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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
INTRODUÇÃO
I - AS METAMORFOSES DO JEANS
Nesse cenário, foi concebido o jeans (ver glossário pág.122): uma roupa de
uso diário, uma peça destituída de preocupações estéticas, um “objeto”
funcional, um uniforme de trabalho produzido em série. Um “sujeito” de
identidade fixa e estável, com um papel e uma função definidos dentro da
sociedade.
Para alguns autores, a terminologia “pós-modernidade” tem sido substituída
pela expressão “modernidade tardia” (JAMESON, 2000) ou “modernidade
líquida” (BAUMAN, 1997) ou ainda “hipermodernidade” (LIPOVETSKY, 2004).
Apesar de ser um termo questionável, a frequência com que filósofos,
sociólogos, geógrafos, e demais pensadores contemporâneos, a favor ou
contra, discutem a pós-modernidade, nos dá a certeza de que ela existe.
Nesta reflexão, utilizaremos o conceito para identificar a alteração,
principalmente, dos processos criativos, no que diz respeito às normas de estilo
aplicadas na modernidade, bem como as alterações sociais decorrentes do
pós-guerra e do rompimento das barreiras culturais.
David Harvey relaciona os conceitos – modernidade e pós-modernidade, a
partir da afirmação que ser moderno é ver tudo novo, é a transformação de si e
do mundo. A modernidade une toda a humanidade, ultrapassando as fronteiras
da geografia, das raças, da religião, da ideologia e da nacionalidade. Ser
moderno é ser parte de um Universo. Diz ele ainda que o modernismo é uma
resposta estética a condições obtidas por um processo particular de
modernização em uma sociedade. (HARVEY, 1993). Com essa afirmação, ele
antecipa a significação do pós-modernismo, sem que, em nenhum momento,
possamos notar uma preocupação em buscar o significado do prefixo pós, no
sentido de "depois de”.
No contexto da nossa reflexão, tal passagem permite identificar que se o
conceito de criação na modernidade era considerar a “Destruição Criativa”, isto
é, a novidade tem que ser construída a partir das cinzas do antigo, na pós-
modernidade esse conceito se amplia, usando a interdisciplinaridade (ver
glossário, pg 123), mesclando o antigo e o novo, o clássico e o experimental, o
natural e o tecnológico, o local e o global, dando-nos novas e inúmeras
possibilidades de criação.
19
Temos que os primeiros europeus a utilizarem essas calças, antes mesmo dos
americanos, foram os trabalhadores do porto de Gênova. O tecido era
fabricado em Chieri, uma cidade perto de Turim (Itália), por volta de 1600. Sua
comercialização se dava através desse porto, cuja cidade era a capital de uma
república independente e uma potência naval. As primeiras peças foram feitas
para os genoveses da marinha porque se prestava para todos os fins. Com
essas calças, os velejadores poderiam usar tanto no molhado como no seco, e
cuja perna poderia facilmente ser enrolada (e permaneciam assim) para facilitar
enquanto subiam no convés.
A história do uso dessa calça, no nosso ponto de vista, deve ser incorporada
para compreendermos sua estética contemporânea. Até mesmo os primeiros
processos de lavagem dessa época, já nos trazem o gênesis do que se
transformou essa peça do vestuário: estes jeans iriam ser branqueados, pois
eram arrastados em grandes redes por trás do navio. A água do mar atritava a
superfície enquanto a lixívia (ver glossário, pág.124) a deixava branca.
Segundo inúmeras fontes, o nome vem da aglutinação da expressão “de Gene”
(de Gênova) usada pelos franceses.
Muitas são as histórias sobre a primeira peça de calças jeans da modernidade,
porém a mais mencionada pelos historiadores nos reporta a Levi Strauss, que
em 1847, com a idade de 24 anos, foi da Alemanha para São Francisco para
vender produtos para mineiros na corrida do ouro. Ele tinha levado consigo as
pesadas lonas de pano que originariamente destinavam-se a fazer tendas.
Porem, os seus clientes potenciais tinham outras necessidades: realizavam um
trabalho duro e precisavam portanto de uma roupa que os ajudasse a enfrentar
os rigores que as escavações de ouro exigiam. Atendendo às suas
solicitações, fundou a empresa Levi Strauss tornando-se universalmente
reconhecido como o inventor do jeans em 1853. Em 1870 associou-se a um
alfaiate de nevada, chamado Jacob Davis, que introduziu a aplicação de rebites
(ver glossário pág.124) de cobre nas laterais dos bolsos, conferindo-lhes maior
resistência. Assim que Levi Strauss e Jacob Davis adquiriram recursos e
tecnologia industrial para a produção em série, começaram a produzir os waist
overalls (calças usadas com suspensórios), com apenas um bolso traseiro com
21
Mudando a partir de seu original em lona (tecido feito com fio resistente em
ligamento tela – ver capítulo III, em tecelagem) para as pesadas sarjas (tecido
22
Fig.5 - Cowboys dos filmes de far west, de John Waine a Brokeback Mountain. Fontes:
Sportswear, ed.48 e Huiguang, 2007.
eles, com as pernas mais arqueadas, mais apropriadas para a montaria, então
surgem os “cowboys overalls”.
Em pouco tempo (mais ou menos nos anos 1930) a roupa dos “cowboys”
estava nas telas do cinema através de John Wayne, com as calças jeans de
bainha virada. Os filmes de “far west” tiveram grande sucesso e os novos
ídolos espalharam o modismo no chamado “cinema western”, também
popularizado como “filmes de cowboys”. Nas décadas que se seguiram,
seriados trazendo a mesma temática como Roy Rogers e Bonanza, entre
outros, reuniam as famílias em frente aos aparelhos de TV. Hoje, os rodeios
que acontecem no interior de todo Brasil, preservam esse estilo de jeans como
seu mais legítimo representante.
