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JANETRO.

06 MAïERí\IIDADE
t Nucsns 17

Asvivênciasda mulher
durantea gravidez
ÍVIONUCTRT€RNRNDA NNRNGRNH€TR fI'IONFOSTC
Licanciodoom enfermogom, a dasamponhor funçõasno HospitolFarnondoFonsaco,
Serviçoda Obstatrício- Int@rnom@nto
de Puorperas;
monuelo.monforta@sooo.ot
RNRr€Or{O8 SRRRTVR nntil€tfiO
Licanciodo
am Çnfarmogam, o dasampanhor no HospitolGorcioda Orto,5Ê - Blocoda Portos
funçÕes
laonorl98.]@uohoo.com.br

rrurnoouçÃo
Todoo serhumano,no decorrerda vida,passapor
transformações, independentemente da idade:a criança,o jovem,
o adultoe o idoso,cadaum a seumodo,experimentam
mudanças. No entanto,existemcertasépocasnasquaisas
modificaçoes que ocorremnosnossoscorpose mentes,nos
nossosrelacionamentos e compromissos,sãoparticularmente
importantese rápidas.
Nestas,certamentese situaa gravidez,queconstituiuma etapa
da vida,ondese vai processarprofundasalterações na mulhere
famítia,as quaisconstituemuma ponteparaum projectode uma
vida,a maternidade/paternidade.Nesteâmbito" A mutherdeve
serencarada como alguémque necessita de cuidados,
principalmente no campoda aprendizagem do que é a gravidez,
poissendoestaum estado,acimade tudo novoe diferente,
surgemquestõese premissas quedevemserresolvidas, orientadas
e até reelaboradascom a própriagrávida"(COUTO,2003, 38).
1 8 rlr^='xro I MÂïERNIDADÊ JANETRO.Os

Íl mufhcr PÌoocupcì-se e Íesssnte-so am perc)et o suo outo-imogern, em ter do dcsistir do ontigos odoptoções o de relocionomontos
oquilibrodos em Íovor do novo scÌ, que se desenvolvs dootro do si.

S e g u n d oC O R R E I A( 1 9 9 8 )a p o r C O U T O ( 2 0 0 3 ,3 B )" ( . . . )a .paissentiráque deve negaro


