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Lira e Antilira

Corrosão, como empregaremos, não se confunde com derrotismo ou absenteísmo. Ao


contrário, no contexto drummondiano ela aparece como a maneira de assumir a Históri,
de se por com ela em relação aberta. É deste modo que a vida não aparece para o poeta
mineiro como jogo fortuito, passível de prazeres desligados do cúmulo dos outros
instantes. Ela não tampouco cinza compacta, chão de chumbo, ao invés dessas
hipóteses, a corrosão que a cada instante ou como escavação ou como cega destinação
para um fim ignorado. Em qualquer dos dois casos – ou seja, quer no participante quer
no de aparência abseneísta – o semblante da História é algo de permanente corroer. O
princípio-corrosão é, por conseguinte, a raiz que irradia da percepção do que é
contemporâneo.
Costa Lima 131.
Muitas vezes obra de Drummond se assemelha a uma enguia que deslizasse entre as
mãos.
p. 132
O princípio-corrosão “é um veio subterrâneo que subjaz e alimenta as mais diversas
faces da obra drummondiana. Segundo entendemos, ela unifica não só os momentos
representados por Rosa do Povo e o que principia a se cristalizar com Claro enigma,
como articula os diversos temas inclusos”.
p. 132
Ao contrário de Mário e Bandeira, Drummond (assim como Murilo Mendes) não é um
mitificador da realidade, mas um realista. “Contra uma projetiva mítica, a sua obra
propõe uma projetiva realista, marcada até as entranhas pela ideia da corrosão que
desgasta seres e coisas. Realismo e corrosão só se opõem na cabeça dos que tomam [...]
a obra de arte como reflexo da realidade. Mas tal mecanismo só nos faria atrapalhar. O
princípio-corrosão implica [...] a transposição ao imaginário de uma pátria
historicizada. E é a presença partilhada e intuída do histórico que lhe conduz ao
sentimento de angústia, de asco e de desgosto com que partilha o mundo. Talvez desta
maneira passamos alar no realismo drummondiano, afastando o desgaste em que a
palavra caiu.
P. 133
Primeira face desse princípio – ironia.
P. 134
Poema “Iniciação Amorosa” –corrosão do idílico arcádico, corrosão do idílico
sensualista piadista dos modernistas – “A rede virou, o mundo afundou” – a ironia abre
o poema a uma forma de amargura e desalento condensado que supera o simples
poema-piada.
p. 134-135
“Iniciação amorosa” e “meio do caminho” – ironia não confundida com blague (p. 136)
Bandeira ironiza seu próprio sentimentalismo – Drummond (Alguma poesia), vai mais
longe – Sua ironia “alveja a nova racionalização dos modernistas, confundindo a
libertação que pretendiam, a expressão nacional que buscavam com a sensualidade que
tomavam como sinal de integração das suas (nossas) gentes.”
p. 136
a ironia de Drummond corrói o imaginário modernista; faz, pois, crítica do momento
presente (é historicamente consciente) – eu digo.
Drummond ironia contida, oposta à gargalhada modernista. “A ironia, encoberta pelo
lirismo, libera a presença oculta e latente da corrosão”. (no poema do papai Noel,
corrosão da história cristã).
(realmente, Drummond corrói co frequencia o amor)
“Ironia sem mordacidade, ironia sem esgar, ironia séria”
p.137-138
“A ironia não se basta a si mesma. Por conta de sua própria seriedade, ela é larva que se
prepara. Subjacente está outra presença.”
P. 138
“Romaria”
“O fim é onde devia ser chegada” (p. 138) penso, em Drummond a trajetória é mais
importante que o fim, que é sempre incerto.
Romaria = silêncio, incomunicabilidade p. 138-9, eu dirá gratuitismo da existência.