As calças jeans (Levi's), que eram parte da indumentária típica dos “cowboys”,
tornaram-se sinônimo de uma vida de independência, aventura, heroísmo e
virilidade. Atualmente a saga se ampliou e vimos, como no filme “O segredo de
Brokeback Mountain", retratado o desbravamento (agora social) dos gays
americanos. E o jeans continua sendo escolhido como vestuário fundamental.
Os autênticos desbravadores do oeste americano que passavam o dia inteiro
na sela aprenderam a obter um jeito de deixar aquele tecido rígido de seu novo
jeans mais confortável: entravam na água vestidos. As calças, dessa maneira
secavam no corpo, adquirindo as formas de seu usuário. O hábito desse
primeiro processo de amaciamento e encolhimento pelos cowboys se tornou
lenda.
E já que estamos falando em lendas, algumas são realmente curiosas (embora
fossem contadas como a mais pura verdade) e que valem nos lembrarmos: —
Na construção da estrada de ferro do extremo oeste Americano, uma calça
"blue-jeans", molhada e amarrada, foi utilizada para arrastar 9 vagões de trem
carregados, subindo uma inclinação de 10 graus. E outra: Um trabalhador
texano ficou pendurado durante vários minutos por um guindaste ao ser colhido
por um dos bolsos de sua calça "denim" no gancho do mesmo.
25
Fig.6 - Jeans Levi’s 501 de 1922. Fonte: etiqueta de couro na parte traseira
Huiguang, 2007
(introduzido em 1886). Após a Levi's
vieram outros nomes conhecidos como Lee (fundada em zonas rurais do
estado do Kansas, em 1889) e Blue Bell, Wrangler (criada em 1904). A
Wangler especializou-se em atender o trabalhador do rancho (men western),
com características estritamente funcionais: pernas mais longas e com boca
suficientemente aberta para cair naturalmente sobre as botas, um pequeno
bolso relógio, botões flexíveis, um tipo de arco pespontado nos bolsos traseiros
e os respectivos travetes (reforço em zig-zag na costura das bocas dos bolsos
em lugar dos rebites, cuja patente pertencia à Levi’s). Todos esses elementos
foram pensados para facilitar as inúmeras horas de montaria.
Somente em 1926 foi introduzido o ziper (invenção de Whitcomb Judson em
1893) pela marca Lee Cooper nas suas calças
sendo, portanto, a primeira a adotar esse tipo de
fechamento nos jeans. Um detalhe interessante é
que os modelos femininos eram fechados na
lateral das peças, pois era inadmissível, naquela
época, que a abertura fosse frontal como as
masculinas. A própria Lee, revoluciona novamente
A categoria jovem, até então era restrita ao seu tempo de escola, pois após o
aprendizado de uma profissão, já eram considerados adultos e dessa maneira
passavam a agir. “O surgimento do adolescente como ator consciente de si
mesmo, era cada vez mais reconhecido entusiasticamente pelos fabricantes de
bens de consumo”, coloca Hobsbawm (2000), mostrando aí também o
redirecionamento da indústria, que passa a olhar para a juventude como um
segmento diferenciado.
A partir de então, ser jovem ou parecer jovem passa a ser um dos paradigmas
da sociedade ocidental. O jeans entra nesse momento como um dos elementos
de exteriorização dessa condição e um dos seus símbolos mais duradouros.
Ao longo dos seus mais de 170 anos, esse ancião nunca perdeu seu papel
como legítimo representante da juventude. Foi e continua sendo a peça eleita
por ela como a fundamental, a mais usada, emblemática e insubstituível em
seu guarda-roupa.
Os jovens de classe média americana, em final da década de 1940 já haviam
começado a vestir jeans, até então considerado somente o ”uniforme dos
trabalhadores”, como o seu próprio símbolo de uniforme “fashion”. Essa
escolha foi decididamente casual, porém pela conotação vulgar do trabalho
árduo, manual e mal reconhecido ao qual estava ligado, acabou irritando os
pais, educadores e a sociedade em geral que desaprovavam a opção. Esse foi,
naturalmente, o reforço para que toda a idéia se solidificasse (Sportswear,
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Durante esse período, a expressão "Celebrity jeans" teria sido um bom nome,
pois as pessoas “socialites” americanas como Gloria Vanderbilt, atrizes como
Joan Collins (pré-Dinastia) e cabeleireiro Vidal Sassoon emprestaram os seus
nomes para linhas de jeans.
Aqui no Brasil, a marca Dijon associou seu produto a modelos como Luisa
Brunet e Monique Evans, conseguindo assim fortalecer a imagem da
sensualidade da mulher brasileira, pois uma parte importante do design do
jeans, nesse período, foi o predomínio da
“sexy stretch jeans pants” (o elastano que
tinha sido introduzido em meados dos anos
1960, explode na sua mistura com o denim). A
partir daí ele se tornou um item fortíssimo
como diferencial, tornando-o não só mais sexy,
porém muito mais confortável, pois essa feliz
fusão de fibras proporcionou maior mobilidade,
acompanhando de perto o movimento do
corpo que as veste.