gravidezé um processobem gravidezé um processo.A desejode não terem o filho,
definÌdono temoo, circunscrito mulher vai engravidando. sendo então o deseiotraduzido
entreaconcepçãoeo Engravida biologicamentenum em medosmais aceitáveis, tais
n a s c i m e n t oV.a i p e r m i t i rq u e a dado momento, mas depois tem como medo pela segurançae
mãe se adaptepsicologicamente de percorrerum caminho,onde saúdedo bebé. A mãe oode
ao novo papel que irá se conÍrontacom uma tareíade sentirreceiode que algunsdos
desemoenhar.estandoa vida". Durontecrgrcrvidez, seuspensamentosnegativos
preparaçaopsrcoroSrca O desenvolvimento psicológico protundcrs possamprejudicaro seufilho e
intimamenteligada às fasesfísicas ao longo da gravidezpode ser mudcrnçcrs que qualquertrauma,/anomalia no
da eravidezda mulher. conceptualizado numa sequência somóticosa seu filho sejaculpa sua.A mulher
ncirnlonirnq qa
Actúalmente,a gravidezé de fases,que "seiniciam, preocupa-see ressente-se em
raparculanìo
encaradacomo uma fase de desenvolveme terminam, criando .^/n^^rf^mô^f^
perder a sua auto-imagem/em ter
lvr r r|./vr Luil | ,9r rLv,
desenvolvimento e constituiuma soluçõespara as tareías nõo so do mulhar, de desistirde antigasadaptações
crise de viragem e de adaptação antecedentese oferecendolugar mcrstcrmbómdos e de relacionamentos
a novosestatutos/papéis - o de aos conflitose tarefasoosteriores" at re. a raele.iam eouilibradosem favor do novo
mãe e de pai - e às novas flUSTO cit. por CAMPOS,2000, nomocrdcrmen[a o ser.oue se desenvolvedentro de
condiçõescorporais,psicológicas 16). mcrrido,Os foctoros si. Porseu lado,o homem
e familiares. sócio-oconómicos e preocupar-se-ácom o aumento
Durante a gravidez,profundas 1' TRIMESTRE DA GRAVIDEZ cul[urois
tôm de responsabilidade e com as
mudançassomáticase |ParaCOLMAN&COLMAN (1994\ iníluôncioncrformo alteraçõesnecessárias nos seus
psicológicasse repercutemno o'lo trimestreda gravidez cOmO Cì grC'vidOZ t2 relacionamentos, causadaspelo
vÌvido no inlarior do
comoortamento,não só da correspondeà íasede integração, bebé.Cera-seansiedade.oue
mulher,mastambémdos que a Íomílioe crs
na qual há a aceitaçãoda notícia alferae ì;e.< tí<irn< e
deveráser construtiva,entre o
rodeiam,nomeadamente o da gravidez.E uma fase desejode escapardestasituação
psicologicos
podem
marido. Os factores importantequandohá.um tombáminfluoncior e "livrar-se"do trebée, a
sócio-económicos e culturaistêm projecto de gravidez.E um o rolocionomonto preocupaçãopelo bem estar
influênciana forma como a período em que a mulher tem de tcrmìlior. deste.No entanto,estas
sravidezé vivida no interior da integrara gravidezdentro de si, preocupaçõestendem a ser
iamília e as alteraçõesfísicase implicandomudançanos hábitos reprimidase a expressar-se na
psicológicaspodem também de vida, preparaçãoda sua forma de medo pelo bebé. Estes
influenciaro relacionamento pessoa,do organismoe da sua medos reílectema enorme
familiar. íamília para a chep,adado novo adaptaçãoque tem de ser íeita
S e g u n d oB U R R O U G H S( 19 9 6 ) ; ser.É íundamentuiu aceitaçãoda por parte dos pais, ao longo da
RATO ('1998)há íactoresque realidadeda gravidezde forma a gravidez,aumentandoo sensode
influenciam/ contribuempara q u e a m u l h e rp o s s ai n i c i a ro responsabilidade e preocupação
uma resposta,tanto positivacomo Drocessode maternidade oelo bem-estardo bebé
negativa,da mulher em relaçãoà apropriado. (annzrlroN, 1992;KLAUS
gestação,tais como: De acordo com os seguintes letal.l,2000).
. O nívelde maturidaoee autores- CRUZ (1990); Felizmentepara o bebé,
preparaçãoda mulher para a BRAZELT-ON (1992); existemfantasiase esperanças
maternidade; BRMELTONe CRAMER(1993); protectoras,que ajudam a mãe a
. As alterações corporais; coLMAN&COLMAN (1994); encarara gravidezde íorma
. A segurançaemocional; KITZINCER ( 1 9 9 5 )S; T E R Ne positiva;desejode ser completa e
. As expectativas;o apoio das BRUSCHWEI LLER.STERN (2OOO) omniootente,de fusãoe união
pessoaspróximas; - a partir do momento em que há com o outro, de se rever no Íilho,
. O facto de a gestaçãoser a percepçãoda gravidezinstala- de renovarvelhasrelaçõese da
desejadaou não; se a vivência básicada gravidez realizaçãode ideaise
. A situaçãofinanceira; que é a ambivalência - entreo oportunidadesperdidas
r A estruturada personalidade; querer e não quererestargrávida. (BRAZELTON e CRAMER,1993).
. O grau de ajustamentoao Existeum conflitobásicoem No 1" trimestre,as alterações
início da gravideze ainda a todos os pais em potencial- os do esquemacorporal são ténues
constelação familiare seu desejoscontraditóriosquanto a e, em termosfísicos,corresponde
en0uadramento. ter ou não o bebé estãosempre ao aparecimentodas náusease
De acordocom VELHO citado presentes.A maioria dos íuturos vómitos,os quaissegundo
JANETRO.T6 XÂïãRf,i,PÂnfi I NuesrNr; 19

0 prcporoçõo do mulher poÌo o oquisiçõo do novo popel de ser mõc obsorvo-lhe gronde porte do scu tempo. Duronto csto Íose,
o mulhcr gróvido diminui o scu investimcnto no meio ombicntc G contÍo-se sobro si Íncsmo.

