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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

ALESSANDRO HASMANN RIBEIRO

A CONCEPÇÃO DE PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL:


O CASO DE UM PRÉDIO RESIDENCIAL.

MARINGÁ
2010
A CONCEPÇÃO DE PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL:
O CASO DE UM PRÉDIO RESIDENCIAL.

ALESSANDRO HASMANN RIBEIRO

Monografia apresentada para o


trabalho de conclusão do curso de
arquitetura e urbanismo.

Orientador: Prof. Ricardo Dias Silva.

MARINGÁ
2010
ii

“Descobri que as pedras em meu


caminho não são um motivo para
desistir da caminhada, mas me dão a
possibilidade de construir um prédio –
de alvenaria”.

Autor desconhecido.
iii

Agradecimentos

A DEUS, pelo seu amor para com cada um de nós,

A Nossa Senhora, Mãe do Senhor, que sempre me deu forças,

A Santo Antônio, meu Santo Padroeiro,

Aos Santos Anjos que nos protegem,

Aos professores que tive durante todo o curso, pela dedicação


e incentivo que nos deram,

Aos colegas, pela fundamental presença e amizade,

A todos que trabalham ou trabalharam nessa instituição e que


nos deram o suporte para que o ensino aconteça,

Ao professor Ricardo Dias Silva pela orientação na elaboração


desse trabalho e pela sua experiência no campo da pesquisa,

Ao professor João Dirceu Nogueira Carvalho, do departamento


de engenharia civil da Universidade Estadual de Maringá,
pesquisador do tema de alvenaria estrutural, que colaborou
para a realização desse trabalho.
iv

Resumo

O presente trabalho constitui-se de uma pesquisa sobre o sistema de alvenaria


estrutural e de suas implicações e singularidades a fim de contribuir para a
melhoria do projeto arquitetônico utilizando esse sistema. O trabalho foca em
edifícios verticais destinados à habitação em geral. Tem como objetivo fornecer
dados e parâmetros para ajudar os arquitetos nas escolhas de projeto quando
utilizarem esse sistema. Também tem a pretensão de divulgar a técnica e com
isso tirar preconceitos em relação à mesma, além de demonstrar as
potencialidades e as limitações com a construção por esse sistema. A alvenaria
estrutural oferece várias vantagens construtivas, tais como a racionalização do
processo e também oferece vantagens de qualidade ao produto final, visto que
a estrutura dos edifícios em alvenaria estrutural se presta a outras funções, tais
como isolante térmico e acústico. O trabalho resulta em um projeto de edifício
residencial que visa contemplar as melhores potencialidades do sistema, ao
mesmo tempo em que atenda ao programa proposto de habitação multifamiliar
e cumpra com a legislação urbana em que está inserido. A implantação do
edifício na cidade de Maringá visa promover a tecnologia na região e com isso
trazer novas alternativas de projeto e construção para a cidade.

Palavras-chave: Alvenaria Estrutural; Projeto Arquitetônico; Edifício


Residencial.
v

Sumário

Agradecimento ................................................................................................ iii


Resumo ............................................................................................................ iv
Lista de Figuras ............................................................................................. vii
Lista de Tabelas .............................................................................................. ix
Lista de Quadros ............................................................................................. ix

1.INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1

1.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................... 2

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................... 2

1.2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................ 2

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................. 3

2.O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL ................................................ 5

2.1 PANORAMA DA ALVENARIA ESTRUTURAL ......................................... 5

2.2 CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DA ALVENARIA ................................... 7

2.3 A ALVENARIA ESTRUTURAL COMO UM SISTEMA ESTRUTURAL ..... 7

3.DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL ............ 29

3.1 RACIONALIZAÇÃO ................................................................................ 29

3.2 MODULAÇÃO ......................................................................................... 29

3.3 PRINCÍPIOS DO COMPORTAMENTO DOS EDIFÍCIOS....................... 31

3.3.1 Ações Verticais ............................................................................. 31

3.3.2 Ações Horizontais ......................................................................... 33

3.4 ESTABILIDADE DO EDIFÍCIO ............................................................... 34

3.5 FORMAS DO PRÉDIO ........................................................................... 35

3.6 ALTURA DOS EDIFÍCIOS ...................................................................... 37

3.7 DISTRIBUIÇÃO E ARRANJO DAS PAREDES ...................................... 38


vi

3.8 FORMAS DAS PAREDES ...................................................................... 43

3.9 AMARRAÇÕES ENTRE PAREDES ....................................................... 44

3.10 ABERTURAS ........................................................................................ 46

3.11 MARQUISES E SACADAS ................................................................... 47

3.12 LAJES ................................................................................................... 48

3.13 JUNTAS DE CONTROLE E DE DILATAÇÃO ...................................... 53

3.14 TRANSIÇÃO ......................................................................................... 56

3.15 FUNDAÇÕES ....................................................................................... 56

3.16 ESCADAS............................................................................................. 57

3.17 COMPATIBILIZAÇÃO ........................................................................... 58

4.EDIFÍCIO HABITACIONAL PARA ALVENARIA ESTRUTURAL ................ 59

4.1 REFERÊNCIAS ARQUITETÔNICAS...................................................... 59

4.1.1 Marcos Acayaba – Conjunto Residencial Vila Butantã ................. 59

4.1.2 Aflalo & Gasperini – Condomínio Residencial “The Gift” .............. 61

4.2 PROGRAMA ........................................................................................... 65

4.3 MEMORIAL JUSTIFICATIVO ................................................................. 65

4.3.1 Implantação .................................................................................. 65

4.3.2 Pavimento Térreo ......................................................................... 68

4.3.3 Pavimento de Garagem ................................................................ 68

4.3.4 Pavimento Tipo ............................................................................. 68

4.3.5 Cobertura ...................................................................................... 69

4.3.6 Revestimentos Externos ............................................................... 70

4.4 PEÇAS GRÁFICAS ................................................................................ 70

4.4.1 Perspectivas e Plantas Artísticas.................................................. 70

4.4.2 Anteprojeto ................................................................................... 73

4.4.3 Dados Estatísticos ........................................................................ 73

4.5 SOLUÇÕES CONSTRUTIVAS ADOTADAS .......................................... 74


vii

4.5.1 Modulação .................................................................................... 74

4.5.2 Altura do Prédio e Resistência dos Blocos ................................... 75

4.5.3 Forma do Edifício e Disposição das Paredes ............................... 75

4.5.4 Aberturas ...................................................................................... 78

4.5.5 Lajes ............................................................................................. 79

4.5.6 Amarração de paredes ................................................................. 81

4.5.7 Compatibilização de projetos ........................................................ 82

4.6 PROJETO EXECUTIVO ......................................................................... 83

4.6.1 Exemplo de projeto executivos ..................................................... 84

5. CONCLUSÕES ............................................................................................ 85

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 87

Lista de Figuras
Figura 2.1: Exemplos de blocos estruturais de concreto. ................................. 13
Figura 2.2: Classificação dos blocos estruturais cerâmicos ............................. 14
Figura 2.3: Exemplos de blocos estruturais cerâmicos – Linha 15x30. ............ 15
Figura 2.4: Detalhe de furo de visita. ................................................................ 19
Figura 2.5: Exemplos de armaduras construtivas. ........................................... 20
Figura 2.6: Exemplo de elevação de parede. ................................................... 21
Figura 2.7: Comportamento da alvenaria. ........................................................ 23
Figura 2.8: Comportamento da interação bloco-argamassa............................. 23
Figura 2.9: Utilização de cintas em aberturas adjacentes e próximas. ............. 25
Figura 2.10: Exemplo de vergas e contravergas. ............................................. 26
Figura 2.11: Dimensões mínimas de vergas e contravergas. .......................... 26
Figura 2.12: Coxim recebendo a carga de uma viga. ....................................... 27
Figura 2.13: Pilares de alvenaria. ..................................................................... 28
Figura 3.1: Opções de ligações laje-parede. .................................................... 30
Figura 3.2: Modulação Horizontal..................................................................... 31
Figura 3.3: Exemplo de grupos de paredes...................................................... 32
Figura 3.4: Espalhamento do carregamento. ................................................... 32
viii

Figura 3.5: Espalhamento vertical de cargas pontuais pelas paredes. ............ 33


Figura 3.6: Ação do vento sobre a estrutura de um edifício. ............................ 34
Figura 3.7: Princípios de estabilidade no arranjo de placas. ............................ 35
Figura 3.8: Estabilidade do edifício pelo arranjo de paredes. ........................... 35
Figura 3.9: Efeitos da forma e altura na robustez do prédio. ............................ 36
Figura 3.10: Formas mais resistentes à torção. ............................................... 37
Figura 3.11: Arranjos de paredes p/ maior estabilidade à estrutura. ................ 39
Figura 3.12: Arranjos estruturais simétricos e assimétricos. ............................ 40
Figura 3.13: Efeito do arranjo de paredes na resistência à torção do prédio ... 40
Figura 3.14: Distribuição das paredes ao longo da planta. .............................. 41
Figura 3.15: Possíveis sistemas de arranjo de paredes. .................................. 42
Figura 3.16: Formas possíveis de paredes estruturais. .................................... 43
Figura 3.17: Configuração da parede para a resistência à flexão. ................... 43
Figura 3.18: Exemplos de amarração indireta. ................................................. 44
Figura 3.19: Armaduras utilizadas na amarração indireta. ............................... 45
Figura 3.20: Exemplo de amarração de paredes ............................................. 45
Figura 3.21: Amarração de paredes para a linha 15x40. ................................. 46
Figura 3.22: Alinhamento vertical das aberturas. ............................................. 47
Figura 3.23: Concentração de forças nas bordas de abertura. ........................ 47
Figura 3.24: Formas de introdução de sacadas em balanço. ........................... 48
Figura 3.25: Transmissão da pressão do vento às paredes resistentes. ......... 48
Figura 3.26: Sistemas de lajes de entrepiso conforme sua robustez ............... 50
Figura 3.27: Disposição recomendada p/ lajes armadas unidirecionais. .......... 51
Figura 3.28: Cuidado especial adotado em laje de cobertura. ......................... 52
Figura 3.29: Detalhe da interface laje – platibanda. ......................................... 53
Figura 3.30: Desnível e degrau obtidos com o bloco “jota”. ............................. 53
Figura 3.31: Detalhe de juntas. ........................................................................ 55
Figura 3.32: Representação esquemática de escadas. ................................... 57
Figura 4.1: Conjunto Residencial Vila Butantã. ................................................ 60
Figura 4.2: Vila Butantã – Vista interna ............................................................ 60
Figura 4.3: Vila Butantã – Vista interna ............................................................ 60
Figura 4.4: Implantação das casas. .................................................................. 60
Figura 4.5: Detalhe de execução da laje mista de concreto e madeira. ........... 60
Figura 4.6: Corte esquemático do lote/casas. .................................................. 61
ix

Figura 4.7: Fachada do edifício The Gift. ......................................................... 63


Figura 4.8: The Gift - Vista interna do terraço. ................................................. 63
Figura 4.9: The Gift – Vista do estar/ jantar e terraço....................................... 63
Figura 4.10: The Gift – Plantas dos apartamentos simples. ............................. 63
Figura 4.11: The Gift – Plantas dos apartamentos duplex. .............................. 64
Figura 4.12: Terreno do empreendimento – Foto 01. ....................................... 66
Figura 4.13: Terreno do empreendimento – Foto 02. ....................................... 66
Figura 4.14: Imagem de satélite do terreno. ..................................................... 66
Figura 4.15: Exemplo de parede de alvenaria aparente com blocos “split”. ..... 70
Figura 4.16: Perspectiva do prédio ................................................................... 71
Figura 4.17: Perspectiva do prédio. .................................................................. 71
Figura 4.18: Perspectiva do prédio ................................................................... 72
Figura 4.19: Perspectiva do prédio ................................................................... 72
Figura 4.20: Medidas para instalação de porta. ............................................... 78
Figura 4.21: Detalhe da laje. ............................................................................ 79
Figura 4.22: Corte isométrico mostrando a laje da sacada. ............................. 80
Figura 4.23: Detalhe de amarração indireta c/ armaduras construtivas. .......... 82
Figura 4.24: Detalhe da parede de vedação hidráulica. ................................... 83

Lista de Tabelas
Tabela 2.1: Dimensões padronizadas de blocos vazados de concreto. ........... 12
Tabela 2.2: Dimensões padronizadas de blocos cerâmicos estruturais. .......... 14
Tabela 3.1: Resistência dos blocos com relação à altura do edifício. .............. 38
Tabela 3.2: Espaçamentos máximos para juntas de controle em alvenaria. .... 54
Tabela 4.1: Tabela de áreas do projeto. ........................................................... 74

Lista de Quadros
Quadro 4.1: Vila Butantã - Ficha técnica. ......................................................... 61
Quadro 4.2: The Gift – Ficha técnica................................................................ 64
Quadro 4.3: Dados do terreno. ......................................................................... 67
Quadro 4.4:Ficha Técnica do Empreendimento. .............................................. 73
INTRODUÇÃO

A construção pelo sistema de alvenaria estrutural vem ganhando cada


vez mais espaço no seguimento de edifícios residenciais. No Brasil, aliás, o
sistema ganha atualmente um novo olhar devido ao investimento feito em
pesquisas de projeto, execução e de materiais. Essa mudança dá ao sistema
novos campos de utilização abrangendo desde construções populares até
construções de alto padrão.

Devido às características de construção racionalizada, vem sendo o


método preferido para construção de edifícios residenciais em vários centros
do país. Houve por causa disso um grande avanço tecnológico nas últimas
décadas, o que vem permitindo construções cada vez mais altas e de melhores
qualidades funcionais e arquitetônicas. O Brasil é um dos países que mais
investem na tecnologia de edificações altas pelo sistema, resultando em
prédios entre 15 e 20 pavimentos, ou mais, com garagem, transição, pilotis e
uma parede relativamente esbelta, o que antes só seria possível com
estruturas de concreto armado ou de aço.

Em centros como São Paulo e Porto Alegre o sistema já está


consolidado e é a principal opção para se construir edifícios residenciais,
mesmo com a necessidade, no caso de São Paulo, de se construir prédios
altos. Porém em outros centros do país, o sistema ainda é visto por muitos com
um preconceito, devido à época que foram construídos pelo país vários
conjuntos habitacionais com esse sistema sem o devido preparo tecnológico, o
que resultou em construções com várias patologias e tida como tecnologia de
qualidade inferior.

Apesar da grande pesquisa tecnológica existente, tanto do meio


acadêmico, das construtoras e dos fornecedores, e do avanço das últimas
décadas ainda falta um trabalho para difundir essa nova tecnologia e dos
resultados dessas pesquisas, especialmente em centros em que o sistema não
está consolidado, como é o caso da região de Maringá.
2
1. INTRODUÇÃO

1.1 OBJETIVO GERAL

Busca-se contribuir para a melhoria da construção civil brasileira para


edificações verticais, difundindo e promovendo uma alternativa de construção
racionalizada que resulte em unidades habitacionais com melhor qualidade
final, atendimento às necessidades propostas e se possível a redução do custo
resultando em maior acessibilidade às moradias.
Para isso foi escolhida a pesquisa sobre o sistema de alvenaria
estrutural, buscando com isso entender o sistema para poder usufruir seus
melhores benefícios e trabalhar com suas especificidades. Espera-se com isso,
colaborar para a qualidade dos projetos arquitetônicos de edifícios residenciais
na medida em que fornece novas diretrizes e conhecimentos para nortear as
escolhas de projeto dos arquitetos.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Pesquisar e conhecer sobre o sistema de alvenaria estrutural;


 Conhecer as inovações e atualidades sobre o sistema;
 Catalogar todas as informações obtidas, de modo a obter em um único
trabalho, informações úteis para o desenvolvimento de projetos
utilizando o sistema de alvenaria estrutural;
 Pesquisar sobre as potencialidades e limitações do sistema;
 Realizar um projeto que explore as potencialidades e benefícios que o
sistema pode oferecer e que seja adaptado para a região de Maringá.