A associação jeans – sensualidade vai
ganhando espaço até se tornar um dos
Fig.13 - Humberto Saad e Luiza
recursos de maior resultado na promoção Brunet – publicidade Dijon. Fonte:
tribojeans.blogspot.com
dessa peça, como veremos adiante.
.
Fig.14 - Década 1970 Fig.15 - Década 1970 Fig.16 - Calça em
Calça pintada. Fonte: Look em jeans. patchwork. Fonte:
populuxebooks.com Fonte: Pucci jeans Kioto Moda, 2007
Oeste e previsivelmente o denim foi encontrado para ser o tecido ideal: barato
e funcional, no qual as pessoas pudessem expressar sua própria identidade.
Os hippies inscreviam nas calças jeans suas mensagens, seus bordados, suas
flores, seus tecidos coloridos em forma de aplicações. A liberdade que alguns
hippies e místicos pregavam ao lado da paz e do amor livre, trazia junto o
desprezo à roupa limpa e arrumada, uma vez que, para eles, era um sinal de
comprometimento com o sistema. Vemos agregada aí uma outra marca às que
o jeans já havia incorporado. E esse despojamento dos hippies serviu de
inspiração para os grandes fabricantes, que perceberam a oportunidade de
inovar nos acabamentos e produzir seus jeans já com esses aspectos.
O jeans assume então um outro valor, diferente daquele original: o da
legitimação cultural que, segundo Calanca, é a base para que o jeans
alcançasse o status atual. Ela segue dizendo:
as
Fig.20- Propagandas das 1 calças jeans fabricadas no Brasil. Fonte: site bricabrac.com.br
39
Atualmente esse mercado movimenta R$ 8,2 bilhões por ano, segundo dados
da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e da Confecção).
41
Desde seu primeiro desfile em Paris (no ano de 1981) para sua marca “Comme
des Garçons”, foi considerada um marco de renovação da moda. Mesmo
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autenticidade, outros pelo luxo, pela sedução, pela modelagem, pelo design
etc.
Todas as estratégias se mostraram eficazes, mas desde que Calvin Klein
colocou Brooke Shields, então a ninfeta do momento, num imenso outdoor na
Times Square em New York com a afirmação: ”entre eu e o meu jeans não
existe mais nada”, a sensualidade se instala definitivamente ao lado do jeans.
Ela está presente na concepção, na matéria prima, na modelagem, na atitude
do uso e na publicidade das marcas de jeans, até hoje, como veremos adiante.
A preocupação estética da modelagem dos corpos vem de encontro à
exposição desse corpo através dos tecidos “stretch”. O jeans ganha, então um
fôlego a mais, pois, pela sua estrutura mais forte do que os tecidos de “Lycra”
(marca da malha construída com fio de elastano, pioneira nesse segmento),
além de “colar” ao corpo como uma segunda pele, ele o sustenta, promovendo
e facilitando sua re-modelagem.
A primeira empresa a fabricar o jeans com essa mistura foi a Leger Milk, da
Itália, no final da década de 70, que passou a produzir o denim com certa
porcentagem de fibra elástica, com a proposta de fazer com que a roupa
tomasse formas mais próximas ao corpo. A princípio, a idéia
teve poucos adeptos, mas algum tempo depois, quando a
Levi's lançou a linha feminina no Reino Unido, as inglesas,
literalmente, aderiram à tendência. Na década de 1980,
então, encontrando consonância com o cenário do qual
falamos anteriormente, essa junção se solidifica se espalha
pelo mundo ocidental.
Vemos também que a relação do sujeito contemporâneo
com seu corpo se revela em constante mutação, derrubando
as barreiras que impeçam a sua plena realização. As
últimas décadas viram a eliminação das fronteiras, entre o
Fig.26- Exibição do
corpo sadio e o doente (avanços das ciências médicas), o corpo através do
jeans.
masculino e o feminino (gays liberando componentes sannasjeans.com
Fig.29- Fórum, 1988 Fonte: Fig30- Calvin Klein Jeans Fig.31 - Publicid.Jeans,1990:
o
Vogue Brasil, n 246 Fonte:Huiguang, 2007 Fonte:Sportswear ed.48
A partir daí muitas marcas de jeans vem se utilizando dessa estratégia como
forte elemento de marketing, pois a sedução passou a ser um dos motivadores
de maior demanda no consumo. A imagem sexy está estreitamente ligada ao
jeans. Algumas marcas, inclusive, tiveram suas campanhas recentes proibidas,
tal exagero de exploração de imagens sexuais como, por exemplo, a da Dolce
& Gabbana de 2008, que sugere uma curra.
Fig.37- Hugo Boss, 1990. que é ela mesma uma indústria altamente
Fonte Sportswear ed. 48 poluidora, portanto recursos precisam e
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cortes valorizam o corpo da mulher. Tanto que Zoomp, Colcci, Fórum e outras
exportam seus jeans regularmente e Carlos Miéle, da M.Officer, acaba de
inaugurar uma loja em Paris. (vitrineoeste.com.br).
Como curiosidade, a Forbes organizou uma lista interessante: a dos jeans mais
caros da história. Entre os vários modelos de designer e peças customizadas
com cristais e jóias, o número um ficou com uma peça muito antiga. O jeans
Levi´s com 115 anos de idade foi leiloado recentemente no e-Bay americano
por incríveis 60 mil dólares (hypedesire.blogtv.uol.com.br), provando que, em
se tratando de jeans, a autenticidade leva vantagem sobre o luxo.