BRAZELTON e CRAMER(1993) investimentonarcísicoDorsi e podendo reviverantigosconílitos


estãorelacionadoscom a oela unidade mãe-feto relacionaiscom a sua mãe.e.
ambivalênciada íuturamãe íace (BRAZELTON,1992; CAMPOS, ainda assim,descobrir-se a
à criançae à maternidade. 2000). observaransiosamentee a
O feto não é ainda sentido,no STERNe BRUSCHWEILLER. necessitarda mãe novamente.A
entantocomo refereBISCAIA -STERN(2000);CANAVARRq gravidezconstitui um período de
(1994, 126),já influenciaa mãe, (2001) consideramque ter uma aprendizagem,tanto quanto
modificando-lhe"(.".)os criançaobrigaa muiher a C tato nÕoé crindcr possívelsobre si mesmae sobre o
sentimentos, o eouilíbrio repensaras suaspreferênciase santido,no anlcìn[o novo papel de ser mãe.Amulher
hormonal, os gostos,os desejos". gostos,a reconsideraralgunsdos comorofaro questionaa mãe, amigase
A mãe é modificadapela seusvalores;vai influenciaros Bls(rltÊ ( I 994, vizinhassobrea exoeriênciado
presençado íeto, que dialoga 126),1a inÍluancicr nascimentoe procuraoutras
seusrelacionamentosanteriorese
cì mÕ@,
com ela atravésde múltiplose ÍorçáJa a reavaliaras suas mulheresque tenhamdado à luz
modiÍÌccrndo-lha
variadosmecanismoshormonais relaçõesmais próximase a ( . . . )o s recentemente.Estapartilha de
e enzimáticos. redefiniro seu papel no seio da s@niim@ntos, o informaçõese experiências
COLMAN&COLMAN (1994) sua família.A mulher irá transitar oquilíbrio hormonol, ajudama mulhera exploraros
referemque psicologicamente, do papel de Íilha para o de mãe. w> gw>Lv>, w> seusmedos e a começar a
nestafase, a futura mãe "A qravidezé um momento ele.<a,ia<' À mõe. e. identificaros seusinstinrose
relaciona-secom o bebé como evoluiivo fundamentaldo ^^-ltÊi-^-l^ ^-l^
f ruvil LLruLr iJgrLl funções maternas.São uma forma
sendouma partede si própria, desenvolvimento da identidade Õro.<e.^a^ eln te.lo
d a m u l h e rs e i n s e r i r
formando-seuma relaçãode feminina.duranteo oual a ni ra rJinlnno rnm
progressivamente num grupo
simhriose entreeles.No início da mulher revive,elaborae resolve alo crtrcrvós
de social a que pertencemas
gravidezos pensamentosda mãe conflitosiníantis.(...)A gravidezé múltipioso vcrriodos mães- aprendizagemsobreo
centram-sesobre si mesmae na m@ccìnismos novo papel de ser mãe - e vai
um momento de reflexãodo seu
hormonois e
realidadeimediata da gravidez passadoe de relançamentodo fornecerà mulher pontosde
anzimcr[ìcos.
( B O B A Kl e t a l . ] , 1 9 9 9 ) . seu íuturo" (AMMANITI [et al.] reÍerênciae de comparação,em
A preparaçãoda mulher para a referenciadopor NASCIMENTO, relaçãoaos quaisforma opiniões
aquisiçãodo novo papel de ser 2003,48). e pré-conceitosque regemcom
mãe absorve-lhegrande parte do De acordo com COLMAN e frequênciaa sua conduta.Há por
seu tempo. Durante estafase,a COLMAN (1994,19) "a gravidez oarteda mulher uma necessidade
m u l h e rg r á v i d ad i m i n u io s e u dimensionaos papéise as de ter ideiasmais concreras
investimentono meio ambientee relaçõesda mulher num novo acercado que se vai passar,
centra-sesobresi mesma.É uma contexto,torna-a mais sobretudorelativamenteaos
fasede grande introspecçãopara dependenteda ajuda de um aspectosque lhe podem causar
a mulher,vislumbrandoos sistemasocialde apoio,e cria-lhe maissofrimento.As suas
fenómenosoue ocorrem no seu necessidades intensasde apoio expectativassurgemcom base no
corpo,tendendoa desviara sua amoroso,atençãoe aceitaçãopor que lê, no que conversacom
atençãoe energiaem torno do oafte dos outros".Afutura mãe outrasmulheres.no oue lhe
futuro bebé, retirando-separa o precisade recebermais do que dizem. Como ainda não passou
mundo dos sonhos,falando dar apoio emocional.Elatem por estaexperiência
menos,estandomenosvirada necessidadede mais afecto e anterioÍmente/as suasapreensões
parao relacionamentocom o carinho,paraque, maistarde, e os seusmedossão o alicerceda
outro. possatransferi-losao bebé. suaíantasia.SegundoVELLAY
lssomanifesta-se em várias BRAZELTON(1992); (1998);COUTO (2003)o medo
áreasdo comoortamentoatravés C A R N E T R(O1 9 9 3 ) ; da mulher face ao parto é
do aumento da necessidadede COLMAN&COLMAN ali mentadofundamentalmente
dormir;do incrementodos ( 9 9 4 ) ; S T E R Ne por tabus e mitos, provenientes
hábitosalimentares; da BRUSCHWEI LLER-STERN (ZOOO); de uma tradiçãooral e escrita.
diminuiçãoda actividadesociale CANAVARRO(2001) referemque
do trabalhoe da reduçãoda a perspectivada paternidade 2" TRIMESTREDA GRAVIDEZ
frequênciado relacionamento projectaos pais para a sua O 2o trimestreda gravidez
sexualdo casal,reduzindoo seu própriainíância.A mulher pode correspondeà fasõ de
relacionamento naturalcom a sentirnecessidade de visitar, diferenciação,a qual coincide
famíliae com as suastarefas observare mesmo questionara com o início dos movimentos
habituais,aumentao seu sua mãe,acercada sua infância, íetais(16-20 semanasde
2O lrr-,*rnrc I MAïERÌ{IDADE JANETRO.06