Sobre a expressão de “não se mate” o amor no claro: “No escuro ou no claro, onde o
amor se situa? No claro que é escuro (formulação primeira do que depois se decifrará na
expressão “claro enigma”) . No claro do dia, incluso, na cegueira do tempo, onde
desembocam, misturados, reuídos, choques, seres e sentimentos. É a tematização do
tempo-corrosão que se prepara”.
p. 142
“Na poesia de Carlos Drummond de Andrade a ironia é uma faca bigume: corrosiva e
reveladora. Duplo gume, entretanto, que corta no mesmo sentido: reveladora sendo
corrosiva, corrosão que revela a História assumida.”
P. 143
Alguma poesia – a um elemento subjacente a ironia – a corrosão.
Em sentimento do mundo – o ironia é que está subjacente à corrosão.
p. 143
Sobre sentimento do mundo: “Se a corrosão que esteve oculta sob a ironia agora
romperá a crosta que a disfarçava é porque Drummond consegue se assenhorar da
palavra como instrumento não de simples captação dos seus estados emocionais, mas
sim de descoberta e não apenas de si. “La language mîtrise la pensée”. Pois a diferença
fundamental que encontramos em Alguma Poesia e Brejo das Almas e o livro que
começaremos a estudar [Sentimento do mundo] está em que naqueles a palavra estava
em relação direta com as reações emocionais do poeta face às coisas da realidade,
enquanto, a partir de agora, a palavra se amplia e mais que captar a estados de
consciência, o que vale dizer, a consciência individual do poeta – propõe estados de
consciência possíveis. Mais que flagrar a resposta do poeta à hostilidade das coisas,
desce com ele a indagação das coisas que, além de hostis, de indiferentes ou opacas,
sofrem de um movimento historicamente caracterizado. Voltando à frase de Merleau-
Ponty, não será mais o pensamento, o pensamento-sentimento, que se assenhoreará do
pensamento. O pensamento deixa de se traduzir, para transluzir, luzir através do corpo
da linguagem. E luzindo através alcançar pontos que ainda não atingira. A invenção, em
vez de um exercício lúdico, se realiza em uma práxis, no fim da qual o que se alcança
vai além do que se poderia ter proposto alcançar. É pela invenção que Drummond
deixa-nos de aparecer como um mero individualista que escrevesse.
p. 146
origem dessa mudança – um pouco de consciência mais certeira da realidade e um
pouco de maior precisão técnica de seu ofício. Atribuir a mudança apenas a qualquer
um desses aspectos seria incorrer em parcialidade.
p. 146
Diferenças entre Drummond e Murilo Mendes sobre a estrofe de “Pórtico notável”:
(...)
Quando me levantar, o céu
Estará morto e saqueado,
Eu mesmo estarei morto,
Morto meu desejo, morto
O pântano sem acordes.
(...)
“O texto da terceira estrofe [o citado] pode-nos recordar Murilo Mendes. A
aproximação, porém, é tênue. É certo haver em ambos a freqüência majoritária de
nomes duros e concretos. Porém, o uso deste domínio os conduz a direções diferentes.
Murilo Mendes envereda pelo fantástico e fecunda um realismo surreal. Drummond não
se distancia da sua matéria visível: o tempo a correr, melhor, a corroer. A precisa
indicação oferecida pela terceira estrofe, mostra, contudo, que essa especialização do
tempo presente não contrai ares metafísicos. O tempo corrói não por ser simplesmente
tempo, fio largado em dias, mas por ser um tempo preciso, tempo de guerra, no qual
entramos despreparados. Guerra mais corrosiva porque não declarada.
p. 148
tônica de Drummond: o princípio de corrosão envolvendo a casa paterna.
“Os mortos de sobrecasaca” – a imagem do verme roendo as sobrecasacas.
p. 149
Em tempo de guerra, como o que foi a Drummond dado viver, o amor e a constelação
de sentimentos a ele ligado são postos sob suspeita. E como a lírica é o meio poético
usual de transmissão deste complexto [sic] amoroso ela passa a ser posta em questão.
