is 3:4 e 3:19).
2. Os judeus consideravam o livro muito antigo, colocando-o entre Oséias e Amós, vistos como os mais
antigos profetas.
3. O estilo literário é diferente do pós-exílio, embora haja alguma linguagem apocalíptica.
4. O rei não mencionado, mas fala-se de anciãos e sacerdotes. Compreende-se isso por ter Joás começado
a reinar com sete anos de idade, sob a tutela de um sacerdote (Jeoiada).
5. O profeta Amós pode ter se inspirado no livro de Joel, isso devido a semelhança entre os dois (Jl 3:16
cf Am 1:2; Jl 3:18 cf Am 9:13).
JOEL, O HOMEM — A única referência à pessoa do profeta está no verso 1 do capítulo 1, onde
menciona que este era filho de Petuel. Era um nome muito querido entre os judeus, dado a várias pessoas
em diferentes épocas. Era um profeta de Judá, ao Sul, e habitava em Jerusalém. Deve ter conhecido o
profeta Eliseu e, talvez, o profeta Elias também. A abundância de referências a Jerusalém faz crer que o
profeta amava e conhecia bem a história daquela cidade. Ele não era sacerdote (Jl 1:13, 14; 2:17). O
período em que profetizou não foi dos mais negros em Israel, o que serve também para auxiliar a
colocação da data. Deve ter sido contemporâneo de Oséias e de Amós. Suas profecias são atuais e ainda
se cumprem: a chegada do Evangelho e o derramamento do Espírito.

PROPÓSITO E MÉTODO — O Método é o discurso profético. Há uma pequena alusão histórica


que serve para ilustrar a profecia. O propósito de Joel é uma chamada ao arrependimento. Levar Israel ao
arrependimento é o propósito do Senhor, exemplificado no dia “Dia do Senhor”. Desse arrependimento
dependem as bênção futuras.

ESTILO — Os estudiosos são unânimes em fazer uma apreciação e dar nota máxima à beleza literária
de Joel: estrutura perfeita, frases completas e paralelismo bem conjugados.

CIRCUNSTÂNCIAS — Em Israel, reino do Norte, o profeta Oséias encerrava seu ministério e


dava-se início ao ministério profético de Amós. No Norte, o povo acabava de sair do domínio da dinastia
de Onri (cujo maior representante foi Acabe), mas a próxima dinastia não faria muita diferença da
anterior pois o povo permaneceu no pecado. No Sul, Deus acabava de libertar o povo da rebelde e
perversa Atalia, filha de Jezabel e havia um avivamento sob influência Jeoiada, o tutor do rei Joás.
Politicamente, Judá (Sul) e Israel (Norte) enfrentavam “pequenos” inimigos: Egito, Fenícia, Edom e
Filisteus. Uma praga de gafanhotos causara uma tremenda escassez que afetou a casa do Senhor. Veio
depois a seca. Isso serve de pano de fundo para a mensagem do profeta. S. L. Warren coloca a profecia
numa dupla referência, fazendo-a parte de uma invasão futura de inimigos pior que a dos gafanhotos.

EXPRESSÃO CHAVE — “O dia do Senhor”.

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VERSÍCULOS CHAVES — Ah! Que dia! Porque o dia do Senhor está perto, e vem como
assolação do Todo-Poderoso. (Jl 1:15; 2:1).

PLANO DO LIVRO
1. A praga dos gafanhotos e a seca. Suas conseqüências e exortação ao arrependimento (Jl 1).
2. O dia do Senhor representado pela terrível invasão do inimigo (Jl 2:1-11).
3. Chamada ao arrependimento e a promessa de bênção (Jl 2:12 –27).
4. O derramamento do Espírito – o fogo de Deus (Jl 2:28–32). Chamada dos gentios.
5. O juízo de Yahweh contra as nações e a restauração de Israel. (Jl 3).

PRINCIPAIS ENSINOS

1. Joel profetiza o julgamento das nações no vale de Josafá. É o fim dos tempos. O dia do Senhor.
2. Sem dúvida o ensino mais importante é sobre o derramamento do Espírito. Outros profetas falaram a
respeito de um derramamento sobre Israel, porém Joel é específico em falar de um derramamento
sobre toda a carne e em anunciar uma conversão universal.

MENSAGEM — Sem dúvida uma das grandes mensagens dos profetas do Velho Testamento é o
arrependimento, cada um com ênfases diferentes. O arrependimento em Joel está ligado ao Dia do
Senhor que vem e, por isso, o povo deve preparar-se. Joel também nos dá a grande promessa do Espírito,
na plenitude do qual, igreja e pastores hoje devem viver.

AMÓS

NOME — O livro traz o mesmo nome do autor. Aparece indicado logo no primeiro versículo e significa
“oprimido” (1:1), também significa “carregador de fardos”. Não é o mesmo Amós, pai do profeta Isaías.

AMÓS — Era natural de Tecoa, cerca de 10 km ao Sul de Jerusalém. Embora fosse de Judá,
profetizou em Israel. Não recebeu nenhuma instrução formal a respeito do ministério profético antes de
sua chamada. Homem rude, trabalhava com bois e picava sicômoros (figos bravos comidos pelos mais
pobres que só amadurecia quando picado). Sua linguagem dirigida à elite de Israel em Samaria é como a
de um boieiro que fala a bois rebeldes. Foi chamado em pleno exercício de sua profissão secular e
obedeceu prontamente. Profetizou no tempo dos reis Uzias, de Jerusalém e Jeroboão II, de Israel, quando
ambos os reinos estavam em grande prosperidade. Foi contemporâneo de Oséias e de Jonas. Embora
humilde de nascimento tinha certa cultura, demostrada em seu livro de nove capítulos. Seu conhecimento
deve ter sido adquirido através dos contatos a que era obrigado por seu trabalho. A convicção de sua
chamada era forte. Ao contrário de Oséias, que profetizou com palavras mansas, Amós usou linguagem
dura.

AUTORIA — O autor é o próprio profeta Amós (1:1; 7:8; 8:1,2). Descreveu sua chamada quando
Amazias, sacerdote de Betel (7:14,15), quis impedi-lo de pregar naquela região de culto idolátrico. Sua
autoria e autenticação profética é confirmada no Novo Testamento por Estevão e por Tiago (At 7:42,43;
15:15-17).

DATA — A chave para a data de Amós está na referência ao terremoto (1:1), que Zacarias diz ter
ocorrido nos dias de Jeroboão. (Zc 14:5) e que deixou fortes impressões no povo. Também a menção dos
reis Uzias e Jeroboão, indicam a data em que o profeta entregou suas mensagens. Alguns afirmam que
Amós, após pregar em Betel, voltou para Tecoa, sua cidade, onde escreveu suas profecias, em cerca de 760
a.C.

POSIÇÃO NO CÂNON — Terceiro dos profetas menores, vem depois de Joel e antes de Obadias.
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PROPÓSITO — Interpretar o julgamento de Yahweh sobre Israel (reino do Norte, as dez tribos).
Adverte o povo sobre a destruição iminente. Prediz o cativeiro do povo, mas fala do livramento futuro.