poÌcspçõo dos movimcatos fetois o mulhsr ssnte pElo primeiro vcr ô Íoto Gomo uÍno reolidods concÍoto dcntro da si. Hó umo certo
diÍereocioçõocntreomõeooÍoto;elefiozportodesi mosédiÍerente;omõereconhoceoÍstocoínoumsordistintoeindcpenc,bntodelo.

gestação).É consideradoo mais o bebé vai ganhandoautonomia. psíquica,polarizando o seu


estáveldo ponto de vista A mulhercomeçaa imaginar afecto.O bebéimaginárioé
emocional,no oual é elaboradoo como seráo seu bebé, os seus portadordossonhos,esperanças
signifìcadoda gravidezno traçosde personalidadee a e ilusõesda mãe
contexto da vida conjugal.A desenvolversentimentosiniciais À medidaquea mãevai
tarefado 2" trimestreconsistena de formaçãode vínculo. A mãe reconhecendo a individual idade
diferenciaçãopsicológicamãe- pode interpretaros movimentos do seufilho,coloca-se
feto, à medida que prosseguea fetaise atribuir-lhescaracterísticas Duronloo 2" inconscientemente/ no seulugar.
lrimo.<fro. <t r^e,
diferenciaçãobiológica pessoais:o bebé pode ser Nestaaltura,desenvolve-se uma
(CAMPOS,2000). imaginadocarinhoso,se os antõo, o bobé duplaidentificação materna,por
Nesta fase, com a percepção movimentosforem percebidos Imoginorio: o mõa um ladocom o seufilho,por
(ornaçcra percobor
dos movimentosfetais,a mulher como suaves,ou agressivose outrolado,com a suamãe."É
quo o batcó roogo
toma consciênciade que há percebìdoscom impressãode
da formodrfarqnto
como.se,por intermédiodo filho
uma vida indeoendentea sobressalto. As próprias o datarminodos que arnoanao nasceu,a mae
desenvolver-se dentro dela e a transformaçõescorporaise estímulosa oudesse recuare ir buscaros
relaçãode simbioseque tinha biológicasmaternase os int@rpralcìisso como aspectosgratificantes dassuas
com o feto vai dar lugar ao inícìo movimentosfetaistornam a vida ccrrcrcierÍsIiccrs primeirasrelações com a mãe,
de uma relaçãoverdadeira,com imagináriado bebé mais rica e individuoìs, parase retemperar e revitalizar"
necessidades recíprocas.A partir actuantena mãe (BRMELTON otribui-lhoumcr (BRMELTON e CRAMER,
do momentoem que a mulher e CRAMER,1993; BISCAIA, nel<analielaele. o. 1993,35).
toma consciênciado bebé, esta 1 9 9 4 ;S T E R Ne ideoiizo-o,
no Coma novagravidez"osnovos
diferenciaçãoentre o bebé e o eu BRUSCHWEILLER.STERN, 2OOO). ôaÇorrorÕa progenitoresdeixamde ser
da mulher permiteo iniciarda BISCAIA(1994, 127) refereque grovidoz. fundamentalmente filhos- dos
relaçãomãe-filho (CANAVARRO, aos seismesesde gravidezo seuspais- parapassarem a ser
2001). sistemanervosodo íeto "(...) fundamentalmente pais- dos
Como reÍeremJUSTO(1990); começa a captar,a registar,a seuspróprios filhos'"(RELVAS;