Drummond então a enfrenta em sua necessidade de ser renovada, alcançando solução de
relevo, quer quanto à modalidade lírica que consegue, quer por evitar um objetivismo de
tipo naturalista (o que vale dizer, antipoético). Ambos esses resultados dependem do
distanciamento que estabelece. Ele se converte em uma tática de abrangência, dizendo
os sentimentos sem ser sentimental, fazendo lirismo por onde não parecia haver meio. O
lirismo de Drummond é novo, portanto, não porque aceite tematizar a trituração contida
no cotidiano da existência, mas porque essa trituração se reveste de uma técnica
apropriada. Por ela, os sentimentos pessoais indiretamente passam a ser incluídos.
p. 150

Sobre o poema “os mortos de sobrecasaca”


“O sentimental que fora extirpado se depura a confluência dos sentimentos agora
escritos. O lirismo encantatório fora cortado pela ironia. Mas a ironia, a técnica do
distanciamento não siginificam o esmagamento dos sentimentos humanos. Mas em
nome de que razão eles deverão ser abolidos do poema? Eliminou-se um modo de
lirismo, para eu se estabelecesse um outro: o lirismo que diz do homem dentro da
História corrosiva; Ele assim existe mesmo dentro dos mais humildes gestos de posso
do passado perdido: o álbum de retratos.
p. 150
O princípio-corosão não se confunde com uma ideia niilista do homem, do mundo e de
seus feitos. Ao invés, ele é a armadura indispensável para que Carlos Drummond não
faça poesia escapista.
p. 151
Em sentimento do mundo, a corrosão é mais que um tema, é um princípio operacional
p. 151
Dois pólos da corrosão:
1º. Luta, corrosão ativa. Esquema: corrosão  escavação.
“No segundo caso, a trituração das coisas e dos objetos Lea a revelar o fundo
indevassável, a tampa que dá para um abismo sem fundo.”
2º. Corrosão que revela o indevassável das coisas. Esquema: Corrosão Opacidade.
p. 151
Os dois princípios não estão isolados, entrecruzando-se muitas vezes. Mas se pode
pensar em obras que me mais ou menos concentram um ou outro pólo da corrosão.
A Rosa do povo: Corrosão escavação
Lição de coisas: Corrosão  opacidade
p. 151
poema “mãos dadas”, costa lima revela a função das negações nesse poema.
p. 151-152
nesse poema “suas ilações são mais palpáveis. A história é menos implícita, seus
combates e dores tomados não passivamente. Com isso, a corrosão verbalmente
desaparece.”
p. 152
poemas como elegia 1938 e “A noite dissolve os homens” corrosão  escavação e
corrosão  opacidade se entrecruzam.
p. 156
exemplo de motivo de corrosão; “A face trituradora do tempo”.
p. 156
em Drummond a coexistência de C O e C- E, mas prevalece CO
p. 156
Sobre os poemas engajados [carta a stalingrado; telegrama a moscou] de Drummond:
neles a um entusiasmo passageiro que resvala no corrosão  escavação.
p. 160-161
poema “Notícia”; perfeito exemplo de corrosão  escavação.
Sobre o lugar do poeta em Drummond à luz do poema “O lutador”
A marginalidade do poeta:
(...) é numa sociedade e que o intelectual tende a se por em posição marginal –
sistematicamente iniciada com o romantismo – que mais cresce o interesse de
conhecimento da sua linguagem. Pois este conhecimento lhe dará tanto a noção de seus
limites, quanto a possibilidade de em certo modo melhor utilizá-los.
p. 169
Mallarmé e Drummond:
“Drummond abranda o curso mallarmaico [a poesia de Drummond é impura, mas
consciente da negatividade e da impossibilidade do ideal] porém o segue, fazendo com
que a corrosão deixe de Sr um princípio operativo exposto, para que sua existência
escave em pleno [sic] anterior à da própria feitura expressional da composição.”
p. 173
“Poemas, portanto [como o do Jardim] mostram a rarefação em que o artista recai ao
desiludir-se da luta que provisoriamente travara pela plenitude humana.”
p. 173
Em “Dissolução” [do livro depois de Rosa do Povo]:
O poeta regressa ao tom acerbamente individualista de suas primeiras obras. Sem a
ironia irreverente delas, de posse, porém, da palavra mais domada. De braços cruzados,
vê surgir provações do vácuo. Nelas não se coloca o poeta nem coloca ninguém. O
escasso, o território rarefeito é o que resta do que não é corrosivo. Mas será fato que o
verbo alcança cão em que não penetra na História agressiva? Ou seja, será que
Drummond consegue escapar de seu princípio fundamental? A resposta há de ser sim e
não, simultaneamente. A beleza é possível ser entranhada até das negatividades de que
se revestem os significados. Mas, se “aquele agressivo espírito...já não oprime”, o que
resta é ainda sinal de corrosão no tempo inaugurada: “a paz, destroçada”.