E o jeans vai além. Invade outros mercados saindo do vestuário para a loja de
decoração, para a de acessórios, brinquedos, para a galeria de arte tanto como
matéria prima quanto como objeto de contemplação etc. Ainda permite aos
que, não satisfeitos com o que lhes foi oferecido, reforcem a idéia de
originalidade, imprimindo modificações constantes, pessoais e únicas ao longo
da sua existência. A seguir alguns exemplos desses novos mercados invadidos
pelo jeans, quer utilizado como matéria prima, quer como objeto de
contemplação.
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Fig.43 - Griffes famosas como Dolce & Gabana e Louis Vuitton investem em acessórios jeans.
David Harvey, no seu livro A Condição pós-moderna nos traz uma reflexão
significativa para a compreensão das mudanças político-econômico-sociais do
século XX, facilitando o entendimento da dinâmica da vida contemporânea cujo
início, a maioria dos autores situa na segunda metade do século XX. Traz
inovações marcadas por novas condições de trabalho para suprir a demanda
vigente; traz o afloramento da indústria cultural e de entretenimento e com ela,
a indústria da produção de imagem que reorganiza nosso corpo, nossas
maneiras, o tipo de indumentária e tudo o que é fundamental para a
experiência contemporânea (HARVEY, 2003).
Por outro aspecto, os argumentos de Harvey alinham-se ao pensamento de
Jameson ao pontuar que a pós modernidade caracteriza-se como o período
do “fim dos grandes relatos” fim das disciplinas absolutas, do conhecimento
fechado, das grandes verdades, dos estilos puros... tendo como consequência
a valorização dos conhecimentos difusos, dos pequenos relatos, da inter ou
transdisciplinaridade, promovendo um saber ambíguo, muitas vezes
contraditório.
Essa visão é compartilhada por vários autores, como por exemplo, Daniela
Calanca, (2008) quando afirma: “O pós-moderno... também pós-industrial,
enfatiza a parte ambígua e contraditória da racionalidade, tem uma visão crítica
da ciência e da tecnologia, e propõe uma concepção do saber sem os
fundamentos que estão na base do projeto moderno”. Reafirma então a idéia
da pós modernidade utilizar sistemas de concepção de produtos ou idéias que
não são ortodoxas, mas fruto de experimentações e misturas muitas vezes
incoerentes.
Outros autores ainda colocam, como Lyotard, (1979) “A fragmentação da
moda – como grande relato - reflete a fragmentação cultural do pós-moderno”,
e Jameson (2000) diz que “É uma característica do pós-modernismo se
apropriar da condição da incerteza e da assimetria”.
Abordando o processo criativo, no contexto desta pesquisa, vemos que a pós-
modernidade, ao se apropriar de uma diversidade de idéias, coloca o “uso” do
jeans (trazendo consigo as marcas do trabalho) como uma paródia, ou
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Notamos então que, com grande facilidade, as alterações que ocorrem nos
Estados Unidos, na Europa e no Oriente, são incorporadas à nossa cultura. O
purismo, a norma, a ordem, a direção, a clareza e a articulação propostas pela
modernidade, perdem espaço para o hibridismo, a ambiguidade, a distorção, os
equívocos e incoerências permitidas na pós-modernidade, e que “É através
dessa antítese da harmonia e da estética desenvolvida ao longo de séculos,
que o defeito vira efeito e passa a ditar as regras do novo fazer”. (POYNOR,
2002).
III.1 - A FIBRA
Responsável pelo início de toda a cadeia têxtil, a “fibra têxtil”, numa definição
mais simplista é todo material passível de ser fiado e tecido. Para se obter uma
definição mais precisa, é necessário definir-se a constituição química, que é
baseada em polímeros. Polímeros são substâncias formadas por
macromoléculas, que ligadas entre si, formam um todo coeso e com
propriedades bem definidas.
Elas podem ser divididas em dois tipos básicos:
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III.2 - FIAÇÃO
A fibra utilizada para a fabricação do jeans é basicamente a fibra natural
vegetal: o algodão (ver glossário pág.119). Ressalva feita aos tecidos em que
se misturam outras fibras para a fabricação de produtos com diversas
qualidades, como por exemplo, o elastano que aumenta a flexibilidade ou fios
de ouro que enobrecem e valorizam o visual, ou o desenvolvimento do tecido
Cerâmico, que é um tecido térmico, feito a partir de inserção de barro
mofado na sarja (o tecido mais receptivo), seguido de uma aplicação de
impermeabilizante. Essa mistura tem como resultado um tecido que
provoca intensa sensação de frescor. Esta técnica é usada com sucesso pela
dupla do jeans fashion Marithé e François Girbaud (CHATAIGNIER, 2006).
Para o processo de fabricação do tecido Denim os fios de urdume (ver
glossário pág.125) (no sentido do comprimento do tecido) são tingidos antes
de entrarem no tear, e os de trama (ver glossário pág.125) (no sentido
horizontal) são brancos. Esse tingimento, a princípio feito com o pigmento
extraído da planta índigo, é um produto que oferece baixa solidez, ou seja,
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III.3 – TECELAGEM
pente se desloca à frente, encosta o último fio de trama inserido nos demais e,
quando retorna, propicia a inserção de um novo fio. O pente determina não só
a quantidade de fios por centímetro, mas também a largura do tecido cru.
Sarja - Caracteriza-se pelo aspecto diagonal. O fio de trama passa por cima de
dois ou três fios do urdume e por baixo de, pelo menos, um. A trama seguinte e
as subsequentes têm o mesmo comportamento, porem defasado em um fio.