FUNDO HISTÓRICO — O período de Amós se caracteriza por muita prosperidade. O rei Uzias, no
Sul, era amigo da agricultara e com isso fez o reino avançar. Também o exército foi mobilizado e
alcançou vitórias importantes. No Norte, o rei Jeroboão foi beneficiado com a ação do rei assírio Adede-
Nirari III, que venceu a confederação Síria, mas logo depois voltou-se para o Oriente, dando então
oportunidade ao rei de Israel para exercer supremacia no Norte. Este monarca soube muito bem
apropriar-se do que lhe favorecia a situação. Jeroboão tinha todas as estradas principais e controlava a
viagem dos mercadores entre o Egito e a Mesopotâmia. Com esse fluxo de comércio Samaria, capital do
reino do Norte, se enriqueceu. O povo se deu ao luxo. Viviam a edificar : “casas de inverno”, “casas de
verão” e “casas de marfim” (3:15). Os palácios eram abundantes e proliferavam o luxo (3:12; 6:4). A
desonestidade no lucro fácil tornou-se comum. Por causa disso, também esqueceram-se dos sábados e das
luas novas (8:5). As mulheres exigiam cada vez mais dos maridos (4:1). Essa abundância trouxe para os
ricos a corrupção e riqueza cada vez maior. Mas para os pobres trouxe ainda mais pobreza. A injustiça
imperava. O grande arrancava a força os bens do pequeno. Gilgal e, principalmente, Betel como centro de
adoração, estavam cada vez mais atraindo multidões de adoradores idólatras. A religião estava morta e
Deus esquecido. Os centros de culto serviam para a luxúria dos ricos. A injustiça social era vista nas duas
classes bem distintas — ricos e pobres —, não havia classe média. O país estava pronto para o pior. Após
a morte do rei Jeroboão, seus sucessores não conseguiram manter o reino. Em apenas um ano, três
diferentes reis ocuparam o trono. Houve várias revoluções e não demorou muito tempo para que Israel se
tornasse uma nação reduzida em território e população, sob o domínio Assírio. Amós, como atalaia de
Deus, percebeu a situação horrível que estava para vir sobre Israel e a anunciou. Ele profetiza que Israel
que era como um cesto de frutos de verão e deveria esperar o seu fim em breve (8:2). A Assíria começava
a crescer. A Síria deixara de ser um incômodo, mas isso não ajudou em nada a rebelde Israel, pelo
contrário, sob o domínio da Assíria o reino do Norte sofreu muito.

PALAVRA CHAVE — Julgamento.


VERSO CHAVE — O Senhor me disse: Que vês tu, Amós? Respondi: Um prumo. Então me disse o
Senhor: Eis que eu porei o prumo no meio do meu povo Israel; e jamais passarei por ele. (Am 7:8).

MÉTODO — O método de Amós é o da oratória profética, a qual está habilmente arranjada para
levantar, gradual e repetidamente, a ênfase no julgamento de Israel.

PLANO DO LIVRO
1. Anúncio do julgamento contra as nações (Am 1:1 a 2:16)
a. Introdução: título e tema (Am 1:1-2).
b. Profecias contra as nações (Am 1:3-2, 3).
c. Profecias contra o povo escolhido – Judá e Israel (Am 2:4-16).
2. O julgamento de Israel (Am 3:1 a 6:14).
3. Cinco visões sobre o julgamento vindouro:
a. Primeira visão: A praga dos gafanhotos (Am 7:1-3).
b. Segunda visão: O fogo que devora o grande abismo (Am 7:4-6).
c. Terceira visão: O prumo (Am 7:7-9).
d. A quarta visão: O cesto de frutos de verão (Am 8:1-14).
e. A quinta visão: Destruição do santuário (Am 9:1-10).
4. Promessas de restauração de Israel. A bênção messiânica.

ENSINOS IMPORTANTES
1. O Juízo de Deus é inevitável. Paulo disse que este começa pela casa de Deus. Ele julga as nações e
Israel.
2. A injustiça social não está nos planos de Deus. Ele ama o pobre. O homem de Deus não pode
comprometer-se com a política, muito menos ser um subversivo. O que ele tiver de dizer deve fazê-lo.

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3. O chamado de Deus não se limita à cultura. Amós foi um grande profeta, mesmo sendo boieiro.

MENSAGEM — Deus é justo e exige que Seus filhos vivam em justiça. Ele é justo quando
recompensa o justo e quando castiga o pecador. Como temos exercido esta justiça de Deus para com o
próximo?

OBADIAS

NOME — O nome do quarto livro dos profetas menores é Obadias. Em hebraico assume a forma
“Õbhadhyâ”, traduzido para a LXX por Obadiou, para a Vulgata por Abdias e para o português por
Obadias.

OBADIAS, O PROFETA — Sobre a citação do nome do autor deste pequeno livro de 21


versículos, diz-se apenas: Visão de Obadias (v. 10). Seu nome significa “servo de Yahweh”.

AUTORIA — Nada há que possa indicar um outro autor a não ser o próprio Obadias (1:1).
DATA — A brevidade da profecia e o seu tema, tornam difícil a questão da data do livro. A destruição
de Jerusalém é a única chave para a data (vv. 10-14). Podemos dizer que a data do livro de Obadias seja a
mesma da destruição efetuada por Nabucodonosor, em 487 a.C. ou da invasão dos filisteus e árabes no
reinado de Jeorão, em 854 a.C. (2 Cr 21:16). As opiniões relacionadas à linguagem, unidade e relação
com outras profecias, apontam 845 a.C. como a data mais correta. A maioria dos livros consultados,
porém, colocam a data como sendo após a queda de Jerusalém. Faço opção por este parecer.
TEMA — “A destruição de Edom”. Este é o tema do menor livro do Velho Testamento. A
falta de amor fraternal por Judá é a causa da ruína de Edom, cujo fim será que ninguém mais
restará. A rivalidade entre Esaú e Jacó era muito antiga, desde o ventre materno.

MÉTODO — O método é o mesmo de Amós: discurso profético. Um evento histórico é


tomado como ocasião de uma profecia.

FUNDO HISTÓRICO — É difícil, pela evidência internas, determinar o fundo histórico


pois não se pode precisar a data. Por isso vamos traçar a história resumida dos dois povos
para melhor entendimento da matéria. Obadias fala do “Dia do Senhor” do qual a destruição
de Edom faz parte. Gênesis 3:15 inclui a luta da raça humana através da semente prometida.
A partir daí, todas as idéias aparecem em conexão. As promessas feitas a Abraão incluem a
bênção a quem o abençoasse e a maldição a quem o amaldiçoasse. Devemos considerar a
bênção de Jacó a Judá (Gn 49:1), cujo cumprimento é descrito para os últimos dias como o
“O dia do Senhor” e inclui (Gn 49:8-10):

1. A preeminência de Judá sobre seus irmãos;


2. O governo de Judá até que venha Siló – o advento do Messias.
3. O governo de Judá sobre os povos.

As bênçãos de Moisés (Dt 32:1-10) tratam do futuro de Israel sobre seus inimigos.
Edom não escapa a esse esquema e é sempre objeto das profecias de destruição.

PALAVRA CHAVE — Edom.

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VERSO CHAVE — Salvadores hão de subir no monte Sião, para julgarem o monte de
Esaú; e o reino será do Senhor. (Ob 21).

PLANO DO LIVRO
1. O pecado e o castigo dos idumeus (Ob 1-14).
2. Profecia referente ao Dia do Senhor.
3. O “Dia do Senhor” dá ocasião à destruição de Edom e de outras nações, mas Israel será
salvo (15-21). Então o reino será do Senhor.

CARACTERÍSTICAS RELEVANTES
1. Todas as nações serão destruídas (julgadas).
2. Israel será salvo.
3. Yahweh estabelecerá o Seu reino. Muitas profecias nos livros dos Reis concernentes à
tomada do reino precederam Obadias. Entretanto, concluímos que esta visão teve como
objetivo prefigurar o novo tipo de governo de Yahweh, excedendo a todos os anteriores, no
mesmo grau de Sua presença e controle. Este é o chamado Reino de Yahweh.

MENSAGEM — “Não devias alegrar-se com o mal alheio”. Devemos nos regozijar
quando o ministério de nosso irmão é próspero e sofrer com ele suas tristezas. Recordemos
aqui as palavras neotestamentárias: Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que
choram.

JONAS

NOME — O nome do livro é o mesmo de seu principal personagem, que em hebraico significa
“pomba”. Na Septuaginta é Ionas e na Vulgata Jonas.