1.2 JUSTIFICATIVA

A arquitetura brasileira, especialmente no período do Modernismo,


sempre esteve vinculada às novas tecnologias construtivas. Como exemplo
temos João Filgueiras Lima, o Lelé, que é conhecido pelo seu trabalho de
investigação da pré-fabricação e de propor soluções racionalizadas em seus
projetos.
O sistema de alvenaria estrutural, por causa do grande investimento em
pesquisas das últimas décadas, é atualmente uma das melhores alternativas
para os projetos de edifícios destinados à habitação. Com isso, é de se esperar
um aprimoramento dos projetos na medida em que a técnica vai se
aprimorando e permitindo novas soluções de projeto até antes inviáveis.
3
1. INTRODUÇÃO

O exercício da arquitetura implica em responder satisfatoriamente à


necessidade eminente de habitação – do habitat do ser humano. Tanto do
ponto de vista urbanístico, como técnico, funcional e estético. Condomínios
verticais é a solução de habitação de grande parte da população das cidades e
barram o crescimento horizontal desordenado das mesmas, na medida em que
promovem uma maior concentração de pessoas em menor área ocupada.
Aprimorar as soluções arquitetônicas utilizando a inovação tecnológica,
especialmente para o programa de habitação, é uma das principais
contribuições que a arquitetura pode oferecer à sociedade.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

Para atender aos objetivos propostos, o trabalho foi organizado em cinco


capítulos. Como pode ser observado, o presente Capítulo 1, além da
introdução, exposição dos objetivos e estruturação do trabalho, apresenta a
necessidade da divulgação e do conhecimento do sistema de alvenaria
estrutural para a elaboração de projetos de qualidade em edifícios residenciais
que utilizem e garantam os melhores benefícios que o sistema pode oferecer.
No capítulo 2 está toda a informação para se conhecer o sistema desde
o seu surgimento até como ele é caracterizado hoje. Através da revisão
bibliográfica saberemos caracterizar corretamente o sistema e diferenciar o
sistema de alvenaria estrutural das simples alvenaria de vedação e também
conhecer todos os componentes e elementos que formam o sistema.
No capítulo 3 temos todo o resultado das pesquisas realizadas,
mostrando as melhores soluções de projeto para o sistema de alvenaria
estrutural. São parâmetros que nos indicam as melhores formas para os
prédios, as alturas possíveis com o sistema, os vãos livres, como podemos
resolver os problemas de sacadas, pilotis, etc. Também são informações que
nos auxiliarão nas escolhas dos elementos da obra e nos ajudarão conhecer
como trabalha estruturalmente um edifício em alvenaria estrutural no
carregamento das forças até a fundação.
No capítulo 4 está a aplicação prática da pesquisa realizada através da
elaboração de um projeto arquitetônico pensado para o sistema de alvenaria
estrutural. Todas as informações necessárias ao projeto encontram-se nesse
capítulo, tais como referências arquitetônicas, programa, etc. Também nesse
4
1. INTRODUÇÃO

capítulo estão as soluções construtivas adotadas para esse projeto de


alvenaria estrutural.
No capítulo 5 está a conclusão final do presente trabalho e as
considerações finais do autor.
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

2.1 PANORAMA DA ALVENARIA ESTRUTURAL

A alvenaria, como técnica construtiva, acompanha o homem desde as


antigas civilizações, utilizando materiais disponíveis na época: pedra, tijolos de
barro, de adobe, etc. Grandes construções foram feitas através desse sistema,
tais como o Parthenon, na Grécia, a pirâmide de Quéops, no Egito, o farol de
Alexandria, a Muralha da China.

No Brasil a utilização da alvenaria como elemento estrutural iniciou no


período colonial, com o emprego da pedra e tijolo de barro cru. Os primeiros
avanços na técnica construtiva foram marcados, já no Império, pelo uso do
tijolo de barro cozido, a partir de 1850, proporcionando construções com
maiores vãos e mais resistentes à ação das águas. Já no final do século XIX, a
precisão dimensional dos tijolos permitia a aplicação de alguns conceitos em
direção a racionalização e industrialização (SANTOS, 1998).

No séc. XX, contudo, a rápida difusão do concreto, ocorrida graças a um


intenso programa de pesquisas financiadas, em grande parte, pela indústria do
cimento, tornou-se este o material mais utilizado em todo o mundo,
principalmente em estruturas de edificações. Paralelamente, as estruturas de
aço também apresentaram um grande avanço tecnológico (RAUBER, 2005). A
alvenaria passou a ter um papel coadjuvante na construção da maioria dos
edifícios, exercendo somente a função de vedação.

Conforme Lourenço (2007), a utilização da alvenaria como estrutura


seguia métodos empíricos, com dimensionamento baseado em métodos
gráficos ou cálculos simples, sem recursos de parede de contraventamento.
Isso conduziu a espessuras crescentes na direção da base, sendo o expoente
desta tipologia o famoso edifício Monadnock em Chicago, com 16 pisos e
espessura das paredes da base de 1,82m.

O marco inicial da “moderna alvenaria estrutural”, segundo Franco (s/d),


ocorre em 1951, quando Paul Haller projeta e constrói na Basiléia (Suíça) um
edifício em alvenaria simples (não armada) com base em ensaios e pesquisas
na Universidade. Trata-se de um edifício de 13 andares e 41,4m de altura, com
6
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

paredes de 37,5cm de espessura, que evidenciou as vantagens da construção


em alvenaria.

Conforme Franco (s/d), a partir dos anos 60 ocorre à disseminação da


alvenaria estrutural – processo construtivo que se caracteriza pelo uso de
paredes como principal estrutura suporte do edifício, dimensionada através de
cálculo racional – com intensificação de pesquisas na área, criação de teorias
fundamentadas em extensas bases experimentais e progressos na fabricação
de materiais e nas técnicas de execução.

Em diversos países é introduzida, nos anos de 1950-60, uma concepção


de edifícios baseada em paredes de contraventamento em que as paredes
longitudinais, as paredes transversais e as lajes resistem em conjunto às ações
horizontais (Lourenço, 2007).

A vantagem deste princípio é que as paredes são utilizadas em


compressão e corte, sendo possível realizar edifícios com elevado
número de pisos com alvenaria simples e paredes de espessura
moderada, em zonas de muito baixa sismicidade. O dimensionamento
destes edifícios era apoiado em programas de investigação
experimental de grande dimensão e numa análise estrutural sólida,
semelhante à adotada para estruturas em concreto armado ou
metálicas. (Lourenço, 2007).

Atualmente, nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e em muitos


outros países, a alvenaria estrutural atinge níveis de cálculo, execução e
controle, similares aos aplicados nas estruturas de aço e concreto,
constituindo-se em um econômico e competitivo sistema racionalizado, versátil
e de fácil industrialização, face às diminutas dimensões do componente
modular básico empregado – o bloco (SANTOS, 1998).

No Brasil, a alvenaria estrutural está bem difundida e consolidada nos


em grandes centros do Brasil, tais como São Paulo, Porto Alegre e Fortaleza e
vem crescendo a sua participação até mesmo em ramos de mercado antes
inimagináveis para o sistema, tal como o mercado de apartamentos de alto
padrão. Como exemplo tem o Edifício The Gift, da construtora Even, com
projeto arquitetônico assinado pelo Aflalo e Gasperini Arquitetos. Trata-se de
prédios de 22 pavimentos sobre pilotis, com apartamentos de até quatro
dormitórios com área privativa variando de 168 a 210 m2 para os apartamentos
7
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

simples (Figura 2.3) e até 407 m2 para os apartamentos duplex. O projeto


oferece ainda várias opções de plantas.

Em outros centros do Brasil, tal como a região de Maringá – norte do


Paraná - o sistema ainda não é muito utilizado, porém a sua participação vem
crescendo a cada ano, inclusive por causa da vinda de construtoras de porte
nacional para a região.

2.2 CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DA ALVENARIA

A alvenaria é definida por Sabbatini (CEF, 2003) como um componente


complexo, conformado em obra, constituído por tijolos ou blocos unidos entre si
por juntas de argamassa, formando um conjunto rígido e coeso.

A alvenaria pode ser classificada como alvenaria de vedação, alvenaria


resistente e alvenaria estrutural. A alvenaria de vedação é aquela em que a
parede formada exerce somente a função de vedação e resiste apenas a seu
peso próprio. A alvenaria resistente, ou alvenaria tradicional, é aquela em que
as paredes exercem função estrutural, resistindo aos esforços solicitantes do
edifício. Porém o seu dimensionamento é feito de forma empírica, sem adoção
de método de cálculo racional.

Já a alvenaria estrutural, conforme definição de Sabbatini (CEF, 2003) é


aquela utilizada como estrutura suporte de edifícios e dimensionada a partir de
um cálculo racional. O uso da alvenaria estrutural pressupõe:

• segurança pré-definida (idêntica a de outras tipologias estruturais);

• construção e projeto com responsabilidades precisamente definidas e


conduzidas por profissionais habilitados;

• construção fundamentada em projetos específicos (estrutural-


construtivo), elaborado por engenheiros especializados.

2.3 A ALVENARIA ESTRUTURAL COMO UM SISTEMA ESTRUTURAL

Um sistema estrutural é o conjunto de elementos (peças estruturais)


convenientemente interligados (vinculados) de forma a desempenhar uma
função: assegurar a definição de um espaço para convívio social e que permita
a segurança e o bem estar do homem. Em edificações, esse conjunto de
8
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

elementos torna-se o caminho pelo qual as forças que atuam sobre a


edificação devem transitar até chegar ao seu destino final, o solo.

A alvenaria estrutural é um sistema estrutural baseado em elementos


laminares (placas e chapas), em que os esforços solicitantes são absorvidos
pelas lajes e paredes resistentes. Enquanto que no sistema de concreto
armado se baseia no sistema de pórticos, com lajes transmitindo os esforços
para a viga que as transmitem aos pilares e estes à fundação, na alvenaria
estrutural os esforços da laje são transmitidos diretamente as paredes
estruturais que as transmitem diretamente à fundação.

Uma das principais vantagens do sistema de alvenaria estrutural é que


as paredes que constituem a estrutura da edificação desempenham várias
outras funções simultaneamente, tais como a subdivisão dos espaços,
isolamento térmico e acústico, proteção ao fogo e às condições climáticas
(HENDRY, 1981 apud SANTOS, 1998). Esse fato proporciona uma maior
simplicidade construtiva e um maior nível de racionalização.

Os processos construtivos em alvenaria estrutural podem ser


classificados como:

 Alvenaria estrutural não armada: é aquela em que os esforços são


inteiramente absorvidos pelo sistema componente + argamassa. As
armaduras existentes são somente por motivos construtivos (em cintas,
vergas, amarração de paredes, etc.) e não são consideradas no
dimensionamento da estrutura (CEF, 2003).
 Alvenaria estrutural armada: é a alvenaria reforçada por armaduras
dispostas ao longo do componente estrutural, constituindo um todo
solidário com os elementos da alvenaria, para resistir aos esforços
calculados (NBR 8798, 1985). Esta é utilizada em diversos países como
uma resposta ao deficiente desempenho da alvenaria não armada às
ações horizontais elevadas. É a tecnologia utilizada em regiões
sísmicas, especialmente nos EUA.
 Alvenaria estrutural parcialmente armada: é aquela que emprega como
estrutura paredes de alvenaria sem armação e paredes com armação.
Estas últimas se caracterizam por terem os vazados verticais dos blocos
9
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

preenchidos com graute e envolvendo barras e fios de aço. É


dimensionada como alvenaria não armada, porém quando surgem
trechos da estrutura com solicitações que provoquem tensões acima das
admissíveis, estes trechos são dimensionados como alvenaria armada
(CEF, 2003).
 Alvenaria protendida: é aquela que recebe a protensão – técnica
baseada na aplicação controlada de forças destinada a aumentar a
resistência das estruturas. É quando, através de cordoalhas ou barras
de aço tracionadas, aumentam-se os esforços de compressão entre as
unidades de alvenaria, aumentando a resistência da mesma aos
esforços de flexão e cisalhamento (Parsekian, 2002). É utilizada para
construção de muros de arrimo, reservatórios de água, galpões,
coberturas, entre outros.

No Brasil, a alvenaria armada de tecnologia americana, que é densamente


armada, não é utilizada por não termos regiões sujeitas a sismos. Utiliza-se a
alvenaria não armada e quando se precisa combater a ação excessiva do
vento, que causa força de tração na estrutura, é utilizada a alvenaria
parcialmente armada.

2.4 COMPONENENTES DA ALVENARIA

Os componentes básicos da alvenaria estrutural são: as unidades de


alvenaria, a argamassa de assentamento, o graute e as eventuais armaduras.
A alvenaria, em si, é constituída basicamente pela união das unidades de
alvenaria interligadas entre si por uma junta de argamassa.

As unidades de alvenaria podem ser de pedra, tijolos, blocos, entre


outros. No sistema de alvenaria estrutural são utilizados os chamados blocos
estruturais, que são blocos fabricados industrialmente, conforme normas, e que
garantam a qualidade e a resistência necessária. No Brasil, os blocos
estruturais mais utilizados são os blocos de concreto e os blocos cerâmicos,
porém existem outros tipos tais como os blocos sílico-calcário, os blocos de
concreto aerado auto-clavado, entre outros.

2.4.1 Blocos estruturais:


10
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

Os blocos estruturais são definidos por Sabbatini (CEF, 2003) como:

BLOCO – componente (unidade de alvenaria) de fabricação industrial


com dimensões que superam as do tijolo;

BLOCOS VAZADOS – blocos com células contínuas (vazados)


perpendiculares a sua sessão transversal (são assentados com os
vazados na direção vertical) nos quais a área total dos vazados em
qualquer sessão transversal é de 25% a 60% da área bruta da
sessão;

BLOCOS MACIÇOS – blocos cuja área de vazios em qualquer


sessão transversal é inferior a 25% da área bruta da sessão.

BLOCOS DE CONCRETO – blocos produzidos com agregados


inertes e cimento portland, com ou sem aditivos, moldados em
prensas-vibradoras;

BLOCOS CERÂMICOS – blocos constituídos de material cerâmico,


obtido pela queima em alta temperatura (> 800ºC) de argilas,
moldados por extrusão.

As principais características funcionais dos blocos a serem respeitadas


são: resistência mecânica, absorção total e inicial, dimensões reais e nominais,
área líquida, peso unitário, estabilidade dimensional, isolamento termo-acústico
e durabilidade.

As características dos blocos determinam importantes aspectos da


execução da obra:

- Peso e dimensões - influenciam a produtividade;

- Formato - influencia a técnica de execução;

- Precisão dimensional - influencia os revestimentos e demais componentes.

Os blocos determinam também importantes características do projeto,


sendo estas a modulação, a coordenação dimensional e a passagem de
tubulações.

O fator mais importante a ser considerado é a resistência à compressão


das unidades. A relação entre a resistência à compressão de uma parede e a
resistência à compressão das unidades utilizadas é conhecida como o índice
de eficiência da alvenaria. Conforme Duarte (1999), ensaios realizados por
diversos pesquisadores apontam que o índice de eficiência é muito variável e
11
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

conclui que quanto menos juntas horizontais tiverem, maior será o índice de
eficiência da alvenaria. O índice de eficiência também tende a diminuir quando
se utilizam unidades de maior resistência à compressão, devido ao aumento da
diferença entre a resistência à compressão das unidades e da argamassa.

Os blocos são classificados em famílias, conforme suas medidas e levando


em consideração a modulação. A escolha da família dos blocos utilizados irá
gerar as medidas modulares do projeto. Uma família de blocos é o conjunto de
componentes de alvenaria que interagem modularmente entre si e com outros
elementos construtivos. Os blocos que compõem a família, segundo suas
dimensões modulares, são designados como bloco inteiro (bloco
predominante), meio-bloco, blocos de amarração L e T (blocos para encontro
de paredes), blocos compensadores A e B (blocos para ajuste de modulação) e
blocos canaleta J ou U.

Comumente no mercado as famílias são denominadas pelo comprimento


real do bloco predominante. Temos a família 29 de modulação 15 e a família 39
de modulação 15 ou 20. Na norma as famílias – denominadas de linhas – são
designadas pela largura nominal e pelo comprimento nominal. Temos então as
linhas 15x30, 15x40 e 20x40. A dimensão modular do bloco corresponde à
dimensão real acrescidas de 1 cm, que correspondem à espessura média das
juntas de argamassa.

Na obra os blocos precisam estar cobertos e protegidos da contaminação e


umidade do solo. Também devem ser separados de acordo com a resistência
em áreas claramente identificadas. Algumas inspeções visuais podem ser
feitas como recurso complementar aos ensaios laboratoriais:

- Para peças de um mesmo lote eventuais diferenças de peso são um forte


indicador de resistências irregulares, pois quanto mais leves as peças, mais
porosas e menos resistentes;

- A cor do bloco está relacionada à quantidade de água empregada na mistura.


As peças muito escuras resultam de misturas muito secas. Isso se reflete na
compactação do concreto e na densidade da peça. Lotes de cor homogênea
indicam baixo desvio-padrão e bom controle de processo.
12
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

- Arestas bem definidas dependem de misturas bem dosadas e compactas. Ao


contrário, uma aresta irregular indica produto fabricado com água insuficiente
para proporcionar a coesão e compactação do concreto.

- Para blocos de concreto é possível fazer um teste preliminar de


permeabilidade derramando um pouco de água sobre o bloco posicionado na
horizontal. Se o líquido não penetrar ou penetrar com dificuldade, a peça foi
bem adensada. A absorção de água com facilidade aponta para grande
quantidade de vazios no concreto, indicando baixa resistência ou alto consumo
de cimento, caso a resistência tenha sido atingida

BLOCOS VAZADOS DE CONCRETO;

São elementos de alvenaria cuja área líquida é igual ou inferior a 75% da


área bruta, confeccionados com cimento Portland, água e agregados minerais,
com ou sem inclusão de outros materiais, destinados à execução de alvenaria
estrutural (ABNT-NBR 6136, 1994).

Conforme a NBR 6136 (ABNT, 1994), as dimensões reais dos blocos


vazados de concreto devem corresponder às dimensões constantes na tabela
abaixo.

MEDIDAS DOS BLOCOS DE CONCRETO


Módulos: M20 M15
Linha:
ódulo 20x40 15x40 15x30
Largura (mm): 190 140 140
Altura (mm): 190 190 190
Bloco Inteiro 390 390 290
Comprimento (mm)

Bloco Meio 190 190 140


Amarração L - 340 -
Amarração T - 540 440
Compensador A 90 90 -
Compensador B 40 40 -
Tabela 2.1: Dimensões padronizadas de blocos vazados de concreto.
Fonte: ABNT: NBR 6136, 1994.

Podemos ver que a linha de blocos 15x30 (família 29 – M15) é a que


apresenta uma modulação mais simplificada, pois o comprimento modular é
13
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

exatamente o valor de duas vezes a largura nominal. Com isso só é necessário


o uso de uma peça especial quando temos amarração de paredes em T. No
caso da linha 15x40 (família 39 - M15), temos a necessidade do uso de
compensadores para ajustarmos a modulação, afetando assim a simplicidade
construtiva. A linha 20x40 (família 39 – M20) geralmente só é utilizada quando,
pelo projeto estrutural, tem-se a necessidade de paredes mais espessas.