Por ter menos entrelaçamentos que a tela, resulta em um tecido mais flexível
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além de amassar menos. As sarjas mais comuns são 2/1 ou 3/1, conforme o
esquema a seguir:
O tecido, quando sai do tear, mesmo que o urdume esteja tinto, como é o caso
do denim, recebe o nome de tecido cru.
O beneficiamento do tecido cru está dividido em três etapas: a Preparação, o
Beneficiamento propriamente dito e os Acabamentos especiais. No caso do
denim, seu beneficiamento se processa em uma máquina chamada “linha
integrada”, onde se realizam quatro processos consecutivos: chamuscagem,
amaciamento, desvio de trama e pré-encolhimento.
O tecido pronto, então passa pela inspeção de qualidade, existindo para cada
empresa, um parâmetro diferenciado, de acordo com a classificação do produto
(primeira ou segunda linhas).
III.4 - CONFECÇÃO
Fig.72 - Modelagem da calça jeans – modelo “five pockets”. Fonte: Santista Têxtil
Obtem-se então o risco com uma medida de gasto que será usada como
referência para a colocação das várias folhas de tecido e que irão resultar na
produção total das peças. A esse processo damos o nome de enfesto (ver
glossário pág.122). Essa etapa, na maioria das indústrias é feita manualmente,
embora existam maquinas cujo processo é automatizado, pois são acopladas a
uma estação digital.
O enfesto pode ser realizado de forma ímpar (quando as folhas de tecido são
colocadas sempre com a superfície do mesmo lado) ou par (quando a
disposição é casada avesso com o direito), mas nesse caso, podemos utilizá-lo
somente se a peça for simétrica.
Pronto o enfesto, é colocada a folha com o risco feito a partir do encaixe sobre
a ultima folha de tecido. Esse risco deverá estar totalmente identificado, tendo
cada uma das partes: o número do modelo, a parte da peça que corresponde
aquele formato (cóz, bolso esquerdo, frente esquerda etc), e a numeração a
qual pertence, bem como a linha correspondente ao fio do tecido (o de urdume)
para que o produto final não seja comprometido na sua qualidade. A seguir
vem o corte que por sua vez, também pode ser manual (a maioria) ou
eletrônico:
.
Fig.77 - Máquina de corte manual e profissional operando.
Fonte: Catálogo Santista Têxtil
Legenda
OPERAÇÕES
DESCRIÇÃO DAS
ORDEM MÁQUINA PONTO ACESSÓRIO
FASES
DESCRIÇÃO
Pespontar Guia p/
7 P. F. 2 Ag. 2x301
(2x) pesponto
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Embainhar bolso
PREPARAÇÃO
BOLSO TRASEIRO
21 traseiro P. F. 2 Ag. 2x301 Embainhador
(2x)
Marcar pesponto no
22 bolso - - Gabarito
(2x)
Pespontar bolso
23 P. F. 2 Ag. 2x301 -
(2x)
Revisar dianteiro
26 - - -
(1x)
Revisar traseiro
27 - - -
(1x)
Unir entrepernas
29 Ov. 5 516 -
(2x)
Aparar e descoser
32 - - Tesoura
ponta do cós (2x)
Fazer passantes e
Colarete 2 Aparelho
35 cortá-los 406
Ag. passante
(5x)
Pregar passantes e
36 Mosqueadeira - -
mosquear (21x)
Casear
37 Caseadeira - -
(1x)
Marcar botão
38 - - -
(1x)
Pregar botão
39 Botoneira - -
(1x)
Limpar e revisar
40 - - -
(1x)
TEMPO TOTAL de PRODUÇÃO = 19’20 min
Fig.81 – Sequência de montagem da calça Jeans. Fonte: Catálogo Senai Cetiqt, 1996.
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Daí aos nossos dias, as fábricas lançaram mão da estratégia das etiquetas
para promover um reconhecimento instantâneo da marca, e de todo
simbolismo que ela carrega. O profissional encarregado de desenvolver esse
produto é um Designer Gráfico, que nem sempre está representado por outra
pessoa. Na minha vida profissional, por várias vezes, assumi a
responsabilidade de desenvolver não só etiquetas, mas de alterar a própria
identidade visual da marca, a fachada da loja ou a decoração da vitrina,
comprovando a tese de que o designer de moda, na verdade, abrange a
atuação em outros domínios, que não só o seu específico.
Há vários tipos de etiquetas que acompanham uma peça em Denim: as
internas, obrigatórias por lei, com informações de composição dos tecidos;
cuidados especiais na lavagem, secagem e conservação; número do CGC,
acompanhado do país em que foi fabricado o produto; a etiqueta da marca,
conjunta ou separada à de numeração e as externas: linguetas de bolso ou
lateral das peças, as de cós traseiro. O seu desmembramento se deu logo no
início do processo industrial, através das “Tags”. Etiquetas, geralmente em
papel, com imagens e informações sobre as características e conservação do
produto e que agregavam valor ao impacto visual na hora da venda.
A seguir, imagens de Tags de algumas das primeiras marcas de jeans:
90
Algumas etiquetas tem vida curta, às vezes, o tempo de uma estação, mas são
criadas com o propósito de alguma mudança no estilo de vida, ainda que
temporária. Mesmo assim sustentam o compromisso de perpetuar a marca cujo
nome se mantem, transformando-se camaleonicamente, estação após estação.