AUTORIA — Jonas tem sido considerado o autor do livro. Embora seja um livro profético, é também
uma narrativa histórica: a profecia contra Nínive dita em poucas palavras; a experiência do profeta Jonas
e a sua oração feita no ventre do grande peixe e sua pregação aos ninivitas. No Velho Testamento, Jonas
é mencionado apenas em 2 Reis 14:25 que afirma ter Jonas profetizado nos dias de Jeroboão II, mas não
há razão alguma para pensar que são dois personagens diferentes. Alguns crêem que o livro não é de
autoria de Jonas, mas de alguém posterior ao exílio babilônico. Os argumentam são os seguintes:
1. Que o livro é composto de duas lendas escritas no tempo de Esdras e Neemias;
2. Que há aramismo no livro.
Mas também podemos argumentar que
1. Se são lendas, por que Jesus citou como história verdadeira?
2. Existem aramismo em muitos outros livros da Bíblia produzidos em épocas mais remotas.

DATA — Joás viveu e profetizou nos dias de Jeroboão II. Por isso a data deve ser colocada entre 783 e
743 a.C., talvez pouco depois de ter o profeta voltado à sua terra, após ter pregado. A presença de um
redator posterior, entretanto, não precisa ser necessariamente negada. Jonas foi sucessor de Eliseu nas
profecias a Israel no Norte.

JONAS, o profeta — Era natural de Gate-Hefer, uma aldeia de Zebulom, localizada nas
vizinhanças de Nazaré. O nome de seu pai era Amitai. Segundo uma lenda judaica ele era o filho da viúva
de Sarepta e talvez tenha sido discípulo do profeta Elizeu. Além de 2 Reis 14:25, ele também é
mencionado por Jesus no Novo Testamento como um personagem histórico (Mt 12:39, 40; Lc 11:29, 30).

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FUNDO HISTÓRICO — Compreenderemos melhor o fundo histórico lendo a introdução ao livro
de Amós onde está descrito o momento que vivia Israel. No plano global, a Assíria despontava-se como
soberana do mundo, mas Nínive, sua capital, já recebia um triste vaticínio: Ainda 40 dias e Nínive será
destruída. A Assíria havia golpeado de morte a coligação Síria, estava envolvida com conquistas no
Oriente e em breve se voltaria contra Israel.

CHAVE — A salvação pertence ao Senhor.


VERSO CHAVE — (...) Ao Senhor pertence a Salvação! (Jn 2:9b).
PROPÓSITO — O propósito de Jonas pode ser entendido de várias maneiras ou pode-se encontrar
em vários partes do livro:
1. O propósito evidente é apresentar, com persuasão completa, a responsabilidade dos salvos em
anunciar a salvação aos outros. É uma visão evangélica do livro de Jonas.
2. O propósito fundamental de Jonas é demonstrar que ele, tendo sido lançado nas profundezas do Sheol
e depois trazido de volta à vida, serve como ilustração da morte do Messias pelos pecados de seus
próprios remidos e da ressurreição do Messias.
3. Yahweh é Deus universal e domina em todos os lugares, não somente em Israel.
A razão da escolha de Jonas 2:9b como versículo chave é porque ele mostra a soberania de Deus.
A salvação é dele e Ele a dá a quem quer e através de quem quer, mesmo um rebelde. Isso não exclui
também a idéia de que o salvo deve levar a mensagem da salvação a outros. O livro apresenta a
experiência do profeta em forma de história, deixando a própria experiência falar à inteligência do leitor.
As lições têm devem ser tiradas por inferência.
O PLANO DO LIVRO
1. Não se pode fugir da vocação ou da presença de Deus (cf Sl 139).
2. Deus salva os gentios também, não somente Israel. No livro se evidência a chamada dos gentios que
teria seu pleno cumprimento no Novo Testamento.
3. O arrependimento de Deus é uma linguagem antropomórfica, significa uma mudança de atitude diante
do arrependimento do homem.
4. O arrependimento humano é uma condição “sine qua non” para o arrependimento de Deus.
5. Jonas prefigura o Messias. Assim como ele ficou três dias no ventre do grande peixe, Jesus ficaria no
ventre da terra.
6. O grande peixe é verdadeiro. Deus o preparou para engolir o profeta.

MENSAGEM — Deus é o Senhor da história. Ele salva o homem e salva as nações. Somos veículos
para a salvação dos outros e não devemos fugir desta responsabilidade.

MIQUÉIAS

NOME — O livro de Miquéias recebe o nome do profeta. Miïkhãyehü, em hebraico, significa ‘quem é
como Yahweh?’. Na Septuaginta Michaias. Na Vulgata Micheas e em português Miquéias. O nome
“Mica”, que aparece é uma forma abreviada de Miquéias (Jz 17:1-6).

POSIÇÃO NO CÂNON — Miquéias é o sexto dos profetas menores, localizando-se depois de


Jonas e antes de Naum.

QUEM É MIQUÉIAS — Natural de Moresete-Gate (1:14), cerca de 35 Km do Sul de Jerusalém, era


morastita, do reino do Sul (1:1), e profetizou nos dias dos reis Jotão, Acaz e Ezequias (1:1). Foi
contemporâneo de Isaías e Oséias. Cita sua cidade natal como razão para apresentar a profecia sobre o
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julgamento vindouro contra Israel (1:8-16). A peculiaridade existente em Miquéias é que profetizou
tanto para Judá quanto para Israel. É chamado de o “profeta da Reforma Social”, por dirigir boa parte
de sua profecia às classes dominadas e apelar para que se usasse de justiça. O significado de seu nome foi
enfatizado na mensagem final do livro (7:18).

AUTORIA — O livro inteiro é aceito como obra de Miquéias. Jeremias se referiu às profecias de
Miquéias (Jr 26:18-19), mostrando que de fato ele é o profeta do livro que tem o seu nome.

DATA — Miquéias foi contemporâneo do profeta Isaías e proferiu suas pregações durante os reinados de
Jotão (742-735) a.C.), Acaz (735-715 a.C.) e Ezequias de Judá (715-687 a.C.). A ausência de referência às
reformas de Ezequias fazem supor que seu ministério continuou por pouco tempo no reinado deste rei.

MÉTODO E PROPÓSITO — Em todo o livro percebe-se que Miquéias amava as antíteses e isto
fortalece o argumento de que toda a obra é de sua autoria. Através de um estilo poético encantador, tem o
propósito de mostrar o Messias como libertador e salvador universal, isto é, não somente para o povo
israelita e sim para todo o mundo. O pecado de Israel e de Judá são também motivo para o aparecimento
do Messias que haveria de redimi-los.

FUNDO HISTÓRICO — O fundo histórico é o mesmo do tempo de Isaías, a diferença é que


Miquéias começou a profetizar pouco tempo depois deste. Nesse tempo o poder dominante era a Assíria
que veio contra Israel e tomou Samaria, invadiu Judá mas não pôde concretizar seus planos de conquista
porque o anjo de Yahweh destruiu seu exército. A profecia de Miquéias foi dirigida a Samaria e a
Jerusalém (Mq 1:1) a respeito da tomada destas pela Babilônia. Após ter conquistado Samaria, Sargão II
lutou contra o Egito e Ráfia, no ano 719 a.C. Alguns anos depois, Judá fez aliança com os filisteus,
Moabe e Edom, formando uma coligação com o Egito. Esperavam assim vencer e derrotar a Assíria, um
esforço inútil, pois Tartã, o general de Sargão, infligiu terrível derrota a essa confederação. Miquéias
podia observar o comércio entre Jerusalém e o Egito. Essa aliança era desastrosa, havia influência
negativa. Levando Judá e Jerusalém a uma corrupção maior. A situação social era a mesma dos tempos de
Jeroboão II: os ricos dominavam juntamente casa a casa, campo a campo e expulsavam os pobres (2:2).
Esta situação não duraria para sempre, o julgamento de Yahweh viria sem demora sobre a cidade
sanguinária.