Bloco Meio Bloco


Meio Bloco Amarração T Bloco
Bloco Inteiro Canaleta U Canaleta U
Compensador
Figura 2.1: Exemplos de blocos estruturais de concreto.
Fonte: Especificações técnicas Tecmold. Disponível dia: 20 abril 2010, em:
<http://www.tecmold.com.br/download/espec_tec_alvenaria_est.pdf>

Conforme Duarte (1998), os blocos de concreto sofrem o fenômeno de


retração. Ocorre um encurtamento da parede provocado pela retração dos
blocos de concreto. A parcela maior da retração ocorre no início devido à perda
da umidade após o assentamento e por esse motivo não é recomendado
molhar os blocos de concreto no momento do assentamento, pois essa
umidade adquirida aumentará o efeito da retração. Para que a argamassa de
assentamento não perca umidade para o bloco deve-se utilizar uma argamassa
com boa retenção de água.

A maior parcela da retração ocorre no início da vida útil da parede,


porém o fenômeno se estende ao longo do tempo juntamente com as
movimentações causadas por variações sazonais de umidade e temperatura.
Por causa desse fenômeno, as alvenarias de blocos de concreto devem prever
juntas de retração (também chamadas juntas de contração) que podem ser
preenchidas com argamassas ou outro material flexível (borracha, selante,
massa) que tenham a propriedade de expansão.

Conforme a NBR 6136 (ABNT, 1994), os blocos devem apresentar


aspecto homogêneo, ser compactos, ter arestas vivas e ser livres de trincas ou
outras imperfeições, que possam prejudicar o seu assentamento ou afetar a
14
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

resistência e a durabilidade da construção. A absorção de água deve ser


menor ou igual a 10%. A retração por secagem deve ser menor ou igual a
0,065%.

BLOCOS CERÂMICOS

O bloco cerâmico estrutural, conforme definição da NBR 15270-2


(ABNT, 2005), é o componente da alvenaria estrutural que possui furos
prismáticos perpendiculares às faces que os contêm. São produzidos para
serem assentados com furos na vertical. Podem ter paredes vazadas ou
maciças, ou ainda serem perfurados.

Bloco c/ parede vazadas Blocos com paredes maciços Bloco perfurado


Figura 2.2: Classificação dos blocos estruturais cerâmicos
Fonte: (ABNT - NBR 15270-2, 2005).

Quanto às medidas, seguem as mesmas medidas modulares dos blocos


de concreto, ou seja, podem ser utilizados módulos de 15 ou 20 cm. Na tabela
02 temos as dimensões dos blocos conforme a norma.

MEDIDAS DOS BLOCOS ESTRUTURAIS CERÂMICOS


Módulo: M15 M20
Linha: 15x30 15x40 20x30 20x40
Largura (mm): 140 140 190 190
Altura (mm): 190 190 190 190
Bloco Inteiro 290 390 290 390
Comprimento

Bloco Meio 140 190 140 190


(mm)

Amarração L - 340 340 -


Amarração T 440 540 490 590
Tabela 2.2: Dimensões padronizadas de blocos cerâmicos estruturais.
Fonte: ABNT - NBR 15270-2, 2005.

A qualidade das unidades cerâmicas está intimamente relacionada à


qualidade das argilas empregadas na fabricação e também ao processo de
produção. Podem-se obter unidades de baixíssima resistência (0,1 MPa) até de
15
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

alta resistência. Devido a isto, torna-se imprescindível a realização de ensaios


de caracterização das unidades.

Bloco
Bloco inteiro Bloco para Bloco Bloco
Meio Bloco Canaleta u
Amarração T Canaleta U Canaleta J
Compensador
Figura 2.3: Exemplos de blocos estruturais cerâmicos com paredes vazadas – Linha 15x30.
Fonte: <http://www.selectablocos.com.br/ae_produtos.html>. Acessado em 20 abril 2010.

Os blocos cerâmicos devem atender os requisitos da NBR 15270/ 2005:


- Identificação gravada em uma de suas faces externas, com as letras EST
(indicando a função estrutural);
- Não deve apresentar defeitos sistemáticos, tais como quebras, superfícies
irregulares ou deformações que impeçam seu emprego na função especificada;
- Precisão dimensional e planeza das faces – tolerância de +/- 3 mm;
- Índice de absorção de água de 8% a 22%.

BLOCOS DE CONCRETO X BLOCOS CERÂMICOS

Ambos os blocos possuem medidas padronizadas equivalentes, de


modo que a resistência e produtividade se equivalem. Segundo Duarte (1999),
a grande vantagem do bloco cerâmico é possuir uma porosidade muito inferior
à do bloco de concreto. Esta porosidade inferior assegura uma maior
estanqueidade das paredes externas contra infiltrações provenientes da chuva.
Outra vantagem, ainda conforme Duarte (1999), reside no fato de que a
alvenaria cerâmica não apresenta retração, necessitando menor quantidade de
juntas de movimentação.

Segundo Mendes (1998 apud Silva, 2003), uma grande vantagem do


bloco cerâmico em relação ao bloco de concreto é a obtenção de alta
resistência à compressão sem aumento considerável no custo da produção.
Para blocos de concreto, a obtenção de resistências elevadas fica
condicionada ao aumento do teor de cimento, com conseqüente aumento dos
custos de produção.
16
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

O bloco cerâmico é mais leve do que o de concreto (cerca de 40%) o


que facilita o processo de assentamento e o transporte além de reduzir a carga
para a fundação. Também apresentam maior flexibilidade para a criação de
peças especiais (ROMAN, s/d).

A cerâmica possui coeficiente de condutividade térmica menor que o


concreto melhorando o isolamento térmico. O bloco cerâmico com paredes
vazadas possui melhor isolamento acústico devido a sua geometria com furos
de pequenas dimensões nas extremidades, que não permite grande circulação
do ar, impedindo assim a propagação do som.

A vantagem dos blocos de concreto é que estes alcançam índices de


resistência maiores que os blocos cerâmicos de geometria equivalente. Os
blocos de concreto conseguem chegar a altas resistências, que podem variar
entre 15 e 20 MPa, possibilitando construções com maior número de
pavimentos.

A definição do tipo de bloco a ser utilizado deve levar em conta também


a disponibilidade do material na região para não incorrer em grandes custos de
transporte.

Argamassa:

A argamassa na alvenaria estrutural tem a função unir solidamente os


blocos, distribuindo as tensões uniformemente entre estes, além de acomodar
as pequenas deformações destes componentes.

As propriedades desejáveis das argamassas são trabalhabilidade,


capacidade de retenção de água, capacidade de sustentação dos blocos,
resistência inicial adequada e capacidade potencial de aderência.

As propriedades desejáveis das juntas de argamassa são resistência


mecânica adequada, capacidade de absorção de deformações e durabilidade.

A resistência mecânica da argamassa deve ser proporcional às unidades


de assentamento. Uma resistência maior da argamassa com relação aos
blocos não resulta num aumento da resistência da parede e faz com que a
argamassa deixe de cumprir sua função de absorver as deformações e
distribuir uniformemente os esforços entre os blocos, enquanto que uma
17
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

argamassa com baixa resistência mecânica diminuirá o índice de eficiência da


alvenaria e poderá causar o esmagamento da junta de argamassa.

Conforme Kalil (s/d), a trabalhabilidade é conseguida pela combinação


de vários fatores, sendo os principais a coesão, a consistência, a quantidade
de água utilizada, o tipo e o teor de aglomerante empregado, a granulometria e
a forma dos grãos do agregado.

A capacidade de retenção de água é importante, pois se a água


presente na argamassa percolar muito rapidamente no bloco, não haverá água
suficiente para a completa hidratação do cimento, resultando numa ligação
fraca entre a argamassa e os blocos.

O tempo de endurecimento da argamassa não pode ser muito rápido


porque causará problemas no assentamento dos blocos. Se for muito lento
causará atrasos na construção devido à espera para a continuação da
alvenaria.

A aderência é a capacidade que a interface bloco-argamassa possui de


absorver tensões tangenciais (cisalhamento) e normais (tração) a ela, sem
causar rompimento. É a propriedade mais importante da argamassa
endurecida.

Os materiais constituintes da argamassa são:

- Cimento Portland: responsável direto pela resistência, aderência,


trabalhabilidade e retenção de água;

- Cal: confere plasticidade, aumenta a retenção de água e melhora a coesão e


a extensão da aderência;

- Areia: aumentam o rendimento e diminui os efeitos prejudicais do excesso de


cimento. A areia grossa aumenta a resistência à compressão, enquanto que a
areia fina aumenta a aderência sendo, portanto preferíveis;

- Água: é o elemento que permite o endurecimento da argamassa pela


hidratação do cimento. É responsável direta pela trabalhabilidade da
argamassa. Deve ser dosada em quantidade que permita o bom assentamento
das unidades, não causando segregação dos seus constituintes.
18
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

Diversas pesquisas indicam que a espessura ótima para as juntas de


alvenaria é 1 cm. Com valores superiores a resistência da alvenaria é
diminuída, enquanto que em valores inferiores, a junta não consegue absorver
as imperfeições que ocorrem nas unidades (ROMAN et al, 1999).

2.4.2 Graute:

O graute é um micro-concreto de grande fluidez utilizado como reforço


estrutural. Verticalmente é utilizado no interior dos vazados dos blocos e
horizontalmente através dos blocos canaleta.

Conforme Kalil (s/d), o graute é aplicado nos vazados dos blocos com dois
objetivos: o primeiro seria proporcionar a integração da armadura com a
alvenaria, no caso de alvenaria estrutural armada ou em armaduras apenas de
caráter construtivo. O segundo objetivo seria o fato de aumentar a resistência
da parede sem a necessidade de aumentar a resistência da unidade. O graute
ainda protege as armaduras contra corrosão.

Segundo Oliveira Junior (1992 apud RAZENTE, 2004), o graute é


responsável pela solidarização entre os blocos e a armadura inserida em seus
vazios, para que ambos trabalhem de modo monolítico, aumentando a área
resistente e a resistência à compressão das paredes.

O graute é composto dos mesmos materiais usados para produzir o


concreto. A diferença está no tamanho do agregado graúdo, que são mais
finos, devendo passar 100% na peneira 12,5 mm e na relação água/cimento,
que deve ser de 0,5 a 0,6 (relação a/c final, depois da perda do excesso de
água para alvenaria). Segundo Kalil (s/d), não se deve usar cimentos
modificados por pozolanas, pois são muito retentivos, ocasionando em uma
maior relação água/cimento e com isso reduzindo a resistência.

A consistência do graute deve ser coesa e apresentar fluidez adequada


para o preenchimento de todos os vazios. A retração não deve proporcionar a
separação entre o graute e as paredes internas dos blocos, podendo ser
utilizados aditivos para diminuí-la.

A resistência à compressão do graute, combinada com as propriedades


mecânicas de blocos e argamassas definirão a resistência à compressão da
19
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

alvenaria. Segundo a NBR 10837 (ABNT, 1989), o graute deve ter sua
resistência característica maior ou igual a duas vezes a resistência do bloco.

Conforme Razente (2004), a altura máxima permitida para lançamento do


graute é 3,00 m com adensamento e 1,60 m sem adensamento, com
obrigatoriedade da existência de furos de visitas (mínimo de 7,5 cm de largura
x 10 cm de altura), ao pé de cada trecho a ser lançado o graute (Figura 2.4). O
grauteamento deve ser executado no mínimo 24 horas após o assentamento
dos blocos.

Figura 2.4: Detalhe de furo de visita.


Fonte: RAZENTE, 2004.

Armaduras:

Armaduras podem ter função estrutural ou somente função construtiva. As


com função estrutural são consideradas no dimensionamento estrutural e serve
para resistir a eventuais esforços de tração ou flexão nas estruturas. São
dispostas verticalmente no interior dos blocos, que são preenchidos com
graute.

As armaduras construtivas existem para evitar patologias construtivas e


podem ser horizontais ou verticais. Existem nas vergas e contra-vergas, na
amarração de paredes em prumo e nas juntas de controle, como reforço dos
vãos, nas cintas de amarração e intermediárias, etc.

Os fios, barras e telas de reforço que serão imersos em juntas de


argamassa (para ligação entre paredes ou como reforço para distribuição de
20
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

tensões) deverão ser ou de aço galvanizado ou constituído de metal resistente


à corrosão (CEF, 2003).

Na figura 2.5 vemos alguns modelos de reforços metálicos utilizados com


finalidades construtivas:

(a) (b)
Figura 2.5: Exemplos de armaduras construtivas.
(a): Detalhe de armaduras complementares em juntas a prumo.
Fonte: VILATÓ, 1998 apud RAZENTE, 2004.
(b): Solução para fixação de aduela metálica envolvente na lateral de paredes.
Fonte: FRANCO, 1991 apud RAZENTE, 2004.

A utilização de armaduras complementares, tanto na alvenaria armada


quanto na alvenaria não-armada, é recomendada por Razente (2004) em
alguns pontos específicos, tais como:

• Armaduras complementares nas juntas a prumo com a utilização de grampos,


estribos e telas metálicas distribuídos entre as fiadas da argamassa de
assentamento (Figura 2.5.a);

• Armaduras verticais e horizontais no perímetro das aberturas, contendo


detalhe de comprimentos, dobras, ancoragens, etc. (Figura 2.6);

• Armadura de espera para fixar batente metálico na alvenaria quando há porta


de topo na parede (Figura 2.5.b);

• Armaduras para ligação entre alvenaria e demais elementos estruturais como


vigas, escadas, fundação, muros de arrimo, caixa de elevadores, etc.;
21
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

• Armaduras na argamassa para resistirem aos efeitos de temperatura,


umidade, retração, etc.

Figura 2.6: Exemplo de elevação de parede com aberturas e detalhamento das armaduras.
Fonte: RAZENTE, 2004.

Na figura 2.6, temos a definição de armaduras construtivas e estruturais.


As armaduras horizontais, em vermelho são utilizadas nas cintas de
amarração, na cinta intermediária e nas vergas. Neste exemplo, não temos a
necessidade de contra-vergas, pois o limite inferior da janela coincide com a
cinta intermediária. Nas linhas azuis estão representadas as armaduras
verticais e seus devidos transpasses. São utilizadas onde ocorrem as
concentrações de tensões: no perímetro das aberturas e nos encontros de
paredes.

2.5 ELEMENTOS DA ALVENARIA

Elementos, segundo definição da NBR 10837 (ABNT, 1989), é uma parte da


obra suficientemente elaborada, constituída da reunião de um ou mais
componentes.

Os principais elementos no sistema de alvenaria estrutural são:


22
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

2.5.1 Paredes
Elemento laminar vertical, apoiado de modo contínuo em toda a sua base,
com comprimento maior que cinco vezes a espessura (NBR 10837, 1989).

As paredes de alvenaria são uma combinação de unidades (tijolos ou


blocos) e argamassa. Para que o conjunto trabalhe de modo eficiente é
necessário que a argamassa ligue solidariamente as unidades tornando o
conjunto homogêneo.

Roman et al (1999), classifica as paredes conforme a função estrutural que


exercem, podendo ser classificadas como:

• Paredes de vedação: as que resistem apenas ao próprio peso, e tem função


de separação de ambientes internos ou de fechamento externo. Não tem
nenhuma responsabilidade estrutural;

• Paredes estruturais: têm a função de resistir a todas as cargas verticais do


próprio peso, as de ocupação e as acidentais aplicadas sobre elas. São
dimensionadas mediante processos racionais de cálculo.

• Paredes de contraventamento: são as paredes estruturais projetadas para


suportarem também as cargas horizontais – originadas principalmente pela
ação dos ventos – paralela ao seu plano.

• Paredes enrijecedoras: têm a função de enrijecer as paredes estruturais


contra a flambagem.

Comportamento das paredes:

A alvenaria tem bom comportamento à compressão, porém fraca resistência


aos esforços de tração. A resistência das alvenarias à tração na direção vertical
depende da aderência da argamassa à superfície dos tijolos (Figura 2.11-a).
Na direção horizontal a resistência à tração, provocada por esforços de flexão,
recebe a contribuição da resistência ao cisalhamento que o transpasse das
fiadas dos blocos proporciona (Figura 2.11-b).

Conforme Kalil (s/d), a resistência à compressão das alvenarias é


dependente de uma série de fatores, sendo os principais: a resistência à
compressão dos tijolos, a resistência à compressão das argamassas, a
espessura da junta de assentamento e a qualidade da mão-de-obra.
23
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

(a) (b)
Figura 2.7: Comportamento da alvenaria.
(a) Resistência à tração na direção vertical. Fonte: KALIL, s/d.
(b) Resistência à tração na direção horizontal. Fonte: KALIL, s/d.

Quando uma alvenaria está sob compressão existe na região de contato


entre a unidade de alvenaria e a junta de argamassa um esforço de tração
transversal. Isso se deve pelo fato de a argamassa ser mais deformável que a
unidade, tendendo a se deformar transversalmente mais que a unidade de
alvenaria. Como esses dois materiais estão unidos solidariamente, são
forçados a se deformarem igualmente em suas interfaces, causando esforços
de compressão transversal na base e no topo das juntas e esforços de tração
transversal de valores iguais, nas faces superiores e inferiores das unidades de
alvenaria (KALIL, s/d).