COLMAN&COLMAN (1994); memorizara alegria,a fadiga,a LOURENçO,2001, 122-123).
CAMPOS (2000),com a ansiedadeda mãe(...)" e começa ComeÍeito,a partirdo segundo
percepçãodos movimentosfetais então a reagirao meio, enviando trimestrede gravidez,a energia
a mulher sentepela primeiravez à mãe mensagens/que ela sente psíquica é canalizada no sentido
o feto como uma realidade atravésdos movimentosfetais. de repensar o seurelacionamento
concretadentro de si. Há uma Assim,depoisdo modo inicial de com os pais,desdea infânciaaté
certa diferenciaçãoentre a mãe e comunicar com a mãe, através à adolescência. Éessencial que
o feto; ele faz parte de si mas é das trocasfisiológicas,vai-se consigaintegrarasexperìências
diíerente;a mãe reconheceo feto estabelecendoestasegunda positivase negativas queteve
como um serdistintoe comunicaçãocomportamental. enquantofìlhajá que ao reflectir
independentedela. Começa a A partir destaaltura,as sobreassuasvivênciasestáa
vivenciara autonomia do feto, fantasiasrelacionaisda grávida afastar-sede posicionamentos
apercebendo-sede que o intensiíicam-se: a mãe começa a extremos("Vouserexactamente
desenvolvimento destesegue falar oara o bebé, a cantar-lhee a igualà minhamãe","Vousero
ritmose regraspróprias,os quais acariciar-lhe a barriga. contrário da minhamãe")e a
a mãe não pode controlar. LEDERMANcitadooor aorender a lidarcom os
Duranteo 2o trimestre,surge CANAVARRO(2001) acredita insucessos da mãe.Poroutro
então, o bebé lmaginário: a mãe que as manifestações de lado,adquirea capacidade de se
começa a perceberque o bebé comunicaçãoverbale táctil com identificarcom alguns
reagede íorma diferentea o feto, são o sinal exterior,da comportamentos da mãe,e
determinados estímulose ocorrênciados orocessosde adoptaros que considera
interpretaissocomo aceitaçãointrapsíquica. positivose adequados, rejeitando
características individuais, RIBEIRO(1997)refereque à aqueles queconsidera
atribui-lheuma personalidade e medidaoue a mãe vai disfuncionais(CANAVARRO,
idealiza-o,no decorrerda construindoo seu bebé 2001).
gravidez.A medida que esta imaginário,esteocupa RATO(1998)refereque a
construçãose vai desenvolvendo, progressivamente a sua vida ambivalêncìa, nestesegundo
JANETRO.06 MAïERNIDADE
tNuesxs 21

O noscimentodo um filho Gonstituium desoÍio ò dinômicoe oo rclocionomcntoconjugol,doí quo CRNRVR0RO


(2001) enfotize
o importônciodo roestruturoçõodo reloçõo do cosol no dimensõoofectivo,soruol s dos rotinosquotidionos.

trimestre,pode manifestar-sena que adquiraalgumaflexibilidade 3' TRIMESTRE DA GRAVIDEZ