IMPORTANTE — Um dos destaques de Miquéias é que ele é um profeta bastante citado. Foi
lembrado no tempo de Jeremias (Jr 26:17-19)) e é citado no Novo Testamento (Mt 10:35-36; Mt 2:5-6).
Além disso, no seu pensamento aparece a expectação de um Messias que nasceria em Belém (5:2), saindo
do meio do povo comum para os livrar da opressão e da injustiça. Miquéias teve o cuidado de salientar
que a graça salvadora de Deus não podia ser obtida por mérito (6:6-8); a humildade, a misericórdia e a
justiça precisavam ser a experiência diária na vida do indivíduo, antes que ele pudesse ser agradável a Deus.
PALAVRA CHAVE — Ouvi.

VERSOS CHAVES — Ouvi, todos os povos, prestai atenção ó terra e tudo o que ela contém, e seja
o Senhor Deus testemunha contra vós outros, o Senhor desde o Seu santo templo. (Mq 1:2). Disse eu:
Ouvi, agora vós, cabeças de Jacó e vós, chefes da casa de Israel: Não é a vós outros que pertence saber
o juízo? (3:1). Ouvi agora o que diz o Senhor: Levanta-te, defende a tua causa perante os montes e
ouçam os outeiros a tua voz. (6:1).

ESBOÇO DO LIVRO — Pode ser dividido tomando através dos versos onde a palavra chave
aparece.
1. Ameaças contra Judá (Mq 1:2 a 2:13).
a. Título (Mq 1:1).
b. A ira de Yahweh contra Samaria e Judá (Mq 1:2-16).
c. Razões para o descontentamento divino (Mq 2:1-13).
2. Julgamento e restauração (Mq 3:1 a 5:15).
a. Denunciado o castigo do povo (Mq 3:1-12).
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b. A vocação dos gentios (Mq 4:1-51).
c. O nascimento do Rei o Seu Reino (Mq 5:1-15).
3. Castigo e Restauração: Deus julga o seu povo (Mq 6:1 a 7:20).

NAUM

AUTORIA — O escritor é Naum (consolação ou alívio), um profeta de Elcos, possivelmente em


Judá.

DATA — A data do livro é calculada conforme a evidência interna dos fatos históricos conhecidos.
Existem duas datas fixas, entre as quais o livro deve ser situado. Naum se refere à captura de Tebas (Nô-
Amom - Am 3:8) e prediz a condenação de Nínive. Tebas caiu perante Assubanipal, rei dos assírios, nos
anos de 664 e 663 a.C. Ao mesmo tempo, Nínive, o objeto de pregação de Naum, continuava de pé, vindo
a cair em 612 a.C. Portanto, podemos situar sua mensagem entre essa duas datas. Os melhores cálculos
situam o livro em cerca de 620 a.C.

NAUM, O HOMEM — Pouco se sabe a respeito de Naum. Em nenhuma outra porção das Escrituras
seu nome é mencionado, excetuando possivelmente a tabela genealógica de Lucas (Lc 3:25). Ele vivia em
Elcos, provavelmente uma vila de Judá. Foi contemporâneo de Jeremias.
POSIÇÃO NO CÂNON — Naum é o sétimo entre os profetas menores, vindo depois de Miquéias
e antes de Habacuque.

PROPÓSITO — Naum mostra que a vingança de Yahweh fará realizar a destruição de Nínive. Sua
mensagem é escrita em linguagem poética, poderosa e brilhante. Mesmo breve, seu livro conquistou um
lugar de destaque na literatura hebraica. Naum apareceu aproximadamente 150 anos depois de Jonas, o
profeta que desejou ver o fim de Nínive, mas Yahweh não o permitiu pois a cidade arrependeu-se naquele
tempo. Mais tarde, Nínive voltou ao pecado e isto ocasionou sua ruína. Este é o tema do livro.

FUNDO HISTÓRICO — A Assíria era o grande império do momento. Havia conquistado Israel,
forçando o rei Ezequias a pagar tributos e oferecer o tesouro do Templo de Jerusalém para não ser mais
incomodado. O poderio assírio deixava os judeus inquietos ainda mais, pois após conquistar a Palestina
(exceto Jerusalém), conseguiu vencer também o Egito. Judá está desanimando diante do avanço do
inimigo. Naum foi chamado a consolar o seu povo falando da destruição de Nínive. Desde 625 a.C. que
os medos atacavam Nínive, mas humanamente era impossível admitir a destruição daquela cidade que
tinha uma muralha colossal de mais de trinta metros de altura e de tal espessura que sobre elas podiam
transitar três carros paralelamente. Sobre as muralhas ainda havia mais de mil torres, o que lhe dava um
aspecto de cidade inabalável. O povo assírio era cruel. Sua riqueza não era produto de trabalho sério, mas
da espoliação das nações conquistadas. Os reis vencidos eram tratados como animais e sofriam terríveis
maus tratos: suas línguas eram cortadas, seus membros mutilados e seus olhos vazados. Por esta razão é
que Naum compara a Assíria a um covil de leões que se tornaram em bestas de rapina. O cumprimento da
profecia de Naum sobre a destruição da Assíria não demorou muito e foi fidelíssimo: a cidade foi abatida
de tal maneira que no Segundo Século d.C. não se sabia onde era o seu sítio.

PALAVRAS CHAVES — Duma vez.

VERSOS CHAVES — Mas com inundação transbordante acabará duma vez com o lugar desta
cidade; com trevas perseguirá o Senhor o seus inimigos. Que pensais vós contra o Senhor? Ele mesmo
vos consumirá de todo; não se levantará por duas vezes a angústia. (Na 1:8, 9).

PLANO DO LIVRO
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1. Título e assunto: Destruição de Nínive (Na 1:1).
2. A destruição de Nínive seria completa (Na 1:2-8) e de uma vez por todas – “Duma vez”(Na 1:9-15).
3. A destruição de Nínive é declarada por Yahweh (Na 2:1 a 3:19).
a. Este será o meio de Ele restaurar Israel (Na 2:1-7).
b. Porque Nínive é uma cidade sanguinária (Na 2:1-7).
c. Porque ela é inimiga de Yahweh como No-Amom, ou seja, Tebas (Na 3:8-19).

ENSINOS IMPORTANTES
1. Nada é impossível para Deus, muito menos destruir uma cidade aparentemente indestrutível. A
profecia de Naum é o começo da queda de Nínive.
2. Lembrando-se de Jonas, através do arrependimento sincero Deus livra, mas havendo apostasia o
castigo é inevitável. Nínive é um exemplo disso. Para ela o castigo foi final.

CURIOSIDADE — Naum 2:4 tem sido julgado como uma profecia a respeito de automóvel.

MENSAGEM — Naum, através do cumprimento de sua profecia, mostra-nos o conforto que temos
em saber que a Palavra de Deus é verdadeira. Mas também nos traz uma advertência: não confiar no
arrependimento do passado como se ele valesse para o presente, se a vida não mais condiz com o mesmo.

HABACUQUE

NOME — O nome do livro é o mesmo do seu autor. Em hebraico é Habakouk e pode ser ligado à raiz
hebraica que significa ‘abraço’. A forma grega do nome dele é Hambakoum e no latim é Habacue.

POSIÇÃO NO CÂNON — Oitavo dos profetas menores, vem depois de Naum e antes de Sofonias.
AUTORIA — O autor do livro é o próprio Habacuque, de quem se conhece apenas o pouco que o
livro transmite ou, mais precisamente, só o seu nome. Pelo seu estilo e o cântico que compôs, pensa-se
que era um levita e que participava do coro do Templo. Habacuque é o único que chama a si mesmo de
profeta (Hc 1:1). Seu nome pode também significar “lutador”.

DATA — Não há menção à Assíria nem a outro poder posterior à Babilônia. Isso indica que a data da
profecia pode ser colocada no período dos reis Jeocaz e Jeoaquim, pouco antes da tomada de Jerusalém
por Nabucodonosor. Habacuque falou contra os caldeus (Hc 1:6) que são os mesmos babilônicos do rei
Nabucodonosor. Em tempos remotos, antes mesmo de Abraão, os caudeus haviam sido os dominadores.
Agora ressurgem, depois de terem vencido a Assíria e levanta-se contra o povo escolhido, o que deu
ocasião à mensagem do profeta. A data, que é a mesma dos reis mencionados, pode ser colocada entre 612
a 598 a.C.