BLOCO

ARGAMASSA

BLOCO

Figura 2.8: Comportamento da interação bloco-argamassa.


Fonte: Desenho do autor feito com base na definição de Kalil (s/d).

Através desse comportamento, Kalil (s/d) conclui que:

· Quanto maior a espessura da junta, menor é a resistência da alvenaria,


devido ao aumento do esforço de tração transversal na unidade, causando o
rompimento com a aplicação de menores valores de cargas de compressão;
· Quanto maior a altura da unidade maior é a resistência da alvenaria, devido
a dois fatores: é maior a seção transversal resistente ao esforço de tração e
24
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

quanto mais elevada é a altura da unidade mais ela se deforma


transversalmente, resultando em um menor valor da tensão transversal
gerada na interface unidade/argamassa;
· Quanto maior o módulo de deformação das unidades menor é a resistência
da alvenaria, pois unidades muito rígidas conduzem a um aumento da
tensão de tração na interface unidade/argamassa devido ao baixo módulo de
elasticidade da junta;
· A resistência da alvenaria pode ser maior do que a da argamassa da junta,
mas dificilmente ultrapassa a resistência da unidade;
· Ao se aumentar a resistência à compressão da argamassa da junta
normalmente não há um aumento significativo na resistência à compressão
da alvenaria, devido ao módulo de elasticidade da alvenaria não ser
proporcional a sua resistência à compressão;
· Quanto maior a resistência à compressão da unidade, maior a resistência à
compressão da alvenaria. Como houve um aumento na resistência da
unidade, o valor de sua resistência à tração transversal também aumenta,
com isso aumentando a resistência à compressão da alvenaria.
2.5.2 Cintas

A NBR 10837 (ABNT, 1989), define cinta como sendo o elemento estrutural
apoiado continuamente na parede, ligado ou não às lajes ou às vergas das
aberturas, e que transmite cargas para as paredes resistentes.

A principal função da cinta é garantir o travamento da parede, suportando e


distribuindo os esforços, de forma que as paredes recebam cargas
uniformemente distribuídas. Além disso, a cinta também é eficaz no controle de
efeitos de variação volumétrica.

No caso de aberturas adjacentes e próximas, recomenda-se que as vergas


e contravergas sejam executadas unidas para evitar a concentração de
tensões e conseqüentes sobrecargas aos blocos estruturais, além da facilidade
construtiva, como indicado no exemplo da elevação na Figura 2.9. A NBR
10837 (ABNT, 1989) especifica que existam cintas contínuas em todas as
paredes externas e internas solidárias com as lajes e que absorvam as cargas
horizontais, entre elas a ação do vento e empuxos. Portanto, recomenda-se a
utilização de cinta intermediária na fiada das contravergas das janelas,
25
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

normalmente 5ª ou 6ª fiada. É importante padronizar as alturas do peitoril das


janelas para evitar interrupções nesta cinta.

Figura 2.9: Utilização de cintas em aberturas adjacentes e próximas.


Fonte: RAZENTE, 2004.

2.5.3 Vergas e Contravergas

As regiões das aberturas de portas e janelas apresentam acentuada


concentração de tensões. Devido a essas tensões, nestas regiões recomenda-
se a execução de vergas e contravergas para evitar o aparecimento de trincas
e fissuras, devendo executá-las com traspasse em relação à face da abertura.

A NBR 10837 (ABNT, 1989), define verga como sendo o elemento


estrutural colocado sobre vãos de aberturas não maiores que 1,20 m, a fim de
transmitir cargas verticais para as paredes adjacentes aos vãos. Contraverga é
o elemento estrutural colocado sob os vãos de aberturas.

Segundo Corrêa & Ramalho (1998 apud Razente, 2004) afirmam que as
vergas são elementos estruturais lineares destinados a suportar e transmitir
ações verticais mediante um comportamento predominante à flexão.

As vergas podem ser moldadas in-loco utilizando se os blocos canaleta,


graute e armadura, ou utilizando-se peças pré-moldadas (Figura 2.10)
26
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

(a) (b)
Figura 2.10: Exemplo de vergas e contravergas.
(a): Peças moldadas in loco com blocos canaleta.
Fonte: <http://www.ceramicacity.com.br/alvenaria-estrutural.php>. Acesso: 10-maio-2010.
(b): Verga e contraverga pré-moldados.
Fonte: SANTOS, 2004 apud RAUBER, 2005.

De acordo com Sabbatini (CEF, 2003), as contravergas devem


ultrapassar a lateral do vão em pelo menos d/5 ou 30 cm (o mais rigoroso dos
dois, onde “d” é o comprimento da janela) e podem ser substituídas por uma
cinta contínua, armada, na altura dos parapeitos, por todas as paredes
externas. O apoio lateral para verga deve ser no mínimo de d/10 ou 10 cm - o
que for maior (Figura 2.11).

Alguns autores recomendam o transpasse mínimo de 30 cm tanto para


as vergas como para as contravergas, ou ainda, a medida de dois blocos
canaletas para ambos os lados do vão (RAZENTE, 2004, COÊLHO, 1998 e
KALIL, s/d).

Figura 2.11: Dimensões mínimas de vergas e contravergas.


27
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

Fonte: CEF, 2003.

2.5.4 Coxim

É o componente estrutural não contínuo, cuja função é distribuir cargas


concentradas, possuindo relação de comprimento para altura não maior que
três (ABNT - NBR 10837, 1989).

É necessário sempre que houver concentração de tensão em algum ponto


da alvenaria, como em apoios de vigas na alvenaria. Evitam o esmagamento e
o aparecimento de fissuras nas alvenarias oriundas dessa carga concentrada.
Normalmente são executados em concreto armado.

Figura 2.12: Coxim recebendo a carga de uma viga.


Fonte: KALIL, s/d.

2.5.5 Pilares

Segundo definição da NBR 10837 (ABNT, 1989), pilar é todo elemento


estrutural em que a seção transversal retangular utilizada no cálculo do esforço
resistente possui relação de lados inferior a cinco.

Pode se optar por pilares de concreto armado ou confeccionar os pilares de


alvenaria, utilizando blocos, graute e armaduras conforme for necessário.
28
2. O SISTEMA DE ALVENARIA ESTRUTURAL

Figura 2.13: Pilares de alvenaria.


Fonte: RAZENTE, 2004.
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

3.1 RACIONALIZAÇÃO

Segundo Barros (1996 apud FIGUEIRÓ, 2009), a racionalização na


construção consiste no esforço para tornar mais eficiente a atividade de construir, na
busca da melhor solução para os diversos problemas da edificação.

Conforme Puga (2008), a racionalização na construção civil é alcançada


utilizando-se alguns princípios, dos quais ele cita:
• Industrialização;
• Modulação;
• Uso de Equipamentos;
• Controle de Produção;
• Redução do Número de Tarefas;
• Redução na Geração de Entulho e Retrabalho.

A alvenaria estrutural é considerada um sistema racionalizado, pois atende


vários princípios da racionalização construtiva, obtendo um processo construtivo
mais eficiente e com significativa redução de desperdício.

Conforme Olivo Molinari (46º IBRACON, 2004 apud CARVALHO, 2006),


falando sobre Princípios da Racionalização: “... a industrialização do canteiro ganha
com sistemas compostos por elementos pequenos, pré-definidos e de baixo custo,
com peças de fácil inserção e grande tecnologia...”.

3.2 MODULAÇÃO

A coordenação modular é definida como a ordenação dos espaços na


construção civil. É a metodologia que permite relacionar as medidas de projeto com
as demais medidas modulares.

A modulação é feita com base em um módulo predeterminado sobre o qual


todos os componentes são organizados e compatibilizados em função do mesmo.

Nos projetos em alvenaria estrutural a modulação tem que ser realizada, tanto
na horizontal (plantas) como na vertical (elevações), sempre em função da medida
do bloco.
30
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

A modulação vertical corresponde à medida da altura do bloco acrescido de


uma vez a medida da espessura da junta de argamassa. Ou seja, como os blocos
estruturais (cerâmicos e de concreto) têm altura de 19 cm e a junta de argamassa
recomendada é de 1 cm, temos a modulação vertical de 20 cm. A altura de todos os
componentes – portas, janelas, cintas – deve ser em função do módulo vertical, ou
seja, múltiplo de 20 cm.

A modulação vertical poderá ser de piso a piso ou somente do piso ao teto,


dependendo da ligação laje-parede utilizada. No caso de se optar pela modulação
de piso a piso é necessário o uso do bloco canaleta compensador na última fiada
das paredes internas. Utilizando se a modulação do piso ao teto é necessária utilizar
formas para escoramento da laje nas paredes externas ou o uso de peças J de
altura maior para abrigar a espessura da laje, porém na última fiada das paredes
internas são utilizados os blocos canaleta comum. Quando a espessura da laje não
coincide com o módulo vertical utiliza-se a modulação piso a teto (Figura 3.1-b). Nas
alvenarias aparentes recomenda-se a primeira opção (Figura 3.1-a).

(a) Modulação de piso a piso (b) Modulação de piso a teto


Figura 3.1: Opções de ligações laje-parede.
Fonte: ABCP-PR 2, s/d.

A modulação horizontal se refere ao comprimento real do bloco mais a


espessura da junta (Figura 3.2). Para blocos estruturais de concreto ou cerâmico
utilizam-se a modulação de 15 e de 20 cm, dependendo da família de blocos
adotada para o projeto.
31
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Figura 3.2: Modulação Horizontal.


Fonte: ANDOLFATO, 2006 apud FILHO, 2007.

Como a alvenaria estrutural utiliza módulos pequenos – de 15 a 20 cm – não


dificulta e nem limita a solução arquitetônica em função da coordenação modular. É
possível atender corretamente ao programa previsto sem a necessidade de grandes
alterações.

Os ambientes e todos os elementos vinculados a alvenaria deverão ter as


medidas múltiplas do módulo. As esquadrias devem ser previstas na fase de projeto,
com a escolha de componentes coerentes com a modulação utilizada, respeitando
as folgas e precisões.

3.3 PRINCÍPIOS DO COMPORTAMENTO DOS EDIFÍCIOS

Um edifício em alvenaria estrutural tem que resistir ao peso próprio


(carregamento permanente), as cargas de utilização (carregamentos acidentais) e
aos esforços laterais (ação dos ventos, empuxo de terra e água, etc.).

A base de projetos em alvenaria estrutural se assenta no princípio de que a


alvenaria pode suportar grandes tensões de compressão, mas pequenas tensões de
tração. Toda tração causada por momento fletor deve ser evitada (ROMAN et al,
1999).

3.3.1 Ações Verticais

Ações verticais são provenientes do carregamento permanente (peso próprio


da estrutura, revestimento, vedações) e do carregamento acidental (cargas de
utilização). As lajes, que atuam como diafragmas nesse sistema, transmitem às
paredes estruturais a ação das cargas de utilização, juntamente com a ação de seu
peso próprio. As paredes estruturais recebem então essa reação das lajes e
juntamente com o seu peso próprio transmite essas tensões para as paredes abaixo.
32
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

O cálculo de carregamento das paredes pode ser feito por paredes individuais
ou por grupo de paredes, já que as paredes são interligadas (quando é feita a
amarração). Os trechos de parede com aberturas – janelas e portas – não são
consideradas no cálculo de carregamento.

Figura 3.3: Exemplo de grupos de paredes.


Fonte: SILVA, 2005.

Quando um carregamento é aplicado sobre um trecho do comprimento da


parede, tende a ocorrer um espalhamento dessa carga ao longo da altura. A NBR
10837 (ABNT, 1989) assume que o espalhamento ocorre dentro de uma região
compreendida por duas linhas que fazem um ângulo de 45° com a horizontal, como
se vê na figura 3.4-a.

Havendo uma amarração eficiente entre paredes de cantos e bordas, pode-se


esperar a ocorrência do mesmo processo, exemplificado pela figura 3.4-b. Cabe
salientar que o caminhamento das cargas verticais em cantos e bordas apenas
ocorre quando for possível o desenvolvimento de forças de interação.

45º

(a) (b)
Figura 3.4: Espalhamento do carregamento.
Fonte: Corrêa e Page, 2001 apud SILVA T., 2005.
33
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Segundo Silva (2005), é usual considerar que a existência de uma abertura


também represente um limite entre paredes, ou seja, a abertura caracteriza a
interrupção do elemento. Assim sendo, uma parede com aberturas normalmente é
tomada como sendo uma seqüência de paredes independentes, ocorrendo, também
nesse caso, forças de interação entre esses diferentes elementos e, portanto,
havendo espalhamento e uniformização de cargas.

Figura 3.5: Espalhamento vertical de cargas pontuais pelas paredes.


Fonte: PUGA, 2008.

Para se garantir a estabilidade do edifício, com relação às cargas verticais,


FRANCO (s/d) faz algumas recomendações:

 Limitação da esbeltez das paredes;


 Distribuição adequada (uniforme) das paredes;
 Ligação entre os elementos (redistribuição de carregamentos);
 Sobreposição entre elementos comprimidos pavimento a pavimento.

3.3.2 Ações Horizontais

No Brasil, as ações horizontais consideradas são as forças devidas ao vento


e ao desaprumo. Para edificações construídas em áreas sujeitas a abalos sísmicos,
seus efeitos devem ser considerados.

As paredes estruturais são divididas em dois tipos conforme sua função:


paredes de contraventamento e paredes que são contraventadas. A parede que é
contraventada tem participação desprezível na resistência da estrutura nas ações
horizontais. As paredes de contraventamento são paredes paralelas à direção dos
ventos e tem a função de resistir aos esforços horizontais submetidos.
34
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

A figura 3.6 mostra a ação do vento na estrutura de um edifício de alvenaria


estrutural. Podemos ver que a laje tem papel fundamental na resistência do edifício
aos esforços horizontais, pois é ela que transmite as ações horizontais do painel da
fachada às paredes de contraventamento. Por isso, como vimos anteriormente, a
laje tem que atuar como um diafragma rígido.

Figura 3.6: Ação do vento sobre a estrutura de um edifício.


Fonte: HENDRY; SINHA; DAVIES, 1997 apud PAES, 2008.

3.4 ESTABILIDADE DO EDIFÍCIO

A concepção da estrutura deve ser elaborada de forma a garantir a


estabilidade do edifício e seus elementos. Para tal deve se levar em consideração os
arranjos e configuração dos elementos, os materiais e as seções resistentes e as
vinculações.
Franco (s/d) nos mostra alguns princípios para conseguir melhor estabilidade
através de um correto arranjo de placas (as lajes e as paredes estruturais).
35
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Figura 3.7: Princípios de estabilidade no arranjo de placas.


Fonte: FRANCO, s/d.

Ainda segundo Franco (s/d), conseguiremos melhor estabilidade aos esforços


de vento pela disposição das paredes.

Figura 3.8: Estabilidade do edifício pelo arranjo de paredes.


Fonte: FRANCO, s/d.

3.5 FORMAS DO PRÉDIO

Do ponto de vista estrutural, podemos dizer que quanto mais robusta uma
edificação, maior sua capacidade de resistir a esforços horizontais, principalmente a
ação do vento. Estes introduzem indesejáveis esforços de tração na alvenaria.
Sendo assim, devem, se possível, ser neutralizados. A robustez do prédio é função
de sua volumetria.
36
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Figura 3.9: Efeitos da forma e altura na robustez do prédio.


Fonte: DRYSDALE et al., 1994 apud DUARTE, 1999.

Os esforços horizontais na edificação podem resultar em momentos torçores


na estrutura, em maior ou menor valor dependendo de sua configuração formal. A
utilização de formas simétricas com áreas equivalentes pode reduzir os esforços
torcionais, indesejáveis na alvenaria. A figura 3.10 apresenta o efeito da forma do
prédio na resistência à torção devido à atuação de forças horizontais, tomando-se
como referência uma planta quadrada.
37
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Figura 3.10: Formas mais resistentes à torção.


Fonte: DUARTE, 1999.

Apesar de a forma cúbica pura resultar em uma maior resistência à torção,


deve-se evitar, a todo custo, o uso de paredes muito longas, o que acentua os
efeitos desfavoráveis das deformações volumétricas (CARVALHO, 2006). Em
paredes ininterruptas é necessário a utilização de juntas de controle para absorver o
movimento de retração/ expansão dos blocos.

3.6 ALTURA DOS EDIFÍCIOS

Com relação à altura vemos que o investimento na pesquisa e o


desenvolvimento de materiais que compõem a alvenaria, como os blocos, que
passaram a ter melhor qualidade, ganharam maior resistência, dimensões menores
e mais exatas possibilitam nos dias atuais a utilização do sistema em prédios mais
altos.

O Brasil é um dos países que mais investem na tecnologia de edificações


altas. São prédios entre 15 e 20 pavimentos, às vezes mais, que têm
garagem, transição, pilotis e uma parede relativamente esbelta. Dentro de um
quadro mundial, é uma situação desafiadora (ANTUNES, 2004).

O limite de altura depende basicamente de dois fatores: a resistência dos


blocos e a conformação geométrica das plantas.
38
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

A resistência dos blocos está condicionada à disponibilidade de blocos na


região. Na tabela abaixo temos a resistência necessária dos blocos para cada faixa
de altura. Essa tabela serve apenas como referência de pré-dimensionamento,
devendo o projeto estrutural estabelecer os blocos utilizados, bem como outros
parâmetros. Lembrando que não é necessário utilizar a mesma resistência de blocos
em todos os pavimentos, podendo ser reduzidas para os pavimentos superiores.

