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Os desafios da escola 2.

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THAIS PAIVA1 - 10 de junho de 2013 – Revista Carta Capital2

Cada vez mais cedo, computadores, celulares, tablets e outros aparelhos digitais fazem parte da vida de
crianças e adolescentes brasileiros.
No País, a idade do primeiro acesso à internet é, em média, entre 9 e 10 anos. Metade dos jovens afirma
conectar-se à rede diariamente.
Os dados são da pesquisa TIC Kids Online Brasil, elaborada pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias
da Informação e da Comunicação (Cetic.br), que analisou o uso da web entre jovens de 9 a 16 anos e seus
impactos sociais.
“A rapidez com a qual crianças e jovens estão obtendo acesso a tecnologias virtuais, convergentes, móveis
e interconectadas não encontra precedentes na história da inovação e difusão tecnológica”, indica no estudo
Sonia Livingstone, diretora da rede EU Kids Online e professora no Departamento de Mídia e
Comunicação da London School of Economics and Political Science.
“Essas mudanças apresentam aos pais, aos professores e às crianças o importante desafio de adquirir,
aprender a usar e definir objetivos para o uso da internet em suas vidas diárias.”
Nesse panorama, as duas principais instituições responsáveis pela formação das novas gerações – família e
escola – ganham responsabilidades imensas, mas ainda se encontram perdidas diante dos desafios da
inclusão e orientação digital.
“Elas estão perplexas ante crianças e jovens cada vez mais informados, participantes e conscientes (mesmo
que confusamente) de seus direitos, além de serem digitalmente competentes e de se mostrarem totalmente
à vontade diante dessas novas tecnologias”, aponta Maria Luiza Belloni, doutora e mestra pela
Universidade de Paris-Sorbonne e pós-doutora em Comunicação Política.
No ensino, fica evidente o descompasso entre o que os alunos têm nas mãos e a capacidade da escola de
usar as novas tecnologias com propósitos pedagógicos.
“Enquanto os alunos levam seus celulares para a sala, os professores muitas vezes não têm à disposição
computadores e conexão para a realização de tarefas básicas como a busca de informações na internet”,
alerta Maria Paulina de Assis, doutora em Educação pela PUC-SP.
Além disso, a falta de infraestrutura tecnológica, dificuldades de gestão escolar e problemas com a própria
ação pedagógica, a dificuldade dos professores para adotar novas tecnologias, aparecem como grandes
desafios.
No ensino público, destaca-se também a fragilidade da implementação das políticas públicas. “A escola
pública tem sempre projetos a serem implementados, e a inserção das novas tecnologias para o uso
pedagógico acaba sendo muitas vezes atropelada por necessidades mais imediatas. Dessa forma, a presença
de tecnologias na escola acaba sendo geradora de problemas e não de soluções”, destaca Maria Paulina.
1 Jornalista formada pela PUC-SP e bacharel em Letras pela USP. Já trabalhou no site da revista Crescer e escreve sobre
educação desde 2013.
2 http://www.cartaeducacao.com.br/reportagens/os-desafios-da-escola-2-0/
O estudo TIC Kids Online Brasil 2012 também mostra como as novas tecnologias e a internet podem se
transformar em potencial para inovações educativas, trazendo mais motivação para a aprendizagem na sala
de aula e além dela.
Para isso, entretanto, fica clara a necessidade de uma abordagem pedagógica que extrapole o uso dessas
tecnologias pelos professores apenas como recurso para estratégias didáticas convencionais.
“A inclusão digital de jovens não depende da aplicação da tecnologia a políticas pedagógicas somente. É
possível até mesmo dizer que nisto não há muita diferença entre escolas públicas e privadas, pois as
privadas podem até estar mais à frente no sentido de ensinar os alunos a manipular o computador, mas
também não utilizam os recursos digitais para criar novas propostas de ensino, como utilizar um game para
resolver uma equação de segundo grau”, explica Regina de Assis, mestre e doutora em Educação pela
Universidade de Harvard e pela Universidade de Colúmbia e consultora em mídia e educação.
A pesquisadora Ellen Helsper, doutora da London School of Economics, chama ainda a atenção para o que
considera um equívoco das escolas, que é fazer uma divisão entre o universo online e o mundo real.
“Esses dois campos são uma coisa só: a vida do aluno. Na escola, os piores lugares para se aprender a
mexer no computador são as salas de informática, justamente porque configuram ambientes não familiares,
estranhos, separados da vivência cotidiana dos jovens.”
Segundo Maria Paulina, as novas tecnologias devem ser integradas ao currículo por meio de uma
pedagogia voltada para o aluno, tendo as motivações para a aprendizagem como centro da atenção do
professor.
Dessa forma, as dificuldades do professor em apropriar-se das novas tecnologias deixam de ser um
problema, pois ele passa a atuar mais como mediador e orientador do conteúdo obtido através dessas
interfaces.
“Assim, o professor fica mais atento aos objetivos de aprendizagem, à provisão de informações e
orientações quando necessário, ao acompanhamento dos resultados, à avaliação, à observação de
comportamentos e atitudes dos alunos que necessitam de intervenção, tendo um papel mais de mediador da
aprendizagem do que de transmissor de conhecimentos”, explica.

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