PROPÓSITO — O propósito de Habacuque é mostrar o triunfo da fé apesar do problema da aparente


tolerância de Deus com a iniquidade. A frase “o justo viverá pela fé” (2:4) foi uma resposta de Deus à
indagação do profeta a respeito dos caldeus e sua ação maldosa no mundo. Não importa qual seja a
situação vivida pelo servo de Deus, o importante é a sua fé. O justo vive pela sua fé. Habacuque inspirou
o Apostolo Paulo (Rm 1;17; Gl 3:11) e o escritor da carta aos Hebreus (Hb 10:38). E, mais tarde,
Martinho Lutero, lendo os escritos do Apóstolo Paulo, descobriu a grande doutrina da justificação pela fé,
o que ocasionou na Reforma Protestante. Tudo como fruto da profecia de Habacuque.

MÉTODO — O método é o diálogo entre o profeta e Deus, apresentado com grande habilidade. Isso
faz o livro figurar entre as obras literárias de destaque do Velho Testamento. O profeta tem muitas
duvidas a respeito de como conciliar a justiça divina com a situação real do mundo, por exemplo: como
Deus permitia que seu povo escolhido fosse massacrado pelo babilônicos? Deus lhe dá as respostas que
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procura. Mesmo que haja na mente do profeta um constante “por que?”, ao mesmo tempo ele é
considerado como o “profeta da fé” e o “livre pensador”. Seu nome indica alguém que luta, que abraça e
não solta; que agarrou-se a Deus até ter respostas às suas indagações. A pergunta do profeta é também
discutida no livro de Jó. A resposta às indagações do profeta, entretanto, não é direta. Em todo o caso há
algo que resolve o problema da fé, e o próprio Habacuque mostra haver aprendido a lição e ter adquirido
uma fé firme em Yahweh (Hc 2:17-19).

FUNDO HISTÓRICO — O império Babilônico levantava do estado latente em que ficara por
muitos séculos. Venceu a Assíria em 612 a.C., destruindo a cidade de Nínive ao lado dos medos. Voltou-
se para a Palestina e venceu a todos os povos da região. Nem o Egito foi poupado. Na batalha de
Carquemis, Faraó foi derrotado em 605 a.C. Três anos antes Faraó Neco havia matado Josias, em Megido
(2 Rs 23:39,30; 2 Cr 35:20). A Babilônia também venceu Judá e, durante vinte anos, manteve reis
subordinados a ela em Jerusalém, mas ao final deste período levou o povo Judeu definitivamente em
cativeiro (586 a.C.). Habacuque era contemporâneo de Jeremias e deve ter profetizado antes ou logo
depois da batalha de Carquemis. O péssimo reinado de Manassés serviu para alertar os fiéis e, apesar da
reforma de Josias, o povo não esqueceu a iniquidade, a opressão, a violência, a idolatria e a injustiça (Hc
1:3, 4). Isso precisava ser castigado, então Deus levanta os caldeus contra Judá. Como poderia Yahweh
permitir tal coisa? Babilônia está às portas e vai levar Judá em cativeiro.

PALAVRAS CHAVES — O justo viverá pela fé.


VERSO CHAVE — Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele: mas o justo viverá pela sua fé. (Hb 2:4).
ESBOÇO DO LIVRO
I. DIÁLOGO
A. O conflito da fé (Hc 1 a 2).
1. Primeira pergunta: “Até quando Senhor?” O profeta clama e parece não ser ouvido, enquanto vê a
impiedade campear (Hc 1:1-4).
2. Primeira resposta de Yahweh (Hc 1:5-11). O agir de Yahweh é silencioso, mas no tempo certo
castigará Judá através dos caldeus.
3. Segunda pergunta: “Como pode Yahweh castigar seu povo através de uma nação ímpia?” (Hc 1:12 a
2:1).
4. Segunda resposta de Yahweh (Hc 2:2-20). Os caldeus excederam no seu papel de instrumentos de
castigo de Yahweh, por isso eles também serão castigados.
II. O CÂNTICO (Hc 3).
A. O profeta pede misericórdia e avivamento (Hc 3:1-9).
B. O quadro da misericórdia no passado é a certeza das misericórdias no futuro (Hc 3:3-16).
C. O profeta aprende a lição da fé (Hc 3:17-19).

ENSINOS IMPORTANTES
1. O livro mostra a soberania de Deus dirigindo as nações. Mesmo quando uma nação pecadora castiga o
povo de Deus que pecou, isto é uma ação do próprio Deus.
2. Deus tem Seu próprio padrão de julgamento: Santidade e Justiça. Ele exerce esse julgamento através
de Sua Palavra. Se o Seu povo merece castigo será castigado.

MENSAGEM — A grande mensagem de Habacuque é sobre a fé: O justo viverá por sua fé. As
circunstâncias não importam, se vivemos pela fé. será que estamos vivendo pela Fé?

CURIOSIDADE — Penso que podemos considerar Habacuque 2:2 como a origem dos grandes
outdoors nas cidades e rodovias. O que o leitor acha?

SOFONIAS
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NOME — Sofonias é o nome do profeta do livro. No hebraico o nome é Tsephan-yah e significa
‘Yahweh esconde ou oculta’. Tanto na LXX como na Vulgata seu nome é Sophonias e, em Português é
Sofonias.

AUTORIA — O autor é Sofonias, filho de Cusí, filho de Gedalias, filho de Ezequias, era portanto da
linhagem real (Sf 1:1).

SOFONIAS O HOMEM — Tem-se entendido que Ezequias, bisavó do profeta, seja o rei que tão
bem governou Judá. Houve um intervalo de 50 anos entre as profecias de Isaías, Naum, Miquéias e as de
Sofonias e Jeremias; nesse período não houve qualquer profecia escrita. O significado do nome do
profeta (‘Yahweh esconde ou oculta’), deve traduzir alguma experiência de sua vida ou ser associado à
expressão Buscai ao Senhor (...) isso poderá esconder-vos no dia da ira do Senhor. (2:3). Há quem diga
que seu nome deve-se ao fato de ter ele escapado da matança feita por Manassés. Morava em Judá e,
talvez, na própria cidade de Jerusalém. É tido como homem sóbrio, realista e controlado, que usa uma
linguagem que impressiona. Crê-se que tinha cerca de 29 anos quando começou a profetizar. Foi
contemporâneo de seu parente, o rei Josias, e do profeta Jeremias. Suas mensagens têm um tom franco,
evidenciado nas profecias de julgamento com forte convicção e sensibilidade moral, as quais devem ter
contribuído decisivamente para a reforma de Josias, as quais Jeremias considerou superficial por ter
envolvido mais o exterior.
DATA — A data de Sofonias é a mesma do avivamento dos dias de Josias. A presença da idolatria
descrita no livro (Sf 1:3-5) parece colocá-lo antes da reforma que Josias começou em 621 a.C. Sendo
assim, pode-se indicar a data em que o livro de Sofonias foi escrito como sendo entre 630 a 625 a.C.

MÉTODO E PROPÓSITO — O livro é dedicado à interpretação do “Dia do Senhor”, “Dia de


Yahweh”. No capítulo 1, há o lado negro e terrível. O capitulo 2 pinta o lado luminoso para os
“escondidos no dia da ira de Yahweh”. Do livro “A Bíblia em Esboço”, extraí o texto que se segue: “o
inicio da leitura deste livro assusta no seu conteúdo: denúncias terríveis, ameaças espantosas, nada além de
explorações e ameaças de ira – porém, quando nos lembramos da frase de Cowpeer (escritor): ‘O castigo é
o semblante mais grave do amor’, vemos em tudo isto a prova incontestável do amor de Deus. Embora o
livro comece com ira, termina com cânticos; e, embora as duas primeiras seções estejam repletas de
sombras e tristezas, a última seção contém o mais doce cântico de amor do Velho Testamento”. (p. 36).