RESISTÊNCIA DOS BLOCOS ESTRUTURAIS EM MPa


Núm. De
Pavimentos Se todas paredes
Com Vãos Regulares Com Vãos Maiores
forem estruturais

Até 4 4 4 6
5e6 4 6 8
7e8 6 8 12
9 e 10 8 10 14
11 e 12 10 12 16
13 e 14 12 14 18
15 e 16 14 16 20
17 e 18 14 18 20
19 e 20 16 20 20 (c/ bloco 19)

Tabela 3.1: Resistência dos blocos com relação à altura do edifício.


Fonte: PUGA, 2008.

A conformação geométrica das plantas depende de:


- Alinhamento das paredes para conseguir estabilidade.
- Critérios bem definidos de distribuição das cargas (efetividade de nós).

Atualmente tem-se como altura ótima, para conseguir os melhores benefícios


em relação ao custo e racionalização, de 14 a 15 pavimentos. (PUGA, 2008).

3.7 DISTRIBUIÇÃO E ARRANJO DAS PAREDES

Conforme Duarte (1999), as paredes estruturais devem cumprir os requisitos:


 Atuar sob esforços verticais de compressão, conduzindo as cargas
diretamente às fundações;
 Atuar como parede de contraventamento, resistindo às forças laterais em todo
o prédio;
39
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

 Atuar isoladamente resistindo à flexão lateral, provocada pela pressão externa


do vento.

Para cumprir esses requisitos deve-se garantir a distribuição e arranjo das


paredes estruturais de forma adequada. Elas devem ser distribuídas de tal forma
que uma atue como elemento enrijecedor e estabilizador da outra (ROMAN, MUTTI
& ARAÚJO, 1999).

A distribuição deve ser em ambas as direções a fim de garantir a estabilidade


do edifício em relação à ação do vento. Arranjos de paredes em conformações do
tipo, “L”, “C”, “T” e duplo “T”, ilustrados na figura 4.11, conferem maior estabilidade à
estrutura. As escadas e poços de elevadores também podem ser explorados para a
obtenção de rigidez lateral.

Figura 3.11: Arranjos de paredes que conferem maior estabilidade à estrutura.


Fonte: ROMAN, MUTTI & ARAÚJO, 1999.

Duarte (1999) nos chama a atenção para a localização do centro de massa e


do centro de torção (centro de rigidez do prédio). O centro de massa é definido em
cada pavimento pelo centro de massa do conjunto lajes e paredes. O centro de
torção é o centro de rigidez somente das paredes estruturais que resistem à ação do
vento. Quando o centro de massa coincidir com o centro de torção o sistema
estrutural é considerado simétrico e o carregamento horizontal devido à ação do
vento provocará apenas esforços de translação nas paredes e lajes.
40
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Figura 3.12: Arranjos estruturais simétricos e assimétricos.


Fonte: DUARTE, 1999.

Conforme Duarte (1999), um arranjo simétrico de paredes estruturais


distribuídas na periferia do prédio fornece uma melhor resistência à torção por ação
do vento, porque dispõe o centro de rigidez próximo ao centro de massa. Nos
sistemas assimétricos, como o centro de massa não coincide com o centro de
torção, além do movimento de translação devido às forças horizontais, também
ocorrerá rotação.

Figura 3.13: Efeito do arranjo de paredes na resistência à torção do prédio


Fonte: DUARTE, 1999.

Segundo Gallegos (1988 apud RAUBER, 2005), em cada direção (longitudinal


e transversal) um edifício estruturalmente otimizado deve ter, no mínimo, em metros
41
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

lineares de parede estrutural, 4,2% da área total construída. Esta recomendação


prática procura assegurar certa uniformidade dos esforços laterais nas paredes, sem
sobrecarregá-las. Além disso, estes comprimentos totais devem ser
aproximadamente iguais em cada uma das direções analisadas (Figura 3.14).

Figura 3.14: Distribuição das paredes ao longo da planta.


Fonte: VARGAS, 1987 apud TAMBARA, 2006.

Os arranjos das paredes, visando prover a estabilidade lateral em todas as direções,


podem ser variados. Hendry (1981) tipifica as principais soluções, apresentando três
diferentes categorias:

 Sistema celular: no qual tanto as paredes internas quanto às externas são


carregadas e estas paredes formam um padrão celular, especialmente
resistentes aos esforços laterais de vento.
 Sistema de paredes transversais: caracterizado pela obtenção da estabilidade
lateral associando o descarregamento das lajes nas paredes internas com a
atuação das paredes de contraventamento, na direção oposta. Podem ser
simples ou duplos.
 Sistema complexo: arranjo no qual as caixas de escadas, elevadores ou
compartimentos de serviços são centralizados na edificação como meio de
fornecer estabilidade lateral ao conjunto. As paredes que circundam o núcleo
ou colunas têm como função transmitir as cargas verticais entre os
42
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

pavimentos, enquanto as paredes perimetrais externas não precisam ser


estruturais.

Figura 3.15: Possíveis sistemas de arranjo de paredes em edifícios de alvenaria estrutural.


Fonte: HENDRY, SINHA & DAVIES, 1997 apud RAUBER, 2005.

Quanto à disposição das paredes para a conformação do layout dos


apartamentos, devem-se definir previamente as paredes que podem ser removidas
(paredes de vedação). Puga (2008) lembra que com isso o sistema também
possibilita uma boa flexibilização de layouts, já que “a maior parte das paredes de
um apartamento normalmente não serão objeto de intervenção.”

Porém o projeto deve manter sempre algumas paredes estruturais internas, o


que, quando comparado à ausência total de paredes estruturais internas,
corresponde a uma menor necessidade de resistência da parede (bloco, graute e
argamassa), menor altura da laje (menor vão), facilitando, inclusive, a utilização do
bloco “J” (menor espessura do revestimento externo), melhor distribuição de carga
na fundação e menor risco de colapso progressivo (CARVALHO, 2006).
43
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

3.8 FORMAS DAS PAREDES

Podem ser utilizadas paredes com diferentes formas visando à obtenção de


maior rigidez comparativamente às paredes simples. Paredes com maior rigidez são
menos suscetíveis à flambagem, o que permite, por exemplo, pés-direitos mais altos.

DUARTE (1999) recomenda buscar formas que dêem movimento e


personalidade às paredes externas de fachada e, também, aumentem a resistência
do prédio.

A figura 3.16 apresenta as formas de paredes possíveis, e a figura 3.17 às


dispõe em ordem de grandeza quanto ao desempenho estrutural à flexão.

Figura 3.16: Formas possíveis de paredes estruturais.


Fonte: ROMAN, MUTTI & ARAÚJO, 1999.

Figura 3.17: Configuração da parede para a resistência à flexão.


Fonte: DUARTE, 1999.
44
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Para se evitar a flambagem, a norma NBR 10837 (ABNT, 1989) estabelece


que a esbeltez das paredes não armadas não deve exceder 20. A esbeltez é
definida pela relação entre a altura efetiva e a espessura efetiva. A altura efetiva é
sua altura real, no caso de paredes apoiada na base e no topo. Se não há apoio no
topo, a altura efetiva é o dobro da altura real. A espessura efetiva é a espessura
real, sem revestimentos, no caso de paredes sem enrijecedores. Caso a parede
tenha enrijecedores, a espessura efetiva será majorada (ver ABNT NBR
10837/1989, p 10, tabela 1).

3.9 AMARRAÇÕES ENTRE PAREDES

O fator fundamental para garantir os coeficientes de segurança estimadas no


dimensionamento é a amarração adequada das paredes. Somente haverá
espalhamento de carga através de um canto se nesse ponto puderem se
desenvolver forças de interação.

A amarração pode ser direta ou indireta. A amarração direta consiste no


entrosamento alternado entre as fiadas. É a solução que deve ser utilizada, sempre
que possível, pois garante a interação entre as paredes. As paredes estruturais não
devem ser contra fiadas com as paredes de vedação.

A amarração indireta é quando ocorre junta a prumo, mas as paredes são


amarradas através de reforços metálicos. É preciso fazer a verificação da eficácia
desses reforços. Também é utilizada a amarração indireta para ligação de paredes
com ângulos diferentes de 90º (já existe no mercado opções de bloco para
amarração a 45º).

(a) (b) (c)

Figura 3.18: Exemplos de amarração indireta.


(a) Amarração entre paredes estruturais não contra fiadas.
(b) Amarração entre paredes estruturais e de vedação.
(c) Exemplo de amarração indireta em paredes ligadas em ângulo diferente de 90°.
Fonte: RAUBER, 2005.
45
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Figura 3.19: Armaduras utilizadas na amarração indireta.


Fonte: SANTOS, 1998.

A amarração direta deve ser feita obedecendo à modulação horizontal. Para


blocos da linha 15x30 ou 20x40, as amarrações podem ser feitas sem uso de blocos
especiais (Figura 3.20-a). Note que assim teremos a desvantagem de termos três
fiadas de junta a prumo. Para a linha 15x30 tem-se a opção de utilizar o bloco
especial 15x45 para as amarrações em T (Figura 3.20-b).

(a) (b)
Figura 3.20: Exemplo de amarração de paredes
(a) Linhas 15x30 ou 20x40.
(b) Linha 15x30 somente.
Fonte: ANDOLFATO, 2006 apud FILHO, 2007.
46
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Para a linha 15x40 é necessário o uso do bloco especial 15x35 para as


amarrações de canto e do bloco especial 15x55 para as amarrações em T (Figura
3.21).

Figura 3.21: Amarração de paredes para a linha 15x40.


Fonte: ANDOLFATO, 2006 apud FILHO, 2007.

3.10 ABERTURAS

Um condicionante a ser observado é a definição das dimensões (largura ×


altura × peitoril) das aberturas, presentes na alvenaria estrutural, pois é necessário
que os tipos e dimensões de portas e janelas sejam definidos no início do projeto.
Deve-se também prever quaisquer outras aberturas como, por exemplo: abertura
para instalação do quadro de luz e força.

Todas as aberturas devem ser previstas em função da modulação adotada. A


escolha das esquadrias deve levar em conta medidas que se enquadrem na
modulação horizontal e vertical. Pode-se verificar a possibilidade de utilização de
elementos pré-moldados, para a modulação dos vãos de aberturas.

As aberturas, nas paredes estruturais, devem ser dispostas em um mesmo


alinhamento vertical, conforme a figura abaixo:
47
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Figura 3.22: Alinhamento vertical das aberturas.


Fonte: Vargas, 1987 apud TAMBARA, 2006.

Conforme Carvalho (2006) deve-se evitar aberturas muito próximas entre si


(janelas, portas e vãos), ou seja, distantes entre si menos de 59 cm - bloco (29 cm) +
junta vertical (1 cm) + bloco (29 cm).

Ainda segundo Carvalho (2006) é importante armar e grautear as bordas das


aberturas, por causa da concentração de forças no local (Figura 3.23). É obrigatório
a utilização de vergas e contra-vergas para redistribuição da carga. Se houver cinta
intermediária na altura do peitoril das aberturas, não haverá necessidade da contra-
verga, pois a cinta intermediária já cumprirá sua função.

Figura 3.23: Concentração de forças nas bordas de abertura.


Fonte: CARVALHO, 2006.

3.11 MARQUISES E SACADAS

Elementos em balanço podem induzir cargas concentradas em áreas


relativamente pequenas, elevando consideravelmente as tensões de compressão e
induzindo a formação de fissuras.

Sacadas internas a projeção do edifício (nichos) ou com apenas uma parte


avançando, em balanço, em relação à projeção da fachada são mais aconselhadas
48
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

em termos de desempenho. Nesses casos a sacada é a simples continuação da laje


e por isso não incorre em maiores custos.

Porém, as sacadas em balanço podem ser resolvidas com as soluções


apresentadas na figura 3.24, aplicadas correntemente com bons resultados.
Logicamente, todas as vigas e transpasses devem ser dimensionados por cálculo
adequado.

Figura 3.24: Formas de introdução de sacadas em balanço.


Fonte: RAUBER, 2005.

3.12 LAJES

A teoria de projeto em alvenaria estrutural prevê que os esforços horizontais –


especialmente os devidos ao vento, que são importantes no dimensionamento –
serão absorvidos pelas lajes e por elas transferidos às paredes de contraventamento
(Figura 3.25).

Parede de
Contraventamento

Figura 3.25: Transmissão da pressão do vento às paredes resistentes.


Fonte: DUARTE, 1999.
49
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Qualquer laje pode ser utilizada nesse sistema, desde que garanta a rigidez
apropriada para absorver os esforços horizontais.

As lajes podem ser moldadas no local, parcialmente pré-fabricadas ou


totalmente pré-fabricadas. Admitem-se: lajes mistas (com vigotas ou painéis
treliçados e qualquer tipo usual de “caixão perdido” – blocos cerâmicos, de
concreto, de concreto celular, de poliestireno expandido); pré-lajes (inteiriças
ou em painéis) ou lajes alveolares protendidas. No entanto, não são
admitidas fissuras nas lajes, por qualquer motivo, nem fissuras nas paredes e
revestimentos por deformação excessiva das lajes. Assim a escolha e
execução das lajes devem ser feitas considerando-se não apenas o
desempenho estrutural, como também os efeitos das suas deformações.
(CEF, 2003).

Segundo Duarte (1999), as lajes maciças armadas nas duas direções são as
mais indicadas pela rigidez que conferem na distribuição das pressões devidas ao
vento e cargas verticais. Como se apóiam em mais de duas paredes, possuem o
benefício adicional de apresentar maior resistência no caso de colapso ou retirada
de alguma parede resistente de apoio.
50
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Figura 3.26: Sistemas de lajes de entrepiso conforme sua robustez em atuar como diafragma.
Fonte: DUARTE, 1999.

No caso de lajes armadas em uma só direção, deve-se tomar o cuidado de


equilibrar a quantidade de armaduras em ambos os sentidos, evitando que todas as
lajes sejam armadas na mesma direção (Figura 3.27).
51
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Figura 3.27: Disposição recomendada das lajes armadas em uma só direção.


Fonte: RAUBER, 2005.

Com lajes pré-fabricadas, recomenda-se a interligação das lajes adjacentes por


barras de ferro, mesmo que no projeto essas tenham sido calculadas como
simplesmente armadas, para assegurar que se comportem como um diafragma
rígido (ROMAN et al, 1999).

Conforme Sabbatini (CEF, 2003), em edifícios de alvenaria estrutural, de média


altura, no Brasil, não há a necessidade de que as lajes sejam ancoradas
mecanicamente às paredes por armadura, bastando à ancoragem por atrito e
aderência, para se ter um desempenho estrutural adequado. Assim, a execução de
lajes tem de garantir a solidarização por aderência destas com o conjunto de
paredes. Isto implica em uma moldagem no local da totalidade da laje ou de parte
dela.

Como critério mínimo da Caixa Econômica Federal, as espessuras mínimas de


lajes admitidas são: maciças de concreto moldadas no local e com pré-laje inteiriça
ou pré-laje em painéis – 9 cm; mistas com vigotas ou mini-painéis treliçados com
“caixão perdido” – 12 cm para as lajes de piso e 10 cm para as lajes de cobertura;
protendidas alveolares – 16 cm, incluso 4 cm de capa de solidarização (CEF, 2003).

Especial cuidado deve-se ter na execução da laje, que deverão ser


corretamente curadas a fim de se evitar deformações excessivas. Para lajes
integralmente moldadas no local: 7 dias de cura úmida (ABNT NBR 6118, 1980) e
para outras lajes a capa de cobertura de ter no mínimo 3 dias de cura úmida.

A deficiente execução das mesmas pode resultar em fissuras e trincas na


alvenaria e nos revestimentos, prejudicando o desempenho e a durabilidade
da estrutura, bem como comprometer o desempenho estrutural do edifício,
visto que as lajes são responsáveis solidárias por este desempenho, em um
52
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

sistema estrutural baseado em elementos laminares - placas e chapas (CEF,


2003).

Por causa da dilatação térmica, a laje do último pavimento tem que estar
apoiada em camada flexível sobre a parede (Figura 3.28), de modo que sua
movimentação não cause fissuras na alvenaria. Também se devem prever juntas
horizontais, seccionando a laje em diversas partes e receber impermeabilização e
proteção térmica adequada (SANTOS, 1998).

Figura 3.28: Cuidado especial adotado em laje de cobertura.


Fonte: FILÃO ESTRUTURADO, 1998.

Além desse detalhe deve–se evitar ou reduzir o efeito da variação volumétrica


da laje através de cuidados como sombreamento, ventilação e isolação térmica da
laje de cobertura. O isolamento da laje pode ser feito através do emprego de
materiais como o isopor e a argila expandida (Figura 3.29-a). Também se pode
reduzir a dilatação da platibanda através da amarração das bordas com ferragem na
laje ligada a cinta (Figura 3.29-b).
53
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

(a) (b)
Figura 3.29: Detalhe da interface laje – platibanda.
(a) Modulação de piso a piso com proteção térmica.
(b) Modulação de piso a teto.
Fonte: BRICKA, s/d.

A utilização de blocos jota permite que sejam feitos pequenos desníveis de


piso ou degraus nas lajes (Figura 3.30).

Figura 3.30: Desnível e degrau obtidos com o bloco “jota”.


Fonte: FRANCO et al, 1991 apud RAZENTE, 2004.