Esse será o caminho a que, no percurso do poeta, acederemos a partir da publicação de
Claro Enigma.”
p. 174
Claro Engima, composto entre 1948-1951, fim da guerra, fim da ditadura estodonovista,
surgimento da geração de 45, bem comportada, “que lançam a última pá de terra sobre o
modernismo” e “ameaçam jogar pedra na casa de Drummond”.
Nesse contexto:
“O próprio Drummond [...] também muda e se faz menos distante dos que parecem
jovens no pós-guerra. Ele, que em 1945 publicara A Rosa do Povo, poucos anos
passados dá como epígrafe do Claro Enigma frase de Valéry – “les évenements
m´ennuient” – denunciadora da drástica mudança. Textualmente ela se mostra pela
tendência em sufocar o princípio-corrosão pela opacidade absoluta.”
p. 174
sobre a “Ingaia ciência”
“a corrosão permanece, porém reservada a plano anterior o da expressão. Ela, por assim
dizer, se naturaliza. Deixa de ser princípio operativo para ser ponto de partida, que o
poema pressupõe. Ela passa a estar dada.”
p. 175
em a “Ingaia ciência” [ e em Claro enigma]
“O mundo é então “círculo vazio”, frase que duplamente insiste em sua intransitividade,
pois, no caso, círculo não será sinônimo de redondez, mais [sic] presença imutável. O
mundo, cela, a existência, sonho, comprova a matéria perdida. O fragmentário, que
exerce função relevante em A Rosa do Povo, desaparece. Resta o círculo vazio, a se
articular em uma sintaxe também mais concisa. Em vez de ser sobre temporalidade, o
poema se move “sob a glacialidade de uma estela”. Tudo se destrói “no sonho da
existência”.
p. 175
Há presença de Mallarmé [sobretudo na segunda estrofe de “Ingaia ciência”.
Relógios falantes (prosa de Drummond): “o ofício dos olhos é ver, chorar e enganar”.
p. 176
em Claro enigma
A “limpeza” da matéria, o afastamento da as caoticidade, através da aceitação submissa
do enigma, revestem então o poema drummondiano de enganosa claridade.
p. 176
em “Opaco”
“A corrosão não é substituída por outra modalidade de apreensão-expressão da vida. O
que é negado é esta própria apreensão, restando para a expressão a nesga do que fi visto
e do que foi dito”.
P. 179
“a polícia da palavra” – bom sentido, O engenheiro (1945), de João Cabral
Mal sentido – a geração de 45.
Tônica dominante do período em que Claro enigma é publicado.
O concisão dos poemas dialoga com essa tendência da literatura brasileira.
O tema do amor é interessante em Claro enigma. “O absenteísmo da fase do poeta não
retira o sal incluso do amor. É o que mostram “Amar” e “Campo de Flores”, onde
regressa o melhor Drummond”. [Drummond de claro enigam é ruim?, pergunto eu]
p. 182
Sobre a Máquina do Mundo
“A recusa do poeta-caminhante em penetrar na visão suposta dos segredos que lhe
oferta A máquina do mundo recompõe o círculo que, na verdade, não se rompera. O
poema, um dos máximos alcances da poética drummondiana, apresenta, por um artifício
semelhante ao de Brás Cubas cavalgando o hipopótamo do delírio, a penetração mais
aguda da corrosão até à opacidade.”
p. 186
O princípio corrosão é uma forma de historicizar o discurso:
“Dentro desta escorre um tênue fio de captação do real, não confundido com o que
apenas desliza para o nada.”
P. 196

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