FUNDO HISTÓRICO — Havia dois extremos nas circunstâncias em que Sofonias profetizou. Por
um lado o reino estava deteriorado profundamente por causa dos longos e tristes anos do reinado do
perverso Manassés, que era filho do piedoso Ezequias, nascido nos 15 anos de prolongamento da vida do
pai (2 Rs 20:1-6). Tendo começado a reinar com doze anos, Manassés não conhecera toda a vida piedosa
do pai. No seu reinado ele desprezou toda a obra de avivamento do passado. Levantou os altares idólatras
que o pai havia derrubado e foi tão grande a sua idolatria e feitiçaria que implantou o “holocausto
humano” e a adivinhação pelas nuvens. Tornou-se um homem de sangue. Embora tenha-se arrependido
antes de morrer, as conseqüências ficaram. Seu sincretismo religioso sujeito aos assírios, não agradou a
todo o povo e havia ainda alguns fiéis a Yahweh. Este último fator é o outro lado da questão. O povo estava
pronto para o avivamento de Josias. No panorama mundial a Assíria e a Média estavam sendo invadidas
pelos citas (povo nômade do Norte da Europa e da Ásia — indoiraniano), em 642 a.C. Segundo
informações, esse povo era muito conquistador e assolou esses dois países. Depois de transpor o Cáucaso
(antiga União Soviética), avançaram pela Mesopotâmia e invadiram a Síria. Quando iam invadir o Egito,
Psomatique I os comprou com ricos presentes. Essa invasão, narrada por Heródoto e confirmados por
pesquisas recentes, explica a relativa tranqüilidade com que Josias pôde realizar a sua reforma e explica
também a ascendência da Babilônia.

FRASE CHAVE — O dia de Yahweh.


VERSÍCULO CHAVE — Está perto o grande dia do Senhor; está perto e muito se apressa.
Atenção! O dia do Senhor é amargo e nele clama até o homem poderoso. (Sf 1:14).

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ESBOÇO DO LIVRO
A. Título: O profeta se apresenta (Sf 1:1).
B. Introdução: Tudo consumido (Sf 1:2).
C. Divisão: (Sf 1:3 - 3:13).
I. O dia do Senhor para Judá (Sf 1:3–18).
a. Os idólatras serão cortados (Sf 1:3-6).
b. Os dirigentes serão sacrificados (Sf 1:7-13).
c. Os poderosos terão fim terrível (Sf 1:14-18).
II. O dia do Senhor para as nações (Sf 2:1-15).
a. Os filisteus serão destruídos e sua terra será dada ao remanescente (Sf 2:17).
b. Moabe e Amom destruídos: Sua terra será possuída pelo remanescente israelita (Sf 2:8-11).
c. Etiópia e Assíria destruídas (Sf 2:12-15).
III. O dia do Senhor para Jerusalém e sua restauração (Sf 3:8-13).
1. Todo remanescente será purificado (Sf 3:1-13).
2. Fracassados os esforços de Yahweh para levar os rebeldes ao arrependimento (Sf 3:1-7). .
3. Um convite para esperar por uma dupla conseqüência (Sf 3:8-13).
4. Porque este dia destruirá os perversos de todas as nações.
5. Porque este dia irá restaurar o remanescente castigado e influente de Israel (Sf 3:9-13).
IV. Conclusão - Uma canção para o remanescente daquele dia (Sf 3:14-20).
ENSINOS IMPORTANTES:
1. O Senhor reina em toda a terra. Ele é Senhor absoluto e julga as nações.
2. Observa-se o cumprimento exato das profecias sobre as principais cidades dos filisteus. Como foi
profetizado, assim aconteceu.

A MENSAGEM DE SOFONIAS — A mensagem de Sofonias é de um Deus de amor que


também se ira. O amor de Deus é apenas uma das facetas do Seu caráter. Ele precisa castigar o perverso,
mas aos Seus, Ele castiga para disciplinar.

AGEU

NOME — O nome do livro na LXX foi traduzido por Aggaios e na Vulgata por Aggaeus. Uma outra
forma para o nome, em latim, é Hilário, que em português é Ageu. O significado de seu nome é “festivo,
alegre”.

O PROFETA AGEU — Pouco se sabe sobre Ageu, que a si mesmo se nomeia profeta. Deve ter
nascido na Babilônia durante o cativeiro e profetizou ao retornar do mesmo, falando especialmente a
Zorobabel, o governador, e a Josué, o sumo-sacerdote. Ageu era “enviado de Yahweh” – Seu
embaixador. É mencionado por Esdras como um dos dois grandes incentivadores da obra de reconstrução
pós-exílio. Três razões são dadas para o significado do seu nome: 1) Que ele teria nascido em um dia de
festa; 2) Que seus pais tiveram fé que, embora estivessem no cativeiro, ainda iriam ter prazer e alegria; 3)
Era tido como um mensageiro simples, franco e direto.

DATA — O decreto de Ciro, autorizando os judeus a voltarem à sua terra, fora dado conforme a
profecia de Isaías. Foi feito com a consciência de que era uma ordem de Yahweh. Muitos voltaram e
começaram a obra de reconstrução. Foi nessa época que viveu e profetizou Ageu. Suas profecias,
portanto, têm essa data. Mas ao contrário de Zacarias, de quem se diz que era jovem, há o pensamento de
que ele havia visto o primeiro Templo (Ag 2:3). Se assim era, ele teria então cerca de 80 anos. Mas essa é
uma interpretação que não pode ser sustentada pois não tem corroboração alguma. A idéia mais correta é

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a de que nasceu no exílio, embora não há uma referência concreta para isso, seria a primeira metade do
século VI a.C. Sua mensagem pode ser colocada em 520 a.C.

FUNDO HISTÓRICO — Ciro havia subido ao trono da Babilônia, já como soberano persa. Havia
expedido o édito para a volta dos judeus à sua terra e muitos haviam voltado. Havia já 16 anos que o
povo voltara. A primeira preocupação foi reedificar o Templo e o altar, mesmo sem a proteção dos
muros. Mas houve dificuldades, especialmente por parte dos samaritanos que procuravam paralisar a obra
– o que acabaram por conseguir. Quando os problemas não mais existiam o povo estava desanimado.
Vieram calamidades e falhou a colheita. O profeta então interpreta os acontecimentos. Em 24 dias o povo
voltou à obra e Ageu continuou a incentivá-los com algumas profecias.

PROPÓSITO — O propósito de Ageu é incentivar a construção do Templo. As pessoas estavam


apáticas e Ageu “mandou”, em nome do Senhor, que voltassem ao trabalho de reconstrução do Templo.

PALAVRA CHAVE — Construir ou edificar.

VERSO CHAVE — Subi ao monte, trazei madeira e edificai a casa; dela me agradarei e serei
glorificado, diz o Senhor. (Ag 1:8).
PLANO DO LIVRO — O tempo de Ageu é composto de quatro mensagens proféticas, proferidas
em cerca de quatro meses. São datadas de acordo com o reinado de Dario.
1. PRIMEIRO DISCURSO (Ag 1:1-15) — Data: ano 2, dia 1, mês 6. Profecia contra a negligência para
com a construção do Templo. A preocupação com suas próprias casas em detrimento da casa de Yahweh.
Resposta do povo à profecia: começa a construção no ano 2, mês 6.
2. SEGUNDO DISCURSO (Ag 12:1-9) — Data: ano 2, mês 7, dia 21. Promessa de bênçãos.
Recomendações e exaltação do segundo Templo. A sua glória.
3. TERCEIRO DISCURSO (Ag 2:10-23) — Data: ano 2, mês 9, Dia 24. Censura a indiferença do povo.
Promessa de bênçãos desde que foi lançado o fundamento do Templo.
4. QUARTO DISCURSO (Ag 2:20-23) — Data: 2, mês 9, dia 24 (a mesma data anterior). Predições
feitas a Zorobabel e sobre o Messias. Zorobabel prefigura o Messias.