interpretaçãodos movimentos no que respeitaà partilha,à O 3o trimestrecorresoondeà fase
fetaisde váriasformas:pelo alívio tomada de decisãoe, sobretudo, da separaçãodo objecto
de sentiros movimentos,sinais ao anoio emocional. materno.Começa-sea pensarno
de que o feto estávivo. e Nestafase há um aumento do trabalho de parto, a mulher
ansiedade,quando a mulher não relacionamento sexual.Em prepara-separa a separaçãoque
consegueperceDeros termosÍísicossurgemgrandes ocorre no momento do parto.
movimentos/surgindoo temor de alteraçõescorporais. SegundoBOBÍìH SegundoBRAZELTONe CRAMER
que algo não estejabem. Decorrentesdelas,a forma como f e t c r l . (] ì 9 9 9 ) ,ò ('l993); COLMAN&COLMAN
SegundoBOBAK let al.] (1999), a mulher se senteoode ser de medidcrquo o babá (1994) antesda separação
à medida que o bebé se torna grandealegria,e a alteração sa [orno codcrvaz biológica a grávidadeve ser
cada vez mais real, pela moisrool, polcr
da imagem corporal não lhe aerre.acãa ào<
capaz oe uma separaçao
percepçãodos movimentosíetais, causarimportância,podendo psicológicado seu bebé.Os
movimanlosfatois,
pela observaçãodas ecograÍiase sentir-seaté orgulhosapelo corpo ^alô ôhqan/naõô últimos mesesde gravidezsão
apesarda gravidezevoluir grávìdo;ou, no extremo oposto, da< eraaraFra< e. cruciais para concretizara
normalmente,a ansiedadedos ter a sensaçãode que o corpo dcì grcìvid@z
cìp@scrr separaçãodo feto, como ser real
pais centra-seno medo e estádeíormado,sentir-sefeia e @voturr
normot- e distinto da mãe. Observa-seum
possibilidade da existênciade gorda e poder gostarmenos de m@nt@,cì onsiadode investimentona personificação
deficiências/malÍormações no estargrávida rJnç nniç ae.ìlr^-<e. do bebé, para que não seja um
bebé. ( c f .B U R R O U C H S1, 9 9 5 ) .A no modo o estranhono momento do
BRAZELTON(1992); KLAUS grávida,frequentemente,sente possibilidcrdodcr nascimento.É nestaaltura que a
let al.l (2000) referemque no dificuldadeno controledo seu axistônciode mulher começaa fazerplanos
decorrerda gravidez,é inevitável corpo e o seu desconfortofísico defici,èocias/ concretospara o bebé (ex.:.
^^lç^-^^-x^- ^^
o questionar-secomo seráo causamuitasvezesgrande
iIt!ilrvÍtIrLr\ug> |tv
preparaçãodo enxoval e do
óeóÓ.
bebé. Serárapaz ou rapariga? ansiedade.Podesentir que todas quarto do bebé)e a pensarem
Seráparecidocom quem?Será as suasatracçõesfísicasestãoa nomes.
que o bebé vai ser normal?Estas desaoarecere ter medo de COLMAN&COLMAN (1994)
perguntas,receios/medossão perdèro amor do'maridoe que referemque duranteesteperíodo
muito comuns,são medos estejá não a desejaem viftude a mulher fala continuamente
normaise saudáveis, e de um coroo como o seu. sobreo bebé,como é que ele
preenchemo pensamentodos Precisamaisdo que nunca que seráe como cuidará dele, como
pais,o qual é influenciadopor ele lhe demonstreafecto. Pode se o bebé fosse agora uma pessoa
superstições e pela culturade sentir-se muito sozinhae real com sua própriaidentidade.
cada um. Estaspreocupaçõessão indesejada,a menos que o SegundoCRUZ (1990);STERN
um sinaldo quantoos paisjá se marido se interessee partilhe e BRUSCHWEILLER-STERN
sentemresponsáveis e se com ela a gravideze todos os (2000) é ao longo da gravidez
preocupamcom o bebé. Estas preparativospara o parto oue a mulher deve fazera
questõesuniversaissão sempre (CF.KITZINCER,1995)."Quer individualização do seu bebé,
adaptativas/fazem parte de um gostequer não as alterações paraque no momentoda
processoadaptativo,com o físicasdo coroo durantea diferenciaçãodo pafto, a
ìntuitode mobilizartoda a gravidezsão uma grande ajuda separaçãofísicae emocional se
energiadisponíveldos paispara na preparaçãomental da integreme o nascimentonão seja
lazer o enorme alusteà maternidade.Durante nove sentidocomo perda de parte de si
maternidadee à íormação clo mesesela vive com a realidade mesmae o filho consideradouma
vínculo com o bebé. constantede um coroo em projecçãoou extensãode si
O nascimentode um Íilho mudança(...). Taisalterações própria.A mãe "teráde aceitar
constituium desafioà dinâmicae destabilizama imagemíísica um filho diferentedaquele
ao relacionamento conjugal,daí de uma mulher e preparamo imaginadoe aprendera
que CANAVARRO(2001)enfatize terreno para uma nova protegê-lo,a satisfazê-loe aceitar
a importânciada reestruturação organizaçãoda sua as exigênciasdo bebé na sua
da relaçãodo casalna dimensão identidade"(STERNe dependênciatotal que faz dos
afectiva,sexuale das rotinas BRUSCHWE LL
I E R - S T E R2NO, O O , mesesseguintesao parto uma
quotidianas.Paratal, é necessário 63 e 64). continuaçãoda gravidez,agora
22 Nrr*r'xrç MAïER.NIDÂDE JANETRO.06