3.13 JUNTAS DE CONTROLE E DE DILATAÇÃO

Os blocos de concreto apresentam elevada retração, que podem atingir


valores de até 0,06% e por isso necessitam de juntas para dissipar tensões e evitar
fissuração. Essas juntas são chamadas juntas de controle para retração. A maior
parcela de retração dos blocos ocorre logo após o assentamento devido à perda de
umidade, todavia uma parcela significativa da retração também se estende ao longo
do tempo, acrescida pelas movimentações causadas pelas variações de
temperatura (DUARTE, 1999). A NBR 8798 (ABNT, 1985) preconiza o uso de blocos
com idade superior a 21 dias, a fim de reduzir as deformações volumétricas. As
juntas de retração devem ser preenchidas com material expansivo.
54
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Os blocos cerâmicos estão sujeitos à expansão devido à incorporação de


umidade, por isso necessitam das juntas de controle para expansão. Estas devem
ser preenchidas com materiais flexíveis e elásticos para evitar o esmagamento.

Conforme Duarte (1999), ensaios de estanqueidade têm mostrado que a


absorção de umidade pela parede de alvenaria cerâmica pode ser bastante reduzida
pela utilização do reboco externo. No caso de alvenaria aparente, a junta é
indispensável.

As juntas de controle ocorrem somente nos painéis de alvenaria. São feitas


através de juntas a prumo que podem receber amarração indireta através dos
reforços metálicos. Usualmente são feitas com 1 cm, a fim de acompanhar as
medidas modulares.

Duarte (1999) recomenda algumas regras básicas para determinar a


localização das juntas de controle: locais onde há concentração de tensões, tais
como cantos de aberturas; locais onde há mudanças significativas na altura ou
espessura de paredes; ao lado de colunas ou de reforço de paredes; no encontro de
paredes perpendiculares; em locais onde serão embutidos dutos. Na tabela abaixo
temos o espaçamento recomendado para as juntas de controle:

Tabela 3.2: Espaçamentos máximos para juntas de controle em alvenaria.


Blocos assentados Comprimento máximo da parede ou distância máxima (D) entre juntas
com argamassa de controle (em metros)
mista; revestidas/
Paredes internas Paredes externas
impermeabilizadas
Sem aberturas Com aberturas Sem aberturas Com aberturas

e ≥ 14 e < 14 e ≥ 14 e < 14 e ≥ 14 e < 14 e ≥ 14 e < 14

Concreto 10 8 9 7 8 7 7 6

Cerâmico 12 10 10 8 9 8 8 7

(Adaptado de THOMAZ & HELENE, 2000 apud RAZENTE, 2004).

Existem também as juntas de controle horizontais, que são empregadas nas


uniões de lajes com paredes para permitir que as deformações e movimentações
das lajes não transmitam esforços para as paredes de apoio. Devem ser
empregadas especialmente nos apoios de lajes nos últimos andares, onde os efeitos
55
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

da movimentação por variações de temperatura e retração são mais relevantes. Tem


por finalidade “soltar” a laje da parede, reduzindo o atrito (Figura 3.31-a).

Além disso, deve-se limitar ao mínimo o intervalo de tempo entre a


concretagem da laje de cobertura e a execução da cobertura, ou outras medidas
efetivas de proteção térmica dessa laje (CARVALHO, 2006).

As lajes também devem receber juntas para acomodar os movimentos de


dilatação causados pela variação térmica. Caso não sejam previstas juntas de
dilatação definitivas, poderá ser adotada junta de retração provisória (Figura 3.31-b)
para combater o efeito de retração do concreto da laje. Nesta circunstância, de sete
a dez dias após a concretagem da laje, seria complementado o lançamento de
concreto no espaço originalmente reservado para a junta provisória.

(a) (b)
Figura 3.31: Detalhe de juntas.
(a) Junta horizontal Laje-Parede;
(b) Junta de retração provisória da laje.
Fonte: THOMAZ & HELENE, 2000 apud RAZENTE,2004.

As juntas de dilatação têm por função absorver os movimentos que possam


ocorrer na estrutura, provenientes principalmente da variação de temperatura. A
junta de dilatação intercepta todos os elementos (paredes, lajes, vigas, pilares, etc.),
diferentemente das juntas de controle, que interceptam apenas os painéis de
alvenaria.

A ABNT (NBR 10837, 1989) recomenda o uso de juntas de dilatação sempre


que a deformação por efeito da variação de temperatura puder comprometer a
integridade do conjunto. Especialmente a cada 20 m em planta do edifício e a fim de
se evitar fissuras devido à variação brusca de esforços verticais.
56
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

3.14 TRANSIÇÃO

A transição da estrutura em alvenaria estrutural para estrutura em concreto


armado permite melhores flexibilizações do pavimento térreo e embasamento,
inclusive com a possibilidade de andares de garagem abaixo dos pavimentos
residenciais.

Estruturas de transição em edifícios de alvenaria estrutural não são tão


onerosas quanto estruturas de transição em edifícios de concreto armado devido ao
efeito arco que ocorre na interação painel de alvenaria–viga: a viga, por ser mais
flexível, acaba perdendo o contato com a alvenaria em seu centro (área de maior
flecha). Com isso a carga da alvenaria é direcionada aos cantos (apoios) permitindo
redução na seção das vigas de transição. Conforme Wood (1952 apud Silva T.
2005), o efeito arco ocorre para painéis com altura superior a 0,6 do vão.

Nas estruturas de transição, Carvalho (2006) nos diz que é necessário dispor
de um pilar em praticamente cada encontro de paredes estruturais dos pavimentos
superiores.

3.15 FUNDAÇÕES

Estruturas em alvenaria estrutural são estruturas altamente rígidas sujeitas a


esforços maiores devidos a recalque diferencial do que as estruturas de concreto.
Portanto, pode-se afirmar que os edifícios de alvenaria estrutural são mais sensíveis
a recalques diferenciais que os edifícios de concreto estrutural.

Recalque diferencial é quando ocorre o rebaixamento de uma parte do edifício


devido ao adensamento do solo sob a fundação, gerando esforços estruturais. É
uma das principais causas do aparecimento de fissuras nas alvenarias.

Apesar da estrutura em alvenaria estrutural ser mais sensível a recalques


diferenciais, as fundações, geralmente, são menos onerosas que aquelas dos
edifícios de concreto armado, já que as cargas da alvenaria estrutural chegam à
fundação distribuídas e uniformizadas ao longo das paredes e não concentradas
(em pilares) como no caso do concreto armado.

Carvalho (2006) faz algumas recomendações para as fundações de edifícios


em alvenaria estrutural:
57
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

 Sapata corrida: para vãos entre paredes inferiores a 5 m – e pressão


admissível do solo superior a 100 KPa - exige verificação criteriosa de
recalque.
 Radier: a fundação ideal para a alvenaria estrutural: não instala o efeito arco e
minimiza recalque diferencial - solução em fundação direta “obrigatória” para
vãos entre paredes superiores a 5m.
 Estaca: praticamente elimina o problema do recalque – desvantagem em
relação ao radier: concentra tensões na alvenaria devido ao efeito arco.

Em edifícios com estrutura de transição, Carvalho (2006) recomenda levar em


consideração a deformabilidade de vigas – efeito arco e no caso de se ter fundação
direta fazer criteriosa verificação de recalque.

3.16 ESCADAS

As escadas utilizadas em alvenaria estrutural podem ser:

• Escada de concreto armado moldada in loco: a escada é concretada


concomitantemente com a laje, sendo engastada nesta e apoiada na outra
extremidade, através do patamar, sobre uma viga de distribuição concretada sobre a
parede.

• Escadas tipo jacaré, formada por vigas dentadas, degraus, espelhos e patamares
pré-moldados. É viável apenas se houver parede central de apoio entre os lances.
As vigas dentadas são fixadas com parafusos e porcas às paredes laterais da caixa
de escada. Para melhor fixação das vigas é previsto enchimento dos blocos com
graute, onde os parafusos e buchas são fixados;

• Escada pré-moldada de concreto: necessita de equipamento especial (guindaste)


para movimentação das peças, porém garante rapidez à obra.

(a) Escada Moldada In Loco (b) Escada tipo “Jacaré” (c) Escada Pré-Moldada

Figura 3.32: Representação esquemática de escadas.


Fonte: RAUBER, 2005.
58
3. DIRETRIZES PARA PROJETOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL

3.17 COMPATIBILIZAÇÃO

O projeto em alvenaria estrutural se caracteriza pela necessidade de haver


grande compatibilização entre todos os projetos envolvidos – arquitetônico,
estrutural, hidráulico, elétrico, etc. Como as paredes não podem ser “cortadas” como
na alvenaria de vedação, é de suma importância prever os locais de passagem para
tubulações hidráulicas e elétricas.

Segundo a NBR 10837 (ABNT, 1989) não é permitida a abertura de paredes


ou sua remoção sem consulta ao projetista da obra. Isso implica que toda abertura
para passagem de tubulações devem ser previstas no projeto.

Ainda segundo a NBR 10837 (ABNT, 1989), não são permitidos condutores
de fluídos embutidos nas paredes estruturais. Nem tampouco canalizações
embutidas horizontalmente nos pilares e paredes resistentes.

As canalizações hidráulicas podem ser feitas através de shaft (opção mais


recomendada pela facilidade de manutenção), paredes hidráulicas (sem função
estrutural) ou aparentes (sendo depois feito o preenchimento com argamassa e/ou
tijolos de vedação, ou ainda sob carenagens). As canalizações horizontais podem
ainda serem previstas entre a laje e o forro.

As instalações não fluídas (eletrodutos) são feitas verticalmente pelos furos


(não grauteados) dos blocos e devem ser instaladas no momento da elevação da
alvenaria, assim como os quadros disjuntores. A circulação horizontal pode ser feita
embutida na laje (conduites colocados no momento da concretagem), sob sancas do
forro ou sob carenagens. Deve-se verificar a redução da altura efetiva da laje devido
ao embutimento, inclusive cruzamentos de tubulações.
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL PARA ALVENARIA ESTRUTURAL

4.1 REFERÊNCIAS ARQUITETÔNICAS

4.1.1 Marcos Acayaba – Conjunto Residencial Vila Butantã

O conjunto de casas da vila Butantã, zona oeste de São Paulo, destaca-se


entre os programas do gênero realizados na capital paulista. Além do projeto
contemporâneo, o trabalho, que recebeu destaque do júri na 6ª BIA, prima pela
pesquisa tecnológica e põe em pauta a divisão entre espaços comuns e privativos
em empreendimentos desse tipo.

O projeto de Marcos Acayaba e construído por Hélio Olga Jr. conta com 16
casas em alvenaria estrutural de 4 pisos cada. As casas, dispostas em condomínio
horizontal e portanto, sem aberturas laterais, destacam-se pelas amplas aberturas
nas partes frontal e de fundos (Figura 4.1).

Para isso as lajes foram apoiadas sobre as empenas cegas das paredes
laterais. Foram realizados diversos estudos pelo IPT, até se criar uma patente de
um tipo de laje nervurada com madeira e concreto. Foram utilizados blocos
estruturais, de concreto, coloridos, bem como a argamassa, que ficam aparentes
tanto do lado externo como interno das casas.

Nesse projeto o módulo é a unidade geminada, em dois renques que se


aproximam das curvas de nível, demonstrando extrema sensibilidade à topografia.
O primeiro, mais alto e próximo à rua, tem quatro casas; o outro, que forma uma
espécie de ferradura em torno daquele, possui 12. Cada residência, com 174 metros
quadrados, é dividida em três pavimentos mais cobertura, com acesso pelo andar
intermediário, cujo layout apresenta quatro alternativas básicas. No piso inferior (que
ocupa, em área, meio andar) está a sala de estar; no intermediário ficam a garagem,
a sala de jantar, a cozinha e dependências de serviços; no superior, os dormitórios.
Na cobertura há um terraço, e abriga o volume da caixa-d'água e instalações.

A topografia acidentada do terreno enriqueceu a volumetria final do conjunto


e anulou a possível monotonia da repetição modular. Por outro lado, a inclinação do
lote, que possui declividade média de 45%, permitiu que todas as unidades
tivessem vista panorâmica e garantiu certa privacidade entre elas.
60
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Figura 4.1: Conjunto Residencial Vila Butantã.


Disponível em: <http://www.marcosacayaba.arq.br/lista.projeto.chain?id=71>.
Acesso: maio de 2010.

Figura 4.2: Vila Butantã – Vista interna


Figura 4.3: Vila Butantã – Vista interna
Disponível em: <http://www.marcosacayaba.arq.br>. Acesso: maio de 2010.

Figura 4.4: Implantação das casas.


Figura 4.5: Detalhe de execução da laje mista de concreto e madeira.
Disponível em: <http://www.marcosacayaba.arq.br>. Acesso: maio de 2010.
61
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Terraço

Quartos

Jantar/Cozinha

Sala de estar

Figura 4.6: Corte esquemático do lote/casas.


Disponível em: <http://www.marcosacayaba.arq.br/lista.projeto.chain?id=71>
Acesso: maio de 2010.

Ficha Técnica
Conjunto Residencial Vila Butantã
Local: Vila Pirajussara, São Paulo – SP
Ano do projeto: 1998
Conclusão da obra: 2004
2
Área do terreno: 4.439,0 m
2
Área de ocupação do terreno: 1.140,0 m (25,7%)
Projeto de arquitetura: Marcos Acayaba
Arquitetos: Marcos Acayaba e Suely Mizobe
Construção: Ita Construtora
Projeto estrutural da laje nervurada: Hélio Olga de Souza Jr., Prof. Dr. Pedro
Afonso Oliveira Almeida, Prof. Dr. Péricles Brasiliense Fusco
Projeto estrutural de alvenaria estrutural: Eng. Luis F. Meirelles Carvalho
Projeto Paisagismo: Arq. Benedito Abbud
Projeto Luminotécnico: Arq. Claudio Furtado
Projeto Instalações: Sandretec
Quadro 4.1: Vila Butantã - Ficha técnica.
Fonte: site Marcos Acayaba Arquitetos.
Disponível em: < http://www.marcosacayaba.arq.br/lista.projeto.chain?id=71 >
Acesso: Outubro de 2010.

4.1.2 Aflalo & Gasperini – Condomínio Residencial “The Gift”

Em uma área de aproximadamente 20 mil m2, no bairro de Granja Julieta,


zona sul de São Paulo, está sendo construído o condomínio residencial de alto
padrão, “The Gift”, composto por cinco torres de 19 pavimentos cada. Com projeto
arquitetônico assinado pelo escritório Aflalo & Gasperini e obra a cargo da Even
62
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Construtora e Incorporadora, o conjunto tem como diferencial o fato de ser um


edifício de alto padrão construído pelo sistema de alvenaria estrutural com blocos de
concreto.

Em reportagem para a revista Prisma, a arquiteta Geovana Berta, da


construtora Even diz que o grande desafio do projeto foi justamente trazer o
componente industrializado para um condomínio diferenciado. A opção pela
alvenaria estrutural reafirma a convicção da construtora de que “o sistema não
denigre o projeto”. Pelo contrário, ressalta a arquiteta, o que vimos neste trabalho
foram “exercícios da própria arquitetura”. Ainda segundo a arquiteta, as vantagens
na redução do custo da obra permitiram adaptar a planta (uma planta convencional,
tipo “H”) partindo de premissas tais como o tamanho dos ambientes e a espessura
das alvenarias (Revista Prisma, no 34, Maio de 2010).

Também para não aumentar custos, e respeitando uma limitação do sistema


estrutural, evitou-se construir em balanço. Mas desta opção surgiu uma solução
original no projeto dos terraços, por exemplo. “Esse espaço ficou totalmente
incorporado ao corpo do edifício, como parte da estrutura mesmo”, comenta a
arquiteta da Even.

Além do custo menor da obra, outra vantagem dos blocos estruturais é que
resulta numa obra mais bem aprumada, explica o arquiteto Carlos Alberto Garcia, do
escritório Aflalo & Gasperini, que coordenou as frentes da arquitetura. Numa obra
convencional, diz ele, “o desaprumo se tira na argamassa”. E comenta a diferença:
“Temos visto edifícios de alto padrão revestidos com argamassa. No caso, o prumo
perfeito serviu para viabilizar o custo do revestimento cerâmico, o que se reverteu
num resultado mais interessante”, ressalta. (Revista Prisma, no 34, Maio de 2010).

Para se permitir flexibilidade de planta, a alvenaria estrutural foi trabalhada


para atender às necessidades de se ter poucas alvenarias de apoio e grandes vão
entre esses apoios. O resultado foi apartamentos com plantas bastante flexíveis,
onde a ampliação da sala se torna possível incorporando a área de um dos
dormitórios, por exemplo. Para isso foi utilizado uma laje de maior espessura para
permitir um grande vão nesse local. Foi fundamental o cálculo estrutural que permitiu
atender a essa flexibilidade do layout. Todas estas soluções se mostraram possíveis
de serem combinadas dentro de uma obra em alvenaria estrutural. Os edifícios
63
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

contam com unidades de 210 m2, 168 m2 e as unidades duplex. Todas essas opções
possuem duas configurações de layout diferentes.

Figura 4.7: Fachada do edifício The Gift.


Figura 4.8: The Gift - Vista interna do terraço.
Disponível em: <www.abyarabr.com.br>. Acesso: maio de 2010.

Figura 4.9: The Gift – Vista do estar/ jantar e terraço


Disponível em: <www.abyarabr.com.br>. Acesso: maio de 2010.

(a) (b)
Figura 4.10: The Gift – Plantas dos apartamentos simples.
2
(a) Opção de 210 m com 4 suítes;
2
(b) Opção de 210 m com a parte social ampliada.
Disponível em: <www.abyarabr.com.br>. Acesso: maio de 2010.
64
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

(a) (b)
Figura 4.11: The Gift – Plantas dos apartamentos duplex.
(a) Planta do nível inferior do apartamento duplex;
(b) Planta do nível superior do apartamento duplex.
Disponível em: <www.abyarabr.com.br>. Acesso: maio de 2010.