ENSINOS IMPORTANTES
1. Os inimigos não nos devem afastar da obra de Deus. O povo havia abandonado a construção do
Templo dizendo que o tempo para tal não havia chegado ainda. Ageu apelou ao povo para voltar a obra.
2. Deus em primeiro lugar.
3. Para o pregador: agir como Ageu que não só repreendia, mas também animava. Não somente criticava,
mas recomendava e estimulava.

MENSAGEM — A mensagem do livro de Ageu é que devemos nos envolver com Deus e com Sua
obra, colocando-O em primeiro lugar e, depois, os nossos interesses. Assim, Ele cuidará de tudo que se
refere a nós.

ZACARIAS

NOME — É o mesmo do profeta Zacarias, que em hebraico é Zekar-yah. Na LXX é Zacharias, o


mesmo acontecendo a Vulgata.

ZACARIAS, O HOMEM — Zacarias nasceu na Babilônia. Quando veio a Jerusalém era ainda
jovem (Zc 2:4). Era filho de Baraquias e neto de Ido, da tribo sacerdotal (Ne 12:4-16). Esdras se refere a

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ele como filho de Ido, mas isso deve ser entendido apenas no sentido de descendência. O nome Zacarias
significa “Yahweh se lembra”, o nome de seu pai, Baraquias, quer dizer “Yahweh abençoa” e de seu avô,
Ido, significa “no tempo certo”. Então, ajuntando os três nomes: “Yahweh se lembra de abençoar no
tempo certo”.

AUTORIA — O autor do livro é o próprio Zacarias, que reuniu suas próprias profecias. Há muita
discussão sobre a autoria de Zacarias e todas elas sem chegar a conclusão alguma, exceto para os que
vêm no livro uma unidade de profecias de Zacarias.

DATA — É a mesma de Ageu, considerando apenas que ele começou a profetizar dois meses depois
daquele. Há muita especulação a respeito da autoria, que leva também a especular a data, com alguns
colocando-a na segunda parte de Zacarias (9-14), num período pré-exílio, e outros, no tempo dos gregos. O
principal problema ligado a data e autoria é a citação que Mateus faz de Zacarias, atribuindo-o a Jeremias
(Mt 27:9-10; Zc 11:13). Não há, pelo menos nas fontes consultadas, uma resposta satisfatória à data de
Zacarias, contudo, pelo menos seu início, deve ser fixado no período do reinado de Dario Hitaspes, o persa,
em 620 a.C.

POSIÇÃO NO CÂNON — Zacarias é o penúltimo dos profetas menores. Vem depois de Ageu e
antes de Malaquias.
PROPÓSITO — Quanto ao propósito, poderíamos chamar Ageu e Zacarias de irmãos gêmeos, pois
o propósito do primeiro é também do segundo. Seu alvo era animar os judeus na reconstrução do Templo.
A diferença é que Ageu apela para a vida espiritual do povo mais especificamente, enquanto Zacarias
procura, além disso, despertá-los para o sentimento nacionalista, preocupando-se também com a vida
política da Nação. Exerceu seu ministério por cerca de dois anos. O profeta tem ainda a missão de
consolar o povo, mostrando que o castigo viera de Deus para Israel, por causa de seu pecado e que, se
humilhassem, teriam um brilhante fim. Mas, à parte dessa condição (que ele aqui não expressa, mas de que
falaram outros profetas – arrependimento), um futuro mais glorioso está para acontecer, através do Messias.
Zacarias fala acerca da missão do Messias e de Seu futuro glorioso. A última parte do livro é apocalíptica.

FUNDO HISTÓRICO — Dario Hitaspes, o persa, reinava já por dois anos (Ed 4:2-4; 5:1-6; 6:1-4).
Na China expandia-se seu grande filósofo Confúcio. Em Jerusalém o povo voltara à reconstrução do
Templo, motivado pela profecia de Ageu. Havia animação entre os judeus e Zacarias viu o Templo ser
concluído.

PALAVRA CHAVE — Zelo.


VERSÍCULO CHAVE — Assim diz o Senhor dos Exércitos: Tenho grandes zelos de Sião, e com
grande animação tenho zelos dela. (Zc 8:2).

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
1. O livro de Zacarias traz nada menos que 89 vezes a expressão: Assim diz o Senhor, que mostra a
convicção da missão do profeta.
2. A expressão “Senhor dos Exércitos” vem repetida 36 vezes.
3. Depois de Salmos, é o livro do Velho Testamento que mais referências faz à crucificação do Senhor
Jesus.

ESBOÇO DO LIVRO
I. O povo de Israel e o Templo em reconstrução (Zc 1:1 a 6:15).
a. Introdução (Zc 1:1-6).
b. Visão introdutória (Zc 1:7-17). Os mensageiros de Deus percorrem a terra e dão informação sobre a ela.
c. Primeira visão (Zc 1:18-21): Os quatro chifres e os quatro ferreiros.
d. Terceira visão (Zc 2:1-13): Medindo Jerusalém. Profecia a respeito da restauração.
e. Quarta visão (Zc 3:1-10): O sumo sacerdote Josué. Promessa de bênção a Josué, símbolo do Messias.
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f. Quinta visão (Zc 4:11-14): A visão do candelabro de ouro e os dois ramos de oliveira.
g. Sexta visão (Zc 5:1-14): O rolo volante, símbolo da justiça divina.
h. Sétima visão (Zc 5:5-11): A mulher e o efa. Profecia de julgamento contra o pecado de Israel..
i. Oitava visão (Zc 6:9-15): Profecia sobre a restauração de Israel sob o renovo, simbolizado em Judá e
na restauração do Templo.
II. O Messias e o seu reino (Zc 9:1 a 14:21).
1. O Messias como líder de Israel eleva Sião à cabeça das nações (Zc 9:1-10:12). Há triunfo de Israel
sobre o resto do mundo.
2. O bom Pastor e o pastor insensato (Zc 11:1–17).
3. A salvação e a purificação de Jerusalém (Zc 12:1-18; 13:6).
4. Julgamento purificador e glória futura de Israel (Zc 13:7 – 14:21).

ENSINOS IMPORTANTES
1. Não importa as circunstâncias, Deus é o Senhor da história.
2. O Messias é sofredor – mas depois é glorificado.

MENSAGEM — A mensagem de Zacarias é que Yahweh ama e zela pelo Seu povo e não o
desamparará. Israel ainda hoje conta com esta proteção e o Israel de Deus hoje é a Igreja. Jesus é o
esposo que cuida e alimenta Sua noiva, a Igreja. O mesmo Ele faz com cada crente individualmente.
Amém.

MALAQUIAS

NOME — O livro recebe este nome por causa do autor. A LXX reputa essa palavra, entretanto, como
um substantivo comum e não como um nome próprio e a traduz como ‘meu mensageiro’. Muitos
estudiosos, seguindo a Septuaginta, acreditam que o nome do autor não é dado. Isso é apoiado pelo
Targum (vocábulo hebraico que significa uma paráfrase aramaica, uma tradução interpretativa, de algum
porção do Antigo Testamento), que adiciona a frase ‘cujo nome é Esdras, o escriba’. No entanto, é
melhor considerar, esta palavra como nome próprio, pois os livros proféticos não são anônimos e seria
estranho que esse fosse uma exceção. De qualquer modo, mesmo que Malaquias seja um nome próprio,
percebe-se haver certa conexão entre ele é o meu mensageiro (3:1), (Young, Introdução ao V.T., p. 302).
O nome Malaquias tem o significado de Angélico, pois quer dizer “Meu Anjo ou Meu Mensageiro”.

O PROFETA MALAQUIAS — Apesar de ser difícil admitir que o nome Malaquias seja apenas
um título, nada se sabe a respeito dele. O autor apresenta ao seu lado três mensageiros: Levi — o
mensageiro do Senhor dos Exércitos (2:7); João Batista, o precursor — mensageiro de Deus, e o Messias
— Mensageiro da Aliança (3:1). As condições em que o autor escreveu nos dão a percepção de que foi
contemporâneo de Neemias. Era um profeta no verdadeiro sentido da palavra, com estilo simples em
forma de diálogo.