De ocordo comJOCOUIM(1983); COUTO(2003), oindo hoic, opesoÌ dos ovonçostecoológicos,os nosscrs


vidos corrcgomo psso
de umo horonçoculturol,ò quol cstó ligodo o ideio de quo o noscimeotodo umo crionçoc)evaset com dor.

nos braçosda mãe" (MARTINSe serádoloroso.lsto faz com que a pafto. A primíparapoderá estar
M O L E I R O1 , 994,26). grávidatema a dor do trabalhode temerosae apreensivapor não
"A progressãodesdea parto. sabero que vai acontecer,nâo
aceitaçãoda gravidez,a uma STERNe tendo conhecimentooréviodo
consciênciado íeto, a uma BRUSCHWEI LLER-STERN (2OOO) desenlacedo parto.
ligação ao bebé, é uma referemque o receio da chegada Nas últimassemanasde
progressãoda separação do momentoculminanteda gravidez,a mulher encontra-se
crescente.à medida oue a gestação- o pafto - e os receios Dovldo cr num estadode
individualidadeda criança acercada saúdedo bebé, aravtmirlarlo ram n
hipersensìbil idade,em que
aumenta(...)" dominamos pensamentos da pcrrtohcrum desinvestetudo em reoor oara se
(COLMAN&COLMAN, maioria das grávidasduranteeste oumanlodcr concentrarnela e no bebé. o oue
1994, 187). oeríodo. onsiodcrde@novo lhe vai permitiro estabelecimento
qzríododo
Devido à proximidadecom o Há uma certa ansiedaoee de um iaço afectivocom o
pafto há um aumento oa crmbivolêncicr. Por
aneústiarelativamenteao que
um lcrdo,ins[olcì-s@ recém-nascido visa a
ansiedadee novo oeríodo de naicimento do bebé, pois o parto - cla<e.iÕ
Õ - - ' - ) - rk>. ve.r a adaptação e identificação total
ambivalência.Por um lado, é vivido como momento filhoe [erminorcom da mãe às necessidades do seu
instala-se o desejode ver o Íilho i rreversível,i mprevisívele o grovrcr@Z, mcìspor filho-éaquiloaque
e terminar com a gravidez,mas desconhecido, sobreo qual não outro lodo hcr WINNICOTTchamaa
por outro lado há vontade de a se tem controle.A ambivalência vontcìd@ 0@cì "PreocupaçãoMaterna Primária"
prolongar,para adiar a crescenteé acompanhadapor nrnlnnnnr nnrn ( K E N N E L L1,9 9 5 ;K L A U Sl e t a l . ] ,
necessidadede novasadaptações queixassomáticas. A mulher odicrro 2000).
exigidaspelo nascimentodo oode demonstrarmaior nocassidado da Tal como refereBRAZELTON
nô\/ôq ôaiôôfô.õ?.<
bebé (CRUZ,1990; i rritabiIidade.oueixar-seqos (1992),nestetrimestrehá uma
a.vinieln< naln
C A N A V A R R O , 2 0 0 1O ). desconíortosÍísicos.Ao mal estar reorganização psicológicaque
momento do parto é encarado ncrscimento do
provocadopela dimensãodo permiteà mulher grávida
baba (CRUZ, ì990;
pela grávidasob duas formas feto, associa-sea íantasiaacerca controlar e aoroveitar
CÍìNÍìVíìRRO,
opostas:"representaum ganho das dorese sofrimentosque 200r saudavelmente a ansiedade
relacional(...)e ao mesmotempo
).
ooderãoocorrer duranteo própria destafasede
representauma perda, na medida nascimentodo bebé. Sentimentos desenvolvimento. A agitação
em que retiraà mãe os benefícios negativospodem ser facilmente e a ansiedadesão oartes
de estargrávida"UUSTOcit. por disfarçadosem desconfortofísico inevitáveisda gravidez,surgem
CAMPOS,2000, 18).Tambéma e possíveisexpectativas como um processode
proximidadedas potenciais desagradáveis da experiênciado preparaçãoda energiaemocional
"doresde Dafto".é indutora de parto. E vulgar ocorrerem oos novos parspara o passo
angústiadifícil de gerir. pesadelos, os quaispermitem mais importante- o de apegar-se
De acordocom JOAQUIM exteriorizarmedose receios,que ao novo bebé.A energia
( 1 9 8 3 )C
; O U T O ( 2 0 0 3 )a, inda são positivos,ajudandoa mulher emocionalmobilizadadurantea
hoje, apesardos avanços a preparar-se para o parto e gravidezpermite que a
tecnológicos,as nossasvidas nascimento.E exoressoo reorganizaçãoaconteça.A
carregamo peso de uma herança temor/medoà morte no oarto. à agitaçãoda gravideztem como
cultural,à qual estáligadaa ideia dor, ao parto traumático,por principalfinalidadeprepararos
de que o nascimentode uma fórceps,ventosaou cesariana,ao futuros pais para o apego ao
criança deve ser com dor. Esta filho disforme,à mortedo filho bebé e oara o seu novo
ideia é culturalmentetransmitida (COLMAN&COLMAN, relacionamento como pais,não
e assimilada,muito cedo na 1994; KITZINCER,1995; RATO, só ao nível da esferapessoalmas
nossavida. Desdea infânciaque 1 9 9 8 ; S T E R Ne tambémsocial.As fantasias
a mulherouve descrições BRUSCHWEILLER.STERN, 2OOO; maternas,bem como a ansiedade
dramatizadasde partosdifíceise KLAUSlet al.], 2000). pré-natal,constituemassim
dolorosos.Estatransmissão SegundoBOBAKlet al.] mecanismossaudáveisoue
culturalcontribuioarao aumenro (1999),a ansiedadeface ao parto permitemà mulher reajustar-se a
da ansiedadee dos meoos pode surgiríruto de uma esta nova realidade.
inconscientes da erávidae muitas preocupaçãosobreo que irá Os nove mesesda gravidez
mulherespensamque o pafto acontecerà mãe e filho duranteo preparama mulher de uma forma
JANEtRO.*6 i"i..1,ï*fr.hinÂÜi:NueslNo 23