III.5 - BENEFICIAMENTOS
No caso especifico do Jeans, nos interessa acima de tudo e por razões óbvias,
o primeiro tipo de beneficiamento. Os efeitos de desbotamento sobre peças já
prontas, partindo do material tinto, começaram a ter aceitação na década de
60, quando os "hippies" obtinham, na maioria das vezes de forma involuntária,
efeitos que eram produzidos pelo desgaste do tecido com o uso ou através de
lavagens caseiras, empregando soluções de hipoclorito de sódio (água
sanitária). Em seguida, esses efeitos passaram a ser obtidos em escala
industrial, através do emprego de produtos químicos para provocar o
desbotamento. Para se obter o efeito de envelhecimento passou-se a utilizar a
pedra-pomes e, mais tarde, a argila nodulizada durante o procedimento de
lavagem, para promover o desgaste do tecido. O maquinário para a obtenção
destes efeitos especiais é constituído basicamente de máquina de lavar,
extrator centrífugo e secadeira de tambor rotativo ("Tumbler").
III.5.A – Os Desgastes
Responsáveis pelos “pequenos relatos” nas peças jeans, o aspecto usado e
desgastado é obtido, na maioria das vezes através de interferência manual e
antecede o processo de lavanderia propriamente dito. Esse trabalho artesanal
contribui para dar ao usuário a sensação de estar vestindo uma peça exclusiva,
garantindo a satisfação de se destacar dentro do seu grupo.
Os desgastes, na sua maioria são obtidos com o auxílio de equipamentos que
origináriamente foram concebidos para outras funções, resgatando dessa
maneira o já conhecido sistema da bricolagem (ver glossário, pág.119).
Podemos citar como exemplos: o rebôlo para desgastes da beirada dos bolsos;
esmeril para desgastes localizados mais agressivos ou a lixa utilizada para dar
o aspecto “used” na peça. As lixas são um material recorrente na construção
dos desgastes e tanto pode funcionar sozinha como associada a outros
materiais, de universos distintos como raladores, pedaços de madeira com
pregos ou com outros materiais que provoquem algum tipo de “desenho” na
superficie têxtil.
Quando usada sobre um pedaço de madeira, previamente preparado com alto-
relêvo simulando as dobras de uso, produz o que chamamos de “bigodes”, que
são as marcas obtidas ao sentar com a peça e se localizam na região da
virilha. As pernas das calças, muitas vezes são introduzidas numa espécie de
forma pneumática para que os efeitos possam ser mais facilmente
conseguidos.
No processo de obtenção desse efeito o procedimento mais comum é o lixado
manual, porem empresas já possuem procedimentos mecânicos (semi-
automáticos ou automáticos) para esse fim.
95
. Fig.98 - Resultado
Fig.97 - Aplicação de jatos de permaganato.
Fonte Catálogo Comask aplicação de permaganato
96
.
Fig.102 - Resultado: efeito Plissado.
Fonte: Foto da autora
97
Outros efeitos são consegudos após a lavagem, quer seja por interferência
manual, como os “Rabiscos” ou por processos mecânico-químico, como o
amassado permanente ou aplicação de efeitos estampados pelo processo a
laser. Este último garante uma perfeição de desenhos mesmo sobre as
costuras. A gravação se dá pelo sistema de sublimação do corante através da
temperatura de aplicação do laser.
III.5.B – Lavanderia
Começaremos abordando as lavagens processadas no tecido em peça, ou
seja, antes da sua confecção. A primeira interferência que procurou dar ao
tecido um aspecto de envelhecimento precoce e que deu origem aos demais foi
o denominado "lixado" que consiste em passar o tecido, em aberto e de forma
contínua, em equipamentos normalmente improvisados, providos de cilindros
revestidos com material abrasivo (lixa fixada com cola em rolos de madeira).
O processo que se seguiu foi o denominado ”Bleached” ou "Délavé", que,
inicialmente utilizado em veludos (corduroy), possuía a denominação especial
de "Délavé Cord", sendo posteriormente aplicado em denim e brins em geral.
No processo "Délavé", o cliente pode adquirir o tecido em peça, já envelhecido
(lavado), ou adquiri-lo perfeitamente tinto, junto com uma amostra do mesmo
tecido já lavado e com o aspecto envelhecido.
Atualmente, as empresas fabricantes de denim, fornecem seus produtos com
uma gama muito grande de variações de fios, tramagem, tingimentos e
processos de lavagem.
103
Fig.123 - Denim 10,5 Oz. 100% algodão. Coating. Fonte: catálogo Basf/Vintage
105
Dirty wash: lavagem realizada em jeans que tenha uma base estonada média
com sobretinta em tom caqui, dando efeito de envelhecimento. Também mais
indicado para a peça pronta.
Fire wash: lavagem realizada em jeans escuro (índigo ou black) com corantes
vermelhos que produzem tons próximos aos do fogo ou aos de terras
barrentas. O efeito obtém melhores resultados com peças já confeccionadas.
Fig.129 - Bread&Butter
2009. Fonte: Foto da
autora
108
Fig.132 - Bread&Butter.
Fonte: Foto da autora,
2009
Silver Black - Sprays criam efeito manchado na barra ou nas pernas das
calças, enquanto a aplicação de resina confere a toda peça um acabamento
brilhante.
.
Fig.134 - Bread&Butter
Barcelona.
Fonte: Foto da autora, 2009.
3D resinado
Acabamento resinado que proporciona a sensação de relevos, ao mesmo
tempo em que impermeabiliza a peça.
E mais:
Overdie: lavagem realizada por múltiplos recursos e tonalidades diferentes de
corantes, criando efeitos de sujeiras.
Mud wash: lavagem realizada em jeans escuro (azul ou black jeans) com
sobretinta verde, algumas vezes produzindo efeito de camuflado.
