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Projetos para o Brasil

Bonifácio vislumbrou no Brasil a subsistência das condições necessárias para a


construção e formatação do Estado Nacional brasileiro. Contudo, identificava, ao
mesmo tempo, alguns entraves existentes para a conquista do almejado cenário, como a
heterogeneidade cultural e racial, a escravidão e a equivocada política indigenista
vigentes na sociedade. É nesse sentido, que ele, como ministro de D.Pedro, passou a
pensar o Brasil de forma global e particular e propôs seus projetos para que, assim,
fosse possível superar esses entraves e ter-se uma unida e próspera Nação. Tais projetos
dizem respeito à promoção de uma integração regional, abolição do tráfico negreiro
com emancipação gradual dos cativos e o estimulo à mestiçagem. Far-se-á uma análise
dos entraves e de como os projetos de Bonifácio os solucionariam.

Heterogeneidade Cultural e Racial: Bonifácio acreditava que a educação política e


religiosa, de mãos dadas com as leis e costumes, seria capaz de transformar o brasileiro
desleixado em um verdadeiro cidadão de valor. Contudo, “qualquer educação seria
estéril, se antes de tudo a heterogênea população brasileira não fosse transformada
em um conjunto homogêneo em todos os sentidos: racial, cultural, legal e
cívico”(1). A população brasileira oitocentista era composta, majoritariamente, por
brancos, negros, índios e escravos. Dessa forma, não haveria ou seria possível construir
um sentimento identitário com e para o próximo, pois as diferenças, tanto culturais
quanto legais e cívicas eram abissais. Para isso, dentre outras medidas, como o fim da
escravidão com mecanismo de suporte racial ao negro e a integração dos índios à
sociedade nacional, Bonifácio destaca o papel fundamental de o Estado fomentar e dar
sorte à mestiçagem, isto é, “animar por todos os meios possíveis os casamentos dos
homens brancos e de cor com as índias, para que os mestiços nascidos tenham
menos horror à vida agrícola e industrial”(2). Nesse sentido, essa população
nacionalizada através da miscigenação e integração social deveria ser educada por um
governo de sábios e teria, assim, capacidade de construir um sentimento identitário com
e para o próximo, possibilitando uma nova “raça”, tão brasileira quanto integrada. Essa
nova identidade nacional transformaria inimigos seculares (brancos, negros escravos e
índios selvagens) em compatriotas e concidadãos.
Escravidão: Tema abordado na representação à assembleia geral constituinte e
legislativa do império do Brasil sobre a escravatura. Jose Bonifácio defendeu a abolição
do tráfico negreiro, o melhoramento da sorte dos atuais cativos e da sua progressiva
emancipação aliada a políticas de suporte racial. Sua linha argumentativa pode ser
dividida em três principais aspectos: humano, econômico e estatal.

Em relação ao aspecto humano, Bonifácio destaca que a escravidão fere a racionalidade


e a lógica, pois “como poderia haver uma constituição liberal e duradoura em um
país continuamente habitado por uma multidão imensa de escravos brutais e
inimigos”?(3). Além disso, os negros são homens como nós, e não formam uma espécie
de brutos animais, sentem como nós, pensam como nós como poderíamos então sermos
insensíveis a eles? Onde estaria o sentimento cristão que não façamos aos outros o que
queremos que não nos façam a nós? Genialmente, Bonifácio traz que para lavrar-se das
acusações os homens tenderiam a tecer mil motivos para justificar a escravidão:

diz que é um ato de caridade trazer escravos da África, porque


assim escapam esses desgraçados de serem vitimas de
despóticos régulos: diz igualmente que, se não viessem esses
escravos, ficariam privados da luz do evangelho, que todo
cristão deve promover, e espalhar: diz que esses infelizes
mudam de um clima e pais ardente e horrível para outro, doce,
fértil e ameno; diz por fim que, devendo os criminosos e
prisioneiros de guerra mortos imediatamente pelos seus bárbaros
costumes, é um favor, que se lhes faz, compra-los, para lhes
conservar a vida, ainda que seja em cativeiro[...] é decerto um
atentado manifesto contra as leis eternas da justiça e da religião.
E por que continuaram e continuam a ser escravos os filhos
desses africanos? cometeram eles crimes? Foram apanhados em
guerra? Mudaram de clima mau para a luz do evangelho? Não
por certo, e todavia seus filhos, e filhos desses filhos, devem,
segundo vós, ser desgraçados para todo o sempre.
Em relação ao aspecto econômico, Bonifácio aufere que a escravidão constitui-se como
um desperdício de cabedal. Isso se deve ao fato de que o custo de investimento nessa
mão de obra é altíssimo e apresenta várias desvantagens: morrem, revoltam-se e não
trabalham com todo vigor. Dessa forma, esse capital, que foi investido na mão de obra
escrava, poderia ter sido revertido em outros setores fundamentais para o
desenvolvimento da Nação, como a indústria, cidade, infraestrutura e comercio.
Bonifácio alerta para isso na seguinte passagem:

Com efeito, imensos cabedais saem anualmente deste império


para Africa; e imensos cabedais se amortizam dentro deste vasto
pais, ela compra de escravos, que morrem, adoecem, e se
inutilizam, e demais pouco trabalham. (52)

Por fim, não menos importante, o aspecto Estatal, Bonifácio traz que para se constituir
uma grande Nação seria imprescindível que a esfera pública fosse poderosa e presente.
Contudo, as grandes propriedades e a relação entre senhores e escravos constituíam um
verdadeiro estado paralelo na sociedade, uma vez que a esfera pública não conseguia
adentrar as portelas da fazenda. Os senhores ditavam as regras e coerções para os
escravos, tarefas essas que seriam de dever do Estado. Nesse sentido, Bonifácio propôs,
em seu projeto, artigos que versavam acerca das condições de trabalho dos escravos, da
jornada diária, da alimentação e vestuário, do poder publico como responsável por
estipular as punições e certas restrições quanto ao trabalho feminino e infantil. Como
exemplo, o ART. XIII: O senhor não poderá castigar o escravo com surras, ou castigos
cruéis, senão no pelourinho publico da cidade, vila, ou arraial, obtida a licença do juiz
policial, que determinaria o castigo à vista do delito: e qualquer que for contra esta
determinação será punido com pena pecuniária arbitrada a bem da caixa de piedade,
dado porem recurso ao conselho conservador da província
.
Aliado à abolição da escravatura e o melhoramento da sorte dos atuais cativos,
Bonifácio também idealizou a emancipação gradual dos escravos com o devido suporte
racial. É possível verificar esse suporte no ART. X: Todos os homens de cor forros, que
não tiverem oficio, ou modo certo de vida, receberão do Estado uma pequena sesmaria
de terra para cultivarem, e receberão outrossim dele os socorros necessários para se
estabelecerem, cujo valor irão pagando com o andar do tempo.
Em resumo, a escravidão mostrava-se como uma afronta aos direitos naturais e cristãos
da sociedade, dispendiosa sem grandes retornos e infortuna ao desenvolvimento do
poder público frente às relações privadas exercidas pela relação diametralmente oposta
entre senhores e escravo na sociedade brasileira.

Equivocada politica indigenista: Bonifácio aborda em seus projetos que, como


ferramenta para a integração regional e, consequentemente, nacional, valorizar,
catequizar e aldear a população indígena seria fundamental. Isso se deve ao fato de que,
além de constituírem mão de obra, ampliaria a esfera de atuação estatal e, assim, o
poder público. Para tal, destaca que seria necessária uma reforma agrária, pois, por meio
da venda ou distribuição das terras até então inutilizadas, os índios passariam a ocupa-
las e desenvolverem-se sob a tutela Estatal. Como consequência, poderiam
comercializar o seu excedente de sua produção o que levaria ao maior contato com a
cultura e valores da civilização brasileira.

Em síntese, a reforma agrária promoveria a povoação e integração do território, o


desenvolvimento da agricultura e a imposição do Estado em ambientes antes fora de sua
esfera de influência.

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