Tendo prescnte que o vivêncio do motcrnidods é uma <onstruçõopessool, que roflecte todo o vido possodo do mulher,ontsrior oo noscimentodo
belxá, evidenciou-sco importôncio de conhccerolgumos dos vivênciosdo mulher,oo longo dc umo otopo iínpoÍtontc do seu ciclo do vido, o gÍoüdoz.

absolutamente indispensável à indubitavelmenteíonte de nascimentode uma novavida,


maternidadeque se aproxima: mudança"(COLMAN&COLMAN, envolvendodesafiostanto para ao
" . . . c a d am u l h e rv i v e a s u a 1994ì': novos pais como para o bebé
gravideztanto física e acabado nascere para os
psicologicamente como sociale CONCLUSÃO Profissionais de Saúdecomo
culturalmente,na medidaem que Tendopresenteque a vivênciada promotoresda homeostasianeste
verificammudançasna sua maternidadeé uma construção período em que a mãe se
imagemcorporal,alteraçoes pessoal,que reflectetoda a vida Ês fonlcrsicrs encontraenvoltapor vários
hormonais,confusãode apoios Dassada da mulher.anteriorao mcrt@rnos, OAm desaíiosde Íorma a contribuirmos
em mudança e expectativas nascimentodo bebé, ComOCìCìnsiadod@ para uma vivênciada forma mais
pré-ncrtcrl,
culturaisque se vão reflectirna evidenciou-se a imoortânciade saudávelpossíveldestaÍase,
conslitue,mcìssim
suavida mental;tambémas conheceralgumasdas vivências permitindoe contribuindoparao
maccrnismos
mudançasna identidade da mulher,ao longo de uma - ^, -l^, ,-,- ^, ,^ seu desenvolvimento intrae
)Lru9!rv9r> llu9
acompanhamas mudanças etaoa imoortantedo seu ciclo de pormitomcrmulhor interoessoal indo de enconrroas
corporaise os papeissociais, vrda/ a Sravtdez. raôir
' r<fôr-qa ô aqfô suasexoectativas.estebelecendo
".-J "-_'-'
pelo que, sem dúvida que o A experiênciada maternidade novo reolÌdoda. processode relaçãode ajuda,
processoquer seja mais suave envolvesentimentos 0ue devendoser uma intervenção
ou maisviolento,quer lhe simultaneamente podem ser prioritáriada enÍermagemde
transmitaconfiançaou seja gratificantese coníusos,mas no modo a contribuiroara a
assustador, quer sejafeliz ou seu cerneela é uma experiência promoção da saúdee bem-estar
triste,é com certeza, criativa,uma vez oue leva ao dasfamílias.r

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