Ficha Técnica
Condomínio Residencial The Gift
Local: Rua Luís Correia de Melo, 148 - Granja Julieta, São Paulo – SP
Data do projeto: agosto de 2007
Conclusão da obra: junho de 2010
2
Área do terreno: 19.988,83 m
2
Área construída: 109.650,49 m (Coeficiente de aproveitamento: 5,48)
Projeto de arquitetura: Aflalo & Gasperini Arquitetos
Arquitetos: Luis Felipe Aflalo Hermann, Carlos Alberto Garcia (coordenador)
Projeto estrutural: Cláudio Puga
Construção: Even Construtora e Incorporadora S/A
Paisagismo: Soma Arquitetos
Decoração: Patrícia Anastassiadis e Fernanda Marques
Fornecedor de blocos: Glasser

Quadro 4.2: The Gift – Ficha técnica.


Fontes: sites da Revista Prisma e da Construtora Even.
Disponível em: < http://www.revistaprisma.com.br/novosite/noticia.asp?cod=2740> e
< http://www.even.com.br/empreendimentoFicha.aspx?u=the-gift&id=51>.
Ambos acessados em maio de 2010.
65
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

4.2 PROGRAMA

O programa atende à demanda habitacional propondo para isso um edifício


vertical a ser construído através do sistema de alvenaria estrutural. Veremos adiante
que o sistema possui algumas particularidades que devem ser levadas em conta
para que possamos obter as melhores vantagens que o sistema oferece.
Buscou-se atender a conformação familiar básica, oferecendo unidades
habitacionais que atendam os anseios e requisitos de qualidade da cultura local.
Para isso temos duas opções de plantas, com 2 ou com 3 dormitórios, todos com
suíte no quarto principal.
O diferencial para o projeto é a valorização da área social do apartamento,
sabendo que isso concorre para uma maior qualidade de vida aos moradores, já que
a interação entre as pessoas acontece na parte social. Por isso os ambientes da
área social – sacada, estar e jantar - estão todos integrados. A sacada conta com
churrasqueira e a divisão com a sala de estar se faz por uma ampla porta de correr,
com vão-luz de 2,5m.
A sacada social não está em balanço e sim engastada nas paredes laterais,
fazendo a transição entre o interior do apartamento com o meio exterior, além de
cumprir a função de brise horizontal, necessário para a fachada norte.
As sacadas laterais cumprem algumas importantes funções no projeto:
permitem a instalação de portas nos quartos principais, aumentando assim a área de
ventilação sem precisar ter vãos muito extensos; servem como sacadas técnicas
abrigando aparelhos “split” de ar-condicionado e aumentam a qualidade estética do
edifício, formando uma composição melhor estruturada.
O edifício conta com 12 pavimentos tipos, mais o térreo destinado ao lazer e
subsolo para garagem, aproveitando assim o potencial construtivo do terreno.

4.3 MEMORIAL JUSTIFICATIVO

4.3.1 Implantação

O terreno foi escolhido por estar em uma área da cidade contemplada com
infra-estrutura completa e próximo a vários equipamentos urbanos, tais como posto
de saúde e escola. Essa área já contempla vários edifícios verticais, porém na
maioria são de altura até sete pavimentos.
66
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Figura 4.12: Terreno do empreendimento – Foto 01.


Figura 4.13: Terreno do empreendimento – Foto 02.
Fonte: Arquivo pessoal do autor, 2010.

Figura 4.14: Imagem de satélite do terreno.


Fonte: Google Earth, Setembro de 2010.

O terreno de 60,5m de frente e 37,3m de fundos, apresenta como


desvantagem o fato de que a orientação voltada para a rua incide para o lado oeste.
Uma implantação voltada para a rua iria ter como desvantagem o desconforto do sol
vespertino nas áreas sociais dos apartamentos. A solução encontrada foi a
implantação do edifício no sentido norte-sul de modo que as aberturas da área social
ficassem voltadas ou ao norte ou ao sul. A implantação norte-sul também favorece
as melhores vistas para os apartamentos – os do lado norte ficam voltados
diretamente para a Catedral e os do lado sul não ficam voltados aos fundos do
terreno.
67
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

O terreno apresenta desnível de 1,5m com relação ao alinhamento predial.


Por isso o acesso ao subsolo se faz pelo lado mais baixo, precisando apenas de
uma rampa de meio nível. O edifício foi nivelado pelo nível da rua na altura do
acesso principal, garantindo assim boa acessibilidade aos pedestres.
O edifício principal ocupa 19,1% da área do terreno, enquanto que o
subsolo ocupa 55,1%. A ocupação total do terreno é de 1.398,56 m 2, ou seja, 62%,
garantindo assim uma boa área de permeabilidade, tanto do solo como visual. O
afastamento do edifício principal dos limites do terreno e sua implantação ao centro
favorecem essa percepção. O edifício utiliza quase todo o coeficiente de
aproveitamento permitido para a zona por causa da verticalização.

Dados do terreno:
Rua Assunção, s/n. Vila Marumbi, Maringá – PR.
Frente: 60,5 m. Fundo: 37,3 m. Área Total: 2.256,65 m2.
ZR3: Coeficiente de aproveitamento: 2,5 (= 5.641,62 m2 de área construída).
Taxa de ocupação: Térreo e 2º Pavimento: 70%; Torre: 50%.
Recuo frontal: 3m.
Recuos laterais: até 2º pav. sem abertura: disponível; demais: 2,5m.
Recuo de fundos: até 2º pav. sem abertura: disponível; demais: 5m.
Quadro 4.3: Dados do terreno.
Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE MARINGÁ, LC 331/99.

Abaixo ao nível do terreno está o subsolo para estacionamento. No nível do


terreno está locado o prédio vertical, uma quadra poliesportiva, playground, pátio e
jardim, além da casa de gás, guarita e o recinto para lixo. Acompanhando o nível da
rua temos 10 vagas de estacionamento para visitantes com acesso direto para a rua.
Aproveitando o nível elevado do pátio em relação à rua, por causa do subsolo
abaixo, a vedação é feita por painéis de vidro do limite da quadra até a guarita,
oferecendo vista plena da rua para quem está no pátio e melhorando a visibilidade
para a guarita.
A fachada conta com a entrada principal, uma entrada de serviços ao lado da
guarita para mudanças, um acesso independente para a casa de gás, um portão
para retirada dos containers de lixo e a entrada de veículos para o subsolo, dotado
de portão eletrônico.
68
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

4.3.2 Pavimento Térreo


O pavimento térreo é uma estrutura de concreto armado que faz a transição
com a estrutura de alvenaria estrutural que está acima. Conta com pé-direito de piso
a piso de 3,5 m favorecendo a amplitude dos ambientes. Prevendo vigas de
transição de 60 cm teremos como altura mínima nos ambientes, abaixo das vigas,
alturas de 2,90 m.
No pavimento térreo está locado toda a área de lazer coberta do condomínio,
contando com salão de festas com churrasqueira, espaço gourmet, sala de
ginástica, salão de jogos e sala de jogos eletrônicos (vídeo-game e videoteca). Além
disso, conta com dois banheiros com acesso interno e dois com acesso externo –
para usuários da quadra e playground.
O salão de festas possui portas sanfonas permitindo grande integração com o
pátio externo e a quadra. Conta com churrasqueira completa aproveitando o duto
das chaminés das churrasqueiras das sacadas. A sala de jogos eletrônicos pode ser
utilizada integrada ao salão de jogos pois as mesmas estão divididas por uma
grande porta de correr com vão-luz de 2,90 m.
O acesso do térreo com o portão principal é recebe uma cobertura de vidro
atirantada em um pergolado de concreto armado, engastado na estrutura de
transição. Desse modo o acesso principal é facilmente identificável.

4.3.3 Pavimento de Garagem


O pavimento de garagem encontra-se a 1,80 m abaixo do nível da rua em que
se encontra o acesso, necessitando assim de uma rampa de 9 m, com inclinação de
20%. O subsolo utiliza metade da área de projeção do prédio, além de uma estrutura
independente de concreto armado que vai até a divisa do terreno.
Conta com 50 vagas para automóveis, bicicletário de 35 m 2, cisterna, casa de
bombas e um pequeno depósito para materiais de limpeza. A cisterna, dividida em
duas células, tem capacidade para 31,76 m 3 de água, o equivalente a 130% do
consumo diário previsto, que é de 24,5 m 3. Passa pelo subsolo – acima das
cisternas - o duto para tomada de ar do duto da escada enclausurada.

4.3.4 Pavimento Tipo


Temos duas opções de plantas, com 2 ou 3 dormitórios, todos com suíte e
varanda com churrasqueira. Ambos os modelos apresentam ampla área social, com
as salas de jantar e estar integradas e com grande abertura para a sacada.
69
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

A suíte conta com uma pequena sacada permitindo assim que a janela seja
trocada por uma porta, aumentando a área útil da abertura sem estender a largura
do vão. Essa sacada também oferece espaço para a instalação de aparelhos de ar
condicionado do tipo “split”, fazendo a função também de sacada técnica.
Os apartamentos possuem áreas construídas de 95,61; 98,43; 100,42; e
100,93 m2, totalizando 408,27 m2. O hall tem 25,34 m2 de área construída (6,05%).
Pensando no conforto térmico, as aberturas da área social, da suíte e do
segundo quarto estão orientados ou para o norte ou para o sul. As aberturas da área
de serviço/ cozinha e do terceiro quarto estão orientados no sentido leste/ oeste. As
aberturas dos banheiros encontram-se tanto no sentido norte/ sul, como leste/ oeste.

4.3.5 Cobertura
O principal meio de ganho de calor de um edifício é através da cobertura.
Quando a cobertura é feita rente à última laje, somente com o espaço da inclinação
da telha, que no caso de telhas metálicas ou fibrocimento são pequenas, não se cria
um colchão de ar a fim de dissipar o calor recebido no telhado. Com isso, além do
desconforto térmico para os apartamentos de cobertura, tem-se o aumento da
probabilidade de patologias na alvenaria estrutural, devido à dilatação excessiva da
última laje. Para se evitar essas patologias utilizam-se algumas técnicas
construtivas, tais como “soltar” a última laje das paredes de apoio, como veremos
adiante. Porém também é necessário medidas de projeto para evitar o ganho de
calor excessivo na última laje.
No projeto, o telhado encontra-se levantado da laje, aumentando a altura de
platibanda e criando um espaço para dissipar o calor da cobertura através de um
colchão de ar.
O reservatório superior tem capacidade nas duas células para 32,64 m 3 de
água, o equivalente à 133% do consumo diário previsto. O volume atende a
normatização dos bombeiros segundo a qual o volume mínimo exigido é de 29,81m3.
O duto de saída de ar avança 1 m acima da cobertura e o duto de entrada acaba
com na altura do último pavimento tipo. Ambos possuem área líquida de 1,62 m 2
atendendo a norma utilizada pelos bombeiros, a NBR 9077 (ABNT, 1993), segundo
a qual necessitaria de uma seção mínima para os dutos de 1,36 m 2.
70
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

4.3.6 Revestimentos Externos


Para os revestimentos externos do edifício serão utilizados pintura látex PVA
cor marfim, pintura acrílica semi-brilho na cor conhaque e alvenaria aparente com
blocos “split” canelado.
A alvenaria estrutural aparente ainda é pouco desenvolvida no Brasil, apesar
de ser mais comum em outros países, tal como os Estados Unidos. Utilizamos para
isso blocos arquitetônicos da família “split canelado”, com fornecedor de Curitiba
oferecendo o produto com resistência de 6,0 à 20 MPa. É necessário o tratamento
das alvenarias aparentes com produtos hidro-repelentes, além de utilizar técnicas
construtivas para se evitar a permanência de água no interior da alvenaria. Porém é
uma solução muito interessante por causa do resultado estético obtido. A aplicação
de produtos hidro-repelentes tem a vida útil de 5 a 10 anos dependendo da
qualidade do produto utilizado, devendo ser novamente aplicado ao final desse
prazo.

Figura 4.15: Exemplo de parede de alvenaria aparente com blocos “split”.


Disponível em : <http://www.tecmold.com.br/produtos/produto_blocos_split.html>.
Acessado em Outubro de 2010.

4.4 PEÇAS GRÁFICAS

4.4.1 Perspectivas
71
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Figura 4.16: Perspectiva do prédio.


Fonte: Maquete eletrônica feito pelo autor, 2010.

Figura 4.17: Perspectiva do prédio.


Fonte: Maquete eletrônica feito pelo autor, 2010.
72
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Figura 4.18: Perspectiva do prédio.


Fonte: Maquete eletrônica feito pelo autor, 2010.

Figura 4.19: Perspectiva do prédio.


Fonte: Maquete eletrônica feito pelo autor, 2010.
73
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

4.4.2 Anteprojeto

1. Implantação Folha A3 Esc: 1:200 Prancha 01/15


2. Elevação da Fachada Folha A3 Esc: 1:200 Prancha 02/15
3. Elevação Noroeste Folha A4 Esc: 1:200 Prancha 03/15
4. Elevação Norte Folha A3 Esc: 1:150 Prancha 04/15
5. Corte A1 (Azul) Folha A3 Esc: 1:150 Prancha 05/15
6. Corte B1 (Vermelho) Folha A2 Esc: 1:150 Prancha 06/15
7. Corte B2 (Verde) Folha A2 Esc: 1:150 Prancha 07/15
8. Planta Cobertura Folha A4 Esc: 1:125 Prancha 08/15
9. Planta Caixa D‟água Folha A4 Esc: 1:125 Prancha 09/15
10. Planta Barrilete Folha A4 Esc: 1:125 Prancha 10/15
11. Planta Pavimento Tipo Folha A3 Esc: 1:100 Prancha 11/15
12. Planta Estrut. Transição Folha A4 Esc: 1:125 Prancha 12/15
13. Planta Pavimento Térreo Folha A3 Esc: 1:100 Prancha 13/15
14. Planta Vigas Subsolo Folha A4 Esc: 1:250 Prancha 14/15
15. Planta Subsolo Folha A3 Esc: 1:150 Prancha 15/15

4.4.3 Dados Estatísticos

Ficha Técnica
Edifício Vertical Residencial
12 andares de 4 apartamentos cada: 48 aptos total.
60 vagas garagem: 50 no subsolo e 10 visitantes
Local: Rua Assunção, s/n; Vila Marumbi. São Paulo – SP
Data do projeto: 2010
2
Área do terreno: 2.256,65 m
2
Área de projeção das construções: 1.443,46 m (63,96%)
2
Área construída: 7.124,11m
Área computada: 4.889,25 (Coeficiente de aproveitamento: 2,16)
2
Área permeável: 255,95 m (11,34 %)

Quadro 4.4:Ficha Técnica do Empreendimento.


Fonte: Dados do projeto.
74
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

TABELA DAS ÁREAS CONSTRUÍDA E COMPUTADAS TABELA DE ÁREA DOS APARTAMENTOS

Áreas: Construída Computada Áreas: Área Útil A.Construída

Subsolo 1.244,35 126,90 Apto 01 87,28 99,99


Guarita, Gás, Acesso 9,85 17,57 Apto 02 82,96 95,18
Pavimento Térreo 387,97 125,16 Apto 03 87,76 100,50
Pavimento Tipo (12X) 5.023,56 4.551,84 Apto 04 85,00 97,62
Barrilete/ Cx. D‟água 458,38 67,78
Total: 7.124,11 4.889,25

Tabela 4.1: Tabela de áreas do projeto.

4.5 SOLUÇÕES CONSTRUTIVAS ADOTADAS

4.5.1 Modulação

Antes de se conceber o projeto para o sistema de alvenaria estrutural é


preciso decidir qual família de blocos será utilizada no projeto, pois é da família de
blocos empregada é que teremos a medida modular do projeto. Não é recomendado
trabalhar com blocos de outras famílias senão daquela utilizada no projeto, por conta
da dificuldade que será criada no canteiro de obras.

O primeiro fator de escolha da família de blocos é a verificação de quais delas


estão disponíveis na região em que se encontra o empreendimento. Depois dessa
verificação, podemos levar em consideração alguns outros fatores:

 Os blocos da família 20x40 cm, alcançam resistência superior aos demais


devido a sua maior largura (diminui o índice de esbeltez da parede) e por isso
são utilizados quando necessita de grandes resistência – acima de 20
pavimentos, por exemplo;
 Têm-se um grande aumento do conforto térmico e acústico aumentando a
espessura das paredes e por isso os blocos da família 20x40 cm são
recomendados em regiões de clima extremos;
 As famílias 20x40 e 15x40 utiliza compensadores e com isso podem trabalhar
com módulos de 5 cm. Por isso são preferíveis para se adaptar um projeto que
não esteja modulado, pois utilizando medidas modulares pequenas não haverá
grandes modificações de projeto na modulação do mesmo;
75
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

 A família 15x30 é a que apresenta a modulação mais simplificada, não


necessitando de compensadores e utilizando poucas variedades de blocos, o
que facilita o processo construtivo e a organização do canteiro de obras;
 A família 15x30 possui o bloco específico para amarração das paredes em „T‟.
Como nas outras famílias não existe essa peça ocorre a junta a prumo de três
em três fiadas nesse caso. O bloco para amarração em „T‟ não é feito nessas
modulações devido ao peso excessivo que a peça teria, prejudicando o trabalho
de execução;
 A família 15x30 trabalha com peças menores e, portanto, mais leves, o que em
regiões de clima quente favorece a produtividade da mão de obra.