Após sua neutralização e secagem que pode ser feita em tambores ou fornos,
as peças entram para o acabamento na oficina, onde recebem os metais
(botões, rebites, ilhoses), aplicações, bordados especiais etc.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através dessas culturas jovens, o jeans foi escolhido por mais de um grupo
como a peça de identificação: ora da sua rebeldia, ora da sua mensagem de
paz e amor, ou da sua ironia ou da sua indiferença ao que a moda estabelecia,
fragmentando assim os padrões de estilo e possibilitando as mudanças
estéticas das quais falamos.
V. GLOSSÁRIO
Algodão
Um dos tecidos leves mais valorizados na moda por sua maciez e conforto, o
algodão é fabricado a partir das fibras do algodoeiro. Embora o algodão puro
seja o mais apreciado por consumidores mais exigentes, muitas indústrias
têxteis costumam mesclá-lo com diversas fibras sintéticas para a redução do
custo do preço final. O tecido de algodão puro, considerado nobre, hoje em dia,
foi durante muito tempo utilizado somente na confecção das roupas dos
escravos brasileiros. Sua valorização na fabrica do vestuário começou a partir
do século XX. No século XI, o chamado algodão colorido passou a ter seu
cultivo estimulado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a
Embrapa. Em 2004, já era disponível nas cores creme, verde e marrom e,
segundo os técnicos, achados arqueológicos mostraram algodões coloridos já
existiam há centenas de anos. Atualmente seu cultivo é muito explorado na
Paraíba (SABINO, 2007).
Amaciante Catiônico
Derivado de ácidos graxos, líquido levemente amarelado, solúvel em água e
que promove o amaciamento das fibras.
Beneficiamento (têxtil)
Considera-se beneficiamento todos os processos que modificam a estrutura ou
a superfície dos tecidos crus. Amaciamento, lixamento, aplicação de resinas,
estamparia, tingimento são alguns deles.
Bricolagem
A bricolagem é o termo utilizado para definir o trabalho executado com as
próprias mãos, utilizando meios diferentes daqueles usados por um
profissional.
O bricoleur é capaz de executar um grande número de tarefas diferenciadas,
mas, diferentemente do profissional, ele não as subordina à posse de matérias-
120
Célula de Produção
Formação geralmente circular das máquinas de costura, permitindo uma maior
integração entre as operações de montagem (costura) de uma peça do
vestuário.
Cupro
Fibra artificial tendo como base a celulose. Sua dissolução se dá através do
cobre e amoníaco, tendo como resultado uma fibra extremamente macia.
Denim
O denim é uma sarja de algodão fabricada com fios tingidos com índigo (no
urdume) e com fios na cor natural (na trama). O nome surgiu a partir da
abreviação do francês “sergé de Nímes”, que significa sarja de Nímes. Assim,
“de Nímes” passou a ser denim. Nímes é uma cidade portuária na França e o
tecido era muito utilizado na fabricação de roupas para marinheiros. O denim e
a sarja de Nímes são, entretanto, tecidos diferentes, sendo a sarja francesa
uma mistura de lã e seda e o denim americano obtido a partir do puro algodão.
(SABINO, 2007).
Desconstruído (desconstrutivismo)
A desconstrução é a capacidade de se questionar sobre o existente, não se
esgotar com o oferecido, quando o pensar e o repensar o problema conduzirem
a experimentações em direção de uma permanente desmistificação do objeto e
suas representações, considerando o material, a forma, a estrutura, nunca
partindo de soluções auto-evidentes, aprioristicamente “verdadeiras”, “eternas”
ou “universais” onde o fundamental não mais estaria na produção de objetos
com significados estáveis, mas no processo de significações.
Palavra usada na moda para fazer referência a modelos confeccionados com
corte, estrutura e construção diferentes das formas convencionais. As peças
121
Desengomagem
Desengomagem é o processo de remoção das gomas (a maioria delas são
base de amido) que são usadas para evitar a quebra das fibras durante a
tecelagem.
Design
Bomfim (2002) nos diz que o termo vem do latim “designare” – de + signum
(marca, sinal) – significa desenvolver, conceber. A expressão “Design” surgiu
no século XVII, na Inglaterra, como tradução do termo italiano “Disegno”, mas
somente com o progresso da produção industrial e com a criação das “Schools
of Designs” a expressão passou a caracterizar uma atividade específica.
Destroyed
Palavra que significa destruído em inglês e é utilizada para referir-se a roupas
com aspecto envelhecido e gasto, podendo possuir rasgos e desfiados
propositais. O efeito é conseguido por meio de técnicas especiais e é muito
usado em calças jeans (SABINO, 2007).
Elastano
Fibra elástica formada por no mínimo 85% de poliuretano segmentado e que
sob a influência de uma força de tração, tem a capacidade de alongar o triplo
do comprimento original. Recupera o comprimento original quando cessa a
força de tração. Conhecida também por Expandex.
Encaixe
É a disposição justaposta de todas as partes que compõem a modelagem da
peça a ser cortada, em todos os tamanhos, com o objetivo de economizar ao
máximo a matéria prima. O bom encaixe deve respeitar o “fio do tecido” que é
122
Enfesto
Colocação em camadas das várias folhas de tecido, nas diferentes cores, para
que sejam cortadas simultaneamente todas as peças que serão produzidas.
Sobre o enfesto é colocado o risco resultante do melhor encaixe.
Engomagem
Processo pelo qual passam os fios de urdume antes de entrarem no tear,
conferindo-lhes mais resistência ao atrito e à tensão.