AUTORIA — A questão básica sobre a autoria é se o nome Malaquias era de fato um nome próprio ou
apenas um título. Se é um nome próprio, então o escritor está identificado pelo nome Malaquias. O livro é
uma unidade. Os críticos modernos não discutem a autenticidade da profecia, mas o título.

DATA — A data de Malaquias é 430 a.C. Crê-se que ele escreveu no intervalo entre as duas visitas de
Neemias, quando este foi a Susã tratar de assuntos do reino. Profetizou cerca de cem anos depois de Ageu
e Zacarias. É o último profeta do Velho Testamento, enquanto que Neemias é o último historiador. É
significativo que tenha, no último capítulo, profetizado a respeito do Messias e de Seu precursor. Haveria
um período em que Deus não falaria até o surgimento de João Batista.

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FUNDO HISTÓRICO — O sacerdócio em Israel estava estabelecido e o Templo reconstruído. Faz-
se referências a ataques a Edom, que foram freqüentes nos séculos V e IV a.C. O povo voltara com
entusiasmo à sua terra e havia reconstruído o Templo sob a direção de Zorobabel e Josué, incentivados
por Ageu e Zacarias. Mas o tempo passou e, como o futuro glorioso não chegava, o povo caiu na
desilusão, tratando com descaso os sacrifícios e oferecendo animais imperfeitos no altar do Senhor.
Problemas diversos atormentavam os judeus: os inimigos, a seca, a fome. Havia os abusos descritos por
Neemias, inclusive o casamento misto. O povo estava também desanimado de servir a Deus, vendo que
os piores do que eles prosperavam. Duvidavam que Yahweh fosse realmente justo e não acreditavam no
Seu amor. No contexto mundial, a Pérsia era o país dominante e Artaxerxes era o rei.

POSIÇÃO NO CÂNON — Malaquias é o último livro do Velho Testamento em nossas versões,


vindo depois de Zacarias. No cânon hebraico, entretanto, o último livro é o das Crônicas.

PROPÓSITO — O propósito de Malaquias é trazer Israel a Yahweh novamente. Depois de falar


contra a infidelidade dos líderes (os sacerdotes), ataca também o pecado do povo. Fala sobre ‘o dia do
Senhor’ e promete bênçãos aos obedientes. Malaquias mostra primeiro que aquilo de que o povo
reclamava não era verdade e que haviam se tornado um povo hipócrita. Não era por causa de sua
fidelidade a Yahweh que estavam sofrendo, mas por causa de seus próprios pecados e ele os enumera.
Entre eles estão o casamento misto e o divórcio, além do adultério e o desrespeito para com as cosias de
Deus. Eles traziam ao Senhor vítimas que o próprio governador não aceitaria se lhe fosse dadas. Além
disso havia feitiçaria, idolatria, desonestidade e injustiça social. Malaquias prega que para Deus ser
favorável para com eles, era preciso: (1) Santificar a adoração; (2) Obedecer a Lei; (3) Pagar os dízimos.
Malaquias, contudo, vai mais além dizendo que haveria um tempo em que Yahweh restauraria o Seu
povo, não na dependência do arrependimento deste, mas pela Sua graça e poder. Viria então ‘o grande e
terrível dia do Senhor’, precedido pelo precursor do messias: Elias.

PALAVRA CHAVE — Diferença.

VERSÍCULO CHAVE — Então vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que
serve a Deus e o que não o serve. (Ml 3:18).

ESBOÇO DO LIVRO

1. Pecado e apostasia de Israel (Ml 1 e 2).


a. O amor de Yahweh para com Israel (Ml 1:1-5).
b. Infidelidade nos serviços sagrados (Ml 1:6-14).
c. Infidelidade dos sacerdotes (Ml 2:1-9).
d. Contra a infidelidade conjugal (Ml 10-17).

2. Julgamento e bênção (Ml 3 e 4).


a. O Senhor vem precedido de Seu anjo (Ml 3:1-5).
b. Censura contra o roubo nos dízimos e nas ofertas (Ml 3:6-12).
c. A diferença entre o justo e o perverso (Ml 3:13-18).
d. O sol da justiça e o Seu precursor, Elias (Ml 4).

PRINCIPAIS ENSINOS

1. O profeta ensina que não se dá a Deus coisas ruins. De acordo com a Lei, eram sempre as primícias e
o melhor que se devia dar a Deus. O que temos oferecido a Deus?
2. Malaquias diz que Deus odeia o repúdio. Na verdade, o divórcio não faz parte do plano de Deus para o
homem, trata-se apenas de uma exceção, uma concessão em casos extremos.

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3. Quem não entrega os dízimos e ofertas está roubando. Jesus disse: Daí a César o que é de César e a
Deus o que é de Deus. (Mt 22:21).

MENSAGEM — Vale a pena servir a Deus, ainda que alguém julgue o contrário. Haverá bênção para
o obediente e para o rebelde maldição. Se você quer ser abençoado, seja fiel e obediente. Esta é a
mensagem do profeta. Se formos obedientes não seremos confundidos no dia da manifestação do ‘Sol da
Justiça’.

ENCERRA-SE O VELHO TESTAMENTO — Com Malaquias fecha-se todo o Antigo


Testamento, embora a profecia não tenha acabado ainda: a lei os profetas vigoram até João (Lc 16:16).
Terminado o ministério de Malaquias, Deus se calou para com Seu povo cerca de quatrocentos anos
preparando-o para o aparecimento do Senhor Jesus. Alguns chamam esse intervalo de ‘período
interbíblico’. Durante esse tempo de silêncio, os céus nada falaram, a instrução e a orientação do povo
ficou entregue aos sacerdotes e escribas. O culto se tornou cada vez mais formal, ritualista e frio. Grupos
zelosos para com as seitas judaicas surgiram. As sinagogas se multiplicaram. Mas não havia profecia
alguma. Uma nova era estava para ser inaugurada. Malaquias encerra o Velho Testamento com uma
palavra triste e pesada: maldição. O Novo Testamento seria encerrado com uma palavra de bênção: A
graça do Senhor Jesus seja com todos. No Velho Testamento o amor de Deus é manifestado para com
Israel. No Novo Testamento ele se manifesta universalmente.

BIBLIOGRAFIA

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Way, England, 1986.

ANGUS, J. História, Doutrina e Interpretação da Bíblia. Vol. II – Casa Publicadora Batista, Caixa
Postal 320 – Rio de Janeiro, 1971.

ARCHER, GL. Merece Confiança o Antigo Testamento? Edições Vida Nova. São Paulo, 1980.

BOYER, O. Pequena Enciclopédia Bíblica. Imprensa Metodista, São Bernardo do Campo, 1968.

DAVIDSON, F., KEVAN, EF. O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova. São Paulo. 1972.

FERREIRA, JA. Conheça sua Bíblia. Livraria Cristã Unida. Campinas, 1980.

GUNDRY, RH. Panorama do Velho Testamento. Edições Vida Nova. São Paulo, 1980.

HALLEY, HH. Manual Bíblico. Edições Vida Nova. São Paulo, 1978.

HORTON, SM. Teologia Sistemática — uma perspectiva pentecostal. Casa Publicadora das
Assembléias de Deus. Rio de Janeiro, 1996.

KAISER, WC. Teologia do Antigo Testamento. Edições Vida Nova. São Paulo, 1980.

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ORR, GW. Trinta e nove chaves para o Velho Testamento. Imprensa Batista Regular. São Paulo, 1979.
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SCHULTZ, SJ. A História de Israel. Edições Vida Nova. São Paulo, 1980.

YOUNG, EJ. Introdução ao Antigo Testamento. Edições Vida Nova. São Paulo, SP. 1964.

A versão Bíblica usada é a da Sociedade Bíblica do Brasil, Revista e Atualizada.

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