Para o projeto apresentado foi utilizado a família 15x30 buscando a simplicidade


construtiva com o não uso de compensadores. Todo o projeto foi concebido
utilizando medidas modulares horizontais de 15 cm.

Na modulação vertical foi trabalhado a modulação de piso à piso, utilizando nas


paredes exteriores o bloco canaleta J de 20 cm de altura. Com isso a laje não fica
aparente na fachada permitindo utilizar a alvenaria aparente em algumas das
paredes do prédio.

4.5.2 Altura do Prédio e Resistência dos Blocos

Para atingir o coeficiente de aproveitamento permitido para o terreno foi


projetado um prédio com 12 pavimentos tipos em alvenaria estrutural além da
cobertura. A resistência dos blocos pode ir diminuindo conforme vão se construindo
os andares mais altos. Para efeito de pré-cálculo podemos considerar que essa obra
utilizará blocos de 12 à 14 MPa nos primeiros pavimentos de alvenaria, conforme
vemos na tabela 3.1.

4.5.3 Forma do Edifício e Disposição das Paredes

Como vimos no capítulo 3 algumas formas volumétricas não são


interessantes para o sistema de alvenaria estrutural, tais como edifícios altos
esbeltos, pois a robustez é importante para não gerar esforços de tração na
estrutura. O terreno largo nos possibilitou projetar um prédio com a robustez
desejada – a forma próxima a do quadrado. O prédio possui uma relação de 4x5 da
largura com o comprimento (24,45m x 19,8m).
76
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Quanto às disposições das paredes, um bom projeto para alvenaria estrutural


deve procurar fazer o arranjo das paredes estruturais de modo a equilibrar, o quanto
possível, as solicitações nas paredes. Um projeto estruturalmente equilibrado não
possui grandes diferenças de solicitações entre as paredes de um mesmo
pavimento. Porém, quando isso não for possível pode se reforçar as paredes mais
carregadas com enchimentos de graute.

No desenho 4.1 temos a planta das paredes estruturais do pavimento tipo,


que serão consideradas no cálculo estrutural. Nesse, somente os trechos de
paredes sem aberturas é que são levadas em consideração. Os trechos que contêm
aberturas são considerados como interrupções da parede.

Deve-se procurar fazer sempre que possível a amarração direta entre as


paredes estruturais, de modo a formar um conjunto coeso que favoreça a
distribuição das tensões. Quando isso não acontecer é feita a amarração indireta
utilizando armaduras construtivas de amarração e graute.
77
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL
78
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

4.5.4 Aberturas

As aberturas para as esquadrias devem acompanhar sempre que possível a


modulação do projeto. Para isso é necessário a escolha de produtos com medidas
que sejam compatíveis.

Para as portas principais dos apartamentos é deixado um vão de 91cm,


equivalente à 3 blocos inteiros e 4 juntas ou 6 medidas modulares mais a medida de
uma junta. Para esse projeto utiliza-se portas com folhas de 82cm, com batentes de
3cm para cada lado, resultando numa medida total de 88cm. Como os vão terão
91cm, teremos um espaço de 1,5cm em cada lado para fazer o chumbamento da
porta na alvenaria.

Na modulação de 15 cm, a boneca das portas normalmente será de 15 cm,


para não se usar peças especiais. Com a família de blocos 39 as bonecas podem
ser feitas de 5cm por causa da modulação de 5cm utilizada. No projeto temos
algumas portas fixadas rente à parede, sem boneca, por causa da disposição das
paredes. Neste caso são utilizados batentes internos.

Figura 4.20: Medidas para instalação de porta.


Fonte: Detalhe do projeto – arquivo do autor, 2010.

Na alvenaria estrutural as aberturas devem ser, sempre que possível, mais


altas e menos largas para não diminuir a seção resistente das paredes. Para isso foi
escolhido esquadrias para o projeto que atendesse as necessidades e dentre as
opções foi escolhido as de menor largura. Por exemplo, para as janelas dos
banheiros utiliza-se esquadrias de 80cm de altura e 60cm de largura. No quarto
principal foi possível a realizar a abertura através de uma porta ao invés de janela, o
que é bem interessante pois aumenta a área de abertura sem aumentar o vão da
parede.
79
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Toda abertura na alvenaria estrutural, inclusive a do quadro de luz, deve ser


dotado obrigatoriamente de vergas e contravergas, conforme vimos no capítulo 2 do
presente trabalho. Nesse projeto as vergas e contravergas são feitas utilizando os
blocos canaletas “U” devidamente preenchidos com graute e com armaduras
construtivas – na parte inferior para as vergas e superior para as contravergas.

4.5.5 Lajes

Várias soluções de laje são possíveis para esse projeto, admitindo se usar
lajes maciças, lajes mistas ou pré-lajes. A laje maciça é a que oferece maior rigidez
à estrutura e possibilita menores espessuras de lajes. No entanto, nesse projeto
optou-se por utilizar as lajes mistas com vigotas treliçadas, por conta da
simplificação do processo construtivo. No desenho 4.2 temos o sentido de colocação
das vigotas treliçadas e as paredes de apoio.

Por causa da dilatação térmica a laje de cobertura deve ser executada “solta”
das paredes portantes conforme vimos no capítulo 3.12, além de ser executadas
juntas horizontais para dividir a laje em partes menores.

No projeto temos algumas paredes de platibanda que passam em alguns


trechos sobre a laje sem que haja paredes portantes abaixo. Nesses trechos a laje
precisa ser reforçada para que posteriormente não ocorram trincas na mesma. Esse
reforço consiste em colocar três vigotas treliçadas abaixo de onde receberá a
parede, para que essa não descarregue nas lajotas. Além disso, deverá passar uma
armadura de reforço transversal às vigotas para distribuir o peso da parede em uma
área maior.

Figura 4.21: Detalhe da laje.


Corte mostrando o reforço da laje do último pavimento tipo para receber as paredes de platibanda.
Fonte: Detalhe do projeto – arquivo do autor, 2010.
80
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Nas sacadas a laje é executada conforme figura abaixo. Sobre a laje, uma
fiada de blocos e o guarda-corpo. Abaixo dela, uma peça de concreto armado
solidarizada com a laje, a fim de se evitar o abaulamento da mesma.

Figura 4.22: Corte isométrico mostrando a laje da sacada.


Fonte: Detalhe do projeto – arquivo do autor, 2010.
81
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL
82
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

4.5.6 Amarração de paredes

Devido à modulação feita, todos os encontros de paredes se fazem por meio


de amarração direta, excetuando somente a parede que fica entre as duas caixas de
elevadores por causa da medida dos mesmos. A amarração é feita utilizando
armaduras construtivas que, juntamente com o preenchimento de graute,
solidarizam as paredes conforme vemos na figura abaixo.

Elevador 01

Elevador 02

Figura 4.23: Detalhe de amarração indireta utilizando armaduras construtivas.


Fonte: Detalhe do projeto – arquivo do autor, 2010.

4.5.7 Compatibilização de projetos

O projeto de alvenaria estrutural tem que estar com todos os projetos


compatibilizados e todas as interferências deve ser resolvido em projeto, antes de ir
para a obra. Deve se levar em conta os sistemas que serão utilizados no
empreendimento já na fase da concepção do projeto arquitetônico para evitar que o
mesmo sofra grandes alterações.

A fiação elétrica é passada pelo vazio dos blocos - apenas no sentido vertical
– durante a elevação das paredes. Por causa do processo construtivo da alvenaria
estrutural não é necessário utilizar eletrodutos no interior dos blocos, pois o sistema
construtivo garante a não existência de obstruções (DEANA, 2010).
83
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

Além dos quatro shafts dos apartamentos há mais um shaft próximo à caixa
de escada, por onde sobe a água para a caixa d‟água e desce a tubulação dos
hidrantes. A água pluvial é descida através dos quatro shafts dos apartamentos.

No projeto é utilizada também a solução das paredes hidráulicas, que são


paredes sem função estrutural que recebem a tubulação hidráulica. As paredes
adotadas são de placas de gesso – sistema “Dry-Wall”, devido ao menor peso sobre
as lajes e também por que permite a manutenção do sistema hidráulico embutido.

Figura 4.24: Detalhe da parede de vedação hidráulica.


Fonte: Detalhe do projeto – arquivo do autor, 2010.

4.6 PROJETO EXECUTIVO

O projeto executivo de alvenaria estrutural engloba todos os projetos e as


informações devem estar compatibilizadas em um mesmo projeto em cada fase de
execução. Por exemplo, no projeto de elevação da alvenaria, devem constar a
disposição dos blocos, os pontos de grauteamento, as armaduras utilizadas, a
passagem da fiação elétrica e instalação das caixas de interruptores, etc.
84
4. EDIFÍCIO HABITACIONAL EM ALVENARIA ESTRUTURAL

O projeto de alvenaria pressupõe a integração entre todos os projetos e a


gestão dessa integração deverá ser executada por profissionais
especializados no tipo de projeto, atuando de forma integral ou parcial dentro
das necessidades. (DEANA, 2010).

A apresentação do projeto executivo deve ser em linguagem didática para


que possa ser compreendido pelos profissionais envolvidos durante a execução da
obra. Recomenda-se, sempre que possível, a impressão em folhas A4 ou A3 e a
utilização de escalas maiores, por exemplo, 1:50 para a planta de primeira fiada e
1:25 para as elevações de alvenaria.
Os principais desenhos para o projeto executivo são: a planta de 1ª fiada (que
servirá para fazer a marcação da alvenaria na laje), as elevações de parede, a
planta das lajes (detalhando os rasgos por onde os dutos irão passar) e os detalhes
da fixação das escadas e pré-moldados. Além também dos outros projetos da obra,
tais como o projeto de fundações, de estrutura de transição, cobertura, etc.
A planta de 2ª fiada auxilia na elaboração do projeto mas não é necessária no
projeto executivo pois, nos desenhos de elevação das paredes já constam a correta
disposição dos blocos a ser seguido pelos profissionais.

4.6.1 Exemplo de projeto executivos

Nas pranchas a seguir algumas partes do projeto executivo mostrando as


informações que deverão estar contidas e também a apresentação em linguagem
mais didática para facilitar o processo de execução. A utilização de cores,
identificando os blocos especiais, facilita o entendimento do desenho.
5. CONCLUSÕES

A alvenaria estrutural ocupa atualmente um lugar de destaque no cenário da


construção civil brasileira. Na busca pela racionalização do processo construtivo, ela
é um grande caminho, pois necessariamente o sistema necessita de uma
construção mais racionalizada e mais eficiente.
O grande mérito do sistema de alvenaria estrutural pode ser definido
conceitualmente por uma frase que São Francisco de Assis falava para seus irmãos
de comunidade: “Faça poucas coisas, mas as façam bem feitas”. A construção em
alvenaria estrutural consiste nisso, pois permite diminuir as etapas construtivas de
uma obra, simplificando o processo, só que para isso as etapas precisam ser
realizadas com qualidade garantida, pois um mesmo produto – a parede – terá
várias funções: estrutural, vedação, proteção termo-acústico, e suporte para
instalações.
Para que isso aconteça é preciso principalmente a valorização do fator
humano no processo, por que na alvenaria estrutural os grandes protagonistas não
são os grandes equipamentos, mas sim as pessoas envolvidas no processo, pois
são elas que garantirão a qualidade final do produto. Essa qualidade requerida, tem
que haver desde o começo da concepção do projeto até a finalização da obra, com
envolvimento de arquitetos, engenheiros, técnicos e profissionais da construção.
Qualidade está relacionada diretamente com o conhecimento e capacitação.
Não há qualidade se não houver conhecimento! O objetivo desse trabalho foi,
justamente, aprofundar os conhecimentos sobre o tema e mostrá-los nesse trabalho.
Apesar deste trabalho dar uma pequena visão global sobre o sistema, o foco
do mesmo está na concepção de um projeto arquitetônico para alvenaria estrutural.
Muitas limitações são impostas quando se fala em projetos para alvenaria estrutural,
porém, como vemos no trabalho, a alvenaria estrutural está para nos ajudar. Está a
nosso favor, oferecendo uma nova alternativa de construção que se mostra
interessante em grande parte dos casos.
Ao mesmo tempo, os projetistas precisam também estar a favor do sistema,
conhecendo suas particularidades, para assim aproveitar as vantagens que o
sistema oferece, tais como a racionalização, a simplificação construtiva, a qualidade
termo-acústica, etc.
86
5.CONCLUSÕES

O trabalho permitiu conhecer as premissas básicas do sistema tais como o


comportamento estrutural de um edifício em alvenaria estrutural; a função que
exerce cada elemento no sistema; os princípios de estabilidade da estrutura; os
princípios de projeto: modulação, racionalização e compatibilização dos sistemas; as
possibilidades atualmente viáveis (altura dos edifícios, vãos livres, etc.). Nesse
sentido o trabalho torna-se um instrumento para aqueles que irão conceber um
projeto de edifício em alvenaria estrutural.
A segunda fase do trabalho consiste em conceber um edifício vertical em
alvenaria estrutural utilizando os conhecimentos adquiridos na pesquisa. Nessa fase,
as dúvidas surgidas no processo permitiram aprimorar a pesquisa realizada na
busca de soluções.
O edifício vertical é destinado à habitação, pois é nesse programa que o
sistema oferece as melhores vantagens. Explorando as potencialidades do sistema,
foi proposto um empreendimento com apartamentos de padrão médio (em torno de
100m2 cada), térreo em pilotis e apartamentos com suíte, sacada com churrasqueira
e opções de plantas. Verificou-se que o sistema é capaz de atender plenamente
essas premissas de forma muito satisfatória.
Algumas decisões de projeto ajudaram o prédio a ter melhor comportamento
estrutural, como por exemplo, a sacada principal é apoiada nas paredes laterais,
evitando-se criar momentos torçores na estrutura, já que a alvenaria não trabalha
bem a tração. Procurou-se conceber uma estrutura que distribuísse as cargas de
maneira equilibrada, sem grandes concentrações pontuais.
O resultado final do trabalho é o projeto de um edifício residencial em
alvenaria estrutural, totalmente concebido para o sistema, e que oferece as
qualidades arquitetônicas e funcionais necessárias para a qualidade da moradia.
Com isso espera mostrar que o sistema não é sinal de baixa qualidade arquitetônica,
mas que ao contrário, permite realizar edificações de qualidade. Qualidade esta que
começa na concepção do projeto, passa pela execução feita por profissionais
qualificados e chega até as pessoas que irão viver naquele lugar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNES, Bianca. Alvenaria Estrutural – Sistema em Evolução. Revista


Construção Mercado. no 41 – Dezembro de 2004.
Disponível em: <http://revista.construcaomercado.com.br/negocios-incorporacao-
construcao/41/artigo121836-1.asp>. Acesso em: 19 maio 2010.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Prática Recomendada 1:


Como Escolher e Controlar a Qualidade dos Blocos. Recife. Manual Técnico.
ABCP, s/d. Coordenação: Marcio Santos Faria.
Disponível em: <http://www.abcp.org.br/colaborativo-portal/download.php?
selected=Alvenaria estrutural#selAnch>. Acesso em: 03 maio 2010.

___. Prática Recomendada 2: Alvenaria: Como Projetar a Modulação. Recife.


Manual Técnico. ABCP, s/d. Autoria: Arquiteta Cláudia Prates.
Disponível em: <http://www.abcp.org.br/colaborativo-portal/download.php?
selected=Alvenaria estrutural#selAnch>. Acesso em: 03 maio 2010.

___. Prática Recomendada 3: Ferramentas para Melhorar a Qualidade e a


Produtividade da Sua Obra. Recife. Manual Técnico. ABCP, s/d. Coordenação:
Marcio Santos Faria. Disponível em: <http://www.abcp.org.br/ colaborativo-
portal/download.php?selected=Alvenaria estrutural#selAnch>. Acesso em: 03 maio
2010.

___. Prática Recomendada 4: Execução de Alvenaria - Marcação. Recife. Manual


Técnico. ABCP, s/d. Coordenação: Marcio Santos Faria.
Disponível em: <http://www.abcp.org.br/ colaborativo-portal/download.php?
selected=Alvenaria estrutural#selAnch>. Acesso em: 03 maio 2010.

___. Prática Recomendada 5: Execução de Alvenaria - Elevação. Recife. Manual


Técnico. ABCP, s/d. Coordenação: Marcio Santos Faria.
Disponível em: <http://www.abcp.org.br/ colaborativo-portal/download.php?
selected=Alvenaria estrutural#selAnch>. Acesso em: 03 maio 2010.
88
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto e


execução de obras de concreto armado. Rio de Janeiro, 1980.

___. NBR 6136: Bloco vazado de concreto simples para alvenaria estrutural. Rio de
Janeiro, 1994.

___. NBR 8798: Execução e controle de obras em alvenaria estrutural de blocos


vazados de concreto. Rio de Janeiro, 1985.

___. NBR 9077: Saída de emergência em edifícios. Rio de Janeiro, 1993.

___. NBR 10.837: Cálculo de alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto.


Rio de Janeiro, 1989.

___. NBR 15.270-2: Componentes cerâmicos. Parte 2: Blocos cerâmicos para


alvenaria estrutural – Terminologia e requisitos. Rio de Janeiro, 2005.

BRICKA. Alvenaria Estrutural. Manual de Tecnologia. Curitiba, s/d.


Disponível em: <http://www.bricka.com.br/downloads/alv-tec.pdf>. Acessado em 05
maio 2010.

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Alvenaria Estrutural – Materiais, Execução da


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