Flamé
Nome dado aos fios que possuem irregularidade de espessura. No caso dos
jeans, os tecidos feitos com esses fios recebem a denominação “Ring” e
podem ser horizontais, verticais (se usados na trama ou no urdume) ou “Cross
Ring” se utilizados nos dois sentidos.
Grunge
Estilo de algumas bandas de rock pesado como Nirvana e Pearl Jam, que
surgiram em Seatle, nos EEUU na década de 1990. Camisões super largos em
flanela xadrez, camisetas enormes, meias caindo sobre botas, gorros etc
compunham seu visual que foi adotado como inspiração pelos criadores de
moda na época.
Jeans
A palavra jeans é uma corruptela do francês “serje de Geneve”, referindo-se à
italiana Gênova, cidade portuária onde os marinheiros usavam calças
confeccionadas com uma sarja resistente procedente da cidade francesa de
Nimes. A palavra jeans referindo-se às calças de brim índigo blue, só começou
a ser utilizada a partir dos anos 40 pelos jovens americanos. Antes, tal tipo de
123
calças era chamado waist overalls nos Estados Unidos. No Brasil, eram
chamadas calças rancheiras ou calças americanas far-west ou faroeste.
Nos dicionários americanos pesquisados, publicados antes dos anos 60, a
palavra “Jean” aparece como "algodão resistente usado na confecção de
macacões" e, nas edições dos anos 60, a palavra já aparece com "s", jeans,
referindo-se a "calças confeccionadas com sarja de algodão resistente". Em
1947, no entanto, o catálogo de vendas da americana Sears, Roebuck and Co
já oferecia Blue Jeans com modelagem especial para mulheres e calças em
índigo blue, em estilo caubói, para adolescentes e rapazes (SABINO, 2007).
Ilhós(es)
Aviamento de metal, geralmente redondo e vasado ao meio, utilizado
principalmente como passante de cordões para ajustes e fechamentos.
Índigo
O pigmento para o tingimento do brim, utilizado nos jeans, vem da planta
Indigofera tinctoria, e foi usado a princípio. Sua versão sintética só foi
desenvolvida em 1897, quando Adolfo Bayer identificou a estrutura molecular
da planta. Os jeans fabricados antes de 1920 eram, em sua grande parte,
tingidos com o índigo natural, que dava uma tonalidade azul mais clara e um
pouco esverdeada (SABINO, 2007).
Interdisciplinaridade
A interdisciplinaridade diz respeito àquilo que é comum entre duas ou mais
disciplinas ou ramos de conhecimento a partir do estabelecimento de inter-
relações. Não se trata somente de associar ou somar conhecimentos advindos
de disciplinas distintas. Significa, antes de tudo, a impossibilidade de um único
conteúdo ou campo de conhecimento esgotar um assunto, de modo a resultar
em uma análise e visão mais ampla e complexa sobre este. Inter-relacionar
aponta, além disto, para as tríades pesquisa, criação, produção e reflexão,
análise, ação.
Segundo Roland Barthes "para se fazer interdisciplinaridade, não basta tomar
um assunto (um tema) e convocar duas ou três ciências. A interdisciplinaridade
124
Linha de produção
Formação linear das máquinas de costura de maneira que cada costureira fica
responsável por apenas uma operação, dentro da sequência de montagem da
peça, passando para a seguinte que está situada à sua frente. Esta profissional
fará a próxima costura e passará para frente e assim sucessivamente até que a
peça esteja toda montada. Opõem-se à célula de produção, onde a disposição
circular permite que o processo seja acompanhado por todas as costureiras.
Lixívia
Refere-se à partículas minerais contidas na água do mar, constituindo uma
solução alcalina eficaz, utilizada para remoção de impurezas.
Patch (es)
Do inglês: remendo; mancha; em moda refere-se ao pedaço de tecido utilizado
para remendar. Os trabalhos artesanais, feitos com patches, têm grande
aceitação desde os anos 1960, quando foram confeccionadas pelos hippies,
transformando a antiga “colcha de retalhos” em “patchworks”.
Pauperisme
Movimento de moda iniciado na França, que tinha como inspiração os
“clochards” (mendigos). Sua característica era a sobreposição de peças com
comprimentos irregulares, a desconstrução da modelagem e o despojamento.
Os estilistas japoneses na década de 1980 foram seus principais divulgadores.
Rebite
Aviamento de metal geralmente colocado nas extremidades dos bolsos para
dar maior resistência ao uso. Também utilizado em acessórios como bolsas,
cintos e sapatos.
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Stablishment
Do inglês: estabilizado, consolidado, sólido. Diz-se do regime social e político
em vigência.
Tencel
Marca registrada de uma fibra artificial chamada Liocel.
Tie-dye
Processo de tingimento artesanal no qual os tecidos são mergulhados
alternadamente em tintas de cores diferentes. Esses tecidos podem ser
enrolados ou amarrados, criando desenhos imprevisíveis.
Trama
Fios que entram no tear transversalmente através de várias formas,
dependendo do tear: pinça, jato de ar, jato de água etc. Seu objetivo é unir os
fios de urdume, gerando os tecidos. Os principais ligamentos são: tela, sarja e
cetim.
Urdume ou Urdidura
Disposição paralela dos fios colocados no sentido longitudinal, enrolados em
uma espécie de tambor e que vão originar o comprimento do tecido e pelos
quais vão passar os fios de trama.
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Enciclopédias e catálogos
Referências eletrônicas: